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O quinto senso trabalha primariamente com a idéia de ser especial.

Quando
descobrimos a espiritualidade, entramos em contato com tantas coisas
diferentes, que isso nos deixa a sensação de sermos especiais, devido as
coisas diferentes que experienciamos. A partir disso, podemos buscar
erroneamente preencher nossos vazios com estas experiências e sabedorias
espirituais, pois isso é um movimento natural da humanidade, a busca por ser
único. E, dentro dum ambiente grupal como a Ordem, isso fatalmente
aconteceria, pois estamos imersos em tantas coisas diferentes, que podemos
nos perder nisso. Nesse sentido, o quinto senso é como uma barreira protetora
do grupo, que nos traz a reflexão de que todos somos especiais, pois somos o
Adam Kadmon, a Criatura original. Sendo todos especiais, no fim fica o
paradoxo: somos ou não, então, especiais?
Temos então o senso nos apontando o caminho de que, para a Cabala, não
nos definimos pelo que somos, mas sim, pelo que fazemos. Segundo a Cabala,
o Criador nos fez muitos para que pudéssemos ter a oportunidade de receber
sua luz, e então doar para o próximo, que no fim sou eu mesmo. Então, para
que essa luz do Criador continue a correr, devo agir, devo levar esta luz
adiante. Buscar ter esse nível de consciência é ir além da busca por ser
especial, ao conhecer verdades espirituais ocultas, ou seja, ao buscar o
Segredo. Mas sim, é buscar o Segredo do Segredo, aquilo que nos torna
melhores, através da ação contínua, algo que só pode ser experienciado pela
ação. Neste sentido, temos tantas potencialidades, pois podemos fazer tantas
e tantas coisas, e mesmo aquele que sabe fazer apenas uma coisa boa, que é
um especialista, pode agregar de forma plena neste plano, mantendo o fluxo de
Luz do Criador nos abençoando continuamente. Quando eu estou no plano do
"ser", apenas existo. Quando estou no plano do "fazer", estou emanando a luz
do Criador, que é o único doador da existência, para toda a Criação.
Quando pensamos na Ordem, podemos nos valer da históra das Escolas
Iniciáticas, que passavam seus ensinos místicos de valendo principalmente do
ensinar. Nesse sentido, quem ensina e quem aprende estão apenas em
posições diferentes pelo tempo, mas em essência são todos iguais perante o
Criador. O que vai diferenciar estas pessoas é, justamente, o que elas fazem
na realidade, e neste sentido, aquele que está na posição de ensinar o está por
estar fazendo muitas coisas. E aquele que está na posição de aprender o está
justamente para aprender o que fazer, e como fazer. Como diz o próprio
significado do nome “Cabala”, que significa “Como receber”. Todos aprendendo
a agir de forma correta perante o Criador, aprendendo como receber sua luz, e
ao aprender, passar para frente tudo que o Criador lhe outorgou na tarefa de
agregar nesta realidade.
Nesse sentido, a Cabala nos traz pra constante necessidade do outro. Um
cabalista não irá se isolar de forma alguma do convívio com irmãos, e não é
atoa que ela se desenvolveu primariamente seguindo uma lógica de escola de
ensinos, pois quando estamos em grupos, temos várias oportunidades de
trabalhar a idéia de que o que é importante é aquilo que fazemos,
principalmente ao fazer pelo outro, mantendo a idéia principal da Cabala que é
o receber para doar. Dentro da Ordem, prezamos por realizar nossas
atividades de forma gregária, agregando sempre que possível o maior número
de pessoas para poder aplicar, na lida da convivência, tudo que aprendemos
na expansão de consciência que a Ayahuasca propõe. Esta é a verdadeira
escola iniciática do caminho: o conviver.

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