Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DPC Praticas 1o Semestre 2019 20
DPC Praticas 1o Semestre 2019 20
Sebenta de
Direito Processual Civil
Aulas Pr‡ticas
Prof. Dr. Fernando Pereira
Nota introdut—ria:
Esta sebenta respeita ˆs aulas pr‡ticas de Direito Processual Civil do ano letivo de
2019/2020, lecionadas pelo docente Fernando Pereira. A sebenta foi realizada com base nos
apontamentos da vogal do Departamento de Pedagogia Margarida Matias e na Sebenta do Prof.
Tavares de Sousa.
A sua elabora•‹o foi realizada com o objetivo de auxiliar os estudantes para o exame de
Direito Processual Civil. Relevamos ainda que, a leitura desta sebenta n‹o substitui a leitura da
bibliografia obrigat—ria ou recomendada, sendo apenas um instrumento de aux’lio ao estudo.
Caso sejam detetados alguns erros, agradecemos que estes sejam comunicados atravŽs do e-
mail da CC3: cc3fdup1920@gmail.com de modo, a que o documento seja aperfei•oado
Bom estudo!
1
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
2
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
3
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
4
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
5
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
O recurso era admissível? Era um recurso ordinário para a Relação que se chama recurso
de apelação (ordinário). Uma decisão transita em julgado quando já não pode ser objeto
de recurso ordinário ou reclamação.
Artigo 629.º/1 CPC: não era admissível porque o valor da causa não é superior à alçada
do tribunal de que se recorre (tribunal ad quo). A alçada é de 5000€, só seria admissível
se fosse 5000,01€, a não ser que houvesse uma exceção dos nºs 2 e 3, o que não é o caso.
Sem prejuízo da possibilidade de existir reclamação, feita ao próprio juiz, e uma vez que
o recurso ordinário não era admissível esta decisão irá transitar em julgado. O caso
julgado que aqui se vai formar é um caso julgado material porque foi uma decisão de
mérito, o tribunal absolve o réu do pedido. O caso julgado material tem força dentro e
fora do processo em que é deduzido o que vai impedir que seja intentada uma nova ação
dentro dos limites dos artigos 580.º e 581.º (art. 619.º).
09/10/19
b) Na mesma ação, mas agora tendo pedido o pagamento da quantia de € 25 600, os réus
foram condenados a pagar ao A, a quantia de €16 760;
O valor da causa representa a utilidade económica do pedido. O valor corresponde à
quantia que foi peticionada 25 600€- art. 297.º, n.º 1. O valor da sucumbência é a
diferença entre o pedido pelo autor e aquilo que foi que receberam.
De acordo com o artigo 631.º, ambos podiam recorrer, quer o autor, quer o réu. Ambos
são partes principais e, como a condenação foi meramente parcial (não foi total), o autor
também ficou vencido.
Este seria um recurso de apelação. Artigo 44.º/1 LOSJ: a alçada é de 5000€. Artigo 629.º/1
CPC: Aqui já seria admissível recorrer, estão verificados os requisitos de admissibilidade.
O valor da ação é superior ao valor da alçada do tribunal de que se recorre.
Nota: 2.º instância: juízos desembargadores; juízes conselheiros- 3.º instância.
c) Na hipótese anterior, os RR, recorreram da decisão, tendo o tribunal ad quem mantido
a decisão do tribunal de primeira instância. Pode ser interposto recurso?
O valor da causa é inferior ao valor da alçada do tribunal a quo. Não é possível o recurso
ordinário de revista- art. 44.º, n.º 1 LOSJ e 629.º, n.º 1 CPC. Não cabe em nenhuma das
situações do n.º 2 do artigo 629.º. Não era admissível o recurso ordinário. O valor da
sucumbência do autor também não é metade.
d) E se a ação tivesse o valor de €35 670?
É superior o valor da alçada, contudo, verifica-se uma situação de conformidade de
julgados. O Tribunal da Relação manteve a decisão do Tribunal de Primeira Instância
(art. 671.º, n.º 3).
Só se aplica esta regra,que veda a possibilidade da revista, se o acórdão proferido pelo
Tribunal da Relação tiver a mesma fundamentação e se não houver voto de vencido.
e) Ação em que o A, pretende que seja decretada a resolução do contrato de arrendamento
celebrado com os RR., marido e mulher, e que estes sejam condenados a deixarem o
locado livre de pessoas e bens, bem como a pagarem ao A, as rendas vencidas e vincendas,
6
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
acrescidas de juros à taxa legal. O valor da ação é de €3 435. O tribunal julgou a ação
procedente, por provada, condenando os RR, nos pedidos formulados pelo A.
O valor da ação era determinado pelos termos da norma 298.º/1 CPC. Esta situação
subsume-se à aplicação do regime do art. 629.º/3/a) CPC. Neste caso o que estava em
causa era fazer cessar um contrato de arrendamento, era uma ação de despejo através da
qual o locador pretende cessar a relação de locamento e restituir a coisa locada livre de
coisas e bens. Embora o valor da ação fosse inferior ao valor da alçada, a lei aqui admite
sempre recurso para a Relação.
Pode recorrer independentemente do valor da causa: era inferior à alçada do tribunal de
que recorre, assim, segundo a regra geral não poderia recorrer (n.º 1), no entanto, há a
exceção supracitada.
f) Partindo da hipótese anterior, imagine que os RR. Intentaram recurso para o Tribunal
da Relação, tendo este revogado a decisão anterior, e, consequentemente, absolvido os
RR. do pedido.
Nota relativamente ao artigo 671.º CPC: O STJ pode absolver da instância o réu por falta
de um pressuposto processual a não ser que se tenha formado um caso julgado formal.
Recurso quanto à matéria de competência: por exemplo, pode-se recorrer do despacho
saneador e sobre esta decisão forma-se um caso julgado formal que tem força vinculativa
dentro deste processo. O Tribunal da Relação, ao analisar melhor a situação repara que
se enganou anteriormente, embora já se tenha pronunciado pelo saneador, chega a
sentença final e absolve da instância- não pode fazer isso, há um caso julgado sobre aquela
matéria e é um caso julgado que o vincula.
Relativamente ao caso, resulta do 671.º que é recorrível porque estamos perante um
Acórdão da Relação que é autonomamente recorrível, mas não diz se o recurso é
admissível ou não.
Neste caso não era admissível, embora não se verifique uma situação de dupla conforme.
Acontece, todavia, que o valor da ação é apenas de 3 450€ inferior à alçada até da 1.ª
instância, na al. anterior era possível o recurso ordinário para a 2.ª instância, aqui era um
recurso da revista, logo estamos na regra geral do n.º 1 e, portanto, o recurso não era
admissível nos termos gerais.
g) Ainda partindo da hipótese anterior- mas admitindo, agora, que o valor da ação era de
€34 450- imagine que, mais uma vez, foi intentado recurso peara o Tribunal da Relação,
tendo este, contido, confirmado a decisão do tribunal de primeira instância.
Agora o valor já permitiria o Recurso, todavia há novamente o problema da dupla
conforme, a decisão foi confirmada pela relação- 671/3, em princípio não era admissível
com todas as ressalvas que fizemos atrás: salvo se houver fundamentação diferente,
revista excecional ou voto de vencido.
h) A requer que o tribunal intime B a não divulgar factos falsos que atentam contra a
respetiva honra e reputação. É admitido recurso?
Interesses não redutíveis patrimonialmente assim iam ser definidos de acordo com o art.
303.º, n.º 1. Respeitava, desse modo, a regra do art. 629.º, n.º 1, podia-se recorrer.
7
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
8
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
passagem (art. 1550.º), mas o autor não pretende apenas isso. O direito já existe e não há
dúvidas sobre isso, pois está constituído por sentença.
Foi constituída a servidão, o direito de constituir a servidão é um direito potestativo: a
contraparte está numa posição de sujeição: o sujeito passivo está sujeito a que ocorra uma
modificação na OJ seja através da criação, modificação ou extinção de uma relação
jurídica contra ou sem a sua vontade. Não é necessária a colaboração do sujeito passivo.
Nos casos de direito de crédito, se o devedor não cumprir, o Estado substituiu-se ao
devedor para satisfazer o interesse do credor, mas quando estamos perante um direito
potestativo não precisa da colaboração da vontade do sujeito passivo. Por se tratar de uma
prestação de facto infungível podia pedir a aplicação de uma sanção pecuniária
compulsória- art. 829.º-A CC.
d) Ação em que a <Associação de Defesa dos Consumidores do Porto= pede a abstenção
do uso ou recomendação de uma cláusula inserta nos contratos de fornecimento propostos
por uma empresa, na medida em que tal cláusula limita a responsabilidade da empresa
pelos atos dos seus auxiliares;
Ação de condenação inibitória, à prática de um comportamento negativo. O autor
pretende que a ré seja inibida de inserir determina cláusula nos seus contratos – 25.º e ss
do Regime das Cláusulas Gerais. Esta ação tem uma função cautelar, mas de caráter
definitivo e não meramente provisório, é uma tutela cautelar definitiva (é uma ação
principal).
Também havia possibilidade de se aplicar uma sanção pecuniária compulsória (829.º-A
CC). É infungível, é uma obrigação de facto negativo, têm uma infungibilidade negativa,
não pode o réu ser substituído no cumprimento.
e) Ação em que os AA. requerem a declaração de nulidade de um contrato de compra e
venda celebrado com os RR., em virtude de simulação absoluta;
Ação declarativa de simples apreciação positiva. Não é constitutiva uma vez que decorre
do regime da nulidade do negócio jurídico sendo que o NJ nulo não produz quaisquer
efeitos, a nulidade opera ipso iure e, não obstante a necessidade de existir uma sentença
judicial a declará-la, o negócio é nulo desde o momento em que foi celebrado. Não se
trata de destruir retroativamente uma RJ, mas de declarar a existência de uma situação de
nulidade.
Nota: no negócio anulável há um prazo previsto na lei para anular, no entanto, pode-se
convalidar. A nulidade do contrato pode ser a todo o tempo arguido. Outro caso é um
abuso de direito: um contrato é nulo e passados imensos anos é que vem arguir da
nulidade, aí pode ser considerado abuso do direito.
f) Ação em que o A. pede a anulação de um contrato de mútuo celebrado com o R., devido
à atuação dolosa deste último;
É uma ação constitutiva: ao contrário do que vimos anteriormente no caso de procedência
da ação há uma modificação do estado anterior das coisas, isto porque a anulabilidade
deve (art. 287.º CC) ser arguida no prazo legal sob pena de convalidação do NJ, é um NJ
que se pode estabilizar.
9
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
10
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
11
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
j) Ação em que os AA., Armindo, e esposa, Adelaide, pretendem exercer o seu direito de
preferência relativamente à venda de um prédio rústico que 1.º R., Renato, vendera ao 2.º
R., Serafim, pedindo que ambos os RR. fossem condenados a reconhecer aos AA. o
direito de haverem para si o prédio vendido ao 2.º R. (cf. ac. da RP, de 13/05/1999, CJ
1999, t. 2, 187 e ss.);
Contrato de preferência: o devedor não está obrigado a vender ao titular do direito de
preferência o objeto do negócio, mas a vender a este sujeito em igualdade de
circunstâncias. Para cumprir a obrigação a que está adstrito pode vender diretamente a
este sujeito, ao titular do direito de preferência. Assim, A está obrigado a dar preferência
a B e se A pretende vender pode dirigir-se diretamente a B(faz uma proposta, vende
diretamente ao sujeito a que está obrigado a dar preferência). Pode acontecer que A tenha
já um projeto negocial com 3.º de determinado preço e aí tem de fazer uma comunicação
para o preferente. Se o preferente está preparado para celebrar o contrato naquelas
condições, o titular da preferência pode exercer o seu direito ou não- comunicação da
preferência. Se vender sem fazer essa comunicação de preferência viola o seu direito de
preferência. O titular do direito violado pode pedir uma indemnização dependendo se tem
um direito real ou não, se tiver um direito legal de preferência pode fazê-lo, se for
convencional tem de haver um título executivo- relacionado com o princípio da
prevalência do direito real (o direito real prevalece sempre pelo direito obrigacional
independentemente de quando é constituído).
Voltando ao nosso caso:
Aqui estamos perante uma ação de preferência- art. 1410.º do CC, é uma ação
modificativa constitutiva. Visa-se operar uma modificação de uma RJ, é uma modificação
puramente subjetiva, não se pretende atacar a validade do contrato celebrado entre o
obrigado à preferência e o terceiro, os autores querem que o contrato se mantenha e
pretendem ocupar a posição jurídica do terceiro nesse contrato. Esta ação tem de ser
intentada necessariamente contra o terceiro, e tem de ser também contra o obrigado à
preferência. Essa é uma questão complicada (se se tem de intentar contra os dois ou não),
tem de se pensar no efeito prático, se se consegue o objetivo só com um réu ou com os 2.
Não é uma condenação, o pedido está mal formulado, vão ocupar a posição dos terceiros
no contrato, é tipicamente constitutiva.
k) Ação em que Antenor pede que Remígio seja condenado a reconhecer a aquisição, por
usucapião operada em benefício do A., do direito de propriedade sobre o prédio rústico
denominado <Quinta dos Ciprestes=, devidamente identificado nos autos;
A usucapião é uma forma originária de aquisição de direito que consiste no exercício de
posse durante um determinado período de tempo com determinadas caraterísticas, sendo
essa posse exercida em termos de direito de propriedade ou de outro direito real de gozo.
O autor alega que adquiriu a propriedade por usucapião. Já se adquiriu o direito, não passa
a existir com a sentença, o direito já está adquirido, constitui-se originariamente na sua
esfera jurídica por via de usucapião.Se a sentença for favorável não opera nenhuma
modificação na OJ. Assim, é uma ação declarativa de simples apreciação positiva. Não
se torna proprietário no dia da sentença. Existe a escritura de justificação notarial: ele não
12
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
13
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
14
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
15
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
é, então, pressionar ou coagir o devedor a cumprir. Pode ser utilizada nos casos em que a
prestação é infungível, as prestações de facto, são, por natureza, infungíveis. Pressiona-
se o devedor a cumprir.
O montante da sanção é dividido em partes iguais entre o credor e o Estado – art. 829º-
A, n.º 3 do CC. Os juros compulsórios estão previstos no n.º 4 do referido artigo.
7) Ficando o juiz convencido da pretensão exigida pela Requerente, pode proferir
imediata decisão quanto ao fundo da causa?
O modo como dever ser entendida a pergunta: Se o juiz estiver convencido acerca da
existência do direito, pode o juiz antecipar uma decisão imediata?
Não se trataria de o juiz tomar já uma decisão definitiva, esse não é o objetivo da inversão
do contencioso. O instituto de inversão do contencioso não tem o objetivo de converter o
procedimento cautelar numa ação principal. O efeito imediato é a inversão do ónus da
ação, se ele não intentar aí é que se converte em decisão definitiva do litígio.
A inversão do contencioso só pode ter lugar mediante determinados requisitos: tem de ser
requerido ao juiz. Este tem de ter uma convicção segura da existência do direito, e é
necessário que a natureza da providência se preste a essa possibilidade de inversão do
contencioso-art. 369.º/1 do CPC. Aqui tratar-se-ia de uma providência cautelar
antecipatória por isso cumpre o último requisito.
É preciso ter claro que a consequência da inversão não é decidir o fundo da causa, mas
inverter o contencioso que ,só mediatamente, se pode converter numa decisão definitiva.
8) No curso da ação foi eliminada a possibilidade de recurso da providência cautelar. Não
tendo sido prevista nenhuma solução de Direito transitório, será o recurso de admitir?
Princípio geral- art. 12.º/1 do CC, que aplicamos a casos particulares um dos casos é a
aplicação de leis no tempo sobre recursos embora aí haja dois regimes, o das alçadas não
se aplica aqui, não foi alterada. Assim sendo, não seria possível o recurso porque a lei
entrou em vigor porque ainda não foi tomada a decisão. Aplica-se a lei de recurso em
vigor à data da prolação/proferimento da sentença: aqui temos de adequar, porque é um
despacho, da prolação do despacho decisório (e que segue a estrutura da sentença). A lei
nova veda a possibilidade de recurso e era a lei em vigor no momento da decisão, logo
não seria possível recurso.
30/10/19
Caso n.º 4: Procedimentos cautelares; arresto e arrolamento
D veio requerer, como preliminar da ação de anulação do casamento que vai propor contra
o marido E, que fosse decretado o arrolamento de uma fração autónoma de prédio urbano
e de determina quota em sociedade comercial por quotas. Alegou tratar-se de bens
comuns do casal, tendo o casamento sido celebrado sem convenção antenupcial. Juntou
prova documental destas alegações e requereu que fossem ouvidas duas testemunhas.
1) Como se qualifica a ação principal? É admissível a dedução de pedido cautelar
relativamente a ações de semelhante natureza?
16
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
É uma ação constitutiva extintiva, visa extinguir a relação jurídica matrimonial. Se essa
ação proceder subsequentemente vai acontecer o seguinte- os cônjuges são casados em
comunhão de bens, existem bens comuns do casal e vai haver uma partilha desses bens já
que é essa a decorrência da extinção da relação matrimonial.
Relativamente ao pedido cautelar, D tem direito a estes bens em virtude do regime de
bens em que são casados. Aqui o que se pretende saber é se é possível acautelar o direito
(são direitos potestativos).O direito aqui em causa não é cautelar, é um direito potestativo
que vai ser exercido na ação principal, visando-se acautelar uma posição jurídica que
decorre da procedência da ação.
O que nos temos de questionar é se o interesse que se pretende acautelar se considera
atendível no sentido de recorrer a uma providência cautelar. O Código dá resposta a esta
pergunta no art. 362.º, n.º 2- compreende-se que os procedimentos cautelares se estendam
a situações jurídico-materiais dependentes da decisão de mérito favorável em futura ação
constitutiva, pois, de outro modo, poderiam ser criados obstáculos, no sentido de impedir
as modificações visadas ou de esvaziar de conteúdo o exercício de direitos decorrentes da
procedência da ação. A proteção concedida através da tutela cautelar abrange direitos que
ainda não têm existência atual, mas que surgirão na esfera do requerente se proceder a
ação constitutiva. É, portanto, possível acautelar direitos que ainda não tenham existência
atual.
Exemplo semelhante: Uma pessoa morre e vai ser intentada uma ação, alguém pretende
ser reconhecido como filho daquela pessoa, se for reconhecido como filho será também
herdeiro. Pretende intentar uma providência cautelar para acautelar a entrega futura dos
bens que pertencem à herança. É uma situação de arrolamento. Aqui o requerente não tem
nenhum direito sobre os bens, mas se a ação proceder ela terá direito aos bens, é isso que
ele quer acautelar, não é o direito de ser reconhecido como filho que ele quer acautelar, é
uma consequência disso.
2) Admita que a requerente indiciou que pretendia o arresto dos bens que discriminou na
peça escrita que enviou ao tribunal. O tribunal, depois de produzida a prova que a
requerente apresentou, julgou o pedido da tutela cautelar improcedente, com o
fundamento de que a medida concretamente adequada a enfrentar a situação era o
arrolamento. Que comentários lhe merece semelhante decisão?
A providência adequada neste caso não era o arresto, era o arrolamento.
O tribunal devia ter reconduzido o pedido instaurado para a correspondente medida tutelar
adequada à causa- art. 376.º, n.º 3, 1.ª parte. Em último caso encontra-se no plano de
disponibilidade do tribunal as providências cautelares que vão ser adotadas, ou seja, existe
o poder-dever de reconduzir o pedido de tutela provisória ao modelo processual que
permita alcançar as medidas mais ajustadas à defesa temporária do direito atingido pelo
periculum in mora. É um desvio ao princípio do pedido, mas que deve ser corretamente
interpretado para responder à finalidade que a parte quer. Aquilo que a parte pediu foi
acautelar um direito, o juiz apenas deu a forma processual adequado- o pedido está lá, é
uma questão de interpretação. Não é uma exceção, quanto muito pode ser um desvio.
Os requisitos podem ser diferentes e isso tem de ser tido em consideração, por exemplo,
o artigo 376.º/1, diz <as disposições constantes deste capítulo são aplicáveis aos
17
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
18
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
19
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
essa quantia, acrescida de juros, calculados à taxa de 3%, até ao dia 15 de setembro de
2018.
Acontece, porém, que, uma vez verificado o termo do prazo, Francisco nada pagou a
Daniel e vem-se furtando aos seus contactos, tendo, para além disso, Daniel tomado
conhecimento de que Francisco se prepara para alienar os únicos bens existentes no seu
património, concretamente um apartamento e uma quota de uma sociedade comercial, na
tentativa de impedir a execução desses bens em eventual ação executiva que contra ele
venha a ser intentada.
O que poderá Daniel fazer, face ao comportamento de Francisco?
Estamos perante um contrato de mútuo consagrado no art. 1142.º do CC que se presume
oneroso- foi convencionada uma taxa de juro logo é oneroso.
Se estes negócios jurídicos se concretizarem, a venda (a alienação desses bens descritos)
o credor, Daniel, poderia intentar uma ação de impugnação pauliana para que fosse
declarada a ineficácia dos negócios. Esta ação está sujeita a determinados requisitos mais
apertados no caso de serem NJ onerosos- 610.º CC.
Só que, ainda antes disso, podia-se fazer uso da providência cautelar de arresto- art. 391.º
CPC. O arresto tem como finalidade a garantia patrimonial do crédito.
O facto de o bem ter sido arrestado não significa que o titular não possa praticar atos sobre
esses bens. O executado pelos bens penhorados ou o arrestado perdem os poderes de gozo,
mas não de disposição. Os atos de disposição serão ineficazes face ao credor. O arrestado,
tal como executado que vê bens seus serem penhorados, perde o poder de gozo porque os
bens vão ser judicialmente apreendidos. Não perde, contudo, os poderes de disposição na
medida em que o bem pode ser vendido ou onerado mas esses atos são ineficazes face ao
credor- art. 824.º do CC. O arrestado pode em qualquer momento pagar a dívida: aí
levanta-se o arresto e o ato de disposição ou oneração que tenha ocorrido, entretanto
adquire eficácia plena. Os direitos adquiridos por terceiros caducam se houver arresto.
Claro que se a garantia fosse anterior, prevaleceria, por exemplo, se houvesse um hipoteca
anterior era eficaz perante o credor.
Deste modo pode aplicar-se o arresto: apreensão judicial de bens à qual são aplicadas as
disposições relativas à penhora- arts. 391.º, n.º 2 e 735.º e ss do CPC.
O arresto consiste numa providência cautelar destinada à conservação de garantia
patrimonial de uma obrigação em que não é permitida a inversão do contencioso. O
contraditório é sempre diferido.
A providência caducará se não for intentada no prazo previsto no art. 337/1/a).
O arresto, nos termos da lei, é convertido em penhora pelo agente de execução. Não tem
um direito sobre estes bens e quer conservar a garantia patrimonial do seu crédito através
do património do devedor.
Situação prática: um sujeito que alegadamente se apropriou da quantia de 4 000 000€ e
foi requerida uma providência de arresto, os autores alegam que têm um crédito de
restituição do valor e pedem arresto. Para provarem o fumus bonni iuris alegam como
indício que o requerido acumula vasto património que não corresponde ao salário que
aufere. O juiz diz que aqui não estava verificado o periculum in mora, porque não estava
20
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
em risco o crédito dado que estava sempre a acumular património. Indeferiu o pedido.
Aconteceu que posteriormente ele se livrou do crédito.
2. No início de setembro de 2018, Armando faleceu, vítima de doença súbita, sendo que,
até então, vivia no Porto, juntamente com o seu filho mais novo, Bernardo, de 25 anos de
idade.
Armando era colecionador de antiguidades e possuía uma valiosa coleção de notas,
avaliada em cerca de € 45.000,00.
Sucede que, alguns dias após o funeral, Carolina, filha mais velha de Armando, emigrante
na Suíça, tomou conhecimento de que o seu irmão mais novo, mesmo antes de se proceder
à partilha dos bens do falecido pai de ambos, se prepara para vender a Diogo, proprietário
de um estabelecimento comercial de antiguidades, a referida coleção de notas, pelo preço
de € 10.000,00.
O que poderá Carolina fazer para impedir essa alienação?
A definição de sucessões está prevista no art. 2032.º CC. É direito da família. Enquanto
os bens não forem partilhados pelos seus sucessores, a herança até à sua liquidação é
administrada pelo cabeça de casal- a herança está jacente. Neste caso seria Bernardo o
cabeça de casal- 2080.º, n.º 3 CC.
Há aqui um prejuízo evidente para a herança: existe um interesse na salvaguarda do
património hereditário em que se poderia requerer a providência cautelar especificada do
arrolamento- art. 403.º, n.º 1 CPC. Carolina tem um direito sobre esse bem por sucessão,
é herdeira legitimária.
Nos termos do art. 405.º, n.º 1 CPC- o requerente faz prova sumária: tem de mostrar que
o pai faleceu e que era sucessora sendo que ambas as coisas podiam ser demonstradas
mediante prova documental. Não é um arrolamento especial, assim, era preciso verificar
os factos que provavam o periculum in mora. O juiz decretará o arrolamento se for feita
esta prova sumária da existência do direito aos bens e que existe o risco sério.
O arrolamento consiste numa avaliação, descrição e depósito dos bens sendo lavrado um
rol, do qual fica a constar a descrição e avaliação dos bens. Distingue-se do arresto porque
no arresto se visa a apreensão de bens do devedor para garantir um direito de crédito, para
conservar a garantia patrimonial de uma obrigação, enquanto no arrolamento o que está
em causa é a conservação de uma coisa a que é objeto mediato ou imediato da ação da
qual o arrolamento depende.
Na prática acontece que se for decretada sem audiência prévia do requerido, depois é
notificado. Se era entre cônjuges dispensa-se a prova do periculum in mora. Os bens
arrolados numa ação de divórcio são os bens comuns e os bens do requerente que estejam
sob a administração do outro (art. 409.º, n.º 1 CPC).
3. António reside no Porto e é proprietário de um terreno situado na Maia.
Em meados de setembro de 2018, António decidiu vender esse terreno, tendo, para o
efeito, publicitado essa sua intenção através da colocação de uma placa, com a expressão
<Vende-se=, no terreno em causa.
Alguns dias mais tarde, António tomou conhecimento de que Berto, residente na Maia,
arroga-se titular de um direito de servidão de passagem sobre esse terreno, sendo certo
que a divulgação dessa informação junto de potenciais interessados que se deslocaram ao
21
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
22
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
a reparação ficaria concluída no prazo de dois dias, data em que António procederia ao
levantamento do seu veículo, contra o pagamento do preço devido pela reparação.
Ocorre, porém, que, dois dias depois, quando António se dirigiu à oficina de Berto a fim
de proceder ao pagamento do preço devido pela reparação e ao subsequente levantamento
do seu veículo automóvel, este recusou-se a restituir o veículo em causa, proibindo,
simultaneamente, o acesso de António ao interior das instalações oficinais.
a) Sabendo que António carece de utilizar diariamente esse veículo automóvel por
motivos familiares e profissionais haveria algum meio processual ao seu dispor,
suscetível de permitir a recuperação, ainda que provisória, da posse do veículo?
Se entendermos que houve esbulho violento, a providência é a providência especificada
de restituição provisória da posse (art. 377.º do CPC); sem violência, era possível o
decretamento de uma providência nos termos gerais, uma providência cautelar comum-
o 379.º CPC prevê essa possibilidade.
Para caber no artigo 377.º, teria de alegar e provar: a posse (art. 1251.º CC- dois
elementos da posse, o corpus e o animus possidendi); o esbulho e que o esbulho foi
violento.
Quem tem legitimidade para intentar essa providência cautelar? O sujeito que arroga ter
sido esbulhado que tinha a posse em nome próprio. A legitimidade ativa resulta da posse
em nome próprio e a legitimidade passiva corresponde a quem esbulhou e a quem
impediu ao proprietário para usufruir da sua posse.
A doutrina e a jurisprudência no conceito de esbulho divide-se relativamente a se pode
só incidir sobre pessoas ou também sobre bens. Para uma corrente mais restritiva só pode
haver esbulho sobre pessoas (recorremos à definição do artigo 1261.º, n.º 2 do CC que
considera violenta a posse quando o possuidor usou de coação física ou de coação moral);
para uma corrente mais ampla a violência no esbulho pode recair também sobre coisas
desde que suscetível de atingir, ainda que de modo indireto, a pessoa do possuidor,
coagindo-o a suportar uma situação contra a sua vontade.
No nosso caso, apesar de não ter sido exercida diretamente nenhuma violência sobre a
pessoa, António, à luz da tese mais ampla, o esbulho pode ser considerado violento se se
entender que a retenção forçada do veículo, associada ao facto de o António ter sido
proibido de entrar no interior das instalações, é suscetível de provocar junto do António
um sentimento de ameaça e intimidação. A resposta vai depender de aderirmos ou não a
uma tese mais ampla ou restritiva.
O direito de pedir a restituição da posse caduca passado um ano sobre a data do esbulho
ou do conhecimento do esbulho pelo esbulhado (no caso de o esbulho ter sido feito às
escuras)- art. 1282.º do CC. O prazo não começa a correr enquanto o esbulho não cessar-
art. 1267.º do CC.
b) Poderia o juiz inverter o contencioso mediante o requerimento de António nesse
sentido?
Para o tribunal a decretar tem de ter uma convicção segura sobre a existência do direito,
se for esse o caso e mediante requerimento, esta é uma providência que é apta para realizar
23
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
a composição definitiva do litígio porque é antecipatória. Art. 376, n.º 4 CPC- a resposta
é que sim. Isto entendendo-se que houve violência.
c) Suponha que o juiz decretou a restituição provisória da posse e decidiu inverter o
contencioso. Como poderia Berto reagir perante essas duas decisões?
A reação face à inversão do contencioso consoante tenha havido ou não diferimento do
contraditório:
Se for a providência cautelar especificada tem uma especificidade, caso em que o
contraditório é diferido- art. 372.º, é um sancionamento da violência. Nos termos do n.º 2
do artigo 372.º, do 369.º, n.º 2, 2.ª parte e 370.º, n.º 1, Bento pode recorrer da decisão da
inversão do contencioso, mas conjuntamente com a decisão do decretamento da
providência.
24
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
13/11/2019
As questões n.ºs 5 e 6 do caso n.º 5 não foram resolvidas na aula.
Caso n.º 6: Pressupostos processuais
Maia Som, Lda., sociedade comercial sediada na Maia, celebrou um contrato pelo qual
se obrigou a fornecer, durante oito meses, determinada quantidade de «Cd-Roms» a Vox
Editora, Lda., com sede em Faro.
Desde março de 2018 a vendedora deixou de fazer as entregas contratualizadas, situação
que causou a Vox Editora, Lda, até ao momento da proposição da ação, prejuízos no
valor de €12 876, 00, incluindo juros vencidos.
Esta última sociedade comercial resolveu o contrato de fornecimento, após diligências –
que se revelaram infrutíferas – junto da fornecedora para efetuar as prestações em falta.
Vox Editora, Lda, propôs ação de condenação contra a sucursal em Faro de Maia Som,
Lda, pedindo o pagamento dos aludidos € 12 876, 00, a que acrescem os juros que se
vencerem até à reparação integral dos prejuízos causados.
Na contestação, a Ré arguiu a sua incapacidade judiciária, visto tratar-se de uma simples
sucursal sem poderes decisórios a nível da empresa, e também a ilegitimidade da Autora,
por se tratar de uma sociedade comercial em liquidação, logo, sem poderes para conduzir
o processo.
1) Caracterize os elementos fundamentais da causa.
Elementos fundamentais objetivos e subjetivo: sujeitos, pedido e a causa do pedido. Parte-
se de uma noção formal de parte, as partes são, então: a autora é a Voz Editora, Lda. e a
ré é a sucursal em Faro da Maia Som, Lda. O pedido é uma pedido de condenação da ré
no pagamento da quantia de 12 876 €, é uma ação declarativa de condenação. Aquilo que
a autora pretende é que a ré seja condenada. A causa de pedido: pretende provar-se a
aplicação do instituto da responsabilidade civil contratual, estes prejuízos decorrem do
incumprimento do contrato. Tem de provar a existência do contrato, que o contrato foi
incumprido e a existência destes danos. São os elementos da responsabilidade civil é isso
que constitui a causa de pedir. O contrato e o respetivo incumprimento do contrato, desse
incumprimento resultam determinados prejuízos.
2) Qual forma de processo segue a presente ação?
Quanto à forma do processo, é uma ação declarativa, segue a forma de processo comum.
O valor da ação é de 12 876€ nos termos do artigo 297.º, n.º 1 CPC.
Ação declarativa especial para cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de
contrato com valor não superior a 15 000€- DL 269/98. Este diploma tem um anexo com
2 capítulos- no primeiro prevê esta ação declarativa especial- só se aplica nos casos
previstos no art. 1.º do documento preambular. Se for uma transação comercial não está
limitado aquele valor, no procedimento de injunção (cap II- não é nenhuma ação é um
procedimento que se destina a obter um título executivo). O requerimento dá entrada no
Balcão Nacional da injunção, o requerido é notificado- se não se opuser o requerimento
passa a ter força obrigatória (art. 14.º do diploma). Se se opuser dá origem a uma ação
declarativa.
25
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
O valor no qual a autora pede que a ré seja condenada é de 12 876 €, inferior a 15 000€.
Ele não está a exigir uma prestação emergente do cumprimento do contrato, ele está a
exigir uma indemnização por não cumprimento do contrato. A autora é que tinha de pagar
o preço dos bens fornecidos, a sociedade-mãe podia intentar uma ação se não efetuasse o
pagamento, mas não é o que acontece aqui. Aqui é uma obrigação que resulta do
incumprimento do contrato. A causa de pedir é o contrato e o seu não cumprimento, mais
concretamente o não fornecimento dos bens, é daqui que decorre alegadamente o direito
de crédito de que a autora se arroga titular. O contrato não foi cumprido e isso causou um
dano. Exige uma ação pecuniária do valor da indemnização do prejuízo decorrente do não
cumprimento do contrato. Segue-se o processo comum.
3) Verifica-se a incapacidade judiciária da Ré com base no fundamento por ela
invocado?
Aqui o verdadeiro problema é de personalidade judiciária que diz respeito à
suscetibilidade de ser parte. Ao abrigo do art. 13.º as sucursais têm personalidade
judiciária quando o ato tenha sido por elas praticado. Neste caso o contrato foi celebrado
com a sociedade-mãe, não com a sucursal, portanto o ato em causa foi praticado pela
sociedade mãe. A Administração principal está sediada na Maia, assim não se aplica o n.º
2. Elas têm personalidade judiciária quando o facto tenha sido praticado por estas ou, não
tendo sido praticada, quando tenha sede ou domicílio no estrangeiro, está sediada na
Maia. Não está verificada a factis espécie do n.º 2. Não se verifica nem a hipótese legal
do n.º 1, nem a do n.º 2, neste caso não teria personalidade judiciária assim não podia a
ação ser contra si intentada, só contra a sociedade mãe.
A capacidade judiciária tem por base a capacidade de exercício dos direitos, as sociedades
comerciais têm-na de acordo com o princípio da especialidade e a sua representação dá-
se pelos órgãos normais de expressão da sua vontade, caso de representação orgânica- art.
25.º CPC.
Falta um pressuposto processual que é o pressuposto da personalidade judiciária, estamos
perante uma exceção dilatória. Foi uma contestação de defesa e o réu defendeu-se por
exceção dilatória ao invocar a falta de um pressuposto processual- art. 576.º; 577.º/1/c);
art. 278.º/1/c).
A falta de personalidade judiciária não é por regra sanável, mas ao abrigo do art. 14.º é
preciso que seja citada a administração principal e esta ratifique o processo, ou caso não
faça, que seja repetido o processado relativamente a todos os atos em que não teve
intervenção, contando-se novamente o respetivo prazo. Sendo sanável, por aplicação do
artigo 6º número 2, o juiz tem o poder-dever de oficiosamente ordenar a realização das
diligências necessárias ou convidar as partes para a regularização da instância, neste caso
era preciso ordenar que a Autora requeresse a citação da administração principal.
O tribunal deve providenciar pelo suprimento da exceção dilatória no despacho pré-
saneador- 590.º/2/a). Se não for regularizada a instância, deve, no despacho saneador,
absolver a ré da instância.
4) A circunstância de a Autora se encontrar em liquidação interfere com a legitimidade
ativa para a ação em curso*.
26
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
160.º, 2 Código das Sociedades Comerciais: <A sociedade considera-se extinta,
mesmo entre os sócios e sem prejuízo do disposto nos artigos 162.º a 164.º, pelo registo
do encerramento da liquidação.=
160.º/2 CSC- é esta norma que nos leva para o artigo 162.º CSC. Ela adquire
personalidade jurídica nos termos do art. 12.º, no momento em que há registo definitivo
e depois considera-se extinta pelo registo do encerramento da liquidação, e aí aplica-se o
artigo 162.º. Art. 146.º CSC- ela liquida-se com o encerramento da liquidação.
Quanto ao facto de a autora estar em liquidação, aplicava-se esta norma, ela mantém a
personalidade jurídica e pelo princípio da equiparação continua a ter personalidade
judiciária, havendo liquidação, seria substituída pelos sócios, continua a ação-
importantes as normas 146.º e 162.º do CSC.
5) Em que fase do processo deve o juiz pronunciar-se sobre a defesa apresentada
por Maia Som, Lda.?
Seria na fase do saneamento- art. 595.º/1/a)- este é um despacho decisório, o tribunal vai
conhecer das exceções dilatórias que tenham sido invocadas pelas partes ou que deva
conhecer oficiosamente. Todavia, se for sanável, o juiz deve lançar mão do despacho pré-
saneador, deve promover a sanação, antes do saneador- art. 590.º, n.º 1- ordena a prática
de atos à regularização da instância ou convidando as partes a sanar. No saneador
pronuncia-se sobre isto, se não for sanada, absolve o réu da instância ou se for insanável
o resultado é o mesmo, se for sanada, continua o processo.
6) Será possível a sanação de algum dos aspetos em que essa defesa se
fundamentou?
A ré, neste caso, não teria personalidade judiciária, a suscetibilidade de ser sujeito da
relação processual e, portanto, de na sua esfera jurídica se fazerem sentir os efeitos da
decisão. Em princípio não é sanável, mas será neste caso de acordo com o art. 14.º- fica
sanada se a autora promover a citação da administração principal dentro do prazo que o
juiz concedeu para esse fim ao abrigo do artigo 6.º/2 e no processo pré-saneador, sob pena
de absolver da instância a sucursal- 278.º/1/c e 577.º/c. Uma vez citada a administração
principal deve distinguir-se a atividade produzida em juízo seja ou não por si ratificada.
Se for, o processo seguirá os seus termos como se a parte preterida tivesse intervindo
desde o início, se não correm de novo os atos previstos para os atos não ratificados-
14.º/parte final.
Questão de saber qual é a consequência que decorre do facto de administração principal
não dizer nada no prazo concedido pelo tribunal para ela definir a sua posição. Ela vai ser
citada com a indicação que deverá pronunciar-se acerca da ratificação ou não do
processado- art. 227.º/2. Tavares Sousa diz que há uma recusa tácita de ratificar e adverte
ainda para o facto de que se a administração principal se recusar a ratificar o processado
ainda que tacitamente mas não promover a renovação dos atos que tiverem ficado sem
efeito se deve aplicar o regime em termos paralelos do art. 29.º, n.º 2, parte final.
7) Imagine que a Autora moveu a ação contra Artur Marques, gerente de Maia
Som, Lda. Quais são as partes da ação?
27
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
É um sociedade comercial seria representada pelos seus associados. A ação foi intentada
contra o gerente da sociedade. As partes na ação serão: a autora que é a Voz Editora e o
réu que é o Artur Marques. Os sujeitos da relação material controvertida, são a Vox e a
Maia Som, tal como são apresentados pelo autor. A sociedade incumpriu o contrato, tem
legitimidade para pedir a indemnização, ou seja, a legitimidade passiva pertente à
sociedade, aqui era um problema de falta de legitimidade processual. A consequência
seria a absolvição da instância deste gerente. A falta de legitimidade não é sanável.
8) A ação é admissível?
Artur Marques não é sujeito na relação material controvertida, tal como foi configurada
pela Autora e ele não estava a atuar como representante da empresa pelo que temos uma
exceção dilatória ao abrigo do art. 30.º, n.ºs 1 e 3.
20/11/19
28
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
29
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
A Unix tinha legitimidade processual nessa medida devia ser absolvida do pedido e não
da instância. Concluímos que tem legitimidade, apesar de não ser parte da relação
controvertida, por causa da segunda parte do art. 30.º/3 que resultou de uma discussão
doutrinal na qual o legislador tomou posição neste atual artigo 30.º. Há uma pluralidade
subjetiva subsidiária, o interesse para a aferição do pressuposto da legitimidade
processual é o interesse- titularidade que é definido nos termos do art. 30.º/3, os titulares
da relação material controvertida. Se houvesse um ponto final aqui não teria legitimidade
processual, porque só teria legitimidade processual quem tinha legitimidade material, os
conceitos coincidiam. Mas há um acrescento: tal como configurada pelo autor. Assim
parte-se da titularidade da relação material controvertida, mas como essa foi configurada
pela autora. E a autora configurou-a da forma que vimos, alega que celebrou o contrato
com a ré. Aplicam-se as regras de titular de direito material, partindo da configuração a
ré responde materialmente.
A conclusão é que a Unix SA tinha legitimidade processual, mas não material, logo, deve
ser absolvida do pedido que contra si foi intentado. Partindo da lei, a relação material é
uma condição da ação e não um requisito de admissibilidade- a ação só pode ser julgada
procedente se ela é efetivamente parte da relação material controvertida, é um requisito
de procedibilidade e não de admissibilidade.
4) Teria UNIX, S.A. interesse processual na interposição de um recurso?
Art. 631.º, n.º 1- A Unix ocupa a posição da ré, ocupa posição principal na ação. A ré foi
absolvida da instância, formalmente não ficou vencida, foi absolvida. O ponto é que foi
absolvida da instância quando deveria ter sido absolvida pela razões que vimos agora,
devia ter sido absolvida do pedido. O interesse que tem em recorrer tem a ver com a força
dos respetivos caso julgados, porque o caso julgado material ao contrário do caso julgado
formal, não tem apenas força obrigatória dentro, mas também fora do processo dando
origem à exceção do caso julgado. Ele devia ter obtido um caso julgado material. Então
poderia interpor um recurso, pediu para ser absolvido do pedido, mas foi só da instância,
entende-se que pode recorrer.
5) De que forma poderia CONFECÇÕES – T, LD.ª garantir o efeito útil daquela
concreta ação?
A ré foi absolvida da instância. Aplicação do artigo 279.º, n.º 2- podem aproveitar-se os
efeitos anteriores à nova ação.
Nota: Os recursos ordinários são o recurso de apelação e o recurso de revista. O recurso
extraordinário pode ocorrer no prazo de 5 anos- só aí fica efetivamente cristalizada a
decisão.
27/11/19
30
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
31
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
32
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
Para resolver esta questão temos de fazer referência à matéria do caso julgado.
Confrontam-se duas teorias fundamentais:
Teoria da individualização- bastava ao autor indicar o pedido com, com que todas as
possíveis causas de pedir podiam ser consideradas no processo. Ou seja, se a resposta à
pretensão deduzida pelo autor fosse afirmativa ou fosse negativa, a sentença decidia em
absoluto sobre a existência ou inexistência da situação jurídica afirmada pelo autor. No
nosso exemplo, se a ação improcedesse ficariam improcedentes todas as causas de
anulação.
Teoria da consubstanciação: a afirmação da situação jurídica tem de ser fundada em factos
que exercem a função de individualizar a pretensão, com efeito de conformação do objeto
do processo. O caso julgado fica limitado aqueles concretos factos que integram a causa
de pedido. O nosso Código segue esta teoria, como é visível no artigo 552.º/1/d).
Releva nesta matéria atender ao disposto no artigo 581.º/4. Esta é uma ação real, assim a
causa de pedir é constituída pelos factos que integram o usucapião. O pedido é a entrega
da coisa e o registo.
1.3) Como se qualifica a presente ação: petitória ou possessória?
Esta é uma ação petitória, são aquelas em que o autor age em defesa de um direito, neste
caso do direito de propriedade- 1315.º CC. Nas possessórias, o autor age em defesa da
posse. A de reivindicação é petitória.
2) Qual a fase do desenvolvimento da ação em que se integra o despacho proferido a
25/09/2019? Que função lhe está destinada dentro da instância?
É a fase de condensação e saneamento do processo, a que o Código chama desde 2013
fase da gestão inicial do processo e da audiência prévia, é uma fase que se destina a
identificar as questões de facto e direito mais relevantes e se destina a averiguar a
regularidade da instância. Inicia-se com o despacho pré-saneador e termina com o
despacho saneador.
3) Como se determina a legitimidade ativa na ação sob análise?
Ela determina-se segundo o critério geral do artigo 30.º/3, deve ser o alegado proprietário
a agir em juízo, F teria legitimidade ativa, ele é o alegado proprietário. Ele terá o ónus de
provar os factos constitutivos do direito.
4) Em que termos se afere a legitimidade passiva, quanto ao pedido de condenação
formulado por F?
Nos termos da norma 1311.º do CC, dispõe de legitimidade passiva para esta ação de
reivindicação qualquer possuidor ou detentor da coisa. A ação, contudo, há de estruturar-
se de modo diferente se se tratar de possuidor ou de mero detentor porque o mero detentor
não se arroga titular de nenhum direito ao contrário do possuidor, já que a posse pressupõe
o animus, isto é, o exercício de poderes de facto como se fosse proprietário.
No primeiro caso o autor pedirá a restituição da coisa, no segundo caso, apenas a entrega.
O mero detentor poderá chamar à ação a pessoa em nome de quem possuí através do
incidente da intervenção principal provocada ou através do incidente da oposição. Um
33
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
coisa é se o réu estiver disposto a cumprir aquilo que o autor pede, mas não sabe a quem
tem de cumprir, outra coisa é o réu ter que discutir a existência do direito.
5) A contestação apresentada por G altera o modo como deve ser aferida a sua
legitimidade para a ação?
Não é o caso aqui. Tem legitimidade passiva para a ação G, a contestação apresentada
pelo mesmo não vem afastar a sua legitimidade. Parte-se da configuração que o autor deu
da relação material controvertida e quem estava na posse do bem era G. Nada do que o
réu alega põe em causa a sua primitiva legitimidade, introduz é novos elementos que
permitem o ingresso de H na ação.
6) Perante os termos em que a questão se apresenta após a contestação, que incidente de
intervenção principal se mostra adequado para acautelar os direitos que G refere no seu
articulado de defesa? De que mecanismo ou mecanismos processuais dispõe G para
assegurar os direitos que invoca na contestação?
O H não tem legitimidade como parte principal nos termos da contestação intentada por
G, H não é proprietário, não tem legitimidade para a ação. G não vem dizer que o
proprietário é H, aí já podia ser chamado, mas não é nada disso que aqui se passa. Poderá
ser introduzido o incidente da intervenção acessória- art. 321.º, para que a sentença
vincule o assistente- art. 332.º ex vi 323/1.
7) Qual o prazo de que G dispõe para a respetiva dedução?
É o prazo da contestação- art. 322.º, n.º 1.
8) Que apreciação lhe merece a análise do problema da legitimidade passiva feita no
mencionado despacho de 25-09-2019 e a solução que lhe foi dada?
A questão da restituição do preço não integra o objeto do processo, não há nenhum
litisconsórcio necessário passivo, é uma relação material distinta. Por outro lado, já vimos
que mesmo que existisse litisconsórcio necessário, uma vez que a regularização da
instância depende de um ato praticado pelas partes, estaria em causa o ingresso de uma
nova parte no processo, o que pressupõe o recurso ao incidente da instância da intervenção
provocada, não estando nas mãos do tribunal regularizar a instância oficiosamente, deve
convidar as partes a fazê-lo- art. 6.º, n.º 2, 2.ª parte.
9) Admitindo que G era menor e que havia sido citado em exclusivo para a ação, que
decisão deveria proferir o tribunal?
O problema coloca-se ao nível da capacidade judiciária- art. 15.º. Os menores têm
capacidade de exercício de direitos salvo as exceções do artigo 127.º do CC. O modo de
sanar esta incapacidade é através da representação, por regra, dos seus pais- art. 16.º. O
tribunal devia ordenar a citação simultânea dos pais de G e teria de correr novamente o
prazo para a contestação. A falta de capacidade judiciária pode e deve ser sanada
oficiosamente através do despacho pré-saneador, por regra não existe despacho liminar,
o juiz só tem contacto com o processo após a fase dos articulados. Esta é sanável
oficiosamente ao contrário do exemplo anterior.
04/12/2019
34
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
35
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
direito real de gozo haja ficado privado do domínio fáctico da coisa, já a segunda,
pressupõe que um não proprietário, pelo efeito da sentença, se torne proprietário. Como
efeito da sentença de mérito ele torna-se proprietário, mas ele não tem o direito de
propriedade, só de preferência, o pedido está mal formulado, portanto, tem de se olhar ao
pedido e fixar-se o seu sentido juridicamente relevante. O autor deve indicar a causa de
pedido e o pedido na petição inicial- art. 552.º/1/d) e, neste caso, a causa de pedir nesta
ação é a alegada violação do direito de preferência. Esta é uma ação de preferência- 1380.º
CC- é uma ação constitutiva. Aqui a mudança consiste na colocação do preferente na
posição jurídica da preferência.
Há uma figura que vamos estudar no 2.º semestre que é a inaptidão da petição inicial, um
dos casos que a gera é a contradição entre o pedido e a causa de pedido. Quando a petição
inicial sofre deste vício isso faz com que todo o processo seja nulo, não se salva sequer a
peça do primeiro processo que é a petição inicial, cai, gera a nulidade de todo o processo
que é uma exceção dilatória- arts. 577.º/b), 278.º/1/b) e 186.º/2/b) (artigo da ineptidão).
Podia levantar-se aqui esse problema. Pede o autor que seja reconhecido o seu direito de
propriedade quando na verdade a causa de pedir é o direito de preferência, não há dúvida
que há uma contradição. A solução aqui podia ser esta, mas são casos mais graves.
Noutras situações o juiz pode convidar a que o autor esclareça o articulado. Mas aqui
entende-se, consegue-se interpretar o sentido útil da petição inicial, assim não parece que
resultaria nesta exceção dilatória que é insanável e que ia resultar na absolvição de
instância do réu.
2) A que figura processual dá origem a ilegitimidade plural ativa?
Dá origem a uma exceção dilatória- art. 577.º, al. e), devendo o juiz de abster-se de
conhecer o pedido e absolver o réu da instância- art. 278.º/1/d)- não sem antes convidar à
respetiva regularização- art. 6.º/2.
3) Se não houver recurso da decisão proferida no despacho saneador, que tipo de caso
julgado se produz?
Produz-se um caso julgado formal porque se trata de uma decisão que incide sobre a RJ
processual- art. 620.º com força obrigatória apenas dentro do processo, ou seja, não
obstando à proposição de uma nova ação com o mesmo objeto- art. 628.º.
4) Perante os elementos fornecidos, existirá na situação presente ilegitimidade ativa?
Estamos perante uma situação de litisconsórcio ou de coligação? Trata-se de um RJ com
pluralidade de partes, assim litisconsórcio. O litisconsórcio por regra é voluntário, mas
poderá ser necessário se isso ocorrer de um negócio jurídico ou da lei. Neste caso,
independentemente de ser ou não necessário, B podia sempre intervir, ele tem
legitimidade para ser parte principal. Se fosse voluntário, podia ser chamado apenas para
o réu, se fosse necessário podia ser chamado quer pelo réu, quer pelo autor, isto porque
havia uma exceção dilatória e que podia ser sanada por ambos.
Por ser uma ação de preferência- art. 419.º/1 CC- pertencendo o direito de preferência aos
vários titulares, só pode ser exercido por todos, temos aqui um litisconsórcio necessário
de fonte legal por disposição expressa na lei.
36
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
37
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
38
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
39
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
5) Suponha que não houve despacho do juiz, mas D2 tomou a iniciativa de requerer a
intervenção acessória do condevedor D1.
Art. 321.º- intervenção acessória provocada. São 2 problemas com dimensões diferentes:
ilegitimidade como parte principal- art. 30.º/3 (quem é parte principal) e ilegitimidade
como parte acessória.
5.1.) Como se qualifica esse incidente?
Incidente da intervenção acessória provocada- 321.º e ss.
5.2.) Que despacho devia o juiz proferir em face de tal requerimento?
Este é um dos casos em que existe despacho liminar – artigo 226.º/4/d), o réu fez o
requerimento de intervenção acessória provocada, se for admissível como se trata de citar
terceiro para causa pendente está sujeito a despacho liminar, para o juiz controlar a
regularidade do chamamento.
Não é admitida a intervenção acessória provocada porque este terceiro é parte da relação
material litigada, tem legitimidade para intervir como parte principal, portanto não se
verifica o requisito do artigo 321.º/1/parte final. Nessa altura, devia ser recusada a sua
intervenção como parte acessória.
5.3.) Que meio processual pode ser utilizado para se responsabilizar, na ação em curso,
D1 relativamente à quota-parte que lhe cabe no domínio das relações internas?
Uma hipótese é o incidente da intervenção principal provocada, mas com o regime
especial do art. 317.º, que é uma modalidade especial de intervenção principal provocada,
trata-se de chamar alguém, mas para efeitos de efetivação do direito de regresso. Ou na
contestação, ou se não quiser contestar, por requerimento apresentado no prazo que teria
para a contestação (prazo do artigo 569.º). A finalidade deste chamamento é de que os
condevedores chamados sejam condenados no direito de regresso que o réu primitivo tem
contra eles no caso de vir a ser condenado na totalidade da prestação. Estes sujeitos vão
ser partes principais, mas não são sujeitos passivos diretos do pedido principal, sendo que
ao chamá-los o réu não modifica o pedido, apenas garante que, se for condenado, já tem
o título executivo contra o seu condevedor.
5.4.) A utilização desse meio processual pode conduzir à exclusão da instância de alguma
das partes primitivas?
Art. 317.º, n.º 2- o primitivo réu é logo condenado no despacho saneador prosseguindo a
causa entre os condevedores, mas circunscrita à questão do direito de regresso. Quem sai
é o autor primitivo que já obteve uma decisão de mérito favorável. Ou seja, a causa
continuaria entre D1 e D2, saindo da instância A.
40
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
11/12/2019
41
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
Art. 34.º, n.º 1, primeira parte. Temos de saber se estamos perante um bem que não possa
ser alienado apenas por um dos cônjuges. O bem em causa são as quotas de sociedades
comerciais de que eles são titulares, é um bem móvel. Tínhamos de olhar posteriormente,
então, para o art. 1682.º do CC.
No caso de se alienar todo o estabelecimento comercial- 1682.º-A, n.º 1- é necessário o
consentimento no regime de comunhão de adquiridos ou de comunhão geral de bens. Se
o estabelecimento comercial fosse propriedade de ambos ou de apenas um era necessária
a presença de ambos desde que pudesse resultar a oneração ou a perda do estabelecimento,
resulta da conjugação dos arts. 1682.º-A/1 CC e art. 34.º/1 CPC.
Quanto às quotas, o artigo que nos importa é o n.º 1 do 1682.º
Ac. do Tribunal da Relação de Lisboa 1/3 de 2012, relator Pedro Martins, processo
144/11.3, interessam as páginas 7 a 11.
Ter ainda em conta o art. 8.º/2 do CSC- a quota pertence a ambos por causa do regime
de bens. E coloca-se a questão se é preciso o consentimento do outro para alienar a
respetiva participação social. A doutrina diverge: o Dr. João Labareda entende que não é
necessário o consentimento. O n.º 3 apresenta as exceções ao n.º 2, mas só está pensado
para coisas corpóreas, portanto não se aplica. O número 2 diz que tem legitimidade para
vender aquele que tem a administração do móvel, segundo este autor aplicar-se-ia por
analogia, concluindo-se que o cônjuge sócio tem legitimidade para alienar ou onerar as
participações sociais que são bens comuns, de que tenha a administração,
independentemente do consentimento do outro cônjuge, dado que estas situações não
caberiam no n.º 3. A outra posição é a de Rita Lobo Xavier que não concorda que se
aplica por analogia o n.º 2 porque as razões de dispensa de consentimento que lhe estão
subjacentes não se verificam. Chega à conclusão de que o artigo 8.º/2 do Código das
Sociedades Comerciais só atribui poderes de administração ordinária e não poderes de
administração extraordinária. Apesar de o cônjuge administrador da quota social comum,
ter, em princípio, poderes que vão além da simples administração, abrangendo mesmo
poderes de disposição, tal não será exatamente assim, carecendo o cônjuge sócio do
consentimento do outro cônjuge para alienar ou onerar a participação social- 1682.º, n.º
1. O facto de no n.º 3 não serem mencionadas as participações sociais, não impede que
esse consentimento deva ser exigido ao abrigo dessa norma quando essa alienação ou
oneração forem qualificadas como atos de administração extraordinárias.
Por via do 34.º/1 e do 1682 chegávamos a conclusão que tinha de ser proposta por ambos
os cônjuges.
Mas outro caminho podia ser trilhado, o contrato é celebrado por ambos, assim há um
litisconsórcio natural. O art. 34.º não afasta a possibilidade de haver situações de
litisconsórcio natural envolvendo a pessoa do cônjuge, é uma ação de execução
especifica, aplica-se a clausula geral, para produção do efeito útil normal, assim é um
litisconsórcio natural, ambos celebraram o contrato-promessa.
A ação devia ser proposta por ambos os cônjuges, assim estamos perante um
litisconsórcio necessário ativo, pressuposto de admissibilidade processual. A ação foi
intentada por ambos, assim não há ilegitimidade.
42
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
3) É a petição inicial meio idóneo para requerer a intervenção principal de outro A.?
O autor não pode chamar outros litisconsortes voluntários ativos, mas pode chamar outros
litisconsorte necessários ativos. Valoriza-se a autonomia de cada um.
Pode logo na petição inicial, assim como o réu o pode fazer na contestação, mas só o pode
fazer, o autor, se for litisconsórcio necessário, mas isso não tem a ver com o facto de ser
ou não na petição inicial. Arts. 316.º, n.ºs 1 e 2 e art. 318.º, n.º 1, als. a) e b). A petição
inicial é o primeiro articulado, assim pode fazê-lo aqui.
4) Podia o referido Banco ocupar a posição de litisconsorte voluntário a par dos AA., por
ter «interesse igual» aos destes na execução específica do contrato-promessa de cessão
das quotas? Em caso negativo, podia ser admitido a litigar ao abrigo de alguma das
posições jurídicas a seguir referenciada?
C celebrou o contrato com A e B, obrigou-se a pagar uma dívida alheia ao banco, a dívida
que A e B tinham com o banco. Partimos daqui para a aferição da legitimidade para poder
participar como parte principal do conceito de interesse-titularidade plasmado no art. 30.º.
n.º 3- os sujeitos da relação material controvertida tal como configurada pelo autor. O
banco é titular de uma posição jurídica ativa ao abrigo deste contrato, neste contrato
celebrado entre A e B e C? Não, não é parte dessa relação material controvertida.
O banco tem interesse em que C cumpra essa obrigação de pagar ao banco a respetiva
dívida? Sim, mas é um interesse meramente reflexo, económico, não tem um interesse
para efeitos de intervenção nesta ação como parte principal. A relação material
controvertida une os autores e C, o que significa que não estamos perante uma relação
jurídica que seja integrada pelo banco. Portanto não se podia formar nenhum
litisconsórcio entre A e B e o banco.
N.B.(a) art. 443.º, 1 CC: <O terceiro a favor de quem for convencionada a
promessa adquire direito à prestação, independentemente de aceitação.=
O contrato a favor de terceiro- aqui o banco já era titular de uma posição ativa, já era
titular de um direito contra C. O terceiro beneficiário pode exigir o cumprimento da
promessa, assim teria uma posição jurídica ativa ao abrigo do contrato que era um
contrato a favor de terceiro. Podia intentar uma ação a exigir o cumprimento daquilo que
o promissário se obrigou a prestar.
(b) 444.º, 3 CC: <Quando se trate da promessa de exonerar o promissário
de uma dívida para com terceiro, só àquele é lícito exigir o cumprimento da
promessa.=
Aquele é o promissário, assim sendo o banco não tinha nenhum direito, é um falso
contrato a favor de terceiro, só pode exigir o promissário e não o terceiro.
(c) 595.º, 1, a) CC: <A transmissão a título singular de uma dívida pode
verificar-se:/ a) Por contrato entre o antigo e o novo devedor, ratificado pelo
credor.=
Aqui a situação é diferente é uma situação em que os deveres da obrigação passavam de
A e B para C. O terceiro vem ocupar a posição do devedor, assim, o novo devedor passaria
43
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
a ser C e o credor do banco, assim podia exigir o cumprimento a C desde que ratificasse,
quem deixaria de ter titularidade era A e B.
5) Admita que o Banco requereu a sua intervenção espontânea na ação. Que decisão devia
o tribunal proferir? Podia admitir, no caso, a intervenção do Banco a diferente título?
O banco tem um interesse puramente económico que não permite o ingresso como parte
principal, assim, podia o banco intervir como assistente, para assistir os autores. O banco
tem um interesse jurídico em que a decisão seja favorável aos autores porque é titular de
uma posição económica jurídica que será afetada e tem que ver justamente com a
titularidade de uma posição económica jurídica dependente daquele objeto da ação. Basta
o interesse prático ou económico.
Art. 326.º- está sujeito a despacho liminar, se não tem legitimidade para intervir, o tribunal
deve proferir um despacho de indeferimento liminar, a menos que, resulte da
interpretação do requerimento que houve um erro quanto ao meio processual de que o
interveniente se serviu, ele queria era efetivamente recorrer como parte acessória- não
queria o incidente de intervenção principal provocada mas o incidente da assistência- há
jurisprudência nesse sentido.
Com esta ressalva a decisão do tribunal era uma decisão de indeferimento liminar de
intervenção principal espontânea por falta de legitimidade nos termos da norma do art.
30.º/3 do CPC.
6) Como qualifica o interesse do Banco na procedência da presente ação?
Era um interesse reflexo puramente económico que não lhe permite o ingresso na ação
como parte principal.
7) Parece-lhe de admitir que os AA. e o Banco propusessem a ação em conjunto ao abrigo
do regime da coligação de AA.
Partindo do critério do n.º das relações jurídicas, traduz para o processo uma pluralidade
de RJs materiais. O banco não é titular de qualquer relação com C, não há nenhuma
relação material, partindo da interpretação que fizemos não há nenhuma ligação de C com
o banco. O banco é titular de uma posição meramente reflexa, sendo certo que só existe
coligação entre partes principais. Nesta ação o réu é C, não há coligação possível. Importa
aqui o art. 36.º, cujos requisitos não estão preenchidos. Mesmo havendo duas RJs a
coligação tem requisitos.
18/12/19
44
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
cada um dos AA. fosse reconhecido o direito de retenção sobre a correspondente fração
autónoma cuja venda fora prometida, até lhes ser pago o valor das indemnizações
decorrentes do alegado incumprimento definitivo.
Das alegações e documentos juntos ao processo resulta que sobre as frações autónomas
em causa existem duas hipotecas validamente constituídas a favor do Banco Z em
garantida dos créditos por este concedidos a ECE. Perante a existência da mencionada
oneração, o tribunal proferiu despacho, no sentido de convidar as partes a promoverem,
dentro de 10 dias, a intervenção nos autos do credor hipotecário, sob pena de absolver a
Ré da instância com fundamento em ilegitimidade processual. Nesse despacho, o juiz
utilizou o argumento de que, se a ação procedesse, a posição jurídica do credor
hipotecário seria substancialmente afetada com o reconhecimento do direito de retenção
dos promitentes-compradores, dado o disposto nos artigos 755.º, n.º 1, al. f), e 759.º, ns.º
1 e 2, do CC.
Se houver violação da eficácia do contrato-promessa só é possível condenar se tiver
eficácia real. Outra solução possível é a resolução seguida de indemnização. Aqui foi
pedida a tal indemnização e pediu que fosse requerido o direito de retenção- que é um
direito real de garantia- 755.º/1/e)- tem de haver um contrato-promessa com tradição da
coisa (aqui as coisas foram entregues logo houve tradição). É ainda preciso um crédito
indemnizatório nos termos do art. 442.º que ocorre quando o contrato-promessa é
sinalizado. A indemnização consiste na perda do sinal ou na restituição do sinal em dobro.
O direito de retenção prevalece sobre a hipoteca- art. 759.º, n.º 2. A hipoteca é também
um direito real de garantia.
O tribunal entendeu que existia um litisconsórcio necessário passivo sob pena de
absolvição da instância por ilegitimidade processual, porque estamos perante um
pressuposto processual.
1. Identifique o pedido e a causa de pedir.
Pedido de condenação da ré no cumprimento da indemnização- ação de condenação e por
outro lado o pedido de reconhecimento do direito de retenção ao abrigo do art. 755.º/1/f)
e aí é uma ação de simples apreciação.
A causa de pedir tem a ver com a celebração dos contratos-promessa e o incumprimentos
dos mesmos e, ainda, os arranjos que tiveram de realizar.
2. Qualifique a situação de pluralidade de partes quanto ao lado ativo.
Coligação voluntária de autores, o que temos é um feixe de relações jurídico-materiais
que dizem respeito à celebração de 4 contratos-promessa de 4 celebrações autónomas de
4 pessoas. Estes casos podem ser tramitados numa só ação desde que se verifiquem os
pressupostos negativos e positivos- arts. 36.º e 37.º. Neste caso estamos perante casos de
incumprimento análogo. Será uma caso de coligação voluntária porque a ação depende
essencialmente da apreciação dos mesmos casos.
3. Se as ações houvessem sido propostas autonomamente, poderiam ser tramitadas
em conjunto? Podem os AA. chamar à instância E, F e G, que, por seu lado, também
tinham adquirido frações autónomas à ECE?
45
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
Podia requerer-se a apensação nos termos do art. 266.º. A apensação é externa para efeitos
de tramitação mantendo os pressupostos e a sua autonomia para não haver repetição de
atos.
Existe coligação voluntária sucessiva- é possível requer a intervenção principal destes
sujeitos de outras RJs através da intervenção de terceiros? Não há essa possibilidade, o
incidente de intervenção principal provocada está previsto apenas para os casos de
litisconsórcio. Nos casos de coligação necessária partindo da sanabilidade de exceções
dilatórias, não haverá outra forma de sanar que não seja o recurso a este incidente de
intervenção principal provocada. Assim não era possível requerer a intervenção nem que
estes interviessem espontaneamente a título principal para formar uma coligação
voluntária. A única hipótese seria intentarem eles outras ações ou outra ação. Podiam
intentar os 3 uma ação coligados, desde que verificados os pressupostos e depois podia
requerer-se ao juiz que apensasse as ações.
4. A falta do Banco Z – credor hipotecário – na instância provocada a
ilegitimidade das partes iniciais?
Ele tem um interesse em que não seja reconhecido o direito de retenção, quereria colocar-
se do lado oposto, da ré. Uma pessoa que tem legitimidade para intervir como parte
principal pode intervir como parte acessória? Sim, é admitido. O professor aceita que
pode intervir dessa forma.
Aqui não poderia ser uma oposição porque a sua posição é ao lado da ré. A procedência
do pedido do banco do reconhecimento seria compatível com o reconhecimento da
posição jurídica dos autores, assim, não se verifica o requisito da oposição.
Mas reside a dúvida se pode ou não intervir como parte principal? Há aqui uma situação
de litisconsórcio entre a ré e o banco, neste sentido- relativamente ao pedido de
condenação no pagamento de indemnização essa parte não tem nada a ver com a relação
jurídica relativa ao pedido de condenação, mas relativamente ao pedido de
reconhecimento do direito de retenção, justamente pelo facto de o banco ter um direito
real de garantia sobre o mesmo bem. Há aqui uma relação real entre o direito de retenção
e o direto de hipoteca que é uma relação de sobreposição. Por força do regime legal, há
uma prevalência do direito de retenção sobre o da hipoteca. Há uma relação real com uma
pluralidade de sujeitos. Dito de outro modo, há uma conexão material que gera unidade
para efeitos jurídicos, a ideia de <geometria variável=. Há um vínculo de conexão que
justifica que para efeitos de legitimidade processual podemos ler isto como fundamento
de litisconsórcio.
Mas há uma litisconsórcio necessário? Por regra é voluntário, é necessário que seja por
disposição legal expressa ou por aplicação do art. 33.º- é necessária a presença dos vários
sujeitos naquela relação material controvertida para que a decisão produza o seu efeito
útil normal. Se o credor hipotecário não for chamado, ele tem outra porta para impugnar
já em sede de ação executiva, por isso é que não é imposto, porque para eles fazerem
valer a sua posição, têm de intentar uma ação executiva, estando registada a hipoteca deve
o credor ser citado para vir reclamar o seu crédito- 789.º, nºs 3 e 5. Parece que o litígio,
então, pode ser definitivamente resolvido entre as partes sem a apresentação do banco,
assim produz o seu efeito normal sem vinculação do banco.
46
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)
lOMoARcPSD|11925487
Em suma, há uma litisconsórcio voluntário. O Banco pode intervir ou ser requerida a sua
intervenção como parte principal do lado passivo a título voluntário por ter uma relação
conexa material que ficará afetada pelo reconhecimento do direito de retenção.
Assim, a resposta à pergunta é não, porque o litisconsórcio não é necessário, a falta do
banco não gera uma situação de ilegitimidade.
5. Se o credor hipotecário não estiver presente na instância, fica vinculado pela
decisão que reconheça a existência do direito de retenção dos AA.? Qual o mecanismo
processual que podia ser usado para trazer o credor hipotecário à instância?
Não, dado os limites subjetivos do caso julgado. Pode-se provocar a sua vinda através do
incidente de intervenção principal provocada, partindo do pressuposto anterior.
6. Suponha, agora, que o tribunal entendeu não existir ilegitimidade processual,
atentos os termos em que os AA. configuraram a relação material controvertida, pelo que
não teve lugar o despacho de convite à regularização da instância. Foi proferida sentença
que reconheceu os créditos peticionados por cada um dos AA. e considerou as
indemnizações garantidas pelo direito de retenção. O credor hipotecário, que não foi
chamado à instância, pode, nesta altura, requerer a sua intervenção como parte principal?
E poderá recorrer da sentença proferida?
A intervenção principal provocada pode ser pedida de duas formas: por articulado próprio
ou por adesão aos articulados. Por articulado próprio é só até ao fim dos articulados, agora
já não podia, tinha de ser por adesão e aí podia até à fase de recurso – arts. 313.º/1, 314.º/1.
47
Descarregado por Helena Laezza (nousuneevidence@gmail.com)