ESTUDO DA PALAVRA

O nascimento de Jesus

CONTEXTO HISTÓRICO
Dos quatro evangelho, apenas dois (Mateus e Lucas narram o nascimento de Jesus)
Mateus e Lucas narram o nascimento de Cristo, mas de uma certa forma, parece que há uma
contradição entre as narrativas.

Mateus 1.18 – Maria estava desposada com José, e ficou grávida após a visita do anjo, pelo
Espírito Santo.
José tem a intenção de deixar Maria secretamente para não infamá-la. Mas enquanto pensa
sobre o assunto, recebe a visão do anjo para que receba Maria como esposa, pois aquilo era
obra do Espírito Santo.

Mateus 2 – Nos dias do Rei Heródes, nasce Jesus e Mateus narra que os magos do oriente
chegam a Jerusalém, falam com Heródes, que consulta alguns sábios do Palácio que o
informam que o Messias nasceria em Belém da Judéia, segundo os profetas.
Quando os magos vão a Belém, adoram o menino Jesus, entregam-lhe presentes e são
orientados por revelação para que não voltem por Jerusalém, pois Herodes os aguardava para
saber onde o menino estava, para o matar.
Então José, também recebe uma revelação de Deus, pega Maria e Jesus e foge para o Egito.

Herodes, quando descobre que os magos retornam a sua cidade por outro caminho, desce com
soldados à Belém da Judéia com vários soldados e mata todas as crianças de dois anos para
baixo.

Lucas traz uma narrativa diferente de Mateus, pois não fala nada dos magos, não fala do plano
de Herodes para matar Jesus e de sua atrocidade contra as crianças que manda matar.

Lucas 1.26 – No sexto mês (da gravidez de Isabel) Deus envia o anjo Gabriel a Nazaré, falar com
uma Virgem chamada Maria, desposada com José. O anjo a saúda como agraciada, diz para ela
não ter medo, e faz a profecia sobre sua gravidez, sobre o nascimento de Jesus e que este seria
chamado filho do Altíssimo.
Maria vai visitar Isabel, fica por lá três meses.
Lucas 2 – Há o decreto de César Augusto para que o povo se alistasse cada um em sua cidade de
nascimento. Então José sobe a Belém com Maria (pois era da Casa e família de Davi).
Cumprem-se neste tempo os dias de Maria dar à luz, Jesus nasce, Maria o envolve em panos e
o põe numa manjedoura, por não haver lugar na estalagem.
Na sequência, Lucas narra, diferente de Mateus, que aparecem os pastores, estes haviam
recebido um anjo do Senhor que os anunciou o nascimento de Jesus e lhe dá a confirmação de
que eles encontraria Jesus envolto em panos numa manjedoura.
Lucas 2.21 – Lucas diz que após o tempo da purificação deles e que Jesus é circuncidado, José e
Maria sobem a Jerusalém, para apresentar Jesus no templo, onde estão Simeão e Ana.
Cumprindo-se o mandamento de que todo filho primogênito após ser circuncidado deveria ser
apresentado ao Senhor.

O que acharíamos ser uma contradição ...

Como é que em Mateus, Herodes procura o Menino Jesus para o matar e Lucas diz que após a
circuncisão Jesus é levado ao templo, em Jerusalém, cidade de Herodes. Pois a apresentação no
templo acontecia após 40 dias do nascimento da criança.
Harmonizando as passagens em Mateus e Lucas.
O detalhe que faz toda a diferença.
A ordem que Herodes dá para a matança dos meninos abaixo de dois anos. (Mateus 2.16)
Então, se Herodes mandou matar as crianças de dois anos para baixo, é porque Jesus já tinha
por volta de 02 anos de idade. Quando os magos foram visitar Jesus, Ele não era um recém-
nascido, nem estava numa manjedoura. A visão do anjo dando o sinal da manjedoura acontece
em Lucas, no dia do nascimento de Jesus, aos pastores do campo.
Mateus 2.11 – Os magos do oriente visitam Jesus e entram na CASA, onde está Jesus com sua
mãe, Maria, e o adoram, e entregam-lhes presentes.

‘SEGUNDO A TRADIÇÃO RELIGIOSA CATÓLICA, SÃO FRANCISCO DE ASSIS FOI QUEM IDEALIZOU
O PRESÉPIO QUE VEMOS NO NATAL, QUE É FORMADO POR JESUS NUMA MANJEDOURA, OS
JUMENTINHO AO REDOR, OS PASTORES E OS MAGOS CHEGANDO”
Essa formação do presépio de Natal, fortalece no imaginário popular a convicção de que os
magos e os pastores estavam no mesmo contexto do nascimento de Jesus.
Os magos chegaram quando Jesus já tinha por volta de 02 anos de idade.
Jesus nasceu no tempo do recenciamento e José e Maria permanece em Belém com Jesus,
saindo de lá apenas para apresentação de Jesus no templo em Jerusalém, 40 dias após seu
nascimento, e voltam para Belém.
Então de fato, tanto os pastores quanto os magos do oriente visitaram Jesus em Belém onde ele
nasceu. Porém a visita dos pastores se deu no dia do nascimento de Jesus. Enquanto os magos
do oriente visitam Jesus quando este já tem por volta de dois anos, ainda em Belém. É quando
Herodes ordena a matança de crianças com a intenção de tirar a vida de Jesus.

O casamento de José e Maria – Tradição de Israel.

O casamento tinha duas fases.

A primeira fase quando o noivo ia desposar de uma moça em um pacto, acordo entre as famílias
(equivalente ao noivado aqui no ocidente).
Neste noivado, havia uma negociação do noivo com o pai da pretendente. Neste acordo, era
estipulado um dote (valor) para que o homem tivesse direito a ter a moça como esposa. A partir
da assinatura deste acordo, diante de testemunhas, a moça era reconhecida como desposada
aquele rapaz que a pretendia. Como se já fosse esposa, mas sem ainda morarem juntos nem ter
relacionamento íntimo. Como se fosse um noivado, mas ainda mais sério, por haver um contrato
de comprometimento de ambas as partes.
A partir daí, o homem voltava a casa de seus pais, e nas terras do pai dele, ele tinha que fazer
duas coisas para poder se casar de fato com a moça.
1. Juntar o dinheiro do dote, de seu próprio esforço, não deveria ser usado dinheiro do pai,
mas de seu próprio suor.
2. Tinha que construir, preparar a casa onde ele e a mulher iriam morar. Depois de um ano,
após conseguir levantar os recursos para pagar o dote e preparar o lugar de moradia
dos dois. Então ele retornava com uma comitiva, para buscar a sua noiva.

ALGUMAS DESSAS PRÁTICAS DE DOTE AINDA SÃO PRATICADAS EM MUITOS PAÍSES DO

ORIENTE MÉDIO ATÉ O DIA DE HOJE.
Segundo a cultura destes países, o pai ao ceder sua filha para casamento, estaria dando sua joia
mais preciosa. Daí a necessidade de um dote que demostrasse o verdadeiro amor do
pretendente por sua filha, através do dote e da preparação do lugar em que iriam habitar, que
demostrava um verdadeiro comprometimento por parte do noivo.
JESUS E SUA IGREJA SÃO EXEMPLOS DESTA CULTURA. JESUS USA A LINGUAGEM DE UM NOIVO
PARA COM SUA NOIVA, A IGREJA (JOÃO 14.1-3).
Neste meio tempo em que José está comprometido com estas incumbências, é que Maria
engravida.
Nazaré era uma vila que devia ter entre 200 e 500 habitantes no máximo. Todo mundo se
conhecia.
E o fato de Maria ter estado gravida antes de se casar seria um escândalo naquele lugar. E ela
corria o risco de ser apedrejada. Foi o povo de Nazaré que queria apedrejar Jesus. Eles tinham
por habito executar essa prática. Então Maria correu risco de morte.

Quando ela diz ao anjo: - Cumpra-se em mim a vontade do Senhor, ela por fidelidade a Deus,
assumiu um risco que nós não fazemos ideia.

A Bíblia diz que José, sendo um homem justo e que não queria difamá-la (Mt 1.19...).
Porém, avisado pelo anjo para que não a deixasse, também assumiu o risco de ser
envergonhado diante de toda a cidade. Pois no tempo em que José sai para conseguir
o dote e construir a casa, Maria aparece grávida.

Porém, antes da visão do anjo, José tinha a intenção de a deixar em secreto, não para
abandoná-la a própria sorte, mas para preservar-lhe a vida.

Havia um termo na lei do adultério em Israel que dizia que uma acusação de adultério, só teria
validade legal, se o marido estivesse presente e assinasse o documento de acusação. Daí a
ideia de José abandonar Maria e ir embora. Porque, fazendo isso, ela não seria apedrejada, já
que o marido não formalizou a acusação do suposto adultério. Temos que entender que os
anjos apareceram a Maria e, depois a José... Mas o povo não entenderiam assim se a história
fosse por eles contada, e certamente, buscariam meios de apedrejar Maria.
Daí entendemos porque Maria, quando vai visitar Isabel, fica por lá durante 03 meses. (Lc 1.39,
56). Como a situação dela em Nazaré já estava ficando complicada com o crescimento de sua
barriga.
Depois disso, ela volta para sua casa já com José e vão a Belém, para realização do censo de
Israel, cumprindo o decreto de César Augusto. (Lc 2.1).

A manjedoura.
Diferente do que muita gente pensa, a manjedoura não estava numa caverna ou gruta, como
representado nos presépios de natal.
Na verdade, a manjedoura em Israel, era um caixote de cimento, como um tanque sendo que
mais raso, construído para que os animais daquela casa se alimentassem. (Manjedoura =
manjar), e ficava em um dos cantos do muro da casa.

As casas nos tempos de Jesus

A casa tinha uma porta apenas de entrada, tinha um pátio, onde ficavam os animais da família,
onde ficavam os animais e a manjedoura, que podiam ser mais de uma.
Na parte superior da casa ficava um cômodo da família, que dormia no mesmo cômodo. (Mt
5.14) não se acende uma candeia e se põe embaixo da cama, mas no velador.

As pessoas tinham a maior parte das atividades sociais em cima da casa. Uma espécie de
varanda no alto da casa, como se fosse nossa área de lazer ou reuniões em cima da laje
coberta, conhecida como terraço. Naquele tempo eles faziam ali suas refeições, reuniões, etc.
Como em Israel fazia muito calor e quase sempre eles sabiam quando ia chover, eles também
tinham o costume de dormir neste terraço.

“Mateus 24.17 – Quem estiver no terraço (telhado da casa) não desçam para retirar da casa
coisa alguma...”

Foi em uma dessas casas, provavelmente de parentes que José levou Maria para ter Jesus. As
casas tinham um quarto de hóspede. Mas este quarto não foi cedido a Maria para o
nascimento de Jesus.

Lucas 2.7 - E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-
o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.

A palavra hospedaria que aparece neste texto é diferente na tradução grega, daquela parábola
do bom samaritano, que era, realmente, uma hospedaria ou hotel de beira de estrada.
Então Jesus nasceu numa situação bem mais precária e humilhante do que nós imaginamos.
Pois seus próprios parentes o rejeitaram já antes do nascimento.

Jesus não nasceu em 25 de dezembro.

O nascimento de João Batista.

Lucas 1.5 - Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote, chamado Zacarias,
da ordem de Abias e cuja mulher era das filhas de Arão e se chamava Isabel (1Cr 24.10).
1Cr. 24:10 – O turno de abias é o oitavo, segundo a divisão dos turnos dos sacerdotes nos
tempos de Davi.

Cada turno é representado pela metade de cada mês do calendário judaico. Então de
acordo com este calendário, o turno de abias se dava no mês de TAMUZ que para nós,
seria o mês de Julho. Uma vez que o Calendário judeu não começava em janeiro. E sim no
mês de abril segundo o nosso calendário.
Lucas 1:11-24: Lucas narra que pouco tempo depois de Zacarias retornar para casa, Isabel
engravidou.
No mês de TAMUZ (Julho, segundo nosso calendário).
João Batista nasceu após nove meses (Mês de NISSAN – referente a nosso mês de abril).
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