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Copyright© 2022 DANIELA GATI

São Paulo - SP

Revisão: Patrícia Suellen


Capa: Grazy Fontes

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É proibido o armazenamento e/ ou reprodução de quaisquer
parte desta obra, através de quaisquer meio (tangível ou intangível)
sem o consentimento, por escrito, da autora. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo
184 do código penal.
Sumário
Sinopse
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
Agradecimento
Redes Sociais
Outras Obras
Raniely Sousa Pimentel, aos 22 anos de idade acaba de se
formar com honras no curso de comissária de voo, filha mais nova
de um casal de Advogados conceituados, a morena foge totalmente
na contramão do que os pais um dia sonharam para ela e vê sua
vida mudar completamente quando é indicada para uma vaga na
maior empresa de aviação do Brasil.

Festeira de carteirinha, Rany, como é carinhosamente


chamada pelos amigos, não dispensa uma boa baladinha sertaneja
e curte a vida como se não houvesse o amanhã. Até que ela
conhece um certo piloto gostosão que colocará a sua vidinha
boêmia e desapegada em estabilidade e mostrará que a vida é mais
que voos intermináveis e curtições sem compromissos.
Bryan Davies é um renomado Comandante aéreo de 32 anos
com milhares de horas de voo no currículo. Filho único de uma
publicitária brasileira com um piloto americano, carrega nas veias a
paixão pelos aviões e vive sua vida como um pássaro liberto depois
de um casamento fracassado e sem filhos.

Mesmo com sua vida livre, Bryan nutre o desejo de ser pai, e
já que não conseguiu pelas vias tradicionais resolve recorrer a uma
barriga de aluguel via inseminação artificial. Mas tudo muda quando
ele conhece uma certa comissária de bordo muito maluquinha que
vai bagunçar a sua vidinha toda organizada e mostrar que um pouco
de turbulência e diversão também não faz mal.

Ela é uma mulher começando a vida, cheia de planos e


desejos de conhecer cada canto do mundo. Ele é um homem
estabilizado e pronto para sossegar com uma família, dois cachorros
e uma cerca branca. Duas personalidades distintas, uma atração
avassaladora e um acontecimento inesperado que pode destruir
todos os planos de um e custar o maior sonho do outro.
Dedid

Ao longo da nossa vida esbarramos com muitas pessoas, um


amigo, um amor, alguém para desabafar e contar os nossos
segredos. Eu sou muito grata à Deus por colocar pessoas tão
incríveis no meu caminho. Hoje, dedico a história do nosso
comandante delícia a vocês:
Raniely, minha princesa linda que ganhei neste meio literário e
também minha inspiração para nomear a mocinha deste livro, você
é uma pessoa incrível. Obrigada por aguentar minhas chatices.
Roberta Melo, minha Betinha do coração e minha adm que me
deixa louca às vezes hahahaha. Você é minha e o boi não lambe.
Kkkk
Liz, ou Elis, kkk Você foi um dos melhores presentes que ganhei.
Toda meiga, educada e amiga. Amo você.
Ana Paula Godoy, minha boneca mais linda e meiga. Menina, você
é incrível. Te amo amore mio.
Magna, obrigada por estar sempre comigo, acompanhando meu
trabalhado e me incentivando a seguir em frente.
Ju Andrade. Ah, minha marida. Você é o amor da minha vida,
mulher. Nós somos tão parecidas, temos tantas coisas em comum.
Eu quero te ver sempre sorrindo, apesar de as vezes estarmos tão
para baixo. Você é uma mulher incrível, uma mãezona. Queria ter
metade da sua garra. Eu te amo, minha marida linda.
Karen, sua linda. Muito obrigada por nunca desistir de mim.
Sabrina Antunes, nossa amizade vem de longe, não é mesmo?
Muito obrigada por tudo.
Roberta Rampini, menina você está comigo há tempo e eu nem sei
como te agradecer por nunca desistir dessa autora atrapalhada e
cheia de bo. Kkkk Você é muito especial para mim.

Também dedico a história de Bryan e Raniely a todas as minhas


parceiras, desde as mais antigas, até as que acabaram de chegar
no meu grupinho fofo. Dedico está história também as minhas
leitoras maravilhosas, que estão sempre acompanhando meu
trabalho, não importa o tempo que demora cada lançamento. Vocês
são incríveis.

Eu amo vocês!
“A vida é feita de escolhas, e
nós...
Bem, nós escolhemos voar.”
BRYAN

— Vá se foder, Bryan — xinga minha futura ex-mulher, à


medida que joga uma xícara de café morno em cima de mim.

Sair de casa está sendo mais complicado do que pensei.


Estefânia está fora de si, xingando até a minha décima geração. O
café que acabou de jogar em mim não é nada diante do golpe
traiçoeiro que ela vem me dando há um tempo.
— Você pode facilitar, ou pode complicar as coisas. Eu vou
embora do mesmo jeito — digo com a voz firme, tentando manter
longe a vontade de apertar o pescoço dela.
Estefânia me traiu com um cara que me foi apresentado
como seu primo, os dois eram tão grudados que segundo eles, eram
como se fossem irmãos. Foi estranho ver o cara que vivia me
chamando de camarada, montado em cima da minha esposa,
trepando com ela como um animal selvagem.

Eu não vi isso pessoalmente. Graças a Deus. Mas tive uma


amostra grátis quando algum anônimo fez o favor de enviar fotos e
vídeos da trepada para o meu WhatsApp. Certamente é alguém que
odeia Estefânia. Queria saber quem é, assim poderia convidar para
um chopp e partilhar do mesmo ódio.

— Você não pode ir embora. Aquele vídeo é uma montagem,


fotos feitas no Photoshop. Por favor, você não pode acreditar em
tudo o que vê.

Pego minha mala em cima da cama que dividimos e olho


bem nos olhos dela. Estefânia está de roupão, com cara de quem
passou a noite na farra. Ela chegou em casa quando o dia estava
amanhecendo. Muito provavelmente o café preto e quente que
estava tomando antes de jogar em mim, era para ajudar com a
ressaca.

— O que eu não posso acreditar é na sua cara de pau —


ralho, nervoso. — Me jurava amor eterno, mas assim que eu subia
na porra do avião você corria e montava naquele escroto.
— Mas é verdade quando eu digo que te amo. — Ela rasteja
atrás de mim, seguindo-me até a porta do nosso apartamento. — Eu
te amo, Bryan.
— Não ama nem a você mesma.

— Espere, eu posso te provar o quanto te amo. — Estefânia


entra na minha frente, barrando minha passagem. Seus olhos estão
meio cinzentos e ela morde o lábio, como se estivesse analisando o
peso de suas próximas palavras. — Posso te dar o filho que você
tanto quer.

Meu peito aperta com suas palavras. Foram tantas as vezes


em que lhe pedi para parar com o anticoncepcional. Mesmo na
minha vida louca de viagens intermináveis eu sonhei com um filho,
um filho meu e de Estefânia. Mas após dois anos de casados,
quando sugeri que começássemos a tentar ter o nosso primeiro filho
e ela me deu um não como resposta, percebi que o sonho era
somente meu.

— Nunca pensei que fosse te dizer isso. — Enxugo uma


lágrima e fito seus olhos. — Muito obrigado por não ter parado com
a pílula, seria foda ter que ser o pai do seu filho. Uma traidora filha
da puta.

— Pare com isso, Bryan. Você só está com raiva. Volte para
o nosso quarto, vamos conversar e nos entender.

— Olha bem para a minha testa e vê se tem uma placa de


corno nela. — Com cuidado para não machucá-la, empurro seu
corpo esguio para o lado e saio do apartamento. Aperto o botão do
elevador e aguardo. — Tenho nojo de você, Estefânia — sibilo
entredentes. Estou muito magoado, meu coração está dilacerado.
— Maldito, você vai se arrepender se virar as costas para
mim. Se for embora saiba que não poderá voltar mais. Você vai se
arrepender.
O elevador chega, mas antes de entrar dou uma última
olhada para trás e sorrio com sarcasmo.

— Veja como viro as costas para você — desdenho. — Te


vejo na audiência do divórcio, traidora.

Ainda consigo ouvir os xingamentos dela antes de o elevador


começar a descer. Chego à garagem do prédio e entro em minha
Lamborghini preta e blindada, sou louco de ciúme por essa
belezinha. Antes de sair do prédio dou uma olhada em minha Ducati
vermelha e prata, essa eu volto para buscar amanhã bem cedo.

Saio do condomínio e dirijo em direção ao meu antigo


apartamento, que estava vazio desde que me casei. Nunca quis
vendê-lo ou alugar, muito provavelmente meu subconsciente já
estava me alertando que iria quebrar a cara e que logo precisaria
voltar. O apartamento fica na cobertura de um edifício de alto
padrão, meus avós maternos moram a alguns andares abaixo para
a minha felicidade. Eles viveram muitos anos em uma casa térrea,
no entanto, quando decidi morar no Brasil os convenci a se
mudarem para o mesmo condomínio que eu, assim poderia ficar de
olho.

— Resolveu tudo? — pergunta meu pai, quando chego ao


apartamento arrastando minha mala e meu orgulho ferido.
— Quase tudo. Amanhã tenho que voltar lá para buscar
minha moto. — Jogo-me no sofá e encaro meu pai. — Vou dar o
apartamento para ela, não faço questão daquilo.

— Se não te faz bem, tem que desapegar mesmo. Mas não


seria o caso de vender e dividir o valor em duas metades?
— Não quero isso, pai. Quero apenas minha dignidade de
volta e tocar minha vida. O tempo está passando e ainda quero ter
um filho, nem que eu faça isso através de uma barriga de aluguel.

— O que é isso, meu filho. Você ainda é muito jovem, tenho


certeza de que encontrará uma mulher decente para realizar esse
teu sonho.

— Estou com vinte e oito anos, quero ser pai antes dos trinta
e cinco. Se não aparecer uma mulher que queira partilhar desse
sonho comigo, vou tirar férias e buscar uma barriga de aluguel nos
Estados Unidos.

— Se a sua mãe escuta uma coisa dessa é capaz de ter um


piripaque e não deixar você ir nos visitar nunca mais.
Rimos em concordância. Minha mãe é muito católica, do tipo
que não aceita esse tipo de coisa de jeito nenhum. Ela ficou muito
triste quando soube do término do meu casamento, mas ficou
aliviada por não ter tido filhos com Estefânia. Talita Gomes é uma
brasileira casada com um americano, e vive nos Estados Unidos há
quase trinta anos. Eu nasci na maior maternidade de Nova York, fui
criado e educado nos melhores colégios da cidade.
Minha mãe vem constantemente ao Brasil para visitar a mim
e aos meus avós. Sendo esposa e mãe de pilotos da Aereaozoon,
dona Talita viaja sempre de primeira classe e não precisa
desembolsar um tostão para isso. Meu pai é um dos sócios da
companhia, tendo 35% das ações. E quando ele não pode vir às
reuniões de negócios sou eu quem o represento.
— Pois não conte a ela sobre os meus planos. — Ergo uma
sobrancelha para o meu coroa, e ele faz uma careta engraçada.
Papai já está devidamente uniformizado para mais uma
jornada de trabalho quando pega sua mala e se despede.

— Se cuide, filho. Tenho um voo para o Canadá e de lá sigo


para os Estados Unidos, finalmente chegou minhas férias. Vou levar
sua mãe para passar uma semana nas Ilhas Maldivas.

— Fico feliz por vocês. — Trocamos um abraço apertado. —


Obrigado pelo apoio, e diga para a minha mãe que ficarei bem. Vou
cuidar dos meus avós com muito carinho.

— Tenho certeza de que sim. — Meu coroa acena enquanto


abre a porta. — Vou me despedir dos seus avós e de sua prima.
E quando ele se vai, perco-me em meio ao vazio do meu
apartamento. É foda ter que tirar alguém do coração, quando você
está envolvido de corpo e alma.
RANIELY
Três anos mais tarde...

Se tivesse um buraco onde pudesse enfiar minha cabeça e


sair somente daqui a cinquenta anos, com certeza faria isso.
Sou desastrada, sempre fui. É por isso que neste momento estou
praticamente jogada no meio do saguão do maior aeroporto de São
Paulo. Minha mala de rodinha está caída ao lado, alguns curiosos
assistem de plateia o meu vexame. Esta é a minha recepção de
boas-vindas.
— Moça, se machucou? — Um coroa elegante, todo trajado
com o mesmo uniforme da empresa da qual fui contratada, e com
um português meia-boca, estende a mão para me ajudar.
Junto o pouco da dignidade que ainda me resta e aceito sua
ajuda, não sem antes observar que ele é um piloto muito bonito, na
verdade, de tirar o chapéu.

— Estou bem. — Abro um sorriso amarelo quando fico de pé


e ajeito minha saia social. — Obrigada pela ajuda. — Ele recolhe
minha mala. — Não estou muito acostumada a correr de salto alto,
mas hoje é meu primeiro dia de trabalho e não quero chegar
atrasada.
— Para qual empresa você prestará serviço? — pergunta o
homem de forma casual. Pelas suas vestes ele é um piloto
profissional e muito experiente no ramo.

A blusa e o blazer do meu uniforme seguem dentro da mala,


como sou nova ainda não sei se posso sair de casa usando-os.
Acho que sim, mas como não tenho certeza optei por vir usando a
saia e o sapato social junto com uma blusinha branca e discreta.

— Aereaozoon. Sou comissária de bordo e meu primeiro voo


é para São Luís.

— Então, eu serei o primeiro a lhe dar boas-vindas. Trabalho


com a Aereaozoon há mais de trinta anos e serei o comandante do
voo para São Luís.

— Que legal.

— Este é o meu último voo aqui no Brasil. A partir da semana


que vem ficarei apenas nas rotas americanas, até o dia de me
aposentar. A propósito, sou o comandante Brandon Davies.

— Meu nome é Raniely, mas pode me chamar de Rany. O


senhor não é brasileiro — digo o óbvio parecendo uma idiota, mas a
verdade é que acho muito chique falar com pessoas de outros
países.

Já viajei mundo afora, sei falar seis idiomas e tenho amizades


espalhadas por boa parte da América Latina. Amigos que conheci
em uma viagem que ganhei dos meus pais quando completei
dezoito anos. Também passei uma temporada nos Estados Unidos,
onde fiz muitas amizades.

— Sou americano, nascido e criado em Nova York. Estou


cumprindo minha última escala internacional, encerrando o ciclo de
uma longa jornada como piloto. Amanhã voltarei para casa e para a
minha linda esposa.

— Que bacana. É sempre bom voltar para casa.

— É sim. Bom, nos vemos daqui a pouco. — O senhor sorri


antes de se afastar.

Depois do mico do ano, sigo direto para o "DO" local onde os


funcionários já estão reunidos para fazer o briefing pré-voo, uma ala
privativa da Aereaozoon. Faço minha apresentação, sendo
apresentada formalmente aos meus novos colegas de profissão. O
piloto Brandon faz questão de me elogiar e me dar boas-vindas,
mais uma vez. E, após passar todas as informações sobre o voo,
seguimos para a aeronave.

Chega o horário do meu primeiro voo e fico nervosa de


verdade. Não tenho medo de voar, mas tudo que é novidade me
causa um leve pavor. Tenho medo de fazer merda e me queimar
logo no primeiro dia. E olha que nos primeiros cinco dias nem posso
fazer nada, além de observar a tripulação e ir anotando tudo o que
me for útil.

— Fique tranquila, o voo será calmo e logo estaremos em


terras maranhenses. — Sibele, uma das aeromoças com quem irei
trabalhar em alguns voos domésticos, toca meu ombro e sorri
enquanto decolamos.
— Não estou nervosa pelo voo, não tenho medo de voar. —
Sou sincera. — Mas confesso que estou com receio de fazer merda
no primeiro dia de trabalho — admito o que acabei de pensar.
— Caraca, gatinha, você não precisa se apavorar. Deu pra
perceber que é uma ótima profissional e que aprendeu direitinho as
instruções do curso. Você recebeu os passageiros com maestria. E
linda do jeito que é, acho improvável que algo saia errado.

— E o que tem a ver a beleza com o talento? — indago,


fazendo uma careta para ela.

— Uai, tem tudo a ver. — Sibele é mineira, mas vive tanto


tempo entre um voo e outro que seu sotaque varia bastante. —
Você vai entender quando chegar a hora.
— Continuo sem entender. — Nego com a cabeça. — Fora
que eu não sou o padrão exato de beleza. Ainda acho que foi um
milagre ter conseguido este emprego, levando em consideração que
a maioria das comissárias são praticamente Barbies ambulantes.

Estou sendo sincera e não tem nada de exagero quando digo


que estou surpresa com a minha contratação. Tenho 1,67m e se
comer mais uma rosquinha de chocolate, logo mais estou pesando
75 kg redondos. A minha sorte é que meu tipo físico me ajuda um
pouco. Claro que não estou exageradamente acima do peso,
apenas alguns quilos a mais que o ideal, mas normalmente as
comissárias têm que vestir manequim minúsculo, o que não é o meu
caso. Sou preenchida por todos os lados, dando uma disfarçada em
minhas gorduras. Meus seios são tão grandes que uso sutiã
tamanho 48, no entanto, isso não me incomoda em nada. Não tenho
barriga, porém, tenho muita bunda e coxa. Definitivamente, sou bem
diferente das outras comissárias.
— Nisso você tem razão. — Sibele balança a cabeça em
concordância. — Eles costumam contratar apenas manequim trinta
e seis, no máximo trinta e oito. Olha para mim, pareço um cabide de
tão magra. — Rimos do exagero dela. — Mas é bom saber que
estão começando quebrar esse tabu.
— Claro, apenas minha bunda e meus seios que quase não
cabem nas roupas íntimas. — Rimos mais alto. — Estou quase dez
quilos acima do meu peso ideal, Sibele.
— Bobagem! Você é linda demais, Rany. Posso te chamar
assim, não é? E você não tem nada exagerado aí.

— Certo, vou fingir que acredito. E, sim, você pode me


chamar de Rany, desde que eu também possa te chamar apenas de
Si.
Sorrimos uma para a outra e quando o avião estabiliza no ar
soltamos nossos cintos e começamos a arrumar o carrinho com
aperitivos e bebidas para serem servidos. Não posso participar
efetivamente da entrega dos alimentos, tenho apenas que observar
meus colegas fazendo todo o trabalho.
O voo segue tranquilo e em pouco mais de três horas e quinze
minutos aterrissamos em solo maranhense. Depois que auxiliamos
o desembarque de todos os passageiros nos despedimos do
copiloto, em seguida é a vez de nos despedirmos do piloto, já que
nosso próximo voo não será com ele.
— Até breve, moças. Foi um prazer voar com vocês.
— Obrigada, comandante — Sibele e eu dizemos ao mesmo
tempo.
— Nós nos vemos por aí, moça do tombo. — O homem me
dá uma piscadela e se afasta, arrastando sua mala elegante.

— Moça do tombo? O que eu perdi?

— Nem queira saber.


— Ah, eu quero sim.
— Prometo que te conto outra hora

— Vou cobrar. Você sabe que ele é um dos donos da


companhia, né?
— Dono? — Meu queixo quase vai ao chão.

— É, eu acho que você não sabia. Menina, você não fez a


integração?
— Claro que fiz. Fiquei quase três horas dentro de uma sala,
com mais meia dúzia de novos funcionários ouvindo sobre a história
da empresa. Sei que é uma sociedade, mas nunca ia imaginar que
ele seria um dos donos.
— E logo vai se aposentar. É o que andam dizendo por aí.

— Isso ele comentou comigo, hoje mais cedo.


— Também comentou que o filho dele é um gostoso e que
também é piloto?

— Sério?

— Aguarde e você verá.


— Ei, me conte mais sobre esse boy.

— Só quando você me contar sobre o tombo.

Rio da cara de pau dela.


— Está bem, você ganhou. Mais tarde eu te conto.

Saímos da aeronave e somos recebidas pelo mormaço


quente da região. É quase meio-dia e o Maranhão está fervendo.

— Gente, havia me esquecido de como o nordeste é quente


— comento, limpando o suor em minha testa.
— Maranhão só não é mais quente que o Tocantins. Mas,
sim, aqui é uma sauna gratuita. — Sibele arrasta sua mala de
rodinha enquanto desfila em seu salto alto ao meu lado. — Ainda
nem acredito que vamos voltar no mesmo voo. E tem mais, será
com um dos pilotos mais gatos da companhia.

— Quem?

A mulher sorri com malícia e me faz parar antes de comentar


animada:

— Querida, hoje você vai conhecer o filho do comandante


Brandon. Pelo perfil do pai você pode imaginar o naipe do filho, não
é mesmo? O comandante Bryan é um tesão ambulante. Faz jus a
posição na nossa escala de beleza.

— Ah, é? Vocês têm uma lista com escala de beleza?

— Espere só até entrar no grupo de WhatsApp dos


comissários e você vai entender, meu amor. Lá é o nosso cantinho
da fofoca livre. Agora vamos almoçar e aproveitar a tarde em São
Luís. Nosso próximo voo será às dezenove horas, temos a tarde
inteira para andar pela Ilha do Amor.

— Eu nunca tinha vindo a São Luís — comento. — E olha


que sou filha de piauiense. Meus pais se mudaram para São Paulo
assim que se casaram, tiveram minha irmã e logo em seguida eu
cheguei também, na minha infância eles costumavam nos levar para
passar férias com nossos avós em uma cidade pequena, a duas
horas de Teresina. Mas depois que meus avós faleceram, tanto os
maternos quanto os paternos, eles deixaram a tradição de lado.

— Sei como é. — Sibele bate em meu ombro. — São coisas


da vida.
Continuamos andando lado a lado e a cada passo sinto a
felicidade invadir meu coração. Mesmo não sendo a profissão que
meus pais sonharam para mim, ser comissária sempre foi meu
objetivo de vida.
Venho de uma família tradicional, sou a filha mais nova. Minha irmã,
Keila, decidiu seguir os passos dos nossos pais e hoje é uma
excelente advogada, casada com um dos juízes mais respeitados
de São Paulo. No momento, ela está grávida de seis meses, e por
ser numa gravidez de risco optou por dar um tempo na profissão.
Os sonhos de Keila vão totalmente na contramão dos meus.
Não me imagino sendo esposa e mãe de ninguém. Pelo menos não
antes de viajar muito, namorar adoidado e curtir noites em lugares
diferentes do mundo. Sou um pássaro solto, não tenho a menor
vontade de me prender a ninguém. Para ser sincera, não sei se um
dia vou querer casar ou ter filhos. Isso só o tempo poderá dizer.

— Rany, eu já volto — avisa Sibele enquanto se afasta, indo


até um rapaz do outro lado do saguão. Os demais tripulantes que
fizeram o voo com a gente, seguiram para lados diferentes. Uns já
estão até se preparando para subir em outra aeronave.

Aproveito o momento a sós e ando até uma lanchonete.


Acordei tão ansiosa para o meu primeiro dia que tomei apenas um
café preto antes de sair de casa. Sei que há um buffet servido aos
funcionários em uma ala privativa do aeroporto, com um almoço
típico da região. Mas o cheiro gostoso de lanche, associado à minha
fome me leva direto até o balcão de pedidos.
— Boa tarde, o que vai querer? — A atendente sorri para
mim, praticamente cantando em seu sotaque arrastado.

Desvio o olhar dela e avalio as opções na vitrine. Minha boca


saliva diante de tanta gostosura.

Oh, Deus, como vou perder meus quilinhos se não consigo


ficar longe de tamanha tentação?

— Quero uma fatia desse bolo de tapioca. Nunca provei, mas


parece ser delicioso.

— Ele é bom mesmo. E não é por nada não, mas a moça que
prepara os nossos lanches tem uma mão santa, tudo o que ela faz
fica uma verdadeira delícia.

— Eu posso imaginar.
— Vai beber algo?

— Um suco de caju bem gelado, por favor.

— É pra já. — A moça sorri e vira as costas para mim.

Enquanto aguardo ela preparar o meu pedido aproveito para


responder as mensagens da minha mãe.
Oi, minha princesa, você já está no Maranhão?

Aciono o microfone do aplicativo e respondo com uma


mensagem de voz.
— Oi, mãe, cheguei agora há pouco. O lugar é quente,
quente mesmo. Mas é muito lindo e olha que ainda nem sai do
aeroporto. Vou permanecer na capital até o final da tarde e volto
para São Paulo à noite. Te amo!

Abro a mensagem de minha irmã e sorrio com a foto que ela


mandou. Keila exibe uma barriga enorme, e se não fosse pelas
últimas ultrassonografias confirmando que há apenas um bebê, eu
diria que seria tia de gêmeos.

Ei, Rany, a mamãe me contou que seu primeiro voo será


para o Maranhão, será que você tem tempo de ir ao centro
histórico e comprar uma broa de milho feita com leite de cabra
para mim?
Fico perplexa com o pedido dela, mas me lembro que ao
contrário de mim, Keila esteve no Maranhão há dois anos.
Saio do aplicativo de mensagens e faço uma ligação direta,
sendo atendida no segundo toque.

— E aí, já está no Maranhão?


— Oi, Keila, a viagem foi tranquila e já estou em São Luís.
Está com desejo, é?

— Raniely, eu faço o que você quiser, se em troca você


trouxer em sua bagagem essa tal broa de milho — grita meu
cunhado ao fundo. — Por favor!

Gargalho do desespero dele, pois sei o quanto minha irmã


tem feito de seus dias uma verdadeira correria atrás de doces e
comidas diferentes.

— Diga ao Edu que vou salvar a pele dele.

— Ah, você é a melhor irmã do mundo.


— Aham, sei! — debocho, porque somos apenas nós duas.
— E que merda é essa que você está me pedindo?

— Compre uma para você e prove, vai poder comprovar que


é uma delícia. E, ah, traga um guaraná Jesus também.

— Quê? Isso existe mesmo?

— Rany, esse é o melhor guaraná do mundo. Você precisa


experimentar também.

— Ok, eu já entendi! Farei isso. Agora eu vou desligar,


preciso comer alguma coisa. Te amo.

— Também te amo, princesa.


Nós nos despedimos e Sibele volta quando estou na metade
do lanche.
Após o almoço saímos para uma tarde agradável em São Luís, e é
claro que saio em busca do pedido da minha irmã. Todos eles são
possíveis encontrar nas lanchonetes do aeroporto, mas queria um
pretexto para andar pelo centro histórico da ilha.
— Menina, você é o meu amuleto da sorte — comenta
Sibele, quando descemos do Uber. — Faz vários dias que estou em
rotas fixas de ponte aérea, estou quase criando asas e voando
sozinha.

— É sério? — Rio e ela dá um tapinha em meu ombro.


— Não ri, cacete, vai chegar sua vez de passar por isso.
Todos nós passamos. Enfim, o que quero dizer é que adoro essas
viagens com pausa para descanso, é nelas que eu aproveito para
gastar meu dinheiro suado. E justo no seu primeiro dia consigo sair
para respirar. Vem, vamos aproveitar.

— Você está certa. Tem que aproveitar.

Sibele e eu aproveitamos mesmo, compramos umas


coisinhas diferentes para levar como souvenirs e acho o pedido da
minha irmã. Provo o tal guaraná e simplesmente amo! Gosto tanto
que compro três garrafinhas de 250ml para levar comigo.

Um pouco antes do anoitecer voltamos para o aeroporto.

— Você já sabe quem será o seu chefe de voo no período de


adaptação? — pergunta Sibele enquanto mexe no celular, andando
ao meu lado em direção à aeronave.
— Ainda não, parece que seremos apresentados ainda hoje,
na volta para São Paulo.

— Entendi. Boa sorte, gatona. Já pensou se te escalam com


um piloto safado e gostoso?

— Ai, garota. É uma pena que quase não vamos voar juntas,
porque eu ia amar trabalhar com você todos os dias — digo entre
risos.

— Pois é. — Ela faz um beicinho. — Mas nos encontraremos


em um voo ou outro por aí. Já foi uma sorte grande podermos vir e
voltar na mesma escala. Isso é quase como ganhar na Mega-Sena.
BRYAN

A noite em São Luís está quente, como é de se esperar para


a época do ano. Não que seja muito diferente em outras estações,
mas hoje definitivamente está muito quente.
Acabo de chegar ao aeroporto trazendo um voo de Recife. Meu pai
esteve em São Luís hoje mais cedo, mas já voltou para São Paulo e
está me aguardando no meu apartamento para nos despedirmos.

A partir da próxima semana ele ficará apenas em rotas


americanas, e em breve se aposentará. Mesmo sendo um dos
donos ele nunca quis parar de voar, comandando seus voos de um
lado ao outro. No entanto, agora vai diminuir o ritmo.

Meus pais vivem em um apartamento luxuoso e confortável


no metro quadrado mais caro da cidade de Nova York. Eu tenho
dupla cidadania, sendo filho de pai americano e mãe brasileira. Mas
sempre gostei mais do Brasil, por isso que escolhi viver aqui quando
atingi a maioridade.

Vivo no mesmo condomínio onde meus avós maternos


moram, eles já estão com uma idade avançada, mas tem uma
saúde invejável. Amo tê-los como vizinho, amo o meu apartamento.
Não que eu tenha muito tempo de ficar em casa, na maior parte do
tempo estou voando de um país ao outro e, eventualmente, também
faço rotas nacionais.

Agora fui escalado para ser o chefe de voo de uma


comissária nova e com isso ficarei exclusivo para o Brasil pelos
próximos trinta dias.
Isso é bom, assim posso voltar para casa todos os dias e tenho
mais tempo com meus avós.

Sou filho único, mas não sou o único neto deles. Minha mãe
é a segunda filha e, por infelicidade, a única filha viva. Meus avós
perderam a filha mais nova, na época com trinta anos, em um
procedimento estético malsucedido. Tia Angeline tinha uma filha de
três anos e era mãe solo, meus avós pegaram a guarda da garota e
a criam com muito amor e dedicação. A menina está com treze anos
e é o orgulho da família. Inteligente e estudiosa como era sua mãe.

Enquanto sigo para o DO, onde me encontrarei com a equipe


que me acompanhará no voo de volta para São Paulo, observo uma
comissária sentada em umas das áreas Vips. A moça é bem jovem,
dona de um par de pernas espetacular. Uma linda morena de cabelo
ondulado com mechas loiras, que dão um ar de luminosidade à sua
pele. A pele dela é toda bronzeada e a danada é dona de lábios
grossos e lindos. A típica mulher brasileira. Diferente da maioria das
comissárias, ela é mais cheia de curvas. Linda pra caralho.

Ando em sua direção e ela nem percebe minha aproximação,


está concentrada no celular, sorrindo enquanto lê e responde suas
mensagens. Congelo os passos quando vejo uma comissária que já
fez algumas viagens comigo se aproximar dela. As garotas saem
tagarelando, e eu rio sozinho.

Resolvo deixar quieto minha tentativa de conhecer a moça e


sigo meu caminho. Não sou santo e muito menos deixo de me
envolver com colegas de trabalho, é claro que tento evitar ao
máximo, mas quando isso acontece é sempre com mulheres de
mente aberta e que não estão em busca de um relacionamento
sério, assim não há cobrança ou situação constrangedora quando
tudo chega ao fim. Sou herdeiro de um dos donos da companhia,
tudo o que menos preciso é de uma mulher escandalosa ou
interesseira envolvendo meu nome e de minha família em
escândalos.

É claro que ainda sigo com meu sonho de ter um filho, por
isso que estou no meio de um trâmite legal, em uma clínica em
Nova Jersey, para encontrar uma barriga de aluguel. Não preciso de
uma esposa para ter meu filho ao meu lado. Minha mãe já tentou
me convencer do contrário, dizendo que sozinho é mais difícil, pois
minha profissão não me permitirá muito tempo com uma criança e
que tendo uma esposa ela ajudaria a dividir a responsabilidade. Eu
sei de tudo isso, mesmo assim já tomei a decisão e sei que no final
dessa batalha ela será uma avó babona. Já tenho tudo
esquematizado, quando tiver meu filho nos braços não farei mais
voos internacionais, pois em voos domésticos consigo escalas que
me permitirão voltar para casa no mesmo dia. Assim, ficarei ausente
durante algumas horas, mas depois estarei com meu filho. Sorrio ao
lembrar que minha avó está me dando todo o apoio, já até se
ofereceu para cuidar do futuro bisneto quando ele chegar. Mesmo
não tendo mais idade e disposição para cuidar de uma criança.
Chego ao DO e aproveito para relaxar um pouco, antes de a
chegada da equipe que voará comigo.

***
Quando todos se reúnem a fim de darmos início às instruções
do voo, fico surpreso ao ver que a comissária linda que vi na área
Vip é a funcionária para qual darei instruções nos próximos trinta
dias. Sei que é ela porque abri o tablet de operação-padrão para
verificar o nome da mulher e vi sua ficha completa. É a mesma da
foto do perfil.

— Boa noite, tripulação — cumprimento-os, ganhando a


atenção de todos. — Alguns de vocês já me conhecem, mas como é
de praxe, vou me apresentar. Eu sou o comandante Bryan, e serei
eu o responsável pelo voo de volta para São Paulo. — Volto minha
atenção para a mais nova comissária. — Senhorita Raniely, assim
que aterrissarmos em solo paulista temos que fazer uns ajustes
antes de você dar por encerrado o seu turno.
— Tudo bem. — A mulher assente sem ter muito o que dizer,
afinal, a última ordem é minha neste momento.

Seguimos para a aeronave e quando me viro para entrar na


cabine não fecho a porta totalmente, pois tenho que aguardar meu
copiloto, é neste momento que consigo ouvir Sibele puxar Raniely
para o lado e dizer baixinho:
— Amiga, depois eu quero saber tudinho o que rolou. Você
terá um momento particular com o gostoso do Bryan, puta que pariu
que inveja que eu tô de você, garota.

Rio do exagero da comissária.

— Não sei por qual motivo tanta inveja — diz a garota sem
jeito. — Não é como se eu estivesse indo para um encontro íntimo
com o gostosão, isso está mais para um bate-papo bem profissional.

— Não importa, ainda assim é um encontro com o gato.


— Doida. — Raniely balança a cabeça, repetidas vezes,
enquanto ri da afobação da colega.
Após a conferirmos e verificarmos que está tudo certo, meu
copiloto e eu nos preparamos para dar início ao voo noturno. A torre
nos dá permissão e me comunico com meus passageiros.
— Senhores passageiros, boa noite! Aqui é o seu
comandante Bryan Davies. Bem-vindos ao voo 804 com destino a
São Paulo. Em caso de despressurização, máscaras cairão
automaticamente. Esta aeronave possui três saídas de emergência.
O tempo estimado de viagem é de três horas e oito minutos.
Aproveitem o voo. Ladies and gentlemen, welcome aboard flight
804 with service to São Paulo...
Repito a mensagem em inglês, seguindo as normas da
empresa. E, após autorização para decolar meu copiloto,
levantamos voo.

O trajeto aéreo segue tranquilo e chegamos a São Paulo com


quase quinze minutos de antecedência. Do alto consigo avistar as
luzes da pista. Aciono o microfone e volto a falar com meus
passageiros.
— Senhoras e senhores, vamos nos preparar para a
aterrissagem. São Paulo está com o tempo bom, com temperatura
atual de 22°. Obrigado por voar com a Aereaozoon, tenham uma
boa estada na capital paulista e até a próxima. — Repito todo o
script em inglês, em seguida me comunico com a torre de controle.
Após todo o procedimento de finalização de voo, Raniely e eu
seguimos para uma das salas Vips do aeroporto, onde a fechamos
apenas para nossa conversa.
— Sente-se, senhorita. — Aponto para uma das poltronas. E
quando ela se senta toda delicada com as pernas cruzadas, desvio
o olhar para que não haja mal-entendido por aqui. Sento-me na
poltrona ao lado e dou início à conversa. — Bom, eu pedi que você
ficasse porque preciso te informar que serei o seu chefe de voo
durante suas decolagens de experiência. Nossa rota já está toda
traçada. Tudo bem para você?

— Certo! Prometo não dar trabalho.


— Que ótimo! — O sorriso dela me enfeitiça. Que mulher
linda. — Serão trinta dias voando exclusivamente comigo. Em todos
os voos você terá uma instrutora exclusiva para te auxiliar e ensinar
os procedimentos de toda a funcionalidade de uma comissária
dentro da aeronave durante o voo. Normalmente você teria apenas
uma instrutora durante os trinta dias, mas há pouco mais de dois
meses mudamos algumas regras na nossa empresa.
— Entendi — ela murmura, e eu apenas aceno com a
cabeça.
Retiro da minha mala meu tablet onde organizo todos os
meus voos e rotina diária. Abro o portal privado da empresa e
acesso às informações dos funcionários.
— Raniely Souza Pimentel. — Leio o currículo dela em voz
alta. — 20 anos, ensino médio e técnico completo, inglês fluente e
conhecimento em seis idiomas. Curso de comissária completo com
a carga horária exigida pela ANAC. — Desvio o olhar do aparelho e
fito seus olhos. — Filha de advogados? Não quis seguir a carreira
dos seus pais?

— Não. Não tenho saco para o jurídico. Meu negócio é viajar


e conhecer lugares diferentes.
— Você sabe que estando a trabalho quase sempre serão
viagens ponte aérea, não sabe?

— Sei sim. Mas é para isso que existem as férias, não é


mesmo? Para viajar e repousar em algum lugar do mundo?

Rio da empolgação e do brilho no olhar dela.

— É sim, Raniely, é para isso que existem as férias. Mas


haverá viagens onde você ficará algumas noites e até mesmo dias
fora da sua cidade, tendo que pernoitar em estados e capitais
diferentes. Assim como, quando estiver apta aos voos
internacionais, ficará em repouso nos hotéis conveniados da
companhia, nos países aos quais for escalada

— Já estou preparada para isso, comandante.

Volto meu olhar para o currículo aberto em meu tablet e


termino a leitura. Guardo o aparelho novamente em minha bolsa e
fito os olhos da mulher à minha frente.
— Quando você decidiu ser comissária?

— A ideia surgiu quando viajei para a Disney com meus pais


e minha irmã. Eu tinha onze anos e fiquei maravilhada com o
trabalho a e forma elegante como as comissárias se vestiam, depois
andei pesquisando mais a fundo sobre a profissão, depois disse aos
meus pais que quando ficasse adulta eu seria comissária.

— Muito bacana. E agora você conseguiu realizar seu sonho


aos 20 anos.

— Exatamente. Quando concluí o ensino médio já estava no


nível intermediário do curso de inglês, então fiz intercâmbio nos
Estados Unidos, onde estudei inglês durante um ano em Boston.
Hoje, sou fluente no idioma. Quando voltei, me matriculei no curso
de comissária e aqui estamos.

— Parabéns pelo empenho e concentração em seus


objetivos.

— Obrigada, comandante.

— Quando não estivermos em serviço você pode me chamar


apenas de Bryan.
— Perfeito! Você também pode reduzir o meu nome. Me
chame apenas de Rany.

Ela é toda desinibida, linda e simpática. Puta que pariu, ela é


o meu número, o tipo de mulher que me deixa todo animado.

— Está bem! Nosso próximo encontro será amanhã às 08h


no portão de embarque 2. Tente não se atrasar, a companhia é
muito rigorosa quanto a isso, e eu também não curto muito. Às 8h30
temos que estar com toda a tripulação reunida no DO. Amanhã te
ensino como acessar o nosso sistema para verificar sua escala de
trabalho.

— Combinado, estarei aqui na hora marcada.

— Sendo assim, dou por encerrada a nossa conversa.


Observo a mulher levantar elegantemente e pegar a pequena
mala de rodinha. Ela é linda demais, tenho certeza de que será um
verdadeiro inferno ficar à sua disposição por longos trinta dias,
tendo um contato apenas profissional.

— Boa noite, comandante Bryan.


— A senhorita vai voltar para casa como? Quer uma carona?
— pergunto antes de pensar.

Que merda estou fazendo? Não é assim que a banda toca.


Não sou o tipo arrogante, mas também não sou de misturar as
coisas.
— Meu carro está no estacionamento, obrigada pela oferta.

— Em que lado estacionou? — Mais uma vez me vejo


fazendo perguntas íntimas à mulher.
— No setor oeste.

— Então, posso te fazer companhia, meu carro também está


estacionado lá.

— Claro. — Assente com um sorriso tímido.


Andamos lado a lado, passando por pessoas apressadas. Já
é tarde, mas o movimento no aeroporto continua intenso. Muitas
pessoas preferem os voos noturnos, seja por praticidade ou pelo
valor das passagens, que costumam ser mais baratas depois das
22h.

— Bom, vou indo nessa — diz Raniely, quando chegamos ao


estacionamento.
O carro dela está a uma quadra de distância de onde
estacionei o meu.

— A partir de amanhã você pode estacionar aqui. Temos uma


área exclusiva para os funcionários da Aereaozoon.

— Que bacana, eu realmente não sabia. Por isso estacionei


mais à frente.

— Entendo. E imagino que terá que pagar pelas horas


estacionada.
— É, acho que me ferrei.

Gargalho do jeito espontâneo dela.

— Neste horário eu não consigo te ajudar com isso, mas


amanhã posso informar que você é a nova funcionária e eles farão o
estorno da pequena fortuna que você pagará para tirar seu carro de
lá.
— Nossa, eu realmente ficarei grata se você conseguir isso.

— Deixe comigo. — Pisco para ela e nos despedimos.

Aguardo Raniely ir ao guichê para validar e pagar o ticket, ao


mesmo tempo em que me pego pensando em como essa mulher
mexeu comigo. Eu não deveria estar aqui, parado e aguardando
para sairmos juntos do aeroporto, entretanto, é o que faço.

Entro na alça de acesso à via expressa e olho uma última vez


pelo espelho retrovisor, antes de pegar a pista do meio. O carro de
Raniely dá seta antes de acessar o retorno, indo para o outro lado
da cidade. Que mulher linda.

Chego ao meu apartamento e encontro meu pai esparramado


no sofá, assistindo futebol americano enquanto bebe uma cerveja e
belisca algumas fatias de salame.

— A festa está boa, hein. — Deixo minha mala no canto da


sala e me sento ao seu lado.
— Ah, esses caras estão moles demais — resmunga com
uma carranca.
— Estou cansado e amanhã tenho que acordar cedo, senão
seria um prazer ver seu sofrimento com o jogo. — Levanto-me após
beber um gole da cerveja dele. — Vou tomar um banho e cair na
cama.

— É amanhã que você começa treinar a nova comissária?


— Sim, ela é uma tremenda gata de olhos castanhos e pele
bronzeada. Voltou comigo de São Luís e nos despedimos agora há
pouco.
— Deve ser a moça que tropeçou e quase caiu nos meus pés
hoje de manhã.

Já estou me preparando para ir para o meu quarto quando


ouço meu pai, portanto, mais que depressa volto e me sento no sofá
de frente para ele.

— Conheceu a Raniely?

— Estava mesmo tentando me lembrar do nome dela. A


garota tropeçou no saguão do aeroporto e eu a ajudei a levantar.
Uma bela morena.

— Uma tentação de mulher.

— Bryan. — Seu tom de voz fica mais alerta. — Você já teve


problema ao se envolver com comissárias, deixe a garota em paz.

— Aquilo foi um caso à parte, pai. Depois que fiquei com


Erica, saí com outras comissárias e não houve problemas.
Erica é uma comissária mexicana que conheci em um dos
meus voos internacionais, a química entre nós foi imediata. Quando
pousamos no Chile usamos nossa hora de descanso para nos enfiar
no quarto do hotel onde estávamos hospedados e transamos até
tarde. No dia seguinte nos despedimos, pois estávamos escalados
para rotas diferentes. Mas a mulher pirou quando pediu meu
telefone e eu não lhe dei. Antes de ficarmos juntos, deixei claro que
seria apenas aquela noite, ela também falou que não queria nada
sério. Mas não foi isso que aconteceu. Quase um mês depois fiquei
sabendo que ela havia ameaçado duas comissárias com quem já
tinha saído, alegando que era minha namorada e que eu lhe devia
respeito. Foi difícil fazê-la entender que não haveria nada entre nós
e o pior, tive que ameaçar seu emprego para ela me deixar em paz.
Erica sabia que meu pai era um dos donos da companhia aérea,
então seria muito fácil para mim mandá-la embora. É claro que esse
não era o meu objetivo, mas se ela não tivesse me deixado em paz,
seria isso que aconteceria.
— Apenas tenha juízo, meu filho.

— O senhor sabe que sou muito responsável, pai. Sabe


também que evito ao máximo me relacionar com mulheres do
ambiente de trabalho.

— Eu sei, meu filho. Só peço bastante cautela em suas


decisões. — Ele desliga a televisão e me dá um tapinha no ombro
— Bom, vou ao apartamento dos seus avós, preciso me despedir,
pois amanhã viajo bem cedo.
RANIELY

Estou tão ansiosa para mais uma jornada de trabalho que


acordei cinco minutos antes de o despertador do meu celular tocar.
Não quero correr o risco de chegar atrasada, acho que por causa
disso acabei acordando várias vezes durante a noite achando que
tinha perdido a hora. A ansiedade é algo que me persegue desde o
ventre da minha mãe, não foi à toa que nasci de 35 semanas.
Mamãe diz que sou apressada demais.
Há três meses, quando completei 20 anos e decidi que já era
hora de morar sozinha, meus pais me deram autorização para viver
no apartamento deles, que até então estava alugado para terceiros.
Assim que os locatários desocuparam o imóvel, fizemos alguns
reparos e me mudei em seguida. O apartamento fica localizado em
Guarulhos, em um condomínio fechado e muito agradável. Desde
então passei a viver sozinha, tendo a companhia da minha amiga,
Thais, vez ou outra. Nós nos conhecemos no curso de comissária,
onde ela frequentou apenas as primeiras aulas, mas logo desistiu
quando precisamos passar pela prova de sobrevivência na selva.
Já arrumada e pronta para o meu segundo dia de trabalho,
saio do quarto e me deparo com Thais dormindo no sofá, toda
descabelada, mas desta vez seu semblante está tranquilo. Ontem à
noite, quando cheguei em casa, encontrei-a sentada na calçada em
frente ao condomínio, chorando baixinho. Thais contou que teve
mais uma briga com o padrasto e que não queria voltar para casa
naquele momento. E não é a primeira vez que isso acontece, o cara
é um idiota que só sabe beber e usar drogas o dia inteiro.
Infelizmente, a mãe dela é tão apaixonada pelo babaca que nem se
esforça para tentar ajudar a filha. Thais tem a minha idade, trabalha
atualmente em uma loja no shopping da zona leste, vive dizendo
que tão logo que passar na experiência, alugará um cantinho para
ela.

Eu já não aguento mais vê-la passando por momentos


difíceis e humilhantes nas mãos do padrasto, por isso decidi que
vou chamá-la para morar comigo. Só preciso de um tempo livre para
termos essa conversa. Antes de sair de casa, pego uma cópia da
chave do apartamento e deixo na mesinha ao centro da sala, junto
com um bilhete informando que ela pode ficar aqui até a minha
volta.
O percurso da minha casa até o aeroporto leva em torno de uns 15
minutos, sem trânsito. Hoje a pista está tranquila e com isso consigo
chegar ao meu destino com quase 5 minutos de antecedência.
Desta vez, já estou devidamente uniformizada e, após deixar meu
carro na vaga reservada aos funcionários, pego minha bolsa e me
encaminho para o Do.

Cumprimento algumas pessoas e enquanto aguardo a


chegada do meu comandante, resolvo entrar no WhatsApp. Sibele
me colocou no grupo dos funcionários da Aereaozoon, e ela não
estava exagerando quando disse que o grupo era bem animado. O
assunto é quase sempre o mesmo: pilotos gatos, comissárias e
comissários gostosos.
— Bom dia, Raniely. — Dou um pulo na cadeira ao ouvir meu
nome tão perto do meu ouvido. Faz pouco tempo que nos
conhecemos, mas a voz grossa e um pouco rouca de Bryan é algo
que já gravei para o resto da vida.

— Bom dia, comandante. — Sorrio sem jeito quando vejo seu


olhar curioso em meu celular. É claro que ele não está tentando ler
minhas mensagens, mesmo assim fico um pouco sem jeito.
Bloqueio a tela rapidamente antes de ficar de pé.

— Pronta para voar? — indaga com um sorriso aberto,


mostrando suas duas covinhas na bochecha.

Este homem é uma perdição e um perigo para qualquer


mulher. Bryan é branco, cabelo castanho quase loiro e olhos tão
azuis quanto o céu em dias de verão. O sorriso é lindo, mas o
furinho que ele tem no queixo me deixa muito, muito atraída por ele.
— Claro, estou ansiosa — respondo, um pouco sem graça ao
notar que ele percebeu o quão estou atraída por sua beleza.

— Que bom. Vamos para o Rio de Janeiro e de lá


seguiremos para Recife, onde ficaremos em descanso por uma hora
antes de voltarmos para São Paulo.

— O dia será agitado,

— Eles sempre são. — Bryan abre o tablet e mostra a escala


da semana. — Veja, amanhã também voaremos para Recife, onde
ficaremos o dia inteiro por lá, voltando para São Paulo apenas à
noite. — Ele me encara, como se estivesse tentando decifrar meus
pensamentos. — Tudo bem para você, Raniely?
— Sim, claro. É... está tudo perfeito.

— Ótimo. — As duas covinhas surgem em suas bochechas


quando sorri e me dá uma piscadela.
Nossa passagem pelo aeroporto do Rio de Janeiro foi bem
tranquila, tivemos tempo de parar para tomar café e até mesmo de
descansar enquanto aguardávamos autorização para seguir adiante.
É muito louca essa questão de troca de comissários a cada voo.
Quando você está ficando íntimo de um colega, logo ele tem que
seguir uma rota diferente da sua.
— Nossa, Recife é bem quente — comento com a comissária
Bruna, quando saímos da aeronave.
— Mas tem praias lindas. — A mulher me olha de cima a
baixo, um olhar seco. — Você é bem novinha. Quer mesmo essa
vida louca de voar de um lado para o outro?

— Eu sempre sonhei com isso — respondo sem pestanejar.


A mulher me olha com mais atenção e então murmura meio
contrariada:

— Soube que seu chefe de voo é o comandante Bryan.

— É sim.
Ela ergue uma sobrancelha e me olha como se eu fosse um
inseto insignificante. Em seguida, força um sorriso e sai desfilando
em seus saltos. Diferente de Sibele, Bruna não é uma pessoa muito
comunicativa. É toda metida a patricinha e se acha a última bolacha
do pacote. Deixo de analisar a garota e me despeço da tripulação
com um até logo.
Um pouco ansiosa, aguardo o comandante Bryan, sendo meu
chefe de voo durante minhas decolagens de experiências, pois
preciso saber qual o próximo passo.
— Que sujeitinha mais astuta — digo, soltando uma lufada de
ar enquanto perco Bruna de vista.
— Não ligue para a Bruna. Ela é assim mesmo, desde que
chegou à empresa sempre foi assim. Não gosta de muita conversa.
— Entendi — dou de ombros —, deixa pra lá.

Seguimos lado a lado em direção ao saguão principal, e é


Bryan quem inicia uma conversa casual.
— Já esteve em Recife antes?
— Não. É a primeira vez.

— Hoje nossa estadia será breve, mas amanhã ficaremos


seis horas parados por aqui. Posso te mostrar alguns pontos
turísticos aqui perto. Se você quiser.
Paro de andar e encaro o homem à minha frente, sem
conseguir acreditar no convite. Ficamos um tempo apenas nos
olhando, e com breve sorriso ele decide perguntar:

— O que foi? Falei algo que não devia? — Bryan ri com a


testa franzida.

— Não, eu apenas fiquei surpresa.


— Eu não quero te assustar, Rany, mas quero que saiba que
quando não estamos em operação podemos apenas
socializar. Vamos ficar juntos por 30 dias, fazendo voos comerciais
em escalas bem aleatórias, depois disso serão raras às vezes em
que vamos voar juntos, as escalas são sempre com tripulações
diferentes. Além disso, logo você estará fazendo voos internacionais
e, sim, pode acontecer de nos esbarrarmos em algum país, mas
será bem raro. Então, que tal aproveitarmos para socializar e nos
conhecermos durante seu período de treinamento?
Ele abre um sorriso lindo, exibindo suas covinhas e preciso
usar meu autocontrole para não suspirar feito uma adolescente
diante do seu ídolo.

— Certo. Então, vamos socializar.


Enquanto aguardamos o momento de voltar para São Paulo,
paramos para almoçar e conversamos com outros colegas de
profissão. Em determinado momento envio uma mensagem para a
minha mãe, em seguida respondo as da minha irmã e do meu pai. E
um pouco antes de subir no avião para fazer o percurso de volta
para São Paulo, envio uma mensagem para a minha amiga e fico
tranquila quando ela informa que já está se sentindo bem.
— Bom, por hoje é só — diz Bryan enquanto nos
despedimos.

— Amanhã estarei aqui no horário marcado, chefe. — Dou


uma piscadela para ele e meu comandante sorri exibindo suas
covinhas lindas.

— Você é bem espontânea, Raniely. Sabe, ontem depois que


nos despedimos fiquei um pouco preocupado por você sair dirigindo
àquela hora sozinha por aí.

— Ah, não se preocupe comigo. Sou uma coruja noturna, já


estou acostumada a dirigir pela madrugada. Isso acontece algumas
vezes, quando vou com minhas amigas para baladas e fico
responsável por dar carona a algumas delas. Claro que não é em
todas as saídas que sirvo de motorista particular. Quando saio com
a intenção de beber, deixo meu carro em casa e voltamos de carro
de aplicativo.

— Parabéns, isso mostra que você e suas amigas são


garotas muito responsáveis.
— Somos sim. E você, comandante, costuma bancar o
motorista para os amigos? — indago enquanto seguimos andando
até nossos carros.

— Já fiz isso algumas vezes também. Não sou muito de


beber até cair, mas quando o faço, sou bem responsável. Nunca
misturo álcool com volante.
— É assim que se fala, comandante.

Trocamos mais algumas palavras antes de nos despedirmos


com um até logo. Chego ao condomínio cansada, porém, muito
satisfeita com o meu dia. Guardo o carro na minha vaga e pego o
elevador até o meu andar. Assim que entro em meu apartamento,
sou recebida pelo cheiro gostoso de comida caseira.

— Thais, cheguei — informo, tirando o blazer e o deixo em


cima da minha mala de rodinha.

— Na cozinha — responde minha amiga, empolgada.

Thaís está fritando bifes e preparando salada, o cheiro está


tão bom que começo a salivar.

— Humm! Que delícia. — Pego uma batata frita e levo à


boca. — É muito bom chegar em casa e encontrar um jantar
delicioso assim. Quer casar comigo, gatinha? — brinco, e ela
explode numa risada.
— Acho que não é uma má ideia me casar com uma
comissária linda e gostosa.

Rimos alto, enquanto lavo a mão para ajudá-la com a salada.


— Como foi seu dia? — pergunto enquanto fatio o tomate.

— O mesmo de sempre, trabalhei, discuti com a minha mãe


pelo WhatsApp, mandei meu padrasto se foder e peguei um metrô
lotado enquanto voltava para o seu apartamento. Aliás, muito
obrigada por me deixar ficar aqui.
— Sabe, Thaís, eu andei pensando e tive uma ideia bacana
para te ajudar.

Minha amiga me olha com mais atenção.


— Que ideia? Não me diga que encontrou um velho rico para
me apresentar e que eu serei a sugar baby dele.
— Ai, meu Deus, é impossível falar sério com você. —
Explodo em uma risada histérica. — Nada disso, sua louca.

— Bem, então não faço ideia do que pode ser.


— O que você acha de vir morar aqui comigo? Não precisa
pagar aluguel, apenas ajudar com algumas despesas com contas
básicas, por exemplo, água, luz e internet. Podemos dividir essas
despesas e assim não fica pesado para nenhuma das duas.

Thaís desliga o fogo da frigideira antes de voltar a me


encarar.

— Está falando sério, Rany? Amiga, você sabe que o meu


maior desejo é sair da casa da minha mãe. Mas estou esperando
passar meu período de experiência. Tenho medo de alugar um lugar
e ser mandada embora quando acabar o meu contrato na loja.

— Tenho certeza de que você vai conseguir a tão sonhada


estabilidade financeira, amiga. — Sorrio para ela. — Você é muito
esforçada. E, se por acaso não passar na experiência, não terá
problema algum ficar aqui em casa. Posso segurar as pontas
sozinha até você arranjar outro trabalho.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, os olhos de Thaís


cheios de lágrimas e os meus também. Ainda sem silêncio vou até
ela e a envolvo em um abraço.

— Eu juro que serei eternamente grata a você, Rany. Não sei


como poderei te pagar um dia, mas saiba que isso que você está
fazendo por mim é algo que nunca serei capaz de esquecer.
— Apenas seja feliz, Thaís. Eu sei o coração lindo que você
tem, a menina especial que você é. Me pague apenas sendo feliz.

Nós nos afastamos do abraço e ela limpa as lágrimas,


sorrindo de felicidade.

— Prometo que assim que tiver estabilizada finalmente vou


alugar um cantinho para mim e devolver a sua total privacidade.

— Não seja boba. Eu gosto de ter você aqui, não gosto de


ficar sozinha. Então, você pode ficar o tempo que achar necessário.
Pegue o quarto de solteiro e arrume do seu jeito, lá será o seu
cantinho de sossego. Nunca mais você precisará dormir chorando
por ter brigado com o idiota do seu padrasto.

— Obrigada, amiga.
— Bom, agora eu vou tomar um banho e já volto para comer
essas delícias que você preparou.

Entro no meu quarto e tiro a roupa no mesmo instante em


que meu celular vibra e toca dentro da minha bolsa. O som é de
notificação de novas mensagens, estreito os olhos ao ver que recebi
mensagem de um número desconhecido.

Oi, espero que não fique brava comigo, isso é até


proibido perante as normas de conduta da empresa. Mas às
vezes eu arrisco meu pescoço burlando algumas regras. Peguei
seu contato em sua ficha cadastral e tomei a liberdade de te
adicionar aqui. Só quero saber se você chegou bem em casa?
Bryan Davies

Leio a mensagem mais duas vezes sem saber ao certo o que


responder. Bryan é um homem lindo, o tipo de homem que me atrai.
Se ele não fosse um dos herdeiros da empresa onde acabei de ser
contratada eu daria confiança aos seus flertes. Não sou boba,
mesmo em tão pouco tempo trabalhando com ele já deu para notar
seus olhares carregados de malícia para cima de mim. Droga, ele é
tão lindo, tão cheiroso. Mas definitivamente não é para o meu bico.

Oi, obrigada por se preocupar comigo. Já estou em casa.


Espero que você não se complique por burlar as regras da
empresa.

Ele responde de forma instantânea.

Não, está tudo sob controle. Qualquer coisa eu peço


clemência direto para o dono da empresa. Você já pode me
adicionar aos seus contatos, Rany. É estranho conversar com
alguém sem foto de perfil.

Mordo o lábio e rio da cara de pau dele. O cara está usando


estratégias bem sacanas para prolongar uma conversa comigo.

Não costumo adicionar pessoas que acabei de conhecer


aos meus contatos.

É claro que estou mentindo, mas quero ver a reação dele. E


ela não demora a vir, em forma de vários emoticons revirando os
olhos.
Fala sério, baby. Nós já até voamos juntos. E só para te
lembrar, iremos trabalhar o mês inteirinho juntos. Manter
contato pelo WhatsApp facilitará nossa vida em muitos
aspectos. Anda vai, me adiciona aí aos seus contatos. Adoro
ver atualizações de status.

Adiciono o número dele enquanto rio de sua autenticidade.


Pronto. Você está adicionado, mas já vou logo avisando
que se você não gostar de forró nem abra meus status pela
manhã. Costumo fazer duas postagens quando acordo, uma
com mensagem de bom-dia e a outra com forró dos antigos. —
Rio mandando uma figurinha de uma mulher dançando. — Sou
filha de nordestinos, adoro ouvir e dançar forró. Também gosto
de sertanejo universitário. Então, você que lute com meus
gostos musicais.

Ele está digitando uma resposta e eu estou mordendo o lábio,


ansiosa por mais diálogos com meu comandante gato.

Você está linda na foto de perfil. E quanto ao gosto


musical, não se preocupe, também tenho uns gostos
excêntricos para a minha idade. Gosto de músicas românticas
internacionais, principalmente as dos anos 70 e 80.

Eu também gosto, apesar da pouca idade cresci ouvindo


minhas tias ouvindo músicas românticas internacionais dos
anos 80. Adoro Roxette.

Então, você poderá visualizar meus status


tranquilamente. Bom, agora vou deixar você descansar.
Amanhã teremos uma jornada extensa e ficaremos algumas
horas parados em Recife. Boa noite, Rany.

Boa noite, Bryan. E mais uma vez, obrigada por se


preocupar comigo.

Ele responde apenas com uma figurinha fazendo gesto de


positivo.

Fecho a nossa conversa e aproveito que estou com o


aplicativo aberto para responder meu pai e minha irmã. Keila está
ansiosa para que eu a visite, pois quer mostrar as coisas novas que
comprou para o bebê. Na minha próxima folga vamos sair para
escolher itens de decoração para o quarto. É engraçado estar toda
empolgada assim, sendo que não tenho vontade de ter meu próprio
bebê.

Após o jantar maravilhoso que minha amiga preparou,


tomamos sorvete de chocolate, em seguida decidimos conversar um
pouco mais, jogadas nas poltronas confortáveis da minha sacada.
Comento um pouco sobre a minha rotina e aproveito para falar
sobre Bryan, e o quanto ele me atrai. Pego meu celular e abro o
aplicativo de mensagem para mostrar o rosto lindo do meu mais
novo crush.
— Mentira que você vai voar 30 dias com esse escândalo de
homem? — Thaís está boquiaberta, olhando fixamente para a foto
de perfil do meu comandante. — Puta merda, Rany. Agora estou
totalmente arrependida de ter desistido de ser comissária. Já
pensou se eu pego um boy desse para ser meu chefe de voo
durante 30 dias? Faço um estrago. Gargalho alto com o jeito afoito
dela.
— Tá vendo só o que você perdeu, sua boba. — Rio com
deboche e ela finge cara de choro.

***
O avião acaba de pousar no aeroporto de Guarulhos, com
isso estou encerrando a jornada de hoje. Voar com Bryan está cada
dia mais interessante, mesmo fazendo amizades com outros
comissários eu sempre opto por ficar próxima dele quando estamos
em momentos livres.
— Obrigada por voar com a Aereaozoon. Volte sempre —
repito a saudação final enquanto auxilio os passageiros no
desembarque.

Com a aeronave completamente vazia, despeço-me do


copiloto e das comissárias que fizeram esse voo comigo. Como se
fosse um ritual, Bryan é o último a sair da cabine e não sei bem o
motivo, mas fico esperando. Nossos colegas já notaram nossa
aproximação, existem até rumores infundados a nosso respeito. Eu
estou pouco me lixando se não é comum uma comissária e um
piloto ficarem tão próximos, gosto da companhia de Bryan e não
serão as fofocas que me afastarão dele.

— Gostou do dia de hoje? — pergunta meu comandante ao


se aproximar, com toda sua elegância e sorriso faceiro.
O homem é um gato, desses que te faz sentir vontade de tirar
a roupa apenas com o olhar.
— Foi tranquilo. Cada voo é uma experiência diferente.
— É, sim, e você ainda viverá muitas situações inusitadas. —
Após o procedimento de encerramento de turno, seguimos lado a
lado em direção ao estacionamento.

— Bom, é aqui que nos separamos. — Aponto para os


nossos carros estacionados um ao lado do outro.
— Sim, senhorita Raniely. E pode esperar que daqui a pouco
vou te mandar uma mensagem de boa-noite.
— Ficarei desapontada se não o fizer, comandante.

Ele sorri de um jeito tão safado e, ao mesmo tempo, tão


galante que todos os meus hormônios gritam para pular em cima do
homem.

Credo, que delícia.


— O quê? — Bryan pergunta um pouco antes de entrar no
casso. E só então me dou conta que pensei em voz alta.
— Ah, agora mais essa para a minha listinha de mico do ano.
— Dou um sorriso amarelo para o gato e me apresso em abrir a
porta do meu carro. — Boa noite, Bryan.
Ele me dá uma piscadela.

— Boa noite, baby.


BRYAN
Semanas mais tarde...

Meu dia começou bem agitado, acordei com minha mãe me


ligando e dando um sermão porque não contei que o processo para
a inseminação finalmente foi aprovado e que posso ir aos Estados
Unidos a qualquer momento para dar início ao meu sonho de ser
pai. A médica que será responsável pelo procedimento me ligou há
dois dias, informando que tenho até seis meses para realizar o
procedimento, se não o fizer neste período terei que recomeçar do
zero.

Mamãe foi a última pessoa da minha família a aceitar minha


decisão, mas quando finalmente o fez, ela ficou extremamente
empolgada e agora parece mais ansiosa do que eu.
Talita Davies é o tipo de mãe que se pudesse carregava a cria
debaixo de suas asas até o fim de sua vida. Não vou negar, eu amo
o carinho e a proteção dela. É bom se sentir amado.

Após um banho demorado me arrumo para mais uma jornada


de voos onde ficarei fora de casa pelos próximos cinco dias, em
pernoites em Fortaleza, Recife e Maceió. Pego minha mala, a
carteira e a chave do carro, e sigo até o apartamento dos meus avós
para me despedir.

— Bom dia, gatinha — cumprimento minha prima assim que


entro no apartamento, ao encontrá-la deitada no sofá lendo um livro.

— Bom dia, tio Bryan.

Embora sejamos primos, Bianca me chama de tio desde que


começou a soltar as primeiras palavrinhas. A nossa diferença de
idade a faz me ver como um tio, para ser sincero eu também vejo
minha garota como uma sobrinha. Uma sobrinha linda e que só
sabe nos dar orgulho.
— Já está com a cara enfiada nos livros a essa hora?

— Hoje tenho prova global no colégio e estou repassando os


pontos principais da matéria. Não quero levar bomba.

Aproximo-me dela e deixo um beijo casto em sua testa.


— Você é uma garota incrível, gatinha. Morro de orgulho de
você.

— Obrigada, tio, eu quero ser médica, então preciso estudar


muito.

— Isso é verdade. — Pisco para ela. — Cadê a vovó e o


vovô?

— Vovó está na cozinha, ajudando Lucia a preparar o


almoço. E o vovô desceu para a academia.

— Vou lá me despedir delas, depois passo na academia para


me despedir do vovô.
Deixo Bianca concentrada em seus livros e entro na cozinha,
sendo recebido com carinho por minha avó e a funcionária que
trabalha para ela há mais de 15 anos.
— Oi, meu menino. — Minha avó abre os braços e me
aconchego no melhor abraço.
— Oi, vovó, vim me despedir e avisar que ficarei fora por
alguns dias.
— Essa sua rotina te rouba de mim por tempo demais. — Faz
um biquinho fingindo-se de chateada.
— Mas quando estou aqui sou todo seu. — Desfaço o nosso
abraço e cumprimento Joaninha, funcionária da minha avó de
segunda a sábado e minha diarista em alguns dias da semana. Por
meu apartamento ser em frente ao dos meus avós, a mulher
consegue dar conta dos dois lugares sem problema. — Oi, Lucia,
deixei uma bagunça no meu quarto porque estou quase em cima da
hora. Não fique brava comigo.
Ela ri negando com a cabeça. Lucia é uma mulher de pouco
mais de 50 anos, divorciada e mãe de um rapaz que recentemente
se casou e se mudou para a Europa.
— Não vou ficar brava, sei que você tenta manter tudo
organizado na maior parte do tempo. Vou aproveitar que ficará fora
alguns dias e vou fazer uma faxina minuciosa por todo o seu
apartamento.

— Ah, isso são músicas para os meus ouvidos.

***
Após me despedir das mulheres, chamo o elevador e desço
até a garagem, guardo minha mala e, antes de seguir para o
aeroporto, vou até a academia do prédio e me despeço do meu avô.
Em seguida saio do condomínio rumo ao aeroporto internacional de
Guarulhos.
Tem pouco mais de duas semanas que estou exclusivo em
rotas nacionais, sendo chefe de voo de Raniely. A comissária é linda
e gostosa, mas além da beleza física ela tem algo que me atrai
muito nas pessoas. Honestidade e humildade.

Rany vem de uma família de classe média, foi criada em um


bairro tranquilo e frequentou as melhores escolas de São Paulo. E
todo esse conforto não subiu para sua cabeça. A mulher sorri para
todos que passam por ela, cumprimenta a todos com a mesma
simpatia e educação, não importa se é alguém mais simples ou um
magnata de alto poder aquisitivo. Ela, definitivamente, é um
mulherão e tanto.

Saí de casa com o horário no limite, peguei um trânsito


infernal e quase não consegui chega a tempo ao aeroporto.
— Bom dia, Bryan — Raul, copiloto e amigo de longa data,
me cumprimenta quando chegamos juntos ao estacionamento. Faz
um pouco mais de 30 dias que não nos vemos.

— Bom dia, Raul. Como foram as férias?

— Foram maravilhosas, aproveitei que as férias da minha


namorada coincidiram com as minhas e a levei para conhecer
alguns pontos turísticos de Paris e também fomos para a Itália.
— Que bacana, cara. E quando será o casamento? Você
sabe, eu adoro casamentos e todas as guloseimas que são servidos
neles.
Raul ri enquanto se certifica que o carro está devidamente
trancado e com o alarme acionado.
— Acabamos de fazer 6 meses de namoro, Bryan, eu não
vou pedir a Kiara em casamento agora. Não quero assustar minha
garota. Ainda é muito cedo para falar nisso.
— Certo. Eu te entendo, realmente está muito cedo.
Enquanto seguimos em direção à entrada do aeroporto, meu
colega toca o ombro no meu e indaga curioso:

— Soube que você foi escalado para ser chefe de voo de


uma comissária belíssima. Andam dizendo até que vocês estão um
tanto quanto íntimos demais. É verdade?
— Deixa de ser maria fifi, Raul. Esse povo fala demais. Mas,
sim, Raniely é uma morena linda demais, mas, sendo sincero, estou
bem atraído por ela.

— E o que te impede de chegar junto da morena? Você já fez


isso outras vezes.
— Não sei, Raniely é diferente, muito jovem ainda. Quero
tentar uma aproximação e me conheço o suficiente para saber que
farei isso muito em breve. Só não quero causar problemas para a
moça.
— É impressão minha ou o seu interesse vai muito além de
uma atração física?

— Não viaja, Raul. Eu apenas quero ir com calma com ela.


Sabia que esse negócio de ser chefe de voo e ficar fixo com uma
comissária por 30 dias não ia dar muito certo.

— Eu acho que você está se apaixonando, gringo.


Gargalho diante do apelido ridículo. Raul gosta de me chamar
assim, principalmente quando o assunto está rolando de forma leve
e sem pressão.

— Não acho que seja paixão. Mas, sim, estou muito a fim de
conhecer a morena mais a fundo.
Despeço-me de Raul, que logo voará para a Argentina,
enquanto eu seguirei para algumas regiões do Brasil.

— Então, hoje você está na vibe do sertanejo? — pergunto a


Raniely, enquanto seguimos para a aeronave após fazermos o
briefing pré-voo. Hoje de manhã ela atualizou o status com trechos
de músicas sertanejas das mais sofridas do momento.

As pessoas nos olham de soslaio, estranhando tanta


aproximação. Eu já fui chefe de voo de outros comissários, mas
nenhum deles me fez querer ficar perto o tempo todo. Além disso,
nas regras antigas era um comissário experiente e com muito tempo
de casa que ficava responsável por chefiar os recém-contratados. A
regra mudou e confesso que estou adorando passar esses dias com
Raniely.
Estou muito atraído pela morena de cabelos cacheados, e se
não estiver muito enganado, ela está na mesma vibe que eu. Estou
decidido a tomar iniciativa, conheço-o o suficiente para saber que
não sou tão forte quando o assunto é uma mulher bonita que
também está atraída por mim.

— Hoje só vai dar Gustavo Lima no meu celular, chefe — ela


responde, toda despojada, totalmente alheia aos olhares curiosos
sobre nós.

Desde que começamos a voar juntos nos demos muito bem,


Rany é engraçada às vezes. Morro de rir com suas piadas bobas. A
garota é uma figura, alto-astral, faz amizade por onde passa e é
dona de uma simpatia incrível.

— Eu gosto das músicas dele.

— Quem não gosta do imperador, comandante?

Rio do jeito empolgado como ela se refere ao cantor


sertanejo e acabo concordando com a cabeça. Chegamos ao
boeing e deixo Raniely com a assistente de voo, que a
acompanhará nos três voos que faremos hoje. Vamos sair de São
Paulo em direção ao Recife, de lá seguiremos para Fortaleza e
nosso destino será Maceió, onde faremos nossa primeira pernoite.

***
Estamos no final da tarde, comecinho de noite. Depois de
horas de voo, finalmente ficaremos em repouso pelas próximas
horas, mas amanhã temos o dia inteiro de folga. Maceió é um dos
lugares mais lindos que já tive o privilégio de conhecer, hoje em
especial o dia está gostoso, clima agradável e perfeito para dar uma
volta na orla da praia. Estamos hospedados no hotel que possui
parceria com a Aereaozoon, da janela do meu quarto posso ver o
mar e as pessoas andando de bike ou a pé. Por ser filho de um dos
donos da companhia, tenho sempre à minha disposição a melhor
suíte dos hotéis em que fico hospedado, seja no Brasil ou nas rotas
internacionais que a nossa companhia opera.

Acabo de sair do banho, enquanto as gotas escorrem pelo


corpo, enrolo uma toalha em volta da minha cintura e pego meu
celular para enviar uma mensagem para a mulher que vem
povoando minha mente, até mesmo quando estou dormindo. A
atração entre nós dois está cada vez mais forte, é palpável o quanto
nos desejamos, mas nenhum dos dois fez menção de fazer algo.
Esta noite pretendo mudar isso, chega de joguinhos de sedução.
Hoje vou me abrir para Raniely, descobrir se ela é uma pessoa livre
e se a resposta for sim, pretendo chegar junto na garota linda, com
quem venho trabalhando todas essas semanas.

Bryan: Oi, que tal aproveitarmos que a noite está


agradável e sair para dar uma volta na orla da praia?
Ela visualiza a mensagem, mas não responde de imediato.
Resolvo deixá-la pensar e aproveito para colocar uma bermuda
branca e uma camisa polo azul-marinho. Penteio o cabelo e borrifo
um perfume suave. Pego o aparelho que deixei em cima da cama e
confiro com um sorriso no rosto a resposta de Raniely.

Rany: Eu topo, mas você terá que me pagar um sorvete


de chocolate de duas bolas.
Sinto vontade de responder com ironia e malícia, mas recuo.
Não quero assustá-la e nem parecer rude. Respondo com um
simples ok, e combinamos de nos encontrarmos no hall do hotel.
Alguns minutos depois, saio do elevador e encontro Raniely sentada
em um dos sofás de couro que fazem parte dos itens de decoração
da grande recepção. A mulher está simplesmente maravilhosa. Ela
fica de pé quando nota minha presença, não faço cerimônia ao
varrer seu corpo lindo e cheio de curvas com o olhar. A atração que
sinto por ela quase me faz tirar sua roupa apenas com o olhar.
Raniely está usando um short jeans amarelo, que dá
destaque a sua pele morena e bronzeada, a peça é bem curta e
tenho a visão privilegiada de suas coxas grossas. Subo um pouco
mais o olhar, mordo o lábio inferior, e fico longos segundos
admirando seu bronzeado e os seios firmes, guardados dentro de
uma blusa soltinha de mangas caídas pelo ombro. Em seus pés,
sandálias rasteirinhas completam o look. O cabelo está solto,
deixando as mechas loiras ainda mais visíveis. Ela é a famosa
morena iluminada, e estou a um passo de cometer uma loucura e
puxá-la para os meus braços e beijar sua boca. Porra, que mulher
linda.
— Demorei? — indago ao me aproximar, ela leva alguns
segundos avaliando meu corpo de cima a baixo antes de mirar
meus olhos e responder com um sorrisinho faceiro:

— Não. Acabei de chegar.


— Que bom. — Encurto ainda mais a nossa distância e lhe
dou um beijo no rosto, deliciando-me com o cheiro gostoso do
perfume dela. — Você está linda, hein. Vai chamar atenção pelas
ruas de Maceió.

— Pois somos dois, porque você também está bem gato com
esse estilo despojado.

Ela se assusta um pouco quando deixo nossos rostos


próximos, em seguida deixo a pele de seu pescoço arrepiada
quando aproximo minha boca de sua orelha, no mesmo instante em
que pouso minhas mãos em sua cintura e aperto levemente a
região.
— Vamos fazer assim, se alguém se aproximar com
segundas intenções fingimos ser um casal de namorados, dessa
forma não precisaremos sair dando fora na galera por aí. Hum, o
que você acha? Permaneço na mesma posição enquanto aguardo a
resposta. Minha boca está muito perto do ouvido dela e estou me
segurando para não dar uma mordidinha no lóbulo.

É palpável a nossa química, nosso desejo carnal, Rany está


tão quente quanto eu. A respiração dela fica errática e a garota está
quase derretendo em meus braços. Porra, eu não vou conseguir me
conter por muito tempo.
— Acho que é uma ideia maravilhosa, comandante. Posso
fingir ser sua namorada, afinal, não é nenhum sacrifício.

Afasto-me para fitar seus olhos e meu sangue se concentra


todo no meu pau, quando a danada me dá uma piscadela e morde o
lábio inferior, de forma ousada e bem safada. Correspondendo ao
meu flerte.

— Então vamos, namorada.


BRYAN

O hotel fica de frente para o mar, basta atravessar a faixa de


pedestre e estamos do outro lado. Enquanto andamos lado a lado,
desviando de outros pedestres e alguns ciclistas, aproveitamos o
clima agradável para nos conhecermos melhor.
— Então, você já foi casado? — pergunta Rany, quando em
determinado momento da conversa acabo citando sobre o meu
passado.
— Pois é, mas não deu certo. Quando descobri a traição
fiquei puto com ela, tive até vontade de matar a infeliz. Mas é como
dizem, o tempo é o melhor remédio para tudo. Hoje, não tenho mais
mágoa ou rancor de Estefânia, ela vive a vida dela, está casada e
aparentemente feliz.

— Vocês se veem com frequência?

— Ela trabalha no aeroporto de Guarulhos também, mas é da


área administrativa e quase nunca nos vemos. Nossos encontros
acontecem vez ou outra pelo saguão.

— Compreendo, acho bacana você ter perdoado e seguido


em frente. Eu não sei se sou capaz de perdoar uma traição.

— Não vale a pena viver guardando mágoa de ninguém,


Rany.
— Você está certo, mas é difícil para mim. Sou o tipo de
pessoa que faço amizade e me envolvo rápido, sou fácil de ser
conquistada, porém, consigo odiar alguém de uma hora para a outra
apenas num pisar de bola comigo.

Paramos para comprar nossos sorvetes, nos servimos no


self-service do estabelecimento, e após fazer o pagamento no caixa
sentamos em uma das mesas do lado de fora da sorveteria. A noite
está agradável, não está um calor exagerado e está ventando
bastante. A orla da praia, os quiosques e barzinhos estão lotados.

— Sabe, eu tenho um sonho que poucos pilotos solteiros


possuem. — Não sei o motivo, mas quando vejo já estou contando
meus planos para ela.
A morena me olha com atenção enquanto leva um pouco de
sorvete até a boca.

— Agora fiquei curiosa.

— Eu quero ser pai, Raniely — revelo, ela abre um pouco


mais os olhos. — Quando me casei eu sonhei com um filho meu
correndo e brincando feliz, me chamando de papai e me esperando
sempre com um sorriso no rosto quando voltasse para casa após
horas de voos. A minha profissão é uma loucura sem-fim, mas
sonho com uma criança que ainda nem existe.

— Uau! É raro ver um cara solteiro e jovem falar do sonho da


paternidade com tanta convicção e desejo — comenta, enquanto
devora o sorvete de chocolate. — Posso te fazer uma pergunta
íntima?

Tomo um pouco mais do meu sorvete e assinto.

— Claro, fique à vontade.

— Você falou que ficou mais de dois anos casado. Por que
não tiveram filhos? Ela ou você tem algum problema para
engravidar?

— Não, nós éramos saudáveis e bem férteis. Mas Estefânia


não queria ter filhos, por muitas vezes discutimos a nossa relação
por causa disso. Atualmente, decidi que quero ser pai solo, já estou
com tudo pronto para dar início ao meu sonho. Vou contratar uma
barriga de aluguel nos Estados Unidos, porque aqui no Brasil não é
permitido esse tipo de procedimento.

— Nossa, eu espero que dê tudo certo para você.


— Obrigado. É muito bom quando conseguimos realizar
nossos sonhos. — Termino o meu sorvete, decidido a tentar
desvendar quem é Raniely de verdade e quais os seus planos para
o futuro. — E então, Rany, acho que já falamos muito de mim, que
tal falarmos um pouco sobre você?

— O que você quer saber exatamente? — indaga com uma


sobrancelha erguida.
— Já que estávamos falando dos meus planos, você tem
algo que deseja muito? Um sonho ou objetivo?

— Eu sou um pássaro livre, gosto de viver um dia de cada


vez. Não tenho planos a longo prazo, não sei se quero me casar um
dia, não me imagino vivendo uma vida a dois — solta tudo de uma
vez, deixando-me boquiaberto.

— Uau, isso sim é uma surpresa e tanto. Normalmente as


mulheres sonham com um casamento completo, com direito a véu e
grinalda, ter filhos, uma casa grande com jardim para as crianças
correrem com o cachorro da família.

Rany ri toda despojada, o sorriso dela é lindo e estou


encantado por ela. Estou tentando controlar a vontade de fazer
perguntas mais íntimas, vontade de ir direto ao ponto e saber se é
uma pessoa livre ou se tem namorado.
— Eu acho que faço parte da minoria que não tem este tipo
de sonho, Bryan. Mas olha, não sou avessa a casamento e família,
amo meus pais e acho lindo o amor deles mesmo depois de tantos
anos casados. Vejo minha irmã, que está prestes a ter o primeiro
filho com o marido, a união deles é linda também. No entanto, não
me imagino vivendo uma vida assim, eu gosto de ser livre, não curto
ter que dar satisfação da minha vida para ninguém, quero conhecer
os quatro cantos do mundo, gosto de esportes radicais.

— Você ainda é bem jovem, talvez mude de ideia em alguns


anos.
— Sim, eu acho que será assim mesmo. Como disse, não
sou contra a família, pode ser que daqui a alguns anos eu diga a
você que estou planejando ter meus filhos. Mas, antes disso,
pretendo viajar muito, conhecer muitos lugares e culturas diferentes.

— Não te condeno e nem faço julgamento quanto a isso,


você está certíssima, Rany. Eu já conheci muitos lugares, fui em
todos os que desejei colocar meus pés, curti e curto culturas
diferentes, já tive a experiência do casamento. Mas agora tudo o
que se passa em minha cabeça é realizar o sonho de ter meu filho
nos braços.

— Eu acho isso lindo, você será um pai incrível. E se ele


nascer parecido com você será o bebê mais lindo de toda a
maternidade.

Ergo uma sobrancelha e ela ri concordando com a cabeça.


— Esse foi o elogio mais diferente que já recebi.

— Ah, não precisamos ficar aqui fingindo que somos


indiferentes um com o outro, não é, comandante? Você é um gato,
está no top 1 dos pilotos mais lindos da Aereaozoon.
De repente, ela resolve deixar os joguinhos de lado e tudo o
que vejo em seus olhos é desejo, excitação e muita atração.
— Estou? — finjo-me de desentendido, mas sei que meu
nome rola por aí entres os comissários.

— No meu primeiro dia de trabalho, Sibele me jogou no grupo


de comissários, lugar onde rola a fofoca e o concurso de homens
mais gatos da aviação. Você está no top 1.
Gargalho enquanto abro a garrafa de água e tomo um gole.
Sempre fico com muita sede quando tomo sorvete, por isso quando
fui ao caixa pagar pela sobremesa gelada já me adiantei e peguei
uma garrafinha junto.
— Eu acho que gostaria de participar desse grupo — digo,
após beber um gole generoso de água.

— Sinto te dizer, porém, não será possível. O grupo é


exclusivo apenas para comissários. Mas pode acreditar em mim,
você e o copiloto Gustavo sempre estão no topo dos mais
desejados pela galera.

— Então, presumo que você já tenha ouvido falar das nossas


reputações. Meu colega é o famoso homem para casar, todo
quietinho, gosta de relacionamento sério e duradouro. Eu, no
entanto, gosto de encontros casuais, não tenho planos para um
novo casamento tão cedo. Você também já deve ter ouvido falar dos
meus encontros com uma comissária ou outra.
— Ah, isso eu ouvi sim.

Saímos da sorveteria e decidimos andar pela areia da praia,


bem perto do mar. No ponto onde estamos está escuro, mas nada
que atrapalhe nossa caminhada. Tiramos nossos chinelos e
estamos com eles nas mãos, enquanto o restinho de onda chega
aos nossos pés.

— Eu não sou um galinha, Rany.


— O quê? — Ela me olha enquanto continuamos andando. —
Eu jamais pensaria isso de você. Sei que é um homem livre, não
vejo nada de errado em você ficar com pessoas sem compromisso.

— Que bom, porque eu estou louco para te beijar, baby —


revelo, e ela paralisa ao meu lado. — Claro, se você não tiver
ninguém te esperando quando voltar para casa.

— Eu... — a morena fica muda, mas a forma como morde o


lábio inferior e me dá um sorriso malicioso, é o suficiente para o meu
pau pulsar dentro da cueca boxer.
Chega ser irracional pensar apenas com a cabeça de baixo,
mas estou tentando controlar o desejo por Raniely desde que a vi
pela primeira vez. E, agora, andando com ela pela praia, sentindo o
cheiro gostoso de seu perfume e percebendo que ela está tão
atraída por mim quanto estou por ela, não quero mais me conter.

— Sou um homem jovem, saudável e com a libido a todo


vapor. Sou solteiro, livre para beijar as bocas que desejar e que me
quiserem também. Vivo num mundo bem moderno, penso que se os
dois são livres, adultos e se desejam, não tem motivos para ficar
passando vontade. Todas as mulheres que levo para a minha cama
são muito parecidas com você. Pássaros livres, fugindo de
compromisso sério. Para mim isso é ótimo, porque eu também não
quero me prender no momento. Minha visão de família é apenas
meu futuro filho e eu.
Pego a mão dela e nos afastamos das ondas. Levo Raniely
até uma pedra gigante próxima da orla e prenso seu corpo ali. Uma
de minhas mãos pousam em sua cintura e a outra agarra o cabelo
pela nuca. Está escuro, mas consigo ver o sorriso safado no rosto
dela. Aproximo minha boca da orelha da morena e sussurro:

— Estou louco por você, Rany. Se você não quiser nada


comigo me mande parar agora, prometo que vou respeitar sua
decisão e isso não afetará em nada o nosso trabalho. No entanto,
se você quiser ir adiante saiba que vou querer muitas e muitas
vezes você embaixo ou em cima de mim, cavalgando gostoso.
Baby, se eu começar a te beijar aqui nesta pedra nós só vamos
parar quando estivermos suados e satisfeitos em cima da minha
cama, enrolados no meu edredom. Me diga, Rany, meu caminho
está livre?

Ela fica alguns minutos com os olhos fechados, respirando de


forma agitada. Estamos tão próximos que consigo sentir o inflar do
seu peito, enquanto tenta controlar a respiração.
— É loucura me envolver com você, Bryan, mas não vou me
perdoar se voltar para casa com todo esse tesão que tenho em ti.
Você cheira a encrenca das grandes, cara, e sou especialista em
me envolver em confusão. Então será apenas mais uma confusão
para a minha lista de desastres. — Rimos juntos e ela enlaça minha
cintura. — Eu não tenho ninguém me esperando, sou uma mulher
solteira, livre para aproveitar minha vida do jeito mais insano que
você possa imaginar. Quero ter história para contar quando ficar
velhinha em uma cadeira de balanço. Porra, você é um tremendo de
um gato. E como dizem meus primos que moram no Nordeste; caiu
na minha rede é peixe.

Rimos da frase final dela. Rany é assim, sempre brincalhona


e isso me atrai ainda mais.

— Linda, eu vou te beijar — anuncio, um pouco antes de


tocar nossos lábios e envolvê-la em meus braços.

O beijo começa de um jeito calmo, nossas bocas se


conhecendo, posso dizer que estamos até um pouco tímidos. Mas
no momento em que nossas línguas se encontram, tudo vira chama.
Uso minhas pernas para separar as delas, assim consigo me
encaixar no ponto exato que desejo.

Rany geme baixinho quando sente minha ereção tão próxima


ao seu sexo. Sem fazer cerimônia apalpo a lateral da coxa dela e
deslizo minha mão por toda a região macia. Estamos ficando sem
ar, ainda assim não abandono sua boca, continuo chupando sua
língua na mesma intensidade em que remexo o quadril, simulando
um ato sexual.

Quando finalmente ficamos sem fôlego, sou obrigado a


separar nossas bocas, mas não dou tempo para ela pensar em
nada. Afundo meu rosto na curva do pescoço cheiroso da morena e
dou uma chupada discreta ali, arrancando um gemido gostoso dela.
— Ah, você é muito bom nisso, comandante — sussurra
totalmente entregue.

Chego bem pertinho do ouvido dela e murmuro, sensual:


— Estamos apenas começando, baby. Isso é apenas uma
amostra grátis do quão prazeroso pode ser um passeio pelos meus
lençóis. — Mordo o lóbulo da orelha dela. — Passe a noite comigo,
Rany. Sexo casual e sem cobranças no dia seguinte. Um esquema
gostosinho do jeito que ambos gostamos.

A safada pousa as duas mãos na minha bunda e aperta com


gosto.

— Eu topo, quero ver se o meu comandante também é bom


em levar uma mulher às alturas ou se sua especialidade fica restrita
apenas a aviões.

— Você é bem safadinha. — Afasto-me e seguro a mão dela


para fazermos o trajeto em direção ao hotel. — Vem, linda, deixe-me
mostrar o jeito gostoso de voar até as nuvens.
BRYAN

Raniely e eu estamos queimando de desejo, dois


desesperados pelo contato íntimo. Foi um sacrifício manter as mãos
longe dela enquanto estávamos entre as pessoas. E agora que
estamos na privacidade da minha suíte não perco tempo e abro o
botão do short jeans dela, deslizando a peça até seus pés. Nossas
bocas não se desgrudam, enquanto nos beijamos nossas roupas
vão ficando para trás. Nós nos separamos apenas para tirar minha
camisa e a blusinha dela.
— Linda demais — elogio quando a tenho apenas de
calcinha diante de mim. Raniely tem os seios durinhos e não está de
sutiã. Meu pau pulsa com a imagem dos mamilos marrons e
empinados e já consigo imaginá-los em minha boca. — Você é uma
morena espetacular, toda linda e maravilhosa com esse bronzeado
perfeito. Porra, vou adorar mamar nestes peitos, Rany. — Feito um
lobo faminto devoro seu corpo com o olhar, em seguida me abaixo e
puxo a calcinha minúscula de renda branca, deixando Raniely
totalmente nua. Aproximo meu rosto do sexo depilado e delicado da
morena, deliciando-me com o cheiro de sua excitação. — Seu
cheiro é viciante, baby.
— Está esperando o que para provar o meu sabor,
comandante? — O tom de voz dela está carregado de luxúria e
desespero. — Você está me deixando louca com essa sua voz
rouca e sexy. Vamos, Bryan, me faça sua.

— Mulher decidida e mandona, eu gosto é assim. — Empurro


gentilmente seu corpo até o sofá. — Sente-se e abra as pernas para
mim, Rany, vou chupar sua boceta até você implorar pelo meu pau.

A safada faz o que mando, dando-me a visão privilegiada de


seu sexo. A boceta é delicada, depilada e está brilhando com sua
excitação. Os lábios vaginais são marrons e tudo o que eu quero é
prová-los, chupar toda a carne quente e úmida, morde e meter meu
pau ali. Fico em pé na frente dela e, mantendo contato visual, tiro
minha cueca. Seu olhar paralisa em minha ereção e ela morde o
lábio com força.

— Gostoso — murmura, maliciosa. — Você é uma delícia,


comandante. Grande e gostoso.
Agarro meu pau que está dolorido de tão duro e me masturbo
para ela, ouvindo seus gemidos baixinhos. Sem que eu possa
esperar, ela leva uma mão até a boceta e acaricia o clitóris,
chamando meu nome entre um gemido e outro.
— Porra, você é uma deusa do sexo. — Aproximo-me e fico
de joelho entre suas coxas, afasto a mão dela e abocanho a boceta.
— Bryan, oh...

Enquanto me delicio no clitóris inchado, penetro seu canal


quente com dois dedos de uma só vez. Raniely geme ainda mais,
entregue, rebolando e esfregando a boceta carnuda no meu rosto.
Afasto um pouco a cabeça para olhar para ela.

— Você é deliciosa, garota.

— Ah... E você tem uma língua fenomenal. Continue, Bryan.


Sorrio do desespero dela e volto a chupá-la sem dó,
enquanto meus dedos fodem seu sexo quente e melado de tesão.
Rany fica louca quando capricho com a língua no ponto exato do
seu prazer. Os gemidos dela me deixam ainda mais excitado.
Agarro meu pau com uma mão e me masturbo enquanto minha
boca dá prazer para ela. Noto quando o orgasmo se aproxima dela,
pois a garota fica ainda mais excitada e a boceta pulsa em minha
boca. Quando ela agarra meu cabelo com força e chama meu nome
em um grito estrangulado, delicio-me com seu mel. Ela goza tão
gostoso que sinto suas pernas tremendo sem parar.
— Caralho, que gostosa você é, Raniely. Seu sabor é
viciante.
Rany apenas sorri satisfeita, aproveito para pegar uma
camisinha na carteira que deixei em cima do móvel ao lado. A
morena ainda está jogada no sofá, na mesma posição, toda molinha
por causa do orgasmo. Ela sorri safada quando me sento ao seu
lado, colocando a camisinha e ordenando:

— Vem, Rany, senta bem gostoso no meu pau. Me leva para


dentro de você, baby, deixa eu te foder do jeito que eu sei que você
quer.
E ela não pensa duas vezes, monta em mim e abre bem as
pernas para sentar no meu pau.

— Oh... caralho, que boceta gostosa. — Trinco o maxilar com


a sensação prazerosa do contato íntimo.

— Bryan, ai... Você é tão grande, tão gostoso.


Aperto a bunda dela enquanto tomo sua boca em um beijo
delicioso, nossas línguas entrelaçadas e nossos sexos se
conectando em uma sintonia perfeita. Gememos totalmente
tomados pelo prazer da transa. Rany me cavalga e bato em sua
bunda, uma, duas, três vezes seguidas.
— Ai... Bryan, que delícia.

— Sim, baby, é uma delícia ter você assim cravada no meu


pau, me fodendo tão gostoso enquanto fodo você. — Agarro os
seios e levo um dos mamilos a boca, chupando com força o brotinho
durinho.
— Bryan... Oh! — Raniely fica insana com minha boca
mamando o seio e então aumenta a velocidade, quicando forte no
meu pau.
Seguro a cintura dela e a puxo para cima, para que ela saia
do meu colo. Olho em seus olhos e mando, excitado:

— Fica de quatro e empina essa bunda maravilhosa para


mim.
— Humm, meu comandante gosta de pegar pesado, hein —
brinca, ficando na posição que pedi. Ela olha por cima do ombro e
me provoca, rebolando a bunda durinha para mim. — Vem, Bryan,
me come, forte e intenso, mete em mim sem dó.

— Porra, você nem precisa pedir. — Apoio um dos joelhos no


sofá, agarro meu pau pela base e pincelo a cabeça entre os grandes
lábios dela, sentindo todo seu calor. — Gosta de pau, morena?

— Adoro.
Dou um tapa estralado em uma de duas nádegas antes de
meter com força, deslizando até o fundo.
— Então toma, safada. Toma meu pau, estrangula ele com
essa sua boceta gulosa. — Ela geme descontrolada, rebolando a
cada estocada minha. — Caralho de boceta apertada, Rany. Porra,
você é uma delícia, amor.

Agarro o cabelo dela e puxo sem muita delicadeza, trazendo


seu pescoço para trás, para que eu possa chupar e morder,
enquanto meto forte.
— Ai... que delícia, Bryan. Isso, mais forte, me fode com
força.

A mulher é furacão na hora do sexo, estou quase perdendo o


controle da situação. Estoco mais insano, metendo com tanta força
que minhas bolas batem com tudo em sua entrada. Rany geme
mais alto e percebo que ela está gozando novamente. Não me
contenho mais e deixo meu corpo se libertar.

— Rany... Porra, Raniely — urro feito um animal enjaulado.


Meto uma, duas vezes, então paro bem lá no fundo, deixando o
clímax tomar conta de mim. O arrepio gostoso que desce pela
minha coluna e o gozo enchendo a camisinha fazem minhas pernas
fraquejarem. — Oh, caralho.

Ficamos um tempo jogados no sofá, nossas respirações


ofegantes e os corações batendo forte como se tivéssemos acabado
de correr uma maratona.

***
— Estou morrendo de fome. Você acabou com todas as
minhas energias — diz Rany, brincalhona.

Tomamos banho juntos e agora estamos deitados na cama, a


tv está ligada em uma estação de rádio que toca apenas músicas
românticas internacionais. O ar-condicionado está ligado e o clima
gostoso me dá vontade de prendê-la na minha cama para nunca
mais deixá-la ir embora.
— Quer sair para comer em algum lugar aqui perto? — Olho
para o relógio em meu pulso. — 21h30, tenho certeza de que ainda
há bares e restaurantes abertos aqui perto.
Ela se aninha em meu peito, toda preguiçosa sorri para mim.
— Hum, aqui está tão gostoso. Acho que podemos comer por
aqui mesmo. O que você acha?
Sorrio e busco os lábios dela para deixar um beijo rápido
antes de me levantar da cama. Completamente nu.

— É você quem decide, baby. Vou ligar e pedir para o serviço


do hotel nos trazer algo. Tem preferência por um prato específico?
— Não. Com a fome que estou sentindo pode vir o que você
escolher. — Viro-me para seguir até o outro cômodo da suíte, mas
paro no instante em que ouço um assovio sair da boca de Raniely.
— Que isso, hein. Essa sua bundinha é tão linda, dá até
vontade de morder.

Gargalho alto, olhando por cima do ombro mando um beijo no


ar.

— Depois que eu te alimentar, pequena dragão, você poderá


morder, apertar e até deixar umas marcas de palmadas na minha
bunda.

— Pequena dragão? — indaga, com um riso contido.


— Sim, já vi que você adora comer, e, querida, você
encontrou o cara certo. Eu também adoro uma boa refeição. Acho
até que podemos nos classificar como o casal dragão.

— Ai, meu Deus, Bryan, que brega.

— Achou brega?
— Muito.

Volto até ela, apoio os joelhos no colchão e avanço em sua


direção, só para morder seu queixo delicado.
— Pois eu adorei, e vou adorar te irritar com o apelido brega.
Você que lute, baby.
RANIELY

Maceió é um lugar lindo, o dia está quente e a praia lotada.


Após uma noite intensa regada a muito sexo e orgasmos
maravilhosos, Bryan e eu dormimos até as onze da manhã. Ele
ainda está tentando despertar, todo esparramado na cama,
enquanto eu já estou de pé. A visão da varanda da suíte master é
tão incrível que, por mim, ficaria aqui o dia todo. Estou usando
apenas uma camisa dele, enquanto observo as pessoas curtindo a
praia lá embaixo.
Pego meu celular e tiro uma foto da praia lotada, em seguida
faço um vídeo pequeno para postar no stories do meu Instagram.
Alguns minutos se passam e minha amiga comenta minha
postagem.

Thais: Amiga, que paraíso é esse? Poxa, acho mesmo


que vou voltar para o curso de comissária.

Rany: Se eu fosse você voltaria mesmo, estou adorando


meu trabalho. É claro que nem tudo são flores, trabalhar com
pessoas tem momentos estressantes, mas também temos
nossos momentos de lazer. Estou de folga em plena quinta-
feira, hospedada num hotel maravilhoso e com a vista
privilegiada dessa praia linda.

Ela manda uma figurinha mostrando o dedo do meio para


mim, já eu rio alto. Thais é uma figura, o tipo de amiga que sempre
está te colocando para cima.

— Você fica ainda mais linda usando minha camisa. — A voz


rouca de Bryan faz cada parte do meu corpo se arrepiar. Ele se
aproxima por trás e me abraça, encostando a boca no meu ouvido e
sussurra, sensual: — Tenho vontade de te fazer gozar aqui mesmo,
nesta sacada, com todas aquelas pessoas lá embaixo.

Empino a bunda em direção ao seu quadril dele rebolo,


sentindo seu pau endurecer a cada rebolada. Bryan sorri e morde
minha nuca, apertando minha cintura com força.

— Você é uma delícia, comandante. Adoraria foder aqui, com


todas essas pessoas como plateia, mas estou faminta. Você sugou
todas as minhas energias na noite passada.
Ele explode em uma risada alta, tira as mãos da minha
cintura e aperta minha bunda, enquanto deixa uma mordida gostosa
na minha nunca.
— Quem manda ser tão gostosa!? Por mim ficávamos aqui,
mas confesso que também estou morto de fome e não quero comer
aqui. Vamos almoçar lá embaixo, com você toda linda dentro de um
biquíni.

Ele se afasta e me viro para ficarmos de frente. Mordo o lábio


inferior, sorrindo faceira enquanto tiro os fios de cabelo do meu
rosto.

— É sempre assim, todo mandão?

— Estou apenas cuidando do que é meu. — Aproxima-se


novamente, segura meu queixo e beija minha boca. — Enquanto
estivermos juntos você é somente minha, morena.

— Hum. Está me propondo exclusividade, senhor


comandante?

— Com toda certeza, baby.

— Sabe que isso te fará ficar longe das outras comissárias,


não é?

— Eu não quero mais ninguém, até porque na minha cama


só tem espaço para você, baby.

***
A área de lazer do hotel está lotada, todas as piscinas cheias,
tanto adulto como infantil. Estamos sentados em volta da mesa
redonda que foi preparada para duas pessoas. A atendente se
afasta após anotar o nosso pedido para o almoço, e agora estou
admirando toda a beleza de Bryan. O homem é forte, os músculos
bem definidos, a pele branca está um pouco bronzeada e eu me
derreto um pouco quando ele sorri para mim, também me
admirando através dos óculos escuros.

— Você é um gato, Bryan. — Não me faço de rogada na hora


da paquera. — Que sorte a minha, não é?
— Eu que sou um sortudo, baby. — Ele aproxima nossas
cadeiras e sussurra bem pertinho do meu ouvido: — Ter uma
morena linda como você, assim, só para mim. Além do bônus de ver
todos esses marmanjos te cobiçando e praticamente te comendo
com os olhos, sabendo que é comigo que você vai ficar, que é para
mim os seus gemidos, que sou quem te fará gozar a noite. Isso não
tem preço, morena.
Gargalho e dou um tapinha no ombro dele, fitando seus olhos
através da lente escura dos óculos.

— Que comentário machista, Bryan. Está parecendo um


homem das cavernas, todo possessivo assim.

— Ah, esqueci de te falar que sou um cara muito


individualista. Não divido mulher e, sim, eu gosto de mostrar o que é
meu. Você está me conquistando de um jeito tão avassalador,
Raniely, que tenho até medo. — Ele retira os óculos e me olha no
fundo dos olhos, enquanto diz, bem sério: — Sei que o que temos
será algo passageiro, mas enquanto estivermos juntos eu quero
poder andar de mãos dadas, te mimar, mostrar para as pessoas que
você está comigo. Não curto ficar às escondidas, somos livres. O
que nos impede?
— Sério? Está mesmo a fim de deixar que todos saibam, até
mesmo para os nossos colegas de trabalho?

— Principalmente para eles. Não quero comissários ou


pilotos dando em cima da minha garota.
— E se eles começarem a falar de nós? Se começarem a
fazer piadas ou achar que estou tentando seduzi-lo somente por
você ser o filho de um dos donos da companhia?

Bryan se afasta um pouco e muda a postura na cadeira,


ficando um pouco mais sério e me olhando com cautela ao indagar:

— Você se importa com o que as pessoas pensam ou dizem


a seu respeito, Rany?
— Não... nenhum pouco.

— Então, que se foda o que vão pensar, Raniely. Nós somos


adultos, solteiros, livres e desimpedidos. Faz pouco tempo que te
conheço, mas já deu para notar que você não é o tipo de mulher
interesseira. Sabe o que eu mais curto em você? — inquire, com as
duas sobrancelhas erguidas e um sorriso safado nos lábios. Nego
com a cabeça e tenho suas mãos grossas acariciando meus lábios
enquanto diz baixinho: — Você gosta de coisas simples, trata a
todos com uma simpatia que me faz te admirar ainda mais. Você
não tem frescuras, curte ficar de conchinha, gosta de comidas
tradicionais, ama sertanejo, curte as minhas músicas bregas e
românticas da época em que ainda estávamos em outra dimensão.
— Rio da forma como ele se refere ao seu gosto musical. — Você
tem empatia, é uma mulher meiga, engraçada e superinteligente.
Enfim, você é muito especial, Raniely. Estou falando sério quando
digo que estou atraído e que você está me conquistando cada dia
mais.

Fico muda, sem saber ao certo o que dizer. Após alguns


segundos apenas nos encarando, solto um longo suspiro e sorrio
para ele.
— Uau, você conseguiu me deixar sem palavras. Olha,
comandante, o senhor não pode falar todos esses elogios para uma
mulher sem correr o risco de fazê-la se apaixonar. Eu sou dura na
queda, mas meu coração não é inalcançável. Já vi que terei que ter
cuidado redobrado com seus jogos de sedução. — Dou um tapinha
no ombro dele. — Você com esses lindos olhos azuis e esse papo
de Romeu apaixonado não vai me arrastar para o mar de amores, lá
é um lugar muito perigoso.
— Digo o mesmo para você, baby. Terei que redobrar a
atenção para não me perder e virar um louco apaixonado.

Nosso almoço é servido e por um tempo apenas comemos


em silêncio. É Bryan quem volta a dialogar, quando percebe que o
clima ficou sério demais.

— Ei, não precisa ficar assustada. Não estou te pedindo em


casamento ou algo do tipo.
Rimos um pouco mais descontraídos.

— Sei que não. É que eu também não sei como explicar essa
atração que sinto por você, em tão pouco tempo juntos.
Ele solta o garfo e segura minha mão brevemente.
— Apenas deixe rolar, Rany. Vamos curtir e deixar as coisas
acontecerem como tiver que ser. — Lança-me uma piscadela.

— Você está certo. Vamos curtir.


Voltamos a comer e ele decide mudar de assunto.

— Você tem um tom de pele lindo, traços marcantes e uma


beleza afrodisíaca.

— Obrigada. — Fico um pouco sem graça com tanta


adoração por parte dele. — Meu pai é negro, descendente de
africanos, e minha mãe é branca de olhos verdes. Eu nasci com
essa mistura de cor, minha irmã é um pouco mais clara. Nós não
nascemos negras, mas nosso tom de pele também não é branco.
Somos uma mistura dos nossos pais.
— Sua irmã também deve ser uma mulher muito linda —
comenta entre uma garfada e outra.

Pego meu celular e abro a galeria em busca de fotos dos


meus pais. Encontro uma em que eles estão sentados no jardim da
casa deles, aponto o aparelho para Bryan que fica boquiaberto.
— Uau, que casal lindo. Seus pais são perfeitos juntos. Sua
mãe é uma mulher belíssima e seu pai me parece um homem bem
elegante.

— Eles são. — Sorrio ao falar com orgulho dos meus pais. —


Os dois são naturais do estado do Piauí, mas migraram para São
Paulo assim que se formaram na faculdade de direito do Piauí. Keila
e eu nascemos na capital paulista.
— Vocês devem ser uma família bem unida.
— Somos sim. — Abro uma foto em que minha irmã está ao
lado do marido, em um ensaio de gestante que eles fizeram no mês
passado. — Esta é a minha irmã, Keila, e o marido dela, Eduardo.

— Que casal lindo. Você e sua irmã são bem parecidas,


exceto pelo tom de pele. Ela realmente é mais clara que você.

— Pois é, eu fiquei um pouco mais no forno e dourei mais


que ela — digo, em tom de brincadeira, e ambos gargalhamos. —
Keila tem os olhos castanhos, já os meus são...

— Lindos, seus olhos são da cor do mel.

— Você gosta da cor dos meus olhos, Bryan?

— Baby, eu gosto de tudo em você.


Embalamos assuntos aleatórios, após um tempo de conversa
pisco algumas vezes ao perceber que Bryan está um pouco
distraído com as crianças que pulam alegres na piscina infantil.
— Você realmente será um ótimo pai. Veja como está
admirando os pequeninos.
— Eu nem ligo se será menino ou menina, sabe. Apenas
quero ter alguém para cuidar, proteger e quero transbordar de amor
ao ser chamado de papai. Parece loucura, né? Mas passei a desejar
um filho logo depois que saí da faculdade de administração.

— Cursou administração? — Abro um pouco mais os olhos,


surpresa com isso.

— Cursei administração em Harvard.

— Ah, esqueci que você é gringo e todo metido a nerd —


brinco, ele ri de um jeito tão gostoso que me faz viajar em seu
sorriso.

— Alguns colegas adoram se referir a mim desta forma, como


gringo. E agora você também, senhorita?
— Você me apelidou de pequena dragão. Acho justo começar
a te chamar de gringo.
— Garota, você é venenosa.

— Apenas retribuo os apelidos carinhosos, baby.


RANIELY

Faz um pouco mais de uma semana que comecei sair com


Bryan, posso dizer que estamos cada vez mais envolvidos. Ele é um
cara incrível, além de lindo e muito educado. Estamos nos dando
bem, tanto que, hoje é minha folga e, após almoçar com meus pais,
combinamos de sair para jantar à noite. Faltando tão pouco para
seguirmos rumos diferentes, optamos por aproveitar cada momento
juntos.
Hoje é o meu primeiro domingo de folga desde que comecei
a trabalhar na Aereaozoon, e como é costume, estamos reunidos na
casa dos meus pais para o sagrado almoço de domingo. Meu
cunhado e meu pai estão debatendo sobre o último jogo do
Corinthians contra o Palmeiras. Detalhe, Edu é corintiano roxo e o
papai é palmeirense. Eles nunca brigam por causa de futebol, mas
um adora sacanear o outro quando o time perde.
— Rany, agora me conte como andam as coisas com o piloto
gato. Meu Deus, eu amo o meu marido, mas não sou cega, o seu
comandante é um tremendo de um gato gostoso — murmura minha
irmã, sentada na borda da piscina, suspirando e acariciando a
barriga gigante.

— Que o Dudu não te ouça, sua maluca.

Ela dá de ombros, batendo os pés na água.

— Dudu sabe que meu amor e minha atenção são todas


dele. Não se preocupe. Agora pare de me enrolar e conte o que
anda aprontando com o bonitão.

Quando voltei da viagem em que fiquei com Bryan pela


primeira vez, fui fazer uma visita a minha irmã e não pretendia falar
sobre nosso envolvimento. Não que eu tenha segredos com a minha
família, mas gosto de me manter reservada às vezes.
Principalmente com algo que está rolando de forma casual e que
muito em breve terá um fim. Falta pouco para encerrar meus voos
de treinamento, logo Bryan e eu estaremos voando em direções
opostas e seguindo com nossas vidas. Então, não vi necessidade
de contar sobre ele para a minha família. No entanto, minha irmã me
conhece tão bem que logo deduziu que eu estava alegre demais
para quem estava apenas voando a trabalho. Acabei contando
minha aventura em Maceió e no momento seguinte estava
mostrando fotos que tirei com Bryan.
— Estamos nos curtindo — respondo após um tempo
pensativa. — Bryan e eu temos sonhos e metas totalmente
diferentes. Por isso o que está rolando é algo passageiro, mas que
estamos fazendo valer a pena cada segundo.

— Hum, eu acho que já vi histórias de amor começarem


exatamente da mesma forma.

Rolo os olhos e ela ri descontraída.

— Sim, Keila, você viu nos livros de romances. Eu também vi


muito, mas não estamos falando de uma história fictícia. Bryan e eu
não saímos de um livro de romance, o que temos é bem real e será
apenas momentos passageiros. Sem amarras, nem nada do tipo.

— Uma pena. — Minha irmã dá de ombros. — Ele é lindo e


você é muito gata, com certeza fariam um belo casal. Já pensou nos
filhos lindos que podem ter?

— Keila, pelo amor de Deus, não viaja. — Ela ri alto e eu pulo


na água. Nado até o fundo da piscina, um mergulho é sempre bem-
vindo nessas horas. Quando volto para a superfície encontro nossa
mãe em pé, nos observando.

— O que minhas princesas tanto conversam? — indaga,


curiosa.

— Ah, nada de importante. Rany estava me contando sobre o


piloto gato que ela tá pegando.
Jogo água na minha irmã, em seguida fito minha mãe, que
agora está com as duas mãos na cintura, me olhando bem séria.
— E quando é que a dona Raniely pretendia me contar que
logo terei mais um genro?

— Mãe, ele não será seu genro — afirmo com uma carranca.
— Estamos ficando sem compromisso. Apenas isso.

Volto para a borda da piscina e me sento ao lado da minha


irmã. Nossa mãe se aproxima ainda mais e se senta ao nosso lado.
Mamãe está usando maiô e um short curtinho, mesmo depois dos
50 anos ela continua tão linda quanto uma mulher de 20. Nossa
genética é maravilhosa, as mulheres da nossa família têm curvas
lindas.

— Ok, entendi que é um lance passageiro, mas agora fiquei


curiosa para conhecer o rapaz que tem feito minha filha sorrir.

Eu sei que ela não vai me deixar em paz até ver uma foto do
meu novo affair, por isso pego meu celular em cima da
espreguiçadeira e abro a galeria de imagens.
— Gente, que homem lindo é esse? — Mamãe se abana
enquanto passa as fotos. — Minha filha, você pegou um peixão. Eu
no seu lugar também aproveitaria cada pedaço desse deus grego. E
olha que nem sou ligada nos branquelos, ainda prefiro um negão
gostoso como seu pai. Mas esse piloto é gos...

— Mamãe — Keila e eu a repreendemos ao mesmo tempo.


Nossa mãe sorri com deboche, para logo depois mostrar a
língua.
— Ah, fala sério, vocês são muito bobinhas se acham que
sou quietinha.

— Mas a senhora é a nossa mãe — é Keila quem diz.


— Mães também fazem e falam safadezas. Se quiserem
posso até contar umas aventuras que já vivi com o pai de vocês.

— Ah... me leva, Deus. — Keila pula na água, fazendo


drama.

É sempre assim, nossa mãe adora nos deixar encabuladas.


Aqui em casa nunca houve segredos, sempre tivemos confiança em
contar para a mamãe sobre nossas paixões, mas nunca gostamos
de saber detalhes da vida íntima dela com o nosso pai. Mesmo
assim, mamãe sempre nos conta algo.
— Seu pai me levou naquele motel luxuoso na avenida
Paulista e...
— Tchau, mãe. — Jogo-me na piscina e me junto à minha
irmã.
— Vocês são tão bobinhas — debocha mamãe. — Vou ver se
a Gloria terminou de preparar a salada. O almoço já está pronto e
vamos servir aqui fora — avisa antes de se afastar.
Gloria trabalha para os meus pais desde que me entendo por
gente, ela tem quase a mesma idade da minha mãe e se dão tão
bem, que mais parecem irmãs do que patroa e funcionária.

***
Desde que se aposentou, por vontade própria, mamãe tem feito
passeios com amigas da idade dela e sempre que pode arrasta
Gloria consigo.

— Mamãe é uma romântica incurável — comenta Keila após


mais um mergulho. — Eu puxei para ela, gosto de acreditar em
histórias de amor inesperadas. Já você....
— Eu prefiro viver uma história nova a cada viagem. Não
consigo ser romântica a ponto de sonhar com marido e filhos.

Minha irmã sorri e arqueia uma sobrancelha para mim,


sorrindo com tanto desdém, que sinto vontade de dar uns tapas
nela.

— No dia que um homem descobrir o caminho correto para


chegar até seu coração peludo, nós voltaremos a ter essa conversa.
— Abro a boca para protestar, mas ela me interrompe. — Eu sei,
parece que estou fantasiando, mas não é nada disso, Rany. Sei do
que estou falando, você irá me procurar para dizer que está
amando.

Após sair da casa dos meus pais, um pouco depois das


quatro da tarde, volto para o meu apartamento e encontro apenas
um bilhete de Thais, colado na geladeira.

Amiga, saí com um boy que conheci no shopping. Meu


celular resolveu pifar e não teria como te mandar mensagem no
WhatsApp, amanhã vou levá-lo em uma assistência técnica.
Enfim, não se preocupe comigo e aproveite o jantar com o seu
piloto bonitão. Beijos, Thais.
Sorrio com o jeito livre como minha amiga vive sua vida.
Thais tem sido uma ótima companheira, me ajuda a manter o
apartamento sempre limpo e organizado, ajuda com as despesas e
é sempre muito correta com suas responsabilidades.
Verifico a hora em meu celular e me dou conta que tenho
apenas duas horas para ficar pronta. Combinei com Bryan para
sairmos às 20h. Estou estranhando o sumiço dele, nos falamos
apenas pela manhã, assim que acordei, depois não recebi mais
nenhuma mensagem dele. O cara está fazendo suspense e estou
quase roendo as unhas de ansiedade e curiosidade. Na mensagem
ele pediu que eu levasse roupa de calor e uma para o caso de
esfriar, também me orientou a levar biquíni, o que me faz deduzir
que estamos indo para um lugar onde há mar ou piscina.
Após um banho demorado e bem relaxante, envolvida em
meu roupão, sento-me em frente ao espelho e seco meu cabelo,
deixando as ondas soltas. Normalmente mantenho as mechas lisas,
mas hoje quero meu cabelo o mais natural possível. Para sair
escolho um vestido tubinho de cor vinho, com alças finas e um
decote em V. Para os pés escolho uma sandália de salto alto que
me dá uns quatro centímetros a mais. Faço uma maquiagem leve e
escolho um batom vermelho. Estou terminando de borrifar o
perfume quando ouço meu celular tocar na sala.
— Oi, linda, já estou aqui embaixo — avisa Bryan com sua
voz rouca.

— Hum, um homem pontual.


— Eu seria incapaz de deixar uma mulher tão linda
esperando. Venha, querida, estou ansioso aqui embaixo.
Encerramos a chamada e com um sorriso bobo no rosto pego
a pequena mochila que preparei e saio do apartamento. Dentro do
elevador, fico satisfeita com minha imagem refletida no espelho.
Bryan deixou claro que não voltarei para casa hoje, mesmo assim
quis ficar bem linda para o jantar desta noite.

Passo pelo hall do prédio, cumprimento o porteiro da noite e


chego à calçada no mesmo instante em que Bryan sai do carro para
me cumprimentar. Ele está simplesmente maravilhoso, lindo demais
dentro de uma calça de linho cinza, camisa slim azul, os sapatos e o
cinto na cor caqui.
— Uau, garota, você consegue me surpreender a cada
encontro. Está lindíssima, senhorita. — Bryan se aproxima e me
puxa para um abraço.

— Obrigada. Você também está lindo, comandante.

Sem mais delongas ele gruda nossas bocas, no minuto


seguinte estamos nos beijando na calçada, tendo meu porteiro
como testemunha de que a noite promete. Quando ficamos sem ar
nos afastamos, ele pega minha mochila e coloca no banco traseiro.
O veículo já está em movimento quando indago curiosa:

— Para onde estamos indo?


Bryan desvia brevemente o olhar da pista movimentada e
sorri todo faceiro.

— Hoje você terá um passeio diferente, baby. Quero que


conheça um lugar muito especial.

Ele volta a se concentrar no trânsito e seguimos em clima de


suspense até perceber que Bryan está entrando em um aeroporto
particular.

— O que você está aprontando? — Olho desconfiada, ele


sorri enquanto estaciona na vaga.
— Nós vamos voar para o interior de São Paulo — revela
após um breve silêncio. Desliga o motor do carro e aperta minha
coxa, fitando meus olhos de um jeito tão intenso, que sinto cada
parte do meu corpo aquecer com a excitação e expectativa do que
está por vir. — Hoje seremos apenas nos dois, eu serei o seu piloto
e você, minha comissária particular.

— Bryan, você está falando sério?

— Muito sério. Não estava blefando quando disse que quero


passar o máximo de tempo com você. Já foi difícil ficar o dia inteiro
sem conversarmos, mas eu queria fazer suspense. E como amanhã
ainda estaremos de folga, vou passar o dia te adorando e mimando.
Agora vamos, tem um jantar romântico nos aguardando em minha
casa de campo.
Seguimos de mãos dadas até a pista de decolagem, onde um
lindo e sofisticado jatinho particular nos aguarda. Bryan faz questão
de carregar minha mochila e a dele.
— Casa de campo? — especulo, ainda mais curiosa.

— Sim, Rany. Um lugar muito especial para mim, lugar onde


temos o privilégio de respirar ar puro e ficar um tempo no meio da
natureza.

De mãos dadas seguimos, pego-me sorrindo e mordendo o


lábio, ansiosa para chegarmos ao lugar.
— Boa noite, Sr. Davies. — Um homem usando uniforme
social nos recebe. — Boa noite, senhorita. Respondo ao
cumprimento e ele volta sua atenção para o Bryan.

— Boa noite, José, tudo certo por aqui?


— Sim, senhor. A aeronave já foi abastecida, revisada e está
qualificada para levantar voo.

— Ótimo, voltamos amanhã às 17h.

Os dois se despedem, o homem nos deseja boa viagem


antes de sumir do nosso campo de visão. Bryan me guia até o
interior do jatinho e eu fico boquiaberta com toda a elegância e
charme do lugar.
— Nossa, você alugou essa belezinha só para o nosso
passeio?

— Na verdade, o jatinho é da minha família. Usamos para


passeios e viagens particulares, às vezes também alugamos para
alguns empresários da alta sociedade.
— Ah, entendi. — Fico sem saber o que dizer. Nunca fui
ligada em bens materiais, mas eu gostaria de ter um jatinho desses
para mim. Ah, gostaria muito.

— Vem, vou te mostrar a aeronave.

Bryan começa pela sala de reunião, em seguida me


apresenta a sala de jantar com um sofá de couro e uma televisão
4k, depois é a vez da suíte equipada com cama de casal e chuveiro.

— Uau, dá para morar aqui dentro — comento, ele gargalha.


— Estou falando sério, eu viveria aqui tranquilamente.
— Você é uma figura, Raniely. — Sorri negando com a
cabeça, então continua a apresentação. — Este jatinho é um dos
mais rápidos e confortáveis do mundo. Ele comporta até 18
passageiros e quatro membros da tripulação, pode voar mais de 13
mil km sem fazer uma única parada para reabastecer.

— Hum, então podemos ir bem longe sem nos


preocuparmos.
Ele enlaça minha cintura e beija minha testa, depois aproxima
a boca do meu ouvido e sussurra:

— Para onde minha bela morena gostaria de voar?

— Que tal um lugar paradisíaco?

Bryan se afasta e me dá um sorriso tão lindo que chego a


suspirar.

— Hoje o nosso passeio é aqui perto, mas é bom saber dos


seus desejos. Da próxima vez podemos pensar em um lugar mais
distante.

Próxima vez... Ele realmente está fazendo planos contando


comigo?

Com tudo pronto seguimos para a cabine. Observo


atentamente cada etapa necessária para decolagem, fico ainda
mais atenta a todas as informações através do rádio comunicador,
onde é informado dados como: horário local, situações climáticas,
etc. Bryan faz a comunicação com a torre de controle.

— Torre, aguardando autorização para decolagem. — Bryan


se comunica.
— Decolagem autorizada — o funcionário do outro lado libera
o voo.

Por ser um voo noturno não dá para ver nada lá fora, mas o
clima segue gostoso aqui dentro.
— Já falei o quanto você está linda, Rany? — indaga meu
comandante, com um sorrisinho safado.

Tiro meu cinto de segurança, inclino meu corpo até ter minha
boca bem pertinho do ouvido dele só para deixá-lo excitado com a
minha provocação.

— Fiquei linda assim para você, comandante. Esse


vestidinho foi colocado de propósito, porque tudo o que eu imagino
é suas mãos invadindo tudo aqui embaixo, afastando minha
calcinha para o lado até me fazer sentir seus dedos invadindo minha
boceta.

— Porra. — A voz dele soa esganiçada quando solta o


palavrão. — Garota, você não pode falar essas coisas e achar que
ficaremos apenas nesse jogo de excitação. Eu juro que queria fazer
tudo bonitinho esta noite, conforme manda o figurino de cavalheiro e
sua dama. Primeiro seria o jantar, depois a foda. Mas simplesmente
não dá. Não há a menor chance de sairmos da aeronave sem que
eu te foda, duro e com força.

Solto um gemido quando sinto a mão grande e experiente de


Bryan adentrar o meu vestido. Abro mais as pernas e ele toca em
meu sexo por cima do tecido fino da calcinha.

— Essa boceta já está toda meladinha, não é? Você está


louca pra sentar no meu pau, Raniely.
— Oh... sim, Bryan, eu quero muito isso.
BRYAN

Eu já vivi muitas situações diferentes durante o sexo, mas é a


primeira vez que entro nas preliminares enquanto piloto uma
aeronave. Raniely se produziu para me enlouquecer, o vestidinho
colado e o decote fizeram minha imaginação voar alto, quando a vi
sair do prédio onde vive. Sou cavalheiro, mas o tesão que sinto por
ela não me faz pensar em outra coisa que não seja nós dois, nus,
gemendo em cima de uma cama.
— Ah, Rany, eu adoraria que você sentasse no meu colo
neste exato momento. Mas, amor, preciso te levar em segurança,
então vamos tentar nos comportarmos até estarmos em solo —
digo, ofegante e quase gozando na cueca.

Ela geme ainda mais quando faço movimentos circulares em


seu clitóris. A calcinha minúscula está encharcada, estou à beira de
perder o controle. Retiro a mão de sua calcinha e levo o dedo até a
boca.

— Você é um safado, Bryan. Diz que precisamos nos


controlar, mas fica aí me atiçando.

— Quem manda ser gostosa.

Ela ri enquanto se arruma na poltrona. Para acalmar os


ânimos decidimos mudar de assunto e, para que eu possa me
concentrar melhor em meu painel e no voo, falamos de assuntos
aleatórios. Quando comento que faltam apenas uma semana para
encerrarmos nosso voo de treinamento, ficamos alguns segundos
calados.

— E quando será a inseminação na sua barriga de aluguel?


— indaga a morena, quebrando o silêncio.

— Daqui a dois dias. — Rany arregala os olhos, e sorrio com


seu espanto. — O que foi? Por que a cara de assustada?

— Porque eu não sabia que seria tão rápido assim, também


porque pensei que você estaria lá durante a inseminação.

— Na verdade, não é tão rápido. Entre dar entrada com o


pedido, escolha dos detalhes, exames e coleta de material foram
alguns meses até finalmente chegarmos a este momento. Assim
que encerrarmos seu voo de treinamento, vou para os Estados
Unidos. Minha presença não é obrigatória durante o procedimento,
mas quero estar lá quando sair o resultado.
De repente Rany solta um longo suspiro e me dá um sorriso
encantador.

— Você será um pai incrível. Promete que vai me contar


quando tiver o resultado?

— Sério mesmo que você quer saber?

— Sim, ficaria feliz em poder comemorar com você. Promete


que vai me contar?
— Prometo, minha linda. — Toco a ponta do nariz dela. —
Você será a segunda pessoa a saber.

A primeira será minha mãe, a mulher que não aceitava minha


decisão no início, mas que agora está ansiosa para ser vovó.

E assim, num clima gostoso entre risos e conversas,


chegamos ao nosso destino. Faço todo o procedimento necessário
para um pouso seguro, desligo o painel e tiramos o cinto de
segurança. Deixo a luz da cabina apagada, quando me viro para a
mulher linda ao meu lado.

— Vem aqui, baby. — Puxo Raniely para o meu colo, porque


agora eu posso dedicar minha atenção apenas para ela.

E ela vem, toda entregue e tão excitada quanto eu. O jeito


como Raniely geme em meus braços é de enlouquecer qualquer
homem. Nossas línguas estão em sintonia, nossos corpos anseiam
por um contato mais íntimo. E sem pensar muito, meto a mão entre
as pernas dela e afasto a calcinha para o lado.
— Caralho — gemo, enlouquecido. — Você está do jeito que
eu gosto.

— Oh... sim, Bryan.

— Levanta um pouquinho — peço, e assim ela o faz.


Desesperado abro o cinto e o zíper da minha calça. Meu pau surge,
duro cheio de veias grossas. — Agora sente nele, Rany — ordeno,
segurando em sua cintura e praticamente forçando seu corpo para
baixo.

Sinto quando a glande toca a fenda que separa os grandes


lábios, neste momento me obrigo a fechar os olhos para não perder
a cabeça de vez. Rany se esfrega no meu colo, mas não senta de
imediato.

— Rany, você está me matando. Sente, baby.


— Claro, comandante. Estou louca para me perder nesse seu
pau maravilhoso — sussurra, ofegante.
Ela dá uma rebolada em meu colo que me deixa sem fôlego.
Afundo meu rosto na curva do seu pescoço e deixo um chupão ali
antes de ir até seu ouvido e mandar baixinho:
— Isso, minha delícia, senta nele e rebola bem gostoso, vai.
Ela atende o meu pedido e nos perdemos na explosão de
sensação, na delícia que é a conexão dos nossos corpos. Estou
quente, meu corpo está em chamas. Raniely está me deixando
louco com suas carícias e sussurros. Essa mulher tem o poder de
me deixar completamente vidrado nela, estou tão entregue à paixão
e ao que está rolando entre nós, que tenho medo de irmos longe
demais. O lance é apenas sexo sem compromisso, mas a verdade é
que eu acho que me apaixonei pela morena.

— Bryan... ai que delícia — sussurra, totalmente entregue.


— Sim, amor, é uma delícia estar assim com você. — Ela
solta um gritinho quando dou um tapa em sua bunda. — Isso, Rany.
Porra, garota, me fode. Cavalga meu pau e me leva com você para
outra dimensão.

— Oh! — geme cada vez mais alto.

— Gostosa do caralho. — Dou mais um tapa na bunda


durinha e ela morde meu ombro.
O sexo fica ainda mais intenso, estamos suados, ofegantes e
totalmente entregues à química e ao tesão. A cabine do jatinho está
escura, nossos gemidos é o único som dentro do pequeno
ambiente.
Agarro um punhado do cabelo dela e tomo sua boca,
chupando sua língua e engolindo seus gemidos sensuais. Quando
ficamos sem fôlego, deslizo meus lábios pelo pescoço cheiroso da
morena, agarro um dos seios, em seguida o tomo em minha boca,
mamando feito um esfomeado.

— Bryan... ah...
Rany fica louca quando brinco com o mamilo intumescido.
Dou uma mordidinha de leve, depois chupo com força. A sensação
gostosa de ter meu pau todo enterrado dentro dela faz com que meu
corpo inteiro fique em chamas.
— Porra, Rany. — Agarro a cintura dela, imobilizando seu
quadril. — Devagar, amor, vá devagar, eu não quero gozar agora. —
Gentilmente a tiro do meu colo. — Apoie as duas mãos na sua
poltrona e empine essa bunda gostosa pra mim.
— Nós vamos acabar quebrando o painel e tudo aqui dentro,
Bryan — adverte ao ver o aperto onde estamos.
— Que se foda. Deixa quebrar o caralho do jato, agora tudo o
que eu quero é ter você de quatro, bem empinada para mim.

Ela ri e faz menção de tirar a calcinha, mas a interrompo.

— Continue com ela, baby, quero te comer assim, usando


essa maldita calcinha minúscula.
Ela sorri e faz o que peço, empinando a bunda e me
deixando louco. Apalpo e aperto a carne dura de sua bunda antes
de dar um tapa estralado nela. Minha garota geme meu nome e não
lhe dou tempo de falar nada, pincelo a cabeça do meu pau em sua
entrada e meto logo em seguida. Ambos gememos alto.
— Oh... caralho, Rany. Como você é gostosa, amor.

Meto com força, cada vez mais rápido. Estamos envolvidos


demais, é como se o mundo inteiro tivesse deixado de existir. Este é
o nosso momento. Só existe Raniely e Bryan. Acelero as investidas
e mesmo com tão pouco espaço consigo meter bem fundo, dando-
nos um prazer surreal. Rany grita, segundos anos de gozar,
chamando meu nome o mais alto que consegue. Meu pau fica ainda
mais apertado dentro dela quando os espasmos de sua boceta me
sugam para dentro, com mais duas estocadas me deixo ir, gozando
forte e intenso dentro dela.
— Ah... porra, que delícia, Rany. — Tento controlar os
espasmos. — Que foda gostosa, amor.

Ficamos parados na mesma posição, respiração ofegante,


coração acelerado e o cheiro de sexo pairando no ar. Raniely apoia
a cabeça no meu ombro e ficamos abraçados, sentindo o calor e o
bater do coração de ambos. E quando a adrenalina e a afobação
vão se esvaindo a razão vem com tudo em minha mente.

— Linda, nós não usamos proteção. — Pela forma assustada


como ela me olha percebo que também não havia se dado conta
disso. — Eu... Rany, me desculpe, fiquei tão dominado pelo tesão
que...

— Ei, você não precisa pedir desculpas, nós dois erramos ao


esquecer a proteção. — Força um sorriso. — Agora já foi, mas eu
posso tomar uma pílula do dia seguinte.

— Você não faz uso de anticoncepcional?

— Não. Mas estou limpa, fiz todos os exames recentemente


para entrar na aviação. Acredito que você também esteja limpo, não
entendo muito sobre inseminação artificial, mas acho que uma das
regras é fazer exames antes de realizar o procedimento. Estou
certa?

— Sim, minha linda. Você está certíssima e, sim, estou limpo.


Quando chegarmos à minha casa vou ligar para a farmácia mais
próxima e pedir que nos tragam a pílula.

***
Após nos recompormos, deixamos o jatinho no heliponto e
seguimos de mãos dadas até a entrada da casa de campo, onde o
caseiro e sua esposa já nos aguardam. O casal informa que está
tudo pronto conforme solicitei hoje mais cedo, em seguida seguem
para a edícula, a alguns metros da casa grande. Ao entrarmos na
propriedade, deixo nossos pertences em cima do sofá e guio
Raniely até a sala de jantar.

— Uau, que lindo — elogia a morena, boquiaberta com o


clima romântico que foi preparado para nós.

— Um jantar à luz de velas para a minha morena, a mulher


mais linda que já tive o privilégio de ter em meus braços —
sussurro, trazendo seu corpo para junto do meu.

— Hum, você é bem galanteador. Desse jeito vou acabar me


apaixonando. — Ela entrelaça meu pescoço e nossos olhares se
cruzam.

— Não seria ruim se você se apaixonasse por mim —


murmuro sem me importar de estar indo rápido demais. — Querida,
eu sei que pode parecer assustador o que irei revelar, mas a
verdade é que já estou completamente apaixonado por você.

Rany congela o olhar no meu, sei que a peguei de surpresa


com minhas palavras. Mas já não consigo esconder algo que vem
me consumindo em uma velocidade impressionante. Eu me
apaixonei pela comissária e nem havia me dado conta disso, até o
dia de hoje, quando passei horas olhando para o relógio e contando
os segundos para chegar à noite e poder tê-la comigo.
Que porra, Bryan. Você está muito ferrado. Minha mente grita
para mim.

— Você está brincando comigo, não é? — indaga um pouco


ofegante.

Seus olhos estão focados nos meus, seus lábios tremem e


consigo sentir as batidas aceleradas de seu coração junto ao meu
peito.

— Não brinco com coisa séria, baby. — Os olhos da morena


dobram de tamanho e acabo sorrindo de seu nervosismo. — Ei,
calma, estou apaixonado e disposto a viver esta paixão louca e
avassaladora com você, isso não vai atrapalhar nossas vidas e
podemos nos curtir sem preocupação. Não estou te pedindo em
casamento, Rany.

— Promete que será apenas paixão? Que vamos curtir sem


nos apegar?

— Qual é o seu medo, Raniely? — inquiro sem desfazer o


contato visual. De repente ela parece uma menina assustada. —
Você sofreu alguma desilusão, não foi?

— Não, nada disso. Mas não quero misturar as coisas, quero


manter essa sintonia gostosa com você e quem sabe até
mantermos uma amizade bacana.

— O que nos impede de sermos amigos, mesmo depois que


o nosso lance acabar?

— Nada nos impede, mas temos que ter cautela para não
estragar as coisas. — Ela me dá uma piscadela e toca meu peito,
fazendo o mesmo com o dela. — Apenas prometa que não vamos
ultrapassar o limite dos nossos corações, Bryan.

Fito seus olhos por um tempo e então suspiro antes de sorri


timidamente.
— Prometo, linda. — Beijo o topo da cabeça dela, fazendo
uma promessa que não tenho certeza se serei capaz de cumprir. —
Vem, vamos jantar e depois eu ligo para a farmácia. Tudo bem?

— Bryan, estamos cheirando a sexo — pontua. — Não seria


melhor tomarmos um banho antes do jantar?

— Baby, quando estamos juntos o nosso melhor cheiro é o


do sexo gostoso que fazemos. Ainda pretendo te deixar cheirando a
sexo por pelo menos mais umas cinco vezes, antes de tomarmos
banho. — Ela abre a boca fingindo surpresa, mas sei que está tão
ansiosa quanto eu. — Vem, vamos nos sentar.

Ela sorri lindamente e assente, deixando-me guiá-la até a


mesa de jantar. O tempo fecha de uma hora para a outra e após um
trovão, raios clareiam tudo lá fora anunciando a chegada de uma
tempestade.
— Meu Deus, parece até que o mundo está desabando —
comenta Rany, tentando disfarçar o nervosismo.

— Tem medo de raios e trovões, senhorita? — sussurro perto


do ouvido dela. — Não se preocupe, eu vou cuidar de você.

Afasto-me para sentar na cadeira do outro lado da mesa,


ficando de frente para ela. Rany estreita os olhos e sorri de canto.
— Não tenho medo de raios e trovões, mas hoje está um
pouco exagerado. Você precisa concordar comigo.

E ela está certa, parece até que estamos diante de um


dilúvio. Apenas assinto com a cabeça e dou início ao nosso jantar.
RANIELY

Abro os olhos lentamente e a primeira coisa que vejo são as


árvores e muito verde do lado de fora. A suíte onde passamos a
noite é equipada com uma cama de casal, closet, televisão e
paredes decoradas. Uma das paredes é toda de vidro e, como
esquecemos de fechar as cortinas, agora tenho o privilégio de
acordar com a imagem da natureza em uma manhã chuvosa.

Olho para o lado e sorrio com a imagem de Bryan dormindo


tranquilamente. Ele está de bruços, totalmente nu, apenas um lençol
cobrindo o bumbum durinho. Mordo o lábio controlando a vontade
de morder cada pedacinho dele até deixá-lo louco de tesão. Nossa
noite foi quente, regada a muito sexo e promessas de um
envolvimento por mais tempo. Como vou tomar a pílula optamos por
transar sem proteção e foi gostoso demais senti-lo sem nada entre
nós, pele com pele.
Não conseguimos comprar a pílula ontem, pois o atendente
da farmácia nos informou que não teria como fazer a entrega devido
a uma árvore caída na estrada. O homem nos garantiu que não
haveria problemas se eu não tomasse logo de imediato, no entanto,
preciso tomar em até 72 duas horas após a relação desprotegida.
Por isso combinamos de tomarmos café ao acordarmos e logo em
seguida irmos até a farmácia para comprar o medicamento.
Bryan está dormindo tão gostoso que não tenho coragem de
acordá-lo. Deslizo o corpo e saio da cama muito lentamente, sigo na
ponta do pé até o banheiro grande e luxuoso. Como estou apenas
de calcinha não demoro até estar totalmente nua. Faço xixi, pois
estava apertada, em seguida vou direto para o chuveiro. A água
quentinha saindo em jatos fortes é como massagem para o meu
corpo, passo sabonete e fecho os olhos para relaxar. Lembranças
da noite maravilhosa que tive ao lado do meu piloto gato vem com
tudo à minha mente e fico excitada novamente.

— Bom dia, morena. — Dou um pulo com o susto, mas


permaneço de olhos fechados aguardando a aproximação do dono
da voz rouca dentro do banheiro.

Bryan abre o boxe e entra embaixo do chuveiro comigo, seus


braços fortes me envolvem em um abraço gostoso, gemo baixinho
quando ele dá uma mordidinha no lóbulo da minha orelha.

— Bom dia, comandante. É tão gostoso começar o dia assim,


envolvida em seus braços.

Ele sorri com a boca bem pertinho do meu ouvido e sussurra,


malicioso:

— Você me deixa louco. — Ele pega minha mão e leva até o


membro ereto e cheio de veias. — Veja como você me deixa, baby.
Meu pau já está pronto para você, estou babando de desejo pela
sua boceta quente e apertada.

Gemo quando ele fecha a mão em um dos meus seios e a


outra desce até o meio das minhas pernas, acariciando meu clitóris
em um vai e vem delicioso. Debaixo do chuveiro o tesão toma conta
de nós e em um movimento rápido, ajoelho-me diante dele, fecho a
mão em volta de seu comprimento grosso e procuro seu olhar.

— Adoro um leitinho quente em uma manhã chuvosa.

Bryan solta um gemido alto e rouco quando tomo seu pau,


levando-o até o fundo da minha garganta. Ele agarra meu cabelo e
chama meu nome enquanto capricho no boquete, proporcionando
prazer para nós dois.

— Caralho, baby — Bryan segura minha cabeça e fode


minha boca sem dó. — Essa boquinha gulosa me deixa louco, veja
como meu pau se encaixa perfeitamente dentro dela, Rany.

Massageio as bolas dele enquanto mamo gostoso no pau


grosso e cheio de veias salientes. O homem fica louco, puxando
meu cabelo e metendo cada vez mais rápido. Sinto quando ele fica
ainda mais rígido e sou alertada por uma voz rouca e trêmula.
— Rany, eu vou gozar, amor. Posso gozar na sua boquinha
linda, posso? — Busco seu olhar e assinto. Ele morde o lábio com
tanta força que o local fica branco. Em seguida, Bryan para com as
investidas, o pau bem no fundo da minha garganta e jatos grossos e
quentes são despejados dentro da minha boca.

— Oh... ah, porra. Porra, Rany. Ai, amor, que delícia — geme
quase sem fôlego. Quando já não há mais nada para sair, levanto-
me limpando os cantos da boca e sou surpreendida quando ele se
abaixa diante de mim, joga uma das minhas pernas sobre o ombro e
passa a língua em meu sexo, fitando meus olhos e murmurando:

— Agora é a minha vez de beber o seu prazer, minha morena


deliciosa. Vem, goza bem gostoso na minha boca.
Então sou levada para outra dimensão quando a língua
experiente explora meus pontos mais sensíveis, fazendo-me gozar
tão forte e intenso que quase não consigo sentir as pernas.

— Esse lugar transmite uma paz tão boa — comento,


sentindo realmente uma paz que há muito tempo não sentia.

Não é que minha vida seja um caos, longe disso. Mas há


algum tempo venho me dedicando tanto aos estudos e ao sonho de
me tornar aeromoça, que já não me lembro qual foi a última vez que
tive tempo para ficar assim de bobeira.
Estamos na varanda, deitados de conchinha em uma poltrona
gigante e confortável. A casa de campo é o paraíso, tudo é tão lindo
que não tenho vontade de voltar para casa. Ontem, após o jantar
romântico e mais três rodadas de sexo, ficamos conversando até
tarde, até adormecermos exaustos. Hoje pela manhã tomamos um
café caprichado com frutas, pão integral, frios, café e leite tirado
direto da vaca, tudo preparado pela esposa do caseiro. A estrada
que dá acesso ao centro da pequena cidade continua interditada, foi
preciso pedir ao caseiro que tentasse ir de moto buscar o remédio.
O homem também não conseguiu passar e para não surtar fiquei
um tempo fazendo cálculos e recorrendo ao método da tabelinha.
De acordo com os cálculos ovulei semana passada, e hoje não há
perigo.
É claro que não confio muito nessas coisas, mas que escolha
eu tenho por ora? Agora ficarei pilhada até a minha próxima
menstruação. Deus me ajude que seja apenas um susto.

— Faz cinco anos que comprei esta casa — comenta Bryan,


tirando-me dos devaneios. — Meus pais sempre vêm aqui quando
estão no Brasil. Minha avó ama tanto que se pudesse viveria aqui.
Então, sim, nossa casa de campo é um lugar de muita paz.
Os olhos dele brilham ao falar de suas conquistas e da
família. O homem é encantador, não apenas pela beleza física, mas
também por sua beleza interior. Nascido em berço de ouro, mantém
uma postura simples. De repente o tempo fecha novamente e uma
chuva grossa começa a cair, molhando as plantas e deixando o
cheiro gostoso de terra molhada.

Viro-me de frente para o Bryan e me aninho ainda mais em


seus braços. Fito seus lindos olhos e ele me dá uma piscadela.
— Você ainda está com medo de uma possível gravidez, não
é? — indaga após o meu silêncio. — Apenas assinto. — Fique
tranquila, vai dar tudo certo. Mas se acontecer, eu estarei do seu
lado para...
— Não — sou categórica. — Deus me livre. — Ele fica tenso,
e eu decido esclarecer: — Eu até penso na possibilidade de ser
mãe, mas isso é pensamento para um futuro distante.

— Eu te entendo, linda. Fique tranquila, se sua tabelinha


estiver certa nada vai acontecer. Apenas eu serei pai. — Rimos da
empolgação dele com a chegada do futuro filho. — Sabe, Rany. Eu
sei que o temos é apenas sexo casual, mas eu gostaria de te fazer
uma proposta.

Arqueio uma sobrancelha, olhando-o com curiosidade.


— Uma proposta?

— Sim. — Com a ponta dos dedos ele toca meus lábios. Em


seguida fixa o olhar no meu. — Estou vidrado em você, morena.
Gostaria muito de continuar te vendo depois que encerrarmos seus
voos de treinamento.

Fico um tempo sem reação, porque o susto me paralisa. Por


essa eu não esperava, mesmo que tenha sonhado com isso nas
últimas semanas. Bryan continua me encarando aguardando uma
resposta. Solto um longo suspiro e decido ser sincera.
— Confesso que estou um pouco surpresa, mas também
estou muito tentada a aceitar. — Ele sorri, exibindo as covinhas
lindas em sua bochecha. Solto um gritinho quando Bryan morde o
meu queixo.

— Não passe vontade, amor. Por que ficar longe quando, na


verdade, nós dois sabemos o que queremos? O que me diz?
— Você é um convencido.
— Apenas diga sim, baby.

Ele toma minha boca em um beijo delicado, que aos poucos


vai ficando mais ousado. Nossas línguas em uma dança
sincronizada e nossos corações acelerados. Bryan agarra minha
cintura e muda nossas posições, colocando-me sentada em seu
colo. Gemo quando sinto a ereção dura feito rocha embaixo de mim.

O amasso fica ainda mais quente, já estou completamente


molhada. Ouço o estrondo alto que vem do céu, seguida da chuva
forte que molha tudo do lado de fora. Aninho-me ainda mais nos
braços de Bryan e em uma fração de segundos estamos
completamente nus, nos curtindo e aproveitando cada segundo
neste paraíso.

— Isso, assim — sussurra, mexendo o lóbulo da minha


orelha. — Rebola, Rany, me faz enlouquecer.

Voltamos a nos beijar, nossas línguas duelando em uma


dança sensual, aumentando ainda mais o desejo e a vontade de
gozar. Quico com vontade, sentindo a cabeça robusta do pau dele
chegando até o fundo. Bryan agarra meus seios, levando um deles
até a boca e chupando com força.

— Gostosa — murmura, em seguida levanta comigo em seu


colo. — Vamos para a sala, quero você de quatro no sofá, com essa
bunda bem empinada para mim.
BRYAN

Eu amo Nova York, principalmente nesta época do ano.


Estamos na primavera, e o clima está agradável. Estou na cidade há
quase três semanas e hoje acordei bem cedo, pois sairá o resultado
do exame de gravidez. Hoje também irei conhecer a moça que
contratamos para ser a barriga de aluguel. Um dos motivos que me
levaram a escolher esta clínica foi a possibilidade de conhecer a
mulher. Em alguns locais isso não é possível, e como essa era uma
das minhas exigências, fechei contrato sem pestanejar. Estou de
férias, mas optei por conhecer a mulher que gestará meu filho
apenas no dia do resultado do exame. Não manterei contato com
ela durante a gestação, a clínica ficará encarregada de me manter
atualizado sobre cada passo do pré-natal. Mas por algum motivo
bobo quero ver a mulher ao menos uma vez.
Semana que vem volto para o Brasil, onde aproveitarei o
finalzinho das férias. Todo este tempo nos Estados Unidos não foi o
suficiente para tirar Raniely da minha cabeça, eu sonho e desejo
aquela morena todos os dias. Nós nos falamos todos os dias via
WhatsApp e até mesmo por Skype, é gostoso fazer sexo por
telefone ou videochamada, mas, porra, pessoalmente é mil vezes
melhor. Não exigimos exclusividade, no entanto, Rany disse que
não está interessada em ninguém, e que está aguardando minha
volta para continuarmos de onde paramos. Confesso que também
não me sinto atraído por outras mulheres, mas, semana passada,
ao sair para rever uns amigos, fomos a uma balada e quase acabei
ficando com duas garotas que passaram boa parte da noite dando
em cima de mim. Foi estranho perceber que não era elas quem eu
queria na minha cama, e isso só me deu mais certeza de que estou
insanamente apaixonado pela comissária mais linda que já vi. Assim
que voltar para o Brasil preciso jogar limpo com a morena e propor
algo mais sério. O não eu já tenho, agora vou correr atrás do sim.
— Será que deu tudo certo? — Encaro a mulher sentada ao
meu lado no banco traseiro da SUV preta.
Estamos a caminho da clínica, enquanto o motorista da
minha mãe dirige pelas ruas de Nova York, sendo seguido por dois
seguranças do meu pai em um sedan preto de vidros escuros,
aproveitamos para falar sobre meus avós. O assunto não se
prolonga, pois, minha mãe não está muito interessada em assuntos
do Brasil, dona Talita está mais ansiosa e interessada em falar da
chegada do futuro neto.
— Para quem achava minha ideia um absurdo, a senhora
está até muito empolgada, não acha?
— Ah, meu bem, eu já até imagino meu netinho ou netinha
correndo por aí, me chamando de vovó. — Rio do entusiasmo dela.
— Não me impeça de sonhar. Eu realmente achava um absurdo,
mas agora durmo e acordo pensando no momento em que terei
meu pacotinho nos braços.

— Mãe, a senhora vai ser a avó mais babona de todas.

— Não tenha dúvidas disso, meu amor. — Ela toca meu rosto
com carinho. — Tenho muito orgulho do homem que você se tornou,
sempre muito responsável, educado e respeitador. Eu te amo tanto,
Bryan.

Puxo minha mãe para um abraço, aconchegando-a em meu


peito.
— Eu te amo mais. Obrigado por tudo, mãe, obrigado por
sempre estar ao meu lado quando preciso.

Seguimos em um clima agradável até chegarmos à clínica,


onde todos já nos aguardavam. A médica faz uma breve
apresentação e fico satisfeito com a competência deles ao encontrar
a mulher com todas as características exigidas por mim. Troco
algumas palavras em inglês com a jovem, em seguida nos
sentamos em volta de uma mesa redonda. A doutora não faz rodeio,
abre a pasta com alguns papéis e me entrega um deles.
— Parabéns, em breve o senhor será pai. — A médica me
estende o resultado, exibindo um sorriso gigantesco nos lábios.

Leio com atenção e meu coração erra uma batida com a


certeza de que agora é real. Eu serei pai. Minha mãe se emociona e
nós nos abraçamos.
— O senhor sabe como serão as coisas daqui para frente,
mas gostaria de reforçar algumas informações. — A mulher faz uma
pausa antes de voltar a falar. — A clínica acompanhará todo o pré-
natal, bem como o parto. Havendo qualquer problema, seja com a
gestante ou com o bebê, o senhor será comunicado imediatamente.
Em caso de aborto espontâneo os valores referentes aos primeiros
meses de gravidez ficarão para o tratamento e recuperação da
mulher. Havendo aborto podemos repetir o procedimento com a
mesma barriga após 90 dias, no entanto, o senhor também poderá
optar por outra barriga de aluguel. Ao final da gestação será
efetuado o pagamento do restante dos valores e duas horas após o
nascimento do bebê o senhor poderá registrá-lo e levá-lo para casa
ao receber alta pediátrica.
Ela continua explicando e lendo as pautas, que eu já havia
lido antes de assinar o contrato, mas acho importante reforçar as
informações e por isso ouço tudo com atenção.

— A senhora está um pouco calada, está tudo bem? —


pergunto a minha mãe enquanto fazemos o caminho de volta para
casa.
Ela me dá um sorriso fraco, mas responde com sinceridade:
— Eu sempre vou te apoiar em tudo, meu filho. No entanto,
não vou mentir e dizer que já me acostumei totalmente com a ideia
do meu netinho ser gerado desta forma, e não estou te recriminando
nem nada do tipo. Apenas não sou tão moderna ainda.
Balanço a cabeça rindo do jeito como ela busca as palavras,
pensando em não me magoar. Minha mãe, definitivamente, é minha
melhor amiga.
— Mãe, não se preocupe com isso. Eu sei que é um pouco
complicado para a senhora compreender. Mas sou muito feliz por
saber que mesmo não sendo algo do seu agrado, tenho todo seu
apoio.
Ela me puxa para seus braços e eu me aninho em seu
abraço quente e confortável.

— Eu já compreendi, meu amor. Não ligue para essa sua


mãe boba, apenas curta esse momento tão especial. Eu estou feliz,
e muito ansiosa para ser vovó.

— E eu não vejo a hora de ter meu filho nos braços.


— Ele ou ela será tão lindo quanto você. — Mamãe desfaz
nosso abraço e conversa com o motorista. — Heron, você também
já é avô?

O homem que até então estava calado e concentrado no


trânsito de Nova York, dá uma olhada rápida para trás e com um
sorriso gigante nos lábios responde, empolgado:
— Minha filha acabou de ficar noiva, e já falei que quero um
neto logo. O coitado do meu genro me mostrou um sorriso amarelo
e prometeu que não vão demorar.
— Nossa, mas diante de uma convocação assim eu acho que
ele ficou foi com medo.

— Que nada. Eles são loucos por crianças, e sabem que eu


estava brincando. Mas acho que não vai demorar, dá para ver que
eles sonham com isso.
— Que bom, Heron. Agora, preciso que você me deixe na
mansão dos Robinsons, quero contar a novidade para a minha
amiga Elizabeth.
— Claro.

— Heron, pode me deixar na próxima esquina, vou dar uma


volta no Central Park, depois vou andando para casa — peço e o
homem assente.
— Não quer ir comigo, filho?

— Me desculpe, mãe, mas eu realmente gostaria de dar uma


volta sozinho. Também quero aproveitar para fazer umas ligações
para o Brasil. Quero contar a novidade para os meus avós.

— E para a moça que vem te arrancando suspiros também,


não é?

Estreito os olhos e sorrio de canto.

— Mesmo morando tão longe a senhora sabe todos os meus


passos, não é? O que foi que a vovó te contou?

— Que você tem saído nas suas folgas, e que te pegou


suspirando pelos cantos. Qual é o nome dela, filho?
O motorista para próximo à entrada do parque e dou uma
piscadela para a minha mãe.
— Raniely. A mulher mais bela que meus olhos já viram, uma
brasileira linda.

Antes que ela consiga dizer algo, salto para fora do carro.
Mas minha mãe é mais rápida e coloca a cabeça para fora da
janela.

— Essa conversa não termina aqui, mocinho. Em outro


momento quero saber tudo sobre essa moça que roubou o coração
do meu garotinho.

Sigo a passos largos em direção ao parque, sendo seguido


por um dos seguranças que saltou do carro e agora me acompanha
de um jeito discreto e totalmente profissional. No Brasil, também
tenho seguranças à minha disposição, mas raramente uso o serviço
deles. Os dois armários que meu pai deixou ao nosso dispor ficam
em tempo integral, revezando entre eles a segurança dos meus
avós e da minha priminha. Mesmo vivendo uma vida de luxo, saio
sozinho. Claro que tomo algumas medidas de segurança. Meu carro
é blindado, não exponho minha vida em redes sociais e costumo me
manter no anonimato, vivendo minha vida da forma mais discreta
possível. No entanto, se me sinto em perigo basta uma ligação e em
questão de minutos eles estão ao meu lado. Meu carro e minha
moto possuem rastreador, assim os homens sempre sabem de
todos os meus passos.

Ignorando o fato de ser observado pelo segurança da minha


mãe, ando algumas quadras e encontro um banco mais reservado,
localizado entre duas árvores. Ao fundo, vejo crianças correndo e
brincando com alguns cachorrinhos, sendo monitoradas por seus
pais ou babá. Meu coração acelera só de saber que muito em breve
serei eu passeando com meu filho, ou filha.

Com um suspiro bobo saco meu celular do bolso da calça


jeans e ligo para Raniely. Sorrio ainda mais quando ela atende no
primeiro toque.
— Consegui, Rany. Porra, eu consegui — vou logo falando
tão logo ela diz alô. — O procedimento foi um sucesso e meu filho já
está sendo gerado.

Afasto o celular do rosto quando Rany grita eufórica do outro


lado, demonstrando tanto entusiasmo quanto eu. É incrível a nossa
sintonia, a forma como ela comemora comigo as minhas conquistas.
Em tão pouco tempo ficamos íntimos e cúmplices, compartilhando
nossa rotina. Ela me conta tudo o que acontece em suas viagens, e
como estão sendo meus dias.

— Que notícia linda, Bryan. Estou tão feliz por você.

— Obrigado por todo esse carinho comigo, baby.

— Não tem que agradecer, eu gosto muito de você, meu


comandante safado.

— Safado, é? E a gatinha está com saudades das minhas


safadezas?

Ela suspira do outro lado

— Muito.

— Como está sua escala para a semana que vem?


— Tenho folga no próximo final de semana.
— Perfeito. Estou pensando em te sequestrar para algum
lugar distante, matar toda a saudade e comemorar a chegada do
meu bebê.

— Hum, acho que vou gostar de ser sequestrada.


— Safada. — Mordo o lábio, sentindo a excitação chegar com
tudo.

A química entre nós é tão intensa que sempre nos excitamos


em meio à qualquer conversa.

— Sério, Bryan, estou muito feliz por você.


— Eu sei, consigo sentir sua empolgação daqui — faço um
breve silêncio, o coração acelerado por ela. — Muito obrigado,
morena. Agora me conte, como foi seu dia?

E então me perco no relato dela, sentindo inveja dos nossos


colegas de trabalho por terem a oportunidade de estar com ela
todos os dias, enquanto eu estou aqui cheio de saudades. Porra,
estou muito apaixonado por essa mulher.
RANIELY

Após um dia puxado de voos, saio do aeroporto e dirijo pela


via expressa ouvindo minha playlist favorita. O sertanejo comendo
solto e o pensamento voando alto, indo direto para o meu
comandante gostoso.

Bryan está impregnado na minha mente de um jeito tão


profundo que chega a ser assustador. Não quero misturar as coisas,
ainda mais do que já estão misturadas. Sei que não devo me
apaixonar, porque vivemos em mundos totalmente opostos, e isso
nunca termina bem. Ele tem sonhos totalmente diferentes dos meus,
e agora que, enfim, conseguiu conquistar o sonho de ser pai, não
quero atrapalhar seus planos com o bebê.
No entanto, quanto mais eu tento me convencer de que é
apenas sexo e que logo estaremos seguindo rumos diferentes, mais
me apego a ele. Talvez seja o período em que estou, minha
menstruação dará as caras entre hoje, no máximo, até amanhã. Sou
um reloginho e sei que de amanhã não passa. Às vezes fico um
pouco emotiva neste período do mês. Meu corpo já está dando
sinais da chegada dela, estou inchada, seios superdoloridos, este
mês está mais dolorido que o normal. Mas o que tem chamado
minha atenção é o gosto amargo na boca, há alguns dias tenho
acordado com a boca amarga demais. As cólicas, no entanto, estão
mais discretas. Tá tudo esquisito, mas o importante é que a bendita
está vindo com força total.

Depois do deslize que Bryan e eu cometemos na casa de


campo, da falta de pílula do dia seguinte, confiando apenas no
método mais retrô que já existiu entre as mulheres, fiz até
promessa, jurando a mim mesma que nunca mais deixo o desejo
falar mais alto. Sexo sem camisinha e sem uso de anticoncepcional
é uma cilada das grandes. Se escapar dessa nunca mais monto em
um homem desprevenida.

Chego ao edifício onde moro e após estacionar o carro na


vaga, caminho até o elevador. No momento em que as portas se
abrem, dou de cara com minha vizinha. Afasto-me dando espaço
para dona Elsa sair, e é neste momento que meu estômago
embrulha, a náusea vem com tudo e fico pálida feito um papel.
— Você está bem, Rany? — pergunta a mulher, solidária.
Dona Elsa é uma das moradoras da mesma torre que eu, nós nos
conhecemos em uma reunião de condomínio e logo simpatizamos.
Ela tem mais ou menos a idade da minha mãe, e é um amor de
pessoa.

— Sim, estou bem, dona Elsa.


— Você ficou pálida — analisa-me, preocupada.

— Ah, é que estou muitas horas sem me alimentar — minto,


pois não posso simplesmente dizer que é o perfume dela que está
me causando náuseas.

A mulher tenta puxar assunto, mas invento uma desculpa


qualquer e me despeço entrando no elevador o mais rápido
possível. Quando as portas se fecham, sou obrigada a fechar os
olhos e apertar o nariz para tentar abafar o cheiro forte do perfume
doce que ainda está no ambiente apertado.

— Meu Deus — lamento em um clamor desesperado, quando


finalmente chego ao meu andar. Fico parada por alguns segundos
diante da minha porta, aguardando o mal-estar passar.

Respiro pausadamente, soltando o ar, e aos poucos vou me


sentindo melhor. Abro a porta e percebo que Thais já está no
apartamento, pois praticamente todas as luzes estão acesas e o
celular dela está em cima do sofá. Deixo minha mala na sala e vou
ao quarto dela.
— Oi, gatinha — cumprimenta minha amiga assim que chego
à sua porta. — Nossa, Rany, você está com uma aparência horrível,
amiga. Está passando mal?
Ando até a cama dela e deixo meu corpo tombar em seu
colchão macio.
— Amiga, está acontecendo alguma coisa comigo. Acho que
estou doente.

— Por que, o que você está sentindo?

Faço um resumo de todos os meus sintomas e conto sobre


meu encontro com a nossa vizinha.

— Caramba, Rany. Deve ser uma virose. Não acha melhor ir


ao médico?
— Não acho que seja necessário. Logo vou menstruar e isso
passa. Com certeza é por causa da TPM.

Minha amiga dá de ombros


— Bom, sendo assim, fico mais tranquila. — Observo-a pegar
um vestido tubinho no guarda-roupas.

— Vai sair?
— O Dan me convidou para ir a um barzinho que inaugurou
na avenida Paulista. Vamos?
— Não estou muito legal para sair. Além disso, não quero
servir de vela para vocês.
— Sabe que eu não me importo com isso, não é.

— Eu sei, sua boba, mas realmente estou a fim de ficar em


casa.

— Tudo bem. Mas você vai me prometer que irá me ligar se


precisar de algo.
— Eu prometo.

Ela sorri
— E quando o seu comandante gato volta?

— Depois de amanhã. — Mordo o lábio com a ansiedade de


ver o Bryan novamente.

— Hum, olha ela, toda apaixonadinha — debocha minha


amiga, e jogo um travesseiro nela.
— Deixe de ser boba, estou apenas curtindo alguns
momentos com o boy. Por isso sinto falta dele.

— Certo. — Olha-me desconfiada, um sorrisinho debochado


nos lábios. — Sua cara não nega que está apaixonada, Rany, mas
você ainda não está preparada para esta conversa.
Ela me deixa atordoada no quarto e segue cantarolando para
o banheiro. Rio negando com a cabeça e decido ignorar o
comentário da minha amiga. Volto para a sala em busca da minha
mala e antes de entrar no meu quarto, ouço minha amiga.

— Ah, Rany, não se esqueça de que amanhã vamos


comemorar seu aniversário no Arena Texas — grita Thais, toda
empolgada, de dentro do banheiro.
Abro a porta do banheiro, tão animada quanto ela.

— O melhor do sertanejo. É claro que não perco esse rolê


por nada.
Amanhã é meu aniversário, farei 21 anos. Estou tão
entusiasmada que nem mesmo me importo de ir a uma balada
estando menstruada, nada vai me impedir de comemorar meu
aniversário.

***
Faz um pouco mais de uma hora que minha amiga saiu toda
linda e perfumada. Tomei um banho, comi uma salada com fatias de
salame e estou há quase uma hora tentando encontrar um filme
bacana no Prime Vídeo, quando sou interrompida pelo som da
campainha. Não vivo em um condomínio de luxo, mas o local é bem
seguro e organizado.
— Pronto — atendo com a voz preguiçosa.

— Boa noite, senhorita, o senhor Bryan está aqui na portaria.


Posso deixá-lo subir?

Meu coração erra uma batida e levo alguns segundos para


processar a informação do porteiro. Após um tempo em silêncio,
libero a entrada do meu visitante surpresa, e nem me dou conta de
que estou usando um pijama do Mickey Mouse quando, minutos
depois, ouço batidas à minha porta e corro para atender.
Ninguém diz nada, Bryan demora alguns segundos me
olhando dos pés à cabeça, em seguida sou puxada para os seus
braços e minha porta é fechada. Tenho meu corpo prensado na
parede ao lado e me perco no beijo gostoso do meu comandante. O
homem tem uma pegada que me deixa de pernas bambas. Quando
precisamos afastar nossas bocas em busca de ar, ele cola nossas
testas e diz, entre risos:
— Você é linda de qualquer jeito. Mesmo usando esse
pijaminha do Mickey Mouse.
Bato no peito dele e o empurro para longe.

— Seu bobo. Não era para rolar este nosso encontro depois
de amanhã? O que você está fazendo aqui, Bryan.
— A saudade estava apertando meu peito e adiantei meu
voo. Gostou da surpresa?

— Amei. Mas, juro, quase tive um troço quando o porteiro


falou que era você lá embaixo.

Ele me puxa para seus braços novamente e toca nossos


lábios. O perfume dele é tão gostoso, um cheiro amadeirado que faz
com que me sinta bem. Mesmo assim, sinto um leve enjoo, nada
comparado àquele que tive mais cedo, por conta do perfume doce
da minha vizinha.
— Ainda bem que você sobreviveu, porque eu vim te raptar.
— Estreito os olhos e ele toca a ponta do meu nariz. — Troque de
roupas, baby. Hoje você vai dormir na minha cama.

Afasto-me novamente e ando até o sofá, Bryan vem logo


atrás e nos sentamos.
— Que tal se você passar a noite aqui? — sugiro, mas ele
nega com a cabeça.

— Sei que você está cansada, minha linda. E eu prometo que


não vou abusar de você esta noite. Mas gostaria muito que você me
acompanhasse até o meu apartamento.
Apoio os joelhos, cada um ao lado de uma perna dele, e me
sento em seu colo. Tomo a boca dele em um beijo sensual, sentindo
o volume crescer dentro de sua calça jeans. Deixo sua boca e
mordo o lóbulo de sua orelha.

— Estou de TPM, você pode cuidar de mim aqui na minha


casa. O que acha?
Ele geme quando rebolo em seu colo e chupo a curva de seu
pescoço.
— Você é uma feiticeira e está me enlouquecendo com essa
reboladinha em cima do meu pau. Estou aqui tentando ser um
perfeito cavalheiro, Raniely. Ande, deixe de ser preguiçosa e troque
de roupa. Vou cuidar de você e da sua TPM, acho que podemos
começar com um banho na minha hidromassagem e depois
podemos nadar nus na minha piscina.

— Vou ganhar uma massagem dentro da sua hidro? —


indago, com a voz dengosa.

— Quantas massagens você quiser, meu amor.

Pulo do colo dele e começo a tirar o pijama.


— Pronto, você me convenceu.

— Rany. — Sorrio sapeca quando o vejo se controlar para


não avançar o sinal e perder a cabeça de vez. — Não seja uma
garota má. Sei que você está de folga amanhã, então teremos
tempo de sobra para muita safadeza. Agora pare de me tentar, sua
diabinha.

Usando apenas uma calcinha fio dental mando um beijo no ar


e corro para o quarto, quando ele faz menção de avançar o sinal.
Um pouco antes de entrar no cômodo, ouço ele rir e resmungar:
— Diabinha linda e gostosa.
RANIELY

Certo, eu realmente não estava disposta a sair de casa, mas


o jeito sedutor de Bryan me convenceu e aqui estamos, em um dos
bairros mais caros da cidade. Sei que Bryan vem de uma família
bem-sucedida financeiramente, só não fazia ideia do tamanho de
sua riqueza. O homem mora em um dos edifícios mais luxuosos e
de alto padrão de São Paulo, e é claro que seu apartamento fica na
cobertura, mostrando o tamanho do poder aquisitivo dele. Após
deixar minha bolsa com alguns pertences pessoais em cima do sofá
retrátil, que mais parece uma cama gigante e confortável, estou
parada no meio da sala elegante, boquiaberta com a beleza e o luxo
do ambiente.

— Bem-vinda à minha casa — murmura após fechar a porta,


andando lentamente em minha direção. — Espero que goste da
surpresa que mandei preparar para nós. — Franzo o cenho,
olhando-o sem entender nada. Bryan sorri descontraído. — Não
faça essa cara, tenho certeza de que você vai gostar. Mas antes
quero te mostrar o apartamento, e por último será sua surpresa, lá
no meu terraço gourmet.
— Hum, está todo misterioso, senhor comandante.

Ele me aperta em seus braços e toma minha boca, chupando


minha língua de um jeito tão safado que a excitação vem com tudo,
deixando minha calcinha arruinada. Não preciso dizer que esta é a
segunda calcinha da noite, não é? A primeira foi destruída quando
ele me prensou na parede do meu apartamento.

O beijo fica mais intenso e quando tento tirar a camisa dele,


tenho meus dois pulsos agarrados, interrompendo-me. Bryan
aproxima a boca do meu ouvido e sussurra:

— Calma, baby, logo você me terá inteiro ao seu dispor.


Tenho muitas coisas em mente, mas é claro que não vou abusar
muito. Sei que você está cansadinha, por isso quero cuidar bem de
você. Te fazer relaxar. Hoje é uma noite especial, Rany.
Merda, ele tinha que ser tão romântico e lindo na mesma
dosagem? Estou totalmente ferrada, como vou conseguir fingir
indiferença e seguir adiante após o furacão Bryan passar por minha
vida?
Ele me leva para conhecer cada canto do apartamento, que é
duas vezes maior que o meu. Só a suíte é quase do tamanho da
minha cozinha e sala juntas. Após mostrar todos os lugares, Bryan
cobre meus olhos com suas mãos gigantes e me guia bem devagar
até o terraço dele.

— Pronta? — Assinto com a cabeça, então suas mãos se


afastam lentamente, dando-me a visão de tudo o que foi preparado.

De todas as possibilidades de surpresas que passaram em


minha cabeça, a que vejo aqui, definitivamente, não chegou nem
perto. O terraço é grande e decorado com um lindo jardim, em um
canto há um sofá de três lugares, uma mesinha ao centro e um
barzinho em frente. Do outro lado, uma piscina, que não é muito
grande, mas o designer é lindo de ver.

Em volta da piscina, há flores e luzes de várias cores, dando


um reflexo lindo na água. Ao fundo, uma mesa para dois, uma
decoração romântica e um quadro digital com a seguinte frase
passando, repetidas vezes:

“Parabéns para a morena mais linda de todas as


mulheres. Que neste seu aniversário você possa comemorar ao
lado de todos que te amam. Com amor, Bryan.”

— Parabéns, Rany. Que esta data possa se repetir e ser


comemorada por muitos e muitos anos. Que você seja sempre essa
mulher feliz e amável com todos. Desejo todo sucesso para você.
Feliz vida, baby.

Fito os olhos de Bryan, sem conter a emoção deixo as


lágrimas escaparem dos meus olhos.
— Meu Deus, Bryan, você não existe.

— Gostou da surpresa?

— Eu amei. Mas como você soube que era meu aniversário?


Ele coça a nuca e ri sem graça.

— Não foi muito difícil, dentro do site da AéreaZoon, numa


área restrita para os funcionários todos os meses têm mensagens
de parabéns, a sua estará lá daqui a pouco. — Bryan coça a
garganta e morde o lábio inferior antes de confessar: — Mas eu
fiquei sabendo de outra forma. Fiz um perfil discreto no Instagram e
te sigo há algumas semanas. Percebi que você gosta de redes
sociais e queria ver seus posts não apenas no status do WhatsApp.
Foi através de sua rede social que vi seus posts sobre a
aproximação da data do seu aniversário, você e sua melhor amiga
fazendo contagem regressiva nos stories.

— Uau! — exclamo, surpresa. — Então estou diante de um


stalker?
Ele joga a cabeça para trás, gargalhando de um jeito tão
gostoso que me contagia e acabo rindo também.
— Não, apenas está diante de um cidadão curioso para
conhecer melhor a mulher que vem povoando meus pensamentos
durante boa parte do meu tempo.
Fico alguns segundos em silêncio, meu coração acelerado
diante das palavras dele.

— Nossa, agora você me deixou sem graça.


— Não fique, estou apenas sendo sincero com relação aos
meus sentimentos. — Ele fita meus olhos, um sorriso bobo em seus
lábios.

— Bryan...
— Eu sei, minha linda, vamos devagar. Mas não fique pilhada
por causa disso, falta pouco para a meia-noite e eu gostaria de ser o
primeiro a te dar parabéns. — Ele segura minha mão e nos guia até
a mesa. — Venha, sente-se aqui. Eu sabia que não chegaríamos
aqui antes do jantar e que pelo horário não estaríamos com fome,
por isso escolhi apenas bebidas e petiscos como acompanhamento.
Tudo bem para você?
— Para mim está tudo perfeito.

Bryan puxa uma cadeira para mim e quando me sento, ele se


curva e deixa um beijo rápido nos meus lábios.

— Você que é perfeita. — Ele olha para o relógio de pulso —


Fique aqui, eu já volto.
Ele entra no apartamento e passa uns quinze minutos lá
dentro, ainda estou processando o que está acontecendo esta noite,
quando sou surpreendida por um Bryan todo uniformizado como se
fosse assumir um voo comercial neste momento. Em suas mãos ele
carrega um bolo com tema de aviação e com toppers de piloto e
aeromoça, há também uma plaquinha com o meu nome e quase
perco o fôlego com tanta perfeição e detalhe.

Happy birthday to you,


Happy birthday to you,
Happy birthday, dear birthday, Raniely,

Happy birthday to you!

Ele canta os parabéns em inglês enquanto anda com passos


decididos até mim. Não consigo conter as lágrimas e deixo a
emoção tomar conta de mim. Bryan coloca o bolo sobre a mesa, e
eu fico de pé para abraçá-lo.

— Happy Birthday, baby.


— Você é incrível, Bryan. — Enlaço o pescoço dele e tomo
sua boca, beijando-o sem pressa.

Após um tempo trocando carícias nos afastamos, ele pega


um isqueiro e acende a vela, que não tem números, apenas um
símbolo de interrogação.
— Faça um pedido — murmura.

Fecho os olhos e peço por mais momentos como este. Em


seguida, assopro a vela e nos abraçamos. Bebemos e comemos
alguns petiscos, somente depois disso comemos uma fatia
generosa de bolo. Quando ficamos saciados, saio da minha cadeira
e me sento no colo do meu comandante, dando início a troca de
carícias, que começam de um jeito tranquilo, mas que tão logo nos
deixam em chamas.

— Você já quer entrar? — indaga com os lábios colados aos


meus. — Sei que está cansada e podemos encerrar a noite por
aqui.
Dou uma rebolada forte no colo dele e mordo o lóbulo de sua
orelha, sussurrando, sensual:

— Eu não quero encerrar a nossa noite, quero você dentro de


mim, Bryan. Quero forte e intenso, do jeito que só você sabe fazer
muito bem.
Solto um gritinho assustada quando ele levanta comigo no
colo. Soltando um palavrão e mordendo a curva do meu pescoço.
— Bryan, seu louco, me coloque no chão ou vamos acabar
caindo.

— Ah, morena, pode apostar que nós vamos cair sim. —


Arregalo os olhos e ele ri alto. — Vamos cair na piscina e eu vou te
deixar bem relaxada.
Não tenho tempo de contestar, pois antes mesmo de abrir a
boca, já estamos indo direto para o fundo da piscina. Quando nado
de volta para a superfície, sou agarrada novamente e prensada
contra a parede azulejada. A água está na altura dos meus seios, e
a temperatura uma delícia.

— Seu louco. — Jogo água no rosto dele e Bryan apenas


gargalha alto, agarrando minha bunda e puxando meu quadril ao
encontro do dele, fazendo questão de mostrar o quão duro está.

— Você fala que me quer, forte e intenso, e acha mesmo que


eu ficaria neutro? Baby, vou te foder tão gostoso que você nunca
mais esquecerá esta noite.

Ele puxa meu cabelo para trás e deixa um chupão no meu


pescoço, em seguida arranca meu vestido com a calcinha e o sutiã,
de uma só vez. Em questão de segundos, Bryan também está
totalmente nu. Agarro seu pau grosso quando ele abocanha um dos
meus seios e mama gostoso, sem cerimônia.

— Ah, Bryan, que gostoso — gemo.

Com um impulso ele me ergue e me senta na borda da


piscina, colocando minhas pernas ao lado dos seus ombros largos e
fita meus olhos cheios de desejo.
— Agora chegou a hora do melhor presente da noite. Uma
chupada deliciosa nessa sua boceta quente e apertada.

Reviro os olhos com a sensação maravilhosa de ter a boca


dele me chupando. Sua língua brinca com meu clitóris enquanto ele
penetra dois dedos dentro de mim, tocando no ponto exato que me
dá prazer.

— Ah... porra, Bryan.

O cafajeste afasta a boca e me encara com um sorriso


safado demais.

— Olha só, minha morena, falando palavrão. Acho que te tirei


do eixo, não é mesmo, senhorita Raniely?

— Você me faz perder a cabeça, Bryan. Agora cale a boca e


me chupe. Está tão gostoso.
Ele ri descontraído, dá um tapa na lateral da minha coxa e
volta a enfiar a cara no meio das minhas pernas. O homem além de
lindo, também é craque com a língua, chupa como ninguém. Puta
que pariu.

— Bryan, eu vou...
— Eu sei, meu bem. Estou sentindo sua boceta praticamente
engolindo meus dedos. Vem, Rany, goza na minha boca, baby.

E ele não precisa pedir duas vezes, agarro seus cabelos e


deixo o prazer vir. Gozo tão gostoso que sinto meu corpo relaxar
rápido demais. Ainda estou toda mole, quando ele me puxa de volta
para a água e me vira de costas, agarra minha cintura e ordena,
ofegante:
— Segure na borda da piscina e empine bem essa bunda
para mim, Rany. Quero te foder por trás, meter bem fundo nessa
boceta gostosa.

Meu, quem recusa uma ordem dessa? Quem?

Faço exatamente o que ele manda, no momento seguinte


recebo um tapa bem-dado na nádega antes de tê-lo todo enterrado
dentro de mim.
— Oh! — gemo alto, sem me importar com mais nada.

— Ah, Rany, como senti falta de estar assim com você. Senti
falta dessa nossa conexão, de sentir meu pau todo dentro de você,
amor. — Ele mete cada vez mais rápido, dando tapas estralados na
minha bunda.
— Isso, Bryan, assim, eu gosto assim.

— Safada demais. — Ele agarra meus quadris e estoca sem


dó, saindo totalmente, só para entrar com força mais uma vez. —
Isso, adoro quando você geme desse jeito no meu pau. Toda
entregue, bem putinha. Minha putinha.
— Toda sua, meu comandante.
— Essa boceta também é minha, Rany? Hum? Eu quero
ouvir, diga, meu amor.

— Sim.

Ele mete cada vez mais rápido, estou quase gozando de


novo.

— Diga, Rany. Porra, eu preciso ouvir. Vamos, baby, diga.

— Minha boceta é toda sua, Bryan, toda sua.


— Ah... porra — solta uma enxurrada de palavrão, metendo
rápido e fundo.
E como se não bastasse ter seu pau me preenchendo de
uma maneira deliciosa, ele leva uma mão até o meu clitóris e me
masturba, à medida que me fode.
— Bryan — grito seu nome quando gozo pela segunda vez.

Ele mete mais duas vezes antes de sair por completo,


urrando forte e gozando nas minhas costas.

Permaneço apoiada na lateral da piscina, com ele me


abraçando por trás. Ficamos nesta posição até recuperar o fôlego.
— Parabéns, minha gostosa. O aniversário é seu, mas o
presente também foi meu.

Explodo em uma risada alta e ele me acompanha. Deslizo


entre seus braços e começo nadar, Bryan de pronto faz o mesmo.
RANIELY

A noite com Bryan foi perfeita, tão boa que acordamos bem
relaxados. Eu acordei primeiro e decidi explorar a cozinha dele em
busca de algo para preparar o nosso café da manhã. Estou usando
apenas uma calcinha e uma de suas camisas que peguei no closet.
Enquanto aguardo o café ser preparado na máquina, aproveito para
ler as várias mensagens de feliz aniversário que estão chegando no
meu WhatsApp desde o início da madrugada.
Estou com quase tudo pronto, quando ele entra no ambiente
usando apenas uma cueca boxer branca que marca todo o seu
pacote delicioso e indecente.
Ele sorri quando percebe que estou quase babando,
admirando todo o conteúdo que me fez gozar muitas vezes essa
noite.

— Bom dia, baby. — Encurta a distância entre nós e me puxa


para os seus braços. A voz grossa penetrando meus ouvidos,
deixando-me toda arrepiada.

— Bom dia, gatinho. — Bryan beija a curva do meu pescoço


e eu me derreto toda.

— Você fica sexy dentro da minha camisa.

— Espero que não se incomode por não ter pedido


autorização para usar.
— Jamais. Você está perfeita, quase me enlouquecendo com
a visão do seu lindo traseiro.
— Safado. — Dou um tapinha em seu peito nu, e ele ri alto.

— O que você está aprontando na minha cozinha?

— Apenas preparando o nosso café, comandante. — Toco a


ponta do nariz dele e aproximo minha boca de sua orelha,
sussurrando, com a voz sensual: — Gosto de café com leite,
gatinho. De preferência, o seu leitinho quente.

— Caralho — ele rosna, excitado. De repente, meu corpo é


suspenso e agora estou sentada no balcão de mármore da ilha no
meio da cozinha. Bryan se encaixa entre minhas pernas e com um
sorriso cafajeste nos lábios esfrega sua ereção monstruosa no
ponto exato do meu sexo. — Você é uma safada do caralho, e eu
amo esse jeito nada santinha.
Não tenho tempo de contestar, pois ele gruda nossas bocas e
sua língua me invade de um jeito tão gostoso, que meu corpo inteiro
esquenta em uma velocidade assustadora.
— Uh, desculpe incomodar vocês, crianças. — Congelamos
por milésimos de segundos antes de criarmos coragem para olhar a
dona da voz. — Bryan, meu querido, eu não sabia que você estava
acompanhado.

O susto por ser surpreendida por uma senhora no meio da


cozinha de Bryan faz com que meu coração pare de bater por
segundos, quase me causando um ataque cardíaco. Desequilibro-
me ao tentar me desvencilhar rápido demais dos braços do meu
companheiro, preciso até me segurar na bancada de mármore para
não cair quando tento descer.

— Oi, vovó. — Ao contrário de mim, Bryan parece não se


importar com o fato de sua avó quase nos pegar transando na
cozinha. Ele permanece entre minhas pernas, segurando firme
minha cintura. — Cheguei ontem à noite e acabei esquecendo de te
avisar.

— Tudo bem, eu entendo seus motivos — diz a senhora, com


um sorrisinho de menina travessa. Ela olha diretamente para mim
ao me elogiar: — Você é uma linda jovem, parabéns.

— Obrigada. — Dou um sorriso amarelo e ela apenas


assente.
— Vó, esta é a Raniely. Rany, esta é a minha avó, Benedita.

— Oi — cumprimento-a com um fio de voz, tamanho meu


constrangimento.

— Olá, minha querida. Em outro momento podemos


conversar com mais calma. Agora eu vou deixar vocês à vontade. —
A senhora vira as costas e começa a sair da cozinha.
Mas antes de sumir do nosso campo de visão, ela ainda sorri e
murmura, zombeteira: — Ah, como é bom ser jovem e ter todos os
hormônios à flor da pele. Divirtam-se, crianças.

— Meu Deus, Bryan, ela quase nos pegou transando. Que


horror.

— Relaxe, baby. Minha avó não se importa com essas


coisas, e ela não viu nada de mais.
— Eu morreria se fosse minha mãe a nos ver nesta situação.
Como você consegue se manter tão neutro quanto a isso?
— Digamos que na minha família sempre falamos muito
abertamente sobre sexo.
— Sei. E por que você não se afastou quando ela chegou?
Não achei legal ficarmos atracados com ela parada na nossa frente.

— Rany, acredite, se eu tivesse me afastado, minha avó me


veria de pau duro. E, baby, isso sim seria extremamente
constrangedor.
— Putz, analisando por esse lado. Foi melhor ficarmos
paradinhos.
Ele sorri e concorda com a cabeça, suas covinhas
aparecendo nas bochechas.

***
Após tomarmos café e trocarmos carícias bem ousadas no
sofá da sala, rola um sexo rápido na banheira. Já vestidos,
sentamos nas poltronas macias e confortáveis da varanda, vejo
Bryan quietinho enquanto me vê conversar com meus pais por
videochamada, em seguida converso com a minha irmã e meu
cunhado. E por último, respondo mais algumas mensagens de
aniversário.
— Uau, você é uma mulher muito querida por todos —
murmura Bryan, aproximando-se para se sentar na mesma poltrona
que estou.

— Gosto de ter amigos.

— Percebi. Mas passei boa parte do tempo te observando e


não quero que me interprete mal, mas eu notei que algo está te
preocupando.
— Percebeu isso apenas me observando?

— Sim, senhorita do sorriso perfeito. Em tão pouco tempo,


aprendi a ler seus movimentos e sei que algo está te incomodando.
Quer desabafar comigo?
Mordo o lábio inferior, tentando achar um jeito de começar
esta conversa com ele. Não gosto de segredos, nunca gostei, então
não tem razão para ficar com essa neura somente para mim. Estou
muito desconfiada do meu corpo.
— Bryan, a verdade é que estou um pouco apavorada.
Merda, eu não sei como você vai reagir, mas eu nunca havia
deixado deslizes acontecer, sempre me cuidei direitinho. No entanto,
desde o dia em que transamos na sua casa de campo sem
preservativos eu venho ansiando pela chegada da minha
menstruação. O problema é que meu ciclo é muito regular,
teoricamente eu teria que ter acordado com cólicas e correndo para
um banho antes de colocar um absorvente. Era isso que devia ter
acontecido hoje.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, até Bryan segurar
meu rosto entre suas mãos e indagar, com bastante curiosidade:

— Você acha que pode estar grávida?


— Fico apavorada só de pensar nesta possibilidade. Eu...
não tenho preparo psicológico e a menor vocação para a
maternidade.

— Mas existe a possibilidade, Rany.

— Eu sei, e é por isso que estou quase surtando aqui.


Afasto as mãos dele e levanto, tomando um pouco de
distância. Bryan permanece sentado, olhando-me com cautela.

— Você está sentindo algum sintoma fora do comum para o


seu ciclo?
— Ai, meu Deus, eu não sei se quero falar sobre isso. Me
desculpe, Bryan.

Então, ele levanta e me puxa para um abraço.


— Ei, fique calma. Não precisa surtar, talvez sua
menstruação ainda não veio justamente por causa do seu
nervosismo. Apenas tente deixar esse assunto, relaxe e aproveite
seu aniversário. Você verá que logo seu ciclo dará as caras.
— Ai, tomara mesmo.
— Relaxe, Baby. — Ele afaga meu cabelo, tão carinhoso.

— Eu preciso ir embora agora, Bryan, mas farei o que você


falou. Vou tentar esquecer o assunto e aproveitar meu dia. Hoje
haverá uma pequena comemoração do meu niver em pub na Vila
Madalena. Você consegue ir?

— Claro. Não perco por nada. Só me passar a localização e o


horário. Estarei lá.
Enquanto o carro de aplicativo segue pelas ruas de São
Paulo, minha cabeça gira a mil por hora. Fiquei tão atordoada com a
conversa que tive com o Bryan que mesmo ele insistindo muito, não
aceitei sua gentileza de me levar até em casa. Preferi chamar um
Uber, assim tenho um tempo só para mim. Hoje é sábado, Thais
também está de folga e assim que chegar em casa pretendo
desabafar minha agonia com ela. Meu Deus, eu não posso estar
grávida.

O carro para em frente meu prédio e após agradecer ao


motorista, entro rapidamente no edifício. Sempre deixo o pagamento
programado no cartão de crédito, assim não preciso me preocupar
com pagamento na hora do desembarque. Uso este tipo de serviço
muito raramente, uma vez que me desloco sempre no meu próprio
carro. No entanto, ontem deixei meu veículo em casa e fui com o
Bryan.

Passo pelo porteiro e o cumprimento, seguindo a passos


largos pelo hall e caminho direto para o elevador. Entro em meu
apartamento e avisto a Thais sentada no sofá, toda trabalhada na
preguiça, jogo-me no sofá ao lado e fico muda, olhando para o teto,
ainda segurando minha bolsa.

— Pelo visto sua noite foi tão boa quanto a minha — diz
minha amiga. Eu olho para ela e vejo um sorriso faceiro em seus
lábios.

— Eu acho que estou grávida. — Se eu não estivesse tão


apavorada com a possibilidade de uma gravidez, com certeza
morreria de rir com a cara de espanto da minha amiga.

Thais está pálida, os olhos quase saltando fora da órbita e


sua boca está tão aberta, que o queixo está quase no chão. Então,
do nada ela começa a gargalhar feito uma louca, como se eu tivesse
acabado de contar a maior piada do século.
— Ai, amiga, desculpe, eu juro que entendi você falar que
está grávida.

— Sua louca, eu não afirmei que estou grávida. Mas que há


uma grande chance.

Thais fica séria, olhando-me com cautela.

— Rany, me explica isso direito. Como assim?


Faço um resumo dos meus sintomas e conto sobre o sexo
sem proteção com Bryan.
— Amiga, espere um pouco. — Ela faz um gesto com a mão,
fecha os olhos por breve segundos antes de voltar a me olhar. —
Tecnicamente sua menstruação ainda não está atrasada.

— Eu sei. Mas estou apavorada, Thais. Eu não posso e não


quero estar grávida. Entende?
— Eu entendo, amiga, mas você precisa manter a calma ou
vai ter um troço. Vamos fazer assim, você aproveita seu aniversário,
se daqui a alguns dias a malvada não der as caras, eu mesma te
ajudo a comprar uns testes de gravidez.

— Eu vou tentar me acalmar.

— Isso aí, amiga. Agora vamos nos preparar porque hoje


vamos ficar bem lindas.
BRYAN

Notei que Raniely saiu do meu apartamento, preocupada


após a nossa conversa sobre a possibilidade de uma gravidez. Ela
tentou disfarçar seu nervosismo, mas não foi tão convincente assim.
No entanto, preferi não insistir mais naquela conversa, não naquele
momento. Vamos esperar seu ciclo menstrual seguir o rumo natural
das coisas e aí sim, teremos certeza de que tudo não passou de um
susto.
Passei o resto do dia me segurando para não ligar para ela,
assim a morena poderia esfriar a cabeça. Agora estou quase pronto
para encontrá-la novamente, no Pub onde comemorará seu
aniversário com a família e amigos mais próximos. Não pensei duas
vezes quando ela me convidou, aceitei de imediato e estou mega-
ansioso para nos vermos. Raniely é como um vício, não consigo
parar de desejá-la, de querê-la por perto.
— Você está muito bonito, vai sair com aquela moça? — Olho
para minha avó, sentada toda comportada no meu sofá.
Ela até tenta disfarçar a curiosidade, mas, no fundo, sei que
está louca para saber mais detalhes. Ao seu lado está minha
priminha.

— O que exatamente a senhora quer saber? Hum?

Ela sorri toda faceira, parecendo uma menininha sapeca.


— Você está namorando ou estão apenas seguindo a moda
dos jovens de hoje em dia?

Olho para Bianca, que tenta disfarçar um sorriso. Minha


prima está se divertindo com isso.

— Moda? O que a senhora define como moda dos jovens,


vó?

— Oras, essa mania que vocês têm de trocar de parceiros


com a mesma frequência que trocam de calcinha e cueca.

Gargalho com a espontaneidade da minha avó. Bianca


também não se contém e sorri abertamente.
— A vovó está mesmo disposta a descobrir tudo sobre a
moça que veio te visitar. Chegou lá em casa contando para o vovô
que você estava namorando uma morena linda demais.
Arrumo a gola da minha camisa polo e ando até ela. Estendo
a mão para ajudá-la a ficar de pé e me apresso em responder.

— Rany e eu estamos nos conhecendo, estou indo agora


mesmo comemorar o aniversário dela junto com sua família e
amigos mais próximos. — Minha vó sorri tão abertamente que sinto
meu coração apertar com medo de decepcioná-la algum dia. —
Pronto. Agora a senhora já pode correr para o telefone e contar as
novidades para a minha mãe. Vocês duas são muito Maria fifi.

— Ah, adorei. — Bianca gargalha alto. — O apelido combina


muito com elas. Mas devo confessar que sua história com a moça
bonita dá uma ótima fanfic. Mesmo que eu não tenha tantos
detalhes.

— Bianca, fique quietinha, você não tem idade para suspirar


por romances.

— Ah, vovó, eu amo um bom romance.

Bianca é uma pré-adolescente, e às vezes tem umas ideias


um tanto quanto maduras para sua idade. Ignoro o comentário da
minha prima fanfiqueira e volto minha atenção para a nossa vó.

— Vovó, a senhora precisa parar com essa mania de


fantasiar romances para mim.

Ela abre a boca e põe a mão no peito, fingindo-se de


ofendida. Logo o sorriso volta para os seus lábios e a senhora
encurta a distância entre nós e segura meu rosto entre suas mãos.
— Você é o nosso tesouro, meu amor. É claro que sua mãe e
eu sempre cuidaremos de você. Por isso estou sempre de olho. —
Ela me dá uma piscadela. — Agora vá e se divirta bastante, vou
voltar para o meu apartamento. Vim apenas trazer um pouco da
sopa que eu fiz mais cedo, está na geladeira.

— Obrigado, vó.
— De nada, meu amor. — Ela anda até a porta. — Vem,
Bianca, deixe seu primo terminar de se arrumar.

Bianca anda até mim, arruma a gola da minha camisa e me


dá um beijo no rosto.

— Você está muito lindo, tio. Lindo e cheiroso. A moça vai


ficar caidinha por você.
As duas saem, e eu fico um tempo parado no meio da sala. A
diferença de idade entre mim e Bianca é gigantesca, por isso, desde
muito pequena ela criou o hábito de me chamar de tio. A menina é o
nosso xodozinho.

***
Chego ao Pub no horário combinado e ao adentrar o
ambiente, sou recebido pela própria aniversariante.
— Olá, meu comandante. — Ela parece mais leve e tranquila,
e vejo que fiz bem em deixá-la sozinha para reorganizar seus
pensamentos.

Ao contrário de Raniely, não tenho medo de nada. Se ela


estiver grávida, não tenho medo de encarar um segundo filho, pelo
contrário, vou amar e cuidar dos dois com a mesma dedicação e
carinho. No entanto, consigo compreender o receio da morena, ela é
jovem demais, tem muitos planos e isso realmente seria um
problema de início. Levando em consideração que bebês recém-
nascidos exigem muito dos pais, Rany tem muitos motivos para
estar apavorada. Eu só acho que a garota está se precipitando, e
talvez nem seja uma gravidez.
— Parabéns de novo, baby — sussurro bem próximo do
ouvido dela quando a abraço. Em seguida nos afastamos.
Ela sorri toda linda e meiga. O rosto levemente maquiado e
os cabelos soltos e volumosos, deixando-a ainda mais bela.
— Vem, vou te apresentar a minha família.

De mãos dadas, andamos até uma mesa gigante preparada


apenas para ela e seus convidados, localizado em um canto mais
reservado do Pub.

— Família, este é o Bryan, o comandante que foi meu


instrutor de voo no meu primeiro mês na AéreaZoom.
O pai dela é o primeiro a ficar de pé.
— Olá, rapaz, seja bem-vindo.

— Obrigado. — Aperto a mão do homem, em seguida


cumprimento a mãe de Raniely.
Seus pais são exatamente como ela falou em uma de nossas
conversas. A mãe é loira dos olhos verdes, e o pai um negro de
quase dois metros de altura. Eles formam um belo casal, e tiveram
duas filhas lindíssimas. Com um barrigão enorme, a irmã de Rany
se levanta para me cumprimentar.
— Sou Keila, é um prazer te conhecer, comandante. — Ela
aponta para o homem que acaba de se levantar para me
cumprimentar também. — Este é o meu marido, Eduardo.

— É um prazer conhecer vocês — cumprimento-os com


apertos de mão.
— E esta é a minha amiga, Thaís. — Rany apresenta a moça
que até então apenas me observava.

— Olá, tudo bem? — A garota sorri gentilmente e eu faço o


mesmo.

Alguns minutos se passam, e mais três amigas de Raniely


entram no Pub e se juntam a nós, depois é a vez de um rapaz
chegar para a comemoração.

— Gente, o Will chegou — grita Rany, acenando


exageradamente para um cara parado no meio das outras pessoas.
O cara finalmente nos vê e apressa o passo com os braços
abertos para Rany, que corre até ele e se abraçam forte.
Certo, eu não deveria ficar incomodado com isso, mas, a verdade, é
que estranhamente estou morrendo de ciúme. Qual é a do
engomadinho?

Depois de rodopiar Raniely no ar, o cara a coloca no chão e a


morena se apressa para nos apresentar.
— Will, este o Bryan, um dos pilotos da AéreaZoom. Bryan,
este é o Will, meu amigo desde o jardim de infância.

— Oi, e aí, cara. — Will estende a mão para me


cumprimentar — É bom te conhecer.
— Olá. — Aperto a mão dele, forçando um sorriso. — Fico
feliz em conhecer os amigos da Raniely.

Ele solta a minha mão e puxa minha morena para os seus


braços mais uma vez, fazendo um cafuné na cabeça dela.
— Rany é uma fofura, eu amo essa garota.

E eu estou prestes a socar sua cara, seu filho da puta.

Guardo o pensamento e tento controlar o ciúme idiota que


brota dentro de mim. Não posso cobrar nada da Rany, não temos
um compromisso sério. Como posso exigir qualquer explicação?
Mas, porra, eu estou com muito ciúme.
O homem desfaz o abraço e vem em minha direção. Ele
aproxima nossos rostos para que eu possa compreender melhor o
que tem para dizer, já que o ambiente fica barulhento com a música
ao vivo que começa tocar.

— Ei, não precisa ficar com ciúme. Rany e eu somos


somente amigos, melhores amigos para ser exato. Quando comecei
a namorar minha esposa, ela também sentiu ciúme da gente, mas
quando conheceu a Rany, Vivian percebeu que não tinha nada a ver
e que somos realmente amigos. Hoje as duas se dão super bem e
também são amigas. Vivi só não está aqui esta noite porque está de
plantão. Ela é enfermeira-chefe no hospital regional.
Olho para Rany e ela confirma com a cabeça, sabendo
exatamente o que o amigo falou.

— Caramba, estou me sentindo um idiota agora.


— Relaxa, cara. É normal sentir ciúme quando surge outro
cara abraçando nossa garota. Você pode não ter percebido ainda,
mas está caidinho pela minha amiga. E, pela forma como ela te olha
e sorri toda boba, Rany também está muito na sua. Então, apenas
não a machuque, não faça merda ou esse seu rostinho de piloto
playboy vai ficar deformado de tanta porrada. — Estreito os olhos e
ele toca meu ombro. — Relaxa, eu sei que não precisaremos chegar
a este ponto, não é mesmo?

— Ei, deixe meu comandante em paz. — Rany empurra o


amigo para o lado, colocando um ponto final nesta conversa. — E
aí, vamos dançar a próxima música? — pergunta, dando-me uma
piscadela sensual.
Seguimos para o meio do salão, onde outros casais estão se
reunindo para dançar. Eu nem sei para que lado devo seguir, não
sou bom com danças, mas decido seguir a vibe da minha morena. A
música é um pouco agitada, mas tem uma letra sensual e uma
coreografia sexy pra caralho. Quando Rany empina a bunda para
mim, puxo-a ao encontro do meu peito e mordo a pontinha de sua
orelha.
— Caralho, baby, ainda falta muito para irmos embora? Você
vai me matar antes da segunda música.

Ela ri alto e vira para ficar de frente para mim, então aproxima
a boca da minha orelha e revela empolgada:

— Acho que era só neura da minha cabeça louca, antes de


sair de casa apareceu uma manchinha vermelha. Sabe o que isso
significa? — Nego com a cabeça. — É sinal que ela está vindo.
Porra, comandante, eu nunca fiquei tão feliz com a chegada de uma
menstruação.

Ela gargalha ainda mais alto e eu fico feliz com o seu alívio.
— Você é louquinha, Rany.

— É, às vezes sou meio louca mesmo. Mas nunca mais eu


subo nesse seu pau gostoso sem camisinha.

— Só para te recordar, aquela nossa transa na piscina foi


sem camisinha.
— Mas se eu bem me recordo, você gozou fora e depois
usamos preservativos nas demais. Então, agora é só aguardar a
chegada triunfante da malvada que tá tudo certo.

Dançamos mais duas músicas e logo depois um funcionário


do Pub traz um bolo lindo para Raniely, cantamos parabéns para ela
e após comermos, voltamos para a farra. Seus pais se despedem
um tempo depois, pois estão bem cansados. A irmã e o cunhado
fazem o mesmo, minutos depois é a vez da amiga, Thais, se
despedir, pois sairá com o cara com quem está tendo um lance. As
outras amigas também se enturmam com outras pessoas. Will
também vai embora um tempo depois, e um pouco antes das três da
manhã deixamos o local.

— Se você não fosse trabalhar amanhã eu te sequestraria


mais uma vez para o meu apartamento
— sussurro ao encerrarmos um beijo de tirar o fôlego.
Estamos parados em frente ao prédio da Rany, e é claro que nossas
despedidas são sempre muito quentes e demoradas.
— Pois é, meu bem, mas amanhã o dever me chama. — Faz
um beicinho. — Ponte aérea.

Forço um sorriso.

— Está certo. Na segunda-feira acabam minhas férias.


Significa que nossos encontros também não serão tão frequentes,
mas não quero que isso atrapalhe o nosso lance gostoso. Sei que
não somos namorados e que não posso exigir nada, Rany. Mas
gostaria de continuar do jeito que está. Um lance gostosinho e com
exclusividade. Apenas eu e você.

Ela morde o lábio inferior.

— Exclusividade — murmura — Eu topo. E sabe por que,


comandante? Porque como meu amigo Will falou lá no Pub, estou
caidinha por você. Que se foda o que vão pensar lá no trabalho.
Não compartilho, então, sim, vamos manter esse lance gostosinho e
com exclusividade.
— Vem aqui, linda. — Puxo-a para os meus braços e grudo
nossas bocas, enfiando minha língua dentro da dela e a beijando
com todo o desejo que um homem pode ter por uma mulher.
RANIELY
Semanas depois...

Não, não, não. Estou gritando por dentro, para não deixar o
desespero sair para fora e acordar o hotel inteiro com meus berros.
Meu pai amado santíssimo, eu não posso estar grávida. Olho
incrédula para os três testes de marcas diferentes, que comprei
mais cedo na farmácia do hotel em um momento em que Bryan se
ausentou, para participar de uma breve reunião com seu pai e
outros pilotos por videochamada. Fiquei tão ansiosa e nervosa para
fazer o teste que não consegui esperar até amanhecer. Estamos de
folga por três dias, é claro que Bryan usou o poder que tem dentro
da companhia para que nossas folgas coincidissem e também para
serem de forma sequencial. Chegamos no final da tarde de ontem
aqui em Paris, eu estou amando conhecer os principais pontos
turísticos da cidade.
Porém, desde a minha festa de aniversário fiquei pilhada com
a possibilidade de estar grávida e isso não me ajudou a relaxar, só
não quis acreditar e preferi me iludir colocando a culpa do atraso no
estresse e preocupação. Mas, agora, com tantos dias de atraso e
três testes positivos, não há argumento, estou quase infartando. A
única pessoa com quem venho compartilhando minha angústia é
com Thais.
Sempre fui muito confidente da minha irmã e da nossa mãe,
mas Keila está na reta final da gravidez e não acho justo passar
minhas preocupações para ela. Mamãe está tão empolgada com a
chegada do primeiro neto que preferi deixá-la de fora dos meus
assuntos também.

Passa das 4h da manhã aqui em Paris, e no Brasil ainda não


é nem meia-noite. Ótimo! Volto para o quarto na ponta do pé, pego
meu celular e saio do cômodo, indo para a varanda do outro lado da
sala anexa.

— Oiii... amigaaaa. — Pelo jeito arrastado como Thais me


atende e pelo barulho ao fundo, presumo que a safada está em um
barzinho e que já está bem alta por causa do álcool.

— Thais, me diga que você está sóbria o suficiente para


termos esta conversa.
— Estou sóbria, amiga, só um pouco alegre demais. Mas
depois falamos sobre isso, agora me diz qual é a urgência para você
deixar seu piloto gostoso de lado e me ligar a esta hora? Não
entendo muito sobre fuso horário, mas imagino que em Paris já é
madrugada.

— É, sim, aqui passa das 4h da manhã.


— Ok, agora estou começando a me preocupar. O que te fez
sair da cama para me ligar a esta hora?
— Amiga, deu ruim para mim. Lembra da nossa última
conversa, daquela minha suspeita, da mancha de sangue quase
rosa?

— Do que você está falando, Rany? Seja mais clara, eu


não...

Ela faz um silêncio e deixo que seu cérebro lento processe o


que acaba de deduzir.

— Nãoooo. — Sua voz está num drama maior que o meu. —


Puta que pariu, você está mesmo grávida, não é?

Semana passada quando chamei Thais para conversarmos,


expus para minha amiga as minhas suspeitas, já que minha
menstruação não veio após a pequena mancha vermelha na minha
calcinha, Thais também ficou preocupada, mas tentou me acalmar.
Eu não sou tão ingênua para pensar que a ausência da minha
menstruação, com tonturas, dores de cabeças recorrentes, gosto
amargo na boca e sensibilidade ao cheiro pudesse ser algo bobo.
Passei a desconfiar ainda mais, quando as cólicas cessaram e a
menstruação mandou um foda-se para mim e nem deu as caras. No
dia do meu aniversário, eu realmente fui para o Pub aliviada,
achando que tudo não tinha passado apenas de um susto. Mas
estava muito enganada. Passei todos estes dias quase
enlouquecendo, e como Bryan não perguntou mais nada, achei
melhor não comentar nada com ele.

— Rany — minha amiga chama do outro lado, e eu só sei


chorar. — Poxa, amiga, não fica assim. Eu estou do seu lado para o
que der e vier.
— Eu não sei o que fazer, Thais. Sinceramente, não sei o que
fazer. Eu só não queria essa gravidez. Entende?

— Gravidez? — A voz grossa atrás de mim me faz congelar e


meu coração erra algumas batidas. Olho por cima do ombro e vejo
Bryan me olhando confuso. — Acordei e não te encontrei no quarto,
achei melhor sair para te procurar. Eu ouvi direito, você está grávida,
Rany?

— Thaís, depois eu falo com você.

— O quê... Rany, espera. Está tudo bem mesmo?


— Está sim, amiga, o Bryan e eu precisamos ter uma
conversa agora.

— Puta merda, ele está aí do seu lado, né? Ouviu nossa


conversa?
— Sim para as duas coisas. Agora eu vou desligar.
Não dou tempo para ela dizer mais nada, apenas desligo e
guardo o celular dentro do bolso do meu roupão.
Bryan e eu ficamos um tempo apenas nos encarando, e quando
percebe que estou sem reação alguma ele se aproxima.

— Você mentiu para mim, Raniely — sua acusação sai


através de um sussurro.
É tão estranho ouvi-lo me chamar pelo nome e não apenas
pelo apelido. Seu tom de voz áspero não me passa despercebido,
Bryan está confuso e um pouco bravo.

— Eu não menti para você.

— Tem apenas alguns dias que estávamos dançando e


comemorando o seu aniversário, quando você me contou que sua
menstruação tinha vindo. Se isso não aconteceu, por que me
escondeu a verdade, Rany? Quando você descobriu que está
grávida?

Solto a respiração bem devagar, o coração retumbando


dentro do peito.
— Vou repetir mais uma vez, eu não menti para você.
Realmente acreditei que ia menstruar e até tive um pouco de
sangramento, mas depois parou.

— E por que você não me contou?


— Porque entramos de cabeça no trabalho e achei melhor
esperar para ter certeza. Andei pesquisando e soube que o ideal era
esperar 15 dias de atraso para fazer um teste confiável. Eu já estava
uma pilha de nervos, não queria passar minha neurose para você
também. — Dou de ombros — Mas agora não tem mais desculpas,
eu estou mesmo grávida. Descobri agora há pouco, os testes ainda
estão em cima do balcão do banheiro.
Totalmente desorientada, sento-me no sofá pequeno da
varanda, apoio os cotovelos nos meus joelhos e me permito chorar.

— Rany, não precisa ficar assim. Sei que você não queria
isso, mas...
— Eu não quero, Bryan, eu não desejei essa gravidez. Meu
Deus, isso não pode estar acontecendo.

— Eu sinto muito, Rany, mas já aconteceu. Você pode não


aceitar essa criança, mas eu sim. Se não o quiser, não tem
problema, eu assumo toda a responsabilidade.

Levanto a cabeça e encaro Bryan.


— Ficou maluco? Só queria acordar desse pesadelo, Bryan,
não queria estar grávida e, ao mesmo tempo, não sei se sou capaz
de gerar um bebê por nove meses e depois simplesmente virar as
costas para ele.
— Você não precisa fazer isso, não precisa abrir mão de
nada.
— Mas talvez seja preciso. Ou posso optar por não seguir
adiante com...
— Cale a boca. — Assunto-me com o tom de voz dele. Bryan
aponta o dedo para mim. — Pelo amor de Deus, cale a porra da
boca. Nem pense nisso, Raniely.

— Ai, meu Deus, estou tão confusa e apavorada.


— Você não precisa ficar com o bebê, te garanto que dou
conta dos meus filhos sozinho. Não estava nos meus planos ter dois
bebês ao mesmo tempo, mas isso não será um problema. Posso
cuidar e zelar pelo bem-estar dos dois. Você não precisa ficar após
o nascimento.

— Eu não sou uma de suas barrigas de aluguel, Bryan. Acha


mesmo que sou tão fria a ponto de passar nove meses gerando
uma criança, te entregar e depois seguir com minha vida
normalmente?

— Mas é fria a ponto de pensar em um aborto.


— Eu não falei isso.

— Chega, porra — grita, furioso, e eu me encolho com sua


fúria. Bryan bagunça o cabelo, andando de um lado para o outro. —
Me desculpe, eu não queria gritar com você. Só... me dá um tempo.

Não tenho tempo de contestar, pois Bryan sai de perto de


mim, indo direto para a porta que dá acesso à saída da suíte. Ele
está usando apenas uma calça de moletom preta e uma camisa
branca de manga longa. Não vai muito longe, mas é sensato para
saber que neste momento o ideal é não discutirmos.

Vou até o sofá da sala e me deito nele, chorando


copiosamente. Eu não acredito que deixei isso acontecer, e que
agora um inocente está sendo gerado dentro de mim. Choro tanto
que acabo pegando no sono. Acordo um tempo depois, quando
ouço a porta ser aberta, e vejo Bryan entrar todo sério, porém,
aparentemente mais calmo. Através da enorme janela de vidro vejo
os primeiros raios do sol, ainda é bem cedo.

— Me desculpe, Bryan. Estou muito nervosa, mas é claro que


não faria um aborto — sussurro, sentindo as lágrimas voltarem, e
me controlo para não chorar. — Eu só não sei o que vou fazer daqui
para frente. Não estou feliz e nem desejei esta criança, mesmo
assim não farei nenhum mal a ela. Eu não sou um monstro.

— É claro que você não é, e está tudo bem, Rany. Eu optei


por sair do quarto justamente para não dizermos coisas que iriam
nos magoar. Eu sinto muito por você estar nesta situação, tenho boa
parte de culpa nisso. Mas esse tipo de coisa não dá para consertar.
Vai dar tudo certo, eu vou estar sempre ao seu lado e...

— Eu quero ir embora — interrompo-o. — Preciso de um


tempo, neste momento minha cabeça está uma bagunça.

Bryan congela o olhar sobre mim, ficamos alguns minutos


calados. E antes de nos afastarmos novamente, ele diz baixinho:

— Vou providenciar nossas passagens para o voo mais


próximo. Arrume suas coisas.

***
Na volta para o Brasil trocamos apenas algumas palavras,
falando somente o necessário. Ambos estamos chateados, Bryan
não faz questão de esconder o quanto está magoado. É complicado,
e até mesmo eu estou muito magoada comigo. Agora que já se
passaram algumas horas desde a descoberta da minha gravidez,
estranhamente me sinto um monstro por não conseguir aceitar
minha nova condição. Jamais farei mal a um bebê, que ainda está
no início de sua formação e que não tem culpa dos meus erros, mas
sei também que vou precisar de semanas e talvez meses até que eu
possa começar a me acostumar com a ideia.

Pousamos em São Paulo e como Bryan havia deixado o


carro em uma vaga privativa do aeroporto seguimos até o veículo, e
em poucos minutos entramos na via expressa.

— Esse silêncio está me matando, mas eu entendo que é


necessário — ele comenta, sem desviar o olhar da via. — Quero
que você saiba que estarei aqui quando se sentir pronta para
conversar.
— Obrigada. Eu só preciso de um tempo.

Seguimos o restante do trajeto sem trocar mais nenhuma


palavra. Quando ele para em frente ao meu prédio me apresso em
sair do carro. Bryan faz o mesmo, indo até o porta-malas para pegar
meus pertences.

— Até logo, Rany — murmura, entregando minha mala.

— Tchau, Bryan.

Não olho para trás quando entro no prédio, sigo até o


elevador e assim que ele começa a subir deixo a armadura de lado
e choro, liberando todo o meu desespero. Ao entrar no meu
apartamento, encontro Thais me aguardando na sala. Ao me ver,
minha amiga não diz nada, apenas abre os braços e me oferece seu
carinho e apoio.

Largo minha mala e vou até ela, sento-me ao seu lado e me


aconchego em seu abraço. De repente uma crise de choro me
domina.

— Shh, calma, minha linda, vai ficar tudo bem. É normal ficar
assustada, mas você vai ver como as coisas vão se ajeitar com o
tempo. Eu vou estar aqui com você em todas as fases. Agora, quer
chorar? Chora. Mas depois quero ver o seu lindo sorriso, seu alto-
astral.
Estou tão abalada que apenas ouço suas palavras, sem
conseguir dizer uma única palavra. Para algumas pessoas pode
parecer frescura ou exagero, mas para mim é algo muito difícil de
aceitar. Não é tão fácil assim.
BRYAN

As coisas estão tão estranhas. Desde o nosso


desentendimento em Paris não tenho mais falado com Raniely,
estou dando um tempo para ela pensar e tentar colocar a cabeça no
lugar. Hoje fazem exatos cinco dias que não ouço sua voz, que não
acordo com um bom-dia. Estou totalmente fodido, não apenas pela
situação da gravidez indesejada, mas também porque estou
completamente apaixonado por ela.

O quão fodido isso pode ser?


Meus pais estão no Brasil há dois dias, e assim que minha
mãe entrou no meu apartamento notou que eu não estava bem.
Nunca precisei esconder nada deles, e quando dona Talita
perguntou o que estava me chateando, não fiz questão de esconder
nada. Contei tudo o que está acontecendo. Ela, claro, ficou
megafeliz ao saber que terá mais um neto, meu pai também ficou
radiante. E quando contamos para os meus avós e para Bianca foi
uma festa só. Todos muito felizes, menos a mãe do meu bebê. Que
porra.

— Filho, para uma mulher igual a Raniely, com espírito


viajante e cheia de sonhos, é difícil aceitar uma gravidez assim, de
uma hora para a outra.

Olho para minha mãe e para a minha avó ao mesmo tempo.


Estou sentado na varanda do apartamento da vovó. As duas
mulheres estão há quase meia hora tentando me consolar, enquanto
meu pai e vovô trocam farpas em frente a tv da sala por causa de
time de futebol.
— Eu sei, mãe, e é por isso que estou dando um tempo para
ela. Mas já deixei claro que Raniely não é obrigada a ficar com o
bebê. Eu posso muito bem cuidar dos meus filhos sozinho.

Elas ficam tristes e eu sei o maior motivo. Ontem recebi uma


ligação da clínica de Nova York, eles me colocaram a par da
situação da minha barriga de aluguel, informaram que a mulher teve
um sangramento e não me deram garantia se ela vai conseguir
seguir com a gravidez. Na hora me desesperei e já estava me
preparando para voar até os Estados Unidos, quando a médica me
convenceu de que minha presença não adiantaria de nada e que
temos que deixar a natureza seguir seu rumo e esperar pelas
próximas horas.

Fiquei tão sem chão que passei o caso para o meu


advogado, de agora em diante ele que fará todos os contatos
necessários com a clínica.

Solto uma lufada de ar, muito frustrado com tudo o que está
acontecendo.

— Bryan, eu não conheço essa moça pessoalmente, mas


baseado nas coisas que você fala sobre ela, tenho certeza de que
logo vai aceitar esta situação e vocês ficarão bem.

Dou de ombros
— Já decidi. Se ela não quiser, não vou insistir. Eu fico com a
guarda total da criança e ponto final.
Mamãe e vovó apenas assentem, pois sabem que de nada
adiantará termos uma conversa neste momento.

***
A noite está fria em São Paulo, estou aproveitando minha
folga para ficar deitado, lambendo minhas feridas. Meus pais e avós
foram para a casa de campo e até tentaram me convencer a ir junto,
mas neste momento não sou uma boa companhia para ninguém.
Meus dedos já estão doendo de tanto que mudo os canais da
televisão, sem conseguir me concentrar em nenhum deles. Meu
celular vibra em cima do sofá ao lado e eu me arrasto para pegá-lo.
O coração erra uma batida quando vejo que é uma mensagem no
WhatsApp e que é da Raniely.
Rany: Estou na casa dos meus pais, acabei de dar a
notícia do bebê. Ainda é estranho pensar que tem um coração a
mais batendo dentro de mim, mas eu acho que já estou
preparada para termos aquela conversa. Me desculpe todos
esses dias de silêncio. Você estará em São Paulo amanhã à
noite?

Apresso-me em responder.

Amanhã estarei em casa por volta das 20h. Quer sair para
algum lugar ou prefere conversar aqui mesmo?

Rany: Pode ser na sua casa. Saindo do aeroporto vou


direto até você, no entanto, só conseguirei chegar aí às 22h.
Tudo bem para você? Por favor, não use perfume.

Se fosse em outras circunstâncias faria uma piada com seu


pedido e me ofereceria para aguardá-la no aeroporto e assim
poderíamos vir juntos para a minha casa. Mas não é o caso aqui.
Então apenas respondo, simples e direto:
Te aguardo no meu apartamento amanhã às 22h.

Raniely visualiza a mensagem e não trocamos mais nenhuma


palavra. Nem mesmo um boa-noite. Estou prestes a largar o celular
no sofá novamente quando ele começa tocar e o nome do meu
advogado pisca no visor.
— Oi, Colin.
O homem respira fundo e antes mesmo que ela diga qualquer
coisa, consigo decifrar sua demora para falar. Então apenas fecho
os olhos e aguardo a confirmação do que já era previsto desde
ontem.

— Eu sinto muito, Bryan. A garota não conseguiu. Mas você


pode tentar uma nova fertilização daqui a alguns meses.
Colin é americano, nascido e criado em Washington, D.C.
Filho do CEO da SonyTecnologic, o cara se tornou um dos maiores
advogados dos Estados Unidos. Nós nos conhecemos quando
estudávamos em Harvard, depois de uma noite de bebedeira em
uma das diversas festas de confraternização ficamos muito
próximos.
— Obrigado, Colin. No momento estou totalmente sem norte,
quando estiver mais calmo volto a falar com você. Faça todos os
pagamentos exigidos pela clínica, certifique-se de que a moça ficará
bem. Por ora, muito obrigado.

Nós nos despedimos e eu me permito chorar, desabafar e


deixar toda a minha fúria e frustração sair. Sem pensar muito jogo
meu celular contra a parede e o aparelho se quebra em vários
pedaços.
— Foda-se — grito o mais alto que posso. — Aaaaah.
Estou ferido, magoado, meu coração está destroçado em mil
pedaços. E apesar de saber que ainda tenho um bebê a caminho,
eu queria o outro bebê também. Vou até minha adega de bebidas e
pego uma garrafa de uísque, enfio a boca no gargalo e viro para que
o líquido desça queimando minha garganta. Não sei ao certo que
horas são, só sei que já estou bêbado. Desabo no sofá e aos
poucos vou perdendo a consciência, deixando toda a dor esquecida
por algumas horas.
RANIELY

— Estou grávida — foi assim, no seco e sem nenhum rodeio


que joguei a informação e observei atentamente a reação de cada
membro da minha família. Ontem, quando informei que tinha algo
importante para contar, nós nos reunimos na casa dos meus pais e
após almoçarmos contei a eles sobre o bebê.

Minha mãe ficou em choque e, ao mesmo tempo,


maravilhada. Keila não sabia se sorria ou se me olhava preocupada,
meu cunhado se manteve neutro e meu pai parecia prestes a
infartar.

Depois do susto e impacto da notícia, ouvi um pequeno


sermão do meu pai e até sorri quando ele prometeu que iria
arrancar as bolas do Bryan, mesmo eu afirmando que ele queria o
bebê e que não tinha virado as costas para mim. Papai me abraçou
forte e repetiu pelo menos umas cinco vezes que eu não estava
sozinha e que ele sempre estará ao meu lado. Minha mãe chorou
comigo quando contei sobre a briga com o pai do meu bebê e o
quanto estava difícil aceitar minha gravidez. Mas foi conversando
com a minha irmã que meus pensamentos começaram a mudar e
bem lá no fundo consegui me imaginar sendo mãe e cuidando do
meu bebezinho.
— Filha, você é muito nova e sei que tem muitos sonhos,
mas nunca veja seu filho como um problema, tudo nessa vida tem
um propósito — essas foram as palavras da minha mãe. — Você
não está sozinha, nós somos sua família e você pode contar
conosco sempre.

— É isso mesmo, minha querida Raniely. — Papai sorriu


emocionado. — Pode contar com nossa ajuda e apoio. É claro que
no nosso coração tem espaço de sobra para mais um membro da
família. Agora, eu realmente estou ficando velho, você e sua irmã
cresceram e olha só, vão me dar netinhos lindos e inteligentes como
as minhas meninas.

Chorei horrores com a emoção do meu pai. Certo, esse lance


de gravidez mexe mesmo com nosso lado emocional. Puta merda,
nos últimos dias tenho chorado tanto.
Minha irmã também se emocionou ao fitar meus olhos e
dizer:

— Hoje, você pode até pensar que sua vida está um caos,
mas tenho certeza de que você será uma ótima mãe. Esse bebê
será o seu alicerce, sua razão de viver. — Ela beijou minha
bochecha e fez carinho nos meus cabelos. — Nós ainda vamos rir
muito desse seu desespero. Nossos bebês serão melhores amigos,
assim como você e eu somos.

Choramos abraçadas. Fiquei até tarde na casa dos meus e


fui embora um pouco depois que minha irmã e o marido se
despediram de nós.

Agora, estou tentando não colocar as tripas para fora,


vomitando e sentindo o estômago doer a cada força que faço. Estou
dopada, é assim que ando há algumas semanas. Os enjoos
chegaram com força total, acho que já perdi todos os quilos que um
dia sonhei em perder. Claro que não queria que fosse nestas
circunstâncias. Mesmo tomando remédios para reduzir as náuseas,
mal consigo chegar perto de pessoas usando perfumes fortes e
adocicados.

Acabo de chegar do Nordeste, e graças a Deus foi o meu


último voo de hoje. Amanhã estou de folga e tenho que ir à minha
primeira consulta de pré-natal. Após passar por avaliação com meu
ginecologista e saber de quantas semanas estou é que irei
comunicar a empresa.

Hoje, pretendo falar com Bryan, há muitos dias o tenho


evitado. A verdade é que estou morrendo de medo de ter perdido
meu comandante para sempre, sei o quanto ele quer ser pai e sei o
quanto o machuquei com a minha negação. Envio uma mensagem
avisando que já estou em Guarulhos e que em breve chego à sua
casa, mas a mensagem simplesmente não chega para ele. Depois
da nossa última troca de mensagens, ontem à noite, não houve
outras tentativas de comunicação, até agora.

Após me despedir dos colegas de trabalho, sigo para o


estacionamento e entro em meu carro. Dirijo com cautela até o
bairro nobre onde Bryan reside. Chegando à portaria do condomínio
me surpreendo ao descobrir que meu acesso já está liberado, e que
de agora em diante não preciso mais me identificar.

— O Sr. Davies informou que a senhorita tem acesso livre


sempre que quiser vir aqui — informa o porteiro, com um sorriso
gentil. — A senhorita pode me emprestar seu documento pessoal,
apenas para que eu faça um cadastro junto a placa do seu veículo?
Mesmo chocada, entrego o documento para o homem, que
não demora nem cinco minutos fazendo o cadastro. Ele libera meu
acesso e mostra onde poderei guardar meu carro, em seguida me
deseja uma boa-noite e desaparece dentro da cabine de segurança.
Será que o Bryan ficou louco? O que será que deu na cabeça dele
para tomar tal decisão? Isso eu vou saber daqui a pouco.

Quando o elevador para na cobertura meu coração fica tão


acelerado que a sensação que tenho é que vou morrer sem ar.
Estou prestes a ter uma crise de ansiedade, mas tento me manter
centrada. Chego em frente à porta dele e respiro fundo antes de
criar coragem para tocar sua campainha, de todas as formas que
imaginei que iria encontrar Bryan, com certeza não foi desta
maneira que imaginei.
— Mas... o que foi que aconteceu com você? — Meus olhos
estão quase saltando para fora tamanho o meu espanto.

Os olhos de Bryan estão inchados, indicando que ele chorou


por horas. A barba está grande e desalinhada, o cabelo está todo
bagunçado e ele fede a bebida. Os olhos dele vão direto para a
minha barriga quando, sussurra desolado:
— Me diz que o meu bebê ainda está aí.

— O... o quê? Bryan, você está me assustando. O que foi


que aconteceu para você ficar assim, tão frágil e vulnerável?

Entro em seu apartamento e após fechar a porta, vejo seus


olhos, que antes eram cheios de alegrias, agora transmitem uma
tristeza sem-fim. Bryan se aproxima um pouco mais e faz menção
de levar a mão até meu ventre, mas eu me afasto ainda assustada.

— Perdi meu filho, a mulher fecundada sofreu um aborto e


não estou sabendo lidar com isso. Desculpa a forma como estou te
recebendo, mas neste momento só existe uma coisa que quero
saber, Raniely.
Fecho os olhos quando um enjoo chega até minha garganta.
Respiro fundo e volto a encarar o homem destruído à minha frente.

— Eu sinto muito pelo outro bebê. E, sim, eu ainda estou com


o seu bebê aqui dentro — faço uma pausa e tento sorrir. — O nosso
bebê está seguro aqui comigo.
Ele chora deliberadamente, deixando-me tonta e ainda mais
sensível. Nunca me senti tão mal em toda a minha vida. Bryan está
sofrendo demais, ele queria tanto esse filho e agora o perdeu. Ao
mesmo tempo, estou grávida e o bebê também é dele. Mas é como
dizem por aí, um filho não substitui outro. E mesmo ainda nem
sabendo o sexo do bebê da barriga de aluguel, ele já fazia planos
para aquela criança.

— Bryan, eu sei que nada do que eu disser aqui vai amenizar


sua dor e...
— Não, Rany — ele me interrompe e faz um gesto para que
eu me sente em seu sofá. O homem tristonho e todo desleixado se
senta no chão, um pouco distante de mim. — Estou sofrendo, você
sabe o quanto eu queria aquele bebê. Mas também entendo que
essas coisas acontecem e que não era para ser desta vez. No
entanto, você continua esperando um filho meu, isso me alegra e
conforta. Por favor, Rany, tente relaxar para você ter uma gravidez
tranquila, eu não sei se suportaria perder este bebê também.
Limpo as lágrimas em meu rosto, porque mesmo tentando
não chorar, os hormônios falam mais alto e estou parecendo uma
criança perdida.

— Vai levar um tempo maior até que eu aceite 100% a ideia


de ser mãe, você sabe que não era isso que eu queria. Mas, quando
saí da casa dos meus pais, após conversar com eles e com a minha
irmã, algo aconteceu dentro de mim. De repente, algumas
prioridades mudaram. Eu quero ter esse bebê, Bryan.
E então, Bryan sorri pela primeira vez desde que cheguei. Ele
tenta se aproximar, mas estico o braço e abro a mão pedindo para
parar.

— Olha, eu quero muito poder te abraçar, acho que ambos


precisamos de um abraço, mas será que você pode, por favor,
tomar um banho e não colocar nenhum perfume?

Bryan sorri e desta vez é o sorriso lindo que eu aprendi a


amar. Ele é tão lindo que mesmo todo desarrumado e com olhos
inchados de tanto chorar, ainda continuo encantada com sua beleza.
— Eu já volto. Pedi comida para nós, está no forno, fique à
vontade para pegar o que quiser.

Enquanto aguardo Bryan voltar do banho, vou até a cozinha e


encho um copo com água bem gelada. Meu celular toca e sorrio ao
ver que é minha irmã. Esta é a sétima ligação do dia, Keila agora
vive preocupada comigo, ela e nossa mãe me ligam a todo instante.

— Oi, Keila, tudo bem? Como foi a consulta, está tudo bem
com o meu sobrinho?
— Bem agitado, acho que logo entrarei em trabalho de parto.
O doutor Alberto falou que a partir de agora o Leo pode nascer a
qualquer momento.

— Que ótimo.

— Sim, mas agora eu quero saber como está a minha


buchudinha mais linda?

Rio com o apelido. Nossas tias que vivem no Nordeste


passaram a chamar Keila de buchudinha quando ela anunciou a
gravidez e, agora, minha irmã achou uma boa ideia passar o apelido
para mim.
— Estou bem, os enjoos diminuem um pouco durante a noite.

— É assim mesmo, minha princesa, e com o passar dos


meses ele vão desaparecer.
— Não vejo a hora.
Keila faz uma pausa antes de perguntar, um pouco receosa:

— Você já está na casa do Bryan?

— Estou, cheguei há pouco tempo. Bryan está passando por


um momento triste, a moça que foi contratada para ser a barriga de
aluguel perdeu o bebê.

— Nossa, Rany. Que triste.

— É sim.

— Espero que vocês se conectem e encontrem a paz que


precisam neste momento. Essa lindeza que está crescendo aí
dentro de você merece vir ao mundo com pais resolvidos e unidos.
Independentemente se serão um casal ou não. Agora vocês têm um
elo para o resto da vida.

Droga, já estou chorando novamente.


— Obrigada, Keila. Você é a melhor amiga do mundo
inteirinho. Eu te amo.

— Também te amo, Rany. Fica bem.


— Eu vou ficar.

Encerro a chamada com minha irmã e abro o aplicativo de


mensagens para responder aos meus amigos. Também envio uma
mensagem de voz para a minha amiga Thais, e quando estou
terminando de mandar um áudio, Bryan volta para a sala.

Ele tirou a barba, está usando uma bermuda e uma camisa


regata, seus pés estão descalços e agora o homem está com uma
aparência muito melhor. Ele se aproxima com cautela, quando
percebe que desta vez não vou me afastar, ele sorri e me puxa para
um abraço apertado e carinhoso. Ficamos um tempo apenas
sentindo a respiração e calor dos nossos corpos.

— Eu quero tentar fazer as coisas certas, Bryan, mas você


terá que ter paciência comigo. Pode ser que eu tenha alguns
episódios de choro e pânico pelo caminho. Sinto que vou amar esse
bebezinho mais do que um dia eu pude imaginar amar alguém, mas
ainda estou no meio do processo de aceitação.
— Você será uma ótima mãe, baby. Tenho certeza de que
nosso filho terá muito orgulho de você.

Ele nos guia até o sofá e nos sentamos um de frente para o


outro.

— Eu preciso te confessar uma coisa, Raniely. — Apenas


assinto com a cabeça e ele segura meu rosto com as mãos, fita
meus olhos e se declara: — Estou apaixonado por você, loucamente
envolvido até a alma. Fica comigo, Rany. Queria poder fazer isso
num momento mais romântico, mas, agora, eu tenho pressa, não
vou mais guardar meus sentimentos. — Bryan se ajoelha entre
minhas pernas e segura minha mão. — Quer namorar comigo? Sei
que nos conhecemos há pouco tempo, mas não vejo isso como
problema. Podemos ir com calma, será do jeito que você quiser.
Apenas diga sim, baby, e eu prometo que vou te mimar e amar com
tanta intensidade que as pessoas terão diabetes com tanta melação.

Rio alto e ele me acompanha numa gargalhada.


— Eu pensei que você estava com raiva de mim, por ter
reagido daquela forma estúpida lá em Paris — digo quase num
sussurro.

— Então estamos quites, porque eu também pensei que você


estava me odiando por ter gritado contigo.

Bryan fecha os olhos, parecendo um garoto bobo, eu me


curvo para aproximar nossos rostos. Toco nossos lábios e bem
devagar beijo sua boca. Um beijo calmo, repleto de saudades.
Foram dias difíceis longe dele e isso só me faz ter certeza de uma
coisa. Afasto nossos rostos e sorrio para o meu comandante
romântico e lindo.

— Aceito ser sua namorada. E sabe por quê?

— Com certeza é pela minha beleza estonteante.


Explodo em uma risada alta e bato no ombro dele.

— Você é muito convencido, comandante. Não é somente por


você ser lindo pra cacete que eu aceito seu pedido. — Suspiro e
deixo meu coração falar — Estou completamente apaixonada por
você. — Ele arregala os olhos, é nítido que foi pego de surpresa
com a minha declaração. — Sim, eu estou muito apaixonadinha. E
também estou muito grata por você não ter colocado nenhum
perfume esta noite, assim posso te beijar inteirinho.

Em um movimento rápido, Bryan vem para cima de mim e


agora estamos nos atracando no sofá. A excitação é imediata, mas
aparentemente ele tem mais juízo do que eu, pois se afasta e
estende a mão para mim.
— Vem, morena, vamos jantar. Estou louco para te sentir e
me afundar nesse seu corpo delicioso, mas você precisa se
alimentar primeiro. Não quero minha namorada desmaiando por
falta de alimentação adequada.

Nós nos servimos e enquanto comemos, aproveito para


contar o próximo passo da minha rotina.

— Amanhã é minha folga, e também será a minha primeira


consulta de pré-natal. Queria tanto que você pudesse ir comigo,
mas imagino que não é sua folga.

— Rany, não existe nada que me fará faltar na sua primeira


consulta. Tenho horas sobrando na empresa, nunca fiz questão de
usar. Mas, agora, todas as vezes que suas consultas forem
agendadas eu quero ser informado, não pretendo faltar a nenhuma
delas, e a regra se estende aos exames também.

— Ah, você é um fofo.

Ele nega com a cabeça.

— Fofo não, mas quero ser um pai presente desde o início.


Terminamos o nosso jantar e me apresso para lavar os
pratos, mesmo sob os protestos de Bryan alegando que eu tenho
que descansar. Apagamos todas as luzes e seguimos para a suíte.
— Vou ficar aqui enquanto você toma banho, se eu te
acompanhar não será um banho rápido. Você precisa descansar,
minha linda, vou te aguardar debaixo do edredom.

— Eu já volto — aviso, antes de entrar no banheiro com um


sorriso bobo nos lábios.
Tomo um banho rápido e escovo os dentes ainda debaixo do
chuveiro, em seguida abro minha mala e coloco uma calcinha limpa
e um conjuntinho de short e camisa de algodão. Estou realmente
muito cansada, e mesmo que tivesse algo sensual na mala não
usaria hoje. Volto para o quarto e me deito ao lado do Bryan.

— Vem aqui, baby. — Ele me puxa para seus braços fortes e


deitamos de conchinha. — Feche os olhos e durma, Rany, estava
morrendo de saudades de você. Mas agora que está aqui, temos
todo tempo do mundo para nos amarmos.

Eu não respondo com palavras, mudo nossa posição e fico


de frente para ele. Ficamos nos olhando por alguns segundos.
— O que você quer, baby? Hum?

— Faz amor comigo, Bryan. Vamos selar o nosso namoro do


jeito que ambos gostamos.

— Ah, morena, eu aqui tentando ser o namorado fofo e você


bancando a ninfeta safada.
— Vem, comandante. Depois você pode ser fofo, agora quero
que faça amor comigo.

E ele vem, totalmente entregue para mim.


BRYAN

Minha família é tão unida que sempre estamos reunidos,


comemorando qualquer novidade. Mas a família da Raniely é bem
mais bagunceira que a minha e já deixaram claro que querem um
encontro. Estou neste momento com minha namorada na sala de
espera da clínica onde ela fará o pré-natal, e nossos pais estão
mega-ansiosos para a pequena reunião que marcamos na hora do
almoço, no meu apartamento. Minha família entrou no jatinho e está
voltando para São Paulo, mamãe e vovó ficaram radiantes quando
contei que havia me entendido com Rany.
Eu ainda não contei para eles que a garota contratada nos
Estados Unidos perdeu o bebê, mas, no fundo, eles já devem estar
esperando por essa notícia, uma vez que estão cientes de que ela
estava internada na tentativa de evitar um aborto espontâneo. Estou
triste, mas, ao mesmo tempo, me sinto forte pelo bebê que Raniely
está esperando.
— Você acha que foi uma boa ideia organizarmos este
almoço com nossos pais, agora? — Rany pergunta, com uma
sobrancelha erguida.
— Eu acho que eles vão se dar muito bem, não se preocupe,
linda, vai dar tudo certo. E quando sairmos daqui vamos direto para
lá, estão todos aguardando notícias do nosso bebê.

Somos avisados que o médico atenderá Rany agora, então


deixamos o assunto dos nossos pais para outro momento.

— Boa tarde — cumprimenta o homem, ao entrarmos em seu


consultório.

— Boa tarde, doutor — Rany e eu falamos ao mesmo tempo.

— Podem se sentar, vou precisar fazer algumas perguntas


para a futura mamãe.

E ele passa os próximos minutos fazendo perguntas e


anotando tudo. Raniely conta quando foi sua última menstruação e
quando foi a última vez que fez exames de sangue.

— Baseado na sua última menstruação, você está de


aproximadamente 5 a 6 semanas, bem no início da gestação. Mas
saberemos mais detalhes quando fizermos um ultrassom, que neste
momento terá que ser através de uma transvaginal. Tudo bem?
— Tudo.

— O pai do bebê pode aguardar lá fora enquanto realizamos


o exame, caso vocês não se sintam confortáveis com a situação.

— Só saio dessa sala se a minha namorada decidir que não


me quer aqui dentro — pontuo, decidido.

— Ele vai ficar, doutor — responde Rany sem titubear

— Certo, preciso que você vá até o banheiro, tire sua roupa e


coloque um dos aventais que estão lacrados e higienizados dentro
de sacos plásticos individuais.

Aguardamos Raniely fazer o que o médico pede, um tempo


depois ela volta usando o tal avental. O doutor a orienta a se deitar
na maca e posicionar uma perna em cada lado do suporte de ferro,
que tem na maca ginecológica.
Agora eu entendo quando seu comentário sobre não nos
sentirmos bem com a situação, para alguns casais isso pode ser um
tanto constrangedor. Mas para mim é apenas a minha namorada se
preparando para checarmos como está o nosso bebê. Tento não rir
da situação, mas é até engraçada. Rany está em uma posição que
me faz lembrar um frango de padaria, mas é claro que não vou dizer
isso a ela.

Observo atentamente todo o preparo para iniciar o exame. O


médico abre uma embalagem de camisinha e desliza o látex em boa
parte do comprimento do aparelho que será introduzido em Raniely.
Vou para o lado dela e seguro sua mão, tentando passar confiança
e cumplicidade.
— Como eu disse, você está com quase 6 semanas —
informa o homem, concentrado no exame. — O feto ainda é muito
pequenino, mas já é possível ouvir o coraçãozinho.
E então um som alto e retumbante ecoa por toda a sala
fechada. Meus olhos se enchem de lágrimas imediatamente, meu
coração parece que vai sair pela boca, tamanha a emoção que
estou sentindo. Olho para Raniely, que está tão emocionada quanto
eu.
— Veja, vocês terão um bebezinho muito forte e saudável.

— É o coração do... — Rany começa a falar, mas faz uma


pausa.

— Do nosso bebê, minha linda.


— Isso mesmo — comenta o médico, ainda com o olhar
vidrado na tela do computador.

— Oh, meu Deus, como eu pude rejeitar esse milagre? — ela


murmura. — Eu quero este bebê, quero muito.
O médico se mantém de forma profissional e não diz nada a
respeito do comentário de Raniely. Aproximo-me um pouco mais e
beijo sua testa.

— Nós vamos tê-lo, Rany.


— Bom, está tudo certo com o bebê de vocês. — O doutor
retira o aparelho de dentro dela e fica de pé. — Você pode colocar
suas roupas de volta, enquanto isso vou preparar uma receita com
todas as vitaminas que você precisará tomar. Também vou
prescrever remédio para enjoo.
Saímos do consultório com duas receitas na mão e o coração
transbordando de emoção e felicidade. Os pais de Raniely chegam
ao condomínio no mesmo instante que a gente. Nós nos
encontramos no hall e agora estamos dentro do elevador, indo direto
para a cobertura.
— Que bom que vocês se acertaram — comenta a mãe dela,
enquanto subimos.
— E como está o meu neto? — pergunta o homem, que
agora é meu sogro, para a filha.

— Ah, pai, o senhor tinha que ter ouvido o som do coração


dele batendo forte e rápido.

— Eu imagino que foi lindo. Se fechar os olhos consigo voltar


no tempo e as lembranças do dia em que ouvi seu coração pela
primeira vez ainda me emociona.

— Como você se sente com isso, filha? — A mãe olha


preocupada para a filha.
— Eu estou feliz, mãe. Ouvir o coração do meu bebê me fez
ver as coisas ainda mais com clareza. Ainda estou um pouco
assustada, no entanto, feliz.

— E você, rapaz? — O homem me encara, com um jeito


durão de pai superprotetor.
— Estou sorrindo até para o vento, senhor. Então, sim, estou
morrendo de felicidade.

Saímos do elevador, e quando entramos em meu


apartamento somos recebidos por minha família, que,
aparentemente, decidiu fazer uma pequena festa.

— Ah, eles chegaram.


— Oi, família. — Entro de mãos dadas com Raniely. — Pai, o
senhor já conheceu Rany pessoalmente, então vou apresentá-la
para os outros.

Não tenho tempo de dizer mais nada, minha mãe se


aproxima e puxa Raniely para ela.

— Olá, minha querida. Como você é linda.


— Obrigada, a senhora também é uma mulher muito bonita.

— Estes são Pedro e Diana, pais da Raniely. — Faço as


apresentações.
— Olá, é um prazer conhecer vocês — meus pais dizem ao
mesmo tempo.

— Podemos dizer o mesmo. — O pai de Rany sorri


abertamente, após trocar aperto de mão com meu avô e meu pai.
— Bryan falou que vocês têm outra filha. Por que ela não
veio? — indaga minha mãe, curiosa.

— Keila está na reta final da gravidez e já está sentindo um


pouco de contração, o que indica que logo dará à luz. Minha filha
está de repouso em casa, por isso não pôde vir — esclarece minha
sogra.
Com todos apresentados seguimos para o terraço, onde nos
sentamos para almoçar. A funcionária da minha avó preparou uma
refeição maravilhosa para nós. Algum tempo após o almoço,
estamos sentados em uma roda de conversa e decido que é hora de
contar sobre o outro bebê.

— Meu advogado me ligou ontem à noite, a moça perdeu o


bebê — informo e todos ficam mudos por alguns instantes.
— Minha filha comentou que você havia contratado uma
barriga de aluguel nos Estados Unidos. — A mãe de Rany me olha
com pesar. — Eu sinto muito que não tenha dado certo.
Apenas assinto, sendo abraçado por Rany.

— É uma pena, meu filho — diz mamãe baixinho —, espero


que você fique bem. De verdade.
— É claro que ele vai ficar bem — afirma meu pai, sorrindo
todo alto-astral.
Meus avós e minha prima não dizem nada, assim como meu
sogro. E após um breve momento de silêncio, decidimos mudar o
rumo da conversa. Eu sempre irei lembrar do pequenino que estava
a caminho, mas entendo que tudo tem um motivo.
RANIELY

— Ah, meu Deus, ele é tão lindo — digo, emocionada, por


estar cara a cara com o meu sobrinho pela primeira vez. — Deixe a
titia tirar a nossa primeira selfie. — Posiciono a câmera do celular e
assim o faço
Keila deu à luz hoje pela manhã. Estava em Recife quando
recebi um telefonema da minha mãe avisando que minha irmã
estava internada para ter o bebê. Alguns minutos depois, ela ligou
para avisar que Léo havia nascido, quando chegou a primeira foto
dele no meu WhatsApp meu coração bateu mais rápido, de tanto
amor que senti.

Agora, após um dia inteiro de voo, passei em casa, tomei um


banho caprichado e vim correndo para a maternidade. Foi difícil
conseguir autorização para visita fora de hora, mas meu cunhado
possui amizades com alguns médicos do hospital e conseguiu meu
acesso.

— O chorinho dele é tão manhoso, Rany. Você precisa ver —


fala minha irmã, toda emocionada.

O bebezinho resmunga em meus braços e eu me apresso


para niná-lo.

— Oh, meu príncipe lindo da titia. Você deve estar querendo


mamar de novo, não é?
— Traz o meu filhote aqui, Rany. Deixe a mamãe dar mamar
para esse anjinho.

Confesso que desde o momento em que ouvi o coração do


meu bebê pela primeira vez, estou cada dia mais empolgada com a
ideia de ser mãe, mas, de fato, nunca chegarei nem na metade da
animação da minha irmã. Keila nasceu para isso, desde pequena
ela carregava suas bonecas para todos os lados e dizia que quando
crescesse iria casar e ter filhos. Eu, por outro lado, estou tendo que
descobrir o meu lado maternal que nem fazia ideia que existia
dentro de mim.

— O nariz dele é idêntico ao seu. — Bato no ombro do meu


cunhado, após entregar o bebê para minha irmã amamentar.
— Meu filhão é a minha cara, Rany. — Ele estufa o peito todo
orgulhoso da cria. — É o meu garoto, e estou cheio de orgulho por
ele ser tão parecido comigo.
— O importante é que ele tem saúde, né? — zombo, e ele ri.

— Muito engraçadinha você.

— Estou brincando, seu bobo. Léo é muito lindo e, sim, se


parece com você. Mas também notei que tem a cor dos cabelos e o
formato da boca da minha irmã. Parabéns, casal, vocês fizeram um
ótimo trabalho.

— Obrigado, cunhada.
Vou até minha irmã e deixo o beijo em seu rosto.

— Agora eu preciso ir, tenho que estar de pé antes das 5h da


manhã. Vou descansar um pouco.

Keila me dá uma piscadela e sorri, tão linda e meiga como


sempre foi.

— Está bem, minha princesa. Mas dirija com cuidado.

— Pode deixar. — Toco no rostinho do bebê. — Cuide bem


do nosso precioso.

Pego minha bolsa e me despeço do meu cunhado.

— Tchau, papai babão. Cuidado para não alagar a


maternidade inteira com sua baba.

— Rany, Rany. Só não te dou uma resposta malcriada porque


você é minha cunhada preferida.
— Hipócrita. — Rio da cara de pau dele. — Como se você
tivesse outras cunhadas.
Saio do quarto e vou direto para o estacionamento do
hospital. Entro em meu carro e antes de dar partida pego o celular
para responder uma mensagem do Bryan.
“Olha como ele é lindo.” Envio a foto que tirei com Léo no
colo.

Bryan visualiza, mas não responde. Logo em seguida meu


celular começa tocar.

— Oi, comandante.
— Boa noite, minha linda morena. Sabia que você ficou ainda
mais linda com seu sobrinho no colo? E pensar que daqui a alguns
meses será o nosso bebezinho nos seus braços.

— O Léo é lindo, Bryan. Um bebezinho calmo e muito fofo.


Você precisa sentir o cheirinho de neném que ele tem. Confesso
que fiquei com vontade de raptar o meu sobrinho para mim. É
estranho, não é?
— Estranho?

— Sim. Até pouco tempo, eu não queria nem papo com


bebês, e agora já estou aqui louca para roubar o filho recém-nascido
da minha irmã.
— Você é louquinha, Rany. Agora tem algo que eu quero te
propor.
— Diga, meu comandante.
— Consegui quatro dias de folga para nós dois.

Reviro os olhos, porque não é nada difícil para ele burlar a


nossa escala de trabalho.
— Bryan, você sabe que não quero misturar as coisas.

— Não estamos misturando. Baby, você é minha namorada e


está esperando um filho meu. O que há de errado em dar uma
fugidinha comigo por quatro dias?

— Qualquer dia desses vou passar óleo de peroba nessa sua


cara de pau.
Bryan explode em uma risada e o acompanho.

— Falando sério, linda. Quero saber se você topa passar


quatro dias nos Estados Unidos comigo? Minha avó paterna está
louca para conhecer a mãe do primeiro bisneto dela.
— Está falando sério?

— Muito sério. E aí, topa?


— É claro que topo. Mas acho que temos um problema.
— Qual?

— Meu visto está cancelado, porque quando estive nos


Estados Unidos como estudante, burlei as regras e fui pega
trabalhando em uma lanchonete.

— Você não fez isso — murmura Bryan, chocado.

— Ah, eu fiz sim. Então, acho que será impossível entrar no


seu país. Pelo menos enquanto meu visto estiver cancelado.
— E como foi que essa informação passou despercebida na
hora da sua contratação na AéreaZoom?

— Eu não sei. Acho que meu anjinho da guarda estava de


plantão no dia da minha contratação e tudo deu certo.
— Sua maluquinha, e você não pensou como seria quando
precisasse começar fazer voos internacionais e precisasse pousar
nos aeroportos dos Estados Unidos?

— Claro que pensei, e por isso que estou tentando tirar o


visto novamente. Mas já fui negada duas vezes.

— Agora eu tive a certeza de que você é doidinha mesmo —


Bryan se diverte com minhas trapalhadas. — Não fique preocupada,
baby, apenas diga sim, e ainda esta semana você estará com seu
visto em mãos, mas neste caso será visto de trabalho, uma vez que
você é funcionária de uma empresa aérea que entra e sai do
território americano todos os dias. Tenho contatos que irão adiantar
isso para mim, e tudo o que você precisará fazer, é ir até o
consulado arrumar essa bagunça toda.

— Está bem, meu príncipe.


— Estou longe de ser um príncipe, mas deixo você fantasiar
com isso.

— Seu bobo. Agora eu preciso desligar, estou saindo do


hospital e preciso chegar em casa para descansar um pouco.
— Também estou indo para casa, queria muito ir até você,
mas ambos estamos precisando de umas horas de descanso. Se eu
for até você, vamos acabar sucumbindo ao desejo e o descanso
ficará em segundo plano.
Rio, porque ele tem razão.

— Querido, esta noite será cada um em sua cama. Mas


podemos nos ver bem cedo no aeroporto antes de seguirmos para
os nossos voos. O que você acha?
— É claro, morena. Agora vá, já está tarde e não é muito
seguro andar pelas ruas de São Paulo sozinha tão tarde. Me avise
quando chegar em casa.
— Só se você fizer o mesmo.

Nós nos despedimos com um até logo e ligo o carro. As ruas


estão quase desertas e em pouco tempo estaciono na garagem do
meu prédio. Enquanto ando até o elevador envio uma mensagem
para ele.
Já estou em casa. Beijos, comandante lindo. Boa noite.

Entro no apartamento e pelo silêncio imagino que Thais já


está dormindo. Confirmo isso quando passo em frente à sua porta e
escuto seu ronco, nada discreto. Minha amiga morre de rir quando
digo que ela ronca mais que um trator atolado.
Por estar vindo de um hospital tomo o segundo banho da
noite, coloco uma camisola fina de algodão e um pouco antes de
pegar no sono recebo uma mensagem de Bryan.

Boa noite, morena. Também já estou em casa. Nós nos


vemos amanhã bem cedo, já estou morrendo de saudades
dessa sua boca gostosa.

Estou tão cansada que nem bem termino de ler a mensagem


e apago na cama, entrando em um sono profundo.
***
Sem sombra de dúvidas este é o melhor horário para transitar
pelo aeroporto de Guarulhos. O ambiente está tranquilo, algumas
pessoas chegando e outras se preparando para viajar, as cafeterias
e lanchonetes sem filas, uma maravilha.
— Rany — chama uma voz empolgada atrás de mim.

Viro-me no mesmo instante em que Sibele chega mais perto.

— Menina, quanto tempo que não nos trombamos por aí —


comento, e ela assente.

Desde que nos conhecemos, no meu primeiro voo, nós nos


esbarramos apenas duas ou três vezes, e nunca conseguimos parar
para conversar. A vida de comissária é bem corrida quando estamos
em trabalho.

— Verdade — sussurra e nos abraçamos. — Estou adiantada


alguns minutos e consigo parar para tomar um café. Como está seu
horário?

— Também estou com um tempinho livre, na verdade, eu vim


mais cedo para ter tempo de dar uns beijos no meu namorado antes
de iniciarmos o dia — confidencio, e ela sorri sem graça. — Vem,
Sibele, vamos tomar um café e aproveito para te atualizar da fofoca
com a versão correta.

Ela ri alto, porque sabe que não sou ingênua a ponto de


pensar que ninguém sabe sobre meu envolvimento com Bryan, um
dos pilotos mais cobiçados da empresa. Seguimos animadas até a
cafeteria, a atendente anota o nosso pedido e quando nos
sentamos, peço um momento para a minha colega. Abro meu
WhatsApp e envio uma mensagem para o meu comandante gato.

Estou tomando café com uma colega na lanchonete do


terminal 2. Você vem direto para cá, ou quer me encontrar em
outro local?
— Pronto. Agora podemos fofocar um pouco — digo a Sibele,
que estava olhando atentamente para um ponto ao fundo. Ela volta
sua atenção para mim.

— Então, você está mesmo namorando o...

— Comandante Bryan — completo, quando percebo que ela


está tentando achar um jeito de abordar o assunto sem ficar um
clima chato. — Sim, estou namorando aquele safado gostoso.
— Ah, meu Deus. Quando escutei a fofoca rolando por aí
pensei que era apenas mais um boato bobo. Sabe como é essa
gente, né?

— Sei sim. Mas desta vez é verdade, Si. Começou com um


lance casual, mas agora resolvemos assumir. É por isso que não
faço questão de negar ou esconder nada. Bryan e eu somos livres,
não temos que fazer nada escondido.
— Uau, é assim que se fala, garota.

Opto por não contar a ela sobre a gravidez, porque ainda não
é momento para este assunto passar de boca em boca. Nosso café
é servido e estou prestes a tomar o segundo gole da bebida, quando
Bryan chega e se junta a nós. Ele beija meus lábios rapidamente,
dando-me bom-dia. Em seguida, cumprimenta Sibele.
— Bom dia, moça.

— Bom dia, comandante — ela o cumprimenta um pouco


tímida.

— Esta é a Sibele, no meu primeiro voo ela era uma das


comissárias que estava comigo — explico e ele assente.

— Entendi, é difícil gravar nomes no nosso meio. Cada hora


é uma tripulação diferente — comenta Bryan com tranquilidade.

Enquanto tomamos nosso café, aproveitamos para falar


sobre as novidades da empresa, como aumento de salário e rotas.
Estamos no meio do bate-papo quando uma mulher se aproxima e
toca o ombro do meu namorado.
— Oi, Bryan.

Noto que ele fica tenso quando olha para a mulher, que é
muito linda e elegante.
— Bom dia, Estefânia.

— Eu posso falar com você um momento? Prometo que serei


rápida.
Ele se levanta e em um cochicho Sibele revela a identidade
da mulher para mim:

— Ela é a ex-mulher dele.


Eles não se afastam, e Bryan não faz questão de falar baixo.

— Pode falar, Estefânia. Como você está?


— Estou bem. Pedi demissão e estou indo embora para a
Espanha. A família do meu marido é de lá. E, bom, estou grávida e
será bom ter o bebê perto da família dele. Já que eu não tenho mais
os meus pais.

Percebo o desconforto de Bryan com a conversa e


rapidamente fico de pé ao lado dele. Sibele dá um até logo e se
retira da conversa, nitidamente constrangida.
— Que bom, fico feliz por você e seu marido — diz Bryan,
envolvendo os braços em volta da minha cintura, puxando-me para
junto de si. — Deixa eu te apresentar a minha namorada. Esta é a
Raniely. — Ele me dá uma piscadela — Rany, esta é a Estefânia,
minha ex-esposa.

A mulher sorri abertamente para mim, após me medir dos pés


à cabeça. Em seguida, ela se aproxima para me cumprimentar com
um beijo no rosto.

— Olá, Raniely. Eu ouvi mesmo uns boatos sobre o namoro


de vocês. Desejo que sejam muito felizes.

Por incrível que pareça vejo sinceridade no olhar da mulher,


mesmo assim não a deixo sair por cima. A vaca não vai embora
sem saber da felicidade completa de Bryan.

— Obrigada. Bryan e eu estamos muito felizes,


principalmente agora que descobrimos que teremos nosso primeiro
bebê.

Ah, eu devia ter filmado a cara dela. É engraçado a forma


como seu queixo quase vai parar no chão. Ela olha várias vezes de
mim para Bryan, mas seu olhar congela nele, aguardando uma
confirmação.
— Eu vou ser pai, Estefânia. Estou muito feliz, ao lado da
mulher mais dócil e amável do mundo inteiro. Desejo do fundo do
coração que você também possa sentir esta mesma felicidade ao
lado do seu marido e do seu futuro bebê.

— Nossa, meus parabéns. — Ela joga o cabelo para trás,


levemente sem graça. — De verdade, Bryan, espero que você
consiga me perdoar um dia. — A mulher se afasta para ir embora,
mas antes sorri para mim. — Este cara é o melhor homem que eu já
tive a oportunidade de conhecer, cuide bem dele.

Seguro o rosto de Bryan e beijos seus lábios rapidamente,


antes de voltar minha atenção para a mulher.
— Pode deixar que eu vou cuidar do melhor homem que eu
também tive o prazer de conhecer.

— Adeus, Estefânia — diz Bryan, ela apenas assente com a


cabeça antes de sair para o lado de fora do saguão.

— Ela é uma vaca que está arrependida e claramente ainda


gosta de você.

— Se gostasse não teria feito o que fez. Enfim, desejo


mesmo que seja feliz, mas quero que ela seja feliz bem longe de
mim. — Ele me evolve em seus braços. — Minha felicidade está
bem aqui. — Bryan desliza uma mão até o meu ventre. — Você e o
nosso pequeno milagre é tudo o que eu quero, tudo o que preciso.
RANIELY

Estou de folga, puta merda que sensação maravilhosa. Eu


amo o meu trabalho, estudei e me empenhei muito para me tornar
quem sou. No entanto, a gravidez e os enjoos andam me deixando
desanimada em alguns momentos. Uma folga fará muito bem para o
meu organismo, preciso mesmo desacelerar um pouco. Tem os dias
bons, mas também tem os dias em que fico contando as horas para
voltar para casa.
Os pais de Bryan voltaram para os Estados Unidos semana
passada, nós nos despedimos com um até logo. Talita, minha sogra,
deixou claro que ficará muito feliz em me receber na sua casa. E
após resolver a situação do meu visto, Bryan e eu pegamos uns
dias de férias. Estamos indo para os Estados Unidos, e não poderia
estar mais feliz.
— Nós vamos de jatinho. — Paraliso, aturdida, e encaro
Bryan. — Pensei que iríamos em um voo comercial.

— Não, minha linda. Vamos em um dos jatinhos da minha


família. Apenas fique relaxada e curta a viagem.

— Não me diga que é você quem irá pilotar?

Ele ri, fazendo uma careta engraçada.

— Estou de folga, baby. Por mais que eu goste de comandar


um avião, desta vez quero aproveitar a viagem ao lado da minha
namorada.

Entramos de mãos dadas na aeronave luxuosa, sendo


recebidos por uma pequena equipe de tripulação. Em poucos
minutos, estamos decolando e Bryan pede para a comissária nos
servir com suco de laranja e frutas cortadas em cubinhos.

Eu nunca dormi tanto em toda a minha vida. O sono de


grávida é absurdamente pesado, algo surreal. Durante toda a
viagem acordei apenas na hora da refeição e para ir ao banheiro. O
jato tem um quarto com uma cama gigante e confortável, era tudo o
que meu corpo precisava para desligar de vez.

— Caramba, você virou a Bela Adormecida — debocha


Bryan, enquanto andamos pelas ruas de Boston em uma SUV preta,
muito luxuosa e confortável. Logo atrás de nós um outro carro nos
segue, em seu interior há dois seguranças.

— Se você estivesse grávido também seria uma Bela


Adormecida. — Rio, dando um tapinha no ombro dele.

— Eu sei, minha linda. Estou apenas brincando, sei o quão


cansada você está. Foi por isso que reservei esses dias para nós,
longe da correria do aeroporto.

— Obrigada por se preocupar comigo, por cuidar de mim.

Bryan segura meu rosto e nossas bocas se unem em um


beijo gostoso. Quando nos afastamos, ele fita meus olhos e me dá
uma piscadinha safada.
— Vou cuidar muito bem de você, além de te deixar bem
relaxada.
— Safado. Agora me explica por que você anda com guarda-
costas aqui nos Estados Unidos, mas no Brasil fica mais vulnerável?
Você sabia que lá é dez mil vezes mais perigoso que aqui, não é.

— Aqui a minha família é bem conhecida, estamos sempre


nos holofotes da alta sociedade. Não tem como andar sem
segurança. Eu sei que o Brasil é um país perigoso, mas lá vivo no
anonimato, meu nome e da minha família não ficam estampados em
revistas e jornais burgueses. — Ele faz uma careta. — O que te faz
pensar que eu ando vulnerável?

Dou de ombros.

— Sei lá, sempre te vejo andando sozinho.


— Tenho um segurança particular que de tão discreto, às
vezes até me esqueço da existência dele. Mas ele sempre está por
perto quando preciso. Além disso, meu carro é blindado, mas isso
você já sabia.

— Ah, faz sentido. Seu homem é realmente muito discreto, se


você não falasse eu nunca saberia.
— Quando voltarmos vou te apresentar para ele.

— Chegamos, senhor — informa o motorista em um inglês


meia-boca.

Estamos na parte mais cara de Boston, dentro de um


condomínio lindo, todo arborizado e bem seguro. Assim que o
motorista estaciona em frente a uma casa gigantesca uma senhora
com uma idade um pouco avançada surge na porta.
— Ah, finalmente vocês chegaram — o inglês dela é
impecável.
— Olá, vó. — Bryan beija o rosto dela quando subimos o
degrau de acesso à entrada da casa.
O motorista retira nossas malas do carro e uma funcionária o
auxilia, com o manejo dos nossos pertences, até o lado de dentro.

— Vovó, esta é Raniely, minha namorada.


— Oi — cumprimento com um sorriso tímido.

— Como você é linda. Seja muito bem-vinda à minha casa.


Agradeço e a acompanhamos para o lado de dentro.
— Fiquei tão feliz quando soube que serei bisavó. Ah, meu
pobre coração está transbordando de felicidade — comenta a
senhora, olhando diretamente para a minha barriga, que ainda está
bem murcha. — Será um bebê muito lindo, pois a mamãe é linda
demais. — Ela entreolha de Bryan para mim. — Vocês são um lindo
casal.
— Senhor, deixei suas malas no quarto indicado pela
governanta — informa o motorista, quando volta para a sala.
— Obrigado, Guerret. Você pode tirar o dia de folga. Mais
tarde vou sair, mas eu mesmo vou dirigir.
— Está bem. Qualquer coisa é só me ligar.

O homem se retira e a avó de Bryan nos convida para sentar.


— Seu pai avisou que estará aqui amanhã bem cedo com a
sua mãe — ela diz, empolgada. — Faremos um almoço especial,
estou tão ansiosa. Faz tanto tempo que não temos a oportunidade
de nos reunirmos e quero comemorar com um almoço especial.
— Também estou feliz por estar aqui, vovó.
— Você é um danadinho, pensa que eu não sei que esteve
no país há poucos meses e não veio me ver?
— Me desculpe por isso, estava focado na inseminação.
O semblante da senhora fica triste de repente.

— Soube da sua perda. Sinto muito, meu filho.


— Tudo bem.
O clima fica pesado, mas a senhora é rápida e fita meus
olhos ao mudar de assunto.

— Querida, quando meu neto falou que você era linda, a


mais bela de todas, pensei que era exagero de um jovem
apaixonado, mas agora percebo que ele elogiou com precisão.
Fico sem graça e apenas assinto sem saber o que dizer.

— Vovó, a senhora está deixando minha garota sem graça.

A mulher elegante joga os cabelos brancos para trás e me dá


uma piscadinha.
— Ah, querida, acostume-se comigo, agora você é da família
e eu vou ser a bisavó mais babona desse mundo.

Ela é tão fofa que acabo me sentindo um pouco mais à


vontade. Durante as horas a seguir, conversamos e comemos as
guloseimas que a avó de Bryan preparou com todo carinho para
nós. Agora é noite, Bryan avisa para a avó que sairemos e que não
temos hora para voltar. A mulher, muito simpática, suspira e nos
deseja um boa-noite.

— Que cidade linda — murmuro, encantada com a visão


noturna de Boston.
— Eu gosto daqui, quando era adolescente e vinha visitar
minha avó, costumava passear com alguns amigos por aí. — Ele me
abraça ainda mais.

Estamos no topo do hotel The Ritz, um dos hotéis mais


luxuosos de Massachusetts, Bryan fez reservas para um jantar
romântico no terraço, onde temos uma visão privilegiada do rio
Charles e de boa parte da cidade. Terminamos a refeição e agora
estamos em pé, contemplando a linda vista.

— Rany, não trouxe você aqui apenas para um jantar —


revela, ao se afastar e levar a mão ao bolso da calça social.
— Não, é? O que você está me escondendo, comandante?

Ele retira a mão do bolso, acaricia meu rosto e toca nossos


lábios de um jeito suave. Bryan se afasta um pouco, com os olhos
vidrados nos meus.

— Eu te amo, Raniely. Não se assuste com minha franqueza,


mas eu realmente estou te amando muito.
Fico boquiaberta porque é a primeira vez que ele diz isso,
declarando-se de forma tão aberta.
— Ai, que lindo. — Estou tão emotiva que as lágrimas vêm
sem pedir licença.

Sou surpreendida quando ele se ajoelha, retira uma caixinha


de veludo de dentro do bolso da calça e a abre, exibindo um lindo
par de alianças.
— Case-se comigo, Rany? Eu sei que você é jovem ainda,
sei que tem muitos sonhos. Mas eu prometo estar ao seu lado, te
ajudando a realizar cada um deles.
Levo uma das mão a boca, totalmente atônita com a
situação. Ele permanece na mesma posição, aguardando minha
resposta.

— Ah, meu Deus. Isso está mesmo acontecendo?


— Sim, meu amor. Estou aqui, de joelhos e completamente
rendido a você. Você aceita ser minha, Rany? Minha esposa, minha
melhor amiga, minha amante e a mãe dos meus filhos?

Levo apenas alguns segundos para processar o que está


acontecendo, e me dou conta de que já não adianta tentar fugir dos
meus sentimentos. Há poucos meses, não me imaginava dentro de
um casamento. E, agora, no entanto, estou aqui, toda derretida pelo
homem mais lindo e romântico que já conheci.
— Sim, Bryan. Eu aceito me casar com você, e aceito tudo o
que você estiver disposto a me oferecer. Mas não aceito menos que
uma vida feliz, regada a muito amor e sexo gostoso.

Ele fica de pé e após trocarmos as alianças, nós nos


beijamos tão apaixonados e entregues que por um instante
esquecemos que estamos em um local público.

***
Quando achava que não poderia mais ser surpreendida,
Bryan se supera ainda mais. Estamos dentro de uma suíte,
preparada exclusivamente para nós, com tantos detalhes
românticos que é como se eu estivesse dentro de um livro de
romance.

— Eu te amo, Bryan — declaro também, porque é a mais


pura verdade.

Suas mãos sobem pela lateral do meu vestido, levando a


peça junto. E quando fico apenas de calcinha, é a vez dele se
despir. Lentamente sou deitada na cama de lençóis brancos, com
pétalas de rosas vermelhas espalhadas por toda parte. Ele se
encaixa entre minhas pernas e me beija, sua língua invadindo minha
boca de forma sensual. Quando afasta sua boca da minha, seus
olhos estão carregados de luxúria e carinho.

— Eu te amo, morena. Esta noite quero fazer, tocar e beijar


cada canto do seu corpo. Te sentir e te fazer sentir o quanto somos
perfeitos juntos.

— Vem, Bryan. Faz amor comigo.

E ele vem, após tirar minha calcinha e me penetrar muito


lentamente, nós nos conectamos e agora somos um só.

— Gostosa — sussurra, entrando e saindo sem pressa,


fazendo amor no sentido completo da palavra. — Minha noiva, linda
e gostosa.
— Oh... isso, assim — gemo quando ele investe com um
pouco de intensidade. — Sou sua, Bryan.

— Sim, meu amor. Toda minha.


O clima fica mais quente e agora já não estamos mais tão
calmos. Ele segura meu quadril e investe em estocadas firmes e
certeiras. Abro mais as pernas, dando-lhe total acesso. Bryan
abocanha um dos meus seios, chupando e brincando com o mamilo,
fazendo o tesão chegar ao nível máximo.

— Ai — gemo, manhosa, e ele rebola metendo mais rápido.

— Isso, baby. — Morde meu mamilo. — Geme no meu pau.


Se entrega, me usa e nos leva para o ápice.

As estocadas ficam mais firmes, seu pau totalmente


enterrado em mim. Arranho suas costas e depois aperto a carne da
sua bunda durinha.

Um arrepio gostoso percorre minha espinha, o sangue se


concentrando em meu sexo e quando ele chupa meu seio com mais
intensidade, entrego-me e gozo, gemendo e chamando seu nome,
repetidas vezes.

Bryan está cada vez mais próximo de gozar, pois fica ainda
mais intenso, suas estocadas certeiras e seu pau entrando fundo.
Ele acelera o movimento, então para de repente, despejando seu
líquido quente e grosso dentro de mim.

— Ai, caralho — murmura uma enxurrada de palavrão. —


Porra, Rany. Ai, amor, que delícia. — Meu, agora, noivo volta a se
movimentar, gemendo enquanto goza deliciosamente.

De um jeito carinhoso, ele acaricia meu rosto e depois gruda


nossas testas, sussurrando quase sem fôlego:

— Te amo, Raniely. Eu te amo muito.

— Eu te amo, Bryan.
BRYAN
Quatro meses depois....

Eu não sou um homem ansioso, mas já fiquei assim em


algumas situações da minha vida. No entanto, confesso que esta é
a situação que mais está me matando de ansiedade. Estou dentro
da sala de ultrassonografia com Raniely, o médico já fez quase
todas as medidas do feto, já ouvimos as batidas do coração, e agora
ele acaba de nos perguntar se queremos saber o sexo.
— Doutor, acho melhor você revelar logo o sexo dessa
criança, ou o Bryan vai ter um troço — diz Rany, toda risonha. Ela
está tão linda, uma barriguinha perfeita para mim.
Nos últimos meses, ela foi se apegando cada vez mais a
ideia de ser mãe, e hoje já nem parece aquela Raniely apavorada
de meses atrás. Estamos cada dia mais unidos e ansiosos para a
chegada do nosso bebê. Todos na AéreaZoom já sabem que serei
pai, quando tentaram fazer piadinhas para cima da Rany, tentando
insinuar que ela me deu um golpe da barriga, fiz questão de cortar o
mal pela raiz e mandei preparar um comunicado oficial para que
chegasse a todos os funcionários. Nele, deixei claro que não ia
tolerar qualquer desrespeito com a minha namorada e o primeiro
que tentasse desqualificar o talento e profissionalismo dela seria
demitido sem ressalvas.

Hoje, Rany continua trabalhando em voos domésticos, mas


teve sua carga horária reduzida por causa dos enjoos intensos que,
felizmente, estão começando a desaparecer aos poucos. Também
estamos viajando muito, amo poder realizar seus sonhos e levá-la
para conhecer lugares, países e culturas diferentes.

— Algum palpite, papai? — especula o médico, com um


sorriso aberto nos lábios, afastando-me dos devaneios.

— Não tenho preferência, seja menino ou menina, já sou


apaixonado por este bebê.

— Boa resposta. — O homem olha para Rany. — E a


mamãe, tem algum palpite?

— É estranho, mas sinto que é uma menina.


O homem mexe mais um pouco, faz algumas medidas e
então sorri para Raniely.

— Seu palpite estava certo. — Então ele faz um desenho na


tela. — Olha ela aqui, uma menininha que está bem grandinha para
o tempo gestacional, e também muito saudável.

— Deus. — Dou um pulo na sala, indo até minha noiva. —


Uma menininha, Rany, a nossa menina.

— Sim, amor — ela está emocionada quando sorri para mim.


— A nossa menininha.

Toco seus lábios com os meus, deixando um beijo rápido ali.


— Parabéns aos papais.

— Obrigada, doutor — agradece Rany, sorrindo toda boba.

— Vocês querem ver o rostinho dela através de uma


ultrassom 5d? Com as semanas que Raniely está já é possível ver a
bebê toda formadinha.

— Queremos sim — respondo sem titubear.

E então meu coração erra algumas batidas e as lágrimas


transbordam dos seus olhos quando o rostinho da nossa filha surge
na tela anexada na parede.

— Olha isso. — Rany está tão emocionada que temo que ela
passe mal. — Olha como é linda, amor. — Ela segura minha mão
com força e ambos estamos tremendo.

— Nossa filha é perfeita — murmuro quase sem conseguir


falar, tamanha minha emoção.
Dá para ver cada detalhe do rostinho dela, o formato dos
lábios e do nariz. Ela está com os olhinhos fechados, dormindo
tranquilamente dentro do ventre de sua mãe.
— Nosso milagre, Rany. Fizemos a coisinha mais linda e
perfeita dessa vida. — Aproximo nossos rosto e sussurro só para
ela ouvir: — Obrigado por me ajudar a realizar o meu maior sonho.
Obrigado por existir na minha vida. Eu amo vocês, minhas meninas.
Após a consulta, saímos da clínica com mais orientações
médicas, um papel com as primeiras fotos da nossa filha e a cabeça
cheia de planos para o nosso futuro.

Passamos em uma loja de artigos infantis e juntos


escolhemos suas primeiras roupinhas. Em seguida, decidimos vir
até a casa dos meus sogros, pois Keila e o bebê dela estão
passando o dia com os pais.

— Léo, como você está fofinho — murmura Rany, pegando o


sobrinho nos braços. O menino solta uma risadinha gostosa quando
ela beija sua barriguinha gordinha.

— E como foi o ultrassom? Deu para ver o sexo? — é minha


sogra quem pergunta, após nos cumprimentarmos. O marido dela
nos olha em expectativa e ansiedade. Ele está de saída, pois
precisa resolver uns assuntos pessoais, mas antes quer saber a
novidade.
— É uma menina — revela Rany, e um sorriso gigante se
forma nos rostos de seus familiares.

— E já até fotos. — Tiro o papel com as imagens de dentro


do envelope e mostro para eles.
— Ah, que coisa mais linda. — Keila suspira.

— Nossa netinha, Pedro — a mulher sorri emocionada para o


marido.
— Sim, Diana. Mais um netinho para nós, agora uma
menininha.

— Parabéns, gente. Eu vou ser a titia mais babona desse


mundo — diz minha cunhada, com um sorriso largo e os olhos
brilhando de felicidade.

Ficamos para almoçar na casa dos meus sogros, um pouco


antes do entardecer seguimos para o meu apartamento. Estamos de
folga, e já virou rotina trazer Rany para a minha casa em suas
folgas. Na verdade, estou tentando trazê-la de vez, mas ela quer
fazer as coisas devagar, mas respeito sua decisão. A única coisa
que Raniely me garantiu é que estaremos morando juntos antes de
a nossa filha nascer. E quanto ao casamento? Este, estamos
organizando para daqui a dois meses, será uma cerimônia íntima
apenas para a nossa família e amigos mais próximos.

— Sua mãe está quase me enlouquecendo desde a hora que


vocês saíram para o tal exame — resmunga meu pai quando
entramos em meu apartamento.
Ele, minha mãe, meus avós maternos e minha prima estão,
literalmente, fazendo uma social na minha sala. Quando saí para
levar Rany para fazer o ultrassom, avisei que não voltaríamos logo
para casa, mas quando saímos da casa dos meus sogros avisei
minha mãe que estávamos voltando para o meu apartamento com
novidades sobre o bebê, ela avisou que reuniria todos para
receberem a notícia juntos.

Desde a descoberta da gravidez da Raniely, minha mãe tem


vindo muitas vezes para o Brasil, meu pai, como um bom marido e
futuro vovô babão, quase sempre vem junto com ela. Minha avó
paterna também esteve no Brasil no mês passado, ela está tão
ansiosa quanto nós pela chegada do bebê.
— E então? — pergunta mamãe, ansiosa, e minha vó dá um
tapinha no ombro dela.
— Credo, Talita. Acalme-se, minha filha. Deixe eles pelo
menos entrarem em casa.

Bianca e meu avô riem, aguardando pacientemente nossas


próximas palavras. Fecho a porta quando Rany e eu já estamos
totalmente dentro de casa, retiro o papel com a fotografia do
envelope e entrego para a minha mãe.

— É uma menininha, mãe — anuncio, é lindo como ela sorri


emocionada.
— Ah, olhe, Brendon e mamãe. Eu vou ser avó de uma
menininha linda. Ah, meu Deus, a menininha que eu sempre sonhei
em ter um dia.

Ela nos puxa para um abraço e ficamos um tempo apenas


dessa forma. Em seguida, recebemos os parabéns dos meus avós e
da minha prima. Meu pai é o último a se aproximar, mas é porque o
coroa está chorando emocionado.
Ele aperta minha mão, em seguida me puxa para um abraço
apertado entre pai e filho.
— Parabéns, meu filho. Tenho muito orgulho do homem que
você se tornou. Tenho certeza de que será um ótimo pai.

— Eu tenho o melhor pai, tive os melhores exemplos e


ensinamentos. Pretendo passar seus ensinamentos para a minha
filha, porque o senhor, Brendon Davies, é o melhor pai do mundo.
Tenho muito orgulho de ser seu filho.

Ele bate no meu ombro e desfaz o nosso abraço, limpando as


lágrimas em seu rosto.
— Qual é, garoto, seu velho aqui não aguenta mais tanta
emoção assim. Pegue leve, eu ainda quero estar aqui quando minha
netinha nascer.

— Ah, Brendon, seu bobo. — Minha mãe o puxa para um


abraço e os dois se beijam, sem se importar com a plateia. Meu avô
coça a garganta para chamar atenção deles e todos rimos do ciúme
dele com a filha.

— Eu quero ver as roupinhas que vocês compraram. —


Bianca é a primeira a notar as sacolas que deixei atrás da porta
quando entramos.

— Pegue as sacolas, Bia — vovó ordena —, vamos ver as


roupinhas da princesinha.

— Gente, é tão lindo a união de vocês — sussurra Rany. —


Minha filha é uma criança muito abençoada, porque nem nasceu
ainda e já está rodeada de amor por todos os lados. Meus pais
estão tão babões quanto vocês. Minha irmã então, nem se fala.
— Aqui é só amor, baby — digo bem pertinho do ouvido dela
— Nós te amamos, mas eu amo mais.
RANIELY

O quarto está completamente escuro, pois é assim que Bryan


e eu gostamos de dormir. Ele insistiu tanto que acabei aceitando vir
morar em seu apartamento. Estava com sete meses quando me
mudei. Deixei Thais morando com o namorado dela no meu
apartamento, e os dois pagam um valor justo de aluguel para os
meus pais.
— Ai — gemo com a pontada de dor que insiste em voltar. As
contrações estão mais frequentes e as cólicas, que há meses eu
não sentia, estão começando a dar o ar da graça.

Não sou boba, reconheço os sinais que meu corpo está


dando. O parto está próximo e estou tentando não entrar em pânico.
Estou com 39 semanas, ou a modo popular falando, estou com nove
meses completos de gestação. Brenda está prontinha para vir ao
mundo. Escolhemos seu nome uma semana antes de nos
casarmos, em uma cerimônia reservada apenas para a nossa
família e os amigos mais íntimos. Nós nos casamos num sábado, na
casa de campo da família dele, a mesma casa onde fiquei grávida.
Fizemos desta forma, para selarmos nosso amor de vez.

Decidimos continuar vivendo no apartamento dele, pois a


cobertura é grande o suficiente para nós três. Com ajuda da minha
mãe, Keila, minha sogra e a avó do Bryan, decoramos o quartinho
da nossa filha, ao lado do nosso quarto. Bianca, a prima de Bryan,
também nos ajudou em tudo, principalmente na hora da escolha dos
móveis. A garota é um amor de menina e nos tornamos amigas.
Olho para o lado e vejo Bryan dormindo tranquilo. A
penumbra do quarto e o silêncio é rompido quando salto da cama
em um pulo e acendo a luz do abajur só para constatar o que acaba
de acontecer.

— Rany. — Bryan esfrega os olhos, ainda tentando voltar


para o mundo dos vivos. O homem tem um sono pesado e estou
quase rindo da confusão em seu rosto.

Quando penso em fazer uma piada, uma dor aguda vindo da


minha lombar em direção à pelve, faz-me perder o fôlego por alguns
segundos.
— Ai — gemo mais uma vez.

Bryan finalmente acorda de vez e quando salta da cama,


cambaleando e quase caindo, seus olhos se fixarem nos meus pés
encharcados com o líquido amniótico espalhado pelo chão laminado
de madeira, que muito provavelmente ficará danificado, se não
secarmos isso logo.
— A bolsa... — é bonitinho como ele fica nervoso, parecendo
um garotinho assustado. Os olhos azuis quase saltando para fora
das órbitas. — Caralho. — Ele puxa os cabelos e eu rio, nervosa
também.

— Ela vai nascer, Bryan. Agora vê se não entra em pânico,


eu preciso de você bem para me levar até a maternidade. Acha que
consegue fazer isso ou vou precisar ligar para o meu pai vir até
aqui?

— Nem pense nisso, amor. Eu coloquei este bebê aí dentro,


eu vou estar com você em cada segundo até que ela esteja aqui
fora. Deixe só eu trocar de roupa.

Enquanto ele veste uma roupa de qualquer jeito, tiro a


camisola molhada e vou até o closet para vestir uma roupa
confortável.
— Ai — reclamo de dor quando a contração vem mais forte.

— O que foi? — Bryan está fechando o zíper da calça


quando congela diante de mim.

— Uma contração. Ande, Bryan, vista logo essa roupa —


ralho, sem paciência. — Ai, caramba. Como isso dói.
***
Por uma fração de segundos, minha filha quase nasce no
corredor do hospital. Chegamos a maternidade o mais rápido que
conseguimos. Bryan cometeu alguns delitos no percurso, como
entrar em ruas na contramão e passar alguns faróis vermelhos. Meu
obstetra ficou pasmo quando me examinou, assim que dei entrada,
e viu que eu já estava com oito dedos de dilatação em tão pouco
tempo após a ruptura da bolsa. Segundo ele, esse processo
costuma ser um pouco mais devagar. Mas foi bom, não fiquei horas
sofrendo em um trabalho de parto demorado e às 03h45, Brenda
chegou ao mundo através de um parto normal e rápido, trazendo
muita beleza e um pulmão de dar inveja em muita gente. Ela chorou
alto, avisando sua chegada a quem quisesse ouvir. Eu chorei
quando segurei minha filha pela primeira vez nos braços, mas o
Bryan chorou bem mais.
Toda a nossa família já veio conhecer a nossa filha, e foi uma
emoção só. Minha irmã me olhou e riu, dizendo que sou uma
parideira de primeira e que posso ter quantos bebês eu quiser. Deus
me livre, não quero saber de gravidez tão cedo.

Passa do meio-dia, agora estamos no quarto apenas Bryan,


eu e nossa bebê. Estou na cama, deitada após o almoço horrível do
hospital, enquanto ele nina Brenda no colo, cantando musiquinhas e
falando com ela, dizendo o quanto sonhou com sua chegada e
fazendo promessas de ser o melhor pai do mundo.

— Você é a princesinha do papai. — Ele cheira a cabecinha


de cabelos loiros. — Eu sonhei tantas vezes com você, baby. Você é
minha melhor parte.
— Como vocês ficam lindos assim, juntinhos — sussurro, ele
se aproxima. Brenda resmunga e sei que é hora de alimentá-la.

Pego minha filha dos braços do pai babão e a coloco na


posição para amamentar. Faço uma careta de dor quando ela suga
com força.
— Está doendo muito, não é? — Bryan pergunta,
preocupado.

— Nada que eu não possa suportar. — Acaricio a cabecinha


de Brenda. — Nossas mães e Keila já tinham me alertado que a
amamentação pode ser dolorida nos primeiros dias, mas não vou
desistir. Quero que ela se alimente somente de leite materno nos
primeiros meses, do jeito que minha irmã fez com o Léo.

— Você é incrível, Rany. Sou um cara de muita sorte por ter


você em minha vida. Eu só queria um filho, e agora tenho essa
princesa e a esposa que qualquer cara gostaria de ter ao lado.

— Obrigada, meu amor. Também é um homem incrível. —


Brenda abre os olhinhos e mais uma vez me perco no tom azul,
iguais aos de Bryan. — Ela é a sua cara — comento e ele sorri todo
orgulhoso.
— Mas o formato da boca é igual ao seu — diz Bryan,
passando o dorso da mão na lateral do rostinho dela. — O nariz
também se parece com o seu.

— Pelo menos isso, não é? Porque essa bonequinha aqui é


praticamente o seu clone.
Ele joga a cabeça para trás, rindo bem descontraído.
— Não precisa ficar com ciúme, amor. Ano que vem podemos
providenciar mais um, e talvez o próximo venha mais parecido com
você.

— Deus me livre. Olhe só, Bryan, eu realmente estou


amando a maternidade, e nem imaginava viver isso tão cedo. Mas
não quero outro bebê, pelo menos não pelos próximos dez anos. —
Ele arregala os olhos e sorrio. — Está bem, talvez possamos ter só
mais um, mas não nos próximos 3 anos.

— Relaxa, amor, não vamos ficar nos pressionando com isso.


Deixe que o tempo se encarregará de tudo. Estou apenas brincando
só para ver essa carinha de susto que você faz sempre que te
surpreendo com algo.
— Seu bobo. — Bato no braço dele.

— Eu te amo, Raniely. Você é a mamãe mais linda de toda


essa maternidade.

— Ah! — Suspiro toda apaixonadinha. — Eu te amo tanto,


Bryan.
BRYAN
Três anos depois...

— Papai, acorda, papai — sorrio com a voz fininha da minha


filha, suas mãos macias e delicadas tentando me puxar para fora da
cama. — Papai, piguicinha — finjo que continuo dormindo. —
Mamãe, o papai tá muito piguicinha.

Brenda tem um vocabulário bem avançado para a sua pouco


idade, é uma garotinha inteligente e segundo sua pediatra, está bem
desenvolvida, até mais do que o esperado para sua faixa etária.

— O papai urso ainda está na cama? — diz Rany,


aproximando-se da cama.

É sempre assim quando estamos de folga, ela sempre pede


ajuda de Brenda para me acordar, mesmo sabendo que já estou
acordado. Temos um poder aquisitivo muito bom, mas isso não
significa que não precisamos trabalhar. Eu continuo fazendo o que
mais amo, pilotando voos comerciais dentro e fora do país. Rany
desacelerou um pouco, continua voando, mas agora ela é apenas
instrutora e chefia os novos e os antigos comissários, aplicando
treinamentos constantes. Nos seis primeiros meses de vida de
Brenda, ela se dedicou integralmente aos cuidados com nossa filha,
já eu fiquei apenas em rotas nacionais. Assim, voltava para casa
todos os dias.

A mãe dele fica com Brenda quando Rany precisa voar, e aos
finais de semana quando estamos os dois trabalhando, é minha avó
que nos ajuda, para dar uma folga a minha sogra. Eu já sabia que
seria essa loucura quando tivesse um filho, minha profissão é bem
agitada. Mas, tenho como vantagem ser filho de um dos donos da
companhia, consigo ajustar minha escala e, consequentemente, a
escala da Raniely.

— Um — elas começam uma contagem que já sei onde vai


dar — dois —, preparo-me e nos três sinto o corpinho da minha filha
afundar em cima de mim.

— Oh, meu Deus, estou sendo atacado por uma coelhinha


sapeca. — Brenda gargalha quando a pego e jogo do outro lado da
cama. — Te peguei, coelhinha.
— Ahhh — ela grita, eufórica. — Mamãe, mamãe, me ajuda,
mamãe. O urso me pegou.

— Urso malvado, larga a minha coelhinha. — Rany entra na


brincadeira.

Puxo-a para a cama e viramos uma bagunça só. Depois de


encher minha filha de muitos beijos, a pequenina fixa os olhos azuis
nos meus e diz, empolgada:

— Papai, hoje é a festinha do Léo, vamos, papai, levanta


logo. Temos que compa o pesente do primo. — Ela ainda fala
algumas coisas erradas, o que é perfeitamente compreensivo para
sua pouca idade.

— Nós vamos, meu amor, vamos sair para comprar o


presente do seu priminho.

— E uma boneca pra mim, papai?

Olho para Rany, que está rindo horrores com a nossa


pequena malandrinha. Ela sabe que Brenda me desdobra e que não
consigo falar não para ela.

— Só se eu ganhar um beijo bem gostoso na bochecha. —


Minha filha me dá um beijo estralado. — E você ama o papai?

— Brenda ama o papai dela.

— Pronto, você ganhou. O papai vai comprar uma boneca


bem linda para você.
Ela desce da cama e faz uma dancinha da vitória, saindo
correndo para fora do quarto, chamando pela avó.
— Vovó, vovó...
— Meus pais já chegaram? — Olho para o relógio no painel
da tv do quarto. — Caramba, eles estão animados mesmo.
— Todos estamos animados para a festa do Léo, quem não
gosta da casa de campo, Bryan? Sua ideia de fazer a festa do meu
sobrinho lá foi maravilhosa, pois coincidiu com o feriado prolongado
e vamos poder curtir nossa família, todos reunidos.
— É verdade. Minha avó deve estar bem empolgada, não é?

— Ela está na sala com seus pais e seus avós, eles não
falam de outra coisa. Agora vem, vamos tomar café e depois iremos
ao shopping para comprar o presente do nosso sobrinho.

— Primeiro, eu quero meu beijo de bom-dia.


Olho para a porta e percebo que estamos a sós, Brenda e os
avós devem estar no terraço ou em outra parte da casa. Agarro
Raniely tomo a boca da minha esposa em um beijo delicioso.

— Bom dia, baby.


— Bom dia, amor. — Ela aponta para a porta. — Você sabe
que não temos mais onde guardar bonecas, não é? Sabe que uma
hora terá que começar a falar não.

— Deixe-me mimar minha princesa, Rany. Depois vamos


conversar com ela para doar alguns brinquedos que ela não gosta
mais. Minha mãe fazia assim comigo quando eu era criança.
— Na minha casa também era assim — ela sorri, tão linda. —
Então, vamos passar o mesmo ensinamento para ela.

Mesmo morrendo de vontade de ficar na cama com ela, nós


nos afastamos e fico de pé. Rany se aproxima e abre minha mão,
colocando um objeto na minha palma.

— O que é... — Paraliso quando entendo do que se trata.


Meus olhos ficam vidrados no teste de gravidez na minha mão. Volto
meu olhar para ela. — Você...
— Parabéns, papai. Em breve teremos mais um coelhinho
para te acordar nos dias de folgas e domingos de manhã.

Vou até a porta e grito para a minha família.

— Pessoal, minha esposa e eu vamos demorar só um


pouquinho para descer.
— Seu louco — ela solta um gritinho quando fecho a porta e
a arrasto para o banheiro.

— Sou, meu amor, sou louco por você. Puta que pariu,
morena, assim você mata o papai. — Tiro a roupa dela e arranco
meu pijama, arrastando nós dois para debaixo do chuveiro. —
Queria ter tempo para te amar dentro da nossa banheira, mas a
casa está cheia, e em algumas horas temos que viajar para o
interior. Se não fosse isso, ia te amar por horas dentro da água.
— Eu quero aqui, comandante. Sexo debaixo do chuveiro é
sempre uma delícia.
— Safada minha.
— Toda sua, meu comandante gostoso.

E entre beijos e pegadas nos lugares certos, deslizo para


dentro dela, amando e tomando todo o amor de Raniely para mim.
— Eu achava que era um homem completo, aí você me dá
mais este presente. Eu te amo tanto, morena.
— Eu também, Bryan. Te amo muito.

Às vezes fazemos planos que por algum motivo não se


concretiza, mas isso não significa que é o final da linha para nós. Só
precisamos ter paciência e aguardar a pessoa certa cruzar o nosso
caminho. Eu definitivamente sou o homem mais feliz da vida.

FIM...
Primeiramente agradeço a Deus, pois sem ele eu não sou
nada. Agradeço a todas as minha gatitas, que estão sempre me
acompanhando em cada nova aventura literária. Também agradeço
a cada uma de minhas parceiras, muito obrigada por estarem
sempre me apoiando e vibrando comigo, vocês são os presentes
lindos que este meio literário me deu. Amo vocês!
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Um jovem fazendeiro viúvo, lindo e Amargurado.


Uma pediatra toda patricinha, linda e geniosa.
Larissa é dona de uma personalidade forte e não aceita ninguém
dando palpites em sua vida. Apesar disso, ela é uma ótima filha e
uma excelente amiga. Dócil, assintomática e sempre prestativa.
Lary, como é chamada pelos mais íntimos, realizou o sonho de
cursar medicina e se tornar uma excelente pediatra. Ela gosta de
sorrir e acreditar que dias melhores virão, mesmo depois de
presenciar seu noivo lutar pela vida em um leito de UTI, após sofrer
uma tentativa de assalto e ser atingido por quatro disparos que
ocasionaram sua morte. Dois anos de luto e ela finalmente está
decidida a tocar sua vida, tanto amorosa, quanto profissional. É
nesse momento que um fazendeiro mal humorado irá surgir em seu
caminho. Marcelo, um homem sério que se viu viúvo e pai solteiro
aos 32 anos de idade. Ele gosta das coisas certas, mas vez ou outra
gosta de sair da linha. Gosta de festas, bebidas, montar em cavalos
em festas de rodeio, e as vezes até se arrisca subir num touro
bravo. Dono de um sorriso e um corpo encantador, Marcelo não se
faz de rogado na hora de conquistar uma mulher. Mas seu maior
lema é sair sem se apaixonar, porém, isso irá mudar quando Larissa
entrar em sua vida feito um vulcão em erupção. A menina da cidade
grande vai invadir a alma e o coração desse cowboy, sem pedir
licença.

***

Laçado: https://www.amazon.com.br/dp/B08H7934Q2
Brincadeira, ou obra do destino Rafaela Vilela foi criada
debaixo das asas dos pais, a princesinha da fazenda. Augusto é
acostumado e vivido com malicias do mundo. Duas pessoas
completamente diferentes, uma diferença de quase vinte anos de
idade, e uma paixão avassaladora. Ela é apaixonada por ele. Ele se
sente atraído por ela, mas não aceita e tenta ao máximo ignorar
este sentimento. Os dias na fazenda nunca mais serão os mesmos,
depois que esses dois incendiarem o celeiro, o estábulo e tudo o
que aparecer pela frente. Vamos ver esse cowboy ser laçado pela
ninfetinha.

Este é o segundo livro de uma trilogia de segredos em


fazenda. É recomendado ler o primeiro para uma melhor
compreensão do segundo.

***
Corações Entrelaçados:

https://www.amazon.com.br/dp/B08Y29X4MD

Até onde você suportaria um amor não correspondido?


Gabriel passou a adolescência sonhando com o dia em que teria em
seus braços a mulher da sua vida e os seus sentimentos
correspondidos. Eles têm uma única noite de sexo quente, porém ao
final do tórrido momento entre eles, o rapaz se dá conta que para
ela não passou de um momento. Gabriel, decide então viver a sua
vida, concluir os seus planos, que por um momento ele pensou em
desistir para dar assistência para sua amada quando ela precisou,
contudo o destino decidiu por separar o dois. Gabriel foi embora,
seguiu com a sua vida, onde ele curtia muito com os amigos e
levava uma vida intensa e prazerosa, mas nunca conseguiu
esquecer do corpo quente e macio de sua morena.

Ítala teve que levar alguns tropeços da vida, tombos bem dolorosos.
Mas depois de uma noite inteira de lágrimas e sofrimento por um
amor não correspondido, ela decidiu que nunca mais iria chorar por
ninguém. Em um ataque de realidade, ela resolve dar uma chance
ao garoto que tanto lhe deu amor sem nem ao menos ter tido nada
com ela. Essa noite traz resultados e revelações que ela nunca se
deu conta, sua vida dá um giro de trezentos e sessenta graus,
obrigando a garota festeira, ser mais responsável, pois ela já não
andava mais sozinha.
***

Este é o terceiro livro de uma trilogia de segredos em


fazenda, pode ser lido individual, mas se quiserem melhor
compreensão seria interessante ler os dois primeiros.
O conteúdo deste e-book contem cenas de sexo explícito e
linguajar xucro. Não recomendado para menores de 18 anos.
[+18]

Ramily Oliveira está a ponto de entrar em colapso ao ser


demitida, após quase dez anos se dedicando a mesma empresa.
Sua vida está uma verdadeira loucura, e seu namorado não poderia
escolher um pior momento para decidir que eles precisam dá um
tempo na relação. É claro que isso foi só um jeito educado de
terminar um namoro de quase dez anos.

Tudo o que ela precisa é de alguns dias longe da loucura de


São Paulo e, após alguns cliques e pesquisas ela encontra o lugar
ideal para passar uma semana descansando. Pousada Recanto do
Sol. O lugar é encantador, simples e calmo. Perfeito para se
desligar de tudo. Neste mesmo passeio Ramily irá se deparar com
Heitor Smirnov, neto da dona da pousada, solteiro e dono de uma
beleza invejável. Heitor também está em busca de uns dias de
sossego e decide que está na hora de fazer uma visita a avó, uma
senhora de sorriso faceiro e que sonha em ser bisavó.
Um Clichê Para O CEO, é a extensão de um conto

quente e sensual de duas pessoas em busca de dias calmos e

prazerosos.

***
Conteúdo para maiores de 18 anos, pois contém cenas e
linguajar de teor sexual. Trata-se de um romance erótico.
Bárbara, moça batalhadora que se divide entre trabalhar e
cuidar da mãe doente. Aos vinte e dois anos, a garota foi
abandonada grávida pelo pai da sua filha e teve que se desdobrar
para não faltar nada para a criança e para sua mãe. Após perder o
emprego e não conseguir uma nova colocação no mercado de
trabalho, por desespero ela aceita trabalhar como cantora em uma
boate de luxo no lado sul da cidade.

E será nesta mudança de emprego que ela conhecerá


Christopher Müller.

CEO de uma transportadora multinacional, Christopher está


acostumado a ter tudo aos seus pés. Para ele, algumas notas de
100 reais é o suficiente para comprar qualquer mulher. Ele sempre
teve a mulher que quis, mas quando a Bárbara o rejeitar, ele verá
que nem todas as mulheres são iguais, que o dinheiro nem sempre
pode comprar o que deseja.
Porém, Christopher não está acostumado com o "Não" e isso
o deixará obcecado pela nova cantora da boate ao qual ele acaba
de se tornar sócio.

***
Este livro é para maiores de 18 anos, pois contem cenas e
linguajar de teor sexual. Trata-se de um Romance Erótico.

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