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OS BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE GRUPO

A terapia de grupo tem seus próprios modelos de funcionamento. Yalom (2005),


um dos maiores estudiosos de teraspia de grupo, cita vários fatores para reforçar o
caráter único da terapia, além de reforçar sua eficácia. Segundo ele, uma terapia de
grupo tem como principal foco as seguintes características: instilação de esperança,
universalidade, compartilhamento de informações, altruísmo, correção do grupo
familiar, desenvolvimento de técnicas de socialização e comportamento imitativo.

A instilação de esperança, sem dúvida, é uma das principais armas da terapia de


grupo. Embora qualquer tipo de terapia tenha isto como fim, o grupo tem um poder
maior de instilçação, visto que temos os exemplos do próprio grupo para reforçar a
esperança. No grupo, temos indivíduos nos mais diferentes graus de desenvolvimento, e
este fator serve como alavanca para que sempre possa se ter um exemplo para auxiliar
uma ou outra pessoa do grupo. Sempre teremos algo pra compartilhar.

No grupo, experienciaremos a universalidade, ou seja, teremos a oportunidade


de ver como nossos problemas são comuns a todas as pessoas. Isso é crucial para
realização da instilação de esperança. As vezes, estamos tão soterrados em nossos
próprios problemas, que acreditamos que somente nós estamos os enfrentando. No
grupo, podemos perceber como nossos problemas são vivenciados por outras pessoas, e
inclusive, encontrar esperança e informações.

No grupo, como dito acima, ao perceber o outro como fonte também dos
desafios dos meus problemas, temos uma fonte riqíssima de compartilhamento de
informações. O grupo, por ter várias pessoas, é um vetor de compartilhamento de
informações, e também de disseminação de informações ali compartilhadas. Se cada
pessoa num grupo de 10 membros compartilhar uma informação ali adquirida, teremos
vinte pessoas afetadas por uma informação, mostrando o poder do grupo de disseminar
novos conceitos e idéias, além de servir, para ele mesmo, como fonte maior de
agregamento de conceitos.

Ao perceber a dor do outro, e reconhecê-la como minha, o grupo acaba sendo


uma fonte de exercício de altruísmo. Na verdade, uma das maiores fontes terapêuticas
do grupo não é o coordenador do grupo, mas sim, as próprias pessoas do grupo, que
podem se auxiliar constante e mutuamente, trocando experiências e acalentando a dor
do outro. Um grupo bem desenvolvido e coeso quase que se torna um núcleo familiar,
onde as pessoas se reconhecem intimamente como próxsimas, algo que é impossível de
acontecer na terapia individual.

E é justamente ao falar de família que também percebemos um dos maiores


poderes do grupo. Ele funciona, em sua grande maioria das vezes, como uma família. E
sendo assim, vamos ter as mesmas características de uma família: figuras de autoridade,
fraternidade, revelações emocionais profundas, e sentimentos as vezes hostis e
competitivos. Neste sentido, o grupo é um forte auxiliar para o ajustamento interno de
vários conflitos que os membros do grupo possam ter com sua própria família, pois ali
eles tem a oportunidade de replicar sua própria tendência dentro de suas famílias, e
experienciar funcionamentos familiares que se assemelhem aos seus.

Por fim, temos no grupo uma fonte de desenvolvimento de socialização, que se


dará pelo fato de que um grupo traz força para as pessoas. Dentro de um grupo coeso,
eu posso ter mais tranquilidade de falar abertamente e me expor, fator este que me
auxiliará fortemente na minha socialização.

E tudo isso é vivenciado através do comportamento imitativo. Temos uma


tendência antiga, de nosso eu mais animal e instintivo, de nos moldar aos grupos que
pertencemos. Se sentimos que o grupo agrega, iremos nos moldar a este grupo.

Tudo isso é vivenciado de forma coletiva num grupo, com estes vários fatores se
influenciando mutuamente, promovendo o equilíbrio de cada um dos membros ali
presentes.

O terapeuta grupal, neste caso, serve como um canalisador destes processos,


observando como o grupo funciona, propondo rumos para trabalhar certas questões,
promovendo dinâmicas e exposições para facilitar estes processos terapêuticos.

Como podemos ver, são muitos os fatores que tornam a terapia de grupo eficaz.
Os grupos são ideais para trabalhar com classes específicas de pessoas. Um grupo que
trabalha com pais de usuários de drogas terá muito mais eficácia do que uma terapia
individualizada com estes. Da mesma forma, um grupo de professores trabalhará
questões específicas da lida de ser professor, algo que uma terapia individual poderá
trabalhar, mas sem os potenciais que um grupo fornece.

Grupos são utilizados constantemente em hospitais, empresas, escolas e outros


locais, como forma de criar, curar, se auxiliar, disseminar informações e aprender.
Como diz uma sabedoria judaica antiga, um grupo coeso não pode ser parado por
ninguém.
REFERÊNCIAS

Yalom, I.D, Lezcz, M. Psicoterapia de Grupo: Teoria e Prática. Artmed, 2005

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