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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA INTEGRADA EM HISTÓRIA E GEOGRAFIA
CURSO DE HISTÓRIA

FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA (1583-1652) E


A DEFESA DOS ÍNDIOS

SANDRA LÚCIA MARINHO SILVA DE SOUZA

SANTARÉM
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA INTEGRADA EM HISTÓRIA E GEOGRAFIA
CURSO DE HISTÓRIA

FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA (1583-1652) E


A DEFESA DOS ÍNDIOS

SANDRA LÚCIA MARINHO SILVA DE SOUZA

Trabalho de Conclusão de Curso, modalidade artigo,


entregue a Universidade Federal do Oeste do Pará –
UFOPA, como requisito parcial para obtenção de
título de Licenciado em História e Geografia, com
ênfase em História, sob orientação do Prof. Dr.
Douglas Mota Xavier de Lima.

SANTARÉM
2021
FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA (1583-1652)
E A DEFESA DOS ÍNDIOS

Data de aprovação: ___/____/ 2021.

__________________________________
Prof. Dr. Douglas Mota Xavier de Lima – Orientador
Universidade Federal do Oeste do Pará

__________________________________
Prof. ............................... – Avaliador
Universidade Federal do Oeste do Pará

__________________________________
Prof. ................................... – Avaliador
Universidade Federal do Oeste do Pará

SANTARÉM
2021
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois foi Ele que me deu forças para vencer muitos
obstáculos ao longo do meu percurso acadêmico e hoje poder concluir de forma satisfatória.
AGRADECIMENTOS

Sou muito grata a Deus por ter me mantido firme neste meu propósito de concluir meu Artigo.
Agradeço muito aos meus familiares por ter sempre me apoiado e principalmente a minha mãe
que foi minha grande motivação. E deixo meu agradecimento muito especial ao meu orientador
pelo incentivo e paciência que teve comigo.
1

FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA (1583-1652) E A DEFESA DOS


ÍNDIOS
Sandra Lúcia Marinho Silva de Souza1

Resumo
A Ordem franciscana sempre esteve presente nas navegações que saiam para descobrir novos mundos e
garantir para a Coroa novas terras e fazer novos cristãos através da catequização. Esses homens de Deus
souberam viver e propagar a fé cristã no novo mundo em nome da Coroa, pois para os frades o
importante era ganhar almas e novos cristãos. Isso se dá através dos aldeamentos e na vivencia cotidiana
com os indígenas. Para esses povos todo esse processo de contato com outra era nova, e aos poucos os
indígenas vão percebendo que estar no aldeamento pode trazer muitas vantagens. Como toda
colonização é violenta e abusiva essa prática não se faz diferente em terras brasílicas, pois para esses
colonos o importante é a exploração a todo custo, mesmo que isso custe a vida dos nativos aqui presentes.
E esta pesquisa vem mostrar como se dá o desenvolvimento dessa missão e como esses missionários
irão usar de métodos para atrair os nativos e torna-los cristãos e súditos do rei. Dentro desse contexto de
exploração por parte dos colonos, surge a pessoa de Frei Cristóvão de Lisboa, um frade português que
irá defender os direitos dos indígenas e denunciar os inúmeros castigos e abusos contra essa gente.

Palavras-chave: Ordem Franciscana. Indígenas. Frei Cristóvão de Lisboa.

Introdução
O estudo que se apresenta tem diferentes pontos de partida. Primeiramente, por ser
cristã católica e atuar numa área de Santarém onde os franciscanos têm uma presença muito
forte, nutri o interesse em aprofundar meus conhecimentos em relação às práticas e aos valores
da ordem e do próprio Evangelho pregado pelos mesmos. Paralelamente, durante a leitura da
obra São Francisco de Assis (2007)3, de Jacques Le Goff, fui motivada a analisar a atuação
franciscana, em especial no Brasil e na região amazônica. Ao prosseguir meus estudos, percebi
que a história do Brasil, desde a chegada dos portugueses, foi marcada pela presença de ordens
religiosas, merecendo destaque a ordem franciscana. Em vista dessa importância, procurei
investigar a atuação dos franciscanos em Santarém.

Ao iniciar o levantamento de fontes na cidade, especificamente no convento São


Francisco, enfrentei diferentes dificuldades que limitaram a viabilidade da pesquisa. Apesar

1
Agradecimentos.
2
Graduanda em História da Universidade Federal do Oeste do Pará, sob orientação do Prof. Dr. Douglas Mota
Xavier de Lima (UFOPA).
3
LE GOFF, Jacques. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2007.
disso, ao ler a obra de Maria Adelina Amorim, Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará:
Missão e cultura na primeira metade de seiscentos (2005), entrei em contato com o personagem
de Frei Cristóvão de Lisboa, franciscano português que atuou na região do Maranhão e do
Grão-Pará durante o século XVII, e teve destaque na defesa da liberdade dos índios.

Ao analisar as missões no Brasil, muitos autores irão destacar em seus estudos o jeito
e a dinâmica que estes missionários utilizaram para sua catequização em solo brasílico e como
as características da Ordem franciscana não irão se perder ao longo do tempo e nem com a
distância, pois Francisco de Assis criou uma ordem estruturada e forte, sabendo trabalhar a fé
cristã entre os povos mais distantes, no caso o Brasil,como enfatiza a autora Vanessa Anelise
Rocha.

Estudos apontam como essas ordens religiosas se reinventaram dentro do espaço


amazônico colonial, como estes missionários se esforçaram em meios aos conflitos, tanto com
os povos indígenas como com o poder local, para manterem vivas as regras franciscanas, como
Roberto zahluth de Carvalho Junior, aponta em sua dissertação ao falar dessa presença
franciscana na Amazônia do Século XVII.

Porém, outros autores me fizeram entender e perceber que a missão franciscana se


estendia a outros povos, mesmo que estes missionários enfrentassem dificuldades e muitos
conflitos com os povos indígenas e o próprio poder local, como afirma Vanessa Anelise da
Rocha, “Cotidiano Missionário: franciscanos e indígenas em convívio nas missões.” Em seu
trabalho a autora deixa bem claro que os franciscanos não deixaram de manter o ideal da
pobreza e nem os carismas de Francisco de Assis, pois estes religiosos vão aos poucos criando
dinâmicas de aldeamentos para manterem os indígenas sempre por perto, cumprindo assim com
as ordens da coroa e a missão catequética, unindo a fé e o avanço colonial.

Outros estudos apontam como essas ordens religiosas se reinventaram dentro do


espaço amazônico colonial, como estes missionários se esforçaram em meios aos conflitos,
tanto com os povos indígenas como com o poder local, para manterem vivas as regras
franciscanas, como Roberto zahluth de Carvalho Junior, aponta em sua dissertação ao falar
dessa presença franciscana na Amazônia do Século XVII.

É notório que muitos autores buscam compreender esse período colonial, pois é um
período de grandes adaptações, de formação de novos estados, como o Estado do Maranhão, e
a expansão da catequese indígena, como vai analisar Alírio Carvalho. A presença franciscana
nestes locais nunca vai deixar de ser um incomodo, pois à medida que há o avanço colonial e
conquista de mais terras, vão surgindo conflitos políticos uma vez que a nova sociedade vai
nortear as relações entre os religiosos e os laicos.

Além desses conflitos e interesses dos colonos, um outro fato nesse processo de
catequização vai ser os aldeamentos. Desde os primeiros contatos dos colonos com os povos
indígenas a violência através das guerras foram constantes e muitas populações indígenas
foram dizimadas. Um outro fator que marca este contato são os pesados castigos a que foram
submetidos estes povos, talvez um dos motivos pelo qual muitos indígenas irão ficar nos
aldeamentos, uma vez que aqueles que fogem ao serem capturados são duramente castigados.
Mais aos poucos estes povos vão aprendendo a tirar vantagens desse processo de aldeamento,
pois vão perceber que estar inserido na aldeia vai trazer algumas vantagens como proteção e
terra, como descreve claramente Maria Celestino de Almeida em “ Catequese, aldeamentos e
missionação.”

E seguindo essa mesma analise, o professor Karl Heinz Arenz em sua obra “ Levar a
luz de nossa fé aos sertões de muita gentilidade”, também vai enfatizar as vantagens desses
aldeamentos para esses povos, pois segundo o autor esses povos vão viver sob a tutela desses
religiosos, que aos poucos vão se adaptando aos aldeamentos aumentando a concentração
desses povos e fazendo com que se realize a conversão destes, tornando-os súditos cristãos,
além de ter sua mão de obra nas aldeias.

Desta maneira, o objetivo principal do estudo é analisar como os Franciscanos atuaram


na catequização dos indígenas, como foi a relação nos aldeamentos e como Frei Cristóvão de
Lisboa atuou na defesa da liberdade dos índios. Para isso, busca-se apresentar uma
contextualização do período colonial, tendo como foco a questão dos indígenas e a atuação dos
religiosos em prol da liberdade dos índios; apresentar alguns traços da biografia de Frei
Cristóvão de Lisboa e mapear como o Frei justifica a liberdade dos índios em suas obras;
discutir os argumentos de Frei Cristóvão presentes nos sermões e nas cartas sobre a defesa da
liberdade dos índios.
Espera-se que esse trabalho possa oportunizar a compreensão da ação dos frades junto
aos indígenas, desde a chegada ao Brasil, com a realização da primeira missa celebrada por
Frei Henrique de Coimbra em solo brasileiro, até a organização desses frades para facilitar a
catequese dos novos cristãos, processo esse que foi marcado por muitos conflitos, mas também
pela luta pela liberdade dos índios.
1.A Igreja no Brasil Colonia

Quando Portugal pensa em novas conquistas, o Padroado Português busca organizar e


introduzir nessas missões um grupo de missionários com o objetivo de tornar esses povos novos
cristãos, cidadãos do reino e civilizados. Por isso, muitas alianças são feitas entre o Estado que
detém o poder na colônia e a igreja representada pelos missionários, que através de aldeamentos
procuram manter esses indígenas próximos e assim poderem introduzi-los numa rotina de
obrigações religiosas, como a participação nas missas, a realização de batismo, casamentos e
confissões.
No brasil-colônia percebe-se que a igreja através de seu imperador Dom João III,
procura se organizar dentro do espaço de aldeamentos, mas sempre procurando manter esses
povos em seu controle, pois esses missionários além de querer cumprir com suas missões
obedecendo assim ao padroado português, também querem obter a mão de obra desses
indígenas e muitas vezes usam de violência impondo pesados castigos, provocando com isso
muitas fugas e mortes dos nativos.
É essa leitura que o autor Eduardo Hoornart vai expor em sua obra “ A igreja no Brasil
colonia ( 1550-1800)”, pois segundo Dom João III, o principal objetivo de povoar o Brasil é
tornar os povos convertidos ao cristianismo, expandir a igreja católica e catequisar os povos do
novo mundo.
É esse discurso que sempre vai ser utilizado para justificar a presença dos missionários
nas aldeias, a escravização dos povos indígenas, também dos negros e a expansão do
capitalismo, pois nesse período já se percebe uma sociedade que busca uma dimensão
econômica e uma mão de obra barata, no caso os indígenas e os negros.
Com a fixação, das aldeias esses missionários conseguiram estabelecer uma relação de
confiança com os indígenas e aos poucos esse número foi aumentando, pois cada vez mais
começaram a chegar nesses aldeamentos muitos outros indígenas, buscando uma certa
proteção, um pedaço de terra onde pudessem plantar e outros ainda fugindo das guerras.
E aos poucos essas aldeias foram se tornando referencias por que esses religiosos
introduziram as festas dos padroeiros, que com o passar do tempo vai ser ressignificado e
adaptado ao culto afro e as realizações dos sacramentos.
2.Os Franciscanos na Amazônia: estabelecimento e missão

Quando a missão foi direcionada para o Maranhão e Pará, os franciscanos capuchinhos


foram os primeiros religiosos que chegaram e trouxeram uma nova dinâmica de evangelização,
através dos aldeamentos ,da nova maneira de organização social e através da educação, pois de
acordo com os autores Cezar de Alencar e Marcos Ayres “ A missão dos franciscanos da
Província de Santo Antônio do Brasil no Maranhão e Grão-Pará em meados do século XVII”
,os franciscanos inovaram e foram muito importantes na arte da educação e na formação através
das escolinhas das missões.
Isso foi possível após a expulsão dos franceses desta região e a chegada dos frades da
ordem de Santo Antônio de Portugal, que assumiram a missão de catequização dos indígenas
iniciada pelos franceses.
A espiritualidade de São Francisco ficou viva nesses missionários, que mesmo após sua
morte em 1226 os frades permaneceram obedientes ao seu ministério e o serviço de levar o
Evangelho a todos os povos, sempre observando a pobreza do qual fizeram seus votos,
cumprindo assim com os ideais franciscanos.
Aos poucos esses franciscanos vão expandindo no processo de catequização e também
na expansão territorial, pois estes missionários souberam articular e desenvolver nas aldeias
uma base sólida de evangelização, mas também organizar esses grupos politicamente, servindo
assim a coroa Portuguesa.
Nesse sentido, o projeto dos reinos católicos de trazer almas para a cristandade precisa
ser compreendido dentro de um duplo significado: a conversão ao catolicismo indicava um
ganho no plano espiritual e simbolizava o aumento do poder e da riqueza do reino católico que
realizava a conversão.
Assim, ainda que a pregação da Palavra de Cristo aos povos possuísse um sentido
religioso claro, essas expedições tinham obviamente um objetivo mercantil. Lucro e fé eram os
dois lados da mesma moeda, usados como justificativa um do outro. Isso fica mais evidente na
política das aldeias de índios e que foi formulada pelo padre jesuíta Manoel da Nóbrega, na
década de 1560, é o que afirma Fernanda Sposito, “em linhas gerais, pregava a submissão dos
índios ao padrão europeu, trabalhando em aldeias, como nas vilas portuguesas, controladas
pelos padres. Nesses aldeamentos os índios seriam isolados dos demais colonizadores, pois
esses possuíam, segundo os padres, uma série de vícios e más intenções. Objetivamente, os
índios seriam disciplinados pelo trabalho, ordenados e direcionados para as atividades coloniais,
visando garantir os lucros da Coroa.”
Durante muito tempo a história das missões no Brasil resumiu-se à história jesuítica.
Porém, não podemos esquecer que outras ordens religiosas tiveram papel importante na
colonização dos gentios, como foi o caso dos franciscanos. A esse respeito testemunha Gilberto
Freyre: “Não há novidade nenhuma em dizer-se da gente brasileira que uma das influências decisivas
em sua formação vem sendo a da Igreja, nem que, dessa influência, a que aqui madrugou, para nunca
mais deixar de fazer-se sentir sobre essa mesma gente, ora de modo mais intenso, ora com menor
vibração, foi e é a franciscana.”

Segundo a autora Vanessa Anelise Rocha, “São Francisco fundou uma ordem na qual
pregava os valores da obediência, da pobreza e da castidade, e todos os integrantes deveriam
viver segundo o evangelho, no estado permanente de missão penitencial e no contato direto
com o povo, reunindo a comunidade cristã. Desta forma, Francisco foi inovador pelo fato de
nunca ter criticado a estrutura eclesiástica e nem de ter condenado o sistema socioeconômico.
Pelo contrário, fez da pobreza uma escolha e não uma imposição, dando lugar para todos os
grupos sociais, desde os mais privilegiados ao menos favorecidos.”
Analisando as missões no Brasil a autora descreve ainda “que mesmo com algumas
mudanças dentro da ordem, essa característica franciscana não irá se perder. Do ideal primitivo
de Francisco de Assis criou-se uma ordem estruturada e forte que soube trabalhar a favor da fé
cristã, propagando-a entre os povos mais distantes. Na colônia, as missões tiveram como
característica a catequese de alguns povos indígenas, em determinadas regiões. Algumas dessas
missões deram certo, porém outras terminaram na morte de frades e ataques a vila.”
Sendo a Amazônia um lugar ainda pouco conhecido pelos portugueses, foram
organizadas 2inúmeras expedições com contínuo insucesso, devido a densidade da floresta e a
presença dos gentios que ali se encontravam. Mesmo diante desses desafios, explorar a floresta,
era o desejo de muitos aventureiros que, em busca de riquezas, reacendiam a febre pelo ouro e
o desejo de desvendar os segredos da floresta constituída de metais e pedras preciosas. Isso fez
com que Portugal organizasse grandes expedições para explorar a Amazônia, garantindo com
isso a conquista do território e braços fortes para o sustento da colônia e a exploração do lugar
até então desconhecido e misterioso.
Nesse processo, se fez necessário a presença de religiosos, que buscavam pacificar as

7 ROCHA, Vanessa Anelise F. Cotidiano missionário: Franciscanos e indígenas em convívio nas missões.Anais do XV do
Encontro Regional de História da Anpuh- Rio de Janeiro.
8 ALMEIDA,Maria Celestino de. Catequese,aldeamentos e missionação. 2000.p.443.
9 ALMEIDA,Maria Celestino de. Catequese,aldeamentos e missionação. 2000.p.443.
relações entre os nativos e os colonos, uma vez que a missão dos frades era a conversão das
almas dos gentios e a propagação do Evangelho. Conforme Maria Regina Celestino de
Almeida, ao longo do século XVI o processo de pregação itinerante, no qual os padres se
dirigiam às aldeias dos índios nos sertões para ali catequizá-los, deu lugar à prática de deslocá-
los para a proximidade dos núcleos portugueses e assentá-los em aldeias construídas
especificamente para reuni-los.
Segundo Almeida, 2014, “além de organizar os índios em aldeamentos e mantê-los
como seus aliados, os europeus tinham outro objetivo: catequizá-los. Esse processo não foi
muito fácil, pois difundir a fé católica para os indígenas aldeados foi um desafio árduo para os
missionários. Estes fixaram-se nas aldeias sobre condições difíceis de adaptação, pois tinham
que enfrentar a hostilidade dos indígenas, as longas viagens, sem mencionar as guerras
intertribais.”
Esses missionários souberam adaptar seu projeto de evangelização às condições do
local onde desenvolveram uma dinâmica de aproximação dos indígenas, oferecendo-lhes
presentes para que estes permanecessem nas aldeias. Fundaram colégios, criaram novas
aldeias, implantaram fazendas e outras atividades econômicas com as quais construíram
grandes patrimônios. Com os novos aldeamentos, muitos grupos indígenas passaram a aceitar
a condição de aldeados, pois viam nesse espaço um lugar de proteção em meio as guerras, o
que fazia com que esses grupos procurassem fazer uma aliança com os missionários. Como
argumenta Almeida: “Para os índios, no entanto, as aldeias missionárias tinham significados e funções
bem diversos: terra e proteção, por exemplo, emergem dos documentos como algumas de suas
expectativas básicas ao buscar a aliança com os portugueses”

Segunda a autora “,não obstante, para os índios as aldeias passaram a ser um lugar de
prejuízos incalculáveis, pois agora os indígenas tinham que se sujeitar as ordens dos
portugueses e viverem de acordo com suas regras de trabalho, submetendo-se a uma nova
rotina, sendo proibido as suas práticas culturais e o abandono de suas antigas tradições,
incorporando novos valores nesse processo e transformados em súditos cristãos.”
(ALMEIDA, 2000.p. 446).
E ainda fazendo menção a autora menciona “Dessa maneira são mudadas as regras
de funcionamento das aldeias e suas relações com os portugueses e a sociedade envolvente.
Essas diferenças vão enfocar diretamente na relação com os jesuítas uma vez que estes estão
presentes nas aldeias desenvolvendo a catequese e ao mesmo tempo direcionando o bom
funcionamento das aldeias.” (ALMEIDA 2000.p.448).
Diante dessa realidade muitos frades franciscanos lutaram em defesa dos índios, entre
eles Frei Cristóvão de Lisboa, que elaborou muitas cartas denunciando o comportamento das
autoridades portuguesas e os abusivos castigos para com os gentios, assim como muitos
sermões que criticavam a sociedade e o tratamento com os nativos. Frei Cristóvão organizou
a missão franciscana no Maranhão e deixou para a história um verdadeiro testemunho de sua
fé e de sua luta incansável em defesa da liberdade dos índios. Desta maneira, a partir das cartas
e dos sermões, pretendemos analisar como Frei Cristóvão de Lisboa atuou na defesa da
liberdade dos índios.

3. Os Franciscanos e as questões indígenas

Devido o difícil acesso a região do Maranhão e Pará, os franciscanos tiveram uma


árdua missão, pois além de enfrentarem os indígenas que ainda não eram amistosos, tinham
que enfrentar também as dificuldades de uma floresta densa e o percurso de grandes extensões
de rios, que somente os indígenas conheciam, pois só estes sabiam como navegar por estes
rios.
Além desses desafios, os missionários tiveram que enfrentar as guerras intertribais,
uma vez que na Amazônia habitavam muitas tribos diferentes e essas tribos viviam em guerra
para defenderem seu território.
De acordo com os autores Cezar de Alencar e Marcos Ayres, “entre as tribos, havia
uma regra: as tribos vencidas se tornavam escravas das vencedoras, sendo obrigadas a viver
sob o regime de trabalho escravo. Essa foi uma das condições pré-coloniais de organização
social observada pelos colonizadores.”
Como todo contato com o novo mundo é cheio de conflitos, no Maranhão e Pará não
foi diferente, pois esse contato foi marcado por violência e conflitos internos, e também por
“rivalidades pessoais entre os colonos”.
Então, “diante dos abusos cometidos contra os indígenas, determinou que estes fossem
livres”, e em meio a essa realidade vão surgir os primeiros documentos que vão dar conta dos
direitos dos indígenas e ao mesmo tempo surgem muitas denúncias pelos inúmeros abusos dos
colonos e também de alguns missionários.
Beatriz Perrone- moisés vai mencionar em sua obra que “os gentios cuja conversão
justificava a própria presença europeia na América eram a mão-de-obra sem a qual não se
podia cultivar a terra, defende-la de ataques de inimigos tanto europeus quanto indígenas,
enfim, sem a qual o projeto colonial era inviável. Os missionários, principalmente jesuítas,
defendiam a liberdade dos índios, mas eram acusados pelos colonos de quererem apenas
garantir o seu controle absoluto sobre a mão-de-obra e impedi-los de utilizá-la para permitir o
florescimento da colônia.”
Nesse período colonial, de acordo com Perrone “havia, no Brasil colonial, índios
aldeados e aliados dos portugueses, e índios inimigos espalhados pelos sertões. A diferença
irredutível entre ‘índios amigos’ e ‘gentil bravo’ corresponde um corte na legislação e política
indigenistas que, encaradas sob esse prisma, já não aparecem como uma linha tortuosa crivada
de contradições, e sim duas, com oscilações menos fundamentais. Nesse sentido, podemos
seguir uma linha de política indigenista que se aplica aos índios aldeados e aliados e uma outra,
relativa aos inimigos, cujos princípios se mantem ao longo da colonização. Nas grandes leis
de liberdade, a distinção entre aliados e inimigos é anulada e as duas políticas se sobrepõem”.
Desde o inicio da colonização portuguesa, os jesuítas foram os responsáveis em
administrar as aldeias, estes não eram somente responsáveis pela catequese, mas também por
toda a organização das divisões do trabalhos entre os indígenas e pelo bom funcionamento das
aldeias.
De acordo com Perrone “ a lei de 1611 mantém a jurisdição espiritual dos jesuítas,
estabelecendo porém, a criação de um capitão de aldeia morador encarregado do governo
temporal. A Lei de 1755,mas o Diretório de 1757 e a Direção de 1759, considerando os indíos
incapazes de se autogovernarem, instituirão os diretores das povoações de índios. O governo
temporal voltará às mãos dos jesuítas quando se entende que a conversão, intento primordial
do aldeamento, só pode ser feita desse modo(Cartas Régias de 6/12/1647 e 26/8/1680 para o
estado do Brasil, Carta Régia de 2/9/1684 para o estado do Maranhão, Regimento das Missões
de 1686). E será dada aos moradores quando estes, reclamando junto à Coroa da falta de braços
para a lavoura, dada a resistência dos missionários em fornecê-los, alegam que, além disso,
haverão de encarregar-se da civilização dos índios tão bem quanto os primeiros, ou talvez até
melhor. Em Cartas Régias de 17/1/1691 proíbem-se as administrações aos seculares das
aldeias...”
É através do aldeamento que todo o projeto colonial é realizado, uma vez que essa
dinâmica garante a conversão e ao mesmo tempo a ocupação do espaço e também devido as
guerras intertribais é uma defesa e uma garantia da mão-de-obra para que haja o
desenvolvimento econômico tanto para a colônia quanto para a Coroa. “ Como diz o
Regimento das Missões de 1686, é preciso que ‘ haja nas ditas aldeias índios, que possam ser
bastantes,tanto para a segurança do Estado, e defesa das cidades, como para o trato e serviço
dos moradores, e entradas dos sertões- o trabalho dos índios das aldeias é, desde o início,
remunerado, já que são homens livres”, é o que Perrone afirma.
Porém, diante de todo esse processo de catequização, de exploração de mão-de-obra,
a violência e duros castigos impostos pelos colonos ao indígenas, sabemos que o objetivo
principal dessa colonização é a catequese e a dita civilização. Essa sempre será a justificativa
para o processo de “ aldeamento,a localização das aldeias, as regras de repartição da mão-de-
obra aldeada, tanto a administração jesuítica quanto a secular,escravização e o uso da força
em alguns casos.”
É essa visão e discurso que os europeus vão sempre utilizar para justificar em alguns
momentos, todas as atitudes de exploração e violência aos indígenas, que era necessário todo
esse processo, pois era preciso salvar as almas desses indígenas e trazer-lhes a civilização
como bem maior.

4.Frei Cristóvão de Lisboa (1583-1652)

Como a figura de Frei Cristóvão de Lisboa é a base desta pesquisa, considera-se


importante apresentar, primeiramente, um pouco sobre a sua vida e a sua obra. Além disso, o
conhecimento de alguns traços de sua biografia justifica-se por ele ser considerado um dos
maiores defensores das causas indígenas no período colonial, tendo atuado precisamente no
Maranhão e no Pará.

A 25 de julho de 1583, nasceu Cristóvão Severim de Faria, assim chamado por ser dia
de São Cristóvão, no seio de uma família importante da sociedade lisboeta do século XVI.
Filho das segundas núpcias de Gaspar Gil Severim, executor-mor do Reino e escrivão da
3
Fazenda Real, e de Juliana de Faria, sendo estes primos entre si, oriundos de uma nobreza
administrativa que se afirmava na corte. Na sua adolescência e juventude Cristóvão realizou
os estudos na Universidade de Évora, juntamente com seu irmão mais velho, Manuel Severim,
ficando a educação de ambos a cargo do seu tio, o padre Baltasar de Faria Severim, chantre da

10SOUSA, Luis Felipe Marques de. Frei Cristovão de Lisboa(1583-1652) vida e Obra do primeiro Custódio do Maranhão (
trabalho apostólicos, historiografia e primeiros estudos de Zoologia na Amazonia.
11
SERRÃO, Joaquim Veríssimo. Viagens em Portugal de Manuel Severim de Faria (1604-1609-1625). Lisboa:
Academia Portuguesa de História, 1974, p.85-92 Apud SOUSA, Luís Filipe Marques de. Os capuchos de Santo
António (1585-1635). Lisboa: Universidade de Lisboa, Dissertação de mestrado, 2007, p.174.
12 10SOUSA, Luis Felipe Marques de. Frei Cristovão de Lisboa(1583-1652) vida e Obra do primeiro Custódio do Maranhão (
trabalho apostólicos, historiografia e primeiros estudos de Zoologia na Amazonia.p.3
13
14
AMORIM, Maria A. Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará: Missão e cultura na primeira metade de
seiscentos. Lisboa: CLEPUL, CEHR, 2005, p.168.
Sé de Évora, ,é o que nos afirma o autor Luis Filipe Marques de Sousa.

Em 23 de fevereiro de 1602, entrou como noviço franciscano descalço na Província


da Piedade, professando no convento de Santo António dos Capuchos de Portalegre, e, no ano
de 1609, encontrava-se no convento de São Francisco de Viseu. Pouco tempo depois, alegando
motivos de saúde, a austeridade e rigidez do ramo da piedade, pediu transferência para a
Província dos Capuchos de Santo António de Portugal, onde viria a completar os estudos de
arte e teologia, sendo ordenado sacerdote de Lisboa, convento cabeça de toda a Província, no
qual exerceria o múnus de pregador. Nos anos imediatos a sua ordenação, o frei ficou
conhecido pela oratória e pelos ricos sermões, sendo considerado “um dos famosos letrados e
pregadores do seu tempo”, de acordo com Joaquim Verissímo Serrão.

A 07 de maio de 1623, o convento dos capuchos em Lisboa recebeu a ordem do rei


para fundar uma nova custódia, no Estado do Maranhão, para a qual foi escolhido Frei
Cristóvão para ser o seu primeiro custódio e neste lugar instalar a Cruz de Cristo, a Fé Católica
e a Coroa Portuguesa. Desta maneira, ele passa como o sucessor de Frei António da Marceana,
comissário das missões no Maranhão empossado em 1617 como nos confirma Sousa:

Por ordem de sua Majestade, e obediência dos meus prelados passei às partes
do Maranhão e Pará a fundar numa nova custódia dos religiosos capuchos da
minha província de Santo Antônio, fui forçado a tomar o Brasil, deter-me nele
algum tempo. E daí me tomei a embarcar para o Maranhão onde assisti doze
anos, correndo visitando por várias vezes as terras daquelas conquistas,
ocupando-me na conversão dos gentios, a doutrina dos cristãos, remediando
e compondo também vários casos que me vinham à mão, por razão das
comissões de diferentes tribunais, ultimamente seguindo a ordem de meus
superiores, me recolhi por Índias de Castela, donde me embarquei para
Espanha...

Como descreve Amorim “Foi assim que, em 1624, Frei Cristóvão de Lisboa embarcou
para o Brasil na posição de visitador eclesiástico e comissário do Santo Ofício, tendo também
a missão de evangelizar. Notabilizou-se pela publicação do tratado História dos Animais e
Árvores do Maranhão e, principalmente, pela defesa dos índios.” E de acordo com Sousa “ Frei
Cristóvão permaneceu no Maranhão por doze anos e durante esse tempo desenvolveu
atividades missionárias entre os índios. Seu principal fundamento era a liberdade dos indígenas,
tornando-se um frade importante e com dupla função nas tribos, como sacerdote e como árbitro,
atuando nas contendas entre os membros dessas tribos.”
Antes de partir para o Maranhão, na companhia de Francisco Coelho de Carvalho, Frei
Cristóvão de Lisboa deu início às suas funções de superior da Missão Franciscana, requerendo
à Coroa que regulamentasse as condições de administração temporal dos índios, ao mesmo
tempo que denuncia a situação de mau tratamento a que estavam sujeitos sob o jugo dos
portugueses.

“Com a chegada dos capuchos e de Frei Cristóvão no Maranhão deu-se início a um


novo período de catequização no nordeste brasileiro, o ciclo maranhense ”, corforme Sousa
escreve em sua obra. “Apesar da clareza da política oficial em apoio dos Capuchos, o primeiro
custódio quis assegurar-se do êxito das tarefas apostólicas, sobretudo, perante o problema dos
índios. Desta maneira, Frei Cristóvão de Lisboa ficou conhecido por ser o porta voz dos gentios
contra os abusos das autoridades civis e escravização dos colonos .”

Frei Cristovão de Lisboa não aceita as condições dos índios que vivem explorados
pelos capitães e envia um requerimento a Filipe II, comungando deste mesmo pensamento os
religiosos informam ao monarca as práticas abusivas e a busca somente pelo lucro,e
apresentam diversas queixas contra os capitães, falando da exploração, do trabalho forçado e
sem pagamento e denuncia também o roubo de suas mulheres e filhos, e possivelmente esses
roubos são para práticas de amancebia.Com o trabalho excessivo estes indígenas não têm tempo
para frequentarem os cultos e toda a ação catequética planejada pelos franciscanos, e isso vai
contra os planos da Coroa, que tem como principal objetivo introduzir esses gentis na fé cristã.

Essas práticas violentas dos capitães vão provocar nos índios o desejo de se afastar do
aldeamento e começam a fugir para o interior dos sertões, onde vão transmitir aos outros as
péssimas condições em que viviam junto aos portugueses e estes vão se tornando inimigos
mortais. Seguindo seu objetivo e missão, o custódio pede pelo fim da administração dos
capitães sobre os índios, mostrando mais uma vez que sua ação missionária é em prol da
liberdade dos índios.
Diante dessas denuncias ao monarca, Frei Cristóvão de Lisboa valoriza a pessoa do
índio e ressalta a sua importância na economia, na sociedade e na própria defesa da colônia.
Quando esses capitães maltratavam os indígenas vinha como consequência a fome por que
estes eram impedidos de cultivarem suas roças, e com isso havia fugas e a colônia ficava
fragilizada e sob ameaças dos ataques de índios não pacificados.
Então, o ex governador, Gaspar de Sousa, aprova a petição, e chega da corte o alvará
régio a conceder a administração temporal dos índios aos Capuchos de Santo Antônio, e aos
15 de março de 1624, Filipe II ordena a retirada da administração das aldeias de índios e se
entregue aos franciscanos:

“ Fui informado que as pessoas a que fiz mercê das capitanias de algumas
aldeias nas partes do Maranhão, vexam os índios por diversos modos,
obrigando-os a trabalhar com excesso e demasia, não lhe pagando o preço e
o jornal do seu trabalho, tomando-lhe mulheres e filhos(...)

D. Filipe II

A missão do custódio continua, e aos 25 de março de 1624, ele e mais dez


companheiros deixaram o Tejo em companhia do primeiro governador, Francisco Coelho de
Carvalho, com destino a Pernambuco e São Luis do Maranhão. Chegando em seu destino, Frei
Cristovão faz valer suas prerrogativas em defesa dos direitos dos índios e viaja entre São Luis,
Belém, Ceará e Pernambuco e ainda ao longo do Rio Tocantins divulgando a doutrina
franciscana e sua missão sacerdotal. E como parte dessa missão esses religiosos aprendiam a
língua dos indígenas para facilitar o inicio de suas práticas educativas de catequização e ao
mesmo tempo o ensino da língua portuguesa às crianças, tendo como principal objetivo a
evangelização, já que com os adultos havia uma certa resistência.
Frei Cristovão soube viver sua religiosidade junto aos nativos, aprendeu sua língua,
seus costumes e tradições, mas sobretudo o conhecimento da terra, “ mas 4 é nos seus sermões
que se expressa a luta incansável do frei pela liberdade dos índios e pela garantia dos direitos
destes .”( Marques,1996)

15
SOUSA, Luís Filipe Marques de. Frei Cristóvão de Lisboa (1583-1652) vida e obra do primeiro custódio
Do Maranhão. Comunicação ao Congresso Internacional sobre os franciscanos em Portugal e no mundo, 27 a 29
de julho de 2011, Lisboa.
16SOUSA,Luis Filipe Marques de. Frei Cristovão de Lisboa(1583-1652) Vida e Obra do primeiro custódio do Maranhão(
trabalhos apostólicos, historiografia e primeiros estudos de zoologia amazônica).p.6
17 SOUSA,Luis Filipe Marques de. Frei Cristovão de Lisboa(1583-1652) Vida e Obra do primeiro custódio do Maranhão(
trabalhos apostólicos, historiografia e primeiros estudos de zoologia amazônica).p.6

18Cf.: MARQUES, João Francisco. Frei Cristóvão de Lisboa, missionário no Maranhão e Grão-Pará (1624-
1635), e a defesa dos índios brasileiros. In: Revista da Faculdade de Letras, História, Universidade do Porto,
n.13, 1996, p.323-352.
22 AMORIM, Maria Adelina. Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará: Missão e cultura na primeira metade de
seiscentos. Lisboa,2005p.163.
5. Os sermões e as cartas: a defesa dos índios

Frei Cristovão de Lisboa não mediu esforços para defender os nativos contra a
exploração dos portugueses e até mesmo dos moradores da região do Maranhão e Grão-Pará e,
de acordo com Amorim, para isso, soube fazer uso da oratória em defesa dos índios. O
missionário enfrentava a hostilidade de forma ativa mesmo que isso significasse alguns
dessabores e sofrimentos.
A atuação do franciscano em defesa dos índios pode ser observada desde antes da sua
chegada à colônia. Por exemplo, em 17 de outubro de 1623, ainda em Portugal, Cristóvão envia
um requerimento a Filipe II, no qual apresenta queixas contra os capitães que maltratam os
índios, explorando-os, alugando-os, fazendo-os trabalhar sem pagamento e roubando-lhes as
mulheres e os filhos.
O custódio pede que cesse a administração dos capitães sobre os índios, por ser em
detrimento do serviço de Deus e de sua Majestade. Conforme, Adelina Amorim, pela datação
do requerimento, o pedido foi produzido no seguimento do “Memorial dos Capuchos do Pará”,
um dos mais antigos testemunhos da História do Estado do Maranhão e Pará e da luta em prol
dos direitos humanos e da liberdade dos índios.

[Ant.1623, outubro 17], Requerimento do custódio e mais religiosos do Maranhão a Filipe II,
queixando-se dos capitães que exploram os índios, alugando-os, fazendo-os trabalhar e chegando a
tomar-lhes mulheres e filhos.
m Custódio e mais religiosos que Vossa Majestade manda para a conversão dos gentios do Maranhão e
Pará, que alguns portugueses, não sendo Vossa Majestade bem informado, alcançaram de Vossa
Majestade as capitanias das aldeias dos gentios daquelas partes, o que é em grande detrimento do serviço
de Deus e de Vossa Majestade, porque os tais capitães, como a experiência o tem mostrado, assim em
toda a costa do Brasil como nas Índias de Castela, tendo supostos os olhos no proveito temporal, por
cujo respeito pretendem as sobreditas capitanias sem ordenado algum, vexam os índios por diversos
modos, alugando-os e fazendo-os trabalhar com excesso e demasia e tomando-lhe o preço e jornal de
seu trabalho e chegam a tomar-lhe as mulheres e filhas, tratando a todos com aspereza e rigor imoderado,
sem terem cuidado de os remediarem e prevenirem suas necessidades, antes nem tempo lhe dão para
fazerem suas roças, que é o de que aquela gente se mantém e juntamente os portugueses, e atendendo só
a que trabalhem, lhe não dão lugar para os doutrinar, sendo a instrução da fé o principal intento com que
Vossa Majestade, com tanta despesa de sua Fazenda, manda povoar e conquistar aquelas partes. E com
os sobreditos capitães, os gentios que querem ser levados com brandura se escandalizam, de modo que
feitos num corpo, fogem para o sertão, levando tais novas dos portugueses aos outros que nos ficam
tendo e tratando como a inimigos mortais, donde se segue ficar a terra erma, sem quem a cultive, e
portanto, falta de mantimento, caça e pesca, que eles fazem sem se poder povoar e sem haver quem
sirva. E sobretudo impedindo-se e tolhendo-se totalmente a conversão daquela gente e a dilatação da fé
católica, porque os que a tinham recebido, fugindo para o sertão a deixam, e os outros, como evitam o
comércio dos portugueses, não podem ter notícia dela, e além disto fica a terra conquistada, a risco de
se poder mal defender. Como não temos os índios por amigos, com que nos defendamos dos que os não
são, e sem eles o fazemos com dificuldade, por ser a terra muito coberta e cheia de arvoredo muito
serrado, onde só sabem e podem pelejar os índios como naturais e práticos na terra e costumados a
pelejar em semelhantes postos, com as mesmas armas de arcos e flechas de que nós não usamos, sendo
as nossas para semelhantes lugares de pouco efeito, donde se achará que o Brasil e Índias de Castela
foram conquistados com os mesmos gentios nossos amigos, que os capitães granjearam, por entenderem
que sem eles não podiam ofender aos outros nem defender-se.
A Vossa Majestade seja servido de mandar que as mercês das tais capitanias não tenham efeito, pois
por todas as mais são em detrimento do serviço de Deus e de Vossa Majestade. E Receberão Mercê. O
movimento representado por Cristóvão foi acatado pela coroa, sendo expedido alvará régio a conceder
a administração temporal dos índios aos capuchos de Santo Antônio. Aos 15 de março de 1624, Filipe
II ordena que se retire aos seculares a administração das aldeias de índios e se a entregue aos
franciscanos, para o que se dispõe, lhes sejam concedidas as ordinárias competentes. O texto do
documento expressa o conteúdo do requerimento do custódio, as sugestões dos missionários capuchos
e revela a importância da Ordem junto da corte.
Ao Rei faço saber, aos que este alvará virem, que eu fui informado, que as pessoas a que
fiz mercê das capitanias de algumas aldeias nas partes do Maranhão, vexam aos índios por
diversos modos, obrigando-os a trabalhar com excesso e demasia, não lhe pagando o preço e
jornal do seu trabalho, tomando-lhe suas mulheres e filhas, tratando a todos com aspereza e
rigor, sem terem cuidado de os remediarem nem proverem suas necessidades, antes os
impedirem de fazer suas roças, dando ocasião com isso, a lhes faltar lugar para os doutrinarem
em os mistérios da nossa santa fé. E querendo nisto prover, como convém ao serviço de Deus e
meu, e ao bem dos meus vassalos daquelas conquistas, para que elas vão por diante e cesse o
modo dos ditos capitães, pela maneira sobredita escandalizarem os gentios, e por essa causa
fugirem para o sertão, e por outras considerações que me a isto movem, hei por bem e me apraz,
que as capitanias das aldeias que estiverem dadas nas ditas do Maranhão a pessoas seculares,
se lhe tirem e assim toda a administração que de outras se tem dado aos clérigos. E manda aos
Provedores das ditas partes e mais justiças e oficiais e pessoas, a que o conhecimento disto
pertencer, que cumpram e guardem e façam inteiramente cumprir e guardar este alvará, como
nele se contém, que valerá, e posto que, seu efeito haja de durar mais de um ano, sem embargo
das Ordenações, Livro IX, § 40, em contrário. João Correia o Fez, em 15 de março de 1624. E
eu Pedro Sanches Faria o fiz escrever.
Apesar disso, abre-se uma profunda alteração no campo administrativo da sociedade
colonial, criando disputas entre as várias forças em questão. De acordo com Amorim,
“autoridades municipais e governativas, religiosos dos vários institutos e congregações,
governantes locais e do poder central, teólogos e juristas vão encetar a partir daí um conflito
sem tréguas, que tem tradução profunda na vida e na sociedade do Estado do Maranhão daquela
época.”
O movimento representado por Cristóvão foi acatado pela coroa, sendo expedido
alvará régio a conceder a administração temporal dos índios aos capuchos de Santo Antônio.
Aos 15 de março de 1624, Filipe II ordena que se retire aos seculares a administração das aldeias
de índios e se a entregue aos franciscanos, para o que se dispõe, lhes sejam concedidas as
ordinárias competentes. O texto do documento, citado na obra de Amorim, expressa o conteúdo
do requerimento do custódio, as sugestões dos missionários capuchos e revela a importância da
Ordem junto da corte.
Mesmo longe, Frei Cristóvão de Lisboa, não desistiu da sua luta em defesa dos
indígenas e preparou um semanário para publicar os seus sermões que declarou quando esteve
no Grão-Pará e Maranhão e intitulou: Santoral de Vários Sermões de Santos, oferecido a
Manuel Severim de Faria, chantre da Sé de Évora. Esta obra é constituída de vinte e seis
sermões e Frei Cristóvão de Lisboa faz uma dedicatória ao seu irmão Manuel Severim com a
declaração de que se tenha através desta obra a notícia dos seus trabalhos: “e possa Vossa Mercê
julgar sobre publicação das outras obras que intento dar à estampa”( Amorim,2005)
Os sermões constituem, segundo Francisco da Gama Caeiro, um terreno fértil para
“abordagens novas de textos velhos”. Frei Cristóvão de Lisboa inicia seu prólogo com uma
autobiografia e informa aos leitores de que fez em todas as partes por onde passou vários
sermões: “Deles separei para imprimir os que se contêm no presente livro, não por me parecer
que foram os mais aceites que preguei, mas por que não faltou quem os notasse de muito
ásperos.”
Os discursos de Frei Cristovão comparam o cativeiro dos índios a um roubo, uma
usurpação quê revolta os naturais, de modo a que eles se inserjam contra os cristãos e não
queiram seguir-lhes a doutrina.
Frei Cristovão compara os mercadores do sertão a ladrões, que não porão o pé “na
vereda do céu”, citando Jó. Distingue dois tipos diferentes de mercadores e acusa aqueles que
são “ os mais refinados cobiçosos do mundo”, porque são ladrões disfarçados, salteadores e
bestas feras, que se mantém de gente: “Levam estes tais mercadores uma rede defumada, que
não presta para coisa alguma, nem o índio quer. Metem-lhe em casa à força e tiram-lhe dela
maior força o escravo de que se servia”
Estes lançavam mão ao índio livre e, ainda que aquele não o quisesse vender, atiravam-
lhe a rede para o chão e apanhavam-lhe o escravo. Diante disso, Frei Cristóvão de Lisboa
declara que os mercadores cobiçosos não alcançarão o céu, pois o céu não se conquista com o
roubo do alheio. Percebe-se que os sermões pregados no Maranhão, Frei Cristovão revela-se
incisivo nas críticas, sem procurar abrandar o ritmo da acusação., procurando sempre manter o
tom. Como bem percebemos no sermão de Nossa Senhora da Apresentação que compara o mar
ao “ajuntamento dos maus”. Quando os rios “de águas cristalinas, doces e saudáveis” entram
no mar, ou o mar nelas, através das marés, ficam corrompidos.
O missionário ainda persiste na comparação do mar com os homens maus que
contaminam os rios, representantes dos homens bons, os maus são como que corrompe as partes
boas dos rios: “E não basta abster-se de ir buscar aos maus, basta que consistais que vos
busquem eles, para em poucos dias vos contaminarem a consciência”.
Ainda seguindo a linha do discurso do pregador, no movimento das marés, quando esta
vaza e o mar recua, o rio ficará como dantes, “como sucede em muitos os que estão nesta
conquista”. Como descreve a autora, diante desta realidade surgem alguns questionamentos
sobre os sermões do Frei Cristóvão e suas críticas diante da exploração dos nativos e um desses
questionamentos se referia a quem seria o pregador e quem seria como o mar pestilento e como
o rio puro. Seguindo a linha do sermão do missionário e sua explicação os puros são os índios
que se corrompem pelo contato com brancos, ou haveria entre eles, alguns homens bons que se
estragariam em contato com os maus.
Seguindo a lógica do mesmo sermão, Frei Cristóvão provoca os moradores a tratar
bem os seus criados bem como os filhos destes porque senão o fizerem se tornarão pessoas
ruins e viciosos. Ainda nesse contexto o autor faz referência aos “línguas dos sertões”, que são
índios que serviam os capitães e vão pelos sertões apresar outros índios para o patrão:

“Parte pois um capitão destes, leva um par de línguas criados em sua


doutrina, e às vezes de sua casa, apresenta-se em uma aldeia, ali lhe vê
o língua tomar as mulheres e os filhos dos índios, roubar a pobreza dos
moradores, vexá-los, afrontá-los, e não reparar em levar os livres por
cativos”.

Esse “língua” vai de aldeia em aldeia, mandado por seu senhor, buscar mais escravos,
e “faz em todas por onde passa mil exorbitâncias e insolências” e comete toda a espécie de
maldade inclusive cometer abusos contra as índias, chegando a desonra-las. Espanca os índios
principais das aldeias e furta-os, fazendo-o triplamente para dividir o seu próprio quinhão, outro
para o cabeça que o conduziu à aldeia e, o terceiro para o amo que o enviou.

O missionário refere-se ao problema do cativeiro do índio e a usurpação da dignidade


das mulheres e dos chefes indígenas, retomando a ideia de que tais atos afastam os naturais da
fé cristã. Relembra ainda as inúmeras conversões realizadas pelos religiosos, os milhares de
índios que tinham aderido ao baptismo e professado o catolicismo, e acusa:

E hoje vemos que os sertões estão acabados, destruídos, assolados. Os índios


fugidos, mortos, consumidos, e que não só, não há quem venha a receber a fé,
nem sacrificar-se a Deus, mas que aqueles que a tinham recebida fogem da
Igreja por estes matos.

O que percebemos que a destruição e a ruína provém do mau tratamento contra os


silvícolas, “porque não há índio que possa sofrer tantas vexações e insolências”, as mãos dos
seus iguais, a mando dos senhores. Ele compara estes amos e seus criados às águias que criam
os filhos das cegonhas e só lhes dão de comer quando lhes crescerem asas e unhas, ou seja,
quando se tornarem seus semelhantes na maldade e na violência. Ele ainda recorre a imagens
bíblicas e explica o seu uso: “Pela águia é entendido aqui o superior ruim, como são as cabeças
das famílias das casas, metáfora ordinária que usa a Escritura Sagrada” compara as águias aos
capitães e aos maiores, e as crias das cegonhas aos seus criados, a quem não pagam salário,
nem vestuário, nem mantimentos, antes se resumem a dar-lhes asas e unhas, ou seja, a liberdade
de furtar.
“Partem para o sertão, os línguas e os sertanejos, Hão de andar por lá por todo um ano,
que as entradas que se fazem nos sertões são sem saída, e para melhor dizer, não são entradas,
mas estadas”. Frei Cristovão critica o modo como são realizadas as entradas, a violência e a
crueldade verificadas, o sofrimento dos índios das aldeias, num quadro vivo de apelo às
consciências de quem ouve:

“Metem-se nas canoas com trinta tupinambás remeiros que lhe servem em cada
uma de asas, levam as canoas voando, e os que vão dentro levam outras asas
de liberdade e poder para assolar tudo; as unhas das traças e crueldades para
roubar e destruir não lhe faltam, antes lhes crescem cada dia mais, e assim não
deixam coisa que não consumam”.

Neste sermão de Nossa Senhora da Apresentação, o pregador faz uma profunda crítica
como é o cativeiro dos índios e a forma como ocorre sua captura, que é cercada de violência.
Ainda acusa a forma do uso dos índios domésticos, que são levados por seus amos ambiciosos
e sofrem todos os tipos de abusos e ainda denuncia o sistema das entradas que são feitas sem
nenhum controle e deixam os índios do sertão `a mercê dos seus capturadores, sem qualquer
freio.

A autora ainda afirma que no sermão de São Boaventura, Frei Cristovão insiste no tema
do cativeiro dos índios, no modo como se fazia o seu comercio, trocando os seus produtos por
coisa nenhuma, capturando os índios forros e todos os seus haveres:

Assentai para o que passa nestas idas e vindas dos sertões. Vai lá fulano e
cicrano e espantam-se todos de verem homens que não levaram coisa alguma,
de trazerem tantas. Não lhes escapa, forro, que os tais não tragam por cativo,
nem coisa que os índios que lá ficam, possuam, que lhe não apanhem.
Brevemente deixam os índios pelados e esfolados, quando os não fazem
escravos.

Sermão de São Boaventura

Podemos perceber diante do testemunho de Frei Cristovão expressado nos sermões e


nas diversas comparações que fez, a sua luta em favor da liberdade e defesa dos direitos dos
índios e como sua Oratória Sacra surtiu efeito e ecoou nos diversos ambientes da região do
Grão-Pará e Maranhão e chegando até a Corte. Soube vivenciar, a exemplo de São Francisco
de Assis, sua defesa em favor dos menos favorecidos e mostrar a sua indignação diante dos
maus tratos e abusos contra a dignidade dos nativos, mesmo sofrendo alguns dessabores como
ele próprio descreve em suas cartas. Seu exemplo e coragem serviu de inspiração para muitos
da ordem, pois Frei Cristovão foi o pioneiro em lutar em favor dos direitos dos indígenas em
terras brasílicas.

Considerações finais

O desenvolvimento do tema ao qual me propus pesquisar, trouxe-me um bom


resultado, tanto pessoal como acadêmico, pois tive a oportunidade de entrar em contato com
muitos autores e suas obras o que fez aumentar ainda mais meu interesse na pesquisa. Conhecer
sobre a missão franciscana na Amazônia, desde o período da colonização, onde a presença
desses missionários foi muito importante para a Coroa,uma vez que estes souberam utilizar uma
dinâmica para manter os indígenas nos aldeamentos e, o próprio aldeamento foi uma estratégia
para que esses grupos permanecessem nas aldeias, ora se beneficiando desse processo, ora
defendendo esse território dos inimigos. Digo que me oportunizou ver através dos autores o
quanto essa ordem soube viver os carismas de Francisco de Assis em terras tão distantes e o
quanto esses missionários foram bons pregadores do Evangelho, mesmo diante de inúmeras
dificuldades.
Não posso esquecer de destacar que nem todos os missionários vivenciaram esses
carismas, como apontam muitos documentos e relatos dos próprios frades, ou agiram de piedade
com os indígenas que aqui encontraram. Existem muitos descritos de que esses missionários
agiram por conta de seus próprios interesses, escravizando ainda mais esses povos e também
acumulando muitas riquezas para si e para a coroa.
Mesmo com esses desafios, esses missionários não deixaram de cumprir sua missão
nesta terra, e ao longo de toda a história sobre a catequização dos indígenas, os franciscanos
mostraram sua atuação e viva presença, que fez muita diferença tanto para os indígenas quanto
para a igreja. E em cada período dessa permanência franciscana em nossa terra, surgem figuras
que vão lutar em defesa dos indígenas e contra os diversos abusos dos colonos.
Como cito em minha pesquisa a figura de Frei Cristovão de Lisboa, que foi um
franciscano atuante na luta em defesa dos silvícolas e, através de sua oratória e grande
conhecimento intelectual, escreveu para o rei denunciando os inúmeros abusos e pesados
castigos pelos quais eram submetidos essa gente.
No decorrer dos textos, os quais tive maior contato, pude perceber o quanto tornou-se
importante meu esforço em adquirir mais conhecimento sobre a história desses homens, que em
nome de Deus e de uma Ordem, foram capazes de testemunhar com suas vidas um ideal cristão,
um amor pelo Evangelho e por Cristo.
Por isso, acredito que minha pesquisa pode contribuir e ao mesmo tempo abrir espaços
de discursão sobre a temática, uma vez que ao falar sobre a presença franciscana e a
catequização dos indígenas desde o descobrimento do Brasil, ainda nos aponta muitas
curiosidades e novidades sobre os missionários e o encontro com os nativos e com essa nova
dinâmica que se dá através dos aldeamentos e da incorporação de uma nova cultura.
Ao meu ver, é isso que me fez mergulhar dentro desse universo franciscano, uma vez
que atuo em uma área na qual a presença dos frades é constante e o quanto vejo em suas atitudes
e testemunho o esforço em lutar em defesa dos oprimidos, dos excluídos e injustiçados e por
toda uma classe onde são negados os mínimos direitos a uma vida digna.
Posso perceber que mesmo passado muito tempo de toda a história de Francisco de
Assis, que foi capaz de se despojar de todos os seus bens para seguir os ideais evangélicos,
ainda vejo em nossos dias muitos jovens atraídos por esses mesmos ideais, sendo capazes de
vivenciar a pobreza, a caridade e um imenso amor pelos pobres e indefesos.
Por isso, desejo que essa pesquisa possa contribuir para a área do conhecimento e se
faça entender como aconteceu todo o processo de catequização desses povos, e como muitos
autores, através de suas pesquisa, podem nos ajudar a conhecer e entender toda a dinâmica
dessas missões na Amazônia e em todo território brasileiro, pois acredito ser muito importante
conhecer ainda mais sobre a atuação desses nobres missionários, que doaram suas vidas e com
seu testemunho foram fiéis seguidores de Cristo e de seu Evangelho.

Fontes
LISBOA, Frei Cristóvão de. Santoral de Vários Sermões de Santos oferecidos a Manuel
Severim de Faria Chantre da Sé de Évora. Lisboa: António Álvares, 1638. Cartas de Frei
Cristóvão de Lisboa. In: Apêndice documental. In: AMORIM, Maria Adelina. Os
Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará: Missão e cultura na primeira metade de seiscentos.
Lisboa: CLEPUL, CEHR, 2005, p.221-325.

Bibliografia
AMORIM, Maria Adelina. Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará: Missão e cultura na
primeira metade de seiscentos. Lisboa: CLEPUL, CEHR, 2005. AMORIM, Maria Adelina. A
formação dos Franciscanos no Brasil colônia à luz dos textos legais. In: A propósito de Frades,
Salvador, Progresso,1959.
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Discursos e Pronunciamentos. A dimensão
retórica da historiografia. In: PINSKI, Carla B. & LUCA, Tania Regina de (orgs.). O
Historiador e suas fontes. São Paulo: Editora Cortez, 2012, p.223-249. ALMEIDA, Maria
Regina Celestino de. Catequese, aldeamentos e missionação. In: FRAGOSO, João &
IGLESIAS, Tania Conceição. Fontes Franciscanas: os franciscanos na historiografia do Brasil
e na história da educação brasileira. In:Revista HISTERDBR On-line, Campinas,n.43,p.254-
267, set2011-ISSN:1676-2584
MARQUES, João Francisco. Frei Cristóvão de Lisboa, missionário no Maranhão e Grão-Pará
(1624-1635), e a defesa dos índios brasileiros. In: Revista da Faculdade de Letras, História,
Universidade do Porto, n.13, 1996, p.323-352.
SOUSA, Luís Filipe Marques de. Frei Cristóvão de Lisboa (1583-1652) vida e obra do
primeiro custódio do Maranhão. Comunicação ao Congresso Internacional sobre os
franciscanos em Portugal e no mundo, 27 a 29 de julho de 2011, Lisboa. Disponível em:
https://www.academia.edu/18058850/FREI_CRISTÓVÃO_DE_LISBOA_1583-1652_
Vida_e_Obra_do_primeiro_custódio_do_Maranhão_trabalhos_apostólicos_historiografi
a_e_primeiros_estudos_de_zoologia_amazónica_
SOUSA, Luís Filipe Marques de. Frei Cristóvão de Lisboa (1583-1652) vida e obra do primeiro
custódio do Maranhão. Comunicação ao Congresso Internacional sobre os franciscanos em
Portugal e no mundo, 27 a 29 de julho de 2011, Lisboa. Disponível em:
https://www.academia.edu/18058850/FREI_CRISTÓVÃO_DE_LISBOA_1583-
1652_Vida_e_Obra_do_primeiro_custódio_do_Maranhão_trabalhos_apostólicos_historiograf
ia_e_primeiros_estudos_de_zoologia_amazónica_
SPOSITO, Fernanda. História e Escravidão: Escravidão indígena: nas sombras da
História,.contra condutas-pesquisa sobre trabalho e migração na construção civil,2017.

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