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DOIS
TRÊS
CINCO
SETE
OITO
NOVE
Sim.
Naquele momento teria sido muito fácil acabar com ele.
Sem dúvida, os dois sujeitos que acabavam de surgir na
porta, as costas dele, também pensavam assim. Pensavam
que era tão fácil que não valia a pena ter pressa.
Um deles disse:
— Uma surpresa bem agradável, não é, Liman? Aposto
que não esperava por essa.
Liman nem se virou.
— Isso significa que Dalton já conhece minha verdadeira
identidade, não é? — perguntou com voz gelada.
— Mas é claro! Ficou meio confuso por causa do chapéu,
e confundiu você com o outro. Mas, afinal, alguém disse a
verdade a ele. Veja que ótimo...
— Sim, foi ótimo — respondeu com uma voz que parecia
vir de um túmulo.
O que acabava de falar às suas costas murmurou:
— A garota cometeu a burrice de mostrar o dinheiro por
aí, antes de se mandar. Também cometeu a imprudência de
perder tempo comprando um vestido novo. Essas mulheres...
Pigarreou e acrescentou:
— Enfim... Pior para ela... Dalton fez questão de que a
garota fosse encontrada morta em sua cama. Afinal de
contas, como pode comprovar, Dalton é um homem honesto.
— Mesmo? Por quê?
— Não se lembra? Ele disse que, se você ganhasse o
jogo, essa garota iria parar na sua cama.
Os dentes de Liman rangeram. Mas ele não se virou.
Sua voz parecia chegar de muito longe quando
perguntou:
— Quem de vocês fez isso.
— Nenhum dos dois.
— Não? Então quem foi?
— E o que você tem com isso?
A voz do companheiro do sujeito que havia acabado de
falar, replicou com desprezo:
— Ora... Joe. Por que não podemos contar quem foi? Isso
não tem a menor importância, já que ele também vai morrer.
E continuando, dirigiu-se a Liman:
— O trabalho foi feito por Marlon. Ele tem as mãos tão
fortes que é capaz de estrangular um touro.
Liman apenas comentou:
— Puxa, que bom!
— Escute, seu desgraçado, levante as mãos e se vire bem
devagar. Acho que prefere morrer de frente, não é? Ou será
que é tão covarde que prefere morrer de costas?
Liman levantou um pouco as mãos e, assim, deixou de
tocar a coronha de seu revólver. Sem se virar, perguntou com
um tom de voz um pouco estranho:
— Pelo menos posso tirar o chapéu? Não gostaria que
ficasse sujo de sangue.
— Tem razão. E um magnífico Stetson. Vai ficar ótimo
em algum de nós.
— Claro — disse o pistoleiro.
E tirou o chapéu.
Foi tudo tão rápido quanto um raio.
Os dois homens que estavam às suas costas não tiveram a
oportunidade de ver o que havia acontecido.
Quando Liman girou o chapéu, e com ele todo o seu
corpo, a faca voou. Era uma arma curta, porém mais afiada
que a navalha de um barbeiro, com um belo contrapeso no
cabo.
Liman já tinha tido chance de comprovar essa maravilha
quando roubou o chapéu. Estava escondida em um forro
falso. Ninguém compra um Stetson por um preço tão alto, só
para enfeitar a cabeça.
Tratava-se de um esplêndido chapéu que carregava uma
armadilha de morte.
O homem que estava mais adiantado recebeu o impacto
inesperado no meio do peito. Realmente não soube o que
aconteceu. Soltou um gemido surdo, olhando para seu
companheiro como se este tivesse culpa do que ocorria.
Ainda teve tempo de balbuciar:
— Não...
Mas só ele estava à beira da morte. O outro teve tempo de
sacar a arma. E também teve tempo de dar um grito de
surpresa e de ódio, enquanto apontava o Colt para o
adversário.
Mas não teve tempo para mais nada. Só para morrer
Liman havia disparado duas vezes. Foram dois impactos
certeiros porque cada olho recebeu uma bala.
Ele caiu no chão. O outro estava completamente quieto,
com as duas mãos segurando o cabo da faca.
Liman disse:
— Sinto não poder enfiar vocês na cama junto com a
garota. Não cabem...
E saiu dali. Tinha outras malditas coisas para fazer. Tinha
de fabricar mais mortos.
DEZ
ONZE
DOZE
QUATORZE