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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL
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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0027254-75.2019.8.19.0066


APELANTE: KATIA MARIA DE QUEIROZ BARRETO
APELADO: MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA
RELATORA: DES. CINTIA CARDINALI

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO


MUNICÍPIO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ALEGAÇÃO DE QUEDA
EM BURACO AO REDOR DE BUEIRO. DEMANDA
OBJETIVANDO O PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS NO VALOR DE R$ 50.000,00 (CINQUENTA
MIL REAIS). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA AO
FUNDAMENTO DE QUE A DEMANDANTE NÃO
COMPROVOU O NEXO DE CAUSALIDADE. APELAÇÃO DA
AUTORA PRETENDENDO A REFORMA INTEGRAL DA
SENTENÇA. O RECURSO NÃO MERECE PROSPERAR.

O DIREITO BRASILEIRO ADOTA A TEORIA DO RISCO


ADMINISTRATIVO, SEGUNDO A QUAL A
RESPONSABILIDADE DO ESTADO É OBJETIVA, NÃO
HAVENDO, PORTANTO, NECESSIDADE DE O LESADO
PROVAR A EXISTÊNCIA DA CULPA DO AGENTE OU, EM
SENTIDO ESTRITO, DO SERVIÇO (ARTIGO ART. 37, § 6º,
DA CF). PARA CONFIGURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
OBJETIVA BASTA A PRESENÇA DE TRÊS
PRESSUPOSTOS, QUAIS SEJAM, A CONDUTA, COMISSIVA
OU OMISSIVA, O DANO E O NEXO DE CAUSALIDADE,
CABENDO AO LESADO DEMONSTRAR QUE EVENTUAL
PREJUÍZO SOFRIDO TENHA SE ORIGINADO DA CONDUTA
DO RÉU. ESPERA-SE DA VÍTIMA A COMPROVAÇÃO DO
NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA DO AGENTE E O
DANO, FACULTANDO-SE AO PODER PÚBLICO A PROVA
DE ALGUMA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. IN
CASU, O IMPRESCINDÍVEL NEXO DE CAUSALIDADE
ENTRE A OMISSÃO DO PODER PÚBLICO – FALTA DE
CONSERVAÇÃO DA VIA PÚBLICA – E O DANO – QUEDA E
FRATURA DA EXTREMIDADE DISTAL DO RÁDIO – NÃO FOI
ESTABELECIDO. AS FOTOGRAFIAS QUE CONSTAM DA
PETIÇÃO INICIAL EM NADA CORROBORAM A NARRATIVA
AUTORAL DE QUE O ACIDENTE TERIA OCORRIDO EM UM
BUEIRO EXISTENTE NO CAMINHO DA RESIDÊNCIA DE
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Apelação Cível nº: 0027254-75.2019.8.19.0066 (7/4)

Assinado em 20/07/2022 17:01:38


CINTIA SANTAREM CARDINALI:16066 Local: GAB. DES(A). CINTIA SANTAREM CARDINALI
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SUA MÃE, SALIENTANDO-SE QUE NÃO É POSSÍVEL


VERIFICAR O LOCAL ONDE A IMAGEM FOI FEITA,
TAMPOUCO QUE A QUEDA OCORREU NAQUELE LUGAR.
LOGO, NÃO SE PODE INFERIR, DE FORMA INEQUÍVOCA
QUE A FRATURA FOI ORIGINADA PELA ALEGADA QUEDA
NO BUEIRO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS MAJORADOS, NA FORMA DO §11 DO ART.
85 DO CPC/2015.

RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos da presente apelação cível,


em que são partes as acima indicadas, ACORDAM os Desembargadores que
integram a VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO RIO DE JANEIRO, por unanimidade/maioria, em conhecer e NEGAR
PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da Relatora.

RELATÓRIO

Trata-se de apelação cível interposta pela parte autora, KATIA


MARIA DE QUEIROZ BARRETO, à sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara Cível
da Comarca de Volta Redonda, da lavra do MMª Juíza Maria Daniella Binato de
Castro, integrante do grupo de sentença, nos autos da ação indenizatória proposta
em face de MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA.

Na forma do permissivo regimental, adoto como relatório a sentença


do juízo de origem, assim prolatada (indexador 000193):

“Trata-se de ação proposta por KATIA MARIA DE QUEIROZ BARRETO em face de


MUNICIPIO DE VOLTA REDONDA, aduzindo, em síntese, que no dia 12.10.2019, sofreu uma
queda na via pública, devido a um buraco no entorno de um bueiro. Afirma que o buraco foi
criado devido a má conservação da via. Informa que a queda ocasionou-lhe fratura no braço
esquerdo. Dessa forma, requer a condenação do Réu ao pagamento de indenização a título de
danos morais. Com a inicial vieram os documentos de fls. 15/127. Gratuidade de justiça
deferida à fl. 130. Contestação apresentada às fls. 137/146, sem documentos, sustentando a
inexistência de comprovação dos fatos alegados e a ausência do nexo causal entre o dano e a
suposta conduta omissiva do Município, assim, ausente o dever de indenizar. Requer a
improcedência dos pedidos autorais. Réplica apresentada às fls. 163/165. Promoção do
Ministério Público às fls. 170/171, informando não ter interesse na demanda, assim, deixando
de intervir no feito. Manifestação apenas do Réu à fl. 182, informando não ter outras provas a
produzir. Ato Ordinatório praticado à fl. 183, certificando que a parte Autora não se manifestou
em provas. Decisão à fl. 185, declarando encerrada a instrução processual. É o relatório. Passo
a decidir. Feito em ordem, sem nulidades ou irregularidades a sanar, não havendo necessidade

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de maior dilação probatória para o seu deslinde, já que a hipótese versada nos autos se
amolda aos ditames do artigo 355, I, do CPC. Trata-se de ação em que a parte Autora requer a
condenação do Réu ao pagamento de indenização a título de danos morais. Narra a Autora,
em sua peça inicial, ter fraturado o braço esquerdo devido a um buraco existente na via
pública. Aponta o Réu como responsável omisso pela manutenção da via. Com efeito, a parte
Autora não apresentou testemunhas que teriam presenciado o suposto ocorrido, tampouco
requereu a produção de prova pericial médica com o objetivo de estabelecer o nexo causal.
Assim, não logrou a parte Autora comprovar os fatos constitutivos de seu direito, ônus que lhe
cabia, na forma do disposto no artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil. Impossível,
portanto, a condenação do Réu calcada tão somente nos danos sofridos, destacando. Assim,
não se provou o nexo de causalidade, ou seja, não existe prova que demonstre que as lesões
sofridas pela parte Autora decorreram da queda no buraco. Destarte, não se pode dizer que
houve qualquer omissão por parte do Réu que possa de alguma forma, ter contribuído para a
ocorrência do evento danoso, pois não há prova de que este ocorreu como narrado na inicial.
Vale trazer à colação alguns precedentes representativos do nosso Tribunal de Justiça que
corroboram tal entendimento: "Responsabilidade civil. Ação de indenização por danos material
e moral que a Autora teria sofrido em razão de queda num bueiro ao transitar em via pública.
Sentença que julga improcedente o pedido. Apelação da Autora. Cerceamento de defesa não
verificado. Apelante que não produziu prova da dinâmica do evento e do nexo de causalidade,
ônus que a ela incumbia, na forma do artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil.
Inexistência do dever de indenizar. Sentença que corretamente concluiu pela improcedência do
pedido inicial. Desprovimento da apelação. (APELACAO - 0037684- 73.2008.8.19.0001 - DES.
ANA MARIA OLIVEIRA - Julgamento: 22/3/2011 - OITAVA CAMARA CIVEL). AÇÃO
INDENIZATÓRIA. Alegação de responsabilidade civil objetiva do Município pelos danos
causados. Pretende a autora indenização de dano material e moral, em decorrência de lesão
por queda em bueiro destampado. Eventualmente reconhecida a culpa anônima do município
réu pela falta do serviço, forçoso reconhecer o dever de indenizar integralmente os danos
sofridos. Entretanto, não restou comprovado o nexo de causalidade entre o dano e a conduta
omissiva do Município. Prova técnica que reforça tal posicionamento. Incumbe à autora o ônus
de provar os fatos constitutivos do direito alegado, nos termos do art. 333, inciso i, do Código
de Processo Civil. Improcedência do pedido. Sentença que se mantém. DESPROVIMENTO
DO RECURSO." (Apelação Cível nº 0042683- 45.2003.8.19.0001. Décima Quinta Câmara
Cível. Des. Celso Ferreira Filho. Julgamento: 16.7.2013. Grifos nossos). Assim, surge o
consignatário lógico da improcedência dos pedidos autorais. Diante do exposto, JULGO
IMPROCEDENTES os pedidos autorais, em consequência, JULGO EXTINTO O PROCESSO
com resolução de mérito, nos termos do artigo 487, I, do CPC. Condeno a parte Autora ao
pagamento das despesas processuais e nos honorários advocatícios que arbitro em 10% (dez
por cento) sobre o valor da causa, com fulcro no art. 85, § 2º, do CPC, suspensa a exigibilidade
nos termos do art. 98, § 3º do mesmo diploma. Transitada em julgado, dê-se baixa e arquive-
se. P.R.I.”

Inconformada, a parte autora recorre (indexador 000204)


sustentando que a má conservação da calçada, onde ocorreu a queda, não foi
contestada pela parte ré. Assevera que o nexo causal entre a condição da via e da
queda restaram demonstrados, assim como os danos causados pelo evento. Aduz
que demonstrou o os fatos constitutivos do seu direito, assim como a ocorrência do
dano moral.

Diante destes fatos e fundamentos requer a reforma da sentença


com a procedência total dos seus pedidos.

Recurso tempestivo e recorrente beneficiária da gratuidade de


justiça (indexador 000211).

Contrarrazões pelo desprovimento do recurso (indexador 000216).

É o breve relatório.

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VOTO

Os pressupostos de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos estão


presentes, o que autoriza o conhecimento do presente recurso.

- Dos Fatos:

A autora narrou que no dia 12/10/2019, por volta das 10:30h,


caminhava para ir à residência de sua mãe, quando na Rua 239, no bairro Conforto,
sofreu uma grave queda na rua devido a um enorme buraco em torno de um bueiro.

Afirmou que por conta das calçadas totalmente destruídas, o


pedestre é obrigado a andar pela rua, já que de um lado o matagal tomou conta da
calçada e do outro, ela se encontra totalmente destruída.

Sustentou que foi preciso atendimento médico, pois fraturou


gravemente o braço esquerdo (fratura da extremidade distal do rádio), sendo
operada com urgência e com colocação de placa e parafuso (osteossíntese).

Ao final, requereu a condenação do réu ao pagamento de


indenização por danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

A sentença julgou improcedente o pedido contido na inicial sob o


fundamento de que a demandante não comprovou o nexo de causalidade, ou seja,
não existe prova que demonstre que as lesões sofridas pela parte autora decorreram
da queda no buraco.

A controvérsia recursal cinge-se a analisar se restou caracterizada a


responsabilidade civil do réu e, em caso positivo, se a situação em tela enseja o
recebimento de verba compensatória por danos morais.

- Do Mérito:

A Constituição de 1988 estabeleceu a responsabilidade civil do


Estado, em termos genéricos, em seu art. 37, § 6º, que dispõe que as pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que os seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa.

Nesse quadro, o direito brasileiro adota a teoria do risco


administrativo, segundo a qual a responsabilidade do estado é objetiva, fundada na
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desnecessidade de o lesado provar a existência da culpa do agente ou, em sentido


estrito, do serviço.

É cediço que para configuração da responsabilidade civil objetiva é


necessário que se comprove a existência cumulativa de conduta – que consiste em
uma ação ou omissão voluntária – dano – ou seja, uma lesão juridicamente
relevante de ordem moral, material ou estética – e nexo de causalidade –
consistente no liame fático a demonstrar que eventual prejuízo sofrido tenha se
originado da conduta do réu.

Nessa senda, confira-se entendimento doutrinário acerca do tema:

A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de


o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do
serviço. O fator culpa, então, fica desconsiderado como pressuposto da
responsabilidade objetiva.
Para configurar-se esse tipo de responsabilidade, bastam três pressupostos.
O primeiro deles é a ocorrência do fato administrativo, assim considerado
como qualquer forma de conduta, comissiva ou omissiva, legítima ou
ilegítima, singular ou coletiva, atribuída ao Poder Público. (...) O segundo
pressuposto é o dano. (...) O último pressuposto é o nexo causal (ou relação
de causalidade) entre o fato administrativo e o dano. Significa dizer que ao
lesado cabe apenas demonstrar que o prejuízo sofrido se originou da
conduta estatal, sem qualquer consideração sobre o dolo ou a culpa.
(CARVALHO FILHO, José dos Santos, Manuel de Direito Administrativo. 30.
ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017).

Decerto, a responsabilidade objetiva do Estado, que dispensa a


prova de culpa do agente, não elide o ônus da vítima em demonstrar o liame
existente entre a conduta - comissiva ou omissiva - e o dano experimentado,
facultando-se ao poder público a prova de alguma das excludentes de
responsabilidade.

In casu, embora seja reconhecida a obrigação do Município quanto à


manutenção dos bueiros localizados nas vias públicas, verifica-se que não restou
demonstrado o nexo causal entre o dano afirmado e a omissão do ente no seu dever
de manutenção das vias públicas.

Com efeito, da análise das provas anexadas pela parte autora,


observa-se a juntada do prontuário médico (indexador 000016) e fotografias do
bueiro no corpo da petição inicial (indexador 000003).

Pois bem, depreende-se que tais documentos não são capazes de


comprovar que o alegado acidente com a demandante ocorreu da forma narrada na
petição inicial.
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Isso porque, muito embora o prontuário médico contenha a


informação de atendimento à parte autora, não é possível verificar a razão do seu
ingresso no nosocômio. O documento apenas atesta o diagnóstico de fratura da
extremidade distal do rádio (indexador 000016 – fls. 84).

Ainda quanto à análise das provas carreadas pela demandante, tem-


se que as fotografias que constam da petição inicial em nada corroboram sua
narrativa de que o acidente teria ocorrido em um bueiro a caminho da residência de
sua mãe, salientando-se que não é possível verificar o local onde a imagem foi feita,
tampouco que a queda ocorreu naquele lugar.

Destaque-se que a autora, após ser intimada para especificar as


provas que pretendia produzir, manteve-se silente, conforme certidão do indexador
000183.

Logo, não se pode inferir, de forma inequívoca que a fratura foi


originada pela alegada queda no bueiro.

Nessa ordem de ideias, impende ressaltar que a responsabilidade


objetiva do Município, baseada no art. 37, §6º, da CRFB, não elide a obrigação da
parte autora de demonstrar a existência de nexo de causalidade entre o dano
alegado e ação/omissão da municipalidade.

Vejamos julgados deste E. Tribunal Estadual no mesmo sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO. PARTE


AUTORA ALEGA TER SOFRIDO QUEDA EM BUEIRO LOCALIZADO
PRÓXIMO À SUA RESIDÊNCIA NO MOMENTO EM QUE BRINCAVA NA
RUA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS.
IRRESIGNAÇÃO DA PARTE RÉ.
1. Trata-se de ação de responsabilidade civil proposta pela autora, menor
impúbere, representada por sua genitora, ao argumento de que teria sofrido
queda em bueiro próximo à sua residência, o qual teve por consequência
um corte em sua perna e a necessidade de atendimento hospitalar.
2. A Constituição Federal adotou a Teoria do Risco Administrativo, na qual
deve o Estado responder pelas lesões causadas em razão da atividade
administrativa, independentemente de negligência, imprudência ou imperícia
dos seus agentes. Logo, a sua responsabilidade apenas é afastada quando
não se vislumbra nexo de causalidade entre o prejuízo e a atividade, fato
exclusivo da vítima, de terceiro, caso fortuito ou força maior.
3. Nexo de causalidade não demonstrado pela parte autora. Embora o
boletim de atendimento médico anexado pela demandante confirme a
necessidade de atendimento hospitalar e a realização de sutura em sua
perna direita, o documento não é capaz de comprovar a narrativa trazida na
peça vestibular.
4. A responsabilidade objetiva do Estado, não comporta a aplicação da
Teoria do Risco Integral.

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5. As fotografias colacionadas pela demandante não comprovam o dito


acidente.
6. Instada a se manifestar sobre a produção de provas, a parte autora
informou ao juízo de primeiro grau seu desinteresse. Quando intimada pelo
Ministério Público a arrolar testemunhas do fato, esclareceu que estas
teriam se mudado para endereço desconhecido.
7. A responsabilidade objetiva do Município, baseada no art. 37, §6º, da
CRFB, não elide a obrigação da demandante de demonstrar a existência de
nexo de causalidade entre o dano alegado e ação/omissão dos agentes
públicos, circunstância não antevista nos autos.
8. Reforma da sentença para julgar improcedentes os pedidos autorais.
9. DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO.(0018027-37.2016.8.19.0011 -
APELAÇÃO. Des(a). SÉRGIO SEABRA VARELLA - Julgamento:
10/02/2022 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL)

APELAÇÃO CÍVEL. Ação Indenizatória por Dano Moral e Estético. Autor


que alega queda de bicicleta, em virtude de uma tampa de bueiro jogada na
pista. Ação proposta em face do Município de Niterói e do Consórcio
Transoceânica Niterói. Sentença que não acolheu o pedido. Inexistência de
prova da dinâmica dos fatos, ou de que os Réus deram causa à queda. Não
há indicação de horário, sentido em que trafegava, quem o socorreu,
testemunha do evento, registro de ocorrência policial ou mesmo menção de
tal dinâmica nos documentos relativos ao atendimento médico, de maneira
que não há comprovação do dano suportado, nem o nexo causal entre a
conduta daqueles e o alegado dano. O artigo 373, I, CPC/15 ao instituir o
ônus da prova determina ser do Autor o dever de provar o fato constitutivo
do seu direito. Incidência da Súmula 330, deste Tribunal. Demandante
beneficiário da gratuidade de justiça, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos
do § 3º, do artigo 98, do CPC. PRIMEIRO RECURSO (Da Parte Ré)
PROVIDO. SEGUNDO RECURSO (Da Parte Autora)
DESPROVIDO.(0060818-77.2018.8.19.0002 - APELAÇÃO. Des(a).
CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA - Julgamento: 25/05/2022 -
SEXTA CÂMARA CÍVEL)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.


MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. QUEDA EM BUEIRO. ERRO DE
DIAGNÓSTICO. Sentença de improcedência com fundamento na ausência
dos requisitos da responsabilidade objetiva. Apelação da autora. Alegação
de queda em bueiro e de falha no serviço médico prestado.
Responsabilidade objetiva. Aplicação do art. 37, §6º da CF. A fotografia de
um bueiro extraída de um caderno do jornal Extra, chamado "Eu repórter"
cuja matéria é feita pelo próprio leitor e que não tem data não comprova os
fatos narrados na inicial e a autora não trouxe nenhuma testemunha do fato.
Com relação a alegação de falha de atendimento imputado ao Hospital
Municipal Salgado Filho consistente na demora no diagnóstico e tratamento
adequado que teria agravado a condição da autora, imprescindível a
comprovação do nexo de causalidade a justificar o dever de indenizar. O
perito do juízo afirmou a existência de nexo causal entre um evento
acidentário e o diagnóstico apresentado pela periciada. A toda evidência, o
nexo causal a que o perito se refere pressupõe a prova da existência do
evento acidentário, como relatado na inicial, o que não ocorreu na hipótese.
A perícia não abordou a questão referente à alegada falha no serviço
médico. A autora não apresentou quesitos e, ao se manifestar, se limitou a
concordar com o laudo. Os elementos constantes dos autos autorizam a
conclusão pela ausência de nexo causal entre o evento danoso e os danos
sofridos pela autora e de falha no serviço prestado pelo hospital a ensejar a
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condenação do Município réu. Sentença mantida. DESPROVIMENTO DO


RECURSO(0070489-79.2008.8.19.0001 - APELAÇÃO. Des(a). SÔNIA DE
FÁTIMA DIAS - Julgamento: 19/10/2021 - VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA
CÍVEL)

Destarte, não restou demonstrado o nexo de causalidade entre a


alegada omissão do ente público e o resultado danoso narrado pela demandante,
razão pela qual a sentença de improcedência deve ser mantida.

- Dos Honorários Advocatícios:

Por derradeiro, considerando o desprovimento do recurso, é devida


a majoração dos honorários sucumbenciais para 15% (quinze por cento) sobre o
valor da causa, diante da imposição do §11 do art. 85 do CPC/2015.

- Do Dispositivo:

Diante do exposto, direciono meu voto no sentido de conhecer e


NEGAR PROVIMENTO ao recurso, majorando-se os honorários advocatícios, a que
foi condenada a parte autora, para 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa,
observada a gratuidade de justiça deferida (indexador 000130).

Rio de Janeiro, na data da sessão de julgamento.

Desembargadora CINTIA SANTARÉM CARDINALI


Relatora

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