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2ºSG-FN-MU 13.0263.

05 JOSÉ CARLOS DA SILVA SANTOS


CIASC

ESTUDO DE CASO – GUERRA DAS MALVINAS ( FALKLANDS)

A Guerra das Malvinas ou ainda Guerra do Atlântico Sul, conflito armado entre Argentina e
Reino Unido, ocorrido no ano de 1982, foi uma disputa pela soberania das ilhas Malvinas (Geórgia
do Sul e Sandwich do Sul), logo após a invasão do país sul-americano que reivindicava o território
por razões de caráter geográfico e político. Os conhecidos níveis de condução de conflito foram
empregados pelas partes envolvidas nessa guerra, o que é possível observar, a partir dos fatos
registrados por ambas as forças.

A despeito de as ilhas malvinas serem de domínio britânico, desde 1833, as ilhas possuem
um histórico de disputas entre Reino Unido e outros países, como França e Espanha. Já a argentina,
por se considerar herdeira dos direitos espanhóis nesta área, passou brigar no âmbito internacional
pelos direitos às ilhas. Surgindo aqui, o primeiro nível de conflito a ser observado, o de nível
político. Já que nesse momento ambos os Estados passam a defender seus interesses e a integrar
medidas para defender seus interesses nacionais. As expressões política e militar do Poder Nacional
passam a ser os principais instrumentos de ambos os países conflitantes.

Importante é destacar que nesse nível de condução do conflito (político), apenas a Argentina,
num primeiro momento, entendeu tratar-se de uma boa estratégia política a invasão da ilha, já que o
país passava por problemas internos e a junta militar, que governava o país em 1982, possuía apoio
de parte da população, decorrente do sentimento de patriotismo. Portanto, o governo argentino,
entendeu ser viável essa invasão, pois seria uma oportunidade de recuperar a credibilidade entre
setores sociais. Em contra partida, o Reino Unido não buscou inicialmente a ruptura do diálogo com
o país adversário, fato que evidente por não haver reforço militar nas ilhas e os negócios bélicos
com os argentinos terem permanecido até momentos bem próximos da invasão.
A decisão final de invadir e atacar os britânicos residentes nas ilhas, levou em consideração
aspectos que num primeiro momento pareciam corretos, mas que com o tempo demonstraram se
frágeis. Os argentinos praticamente desacreditaram a capacidade militar de contra-ataque do
inimigo, provavelmente pela distância geográfica e pelo fato de não haver grande número de
militares para defesa nas ilhas. Aqui, é possível se observar o uso do nível estratégico de condução
de conflito, uma vez que os militares argentinos decidiram entrar em guerra levando em
consideração não apenas os interesses nacionais, mas também a efetiva capacidade de alcançar o
objetivo pretendido.

Após a invasão das ilhas, e o consequente clamor popular por resposta, o Reino Unido,
chefiado por sua primeira-ministra Margaret Thatcher, monta uma grandiosa força-tarefa naval,
composta de navios de guerra, submarinos e um porta-aviões, que tinham por objetivo transportar
tropas e equipamentos para a retomada das ilhas. Os britânicos também se utilizaram de navios
privados para implementar o maior número possível de militares para o combate (Característica da
Guerra de Manobra). Na Argentina, por sua vez, houve a mobilização de suas forças aérea e
marinha que tiveram o objetivo de impedir o avanço do inimigo (também aqui está caracterizada a
Guerra de Manobra). Até esse momento, observa-se que apenas os níveis político e estratégico estão
em foco, muito embora, a mobilização de forças bélicas por partes dos dois países, já demonstrem,
em paralelo, o emprego do nível operacional (em sua fase de ações preparatórias).

As operações militares que se sucederam, dentre elas, A “Operação Rosário” (tomada das
ilhas pelos argentinos) e “Operação Corporate” (retomada das ilhas pelo Reino Unido), evidenciam
o emprego definitivo dos níveis operacional e tático (o efetivo emprego dos meios em combate) de
condução de conflito. Durante os dias de ocorrência da guerra, ficou bastante claro que a estratégia
adotada pelos argentinos se mostrou falha, sobretudo, por não contarem com a resistência britânica
nem com o descontentamento dos países aliados, entre eles, os EUA. Os americanos não puderam
sustentar uma posição neutra e logo apoiaram o Reino Unido na guerra, que sem dúvida, fez imensa
diferença no resultado final.
Nessa guerra, o Reino Unido foi estratégico e flexível, e adotou táticas militares modernas e
inovadoras. Com apoio da diplomacia e inteligência norte-americana, eles tiveram acesso a códigos
fonte de armas argentinas, visando desativá-las. Como também se utilizaram do que havia de mais
moderno no arsenal americano. As dificuldades da Argentina em coordenar suas operações
militares, e principalmente, superar as baixas materiais e pessoais levariam logo o país a ver o
território sendo recuperado pelos britânicos. Desta forma, verifica-se o nível tático e o nível
operacional aplicados nesse combate, e que também, tanto Argentina quanto Reino Unido se
utilizaram dos estilos de Guerra de Atrito e da Guerra de Manobra. As operações supra citadas são
os exemplos disso, pois “em todo enfrentamento de forças” observaremos ambos os estilos de
condução de conflito (Atrito e Manobra).

No que se refere ao Poder de Combate adotado, ficou evidenciada a vantagem britânica, em


relação aos argentinos, principalmente no tange aos aspectos tecnológicos mas também em relação
aos recursos disponíveis. Como já dito, os britanicos obtiveram apoio de importantes aliados, todos
os recursos da OTAN, mas principalmente dos EUA. “Qualquer fator que leve aumentar a
capacidade de uma tropa em operações deve se considerar parte de seu poder de combate”, e o
Reino Unido teve acesso a muitos equipamentos e informações de inteligência dos americanos.
Além é claro de já possuir uma força naval bem equipada e uma força terrestre moderna com
helicópteros, tanques e veículos blindados. Já a Argentina, possuía um poder bélico considerável,
porém incomparável ao dos britânicos: uma força terrestre composta por tropas de infantaria e
equipamentos mais antigos. O que levaria no decorrer do embate a grandes baixas pessoais e
materiais.

O saldo final da Guerra das Malvinas foi a retomada das ilhas pelo Reino Unido. Contudo
dela podemos extrair os diversos níveis de condução de conflito, assim como os estilos de condução
de conflito que foram empregados de forma bastante efetiva. Tendo o Reino Unido adotado uma
postura mais inovadora, e a Argentina enfrentado bastante dificuldade para reagir ao avanço
britânico, sobretudo por erros de estratégia e por fatores políticos também.

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