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Olá.

Venho através desta mensagem comunicar meu afastamento da


Ordem Esotérica Cristã. Gostaria de explicar um pouco os motivos.

Quando a Júnia decidiu sair da Ordem, ela ainda tinha que comandar o
feitio, no começo do ano. Pra mim era claro que ela iria sair, mas a
mesma ainda quis comandar o feitio, embora ficasse claro através de sua
expressão facial e sua motivação que ela não queria estar ali, e aquilo
me deixava indignado. “Pra que isso?”, perguntava eu. Pensava que tudo
se ajustaria, bastava ela desistir, que a Ordem daria um jeito de fazer o
feitio. E hoje, me vejo na mesma posição. Quando decidi entrar na
diretoria, foi no mais sincero espírito de auxiliar a Ordem em um
momento deveras delicado, onde nosso segundo em comando recebe
uma advertência e decide abrir mão da diretoria. Naquele momento, até
o dia da eleição, estava firme no meu propósito de auxiliar a Ordem, e
nada parecia grande demais pra enfrentar porém, a vida sempre mostra
que nada é garantido, e que as coisas mudam.

Não é surpresa para alguns minha enorme insatisfação presente com a


condução da Ordem pelos adjuntos Alexandre e José Renato. Gostaria
que vocês me acompanhassem num raciocínio imaginativo. Pense que
você acabou de chegar na Ordem, é seu adventício. Você quis conhecer
a Ayahuasca em um ambiente seguro, e fica sabendo que uma pessoa
que você conhece frequenta a Ordem Esotérica Cristã. Você vai no seu
primeiro trabalho. Tudo é tão grandioso, misterioso e lindo. O rito é lindo.
As músicas da banda são maravilhosas, e as colocadas no som você as
vezes nunca conhecia algo parecido. Todos parecem tão inteligentes, tão
estudados. Fala-se de magia, do Cristo, de servir e auxiliar ao próximo.
Trabalho após trabalho, você vai aprendendo mais sobre você e
percebendo como gosta daquele lugar, e queria auxiliar mais, doar mais.,
Decide ir nas sessões de preparo, pois ali dizem que você entenderá
mais sobre a loja. As sessões são interessantíssimas, quanto
conhecimento... mas você não sabe que toda tentativa de mostrar a
verdadeira realidade do iniciado da loja é suprimida pelo Adjunto Geral
Alexandre, que com muito jeitinho vai cortando aquilo que pra ele é
“agressivo” ou “forte” demais, e apenas se fala de Cabala, de
experiências com Ayahuasca, e pontua-se muito sobre servir. Servir.
Servir. Servir e servir parece a tônica do grupo, parece algo muito
importante. Você então decide iniciar, e logo descobre que na verdade
esse é um trabalho de auxílio a espíritos desencarnados em sofrimento.
Hein? Vida após a morte? Pera, espíritos? O que? Nenhuma explicação
sobre, nenhum método, nenhum auxílio. A informação simplesmente
chega. Após isso, você percebe que tudo muda. Você começa a ter
alterações constantes de humor. Você sonha que está tendo seu quarto
invadido. Que pessoas estão te levando em seus sonhos pra lugares
horríveis. Você ouve vozes. Você tem medo. De repente, sua vida vira de
pernas pro ar. Você busca auxílio no seu padrinho, que na maioria das
vezes, sabe menos de você sobre processos mediúnicos, e ainda tenta
dizer que isso deve ser algum medo que você está passando, ou alguma
criação da sua mente. Você busca auxílio então nos Assistentes e ouve
coisas semelhantes, as vezes com alguma pessoa ajudando, mas parece
não ser a narrativa oficial da loja. Você então busca auxílio nos Adjuntos,
afinal eles coordenam isso, e com certeza podem te ajudar. E o que você
ouve é que isso deve ser algum processo psicológico problemático da
sua vida, ou talvez que você devesse na verdade tomar remédios que
esquizofrênicos tomam. Você sai na verdade cheio de idéias de que tinha
que se preocupar era com sua evolução moral, que precisa servir mais,
que talvez tenha problemas com seu pai depressivo ou sua mãe
narcisista. E que, caso isso seja verdade mesmo, a Ordem não tem
obrigação de lhe ajudar, pois você é uma minoria na Ordem. Você, triste
e perdido, tenta então focar nos estudos de Cabala, afinal a Ordem é
uma escola de cabala. Os livros lhe abrem a mente para várias questões
interiores muito relevantes, lhe fazem entender melhor sua relação com o
Criador... mas não mudam em nada sua noite cheia de pesadelos, não
lhe auxiliam em nada com sua condição que antes não existia. Aliás, é
uma escola, mas você percebe que poucos sabem de Cabala, pois não
estudam, e estes poucos as vezes ocupam posições de extrema
relevância dentro da Ordem. Você percebe, quem sabe depois de anos
de angústia interna, de busca por respostas, de busca por entender sua
condição, que agora a vida além da morte existe, e que você se tornou
um medianeiro entre os planos, mas de forma totalmente desequilibrada
e sem nenhum amparo emocional, e que deveria resolver esse problema,
que foi criado pela Ordem... fora dela. Não existe espaço para reclamar,
para falar... nada. Você é apenas um aprendiz. E sua função é ficar
calado, e quem sabe, quando virar Adjunto, você consiga ter voz e
agregar nesse trabalho.

Parece exagerado, mas não é. Essa é a história da minha esposa,


Daniele. A minha não foi muito diferente, com exceção do fato de que
além de ter sido extremamente mal amparado, fui deixado ainda com a
responsabilidade de tentar ajudar as pessoas, enquanto era descreditado
pelas costas pelo Adjunto José Renato, pessoa essa amiga, engraçada,
e definitivamente mais humana que o Adjunto Geral, mas que é tão
pobre de espírito que não deixa nada nem ninguém falar de assuntos
que ele pensa dominar. Seus 19 anos de Vale do Amanhecer nunca
auxiliaram uma pessoa sequer nesse grupo. Teve 10 anos de Ordem, 10
anos de oportunidade para, como segundo em comando, criar o que
quisesse... mas preferiu ficar quieto, falando mal de quaisquer tentativas
espirituais de criar algo nesse espaço. Ele diz saber como fazer, mas não
faz, e não permite que ninguém faça, pois segundo ele, todos estão
fingindo em suas manifestações espirituais.

A Ordem é um local maravilhoso, de muito aprendizado e harmonia...


caso você seja relevante ou interessante para o Adjunto Geral. Eu falo
tudo isso aqui de um lugar privilegiado: sempre tive acesso ao Adjunto
Geral, inclusive de ser de dentro de sua casa. Sempre fiz o que quis.
Praticamente todos os ritos da Ordem tem uma sugestão ou influência
minha, e todas as minhas propostas eram ouvidas e ponderadas. Talvez
por isso, e pela minha própria vaidade, demorei anos pra perceber o
estado atual das coisas. A Ordem é muito linda e cheia de amparo, para
aqueles que estão de fora, na platéia, ou na sala, como bem disse o
Fabiano. Quando você inicia, quando está na cozinha... já era. Se vire.
Não existe nenhum apoio, nenhum amparo, nenhum acolhimento para
dor alguma. A única coisa que importa é o servir. Servir a quem? A
Ordem. As pessoas na Ordem aprendem a servir a Ordem. Qual magia
as pessoas da Ordem aprendem a fazer, a não ser a magia de fazer
playlists pelo Winamp ou Spotify? Qual rito a Ordem ensina pra seus
membros? Quantos entendem pontualmente todos os pontos cabalistas
de um ritual como o Contemplativo, antes de conduzir um desses?
Quando você vira Adjunto, quantos ritos você sabe fazer, e
principalmente quantos você entende a fundo? Quantas estratégias ou
alternativas reais de lidar com desencarnados lhe são ofertadas? Depois
de 10 anos, temos em torno de 5 rituais na Ordem, e nenhum auxílio
oficial para usar eles, nada. Existem pessoas no grau de Assistente que
não possuem o mínimo conhecimento de Cabala que seja, e estão
conduzindo trabalhos. Você cria um trabalho de magia, de subida na
Árvore da Vida, que lida com desencarnados, usando Ayahuasca, e
realmente fica surpreso ou quem sabe entediado com a idéia de que
pessoas vão ter suas percepções espirituais expandidas, e trata isso com
desdém, descaso ou preguiça? É assim que o Alexandre trata. O
Alexandre sempre diz que falta tempo, mas a verdade é simplesmente
uma: ele tem preguiça de se relacionar com as pessoas, e só cuida
daquelas que são interessantes pra ele, ou que podem agregar de
alguma forma pra Ordem. Se você é irrelevante pra Ordem, ou se em
algum momento pontuou alguma de suas incoerências ou fez críticas,
pode esquecer. Ele não vai responder suas mensagens, não vai ouvir
suas questões, e mesmo que ouça, irá virar a mesa contra você, te
colocando em uma posição de culpa e pensando que não está ouvindo
espíritos, mas sim que deve estar com algum problema emocional. Além
disso, ele é viciado em criar novidades. A Ordem é sempre cheia de
novidades que não se firmam, em graças ao comportamento dele. Eu vi
ele ficar meses falando pra minha esposa que ela teria um cargo que
seria “o mais importante da Ordem”, segundo palavras dele mesmo. Mas
quando o cargo foi colocado na cabeça da Daniele, e isso deixou de ser
novidade... já era. Até hoje ela não faz idéia do que esse cargo faz ou
deixa de fazer. Claro, não precisa nem perguntar se o Alexandre se
importou com as várias ocasiões onde a mesma foi fortemente
obsediada e atacada espiritualmente após este cargo ser colocado. Após
passar por situações de risco de vida devido a coisas que a Ordem
colocou em sua vida. Mas tudo bem. Afinal, a próxima novidade vem em
seguida, e ela deixou de ser relevante. A maior vergonha da minha vida é
saber que fiquei anos passando pano pro Alexandre... pra Daniele. Anos
tentando convencer ela de que ele não era essa pessoa, de que ele
realmente não tinha tempo... mas quando é pra garantir suas diversões
pessoais, aí ele tem tempo, gasta vários momentos atrás dos seus
“combustíveis”. Pra isso ele tem tempo, mas pra pegar 30 segundos do
seu dia e enviar uma mensagem que seja pra pessoas que ele coloca em
funções importantes ou pra questões espirituais...ele não consegue,
coitado. Como aconteceu com meu afilhado, que queria conversar sobre
o retorno da Ordem, e então eu encaminhei para que ele conversasse
com o Adjunto, e o mesmo assim o fez, e semanas depois me disse que
ainda não tinha resposta. Precisei falar com o próprio Alexandre e pedir
que ele tentasse arranjar um tempo pra falar com o mesmo. Somente
semanas depois após minha mensagem é que a conversa foi feita. Ou
como aconteceu agora na Semana Franciscana, onde mais uma vez
minha esposa Daniele foi conversar com o mesmo sobre a Semana, e
teve no máximo um “Vou ver o que fazer” com tudo que a mesma
colocou, pra depois ser sumariamente ignorada.

Ninguém precisa gostar de todo mundo, e nem querer conversar com


todos, mas a partir do momento em que você decide ser o dirigente de
um trabalho espiritual, vai me desculpar, mas no mínimo você precisa
sim conversar o mínimo que seja com todos que decidem entregar sua
vida para a obra que você coordena, principalmente em questões que só
o Adjunto Geral pode resolver (no que tange aos cargos, todos eles se
reportam ao Alexandre, então como podem resolver suas funções se o
mesmo deixa várias pessoas num vácuo?). Eu poderia ficar páginas
citando momentos onde o Adjunto Geral demonstrou que não tem tempo.
Que dó que tenho desse Alexandre, professor doutor na UFU, com a vida
ganha, com tudo acontecendo em sua casa na hora que ele quer, que
pode escolher o dia que vai fazer comida ou não... ele não tem tempo.
Realmente, te faz pensar nas prioridades da vida. Quando eu penso que
tive que ouvir desse mesmo Adjunto que se eu e a Daniele realmente
estivéssemos preocupados com a pandemia, que era só largar nossos
empregos e ficar em casa, fico pensando em que mundo paralelo vive
nosso Adjunto (isso não foi uma brincadeira, o mesmo realmente disse
isso e sério, antes que ele possa tentar dizer que foi uma brincadeira).

Perceber como o Alexandre tem usado a Ordem pra fazer bonito pros
que estão de fora me deprime. Não há nenhum estudo espiritual... mas
tocar hinário pro Caciano na Imersão tem que fazer, pra mostrar a beleza
do ritual. Não responde as mensagens de seus próprios iniciados... mas
levar em consideração as falas da Adriana Porfírio, por ter 19 anos de
UDV, e criar um documento que nunca mais foi usado, isso acontece.
Não auxilia as pessoas que tem cargos na Ordem... mas colocar o José
Renato pra subir para Adjunto de Terceiro Grau quando o padrinho da
Casa de Jesus Fonte de Luz viesse, pra fazer bonito, ele faz. Fica claro
quanto uso vaidoso de um rito tão sagrado como o da Ordem está
acontecendo. Nem vou entrar no José Renato, pois aí ficaria o dia inteiro
falando dessa pessoa que maltrata a todos quando quer, e arranja briga
porque não leu seu canto quando quis, da forma que quis.

Me deixa mais triste ainda todos os níveis de coerção usados na Ordem.


Se você não vai no trabalho, espere uma sutil repreenda do Adjunto,
falando que você não foi no trabalho. Pra fazer o trabalho de Unificação,
que era dito como último trabalho a ser recebido pela Ordem, ele fez de
tudo pra conseguir as pessoas pra fazer o trabalho, chamando até
pessoas afastadas (que por regra, não poderiam participar), e enviou
várias mensagens no evento pressionando elas a chegarem na hora. Se
você quer sair da Ordem, sair implica em uma penalidade caso você
retorne. E caso você saia, existe um tempo, pois após isso você será
desligado da Ordem. Qual o medo da Ordem de pessoas sairem? Pra
que esse esforço tão grande em encher a Ordem, em manter as pessoas
na Ordem, em iniciar pessoas na Ordem, se quando elas estão lá, não
há amparo, não há cuidado, não há escola, apenas uma versão bem
capenga e brasileira de escola, onde você precisa de “cola” de fora da
escola pra entender o que acontece dentro dela? Vaidade, apenas
vaidade. Casa cheia, gente cantando emocionada o hinário é bonito de
se ver. Agora, a cozinha, relações humanas... isso dá preguiça. Para a
volta da quarentena, nenhuma proposta logística ou psicológica... mas o
ritual de 6 horas muito forte no trabalho de Nossa Senhora já estava
pronto.

O mais triste é perceber que realmente, pra várias pessoas, a Ordem é o


único lugar de espiritualidade que elas tem. E devido a isso, as pessoas
nem olham pra essas coisas, ou se olham, fingem não ver, ou as vezes
nem ligam, pois pensam que a espiritualidade fora da Ordem é tão
problemática, que preferem lidar com aquilo. Me entristece perceber
pessoas reféns de sua iniciação, de seu compromisso templário, por dois
condutores que só querem fazer bonito na foto. Aos poucos você vai
descobrindo várias dessas inquietações nas pessoas, mas elas não
falam porque pensam que não tem direito de falar, pois são aprendizes...

Hoje em dia, o que é a Ordem? Um lugar onde só existem professores,


não aprendizes. Em todos os graus, as pessoas mal podem esperar sua
vez pra falar o que pensam, o que sabem, e não é raro que uma
conversa vire briga por nada. E recentemente, tem se tornado um
perigoso local com opiniões massificadas, ou seja, se você se opõe ao
pensamento da maioria, você pode esperar algum tipo de coerção
grupal, como reclamações, brigas, caras feias... cada vez menos existe
espaço para oposição de pensamento. A Ordem é um projeto
maravilhoso, mas que em 10 anos só se preocupou em fazer ritos, e não
se preocupou em cuidar do seu bem mais precioso, esse bem que
deveria ser a coisa mais importante dela: seus iniciados, as pessoas que
decidiram entregar sua vida praquele lugar. Não vejo diferença nenhuma
hoje da Ordem pro Candomblé onde o iniciado é tratado feito lixo, sem
direito a nada a não ser ficar de cabeça baixa. Ela apenas faz isso de
forma mais sutil.

Isso tudo poderia ser remediado? Claro, com dedicação e disposição pra
enfrentar os adjuntos e fazer eles perceberem que não, eles não são
donos da Ordem, eles estão, ênfase no estão, na posição de liderança.
Mas que a humanidade muito bem já cortou cabeça de vários reis na sua
história.

Mas esse é o ponto principal: eu não tenho energia pra isso. Eu sou uma
pessoa quebrada por dentro, que a uma década sente dores todo santo
dia, 24 horas do dia. Eu tenho problemas psicológicos profundos e
debilitantes, e um corpo que só me limita e gera cada vez mais dor, de
várias e várias formas. Eu tenho uma depressão desde quando era
criança, que nunca foi tratada ou cuidada, pois eu nem mesmo sabia
dela. Por cima dessa depressão, vários outros problemas psicológicos
criados por ela, que foram sendo soterrados por décadas de
pensamentos como “Você não tem direito de reclamar”, o que encontrou
muita ressonância com a fala que vem da Ordem que diz “Você tem é
que servir”, e “Não importa o que você pensa ou sente, importa o que
você faz”. A Ordem foi um grande motor da minha angústia existencial,
ao me encher de tarefas e responsabilidades, e me negar o direito a
sentir. Pois sentir, na espiritualidade da Ordem, é um campo muito
complexo... concentra em limpar o vômito do coleguinha e respira fundo,
tudo bem?

Hoje tenho a percepção clara de que não tenho condições psicológicas


de seguir na Ordem de forma alguma, sequer de ser iniciado. Tem anos
que a Ordem não me dá nada, apenas cobra, inclusive cobrando a
aceitação de que é isso, é ser cobrado mesmo e tá ótimo. Olho pros 4
adjuntos, todos com seus desafios e questões, mas com casa própria,
trabalho estável e bem remunerado, e olho pra mim: em farrapos
emocionais, custando a manter a própria vida material. O que sobra pra
mim?

Saio hoje da Ordem em paz, porque optei por mim. Ainda acredito no
futuro da Ordem, e sei que um dia retorno, nem que seja como visitante,
pois pelas regras da Ordem, tenho apenas 1 ano e meio de afastamento,
e sei que será bem provável que precise de mais que isso pra estar apto
a ao menos conseguir estar dentro dela.

Para aqueles que tem condições financeiras, psicológicas e disposição,


desejo boa sorte, e que nunca deixe nada nem ninguém calar a voz da
maior arma que existe pro mago: a intuição. Intuição essa que já me
apontava isso tudo, mas por eu ser um dos “graúdos” da Ordem, e ser
amigo pessoal do Alexandre, eu achei que era importante e minha
vaidade me fez deixar de lado todas estas realidades que estavam
escancaradas. O Fabiano foi muito rude ao dizer que o Alexandre
compra as pessoas com cargos ou outras coisas. Ele não faz isso. Ele
compra e seduz as pessoas fazendo elas acreditarem que são
importantes. Importantes na Ordem, ou importantes por fazerem parte da
vida dele, do Adjunto Geral, o grandioso Adjunto Geral está convidando
você pra participar da intimidade dele, e você deveria se sentir
importante por isso. Me sinto um idiota, usado pra enfeitar a sala do seu
brinquedo chamado Ordem, caro Alexandre. Mas, nada passa desvisto
pela espiritualidade maior. A Ordem com certeza dará certo, e
sobreviverá. Mas... a que custo? Mais um dos seus antigos sai, e no fim
você provavelmente fará que nem o Magaliel fazia, ao falar que a pessoa
“foi pra ilusão”. Exceto que você apenas reduzirá tudo isso que eu disse
a “é o preparo dele”. Preparo, palavra hoje que reduz toda dor e angústia
de uma pessoa a uma simples condição do seu grau iniciático, então é
isso aí. Ele desistiu do preparo dele. Como o Alexandre quis dizer pro
Cristian ao sair, “Você não deu conta”, com ares de superioridade, afinal
é o que importa, dar conta ou não. E o Alexandre ainda tentou disfarçar
que não disse isso por vaidade, mas ele se esquece que eu estava bem
na frente dele, e conheço bem de comportamento não-verbal pra ler todo
o orgulho e vaidade dele nessa hora.

Mas no fim, sou eu o problema, pois tudo isso me é claro como água
cristalina, e eu não consigo simplesmente não ligar pra isso tudo. Eu não
sou uma pessoa que faz cara boa e engole sofrimento por achar que isso
é “ser equilibrado”. A visão de iniciado da Ordem é bem parecida com
aqueles soldados ingleses que ficam o tempo todo com a mesma cara.
Tudo pode estar acontecendo, e você tem que ficar ali, calado, não falar
nada, e engolindo tudo que sente. Se eu ficar, eu vou me tornar uma
pessoa muito destrutiva, porque eu não consigo aceitar que estão
usando tudo que construímos de forma tão vaidosa e descuidada,
mexendo com vidas. Então é hora de sair, e deixar vocês cuidarem como
achar melhor.

Eu sigo em paz. Fiz o meu melhor, tentei ajudar da melhor forma que
minha fragilidade emocional conseguia. Sei o quanto falhei em inúmeros
aspectos, mas eu sempre me esforcei ao máximo pra que isso não
acontecesse. Mas hoje, preciso soltar o leme, e admitir: sou uma pessoa
quebrada, que precisa de cuidados. Então, é isso que vou fazer.

Fiquem em paz.

Sh.’.T.’.L

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