Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
This work aims to put light in how the Holy Office of the Inquisition
operated around the native Indians of the Mexican Valley and its surroundings. It is,
mainly, about the relation of implemented legal procedures to the first evangelization
projects, from the years 1521 to 1543. It seeks, from various inquisitorial processes,
to spot the connections that tie the inquisitorial practices to the evangelists’
assumptions. The age approached includes the period of procedures taken forward
by Mexican bishop and inquisitor, the Franciscan friar Juan de Zumárraga.
Therefore, the tendencies that guided Saint Francis Order courses in its evangelical
work are confronted with the peculiarities of the inquisitorial actions. The interposition
provided by the Franciscan clergy was primordial to the punitive interventions,
working intensively in the steps that composed the Holly Office inquiry. The sources
examined support a close dependency between the Inquisition processes against
the native Indians and the actions of the first evangelists in colonial Mexico. The
rooting and the legal channels of the court followed the dissemination and the
performance of the Franciscan regular, overwhelming majority in the period in
question.
Quadro II - Denunciantes......................................................................................139
Quadro IV - Testemunhas.....................................................................................155
Introdução.............................................................................................................14
1. Inquisição em dois tempos.........................................................................15
2. Arquivo e historiografia...............................................................................20
3. Rumos e aproximações..............................................................................29
4. Heresia e origens da Inquisição.................................................................35
5. Divisão e estrutura do trabalho...................................................................44
Conclusão............................................................................................................215
Referências..........................................................................................................216
Fontes Manuscritas......................................................................................223
Fontes Impressas ........................................................................................223
Bibliografia....................................................................................................226
Anexo I.................................................................................................................240
Anexo II................................................................................................................243
Anexo III...............................................................................................................245
14
INTRODUÇÃO
15
1
ALBERRO, Solange. Inquisición y Sociedad en México 1571-1700. México: FCE, 1993, p. 30.
2
Recopilación de las Leyes de los Reinos de las Indias Mandada Imprimir, y Publicar por la
Magestad Catolica de Rey del Rey don Carlos II. Madrid: Andrés Ortega, 1774, vol. I, liv. I, tit. XIX,
lei I-III.
16
3
ALBERRO, op. cit., 1993, pp. 30-50.
4
Autos que se leyeron é hicieron al ser jurado y recibido en México el Tribunal del Santo Oficio, en
4 de noviembre de 1571. In: GARCIA, Genaro; PEREYRA, Carlos. Documentos Ineditos ó Muy
Raros Para la Historia de México, vol. V: la Inquisición de México. México: Librería de la Vda. de
Ch. Bouret, 1906, doc. XXVI, pp. 248-283; MEDINA, José Toribio. Historia del Tribunal del Santo
Oficio de la Inquisición en México. México: Cien de México, 2010, pp. 41-54.
5
ALBERRO, op. cit., 1993, p. 26.
17
6
Instrucciones del cardenal D. Diego de Espinoza a los inquisidores de México, agosto de 1570. In.:
Libro Primero de Votos de la Inquisición de México (1573-1600). México: Imprenta Universitaria,
1949, p. 297.
7
Recopilación de las Leyes de los Reinos de las Indias Mandada Imprimir, y Publicar por la
Magestad Catolica de Rey del Rey don Carlos II. Madrid: Andrés Ortega, 1774, vol. I, liv. I, tit. XIX,
lei XVII e vol. II, liv. IV, tit. I, lei XXXV.
8
TAVÁREZ BERMUDEZ, David. Las Guerras Invisibles: devociones indígenas, disciplinas y
disidencias en el México Colonial. México: CIESAS, 2012, pp. 122-123.
18
Las Casas. O que estava em jogo eram as capacidades moral e racional dos
indígenas.9
O afastamento das instâncias inquisitoriais encerrava uma dupla visão –
a peculiaridade dos indígenas como neófitos e a atribuição de um caráter individual
vulnerável. Estava implícito um tratamento que gradualmente os reduzia como
menores de idade e, portanto, deveriam ser protegidos pela Coroa. Sob a índole
dos recém-convertidos a população autóctone assumiu uma imagem frágil, instável
e vacilante. Por outro lado, o afastamento do Santo Ofício também pode ser visto
como um dos primeiros capítulos da consolidação de um espaço jurídico exclusivo.
Âmbito que seria reforçado mais tarde, em 1592, com a criação do Juzgado General
de Indios, responsável por prestar assistência jurídica aos indígenas.10
Não obstante, as resoluções do Santo ofício e da Coroa espanhola
também consideraram outros fatores para pautarem suas decisões. Décadas antes
da fundação do tribunal de Inquisição da Nova Espanha e de seu afastamento foral
das populações locais, uma série de procedimentos punitivos de natureza jurídico-
eclesiástica foram administrados pelos evangelizadores. Dentre estes, destacam-
se os regulares franciscanos. A promoção de juízos eclesiásticos na Nova Espanha
acompanhou os rumos da evangelização. Durante os anos de 1524 e 1571, os
evangelizadores e os primeiros bispos designados para as províncias, assumiram
funções extraordinárias. Os membros do clero regular exerceram o cargo de juízes
eclesiásticos ordinários, comissionados por uma autoridade maior, ou portando uma
nomeação específica através de um título de inquisidor.
A responsabilidade dos inquéritos em torno das condutas heterodoxas
ao catolicismo – normalmente, reservada aos tribunais do Santo Ofício ou aos
bispos, na ausência de instâncias inquisitoriais – cedeu lugar a concessões
excepcionais. A nomeação de Moya de Contreras marcou a data do
estabelecimento oficial da Inquisição no México. Apesar disso, o tribunal, fundado
9
HANKE, Lewis. La Humanidad es Una: estudio acerca de la querella que sobre la capacidad
intelectual y religiosa de los indígenas americanos sostuvieron en 1550 Bartolomé de Las Casas y
Juan Ginés de Sepúlveda. México: FCE, 1985.
10
TAVÁREZ BERMÚDEZ, op. cit., 2012, p. 123;
19
11
Cf. Anexo I.
20
2. Arquivo e historiografia
12
GREENLEAF, Richard E. Zumárraga y la Inquisición Mexicana. México: FCE, 1992a.
13
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 237-340.
14
CLENDINNEN, Inga. Reading the Inquisitorial Record In Yucatán: fact or fantasy. In.: The
Americas: A Quarterly Review of Inter-American Cultural History, Washington, v. 38, n. 3, p. 327-
345 jan., 1982.
21
15
GONZÁLEZ OBREGÓN, Luis (dir.). Proceso Inquisitorial del Cacique de Tetzcoco. México:
Eusebio Gómez de la Puente, 1910; ________________________. Procesos de Indios Idólatras y
Hechiceros. México: Tip. Guerrero Hnos., 1912.
16
GONZALÉZ OBREGÓN, L. (dir.), op. cit. 1910, p. XIII.
22
17
GREENLEAF, Richard E. The Mexican Inquisition and the Indians: sources for the ethnohistorian.
In.: The Americas: A Quarterly Review of Inter-American Cultural History, Washington, v. 34, n. 3,
pp. 315-344, jan. 1978.
18
MORENO DE LOS ARCOS, Roberto. La inquisición para indios en Nueva España (siglos XVI a
XIX). In.: SARANYANA CLOSA, Josep I. (dir.). Evangelización y Teología en América (siglo XVI).
Pamplona: Universidad de Navarra, 1990, p. 1472; ________________________. New Spain´s
Inquisition for indias from the Sixteenth to the Nineteenth Century. In: PERRY, M. E; CRUZ, A. J.
(dir.) Cultural Encounters: the impact of the Inquisition in Spain and the New World. Los Angeles:
University of California Press, 1991, p. 24.
19
Antes da publicação de Medina (cf. MEDINA, José Toribio. La Primitiva Inquisición Americana
(1493-1569). Santiago de Chile: Imprenta Elzeveriana, 1914), Joaquín García Icazbalceta fez breves
comentários, em 1881, acerca da atuação de Zumárraga como inquisidor e a execução de don
Carlos Ometochtzin (cf. GARCÍA ICAZBALCETA, J. Don Fray Juan de Zumárraga, 4 vols. México:
Ed. Porrúa, 1988.). Zélia Nultall também publicou uma breve averiguação do processo inquisitorial,
de 1539, contra Miguel Puchtecatlaylotlac (cf. AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fs. 20-46). A autora
antecedeu a transcrição do inquérito, publicado em 1912 (cf. GONZALÉZ OBREGÓN, L. (dir.), op.
cit. 1912), contribuindo com um dos primeiros comentários acerca das informações que expediente
trazia (cf. NULTAL, Zélia. L’évêque Zumarraga et les idoles du grand temple de Mexico. In: Journal
de la Société des Américanistes. vol. 8, pp. 153-169, 1911).
23
20
GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., 1988.
21
Ibidem, vol. 1, p. 202-205.
22
PRESCOTT, Willian H. History of the Conquest of Mexico: with a Preliminary View of Ancient
Mexican Civilization, and the life of the Conqueror, Hernando Cortes. New York: Harper and Brothers,
1843.
23
RICARD, Robert. La Conquista Espiritual de México. México: FCE, 1994, p. 387-398.
24
24
DUVERGER, Christian. La Conversión de los Indios de Nueva España. México: FCE, 1993.
25
Ibidem, pp. 187-193.
26
GREENLEAF, op. cit., 1992a.
25
27
Caminho semelhante foi seguido por Bernard Grunberg com o estudo quantitativo publicado em
1998. Cf. GRUMBERG, Bernard. L’inquisition Apostolique au Mexique: histoire d’une institution
et de son impact dans une société coloniale (1521-1571). Paris/Montréal: L´Harmattan, 1998.
28
Ibidem, p. 9.
29
GREENLEAF, op. cit., 1992a, pp. 56-60.
30
Ibidem, pp. 60-93.
26
31
Aportes interessantes para a “etno-história” podem ser encontrados nos trabalhos de J. J. Klor de
Alva, R. C. Padden e, mais recentemente, na compilação de quatro estudos de caso feitos por
Patricia Lopez Don. (Cf. PADDEN, R. C. Huichilobos and the bishop. In.______________. The
hummingbird and the Hawk: conquest and sovereignty in the Valley of Mexico. New York: Harper
and Torchbooks, 1970, p. 240-275; KLOR DE ALVA, J. J. Martín Ocelotl: clandestine cult leader. In.:
SWEET, David G; NASH, Gary B. (ed.) Struggle and Survival In Colonial America. California:
University of California Press, 1981, pp. 128-141; DON, Patricia Lopes. Bonfires of Culture:
Franciscans, Indigenous Leaders, and Inquisition in Early Mexico, 1524-1540. Oklahoma: University
Oklahoma press, 2010.).
32
GINZBURG, Carlo. O Queijo e os Vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
33
GRUZINSKI, Serge. El Poder Sin Límites: cuatro respuestas indígenas a la dominación española.
México: INAH, 1988.
27
exemplar de alguns indivíduos recortados nos séculos XVI, XVII e XVIII. Gruzinski
analisou, especificamente, as modificações da tradição pré-hispânica dos “homens-
deuses” no decorrer do tempo. Entre os casos abordados na obra aparecem os
nomes de Martín Ocelotl e Andrés Mixcóatl, ambos indígenas processados por
Zumárraga, em 1537.34 Os inquéritos foram privilegiados por Gruzinski para
reescrever as trajetórias de seus protagonistas. O intuito era criar pontes possíveis
entre os indivíduos, suas idiossincrasias e a conjuntura que os permeava.
O historiador Francês cruzou arcabouços metodológicos diversos, tendo
em mãos as reflexões de Carlo Ginzburg, da “etno-psiquiatria” de George
Devereaux e formulações de cunho psicanalítico. Gruzinski seguiu sob um recorte
étnico, histórico e psicologizante, procurando, sobretudo, interpretar as atitudes e
idiossincrasias dos chamados “homens-deuses”. Como afirmado por Solange
Alberro, apesar do louvável esforço do autor, o trabalho passa por um “terreno
resbaloso”, e as interpretações adentram em proposições de aspecto subjetivo
quanto aos indivíduos analisados e de difícil comprovação. 35
O primeiro capítulo e início de uma “viagem de historiador ao México
espanhol”, como definido pelo próprio Gruzinski, foi coroado, em 1990, com o livro
La Guerre des Images.36 As fontes inquisitoriais reaparecem no trabalho do
historiador delimitando a resistências dos indígenas na conservação de suas efígies
sagradas. No segundo capítulo de sua obra, Gruzinski dedicou parte de sua análise
aos processos contra indígenas envolvidos na “dissimulação dos deuses”. 37 O autor
se debruçou, especialmente, sobre os casos de don Carlos Ometochtzin e Miguel
Puchtecatlailotlac, ambos processados por Zumárraga, no ano de 1539. 38 Os
inquéritos demonstram na obra de Gruzinski as movimentações dos indígenas do
34
GRUZINSKI, op. cit., 1988, pp. 45-77.
35
ALBERRO, Solange. Serge Gruzinski. El poder sin límites: cuatro respuestas indígenas a la
dominación española. In.: Historia Mexicana, México, v. 39, n. 3, p. 822-825, mar., 1990.
36
GRUZINSKI, Serge. A Guerra das Imagens: de Cristóvão Colombo a Blade Runner (1492-2019).
São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
37
GRUZINSKI, Serge. A Guerra das Imagens: de Cristóvão Colombo a Blade Runner (1492-2019).
São Paulo: Companhia das Letras, 2006, pp. 83-89.
38
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fs. 20-46; AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 237-340.
28
39
Uma breve reflexão da autora acerca do processo contra don Carlos Ometochtzin também pode
ser encontrada no livro CORCUERA DE MANCERA, Sonia. El Fraile, el Indio y el pulque:
evangelización y embriaguez en la Nueva España (1523-1548). México FCE, 2010, pp. 249-256.
29
3. Rumos e aproximações
Sob esse olhar, o uso do Santo Ofício não será disposto, simplesmente,
como uma maneira de manter os convertidos em um regime coercitivo. Também
corresponderá atentar ao papel constitutivo da intervenção inquisitorial na criação
de comportamentos desejados pela cristianização. Assim, a hipótese aqui levantada
aponta para os juízos eclesiásticos voltados para indígenas como mecanismos
disciplinadores e auxiliares da evangelização. Sendo assim, pressupõe-se o estudo
da administração de castigos não apenas em seus efeitos repressivos, alcançados
pelas sanções jurídicas, mas, também, pela consideração da série completa dos
efeitos que eles podem produzir. 40
Os sistemas punitivos não devem ser estudados unicamente pela
armadura jurídica de seu funcionamento, faz-se necessário a igual consideração
acerca de seus campos de ação. Ao voltarmos a atenção para os dois enfoques de
problematização, qual seja, a jurisdição e o ambiente do tribunal, torna-se possível
caminhar para além das sanções dos crimes, mostrando que as medidas punitivas
não são simplesmente mecanismos de repressão, supressão, exclusão ou
impedimento. Os regimes de castigos também estão vinculados a uma série de
efeitos criadores que caberiam às medidas punitivas sustentar. 41
O intuito final é devolver a complexa função social que as práticas
punitivas guardam consigo, situando-as em um campo mais geral das relações de
poder. Sendo estas, entendidas a partir da proposição fundamental de Michel
Foucault. Entende-se, portanto, poder como uma “multiplicidade de correlações de
força imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas de sua organização”42.
As relações de poder são o resultado dos jogos, lutas, afrontamentos e, mais
efetivamente, do apoio que as correlações de força encontram umas nas outras –
Interações que se produzem a todo instante, situações estratégicas e complexas
inerentes à organização social. Desse modo, não se trata de uma instituição ou
40
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 2007, pp. 23-24.
41
Ibidem, pp. 24-25.
42
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: a vontade de saber. São Paulo: Graal, 2009, p.
102
31
43
Ibidem, pp. 102-105. FOUCAULT, op. cit., 2007, pp. 26-27.
32
44
TAVÁREZ BERMUDEZ, David. Las Guerras Invisibles: devociones indígenas, disciplinas y
disidencias en el México Colonial. México: CIESAS, 2012, p. 21.
45
Ibidem, p. 31.
33
46
Ibidem, pp. 31-32.
47
Ibidem, p. 39; BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. De la Idolatría: una arqueología de las
ciencias religiosas. México: FCE, 1992.
48
TAVÁREZ BERMUDEZ, David. Idolatry as an Ontological Question: Native Consciousness and
Juridical Proof in Colonial Mexico. In: Journal of Early Modern History, Minnesota, n. 6, v. 2, pp.
114-139.
34
49
FOUCAULT, Michel. A Verdade e as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2003, pp.
77-78.
50
FOUCAULT, op. cit., 2007, p. 27.
51
FOUCAULT, op. cit., 2003, pp. 53-78.
35
52
ESCUDERO, José, A. Estudios Sobre la Inquisición. Madrid: Marcial Pons, 2005, pp. 17-18;
RUIZ, Teófilo. La Inquisición medieval y la moderna: paralelos y contrastes. In.: ALCALÁ, Ángel; et.
al. Inquisición Española y Mentalidad Inquisitorial: ponencias del Simposio Internacional sobre
Inquisición, Nueva York, abril de 1983. Barcelona: Ariel, 1984, pp.45-66; TURBERVILLE, Arthur
Stanley. La Inquisición Española. México: FCE, 1985, pp. 9-13.
36
53
NOVINSKY, Anita. A Inquisição. São Paulo: Brasiliense, 2012, p. 13.
54
Ibidem, pp. 11-13.
55
Sul da França mediterrânica, que engloba as regiões de Languedoc-Roussillon, Aquitânia, Midi-
Pirinéus, o sul de Poitou-Charentes, Rhône-Alpes e Provença-Alpes-Costa Azul.
56
NOVISKY, op. cit., 2012, pp. 18-20.
37
57
ALCALÁ, Ángel. Herejía y Jerarquía: la polémica sobre el tribunal como desacato y usurpación de
la jurisdicción episcopal. In.: ESCUDERO, José A. (ed.). Perfiles Jurídicos de la Inquisición
Española. Madrid: Instituto de Historia de la Inquisición, Universidad Complutense de Madrid, 1992,
pp. 61-70.
58
ESCUDERO, op. cit., 2005, p.18.
59
GACTO, Enrique. Aproximación del derecho penal de la Inquisición. In.: ESCUDERO, José A.
(ed.). Perfiles Jurídicos de la Inquisición Española. Madrid: Instituto de Historia de la Inquisición,
Universidad Complutense de Madrid, 1992, pp. 177-179.
38
60
Ibidem, pp. 190-191.
61
Ibidem, p. 175.
39
62
As perseguições sofridas pelos cátaros na Inglaterra foram protagonizadas pelo monarca Henrique
II e não estão relacionadas com a Inquisição pontifícia. Cf. ESCUDERO, op. cit., 2005, pp. 17-18.
63
RUIZ, op. cit., 1985, pp. 52-53.
64
Compilação de textos do direito romano e canônico, nos quais era oferecido um guia prático para
a atuação dos inquisidores.
65
GARCÍA CÁRCEL, R. Orígenes de la Inquisición Española: el tribunal de Valencia – 1478-1530.
Barcelona: Ediciones Península, 1985, pp. 37-38.
40
66
A nomeação dos primeiros agentes inquisitoriais deu-se, por motivos ainda pouco elucidados na
historiografia, dois anos depois da autorização papal. Apenas em 1480, os dominicanos Miguel de
Morillo, Juan de San Martín e Juan Ruiz de Medina foram nomeados para o Santo Ofício.
67
BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-
XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 17-18; KAMEN, Henry. A Inquisição na Espanha.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, pp. 47-48; ESCUDERO, op. cit., 2005, pp. 20-21.
41
68
NOVINSKY, op. cit., 2012, p. 26.
69
PEYRE, Dominique. La Inquisición o la Política de la Presencia. In.: BENNASSAR, Bartolomé.
Inquisición Española: poder político y control social. Espanha: Editorial Crítica, 1984, p. 46-47;
RUIZ, op. cit., 1984, p.45-66.
70
GARCÍA CÁRCEL, op. cit., 1976, pp. 39-43.
71
As “aljamas” ou “judarias”, no caso de Portugal, eram os bairros judeus da Península Ibérica.
42
72
BETHENCOURT, op. cit., 2000, pp. 19-20.
73
Ibidem, pp. 20-21.
74
Ibidem, p. 18.
43
de Eymerich alcançou uma enorme difusão, ganhando várias edições desde o ano
de 1503 até o século XVIII. Tal texto estabeleceu uma sequência mais próxima dos
ritos observados pela Inquisição espanhola. As inovações dos novos tribunais
espanhóis estiveram vinculadas à crescente importância cerimonial e à sua
complexificação, sem, no entanto, promover grandes alterações no funcionamento
foral da instituição.75
A refundação dos tribunais de Inquisição demonstrou, durante mais de
três séculos de funcionamento – entre fins do século XV até o início do XIX – uma
enorme capacidade adaptativa com relação às condições de tempo e espaço.76 A
abrangência das funções do Santo Ofício sofreu alterações com os anos e sua
plasticidade demonstrou que a reestruturação em parâmetros momentâneos – qual
seja, a situação dos cristãos-novos nos domínios dos reinos de Castela e Aragão –
não produziu uma configuração rígida e uma jurisdição imaleável. A fixação,
interpretação e adaptação das crenças, dogmas e instâncias discordantes eram
procedimentos atrelados à identidade eclesiástica. Nesse sentido, a continuidade,
absorção e atualização dos manuais diversos e dicionários de heresias
demonstraram ser, ao mesmo tempo, mantenedores da jurisdição inquisitorial e
centro vivo de sua plasticidade.
O caráter de constante adaptação da Inquisição vincula-se de imediato
com sua durabilidade e, apesar disso, alguns elementos permaneceram contínuos
na história institucional. O objetivo de perseguição das heresias, a jurisdição e o
processo penal foram traços de estrutura que permaneceram diante das condições
específicas das localidades em que eram fundados os tribunais.77 A partir do século
XVI, essas características se mostraram pujantes nos domínios coloniais ibéricos.
75
Ibidem, pp. 23-24, 32.
76
DEDIEU, Jean Pierre. Los cuatro tiempos de la Inquisición. In.: BENNASSAR, Bartolomé.
Inquisición Española: poder político y control social. Barcelona: Editorial Crítica, 1984, pp. 15-16.
77
BETHENCOURT, op. cit., 2000, pp. 31-32.
44
I
EVANGELIZAÇÃO E DISCIPLINA ECLESIÁSTICA
(1521-1536)
1. Privilégios pontifícios
78
HERNAEZ. F. J. Colección de Bulas, Breves y Otros Documentos Relativos a la Iglesia de
América y Filipinas. Bruxelas: Emprenta de Alfredo Vromant, 1879, vol. 1, p. 385.
79
Correspondente à unidade de medida “dieta” usada no corpo do texto episcopal, sendo cada
“dieta” equivalente a um dia de distância.
48
80
HERNAEZ, op. cit.,1985, vol. 1, p. 385.
81
TLASLOSHEROS, Jorge E. Iglesia, Justícia y Sociedad en la Nueva España: la audiencia del
arzobispado de México, 1528-1668. México: Ed. Porrúa/Universidad Iberoamericana, 2004, pp. 13-
15.
82
O conteúdo das bulas, assim como comentários em torno dos indultos podem ser encontrados em
HERNAEZ, op. cit., vol. 1, pp. 377-392. Outra transcrição pode ser verificada em MENDIETA,
Gerónimo de. História Eclesiástica Indiana. México: Ed. Porrúa, 1993, L. III, C. IV-VII, pp. 186-196.
49
2. Franciscanos no México
83
TRASLOSHEROS, op. cit., 2004, p. 14; DUVERGER, Christian. La Conversión de los Indios de
Nueva España. México: FCE, 1993, p. 25.
50
84
Pieter vem der Moere, conhecido também como Pedro de Gante ou Pedro de Mura.
85
Nome nahuatl assumido por frei Toríbio de Benavente, após a sua chegada ao México, e cujo
significado literal seria “Pobre”.
86
DUVERGER, op. cit., 1993, p. 28.
87
BAUDOT, Georges. La Pugna Franciscana por México. México: Alianza Editorial Mexicana,
1990, pp. 19-21; RUBIAL GARCÍA, Antonio. La Hermana Pobreza. México: UNAM, 2000, pp. 91-
101.
51
antecedeu a comitiva pioneira havia se tornado mais densa, desde fins do século
XV, à medida que as notícias de uma nova terra – inteiramente desconhecida aos
olhos do Velho Mundo – começaram a circular.
As primeiras relações que descreviam o descobrimento e a conquista de
novas posses para o Império Espanhol tiveram um grande impacto na formação das
expectativas sobre o Novo Mundo, em especial, os reportes de Alonso Zuazo e
Hernán Cortés, além dos escritos do próprio Cristóvão Colombo. Os relatos foram
objeto de atentas leituras e estudos detalhados por parte dos frades que se
organizaram em Estremadura para a primeira missão seráfica, com destino ao Valle
do México e seus arredores.88 As notícias sobre uma população que desconhecia o
cristianismo assumiram um caráter especial frente às tendências reformistas.
O advento de um Novo Mundo intensificou os ideais milenaristas,
dotando o evangelismo franciscano de uma carga apocalíptica. Para muitos dos
frades que passaram pela América, o cumprimento das profecias anunciadas nas
escrituras sagradas começou a depender da conversão das populações indígenas.
Afinal, o retorno do messias estava condicionado à difusão do evangelho aos povos
do mundo.89 De acordo com o pensamento católico, era necessário integrar as
populações indígenas em um “mundo total”, que obedecesse aos rumos da História
Sagrada. Como ressaltado por Marcel Bataillon, no pensamento dos frades
evangelizadores, “a humanidade era uma desde Adão. Havia começado e devia
acabar”90 – sobredeterminação proveniente da visão meta-histórica do cristianismo,
concepção retilínea e marcada por acontecimentos únicos e irreversíveis. Tratava-
se de um motor histórico cujo traçado resultante vai da Criação ao Julgamento Final.
Os milhares de povos que, gradualmente, foram entrando em contato com o
cristianismo, impunham de início um desafio cognitivo. Não obstante, de forma
88
BAUDOT, Georges. Utopía e Historia en México: los primeros cronistas de la civilización
mexicana (1520-1569). Madrid: Espasa-Calpe, 1983, pp. 32, 100.
89
BÍBLIA, Mateus, 24:1-14.
90
BATAILLON, Marcel. Novo Mundo e fim do mundo. In.: Revista de História da USP, São Paulo,
v. 8, n. 18 pp. 343-351, 1954, p. 344.
52
91
Ibídem, pp. 344-346.
92
PHELAN, John L. El reino Milenario de los Franciscanos en el Nuevo Mundo. México: UNAM,
1972, p. 27.
93
Ibidem, pp. 27-28, 71.
53
94
RUBIAL GARCÍA, op. cit., 1996, pp. 124-125; PHELAN, op. cit., 1972, p.76.
95
KARNAL, Leandro. Teatro da Fé: representação religiosa no Brasil e no México do século XVI.
São Paulo: HUCITEC, 1998, p. 44.
96
DUVERGER, op. cit., 1993, p. 27.
54
otras cargan las más negras tintas a su pintura”97. É uma oscilação que recaiu de
forma palpável no tratamento e descrição dos indígenas.
Diante do grande território que se mostrava e na tentativa de fazer
cumprir seus esforços, os franciscanos tomaram decisões práticas e se dividiram
entre as regiões mais populosas dos vales centrais mexicanos. Os núcleos
demográficos correspondiam a quatro grandes territórios indígenas, a saber:
Texcoco, Huejotzingo, Tlaxcala e Mexico-Tenochtitlan.98 Uma vez assentados, os
clérigos nomearam a nova custódia franciscana com o nome de Santo Evangelio,
em uma clara referência à província reformada da qual eram provenientes.
Tomadas as posições estratégicas, cabia focar o que era mais desafiador: o
aprendizado das línguas nativas, a conversão e o batismo integral das populações
regionais.
97
RICARD, Robert. La Conquista Espiritual de México. México: FCE, 1994, p. 96.
98
GONZALBO AIZPURU, Pilar. Historia de la Educación en la Época Colonial: el mundo indígena.
México: El Colegio de México, 2008, p. 26.
55
99
BENAVENTE, Toribio. Historia de los Indios de Nueva España. México: Ed. Porrúa, 2007, trat.
II, cap. 4, p. 123.
100
BENAVANTE, op. cit., 2007, trat. II, cap. 4, p. 123.
56
101
RICARD, op. cit., 1994, pp. 174-176. MENDIETA, op. cit., 1993, liv, III, cap. XXXVII, pp. 269-273.
102
KARNAL, op. cit., 1998, p. 209.
103
GRUZINSKI, Serge. A Guerra das Imagens: de Cristóvão Colombo a Blade Runner (1492-2019).
São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p.77.
104
BENAVENTE, op. cit., 2007, trat. I, cap. 3, pp. 28.
57
105
Templo ou espaço devocional demarcado, onde são abrigados e cultuados uma ou mais
divindades (teotl).
106
O termo “sacerdote” será empregado no caso indígena para designar os antigos especialistas
rituais, mas cujo sentido não deve estar necessariamente vinculado ao desempenho de um posto
institucional.
107
BENAVENTE, op. cit., 2007, trat. I, cap. 3, p. 28.
58
108
GRUZINSKI, op. cit., 2006, pp. 55-60.
109
DÍAZ DEL CASTILLO, Bernal. Historia Verdadera de la Conquista de la Nueva España. México:
Porrúa, 2009, cap. LII, pp. 87-88.
110
Relación Hecha por el Señor Andrés de Tápia sobre la Conquista de México (XVI). In: GARCIA
ICAZBALCETA, J. Colección de Documentos Para la Historia de México. México: Porrúa, 2004,
vol. 2, p. 585.
111
BENAVENTE, op. cit., 2007, trat. I, cap. 3, p. 29.
112
Os calmecac e Telpochcalli eram os templos/escolas reservados para a educação intelectual,
guerreira, técnica e sacerdotal dos jovens indígenas do Planalto Central Mexicano.
113
GONZALBO AIZPURU, op. cit, 2008, pp. 32-38.
59
dos adultos legados aos batismos massivos: “porque fruto se esperaba más cierto
y durable, como se ve, en sus niños por quitar la raíz de tan mala memoria”114.
Os evangelizadores concentraram seus esforços, principalmente,
naqueles que ocupavam uma posição social de maior destaque no mundo nahua.
Foram privilegiados os filhos dos pipiltin115 ou nobres indígenas, em detrimento dos
filhos dos macehualtin116 (não nobres). As autoridades metropolitanas
recomendaram aos evangelizadores a criação de regimes de internato para os filhos
da nobreza indígena, baseando-se nos êxitos alcançados na cidade de Granada,
conquistada a poucas décadas do domínio muçulmano. 117 Tomando as
ordenações, os franciscanos procuraram montar estruturas anexas aos
monastérios, no intuito de abrigar os neófitos. Assim, a educação dos filhos dos
“principales118 y caciques119” demandou o afastamento dos jovens indígenas de
suas famílias; eles deveriam deixar de lado a obediência e o temor aos pais e
anciões de suas respectivas comunidades. O intuito dos evangelizadores era
alcançar um rompimento completo com as devoções e costumes locais, incutindo
uma nova formação:
114
Carta de fray Martín de Valencia y otros religiosos al emperador (1533). In: GARCÍA
ICAZBALCETA, J. Nueva Colección de Documentos Para la Historia de México, vol II: Códice
franciscano, siglo XVI. México: Imprenta de Francisco Díaz de León, 1889, p. 163
115
Pilli (sing.).
116
Macehual (sing.). Na grafia espanholizada, é possível encontrar o plural na forma “macehuales”.
117
GONZALBO AIZPURU, op. cit., 2008, p. 32.
118
Principal (sing.) foi a forma espanhola usada para traduzir o termo indígena pilli.
119
A palavra “cacique” (sing.) foi a designação comum usada pelos conquistadores e autoridades
espanholas em substituição do termo nahuatl tlatoani. A palavra é de origem arawaka, adotada pelos
espanhóis nas Antilhas e levada para o México.
120
Carta de fray Martín de Valencia y otros religiosos al emperador (1533). In: GARCÍA
ICAZBALCETA, op. cit., 1889, p. 163.
60
121
KOBAYASHI, José María. La Educación Como Conquista. México: COLMEX, 2007, pp. 56-70;
RICARD, op. cit., 1994, p. 185; SAHAGÚN, Bernardino. Historia General de las Cosas de Nueva
España. México: Porrúa, 2006, liv. III, apéndices, caps.4-8, pp. 201-206.
122
Carta de fray Martín de Valencia y otros religiosos al emperador (1533). In: GARCÍA
ICAZBALCETA, op. cit., 1889, p. 163.
61
123
Ibidem; GONZALBO AIZPURU, op. cit., 2008, p. 37; DUVERGER, op. cit., 1993, p. 104.
124
BENAVENTE, op. cit., 2007, trat. I, cap. 4, p. 34.
62
4. Atribuições e Controvérsia
125
MEDINA, José Toríbio. La Primitiva Inquisición Americana (1493-1569). Santiago de Chile:
Imprenta Elzeveriana, 1914, caps. 6 e 7; GIBSON, C. Tlaxcala en el Siglo XVI. México: FCE, 1991,
pp. 45-48; GREENLEAF, Richard E. Zumárraga y la Inquisición Mexicana. México: FCE, 1992,
pp.11-22; GREENLEAF, Richard E. La Inquisición en Nueva España Siglo XVI. México: FCE,
1992b pp. 16-21; IBAÑEZ, Yolanda Mariel. El Tribunal de la Inquisición en México. México:
Porrúa, 1984, pp. 61-77; MORENO DE LOS ARCOS, Roberto. La inquisición para indios en Nueva
España (siglos XVI a XIX). In.: SARANYANA CLOSA, Josep I. (dir.). Evangelización y Teología en
América (siglo XVI). Panplona: Universidad de Navarra, 1990, pp. 1471-1484; MORENO DE LOS
ARCOS, Roberto. New Spain’s Inquisition for Indians from the Sixteenth to the Nineteenth Century.
In.: PERRY, M. E; CRUZ, A. J. (dir.) Cultural Encounters: the impact of the Inquisition in Spain and
the New World. Los Angeles: University of California Press, 1991, pp. 23-36; KLOR DE ALVA, J. J.
Colonizing Soul: the Failure of the Indian Inquisition and the Rise of Penitential Discipline. In.:
PERRY, M. E; CRUZ, A. J. (dir.) Cultural Encounters: the impact of the Inquisition in Spain and the
New World. Los Angeles: University of California Press, 1991, pp. 03-22; SOBERANES
FERNANDEZ, José L. La Inquisición en México Durante el Siglo XVI. In: Revista de la Inquisición,
Madrid, n. 7, pp. 283-295, 1998.
126
REMESAL, Antonio. Historia General de las Indias Occidentales y Particular de la
Gobernación de Chiapa y Guatemala. México: Editorial Porrúa, 1988.
127
REMESAL, op. cit., 1988, p. 59.
64
Remesal – eram implícitas: “la comición que el padre fray Pedro de Córdova dió al
padre fray Martín de Valencia, fué no más de hasta que llegasen a México los frailes
dominicos”128. Contudo, as afirmações do cronista não encontram respaldo em
outras fontes e estão em contradição com os relatos de outros cronistas.
Considerando os escritos do também dominicano frei Agustín Dávila
Padilla, pode-se observar que as atribuições mudam seu repouso de autoridade. Na
Historia de la Fundación y Discurso de la Provincia de Santiago de México 129, Dávila
Padilla denota que os poderes jurídico-eclesiásticos atribuídos aos franciscanos
foram portados, temporariamente, mediante a autoridade fornecida pela bula
Omnímoda. Segundo relata, “no había entonces Obispo en esta tierra, y por una
bula de Adriano VI tenia los casos episcopales y comisión apostólica para los casos
de Santo Oficio de la Inquisición el prelado de S. Francisco”130. As informações de
Dávila Padilla corroboram, de antemão, as informações dispostas na obra do
franciscano Gerónimo de Mendieta. Na História Eclesiástica Indiana também foi
encontrada a associação da autoridade episcopal portada pelos franciscanos às
bulas pontifícias:
128
Ibidem, pp. 59-60.
129
DÁVILA PADILLA, A. Historia de la Fundación y Discurso de la Provincia de Santiago de
México de la Orden de Predicadores por las Vidas de sus Varones Insignes y Casos Notables
de Nueva España. Bruxelas: Ivan de Meerbeque, 1625.
130
DÁVILA PADILLA, op. cit., 1625, p. 42.
131
MENDIETA, op. cit., 1993, liv, III, cap. XXXVII, p. 314.
65
aos bispos de Santa Maria, Santo Domingo e Concepción de la Vega. Dois anos
depois, don Alonso Manrique, cardeal de Tolosa, na Espanha, e inquisidor geral,
designou frei Pedro de Córdoba – que na época ocupava o cargo de vice provincial
da ordem dominicana nas Índias – e don Alonso Manso como inquisidores
apostólicos.132 No entanto, não existem traços do uso do cargo inquisitorial por parte
de Pedro de Córdoba. Como ressaltado pelo historiador José Toribio Medina, a
única evidência que auxiliaria as afirmações veiculadas por Antonio de Remesal
seria o documento de outorga do cargo de comissário do Santo Ofício a Martín de
Valencia.133 A referência de uma suposta comissão inquisitorial ostentada por
Valencia consta exclusivamente no relato do cronista dominicano. Ademais, não
existe qualquer comprovação de que Córdoba tenha passado a comissão a
Valencia, nem ao menos se possuía a disponibilidade para outorgar tal cargo. 134 Em
outras palavras, há carência de qualquer documentação oficial que vincule Valencia
à comissão mencionada por Remesal.
O erudito mexicano Joaquim García Icazbalceta comparou as
informações contidas em Dávila Padilla e Remesal em sua Bibliografia Mexicana
del Siglo XVI135. Para o autor, a exclusividade das informações de Remesal não
inspiraram muita confiança. Ainda assim, também parecia improvável a García
Icazbalceta que funções inquisitoriais estivessem baseadas na Omnímoda, uma vez
que não consta no texto da bula o respaldo específico para a promoção de juízos
eclesiásticos. O autor deixa claro que apenas uma comissão especial autorizaria
Martín de Valencia a exercer tamanha função. Mas, ainda que não conste
claramente na Omnímoda, García Icazbalceta denota que parece inevitável pensar
que as ordens franciscana, dominicana e agostiniana interpretavam a bula dessa
forma.136 As faculdades episcopais extraordinárias outorgadas careciam de
detalhamentos, deixando abertas as possibilidades de interpretação da bula.
132
MEDINA, op. cit., 1914, pp. 69-77.
133
Ibidem, p. 77.
134
Ibidem, pp. 96-108.
135
GARCIA ICAZBALCETA, J. Bibliografia Mexicana del Siglo XVI. México: FCE, 1981.
136
GARCIA ICAZBALCETA, op. cit., 1981, pp. 451-455.
66
137
GARCIA ICAZBALCETA, J. Nueva Colección de Documentos Para la Historia de México, vol
II: Códice franciscano, siglo XVI. México: Imprenta de Francisco Díaz de León, 1889, pp. 177-178.
138
Richard Greenleaf faz referências a um suposto processo contra um indígena identificado como
Marcos de Acolhuacan. O expediente processual estaria localizado no primeiro volume do fundo
Inquisición do Archivo General de la Nación, México (AGN, Inquisición, vol. 1). Contudo, parte
significativa do conjunto documental reunido neste primeiro volume do ramo de inquisición foi
mutilado, não constando mais nenhum vestígio do processo referido. A incompletude dos arquivos
foi mencionada pelo próprio Greenleaf que, por sua vez, baseou-se nas conclusões do trabalho de
José Toribio Medina. Infelizmente, tal fato impede qualquer verificação das informações veiculadas
por Greenleaf. Cf. GREENLEAF, op. cit., 1992a, pp. 20-21; MEDINA, op. cit., 1914, cap. 7, pp. 99-
128.
67
139
GREENLEAF, op. cit., 1992a, p. 21
140
RICARD, op. cit., 1994, pp. 85-87.
141
Ibidem, p. 86; DÁVILA PADILLA, op. cit., 1625, liv. I, cap. 15, pp. 48-49.
142
AGN, Inquisición, exp. 1, vol. 10.
143
GREENLEAF, op. cit., 1992a, p. 23.
68
5. Índices Punitivos
144
MARIEL DE IBÁÑEZ, op. cit., 1984, pp. 67-68.
69
tanto no Santo Ofício, quanto nas instâncias ordinárias – e, em suas diversas formas
– não eram eles os elementos propriamente distintivos. 145
Os documentos que apontam para punições, promovidas logo nos
primeiros anos da conquista espanhola, chamam a atenção para a região de
Tlaxcala. A cidade indígena, cujo apoio às tropas de Hernán Cortés nas guerras de
conquista foi decisivo no desenrolar dos eventos, também ajudou no assentamento
dos frades e na propagação do cristianismo. Tlaxcala proporcionou um dos
primeiros redutos franciscanos e, consequentemente, o primeiro campo de teste
para as concepções evangélicas da Ordem dos Frades Menores.146
Três cenas de especial relevância podem ser encontradas no códice
pictórico anexo à Descripción de la Ciudad y Provincia de Tlaxcala147, elaborada
pelo cronista mestiço Diego Muñoz Camargo. O sequenciamento completo das
imagens veiculadas pelo autor comporta 156 lâminas, que ressaltam o mundo
tlaxcalteca, a evangelização da região, a chegada de Hernán Cortés e as batalhas
empreendidas pelos conquistadores com o apoio dos guerreiros indígenas de
Tlaxcala. O corpus conta com inscrições nas partes superior e inferior de cada folha,
delimitando o sentido pretendido pelo autor da Descripción. Em meio a essa vasta
sequência imagética, três cenas chamam a atenção para o uso de castigos por
crimes de fé (figuras 1, 2, 3).148
As duas primeiras imagens (figuras 1, 2) encenam a execução de dois
indígenas, segundo as legendas anexas “uno de ellos porque hacía burla de
n[uest]ra s[an]ta fe” e outro “porque había reincidido en ser idólatra”. A terceira
imagem (figura 3) representa uma grande execução pública de nobres tlaxcaltecas.
Na descrição anexa ao quadro, consta a referência do enforcamento de seis nobres
indígenas, entre eles, cinco homens e uma mulher, “porque, de c[rist]ianos, tornaron
a idolatrar”. Outros dois, cujos status sociais não são mencionados, também podem
145
TRASLOSHEROS, Jorge E. El Tribunal Eclesiástico y los Indios en el Arzobispado de México,
Hasta 1630. In.: Historia Mexicana. México, v. 51, n. 3, p. 485-516, mar., 2002, pp. 507-508.
146
GIBSON, C. op. cit., 1991, pp. 45-48.
147
ACUÑA, René (editor). Relaciones Geográficas del Siglo XVI: Tlaxcala. México: UNAM, 1984.
148
ACUÑA, op. cit. 1984, quadros 11,12 e 14, fs. 241r, 241v, 242v.
70
149
MARTÍNEZ, Andrea. Las Pinturas del Manuscrito de Glasgow. In: Estudios de Cultura Náhuatl.
México, n. 20, pp. 141-162, 1990, pp. 143-157.
150
KRANZ, Travis B. Visual Persuasion: Sixteenth-Century Tlaxcalan Pictorials in Response to the
Conquest of Mexico. In.: SCHROEDER, Susan (Edit.). The Conquest All Over Again. Canadá:
Sussex Academic Press, 2011, pp. 53-54.
71
151
KRANZ, op. cit., 2011, p. 54; MARTÍNEZ, op. cit., 1990, pp. 143-144.
152
MARTINEZ, op. cit., 1990, p. 143.
153
KRANZ, op. cit., 2011, p. 59.
72
154
Ibidem, p. 65; MARTÍNEZ, op. cit., 1990, p. 159.
155
ACUÑA, op. cit. 1984, fs. 238r-243r.
156
BROTHERSTON, Gordon; GALLEGOS, Ana. El Lienzo de Tlaxcala y el Manuscrito de Glasgow.
In: Estudios de Cultura Náhuatl. México, n. 20, pp. 117-140, 1990, p. 134.
157
ESCALANTE GONZALBO, Pablo. La casa, el cuerpo y las emociones. In: _______________.
(coord.). Historia de la Vida Cotidiana en México I: Mesoamérica y los ámbitos indígenas de la
Nueva España. México: FCE; ECM, 2004, pp. 253-254; BROTHERSTON; GALLEGOS, op. cit., 1990,
p. 134.
73
“Disipación de los juegos y tahurerías de los jugadores, y fue justiciado uno de ellos porque hacía
burla de n[uest]ra s[an]ta fe, por mandado de Cortés.”
74
“Justicia que se hizo de un cacique de Tlaxcala porque había reincidido en ser idólatra; habiendo
sido cr[ist]iano, se había ido a unas cuevas a idolatrar.”
75
“Justícia grande que se hizo de cinco caciques muy prin[cipa]les de taxcala, y una mujer, señora de
aquella tierra, porque, de c[rist]ianos, tornaron a idolatrar, y dos, demás destos, fueron quemados
por pertinaces, por man[da]do de Cortés [y] por consentim[ient]o y beneplacito de los c[uatr]o
s[eñor]es, y, com esto se arraigó la doctrina c[rist]iana.”
76
158
As vestimentas de um pilli e de um macehual eram muito similares; as diferenças estavam
vinculadas à qualidade dos materiais empregados, na sua decoração e no comprimento. Cf.
ESCALANTE GONZALBO, op. cit., 2004, p. 238.
159
Lenço que rodeia o quadril, passando entre as pernas e deixando suas duas extremidades
penduradas à frente e atrás da pélvis. As referências em castelhano podem aparecer como “calzón”,
“braguero” ou “taparrabos”.
160
Tilmatli ou tilma era um manto de tecido cumprido usado com uma amarração entre duas pontas
e envolvendo o restante do corpo. Seu uso mais refinado era a cobertura dos dois ombros e a
passagem de parte do manto por debaixo da axila era vinculada aos macehualtin. O nó que
sustentava o tilmatli sobre o corpo nunca deveria passar pela axila, sinônimo de má educação.
161
ESCALANTE GONZALBO, op. cit., 2004, pp. 238-239.
77
162
BROTHERSTON; GALLEGOS, op. cit., 1990, p. 134.
163
LÓPEZ AUSTÍN, Alfredo. Hombre Dios: religión y política en el mundo náhuatl. México: Instituto
de Investigações Históricas, UNAM, 1973, pp. 147-149.
164
ÁVILA SANDOVAL, Santiago. La vida del último tlatoani mexica. In: ESCALANTE GONZALBO,
Pablo. (coord.). Historia de la Vida Cotidiana en México I: Mesoamérica y los ámbitos indígenas
de la Nueva España. México: FCE; ECM, 2004, pp. 290-291.
78
portador. Ao lado dos enforcados, destaca-se uma figura feminina, apartada dos
demais e distinguível pelo uso do cueitl165 e do huipil166. Os cabelos da mulher
indígena aparecem cumpridos e soltos, pendendo junto à cabeça, sinal que sugere
uma atribuição de indecência. As mulheres indígenas procuravam manter seus
cabelos presos. O uso dos cabelos soltos era amplamente mal visto, como é
possível notar em retratações da deusa Ixnextli, arquétipo da mulher libertina.167
As cenas punitivas incluídas na Descripción de Diego Muñoz Camargo
foram, ocasionalmente, associadas às execuções promovidas por frei Martín de
Valencia.168 Em grande parte, a correlação foi estabelecida devido ao período que
o franciscano esteve a cargo da região de Tlaxcala, entre os anos de 1527 e 1530.169
Apesar de não constar uma menção direta a Valencia, a associação cronológica
parece inevitável. No relato imagético, os três quadros destacados (figuras 1, 2, 3)
ocupam o espaço dos primeiros anos de contato entre evangelizadores e indígenas.
Além disso, qualquer juízo eclesiástico administrado na época deveria passar pela
autoridade de Valencia, uma vez que o franciscano era responsável pela região e
detinha a liderança dos frades de São Francisco.
Outra notação documental que contribui para pensar em juízos
promovidos pelo líder dos franciscanos foi levantada pelo historiador Charles
Gibson. O autor constatou referências às execuções promovidas por Martín de
Valencia nos “Anales de Tlaxcala y Puebla”170. Esse conjunto documental traz uma
breve notícia referente ao ano de 1527, no qual constam os nomes de indígenas
penalizados pelos franciscanos: “en este año mando colgar el padre de Tlaxcala
Fray Martín de Valencia al caballero Tecamaxcuicuiltzin, Acxotecatl, Texopanecatl,
165
Consistia em um lenço envolto na cintura das mulheres que recaia até os tornozelos.
166
O huipil ou huipilli era um camisão usado na parte superior do corpo das mulheres, podendo
chegar a cobrir toda a parte superior do cuéitl.
167
ESCALANTE GONZALBO, op. cit., 2004, pp. 245-247.
168
A correlação entre as imagens e execuções promovidas por Valencia foi especialmente destacada
por MORENO DE LOS ARCOS, op. cit., 1991, pp.23-36 e KLOR DE ALVA, J. J. op. cit., 1991, pp.
03-22.
169
GIBSON, C. op. cit., 1991, p. 45
170
Ramírez, José F. Anales Antiguos de México y sus Contornos. CA, 273, vol. 2, n. 18.
80
171
Idem.
172
GIBSON, op. cit., 1991, pp. 45-48.
173
KRUG, Frances; TOWNSEND, Camilla. The Tlaxcala-Puebla Family of Annals. In: LOCKHART,
J; SOUSA, L; WOOD, S. (eds.). Sources and Methods for the Study of Postconquest
Mesoamerican Ethnohistory, provisional version. Disponível em:
http://whp.uoregon.edu/Lockhart/KrugTownsend.pdf (consultado 14/01/2014).
81
Não obstante, por mais difícil que seja atrelar os dois relatos a um mesmo
evento, a Descripción e os Anales emergem como índices importantes para pensar
na existência e na promoção de juízos eclesiásticos nos primeiros anos da
evangelização do México. É verdade que tanto as cenas destacadas, quanto a
breve menção dos Anales informam mais sobre as características dessas elites
locais (em diferentes épocas) que a respeito de medidas detalhadas da implantação
do cristianismo no mundo indígena.175 Ainda assim, ambas as fontes fazem
referência a eventos específicos, que podem ser tomados como elementos para a
composição de suposições. Tal qual proposto pelo historiador Carlo Ginzburg,
174
ACUÑA, René (editor). Relaciones Geográficas del Siglo XVI: Tlaxcala. México: UNAM, 1984,
p. 264 (212v). Referência semelhante pode ser verificada nas legendas que acompanham as
imagens destacadas (figuras 2, 3).
175
KRANZ, Travis B. Sixteenth-Century Tlaxcalan pictorial documents on the conquest of Mexico. In:
LOCKHART, J; SOUSA, L; WOOD, S. (eds.). Sources and Methods for the Study of
Postconquest Mesoamerican Ethnohistory, provisional version. Disponível em:
http://whp.uoregon.edu/Lockhart/Kranz.pdf (consultado 14/01/2014), p. 19.
82
176
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. ________________. Mitos,
Emblemas e Sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, pp. 143-179.
177
Para uma abordagem concisa das ações do governo civil a respeito da heterodoxia indígena, ver:
TAVÁREZ BERMÚDEZ, David. Las Guerras Invisibles: devociones indígenas, disciplinas y
disidencias en el México Colonial. México: CIESAS, 2012, pp. 68-69.
83
178
Primer Libro de Actas. In.: Actas de Cabildo de la Ciudad de México. México: Ignacio Bejarano,
1889, p. 49.
179
Primer Libro de Actas, op. cit., 1889, p. 50.
84
contrário, seria demandar uma acuidade de representação jurídica alheia aos fins
da própria Descripción.
É digno considerar – principalmente quando se olha para as três imagens
da Descripción – a referência a vários eventos ocorridos em uma mesma época.
Por um lado, é difícil determinar a atribuição das condenações seja a Cortés ou a
Valencia. Ou mesmo qual seria o teor de ficcionalidade das cenas retratadas. Por
outro lado, soa imprudente ignorar que a documentação, mesmo fragmentada e
imprecisa, configura um índice para pensar sobre possíveis medidas violentas
contra as devoções indígenas. Acima de tudo, os documentos proporcionam um
olhar específico para os primeiros anos da evangelização, focado em um caráter
mais combativo dos frades.
Insinua-se uma dinâmica que anunciava cedo a tendência de castigar os
indígenas convertidos, não apenas com o uso de coerções simples e informais, mas
também, no apelo a coerções jurídicas que culminaram em execuções,
expressando a grande preocupação dos evangelizadores em reprimir os
comportamentos indesejados para a formação dos novos súditos cristianizados da
Coroa espanhola. Compunha-se um prelúdio aos esforços de extirpação herética,
que vigoraram após a chegada do primeiro bispo do México, frei don Juan de
Zumárraga.
85
II
O INQUISIDOR E O TRIBUNAL EPISCOPAL
180
Carta de fray Martín de Valencia y otros religiosos al emperador. In.: GARCIA ICAZBALCETA, J.
Nueva Colección de Documentos Para la Historia de México: Códice franciscano, siglo XVI.
México: Editorial Salvador Chávez Hayhoe, 1941, p. 164.
181
As informações biográficas sobre Juan de Zumárraga antes de sua designação para ocupar o
cargo de primeiro bispo do México são escassas. Algumas especulações e associações, quanto a
esse período, foram feitas por seu biógrafo Joaquim García Icazbalceta (GARCÍA ICAZBALCETA,
J. Don Fray Juan de Zumárraga. México: Ed. Porrúa, 1988.), cuja obra permanece como o estudo
mais expressivo sobre a vida do franciscano. Outras informações biográficas podem ser encontradas
em GREENLEAF, Richard E. Zumárraga y la Inquisición Mexicana. México: FCE, 1992a;
MENDIETA, Gerónimo de. História Eclesiástica Indiana. México: Ed. Porrúa, 1993, Libro V, Cap.
87
XXVII, pp. 629-638; The Americas: A Quarterly Review of Inter-American Cultural History, Special
Issue Dedicated to the Memory of Don Fray Juan de Zumárraga, First Bishop and Archbishop of
Mexico, Washington, vol. 5, n. 3, pp. 256-345, Jan., 1949; CARREÑO, Alberto M. Don Fray Juan de
Zumárraga: teólogo y editor, humanista e inquisidor. México: Editorial Jus, 1950.
182
MENDIETA, op. cit., 1993, Libro V, Cap. XXVII, p. 629.
183
Idem.
88
184
SANDOVAL, Prudencio. Historia de la Vida y Hechos del Emperador Carlos V. Amberes:
Geronimo Verdussen, Impressor, 1681, vol. l, lib. XVI, p. 621.
185
Idem.
186
MENDIETA, op. cit., p. 629.
187
[...] por esto y por sus muchos merecimientos lo elegió el Emperador em primero obispo de México
[...]. (MENDIETA, op. cit., p. 629.). Ver também, GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 1, pp.
16-17.
188
MENDIETA, op. cit., p. 629.
89
189
Instrucción dada por Fray Juan de Zumárraga, Obispo de México, a Fray Juan de Osseguera y
Fray Cristóbal de Almazán, como procuradores del Concilio Universal (1537). In: CUEVAS, Mariano
(org.). Documentos Inéditos del Siglo XVI Para la Historia de México. México: Ed. Porrúa, 1975,
Apéndice, p. 488.
190
CORCUERA DE MANCERA, De Pícaros y Malqueridos: huellas de su paso por la Inquisición
de Zumárraga (1539-1547). México: FCE, 2009, pp. 167-169.
191
PHELAN, John L. El reino Milenario de los Franciscanos en el Nuevo Mundo. México: UNAM,
1972, p. 72.
90
2. Um suposto “erasmista”
192
TLASLOSHEROS, Jorge E. Iglesia, Justicia y Sociedad en la Nueva España: la audiencia del
arzobispado de México, 1528-1668. México: ed. Porrúa/Universidad Iberoamericana, 2004, p. 4.
193
BATAILLON, Marcel. Erasmo y España: estudios sobre la historia espiritual del siglo XVI. México:
FCE, 2007, p. 816 e 825.
194
BATAILLON, op. cit., 2007, p. 821.
91
195
Ibidem, p. 816.
196
AGI, Justicia, leg. 1011 apud BATAILLON, op. cit., 2007, p. 822.
197
ZUMÁRRAGA, Fr. Juan de. Doctrina breve muy provechosa de las cosas que pertenecen a
la fe católica y a nuestra cristiandad en estilo llano para común inteligencia. México: Juan
Cromberger, 1544.
198
BATAILLON, op. cit., 2007, pp. 540, 823-825.
92
199
ZUMÁRRAGA, Fr. Juan de. Regla Cristiana Breve. México: Ed. JUS, 1951.
200
RUBIAL GARCÍA, Antonio. La Hermana Pobreza. México: UNAM, 1996, pp. 106-108.
93
201
Ibidem, pp. 85 e 106.
202
KARNAL, Leandro. Teatro da Fé: representação religiosa no Brasil e no México do século XVI.
São Paulo: HUCITEC, 1998, p. 55.
203
JONES, Willian B. Evangelical Catholicism in Early Colonial Mexico: An Analysis of Bishop Juan
de Zumárraga's Doctrina Cristiana. In: The Americas: A Quarterly Review of Inter-American Cultural
History. Washington, vol. 23, n. 4, pp. 423-432, abr., 1967.
204
RUBIAL GARCÍA, op. cit., 1996, p. 106.
205
FERNANDEZ DEL CASTILLO, Francisco. Libros y Libreros en el Siglo XVI. México: Tip.
Guerrero Hnos., 1914, doc. II, pp. 1-3 e doc. X, p. 248.
94
206
GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 1, pp. 33-34.
207
Para os conflitos entre Zumárraga e a Pirmera Audiencia, ver o trabalho de Jorge E. Traslosheros
(TRASLOSHEROS, op. cit., 2004, pp. 3-13) e a reconstrução narrativa feita por Joaquín García
Icazbalceta (GARCIA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 1, p. 37-91). Os eventos também são
narrados pelo próprio frei Juan de Zumárraga em carta destinada ao rei da Espanha (Ibidem, vol. 2,
docs. 1-16, pp. 165-299).
208
A Primera Audiencia Governadora (1528) foi composta pelo seu presidente Nuño de Guzmán e
pelos ouvidores Alonso de Parada, Francisco Maldonado, Juan Ortiz de Matienzo e Diego Delgadillo.
Poucos dias após a reunião dos membros, faleceram Parada e Maldonado, restando apenas dois
ouvidores.
95
de Zumárraga para o encontro de seu presidente Nuño de Guzmán. 209 Uma vez
organizada e composta de seus respectivos membros, a Audiência Real entrou em
choque com as relações de tributo, governo e jurisdição previamente estabelecidas
– desde a queda de Mexico-Tenochtitlan – por Cortés e seus aliados. Esse reajuste
de forças acabou envolvendo os regulares franciscanos. Desde a chegada dos
Frades Menores, os primeiros sacerdotes estiveram sob a tutela e proteção de
Hernán Cortés e, de antemão, foram privilegiados pelo conquistador em seu
estabelecimento territorial e na autoridade que exerciam sobre os indígenas. Não
foram raras as tentativas de monopólio dos franciscanos no trato com os neófitos,
chegando a pleitear, junto à administração real, exclusividade jurídico-civil sobre os
indígenas.210
Não parece por menos que a Audiência Real tenha visto nos frades de
São Francisco uma ameaça ao seu funcionamento, quando reivindicou sua posição
de governo ante os conquistadores, encomenderos, pobladores211 e a população
autóctone. Ademais, a longa ausência de Cortés criou um cenário propício para as
ações de reorganização almejadas por Nuño de Guzmán, presidente da Primera
Audiencia e um voraz opositor do conquistador. Hernán Cortés havia partido em
expedição às Hibueras212, entre 1524 e 1526. Em seu retorno, não se fez presente
por muito tempo, pois o capitão foi obrigado, em 1528, a retornar à Espanha para
prestar contas de seu governo e dos conflitos com Diego Velázquez. Com seus
ouvidores, Guzmán aproveitou a ausência de Cortés e iniciou a desarticulação e a
restrição daqueles que tinham ficado a cargo do governo.
209
Carta de Don Fray Juan de Zumárraga al Emperador – Valladolid. 1533. In: CUEVAS, op. cit.,
1975, doc. 8, pp. 21, 22, 31, 44. Também é reproduzido em, GARCIA ICAZBALCETA, op. cit., 1988,
vol. 3, doc. 19.
210
Primer Libro de Actas. In.: Actas de Cabildo de la Ciudad de México. México: Ignacio Bejarano,
1889, p. 49.
211
Poblador (sing.) foi termo empregado para os habitantes que passaram as possessões
americanas da Coroa de Castela e que guarda certa semelhança com a expressão “colono”. Cf.
ELLIOTT, John. Imperios del Mundo Atlántico: España y Gran Bretaña en América (1492-1830).
España: Taurus, 2011, pp. 35-36.
212
Hibueras ou Higüeras eram as formas utilizadas na época para referenciar a região de Honduras.
96
213
Primer Libro de Actas. In.: Actas de Cabildo de la Ciudad de México. op. cit., 1889, p. 49.
214
GARCÌA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 2, docs. 1 e 2, pp. 165-167.
97
“[...] Bien sabéis como vos los dichos oidores y justicia fuisteis
con mano armada con mucha gente al monasterio de Sr. S. Francisco [...]
donde sacasteis a García de Llerena, y Cristóbal de Angulo, los cuales
estaban acogidos al dicho monasterio e iglesia dél, [...] e demás de
sacarlos les maltratasteis sus personas, trayéndolos en camisa, descalzos,
e dándoles muchos golpes [...], llevándolos a la cárcel pública echándoles
graves prisiones [...]”.216
A prisão dos dois frades gerou o alarde coletivo dos franciscanos. O uso
da força por parte dos funcionários reais violava os princípios de asilo e imunidade
215
Carta de Don Fray Juan de Zumárraga al Emperador – Valladolid. 1533. In: CUEVAS, op. cit.,
1975, doc. 8, p. 22.
216
La carta original que Fr. Juan de Zumárraga discernió contra la Audiencia, de entredicho y
cesación a divinis (1530). In: GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 2, doc. 6, p. 248.
98
217
TRASLOSHEROS, op. cit., 2004, p. 6.
218
Carta de Don Fray Juan de Zumárraga al Emperador – Valladolid. 1533. In: CUEVAS, op. cit.,
1975, doc. 8, pp. 17-27.
219
A Segunda Audiencia Governadora (1530) foi composta pelos ouvidores Vasco de Quiroga,
Alonso Maldonado, Francisco de Ceynos e Juan de Salmerón. Sebastián Ramírez de Fuenleal foi
nomeado presidente até a chegada de Antonio de Mendoza que assumiu o posto de vice-rei da Nova
Espanha a partir de 1535.
220
Apesar do retorno prestigioso de Hernán Cortés, o conquistador ficou restrito a se manter a 10
léguas de distância da Cidade do México, enquanto não chegassem os membros da Audiência Real.
(Órden á Hernan Cortés. In: GARCÍA ICAZBALCETA, J. Colección de Documentos Para la
Historia de México. México: Porrúa, 2004, vol. 2, p. 30).
99
4. A chegada do inquisidor
221
Parecer del Lic. de la Corte del Consejo de Indias Sobre la Conducta de D. Fray Juan de
Zumárraga en la Desavenencia que Tuvo con la Audiencia de México. In: CUEVAS, op. cit., 1975,
pp. 5-6. Também é reproduzido em, GARCÍA ICAZBALCETA, 1988, vol. 4, doc. 64, p. 69.
222
Carta de don Fray Juan de Zumárraga a un eclesiástico desconocido. – México, 4 de abril de
1537. In: CUEVAS, op. cit., 1975, doc 17.
223
GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 1, pp. 50-55.
100
receber instruções mais acertadas sobre o título que portava. Nas palavras de
Marroquín:
224
Carta del obispo de Guatemala Don Francisco Marroquin al Emperador Don Carlos (...) – Santiago
de Guatemala, 15 de agosto de 1539. In: Cartas de Indias. Madrid: Ediciones Atlas, 1974, p. 427.
225
Testimonio de la consagración. In: GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. 3, doc. 24, pp. 59-
63.
226
BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-
XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 124-134.
101
estratificação de seus respectivos salários – “vos damos poder y facultad para que
podáis proveer y proveáis los oficiales que fuere menester y sean necesarios para
la buena administración y ejercicio del dicho Sancto Oficio”227. A ampla liberdade
administrativa que o caráter de inquisidor reservava vinha acompanhada de seus
pressupostos jurídicos:
227
Título de Inquisidor. In. GARCIA ICAZBALCETA, op.cit.,1988, Vol. 3, doc. 27, p.72.
228
Ibidem, pp. 71-73.
102
229
Ocuituco foi assimilado de volta à Coroa espanhola em 1544. Cf. Instrucción dada por Fray Juan
de Zumárraga, Obispo de México, a Fray Juan de Osseguera y Fray Cristóbal de Almazán, como
procuradores del Concilio Universal (1537). In: CUEVAS, op. cit., 1975, p. 492; GERHARD, Peter.
Geografía Histórica de la Nueva España, 1519-1821. México: UNAM, 1986, p. 93-94.
103
espanhola, ele era o “perfecto sustituto del monarca”. Os súditos reais deveriam ver
nessa figura advinda da corte peninsular o “rey transfigurado en su persona”.230
Sobre os ombros de Mendoza recaiu a enorme responsabilidade de
reorganizar os novos súditos do rei nas dinâmicas do império espanhol e delimitar
um alcance jurídico aceitável – aos olhos da Corte – para os poderes exercidos por
Hernán Cortés. A Segunda Audiencia que, desde novembro de 1535, passou a ser
presidida por Mendoza, continuou enfrentando os problemas de governo, frutos das
contradições entre os direitos soberanos da Coroa e a significativa influência do
Marques del Valle junto aos habitantes do vice-reino. Apesar da atuação mais
moderada e menos polêmica com relação aos antigos ouvidores, a nova Audiência
Real não evitou que a solidificação do governo assumisse tonalidades
contraditórias. Em meio ao choque de interesses entre os conquistadores e a
administração idealizada pela Coroa, o maior dos conflitos estava, seguramente, na
tributação arrecadada por Cortés – tanto dos encomenderos, quanto dos principales
indígenas. Para a Coroa, os encomenderos e os indígenas eram vassalos do rei e
não de Hernán Cortés, portanto, deviam pagar tributo diretamente aos cofres reais,
sem quaisquer intermediações por parte do Marques.
A chegada do vice-rei e o retorno vitorioso de Zumárraga começaram a
dar traços definitivos à estrutura colonial que, pouco a pouco, se formava.231 A
consolidação das primeiras dioceses232 junto à nomeação dos respectivos bispos e
a presença de Antonio de Mendoza reduziram os desentendimentos gerados nos
primeiros anos da conquista. A posição de Zumárraga diante do aparato institucional
reservou ao bispo um papel fundamental na montagem colonial. Os
empreendimentos do sacerdote franciscano foram norteados por pressupostos de
230
El Poder Transfigurado: el virrey como la “viva imagen del rey” en la Nueva España de los siglos
XVI y XVII. In: MAZÍN, Óscar (ed.). Las Representaciones del Poder en las Sociedades
Hispánicas. México: El Colegio de México, 2012, pp. 301-335.
231
BAUDOT, Georges. Utopía e Historia en México: los primeros cronistas de la civilización
mexicana (1520-1569). Madrid: Espasa-Calpe, 1983, p. 119.
232
Foram designados para as primeiras dioceses da Nova Espanha frei Julian Garcés (Tlaxcala), em
1525, frei Juan de Zumárraga (México), em 1528 e Vasco de Quiroga (Michoacán), em 1536.
104
233
CORCUERA DE MANCERA, op. cit., 2009, p. 26.
234
GREENLEAF, 1992a, pp. 23, 145-146.
235
BETHENCOURT, op. cit., 2000, p. 18.
105
Ofício. A maior demonstração para esse postulado pode ser situada na criação
totalmente formalizada de um tribunal de Inquisição, em 1571, para a Nova
Espanha. A nomeação do inquisidor don Pedro Moya de Contreras rompeu,
drasticamente, com os antecedentes inquisitoriais e trouxe implícito consigo o
vislumbre da informalidade que o antecedia.
Os tribunais de Inquisição passaram por um progressivo processo de
centralização, em grande parte, resultado das ações do Consejo de la Suprema y
General Inquisición.236 Durante a segunda metade do século XVI e início do XVII, a
inquisição buscou uma ocupação territorial mais eficaz e o reforço da coesão nos
procedimentos com vistas a uma maior eficácia de suas ações. 237 Até a primeira
metade do século XVI, antecedendo as dinâmicas homogeneizadoras do Consejo
de la Suprema, ainda era possível ver tribunais com relativa autonomia, episcopais
e centralizados na figura de um bispo, mediante o acúmulo de cargos. Nas primeiras
décadas que seguiram a criação da Inquisição moderna na Espanha, a partir de
1478 e 1480, os tribunais eram formados onde se julgava necessário. 238 Não foi
diferente no caso da Nova Espanha, quando foram inaugurados os trabalhos do
Santo Ofício por frei Juan de Zumárraga.
Como anteriormente distinguido, o tribunal episcopal estabelecido por frei
Juan de Zumárraga era estruturalmente distinto do Santo Ofício que atuou na Nova
Espanha a partir de 1571. Este último, foi o primeiro tribunal mexicano centralizado
e pertencente a um movimento mais homogêneo da Inquisição espanhola, com seu
funcionamento separado da sede episcopal.
Entretanto, apesar da autonomia do novo tribunal, principalmente, quanto
às instâncias peninsulares, a autoridade do inquisidor estava sujeita às
interferências da Audiência Real. Durante todo o período em que Zumárraga esteve
a cargo do Santo Ofício – em acordo com o Patronato de las Indias – o vice-rei e os
236
KAMEN, Henry. A Inquisição na Espanha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, pp. 180-
181.
237
PEYRE, Dominique. La Inquisición o la Política de la Presencia. In: BENNASSAR, Bartolomé.
Inquisición Española: poder político y control social. Barcelona: Editorial Crítica, 1984, pp. 40-67.
238
KAMEN, op. cit., 1966, p. 181.
106
239
Nos processos feitos pelo Inquisidor Zumárraga, a conferência e a supervisão da Audiência Real
estão expressas nos expedientes a partir da assinatura do ouvidor real Francisco de Loaysa. Cf.
Anexo II.
240
GREENLEAF, op.cit.,1992a, pp. 32-33; BETHENCOURT, op. cit., 2000, pp. 17-18; KAMEN, op.
cit., 1966, pp. 47-48.
241
BETHENCOURT, op. cit., 2000, p. 18.
107
242
Instrucción dada por Fray Juan de Zumárraga, Obispo de México, a Fray Juan de Osseguera y
Fray Cristóbal de Almazán, como procuradores del Concilio Universal (1537). In: CUEVAS, op. cit.,
1975, p. 490.
243
Idem.
244
Idem.
245
Idem.
108
6. Conformidade processual
246
Os expedientes são de diversas índoles e podem variar conforme as considerações
classificatórias entre processos, informações, denúncias e probanzas.
247
Cf. Anexo I.
109
248
Cf. Anexo II.
249
O Sambenito (ou saco bendito) era o manto imposto pela Inquisição aos penitenciados, variando
em sua composição de acordo com a pena e a gravidade do delito cometido.
250
GREENLEAF, op. cit., 1992a, pp. 32-33.
251
Lei emanada de uma autoridade competente, publicada com o fim de remediar algum excesso,
abuso ou dano social. Diferia-se dos decretos reais e ordens gerais em seus protocolos de escrita e
formas de publicação.
252
EYMERICH, Nicolau. Directorium Inquisitorum. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993, pp.
97-116; CORCUERA DE MANCERA, op. cit., 2009, p. 28; GREENLEAF, op.cit., 1992a, pp. 32-33.
110
253
Cédula del Emperador, dada en Monzón a 2 de agosto de 1533. In: GARCÍA ICAZBALCETA, op.
cit., 1988, vol. 3, doc. 28, pp. 74-75.
111
254
ALBERRO, Solange. Inquisición y Sociedad en México 1571-1700. México: FCE, 1993, p. 274.
255
PÉREZ MARTÌN, Antonio. La doctrina jurídica y el proceso inquisitorial. In: ESCUDERO, José A.
(ed.). Perfiles Jurídicos de la Inquisición Española. Madrid: Instituto de Historia de la Inquisición,
Universidad Complutense de Madrid, 1992, p. 289.
256
ESCUDERO, José A. Estudios Sobre la Inquisición. Madrid: Marcial Pons, 2005, pp. 28-30.
112
257
EYMERICH, op. cit., 1993, p. 113-115; ESCUDERO, op. cit., 2005, pp. 29-30.
258
KAMEN, op. cit., 1966, pp. 226-227.
259
Cf. Anexo II
260
Cf. Anexo I, caso 11
113
261
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 338.
262
Ibidem, f. 338v.
263
Motivo legal para desestimular o pleito, testemunhos ou outra comprovação de inocência do réu.
264
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, f. 42.
265
Ibidem, f. 42v.
114
266
KAMEN, op. cit., 1966, pp. 226-227.
267
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 7, f. 92.
268
Ibidem, f. 94.
115
269
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 2007, pp. 35-37.
270
Ibidem, f. 100.
271
KAMEN, op. cit., 1966, p. 227.
116
272
Ibidem, f. 95.
273
Cf. Anexo I, caso 1.
117
274
Cf. Anexo I, caso 13.
275
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, f. 6; AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 7, f. 85v.
276
Cf. Anexo I, caso 3
118
277
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, f. 134.
278
AGN, Inquisición, vol. 30, exp. 10 (antes exp. 9), fs. 156v-157.
279
Ibidem.
280
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, f. 134.
119
7. A barreira linguística
281
ESCUDERO, op. cit., 2005, pp. 28-30.
282
Cf. Anexo II.
120
283
BETHENCOURT, op. cit., 2000, pp. 134-135.
284
Juan González era parente do conquistador Ruy González e foi ordenado por frei Juan de
Zumárraga e frei Julián Garcés, bispo de Tlaxcala. Após receber o hábito, o franciscano passou
algum tempo no povoado de Ocuituco, na encomienda cedida ao bispo do México, onde parece ter
tomado familiaridade com línguas indígenas. Cf. MENDIETA, op. cit., 1993, Libro IV, Cap. III, pp.
369-370.
121
285
Oficial com autoridade jurídica investida pelo inquisidor.
286
Cf. Anexo II.
122
287
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, fs. 1-10.
288
RICARD, Robert. La Conquista Espiritual de México. México: FCE, 1994, pp. 89-90;
DUVERGER, Christian. La Conversión de los Indios de Nueva España. México: FCE, 1993, pp.
135-152.
289
CORCUERA DE MANCERA, op. cit., 2009, p. 54.
123
290
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, fs. 1-10; AGN, Inquisición, vol. 40, exp. 2, f. 7-13.
291
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fs. 20-46.
292
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, fs. 133-142
293
TAVÁREZ BERMUDEZ, David. Las Guerras Invisibles: devociones indígenas, disciplinas y
disidencias en el México Colonial. México: CIESAS, 2012, pp. 76-77.
124
294
HARTOG, François. O Espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 1999, pp. 268-271.
295
CORCUERA DE MANCERA, op. cit, 2009, pp. 133-134.
125
296
AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, fs. 197-197v.
297
AGN, Inquisición, vol. 30, exp. 10 (antes exp. 9), fs. 149v.
126
III
ENRAIZAMENTO, TRAMAS E PERSEGUIÇÕES
1. Denúncia
298
PÉREZ MARTÍN, Antonio. La doctrina jurídica y el proceso inquisitorial. In.: ESCUDERO, José A.
(ed.). Perfiles Jurídicos de la Inquisición Española. Madrid: Instituto de Historia de la Inquisición,
Universidad Complutense de Madrid, 1992, pp. 292-295.
299
PÉREZ MARTÍN, loc. cit.
128
300
A execução em efígie demonstra a função intimidadora visada a partir da pena, administrada pelo
Santo Ofício para exemplo e lição social – caráter inerente às penas inquisitoriais e, evidenciado,
também, na plasticidade dos autos de fé e nos atavios dos penitentes.
301
PÉREZ MARTÍN, op. cit.,1992, pp. 292-295.
302
Cf. Anexo I, casos 1, 4, 5, 8, 10, 11, 16, 17 e 20.
303
Cf. Anexo I, casos 2, 3, 6, 18 e 19.
304
Cf. Anexo I, casos 7, 9, 12, 13, 14, 15 e 21.
129
Quadro II – Denunciantes
305
Cf. Anexo I, caso 1.
306
Tlanocopan pertencia à região de Teotlalpan, posteriormente conhecida como Valle del Mezquital.
130
307
GONZALBO AIZPURU, Pilar. Historia de la Educación en la Época Colonial: el mundo
indígena. México: El Colegio de México, 2008, p. 32.
308
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, fs. 1v-2v.
309
Cf. Anexo I, caso 5.
310
Proceso del Santo Oficio contra una India. In.: Boletín del Archivo General de la Nación,
México, t. XII, vol. 2, p. 207-214, ano 1941, p. 21.
131
311
Cf. Anexo I, caso 4.
312
AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, fls. 183v e 196f.
313
Pintor indígena.
314
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fl. 20.
315
Cf. Anexo I, caso 10.
132
316
Cf. Anexo I, caso 11.
317
Cf. Anexo I, caso 16.
318
Cf. Anexo I, caso 17.
319
Cf. Anexo I, caso 20.
133
320
AGN. Inquisición, vol. 40, exp. 32, fls. 172-173.
321
Neste caso, trata-se de um alguacil civil, isto é, um oficial inferior de justiça, designado para uma
municipalidade, com faculdade de prender e encaminhar supostos delinquentes a um juiz de
nomeação real.
134
principales del dicho pueblo de Azcapotzalco, por cuyo mandado dicen que
se hacían los dichos sacrificios e ceremonias [...].322
2. Recurso Inquisitorial
322
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, fl. 11v.
323
Mandamientos del Virrey D. Antonio de Mendoza (1537-1550). In.: Boletín del Archivo General
de la Nación, México, t. X, vol. 2, p. 213-311, Ano 1939, pp. 235-236.
135
324
PÉREZ MARTÍN, op. cit., 1992, pp. 286-287.
325
RICARD, Robert. La Conquista espiritual de México. México: FCE, 1994, pp. 397-398.
136
Concílio Universal convocado por Paulo III que a efetiva conversão dos indígenas
pressupunha mais do que atitudes brandas e de doutrinação catequética. Segundo
o franciscano “así como tienen los naturales necesidad de ser atraídos a nuestra fe
con benignidad y amor, así después que son miembros de la Iglesia han menester
muchas veces algún piadoso castigo”326. Os pressupostos evangélicos do bispo
inquisidor estavam pautados por uma concepção paternalista. Zumárraga prezava
pela tutela e condução dos novos neófitos, sem desconsiderar a repressão punitiva
de pensamentos e comportamentos indesejados. Para Zumárraga, era preciso
“castigar como padre a los indios por los delictos que cometieren después de
baptizados, y compelerlos a venir a la doctrina y a los oficios divinos, las fiestas y a
las otras cosas a que la religión cristiana los obliga”327.
A estrutura inquisitorial montada pelo primeiro bispo do México obteve
por meio dos evangelizadores suas ramificações. Essa correspondência entre o
bispado e os regulares distribuídos nas províncias prescrevia aos desígnios do
próprio Zumárraga. Desde muito cedo, o bispo clamou por uma maior interação
entre os membros da Igreja, principalmente, no intuito de montar uma frente de
combate à heterodoxia dos novos conversos. O bispo exortou os frades das três
ordens – franciscanos, dominicanos e agostinianos – para que se alistassem “en la
milicia de Cristo, e incorporados en sus ejércitos y banderas, ir rescatar las gentes
oprimidas por la tiranía del demonio, y atraerlas a la libertad cristiana”.328 Os usos
de metáforas que associavam o clero regular a soldados ou forças militares
(“milicia”, “ejército”) eram comuns nos discursos religiosos da época e as analogias
não eram exclusivas dos franciscanos ou de frei Juan de Zumárraga, sendo o uso
dessas figuras de linguagem característica os momentos de tensão religiosa, além
326
Instrucción de Don Fray Juan de Zumárraga a sus procuradores ante el Concilio Universal. –
México, febrero de 1537 In.: CUEVAS, Mariano (org.). Documentos Inéditos del Siglo XVI Para la
Historia de México. México: Ed. Porrúa, 1975, doc. XIV, p. 68.
327
Ibidem, p. 69.
328
Pastoral o Exhortación a los Religiosos de las Ordenes Mendicantes, Para que Pasen a la Nueva
España y Ayuden a la Conversión de los Indios (1536?). In.: GARCIA ICAZBALCETA, J. Don Fray
Juan de Zumárraga. México: Editorial Porrúa, 1988, vol. 3, doc. 29, pp. 81.
138
329
A correlação é mais frequente entre os jesuítas, fazendo uma referência explícita ao passado
militar de Inácio de Loyola. Cf. TAVARES, Célia C. da Silva. Jesuítas e inquisidores em Goa: a
cristandade insular (1540-1682). Lisboa: Roma Editora, 2004, p. 98 e MARCOCCI, Giuseppe. A
Consciência de um Império: Portugal e o seu mundo (sécs. XVI-XVII). Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2012, p.376.
139
inquisidor. Foi o caso das informações levantadas contra Andrés Mixcóatl, feitas por
frei Francisco de Litorne, também responsável por sua captura com a cooperação
de alguns de seus discípulos indígenas – “lo prendieron unos diçipulos nuestros”330.
Mixcóatl foi entregue ao Santo Ofício, na cidade do México, junto às “probanzas”
feitas por Litorne, o qual aconselhava a administração do castigo no que concerne
ao mau exemplo e prejuízos causados pelo réu à evangelização:
330
AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, f. 196.
331
Idem.
332
Cf. Anexo I, caso 19.
333
AGN, Inquisición, vol. 40, exp. 33 (antes exp. 8) f. 176.
334
Ibidem, f. 175f.
140
335
Ibidem, f. 175v.
336
Idem.
337
SAHAGÚN, Bernardino. Historia General de las Cosas de Nueva España. México: Porrúa, 2006,
livro X, Relación del Autor, p. 565; GONZALBO AIZPURU, op. cit., 2008, p. 37.
141
338
DUVERGER, Christian. La Conversión de los Indios de Nueva España. México: FCE, 1993, p.
191.
339
LOCKHART, James. Los Nahuas Después de la Conquista: historia social y cultural de los
indios del México central, del siglo XVI al XVIII. México: FCE, 1999, p.293.
142
340
GIBSON, Charles. Los Aztecas Bajo el Dominio Español 1519-1810. México: Siglo XXI, 1981,
p. 157.
341
GIBSON, loc. cit.
342
Cf. AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, fls. 1-84.
343
Cf. AGN, Inquisición, vol. 212, exp. 7, fs. 42-94 (antes fs. 29-81).
344
Cf. AGN. Inquisición, vol. 40, exp. 32, fs, 172-173.
143
3. Testemunhas
345
Cf. AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, fs. 246-247.
144
346
Ibidem, f. 248f.
Instrucción de Don Frey Juan de Zumárraga a sus procuradores ante el Concilio Universal. –
347
México, febrero de 1537. In.: CUEVAS, op. cit., 1975, doc. XIV, p. 69.
145
Quadro IV – Testemunhas
348
ALBERRO, Solange. Inquisición y Sociedad en México 1571-1700. México: FCE, 1993, p. 145.
349
ESCALANTE GONZALBO, Pablo; RUBIAL GARCÍA, Antonio. Los pueblos, los conventos y la
liturgia. In: ESCALANTE GONZALBO, Pablo (coord.). Historia de la Vida Cotidiana en México:
Mesoamérica y los ámbitos de la Nueva España. México: FCE, 2004, vol. I, p. 375.
147
350
SAHAGÚN, op. cit., 2006, livro X, Relación del Autor, p. 565.
351
GIBSON, op. cit, 1981, pp. 119-120.
352
Instrucción de Don Frey Juan de Zumárraga a sus procuradores ante el Concilio Universal. –
México, febrero de 1537. In.: CUEVAS, op. cit., 1975, doc. XIV, p. 68.
353
Ibidem.
148
4. “Simulacros infernales”
354
BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. De la Idolatría: una arqueología de las ciencias
religiosas. México: FCE, 1992, p. 46.
355
ALBERRO, op. cit.,1993, p. 26.
356
BENAVENTE, Toribio. Historia de los Indios de Nueva España. México: Ed. Porrúa, 2007, p. 28.
357
Ibidem, p. 34.
149
358
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fs. 20-46; AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 237-340.
359
GRUZINSKI, Serge. A Guerra das Imagens: de Cristóvão Colombo a Blade Runner (1492-2019).
São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 83.
360
Ibidem.
150
361
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, f. 11-17.
362
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fs. 20-46.
363
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, fl. 1-84.
364
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 7, fs. 85-102.
365
AGN, Inquisición, vol. 42, exp. 19 (antes exp. 18), fs. 147-152.
366
Ibidem, f. 147v.
151
367
GRUZINSKI, op. cit., 2006, p. 77.
368
TAVÁREZ BERMÚDEZ, David. Las Guerras Invisibles: devociones indígenas, disciplinas y
disidencias en el México Colonial. México: CIESAS, 2012, p. 78.
369
GRUZINSKI, op. cit., 2006, pp. 70-71.
152
370
BERNAND; GRUZINSKI, op. cit., 1992, pp. 39-42.
371
Ibidem, pp. 45-46.
372
GRUZINSKI, op. cit., 2006, p. 59.
153
das imagens cristãs. Afinal, se por um lado, os “ídolos” pressupunham uma mentira,
um engano ou falsificação, por outro há imagens trazidas pelos cristãos como
elementos de edificação, caminhos a um destino presumido como correto. 373
Essa reinscrição do mundo indígena o construía inserido em um universo
de representações idolátricas. Portanto, o “ídolo” figurou como uma falsa imagem,
cujo funcionamento trazia um erro condenável. Era fruto de trapaças que remetiam
ao demônio. E como exemplificado pelo cronista Muñoz Camargo, os “ídolos” não
passavam de “simulacros infernales”.374
A associação entre as devoções indígenas e a ideia de idolatria aparece
de forma evidente nas falas do inquisidor no momento dos interrogatórios. As
perguntas formuladas no âmbito inquisitorial surgiam pressupondo a adequação
das respostas indígenas dentro do vocabulário empregado pela instituição. Dessa
forma, pode-se observar junto ao processo contra Baltasar de Culhuacan a emersão
das palavras “ídolos” e “demônios” como elementos que predeterminam o sentido:
“Preguntado que diga y declare que otros ídolos sabe dónde están o quién los tenga,
o quién haya hecho algunos sacrificios o ceremonias a los ídolos y demonios”375.
Por conseguinte, a réplica é registrada pelo notário do Santo Ofício sob a mesma
ótica da pergunta:
373
Ibidem, p. 72-76.
374
ACUÑA, René (editor). Relaciones Geográficas del Siglo XVI: Tlaxcala. México: UNAM, 1984,
p. 263 (212v).
375
AGN, Inquisición, vol. 42, exp. 19 (antes exp. 18), f. 147v.
376
Idem.
154
(...) Si los dichos ídolos se hallasen sería muy gran servicio de Dios y bien
de los naturales destas partes, y se ve y tiene por cierto que se
desarraigaría y empezaría más verdad a desarraigar su infidelidad e
idolatría, porque teniendo los allí, se presume tener el corazón más allí que
a la verdad de nuestra santa fe y donde deben. (...)377
377
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, f. 21.
155
378
Ibidem, f. 46f.
379
Ibidem, f. 45f.
380
Ibidem, f. 46f.
381
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 7, f. 86v.
382
Ibidem, fs. 86v-87f.
156
383
BENAVENTE, op. cit., 2007, p. 34.
157
384
Esteira ou saco de fibra vegetal utilizado para fins envoltórios e receptáculos diversos.
385
Carregador indígena.
386
Como ressaltado por David Tavárez Bermúdez, Tlacochcalcatl Nanahuatzin deve ter ocupado o
cargo entre 1524-1525, uma vez que o cronista Chimalpahin escreve que, depois da execução de
Cuauhtémoc, em 1525, Cortés havia designado como governantes don Juan Velázquez Tlacotzin,
que morreu antes de tomar o cargo e, em seguida, don Andrés de Tapia Motelchiutzin. Cf. TAVÁREZ,
op. cit., 2012, p. 80, n. 90.
387
Delimitação étnico-geográfica constituinte das territorialidades nahuas, distinguiam-se entre si
pela remissão a uma linhagem fundadora e pelo culto de deidades próprias.
158
expressões de glória e identidade política para os altepetl, não sendo por menos
que os líderes se esforçavam para manter vivo o “corazon del pueblo”.388 Quando
Tlilanci foi processado pelo Santo Ofício, seu pai havia falecido, deixando a
responsabilidade das efígies a seu cargo e, como resultado, enfrentar os
interrogatórios inquisitoriais e os tormentos da tortura. Alonso reconheceu que
herdara o sacerdócio de família, mas negou ter incutido em atos heréticos após seu
batismo como cristão. 389
Os esforços de Zumárraga para descobrir o paradeiro dos “ídolos”, além
do início dos procedimentos contra Puchtecatlailotlac e Tlilanci foram seguidos pela
prisão de don Baltasar de Culhuacan, em dezembro de 1539. 390 O processo de don
Baltasar ofereceu novas pistas ao inquisidor sobre as efígies do Templo Mayor. A
trajetória percorrida pelos envoltórios sagrados era maior e mais complexa do que
se podia imaginar. Segundo as informações que restaram no documento
fragmentado, em 1522, as efígies de Huitzilopochtli e de Cihuacoatl, entre outras
divindades, foram transportadas para Culhuacan. Os pacotes transitaram ainda por
Xilotepec e Xaltocan e, ao que tudo indica, elas repousaram ocultas em algum lugar
próximo ao lago de Tepetzinco. Apesar das informações adicionais, os esforços
inquisitoriais não foram capazes de recuperar nenhuma das efígies. Contudo, a
frustração do inquisidor foi parcialmente compensada na região de Texcoco, onde
suas investigações culminaram em uma vultosa apreensão de imagens.
As averiguações inquisitoriais na região de Texcoco ocorreram paralelas
ao processo contra don Carlos Ometochtzin.391 A medida que Juan de Zumárraga
conduzia as investigações contra don Carlos, acusado de se portar contra a
evangelização feita pelos frades, as informações levantadas foram, gradualmente,
388
GRUZINSKI, op. cit., 2006, p. 86; LOCKHART, op. cit., 1999, pp. 341-342.
389
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 7, fs. 85v-86v.
390
Cf. AGN, Inquisición, vol. 42, exp. 19 (antes exp. 18), fs. 147-152.
391
Alguns anexos ao expediente contra don Carlos Ometochtzin abarcaram investigações paralelas
que, apesar de terem se desencadeado devido à atenção inquisitorial sobre o principal de Texcoco,
não se ligaram, ao final do processo, diretamente ao réu. Cf. AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp.
10, fs. 237-340.
159
392
O secuestro de bienes era feito após a prisão do suspeito enquanto ele aguardava julgamento. O
patrimônio do suspeito ficava sob administração da Inquisição no momento em que ocorriam as
investigações e, em caso de comprovação de heresia ou crime contra a fé, iniciava-se a confiscación
de bienes, quando efetivamente as propriedades eram entregues ao Santo Ofício. A venta de bienes
era a etapa final na qual eram leiloados os bens do acusado. Os funcionários inquisitoriais e os
familiares do réu estavam proibidos de participar do leilão.
393
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 243f.
394
Ibidem, f. 289f.
395
Ibidem, f. 245v.
160
396
Mandamientos del Virrey D. Antonio de Mendoza. op. cit., 1939, pp. 235-236.
397
Tlalocatepetl ou Monte Tlaloc, situado na divisa do Estado do México com Puebla. Pertence a
mesma cadeia montanhosa de picos mais altos como o Iztaccíhuatl e o Popocatépetl.
398
O copal tinha amplo uso nos rituais mesoamericanos. Tratava-se de uma resina vegetal, usada
na forma de incenso e, cuja fumaça branca e aromática era oferecida às divindades e utilizada para
fins curativos diversos. A resina foi associada à fertilidade e a água, vinculando-se ao deus Tláloc,
também conhecido como “señor del copal”.
399
Papel amate era oferecido como alimento aos deuses indígenas, frequentemente, embebido em
sangue sacrificial.
400
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 248v.
161
401
Ibidem, f. 254v.
402
Ibidem, f. 255f.
162
403
LOPÉZ-AUSTIN, Alfredo. Cuerpo Humano e Ideología: las concepciones de los antiguos
nahuas. México: UNAM, 1980, pp. 210-223.
404
Opta-se por usar o termo “autoridade” ao invés do original “poder” empregado por Serge Gruzinski
no intuito de distinção em relação à concepção de poder empregada no decorrer do trabalho.
405
GRUZINSKI, Serge. El Poder Sin Límites: cuatro respuestas indígenas a la dominación
española. México: INAH, 1988, p. 32.
406
Ibidem, pp. 31-32.
407
Idem.
164
408
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de janeiro: Graal, 2009,
p. 102.
409
FOUCAULT, op. cit., 2007, p. 27.
410
GIBSON, op. cit., 1981, p. 157.
165
411
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, fls. 132; Cf. Anexo I, caso 3.
412
Idem.
166
intuito de escapar das perseguições que sofria. A repulsa dos novos vizinhos e
frades – que pouco a pouco ocupavam as imediações – contrastava com seu
enorme prestígio frente aos povoados que visitava. Martín era reverenciado pelos
líderes locais e os habitantes guardavam uma mescla de temor e respeito pelo
poderoso sacerdote.
A autoridade da qual gozava Ocelotl tinha grande repercussão nas
comunidades indígenas, pois seus feitos lhe renderam grande fama. Suas façanhas
eram conhecidas desde antes da chegada dos espanhóis. Segundo as testemunhas
ouvidas pela Inquisição, Martín era imortal e havia provado seus poderes ao próprio
Monteuczoma. Os feitos que foram narrados a Zumárraga incluíam até mesmo a
superação da morte. Os indígenas interrogados afirmaram que, no tempo de
Monteuczoma, pouco antes da chegada dos espanhóis, o huey tlatoani mexica
havia convocado as autoridades rituais dos arredores de Mexico-Tenochtitlan para
que falassem do futuro de seus domínios. O jovem Ocelotl, que figurava entre os
convocados, supostamente alertou Monteuczoma a respeito da eminência da queda
de sua liderança e para o fim da supremacia mexica. Consternado, o tlatoani
ordenou a morte do jovem sacerdote que, segundo testemunhos, foi aprisionado,
esquartejado e reduzido a cinzas. Todavia, de nada adiantou o aniquilamento do
corpo de Martín. Para os declarantes indígenas do processo, ele foi capaz de voltar
à vida e demonstrar que nem mesmo o poderoso governante mexica podia pôr fim
na sua existência.
Segundo consta, as habilidades sobrenaturais de Martín Ocelotl incluíam
o domínio metamórfico, pois ele podia assumir formas animais e burlar os efeitos
do tempo, fazendo se passar por jovem ou ancião quando conveniente. O sacerdote
percorria as imediações da cidade indígena de Texcoco alertando os líderes locais
a respeito dos períodos de estiagem e chuva. Ele predizia o futuro de muitas formas
e exercia influência sobre os elementos climáticos. Em troca disso, Martín recebia
grande diversidade de pagamentos em espécie.
A conduta e a fama atribuídas a Ocelotl estão, intrinsecamente,
relacionadas à performance dos chamados “homens-deuses”, tal como
167
413
LOPÉZ-AUSTIN, Alfredo. Hombre Dios: religión y política en el mundo náhuatl. México: Instituto
de Investigações Históricas, UNAM, 1973.
414
GRUZINSKI, op. cit.,1988.
415
Ibidem, pp. 32-34; LÓPEZ-AUSTIN, op. cit., pp. 115-142.
168
416
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 4, fls. 60-83.
417
MENDIETA, Gerónimo de. História Eclesiástica Indiana. México: Ed. Porrúa, 1993, Libro II,
Cap. XIX, p. 109.
418
Cf. AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, fls. 182-202.
169
419
LOPÉZ-AUSTIN, Alfredo. Tamoachan y Tlalocan. México: Fondo de Cultura Económica, 1994,
p. 25.
420
GRUZINSKI, op. cit., 1988, p. 55.
421
AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, fs. 182-202.
422
GRUZINSKI, op. cit., 1988, p. 55; TAVÁREZ BERMUDEZ, David. Las Guerras Invisibles:
devociones indígenas, disciplinas y disidencias en el México Colonial. México: CIESAS, 2012, p. 85.
170
deuses itinerantes não seguiam mais as normas antigas, pois estavam à margem
do mundo que passo a passo sofreu os deslocamentos provocados pela conquista,
e eles eram, sobretudo, “hobres-dioses en libertad”423.
O favorecimento popular dos homens-deuses repousava no
entendimento indígena de seu caráter prodigioso. Muito distante do pensamento
dos evangelizadores, os nahuas não se interrogavam a respeito da natureza dos
prodígios manifestos por um ou outro homem-deus. Ao contrário da visão
dicotômica do cristianismo, na qual claramente as habilidades atribuídas aos
sacerdotes são fruto da intervenção diabólica, os indígenas não enxergavam
distinção na natureza de fenômenos manifesto por indivíduos distintos. A autoridade
e a capacidade de intervenção junto ao mundo eram frutos do mesmo vínculo de
forças. E, para deslocar ainda mais o sentido e embargar a comunicação entre as
concepções cristãs e o pensamento indígena, as ações que poderiam ser vistas
pelos frades como intervenções sobrenaturais, no mundo indígena, compunham um
mesmo bloco de sentido. Tratava-se de um esquema cultural cuja separação entre
os mundos natural e sobrenatural era ausente – não havia distinção categórica entre
um e outro.424
O grupo de sacerdotes e especialistas rituais, ao qual esses homens-
deuses pertenciam, persistia de forma clandestina com suas práticas e, em grande
parte, apoiado pelas populações locais. A permanência das devoções indígenas se
aliava à carência ritual que vigorou depois de 1525, quando os sacerdotes
começaram a ser banidos dos templos pelos evangelizadores. Em outras palavras,
nas primeiras décadas da conquista, o cristianismo pregado pelos evangelizadores
pouco oferecia quanto às necessidades que os antigos ritos cotidianos supriam,
principalmente no que dizia respeito aos ritos agrários. Ocelotl e Mixcóatl não
estavam obrigados a satisfazerem as necessidades de nenhuma comunidade em
particular, uma vez que estavam destituídos de suas funções formais. A autoridade
ritual que eles exerciam estava baseada, em grande parte, na liderança carismática,
423
GRUZINSKI, op. cit., 1988. p. 55.
424
Ibidem, p. 66.
171
425
Ibidem, p. 65; TAVAREZ, op. cit, 2012, p. 85.
426
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, fs. 5f-5v
172
427
Ibidem, fl. 5f.
173
IV
EXEMPLARIDADE PUNITIVA E EFEITO PÚBLICO
1. Punição e espacialidade
428
RICOEUR, Paul. A memória, a História, o Esquecimento. São Paulo: Ed. Unicamp, 2007, p.
339.
429
Em meio aos 15 processos contra indígenas, verifica-se apenas o pronunciamento de 13
sentenças. Os dois casos remanescentes encontram-se mutilados, impedindo a verificação da forma
em que foram concluídos os inquéritos. Cf. Quadro V.
175
430
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 38.
431
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, f.9v.
176
432
LOPÉZ AUSTIN, Alfredo. Cuerpo Humano e Ideología: las concepciones de los antiguos
nahuas. México: UNAM, 1980, pp. 210-225.
433
LOPÉZ AUSTIN, op. cit., 1980, pp. 231-243.
177
434
Ibidem, p. 243.
179
tais centros foram motivo de surpresa e admiração aos olhos dos conquistadores e
evangelizadores.435
Hernán Cortés descreveu de forma hiperbólica a aglomeração de
indígenas e as incontáveis mercadorias que eram oferecidas nos Tianguis. O
conquistador castelhano deixou sua surpresa expressa na segunda Cartas de
Relación, datada de 30 de outubro de 1520, onde enaltece ao monarca espanhol o
tamanho e o alcance dos mercados indígenas:
435
CORTÉS, Hernán. Cartas de Relación. México Porrúa, 2010, pp. 77-78; SAHAGÚN, Bernardino.
Historia General de las Cosas de Nueva España. México: Porrúa, 2006, pp. 467-521.
436
CORTÉS, op. cit., 2010, pp. 77-78.
437
ESCALANTE GONZALBO, Pablo. La ciudad, la gente y las costumbres. In:
_____________________ (coord.). Historia de la Vida Cotidiana en México: Mesoamérica y los
ámbitos de la Nueva España. México: FCE, 2004, vol. I, pp. 201-203; LÓPEZ LUJÁN, L;
MANZANILLA, L. (coods.). Historia Antigua de México, Vol. IV: aspectos fundamentales de la
tradición cultural mesoamericana. México: INAH, UNAM, Miguel Ángel Porrúa, 2014, pp. 108-109.
180
438
Ibidem, pp. 87-88; LÓPEZ LUJÁN, L; MANZANILLA, L. (coods.). Historia Antigua de México,
Vol. III: El horizonte posclásico. México: INAH, UNAM, Miguel Ángel Porrúa, 2014, pp. 306-307.
439
SAHAGÙN, op. cit., 2006, pp. 472-474; LÓPEZ LUJÁN, L; MANZANILLA, L. op. cit., 2014, vol. IV,
p. 115.
181
440
BANNASSAR, Bartolomé. La Inquisición o la pedagogía del miedo. In: _________________.
Inquisición Española: poder político y control social. Barcelona: Editorial Crítica, 1984, pp. 94-125.
441
LÓPEZ LUJÁN, L; MANZANILLA, L. op. cit., 2014, vol. IV, p. 111.
442
LÓPEZ LUJÁN, L; MANZANILLA, L. op. cit., 2014, vol. IV, pp. 110-111.
182
443
SAHAGÚN, op. cit., 2006, p. 485.
183
444
MENEGUS, Margarita. La nobleza indígena em la Nueva España: circunstancias, costumbres y
actitudes. In: ESCALANTE GONZALBO, Pablo. (coord.). Historia de la Vida Cotidiana en México:
Mesoamérica y los ámbitos de la Nueva España. México: FCE, 2004, vol. I, p. 501.
445
FOUCAULT, op. cit., 2007, p. 49.
446
Sobre o caráter da administração da pena de humilhação pública pelo Santo Ofício, conferir:
GARCÍA-MOLINA RIQUELME, Antonio M. El Régimen de Penas y Penitencias en el Tribunal de
la Inquisición en México. México: UNAM, Instituto de Investigaciones Jurídicas, 1999, pp. 511-512.
184
447
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, f. 16.
448
Ibidem
449
AGN, Inquisición, vol. 23, exp. 1, f. 6v.
450
GARCIA-MOLINA RIQUELME, op. cit., 1999, pp. 435-437.
451
Ibidem, pp. 511-512.
185
452
AGN, Inquisición, vol. 30, exp. 10 (antes exp. 9), f. 169.
186
453
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, f. 9v.
454
GRUZINSKI, Serge. A Guerra das Imagens: de Cristóvão Colombo a Blade Runner (1492-2019).
São Paulo: Companhia das Letras, 2006, pp. 60-64.
187
455
LÓPEZ-AUSTIN, Alfredo. Tamoachan y Tlalocan. México: Fondo de Cultura Económica, 1994,
pp. 25-28.
456
Ibidem, p. 61.
457
Idem.
188
3. Vozes e contenções
458
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, f.19.
459
GARCIA-MOLINA RIQUELME, op. cit., 1999, pp. 551-555.
189
(...) Sean llevados por las calles públicas (…) y por los
tiangues, y en las espaldas les sean dados cada cien azotes, e sean
remitidos a los lugares [de] donde son, y donde predicaron y dogmatizaron,
en especial en los lugares más grandes (…) y delante de mucha gente
abjuren las herejías que han predicado, y juren que no tornarán a ellas, so
pena de relapsos (…).460
460
AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, f. 201.
461
Proceso del Santo Oficio contra una India. In.: Boletín del Archivo General de la Nación,
México, t. XII, vol. 2, p. 207-214, ano 1941, p. 213.
190
462
AGN, Inquisición, vol. 42, exp. 17, f. 145.
463
GONZALBO AIZPURU, Pilar. Historia de la Educación en la Época Colonial: el mundo
indígena. México: El Colegio de México, 2008, p. 112.
464
Memorial sobre asuntos de buen gobierno que um desconocido hizo por orden del emperador
(1526). In: CUEVAS, Mariano (org.). Documentos Inéditos del Siglo XVI Para la Historia de
México. México: Ed. Porrúa, 1975, p. 3; ver também, GONZALBO AIZPURU, op. cit., 2008, p. 111.
191
465
PÉREZ MARTÍN, Antonio. La doctrina jurídica y el proceso inquisitorial. In: ESCUDERO, José A.
(ed.). Perfiles Jurídicos de la Inquisición Española. Madrid: Instituto de Historia de la Inquisición,
Universidad Complutense de Madrid, 1992, p. 312.
466
FOUCAULT, op. cit., 2007, pp. 34-35.
467
GARCIA-MOLINA RIQUELME, op. cit., 1999, pp. 345-347.
192
468
FOUCAULT, op. cit., 2007, p. 32.
469
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 237-340.
193
470
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, fs. 331v-335v.
471
Ibidem, f. 316.
194
472
GONZÁLEZ OBREGÓN, Luis (dir.). Proceso Inquisitorial del Cacique de Tetzcoco. México:
Eusebio Gómez de la Puente, 1910.
473
Uma delimitação da linha sucessória de Texcoco pode ser encontrada em, TAVÁREZ
BERMUDEZ, David. Las Guerras Invisibles: devociones indígenas, disciplinas y disidencias en el
México Colonial. México: CIESAS, 2012, pp. 89-94
474
GIBSON, Charles. Los Aztecas Bajo el Dominio Español 1519-1810. México: Siglo XXI, 1981,
pp. 157-170; LOCKHART, James. Los Nahuas Después de la Conquista: historia social y cultural
de los indios del México central, del siglo XVI al XVIII. México: FCE, 1999, pp. 50-53.
195
475
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 303.
476
Ibidem.
477
RICARD, Robert. La conquista Espiritual de México. México: FCE, 1994, p. 398.
196
(…) ‘pobre de ti, en qué andas con estos indios, (…) piensas
que es algo lo que haces’, dándole a entender que era ignorante y simple,
y que no sabía lo que hacía; ‘quieres tú hacer creer a éstos lo que los
padres predican y dicen, engañado andas, que eso que los frailes hacen
es su oficio (…), pues agote saber que mi padre e mi abuelo fueron grandes
profetas y dijeron muchas cosas pasadas y por venir, y nunca dijeron cosa
ninguna de esto, (…) y eso de la doctrina cristiana no es nada, ni en lo que
los frailes dicen no hay cosa perfecta’ (…).481
478
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 238.
479
Ibidem.
480
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 240.
481
Ibidem, f. 240-240v.
197
(…) Dijo que puede haber siete años, poco más o menos, quel
dicho don Carlos hubo a ésta que declara, y que tuvo acceso con ella
carnalmente, y ésta que depone parió dos veces del dicho don Carlos, su
tío, dos hijas, la una de la cuales es muerta, que la otra tiene consigo ésta
declarante, y quel dicho don Carlos la tuvo por manceba tiempo de tres
años, poco más o menos, a ésta que declara, y después la dejó y se apartó
della, e que después que se casó el dicho don Carlos, se ha echado con
ésta que declara solas dos veces e no más. 485
482
Ibidem, f. 242-243v.
483
Ibidem, f. 256v.
484
Ibidem, f. 257-258.
485
Ibidem, f. 247v.
198
486
Ibidem, f. 260.
487
Ibidem, f. 259-259v.
488
Ibidem, f. 254
489
DUVERGER, Christian. La Conversión de los Indios de Nueva España. México: FCE, 1993, p.
190.
199
490
RICOEUR, op. cit., 2007, pp. 334-335.
491
GINZBURG, Carlo. Os Andarilhos do Bem: Feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII.
São Paulo: Companhia da Letras, 2010, pp. 7-8.
200
492
AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, fs. 261-262.
493
Ibidem, f. 316v.
494
Ibidem, fs. 270v-274
495
Ibidem, f. 317v.
201
496
AGN, Inquisición, vol. 23, exp. 1, f. 6.
202
497
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 1, f. 8.
498
Idem.
499
AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, f. 16v.
203
500
RICOEUR, Paul. A memória, a História, o Esquecimento. São Paulo: Ed. Unicamp, 2007,
pp.333-335.
501
Ibidem, p. 335.
502
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, fs. 132-142; AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, fs. 182-202.
204
503
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, f. 136v.
504
RUBIAL GARCÍA, Antonio. La Hermana Pobreza. México: Facultad de filosofía y letras, UNAM,
1996, p. 102.
505
AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, f. 141v.
205
506
FOUCAULT, op. cit., 2007, p. 78.
507
Idem
508
Idem.
509
Idem.
206
510
POMAR, Juan Bautista. Relación de Tezcoco (1582). In: GARCÌA ICAZBALCETA, J. Nueva
Colección Para la Historia de México, Vol III: Pomar y Zurita. México: Imprenta de Francisco Díaz
de León, 1891, 1-69.
511
POMAR, op. cit., 1891, p. 2
207
512
“[…] Si en el discurso no se desmenuza y especifica lo que significaban algunas cosas de sus
dioses y ídolos y ceremonias, antigüedades y costumbres, no se atribuya á descuido y negligencia,
sino a que no ha podido saber más […] (Ibidem, p. 1)
513
Ibidem, p. 1.
514
Ibidem, p. 2
515
Ibidem, p. 1-2.
208
a nuestra santa fe, y que por ventura no estaba tan instruído en las cosas
della como era de menester (…)516
516
Cédula al Obispo Zumárraga reprobando la ejecución del cacique Don Carlos. In: GARCÍA
ICAZBALCETA, J. Don Fray Juan de Zumárraga. México: Ed. Porrúa, 1988, vol. 3, doc. 19, pp.
172-173.
517
Cédula al Obispo Zumárraga reprobando la ejecución del cacique Don Carlos (1540). In: GARCÍA
ICAZBALCETA, 1988, vol. IV, doc. 19, p. 173.
518
Cédula al Obispo Zumárraga recomendándole que no se apliquen castigos rigurosos a los indios
(1540) In: Ibidem, vol. IV, doc. 18, p. 171.
209
519
La Provisión de la Visita de la Real Audiencia (1543). In: PUGA, Vasco de. Provisiones, Cedulas,
Instrucciones para el Gobierno de la Nueva España. Madrid: Ediciones Cultura Hispana, 1945
(facsímil de 1563), f. 94.
520
O motivo mais comum para as visitações era as irregularidades denunciadas ante o Consejo de
Indias. No entanto, elas podiam ser, também, motivadas para sanar disputas mais acirradas entre
autoridades superiores. Na maioria dos casos, revelaram a insatisfação do governo central. (Cf.
SÁNCHEZ BELLA, Ismael. Ordenanzas del visitador de la Nueva España, Tello de Sandoval, para
la administración de justicia (1544). In: Revista Historia, Santiago, n. 8, pp. 489-561, 1969, p. 489.)
521
La Provisión de la Visita de la Real Audiencia (1543). In: PUGA, op. cit., 1945, f. 94.
210
tinha o hábito de eleger grandes letrados e, não raro, inquisidores para exercerem
cargos de extrema dificuldade.
A nomeação da Coroa expressava a robustez de caráter e o
reconhecimento intelectual que eram atribuídos aos homens diante do Santo
Ofício.522 Como forma de garantir a autoridade do visitador perante os demais
eclesiásticos, foram outorgados a ele – antes de sua partida rumo às Índias – plenos
poderes de inquisidor:
522
SÁNCHEZ BELLA, op. cit., 1969, p. 490.
523
La Provisión de la Visita de la Real Audiencia (1543). In: PUGA, op. cit., 1945, f. 97.
211
524
Ibidem.
525
TAVÁREZ BERMUDEZ, op. cit., 2012, p. 97; CUEVAS, Mariano. Historia de la Iglesia en
México. México: Imprenta de Patricio Sanz, 1921., vol. I, p. 379.
526
CUEVAS, op. cit., 1921, p. 378.
527
Cédula al Obispo Zumárraga reprobando la ejecución del cacique Don Carlos (1540). In: GARCÍA
ICAZBALCETA, op. cit., 1988, vol. IV, doc. 19, p. 173.
212
Tello de Sandoval foi recomendado para que não pecasse na postura diante do
bispo:
528
CUEVAS, op. cit., 1921, p. 378-379.
529
Cédula al Obispo Zumárraga recomendándole que no se apliquen castigos rigurosos a los indios
(1540) In: GARCÍA ICAZBALCETA, op. cit., doc. 18, p. 170
213
530
GREENLEAF, 1992b, pp. 85-92.
531
Mediante a ausência de um bispo propriamente designado ou a dois dias de distância de qualquer
sede bispal, tal como estabelecido pela bula Omnímoda.
532
GREENLEAF, 1992b, pp. 131-132.
214
CONCLUSÃO
216
REFERÊNCIAS
223
Fontes Manuscritas
Fontes Impressas
31. Proceso del Santo Oficio contra una India. In.: Boletín del Archivo General
de la Nación, México, t. XII, vol. 2, p. 207-214, ano 1941.
32. PUGA, Vasco de. Provisiones, Cedulas, Instrucciones para el Gobierno
de la Nueva España. Madrid: Ediciones Cultura Hispana, 1945, (facsímil de
1563).
33. Recopilación de las Leyes de los Reinos de las Indias Mandada Imprimir,
y Publicar por la Magestad Catolica de Rey del Rey don Carlos II. Madrid:
Andres Ortega, 1774.
34. REMESAL, Antonio de. Historia General de las Indias Occidentales y
Particular de la Gobernación de Chiapa y Guatemala. México: Ed. Porrúa,
1988, 2 vols.
35. SAHAGÚN, Bernardino. Historia General de las Cosas de Nueva España.
México: Porrúa, 2006.
36. SANDOVAL, Prudencio. Historia de la Vida y Hechos del Emperador
Carlos V. Amberes: Geronimo Verdussen, Impressor, 1681.
37. SUAREZ DE PERALTA, Juan. Tratado de Descobrimiento de las Yndias y
su Conquista. Madrid: Alianza Editorial, 1990.
38. ZUMARRAGA, Fr. Juan de. Regla Cristiana Breve. México: Ed. JUS, 1951.
39. ______________. Doctrina breve muy provechosa de las cosas que
pertenecen a la fe católica y a nuestra cristiandad en estilo llano para
común inteligencia. México: Juan Cromberger, 1544.
Bibliografia
68. ______________. The Inquisition and the Indians of New Spain: A Study in
Jurisdictional Confusion. In.: The Americas: A Quarterly Review of Inter-
American Cultural History. Washington, v. 22, n. 2, p. 138-166, out., 1965.
69. GRIFFITHS, N; CERVANTES, F. Spiritual Encounters: interactions
between Christianity and native religions in colonial America. UK: University
of Birmingham Press, 1999.
70. GRUMBERG, Bernard. L’inquisition Apostolique au Mexique: histoire
d’une institution et de son impact dans une société coloniale (1521-1571).
Paris/Montréal: L´Harmattan, 1998.
71. GRUZINSKI, Serge. A Guerra das Imagens: de Cristóvão Colombo a Blade
Runner (1492-2019). São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
72. ________________. O Pensamento Mestiço. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001.
73. ________________. A Colonização do Imaginário. São Paulo: Companhia
das Letras, 2001.
74. ________________. El Poder Sin Límites: cuatro respuestas indígenas a la
dominación española. México: INAH, 1988.
75. HANKE, Lewis. La Humanidad es Una: estudio acerca de la querella que
sobre la capacidad intelectual y religiosa de los indígenas americanos
sostuvieron en 1550 Bartolomé de Las Casas y Juan Ginés de Sepúlveda.
México: Fondo de Cultura Economica, 1985. (orig. 1974)
76. HARTOG, François. O Espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação
do outro. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
77. IBAÑEZ, Yolanda Mariel. El Tribunal de la Inquisición en México. México:
Porrúa, 1984.
78. JONES, Willian B. Evangelical Catholicism in Early Colonial Mexico: An
Analysis of Bishop Juan de Zumárraga's Doctrina Cristiana. In: The
Americas: A Quarterly Review of Inter-American Cultural History.
Washington, vol. 23, n. 4, pp. 423-432, abr., 1967.
233
http://whp.uoregon.edu/Lockhart/KrugTownsend.pdf (consultado
14/01/2014).
88. LAFAYE, Jacques. Quetzalcóatl y Guadalupe: la formación de la
consciencia nacional. México: FCE, 2002.
89. LEA, Henry Charles. The Inquisition in the Spanish Dependencies. New
York: The MacMillan Company, 1922, (1°ed. 1908).
90. LE GOFF, Jacques. História e Memória. São Paulo: Ed. Unicamp, 2003.
91. LEÓN-PORTILLA, M. La Filosofia Náhuatl Estudiada en Sus Fuentes.
México: UNAM, 2006.
92. LE ROY LADURIE. Emmanuel. Montaillou: povoado occitânico, 1294-1324.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
93. LEVI, Giovanni. A Herança Imaterial: trajetórias de um exorcista no
Piemonte do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
94. LEWIN, Boleslao. La Inquisición en Hispanoamérica. Buenos Aires:
Editorial Paidos, 1967.
95. LOCKHART, James. Los Nahuas Después de la Conquista: historia social
y cultural de los indios del México central, del siglo XVI al XVIII. México: FCE,
1999.
96. LOPÉZ-AUSTIN, Alfredo. Cuerpo Humano e Ideología: las concepciones
de los antiguos nahuas. México: UNAM, 1980.
97. ____________________. Hombre Dios: religión y política en el mundo
náhuatl. México: Instituto de Investigações Históricas, UNAM, 1973.
98. ____________________. Tamoachan y Tlalocan. México: Fondo de
Cultura Económica, 1994.
99. LÓPEZ LUJÁN, L; MANZANILLA, L. (coods.). Historia Antigua de México.
México: INAH, UNAM, Miguel Ángel Porrúa, 2014.
100. MAQUEDA ABREU, Consuelo. Estado, Iglesia e Inquisición en Indias. Un
permanente conflicto. Madrid: Centro de Estudios Políticos y
Constitucionales, 2000.
101. _________________________. El Auto de Fe. Madrid: ISTMO, 1992.
235
115. NOVINSKY, Anita. Cristãos Novos na Bahia. São Paulo: Perspectiva, 1972.
116. ______________. A Inquisição. São Paulo: Brasiliense, 2012.
117. NULTAL, Zélia. L’évêque Zumarraga et les idoles du grand temple de Mexico.
In: Journal de la Société des Américanistes. vol. 8, pp. 153-169, 1911.
118. O’GORMAN, Edmundo. La Invención de América. México: FCE, 1977.
119. PADDEN, R. C. Huichilobos and the bishop. In.______________. The
hummingbird and the Hawk: conquest and sovereignty in the Valley of
Mexico. New York: Harper and Torchbooks, 1970, p. 240-275.
120. PALACIOS, Arturo Bernal (ed.). Praedicatores, Inquisitores: Los Dominicos
y la Inquisición en el mundo ibérico e hispanoamericano. Actas del 2º
Seminario Internacional sobre los Dominicos y la Inquisición. Sevilla/Roma:
Institutum Historicum Fratum Praedicatorum, 2006.
121. PÉREZ VILLANUEVA, Joaquín (co-aut.). La Inquisición Española: Nueva
visión, nuevos horizontes. Madrid: Siglo XXI, 1980.
122. __________________________; ESCANDELL BONET, B. Historia de la
Inquisición en España y América: El conocimiento científico y el proceso
histórico de la institución (1478-1834). Madrid: BAC, 1984.
123. __________________________; ESCANDELL BONET, B. Historia de la
Inquisición en España y América: la estructura del Santo Oficio. Madrid:
BAC, 1993.
124. PERRY, M. E; CRUZ, A. J. (dir.) Cultural Encounters: the impact of the
Inquisition in Spain and the New World. Los Angeles: University of California
Press, 1991.
125. PHELAN, John L. El reino Milenario de los Franciscanos en el Nuevo
Mundo. México: UNAM, 1972.
126. PRESCOTT, Willian H. History of the Conquest of Mexico: with a
Preliminary View of Ancient Mexican Civilization, and the life of the Conqueror,
Hernando Cortes. New York: Harper and Brothers, 1843.
127. QUEZADA, Noemí. Sexualidad, Amor y Erotismo: México prehispánico y
México colonial. México: UNAM, 2006.
237
ANEXO I
241
3 Processo Martín Ocelotl 21/11/1536 - Acolhua Feitiçaria, AGN, Inquisición, vol. 38, exp. 4, fs. 132-142
09/02/1537 “Dogmatizador”
(?)
4 Processo Andrés Mixcóatl; Cristóbal 10/07/1537 Acolhua Feitiçaria AGN. Inquisición, vol. 38, exp. 7, fs. 182-202
Papalotl
5 Processo Ana de Xochimilco 02/04/1538 - México Superstição AGN, Inquisición, “Legajos Sueltos”
(curandeira) 14/04/1538
6 Processo Francisco de Coyoacán 11/10/1538 - Coyoacán Bigamia AGN, Inquisición, vol. 23, exp. 1, f. 3-9
08/11/1538
7 "probanza" don Diego tlacateccatl, 19/10/1538 - Tlapanaloa ▪ AGN, Inquisición, vol. 40, exp. 2, f. 7-13
governador de Tlapanaloa 06/11/1538
8 Processo Pedro Atonal; Miguel 19/11/1538 - Azcapotzalco Idolatria e AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, f. 11-17
Quiao; Miartín 24/11/1538 ocultar ídolos
Tlacochcalcatl; Francisco
Huitzinahuatl; Pedro
tlacateccatl.
9 Processo Marcos Hernández 30/05/1539 - Tlatelolco Proposições AGN, Inquisición, vol. 42, exp. 17, f. 142-146
(fragmentado) Atlahuacatl; Francisco de 23/06/1539 heréticas
Tlatelolco
242
10 Processo Miguel Puchtecatlailotlac 20/06/1539 - México Idolatria e AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 3, fs. 20-46
21/05/1540 ocultar ídolos
11 Processo Don Carlos Ometochtzin 20/06/1539 - Texcoco Herege AGN, Inquisición, vol. 2 (part. 2), exp. 10, f. 237-340
20/11/1539 Dogmatizante
12 Processo Cristóbal, Catalina e Martín 19/08/1539 - Ocuituco Idolatria AGN, Inquisición, vol. 30, exp. 10 (antes exp. 9), fs. 148-
de Ocuituco 10/11/1539 171
13 Processo Alonso Tlilanci 13/09/1539 - Izucar Idolatria e AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 7, fs. 85-102
(fragmentado) 18/03/1540 ocultar ídolos
14 Processo Martín Xuchimitl de 18/11/1539 Coyoacán ▪ AGN, Inquisición, vol. 36, exp. 7 (antes exp. 6), fs. 224-
(fragmentado) Coyoacán 225
15 Processo Don Baltasar, cacique de 02/12/1539 Culhuacán Idolatria AGN, Inquisición, vol. 42, exp. 19 (antes exp. 18), fs. 147-
(fragmentado) Culhuacan 152.
16 Processo D. Pedro, cacique de 20/01/1540 - Acolhua Idolatria e AGN, Inquisición, vol. 212, exp. 7, fs. 42-94 (antes fs. 29-
Totolapan e Antonio de 11/1540 amancebamento 81).
Totolapan (irmão)
17 "probanza" Miguel Tezcacoatl 1540 ▪ ▪ AGN, Inquisición, vol. 1, exp. 6, fs. 6-8 (antes fs. 5-7)
18 Processo Gazpar de Tçuytulgacan (?) Acolhua Idolatria AGN, Inquisición, vol. 37, exp. 2, fs. 18-19
19 Processo Don Juan, cacique de (?)/12/1539 Matlatlán Idolatria e AGN, Inquisición, vol. 40, exp. 33 (antes exp. 8) fs. 174-
Matlatlán concubinato 181.
20 Denúncia Don Juan, cacique de Iguala 16/07/1540 Iguala ▪ AGN. Inquisición, vol. 40, exp. 32, fs, 172-173
21 Processo Don Juan, Cacique de Não consta Toltoltepec ▪ AGN, Inquisición, vol. 30, exp. 6 (antes 7a), fs. 69-79
(fragmentado) Totoltepec (antes 73-83)
243
ANEXO II
244
Cargo Funcionário
Inquisidor Juan de Zumárraga
Fiscal Rafael de Cervanes
Cristóbal de Canego
Juan Lopes de Zárate
Miguel de Barreda
Sebastián de Arriaga
Secretários Miguel Lopez de Legazpi
Martín de Campos
Diego de Mayorga
Miguel de Barreda
Alonso de Canseco
Hortuño de Ibarra
Tesoureiro Augustín Guerrero
Núncio Cristóbal de Canego
Notário Martín de Campos
Miguel Lopez de Legazpi
Juan Nuñez Gallego
Receptor Martín de Zavala
Alguacil Cristóbal de Canego
Alonso de Vargas
Alonso Mateos
Advogado Vicencio de Riverol
(abogado Alonso Pérez
defensor) Alonso de vargas
245
ANEXO III
246
533
AGN, Inquisición, Vol. 37, exp. 4 (bis), f. 100.