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EVANGÉLICOS E FESTAS JUNINAS, CONFLITO ENTRE A CULTURA E A FÉ

"A tradição de celebrar o mês de junho é bem velha. Há mais


de dois mil anos, os povos antigos da Europa já festejavam
nesta época do ano o início das colheitas. Fogueiras, danças e
muita comida sempre fizeram parte destes rituais pagãos.

No Brasil, a data é celebrada desde 1583. O costume foi


trazido para cá pelos portugueses e espanhóis, ainda como
uma forma de agradecer pelas colheitas, mas também como
uma maneira de homenagear os santos do mês de junho. O
Dia de Santo Antônio, 13 de junho, costuma marcar o início
dos festejos. Também são homenageados São João, no dia
24/6, e São Pedro, no dia 29/6.
Aos poucos, outros elementos foram sendo
introduzidos nas festas juninas. A quadrilha, por
exemplo, chegou ao Brasil no século 19, trazida pela
corte portuguesa. O costume de acender uma fogueira,
por sua vez, vem de uma lenda: Santa Isabel, grávida de
São João, era prima de Maria, mãe de Jesus. Ela estava
morando nas montanhas e, para poder avisar Maria
quando seu filho nascesse, combinou de acender uma
fogueira. Desde então, a prática virou costume e é
realizada no dia 23 de junho.
Os fogos e as biribinhas também têm sua razão de ser:
eles são utilizados para espantar o mau-olhado. Os
balões -que são muito legais de fazer, mas que não se
deve soltar, para evitar queimadas e acidentes-
surgiram com o intuito de enviar mensagens a São João.

Atualmente, cada região do país possui seus próprios


costumes. No Nordeste, por exemplo, festa junina é
sinônimo de forró. Já no Sul do país, no lugar de roupas
caipiras as pessoas usam trajes típicos, com direito a
bombacha e chimarrão"

Fonte: transcrição de texto retirado do site da Uol


Em épocas de festas juninas a dúvida sobre a participação de
evangélicos vem à tona
 
Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues
 
Está chegando a época e uma assunto polêmico vem à tona
novamente: evangélico pode participar ou organizar Festas
Juninas?
 
Milho verde, canjica, pé-de-moleque, quebra-queixo, pipoca,
muita música... Dançar quadrilhas, pular fogueira, soltar
fogos e outras manifestações se tornaram comuns nos
meses de junho, marcando as conhecidas festas juninas.
Com forte raiz cultural e folclórica, elas guardam cada vez
menos a tradição católica de celebrar os "santos" Antônio,
João e Pedro. Todos os anos, o mês de junho traz à tona
uma discussão que divide opiniões.
As manifestações juninas ou joaninas, como eram conhecidas,
chegaram ao Brasil com as caravelas do navegador português
Pedro Álvares Cabral, em 1500.
 
Acredita-se que estas festas tiveram origem no século XII, na região
onde hoje é a França, com a celebração do solstício de verão (dia
mais longo do ano, 22 ou 23 de junho), que marcava o início das
colheitas, e que aos poucos foram sendo absorvidas pelo
cristianismo europeu e, depois, transmitidas ao Novo Mundo.
 
O pesquisador Eliomar Mazoco, presidente da Comissão Espírito-
Santense de Folclore, apresenta uma outra possível origem para as
festas juninas. No hemisfério Norte, em torno da fogueira
realizavam-se encontros em que as pessoas se juntavam para se
proteger do frio. "Ali surgiram algumas danças, brincadeiras,
hábitos culinários e gastronômicos que depois se transformaram
nessas festas", explanou. Mais tarde as igrejas se apropriaram,
incluíram outras simbologias e as tornaram religiosas.
No Brasil, a partir da década de 1970, o aceleramento do processo de êxodo
rural e conseqüente urbanização transportaram para a cidade os
costumes do campo. Gradativamente, as festas juninas foram perdendo o
sentido religioso e místico, assumindo um papel de preservação da
cultura. Atualmente, não apenas escolas, mas até igrejas evangélicas têm
realizado eventos juninos, numa forma de resguardar os laços de
memória saudosista deste passado rural por meio de divertimento.
 
"É preciso dissociar o folclore, a brincadeira, da religião. Todos os homens
possuem hábitos, cada região tem a sua cultura popular, são
manifestações do cotidiano", afirma Eliomar, ressaltando que existem
outras explicações, cada uma diferente da outra, para elucidar as origens
das festas juninas.
 
O fato é que, com o crescimento do número de evangélicos no Brasil, a
questão tornou-se nos dias de hoje séria e delicada, podendo ser um
assunto espinhoso para conversas numa roda de amigos, quer
comunguem ou não da mesma crença. Alguns dão ênfase ao aspecto
folclórico. Outros, não aceitam nem mesmo o aspecto cultural da festa e
afirmam que ela é proibida aos evangélicos, por configurar idolatria.
Proibir ou permitir, e por quê? O evangélico pode ou não participar das
festas juninas?
Para o pastor Erasmo Vieira, da Igreja Batista Morada de Camburi, este assunto já
entrou no terreno das divergências emocionais, ultrapassando a discussão bíblica,
mas deve ser analisado sob vários aspectos. O primeiro seria a ligação com a
adoração aos "santos", contraposta à condenação de qualquer atividade que esteja
ligada à idolatria (Êxodo 20.3-4, Isaías 44 e 45). "Qualquer tipo de festa que tenha
por finalidade adorar alguém é condenável", disse. Para o evangélico, santos são
todos os que se converteram e aceitaram a Jesus Cristo como único Senhor e
Salvador, dispostos a viver de acordo com os ensinamentos da Palavra escrita na
Bíblia.
 
Por outro lado, o pastor insiste em que o cristão reflita, porque com a radicalização
estão se perdendo a tradição cultural e a relevância folclórica. "As festas folclóricas,
como as juninas, possuem este aspecto cultural que deve ser levado em
consideração. Contudo, temos de ter cautela, para não escandalizarmos ninguém,
conforme nos ensina o apóstolo Paulo (1 Coríntios 8:13). Devemos ter
discernimento para sabermos o que fazer", explicou Erasmo.
 
Até mesmo o povo de Israel, conforme lembrou o pastor Erasmo, tinha e tem festas nas
quais outros aspectos são valorizados em detrimento da religião. "Na Festa do
Purim, por exemplo, não se fala o nome de Deus, apesar de ter sido uma graça
oferecida pelo Pai ao seu povo", lembra. O Purim é um feriado judaico, no qual se
festeja o livramento do povo judeu do plano de destruição de Amã, narrado no livro
de Ester. No evento o livro é lido publicamente, há distribuição de comida e dinheiro
aos pobres, além de danças e pratos típicos.
"Se for levar ‘ao pé da letra', há outro exemplo. A nossa festa
do Natal foi criada para encobrir a festa pagã das
saturnálias, das quais os cristãos não deveriam participar",
completa o pastor para justificar que os exageros podem
conduzir o evangélico a uma alienação de todas as festas
que acontecem. As saturnálias eram festas de comilança e
orgias da carne que precediam a quaresma, período de
jejum e introspecção. Com a aceitação do cristianismo
como religião oficial no século III em Roma, foi estabelecido
no século IV o calendário litúrgico com a instituição da
comemoração do nascimento de Jesus no dia 25 de
dezembro.
 
Para Erasmo esses exemplos dão a dimensão de que "então,
existe um elemento de abertura para discutir as festas
juninas separada do aspecto religioso, que quase não mais
existe. Assim, podemos ver a festividade como coreografias
folclóricas, quadrilhas, danças e comidas típicas da época
da colheita do milho".
À Luz da Palavra
Vários textos bíblicos podem ser usados como base para os cristãos evangélicos, mas a interpretação
dada a eles é que vai fundamentar a decisão. A 1ª Carta aos Coríntios, no capítulo 8, fala
claramente sobre o comer das coisas sacrificadas aos ídolos, mas diz também que o ídolo por si só
não é nada e afirma que a consciência do indivíduo é que se deixa contaminar. Na mesma carta,
Paulo diz aos coríntios (1 Co 6.12): "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". Está aí o
deferencial da liberdade cristã, permitindo ao homem viver no mundo sem ser governado
espiritualmente por ele.
 
"Cada pessoa deve entender que tem competência para interpretar o que está dito na Bíblia e que,
com a orientação do Espírito Santo, encontrará suas respostas pessoais. Porém, é de extrema
importância que o membro de uma determinada igreja procure saber o que pensa a sua igreja e o
seu pastor, para não criar constrangimentos nem para si mesmo, nem para os outros", reforçou
pastor Júlio Cezar de Paula Brotto, Igreja Batista de Itacibá.
 
Para o pastor José Vicente de Lima, da 1ª Igreja Presbiteriana de Vila Velha, os evangélicos deveriam
ignorar este tipo de festividade e, nem por isso, sua atitude configuraria extremismo. Ele não
concorda com a inclusão evangélica nem mesmo em se tratando de comemorações em outras
datas e com outros nomes, como "festa na roça" ou "festa caipira". "Com todo o respeito a quem
queira participar, a configuração da festa muda, mas o mandamento do Senhor é o mesmo. Nós
pregamos isto. E ao não seguirmos este mesmo Senhor, perdemos a comunhão íntima com ele. As
pessoas podem até dizer que não concordam com isso porque os tempos e os costumes são
outros, mas a Bíblia é a mesma", justifica.
O pastor José argumenta que a alegria do evangélico é outra, que não é
necessário afastar-se das coisas do mundo, mas que se deve buscar
primeiro sabedoria e discernimento espiritual. Entretanto, para ele, de
acordo com a Palavra a proibição é evidente. Alguns podem participar
destas festas e não se deixar dominar, mas outros acabam incorrendo em
erro. Para não errar, o melhor seria não ir. "O senhor participou de festas,
de casamentos sem com isso se contaminar. Há festas e festas", encerrou.
 
Quando cultura e fé dialogam, a resposta para as dúvidas do cristão
evangélico deve se firmar na Palavra e em uma fé inabalável, no
aconselhamento com o próprio pastor, e com Deus. O crente tem a
liberdade de dizer sim ou não de acordo com I Co 10.23. A liberdade cristã
vem do conhecimento de Jesus e da Palavra que liberta (João 8:31.32) (Se
vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus
discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará). As pessoas
não podem se fechar para a discussão de temas, mesmo que polêmicos,
foi o que alertou o pastor Erasmo. Cristo veio, viveu como homem e
mesmo assim deixou como herança a sua paz libertadora, que somente
Nele é possível encontrar: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais
paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo"
(Jo 16.33). Acima de tudo, é preciso buscar pela paz que existe no Senhor
(I Co 14:33), mas a necessidade de estar no mundo e participar dele, sem
contudo deixar-se conduzir, faz parte do dia-a-dia do evangélico.
Festas juninas e as crianças
Com relação à educação dos filhos, os pais e educadores evangélicos
devem nortear a sua orientação da mesma forma, baseando-se na
Bíblia. Não é preciso ceder às pressões sociais. Os cristãos podem
aceitar manifestações populares, culturais, musicais e artísticas que
representem a identidade de um povo ou de uma nação, desde que
os seus princípios inegociáveis da Verdade não sejam
comprometidos, e que a sua liberdade social não seja violada.
 
De acordo com o Planejamento Curricular Nacional, as instituições de
ensino têm como dever preservar e transmitir valores culturais da
nação, embora não tenham o direito de obrigar as crianças a
participarem de qualquer manifestação. Porém, no caso das festas
juninas e de outras comemorações com sincretismo religioso, as
crianças evangélicas podem passar por constrangimento por não
participar. Para que isso não ocorra, é bom verificar a proposta
pedagógica e deixar claro o posicionamento da família logo no
início do ano letivo e isso deve ser conversado com respeito entre
pais, professores e pedagogos.
É sempre bom lembrar que no Capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), estão previstos mecanismos de proteção. Os artigos 15, 16 e 17 prevêem:

•  Art. 15 - A criança e o adolescente têm direito à


liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas
humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas leis
•  
• Art. 16 - O direito à liberdade compreende os seguintes
aspectos: (...) II - Opinião e expressão; III - Crença e culto
religioso.
•  
• Art. - 17 O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças,
dos espaços e objetos pessoais.
A DANÇA DA QUADRILHA
A quadrilha é dançada em homenagem aos santos
juninos e para agradecer as boas colheitas na roça. Tal
festejo é importante pois o homem do campo é muito
religioso, devoto e respeitoso a Deus. Dançar,
comemorar e agradecer.Em quase todo o Brasil, a
quadrilha é dançada por um número par de casais e a
quantidade de participantes da dança é determinada
pelo tamanho do espaço que se tem para dançar. A
quadrilha é comandada por um marcador, que orienta
os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas.
Existem diversas marcações para uma quadrilha e, a
cada ano, vão surgindo novos comandos, baseados nos
acontecimentos nacionais e na criatividade dos grupos
e marcadores.
Fonte: http://www.grupos.com.br/blog/pastoraldacultura/month/carta.htm
Blog Pastoral da Cultura
Santos Juninos
• Os três Santos Principais:

–Santo Antonio
–São João
–São Pedro
Santo Antônio
Festejado no dia 13 de junho, Santo Antônio é um dos santos de maior
devoção popular tanto no Brasil como em Portugal. Fernando de
Bulhões nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195 e faleceu em
Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231. Recebeu o nome de
Antônio ao passar, em 1220, da Ordem de Santo Agostinho para a
Ordem de São Francisco e é conhecido como Santo Antônio de
Lisboa ou Santo Antônio de Pádua.
Santo Antônio era admirado por seus dotes de ótimo orador, pois
quando pregava a palavra de Deus ela era entendida até mesmo
por estrangeiros. É por assim dizer o "santo dos milagres", como
afirmou o padre Antônio Vieira em um sermão de 1663 realizado
no Maranhão: "Se vos adoece o filho, Santo Antônio; se vos foge
um escravo, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo
Antônio; se aguardais a sentença, Santo Antônio; se perdeis a
menor miudeza de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez se quereis
os bens alheios, Santo Antônio".
É o santo familiar e protetor dos varejistas em geral, por isso é comum
encontrar sua figura em estabelecimentos comerciais. É também o
padroeiro das povoações e dos soldados, pois enfrentou em vida
aventuras guerreiras como soldado português.
Sua influência é marcante entre o povo brasileiro. Seus devotos, em geral,
não têm em casa uma imagem grande do santo e preferem levar no bolso
uma pequena para se proteger. É a ele que as moças ansiosas pedem um
noivo. A prática de colocar o santo de cabeça para baixo no sereno,
amarrada num esteio, ou de jogá-lo no fundo do poço até que o pedido
seja atendido, por exemplo, é bastante comum entre os devotos.

Em homenagem a Santo Antônio, geralmente realizam-se duas espécies de


rezas e festas: os responsos, quando ele é invocado para achar objetos
perdidos, e a trezena, cerimônia que se prolonga com cânticos, foguetório
e comes e bebes de 1 a 13 de junho de cada ano.
O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente
Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a
ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica
bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes,
adivinhas e acalantos feitos a esses santos. Os objetos utilizados nas
simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados
pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar!
Nos primeiros treze dias de junho, os devotos de Santo Antônio rezam as
trezenas com o intuito de alcançar graças através da sua intervenção ou
de agradecer um milagre que o santo tenha realizado.
São João
• João Batista, primo de Jesus Cristo, nasceu no dia 24 de junho, alguns anos antes
de seu primo Jesus Cristo, e morreu em 29 de agosto do ano 31 d.C., na Palestina.
Foi degolado por ordem de Herodes Antipas a pedido de sua enteada Salomé, pois
a pregação do filho de Santa Isabel e São Zacarias incomodava a moral da época.
Antes mesmo de Jesus, João Batista já pregava publicamente às margens do Rio
Jordão. Ele instituiu, pela prática de purificação através da imersão na água, o
batismo, tendo inclusive batizado o próprio Cristo nas águas desse rio.
• São João ocupa papel de destaque nas festas, pois, dentre os santos de junho, foi
ele que deu ao mês o seu nome (mês de São João) e é em sua homenagem que se
chamam "joaninas" as festas realizadas no decurso dos seus trinta dias. O dia 23
de junho, véspera do nascimento de São João e início dos festejos, é esperado
com especial ansiedade. Segundo Frei Vicente do Salvador, um dos primeiros
brasileiros a escrever a história de sua terra, já no ano de 1603 os índios acudiam a
todos os festejos portugueses, em especial os de São João, por causa das fogueiras
e capelas.
• São João é muito querido por todos, sem distinção de sexo nem de idade. Moças,
velhas, crianças e homens o fazem de oráculo nas adivinhações e festejam o seu
dia com fogos de artifício, tiros e balões coloridos, além dos banhos coletivos de
madrugada. Acende-se uma fogueira à porta de cada casa para lembrar a fogueira
que Santa Isabel acendeu para avisar Nossa Senhora do nascimento do seu filho.
• São João, segundo a tradição, adormece no seu dia, pois se estivesse acordado
vendo as fogueiras que são acesas para homenageá-lo não resistiria: desceria à
Terra e ela correria o risco de incendiar-se.
• A Lenda do surgimento da fogueira: Dizem que Santa Isabel era muito amiga de
Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se. Uma tarde, Santa Isabel foi à
casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que dentro de algum tempo
nasceria seu filho, que se chamaria João Batista.
Nossa Senhora então perguntou:
__ Como poderei saber do nascimento dessa criança?
__ Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e
saberá que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca
sobre ele.
Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma
fumaceira e depois umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou
o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da
religião católica. Isso se deu no dia 24 de junho.
• A Lenda das bombas de São João: Antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias,
andava muito triste por não ter filhos. Certa vez, um anjo de asas coloridas,
envolto em uma luz misteriosa, apareceu à frente de Zacarias e anunciou que ele
seria pai. A alegria de Zacarias foi tão grande que ele perdeu a voz desse momento
em diante. No dia do nascimento do filho, perguntaram a Zacarias como a criança
se chamaria. Fazendo um grande esforço, ele respondeu "João" e a partir daí
recuperou a voz. Todos fizeram um barulhão enorme. Eram vivas para todos os
lados.
Vem daí o costume de as bombinhas, tão apreciadas pelas crianças, fazerem parte
dos festejos juninos
A festa de São João: Em festa de São João, na maioria das regiões
brasileiras, não faltam fogos de artifício, fogueira, muita comida (o
bolo de São João, principalmente nos bairros rurais, é essencial),
bebida e danças típicas de cada localidade.
No Nordeste, por exemplo, essa festa é tão tradicional que no dia 23
de junho, depois do meio-dia, em algumas localidades ninguém
mais trabalha. Enfeitam-se sítios, fazendas e ruas com bandeirolas
coloridas para a grande festa da véspera de São João. Prepara-se a
lenha para a grande fogueira, onde serão assados batata-doce,
mandioca, cebola do reino e milho. Em torno dela sentam-se os
familiares de sangue e de fogueira.
O formato da fogueira varia de lugar para lugar: pode ser quadrada,
piramidal, empilhada… Quanto mais alta, maior é o prestígio de
quem a armou. Os balões levam, segundo os devotos, os pedidos
para o santo. Quando a fogueira começa a queimar, o mastro, que
recebeu a bandeira do santo homenageado, já se encontra
preparado. Ele é levantado enquanto se fazem preces, pedidos e
simpatias.
Depois do levantamento do mastro, tem início a queima de fogos,
soltam-se os busca-pés e as bombinhas. A arvorezinha, também
chamada de mastro, que é plantada em frente às casas e, no lugar
da festa, é plantada perto da fogueira, está enfeitada com laranja,
milho verde, coco, presentes, garrafas, etc.
A cerimônia do banho varia de uma região para outra. No Mato
Grosso, por exemplo, não são as pessoas que se banham nos rios, e
sim a imagem do santo. Na Região Norte, principalmente em Belém
e Manaus, o banho-de-cheiro faz parte das tradições juninas. A
preparação do banho de São João inicia-se alguns dias antes da
festa. Trevos, ervas e cipós são pisados, raízes e paus são ralados
dentro de uma bacia ou cuia com água e depois guardados em
garrafas até o momento do banho. Chegada a hora da cerimônia,
os devotos lavam e esfregam o corpo com esses ingredientes.
Acredita-se que o banho-de-cheiro tenha o poder mágico de trazer
muita felicidade às pessoas que o praticam.
As danças regionais, o som de violas, rabecas e sanfonas, o banho do
santo, o ato de pular a fogueira, a fartura de alimentos e bebidas -
tudo isso transforma a festa de São João numa noite de
encantamento que inspira amores e indica a sorte de seus
participantes. No fim da festa, todos pisam as brasas da fogueira
para demonstrar sua devoção.
São Pedro
São Pedro, o apóstolo e o pescador do lago de Genezareth,
cativa seus devotos pela história pessoal. Homem de
origem humilde, ele foi apóstolo de Cristo e depois
encarregado de fundar a Igreja Católica, tendo sido seu
primeiro papa.
Considerado o protetor das viúvas e dos pescadores, São
Pedro é festejado no dia 29 de junho com a realização de
grandes procissões marítimas em várias cidades do Brasil.
Em terra, os fogos e o pau-de-sebo são as principais
atrações de sua festa.
Depois de sua morte, São Pedro, segundo a tradição católica,
foi nomeado chaveiro do céu. Assim, para entrar no céu, é
necessário que São Pedro abra as portas. Também lhe é
atribuída a responsabilidade de fazer chover. Quando
começa a trovejar, e as crianças choram com medo, é
costume acalmá-las dizendo: "É a barriga de São Pedro que
está roncando" ou "ele está mudando os móveis de lugar".
No dia de São Pedro, todos os que receberam seu nome
devem acender fogueiras na porta de suas casas. Além
disso, se alguém amarrar uma fita no braço de alguém
chamado Pedro, ele tem a obrigação de dar um presente
ou pagar uma bebida àquele que o amarrou, em
homenagem ao santo.
A festa de São Pedro: Em homenagem ao santo, acendem-se
fogueiras, erguem-se mastros com sua bandeira e
queimam-se fogos, porém não há na noite de 29 de junho a
mesma empolgação presente na festa de São João.
Também se fazem procissões terrestres, organizadas pelas
viúvas, e fluviais, pois, como vimos, São Pedro é o protetor
dos pescadores e das viúvas. Em várias regiões do Brasil, a
brincadeira mais comum na festa é a do pau-de-sebo.
Embora São Paulo também seja homenageado em 29 de
junho, ele não é figura de destaque nas festividades desse
mês.

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