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Monsenhor Jonas Abib

Famílias
Famílias
reconstruídas no amor

reconstruídas no amor
Monsenhor Jonas Abib

Famílias
reconstruídas no amor
Gerência geral: Rafael Cobianchi
Capa: Renata Santiago Albuquerque
Preparação, diagramação e revisão: Mariana Bastos
Fotográfo: Wesley Almeida

Editora Canção Nova


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12 630-000 Cachoeira Paulista – SP
Tel.: [55] (12) 3186-2600
E-mail: editora@cancaonova.com
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Todos os direitos reservados.

ISBN: 978-85-5339-147-9

© EDITORA CANÇÃO NOVA, Cachoeira Paulista, SP, Brasil, 2019


Sumário
Apresentação................................................................................ 7
Como a Sagrada Família........................................................... 9
Abra a porta da sua casa para Nossa Senhora entrar!. 17
Família que reza o Rosário unida permanece unida! ................... 22

A matéria-prima para a santidade......................................... 27


Um pouco sobre os meus pais.................................................... 30
Faça do sofrimento matéria-prima.............................................. 33

Heróis no sacrifício, heróis do amor!............................... 35


Doar-se como Dom Bosco......................................................... 38

Minha família é uma bênção.................................................. 41


O Senhor escolheu e consagrou a sua casa.................... 45
Casais que abrem a casa para o Senhor ...................................... 47

Reedificareis minha casa em ruínas.................................... 51


A força da mulher para manter uma casa de pé........................... 53
O sofrimento vira a base para a construção................................. 54

Nós somos herdeiros!............................................................... 57


Do coração do Pai..................................................................... 61
O perdão ressuscita famílias.................................................. 65
Clamando o Sangue de Jesus sobre a nossa casa........... 69
Intercedei pela família como Moisés................................. 73
Os problemas são meus, mas a minha cara é dos outros.............. 74

Minha casa é a casa do Senhor............................................ 77


Apresentação
É com imensa alegria em Deus que recebi o convite de Mon-
senhor Jonas Abib para escrever esta Apresentação. Não me esqueço
que o primeiro livro que escrevi – “Sereis uma só carne” – foi ele
quem fez a apresentação, em 1993, e motivou-me a continuar
escrevendo; ele que foi sempre para mim mestre, amigo, confessor,
diretor espiritual.
Neste seu novo livro para as famílias, Monsenhor Jonas colo-
ca  a sua imensa sabedoria de mais de sessenta anos evangelizando
casais, famílias e jovens, para ajudar as famílias que precisam ser
reconstruídas no amor de Deus.
São João Paulo II, o  grande defensor da família, ensinou-nos
que a família é o “Santuário da Vida”, lugar sagrado onde a vida é
gerada e formada; “patrimônio da humanidade”, uma “Instituição
insubstituível”, a célula básica da sociedade, a Igreja doméstica... a
família é sagrada!, não pode ser desfigurada pela infidelidade dos
esposos e pela falta de amor.
Se a família for destruída, toda a sociedade se desmoronará;
por isso, como ensina Mons. Jonas, devemos ser “heróis no sacri-
fício, heróisno amor”, e “doar-se como Dom Bosco”; pois, como
ele dizia: “Deus nos colocou neste mundo para os outros”.
A família pode ser salva, reconstruída, pela vitória do amor
entre os esposos e os filhos, porque “Deus é amor” (1 Jo 4,8). É
a base desse livro.

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Monsenhor Jonas começa seu livro com o modelo da sagrada
Família de Nazaré, mostrando que antes de tudo é preciso abrir as
portas da família para a Virgem Maria entrar e nela viver. Como
nas bodas de Caná, Ela não deixará faltar o vinho do amor neste lar,
e dirá a Jesus: “eles não têm mais pão, mais emprego, mais paz...”.
Nosso grande amigo, Mons. Jonas, nos ensina que é unida
com Maria que a família deve rezar todos os dias o Rosário, ao
menos o Terço, para ter a proteção do céu para o casal, os filhos,
os netos, e cumprir a sua sagrada missão neste mundo.
É na família que os filhos devem aprender com os pais as
virtudes que moldam a santidade. É no seio do lar que devem
conhecer, amar e servir a Deus com alegria.
Monsenhor Jonas conta um pouco da vida de sua família
abençoada, humilde e santa; eu tive a alegria de estar um dia na
casa de seus pais, que no seu amor moldaram o caráter do menino
Jonas e souberam encaminhá-lo para Deus.
É das famílias católicas que nascem as vocações sacerdotais.
É na família que aprendemos a fazer do sofrimento, como diz
Mons., a matéria prima da salvação e da reconstrução da família.
Abra este livro e abra o seu coração. Deixe esses sagrados
ensinamentos penetrarem em sua família para ser reconstruída.
Não são apenas palavras, é a força da fé que este livro traz até
você, com toda a força Redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mais do que nós, Deus quer as famílias reconstruídas, pois, cada
família é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo”. (Catecismo n. 2205)
Agradeço ao Mons. Jonas por mais esta obra inspirada pelo
Espírito Santo; que ela seja para a edificação das famílias, salvação
das almas e edificação do Reino de Deus.
 
Prof. Felipe Aquino
Lorena, 31.07.2020
Festa de Santo Inácio de Loyola
Como a Sagrada Família
M ais do que em qualquer lugar, é na nossa casa, na nos-
sa família que nós podemos dizer: Ele está no meio de
nós. Toda família é sagrada. Ela é instituição de Deus. Você foi
chamado a ser família, a sua família foi chamada a ser família,
e esta família, não alguma outra. Deus deu esses dons todos
à sua família, e isso é irrevogável. Deus não volta atrás, e sua
família não deixa de ser sagrada. Dons e chamados de Deus
são irrevogáveis.
Talvez a sua casa, a sua família esteja toda quebrada, quem
sabe esmigalhada, mas ela não deixou de ser sagrada. Você não
tem como juntar os cacos, mas Deus tem! Deus tem como
juntar os cacos. Imagine agora, na sua casa, José, Maria e Jesus
se ajoelhando no chão, se debruçando para recolher os cacos,
para juntá-los. Imagine a Sagrada Família de Jesus juntando
os cacos de sua família e se alegrando com cada caco recolhido
e colocado no lugar, para refazer o sagrado que é a sua família.
Talvez sua família não se refaça de uma hora para outra, mas
Deus quer e pode refazer essa que é a coisa mais sagrada que

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Famílias reconstruídas no amor

você tem: sua própria família. Contribua, coopere para que


isso aconteça.
Na liturgia da Igreja, existe o dia da Sagrada Família, cuja
graça é ele mesmo, o dia da festa. Nesse dia, o Senhor renova,
atualiza a graça e a bênção à sua família, a graça da salvação,
independentemente do estado em que está sua casa. Mesmo se
estiver uma desordem, uma complicação só, o dia da Sagrada
Família é um dia de salvação para sua casa. Eu não sei qual é
a situação que você está vivendo, mas sua família foi querida
por Deus! Ela foi feita por Deus!
A primeira vez em que Jesus se mostrou Ressuscitado,
Glorificado, não mais com Seu corpo físico, como antes, mas
já com Seu corpo glorioso, foi no cenáculo, onde os discípulos
estavam reunidos, fechados por medo, e a primeira coisa que
Jesus lhes disse foi: “Recebei o Espírito Santo! Aqueles a quem
perdoardes os pecados, serão perdoados, aqueles a quem os
retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20,23).
Essa foi a primeira coisa que o ressuscitado fez, mostrando
que foram dadas a eles a possibilidade e a autoridade de perdoar.
Então, na nossa casa, na nossa família, é onde podemos dizer:
Ele está no meio de nós! E a primeira e a maior capacidade que
Ele, o Glorificado, que está no meio de nós, nos deu foi a de
perdoar-nos uns aos outros.
Quando nós nos perdoamos e nos reconciliamos, o calor
é imenso, e a reconstrução é maravilhosa, maravilhosa! Aco-
lher a graça do dia da Sagrada Família é acolher uma graça de
reconstrução da sua família.

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Monsenhor Jonas Abib

Se sua família está bem, ainda assim esse é um dia de graça.


Quanto mais graça, melhor; quanto mais bênçãos, melhor;
quanto mais salvação, melhor. Você pode, inclusive, poupar e
depositar em Deus, fazer um capital de graça, ter em “poupança”
para quando você precisar. Mas há muita gente que está com
saldo negativo na própria casa, na própria família.
Há um dia de graça, de salvação. Então por que ela não
acontece na sua vida? Porque a graça é como a unção do óleo:
se eu não tenho uma vasilha para colher aquele óleo que é der-
ramado, ele se perde. Com qualquer líquido é assim: é preciso
um recipiente para colhê-lo. Se você acolhe a graça, ela acontece
para você. Se você não a acolhe, a graça não acontece, justamente
porque você não a acolheu. Você não é um destruidor! Você é
o autor, o construtor da sua casa.
Se você ainda é um(a) jovem solteiro(a), eu lhe pergunto:
o que você está plantando hoje? Se você não viver a fidelidade a
Deus e aos mandamentos de Deus hoje, não vai viver a fidelidade
à sua família depois, no seu casamento. E fazer isso é uma lou-
cura, é plantar as sementes da destruição do seu lar! Não é nada
disso que Deus quer! Pelo contrário, Deus precisa de homens
como José, que, na fidelidade, na firmeza, na espiritualidade,
foi o guarda, o protetor, o apoio, o arrimo de Maria. Seja você
também tudo isso para sua Maria, seu Jesus, seus filhos.
É isso que Deus precisa de você. Se Deus o vocacionou
para o matrimônio, não é para qualquer coisa, é para que você
seja tudo isso para sua família. Matrimônio é isso, casamento
é isso! O restante é deturpação do inimigo de Deus, que quer

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Famílias reconstruídas no amor

destruir a coisa mais linda que Deus fez, que é a nossa família.
Você não pode ser o destruidor!
Digo a você que um destruidor é alguém feito de trouxa
pelo inimigo de Deus. Ele é, na verdade, igual a um tumor na sua
própria família, no corpo, porque, depois que se uniram, marido
e mulher são uma só carne, um só corpo. Está entendendo?
Desculpe por ser tão direto, mas preciso ser muito sincero.
Seja qual for sua situação, se você está sendo o traidor da sua
família, o Senhor quer derramar uma graça de salvação sobre
você e sobre a sua casa, sobre a sua família, para que você não
seja mais traidor.
Para que você seja fiel!
Para que você mude!
Para que você se transforme!
Para que você seja o construtor!
O construtor, não o destruidor! A infidelidade e o adultério
levam destruição para sua casa. Deus quer agraciar sua casa. O
Senhor dá aos maridos a graça de serem como José, os chefes,
os cabeças, os sacerdotes dessa igreja doméstica que requer au-
toridade. Autoridade, no entanto, não quer dizer, autoritarismo.
Autoridade vem de “autor”, aquele que faz, que cria, e Deus
quer dar aos pais e esposos a graça dessa correta autoridade, para
que sejam autores da própria família, aqueles que fazem, que
constroem a própria família. É isso que Deus quer!
Mesmo que você não veja uma transformação, a graça
de Deus é semente, e é preciso acreditar nela. Um dia, todos
nós fomos uma semente no útero de uma mulher grávida. E

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essa semente, que foi fecundada, algo microscópico, cresce, se


desenvolve, para por fim vir ao mundo.
Durante muito tempo, longo tempo, “o inimigo”, “o ten-
tador” atingiu os homens, porque sabia que o homem foi feito
para ser cabeça, ser chefe, ser autoridade. Por isso, atormentou-
-nos desde que éramos meninos, atingindo a nossa sexualidade,
especialmente na adolescência, na juventude, para chegarmos
ao casamento conturbados, com uma sexualidade mal vivida.
Ele empurra os homens à infidelidade, ao adultério, à violência,
ao autoritarismo, à brutalidade, atormentando-os para que
não assumam sua posição de forma apropriada, para que não
exerçam a autoridade da forma certa, como Deus os vocacionou.
E para quê? Para destruir a família, fazendo de nós, homens,
“bucha de canhão”, tornando-nos verdadeiros kamikazes, que
prontamente se dirigem à bomba projetada para explodir o
alvo, neste caso, a família. Muitos de vocês, homens, esposos,
pais, foram feitos de “trouxas” pelo “inimigo” de Deus e, como
kamikazes, seguem para destruir a sua própria casa, a sua própria
família. Com franqueza, digo a você: o objetivo do “inimigo”
não é fazer de você “o tal”, aquele que ainda é capaz de atrair
outras mulheres, de ter muitos casos, de ter até mesmo outra
família. É tudo engano!
No fundo, no fundo, você é o enganado. O “inimigo” de
Deus está sempre enganando você, e eis o objetivo real dele:
fazer você de “trouxa”, usá-lo como kamikaze para destruir sua
própria família, sua própria casa, a coisa mais linda que você
tem e para a qual Deus mesmo vocacionou você.

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Famílias reconstruídas no amor

Família é uma questão de vocação de Deus, a primeira vo-


cação, que aparece logo no início da Bíblia, no livro do Gênesis:
“Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá a sua mulher, e
os dois serão uma só carne” (Gn 2,24), “portanto, não separe
o homem o que Deus uniu” (Mt 19,6).
O que você está plantando, menina?
O que você está plantando, rapaz?
Ou você é fiel, casto, puro e construtor do seu lar, ou tudo
já começa errado. Se você hoje é vítima e está colhendo as con-
sequências de um comportamento errado de outra pessoa, não
queira repeti-lo. Isso é visto com frequência: pais alcoólatras
causam grandes problemas dentro de casa, o filho se aborrece
e rejeita o alcoolismo do pai, mas depois, infelizmente, quando
chega à juventude, à idade adulta, torna-se alcoólatra também,
bebe, embriaga-se do mesmo jeito, faz as mesmas coisas terríveis
que seu pai fazia. Deus não quer essa repetição.
É por isso que Deus quer que você acolha a graça própria
da festa da Sagrada Família, a segure no peito com as duas mãos,
com seu braço, no seu regaço, e a mantenha ali. Que você não
perca nada da graça que Deus tem para você. Que você assuma,
assimile a graça, para que ela aconteça com você. Se você quer,
pode juntar o seu querer ao querer de Deus.
Eu digo também a você, mulher, mãe, esposa, menina: Deus
criou você assim. É próprio da natureza da mulher apoiar-se
em seu marido, ao mesmo tempo em que lhe dá segurança.
A ternura de Maria é percebida ao dar todo carinho e toda
proteção a Jesus. Quando a mulher se apoia sobre aquele que

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Monsenhor Jonas Abib

Deus lhe deu como esposo, como marido, sendo ele seu esteio,
duas coisas acontecem: ela adquire a segurança de que precisa,
se torna firme para exercer sua função de fecundar, e dá segu-
rança ao seu marido. Essa ternura é coisa essencial, como o
calor do ventre materno, como a ternura da imagem de Maria
sentindo-se segura na situação de Mãe de Jesus, que deu a Ele
carinho e proteção.
Homens precisam de segurança. Pode parecer impres-
sionante, mas os homens precisam de segurança. Se há uma
mulher, mãe, esposa, irmã, companheira que se apoia nele, o
homem se sente seguro.
Começando por nossa mãe, depois nossa esposa e tam-
bém nossas irmãs: são elas as companheiras que Deus dá para
a caminhada do homem. A ternura de Maria a torna firme e
segura, e homens precisam da segurança passada pela mulher.
Quantos de nós são inseguros? Quantos têm complexo
de inferioridade, complexo de rejeição e tantas coisas mais?
Quantos rapazes buscam sentimentos em uma sexualidade mal
vivida porque não tiveram a ternura de seus pais e também não
a viam entre eles.
O mundo tem ensinado demais coisas erradas. A mulher
muitas vezes é excluída, porque os homens é que mandam,
os homens fazem. A mulher, não é uma excluída! As coisas
eram assim na sua família? Mas não precisa continuar sendo
dessa forma.
Homens erram, mulheres erram, marido e mulher erram.
Erram, mas têm a chance de aprender um com o outro. Se não

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Famílias reconstruídas no amor

sabem como ser marido e mulher, não sabem como ser pais,
aprendam um com o outro, começando pelo “começo”, se pre-
ciso for, nas questões de casamento, nas questões de vida. Mas
é preciso começar, porque você não tem o direito de derrubar
a própria casa em cima da sua cabeça e da cabeça daqueles que
Deus confiou a você.
A graça da Sagrada Família é dada a você por Deus! Você,
homem, foi vocacionado para ser um José! Escolher o contrário
é destruir sua família, a coisa mais linda que Deus fez. Deus
confiou uma família a você, como confiou à Sagrada Família,
e você precisa cuidar dela.

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Abra a porta da sua
casa para Nossa
Senhora entrar!
No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galileia, e a
mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados
para o casamento. Faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não
têm vinho”. Jesus lhe respondeu: “Mulher, para que me dizes isso? Minha
hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos que serviam: “Fazei tudo o
que Ele vos disser”. Estavam ali seis talhas de pedras, de quase cem litros
cada, destinadas às purificações rituais dos judeus. Jesus disse aos que
estavam servindo: “Enchei as talhas de água!” E eles as encheram até a
borda. Então disse: “Agora, tirai e levai ao encarregado da festa”. E eles
levaram. O encarregado da festa provou da água mudada em vinho, sem
saber de onde viesse, embora os serventes que tiraram a água o soubessem.
Então chamou o noivo e disse-lhe: “Todo mundo serve primeiro o vinho
bom e, quando os convidados já beberam bastante, serve o menos bom. Tu
guardaste o vinho bom até agora”. Este início dos sinais, Jesus o realizou
em Caná da Galileia. Manifestou sua glória e seus discípulos creram nele.
(Jo 2,1-11)

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Famílias reconstruídas no amor

Foi em Caná da Galileia que aconteceu o início dos mila-


gres de Jesus, onde Ele manifestou Sua glória e Seus discípulos
creram Nele. Eu sempre me perguntei: por que o Pai dispôs
que Jesus realizasse Seu primeiro milagre em uma festa de
casamento? Para mim, a resposta é: o campo onde Deus mais
quer operar milagres é o do casamento.
Além disso, é possível também perguntar: por que Deus
quis que Nossa Senhora interviesse para que o milagre aconte-
cesse? Naquela situação, Maria foi a intercessora, a mediadora,
foi ela quem mediou a situação, quem se preocupou com o que
estava acontecendo e interveio até que o milagre acontecesse.
Ela foi de um canto para outro, de um lugar para outro, de
uma pessoa para outra. Antes de dizer-lhes qual eu penso ser
a resposta para essa pergunta, vou contar uma história que
vivenciamos alguns anos atrás.
Certa vez, tivemos a graça de fazer uma pregação em Fáti-
ma durante o Congresso Nacional da Renovação Carismática
Católica (RCC). A RCC em Portugal nasceu em Fátima, de
um grupo de oração no lugar das aparições de Nossa Senhora.
Quando tudo terminou, fomos até a nossa Casa de Mis-
são em Fátima, onde estava um franciscano contando o que
ouvira da boca do padre capuchinho que atendia as confissões
no Carmelo, local onde ficava a vidente Lúcia. Sentamos à
mesa, e o franciscano nos contou sobre uma madre desse mes-
mo Carmelo que por muitas vezes ia até o quarto de Lúcia
verificar se estava necessitando de algo. Quase sempre, Lúcia
estava totalmente absorta em oração, tanto que nem percebia

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Monsenhor Jonas Abib

a presença da madre. “Bom, se ela está absorta em oração, ela


está muito bem”, pensava a madre.
Passados alguns dias, ela se deparou com a mesma situação
nos corredores do Carmelo. Alguns dias depois, o mesmo acon-
teceu nos jardins. Lúcia estava do mesmo jeito, parada, olhando
para um ponto fixo. A madre preferia pensar que, graças a Deus,
Lúcia estava muito bem, mas ficava também com uma dúvida:
será que Lúcia estava realmente rezando ou já estava tão idosa
que estava com algum problema?
Certo dia, a madre precisou dar um recado para a irmã
Lúcia e a encontrou justamente em um dos corredores. Lúcia
estava do mesmo jeito, e a madre a rodeou, sem querer desres-
peitar seu momento de oração, até que lhe disse: “Irmã Lúcia,
me perdoe, eu não queria tirar a senhora da oração, mas preciso
lhe dar esse recado”. Depois de ouvir o recado, irmã Lúcia
respondeu: “Não precisa pedir perdão, madre, eu também não
estava em oração”. Então, muito espontaneamente, apontou
para uma cadeira ali pertinho e disse: “Nossa Senhora estava
sentadinha nessa cadeira conversando comigo, mas Madre não
se espante, porque é sempre assim. Ela anda aqui pelo nosso
Carmelo, pelos nossos corredores, pelos nossos jardins”.
Com muita graça, Lúcia explicou que elas sorriam e conver-
savam como boas amigas. A madre sorriu, um sorriso espantado,
e disse: “Lúcia, você nunca nos contou isso”. Lúcia explicou que
nem sabia se precisava contar, e a madre continuou: “Então era
isso que eu ouvia em seu quarto”. Lúcia respondeu: “Eu nunca
percebi a senhora entrando e saindo, mas sei que ela vai muitas

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Famílias reconstruídas no amor

vezes em meu quarto. Algumas vezes, sou eu quem a convido


a entrar, outras, ela mesmo vai sentando em minha cama, e
ficamos nós duas ali conversando. As senhoras não veem, mas
ela está presente. Ela anda, transita por todo nosso Carmelo,
toma conta das coisas. Ela também entra em outras celas [os
pequenos quartos onde ficam as carmelitas], na sua também,
irmã! Vocês todas não conseguem ver, mas ela está por aqui”.
Então, por que acho que Deus quis que Nossa Senho-
ra interviesse para que o milagre acontecesse? Porque Nossa
Senhora deve transitar em nossa casa, do mesmo jeito que
transitou naquela festa de casamento, indo de um lugar para
outro, indo de uma pessoa para outra, como fez também no
Carmelo de Lúcia.
Ela precisa transitar e quer fazê-lo. Se as coisas vão mal,
tenha a certeza de que ela quer transitar em sua casa. Ela só
não fará isso se você ou as pessoas de sua casa a impedirem.
Ela quer transitar, ir até você, até a pessoa com quem você se
casou, até o seu filho, sua filha, seu irmão ou irmã. A melhor
coisa que você pode fazer é dar livre acesso para Nossa Senhora
transitar em sua casa.
Ela não vai até sua casa para repreender, chamar sua atenção
ou dar-lhe uma bronca. Esse é o papel das mães, mas não é o
que ela faz. Ela está em nossa casa como esteve nas bodas de
Caná, para resolver “os galhos que criamos”, muitos dos quais
são nossa culpa, embora sempre tentemos culpar os outros. A
mulher joga a culpa no marido, o marido joga a culpa na mulher,
os filhos jogam a culpa um no outro. Nós vivemos jogando a

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Monsenhor Jonas Abib

culpa nos outros, mas qual filho nunca pisou na bola? Qual
mãe nunca pisou na bola? Qual pai nunca pisou na bola?
Nossa Senhora não entra em nossa casa para jogar a culpa
em ninguém. Pelo contrário: ela sabe que somos errados, que
somos culpados, que confundimos todas as coisas, mas está lá
para resolver a questão. Ela anda de um lado para o outro para
trazer a solução. Nas bodas de Caná, o problema era a falta de
vinho. Em sua casa, qual é o problema?
Se os problemas chegam e começam a separar o casal, ou
a separar pais e filhos, se existe briga ou uma guerra fria dentro
de casa, impondo barreiras entre as pessoas, especialmente entre
marido e mulher, clame pelo coração de mãe de Nossa Senhora,
especialmente na hora da aflição. Ela vai correndo de um para
o outro para resolver a situação.
Eu não estou fazendo poesia, estou trazendo uma realidade.
Geralmente, nos apegamos a uma realidade espiritual muito
“aérea”, mas não é assim. Eu falo de algo concreto, como a história
de Lúcia. Ela tinha a graça de ver Nossa Senhora no Carmelo.
O que acontecia naquele Carmelo não é uma exceção. A única
exceção é o fato de Lúcia poder ver, todo o restante é a regra.
Não fique envergonhado pela situação da sua casa. Aqueles
noivos não precisavam ficar envergonhados pela falta de vinho,
porque Nossa Senhora estava lá para resolver a situação. Se as
coisas vão mal em sua casa, não precisa se envergonhar. Vocês
precisam deixar que ela tenha livre acesso entre vocês.
Nós não sabemos resolver os nossos problemas. Quantas
vezes queremos resolver problemas em nossa casa e acabamos

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Famílias reconstruídas no amor

estragando tudo? Quantas vezes, marido e mulher dizem o que


não deviam dizer, recordam o que não deviam recordar naquela
hora? Em brigas, nós costumamos trazer o lixão que a gente
jogou atrás da porta, embaixo do tapete. Trazemos à tona um
lixo que já apodreceu e o levamos para aquela conversa que
logo se transforma em discussão, até que se diz: “Era melhor
não ter conversado”.
Mas é claro que é preciso conversar! É claro que um casal
precisa resolver questões entre si, mas, antes de querer resol-
ver, é preciso recorrer a Nossa Senhora. Não tenha dúvida
nenhuma disso!

Família que reza o Rosário


unida permanece unida!
O primeiro milagre de Jesus aconteceu em uma festa de
casamento. O próprio Pai sabe que é necessário operar milagres
em casamentos. Ele quis, ainda, que a intercessora fosse Nossa
Senhora, e foi por ela que o milagre aconteceu.
Você pode ter a graça de receber esta ação de Nossa Senhora
em seu coração, para começar uma trilha nova na sua vida de
casado. Queira realmente que ela transite livremente por sua
casa, dê a ela toda permissão para isso. Peça, reze, envolva sua
casa com a corda mais linda: o Santo Rosário. Toda família que
reza o terço unida, todos juntos, permanece unida. É com seu
Rosário que você vai cercar a sua casa, não apenas material-
mente. Claro, é muito bom ter um terço pendurado em lugares

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Monsenhor Jonas Abib

importantes da sua casa, até mesmo no seu quarto. É muito


importante levar com você o terço, mas você precisa rezar, não
apenas tê-lo com você. Capriche para rezar o terço em família!
Eu sei que é uma enorme tentação. Aquele que quer fazer
da sua casa um campo de sujeira não quer que você reze o terço.
Ele sabe que, se você rezar o terço em família, ele não conseguirá
fazer da sua casa um lixão! Ele não vai ter campo dentro da
sua casa, por isso, ele nos coloca mil dificuldades, inclusive a
vergonha. Enfrente essas dificuldades!
A salvação da sua casa vai ser muito mais fácil se você
gastar o seu tempo e a sua energia rezando o Rosário. Se você
não consegue reunir os adultos da sua casa, se ainda não con-
segue rezar o terço com a pessoa com quem você se casou, mas
tem uma criança em sua casa, reze com ela. Às vezes, é só uma
criança rezando com seu jeitinho, mas é uma reza. Deus vê a
pobreza daqueles que são pequeninos. Reze o terço com mais
alguém. Seja com uma criança, seja com um idoso, seja com
quem for, rezem juntos: mãe e filha, marido e mulher, pai e
filho. Muitas vezes os filhos não querem saber de nada, mas o
marido e a mulher podem rezar o terço.
Talvez você já tenha os seus filhos casados e cheios de pro-
blemas. Talvez seus filhos morem em um lindo apartamento,
mas que na verdade é um campo de sujeira. Talvez, pais com o
coração dolorido sejam os únicos que têm a coragem de rezar
pela própria família. Rezem, rezem, rezem, rezem e rezem! E en-
quanto não conseguir alguém para rezar com você, reze sozinho!

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Famílias reconstruídas no amor

Nós não podemos esquecer: a pior família é a que não


existe. Não ter família é como ser um passarinho sem ninho.
Nossa família é nosso ninho, e você não tem o direito de destruir
esse ninho, mesmo que o mundo diga que a família não é algo
necessário. Nem pelas suas loucuras, nem pelas suas paixões,
por nenhum motivo você tem o direito de destruir esse ninho,
principalmente se tiver filhos. Você não tem o direito de destruir
o ninho de seus filhos.
Peça que Nossa Senhora puxe você de volta para sua família.
Peça que ela faça isso por meio do terço. Se você tem uma pessoa
especial no seu casamento ou na sua família que precise desse
puxão, apresente-a agora para Nossa Senhora. Muitas pessoas
têm ressentimentos e mágoas no coração, por isso, hesitam
em fazer esse pedido por causa do sofrimento. Não pense: faça
agora! Corajosamente, peça que ela coloque a mão em seu
coração dolorido e alivie o sofrimento. Não permita que a dor
vire revolta dentro de você. Reze, peça a Nossa Senhora, com
todo o coração, uma solução:

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. Para que sejamos


dignos das promessas de Cristo! Rogai pela pessoa com
quem me casei, para que sejamos dignos desta promes-
sa de Cristo! Rogai pelo meu pai e pela minha mãe
para que eles também sejam dignos dessa promessa de
Cristo. Que as questões entre nós sejam resolvidas de
acordo com esta promessa de Cristo! Nossa Senhora,
eu lhe dou plena permissão para transitar por minha

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Monsenhor Jonas Abib

casa, livre acesso a minha casa. A Senhora pode mexer


e remexer, mas por amor de Deus, por amor de Jesus,
o seu Filho, solucione os nossos problemas! Precisamos
começar uma trilha nova na nossa vida de família.

Família que reza unida permanece unida. Família que reza


o Rosário unida permanece unida!

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A matéria-prima
para a santidade
O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à
sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele mesmo devia ir. E dizia-lhes:
“A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor
da colheita que mande trabalhadores para sua colheita. Eis que vos envio
como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem
sandálias, e não vos demoreis para saudar ninguém pelo caminho. Em
qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’
Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não,
ela voltará para vós. Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei
do que tiverem, porque o trabalhador tem direito a seu salário. Não
passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem
recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver
e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós!’”. (Lc 10,1-9)

Senhor, eu cantarei eternamente o Vosso amor! Esse foi o


cântico que Santo Antônio e São Francisco cantaram. Mais do

27
Famílias reconstruídas no amor

que isso, eles viveram esse amor. Essa é a canção de que todos
nós, cristãos, filhos e filhas de Deus, precisamos em nossa vida.
Quando ouvimos falar dos santos, ainda mais de santos
populares como Santo Antônio, a nossa tendência é pensar
que a santidade não é para nós. Isso não é verdade! Cada um
de nós é chamado à santidade no seu estado de vida, na sua
situação, do seu jeito, na sua condição. A vontade de Deus é
que sejamos santos!
Há uma frase que diz: “Os maus não são bons porque os
bons não são melhores”. Eu concordo. Esses “maus” que talvez
estejam dentro da sua casa estão rodeados de “bons” que são
“mais ou menos”, que já estão satisfeitos e não tentam ser me-
lhores. O fato de serem simplesmente bons já basta. Talvez haja
pessoas ruins, pessoas que pecam, pessoas com vidas erradas,
pessoas no vício dentro da sua casa. Os nossos filhos não são
bons como nós queremos que eles sejam porque não somos
melhores, nos satisfazemos em ser simplesmente bons. No dia
a dia, não temos a coragem e a ousadia de seguir a vontade de
Deus de sermos santos.
Eu me lembro de quando o papa João Paulo II veio ao
Brasil pela primeira vez. A fala dele sobre o Brasil era muito
forte! Ele dizia: “O Brasil precisa de santos!” E eu acredito que
é justamente pela falta de vontade de viver a santidade que esta-
mos em uma encruzilhada, que nosso País está assim, entregue
à corrupção, à violência, à agressividade. Não temos liberdade,
parece que vivemos dentro de prisões. Estamos vivendo uma

28
Monsenhor Jonas Abib

depravação, e estamos vendo tudo isso acontecer de braços


cruzados, porque não temos a ousadia de ser santos.
Eu sei como é triste para um pai e uma mãe perder o filho
para toda essa sujeira. Quantos lares sofrem por perder seus
filhos para o mundo. Nós não criamos os nossos filhos para
isso, mas o mundo só está assim porque nós não somos santos.
Eu não estou jogando na sua cara, estou jogando na minha
cara também. Ser padre, religioso, consagrado não significa
ser santo. Nós temos que assumir nossa responsabilidade, e
não culpar o outro.
Para termos uma família boa, precisamos começar por nós
mesmos. “Sereis perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito”.
Essa é uma ordem e também uma afirmação feita por Jesus. Ser
santo não é um esforço sobre-humano, porque cada um tem
o seu chamado. O seu chamado não é igual ao chamado de
Santo Antônio. Ele era missionário e tinha o dom da pregação.
Você deve ter o seu dom.
Qual família não tem problema? Hoje, vivemos em um
mundo muito difícil, convivemos com muitos problemas, prin-
cipalmente financeiros, mas o Papa explica: “As dificuldades
próprias de uma família são matéria-prima para santificação”.
Todos os problemas são meios para nos santificarmos. Eles
exigem esforço, claro, mas, quando os casais perseveram e vão
à luta, todo o esforço vira santificação. Onde existe esforço para
ser melhor, existe o caminho para a santidade. Deus quer que
você seja santo no seu estado de vida.

29
Famílias reconstruídas no amor

Não pense que foi fácil para Santo Antônio. Ele também
teve que enfrentar problemas, mas transformou a dificuldade
em matéria-prima para sua santificação, dia após dia. Assim
como lutamos pelo pão nosso de cada dia, devemos lutar pela
santidade de cada dia em nossa família. Você precisa ter a ou-
sadia de ser santo, não pode contentar-se em ser apenas bom!

Um pouco sobre os meus pais


Eu sempre considerei meu pai um homem santo, do jeito
dele. Eu teria perdido a visão se meu pai não tivesse batalhado
tanto para pagar duas cirurgias. Ele me levou ao melhor of-
talmologista que existia no Brasil naquela época, que salvou a
minha visão, e teve que pagar pelas cirurgias que foram neces-
sárias. Para isso, ele foi para a cidade de São Paulo trabalhar,
onde chegou até a morar em um porão. Com sete anos, papai
já era carroceiro e carregava toras de madeira pesadas demais
para um menino, inclusive correndo um grande risco. Depois,
tornou-se pedreiro, sua profissão até o final da vida – uma vida
dura, de pobreza.
Meu pai era firme mesmo com todas as dificuldades. Eu
sempre falo dele como um homem justo. Meu pai foi alguém
que se tornou santo; não um santo de altar, claro, mas santo
pelo casamento, santo como esposo, santo como pai. Eu sou
fruto, sou resultado do que ele foi. Eu sou o padre Jonas porque
meu pai foi santo. Se meu pai não fosse santo, eu não seria nem
bom. Deus me deu a graça de ser filho do meu pai, santo do

30
Monsenhor Jonas Abib

jeito dele. E eu preciso continuar sendo santo por causa dele e


também de minha mãe.
Mamãe foi sempre nervosa e muito doente. Por um tempo,
ela ficou tuberculosa, teve problema de visão, chegou a ficar cega,
mas, com a graça de Deus, voltou a enxergar. A tuberculose
a debilitou muito. Ela tinha uma dor de cabeça terrível e por
causa disso era muito nervosa. Eu e meu irmão éramos muito
arteiros. Durante um bom tempo, apanhei todos os dias, e hoje
eu digo que era merecido, mas, naquela época, eu não tinha
coragem de dizer que minha mãe era santa. Certa vez, lendo a
Bíblia, saltou-me aos olhos: “Jesus tornou-se homem das dores”.
E eu pensei: a minha mãe foi mulher das dores.
Minha mãe sofreu durante a vida inteira e, por fim, acabou
sofrendo com o câncer. Antes de morrer, ela viveu na Canção
Nova comigo, o que para mim foi um privilégio. Minha mãe
não reclamava das dores. Ela era uma santa, não de altar, mas
santa em sua vida, em suas dores e em seu casamento.
Ela e meu pai tinham uma grande incompatibilidade de
gênios. Eram de temperamentos completamente opostos. Meu
pai era um homem educado, mas havia recebido uma educação
rude, diferente de minha mãe, que havia recebido uma educa-
ção fina, com aulas de violino. Na década de 30, uma mulher
que sabia tocar violino era algo raro. Meu avô, durante muito
tempo, foi o terceiro homem mais rico da cidade; não falo isso
com orgulho, porque o dinheiro não significa nada, mas digo
isso para mostrar como a vida dos meus pais foram diferentes.

31
Famílias reconstruídas no amor

Depois de casada, ela precisou abandonar tudo para se


dedicar aos afazeres da casa e ao trabalho como costureira. O seu
violino virou o fogão, a máquina de costurar, o tanque de lavar
roupas. Ela trabalhava e trabalhava, mesmo doente. Minha mãe
costurava couro, costurava em grandes quantidades na máquina
de costura pesada – a única coisa que ela tinha herdado do meu
avô. Ela penava todos os dias, começava cedinho a trabalhar, às
sete da manhã. Nesse horário, meu pai também já tinha saído
para trabalhar. Ela não fazia almoço, e nós almoçávamos o jantar
da véspera; eu e meu irmão esquentávamos as marmitas apenas.
Ela não tinha pausa. Perto das onze da noite, eu ia me deitar, e
ela ainda estava na máquina, inclinada, horas a fio, com tuber-
culose. Essa era a sua santidade, com os sofrimentos próprios
da sua família. Ela tirou a santidade da sua matéria-prima: ser
uma dona de casa.
Eu e minha irmã mais nova temos 11 anos de diferença.
O médico da minha mãe a alertara sobre os riscos de ter mais
filhos por causa da tuberculose. Quando, de repente, a minha
mãe engravidou novamente, o médico ficou bravo e sugeriu
retirar a criança. Minha mãe virou uma fera protegendo seu
filhote. O médico não quis mais atendê-la, então ela buscou
um novo médico, que não era especialista em tuberculose, mas
se comprometeu a ajudá-la. “Você vai ter essa essa criança e ela
vai devolver a sua saúde”, ele disse.
Aquele médico foi profeta! Minha mãe aguentou firme até
minha irmã Maria nascer. Depois do nascimento, minha mãe
se curou totalmente e teve mais três filhas. Eu já disse várias

32
Monsenhor Jonas Abib

vezes para minha irmã Maria: “Você curou nossa mamãe! Você
completou nossa família”.
É claro que depois não vivemos em um mar de rosas.
Imagine um pedreiro com seis filhos. Eu já estava no seminário.
Não foi fácil, mas eles não se negaram a fazê-lo. Só não tiveram
mais filhos porque, em sua última gravidez, mamãe teve gêmeas
e uma delas faleceu, e depois ela não conseguiu mais engravidar.

Faça do sofrimento matéria-prima


Se um casal como meus pais – com incompatibilidade
de gênios, educações diferentes, com dificuldades financeiras –
construiu uma linda história, qualquer um pode fazer também.
Como em toda família, houve feridas. Minha mãe feriu a gente
com seu nervosismo, mas nós fizemos disso matéria-prima,
entendendo tudo o que ela precisou suportar com as dores.
Talvez você queira ser santo, e a sua mulher, infelizmente,
não quer. Talvez a sua cruz seja seu marido, talvez você enfrente
a dureza de ter um marido adúltero ou alcoólatra que já causou
mil problemas. Talvez você tenha uma esposa leviana, que já lhe
deu trabalho, ou que é amarga, brava, nervosa. Aguente firme!
Talvez você tenha a cruz de filhos que você precisa criar
e educar, mas só dão desgosto. Talvez você tenha a pobreza e a
doença, como meus pais tiveram. Tudo isso é matéria-prima!
Eu digo sempre que marido e mulher são como duas facas
que se amolam. O casal precisa ir “se amolando” para ficar afiado
na santidade. A vontade de São João Paulo II e de Deus é que

33
Famílias reconstruídas no amor

casais santifiquem um ao outro. O Brasil e o mundo precisam


de santos, a nossa família precisa de santos. Peça que o Espírito
Santo inunde com graças a sua vida, até mesmo seus defeitos,
as suas falhas, os seus ressentimentos, as suas mágoas, as suas
decepções, as suas feridas, as suas lágrimas, e que de tudo isso
você consiga tirar a santidade. Deixe o Senhor agir na sua família
de sangue e de laços! Peça o derramamento do Espírito Santo
para ser santo, para tirar da matéria-prima do nosso dia a dia,
e também da fidelidade e da sinceridade, o que é necessário
para a santidade. Peça a graça da santificação!
Nós queremos ser santos lutando contra as dificuldades do
dia a dia, nas durezas, na pobreza, na honestidade, na fidelidade!
Deus quer você santo também! Continue firme, trabalhando
essa matéria-prima por mais difícil que seja.

Eu tenho certeza de que você sofre. Quem ama sofre. Se você não
amasse, você não sofreria. Mulheres amam seus maridos alcoóla-
tras, brutos; filhos amam suas mães nervosas, seus pais ausentes.
Quem ama não quer jogar fora. É por isso que o sofrimento vem,
porque, mesmo com tudo aquilo que nos fazem, nós continua-
mos amando.

34
Heróis no sacrifício,
heróis do amor!
N ão sei se você sabe o que quer dizer imolar, mas este é
um bom momento para entendermos. O povo de Deus
tinha diversos tipos de sacrifícios, e um deles era o sacrifício
de imolação, no qual a pessoa entregava a Deus algo precioso
para ela.
Sua família também precisa ser o seu sacrifício. É pela famí-
lia que a gente dá a vida, como aquela passagem do Evangelho
de São João que diz: “Ninguém tem amor maior do aquele que
dá a vida” (Jo 15,13). A forma mais perfeita de entrega é feita
dia após dia, hoje, amanhã e depois, como uma vela que se vai
gastando aos poucos, mas não como sofrimento, como parte
da sua vida. Isto é o que o Senhor nos pede: a nossa doação, a
nossa entrega como um sacrifício de louvor, no qual não nos
tomamos como vítimas. Eu sei que é duro gastar-se dessa forma,
eu sei que isso estraçalha nosso coração, muitas vezes ficamos
totalmente desgastados, física, psicológica e espiritualmente.

35
Famílias reconstruídas no amor

Eu sei como isso é terrível, mas o Senhor está dizendo: “Filho,


eu sei que isso é sofrimento, isso é dor, mas ofereça tudo, pois
não há maior prova de amor do que dar a vida”.
Eu tenho certeza de que você sofre. Quem ama sofre. Se
você não amasse, não sofreria. Mulheres amam seus maridos
alcoólatras, brutos; filhos amam suas mães nervosas, seus pais
ausentes. Quem ama não quer jogar fora. É por isso que o so-
frimento vem, porque, mesmo com tudo aquilo que nos fazem,
nós continuamos amando.
Como é possível louvar pelo(a) marido(esposa) alcoólatra?
Como é possível amar o(a) marido(esposa) adúltero(a)? Como
é possível louvar a Deus pelo filho que se droga? Você não louva
por essa situação! Você louva a Deus por Ele estar no controle
de tudo, por Ele continuar amando você e lhe dando forças.
Ele enxerga sua dor, o sacrifício que você está fazendo, a cruz
que você está enfrentando, fazendo disso motivo de salvação.
Sem sacrifício de sangue não há redenção. Essa é uma palavra
de Deus na carta aos Hebreus: “Sem derramamento de sangue
não existe perdão” (Hb 9,22).
Desculpe ter que me expressar assim. São raras as ocasiões
em que podemos falar abertamente, mas a Palavra de Deus nos
dá a oportunidade de falar de heroísmo dessa forma. O seu
sacrifício é heroico. Por isso, desculpe insistir: a pessoa que está
lhe dando trabalho, a ovelha negra da sua família, é que talvez a
própria vida dessa pessoa que seja o grande entrave na sua vida,
e, se não fosse o seu sacrifício, ela não se salvaria.

36
Monsenhor Jonas Abib

Tenha esperança: você vai ter alegria, mesmo se não con-


seguir ver a salvação dessa pessoa em vida. Você vai ver no céu,
porque não há morte sem ressurreição, e não há ressurreição
sem morte. O seu sacrifício é o louvor a Deus. Você está sen-
do instrumento de salvação e talvez seja o único meio de essa
pessoa se salvar.
O mundo atual nos traz um conceito errado de família.
Ele quer pregar que ser feliz é o mais importante, e o resto é
que se “arrebente”. O rapaz, quando escolhe sua namorada, vê
toda a beleza dela, mas, infelizmente, quer ser feliz à custa dessa
beleza. Ele está pensando em si mesmo. E o contrário também
acontece: a moça, quando procura um namorado, busca a sua
própria felicidade. Os pais também, muitas vezes, querem se
sentir realizados por meio de seus filhos. Deus planta o trigo,
saudável e bom, e o inimigo vem para confundir e planta o joio.
Não é assim? Sentimentos que parecem ser bons são confundidos
e tornam-se maus. É assim que o pecado começa. Por isso, é
necessário que tenhamos muita paciência para saber diferenciar
e muito amor para entrar no meio de um campo cheio de joio.
Foi o que o nosso Pai fez por nós. Ele mandou Seu próprio
Filho para o campo de joio, esteve disposto a ter o próprio
Filho desfigurado em uma cruz para provar a diferença entre
o joio e o trigo, para provar que a nossa família é o trigo. Ele
sabe o que o inimigo que fazer, mas mesmo assim nos enviou
Seu Filho para mostrar que não estamos sozinhos no meio do
joio. Você entendeu o grau do amor de Deus por você, por sua
família, pelo trigo que ainda existe em nós?

37
Famílias reconstruídas no amor

Isso não é passado, é presente, é agora, sempre atual. O


Senhor nos diz: “Eu estou com você, continuo com você. Meu
filho enfrentou a mesma coisa para que as famílias se salvassem.
Ele está no meio de vocês”.
Hoje, eu preciso explicar a você que o seu sacrifício é he-
roico. Eu preciso que você se gaste, dê espontaneamente a vida,
como Jesus fez. Ele se deu livremente. Ele podia ter escapado
no alto do Monte das Oliveiras, mas não fugiu da dor. Ele sabia
que aquela era a hora, então entregou-se livremente e foi até
a cruz. Deus nos pede: “Não perca mais sacrifícios, não perca
mais dor. Todo sofrimento é tão rico quanto o sangue”.
Você pode recuperar tudo aquilo que foi jogando fora
durante anos. O Pai nos diz: “Tudo está guardado no Meu
coração! Junto com seu sofrimento, junto com a sua dor e as
suas lágrimas estão o seu sacrifício e a salvação dos seus”.

Doar-se como Dom Bosco


Dom Bosco era um homem muito forte, um verdadeiro
atleta. Ele morreu aos 73 anos, e os dois últimos meses de sua
vida foram justamente como uma vela que vai se apagando, o
que fez os salesianos se sentirem um pouco culpados. O médico
que cuidou de Dom Bosco fez questão de reunir-se com todos
após a morte e disse: “Eu sei da dor que vocês estão sentindo,
nós todos o amamos, mas eu preciso declarar a vocês como
médico: o pai de vocês não morreu de nenhuma doença; pelo
contrário, o pai de vocês morreu unicamente porque ele deu

38
Monsenhor Jonas Abib

tudo”. Embora houvesse uma dor imensa no coração dos meus


irmãos salesianos, daquelas palavras brotou uma grande alegria.
Ali eles souberam que o seu pai havia dado a vida toda até o
último fio em sacrifício de louvor.
Quando as relíquias de Santo Antônio passaram pela Can-
ção Nova, fiquei sabendo de uma outra coisa belíssima. Santo
Antônio morreu cedo, muito mais cedo que Dom Bosco, aos
36 anos. Sempre houve uma suspeita sobre a morte de Santo
Antônio: teria sido causada por uma uma doença muito grave
ou pelas penitências muito grandes que ele fizera? Recente-
mente, quando buscavam os restos mortais de Santo Antônio,
encontraram os seus ossos e sua língua intacta, bem como
aquilo que nós chamamos de cordas vocais. Santo Antônio
usou sua língua e sua voz para ensinar como grande pregador.
Também fizeram exames nos ossos de Santo Antônio e ficou
provado que não foi uma doença a causa de sua morte. Santo
Antônio morreu do mesmo jeito que Dom Bosco. Aos 36 anos
ele já tinha gastado todas as suas energias. Está no Evangelho:
aquele que está disposto a perder a vida ganhará a própria vida.
Ser feliz a qualquer custo é o oposto do que o Evangelho
prega. O pecado entrou no mundo, o inimigo semeou o joio,
e para salvar o trigo é preciso sacrifício. Para provar que isso é
amor, o Pai mandou o Seu próprio Filho. Basta olharmos para
um crucifixo: é uma pequena demonstração do que aconteceu
com Jesus fisicamente, mas muito mais aconteceu dentro de
Sua alma. O que Jesus sofreu na alma foi muito maior. Depois
que o joio foi semeado no meio do trigo, não há salvação sem

39
Famílias reconstruídas no amor

sangue! Não perca nenhuma das gotas das suas lágrimas! Você é
capaz de dizer do fundo do coração: eu imolo-me com toda força!
O inimigo é traiçoeiro, tão maldoso que vai acabando
com toda a nossa capacidade de sofrer. A gente não suporta o
sofrimento e joga tudo pelos ares. Não aguenta o marido, não
aguenta o temperamento da esposa. Essa sede de felicidade a
todo custo nos faz mal, porque acabamos vivendo no egoísmo,
vivendo a cultura do provisório.
O Senhor quer retomar em nós aquilo que é essência do
Evangelho. Infelizmente, nós perdemos o heroísmo do sacrifício.
Para que haja salvação é preciso muito suor. Precisamos pedir
ao Senhor por mim, por você, por cada um de nós: “Ressuscita,
em primeiro lugar, a nossa capacidade de sofrer!”. Precisamos da
capacidade de ser heróis do amor, heróis no sofrimento, para
perdoar, amar, amar e amar.

40
Minha família é
uma bênção
E u quero ser inteiramente do Senhor, meu Deus! Essa é uma
linda frase que deve ser repetida sempre. Ser “mais ou menos”
de Deus é confortável, e nós preferimos o que é confortável.
Quando pronunciamos “tenho que ser inteiramente do Senhor”,
bate um medo, mas deve ser exatamente o contrário. É como
um prego que você prega na madeira ou na parede: se esse prego
está firme, ele lhe passa segurança, mas se o prego está folgado,
você não tem essa segurança. Nós não podemos ser como um
prego folgado. Não podemos ser “mais ou menos”.
Talvez você tenha sido educado em uma família que às vezes
era de Deus, às vezes não, sem firmeza, sem determinação, sem
convicção. O Senhor quer corrigir isso. Foi o inimigo quem nos
colocou nessa situação. Qualquer problema nos põe no chão,
e então vem a insegurança, o medo. Mas se estamos firmes no
Senhor, como prego firme, nada nos abala.

41
Famílias reconstruídas no amor

Quando experimentamos essa firmeza, deixamos de ser


fracos. Nós podemos enfrentar os problemas da vida sem a
força do Senhor. Muitas vezes, as situações que enfrentamos
podem ser muito doloridas, e a força do Senhor é o único jeito
de aguentá-las. Sem ela, a gente “entra em parafuso”, e com
a cabeça desse jeito, “a mil por hora”, fazemos a coisa errada.
Quantas pessoas desabafam com um copo de cerveja na
mão? Quantas mulheres sentem-se inseguras? Quantos pais se
desesperam ao perder o emprego? É nessa hora que estragam
tudo e partem para uma sexualidade errada, para jogos de azar...
Quantos homens têm medo de enfrentar o problema? Você
teria coragem de andar no seu carro se os parafusos da roda
estivessem frouxos? Claro que não!
Nós somos do Senhor e precisamos aceitar isso. Quando
aceitamos Jesus, estamos apenas tomando consciência daquilo
que já somos. Quando você foi concebido, o Senhor exultou
de alegria! Deus estava esperando por você desde sempre. Nós
pensamos que somos frutos do acaso, do descuido, mas é men-
tira. Quantos pais querem ter filhos e não conseguem? Você
aconteceu porque Deus quis! Quem é que cuidou de você
quando você estava no ventre da sua mãe? Deus! Deus quis
você e o acompanhou dentro da barriga de sua mãe. Você é de
Deus! Deus escolheu você.
Na TV, as famílias são perfeitas, lindas, com casas mara-
vilhosas, roupas maravilhosas, mas não é assim na realidade.
Infelizmente, o inimigo procura confundir todas as coisas, pois
ele é sempre contra a vontade de Deus. Ele quer desfazer aquilo

42
Monsenhor Jonas Abib

que Deus fez, quer confundir todas as coisas. Nós não podemos
ser tolos, não podemos deixar que interfiram no projeto de vida
criado por Deus e nos joguem em uma vida que não é nossa.
Deus quis que você nascesse na sua família, Ele tem um plano,
um projeto.
Nós podemos melhorar a nossa família, nós existimos para
isso. Ela pode ser confusa, atrapalhada, mas é sua! Quando um
novo filho vem, ele vem para melhorar nossa família. Você veio
para ser uma bênção para sua família e não pode viver sempre
reclamando. Você não existiria sem a sua família e só é o que
é hoje porque nasceu do seu pai e da sua mãe! Portanto, para
que viver infeliz? Para que viver inseguro?
Diga em alto e bom som: “Eu quero ser inteiramente do
Senhor! Eu quero ser inteiramente do Senhor!”. Veja a importância
dessa frase! Quando faltar dinheiro, quando chegar o desemprego,
quando os filhos caírem nas drogas, quando a infidelidade ferir
o seu relacionamento, entregue-se inteiramente ao Senhor, com
firmeza e confiança, lembre-se das promessas matrimoniais e
se apoie nos compromissos assumidos.

Eu posso dizer sem medo, especialmente para os pais de família:


você é o Salomão do Templo de Deus que é a sua casa! Você é o
escolhido de Deus, e Ele ungiu você pelo sacramento do matri-
mônio! Cada sacramento é uma unção. Assim como a ordenação
sacerdotal nos unge para o sacerdócio, igualmente o matrimônio
unge você para a missão de construir sua casa e cuidar dela. Por
isso, consagre agora a sua casa.

43
O Senhor escolheu e
consagrou a sua casa
Meus olhos estarão abertos e os ouvidos atentos à oração feita neste
lugar. Pois agora escolhi e santifiquei esta casa dedicada a meu nome
para sempre. Meus olhos e meu coração estarão nela todo o tempo.
(2Cr 7,15-16)

Davi quis construir um Templo para o Senhor. Deus disse:


“Não vai ser você, você foi muito sanguinário, derramou muito
sangue, por isso não será você quem vai me construir um Templo,
mas, sim, um filho seu”. Foi muito doloroso para Davi ouvir
isso de Deus. Contudo, Salomão construiu o Templo para o
Senhor. Quando ele terminou, o próprio Senhor lhe fez uma
linda revelação durante uma noite: “Ouvi a tua prece e escolhi
este lugar como casa de sacrifício”.
Eu posso dizer sem medo, especialmente para os pais de
família: você é o Salomão do Templo de Deus que é a sua casa!
Você é o escolhido de Deus, e Ele ungiu você pelo sacramento
do matrimônio! Cada sacramento é uma unção. Assim como

45
Famílias reconstruídas no amor

a ordenação sacerdotal nos unge para o sacerdócio, igualmente


o matrimônio unge você para a missão de construir sua casa e
cuidar dela. Por isso, consagre agora a sua casa.
Você pode fazer essa consagração neste momento, na sua
mente, no seu coração. Você conhece muito bem a sua casa, por
isso, pense em todos os seus detalhes, todos os cantos enquanto
a consagra. Trace, em algum lugar dela, o sinal da cruz com a
sua mão. Não tenha receio! Você foi constituído pelo Senhor
como sacerdote da sua casa. Você pode ser marido, esposa ou
filho. Assuma essa posição! Peça a ação do Espírito Santo con-
sagrando a sua casa ao Senhor.
Veja a Palavra do Senhor: “Escolhi este lugar como casa
de sacrifício”. Na casa de sacrifício, o sacrifício é oferecido a
Deus. Nós precisamos fazer da nossa casa uma oferta ao Senhor.
Nada que nós temos – carro, roupas, móveis, objetos – deve ser
usado para o mal, para o pecado, para coisas que não sejam de
Deus. Então, diga com confiança: “Tudo que eu tenho, tudo
que está na minha casa, tudo que é minha propriedade, eu
entrego para Deus em sacrifício”.
A nossa própria casa precisa ser lugar de sacrifício. Deus
não precisa da sua casa para morar, não precisa das suas roupas,
das suas joias, do seu dinheiro, do seu carro, mas você entregou
tudo a Ele. Você consagrou sua casa a Ele. Agora, Ele está fa-
zendo uma coisa linda, que é dizer: “Tudo isso ficará com você.
Você será o administrador”. Mesmo que tenhamos apenas uma
casa alugada, apenas poucos móveis, nossa casa é consagrada
ao Senhor, mas gerenciada por nós.

46
Monsenhor Jonas Abib

É claro, precisamos da sabedoria do Espírito, como Salomão


precisou. Você vai precisar, a cada momento, dessa sabedoria de
Deus para administrar o que está em suas mãos. Sua casa precisa
render o máximo para Deus. Sua casa precisa ser casa de oração.
Você limpa sua casa todos os dias para não deixar a poeira
assentar. Assim também deve ser com a oração, feita todos os dias
para o pecado não entrar. Você precisa fazer da sua casa, do seu
apartamento, rendimento para Deus. Sua casa foi batizada pelo
Espírito Santo, e Deus escolheu você para ser o administrador.
De maneira especial, peça ao Espírito Santo que administre
as suas energias, administre o seu tempo. Nos dias de hoje, nós
não sabemos administrar o nosso tempo. O nosso próprio lazer
precisa ser restaurador. O nosso próprio sono precisa ser um
sono de restauração, porque já não sou eu que vivo, é Cristo
que vive em mim. A minha vida é um presente do Filho de
Deus, que me amou e se entregou por mim. Na carta de São
Paulo aos Gálatas, lemos: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que
vive em mim” (Gl 2,20).

Casais que abrem a casa para o Senhor


A vida conjugal de marido e mulher é algo lindo de ver.
Foi Deus que não quis que o homem ficasse só. Ao ver Adão
sozinho, Ele lhe providenciou uma companheira. Homem e
mulher precisam um do outro, até mesmo do amor expresso
fisicamente. Isso não é malícia, não é bandalheira, porque
existe uma química em nossa alma: o homem precisa do amor

47
Famílias reconstruídas no amor

da mulher, e a mulher precisa do amor do homem. Deus nos


dá essa possibilidade!
Quando casais vivem seguindo o projeto de Deus, é res-
taurador. Um homem se refaz inteiro quando enxerga a beleza
de ser do Senhor. Uma mulher que recebe todo o carinho de
seu marido e toda a segurança que seu corpo traz passa a sentir
o amor e coloca o Senhor em primeiro lugar. E assim passam a
ser cada vez mais de Deus, entregando o seu lar para Ele.
Deus quer que você viva essa mesma aventura. Ele lhe
dá o poder de administrar tudo isso. Você entrega a sua casa
nas mãos do Senhor, mas o poder de administrá-la é seu, é do
casal, é da família.
O Senhor não quer bens materiais, não quer nada disso.
Ele passa para suas mãos toda a sua casa: paredes, portas, tudo
que você tem, para que você administre e essa administração
renda da melhor forma possível. Renda amor, perdão, bons
frutos... A partir de sacrifícios, a essência de Deus estará na sua
casa, basta que você a assuma.
O Senhor irá recompensá-lo quando voltar. O Senhor
pagará pela sua casa de sacrifícios. Por isso, diga: “A minha casa
será Casa de Salvação! Eu não sou digno, mas a minha casa será!
Eis aqui o Teu servo, faça-se em mim segundo a Tua Palavra!
Faça-se em mim segundo a Tua Palavra! Entra em minha casa.
Eu consagro minha casa a Ti!

48
Monsenhor Jonas Abib

Olhe no olho de seu marido, de sua esposa, e diga: “Eu te aceito


em casamento! Eu te prometo ser fiel na saúde, na doença, na
alegria e na tristeza, te amando e te respeitando todos os dias da
minha vida! Eu te aceito novamente! Vamos começar de novo.
Como naquele primeiro dia”.
Deus vai confirmar essa promessa, esse voto. É diante Dele que
você será capaz de se refazer. Ele uniu vocês com a Sua graça e
os fez fiéis um ao outro, e o que Deus uniu o homem não separa.
O amor de uma família, de um homem e de uma mulher, é
para valer. Deus abençoe a sua casa. Juntos, em aliança, vocês
conseguirão reerguê-la.

49
Reedificareis minha
casa em ruínas
O livro de Amós nos traz uma passagem com algo ines-
perado: a tenda de Davi prestes a cair quando acontece
a intervenção do Senhor. Ele diz: “Naquele dia, vou reerguer a
tenda de Davi que caiu! Vou remendar suas brechas, reerguer as
ruínas, restaurá-la como nos tempos antigos. Assim ela poderá
apossar-se do que restou de Edom e das outras nações sobre as
quais meu nome foi invocado” (Am 9,11-12).
O método, a maneira que Deus usou para retificar a tenda
de Davi foi o derramamento do Espírito Santo. Esse é o método
de Deus para restaurar a tenda de Davi e também a nossa casa.
Na passagem bíblica, Deus diz que essas casas (tendas) desmo-
ronadas estavam prestes a ruir. Ele haveria de reedificá-las com
o derramamento do Espírito Santo. Nos tempos de hoje, nós
estamos vivendo essa profecia do Livro de Amós, e não há outra
maneira de levantar as nossas casas a não ser pelo batismo no
Espírito Santo.

51
Famílias reconstruídas no amor

Pode ser que a sua casa esteja com grandes rachaduras,


mas Deus está lhe dando uma chance. Deus está dizendo para
você, para seu marido ou esposa: não existe outra maneira de
reconstruir a sua casa se não for por meio Dele e da graça do
batismo no Espírito Santo! Esse é o único remédio eficaz.
O inimigo vem para destruir as famílias com grande fu-
ror. Por isso, o problema não é apenas a nossa fraqueza como
humano, como homens e mulheres, como maridos e esposas,
como filhos e filhas. O problema é que o inimigo usa toda essa
fraqueza como matéria-prima para destruição. É como uma
bomba. Por isso temos pressa para consertar as coisas.
Está na hora de você desamarrar as bombas de seu corpo,
retirar as correias de sua família e de sua casa. Não queira ex-
plodir a sua família. Não seja essa pessoa. Não seja o marido
tolo que cai na infidelidade, não seja a esposa leviana, não seja
o filho ingrato! Não seja a pessoa prestes a colocar a sua própria
casa em ruínas.
Você já foi tolo demais, enchendo sua cabeça e ouvidos
de fantasias. Deus está colocando um ponto-final. Lembre-se
das palavras ditas para selar o sacramento do matrimônio: “Eu
prometo ser fiel na saúde, na doença, na alegria e na tristeza,
amar-te e respeitar-te todos os dias da minha vida”. Todos os
dias quer dizer todos os dias! Você não pode falhar!
É assim que se reconstrói a casa destruída de Davi, que
também pode ser a sua casa. Eu pergunto a você: quantas
rachaduras já foram feitas no alicerce da sua casa? Não deixe
que a rachadura se alastre. Você não pode derrubar a sua casa

52
Monsenhor Jonas Abib

em cima da sua cabeça, da cabeça de seu marido ou esposa e


dos seus filhos.
Deus não quer saber do seu passado. Deus quer você novo.
Infelizmente, o inimigo usou de tudo para fazer uma explosão
em nossos lares. Ele entra em nossa casa pela TV, pelos celulares,
computadores, tablets, pelos filmes, músicas erradas, por con-
teúdos que não deveriam estar em nossa casa. Não duvide disso.
Você sabe muito bem que o que passa na televisão não
existe. É uma realidade forjada, na qual tudo é belo: as roupas,
as pessoas, as casas, as flores em cima da mesa. Nada é igual
em sua casa. Não é verdade? Existem maneiras de evitar essas
artimanhas do inimigo. Desligue a TV, vá à igreja, tenha uma
boa conversa, brinque com as crianças, atraia os adolescentes
para sua casa, participe da vida dos seus filhos, não como “vi-
gia”, mas como presença segura. A coisa mais importante é o
entrosamento da família.
Eu não estou condenando você. Muito pelo contrário,
estou alertando! Você não imagina quantas rachaduras você
estava fazendo em si mesmo e no seu lar, permitindo a entrada
desse conteúdo.

A força da mulher para


manter uma casa de pé
A coisa mais linda que Deus deu à mulher é a capacida-
de de aguentar firme. Mas o mundo tem uma agulha muito
fininha e certeira que fura a sua bolha e retira rapidinho a sua

53
Famílias reconstruídas no amor

capacidade de “aguentar” as dores da vida. Rapidinho toda a


sua capacidade de aguentar sai por esse buraco. E aí, você não
aguenta mais nada: não aguenta choro de filho, não aguenta
levantar de noite, não aguenta o marido.
Mas saiba, mulher, que Deus lhe deu a mesma virtude de
Maria. Maria sofre ao dar à luz, sofre ao ver seu Filho sofrendo
ao pé da Cruz, mas é impressionante a sua força. Ela aguentou
firme. E Deus colocou um pouco de Maria em cada mulher.
Isso não é elogio barato, é verdade.
As mulheres têm uma capacidade de amor fora do comum.
Deus deu a elas essa capacidade de amor. Ainda que você, mu-
lher, não veja, sinta ou seja reconhecida, Deus lhe deu essa
capacidade. Ela lhe foi dada na criação! É o amor da mulher
que faz o lar ficar de pé.

O sofrimento vira a base para a construção


Você tem capacidade de transformar suor, lágrimas, sangue
na estrutura do seu lar, em sua construção. Tenho certeza de que
as rachaduras que os seus filhos trouxeram para sua casa podem
ser reconstruídas. Decida-se por essa reconstrução! Você estará
construindo um lar aqui na terra e, paralelamente, no céu. Lá
no céu, nós amaremos uns aos outros e muito mais do que isso.
Deus tem uma casa para você e sua família no céu. Não
pode faltar ninguém! Nenhum dos filhos, nenhum dos netos.
Cada um tem o seu lugar! Deus tem canteiros bonitos no céu,

54
Monsenhor Jonas Abib

muito mais bonitos do que na terra. Eles são regados com suor.
Nós temos a missão de cultivar esses canteiros.
Vale a pena regá-los com suor, com lágrimas, com sangue.
Prepare essa aliança com Deus na construção do seu lar terreno
e do seu lar eterno. Comece tudo de novo, se for preciso!
Olhe no olho de seu marido, de sua esposa, e diga: “Eu
te aceito em casamento! Eu te prometo ser fiel na saúde, na
doença, na alegria e na tristeza, te amando e te respeitando
todos os dias da minha vida! Eu te aceito novamente! Vamos
começar de novo. Como naquele primeiro dia”.
Deus vai confirmar essa promessa, esse voto. É diante Dele
que você será capaz de se refazer. Ele uniu vocês com a Sua
graça e os fez fiéis um ao outro, e o que Deus uniu o homem
não separa. O amor de uma família, de um homem e de uma
mulher, é para valer. Deus abençoe a sua casa. Juntos, em aliança,
vocês conseguirão reerguê-la.

Deus quis que você nascesse na sua família. Ele tem um pla-
no, um projeto. Nós podemos melhorar a nossa família, nós
existimos para isso. Ela pode ser confusa, atrapalhada, mas é
sua! Quando um novo filho vem, ele vem para melhorar nossa
família. Você veio para ser uma bênção para sua família!

55
Nós somos herdeiros!
I nfelizmente, a sociedade de hoje nos seduz a uma escra-
vidão da carne. É uma sedução para as coisas que nos dão
prazer. Nós não podemos viver como escravos da nossa própria
carne. Nós temos a graça de Deus em nós, um espírito que nos
foi dado, e ele não é o espírito de escravidão. Nós somos filhos de
Deus e, por isso, precisamos ser conduzidos pelo Espírito Santo.
Acompanhar os desejos da carne é imaturidade. A carne
quer ser livre, experimentar mil coisas, mil amores, na escola, na
faculdade. Ela quer seduzir, ser seduzida, sair, ficar, quer começar
tudo de novo. Hoje, se diz que isso é ser livre, independente,
autônomo, maduro, adulto. É tudo engano! É retrocesso! O
mundo está nos enganando.
Eu sei que, muitas vezes, aguentar um casamento é dureza,
é sofrimento. É sofrido permanecer na fidelidade. É muito mais
gostoso trocar de par como se muda de roupa. Eu sei que é
muito mais fácil, mas isso não constrói nada.
O casamento existe para que homem e mulher se unam
em corpo, alma e espírito. A união do corpo leva à união dos

57
Famílias reconstruídas no amor

corações, das almas, dos espíritos, para que os dois cheguem à


glória, à imortalidade.
O que será do seu corpo quando você morrer? Você co-
meça a cheirar mal, indicando decomposição. O seu corpo, o
corpo da sua mulher, o corpo do seu marido, tudo isso deverá
ser dissolvido. Por isso, o amor não pode ficar apenas na sen-
sualidade, na carne.
O ato sexual é a coisa mais linda para o casal. Por isso, ele
deve ser feito na integridade de corpo, alma e espírito. Como
filhos de Deus, como portadores do Espírito, é uma coisa linda,
querida por Deus. Não é algo sujo, é uma coisa abençoada por
Deus, tão abençoada, tão ungida, que é por esse ato que são
concedidos filhos.
Você, marido, faz a sua esposa mais santa pelo seu ato,
pelo ato sexual vivido santamente. E o mesmo vale para você,
mulher, que se doa a seu esposo no ato sexual, com a unção
do sacramento realizado em santidade. Claro que você precisa
do corpo para realizar esse ato, mas não apenas isso: um casal
usa também a sua alma e todo o seu espírito.
O ato sexual vivido dessa forma eleva, realiza você. O ato
sexual feito fora do casamento põe você no chão, o envergonha.
Quando acaba, você começa a sentir o gosto amargo, igual ao
gosto de uma fruta verde.
Claro, Deus é totalmente capaz de refazer todas as coisas.
Você seguiu a mentalidade do mundo, acompanhou a moda,
se feriu, foi seduzido, mas saiba que Deus é totalmente capaz
de refazê-lo. Essa é a obra do Espírito Santo de Deus. Ele refaz

58
Monsenhor Jonas Abib

aquilo que a fragilidade humana estragou. Ele é capaz de refazer


você não só no espírito, mas também na alma e no corpo.
A sujeira pode ter acabado com você fisicamente, não só
minando suas forças, mas também fazendo-o sentir-se pequeno.
Deus, no entanto, pode fazê-lo puro de novo, porque o corpo
é templo do Espírito Santo. O fogo do pecado queima aquilo
que é palha, aquilo que é perecível, mas não queima o ouro;
pelo contrário, o purifica.
Jesus não voltará para queimar este mundo. Jesus virá para
buscar os Seus, para buscar os santos. Deus já marcou você
por dentro. Leve isso a sério! Não caminhe para a degradação,
caminhe para a santidade. O ouro não se liga com nenhum
outro metal, a não ser com ouro. Jesus, porque Ele é santo e
não pode deixar de ser, só vai se ligar com santidade!
Ele sabe que nós somos metal de baixa qualidade, mas
se faz comida, Pão da Vida, para trazer a Sua santidade a nós.
É isso que acontece conosco em cada comunhão: a santidade
Dele é depositada em nós. Você é convocado, marcado, você é
herdeiro! Se seus pais possuem uma casa, você terá parte também.
Se seus pais têm um terreno, você terá parte também. Você é
filho, portanto, herdeiro. Como filhos de Deus, nós somos
também herdeiros de Deus.
A herança de Jesus é Sua e minha também. Participando
dos Seus sofrimentos, também teremos parte na Sua glória. A
Palavra de Deus diz que nós também teremos parte na Sua gló-
ria. Você é convidado a isso, e digo mais: você é herdeiro disso!

59
Do coração do Pai
Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como
eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.
(Jo 13,34)

O s alemães gostam muito de unir várias palavras, for-


mando uma só. Eles escrevem tudo junto, sem separação,
misturam às vezes substantivo com adjetivo, às vezes até verbo
no meio, juntando tudo para dar um sentido global. Jesus está
fazendo o mesmo. Ele inventa um novo sentido para a palavra
“amar”, dá um conceito totalmente novo, que não é apenas amar,
é mais do que isso. O conceito de Jesus é este: “Amai-vos uns
aos outros”. É um amor de duas mãos, um amor que vai e vem.
Cada pessoa deste mundo tem um jeito, são todas dife-
rentes. Então, nós temos que dar tratamentos diferentes a elas.
Precisamos amar cada pessoa do jeito que ela precisa. Jesus era
assim: amava a todos não igualmente, mas de maneira igual
tratando cada um diferentemente.
Pedro era tratado de um jeito, porque ele era aquele ho-
mem sanguíneo, repentino, que tinha grandes repentes, muitos

61
Famílias reconstruídas no amor

amores, muito entusiasmo... Mas também, quando errava, era


para valer. Diferente de João, totalmente diferente de Mateus,
diferentíssimo de Judas, diferente de Tomé, de Bartolomeu.
Jesus conhecia as diferenças deles e amava cada um da sua ma-
neira, dando a cada um atenção, a palavra, o gesto, o perdão, a
desculpa, a espera, um empurrão, um incentivo, um elogio, a
repreensão, às vezes até mesmo castigo.
Veja, isso se aplica maravilhosamente à nossa família. É
claro, é uma conquista a se fazer. Não basta que você ame, o
Senhor quer algo diferente; Ele quer que você ame, mas também
que os outros amem você.
A palavra amável quer dizer alguém que os outros têm
gosto em amar. Você precisa fazer-se amável, para que os outros
tenham gosto em amar. Tem muito pai que ama, que trabalha
para dar sustento para os seus filhos, e isso é amor. Há muita
mãe que dá duro pelos seus filhos, que levanta de madrugada,
é a última da casa a dormir, e tudo isso é amor. É muito bom
que você ame assim, mas coitada dessa mãe, coitado desse pai,
fazem tudo isso, dão esse duro, mas não são amados, porque
não se fazem amáveis.
Você precisa estimular o seu filho a amar, como fazemos
com a eletricidade. Você precisa causar uma vibração nos seus
para que eles amem. Você precisa fazer com que as pessoas da
sua casa também amem, como você faz com crianças, com todo
cuidado. São crianças grandes que precisam amar e que, para
amar, precisam sentir-se amadas.

62
Monsenhor Jonas Abib

Meu pai Dom Bosco dizia, repetia e vivia isso: não basta
que a gente ame os jovens, é preciso que os jovens sintam que
são amados. E ele o fazia! Dom Bosco amava e era amado.
Como os jovens o amavam! Eu diria que aqueles jovens eram
apaixonados por Dom Bosco, atraídos por ele. Ele tinha “a arte
de amar uns aos outros” e foi o grande educador, porque soube
realizar “o amai-vos uns aos outros”.
Dom Bosco quer dar a você um coração de educador, um
coração de educadora. Nossa Senhora Auxiliadora deu a ele um
coração de educador para amar. Ele não sabia, foi na prática,
foi Nossa Senhora que colocou isso nele. Nossa Senhora quer
hoje dar a você, pai, mãe, um coração assim, um coração de
educador – que ame e provoque amor para que os seus filhos
sejam apaixonados por você.
Não se concentre em dar coisas materiais, pensar somente
no futuro... Eles precisam de amor e precisam ser estimulados
para o amor. Peça à Nossa Senhora Auxiliadora, a mestra de
Dom Bosco, a Jesus, Mestre dos Mestres, Aquele que disse
“amai-vos uns aos outros”, um coração de educador.
Infelizmente, o mundo deforma o nosso coração. Esse
mundo consumista nos ensina a comprar o tempo todo. Nós
vivemos um amor na base do consumo, dando coisas, tentando
angariar amor assim.
O meu pai, na sua simplicidade, era um amor de pai. Ele
não tinha coisas para me dar, mas me comprou pelo amor. Eu
sou muito grato porque ele me comprou pelo amor. Hoje, eu
sei amar esses jovens que vêm até mim porque aprendi com meu

63
Famílias reconstruídas no amor

pai na terra, seu Sérgio, e com meu pai, Dom Bosco. Aprendi
com os dois, mas, claro, preciso aprender muito mais, é sempre
tempo de aprender a amar.
Chegou a hora de pedir um coração novo. Jesus vai ins-
pirar você. Ele o ensinará como amar concretamente os seus
filhos, porque muitas vezes nós recebemos a graça do batismo
no Espírito Santo, mas não aprendemos a amar do jeito certo.
Não amamos com gestos, não amamos provocando amor. Você
tem essa capacidade, você tem meios. Ame porque você é capaz
de amar! Ame e faça com que os seus filhos sintam isso!
Agora você, filho, que trata o seu pai como lixo, sua mãe
como lixo, pare agora! Deus escolheu você para amar sua mãe
e seu pai. Deus escolheu um pai e uma mãe para você, ame-os
de paixão. Amor com amor se paga!
Nós fizemos tudo errado, porque somos egoístas. Por isso,
agora, comprometa-se a amar. O que você está fazendo para
recuperar o amor daqueles que você ama? Seja um vitorio-
so no amor!

Oração

Eu preciso amar e amar muito! Deus, eu vou conquistar


a vida eterna e vou dar esse gosto para minha família.
Senhor, pela Tua graça, com a Tua graça, eu vou recu-
perar o amor daqueles que eu amo! Deus, o Senhor vai
me ver na vida eterna! Amém!

64
O perdão ressuscita
famílias
É tempo de perdoar. Perdão é uma decisão! Pode ser que
o nosso coração esteja realmente dolorido, triste, ferido por
causa de algo que nos fizeram ou estão nos fazendo. Deus está
querendo lhe dar a graça do perdão. Então, a primeira coisa é
dispor-se, abrir-se ao perdão. Disponha-se a perdoar!
Algumas vezes, nossa família traz desonra para o coração.
Isso acontece principalmente com os pais, muitos filhos aca-
bam desonrando o coração de seus pais. Você não pode nutrir
essa desonra, isso é tóxico, é como soda cáustica, corrói. Esse
sentimento de mágoa que está no seu coração acaba com você.
Em nome de Deus, disponha-se a perdoar. O perdão não é
sentimento, é uma atitude, algo concreto, um ato de vontade.
Você até pode perdoar e o sentimento de dor continuar,
mas, quando acolhemos a graça de perdoar, nos sentimos livres.
Deus quer drenar todo o mal. O primeiro passo para a drenagem
do mal em sua família é a oração.

65
Famílias reconstruídas no amor

Talvez você esteja tão dolorido que não consiga dizer uma
palavra, mas, mesmo assim, comece pedindo misericórdia. Deixe
vir à sua mente esse filho, essa filha, essa pessoa de sua família
que lhe deixou triste. Diante de Deus, comece a orar. Talvez
você seja a pessoa que precisa pedir perdão em sua casa. Sim,
nós erramos. Nós aprendemos a ser pais sendo pais, aprendemos
até mesmo a ser filhos sendo filhos.
Quantas vezes você já pensou ter estragado a sua família?
Principalmente você, homem, mulher, líder da sua família,
quantas vezes você caiu na tentação e trouxe sujeira para o
seu lar? Neste momento, o nosso Pai está como o pai do filho
pródigo, pronto para recebê-lo de volta.
Deus o quer transformado. Mesmo que você esteja no
fundo do poço, mesmo que tenha sido violentamente machu-
cado pelo seu passado, o Senhor quer tocar em você e trazê-lo
de volta. Exatamente como fez o Bom Samaritano, o próprio
Jesus pega você no colo, põe você na montaria e leva você à
hospedaria, que é a Igreja. Você é o principal alvo de Deus.
Deus criou você para ser o coração do lar, o coração da família.
Nos tempos de hoje, nossas famílias estão arrebentadas,
estouradas, explodidas. Tudo precisa se recompor, se reconstruir
no modelo da Sagrada Família. É preciso misericórdia!
Você precisa vestir-se de bondade, de humildade, de man-
sidão, de paciência, e então, diz a Palavra de Deus, suportar
uns aos outros, perdoar uns aos outros. Não há marido perfeito,
não há esposa perfeita, não há pai e mãe perfeitos, não há filhos
perfeitos, não há irmãos perfeitos, todos nós somos imperfeitos.

66
Monsenhor Jonas Abib

Então, o Senhor está nos chamando a suportar-nos uns aos


outros. O amor é o vínculo da perfeição.
Pode ser que seus pais já tenham falecido e você não te-
nha tido a oportunidade de pedir perdão, então, peça agora.
O Senhor une tudo: aquilo que é dito na terra é ligado ao céu.
É necessário o seu perdão para essa drenagem do mal. O seu
coração não pode ficar assim como está.
Peça a misericórdia de Deus para você, para o seu pai, para
sua mãe. Envie o seu abraço para eles, mesmo que seja na sua
mente. Deus opera levando esse abraço para a eternidade, onde
eles se encontram. Dê essa chance a você e a eles. Dê o abraço
e receba o abraço do perdão.
O perdão é a coisa mais linda, a maior manifestação do
amor e da misericórdia de Deus. O perdão refaz, reconstrói e
transforma tudo.
Precisamos dizer: “Obrigado, Senhor, pela minha família,
cheia de imperfeições!” Louve e agradeça sua família, seja ela o
que for, seja ela como for.

Quantas vezes você já pensou ter estragado a sua família? Prin-


cipalmente você, homem, mulher, líder da sua família, quantas
vezes você caiu na tentação e trouxe sujeira para o seu lar? Neste
momento, o nosso Pai está como o pai do filho pródigo, pronto
para recebê-lo de volta.

67
Clamando o Sangue de
Jesus sobre a nossa casa
O sangue servirá de sinal [de proteção] nas casas onde
estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante e não vos atingirá
a praga exterminadora quando eu ferir a terra do Egito. 
(Ex 12,13)

O demônio tem medo do sangue de Jesus. Aqueles que


são marcados com Seu sangue o inimigo não toca, ele
se afasta, assim como a beleza do Evangelho nos traz. Primeiro,
somos marcados, depois temos consciência disso e fazemos
valer nossos direitos. É um direito seu! O inimigo não tem
autoridade para tocar em você.
Ele não tem direito de tocar na sua saúde, nas suas finanças,
nos seus bens, na sua família, no seu casamento. Nós é que
permitimos a entrada dele em nossa casa.
Jesus já derramou o Seu sangue. Você já é uma nova cria-
tura. Jesus já o libertou do pecado. Só que, infelizmente, nós

69
Famílias reconstruídas no amor

não reconhecemos isso. Não usamos nossos direitos, damos


liberdade ao diabo, e ele causa o maior estrago.
É claro que nós erramos, isso é humano. Todos nós temos
fraquezas, mas o inimigo se aproveita disso. Ele quer estragar a
nossa vida, quer estragar o seu casamento.
A primeira coisa que o casal precisa fazer é rezar. Depois,
assumir a sua autoridade como filhos de Deus. Assim a salva-
ção acontecerá. Talvez aconteçam algumas coisas erradas no
seu casamento. Talvez os dois, marido e mulher, tenham tido
momentos de fraqueza. Quando você começa a fazer as coisas
do jeito que o diabo gosta, é claro que ele entra! E vai ganhando
cada vez mais liberdade. Chega! Está na hora de tomar nosso
direito, nossa autoridade de filhos de Deus.
Primeiro, é preciso se arrepender de todas as coisas erradas.
É preciso confessar e confessar bem! É necessário que os dois
se confessem. Se um deles não quiser, peça a misericórdia do
Senhor para purificar também o seu coração, para purificar o
seu leito conjugal. Peça permissão para usar a autoridade do
sangue de Jesus para expulsar o inimigo de sua casa.
Peça a graça de voltar à simplicidade. Liberte o seu leito
nupcial, a sua vida íntima, a sua vida conjugal de todo mal. Peça
perdão do fundo do seu coração. O Senhor já está perdoando
você. No seu arrependimento, o Senhor já o está perdoando.
Não deixe para depois.
Diga “fora” para todo o mal. Apresentem-se diante da Cruz
e obedeçam às ordens de Jesus. Não retornem, não voltem atrás.

70
Monsenhor Jonas Abib

Jesus Cristo é o Senhor! Com a marca do sangue Dele, peça


perdão e não volte atrás.
Você é capaz de limpar a sua casa. Para uma casa perma-
necer limpa, é preciso limpar todos os dias. Se você deixar a
sua casa sem arrumar por dias, você não conseguirá entrar. No
casamento, na família, é a mesma coisa.
Homens e mulheres, por amor de Deus, por amor da sua
família, por amor da sua casa, por amor do seu casamento,
façam-se faxineiros! Não confiem a limpeza de sua casa aos
outros. O diabo nos pega direitinho. Você fica com vergonha
porque o seu filho errou, seu marido errou, você errou. Todas
as famílias erram. Errar não é uma exclusividade da sua família.
Se foram fracos, erraram, fizeram coisas do jeito que o mundo
ensinou, arrependam-se, peçam perdão, não admitam a sujeira!
Pelo sangue de Jesus, libertem-se de todo o mal!

A primeira coisa que o casal precisa fazer é rezar. Depois, as-


sumir a sua autoridade como filhos de Deus. Assim a salvação
acontecerá. Talvez aconteçam algumas coisas erradas no seu casa-
mento. Talvez os dois, marido e mulher, tenham tido momentos
de fraqueza. Quando você começa a fazer as coisas do jeito que o
diabo gosta, é claro que ele entra! E vai ganhando cada vez mais
liberdade. Chega! Está na hora de tomar nosso direito, nossa
autoridade de filhos de Deus.

71
Intercedei pela
família como Moisés
Q uantas vezes você já desanimou com as pessoas da
sua carne e do seu sangue? Deus disse a Moisés que
exterminaria seu povo e faria dele uma grande nação. Moisés
não aceitou. Ele não descartou o seu povo, ele foi intercessor.
Deus está dizendo para você: mesmo que sua família lhe
dê desgosto, você não pode descartá-la. Você não pode jogar
ninguém fora! Ninguém! Você precisa ser como um interces-
sor – colocar-se entre a pessoa errada e Deus, pedindo perdão
no lugar dela.
Na sua casa, é preciso que alguém se interponha, como fez
Moisés e também Jesus. Foi por isso que Jesus ficou pregado
na Cruz, de braços abertos, entre a terra e o céu. Foi por nós,
para interceder por nós.
Você pode se achar uma pessoa perfeita, a única que presta
na sua casa, mas Deus quer salvar a todos, sem exceção. Ele
precisa de você como intercessor, capaz de orar e criar até mesmo

73
Famílias reconstruídas no amor

calo nos joelhos, pedindo pelos outros. Algumas pessoas têm


o coração duro demais, por isso é preciso oração e intercessão,
para que a cabeça e o coração se abram.
Eu tenho contado tudo que Deus fez por mim. Quando fui
alcançado pela graça do batismo do Espírito Santo, eu estava tão
mal. Eu corri o risco de perder o meu sacerdócio. Mas alguém
estava orando por mim. Talvez minha mãe não soubesse da
minha situação, mas ela orava por mim, assim como minhas
irmãs. Eu fui alcançado por Deus com essa graça porque muita
gente orou por mim.

Os problemas são meus, mas


a minha cara é dos outros
É preciso lembrar também que não podemos, por causa
dos nossos problemas, estar de cara feia. É o que Deus nos diz.
Por isso, vamos pedir a Deus a graça de sermos intercessores
sem cara feia. Vamos mostrar a bondade, a misericórdia, por
meio do nosso rosto. Vamos mostrar a todos um rosto alegre,
e não um rosto carrancudo, fechado. Sem dramas e desgostos.
Um rosto que mostre ao mundo a bondade do Senhor. Deus
estava desafiando Moisés, pois queria ver até onde ele podia
chegar. Como Moisés, diga: “Eu me ponho aqui como intercessor,
pedindo, sofrendo por cada um da minha casa”. Esse é o seu papel.
Esta é a sua missão!

74
Monsenhor Jonas Abib

Deus está dizendo para você: mesmo que sua família lhe dê des-
gosto, você não pode descartá-la. Você não pode jogar ninguém
fora! Ninguém! Você precisa ser como um intercessor – colocar-se
entre a pessoa errada e Deus, pedindo perdão no lugar dela.

75
Minha casa é a
casa do Senhor
J esus derramou Seu sangue por todos nós. A Sua morte
na cruz nos arrancou das trevas. Você percebe que o verbo
arrancar remete a força? Nós estávamos no poder das trevas e
fomos fortemente arrancados. O Pai nos arrancou e nos in-
troduziu no Reino do Seu Filho. Precisamos estar contentes e
agradecidos. Nós temos uma herança que nos fez dignos.
O Pai fez a minha família digna de participar da herança
dos santos na luz, não mais nas trevas. Ele arrancou um por
um dos membros da minha família do poder das trevas. Por
isso, você e a sua casa devem servir ao Senhor!
O demônio vai querer arrebanhar um dos seus filhos ou
mais. Precisamos travar uma luta para que o poder das trevas
não arrebate nenhum dos nossos filhos. Não podemos dormir
no ponto! O inimigo está travando uma batalha contra mim,
contra minha casa, contra minha família, contra cada um dos
meus filhos. Eu não posso dar vitória ao inimigo!

77
Famílias reconstruídas no amor

Não basta orar pelos nossos filhos. Claro, temos que orar,
nos sacrificar, jejuar e dobrar os nossos joelhos pelos nossos
filhos, mas temos que orar também com os nossos filhos.
Não esmoreça, não desista. Isso é essencial para a sobrevi-
vência, para os dias que virão. Muitas vezes nós oramos pelas
pessoas que estão fora, nos dispomos a ter paciência com os de
fora, mas precisamos orar em família, ler a Palavra de Deus em
família, fazer o estudo da Palavra, pois o que vai sobrar e ser o
nosso sustento é a Palavra de Deus.
É importante cuidarmos não só de nossa vida física, mas
também da nossa vida espiritual. Quando um de nossos fami-
liares se fere, queremos que ele seja tratado no melhor hospital,
com os melhores médicos. Isso deve acontecer também com a
vida espiritual. Também é preciso cuidado.
Jesus não morreu na cruz por nada. Ele morreu para salvar
seus filhos. Está na hora de dizer isso a eles. Peça a força do
Espírito Santo!
O demônio é ladrão. Ele vem para roubar o seu filho, a
sua família. Ele vem para roubar, matar, e vai fazendo isso aos
poucos. Pense: há quanto tempo você e sua família não riem
juntos? Vocês podem até gargalhar, mas qual foi a última vez
que deram sorrisos sinceros, daqueles que vêm de dentro para
fora? O inimigo vai matando nosso espírito.
Quantos pais estão desconectados da vida de seus filhos?
Não sabem como eles levam a vida, sua sexualidade. Isso tem
que acabar!

78
Monsenhor Jonas Abib

Quando é que você vai começar a se interessar? Quan-


do é que você vai dobrar os joelhos? Quando é que você vai
pedir? Quando não tiver mais tempo? O ladrão só vem para
roubar e matar!
Peça o dom da fortaleza para cada um de sua casa. Diga
comigo: “Minha casa é a casa do Senhor! Eu e minha casa ser-
viremos ao Senhor. Nós não serviremos ao príncipe deste mundo”.
De que lado você está? Do lado do Senhor? Nós não va-
mos perder a guerra. Podemos ter perdido algumas batalhas,
mas vamos vencer a guerra contra as trevas, sempre ao lado do
Senhor. Somos vencedores. Somos merecedores do Reino de
Deus. Por isso, a nossa casa sempre servirá ao Senhor!

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D eus tem uma casa para você e sua família no céu. Não
pode faltar ninguém! Nenhum dos filhos, nenhum
dos netos. Cada um tem o seu lugar! Deus tem canteiros
bonitos no céu, muito mais bonitos do que na Terra. Eles
são regados com suor. Nós temos a missão de cultivar esse
canteiro. Somos merecedores do Reino de Deus. Por isso, a
nossa casa sempre servirá ao Senhor!
Prepare essa aliança com Deus na construção do seu
lar terreno e do seu lar eterno. Comece tudo de novo, se for
preciso!
Olhe no olho de seu marido ou de sua esposa e diga:
eu te aceito em casamento! Eu te prometo ser fiel na saúde,
na doença, na alegria e na tristeza, te amando e te respei-
tando todos os dias da minha vida! Eu te aceito novamente!
Vamos começar de novo. Como naquele primeiro dia.
Quando nós nos perdoamos e nos reconciliamos o
calor é imenso e a reconstrução é maravilhosa, maravilho-
sa! Acolha a graça da Sagrada Família e tenha sua família
reconstruída no amor!

ISBN 978-65-88451-06-9

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