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NOVA HARMONIA
Magali Mend es d e Menezes
N eu sa Vaz e Silva
Cristiane N u nes Santa Maria
(Orgs.)
Filosofia da Libertação
historicid ad e e sentid os d a libertação hoje
AN AIS
N ova Petrópolis
editora
NOVA HARMONIA
2014
© Editora Nova Harmonia – 2014 Conselho Editorial:
Caixa Postal 60, CEP: 95150.000 Alejand ro Serrano Cald era – UAM, N icarágua
N ova Petrópolis – RS Álvaro B. Márquez-Fernandez – Maracaibo, Venezuela
www.editoranovaharmonia.com.br Am arild o Luiz Trevisan – UFSM
Antonio Sid ekum – Presid ente, UN OESC
Giovani Meinhard t – IEI Ivocvti
Johannes Schelkshorn – Uni-Wien, Áustria
Luiz Carlos Bam bassora – UFRGS
N ad ja Herm ann – PUCRS
Raúl Fornet-Betancourt – Aachen, Alem anha
Comissão organizadora:
Magali Mend es d e Menezes (Faced / UFRGS) – Coord enad ora Geral
And ré Dornelles Pares (Presid ente d a A.L.F. – Associação dos Licenciad os em Filosofia)
Dílson Miguel Rapkiew icz (Doutorand o/ UFB)
Dorild a Grolli (pesquisad ora, Porto Alegre)
Fernanda Brabo Sousa (Doutorand a Ed ucação/ UFRGS)
Jaim e Jose Zitkoski (Faced / UFRGS)
Lucas Machado Fagund es (Doutorando em Filosofia do Direito/ UFSC)
Maria Elly H . Genro (Faced / UFRGS)
N eusa Vaz e Silva (ASAFTI)
Ped ro d e Alm eida Costa (Escola de Ad m inistração/ UFRGS)
Rosetta Mam marella (Pesquisad ora, Porto Alegre)
Soled ad Bech Gaivizzo (FURG/ PUCRS)
A PRESENTAÇÃO ................................................................................................. 12
M agali M endes de M enezes
Caroline Fritzen
Universid ad e Fed eral d o Mato Grosso – UFMT
E-m ail: carolinefritzen@hotmail.com
Referências
FREIRE, Pau lo. Cartas a Cristina: reflexões sobre m inha vid a e m inha p rá-
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São Pau lo: Paz e Terra, 1996.
_____. Pedagogia do Oprimido. Rio d e Janeiro: Paz e Terra, 2005.
_____. Professora, sim; tia, não: cartas a qu em ou sa ensinar. Rio d e Janeiro:
Civilização Brasileira, 2012.
KAN T, I. Resposta à pergunta: O que é esclarecimento? Trad . Pau lo Rou anet.
Objetivo
A intenção d o estu d o em evid ência é p ossibilitar o d ebate sobre a
im p lem entação d a Reestru tu ração d o Ensino Méd io/ Ensino Politécnico
no RS e d iscu tir o p ap el d o com p onente cu rricu lar d e Filosofia. O qu e o
Professor d e Filosofia p od erá fornecer enqu anto reflexão p ara as ap ren-
d izagens d e cu nho crítico, a p artir d esse m od elo d e ensino? A p artir d es-
se p rism a d e reflexão observad a em exp eriências d e Ensino d e Filosofia
no Estad o-RS, com efeito, p od em os caracterizar qu e há d e form a im inen-
te, d iversas m u d anças concretas qu e estão ocorrend o na ed u cação d o Es-
tad o-RS. Atu alm ente, a reestru tu ração d o ensino m éd io, em esp ecial, a
Prop osta d o Ensino Politécnico, qu e em su m a, colocam alterações signifi-
cativas na ed u cação no nosso Estad o-RS. Diante d isso, d e acord o com o
regim ento d e referência p ara as escolas d e Ensino Méd io d o Estad o-RS, a
p rop osta d e reestru tu ração im p lem entad a p ela Sed u c-Rs, e contid a no
regim ento, p ossu i a finalid ad e:
Justificativa
Cabe frisar, no entanto, em elencar algu m as m etas a serem alcan-
çad as p ara m elhor p ond eração frente ao estu d o em qu estão, ou seja, p elo
su p osto Ensino Méd io Politécnico em nosso Estad o RS: Universalização
d o Ensino Méd io Politécnico; Au m ento grad ativo d a taxa d e ap rovação e
p erm anência nas escolas; Reestru tu ração cu rricu lar; Form ação continu a-
d a p rofissional; Desenvolvim ento d e p rojetos d e iniciação cientifica d e
p rofessores e alu nos. Diante d esses objetivos m anifestad os no regim ento
referencia d a Sed u c-RS, será qu e esses fatores estão genu inam ente con-
tem p lad os ou irão se efetivar d e form a satisfatória no Ensino d o Estad o-
RS?
De acord o, com as inform ações d o d ocu m ento realizad o p ela Se-
d u c-RS, O Ensino Méd io no Rio Grand e d o Su l ap resenta índ ices no m í-
nim o bastante p reocu p antes, no qu al, com p rom etem o com p rom isso e-
d u cacional com a ap rend izagem . Segu nd o os d ad os estatísticos d o m es-
m o d ocu m ento, a escolarid ad e líqu id a (id ad e esp erad a p ara o ensino
m éd io 15-17anos) é d e ap enas 53,1%. A d efasagem id ad e-série no Ensino
Méd io é d e 30,5%. Da faixa etária d e 15 a 17 anos, 108.995 jovens aind a
frequ entam o Ensino Fu nd am ental (IN EP/ MEC – Ed u cacenso – Censo
Escolar d a Ed u cação Básica 2010). Ao m esm o tem p o, constatam -se altos
1
Texto tirad o d o Regim ento Referência das Escolas d e Ensino Méd io Politécnico da red e es-
tad ual, enviado pela Sed uc-RS.
2
Texto tirad o d o Regim ento Referência das Escolas d e Ensino Méd io Politécnico da red e e s-
tad ual, enviado pela Sed uc-RS.
Conclusão
E essas m u d anças, p rom ovid as p elo p rojeto d e Reestru tu ração d o
Ensino Méd io Politécnico p rovocam interrogativas com o análises d a p ro-
blem ática d a ed u cação e d os ru m os d este novo m od elo ed u cacional p oli-
técnico. N esse sentid o, o qu e é qu alid ad e cid ad ã? Qu al conhecim ento este
Referências
AZEVEDO, José Clóvis. Reestruturação do ensino médio: p ressu p ostos teó-
ricos e d esafios d a p rática. São Pau lo: Ed itora Fu nd ação Santillana, 2013.
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na. 2ª Ed . São Pau lo: Exp ressão Pop u lar, 2010.
_____. Defesa do marxismo – p olêm ica revolu cionária e ou tros escritos. São
Pau lo: Boitem p o, 2011.
OBIOLS, G. Uma introdução ao ensino da filosofia. Iju í: Uniju í, 2002.
Joana Tolentino
Professora d e filosofia d o Colégio Ped ro II
Doutoranda em filosofia d o PPGF-UFRJ
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DP&A, 2004.
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ed . Trad . Sergio Pau lo Rou anet. São Pau lo: Brasiliense, 1994.
_____. Reflexões: a criança, o brinqu ed o, a ed u cação. 4. Ed . Trad . Marcu s
Viniciu s Mazzari. São Pau lo: Su m m u s, 1984.
FREIRE, Pau lo. Pedagogia do oprimido. Rio d e Janeiro: Paz e Terra, 1987.
KOH AN , Walter Om ar, KEN N EDY, David (orgs). Filosofia e Infância: pos-
sibilidades de um encontro. Petróp olis, Rio d e janeiro: Vozes, 1999.
KOH AN , Walter Om ar. Infância. Entre Educação e Filosofia. Belo H orizonte:
Au têntica: 2003.
_____. Filosofia para crianças. Rio d e Janeiro: DP&A, 2000.
(...) m e parece que um a socied ad e tanto m ais vital qu anto m ais tec-
nológica com o a nossa, ond e d escartam os os objetos, tem por carac-
terística não ter passad o, e im porta com pensar isso com a m em ória
cultural, e é, m e parece, um a d as responsabilid ad es d a filosofia, a
d e m anter esta aptid ão para restituir e à atu alid ad e sua esp essura
histórica, fora d a qual ela acaba por perd er tod a a consistência
(1992, p. 58).
Referências
RICOEUR, Pau l. A investigação filosófica pode acabar? (1966). Trad . J.S. Mar-
tins; R.R. Lau xen. Filosofand o, v. 1, n. 1, p . 83-99, ju l-d ez., 2012.
_____. Sur ce qu‟on appelle la crise de la philosophie. Pu blié d ans: La p hiloso-
p hie d ‟au jou rd ‟hu i (Bibliothèqu e Laffont d es grand es thèm es). Lau sanne-
Barcelone: Éd itions Gram m ont-Salvat Ed itores, 1976.
_____. Je veux continuer à vivre jusqu‟à l‟extrême. Sens Magazine, n. 4, p . 56-
60, jan. 1992.
_____. La Función del filósofo. La nación, Bu enos Aires, 26 d ez. 1993. Su -
p lem ento Cu ltu ra, p . 1.
_____. Connaissance de soi et étique de l‟action. Sciences H u m aines, n. 63,
ju illet, 1996.
_____. Caros colegas, caros amigos. II Conferências d e ep istem ologia e filo-
sofia sobre o tem a “Martin H eid egger, H annah Arend t, Fernand o Pessoa
e Pau l Ricoeu r: Do tem p o à história, d a história ao tem p o”, Viseu , N ov.,
1997.
SEVERIN O, Antônio Joaqu im . A filosofia na formação do jovem e a ressignifi-
cação de sua experiência existencial. In: KOH AN , Walter (Org.). Ensino d e fi-
losofia em p ersp ectiva. Belo H orizonte: Au têntica, 2002.
Para el capital el otro com o enem igo es el sujeto libre d e trabajo (el
pauper post festu m ) que pued e siem pre, potencialm ente, no ven-
d er m ás su trabajo, y constituirse en la contrad icción absoluta, co-
m o com unid ad d e trabajad ores que crean otro m und o, otro sistem a
económ ico. (DUSSEL, 2008, p. 93).
Referencias
DUSSEL, Enriqu e. Filosofía de la liberación. Ed icol, México, 1977, 213 p p .
_____. Filosofía ética latinoamericana IV : Política latinoam ericana. Universi-
d ad Santo Tom ás, Bogotá, 1979, 172 p p .
_____. Filosofía de la liberación latinoamericana. N u eva Am érica, Bogotá,
1979. Reed ición d e 1977-1, con Ensayo inicial y Bibliografía d e E. Du ssel,
p or Germ án Marqu ínez Argote.
_____; GUILLOT, Daniel. Liberación latinoamericana y Emmanuel Levinas.
Bonu m , Bs. As., 1975, 126 p p .
MARQUIN EZ, Germ an. M étodos para una filosofía de la liberación. Su p era-
ción analéctica d e la d ialéctica hegeliana. Sígu em e, Salam anca, 1974, 295
pp.
1
Estam os nos referind o a Ed gar Morin, Felix Guattari, Jean -Pierre Dupuy, Ed uard o Galea-
no, Enrique Dussel, Enrique Leff, And ré Gorz entre tantos outros que se d eram conta d e
que a crise am biental, o problem a ecológico se d á no bojo da crise d a m od ernidad e, da civ i-
lização ocid ental.
p ensam ento, su a reflexão filosófica p rop õe e ju stifica u m p rincíp io m ate-
2
rial d a ética: a ética d a libertação é u m a ética d a vid a e p ara a vid a .
E é d esd e a p ersp ectiva d e u m a ética p ara vid a qu e p retend e ter na
d eterm inação m aterial u m p onto claro d e ap oio e orientação, d e u m p rin-
cíp io ético, qu e d ignifiqu e e resp eite a vid a tanto em su a p ersp ectiva an-
trop ológica qu anto biocêntrica, qu e ju lgam os qu e, no contexto latino-
am ericano, m ais esp ecificam ente d esd e a Am azônia, d efend er o equ ilí-
brio ecológico significa na realid ad e d efend er a vid a d e tod os e p ara to-
d os. Em ou tros term os e d ito d e u m a form a m ais concreta, d efend er o
equ ilíbrio ecológico a p artir d a Am azônia e d a Am érica Latina tem com o
“p ano d e fu nd o” a d efesa d a vid a, d a criação e recriação d a vid a na natu -
reza e na socied ad e , m as tem tam bém com o “p ano d e frente” a d efesa d a
3
2
Ver Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão; M ateriales para una política de la li-
beración.
3
Cf. H ed ström , presentación, 1988, p . XI.
Referências
DUSSEL, Enriqu e. Ética da Libertação: na idade da globalização e da exclusão.
3ª ed . Trad .: Ep hraim F. Alves, Jaim e A. Clasen e Lú cia M. E. Orth. Petró-
p olis: Vozes, 2007a.
_____. M ateriales para una política de liberación. Mad rid / México: Plaza y
Vald es Ed itores, 2007b.
H EDSTRÖM, Ingem ar. Somos parte de un gran equilibrio: la crisis ecológica
en Centroamerica. 3ª ed . San Jose: DEI, 1988.
1
Tanto Enrique Dussel, H oracio Cerutti, Vand erlei Luiz Trind ad e, entre outros, apresentam
esta data como im portante para a Filosofia d a Libertação.
2
Pod eria se citar inicialm ente H eidegger, Wittgenstain e Marx, cada um d eles apresenta um
fim para a filosofia em seu tem po.
3
Ou, então, Filosofia como id eologia, enquanto filosofia da alien ação.
4
Por Leopoldo Zea.
bém , qu e é d e fu nd am ental im p ortância qu e com ece a existir. Porqu e, se
bem “Una filosofía p u ed e ser esta im agen ilu soria, la rep resentación m ix-
tificad a d e u na com u nid ad p or la cu al ésta „se hace id eas‟ – m eras id eas
“sobre su realid ad y se p ierd e com o conciencia veraz.‟” (SALAZAR
BON DY, 1981, p . 114), a consequ ência d isso será a esterilid ad e d o qu e, ao
contrário, p od eria ter sid o u m a força transform ad ora. Por este m otivo,
em Am érica latina, a Filosofia encontra u m a razão m ais p ara existir, ser
libertad ora.
N as p alavras d e Salazar Bond y: A Filosofia “d ebe ser u na concien-
cia cancelad ora d e p reju icios, m itos, íd olos, u na conciencia ap ta p ara d e-
velar nu estra su jeción com o p u eblos y nu estra d ep resión com o seres
hu m anos” (SALAZAR BON DY, 1981, p . 126). “Um a conciencia lú cid a d e
nu estra cond ición d ep rim id a com o p u eblos y (...) el p ensam iento cap az
d e d esencad enar y p rom over el p roceso su p erad or d e esta cond ición.”
(SALAZAR BON DY, 1981, p . 126). Ele tom ava a Filosofia, não ap enas em
su a fu nção intelectiva, d e com p reensão d o m u nd o, senão tam bém com o
5
força transform ad ora . Ou seja, a Filosofia em sentid o geral teria com o
m issão em p u rrar o hom em e a socied ad e até níveis su p eriores d e civili-
zação e d e hu m anid ad e.
Aind a m ais p ela existencia d e u m “abism o entre las élites qu e viven
segú n u n m od elo exterior y las m asas p au p erizad as y analfabetas, en-
cu ad rad as d entro d el m arco esp iritu al d e trad iciones y creencias rem otas
y esclerosad as.” (SALAZAR BON DY, 1981, p . 123). A Filosofia através d a
escola p od eria se ap roxim ar d e algu ns extrem os d a socied ad e, àqu eles
qu e não tiveram acesso aos livros, p or exem p lo, e qu e configu rariam u m a
p obreza cu ltu ral. Se bem trata-se d e vários tip os d e p obreza, segu nd o Sa-
lazar Bond y, “nu estros p u eblos sólo sald rán d e su cond ición rom p iend o
los lazos qu e los tienen su jetos a los centros d e p od er y m anteniénd ose li-
bres con resp ecto a tod a otra su jeción qu e p aralizaría su p rogreso”
(SALAZAR BON DY, 1981, p . 127). Por isso, a Filosofia em Am érica latina
d everia, além d e tod as su as ou tras características, ter a fu nção liberad ora.
N este p onto, haveria qu e form u lar com o p rim eira qu estão: se libertar d o
qu e? Mas, p ara isto, o p rofissional d e filosofia d everá iniciar u m p rocesso
d e au toconhecim ento sim ilar ao socrático.
Pod erá se invocar, d este m od o, à trad ição filosófica p ara esta
em ancip ação; m as som ente p od erá ser feito “(...) con fertilid ad y d e m od o
5
Em sentido marxista, segundo H oracio Cerutti.
Referências:
BLEICH MAR, Silvia. “Dolor país” . Bu enos Aires: Libros d el Zorzal, 2002.
DUSSEL, Enriqu e. M étodo para una filosofía de la liberación: superación ana-
léctica de la dialéctica hegeliana.Salam anca: Sígu em e, 1974.
_____. “Ética de la liberación em la edad de la globalización y la exclusión”.
Mad rid : Trotta, 1998.
LEVIN AS, Em m anu el. “Totalidade e Infinito: Ensaio sobre a exterioridade” .
Lisboa: Ed ições 70, 2008.
MARIÁTEGUI, José Carlos. “7 Ensayos de Interpretación de La Realidad Pe-
ruana” . Lim a: Am au ta, 1989.
SALAZAR BON DY, Au gu sto. “¿Existe una filosofía de nuestraA mérica?”
México: SigloVeintiu no, 1981.
SAN TOS, Milton. “Por uma outra globalização: do pensamento único à consci-
ência universal” . Rio d e Janeiro: Record , 2001.
TRIN DADE. Vand erlei Lu iz. “O d ebate entre Salazar Bond y e Leop old o
Zea”. Obtid a em 01 Agosto de 2014. Disp onível em :
<http :/ / w w w .ifil.org>.
ZEA, Leop old o. “La filosofia latinoamericana como filosofia sin más”. México:
SigloVeintiu no, 1969.
Ru d im ar Barea
Mestrand o Filosofia na UFSM
Bolsista CAPES/ FAPERGS
E-m ail: rud i.brs@gm ail.com
1
Paulo Freire fala d a im portância d e escutar na práxis ped agógica (1996, p. 113-125). Rubem
Alves no Livro O amor que A cende a Lua, tam bém escreve um a bonita passagem , que se
chama “Escutatória” (2004, p. 65-73).
2
Em sua tese “Sobre o Problem a da Em patia” [Zum problem d er Einfühlung], Stein faz um
estud o m uito im portante, d o qual evid ência a em patia com o um instrum ento im prescind í-
vel para o conhecim ento d o Outro.
3
Ver: Ética da libertação na id ad e d a globalização e da exclusão – parágrafo 263.
Referências
DUSSEL, Enriqu e. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão;
Trad . De Ep hraim Ferreira Alves, Jaim e A. Clasen, Lu cia M. E. Or-
th.Petróp olis RJ:VOZES, 2007.
FELDMAN N Christian. Edith Stein: ju d ia, atéia e m onja. Trad u ção d e Eu -
rid es Avance d e Sou za; revisão técnica Sivar H oep p ner Ferreira. Bau ru ,
São Pau lo: EDUSC, 2001.
_____. Pedagogia da A utonomia: saberes necessários à p rática ed u cativa.
São Pau lo: Paz e Terra, 2005 (Coleção Leitu ra).
_____. Pedagogia do Oprimido. 10 ed ição. Rio d e Janeiro: Paz e Terra, 1981.
STEIN , Ed ith. A mulher: Su a m issão segu nd o a natu reza e a graça; carm e-
lita d escalça. Trad . Alfred J. Keller: Bau ru – São Pau lo, EDUSC, 1999.
Este eixo está end ereçad o à p articip ação d e tod os aqu eles qu e têm
interesse em d iscu tir, esclarecer e ap resentar a relação entre a categoria fi-
losófica d e p raxis e seu d esd obram ento na com p lexid ad e d as relações
qu e se estabelecem no m u nd o contem p orâneo.
A categoria p ráxis filosófica rem ete à id eia d e ação transform ad ora
d a realid ad e no conju nto d as relações qu e os seres hu m anos estabelecem
entre si e a socied ad e. Ou seja, se institu i com o relação criativa, no hor i-
zonte d a história, send o ind icativa d e ação transform ad ora. Com base
nessa categoria, objetiva-se p ensar e d iscu tir a p rática d os m ovim entos
sociais enqu anto p rocesso d e conscientização sobre su a cond ição histór i-
ca nas m ú ltip las d im ensões articu lad as entre si: econôm ica, p olítica e s o-
ciocu ltu ral, d etectand o su as form as d e organização, d e estratégias e obje-
tivos em vistas d e su a eficácia p ara a transform ação hu m anizad ora d o
m u nd o.
A qu estão central qu e norteia o Eixo Tem ático refere-se à cap aci-
d ad e p ráxica d os m ovim entos sociais enqu anto p rop u lsores d a transfor-
m ação social cap az d e estabelecer relações hu m anizantes e hu m anizad o-
ras, enqu anto p ortad ores d a ju stiça e d a p az social.
Os trabalhos d iscu tid os neste Eixo se d ivid em em três blocos.
N o p rim eiro, encontram os o d esd obram ento d e d u as qu estões ce n-
trais concernentes aos fu nd am entos filosóficos: d a p ráxis enqu anto cat e-
goria basilar p ara a com p reensão d a realid ad e e fu nd am ento d a tran s-
form ação social e d a esp erança enqu anto consciência antecip atória p ara a
transform ação d a realid ad e, d e qu e fala Bloch.
O segu nd o bloco reú ne qu atro trabalhos, send o o p rim eiro u m a r e-
flexão sobre a econom ia p ara a vid a a p artir d o p onto d e vista d e H ink e-
lam m ert; a abord agem d o enraizam ento d a id eologia d o cap italism o nas
p rofu nd ezas d o ser hu m ano d o m u nd o contem p orâneo e os efeitos sobre
a vid a d as p essoas se constitu i na p reocu p ação d o segu nd o trabalho; o
terceiro rem ete aos elem entos centrais d a p olítica d a libertação enqu anto
consciência d e ser p ovo; e, o qu arto abord a os p ostu lad os críticos d a obra
m arxiana frente à filosofia m oral com o su p orte d os p rincíp ios socialistas.
O terceiro e ú ltim o bloco é com p osto p or exp eriência d e m ovim e n-
tos sociais cu ja p ráxis p od e ser cotejad a e analisad a à lu z d os p rincíp ios
filosóficos, p olíticos e econôm icos d os blocos anteriores. O p rim eiro traz
u m a exp eriência contra a ap rop riação e contam inação d a águ a e a exp a n-
são d o agronegócio nas p rovíncias d e Catam arca e Santiago d el Estero,
no N orte d a Argentina. O segu nd o relato, focand o o d ireito à alim ent a-
ção, d iz resp eito à organização d os ca m p esinos gaú chos na p rod u ção,
d istribu ição e com ercialização d os p rod u tos d a agricu ltu ra fam iliar. Os
d ep oim entos d e líd eres d os Movim entos d os Trabalhad ores Sem Terra,
d as Mu lheres Cam p onesas e a Associação Pu xirão d os Caboclos, d e Ch a-
p ecó, Santa Catarina, são tem atizad os no terceiro trabalho d este bloco,
registrand o com o são vivenciad os os p rocessos d e p olitização e constr u -
ção d e p rojetos d e socied ad e. Por ú ltim o, tend o com o referência o Mov i-
m ento d os Sem Terra, encontram os u m a reflexão sobre as p ráticas qu e
envolveram a d inâm ica d o acam p am ento ao assentam ento com o p rincí-
p io ed u cativo d a p ráxis p olítica.
Referências
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gre: Movim ento, 2006.
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neid er. Rio d e Janeiro: Ed UERJ: Contrap onto, 2006.
_____. O Princípio Esperança, Volu m e II. Trad u ção d e Werner Fuchs. Rio
d e Janeiro: Ed UERJ: Contrap onto, 2006.
Cecilia Pires
Faculd ad e Merid ional/ IMED
Passo Fundo/ RS
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Universitária, 1983.
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p old o: N ova H arm onia, 2007.
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nisinos, 2004.
VÁZQUEZ, Ad olfo Sánchez. Ética. Rio d e Janeiro: Civilização Brasileira,
1992.
Marco Au d ieres
Acadêm ico d o Curso d e Ciências Contábeis – URI, São Luiz Gonzaga
E-m ail: byelvisp@hotmail.com
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_____. Teorias d os Movim entos Sociais. 3 ed . São Pau lo: Loyola, 1997.
1
O Grupo d e Pesquisa Organização e Práxis Libertad ora está localizad o na Escola d e A d -
m inistração da UFRGS. Maiores inform ações em: <http:/ / plsql1.cnpq.br>.
A nossa localização latino-am ericana tem orientad o nossa atu ação
tanto no sentid o d os tem as d e interesse qu anto d os au tores qu e ad otam os
com o referência em nossos trabalhos. N os ú ltim os anos tem os nos volta-
d o p ara a organização d o p ovo em d istintas lu tas d e libertação na região
N orte d a Argentina: contra a m egam ineração sob a consigna d e El Fama-
tina N o Se Toca na p rovíncia d e La Rioja; na lu ta contra a ap rop riação e
contam inação d a águ a na afirm ação d e qu e El água vale más que el oro n a
p rovíncia d e Catam arca e em ou tras localid ad es; e na d efesa d os m od os
trad icionais d e vid a em op osição à exp ansão d o agronegócio nas p rovín-
cias d e Catam arca e Santiago d el Estero. N ão p or coincid ência, essa regi-
ão é a m esm a ond e nasceu Enriqu e Du ssel, p rincip al form u lad or d a Filo-
sofia d a Libertação, d e ond e ap rop riam os o p rincíp io m aterial ético-
crítico d a “p rod u ção e rep rod u ção d a vid a hu m ana em com u nid ad e”
(DUSSEL, 2002, p . 303); o m étod o ana-d ialético; e categorias d e estatu to
filosófico com o vítim a, p ovo e consenso d os op rim id os (DUSSEL, 2004)
qu e orientam nossa atu ação.
A reflexão sobre a contribu ição d a Filosofia d a Libertação p ara os
nossos trabalhos com eça a tom ar form a com o reconhecim ento d e qu e o
p rincíp io ético-crítico m aterial d a p rod u ção e rep rod u ção d a vid a hu m a-
na em com u nid ad e (DUSSEL, 2002) orienta a nossa atu ação com o p esqu i-
sad ores. A p artir d essa fu nd am entação ética, nossos trabalhos voltam -se
p ara a libertação d esd e o p onto d e vista d a organização d as lu tas e d a vi-
d a social. N ão tem os a ilu são p rep otente d e qu e libertarem os algu ém com
a nossa p rod u ção acad êm ica, p ois sabem os qu e é sem p re a vítim a qu e
tem a consciência ética, original, histórica e concreta d e su a op ressão e
d om inação. N ossos trabalhos refletem a exp eriência d e “nós” qu e faze-
m os p arte d o p ovo, qu e se organiza em d iferentes frentes d e lu ta p or su a
libertação. Em com u m , nossas ú ltim as p esqu isas d e cam p o aconteceram
no N orte d a Argentina, m as só nos d em os conta d a relevância d este fato a
posteriori. N essa região, trad icionalm ente ru ral, em qu e boa p arte d a p o-
p u lação sem p re viveu em p ovoad os p equ enos d istantes d as cap itais, o
avanço d o agronegócio e d a m egam ineração ind icam a rep rod u ção am -
p liad a d e u m m od elo neoliberal au to-intitu lad o neod esenvolvim entista
(PUELLO-SOCARRÁS, 2013). As estratégias d e rep rod u ção d o cap ital
nesse contexto têm transform ad o não só a p aisagem d a região e os víncu -
los d as p essoas com a terra, m as levad o a lim ites extrem os a p ossibilid a-
d e d a realização d o p rincíp io ético-crítico m aterial d a Filosofia d a Liber-
tação, com a saíd a d os cam p oneses d o cam p o e a contam inação d a águ a,
d o solo e d o ar qu e afetam d iretam ente as com u nid ad es p róxim as às
grand es m inas a céu aberto qu e se exp and em na região.
Referências
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za na A rgentina e no Brasil: u m a abord agem d a Filosofia d a Libertação. Te-
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2013). VI Jornad a d e Econom ía Crítica. Ponencias d e la VI Jornad a d e E-
conom ía Crítica, Mend oza, agosto, 2013.
O hom em tem fom e (Der M ann fühlt sich Hunger) e tem cosnciência
d e que tem fom e (Bewusstsein dass Hunger). Esta necessid ad e
im ed iata constranged ora é a m ola d o d espertar d a consciência
hum ana: o constranger (das Beschränken), causad o pela fom e é que
projeta o hom em fora d e sua ind iferença, provocand o o d espertar
d e sua consciência. O hom em tem consciência, isto porque tem
fom e (FURTER, 1967: 58).
הֲֹלא י ָדְ עּו כָל־פ ֹ ֲעלֵי ָאוֶן א ֹ ְכלֵי ַעמִּי ָאכְלּו ֶלחֶם י ְהוָה ֹלא ק ָָראּו׃
O consenso crítico
Estam os d iante d e u m p roblem a – a constitu ição consensu al crítica.
Isto se d eve a qu estão d a vontad e, esse m ovim ento qu e im p u lsiona o
hom em e d eterm ina seu s ju ízos, p erm itind o p roblem atizar a qu estão d a
au torid ad e, a resp eito d o p ensar, qu erer e ju lgar, o term o qu e em su a
form a am bígu a corresp ond e ao ato abu sivo d o p od er com o legitim id ad e
d a violência, bu scand o a p rincip esca fragilid ad e no p olítico qu e é a cor-
ru p ção, ou seja, o sistem a qu e ínsita o ser hu m ano a ser corru p to.
N o esvaziam ento hu m ano na socied ad e tecnocrata, nem consenso
e nem tam p ou co crítica. Esse d iagnóstico em relação ao hu m ano é d e
u m a m etanoia tard ia, u m a esp écie d e arrep end im ento estéril. Seu resu l-
tad o é d e u m cenário p rod u tor d a catástrofe d as significações, qu e inebria
os hom ens com o se estivessem cirand and o a beira d e u m abism o em
m eio a risos sard ônicos, cu jo esp aço e su as significações d efinham -se p elo
avilto coração d o su p osto sap iens d o “aqu i e agora”, cu jo tem p o volátil
1
Trad ução proposta pelo estudo da passagem d e Sl. 14.4 retirad a d a Biblioteca Libronix da
Sociedad e Bíblica do Brasil.
Por natureza, a hum anid ad e é tão estreitam ente unid a, tam anha é a
correspond ência entre as sensações íntim as d e um hom em e as d e
outro, que a d esonra é tão evitad a quanto a d or física e ser objeto
d e estim a e am or é tão d esejad o quanto qualquer bem extrem o (...).
H á no ser hum ano, tal princípio natural d e atração pelo ser hum a-
no que ter percorrid o o m esm o ped aço d e chão, ter respirad o o
m esm o clim a ou ter m eram ente nascid o num m esm o d istrito ou
d ivisão artificial d ão ensejo a que se travem conhecim entos e am i-
zad es, d epois d e d ecorrid os m uitos anos (...). Os hom ens são a tal
ponto u m só corpo que, d e u m a form a peculiar, sentem uns pelos
outros vergonha, o perigo repentino, o ressentim ento, a honrad ez,
a propried ad e, a aflição (...) (EAGLETON , 2010: 30-33).
2
O das Gute possui um com ponente m aterial e form al. O aspecto form al consiste na questão
clássica d a ap licação, d a m ed iação ou d a „subsunção‟ do m om ento material, (DUSSEL, 2002,
p. 169).
Referências
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Trad . Vera Ribeiro. Rio d e Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
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1
O MST estabeleceu nos últim os anos algum as parcerias com grand es em presas m ultin a-
cionais, inclusive d o setor d o agronegócio. Sobre essas parcerias, ver principalm ente o a rti-
go: MST S/ A do Coletivo Passa Palavra.
2
Dad os d o Relatório DataLuta, d isponíveis em : <http:/ / w w w.red ebrasilatual.com .br>.
3
Dados publicad os no Jornal Estad o d e São Paulo “Esvaziado por ações d o governo, MST
chega aos 30 anos” (20/ 01/ 2014).
4
Sobre a construção da EN FF e sua proposta pedagógica ver Lobo (2005).
5
Sobre os cursos do PRON ERA ver: And rad e, Pierro e Molina (s/ d ).
6
Trecho d e entrevista com ex-d irigente do MST-SP que atuou alguns anos no setor d e for-
m ação estad ual e m ilitou 19 anos no MST. A entrevista foi conced id a a m im e ao professor
Marild o Menegat (UFRJ) em 08/ 08/ 2013 no Assentam ento Milton Santos em Am ericana-
SP.
Palavras-chave: Direitos hum anos, Plano cam ponês, Movim entos sociais, Subjetividad e,
Resistência.
Objetivo
O p resente trabalho vincu lad o ao m estrad o em Políticas Sociais e a
grad u ação d o cu rso d e Serviço Social d a Universid ad e Católica d e Pelo-
tas, trás d iscu ssões gerad as d u rante o acom p anham ento a m ovim entos
sociais qu e bu scam a efetivação d e p olíticas p u blicas e garantia d e d irei-
tos assegu rad os p or lei. Qu e tem feito enfrentam ento ao sistem a d e con-
trole social qu e se estabelece através d as relações d e p rod u ção e consu -
m o.
Este p rojeto, intitu lad o “Alim entação enqu anto d ireito hu m ano e
su a relação com o p lano cam p onês no Estad o d o Rio Grand e d o Su l”,
trou xe com o fu nd am ento p rincip al a análise d a qu estão alim entar no p a-
ís, tend o com o base a Lei d e Segu rança Alim entar e N u tricional, Lei nº
11.346, a Declaração Universal d os Direitos H u m anos d e 1948, e a Consti-
tu ição Fed eral d e 1988.
Avaliam os, p rojetos e p rogram as d o governo fed eral qu e vem sen-
d o im p lem entad os d esd e o fim d a d écad a d e 1990 bu scand o a garantia e
cu m p rim ento d e tais leis, e, a solu ção p ara o p roblem a d a fom e no p aís:
Program a N acional d e Alim entação Escolar (PN AE), Program a d e Aqu i-
sição d e Alim entos (PAA), Projeto Fom e Zero, e, o Program a/ Plano
Cam p onês. Este ú ltim o qu e foi d esenvolvid o p ela Via Cam p esina Inter-
nacional em p arceria com o Movim ento d os Pequ enos Agricu ltores
(MPA), tem sid o alvo d e nosso acom p anham ento continu o, p or se tratar
d e u m p rojeto ap resentad o em tod o o p aís qu e fora ad otad o som ente p elo
governo d o Estad o d o Rio Grand e d o Su l (RS). Este fato se d eu em abril
d e 2013, e o p rojeto tem sid o trabalhad o enqu anto p olítica p ú blica p ara
fortalecim ento d a p rod u ção agro-ecológica e am p liação d o alcance d os
p rogram as acim a citad os, no RS.
Analisam os e avaliam os o contexto histórico no qu al foi constru íd o
o Plano Cam p onês relacionand o-o com os atores sócio-p olíticos envolvi-
d os, p or m eio d e observação d os gru p os sociais.
Conclusão
Atu alm ente o Plano Cam p onês está sob a resp onsabilid ad e d e ges-
tão d a Secretaria d e Desenvolvim ento Ru ral (SDR/ RS), órgão resp onsá-
vel p elo financiam ento d o p rogram a. N este ano a SDR/ RS já d isp ôs d e
100 m ilhões d e reais p ara su a efetivação, qu e serviram p ara ap oiar m ilha-
res d e agricu ltores organizad os em coop erativas fam iliares a p rod u zir.
Estes investim entos serão realizad os p ara a constru ção d e agroind ú strias
(p anificad oras, su cos, com p otas, etc.), com p ra d e equ ip am entos d e irriga-
ção, equ ip am entos p ara bovinocu ltu ra d e leite, instalação d e p astagens
p erenes, p om ares, recu p eração d e solos, olericu ltu ra, entre ou tros. Os in-
vestim entos serão realizad os sob a p ersp ectiva d a transição agroecológi-
ca, estim u land o u m a agricu ltu ra qu e não faz u so d e agrotóxicos, red u -
zind o assim a d ep end ência d estes insu m os, oriu nd os d e longas cad eias
ind u striais. Os financiam entos terão bônu s d e ad im p lência d e no m ínim o
80% d o recu rso financiad o, e atu alm ente o p rogram a está com eçand o a
ser op eracionalizad o encontrand o-se em fase d e elaboração d os p rojetos
p elas coop erativas d e p rod u ção e p elos m ovim entos sociais qu e iram a-
cessar os alim entos. A Estim ativa é d e qu e até o m ês d e agosto as p rim ei-
ras coop erativas já estarão com os p rojetos analisad os e d ocu m entação
com p leta, p erm itind o assim a assinatu ra d os p rim eiros contratos.
Boaventu ra d e Sou sa Santos no texto “As tensões d a m od ernid a-
d e” qu estiona a p rod u ção d a globalização tratand o-a enqu anto regiona-
lism os/ localism os qu e são globalizad os/ im p ostos p ela “classe cap italista
transnacional” sobre “as classes e gru p os su bord inad os” aos qu ais classi-
fica enqu anto “trabalhad ores m igrantes e os refu giad os” (SAN TOS,
2002), esta relação d e im p osição e d om ínio p od e ser observad a em tod a
trajetória histórica d a agricu ltu ra no Brasil, d esd e a invasão p ortu gu esa,
p assand o p or tod as as crises e transform ações d o sistem a d e exp loração
cap italista até os d ias d e hoje, send o m anifestos na “revolu ção verd e” no
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Ciências Sociais. São Pau lo: Cortez, 2002.
Jovino Pizzi
Professor d a Universid ad e Fed eral d e Pelotas
E-m ail: jovino.piz@gmail.com
Introdução
Aos qu e seriam ente vislu m bravam na teoria m arxista u m cam inho
p ara a transform ação social, o fim d o cham ad o “socialism o real” foi u m
golp e consid erável. Talvez nem tanto o seu fim , m as a su a p róp ria exis-
tência. Com o bem observou Ad olfo Sánchez Vázqu ez (1993), no p aís on-
d e foram d ep ositad os os sonhos revolu cionários aos p ou cos se d elineava
a negação d e tod o o p rojeto em ancip atório concebid o p or Marx. Assim , a
segu nd a m etad e d o sécu lo XX foi d ram ática p ara o m arxism o. Khru sh-
chov colocava terra sobre as ú ltim as esp eranças em relação à URSS e
m ais tard e a China se via afu nd ad a em u m obscu rantism o id eológico li-
d erad o p or Mao Tsé-Tu ng (And erson, 1985). Além d isso, a m orte d e Che
Gu evara na Bolívia e o lim itad o p rotagonism o d os Partid os Com u nistas
no histórico m aio d e 1968 cond u ziam o m arxism o a inú m eras reconsid e-
rações teóricas e p ráticas. Frente a este cenário, o estru tu ralism o d e Lou is
Althu sser, p ara qu em o hu m anism o socialista antes d e exp ressar-se com o
liberd ad e p essoal exp ressava-se com o d itad u ra d e classe (1967, p . 182-
183) via-se vigorosam ente d esafiad o p elo cam inhar d a história.
N este contexto, os textos d o jovem Marx, esp ecialm ente os M anus-
critos Econômico-Filosóficos p u blicad os ap enas na d écad a d e 30, p assaram
a sed u zir os p ensad ores interessad os no hu m anism o d a obra m arxiana.
Ganhavam esp aço as reflexões ontológicas d e György Lu kács e seu s d is-
cíp u los d a Escola d e Bu d ap este. Da m esm a form a, esp ecialm ente com E-
rich From m e H erbert Marcu se, retom ou -se com força a crítica d a aliena-
ção e d a d esvalorização d a vid a hu m ana – p reocu p ação característica d os
p rim eiros textos d e Marx. Anos m ais tard e, já com o p revisível d eclínio
d a p olítica socialista na URSS, a agend a m arxista voltou -se, finalm ente,
p ara a qu estão d o ju sto e d o inju sto, com consid erável interesse na fu n-
d ação d e u m a ord em social e p olítica legítim a (Bid et, 2008).
Motivad o p or esta tem ática, Gerald Cohen, qu e na d écad a d e se-
tenta havia d efend id o u m a teoria ortod oxa d a história em Karl M arx' s
Theory of History: A Defence, foi u m d os p ioneiros, já na d écad a d e 90, d a
inserção d os p ostu lad os m arxistas na filosofia p olítica. Interessavam p ara
o au tor as qu estões “fílosófico-m orais sobre o fu nd am ento norm ativo d a
igu ald ad e” (Cohen, 1994, p . 126). Em qu e p ese os im p asses teóricos cria-
d os com esta em p reitad a, Cohen estabeleceu as bases p ara u m a d isp u ta
intelectu al sobre a realização d e d iferentes p rincíp ios norm ativos. O soci-
alism o, aind a qu e factível ou até m esm o inevitável, d everia ser desejado.
Em linhas gerais, nosso trabalho se d ebru ça sobre esta qu estão: a su p erio-
rid ad e m oral d os p rincíp ios socialistas em relação ao fu nd am ento estru -
tu ral d o cap italism o. Ou , em ou tras p alavras, sobre a qu estão colocad a
exp licitam ente no títu lo d e u m a d as ú ltim as obra d e Gerald Cohen: Por
que não o socialismo?
Objetivos
Com o já foi m encionad o anteriorm ente, o objetivo central d este
trabalho é ap roxim ar os p ostu lad os críticos d a obra m arxiana, esp ecial-
m ente d os p rim eiros textos d e Marx, com a filosofia p olítica. Com isso
p retend e-se ad vogar em d efesa d a su p eriorid ad e m oral d os p rincíp ios
socialistas em relação ao fu nd am ento d as econom ias d e m ercad o. A p ri-
m eira constatação neste sentid o é d e qu e o jovem Marx não se op oria ra-
d icalm ente à nossa tentativa. Particu larm ente p orqu e su a obra não d eixa
d e ser u m ap elo ético. Qu er d izer, com o interp reta Ivo Tonet (2010), tod a
a obra p osterior à ju ventu d e d e Marx “nad a m ais é d o qu e u m a exp licita-
ção d os m ecanism os básicos qu e p rod u zem a sep aração d os trabalhad o-
res d a au têntica com u nid ad e hu m ana” (p . 28).
De fato, p ara o nosso au tor a em ancip ação hu m ana, no sentid o
m ais revolu cionário d o term o, era trad u zid a no “im p erativo categórico
d e su bverter tod as as relações em qu e o hom em é u m ser hu m ilhad o, es-
cravizad o, aband onad o, d esp rezível” (Marx, 2008, p . 152). O com u nism o,
d esta form a, seria u m a esp écie d e reencontro d o ser humano com su a ri-
Justificação
Em seu livro Fronteiras da Justiça, a filósofa Martha N u ssbau m a-
p resenta u m d os fu nd am entos d o seu enfoque das capacidades:
Conclusões
As consid erações ap resentad as anteriorm ente não são absolu ta-
m ente conclu sivas, contu d o algu m as qu estões p od em ser esclarecid as.
Su p om os, d e fato, qu e os p rincíp ios norm ativos qu e orientam u m a socie-
d ad e hu m anam ente em ancip ad a, u m a socied ad e efetivam ente socialista,
são m oralm ente su p eriores aos p rincíp ios liberais. Assim , até m esm o os
contratos hip otéticos com fins legitim atórios d everiam levar em conta es-
tes p rincíp ios. Deste m od o, p od eríam os su gerir qu e o socialism o seria
u m a op ção d esejável p ara u m a socied ad e qu e se im p onha a tarefa d e ter
a ju stiça com o p rim eira d e su as virtu d es.
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Bianca Pazzini
Universid ad e Fed eral d o Rio Grand e – FURG
E-m ail: biancapazzini@gmail.com
(...) entre os bilhões d e anim ais não hum anos existentes, há anim ais
conscientes d o m und o e d o que lhes acontece? Se sim , o que lhes
acontece é im portante p ara eles, quer alguém m ais se preocupe
com isso, quer não? Se há anim ais que atend em a esse requisito, e-
les são-sujeitos-d e-um a-vid a. E se forem sujeitos-d e-um a-vid a, en-
tão têm d ireitos, exatam ente com o nós (REGAN , 2006, p. 65-6).
(i) m uitas espécies d e anim ais têm status m oral; (ii) (...) as diferen-
ças entre hum anos e anim ais não são tais que justifiquem o m od o
pelo qual os tratam os, e (iii) (...) esse status exige reform as am plas
nos nossos costum es (N ACON ECY, 2006, p. 185).
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Bru no Ferreira
Acadêm ico d o Curso d e Bacharelad o em Direito, Unochapecó
Bolsista do N úcleo d e Iniciação Científica: “Cid ad ania e Justiça na Am érica Latina”
E-m ail: brunoad v@unochapeco.edu.br
Daiane Vid al
Acadêm ica do Curso d e Bacharelad o em Direito, Unochapecó
Bolsista do N úcleo d e Iniciação Científica: “Cid ad ania e Justiça na Am érica Latina”
E-m ail: daianevid al@unochapeco.ed u.br
Introdução
O p rocesso d e colonização d a Am érica Latina p erm itiu qu e inú m e-
ras violações d e d ireitos fossem com etid as contra os p ovos ind ígenas. O
colonizad or legitim ou seu s atos a p artir d a d esconsid eração d o ou tro co-
m o ser hu m ano, p ossu id or d e d ignid ad e e alterid ad e, ju stificand o assim ,
a su balternização d esses p ovos. N este sentid o, p rod u ziram -se teorias ju -
ríd icas hegem ônicas, d esconsid erand o a d iversid ad e étnico-cu ltu ral d os
p ovos latino-am ericanos. Renu nciou -se a p ossibilid ad e d e p rod u zir co-
nhecim ento local, u m a vez qu e, existiria u m conhecim ento u niversal.
N estes term os, ind aga-se: com o u m a só ep istem ologia ju ríd ica consegu iu
consolid ar-se com o legítim a, d iante d e u m contexto essencialm ente p lu -
ral latino-am ericano?
1492: Um marco na história mundial
Ao “d escobrir” a Am érica, em 1942, a Eu rop a havia d escoberto a si
m esm a, coloca-se ao centro d o m u nd o, tornand o-se consciente d o seu
p róp rio p od er, d a su a p róp ria su p eriorid ad e d e raça, cred o, d e cap acid a-
d e m ilitar e econôm ica, relegand o os p ovos ind ígenas à cond ição d e su -
balternos, inferiores, p rim itivos, irracionais, bárbaros, p ara assim , ju stifi-
car a su a conqu ista.
(...) O europeu que invad ia estas terras não com preend ia as ações e
organizações sociais d os povos originários e logo, para eles, não e-
xistiam as explicações que foram cuid ad osam ente construíd as para
suas ações na socied ad e “civilizad a”. H á justificativa p ara “m inha”
violência e não há justificativa para a violência d o “outro”
(MAGALH ÃES, 2012, p. 21).
Por esse viés, e neste esp aço, a id eia d e Estad o nacional acabou
send o transp lantad a p ara as nações coloniais, em u m a clara e evid ente
verticalização d o p od er no sentid o d e cim a p ara baixo, ignorand o as
norm as d iferenciad as qu e regu lavam a organização social e o fu nciona-
m ento d as socied ad es ind ígenas. A cu ltu ra constitu cional clássica não a-
ceitava, nas constitu ições, o reconhecim ento d os d ireitos d e p ovos ind í-
genas a u m território e à ap licação nestes territórios d e seu Direito p ró-
p rio, p orqu e entend ia qu e seria u m Estad o d entro d e u m Estad o
(MARÉS, 2012, p . 68).
Pau latinam ente vai se esboçand o u m a cu ltu ra ju ríd ica centralizad a
no Estad o, m arcad a p elo m onism o ju ríd ico, concep ção qu e atribu i ao Es-
tad o o m onop ólio exclu sivo d a p rod u ção d e norm as ju ríd icas, ou seja, o
Estad o é o ú nico agente legitim ad o cap az d e criar legalid ad e p ara enqu a-
d rar as form as d e relações sociais qu e se vão im p ond o (WOLKMER,
2001, p . 46).
1
(...) A transm od ernid ad e, se apresenta como uma possibilid ad e, não -hegem ônica, d e cons-
trução d e um outro parad igma a partir d os conceitos que entend e como positivos da m o-
d ernid ad e e da pós-m od ernidad e d eixand o d e lad o seus aspectos totalizantes.
(LOREN TTO, GIAMBERARDINO, 2014).
Conclusão
O p rocesso d e inserção d o Direito ocid ental m od erno p rovocou
u m a im ensa p erd a d e conhecim entos, e ao m esm o tem p o, a afirm ação d o
m ito d a su p eriorid ad e ep istem ológica d o p ensam ento eu rop eu , ensejad o
na colonialid ad e d o saber. A resp osta a esta p ergu nta está na coloniali-
d ad e d o p od er e na d iferença colonial. N essa concep ção, teorizar e p ensar
p arecem ser u m a virtu d e d e p ou cos ind ivíd u os d iante d o m onop ólio d o
conhecim ento.
A p ossibilid ad e d e u m a (d es) constru ção d o colonialism o p assa p e-
la p ersp ectiva d e criar alternativas em ancip ad oras, cap azes d e su p erarem
o p ensam ento eu rocêntrico, d om inante, elitista. O novo constitu cionalis-
m o su rge com o p rop osta transversal ao m od elo centralizad or e exclu d en-
te, ap arad o p elos novos m ovim entos sociais e forças p op u lares qu e p er-
m item u m olhar p ara além d e u m a Ju stiça p ositivad a.
Referências
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Ed u ard a Fochzato
Acadêm ica do Curso d e Direito do Instituto Fed eral do Paraná, Cam pus Palm as
E-m ail: lexicoausente@outlook.com
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(Colôm bia): Universid ad d e Med ellin, 1984. p p . 21-34.
Objetivo
N ão cabe m ais d iscu tir a valid ad e ou não d a Filosofia d a Liberta-
ção com o há 30 anos atrás, qu and o d a m inha d issertação p ara Mestrad o
em Filosofia p ela UFRJ (1984) sobre o p ensam ento d e Enriqu e Du sssel,
p ois esta é u m a realid ad e, com o atesta este II Congresso Brasileiro na ci-
d ad e d e Porto Alegre. Agora o qu e nos d eve interessar, p assad os tantos
anos, é analisar com o este novo p ensar transm od erno e “bárbaro”, qu e
tem com o verd ad e p rim eira o p róp rio hom em , a vid a, o face-a-face, o Ou -
tro, o exclu íd o, sem d ireitos e d esp ojad o d e su a p róp ria d ignid ad e, influ -
enciou o p ensam ento p olítico, ético e ju ríd ico brasileiro. Du ssel, com a
su a Metafísica d a Alterid ad e estabelece o p arad igm a d a vid a ou d o ser
vivente em su bstitu ição ao ser, ao conhecer e à razão com u nicativa d a Fi-
losofia Ocid ental, tend o com o p rincíp io a p reservação d a d ignid ad e d a
p essoa hu m ana. Por ou tro lad o, no Brasil novos ru m os se d esp ontam a
p artir d e 1988 com a p rom u lgação d a Constitu ição Fed eral, p ois reflete os
anseios p op u lares p or novos d ireitos ap ós o p eríod o negro d a d itad u ra
m ilitar, tend o p or fu nd am ento o d ireito à vid a e o resp eito à d ignid ad e
hu m ana. Dentre os cham ad os d ireitos sociais listad os no art. 6º está a as-
sistência aos d esam p arad os, qu e foi regu lam entad o p ela LOAS. O benefí-
cio d a p restação continu ad a p reconizad a no art. 20 qu ase sem p re d ep en-
d e d a d ecisão d o Pod er Ju d iciário nos Ju izad os Esp eciais Fed erais.
A Filosofia da Libertação e a dignidade da pessoa humana
O p ensam ento d e Enriqu e Du ssel tornou -se conhecid o no Brasil
ap ós 1977, qu and o as Ed ições Loyola p u blicaram Filosofia d a Libertação
e Para Um a Ética d a Libertação Latino-Am ericana. Em ou tu bro d e 1983,
qu and o já havia m e d ecid id o estu d ar o p ensam ento d e Du ssel p ara fu tu -
ra d issertação d e Mestrad o, tive o p razer d e conhecê-lo p essoalm ente no
Congresso Ecu m ênico Latino Am ericano sobre o Sofrim ento H u m ano e o
Com p rom isso Cristão na Am érica Latina, realizad o em Itaici – SP. Dele
p articip aram intelectu ais com o Dalm o Dalari e Leonard o Boff; o Prêm io
N obel d a Paz, o tam bém argentino Ad olfo Perez Esqu ivel; religiosos co-
m o D. Ped ro Casad alglia e D. Tom ás Bald u íno, articu lad ores d a Pastoral
d a Terra; e m u itos leigos com p rom etid os com o tem a d a libertação d os
op rim id os.
A Metafísica d a Alterid ad e ou Ética d a Libertação d u sseliana tem
com o verd ad e p rim eira a vid a, ond e se m anifesta a m aterialid ad e d o ser
hu m ano concreto, não ap enas com o d ireito, m as com o cond ição d e p os-
sibilid ad e d e tod os os d ireitos. Este ser vivente tem rosto (erótico, p ed a-
gógico, p olítico e escatológico), qu e só será Ou tro liberto, qu and o tom ar
consciência d e su a realid ad e e p rom over o “grito p rovocante‟ contra a
Totalid ad e, qu e é a negação d e su a exteriorid ad e. Portanto, a Filosofia d a
Libertação não p ostu la o assistencialism o, m as a lu ta incessante p or u m a
efetiva transform ação d o sistem a vigente a p artir d a p róp ria alterid ad e
d o Ou tro qu e interp ela e p rovoca u m gesto libertad or com su a sim p les
voz qu estionante.
O ethos d a libertação, ao contrário d o ethos d a d om inação, não vi-
sa virtu d es p ara rep etir o m esm o, m as p arte d o eixo d a com iseração ou
antrop ologia d a solid aried ad e, qu e é a p u lsão alterativa p ela ju stiça, p elo
am or ao ou tro com o Ou tro. Este am or-d e-ju stiça ou am or d o face-a-face é
o ato su p rem o d o ser hu m ano, p ois p arte d a confiança no Ou tro com o
ou tro e o torna p rofeta d o p resente contra tu d o qu e im p eça a realização
d a d ignid ad e hu m ana. O Ou tro é o rosto d e algu ém qu e eu “exp erim en-
to”, qu e m e interp ela com p ed id o d e aju d a: “tenho fom e … p reciso ser
visto”.
A Filosofia d a Libertação é u m a ju sfilosofia crítica, p reocu p ad a
com a vid a concreta d os exp lorad os e hip ossu ficientes, visand o a consti-
tu ição d e u m Estad o Dem ocrático d e Direito e as transform ações p olíticas
oriu nd as d os engajam entos d os m ovim entos sociais p ara garantir novos
d ireitos, qu e se im p õem historicam ente, p ois existem ap enas su bjetiva-
m ente na m ente d os op rim id os ou exclu íd os. Em ou tras p alavras, são fru -
Conclusão
A Filosofia d a Libertação, hoje consagrad a com o au têntico p ensar
d a p ráxis libertad ora a p artir d a Exteriorid ad e, tem com o p arad igm a a
vid a hu m ana em geral, e, em p articu lar a vid a d a vítim a, negad a p ela To-
talid ad e. O p rincíp io d a d ignid ad e d a p essoa hu m ana é o lem a d este
p ensar, e com certeza, d ep ois d e m u ita lu ta m esm o d entro d os centros
acad êm icos d e Filosofia, visto com o “filosofia bárbara”, favoreceu em
m u ito o p ensam ento sócio-p olítico-ju ríd ico brasileiro nestes qu ase 40 a-
nos.
N a verd ad e, o cid ad ão não p od e esp erar o im p ossível d o Estad o,
m as tam bém este não lhe p od e negar o m ínim o existencial com o: ed u ca-
ção fu nd am ental, saú d e básica, assistência aos d esam p arad os e acesso à
Ju stiça (BARCELOS, Ana Pau la. p . 268). Os d ireitos sociais são d ireitos
p restacionais, qu e d ep end em d e u m a atu ação m aterial p ositiva d o Esta-
d o, p or m eio d e leis, d os atos ad m inistrativos e d a im p lem entação d e
serviços p ú blicos p rioritários. N este sentid o, requ er a p articip ação p op u -
lar na d efinição d o p rogram a orçam entário d a Ad m inistração Pú blica p a-
ra se chegar a u m a ju stiça d istribu tiva, resp eitand o-se a reserva d o p ossí-
vel d evid o escassez d e recu rsos e o m ínim o existencial p ara se concretizar
a ju stiça social (art. 3º. I d a CRFB).
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Trad . Ep hraim F. Jaim e. Petróp olis:Vozes, 2000.
Objetivo
O escop o d este artigo é estabelecer u m a relação d a Ética d o Dis-
cu rso e Ação Com u nicativa com a Filosofia d a Libertação com vistas a
constru ção d e u m a com u nid ad e d e vítim as .
Justificação
Mu ito tem se falad o d a p articip ação na vid a p olítica d a com u nid a-
d e na atu alid ad e, qu e tod o o atingind o p or u m a d ecisão d eve p articip ar
na d eliberação d ela, m as a grand e qu estão d a p articip ação ou d eliberação
é qu e existe u m a assim etria entre as p artes ou há ind ivíd u os exclu íd os d o
p rocesso d ecisório, os cham ad os “ou tros” nas p alavras d e Du ssel. A
grand e qu estão seria com o red u zir esta assim etria e inclu ir os “ou tros”.
Para tanto d everia haver inicialm ente a m u d ança d a consciência ou
conscientização, com o ensina Pau lo Freire, d os exclu íd os d o p rocesso d e-
cisório, p ara qu e os m esm os p ossam interagir entre eles e form ar gru p os
d e lu ta p ara qu e se p ossa m u d ar a realid ad e p olítica, bu scand o reconhe-
cim ento d e su as d em and as. Tem os assim u m p rocesso d e vai d a tom ad a
d e consciência até a m u d ança d a realid ad e p olítica, social e econôm ica, is-
to tu d o contid a na p articip ação d o p ovo com o agente d e m u d anças.
D esenvolvimento
Em u m a p rim eira fase este trabalho bu sca retom ar as id eias d a A-
ção Com u nicativa, Ética d o Discu rso e Filosofia d a Libertação em u m a
p ersp ectiva d e com p lem entarid ad e. Isto é o Direito com o instru m ento d e
p roced im ento (com u nicação) na bu sca d o consenso entre ind ivíd u os na
visão d e H aberm as; a Ética d o Discu rso (Ap el) qu e elu cid a as cond ições
p ara qu e u m ind ivíd u o p ossa p articip ar d e u m d iscu rso d e fu nd am enta-
ção racional, lu gar a p artir d o qu al tod as as p osições d os interlocu tores
são ap resentad as, e ond e o reconhecim ento intersu bjetivo d e p retensões
d e valid ad e se torna p ossível, estas d u as teorias recaind o sobre u m for-
m alism o. Com p lem entand o esta relação a Filosofia d a Libertação (Du s-
sel) qu e reconhece qu e existe basicam ente níveis d e p articip ação d o p ro-
cesso d eliberativo, em u m p rim eiro aond e há assim etria d e cond ições d e
p articip ação e no ou tro ond e os ou tros (exclu íd os) não p articip am d a
form ação d a d ecisão qu e vai afetá-los, p rescrevend o assim u m conteú d o
m aterial.
Já na segu nd a p arte visam os ap resentar a constru ção d a com u ni-
d ad e d e exclu íd os, isto é, os m esm o se reconhecend o com tal, e d ep ois se
organizand o p ara p od er lu tar/ reivind icar p or su as necessid ad es.
Diante d isso irá se abord ar qu e o consenso é u m acord o d e tod os
os p articip antes, qu e em tese, seriam su jeitos livres au tônom os, m as qu e
não são. Deve se bu scar u m m aior grau d e sim etria, u m a vez a sim etria
d e p articip ação entre tod os é u m em p irism o im p ossível.
Mas su rge a qu estão d e com o a com u nid ad e p olítica, ou o p ovo,
alcançam u m consenso su ficiente p ara fazer governável o exercício d o
p od er e a p articip ação cid ad ã?
Em u m p rim eiro m om ento os atores p olíticos tom am consciência
d e su as reivind icações não cu m p rid as, ond e as reivind icações p articu la-
res p assam a ser u m a reivind icação hegem ônica, na bu sca d e u m hegemón
analógico, constru ind o u m “bloco” qu e vem d e “baixo”.
Abord arem os a qu estão d o reconhecim ento com o form a d e au tor-
realização, requ erend o sim u ltaneam ente igu ald ad e e d iferença, p rom o-
vend o através d e u m p rocesso continu o fu sões d e “horizontes”; tolerân-
cia, ond e as d iferenças não d evam ser reconhecid as p or seu s valores in-
ternos, m as sim p elo valor qu e têm p ara aqu eles qu e as p ortam ; cond ição
p ara a p arid ad e d e p articip ação, ond e a au sência d e voz e d e rep resenta-
ção im p licaria em u m tip o d e exclu são não inteiram ente abarcad o p elas
d im ensões cu ltu rais e econôm icas, em bora com relação à elas; lu ta afir-
Conclusões
O início d o p rocesso d e m u d ança d a realid ad e seja ela na d im en-
são social, p olítica ou econôm ica se d á com a tom ad a d e consciência d os
exclu íd os d a su a situ ação frente aos ou tros gru p os, p assand o p ara a for-
m ação d e gru p os d e lu ta/ p ressão com vista a p articip ação d o p rocesso
d eliberativo.
Mas não basta ap enas o p roced im ento com o form a, ele d eve ser
p reenchid o p or u m conteú d o ético, não o eu rocêntrico, m as sim u m a éti-
ca latino-am ericana p ara qu e tod os os ou tros não sejam novam ente exclu -
íd os.
Finalizand o há necessid ad e d e se d em ocratizar os m eios d e com u -
nicação p ara qu e se im p eça a concentração d os m esm os nas m ãos d e
p ou cos, com o no caso brasileiro, p assand o assim à p op u lação u m a in-
form ação veraz.
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DUSSEL, Enriqu e. Ética da Libertação: na id ad e d a globalização e exclu são.
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Keyla S. Moreira
Acadêm ica do curso d e Direito d o Instituto Fed eral do Paraná – IFPR, Câm pus Palmas
E-m ail: keylamoreira@live.com
(...) ela d efine com o se pod e ter d om ínio sobre o corpo d os outros,
não sim plesm ente para que façam o que se quer, m as p ara que op e-
rem com o se quer, com as técnicas, segund o a rapid ez e a eficácia
que se d eterm ina. A d isciplina fabrica assim corpos subm issos e
exercitad os, corpos “d óceis” (FOUCALT, 1999, p. 164).
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olhar d e au tores d e livros sobre ed u cação fam iliar no Brasil (1981-2000) /
Cristiano d a Silveira Longo. – São Pau lo, Ied itora, 2002.
1
Sobre as vertentes do pensam ento juríd ico Crítico d esd e Am érica Lat ina, veja-se a obra d e
A. C. Wolkm er (2003).
N este asp ecto, se p ensa qu e a p esqu isa acerca d a filosofia d a liber-
tação, com p reend id a com o fu nd am ento d e u m p ensam ento críti-
co/ libertad or na Am érica Latina e su as categorias transform ad oras p ara
a realid ad e no continente, p od em trazer elem entos relevantes p ara u m a
p rop osta d e ru p tu ra com as teorias ju ríd icas trad icionais, tend o em conta
qu e as m esm as têm sid o p rod u zid as hegem onicam ente d esd e vertentes
m u nd iais (N orte-Am érica-Eu rop a). Dessa m aneira, as categorias d a filo-
sofia d a libertação (totalid ad e, exteriorid ad e, p roxim id ad e, m ed iações, fe-
tichism o, alienação e seu m étod o analético) p rop orcionam ou tra m irad a
no cam p o ju ríd ico crítico, ju ntam ente com as d iversas p ráticas insu rgen-
tes no continente latino-am ericano qu e em ergem sob a teorização d o p lu -
ralism o ju ríd ico.
Dessa form a, ap resenta-se a “analética” p rop osta na obra d e Enri-
qu e Du ssel (2011, 1986, 1974) com o m étod o p ara a p esqu isa, esta m etod o-
logia bu sca “d escobrir” a exteriorid ad e encoberta p ela totalid ad e d o d i-
reito m od erno, vislu m brand o no cam p o ju ríd ico a d om inação e legitim a-
ção d e u m p rojeto totalizad or, qu e em seu m áxim o esforço crítico, chega
a ser em ancip ad or (inclu sivo). Em razão d isto, se p rop õe o m étod o analé-
tico com o alternativa reflexiva e inovad ora p ara constru ção d a crítica ju -
ríd ica liberad ora.
N este sentid o, a p rop osta é d e u m p lu ralism o ju ríd ico d e liberta-
ção, em qu e a bu sca d escolonizad ora d o d ireito no continente, p assa p rio-
ritariam ente p ela localização e p roblem atização d esd e a realid ad e regio-
nal, e tam bém d esd e a reinterp retação d as necessid ad es locais e inclu sive
u m a m irad a d esd e ou tros d ireitos com caráter p lu ricu ltu ral, não exclu -
d ente, tam p ou co assim ilad or d as d iferenças, m as sim , d o reconhecim ento
qu e a d iversid ad e, a d iferença e a com p lexid ad e são esp ecificid ad es d o
contexto d e (re)constru ção d e u m a gram ática ju ríd ica não m onista, em ba-
sad a nas fontes m ateriais d os su jeitos au sentes d a história oficial e intro-
d u zid os d esd e su a exteriorid ad e em p rocessos p or vezes d om inad ores
p or vezes em ancip ad ores, m as rara vez d e libertação.
Dessa m aneira, algu ns gru p os sociais (u rbanos, cam p esinos, cu ltu -
rais ou étnicos) p rod u zem su a p róp ria ju rid icid ad e, interp retad a além d o
âm bito ju ríd ico científico oficial, entrelaçad a com p ráticas cu ltu rais, p or
razão d isto e p or su a falta d e norm ativid ad e “p u ra” é negad a p ela ciência
d o d ireito.
Por eso es que – d igám oslo brevem ente – el ind io, por ejemplo, en
el ord en d e la conquista, no fue nunca respetad o com o otro, sino
2
“Art. 1 . Bolivia se constituye en un Estad o Unitario Social d e Derecho Plurinacional Co-
m unitario, libre, ind epend iente, soberano, d emocrático, intercultural, d escentralizado y con
autonom ía. Bolivia se fund a en la pluralid ad y en el p luralism o político, económ ico, juríd i-
co, cultural y lingü ístico, d entro del proceso integrad or d el país” (CON STITUCIÓN Política
d el Estado).
3
Com preensão d e Em manuel Wallerstein (2005).
(…) no son otra cosa que aquello que em puñam os para alcanzar el
objetivo final d e la acción. La proxim id ad es la inm ed iatez d el cara-
a-cara con el otro; la totalid ad es el conjunto d e los entes en cuanto
tal: en cuanto sistem a; las m ed iaciones posibilitan el acercarse a la
4
Se com prend e por proxim id ad : La proximidad metafísica se cumple inequívocamente, realmente,
ante el rostro del oprimido, del pobre, el que exterior a todo sistema, clama justicia, provoca a la liber-
tad, invoca responsabilidad. La proximidad inequívoca es la que se establece con el que necesita servi-
cio, porque es débil, miserable, necesitado (DUSSEL, 2011, p. 50).
Bibliografia
GARAPON , Antoine. Crimes que não se podem punir nem perdoar: p or u m a
Ju stiça Internacional. Trad u ção, Ped ro H enriqu e. Lisboa: Institu to Piaget,
2004.
1
“En esta Política d e la Liberación d esplegarem os un m arco teó rico m ínim o para pod er
pensar filosófica o rad icalm ente la problem ática política (d ebajo de las ciencias políticas, ya
que pued e pensarse su fund am ento o principios epistem ológicos prim eros). Una vez co n-
cluid a esta Arquitectónica y la Crítica, el lector, el estud ioso crítico de esta obra, tend ría (ése
es al m enos m i propósito) ese m arco teórico m ínim o para pod er pensar cualquier p roblem a
político em pírico, con creto, d ebiend o, es evid ente, hacerse cargo d e las m ed iaciones necesa-
rias epistém icas, técnicas esp ecífcas, bibliográfcas, para pod er articular el nivel abstracto d e
este m arco teórico con el sub-cam po específco d el tem a singular sobre el que intente r e-
fexionar” (DUSSEL, 2009, p. 14).
N a su a p olítica d a libertação, Enriqu e Du ssel lança-se em bu sca d e
elem entos qu e renovem a p olítica, enqu anto ativid ad e p rom otora d o bem
com u m . Em tal intento, vai d escrever os elem entos qu e a tornaram , a ex-
p ressão d a su bord inação d a socied ad e a interesses m enores. Du ssel faz
m inu ciosa análise historiográfica, qu e revela com o se firm aram estru tu -
ras p olíticas ocid entais, p au tad as p elo helenocentrism o e p elo eu rocen-
trism o, d esta form a d and o continu id ad e, a trajetória d e tod a a su a obra.
Du ssel su stenta qu e a “vontad e d e viver”, está m ais além d a “von-
tad e d e p od er”. Se a essência d o p od er é a vontad e, a vontad e é a vid a. A
vontad e d e viver foi qu erer-viver, ou seja, à vontad e com o u m a corp ora-
lid ad e viva. A d iferença entre o p od er d a vontad e e d a vontad e d e p od er
é a d iferença entre o p od er-conju nto é, no p rim eiro caso, com o m ed iação
p ara a p erm anência e au m ento d a vid a ú til ou , no segu nd o, colocad o no
p od er vontad e d o ou tro.
O p od er p olítico p ara Du ssel é entend id o d esta m aneira: as p rinci-
p ais d eterm inações constitu tivas d o p olítico, a p artir d e três níveis: a) a
ação p olítica em nível estratégico; b) o nível p olítico institu cional; e c) os
p rincíp ios im p lícitos fu nd am entais (DUSSEL, 2009, p . 39).
Para a realização d e tal em p reend im ento teórico, Du ssel bu sca re-
fletir sobre d esafios inerentes a p rática p olítica e qu e necessitam ser su p e-
rad os, d entre: a corru p ção, a fragilid ad e d em ocrática, a p erd a d e legiti-
m id ad e d o p od er, a su jeição d as institu ições a lógica p rivad a. Tais reali-
d ad es, assim se form am , d evid o a cisão entre o p od er p op u lar (potentia) e
o p od er p rod u zid o p elas institu ições (potestas). Esta sep aração faz com
qu e a potestas se im p onha, su jeitand o apotentia, em nom e d o interesse d e
qu em governa (DUSSEL, 2007).
A su p eração d esta lógica necessita a constru ção d e u m p od er obe-
d iencial, no qu al se restabelece a potestas com o lu gar d e realização d a po-
tentia. N ela rep resentantes eleitos p elo p ovo realizam a fu nção d e cu m -
p rir as exigências d e vid a p lena d os cid ad ãos, com as exigências d o sis-
tem a d e legitim id ad e. Tal rep resentante não atu a d esd e si com o fonte d e
soberania e au torid ad e ú ltim a, m as sim com o d elegad o. Obed iência é a
p osição su bjetiva p rim ord ial qu e d eve p ossu ir o rep resentante, o gover-
nante (DUSSEL, 2009, p . 39-40).
N a constru ção d e u m p rojeto d e libertação o constitu cionalism o
tem p ap el im p ortante na reorganização d o acord o p olítico entre os cid a-
d ãos. Com o d ecorrência d e u m novo acord o, a soberania p assa ter u m
Por nuestra parte, com o se verá repetid am ente, d eseam os ind icar,
ad em ás d e lo sugerid o, la necesid ad y la creación d e institu ciones
que d en la posibilid ad d e una particip ación d irecta (en el nivel d e
la base, d istrital o d el barrio) por parte d e los ciud ad anos autóno-
m os (que d eberían organizarse paralelam ente a las instituciones d e
la representación) d esd e abajo (DUSSEL, 2009, p. 315).
Referências
DUSSEL, Enriqu e. Política de la Liberación: Arqu itectónica. Mad rid : Trotta,
2009.
_____. 20 teses de política. São Pau lo: Exp ressão Pop u lar, 2007.
Consid erand o-se o contexto m u lticu ltu ral d e nossa Am érica, colo-
ca-se a necessid ad e e u rgência d e qu e a p ersp ectiva d a intercu ltu ralid ad e,
em su a d im ensão teórico-p rática, seja u m p ensar contextu al e com p rom e-
tid o com p roblem as concretos.
Dentro d essa p ersp ectiva p rop õe-se p ensar e d iscu tir a p artir d a
d iversid ad e cu ltu ral d e nossos p ovos, consid erand o su as form as d e vid a,
exp eriências, valores, trad ições, ou seja, seu s contextos e m anifestações,
na bu sca d e elem entos fu nd am entais p ara u m a p rática ed u cativa inter-
cu ltu ral libertad ora.
Um a ed u cação qu e p retend a ser libertad ora necessita p au tar-se p or
u m a p ersp ectiva d e trabalho qu e p rop onha u m a renovação rad ical, d ad a
em estrita relação com as p ráticas históricas e p ecu liarid ad es cu ltu rais
qu e em ergem d as d iferentes cu ltu ras, d and o significad o aos d istintos lu -
gares contextu ais.
Para isso, entend e-se qu e a troca d e exp eriências p rop icia p otente
p ossibilid ad e d e resignificar os fu nd am entos d a Filosofia, qu e tem tam -
bém com o m issão a transform ação d a realid ad e m u nd ializad a-
globalizad a, com vistas a colaborar p ara a m anu tenção d as m anifestações
cu ltu rais; p ara o red escobrim ento d os lu gares qu e habitam os, p ara o es-
tím u lo à convivência com as p essoas qu e com p artilham os em nosso m ei-
o. Convivem os com form ações sociais d iferenciad as, com o p ovos ind íge-
nas, etnias d istintas, com u nid ad es u rbanas e ru rais constitu ind o, cad a
u m a, tip os d iferentes d e organização e estru tu ras sociais. Entretanto, p er-
tencem os a u m m esm o p rocesso histórico. As cu ltu ras com as qu ais con-
vivem os entrelaçam -se em u m m esm o tem p o em bora cad a u m a articu le-
se em torno d e valores p róp rios qu e as d efinem e lhes d ão sentid o histó-
rico e sim bólico.
H á nesse p rocesso d e encontro e transform ação a necessid ad e d e
olhar o Ou tro com p rofu nd id ad e e cu id ad o, bu scand o a ju stiça recíp roca,
reconhecend o a d iferença com o p ossibilid ad e d e ap rend er novas form as
d e agir no m u nd o. Assim , o d iálogo intercu ltu ral nos ap resenta u m d esa-
fio ético: reconhecer o Ou tro com o u m ser d igno. Essa p ostu ra exige no-
vas form as d e agir em com u nid ad e, su p erand o a exp loração e barbárie
qu e m arca a invasão d e nossa Am érica e a im p osição d e u m a lógica eu ro-
cêntrica.
As exp eriências fu nd am entad as na intercu ltu ralid ad e estim u lam a
exp ansão e d issem inação d e u m a ed u cação libertad ora, qu e d ialogu e com
tod as as cosm ologias, na bu sca d e alcançar, em u m m om ento, m esm o qu e
aind a d istante, u m a nova estética d a existência, na qu al p revaleça a bele-
za em seu sentid o m ais p rofu nd o.
Referências
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1996. V. 1.
Ad a Cristina Ferreira
Aluna d e Grad uação em Filosofia d a Universid ad e Federal d e Mato Grosso – UFMT
E-m ail: ad acrisf@gm ail.com
Introdução
A Fronteira México – Estad os Unid os, além d e sinônim o d e irrep a-
ráveis lu tas, tam bém abriga u m a riqu íssim a cu ltu ra fronteiriça. Os p ovos
habitantes d o local, m ais com u m ente cham ad os d e chicanos, são cid ad ãos
qu e cresceram estigm atizad os p ela fronteira. Em bora o p assar d o tem p o,
aliad o ao choqu e d e vozes, crença e valores, tenha trazid o p ara esses p o-
vos u m a nova cu ltu ra, com traços m arcantem ente latino- am ericanos, es-
ses p ovos encontram d ificu ld ad es d e se afirm arem , enqu anto lín-
gu a/ d ialeto, enqu anto etnia, enqu anto saberes, p or se localizarem na zo-
na fronteiriça. Au tod eclarad a chicana e m estiça a escritora Glória Anzal-
d ú a d á a estes p ovos rep resentativid ad e. N o livro Boderland/ La Frontera/
The N ew M estiza, Anzald ú a convid a o leitor a exp erim entar a realid ad e
d este estad o hibrid o qu e se situ a a m estiça, a m istu ra d e gêneros literá-
rios u tilizad os em su a obra qu e intercala au tobiografia, p oesia e p rosa,
bem com o faz alu são às estratégias d e ad ap tação d os p ovos d aqu ele lo-
cal.
Ao relatar os lim ites im p ostos p ela fronteira, a au tora não faz refe-
rência a isolam entos, e sim à existência d e esp aços geográficos qu e p ro-
d u zem u m a fend a, gerand o novos am bientes, novas d iscu ssões, articu la-
ções e novos saberes. Su rge, assim , u m local qu e necessita d e u m a consci-
ência qu e seja com p artilhad a entre seu s habitantes, p ara qu e se reconhe-
çam com o p ovos d e u m a cu ltu ra híbrid a, p ara qu e se p osicionem frente
ao estigm a qu e os p aíses estrangeiros lhes im p õem . H á aind a, p or p arte
d e Anzald ú a, a p reocu p ação constante em ap ontar com o estratégia d e re-
sistência frente ao colonizad or, a p erm anência d a língu a fronteiriça, vista
com o instru m ento im p ortante na constru ção d e u m a id entid ad e étnica.
Em su as obras, o d ialeto “Spanglish” qu e, com o d iz o nom e, trata-se d e
u m a m istu ra d a língu a esp anhola e inglesa, traça a id entid ad e d a au tora
e exp ressa a form a com o os p ovos d a fronteira se com u nicam . Anzald ú a
bu sca, p ortanto, o reconhecim ento d os saberes ali p rod u zid os e p rop õe
qu e seja constru íd a no local a consciência d e flu id ez, cap acid ad e d e ad ap -
tação e transform ação d e cu ltu ras qu e habitam a região, sem d eixar, con-
tu d o, d e d enu nciar os resqu ícios d a d om inação colonial hegem ônica.
Objetivo
O Objetivo geral d a p esqu isa é investigar o p rocesso histórico qu e
cond u z à id entid ad e m estiça e a cu ltu ra qu e a envolve, bem com o m os-
trar a form a qu e ocorre o reconhecim ento d os saberes d estes p ovos p or
p arte d e Anzald ú a, esta qu e, d escobre na língu a e d ialeto fronteiriço, a
resistência face à d om inação d a cu ltu ra p red om inantem ente eu rop eia,
segu nd o a au tora o “Spanglish” rep resenta,
That focal point or fulcrum , that juncture w here the mestiza stand s,
is w here phenom ena tend to collid e. It is w here the possibility of
1
Mud ança, evolución, enriquecimiento de palabras nuevas por invención o adopción tem criado va-
riantes do espanhol chicano, um nuevo lenguaje. Un lenguaje que corresponde a un modo de vivir. O
espanhol chicano não é incorreto, é um a língua viva .
Justificação
Os estu d os realizad os p ela au tora Glória Anzald ú a são recu rsos
im p ortantes p ara revelar as bases qu e su stentam a cu ltu ra chicana qu e
su rge na fronteira d os Estad os Unid os e México ap ós a gu erra cessad a em
1848. O “Tratad o d e Gu ad alu p e d e H id algo” qu e p ôs fim a gu erra, ane-
xand o os estad os d a Califórnia, Texas, N ovo México, Colorad o e Arizona
aos Estad os Unid os, contribu iu p ara a form ação d e u m a fronteira gover-
nam ental ond e valores foram su cu m bid os e ou tros nasceram com o form a
d e resistência aos p ontos d e tensão.
Marcad os p ela p erd a d a id entid ad e, exclu são social e racism o, es-
tes cid ad ãos bu scam a p artir d a terra ond e vivem m old ar u m a cu ltu ra
qu e se relacionasse com a história d a fronteira. Conscientes d e su as ori-
gens e trad ições m exicanas são em balad os p elo contexto colonizad or ver-
sus colonizad o, e d aí nasce u m a cu ltu ra híbrid a com o relatad a na obra
Boderland/ La Frontera/ The N ew M estiza d e Glória Anzald ú a,
2
Aquele fulcro ou ponto específico, aquela junção ond e se situa a m estiça, é o nd e os fenô-
m enos tend em a colid ir. É ond e ocorre a possibilid ad e d e unir tud o o que está separad o. Es-
sa união não se trata da m era junção de ped aços partid os ou separad os. Muito m enos se tr a-
ta d e um equilíbrio entre forças opostas. Ao tentar elaborar um a síntese, o self ad iciona um
terceiro elem ento que é maior do que a som a d e suas partes separadas. Esse terceiro ele-
m ento é uma nova consciência – um a consciência mestiza.
3
Como mestiza, eu não tenho país, m inha terra natal m e d espejou; no entanto, todos os paí-
ses são meus porque eu sou a irm ã ou a am ante em potencial d e tod as as m ulheres. (Como
um a lésbica não tenho raça, m eu próprio povo m e rejeita; m as sou d e todas as raças porque
a queer em m im existe em todas as raças). Sou sem cultura porque, com o uma fem inista, d e-
safio as crenças culturais/ religiosas coletivas d e origem m asculina d os ind o -hispânicos e
anglos; entretanto, tenho cultura porque estou participando da criação d e uma outra cult u-
ra, um a nova história para explicar o m undo e a nossa participação nele, um novo sistem a
d e valores com im agens e sím bolos que nos conectam um/ a ao/ à outro/ a e ao planeta. Soy
un amasamiento, sou um ato d e juntar e unir que não apenas prod uz um a criatura tanto da
luz como d a escurid ão, mas tam bém um a criatura que quest iona as d efinições d e luz e d e
escuro e dá-lhes novos significados.
4
A fronteira E.U.A.–México es una herida abierta em que o Terceiro Mund o se irrita contra o
prim eiro e sangra.
Conclusões
Destru ir o m u nd o colonial é, nem m ais nem m enos, abolir u m a
zona, enterrá-la p rofu nd am ente no solo ou exp u lsá-la d o território
(FAN ON , 1968). Vistos com o u m a socied ad e m arginalizad a o colonizad o
fica ao acaso frente ao p rocesso d e exp ansão territorial. Os traços resid u -
ais trad u zid os p or sécu los d e d om inação resu ltaram na m istu ra d e várias
cu ltu ras além d a am ericana e m exicana. A p rop osta d a au tora Glória An-
zald ú a é bu scar a p artir d o su rgim ento d a new mestiza, evid enciar o elo
p resente na lingu agem d os chicanos qu e u nifica estes p ovos, a alternân-
cia entre o esp anhol e inglês, fortifica a cu ltu ra local u m a vez qu e é fiel ao
m od o com o os habitantes d a fronteira se com u nicam . Exp ressar-se em
“Spanglish”, constitu i u m a p olítica d e d escentralização d e p od er, p ois o
cid ad ão não p recisa m ais op tar p or u m a ou ou tra lingu agem e é a p artir
d estes esp aços qu e os estu d iosos têm observad o as p ráticas d a libertação
qu e a Filosofia d a Libertação p rop õe, com batend o os id eais m u itas vezes
im p lícitos d e exp loração qu e aind a ocorrem em tod a Am érica Latina.
Referências
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_____. Com o d om ar u m a língu a selvagem : Gloria Anzald ú a. Cap . 5,
Trad . Joana Plaza Pinto; Karla Santos; Viviane Veras. Cadernos de Letras da
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COSTA, Cláu d ia d e Lim a; ÁVILA, Eliana. Gloria Anzald ú a, a consciência
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d a Universid ad e Fed eral d e Santa Catarina, Florianóp olis, v. 13, n° 3, p .
691-703, set – d ez 2005.
FAN ON , Frantz. Os condenados da Terra. Trad u ção José Lau rênio d e Melo.
Rio d e Janeiro: Ed itora Civilização Brasileira S.A, 1968.
Yu ji Gu shiken
Professor d o Programa d e Pós-Grad uação em Estud os de Cultura Contem porânea
Universid ad e Fed eral d e Mato Grosso (ECCO-UFMT/ Cuiabá)
E-m ail: yug@uol.com .br
Introdução
Este trabalho situ a-se na d iscu ssão sobre concep ção qu e se tem d a
natu reza e as necessid ad es hu m anas no m arco d a filosofia m od erna. Bu s-
ca-se fazer u m recorrid o p elos d esenvolvim entos ep istêm icos qu e d esd e
Descartes até Marx tem -se feito sobre o conceito d e natu reza, com a in-
tenção d e m ostrar a m aneira em qu e o conceito p au latinam ente tem sid o
m atem atizad o send o ao m esm o tem p o om itid o com o constitu inte d o
hu m ano. Tentam os m ostrar tam bém , com o d ita concep ção tem influ íd o
na m aneira em qu e Ocid ente tem entend id o as necessid ad es hu m anas,
concebend o-as com o infinitas enqu anto vê a natu reza ap enas com o re-
cu rso m aterial p ara satisfazê-las. Assim , abre-se a p ossibilid ad e qu e as
cond ições p ara a vid a, inclu ind o a hu m ana, p ossam d estru ir-se d efiniti-
vam ente.
Objetivos
Prim eiram ente, bu scarem os ad iantar u m recorrid o p ela m aneira
em qu e a filosofia m od erna, a p artir d os rem anentes d o cristianism o e
d esd e a exp osição d o su jeito cartesiano, p assa-se a conceber a natu reza
com o m atem atizável e não constitu tiva d o ser hu m ano. Posteriorm ente,
bu scarem os, aind a d esd e essa m od ernid ad e, d esenvolver a m aneira em
qu e Marx p ôs em qu estão essa ep istem e ao conceber a m aterialid ad e co-
m o send o cond ição d e existência d a consciência. Logo, tentarem os exp or
a m aneira com o Agnes H eller d esenvolve u m a teoria d as necessid ad es;
p rim eiro, a p artir d os ap ortes teóricos d e Marx; e d ep ois, d esd e u m m ar-
co p ós-m od erno. Logo, arriscarem os u m a crítica a essa concep ção d e ne-
cessid ad es exp osta p or Agnes H eller, d esd e a id eia qu e u m a teoria d as
necessid ad es não p od e esqu ecer-se qu e a organicid ad e é constitu tiva d a
vid a hu m ana.
Conclusões parciais
As conclu sões p arciais d este estu d o tem qu e ver com a teoria d as
necessid ad es d e Agnes H eller.
Em coerência com o form u lad o p or Marx, H eller consid era qu e a
p rod u tivid ad e cria não só a riqu eza m aterial, m as tam bém a riqu eza e a
m u ltip licid ad e d as necessid ad es (H ELLER, 1986). Satisfaze e ao m esm o
Referências
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Mario Mejía H u am án
Docente d e la Universid ad Ricard o Palma, Lim a-Perú
E-m ail: m ejiahuaman@gmail.com
Introducción
Desd e hace varias d écad as en Am érica o llam ad o “N u evo Mu n-
d o”, hem os tom ad o el cam ino d e la flexión d esd e nu estro p rop io esp acio,
conscientes d e qu e nu estra realid ad es d istinta a la concep ción eu rop ea
d el m u nd o y a su s corrientes filosóficas a qu e nos som etieron com o efecto
d el coloniaje esp añol o p ortu gu és.
En torno a la p osibilid ad d e la Filosofía en el N u evo Mu nd o, p o-
d ríam os sostener qu e se han venid o d and o cu atro p osiciones:
a) La p rim era corresp ond ería a la tesis d e qu e a la llegad a d e los
conqu istad ores ya existía u na filosofía en el nu evo m u nd o, su s d efenso-
res son entre otros, el antrop ólogo e historiad or m exicano Migu el León
Portilla, la filósofa, recientem ente fallecid a, María Lu isa Rivara d e Tu esta,
Víctor Mazzi H u aycu cho, Víctor Díaz Gu zm án, Ju venal Pacheco Farfán,
1
Wald o Valenzu ela Zea, y el p rofesor esp añol Mariano Martín Isabel p ara
qu ien se p u ed e hablar d e u na “am áu tica” en los And es, d e la m ism a m a-
2
nera qu e se hace d e la escolástica en Eu rop a (MATTA, 1996, p . 13-15) .
b) En segu nd o lu gar p od ríam os m encionar a qu ienes sostienen qu e
antes d e la conqu ista, ni en la colonia ni en la rep ú blica, hasta los años 60
d el siglo p asad o no hu bo u na filosofía latinoam ericana o p eru ana con
1
La filosofía peruana frente al problema de los orígenes. Profesor d el I. E. S. “Catalina d e Lancas-
ter” d e Santa María d e N ieva (Segovia).
2
David Sobrevilla Alcázar, refuta las tesis d e la existencia d e una filosofía prehispánica en
Am érica, afirm ando que lo que se d io es una concepción religiosa más no una filosofía.
rasgos p rop ios. Entre los qu e sostienen esta p osición p od em os m encionar
Au gu sto Salazar Bond y, au tor d e “¿Existe una filosofía de nuestra A mérica?,
y Leop old o Zea, au tor d e “La filosofía A mericana como una filosofía sin más”;
u bicam os en este m ism o gru p o a José Carlos Mariátegu i, qu ien escribiera
qu e nu estra filosofía es im itativa y p ostiza, es u na rap sod ia escrita con
tem as y m otivos eu rop eos, y qu e com o tal, no existe u na filosofía am eri-
cana p rop iam ente d icha.
c) En este tercer gru p o consid eram os las p rop u estas d e Rod olfo
Ku sch en “A mérica Profunda”, la d e Ed u ard o Oliveira en “Cosmovisão A fri-
cana de uma filosofía afrodescendente” , y la d e los filósofos ind ígenas qu e
3
Análisis de propuestas
Si com o sostienen los filósofos d el p rim er gru p o arriba señalad o,
p ara qu ienes a la llegad a d e los conqu istad ores ya existía la filosofía en la
Am érica And ina, y qu e el conqu istad or entre otras cosas nos im p u so su
religión, su id iom a, su s form as d e vid a, su concep ción d el m u nd o y su fi-
losofía, con su hed or a p ergam inos hongead os y a incienso. Y, d ad o qu e
los m estizos, con raras excep ciones, no hicieron sino continu ar con la
concep ción d el m u nd o d e su madre patria y, en lo qu e toca a los ind ígenas,
así com o fu eron bau tizad os p oniénd oselos en “fila ind ia”, el conqu ista-
3
Publicação IPAD. 3º Ed ição, Curitiba 2006.
N uestra propuesta
N osotros estam os trabajand o en la constru cción d e La Filosofía
And ina, qu e sea exp resión d e la reflexión en d icho esp acio territorial y
cu ltu ral, así com o m anifestación d e su s p roblem as reales. Ella, la Filosofía
And ina, tiene com o argé lo p ositivo d e la cosm ovisión and ina ind ígena,
d e lo rescatable d e la sabid u ría ancestral qu e su byace en la conciencia d e
los hom bres d el p u eblo, en el rico contenid o concep tu al d el logos inka o
id iom a qu echu a, y en la p ráctica d el d iario vivir d el p u eblo con raíces
ind ígenas.
Para la Am érica m estiza y su s intelectu ales, la Filosofía d e la Libe-
ración consistirá en la renu ncia al “ad pidem literae” d e los sistem as filosó-
ficos eu rop eos com o el id ealism o y el m aterialism o, com o el racionalism o
y el em p irism o, y las d istintas p osiciones irracionalistas tanto en la con-
cep ción d el hom bre, la socied ad , d e su s p rincip ios éticos y norm as m ora-
les; d e la m ism a m anera, en el m anejo d e su s m ecanism os d em ocráticos
en qu e las m ayorías se equ ivocan al su stentarse, está en el d iscu rso d e la
oferta y la d em agogia.
La filosofía d e la liberación d eberá significar contrap oner a la “res
extensa” la concep ción d e la pacha o natu raleza viviente y a la “res cogi-
tans”, el ser trabajad or, (llank‟aq) qu e realiza su s labores com o u na activi-
d ad festiva a d iferencia d el concep to d el trabajo occid ental com o castigo.
Conclusiones
En conclu sión, nu estra p rop u esta es qu e qu ienes som os conscien-
tes y m ilitam os en la Filosofía d e la Liberación, d eberíam os tom ar com o
Referências
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RADIN , Pau l. El hombre Primitivo como Filósofo. Tem as d e Eu d eba. Ed ito-
rial Universitaria d e Bu enos Aires, 1960.
Introdução
Esse trabalho tem com o p rop ósito analisar a obra d o cantor e com -
p ositor brasileiro Lu iz Gonzaga (1912-1989) d esd e u m olhar crítico, con-
sid erand o o p ensam ento d a Ética e d a Filosofia d a Libertação. Pretend e-
se p ercorrer os m eand ros qu e envolvem as transform ações d e id entid ad e
1
e cu ltu ra d a figu ra d o sertanejo d o nord este brasileiro em seu s flu xos d e
m igração. Para tanto, através d as m ú sicas d e Gonzaga, será observad o a
constru ção e reconstru ção histórica d e su a cu ltu ra e id entid ad e, m arcad as
p ela m escla d e características oriu nd as d a colonização e p ós-colonização
d o Brasil e d a terceira e qu arta d écad a d o sécu lo XX, ond e historicam ente
encontram os o p erfil d o m igrante m ais p resente na obra d e Lu iz Gonza-
ga. Este recorte tem p oral e esp acial d a figu ra d o sertanejo d o nord este
1
Sertanejo: A dj. 1. Do Sertão. 2. Que habita o sertão (FERREIRA, 1999, p. 1845).
brasileiro será analisad o a p artir d e categorias com o: Totalid ad e, Exterio-
rid ad e e Alienação, p resentes na Filosofia e na Ética d a Libertação.
2
Com positor: Patativa d o ASSARÉ, 1953.
Considerações finais
A Ética d a Libertação, cu jo p onto d e p artid a é o exclu íd o, encontra
na obra d e Lu iz Gonzaga as características necessárias d esd e ond e d eve
p artir su a crítica ao sistem a-m u nd o vigente. N o Brasil, os sertanejos for-
m am u m gru p o social qu e historicam ente foram violentad os cu ltu ral e
id entitariam ente. A saga d a m igração d o sertanejo em bu sca d e u m a vid a
m elhor na cid ad e, tão bem retratad a na obra d e Lu iz Gonzaga, rep resenta
o sentid o d e vítim a d o sistem a-m u nd o, analisad o p or Du ssel com o con-
d ição originária d a Ética.
E vale lem brar qu e esse p ovo aind a continu a send o vítim a, e qu e
hod iernam ente continu a seu calvário, su rgind o e ressu rgind o na voz d e
Gonzaga, a p artir d e su a obra sem p reced entes, qu e coleciona histórias,
fatos e críticas (d os m ais d iversos ângu los e au tores), e qu e aind a hoje
p ossu i u m a d im ensão extraord inária d o p onto d e vista d o retrato d o ho-
m em d o sertão nord estino.
N este sentid o, a Ética e a Filosofia d a Libertação tem seu p ap el na
continu id ad e d a lu ta p ela libertação d este gru p o social, id entificand o e
d enu nciand o as violações éticas, étnicas e m orais, a fim d e garantir aos
novos sertanejos a recu p eração d a su a história, su a constru ção social e
su a id entid ad e cu ltu ral. Inclu sive, no sentid o d e resgatar a história d e
seu s antep assad os, exclu íd os e sem p od er d e escolha e, ao m esm o tem p o,
contribu intes (sem reconhecim ento) d a constru ção d a socied ad e. Ad e-
m ais, a Ética e Filosofia d a Libertação tem o p ap el d e convid ar a entend er
a d inâm ica d a exclu são qu e aind a insiste em ser o d iscu rso vigente. É a-
qu i qu e resid e a contribu ição e o legad o d a obra d e Lu iz Gonzaga, tra-
zend o esta história cantad a em versos qu e rep resentam o p ranto d o ser-
tanejo, cu jo intu ito m aior é d ar voz a qu em lhes foi negad a. É neste senti-
d o qu e avaliam os a necessid ad e d e d ar p rossegu im ento às p esqu isas e
ações qu e bu squ em m ais d o qu e analisar a realid ad e, p ostu lar a d ignid a-
d e, o reconhecim ento e a liberd ad e d o ou tro d e ser e estar no m u nd o.
Referências
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TOURAIN E, Alain. Um novo paradigma para compreender o mundo hoje. Pe-
tróp olis, RJ: Vozes, 2006.
1
Esta investigação fez parte da d issertação d e m estrado da autora, integrand o o grupo d e
pesquisa “Ed ucação Am erínd ia e Interculturalid ad e”, projeto registrad o no portal d e pe s-
quisas d a UFRGS sob o núm ero 20357, financiad o pelo CN Pq, processo nº 470726/ 2011-3,
coord enad o pela profa. Dra. Maria Aparecida Bergam aschi.
Referências
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analítica necessária p ara com p reend er a vid a? In: MARKUS, C.; GIERUS,
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and ino-am azónicos. In: ZAFFARON I, E, R. (Org.). La Pachamama y el hu-
mano. Bu enos Aires: Colihu e; Ciu d ad Au tónom a d e Bu enos Aires: Ed i-
ciones Mad res d e Plaza d e Mayo, 2012.
violentam ente gerad a pelos m ais evid entes pad rões d e colonização,
nossas chances d e m ud á-la com eçam na visualização d a face oculta
d e quem nos fez isso. Este é u m esforço que precisa voltar bem a-
trás, e que d everá se espalhar, interrogativamente, em várias d ire-
ções, para obter êxito. H istoricam ente, a H istória vista com um ou-
tro olho, não essa d e a prioris infalíveis, m as um a d e navegações
frequentemente sem leme e em rumo incerto (CECIM, 2009, p. 4,
grifos m eus).
Colonização qu e im p ôs o m od o d e vid a ocid ental – assim ilad o –
su focand o ou tros m od os aqu i existentes e p ossíveis. Frente à m aneira
p red atória com o o m od o hegem ônico se d esenvolveu – e continu a se d e-
senvolvend o – p elos su bterrâneos, ou com o flu xos nas p róp rias veias,
p u lsam significações d e m u nd o d e d iversas p op u lações qu e viveram -
vivem há sécu los em ou tras estru tu ras d e socied ad e – vid a, p ensam ento,
relação com a natu reza.
Este trabalho é tam bém u m a tentativa d e p ensar a Am azônia, regi-
ão ond e nasci, fora d a lógica norm ativa e d esenvolvim entista qu e lhe é
im p osta há sécu los tanto p elo estrangeiro qu anto p elo p róp rio Brasil. Re-
fletir sobre ou tras p ossibilid ad es – d e p ensam ento, lingu agem , p ercep -
ção, ação, resistência, vid a – sem as d ivisões ocid entais nem cam inhos-
m étod os p ré-estabelecid os.
Para isso, tentarei relacionar estu d iosos am azônid as – com o Lú cio
Flávio Pinto (2011; 2012a; 2012b), Gu ilherm e Carvalho (2012), Vicente Ce-
cim (2009), Pau la Sam p aio (2013), entre ou tros – com exp eriências vivid as
na região, send o a m ais recente a estad ia no su d oeste p araense, m esorre-
gião já atingid a e aind a am eaçad a p or d iversos p rojetos hid relétricos, m i-
nerad ores e com a exp ansão d o agronegócio. Segu e u m p equ eno relato
abaixo.
Escrevo isso e acabei d e voltar d e Altam ira – Pará, cid ad e ond e es-
tá send o constru íd a a u sina hid relétrica d e Belo Monte. Fui aju d ar u m a
am iga na p rod u ção d e u m film e com seu Élio, sobre os p escad ores e m er-
gu lhad ores d e Santo Antônio (Vitória d o Xingu – PA, qu ilôm etro cin-
qu enta d a Transam azônica), com u nid ad e d estru íd a p ara virar estacio-
nam ento d e cam inhões e m áqu inas d o canteiro d e obras d o Consórcio
Constru tor d e Belo Monte.
Entend i o film e qu e seu Élio qu er fazer com o u m a tentativa d e bi-
ografar, grafar a vid a d as p essoas qu e m oraram em Santo Antônio, qu e
sobreviveram d o rio, “às cu stas d ele”, com o ele d isse a resp eito d e si
m esm o. Enqu anto falava rem em orava, e rem em orand o m orava nova-
m ente na com u nid ad e qu e fu nd ou há qu arenta anos, ond e criou seu s fi-
lhos, ond e conhecia d e verd ad e m esm o tod os os vizinhos, sessenta fam í-
lias. “Qu and o o Xingu era rio sad io...”.
Em barcam os na canoa, em d ireção a u m a ilha ond e p assam os cinco
d ias p ara realização d as film agens. N o flu ir d a conversa, su as p alavras se
confu nd iam com o flu ir d o rio enqu anto íam os, navegand o, enqu anto
banhávam os e qu and o ele nos ensinava a m ergu lhar.
Objetivos
Este trabalho trata d e algu m as ap roxim ações, em fase inicial d e
p esqu isa, entre a Filosofia Intercu ltu ral (FORN ET-BETAN COURT), Cu l-
tu ra Pop u lar e Ed u cação no âm bito d o Program a d e Iniciação à Docência
– PIBID/ CAPES, no Su bp rojeto Filosofia na Escola. Ao constru ir exp eri-
ências ed u cativas p rocu ram os conhecer e envolver os su jeitos d as escolas
p articip antes, nesta p ersp ectiva teórico-m etod ológica p retend e-se tecer
conexões entre saberes cu ltu rais qu e em ergem nas ativid ad es, saberes d a
cu ltu ra p op u lar versu s cu ltu ra escolar; cu ltu ra p op u lar versu s cu ltu ra fi-
losófica acad êm ica; cu ltu ra d e m assa versu s cu ltu ra p op u lar, etc. Ao o-
lhar p ara a cu ltu ra em su as m ú ltip las d im ensões o ensinar e ap rend er fi-
losofia visa à valorização e a crítica d a cu ltu ra, bem com o a p rom oção d a
intercu ltu ralid ad e com o p rática d e libertação.
O p resente trabalho tem u m d u p lo objetivo: conhecer a filosofia in-
tercu ltu ral e ap roxim ar su as p rop osições d e uma filosofia para o nosso tem-
po (FORN E-BETAN COURT, 2004) d o contexto em qu e estam os inserid os,
qu al seja, a escola e su a cu ltu ra; os su jeitos e as cu ltu ras qu e se entrecru -
zam no esp aço escolar.
Frente ao contexto d a globalização atu al qu e instru m entaliza os su -
jeitos p ara o m ercad o e visa hom ogeneizar p ovos e cu ltu ras p ergu ntam o-
nos com o atu ar na valorização d as d iversid ad es colocand o em d iscu ssão
a realid ad e d e cad a u m e d e tod os, p rincip alm ente d and o voz aqu eles
Justificativa
Este estu d o encontra-se em fase inicial e acred itam os qu e seu d e-
senvolvim ento p od e trazer significativas contribu ições p ara a form ação
d e p rofessores – inicial e continu ad a – abrind o-se p ara novas conexões
cu ltu rais e ep istem ológicas.
Segu nd o Fornet-Betancou rt tem os u m analfabetism o intercu ltu ral,
send o qu e se torna p reciso u m ap rend er e reap rend er a ler o m u nd o e a
nossa p róp ria história. N este sentid o, nas vivências no PIBID – Filosofia
na Escola, d esejam os p rom over encontros d e d iálogos na d iversid ad e,
qu e se exp ressem com o p ráticas intercu ltu rais, interagind o com os su jei-
tos d as escolas, abrind o esp aços p ara saberes, conhecim entos e d iferentes
exp ressões cu ltu rais historicam ente negad as, silenciad as nos cu rrícu los,
p rom ovend o então a convivência e a p roblem atização d as d iferenças,
ond e a relação com o ou tro é o essencial d a ap rend izagem filosófica liber-
tad ora. Tal objetivo se torna m ais coerente nas p alavras d e Magali Men-
d es d e Menezes:
Considerações finais
A p artir d a ap roxim ação e com p reensão d as p rod u ções teóricas d a
Filosofia Intercu ltu ral, d esenvolvid a p elo au tor cu bano Raú l Fornet-
Betancou rt, p od em os p erceber qu e tal filosofia nos p rop orciona p ossibi-
lid ad es d e ap roxim ação entre cu ltu ras e seu s saberes, d esfazend o as lim i-
tações d e conhecim entos qu e, na m aioria d as vezes, são p au tad os na u ni-
d ad e e não na d iversid ad e. A p rop osta d esta nova form a d e se fazer Filo-
sofia é d e grand e im p ortância no esp aço u niversitário e escolar, p ois p ro-
p õe ou tro m od o d e conceberm os a filosofia, transform and o-a em exercí-
cio intercu ltu ral, p ortanto, p rática d e libertação qu e se efetiva p ela ex-
p ressão crítica e criativa d os su jeitos nu m a p olifonia d e vozes cu ltu rais.
N este sentid o, se exp ressa com o Filosofia em si, qu e segu e tend o grand e
im p ortância p ara a existência hu m ana, com o intervenção d o p ensam ento
(p lu ral) na situ ação contextu al d e nossa existência. Um a filosofia qu e a-
bre esp aços p ara novas vozes, novos saberes, am p lia o nosso horizonte
Referências
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setem bro/ d ezem bro 2011.
Objetivo
O p resente trabalho tem com o objetivo d iscu tir sobre a p resença d e
estu d antes ind ígenas na Universid ad e Fed eral d o Rio Grand e d o Su l
(UFRGS) e as p ossibilid ad es d e d iálogo intercu ltu ral e ep istem ológico d aí
d ecorrentes. Para tanto, ap resenta a exp eriência m etod ológica realizad a
com estu d antes ind ígenas d a UFRGS, p au tad a na constru ção colaborativa
d e trabalhos a serem ap resentad os no evento acad êm ico II Encontro N a-
cional d e Estu d antes Ind ígenas (II EN EI).
N o ano d e 2013 u m gru p o d e sete acad êm icos ind ígenas d a UFRGS
p articip ou d o I Encontro N acional d e Estu d antes Ind ígenas, ocorrid o na
Universid ad e Fed eral d e São Carlos/ SP, no qu al tam bém tive a op ortu -
nid ad e d e estar p resente. N aqu ele p rim eiro encontro o gru p o p articip ou
na cond ição d e ou vinte, p ois nenhu m d os estu d antes havia se inscrito p a-
ra ap resentar trabalho. Foi u m evento m u ito im p ortante em nível nacio-
nal p ara a articu lação d os estu d antes ind ígenas d o ensino su p erior, bem
com o p ara o fortalecim ento d a organização d os acad êm icos ind ígenas d a
UFRGS. Em 2014, ao ser anu nciad o o II EN EI, a ser realizad o em Cam p o
Grand e/ MS, a Coord enad oria d e Acom p anham ento d o Program a d e A-
ções Afirm ativas d a UFRGS organizou -se p ara estim u lar e ap oiar os es-
tu d antes em su a p articip ação no evento, neste ano com ap resentação d e
1
trabalhos . Para tanto, o evento foi d ivu lgad o aos estu d antes exp licitand o
a op ortu nid ad e d e p articip ação com ap oio financeiro institu cional, foram
realizad as d u as ed ições d e oficinas sobre elaboração d e resu m os p ara e-
ventos científicos, u m a oficina sobre elaboração d e p ôsteres, bem com o
ofereceu -se orientação na com p ra d as p assagens aéreas e em ou tras qu es-
tões necessárias.
As oficinas, realizad as em conju nto com colega d e trabalho na Co-
2
ord enad oria d e Ações Afirm ativas , p riorizaram o d iálogo entre os p arti-
cip antes. Visaram ap resentar aos estu d antes o II EN EI, os objetivos d o
evento, e, p rincip alm ente, o qu e consiste a ap resentação d e trabalho em
u m evento acad êm ico. Além d isso, foram abord ad os asp ectos form ais d e
com o elaborar u m resu m o e os p articip antes foram instigad os a p ensar e
exp ressar id eias d e qu e tem as gostariam d e d esenvolver em seu s traba-
lhos, ou vind o a contribu ição d os d em ais. Cad a estu d ante p ôd e exp ressar
su a vivência e conhecim ento em relação ao tem a escolhid o e p orqu e tinha
interesse em p esqu isá-lo, contand o ao gru p o sobre exp eriências vivid as
na su a com u nid ad e ou no esp aço u niversitário. A p artir d esse p rim eiro
m om ento os estu d antes escreveram os seu s resu m os e fom os colaboran-
d o através d e id as e vind as, d e m om entos d e trabalho conju nto, d iscu s-
são sobre a form a e o conteú d o, p ara chegar à versão final a ser enviad a
ao evento.
Relevância
A p resença ind ígena no ensino su p erior brasileiro é u m fenôm eno
recente qu e tem se am p liad o exp onencialm ente na ú ltim a d écad a d evid o
à d em and a qu e vem send o colocad a p or esses p ovos e a d ecorrente cria-
ção d e p olíticas d e acesso p elas u niversid ad es e governos. A UFRGS d eu
início ao seu Program a d e Ações Afirm ativas no ano d e 2008, qu and o ins-
titu iu , além d e cotas p ara estu d antes d e escolas p ú blicas e au tod eclarad os
1
Além d o d esejo d e tornar a participação dos estud antes mais efetiva no encontro e d e qu a-
lificar sua trajetória acad êm ica, o estím ulo para a inscrição d e trabalhos d eu -se pelo fato d e
a Coord enad oria d e Ações Afirm ativas d a UFRGS ter solicitad o fom ento para participação
d os estud antes à Pró-Reitoria d e Pesquisa (PROPESQ) e esta ter acenado o apoio m ed iante a
apresentação d e trabalhos.
2
A colega referid a é a socióloga Karen Bruck, servid ora d a Coord enadoria d e Ações Afir-
m ativas d a UFRGS. Sua d isposição em estar junto e construir junto tem sid o fund am ental
para o desenvolvim ento d este trabalho.
3
Os estudantes ind ígenas ingressam por m eio d e processo seletivo específico e os cursos
com vagas d isponibilizadas a cada ano são escolhid os por representantes d e Terras Ind íg e-
nas d o estado d o Rio Gran d e do Sul em assem bleia realizad a com o apoio da Universid ad e.
Os cursos m ais d emand ad os pelas lid eranças têm sid o nas áreas de saúd e, ed ucação, h u-
m anidad es, ciências d a terra e ciências juríd icas.
4
Destes nove são da etnia Guarani, 53 da etnia Kaingang e um estudante Quechua peruano.
5
N este períod o d iplom aram -se três estud antes ind ígenas, uma no curso d e Enfermagem,
um no cu rso d e Direito e outro no curso d e Pedagogia.
Conclusões
O trabalho ap resentad o consistiu em u m a exp eriência d e m ed iação
entre, d e u m lad o, as p ráticas u niversitárias e os conhecim entos exigid os
p ela institu ição p ara p articip ar d o esp aço acad êm ico, e d e ou tro, o reco-
nhecim ento d o p onto d e vista d os estu d antes ind ígenas, seu s sentires em
relação ao seu p ovo, a su a vivência na u niversid ad e, acolhend o tais exp e-
riências com o legítim os tem as investigativos. Visou -se realizar u m traba-
lho form ativo qu e p artisse d os reais interesses d os estu d antes, bu scand o
trazer p ara o esp aço acad êm ico, tão engessad o, ou tros tem as e olhares
sobre o qu e é e com o se p od e fazer investigação.
Mu itos d esafios e d ú vid as ap areceram no cam inho. O encontro en-
tre tem p oralid ad es d istintas, racionalid ad es d iferentes, form as d e organi-
zar o p ensam ento (visão fragm entad a x visão orgânica), u niversos cu ltu -
rais d iferenciad os, d inâm icos e em relação d e assim etria, m ostram a ne-
cessid ad e d e u m exercício p olifônico p rofu nd o ... d e escu ta sensível, d e
Referências
PODESTÁ, Rossana. Interap rend izagem (ns) em u m p rocesso d e inter-
venção ed u cativa. In: PALADIN O, Mariana; CZARN Y Gabriela (Orgs.).
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intercultural na A mérica Latina: entre concep ções, tensões e p rop ostas. Rio
d e Janeiro: 7 letras, 2009.
A. Salazar bondy
Su reflexión exp lícitam ente socialista no m arxista en historia d e la
filosofía y la filosofía trabajaba en u na p ersp ectiva d e cu ño p olítico qu e
hacía d el Estad o el brazo ejecu tor d e las realizaciones económ icas, socia-
les y p olíticas. Y su exp resión filosófica tend ría qu e ser d iferente y crítica
d el m od elo-m atriz trad icional.
Salazar Bond y es exp resión creativa y renovad a filosóficam ente d e
otro bloqu e d e la bu rgu esía trad icional, la bu rgu esía estatizante. Tam p o-
co llegó a cu ajar com o m od elo-m atriz filosófico al ser d errotad o su brazo
p olítico ejecu tor, el velasqu ism o (Gobierno Militar d e J. Velasco Alvara-
d o: 1968-1975).
Fue y es en la historia d e la filosofía y filosofía exp resión neta, clara
y red ond a d e u nificar la relación entre filosofia y p olítica y entre filosofia
Conclusiones
- El m od elo-m atriz d e filosofía em erge d e la p rop ia historia d e la fi-
losofía en el Perú .
- Son reconocibles varios m od elos-m atrizes, aqu i solam ente lla-
m am os la atención sobre aqu el d e fines d el siglo XIX.
- Renovó la p ersp ectiva d e la historia d e la filosofia y la filosofia en
el Perú , su herencia qu iere ser cop tad a p or el viejo m od elo-m atriz liberal
trad icional.
- La p rehistoria d e la bú squ ed a d e u n m od elo-m atriz d iferente al
d om inante se exp resa en la historia d e la filosofia em el Perú , au nqu e sin
consistencia.
- Salazar Bond y reflexionó sobre u n m od elo-m atriz d iferenciad o a
p artir d e su exp eriencia p olítica.
- Este m od elo-m atriz está siend o cop tad o p or el viejo m od elo-
m atriz qu e p arece estar cop tand o, tam bién, a los irracionalism os filosófi-
cos qu e em ergieron d u rante el fu jim orato.
- Salazar p u so en evid encias qu e son viables nu evos m od elos-
m atrices p ero éstos no escap an d e los p rocesso sócio-clasistas, m ovim en-
tos, tend encias y p artid os p olíticos.
Referencias
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Tesis d e Lic, UN MSM, Lim a, 2007.
GON ZÁLEZ PRADA, M. Ensayos (1885-1916), Ed ición, int y notas d e Isa-
belle Tau zin-Castellanos, Fond o Ed d e la U. Ricard o Palm a, Lim a, 2009.
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_____. Espacio-tiempo histórico; Sitio w eb: <http :/ / w w w .scribd .com >.
Justificativa
Tem os nos u tilizad o d o conceito d e território d e Milton Santos p a-
ra com p reend er a escola (SCH N ORR, 2012). Território com o conceito qu e
não se red u z a d efinições objetivas d e esp aços, lu gares, fronteiras e p ai-
sagens, m as qu e carrega vivências, cu ltu ras, exp licita m ovim entos, tran-
sições, flu xos, m u d anças, conflitos, realizações e d estru ições hu m anas.
Segu nd o o p ensad or brasileiro ao olharm os sob os territórios p ercebem os
a incid ência d o global sobre o local e neste as form as d e m assificação e d e
resistência.
Send o nosso quefazer cotid iano o trabalho teórico-p rático inserid o
no cam p o d a form ação d e p rofessores p artim os d a noção d e território d e
Milton Santos e traçam os u m novo cam inho d e d iálogo, agora, com os
franceses Félix Gu attari e Gilles Deleu ze. N este cam inho nos p ergu nta-
m os sobre a p rod u ção d a su bjetivid ad e d ocente. Su bjetivid ad es qu e são
p rod u zid as no âm bito d o território cap italista contem p orâneo e su as
m ú ltip las estratégias d e su bjetivação.
Os filósofos franceses olham o m u nd o com o u m grand e território
hom ogeneizante, m assificante, alienante, no qu al, tam bém , há p rocessos
d e d esterritorialização e reterritorialização com o citad o p or Deleu ze aci-
m a. Territórios em qu e p ossibilid ad es d e p rocessos alternativos ao m od e-
lo hegem ônico p od em e são gestad os.
A p reocu p ação qu e p erp assa os escritos d e Gu attari e Deleu ze, a-
lém d a crítica ao institu íd o, ap onta p ara p ossibilid ad es d e linhas d e re-
com p osição d as p ráxis hu m anas, nos m ais variad os d om ínios, cap azes d e
p rod u zir su bjetivid ad es, ind o na d ireção d e re-singu larizações. Procu ram
p rod u zir u m a filosofia d a d iferença qu e rom p a com antagonism os tais
com o hom em -m u lher; natu reza e cu ltu ra; antagonism os qu e se efetivam
em p ráxis exp rop riad oras d e singu larid ad es. Sem exclu ir objetivos u nifi-
cad ores d e lu ta ap ontam qu e essa recom p osição d as p ráxis hu m anas con-
siste em m od ificar e reinventar m aneiras d e ser.
Referências
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Jaim e Zitkoski
Prof. d a UFRGS/ PPGEd u
E-m ail: 00086365@ufrgs.br
Referências
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p ós-m od ernid ad e. Porto: Afrontam ento, 1994.
Telm o Ad am s
Program a d e Pós-Grad uação em Ed ucação – UN ISIN OS
E-m ail: telm oa@unisinos.br
1
Foram objeto d e análise pelas bolsistas d e iniciação científica Debora Kern e Marina d a Ro-
cha: Ped agogia d o Oprim id o, Pedagogia da Esperança, Medo e Ousad ia, Ped agogia d a A u-
tonom ia, Pedagogia da Ind ignação, Pedagogia: Diálogo e Conflito, Política e Ed ucação, Por
um a pedagogia da pergunta.
tribu ir p ara reconstru ir cam inhos d e ed u cação e investigação articu lad os
com a contribu ição d os p ovos originários qu e ap ontam p ara Ou tro p ara-
d igm a d e vid a d iferente d a lógica d e colonialid ad e atu alm ente onip re-
sente no m od o p rod u tivista e consu m ista hegem ônico nas atu ais socie-
d ad es.
A p rop osta d o foco aqu i ap resentad a su scita a necessid ad e d e u m a
ressalva. Possivelm ente, entre ou tros fatores, p or u m a tend ência bairrista
conhecem os relativam ente p ou co sobre história latino-am ericana, o qu e
se exp ressa nu m d istanciam ento qu e tend e a ser p erp etu ad o tam bém e-
p istem ologicam ente. É su rp reend ente, p or exem p lo, qu e na p u blicação
d os “40 olhares sobre os 40 anos da pedagogia do oprimido” (GADOTTI, 2008)
a d im ensão latino-am ericana acabou ficand o invisibilizad a. Entretanto,
em nossas releitu ras d e obras com o Educação como prática da liberdade e
Pedagogia do Oprimido, ap arece com bastante ênfase o contexto d e socie-
d ad es m arcad as p elas heranças colonialistas e im p erialistas, asp ectos es-
tes qu e Freire aos p aíses cham ad os d e “su bd esenvolvid os” na ép oca. A
relação d e Freire com as p roblem áticas continentais e, evid entem ente
m u nd iais, p otencializou -se, sobretu d o, a p artir d o exílio no Chile. Isso
transp arece p elo nú m ero d e vezes qu e o au tor fala d o tem a, p or exem p lo,
em d ez d e su as obras. Ap arece p elo m enos 88 vezes “Am érica Latina”,
send o qu e 41 vezes som ente no livro A ção Cultural para a Liberdade. Em
Pedagogia da indignação, são 17 exp ressões com o “Am érica”, “am ericano”,
“am ericanid ad e”. Em Pedagogia do Oprimido, “Am érica Latina” ap arece
referenciad a seis vezes no contexto d e d enú ncia à “gu erra invisível” d a
m iséria, su as cau sas estru tu rais e resp onsabilid ad es fortem ente m arcad as
p elas heranças históricas.
N o texto “Descobrim ento d a Am érica” (em Pedagogia da indigna-
ção), qu e o au tor havia escrito em 1992, p or ocasião d o V Centenário, su a
reflexão com eça d e form a taxativa: “N ão p enso nad a sobre o „d escobri-
m ento‟ p orqu e o qu e hou ve foi u m a conqu ista” (FREIRE, 2000, p . 73).
Descrevend o a invasão e a p resença p red atória d o colonizad or na Am éri-
ca Latina p or m eio d o p od er avassalad or d os d om inad ores qu e, p ara a-
lém d as terras e gentes, estend eu -se à d im ensão histórica e cu ltu ral d os
invad id os qu e foram consid erad os inferiores, qu ase bichos, “(...) nad a
d isto p od e ser esqu ecid o qu and o, d istanciad os no tem p o, correm os o ris-
co d e „am aciar‟ a invasão e vê-la com o u m a esp écie d e p resente „civiliza-
tório‟ d o cham ad o Velho Mu nd o” (FREIRE, 2000, p . 74). N o m esm o texto
(FREIRE, 1976b, p . 119 e 121), sem falar d iretam ente na teoria d a d ep en-
d ência, refere-se ao esforço d e econom istas e sociólogos ligad os à Com is-
são Econôm ica p ara a Am érica Latina (CEPAL) e Institu to Latino-
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do. São Pau lo: Ed itora e Livraria Institu to Pau lo Freire, 2008 – (Institu to
Pau lo Freire. Série Cad ernos d e Form ação – 1)
2
Dussel (1980), em Filosofia da libertação, em pregou termo “libertação”, em vez d e “emanci-
pação” – na linha d os m ovim entos sociais d e libertação nacional d a África, Ásia e Am érica
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Gilnei d a Rosa
Mestrand o em Ed ucação – PPGEDU/ UFRGS
Professor d e Filosofia – Estado do Rio Grand e d o Sul
E-m ail: gilneid arosa@hotm ail.com
Introdução
Ao refletir sobre os sentid os d a m od ernid ad e a p artir d a filosofia
d e Du ssel (2007, 1993), essa com u nicação visa p roblem atizar a p ersp ecti-
va p olítica e em ancip atória d as ativid ad es extensionistas d o Projeto Ron-
d on, na relação entre a u niversid ad e p ú blica e as com u nid ad es.
A extensão u niversitária, ap esar d e integrar o trip é qu e su stenta a
u niversid ad e p ú blica, m u itas vezes não recebe a d evid a relevância en-
qu anto “p rocesso ed u cativo, cu ltu ral e científico qu e articu la o Ensino e a
Pesqu isa d e form a ind issociável” (FORPROEX, 1987, p . 1), viabilizand o
u m a relação transform ad ora entre a u niversid ad e e a socied ad e na qu al
está inserid a.
N esse sentid o, o Projeto Rond on é u m a d as m aiores exp eriências
extensionistas qu e articu la Estad o e u niversid ad es em âm bito nacional,
m as tam bém p ossibilita a criação d e p rojetos regionais vincu lad os estri-
tam ente as u niversid ad es. Am bas as versões p erm item a p rom oção d e e-
los entre o saber institu cionalizad o e o saber p op u lar há m ais d e 30 anos,
reu nind o u m nú m ero significativo d e p essoas a p artir d e su as ativid ad es
e exp eriências.
Assim , este estu d o se ju stifica p or p rom over a valorização d a ex-
tensão enqu anto d im ensão form ativa no ensino su p erior, p otencial m eio
d e articu lação com a socied ad e e vasto cam p o d e investigação, u m a vez
qu e o ensino e a p esqu isa m u itas vezes se sobressaem a ela. Já em relação
ao Projeto Rond on, aind a não existem p esqu isas sobre su a p ersp ectiva
p olítica e em ancip atória.
As concep ções exp lorad as p rovocam a reflexão sobre o m od o co-
m o ocorre a interlocu ção d as cu ltu ras e d os saberes p op u lares com aqu e-
les d ifu nd id os no m eio acad êm ico. Para em basar essa reflexão, qu estio-
nam os se o Projeto Rond on oferece aos estu d antes u m a ap roxim ação com
a realid ad e social qu e p erm ita ver e d ialogar com o Outro (o su jeito qu e é
negad o com o ou tro p elo p ensam ento hegem ônico) p or m eio d e u m a éti-
ca/ filosofia d a libertação, ou se carrega os ranços d a extensão u niversitá-
ria d e caráter m eram ente assistencialista em qu e p red om inam as p ráticas
e os d iscu rsos d om inantes d a acad em ia.
Partind o d e u m a abord agem qu alitativa, este estu d o exp loratório
foi realizad o p or observação p articip ante (LÜDKE; AN DRÉ, 1986) com
u m a d as equ ip es d a Op eração Vand erlei Alves d o Projeto Rond on vincu -
lad o à Universid ad e d o Estad o d e Santa Catarina (UDESC). Os d ad os fo-
ram interp retad os p or m eio d a análise d e conteú d os (BARDIN , 1977), a
p artir d a d efinição d os focos analíticos: a revelação d o Outro a p artir d o
Projeto Rond on; e a p ersp ectiva p olítica e em ancip atória d o Projeto Ron-
d on, enqu anto ativid ad e d e extensão u niversitária.
Referências
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Ed son Antoni
Colégio d e Aplicação-UFRGS
E-m ail: professor.antoni@gm ail.com
Referências
BARON N ET, Bru no. A utonomía y Educación Indígena. Qu ito: Abya-Yala,
2012.
Objetivo
O p resente texto visa assinalar qu e Enriqu e Du ssel e Pau lo Freire
contribu em d e form a singu lar com form u lações teóricas d o p ensam ento
latino-am ericano p ara a Ed u cação Am biental Crítica. Send o assim , tais
au tores não são au tores am bientalistas estritam ente, m as su as visões d e
m u nd o e bu sca d a em ancip ação hu m ana e transform ação social, au xiliam
na p ráxis crítica ed u cativa e na constru ção d e novas form as d e nos rela-
cionarm os com / na natu reza. Su as p rop ostas teórico-m etod ológicas se
ap resentam com o ad equ ad as e necessárias aos ed u cad ores am bientais
qu e visam estabelecer u m d iálogo crítico na ed u cação am biental, d iante
d e u m contexto em qu e su as p ráticas e form u lações hegem ônicas tend em
a rep rod u zir lógicas exclu d entes e a id eologia d esenvolvim entista. Du ssel
e Freire p ossu em razões p olíticas qu e bu scarem os assinalar relacionand o
as convergências e a contribu ição d os m esm os na d iscu ssão d e u m novo
p rojeto societário a p artir d e esp aços d e organização p ara o p rocesso d e
em ancip ação através d a p ráxis.
Relevância do problema
A Ed u cação Am biental Crítica consid era d e m od o integrad o as re-
lações sociais e ecológicas. Send o assim , nesta as bases éticas e antrop oló-
gicas colaboram e cim entam a negação d a op ressão com o “natu ralização
d as relações” (PERALTA E RUIZ, 2004). É o contexto social e econôm ico
qu e d eterm ina as form as d e exp rop riação e d om inação, send o p ossível
transform á-lo, m as com a cond ição d e qu e cad a su jeito e gru p o social se
transform em em su jeitos históricos conscientes d e su a real cond ição d e
alienação no m arco d e u m a socied ad e d esigu al e constitu íd a, p ortanto,
em classes.
As p rop ostas d e Du ssel e Freire p ara a Ed u cação Am biental crítica
au xiliam na ad oção d e estratégias p olíticas d irigid as à em ancip a-
ção/ libertação inscritas nos m arcos d e u m p rocesso d e rad icalização d a
qu estão social, send o contrários a lógicas neoliberais hegem ônicas, p ró-
p rias d a feição qu e o cap italism o assu m e na Am érica Latina em su a m a-
triz colonial.
A contribu ição d e Pau lo Freire p õe em evid ência os fu nd am entos
filosófico-p olíticos na su a teoria d o conhecim ento e ação no m u nd o qu e
d enom inam os ed u cação libertad ora. Um a d as p rincip ais concep ções d a
ed u cação libertad ora é qu e a ed u cação é u m a ativid ad e em qu e os su jei-
tos, ed u cad ores e ed u cand os, m ed iatizad os p elo m u nd o ed u cam -se em
com u nhão (TOZON I-REIS, 2006). Esse p rocesso, Freire cham a d e “cons-
cientização”, isto é, ao se ap rofu nd arem no conhecim ento d a realid ad e
vivid a, real e concretam ente p elos su jeitos, os qu ais têm as p ossibilid ad es
d e em ergir no conhecim ento d e su a p róp ria cond ição, ou seja, d e su a
p róp ria vid a. Em vista d isso, a ed u cação libertad ora é u m a alternativa
p olítica à ed u cação trad icional, a qu e ele d enom inou “ed u cação bancária”
qu e p or op ção p olítica e m etod ológica d e caráter “p acificad or”, realiza-se
p or sim p lesm ente transm itir conhecim entos d e ed u cad ores p ara ed u can-
d os sem p rom over u m a crítica rad ical. Por su a vez, a ed u cação libertad o-
ra objetiva qu estionar as relações d os hom ens entre si e d eles com o
m u nd o, criand o cond ições p ara u m p rocesso d e d esvelam ento d o m u nd o
qu e tem com o p riorid ad e transform á-lo socialm ente. Para Freire, a ed u -
cação não é a garantia d as transform ações sociais, m as as transform ações
são im p ossíveis sem ela, sem u m a visão crítica d a realid ad e (FREIRE,
1983).
Freire nu m d os su btítu los d o p rim eiro cap ítu lo d e su a Pedagogia do
Oprimido (1983) revela qu e: “N ingu ém liberta ningu ém , ningu ém se liber-
ta sozinho: os hom ens se libertam em com u nhão”. A Pedagogia da Liberta-
ção e su a exp ressão Ética Universal d o Ser H u m ano su rgem d e u m p ro-
cesso histórico d e libertação d os p ovos latino-am ericanos, exp resso tam -
bém em ou tras form u lações teórico-m etod ológicas, com o a Filosofia da Li-
Conclusão
A relevância d os referenciais e categorias trabalhad as p or Du ssel e
Freire p ossu i m u itas com p lem entarid ad es e convergências p ara a Ed u ca-
ção Am biental crítica, u m a vez qu e, su as com p reensões d e hom em -
m u nd o são vitais p ara a p osição ep istem ológica assu m id a p or esta. Para
a p ersp ectiva crítica em qu e am bos se inserem , a p ráxis d e d om inação
não reconhece a alterid ad e. O ou tro d eixa d e ser im p ortante p ara tornar-
se coisa. O agir d a op ressão, ao negar o Ou tro com o ou tro, incorp ora-o
nu m sistem a qu e o aliena e a p ossibilid ad e em transform arm os as form as
com o nos relacionam os com a natu reza, o qu e im p lica, nos relacionarm os
com a hu m anid ad e.
Segu ind o o viés m arxista, p ara Du ssel a p ráxis d e d om inação na
organização d a p rod u ção é o qu e d efine o grau d e alienação na form ação
social. “N o m od o d e p rod u ção assim constitu íd o, o Ou tro (trabalhad or)
p erd e su a liberd ad e. Su a vid a e seu fazer já não lhe p ertencem e p assa a
ser instru m ento a serviço d e interesses alheios. Alienação e d om inação
são asp ectos intrínsecos à totalid ad e totalizad a” (BOUFLEUER, 1991, p .
68). O p rocesso d e libertação tem seu p onto chave na escu ta d a voz d o
Ou tro, o qu e vem a exigir resp eito e resp onsabilid ad e p ara com ele. Se-
gu nd o Du ssel, a libertação qu e im p lica nu m trabalho em favor d o Ou tro,
não p od e ser resu m id o na relação hom em -hom em (p ráxis), m as inclu i a
relação hom em -natu reza (poiesis). Logo, o sentid o d a p ráxis d e libertação
será d e transp osição d o horizonte d o sistem a exclu d ente p ara constru ir
u m a form ação social nova e m ais ju sta, p ois “u m a p ráxis qu e se restrin-
gisse a u m m ovim ento intra-sistêm ico não consegu iria criar algo d e real-
m ente novo, p ois não p assaria d e u m a m ed iação d entro d e u m m u nd o já
d ad o, d entro d e u m a ord em m arcad a p ela d om inação” (BOUFLEUER,
1991, p . 72).
Por tu d o isso, a libertação social e p olítica estão d ialeticam ente re-
lacionad as, send o com p reend id as no p rocesso d e vir-à-ser su p erad o na
contrad ição op ressor-op rim id o/ colonizad or-colonizad o. N esse âm bito, a
Pedagogia do oprimido d e Freire colabora p or ser u m a p ed agogia d o ser
hu m ano nas m ais d iversas e com p lexas relações. Ou seja, o ed u cad or tem
Referências
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cias im p ossíveis. s/ d .
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FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio d e Janeiro: Paz e Terra, 1983.
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Objetivo
Este estu d o faz p arte d a p esqu isa d e d ou torad o qu e estam os reali-
zand o ju nto a u m a cad eia solid ária em qu e p roblem atizam os o p ap el d a
ed u cação na su a relação com as d em ais d im ensões p resentes no p rojeto,
na p ersp ectiva em ancip atória d os coletivos d e trabalhad ores envolvid os.
Consid erand o esta situ ação, foram estabelecid os objetivos esp ecífi-
cos, os qu ais p retend em os ap resentar as conclu sões p relim inares, a saber:
ap resentar su m ariam ente as d iferentes concep ções ed u cacionais em d is-
p u ta p resentes no p rojeto, inclu ind o as referências p ed agógicas e filosófi-
cas d e Pau lo Freire, Enriqu e Du ssel, Marx e Gram sci, na p ersp ectiva d e
p rop or u m a síntese; analisar com o está send o assim ilad a esta estratégia
ed u cacional p elo p ú blico-alvo; e, ap resentar com o a ed u cação p od e se
constitu ir nu m elem ento alavancad or d a em ancip ação d os coletivos d e
trabalhad ores.
Conclusões
a) Síntese d as concep ções ed u cacionais em d isp u ta
Partind o d o entend im ento d o qu e a Econom ia Solid ária é, u m a e-
conom ia cu jos p rincíp ios se op õem ao sistem a cap italista, estarem os tra-
tand o d e u m a concep ção ed u cacional d iferente d a qu e conhecem os e vi-
venciam os ao longo d e nossas vid as. Além d isso, d evem os enfatizar qu e
u m a concep ção ed u cacional qu e seja centrad a na p essoa, na su a cu ltu ra,
no seu entorno e na form a d e rep rod u ção d a vid a, d eve m anter u m a es-
treita id entid ad e com o trabalho, m as u m trabalho em qu e seja su p erad a
a cond ição d e alienação a qu e os trabalhad ores estão su jeitos na relação
d e trabalho trad icional.
b) Ed u cação Coop erativa e Sind ical
O m ovim ento coop erativista com eçou a constru ir os seu s p rincí-
p ios e ações ed u cativas p ara u m a nova cu ltu ra organizacional em op osi-
ção aos valores qu e regiam às em p resas p or ocasião d a revolu ção ind u s-
trial. N este m od o d e organizar as relações d e trabalho, colocam -se a
conscientização, a igu ald ad e d e op ortu nid ad es, a ed u cação, a coop eração,
a au togestão, a solid aried ad e, a p articip ação com o fatores-chaves p ara a-
lavancar p rocessos d e transform ação social, qu e foram assim ilad os p ela
econom ia solid ária.
O m ovim ento sind ical, p or su a vez, com u m viés m ais id eológico
com batia as d iversas form as d e exp loração a qu e estavam exp ostos os
trabalhad ores. N a d écad a d e 1990, viu -se forçad o a encontrar alternativas
p ara os trabalhad ores qu e corriam risco d e p erd er a su a fonte d e traba-
lho, em fu nção d e intensos p rocessos d e reestru tu ração cap italista qu e le-
varam em p resas à falência. A m aioria d estes em p reend im entos ad otou os
p rincíp ios coop erativistas segu nd o a Aliança Coop erativa Internacional
(ACI). Em term os d e tem áticas, os p rogram as ed u cacionais d esenvolvi-
d os p elo m ovim ento sind ical objetivaram p rioritariam ente a cap acitação
nos p rocessos d e gestão na su p eração d a d ivisão técnica d o trabalho, as
form as d e viabilizar os em p reend im entos na inserção d as d inâm icas au -
togestionárias e a form ação d e cu nho p olítico voltad a p ara o d esenvolvi-
m ento d e relações sociais d e p rod u ção m ais d em ocráticas.
Referências
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históricos. Revista Brasileira de Educação. v. 12 n. 34 jan/ abr, 2007. p p . 152-
165.
Gilnei d a Rosa
Professor d e Filosofia na red e m unicipal d e Parobé-RS
Mestrand o em Ed ucação, PPGEDU/ UFRGS
Introdução
É cad a vez m ais p resente na socied ad e atu al a id eia d e “em ancip a-
ção” com o u m d esafio a ser alcançad o tanto no p lano ind ivid u al, qu anto
no p lano institu cional e social. Para esse p rop ósito é necessário qu e se
d iscu ta u m a ed u cação coerente com tais d esafios. N a história, a id eia d e
emancipação se fu nd ou , a p artir d o sécu lo XVIII, na Revolu ção Gloriosa,
ocorrid a no Reino Unid o em 1688; na Revolu ção Am ericana d e 1776, e na
Revolu ção Francesa d e 1789. Os três fatos históricos tiveram com o atores
p rincip ais a bu rgu esia – no caso d as revolu ções Gloriosa, Francesa e d os
colonos anglo d escend entes – no caso d a Am ericana. Com isso, entend e
Mignolo, a id eia d e em ancip ação serviu p ara afirm ar a liberd ad e d a nova
classe social, a bu rgu esia, qu e, d esd e então, p assou a se au tod enom inar
hu m anid ad e e exp ortar p ara o resto d o m u nd o a su a concep ção d e eman-
cipação. Tal conceito é retom ad o no sécu lo XX p ara ju stificar a Revolu ção
Proletária, d e 1917, e ou tros m ovim entos p olíticos p au tad os p rincip al-
m ente p elos id eais m arxistas (MIGN OLO, 2010).
N a atu alid ad e, o term o tem ad qu irid o significad os m ais am p los e
p rofu nd os. Por isso, o p resente trabalho se p rop õe a d iscu tir a tem ática
d a em ancip ação relacionad a com a ed u cação a p artir d e três im p ortantes
p ensad ores: Boaventu ra d e Sou za Santos, Enriqu e Du ssel e Pau lo Freire.
Boaventura Souza Santos
Para Santos (2007, p . 17), “a em ancip ação social é u m conceito ab-
solu tam ente central na m od ernid ad e ocid ental”, d e m od o esp ecial p or es-
ta ter sid o organizad a através d e u m a “tensão entre regu lação e em anci-
p ação social”, com a p ossível exp ectativa, d e ir em bu sca d e solu ção d os
p roblem as e atingir u m fu tu ro m elhor. Aind a segu nd o Santos, a em anci-
p ação é p ensad a não nu m a p ersp ectiva teleológica, u m a Id eia-fim , orien-
tad a p or u m agente social com o garantia d o p orvir d e u m a realid ad e fu -
tu ra, m as com o u m p rocesso. “A Em ancip ação não é m ais d o qu e u m
conju nto d e lu tas p rocessu ais sem fim d efinid o. O qu e a d istingu e d e ou -
tros conju ntos d e lu tas é o sentid o p olítico d as p rocessu alid ad es d as lu -
tas” (SAN TOS, 2007).
Santos (2007) refere-se a p rojetos em ancip atórios, d efinind o-os co-
m o reinvind icações e critérios d e inclu são social. O au tor aind a exp lica
qu e, p rojetos em ancip atórios vêm configu rar u m grand e conju nto d e to-
d os qu e lu tam contra a exclu são econôm ica, social e p olítica d eflagrad a
p ela globalização neoliberal. N esse sentid o, o au tor aind a exp licita qu e a
red istribu ição d e recu rsos m ateriais, sociais, p olíticos, cu ltu rais e sim bóli-
cos baseiam -se sim u ltaneam ente, no p rincíp io d a igu ald ad e e no p rincí-
p io d o reconhecim ento d a d iferença.
Portanto, a visão qu e o au tor su stenta d efend e qu e as exp eriências,
ou os p rojetos em ancip atórios viabilizam d im ensões d a u top ia d em ocrá-
tica. É a d em ocracia qu e vem revelar u m m od o d e organização d e vid a,
u m a form a d e sociabilid ad e, u m a gram ática social e cu ltu ral. N essa p ers-
p ectiva, p recisam os com p reend er os p rincíp ios, as regras, os valores qu e
regu lam a vid a social, m as ind icand o o cam inho d a liberd ad e, d a igu al-
d ad e e d a ju stiça com p articip ação na vid a social, no resp eito à d iversi-
d ad e e na p lu ralid ad e. Dessa form a, entend e-se a p rática d a em ancip ação
p assa p ela via d essa u top ia d em ocrática. N essa d inâm ica p rocessu al, as
exp eriências, gestad as p elos m ovim entos sociais, d e d iferentes setores
organizad os e com d esenhos d istintos constitu em o esp aço, p or excelên-
cia, d as lu tas p ela em ancip ação social.
N essa p ersp ectiva, Santos (2004), su stenta com o estratégia p ara o
avanço d as lu tas em ancip atórias, a am p liação d as lu tas sóciais p ara d e-
m ocratizar a socied ad e e transform ar a cu ltu ra, lu tand o contra tod as as
form as d e d iscrim inação e m obilizand o as solid aried ad es locais e nacio-
nais.
Cad a sujeito ético d a vid a cotid iana, cad a ind ivíd uo concreto em
tod o o seu agir, já é u m sujeito possível d a práxis d e libertação, en-
quanto com o vítim a ou solid ário com a vítim a fund am entar nor-
m as, realizar ações, organizar instituições ou transform ar sistem as
d e eticid ad e (DUSSEL, 2000, p. 519).
Considerações finais
A categoria emancipação se ap resenta cad a vez m ais com o u m a u -
top ia não som ente necessária, m as p ossível. E o cam inho d a ed u cação se
im p õe! Ed u car p ara a em ancip ação é u m com p rom isso fu nd am ental d e
cad a ed u cad or e d e cad a ed u cad ora em p enhad os na constru ção d e u m a
socied ad e m ais hu m ana e d igna.
A p artir d as reflexões e entrelaçam entos teóricos entre Boaventu ra
d e Sou za Santos, Pau lo Freire e Enriqu e Du ssel, p od em os inferir u m p ro-
d u tivo d ialogo m ed iante u m p osicionam ento crítico contextu alizand o a
realid ad e social. E, sem d ú vid a, p od er afirm ar e confirm ar o qu anto é
im p ortante a bu sca d a su p eração d o estad o d a heteronom ia e d a situ ação
d e op ressão d o m u nd o atu al, d izend o qu e essa realid ad e p ossível d ep en-
d e d e u m a p rática libertad ora e social entre os op rim id os e op ressores. A
em ancip ação nad a m ais é d o qu e o conteú d o d a obra Ped agogia d o O-
p rim id o, qu e ap resenta u m conceito d eterm inístico, m as m istu rand o-se
nos conteú d os su bjetivos d o qu e p ossa ser liberd ad e, a p artir d as u top ias
em bu sca d e u m a d em ocracia coletiva.
“Só alcançará su a libertação se sou ber ap rend er d e seu s p róp rios
erros” (Du ssel 2000, p . 557). É u m a u top ia p ossível.
Referências
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Vozes: Petróp olis, 2000.
Esta d iscu ssão p od e ser transp osta p ara a ed u cação, p ara p ensar-
m os sobre qu e tip o d e p articip ação e qu em são os su jeitos qu e tem d ireito
d e p articip ar hoje em nossas escolas. Visto qu e fazem os p arte d e u m p aís
d em ocrático, nossas institu ições sociais, com o as escolas, d evem segu ir
este p rincíp io, o qu e trad u z a im p ortância d e p ensarm os nossas institu i-
ções ed u cativas com o esp aços em qu e p articip ação se constitu a u m a p rá-
tica cotid iana. A d em ocracia acontece p ela p articip ação d os su jeitos, p or-
tanto as crianças p od erão constitu ir-se cid ad ãs à m ed id a qu e vivenciarem
esp aços d em ocráticos d esd e a p equ ena infância, afinal, d e acord o com
Sarm ento (2013) “a criança é u m p equ eno cid ad ão, m as não é u m cid ad ão
m enor”.
Através d o su p orte teórico e m etod ológico sobre as p ráticas d e li-
bertação, au tonom ia e p articip ação, foi p ensad o o esp aço d e Assem bleias
na Escola, qu e foi realizad o p or três anos em u m a escola d e Ed u cação In-
fantil com crianças d e 3 a 6 anos d e id ad e, filhas d e trabalhad ores d e bai-
xa rend a d e u m m u nicíp io d o interior d o Rio Grand e d o Su l, na p ersp ec-
tiva d e u m a investigação p articip ativa, m etod ologia na qu al Soares afir-
m a qu e
Referências
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cesso em : 19/ 05/ 2014.
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1
Anotações d o d iário de cam po. Caracol III, La Garrucha, 15 d e agosto de 2013.
2
Ficou m uito evid ente, em todas as ativid ad es d esenvolvid as d urante a Escolinha zapatista: a
liberdade segundo @s zapatistas, a centralid ad e existente na participação d as m ulheres no a u-
togoverno e tam bém sobre a realização d e todos os seus d ireitos como m ulheres cam pesinas
ind ígenas e zapatistas. Muitos compas que foram responsáveis pela aula inaugural, no Cara-
col III, em La Garrucha, m encionaram as d ificuld ad es enfrentadas na realização da aut o-
nom ia das m ulheres. Esta preocupação tam bém se reflete nos quatro cadernos d e text os es-
tud ados d urante a escolinha, bem com o nas intervenções dos e d as compas nas com unid ad es
zapatistas. Observou -se, tam bém , que um a d as d ificuld ad es enfrentadas pelas m ulheres se
encontra, ainda, no acesso à ed ucação. Não há como precisar os d ad os, no en tanto, é possí-
vel afirm ar que a maioria d elas não está alfabetizad a ou não fala o castelhano. Porém , é co-
m um que m uitas compas conheçam e falem mais d e um a língua, d as existentes nas cinco z o-
nas autônomas.
Objetivo
O p rop ósito d esta reflexão é fazer u m a revisão crítica d a escola a
p artir d a red efinição d e seu sentid o na socied ad e atu al. Mais qu e p lantear
resp ostas, p retend e-se d ialogar com as d isp osições sociais qu e giram em
torno d esta institu ição, à lu z d as filosofias d a libertação, p ara d escobrir
novos horizontes e trajetórias em ancip atórias p ara ela.
Qu er-se refletirem torno d as segu intes p ergu ntas: qu ais são as ca-
racterísticas, as aristas, e os alcances d a crise d a escola? Se a escola está
em crise há tanto tem p o, p or qu e continu a existind o? Por qu e as fam ílias
e os jovens frequ entam -na? E em nosso contexto atu al, qu al é o p ap el d e-
la?
Relevância do problema
A escola tem sid o a institu ição encarregad a d e ed u car as novas ge-
rações d as d iversas socied ad es e d e constru ir os cid ad ãos d o m u nd o p elo
m enos nos ú ltim os d ois sécu los d a hu m anid ad e. Aind a qu e seja d ifícil
tentar id entificar u m p onto exato na história d a civilização em qu e teve
lu gar o su rgim ento d a institu ição escolar; é p ossível reconhecer algu ns
d os fenôm enos sociais qu e a p osicionou no lu gar p rivilegiad o qu e agora
tem d entro d e nossas socied ad es e refletir sobre as crises qu e ela enfrenta
na contem p oraneid ad e p ara tentar p rop or-lhe novos cam inhos.
Para fazer a com p reensão e d esconstru ção d a escola, su gerem -se
três p ossibilid ad es neste texto: p ensa-se em su as origens, p ensa-se no
p resente e d esd e as filosofias d a libertação.
D o presente da escola
Desd e há m u ito tem p o, são vários os au tores qu e concord am qu e a
escola encontra-se atravessand o u m a p rofu nd a crise (AREN DT, 1960),
(PALACIOS, 1978), (COREA & LEWKOWICZ, 2008). De fato, p arte d as
tend ências p ed agógicas qu e têm su a origem no sécu lo XIX, su rgem com o
p rop ostas p ara resolver a crise d a escola e atend er às ou tras necessid ad es
d os estu d antes; infelizm ente seu s esforços não foram su ficientes.
Mas, em o qu e rad ica a crise d a escola? Qu ais são as bases d e su a
crise? Aind a qu e se tenha feitas m u itas p esqu isas orientad as p ara com -
p reend er a crise d a escola, é im p ossível p rop or u m a só resp osta. Só sa-
bem os qu e esta institu ição não consegu iu cu m p rir su as p rom essas d e i-
gu ald ad e, instru ção m assiva e transform ação social. Pelo contrário, ela
d eu lu gar a m aiores exclu sões, d iferenciações d e classe, origem étnico e
d e gênero.
Au tores contem p orâneos d a Argentina, falam qu e a crise d a escola
tem relação com as transform ações sociais acontecid as nos ú ltim os tem -
p os. A escola foi feita p ara u m a classe d e su jeitos-alu nos qu e são d óceis,
m aleáveis e incom p letos e p ara u m tip o d e fam ília nu clear, qu e as novas
configu rações afetivas e sociais, têm red efinid o e qu ase extingu id o
(DUSCH ATZKY, 1999), (DUSCH ATZKY & COREA 2001).
E então, o qu e fica d a escola? Segu nd o Ignacio Lew kow icz, a escola
m od erna converteu -se em u m tip o d e galp ão, ou seja, transform ou -se em
u m lu gar habitad o p or su bjetivid ad es qu e não têm nad a em com u m , p ara
além d o esp aço vazio d e sentid o e d e p rop ósito: “... m atéria hu m ana com
1
algu m as rotinas e o resto a ser inventad o p elos agentes” (2004, p . 107) .
D a utopia da escola
Dep ois d e falar brevem ente d a história e atu alid ad e d a escola, é
im p ortante com eçar a p ensar nas p ossibilid ad es d ela d esd e as contribu i-
ções d as filosofias d a libertação. Para iniciar, é necessário assu m ir a crise
em térm inos d e H anna Arend t, ou seja, com o p ossibilid ad e qu e “... d ila-
1
Trad ução própria.
Conclusões
Concord a-se neste texto qu e a escola está em crise, m as tam bém se
acred ita qu e a crise é a janela qu e d á p asso a m u itas novas p ossibilid ad es
sociais, p olíticas e p ed agógicas.
A escola é u m a institu ição d inâm ica, histórica, em p erm anente
m ovim ento, qu e p or isso m esm o, p erm ite ser p ensad a e red im ensionad a
p ara resgatar as necessid ad es p róp rias d os gru p os sociais nos qu ais se faz
p resente. Para isso, é u rgente refu nd ar a escola d esd e u m a p ersp ectiva
Referências
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P. 9-22.
Gilnei d a Rosa
Professor d e Filosofia
Mestrand o em Ed ucação PPGEDU/ UFRGS
E-m ail: gilneid arosa@hotm ail.com
(...) a form a, o com o e o para que prod uzir conhecim ento foi se
(re)significand o ao longo d os tem pos e tom and o novos contornos a
partir d as influências (d eterminações) históricas, econôm icas, soci-
ais e culturais que foram d efinid oras d as id entid ad es d a u niversi-
d ad e (LIMA, LEITE, 2012, p. 121).
Palavras-chave: Emancipação hum ana, Ed ucação popular, Direitos hum anos, Saúd e m en-
tal.
Introdução
O Centro d e Referência em Direitos H u m anos d a Universid ad e
Fed eral d a Paraíba (CRDH / UFPB), criad o em 2010 e integrad o p or p ro-
fessores e estu d antes d os cu rsos d e Grad u ação em Direito, Enferm agem ,
Psicologia e Serviço Social, realiza ativid ad es qu e integram ensino, p es-
qu isa e extensão, na p ersp ectiva d a assessoria ju ríd ica p op u lar. Dentre os
eixos d e atu ação, d estaca-se o eixo Saú d e Mental e Direitos H u m anos,
constitu íd o p elo Gru p o d e p esqu isa e extensão Lou cu ra e Cid ad ania, qu e,
d esd e 2012, tem acu m u lad o u m a exp eriência d iferenciad a no âm bito d a
ed u cação ju ríd ica p op u lar.
Baseand o-se nos referenciais contra-hegem ônicos d a ed u cação, so-
bretu d o a ed u cação p op u lar, e nas p ed agogias latino-am ericanas, a atu a-
ção d o m encionad o gru p o configu ra u m a p rática ed u cativa em ancip ató-
ria, na m ed id a em qu e constrói ativid ad es qu e p erm item a com p reensão
d o p rocesso histórico e d a realid ad e social com o objetivo d e qu estionar o
m od elo d e exclu são d as p essoas em sofrim ento m ental.
Com o p resente trabalho, objetiva-se d iscu tir as d im ensões ético-
p olíticas d a ed u cação p op u lar e ap resentar a m etod ologia u tilizad a p elo
Gru p o d e p esqu isa e extensão Lou cu ra e Cid ad ania nas su as ativid ad es
d e ed u cação ju ríd ica p op u lar em saú d e m ental e d ireitos hu m anos, d es-
tacand o a su a contribu ição p ara p ráticas sociais em ancip atórias.
Considerações finais
A ed u cação ju ríd ica p op u lar tem contribu íd o p ara os d ebates no
cam p o d a garantia d os d ireitos d as p essoas em sofrim ento m ental, a p ar-
tir d a em ancip ação hu m ana, m ed iand o a com u nicação entre o contexto
ju ríd ico e o contexto sócio-histórico.
N esse sentid o, a atu ação d o Gru p o d e p esqu isa e extensão Lou cu ra
e Cid ad ania, enqu anto realizad or d e ativid ad es d e caráter em ancip ad or,
p ara além d a colaboração na garantia d e d ireitos, tem articu lad o as d i-
m ensões d a p esqu isa, ensino e extensão no sentid o d e d esconstru ir o
m od elo ed u cacional hegem ônico d entro e fora d a Universid ad e. A exis-
tência e p ersistência d essa ed u cação trad icional inviabilizam a em ancip a-
ção hu m ana p orqu e rep rod u zem históricas estru tu ras p olíticas d e d om i-
nação e violações d e d ireitos. A bu sca p or u m a ed u cação p rop riam ente
em ancip ad ora requ er, necessariam ente, o envolvim ento com os su jeitos
não beneficiad os p elo referid o m od elo conservad or d e ed u cação, p orqu e
o m esm o é p oliticam ente, ad m inistrativam ente e id eologicam ente contro-
lad o p or u m a classe social d e interesses antagônicos à su a.
A transform ação d o lu gar social d a lou cu ra im p lica em u m a m od i-
ficação rad ical d a socied ad e. N esse p ercu rso, o trabalho realizad o no âm -
bito d a extensão não se encerra na tarefa d e ed u cação em d ireitos hu m a-
nos p orqu e se com p reend e a im p ortância d a m ed iação entre as d em an-
d as p op u lares d o cam p o d a saú d e m ental, a Universid ad e e ou tras insti-
tu ições resp onsáveis p ela p rom oção e d efesa d os d ireitos d as p essoas em
sofrim ento m ental.
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Introdução
A ação em ancip atória p or m eio d e p ráticas p ed agógicas nas d ife-
rentes áreas d o conhecim ento, em d iscip linas com o m atem ática, lingu a-
gem , inform ática, arte, entre ou tras, no Ensino Fu nd am ental se faz im -
p ortante p ara o d esenvolvim ento d e alu nos m ais críticos, reflexivos e
p rep arad os p ara os d esafios d o m u nd o na contem p oraneid ad e
(BRAN DÃO, 2004; MEIRIEU, 1998). Ad em ais, estas ações p od em contri-
bu ir p ara a red u ção d a infrequ ência escolar estu d antil, além d e reconfi-
gu rar a rep resentação social d os centros ed u cacionais p ara o p ú blico d is-
cente e fam iliar. N esta d ireção, a realização d e p olíticas p ú blicas p ara a
Ed u cação é essencial p ara qu e se p ossa haver a efetivação d e tais ações.
O Program a Mais Ed u cação, u m a p olítica p ú blica voltad a p ara o
cam p o ed u cacional criad o em 2007, im p lem entad o nas escolas em 2008 e
regu lam entad o p elo d ecreto 7.083 d e 2010, objetiva p rom over a ed u cação
integral d e jovens e crianças qu e estão na Ed u cação Básica (BRASIL,
2010). A ed u cação em tem p o integral corresp ond e à oferta d e ativid ad es
escolares em u m p eríod o m ínim o d e 7 horas d iárias, nas qu ais em u m
tu rno d esenvolve-se o ensino regu lar no nível em qu e o ed u cand o está,
neste caso o Ensino Fu nd am ental e, no tu rno inverso, oficinas p ed agógi-
cas com p lem entares d evid o a necessid ad e e realid ad e d a com u nid ad e es-
colar em qu e o Program a está inserid o.
Salienta-se qu e esta ação governam ental está em consonância com
a m eta 6 d o Plano N acional d e Ed u cação (PN E) qu e tem p or foco oferecer
u m ensino voltad o p ara a integralid ad e p ara no m ínim o 50% d as escolas
p ú blicas, atend end o u m m ínim o d e 25% d e alu nos m atricu lad os na Ed u -
cação Básica (BRASIL, 2014). Para tanto é necessário qu e as p ráticas ed u -
cativas p ossam contribu ir p ara o d esenvolvim ento d a au tonom ia d iscente
e estim u lem os estu d antes a estarem na escola, u m a vez qu e aind a há a-
lu nos qu e estão m atricu lad os, m as não tem u m m ínim o d e frequ ência.
As oficinas p ed agógicas d o Mais Ed u cação são realizad as, p refe-
rencialm ente, p or acad êm icos em form ação d os cu rsos d e licenciatu ra d as
Institu ições d e Ensino Su p erior (IES), p ois, através d a práxis ed u cativa
p od em contribu ir p ara ressignificar o esp aço escolar, d esenvolver p ráti-
cas m etod ológicas m ais d inâm icas e d e acord o com a realid ad e d a escola,
além d e d ialogar com os conteú d os escolares com os saberes locais
(BRASIL, 2010). Geralm ente, os alu nos p articip antes d o Program a, são os
qu e estão em situ ação d e vu lnerabilid ad e social e com d ificu ld ad es d e
ap rend izagem no tu rno regu lar. N esta p ersp ectiva, o p rofessor/ m onitor
necessita estar atento às ind ivid u alid ad es d os estu d antes e p rom over ati-
vid ad es integrad oras e qu e p ossam “em ancip ar” os d iscentes, ou seja, fa-
zer com qu e eles se sintam p arte na constitu ição d a su a ap rend izagem
(GAUTH IER, 2006).
A segu ir, ap resentam -se a m etod ologia, os resu ltad os, as conclu -
sões e as referências d o trabalho.
Metodologia
Este estu d o qu alitativo com enfoqu e exp loratório teve p or objetivo
geral id entificar d e qu e m od o o Program a Mais Ed u cação reflete com o
u m a ação em ancip atória na form ação d os alu nos d o Ensino Fu nd am ental
d e u m a institu ição ed u cacional p ú blica. Segu nd o Gil (2012) u m a investi-
gação qu alitativa consiste em com p reend er su bjetivam ente e p or m éto-
d os não m atem áticos e estatísticos u m fenôm eno. Já o enfoqu e exp lorató-
rio, o m esm o au tor su stenta qu e é u m a form a d e id entificar com o está o
contexto d e tal realid ad e, ou seja, exp lorá-lo e a p artir d isso, constitu ir
novas significações acerca d ele.
Para tanto, tiveram -se com o su jeitos d e p esqu isa tod os os alu nos
d o 9º ano d o Ensino Fu nd am ental d e u m a escola d a red e m u nicip al d a
Resultados e conclusões
O Program a Mais Ed u cação na su a essência com o ação com p le-
m entar p ara a ed u cação integral d e crianças e jovens d a Ed u cação Básica
p rop orciona p or m eio d e d iferentes ativid ad es extracu rricu lares, tais co-
m o oficinas d e m atem ática, lingu agem , esp ortes, arte, entre ou tras, u m a
form a d e d esenvolver a au tonom ia d iscente e ressiginificar p ara o estu -
d ante a su a visão p erante a institu ição escolar. Perm anecer na escola e
p articip ar d e d iferentes ativid ad es no tu rno inverso ao regu lar p od e am -
p liar e reforçar a ap rend izagem d o alu no p or m eio d e cu rrícu los m ais i-
novad ores, com o au xílio d o trabalho com o lú d ico e m ateriais concretos,
além d e im p u lsioná-lo, d e acord o com su as ap tid ões p ara u m cam p o d o
conhecim ento.
Partind o-se d estes p ressu p ostos, d as observações realizad as na es-
cola investigad a, em ergiram os segu intes resu ltad os com a tu rm a d o 9º
ano:
a) o Program a Mais Ed u cação refletiu p ositivam ente na form ação
estu d antil d os estu d antes d o 9º ano d o Ensino Fu nd am ental, p or m eio d e
p ráticas p ed agógicas realizad as no tu rno inverso ao d o ensino regu lar.
Referências
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Objetivo
Algu ns ap ontam entos iniciais d evem ser consid erad os, antes qu e
p ossam os d esenvolver a p rop osta d e Axel H onneth, antes d e realizarm os
u m a análise através d o reconhecim ento social enqu anto em ancip ação
com o alternativa d e ju stiça. O qu e d evem os levar em conta, em p rim eiro
lu gar é vincu lar su a obra á trad ição d e p ensam ento conhecid a com o “teo-
ria crítica”. A trad ição d a teoria crítica d a Escola d e Frankfu rt é m arcad a
p ela existência d e d iferentes m od elos d e com p reensão d e investigação
social, ou seja, existem d iferentes m od os d e p ensar a análise crítica d a re-
alid ad e social. Enfim , d esd e Max H orkheim er e Theod or Ad orno, existe a
reflexão d e realizar u m d iagnóstico d as p atologias sociais com p ostos na
socied ad e contem p orânea.
Para caracterizar com m ais p recisão o au tor, algu ns au tores, classi-
ficam Axel H onneth, na terceira geração d a Escola d e Frankfu rt. Além d o
m ais, H onneth é consid erad o u m d os au tores m ais exp ressivos d essa ter-
ceira geração d a Escola d e Frankfu rt, p ois, as elu cid ações realizad as em
su as elaborações teóricas qu e ap resenta, entorno d o p arad igm a d o reco-
nhecim ento, d e su as análises sociais e seu s p otencias em ancip atórios co-
m o alternativa ju stiça, p rocu ram sanar as ap orias d eixad as p or seu s ante-
cessores. E ju stam ente, nessa p rerrogativa, já fazem d o au tor u m referen-
cial im p ortante d a Teoria Crítica atu al.
N esse sentid o, H onneth irá p rocu rar focar su a análise crítica d a so-
cied ad e, na teoria crítica, através d as exp eriências d e inju stiça social d os
su jeitos. Pois o conflito su rge no m om ento em qu e os sentim entos d e in-
ju stiça e d esresp eito são d ecorrentes d a violação d os p rojetos d e id enti-
d ad e ind ivid u al e coletiva no seio d o p rocesso social. Com isso, evid enci-
a-se qu e p ara H onneth nossa socied ad e negligencia e viola as cond ições
d e bu sca na lu ta p or reconhecim ento. E a p artir d esse d éficit sociológico,
d e sentim entos d e inju stiça e d e d esresp eito im bricad as nas form as estru -
tu rais d a realid ad e social, enfim , p ossibilitará p ara H onneth d iagnosticar
u m conceito crítico-norm ativo, id entificand o as p atologias sociais p ara
su gerir u m conceito d e em ancip ação m otivad a na lu ta p or reconhecim en-
to.
Justificativa
Um asp ecto qu e é d e salu tar relevância, esta im bricad o no conceito
d e eticid ad e qu e H onneth bu sca na filosofia hegeliana. A elu cid ação d es-
te conceito d e eticid ad e p ara H onneth é a p ossibilid ad e d e investigar a
socied ad e m od erna, p ois no conceito d e eticid ad e p rop osto p or ele con-
tém três su bseções: fam ília, socied ad e civil e Estad o. Tais estru tu ras são o
cerne d e p esqu isa d a socied ad e m od erna. Por isso, então, d evem os d ar
u m ap reço esp ecial tam bém á esse conceito d e eticid ad e.
N essa p ersp ectiva, o au tor analisará os elem entos qu e p rovocam a
ind eterm inação d a liberd ad e ind ivid u al, e bu scará no jovem H egel, o
conceito d e eticid ad e, com o alternativa norm ativa d e ju stiça, m ais p reci-
sam ente, d a au to-realização d a liberd ad e ind ivid u al nas d iferentes esfe-
ras d e reconhecim ento na socied ad e.
Conclusão
Com efeito, o qu e p od em os a p artir d os elem entos ap resentad os n o
estu d o, é qu e os p rojetos d e au to-realização p essoal não são atend id os
com o d evid o resp eito na socied ad e. Aí, p od em os observar o conflito so-
cial com o p rod u ção d e exp eriências m orais d e violação d as esferas d e re-
conhecim ento, na qu al p reju d icam na form ação d a id entid ad e ind ivid u al
nas form as d e relações sociais e intersu bjetivas. As p rerrogativas m orais,
d ecorrentes d as situ ações d e continu o d esresp eito, p rovocam p or su a
vez, u m fu nd am ento m otivacional p ara u m a m obilização p olítica. Esses
contínu os atos d esm oralizantes form ad os p ela violação d a liberd ad e d a
au to-realização ind ivid u al constitu em no ind ivid u o a necessid ad e d e
m u d ança social. Em su m a, os sentim entos m orais articu lad os d e u m p on-
to d e vista generalizável, ou seja, na lingu agem com u m , p od em m otivar
as lu tas sociais na bu sca p or reconhecim ento.
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Lú cio Jorge H am m es
Professor d a UN IPAMPA, Cam pus Jaguarão, RS
E-m ail: luciojh@gm ail.com
Itam ar Lu ís H am m es
Professor d o IFSUL, Cam pus Venâncio Aires, RS
E-m ail: itamarh57@gmail.com
Introdução
A ed u cação trad icional (clássica) herd a d a m od ernid ad e a raciona-
lid ad e basead a em interesses econôm icos e tecnicistas, im p ed ind o o exer-
cício d a reflexão, a em ancip ação hu m ana e a transform ação d a realid ad e.
Tal ed u cativa se instala no Brasil no p eríod o colonial e p erp assa o p erío-
d o im p erial e rep u blicano, tend o su a referência na grand e p rop ried ad e,
contribu ind o com a form ação d e u m a socied ad e p atriarcal, ond e os d o-
nos d a terra têm p od eres qu ase absolu tos.
O ensino su p erior recebe incentivo no Brasil som ente no séc. XIX,
qu and o su rgem escolas su p eriores isolad as, voltad as p ara a form ação
p rofissional. Em 1920 (com o d ecreto nº 14.343) su rge a Universid ad e d o
Rio d e Janeiro (atu al Universid ad e Fed eral d o Rio d e Janeiro) qu e reu nia
os cu rsos su p eriores d a Escola Politécnica, a Facu ld ad e d e Med icina e a
Facu ld ad e d e Direito e d a Facu ld ad e d e Ciências Ju ríd icas e Sociais. O
qu e u nia os cu rsos era a Reitoria e o Conselho Universitário, constitu in-
d o-se em u m a institu ição agregava, m as não integrava.
Som ente com a criação d a USP (Universid ad e d e São Pau lo) na d é-
cad a d e 1930 qu e se tem com o enlace não a Reitoria ou m ecanism os ad -
m inistrativos, m as a Facu ld ad e d e Filosofia, Ciência e Letras, com o saber
fu nd am ental em tod as as áreas d o conhecim ento hu m ano, constitu ind o-
se em base com u m os ensinam entos d e d iversas áreas d o saber. Além
d isso, a p rop osta d a USP baseava-se em três vertentes, características d a
u niversid ad e m od erna: ensino, p esqu isa e extensão.
Esta p rop osta u niversitária tem a elite brasileira com o p rotagonis-
ta, bu scand o u m a form ação ao estilo d a Eu rop eia. Schw artzm an (2006),
analisand o o su rgim ento d as u niversid ad es na Am érica Latina, m ostra
qu e a influ ência m aior vem d a Eu rop a, d u rante a form ação d as nações-
estad o no início d o sécu lo XIX foi acom p anhad a d a noção d e qu e “era
im p ortante, estabelecer institu ições d e ensino su p erior cap azes d e p ro-
m over os valores d a m od ernid ad e e d a racionalid ad e, qu e estavam m ol-
d and o a constru ção d as nações-estad o m od ernas na Eu rop a e, m ais esp e-
cificam ente, na França” (p . 1).
N o entanto, em m eio a op ressão, os m ovim entos d e libertação p ro-
vocam , a p artir d as p astorais p op u lares, o su rgim ento d e u m a teologia d a
libertação e, nos p rocessos ed u cativos inicia-se u m a p ed agogia d o op ri-
m id o qu e exige u m a sociologia d a libertação e u m a filosofia d a liberta-
ção.
A filosofia d a libertação su rge entre os anos 1960 e 1970 na Am éri-
ca Latina, tend o em Du ssel seu exp oente, p rop ond o u m m od o d e filoso-
far qu e se ap oia na p ráxis libertad ora d o p ovo latino-am ericano, estabele-
cend o u m d iálogo fecu nd o entre as ou tras ciências, com o a ed u cação, a
história, a p sicologia, a sociologia e a teologia. Dessa m aneira, id entificam
o caráter d e d om inação a qu e são su bm etid os p essoas e p ovos d os p aíses
latino-am ericanos e influ enciam a form ação d e p essoas e o estabeleci-
m ento d e u m a nova organização d a gestão p ú blica.
Com a red em ocratização d e 1985 os m ovim entos p op u lares ganha-
ram força e em 2003, Lu la assu m e o p od er com u m p artid o p olítico qu e
nasce no m eio p op u lar e p rogressista, investind o fortem ente na ed u ca-
ção. Este p rojeto foi renovad o com a reeleição d e Lu la e a eleição d e Dil-
m a em 2010. Bu scam a recu p eração d as u niversid ad es fed erais e inau gu -
rand o novas, favorecend o a interiorização d o ensino su p erior no Brasil.
N este trabalho ap resentarem os d u as form as d e ed u cação qu e su r-
giram no governo Lu la: Um a Unip am p a Fed eral (UN IPAMPA), com 10
Cam p u s e sed e em Bagé, interior d o Rio Grand e d o Su l e u m Institu to
Fed eral d e Ed u cação, Ciência e Tecnologia (IFSUL), com sed e em Pelotas
e 14 Cam p u s no interior d o Rio Grand e d o Su l.
Resultados e discussões
O m ovim ento p ela red em ocratização d o p aís na d écad a d e 1980 e
1990 foi u m a op ortu nid ad e p ara qu e os m ovim entos sociais ad qu irissem
visibilid ad e e d esenvolvessem p arcerias em p rol d e objetivos com u ns. Já
em 1980 é fu nd ad o o Partid o d os Trabalhad os, ap roveitand o a m u d ança
d e legislação p artid ária e eleitoral qu e estabeleceu o p lu rip artid arism o.
Este p artid o agrega m ilitantes d e sind icatos, d e p astorais p op u lares e d e
intelectu ais, com p rom etid os com a cau sa d os m ais p obres. A p articip ação
nas “Diretas Já” em 1984 ind ica m aior p rotagonism o na gestão p ú blica.
Constata-se qu e o final d o sécu lo XX foi u m tem p o d e renovação
d a esp erança d aqu eles qu e tiveram algu m a influ ência d e ed u cad ores p o-
p u lares com o Pau lo Freire, d e teólogos ou filósofos d a libertação. Abrem -
se exp ectativas reais d e eleger u m governo p op u lar, com p rom etid o com a
cau sa d os m ais p obres.
Os avanços d a d em ocracia p erm item qu e cand id atos, com forte
víncu lo p op u lar, sejam assu m id os p elos m ovim entos sociais p op u lares.
N este sentid o, tem os a eleição d e u m a bancad a significativa p ara a consti-
tu inte em 1986 e a eleição d e p refeitos em 1988, p rop ond o u m a nova for-
m a d e governo, p rivilegiand o o serviço p ú blico e a p articip ação p op u lar.
Porém , a grand e vitória d as organizações sociais foi a eleição d e
Lu iz Inácio Lu la d a Silva p ara Presid ente em 2002, ficand o no cargo entre
01 d e janeiro d e 2003 até 01 d e janeiro d e 2011. Mu itas p essoas, com op -
ção p rogressista, virem nele a concretização d e u m p rojeto p olítico e a re-
alização d a esp erança (ter algu ém d o p ovo, governand o o p aís).
Em relação à ed u cação tem os a reestru tu ração d e u niversid ad es e o
ap oio ao Ensino Técnico e su p erior, com d estaqu e p ara o Program a d e
A expansão d a red e fed eral perm itiu a criação d e 214 escolas a par-
tir d e 2005. Com o Reuni, surgiram 126 unid ad es d e ensino superi-
or – d as 148 existentes até 2002, já estão em funcionam ento 274 este
ano. H oje, as universid ad es fed erais estão presentes em 230 m uni-
1
cípios nas 27 unid ad es fed erativas .
1
Dad os d isponíveis em : <http:/ / reuni.m ec.gov.br>. Acesso em jul. 2014.
Conclusões
A p ersp ectiva d e ed u cação qu e em ancip a e contribu i p ara o d esen-
volvim ento integral d a p essoa, tem base nas reflexões d e p ensad ores lati-
no-am ericanos. O IFSUL traz com o ep ígrafe d o seu PDI a frase d e Pau lo
Freire: “Se a ed u cação sozinha não transform a a socied ad e, sem ela, tam -
p ou co, a socied ad e m u d a.”
As institu ições estu d ad as exigem u m a p esqu isa m ais p rofu nd a so-
bre su a p rop osta e p rática ed u cativa, revisand o os p rojetos p ed agógicos
d os cu rsos e as p ráticas ali d esenvolvid as em vista d e análises m ais segu -
ras. Contu d o, é p ossível constatar u m a p rop osta em ancip atória d e jovens
e ad u ltas.
Referências
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cia e em ancip ação: avanços além d as u top ias (Entrevista). Téc. Senac: R.
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em : <http :/ / p orteiras.r.u nip am p a.ed u .br >. Acesso em ju l. 2014.
Telm o Ad am s
(Orientad or)
Doutor em Educação, com Pós doutorado em Ed ucação Popular na Am érica Latina pela
Universid ad e do Vale d o Rio dos Sinos (UNISIN OS).
Professor no PPGEd u UNISIN OS. Coord enador do Grupo d e Pesquisa Med iações
Ped agógicas e Cidad ania d a Linha d e Pesquisa: Ed ucação, Desenvolvim ento e Tecnologias.
E-m ail: ad am s.telm o@gmail.com
Introdução
O d iálogo qu e op tam os p or fazer trata-se d e nossa aventu ra ep is-
tem ológica em torno d o tem a d a Econom ia Solid ária enqu anto base p ara
com p reensão d e u m fenôm eno ed u cativo qu e p retend e agir d e form a u -
top icam ente em ancip atória com d eterm inad os gru p os sociais.
Enqu anto p rocesso p ed agógico p rivilegiad o p ara esta constru ção
d estaca-se a Ed u cação Pop u lar com p reend id a em su a form a p olissêm ica,
com o u m estilo d e vid a, m ilitância e m esm o u m Movim ento Social qu e
p retend e articu lar a vid a d e form a rad ical p ara a constru ção d e u m novo
p arad igm a p ossível. A Econom ia Solid ária e a Econom ia Pop u lar, nesta
p ersp ectiva, p ossu em em su a natu reza u m a intensão p olítica e p ed agóg i-
1
ca qu e se articu la em com p lem entarid ad e na bu sca d o inédito viável :
1
O inéd ito viável não é uma sim ples junção d e letras ou um a expressão id iomática sem sen-
tid o. É uma palavra na acepção freireana mais rigorosa. Uma palavra -ação, portanto práxis,
pois não há palavra verd ad eira que não seja práxis, daí, quer d izer a palavra verd ad eira seja
transform ar o m und o (STRECK, 2008, p. 231).
2
O term o “sulear” tem sid o utilizado, d e m odo explícito, por Freire no livro Ped agogia da
Esperança (1994, p. 218-219). (...) Como contraponto ao “nortear”, cujo significad o é a d e-
pend ência d o Sul em relação ao Norte, “sulear” significa o processo d e autonom ização des-
d e o Sul, pelo protagonism o d os colonizados, na luta pela emancipação (STRECK, Dicion á-
rio Paulo Freire, 2008, p. 396).
3
Nos term os que percebem os esta d im ensão é im portante d izer que com partilham os d a v i-
são d a cond ição d e colonialism os e d es-colonialid ades na perspectiva que ADAMS, Telm o e
STRECK Danilo Rom eu d iscutem na obra Pesquisa participativa, emancipação e
(d es)colonialid ad e, 2014.
4
É im portante d izer que nossa com preensão do term o técnica d ialoga com a visão d e Vieira
Pinto, o qual busca explicá-la como “m em ória social do fazer novo” d em and ava um esforço
filológico capaz de orientar seus leitores sobre a im portância d e um “projeto nacional” c a-
paz d e d irecionar as políticas de ed ucação popular para “longe dos problem as m eram ente
ped agógicos” e para d entro das dem andas d e cad a fase, antecipando, como consciência s o-
cial, o convívio com as alterações m ateriais responsáveis pelo trânsito d e uma fase à outra
(VIEIRA PIN TO, 1960, p. 89, v. 1 In : FREITAS, 2006, p. 89).
5
Ao pensar a tecnologia como um elem ento d a cultura humana, confraternizam os com Vi-
eira Pinto que introd uz a acepção d e história para pensar socialm ente a tecnologia: “as e s-
tupend as criações cibernéticas com que hoje nos maravilham os resultam apenas do aprove i-
tam ento da acum ulação social d o conhecim ento, que perm itiu fossem concebid as e realiz a-
d as. N ão d erivam das máquinas anteriores enquanto tais, mas do em prego que o hom em
fez d elas” (VIEIRA PIN TO, 2005, p. 9, v. 2 In: FREITAS, 2006, p. 93).
As id eias que se vão aos pou cos engend rand o, ao m esm o tem po
que efeitos d a ação d o hom em sobre o m und o físico, tornam -se
tam bém d eterm inantes d o prosseguim ento e d a m od ificação d esta
ação, levand o-a continu am ente a graus superiores d e com p lexid a-
d e. Deste m od o, as id eias m ed iatizam a relação d e trabalho, pois d e
um lad o resultam d ele, e d e outro o im pulsionam para form as
sem pre m ais com plicad as e prod utivas (VIEIRA PIN TO, 1969, p.
326).
Tanto em seu m étod o com o em sua tem ática, a fenom enologia in-
siste na percepção d e sentid o d a existência com o send o a questão
propriam ente fenom enológica. Ed ucar-se, para ela, consiste, antes
d e tud o, em aprend er esse sentid o, para que a existência p ossa ser
vivid a hum anam ente com o tal. (...) a fenom enologia insiste em d i-
zer que não há sentid o na existência, m as há sentid os e m ais senti-
d o d o que a consciência ingênua pod eria im aginar (REZEN DE,
1990, p. 51).
6
Dialogand o com Milton Santos (1994, p. 15), com preend emos que a Globalização enquanto
“tentativas d e construção d e um m und o só sem pre cond uziram a conflitos, porque se tem
buscado unificar e não unir. Um a coisa é um sistem a d e relações, em benefício d o m aior'
núm ero, baseado nas possibilid ad es reais d e um m om ento histórico; outra coisa é um sis-
tem a d e relações hierárquico, construíd o para perpetuar um subsistem a d e dom inação s o-
bre outros subsistem as, em benefício d e alguns. É esta últim a coisa o que existe”.
Referências
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varo Vieira Pinto p ara o estu d o histórico d a tecnologia. Revista Brasileira
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Su elen Pontes
Mestrand a – PPGE/ UN INOVE
E-m ail: suelen.pontes@hotm ail.com
Manu el Tavares
Professor titular – PPGE/ UNINOVE
E-m ail: tavares.lusofona@gm ail.com
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Introdução
O sistem a ed u cacional brasileiro, retrógrad o e frágil ap resenta fa-
ces d e u m a estru tu ra d e ensino op ressora, na qu al as m etod ologias confi-
gu ram -se com o elem entos d e controle e regu lação. Desse m od o, a escola
enqu anto ap arelho id eológico d a m inoria, constitu i-se em u m cam p o
p erverso, p elo cu lto d ad o ao cu rrícu lo eu rocêntrico e à cu ltu ra bu rgu esa.
A su p ervalorização d o conteú d o, agregad o à verticalid ad e d o fazer p e-
d agógico, tem red u zid o o ato d e ensinar a u m conju nto d e ações acríticas.
A su p ervalorização d o conteú d o, ad m ite a rep rod u ção enfad onha
d e u m p atrim ônio d e conhecim entos, ao qu al atribu ím os p roem inência e
ju lgam os ser ind isp ensável. Em su m a, d iríam os d as m etod ologias, são
p ragm áticas e, som ad as a u m sistem a conteu d ista d e ensino – alienantes.
Descartaríam os então o conteú d o? Absolu tam ente não, faríam os
d ele u m instru m ento, u m m eio p elo qu al p od eríam os su scitar organiza-
ções conceitu ais, basead as no contexto social d os alu nos – p orqu e ir ao
encontro d o sujeito é criar p ossibilid ad es d e aprendizagem. Lam entavel-
m ente, as m etod ologias m ais exclu d entes qu e inclu sivas, refletem con-
cep ções p au tad as na p red isp osição d e facu ld ad es jam ais exercitad as e na
com p reensão d e realid ad es jam ais vivid as.
Entraves metodológicos
De certa form a e em algu m a m ed id a a ed u cação trad icional p arece
ser u m a d as p rincip ais cau sas d o fracasso escolar no Brasil. Ao consid e-
rarm os a trajetória d a escola brasileira, consid eram os tam bém a figu ra d o
p rofessor, a qu al foi constru íd a d e form a u nid irecional, evid enciand o
p osteriorm ente p ráticas p ed agógicas d escontextu alizad as.
N essa lógica, a d escontextu alização m etod ológica se estabelece
p rim eiram ente no âm bito conceitu al, p ois a concep ção m ajoritária d e en-
sino fu nd am enta-se na transm issão d e conhecim entos. Em ou tra instân-
cia, no âm bito op eracional, qu e com p reend end o o ato d e ensinar com o
u m sistem a m ecânico, acaba p or d issem inar p rocessos d e d om esticação.
Portanto p resu m e-se qu e as ferram entas u tilizad as p elos d ocentes são
m anu ais im u táveis, caracterizad os p ela rep rod u ção d e verd ad es absolu -
tas – as qu ais se encontram em u m cam p o abstrato. Por esta razão, no
cerne d as m etod ologias ap licad as na escola, há u m a necessid ad e d e tra-
balharm os consid erand o as vivências e os contextos d os alu nos.
Razões da pesquisa
Com o já exp osto, as m etod ologias escolares op eraram e op eram na
frequ ência d a conservação, d o p ragm atism o cu rricu lar e d e u m contin-
gente d e esp ectad ores, p assivos frente aos objetos d e estu d o. Su blinha-
m os asp ectos referentes às m etod ologias, não p ara nos ap oiarm os em re-
d u nd âncias, m as qu e p ara a p artir d as rep ercu ssões negativas d e u m a
ed u cação trad icional, ap resentem os p rop ostas p ed agógicas – d esenvolvi-
d as com o p rop ósito d e p rojetar m elhorias no cam p o ed u cacional. Para
tanto nos d isp om os a com p artilhar id eias d ivergentes d as m encionad as
anteriorm ente e, nesse sentid o não anu lam os as m azelas d issem inad as
p or u m a ed u cação estratificad ora.
Além d o m ais, não existiria razão m aior p ara realizarm os u m a
p esqu isa d essa natu reza, d o qu e o fato d a escola ap regoar realid ad es cris-
talizad as, d as qu ais os su jeitos d everiam ser p rotagonistas, m as continu -
am send o m eros ou vintes. Portanto este trabalho tem com o p rincip al ob-
jetivo, otim izar o ser e o estar na escola, p or m eio d a d em onstração d e a-
ções integrad oras na escola. Em bora estejam em vigência “p ráticas p ed a-
gógicas” qu e com p reend em a relação p rofessor/ alu no nesta p ersp ectiva:
“o ed u cad or ap arece com o seu ind iscu tível agente, com o o seu real su jei-
to, cu ja tarefa ind eclinável é “encher” os ed u cand os d os conteú d os d e su a
narração (FREIRE (2005, p . 65).
1
Os nom es m encionados no referid o d iálogo são fictícios.
Considerações finais
Ao balizarm os nossas ações, tend o com o referência os su jeitos e
seu s resp ectivos contextos, op ortu nizam os o d esenvolvim ento d e ap ren-
d izagens significativas, p orqu e em face ao conhecid o tend em os a ap erfei-
çoar nossas leitu ras d e m u nd o, concretizad as através d e cond ições favo-
ráveis d e ensino. Ao contem p larm os a realid ad e d os alu nos através d e
tem as cotid ianos estabelecem os em nossa p rática p ed agógica o p rincíp io
nortead or já referid o, p artirm os d o conhecid o p ara o d esconhecid o.
Desse m od o a constru ção d o conhecim ento se d eu em conju nto,
p or m eio d o d iálogo, ond e foi frequ ente a intervenção d ocente, não com o
algo im p osto, m as com o u m com p artilhar, na d ialética qu e visa em anci-
p ar os su jeitos, nesse sentid o Freire (1998, p . 96) corrobora tal estru tu ra
d e ensino d izend o qu e:
2
Espécie d e pistola/ m etralhad ora.
Referências
FREIRE, Pau lo. Pedagogia da autonomia. 9. ed . Rio d e Janeiro: Paz e Terra,
1998.
_____. Pedagogia do oprimido. Rio d e Janeiro: Paz e Terra, 43º ed ição, 2005.
Alécio Donizete
(Orientad or)
Que fazer que tend o nele, u m d e seus sujeitos, lhe coloca um a exi-
gência fund am ental: que se p ergunte a si m esm o se realm ente crê
no povo, nos hom ens sim ples, nos cam poneses. Se realm ente é ca-
paz d e com ungar com eles e com eles “pronunciar” o m und o. Se
não for capaz d e crer nos cam p oneses, d e com ungar com eles, será
no seu trabalho, no m elhor d os casos, um técnico frio. Provavel-
m ente, u m tecnicista; ou m esm o um bom reform ista. N unca, po-
rém , u m ed ucad or d a e para as transform ações rad icais (FREIRE,
1977, p. 93).
Referências
FREIRE, PAULO. Extensão ou com u nicação? Rio d e Janeiro, Paz e Terra,
1977.
Referências
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cola ou a transformação da escola. Rio d e janeiro. Ed itora UFRJ, 2007.
Palavras-Chave: Ed ucação do Cam po, Filosofia da Libertação, Meio Rural, Ed ucando Afir-
m ado.
Introdução
Partind o d a realid ad e qu e o cam p o brasileiro é m arcad o p or confli-
tos fru to d e atitu d es d om inad oras e d e im p osição p ed agógica e econôm i-
ca p elo centro u rbano, este artigo p retend e p ensar u m a ed u cação no m eio
ru ral fu nd am entad a p ela filosofia d a libertação latino-am ericana, focand o
no ed u cand o afirm ad o em seu contexto d e lu ta e vid a enqu anto su jeito
factu al e com p od er d e transform ar seu contexto. Deve-se refletir: o qu e
qu erem os atingir com a escola d o cam p o? Qu al rosto p ed agógico p reten-
d e-se p ara ela? Essa filosofia p od erá p ossibilitar p ensar u m a p ostu ra d e
reconhecim ento d o u niverso d o ed u cand o e d a escola d o cam p o?
É u m a reflexão lógica, se o objetivo é a ed u cação libertad ora e não
m eram ente inform ativa ou form ativa, o ed u cad or, só p od erá vislu m brar
ou tra realid ad e se ele sou ber qu ais são os conflitos, os p roblem as, bem
com o, o qu e se revela com o im p ortante p ara o ed u cand o. N o p rocesso
ed u cativo, o ed u cad or, consciente d a u rgência d a libertação, p od erá con-
clu í-la em conju nto com o ed u cand o. É p erceber qu e o Ou tro, o ed u can-
d o, tam bém tem m otivações qu e p recisam ser consid erad as sob p ena d o
não alcance d o objetivo fu nd am ental d o p rocesso ed u cativo. Agora a re-
ferência é o Ou tro;
O p onto d e p artid a é o ed u cand o, o seu m u nd o. A p artir d esse
m om ento Analético, o “ente” até então anu lad o, externo, inexistente em
referencia à totalid ad e, p od erá ganhar evid ência, seu reconhecim ento en-
qu anto Ser. N esse sentid o a ed u cação entend id a com o libertação, p od erá
au xiliar norteand o as p ráticas p ed agógicas e a estru tu ração escolar p ara a
su p eração d o m od elo m ercad ológico id eologicam ente d om inad or atu al-
m ente u tilizad o, tend o com o p onto central o resgate e a valorização d o
ed u cand o com o Ser hu m ano e ser hu m ano d o cam p o, existente, p ossu i-
d or d e u m a realid ad e qu e lhe é p ecu liar, e d e fu nd am ental im p ortância à
su a existência.
Até então, este totalm ente d esconhecid o, grita, exclam a, faz-se es-
cutar por sua inquietação, por seu sofrim ento, quer se fazer existen-
te, é o ed ucand o oprim id o, totalm ente estrangeiro em um universo
que não é o seu, m era “cobaia” d e m etod ologias ed ucacionais d es-
contextualizad as ond e aquele que d everia ser o sentind o final situ-
a-se com o externo, com o m arginal (SIMÕES N ETO, 2013).
O outro nunca é „um só‟, m as tam bém e sem pre „vós‟. Cad a rosto
no face-a-face é igualm ente a epifania d e um a fam ília, d e u m a clas-
Conclusões
Essa nova concep ção filosófico-antrop ológica d o ser d o cam p o
p ossibilita-o transp or o m od elo anterior, p assand o a ser o sentid o final d e
tod a a ed u cação e existência. N esse sentid o op ortu niza-se o resgate d o
ser hu m ano enqu anto p essoa, ser vivente, factu al, existente e d e tu d o qu e
a p artir d ele ganha significad o. Isto é, o reconhecim ento d o rosto d o Ou -
tro, qu e m ora em u m lugar d iferente, ganha au tenticid ad e qu and o enten-
d id o em relação. A existência d o ser d o cam p o atinge su a p lenitu d e con-
ceitu al p ela relação qu e m antém com a terra, a floresta, os rios, fonte d e
alim ento e d e vid a, assim com o com as ativid ad es d e cu ltivo e p rod u ção
e as ativid ad es p articip ativas no d ecu rso d os d irecionam entos d a com u -
nid ad e em tod os os asp ectos.
Sem a observância e o resp eito d esses asp ectos e p ecu liarid ad es
qu e são inerentes à existência d o ser d o cam p o, a com p reensão d e Ed u ca-
ção d o Cam p o esvazia-se e não p assará d e u m a conceitu ação p u ram ente
abstrata e id eologicam ente constru íd a p ara m anter ativa u m a cu ltu ra
m ercad ológica em qu e concebe o ser hu m ano com o p od er d e com p ra e
força d e p rod u ção, alienad o, m antened or d o sistem a Cap italista.
Portanto, em ou tras p alavras, nas p ráticas ed u cativas d evem estar
constand o a concep ção d e Ed u cação d o Cam p o qu e se concord a neste
texto p ela atenção e o reconhecim ento d a d iversid ad e qu e constitu i os es-
Referências
DUSSEL, Enriqu e. M étodo Para Uma Filosofia da Libertação Latino americana.
São Pau lo: Loyola, 1986.
_____. Éticid ad e e Moralid ad e – Parte II. In: Para uma Ética da Libertação
Latino americana. 5 vol. Trad . Lu iz João Gaio. São Pau lo: Loyo-
la/ UN IMEP, 1977.
_____. Erótica e Ped agógica – Parte III. In: Para uma Ética da Libertação La-
tino americana. 5 vol.Trad . Lu iz João Gaio. São Pau lo: Loyola/ UN IMEP,
1977.
FREIRE, Pau lo. Pedagogia do Oprimido. 56 ed . Paz & Terra: Rio d e Janeiro,
2014.
SIMÕES N ETO, José Card oso. O Desafio d o Ensino d e Filosofia no Meio
Ru ral: Afirm ação d a Exteriorid ad e (trabalho com p leto). In: A nais do II
Congreso Latinoamericano de Filosofía de la Educación. Montevid eu : ALFE,
2013.
SIMÕES N ETO, José Card oso. O ensino d e filosofia na zona ru ral e seu
Pap el social: constru ind o u m rosto libertad or (trabalho em and am ento).
In: Anais d o I Congresso Latinoam ericana d e Filosofia d a Ed u cação.
Cam p inas: ALFE, 2011.
Joana Lu d w ig Arau jo
Universid ad e Fed eral d o Rio Grand e do Sul
E-m ail: jolud w ig14@yahoo.com .br
Referências
FREIRE, Pau lo. Pedagogia da A utonomia: Saberes necessários à p rática e-
d u cativa. São Pau lo: Paz e Terra, 1996.
Palavras-chave: Ed ucação Popular, Teatro do Oprim id o, Opressão, Em pod eram ento, Liber-
tação.
Introdução
A p esqu isa realizad a no p rojeto d e extensão d e Teatro d o Op rim i-
d o na Com u nid ad e (TOCO) tem com o objeto d e investigação a form ação
e au toform ação d os su jeitos a p artir d as técnicas d o Teatro d o Op rim id o.
O nú cleo TOCO através d a extensão u niversitária vem oferecend o ofici-
nas d e teatro nos bairros, com o é o caso d a Colônia Z3 e Du nas, em Pelo-
tas. N o ano d e 2014 am p liou as su as intervenções p ara ou tros esp aços,
com o é o caso d o Desafio Pré-Vestibu lar – p rojeto d e extensão d a Univer-
sid ad e Fed eral d e Pelotas existente há 21 anos, tend o com o origem e
p rincíp ios na su a constru ção, a ed u cação p op u lar com o com p reensão m e-
tod ológica, p olítica e crítica d a ed u cação.
N esse sentid o, u tilizam os o d iálogo entre d ois au tores p rincip ais,
p rim eiram ente Au gu sto Boal, qu e elaborou a técnica d o teatro d o op ri-
m id o acred itand o na p ossibilid ad e d e tod os os su jeitos p articip arem d o
teatro não ap enas com o esp ectad ores, m as com o espect-atores enqu anto
u m não p assivo consu m id or d o bem cu ltu ral e, sim , u m ativo interlocu tor
qu e é convid ad o a assu m ir o p ap el d o op rim id o e revelar p ossibilid ad es
d e enfrentam ento à op ressão. O TO (Teatro d o Op rim id o) foi ad otad o p e-
la ed u cação p op u lar com o u m a d as m aneiras d e d esenvolver a consciên-
cia crítica d o su jeito op rim id o, su a cap acid ad e d e observação e a necessi-
d ad e d e su a atu ação e reação, intervind o na cena e na vid a (KUH N , 2011,
p . 47). Assim , ao p ar d e Boal, u tilizam os a p ed agogia d e Pau lo Freire, teó-
rico d a ed u cação qu e p ensou e elaborou u m a p rop osta d e Ed u cação Po-
p u lar enqu anto u m a p ed agogia d o op rim id o, constru íd a com e p elos o-
p rim id os, contra a ed u cação bancária, ou seja, contra o conhecim ento d e-
p ositad o nos ed u cand os sem reflexão, m as sim , nu m a p ersp ectiva refle-
xiva e contextu alizad a na realid ad e. N essa send a nos ensina Freire:
(...) A ped agogia d o oprim id o, com o ped agogia hum anista e liber-
tad ora tem d ois m om entos d istintos. O prim eiro, em que os opri-
m id os vão d esveland o o m und o d a opressão e vão se comprom e-
tend o, na práxis, com a su a transform ação; o segund o, em que,
transform ad a a realid ad e opressora, esta ped agogia d eixa d e ser d o
oprim id o e passa a ser d os hom ens em processo d e perm anente li-
bertação (FREIRE, 1978, p. 31).
Objetivos
As oficinas m inistrad as p elos integrantes d o TOCO d entro d o De-
safio p ré-vestibu lar estão em su a fase inicial, m as bu scam revelar através
d a sensibilização corp oral d os p articip antes e d as técnicas d o teatro d o
op rim id o, a p ossibilid ad e d e d iálogo e (d es)constru ção d a realid ad e soci-
al a p artir d as exp eriências teatrais, com p reend end o qu e o objetivo não é
a efetiva resolu ção d os p roblem as, m as a p ercep ção d e qu e, qu em vive a
op ressão p od e em p od erar-se e fazer o enfrentam ento na vid a cotid iana
assim com o realiza naqu ele m om ento d a oficina.
Send o assim , p od em os visu alizar a enorm e p roxim id ad e existente
entre os objetivos d o teatro d o op rim id o d e Boal, com o d em ocratização
Materiais e métodos
A p esqu isa qu alitativa, com observação p articip ante e coleta d e
narrativas d as p essoas qu e p articip am d as oficinas nos p rop orcionará a-
valiar as nossas intervenções no esp aço d o Desafio e tam bém au xiliar a-
ind a m ais nas p ossíveis m u d anças ocorrid as na vid a d os p articip antes no
qu e tange ao enfrentam ento às op ressões cotid ianas.
As oficinas são realizad as inicialm ente com jogos d e sensibilização
e exp ressão corp oral p ara p osteriorm ente realizarm os as técnicas d o tea-
tro d o op rim id o, com o p or exem p lo, o teatro im agem , técnica u tilizad a
até o m om ento.
Foram trazid as, a p artir d a técnica d o Teatro Im agem , nas p rim ei-
ras oficinas realizad as, algu m as op ressões históricas, revelad as p elos p ar-
ticip antes. A m etod ologia ad otad a segu e inicialm ente com os p articip an-
tes d a oficina escrevend o em u m p ap el u m a op ressão já vivid a ou qu e
observaram com ou trem , em segu id a cad a gru p o constrói u m a im agem
qu e trad u za a op ressão d escrita no p ap el.
Relevância do problema
N as exp eriências até o m om ento realizad as foi trazid a d e form a
veem ente, a qu estão d a sexu alid ad e – hom ofobia e o m achism o, e tam -
bém a qu estão d o p rofessor au toritário qu e se entend e enqu anto su p eri-
or. A p artir d esses resu ltad os d e cad a oficina, é p ossível a reflexão d as
p otencialid ad es d e com o o teatro d o op rim id o p od e d e fato intervir d e
form a a au xiliar no p rocesso d e em p od eram ento d os su jeitos, conform e
conceito freireano, com o refere Baqu ero:
Referências
FREIRE, Pau lo. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra, 2011.
FREIRE, Pau lo; SH OR, Ira. M edo e Ousadia: o cotidiano do Professor. Paz e
Terra, 10 ed ., 1986.
BOAL, Au gu sto. A Estética do Oprimido. Rio d e Janeiro: Garam ond , 2009.
ARROYO, Migu el G. Outros Sujeitos, Outras Pedagogias. Vozes, 2012.
BOAL, Au gu sto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas. Rio d e Ja-
neiro: Civilização Brasileira, 2011.
WELTER, M. Boal e o Teatro do Oprimido: O Espect-ator em cena na Educação
Popular. 2011. 73. Dissertação (Mestrad o em Ed u cação nas Ciências) –
Dep artam ento d e Ped agogia. Universid ad e Regional d o N oroeste d o Es-
tad o d o Rio Grand e d o Su l, Rio Grand e d o Su l, 2011.
1
Substância entend ida com o a “identid ad e d o ser consigo m esmo em sua negação”. Em ou-
tras palavras, o conceito é a substância, contudo, é a substância que está para além da sua
d eterm inação d ada.
2
N a língua alemã, tem os dois term os para expressar necessid ad e, o N otwendigkeit e o Be-
dürfnis. Bedürfnis tem um sentid o d e carência, algo que precisa ser suprid o, por exem plo,
quand o H egel se utiliza d o term o neste trecho d a Enciclopéd ia: “[...] O refletir, n a m ed id a
em que visa a proporcionar satisfação a essa necessid ad e [Bedürfnis] é o pensam ento propri-
am ente filosófico [...]” (H EGEL, 1995, §9, p.49), o que d e modo geral nos leva a crer que não
im plica em um a relação categorial, m as em um a relação externa, ond e há uma im posição
para com o seu outro. Já a necessid ad e enquanto N otwendigkeit im plica em um a relação ca-
tegorial, e sua d efinição seria a “unid ad e d a possibilid ad e e da efetivid ad e”, contudo, para
H egel, m esmo essa send o um a d efinição correta para o term o, ainda é em d em asia um a d e-
finição superficial, e por vez é ininteligível. Apesar d a d ificu ld ad e d e d efinir esse term o,
H egel expõe que a necessid ad e (Notwendigkeit), neste sentid o que é ligad o ao conceito, e não
pod e ser entend id a com o uma necessid ad e cega, como um d estino que cessa a liberd ad e,
pelo contrário, ela é intuição d a liberd ad e (Id em, §147), pois não é um a d eterm inação im -
posta por um meio externo, a necessid ad e só é cega quand o não está conceituada.
3
Essa relativid ad e se d á por que a necessid ad e é o constante “transtrocar-se” entre sua rea-
lid ad e com sua possibilid ad e, d ado que, a necessid ad e absoluta não é, segund o o que H egel
expõe na Doutrina da Essência, um necessário ou o necessário, m as é a necessidade, ou seja, não é
um a coisa e nem um algo, mas a manifestação da absoluta realid ad e.
Essa analética não leva em conta som ente o rosto sensível do outro
(a noção hebraica d e basar, “carne”, ind ica ad equad am ente o ser
unitário inteligível d o hom em , sem d ualism o d e corpo-alm a), d o
outro antropológico, m as exige igualm ente colocar faticam ente a
“serviço” d o ou tro u m trabalho-criad or. A analética antrop ológica
é então um a econôm ica (um por a natureza a serviço d o outro),
um a erótica e um a política (DUSSEL, 1986, p. 197).
5
fidei o escu tar não p erm ite a real interp retação d a voz-d o-Ou tro, isto
p orqu e o Ou tro m e foge, m e é incom p reensível, send o assim , livre. So-
m ente, p or interm éd io d a exp eriência, p osso ter u m a noção ap roxim ad a e
confu sa d o qu e o Ou tro se revela e m e d iz (inad equ ad am ente com p reen-
sível).
De m od o qu e “„a revelação p olítica p od e d izer: tenho d ireito a re-
ceber u m salário m aior‟ (u m op erário ao em p resário)” (DUSSEL, 1986, p .
204), e d iante d isso m e cabe confiar em su a interp elação (“Tend e p ied ad e
d e m im !”). Esta noção ind ica u m agir qu e u ltrap assa o horizonte ontoló-
4
Concord a com Feuerbach (DUSSEL, 1986, p. 196) ao d izer que há um a falsa d ialética, do
“pensad or solitário consigo m esmo”.
5
Diz Dussel que “A nalogia verbi ou analogia fidei, não d eve ser confund id a com a analogia
nomini, uma vez que esta últim a é a palavra -expressiva, enquanto a prim eira é a palavra
que revela ante a totalidad e que escuta com confiança (com fé antropológica), na ob-
ed iência d isciplinar” (DUSSEL, 1986, p. 200).
Referências
DUSSEL, Enriqu e. M étodo para uma filosofia da Libertação. São Pau lo: Loyo-
la, 1986.
FERRER, Diogo Falcão. Lógica e Realidade em Hegel: A Ciência d a Lógica e
o Problem a d a Fu nd am entação d o Sistem a. Ed itora Facu ld ad e d e Letras,
2006.
H EGEL, G. W. F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em compêndio: 1830.
Trad u ção d e Pau lo Meneses, com a colaboração d e José Machad o. São
Pau lo: Loyola, 1995.
IN WOOD, Michael. Dicionário de Hegel. Trad u ção Álvaro Cabral. Rio d e
Janeiro: Jorge Zahar Ed ., 1997.
N ICOLAU, Marcos Fábio Alexand re. O Ser como começo da ciência na Ciên-
cia da Lógica de Hegel. Fortaleza: UFC, 2008. Dissertação d e Mestrad o. Dis-
p onível em : <http :/ / w w w .ed u cad ores.d iaad ia.p r.gov.br >. Acesso em : 23
m aio 2012.
6
Vê-se que não se trata som ente de afirm ar a vid a d o todo d a comunid ad e política, senão
afirm ar prim eiro a vida d os mais pobres e vulneráveis.
Alécio Donizete
(Orientad or)
O p ensam ento colonizad o é aqu ele p rod u zid o sob a hegem onia
eu rocêntrica na Am érica Latina (QUIJAN O, 2010) e a Filosofia d a Liber-
tação se d esenvolveu nessa m esm a Am érica com o p rop ósito d e libertar
tanto a p róp ria filosofia d esse p ensam ento colonizad o, qu anto d e libertar
p oliticam ente as p essoas d os m ecanism os op ressores qu e estão invisibili-
zad os p elo p ensam ento colonizad o (MATTOS, 2011). Ou seja, essa filoso-
fia só p od e se constru ir (e se constitu ir?) articu lad a à p ráxis d e libertação
d os op rim id os (MAN CE, 1993).
N esse sentid o, a Econom ia Solid ária p od e ser lid a, tam bém , com o
u m a p rática d e resistência contra o m od o hegem ônico d e organização d o
trabalho e d a p rod u ção hu m ana qu e o p ensam ento colonial im p ôs e ain-
d a im p õe. Ao ser – ou p ostu lar-se a ser – a afirm ação d e u m a p rática con-
tra hegem ônica, entre tantas ou tras p ossíveis, d iga-se d e p assagem , ofe-
rece a op ortu nid ad e ím p ar d e reflexão filosófica a p artir d e u m a p ráxis
qu e nega o p resente e com p rova a p lu ralid ad e d e alternativas d e vid a.
Sob a d enom inação d e Econom ia Solid ária, p od em os localizar u m a
red e d e atores sociais e p olíticos, ind ivid u ais e coletivos, envolvid os nas
ou com as exp eriências concretas d e trabalho qu e historicam ente foram se
form and o a m argem e/ ou m esm o com o resp osta às d inâm icas d o cap ita-
lism o hegem ônico (COSTA, 2007).
Mou ra, Zu ccheti e Menezes (2014) rep u tam a Econom ia Solid ária
com o p rática cotid iana d e hom ens e m u lheres “(...) qu e em seu cotid iano
fazem d a vid a u m a arte d e resistência” (p . 4), afirm and o qu e “resistir não
é ap enas su p ortar, m as criar m ecanism os, relações, conceitos atravessa-
d os p ela sensibilid ad e, escu ta ao ou tro, p ela vontad e e d esejo d e com p ar-
tilhar a vid a em tod a su a tragicid ad e” (p . 9).
A esses hom ens e m u lheres qu e constroem a Econom ia Solid ária
com seu s p róp rios corp os e su bjetivid ad es, som am -se ou tros atores qu e,
na esfera d o Estad o ou d a Socied ad e aliam -se a essa lu ta p or afirm ação
d e u m m od o não hegem ônico d e trabalhar, tecend o relações em qu e se
organizam p olíticas p ú blicas, reflexões teóricas e ou tras p ráticas.
Ou seja, a Econom ia Solid ária é, ou ao m enos tem p otencial p ara
ser p or si m esm a, u m exercício d e d escolonialid ad e. Mesm o qu e o seu
d om ínio teórico ap arente ser o esp aço d o trabalho hu m ano associad o, p a-
rece qu e estam os d iante d e u m a d inâm ica d e vid a, em sentid o am p lo, na
qu al o trabalho é u m a d as form as d e m ed iação d a exp eriência no m u nd o
qu e se qu er viver e transform ar. Por isso qu e Mance (2012) afirm a qu e
“Para nós, filósofos d a libertação, a Econom ia Solid ária é u m a Econom ia
d e Libertação”.
As exp eriências d e Econom ia Solid ária p recisam ser olhad as com o
d inâm icas ricas em saberes organizacionais, hu m anos e técnicos, não ne-
cessariam ente hierarqu izad os com o inferiores ou inválid os, m as reconhe-
cid os e valorizad os p ela form a inovad ora, criativa e, sobretu d o, au tôno-
m a com o organizam o trabalho, a p rod u ção d a riqu eza m aterial (e cu ltu -
ral) e a su a d istribu ição. O exercício d esse olhar é o exercício a qu e o
Congresso se p rop õe, d e d escolonização d o p ensam ento.
Tratam -se d e exp eriências frágeis e qu e, sim , convivem com a
som bra d a colonialid ad e qu e se m aterializa nos saberes d os cânones ge-
renciais, travestid os d e conhecim ento im p essoais e em inentem ente técni-
cos. Por conta d essa fragilid ad e, a u top ia, com o a negação qu e o su jeito,
esp ecialm ente d as classes p op u lares, faz d a su a cond ição d e vid a, p od e
ser cap tu rad a p ela grand e u top ia alienad a d o cap italism o em qu e a nega-
ção d a realid ad e p assa p ela constru ção d e u m a ou tra d e p lena acesso ao
consu m o (MAN CE, 1993), ou , no caso d as exp eriências d e trabalho, p lena
d o d esejo d a com p etitivid ad e e d a exp ansão e crescim ento infinitos d a
p rod u ção e d a geração d e riqu eza.
Em ou tras p alavras, a p ráxis d a Econom ia Solid ária, com o a-
ção/ reação qu e nasce d a reflexão d os su jeitos e gru p os a resp eito d as su -
Entend em os que a Econom ia Solid ária pod e, sim , prom over outro
exercício d o político, com o um a d im ensão que prod uz subjetivid a-
d es coletivas, capazes d e viver o político com o resistência criativa.
Ou seja, precisam os a tod o m om ento olhar e refletir sobre nosso
processo, aprender com ele, fazer a crítica, perceber a cam inhad a.
Introdução
Qu and o chegu ei ao Brasil em m ead os d os anos 80 criam os na
PUCRS o Centro d e Estu d os d e Filosofia Latino-am ericana (CEFLA), qu e
focou su as ativid ad es na Filosofia d a Libertação. Estu d and o seu s au tores
m ais rep resentativos chegu ei à conclu são d e qu e o filosofar d a libertação
p recisava d e u m a fu nd am entação ética rigorosa, qu e fosse ind ep end ente
d e p ressu p ostos teológicos ou d ecisionism os su bjetivistas (LOPEZ
VELASCO, 1991). Então m e p ergu ntei se p od eria realizar a tarefa d e u m a
fu nd am entação ú ltim a d a ética p esqu isand o as cond ições d e felicid ad e
(AUSTIN , 1962) d a p ergu nta qu e a instau ra, a saber, “Qu e d evo fazer?”; e
d igo fu nd am entação ú ltim a p orqu e o p ensar não consegu e ir além d a
lingu agem qu e o su p orta, d e tal m aneira qu e u m a vez chegad os aos al i-
cerces d a língu a não há nenhu m ou tro p onto m ais fu nd am ental aond e se
p ossa ir; ao m esm o tem p o, constata-se qu e esse chão é com p artilhad o p or
tod os aqu eles qu e u sam a lingu agem (no caso o p ortu gu ês ou o esp anhol,
m as a m inha hip ótese é qu e o qu e vale p ara essas língu as tam bém vale
p ara as d em ais língu as, p elo m enos no d om ínio in d o-eu rop eu ), p elo qu e
a nossa d ed u ção tem valid ad e intersu bjetiva u niversal. Para realizar tal
d ed u ção red efini as norm as éticas com o Qu ase-raciocínios Cau sais
(QRC), e m e ap oiei nu m op erad or p ou co exp lorad o na lógica clássica,
qu e cham o d e cond icional, qu e é d iferente d a im p licação, qu e rep resento
p elo sím bolo “*”, qu e serve p ara constru ir as sentenças d o tip o “p * q”
(qu e interp retam os com o „p é cond ição d e q‟) e cu ja tabela d e verd ad e é a
qu e segu e
p q p*q
v v v
v f v
f v f
f f v
Faço a segu ir u m a brevíssim a resenha d os fu nd am entos lógico-
lingu ísticos d a m inha d ed u ção d as norm as fu nd am entais d a ética (ver os
d etalhes em Lop ez Velasco 2003).
A fu nd am entação ú ltim a e argu m entativa d a ética, a) p arte d e Au s-
tin (1962), m as, b) recu p eran d o o instru m ental d a lógica form al e fazend o
u so em esp ecial d o op erad or qu e cham o d e “cond icional”, c) tenta m o s-
trar qu e é p ossível se d ed u zir p or via estritam ente argu m entativa d a
p róp ria gram ática d a p ergu nta qu e instau ra o u n iverso d a ética (a saber,
“Qu e d evo fazer?”), norm as (agora entend id as com o qu ase-raciocínios
cau sais, QRC) d e valid ad e intersu bjetiva u niversal. Su stento qu e as obr i-
gações m orais e éticas se constitu em som ente através d a lingu agem m e-
d iante as resp ostas p ara a p ergu nta: “Qu e d evo fa zer?”. Mas a obrigação
m oral e a obrigação ética têm d istinta form a lingu ística. As norm as d a
Moral são im p erativos sim p les. (Exem p los: “Devo resp eitar os id osos”,
ou , tod avia, no caso d os esqu im ós, “Devo d eixar m orrer os id osos”). Já as
norm as d a Ética são Qu ase-Raciocínios Cau sais (QRC) com p ostos p or:
a) u m obrigativo d o tip o “Devo x”, ond e “x” é u m sintagm a inici a-
d o p or u m verbo (d iferente d e “d ever”) no infinitivo;
b) o op erad or não-veritativo “p orqu e”, e,
c) u m enu nciad o E (o qu al p od e ser sim p les ou com p lexo, segu nd o
a análise d a lógica clássica).
[N o d ito QRC o sintagm a qu e segu e o verbo “d ever” tam bém faz
p arte d o enu nciad o E].
Desta m aneira d evém real, m as nu m contexto argu m entativo qu e
não é refém d a “falácia d escritiva” e qu e p rescind e d e qu alqu er ap elo ao
“sentim ento”, aqu ela p ossibilid ad e aventad a p or Ru ssell d e qu e “a ética
contenha p rop osições qu e p od em ser falsas ou verd ad eiras, e não ap enas
op tativas ou im p erativas...” (RUSSELL, 1946, Cap . IX). A gram ática d os
QRC é a segu inte: se creio na verd ad e d o enu nciad o E estou com p rom e-
tid o com o obrigativo; se o enu nciad o E resu lta falso, então a obrigação é
d erru bad a p or via argu m entativa. Por exem p lo, o segu inte QRC é cand i-
d ato a ser u m a norm a ética: “Devo resp eitar os id osos, p o rqu e o resp eito
As normas da ética
A PROTO-N ORMA DA ÉTICA: A d escoberta d as regras d a felici-
d ad e d os atos lingu ísticos p rop ostas p or Au stin (1962) nos p erm ite p ostu -
lar a existência d e u m a Meta-regra qu e estip u la: “Aceitar (a felicid ad e) d e
u m ato lingu ístico é aceitar qu e as cond ições p ara su a r ealização (feliz)
estão d ad as (em p articu lar no qu e se refere e d ep end e d o com p ortam ento
d o su jeito envolvid o)”. Em continu ação há d e se p ergu ntar se a ação d os
su jeitos qu e aceitam (a felicid ad e d e) esse ato e em p articu lar d aqu eles
qu e são os au tores d o m esm o não p articip a d e algu m a m aneira na criação
d as cond ições qu e d efinem su a realização (feliz). Atend o -nos às regras
p rop ostas p or Au stin, em esp ecial às regras “G” (em bora tam bém p od em
invocar-se as “A” e “B”), a resp osta é p ositiva. Daí se d eriva qu e “aceitar
qu e as cond ições p ara a realização feliz d e u m speech act estão d ad as”, in-
clui, qu and o olham os a situ ação a p artir d as regras d efinid as p or Au stin,
em esp ecial d as “G”, a instau ração p or p arte d o su jeito qu e p rod u z -aceita
tal ato d aqu elas cond ições d e su a execu ção (feliz) qu e d ep end am d o d ito
su jeito. Mas isso é p recisam ente o qu e afirm a, ap licand o -o ao caso d a
p ergu nta “Qu e d evo fazer?”, o enu nciad o qu e segu e o op erad or “p o r-
qu e” no QRC qu e exp licita a p roto-norm a d a Ética qu e reza “Devo fazer
o qu e é cond ição d a p ergu nta „Qu e d evo fazer?‟ p orqu e eu faço o qu e é
cond ição d a p ergu nta „Qu e d evo fazer‟ é cond ição d e eu p ratico u m a exe-
cu ção feliz d a p ergu nta „Qu e d evo fazer?‟”. Tal enu nciad o será verd ad e i-
ro à lu z d a sim p les Meta-regra d a felicid ad e d os atos lingu ísticos. Por ou -
tra p arte, e agora tend o em conta a tabela veritativa d o op erad or d e
“cond icional”, sabem os qu e tal enu nciad o com p lexo é verd ad eiro qu a n-
d o o são os enu nciad o sim p les u nid os p or aqu ele op erad or. [Send o “p ” e
“q” verd ad eiros tam bém o é (“p * q )]. Assim , u m a vez qu e se reconheceu
o op erad or d e “cond icional”, seria u m a au to-contrad ição lógica rechaçar a
verd ad e d o enu nciad o qu e vem logo d ep ois d o op erad or “p orqu e”, na
m ed id a em qu e a verd ad e d e tal enu nciad o d eriva d a tabela veritativa d o
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