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OS CATIVOS DA FÉ
RIO DE JANEIRO
2006
2
OS CATIVOS DA FÉ
RIO DE JANEIRO
2006
3
À memória de
Agradecimentos
Gostaria de agradecer aos meus amigos Tatiana Firmino Tavares, Fábio Mitsuo
Kuriyama, Renato Marques, Ana Paula Mello, e especialmente Luiz Carlos Nunes
Martins, que foram aliados constantes e alicerces importantes frente às dificuldades que
surgiram. Este agradecimento se estende também a vários outros amigos, familiares e
colegas da graduação, como Denize Larche, que direta ou indiretamente sempre
estiveram presentes e que torceram por mim ao longo da graduação.
Sumário
I –Resumo .................................................................................................. 7
II –Introdução .............................................................................................. 8
1 –A Expansão da Igreja Católica na América Portuguesa ........................ 10
1.1 –A Igreja Católica chega aos trópicos .......................................... 11
1.2 – Expandir o território da fé: O pioneirismo jesuítico, os índios e
os negros .................................................................................................... 14
1.3 – A Igreja entre o Padroado português e as capelas dos
primeiros povoados .................................................................................... 18
2 – As Afro-Religiosidades e o Catolicismo Negro na América Portuguesa
..................................................................................................................... 26
2.1 – Catolicismo e afro-religiosidades populares na América
Portuguesa ................................................................................................. 27
2.2 –Religiosidades afro-católicas públicas e privadas ..................... 30
2.3 –Os calundus e as mandingas negras ......................................... 34
2.4 –O catolicismo negro ................................................................... 39
3 –O Catolicismo das Irmandades Negras na América Portuguesa ........... 45
3.1 –A devoção sagrada e profana das irmandades negras .............. 46
3.2 – Diversidade, identidades e relações de poder nas irmandades
negras ......................................................................................................... 50
3.3 –Solidariedades e resistências nas irmandades negras .............. 55
4 –Conclusão .............................................................................................. 61
5 –Bibliografia ............................................................................................. 63
7
Resumo
Introdução
Este trabalho tem por objetivo investigar a atuação dentro da Igreja Católica, dos
negros africanos que foram trazidos através do tráfico de escravos para a América
portuguesa entre os quinhentos e os setecentos.
Pretende-se observar como o catolicismo, com o qual tiveram contato muitas das
vezes de maneira imposta ao longo da escravidão, permitiu que os africanos escravizados
reconstruíssem suas existências, culturas, tradições, ancestralidades, e identidades sociais.
Pretende-se investigar ainda como através do contato com a Igreja, os negros africanos
transformaram os novos códigos culturais, aos quais foram submetidos, a sua maneira,
segundo suas demandas simbólicas e políticas, resistindo e resignificando a experiência
escravista.
Para tanto, no primeiro capítulo, tentarei apontar a entrada da Igreja Católica na
Colônia, como esta se deu, os objetivos originalmente previstos e as relações de poder em
questão, assim como qual fora o desdobramento da atuação dos muitos clérigos, a serviço
da Coroa portuguesa, no território colonial sobre os índios e negros. Discutirei ainda quais
foram os conflitos existentes que alteraram o projeto original de colonização missionária,
que acabou por se efetivar em grande parte, como veremos, através da atuação das ordens
seculares e leigas no catolicismo colonial produzido nas capelas de engenho e
posteriormente nas irmandades religiosas.
Em seguida, no segundo capítulo, procurarei mapear ao longo dos séculos de
evangelização, as várias expressões do catolicismo colonial elaborado em constante
interação com as religiosidades populares formuladas pelos diversos grupos étnicos que
habitavam a Colônia. Plasmando assim ao longo do processo histórico aqui investigado,
uma diversidade de expressões da fé que não estavam previstas no sentido original da Igreja
na América portuguesa esboçado pelo Padroado e sob as decisões da Reforma Católica e do
Concílio de Trento. Estas religiosidades híbridas se tornaram muito difíceis de controlar
num primeiro momento, mas entre negociações e muitos conflitos, muitas delas acabaram
por serem incorporadas à Igreja Católica colonial.
Destas religiosidades populares, muitas delas tidas como ‘perigosas’ e ‘desviantes’,
destacarei os aspectos públicos e privados das crenças católicas e também as de origem
9
CAPÍTULO 1
4
HOONAERT, E. op. cit., p. 555.
14
A partir do século XVIII, em torno da atuação dos seculares e leigos, com suas
capelas e posteriormente irmandades religiosas, surgiram os primeiros assentamentos
urbanos ao redor das mesmas. Embora tivessem sido marginalizados, muitas das vezes,
pelos clérigos regulares, foram os leigos e os seculares em grande parte responsáveis pela
efetivação do projeto colonizador via assistência social religiosa, tendo sido responsáveis
pela centralização da Colônia em torno de freguesias que configuraram os primeiros
aldeamentos urbanos. Toda esta ‘militância’ cristã esteve evangelizando a faixa litorânea do
Nordeste, os interiores (Maranhão, Pará e Amazonas), Minas Gerais e o Oeste, São Paulo e
o Sul.
5
ibid., p. 555.
15
açúcar, os jesuítas a fim de protegerem os índios tentaram estabelecer suas missões longe
dos centros de colonização, tendo muitos deles se estabelecido em fronteiras. Entraram no
Amazonas e no sertão do Nordeste. Nas regiões costeiras, os jesuítas e outras ordens
começaram a cuidar especialmente dos brancos e escravos negros.
No entanto, para E. Hoornaert, nunca houve qualquer atividade missionária voltada
especificamente para os negros. Segundo esse autor, “o escravo africano fazia parte por
direito de uma família patriarcal e que era propriedade de um senhor branco6.” Esta postura
frente aos africanos permitiu que muitos jesuítas possuíssem escravos negros em seus
colégios, fazendas e aldeamentos. Aqueles que entre eles ousaram criticar esse estado de
coisas foram rapidamente repatriados. A justificativa ideológica dos jesuítas para a
escravidão africana era a de que estes últimos eram amaldiçoados pela sua herança de Cam.
Hoornaert destaca tal mentalidade citando o jesuíta Antônio Vieira que:
6
ibid., p. 556.
7
ibid., p. 566.
16
Entre a cruz e as armas estiveram os índios que, por sua vez, assistiram ao conflito
entre colonos e missionários que num primeiro momento estiveram cooperantes no projeto
de colonização via subjugação indígena e agora disputavam entre si sua tutela.
Segundo E. Hoornaert, por exemplo:
8
ibid., p. 559.
9
ibid..
10
HOONAERT, E. A evangelização e a cristandade durante o primeiro período colonial., op. cit., p. 36.
17
11
ibid. A Igreja Católica no Brasil colonial, op. cit., p. 566 - 567.
12
ibid., p. 560.
18
13
HEMMING, John. História da América Latina: vol. II. cap.10 apud. HOONAERT, E. A Igreja Católica no
Brasil Colonial., op. cit., p. 560.
14
BOXER, Charles. Problemas de organização. In: A Igreja e a expansão ibérica (1440-1770). Lisboa:
Edições 70, 1981. p. 99.
19
deveres do Padroado. Esta indiferença era a princípio, segundo Boxer, compartilhada pelo
Concílio de Trento. No século XVIII entretanto, a política mudou. O Papado percebeu seu
descontrole das ações missionárias e passou a ter tensões e conflitos com o Padroado
português e com o Patronato espanhol.
18
ibid., p. 101.
21
Ultramar, nos mostra como não houve um controle contínuo e coeso da Coroa em suas
Colônias.
Mesmo sob rivalidades, os missionários portugueses e os missionários espanhóis
quando estavam submetidos a mesma Coroa no período da União Ibérica, por vezes
cooperaram entre si pela internacionalização da investida missionária, como era o propósito
da Companhia de Jesus, e cooperaram também contra as investidas coercitivas do Papado.
Conforme aponta Boxer:
19
ibid., p. 104.
20
HOONAERT, E. A Igreja católica no Brasil colonial., op. cit., p. 36.
21
HOONAERT, E. op. cit., p. 562.
22
decretos do Concílio de Trento somente seriam aplicados no país no século XIX 22” , e uma
legislação eclesiástica única e rígida somente seria aprovada tardiamente e sem grande
eficácia e aplicabilidade no século XVIII.
Para Charles Boxer, as missões funcionaram como instituições de fronteira. Os
missionários do clero regular, em especial os jesuítas, tinham como função, ligados ao
Padroado Real no qual estavam jurisdicionados, expandir a fé e as fronteiras da Colônia.
Deveriam também manter as fronteiras da Colônia através da terra e da fé, a fim de
afastarem as ameaças internas traduzidas em reações indígenas e africanas, e externas,
como, por exemplo, a invasão de holandeses protestantes em Pernambuco. A Igreja
pretendia se constituir como a ‘bandeira-fortaleza’ que protegesse o território colonial de
ameaças ‘infiéis’. Essa pretendia ser uma de suas missões. Podemos dizer ainda que as
‘fronteiras’ a serem ultrapassadas pelos missionários regulares, assim como pelos clérigos
seculares e leigos, unidos, muitas das vezes, nesta causa, foram os obstáculos dos projetos
de evangelização e colonização que ocorreram no processo de montagem e manutenção do
império católico ultramarino português.
Sobre a necessidade da manutenção das fronteiras do império e da fé através da
investida missionária, Boxer nos fala que a Companhia de Jesus preparara o terreno para a
atuação do clero secular:
22
ibid., p. 562.
23
BOXER, Charles. op. cit., p. 93.
23
24
ibid., p. 95.
25
HOONAERT, E. op. cit., p. 563.
24
26
BOXER, Charles. op. cit., p. 98.
27
PRADO JR., Caio. Organização social In: Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense,
1992. p. 287 e 288.
28
HOONAERT, E. op. cit., p. 555.
29
VAINFAS, Ronaldo. A contra-reforma e o além-mar In: Trópico dos pecados: Moral, sexualidade e
inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
25
regular subserviente ao privatismo dos senhores que esteve em constante conflito entre si e
entre seculares e leigos por questões políticas, econômicas, culturais e teológicas,
configurou uma Igreja descentralizada. Uma religião circunscrita à esfera das famílias
poderosas, em que a criação das dioceses foi lenta e tardia e que a elaboração de uma
legislação eclesiástica, para todo o território no século XVIII foi atrasada e ineficaz, foram
outros aspectos marcantes do catolicismo colonial.
Ainda sobre o caráter da presença da Igreja na América portuguesa através da
elaboração de um catolicismo com características tipicamente coloniais, Gilberto Freyre,
um dos pioneiros a investigar o papel do catolicismo como o ‘cimento’ da colonização, foi
categórico em afirmar que
30
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: Formação da família brasileira sob regime de economia
patriarcal. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1981. p. 195.
26
CAPÍTULO 2
AS AFRO-RELIGIOSIDADES E O
CATOLICISMO NEGRO NA AMÉRICA PORTUGUESA
27
31
MUCHEMBLED, Robert. Sorcellerie, culture populaire et christianisme apud. SOUZA, Laura de Mello e.
O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: Companhia
das Letras, 1986. p. 90 - 91.
32
ANTONIL. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas (1711) apud. SOUZA, Laura de Mello e,
op. cit., p. 92.
33
ibid., p. 93.
29
religiosidade católica de diversas maneiras. Dentre elas, por exemplo, através do culto aos
santos negros.
O culto aos santos negros, marginalizado durante um largo período pela Igreja
romana, foi apresentado aos africanos como um meio de submeter os escravos e assentá-los
à sua nova realidade social. No entanto, sua relação criativa com todo o novo universo
simbólico religioso que tiveram contato foi decorrência de sua postura ativa de reinterpretar
as crenças de maneira negociada, adequada e transformada, segundo suas necessidades
subjetivas e socializadas cotidianas.
Além de cultivarem santos negros, cujas histórias remetiam a personagens presentes
no seu imaginário social, de uma África já cristianizada, na época anterior à escravidão
colonial, os negros interpretaram e ‘reinventaram’ as crenças católicas relacionando-as às
suas tradições e religiosidades ancestrais, externalizando suas formulações através, por
exemplo, de danças e festas chamadas ‘folguedos’. Laura de Mello e Souza nos fala que se
cultuava “ São Benedito, mas cultuava-se Ogum, e batiam-se atabaques nos calundus da
Colônia34”. Para a historiadora, “nas estruturas sociais que lhes foram impostas, os negros,
através da religião, procuraram ‘nichos’ em que pudessem desenvolver integradamente suas
manifestações religiosas35”.
O sincretismo religioso dos africanos incomodara. Era freqüentemente visto como
uma ameaça, por mais que personagens como o jesuíta Antonil alertassem para a
importância da conivência dos folguedos dos africanos aliados a convivência com o
catolicismo colonial, com a intenção de exercer um controle afetivizado e com pretensões
carismáticas sobre os mesmos. Entre tensões e conflitos decorrentes da seleção dos
elementos católicos, de sua adaptação e de sua transformação continuada devido às
necessidades práticas na vida cotidiana dos escravos, aliando-se ao caldeirão de referências
religiosas ancestrais africanas, a religiosidade popular escrava das diversas etnias que
vieram para a Colônia tornou-se bem diferente daquela vivenciada na África.
A troca contínua de fé, crenças, dogmas, liturgias, símbolos e outros códigos
absorvidos e reapropriados entre portugueses, africanos, populações ameríndias e suas
34
BASTIDE, Roger. Les religions africaines au Brésil: vers une sociologie des interpretations de civilisations
apud. SOUZA, Laura de Mello e, op. cit., p. 94.
35
ibid., p. 94.
30
‘santidades36’ elaboradas nos séculos XVI e XVII a partir do contato com o catolicismo
colonial, e, ainda, cristãos-novos, ciganos, ‘bruxas’ e ‘bruxos’, degredados bígamos,
homossexuais e outros corruptores e viajantes, permitiu não só o afro-sincretismo colonial,
mas toda uma religiosidade popular absolutamente diferente do frágil projeto religioso da
Metrópole.
Uma religiosidade teatral, carnavalizada, repleta de contrastes, contradições e horror
ao vazio espiritual; o que se refletiu em sua estética barroca e que frente ao
desconhecimento dos dogmas reformados, do descontrole das práticas eclesiásticas e do
crescimento do clero secular e do clero leigo na Colônia era também uma ‘religiosidade
superficial’ sob o ponto de vista de uma ‘consciência teológica’ de seus crédulos, mas
intensa e profunda de sentidos e significados simbólicos, políticos e étnicos para os
participantes envolvidos.
37
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: Formação da família brasileira sob regime de economia
patriarcal apud. SOUZA, Laura de Mello e, op. cit., p. 96.
38
Conceito usado pelo historiador Carlo Ginzburg ao tratar do intercâmbio entre crenças místico-religiosas
pagãs e agrárias populares e as da Igreja católica e inquisição, através da documentação de seu personagem-
caso estudado: Menocchio. GINZBURG, C. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro
perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
32
42
Conceito usado pela historiadora Anita Novinsky ao tratar da religiosidade cristã-nova que possuía traços
nitidamente judaicos. Por serem condenadas e perseguidas pela inquisição, estas religiosidades eram
vivenciadas nos espaços privados da colônia. Cf. NOVINSKY, A. Cristãos-novos na Bahia. São Paulo:
Perspectiva, 1972.
34
seus anjos da guarda, santos prediletos e protetores, Nosso Senhor e a Virgem Maria. Ao
mesmo tempo possuíam crenças de origem africana, ameríndia ou judaica, por exemplo.
Toda esta ambigüidade religiosa em acréscimo ao controle e a punição para com os
desviantes, aliados ao ascetismo religioso católico que impunha a maceração dos desejos
terrenos através de exercícios espirituais, promoveu uma religiosidade igualmente oscilante
e dúbia, complexa e paradoxal. A experiência religiosa colonial foi vivenciada num
imaginário social de dor, culpa, medo do pecado, do Diabo e do visitador inquisitorial. Ao
mesmo tempo de prazer, êxtase e gozo com o maravilhoso e sobrenatural encontrado no
espiritual, se configurando numa religiosidade barroca, erótica e fetichista com donzelas
enclausuradas e autoflagelantes, fiéis com intimidades secretas com seus santos padroeiros
e de casa, e colonos que fechavam o seu corpo com amuletos e bolsas de mandinga que
eram muito populares. Colonos que adornavam santos ao mesmo tempo que os castigavam
caso suas preces não fossem atendidas, e que procuravam curandeiros negros e faziam
simpatias domésticas, gerando várias expressões da relação com o catolicismo, que
poderiam ser identificadas e controladas através das confissões no íntimo dos
confessionários.
acontecia quando suas investidas espirituais não funcionavam. Ou quando tais feiticeiros se
filiavam ou organizavam irmandades religiosas trazendo novos elementos ao catolicismo
negro.
A essas religiosidades heterogêneas e múltiplas de significados foi dado o nome de
‘calundus’ e os ditos ‘feiticeiros’ que a praticavam eram chamados de ‘calunduzeiros’.
Segundo o historiador Ronaldo Vainfas:
43
VAINFAS, Ronaldo. Calundu. In: VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
44
SOUZA, Juliana Beatriz de, VAINFAS, Ronaldo. Brasil de todos os santos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2000.
45
MOTT, Luiz. op. cit., p. 200.
36
não eram tão facilmente identificadas como provenientes ou decorrentes dos calundus pelas
instâncias repressoras da ambígua Igreja colonial, que não conseguiu definir os limites do
permitido e do condenável em suas práticas piedosas. Eles afirmam que
46
SOUZA, Juliana Beatriz de, VAINFAS, Ronaldo. Brasil de todos os santos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2000. p. 23.
37
47
SILVEIRA, Renato da. Do Calundu ao Candomblé. in: Revista de História da Biblioteca Nacional. ano 1.
nº 6. dezembro de 2005. p. 19.
48
MORÃO, Simão Pinheiro. Queixas repetidas em ecos dos arrecifes de Pernambuco contra os abusos
médicos que nas capitanias se observam tanto em dano das vidas de seus habitadores apud. MOTT, Luiz, op.
cit., p. 193.
49
SOUZA, Juliana Beatriz de, VAINFAS, Ronaldo, op. cit. p. 24.
50
VAINFAS, Ronaldo. Mandinga. In: VAINFAS, Ronaldo, op. cit., 2000.
38
51
ibid.
52
MOTT, Luiz. op. cit., p. 196.
39
dialética e sincrética, ora pública, ora privada, de suas irmandades religiosas e calundus
coloniais.
Transladados à força para uma terra distante e estranha com personagens dos mais
diversos, hábitos, papéis e identidades sociais, crenças políticas e religiosas também
distintas das suas raízes, e tendo ocupado o pior lugar da estratificação social de uma
Colônia em trânsito, os negros escravizados trazidos da África ocidental e oriental durante
os quatrocentos anos da colonização da América portuguesa e posteriormente Império do
Brasil, foram obrigados a repensarem suas culturas e identidades, a resistirem e a
reelaborarem sua relação com sua memória e história, com seu passado e sua ancestralidade
a partir da imersão no contato com a diversidade cultural colonial, como já observado
anteriormente.
Assim como os negros, muitos destes já islamizados e cristianizados na África,
vieram habitar a Colônia outras ‘gentes perigosas’ às elites aristocráticas, Igreja e
Metrópole que precisavam de ‘orientação espiritual’, repressão e muito cuidado. Cristãos-
novos, mouros, ciganos, adúlteros, bígamos, homossexuais, bruxos e bruxas; considerando-
se suas diferenças e especificidades, muitos destes degredados da Europa para a Colônia.
Eram estes ‘desviantes’ que deveriam passar pelo rito de inclusão à cristandade no Além
Mar, que precisavam ser ora salvos, perdoados, protegidos e controlados a partir de sua
conversão ao catolicismo, ora condenados e reprimidos.
Conforme observado, o projeto original de instalação de uma estrutura eclesiástica
sólida e uniforme na Colônia submetida à moderna teologia pós Concílio de Trento, frente
aos obstáculos e imprevistos no percurso foi totalmente alterado, e outras instâncias
reguladoras e saneadoras do ‘paganismo tropical’ tiveram de ser acionadas. Os jesuítas e
outras ordens missionárias perderam espaço para os padres seculares que fizeram a
colonização através da fé se sustentar nas capelas de engenho. Mas frente à diversidade de
gentes, línguas, hábitos e de interpretações das informações em circularidade, frente ao
perigo que a ‘hidra do sincretismo’ representava, visitadores inquisitoriais surgidos após a
União Ibérica na Europa entraram em cena, e assim como os cristãos-novos, os negros
40
africanos foram observados, pressionados e até perseguidos, embora muito pouco, com suas
religiosidades ancestrais ‘reinventadas’ na Colônia. Muitos negros e mestiços escravos e
forros, africanos e crioulos, dentre calunduzeiros, entraram na Igreja católica através de sua
filiação como membros de irmandades religiosas católicas de homens pretos que
elaboraram um catolicismo à parte, gestado ainda nas capelas de engenho, afirmado por
Roger Bastide como “catolicismo negro53”.
Muitos negros eram logo que chegavam na América portuguesa rebatizados
culturalmente, sendo batizados e recebendo um nome cristão. Depois de vendidos e sob
controle do seu senhor, possuíam contato com o catolicismo, participando das missas nas
capelas de engenho. Estavam dentro da capela religiosamente unidos aos seus senhores,
mas separados socialmente até em sua disposição dentro das mesmas, estando, segundo
Bastide, ao fundo da igreja. Serafim Leite destaca esta aparente inclusão social quando
destaca o parecer de um visitador inquisitorial que nos fala que:
53
BASTIDE, Roger. op. cit., passim.
54
LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil apud. BASTIDE, Roger, op. cit., p. 158.
55
BASTIDE, Roger. op. cit., p. 159.
41
se dava quando realizavam seus próprios cultos nos quais eram valorizados como
descendentes de reis, de rainhas, e de forças da natureza divinizadas. Daí ter existido
lateralmente ao catolicismo a que eram submetidos, a convivência conivente dos padres
seculares e leigos com as umbigadas, cocos e congadas, mandingas e calundus de origem
africana. Estas religiosidades afro-católicas, surgidas a partir do sincretismo com crenças
ancestrais ‘reinventadas’ e também ‘inventadas’, acontecia quando os escravos estavam
fora do circuito de inspeção senhorial, nas senzalas e nas casas daqueles poucos
prestigiados que conceberam família e conseguiram junto ao seu senhor terem roças
próprias.
Nas vivências públicas do catolicismo colonial, negros e brancos estavam juntos,
mas separados. Nas festas cristãs como o Natal, a semana santa, e até nas festas da colheita,
por exemplo, Bastide nos fala que ficavam “os brancos dançando entre si, enquanto os
escravos, por outro lado, se divertiam à sua própria maneira56”.
Nas festas agrárias, por exemplo, o engenho era benzido e os escravos se
precipitavam sobre a água benta, pois acreditavam que estariam protegidos. Este exemplo
nos mostra como existiu toda uma microfísica do poder presente na economia religiosa das
crenças coloniais. Tensão, negociação e conflito estiveram presentes na seleção dos
símbolos reinterpretados e adaptados às necessidades escravas. Os escravos se
aproveitaram da religiosidade católica branca na montagem e configuração de sua nova
cosmovisão religiosa na Colônia, entre os calundus e o catolicismo negro das irmandades
dos homens pretos.
Na tentativa de aproximarem os africanos de suas crenças numa ambivalência que
ora condenava o sincretismo, ora o reconhecia e o utilizava politicamente para controlá-los,
os senhores brancos não participaram dos cultos dos africanos aos quais, muitas vezes,
faziam vista grossa, mas acabaram por incentivar sem perceberem o surgimento das tidas
como ‘perigosas’ irmandades, e estimularem a devoção aos santos negros de origem
africana, muitos deles já cultuados por negros cristianizados na África.
Roger Bastide aponta um exemplo de que os senhores brancos estimularam os
negros num culto devocional à Nossa Senhora do Rosário gerando por parte dos fiéis
56
FILHO, Melo Moraes. Festas e tradições apud. BASTIDE, Roger, op. cit., p. 162.
42
africanos toda uma movimentação organizada em prol do culto, numa corporação tal como
uma proto-irmandade:
57
BASTIDE, Roger. op. cit., p. 162.
58
MOTT, Luiz. op. cit., p. 161.
59
BASTIDE, Roger. op. cit., p. 165.
43
hierárquica das procissões, que estas apelavam aos tribunais eclesiásticos ou civis, e até
houve casos que chegassem à Roma.
No entanto, as relações entre brancos e negros não era tão rígida como Roger
Bastide nos apresenta. Os reis negros congos que surgiram como expressão religiosa
popular negra de dentro das irmandades eram alforriados pelos brancos anualmente com
uma carta de alforria na festa do santo patrono. Além disto, havia também rivalidades
étnicas entre negros e mulatos, entre escravos e libertos, entre ladinos e crioulos, tendo
como foco da disputa, muita das vezes, não só a pertença à mesa do conselho da irmandade,
mas a escolha do santo de cor, que funcionava como um líder simbólico que representaria a
irmandade. Existiram ainda irmandades negras que propuseram a integração entre as
diversas raças ou cores sugerindo outras consciências étnicas. Muitos conflitos , entretanto,
os limites étnicos e adentravam os sociais, sendo muitos os casos de conflitos entre
irmandades ricas e irmandades pobres dentro da Igreja.
Na disputa pelo controle dos capitais para a sustentação e manutenção do projeto
das irmandades, as insurgências múltiplas oriundas de todos os lados e cores da Igreja se
revelaram também em hierarquias étnicas e sociais nas procissões e festas das irmandades
negras. Estas festas e procissões eram vistas como desperdício de verbas destinadas às
missas e sacramentos para os visitadores inquisitoriais, mas como necessárias à manutenção
do corpo eclesiástico de fiéis mantenedores da irmandade por haverem se tornado um lugar
de resistência, sobrevivência de referências ancestrais, de folga e ‘descanso’ do trabalho
escravo, de trégua dos conflitos e animosidades várias entre irmandades e membros de
diversas cores, nações e etnias, e de uma vivência política e cultural para os escravos
africanos dentro do catolicismo negro.
Sob o olhar de viajantes estrangeiros vindos da Europa que passaram pela Colônia,
o catolicismo negro foi visto como uma mistura de cerimônias burlescas e imoralidades. Ao
contrário da crítica dos viajantes que o viu como ‘desviante’ do catolicismo reinol
português, o catolicismo negro e sua importância política e cultural para os africanos
escravizados, nas palavras de Roger Bastide:
“foi um relicário precioso que a Igreja ofertou, não
obstante ela própria, aos negros, para aí conservar, não
44
60
idid., p. 179.
45
CAPÍTULO 3
“Formaram irmandades
Em grande união
Daí nasceram festejos
Que alimentaram o desejo
De libertação.”
(Sublime pergaminho, Unidos de Lucas, 1968)
62
HOONAERT, E. A Igreja Católica no Brasil colonial. in: BETHELL, Leslie (org.). História da América
Latina: Volume 1 – América Latina colonial. São Paulo: Edusp, 1997. p. 564.
63
BOSCHI, Caio. Irmãos na vida e na morte Revista de História da Biblioteca Nacional. ano 1. nº 1. julho de
2005. p. 66.
64
REIS, João José. op. cit., p. 21 e 22.
48
65
BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil: Contribuição a uma sociologia das interpenetrações de
civilizações. São Paulo: Livraria Pioneira, 1989. p. 177.
66
SCARANO, Julita. Devoção e escravidão: A irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no
Distrito Diamantino no século XVIII. São Paulo: Ed. Nacional, 1978. p. 24.
49
Scarano afirma que “quanto às irmandades religiosas no Brasil, elas aparecem mais
ligadas às confrarias medievais, de finalidade religiosa e caritativa67”, partindo talvez daí a
sedução dos negros escravizados a se aproximarem destes espaços em que poderiam estar
protegidos e respeitados por se aproximarem da cultura religiosa normatizada. Através de
sua inserção nestes espaços, os escravos africanos teriam conseguido, como defende
Alisson Eugênio, dentro destas, um relativo status, um prestígio frente a outros negros tidos
como ‘pagãos’ com seus folguedos e ‘crenças bárbaras’. Houve, porém, na complexa e
fragmentada lógica processual histórica das agremiações de cor, irmandades negras
africanas e crioulas de homens livres que rejeitavam escravos por entenderem que estes não
se adequariam às crenças e normas da irmandade. No compromisso da Irmandade de São
Benedicto Ereta do Convento de São Francisco da cidade da Baya, datado de 1770, conta a
seguinte determinação:
67
SCARANO, Julita, op. cit., p. 25.
68
apud. REIS, João José, op. cit., p. 23.
69
SCARANO, Julita, op. cit., p. 25.
70
SOUZA, Juliana Beatriz de, VAINFAS, Ronaldo. Brasil de todos os santos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2000.
50
religiosas, não vinha cumprindo com suas outras obrigações firmadas nos compromissos de
rezar missas para os associados falecidos.
ainda do cancelamento de festas devocionais à comunidade; festas que por sinal cooptavam
recursos para as irmandades negras. O estatuto dos compromissos estabelecia as normas da
organização, suas obrigações, o perfil de seus associados, e os seus direitos e deveres. Estes
compromissos deveriam ser conhecidos e seguidos por todos os membros que antes de sua
admissão teriam que prestar juramento, principalmente os que compusessem as mesas
diretoriais. Estas mesas congregavam os membros dirigentes que eram eleitos pelo grupo,
membros que possuíam o direito de voto sempre que fosse preciso resolver casos
importantes para a organização. Os membros que não respeitassem as regras estipuladas
nos compromissos poderiam ser punidos e até expulsos das irmandades:
74
apud. ibid., p. 66.
53
75
ibid., p. 66.
76
“Segundo Victor Turner, através do drama social pode-se algumas vezes ir além da superfície de
regularidades sociais e perceber as contradições e conflitos ocultos no sistema social. Os tipos de mecanismos
corretivos empregados para lidar com o conflito, o padrão de luta faccionalista e as fontes de iniciativa para
acabar com a crise, todos claramente manifestados no drama social, fornecem pistas valiosas sobre o caráter
do sistema social.” Cf. MAGGIE, Yvonne. Guerra de orixá: Um estudo de ritual e conflito. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001. p. 43.
77
SLENES, Robert. Malungo ngoma vem!: África encoberta e descoberta no Brasil. apud. REIS, João José.
op. cit., p. 29.
54
78
SOARES, Mariza de Carvalho. O império de santo Elesbão na cidade do Rio de Janeiro, no século XVIII.
in: Topoi. Revista de História do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ. Rio de Janeiro: 7
letras. nº 4., p. 60.
79
LOVEJOY, Paul. Enslaved africans in the diaspora In: LOVEJOY, Paul (org.). Identity in the shadow of
slavery. London/New York: Continuum. 2000.
80
apud. REIS, João José, op. cit., p. 17.
55
82
BOSCHI, Caio, op. cit., p. 65.
83
apud. REIS, João José. ibid., p. 26.
84
ibid., p. 19.
57
membros escravos que precisassem de auxílio financeiro para comprar sua carta de alforria,
se observassem às normas e exigências da irmandade poderiam ser ajudados e beneficiados
neste sentido, como nos mostra em 1786, o estatuto da Congregação dos Pretos Mina
Marri:
86
apud. REIS, João José, op. cit., p. 25.
87
REIS, João José, op. cit., p. 9.
88
ibid., p. 20.
59
pinturas, esculturas, arquitetura e músicas próprias, que agitaram a vida cultural dos
núcleos urbanos que surgiram a partir delas. Boschi, por exemplo, a respeito do
crescimento urbano decorrente da dinâmica comunitária em torno das irmandades, afirma a
respeito das irmandades negras mineiras do século XVIII:
89
BOSCHI, Caio, op. cit., p. 63.
90
SOARES, Mariza. Devotos da cor: Identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século
XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
61
Conclusão
religioso com o qual tiveram contato e foram submetidos, e tomaram a frente das ‘questões
da fé’ criando suas próprias irmandades, oscilando entre os seus calundus e a Igreja
Católica.
As irmandades religiosas negras, como apontado no terceiro capítulo, embora
fossem muitas delas marginalizadas, receberam algumas vezes o apoio da Metrópole
portuguesa e eram vistas com bons olhos por outras ordens e irmandades coloniais por
acreditarem que nas irmandades os negros estariam sob controle, mas também eram mal
vistas, especialmente devido às festividades religiosas que faziam, que eram interpretadas
como ‘perigosas’ e desviantes dos compromissos das irmandades. Dentre vários conflitos
que observamos, a constante querela que as irmandades negras tiveram com os visitadores
eclesiásticos era devido ao grande número de festas religiosas que produziram, já que ao
invés de fazerem missas para os falecidos irmãos irmanados, sua extrema-unção era
simbolicamente deslocada para as festas que atraíam esmolas, carisma da comunidade e
eram menos onerosas que as missas.
Oscilando entre os calundus e a Igreja Católica, entre crenças e ritos pessoais e
subjetivos cultivados dentro de suas casas e senzalas, e daqueles que eram vivenciados
dentro das capelas, paróquias, e irmandades coletivamente e sob ritos determinados, os
negros africanos e crioulos, muita das vezes de maneira conjunta ou em separado devido à
animosidades étnicas, se utilizaram do catolicismo colonial em seu proveito, conforme suas
demandas simbólicas e políticas, como tentei demonstrar a partir da investigação que deu
origem a este trabalho.
Como ‘cativos da fé’, os negros ampliaram e subverteram o cativeiro da escravidão
na América portuguesa, resistindo e reinventando suas crenças, culturas e identidades, de
maneira a alcançarem dentro dos diversos limites cotidianos aos quais estavam submetidos,
um sentido possível de liberdade.
63
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