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Assis
2019
MARIA ALICE DE CASTRO ALVES
Assis
2019
A474d ALVES, Maria Alice de Castro
O Dito, o Não Dito e o Mal Dito: Proposta de Análise
de Memes em Aulas de Língua Portuguesa / Maria Alice
de Castro ALVES. -- Assis, 2019 105 p.
RESUMO
ABSTRACT
The present research has as its theme the work of memes in Portuguese
language classes for Elementary School, from a discursive genre perspective. The
general objective was to propose a work from the meme genre in Portuguese
Language classes, focusing on linguistic / semiotic analysis. As specific objectives, we
define meme, analyze memes from a dialogic perspective, multimodal and
multisemiotic. The application of the work proposal occurred in a school of the State
Educational Network of São Paulo, located in the municipality of Mogi das Cruzes, in
the peripheral zone. The class chosen for the application is the 9th grade of Elementary
School. We address, in addition to meme, other textual genres to encompass the
intertextuality present in this type of text. As a methodology, we conducted 8 classes
focusing on a final curatorial presentation. As a theoretical reference, we propose to
create a formal definition of "Internet Meme" that can be used to characterize and study
instant messages in academic contexts such as social sciences, communication and
the humanities. For this, we performed a study based on the research on memes by
Dawkins (1993), Blackmore (1999) and Sperber (1996). For the study of meme from
the perspective of the discursive genre, we rely on the theoretical studies of Miller
(2009), Bakhtin (1997), Bazerman (2005) and Kristeva (2005). For the analysis of the
practice, we rely on Marcuschi (2002, 2008), Rojo (2008), and Kleiman (2007). Our
choice specifically for the meme was for the understanding of this as a discursive genre
that circulates exclusively on the internet, or, more precisely, in social networks.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 100
.12
INTRODUÇÃO
2 Entendemos aqui o ensino de Língua, como disciplina do currículo do Ensino Básico, o qual
contempla, segundo a BNCC (BRASIL, 2017), o estudo da oralidade, da leitura/produção de textos e
análise linguística/semiótica.
.14
se [...] existem múltiplos letramentos, como foi que uma variedade particular
veio a ser considerada como único letramento? Em meio a todos os diferentes
letramentos praticados na comunidade, em casa e no local de trabalho, como
foi que a variedade associada à escolarização passou a ser o tipo definidor,
não só para firmar o padrão para outras variedades, mas também para
marginalizá-las, descartá-las da agenda do debate sobre letramento?
Letramentos não escolares passaram a ser vistos como tentativas inferiores
de alcançar a coisa verdadeira, tentativas a serem compensadas pela
escolarização intensificada. (STREET, 2014, p.121).
Este novo documento base inclui mais 15 vezes o termo “meme” em suas
habilidades divididas em “eixos de integração correspondentes às práticas de
linguagem: oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise
linguística/semiótica” (BRASIL, 2017, p.69). Uma dessas habilidades, temos como
foco em nossa intervenção:
(EF89LP03) Analisar textos de opinião (artigos de opinião, editoriais, cartas
de leitores, comentários, posts de blog e de redes sociais, charges, memes,
gifs etc.) e posicionar-se de forma crítica e fundamentada, ética e respeitosa
frente a fatos e opiniões relacionados a esses textos (BRASIL, 2017, p.175).
.16
A ideia anterior mostra como Dawkins cria um termo que representa uma
unidade cultural indivisível, semelhante a um gene, capaz de se propagar de pessoa
para pessoa com a ajuda da imitação. Esta unidade possui um poder próprio que
permite a sua reprodução e propagação.
O cientista cognitivo Dan Sperber entende o meme como sinônimo de
replicadores culturais (baseado na definição fornecida por Dawkins), definido pelo
autor em termos de representações. Explica que os replicadores têm uma base
representacional, são símbolos e associações na mente humana. Além disso, há dois
tipos principais de representações destacadas pelo autor: as representações mentais,
que são internas ao sujeito, como as crenças; e as representações públicas, que são
externas ao assunto, como pinturas (SPERBER, 1996 apud WOLFF, 2012). No
entanto, há um terceiro tipo de representação derivado dos dois anteriores, as
representações culturais, entendidas como um subconjunto combinado do público e
as representações mentais dentro de um grupo social (SPERBER, 1996 apud
WOLFF, 2012).
Por outro lado, a psicóloga Susan Blackmore toma a definição original de meme
proposta por Dawkins em 1976 com outras ênfases. Em primeiro lugar, ela enfatiza o
papel da imitação como central para a replicação de memes, afirmando que é isso
que diferencia os humanos dos animais. Assim, movendo o conceito do campo da
biologia para o campo da aprendizagem social (BLACKMORE, 1999). Em segundo
lugar, Blackmore define replicadores em um sentido mais amplo do que o de seu
criador, como “qualquer coisa de que cópias são feitas” (BLACKMORE, 1999, p.5,
tradução livre). Finalmente, Blackmore adiciona um ator à cadeia de replicação de
memes, o interator, definido pela teórica como “a entidade que interage com o
ambiente. Que carregam o replicador para dentro e o protegem” (BLACKMORE, 1999,
p.5, tradução livre). Portanto, ao contrário da primeira caracterização do meme de
Dawkins, as unidades de transmissão não são autônomas; eles exigem um assunto
para serem replicados.
.20
acaso, adição ou paródia, e sua forma não é relevante. Um meme de internet depende
tanto de um transportador quanto de um contexto social em que o transportador age
como um filtro e decide o que pode ser passado adiante. Ele se espalha
horizontalmente como um vírus a uma velocidade rápida e acelerada. Pode ser
interativo (como um jogo) e algumas pessoas as relacionam com criatividade. Sua
mobilidade, armazenamento e alcance são baseados na web. Eles podem ser
fabricados (como no caso do marketing viral) ou emergir (como um evento online).
Seu objetivo é ser bem conhecido o suficiente para replicar dentro de um grupo.
O meme Troll faz parte do grupo de memes Rage Comics. Normalmente esse
estilo de meme é usado quando, ao contar uma história, a pessoa utiliza os Rage
Comics em seguida para ilustrar uma reação ou um sentimento, causando com isso,
o efeito humorístico baseado nas expressões e reações de situações cotidianas.
O meme de internet Troll é um exemplo de meme que se populariza para além
do espaço online, multiplicando-se também verticalmente, popularizando o meme
como um conceito.
Ao olhar para as representações de Troll e suas variações, é possível ver a
constante ideia de enganar, chatear, zoar com o outro. A estrutura pode ser aplicada
.22
Fonte: http://www.museudememes.com.br/sermons/troll/
Fonte: http://www.museudememes.com.br/sermons/troll/
.23
Fonte: http://www.museudememes.com.br/sermons/troll/
3 “Como criar crianças doces num país ácido”, palestra realizada no TEDx São Paulo de 2017.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?time_continue=20&v=H2Io3y98FV4
.24
no TEDx4. Neste evento, a atriz aborda sobre o racismo que ainda perdura no Brasil.
Em um momento da palestra ela diz que “No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz
com que as pessoas mudem de calçada e blindem seus carros”. Esse é um típico caso
de meme sobre outro meme, ou meme vertical. A famosa frase da atriz na palestra se
tornou um meme e a utilização de outro meme (Chubby Bubble Girl) gerou novos
memes. Não é possível afirmar nada sobre o alcance ou a estrutura do tempo deste
meme de internet. Seria necessário refazer sua evolução e saliência para entender
essas pistas. O que é certo é que o contexto social para esse meme é muito
importante, tanto para sua replicação quanto para sua permanência no tempo.
Fonte: http://www.museudememes.com.br/sermons/chubby-bubble-girl/
4TEDx é uma versão independente de uma das conferências do TED (tecnologia, entretenimento e
design). Essa é uma ONG criada nos EUA, com o intuito de propagar “ideias que merecem ser
compartilhadas” O x no final da sigla é para indicar que aquele acontecimento é realizado por entidades
autônomas em todo o mundo.
.25
Fonte: http://geradormemes.com/meme/61g3ii
O aumento no vibrante discurso popular sobre os memes em uma era cada vez
mais definida pela comunicação pela Internet não é coincidência. Embora os memes
fossem conceituados muito antes da era digital, os recursos exclusivos da Internet
transformaram sua difusão em uma rotina onipresente e altamente visível.
Miller (2009) argumenta que quando um tipo de discurso ou ação comunicativa
adquire um nome comum dentro de um determinado contexto ou comunidade, isso é
um bom sinal de que ele está funcionando como um gênero. Os gêneros geralmente
são identificáveis por meio de sua combinação de forma e função acordada, mesmo
que o conhecimento dessa forma e função seja amplamente tácito e difícil de articular
com clareza, pois como salienta Bakhtin (1997, p.281), “não há razão para minimizar
a extrema heterogeneidade dos gêneros do discurso e a consequente dificuldade
quando se trata de definir o caráter genérico do enunciado”.
Bazerman (2011) sugere que os gêneros são um conjunto de abordagens
relacionadas que veem os fenômenos humanos como dinâmicos. Artefatos
produzidos por humanos, como enunciados ou textos, não devem ser entendidos
como objetos em si, mas dentro das atividades que lhes dão origem e uso. O autor
exemplifica
Você entra numa cafeteria e dá uma olhada num jornal sobre uma mesa.
Você imediatamente sabe muita coisa sobre qual será o seu conteúdo e como
serão os textos, em que estilo estarão escritos, como serão organizados, e
até onde diferentes textos serão encontrados dentro do jornal. Novamente,
esse conhecimento de rápido acesso nos ajuda a estruturar o que faremos
com aquele jornal (BAZERMAN, 2011, p.40).
um elemento essencial da interação online, uma vez que o uso efetivo de documentos
on-line - de sites a blogs - depende da capacidade do usuário de reconhecer sua
natureza, estrutura e propósito (MARCUSCHI, 2008). Além disso, o gênero determina
não apenas a forma como as comunicações são estruturadas, mas a maneira como
elas são recebidas (BAKHTIN, 1997). A questão da recepção se conecta à noção de
que os gêneros são socialmente construídos. Gêneros são as chaves para entender
como participar das ações de uma comunidade (MILLER, 2009).
Seja textual ou social, os gêneros são dispositivos de enquadramento
importantes, especialmente quando convenções genéricas estabelecem expectativas.
Tomados como “formas socialmente maturadas em práticas comunicativas”,
funcionam como geradores de expectativas de compreensão mútua (MARCUSCHI,
2002, p. 35). Uma das "expectativas" genéricas mais óbvias para muitos memes da
Internet é que elas são engraçadas de alguma forma. Em suas análises de memes
populares da Internet, Fernandes et al (2016) e Volcan (2014) descobriram que o
humor é a base do sucesso memético.
Fernandes et al (2016), tendo como foco o espetáculo midiático, analisaram a
partir de três memes a abertura do processo de impeachment da Presidente Dilma
Rousseff em 2015 e a repercussão deste evento nas redes sociais. Os autores
verificaram que os memes utilizam-se do humor como elemento de crítica em cenários
de turbulência política e social. Já Volcan (2014) aponta o meme como uma nova
comunicação mediada pelo humor. Partindo da comunicação mediada pelos
computadores, a autora realiza a análise do discurso de um único meme publicado
em uma página da rede social Facebook, considerando-o como uma legitimação do
discurso humorístico enquanto prática discursiva própria do meio. A autora considera
“aspectos como estrutura, sentido, interação, comportamento social e
multimodalidade” (p.627) e conclui que o meme e sua forma de humor são legitimados
nas redes sociais (VOLCAN, 2014).
Um senso de humor compartilhado pode aproximar uma sociedade ou
cultura; como Sodré e Paiva (2002, p.150) observam, a tomada do humor como algo
representativo de determinado grupo leva ao que os autores chamam de “corpo
grupal” ou representação de conteúdos e pensamentos de um determinado grupo,
facilitando, assim, seu processo de comunicação e sua assimilação.
As piadas podem assumir muitas formas, desde palavras isoladas até sistemas
inteiros de significado. Estudos como os de Freud (1969), Bergson (1980) e Possenti
.28
Bakhtin, por outro lado, foi um dos primeiros estudiosos a entender que
qualquer produção verbal organizada poderia ser classificada em gêneros. Seu ensaio
seminal "O problema dos gêneros discursivos", escrito no início da década de 1950,
tem sido muito influente em teorias do gênero recém-retóricas.
Nesta discussão inicial, Bakhtin (1997, p. 279) já criticou a mera ênfase na
forma e destacou a constante dinâmica e heterogeneidade dos gêneros, vistos como
"tipos relativamente estáveis" de enunciados. A natureza situada dos gêneros, outro
aspecto fundamental dos estudos de gênero contemporâneos, também foi enfatizada
pelo estudioso russo. Segundo Brait (2005), a análise de gênero deslocou o foco do
texto para o contexto, superando a mera análise dos aspectos léxico-gramaticais da
linguagem. A comentadora de Bakhtin enfatiza que
.30
1.4 MULTIMODALIDADE
semiótico social. De acordo com Jewitt (2013), o trabalho de Halliday mudou a atenção
da linguagem como um sistema linguístico estático para a linguagem como um
sistema social. Vieira (2007) define a multimodalidade como uma abordagem
interdisciplinar extraída da semiótica social que entende a comunicação e a
representação como mais do que a linguagem e atende sistematicamente à
interpretação social de uma série de formas de fazer sentido. A multimodalidade
fornece conceitos, métodos e estruturas que auxiliam na coleta e análise de aspectos
visuais, auditivos e espaciais das interações e ambientes. Além disso, a
multimodalidade não apenas investiga a interação entre os meios comunicacionais,
mas também questiona a predominância prévia da linguagem falada e escrita na
pesquisa. A multimodalidade enfatiza a importância do contexto social, bem como os
recursos disponíveis para a construção de significado. Ela enfatiza especificamente a
escolha de recursos das pessoas e não o sistema de recursos disponíveis.
Do mesmo modo, pode-se também analisar a produção e interpretação de
memes a partir de uma perspectiva multimodal. Com os memes, a escolha do recurso
e o contexto social em que o meme é interpretado são centrais para a comunicação
bem-sucedida, pois comunicar-se através dos memes depende do entendimento do
destinatário.
Mencionando Jewitt, Dionísio (2014) reforça que
Primeiro, a multimodalidade pressupõe que a representação e a comunicação
sempre se baseiam em uma multiplicidade de modos, todos contribuindo para
o significado. Ela se concentra na análise e descrição do repertório completo
de recursos geradores de sentido usados pelas pessoas (recursos visuais,
falados, gestuais, escritos, tridimensionais, entre outros, dependendo do
domínio da representação) em diferentes contextos, e no desenvolvimento
de meios que mostram como esses são organizados para gerar sentido.
Em segundo lugar, a multimodalidade pressupõe que os recursos são
socialmente modelados através do tempo para se tornarem geradores de
sentido, os quais articulam os significados (sociais, individuais/afetivos)
exigidos pelos requerimentos de diversas comunidades. Esses grupos
organizados de recursos semióticos para geração de sentido são chamados
de modos, os quais realizam tarefas comunicativas de modos diferentes – o
que torna a escolha de modo um aspecto central da interação e do
significado. À medida que grupos de recursos são usados na vida social de
uma dada comunidade, mais completa e finamente articulados eles se
tornarão. Para que algo “seja um modo” há necessidade de um senso cultural
compartilhado em uma comunidade de recursos e como esses podem ser
organizados para realizar significados.
Finalmente, a multimodalidade pressupõe pessoas orquestrando o sentido
através de uma seleção e configuração particular de modos, enfatizando a
importância da interação entre modos. Portanto, todo ato comunicativo é
modelado pelas normas e regras operando no momento de produção do
signo, influenciado pelas motivações e interesses das pessoas em contextos
sociais específicos (DIONÍSIO, 2014, p. 48-49).
.38
Alguns memes, como fotos de reação, não incluem texto (embora a inclusão
de texto como título ou introdução ao meme seja comum), o que significa que o
destinatário ou leitor deve ser capaz de interpretar o meme e qualquer texto, ou não
corretamente. Esse leitor corresponde ao que Eco (1988) chama de leitor modelo. Eco
(1988) menciona que o leitor modelo de um texto específico desempenha um papel
importante na organização de um texto. Para tornar um texto comunicativo, o autor do
texto tem que assumir que o conjunto de códigos em que ele se baseia é o mesmo
que os códigos compartilhados pelo possível leitor. De acordo com Eco (1988), um
autor tem que prever um leitor modelo que é, supostamente, capaz de lidar
interpretativamente com as expressões da mesma maneira que o autor lida
generativamente com elas.
Ainda para Eco (1993) existe uma diferença entre um processo comunicativo e
um processo de significação. Um processo comunicativo é definido como a passagem
de um sinal de uma fonte (através de um transmissor, ao longo de um canal) para
uma destinação. Aqui apenas a passagem de algumas informações ocorre, mas
nenhuma significação. Quando o destino se torna um ser humano, mesmo que a fonte
não seja humana, e o sinal não é meramente um estímulo, mas desperta uma resposta
interpretativa no destinatário, ocorre um processo de significação. Eco (1993) afirma
que esse processo é possível devido à existência de um código. Um código é
basicamente um sistema de significação.
A interpretação de um meme pode, portanto, ser vista como um processo de
significação. Como os memes são artefatos multimodais que também podem ser
interpretados através da teoria da semiótica, é possível que eles sejam uma
mensagem mais complexa do que apenas uma imagem simples sendo enviada de um
indivíduo para outro.
Para Bakthin (1976), o enunciado abrange além dos fatores verbais, a situação.
A compreensão do gênero meme depende, além dos elementos verbais, elementos
não-verbais, pois sua natureza é verbal-imagética.
.40
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/356206651770965031/?lp=true
5 Abbey Road foi o 12° álbum lançado pela banda britânica The Beatles. Foi lançado em 26 de setembro
de 1969, e leva o mesmo nome da rua de Londres onde situa-se o estúdio Abbey Road. A famosa
fotografia da capa do álbum foi tirada do lado de fora dos estúdios em 8 de agosto de 1969 por Iain
Macmillan. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Abbey_Road#Capa
.41
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/781233866580531203/?lp=true
O tema ainda continua calcado na ideia de que algo implícito, mas não
desconhecido deu errado ou falhou.
Desta maneira ao interpretar o significado de um meme, é muito importante que
o leitor esteja ciente da informação de fundo que precede a comunicação. Em uma
comunicação, a informação de fundo não é a única informação contextual que pode
ajudar uma pessoa a interpretar um enunciado. Os aspectos não verbais da
comunicação também podem ser usados para interpretar a intenção de um falante. A
foto no meme geralmente fornece o aspecto não verbal do contexto, ou a informação
de fundo necessária para interpretar o meme corretamente. Como os memes são
frequentemente usados como piadas, o contexto do meme é muito importante ao
interpretar a intenção do criador do meme. O meme da figura 9, intencionalmente
utilizado aqui, exemplifica essa afirmativa.
.42
Fonte:
http://www.roncaronca.com.br/category/volta-que-
deu-merda/
6 Segundo dados apresentados pelo Secretário Estadual da Educação de São Paulo, Rossieli Soares
em coletiva de imprensa em fevereiro de 2019. Disponível em http://www.educacao.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2019/02/SARESP-2018_sintetica_V3_AT-1.pdf
.44
2.1.1 Ler
.45
estudos a respeito do ato de ler (ROJO, 2002) e isso nos trouxe à luz de que muitas
capacidades e habilidades envolvem o que se julgava ser leitura. Rojo afirma:
Se perguntarmos a nossos alunos o que é ler na escola, possivelmente estes
dirão que é ler em voz alta, sozinho ou em jogral (para avaliação de fluência
entendida como compreensão) e, em seguida, responder um questionário
onde se deve localizar e copiar informações do texto (para avaliação de
compreensão). Ou seja, somente poucas e as mais básicas das capacidades
leitoras têm sido ensinadas, avaliadas e cobradas pela escola. Todas as
outras são ignoradas. É o que mostram os resultados de leitura de nossos
alunos em diversos exames, como o ENEM, SARESP, SAEB, PISA, tidos
como altamente insuficientes para a leitura cidadã numa sociedade urbana e
globalizada, altamente letrada, como a atual. (ROJO, 2002, p.4).
3.1.1 A professora
diferente dos colegas de curso – tinha certeza que lecionaria como professora em
escola pública.
Em 2012, finalizei a graduação e mudei-me para Mogi das Cruzes, cidade da
Grande São Paulo. Já em 2013 iniciei como professora contratada na Rede Estadual
de Ensino de São Paulo. Atuei, àquele ano, em duas escolas diferentes. Em 2014,
iniciei como professora contratada na escola que leciono atualmente e em agosto do
mesmo ano, assumi na mesma escola como professora efetiva.
Ainda enquanto cursava Letras, na UnB, o mestrado era algo que eu planejava
realizar. Em 2011, tive a oportunidade de participar de dois grupos de pesquisa como
bolsista: um vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Política Social, da
Universidade de Brasília; e outro vinculado ao Departamento de Linguística,
Português e Línguas Clássicas do Instituto de Linguagens, também da UnB.
À mesma época, trabalhei como estagiária, sendo assistente de projetos em
outra pesquisa vinculada ao Programa de Pós-Graduação do Instituto de Geociências
da mesma universidade. Desta maneira, meus dois últimos anos de graduação,
passaram-se integralmente dentro do ambiente acadêmico o que me fez repensar o
mestrado acadêmico.
Em 2012, comecei a pesquisar sobre a possibilidade de abertura do mestrado
profissional em Letras, o ProfLetras. O cunho profissional dado ao programa me
interessou e foi um dos motivos que me fizeram ingressar como professora na rede
pública de ensino. Em 2016, já em Mogi das Cruzes, me inscrevi no processo de
seleção para o curso, sabendo das dificuldades que encontraria pela distância do polo
acadêmico.
Ao longo dos anos, o prédio que seria provisório continuou a ser utilizado e em
2014, após longos protestos de alunos, professores e comunidade em geral, o terreno
da escola foi desmembrado, nascendo daí duas escolas: a que originalmente tinha a
estrutura de container substituída por prédios novos e a escola que abrigava o prédio
que seria provisório e que acabou se tornando permanente.
Na “divisão” das escolas, nasceram também os nomes dados pela comunidade
escolar: escola “de baixo” e escola “de cima”. A escola “de cima” (a que nasceu
originalmente com os containers) é que abriga a biblioteca, a sala de leitura, a quadra
poliesportiva, os pátios cobertos e descobertos. A escola “de baixo” ficou apenas com
as salas de aula. Os alunos realizam suas refeições em um ambiente fechado no
andar térreo do prédio e as aulas de Educação Física acontecem algumas vezes na
entrada da Unidade Escolar, onde há um espaço descoberto.
A escola “de baixo” recebe os alunos oriundos da escola “de cima”. Muitos
destes alunos adentram a unidade escolar nos primeiros dias letivos com ideia
pessimista e pejorativa do local. A nova gestão que assumiu a administração da escola
em 2018, tem feito esforços para mudar a identidade da escola e assim alterar a
cultura do local.
A unidade escolar contava com laboratório de informática que nunca foi
inaugurado, pois por três vezes, sempre dias antes da inauguração, os computadores
da sala foram saqueados.
3.1.3 Os alunos
Os alunos desta turma residem ao redor da escola em uma distância de até 1,5
quilômetro; todos da zona urbana. Há uma aluna com Deficiência Intelectual, mas que
com adaptações curriculares, consegue acompanhar o andamento das aulas.
3.2 AS AULAS
Sugestão de perguntas:
Nesta aula, os alunos se sentiram à vontade para falar sobre memes. Alguns
de início pareciam tímidos ou desconfiados pela professora abordar um tema tão
diferente do que estão acostumados a se tratar em sala de aula.
Os alunos responderam oralmente:
explicaram que a aluna havia enviado sua foto nua para outro aluno, o qual produziu
o meme e compartilhou com os colegas. O meme viralizou na comunidade escolar.
Como educadora, neste momento, fizemos um adendo à aula e conversamos
sobre a responsabilidade de compartilhar conteúdos que possam causar
constrangimento a outros. Mencionamos que a foto não é pública, uma vez que a
aluna enviou no privado apenas para uma pessoa e isso não dava o direito deste
aluno compartilhar sua foto. Conversamos sobre empatia e que se colocassem no
lugar da aluna; como se sentiriam na mesma situação. Uma das alunas falou sobre a
série 13 Reasons Why em que uma jovem se suicida após sofrer vários
constrangimentos na escola, a iniciar por uma foto íntima compartilhada entre os
colegas.
Vale lembrar que essa discussão não estava planejada para essa aula, porém
contempla uma das habilidades propostas neste protótipo, embasadas na BNCC
(2017):
(EF89LP02) Analisar diferentes práticas (curtir, compartilhar, comentar, curar
etc.) e textos pertencentes a diferentes gêneros da cultura digital (meme, gif,
comentário, charge digital etc.) envolvidos no trato com a informação e
opinião, de forma a possibilitar uma presença mais crítica e ética nas redes.
(BRASIL, 2017, p. 177).
Desta maneira, entendemos que mais do que identificar esse ou aquele gênero
como meme, o objetivo desta aula é subsidiar o trabalho do professor, no sentido de
.63
discutir junto com os alunos, a forma estrutural dos memes, seu propósito
comunicativo e seu conteúdo. Deve realizar o cotejo com outros gêneros textuais para
que os alunos possam se apropriar dos contextos e dos suportes em que possam
compartilhar memes.
Ainda para Marcuschi (2008), “todos os gêneros tem uma forma e uma função,
bem como um estilo e um conteúdo, mas sua determinação se dá basicamente pela
função e não pela forma” (p. 150).
Nesse sentido, apresentamos alguns memes à turma, realizando o cotejo com
outro gênero (a charge) para que pudessem analisar a forma, conteúdo e estilo do
texto, mas também e principalmente a função do gênero meme.
Para início, apresentamos em projetor, alguns memes pré-escolhidos sob o
tema das Eleições Presidenciais 2018.
Fonte: https://ombrelo.com.br/variedades/50-memes-inesqueciveis-das-eleicoes-2018/
Fonte: https://ombrelo.com.br/variedades/50-memes-inesqueciveis-das-eleicoes-2018/
.64
Fonte: https://www.estadao.com.br/noticias/geral,bacana-gloria-pires-lanca-camisetas-com-
memes-do-oscar,10000019151
.65
Fonte: https://www.facebook.com/pg/RubensBarrichelloAtrasado/photos/
7 Glória Pires, no evento da premiação do Oscar em 2016, participou como comentarista. Suas
respostas a respeito dos filmes premiados foram bastante lacônicas, revelando que a atriz não havia
assistido aos filmes anteriormente para opinar a respeito. Esse evento comunicativo virou alvo de
memes, muito utilizado até hoje.
.66
Fonte: http://acaopopular.net/jornal/2018-olha-o-candidato/charge-temer-faixa/
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/copa-2018/depois-do-jogo-vem-os-memes-e-
recomeca-o-coro-de-fora-temer
governo do presidente Temer (2016 a 2018), tanto nas ruas e nas redes sociais. A
expressão virou hashtags e consequentemente meme.
A partir daí, os alunos foram instados a verificar os elementos composicionais,
a forma e o estilo de cada texto, verificando as semelhanças e diferenças de um com
relação ao outro. O quadro abaixo foi distribuído entre os alunos para que
respondessem conforme as nossas discussões fossem sendo encaminhadas.
Baseamo-nos nos conceitos de forma estrutural, propósito comunicativo, conteúdo,
meio de transmissão, papéis dos interlocutores e contexto situacional, elencados por
Marcuschi (2008, p.164).
Grosso modo, o dito seria o que está na superfície do texto, o visível. O não
dito é o discurso implícito, as “entrelinhas”. O já dito, é o interdiscurso, o que já foi dito
em outro tempo/lugar; é a memória discursiva.
Nesse sentido, considerando o meme um enunciado e se todo enunciado é
uma réplica e também abre possibilidades para novos enunciados, no caso dos
memes não se pode negar essa natureza dialógica que está na base de sua produção
e circulação, pois se não houvesse um já dito que possibilitasse sua compreensão,
não haveria razão na sua intensa e exaustiva circulação.
A partir dessa breve fundamentação, objetivamos nesta aula, favorecer a
prática de análise de memes sob uma perspectiva dialógica. Escolhemos para esta
aula memes de cunho racista, fazendo análise do meme de Taís Araújo.
O professor pode iniciar a aula apresentando o meme da figura 17.
A partir da leitura do meme, questionamos:
Após essa primeira questão, deixamos que os alunos comentassem para que
identificassem o já que sabem sobre o texto: os aspectos verbais e não verbais; a
intertextualidade e a interdiscursividade.
Perguntamos se eles sabiam quem é Taís Araújo e o que eles entendiam com
o meme.
Após essa primeira discussão a frase dita pela atriz Taís Araújo em uma
palestra e causadora do meme em questão foi mostrada:
.71
Porque, no Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas
mudem de calçada, escondam suas bolsas e blindem seus carros.
Taís Araújo
Comentamos que essa frase da atriz foi o que causou o este meme e vários
outros (se possível, o professor pode mostrar aos alunos outros memes gerados a
partir desta situação).
Perguntamos aos alunos se eles conseguiam entender essa frase, o porquê da
atriz ter dito isto em uma palestra e o qual a compreensão do meme a partir disto.
o Acho que ela quis dizer que porque o filho é negro tem gente que tem medo, ah...
sei lá.
o Nossa, nada a ver o que ela disse, daí só porque o menino é preto vão mudar de
calçada?
o Não entendi nada
o É um meme falando que quando a gente vê o filho da Taís Araújo a gente sai
correndo.
Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir pra sua
escola, pegar uma condução, pegar um ônibus, com sua mochila, com seu
boné ou com seu capuz, com seu andar adolescente; sem correr o risco de
levar uma investida violenta da polícia ao ser confundido com um bandido.
Porque no Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas
mudem de calçada, escondam suas bolsas e blindem seus carros.
A vida dele só não vai ser mais difícil do que a da minha filha. Com a Maria
Antônia, eu me pego pensando o tempo inteiro o quanto nós, mulheres,
somos criadas para agradar; o quanto nos silenciam e o quanto nos
desqualificam o tempo inteiro.
Quando eu penso o risco que ela corre, simplesmente por ter nascido mulher
e negra, fico completamente apavorada e o meu pavor tem uma razão.
Observando o mapa da violência no Brasil - esse mapa de 2015, é o último
que a gente tem - os números são muito alarmantes, mas nós temos algumas
vitórias muito poucas, mas eu queria ressaltar uma. O número de feminicídio
contra mulheres brancas caiu. Ele caiu 9,8%.
É muito pouco para o que a gente deseja para as nossas irmãs brancas, mas
caiu. Já o número de feminicídio contra as mulheres negras aumentou 54,4%.
É ou não para eu ficar apavorada? Preciso dizer mais alguma coisa? Preciso!
Preciso dizer que apesar do meu pavor, apesar do meu medo, apesar desses
números alarmantes, eu não ouso perder a esperança e fico elaborando o
tempo inteiro uma maneira de eu criar os meus filhos aqui, no Brasil, no meu
país. Eu fico pensando como criar crianças doces num país tão ácido; como
criar crianças que acreditem que pluralidade e diversidade são riquezas, num
país que é tão plural, que é tão diverso e que é tão desigual.
Como não jogar sobre elas uma vivência, experiência, até uma magoa que é
minha? Mas também, como não permitir que elas enfrentam o mundo de
maneira ingênua, para que não sejam atropeladas pelo racismo que existe
na estrutura do nosso país?
Eu assisti a um filme chamado A Décima Terceira Emenda, um documentário.
Ele fala sobre o sistema carcerário norte-americano e a fala de um homem,
de um homem branco, me chamou muita atenção. Ele disse:
“Eu sou fruto de uma escolha feita pelos meus antepassados. Os negros são
fruto de uma falta de possibilidade de escolha dos meus antepassados. Eu,
homem branco, tenho culpa dessas escolhas? Os negros contemporâneos
têm culpa dessas escolhas? Não, nenhum de nós, temos culpa. Mas foi uma
herança que a gente recebeu. Então, a gente tem que ter a responsabilidade
de lidar com essa herança das quais somos fruto.”
Fiquei pensando no que esse cara falou. Eu falei: “Gente, o que ele tá
falando?” Essa ‘herança’ que esse cara está falando, ela tem o nome, e ela
se chama ‘nossa sociedade’. Sendo assim, a desigualdade social, a
desigualdade entre gêneros e o racismo são sim, problemas de todos nós. E
não é só problema de gênero não, porque até a condição sexual importa
muito neste país.
O Brasil é o país que mais mata homossexual no mundo.
Os meus filho são crianças ainda; eu não sei qual será a condição sexual
deles. Mas o que desejo para os meus filhos é o que desejo para toda e
qualquer criança, seja branca, negra ou indígena; heterossexual,
homossexual, gay, trans. Eu desejo que eles cresçam livres, cheios de amor,
coragem, que sejam crianças potentes. E eu também tenho um sonho. Eu
tenho um sonho de ver ricos trabalhando para acabar com a pobreza. De ver
homens se colocando no lugar de mulheres. De ver mulheres brancas
entendendo que existe um abismo entre mulheres brancas e mulheres
negras. Eu tenho um sonho de ver crianças heterossexuais aceitando
crianças homossexuais e trans. De ver mulheres heterossexuais aceitando
mulheres lésbicas. E todos nós, que a gente fique muito atento para garantir
o direito dos índios.
E, eu queria aqui, hoje, fazer um convite. Um convite para a gente se ajudar
mutuamente, para que todos possam ter, de fato, as mesmas possibilidades.
Porque perante a lei somos todos iguais, mas na prática não somos. E isso
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não é um problema. As diferenças não são um problema desde que elas não
tenham desigualdade.
Para isso acontecer eu tenho a sensação de que a gente tem que começar a
olhar para o outro, com humanidade, com afeto. É um exercício.
Olha para o outro com afeto é um exercício. Entender que o outro é, sim, uma
extensão da gente.
Olha, se a gente andar tranquilamente pelas ruas, de dia e de noite, se quiser
ficar nas nossas casas sem aflição de saber como ou se os nossos chegaram
aos seus destinos; se a gente quer ligar a televisão, e não assistir a uma
enxurrada de sangue; se a gente quer andar com os nossos carros abertos,
com os vidros abertos, não quiser ficar fazendo conta de como será blindar
um carro; a gente vai ter que melhorar a vida das pessoas. É a única maneira.
E a chance disso é a gente olhar para o outro com afeto, com atenção.
E aí, fico perguntando, né? Como é que a gente pode melhorar a vida das
pessoas?
Eu não sou o governo, eu não sou uma empresa. Porque o governo sério, a
gente sabe o que ele deve fazer para acabar com a desigualdade. Ele deve
investir em políticas públicas, em ações afirmativas e políticas educacionais
inclusivas.
Uma empresa pode reavaliar seu quadro de funcionários e fazer a
diversidade um pilar real dessa companhia. Mas e a sociedade civil? O que a
sociedade civil pode fazer?
Bom, nós somos a sociedade civil e essa tem sido a questão da minha vida.
Como eu posso melhorar a vida das pessoas?
E aí eu fico pensando que a gente tem que transformar os nossos
pensamentos, as nossas ações.
Entender que as ações individuais geram impacto diretamente no coletivo; e
o coletivo somos nós. Somos a nossa sociedade.
As pequenas ações são valiosas. E elas são capazes de mudar o mundo. É
onde começa o mundo se não em nós mesmos. Obrigada (ARAÚJO, 2017).
Imagine você o porquê de ele pensar assim. Imagine você como estar há 5
gerações da escravatura pode ter influenciado a história dessa família e a atual
condição dessa criança. Imagine como o preconceito de décadas minou as chances
dessa família de dar aos seus descendentes uma vida melhor do que tiveram...
Imagine agora, o quanto você é absurdamente privilegiado em relação a eles.
Agora, tente novamente encher a boca pra dizer que a questão racial não é
mais relevante, que cotas não são justas, que programas de distribuição de renda são
coisa de vagabundo e que você tem o que tem hoje realmente por mérito seu...
Disponível em https://www.huffpostbrasil.com/joao-paulo-porto/porque-eu-sou-
negro_a_21680136/
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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