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EXCELENTÍSSIMO SR(A). DR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DE


FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA XXXXXX

Referência:

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, por


intermédio de sua xxxx PROMOTORIA DE JUSTIÇA xxxxx, vem, por sua
Promotora de Justiça abaixo assinada, no uso de suas atribuições legais, com
fundamento nos artigos 127 e 129, III, da Constituição da República; artigo 1° da Lei
n° 7.347/85; e artigo 25, IV, da Lei Federal n° 8.625/93, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA


COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA EM
CARÁTER LIMINAR

em face do

1) MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ, pessoa jurídica de direito público


interno, representada pelo seu prefeito, XXXXXXXXXX e pelo Procurador Geral do
Município, com domicílio na sede da Prefeitura Municipal de XXXXXXX,
XXXXXX-RJ;

I- DO OBJETO:

O objeto da presente demanda é a obtenção de provimento jurisdicional


consistente na obrigação de fazer e não fazer, notadamente em realizar a conversão da
natureza das 120 (cento e vinte) vagas destinadas ao CADASTRO DE RESERVAS do
certame realizado pelo Município de SÃO GONÇALO/RJ em 2020, EDITAL Nº
003/PMSG/2020, para preenchimento dos quadros da GUARDA MUNICIPAL do
referido Município, cuja NATUREZA por direito se enquadra como IMEDIATA, bem
a obrigação de realizar a nomeação de todos os 100 (cem) aprovados no referido
certame, sob pena de lesão aos direitos e garantias individuais dos aprovados, dado
que o Município de SÃO GONÇALO/RJ flagrantemente inobservou a Lei de
Responsabilidade Fiscal na realização do certame e o artigo 7º, III da Lei nª
10.022/14, que impõe o quantitativo mínimo do efetivo da Guarda Municipal em
Municípios que possuem mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, qual seja,
1.500 (um mil e quinhentos) agentes.

No tocante à obrigação de não fazer, que seja determinado ao Município


supramencionado a obrigação de não realização de novo certame para a Instituição da
Guarda Municipal de São Gonçalo/RJ até a nomeação de todos os aprovados no
referido certame, dado que ocorreu arrecadação ilegal de verba por parte do Município
e desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como ao direito LIQUIDO E
CERTO de todos os candidatos aprovados, assim, a nomeação é medida legal
IMEDIATA que se impõe.

Assim, ante a desproporcionalidade das ações do Município, consistente em


não cumprir o que impõe a Lei, bem como o fato de que o não cumprimento das
normas pode acarretar risco de lesão ao direito dos aprovados e ao atendimento da
necessidade primária da população, qual seja o direito à segurança, o não
cumprimento dos pedidos desta ação pela Municipalidade, caracterizará em CRIME
DE RESPONSABILIDADE e PERDAS E DANOS, ficando desde já requerida a
condenação.

II- DOS FATOS:

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro tomou conhecimento pelas


redes sociais, sucessivas denúncias de populares, além de denúncias dos aprovados no
certame da GUARDA MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO/RJ, que a Prefeitura do
referido Município, em 2020 realizou Concurso Público para o preenchimento de 160
(cento e sessenta) vagas nos cargos da Instituição supramencionada, dentre elas 40
(quarenta) são IMEDIATAS e 120 (cento e vinte) são CADASTRO DE RESERVA.

Houve grande empenho da administração em dar credibilidade ao certame


realizado, tanto que em 25/02/2022 (antes da realização da prova objetiva) a Prefeitura
soltou uma nota em seu site que dizia o seguinte:

Prova está prevista para dia 3 de abril


O concurso para Guarda Municipal de São Gonçalo registrou 21.304
candidatos inscritos na disputa pelas 160 vagas. A prova está prevista para
o dia 3 de abril e o cartão de confirmação de inscrição (CCI), com data,
horário e local de exame, será disponibilizado a partir do dia 30 de março,
no site do Instituto Selecon (www.selecon.org.br).
Ao todo, são 160 vagas, sendo 40 vagas imediatas e 120 para cadastro de
reserva para cargos de nível médio. O salário, adicionado às gratificações,
pode chegar a até R$ 3.506,47. Além da prova objetiva, de caráter
classificatório e eliminatório, os candidatos passarão por mais quatro
etapas: exame de aptidão física, avaliação psicológica, exame médico e
investigação social.
Por conta do avanço da pandemia do coronavírus, o concurso público
havia sido suspenso em março de 2021, mas foi retomado no final do ano.
O secretário de Ordem Pública, David Ricardo, destacou a importância da
retomada, pela atual gestão, do processo seletivo.
―O alto número de inscritos eleva ainda mais o nível do concurso. Além
disso, esse processo seletivo promoverá também um incremento e
renovação do efetivo da Guarda, motivando ainda mais esta importante
instituição municipal‖, disse o secretário.
Para o comandante da Guarda Municipal, Antônio dos Santos, a
corporação poderá contar com novos agentes para melhorar o atendimento
ao público e continuar contribuindo com a segurança pública.
“É de extrema importância a realização deste concurso para a Guarda
Municipal. Com os novos agentes, poderemos melhorar o atendimento ao
público e, primordialmente, contribuir e atuar mais na segurança
pública. Além disso, a Guarda possui atribuições no trânsito, postos de
segurança patrimonial, entre outras funções especiais, e por isso
precisamos desses novos agentes”, afirmou.(
https://www.saogoncalo.rj.gov.br/concurso-para-guarda-municipal-teve-
mais-de-21-mil-
inscritos/#:~:text=Por%20conta%20do%20avan%C3%A7o%20da,retoma
do%20no%20final%20do%20ano.)

Destarte, indubitável é a intenção da Municipalidade em prover os cargos


vagos e vacantes, bem como de angariar pessoas para a realização do referido
certame, aumentando assim a arrecadação, tanto que foram mais de 21.302 (vinte e
um mil, trezentos e dois) inscritos, e apenas 101 (cento e um) aprovados.

A prova objetiva fora realizada no ano de 2022 (dois mil e vinte e dois), cuja
homologação fora publicada no Diário Oficial do Município de São Gonçalo/RJ em
15/09/2022, conforme se vê no endereço eletrônico abaixo assinalado.

¨https://servicos.pmsg.rj.gov.br/diario/2022_09_15.pdf¨

Conforme se vê na referida homologação, constam apenas 101 (cento e um)


aprovados, ou seja, número bem menor do que as vagas disponibilizadas, quais sejam
160 (cento e sessenta vagas).

Em virtude da morosidade da Municipalidade em prover os cargos disponíveis,


houve pressão dos candidatos e imprensa para saber sobre o motivo da demora,
momento em que o Município de São Gonçalo/RJ, por meio da SECRETARIA DE
ORDEM PÚBLICA respondeu com falsa promessa de nomeação, tanto que houve
publicação em 17/01/2023, na internet, notadamente na “folha dirigida” a previsão da
falaciosa promessa. Vejamos:

Os aprovados no concurso Guarda de São Gonçalo RJ, realizado em 2022,


serão nomeados neste primeiro semestre. A previsão é da Secretaria de
Ordem Pública, que afirma que o início do curso de capacitação ocorrerá
nos próximos meses.
Inicialmente, a Prefeitura de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro,
realizaria o curso em outubro do ano passado, um mês após a publicação
do resultado final da seleção.
No entanto, as nomeações não ocorreram e, até o momento, os aprovados
aguardam pelas convocações. Nesta terça-feira, 17, a prefeitura confirmou
as chamadas para este semestre, ou seja, até junho deste ano.
"Os 40 concursados selecionados para o preenchimento de vagas
imediatas, previsto no edital do concurso da Guarda Municipal, darão
início ao curso de capacitação logo após as nomeações. Os novos
integrantes da corporação passarão pelo Centro de Formação e Instrução
da Guarda, ainda neste primeiro semestre", informou.
Como previsto, a nova turma será a primeira a receber o manual do aluno,
regulamentação criada no mês de agosto de 2022.
Através deste documento, os novos guardas municipais terão instruções
sobre as práticas temáticas, atividades extracurriculares e curriculares,
além dos exercícios de vivacidade.
As atividades do curso estão previstas para serem realizadas, até o
momento, em dois períodos, sendo eles nos turnos da manhã, das 8h às
12h, e da tarde, das 13h às 17h, podendo ser estendidas, caso haja
necessidade.

Após a referida publicação, os candidatos ficaram esperançosos, receberam


notícias advindas da própria GUARDA MUNICIPAL de que a previsão era para
nomear todos os aprovados, INCLUSIVE os aprovados no CADASTRO DE
RESERVAS, já que contavam como apenas 101 (cento e um) aprovados, e, para isso
seriam realizados 2 (dois) cursos de formação, um no primeiro semestre conforme a
publicação e outro no segundo semestre para formar os candidatos do Cadastro de
Reserva (cinquenta alunos por turma aproximadamente).

Houve até informação sobre a possibilidade de realização de apenas 1 (um)


curso de formação contendo os 101 (cento) e um aprovados.

Destarte, até a presente data nenhum curso de formação fora ministrado, ou


seja, a Municipalidade está se esquivando de suas obrigações, e, em virtude dessa
morosidade excessiva os candidatos tentaram diversas vezes entrar em contato com o
atual Prefeito CAPITÃO NELSON, DEPUTADOS, VEREADORES, SECRETÁRIO
DE ORDEM PÚBLICA e SINDICATO.

Em uma dessas tentativas lhes foram informado de que o Município de São


Gonçalo/RJ NÃO CHAMARIA nem os 40 (quarenta) das vagas imediatas, dado que o
Município não tinha verba para isso, bem como pelo fato de não terem conseguido o
valor dos ROYALTIES.

E mais, segundo a Administração Pública Municipal, o certame da GUARDA


só fora realizado em virtude da expectativa do recebimento da verba proveniente dos
ROYALTIES.

Por fim, até a presente data nenhum candidato fora convocado para tomar
posse no cargo que lhes é de direito, sendo necessário é a intervenção do Poder
Judiciário para a resolução do conflito, promoção da lisura do certame e efetivação
dos direitos e garantias fundamentais de todos os candidatos.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA:

O art. 12 da Lei 7347/1985 estabelece a possibilidade de, no âmbito da


presente Ação Civil Pública, ser concedida a medida liminar, com ou sem justificação
prévia, em decisão que se sujeita a agravo.

Por outro lado, o poder geral de cautela, referente à concessão das tutelas de
urgência, encontra-se disciplinado no art. 300 e ss do Código de Processo Civil, cujo
qual reúne os pressupostos fundamentais para a sua concessão:

“A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que


evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo”.

Como amplamente informado pelos veículos de comunicação, houve promessa


de provimento dos cargos ofertados no certame da Guarda Civil Municipal de São
Gonçalo/RJ, torando necessária a convocação imediata de todos os aprovados.

E mais, no tocante à conversão da NATUREZA das vagas destinadas ao


CADASTRO DE RESERVAS para NATUREZA IMEDIATA, encontrasse respaldo
legal e obrigatório em virtude do flagrante descumprimento da Municipalidade em
cumprir o que IMPÕE a Lei nº 13.022/14 (Estatuto Geral das Guardas Municipais)
referente ao efetivo mínimo a compor a Guarda Municipal de São Gonçalo/RJ, bem
como em virtude da própria natureza das vagas destinadas ao CADASTRO DE
RESERVAS.

Vejamos:

Art. 7º As guardas municipais não poderão ter efetivo superior a:


I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em Municípios com até
50.000 (cinquenta mil) habitantes;
II - 0,3% (três décimos por cento) da população, em Municípios com mais
de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
desde que o efetivo não seja inferior ao disposto no inciso I;
III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, em Municípios com
mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o efetivo não seja
inferior ao disposto no inciso II.
Parágrafo único. Se houver redução da população referida em censo ou
estimativa oficial da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), é garantida a preservação do efetivo existente, o qual
deverá ser ajustado à variação populacional, nos termos de lei municipal.

Destarte, as vagas destinadas ao CADASTRO DE RESERVAS, só podem ser


ofertadas mediante um estudo prévio sobre possíveis vacâncias de cargos no decorrer
do certame, bem como dentro do prazo de validade do Concurso Público.

Assim Douto julgador ficam as seguintes perguntas:

1- “Como é possível a abertura de vagas como Cadastro de Reserva para uma


Guarda Municipal que não possui completo o seu efetivo MÍNIMO
imposto pela lei? E PIOR, que sequer possui 1/3 (um terços) do efetivo
MÍNIMO imposto pela lei.
2- Essas vagas ofertadas como Cadastro de Reserva, na realidade não
deveriam ter sido ofertadas como IMEDIATAS?
3- Se ofertadas em desconformidade com a Lei e com a sua natureza, por
consequência lógica não seriam consideradas como IMEDIATAS?
4- O Administrador público tem o dever de observar e praticar atos
administrativos em conformidade com a Lei?
5- Esse ato da Municipalidade fora acidental ou tecnicamente proposital?
6- Esse acréscimo de vagas como RESERVA serviu para fomentar inscrições
de candidatos, tornar o certame mais atrativo e consequente aumentar a
arrecadação de valores com a realização do certame?
7- No presente caso, os candidatos aprovados em Cadastro de Reserva devem
arcar com o ônus de um ERRO PROPOSITAL cometido pelo Município de
São Gonçalo/RJ?
8- Os candidatos aprovados dentro das vagas destinadas ao cadastro de
reserva não merecem ter o seu direito assegurado pelo judiciário em virtude
de manobras desleais cometidas pelo Município de São Gonçalo/RJ que
inviabilizam o seu direito LIQUIDO E CERTO à nomeação?

Excelência, é INCONCEBÍVEL, atenta contra os princípios norteadores da


Administração Pública notadamente o da LEGALIDADE, PUBLICIDADE e
EFICIÊNCIA, o ato administrativo que consiste em abrir certame ofertando vagas
para CADASTRO RESERVA na Instituição da Guarda Municipal que não possui o
seu EFETIVO MÍNIMO exigido por lei completo, que, no caso de São Gonçalo/RJ
seria de no mínimo 1.500 (um mil e quinhentos) agentes, porém, conta com menos de
321 (trezentos e vinte e um) Guardas.

Assim, o perículum in mora está demonstrado e a decretação de forma liminar


da conversão da natureza das vagas destinadas como cadastro de reservas em natureza
de VAGAS IMEDIATAS é medida legal que deve se imposta por este juízo, dado que
no presente caso, se mantida a natureza para a qual foram destinadas as vagas para
CADASTRO DE RESERVA, o direito liquido e certo à nomeação destes aprovados
nas vagas IRREGULARMENTE ofertada pelo Município de São Gonçalo/RJ como
RESERVA desaparecerá com o fim do prazo legal de validade do certame, bem como
incentivará o DESCUMPRIMENTO CONTUMAZ de lei por parte da Municipalidade
e a lesão a direitos e garantias constitucionais.
No tocante às verbas para contratação e consequente preenchimento das 160
(cento e sessenta) vagas ofertadas para o certame da Guarda Municipal, notório é que
o Município de São Gonçalo/RJ antes de dar publicidade ao certame, realizou estudo
prévio orçamentário para o preenchimento destas vagas, dado que isso é uma
obrigação imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal, não podendo se esquivar do
cumprimento dos seus deveres impostos pela lei em virtude do Princípio da
Legalidade Estrita.

E mais, no referido município, o dispêndio financeiro têm se mostrado


desproporcional, e têm sido alvo de críticas por toda a população, dado que estão
empregando recursos públicos de forma fervorosa em apenas reformas de praças,
enquanto a saúde, a educação, o saneamento básico e a segurança pública estão sendo
deixadas de lado.

Não é difícil achar nas publicações feitas pela Prefeitura de São Gonçalo/RJ
em sua página oficial no instagran (prefeiuradesg) comentários como: ¨a saúde da
população se encontra fadada a longas esperas para atendimentos¨, “a educação está
um caos”, “PRECISAMOS DE MAIS GUARDAS PARA POLICIAMENTO DE
NOSSAS ESCOLAS”.

Excelência, os clamores possuem fundamentos, dado que os gastos públicos


necessitam ser prioritários, proporcionais e bem distribuídos e direcionados, o que não
está acontecendo no Município de São Gonçalo/RJ.

Assim, é certo que não há razão plausível para a municipalidade de São


Gonçalo/RJ agir em descompasso com a realidade posta por ela mesma nas redes
sociais, que por sua vez remete abundância de recursos públicos. Inexiste coerência e
boa fé nestes atos praticados pelo município, uma vez que, quando conveniente, alega
falta de verba para contratação dos aprovados no certame da Guarda Municipal, mas
na prática gasta horrores com obras supérfluas.

Douto julgador, o que se busca é a proteção a bens maiores da população, quais


sejam, a SEGURANÇA, a Liberdade de locomoção, o direito de nossas crianças de
frequentar nossas escolas com segurança, bem como a efetivação do direto líquido e
certo de todos os aprovados no Concurso Público da Guarda Municipal de São
Gonçalo/RJ em serem nomeados.

Ressalta-se que a presente ação civil pública visa evitar a completa subversão
das prioridades governamentais e manobras desonestas visando arrecadação irregular
de verbas por meio de realização de certames, bem como coibir a flagrante lesão a
direitos e garantias fundamentais dos candidatos aprovados no concurso público
realizado, direitos estes que possuem amparo constitucional e infraconstitucional,
assim, fazendo com que o Município de São Gonçalo/RJ respeite e atue conforme
IMPÕE a lei.

Neste passo, a tutela provisória de urgência que ora se requer encontra-se


assentada nos argumentos expostos nesta inicial, os quais se harmonizam com a
documentação que a acompanha, sendo-se provável o direito postulado.

Ainda em análise preliminar, é de ver-se que a medida pretendida de modo


antecipado além de evitar o perecimento do direito dos aprovados dentro do cadastro
de reservas, evitará prejuízos às necessidades mais básicas da população,
resguardando o interesse de toda a coletividade.

Por fim, evidencia-se o perigo de irreversibilidade em não atendimento do


pleito desta ação, ao passo que, uma vez transcorrido o prazo de validade do certame,
não há possibilidade de desfazimento, aniquilando por completo o DIREITO
LÍQUIDO e certo à nomeação que os aprovados dentro do cadastro de reserva
possuem.

VI – DOS FUNDAMENTOS

VI.I – DO ORÇAMENTO PRÉVIO

Em relação à questão de orçamento, é cristalino que no momento em que o


Administrador torna público um edital de um certame, o pressuposto básico é de que
houve prévio estudo orçamentário com base na quantidade de vagas ofertadas, na
quantidade de cargos vagos e nos gastos decorrentes de todo o procedimento
concorrencial.

A própria Lei de Responsabilidade Fiscal exige estudo prévio orçamentário e


declaração de capacidade de pagamento para a realização de atos administrativos que
gerem despesas, presumindo-se que para a abertura de Certames Públicos, todos estes
procedimentos legais foram superados.

Destarte, é notório que no momento em que o Ente Público dá publicidade ao


certame (com a publicação do respectivo edital) a etapa do estudo de viabilidade
financeira e orçamentária para arcar com a finalidade do ato administrativo já fora
realizado.
Assim, como consequência lógica, uma vez que as vagas foram ofertadas, quer
sejam vagas imediatas ou vagas em cadastro reserva, evidencia-se a necessidade do
Ente Público em preencher o quantitativo ofertado, bem como a condição financeira
para tal.

sendo certo que o impeditivo orçamentário não faz sentido para o não
provimento dos cargos oferecidos.

A obrigação de nomear os candidatos aprovados é evidente, visto que todas as


questões burocráticas e orçamentárias foram superadas.

Corriqueiramente, a Administração Pública utiliza-se de artifícios para não


nomear os candidatos aprovados, quer seja no cadastro reserva ou não, ao argumento
de que a abertura do certame fora realizada em gestão anterior, bem como a existência
de limite prudencial de despesas com pessoal, previsto no art. 22, parágrafo único e
inciso IV, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Vejamos:

―Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites


estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada
quadrimestre.

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a


95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao
Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no
excesso:

IV - Provimento de cargo público, admissão ou contratação de


pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente
de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de
educação, saúde e segurança; ‖

Entretanto, essa manobra jurídica não guarda relação com o bom Direto, dado
que, com a publicação do edital, pressupõe que o Administrador estudou os possíveis
impactos orçamentários em questão, bem como pelo fato de que a ressalva para
nomeação por conta do limite prudencial deve estar presente no instrumento editalício,
o que não acontece no presente caso (edital do certame anexo).

Indubitável é que o Município de São Gonçalo/RJ está utilizando de uma


norma limitadora do poder discricionário da Administração Pública como instrumento
mitigador do direito subjetivo à nomeação de candidatos legitimamente aprovados,
quer sejam dentro do número de vagas ofertadas ou no cadastro reserva, num concurso
público elaborado, em tese, em consonância com o orçamento público.

E mais, o planejamento deve ser iniciado antes mesmo da divulgação do edital


de abertura do Certame e como observância e obediência aos requisitos para
contratação de pessoal, sendo certo que condutas negligentes, relapsas e
descompromissadas por parte do Administrador podem resultar em crime de
responsabilidade. Vejamos o que diz o art. 169, § 1º, incisos I e II da CF/88:

―Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá
exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de


remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou
alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e
entidades da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só
poderão ser feitas:
I - Se houver prévia dotação orçamentária suficiente para
atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos
dela decorrentes;

II - Se houver autorização específica na lei de diretrizes


orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as
sociedades de economia mista. ‖

Destarte, inadmissível é a publicação de edital de concurso público sem


observância do impacto financeiro à Administração, dado que a sua publicidade já
vincula os candidatos inscritos, gerando direitos e obrigações recíprocas.

E mais, é legalmente previsto que atos administrativos possuem presunção de


veracidade, assim, no momento em que a administração Pública torna publico o
certame, presume-se satisfeitas todas as condições financeira e orçamentária para
arcar com os encargos resultantes da nomeação dos candidatos aprovados dentro do
numero de vagas imediatas e no cadastro reserva.

É extremamente importante reforçar que a observância da Lei deve ocorrer


quando da divulgação do edital do certame e não, oportunamente, no momento da
nomeação, assim, a falta de planejamento do Administrador não pode prejudicar os
candidatos que ultrapassaram com mérito todas as etapas do Certame.

Demais disso, é cristalino que a abertura de concurso público gera enormes


gastos à Administração Pública Municipal, e, o não provimento do quantitativo de
cargos ofertados representaria um dano ao próprio erário, visto que recursos públicos
foram gastos para um ato que não alcançou a sua finalidade.

É importante compreender que o ingresso no serviço público permite que o


cidadão exerça a cidadania em sua plenitude. A obtenção desse direito é proveniente
de uma intensa luta pela construção do Estado Democrático de Direito, é a efetivação
da Democracia e da Meritocracia e, questões econômicas e orçamentárias não podem
ser preponderantes quando em conflito com preceitos fundamentais como cidadania,
dignidade da pessoa humana, valor social do trabalho, acesso aos cargos públicos,
democracia, etc.
Não raro, o Administrador Público invoca princípios completamente despidos
de normatividade para se esquivar do cumprimento de sua obrigação, que, no presente
caso é a nomeação dos candidatos aprovados no número de vagas imediatas e no
cadastro reserva do certame da Guarda Municipal de São Gonçalo/RJ.

Dito isso, nos resta refletir sobre o que seria o princípio do equilíbrio
orçamentário? Princípio da prudência fiscal? Não sabemos... Talvez os juristas tenham
esquecido a natureza deontológica dos princípios.

Certo é que hodiernamente vivemos na era do pan-principiologismo, a cada


minuto um princípio é criado de forma casuística para resolução de conflitos jurídicos.
O interessante é que podemos utilizar normas principiológicas “a lá carte”, a
depender da nossa conveniência naquele dia.

A escolha e o uso indiscriminado desses princípios, a aplicação em


determinadas demandas, bem como a definição de quem poderá deles desfrutar
naquele momento é um atendado ao Estado Democrático de Direito, é um fomento à
insegurança jurídica.

Para que possamos melhor compreender o que acima fora exposto, vejamos: O
Administrador pensa: “Passamos por uma crise financeira. Não vou nomear os
aprovados no concurso x. Pois bem, podemos utilizar o princípio da prudência fiscal
para embasar nossa “motivação”! Não podemos esquecer do princípio do equilíbrio
orçamentário. Vou pesquisar mais algum para deixar essa questão bem “amarrada””.

O ilustre jurista Lenio Streck, em sua obra Verdade e Consenso já alertava:


―Mesmo após o advento da Constituição, levamos alguns anos para compreender o
novo paradigma e a própria autonomia que o direito adquirira. A ―função‖
da Katchanga se alterara... E muito! Por exemplo, a crítica ao positivismo se alterou
profundamente; passamos a nos preocupar com o discricionarismo e os ativismos. Só
que parcela considerável dos juristas ainda não se deu conta disso, o que é
profundamente lamentável. Com efeito, essa discussão está muito atrasada em terrae
brasilis. Em um segundo momento, a Katchanga poderia ser um perigoso elemento
de, sob pretexto de superar o exegetismo, transformar-se em um álibi para poder
―dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa‖... Algo que o voluntarismo interpretativo
de terrae brasilis fez e faz. Basta ver a pan-principiologia... Essa bolha especulativa
de princípios que assola a pátria. Afinal, se princípios são normas — e deve haver já
mais de 2.000 dissertações e teses que dizem isso —, qual é a normatividade de
―princípios‖ (sic) como o da confiança do juiz da causa, da verdade real, da
instrumentalidade, da cooperação processual, da ausência eventual do plenário, etc.?
A estória da Katchanga Real não pode representar um ―ponto cego‖, porque corre o
risco de vitimar sua construção (quando alguém diz ―decido conforme minha
consciência‖ ou ―decido conforme os valores escondidos debaixo da lei‖, ―decido
conforme a razoabilidade‖, ―decido conforme a consciência‖, ―em nome do interesse
público‖, etc., já estamos em face desse ―ponto cego‖, vitimados pela arbitrariedade
interpretativa!).
Quando o STJ diz, em outras palavras, que ―onde está escrito 15 dias, leia-se 15,
mais 15, mais 15‖ (caso das escutas telefônicas), ele está dizendo: ―dou as palavras
os sentidos que quero‖! Quando o TST diz ―não recebo o recurso porque falta um
centavo‖, ele está dizendo ―eis um belo e demolidor argumento‖... Quando o STF diz
que o não cumprimento do artigo 212 é nulidade relativa, ele está dizendo, em outras
palavras: ―a palavra nulidade significa o que nós queremos que ela significa‖. ―Nem
mais, nem menos‖!‖.

Destarte, é cristalino que os supostos empecilhos, constantemente utilizados


pela Administração Pública, já foram superados. A jurisprudência fala por si só:

―RECURSO INOMINADO. CONCURSO PÚBLICO.


CARÊNCIA DE AÇÃO POR FALTA DE INTERESSE DE
AGIR. VALIDADE DO CONCURSO EXPIRADA.
EXPECTATIVA DE DIREITO QUE APÓS A EXPIRAÇÃO DO
PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME PASSA A
CONFIGURAR DIREITO SUBJETIVO DO CANDIDATO.
LIMITE PRUDENCIAL NÃO RESSALVADO NO EDITAL.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. SENTENÇA
MANTIDA NA FORMA DO ART. 46 LJE. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. Precedentes? (...)
CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE
VAGAS INICIALMENTE OFERTADAS PELO EDITAL.
PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO EXPIRADO.
EXPECTATIVA DE DIREITO QUE APÓS A EXPIRAÇÃO DO
PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME PASSA A
CONFIGURAR DIREITO SUBJETIVO DO CANDIDATO.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJPR - 3ª Turma Recursal em Regime de exceção - 0007880-
39.2015.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: Fernanda Bernert
Michelin - - J. 20.11.2015).? Diante do exposto, resolve esta
Turma Recursal, por unanimidade, conhecer do recurso e, no
mérito, negar-lhe provimento, nos exatos termos do voto‖
(TJPR - 3ª Turma Recursal em Regime de exceção - 0019292-
64.2015.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: Daniel Tempski
Ferreira da Costa - - J. 10.12.2015)
(TJ-PR - RI: 001929264201581601820 PR 0019292-
64.2015.8.16.0182/0 (Acórdão), Relator: Daniel Tempski
Ferreira da Costa, Data de Julgamento: 10/12/2015, 3ª
Turma Recursal em Regime de exceção, Data de Publicação:
16/12/2015)

E continua:

―MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO PÚBLICO


PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE ASSESSOR
JURÍDICO DA DEFENSORIA PÚBLICA DO PARANÁ -
EDITAL nº 008/2012 - PRELIMINAR DE CARÊNCIA DA
AÇÃO AFASTADA - O ENCERRAMENTO DO PRAZO DE
VALIDADE DO CERTAME NÃO DETERMINA, POR SI SÓ, A
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO - EDITAL
DECLARANDO A EXISTÊNCIA DE VAGAS - COLOCAÇÃO
OBTIDA PELO IMPETRANTE QUE PERMITE SEU
APROVEITAMENTO DENTRE AS VAGAS OFERTADAS -
AFASTADAS AS ALEGAÇÕES DE EXTRAPOLAÇÃO DO
LIMITE PRUDENCIAL DE GASTOS ESTABELECIDO
PELA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E DE
IMPEDIMENTO DE NOMEÇÃO EM ANO ELEITORAL -
CARGOS JÁ CRIADOS - DIREITO LÍQUIDO E CERTO À
TRIBUNAL DE JUSTIÇANOMEAÇÃO - PRECEDENTES DOS
TRIBUNAIS SUPERIORES E DESTA CORTE - SEGURANÇA
CONCEDIDA. 1. É firme o entendimento desta Corte e dos
Tribunais Superiores de que a aprovação do candidato dentro
do número de vagas ofertadas em Edital gera direito subjetivo
à nomeação dentro do prazo de validade do certame. 2. A
disponibilização de vagas no Edital pressupõe a necessária
previsão orçamentária e financeira, consoante determinação
constitucional disposta no art. 169, § 1º, incisos I e II, bem
como a prudencial dotação de valores para garantir a
contratação, de modo que a posterior arguição de
comprometimento de gastos com pessoal, ainda mais quando
desacompanhada de maiores justificativas, não deve ser aceita
como óbice à nomeação. 3. A limitação decorrente da lei
eleitoral, quando veda contratações no trimestre que antecede
o pleito, não se aplica aos concursos públicos cuja
homologação já tenha ocorrido antes deste período, assim
como a restrição prevista no art. 21, parágrafo único, da Lei
de Responsabilidade Fiscal, que proíbe novas contratações,
não incide no caso de o cargo já ter sido criado em período
anterior aos 180 (cento e oitenta) dias precedentes ao
encerramento do mandato eleitoral. (TJPR - Órgão Especial -
MSOE - 1315950-5 - Curitiba - Rel.: Antonio Loyola Vieira -
Unânime - - J. 06.07.2015)‖
(TJ-PR - MS: 13159505 PR 1315950-5 (Acórdão), Relator:
Antonio Loyola Vieira, Data de Julgamento: 06/07/2015,
Órgão Especial, Data de Publicação: DJ: 1608 17/07/2015)

VI.II – DOS CANDIDATOS APROVADOS DENTRO DO NÚMERO DE


VAGAS DESTINADAS AO CADASTRO RESERVA

Cristalino é que os candidatos aprovados fora do número de vagas ofertadas


ficam à mercê da discricionariedade da Administração Pública, sendo possível, nesses
casos, a invocação do famigerado limite orçamentário, porém, esse impedimento deve
ser comprovado por meio de robusta prova documental, enfim, invocação esta pelo
Município que não vem ao caso, conforme será provado.

No presente caso, o Município de São Gonçalo/RJ publicou no ano de 2020


(dois mil e vinte), Certame para o preenchimento de vagas existentes na Guarda
Municipal do referido Município, demonstrando a sua necessidade e capacidade
orçamentária prévia.

Foram disponibilizadas 40 (quarenta) vagas imediatas e 120 (cento e vinte)


para o cadastro reserva, totalizando 160 (cento e sessenta) vagas disponíveis.

Após todas as etapas do Certame até a homologação deste em 15/09/2022,


constata-se que há no total 101 (cento e um) candidatos aprovados, ou seja, há menos
candidatos aprovados do que o total de vagas disponibilizadas (somatório das
imediatas e reserva) pelo Município de São Gonçalo/RJ 1.

1
https://servicos.pmsg.rj.gov.br/diario/2022_09_15.pdf
E mais, os candidatos entraram em contato com a Administração Pública
Municipal para que informassem a expectativa de nomeação dos candidatos e
convocação para o Curso Introdutório, e, a resposta fora que seria realizada ou um
curso de formação unificado com todos os aprovados (vagas imediatas + reserva) ou
seria realizado 2 (dois) Cursos de Formação, um previsto para 03/2022 e o outro em
06/2022, o que não ocorreu até a presente data.

Foram realizadas diversas reuniões com o Capitão da própria Guarda


Municipal de São Gonçalo, em que fora retornada uma atitude positiva, bem como
com diversos Vereadores que apoiaram a causa e até com o próprio Prefeito
(NELSON RUAS).

Em uma das reuniões, fora informado que não mais existe previsão para a
convocação dos candidatos, tanto os que compõem o número de vagas imediatas,
quanto os que integram o cadastro de reserva, ao argumento de que o Município de
São Gonçalo/RJ não possui orçamento para isso devido ao não recebimento dos
ROYALTIES, verba que segundo eles seria necessária para a nomeação dos
candidatos, dado que realizaram o certame em virtude da expectativa de recebimento
desta verba, bem como que fora ideia do governo anterior.

Dito isso, fica a seguinte pergunta: “como pode a Administração Pública


publicar um certame sem prévio estudo Orçamentário e capacidade para cumprir o
Ato Administrativo? O não cumprimento do Ato ao argumento de que se basearam
apenas em uma expectativa de recebimento de Royalties é legal? Esse ato fere a Lei
de Responsabilidade Fiscal? Essa atitude é legítima e proporcional? Esse ato fere
direitos e garantias individuais dos candidatos?”. Enfim, são muitas perguntas as quis
compete a V.S. ª refletir e decidir.

Ante a morosidade Municipal em efetivar a nomeação de seus aprovados, tanto


no número de vagas, quanto no cadastro de reserva, vários dos candidatos foram
impelidos, em virtude da descrença que assola esse Certame, a migraram para outros
Concursos Públicos e tomaram posse em outro cargo inacumulável, fato que
demonstra flagrante desconfiança dos candidatos no certame realizado pelo
Município, dado que a Administração informa aos interessados que será muito difícil
até o preenchimento das vagas imediatas em virtude de falta de orçamento e motivos
já expostos nessa exordial.

Não menos importante, pelo contrário, para que V.S.ª tenha conhecimento da
realidade fática hodierna do Município de São Gonçalo/RJ, com base nos dados
fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/rj/sao-goncalo.html, em 2021, o município
de São Gonçalo/RJ possuía 1.098,357 (UM MILHÃO, NOVENTA E OITO MIL,
TREZENTOS E CINQUENTA E SETE) habitantes em uma área de aproximadamente
248,160 Km2 (duzentos e quarenta e oito mil, cento e sessenta quilômetros
quadrados).

Consta no site oficial da Guarda Municipal de São Gonçalo/RJ, que a referida


instituição fora fundada há 85 (oitenta e cinco) anos, precisamente em 1938 (mil
novecentos e trinta e oito), e, hodiernamente o seu efetivo é de aproximadamente 321
(trezentos e dezenove) Guardas Municipais 2.

É legalmente estabelecido que a as guardas municipais possui como


competência geral a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e
instalações do Município, bem como possui como uma de suas competências
específicas a atuação preventiva e permanentemente no território do Município, para a
proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e instalações municipais.

E mais, também, mas não só, lhe compete atuar mediante ações preventivas na
segurança escolar, zelando pelo entorno e participando de ações educativas com o
corpo discente e docente das unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com
a implantação da cultura de paz na comunidade local. Vejamos o que diz a Lei
13.022/14:
Art. 4º É competência geral das guardas municipais a proteção de
bens, serviços, logradouros públicos municipais e instalações do
Município.

Parágrafo único. Os bens mencionados no caput abrangem os de uso


comum, os de uso especial e os dominiais.

2https://servicos.pmsg.rj.gov.br/guardamunicipal/grupamentos.php#:~:text=Desde%20Junho%20de%2
01938%20a,todos%20os%20dias%20da%20semana.
Art. 5º São competências específicas das guardas municipais,
respeitadas as competências dos órgãos federais e estaduais:

I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;

II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir,


infrações penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os
bens, serviços e instalações municipais;

III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município,


para a proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e
instalações municipais;

IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança


pública, em ações conjuntas que contribuam com a paz social;

V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes


presenciarem, atentando para o respeito aos direitos fundamentais das
pessoas;

VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas,


nas vias e logradouros municipais, nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de
setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma
concorrente, mediante convênio celebrado com órgão de trânsito estadual
ou municipal;

VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural,


arquitetônico e ambiental do Município, inclusive adotando medidas
educativas e preventivas;

VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas


atividades;

IX - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de


problemas e projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança
das comunidades;

X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de


Municípios vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios,
com vistas ao desenvolvimento de ações preventivas integradas;

XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais,


visando à adoção de ações interdisciplinares de segurança no Município;

XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia


administrativa, visando a contribuir para a normatização e a fiscalização
das posturas e ordenamento urbano municipal;

XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou


prestá-lo direta e imediatamente quando deparar-se com elas;

XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o


autor da infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre
que necessário;

XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme


plano diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de
grande porte;
XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência,
isoladamente ou em conjunto com os demais órgãos da própria
municipalidade, de outros Municípios ou das esferas estadual e federal;

XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de


autoridades e dignatários; e

XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar,


zelando pelo entorno e participando de ações educativas com o corpo
discente e docente das unidades de ensino municipal, de forma a colaborar
com a implantação da cultura de paz na comunidade local.

Conforme pesquisa no site oficial da Prefeitura de São Gonçalo/RJ


https://servicos.pmsg.rj.gov.br/educacao/escolas.php, existe 110 (cento e dez) escolas
municipais em seu território.

Destarte, com base nos dados acima apresentados, constata-se que na área de
aproximadamente 248,160 Km2 (duzentos e quarenta e oito mil, cento e sessenta
quilômetros quadrados) possui uma população de 1.098,357 (UM MILHÃO,
NOVENTA E OITO MIL, TREZENTOS E CINQUENTA E SETE) habitantes que
contam com 110 (cento e dez) escolas Municipais, e, para efetivar a proteção destes
foram empregados 321 (trezentos e vinte e um) Guardas Municipais.

Enfim, o presente certame, objeto de litígio, fora realizado no ano de 2020


(dois mil e vinte) e homologado em 15/08/2022. O penúltimo Concurso Público fora
realizado no ano de 2011 (dois mil e onze), ou seja, transcorreu o prazo de 9 (anos)
para a abertura de um novo Certame para a contratação de Guardas Municipais no
Município de São Gonçalo/RJ.

É límpido que o direito à nomeação dos candidatos dentro das vagas do


cadastro reserva está sendo ameaçado e massacrado pela postura, condutas
comissivas e omissivas da administração do Município de São Gonçalo/RJ, dado
que, iludiu e destruiu todas as perspectivas de nomeação dos candidatos aprovados no
certame pelos fatos narrados nessa exordial.

Ex.mo(ma), atos valem mais do que palavras, basta que olhe um pouco para o
passado e verás que desde a fundação da instituição da Guarda Municipal de São
Gonçalo/RJ que ocorreu em 1938 (mil novecentos e tinta e oito), (há 98 anos), conta
com apenas 321 (trezentos e vinte um) agentes para atender uma população de mais de
UM MILHÃO de habitantes.

E mais, flagrante é a atitude do Município de São Gonçalo/RJ em tornar a sua


Guarda Civil obsoleta, dado que realizou o certame apenas com o fito de arrecadação
ilegal, se abstém de investir em novas contratações, se esquiva de nomear e preencher
as 160 (cento e sessenta) vagas disponibilizadas ao argumento de falta de verba, e o
mais grave, se recusa a cumprir um artigo de lei que determina o número mínimo
de agentes a compor o efetivo da Guarda Municipal em população ACIMA de
QUINHENTOS MIL HABITANTES, qual seja, 1.500 (um mil e quinhentos)
Guardas.

Ex.a, conforme fora mencionado na exordial, o Município de São Gonçalo/RJ


possui mais de UM MILHÃO de habitantes, e pode por lei integrar no efetivo da
Guarda Municipal mais de 2.000 (dois mil) agentes, porém, conta com APENAS
321 (trezentos e vinte e um) Guardas Municipais.

Vejamos o que diz a Lei 13.022/14:

Art. 6º O Município pode criar, por lei, sua guarda municipal.


Parágrafo único. A guarda municipal é subordinada ao chefe
do Poder Executivo municipal.

Art. 7º As guardas municipais não poderão ter efetivo superior


a:

I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em


Municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;

II - 0,3% (três décimos por cento) da população, em


Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o efetivo não
seja inferior ao disposto no inciso I;

III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, em


Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
desde que o efetivo não seja inferior ao disposto no inciso II.

Parágrafo único. Se houver redução da população referida em


censo ou estimativa oficial da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), é garantida a preservação do
efetivo existente, o qual deverá ser ajustado à variação
populacional, nos termos de lei municipal.

Douto Julgador, observa-se que o inciso I do artigo supramencionado impõe


que a Guarda Municipal não poderá ter efetivo maior que 0,4% da população em
municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes, ou seja, NÃO estabeleceu o
MÍNIMO, mas sim o máximo permitido.

Em relação ao inciso II, ele expressamente determina que em Municípios com


MAIS de 50.000 (cinquenta mil) e MENOS que 500.000 (quinhentos mil)
habitantes, o MÁXIMO permitido do efetivo será de 0,3% da população.

O interessante é que o inciso II ESTABELECEU O MÍNIMO de agentes a


compor a Guarda Municipal em uma população com ATÉ 500.000 (quinhentos
mil) habitantes, uma vez que em sua redação diz “DESDE QUE O EFETIVO
NÃO SEJA INFERIOR AO DISPOSTO NO INCISO I”.

Assim, o efetivo MÍNIMO será calculado com base no efetivo MÁXIMO


permitido no inciso anterior, qual seja 50.000 X 0,4% = 200 agentes para uma
população com mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e até 500.000
(quinhentos mil) habitantes.

No tocante ao inciso III, a lógica é a mesma, ou seja, o número MÍNIMO do


efetivo da Guarda Municipal imposto pela lei aos Municípios que possuem uma
população de MAIS de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, corresponde ao
cálculo do máximo permitido no inciso II do art. 7º da Lei 13.022/14, qual seja
0,3% de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, perfazendo um total de 1.500 (um
mil e quinhentos) agentes.
Assim, em Municípios que possuem MAIS de 500.000 (quinhentos mil)
habitantes e que possuem Guarda Municipal, o número mínimo de agentes em atuação
DEVE SER de 1.500 (um mil e quinhentos) Guardas.

Exa., o Município de São Gonçalo/RJ possui mais de UM MILHÃO de


habitantes, e, o número MÍNIMO de agentes IMPOSTO PELA LEI para compor
o efetivo da Guarda Municipal é de 1.500 (um mil e quinhentos) Guardas, porém,
existem APENAS 321(trezentos e vinte e um) Guardas.

É notório que apenas 321 (trezentos e vinte e um) Guardas Municipais não
conseguem atender aos interesses da população de São Gonçalo/RJ, visto que não
possui efetivo em virtude de uma administração incompetente que realiza a pratica de
atos administrativos para atender interesses de sua conveniência, consequentemente
submetendo os cidadãos que pagão seus impostos em dia e contribuem para que
tenham investimento em segurança pública a uma situação em que sua liberdade de
locomoção está completamente comprometida.

Destarte, considerando a inadequação do efetivo da Guarda Municipal ao que


impõe o inciso III do art. 7º da Lei nº 13.022/14 por ato proposital do Município de
São Gonçalo/RJ, bem como que o referido ato expressamente limita e obstaculiza o
acesso pelos aprovados no cadastro reserva ao referido cargo, a nomeação é medida
legal que se impõe, dado que flagrante é a grave lesão perpetrada ao direito
fundamental à segurança previsto no art. 5º da CF/88 e ao direito ao acesso aos cargos
públicos, previsto no mesmo diploma legal. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos


brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de


aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;

Por fim, ante a flagrante violação de direitos e garantias fundamentais dos


candidatos por ato do Município, bem como em virtude do descumprimento à
imposição prevista no inciso III do art. 7º da Lei nº 13.022/14 por este, o direito à
nomeação dos aprovados dentro do número de vagas destinadas ao Cadastro Reserva
do Certame da Guarda Municipal de São Gonçalo/RJ, que antes era apenas uma
perspectiva, tornou-se LIQUIDO E CERTO, assim, a coação do Município em nomear
e dar posse aos referidos aprovados é medida legal que se impõe, e que
consequentemente fará com que o efetivo da Guarda Municipal atinja o número de
421 (quatrocentos e vinte e um) agentes, efetivo este que continuará bem abaixo do
mínimo legal exigido no inciso III do art. 7º da Lei nº 13.022/14.

VI.III – DA CONVOCAÇÃO E DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO DOS


CANDIDATOS NA VAGA DO CADASTRO RESERVA.

Sabemos que a mera aprovação dentro do número de vagas para cadastro de


reservas não gera o direito líquido e certo para a nomeação, ou seja, estes candidatos
apenas possuem uma expectativa de direito.

Essa expectativa de direito se dá em virtude da existência de uma possibilidade


de abertura de vaga na instituição dentro do prazo de validade do concurso. Vejamos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
anos, prorrogável uma vez, por igual período;

Indubitável é que a Instituição Pública quando realiza um certame e oferece


determinado número de VAGAS IMEDIATAS, pressupõe que o efetivo da
Instituição, que antes estava completo, no momento da publicação do Concurso
Público possui essa quantidade de cargos vagos.

Por sua vez, as vagas ofertadas como CADASTRO DE RESERVA, pressupõe


que a administração possui o seu quadro de pessoal completo, porém com uma
expectativa de vacância dos cargos, quer seja por meio de aposentadoria, exoneração,
demissão etc.

Resumindo, uma instituição somente pode Publicar Certame quando o efetivo


da instituição não estiver completo ou quando há uma expectativa de vacância dos
cargos ofertados e, como consequência lógica, as vagas destinadas ao cadastro de
reservas só podem ser anunciadas quando há uma expectativa PRATICAMENTE
CERTA de vacância futura dos cargos antes do esgotamento do prazo de validade do
certame a ser realizado, isso se chama planejamento.

Agora nos resta uma dúvida Exa.. Como o Município de São Gonçalo/RJ pode
realizar um certame ofertando 40 (quarenta) vagas imediatas e 120 (cento e vinte)
reserva, sendo que o efetivo atual da Guarda Municipal (321 agentes) não está dentro
do efetivo mínimo (1.500) imposto pela Lei 10.022/14, notadamente em seu art. 7º,
III?

Douto julgador, quando a instituição não possui o seu efetivo completo, é sinal
de que existe cargos vagos, e, existindo cargos vagos, poderá abrir certame com vagas
imediatas para preencher os cargos vagos, se além disso tiver previsão incerta de
vacância, poderá no mesmo edital disponibilizar vagas em cadastro reserva.

Destarte, no caso do certame realizado para a Guarda Municipal de São


Gonçalo/RJ, a criação das vagas para CADASTRO RESERVA fora totalmente em
desconformidade com a natureza para qual o instituto das vagas de cadastro reserva
fora criado, dado que no Município de São Gonçalo/RJ existem apenas 321 (trezentos
e vinte e um) Guardas Municipais e a Lei 13.022/14, em seu art. 7º, III estabelece o
MÍNIMO do efetivo a compor a Guarda Municipal desta municipalidade, qual seja
1.500 (um mil e quinhentos) agentes, ou seja, não se pode criar CADASTRO DE
RESERVA para atender uma instituição que não necessita de reserva, mas sim de
VAGAS IMEDIATAS, uma vez que sequer estabeleceu o efetivo mínimo imposto
pela referida lei.

Assim, constata-se que todas as vagas ofertadas como reserva no Certame da


Guarda Municipal de São Gonçalo/RJ, são por natureza e por direito
DENOMINADAS VAGAS IMEDIATAS, uma vez que não há como abrir vagas
reserva de um efetivo que não chegou sequer ao mínimo exigido por lei, e,
consequentemente, possuindo todos os aprovados no certame o direito líquido e certo
à nomeação.

Permitir isso seria fomentar a arrecadação ilegal de valores, e afrontar direitos


e garantias fundamentais, bem como um desrespeito aos candidatos aprovados, dado
que muitos deles passaram anos estudando, tiveram gastos enormes com exames
médicos, com transporte, viagens, estadia, e inclusive teve candidato que e de outro
ESTADO DA FEDERAÇÃO que gastou mais de 800 reais para participar das demais
etapas do concurso, que por sua vez foram 4 (quatro) etapas (prova objetiva, teste
físico, teste psicotécnico e entrega de exames médicos).

Excelência já está na hora de acabar com essa ilegalidade velada de lançar


Concursos Públicos prevendo altos números de vagas em cadastros reserva, dado que
o certame fica notadamente atrativo e desvirtua a realidade fática, fazendo com que os
candidatos ficam empolgados e pensem “nossa!!!! são 160 vagas, 40 imediatas e 120
reserva, São Gonçalo só tem 321 guarda; Vão chamar todo mundo!!”.

Notoriamente Excelência, esse ato da Administração não passa de uma técnica


eficaz de vendas, ou seja, você anuncia dando credibilidade ao produto (publicação do
certame após 9 anos sem contratação), vende bastantes (vários inscritos com grandes
expectativas quase certeza de convocação) e depois o problema aparece e você não dá
suporte ao cliente, tornando o produto adquirido obsoleto (declara que não possui
verba para contratar porque não tem mais verbas do ROYALTIES). É simples assim!

Basta! Isso é uma crueldade, pois, os candidatos estudam, gastam milhares de


dólares para no final escutarem que era mera expectativa de direito e que não possui
verba para bancar nem os aprovados nas vagas imediatas.
Portanto, é flagrante a intenção da Administração em usar deste artifício para
aumentar a arrecadação ilegal e lesar os aprovados no cadastro reserva com uma falsa
expectativa de direito à nomeação. O correto a fazer é: ou a Administração lança um
edital contendo o número real de cargos vagos (vagas imediatas), ou ela lança
contendo também vagas em cadastro reserva e justifica o porquê do número tão alto
de vagas em cadastro reserva.

Excelência, a modinha da ilegalidade está sendo tão bem recepcionada pelos


agentes corruptos que desde 2010 há um projeto de lei que trata sobre a realização de
concurso público na Administração Pública direta e indireta e que até hoje não fora
sancionado, qual seja, Projeto Lei Nª 74/10, e que diz o seguinte:

Art. 4º A realização de concursos públicos representa serviço


público relevante, respondendo objetivamente a instituição
organizadora e a Administração Pública pelos danos que seus
respectivos agentes, nessa qualidade, causarem aos
candidatos, assegurado o direito de regresso contra os
responsáveis nos casos de dolo ou culpa.

E mais, a título de curiosidade, no Estado de Roraima, visando proteger os


candidatos da obscuridade nas realizações de certames, criou a Lei Nº 1.172, DE 10
DE ABRIL DE 2017, que diz o seguinte:

Art. 4º Todos os atos ou fases relativos ao concurso público


são passíveis de exame e decisão judicial, especialmente:

II – os que configurem lesão ou ameaça de lesão a qualquer


direito do candidato;

Isso se chama progresso e respeito ao direito e esforço alheio!

Convenhamos Excelência, quando a Administração lança um Certame


contendo vagas em Cadastro Reserva, é notório que houve o estudo prévio sobre a
possibilidade de vacância do número de vagas ofertadas (aposentadoria, demissões e
etc), bem como sobre a situação orçamentária para bancar o número de vagas
ofertadas como cadastro de reserva.

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