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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLÓGIAS

Curso: Arquitectura
4° Ano

Tema: Comportamento Mecânico Dos Materiais


Cadeira: Estrutura I

Discente:
Paulo Jorge de Miranda Santos

Beira, 24 de Novembro de 2022


Discente:
Paulo Jorge de Miranda Santos

Tema: Comportamento Mecânico dos Materiais

Trabalho elaborado junto ao curso de


arquitectura da cadeira de Estruturas I
como forma de responder o critério de
avaliação proposto pela docente.
Docente: Msc. Eng. Nádia Farinha.

Beira, 24 de Novembro de 2022

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Agradecimento

Agradecço em primeiro lugar a Deus, por nunca ter me abandonado, estando sempre do
nosso lado, principalmente nos momentos difíceis, por ser o autor da vida, por me guiar,
iluminar e por possibilitar a conclusão do trabalho.

Aos meus pais, pois desde pequeno me incentivaram ao estudo em instituições públicas
e privadas, deixando claro que os estudos bem como o sucesso profissional e financeiro
sempre dependeriam de mim. Aos meus irmãos que tanto amo, e que sempre foram os
pilares, exemplo de persistência e determinação, e por maior que seja à distância sempre
se fazem presentes em minha vida.

A Engenheira Nádia Farinha a docente e orientadora, pela paciência e a dedicação no


acto de lessionar, o meu muito obrigado.

Amigos e colegas, por sempre estarem disposto a auxiliar na orientação referente ao


Tema, sempre com muito carinho e dedicação. O meu muito obrigado por todo auxílio,
pessoas assim, enchem o coração de esperança e alegria.

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“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina!” - Cora Coralina

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, por me ter dado força para puder alcançar este objectivo.
Esta realização é para sua honra e glória.

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Índice
Agradecimento.................................................................................................................. 3
DEDICATÓRIA ............................................................................................................... 5
Índice de Figuras .............................................................................................................. 7
1. Introdução .............................................................................................................. 8
1.2. Justificativa ........................................................................................................ 8
1.3. Enquadramento Legal Do Tema ........................................................................ 9
1.4. Objectivos .......................................................................................................... 9
1.5. Metodologia ....................................................................................................... 9
2. Marcos Teóricos ........................................................................................................... 9
2.1. Introdução ............................................................................................................ 10
2.2. Principais Conceitos ............................................................................................. 11
3. Comportamento Mecânico dos Materiais ............................................................... 11
3.1. Ensaio de Tração .................................................................................................. 13
3.2. Linearidade física e Lei de Hooke ....................................................................... 15
3.3.Constantes Elásticas ................................................................................................. 18
3.2. Efeito de Poisson ..................................................................................................... 18
3.5. RESULTADOS OBTIDOS ATRAVES DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO ............... 19
4. COMPORTAMENTO ELÁSTICO: ....................................................................... 21
5.TENSÃO LIMITE DE RESISTÊNCIA .................................................................. 22
6.DUTILIDADE ......................................................................................................... 23
7.MÓDULO DE ELASTICIDADE ............................................................................ 23
9.TENACIDADE ........................................................................................................ 25
10.MODELOS DA CURVA TENSÃO-DEFORMAÇÃO ........................................ 26
11.ENSAIOS DE IMPACTO ..................................................................................... 28
12.ENSAIO CHARPY ................................................................................................ 31
13.FLUÊNCIA ............................................................................................................ 33
14.FADIGA................................................................................................................. 34
15. Considerações Finais ................................................................................................ 36
16. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 37

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Índice de Figuras
Figura 1 - deformação elástica em cristais: a) Cristal sem deformação; b) cristal
deformado por tração;c) Cristal deformado por Compressão. ....................................... 13
Figura 2 - diagrama esquematico de um ensaio de tração: a) sem deformação; b) com
deformação. .................................................................................................................... 14
Figura 3 - ensaio uniaxial de tracção .............................................................................. 16
Figura 4 - módulos tangentes e secantes ........................................................................ 18
Figura 5 - explicação do efeito de poisson ..................................................................... 19
Figura 6 - deformação uniforme ao longo de todo o comrpimento util ......................... 20
Figura 7 - grafico ilustrativo ........................................................................................... 22

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Capitulo I
1. Introdução

Segundo a pesquisa elaborada, o trabalho busca trazer uma compilação de materiais


academicos que visam a ilustrar o comportamento mecnico dos materiais,
compreendendo que a análise dos principais conceitos servem de base do inicío da
pesquisa.

1.2.Justificativa
O presente trabalho busca abordar assuntos relacionados ao Comportamento Mecânico
dos Materiais e sua materialização no sector da Engenharia, no caso em específico a
Construção. A identificação e análise dos diferentes comportamentos que compõem os
materiais, além de estuda-lo e apresentar possíveis soluções aos problemas encontrados,
baseando-se de metodologias especificas, acompanhadas por registros fotográficos,
mapas, esboços, levantamentos, entre outros.

É relevante a abordagem do tema em questão, para uma posterior consulta de materiais


na vertente de resistência dos materiais, e garantir não só a identificação de problemas,
como a solução desses mesmos com o fim de evita que materiais estejam sub-
dimensionadas, ou seja, possuam uma dimensão insuficiente em relação às forças que
nela atuam e que provocará quebras. Por outro lado, evita o super-dimensionamento, ou
seja, evita gasto excessivo com material quando não é necessário, influenciando
diretamente no custo final dos produtos e tornando-os inviáveis (caro em relação aos
demais concorrentes), tudo afim de projectar uma melhor condição de vida aos usuarios
dos espaços.

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1.3.Enquadramento Legal Do Tema
No presente capítulo serão apresentados alguns estudos, análises, assim como métodos e
técnicas de solucionamento dos problemas encontrados na área em estudo. Com
exposição dos artigos que fundamentam a essência do estudo realizado, contribuindo no
entendimento da questão da Resistência dos materiais, a ISO 9001 e o Decreto Nacional
interno:

• Decreto n.º 83/2018, de 31 de Dezembro, ao abrigo do artigo 2 da Resolução n.º


24/2019, de 31 de Dezembro;

1.4.Objectivos

Objectivo geral:

• O estudo tem como reflecção a análise do Comportamento Mecânico dos


Materiais.

Objectivos específicos:

• Analise minuciosa do comportamento mecânico dos materiais, acompanhado de


estudo de caso voltado aos principais materiais de uso cotideano;
• Dar a compreender os principais conceitos voltados ao tema em estudo;
• Apresentar as propriedades Mecânicas dos Materiais;

1.5. Metodologia
A metodologia usada para o desenvolvimento do trabalho foi baseada na coleta de
ártigos academicos, desertações e manuais voltados ao Comportamento Mecânico dos
Materiais.

2. Marcos Teóricos
O presente Trabalho tem como objectivo principal trazer os conceitos da
sustentabilidade e evolução do conceito histórico da sustentabilidade, e de modo geral
perceber como este evoluiu, e onde aplicar.

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Para esse efeito, são estudados factores relactivo a evolução histórica do conceito da
sustentabilidade, as suas aplicabilidades e vantagens e desvantagens, Para a abordagem
do tema e a implementação do projecto, seguem-se algumas questões como a criação do
projecto, sua delimitação, formulação dos problemas, bem como objectivo e a sua
justificação, e para concluir a fundamentação teórica acompanhada de uma revisão de
literatura.

2.1. Introdução

Após o Homem despertar para a realidade, fruto da sequência de ocorrência de vários


acidentes por falhas mecânicas, desgastes de materiais em alguns casos inexplicáveis,
surgiu a necessidade de estudos que viabilizariam e dariam enfâse e melhor
compreensão dos materiais aos quais se usam no dia-a-dia.

O que culminou com o desenvolvmento dos ensaios não destrutivos, muito importante
porque auxiliam em filosofias de projeto com vistas aos conceitos de prevenção de
falhas: “Falha Segura” e “Tolerância ao Dano”.

• Inspeção visual;

• Inspeção visual remota;

• Líquido penetrante;

• Ultrassom;

• Partículas magnéticas;

• Correntes parasitas (Eddy Current);

• Radiografia industrial: gamagrafia e raios-X;

• Neutrongrafia;

• Emissão de Barkhausen.

Que de alguma forma contribuem para a redução de acidentes por parte de falha
mecânica, desgaste do material, entre outras causas.

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2.2. Principais Conceitos

Resistência dos Materiais: é o estudo sobre a capacidade que os materiais têm para
resistir a certos tipos de forças externas que causam esforços internos em função do tipo
de material, dimensões, processo de fabricação, entre outros. Esta disciplina usa a
estática para considerar os efeitos externos (forças), e a partir de então considerar os
efeitos internos (esforços).

Elasticidade: capacidade do material ser deformado elasticamente, sem atingir o campo


plástico. A relação entre tensão elástica é definida como módulo de elasticidade (E).

Ductilidade: capacidade do material ser deformado plasticamente, sem atingir a


ruptura. Pode ser obtida da análise do alongamento e da estricção.

Fragilidade: comportamento oposto à ductilidade.

Fluência: capacidade de um material se deformar lentamente, quando submetido a


tensões menoores que a de escoamento, sob temperaturas elevadas.

Tenacidade: capacidade de um material em armazenar energia sem se romper. Pode ser


quantificada através do cálculo da área sob a curva tensão/deformação.

Dureza: capacidade de um material em resistir à penetração de sua superficie e está


intimamente relacionada com a tensão limite de resistência do material.

Força para os aristotélicos: força podendo ser apenas empurrão ou puxão.

A definição newtoniana de força: Chama-se força atuante sobre um corpo a qualquer


agente capaz de modificar o seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e
uniforme.

Capitulo II

3. Comportamento Mecânico dos Materiais

O commportamento de um material sob solicitação mecânica é fundamental na


identificação de propriedades de interessee em engenhara mecânica. Tal comportamento
é função directa de 3 factores basicos igadosàs caracteristicas do material, ou seja: o
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tipo e a intensidade das ligações envolvendo átomos ou moléculas; a natureza do arranjo
dos átomos ou moléculasd do material. Além desses 3 factores, o processamento a que o
material foi submetido, determina intensamente a definição das propriedades do mesmo.

Uma das caraceristicas mais importantes dos materiais no estado sólido é a capacidade
dos mesmos em resistir ou transmitir tensões. A resposta desses materiais sob tensão
está intimamente relacionada com a propriedade do material em se deformar
elasticamente ou plasticamente. Considera-se que um material que exibe
comportamento elástico, quando o memso, é submetido a esforços, apresenta
deformações não permanentes, ou seja, ao se remover tais tenões, o material retorna as
suas dimenões originais.

O comportamento plástico é observado quando o mesmo material é submetido a tensão


mais elevada e sua dimensão é alterada permanentemente, ou seja o material não retorna
seu tamanho original.

Um dos primeiros aspectos a serem considerados em qualquer projeto estrutural é a


tensão que leva o material à falha, ou ao colapso. Como primeira aproximação a tensão
limite de escoamento, no caso de materiais dúteis, ou a tensão limite de resistência, para
os materiais frágeis, é usada como referência para comparação com as tensões
que solicitam o material, devido às cargas externas. Por outro lado, a partir do ensaio
estático de tração, por meio de uma análise mais detalhada, é possível obtermos
informações de grande valia para uso com modelos que permitem prever tanto a falha
estática como a falha devida a cargas dinâmicas, como é o caso de uma falha por fadiga.
Este Capítulo preocupa-se em analisar em detalhes, embora não exaustivamente, alguns
ensaios que são comumente realizados com materiais metálicos. Inicialmente é
discutido o ensaio de tração, ao qual é dada uma atenção particular, com um
detalhamento da curva tensão-deformação, tanto a convencional, como a curva real.
Além do ensaio de tração, é visto ainda o ensaio de impacto, com corpos de prova do
tipo Charpy. Estes ensaios fornecem informações bastante valiosas, indicativas quanto
ao comportamento mecânico do material.

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3.1. Ensaio de Tração

O ensaio mais simples que é normalmente feito é o de tração, sobre um corpo de prova
de seção, em geral, circular ou retangular, dependendo do produto metalúrgico de onde
o corpo de prova foi retirado. O ensaio de tração fornece uma repetibilidade de
resultados bastante boa, sendo desta forma um ensaio usado para testar a uniformidade
de produção de um material. Outra possibilidade é o uso do ensaio de tração para
levantar dados característicos do material, fundamentais para a análise do seu
comportamento mecânico.

A caracterização do comportamento mecanico de um material pode ser implementado


pelo emprego do ensaioo de traçao do mesmo. A Aplicação de uma força em um
material provoca tensões e deformações permanentes ou não) no mesmo, como a figura
e seguir:

FIGURA 1 - DEFORMAÇÃO ELÁSTICA EM CRISTAIS: A) CRISTAL SEM DEFORMAÇÃO; B)


CRISTAL DEFORMADO POR TRAÇÃO;C) CRISTAL DEFORMADO POR COMPRESSÃO.

A tensão, σ, é definida como forç por unidade de área, ou:

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Onde:

A deformação (ε) é definida como o efeito da tensão em um material, relaciona-se à


alteração nas dimensões originais do material e é expressa como variação do
comprimento inicial, ou:

onde:

O ensaio de tração relvela duas fases distintas: a elastica e a plastica. Na fase elastica
um dos prinncipais parâmetros que o ensaio de tração permite revelar é o modulo de
elasticidade do material.

FIGURA 2 - DIAGRAMA ESQUEMATICO DE UM ENSAIO DE TRAÇÃO: A) SEM DEFORMAÇÃO; B)


COM DEFORMAÇÃO.

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3.2. Linearidade física e Lei de Hooke

As primeiras tentativas de estabelecer relações constitutivas, usaram ensaios simples.


Um ensaio típico desta gama de ensaios é ensaio de tracção de uma barra esbelta.
Aplicando uma força de tracção ao provete, assegura-se que o provete desenvolve
componente normal de tensão na direcção da força aplicada. Ao longo do ensaio regista
se o deslocamento que se transforma em extensão. A força aplicada transfere-se em
tensão normal. O gráfico destas entidades costuma ter forma que se mostra na figura em
baixo, pelo menos para a maior parte de metais. No eixo vertical regista-se
habitualmente a tensão nominal (convencional, de engenharia, sem levar em
conta as variações na área devido à carga aplicada, ou seja o chamado efeito Poisson,
que será explicado a seguir) e não a tensão real, ou seja, a força aplicada divide-se pela
área de secção transversal inicial e não instantânea (actual). Por isso o gráfico mostra
uma parte decrescente, mesmo quando a força aplicada está sempre a aumentar.

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FIGURA 3 - ENSAIO UNIAXIAL DE TRACÇÃO

O gráfico representado acima usa os seguintes termos:

Limite de linearidade: corresponde à tensão ao nível em que a recta inicial passa a ter
forma de uma curva. Ao declive da recta inicial atribuiu-se um significado particular
definido como:

tan = E

Em que E chama-se Módulo de elasticidade ou Módulo de Young.

Patamar de cedência: corresponde à tensão, ao nível em que a extensão começa a


aumentar sem aumento da força aplicada, o que corresponde à parte horizontal da curva
do gráfico.

Tensão de rotura (ruptura): a máxima tensão no gráfico, no entanto a rotura (falta de


integridade de provete), ocorre no momento em que a monitorização está interrompida,
ou seja no final da curva.

Quando as análises envolvem tensões não muito elevadas, o comportamento do material


implementado corresponderá apenas à parte inicial do gráfico representado pela recta.
Neste caso, as análises chamam-se “fisicamente lineares”, ou seja devido da recta do
gráfico a relação tensão deformação é linear, o que no caso unidimensional representado
pode-se escrever:

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ou

Esta relação chama-se Lei de Hooke.

O módulo de Young é uma medida de rigidez e material.

Um material mais rígido tem este modulo maisr, o que significa que para mesma
deformação sobre de maiores tensões.

O inverso é uma medida de flexibilidade, o que para mesma tensão deformação


maior.

Quando além da linearidade física as análises efectuam‐se dentro do limite de


deslocamentos pequenos e consequentemente deformações pequenas, ou seja, dentro
dos limites de linearidade geométrica, as análises chamam‐se lineares.

As análises lineares são as mais simples, no entanto abrangem uma gama de cálculos
suficientemente detalhados para dimensionamento de estruturas. As análises lineares
têm uma grande vantagem relativamente às não‐lineares, que é a validade de princípio
de sobreposição. Às vezes, devido à grande utilidade deste princípio, admitem‐se
pressupostos de tal maneira para se assegurar a linearidade do problema, com o
objectivo de usufruir do princípio de sobreposição. No caso de não‐linearidade que é
impossível evitar, admitem‐se coeficientes correctivos no dimensionamento estrutural
para se manter aproximadamente a validade do princípio de sobreposição.

O princípio de sobreposição permite sobrepor os efeitos de cargas distintas aplicadas a


uma estrutura e usar a proporcionalidade da resposta. Este princípio já foi utilizado na
cadeira de Estática. Significa que:

Tendo resposta ao carregamento 1 P(1) na forma de:

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3.3.Constantes Elásticas

3.1. Módulo de Young

Na análise fisicamente não‐linear não é suficiente descrever o comportamento usando


somente um único módulo de Young. Distinguem‐se por isso módulos tangentes e
secantes. Os módulos tangentes são declives das tangentes à curva tensão‐deformação.
O módulo tangente inicial é declive da tangente que passa pela origem. Outros módulos
tangentes têm que ter o nível de tensão definido, depois traça‐se uma tangente ao
gráfico neste nível. Os módulos secantes têm que ter dois níveis de tensão definidos.

No caso do módulo secante inicial, um nível é suficiente porque o outro representa nível
zero. Estas dependências implicam, que o módulo de Young em análise fisicamente
não‐linear depende do estado de tensão (ou de deformação) actual.

FIGURA 4 - MÓDULOS TANGENTES E SECANTES

3.2. Efeito de Poisson

Quando se descreveu a tensão nominal, chamou‐se à atenção, que no ensaio


unidimensional de tracção de uma barra, a secção transversal diminui. Este efeito,

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chamado efeito de Poisson, foi estabelecido muito mais tarde que a Lei de Hooke.
Efeito de Poisson é definido como o facto que durante a aplicação de carga numa
direcção, as dimensões nas direcções transversais (perpendiculares à direcção da carga
aplicada) também sofrem alterações. Seria de esperar que aplicando uma tracção, as
dimensões na direcção da carga aplicada aumentam e nas direcções transversais
diminuam. Na aplicação de carga de compressão, os efeitos são opostos. Para se poder
quantificar este efeito, introduz‐se o número ou o coeficiente de Poisson, que se define
como razão entre a extensão na direcção transversal à carga e a extensão na direcção da
força aplicada, juntando ainda o sinal negativo. Ou seja

admitindo que a força foi aplicada na direcção x .

FIGURA 5 - EXPLICAÇÃO DO EFEITO DE POISSON

3.5. RESULTADOS OBTIDOS ATRAVES DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO


Nesta seção é feito um resumo das características do ensaio de tração e quais são as
informações que podem ser obtidas, quando este ensaio é analisado com o uso do
procedimento clássico, através da curva tensão-deformação nominal ou de engenharia.
A abaixo ilustra as principais informações que são obtidas habitualmente a partir
do diagrama convencioal.

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FIGURA 6 - DEFORMAÇÃO UNIFORME AO LONGO DE TODO O COMRPIMENTO UTIL
Principais informações obtidas a partir de um diagrama tensão deformação
convencional.
A forma e a magnitude da curva tensão-deformação de um material depende, dentre
outros fatores, da sua composição química, dos tratamentos termo-mecânicos, da
temperatura de operação e do estado de tensões imposto durante o teste. O teste de
tração é bastante usado para fornecer informações básicas a respeito da resistência do
material para projeto e é um teste aceitável para a especificação de materiais. A curva
tensãodeformação de engenharia é obtida a partir da medida da carga e da elongação e
os pontos característicos, da curva da figura acima, são:

❖ porção linear da curva, onde vale a lei de Hooke;


❖ ponto correspondente ao limite de proporcionalidade;
❖ ponto correspondente ao limite elástico;
❖ ponto correspondente ao limite de escoamento;
❖ ponto de carga máxima (início da instabilidade);
❖ ponto de ruptura final.
As tensões usadas nesta curva tensão-deformação são as tensões nominais que agem no
corpo de prova tensionado, designadas por σ 0. Esta tensão nominal é obtida pela
divisão da carga pela área da seção transversal do corpo de prova indeformado. As
deformações são obtidas pela divisão do acréscimo ∆l, medido sobre o comprimento
padrão, pelo sua dimensão original l0 .

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Os parâmetros que são usados para descrever a curva tensão deformação, que procuram
caracterizar as propriedades de resistência do material e as propriedades de ductilidade,
são, basicamente:

❖ Tensão limite de escoamento


❖ Tensão limite de resistência
❖ Alongamento percentual
❖ Redução da área da seção transversal;

4. COMPORTAMENTO ELÁSTICO:

O nível de tensão em que as deformações plásticas começam depende muito da


sensibilidade do equipamento usado para monitorar o ensaio, já que a transição do
comportamento elástico para o comportamento plástico é gradual. Vários critérios para
a determinação do início de plastificação são usados, em função dos equipamentos
que estão disponíveis e do uso pretendido para os resultados.


- Limite de proporcionalidade: é a maior tensão em que existe proporcionalidade
direta entre as tensões e as deformações. É o valor em que inicia o desvio do
relacionamento linear no diagrama tensão deformação.
❖ - Limite elástico: é a maior tensão que o material pode suportar sem que exista
alguma deformação plástica que se possa medir macroscopicamente, após a
completa remoção da carga.
❖ - Limite de escoamento: É a tensão requerida para produzir uma deformação
plástica especificada, usualmente de 0,2%, quando o material não apresentar um
patamar de escoamento.

Alguns materiais não tem um comportamento linear em seu diagrama tensão-


deformação, mesmo para baixos níveis de tensão, como por exemplo o cobre recozido e
o ferro fundido cinzento. Para estes materiais a determinação da tensão limite de
escoamento, por meio da especificação de um valor para a deformação plástica não
pode ser usado, pois não é definido com exatidão o módulo de elasticidade. Assim,
nestes casos a tensão limite de escoamento é definida como a tensão que provoca uma
deformação total pré- estabelecida, como de 0,005 ( 0,5%) por exemplo.

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FIGURA 7 - GRAFICO ILUSTRATIVO
Possíveis critérios de definição para a tensão limite de escoamento. A tensão σ 1 fica
definida pelo critério do módulo tangente, a tensão σ 2 pela deformação plástica e 2 e σ
3 pela deformação total do valor e 3.

5.TENSÃO LIMITE DE RESISTÊNCIA

A tensão limite de resistência é a tensão nominal correspondente à máxima carga que


ocorre no ensaio, considerando a área original da seção transversal no seu cálculo,
σ R = Fmáx / A 0

A tensão limite de resistência é o resultado mais usual do teste de tração e, entretanto, é


um valor de pequeno significado físico para avaliar a resistência real do material. Esta
afirmação decorre do fato de que a tensão σ R não ocorre na realidade, pois a área
instantânea, no ponto de carga máxima, não é A0 . Para metais dúteis a tensão limite
de resistência pode ser entendida como a medida da máxima solicitação que o metal
pode resistir sob condições de carregamento uniaxial. Deve-se, no entanto, ter muito
cuidado para não cair no erro de caracterizar σ R como a tensão de ruptura do material.
A ruptura só irá ocorrer após a estricção avançar consideravelmente, consumindo a
dutilidade do material. A tendência atual para o projeto de estruturas de materiais dúteis
é o uso da tensão limite de escoamento para definir o início de plastificação. Para
materiais frágeis a tensão limite de resistência é uma informação válida para projeto.

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6.DUTILIDADE

A dutilidade é uma propriedade fundamental do material, onde temos diferentes


maneiras de a definir e de quantificar. É uma medida útil para indicar:

- Quanto que o material pode ser deformado plasticamente sem que ocorra fratura, para
operações de conformação tais como laminação, extrusão e estampagem;

- A capacidade do metal de fluir plasticamente antes da ruptura. Esta característica


permite deformações localizadas sem fratura, as quais podem ocorrer devido a
sobrecargas ou pontos de concentração de tensão não esperados;

- O nível de impurezas do material, consequência das condições do processo


metalúrgico, já que um maior volume de impurezas reduz significativamente a
dutilidade.

As medidas convencionais de dutilidade, obtidas a partir do ensaio de tração, são a


deformação de fratura, e f, denominada usualmente de elongação, e a estricção, ϕ,
obtida como a redução de área, em relação à área original.

ef = ( f - 0 ) / 0

ϕ=(A0-Af)/A0

7.MÓDULO DE ELASTICIDADE

A inclinação da região linear do diagrama tensão-deformação é denominada de módulo


de elasticidade ou módulo de Young. O módulo de elasticidade é a medida da rigidez do
material, ou seja, para módulos grandes, menores são as deformações elásticas, para um
mesmo nível de tensão. O módulo de elasticidade é necessário para o cálculo de
defleções e de deformações para todo e qualquer elemento estrutural, sendo um valor
importante para a análise e projeto. O módulo de elasticidade é resultado das forças de
atração entre os átomos, logo, como estas forças não podem ser alteradas sem a variação
da natureza básica do material, o módulo de elasticidade é uma propriedade intrínseca
do material. Ele é alterado, apenas levemente, pela adição de elementos de ligas,
tratamentos térmicos ou trabalho a frio. No entanto, sofre uma significativa redução de

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valor com o aumento da temperatura. Para altas temperaturas o módulo de elasticidade
deve ser medido por métodos dinâmicos.

Valores típicos do módulo de elasticidade, função da temperatura, para materiais de uso


comum em Engenharia, estão listados na tabela a seguir:

8.RESILIÊNCIA
A habilidade de um material absorver energia quando deformado elasticamente e
retornar, quando descarregado, às dimensões originais, é denominada de resiliência. Ela
é dada usualmente pelo módulo de resiliência, que é a energia de deformação por
unidade de volume requerida para as tensões variarem de zero até a tensão limite de
escoamento σ E.

A energia de deformação do material, por unidade de volume, para um estado uniaxial


de tensões, dentro do regime elástico, é dada por:

U0 = 0,5 σ x . ε x

Com a definição de módulo de resiliência temos:

Ur = 0,5 σ E . ε E

Usando a lei de Hooke, para um estado uniaxial de tensões, resulta

Ur = 0,5 σ E2 / E

Esta equação indica que o material adequado para absorver a energia de deformação, em
condições que o elemento estrutural não pode permanecer com distorções permanentes,

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tais como molas e peças de mecanismos de precisão, é aquele que possui uma alta
tensão de escoamento e baixo módulo de elasticidade. A Tabela abaixo fornece alguns
valores de módulos de resiliência para diferentes materiais.

9.TENACIDADE

A tenacidade de um material é definida como a sua capacidade de absorver energia,


permitindo-se que penetre no regime plástico. A capacidade de suportar,
ocasionalmente, tensões maiores que as de escoamento, sem romper, é desejada em
elementos tais como engrenagens, correntes, acoplamentos, cabos, etc. A tenacidade
pode ser considerada como a área total sob a curva do diagrama tensão deformação.

Esta área é a representação de quanto trabalho por unidade de volume o material pode
absorver sem romper. A figura logo a seguir mostra curvas tensão-deformação para
materiais de alta e baixa

tenacidade. O aço mola tem tensão limite de escoamento mais alta que um aço
estrutural, porém este é mais dútil e tem elongação maior, logo a área sob a curva do
aço estrutural é maior, o que implica em maior tenacidade. Para materiais dúteis, que
possuem um diagrama tensãodeformação semelhante ao do aço estrutural, a área sob a
curva pode ser aproximada por uma das seguintes equações:

Ut = σR ef

Ut = σL ef

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Onde σL é a chamada tensão limite, definida como a média aritmética entre a tensão
limite de escoamento e a tensão limite de resistência.

Curvas tensão-deformação típicas para aços de alta e baixa resistência.

10.MODELOS DA CURVA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

É necessário, para a realização de uma análise de tensões, adotar um modelo para a


curva tensão-deformação, que deve ser adequado ao tipo de análise a ser realizada.
Assim, partimos dos modelos mais simples, como o de um material perfeitamente
elástico, ou o de um material rígido-plástico, chegando a um modelo de um material
com encruamento potencial, passando pelos modelos de um material elasto-plástico
ideal e de um material com encruamento linear. A figura ilustra os modelos mais usados
para uma análise de tensões.

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Curvas tensão-deformação segundo modelos normalmente usados para uma análise
plástica.

Para um material idealizado como elástico ideal é lógico que o modelo deverá ser usado
dentro dos limites do comportamento elástico do material real. Para uma análise
plástica, os modelos mais simples para idealizar a curva tensão-deformação do material,
são o de um material elasto-plástico ideal e o de um material rígido-plástico. Este último
é uma simplificação do primeiro, aplicável quando temos elevados níveis de
deformação plástica, de modo que seja possível desprezar a parcela elástica da
deformação. A idealização do material como tendo um encruamento linear já é uma
melhor aproximação para os materiais reais, que apresentam encruamento, do que a de
um material elasto-plástico ideal. No caso de muitos materiais metálicos a curva tensão-
deformação fica caracterizada por um comportamento chamado de encruamento
potencial, expresso pela equação abaixo:

σ = k εn

Onde:
n - expoente do encruamento

k - Coeficiente de resistência

σ - tensão real

ε - deformação real.

O gráfico em escalas logarítmicas da curva tensão-deformação real,


a partir do início do escoamento, resulta numa linha reta se a equação for satisfeita pelo
material. A inclinação desta reta é n, e k é a tensão real para o ponto onde ε = 1,0.

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Diagrama tensão-deformação para um material com encruamento potencial, em escalas
logarítmicas.

Os valores de n variam desde n = 0, caracterizando um sólido perfeitamente plástico, σ


= k, onde k é interpretado como a tensão limite de escoamento do material, até n = 1,
que caracteriza um sólido perfeitamente elástico, σ = k ε, onde k agora representa o
módulo de elasticidade do material. Deste modo, o expoente de encruamento
situa-se no intervalo (0 ; 1), enquanto que o coeficiente de resistência está no intervalo
(σ E ; E). Para a maioria dos metais os valores de n estão situados entre 0,1 e 0,5. A
Tabela abaixo mostra valores de n e k para alguns materiais de uso comum. A equação
nem sempre fornece resultados que são coerentes com os experimentos. Desta forma,
outros modelos foram sugeridos e a seguir estão apresentadas algumas equações que
também podem representar os resultados dos ensaios de forma condizente, como:
σ = k (ε o + ε p )n

11.ENSAIOS DE IMPACTO

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Existem materiais intrinsecamente frágeis, como por exemplo o ferro fundido, pois em
aplicações práticas sempre rompem de um modo frágil. Existem outros metais que
podem apresentar uma ruptura dúctil ou frágil quando em serviço. Dentre estes, os aços
ferríticos são os mais importantes e possuem um comportamento muito variável quanto
à forma de fratura, dependendo de muitos fatores. Assim, um aço de baixo carbono,
normalizado, é dútil sob a ação de um carregamento uniaxial, como no ensaio de tração.
Este mesmo aço torna-se frágil quando na presença de entalhes, baixas temperaturas,
sob impacto ou ainda sob um estado triaxial de tensão. Para outros materiais, em
especial os com estrutura cristalina cúbica de face centrada, como os aços austeníticos,
o comportamento à fratura pode ser previsto a partir das propriedades de tração. Se for
frágil no ensaio de tração, será frágil com entalhe, e se for dútil no ensaio, também será
dútil com um entalhe, exceto no caso de entalhes muito agudos ou profundos. Mesmo
baixas temperaturas não alteram este comportamento.

Para os materiais com comportamento semelhante ao dos aços ferríticos, os ensaios de


impacto são muito úteis, pois indicam, ao menos de forma orientativa, o grau de
dutilidade. Estes materiais possuem um comportamento complexo, difícil de prever com
exatidão, estando sujeitos a uma transição de comportamento. Devido a estes fatos, a
maior parte dos estudos, sobre a fratura frágil, foram feitos com estes materiais. O
parâmetro que caracteriza a resistência à ruptura do material é a tenacidade. Esta é
definida como a energia específica absorvida durante o processo de ruptura.

Assim, uma fratura dútil é caracterizada por uma grande absorção de energia, o que se
traduz em uma tenacidade elevada. Uma fratura frágil possui uma baixa absorção de
energia e logo baixa tenacidade.

Em alguns casos a tenacidade pode ser facilmente obtida, como por exemplo em uma
barra de seção uniforme tracionada. A tenacidade é fornecida pela área sob a curva
tensão-deformação, que representa a energia absorvida por unidade de volume da barra.
Infelizmente a tenacidade volumétrica, medida desta maneira, não se correlaciona com a
resistência à fratura em serviço. Isto ocorre porque no ensaio de tração grande parte da
energia consumida é utilizada para colocar o material em condições de iniciar a ruptura,
ou seja, em um nível de deformações plásticas suficiente para iniciar o processo de
ruptura.

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Curva típica CV versus temperatura, para aços carbono e baixa liga.

No caso de uma ruptura em serviço, temos uma falha que geralmente inicia a partir de
um defeito pré-existente, o que nos corpos de prova de tração não ocorre. Assim, é
necessário distinguir entre a tenacidade volumétrica, medida no ensaio de tração, e a
tenacidade superficial, medida como a energia consumida no aumento da área rompida,
pela propagação da fissura, a partir do defeito inicial. Esta tenacidade é denominada de
tenacidade à fratura. Em aplicações práticas esta última é que tem importância. A
tenacidade volumétrica é de interesse em situações onde é necessário estimar a
capacidade de absorção de energia por uma estrutura homogênea. A tenacidade à fratura
é fundamental para a análise ou previsão de falhas.

Em componentes isentos de defeitos, a energia para a ruptura é elevada, já que se deve


despender uma grande parte desta energia para a formação da trinca, enquanto o restante
é consumido para a sua propagação. Assim, em elementos estruturais que habitualmente
possuem falhas e defeitos, que podem ser pensados como trincas, a falha ocorre quando
energia suficiente é fornecida para propagar a trinca já existente. Em vista disto, muitos
testes de tenacidade são realizados com corpos de prova já fissurados, medindo-se a
energia, por unidade de área rompida, que o material consome durante a sua fratura. A
fissura inicial reduz a energia necessária para a ruptura, bem como causa um estado
triaxial de tensões de tração elevado, o que eleva a temperatura de transição do material.

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Curva típica força versus tempo no ensaio Charpy.

12.ENSAIO CHARPY

Para os materiais com transição no comportamento dútil-frágil os ensaios de impacto


são muito úteis, sendo o ensaio com corpo de prova Charpy com entalhe em V o mais
difundido, estando incluido em muitas especificações de projeto e controle de
qualidade. O entalhe provoca restrições à deformação em direções perpendiculares à
direção da máxima tensão principal, ou seja, um estado triaxial de tensões, com um
efeito também de concentração de tensão. O ensaio Charpy mostrou-se valioso para
verificar a suscetibilidade dos aços à fragilização na presença de entalhes, embora o
teste não possa ser usado diretamente para assegurar o desempenho da estrutura em
serviço. A figura abaixo ilustra o princípio do ensaio e a geometria do corpo de prova
Charpy com entalhe em V.

Corpo de prova Charpy com entalhe em V e princípio do ensaio.

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A aplicação da carga de impacto é feita por um pêndulo que é deixado cair e, após a
ruptura do corpo de prova, é determinada a energia absorvida na fratura do material.
Esta energia, em Joules [J], é a medida da tenacidade Charpy do material. Os ensaios
são feitos a diversas temperaturas para o corpo de prova e assim é obtida a influência
desta sobre a tenacidade do material ensaiado. Para os materiais fragilizáveis existe uma
faixa de temperatura em que ocorre a transição no modo de fratura. Esta transição é
detectada por uma queda brusca na tenacidade, ou seja, o material passa a romper de um
modo predominantemente frágil. A figura abaixo mostra uma curva da tenacidade
contra a temperatura para um aço de baixa liga. Deve-se observar que a tenacidade
medida pelo ensaio Charpy é distinta da tenacidade volumétrica, medida pelo ensaio de
tração, bem como é distinta da tenacidade superficial, medida pelos ensaios de KIC.

Curva tenacidade versus temperatura para um aço 4137 H.

Existem ao menos três métodos para avaliar o grau de fragilização que o material sofre,
a uma dada temperatura de ensaio. A energia consumida na ruptura, conforme já citado,
é um deles. A aparência da fratura fornece meios para avaliar a tenacidade do material,
pois quanto maior a área que rompeu por clivagem, menor a energia absorvida na
ruptura do corpo de prova, visto que a fratura dutilabsorve muito mais energia por
unidade de área. Assim, a inspeção do aspecto da superfície rompida fornece
informações relevantes.
Finalmente, a deformação plástica decorrente da fratura dútil provoca uma contração
lateral na zona de entalhe, que fica tracionada, e uma expansão lateral no lado oposto,
onde o material fica comprimido.

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Aspecto de seção rompida do corpo de prova Charpy, indicando as diferentes regiões da
superfície rompida e a deformação lateral de contração junto ao entalhe e de espansão
no topo do corpo de prova.

Não existem apenas estes métodos para medir o efeito de fragilização do material por
efeito da temperatura, mas, em geral, a transição dúctil frágil baseada em um único tipo
de medida não é suficientemente abrupta de forma a definir claramente uma temperatura
específica. Por esta razão foram propostos vários critérios para definir o valor da
temperatura de transição, seja pela energia absorvida, seja pela aparência da ruptura.
Alguns destes critérios estão descritos a seguir.

13.FLUÊNCIA

A fluência é a deformação plástica que ocorre num material, sob tensão constante ou
quase constante, em função do tempo (tempo em geral muito grande). A temperatura
tem um papel importantíssimo nesse fenômeno.

A fluência ocorre devido à movimentação de falhas, que sempre existem na estrutura


cristalina dos metais. Não haveria fluência se estas falhas não existissem. Existem
metais que exibem o fenômeno de fluência mesmo à temperatura ambiente, enquanto
outros resistem a essa deformação mesmo a temperatura elevadas. As exigências de uso
têm levado ao desenvolvimento de novas ligas que resistam melhor a esse tipo de
deformação. A necessidade de testar esses novos materiais, expostos a altas
temperaturas ao longo do tempo, define a importância deste ensaio.

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Os ensaios que analisamos anteriormente são feitos num curto espaço de tempo, isto é,
os corpos de prova ou peças são submetidos a um determinado esforço por alguns
segundos ou, no máximo, minutos. Porém, nas condições reais de uso, os produtos
sofrem solicitações diversas por longos períodos de tempo.

O uso mostra que, em algumas situações, os produtos apresentam deformação


permanente mesmo sofrendo solicitações abaixo do seu limite elástico.

14.FADIGA

É o efeito observado em estruturas com estado de tensões bem abaixo da tensão de


ruptura quando se pode desenvolver um acúmulo do dano com cargas cíclicas
continuadas conduzindo a uma falha do componente ou estrutura.

Todos dos materiais são anisotrópicos e não homogêneos. Metais de engenharia são
compostos por agregados de pequenos grãos de cristal. Dentro de cada grão a estrutura
também é anisotrópica devido aos planos do cristal e se a fronteira do grão é fechada, a
orientação destes planos muda. Estas não homogeneidades existem não somente pela
estrutura de grãos, mas também por causa de inclusões de outros materiais. Como
resultado da não homogeneidade tem-se uma distribuição de tensões não uniforme.
Regiões da microestrutura onde os níveis de tensão são altos normalmente são os pontos
onde o dano de fatiga se inicia.

Para metais dúcteis de engenharia, grãos de cristal que possuem uma orientação
desfavorável relativa ao carregamento aplicado desenvolvem primeiro 'slip bands' (são
regiões onde há intensa deformação devido ao movimento entre os planos do cristal.

Materiais com alguma limitação de ductibilidade como são os metais de alta resistência,
o dano microestrutural é menos espalhado tendendo a ser concentrado nos defeitos no
material. Uma pequena trinca desenvolve-se a partir de uma lacuna, inclusão, 'slip
band', contorno do grão. Esta trinca cresce então num plano geralmente normal à tensão
de tração até causar uma falha, algumas vezes juntando-se com outras trincas durante o
processo.

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Assim, o processo em materiais com ductibilidade limitada é caracterizada pela
propagação de poucos efeitos, em contraste com danos intensificados mais espalhados
que ocorrem em materiais altamente dúcteis. Em materiais de fibra composta, a fadiga é
geralmente caracterizada pelo crescimento de trincas e de laminações espalhadas
desenvolvendo acima de uma relativa área.

Quando a falha é dominada pelo crescimento da trinca, a fratura resultante, quando vista
macroscopicamente, geralmente exibe uma superfície polida próximo à área em que se
originou. Superfícies rugosas normalmente indicam um crescimento mais rápido da
trinca. Linhas curvas concêntricas à origem da trinca são frequentemente vistas e
marcam o progresso da trinca em vários estágios. Após a trinca ter caminhado um
determinado comprimento a falha poderá ser dúctil (envolvendo grandes
deslocamentos) ou frágil (pequenos deslocamentos).

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15. Considerações Finais

O comportamento e função direta de três fatores básicos ligados as características do


material, ou seja: o tipo e a intensidade das ligações envolvendo átomos ou moléculas; a
natureza do arranjo dos átomos ou moléculas e a natureza e quantidade de defeitos no
arranjo dos átomos ou moléculas do material. Alem desses três fatores, o processamento
a que o material foi submetido, determina intensamente a definição das propriedades do
mesmo.

Quando um material e submetido a esforços mecânicos, ele deforma-se de duas


maneiras: elasticamente e plasticamente.

Uma das características mais importantes dos materiais no estado solido e a capacidade
dos mesmos em resistir ou transmitir tensões. A resposta desses materiais sob tensão
esta intimamente relacionada com a propriedade do material em deformar elasticamente
ou plasticamente.

Considerando-se assim que um material exibe comportamento elástico, quando o


mesmo, ao ser submetido a esforços mecânicos, apresenta deformações não-
permanentes, ou seja, ao se remover tais tensões, o material retoma as suas dimensões
originais. O comportamento plástico e observado quando o mesmo material e submetido
a tensões mais elevadas e suas dimensões são alteradas permanentemente, ou seja,
cessados os esforços, o material não retoma as suas dimensões originais. A
caracterização do comportamento mecânico de um material pode ser implementada pelo
emprego do ensaio de tração do mesmo. A aplicação de uma forca em um material
provoca tensões e deformações (permanentes ou não) no mesmo.

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16. Referências Bibliográficas

C.G. Shon; introdução ao comportamento mecânico dos materiais; apostila; Depto.


Enga. Metalúrgica e de materiais, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(2001).

Introdução à Resistência dos Materiais. Harper & Row do Brasil. TIMOSHENKO, S.P.
e GERE, J.E. (1983).

Mecânica dos Sólidos. Livros Técnicos e Científicos Editora. SCHON, Claúdio,


Introdução ao Comportamento Mecânicos do Materiais, 15 de Outubro de 2002.

VAN Vlack , L. - Princípios de Ciência dos Materiais, 3a ed.

CALLISTER, W.D.JR ;Ciência de Engenharia de Materiais: Uma Introdução,5.ed


Resistência dos Materiais I. SCHIEL, F. (1984).

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