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Bafrtoco

Pará
no
Religios e
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Missões

ria
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das

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escultura sacra ocorreu, prinCIpalmente, a
partir da se NOTAS
qunda metade do século XIX. Todavia, as imagens do sé
culo XIX e início do século XX, vindas da Europa, con
barro
servam, de modo geral, ainda vivOS OS Ccaracteres
As ima
cOS e grande mestr ia de execução no modelado.
noticias os
gens da Ordem Terceira da Penitência, oriundas da Fran Quanto àdata da che ga da
desses frades em Belem, as
trabalhadas, A de Theodoro Braga, p. 37, infoma
que os
ça e de Portugal, são artisticamente cilam en tre 1616 e 1617.
Nossa Senhora da Conceição (esta imagem, vinda de Por Franciscan os da Província de San to
Antonio, em nümero dedois, che
Or
tugal, pertencia ao antigo necrotério do Hospital da
Branco, em
Francisco Caldeira de Castelo
garam com aexpedição de
dem Terceira Franciscana) revela os caracteres de uma 11, cita Frei Vicen te do
Salvador.
janeiro de 1616. Ferreira Reis, p.
autêntica talha portuguesa do século XVI||, apesar da "História do Brasil'" (trechoque
Capistrano de Abreu /dentificou no
modelagem em gesso (Fig. 22). As imagens de Santa "Santuario de Mariano'") e "Relação Sum aria
do que obrou a Provincia
Inês, de Sata lzabel da Hungria e de São Luís, rei da serviço de am bas as M¡gesta des'
de Sto Antonio por seus filhos em
França (Figs. 23, 24 e 25)29 apresentam ricos mantos (manuscrito da se ção de reservados do B.A.
Paraense), corroborando a
policromos, adornados de pedras semipreciosas. A de
data da chegada de Castelo Branco.
Santo Antônio (Fig. 26), que na iconografia religiosa Ernesto Cruz, História de Belém, p. 55, diz que os Francis
can os,
portuguesa posSsui caracter ísticas próprias30 ostenta
admirável modelado e um belo manto rebordado com em número de quatro, chegaram a 22 de julho de 1617.
elementos florais em douramento e pedras semipreciosas.
2- "Francisco Caldeira de Castelo Branco batizou o forte que man
dou construir, na ponta de terra onde apor tou, de Forte do Presepio,
devido à data de sua saida do Maranhão 25 de dezem bro de 1615"".
Por influência do Colégio dos Jesu ítas, erigido junto ao forte, este pas
sou a chamar-se de Forte do Colégio e, posteriormente,recebeu o no
me que até hoje perdura, de Forte do Castelo, por influÇncia do no
me de seu fundador (Ernesto Cruz, História do Pará, v. I, p. 34/38).

3 Vocábulo tupi que significa preto. O mesmo que pixuna, Pixiuna


(Carlos Rocque, v. 6, p. 1721 ). Os Franciscanos erigiram o hospício
proximo a um igarapé que os índios denominavam de Una, talvez
porque suas águas fossem escuras; é muito comum, no Pará, igarapés
com aguas escurecidas pela tintura que se despren de das raízes das ár
Vores que os ladeiam.

10
8 7 6 4
-
que de Cantins,21l). p. e Portugal tituições com(1750-1777),
econ p.maticas
Frei ceição artes Magestade,
timadocandidatoinedita louyada 1638. 178).Aruans
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13 Esses retábulos recebem, nas abQbadas dos nichos, um tratamento arguitetura em alvenaria de tijolos cujas fachadas se inspiram nos ca
decorativo idêntico ao do nicho do altar do Sacramento: elementos raceteres das do ciclo barroco-colonial.

ge ométricos de seção quadrada, simetricamente dispostos, cada um


centralizado por rosácea. Esse tipo de decoração, muito usado no Re 18 - Landi veio trabalhar numa das comissões de partidas do Norte
o
nascimento, foi também utilizado pelos artistas barrocos que, apesar da encarrega das de delimitar as fron teiras luso-espanholas conforme
predileção pelas curvas, valeram-se ainda da decoraço geométrica, in Tratado de Madrid, cujo Comissário foi Francisco Xavier de Mendonça
aliás.
clusive para efeito de contrastes. Antônio Vita, que emprega formmas Furtado, irmão do fam oso Ministro Marques de Pombal. Veio,
como desenh ador, incumbido de desenhar mapas e documentar a his
renascentistas nos altares da basílica de Nazaré, em Belém, usa esssas
tória natural da região". (Donato Mello Júnior, p. 1l).
formas lineares nos retábulos do Convento Santo Antônio, com o re
Çurso da ordem corin tia, como também ocorre no altar de Sattigniano.
19 - 0 vocabulário decorativo dessa capela tem afinidade com o da
14 Os episódios da vida de São Francisco, são: Jesus transmite a São Igre ja do Carmo. Além disso, "Relevan te é o fato do arquiteto Anto
Francisco os seus estigmas; São Francisco, junto ao poço, dá de be ber nio José Landi, Irmão Terceiro, figurar na lista dos que exerceram o
a um frade; São Fran cisco diante de Jesu s Crucificado. Osda vida de cargo de Ministro da Ordem, de 1784 a 1790, ano de sua morte" (To
São Antônio, são: San to Antônio rece be a visita do Menino Jesus: cantins, p. 214).
Nossa Senh ora entrega o Menino Jesus para Santo Antônio, sob o Augusto Meira Filho, em Antônio José Landi: Arquiteto régio de
olha olhar de dois frades Franciscanos; Santo Antonio prega aos pei Bolonha, (Belém, 1980, p. 2) diz que Landi morreu em julho de 1791.
xes,em Rimini, onde os homens não lhe deram importância.
20 - "A opera é um dos elementos essenciais da transformação da arte
15 Não se encontram, nas pinturas de teto das igre jas paraenses, com "As mu danças são tanto mais compreensíveis quanto vários dos
posições eru ditas como as dos tetos da Sacristia da Igreja do Carmo e grandes ar quitetos foram artistas completos e bene ficiaram-se de ex pe
da nave de São Francisco, em Ouro Preto. riências diversas;trataram freqüen temente a arquite tura como esculto
res e a escultura como pintores'" (Lou is Hau tecoeur, Historia Geral da
16 - Desde os finais do século XVIII, os Irmãos Terceiros solicitavam Arte, v. 4, SãoPaulo, 1963,p. 20).
permissão para a abertura de uma porta independente em sua capela,
devido às constantes dissenções entre Terceiros e Frades, mas só no fi 21 - A família dos Bibiena estendeu-se durante um século através da
nal do século XIXéque conseguiriam o seu intento, sacrificando o al Europa. Giovanni Maria Galli (1625-1665) era apelidado Bibiena devi
tar de São Conrado (Tocantins, p. 216). do à sua aldeia natal, perto de Bolonha. Seus filhos. Maria Oriana
(1656-1749) Ferdinando (1657-1743), Fran cesco (1659-1739), seu
17 - Esse fato é bastante observado no Pará, principalmente nas regiões neto Giu seppe (1696-1756), filho de Ferdinando, seu bisneto Carlo,
interioranas, onde, após a extinção das Ordens Religiosas, institui filho de Giuseppe, assim como muitos ou tros membros da fam ília, tra
ções secu lares assumem o encargo de fundar paróquias, erigindo uma balharam todos como arquitetos e cenograf os (Hau tecoeur, p. 245).

12
25
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transformado ocasiâo do rosas de até
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que receosa, esposo,
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é portuguesa,
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venerado apareça, Ordem oim em para e
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Antônio
Santo
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Conven
do
principal
Fachada
1-
Fig.
14
Fig. 2 - ¢trio do Convento Santo Antônio

15
16

Fig,
3-
Vista

lateral

do
Convento

Santo

Antonio

(afastada

da
orla
ribeirinha

através

de
aterrO)
Fig 4 - Cunhal de pedra aparelhada seccionando a dupla fachada do Convento Santo Antönio

17
Iig 5 - Detalhe do claustro do Convento Santo Antônio Fig. 6 - Convento Santo Antônio - detalhe da arcaria do claustro

18
Fig. 8- Convento Santo Antonio - ala do andar superior vazada para o
claustro

Fig. 7- Galeria do claustro- Convento Santo Antònio

19
Fie. 9- Convento Santo Antonio visão angu lar de duas alas do andar superior, vazadas para o claustro

20
Fig, 10 Convento Santo Antonio detalhe da balaustrada da janela do
coro - piso original

21
so

Fig 11- Convento Santo Antönio - detalhe da capela com respectivas tribunas

22
Fig. 12 - Convento Santo Antonio - detalhe do vestíbulo das tribunas (foto de José Bráulio dos
Santos)

23
Fig. 13a- Detalhes dos painéis azulejados que guarnecem as paredes laterais da capela-mor

24
Fig. 13b Detalhes dos painéis azulejados que gu arnecem as paredes laterais da
capela-mor

25
Fig 14a- Detalhe dos painéis azulejados da capela-mor, narrando episódios das vidas de Santo Antònio e São Francisco

26
Fig.
14b-

Detalhe

dos
paineis

azulejados

da
capela-mor,

narrando

episodios

das
vidas
de
Santo

Antônio

e
São
Francisco

27
Fig. 15 Fachada da Capela dos Franciscanos da Ordem Terceira da Peni
tência

28
Fig.
16
-
Vista

parcial

do
interior

da
Capela

da
Ordem

Terceira

da
Penitência

29
Fig. 17 - Altar-mor da Capela da Ordem Terceira da Penitência
Fig. 18 - Detalhe do altar-mor da Capela da Ordem
Terceira da Penitência

30
Fig
19
-
nitencia
Detalhe

do
coroamen

to
da
Capela-mor

da
Ordem

Terceira

da
Pe

Fig.
20
-
Ordem
Balaustrada

Terceira
do
da
coro,
Penitência
detalhes

das
tribunas

e
teto
da
Capela

31 da
Fig. 22 - licromada,
Imagem de olhos
Nossaincru
Senhora da Conceição. Madeira revestida e po
Fig. 21 - Teto da abside da Capela da Ordem Terceira da Penitência stados

32
Fig 23 - Santa Ines. Escultura francesa, revestida e policrom ada. Capela Fig. 24 - Santa Isabel da Hungria. Madeira revestida, policromada e doura
da Ordem Terceira da Penitencia da Capela da Ordem Terceira da Penitência

33
Fig. 25 - São Luís, rei da França. Madeira revestida e policromada. Capela Fig. 26 - Santo Antonio. Madeira revestida, policromada, dourada e in
da Ordem Terceira da Peniten cia crustada de pedras semipreciosas

34
Religiosos de Nossa Senhora melitas fixar-se-iam no Pará, para o aue Bento Maciel Pa
rente fez doação, àOrdem, de seu terreno com casa de
do Monte do Carmo campo de taipa de pilão, coberta de telha, sita no
fim da rua do Norte", (Frei André Prat, Notas históricas
sobre as missões carmelitanas no extremo Norte do Bra
sil: séculos XVII e XVill, 1941, p. 117) local onde os
uando Portugal decidiu colonizar a Paraíba, deter frades se estabeleceram definitivamente
minou que a armada a sair de Lisboa para esse fim
se fizesse acompanhar de frades da Os Carmelitas ficaram no Pasá durante 225. anos:
ordem de
Senhora do Monte do Carmo, para que essa Ordem,Nossa parte do sécuto XVIL, por todo Oséculo XVIIl e parte
do século XIX. Destacaram-se pela assistência social,
bém, cOoperasse com a propagacão da fé católica tam
sertões brasileiros. A frota encontrava-se, já,
noS moral e religiosa dispensada aos silvícolas e pelo empe
em frente ao Recife, quando fundeada nho na educação. Criaram, em seu convento, aprimeira
enorme temporal sobre escola elementar de Belém31 destinada ao ensino dos fi
veio, forçando a comitiva a aportar em Olinda. O Gover Ihos dos soldados e índios de todas as idades. Em 1726,
nador da Capitania de Pernambuco, Jeronymo de Al foi transferido para o Convento do Carmo, de Belém, o
buquerque Coelho, desejoso de que os Carmelitas per Colégio de Filosofia e Teologia que, até essa época, era
manecessem em sua Capitania, doou aos frades uma mo ativado no convento do Maranh¥o. A 25 de junho de
desta ermida dedicada a Santo Antônio e São Gonçalo, 1727, o papa Bento XI|| concede à Vigairar ia do Pará e
num pequeno promontório de Olinda. Aí, os frades es Maranh¥o o privilégio de conferir o grau de doutor aos
tabeleçeram-se e fundaram o Carmelo Brasileiro, de on seus membros, mestres em teologia32. Essa Ordem deu
de sairiam os primeiroS missionários carmelitas para cris à Diocese paraense o seu primeiro bispo - Dom Frei
tianizar os silvícolas da Amazônia. Bartolomeu do Pilar nomeado a 4 de março de 1719,
Em 1615, sai de Pernambuco aexpedição de Ale sagrado em Lisb0a pelo Cardeal Patriarca Dom Thomaz
xandre de Moura, que auxiliaria a Jeronymo de Albu de Almeida a 22 de dezembro de 1720 e, chegado a Be
querque na reconquista do Maranhão do poder dos fran lém, a 22 de dezembro de 1724. Foram, ainda, esses re
ceses, levando, como capelães do presídio, os frades car ligiosos, OS introdutores da vacina contra varíola na
melitas André da Natividade e Cosme da Anunciação Amazônia, em 174033
que, a 20 de fevereiro de 1616, fundariam convento no A fim de arrebanhar os indios às aldeias missioná
-Maranhão. Em 1624, Frei Francisco da Purificação, vin rias, que se tornaram numerOsas no vale do rio Amazo
do de Portugal, assume, naquele Estado, oposto de Vi nas, os Carmelitas per corriam os grandes rios, atéàs nas
gário Provincial e é convidado pelo governador da Capi centes dos mais afastados. Proprietários de várias fazen
tania do Pará, Capitão-Mor Bento Maciel Parente, a fun das de gado e, inclusive, de um engenho no Guamá, com
dar casa nesta Capitania. Só em 1626, todavia, os Car muitos escravos trabalhando na manufatura de aguar

35
dente, esses religiosos Sustentavam as aldeias Entretanto, só em 1/84, estar iam concluídos os retsb..
rias com o produto obtido de suas missionå
los dos altares colaterais,.
Tempos depois, a antiga casapropriedades.
de campo de Bento Aorigem da Ordem dos Religiosos de Nossa Senho-
Maciel Parente transformou-se em ra do Monte do Carmo é antiqusSima e possui uma hic.
bem próximo ao rio, os frades convento e, ao lad0,
construíram sua tória um tanto controvertida. Asegunda Ordem, a das
Igreja paraense, de taipa. Em 1690 (André Prat,primeira
p. 180) freiras, teve fundacão em 1452 e a Ordem Terceira, a-
demoliram a igreja e a casa que durante tantos anos Ihes dos leigos, em 1476. Acapela da Ordem Terceira om
serviu de convento, iniciando novas edificações de Belém, compõe um prolongamento lateral da planta da
e cal. A 2 de julho de 1699, a pedra
lgreja do Carmo ser ia in lgreja do Carmo, àdireita de quem entra nesta última
terditada por haver sido enterrado, nela, um As molduras dessa capela são da autoria de Landi e tam
gado. Os Carmelitas, entretanto, apelaram paraexcomun
a Justi bém ficaram prontas em 1784.
ça Real, Conseguindo ganho de causa, e a 21 de abril de A Ordem Terceira do Carmo teve Sua capela e fun
1700, o templo seria reabertO aos fiéis e suas obras Con Ções interditadas àmesma época que as da Ordem Ter
tinuadas. ceira Franciscana e pelos mesmos motivos de envolvi
Em 1720, a nova igreja mandada construir por Frei mento com amaçonaria, sendo, igualmente, reintegrada
Victoriano Pimentel, estava em seus trabalhos finais. às suas funções em finais de 1880, por consentimento de
"Não damos notícias da lgreja, porque se estáacabando Dom Macedo Costa. A Vigairaria Provincial Carmelitana
uma nova (1720), que manda fazer o Rev. P. Mestre Ir. do Maranhão e Pará, criada em 1638 e subordinada à
Victoriano Pimentel; quando se acabar se dará notícia Província de Portugal, começa a sofrer os reflexos nega
della com toda a individuação'", (André Prat, p. 117. tivos da política pombalina apartir de1755, quando os
Apud. Memórias Históricas de Fr. Manoel de Sá, cap. missionários perdem odireito de.administração sobre os
LXIV, pag. 328). Na verdade, não se sabe se esta segun índios e passam a atuar, nas aldeias, como simples påro
da igreja chegou a ser concluída e foi posteriormente re cOs. Em 1759, ocorre a expulsão dos jesuítas, delinean
formada, ou se ficou inacabada, cabendo ao arquiteto do-se unma progressiva repressão às atividades das Or
Antônio José Landi traçar os desenhos do corpo com dens Religiosas. O governo imperial expede, em 1821,
Suas molduras e da fachada que hoje se admiram. A cro Jma portaria suspendendo o noviciado até segunda or
nica carmelitana faz a seguinte referência ao seu altar dem e a adesão do Maranhão à Independência, em 1823,
mor: "Esta éa parte da sequnda igreja que ficou da de torna a Vigairaria acéfala. Em 1841) os frades do Pará,
molição feita em 1760 e que está unida ao templo não em número de seis ou sete, filiar-se-iam àProvíncia do
acabado que a piedade dos fiéis e a santidade dos religio Rio de Janeiro.
sOs erigiramnaquela época'"34. Landi iniciaria, em 1766,
as_ obras da igreja definitiva, inaugurada a 23 de julho de
1777, per manecendo, todavia, o altar-mor da anterior.

36
lgreja de Nossa Senhora do Carmo proveito das possibilidades das ordens clássicas, compon
do-as com. imaginaçãd e'procurando, através dessas com
A fachada da lgreja do Carmo (Fig. 27), composta
posiçöes Crjativs, os mais inusitados efeitos plásticos e
de cantaria e lancil ("As pedras, talhadas em Lisboa,
espaciais. Ferdinando Galli Bibiena, o mestre de Landi,
publicou, em 1711, um tratado de arquitetura civit em
Vieram em caiXotes, na companhia de dois canteiros por que mostra um fértil desembaraço no manejo das ordens.
tuqueses'. locantins, p. 1/8),apresenta perfil sóbrio, de Essa lição de desenvoltura diante dos modelos antigos,
um classicismo Suavemente quebrado pelas
do front¥o e do relevo das torres (Fig. 28).
ondulações assimilou-a Landi, interpretando-a magistralmente no in
Embora terior da igreja carmelitana de Belém. "As colunas da na
Landi pOSsa atestar, aqui, influências de Borrom ini36 ve de Landi, duplicadas nos cruzeiros, produzem uma
o mestre das Curvas e contracurvas a sutil utilizacão
que faz das linlhas quebradas, curvas e ondulantes não complicação de espaço única na arquitetura colonial bra
permite obscurecer o caráter prismático dessa fachada, sileira, mas regular na Itália con temporânea'" (Tocantins,
p. 180. Apud Robert Smith). As colunas gigantescas não
acentuado pela rítmica disposição dos elementos hori se inserem, estaticamente, nas paredes, mas transbordam
Zontais e verticais. Em sua parte inferior, três arcos de da superfície em robustos volumes e elevam-se até à
Volta inteira dão acessO a amplo átrio que, por sua
vez, cimalha anticolinear, provocando, com as capelas
se abre em trêsS portas para a nave do templo. As
torres colaterais, um rompimento da espacialidade estática da
cataventadas, de elegante simplicidade, contêm coroa caixa mural. Tal espacialidade alcança o ápice de sua
mento discretamente bulboso Com lanter nas cilíndricas,
movimentação na abertura do amplo transepto que
Coruchéus que lhes mar cam as prumadas e vãos de dese marca a cruz latina, e em cujos ângulos se acantonam
nho clássico (Fig. 29). E peculiar ao talento de Landi feixes de ordens, num vertiginoso movimento ascenden
tratar as fachadas dos seus edifícios Como um tema ar te, continuado pelos arCOS cruzeiros (Fig. 31). As formas
quitetural e não como uma superfície ornamentada37 encontram-se, interpenetram-se, de modo a conceber,
A sobriedade da fachada da lgreja do Carmo está unitariamente, toda uma visãO espacial.
longe de anunciar aopulência de sua decoração interior Conforme se disse, o altar-mor da lgreja do Carmo
(Fig. 30). Esta opulência é sublinhada, principalmente, pertence àconstrução da segunda igreja carmelitana, que
pela proximidade, entre si, das enormes ordens que for é anterior ao templo de Landi (Fig. 32). O seu estilo,
mam, com o teto em abóbada de berço, um pronu ncia portanto, nada tem a ver com as composiçöes desse ar
do movimento ascendente. A habilidade em explorar o quiteto, e produz, com oresto da igreja, um flagrante
movimento ascendente, através de monumentais ordens Contraste. De acordo Com a classificacão de Lúcio Costa
compostas, é muito peculiar àarquitetura barroca ita (Lúcio Costa. Arquitetura dos Jesuítas no Brasil. Apud
liana. Carlo Maderno, Vignola, Giacomo della Porta, Al Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e. Artístico
gardi, Borromini e outros procuraram tirar o máx imo Nacional, n. 5, 1941, p. 43), quanto àevolução do risco

37
dos retábulos nas igrejas brasileiras, a antiga talha do fícil, às vezes, identificar certosS elementos, mesmo A
Carmo pertence àsequnda fase dessa evolução, fase que pouca distância. Opainel écomp0sto de cinco secões
se estende de meados do século XVIl a
Culo XVI|L " princípios do sé quadradas e separadas, entre si, por frisos decorados
retábulos de um estilo completamente com acantos, rosáceas, e, no centro, uma estrela com
diferente dos primeiros, tanto na composição como na raios fitomorfos estilizados, a lembrar a figura radiada
talha, e cujo partido de colunas torsas
nos reentrantes, com arquivoltas repetidas em pla dos ostensórios. Os elementos dos frisos destacam-se dos
muito de perto 0 das velhas portadasconcêntricas, recorda demais pelo aumento da escala e pela disposição horizon
sentando ambos, apesar da distância no românicas,
tempo,
apre
amesma
tal simétrica. No centro de cada seção do painel aflora.
mistura de tradição romana e de inspiração com nitidez, da confusão ornamental, um símbolode es
(LÚcio Costa, p. 245). Os motivOs florais que oriental" cala ainda maior que a das estrelas dos frisos: um caste
as colunas salomôhicas são envolvem lo, um poço, osímbolo carmelitano, uma barca condu
bastante naturalistas. E in zindo uma capela e uma portada de igreja barroca
teressante notar, nessa talha, a dupla forma de represen (Fig. 35a, 35b). Delicada moldura dourada, com orna
tacão do pelicano. Pousados em grossas hastes,
se pelas colunas do retábulo, ora em aninham tos simétricos, enquadra essa parte do painel e asepara
Com a Sua correspondência
verdadeira anatomia, ora comO araraS Ou pa da superior, mais estreita e composta de doze secões,
também isoladas por frisos: em seis delas, alternadamen
pagaios amazonienses (Fig. 33). Sabe-se que tanto os je te, havia símbolos hoje desaparecidos, restando apenas o
Suítas Como os padres de outras Ordens
aproveitavam a leque aberto de um pav¥o (o corpo foi arrancado) e um
capacidade arte sanal do silvícola, iniciando-o nas téc ramo de videira carregado de frutos; na seção central há
nicas escultór ias. Assim, os religiosos
procuravam fa
miliarízar o aborígine com todo um universo
uma estrela de oito pontas e as outras Cinco seçöes poS
formal Suem, cada uma, pequena cruz formada de folhas de
que Ihe era completamente desconhecido.38 Disso resul
ta que, ao plasmar na talha um símbolo universal do
acanto. Todos os frisos e símbolos (excetoo símbolo car
melitano) são dourados, contrastando com a prata do
Cristianismo, o artista-índio atribuia essa forma os ca restante do painel. Pedras semipreciosas coloridas (tam
racteres próprios do seu habitat39 bém foram arrancadas)
A ara do altar, em toda a sua extensä0, repousa so incrustavam-se no centro das es
trelas e no brasão dos Carmelitas,
bre magnífico painel de prata portuguesa, lavrada em O castelo é o símbolo da Coroa
profusão de elementos decorativo-simbólicos (Fig. 34). são carmelitano (Fig. 36), por sua vez, Portuguesa. O bra
O artista que elaborou esse painel, teve a preocupação é formado pelo
desenho estilizado de um monte (representa o Monte
de Ihe preencher todos os vazíos com uma luxuriante
Carmelo) com duas estrelas ladeando a parte elevada do
composição deelementos fitomorfos natural istas e estili monte e outra no centro da base; essas estrelas, no pal
zados, volutas, rocailles, vasos, de modo que as formas nel, eram representadas por pedras semipreciosas, e sim
Se cruzam e interpenetram intensamente tornando-se di bolizam as três principais épocas da história carmelitana.

38
Aprimeira, aépoca profética, estende-se desde o profeta Nos altares do cruzeiro, os retábulos recebem um
Elias até São João Batista; asegunda, histórica, desde
São Joã¥o Batista até o Primeiro Geral Latino, São Ber tratamento mais imponente; os elementos decorativos,
em douramento, são aplicados em superfícies de
toldo; e a terceira, desde São Bertoldo até o fim do textu
ras marmóreas mais policromadas que as dos altares co
mundo, A coroa de doze estrelas, que se eleva acima do
laterais da nave.O da esquerda de quem entra na igreja
pináculo do monte, simboliza a Santíssima Virgem Ma dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e, embora a ima
ria numa visão do apocalipse a São João: este a viu sob a gem atual desse altar nada tenha a ver Com a época estu
figura de uma mulher vestida de sol com uma coroa de
dada, parece que a invocação remonta ao tempo dos fra
doze estrelas. Os Carmelitas Descalços adotaram, desde
oséculo XVI, como sinal des, porque o esplendor do coroamento do retábulo
distintivo, uma cruz no cimo mostra, bem no centro e em alto-relevo, o Coracão de
do monte; em memória do profeta Elias
escolheram por Jesus ardendo. A ornamentação aplicada nesse altar é
timbre um braço com a espada flamejante e a divisa: delicadíssima e Constitui-se de volutas, guirlandas, acan
"ZELO ZELATUS SUM PRO DOMINO DEO EXERCI tos, ramos de roseira entrelaçados com hastes de videi
TUUM'_40 As doze estrelas passaram também a simbo ra e pendões de trigo, motivos florais enroscados em
lizar doze pontos da Regra: obediência, castidade, po
breza, recolhimento, oração mental, ofício divino, Ca rocailles, às vézes numa escala reduzidíssima e fluindo
das mãos do escultor com perfeição naturalista. Duas co
pítulo, abstinência de carne, trabalho manual, silêncio, lunas de fustes canelados e capitéis mistos ladeiam o ni
humildade e supra-rogação (a interpretação do brasão cho. Oarremate super ior do retábulo ébastante traba
carmelitano foi colhida em depoimento de Joana da Ihado; insinuam-se linhas de um frontão curvO que se in
Cruz - Ordem das Carmelitas Descalças - Madre Priora
terrompe, uma vez que essas linhas se encontram para a
do Carmelo Santa Terezinha Benevides, Pará). Apor
formação do semicírculo. Surge, entretanto, mais acima,
tada de igreja representa a soberania da lgreja Católica, sobre o painel do esplendor, um frontão triangular que
sendo natural que o artista a projetasse no estilo con brado, tendo, no tímpano, um querubim dourado. To
temporâneo àquela época. das essas sutilezas do desenho de Landi são saborosa
Os retábulos colaterais da lgreja do Carmo, em nú mente borrominescas.
mero de cinco (sem contar com os dO cruzeiro), surgem Em relação ao que se acabou de analisar, o outro
do desenho de Landi com as mesmas soluções borromi altar do cruzeiro apresenta alquns caracteres diferenciais:
nescas de linhas quebradas e ondulantes no coroamento OS ornatos aplicados säo de maior escala e os elementoS
(Fig. 37). Ornatos de escala reduzida aninham-se, com tlorais resumem-se em margaridas e em alqumas quirlan
sobriedade,nas superfícies das molduras geométricas, ar das de rosas. O sacrário é bem mais simples. As lianas
rematadas, no cimo, por tocheiras torneadas. Coroan que envolvem as ordens, com folhas de acanto penden
do ofrontão, sobressai um esplendor com a pomba do tes, são mais toscas que as do altar do Coração de Jesus.
Divino Espírito Santoentre espirais de nuvens. Todos esses retábulos são de madeira revestida de cama

39
oratór ios, há duas o.
da de cal e gesso, e pintados com imitações de texturas Carmelitas Calçados. Após esses acesso, através da
direita dâ
marmóreas. Os altares do cruzeiro são protegidos, cada tras portas colaterais: a da
Capela da Ordem Terceira E
um, por balaustrada que circunscreve o desenho de duas Curto e estreito túnel, à
andor com vultocs
volutas convergentes para uma portinhola de ferro de passageméhoje interceptada por um
Passos.
traçado simples. As seções curvase convexas das volutas imagem do Senhor dos ornado de deli.
são unidas por brevíssima linha reta. Os balaústres que A portada ésimples:possui frontão suavemente
.franjadoS
assinalam os pontos de encontro dessas linhas são de cadas volutas e de concha com
qualquer
mármore; os demais são de madeira revestida de cal com rocaille, folhas de almofadas geométricas, sem
textura marmórea. elemento decorativo (Fig. 41).
A igreja do Carmo não possui tribunas mas apenas
envazaduras de iluminação envidraçadas e escavadas na Remanescem ao tempo dos Carmelitas algqumas ima
podendo-se
espessura da parede de pedra. Tais envazaduras são en gens que ornamentam a lgreja do Carmo,
quadradas em ângulos recurvados, originando arcos ogi destacar, na atualidade, a de Nossa Senhora do Carmo e
vaia que acompanham o abaulado da abóbada (observar os bustos dos Santos Carmelitas, no altar-mor; a do Cru
as Figs. 30 e 31). cificado, no primeiro altar lateral, à esquerda de quem
Com a mesma técnica de revestimento dos retábu entra na igreja (esta capela compÑe, na nave do templo,
los colaterais, os púlpitos, entalhados na madeira, rece com o arco colateral que encima a porta de entrada pa
beram douramento e abundante decoração de rocailles, ra aCapela da Ordem Terceira do Carmo); aimagem de
linhas curvas e convexas, elementos fitomorfos lanceola Sant'Ana e a de Santa Madalena de Pazzi em um dos al
dos, tudo numa distribuição rítmica e equilibrada. De tares colaterais (Fig. 37). Essas imagens são entalhadas
um gracioso barroco-rococó, lembram um pouco a ana na madeira e receberam uma leve camada de gesso, so
tomia dos púlpitos de Aleijadinho (Figs. 38, 39, 40)41 bre a qual se fez a policromia. O crucificado se consti
As pintUras dos altres colaterais e as do teto remontam a tui num belo exemplo de conhecimento da anatomia hu
reformas efetuadas pelos padres salesianos, em pleno sé mana pelos escultores do passado, pois as policromias de
culo XX. Tomando aexpressão de Donato Mello Júnior, carnação e de sangramento são admiravelmente natura
aassinatura de Landi, na lgreja do Carmo, tem muito a listas, o tecido amontoado que Ihe proteje o corp0 Con
ver com o estilo da Capela da rdem Terceira Francis tém movimentado panejamento. A imagem de Sant'Ana
cana (comparar Figs. 16, 19, 20, com Figs. 30, 31, 37). apresenta estilo português do século XVI||, quando, na
Oamplo átrio da igreja é ladeado por dois orató quele país, a execução dos panejamentos se torna, de mo
rios. O da direita de quem entra abriga monumentalgru do geral, mais aperfeiçoada, A de Santa Madalena de
po escultórico representando a Pieta; oda esquerda con Pazzi possui os caracteres da imaginária barroca
italiana,
tém a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, obra dos Ir Com os seus panejamentos esvoaçantes e uma patetica
mãos Maristas, sem nenhuma relação com a época dos expressão de arrebatamento.

40
Capela da Ordem Terceira do Carmo
aplicando-as com bom gosto, sem
misturá-las, antes,
ACapela da
harmonizando-as'
OacervO
(Donato Mello Júnior, p. 5).
Ordem Terceira do Carmo composta
é escultór ico da Capela da Ordemn Terceira
de pequena caixa mural, discretamente do Carmo é composto de imagens de
movimentada de talhas em madeira Com roca,42 e também
por um relevo Sóbrio, e pelo teto
em
(Fig. 42). Determina-se, esse relevo, abóbada de berço imagens, no
revestimento de gesso. Essas
pela abertura de ca conjunto, narram a história da Paixão de
pelas colaterais, pelas pilastras Cristo (Fig. 45). As de roca são recobertas de
pelas, entre si, e pelos trisos dóricas que separam as ca longos
mantos de tecido de algodão, com cabeleiras naturais e
que, num perCurso de linhas Superpostos a cimalha
e
atributos individualizados. Todavia, nem todas as ima
caixa mural. As capelas são rasas,quebradas, contornam a gens com esses caracteres, sao de roca, com no caso do
Volta inteira, e abrigam graciosSOS formadas de arco de "Cristo Coroado sarcasticamente por Herodes" (observar
CocÓ Com dosséis retábulos em estilo ro Fig. 42 retábulo àdireita). Das imagens de roca
númerO de sete -
lambrequinados. Tais capelas são em perten
centes ao acervO paraense, a do Senhor dos Passos, da Or
quatro àdireita de quem olha o altar dem Terceira do Carmo, de impressionante
mor e très àesquerda, sendo, deste ilusionismo,
lado, a porta de aces éuma das mais belas. Essas
so à lgreja do Carmo. imagens têm sua origem no
No desenho do altar-mor, Landi teatro religioso medieval. Era comumo seu uSO nas pro
valeu-se de uma cissões tradicionais da Península lbérica, de onde emi
equilibrada composição de elementos borrominescos,
neoclássicos e rococÓs (Fig. 43). Procedeàquebra da ri graram para as colônias. As de vestir (podendo ou não
gidez da estrutura neoclássica, com um movimentado serem de roca) 43 desfrutaram de grande prestigio na Es
panha do século XVI, adquir indo, aí, como barroco, ca
entablamento e distribui, de forma simétrica, pelas mol racterísticas suntuosas - ricos mantos bordados a ouro e
duras, delicados ornatos florais de escala bastante redu
zida. Um esplendor, que se enquadraem moldura de for pedras semipreciosas, jóias, bastas cabeleiras, viva poli
cromia de carnação. Foram muito usadas no Brasil dos
mas mistas, arremata o coroamento desse retábulo. séculos XVII, X\VIl e X1X, principalmente pelas Ordens
Como a de tantas outras igrejas e capelas da época,
O Coro se recorta por balaustrada ondulada e possui, no
Terceiras. Vinham, no início, de Espanha e Portugal e,
depois, já na segunda metade do século XVIL, saíam
rodapé externo, os mesmos insistentes ornamentos de também das oficinas da Bahia. Em Belém, é difícil um
escala reduzida; os balaústres são delgadamente tornea templo antigo não possuir, pelo menos, um exemplar
dos (Fig. 44). Da atuação do arquiteto Antônio José dessas imagens, quase sempre a do Senhor dos Passos,
Landi no monumento carmelita de Belém, pode-se afir em tamanho nátural, tombando Com a pesada crUz negra
mar com Donato Mello Júnior: "". .. foi um arquiteto sobre os ombros.
eclético que soube projetar e conciliar, com talento,
arte, harmonia e proporção, várias correntes de estilo,

41
"Em 1740repetiu o mesmo contagio, e ainda que menos mortife
NOTAS
ro, sempre fez gran de estrago, principalmente no sertão, on de Frei
José da Magdalena, religioso Carmelita, Superior das Missões: da Sua
Ordem, no Rio Negro, fez inocular pela primeira vez no Estado, por
31 - Em 1734, os Mercedários fundariam uma escola onde se ensinava cujo motivo salvou grande número de pessoas. Manoel Estácio Galvão.
Aritmética, Gramática, Latim, Filosofia, Teologia e Solfa. A 15 de ju sendo testemunho do maravilhoso effeito, quando desceu para a ci
lho de 1752, surge a lei que impõe aos Missionários a obrigação de en dade, participou aos seus moradores o prodigio que foi praticado por
sinar os indios a ler, escrever e falar a Língua Portuguesa. O número algumas pessôas com igual felicidade'".
de colegios crescia gradativamente, sempre sob o coman do dos reli
giosos. Após a retirada dos jesuitas e a ordem régia de extinçãodas 34 - André Prat, p. 181. O autor cita ainda "História da Companhia de
Ordens Monásticas, a Capitania do Pará mereceria, em 1787, de Erei Jesus, na ex tinta Província do Maranhão e Pará, escripta pelo P. José
Cae tano Bran dão, sexto bispo do Pará, osegu inte comentáio:"As po de Moraes, reimpressa no Rio, em i860. . .":"Em 1627 fundaram o
voações na última decadencia, as leis divinas e humanas calcadas aos Convento do Carmo de Belém (Pará), Fr. André da Natividade e Fr.
pes, as igre jas em uma prodigiosa nu dez e de sam paro, e os índios sum Antonio de Santa Maria, que para isso tinham vindo ao Brasil, indo
mamente desgostosos"" (Theodoro Braga, p. 45). para o Par¥, a convite de Bento Maciel Parente, o Vigario Provincial,
Fr. Francisco da Purificação que fundou neste mesmo anno, na rua do
32 - A Ordem de Nossa Senhora do Monte do Carmo sempre foi, desde Norte, um soberbo convento da sua Ordem. Este convento de N.S. do
os seus inicios, voltada para a cultura academ ica, chegando a haver Carmo, em 1750, estava ainda por acabar.
época em que qualquer religioso que não tivesse o curso de doutora
do feito em Paris, não poderia ser Geral ou PrOvin cial. A Ordem deu 35 - Os carmelitas celebram a 20 de julho, anualmente, a festa do Pro
muitos dou tores em Teologia e Filosofia, docentes universitáriose até feta Elias, eremita do Monte Carmelo, como seu Paie Mestre. Na lda
jornalistas, como o holandês Tito Brandsma (Manuel Maria Wermers, de Média, todas as Ordens Re ligiosas possu íam o seu fundador e rivali
AOrdem Carmelita e o Carmo em Portugal, Lisboa, 1963,p. 103). zavam entre si pela maior antiguidade. Os carmelitas não tinham fun
dador.
33 - Frei André Prat, p. 72, cita o Tenente Coronel Theodosio Constan Oespírito medieval principiou a construção de uma árvore genea
tino Chermont, Memoria dos mais terríveis contágios de bexigas e sa logica, provan do que a Ordem descen dia dire tamente do Profeta Elias,
rampo no Estado do Maranhão.|... através das escolas dos profetas até os Essénios, que se teriam conver
...publicado tam bém na Rev. do Inst. Hist. do Brasil. Tomo tido em os primeiros discípulos de Cristo e dos Apóstolos e foram os
XLVIII, pág. 29)*". primeiros construtores do primeiro templo em honra de Maria Santís
"No anno de 1724, tendo chegado o primeiro Bispo do Pará, D. sima, que tantas vezes os visitara no Monte Carmelo. Todavia, nos do
Fr.Bartholomeu do Pilar,religioso Carmelita, e tendo tomado o Mara cumentos mais an tigos, nada se fala sobre o Profeta Elias. A Regra,
nhão por escala, nelle lamentou o fatal estrago de bexigas. com adata tradicional de 1209, não o menciona fala apenas de uma
fonte junto a qual viviam os eremitas do Monte Carmelo. Só em 1281,

42
encontra-se a alusão àherança
cliana. A tradição cliana entra, assim,
na Ordem, como uma novidade, a partir da segu nda Carmelo mudaria mais tarde para Irmãos da
metade do século Bemaventurada Virgem
XIl. ARegra dos Carmelitas, Maria do Monte Carmelo (Wermers, p. 13-25).
composta por Santo Alberto Avogrado,
Patriarca de Jerusalem, (1205-1214), inicia com
estas palavras de sau 36 -
dação: "Alberto, pela graça de Deus, Tocantins, p. 179, cita Robert Smith: a primeira amostra no
aos amados filhos em Patriarca da lgre ja de
Jerusalém, Pará do estilo que naquele momento se
Cristo Brocardo e os demais encontrava emn moda em Lis
sua obediencia moram perto da eremitas que sob a boa, estilo que, no que diz respeito do onato, deriva da
Fonte, no Monte Carmelo, saúde no maneira de
Senhor e bênção do Espírito Santo'". Francesco Borromini: ve-se, particularmente, no perfil ondulan te do
Otex to de origem frontão, na forma do painel que con tém, e no desenho da janela das
dominicana
tris Generalibus Ordinis Compendiosa Chronica de Magis torres'",
Praedicatorum'
nac, religioso dominicano que " (citado por Estevão de Salag
deix ou de escrever em 1278 e
do em 1506 por publica 37 - E interessante notar como Lan di, em suas
fachadas, n¥o se com
Alberto de Castello), diz o
do reflorescimento da Igreja seguinte:"Desde o início
havia na Tera Santae sobretudo no Car
promete com temas obviamente decorativos: estatuária, volutas, ele
melo numeroSOS eremitas, como mentos florais, balaustradas - como se pode observar em São Carlos
mostram as crônicas e muitas biogra das Quatro Fontes, de Borromini, e até em ou tros edificios de
fias de santos. Dom Alberto, inspira
Patriarca de Jerusalém, de feliz recorda cão mais clássica, como São Luís-dos-Franceses e Santa Suzana, todos
ção, vendo o seu modo de viver,
cuidou muito da sua formação espi em Roma.
ritual. Redigiu-lhes uma Regra por escrito, e,
enguanto eles antes mo
ravam espalhados pelo Monte Carmelo todo, em celas
do-os ainda pelos laços da profissão religiosa.
separads, ligan
Tratou tam bém da apro 38
Os pelicanos, habitantes, principalmente, das re giões litorâne as, vi
vação pela Santa Se". Esses monges, que viviam à
imitação do Profeta vem nos mares e alimen tam-se de peixes. Constituem seis famílias com
Elias, uma vida contemplativa, foram, pois,
organizados numa Ordem alguns caracteres diferenciais entre entre si. Algumas espécies são
Religiosa, pelo Patriarca de Jerusalém, com Regra escrita e sob a dire
abundantes na Europa, outras na América do Norte e ou tras, ainda,
cão de um Superior Geral. Esses monges seriam ociden tais pois a
Pales habitamn certas regiões do litoral brasileiro. Os representados na icono
tina estava sob a influência européia, em conse qüência das
Cruzadas. grafia religiosa são de plumagem branca e ocasionalmente aparecem na
Num documento do século XIII (1225?), "Les chemins et les pelegrina costa seten trional do Brasil, daí não serem familiares ao silvicola desta
ges de la Terra Sainte", encontra-se a seguinte informação: "Perto da região, como as araras e os papagaios, aves regionais e abundantes nas
Abadia de Santa Margarida, na vertente do mesmo Monte (Carmelo),
florestas amazônicas. Veja Enciclopédia Mirador Internacional, v. 16,
depara-se um lugar muito pitoresco, onde moram monges latinos que "Pelicaniforme", São Paulo, 1976, p. 8737 .
se chamam Irmãos do Carmelo. Ali existe uma pequena capela de Nos
sa Senhora. Hánaquele terreno grande abundân cia de águ as saudáveis, 39 Das talhas de igrejas barroco-coloniais brasileiras que até o m omen
que jorram dos penhascos. AAbadia (de Santa Margarida) dos Gregos to se exam in ou, pessoalmente ou através da reprodução inocográfica,
dista dos eremitas latinos uma légua e meia". Esse nome - Irmãos do só as do Pará (Igreja do Carmo e a de Santo Alexandre), possuem ara
ras ou papagaios alternando-se com os pelicanos propriamente ditos.

43
40 - Com cuidado eu fui guar dado pelo Senhor Deus dos exércitos.
Tradução do Prof. Romulo Augusto de Souza, titular das disciplinas
Lingua e Literatura Latinas, do Centro de Letras e Artes da Universi
dade Fe deral do Pará.

41 - Embora os púlpitos da Igeja de São Francisco de Assis, de Ouro


Preto, enham escala bem mais reduzida que os da
Igreja do Carm0,
de Belem, existem afinidades estruturais
entre as peças de uma e de
ou tra igre ja: o SOco estabele ce uma harm onja
dimensional entre as cu
bas e su as respectivas bases; o painel fron tal das cu bas é
flanqueado
pelas linhas colaterais ondulantes - enquanto nos púlpitos do
Carmo
esse efeito é destacado por volu tas, nos da Igreja de Ouro Preto o e,
mais delicadamente, pelo próprio talho das cu bas; as bases, reentran
tes, esgueiram-se, conicamente. Entre tanto, nas peças de Lan di,
acentuam-se, pr oporcionalmente, as seções horiz on tais, e, nas de
Aleijadinho, as verticais.

42 - As imagens de roca são assim chamadas pela semelhança que há


entre a sua estru tura interna, de madeira, e a roca de fiar, da Idade
Média; existem muitas variantes dessa armação, segundo a postura que
a imagem deve ter: em pé, ajoelhada, sentada, deita da; nessas arma
Ções en caixavam-se os elementos de expressão - braços, pernas e a ca
BA
beça - de massa ou de madeira, com policromia de carnação (Imagens
de Roca, Waldete Paranhos. Comunicação. Congreso do Baroco no
Brasil,Ouro Preto, 3-7 de setem bro de 1981).

43 Usou-se, também, imagens de vesti, de massa ou madeira, com ar


ticu lações; podiam ser totalmente naturalistas ou apenas em seu ele
mentos de expressão - quando se destinavam a ter o corpo sempre re
coberto por vestes. As inteiramente naturalistas são, de modo geral,
representativas de passagens da Paixão em que o Cristo aparece semi
despido. Fig. 27 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo

44
Fig. 28 - Detalhe da frontaria da Igreja do Carmo

45
Fig. 29 - Detalhe da torre esquerda da lgreja do Carmo

46
Fig, 30 - Vista interna da Igreja do Carmo, vendose ao fundo ocoro

47
Fig. 32 - Vista geral do retábulo da Capela-mor da lgreja do Carmo,
Fig, 31 - Detalhe interior da lgreja do Carmo andaime mandado instalar pelo IPHAN com

48
Fig. 33- Detalhe do retábulo do al tarmor da lgreja do Carmo

49
Fig 34 - Vista geral do painel de prata lavrada, sob a ara do altar-mor da lgreja do Carmo

50
Fig. 35a- Detalhes do painel de prata lavrada, do altarmor da lgreja do Carmo

51
Fig. 35b Detalhes do painel de prata lavrada, do altar-mor da Igreja do Carmo

52
Fig, 36 Pia de água benta da Igreja do Carmo, encimada pelo símbolo
carmelitano Fig. 37 - Retábulo do altar colateral da Igreja do Carmo

53
Fig 38- Púlpito da lgreja do Carmo Fig. 39 - Detalhe do púlpito da lgreja do Carmo

54
Fig. 40 - Coroamento do ppito da Igreja do Carmo

55
Fig, 41 - Portada da Igreja do Carmo
Fig. 42 - Capela da Ordem Terceira do Carme

56
E

Fig. 43 - Retábulo do altar-mor da Capela da Ordem Terceira do Carmo

57
Fig. 44 - Detalhe da balaustrada do coro da Capela da Ordem Terceira do Carmo

58
Fig. 45 - Imagem de Cristo Morto, do acervo da Capela da Ordem Terceira
do Carmo

59
Belém foi fundada, Portugal estava sob o domínio espa
Religiosos de Nossa Senhora nhol, que se estendeu até 1640)_ em 1640, as Ordens
das Merc¿s Religiosas de Portugal passaram a não aceitar a perma
nência, no Brasil, dos frades espanhó is. Por intermédio
uando, em 1638, Pedro Teixeira empreende sua
do Provincial da Ordem da Santíssima Trindade e Re
famosa viagem a Quito,44 entra em contacto com a denção dos Cativos da Província de Portugal, dirigiram
uma queixa ao rei contra apermanência da Ordem dos
Ordem dos Religiosos de NossaSenhora das Mercês, Religiosos de No Ssa Senhora das Mercês, na Colônia.
que desempenhava, no Vice-Reinado do Peru, excelente
Alegavam os religiosos portugueses que os mercedários,
obra evangelizadora e educacional. Essa Ordem fora
possivelmente, ir iam manter correspondência com os
fundada por Säo Pedro Nolasco em 1218 e seus Conven prelados de sua Ordem estabelecidos nas Indias Ociden
tos, em toda a América Espanhola, procediam da
tais, aos quais deviam obediência, e que, com certeza,
Província de Andaluzia, na Espanha. Distinguindo-se não respeitar iam as condições impostas pela Coroa
como educadores, os mercedários fizeram da casa de
Portuguesa e ninguém poder ia obrigá-los a tal, porque
Quito um grande centro de trabalho intelectual. En eles recorrer iam a Roma; que, enfim, não seria justo que
tusiasmado com tal desempenho, Pedro Teixe ira faz um a Coroaapoiasse, numa colônja sua, Missões estrangeiras,
pedido ao Provincial da Ordem, Frei Francisco Munhoz
quando, em Portugal, havia Ordens Religiosas suficientes
Banna, para que seja autorizada a fundação de um para desempenhar esse mister. O novo soberano portu
Convento em Santa Maria de Belém do Grão Pará. O guês, Dom João l\V, manda chamar Frei Pedro de la Rua
Provincial aquiesce e a expedição de Pedro Teixeira, Cirne à Corte e o frade expõe ao monarca os bons
saindo de Quito a 16 de fevereiro de 1639, traz os propósitos de sua Ordem, prometendo, inclusive, o não
mercedários Frei Afonso Armijo na qualidade de envolvimento em questões políticas ou em quaisquer
Super ior Frei Pedrode la Rua Cirne, e dois leigos: Frei ligações secretas com a Espanha. Enquanto isso, o
João da Mercê e Frei Diogo da Conceição. Durante a Procurador do Conselho Municipal de Belém, Felipe da
viagem, viriam a falecer Frei Diogo da Conceição e o Costa, encaminhava ao governador, Gomes Freyre de
superior, Frei Afonso Armijo, pelo que Frei de la Rua Andrade, um requer imento em nome do povo, solici
Cirne teve de assumir as responsabilidades de fundaç¥o tando apermanência dos mercedár ios no Pará. Gomes
do futuro convento paraense. A 12 de dezembro de Freyre expõe a Lisboa os fatos, advogando, ele próprio,
1639, a expedição chegava a Belém, onde os merce em favor dos mercedários. A 9 de dezembro de 1645,
dários receberiam de um rico senhor, Mateus Cabral, o sairia o Alvará Régio legal izando a permanência da
terreno para Construir convento e sete vacas - o Ordem dos Religiosos de Nossa Senhora das MercÇs
patrimônio inicial da Ordem no Pará. na região.
Com arestauração da Coroa Portuguesa (quando Tal qual os missionários das outras Ordens, esses re

61
ligiosos também se embrenharam pelas regiões je perdura (não se enControu a data precisa do início
das do Rio Amazonas e do Maraj, adentra das obras de Landi, mas, pela data da chegada desse ar-
fundando
missionár ias, e tornaram-se, por sua vez, grandes aldeias quiteto em Belém, sabe-se que foi no início da segunda
tár ios de fazendas no Marajó. proprie
Como as outras Ordens, metade do século XVI).
ainda, sofreram as oscilacões da política reinol: ora
eram
elogiados e agraciados Com recebimento de côngruas,
Mercês
ora advertidos pelo pouco
desempenho nas Missões, at lgreja de Nossa Senhora das
que, a 13 de abril de 1723. o monarca
autorizava que se
retirassem das atividades missionárias, acusando-0S de
maus religiosos e de se servirem dos índios,
como escra Na igreja das Mercês Landi chega a soluções bastan.
VOs, em suas granjas e atividades comerciais. Suas tare te originais, evidenciando-se, aí, o potencial do seu nâ.
fas, na verdade, jamais alcançariam a importância e a ex niocriativo.
tensão das desempenhadas pelas outras Ordens, princi Embora 'encurvada à maneira de Borromini' (Do.
palmente porque não podiam competir, com essas Or nato Mello Júnior, p. 15) a frontar ia da igreja descreve
dens, quanto àabundância de contingente humano. A 24 um e_tilo que se poderia conceituar de um maneirismo
de março de(1794, o Secretário dos Negócios da Mari clássico, tal aelegância do desenho, a harmonia das
nha e Domínios Ultramar inos, Martinho de Mello e Cas proporções, o rítmo desencadeado pelo suave contraste
tro, expede um aviso de expulsão, do Pará, dos rel igio de linhas curvas, retas e quebradas que formam o seu
SOS mercedários. A essa altura o convento de Belém era relevo (Figs. 46, 47, 48). Háum engenhoso trabalho de
um grande centro de ensino, sua rica biblioteca versava estilização do entablamento dórico. Landi serve-se do
sobre histór ia, geografia, ciências naturais, filosofia, teo frontão clássico, ondula-Ihe as empenas, quebra-lhe as
logia, direito canônico, clássicos latinos, lusitanos e fran extremidades e compõe, na dimensão da largura desse
ceses. Com aexpulsão, todos os seus bens foram confis frontão, um tramo central convexo, que retoma a sua
cados, passando para o domínio do governo, e.o conven linearidade na reduzida largura do corpo das torres
to foiadaptado aos serviços da Alfändega. colaterais, de seção quadrada (Fig. 49). As extremidades
A 3de junho de 1640 fundou-se p primeiro con quebradas do frontão formam, com duplas pilastras
vento mer cedár io em Belém.A igreja, de taipa, e inicial dóricas, molduras proeminentes delimitando esse tramo
mente coberta de palha, durou mais de um século, sob central convexo. Sob a acentuada cornija, estende-se um
Constantes cuidados e reformas empreendidas pelos fra friso ornado de tríglifos, cujos estiletes são arrematados,
des. Por volta de 1748, iniciava-se a construção de uma nas extremidades, por tÃnue linha que contorna, numa
igreja de pedra e cal; segundo aHistória, essa construção horizontal, a sinuosidade das molduras do entablamento.
foi interrompida, cabendo, novamente, ao arquiteto An No centro do tímpano vê-se um óculo encimad0 por
tônio José Landi, fazer o projeto do templo que até ho moldura angular de frisos Superpostos, e a inscrição com

62
data de 1640. As torres recebem, em alguns detalhes, o (Fig. 51). Esse tratamentO gera profunda movimentação
mesmo tratamento dado as da lgreja do Carmo: cataven
tos, idêntico desenho nas envazaduras e, sob as janelas, a da espacialidade, o que transmite ao espírito sentimen
mesma moldura em linha mista e sob a qual se enqua tos de grandeza e infinitude. Aliás, os interiores de Lan
dram os relógios circulares (comparar Figs. 29 e 49). Na di mostram o quantoo arquiteto soube trabalhar a espa
cialidade arquitetônica com lúcida consciência do valor
lareja das Mercês, todavia, as torres aparecem mais
estético do espaço e de sua influência no espírito huma
esquias e delicadas; coroadas por frontões, possuem
no. Oátrio dessa igreja não estáseparado da nave por
reduzidíssima cúpula piramidal com lanternins de seção um muro apenas envazado, como 0corre comumente,
Curva. As janelas dessa frontaria (do corpo das torres e
mas por uma arcaria composta de dois pilares e três ar
do coro) apresentam vergas pouco arqueadas e cor0a
cos, de modo que, desde a entrada, jáse pode ter uma
mento de molduras ondulantes; as do corpo das torres
Completa visão, em perspectiva, da nave; isso Concorre
enquadram-se em longas molduras geométr icas reentran para que não haja interrupção dos sentimentos fruídos à
tes.
entrada do átrio, ainda mais porque os elementos volu
Na portada da lgreja das Mercês, Landi explora um métr icos, plásticos ou decorativos da nave não obstam o
frontão com idênticas solucões piásticas do da frontaria: seu valor espacial (Fig. 52). Landi não necessita satisfa
ondula-Ihe as empenas e quebra-lhe as extremidades mas zer à tradição luxuriante da decoração barroca, ou apa
Ihe acrescenta um contorno de nervuras que o transtor ratosa, do rococÓ, porque sua retórica ornamental é
ma numa peça leve e movimentada (Fig. 50). O tímpano principalmente explorada através do apuro dos elemen
éornado com esplendor, tendo, ao centro, o brasão mer tos estruturais. A sinuosidade leve e elegante do seu tra
cedário. Duas delgadas e proeminentes pilastras dóricas, çado contém uma beleza intrínseca e, por si, decorativa.
decoradas com pendentes sob os capitéis, flangueiam a Na lgreja das Mercês, Landi atinge a mestria da de
portada que, inclusive pela finura de seus frisos e recor Coração arquitetônica, como se pode observar no traba
tes ondulados, se constitui na mais bela das igrejas para Iho de movimentação da caixa mural, em que as tribu
enses. As portas colaterais são encimadas, cada uma, por nas, bastante originais, produzem com os demais ele
óculos e pequena moldura ondulante. Todas as portas da mentos - frisos, cimalhas, capelas, pilastras - um efeito
igreja da frontaria e internas - têm almofadas de con cenográfico e grande beleza e sobriedade (Figs. 53, 54).
tornos mistos, em diferentes estilos (observar Figs. 47, Os púlpitos, mais do que os da lgreja do Carmo, estão
56, 57). próximos do desenho dos de Aleijadinho e transpiram
Amplo como da lgreja do Carmo, o átrio da lgreja um rocoCÓ muito suave no traço de escala reduzida, no
das Mercês é, porém, mais caprichosO, Composto de duas dossel de delicados lambrequins e nos elementos decora
seções divididas, entre si, por clássica arcaria. Os arcos tivos (Fig. 55). E ainda no traçado das portas internas da
de volta inteira assentam em fortes pilares, de seção qua igreja, que Landi mostra o seu gênio inventivo. As do
drada e capitéis dóricos, eo teto em abóbada de aresta cruzeiro dispõem de ombreiras trabalhadas com esmero

63
e de belíssimos coroamentos que lebram formas borr0 tendo São Pedro Nolasco, durante a solenidade, recebi.
minescas (Fig. 56); as colaterais do átrio não menos be do oalvo hábito da 'Celeste, Real e Militar Ordem de
las, recebem, contudo, tratamento mais
do cruzeiro (Fig. 57). A simples que as Redentores de Nossa Senhora das Mercês. Celeste. por-.
COCÓ e usada com parcimÓnia:
decoração aplicada é toda ro que amando da Rainha do Céu; Real, devido à coopera
as pilastras dóricas do cruzeiro quirlandas que envolvem c¥o de Dom Jaime le pelo padroado dos reis católicos.
e da caixa mural, derra
mam-se em torno do arco-cruzeiro e seus sucessores; Militar, porque, no início, além dos re.
são mercedário, postado sobre as emolduram bra ligiosos, havia também os Cavalheiros da Ordem, para a
o

fronteiriço da capela-mor (observar cimalhas


do muro defesa armada da cristandade.
Fig. 52). O brasão Na lareja das Mercês não existe mais nenhum retá
mercedário é dividido em duas partes: na super ior, ve bulo do tempo dos mer cedários. Os tetos da nave e da
se uma cruz branca, do feitio da
fundo ver melho-é acruz da Catedral cruz-de-malta, sobre capela-mor e as pinturas dos altares colaterais resultam
de
parte inferior, há quatro barras vermelhasBarcelona; na de reformas, porém grande parte do pisO da nave é o
Ouro sobre fundo mesmo, de lajotas vermelhas do ciclo colonial.
Cores e elementos das armas do Reino de
A simbologia desse braso, como Aragão Da antIga imaginária sacra, remanescem três exem
sempre acontece, plares de magnífica talha barroca portuguesa, represen
ligada à história das origens da Ordem. São Pedro está No tando São Raimundò Nonato (Fig. 58), São Pedro No
lasco, nascido em Mas-Saintes-Puelles, no sul da
vai ainda muito jovem para a França, lasco (Fig. 59) e São José de Botas (Fig. 60). Esta últi
Espanha, à época em que a ma imagem, embora antiga, não pertenceu ao acervo dos
maior parte da região espanhola se encontrava sob o ju
go maometan0. Os cristãos eram mercedár ios. Foi oferta de uma senhora, remanescente
escravizados e corriam de família extinta, no Pará, ao Padre
Teodor Koke, Rei
orisco de perderem a fé. Pedro
Nolasco, muito piedoso, tor da lgreja das Mercês na década de 50.
passa a orar e amortificar-se pela liberdade dos cristãs um forasteiro oferecer ia ao padre Tempos depois,
cativos, até que um dia Ihe aparece a Virgem Santíssima, Teodor uma fortuna
pela preciosa talha masO zelo do reitor
pedindo-lhe que fundasse uma instituição religiosa cujo levou-o a recusar
aoferta, preservando, assim, o
objetivo fosse o resgate dos cristãos em poder dos mao exemplar barroco, na cir
Cunstância ex cepcional de imagem de botas,45 Essas três
metanos. Dirige-se São Pedro Nolasco ao Rei de Aragão imagens são mostras de verdadeiro
Dom Jaime I, também chamado O Conquistador, e lhe rico, com seus movimen tados virtuosismo escultó
expõe o acontecido, solicitando-lhe consentimento e dos e expressões bastante panejamentos policroma
ajuda para realizar a nobre tarefa. O rei atende-o e, a 10 humanizadas.
de agosto de 1218, decreta o estabelecimento da Ordem.
Apomposa cerimônia de fundação da Ordem de Nossa
Senhora das Mer cês foi oficiada na Catedral de Barcelo
na, pelo bispo, e com a presença do Rei Dom Jaime ,

64
NOTAS

44 - Pe dro Teixeira, capitãodo Pará, comanda, em 1617, uma expedição de


indios e soldados, por terra, de Belem ao Maranhão, quandoenfrenta os
Tupinambás, aldeados no rio Caeté, e os reduz à obe diencia, tomando
posse da região. Com vinte companheirOS, destrói um navio de guerra ho
landes, ancorado na boca do Amazonas, guarnecendo, com a ar tilharia, o
Forte de Belém. Em 1620amotina os índios con tra os ingleses e holan
deses e em 1625, destroça-os na ilha de Sant'Ana dos Tucujus, prenden
do os dois chefes Hosdam e Purcell - e Ihes tomao navio que vinha
socorrê-los. Em 1629 torna a atacá-los e os rende no rio Manacapuru.
Sob o governo de Raymundo Jacome de Noron ha, PedroTeixeira é
incum bido de dirigir uma expedição através do rio Amazonas, a fim de
"Reconhecer minuciosamente o rio até Quito; verificar os melhores luga
res em que orio pu de sse ser fortificado;assegurar pela boa condu ta dos
expedicionários e por meio de pequenos presen tes, as relações de paz e
amizade com as tribos indigenas ribeirinhas; finalmente fundar aquém
dos Amaz onas (situados entre o Napo e o Juru å) uma povoação que mar
casse o limite, no Amazonas, da soberania portu guesa". (Ernesto Cruz,
História de Belém, v. I., apud. Jaime Cortezão, p. 17; Te odoro Braga,
p. 25).

45 - Informação colhida através de depoimento de Monsenhor Américo


Leal, cronista paraense, que acrescentou, inclusive, ser a imagem repre
sentativa de São José Viajor, ao lado de Nossa Senhora, na fuga para o
Egito. Fig, 46 - Igreja de Nossa Senhora das Mercês

65
Fig 47 - Fachada do conjunto arquitetonico dos mercedários

66
Fig, 48 - Frontaria da lgreja das Merces

67
Fig. 49 - Detalhe da frontaria da Igreja das Merces

68
Fig. $0 - Portada da Igreja das Mercês

69
Fig. S1 - Vista do átrio da Igreja das Mercês

70
A

Fig, $2 - Vista in terna da Igreja das Mercês

71
Fig 53 - Vista das tribunas e altares colaterais da Igreja das Mercês

72
Fig 54 - Detalhe das tribunas da lgreja das Mercês

73
Fig 55 - Púlpito da Igreja das Mercês Fig. 56 - Porta colateral, no cruzeiro. Igreja das Mercês

74
Fig, 57- Porta de acesso à antiga capela mortu ária - átrio da lgreja das
Merces Fig. 58- São Raimundo Nonato - Igreja das Mercês

75
Fig $9 - São Pedro Nolasco - Igreja das Merces
Fig. 60 - São José de Botas - Igreja das
Merces

76
Companhia de Jesus Em 1636) chegaria o primeiro sacerdote jesuíta ao
Parå, Luís Figueira, aportandoem Belém em companhia
do governador Francisco Coelho de Carvalho. Embre
nha-se pelo rio Amazonas, visita o Tocantins, o Pacajás,
o Xingu, examinando as condições locais e estudando as
ñigo Lopez de Loyola, nobre espanhol de uma fa
mília basca, nascido em 1491, participa, como sol possibilidades de implantar aldeias missionár ias. Regres
dado, do sítio de Pamplona, em 1523, ocasiäo em sa à Europa e expõe ao Conselho Ultramarino a premen
que é gravemente ferido. Os sofrimentos de sua longa
te necessidade de instalação das Missões Jesuíticas na
Amazônia. Em 1645, voltaria para dar início àobra
convalescença conduzenm-no a converter- se, pelo que se evangelizadora e social na região mas termina poLnau
torna Cavaleiro da Virgem Maria. Após uma peregrina fragar próx imo à Baía do Sol, conseguindo, com nove
c¥o, faz estudos humanísticos na Espanha, escrevendo e
praticando exercícios espirituais. Em 1528, matricula-se
companheiros, atingir as terras marajoaras, onde seriam
trucidados pelas tribos aruans.
na universidade de Paris, congregando grup0s de amigos
Mais tarde, em janeiro de (1653, chegam os padres
ediscípulos entre os quais se incluía o futuro SãoFran João Souto Maior eGaspar Fragoso que, para consegui
cisco Xavier. Esse grupo, que se constituir ia no núcleo rem iniciar atarefa missionária jesuítica no Pará, tiveram
da Companhia de Jesus, consagra-se solenemente a Deus que aceitar as condições, impostas pelo governo, de não
em 1534 e, em 1537, todos os seus compohentes orde interferirem, os padres, no problema da escravização do
navam-se sacerdotes. Em 1540, o papa Paulo lll aprova índio pelos colonos, tendo Souto Maior, como Padre
ria a nova instituição religiosa, que surgia como uma fa Prior, assinado um termo de compromisso perante àCâ
Tange do exército de Deus. Um dos principais objetivos mara de Belém.
da Companhia de Jesus seria a Contra-Reforma Católica. De começo, os jesuítas instalaram-se no bairro da
Loyola, ex-militar e homem culto, imprime àsua insti Campina, em terreno cedido pelos mercedários, onde
tuição um espírito realista de luta contra os adversários construíram casa e capela de taipa de pilãoe palha. Mas
da lgreja Católica e vale-se da educação como instrumen logo abandonariam esse alojamento, por ficar em lugar
to fundamental e indispensável de adestramento das al ermo, afastado do núcleo populacional, que se concen
mas.
trava nas vizinhanças do Forte, e escolheram um terreno
Quando D. João ||I| (1521-1556) principia a colo ao lado da edificação militar de Castelo Branco. Aí cons
nização portuguesa no Brasil, a Companhia de Jesus, em truíram de novo uma capelinha de taipa, coberta de te
bora recém-criada, jáse encontra completamente estabe Iha, inaugurada pela Semana Santa de 1653. Em maio
lecida em Portugal, controlando com firmeza o setor do mesmo ano, diria Antônio Vieira que já tem o
educacional, dirigindo o Tribunal do Santo Ofícioeer melhor sítio da terra e princípios de Colégio. " (Sera
viando missões para a Colônia.46 fim Leite, 1943. História da Companhia de Jesus. V. I||,
p. 205).

77
78 Madeira.no
e desencadeiam
Pacajás, cando
dresnária. penetrando
missionários seu Em progranma
tira-se dre silvícola
pansão sionários princípios
assistncia Com
condicionamentos
Companhia
meros
não programa,1655, Antôniò o Não
aldeamentos Mas em emda apostolado,
o
recuam: perigo, não
necessário
sadores.
na cadorias,braços tor, soldado, de Jurunas como 1654e,
Companhia que fossem
Antônio
no espiritual do de seria
forma, pescador, ingleses um nos Vieira se
o "Da que oportunizaria Cristianismo;
tocante interiores poderia Jesus fácil,
Sustento percorrem
verdadeirosemovimento no meros
e Em fabric0
depois sua
atingem chega
mysteriosafrente vida á o e no extremo deixamVieira apesar- nos
comimpostos aos
era
flamengos,
caçador de
TOcantins,
índole aos párocos. resumir,
da dos de Jesus aldeamentos, a umaajesuítas,
a
colonia dos auxiliar retorna edos educação,
índios.
evidentes
o onorte, arregimentando aosBelém seu
no
estes, generos, colon e pacífica soldados
Tocantins,
rio Contra obstáculos, instituição pelo
Servo,passou
esp Negro;
na relacionamento
inacianos Ainda apenas, a
erguia-se e os, no Em(1661) Amazônia.elaborando aceitação
irito, ás grandemente sua com
enfim sahindo o a e Xingu, os comgoverno.
aventurastransporte
ser passiva, de
atividade as como
do inacianos,
o ampliaçöes os emcomprometida a
remeiro, constróem Cristo,
Amazonas, intenções a uma a
jesuita.figura a todo assim
no jesuítas 1653) defesa passiva
dos os os rápida um se Afinal,
o expulsão
a oTapajós
selvagem colonos Vieira limitada
simplescoloni mater das agricul de os
missio índios. os com
colo vasto omis
seuS inú dos no vão re ex pa dos dos
ial mer o pa 0 a

Caldeira edificar também


pinambás,· atual fluência gio colégio relíquiasigrejajunto guração
lém, nifácio. em1670, dro mantivesse mo advertia1925, balhos abril
dêncio
jesuítico
tornando-se,
A Belém. de ao
cidade em(1719)
arquitetônico o Forte Não p. Apesar
de
de Sua 11 de do do As padre
da São Ramos. da
dos teria o13). 1680, vidäo hora si
e Santo
decolégio Maranhão de Em maior
Provincial catequese osc¥o
Castelo primeira
a da paraense. santos lgreja-de Francisco do A das
junho Bettendorf
1700) longa saía ficticia, á
primeira São 2 dos indios,Ordem Homens
Vigia, Alexandre. portanto, O
Presépio númeroCronologia de pressões
Branco papa acolonos."
contíguo, Bonifácio,
de mártires
e jesuítico, duração setembro "carta promettendo-
no
igreja haveria São da aos era
Com as que de
região 1702, celebra
Xav Companhia
e de
pisou, Pará, de Urbano Francisco jesuitassotridas muito profundo
protessaram,
este ier/ de regia (Theodoro
no a oSanto Santo nova sacerdoteseeclesiástica
paraense foi os passar
igre ocorrendo
os apenas a deT648, mais -Ihes
município santo, Já
primeira que
emantigajesuítas ja
Alexandre VIlT
padres reedificação
Alexandre missa a a na amor
sua passou do Xavier um de
(Domconfia supportavel
Prov Braga, uma 0s
patrono dera de3
outra liberdade jesuitas e
viagem quealdeia
começaram
tempo, destinaram solene igrejinha
a dezembro altar menos Jesus Alberto da íncia, abnegada
da a sagração
aos todos p.
(a Amazônia.
carta 29).
Francisco Vigia. chamar-se
dos ao e segunda) Com queattrahiam
para por do de jesuítas São do de leigos para a que,
cole inau quapróxi: régia Gal
os 10
escra a dedica.
a
lu A in Beao Bo da con dé que tra de em-
a a
fundacão de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Cha lgreja de Santo Alexandre
mava-se, então, Uruitá ('Cesto de Pedra', em Tupi, Car
los Rocque, p. 1722), e foi colonizada por Dom Jorge
Gomes dos Alamos, fidalgo português. Em homenagem
ao seu primeiro Colonizador, passou a chamar-se de São Oconjuntoarquitetônico jesuítico (igreja e colé
Jorge dos Alamos. A denominação Vigia decorre da ins gio), situa-se no bairro da Cidade Velha, o mais antigo
talação, ainda nos tempos coloniais, de um posto de vi de Belém. O partido arquitetônico éo tradicional da ar
gia dos portugueses, para evitar aentrada de estrangeiros quitetura religiosa conventual; dispõe os tramos, hori
e o contrabando na regi¥o. Na ocasião, esse lugar era Zontalmente, em quadra, enquanto aigreja se eleva, nu
passagem obrigatória das embarcações que entravam e ma vertical, aum canto do tramo fronteiriço (fig. 61). A
saíam de Belém. De ruas estreitas e casas coloniais, esta fachada da igreja, que Lúcio Costa denominou de meio
pequena cidade teve importante papel na penetração dos bárbara (Lúcio Costa, p. 35)devido àexpansão das gran
franceses na Amazônia e na entrada do café no Brasil. des volutas sobre as torres atarracadas (fig. 62), éa úni
Durante muitos anos exportou o café, pois Melo Palhe ca, no Pará, com ornamentação escultórica de elementos
ta, o homem que introduz iu a cultura cafeeira no Brasil, geométricos e rosáceas (fig. 63). Se se observar atenta
era vigiense e, em sua cidade natal, fez o pr imeiro plan mente essa fachada, notar-se-á que nenhum elemento de
tio de café, com sementes trazidas das Guianas. Banha corativo ou estrutural, nem mesmo as hiperbólicas volu
da pelo rio Guajará-Miri e distante 160 km de Belém, tas, Ihe conferem dinamismo ou movimento ascensional.
Vigia é,. talvez, o mais antigo povoado do Pará. Quem Pelo contrário, as volutas, grandes e derramando-se co
primeiro a visitou foi o francês Daniel de la Touche, Se mo que àvontade sobre as torres anäs e pilastras, impri
nhor de La Ravardiere, que, depois de fundar São Luis, mem a sensação de um movimento descendente. Como
no Maranhão, penetrou na Amazônia com Charles de as fachadas portuguesas, ade Santo Alexandre é séria e
Vaux. Este, já conhecedor do caminho, após a recon muito envazada: possui seis janelas no tramo horizontal
quista de São Luís, pelos portugueses, guiaria Castelo correspondente ao coro, duas no corpo de cada torre,
até à pequenaenseada, na Baía de Guajará. três nichos escavados no frontão, as envazaduras das si
notório
A presença dos jesu ítas, na Vigia, traria um neiras (uma das sineiras foi vedada) e as três portas de
padres
progressO ao lugarejo no setor educacional. Os acesso direto ànave. A riqueza de envazaduras torna- se
fundaram colégio, e abriram, inclusive, curso de latim. mais evidente pela ausência, quase que total, de superfi
Iniciaram uma outra igreja de pedra, em frente ao rio, cies lisas. Todavia, a seriedade tão tipicamente portugue
que seria a matriz. Mas a 19 de janeiro de 1759, Dom sa dessafachada, é traída por uma espécie de sentimento
José I manda seqüestrar os bens da Companbia de Jesus, telúricoO que a torna assaz atraente.
Ocorrendo sua expulsão, da Amazônia, a 12 de abril de Lúcio Costa e Bazin assinalam afinidades entre o
1760. A lgreja de Pedra ficaria inacabada. Frontispício de Santo Alexandre e odaantiga lgreja je

79
Suítica de Salvador. Essas afinidades vez., a capela-mor épr ofunda, marcan do bem a cruz conm
nível estrutural e isso écomum na existem sim, mas ao Oteto decorado de elementos geométricos de formas re-
As duas igrejas apresentam arquitetura jesu itica. versas, dispostos numa Composição clara, bastante defi-
cornijas proeminentes: tres
em Santo Alexandre, duas na Catedral de nida (fia. 65). As paredes colaterais eram ornamentadas
que confere três seções horizontais à Salvador, o de telas pintadas que se enquadravam em molduras bar-
igreja
duas àigreja baiana;ambas apresentam cinco paraense e rocas, de talha dourada. O retábulo constitui um admirá
ticais, determinadas por altas pilastras; as trêsseçÖes ver vel exemplo da terceira fase da evolução caracterizada
portas de
acesso ànave possuem, nas duas igrejas, folhas de almo por Lúcio Costa, e que este estudioso da arte colonial
fadas geométricas (fig. 64), e as envazaduras, brasileira descreve com tanta precisao:"jà para fins do
do-se as das sineiras, são todas de vergas retas. excetuan século XVIllporém, atrama regular que serve de fundo
Todavia,
OCoroamento da fachada de Santo Alexandre, bastante àopulenta ornamentação desses retábulos vai perdend
original, nada tem aver com o da igreja da Bahia que, no a sua concisão. As colunas se afastam para dar lugar
tratamento do ático e das volutas, se aprox ima do coroa imagens, OS arcos se abrem para recebero dossel sobre
mento da fachada da lgreja do Seminário de Santarém, trono; multiplicam-se os anjos, as volutas, os florões, e
em Portugal. Os próprios frontões das três portadas, em as linhas mestras do desenho quase que se perdem, leva
Santo Alexandre, formados de volutas bastante espon das pelo ímpeto e pela profusão de formas que irrom
tâneas, estão muito distantes do traçado requintado dos pem, auma, por toda parte" (Lúcio Costa, p. 45). Oen
frontões das portadas baianas, de forma triangular, e in talhe desse retábulo descreve trechos bastante naturalis
terrompidos, cada um, por um nicho com escultura, Se tas, como se observa nas planhas antropomórficas e quir
num senso de observação lógica se pode detectar, entre landas (fig. 67).
as duas fachadas, as ex istentes analogias, é bem verdade Outro aspecto inusitado no contex to de Santo Ale
que os sentimentos inspirados por essas fachadas são di xandre são os púlpitos (figs. 69, 70, 71, 72). Alguns es
versos. Estar diante da Catedral de Salvador, é defrontar tudiosos eminentes têm discutido a beleza e a origem de
se com o espírito tradicional da sobriedade portuguesa, suas formas. Robert Smith os relaciona com os das igre
esse mesmo espírito que, em Santo Alexandre, é traído jas rococós da Austria; Bazin, com os das igrejas barro
pela liberdade de um talento inventivo. cas de Sevilha. Háuma tendència, na cr ítica, de armaze
A planta da igreja de Santo Alexandre também re nar conceitos que estão sempre prontos para rotularem
mete àda Catedral da Bahia e as duas têm muitas solu os fatos artísticos. Todavia, a obra, embora compatível
ÇÖes emn comum com a lgreja-Mãe dos Jesuítas, em Ro Com o seu momento histórico, se comporta, muitas ve
ma - a lgreja do Gesù:a nave única, a caixa mural que zes, com rebeldia diante dos cânones, dos modismos, das
se abre, colateralmente, em profundas capelas comuni tendências estéticas conhecidas, dos lugares comuns. O
cantes, as grandes arcadas sobre as quais se enfileiram espírito lúcido e sensível de Lúcio Costa não ignorou es
tribunas de seção reta, o plano da cruz latina. Por Sua se aspecto crítico da crítica, de querer tratar, sempre, a

80
arte consultando um receituário de fórmulas preestabe
grotescos, de Rafael (fig. 81). "As 'loggias' do Vaticano,
lecidas. "Na composiçao e na talha de uns e de outros começadas sob a direção de Rafael, foram terminadas
(púlpitos e altares) observa-se o mesmo acento bárbaro pelos seus alunos. As cenas bíblicas são enquadradas por
referido anteriormente quando aludimos àarquitetura uma decoração pintada por Giovanni da Udine (1494
dessa igreja. o arrojo plástico e osentido apaixonado 1561), inspirada pelos ornamentos descobertos pouco
da concepção dos púlpitos revelam um tal fervor, tama antes nas escavações da Casa Dourada de Nero e aos
nho arrebatamento, que a sua análise não cabe dentro quais, por esta razão, se chamava 'grottesche' Esta
dos limites comedidos de uma crítica objetiva' '8(Lúcio ornamentação de arabescOs será imitada em toda a Euro
Costa, p. 66). Os retábulos dos altares colaterais obede pa'" (Bazin, p. 226). No barroco, tais arabescos se expan
cem ao mesmo estilo do retábulo do altar-mor: volutas e dem nas formas mais fan tasiosas, distanciando-se dos
contra-volutas sobre dossel lambrequinado, colunas salo moldes usados no Renascimento; há, contudo, ocasiões,
mÓnicas, nichos, elementos fitomorfos estilizados e na emque afirmam de forma expressiva as suas origens (ob
turalistas, querutbins, vides sobre as quais também se ani servar fig. 76, pintura de fundo do nicho do retábulo da
nham aqueles mesmos pássaros amazônicos encotrados sacristia de Santo Alexandre). Nas restaurações, é co
no antigo retábulo da lgreja do Carmo (figs. 73, 74, 75). mum a retomada das formas geométricas nesses motivos
Asacristia da lgreja de Santo Alexandre conservaa pin ornamentais, quando as formas barrocas autênticas desa
tura original do teto, o antigo arcaz e retábulo cujo esti pareceram ou se tornaram irrecuperáveis (observar figs.
lo é uma variante da segunda fase de evoluç¥o dos retá 82ae 82b).
bulos, de que já se talou antes, com caracteres decorati Opadre Serafim Leite informa sobre alguns artistas
Vos de influência oriental (fig. 76). Dos altares do cruzei que teriam trabalhado na igreja jesuítica de Belém:o ir
ro, ex iste, somente, o do lado esquerdo de quem entra mão João Xavier Traer, do Tirol, Bríxia, hoje região ita
na igreja (fig. 77). O retábulo desse altar possui, no co liana - pintor e escultor; atribuem-se-lhe os trabalhos de
roamento, grotescas e curiosas formas que devem ter saí talha, mormente os púlpitos; irmão Luiz Correia, portu
dode mãos aborígines (fig. 78). guês - pintor; irmão Agostinho Roiz, português - pin
O vão do altar-mor possui apintura original, a óleo, tor e escultor (Serafim Leite,Tomo |lI, p. 205).
representando elementos fitomorfos estilizados, contor A igreja de Santo Alexandre possuiu ricoe numero
cidos em formas espirais e reversas (fig. 79). Esse moti So acervo de imagens sacras. Quando se procedeu ao le
VO ornamental, com suas variantes, tornou-se verdadeira vantamento fotográfico do templo, consider¥vel número
moda no ciclo barroco e era, geralmente, utilizado nos dessas imagens, de técnicas e estilos variados, algumas
arcos cruzeiros, pilastras, no emolduramento de pintu monumentais, agrupavam-se pela nave do templo, pelo
ras narrativas dos tetos e painéis, assim como nas atbóba transepto e pelas capelas comunicantes (observar figs.
das (fig. 80). Os retábulos das igrejas e o mobiliário ins 66, 68, 69). Algumas peças, entretanto, procediam de
pirar-se-iam nesses motivos, que têm a sua origem nos outras igrejas ou doações, para a proposta que, por al

81
gum tempo, vigorou - a de se
transformar a lgreja de
Santo Alexandre, no Museu de Arte Formado de caixa mural retangular e rasas canelae
Sacra do Pará. colaterais, ointerior da igreja ésimples. A sacristia co
serva vivOs OS remanescentes da arte setecentista: an
me arcaz de jacarandá, um imenso painel onde se
dram telas pintadas em estilo academico, narrando enqua-
pas.
Igreja da Mãe de Deus sagens da vida de Nossa Senhora (figs. 87, 88,89), o teto
compostode quatropainéis pintados a óleo,com símbo.
los da Virgem ao centro, e profusão de elementos floraie
e geométricos (fig. 90). Ogrande painel dos quadros é
centralizado por um nicho com ornamentação pictórica
A fachada da igreja da floral muito variada (fig. 91). lambém o piso da sacris.
da Vigia, éinspirada na de Mãe de Deus, no município tia ainda éo original (fig. 92).
bem portuguesa mas sem as
Santo Alexandre - sóbria e Da estatuária sacra, remanesce um enorme Crucifi
ja de Belém (fig. 83). O soluções insólitas da lgre cado em talha barroca portuguesa, de virtuoso tratamen
coroamento
frontão apainelado e de linhas
éformado por um to anatômico e expressivo (fig. 93) edois relicários de
tre as duas torres de seção ondulantes, centrado en santos jesuítas, já mutilados (fig. 94). Outras imagens.
quadrada com
Curvos e pináculos; no painel do frontäo,envazamentos praticamente irrecuperáveis, jazem no piso superior do
um óculo ci templo (fig. 95).
líndrico (fig. 85). Proeminente cornija
secciona
roamento do resto do corpo da fachada, de amplas esse có Da chamada lgreja de pedra, só aparte referente à
perfícies lisas. No coro, apenas três janelas de sacadasue capela-mor ficou construída (figs. 96, 97). Em seu inte
rior, encontram-se mármores e lancil que eram
de vergas retas alinham-se, destina
respectivamente, sobre as três dos àfachada. Os alicerces da nave
portadas. O corpo de cada torre é vazado por pequena ser edificados.
também chegaram a
janela retilínea. Cimalhas e frisos encimam as
janelas do
Coro. ESta igreja apresenta uma caracteristica que
ser única em todo o território brasileiro a de ser
parece
ladea
da por varandas altas, composta, cada, por vinte e duas
colunas toscanas e que conferem ao edifício beleza e NOTA
monumentalidade (figs. 84, 86). Esses avarandados lem
bram os alpendres de moradias rurais brasileiras, forma
dos de colunas de sustentação e com acessos
através de 46 -
Pinheiro Chagas informa que foi D. João III o introdutor da
escadarias, como Ocorre na igreja da Vigia.
Companhia de Jesus em Portugal. Pinhe iro Chagas,
História de Por
tugal, V, IV,(Lisboa, 1899),p. 99/100.

82
Fig. 61 - Conjunto arquitetônico dos Jesuítas

83
Fig, 63 - Detalhe do relevo decorativo da frontaria da lgreja de Santo Ale
Fig 62- Frontaria da Igreja de Santo Alexandre xandre

84
OBRAS
KANDADA$EXECUTAR
DELO NSTITUTO
DO PATRIMONIO
HISTORICO EARTISTICO
NACIONAL

Fig. 65 Capela-mor da Igreja de Santo Alexandre, antes da intervenção


Fig. 64 Portada da lgreja de Santo Alexan dre, onde se vê placa do IPHAN do IPHAN

85
Fig. 66 - Detalhe do interior da Igreja de Santo Alex andre, após a intervenção do IPHAN

86
Fig. 67 - Detalhe do retábulo do altar-mor da lgreja de Santo Alexandre

87
Fig, 68 - Imagens barrocas em estado de deterioração, aglomeradas pelo piso da Igreja de
Santo Alexandre

88
Fig. 69 - Vista do púlpito, balaustradas das tribunasegrandes arcadas da Fig. 70 - Vista frontal do púlpito da lgreja de Santo Alex andre, vendo se
nave da Igreja de Santo Alex andre ao fundo detalhes das capelas comunicantes

89
N

Fig 71 - Detalhe do púpito da lgreja de Santo Alexandre - base arrema


tada por florão

90
Fig, 72 - Detalhe do coroamento do púlpito da Igreja de Santo Alexandre

91
Fig 73 - Retábulo de altar colateral da Igreja de Santo Alexandre Fig. 74 - Detalhe do retábulo de altar colateral da lgreja de Santo
dre Alex an

92
Santo Alexandre
Fig. 75 - Detalhe do coroamento do retábulo do altar colateral da lgreja de

93
Fig. 76 - Retábulo do altar da sacristia da Igreja de Santo Alex andre, antes
das obras do IPHAN

94
Fig. 77 - Detalhe do retábulo da capela do cruzeiro - Igreja de Santo Ale
X an dre

95
Fig. 78 - Coroamento do retábulo da capela colateral do cruzeiro - Igreja de Santo Alex andre

96
Fig. 79- Vão do altar-mor da Igreja de Santo Alex andre. Pintura a oleo sobre madeira

97
Fie. 80 - Jgreja de Santo Alexandre - detalhe da talha que emoldurava paineis pintados, hoje
rais da capela-mor desaparecidos, nas paredes colate

98
Fig. 81 Giovanni da Udine, copia de Raf ael. Pintura decorativa "alla
grottesca" (Germain Bazin. História da Arte, p. 225)

99
Fig, 82a- Imitacão dos adornos pintados, proprios do ciclo barroco. Detalhes do teto de capela colateral da Igreja de Santo Alexandre

100
903

Fig, 82b- Imitação dos adornos pintados, próprios do ciclo baroco. Deta
lhes de pilastras da Igreja de Santo Alex andre Fig. 83 Igreja jesuítica da Mãe de Deus, no município da Vigia

101
Fig. 84 - Vista lateral da Igreja da Mãe de Deus

102
Fig. 85 - Detalhe da frontaria da lgreja da Mãe de Deus

103
Fig. 86 - Vista interna do avar andado colateral da lgreja da Mãe de Deus

104
Fig. 87 - Sacristia da Igreja da Mãe de Deus arcaz, painel pintado e de talhe do teto

105
Fig 88- Quadro da Anunciação, que compõe o painel da sacristia da lgre Fig. 89 - Quadro da natividade, do painel da sacristia da Igreja Mãe de
ja Mãe de Deus Deus

106
Fig. 90 - Detalhe do teto da Igreja da Mãe de Deus

107
INR

Fig. 91 - Nicho central do painel pintado da


Deus sacristia da lgreja da Mãe de

108
Fig. 92- Piso original, próprio do ciclo barrococolonial brasileiro - sacristia da Igreja da Mãe de Deus

109
Fig 93 - Talha em madeira - sacristia da lgreja da Mãe de
Deus

110
Fig. 94 - Relicários ornados em douramento - Igreja da Mãe de Deus

111
Fig. 95 - Talhas do acervo da Igreja da Mãe de Deus

112
Fig 96 - A chamada Igreja de Pedra, no município da Vigia - obra inacabada dos jesuitas

113
Fig 97 - Arco-cruzeiro da lgreja de Pedra - Vigia

114
Na Creta pré-helènica os golfinhos eram honrados
A Simbologia da Decoração Como Os deuses. Acreditavam 0S cretenses que os golfi

Barroco-Religiosa nhos se retiravam para os confins do mundo ou Ilhas


Bemaventuradas, sendo para látransportados nos dorsos
de golfinhos. Esta simbologia divinatória do golfinho é
comum àmitologia grega7 e, no Cristianismo, este ani
mal marinho representa conversão e salvação.48 O peixe é
os capítulos anteriores, já se procedeu à interpreta Concebido, de modo geral, como um dos primeirOs sím
N ção de vários símbolos componentes dos escudos
representativos de alqumas Ordens Religiosas, assim
Como de outros pertinentes àHistória de Portugal, reser
bolos cristãos e, já figurava na arte crist primitiva, desde
a fase catacumbár ia. As iniciais da frase 'Jesus Cristo de
Deus Filho Salvador'', em grego, formam a palavra
vando-se este capítulo para um breve estudo daqueles de peixe. = peixe
caráter mais universal, na iconografia do Cristianismo, e Aconcha, por sua vez, participa do simbolismo da
que foram inten samente utilizados na cenográfica deco fecundidade, próprio àágua onde ela vive. Sua forma re
ração da arquitetura barroco-religiosa. mete ao órgão sexual feminino e seu con teúdo Ocasio
Muitos desses símbolos pertenciam, já, à iconogra nal, a pérola, deve ter dado origem àlenda do nascimen
fia de civilizações antiquíssimas. Assimilados pelo Cris to de Afrodite, saída das ondas marinhas9 Esse tema
tianismo, eles expressam, dentro de uma nova visão do mitológico foi explorado pela pintura renascentista, co
mundo, conceitos equivalentes aos seus significados pri mo se pode ver em Botticelli, que representa a deusa
mitivos, nas antigas mitologias. Assim é que o pelicano, saindo de uma concha.50 No Cristian ismo, a concha é
pelo fato de bicar o peito para dele extrair o próprio associada ao batismo, que purifica a alma, fecundando-a
sangue e alimentar os filhotes, éconsiderado, na icono de graças e tornando-a digna do reino de Deus. O batis
grafia crist, o símbolo do amor paterno, representando, mo de Cristo érepresentado pelafigura de São João Ba
portanto, o Cristo. tista que, com uma concha, derrama água na cabeça de
Remontando às mais antigas civilizações orientais, Jesus,às margens do Rio Jordão.
a simbologia do pavão émuito versátil. Sua figura é bas Quanto ao simbolismo das folhas de acanto, é deri
tante encontrada na escultura romana, via de regra na vado, principalmente, dos espinhos dessa planta.51 O es
funerária, dos túmulos imperiais, assim como na antiga pinho evoca a idéia do obstáculo, da dificuldade, da de
decoração palaciana da lIha de Creta. Além de represen tesa exterior, e é a defesa natural da planta. Na ldade
tar nobreza, o pavão é, sobretudo, um símbolo solar e, Média, o acanto adornava os capitéis góticos, as carrua
como tal, símbolo da imortalidade. Nas tradições esoté gens funerár ias, as vestimentas dos heróis que saíam vi
ricas represen ta totalidade, pelo fato de reunir todas as toriosos de suas batalhas. Nas tradições cristäs, o espi
Cores noabrir da cauda. nho significa a terra selvagem, não cultivada, aterra vir

115
gem, sendo esta simbologia associada à pelo seu caráter solar, como símbolo da
vida eterna, da
mulher, motivO por que as noivas usavam virgindade da ortalidade da alma, O lírio.
lírio, por sua
ramos de laranjeira, planta que uma coroa 0e
contém espinhos. O
brancura, ésino.
nimo de pureza, de inocência, de virgindade. No
acanto representa, na iconografia crist,
é uma espécie de triunfo,
a virgindade, que dosCânticos, é encontrado designando aa
rismo do amor,52
C§nticO
pureza e o li
sendo também o símbolo da
provação que se transforma em glória. Osignificado da rosa, na iconografia cr istä, é mui-
Desde a ldade Média, a linha curva to versátil. O símbolo Rosa-Cruz é
do de ascese. AS abóbadas dos adquire o senti
templos, dos batistérios, uma cruz com uma rosa ao centro e uma em
representado por
das salas funerárias, das da cruz. A rosa central simboliza Ocoraço.
cada braço
cúpulas, eram, auase sempre, or
nadas de imagens celestiais. Esta
decoração entra em te, o papa costumava benzer, no quarto domingo da Antigamen-
harmonia como resto do edifício para representar tud0 Quaresma, umna rosa de ourO, ritual que simboliza
O que é celeste, num acordo paz,
cósmico. Sendo mais Iivre, a ressurreicão, imortalidade.3 Arosa é a taça que recnlba
linha curva é mais propícia para
exprimir egerar emo Osangue de Cristo ou a transfiguração desse sangue, ou
Ções, o que justifica a sua vertiginosa èxploração pelo ainda o símbolo das chagas de Cristo. A Rosa vlística
barrocO, que a usa não apenas na decoração, como na das litanias cristäs, símbolo da Virgem, deriva para uma
própria estrutura arquitetônica. representação pictórica antropomorta, que prolifera na
A constante presença do vaso nas decoraçöes reli decoracão das igrejas barrocas, notadamente nas pintu
giosas deve-se, principalmente, ao seu sentido ésotérico. ras de tetos.
Na literatura medieval (Jean Chevalier, p. 360, remete Na decoração da arquitetura barroco-religiosa, a
ao Graal e às Litanias), o vaso contémo Tesouro. Ovaso
presença dos anjos éprofusa e se enquadra como impor
hermético é o lugar onde se operam maravilhas e neste tante elemento de composicão. Esses seres celestiais nem
sentido está ligado àsimbologia da fecundidade o úte sempre foram representados, pelo artista barroco, segun
ro, onde uma nova vida se forma. vaso representa, as do osimbolismo das hierarquias angélicas, tão respeita
sim, um reservatório de vida, otesouro da vida espiri do na arte medieval, de modo que háocasioes em que se
tual. torna difícil a caracterização dentro das hierarquias. Não
Para o pensamen to cristão, a flor ésempre uma fi raro, inclusive, os anjos cristãos se confundem até com
guraarquétipo da alma, apesar de seus inúmeros empre Amores ou Cupidos da mitologia greco-romana.4 lo
gos alegóricos. Os ramalhetes, saídos dos vasos, são co davia, nos azulejos do Convento Santo Antônio, pode-se
mo as almas que, plenas de graças e virtudes, estao sem identificar uma série de querubins dispostos com Sime
pre receptivas às bênçãos celestiais. Podem, ainda, os ra tria na profusão dos elementos decorativos que emoldu
malhetes, representar oferendas espirituais. O girassol, ram os painéis, o que Ihes confere um certo equilíbrio
cujo nome deriva de conhecido tropismo dessa flor e de de composição. Nos quadros que narram o episódio em
sua forma radiada, comparece, nas decorações religiosas, que Jesus transmite a São Francisco os seus cinco estg

116
mas, o Cristoaparece sob a forma de um Serafim 55 De NOTAS
modo geral, os querubins sao os mais encontrados na
decoraçao interna das igrejas de Belm. Os anjos repre
centam oexército de Deus, transmitem Suas ordens e ve
lam pelo seu mundo. Na ldade Média, intervinham nos
momentos de perigo, nas guerras e nas Cruzadas. 47 Dionísio, odeus do vinho e da inspiração, (também chamado
piratas terrestres
Antes de representar o martírio dos que morriam Baco), numa de suas varias aventuras, pede a uns
Os piratas fingir am
em nome de Cristo, apalma evoca a entrada gloriosa de que o atravessem em seu barco a ilha de Naxos.
fim de vender Dio
lesus em Jerusalém. Simboliza a fidelidade a Deusea acertar o trato e desviaram o barco para a Asia, a
a rota estava erra
promessa da glória eterna. nisio como escravo. Quando Dionisio percebe que
barco de hera, faz
O poço étema treqüente da história israelita e tão da, transforma os remos em serpen tes, enche o
parreiras;
importante na vIda desse povo que, em sua laboriOsa es ressoar flautas invisíveis e parar o barco entre ramadas de
golfinhos.
cavação, empenhavam-se atéos chefes do cl. Em Canaã, os piratas precipitam-se no mar e transformam-se em
solo arido, os poços eram cavados na terra e na rocha, Como piratas arrependidos, passam a ser amigos dos homens e se
até atingir a água viva. A Sua volta, reuniam-se os pasto esforçam por salvá-los dos naufrágios. Pierre Grimal, Diccionario de
res com seus rebanhos, mulheres e jovens, em busca de la mitologia griegay romana. (Barcelona, 1965), p. 139.
48 Pelo fato de os golfinhos, na mitologia greco-Tomana, repre
áqua. Encontrose amores famosos, comoo de Moisés e
Sua mulher Séfora, Jacob e Raquel, aconteceram junto a sentaem piratas arrependidos que se empenham na salvação dos
um poço. Osignificado bíblico do poço é duplo, poden náufragos, foram incorporados, na iconografia crist, como símbolo
do representar um manancial de vida ou um princípio de conversão e salvação. Jean Chevalier, Dictionnaire des symboles
de destruição.56 0 mais famoso poço da Bíblia é o que (Paris, 1974), p. 139.
Jacob mandou construir parao seu povo, pelo encontro, 49 Uma das duas versões do nascimento de Afrodite (a Vênus ro
junto dele, de Jesus com a Samaritana e por ter sido o mana), diz que Urano teve os órgãos sexuais cortados por Crono; es
cenário do diálogo sobre o dom de Deuse a ájua viva ses órgãos caíram no mar e geraram Afrodite, nascida das ondas ma
(João, cap. 4, vers. 1-18). rinhas. Grimal, p. 11.
50 Sandro Botticelli. O Nascimento de Venus (aproximadamen
te, 1484). Galeria Uffizi, Florença. Tiziano, Amor Sacro e Amor
Profano. 1515. Galeria Borghesi, Roma. (a figura que representa o
Amor Profano tem uma con cha nas mãos).
S1 Oacanto que serviu de motivo para os capitéis corintios da
antiguidade grega era o "Acanthus Mollis", que não con tinha espi
nhos. O que serviu de motivo para a decoração da arquitetura gotica
eiconografia do Cristianismo, é o "Acanthus Spinosus'", de grandes

117
confia a um
folhas lanceoladas com lacínias triangulares acuminadas e os pa leva a rosa na mão ou a prelado.
dentes
armados em espinhos curtos, brancacentos e terminais. Enciclopedia rosa fica sobre o altar. Após a missa, O Cortejo retoma
Durante a missa, a
o
Mirador Internacional, V. 2 (São Paulo, 1976), p. 45. minho, até a sala dos Paramentos, ocasiao que o papa mesmo ca-
S2 -
Cap. 2, vers. 1 - 'Eu sou a rOsa de Sarom, o lírio
doS de ouro a uma personalidade ou
oferece rosa
instituição que se tenha
a

vales." por ação digna à humanidade. Dictionnaire de


droit canonidestacado
que, (Pa-
Cap. 2, vers. 2 - "Qual o lírio entre os espinhos, tal e
a ris, 1965), p. 731.
minha querida entre as donzelas." 54 "Segundo a hierarquia celeste, atribuída a Dinis,,o
Cap. 4, Vers. 5 - Os teus dois seios são como duas Crlas, ta, os anjos estão distribuídos em tr¿s ordens cada or dem
e Aeropag
em tres
coros. Dos nove coros os tres primeiros são os
gemeas de uma gazela, que se apascen Tronos',, que eram
tam entre os lirios." sim bolizados por rodas de fogo, com asas à volta e cheios
Cap. 5, vers. 13
de olhos;
(a esposa fala do esposo) .. os seus Queru bins', sem pre representados por uma cabeça ladeada por
duas
lábios so lírios que gotejam mirra pre asas; e 'Serafins', figurados com seis asas. Asegunda ordem compre-
ciosa. " endia as 'Dominações, as Virtu des' e as 'Potências' ou
Cap. 6, vers. 2 "O meu amado desceu ao seu jardim, aoS ou ainda Poderes', representados vestindo alvas até oS peés e
'Potestades,
canteiros de bálsamo, para pastorear nos
cintos
de ouro com estrelas verdes. Sustentam na mão direita
jardins e para colher os lírios. "" ouro e na esquerda um selo com a iniCial de Cristo. A terceira r.
varinha
de
53 O quarto e últim o domingo da Quaresma lembra a Páscoa que
se aproxima e cu ja festa écelebrada no início da Primavera,
dem era composta pelos 'Principados', 'Arcanjos' e 'Anjos' propria
ocorren mente ditos, que vestiam de guerreiros com cintos de ouro e dardos
do, assim, uma associação simbólica entre a Páscoa e esta estação: o ou lanças numa das mãos." Corona && Lemos, Dicionário da Argu'
papa benze uma rosa de ouro, que representa a mais bela flor da Pri tetura Brasileira (São Paulo, 1972),p. 42.
mavera, simbolizando a renovação da alma pela Páscoa. 55 Os Serafins vigiam o trOno de Deus e apresen
tam-se com seis
Esta cerim onia remonta ao papa Leão IX (1409-1054). Du
asas: duas para cobrir a face (por receio da vìsão de Deus), duas para
rante a estada do papado em Avinhão, a cerimônia da Rosa de Ouro cobrir os pés (eufemismo designan do o sexo) e duas para voar. Jean
se realizava em torno da Basílica de Santa Cruz, para on de o papa se
Chevalier, p. 70.
deslocava, com uma rosa de ouro na mão, em cavalgada, acompanha 56 Nos Cantares do Rei Salomão, a mulher é como poço
do de cortejo do Sagrado Colégio. Chegan do à basílica, pronunciava fresco,
on de o homem deve aplacar a sua sede: "Es fonte dos
um discurso sobre os mistérios que a rosa representa, por sua beleza, jardins, poço
das aguas vivas, torrentea que correm no Líbano." Cap. 4, ers. 13.
cor e perfume, celebrando, em seguida, a Santa Missa. Ao regressar à
No Livro dos Salmos, de David, o poço é o abismo que o implo es
residência papal, um príncipe que integrava o cortejo auxiliava-o a cava para a sua propria destruição. * ..o ímpio estácom dores de
descer do cavaloe recebia, das mãos do papa, a rosa de ouro. Atual
iniqüidade, concebeu a malícia, dá à låz a mentira. Abree aprofun
mente, a rosa é benta no Vaticano, na sala dos Paramentos; o papa
a uma Cova e cai nesse mesmo poço gue faz." Cap. 7, vers. 14-1).
pulverizaa com um pó de essências perfumadas, antes de aspergi-la
com água benta. Em seguida, em cortejo para a Capela Sistina, o pa

118
música dos ór
ças aliturgia, no nevoeiro do incenso e na
Conclusão gaos, deixade haver um mundo de mármore, um mundo
simplesmente
pintado e um mundo humano, para haver
os movimentos
um conjunto onde o gesto das estátuas,
celebrantes se orques
das figuras pintadas e os ritos dos
Muito se tem discutido sobre a problemática do tram numa sinfonia grandiosa". históriCo-artístico
barroco latino-americano,; alguns estudiosos procuram Se é verdade que um momento
estudo de fatos
ressaltar as manitestaçöes autóctones dessa arte, na ten não pode ser compreendido através do
tativa de Ihe defender um conceito de originalidade, en isolados, também éverdade que se não podem arrolar
mesmo momento num
auanto OutrOs procCuram rechaçar essa idéia, por consi todos os fatos artísticos daguele
se de atentar para as múlti
deraremn, em última análise, que as referidas manifesta Con ceito generalizado. Têm-
têm-se, in
Cões encontradas são insuficien tes, por si mesmas, para plas tendências componentes daquele todo,
estar preparado para as discrepäncias porque
iustificar a identidade de um barroco latino-americano. clusive, de
onde háohomem haverásempre discrepâncias. No pró
Em princípio, falar de um barroco latino-america nas diver
prio Brasil, têm-se de atentar para oque se fez
no, implica em falar de um universo art ístico em que se Aleijadi
encontram tendências estéticas tão variadas, que seria sas regiões e ainda considerar o caso àparte do
nho, que t¥o bem sublinha um fator de suma importân
impossível arrolar tais tendências sob um mesmo enfo
que conceitual. Têm-se de admitir que os modelos mais cia que Victor Tapié não subestima nem esquece:O con
expreSSIV OS do barroco no Peru, no Méx ico, no Equa curso da individualidade artística.
dor, não encontram equivalentes na arquitetura barrocO No casO particular das obras selecionadas para este
religiosa do Brasil, pelo menos no referente àcomposi estudo, conclui-se que elas se enquadram em dois pólos
ção das fachadas, com sua decoração escultórica origina de influências, a portuguesa e a italiana, apresentando,
líssima, como acontece na lgreja da Companhia de Jesus algumas vezes, características bastante diferenciadas en
em Arequipa, na Catedral de Puno, ambas no
Peru, ou Tre sI, apesar de comporem um microcOSmo do universo
em Guanajuato, no México. E barroco-religiosO europeu transplantado para esta região
na lgreja de Valenciana
não se pretende que a escu!tura decorativa das fachadas do extremo norte brasileiro. Aliás, dentre as regiões do
tratados Brasil onde obarroco se desenvolveu,o Paráse distingue
e do interior dos templos, os retábulos, sejam
O barroco de maneira notável refletindo essa caracter ística estética
Como um apêndice da arquitetura barroca.
reiigioso é a eXpréssão mais acabada da síntese das artes diversificada. Tal diversidade se afirma oraporque a igre
e Germain Bazin confiqura com propriedade esta síntese ja jesuítica de Belém se inspira, em linhas gerais, na lgre
ao escrever que "Para compreender a poesia do
barroco ja de Gesú, em Roma, diferindo, assim, do espírito nor
è preciso ter assistido - em São Pedro ou em qualquer teador das construções monacais, ora porque entre essas
Outra igreja jesu ítica da Europa a um ofício solene. Gra próprias edificações monacais surgem diferenças que es

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claustro, e nas quais se
tão ao nível de solucões técnicas e estéticas cujo dra para a formação do
nos remete, às vezes, a formas clássicas, outras
visual
buem, enfileiradas, as celas, as salas de aula, salas distri-
vezes a de es-
tormas maneiristas, barrocas e rococÐs sem que, entre tudo e de ofício e assim por
diante. Éoriginal a
tanto, se perca ocaráter essencial do estilo barroco - 0 ção das fachadas fachada dupla do convento edisposi:-
pela, e a lateral do convento, toda vazada sobre da ca-
movimento das linhas e das formas, a profusão decorati
localizacão
va, amonumentalidade arquitetônica e, sobretudo, a li Todav ia, percebe-se, aí, a estratégica do ter-
berdade de criação. Mesnmo porque, se nessa reno sugerindo a disposiçao os tramos do edificio lma
subsistem processos técnicos e expressivoS quearquitetura
nOs reme
gina-se 0 quanto devia ser pitoresco o debruçar-se numa
tem a formas tão variadas, essas formas
incorporam-Se daquelas janelas e olhar a paisagem rústica desdobrando-
numa nova visão do mundo, onde atensão entre otradi se no horizonte. Ealgo que se nao pode ignorar nos nro
cional e o inovador se consubstancia na mar Ca barroca, jetos dessa arquitetura- a exploração a paisagem natu:
plena de emoção, de simbolismo, de vigor decorativo, ral. Assim, a localização a margem dos rios, além de
sem, contudo, atingir, como em outras regiões do Pais atender a uma conveniência duplamente utilitária ado
uma decoração luxuriante e aparatosa como, por exem se poder deslocar facilmente, de canoa, de um poVoado
plo, na lgreja de São Francisco, em Salvador; na lgreja ao outro e a de favorecer arejamento aoS edifícios. tinba
do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro; na Capela também como escopo a fruição dabeleza natural, moti
da Ordem Terceira de São Francisco, do Convento de vO por que os prédios sã0, geralmente, bastante vazados
Santo Antônio, em João Pessoa. As talhas da lgreja de para o lado dos rios. A decoração do Convento Santo
Santo Alexandre e as do altar-mor da lgreja do Carmo Antônio sem se falar na capela principal, járeformada
são as únicas que poderiam representar, no Pará, aquele após a saída dos frades é, quando ex iste, toda calcada
aspectoatectônico da decoração barroca. no requinte do rococó. Os tramos do convento, autênti
Não se pretende, aqui, concluir com a defesa de tal cOS sobradöes portugueses, que se plantaram em plena
Ou qual teoria que decante ou rechace a originalidade do selva amazônica.
barroco latino-americano, enquadrando, nesse contex to, Quanto aos templos jesuíticos, as coisas se passam
o Brasile, como conseqüência, as mostras Vistas e estu de um modo um tanto diferente. As duas igrejas - a de
dadas neste trabalho. Se se retomar aanálise formal do Santo Alexandre, em Belém, e a da Madre de Deus, em
Convento Santo Antônio, verificar-se-áque nenhum ele Vigia falam uma linguagem peninsular mas que sofre
mento autóctone interfere nesse edificio, nem do ponto interferências de ordens diversas. Em princípio, as duas
de vista da estrutura, nem do ponto de vista decorativo, são jesuíticas por excelncia. A de Santo Alexandre, cu
deix ando-se uma ressalva paraOS retábulos barrOcos de jo estilo remete imediatamente à Catedral de Salvador,
saparecidos sem que se visse nenhum registro iconográfi expressa-se, contudo, através de uma plástica originalis
Co dos mesmos. O partido é o comum às ordens religio sima seu frontão atectônico parece ter sido moldado
sas: pressupõe longas galerias internas dispostas em qua pela mão de obra indígena. Já na lgreja Madre de Deus

120
ns amplas varandas colaterais com Suas
magníficas colu
atas e onde se postam ecologicamente as
tribunas, apre
sentam uma solução estético-funcional ímpar no Brasil e
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mesmo na Europa, em se tratando de arquitetura barro
co-religiosa.
Numa simples caixa retangular, numa limitada cai
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Composto e impresso na
Gráfica e Editora Universitária
da UFPA Trav. Ruy Barbosa, 491
Reduto - 66 000 Belém-PA
Encontros de Arte do Pará, ocor
ridos respectivamente em 1981 e
1982. Participou da Semana de
Letras, (Belém/PA), com a comu
nicação: APoesia - vida de Clau
dette Prieto. Atualmente, pesqui
sa sobre arte e civilização do sécu
lo XIX, preparan do-se para a ela
boração da futura tese de douto
rado: Neoclassicismo e Ecletismo
em Belém do Pará
No campo da historiografia
artística, tem, ain da, a publicar os
seguintes trabalhos: Marcel Du
champ e o Moyimento Dada; 0
Edifício Esther protótipo de
uma linha inovadora na década de
30, em São Paulo; José Renato
Pecora e o Teatro de Arena no
Brasil; Estudo sobre o Cubismo;
Interpretação Semiológica do
Kwarip Xinguano.
No campo da literatura, es
creve p oemas desde os onze anos
de idade, tendo logrado, aos de
zoito anos, o primeiro lugar no
Concurso Literário da Juventude
Franciscana, em Belém, com o
poema Por que nasci? Escreve
contos e crÙnicas, mas só agora se
prepara para publicar sua obra li
terária, pretenden do estrear com
o livro Poemas da Solidão. Estão
em fase de criação as obras: Mora
da dos Encantados (contos); Im
pressões de Viagens (crônicas), de
corrente de viagens feitas pelo
Brasil e Europa.
AS ORDENS RELIGIOSASEO BARROCO Esta obra aborda aspectos de.cunho
NO PARÁcondensa um cabedal de morfológico e estético que interpenetram-se
informações a respeito da arquitetura ao aspecto histórico-cultural, resultando
barroco-religiosa utilizada pelos em um trabalho de entoque didático
franciscamos, carmelitas, mercedários dos mais objetivos e relevcntes, que
jesuítas que se estabeleceram no Pará, contribuirá para enriquecer os conhecimentos
a partir do Século XVIl. de todos quanto aprecicn vlorizom
a arte.

Secretaria
de Cultura,
UNVERSIDAOS SEDFRAL D0 PA22 Desportos
Turlsmo

JPara.Brasii GRAFICA E EDITORA


UNIVERSITARIA

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