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Alguém disse uma vez que não decidimos quem amamos.

O
mundo decide por nós. Mas eu discordo.

Eu acredito que o amor é uma decisão.

Quem nós amamos, como amamos.

Está no nosso controle – nas nossas mãos.

Eu cresci sem ter ideia do verdadeiro significado do amor.


Dinheiro. Carros. Casas. Status. Fama. Isso é o que o amor
significa para as pessoas ao meu redor.

Até a mulher que eu peguei em um bar virar a minha vida e me


mostrar que o amor pode ser muito mais.

Então qual é o problema?

A mulher por quem estou me apaixonando acredita em contos de


fadas. Ela compara tudo a um livro de histórias e quer o feliz
para sempre.

Então, enquanto ela está presa na recriação de histórias que já


foram contadas, página por página, estou mostrando a ela que é
hora de escrevermos nosso próprio livro.

Ninguém nunca disse que a jornada de se apaixonar seria fácil,


só que valeria a pena.
Para Brittany – Você pode ser uma idiota, mas você é minha
idiota. <3
Vinte anos

Acabei de voltar para o meu dormitório e estou exausto.


Estou pronto para tomar um banho quente e depois ver minha
namorada, Samantha. Eu jogo minha bolsa de ginástica na
cama e pego uma muda de roupa e uma toalha. Tirando minha
calça de moletom e a camiseta, viro a água o mais quente que
posso e espero que aqueça. Uma vez que consigo ver o nevoeiro
enchendo o banheiro, entro. Em pé, de costas para a água
quente, deixo-a cair sobre os músculos doloridos.

Entre sentar em um ônibus lotado e desconfortável para


a viagem de dez horas de ida e volta de Washington para nosso
primeiro jogo de futebol da temporada, a cama king-size
irregular que eu tive que dividir no hotel com meu
companheiro de equipe Killian, e na reunião de duas horas que
tive que assistir, uma vez que voltamos para ver as fitas do
jogo, um banho quente é exatamente o que eu preciso.

Eu pego meu xampu e lavo meu cabelo, depois passo um


pouco de sabonete em minhas mãos. Enquanto esfrego a
sensação suja do ônibus desagradável da minha pele, tento
pensar em tudo que preciso fazer. Sendo o começo do meu
primeiro ano na Universidade da Carolina do Norte, parece que
minha lista de tarefas nunca termina. Preciso pegar o livro que
pedi para a aula de Literatura Britânica que estou fazendo, ir
até a biblioteca para ver se posso dar uma olhada em O Hobbit
e A História Sem Fim para a minha aula de Fantasia Lit…
Merda! Eu também preciso ir ao laboratório de gravação para
agendar a sessão de reforço exigida. Alguns dias parece que
não há horas suficientes no dia e hoje é definitivamente um
daqueles dias.

Depois de enxaguar, me visto e vou para o laboratório de


leitura.

— Com licença, meu nome é Nicholas Shaw. Estou


fazendo o curso de redação criativa do professor Hughes e ele
disse que temos que agendar uma sessão de tutoria.

— Sim! Deixe-me verificar seu nome. Qual é o seu número


de identificação de estudante? — Dou-lhe meu número de dez
dígitos e ela digita no computador.

— Hmm... parece que você não está mais matriculado


nesse curso. — Ela digita um pouco mais no teclado. — Na
verdade, aqui mostra que você abandonou o curso ou trocou
sua graduação. — Ela imprime algo e entrega para mim. Eu
leio e releio, e com certeza, minha graduação consta Negócios
e não Literatura Inglesa. Minhas aulas são todas básicas em
contabilidade e gerenciamento de negócios. Que diabos?
Acabei de escolher meu maldito curso há menos de duas
semanas quando me encontrei com meu orientador.

— Ok, obrigado. Eu vou esclarecer isso. — Dobro o papel,


coloco no bolso de trás e começo a ir em direção ao dormitório
de Samantha, furioso ‘pra’ caramba. Há apenas uma pessoa
que faria isso. Eu bato seu nome no meu celular, e nem mesmo
um toque depois, meu pai atende.

— Papai, precisamos conversar.

— Nick, estou feliz que você tenha ligado. Eu vi seu jogo


e não sou o único. Há conversas de várias equipes. Se você
continuar jogando como fez ontem, entrará no draft este ano,
e não no próximo, e provavelmente entrará na primeira rodada.

— Você mudou meu curso? — Eu pergunto,


interrompendo-o.

— O quê? — Meu pai responde incrédulo. — Você ouviu


o que eu disse? Há uma boa chance de você ser convocado este
ano.

— Sim, eu ouvi você. Mas pensei que estava indo para a


faculdade todos os quatro anos para que eu pudesse me formar
em licenciatura.

— Nós conversamos sobre isso, Nick, — meu pai diz,


frustração evidente em seu tom. — O futebol vem em primeiro
lugar. Seu treinador ligou e me disse que você pediu permissão
para deixar suas práticas no início deste semestre, porque você
precisa participar de alguma besteira de escrever.
— Laboratório de escrita. — Eu suspiro.

Desde pequeno, sempre senti uma atração pela literatura.


Quando não estou lendo, estou escrevendo. Horror, Mistério,
Fantasia, Não-ficção, eu não me importo com o que é. Quando
eu era criança e realmente não acreditava que tivesse uma
chance de jogar profissionalmente, meu sonho era um dia
mergulhar no mundo dos livros. Minha professora da segunda
série me deu um diário de redação, e naquele ano eu enchi
tudo com história após história. Quando eu era criança, eu li
tudo, desde The Boxcar Children e Harry Potter até 1984. Como
um adulto, vou dar uma chance a qualquer coisa. De James
Patterson a Stephen King. Inferno, eu até dei a Nicholas Sparks
uma rodada. Não tenho certeza, se fosse me dada uma
oportunidade, o que eu faria no campo – talvez escrever ou
editar. Tudo que sei é que amo livros.

Não que isso importe neste momento. Não estou tendo a


oportunidade e não estarei no futuro. Quantos jogadores de
futebol você conhece que escreveram um romance? E eu não
estou falando sobre as milhões de autobiografias.
Exatamente…

— Eu não dou a mínima para o que é! — Meu pai grita.


— Nós conversamos sobre isso. Você está se formando em
Negócios. — Paro de andar e me sento no banco do lado de fora
do dormitório de Samantha. Com o rosto nas mãos, fecho os
olhos e respiro fundo.
— Será que importa mesmo o que estou fazendo se não
for me formar de toda forma?

— Sim, importa quando você está tendo que interromper


o treino mais cedo. — Eu quero discutir com meu pai, mas não
faço. É inútil. Foi estupidez da minha parte assinar esses
cursos em primeiro lugar. Quando me encontrei com meu
orientador, achei que talvez minha escolha de curso fosse para
o radar do meu pai e, verdade seja dita, se a aula de redação
criativa não exigisse uma sessão de tutoria ao mesmo tempo
que o treino, eu poderia ter escapado disso. Mas acontece que
eu não escapei.

— E se eu puder deixar essa aula para outro semestre?


— Pergunto como um último esforço para convencer meu pai
a deixar-me manter meu curso como Literatura Inglesa.
Quando ele suspira, acho que por um momento talvez ele vá
ceder. Quão idiota sou?

— Nick, você foi para a Carolina do Norte para o futebol.


Sua bolsa de estudos cobre suas aulas e dormitório. Eu pago
por tudo mais. Seus livros, sua comida, seu carro, seguro,
celular, roupas. Você está preparado para pagar por tudo isso?
— Ele já sabe que não posso. Não se eu quiser me graduar sem
dívidas. E se o futebol não funcionar? Então ficarei com
empréstimos e quem dirá que eu seria aprovado para um
empréstimo grande o suficiente para cobrir tudo. E conseguir
um emprego está fora de questão. Eu nem posso assistir a uma
aula de reforço duas vezes por semana.
Sem esperar por uma resposta, meu pai continua: —
Além disso, um diploma em Inglês é perda de tempo e dinheiro.
Fui para a faculdade de direito e o seu avô também. Os homens
da nossa família não se formam em Inglês, — ele zomba. —
Seu treinador notificou seus professores de que você estará
iniciando suas novas aulas na segunda-feira, e eles sabem que
você terá tempo para se preparar. Eu preciso ir tenho um
cliente chamando. Não se esqueça de que vamos jantar em
casa para o aniversário da sua mãe no próximo domingo. — E
com isso, ele desliga.

Assim que estou prestes a ficar de pé, meu telefone toca.


Surpresa, surpresa, é minha mãe. Eu considero não atender,
mas acho que posso acabar com isso para que ela não continue
a me ligar enquanto eu estou saindo com Samantha.

— Mãe.

— Nicholas, por favor, me diga que sua especialização em


Inglês era uma piada. — Vamos lá, quem diabos faz piada com
algo tão importante? Claramente a pergunta dela é retórica,
mas porra...

— Sim, mãe, — eu digo secamente. — Foi uma piada. —


E assim foram todos os livros que tive meu nariz preso ao longo
de toda a minha infância...

— E o que exatamente você faria com esse diploma? E se,


Deus me livre, você sofrer um acidente? O que você faria com
um diploma em Inglês?
Ah, eu não sei... talvez escreva um livro... trabalhe na
publicação... talvez eu possa ensinar inglês... Claro, eu não falo
nada disso para ela. Falar com ela é o mesmo que falar com
meu pai. Um desperdício de tempo e energia.

— De acordo com meu pai, eu nem vou conseguir meu


diploma.

— Eu ouvi! — Ela exclama. — Você acredita nisso? Não


são muitos os jogadores de futebol que são recrutados no seu
penúltimo ano. Eu disse a todas as mulheres do country club
hoje. Helen Grotowski, é claro, tentou superar minhas notícias
com a notícia de que o filho havia sido admitido na faculdade
de direito. Mas ouvi de Bertha Stein que o marido dela teve que
fazer uma doação bastante grande para a escola. — Sento-me
no banco e fecho os olhos, sabendo que minha mãe não vai
acabar a fofoca tão cedo. Uma vez que começa, ela pode
continuar por horas.

Eu cresci em Piermont, uma pequena cidade na Carolina


do Norte. É dividida ao meio por um conjunto de trilhos de
trem. Em um dos lados é onde meu pai cresceu, em uma
comunidade rica e fechada. Do outro lado, é onde minha mãe
cresceu – em um parque de trailers decadente. Meus pais se
conheceram quando minha mãe tinha dezoito anos e meu pai
tinha vinte e cinco anos e acabara de sair da faculdade de
direito. Ele acabara de voltar para Piermont e começara a
trabalhar na Shaw Management – uma agência de
administração esportiva que meu avô começou. Ele conheceu
minha mãe quando ela estava servindo de garçonete em um
restaurante que ele parou em uma noite depois de uma
reunião se atrasar. Eles se deram bem imediatamente.

Enquanto meus avós não estavam entusiasmados com


meu pai e seu namoro, ela aparentemente se adaptou à vida
de meu pai rapidamente, e logo ela era a perfeita esposa de
Stepford – embora eu tenha certeza que ela ter engravidado por
acidente tem algo a ver com isso, do porque ele se casou com
ela. Eu também acho que ele amava que ele era capaz de
moldá-la no que ele queria que ela fosse. Eu imagino que
quando você vem do nada, se tiver a oportunidade, você fará o
que for preciso para se tornar algo.

— …então eu disse a Bertha que se Sherry planeja vir ao


meu aniversário com sua mãe, ela precisa deixar aquele inútil
namorado dela em casa. Todas aquelas tatuagens. É uma
desgraça. Não acredito que ela esteja namorando com ele.

— Ei mãe, — eu digo, cortando antes que ela possa


continuar. — Eu preciso ir. Sinto muito. Vejo você no domingo,
no jantar.

— E você vai levar a Samantha?

Se minha mãe fizesse do jeito dela, Samantha estaria fora


de cena. Enquanto ela aprova sua vinda da riqueza, ela odeia
que Samantha queira trabalhar. De acordo com minha mãe,
mulheres devem ficar em casa, o que é irônico, desde que
minha mãe estava em casa toda a minha infância, mas eu
passei mais tempo com minha babá do que com meus dois pais
juntos.
— Ela vai estar lá, mãe. Por favor, seja legal. — Ela solta
um bufo irritado, mas concorda. Nos despedimos e depois
desligamos.

De pé, tomo mais uma respiração calmante antes de


entrar no dormitório de Samantha. Nós estamos namorando
há um ano e ela é uma novata como eu. Ela está se formando
em Negócios e planejando trabalhar para a empresa de seu pai
depois que conseguir seu MBA. Por isso, a razão pela qual
minha mãe não está feliz com nosso namoro.

Quando chego à porta de Samantha, mexo a maçaneta e,


quando ela não abre, bato. Eu ouço um barulho e então ela
abre a porta ligeiramente. Seu cabelo está bagunçado e seus
lábios estão inchados. Ela parece como quando terminamos de
fazer sexo.

— Nick! O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você


tivesse um jogo.

— Eu tive um jogo… ontem. Voltamos há algumas horas,


então vim te ver. — Os traços de Samantha se contorcem em
uma expressão de dor, e eu lentamente estou juntando as
peças. Empurrando a porta, entro em seu quarto para
encontrar Jesse, um amigo meu, sem camisa e sentado na
cama de Samantha.

— Vocês estão falando sério? — Eu pergunto, embora seja


uma pergunta idiota. Há uma porra de uma embalagem de
preservativo no outro lado. Não é preciso ser um gênio para
descobrir o que os dois estavam fazendo.
— Sinto muito, Nick, é só que você está sempre jogando
futebol, e mesmo quando não está, você nunca tem tempo para
sair. — Eu pensei que ela entendia o quão importante o futebol
é para mim. Não é como se eu de repente começasse a jogar.
Jogo desde o dia em que nos conhecemos. Inferno, eu tenho
jogado praticamente desde o dia em que eu pude andar. Estou
frequentando a UCN em uma bolsa de estudos de futebol, o
que significa que, além de ter uma carga completa de aulas, eu
tenho treino todos os dias e jogos todos os fins de semana
durante a temporada.

— Há quanto tempo isso vem acontecendo?

— Desde o começo do verão. Você está sempre tão


ocupado e...

— E em vez de falar comigo sobre isso, você decidiu foder


com meu amigo? — Eu grito antes de olhar para Jesse. — Bela
maneira de me apoiar, mano. — Atravesso o quarto e acerto
diretamente em seu rosto. Ele cai de costas no chão, depois se
levanta, mas não tenta retaliar.

— Eu juro, nós não queríamos que isso acontecesse, —


Samantha chora, mas eu já estou na metade da porta.

— Me poupe. No que me diz respeito, vocês dois estão


mortos para mim, — eu grito antes de sair do quarto dela,
batendo a porta atrás de mim.

Volto para o meu dormitório e vejo minha amiga Celeste


me esperando. Desde pequeno, Celeste esteve sempre por
perto. Quando minha mãe deixou o estacionamento de trailers,
ela deixou todos da sua antiga vida para trás, com exceção de
sua melhor amiga, Beatrice. Beatrice e minha mãe cresceram
ao lado uma da outra – duas ervilhas em uma vagem. A única
diferença entre elas é que, enquanto minha mãe foi
engravidada por meu pai e cruzou os trilhos do trem para uma
vida de luxo, Beatrice se apaixonou por um motociclista em
um clube de Mc's. A história que ouvi é que ele disse a ela que
tinha algo para cuidar e prometeu que voltaria. Ao longo dos
anos Beatrice teve a oportunidade de estar com vários homens
ricos, graças a minha mãe, mas ela escolheu ficar com o pai de
Celeste, esperando que um dia ele volte. Dezessete anos
depois, ele ainda não voltou.

Por qualquer motivo, ela não parece se importar que está


vivendo em um estacionamento de trailers, e Celeste se
ressente muito por isso. Ela não entende porque sua mãe
escolheria o amor em vez do dinheiro, especialmente
escolhendo amar um homem que saiu e nunca mais voltou.
Sua mãe pode estar satisfeita em um estacionamento de
trailers e ansiando pelo amor de sua vida, mas Celeste não
está. Ela tem dezesseis anos e ainda está no ensino médio,
porque ela parece muito mais velha, ela só dá atenção a caras
ricos. Seu objetivo é casar com um homem que é o oposto do
que sua mãe se apaixonou – rico e sem emoção. Seu plano é
mostrar à mãe que o dinheiro, e o conforto que traz, é mais
importante que o amor.
Celeste é linda e ela sabe disso. Ela tem um metro e
setenta, cabelos pretíssimos e grandes olhos negros. Ela tem o
corpo de uma modelo – magra, pernas compridas e com curvas
mínimas, mas tem peitos legais – e ela quer uma carreira de
modelo. Não duvido que um dia ela terá. Ela está determinada.
E já esteve em vários comerciais e anúncios para lojas locais e
tal.

— Eu vi você jogar na TV. Bom primeiro jogo. — Ela está


sentada na minha cama com um shortinho e uma camisa
decotada, apesar de estar frio lá fora. — Você foi ver
Samantha? — Sua voz é presunçosa, o que significa que ela já
sabe.

— Sim, eu a peguei me traindo com Jesse.

— Não se preocupe... eu não vou dizer que eu te avisei. —


Ela deita de volta contra a cabeceira da cama. — Eu os vi
ontem à noite no clube um sobre o outro. Garota esperta, Jesse
está cheio da grana.

— Seja como for, Celeste. — Sento-me na minha cama ao


lado dela. Entre Samantha me traindo e meu pai fodendo meu
curso, eu estou irritado e sem humor para a merda de Celeste.

Em alguns dias, apesar da nossa diferença de quatro


anos, ela é minha melhor amiga; em outros dias, ela é mais
parecida com a irmãzinha chata que eu nunca tive.

— E por que diabos você estava em um clube? Você tem


dezesseis anos.
— Se chama identidade falsa. E mesmo que eu não
tivesse uma, todo segurança na Carolina do Norte acha que eu
sou maior de idade. — Ela revira os olhos. — Não mude de
assunto. Todo mundo sabe que Jesse conseguiu seu fundo aos
dezoito anos, e ele não tem problema em gastar seu dinheiro
em quem quer que seja. Talvez você devesse vir com uma
etiqueta de aviso: eu sou rico, mas falido. — Ela gargalha com
sua piada idiota.

Ela está certa, no entanto. Meu pai é rico, mas eu não


sou, o que significa que, embora meus pais sempre tenham me
provido, eu não tenho uma conta bancária que eu possa
acessar a qualquer hora que quiser. Inferno, mesmo depois de
estar casada com meu pai por mais de vinte anos, minha mãe
ainda não tem sua própria conta bancária. Ela pode passar
seus dias socializando no clube, jantando em restaurantes
caros, indo ao spa, ou comprando merda que ela nunca vai
usar, mas tudo é feito com os cartões de crédito do meu pai.
Henry Shaw está no controle. Dar a minha mãe ou a mim
dinheiro significaria perder uma fatia desse controle, e isso
definitivamente não vai acontecer.

Com toda honestidade, nunca me importei de verdade.


Eu tenho tudo o que o dinheiro pode comprar. Dirijo um carro
foda, um Audi A4, cortesia do meu pai. Eu tenho fundos
ilimitados para comida e roupas. Minha escola é paga. O que
eu não tenho é dinheiro para gastar com mulheres e,
aparentemente, é tudo o que as mulheres parecem se importar.
Durante todo o ensino médio e faculdade, tem sido a
mesma merda com todas as mulheres. Elas ouvem que eu sou
rico, então esperam que eu seja a refeição delas. Elas ouvem
que eu sou o quarterback, então querem se agarrar ao meu
status. Estou tão farto de toda a falsidade.

— Eu me recuso a acreditar que o dinheiro é o que todas


as pessoas deste mundo se importam. Eu vou encontrar
alguém que não liga para o dinheiro, e quando eu encontrar,
vou amá-la ‘pra’ caramba. — Celeste gargalha novamente e
balança a cabeça.

Desde de que tínhamos idade suficiente para entender a


diferença entre nossas situações de vida, temos um debate em
andamento. Ela acredita que o dinheiro supera o amor e
acredito que o dinheiro o destrói. Meus pais têm uma tonelada
de dinheiro e são miseráveis ‘pra’ caralho.

— Você sempre foi tão ingênuo, Nick. Isto não é algum


conto de fadas. Isto é vida real. O amor nada mais é do que
uma emoção desperdiçada. Uma que só atrapalha as coisas
importantes, como boas casas, carros e roupas... e comer em
restaurantes caros! Oh! E férias! E não me faça começar com
o status social...

— Deve haver mais vida do que tudo isso. — Eu pego o


controle remoto e ligo a televisão para o futebol de domingo. —
O dinheiro não compra felicidade. Apenas compra merda.

— Você não entenderia, — diz Celeste, sua voz séria. —


Porque você nunca esteve sem dinheiro. Você nunca teve que
se preocupar com a eletricidade ou a água sendo desligada. Se
você quiser ir para o Colorado para esquiar, pode ir.

Eu nem sei porque me incomodo em discutir com ela. É


sempre a mesma merda. Eu sou rico e minha vida é perfeita....
Ela é pobre e sua vida é uma merda…

Celeste continua: — Você vai ver. Todos esses corações


partidos que você teve porque você continua pensando com seu
coração. Uma vez que você estiver na NFL e cheio de dinheiro,
não terá que se preocupar com isso. Eu garanto que uma vez
que você esteja ganhando dinheiro, garotas como Samantha
vão implorar para ficar com você, mas não será seu coração
que elas estarão atrás.

— Eles podem vir atrás de mim, mas isso não significa


que eu estarei com elas.

— Vamos ser realistas aqui, Nick. Aqueles que são


pobres, querem ser ricos, e aqueles que são ricos, só querem
ser mais ricos. Além disso, você teve quantos relacionamentos
fracassados no ensino médio e na faculdade? Você deveria
simplesmente desistir enquanto é tempo.

Eu viro minha cabeça para Celeste e olho para ela. —


Quando eu jogo um passe de merda, não paro de jogar.
Continuo jogando até conseguir o passe certo.

Celeste ri. — Você sabe o que eles dizem que é a definição


de insanidade? Fazer a mesma coisa repetidas vezes e esperar
resultados diferentes.
— Você é uma puta. — Eu falo, e Celeste me bate no rosto
com o meu travesseiro. — Eu vou encontrá-la... um dia eu vou
encontrar uma garota que vai me amar e não vai querer nada
de mim além de mim.

— Ok... que tal fazer um pacto? — Ela sorri. — Se você


não encontrar o amor no momento em que você fizer trinta,
você vai admitir que estou certa. Dinheiro faz o mundo girar.

— Tudo bem... — Tem que haver mais para isso.

— E nós nos casaremos.

Com isso, eu começo a rir. — Isso já não esteve em um


filme?

— Então? — Ela me bate com outro dos meus


travesseiros.

— Tenho certeza que não deu certo para eles...

Celeste revira os olhos. — Foi um filme. O que você tem a


perder? Você tem dez anos para provar que estou errada.

— Você está falando sério? Você e eu nos casar? — Eu


passo meus olhos pelo corpo dela. Claro, Celeste é quente, em
uma espécie de modelo Victoria Secrets, mas ela não é
exatamente o meu tipo. Eu prefiro minhas mulheres com um
pouco mais de P e B1 se você me entende.

1 Peito e bunda.
— Não me dê esse olhar. Eu não estou atraída por você
também. Se ainda não tiver encontrado um cara rico, nos
casamos e fazemos do meu jeito. Não por amor, mas por
dinheiro. Quero dizer, vamos lá... quase todos os jogadores da
NFL que você conhece tem uma modelo presa ao braço dele.

Antes que eu possa responder, meu melhor amigo,


companheiro de quarto e companheiro de equipe, Killian
Blake, entra em nosso dormitório, batendo a porta atrás dele.

— O que está acontecendo? — Pergunta ele, jogando sua


mochila na cama.

— Eu peguei Samantha fodendo com Jesse.


Aparentemente, ela está me traindo com ele todo maldito
verão.

— Eu te disse que a cadela estava com fome de dinheiro.


— Killian balança a cabeça enquanto ele cai em sua cama em
frente a nós. Eu gemo internamente porque aparentemente
todo mundo viu, menos eu.

— E Celeste quer fazer um pacto. — Eu rio. — Se eu não


encontrar o amor antes dos trinta anos, eu me casarei com ela.

— Você não pode estar seriamente considerando isso? —


Killian se senta, com os olhos fixos em mim, nem considerando
que Celeste está no quarto.

Killian e eu nos conhecemos no primeiro ano de faculdade


quando fomos designados para o mesmo dormitório, e nos
conectamos imediatamente. Ele é um grande receptor e eu sou
o quarterback. Este também será nosso terceiro ano dividindo
um quarto, e se meu pai fizer do jeito dele, pode ser o último.

— Você percebe que está fazendo um acordo com o diabo,


certo? — Ele acrescenta, e Celeste olha para ele.

Os dois nunca se deram bem. Celeste nunca escondeu o


fato de que ela quer um homem que tenha dinheiro, e por essa
razão, Killian acha que ela é uma puta de ouro. O engraçado é
que ela nunca negou, nunca tentou ser alguém que não é, e
por incrível que pareça eu a respeito por isso. Pelo menos ela
não está constantemente tendo seu coração esmagado como
eu.

Eu solto uma risada baixa quando considero sua


afirmação. Durante anos, minha mãe e Beatrice disseram que
Celeste e eu um dia nos casaríamos. Eu acho que no fundo
minha mãe está torcendo para Celeste sair da situação dela
como ela fez, mas só porque ela é filha de sua melhor amiga.
Qualquer outra garota na situação de Celeste, minha mãe
estaria desprezando. Mas Celeste, ela sempre teve um ponto
fraco. Como a filha que ela nunca teve.

— E se eu encontrar o amor? — Eu desafio Celeste.

— Bem, então você vai restaurar a minha fé no amor, e


eu vou parar de procurar por um cara rico e encontrar um
homem para amar. — Ela bufa em descrença em suas próprias
palavras.
— Sim, certo, — Killian zomba. — Você não saberia como
é o amor nem se ele estivesse na sua frente. — Eu rio, e Celeste
atira um olhar com adagas em sua direção.

— Você é jovem demais para estar tão cansada, — digo a


ela.

— Eu sou apenas quatro anos mais jovem do que você, e


se formos pela experiência de vida, na verdade sou dez anos
mais velha.

Killian geme e cai de volta na cama, cobrindo o rosto com


um travesseiro.

— Então, temos um acordo? — Celeste sorri, estendendo


a mão para mim.

— Tudo bem, — eu digo, e nós apertamos as mãos.

Se aos trinta anos eu ainda não o tiver encontrado, talvez


seja hora de admitir que Celeste está certa... mas eu não estou
pronto para desistir do amor ainda. Além disso, o pensamento
de encontrar o amor e Celeste ter que desistir de seu plano de
se casar com um homem rico para encontrar seu próprio amor
verdadeiro fará com que valha a pena.

— É melhor estar pronta. — Eu sorrio.

— Para quê? — Ela pergunta.

— Para encontrar o seu feliz para sempre. Quando eu


encontrar o amor verdadeiro, será a sua vez. — Eu pisco para
ela e ela revira os olhos.
— Vocês perderam a cabeça. — Killian ri. — Festa hoje à
noite no novo apê do Jase. Você está dentro?

— Claro que sim, — digo a ele. Jase Crawford é um amigo


meu desde o colegial. Jogamos futebol por dois anos juntos na
Piermont Academy e depois mais dois anos na NCU antes de
se formar no ano passado.

— Eu estou dentro, — Celeste concorda, e Killian me dá


um olhar duro, dizendo-me para acabar com isso.

— Não hoje à noite, — eu digo desculpando-me para


Celeste.

— Sério? — Ela zomba. — É assim?

— Sim, menininha, é, — diz Killian. — Você pode ter uma


identidade falsa que diz que você é mais velha, mas ainda tem
apenas dezesseis anos e não seremos responsáveis por você.
Esta é uma festa de adultos.

— Seja como for. — Ela se levanta. — Nos vemos mais


tarde. Divirta-se em sua festa de adultos. — Ela sai do
dormitório com um balanço extra para seus quadris.

— Aquela garota não é nada além de problemas, — diz


Killian enquanto a observamos fechar a porta atrás dela.

— E eu não sei disso.


Nove anos depois

— Vamos chegar na jogada final. Se Nick Shaw conseguir


realizar este touchdown, a Carolina do Norte será a campeã do
Super Bowl pela quarta vez desde que Shaw foi selecionado oito
anos atrás.

— Se alguém pode fazer isso, é Shaw.

— E ele tem muito na linha. Esta tem sido uma temporada


difícil para Shaw, e com o contrato dele este ano, imagino que
isso fará diferença quando os proprietários reavaliarem a
possibilidade de contratá-lo novamente.

— É quase como se ele fosse um cara completamente


diferente lá fora. Agora, não estou dizendo que ele não seja bom.
Nós todos sabemos que ele é. Mas seus números diminuíram
constantemente nesta temporada e, com três interceptações
durante esse jogo, Shaw está no centro das atenções.

— Tudo bem, aqui vamos nós. Com dez segundos no


relógio, eles estão na linha de dez jardas de Pittsburgh – não há
espaço para erros. Carolina do Norte ou marca um touchdown
ou Pittsburgh será o novo campeão do Super Bowl.

— Eles seguram a bola... ninguém abre! Os grupos estão


em colapso. É melhor que Shaw tome uma decisão rápida.

— Ele está lutando em direção à zona final!

— Ele está alcançando a linha do gol... ele foi atingido!

— Ele entrou?

— Eu não sei. Vamos ver de perto.

— Parece que Shaw ainda está caído. Ele está segurando


o braço dele, John. Isso não pode ser bom.

— O árbitro está dizendo que o touchdown não é bom.

— Eles têm os treinadores saindo. Ele ainda está


segurando em seu braço.

Eu me encolho enquanto assisto ao replay uma e outra


vez. Mesmo com um braço quebrado e um ombro deslocado, a
poucos metros antes de sermos atacados e teríamos sido os
campeões do Super Bowl. Em vez disso, eu não apenas deixei
meu time para baixo, mas também meus pais.

Não consigo assistir ao vídeo pela quinta vez, coloco meu


telefone longe e ligo a televisão. Claro, todos os canais
esportivos estão analisando o jogo. Todos eles têm opiniões,
suposições e previsões. Eu paro em um canal que tem a
manchete: será que Nick Shaw será contratado novamente?
— É uma derrota difícil, mas Nick Shaw ganhou três
campeonatos. Isso é mais do que milhões de jogadores jamais
entram em uma carreira. Ele merece a chance de voltar.

— Você está ignorando o fato de que ele apenas quebrou o


braço de lançamento e deslocou seu ombro. Isso é muito para
voltar. Além disso, há o fato de que ele estava apresentando um
declínio este ano com uma carreira de quinze interceptações.

Não tendo mais um segundo para ouvir essa merda,


desligo a televisão e jogo o controle do outro lado da sala. Ele
bate na porta e cai, as pilhas caindo e rolando pelo chão.

A porta se abre com minha mãe. Seus calcanhares se


esticam sobre o azulejo enquanto ela passa pelo quarto do
hospital como se fosse sua propriedade – e, em sua mente
egoísta, provavelmente acredita que sim. Vestida
impecavelmente em apenas grifes – de seus óculos Chanel para
seus saltos Saint Laurent – você pensaria que Victoria Shaw
realmente trabalhava para ganhar a vida. Bem, eu acho que
ela faz... se você contar como vigiar a minha vida e gastar o
dinheiro do meu pai como trabalho.

— Tendo outro ataque de fúria, Nicholas? — Ela vem para


o lado da minha cama e dá um tapinha no meu braço como se
eu fosse um cachorro. — Pare de assistir a esses programas.
Eles prosperam com a negatividade. — Pode-se pensar que ela
está tentando me dar algum conselho maternal, uma espécie
de conversa estimulante para me ajudar a permanecer positivo
durante o tempo mais foda da minha vida, mas eu sei melhor.
Ela está tentando se convencer de que seu filho agora
imperfeito não está prestes a desgraçar o nome da família,
tornando-se desempregado aos vinte e nove anos de idade.

— Seria tão ruim se eu fosse liberado? — As palavras


saem antes que eu possa pará-las, e para minha mãe parece
que eu acabei de dizer a ela que estou tendo um membro
cortado. E eu acho que, aos olhos dela, seria o equivalente, já
que tudo o que sou para ela é o menino de ouro que joga futebol
profissional.

Sem minha carreira, o que ela teria para se gabar? O que


ela diria a suas amigas do clube de campo? E meu pai, se eu
for liberado, ele perderá sua taxa de agente de 20% que ele tira
de mim. Sobre o que teríamos que conversar? Quer dizer, sem
futebol, o que mais tem lá?

— Nicholas! Não diga isso! — Minha mãe grita. — Isso é


por causa da sua namorada, não é? Eu sei que ela odeia te ver
jogar. Nós não chegamos tão longe para você desistir agora...
— Eu me desligo dela quando penso em como tudo pelo que
trabalhei toda a minha vida está prestes a cair no esgoto, mas
por alguma razão, eu não estou preocupado com o que estou
prestes a perder, com o que meus pais estão prestes a perder,
mas sim com o que posso ganhar.

Minha namorada, Fiona, fez alguns comentários sobre


querer se casar e se estabelecer. Ela não gosta de como muitos
jogadores estão longe de suas famílias e disse que se sentiria
como uma mãe solteira. Talvez agora fosse o momento certo
para me estabelecer e começar uma família.

Como minha mãe continua a me incomodar com o meu


comentário sobre ser liberado, rezo para que a enfermeira me
veja logo para me dar mais analgésicos.

Fui transportado de volta para casa na Carolina do Norte


– de Baltimore – onde o Super Bowl foi realizado –
imediatamente depois que fui tirado do campo. Uma vez que
os médicos da equipe avaliaram e prepararam-me, eles
realizaram a cirurgia no meu braço. Todos tivemos que esperar
o inchaço diminuir o suficiente para que os médicos pudessem
ver como estava. Então, aqui estou eu, preso nesta porra de
hospital, vivendo de analgésicos e esperando que o médico faça
uma aparição para ler o meu futuro.

A enfermeira, que estava aqui flertando comigo, disse que


voltaria com o médico daqui a pouco quando ele fizesse as
rondas. Não importa o que ele disser, no entanto. A cirurgia
obrigatória devido a um braço quebrado mais um ombro
deslocado só pode significar duas coisas: folga e terapia física.
E com quase trinta anos de idade, mesmo com três vitórias no
Super Bowl, não há como a Carolina do Norte renovar meu
contrato.

Eu repasso as palavras da minha mãe na minha cabeça.


Nós não chegamos tão longe para você desistir agora. Que piada
de merda. Meus pais andaram na minha bunda por tanto
tempo quanto me lembro. De jogar futebol infantil até o
colegial. De jogar na faculdade até largar a faculdade um ano
antes para entrar no draft. Eu fiz tudo do jeito deles, trabalhei
duro, fiz escolhas que eu não queria fazer, e estou exausto.

Nós não chegamos a lugar algum. Eu cheguei até aqui.


Não foi minha mãe. Nem meu pai. Eu! Eu sou o único que
treinava todos os dias. Eu escolhi o futebol sobre ter uma vida.
E para que diabos? Minha mãe quer que eu jogue pelo status
e fama. Meu pai quer que eu jogue pelo dinheiro. O que eu não
consigo lembrar no momento é por que diabos eu quero jogar.

— Você está me ouvindo?

Eu abro meus olhos e vejo minha mãe olhando para mim,


seu rosto de cadela em repouso ainda mais proeminente do
que o habitual. Eu não consigo nem lembrar da última vez que
ela sorriu. Ela está tão preocupada com a possibilidade de eu
escolher minha namorada ao futebol. Ela é minha mãe. Ela
não deveria querer que o filho pusesse a namorada em
primeiro lugar? Não é isso que você faz quando ama alguém?
Ha! Amor... eu não acho que ela seja capaz de tal emoção. Pelo
menos não pela definição que a maioria das pessoas entendem.
Ela ama sua casa? Sim. O carro dela? Definitivamente. Ela
ama fazer compras? Sem dúvida. Ela ama meu pai? Ou eu? Eu
acho que uma vez ela amou..., mas agora a única coisa que ela
ama é o que podemos fazer por ela.

Antes que eu possa responder, meu pai aparece na porta.


— Victoria. — Ele lhe dá um beijo casto em sua bochecha
antes de se aproximar da minha cama. Essa é a extensão do
seu afeto. — Como você está se sentindo? — Ele me pergunta.

— Cansado, — eu respondo honestamente.

A porta se abre novamente e minha namorada entra. Ela


sorri tristemente quando se aproxima da minha cama.

— Hey. — Ela se inclina e me dá um beijo. Seus lábios


são suaves e doces, e por um breve momento sinto que tudo
está bem no mundo. — Como você está se sentindo?

— Ok. Esperando o médico entrar e me dizer o meu


destino.

— Se você não puder jogar de novo... — Fiona engole em


seco. — Não será o fim do mundo.

— Você não pode estar falando sério! — Minha mãe


assobia.

— Mãe, pare, — eu digo, na esperança de evitar uma


discussão entre a minha namorada e minha mãe. Não seria a
primeira.

— Não, Nicholas! Ela não quer que você jogue, mas ela
não tem problema em gastar o dinheiro que você ganha
jogando.

— Eu não gasto o dinheiro dele, Victoria, — Fiona atira


de volta.
— Sua escola? Apartamento? Todas as contas? — Minha
mãe solta.

— Chega, Victoria, — meu pai estala. — O médico estará


aqui em breve. Por favor, controle-se. Fiona, provavelmente é
melhor se você for embora. Nick pode ligar para você com uma
atualização. — Os olhos de Fiona se arregalam.

— Papai, — eu assobio.

— Nick, nós temos muita merda para descobrir. Eu não


tenho tempo para a sua mãe e sua namorada ficarem agindo
como crianças. Eu tenho um negócio para ser executado.
Então, é sua mãe ou sua namorada.

Meu pai não diz mais uma palavra – já se volta para o seu
telefone, digitando furiosamente.

— Fiona, — eu digo com um suspiro, e ela balança a


cabeça. — Eu quero você aqui. Pego a mão dela na minha boa.
— Eu só não quero discutir com eles.

— Você nunca quer, Nick. — Ela sai pela porta, e eu


gostaria de poder persegui-la, mas não posso.

— Toc, toc, — o médico diz antes mesmo de a porta


fechar. Seus lábios estão voltados para cima em um sorriso
simpático enquanto ele entra na sala, a enfermeira do outro
lado atrás dele. — Como você está se sentindo, Sr. Shaw?
— Estou com um pouco de dor, — eu respondo
sinceramente, esperando que eles possam me dar algo para me
derrubar para que todos me deixem em paz.

— Enfermeira Karson pode cuidar disso para você. — Ele


acena com a cabeça para a enfermeira que, em seguida, corre
para o meu leito e muda algo para liberar mais remédios para
o meu IV.

Meu pai vai direto ao ponto: — Qual é o prognóstico,


doutor? — É sempre sobre negócios com ele, e desde então, eu
sou o quarterback mais bem pago da NFL, se eu não puder,
meu pai estará perdendo uma tonelada de dinheiro. Porque no
final do dia, vinte por cento de zero é zero. Com o meu contrato
encerrando este ano, eu não os vejo me mantendo. Há muita
coisa que a equipe pode fazer com os milhões de dólares que
me pagam.

Eu olho para o meu pai, que tem um olhar preocupado


estragando suas feições, e sinto uma pontada de tristeza. Aos
olhos do meu pai, tudo o que sou é um jogador de futebol. Se
não fosse por eu jogar, nem teríamos um relacionamento. E se
eu não puder jogar, onde isso nos deixará? Não vou trazer nada
para a mesa e, como resultado, ele não terá mais utilidade para
mim.

— A cirurgia correu bem. Minha recomendação é de folga


por dez meses a um ano, no mínimo. Ele vai precisar de
fisioterapia extensiva... — Ele continua com sua conversa de
médico, mas eu não estou mais ouvindo. Estou olhando a
decepção no rosto do meu pai. A tristeza nos olhos da minha
mãe. Além do futebol, não me lembro de uma única coisa que
fiz para deixá-los orgulhosos. Não importava que eu fosse um
estudante nota A, ou que me oferecesse depois da escola para
o programa de alfabetização para ajudar crianças que não
sabiam ler. Eles nunca foram a nenhuma das minhas
competições de matemática ou participaram de nenhuma das
minhas competições de engenharia.

Mas toda sexta-feira à noite, eles estavam nas


arquibancadas para me ver jogar. Minha mãe torcia por mim
durante todo o jogo, e meu pai passava todo o dia seguinte
pensando no próximo jogo. E foi durante esses momentos que
senti que eles realmente me viam – que eles realmente se
importavam. Eu pensei que ela me aplaudindo e ele
estrategizando comigo éramos nós sendo uma família. Mas
agora estou começando a me perguntar se foi amor ou
ganância. Meu palpite é para o último.

Enquanto eu olho para os dois, considero dizer para eles


irem se foder. Que eles podem pegar meu dinheiro e status e
enfiar no rabo deles. Mas eu não posso fazer isso. Porque no
final do dia, eles são meus pais e, como qualquer criança, eu
quero que eles me amem e tenham orgulho de mim.

Eu solto um suspiro pesado, meu coração partido quando


chego à conclusão de que talvez nem tenha importância. Sem
meu emprego ou renda, nenhum deles vai precisar ou me
querer.
— Nick. — Eu volto ao presente para ver o dono da equipe,
Edwin Smith, e meu treinador, Reggie Frazier, em pé na minha
frente. Aparentemente o médico foi embora e todos estão me
encarando.

— Você está bem? — O treinador pergunta, e eu levanto


meu queixo para cima e para baixo roboticamente.

— Precisamos conversar, — diz Smith, e eu aceno


novamente.

— O médico nos informou... — Claro que sim, porque ele


é o médico da equipe. Eles provavelmente conheciam meu
prognóstico antes de mim.

— Não é pessoal... — Como a porra que não é. Eu lhes


dou oito malditos anos e três anéis de super bowl, e no minuto
em que não sou bom para eles, eles me deixam como um mau
hábito.

— Nós apenas sentimos que neste momento é melhor


seguirmos em caminhos separados. Após uma análise
cuidadosa, tomamos a decisão de levar a equipe em uma
direção diferente.

Porra, eu sempre usei óculos cor de rosa? Como eu não


percebi toda a ganância e egoísmo ao meu redor?
Provavelmente porque até este momento, foi uma navegação
suave. Meus números só aumentaram. Minha renda e conta
bancária só crescendo. Permiti que todos ao meu redor me
usassem enquanto eu me deliciava com a sensação artificial de
ser desejado e necessário, enquanto acreditava que estava
fazendo todo mundo feliz.

Minha mãe começa a argumentar e implorar


freneticamente. Ela não dá a mínima para o meu trabalho, ou
sobre o fato de que toda a minha vida tem sido sobre futebol
desde que eu era criança e meu pai percebeu que eu poderia
jogar como um profissional. Ela está pouco se fodendo que eu
não tenho nem trinta anos de idade e minha carreira de futebol
pode ter acabado. Ela se preocupa com uma coisa: como isso
vai parecer para suas amigas do country club.

— Mãe. — Ela me ignora. — Mãe! — Eu grito mais alto,


mas ela continua indo e vindo. — Mãe! — Eu grito, e todo
mundo olha para mim. — Pare! — Eu olho para ela e vejo que
ela tem lágrimas reais em seus olhos. Eu acho que nunca a vi
chorar antes. — Treinador, Sr. Smith... obrigado por terem
vindo me avisar.

— Se alguma coisa mudar... — o Sr. Smith começa a


dizer, mas não termina. Nós dois sabemos que minha carreira
com o Carolina do Norte acabou. Não há nenhum ponto em
fazer falsas promessas que ele não pode – e não vai – manter.

— Obrigado, — eu respondo educadamente.

Eles saem, fechando a porta atrás deles, e então meu pai


começa: — Este é apenas um revés temporário. Este não é o
fim, Nick. Descanse, faça a sua fisioterapia, e no ano que vem
nós vamos voltar para um time e ganhar dinheiro novamente.
— Ele diz tudo isso enquanto está digitando em seu telefone.
— Eu preciso atender isso. É o Roger Cedarbeck, o atacante
novato. Estamos em negociações. — Levando o telefone ao
ouvido – nem mesmo se preocupando em olhar para mim – ele
sai, deixando apenas minha mãe e eu no quarto. Acho que
algumas coisas nunca mudam.

— Bem, desde que você estará disponível, podemos


agendar almoços e eventos de caridade. Podemos encontrar
maneiras de fazer você parecer bem aos olhos do público.
Assim que você sair, vamos passar por cima do calendário
social. — Ela me dá um beijo na minha testa, e então vai
embora, deixando-me sozinho.

O médico volta e me informa que eu vou receber alta do


hospital no final do dia de amanhã. Não querendo mandar uma
mensagem para Fiona e pedir uma carona para ela desde que
ela saiu daqui chateada, ligo para o serviço de carro que uso
com frequência e arranjo alguém para me pegar amanhã.

— Eu não te amo mais, Nick, e eu não posso estar nesse


relacionamento nem mais um maldito dia.

Estou sentado no sofá do meu apartamento, ouvindo


minha namorada explicar por que ela está me deixando.
Quando cheguei em casa, encontrei todas as suas coisas
já carregadas em um caminhão U-Hu. A única razão pela qual
estamos tendo essa conversa é porque ela pensou que eu não
estaria em casa por mais alguns dias. Ela estava planejando
sair com nada mais do que uma nota e as chaves do
apartamento no balcão.

— Ok, então deixe-me ver se entendi. Você me amava há


uma semana... inferno, supostamente você me amava há dois
dias atrás..., mas agora você não me ama mais? — Eu
pergunto, confuso. — Então, toda a conversa sobre querer se
casar e ter um bebê... foi o que, apenas conversa?

— Eu fui estúpida. Não tenho família nem apoio, e seus


pais, eles seriam avós horríveis. — Ela se encolhe. — Além
disso, você sempre coloca eles e seu trabalho primeiro. Eu
preciso de um homem que realmente me coloque em primeiro
lugar.

— Eu estou bem aqui. Eu estou colocando você em


primeiro lugar. — Será que eu pagando por todas as nossas
contas e sua educação não era estar colocando ela em primeiro
lugar?

— Até a próxima temporada… então você voltará a jogar


futebol, e eu ficarei presa aqui sozinha. Eu tenho sonhos e
preciso segui-los, e começar uma família com você não é mais
um dos meus sonhos. Para ser honesta... — Fiona faz uma
pausa. Seus olhos se fecham, e um segundo depois eles
reabrem com um olhar com tanto desprezo que eu posso sentir
ele até os meus ossos. — Eu consideraria um pesadelo. — Ela
levanta a bolsa sobre o ombro e diz: — Honestamente, Nick,
não acho que eu realmente amei você, — e sai pela porta,
batendo-a atrás dela.

Bem, caramba... tudo bem, então.

Minha cabeça bate na parte de trás do sofá enquanto


penso em quanto minha vida já mudou devido à minha lesão.
Meu pai não me ligou uma vez desde que o médico nos deu o
veredicto – nem mesmo para ver se eu cheguei em casa bem.
A primeira e única mensagem da minha mãe foi sobre os
eventos de caridade que ela acha que eu deveria participar
para me manter nos olhos do público. E Fiona, como você pode
ver, acabou de sair pela porta e sair da minha vida.

Talvez seja hora de eu fazer uma mudança. Hora de me


colocar em primeiro lugar. Não tenho como ficar aqui no ano
que vem e participar de eventos de caridade com minha mãe.

Pegando meu telefone da mesinha de centro, envio uma


mensagem para Killian. No ano seguinte em que fui convocado,
ele foi convocado para Nova York. Podemos não ser mais
colegas de quarto, mas ainda somos melhores amigos.

Eu: Estou fora. Mínimo 10 meses. Eles me liberaram.

Killian: Que foda. O que você vai fazer?

Eu: Se fosse por minha mãe... eventos de caridade.

Killian: Foda-se isso.


Eu: Você gostaria de alguma companhia?

Killian: Foda-se, sim! Mas e quanto a Fiona?

Eu: Aparentemente, ela está procurando seu próximo


ticket refeição.

Killian: Que cadela. Onde você está agora?

Eu: Casa

Killian: Traga sua bunda aqui!

Eu: Vou resolver tudo aqui e seguir em frente nos próximos


dias.

Killian: Vou arrumar um quarto.

Eu: E as mulheres.

Uma coisa que eu aprendi com Fiona é que não importa


o quanto você dê ou tente, nunca é o suficiente, e eu acabei
fazendo as duas coisas. Foda-se meus pais, foda-se Fiona e
foda-se o amor. É hora de foder.

Killian: Isso é óbvio.

Ele diz que as mulheres são um dados determinados, mas


a verdade é que eu não vejo Killian com uma mulher há anos,
desde o nosso segundo ano. O cara passou praticamente do
caminho do corpo estudantil para mal olhar para uma mulher.
Não tenho certeza do que aconteceu, mas ele se recusa a falar
sobre isso. Sempre que o vejo em um evento de futebol ou
evento de caridade, ele sempre tem uma mulher no braço, mas
em todos os anos que fiquei com ele ou vice-versa, nunca o vi
levar uma mulher para casa ou passar noite fora com uma.
Quatorze meses depois

Estamos sentados em uma cabine no Club Envy,


festejando como fazemos na maioria das noites. Só que esta
noite, estamos festejando com um propósito.

— Mano! Você acertou em cheio essas eliminatórias. Você


e eu, — Killian grita sobre a música.

— Você e eu! Nós estamos indo até o fim!

Nós brindamos com nossos copos e Killian anuncia, antes


de nós dois virarmos nossos shots: — Meu garoto está de volta!

É preciso tudo em mim para afastar aquela sensação


incômoda de que mais uma vez alguém está atrás de mim pelo
que posso fazer por ele. Mas eu me lembro que Killian não é
assim. Ele não é como meus pais, que não falaram mais comigo
– depois que minha mãe teve um ataque – quando eu me mudei
para Nova York, ou as mulheres que só me querem pelo que
posso lhes dar: bens materiais, viagens, noites em
restaurantes caros.
Os tabloides dizem que eu sou um ‘cobiçado', uma
espécie de playboy, mas sabe de uma coisa? Aquelas mulheres
que espalham suas pernas com cifrões nos olhos não são
melhores. Eu tentei seguir o caminho dos corações e das flores
e olha para onde me levou... então não me julgue quando eu
finalmente me dei por mim e dei a todos o que eles queriam.

Neste último ano, Killian é a única pessoa que me deu


retaguarda. Depois de colocar meu apartamento no mercado e
mandar minha merda para Nova York, fretei um avião e me
recusei a olhar para trás.

Eu tenho vivido com Killian, e tem sido como uma longa


festa. Nos dias em que ele está em casa, ele me ajuda na
reabilitação, e ele faz isso sem saber se eu poderei jogar
novamente. Então, não, Killian não é assim. Eu sei disso, mas
às vezes tenho que me lembrar. Quando isso é tudo que você
sabe, é difícil aceitar o contrário.

Um passarinho verde me contou que Fiona ainda está


frequentando a escola de dança e vivendo na Carolina do Norte
em um apartamento legal ‘pra’ caralho. Vendo como ela estava
quebrada quando nos conhecemos, isso me diz uma coisa: ela,
de fato, encontrou seu próximo ticket refeição.

— Eu acho que vi a Melissa. Eu já volto.

O punho de Killian bate em mim antes de ir embora para


encontrar sua amiga. Eles estão saindo mais frequentemente
do que antes, mas nada parece sair mais do que isso.
Eu olho para a esquerda e depois para a direita. Eu tenho
uma mulher de cada lado de mim, ambas loiras falsas, e ambas
competindo pela minha atenção. Uma está esfregando meu
pau enquanto a outra está lambendo meu pescoço. Eu trago
outro shot aos meus lábios enquanto ignoro a vibração no meu
bolso, indicando que estou recebendo um telefonema – muito
provavelmente de um dos meus pais que devem ter voltado a
reconhecer que eu existo, já que há uma boa possibilidade de
que eu recupere minha carreira amanhã. Eu não ficaria
surpreso se ambos estiverem em um avião vindo para Nova
York agora.

Pressiono o dedo contra meu bolso para interromper a


vibração e, quando ele recomeça, puxo-o para fora e desligo o
telefone. Amanhã vou lidar com eles. Hoje à noite, vou fingir
que eles não existem. Afinal, eles passaram o ano passado
fingindo que eu não existo.

Quando eu olho por cima do meu telefone, vejo a mulher


mais linda que eu já vi, parada no bar. Ela está vestindo um
top rendado preto e shorts combinando. Seu cabelo castanho
está solto em ondas, e ela está ostentando o beicinho mais
adorável enquanto tenta chamar a atenção do barman.

Não dando outra olhada nas duas mulheres de cada lado,


tiro-as de cima de mim e faço meu caminho até o bar.

— Posso comprar uma bebida para você? — Eu sussurro


no ouvido da mulher enquanto me aproximo dela por trás. Ela
inclina a cabeça para olhar para mim, em seguida, me dá um
sorriso tímido e bonito antes de balançar a cabeça
negativamente.

— Não, obrigada. Eu posso comprar a minha própria... se


o maldito garçom aparecer na minha direção.

Seu rosto se contorce de raiva, e eu tenho que segurar


uma risada. Ela acena com a mão e uma nota nos dedos e não
consigo tirar os olhos dela. Cabelo castanho escuro, olhos
castanho chocolate e pele de porcelana suave. Sua beleza
natural se destaca como um diamante brilhante em uma sala
cheia de pedras sujas. Entre todas as falsidades de Nova York,
esta mulher grita: real. — Claro, foi o que pensei sobre Fiona e
veja onde isso me levou.

Eu levanto meu dedo no ar e a bartender imediatamente


faz o seu caminho. — O que eu posso conseguir para você,
baby?

Eu me viro para seus olhos castanhos e pergunto. — O


que você gostaria de beber?

A princípio, ela parece atordoada, mas então seu rosto se


contorce em um olhar de aborrecimento misturado com raiva.

— Sério? — Ela revira os olhos, e eu dou de ombros.

Eu não sei porque ela está chocada. Todo mundo sabe


quem eu sou aqui nesta cidade.

— Vou tomar duas vodkas com cranberries, — ela diz


para a bartender, em seguida, coloca uma nota de vinte no topo
do balcão. A bartender acena, então ela volta sua atenção para
mim.

— O que você gostaria?

— Ela... eu gostaria dela. — Eu aponto para a mulher ao


meu lado. Desta vez, a bartender revira os olhos, sem se
divertir, enquanto a Olhos de Chocolate sorri divertida.

— Mas, por enquanto, vou querer alguns shots de Patron.

— Pode deixar. — A bartender vai pegar a nota de vinte,


mas eu tiro uma de cinquenta e entrego a ela antes. Ela pega
a nota – deixando a nota dela – colocando-a no sutiã e se afasta
para preparar as bebidas.

— Então, duas vodkas com cranberries? — Por favor, não


deixe ela estar aqui com outro cara.

— Uma é para minha amiga. Ela está em algum lugar por


aqui. Ela foi atrás de um cara que ela conhecia quando
estávamos entrando. — Graças a Deus!

Ela olha em volta em busca de sua amiga antes que seus


próprios olhos voltem para mim, me dando uma checada. É
aqui que espero que ela me reconheça, descubra quem eu sou
e tire todo o proveito que for necessário e, acredite em mim, eu
definitivamente o farei.

Mas em vez disso, ela me dá um pequeno sorriso, tira sua


nota de vinte do balcão do bar e diz: — Obrigada, — dando de
ombros despreocupadamente.
— Sem problemas. Mas agora você me deve. — Eu atiro
para ela com uma piscadela brincalhona.

— Ah é mesmo... mesmo depois que eu tentei comprar


nossas bebidas?

— Sim. — Eu seguro um sorriso.

— E o que é que eu devo a você? — Ela inclina a cabeça


para o lado, um pequeno fantasma de um sorriso brincando
em seus lábios.

A bartender volta e coloca nossas bebidas na nossa


frente. Eu pego um dos shots e entrego para ela. — Um shot.

Ela joga a cabeça para trás gargalhando e eu sei que a


tenho. E foda-se, se sua risada sexy não me tem.

— Shot! Shot! Shot! Shot! — Levantando o shot com a


minha boca do meio dos peitos empinados da Olhos
Castanhos, eu inclino a cabeça para trás e engulo tudo num
só gole.
O Patron queima enquanto desce e o calor se instala no
meu estômago. Eu levanto o copo para todo mundo ver, e a
multidão explode em gritos e aplausos.

Nós temos bebido pela última hora, e eu ainda nem sei o


nome da mulher. Mas o que eu sei é que estou profundamente
e loucamente... cheio de luxúria com tudo sobre ela.

Ela pega seu shot e vira, seu pescoço magro sexy em


exibição, implorando por meus lábios para beijá-lo.

Fechando o espaço entre nós, puxo sua cintura


minúscula para o meu corpo. Meus braços a envolvem e
minhas mãos pousam em seu traseiro pequeno e firme.

— Dance comigo, — eu murmuro em seu ouvido. Minha


língua se lança para lamber o fundo do lóbulo da orelha dela.
Calafrios correm pelos seus braços quando eu a sinto tremer
fisicamente.

Ela balança a cabeça em concordância, e eu a puxo para


mais perto. Nossos corpos estão alinhados um contra o outro.
Nossa pele suada. Eu não estou muito bêbado, mas eu estou
definitivamente embriagado o suficiente para que esteja
acariciando meu rosto em seu cabelo e cheirando seu perfume
sexy. É doce e faz meu pau se contorcer, querendo saber onde
mais esta mulher é doce.

Meus lábios se movem para o pescoço dela, e eu trago


beijos para baixo em direção a sua clavícula. Sua cabeça
repousa no meu ombro enquanto nossos corpos se apertam
um contra o outro para a música pulsante que está se
infiltrando nos alto-falantes do clube. É alta, e nós não
falamos, permitindo que nossos corpos falem por nós.

— Yo, mano! — Eu ouço Killian gritar para mim sobre a


música alta e conversas no clube. — Eu estou fora.

Olho para cima, pelo tempo suficiente para trancar os


olhos com ele. Eu estava curioso para saber por que não o vi
muito hoje à noite, mas a mulher com belos olhos ao lado dele
responde à minha pergunta. Ele encontrou Melissa. Eu inclino
meu queixo em reconhecimento, em seguida, trago minha
atenção de volta para a mulher em meus braços.

Deslizando minha mão por sua bunda e pelas suas


costas, agarro a parte de trás de sua cabeça, entrelaçando
meus dedos em seu cabelo espesso, e puxo para trás o
suficiente para que ela possa fazer contato visual comigo.

— Você está bêbada?

Ela olha para mim e balança a cabeça. — Não.

— Quer sair daqui?

Suas pálpebras estão cobertas de luxúria, e ela morde o


lábio inferior enquanto considera minha pergunta. O que eu
pensei que era uma encenação – ela não saber quem eu sou –
estou começando a pensar que não é uma afinal de contas.
Porque vamos ser realistas, se ela soubesse quem eu sou, ela
nem estaria pensando em sair ou não comigo. Eu sou Nick
Maldito Shaw. Qualquer mulher que saiba quem eu sou estaria
me implorando para sair com ela.

Eu tenho uma reputação de ser estelar na cama, o que


levo a sério. E mesmo que eu fosse péssimo de cama, elas ainda
viriam porque o dinheiro fala. Agora, com todo o burburinho
sobre a possibilidade de eu assinar um contrato
multimilionário amanhã, mulheres estão em cima de mim
tentando entrar nesse trem de dinheiro. Então, enquanto vejo
essa mulher considerar se é uma boa ideia ou não sair comigo,
estou pensando que ela não tem ideia de quem diabos eu sou.

— Ok, — ela finalmente diz, um pequeno sorriso


brincando em seus deliciosos lábios cheios que parecem que
foram feitos para serem enrolados em volta do meu pau.

— Deixe-me mandar uma mensagem para minha amiga


e deixá-la saber que estou saindo. — Sua amiga e o cara que
ela encontrou se juntaram a nós antes para uma bebida
rápida, mas depois pediram licença para dançar.

Agarrando-a pela mão, guio-a para a saída lateral do


clube. Eu vou ter que pegar um táxi desde que nós dois
estivemos bebendo. A última coisa que eu preciso é ser pego
dirigindo alcoolizado quando estou prestes a voltar a jogar uma
bola de novo.

Quando estamos prestes a sair, vejo Celeste e seus olhos


encontram os meus. Eu dou-lhe um aceno para a porta para
que ela saiba que eu estou saindo, e ela revira os olhos para
mim. Ela está acostumada em me ver saindo do clube com
uma mulher diferente.

— Eu estou ficando no Ritz, — diz Olhos Castanhos


quando estamos no lado de fora. — É apenas um quarteirão.

— Parece bom para mim.

Nós vamos para o hotel dela em silêncio. Passamos pelo


saguão e ela aperta o botão do elevador. Uma vez que estamos
dentro, ela diz: — Eu sei que provavelmente vai soar clichê,
mas eu nunca fiz isso antes.

Sua honestidade me paralisa. Ela é uma completa


contradição com tudo que eu já conheci. Estou acostumado
com mulheres que fazem carreira na cama com caras como eu.

Empurrando-a suavemente contra a parede do elevador,


eu escovo meus lábios contra os dela. Eles são macios e
rechonchudos e têm sabor frutado, e eles me fazem desejar
mais.

— Eu vou cuidar de você. — Dou-lhe outro beijo, desta


vez minha língua empurra em sua boca. Nossas línguas se
agitam uma contra a outra enquanto nosso beijo se aprofunda.
Ela se afasta ligeiramente, seu peito subindo e descendo
rapidamente enquanto recupera o fôlego.

— Eu nem sei o seu nome. — Suas palavras saem sem


fôlego, e eu me vejo querendo saber como ela vai soar quando
ela estiver chamando meu nome. Então isso me atinge. Ela
acabou de dizer que não sabe o meu nome, confirmando que
não faz ideia de quem eu sou.

Eu olho nos olhos dela, tentando encontrar algum tipo de


inverdade em suas palavras, mas tudo que vejo é uma linda
mulher de olhos castanhos olhando para mim com desejo em
seus olhos. Não um desejo pelo meu dinheiro, status ou fama,
mas apenas simples desejo. Esta mulher ou vai ganhar um
Oscar para suas habilidades de atuação ou está dizendo a
verdade.

— Eu sou Cole.

— Eu sou Liv.

Seus lábios se transformam em um pequeno sorriso


tímido quando eu a levo para dentro. Ela é linda ‘pra’ caralho.
De seus cabelos castanhos sedosos ao leve tom rosado em suas
bochechas que me diz que ela realmente é inocente.

O elevador para, e eu sigo sua liderança, sem saber para


onde estamos indo. Uma vez que chegamos ao quarto dela, ela
tira uma chave do bolso de trás de seu short curto, que mostra
suas pernas tonificadas, e entra primeiro. Eu sigo atrás, meus
olhos varrendo seu corpo, pousando em suas panturrilhas
musculosas e seus saltos sexys.

Ela para no centro da sala e me pega a checando.

Evitando meus olhos, percebo que esta é uma suíte multi-


quartos.
— Sua amiga está ficando aqui com você?

— Sim, aquela que você conheceu brevemente no clube.


Ela ainda está lá conversando com seu amigo, mas ela estará
de volta mais tarde. — Mulher esperta... me avisando que
alguém estará aqui em breve.

— Entendi.

Colocando sua mão na minha, ela me guia até seu quarto,


fechando a porta atrás de nós. O quarto é escuro, a única luz
que brilha é através das cortinas do horizonte de Nova York. A
luz atinge seu rosto e ela parece preocupada.

— Você está bem? — Eu pergunto, enquadrando os lados


do rosto com as mãos. Suas bochechas estão quentes, e se não
estivesse tão escuro, eu aposto que elas estão coradas com a
necessidade.

— Sim.

— Tem certeza? — Pergunto novamente, querendo ter


certeza de que estamos na mesma página.

— Tenho certeza. Eu quero você. Eu quero isso.

Suas mãos apertam minha camisa, levantando-a sobre a


minha cabeça. Seus dedos percorrem meu torso, pousando no
meu cinto. Quando não me movo, ela para.

— Você quer isso? — Sua pergunta é cheia de


insegurança. Ela acha que mudei de ideia. Essa mulher perdeu
a cabeça?
— Foda-se sim, eu quero. Eu quero você desde o momento
em que você entrou no clube.

Em vez de continuar com o meu cinto, Liv dá um passo à


frente e dá um beijo suave no meu músculo peitoral logo acima
do meu coração. Eu fico parado, congelado no meu lugar,
observando ela dar beijos ao longo do meu peito e no meu
torso. Ela se ajoelha para ficar paralela à minha virilha e olha
para mim, seus olhos castanhos se conectando com os meus
verdes. Ela tem um olhar de malícia em seu rosto enquanto
coloca um beijo onde meu pau está saindo através da minha
boxer e jeans.

— Maldita provocadora. — Eu rio e ela ri. Seus olhos


quebram a conexão quando ela se torna uma mulher em uma
missão. Ela solta o cinto, desabotoa a calça e puxa o zíper.
Quando ela puxa minha calça jeans para baixo, tira minhas
boxers com elas, e meu pau duro chama a atenção. Tirando
meus sapatos, eu os chuto junto com minhas calças para o
lado.

Meus olhos ficam fixos nela enquanto ela pega meu eixo
em sua mão. Ela levanta até que está quase batendo no meu
estômago e, em seguida, lentamente lambe toda a parte de
baixo como se estivesse saboreando cada centímetro de mim.

Eu solto um gemido com a sensação de sua língua


molhada correndo ao longo da minha carne. Quando ela chega
à cabeça, um pouco de pré gozo sai. Sua língua se lança e
lambe o creme, e eu perco a minha merda. Eu a agarro pelo
cabelo, minha mão segurando sua juba. Puxando-a para cima,
sinto falta de toda a paciência que ela possui. Ela puxa a blusa
e desabotoa o sutiã. Eu a jogo na cama, tiro seus shorts e
calcinhas.

Eu empurro suas pernas para trás, e minha cabeça está


entre suas coxas em meros segundos, lambendo sua boceta
molhada. O gemido inebriante que ela solta em resposta
apenas me estimula.

Lambo e chupo seu clitóris, mas não é o suficiente. Eu


preciso mais. Eu preciso senti-la. Empurro meus dedos dentro
dela. Ela está quente e molhada, e porra, ela é tão
malditamente apertada. Eu quero estar dentro dela, mas
preciso fazê-la gozar em primeiro lugar. Esfrego sua fenda,
minha língua empurrando seu clitóris, e finalmente, ela chega
em toda a minha língua e dedos, seus sucos derramando sobre
os lençóis da cama.

Não aguentando esperar outro segundo, fico de joelhos,


camisinha rasgada e rolada, e empurro nela. Sua cabeça rola
para trás, levantando o queixo, enquanto suas costas se
arqueiam. E logo ela está me encontrando empurrando contra
mim enquanto nós perseguimos nossos orgasmos.

— Eu. Preciso. Disto. Mais. Duro, — ela geme.

Agarrando sua bunda, eu a coloco de joelhos com sua


bunda redonda no ar. Eu dou um tapa forte, e então estou
empurrando de volta para ela por trás. Meus dedos cravam-se
em seus quadris enquanto eu entro e saio de dentro dela, indo
no fundo. Posso senti-la tremendo de prazer ao redor do meu
pênis, e então sua boceta começa a sufocar meu pau como um
maldito aperto quando ela goza pela segunda vez.

Não consigo durar mais um segundo, eu retiro e tiro o


preservativo do meu pau, me preparando para gozar em toda
sua bunda. Mas antes que eu faça, ela se vira e, pegando meu
pau na mão, me acaricia para cima e para baixo até que eu
estou liberando a minha semente em todos os seus seios
suculentos. E, pelo inferno sagrado, se o a visão da minha
porra escorrendo pelos seios não me deixa duro de novo. Passo
meu dedo em seu mamilo rígido e seu corpo treme.

— Abra sua boca, — eu exijo, e ela obedece.

Corro meu dedo coberto de gozo sobre seus lábios,


pintando-os de um branco creme, então empurro meu dedo
dentro de sua boca. Sua língua se ergue e seus lábios se
fecham. Ela chupa meu dedo até ficar limpo, fechando os olhos
enquanto solta um gemido ofegante. Quando seus olhos se
abrem, ela me dá um sorriso travesso.

— Que tal um banho? — Eu sugiro, e ela balança a cabeça


em concordância.

Uma vez que estamos ambos limpos, nos deitamos em


sua cama. Normalmente, esse é o momento em que invento
alguma desculpa de porque preciso sair, mas, por algum
motivo, não quero ir a lugar nenhum.

— Conte-me sobre você, — eu me vejo dizendo.


— O que você quer saber? — Ela pergunta.

— Diga-me algo que você ama.

— Eu amo arte. — Seu sorriso é brilhante e largo.

— E você? O que você ama?

— Jogar futebol. — As palavras saem antes que eu possa


pará-las. Espero que ela me pergunte mais sobre isso, mas ela
não faz.

— Diga-me algo que você odeia, — ela pergunta em seu


lugar.

— Jogar futebol.

Ela me dá um olhar incrédulo. — Explique.

E pela primeira vez, digo a Liv algo que nunca contei a


ninguém.

— Adoro jogar futebol porque sou bom nisso. Eu amo a


pressa que sinto quando estou em campo. A emoção das
jogadas. O que não amo no futebol é todo o resto.

— Como?

— Como o fato de que, se o futebol não existisse, meus


pais provavelmente não saberiam que estou vivo. — E agora eu
estou tão triste como uma garotinha chorona...

— Diga-me algo que você odeia, — eu digo, mudando de


assunto.
— Suíça. — Nós dois rimos.

— Suíça? O que diabos a Suíça fez com você?

— Um cara que eu estava namorando me deixou para se


mudar para lá. — Ela encolhe os ombros. — Eu fiquei com ele
por três anos, e ele nem sequer pensou duas vezes em mim
enquanto arrumava as malas e saía.

Eu puxo Liv para mais perto e para os meus braços.

— Foi ele quem perdeu, confie em mim. — Eu trago meus


lábios aos dela e agradeço às minhas estrelas da sorte por
aquele idiota tê-la deixado. Sua perda é definitivamente meu
ganho.

Meus olhos se abrem lentamente, mas fecham


rapidamente quando a luz do sol brilhando através da janela
aumenta minha dor de cabeça que cresce rapidamente. Eu
gemo enquanto minha cabeça lateja. Demoro um segundo para
lembrar onde estou e o que fiz ontem à noite – ou devo dizer
com quem fiz ontem à noite. A chupada, o sexo, a conversa por
horas, o adormecer com Liv em meus braços. Acordando e
precisando mais dela. Puxando-a em cima de mim e ela
montando meu pau até que nós dois gozamos. Adormecer
pegajoso e saciado.

Alguns acham que sou louco, mas acredito que posso me


apaixonar por essa mulher. O que começou como luxúria se
transformou em algo mais enquanto a noite continuou. Entre
a foda e a conversa, eu me vi desejando Liv de uma maneira
que eu não queria uma mulher desde que Fiona me deixou. E,
se for sincero, acho que nunca quis Fiona assim.

Eu rolo de volta, sentindo o corpo quente de Liv, querendo


segurá-la e tocá-la. Eu quero perguntar a ela pelo seu número
de telefone. Uma noite não foi suficiente. Eu preciso de mais
tempo. Mais noites e dias. Só que não há calor. Está frio. Meus
olhos se abrem e olho em volta até encontrar uma nota no
travesseiro.

Tenho um voo para pegar. Check-out é às 10:00.


Obrigada pela noite passada. –Liv

Meu coração se contrai quando eu amasso o bilhete e o


jogo no chão, de repente me sentindo cansado e usado. Por que
não me surpreende que a única mulher que eu conheci no ano
passado que pensei ser diferente, não é? Assim como todas as
outras, uma vez que eu não era mais útil para ela, ela saiu sem
sequer olhar para trás, mostrando-me mais uma vez que as
pessoas só estão lá para o que podem tirar de você.

Depois que eu estou vestido e me certifico de ter pego tudo


o que eu trouxe, saio. Enquanto estou pegando um táxi,
Celeste me manda uma mensagem, pedindo para me encontrar
no café da manhã.

Ela se mudou para cá depois que ela se formou no colegial


na esperança de ter uma carreira como modelo. Usando
minhas conexões, pude levá-la a um programa de estágio de
verão em uma empresa de modelagem, que colocou o pé na
porta.

Ela agora faz uma vida mais do que decente e seu nome
está definitivamente lá fora. Você pode encontrar sua foto em
vários outdoors espalhados pela cidade. Ela também tem sua
própria linha de maquiagem e acessórios de sucesso e já
participou de programas como America's Elite Model como um
dos juízes. Mas ela ainda não está satisfeita. Ela está sempre
se esforçando para mais. Ela é uma das mulheres mais
trabalhadoras e determinadas que já conheci.

Quando éramos mais jovens, eu tinha certeza que ela iria


se agarrar a um cara rico e viver às suas custas, mas eu estava
errado. Celeste é independente e focada na carreira. Não me
entenda mal, os homens que ela namora são sempre ricos, e
se é possível ela é ainda mais sem emoção do que quando era
mais nova, mas desde que se mudou para cá, ela está
diferente. Ela não parece mais como a que precisa de um
homem. Talvez seja porque ela tem seu próprio dinheiro. Eu
não sei. Tão perto como estamos, ela não se abre para mim
sobre o tipo de coisa. Ela viaja muito para o trabalho, mas
quando está na cidade nós costumamos sair.
Nós nos encontramos na Buvette em West Village e somo
levados a uma mesa imediatamente. Depois que ela pede uma
mimosa e eu peço um café, ela diz: — Então hoje é o grande
dia, hein?

— Sim, eu vou descobrir em algumas horas se Nova York


vai me dar uma chance.

— Você está nervoso?

— Eu acho. — Eu dou de ombros. A verdade é que minha


mente ainda está na bela mulher de olhos castanhos que
balançou meu mundo e depois saiu.

— Você acha? O que você tem?

O garçom traz nossas bebidas, e Celeste toma um gole de


sua mimosa enquanto eu coloco um pouco de leite no meu
café.

— Aquela mulher ontem à noite...

— Aquela com que você saiu?

— Sim. Ela fugiu de mim esta manhã.

Celeste gargalha. — Aww… pobre bebezinho. Você foi


deixando antes que você mesmo pudesse sair.

— Não é isso. — Eu tomo um gole do meu café. — Eu


pensei que talvez... — Balanço minha cabeça. — Eu pensei que
talvez houvesse algo lá. Algo mais.
Eu me encolho com a minha confissão enquanto espero
Celeste me falar merda. E é óbvio que ela faz.

— Oh Deus, Nick. Você realmente não acha que uma


mulher que conheceu em um clube iria se apaixonar por você.
Você é um jogador da NFL.

— Ela não sabia disso, no entanto, — eu indico.

— Oh, vamos! Claro que sim. — Celeste ri.

O garçom retorna e pedimos o café da manhã. Depois que


ele sai, Celeste diz: — Às vezes me pergunto se você é realmente
parente de Henry e Victoria. Você é tão ingênuo.

— Porque eu queria me apaixonar em vez de estar em um


casamento comandado pelo dinheiro e status como o do meus
pais? — Eu rebato.

— Não, porque mesmo que você tenha tido seu coração


pisado e usado repetidamente por todos ao seu redor, você se
recusa a ver a vida pelo que realmente é. — Eu percebo que
quando ela diz isso, seus lábios se transformam em uma
carranca, e eu me pergunto se talvez Celeste tenha partido seu
coração. Eu não me incomodo em perguntar, no entanto. Se
ela tivesse, ela nunca iria admitir isso. Ela odeia parecer fraca
ou vulnerável.

— Bem, então você ficará feliz em saber que eu desisti.


Dinheiro faz o mundo girar. As mulheres não têm coração e
meus pais não conhecem o significado do amor. Você ganhou,
eu perdi.
— Você está dizendo o que eu acho que você está dizendo?
— Celeste se inclina para mim, e eu estou confuso com a
pergunta dela.

— Que eu terminei com o amor? Sim. — Eu dou de


ombros. — Quero dizer, eu praticamente desisti depois que
Fiona me deixou. E depois Liv me deixou uma nota esta
manhã... — Solto uma risada sem humor. — Acho que é hora
de jogar a toalha e admitir a derrota.

— Não, não tudo isso. — Celeste balança a cabeça. —


Embora, essa informação definitivamente ajuda. Mas o que eu
quis dizer foi... — Ela morde o lábio inferior nervosamente. —
Você tem trinta anos.

— Sim, então? — Eu dou de ombros. — E você tem vinte


e seis, — eu indico, sem entender sua necessidade de me
lembrar da minha idade.

O garçom coloca nossa comida na nossa frente e eu pego


meu garfo para comer.

— Nosso pacto quando você estava na faculdade, — diz


Celeste. — Se você não encontrasse amor verdadeiro aos trinta
anos, você se casaria comigo.

Meu garfo cai da minha mão e faz barulho contra o prato.


— Seu teste e avaliação foram de primeira qualidade, e o
médico aprovou seu físico... — Estou tentando me concentrar
no que está sendo dito, provavelmente na reunião mais
importante da minha carreira, mas minha mente está
completamente fodida neste momento.

Em primeiro lugar, eu não consigo tirar Liv da minha


cabeça, o que é realmente estúpido, porque além de saber seu
primeiro nome, nada mais que eu sei sobre ela me ajudará a
encontrá-la. Ela disse em sua nota que ela tinha um voo para
pegar, o que provavelmente significa que ela nem mora aqui...
ou talvez ela more e saiu em uma viagem. Mas então por que
ela ficou em um hotel?

Eu tentei ligar na recepção para conseguir algumas


informações sobre ela, mas eles nem se mexeram. Eu nem
deveria ter tentado. Se quisesse me ver de novo, ela teria me
acordado ou deixado o número dela. Ela não fez nenhum dos
dois.

E então há o fato de que estou realmente pensando em


fazer o pacto que fiz com Celeste todos aqueles anos atrás.
Quando concordei com seus termos, imaginei que aos trinta
eu estaria casado e já teria filhos. Mas depois de ter lidado com
Fiona, minha série de ficadas de apenas uma noite no ano
passado, e depois de Liv saindo esta manhã, começo a pensar
que talvez Celeste tenha a ideia certa.

Fiona mesmo disse, eu seria um pai horrível, e a única


mulher nestes últimos anos que eu realmente queria conhecer
melhor me deixou sem rastros na manhã seguinte.
Claramente, estou fazendo algo errado aqui, então talvez seja
a hora de eu fazer as coisas do jeito de Celeste... Jesus, até
mesmo considerar isso deve significar que eu perdi minha
maldita mente.

— Nós gostaríamos de oferecer-lhe um contrato de um


ano, dez milhões...

— Absolutamente não! — Meu pai explode, cortando


Declan Thomas, o dono do New York Brewers. — Você sabe
muito bem que o Sr. Shaw vale o dobro desses números.

— Se ele for bem-sucedido, — salienta Stephen Harper, o


novo treinador. — É um risco, mas estou disposto a aceitar.

— Ele dificilmente é um risco, — diz meu pai. — Você o


viu lá fora com o seu receptor. Esta equipe está prestes a obter
sua primeira vitória no Super Bowl em mais de uma década.

— Henry, não vamos nos antecipar aqui, — diz Declan.

— Eu vou aceitar. — Todo mundo olha para mim.


— O que você está fazendo? — Meu pai assobia.

Faz mais de um ano desde que eu vi o homem que saiu


pela porta do hospital e mal falou cinco palavras para mim
desde então. Quando Killian mencionou sobre nossos dias
jogando na faculdade, ele pediu para se encontrar comigo.
Claro, isso significava entrar em contato com meu agente. Meu
pai estava no próximo voo, cifrões piscando em seus olhos –
minha mãe ao lado dele. Por um tempo, esqueci porque estava
jogando futebol. Eu estava tão envolvido em tentar deixar meus
pais orgulhosos de mim, perdi meu amor pelo esporte ao longo
do caminho. Este último ano foi revelador.

Agora, jogar futebol é sobre mim – o que eu quero. Se eu


vou quebrar minha bunda, vai ser por causa do meu amor pelo
jogo e não por causa do dinheiro, status ou fama. E
definitivamente não vai fazer meus pais se importarem comigo.
Estando com Liv na noite passada, achei que talvez fosse um
sinal – lembrando que o amor ainda poderia existir – mas ela
indo embora apenas reafirmou porque eu terminei. O futebol é
o único amor que me resta e vou dar tudo de mim.

— Estamos chegando ao fim da janela de contratações.


Estou feliz aqui e quero jogar.

O ano passado foi divertido, como férias prolongadas. Eu


trabalhei duro na fisioterapia, e eu me esforcei ainda mais. Mas
agora estou pronto para voltar e jogar novamente. Eu não perdi
o ânimo neste ano passado reabilitando meu braço de
arremesso para sair por mais um ano porque me recuso a
aceitar um acordo de uma equipe que está disposta a me dar
uma chance.

Claro, faltando um mês de janela de contratações, ainda


há uma chance de outra equipe me oferecer um acordo, mas e
se eles não o fizerem? E mesmo se eles fizessem, isso
significaria estar em movimento. Além disso, assinar com Nova
York significa jogar no mesmo time de Killian.

— Você está querendo se foder? — Meu pai pergunta.

Eu sei que ele está chateado porque, pela primeira vez,


eu estou realmente indo contra ele. Até me machucar, fiz tudo
o que ele aconselhou. Qual faculdade ir, o que estudar, quando
sair da faculdade, para quem jogar... mas eu estou farto de
fazer tudo conforme ele diz.

— Vou me certificar de pedir um pouco de lubrificante. —


Eu atiro para ele com um sorriso condescendente, e ele joga as
mãos para o ar. Ele só está irritado com esse negócio porque
quanto menos eu aceito, menos ele tem dinheiro. Ele não dá a
mínima para que eu esteja realmente fazendo parte de uma
equipe e seja capaz de jogar. Ele não dá a mínima que eu suei
a minha bunda dia após dia na fisioterapia.

A maioria dos caras da minha idade teria dito foda-se e


se aposentado. Eu fiz o suficiente nos últimos oito anos para
durar uma vida inteira. Eu não estou mais jogando pelo
dinheiro – estou jogando pelo amor ao jogo.

— Há uma condição, — diz Thomas, lentamente.


— Ok.

— Precisamos que você se acalme.

— O quê? — Eu pergunto, confuso.

— No ano passado, você conseguiu festejar em todos os


clubes da Costa Leste, além de acabar com a maioria da
população feminina. Você perdeu a maioria de seus
patrocínios, e ninguém vai te levar a sério se você não começar
a agir como o homem de 30 anos que você é.

— Eu perdi esses patrocínios por causa da minha lesão,


— indico.

— É verdade, mas você não vai recuperá-los se continuar


agindo como o playboy de Nova York.

— O que você está dizendo?

— Eu estou dizendo, é hora de se acalmar.

— Que diabos isso significa?

— Isso significa que não há mais festas. Sem mais


bebidas. Sem mais transas casuais de uma noite. — O Sr.
Thomas coloca um pedaço de papel na mesa. — Você foi visto
saindo de um hotel esta manhã com as mesmas roupas que
você estava na noite passada.

Eu puxo o papel para mais perto para examiná-lo. É uma


impressão de algo que um tabloide vulgar postou online. Na
imagem minha figura alta está pairando sobre o pequeno corpo
de Liv, escondendo seu rosto.

— Eu não sabia que estávamos sendo vigiados.

— Você passou o ano passado sendo filmado e fotografado


enquanto festejava. Não podemos ter isso se você estiver
jogando por esse time.

O treinador Harper acrescenta: — Você vai ser a cara


desse time, o homem que, com sorte, vai nos levar a um
campeonato, e você vai precisar agir assim. Ninguém quer
torcer por um cara que passa o tempo dormindo com metade
de Nova York. Entendido?

— Entendido, — eu concordo.

— Excelente! — Thomas une suas mãos. — Agora que


temos isso esclarecido, vamos assinar este contrato.
Nove meses depois

— Tudo bem, garotos. É isso. Nós trabalhamos muito


duro para não chegar aos playoffs agora. Vamos terminar isso.

Estamos encolhidos na linha de vinte jardas em São


Francisco. Restam apenas doze segundos para nossa jogada e
estamos perdendo por quatro pontos.

Enquanto eu olho em volta para todos os torcedores no


estádio, eu tenho um déjà vu. Só que desta vez não estou
jogando pela Carolina do Norte, mas sim por Nova Iorque.
Conseguindo esse touchdown estaremos nos playoffs. Se não
fizermos, há uma chance de que este seja o último jogo que eu
vou jogar. Eu sinto uma pontada de dor irradiando pelo meu
braço, lembrando-me que este jogo tem que terminar de forma
diferente.

Os caras estão todos animados e prontos para vencer este


jogo. Eu chamo a jogada, — FB West direita slot 372 Y furar
em três, quebrar! — E, em seguida, tomamos nossas posições
no campo.
Nas minhas três contagens, o centro pega a bola.
Tomando uma queda de três etapas, encontro Killian e vejo que
ele está um passo à frente do defensor. Eu jogo a bola para ele,
um pouco alto demais – meus nervos tiram o melhor de mim –
para evitar a interceptação – e, como sempre, ele pega em
cheio, pegando a bola na zona final para o toque. O resto da
equipe se junta a ele enquanto celebramos nossa vitória e
nosso lugar nos playoffs.

Todos os jogos que ganhamos me deixam emocionado. Eu


aprendi nos últimos meses que meu único e verdadeiro amor
é o futebol. É tudo que preciso. Às vezes, quando desejo mais,
lembro-me o que mais significa na minha vida. E então eu
aceito minha vida pelo que é. Eu sou muito abençoado, e seria
egoísta da minha parte querer mais.

Voltamos para o vestiário para tomar banho – a


adrenalina ainda correndo em nossas veias por causa da nossa
vitória. Os caras estão gritando e brincando. É a semana antes
do Natal, e este é sem dúvida o melhor presente que já ganhei.

— Reservas em El Tao, — Brian McCaldon fala para a


equipe.

— Nós fizemos isso porra! — Killian pula nas minhas


costas. Então, quando ele desce, ele me puxa para um abraço
lateral.

— Ainda temos um longo caminho a percorrer... mas sim,


nós fizemos!
— Você vai a El Tao? — Pergunta ele.

— Sim, pode ser também. Estou sozinho pela noite. — Eu


dou de ombros. — Quer jogar algum Madden 2 na sua casa
depois?

— Com certeza.

Alguns meses atrás, saí do condomínio de Killian e fui


para o meu próprio lugar. Eu não queria, mas tinha que fazer.
Depois de aceitar o contrato com Nova York, minha vida
mudou drasticamente, e embora eu saiba o que precisava ser
feito, às vezes me pergunto se tomei a decisão certa.

— Quando ela... — Suas palavras são cortadas quando


eu ouço uma versão do meu nome sendo chamado. A versão
que eu só contei a uma mulher. Eu coloco a minha mão para
impedi-lo de falar e olho em volta, imaginando se estou
ouvindo merda. Imaginando se é possível, afinal de contas,
estou imaginando ela chamando meu nome.

— Cole, — ouço de novo, e meus olhos se voltam para a


mulher que está me chamando. E com toda a maldita certeza,
parada lá no vestiário, está ela.

— Olhos Castanhos. — Eu digo o apelido que dei a ela.


Tantas vezes eu tentei lembrar como ela é, mas minha
memória dela não fez justiça. Seu cabelo é um pouco mais
comprido, um pouco mais claro. Seus olhos ainda são um belo

2Madden NFL é uma série de jogos eletrônicos de futebol americano desenvolvida pela Electronic
Arts para a EA Sports. Seu nome é uma referência ao antigo jogador e técnico vencedor do Super
Bowl, John Madden
tom de marrom que me lembra de chocolate derretido – doce
como o gosto de sua boceta na minha língua.

Meus olhos se movem para baixo, demorando-se em seus


seios voluptuosos, antes que eu continue descendo, parando
em seu... estômago. Que porra é essa! Ela está grávida?

— Você está grávida?

Ela segue meu olhar até sua barriga protuberante e


depois me dá uma expressão duh!

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto um


pouco friamente como de repente me lembro do bilhete que ela
deixou na manhã seguinte à noite que passamos juntos.

— Bem... eu vi você jogando...

O treinador Harper interrompe, fazendo sua presença ser


conhecida. — Como vocês dois se conhecem?

Liv deixa seu olhar do treinador para mim e, em seguida,


de volta para ele. — Ele é o pai, — diz ela baixinho. Seus olhos
se fecham levemente, e os caras suspiram e amaldiçoam ao
nosso redor.

O treinador faz contato visual comigo, seu olhar como


nada que eu já vi antes. É um olhar que diz que ele está prestes
a me matar, e isso me faz repetir o que ela disse várias e várias
vezes na minha cabeça, ouvindo as palavras, mas sem
compreendê-las. Por que diabos ela está dizendo que eu sou o
pai? E por que ela está dizendo ao meu treinador?
— Você é... o pai? — O treinador pergunta, mas eu não
respondo a ele. Eu perdi minha voz. Estou chocado. Um
minuto atrás, eu estava lembrando de como esta mulher foi a
melhor noite maldita da minha vida, como eu acordei querendo
mais, querendo conhecê-la, como ela foi embora sem olhar
para trás, e agora ela está tentando me foder. Ela não queria
nada comigo na manhã seguinte, quando pensou que eu não
era ninguém, mas agora que ela sabe quem eu sou, ela quer
chorar como um bebê?

— Besteira! — Eu digo, finalmente encontrando minha


voz. — Tivemos um caso de uma noite. — Eu me volto para Liv.
— Se você está desesperada problema seu, você não terá um
centavo de mim, você perdeu a cabeça.

— Filho, o que você acabou de dizer? — O rosto do


treinador está ficando vermelho beterraba. Eu nunca o vi tão
chateado. Não sei por que ele se importa, mas ele precisa ficar
do meu lado ou cuidar de seu próprio negócio.

— Eu iria repensar no que você está dizendo.

— Que diabos, treinador? Você espera que eu apenas


fique aqui enquanto esta garimpeira tenta me foder? — Eu
aceno para Liv, que parece que não tem certeza se está brava
ou chateada. — Você deveria me defender.

Sem dizer uma palavra, o treinador atravessa a sala e,


antes que eu possa me abaixar, ele me dá um soco no rosto.
Minhas costas atingem a parede enquanto todos os caras
entram em ação, puxando-o de cima de mim.
— Aquela garimpeira é minha filha! — Oh, inferno… a
coisa ficou séria.

E é aí que eu deveria fechar a boca, mas estou muito


exaltado – muito chateado porque achei que ela era diferente,
muito desapontado por ela ser como todo mundo na porra da
minha vida.

— Isso pode ser verdade, mas você não pode ver isso pelo
que é? Ela é uma merda de groupie. — Eu me viro para Liv. —
O que você quer? Hã? Dinheiro? Uma casa? Um carro?

O treinador empurra através dos caras, mas Killian o


agarra antes que seu punho possa se conectar com o meu rosto
pela segunda vez.

— Nick, pare! — Killian grita, mas eu não escuto.

— Vamos lá, você veio até mim, o que... — eu rapidamente


faço as contas na minha cabeça — nove meses depois. O que
você quer? E não me diga nada. Todo mundo quer alguma
coisa.

Ela olha para mim por um minuto, seu rosto vermelho


brilhante de raiva e ela está descansando a mão no topo de sua
barriga inchada.

— Eu não sabia… eu morava em Paris… eu não sabia


quem você era naquela noite, Cole.
Ela enfatiza meu nome para provar seu ponto. Qualquer
um que me conhece me chama de Nick. Minha mãe me chama
de Nicholas. Eu disse a ela que meu nome era Cole.

O treinador vai para o lado de sua filha. — Olivia, querida,


o que diabos aconteceu?
Nove meses atrás

— Olivia, eu odeio que você não me deixa voar para a sua


formatura.

Eu estou sentada no meu terraço, conversando com meu


pai, mas minha mente e meu coração estão a milhões de
milhas de distância enquanto eu olho para a Torre Eiffel. Já é
noite, e a bela torre monopoliza a área. As luzes cintilantes
brilham, fazendo com que pareça uma árvore de Natal
parisiense branca.

— Você veio para a minha formatura quando eu comecei


meu bacharelado. Você não precisa vir para o meu mestrado
também. Além disso, eu estava pensando em ir visitá-lo.

Eu não estava realmente, mas à luz dos acontecimentos


recentes, estou pensando que as férias do outro lado do
Atlântico são exatamente o que eu preciso.

— Sim? — A voz do meu pai levanta várias oitavas em


excitação. — Eu não vi você desde o casamento. Eu adoraria
que você viesse me visitar.
Meus pensamentos voltam ao dia em que meu pai se
casou com minha madrasta, Corrine. A maneira como ele
sorriu com lágrimas não derramadas em seus olhos. Depois de
perder minha mãe – sua alma gêmea – para o câncer de mama
há sete anos, ele não achava que jamais se apaixonaria
novamente. Então ele conheceu Corrine. Eu me lembro de
quando ele me ligou. Sua voz vacilou, com medo de que eu não
ficaria feliz por ele. Como eu poderia não ficar? Ele amava
minha mãe até que ela deu seu último suspiro. Ninguém
merece viver o resto de sua vida sozinho porque perdeu o amor
de sua vida cedo demais.

— Eu só poderia ficar aí por uma semana, no entanto. O


museu me pediu para entrar em tempo integral como
Coordenadora de Educação Artística agora que me formei.

— Isso é incrível! Estou tão orgulhoso de você. Você


tomou sua paixão pela educação e seu amor pela arte e parece
ter encontrado um emprego de que realmente gosta.

— Bem, eu tenho que ganhar a vida de alguma forma.

Meu pai ri. A verdade é que minha mãe era uma mulher
extremamente rica e, quando morreu, deixou tudo para mim.
Eu tenho dinheiro suficiente para nunca ter que trabalhar um
dia na minha vida. Quando perguntei ao meu pai por que ela
não deixou tudo para ele – afinal, ele era seu marido – ele me
disse que seu trabalho era cuidar dela. Ela nunca teve que
tocar o dinheiro enquanto ela estava viva, e foi seu último
desejo saber que eu seria cuidada.
— Eu sinto falta de você, Olivia, — meu pai diz. — Eu
adoraria ver você, mesmo que seja por apenas uma semana.

Seis meses depois da morte de minha mãe, fiz dezoito


anos e recebi minha herança. Tomei a decisão de deixar Nova
York e frequentar a faculdade em Paris. Minha mãe era de lá,
e eu queria passar algum tempo vendo por mim todas as
histórias que ela costumava compartilhar de sua infância na
França. E se eu for honesta, eu precisava de um pouco de
distância da casa em que cresci.

Minha mãe era minha melhor amiga, e perdê-la


machucou meu coração além da crença. Aonde quer que eu
fosse, me lembrava da minha mãe e do fato de que eu nunca
mais a veria novamente.

Então, mudei-me para Paris para cursar a faculdade,


onde conheci minha melhor amiga, Giselle Winters, no meu
primeiro ano. Ela tinha uma companheira de quarto horrível e
estava querendo se mudar. Eu tinha um quarto extra e nos
demos bem imediatamente. Um bacharelado e mestrado
depois, e nós criamos um lar aqui.

Nunca pensei que seis anos depois eu ainda estaria


morando aqui, mas eu amo, e Giselle também. O engraçado é
que somos de Nova York, mas como somos de áreas diferentes,
nunca nos encontramos até irmos para a escola em Paris.

— Você está animado para começar seu novo emprego?


— Pergunto ao meu pai.
— Sim, estou. Eu adorava treinar time de universidade.
Tenho feito isso nos últimos quinze anos. Mas estou animado
para levar esse time. Você sabe que eu amo um bom desafio.

— Sim, eu sei.

— Como está Victor? — E esta é a parte da conversa que


eu temia. Eu não minto para o meu pai. Não guardo segredos
dele.

— Nós terminamos.

Meu pai fica em silêncio por um momento antes de


perguntar: — O que aconteceu?

— Ofereceram a ele um emprego em Genebra.

— Suíça?

Eu rio baixinho. — Sim, Suíça. Ele não me pediu para ir.


Não que eu fosse... mas ele nem perguntou. Nem sequer me
considerou quando tomou uma decisão.

— Ele é um idiota.

Eu amo que meu pai sempre me defende. — Isso dói.


Estive com ele por três anos e ele me deu um aviso de trinta
horas que estava se mudando.

— Aposto que Giselle está radiante, — ressalta.

— Ela está. — Giselle e Victor nunca se deram bem. No


ano passado, depois de namorar Victor por dois anos, ele
sugeriu que nos mudássemos juntos. Meu apartamento foi a
escolha óbvia. Giselle jurou que ele só pediu para que ele
pudesse ficar em algum lugar no luxo. Ela poderia estar certa,
especialmente porque ele dava várias desculpas para não
contribuir com as despesas mensais.

— Tudo bem, bom, você fala com Giselle, porque eu sei


que você não virá aqui sem ela, e me deixe saber as datas. Vou
me certificar de que estou disponível para você. Podemos ficar
na casa nos Hamptons. Será muito bom.

— Parece bom pai. Eu te amo.

— Amo você também.

É o nosso último dia em Nova York. Estamos aqui há nove


dias. Cinco deles passamos na nossa casa de praia nos
Hamptons, dois deles explorando todos os museus que eu amo
visitar aqui – durante todo tempo meu pai mencionou um
milhão de vezes que eu poderia fazer o mesmo trabalho que
estou planejando fazer em Paris, aqui em Nova York. Ontem foi
passado no spa com Giselle, Corrine, e sua filha, Shelby, que
está na cidade visitando de Connecticut, onde mora com seu
pai e sua família.
Hoje cedo, saí com meu pai para o café da manhã e passei
o resto do dia fazendo algumas compras, pois ele tinha que
comparecer a uma reunião para trabalhar e Giselle estava
visitando a família dela. Hoje à noite, Giselle e eu vamos nos
encontrar com meu pai, Corrine e Shelby em um novo clube
do qual meu pai ouviu falar.

Depois que arrumamos nossos cabelos, maquiagem e


roupas, caminhamos os poucos quarteirões até o Club Envy.
Estou prestes a ligar para meu pai para ver onde devemos
encontrá-los quando meu telefone toca com uma mensagem
recebida. É de Shelby, deixando-me saber que seu pai
precisava que ela tomasse conta dele e de sua madrasta, então
ela teve que dirigir de volta cedo. Ela diz que vai tentar voltar
amanhã para o café da manhã. Eu mando uma mensagem de
volta dizendo que está tudo bem e se ela não conseguir vir eu
entendo. O pai dela depende muito dela para ajudá-lo com
seus meios-irmãos.

Assim que estou saindo da mensagem, meu telefone toca.

— Olá pai! Nós acabamos de chegar aqui. Onde estão


vocês, gente?

— Oi querida! Estou em casa. Corrine acha que ela pode


ter pego intoxicação alimentar do sushi que comeu mais cedo.
Ela está abraçando a privada pela última hora.

— Ah não! Você quer que eu vá até aí?


— Não, não. Você ainda deve ir ao clube e se divertir. Ouvi
dizer que é muito popular. — Eu rio do meu pai tentando
parecer legal.

— Shelby teve que cancelar também. Seu pai precisava


que ela tomasse conta das crianças. Tem certeza de que não
precisa de mim?

— Não, não há nada que você possa fazer aqui, e estou


quase certo de que Corrine me mataria se permitisse que
alguém a visse em seu estado atual. Além disso, não há
motivos para que vocês garotas fiquem presas na sua última
noite em Nova York. Vá. Se divirta... mas não se divirta muito,
— acrescenta ele, e eu reviro os olhos.

— Tudo bem, mas vamos ver você antes de sairmos


amanhã, certo?

— Mas é claro que sim. Ainda vamos nos encontrar para


o café da manhã depois de você fazer o check out. Mudei a
minha reunião para a tarde, para que eu possa levá-la ao
aeroporto eu mesmo. Você sabe que ainda estou chateado por
você ter insistido em ficar em um hotel em vez de ficar comigo.

— Papai... — Eu gemo. — Você diminuiu. Seu


apartamento de dois quartos é lindo, mas não é grande o
suficiente para nós mulheres e nossa bagagem. — Eu rio e ele
grunhe. Meu pai finalmente tomou a decisão de vender a casa
de nossa família e comprar um apartamento mais perto do
estádio em Lower Manhattan, já que ele passará muito tempo
lá.
— Eu sei, eu sei. Vejo você de manhã. — Ele diz.

— Tudo bem, papai. Diga a Corrine que espero que ela se


sinta melhor logo.

— Vou dizer.

— O que aconteceu? — Giselle pergunta uma vez que eu


termino o telefonema.

— Corrine está com intoxicação alimentar, e Shelby está


presa cuidando das crianças. Eu acho que é só nós.

— Bem, isso é uma merda! Mas vamos ter um tempo


fabuloso.

Nós nos aproximamos do segurança e, depois de pagar o


couvert, entramos no clube. Não estamos nem no final do
corredor quando o nome de Giselle é chamado.

Ela se vira, grita: — Oh meu Deus, — e depois corre para


o braço de um homem.

— Christian, esta é minha melhor amiga, Liv; Liv, este é


Christian. Nós namoramos por um tempo na escola. — Suas
bochechas coram rosa, e eu me lembro dela me falando sobre
o cara que ela deixou em Nova York para se mudar para Paris.
Ele é agora o vocalista de alguma enorme banda de sucesso
aqui nos EUA.

— Prazer em conhecê-la. — Christian aperta minha mão.


— Você está de volta para valer? — Pergunta ele a Giselle.
— Na verdade, esta é a nossa última noite aqui.

— Então você tem que me dar esta noite, — diz ele se


aproximando ainda mais dela, fazendo com que as bochechas
cor-de-rosa de Giselle se transformem em um carmesim
escuro.

Ela olha para mim e eu aceno com o meu encorajamento.


— Vá e coloque a conversa em dia. Vou pedir algumas bebidas
para nós e trazê-las.

— Tem certeza? — Pergunta Giselle.

— Sim! Vai! Christian, você gostaria de algo para beber?

— Eu estou bem, mas obrigado, — diz ele, — eu tenho a


minha cerveja na minha mesa. Está no canto de trás logo atrás
do bar. Vi Giselle e não queria arriscar perdê-la no meio da
multidão. — Christian dá um sorriso suave. — Eu não posso
acreditar que depois de todo esse tempo nós nos encontramos
aqui.

Giselle sorri de volta. — Eu sei... já faz muito tempo.

— Ok, vou pegar nossas bebidas e, em seguida, encontrar


vocês, — eu digo, querendo dar-lhes alguma privacidade. Eles
obviamente têm muito o que falar.

Giselle joga os braços em volta de mim em um abraço


apertado e sussurra: — Vá encontrar um cara para dar uma
ficada.
Eu apenas balanço a cabeça. Mais cedo, ela me disse que
a melhor maneira de superar uma ruptura é passar por outra
pessoa. Eu amo Giselle até a morte, mas ela é louca.

Ela e Christian vão para uma mesa nas proximidades, e


eu vou ao bar para pedir uma bebida. O clube está lotado, e os
garçons do bar parecem estar escolhendo quem eles estão
servindo. Tento chamar sua atenção, acenando com a minha
nota no ar, mas isso não está acontecendo.

Quando estou prestes a desistir e implorar a Giselle para


dançar no bar para chamar a atenção deles, sinto um suspiro
no meu ouvido.

— Posso te comprar uma bebida? — Eu viro um pouco


para ver quem é o dono da voz e me vejo olhando para um dos
homens mais sexy que já vi. Cabelo castanho-claro bagunçado
que parece que ele acabou de sair da cama, olhos verde
escuros que gritam problema, e a barba por fazer que me faz
apertar as pernas enquanto imagino seu rosto enterrado entre
as minhas coxas.

Eu recuo um pouco para dar uma olhada melhor nele.


Ele é construído, mas não volumoso – magro e em forma. Ele
está vestido com uma camisa cara de botão verde clara que faz
seus olhos se destacarem ainda mais.

Meus olhos se arrastam de volta para seu rosto e pousam


em seu sorriso arrogante, me dizendo que ele sabe o quão
quente é. Ele sabe que pode conseguir qualquer mulher que
queira, e esse olhar me faz querer mostrar que nem toda
mulher se curva a caras como ele.

Quando eu educadamente digo a ele que posso comprar


minha própria bebida, ele ri, e o som melódico, mas masculino,
faz meu interior derreter. Ele lança um olhar para a bartender
perto de nós, e ela vem correndo em nossa direção. É claro que
ele não tem nenhum problema em conseguir a atenção de uma
bartender feminina.

Nós pedimos.

Nós bebemos.

Nós dançamos.

E várias horas depois, faço a coisa mais louca que já fiz


em meus vinte e quatro anos. Eu o convido para o meu quarto
de hotel, onde temos o sexo mais quente e apaixonado do que
eu já experimentei.

Nossa química é inegável e além dos limites, e por um


momento penso sobre o que seria estar com esse homem
novamente. Mas rapidamente freio esse pensamento,
lembrando do que se tratava. Minha tentativa de conseguir
alguém para superar meu ex.

Na manhã seguinte, acordo e deixo-o dormindo na minha


cama.

Eu faço o check-out.

Eu tomo café da manhã com meu pai.


Eu embarco no meu voo.

Eu chego em casa.

Minha bagagem se perde.

Uma semana depois, é encontrada.

Três semanas depois, descobri que estou grávida.

Giselle e eu procuramos na lista de jogadores de futebol


por um Cole, esperando que pudéssemos encontrá-lo lá. Ele
mencionou que ama – e odeia – jogar futebol. Giselle liga para
Christian para ver se ele ouviu falar dele. Eles apenas se
encontraram brevemente, mas vale a pena tentar.
Infelizmente, ele não sabe quem é.

Peço ao meu pai – de maneira mais indiferente possível –


se ele conhece um Cole. Ele diz que não.

Pesquiso os jogadores nos sites da ESPN. O que não levo


em conta é que, como a janela de contratação está aberta, ele
não foi incluído na lista desde que a temporada não começou
oficialmente.

Então, eu faço a única coisa que posso fazer. Continuo


com minha vida com meu bebê crescendo dentro de mim. Eu
não conto a ninguém o quanto dói toda vez que penso em meu
bebê nunca conhecendo seu pai. Guardo para mim o quanto
meu coração quebra sempre que penso em ser uma mãe
solteira. Não porque eu não posso fazer isso, mas porque não
é isso que eu quero. Eu queria o conto de fadas como meus
pais tinham. Queria o felizes para sempre. Não há nenhum
livro da Disney onde a mãe é engravidada em um caso de uma
noite e cria o bebê sozinha.

Quando meu pai pergunta quem é o pai, eu lhe digo a


verdade. Foi uma noite só. Eu posso ouvir sua decepção. Fui
criada para acreditar no poder do amor. Ele esteve com duas
mulheres a vida inteira: minha mãe e minha madrasta.

Ele me pede para voltar para casa.

Eu concordo em voltar temporariamente.

Giselle se forma em dezembro e arrumamos o


apartamento e vamos para Nova York.

Eu estou aqui há três semanas, com foco em comprar um


lugar e depois prepará-lo para o meu bebê.

Meu pai me pede para assistir a um jogo desde que eu


não estive em um durante toda a temporada.

Eu olho para fora do camarote do dono e vejo ele.

O pai do meu bebê.


— Olivia, querida. O que diabos aconteceu? — O
treinador Harper pergunta a sua filha.

— Ele... — Ela aponta diretamente para mim, sua unha


perfeitamente cuidada pressionando meu peito. — Ele disse
que seu nome era Cole! Não Nick!

— Meu nome é Nicholas, — indico, — e o que importa


sobre como eu sou chamado?

— Importa, — sua voz aumenta vários níveis — porque


eu procurei por você! Eu procurei na lista por Cole! Eu
perguntei ao meu pai se ele conhecia um Cole!

Esta mulher está tão furiosa agora, que sou grato por ela
não ter nenhuma arma em sua posse, porque se tivesse, eu
seria um homem morto. Eu não consigo imaginar se ficar toda
exaltada como ela está é bom para ela, e realmente... por que
ela está tão brava? Eu sou o único a descobrir que o sexo
casual de uma noite que tive há nove meses – que eu poderia
acrescentar, me deixou – poderia ter me tornado um pai. Algo
que eu decidi no ano passado que não estou interessado em
me tornar.
— Primeiro de tudo, você é a única que saiu pela porta na
manhã seguinte, deixando-me com nada além de uma nota de
'obrigada pela foda'. Em segundo lugar, não tenho certeza se
você deveria estar gritando, se irritando e tendo todo esse
nervosismo na sua condição.

E eu não acho que foi a coisa certa a dizer, porque aquele


dedo que estava no meu peito há pouco se transforma em
vários dedos quando ela empurra meu peito em frustração.

— Eu era uma noite só! O que você queria de mim? Que


eu te pedisse para casar comigo? Eu estava voltando para
Paris! E isso... — Ela aponta para sua barriga. — Não é uma
maldita condição! Chama-se gravidez, idiota!

Levanto minhas mãos de uma maneira pacificadora. —


Tudo bem… mas eu não entendo porque você está gritando
comigo. Você me deixou naquela manhã. Eu acordei e você se
foi. Eu não fiz nada de errado.

Ela olha em volta do vestiário silencioso, como se agora


estivesse percebendo que a conversa está acontecendo na
frente de todo o time de futebol New York Brewers.

Usando um tom mais baixo e mais controlado, ela diz: —


Umm… talvez porque você disse que seu nome era Cole quando
todo mundo te chama NICK! E... você é quem me colocou nessa
condição, como você chama.

Oh. Inferno. Não. — O inferno que eu fiz… nós usamos


proteção. É melhor você descobrir com quem mais você dormiu
e que você não usou proteção. — Eu dou de ombros. Ainda
bem que esclarecemos essa merda.

Eu me viro para ir embora sem querer continuar essa


conversa sem sentido. O vestiário ainda está silencioso, e então
ouço um grito alto. Eu me viro para ver o que diabos é esse
barulho quando sou acertado na cabeça com um objeto duro.
Pego o lado do meu rosto enquanto ele irradia de dor.

— Que porra é essa!

Olho para baixo e há uma garrafa de água rolando pelo


chão. — Você acabou de jogar isso em mim?

— Você tem sorte que isso foi tudo que eu fiz! — Ela grita
novamente, desta vez pegando uma garrafa de Gatorade da
mesa e jogando-a em mim. Eu saio do caminho desta vez
quando a garrafa bate na parede com uma bang.

— Treinador, tire sua filha louca longe de mim.

— Eu vou matá-lo, — diz ela ao pai, e depois vem atrás


de mim. Felizmente, seu pai a puxa de volta antes que ela me
alcance.

— Olivia, acalme-se, por favor. — Ela relaxa um pouco em


suas palavras, mas depois seus olhos se arregalam e ela olha
para baixo. Há líquido escorrendo pela perna dela. Ela está tão
chateada que fez xixi em si mesma? Minha consciência tira o
melhor de mim e quase me sinto mal. Eu não queria perturbar
uma mulher grávida. Ela está claramente perturbada por não
saber quem é o pai do bebê.
— Papai, — ela sussurra, sua voz saindo suave,
lembrando-me da mulher que conheci no clube e passei a noite
conhecendo da maneira mais íntima. — É muito cedo. — Ela
balança a cabeça, em seguida, olha para mim, lágrimas
brotando e encobrindo seus olhos castanhos.

Seu pai olha para a poça, e ele deve saber algo que eu não
sei, porque ele diz: — Vamos levá-la para o hospital. — Nossa
discussão completamente esquecida, ela balança a cabeça em
concordância. Segurando o braço dela, ele a leva pelo vestiário
enquanto tira o celular e liga para alguém.

— Corrine, você pode trazer o carro? Olivia está em


trabalho de parto. — Merda, aparentemente fazer xixi significa
que você está prestes a ter um bebê. Os olhos de Killian
encontram os meus com choque e preocupação.

— Você vai ao hospital?

— Para quê? — Eu passo ao redor da bagunça no chão


enquanto o zelador vem para limpá-lo.

— Ela está prestes a ter o seu bebê. — Ele diz as palavras


lentamente como se eu fosse um idiota.

— Ela está prestes a ter um bebê. — Balanço minha


cabeça. — Não é meu.

— Nick, há alguma chance de que a criança possa ser


sua?
Eu penso naquela noite. Eu estava embriagado, mas não
estava bêbado. Tenho certeza de que usamos proteção: na
cama, contra a cômoda, eu por cima, ela por cima... Porra! Nós
não usamos um quando eu acordei no meio da noite e a puxei
para cima de mim?

— Nick. — Killian me puxa para fora da minha memória.


— Você tem cem por cento de certeza?

— Eu...eu tenho certeza. — Mas enquanto digo as


palavras, eu sei que elas podem ser uma mentira.

— Se há alguma chance de você ser o pai, você precisa ir


para o hospital. Você não quer viver com isso, cara.

Suas palavras soam sinistras, quase como se ele pudesse


ter empatia com o que eu estou passando.

Killian me leva ao hospital em seu carro, desde que nós


dirigimos juntos esta manhã. Eu estava esperando passar pela
porta sem ser visto, mas se não é minha sorte que o maldito
paparazzi tenha nos seguindo aqui. Não deveria me
surpreender, no entanto. Com Killian dirigindo seu Bugatti,
nós nos destacamos como um maldito dedão inflamado. Ele
me leva para o lado, mas não há como entrar senão pelas
portas principais ou pela entrada da sala de emergência.

— Foda-se. Eu só vou ter que correr para isso.

— Boa sorte rapaz. Eu esperaria na sala de espera por


você, mas não quero chamar mais atenção. Envie uma
mensagem para mim quando souber de alguma coisa. —
Killian me dá um tapinha nas costas antes de eu sair do carro.

Fotos são tiradas e perguntas são lançadas em meu


caminho, mas ignoro todas elas. Quando entro, sou recebido
por ninguém menos que meu pai e Amber, minha assessora.
Eles me puxam para uma sala privada onde ninguém pode
ouvir nossa conversa.

— Papai? O que você está fazendo aqui?

Minha agente publicitária, eu entendo, já que é seu


trabalho manter meu nome completamente limpo. Além disso,
liguei para ela no caminho até aqui. Mas não sei por que meu
pai voaria até a Carolina do Norte quando ele poderia apenas
ter me ligado ou ligado para Amber. E como diabos ele chegou
aqui tão rápido?

— Sua mãe e eu voamos ontem à noite para o jogo! — Ele


late. — Caso você tenha esquecido que está no meio dos
malditos playoffs!

— Sim, estou bem ciente, — eu digo.


— Então, é verdade? — Pergunta ele. — Você engravidou
essa mulher?

— Eu...eu não sei. Ela diz que o bebê é meu e passamos


a noite juntos...

Não acredito que isso esteja acontecendo. A última coisa


que eu queria era ser pai. Eu tinha na cabeça que ser pai não
estava nas cartas para mim.

— Droga, Nick! Você não ouviu uma única palavra que eu


disse a você ao longo dos anos! — Meu pai sacode a cabeça em
decepção. Ele martelou na minha cabeça um milhão de vezes
ao longo dos anos para ter cuidado. Muitos caras acabam
pagando metade de tudo o que têm por ser arrogante quando
se trata de envolver seus paus. Eu também acho que, enquanto
ele nunca disse isso, ele ter engravidado minha mãe significa
que ele foi forçado a casar com ela. Nunca perguntei a eles,
mas tenho quase certeza de que meu pai traiu minha mãe
várias vezes ao longo dos anos – e vice-versa.

— Você tem tudo para você, — continua ele. — Você tem


sua carreira de volta, sua vida pessoal está no caminho certo.
Eu não posso acreditar que você seria tão descuidado. — Ele
amaldiçoa sob sua respiração enquanto sai da sala.

Jesus, ele está agindo como se eu fosse o primeiro cara


no esporte profissional a engravidar uma mulher por acidente.
Ele é um agente de esporte. Metade de seus clientes
provavelmente tem filhos de um caso de uma noite só.
— Você ligou para meu pai no seu caminho até aqui? —
Pergunto a Amber quando meu pai vai embora.

— Não, mas tenho certeza que vazou por um fã ou


alguém. Há imagens da mulher grávida e do treinador Harper
saindo do estádio, e então você e Killian seguem quase
imediatamente depois.

— O nome dela é Liv… Olivia. Ela é filha do treinador


Harper. — Os olhos de Amber se arregalam.

— Farei uma declaração imediatamente. Eu vou manter


isso simples. Nós não sabemos nada neste momento, e você
está solicitando privacidade enquanto está esclarecendo as
coisas. — Ela me dá um sorriso simpático.

— Tudo bem, obrigado.


Meus pés estão nos estribos e o médico está sentado entre
as minhas pernas. Quando chegamos há algumas horas, dei
entrada e fui levada para a sala de trabalho de parto.

A enfermeira me conectou a vários monitores e pegou


meu sangue. Quando pedi uma epidural para a dor, ela franziu
a sobrancelha se desculpando e disse que eu já estava muito
longe para isso, mas ela poderia me dar algum analgésico. Uma
vez que eu estava situada, liguei para Giselle para avisá-la, e
ela imediatamente deixou a casa de sua mãe para me
encontrar aqui.

O médico veio várias vezes para verificar meu progresso,


e minha família entrou e saiu do meu quarto para ter certeza
de que estou bem durante todo o meu trabalho de parto.
Alguns minutos atrás, depois de checar o status do bebê mais
uma vez, o médico me informou que era hora de empurrar.

Desde que tomei a decisão de ter apenas Giselle no quarto


comigo quando dou à luz, meu pai está do lado de fora com
Corrine e Shelby, enquanto Giselle está ao meu lado,
atualmente segurando minha mão.
— Ok, Olivia. Aí vem uma contração, — diz o médico. —
Empurre para mim. — Eu empurro através da contração, e a
dor é como nada que eu já senti antes. Quase me sinto mal
porque posso quebrar a mão de Giselle por apertar demais.

— Isso é bom... e relaxe. — Esse processo continua e


continua por Deus sabe quanto tempo. Cada empurrão dói e é
pior do que o anterior. Meu corpo está se esgotando.

E finalmente, no meio de outro empurrão, o médico diz:


— Eu vejo o cabelo. Você está perto. — Paro de empurrar, dou
uma pequena pausa e espero que a próxima contração me
atinja. Minha garganta está seca de gritar e se esforçar, e estou
questionando seriamente se tomei aquele analgésico que a
enfermeira insistiu que ela me deu.

— Senhor, você não pode entrar lá, — grita a enfermeira,


e eu olho para ver a grande estrutura de Cole enchendo a
porta.

— Eu posso ser o pai, — diz ele, ignorando-a e entrando.


Estou prestes a expulsá-lo quando outra contração chega, e
me vejo empurrando.

— Oh meu Deus! — Eu grito de dor.

— Continue. Continue, — o médico comanda. — Lá está


ele! — Meu corpo encontra alívio quando o médico segura o
bebê. — Parabéns.
A enfermeira vem e limpa meu bebê, então ela suga todo
o material fora de seu nariz. Ele está gritando e chorando, e é
o som mais bonito que já ouvi.

— Você gostaria de cortar o cordão umbilical? — O médico


pergunta a Nick, e eu atiro para ele um olhar de aviso, o que
ele ignora – Nick, não o médico.

— Oh, eu não sou médico. — Nick balança a cabeça, e o


médico ri enquanto reviro os olhos.

— Mas eu sou. Às vezes os pais gostam de cortar o cordão


umbilical que conecta o bebê à mãe.

Nick assente e lentamente avança. A enfermeira segura


meu bebê enquanto o médico entrega a tesoura a Nick para
cortar o cordão umbilical. Quero gritar com ele e dizer para não
tocar em nada que envolva meu bebê.

Nem há poucas horas ele estava me acusando de mentir


e dizer que o bebê não é dele. Mas eu não digo uma palavra
porque não posso. Meu coração está doendo e há um enorme
nó na garganta. Este deveria ser meu marido cortando o cordão
umbilical. Eu li sobre isso em um livro de bebê. É uma tradição
para os homens sentirem que fazem parte do parto – para
ajudar a estabelecer uma conexão emocional entre o pai e o
bebê.

Lágrimas borram minha visão enquanto observo Nick


cortar cuidadosamente o cordão. Sinto a mão de Giselle no
meu ombro e, quando olho para cima, ela está tirando fotos
com a câmera do celular. Eu amo e odeio ela por isso.

— Bom trabalho! — Diz o médico, pegando a tesoura de


volta de Nick, que acena com a cabeça uma vez e se afasta do
caminho. A enfermeira termina de limpar meu bebê ainda
chorando, então ela o enrola em um cobertor e o coloca no meu
peito.

— Shh... está tudo bem, — eu canto. — Mamãe tem você.


— Levanto minhas mãos para segurá-lo enquanto seu corpo
quente descansa contra o meu. — Eu te amo, garotinho. — Eu
coloco um beijo em sua testa.

— Vou levá-lo para os exames, — diz a enfermeira,


tirando-o de mim muito cedo. — Assim que você for suturada
e levada para a recuperação, eu levo o bebê para você.

Eu vejo como ela leva todo o meu mundo para longe de


mim.

— Ele está bem? — Pergunto a outra enfermeira. — Eu


não deveria estar dando à luz por mais algumas semanas.

— Nós vamos saber mais quando os exames forem


realizados, mas ele parece perfeito. — Fecho meus olhos em
alívio enquanto todos se movimentam em torno de mim para
limpar o quarto. O médico me avisa que a placenta passou,
então ele costura um corte que ele teve que fazer para que eu
não sofresse. Eu sou levantada e transferida para uma cama
limpa, me deram um avental novo, e mudaram para um novo
quarto.

O tempo todo sinto a presença de Cole em segundo plano,


mas eu o ignoro. Não tenho nada a dizer para esse idiota. Ele
pode ter sido o melhor sexo da minha vida, e eu nunca vou me
arrepender daquela noite porque isso me deu o mais precioso
milagre do mundo, mas ainda assim... foda-se ele.

Quando estou no meu novo quarto, meu pai, Corrine e


Shelby entram e se juntam a Giselle e a mim. É quando eu
percebo que Cole não está mais aqui. Bem, um belo alívio.

— Nós vimos o bebê sendo levado ao berçário para os


exames. Ele é lindo. — Corrine diz e eu sorrio.

— Eu tirei um milhão de fotos. — Giselle segura o celular


para eu pegar.

— Obrigada! — Eu a puxo para um abraço antes de


começar a passar por cada foto.

— É o Nick? — Meu pai pergunta quando eu paro na foto


dele cortando o cordão umbilical.

— Sim, ele entrou e se declarou possivelmente o pai, e o


médico perguntou se ele queria cortar o cordão umbilical. —
Eu mudo para outra foto.

— Ainda me lembro quando cortei seu cordão. — Meu pai


sorri para mim. — Um dos melhores momentos da minha vida.
— Sim, bem, duvido que Nick se sentiu da mesma
maneira. — Lágrimas novas surgem, e eu as afasto. Malditos
hormônios.

— Ok, aqui está ele. — A enfermeira entra, empurrando


meu bebê em um berço de rodinhas.

— Suas pontuações de Apgar3 foram perfeitas. — Ela me


entrega um pedaço de papel que mostra os exames que foram
feitos, junto com as pontuações.

— Seus pulmões estão totalmente desenvolvidos. Diz em


seu plano de parto que você está planejando amamentá-lo com
mamadeira. Aqui estão alguns tipos diferentes. — Ela puxa as
mamadeiras para fora. — Esta é boa, mas se ele tiver refluxo
ou uma barriga sensível, tente esta aqui. — Ela aponta para as
diferentes fórmulas.

— Obrigada. — Ela o pega e o traz para mim. Eu agito a


mamadeira suavemente como li nos livros do bebê e trago o
bico para sua boca. Ele começa a chupar e beber
imediatamente. Giselle se aproxima e tira outra foto. Alguns
minutos depois, há uma batida na porta e a enfermeira a abre.
Nick entra e olha ao redor da sala.

— Agora não é hora, — meu pai diz.

3 A Escala ou Índice de Apgar é um teste desenvolvido pela Dra. Virginia Apgar, médica norte-
americana, que consiste na avaliação por um pediatra de 5 sinais objetivos do recém-nascido,
atribuindo-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2.
— Pai, está tudo bem. — Eu me inclino e dou em meu
bebê um beijo suave em sua testa antes de pegá-lo para
arrotar.

— Vocês podem nos dar alguns minutos, por favor? — É


melhor acabar com isso. Relutantemente, todo mundo sai.

— Desculpe por entrar mais cedo. Eu estava esperando


do lado de fora da sua porta, mas quando ouvi você gritar,
achei que algo estava errado.

— Isso se chama parto, — eu digo secamente. — Por que


você está aqui mesmo?

— Eu não tenho certeza.

— Olha, se você não quer ser pai, você não precisa ser.

— E o que é que você quer? — Ele está no final da minha


cama, com os braços cruzados sobre o peito. Sua pergunta sai
fria e distante. Ele não é nada como o homem que passei a
noite há todos aqueles meses. Ou talvez eu apenas me
convenci de que era mais do que realmente era.

— Não importa para mim... — Começo a dizer, mas ele


balança a cabeça.

— Não, eu quero dizer o que você quer para eu assinar


meus direitos? Quanto? Você está certa, eu não quero ser pai.

Meu coração se parte quando ele diz isso. Minha mente


volta à minha fantasia – aquela em que tenho um bebê com
um homem que me ama. Nós nos casaríamos, compraríamos
uma casa com um quintal como o que eu cresci, e nós iríamos
começar uma família juntos. Eu não percebi isso até agora,
mas quando o vi se aproximar e cortar o cordão umbilical, algo
em mim sentiu uma sensação de esperança de que talvez ele
quisesse isso também.

Meu homenzinho arrota. Quando eu o abaixo do meu


ombro para dar uma boa olhada nele, seus olhos já estão se
fechando. Eu o coloco em seu cobertor, mas em vez de colocá-
lo no berço, seguro-o, esperando que tê-lo em meus braços
ajudará a curar meu coração partido.

Quando estou prestes a responder, uma mulher entra


correndo pela porta.

— Ugh! Você sabe como foi difícil passar pelo hospital sem
ser fotografada?

Não tendo ideia de quem é essa mulher ou por que ela


está no meu quarto, eu digo: — Com licença?

— Celeste, o que você está fazendo aqui? — Cole caminha


até ela. Ok... acho que ele a conhece.

— Está tudo postado nas redes sociais! Você não entende


o quão ruim isso parece? E eu sou sua noiva! Um telefonema
para me avisar teria sido bom.

Olhando mais de perto para a mulher, vejo um gigantesco


anel de noivado em sua mão esquerda, a mão que está
agitando em frustração enquanto ela fala sobre ter sido pega
de surpresa.
Ela é magra e alta e não tem muitas curvas, mas é
incrivelmente bonita. Seu cabelo é longo, preto e liso. Ela está
usando o que eu reconheço como um vestido Valentino de sua
linha de alta costura, e sua maquiagem parece ter sido feita
profissionalmente. Eu não posso colocar meu dedo nisso, mas
a reconheço de algum lugar...

— Eu fui forçada a deixar as filmagens, e agora ela


precisará ser remarcada para outra noite. — Oh, sim! Ela é
modelo. Eu a vi em outdoors. E… espere um segundo… puta
merda! Ela é Celeste Leblanc. Eu só compro minha maquiagem
da linha dela. São as melhores. Jesus, Olivia… agora não é a
hora de ser uma tiete sobre ela e sua incrível linha de
maquiagem. Ela é a noiva do pai do seu bebê pelo amor de
Deus.

— Eu não pedi para você vir aqui, — ressalta Cole. — E


eu ia ligar para você, mas tudo aconteceu tão rápido.

— Aham. — Eu limpo minha garganta, e os dois giram em


torno para reconhecer que estou no quarto.

— Se vocês não se importam, talvez pudessem discutir


isso... oh, eu não sei, — levanto meus ombros em um encolher
de ombros — fora do meu quarto. — Eu seguro meu bebê
dormindo um pouco mais forte.

— Acabei de dar à luz, e estou um pouco cansada. —


Estou ciente de que minhas palavras saem ríspidas, mas
vamos culpar os novos hormônios de mãe. Ok, não, risque
isso. Eu vou assumir a responsabilidade. Eu só não quero
ouvi-los.

— Olha, Celeste. Eu não sabia que ela estava grávida.


Acabei de descobrir. E eu não sabia que a imprensa e os
paparazzi descobriram isso até eu chegar aqui. — Ele olha para
mim. — Vou ligar para o meu advogado e descobrir como fazer
um teste de paternidade.

Eu prefiro não fazer isso com uma audiência, mas acho


que não tenho escolha.

— Você disse que não queria ser o pai dele, — indico.

Os olhos de Celeste balançam para mim e ela me lança


um olhar incrédulo.

— Espere um segundo, você não está querendo que Nick


seja o pai? Então qual é o seu ângulo?

Recusando-me a discutir isso com uma mulher que não


conheço – e também mentalmente fazendo uma nota para jogar
fora toda a minha maquiagem – eu digo para Cole – ou merda,
acho que é Nick:

— Eu te disse, você é o pai. Se você não quer ser o pai,


você não precisa ser. — Tento o meu melhor para evitar que
minhas emoções malucas vazem. — Eu não sei o que
aconteceu naquela noite, mas não engravidei de propósito. Não
vou forçá-lo a querer o nosso filho.
Ouço minha voz quebrar na última palavra, mas não vou
chorar. Não é como se eu estivesse apaixonada pelo homem –
eu nem o conheço. Sempre pensei que iria criar meus filhos
em uma casa amorosa com os dois pais, como meus pais me
deram. Nunca pensei que com vinte e cinco eu seria uma mãe
solteira.

Com os olhos dele fixos no meu bebê em meus braços, ele


diz: — Eu ainda quero saber.

Celeste se aproxima dele e diz: — Se você fizer o teste e


provar que você é o pai, não há como voltar atrás. Você é quem
disse que não quer ser pai. A última coisa que o bebê precisa
é de um pai que não o queira.

Ele acena uma vez e depois diz: — Se eu sou o pai, vou


pagar o que você quiser.

— Você vai parar de dizer isso? — Minha voz sai dura, e


meu bebê pula em seu sono.

— Eu não quero nem preciso do seu dinheiro, e se você


não quer ser o pai desse bebê, não quero que você seja. Se você
quiser um teste de paternidade, tudo bem. Eu sei que ele é seu.
Agora vocês dois... saiam.

Nick abre a boca para argumentar, mas fecha. Ambos


saem e fecham a porta atrás deles.

Alguns minutos depois, meu pai, Corrine, Shelby e Giselle


voltaram para o quarto. Ninguém pergunta o que aconteceu.
Em vez disso, concentramos nossa energia no bebê bonito e
saudável.

— Nós temos um nome? — Pergunta Giselle.

— Sim, nós temos. Reed Cameron Harper. — Eu olho para


o meu pai, e ele me dá um sorriso caloroso.

— Oh, querida! — Corrine suspira. — Perfeito. Ambos os


nomes do meio dos seus pais. — Lágrimas brotam nos olhos
dela enquanto meu pai atravessa o quarto até minha cama.

— Se sua mãe estivesse aqui, ela estaria amando seu


neto. Ela ficaria tão orgulhosa da mulher que você se tornou.

— O que há para se orgulhar? Ficar grávida de um caso


de uma noite? — Eu brinco, mas até eu posso ouvir a vergonha
das minhas palavras.

— Não, por assumir a responsabilidade. Você vai ser uma


mãe incrível como a sua.
Faz uma semana desde que eu saí do hospital com
Celeste e discuti com ela por horas sobre a situação de Olivia
e do bebê.

— Eu não posso acreditar que isso está acontecendo, —


diz ela. — Tudo estava indo perfeitamente bem. E agora está
tudo prestes a ser destruído por causa de sua única noite. Eu
não deveria estar surpresa. — Ela levanta os braços
exasperada. — Você é um homem, o que significa que manter
seu pau em suas calças é impossível.

— Isso aconteceu antes ficarmos juntos! — Grito em


frustração. Ela está agindo como se eu tivesse pedido para que
isso acontecesse. — Você sabia que eu estava dormindo por aí.
É parte da razão pela qual concordei em cumprir nosso pacto.

Depois que me disseram que eu precisava me acalmar,


imaginando que não tinha nada a perder, liguei para Celeste e
aceitei cumprir nosso pacto. Pelo menos com ela, eu sabia no
que estava me metendo. Um arranjo de negócios. Nós
namoramos por alguns meses e depois anunciamos nosso
noivado.
Celeste deixou o contrato de arrendamento em seu
apartamento e foi morar comigo assim que comprei um
apartamento em Lower Manhattan perto do estádio – e
diretamente acima de Killian.

— Eu sei. — Ela acena com a cabeça. — Eu só... pensei


que estar com você seria seguro, — ela sussurra.

— Sinto muito, — eu digo: — Mas não é como se eu tivesse


traído você. — Apesar do fato de que Celeste e eu nunca tivemos
relações sexuais, fui cem por cento fiel a ela. Não é que não
tenhamos tentado, nós tentamos. Mas as preliminares foram
robóticas e nenhum de nós pode entrar nisso. Depois de tirá-la,
acabei terminando no chuveiro com a mão. Nós nunca falamos
sobre isso ou tentamos fazer sexo novamente.

— Eu sei disso, — diz ela, com a voz rouca de emoção. —


Não foi isso que eu quis dizer. — Ela engole em seco.

— Celeste, o que está acontecendo? — Eu nunca a vi


assim. Celeste não é emocional. Ela não magoa seus
sentimentos. — Fale comigo.

Ela abre a boca para falar e depois fecha. Ela fica mais
alta, endireitando as costas e os ombros. — Nada está
acontecendo, — diz ela. — Eu só quis dizer que pensei que você
seria seguro para a minha reputação. Eu acho que estava
errada.

— Não posso mudar o que aconteceu, —digo a ela, — mas


isso não precisa mudar nada entre nós.
— Você não entende? — Ela balança a cabeça. — Isso
muda tudo. — Ela suspira com derrota e se senta no sofá. Eu
ando e sento ao lado dela. — Eu não me inscrevi para isso, Nick.

Eu sei que de fora pode parecer que Celeste está sendo


uma vadia, mas ela está certa. Ela não se inscreveu para isso.
No começo do nosso relacionamento, nós discutimos todos os
detalhes. Celeste queria ter certeza de que estávamos na
mesma página. Ela me disse que não queria ter filhos e eu
concordei. Eu me sinto mal que meu passado está complicando
o que temos. Celeste não merece nada disso.

A verdade é que, desde o início, estar com Celeste foi fácil.


Por causa de nossas carreiras de alta demanda, raramente
estamos em casa, ambos ocupados vivendo nossas vidas. Não
há expectativas. Nenhuma emoção envolvida. Ela é mais como
uma companheira de quarto do que minha noiva.

Nós dois nos sentamos em silêncio por alguns minutos, e


então ela pergunta: — O que você vai fazer?

— Eu não sei, — eu admito. — Não sei qual é a resposta


certa.

— Você disse que não queria ser pai, — ela diz. — Você me
disse que sentia que nunca foi bom o suficiente nos olhos de
seus pais. E você disse que Fiona não ter ficado grávida foi o
melhor.

— Eu sei. — Ela está certa. Eu disse tudo isso. Mas na


época que eu disse tudo aquilo, não achava que havia uma
chance de eu realmente me tornar um pai. Agora, há um bebê
com quem posso compartilhar DNA.

— E a Olivia? — Ela pergunta.

— O que tem ela?

— Você mesmo disse na manhã seguinte que você se


envolveu e pensou que poderia haver algo mais entre vocês.
Você está me dizendo que honestamente não pensou em como
ela interpreta essa foto?

Soltei um gemido baixo, lamentando minha decisão de


confiar em Celeste na manhã seguinte.

— Ela foi embora naquela manhã, deixando-me com nada


mais do que uma nota. Seu único papel na minha vida seria
como a mãe do meu filho.

Quando digo essas palavras, minhas cordas do coração


parecem que estão sendo puxadas. Observá-la dar à luz ao bebê
foi provavelmente a coisa mais incrível que já presenciei. Ela foi
tão forte com tudo. E então, quando ela o segurou em seus
braços... o amor que transparecia em seus olhos... em todos os
meus anos de crescimento, acho que nunca vi minha mãe olhar
do jeito que Olivia olhava para o filho. Se ela não tivesse saído
sem me dar seu número, quem sabe como as coisas seriam
diferentes agora. Mas isso não importa, porque ela foi embora e
agora estou noivo de Celeste. É inútil focar nos ‘E se'.

— Ela provavelmente quer te laçar.


— Você não a viu no hospital? Ela mal consegue ficar na
mesma sala que eu.

— Então ela está fazendo isso pelo dinheiro, — afirma


Celeste.

— Eu não penso assim, —digo honestamente. — Ela disse


que não quer o meu dinheiro.

— Lá vai você sendo ingênuo mais uma vez.

— Eu não estou sendo ingênuo, — eu argumento.

Celeste vira seu corpo levemente em minha direção e


nossos olhos se conectam, nenhum de nós diz uma palavra
enquanto ela tenta determinar se há alguma emoção escondida
por trás das minhas feições. Ela está tentando descobrir o que
eu estou pensando, mas não dizendo.

Finalmente, ela suspira e diz: — É como se fôssemos


adolescentes de novo. Quantas vezes você vai deixar uma
mulher manipular suas emoções? — Ela me dá um olhar
aguçado. — Você mesmo disse. Ela é a mesma mulher que te
deixou na manhã seguinte com nada mais que uma nota. Quem
sabe qual é o seu ângulo agora que ela sabe que você é um atleta
profissional?

Eu ouço tudo o que ela está dizendo, e se ela mencionasse


tudo isso antes de eu ver Olivia dar à luz, eu provavelmente teria
concordado, mas o problema é que eu vi o garotinho que poderia
ser meu filho. Inferno, até cortei seu maldito cordão umbilical.
Eu vi o jeito que o amor de Olivia por seu filho brilhava. E
enquanto não vou admitir isso para Celeste, isso fez meu
coração sentir algo que eu não sentia há muito tempo. Isso me
assusta ‘pra’ caralho? Inferno sim, assusta. Mas também
parece muito bom sentir algo, qualquer coisa, de novo.

— Eu realmente não acho que ela tenha um ângulo.

Sem desviar seus olhos dos meus, ela diz: — Você a quer.
— O tom dela ao dizer essas três palavras contêm zero emoção,
como se ela estivesse simplesmente declarando um fato. Um
fato que não estou pronto para lidar ainda. Porque essas três
palavras, se forem verdadeiras, vão mudar tudo, assim como
Celeste disse.

— Isso não é sobre ela, — eu digo, desviando. — Isso é


sobre um bebê que pode ser meu filho.

— Sim, tudo bem, Nick. Nós dois sabemos que você pensa
com o seu coração. Não demorará muito até que você tenha me
abandonado para brincar de casinha com a mamãe do bebê.

— Celeste... — Eu começo a dizer, mas ela me interrompe.

— Não, nada de 'Celeste'. Pense nisso antes de tomar


decisões precipitadas. Você concordou em dar a essa relação
uma chance, não apenas por causa de sua reputação, mas
porque estava cansado de ter seu coração pisado. Desde que
estamos juntos, quantas vezes seu coração foi quebrado? Zero.
— Eu não indico que meu coração não pode estar quebrado se
não estiver na linha.
— Você quer ir brincar de papai com esse bebê, tudo bem.
— Ela solta um suspiro frustrado. — Eu não vou parar você. Eu
nunca tentaria impedir que um pai assumisse a
responsabilidade. Mas não seja tão ingênuo em pensar que essa
mulher é seu único e verdadeiro amor. Você não vai descobrir
que é o pai e viver feliz para sempre, Nick.

Eu posso ouvir o medo em sua voz. Ela nunca vai admitir


isso, mas um dos maiores medos de Celeste é não ser colocado
em primeiro lugar. Seu pai nunca voltou para sua mãe ou ela, e
em seus olhos, ele escolheu outra pessoa sobre elas. E então,
durante anos, sua mãe colocou seu amor pelo pai acima de sua
própria filha. Beatrice escolheu ficar naquele trailer e trabalhar
naquela lanchonete em vez de dar uma boa vida para Celeste.
Agora ela está com medo de eu escolher meu filho e sua mãe por
ela, deixando-a novamente sozinha. Ela se depara com tanta
dificuldade no dia-a-dia que às vezes eu esqueço o quão
insegura Celeste realmente é.

— Tudo o que eu quero fazer é descobrir se aquele


garotinho é meu filho.

— E se ele for, Nick? O que então? O que isso significará


para nós?

— Eu não estou quebrando o nosso noivado, — eu digo a


ela.

— Ainda. — Ela bufa e tira sua bolsa da mesa. Eu sei que


eu deveria pará-la e convencê-la de que ela está errada, que ela
se sinta segura sobre nós, mas por alguma razão eu não consigo
fazer isso, dizer as palavras que ela precisa ouvir.

— Eu preciso ir, — diz ela. Eu a vejo caminhar até a porta,


mas ela para e se vira. — Você pode não ver onde tudo isso está
indo, mas eu sei. E como sua melhor amiga, vou avisá-lo como
fiz quando éramos mais jovens. Ela vai quebrar seu coração. —
Eu abro minha boca para argumentar, mas ela não me dá uma
chance. — E quando ela fizer, desta vez eu vou dizer que eu te
avisei. — E sem esperar que eu respondesse, ela abriu a porta
e depois a fechou atrás dela.

Odeio admitir isso, mas em algum nível, Celeste está certa.


Olivia foi embora naquele dia. Ela não queria um futuro comigo.
Se ela quisesse, ela teria ficado por perto ou me deixado o seu
número. Ela não fez nenhum dos dois. Eu não era nada mais do
que uma noite para ela que a deixou grávida.

Na manhã seguinte, liguei para meu advogado e ele fez


uma petição aos tribunais para estabelecer a paternidade. Fui
ao hospital, foi colhida as amostras e saí. Agora, estou apenas
esperando para descobrir os resultados.

Ontem, minha mãe ligou para saber quando ela me veria


no Natal – o que realmente significava que ela queria descobrir
o meu lado do que estava acontecendo. Por sorte, nós tivemos
um jogo fora de casa, então eu pude adiar temporariamente
sua inquisição. Mas em algum momento vou ter que lidar com
ela. Não há como ela voltar para a Carolina do Norte até
conseguir algumas respostas.
Meu pai já mencionou que eles encontraram um contrato
de aluguel de curto prazo aqui em Nova York. Eu gostaria de
pensar que é assim para que eles possam estar perto de mim
para apoio moral, mas eu sei melhor. Eu tenho passado todos
os dias no treino ou na academia para me manter ocupado.
Preciso ficar focado. Estamos muito perto de nos tornarmos
campeões para o meu drama foder tudo agora.

A tensão negativa entre o treinador e eu tem sido


estranha para dizer o mínimo, e eu estava preocupado que isso
iria refletir no resto da equipe, mas nós conseguimos afastar
isso no nosso jogo, ganhando de 24-21. Nós já conquistamos
um lugar nos playoffs, mas este jogo determinou se teríamos
uma vantagem em casa. Era um jogo próximo, e os
comentadores falavam, questionando se eu estava regredindo
com o novo peso e estresse nos meus ombros. Celeste estava
certa a esse respeito. Os tabloides estão falando, e nada disso
está me projetando de uma forma positiva.

Eu estava esperando que quando voltássemos hoje, eu


voltaria para uma casa silenciosa, mas ao invés, entrei no
exato oposto disso. Gemendo quando localizo todos, penso em
voltar e ir para a casa de Killian, mas antes que eu possa,
Celeste me vê e chama meu nome.

— Obrigado por me avisar que todo mundo está aqui,


querida. — Eu olho para a minha noiva, e ela dispara punhais
de volta para mim. Ninguém além de Killian tem alguma pista
sobre o nosso relacionamento falso.
— Claro que estamos aqui! — Minha mãe bufa. — Ontem
era Natal e você estava fora. Eu estava pensando que podemos
abrir presentes. Celeste disse que seus resultados estão de
volta. Eles chegaram esta manhã. Essa mulher já te contou o
que ela quer?

Eu pego o envelope do balcão e percebo que ele foi aberto.


— Mesmo? Vocês abriram os resultados para mim?

— Precisamos saber com o que estamos trabalhando,


Nick, — diz meu pai. — Eu vi seu jogo ontem. Você não pode
deixar que essa notícia do bebê afete seu jogo, e se você não
cortar essa merda pela raiz, ela estará processando você por
apoio à criança.

— Então, eu sou o pai? — Pergunto, puxando os papéis


para lê-los.

— Sim, — Celeste responde, zero emoção mostrando


através de seu exterior áspero. — Mas isso não precisa mudar
nada. — Ela vem até mim e coloca as mãos nos meus braços.

— Eu preciso pensar sobre tudo isso, — digo a ela


honestamente. Agora que eu oficialmente sei que sou o pai, há
milhões de pensamentos diferentes circulando na minha
cabeça. Uma coisa era considerar a possibilidade, mas agora é
verdade. Eu sou o pai de alguém.

Não gostando da minha resposta, Celeste aperta meus


braços. — O que há para pensar?
— Muito, na verdade, — eu digo, movendo meus braços
para fora de seu aperto.

— Como o quê? — Ela pressiona.

— Que tal o fato de que eu tenho um filho com a filha do


meu treinador, para começar? — Isso não é realmente o ponto
alto na minha lista de preocupações, mas é o pensamento mais
seguro para dizer em voz alta.

— Isso não é uma preocupação, — diz meu pai. — Sua


temporada está quase no fim, o que significa que o contrato
também, e do jeito que você está jogando, qualquer time vai
querer você.

— Como qual? — Celeste pergunta.

— LA por exemplo, — meu pai diz. Isso chama a atenção


de Celeste. Eu já posso ouvir as ideias se formando em sua
cabeça, mudando-se pelo país e longe de Olivia. LA não é
realmente onde Celeste quer morar, mas como ela às vezes
viaja para o trabalho, não seria o fim do mundo.

— Eu não sei o que o futuro reserva. Por tudo que


sabemos, eu poderia acabar em Michigan ou em outro lugar.
— Eu nomeio o último lugar no mundo que Celeste iria querer
acabar só para foder com ela, e funciona. Ela estremece, em
seguida, encara.

— Não seja ridículo, Nick, — ela ferve.


— Eu preciso falar com Liv sobre a paternidade. Agora,
como minha noiva, você quer ir comigo? — Eu sei que ela não
vai querer ir, mas pelo menos posso dizer que tentei.

— Eu preciso pegar meu voo em breve.

— Mãe, você quer ir comigo para conhecer o seu neto?

Minha mãe esfrega o nariz. — Que tal você me enviar uma


foto? Nessa idade, tudo o que eles fazem é comer e dormir de
qualquer maneira.

— Pai? — Eu pergunto estupidamente, mas antes que ele


possa responder, minha mãe interrompe.

— Podemos por favor abrir os presentes?

— E essa é a minha sugestão para sair, — meu pai diz. —


O dinheiro não é feito por si só. Eu tenho uma reunião com um
cliente em potencial. — Ele olha para o relógio para verificar a
hora. Minha mãe nem mesmo pede para ele ficar, como é
perfeitamente normal para o marido escolher trabalhar para
passar o Natal com a família dele. E eu acho que é. É como
sempre foi.

Uma vez que ele se foi, nós três seguimos para a sala de
estar, e minha mãe pega os presentes debaixo da pequena
árvore que Celeste pagou para ser montada.

Ambas as mulheres abrem seus presentes, gritando com


prazer. Celeste se joga nos meus braços, me dando um beijo
na minha bochecha. — Muito obrigada. — Ela coloca o relógio
de aço inoxidável da Tiffany em seu pulso e o mostra para
minha mãe. — Não é lindo? — Eu não sei por que ela está
agindo tão chocada, ela escolheu a maldita coisa sozinha.

Minha mãe concorda. — Isto é. Obrigada, Nick.

Ela segura o certificado para o cruzeiro de uma semana


que comprei para ela e meu pai. Esse presente eu escolhi eu
mesmo. Independentemente de quão congelado meu coração
se tornou, não acho que vou parar de tentar ajudar meus pais
a reacender o amor que um dia tiveram um pelo outro, mesmo
que eu tenha aceitado que provavelmente não vai acontecer.
Imaginei que um cruzeiro seria um bom lugar para eles se
afastarem e aproveitarem a companhia um do outro.

— De nada, mamãe.

Ela se inclina e me dá um beijo na minha bochecha. —


Eu te amo, docinho.

Eu aceno distraidamente enquanto as mulheres abrem os


outros presentes que eu tenho para elas, os sorrisos em seus
rostos nunca vacilam, e eu me pergunto o que seria necessário
para colocar um sorriso no rosto de Olivia.

A maioria das mulheres é simples. Joias caras, roupas,


viagens, e elas estão satisfeitas. Olivia, por outro lado, naquele
dia no vestiário e depois no hospital, não queria nada que eu
tivesse para oferecer. Então eu questiono por que estou
pensando sobre o que seria necessário para deixá-la feliz. Não
é meu trabalho fazê-la feliz. Eu não deveria querer fazê-la feliz.
Celeste pode pensar que vou acabar com Olivia, mas ela
está errada. Olivia escolheu ir embora naquela manhã. Ela é
uma das razões pelas quais eu concordei com o acordo com
Celeste em primeiro lugar. Sem emoções.

Mas mesmo quando tento me convencer do que estou


pensando, é como realmente me sinto, não posso ignorar o fato
de que Olivia passou pela minha cabeça uma dúzia de vezes
desde que Celeste e eu conversamos. Posso não querer que ela
esteja em meus pensamentos, mas isso não a impede de estar
neles.

— Tudo bem, eu preciso ir até Olivia.

— Espere, eu tenho um presente para vocês dois. —


Minha mãe corre até sua bolsa e pega um envelope.

Celeste abre e pula do sofá. — Oh, Victoria! Obrigada!

— O que é isso?

— É uma reunião agendada com Dedra Fray, uma das


mais requisitadas planejadoras de casamentos do mundo!
Como você fez isso? Ouvi dizer que ela tem uma lista de espera
de um quilômetro e meio.

— Eu me tornei íntima com Kelly Parks.

— A mãe de Zack Parks, meu companheiro de equipe? —


Eu questiono.

— Sim, ela é tão doce. De qualquer forma, sua esposa já


contratou a Dedra, e quando eu mencionei que Celeste estaria
procurando um planejador em breve, ela pediu um favor.
Acontece que Dedra é uma grande fã sua, Celeste.

— Oh, uau! Obrigada. Eu mal posso esperar para


começar a planejar nosso casamento. Você vem comigo, certo?
— Ela pergunta para minha mãe.

— Claro. Talvez finalmente possamos fazer sua mãe voar


comigo para que ela possa se juntar a nós.

— Eu duvido, — Celeste diz com uma carranca. — Faz


dez anos desde que me mudei para Nova York, e ela não
concordou em sair de Piermont. Nem mesmo por um fim de
semana.

— Eu sei, mas talvez eu possa convencê-la, — diz minha


mãe.

— Sim, talvez. — Celeste encolhe os ombros.

— Você sabe, quando falei com Dedra, ela mencionou


alguns locais que têm disponibilidade. Ela acha que a Mansão
Seversky pode até ter uma abertura para um casamento de
verão.

— Este verão? — Eu chuto para fora. Minha garganta


parece apertar e bloquear meu fluxo de ar.

— Sim, Nicholas. Este verão. — Minha mãe me lança um


olhar duro.

— Eu pensei que íamos fazer um noivado mais longo, —


eu menciono para Celeste, que agora está atirando adagas em
minha direção. Eu acho que a emoção sobre os presentes se
esgotou.

— Você está tendo dúvidas? — Celeste pergunta. Ela


levanta uma sobrancelha, desafiando-me a mentir para ela...
ou talvez admitir a verdade. O problema é que não sei qual
resposta seria uma mentira ou a verdade.

— Podemos por favor falar sobre isso quando você voltar?


— Eu pergunto. — Eu realmente preciso ir até a Olivia para
discutir essa situação de paternidade.

Celeste acena com a cabeça uma vez. — Claro. — A dor


que vem em sua voz é evidente, e odeio que eu seja a razão pela
qual ela está sofrendo, mas eu não sei como consertar nada
disso.

— Não seja assim. — Tento pegar a mão dela quando ela


se vira para ir embora, mas ela tira a mão do meu alcance. —
Eu vou te ver quando você voltar, — eu digo a ela enquanto ela
caminha pelo corredor em direção ao nosso quarto.

Ela me ignora e, sabendo o quão teimosa ela é, eu não


tento me desculpar. Em vez disso, me despeço da minha mãe
e saio.
— Você acha que o sofá ficaria melhor contra essa
parede? — Giselle aponta para a parede em frente à lareira. —
Ou talvez esta parede? — Ela aponta para a parede adjacente
ao que ela acabou de apontar.

Fomos acomodadas em nosso apartamento em Brooklyn


Heights por quase um mês, mas estou começando a achar que
Giselle nunca se adaptará à nossa decoração. Montamos uma
pequena árvore de Natal no canto e, agora que já passou,
Giselle voltou a arrumar nossos móveis. A mulher nem esperou
até o dia de Ano Novo para derrubar a árvore.

Quando encontrei este apartamento on-line, ela insistiu


para que mantivéssemos todos os móveis que tínhamos no
apartamento de Paris. Ela alegou que era porque ela não queria
que gastássemos o dinheiro com tudo isso para Nova York,
mas nós duas sabíamos que ela só precisava de uma desculpa
para decorar enquanto estava procurando emprego.

Com um diploma de bacharel e mestrado em Design de


Interiores, minha melhor amiga sabe melhor tudo o que há
para saber sobre a decoração de um lugar. Quem poderia saber
que você poderia ir à faculdade por seis anos para aprender a
decorar um quarto?

— Eu acho que deveria ficar exatamente onde está. — E


sim, minha resposta tem tudo a ver com o fato de que
atualmente estou sentada no sofá em questão. Giselle balança
seu quadril e olha, me conhecendo muito bem. Eu rio,
colocando Reed no seu berço.

Seu telefone emite um sinal sonoro indicando uma


mensagem recebida. Quando ela olha, seu rosto se ilumina.

— Christian? — Eu pergunto.

— Sim. — Ela sorri, digitando algo de volta. — Eu


simplesmente não posso acreditar que estamos juntos
novamente.

— Por quê? Porque ele é um músico famoso agora?

— Não... bem, sim, eu acho que é um pouco disso. — Ela


ri, jogando-se no sofá ao meu lado. — Estou tão feliz. Você
pensaria que depois de não se ver por seis anos, seria estranho.
Mas não foi. É como se tivéssemos nos recuperado de onde
paramos todos esses anos atrás. É tão surreal, como em
qualquer momento que eu acordar e tudo terá sido um sonho.
Quando saí para Paris, sinceramente nunca pensei que
estaríamos juntos novamente, e eu aceitei isso, sabe?
Christian precisava seguir seus sonhos e eu precisava
perseguir os meus.
— Mas vocês acharam o seu jeito um com o outro. Você
merece ser feliz. — Giselle não fala muitas vezes de sua
infância, mas pelo pouco que ela mencionou ao longo dos anos,
não foi fácil crescer.

— Eu sei, mas às vezes me sinto culpada.

— Você não pode se sentir culpada por viver sua vida.


Sua mãe tem seu pai, e é seu trabalho como marido ajudá-la.
Você visita o tempo todo, e você está lá para a sua irmã. Você
não pode fazer tudo por todos.

— Eu sei. Eu sei que você está certa, mas isso não me


impede de continuar me sentindo assim.

— Bem, pare de se sentir assim! — Eu puxo Giselle em


um abraço. — Você sabe que se precisar de alguma coisa que
eu estou aqui, certo?

— Você faz o suficiente, mas sim, eu sei. Obrigada.

— Eu vou tomar um banho rápido antes de sairmos para


o brunch. Você pode ficar de olho no homenzinho?

— É claro.

Ontem foi Natal, mas como meu pai estava fora para um
jogo, todos nós estamos nos reunindo hoje para comemorar.
Quando me levanto, a campainha toca indicando que alguém
está lá embaixo, então eu aperto o botão. — Olá?

— Eu tenho uma carta certificada para Olivia Harper


assinar.
— Ok. — Eu libero sua entrada.

— Resultados de paternidade? — Pergunta Giselle.

— Eu tenho certeza. — Rolo meus olhos enquanto ando


até a porta para esperá-lo para que ele não bata e acorde Reed.
Estamos no terceiro andar, então o mensageiro terá que pegar
o elevador.

Quando o vejo andando pelo corredor, percebo que ele


não está sozinho. Cole – merda, quero dizer, Nick – está com
ele, e, por Deus, ele parece quente. Ele está de pé ao lado do
mensageiro em uma camisa Lacoste de colarinho azul-bebê
que se encaixa muito bem em seus braços e peito, jeans
desgastados e um par de Nikes. O cara definitivamente sabe
fazer casual – não! Não! Eu não irei lá. Ele é um idiota que nem
sequer quer seu próprio bebê e isso o torna feio ‘pra’ caralho,
NÃO gostoso.

— Entregando seus próprios resultados de paternidade?


— Eu digo para dar a ele atitude, e ele realmente tem a coragem
de zombar de mim.

— Ele estava chegando ao mesmo tempo em que eu


estava, então vim junto. — Seus lábios se contorcem em um
sorriso meio tipo ‘foda-se’ que me faz querer dar um tapa para
arrancar esse sorriso de seu lindo rosto.

— Da próxima vez, interfone. — Ele me dá um olhar


confuso. — Dessa forma eu posso negar seu acesso, — explico.
Ele me olha com um olhar duro, e eu devolvo outro.
— Tão madura, — ele murmura. Eu ignoro isso e pego o
envelope do pobre garoto que parece inseguro sobre o que
fazer. Mostro-lhe a minha identificação e assino, depois dou-
lhe uma gorjeta. Ele me agradece e sai correndo. Garoto
esperto...

Antes que eu possa convidar Nick, ele assume a


responsabilidade de atravessar a minha porta.

— Claro... vamos entrar. — Eu bato a porta atrás de mim


em frustração e imediatamente me arrependo quando Reed
começa a choramingar. — Droga.

— O que ele está fazendo aqui? — Giselle sussurra, seu


nariz enrugado em desgosto. Já mencionei o quanto amo
minha melhor amiga que está do meu lado totalmente?

— Eu sou o pai, — afirma Nick com naturalidade.

— Não, você é o doador de esperma, — Giselle assobia de


volta. — Um pai é um homem que reivindica seu bebê e cuida
dele. Você simplesmente atirou sua carga em sua vagina. X
mais Y é igual a bebê. Você é o doador de esperma, não o pai
de Reed.

Nick solta um bufo irritado e eu dou uma risada. Os gritos


de Reed se acalmam, dizendo que ele voltou a dormir.

— Você gostaria de algo para beber? — Pergunto a Nick,


minhas maneiras vencem o meu desejo de dizer a ele para
pular do prédio. Ele balança a cabeça e eu vou a cozinha para
pegar uma garrafa de água para mim.
Abrindo a tampa, engulo metade da garrafa, morrendo de
sede. Giselle e eu acabamos de fazer yoga. Eu tenho feito isso
desde que eu era uma garotinha com minha mãe. É um ótimo
alívio para o estresse e uma boa maneira de começar a
recuperar meu corpo. Ainda estou em minhas roupas de treino
e estou quente e suada.

Quando volto para a sala de estar, Giselle está parada


perto do berço parecendo um cão de guarda humano, e Nick
está do outro lado.

— Tudo bem? — Eu venho ao lado de Nick, e ele está


olhando para Reed dormindo.

Ele limpa a garganta e se afasta. — Você o nomeou Reed?

— Sim, Reed Cameron Harper. — Faço questão de colocar


ênfase no fato de nosso filho ter meu sobrenome. — Reed é o
segundo nome do meu pai, e Cameron era o da minha mãe. —
Ele balança a cabeça, e nós dois ficamos olhando um para o
outro. Eu não sei o que dizer, e ele não está dizendo nada
também.

— Por que você está aqui? — Giselle pergunta, quebrando


o silêncio. Nick ignora sua pergunta, olhando de volta para
Reed. Giselle e eu cruzamos nossos olhares e eu dou de
ombros.

— Eu vou tomar banho, — ela diz, mas sai mais como


uma pergunta, questionando se eu quero ficar sozinha com
Nick.
— Ok. — Eu dou-lhe um sorriso tenso. Uma vez que ela
está no corredor, eu me viro para Nick. — Por que você está
aqui? — Repito a pergunta de Giselle, só que desta vez ele não
a ignora.

— Eu nunca pensei que me tornaria um pai.

— Eu nunca pensei que iria engravidar da minha


primeira vez que fiz sexo casual de uma única noite. — Eu me
inclino contra o braço do meu sofá, não deixando o lado de
Reed.

— Eu realmente pensei que tivéssemos usado proteção.

— Olha, — inclino a cabeça para o nosso bebê dormindo


e dou um sorriso sarcástico para Nick. — Realmente não
importa agora. Estou assumindo que os resultados dizem que
você é o pai.

— Sim.

— Ótimo, feliz por termos resolvido isso sem ter que ir a


juízo.

Nick suspira de frustração, seus olhos se fechando


brevemente. Quando ele os abre, ele me bate com um olhar
duro. O verde brilhante em seus olhos me lembra a grama
verde fresca no Central Park, o primeiro sinal de primavera e
calor depois de um inverno longo e branco. Reed tem seus
olhos. Eles ainda estão escuros desde que ele é um recém-
nascido, mas a esmeralda já está brilhando.
Eu deveria dizer alguma coisa, mas não sei. Eu me recuso
a tornar isso fácil para ele. Não pedi para ficar grávida, mas
aqui estou com um bebê. Eu não me arrependo de ter meu
filho. Eu o amo com todas as fibras do meu ser. Mas não
planejei nem pedi isso. Minha vida mudou completamente
enquanto a de Nick permaneceu a mesma.

Todos os dias eu vivo com medo de estragar a vida do meu


filho. Fazer a decisão errada. E se ele um dia me culpar porque
não tem pai? Ser mãe nova é muito trabalho. Estou exausta.
Estou emocionalmente e mentalmente esgotada. Estou
fazendo o melhor que posso, mas estou com medo de que o
meu melhor não seja bom o suficiente.

— Eu não sei o que dizer, Liv, — ele finalmente diz,


usando o nome que eu dei a ele, e eu tenho que me forçar a
não voltar para aquela noite todos aqueles meses atrás.
Quando tudo entre nós clicou. Quando seus beijos só tinham
a capacidade de me deixar louca.

— Você não tem que dizer nada, Nick. — Isso é tão


estranho. Você nunca saberia menos de um ano atrás, que o
homem em pé na minha frente me fodeu de todas as maneiras
possíveis e, em seguida, me segurou em seus braços enquanto
conversávamos por horas.

— Eu não seria um bom pai. — Seus lábios se abrem para


uma carranca, e a tristeza em sua voz faz meu coração ficar
apertado.
Meu instinto natural é alcançá-lo e confortá-lo, dizer a ele
que ele pode fazê-lo, assim como faria com um de meus alunos
de arte quando dou aulas e eles sentem que estão falhando.
Quando eles estão com medo, eles não podem desenhar ou
pintar bem o suficiente. Mas eu não faço porque ele não é um
estudante ou uma criança, e não é meu trabalho consolá-lo.
Meu trabalho é cuidar de Reed, e se Nick não quer ser seu pai,
essa é a escolha dele. Há uma razão pela qual a adoção é uma
opção. Nem todo mundo é cotado para ser pai.

— Agora que a paternidade foi estabelecida, você pode


fazer com que seu advogado redija documentos para renunciar
aos seus direitos paternos. — Nick se encolhe um pouco, quase
como se as palavras que acabei de dizer o incomodassem, mas
eu o ignoro. — Depois disso, mande-os para o meu advogado.
Eu dei as informações de Reed e minhas ao seu advogado no
outro dia no escritório quando trouxe Reed para ser
examinado. Não há razão para você voltar para cá nunca mais.

— Eu posso te dar dinheiro... — ele tenta dizer, mas


levanto minha mão para detê-lo.

— Nós já tivemos essa conversa. Eu não quero nem


preciso do seu dinheiro. Parece que eu estou vivendo nas ruas?
— Olho em volta da minha casa para fazer o meu ponto.
Estamos de pé em um apartamento de vários milhões de
dólares, pelo amor de Deus, em uma das áreas mais ricas de
Nova York.

— Eu posso cuidar do meu filho muito bem.


— Eu não disse que você não podia. — Sua mandíbula
aperta. — Só estou apenas tentando fazer a coisa certa aqui.

— Bem, você não precisa se preocupar em fazer a coisa


certa. Fui embora naquela manhã sem lhe dizer nada sobre
mim ou obter sua informação. Você não teve nada a dizer sobre
isso, e eu não vou forçar nada em você.

Ele suspira de frustração e então diz: — Se não é o


dinheiro que você quer, então o que é? — Ele corre os dedos
pelo cabelo já bagunçado, bagunçando um pouco mais. —
Droga, Liv. Eu não sei o que você quer de mim. — Seus olhos
estão implorando para eu dar a resposta certa, mas não posso
fazer isso porque o que eu quero não é possível.

O que quero dizer a ele é que eu quero dar a Reed uma


família. Uma com uma mãe e um pai que o amam e se amam.
Quero poder dizer a meu filho que ele foi concebido por amor e
não por uma noite de bebedeira. Eu quero implorar para ele
mudar de ideia sobre querer seu filho. Mas não digo nada
disso. Em vez disso, eu digo:

— Eu não quero nada de você. Agora, se não há mais


nada, estou fedorenta e suada, — olho para baixo — e eu
poderia realmente tomar banho antes que Reed acorde. Acho
que é melhor você ir. — Eu dou de ombros em total indiferença
quando realmente sinto o completo oposto. Ele me irritou e
quero socá-lo enquanto também quero rastejar na minha cama
e chorar feio.
— Ok. — Ele balança a cabeça lentamente, seus olhos
correndo de Reed para mim. Ele se vira e caminha até a porta.
Ele abre e depois se vira como se quisesse dizer alguma coisa.
E uma pequena parte de mim – a parte que ainda acredita
estupidamente em contos de fada – mantém a esperança de
que talvez ele tenha mudado de ideia. Enquanto outra parte de
mim considera, mesmo por um breve momento, deixar escapar
tudo que pensei e ver onde as fichas caem. Mas a maior parte
de mim quer empurrá-lo para fora e trancar a porta atrás dele
para que ele não possa me machucar mais do que já fez.

Ok... e talvez, apenas talvez, há uma pequena parte que


quer puxá-lo de volta, porque puta merda! O homem é de cair
o queixo... não! Não estou indo lá... ele está noivo e não quer o
filho dele. Ele está fora dos limites!

No entanto, eu não o empurro nem o puxo para lugar


nenhum. Em vez disso, fico congelada no lugar, esperando
para ver o que ele vai fazer. Sua boca abre e fecha como se ele
estivesse em guerra consigo mesmo, e por um segundo eu acho
que ele realmente vai dizer alguma coisa, mas ele não diz. Ele
levanta a mão e, com um sorriso triste, me dá um pequeno
aceno de cinco dedos antes de sair pela porta.

Não percebo até que a porta esteja fechada que eu não


estava respirando, e deixo escapar uma respiração muito
necessária, lágrimas sendo liberadas que eu não sabia que
estava segurando. Elas correm pelas minhas bochechas uma
após a outra até Giselle sair e me encontrar. Ela me segura em
seus braços enquanto deixo sair todas as emoções que eu
encerrei dentro de mim.

Enquanto eu aceito que todos os sonhos que tive quando


criança, e mesmo como adulta, de encontrar o tipo de amor
que meus pais tinham – o tipo de amor que eu anseio – não
estará se tornando realidade.
Bem, isso com certeza não saiu como planejado... então,
novamente, o que diabos eu acho que aconteceria quando
aparecesse na casa de Olivia sem avisar? Não é como se eu
tivesse exatamente um plano. Eu fui lá com a intenção de
discutir que eu era o pai de Reed, mas então dei uma olhada
nele e engasguei. E em vez de fazer o que eu pretendia fazer,
mais uma vez, como um idiota, ofereci dinheiro a Olivia.

Eu sabia que no fundo da minha mente ela não aceitaria,


mas eu tinha que tentar. Porque pela primeira vez na minha
vida estou completa e totalmente perdido do que alguém quer
de mim. Eu não tenho ideia de como fazer isso direito. Ela ficou
tão... brava.

É óbvio na maneira como ela olha para o nosso filho e fala


sobre ele, que ela o ama e o quer. Mas então por que ela está
sendo tão hostil comigo? Deus me perdoe, ela apenas poderia
me dizer o que diabos ela quer de mim. E apesar de sua
negação, eu sei muito bem que ela quer algo de mim...

Assim como ela queria algo de mim nove meses atrás...


naquela noite, eu sabia exatamente o que ela queria e dei a
ela... mas, novamente, essa necessidade era mútua... porra,
era mútua – até que ela se afastou.

Acho que o que me deixa louco é que quando ela apareceu


no vestiário, eu pensei com certeza que ela queria algo de mim.
Todo mundo quer alguma coisa. Meu pai quer dinheiro e
respeito. Minha mãe quer ser aceita através do status. Celeste
quer ser financeiramente estável, sentir-se cuidada enquanto
ainda se sente independente. Mas Liv é uma história
completamente diferente, porque, de acordo com ela, ela não
quer nada. Mas se isso é verdade, então por que diabos ela me
procurou?

Enquanto ando pela calçada me afastando do prédio dela,


penso em como deixei ela zangada quando eu ofereci dinheiro.
Tentei explicar que eu estava apenas tentando fazer a coisa
certa, mas ela não estava exatamente entendendo.

Liv me lembra de um romance de mistério. Aquele que


mantém você adivinhando o tempo todo. Quanto mais eu leio,
mais pistas ele dá para eu deduzir. Mas com todas as pistas,
fico ainda mais confuso. Pelo menos com um romance, você
sabe que quando chegar ao fim, o autor amarrará todas essas
pistas juntas em um pacote limpo. Tudo o que estava confuso
finalmente fará sentido. E, com um romance, se você não tiver
paciência, pode sempre ir até o fim para ver como tudo acaba.
Mas com Liv, não há fim para recorrer. Estou tentando não
perder a paciência, mas receio que nunca descubra o mistério
que é essa mulher.
Paro na esquina e puxo o papel do bolso, precisando ler
novamente os resultados da paternidade. Como se em algum
lugar neste papel está a resposta para todos os meus
problemas.

Eu ainda não consigo acreditar que sou realmente um


pai. Uma semana atrás, eu era um jogador de futebol, um filho,
um noivo… agora, eu sou um fodido pai.

Eu balanço minha cabeça em descrença. O que diabos eu


sei sobre ser pai? Giselle não estava muito longe da verdade do
que ela disse. Os resultados podem me rotular como o pai, mas
não tenho a menor ideia do que fazer com um bebê.

E então o que acontece quando ele for mais velho? Eu


cresci desejando um pai que amaria e prestaria atenção em
mim. Desejando por uma mãe que me colocaria acima de si
mesma apenas uma vez. Eu cresci passando mais tempo com
a Sra. Kelley, minha babá, do que com meus próprios pais.

No dia em que Fiona saiu, ela olhou para mim e disse que
ter um bebê comigo seria um pesadelo. Uma mulher que teve
a pior vida de alguém que eu já conheci – criada por uma mãe
bêbada e drogada na pior parte da Carolina do Norte – na
verdade me deixou porque pensar em se casar e ter uma
família comigo era tão terrível para ela.

Olho para cima e vejo um antigo cinema ao longo da rua.


Isso me lembra de quando eu era mais jovem e pedi ao meu
pai que me levasse para ver o último filme de Star Wars, mas
ele me disse que estava ocupado demais. As únicas vezes que
ele disse sim para passar algum tempo comigo era quando eu
pedia para jogar. Lembro de jogar a bola e seu rosto se
iluminando. Foi a única vez que o vi verdadeiramente excitado.
A única vez que ele me elogiava. Meu coração se contrai
quando penso em como isso me fazia sentir bem. Eu teria
jogado a bola um milhão de vezes se isso tivesse chamado a
atenção dele. Se isso significasse que ele estava me dizendo
que eu estava fazendo um bom trabalho. Eu não queria merda
nenhuma dele. Eu só queria meu pai.

Minha mente volta ao que Fiona disse: — Você sempre


coloca seus pais em primeiro lugar. — Ela foi embora porque
precisava de alguém que a colocasse em primeiro lugar. É a
mesma coisa que Celeste tem medo de não ser colocada em
primeiro lugar. É disso que Olivia precisa? Que eu coloque
Reed em primeiro lugar?

Eu me inclino contra a parede de tijolos, observando uma


família andar pela rua. Um flashback me toma de minha mãe
e eu andando de mãos dadas pelo parque. Eu não poderia ter
mais de oito anos de idade. Nós paramos no caminhão de
sorvete e ela nos comprou os cones de sorvete maiores. Nós
nos sentamos na beira da calçada, conversando e rindo,
enquanto comíamos nossos cones. Eu sorrio, lembrando do dia
como se fosse ontem.

Ela pode nunca ter olhado para mim como Olivia olha
para Reed, mas eu gostaria de acreditar em seu próprio jeito
que minha mãe me ama. Eu só acho que em algum lugar ao
longo do caminho ela foi sugada na vida dos ricos e famosos.
E ela estava com tanto medo de voltar para onde ela veio, que
correu o mais longe que pôde na direção oposta – perdendo-se
ao longo do caminho.

Um pai e um filho passam, e o pai o agarra em um aperto,


fazendo o menino rir. Eu tento lembrar uma única lembrança
do meu pai e eu agindo assim, mas não posso.

A lembrança de Celeste sobre o que uma vez eu disse a


ela vem à tona em minha mente: você nunca sentiu que era bom
o suficiente nos olhos de seus pais. Eu não quero que uma
criança experimente a mágoa que eu tenho repetidamente,
toda vez que meus pais me decepcionaram, ou quando, aos
olhos deles, eu os decepcionei. Tudo que eu queria era que
meus pais guardassem suas carteiras e expectativas e me
amassem.

E, no entanto, aqui estou eu com um filho meu, que não


pede nada de mim e eu estou indo embora. E por quê? Porque
estou com medo da ideia de fracassar com meu filho?
Enquanto estou aqui julgando meus pais, eles são exatamente
quem eu me tornei – só que pior.

Eu joguei dinheiro em Fiona, pagando por sua escola e


pelas contas, e justifiquei isso como a amar. Já vi Olivia três
vezes e toda vez lhe ofereci dinheiro para consertar as coisas.
Eu concordei em um relacionamento de conveniência com
Celeste só para que nenhum de nós tenha que lidar com
emoções reais. Puta merda! Eu literalmente me tornei meu pai.
Mas ainda posso mudar isso. Eu posso dar ao meu filho o amor
e a atenção sem as expectativas e amarras. Eu posso mostrar
aos meus pais o que é simplesmente e incondicionalmente
amar alguém.

Meus pés começam a se mexer por conta própria e, antes


que eu perceba, estou apertando o interfone. Giselle – com
desprezo escorrendo em cada palavra que ela fala – me deixa
subir. E uma vez que eu pego o elevador até o andar delas,
estou batendo na porta delas.

Giselle abre a porta, me olhando de cima a baixo com


desgosto. — Liv está no chuveiro. Você não fez dano suficiente?

— Dano?

Ela segura a porta aberta e eu entro.

— Você é tão cego. Liv pode ser altruísta, deixando você


de fora, mas eu não sou ela. Você vem aqui, acenando suas
notas de dólares, como se compensasse o fato de que você a
engravidou e não queria nada em ser pai. Seu dinheiro
significa merda para Liv.

Eu a escuto enquanto ela confirma tudo o que está


passando pela minha cabeça, mas também adicionando ao que
eu estava pensando. Olivia quer algo de mim. Ela quer a
mesma coisa que eu queria dos meus pais toda a minha vida.

— Ela quer que eu seja um pai, — eu confirmo, e Giselle


me dá uma expressão de duh!, lembrando-me de Olivia. Bem,
eu posso fazer isso. É por isso que voltei aqui. Ela olha para
mim como se eu fosse louco e percebo que estou sorrindo. Mas
não posso evitar. Parece que um peso enorme foi tirado de
mim. Olivia não quer nada de mim, exceto eu ser pai de nosso
filho, e não um como meu pai é para mim, mas um que é
prático.

Reed choraminga, então vamos até o seu berço. — Posso


segurá-lo?

Giselle me lança um olhar hesitante, mas depois de


alguns segundos, cede. — Bem. Você alguma vez já segurou
um bebê?

— Não. — Os gritos do pequeno garoto aumentam.

— Estenda a mão e pegue-o, mas quando fizer isso,


certifique-se de manter a cabeça e o pescoço firmes. Os recém-
nascidos ainda não têm controle dos músculos do pescoço.

Chegando ao berço, eu o pego do jeito que Giselle disse.


Ele é pequeno em minhas mãos, ainda é sólido.
Definitivamente meu filho. Quando eu o levanto, seguro a parte
de trás de sua cabeça em uma mão – o resto de seu minúsculo
corpo descansando no meu antebraço – e ele para de chorar
por um segundo, confuso.

O telefone de Giselle toca no bolso dela e ela o puxa para


fora.

— Eu preciso atender isso. É a entrevista que eu estava


esperando. Estarei bem lá fora. — Ela aponta para o pátio. —
Tenha cuidado com ele. — Ela me dá um olhar aguçado. Eu a
ouço atender o telefone enquanto ela fecha a porta que leva ao
pátio externo.

Eu observo Reed enquanto seus olhos trabalham para se


concentrar, e uma vez que eles estão abertos, posso ver as íris
verdes escuras que combinam com as minhas. Suas pálpebras
vibram algumas vezes, seus olhos se movem por toda parte –
sem ter certeza do que ele está olhando – e então solta um
gemido agudo.

— Oh merda! — Eu não tenho certeza do que diabos fazer.


Olho para Giselle e ela ainda está falando ao telefone. Não
querendo interromper sua entrevista, eu faço o meu caminho
pelo corredor com o bebê chorando.

— Liv! — Eu sussurro-gritando, não tendo ideia de qual


quarto ela está. Meus olhos ficam fixos no bebê, certificando-
se de que ele não caia das minhas mãos.

Olivia abre a porta e, puta merda, ela é um maldito sonho


molhado, de pé ali apenas com uma pequena toalha macia,
com o cabelo molhado preso em um coque bagunçado, as
pontas molhadas. Eu observo enquanto uma gota corre pelo
seu pescoço – o mesmo pescoço que eu passei horas chupando
e beijando – sobre a sua clavícula, e desaparecendo em seus
peitos deliciosos.

— Que diabos você está fazendo? — Ela atravessa o


corredor e arranca Reed das minhas mãos. — Quem deixou
você entrar aqui? — Ela olha para mim enquanto balança ele
gentilmente, seus gritos sumindo a cada segundo.
— Giselle me deixou entrar. Ela teve que atender uma
ligação... uma entrevista, eu acho, e ele começou a chorar.

Ela bufa em frustração, em seguida, caminha pelo


corredor em direção à cozinha, balançando a bunda na toalha
enquanto eu sigo atrás dela. Ela para no balcão e pega uma
lata de algo com uma mão. Quando ela pega o que parece uma
mamadeira, cai no chão. Ela suspira, o bebê ainda chorando
em seus braços. Ela se inclina para cima e a parte de baixo da
toalha se levanta, me dando uma olhada em sua bunda. Jesus,
eu vou para o inferno.

— Aqui! Deixe-me ajudar. — Eu me abaixo, precisando


focar minha atenção em algo diferente de seu corpo sexy como
pecado, mas ela pega a mamadeira do chão antes que eu possa
agarrá-la. Uma vez que ela está em pé novamente, eu alcanço
o bebê em uma tentativa de ajudá-la.

— O que você está fazendo? — Ela diz.

— Estou tentando ajudar.

— Eu não preciso da sua ajuda. — Tudo bem então...


Olivia termina de fazer a mamadeira com uma das mãos, em
seguida, enfia a coisa de aparência de mamilo na boca de Reed.
Ele para imediatamente de chorar e começa a chupar. Ela
limpa cuidadosamente as lágrimas dos olhos dele, dá-lhe um
beijo na testa e depois olha para mim.

Ficamos na cozinha, olhando um para o outro por um


momento, nenhum de nós sabendo o que dizer. Esses
momentos difíceis podem ser a minha morte. Eu só conheci
Olivia por um segundo, mas ela tem que ser a pessoa mais
desafiadora que já conheci.

— Ele tem meus olhos verdes, — eu digo, tentando


quebrar o silêncio. Ela me encara e eu fecho a boca. Bem
quando estou prestes a dizer o que realmente vim fazer aqui,
há uma batida na porta.

— Jesus! — Ela diz. — Está que nem a estação Grand


Central4 aqui. — Ainda segurando o bebê e a mamadeira, e
ainda em sua toalha, ela abre a porta da frente.

E é o pai dela. Seu olhar se move para frente e para trás


entre Olivia e eu.

— Por que você está de pé em uma toalha com Nick aqui?


— Os olhos de Olivia se voltam para sua metade inferior, em
seguida, de volta para mim, vergonha colorindo suas
bochechas.

— Oh meu Deus! — Ela rapidamente empurra o bebê com


sua mamadeira nos braços do pai antes de sair correndo da
sala e voltar para o banheiro, batendo a porta atrás dela.

Eu rio, e seu pai me bate com um olhar duro. — Por que


você está aqui com a minha filha enquanto ela está em uma
toalha?

4O Grand Central Terminal é um terminal ferroviário e metroviário localizado em Manhattan, Nova


Iorque. A personagem refere-se ao fato de chegar gente constantemente no apartamento.
— O bebê estava chorando e ela acabou de sair do banho.

Ele levanta o bebê, dando pequenas sacudidas como se


tivesse feito isso um milhão de vezes. — Não explica por que
você está aqui. — Reed arrota, e o treinador o coloca de volta
em seus braços, dando-lhe um pouco mais da mamadeira.

— Eu vim aqui para ver Reed. — Eu estudo o treinador


por alguns momentos, comparando-o ao meu pai. Aposto que
meu pai nunca me alimentou ou me trocou. Ele provavelmente
nunca me segurou. Kelley fez parte da minha vida desde que
consigo me lembrar. Eu duvido que meus pais realmente
cuidassem de mim mais do que precisassem. Enquanto isso,
Liv está fazendo tudo sozinha aqui – com a ajuda de seus
amigos e familiares. Não com a ajuda do pai do bebê.

— Você está bem? — O treinador pergunta, preocupação


evidente em seus olhos. Eu olho do meu filho para ele e sei o
que preciso fazer. Minhas palavras não vão fazer diferença com
Liv ou o pai dela. Preciso mostrar a eles através das minhas
ações.

— Sim.

— Vamos sair para o brunch para celebrar um Natal


atrasado. Você gostaria de se juntar a nós?

Eu considero por um momento, mas depois Olivia volta,


vestida e atirando adagas em mim, e acho que seria melhor
não a perturbar ainda mais.
— Tudo bem. Há algo que preciso cuidar. Eu te vejo
amanhã no treino. — Estou prestes a sair pela porta, mas
antes que eu pare, me inclino e dou um beijo na testa do meu
filho.

Quando chego em casa, faço uma ligação para o meu


advogado com o meu pedido. Ele disse que arquivaria a
papelada hoje e que Olivia deveria receber os documentos nos
próximos dois ou três dias. Em seguida, ligo para Celeste, não
querendo que ela ouvisse isso de ninguém. Quando chega a
mensagem de voz, lembro-me que ela está em um avião para
Los Angeles.

Eu ligo para Killian e peço que ele me encontre em uma


loja de bebê, e ele concorda. Estou com medo da ideia de ser
pai de alguém, mas estou confiante de que com o tempo vou
pegar o jeito. A prática leva a perfeição, certo?

Tenho certeza que compramos todos os itens imagináveis


na loja de bebê. Felizmente, eles entregam, e eu não vou ter
que lidar com nada disso até amanhã, quando tudo acontecer.

Eu tenho treino de manhã, então marquei para que tudo


seja entregue à tarde. Vendo que são quase nove horas aqui,
eu ligo para Celeste, já que ela provavelmente chegou a Los
Angeles há algumas horas.

— Nick, — ela responde.

— Como vai em LA?

— Bem. É uma visita rápida para uma filmagem de última


hora para minha linha de primavera. Volto amanhã.

— Eu preciso falar com você.

— Olha, se é sobre eu não ir com você ver Olivia...

— Eu decidi apelar para custódia conjunta. Meu


advogado está preenchendo a papelada hoje.

Quando ela não fala nada, eu continuo. — Eu quero ser


o pai de Reed.

— Reed? — Sua voz é suave, muito diferente de Celeste.

— Esse é o nome dele. Eu o vi hoje, e ele tem os mais


lindos olhos verdes e uma espessa camada de cachos
castanhos. Ele merece ter um pai. Eu sei que você de todas as
pessoas pode entender isso.

Celeste fica muda, então eu continuo falando. Se vamos


estar juntos de alguma forma, ela terá que estar a bordo com
meu filho ficando aqui em nossa casa. — Eu comprei um
monte de coisas de bebê hoje. Tudo será entregue amanhã.

— Onde você vai colocar tudo isso? Nós só temos três


quartos.
— Killian está me ajudando a mudar minha mesa e
arquivos para o seu escritório. Eu percebi que podemos
compartilhar apenas um escritório. E isso vai abrir um quarto,
para que eu possa transformá-lo em um berçário para quando
Reed vier.

Quando Celeste não diz nada, eu puxo o telefone para


longe da minha orelha. Isso mostra que ela ainda está na linha.
— Celeste?

— Sim, — ela diz baixinho. — Eu preciso correr.

— Tudo bem... tenha uma boa noite.

— Você também.
— Aquele filho da puta! — Eu jogo os papéis na mesa, e
Giselle os junta novamente. Estou tão chateada que eu poderia
matá-lo!

— Ele pediu a guarda conjunta? — Ela questiona depois


de ler o documento principal.

— Sim! A última coisa que ele disse para mim foi que ele
não queria filhos! Ele disse que não seria um bom pai! Agora…
ele quer a custódia compartilhada! Meio a meio!

Eu me sento à mesa, minha cabeça descansando em


minhas mãos. Não sei o que aconteceu, o que mudou sua
mente, mas ele poderia ter me avisado.

— Nós poderíamos ter discutido isso. Eu não entendo o


que aconteceu que fez com que ele não apenas mudasse de
ideia, mas desse entrada na custódia conjunta.

— Diz que ele concorda em pagar pensão alimentícia


também. — Giselle coloca o documento na mesa. — Talvez ele
esteja apenas tentando fazer a coisa certa.
Fazer a coisa certa... essas são as mesmas palavras que
Nick jogou em mim no outro dia.

— Eu deveria ter sabido que ele estava tramando algo


quando voltou no outro dia. — Pego meu telefone e ligo para o
meu advogado. Sua assistente transfere a ligação.

— Olivia, acabei de receber a petição.

— Ele disse que não queria filhos. — Minha voz racha


com o pensamento de meu bebê ter que ir com ele e sua
malvada noiva – o que me lembra que eu ainda preciso jogar
fora toda a maquiagem com seu nome estúpido nelas!

— Ele não queria Reed. Por que ele está fazendo isso?

— Não tenho certeza. Mas como pai que teve a


paternidade reconhecida, ele está dentro de seus direitos. Você
tem trinta dias para responder, mas ele pediu o direito de visita
nesse meio tempo.

— Quanto tempo eu tenho antes que eu precise responder


ao seu pedido de visitação?

— Quatorze dias para a visitação temporária e trinta dias


para a custódia compartilhada.

— Ok, você pode por favor esperar até o último dia? Talvez
ele mude de ideia.

Nos despedimos, e eu ligo para o meu pai. Quando ele


não atende, lembro que é sexta-feira. Amanhã é dia de jogo. Eu
olho online e vejo que é um jogo em casa. Bom! Isso significa
que não vou ter que esperar Nick chegar em casa para matá-
lo. Então uma ideia se forma. Ele quer foder comigo, bem dois
podem jogar este jogo.

Reuni minhas garotas – Corrine, Shelby e Giselle – e


estamos sendo recepcionadas no camarote do dono. Eu não
lhes contei meu plano, com medo de que elas tentassem me
impedir, mas eu ainda as queria comigo para o caso de algo
dar errado.

Sei que elas terão minha retaguarda, independentemente


se eles acham que eu fiz algo estúpido. Reed está dormindo e
estou procurando meu alvo. Se ela não estiver aqui, meu plano
não funcionará. Eu a vejo, e quando ela me nota, coloco meu
plano em ação. Imaturo, claro. Sujo, definitivamente. Mas
também foi Nick pedindo custódia sem me contar!

Suavemente, eu balanço Reed para acordar – não me


julgue. Ele começa a chorar e os olhos de todos começam a se
aproximar de nós. Giselle me lança um olhar confuso, mas eu
a ignoro, levantando-me e fingindo acalmá-lo.

A verdade é que ele odeia quando você o atormenta


demais. Ele prefere ser ninado. Seus gritos continuam a ficar
mais altos. Com o canto do olho, vejo a noiva de Nick
encarando Reed com horror, sua boca apertada em
aborrecimento e seus olhos apertados de dor diante dos gritos
altos vindo do meu bebê.

Eu seguro meu sorriso, fingindo estar preocupada,


enquanto isso Reed agora está chateado e chorando no topo de
seus pulmões. Eu não quero nada mais do que acalmá-lo, e eu
vou em breve.

Celeste continua a olhar furiosamente para mim, com os


olhos cerrados por causa dos sons de Reed que arranham os
ouvidos. E quando ela não aguenta mais, ela pega a bolsa e sai
da sala. Assim que a porta se fecha atrás dela, eu
imediatamente desacelero meu balanço, e meu bebê
instantaneamente abaixa seus gritos.

— Shh... mamãe está arrependida, baby, — eu falo muito


suavemente, enxugando as lágrimas. Seus olhos começam a
se fechar.

— Você é má. — Corrine sorri maliciosamente.

— Eu não sei do que você está falando. — Banco a


inocente, tentando esconder meu sorriso triunfante.

— Eu a vi aqui várias vezes. Ela aparece de vez em quando


para apoiar seu noivo. Ela está sempre vestida de maneira
impecável e sempre fala com a mídia.

— Se eu aprendi alguma coisa observando meu pai com


minha mãe e depois com você, é que os homens seguem o
exemplo da mulher. Se ele pediu custódia porque ela quer
brincar de casinha, espero que isso a faça pensar duas vezes.

— E se ele pediu porque quer ser pai? — Eu paraliso com


a pergunta dela. Eu não tinha pensado nisso. Fiquei tão brava
com o fato de que ele agiu pelas minhas costas, que nunca
considerei seus motivos, ou que eles poderiam ser puros.

— Eu vou atravessar essa ponte quando chegar nisso.


Com base em sua reação a Reed chorando, se ela quisesse
brincar de casinha, provavelmente estaria implorando a ele
que desistisse de sua petição de custódia conjunta. Acho que
logo descobriremos quais são seus motivos.

Corrine me dá um sorriso suave, daqueles que as mães


dão aos filhos logo antes de dar conselhos. — Eu sei que você
está ferida e nada está acontecendo como você imaginou. Mas
a única coisa que aprendi com meu divórcio com o pai de
Shelby é que é melhor se dar bem e ser simpático do que irritar
todo mundo. Se ele está sendo sério sobre ser pai, vocês dois
vão criar Reed juntos pelos próximos dezoito anos.
Nós ficamos por todo o jogo. Eventualmente, Celeste
retornou, mas eu não faço nenhum outro joguinho – não quero
incomodar Reed novamente.

Nova York vence, e depois que as equipes saem do campo


para os vestiários, Giselle e eu vamos embora. Eu queria
confrontar Nick, mas as palavras de Corrine me fizeram querer
evitá-lo, enquanto eu aceito a dura realidade dessa situação.
Se ele preencheu os papéis porque ele quer ser pai, eu vou ter
de compartilhar o meu filho... nosso filho com ele, bem como
com sua futura esposa.

Chegamos em casa e eu deito Reed para dormir no seu


berço. Agarrando uma taça de vinho e meu laptop, busco
alguns sites de museus na região. Enquanto amo estar em
casa com Reed, um dia eu vou querer encontrar um emprego
e fazer o que sou apaixonada, compartilhar meu amor pela arte
com os outros. Eu tinha planejado voltar para a França um
dia, mas agora não tenho certeza de que isso será possível.

Giselle saiu para jantar com Christian, então, quando


alguém bate na porta, meus pensamentos são de que
provavelmente é meu pai. Corrine perguntou se ela poderia
contar a ele sobre a petição que Nick deu entrada, e eu disse a
ela que podia.

Eu olho através do olho mágico, e quando vejo que é Nick,


abro a porta. — Você não sabe como usar o sistema de
interfone no andar de baixo como todo mundo?
Ele encolhe os ombros. — Percebi que Reed poderia estar
dormindo, então eu segui alguém. — Ele entra na minha casa
sem convite. — Você recebeu minha petição?

Acho que estamos indo direto ao ponto. — Sim, obrigada


pelo aviso prévio. — Eu vou bater a porta, mas paro. Minha
raiva não vale a pena para acordar meu bebê recém-nascido.

— Eu ia contar para você, mas você não estava de bom


humor. Imaginei que seria melhor mostrar a você através das
minhas ações.

— Oh, você com certeza me mostrou. — Minhas mãos vão


para meus quadris.

— Tudo bem... — Ele me dá um olhar confuso, e eu olho


para ele, silenciosamente desejando que um ônibus espacial
desça e o sequestre.

— Bem, eu não tive uma resposta ainda, então queria


perguntar se eu podia ver Reed.

Um caroço enorme forma minha garganta e tenho que


engolir várias vezes antes de falar. — Acabei de receber os
papéis. Eu tenho catorze dias para responder.

— Sim, eu sei, mas eu estava pensando que poderia


passar algum tempo com ele enquanto esperávamos que tudo
isso passasse pelos tribunais e se tornasse oficial.

— Não. — A palavra sai antes que eu pudesse pará-la, e


o olhar confuso de Nick se transforma em raiva.
— Não? Você vai manter meu filho longe de mim? — Seus
olhos olham por cima do meu ombro e ao redor da sala para
Reed.

— Ele está dormindo. Eu acho melhor você ir. Como eu


disse, tenho quatorze dias para responder, e até então não há
acordo. — Minhas mãos estão suadas, então eu as esfrego no
meu jeans para acalmar meus nervos.

Nick me dá um olhar incrédulo. — Eu não entendo. — Ele


esfrega o rosto para cima e para baixo com as mãos e, em
seguida, bloqueia os olhos comigo. — Você tem que me dar algo
aqui, Liv. Você não pode realmente estar pensando em lutar
contra mim por querer passar um tempo com nosso filho. Você
veio a mim. Naquele dia no vestiário. Você chegou lá e virou
meu mundo de cabeça para baixo. Você disse que não queria
nada de mim. Você só queria que eu soubesse que sou o pai.
O que você achou que o resultado seria quando você me
contasse? Se você não queria que eu fosse pai, não deveria ter
dito nada quando me reconheceu. Você lutou por isso e agora
está lutando contra isso. O que você está fazendo não faz
nenhum sentido.

Ele está frustrado e confuso, e eu não o culpo. Ele acertou


em cheio. Eu não pensei em nada disso. Eu o vi jogando, e tudo
que pensei foi que eu seria capaz de dar ao meu bebê o pai
dele. Nunca imaginei que ele estaria noivo e não seríamos uma
família. Eu nunca considerei que teria que desistir do meu filho
cinquenta por cento do tempo. Eu estava cega por querer
aquele estúpido felizes para sempre. Mas nada disso é
problema de Nick. Ele está fazendo a coisa certa, e ele está
certo, eu não posso manter nosso filho dele.

Depois que eu tomo uma respiração calmante, então não


choro na frente dele, forço minhas lágrimas para trás e digo:
— Você está certo. — Eu aceno uma vez. — É tarde, e como eu
disse, ele está dormindo. Amanhã estaria bem?

Eu só sugiro isso porque amanhã é a véspera de Ano


Novo. Não há como ele concordar em ter um bebê em uma das
maiores festas do ano. Tenho certeza que ele e sua noiva têm
planos.

Os ombros de Nick caem em alívio. — Sim, estou de folga


amanhã desde que jogamos hoje. Eu posso passar à tarde.

— É véspera de Ano Novo, — eu indico, mas ele


simplesmente encolhe os ombros.

— Tenho certeza de que nossos únicos planos eram ir


para a festa da equipe, mas vou cancelá-los, ou ela pode ir
sozinha.

— E quando você o traria de volta? — Por favor, diga em


poucas horas. Por favor, diga em poucas horas.

— Comprei um berço e outras coisas, para poder ficar


com ele a noite e trazê-lo de volta pela manhã. Nós não temos
treino até o dia seguinte.

Não conseguindo falar, aceno de cabeça novamente,


então caminho até a porta, abrindo-a para indicar que eu
quero que ele vá embora. Ele me dá um olhar interrogativo,
mas eu desvio meus olhos, não querendo olhar para ele.

— OK. Bem, acho que te vejo amanhã.

Ele me lança um pequeno sorriso, me agradece e sai.


Quando ele está apenas do outro lado do meu limite, ele se vira
como se fosse dizer algo, mas muda de ideia. Ele parece fazer
muito isso. Eu fecho a porta, tranco e fecho os olhos, desejando
que toda essa provação seja um grande pesadelo do qual eu
vou acordar.
É quase meio-dia, e estou deitado na cama, meio
acordado, quando a cama cai um pouco. Por esta hora do dia,
eu geralmente vou para a minha corrida diária e iria para a
academia para me exercitar, mas com tudo acontecendo, tirei
o dia de folga.

Eu rolo e Celeste está de frente para mim. Ela teve que


participar de uma sessão de fotos na noite passada depois do
meu jogo. Porque aconteceu tão tarde, ela acabou ficando em
um hotel perto de onde eles estavam filmando.

— O que você ainda está fazendo na cama? É quase meio


dia.

Eu me sento e tomo um gole da minha garrafa de água


que deixei na mesa de cabeceira. — Eu tirei um dia de folga. E
aí?

Seus olhos se arregalam e seu sorriso é enorme. — Eu


tive uma resposta do Richard Ford.

— O designer? — Celeste tem procurado expandir sua


empresa. A partir de agora, ela tem uma maquiagem e uma
linha de acessórios, ambos os quais estão se superando muito
além do que ela jamais imaginou. Agora seu objetivo é começar
sua própria linha de roupas. Ela está lançando essa linha para
vários investidores diferentes, mas quem ela realmente queria
fazer parceria é Richard Ford. De acordo com Celeste, ele é um
dos principais designers do mundo.

Eu me ofereci para lhe emprestar o dinheiro para que isso


acontecesse, para que ela não tivesse que ser parceira de
ninguém, mas ela me disse que isso é algo que ela quer fazer
por conta própria.

Eu investira na startup inicial de sua empresa há alguns


anos e fiquei chocado quando ela pagou integralmente seu
empréstimo – incluindo juros – mais cedo do que o que
tínhamos originalmente combinado. Dizer que eu tenho muito
orgulho dela é um eufemismo. Do lado de fora, Celeste pode
parecer que não é nada mais do que uma bela modelo, mas não
deixe sua capa te enganar. O interior é uma mulher de
negócios inteligente e experiente.

— Sim! Ele está todo dentro! — Ela grita. — Eu não posso


acreditar, Nick. — Ela bate suas mãos com excitação. — A
produção começará no início da primavera.

— Isso é incrível! — Eu puxo-a para um abraço.

— E tem mais. Várias das lojas de departamentos e


boutiques que eu conversei disseram que estão interessados
em vender minha linha. Se tudo correr bem, minhas roupas
estarão nas lojas no próximo Natal! E não apenas nos Estados
Unidos! Estou falando internacional... Milão e Paris... Itália!

— Olhe para você, conquistando o mundo. — Aperto a


mão dela.

— Meus sonhos estão finalmente se tornando realidade.


— Ela olha para mim com um sorriso aguado, e antes mesmo
de eu saber o que está acontecendo, sua boca bate na minha.
Eu me afasto rapidamente, confuso. — O que você está
fazendo?

— Beijando meu noivo, — diz ela, em um tom


evidentemente ferido.

— Desde quando? — Eu pergunto. Estamos juntos há


nove meses e, além da única vez que tentamos – e fracassamos
– em fazer sexo, Celeste nunca me beijou de outra forma além
de amiga.

Celeste solta um suspiro suave e depois segue com um


bufo alto. Eu vejo como os olhos dela vão de feridos para frios.
— Você não entende o quão ruim tudo isso parece, Nick? Você
vai criar o bebê de outra mulher.

— Não... eu vou criar meu bebê.

— Que você teve enquanto estava noivo de mim!

— Não, — repito. — Ele foi criado antes de nós. Ele nasceu


enquanto estava noivo de você.

— Tudo está prestes a ser destruído.


— Nada vai ser destruído.

— Você não sabe disso. — Ela balança a cabeça. — Se


surgir um escândalo, Richard pode mudar de ideia sobre
querer se tornar parceiro comigo, ou as lojas de departamentos
podem decidir que carregar meu nome não é de seu interesse.

— É dificilmente um escândalo. Eu não sou o primeiro


cara a descobrir que ele tem um filho. As lojas não vão pensar
assim sobre o seu nome. Eles querem você, porque você é a
melhor. E Richard Ford não vai mudar de ideia. Ele seria
idiota.

Eu tomo outro gole da minha garrafa de água e, em


seguida, acrescento: — Eu pensei que eu tinha o seu apoio,
Celeste. Você me disse que Reed merecia mais do que ter um
pai que não o quer.

— Eu apoio você, — ela insiste.

— Ok, bom. Eu realmente aprecio isso. — Jogo os lençóis


de cima de mim e saio da cama. — Eu preciso me preparar.
Vou almoçar com Killian e depois vou até Olivia para pegar
Reed.

— O que? Por quê?

— Estou assumindo que você está se referindo a mim


pegando meu filho e não a eu almoçando com Killian. — Eu
sorrio, e Celeste revira os olhos. — Eu te disse no início da
semana, pedi a guarda conjunta. O quarto está pronto.
— É véspera de Ano Novo, — Celeste diz friamente.

— E eu vou passar o Ano Novo com meu filho. Você é mais


que bem-vinda para se juntar a nós.

— Eu a vi no jogo. Aquele bebê... ficou chorando! — Seus


olhos se arregalam.

— Ela estava no jogo?

— Sim! E o bebê estava gritando sua cabeça. Talvez você


devesse sugerir que ela contrate uma babá, — ela diz,
franzindo o nariz em desgosto.

Eu gemo internamente. Toda vez que vejo Olivia, o bebê


está dormindo ou sendo cuidado. — Bebês choram. O que
realmente está acontecendo? — Eu cruzo meus braços sobre o
peito e olho para Celeste.

— Eu, eu... — Ela joga os braços para cima em frustração.


— Eu não posso fazer isso! Eu não posso ser a outra mulher.

Lágrimas picam seus olhos, e eu sei que há mais do que


tudo o que ela está dizendo. Mas Celeste é um cofre, e ela
nunca se abrirá para mim ou para ninguém.

— Você é minha noiva.

— Exatamente! Então, podemos talvez... tentar de


verdade? — Ela se levanta da cama e se aproxima de mim. —
Eu sei que você passou de transar regularmente para nada. Eu
não quero que você seja infeliz.
Sua mão se move para o meu pau, e ela agarra-o através
dos meus shorts. Ela está certa. Passei muito tempo dentro de
mulheres e obviamente o sexo está em minha mente. Por um
lado, eu sou um homem, portanto, está praticamente sempre
em minha mente, mas também, desde que Olivia voltou, não
consigo tirar a nossa noite da minha cabeça. Ela era a última
pessoa com quem eu estava antes de concordar com esse
pseudo relacionamento com Celeste. Ela foi a última mulher
que eu afundei meu pau, e ainda me lembro do jeito que sua
boceta apertada parecia... Porra! Eu não posso pensar em
Olivia assim.

Removendo a mão de Celeste de minha virilha, recuo um


pouco. — Já fizemos uma vez e não havia nada lá. De fato,
tenho certeza que suas palavras exatas foram: 'Eu não posso
fazer isso. Parece que estou prestes a foder meu irmão, se eu
tivesse um.'

— Bem, talvez nós não tenhamos nos esforçado muito. O


que ela tem que eu não tenho, Nick? — Oh, inferno não… não
tem como eu ir por esse caminho, nem fodendo…

— Celeste, você é uma mulher bonita. Você sabe disso.


Mas você é minha amiga e eu não posso ver você como nada
mais do que isso. Assim como você não me vê como mais nada.
Se você está com medo de eu trair você, eu não faria isso. Você
sabe que eu fui traído, e eu não faria isso com outra pessoa. —
Eu ando até a porta do banheiro.
— Eu não estou com medo de você me trair, — diz Celeste,
mas a maneira como a voz dela racha quando ela diz que as
palavras me dizem o contrário. — É só que... você passou um
ano inteiro tendo apenas uma noite, e nem uma vez você quis
mais... até ela.

— Isso pode ser verdade, mas ela foi embora, — eu indico,


abrindo a porta do banheiro.

— E agora ela está de volta.

Celeste não espera que eu responda. Ela sai do nosso


quarto e eu a vejo ir embora, não tendo ideia do que dizer a ela
para aliviar sua mente. Fechando a porta do banheiro atrás de
mim, tiro minhas roupas e pulo para o chuveiro. Celeste estava
certa. Eu dormi com muitas mulheres no ano passado, mas foi
só com Olivia que me vi querendo mais. Porra, como eu não
poderia? A química entre nós não era nada que eu já tivesse
experimentado.

Descendo minhas mãos, eu pego no meu pau enquanto


penso nela, minha mente voltando para a nossa única noite
juntos. Quão descarada ela era. O jeito que ela chupou e me
fodeu como uma mulher em uma missão. Como o corpo dela
estava sensível ao meu toque – a maneira como nos
conectamos em um nível mais profundo. Meu punho aperta
em volta do meu pau duro, acariciando-o para cima e para
baixo quando me lembro da boca de Olivia ao redor do meu
pau. O jeito que ela me levou sem amarras.
Meu punho bombeia mais rápido, meu aperto fica mais
forte. Eu posso sentir o puxão em minhas bolas começando.
Minha testa bate na parede do chuveiro quando me lembro do
jeito que ela montou meu pau no meio da noite. O jeito que as
mamas dela subiam e desciam. Suas mãos se espalharam pelo
meu peito enquanto ela ordenhava meu pau até que ele
estivesse completamente drenado.

Meu punho aperta, meus golpes ficam mais frenéticos,


enquanto eu persigo minha liberação. Eu me lembro do jeito
que ela me beijou com tanta paixão. A sensação do corpo dela
contra o meu. A maneira como nos encaixamos tão
perfeitamente juntos. Deixando escapar um gemido baixo, eu
vejo meu gozo atirar e cobrir a parede antes que a água o
derrame.

Deixando de lado o meu pau, sinto uma sensação de


alívio por cerca de um minuto, até que me ocorre que acabei de
gozar com o visual de Olivia, a mãe do meu filho, a mulher que
não é minha noiva. E com esse pensamento vem a
compreensão de que esse compromisso não vai durar. Tanta
coisa mudou nas últimas duas semanas. Tudo o que eu pensei
que queria, estou percebendo rapidamente, não é realmente o
que eu quero.

Eu tenho vivido em negação, não querendo lidar com a


realidade desta situação – que quando eu me juntei a Celeste,
era porque ela era a escolha segura. Olivia tinha acabado de ir
embora, o dono e treinador do New York Brewers tinha dito
que eu precisava me acalmar, e Celeste estava lá, pronta para
fazer dar certo o nosso pacto. Nós estávamos na mesma
página. Mas agora, à luz dos acontecimentos recentes, não
acho que estamos nem mesmo no mesmo livro.

Descobrir sobre o meu filho foi revelador, uma espécie de


mudança de jogo. Passei todos esses anos desejando que as
coisas mudassem entre meus pais e eu, mas quando me
machuquei e depois Fiona saiu, desisti. Eu tomei o caminho
mais fácil. Desde o sexo de uma noite até o acordo com Celeste.
Mas agora que tenho meu filho para pensar, estou pronto para
tentar novamente. Estou pronto para abrir meu coração e ser
o tipo de pai que ele merece. A mudança tem que começar em
algum lugar e que melhor lugar para começar do que com meu
filho e eu.

Eu desligo a água do chuveiro, pego uma toalha e me


seco, então me visto. Uma vez que fico pronto, saio para a sala
de estar. Celeste está no telefone fazendo planos, então eu saio
silenciosamente. Normalmente eu pediria um serviço de carro
pela facilidade, mas desde que estou pegando meu filho de
duas semanas, decido pegar um dos meus veículos na
garagem.

O manobrista traz meu BMW X6 – e até me ajuda a


instalar o assento do carro – e então eu saio para encontrar
Killian. Nós nos encontramos em um dos nossos cafés favoritos
desconhecido e discreto. Nova York pode ter muitos
restaurantes de grande nome, mas são os pequenos que
ninguém nunca ouviu falar que são realmente os melhores.
— Olivia está me deixando tomar Reed esta noite, — eu
digo depois que a garçonete coloca nossas bebidas.

— Sozinho? — Killian olha para mim incrédulo.

— Sim, sozinho, seu idiota.

Killian ri. — Acalme-se, eu estava apenas perguntando.


Então você não está indo para a festa da véspera de Ano Novo
esta noite?

— Não, eu sei que Olivia fez essa merda de propósito.


Disse que eu poderia levá-lo em uma das maiores noites de
festa do ano.

— Esperando que você dissesse que não pode, —


acrescenta Killian com um sorriso.

— Sim. — Eu tomo um gole da minha água. — Mas eu


não estou prestes a escolher uma festa sobre o meu filho. Essa
é a merda que meus pais fizeram, e meu novo objetivo na vida
é ser o oposto deles.

Killian acena em concordância. — Não pode dar errado


lá. Aposto que Celeste está chateada.

— Sim, mas eu não posso culpá-la. Não é para isso que


ela se inscreveu. Concordamos em não ter filhos, e agora estou
aqui com um.

— Você pode imaginar Celeste com um bebê? — Killian ri


tão alto que as pessoas olham em nossa direção. — Eu pagaria
metade do meu salário para vê-la trocar uma fralda de merda!
Eu rio junto com ele enquanto tento imaginar isso – não
consigo. A garçonete vem e toma nosso pedido. Nós dois vamos
com um sanduíche e uma salada.

— Você vai levar Melissa para a festa de Ano Novo hoje à


noite? — Pergunto a Killian quando a garçonete se afasta.

— Não. — Killian toma um gole de sua bebida. — Ela


realmente conheceu alguém, e eu acho que é sério. — Ele revira
os olhos. — Ela está falando de se mudar por todo o país com
ele ou alguma merda assim. — Killian é amigo dela há anos, e
enquanto eu tenho quase certeza de que ela sempre teve uma
queda por ele, ele nunca demonstrou interesse em ser outra
coisa senão amigos com ela. Acho que ela finalmente seguiu
em frente.

— Então, quem você está levando então? — Eu pergunto.

— Ninguém especial. — Ele encolhe os ombros com


indiferença, em seguida, muda de assunto, assim como ele
sempre faz quando o tema namoro é levantado. — Você está
indo pegar Reed depois do almoço?

— Sim, quer se juntar a mim? — Eu só estou brincando,


mas a verdade é que eu definitivamente poderia usar o apoio
moral ao lidar com Olivia. Entre ela e sua amiga, não tenho
chance.

— Claro que não! — Killian ri. — Isso é tudo com você. Eu


tenho um encontro com Jase para colocar alguma tinta na
minha pele. — Killian levanta a manga da camisa para me
mostrar onde está planejando fazer o trabalho.

— Droga, eu preciso ir e ver o estúdio deles em breve. É


incrível que ele e Jax abriram uma loja de tatuagem aqui em
Nova York. — Jase Crawford é um velho amigo meu e de Killian
dos tempos antigos. Mesmo que Jase estivesse dois anos à
frente de nós, porque todos nós jogamos bola juntos, corremos
nos mesmos círculos. Ainda na faculdade, Jase também estava
aprendendo a se tornar um tatuador. Logo depois que ele se
formou, ele conseguiu um emprego na mesma loja em que seu
irmão Jax estava trabalhando. Eles sempre disseram que seu
sonho era abrir seu próprio lugar. Mas quando Kilian me disse
há alguns meses que abriu sua loja, a Forbidden Ink, em East
Village, fiquei surpreso. Jas e Jax sempre parecerem o tipo de
cara que prefeririam morar em uma cidade pequena à uma
cidade grande. Nova York definitivamente não é para todos. Ela
vai morder e comê-lo vivo se você não for rápido o suficiente.

— Planejando colocar alguma tinta? — Killian brinca.


Enquanto seu corpo parece uma tela de arte, eu nunca
considerei fazer uma única tatuagem. Acho que nunca houve
nada que valesse a pena colocar permanentemente no meu
corpo.

— Quem sabe? — Eu rio. — Se eu fosse fazer uma, ele é


o cara que eu confiaria para fazer isso.

Depois que terminamos de almoçar, e Killian me diz que


ele estará a apenas um telefonema de distância se eu precisar
de alguma ajuda com Reed, atravesso a ponte do Brooklyn
para o Brooklyn Heights. Eu encontro um estacionamento de
quinze minutos na frente do prédio da Olivia e depois corro
para cima, mas antes de subir, interfono para me deixar
entrar. Está vendo? Eu sei como usar o interfone...

Quando chego à porta da frente dela, o pai dela abre. Ele


está vestido com um smoking de três peças. Ele deve ter
parado aqui a caminho da festa da equipe. Ele entra no
corredor e fecha a porta atrás de si, em vez de me deixar entrar.
— Você sabe o que está fazendo?

Estou confuso sobre o que ele está falando. — Treinador...

— Aqui não. Fora do vestiário, não sou seu treinador. Sou


Stephen Harper, o pai da mulher com quem você fez um bebê...
um bebê que você disse inicialmente que não queria. Eu sou o
avô do bebê que você agora está exigindo.

Nós ficamos nos olhando fixamente por alguns momentos


antes de ele fechar os olhos e suspirar. Quando ele os abre de
volta, ele diz: — Apenas me diga isso, você está fazendo isso
para provar alguma coisa? Para castigar minha filha?

Eu levo um segundo para pensar na minha resposta.


Enquanto estava crescendo eu nunca tive um homem para
admirar. Quando eu estava na faculdade e depois jogando para
a Carolina do Norte, meus treinadores eram idiotas. Não foi até
que fui arrebatado por Nova York que senti que realmente
encontrei meu lugar no mundo, um lugar que me senti em
casa, e muito disso tem a ver com o homem parado na minha
frente.

No dia em que descobrimos que dormi com sua filha,


nosso relacionamento mudou. Nós deveríamos ter tido essa
conversa algumas semanas atrás, mas como os homens que
somos, nós dois evitamos isso.

— Eu não sabia que ela era sua filha. — Eu solto uma


respiração dura. — Eu nunca teria dormido com ela se
soubesse. Desculpe-me por tudo isso. Nunca quis machucá-
la. Você de todas as pessoas sabe o relacionamento de merda
que tenho com meu pai. Minha resposta inicial para se tornar
pai foi por medo de acabar como ele. Eu não deveria ter reagido
do jeito que eu fiz. Eu sei que a minha palavra não tem muito
peso agora, mas vou fazer todo o possível para garantir que o
relacionamento que tenho com Reed não seja nada parecido
com o que tenho com meus pais. Então, para responder às
suas perguntas, acho que estou tentando provar algo para
mim mesmo, mas não é para ferir Liv. Eu quero ser um bom
pai.

— Tudo bem, — ele diz, — como pai, eu posso respeitar


isso. — Sem esperar por mim para responder, ele abre a porta,
permitindo-me passar primeiro. Há várias pessoas aqui: Olivia,
Giselle, sua madrasta e meia-irmã. Eles estão todos sentados
em volta dela e parecem estar consolando-a.

— Está tudo bem? — Eu pergunto, de repente


preocupado que algo aconteceu com Reed. Todas as mulheres
se viram para mim, quatro pares de olhos brilhantes que me
fazem dar um passo para trás.

Olivia fica de pé, enxuga os olhos e levanta o queixo em


desafio. — Sim. — Giselle vai dizer alguma coisa, mas Olivia a
impede. — Não. — Ela balança a cabeça.

— Reed está bem? — Algo está acontecendo, mas


ninguém está dizendo nada.

— Sim. — Ela me entrega um saco de fraldas. — A


fórmula e as mamadeiras do Reed estão aqui, assim como uma
troca de roupas, fraldas e lenços de limpeza, caso você ainda
não tenha alguma. Ele normalmente come a cada três horas, e
ele acabou de ser alimentado.

Sua voz racha, e eu quero perguntar por que ela está


chorando, mas não pergunto. — Você tem um assento de
carro?

— Sim, meu carro está estacionado no estacionamento de


curta duração em frente ao seu prédio.

Ela balança a cabeça e se dirige pelo corredor.

— Você é tão idiota, — sua meia-irmã sussurra, mas


antes que eu possa perguntar o que diabos eu fiz, Olivia
reaparece segurando Reed.

— Ok, meu doce menininho, — ela murmura para ele. —


Mamãe vai sentir tanto a sua falta. — Ela lhe dá um beijo na
testa, os olhos fechando e os lábios se demorando no gesto.
Quando seus olhos se abrem, as lágrimas que ela está
tentando esconder escapam. — Eu te amo, — ela sussurra
para ele.

Ela o entrega para mim e, olhando-me com um olhar sem


vida, implora: — Por favor, cuide dele.

— Claro. — Eu tomo ele dela, e quando ele se contorce


um pouco, reforço meu aperto nele. — Eu vou trazê-lo de volta
pela manhã.

Já que estou quase certo de que toda pessoa na sala me


odeia, rapidamente me despeço enquanto vou direto para a
porta.

— Espere! — Olivia corre e me entrega um pedaço de


papel. — Esse é meu número. Você pode, por favor, me mandar
uma mensagem sua em caso de uma emergência? Este papel
também tem informações do médico de Reed e qualquer outra
coisa que você precise saber sobre ele.

Eu pego o papel dela. — Vou mandar uma mensagem


para você assim que eu o instalar no carro.

— Obrigada.

O passeio de carro de volta ao meu condomínio é


tranquilo e, depois de estacionar no manobrista, o atendente
me informa que posso manter Reed na cadeirinha para trazê-
lo. Dou-lhe uma grande gorjeta de agradecimento, e ele ri,
dizendo que tem quatro filhos e, se eu precisar de ajuda, é só
perguntar.
Quando entro, vejo que Celeste está vestida com um
vestido prateado até o chão. Seu cabelo e maquiagem estão
feitos, e ela está linda como sempre. Eu coloco o assento do
carro na mesa de café, e ela vem para checá-lo.

— Ele parece com você, Nick. — Ela sorri, mas é triste.

— Sim, ele parece, não é? — Eu sorrio. — Você está


bonita.

— Obrigada. Falei com Mercedes e ela me indicou a


Quality Nanny. Eu não tinha certeza por causa da véspera de
Ano Novo, mas eles conseguiram encontrar uma babá
disponível.

Mercedes é uma modelo com a qual Celeste é amiga, e


que recentemente teve um bebê. Ela também é a esposa de
Brandon Evers, um dos linebackers5 do nosso time.

Cuidadosamente tiro Reed fora de seu assento de carro,


eu o balanço em meus braços, assim como o vídeo do YouTube
que assisti me mostrou como fazer.

— Eu te disse que não vou sair. Olivia me deixou levá-lo


para a noite. Eu não vou deixar ele com uma babá.

— Você age como se ninguém deixasse seus filhos com


uma babá. Você amava a sua enquanto crescia, — ela insiste,
e ela está certa, eu amei a Srta. Kelley. Ela era tão doce e
maternal de uma maneira que minha mãe não desejava ser.

5Um Linebacker é uma posição do futebol americano e canadense, que foi inventada pelo treinador
Fielding Yost da Universidade de Michigan. Linebackers são membros do time de defesa e se
posicionam pelo menos 4 metros atrás da linha de scrimmage, atrás dos homens da linha defensiva.
Quando Celeste aparecia depois da escola, a sra. Kelley nos
fazia lanches e nos levava ao parque e a piqueniques.

— Eu sei que eles fazem, e você está certa, eu amei a Srta.


Kelley. Mas eu via mais ela do que meus próprios pais. Isso
não está acontecendo. Eu não posso deixar isso acontecer.
Você quer sair, pode sair.

— Nós deveríamos ir juntos. Como um casal. É a sua festa


da equipe. Eu não posso acreditar que você realmente vai me
fazer ir sozinha. — Ela pega sua bolsa da mesa, e com um mau
humor, abre a porta e a fecha atrás dela.

O som alto reverbera pelas paredes e Reed começa a


chorar. — Ei, rapazinho. — Eu paro o balanço e tiro-o para fora
do assento, dando-lhe a chupeta, já que não é hora de ele
comer ainda.

Sentando-me no sofá com Reed, coloco-o entre as minhas


pernas e crio um movimento de vibração com as minhas coxas,
balançando meus pés para frente e para trás. Eu li que muitos
pais fazem isso para ajudar a acalmar seus bebês. Em poucos
minutos, seus gritos cessam e logo depois ele adormece. Com
medo de que, se eu me mover de alguma forma, ele acorde, eu
cuidadosamente tento alcançar o controle remoto, ligo a
televisão e depois mudo o canal para a ESPN 6.

Não tenho certeza de quanto tempo eu vejo os destaques


do jogo de hoje, mas quando Reed começa a esticar seu

6 Rede de TV de esportes.
minúsculo corpinho, olho para fora e vejo que o sol já está se
pondo. Sua chupeta sai de sua boca quando ele começa a
chorar. Levando-o comigo, pego uma mamadeira da bolsa de
fraldas para alimentá-lo, mas está vazia. Então eu lembro que
Olivia tinha que colocar coisas nela. Com uma mão segurando
ele, eu uso minha outra mão para procurar na bolsa. Eu
encontro uma lata de fórmula e abro a tampa. É pó e cheira a
merda. Eu adiciono água ou leite?

Os gritos de Reed ficam mais altos à medida que ele fica


mais frustrado a cada segundo. — Espere aí, garotinho. — Ele
estava dormindo por um tempo, então imagino que ele não
esteja morrendo de fome. Eu leio a parte de trás da lata e ela
diz para misturar com água, mas ela não indica o quanto ele
deve tomar.

Lembrando que tenho o número de Olivia, eu ligo para


ela. Apenas toca uma vez antes de responder. — Tudo bem? —
Ela soa perturbada.

— Sim, — eu respondo a ela por cima do choro do Reed.


Seu rosto agora está vermelho e lágrimas quentes estão caindo
sobre ele.

— Nick, por que ele está chorando?

— Ele está com fome, mas eu não sei o quanto ele toma.

Ela fica quieta por um segundo, e eu acho que a ouço


fungar. Então ela diz: — Eu incluí tudo no papel que te dei.
O papel! Eu deveria ter lido o papel. Eu só olhei para ele
o tempo suficiente para pegar o número dela.

— Ok, obrigado! Sinto muito por incomodar você.

— Você não é um incômodo. Você está com o nosso filho.


Por favor, me ligue se precisar de alguma coisa.

Nós desligamos, e depois de ler as instruções no papel


que ela me deu, eu faço uma mamadeira para Reed e o
alimento. Seus gritos param imediatamente e, alguns minutos
depois, toda a sua mamadeira desaparece e ele está satisfeito
novamente. Deitando-o no pufe na minha frente, tiro algumas
fotos dele e as envio para Olivia, imaginando que ela poderia
gostar de vê-las. Ela manda um agradecimento.

— Tudo bem, homenzinho, é só você e eu passando o Ano


Novo juntos. O que você quer fazer?

Reed chuta os pés para fora.

— Foi mal cara. Não há festa para você, você é muito


jovem. — Os pés de Reed começam a chutar mais e mais
rápido. Parece que ele está ficando agitado, e um segundo
depois ele começa a chorar. Eu o pego e ando até o balanço.
Ele parecia gostar mais cedo. Eu o coloco nele e tento dar-lhe
a chupeta, mas ele imediatamente a cospe para fora, seus
gritos ficando mais altos. Bem inferno. Ele ainda não pode
estar com fome. Talvez ele precise se trocar?

Tirando-o de seu balanço, eu o trago para o seu quarto e


o coloco no trocador. Eu estou trocando a fralda dele, e depois
de várias tentativas de pegar as abas, ela funciona e ele está
com uma fralda nova, mas o choro continua.

Não querendo incomodar Olivia – e, se for sincero, quero


provar que posso lidar com ser pai sozinho -, abro um site para
bebês que o vendedor me contou e pesquiso motivos para os
bebês chorarem. Santa foda! Há como cem diferentes razões!

— Ok, vamos descer essa lista, — eu digo em voz alta para


Reed, que não está ouvindo. Eu passo por cada motivo, um por
um: Fome, fralda molhada, febre, dentição, constipação... a
lista continua. Eu não tenho a menor ideia sobre metade dessa
merda. Uma razão para um bebê chorar é estar cansado. Ele
acabou de acordar de uma soneca, mas, novamente, não tenho
ideia de quanto tempo os bebês ficam acordados. Ele já poderia
estar cansado de novo?

Uma mãe menciona que ela leva seu bebê para passear
ou para uma volta quando ele está cansado e precisa de ajuda
para ir dormir. Observando o assento do carro no canto, coloco
Reed nele e aperto o fecho.

Cerca de dois minutos em nosso caminho, os gritos de


Reed ficam mais altos, mais irritados. Não soa nada como seu
grito de fome. É doloroso escutar. Eu olho no espelho retrovisor
para seu assento. Seu rosto está vermelho, e meu coração
começa a bater quando considero que algo pode estar errado
com ele.

Colocando o meu orgulho, assim como a necessidade de


provar que posso fazer isso sozinho, de lado, pego meu celular
e ligo para Olivia enquanto coloco meu carro para ir em direção
ao seu apartamento. — Eu acho que algo está errado. —
Explico tudo o que eu fiz – de alimentá-lo, para mudar sua
fralda, para levá-lo para uma volta. Enquanto estamos
conversando, o choro dele nunca vacila.

— Eu estarei lá.

— Eu já estou a caminho.

Nós desligamos, e aproximadamente dez minutos depois,


entrego Reed para ela. Ela o tira do assento do carro, senta no
sofá e começa a examiná-lo. Então ela o coloca de bruços sobre
o colo e começa a acariciar suas costas.

Em poucos minutos, seu choro cessa. Ela olha para mim


com um fantasma de um sorriso brincando em seus lábios. E
é então que noto que o nariz dela está vermelho, suas
bochechas estão manchadas e em volta dos olhos estão
inchados. Ela estava chorando.

— Ele tem gases, mas é uma armadilha. Quando você


pressiona a barriga, ajuda a liberar o gás. Você tem que ter
certeza que quando ele come, você o para várias vezes para
arrotar. Ele é um porquinho e vai chupar tudo rápido demais.

— Foda-se! — Eu digo em voz alta: — Eu esqueci de


colocar para arrotar. — Já estou sendo péssimo nessa coisa de
pais.

— Você vai aprender, — diz ela, — só leva tempo.


Sento-me ao lado dela e olho para Reed, que ainda está
de barriga para baixo em seu colo. Seus olhos estão abertos,
mas ele está totalmente satisfeito.

— Por que você não saiu hoje à noite? — Eu pergunto a


ela. Ela está usando um moletom de lã e uma calça
combinando. Seu cabelo está em um coque bagunçado e seu
rosto está livre de qualquer maquiagem.

— Umm... talvez porque eu só tive um bebê há algumas


semanas. — Ela me cutuca de brincadeira. — Fiquei surpresa
que você queria levá-lo no Ano Novo. Meu pai e Corrine estão
na festa da equipe.

— Sim, Celeste está lá também. Eu realmente não me


importo com essas coisas.

— Isso não é o que o google diz. — Meus olhos encontram


os dela, e ela imediatamente tenta recuar. — Quero dizer…

— Você me procurou no Google? — Eu sacudo as


sobrancelhas de brincadeira, e suas bochechas ficam um tom
adorável de rosa.

— Eu queria saber sobre o pai do meu bebê.

— E o que você descobriu?

— Nada que eu já não soubesse. — Reed faz um som de


arrulhar e ela o pega.

— Diga-me por que você estava chorando. — Ela desvia


os olhos, mas eu não estou desistindo. — Liv, fale comigo.
— Ele vai ficar bem agora. — Ela ignora a minha pergunta
e entrega-o de volta para mim. Percebo que ela tem um filme
passando, mas está pausado.

— O que você está assistindo? — Quando ela não


responde imediatamente, eu olho para ela e vejo que ela está
corando. — O que é isso? Pornô?

Ela bate no meu braço. — Não! Aqui. — Ela me entrega a


chupeta e eu coloco na boca de Reed. Seus olhos rolam para
trás e eu rio.

— Ele ama essa coisa. Então, o que você está assistindo?

— Titanic.

— Ahh... o bom e velho Leo. — Eu olho em volta da sala.


— Onde está sua colega de quarto?

— Eu a fiz sair. — É quando noto na mesa de café uma


caixa de lenços de papel e um pote de sorvete.

— Liv, por que você estava chorando?

Ela bufa. — Você não pode ser tão inconsciente, Nick. —


Ela me atira um olhar aguçado, mas eu não tenho ideia do que
ela está falando. — Eu estava chorando porque você levou meu
bebê. Meu bebê recém-nascido, muito novo e muito frágil, —
ela sussurra, seus olhos disparando em direção ao teto
enquanto tenta impedir que as lágrimas caiam.

— Eu disse a você que o traria de volta amanhã.


— Eu nunca estive longe dele. — Sua voz racha. — Eu
não estava preparada para isso, preparada para deixá-lo ir. Eu
passei de pensar que meu filho nunca teria um pai, com você
dizendo que não queria ser pai, sendo surpreendida por uma
petição de guarda conjunta. Acabei de dar à luz há algumas
semanas pelo amor de Deus. É só... — Ela passa as mãos sobre
os olhos, mas as lágrimas vêm de qualquer maneira. — É só
muito. Eu sou uma mãe de primeira viagem. Não quero meu
bebê longe da minha vista.

— Merda... — Eu estava tão focado tentando fazer a coisa


certa, que nem sequer pensei em como minha atitude iria
afetá-la. A maioria das mulheres na minha vida não se
importaria. Olhe para Celeste. Ela estava tentando contratar
uma babá antes mesmo de conhecer Reed. Minha mãe teve
uma babá contratada antes que eu nascesse. Passei mais
tempo com ela crescendo do que com meus pais.

— Eu não pensei em nada disso. Cresci com uma babá


que era mais mãe para mim do que meus próprios pais. A
menos que fosse relacionado ao futebol, meu pai não sabia que
eu existia. E a única vez que minha mãe me mostrou alguma
atenção foi quando ela me arrastava para funções familiares.

Os olhos de Olivia se encontram com os meus e posso


dizer que ela está prestando atenção – na verdade escutando o
que estou dizendo – então continuo.

— Você estava tão brava que eu não queria ser pai.


Quando percebi que podia fazer isso e que queria fazer melhor
do que meus pais, não parei e pensei sobre seus sentimentos,
ou o que tudo isso significaria para você. Eu sinto muito. Nós
vamos resolver tudo. Eu prometo.

— Obrigada. — Ela me concede um sorriso sincero.

Nós olhamos para o nosso filho e vemos que ele está


dormindo. — Eu deveria ir. Deixar você voltar para o seu filme.

Seus lábios se abaixam levemente, mas ela balança a


cabeça. — Ou podemos assistir a contagem regressiva, — ela
sugere.

— Estou deixando Reed aqui com você, Liv. Ele está


exausto e finalmente adormecido.

Ela morde o lábio inferior por um segundo e depois diz


baixinho: — Você ainda pode ficar e ver a bola cair. Quero
dizer, se você quiser... ou ainda pode ir para a festa.

— Eu vou ficar, — eu digo a ela sem dar a minha decisão


um segundo pensamento.

Nossos olhos travam por um breve momento e então ela


concorda. — Ok. — Ela desliga o filme e encontra o show de
Ano Novo na televisão. — Você já esteve?

— Na Times Square para o Ano Novo? Uma vez. É um


maldito hospício. Você?

— Quando estava crescendo, meus pais sempre ficavam


em casa. Eles disseram que havia muitos bêbados na estrada.
Meu pai pegava um delivery, e eles me deixavam ficar para
assistir a bola cair na TV. Uma vez que eu tinha idade
suficiente para sair, a véspera de Ano Novo era a única noite
que eles me fariam ficar em casa, mas eu não me importava.
Tornou-se uma espécie de tradição, e eles sempre me deixaram
escolher a comida.

— Onde está sua mãe agora?

Olivia franze a testa. — Ela faleceu de câncer de mama


quando eu tinha dezessete anos. Ela nasceu e cresceu na
França até chegar aos dezoito anos para se encontrar com um
fotógrafo. Ela era uma modelo. Ela conheceu meu pai no metrô
a caminho de sua reunião. — Ela ri. — Foi amor à primeira
vista.

— Ela é por que você estava vivendo em Paris?

— Sim… depois que ela morreu, era difícil estar aqui sem
ela. Eu me mudei para lá depois da formatura, na esperança
de aprender sobre minhas raízes e acabei ficando lá.

— O que fez você voltar?

— Reed. Meu pai queria que eu ficasse perto da família.


Giselle se formou há algumas semanas e, como ela é daqui
também, concordou em voltar para cá comigo. Ela é a melhor
amiga que uma mulher poderia pedir.

— Ela me odeia.

Olivia ri. — Com uma boa razão.

— Ei, você é a única que me deixou.


— Foi um encontro de uma noite!

— Quem disse? Isso nunca foi especificado. Eu acordei e


você se foi. Se você não tivesse saído do seu quarto na manhã
seguinte, eu teria pedido o seu número.

— Oh Deus! Você é tão cheio disso, Cole!

— Ok, Liv. — Eu rio e ela bufa.

— Apenas assista o show.


A porta se fecha e eu pulo levemente, meu pescoço geme
de dor. Minha mão sobe para massagear a torção enquanto
tento me sentar, só que não consigo. Meu corpo está
superaquecido e estou sendo sobrecarregada por... Nick? Eu
olho em volta. Por que diabos o corpo de Nick está em volta do
meu no sofá?

— Oh merda! — Giselle grita, e Nick rola do sofá,


aterrissando no chão de madeira com um baque alto.

— Que diabos? — Sua voz é rouca e me faz apertar a coxa


quando me lembro da última vez que ouvi a voz dele – quando
ele estava me puxando para cima dele às três da manhã, para
que eu pudesse montar em sua dura… Merda! Eu não posso
pensar naquela noite. Ele está noivo!

— O que está acontecendo aqui?

Sento-me e percebo que Giselle tem as mãos nos quadris


e ainda está usando as roupas da noite anterior. Sua
maquiagem também está completamente bagunçada como se
ela estivesse chorando.
— O que há de errado? — Eu pergunto, esfregando o sono
dos meus olhos. — E que horas são?

— São quatro da manhã. Passei a noite no hotel de


Christian... — As palavras dela se quebram e seus olhos se
enchem de lágrimas.

— Giselle, o que aconteceu? — Eu nunca a vi parecer tão


chateada.

— Christian e seus amigos deram uma festa. Antes que o


relógio chegasse à meia-noite, eles estavam completamente
chapados e eu tive o suficiente, então fui para a cama sozinha.
Acordei por volta das duas para fazer xixi e ele ainda estava
festejando. Ele havia deixado o telefone no balcão e disparou
várias vezes. Eu não pude deixar de ser intrometida, então eu
chequei. Era de outra mulher.

— Ah não! Ele está vendo outra pessoa? — Giselle tinha


acabado de me falar que parecia bom demais para ser verdade.
Droga, Christian!

— Não alguém... algumas. Plural. Eu poderia dizer que


ele mudou, mas eu não queria admitir para mim mesma. Ele
estava bebendo um pouco e eu o peguei com drogas. Ele
continuava inventando desculpas, mas eu sabia que no fundo
eram exatamente o que eram... desculpas. Eu corri para fora
do seu quarto chateada, mas depois de pensar sobre isso como
a idiota que eu sou, voltei para o seu quarto para falar com ele.
Acho que eu estava esperando que ele me convencesse de que
não era o que parecia. Eu nem tinha saído por uma hora e ele
já havia me substituído por uma prostituta. Eu sou tão
estúpida. Entrei e peguei ele transando com ela em sua cama.
Eu deveria saber. Ele é um maldito músico que viaja pelo país
em turnê. É claro que ele tem uma mulher diferente esperando
por ele em discagem rápida em todas as cidades.

— Ei, agora, isso não é justo, — corta Nick. — Nem todo


cara que viaja, trai. Eu nunca trai enquanto estava na estrada.

Giselle olha para Nick, que ainda está no chão. — Isso


você admitiria, — Giselle assobia. — Mas há mais, e não é
sobre mim. — Ela franze a testa.

— Jesus, o que mais aconteceu? — Eu pergunto.

— Enquanto eu estava esperando meu Uber chegar, eu


estava checando minha mídia social e vi algo... — Ela olha em
direção a Nick, que se moveu do chão para o sofá e está
sentado ao meu lado. — Você sabe o que. Podemos discutir o
que vi depois. O que eu gostaria de saber é o que o pai do seu
bebê está fazendo aqui e não em casa com sua noiva.

— Devemos ter adormecido enquanto assistimos a


contagem regressiva. Nada aconteceu. Agora me diga o que
está acontecendo. Você está me deixando em pânico e
pensando no pior. — Seus olhos se voltam para Nick. — É
sobre o Nick?

— Não. — Ela balança a cabeça.

— Então apenas me diga!


— Bem. Victor, o babaca, postou nas redes sociais.

— O meu ex?

— Conhecemos algum outro idiota chamado Victor? Sim,


esse Victor. Ele anunciou seu noivado com Heather.

— Heather? Nossa amiga da faculdade?

— Sim! E de acordo com o post deles, eles estão juntos


há dois anos.

— Mas isso significaria... — Eu faço as contas na minha


cabeça. — Ele me traiu?

— Aparentemente eles estavam mantendo tudo em


segredo o tempo todo. Ninguém sabia.

— Uau, acho que isso explica por que ele não me pediu
para ir com ele para a Suíça.

— Ele era um idiota egocêntrico de qualquer maneira, —


aponta Giselle. — Além disso, ele era um merda na cama.
Lembre-se que você disse que não sabia o quão ruim Victor era
até...

Seus olhos se voltam para Nick, e eu não vou permitir que


ela termine sua frase. A última coisa que eu preciso é que Nick
saiba que a noite que passei com ele foi sem dúvida o melhor
sexo que já experimentei. Eu não tinha ideia de como a minha
vida sexual era ruim com Victor até que Nick e eu passamos a
noite juntos.
Reed solta um gemido, e eu levanto muito rapidamente
para agarrá-lo, precisando terminar este momento
potencialmente estranho. Eu troco a fralda dele e roupas, e
quando volto, Nick ainda está sentado no sofá.

— Você está bem? — Pergunta ele.

— Oh sim. — Eu aceno para ele. — Nada que eu não


possa lidar. Nós já tínhamos terminado por um tempo. Antes
de você e eu – bem, de qualquer maneira, eu deveria saber,
mas eu estava muito cega tentando achar aquele estúpido
felizes para sempre. Falando nisso, você não deveria chegar em
casa para sua noiva?

Parece que ele queria responder, mas pensa melhor. —


Sim… humm… tudo bem se eu vier na terça para ver Reed? É
meu dia de folga do treino. Depois de responder à petição de
custódia, podemos definir um cronograma definitivo.

— Claro. — Saio da sala e vou para a cozinha para fazer


uma mamadeira para Reed, e Nick segue. — Reed tem uma
consulta médica amanhã à tarde. É apenas um check-up de
rotina. Não sei quais são seus planos, mas...

— Eu só tenho treino de manhã. Eu vou. — Nick pega


Reed de mim para que eu possa fazer a mamadeira, e eu deixo.

— Certo... tudo bem. — Nick está de pé perto de mim,


nosso filho aninhado em seus braços. Ele sorri baixinho e me
permito um minuto para examiná-lo. Reed tem muitas de suas
características. De seus olhos verdes brilhantes para seu
cabelo bagunçado, que se enrola nas pontas. Sua mandíbula é
esculpida com a barba por fazer. Ele é um homem bonito e
meu filho provavelmente será parecido com ele. Ele se inclina
e dá um beijo em Reed na testa, e a beleza do momento dá
arrepios na espinha.

Para um estranho, parecemos uma família. Uma mãe e


um pai que adoram seu bebê. A falsa ilusão me faz ficar
carrancuda. Toda a minha vida eu assisti minha mãe e meu
pai viverem em um conto de fadas. Imaginei que um dia eu
teria isso. Em vez disso, eu sou uma mãe solteira com um bebê
de um homem que está noivo de outra mulher. Parece a
produção de um filme da Lifetime em vez da Disney.

Eu termino de fazer a mamadeira, em seguida, tomo Reed


de Nick, ajustando-o em meus braços e dando-lhe a
mamadeira. Estamos saindo da cozinha e entrando na sala de
estar quando Giselle sai correndo do quarto, de banho tomado
e parecendo pronta para enfrentar o mundo.

— Eu consegui o emprego! Eu consegui! Lydia me


mandou um email ontem à noite! Sou oficialmente empregada
por uma das empresas de design de interiores da mais alta elite
de Nova York. Quero dizer, é apenas um estágio, então não vou
receber muito, mas é um começo.

— Fresh Designs?

— Sim! Este é um sonho tornado realidade. Você sabe o


que esse trabalho fará pelo meu currículo?
— Eu estou tão feliz por você! Quando começa?

— Próxima segunda. Eles estão de recesso por causa do


final de ano. Ela disse para vir na manhã de segunda-feira para
preencher toda a papelada. Nós precisamos celebrar. Vamos
sair para o almoço.

Eu olho para Reed. — Eu não estou pronta para trazê-lo


em público ainda.

— Você o trouxe para o jogo, — ressalta Giselle.

— Sim, mas isso foi só... — Meus olhos mudam para Nick,
lembrando que ele ainda está aqui.

— Para assustar a Celeste ‘pra’ caralho? — Diz ele


secamente, e eu recuo.

Giselle ri e eu faço o meu melhor para esconder meu


sorriso. Se Nick sabe, isso significa que Celeste foi para casa e
contou sobre mim.

Quando não respondo imediatamente, Nick diz: — Não


conheço todos os detalhes, além do fato de que Celeste acha
que você deveria contratar uma babá.

— O quê? — Eu grito. Essa não foi minha intenção!

Nick sorri. — Aquele pobre bebê estava chorando e sendo


negligenciado.

— Ele não estava! Ele é perfeitamente cuidado. — Meu


coração começa a acelerar. É por isso que ele está aqui? Ele
acha que eu sou incapaz de cuidar do nosso filho? — Eu
apenas deixei ele chorar por alguns minutos. Eu estava
esperando que ela surtasse e corresse de volta para você, e você
iria embora!

O sorriso de Nick se alarga. — Boa tentativa. Vou te dar


crédito, no entanto. Seu plano funcionou... parcialmente. Ela
não quer nada com um bebê a menos que venha com outra
pessoa para lidar com o choro, mas você não está se livrando
de mim tão facilmente.

Ele bate no meu nariz com o dedo indicador. Então ele se


despede de Giselle e dá outro beijo a Reed. — Te vejo amanhã.

— Sim, — eu digo, observando-o caminhar até a porta.

— Bem, bem, bem, — Giselle diz lentamente, uma vez que


Nick está fora da porta. — Devo admitir, não vi essa mudança
de eventos acontecendo, mas agora faz sentido.

— Do que você está falando?

— Você e Nick. — Ela balança a cabeça lentamente.

— Eu não estava tentando separá-los. Eu estava tentando


assustá-la, para que ela convencesse Nick a não buscar a
custódia. Eu estava desesperada. Foi estúpido. — Sento-me no
sofá e continuo a alimentar Reed com sua mamadeira.

— Mas você ouviu o que ele disse? Sua noiva não vai
chegar perto do bebê. Eu dou esse noivado mais duas semanas
no máximo. Ele está comprometido com o show do papai, e ela
está comprometida com a passarela. — Giselle se senta no sofá
ao meu lado.

— E se eles se separarem, esse será o problema deles. Não


tem nada a ver comigo.

— Então, você não pensou em como seria dar a Reed uma


mamãe e um papai?

— Eu estou dando a ele um de cada um. — Pondo a


mamadeira para baixo, eu levanto Reed contra o meu ombro e
dou um tapinha nas costas dele até que ele solta um arroto
alto.

— Você sabe o que eu quero dizer.

— No começo… quando descobri que estava grávida, o


tempo todo. Então, quando o vi jogando futebol, o pensamento
passou pela minha cabeça... até que ele falou. — Giselle ri. —
Não temos nada em comum além de uma noite de sexo quente.

— Explique-se

— Ele é um jogador de futebol profissional que está


comprometido com uma supermodelo linda e bem-sucedida.
Aposto que eles viajam em seus dias de folga para o Caribe ou
para algum lugar assim. Nick provavelmente vive uma vida
extravagante e exagerada, enquanto eu prefiro que a minha
seja mais discreta. Claro, agora ele diz que quer ser um pai
melhor para Reed do que o dele para ele, mas isso é só porque
Reed é como um brinquedo novo e brilhante. Uma vez que Nick
fique cansado de bancar o papai, eu vou ser a única a pegar os
pedaços do coração de nosso filho quando tiver que explicar
para ele por que seu pai não o quer.

Giselle me dá um olhar aguçado. — Sua mãe era uma


modelo, no caso de você esquecer, e seu pai jogou futebol antes
de se tornar um treinador. — Meu coração aperta com a
menção da minha mãe.

— Você está defendendo eles? Porque ela não é nada


como minha mãe e ele definitivamente não é como meu pai.

— Não, estou simplesmente apontando que você está


fazendo muitas suposições e julgamentos sem conhecer todos
os fatos. Caso você tenha esquecido, você é rica. Você poderia
sair de férias como eles.

— Tanto faz…

— Não, nada de tanto faz. E se Celeste não estivesse na


foto? Você poderia se ver com Nick?

— De jeito nenhum. Minha vida pode ter levado um


desvio, mas eu não estou desistindo do amor verdadeiro. Eu
quero o que meus pais tiveram. Eu quero um homem que
esteja apaixonado por mim.

— Você tinha que ter visto algo em Nick para levá-lo ao


seu quarto de hotel naquela noite...

— Victor tinha acabado de partir meu coração, e Nick não


era nada além de um cara quente que me ajudou a superar
ele. — Mas, mesmo quando eu digo as palavras, sei que elas
não são completamente verdadeiras. Naquela noite, Nick
parecia mais do que uma só noite. Parecia cru e real, como se
estivéssemos conectados em outro nível – algo que nunca senti
com Victor. Isso me assustou e eu corri.

— A julgar pela sua expressão, acho que eu fiz o meu


ponto. — Ela estende suas mãos querendo segurar Reed, então
eu o entrego.

— O que sua mãe e seu pai tinham era bonito e mágico,


mas você nunca vai encontrar o seu felizes para sempre se você
continuar comparando cada cara com seu pai, e todo
relacionamento com o que seus pais tiveram. O que eles
tinham era deles... talvez seja a hora de você achar o seu
próprio.

— Chega de falar de mim. Desculpe-me, Christian acabou


sendo um traidor, — eu digo, mudando de assunto.

— Não é sua culpa, mas posso lhe dizer uma coisa. Nunca
mais vou namorar outro músico. E enquanto estou nisso,
estou banindo todos os atletas também! Quem mais viaja?

— Piloto, — eu digo, indo junto com seu discurso.

— Nenhum piloto! Quem mais?

— Umm... Militares viajam, certo? — Eu pergunto.

— Sim, mas eles não vão tipo para o Afeganistão? Você


acha que eles trairiam com mulheres afegãs?
— Eu não tenho certeza, — eu digo. — Nós poderíamos
pesquisar.

— Bem, para estar no lado seguro, estou proibindo todos


os homens no serviço! Oh! E motoristas de caminhão também!

Eu mordo meu lábio inferior para parar de sorrir, mas


quando Giselle abre um sorriso, não posso deixar de rir.

— Você está banindo todos! — Eu digo através do meu


riso, e ela joga a cabeça para trás em um ataque de risos. —
Não vai haver ninguém.

— Talvez eu me torne lésbica como a minha irmã! — Ela


ri.

— O quê? Desde quando Adrianna é gay?

— Desde que ela me ligou na noite passada e disse que


quer que eu conheça sua namorada!

— Minha nossa. Este ano novo está cheio de surpresas!


— Eu digo. — Falando de sua irmã. Como ela está? Além de
sua mudança de time? — Pisco dramaticamente, e Giselle ri.

— Ela está bem. Vivendo e curtindo a vida universitária.


Ela foi aceita em alguma irmandade, então ela está em êxtase.

— E como está sua mãe?

Giselle suspira. — É uma coisa boa que voltamos. Minha


mãe piorou e meu pai quase nunca está em casa. Eu a visitei,
tentando ajudar em casa, mas ela é demais para estar por
perto às vezes. Eu perguntei ao meu pai sobre a ajuda dela,
mas ele não quer lidar com isso. Todo psiquiatra que ela vê diz
a mesma coisa. Ela está deprimida.

— Sinto muito, querida. — Eu puxo meu melhor sorriso


em um abraço. — Se você precisar de alguma coisa, tudo que
você precisa fazer é pedir... não, não peça, apenas me diga.

— Eu sei, e é por isso que você é minha melhor amiga e


eu te amo.

— Amo você mais.


Quando saio da casa de Olivia, minha mãe me telefona.
Eu mal disse oi quando ela começou a me atacar.

— Nicholas, você não estava na festa na noite passada. —


Imediatamente, eu me arrependo de atender o telefonema.
Antes que eu possa responder, minha mãe continua: — Essa
foi uma festa de equipe. Havia muita imprensa lá. Parece ruim
quando o rosto da equipe não aparece.

Parando na frente do meu carro, eu fecho meus olhos e


coloco minha cabeça de lado. Puta merda! Eu sou um homem
de 30 anos cuja mãe ainda está vigiando ele. Foi tão legal
durante o ano que eu não estava jogando e eles me deixaram
em paz. As férias precisam acabar seriamente para que ela e
meu pai possam voltar para a Carolina do Norte.

— Mãe, — Estou prestes a dizer a ela que preciso ligar


depois quando ela coloca meu pai no telefone. Ótimo…

— Nick, eu tenho três contratos para endossos que


precisam ser assinados. Eu já tenho tudo ok. Eu os trarei para
você mais tarde hoje com todos os detalhes. Mandei a Amber
se certificar de que os comerciais e as sessões de fotos
acontecerão depois que sua temporada terminar.

Antes que eu possa fazer qualquer pergunta ou mesmo


dizer que tudo bem, ele já colocou minha mãe de volta no
telefone. Isso é o que ele sempre faz, no entanto. Ele lida com
a minha carreira. Minha mãe fala sobre o próximo evento e
como é importante para eu estar lá, e assim como meu pai,
quando ela termina de dizer o que ela precisa dizer, ela desliga.

Desbloqueando minha porta, eu entro no meu veículo,


sentindo-me subitamente esgotado. Lidar com meus pais
sempre foi tão exaustivo? E, no entanto, nem parece que
participei das conversas com eles. O que exatamente eu disse?
Olá?

Precisando liberar um pouco a frustração, dirijo para o


estádio. Não há treino hoje, mas a academia está sempre
aberta para nós. Quando eu entro, vejo vários dos meus
colegas malhando.

Não querendo falar com ninguém, mudo o meu


equipamento de treino e vou para o campo. Meu treino de
escolha para hoje é correr para cima e para baixo nos degraus.
Conectando meus fones aos meus ouvidos, começo a correr
para cima. A música está tocando, mas não posso me
concentrar nas letras. Minha mente volta para a minha
conversa com meus pais e depois para a noite passada com
Olivia. Nós dois assistindo a contagem regressiva –
conversando, rindo e nos conhecendo. Eu nunca me senti à
vontade em torno de alguém. Quando eu falei, parecia que ela
estava realmente ouvindo.

Desde que me lembro, todos na minha vida conversaram


para mim em vez de comigo. Eles sempre quiseram algo de
mim. Dos meus pais, aos meus treinadores, às minhas
namoradas. Todo mundo tem essas expectativas que são
exaustivas de se viver. Mas quando eu estava sentado no sofá
com Olivia, assistindo televisão e comendo seus lanches do
micro-ondas, algo parecia diferente. Real.

Adormecemos no sofá e, mesmo que nada de sexual tenha


acontecido, me senti mais perto dela do que senti com alguém
com quem já estive. Fez-me querer saber onde as coisas
poderiam levar, mas eu sei que não posso fazer isso enquanto
estou noivo de Celeste.

Porra... Celeste. Odeio ter concordado com esse pacto e


com esse compromisso, e agora quero sair. Nunca deveria ter
concordado com isso em primeiro lugar, no entanto. Não
importa quantas vezes eu me machuque, não acho que posso
desistir do amor. Claro, dei um tempo nisso. Eu tive meu
quinhão de conexões sem sentido, mas nunca desisti da ideia
de amor. Eu acabei aceitando que isso provavelmente não
aconteceria comigo.

Quando Fiona me contou que pensar em ter uma família


comigo era o equivalente a um pesadelo, eu levei suas palavras
ao coração. E eu não a culpo... sei que coloquei meus pais e
minha carreira antes dela. Mas agora que estou reconhecendo
isso, posso mudar as coisas. Não foi até que me afastei de
ambas as coisas que encontrei alguma felicidade.

Agora eu tenho minha carreira de futebol de volta, mas


com isso vieram meus pais. Não vou deixar a história se
repetir, o que significa que tenho algumas decisões difíceis a
tomar. Primeiro, sendo honesto com Celeste.

— Oh bom! Você está em casa!

Eu nem passei pela porta e Celeste está em mim. — Eu


saio para Milão em uma hora. Estive pensando sobre a nossa
conversa ontem, e eu sei que eu disse que eu só via você como
um irmão antes, mas eu realmente acho que...

Agarrando a mão de Celeste, eu a puxo para sentar ao


meu lado. — Precisamos conversar, — eu digo, cortando-a.
Suas sobrancelhas franzem de preocupação. — Ontem à noite
eu estava...

— Nick, seja o que for que você esteja prestes a dizer, não
faça. Eu não quero saber.

— Passei a noite na casa de Olivia.


— Eu disse que não quero saber! — Celeste se levanta.

— Eu não vou esconder nada de você.

— Eu não aguento saber se você me traiu. Por favor,


apenas não me diga, — ela implora. Lágrimas enchem suas
pálpebras, mas ela rapidamente as afasta. — Não me diga, —
ela sussurra.

— Celeste, alguém te traiu? — Eu pergunto. Seus olhos


se arregalam por uma fração de segundo antes que ela examine
suas feições.

— Você sabe que pode falar comigo, — acrescento.

— Não há nada para falar, — diz ela, sua voz agora


completamente desprovida de toda emoção. Eu a avalio por um
momento, mas quando está claro que ela não vai se abrir para
mim, desisto de tentar tirar alguma coisa dela.

— Nada aconteceu, — eu digo, precisando que ela saiba


que eu nunca iria traí-la.

— Ok, bom. — Ela acena com a cabeça para cima e para


baixo várias vezes. Eu olho para a linda mulher que conheço
por toda a minha vida.

Quando me disseram que eu precisava me acalmar e


Celeste me lembrou do nosso pacto, achei que era o destino.
Eu tinha acabado com o amor e relacionamentos. Nós
concordamos em um casamento de conveniência com um
acordo pré-nupcial e sem filhos. Ela sabia exatamente o que
queria, e eu pensei que era o que eu queria também. Mas
agora, quando olho para ela, sei que tudo o que estava fazendo
há nove meses era estar tomando o caminho mais fácil. Eu não
queria ir contra meus pais. Eu não queria arriscar deixar outra
mulher para baixo. Celeste estava segura. Mas a verdade é que
eu nunca teria durado em um casamento sem amor, e Celeste
merece muito mais, mesmo que ela não perceba isso.

— Celeste.

Ela me dá um pequeno sorriso, um que a maioria não vê.


É aquele que grita vulnerabilidade. Quando ela não tem certeza
de como fazer algo certo. Quando a situação está fora de seu
controle. O fato é que ela não é uma pessoa ruim. Ela é uma
das minhas melhores amigas. Quando ela deixa você entrar,
ela é doce, gentil e solidária. Ela foi honesta sobre o que queria,
e nada disso é culpa dela.

— Não faça isso, Nick. Por favor. — Uma única lágrima


escapa, rolando por sua bochecha. — Nós temos uma coisa
boa acontecendo.

— Esse tipo de relacionamento não é para mim. E não


deveria ser para você também. Nós dois merecemos mais.
Estar com alguém que amamos e que nos ama de volta.

— E daí? Você está apaixonado por Olivia?

— Não, mas quero descobrir se poderia estar. E se ela for


a pessoa certa?

— Você pensou que Fiona era a pessoa certa, e ela...


Antes que ela possa terminar a frase, há uma batida na
porta. Ela vai até lá e meus pais estão parados ali. É quando
lembro que meu pai tinha mencionado que ele ia trazer os
papéis para eu assinar.

— Celeste, o que há de errado? — Minha mãe pergunta.

— Nick acredita que ele poderia estar apaixonado por


Olivia.

— Espere, isso é sobre o bebê? — Minha mãe me dá um


olhar confuso. — Celeste disse que você escolheu ficar em casa
ontem à noite em vez de ir à festa mesmo que ela tenha
encontrado uma babá.

— Eu não quero uma babá. Eu quero criar meu filho


sozinho.

— Você teve uma babá, — minha mãe aponta.

— Eu não quero que meu filho tenha o mesmo tipo de


vida que eu tive. — As palavras saíram antes que eu pudesse
detê-las, e minha mãe recua como se tivesse sido esbofeteada.

— Você teve uma boa vida.

— De acordo com quem? Você? Papai?

— Você recebeu todas as coisas que queria, — diz meu


pai, juntando-se à conversa. — A maioria desejaria ter sua
maldita vida. Então pare de agir como uma criança mimada.
— Sim, me foi dada uma merda materialista, mas
nenhum de vocês realmente me criou. Se não fosse futebol,
você nem saberia que eu existia.

— Oh, Nick, pare de agir como uma maldita garotinha, —


meu pai zomba.

— Diga-me isso. Tirando o futebol, em o que mais eu


participei no ensino médio? — Viro-me para Celeste. — Não
diga uma palavra. — Ela às vezes pode ser egocêntrica, mas
ainda era minha melhor amiga enquanto crescia, e ao
contrário de meus pais, ela realmente me conhece. E mesmo
quando eu não tinha mais ninguém em meus vários eventos
escolares, Celeste sempre esteve lá.

— Nicholas! Por que você está agindo assim? — Minha


mãe grita, evitando a pergunta que ela não pode responder. —
Seu pai e eu fizemos tudo ao nosso alcance para garantir que
seu futuro fosse pavimentado para você. Você deveria estar nos
agradecendo, não nos julgando. Você não tem ideia de como é
o mundo real.

— O que eu sei é que enquanto eu crescia, tudo que eu


queria era fazer vocês dois felizes. Eu prendi minha bunda no
futebol até o ponto em que perdi meu amor pelo esporte e
minha namorada me abandonou. Você sabia que quando ela
me deixou, ela disse que eu coloquei vocês em primeiro lugar?
E o que é chato é que enquanto eu estava colocando vocês dois
antes da minha namorada, vocês estavam se colocando em
primeiro lugar! É trabalho dos pais colocar o filho primeiro, e
não o contrário.

— Isso é tudo sobre aquela garçonete frívola? — Minha


mãe pergunta. — Ela foi um desperdício do seu tempo.

— Aquela garçonete frívola? Ela estava na escola de


dança. Puta merda! Você poderia ser mais esnobe e crítica?
Você não se lembra que você costumava viver em um
estacionamento de trailers? — Eu aponto para o meu pai. —
Até ele te tirar de lá! Eu a amava e ia me casar com ela. Mas
ela me deixou! — Minha voz estrondeia. — Ela me deixou
porque ela disse que seria um maldito pesadelo ter uma família
comigo porque eu coloquei vocês em primeiro lugar!

— Pare! — Celeste grita, e todos voltam sua atenção para


ela. — Eu não vou deixar você acreditar nisso.

— Celeste, não, — minha mãe assobia.

— Não, é o suficiente. Olha, Nick, aquela mulher que você


amava. Ela não deixou você porque você colocou seus pais em
primeiro lugar. Ela te deixou porque...

— Celeste! — Minha mãe grita.

— Sua mãe pagou para ela. Ela deu-lhe quinhentos mil


dólares para ir embora.

Minha cabeça vai para a minha mãe. — Ela tá falando


sério?
— Eu fiz isso por você. Ela não te amava! Ela queria que
você parasse de jogar e começasse uma família. E então você
se machucou. Eu sabia que se ela tivesse feito do jeito dela,
você nunca iria jogar de novo.

— Você está louca? Você não fez isso por mim! — Eu


aceno para o meu pai. — Você fez isso por ele e por você. Então
ele poderia continuar a ganhar dinheiro comigo e você poderia
continuar a se gabar do seu filho jogador da NFL! Isso é tudo
que eu sou para vocês! — Eu balanço minha cabeça e me viro
para Celeste. — E onde você se encaixa em tudo isso?

— Eu não sabia, Nick. Sempre fui sincera com você. Ela


acabou de me contar isso ontem à noite na festa.

— Então, esse tempo todo, eu pensei que ela tinha ido


embora porque ela não me amava mais, mas foi porque ela foi
paga.

— Você sabe o que, Nick? Sua mãe pode ter pagado, mas
Fiona pegou o dinheiro. — Celeste coloca a mão no meu braço.
— Você escolheu o amor e ela escolheu dinheiro. Você foi
embora com o coração partido, e ela se afastou centenas de
milhares de dólares mais rica. Eu lhe disse anos atrás, o
mundo gira em torno do dinheiro, não do amor.

— Talvez sim, mas na minha experiência, o dinheiro


destrói o mundo. Eu prefiro ter o amor sobre o dinheiro
qualquer maldito dia. — E isso sem experimentá-lo
verdadeiramente em primeira mão.
— Nick, pare de ser dramático, — diz meu pai.

— Você tem alguma coisa a ver com tudo isso? — Eu


pergunto a ele.

— Não, eu não tenho. Foi tudo sua mãe. Mas vamos ser
realistas. Se ela tivesse ficado, você não estaria jogando. Então,
eu tenho que dizer que acho que ela fez o que era melhor para
você no momento. — Ele puxa os papéis para fora do envelope.
— Eu preciso ir. Preciso falar com você sobre um possível novo
contrato no final da temporada, mas pode esperar. Só preciso
que você assine esses papéis. — Ele me entrega uma caneta e
eu rapidamente os assino.

Quando eu lhe entrego a caneta e os papéis, ele se dirige


para a porta, minha mãe seguindo em seus calcanhares.
Quando ele abre a porta, eu chamo o nome da minha mãe.

— Deixe-me te contar algo. Olivia é a mãe do meu filho, e


ela estará por perto de alguma forma para o resto da minha
vida. Se você tentar mexer com ela de qualquer maneira, vou
me certificar de que seu status e sua reputação sejam a menor
das suas preocupações.

— Nicholas! — Minha mãe chora, — você está me


ameaçando? — É a primeira vez que eu já vi lágrimas
realmente aparecerem nela.

— Nenhuma ameaça mãe. É uma maldita promessa. Ou


você aceita Olivia e Reed ou está morta para mim.
Uma vez que meus pais saem pela porta e eu a fecho,
Celeste diz: — Eu tenho que sair, mas quando eu voltar, vou
tirar minhas coisas.

— Você não precisa sair tão logo. Se precisar de tempo


para encontrar um lugar, tudo bem.

Ela vem e me abraça. — Eu aprecio isso, Nick, mas é


hora. Você é meu melhor amigo e não vou perder você por
causa dos meus problemas. Sinto muito por pedir que você
aceitasse esse pacto.

— Você não me obrigou a fazer nada. Mas você sabe... —


Eu rio, pensando na outra metade do pacto. — Eu realmente
acho que há uma boa chance de que Olivia possa ser a
escolhida.

Celeste revira os olhos. — Sim, sim.

— E eu a conheci antes de completar trinta anos.

— Ok…

— Então, se acabarmos nos apaixonando, tecnicamente


isso significaria que você teria que pagar.

— Do que você está falando, Nick?

— Nós concordamos... se eu encontrasse o amor antes


dos trinta, você faria o mesmo.

Celeste de repente parece desanimada. Seus olhos ficam


brilhantes e ela desvia o olhar para longe de mim. Ela limpa a
garganta e enxuga as lágrimas. — Desculpe, há algo nos meus
olhos.

— Sim, você teve muitas coisas em seus olhos


ultimamente, — eu digo. — Quer me dizer o que está
acontecendo?

— Não, deve ser algo no ar... pólen ou poeira...

— Sim, ok. Faça do seu jeito. Mas eu não vou deixar esse
pacto. É melhor você se preparar para encontrar seu
verdadeiro amor.

— Fale comigo quando você estiver realmente apaixonado


e vivendo ele a longo prazo, garoto romântico.

Ela dá um tapinha no meu peito de brincadeira, mas a


tristeza em suas feições permanece.

— Eu preciso pegar meu voo. — Ela se inclina e dá um


beijo no rosto. — Sinto muito pelo que sua mãe fez. Por favor,
acredite em mim quando digo que nunca quis ver você ferido.

— 1-direita, 11 passe para o 2. — Os caras lutam, e eu


esqueço completamente a jogada que acabei de chamar. Por
sorte, Craig Stratum, um dos grandes receptores, está aberto
e eu jogo direto nas mãos dele.

— Essa não era a jogada! — O treinador grita, sem perder


o ritmo. — Onde está sua cabeça? Essa é a quinta jogada que
você erra!

Em qualquer treino, vamos passar por mais de uma


centena de jogadas diferentes, e eu sempre as entendi direito.
Hoje, minha cabeça não está no jogo.

— Tudo bem, — grita o treinador. — Vão para a sala de


musculação e me dê uma hora e depois terminamos o dia.
Nick, espere um minuto.

Vou até o treinador Harper e ele espera até que todos


tenham saído do campo para falar. — Você não está você
mesmo hoje. Como está seu braço?

— Está sólido, — eu respondo com sinceridade.

— Bom. Então o que está acontecendo?

— Apenas alguma merda pessoal. Vou colocar minha


cabeça de volta no jogo.

— Ok, — diz ele, não me pressionando por mais. —


Depois do treino, quer fazer uma sessão?

O treinador Harper foi meu maior apoiador desde que ele


me pegou no ano passado. Ele ficou depois que todo mundo
saiu para me ajudar mais vezes do que eu posso contar. Eu
senti falta dele nestas últimas semanas.
— Eu iria, mas eu disse a Liv que iria buscá-la para o
check-up de Reed. — O treinador acena com a cabeça, uma
sugestão de um sorriso brincando em seus lábios.

— Eu ouvi o que você fez na véspera de Ano Novo. — Sem


saber ao que ele está se referindo, eu lhe dou um olhar de
curiosidade.

— Você passou a noite para que Reed pudesse estar em


casa.

— Eu adormeci…

— Você não precisava fazer isso. Você não tem ideia do


quanto isso significava para Olivia. Eu sei que chegará o dia
em que você vai pegar seu filho, e ela terá que aceitar que ela
está em uma situação de co-parentalidade, mas obrigado por
dar a ela um pouco de tempo.

— E se não tivesse que ser assim?

— O que você quer dizer? — Ele inclina a cabeça para o


lado.

— E se eu quisesse ser mais do que pai com ela?

— Você está pedindo minha permissão para namorar


minha filha? Enquanto você está noivo? — Ele me lança um
olhar de desapontamento.

— Eu cancelei o noivado. Celeste estará mudando suas


coisas quando voltar de Milão.
O treinador balança a cabeça lentamente, levando um
segundo para pensar sobre o que eu disse a ele.

— Eu nunca estive nessa situação. A primeira vez que me


apaixonei foi com a mãe de Olivia, e eu a amei até o dia em que
ela morreu. A segunda vez foi com Corrine. Foi alguns anos
depois da morte de Francesca. Nunca imaginei que me
apaixonaria novamente e, a princípio, me senti tão culpado por
seguir em frente. Mas quando liguei para Olivia e disse a ela,
ela disse: 'Pai, não decidimos quem amamos; o mundo decide
por nós. E se Corrine é quem você ama, você não pode virar as
costas para isso. Ninguém deveria ficar sem amor'.

O treinador Harper sorri pela memória. — Minha filha


sempre acreditou no amor verdadeiro, provavelmente mais do
que a maioria. Ela acredita no felizes para sempre – os contos
de fadas que você vê nos filmes da Disney – e é minha culpa.
O que a mãe dela e eu tínhamos era muito parecido com o que
você vê nesses filmes, e mesmo quando os tempos eram
difíceis, nunca a deixamos ver esses momentos. Ela cresceu
acreditando que é assim que o amor deveria ser. Agora eu
tenho medo que um dia ela acorde e perca a crença de que o
verdadeiro amor existe. Ela já fez comentários sobre aquele
idiota do Victor traindo ela. E então, para completar, ela está
sendo tão dura consigo mesma sobre como Reed foi concebido.

Ele balança a cabeça, e estou atordoado com a mudança


que essa conversa tomou. Este é o mesmo homem que nos
aniquila todos os dias no campo, e ele está falando sobre filmes
da Disney, contos de fadas e merdas assim.
— Eu acho que o que estou tentando dizer é que antes de
você tomar a iniciativa com a minha filha, você precisa
descobrir se você acredita no amor. Se você está disposto a dar
a ela o felizes para sempre. Porque se você não estiver,
mantenha a paternidade. Deixe-a encontrar o cara que pode
dar a ela o que ela merece. Minha filha merece seu final de
conto de fadas.

Eu sei exatamente o tipo de amor que Olivia quer porque


é do mesmo tipo que eu quero.

— Independentemente do que aconteça, estou aqui para


você. Você é o pai do meu neto. Não importa onde você termine
no final desta temporada, ou na vida, eu estou apenas a um
telefonema de distância.

— Obrigado, treinador.
Por causa de Nick ser bem conhecido na região – e o fato
de que ele está a três jogos de distância em trazer a equipe para
seu primeiro jogo do Super Bowl em mais de uma década – a
enfermeira teve que nos apressar de volta para um quarto. Eu
nem sequer pensei nisso quando fiz a consulta, já que não
planejava comparecer com ele.

— Se você pudesse, por favor, preencher esta papelada,


eu voltarei em poucos minutos para pegá-la e, em seguida, o
médico fará o check-out do seu filho. — A enfermeira me
entrega uma prancheta de papéis e sai, fechando a porta atrás
dela. Nick está de pé contra o balcão, segurando Reed em seus
braços, e eu não posso deixar de sorrir com o quão adorável
eles são.

Nosso filho parece um pequeno amendoim quando está


contra os antebraços musculosos de seu pai. Nick está usando
uma camiseta do New York Brewers que acentua seus
músculos em todos os lugares certos, e Reed está de macacão.
Quando Nick chegou para nos pegar, ele me entregou uma
pequena bolsa com o macacão dentro. Como eu ainda não
tinha vestido Reed, coloquei nele. Nós dois tiramos várias fotos
e eu mandei uma para o meu pai.

Eu fico ocupada preenchendo a papelada enquanto Nick


fala com Reed.

— …Então joguei a bola para Killian para o touchdown 7,


mas a bola escorregou de seus dedos como se suas luvas
estivessem forradas com manteiga. É melhor que ele fique sob
controle...

Eu olho para cima, e Reed está encarando o pai como se


ele soubesse do que está falando. Meu coração dá saltos e
depois flutua com a bela vista diante de mim. Sem Nick ver,
puxo meu telefone e tiro uma foto deles.

Colocando meu celular longe, volto a preencher a


papelada, quando ouço Nick dizer: — Whoa aí, amigo. O que
sua mãe te deu?

Quando eu olho para trás, seu rosto está contorcido em


um olhar de desgosto.

Pousando a prancheta, enfio a mão no saco de fraldas e


puxo uma fralda e lencinhos. — Eu posso fazer isso, — Nick
oferece, pegando os itens da minha mão. Estou prestes a
discutir com ele, mas em vez disso entrego os itens.

— Obrigada, — eu digo, depois volto para preencher a


papelada. Um minuto ou mais depois, ouço: — Puta merda!

7Touchdown é uma pontuação do futebol americano e do futebol canadense. Ela vale 6 pontos e é
conseguido com o jogador cruzando a linha de gol sem ser obstruído.
Cara, o que diabos você fez? É como se uma bomba de merda
tivesse explodido aqui. — Eu rio baixinho, mas continuo o que
estou fazendo.

— Umm... Liv, você pode me dar mais lenços? — Sua


pergunta sai abafada, e quando olho para cima, ele parece
estar mais pálido do que alguns minutos atrás. A metade
inferior de seu rosto está escondida sob a gola de sua camisa,
e ele está fazendo um som de engasgo.

Agarrando o recipiente de lenços, pulo para ajudá-lo e


morro diante da cena em minha frente.

— Oh meu Deus! — Eu desmancho rindo. Tem merda em


todo lugar! Por todo o bebê, a mesa, a roupa de Nick.

— O que aconteceu? — Eu gargalho, e Nick me encara.

— Com o que diabos você está alimentando esse garoto,


Liv? — Ele engasga novamente, pegando os lenços de mim.

— É apenas a fórmula. — Eu dou de ombros. Puxo mais


alguns panos para fora e começo a limpar o cocô, que está em
todo lugar. Eu tiro as roupinhas de Reed, que não parece
perturbado com nada disso. Nick pega a fralda e engasga
novamente enquanto embrulha.

— Ânsia de vômito ruim? — Eu brinco.

— Oh, vamos lá! Esse cheiro deve ser considerado tóxico.


Você viu a fumaça subindo de sua bunda? — Nick diz
enquanto lava as mãos na pia. Ele está muito sério e isso só
me faz rir mais.

Nós pegamos Reed e colocamos uma fralda limpa nele,


mas eu não me incomodo em vesti-lo, sabendo que o médico
vai pedir para tirar as roupas dele. Em vez disso, eu o envolvo
em um cobertor e o entrego de volta a Nick para que eu possa
lavar minhas mãos e terminar de preencher a papelada.

— Toc, toc. — A pediatra entra, fechando a porta atrás


dela. — Meu nome é Dra. Fox. — Ela aperta a mão de Nick e
depois a minha. Eu já a tinha encontrado algumas vezes antes,
mas esta é a primeira vez que a encontro com Nick. Ela faz
Nick colocar Reed deitado de costas. — E como Reed está indo?
— Ela começa a examiná-lo, tomando sua temperatura e
verificando seu batimento cardíaco. Nick fica sobre ela o tempo
todo enquanto eu respondo as perguntas. Nós revisamos o
quanto ele está comendo e qual é o percentual que ele tem em
altura e peso – ele está acima da média para ambos.

Quando ela termina, diz: — Ok, ele vai tomar três picadas
hoje. A enfermeira vai entrar e explicar para que servem.
Quando ela terminar, você pode dar uma olhada na recepção
e marcar sua próxima consulta.

Ela aperta as duas mãos mais uma vez e sai.

— O que ela quer dizer com três picadas? — Nick olha


para mim horrorizado. É então que eu lembro que ele não
estava lá no encontro de nascimento de Reed algumas
semanas atrás.
— Bebês recebem muitas vacinas no primeiro ano. —
Nick pega um Reed agora choramingando e o segura perto de
seu peito. Ele ainda está apenas em sua fralda.

A enfermeira vem com as seringas em uma bandeja. Ela


explica as três doses que vai aplicar e me dá um panfleto de
informações para cada uma.

— Tudo bem, papai. Você pode segurá-lo como você está


fazendo, e eu vou aplicar as doses daqui. — Os olhos de Nick
se atiram para mim, o primeiro olhar de medo que eu já vi do
homem. Não passei muito tempo com ele, mas pelo tempo que
já passei, ele está cheio de confiança em tudo.

A enfermeira fura Reed com a primeira dose e seus


choramingos se transformam em um grito estridente. Nick se
afasta da enfermeira antes que ela consiga a segunda dose.

— Não! Não está acontecendo. — Ele recua um pouco


mais até estar no canto, reconfortando Reed.

— Você apenas vai deixá-la fazer isso com o nosso filho?


— Ele diz para mim, acusadoramente. Eu deixei o julgamento
ir porque ele é apenas um pai protetor.

— Ele precisa delas para proteção. Você quer que eu o


segure? —Eu coloco minhas mãos para fora e ele balança a
cabeça.

— Não, esqueça isso. Ele está chorando. — Lágrimas


escorrem pelo rosto de Reed, e Nick está tentando acalmá-lo.
— Vai ser mais rápido, eu prometo, — diz a enfermeira, e
Nick lhe lança um olhar que a faz vacilar. Se ele não estivesse
tão sério, toda essa situação seria quase cômica.

— Fácil para você dizer. — As mãos de Nick apertam o


corpo minúsculo de Reed. — Você não é o único a ser
esfaqueado com agulhas. — Eu pego sua chupeta da bolsa de
fraldas e uso para acalmá-lo. Ele para imediatamente de
chorar e a sala fica quieta.

— Pronto? — A enfermeira pergunta a Nick, que parece


ser um animal selvagem preso no canto sem ter para onde ir,
como em uma gaiola. Ele balança a cabeça lentamente e
começa a falar suavemente para Reed sobre futebol como ele
estava fazendo antes.

A enfermeira pica Reed mais duas vezes e ele solta outro


choro, sua chupeta caindo de sua boca. Eu a pego e empurro
de volta enquanto Nick continua a balançá-lo gentilmente em
um esforço para acalmá-lo.

— Certamente, com todos os avanços médicos que eles


fizeram, eles podem encontrar uma maneira melhor de dar
uma vacina a um bebê.
Nick fala sobre toda a experiência de vacina que ele está
claramente mais traumatizado do que o bebê que realmente
tomou e está dormindo em sua cadeirinha.

Estamos sentados em um dos restaurantes mais


conhecidos de East Village. Quando estávamos saindo do
consultório, Nick mencionou o almoço e eu, relutantemente,
aceitei. Então Giselle ligou ao mesmo tempo em que Killian fez,
e Nick sugeriu que se juntassem a nós. Então aqui estamos
nós, os cinco de nós – incluindo Reed – comendo um almoço
tardio no French Bistro.

Porque é janeiro em Nova York e está congelando, nós


temos que comer na parte interna. Nick ligou no caminho e,
assim que chegamos, fomos levados para uma sala privada que
parece que normalmente comporta cinquenta pessoas. Ele
definitivamente recebeu bons pontos de papai por isto.

Ele está sentado ao meu lado e, embora eu saiba que isso


é errado, não posso deixar de fingir que, em vez de estarmos
aqui apenas como pais de Reed, estamos aqui como um casal.
Eu vi um lado diferente do Nick hoje. Não é o mesmo cara da
noite em que o conheci – que era sexy como o inferno –, mas
um lado mais suave e gentil. O tipo de cara que vejo no meu
pai.

— As crianças não têm cem vacinas ao longo da vida? —


Aponta Killian, e se eu o conhecesse melhor, eu o chutaria
debaixo da mesa. Giselle, por outro lado, não parece se
importar que ela não conheça Killian, porque alguns segundos
depois ele grita como uma menininha. — Oww!! Que diabos! —
Seus olhos se lançam ao redor da mesa até que eles pousem
em Giselle. — Você acabou de me chutar?

— Não está ajudando, — ela sussurra, e eu rio.

— Então, segundo jogo dos playoffs, — eu digo, mudando


de assunto.

Nick sorri de orelha a orelha, acenando e lembrando-me


muito do meu pai quando o futebol é mencionado.

— Com certeza sim. Nós conseguimos! — Nick exclama.


Seu braço gira ao redor de minhas costas, seu antebraço
descansando no topo da minha cadeira.

— E nós vamos estar em Miami. Nós definitivamente


vamos roubar a cena depois que vencermos o jogo, —
acrescenta Killian, levantando o punho para bater no de Nick,
mas Nick balança a cabeça. Killian abaixa o punho e toma um
gole de sua bebida.

Giselle me lança um olhar e dou de ombros.

Nick se inclina para perto de mim, sua respiração fria


bate no meu pescoço. — Não dê ouvidos a nada do que Killian
diz, nunca. — Então ele se inclina ainda mais. — Eu estava
realmente pensando que talvez você e Reed pudessem se juntar
a mim. Vinte e cinco graus e luz do sol. — Eu viro minha
cabeça e tenho que recuar um pouco para que nossos rostos
não colidam.
Nick arqueia as sobrancelhas e eu estou completamente
perdida. Sei que sua oferta é inocente, mas meu corpo não
necessariamente entende isso.

— Eu... — Eu limpo minha garganta. — Eu não acho que


seja uma boa ideia. O aniversário de Giselle é esta semana, por
isso vamos fazer um dia de meninas. — Giselle me dá um olhar
confuso, mas segue junto. É mesmo o aniversário dela, mas
ainda não tínhamos solidificado nenhum plano.

— Sim, estou fazendo o famoso vinte e cinco, — diz ela.


— Vamos passar o dia no spa.

— Tudo bem. — Ele balança a cabeça em compreensão.


— Próxima vez.
Faz um pouco mais de um mês desde que minha vida
mudou para sempre com o nascimento do meu filho.
Ganhamos todos os três jogos dos playoffs, o que significa que
neste próximo fim de semana estaremos jogando no Super
Bowl.

Como o jogo será em Denver, não poderei ver Reed ou


Olivia neste final de semana. Eu não o levei para casa desde a
véspera de Ano Novo, e nós não discutimos isso, mas garanti
em visitá-lo e vê-lo várias vezes na semana. Eu costumo vir
todas as terças e quintas e um dia durante o fim de semana,
dependendo do dia em que estamos jogando ou se estamos fora
da cidade.

Olivia colocou uma parede impenetrável quando se trata


de mim. E é de concreto, e eu não tenho a menor ideia de como
diabos vou acabar com isso. Claro, ela vai mandar fotos de
Reed quando eu pedir, mas se eu tentar achar uma rachadura
na parede dela, tentar entrar dentro de uma fenda, ela estará
bem lá, soltando a merda, certificando-se de que não tenha
caminho por ali.
Eu tentei mandar uma mensagem para ela várias vezes,
perguntando como ela está ou o que ela está fazendo, mas ela
mantém tudo sobre Reed. Quando eu convido ela para almoçar
ou jantar, ela aparece com uma desculpa do porque não pode
ir.

Depois do treino, estou planejando passar a tarde com ela


e Reed, e espero que, talvez, enquanto estiver dormindo,
possamos discutir a possibilidade de nós. Pensei muito sobre
o que o pai dela disse. E eu sei, que se ela tivesse me deixado
seu número naquela manhã no quarto do hotel, eu a teria
procurado. Aquela noite foi completamente diferente de tudo
que eu experimentei, e eu quero ver se dada a chance, nós
poderíamos funcionar.

Desde que eu precisava de esclarecimentos sobre o que o


treinador queria dizer, fiz Killian assistir a um filme de
princesa da Disney comigo. Sua sobrinha é dona de um monte
deles, então pedi para ele pegar um e trazer. Ele pensou que
eu tinha perdido a cabeça, mas eu precisava saber com o que
estou lidando aqui. Qual jogada vai me levar ao touchdown.

— Aqui está! — Ele joga o DVD para mim. — Planejando


encontrar sua princesa interior? — Ele ri e joga sua bunda no
sofá.

— Vai se ferrar. Eu preciso ver como isso funciona.

— Como o filme funciona? Eu posso te dar uns spoilers.


Minha sobrinha me faz assistir essa porcaria toda vez que eu
fico de babá, então meu irmão e sua esposa podem sair para ter
algum tempo de adultos. A garota procura o amor, há uma
rainha malvada que tenta estragar tudo, tem algum tipo de
queda, o príncipe a salva, e eles vivem felizes para sempre. Fim.

Eu olho para ele em silêncio. Claramente, há mais nessa


merda do que isso.

— Vamos apenas assistir ao maldito filme.

— Primeiro me diga porquê, — insiste Killian.

— O pai de Liv disse que ela quer o conto de fadas. Ele até
comparou isso a um filme da Disney. Normalmente, a chave
para o coração de uma mulher é através da minha conta
bancária, mas não quando se trata de Liv. Ela não está me
deixando entrar. Então, vou descobrir como dar isso a ela.

— A conta bancária?

— Não! O conto de fadas!

— Você é louco ‘pra’ caralho, cara. O conto de fadas não é


real. O que você precisa assistir é o ‘Papai Há um Só’.

Ele gargalha e eu levanto uma sobrancelha,


silenciosamente pedindo-lhe para explicar. — Você sabe…
aquele em que o pai e o padrasto são forçados a se dar bem. É
hilário e mais interessante para nossa geração.

— O que acontece no filme?


— O padrasto quer que as crianças o amem, mas o pai
verdadeiro entra e bagunça tudo. Eventualmente, todos eles
coexistem.

Eu pego meu travesseiro e jogo nele. — Eu não estou me


preparando para Olivia acabar com outro cara!

— Você realmente gosta dessa mulher, não é?

— Sim. Eu realmente gostei dela quando passei a noite


com ela, mas como você sabe, ela saiu sem deixar seu número.
Agora eu sinto que me deram uma segunda chance, e não quero
estragar tudo. Ela não é igual a ninguém que eu já conheci.

— Porra... pega leva comigo. — Killian ri.

— Cala a boca. Agora assista esse filme comigo ou vá


embora.

— Tudo bem... mas depois que a sua merda de conto de


fadas não funcionar, nós estamos assistindo o ‘Papai Há um
Só’.

Nós assistimos o filme e eu faço anotações. Aqui está o que


eu aprendi sobre contos de fadas através da Bela Adormecida:

A princesa é linda, mas indefesa – Olivia não está


indefesa.

Há uma puta do mal que – como Killian mencionou – fode


a merda toda – meio que me lembra a minha mãe.
Os pais mandam Aurora embora, que não é nada parecido
com a vida de Olivia, a menos que você a conte saindo para
Paris depois que sua mãe morreu.

Tem muita cantoria – eu me pergunto se Olivia pode cantar,


e espero que ela não queira.

Princesa Aurora vê o príncipe e se apaixona por ele depois


que eles dançam juntos – eu posso lidar com isso.

Ela está sendo forçada a se casar com o cara que ela não
ama, Olivia nunca faria alguma merda que ela não queira fazer.

Ela pica o dedo em uma agulha e desmaia – porra,


agulhas! Nada de bom vem dessas filhas da puta.

O príncipe faz todo o trabalho duro, derrotando a vadia do


mal e vencendo a batalha – preciso convencer Olivia a me deixar
fazer parte do trabalho.

O príncipe salva o dia beijando a princesa, e eles vivem


felizes para sempre – eu tenho essa merda.

Agora, eu não sei nada sobre os outros contos de fadas,


mas pelo que juntei enquanto assistia a esse, Olivia quer que
eu mostre a ela que eu posso ser seu Príncipe Encantado. O
problema é que, como no futebol, um quarterback é tão bom
quanto seu receptor.

Posso jogar passes perfeitos o dia todo, mas se eu não


tiver alguém lá para pegar a bola, é inútil, e é por isso que
Olivia e eu precisamos conversar. Eu preciso descobrir se ela
vai ser um jogador da equipe ou se eu vou estar jogando passes
incompletos.

Estou prestes a sair pela porta quando meu telefone toca.


Eu vejo que é meu advogado, Dylan Blake, ligando. Dylan é
irmão de Killian e advogado de esportes. Ele geralmente não
faz direito de família, mas está familiarizado com isso, e é a
única pessoa em quem confio para lidar com essa merda com
Olivia.

— Ei, Dylan. Como está indo?

— Bem. Eu só queria que você soubesse que a Sra.


Harper respondeu. — Merda... esqueci completamente a
petição que coloquei para a guarda conjunta.

— E…?

— Ela respondeu. Ela quer a custódia legal, dando-lhe o


direito de visita. Você tinha pedido cinquenta por cento da
guarda. Isso significaria sessenta e quarenta por cento, com
ela sendo legalmente autorizada a tomar todas as decisões
finais.

— E quanto ao apoio financeiro?

— Ela está bem com isso, mas fez algumas revisões.


Todas as despesas estão divididas no meio, incluindo seguros
de saúde e despesas educacionais.

— Ela não existe mesmo... — Eu rio para mim mesmo.


— Ela teve que enviar suas informações bancárias para
os tribunais. Você está ciente de que esta mulher
provavelmente poderia comprar o time que você está jogando?

Eu rio. Eu sabia que ela tinha dinheiro, mas eu não sabia


que ela tinha tanto assim. A casa em que ela mora tem que
valer alguns milhões, mas eu meio que presumi que o pai dela
poderia estar ajudando ela. Aparentemente eu estava errado.

— Ela definitivamente não é a princesa indefesa —, eu


digo mais para mim do que para o meu advogado.

— O quê?

— Nada… vá em frente e aprove seu pedido. Eu concordo


com todos os itens.

Depois do treino, chego à casa de Olivia e ela me deixa


entrar. — Eu não tinha certeza se você ainda estava vindo.

— Por que eu não iria? — Ando atrás dela.

— Bem, meu advogado ligou e disse que você aprovou o


acordo de custódia. Hoje é segunda-feira e seus dias são terça
e quinta-feira.

— Eu vou embora amanhã para ir a Denver para o Super


Bowl. — E então uma ideia se forma. — Por que você e o meu
pequeno homem não se juntam a mim?

— Umm... eu não tenho certeza se é uma boa ideia. — Um


barulho de bipe vem da cozinha, e ela corre naquela direção,
tirando uma bandeja de brownies do forno. A casa cheira a
uma padaria e meu estômago ronca.

Ela coloca a forma em um rack de algum tipo, em seguida,


corta outra forma de brownies em pequenos quadrados e
coloca-os em um prato. Eu pego um e coloco na minha boca.
Eles não estão quentes, então devem estar esfriando lá por um
tempo. A massa praticamente derrete na minha boca.

— Jesus, mulher. Isso é bom ‘pra’ caralho. — Eu pego


mais um.

— Obrigada! Você está... você está levando... — Ela engole


em seco, olhando para todos os lados, menos para mim. —
Você está levando Reed com você hoje? — Ela faz essa mesma
pergunta toda vez que eu venho, e toda vez dou uma desculpa
esfarrapada a respeito do porque eu vou apenas relaxar aqui.

— Não… como você disse, não é meu dia. Eu só vou ficar


aqui se estiver tudo bem por você. — Eu me aproximo dela, e
ela se inclina um pouco. Ela tem uma espátula de massa na
mão, e ela mordisca o plástico nervosamente. Ela tira a
espátula da boca, deixando um pouco de massa para trás.

— Sim… tudo bem. Eu imagino que teremos que


trabalhar em torno do seu calendário de futebol.

Eu fecho a distância entre nós. Este é o mais próximo que


estamos desde a véspera de Ano Novo, quando adormecemos
juntos no sofá, o mais próximo que ela me permitiu ser.
Estamos a apenas alguns centímetros de distância, e quando
olho para baixo, posso ver seus mamilos ficando duros. Ela me
quer.

— O quê? — Ela pergunta timidamente, me observando.

— Você tem um pouco de... — Sem terminar minha frase,


eu me inclino para fazer o meu movimento. É arriscado ‘pra’
caralho, mas eu vou com tudo nesta aposta. Minhas mãos
descem para o balcão, fechando-a pelos meus braços, e noto
que ela continua imóvel, congelada no lugar. Meus lábios
roçam no canto de sua boca, minha língua dispara para roubar
o pedaço de massa. Ela respira fundo, não reagindo, mas não
me afastando também.

Levando um pouco mais longe, meus lábios se movem


para baixo, e eu puxo seu lábio inferior suavemente com meus
dentes, minha língua lambendo sua carne. Quando ela não se
move, abro os olhos e vejo que ela está olhando para mim, me
observando com os olhos arregalados. Eu movo meus lábios
para cima e coloco um beijo suave no dela. Mas quando minha
língua procura entrada, o transe em que ela está é quebrado.

— Pare, por favor. — Sua voz é ofegante – cheia de


carência, uma completa contradição com suas palavras. — Eu
não sou uma traidora.

Eu recuo um pouco, mas minhas mãos ficam


pressionadas contra a borda do balcão, meus braços
envolvendo-a. — Você está vendo alguém? — Certamente, eu
teria visto alguém por perto.
— Não, mas você está noivo. Você pode estar bem com a
traição, mas eu não estou, e imagino que sua noiva não estaria
bem com isso também. Como você sabe, eu fui traída e é uma
droga, e embora isso seja verdade, não gosto exatamente da
sua noiva, eu não estou prestes a me tornar a outra mulher.
— Whoa… o quê?

— Do que você está falando? Celeste e eu terminamos há


algumas semanas. — A mão de Olivia se aproxima do meu
peito e me empurra um pouco para trás. — Você não lê os
tabloides ou vê as redes sociais?

— Eu tenho estado um pouco ocupada cuidando do nosso


bebê. Não persigo sua rede social ou vejo tabloides. Talvez se
eu fizesse, eu teria descoberto quem você era mais cedo.

Ela sai do meu aperto e coloca outra bandeja de brownie


no forno.

— Independentemente disso... eu não posso ser seu


rebote.

Ela ajusta o temporizador para quarenta e cinco minutos


e sai da cozinha e segue pelo corredor para verificar Reed.

— Quem disse alguma coisa sobre ser meu rebote? Caso


você tenha esquecido, eu estava com você antes de estar com
Celeste. Tecnicamente, ela foi o rebote. — Eu dou de ombros e
Olivia ri.

— Muito engraçado. — Ela pega o monitor do bebê e sai


para o terraço, sentando-se no sofá ao ar livre e acendendo o
aquecedor elétrico. Sento-me ao lado dela e ela se move para o
canto.

— Olha, — eu digo, as palmas das minhas mãos subindo


de maneira apaziguadora. — Eu sei o que você quer.

— Oh, sério? — Ela morde o lábio para conter o sorriso.


— Por favor, Nick, diga-me o que é que eu quero. — Ela traz as
pernas até o peito, e seu queixo descansa em seus joelhos.

— Você quer que eu derrote a rainha má e te beije para


você acordar.

— O quê? — Ela joga a cabeça para trás em um ataque


de riso, e foda-se se eu não quero beijar todo caminho até a
garganta.

— Você sabe? Como nos filmes da Disney. Você está


procurando por um príncipe encantado e eu posso ser ele.

A expressão de Olivia é sóbria. — Você está tirando sarro


de mim?

O quê? — O quê? Não, estou falando sério. Você não quer


dinheiro ou a merda materialista. Você não precisa de mim
para comprar nada. Você está procurando o seu beijo mágico
e eu posso ser esse cara.

— O que você sabe sobre os filmes da Disney? — Ela me


olha com ceticismo e uma ideia ataca. Eu puxo meu telefone e
rolo pela minha lista de músicas, encontrando a música
perfeita. Aperto o play e aumento o volume.
— Dance comigo. — Eu me levanto e estendo a mão para
Olivia tomar.
All-4-One’s “I can love you like that” toca sobre o alto-
falante no telefone de Nick. Eu não ouvi essa música desde que
eu era uma garotinha. As palavras chegam tão perto de casa
quando se trata do que eu queria que tenho que me perguntar
se é uma coincidência ou se ele escolheu a música de propósito
depois de me dizer que ele sabe que eu estou procurando pelo
meu Príncipe Encantado.

Eu olho para a mão que ele ofereceu e, por algum motivo,


parece que esse momento é monumental. Como se eu pegasse
sua mão, estarei concordando com muito mais do que apenas
esta dança. Estou concordando em dar a ele uma chance de
transformar minha fantasia de felizes para sempre em
realidade.

Ele está na minha frente, seu rosto desprovido de toda


emoção enquanto espera que eu tome minha decisão. Ele está
me permitindo estar no controle. Há tantas razões pelas quais
eu não deveria fazer isso, porque isso pode acabar em desastre.
Cada uma delas passando pela minha cabeça repetidamente.
Mas, em vez de escutar, eu as empurro para o lado, ignorando
todos e acompanho meu coração. Se não der certo, pelo menos
posso dizer que tentei. E se isso acontecer – minha mente vai
para a nossa noite juntos, para o jeito que ele está em torno de
Reed – há uma chance que poderia ser surpreendente.

Tomando a mão de Nick, levanto-me e ele mostra seu


primeiro sinal de emoção – um sorriso formando em seus
lábios. Puxando-me em seus braços, suas mãos percorrem
meus lados, descansando na minha parte inferior das costas.
Minhas mãos se movem para cima de seu peito, sobre seus
ombros, e circulam em volta de seu pescoço.

A música toca ao fundo, o cara dizendo à mulher que ele


fará seu mundo, e depois de um minuto eu me permito relaxar
– minha cabeça desce e descansa no peito de Nick. Nossos
corpos balançam na música em silêncio, até cerca de metade
da música quando Nick murmura: — Eu posso te amar assim.
— Eu sei que é a letra da música, mas ele não parece estar
cantando, mas sim me dizendo. Eu não sei o que dizer, então
aceno em seu peito.

Enquanto a música continua a tocar, as mãos de Nick se


apertam ao meu redor, e ele me puxa para mais perto dele, seu
lábio roçando meu ouvido enquanto ele suavemente canta as
letras para mim. Cada palavra quebrando um pedaço da
parede que eu tenho tentado construir para manter meu
coração seguro deste homem.

A música termina e outra começa. É Imagine Dragon


“Thunder”. Nick ri quando coloca a mão no bolso e para a
música.
— Deve ter mudado para a minha música pré-jogo. — Ele
encolhe os ombros. — Obrigado pela dança.

— O que isso significa, Nick? Ainda estamos de pé nos


braços um do outro, nenhum de nós faz o primeiro movimento
para separar.

— Seu pai disse que, de acordo com você, as pessoas não


tomam a decisão de amar; isso só acontece. Mas eu não
concordo, Liv. Eu acredito que o amor é uma decisão. Quem
nós amamos, como amamos. Está nas nossas mãos. Eu cresci
sem ter ideia do verdadeiro significado do amor. Quando eu era
pequeno, achava que significava bicicletas e PlayStations. E
quando fiquei mais velho, pensei que significava carros e
casas. Para minha mãe, isso significa férias, joias e status.
Para meu pai, isso significa poder e dinheiro. Eu cresci com
tudo que uma criança poderia pedir, mas nada que uma
criança realmente precisa. Não foi até você me dar Reed que
eu aprendi que o amor pode ser mais... muito mais.

— O que isso significa? — Eu pergunto, com rouquidão.

— Eu não posso explicar isso. — Nick balança a cabeça.


— É, — ele recua um pouco, soltando nossa conexão — aqui.
— Ele aponta para o peito. — Não é nenhuma daquelas coisas
que mencionei. É muito mais poderoso. Quando Reed chorou
por causa daquelas vacinas em seu check-up, meu coração...
porra, parecia que meu coração ia explodir. É como nada que
eu já senti antes. Meus pais escolheram amar da maneira que
fizeram, e eu estou escolhendo amar do meu jeito, com meu
coração. E se você pudesse me dar uma chance, eu adoraria
amar você do mesmo jeito.

Suas palavras são tão inesperadas e me assustam porque


atingem todos os lugares certos. Mas e se isso for apenas uma
fase? E se ele pensa porque ama seu filho e tudo o que tem a
ver com ele significa que ele pode me amar da mesma maneira?
E se ele não puder? O amor de um pai não é o mesmo.

Dois minutos atrás, eu estava disposta a dar o salto, mas


agora ouvindo como ele se sente, estou com medo. Se isso não
funcionar, Nick pode me deixar além do reparo. E quem vai
estar lá para pegar minhas peças?

— Você ama Celeste?

Nick suspira e, pegando minha mão, nos guia para


sentar.

— Celeste e eu somos amigos desde que éramos


pequenos. Sua mãe e a minha são melhores amigas que
cresceram ao lado uma da outra em um estacionamento de
trailers. Ambas sonhavam em sair, mas ao contrário da minha
mãe que se casou com um cara rico e criou uma nova vida para
si mesma, a mãe de Celeste se apaixonou por um cara de um
clube de motocicleta que partiu, prometendo voltar e nunca
mais o fez. Celeste cresceu pobre. Sua mãe amava aquele cara,
e apesar de ter várias oportunidades de estar com homens
mais ricos ao longo dos anos, para proporcionar a Celeste uma
vida melhor, ela preferiu ficar solteira e lutar. Até hoje ela
nunca saiu do trailer. Ela ainda está esperando o pai de Celeste
retornar. Ela literalmente escolheu o amor acima do dinheiro,
e por causa disso, Celeste se ressente de sua mãe por tudo que
ela não teve quando estava crescendo.

Nick pega a minha mão na sua e a massageia em círculos


com o polegar e os dedos, enquanto ele continua a falar.

— Quando eu estava na faculdade, fizemos um pacto. Se


não encontrasse o amor aos trinta, casaria com ela e daria uma
chance a ela.

— Que foi?

— Um arranjo comercial. Sem amor ou emoções.

Estou chocada com o que ele está me dizendo. Você vê


coisas assim em livros ou filmes, mas nunca na vida real. E
aos trinta anos?

— Mas trinta ainda é tão jovem. Você estava disposto a


desistir do amor aos trinta anos?

— Eu tinha vinte anos quando fiz esse pacto estúpido. Eu


era jovem e, por um segundo, não pensei que acabaria com
trinta e sozinho. Mas ao longo dos anos eu permiti que futebol
e meus pais controlassem minha vida, e os resultados foram
muitos relacionamentos fracassados. Naquela manhã eu fui
me encontrar com Declan Thomas, o dono dos Brewers, e seu
pai. — Ele ri. — É meio irônico, na verdade.

— O quê? — Eu pergunto.
— Seu pai e Declan fizeram eu me sentar e me disseram
que eu precisava me acalmar. Eles tinham uma foto de um
tabloide online de você e eu andando para o hotel, mas porque
eu estava em cima de você, eles não podiam ver seu rosto.

— Oh meu Deus! — Eu pulo para ficar de pé e ofego em


choque. — Se meu rosto estivesse na imagem, meu pai saberia
que ficamos juntos naquela noite.

— Exatamente, — concorda Nick. — Mas eles não podiam


dizer quem era a mulher. Tudo o que sabiam era que minha
festa estava um pouco fora de controle e precisavam limpar
minha imagem para que eu pudesse ser o rosto da equipe.

— Então você concordou com o pacto que você fez com


Celeste.

— Sim, — Nick admite com um aceno de cabeça. — Acho


que eu precisava de uma pausa de tudo, e estar com Celeste
me forçou a me acalmar e me concentrar no futebol de novo...
sem colocar meu coração na linha.

— Então, o que mudou? — Por que ele de repente está


disposto a colocar seu coração de volta ao jogo?

— Você. Reed. Eu senti alguma coisa por você na noite


em que estivemos juntos antes mesmo de saber que
concebemos Reed. Mas você foi embora. Então, quando senti
que estava pressionado, tomei o caminho mais fácil e concordei
em dar uma chance a Celeste.
— E o quê? Você disse a Celeste que mudou de ideia? Eu
não posso imaginar que isso acabou bem.

— Ela é uma das minhas melhores amigas há anos. Sim,


ela está magoada, mas ela entende. Nós nunca dormimos
juntos.

Uau! Está bem então. Então, foi tudo de verdade.

— Eu acho que agora ela está mais chateada com sua


metade do pacto. — Nick sorri.

— O que você quer dizer?

— Se eu encontrar o amor, ela tem que parar de procurar


por um cara rico para estar em um acordo de negócios e tentar
encontrar o amor também.

— Mas você não encontrou amor. Quero dizer, o que nós


tivemos... aquela noite...

— Foi mais do que uma noite, Olhos Castanhos. Pode não


ter sido amor, mas foi mais, e se você me der uma chance –
uma chance para nós – pode se transformar em amor. O que
temos é diferente, e acho que você também sente isso.

Ele está certo. Na noite em que passamos juntos, a


química que compartilhamos.... Foi mais, e é por isso que corri
com medo na manhã seguinte.

— Eu preciso de algum tempo para pensar. — Seu rosto


cai e meu coração se quebra. — Eu não estou dizendo não. Eu
fui magoada, Nick. Pensei que alguém me amava e acabou que
ele não amava. Então, descobri que ele me traiu... realmente
doeu.

— Eu entendo, — diz ele. — Eu estive lá, mas eu não sou


ele, Liv.

— Eu sei que você não é, mas e se você só estiver fazendo


isso porque eu sou a mãe do seu filho? Ou se eu disser apenas
sim porque quero o conto de fadas. Preciso pensar em tudo. Se
eu não tivesse voltado, você ainda estaria com Celeste em um
relacionamento de conveniência. Agora você está me dizendo
que quer o negócio real.

— Celeste e eu nunca teríamos funcionado. — Ele se


levanta e caminha a curta distância para onde eu estou. — Não
foi nada mais do que um band-aid temporário. — Seus braços
rodeiam minha cintura, seu rosto se aninhando em meu
cabelo. — Mas eu entendo. Você pensa, e eu estarei esperando.

Ele dá um beijo suave na minha bochecha e, em seguida,


recua um pouco. — Eu tenho que fazer as malas para Denver.
Nós partimos amanhã. Se você está disposta a me dar uma
chance – para nos dar uma chance – venha comigo. A equipe
freta um avião particular lá, então Reed não estará em um voo
comercial. Você pode ficar no mesmo hotel em que ficamos, e
depois do Super Bowl, podemos passar algum tempo juntos,
nós três.

— Eu não acho que posso decidir isso rapidamente, — eu


admito. — Esta é uma grande decisão a tomar.
— Se você precisar de mais tempo, tudo bem também, —
garante-me Nick. Então ele volta para o meu espaço mais uma
vez e me dá um beijo no canto da minha boca. — Eu estarei
aqui, — ele murmura, — se ou quando você estiver pronta. Se
você não for a Denver, não vou ficar chateado com você.
Apenas prometa colocar o balanço de Reed na frente da TV
para que ele possa ver seu pai chutar um traseiro. — Ele se
levanta novamente e me dá uma piscada brincalhona.

— Agora, isso eu posso fazer com certeza.

Reed acorda logo após a nossa conversa terminar e Nick


passa o resto da tarde com Reed e eu. Enquanto ele está
acordado, Nick faz tudo por ele, desde mudar sua fralda até
alimentá-lo. Ele se tornou dez vezes mais confiante em ser pai
do que na primeira vez em que apareceu na minha porta com
nosso filho chorando. É só uma questão de tempo até que ele
comece a levá-lo para a noite e eu irei aceitar.

O que eu não esperava era que Nick aparecesse aqui hoje


e pedisse que eu nos desse uma chance. A maioria das
mulheres na minha posição aproveitava a chance de namorar
Nicholas Shaw, especialmente considerando o fato de termos
um bebê juntos. Mas eu não sou a maioria das mulheres.
Chame-me de louca, mas eu estou procurando o ‘para sempre’,
e não tenho certeza se Nick pode me dar isso. Eu sei que o
homem pode me dar ‘o agora’. Ele me deu uma e outra vez a
noite que passamos juntos.
Mas quero mais. Eu quero o que meus pais tiveram.
Quero o que meu pai conseguiu encontrar pela segunda vez
com Corrine. Nick brincou sobre me dar o conto de fadas, mas
ele realmente entende tudo o que isso implica? E depois há o
fato de que, se não dermos certo, ficamos presos juntos.

Ele e Celeste podem ter acabado, e a relação deles pode


não ter sido real, mas se não dermos certo, haverá mais
mulheres. Eu realmente quero me colocar nessa posição?
Quando eu estava em seus braços, parecia tão certo, mas uma
vez que nossa conexão foi quebrada, minha mente começou a
correr. Eu gostaria de poder estar em seus braços, pensando
com meu coração em vez de com minha cabeça.

Nick sai depois de dar a Reed um banho e uma


mamadeira e colocá-lo para dormir, mas não antes de me
lembrar que ele sai amanhã de manhã para Denver.

Agarrando um copo de vinho, sento-me no sofá para me


descontrair, e pouco depois Giselle chega em casa do trabalho.

— Como foi o seu dia?

— Incrível! — Ela jorra. — Estou literalmente vivendo meu


sonho. Eu tive uma reunião com Lydia, minha chefe, e ela ama
minhas ideias. Ela mencionou que ela pode me ver um dia em
uma posição real lá. — Ela serve uma taça de vinho e se junta
a mim. — Claro, isso não será por um tempo. A maioria dos
estágios na Fresh Designs duram pelo menos um ano.
— Eu estou tão feliz por você. Esse ano vai voar, você vai
aprender muito e tão logo você estará comandando o lugar.

Giselle ri. — Eu não sei sobre isso, mas pelo menos uma
vez que eu tenha conseguido o estágio, finalmente conseguirei
puxar meu peso por aqui.

— Pare! — Eu odeio quando ela traz o assunto dinheiro.


O dinheiro simplesmente paga as contas. Giselle estar na
minha vida vale mais do que qualquer centavo que ela paga
para as contas. Sua amizade é inestimável.

— Tanto faz. Então, como foi seu dia?

— Nick e Celeste terminaram, — eu digo com indiferença.

Giselle me dá um olhar de duh!. — Sim... semanas atrás.

— E você não pensou em me dizer? — Dou-lhe uma


olhada de lado enquanto tomo outro gole do meu vinho.

— Todo mundo sabe. Está em todos os tabloides. Eu


apenas presumi que você soubesse. — Ela encolhe os ombros.

— Você chegou em casa às quatro da manhã para me


dizer que Victor me traiu quando estávamos juntos, mas você
não pensou em mencionar que Nick não está mais envolvido?

Giselle ri. — Cheguei em casa para consolá-la porque você


já foi apaixonada por Victor. Eu não achei que precisava
consolar você com relação a Nick. Por que você se importaria...
Ela para de falar e inclina a cabeça para o lado, dando-
me um olhar curioso. — Liv, por que você se importaria?

Eu solto um suspiro alto. — Ele quer que eu nos dê uma


chance. — Bebo o resto do meu vinho como se fosse um shot.

— Não acredito! E você disse sim, certo? — Desvio o olhar


para a foto pendurada na parede. — Liv, você disse sim...

— Eu disse que pensaria sobre isso. Ele quer que Reed e


eu vamos a Denver com ele para o Super Bowl, mas há muito
a considerar. Se não dermos certo, não podemos simplesmente
seguir caminhos separados. Seremos pais de Reed até morrer.
E depois há o fato de que ele pode se cansar de mim ou
conhecer outra pessoa. Ou ele pode se cansar de ser pai...

Giselle suspira e coloca o copo na mesa. — Você sabe o


que eu não entendo… você fala toda essa merda sobre querer
o seu conto de fadas de felizes para sempre, mas você nunca
deixa ninguém entrar o suficiente para realmente permitir que
isso aconteça. Você viu Cinderela inventar desculpas? Não! Ela
usava aquele sapatinho de cristal como um patrão de merda.
— Eu não posso deixar de rir das palavras dela.

— E a Bela... você não a viu duvidando da Fera. Ela foi


para cima. Aceitando-o do jeito que ele era e se apaixonando,
apesar dele parecer um monstro assustador. Oh! E Jasmim!
Ela lutou ao lado de Aladdin contra aquele idiota, Jafar. Aurora
em Bela Adormecida, ela estava forte até que ela picou o
maldito dedo e passou pelo inferno.
Giselle se aproxima de mim e dá um tapinha na minha
perna. — Você quer esse conto de fadas, mas ninguém disse
que seria fácil. Você pode ter visto seus pais apaixonados, mas
não viu o trabalho duro que levou ao relacionamento deles.
Sempre nos lembramos dos felizes para sempre nesses filmes,
mas muitas vezes esquecemos o esforço, a luta e a mágoa que
os personagens têm que suportar para conseguir esse final.

— Quando você ficou tão sábia? — Eu brinco e Giselle me


puxa para um abraço. — Eu vou fazer isso. — Aceno
enfaticamente em seu pescoço antes de me afastar. — Eu vou
para cima. E as consequências que se danem.

— Essa é minha garota.

Eu me levanto e pego minhas chaves, então lembro que


bebi um pouco de vinho. — Vou ligar para um Uber. Você pode
cuidar do Reed?

— Você está indo para o Nick agora?

— Ele me disse para avisá-lo e ele sai de manhã. Eu não


quero contar a ele pelo telefone. Quando eu voltar, vou fazer as
nossas malas. Alguma chance de você querer viajar para
Denver conosco?

— Oh não... você não está me usando como seu tampão.


— Giselle me lança uma piscadela brincalhona. — Além disso,
eu amo o meu trabalho, e tenho certeza que é muito cedo para
pedir uma folga. — Ela ri. — Vá... diga ao pai do seu bebê o
que ele quer ouvir.
Dou-lhe um abraço e depois ligo para o Uber. Eu nunca
estive na casa de Nick antes, mas sei qual é o endereço dele
quando ele me deu. Digo ao motorista onde preciso ir e, cerca
de quinze minutos depois, estou do lado de fora do prédio dele.
É um bom condomínio em Lower Manhattan. Eu ando pelo
saguão de mármore e pressiono o interfone para o seu número.
Sem ele dizer uma palavra, eu estou zumbido.

As portas do elevador se abrem e a porta dele é a única


no andar. Eu bato uma vez e a porta se abre. Só que não é o
Nick, é Celeste.

Ela está de pé na entrada – em seus um metro e oitenta –


em um terninho e salto alto, sua maquiagem feita com
perfeição e nenhum fio de cabelo fora do lugar. E então olho
para baixo para mim mesma... Corri para fora da porta sem
sequer pensar. Estou com moletom e estou quase certa de que
há algum estúpido logotipo ou alguns dizeres rabiscados na
minha bunda. Eu estou com zero maquiagem, e meu cabelo
está em um coque bagunçado – e eu não estou falando sobre
aqueles que parecem pãezinhos bagunçados e 'fofinhos'. Estou
falando dos verdadeiros que parecem que um rato que fez seu
ninho.

— Posso ajudá-la? — Ela está mais alta – se é que isso é


possível – seu queixo se sobressaindo.

— Eu estava querendo... — Mas eu paro de falar porque


de repente é tudo inútil, minha razão para estar aqui. Se eles
estão juntos novamente, estou aqui sem motivo. Quando estou
prestes a me virar, as palavras de Giselle voltam para mim. —
Esquecemos a luta e o coração partido…

— Eu estava querendo falar com Nick, — eu digo com


mais confiança do que sinto. Ele me pediu para lhe dar uma
chance, e se alguma coisa mudou, então ele pode me dizer
pessoalmente.

— Eu percebi isso quando vi você na câmera pedindo para


ser liberada. Ele não está aqui. — Ela fecha a porta na minha
cara. Está bem então…

Eu faço meu caminho de volta para o elevador,


disparando uma mensagem de texto para Nick.

Eu: Onde você está?

As bolhas aparecem instantaneamente.

Nick: Killian

Nick: Tudo bem?

Eu: Eu vim até o seu apartamento...

As bolhas aparecem e desaparecem e, um segundo


depois, meu telefone toca.

— Olá?

— O que a Celeste fez?

— Bateu a porta na minha cara.


Nick suspira. — Esta é a parte da história em que você se
depara com a bruxa má. — Eu não posso deixar de rir de sua
referência à Disney. — Mas não tenha medo porque seu
príncipe já a derrubou.

— Você ainda continua com essa porra de analogia


estúpida? — Ouço Killian gritar no fundo. O telefone é abafado
por alguns segundos e, em seguida, Nick volta na linha.

— Então, você vir até a minha casa quer dizer que você
decidiu?

— Umm… podemos voltar para você derrubando a bruxa


malvada? Ela está em sua casa...

— Ela voltou de Milão hoje. Eu estava apenas brincando


sobre derrubá-la. Ela provavelmente chutaria minha bunda
com aqueles saltos de dez centímetros de altura. Ela está
mudando suas coisas enquanto falamos. Agora, de volta para
nós...

— Há uma possibilidade muito boa de que vou me


arrepender disso.

— Há uma possibilidade muito boa que você não vai.

— E se não funcionarmos juntos?

— E se fizermos?

— Eu não me lembro de nenhum dos filmes da Disney


tendo esse enredo, — eu brinco.
Nós dois ficamos em silêncio por um momento, e então
Nick diz: — Que tal, em vez de tentar copiar histórias que já
foram contadas, nós escrevermos as nossas?

Eu respiro fundo. — Eu posso fazer isso.

— Bom. O capítulo um começa amanhã de manhã. Vou


buscá-la e Reed às sete para pegar o nosso voo.

— Tenho certeza que o capítulo um foi nosso único caso


de uma noite.

Ele ri. — Foda-se não, não foi. Esse foi o epílogo. Nossa
história não começa até agora.

Nós desligamos, e eu me inclino para trás novamente na


parede ao lado do elevador, fechando os olhos por alguns
segundos enquanto tomo várias respirações calmantes muito
necessárias. Está realmente acontecendo. Na verdade, vou
tentar namorar o pai do meu filho.

Não faz muito tempo em que achei que jamais veria Nick
novamente. Ele está certo, no entanto. Esta é a nossa história
e, portanto, podemos escrever os capítulos. Empurrando a
parede, pressiono o botão do elevador. Estou observando
enquanto os números aumentam lentamente quando a porta
de Nick se abre.

— Então, eu não tenho certeza do que Nick está falando,


mas acredito que ele acabou de me chamar de bruxa malvada.
— Eu me viro, e Celeste está encostada no batente da porta. —
Embora, possa ter sido uma vadia do mal. — Ela encolhe os
ombros e inclina a cabeça ligeiramente para o lado. — Eu acho
que nós saímos com o pé errado.

Ela sai da porta e caminha em direção a mim. Eu ouço o


elevador abrir, mas ao invés de entrar, eu a encontro no meio
do caminho.

Ela estende a mão perfeitamente bem cuidada. — Sou


Celeste Leblanc, a amiga.

Eu olho para a mão que ela ofereceu por um segundo


antes de tomá-la na minha e apertar a dela. — Eu sou Olivia
Harper, a… mãe do bebê. — Sim, eu apenas disse isso.

Ela joga a cabeça para trás gargalhando. — Se você


perguntar ao Nick, acho que ele vai dizer que você é mais do
que isso. Por que não vamos para dentro? Nick ligou, e depois
de gritar comigo por ter fechado a porta na sua cara, disse que
logo estaria em casa. Mas eu não acho que ele percebeu que
você ainda estava aqui. Além disso, ele provavelmente estaria
levando o traseiro para casa mais cedo.

Eu aceito a oferta dela por nenhuma outra razão além da


curiosidade. Nunca estive na cada de Nick antes. Nós andamos
para dentro, e há uma mulher gravando caixas e empilhando-
as no corredor. Celeste não diz uma palavra para ela, mas em
vez disso pega uma garrafa de vinho e dois copos e acena para
a parte de trás da sala. Há um conjunto de portas francesas e,
quando ela as abre, elas levam a um terraço. É menor que o
meu, mas grande o suficiente para ter uma mesa e algumas
cadeiras. Nós duas nos sentamos, e Celeste nos serve um copo
de vinho branco.

— Vou direto ao ponto, — Celeste diz, entregando-me um


dos copos. — Eu não te conheço, e eu não saberia a primeira
coisa sobre ser mãe ou o que você está passando. Eu não tinha
o direito de te julgar e, por isso, sinto muito mesmo.

— Droga! — Eu tomo um gole do meu vinho.

— Desculpe?

— Eu disse 'Droga'. — Eu balanço minha cabeça. — Eu


estava preparada para te odiar… inferno, eu te odeio. Você é
linda, elegante e bem-sucedida, e você falou merda sobre
minha maternidade. Você estava noiva do pai do meu filho e
eu mencionei que você é linda? Eu deveria odiar você. Até
joguei fora toda a maquiagem com o seu nome nela. — Eu tomo
outro gole do meu vinho. — E essa merda não é barata. —
Levanto uma sobrancelha e ela dá um sorriso. — Então você
teve que ir e se desculpar. Então sim, 'droga'.

— Minha maquiagem vale cada centavo. — Ela pisca de


brincadeira. — E se desculpar é uma coisa ruim? — Ela ri.

— Bem, sim... porque agora eu vou ter que te perdoar, e


já que eu não tenho muitas amigas, nós vamos nos conectar e
nos tornarmos melhores amigas. Então minha melhor amiga
Giselle vai se perguntar por que eu estou constantemente a
abandonando por outra pessoa e insistindo em conhecê-la, e
nós três teremos que sair, e você será totalmente aquela amiga
que nos traz de graça maquiagem e joias de todas as suas
linhas atuais e nos apresenta a todas as pessoas famosas que
você conhece. — Eu dou de ombros, e Celeste ri mais forte.

— O que você é? Uma cartomante? Se importa em me


dizer o meu futuro enquanto está nisso? — Ela sorri, tomando
um gole de vinho.

— Oh, isso é fácil! — Eu rio. — Nick vai segurar você no


pacto que vocês fizeram, e Giselle e eu vamos acabar com você
para encontrar um cara para você se apaixonar. Você não vai
conseguir se apaixonar, e nós vamos discutir que você
consegue. Então, uma noite, quando estivermos todos fora,
você o encontrará e se apaixonará. Você vai resistir no começo,
mas nós estaremos lá para te empurrar. Você finalmente
voltará a seus sentidos e todos viveremos felizes para sempre.

— Oh meu Deus! — Celeste racha. — Quem é essa


mulher? — Estou confusa sobre o porquê ela está se referindo
a mim na terceira pessoa até que vejo seus olhos fixos em algo
– ou alguém – atrás de mim. Eu me viro para encontrar Nick
parado na porta, um enorme sorriso espalhado em seus lábios.

— Ela é a mulher por quem eu vou me apaixonar, e quem


vai se apaixonar por mim. — Ele sorri calorosamente para
mim, e meu coração ganha velocidade. Sem saber o que dizer,
engulo o resto do vinho no meu copo, e Nick se aproxima.

— Como você chegou aqui tão rápido? — Eu pergunto.


— Killian mora um andar abaixo de mim. — Ele me dá
uma piscadela que fazem meus músculos entre as minhas
pernas se contraírem. — Eu não percebi quando estava falando
com você que você ainda estava no meu andar. Pensei que você
já tinha saído para voltar para casa. Caso contrário, eu teria
vindo logo.

— Eu te disse, — Celeste diz enquanto se levanta. — Bem,


isso foi divertido, mas eu preciso ir, e estou quase com medo
que o amor no ar possa ser contagioso. — Ela torce o nariz e
zomba.

Eu fico de pé ao mesmo tempo que ela, e nós três


voltamos para o apartamento. Celeste pega meu copo vazio e
coloca no balcão da cozinha ao lado da garrafa de vinho e seu
copo agora vazio.

— Tudo meu deve ser embalado. Os carregadores estarão


de manhã para pegar tudo. — Ela se inclina para Nick, dando-
lhe um abraço e um beijo na bochecha antes dela se virar para
mim.

— Estou assumindo que, desde que você saiba sobre o


nosso pacto, você sabe que Nick e eu somos amigos a vida
inteira. Você tem uma coisa certa. Eu não tenho muitos
amigos, então, se é possível, eu gostaria de sermos amigas.
Nick é importante para mim e sei que você é importante para
ele.
— Claro, nós vamos ser bests. — Eu pisco. — Como mais
vou ter certeza de que você encontre o amor verdadeiro? — Eu
sorrio, Nick ri, e Celeste geme.

— E essa é a minha sugestão para sair. — Ela puxa a


bolsa por cima do ombro e caminha em direção à porta. Mas
antes de abrir, ela se vira e diz: — A propósito, quando estava
em minha missão de descobrir os fatos sobre você na
esperança de tirá-la da foto, li que Francesca Harper era sua
mãe. Isso é verdade?

A menção da minha mãe faz meu coração se apertar. —


Sim, ela era.

— Ela era minha ídola. — Celeste sorri. — Eu literalmente


queria ser ela quando crescesse. Ela estava andando na
passarela em um show em que eu estava quando eu tinha doze
anos de idade. Nick também estava lá. Toda pessoa assistindo
foi cativada por sua beleza e elegância. Quando cheguei a Nova
York logo depois que me formei no ensino médio, tive a sorte
de conhecê-la... bem antes...

Enquanto as palavras de Celeste desaparecem, um nó se


forma em minha garganta porque sei as palavras que ela não
pode dizer: ela foi diagnosticada com câncer e depois morreu.
Tudo aconteceu tão rapidamente. Um dia ela estava saudável
e no outro não estava. Menos de um ano depois que ela foi
diagnosticada, a perdemos.

— Eu juro que chorei por uma semana quando ela


faleceu, — Celeste admite, — o que diz muito desde que eu não
choro. — Ela funga e então sorri suavemente. — Sinto muito
pela sua perda. Eu não posso nem imaginar o que era tê-la
como mãe.

— Ela foi incrível... — Eu mordo meu lábio para me


impedir de chorar. — Mas não pelo fato de ser famosa como
modelo, mas porque, como mãe e esposa, era a melhor. Ela
sempre me colocou em primeiro lugar e me amou
incondicionalmente. Ela me deixava brincar com toda a
maquiagem e roupas dela. — Eu rio, lembrando de todas as
vezes que eu mexia em suas coisas e ela nunca ficava
chateada. — Alguns de suas amigas modelos tinham filhos e
vinham visitar ocasionalmente. As outras mães eram tão
esnobes. Uma vez, enquanto elas estavam tomando um
brunch, nós colocamos todas as roupas e maquiagem dela
para fazer um desfile de moda surpresa. — Eu sorrio com a
lembrança. — As mães das outras crianças se assustaram.
Mas não a minha. Ela pegou sua câmera e tirou fotos, e então
disse às outras mães para tirarem o bastão de suas bundas.
— Celeste ri.

— E o amor que meus pais tiveram foi diferente de


qualquer outro. Todas as sextas-feiras eram suas noites.
Mesmo quando ela estava fora, eles conversavam por vídeo e
fingiam estar em um encontro. Ela costumava me dizer que só
porque eles eram casados não significava que eles pararam de
namorar.

— Ela parecia ser uma pessoa verdadeiramente


maravilhosa, — diz Nick.
— Ela era... e ela era uma modelo linda, — eu digo a eles,
— mas só porque ela amava com tudo o que tinha. — As
lágrimas que estavam ameaçando transbordar caem, e Nick
me puxa para um abraço. Quando nos separamos, Celeste está
nos observando. Ela não comenta nada do que eu disse, mas
posso ver nos seus olhos. Ela está absorvendo o significado por
trás das minhas palavras.

— É melhor eu ir, — diz ela suavemente. — Estarei no


Super Bowl, mas no caso de não te ver antes de você estar em
campo, boa sorte. Vamos tentar almoçar em breve. — Ela olha
para mim. — Todos nós. — E então ela se vai.

— Eu pensei que você disse que ela era a bruxa má. —


Eu pisco para Nick.

— Ainda bem que estamos escrevendo nossa própria


história, — ele responde.
Chegamos em Denver e está tão frio aqui quanto em Nova
York. Reed está enrolado em sua cadeirinha e a mídia está
esperando para nos bombardear.

Olivia leva numa boa, sorrindo educadamente enquanto


ignora as perguntas que são lançadas contra ela. Ela cobre o
assento de carro de Reed com um cobertor e vai direto para o
carro enquanto eu fico para trás respondendo a várias
perguntas.

O rosto de Reed ainda não foi visto em público, mas é


apenas uma questão de tempo. Eu fui abordado por várias
revistas, mas isso não está acontecendo sem o consentimento
de Olivia.

Meu agente publicou uma dessas declarações públicas


para deixar o mundo saber que Celeste e eu sentimos que
somos melhores como amigos e nosso noivado foi cancelado.
Ela também afirmou que sou o pai de Reed e que estou pedindo
tempo para conhecer meu filho. Obviamente, com base na
quantidade de repórteres aqui lançando perguntas em minha
direção, eles ignoraram meu pedido – não que eu realmente
achasse que eles ouviriam.

Os jogadores costumam pegar o ônibus da equipe até o


hotel para fazer o check-in, mas hoje eu vou com a Olivia. O
serviço de carro nos leva ao Four Seasons, e então eu tenho
que deixar Olivia e Reed para ir ao estádio para o nosso dia
agendado de mídia. Fico feliz que sua madrasta e meia irmã
estão aqui para que ela não fique sozinha. Não que ela não
possa cuidar de si mesma, mas me faz sentir melhor saber que
ela tem outras pessoas ao seu redor.

Perguntas sobre minha lesão, o próximo jogo e meu


futuro são jogadas em mim por horas por repórter atrás de
repórter. Quando as sete horas chegam, não consigo sair de lá
com rapidez suficiente.

Amanhã é o primeiro dia de treinos, o que significa que


preciso descansar, mas antes disso, vou passar um tempo com
Olivia. Os jogadores são obrigados a compartilhar os quartos,
e eu sempre compartilho com Killian. Consegui reservar para
Olivia uma suíte em outro andar, e por mais que eu gostasse
de passar meu tempo livre lá, não vou fazer nenhuma
suposição. Ela me deu um cartão-chave, então tem isso.

— Olhos Castanhos, eu estou... — Eu nem termino a


frase quando Olivia voa pelo cômodo principal e cobre minha
boca com a mão.
— Shh… ele finalmente está dormindo. Não sei se os
bebês podem ter jet lag, ou se é a diferença de fuso horário,
mas ele estava tão mal-humorado hoje à noite.

Ela move a mão da minha boca, e meus olhos se dirigem


para seus lábios carnudos e rosados. Porra, eu quero saboreá-
la. Em vez disso, dou-lhe um beijo na bochecha dela.

— Você comeu? Eu estava pensando que poderíamos


pedir algum serviço de quarto e assistir a um filme ou algo
assim.

— Disney? — Ela brinca.

— Engraçadinha.

Olivia faz o pedido da comida enquanto eu pulo no


chuveiro para enxaguar. Quando termino, retorno uma ligação
do meu publicitário e confirmo alguns contratos de endosso
com meu pai. Ele tem estado bastante quieto ultimamente.
Agora que penso nisso, ambos os meus pais estão quietos. E
nenhum deles perguntou uma vez sobre o encontro com seu
neto. Não que eu deva ficar surpreso. O que ele poderia fazer
por qualquer um deles?

Quando eu saio, Olivia está vestida com minúsculos


shorts de algodão e uma camiseta de manga comprida Henley
– sem sutiã. Ela está fechando a porta e tem alguns sacos nas
mãos.

— A comida chegou. — Ela coloca os sacos na mesa e


pega as caixas de comida, trazendo-as para a mesa de café
para que possamos comer enquanto assistimos TV. Sento-me
diante dela e puxo-a entre as minhas pernas no sofá. Seu corpo
fica rígido no começo, mas ela rapidamente relaxa as costas na
minha frente.

— Aqui. — Ela me entrega meu sanduíche de frango. —


Eu tenho um parfait8. Eu comi uma refeição maior mais cedo.

Agarrando o controle remoto, ela passa os canais parando


no ‘That70’s show’.

— Eu amo esse programa! — Ela joga o topo de seu parfait


sobre a mesa e dá uma lambida em seu iogurte.

Nós comemos e assistimos o programa em um silêncio


confortável. Estou morrendo de fome, então meu sanduíche se
foi em minutos.

— Quer um pouco do meu parfait? — Ela pergunta. — É


o doce perfeito depois do seu sanduíche.

Ela se vira levemente e empurra a colher em direção aos


meus lábios. Abro a boca e ela empurra o iogurte na minha
boca, a doçura dos morangos e o iogurte de baunilha me
atingindo nas papilas gustativas.

— Bom?

8
— Sim. — Eu concordo com a cabeça, engolindo. Ela sorri
antes de se virar de novo. Nós continuamos a assistir ao
programa, e a cada poucos minutos Olivia chega para me dar
uma mordida em seu iogurte e frutas até que tudo acaba.

Uma vez que ela coloca o copo vazio na mesa, ela se


acomoda de novo no meu aperto. Estamos no meio entre sentar
e deitar. Sua cabeça está descansando no meu ombro e sua
bunda está perfeitamente colocada na frente do meu pau.
Minha perna superior separa suas pernas e meu joelho e coxa
descansam entre suas coxas. Tento lembrar a última vez que
me aconcheguei com uma mulher. Então eu lembro; foi com
Olivia na véspera de Ano Novo quando dormimos, e antes
disso... a noite em que ficamos juntos.

Meu braço direito está debaixo dela – meus dedos


subindo e descendo pelo braço dela. Meu outro braço está
enrolado firmemente em sua cintura. Não há dúvida sobre
isso, o corpo desta mulher foi feito perfeitamente para se
encaixar com o meu.

O programa termina e outro episódio começa. Eu não


estou prestando atenção ao que está acontecendo, meu foco
está completamente na mulher deitada em meus braços. Seu
cabelo está em um coque bagunçado e seu rosto está livre de
qualquer maquiagem. Ela é a mistura perfeita de sexy e
adorável.

Eu levanto a cabeça levemente, e ela inclina a dela para


me dar acesso. Meu nariz roça no pescoço exposto, e quando
ela sente minha pele tocar a dela, ela solta um pequeno
gemido, lembrando-me como ela é receptiva a mim.

Quando ela não me impede, eu levo um momento para


inalar o seu cheiro. Ela cheira doce. É o mesmo perfume que
ela usava durante a nossa única noite juntos. Não me pergunte
como diabos eu me lembro disso, mas eu lembro.

Eu me vejo apegando-me a todos os detalhes quando se


trata dessa mulher, não querendo esquecer um único
momento que passo com ela. Meu nariz roça seu pescoço
novamente e então meus lábios pousam em seu pulso sensível.
Ela solta um suspiro suave, e meus dedos se contorcem como
resultado.

— Se você quer que eu pare, me diga, —sussurro em seu


ouvido.

Ela se cala e depois diz: — Eu não posso fazer sexo...


Ainda não recebi liberação do médico.

Não sei quanto tempo uma mulher tem que esperar antes
que ela possa estar sexualmente ativa depois de dar à luz. Mas,
por algum motivo, essa informação me faz sorrir. Primeiro, eu
não estava planejando fazer sexo com ela ainda. Olivia precisa
saber que quero mais do que apenas sexo dela. Ela precisa
saber que estou falando sério sobre nós. E segundo, sexo é
ótimo, mas as preliminares – o acúmulo – podem ser ainda
melhores, e uma vez que eu termine com ela, quando o médico
der o ok, ela estará me implorando para fazer amor.
— Isso significa apenas que podemos fazer tudo, menos...
— Meus lábios voltam para o pescoço dela enquanto traço
beijos para baixo. Meus dedos roçam seus mamilos duros
através de sua camisa, e os suspiros suaves de Olivia se
transformam em gemidos.

— Tudo menos... — Ela repete minhas palavras, virando


o rosto para mim e apertando seus lábios nos meus.
Os longos dedos de Nick esfregam para frente e para trás
em meus mamilos endurecidos. Seus lábios arrastando beijos
por todo o meu pescoço. Mas preciso de mais.

Inclinando meu pescoço para o lado, cubro sua boca com


a minha e beijei-o ansiosamente. Ele me beija de volta, sua
língua passando pelos meus lábios e apalpando a minha. E
então ele está nos movendo. Seu corpo está pairando acima do
meu, minhas costas agora estão no sofá. Nosso beijo se
aprofunda, nossas línguas se encontram famintas por
impulso. Nós nos beijamos apaixonadamente por Deus sabe
quanto tempo – até que Nick quebra o beijo.

Se apoiando com uma mão, ele usa a outra mão para


puxar minha camisa sobre a minha cabeça, meus seios
pesados batendo no ar frio, e meus mamilos endurecem ao
ponto de ser quase doloroso. Nick esfrega os lábios contra os
meus mais uma vez antes de dar beijos no pescoço, parando
em meus seios. Ele beija em todos os lugares, menos meus
mamilos, me provocando até que eu estou me contorcendo de
desejo. Já faz quase um ano desde que estive com esse homem,
desde que senti seu toque.
— Nick, por favor, — eu imploro. Ele atende, seus lábios
se separam ligeiramente e passa a língua ao redor do meu
mamilo. Ele chupa por alguns segundos antes de seus dentes
suavemente apertarem. Minhas costas arqueiam e minhas
mãos vão para a cabeça dele. Meus dedos se entrelaçam no
cabelo dele. Sua língua se lança e lambe a aréola antes de se
mover para o outro seio. Ele suga as mordidas, me provocando
e me excitando. As preliminares pareciam uma boa ideia... até
agora.

Eu posso sentir sua protuberância através da sua calça


esfregando contra a minha coxa, e lembrando o quão bom ele
é, levanto minha perna levemente, esfregando seu pau através
de suas calças. Nick solta um gemido, seus dentes mordendo
meu mamilo com mais força. Eu grito e ele ri maliciosamente.

Seus lábios deixam meus seios e descem mais. Ele chove


beijos na minha barriga macia, dando atenção extra às minhas
estrias. — Nosso filho fez isso com você. — Seu tom transmite
orgulho misturado com admiração.

— A desvantagem de levar o bebê de um jogador de


futebol. Ele chegou quase um mês mais cedo e ainda com
quatro quilos.

Ele levanta a cabeça para travar seus olhos nos meus, o


riso brilhando em suas belas íris verdes.

— Eu amo elas. Elas são um lembrete de que você


carregou nosso bebê.
— Eu tenho certeza que o bebê dormindo no outro quarto
é um lembrete suficiente, — volto para trás, e Nick ri. Ele beija
mais algumas das marcas antes de puxar meu short e calcinha
para baixo, colocando toda a minha metade inferior
completamente em exibição.

— Você ainda tem a mesma pista de pouso que você tinha


antes. — Seu rosto abaixa até que ele esteja cara a cara com
minha boceta. Ele beija a pista de pouso e eu corro meus dedos
pelo seu cabelo macio, precisando tocá-lo de alguma forma.

Seus dedos separam meus lábios e sua língua mergulha


em minhas dobras, pousando diretamente no meu clitóris.
Minha parte de baixo está contra o sofá, e as mãos de Nick
descem para meus quadris para me segurar no lugar. Seu
rosto abaixa e depois sua língua se ergue toda a extensão da
minha costura antes de se acomodar no meu clitóris.

Ele lambe, suga e petisca, com sucesso me deixando


frenética. Vejo como ele se banqueteia na minha boceta como
se fosse sua própria sobremesa pessoal. Meu orgasmo se
constrói, e sou forçada a morder meu lábio inferior para
manter meus gritos baixos. Eu posso ver meus sucos cobrindo
os lábios de Nick enquanto ele se esbanja na minha boceta, me
fazendo ficar mais e mais fora de mim. Nunca me senti assim
com alguém com quem estive. Esta conexão instantânea. Faz
meses desde que estávamos juntos, e como só naquela noite,
mas parece que eu estive com ele um milhão de vezes.
Seus olhos se cruzam com os meus. Sua língua lambe.
Seus lábios beijam. Ele pega meus sucos e então eu gozo.
Minha bunda tenta se levantar do sofá, mas as mãos de Nick
apertam meus quadris com mais força, sua língua e seus
lábios não diminuem a velocidade, não diminuindo nem um
pouco enquanto meu clímax me percorre onda após onda. Só
quando desço do orgasmo, minhas pálpebras mal conseguem
ficar abertas e minha cabeça um pouco confusa, ele tira a boca
de minhas pernas.

— Eu tenho vontade de ter outro gosto de você desde a


manhã que você me deixou. — Ele dá ao topo da minha boceta
um último beijo suave antes de subir no meu corpo, seu rosto
intimamente perto do meu. Ele debate se deve me beijar com
meus sucos ainda permanecendo em sua boca, mas eu tomo a
decisão por ele quando puxo seu rosto para o meu e o beijo
com força. A sabor de mim mesma misturada com o gosto
pessoal de Nick me faz querer algo feroz.

Descendo, esfrego minha mão para cima e para baixo em


seu pau duro como pedra. Seu gemido ressoa e vibra em minha
boca antes de ele se afastar. Ele lambe uma trilha pelo meu
pescoço, parando no ponto de pulsação para sugá-lo.

Minha mão abre caminho até a calça de moletom e boxers


e começo a empurrá-los para baixo. Eu sinto a mão de Nick
agarrar a minha, e o que eu acho que ele está me ajudando é
na verdade ele me parando.
— Nós deveríamos levar as coisas devagar, — ele
murmura contra meus lábios.

— Quem disse? — Eu pergunto, puxando minha cabeça


um pouco para trás.

— Eu. Eu queria que você visse que não é apenas sexo


que quero de você, — ele admite timidamente.

— Oh, ok, devidamente anotado. Agora afaste sua mão,


para que eu possa lentamente sugar seu pau.

Nick ri baixinho enquanto solta minha mão, para que eu


possa terminar de empurrar sua boxer pelo resto do caminho.
Meus dedos envolvem o eixo, e seu pau engrossa sob o meu
toque. Eu o acaricio lentamente no começo, depois aumento o
ritmo. Seu rosto se enterra no meu pescoço, sua respiração
aumentando rapidamente. Amo a sensação do seu pau na
minha mão, mas preciso saboreá-lo. Eu preciso sentir mais
dele.

Empurrando-o para trás um pouco, eu o solto enquanto


deslizo pelo sofá até minha cabeça cair no travesseiro do sofá
e minhas costas baterem na almofada.

— Venha aqui. — Ele parece confuso no início, mas


quando minhas mãos vão para a sua bunda e eu o puxo para
mais perto, ele entende rapidamente, muito disposto a
obedecer. Ele está de joelhos, uma perna em cada lado de mim,
seu pau duro como aço saltando na frente do meu rosto.
Levanto minha cabeça e levo-o em minha boca,
circulando a ponta inchada com a minha língua. Ele tem um
gosto fresco e limpo – depois de ter tomado banho – misturado
com um pouquinho de salgado do pré gozo escorrendo de sua
fenda. Agarrando-o por trás, eu o puxo para mais perto, seu
pau empurrando na minha boca e na minha garganta
enquanto eu engulo quase todo ele. Ele é muito grande para
caber todo na minha garganta, mas não é por falta de tentativa.

— Foda-se Liv. Eu não vou durar... tem sido... porra, já


faz muito tempo. — Ele geme e suas palavras me estimulam,
querendo agradá-lo muito mais.

Inclino minha cabeça para trás, liberando-o


completamente. Então eu levanto, inserindo todo o seu
comprimento de volta na minha boca. Eu puxo de volta e ele
geme de frustração.

— Foda a minha boca, Nick. — Seus olhos disparam para


o meu rosto, sua sobrancelha levantando em uma pergunta
silenciosa. — Por favor.

Seus quadris começam a empurrar devagar a princípio.


Minha língua roda e lambe seu eixo rígido. Minhas bochechas
ocas para criar uma sucção. Meus dedos cravam em sua carne,
puxando-o para mais perto, silenciosamente dizendo-lhe para
dar tudo para mim.

Nick pega o ritmo. Seu pau entrando e saindo da minha


boca. Ele bate na parte de trás da minha garganta uma e outra
vez, e minha boceta aperta em resposta. Posso sentir quando
ele está prestes a chegar. Seu eixo começa a latejar e seus
impulsos se tornam frenéticos. Eu estou pronta para levar
tudo, cada grama de seu esperma, quando seu pau sai da
minha boca. Antes que eu possa protestar, a grande mão de
Nick aperta seu pau, e menos de dois golpes depois, seu
esperma dispara para fora e por todo o meu peito, jatos
quentes cobrindo meus mamilos.

— Veja o que eu quero dizer sobre escrever nossa própria


história? — Nick geme. Seus dedos descem e rodam um pouco
do seu esperma ao redor do meu mamilo. — Este capítulo
nunca estaria nesses livros da Disney.

Eu saio do chuveiro para encontrar Nick alimentando


Reed com uma mamadeira. Ele está sentado contra a cabeceira
em nada além de suas boxers, e eu tenho que me lembrar que
não posso ir lá, ainda.

Depois que Reed termina sua mamadeira e Nick o faz


arrotar, eu o levo para trocar sua fralda. Então eu o balanço
de volta para dormir antes de colocá-lo de volta em seu berço
e verificar se o monitor está ligado.
Volto para o meu quarto e Nick ainda está na minha
cama. Ele está lendo algo em seu telefone que faz os cantos da
boca se voltarem para baixo em uma carranca. Não saber o que
está errado me faz perceber o quão pouco realmente sei sobre
Nick. Claro, eu o conheço sexualmente, e a noite que passamos
juntos nós conversamos por horas, mas mantivemos isso em
um nível superficial.

Eu sei que sua comida favorita é chinesa, sua cor favorita


é azul, e seu animal favorito é um cachorro – ele odeia gatos.
Sei que seu filme favorito é The Blind Side9, e ele gosta de fazer
snowboard todo inverno. Sei que seu relacionamento com seus
pais é tenso para dizer o mínimo. Mas eu quero saber mais. Eu
quero saber o que o faz rir, o que o faz sorrir. Eu quero saber
porque agora ele parece tão triste.

Quando ele me percebe, coloca o telefone na mesa lateral


para me dar a sua atenção.

— Reed dormiu?

— Sim. Tudo bem? — Eu aceno para o seu telefone


enquanto me deito na cama.

— Sim, minha mãe e meu pai estão aqui para o Super


Bowl e querem que eu tome um café da manhã com eles e
alguns clientes do meu pai.

— E isso fez você franzir a testa?

9 Nome em português: Um sonho possível.


Nick corre para baixo da cama até que ele está deitado de
lado para mim. — Meu relacionamento com meus pais está
meio tenso agora.

— Por causa de Reed? — Ele não me perguntou nem uma


vez se seus pais poderiam conhecer nosso filho, o que parece
muito louco para mim. Meu pai e Corrine não se cansam do
neto.

Ele sacode a cabeça. — É mais complicado que isso.

Espero que ele elabore, e quando está claro que ele não
vai, digo a ele o que eu estava pensando há pouco.

— Eu quero saber tudo sobre você. Fale comigo. Diga-me


o que se passa.

Nick fica em silêncio por vários longos segundos antes de


dizer: — Você disse que foi para a faculdade em Paris, certo?
Qual foi o seu curso?

— Arte. Eu costumava trabalhar em um museu lá.

— Bem, meu diploma teria sido em Negócios.

— Teria?

— Eu não me graduei. — Nick faz uma careta. — Eu


queria me formar em Literatura Inglesa, mas meu pai me disse
que era uma perda de tempo e interferia no treino. Não que
isso importasse porque eu fui para o projeto no final do meu
primeiro ano, então nunca me formei.
Eu não posso imaginar meu pai me dizendo o que fazer.
Ele sempre foi tão favorável a tudo o que eu era e queria fazer
na minha vida. Ambos os meus pais eram.

— Quem era ele para te mostrar o que você poderia ou


não poderia fazer?

— A faculdade pagou minha educação, mas meu pai


pagou por todo o resto, portanto ele teve a palavra final no meu
curso. Eu estava tão ocupado tentando fazer ele e minha mãe
orgulhosos, que não vi o quanto eles estavam sempre tentando
me manipular.

Nick ri baixinho, mas é uma risada triste.

— Quer saber algo realmente fodido? Descobri


recentemente que minha mãe pagou minha última namorada.
Quinhentos mil dólares para me deixar porque ela não queria
que ela me convencesse a me aposentar e começar uma família
depois que eu me machuquei.

Minha mão chega à minha boca em estado de choque.


Que diabos! — E ela pegou?

— Sim. Eu cheguei em casa do hospital e encontrei uma


nota no balcão. Só cheguei lá antes que ela pudesse sair, então
ela foi forçada a me encarar. Nós discutimos, e ela me disse
que ter uma família comigo seria um pesadelo.

— Oh, Nick. É por isso que você não queria ter filhos? Por
que você não achou que seria um bom pai?
Minha palma descansa em sua bochecha enquanto meu
coração se quebra por esse homem. É fácil esquecer que nem
todos foram criados em um lar amoroso do jeito que eu fui. Sei
que os pais de Giselle têm problemas, mas ela nunca quer
discutir sobre isso, não importa o quanto eu implore.

— Eu falhei com meus pais e com a equipe ao me


machucar. Eu falhei com Fiona colocando meus pais e futebol
acima dela.

Ele vira o rosto levemente e dá um beijo no interior da


minha palma. — Acho que eu estava com medo de falhar com
Reed, de falhar com você.

Ficamos deitados por alguns minutos em silêncio, ambos


perdidos em nossos próprios pensamentos, quando Nick diz:
— Você sabe... naquele ano, depois que Fiona me largou, eu
estive com muitas mulheres.

Eu gemo, não querendo saber sobre suas conquistas


anteriores. — Você tem que me lembrar?

— Deixe-me terminar, — diz ele. — Eu estive com muitas


mulheres, mas não foi até aquela noite com você que eu até
considerei me colocar lá fora para tentar novamente. Eu sabia
no momento em que você me disse que poderia comprar sua
própria bebida, que você era diferente.

Reviro meus olhos, lembrando daquela noite. — Você


ainda acabou fazendo do seu jeito e pagando.
— Isso eu fiz. — Ele sorri. — Melhor cinquenta dólares
que já gastei.

— Ainda não consigo acreditar que eu realmente fiz sexo


com um cara que eu não conhecia. Eu não estava mentindo
naquela noite quando lhe disse que nunca tinha feito isso
antes.

— Você estava sexy ‘pra’ caralho. — Ele dá um beijo suave


no meu pescoço. — Ficou óbvio desde o início que ficar com
um cara estranho não era seu normal. Eu podia ver nos seus
olhos o quanto você estava nervosa, mas quando chegamos ao
seu quarto, a maneira como você se soltou e se abriu para
mim... porra... eu sabia que uma noite com você não seria
suficiente.

— Por que você não disse nada? — Questiono.


Conversamos por horas naquela noite e ele nunca mencionou
nenhuma vez querer me ver novamente.

— Eu não sabia que você iria desaparecer na manhã


seguinte. Se eu soubesse que ia acordar com uma cama vazia
e um bilhete, teria amarrado seus pulsos na cabeceira da cama
para que você não pudesse sair. — Ele pisca de brincadeira. —
Estou feliz que você foi ao meu jogo e me viu. — Ele beija o
topo dos meus dedos. — Se você não estivesse naquele jogo,
quem sabe se algum dia teríamos nos encontrado? — O
pensamento de nunca mais ver Nick novamente faz meu
coração doer.
— É por isso que seus pais e você estão afastados? Por
minha causa?

— Eu não acho que é nenhuma dessas coisas, — diz Nick.


— Desde que você voltou e Reed nasceu, comecei a ver as
coisas de maneira diferente, mais claras.

— Como?

— Toda a merda que meus pais puxaram ao longo dos


anos, eles sempre agiram como se tivesse sido feito por amor e
em meu melhor interesse. Agora, porém, estou começando a
pensar que seus motivos estão menos por amor e mais por
ganância. Empurrando as pessoas com quem me importo,
subornando-as com dinheiro para irem embora, forçando-me
a mudar meu curso... essas não são coisas que os pais fazem
quando amam seus filhos. Eu nunca serei esse tipo de pai para
Reed.

— Acho que isso diz algo sobre você como pessoa e


especialmente como pai, que você reconheça isso. Eles
pediram para conhecer Reed?

— Não, e é por isso que eu estava chateado quando você


entrou. Minha mãe insinuou que eu deveria aparecer sozinho,
sabendo que você e Reed estão aqui comigo.

— Sinto muito. — Eu me aproximo dele para lhe dar um


beijo. — Eu diria que não precisamos ir, mas estou pensando
que não é exatamente o ponto aqui.
— Não, não é. Eu não pediria para você trazer Reed. Ele
é muito jovem e ainda não o mostramos ao público. Mas eles
estão agindo como se ele não existisse. Além deles se
preocupando com você me distrair do futebol ou tentar tirar
todo o meu dinheiro, eles não reconheceram Reed sendo meu
filho.

— Bem, talvez eles caiam em si quando virem que eu não


vou roubar todo o seu dinheiro, e a única vez que eu vou
distraí-lo é no quarto. — Balanço minhas sobrancelhas de
brincadeira, e Nick sorri. — Agora me fale sobre esse diploma
de inglês. Eu não sabia que você gostava de ler.

— Eu gosto, — ele admite, — mas ultimamente tenho


pensado em tentar a minha mão para escrever.

— Como fazer uma aula de redação? — Eu me sento em


choque.

— Sim, quero dizer, eu sei que é tarde demais para se


formar, mas...

— Espera aí! Quem disse que é tarde demais? Você só


tinha mais um ano para ir... você poderia facilmente voltar e
terminar. E agora, com aulas on-line, você pode mudar para a
Literatura Inglesa como queria.

O rosto de Nick se ilumina como um garotinho que


acabou de saber que pode ficar acordado até tarde e comer
muito doce.
— Você está certa… eu posso. E eu tenho muito dinheiro
agora, então não há nada que meu pai possa fazer para me
impedir.

— Claro que ele não pode! Você ainda vai se especializar


em Literatura Inglesa?

— Claro que sim! E a primeira aula que farei será a de


redação criativa que nunca consegui fazer.

— Você pode fazer isso totalmente!

Eu me deito e passo meus braços ao redor dele. Ficamos


deitados juntos em silêncio por alguns minutos, e penso em
Nick e em mim e em quão longe chegamos de ser as pessoas
que estávamos naquele quarto de hotel quase um ano atrás.

— Ei Nick...

— Sim?

— Desculpe por sair com apenas uma nota dizendo


adeus. — E eu sinto muito. Se soubesse que ele estava
procurando por mais, nunca teria saído do jeito que eu fiz. Sim,
eu estava apenas procurando por uma noite, mas quando
estávamos juntos, senti algo mais, e o pensamento me
assustou me levando a correr, nunca por um segundo
acreditando que ele também sentia algo.

— Está tudo bem, Olhos Castanhos. — Nick dá um beijo


na minha testa, depois no meu nariz. — Só por favor... no
futuro, se você vai deixar uma nota, sempre me diga onde você
está indo para que eu possa encontrar você.

— Combinado! Agora vamos procurar faculdades. Com o


término do futebol esta semana, você provavelmente pode fazer
uma aula de primavera ou mesmo fazer algumas aulas de
verão.
Eu ainda tenho que levar Olivia para um encontro, e ter
sua família aqui significa que temos babás à disposição.

É quinta-feira à noite e estamos livres para a noite depois


de treinar a manhã toda e repassar fitas e jogar esta tarde.
Mando uma mensagem para Stephen e pergunto se há alguma
maneira que ele e Corrine possam cuidar de Reed. Ele me
responde de volta que eles adorariam.

Faço uma ligação para um restaurante recomendado


para ver se é possível ter assentos particulares. Com o Super
Bowl em três dias, em qualquer lugar que formos teremos fãs
tentando tirar fotos e autógrafos. Os paparazzi e a mídia estão
em toda parte. O gerente me diz que eles podem nos levar a
um reservado privado perto da parte de trás às sete horas,
então deixei Stephen saber para ir ao quarto de Olivia às seis.

Eu volto para o quarto dela – o que pode muito bem ser


meu desde que tenho dormido aqui todas as noites – e ela está
no chão com Reed cantando para ele sobre assar um bolo. Ele
está deitado em um grande cobertor azul e suas pernas e mãos
estão se agitando de todas as maneiras. Todos os dias ele se
torna mais alerta... mais como uma pessoa real. Eu não posso
acreditar que quase desisti do meu direito de vê-lo crescer.

Olivia olha para cima quando ouve a porta se fechar.

— Ei você. Como foi o treino?

— Bom. — Eu caio no chão ao lado dela e dou-lhe um


beijo rápido antes de me inclinar e dar um a Reed. Seu rosto
se move de um lado para o outro enquanto ele faz um som
suave de arrulhar que me faz sorrir. Esses dois estão
rapidamente se tornando meu mundo inteiro.

— Por que você não toma um banho enquanto eu cuido


dele?

Seu nariz se contrai. — Estou cheirando tão mal assim?


Tomei banho esta manhã.

Meus dedos seguram sua nuca e eu a puxo para perto de


mim, minha boca inclinada sobre a dela.

— Não, você não cheira. Nós vamos sair para jantar.

— Eu pensei que você disse que não queria que Reed


saísse muito por causa da mídia.

— Não Reed. Só nós. Vou levar você para um encontro e,


antes de discutir, seu pai e Corrine vão descer para cuidar do
Reed enquanto vamos.
— Hmm... — Ela bate o dedo contra o lábio inferior. —
Um encontro, né? Por que eu sinto que fizemos tudo errado?
Sexo, gravidez, preliminares e agora um encontro?

Seus olhos se iluminam me dizendo que ela está


brincando, mas eu também sei lá no fundo que tudo isso
aconteceu.

— Não estamos fazendo nada de errado. Estamos fazendo


as coisas do nosso jeito... nossa história, lembra? Nós
começamos a escrever os capítulos. E este é o capítulo dois:
Encontro da noite.

Enquanto ela está se preparando, seu pai e Corrine


aparecem. Eles assumem o controle com Reed, então eu posso
me trocar. Assim que fico pronto para ir, eu me junto a eles na
sala de estar para esperar por Olivia. Ela sai do banheiro cerca
de trinta minutos depois, vestida com um par de jeans
apertados – extremamente apertados – e escuros.

Ela está malhando todos os dias – alternando entre Yoga


e Tae Bo 10 – com Giselle em sua sala de estar, e está
aparecendo. A mulher quase se parece com seu eu antes da
gravidez. Seus quadris estão um pouco mais largos agora, mas
não há nada de errado em dar a um homem algo para segurar.
Ela está usando um suéter azul-marinho e algumas botas de
aparência difusa que as mulheres sempre usam quando está
frio lá fora. Seu cabelo está solto em ondas soltas e sua

10O Tae Bo é um sistema de condicionamento corporal total que incorpora técnicas de artes marciais,
como chutes e socos, que se tornaram bastante populares nos anos 90.
maquiagem, como sempre, é mínima. Ela está incrivelmente
linda exceto...

— Por que você está usando as cores do outro time? —


Stephen e Corrine riem.

— Oh, pare! Eu juro, toda vez que vou colocar uma roupa,
se ela não der suporte ao Nova York, nunca ouço o final disso,
— Corrine diz, revirando os olhos. — Você está linda, Olivia.

Olivia olha para baixo. — Obrigada. Eu não possuo nada


naquela cor de grama feia, então isso vai ter que servir. — Ela
encolhe os ombros e caminha até Reed para lhe dar um beijo
de despedida. Ela explica tudo para seus pais e eles ouvem,
embora eu tenha certeza de que já ouviram tudo um milhão de
vezes.

Nós descemos e caminhamos até o valet 11 , onde nos


apontam na direção do serviço de carro. Eu poderia alugar um
carro, mas é mais fácil e seguro contratar alguém para nos
levar.

Vinte minutos depois, o serviço de carro nos deixa no


centro de Denver. Ele abre a porta e Olivia sai primeiro. Antes
que eu possa sair, vejo as luzes das câmeras piscarem. Por um
segundo eu me preocupo como ela vai reagir, mas ela lida com
isso como um profissional. Ela prende o braço no meu cotovelo

11Valet ou valete designa um empregado dedicado a servir como atendente pessoal a seu
empregador.
e sorri suavemente para mim, permitindo que a mídia tire
fotos.

— Sinto muito por isso. Eu me certifiquei de que


tenhamos uma sala privada, — sussurro em seu ouvido. Ela
balança a cabeça, seu sorriso nunca vacilando. Imagino,
porque sua mãe era uma das maiores modelos internacionais
de seu tempo, e seu pai era um grande jogador de futebol
universitário, que Olivia experimentou os paparazzi em algum
momento de sua vida. Felizmente, na maior parte do tempo,
eles realmente só acompanham os atletas durante as semanas
dos grandes jogos. Claro, em Nova York, você terá um
paparazzi ocasional tirando fotos, mas não é como se você
fosse um ator ou cantor morando em Los Angeles.

Começamos a caminhar em direção ao restaurante e


vários fãs nos param para que eu possa assinar coisas para
eles. Olivia oferece para tirar fotos usando seus telefones. Nós
facilmente ignoramos os comentários e perguntas sobre
Celeste e o meu compromisso cancelado, mas quando uma
pergunta é feita sobre Reed, eu quase respondo.

— Nick, é verdade que seu filho é o resultado de um caso


de uma noite?

Os dedos de Olivia cravam no meu braço para me


impedir. Quando olho para ela, ela sorri, em seguida, aparece
na ponta dos pés para me dar um beijo casto. — Ignore-os, —
ela murmura contra meus lábios antes de se afastar.
Quando finalmente chegamos ao restaurante, somos
sentados imediatamente. O garçom leva nossa ordem de
bebida e, em seguida, deixa um pouco de pão.

— Uau! Caminhar com você me lembra de estar na escola


e namorar o quarterback estrela. — Ela ri, e eu olho para ela.

— Você namorou o quarterback? Quem? Ele joga agora?


— Olivia joga a cabeça para trás, rindo, mas eu não estou
rindo.

— Oh meu Deus! Pare! — Ela continua a rir. — Eu não


sei o que aconteceu com ele, mas posso garantir, você é muito
mais popular e tem muito mais garotas do que ele. — Seu tom
é brincalhão e zombeteiro, e isso me faz rir.

— Porra, certo, eu estou melhor, mas a única mulher que


eu preciso e quero é você. É por isso que você deveria estar
usando as cores do nosso time. Então todo mundo saberia que
você pertence a mim.

— Aww... talvez você devesse me comprar uma jaqueta


com o seu número... ou melhor ainda, eu posso ter seu número
tatuado logo acima da minha bunda. — Ela ri mais um pouco.

Eu, por outro lado, a imagino nua em nada além da


minha camisa e tenho que bloquear o visual antes que eu
esteja com um pau duro aqui na mesa. Ainda bem que a mesa
está bloqueando a visão de qualquer um de ver minha virilha.

— Ambas as ideias parecem ótimas para mim.


Passamos o resto do nosso tempo no jantar conhecendo
mais um sobre o outro. É bom conhecer Olivia como mulher,
mais do que apenas mãe de Reed.

Ela me fala sobre sua mãe e sua infância, sobre seu


tempo em Paris, um pouco mais sobre sua carreira nas artes.
Você nunca imaginaria que ela vale milhões de dólares. Ela é
pé no chão e doce, e deixa tudo rolar naturalmente.

Ela ouve tudo que eu digo, como se estivesse


genuinamente interessada, fazendo perguntas e
acrescentando seus próprios pensamentos. E com cada
palavra que ela fala, e cada sorriso que me concede, me vejo
me apaixonando muito por ela.

Voltamos ao quarto do hotel e agradecemos a seus pais


por cuidarem do Reed. Olivia me diz que precisa descer e pegar
alguma coisa, então, quando ela se vai, eu pulo no chuveiro
para enxaguar.

Quando saio, enrolo uma toalha na cintura e entro na


sala para pegar algumas roupas. Antes que eu consiga sair da
porta, paro no meu lugar. Porque na minha frente está Olivia
em nada além da minha camisa. Eu a reconheço do andar de
baixo na loja de presentes do hotel. Eles estão vendendo para
o Super Bowl. A camisa é grande demais para ela, expondo seu
ombro nu. Suas pernas suaves estão nuas, e me pergunto se
ela está usando calcinha por baixo.

Sua boca se contorce em um sorriso tímido enquanto


espera que eu diga alguma coisa. — Foda-se, — é a única
palavra que sai da minha boca quando fecho a distância entre
nós.

Minha mão segura o rosto dela enquanto a outra se move


pela camisa e pousa em seu pescoço liso. Minha boca bate na
dela. Não é doce ou romântico. É cru e carente. Urgente e
exigente. Minha língua duela com a dela, e ela geme na minha
boca. Meus dedos deslizam por sua coxa, sob a camisa, e
quando sinto que não há nada por baixo, solto um gemido
baixo.

— Você está me matando, mulher, — murmuro contra


seus lábios. Minhas mãos apertam suas nádegas e eu a levanto
e a trago para a cama, deitando-a debaixo de mim. Minha boca
volta para a dela, beijando-a com tudo em mim. Seus lábios
macios me deixaram viciados.

Nós nos beijamos até que ela se afasta um pouco. —Eu


sinto que somos realmente adolescentes. Eu estou vestindo
sua camisa... estamos nos saindo como se estivéssemos no
ensino médio. — Ela ri e eu balanço minha cabeça por sua
brincadeira.

— O que eu vou fazer com você? — A pergunta era para


ser retórica, mas quando eu falo as palavras, os olhos de Olivia
se arregalam.

Sua voz é suave. — Talvez... um dia me ame. — Ela


encolhe os ombros timidamente.
Enfie um maldito garfo em mim porque estou acabado.
Essa mulher é tudo que eu precisava em minha vida, mas não
fazia ideia de que estava faltando.

— Isso é definitivamente uma possibilidade enorme, — eu


digo antes de meus lábios capturarem os dela novamente, e
continuamos com nosso amasso, como adolescentes excitados.
É domingo do Super Bowl, e eu estou sentada no
camarote de amigos e família com Corrine e Shelby, enquanto
Nick e meu pai, junto com o resto do time, estão no vestiário
se preparando para o maior jogo que o Nova York Brewers
enfrentaram em mais de uma década.

O jogo está ocorrendo em Denver, mas o time que


enfrentamos não é outro senão o antigo time de Nick, Carolina
do Norte. Eles chegaram aos playoffs no ano passado sem ele,
mas perderam. Este ano eles são favoritos para ganhar tudo.

Os últimos dias foram nada menos que surpreendentes.


Durante o dia, Nick esteve com a equipe, treinando. É um jogo
enorme, ainda maior porque ele está jogando contra seu antigo
time. Eles o deixaram ir pensando que ele não traria mais um
campeonato, mas aqui está ele, espero que prove que eles
estavam errados.

Toda noite Nick passou seu tempo comigo e Reed.


Enquanto Reed está acordado, Nick e minha atenção estão em
nosso filho, mas uma vez que ele está dormindo, é um jogo
totalmente diferente. Nunca experimentei essa proximidade
com um homem sem fazer sexo. As preliminares com Nick
estão fora deste mundo, mas mais do que isso, é o tempo
depois – antes de adormecer em seus braços, quando ele fala
comigo.

Depois da nossa conversa sobre Fiona e sobre eu indo


embora apenas com uma nota, uma ideia surgiu. Eu queria
transformar algo negativo em positivo, então algumas noites
atrás eu escapei da cama, escrevi uma nota para ele e coloquei
na sacola de ginástica dele. Então, ontem à noite, fiz a mesma
coisa – sem saber se ele viu a primeira. Só esta manhã acordei
com uma nota dizendo que ele não apenas a viu, mas significou
muito para ele. Ele prometeu sempre deixar uma nota, então
suas palavras são a primeira coisa que eu leio quando abro os
olhos, e em troca eu fiz a mesma promessa.

— Desculpe-me. — Uma voz suave me traz de volta para


o agora.

Reed está acordado em meus braços, mas não vai durar


muito até que esteja dormindo. São 4:30 aqui, mas ele ainda
se recusa a obedecer ao fuso horário em Denver. Em Nova
York, são seis e meia e o relógio interno de Reed faz com que
ele desmaie às sete da noite todas as noites – acordando a cada
quatro horas para comer e acordando às seis da manhã. Eu
amo que meu filho já esteja em uma rotina, mas aqui em
Denver isso significa que ele sente que são quatro da
madrugada!
— Com licença, — ouço de novo, e dessa vez levanto a
cabeça para ver se alguém está falando comigo. Com Corrine e
Shelby à minha esquerda, olho para a direita. É uma mulher
mais velha que parece ter mais ou menos a mesma idade da
minha madrasta, talvez um pouco mais nova. Seu cabelo é
tingido em destaques perfeitos e está amarrado em um rabo de
cavalo apertado. O vestido dela é Stella McCartney – uma
estilista que minha mãe costumava adorar. Seus lábios estão
franzidos em uma careta meio sorridente, e olho para meu filho
para confirmar que ele não está chorando. Aprendi com o meu
truque há algumas semanas atrás, que as pessoas não gostam
de bebês que choram em público.

Quando meus olhos se movem para cima, eles pousam


em seus olhos – verdes esmeralda como os de Nick... como os
de Reed. Meu instinto me diz que essa mulher é parente de
Nick, e então me lembro de nossas conversas de fim de noite
em que ele me confidenciou sobre sua infância e a falta de
relacionamento com seus pais. Como ele nunca entendeu os
diferentes tipos de amor até que Reed nascesse.

Meu instinto inicial é odiar essa mulher, mas ao invés


disso escolho ter pena dela, porque ela é a única que está
perdendo um relacionamento autêntico com seu filho.

— Posso ajudá-la? — Eu finalmente digo, e seus lábios se


contraem levemente em um sorriso.

— Eu apenas gostaria de me apresentar. Eu sou Victoria


Shaw, a mãe de Nicholas.
Ela coloca a mão perfeitamente bem cuidada para apertar
a minha, e eu a encontro no meio do caminho.

— Eu sou Olivia Harper. — Ela obviamente sabe quem eu


sou ou não estaria aqui se apresentando para mim.

Reed escolhe este momento para tornar sua presença


conhecida. Ele se contorce levemente, seus braços se
levantando, e quando eu levanto e o viro para me encarar, sua
boca se transforma em um sorriso – um novo marco que não
consigo tirar fotos suficientes.

— E este é Reed, — acrescento, meus olhos


permanecendo em meu bebê.

Corrine se aproxima e faz cócegas em sua barriga. — Eu


não consigo ter o suficiente desses sorrisos, — diz ela,
juntando-se a conversa estranha. — Toda vez que eu o vejo,
juro que ele cresceu mais um centímetro. — Ela aperta
levemente a bochecha de Reed, em seguida, olha para Victoria.
— Eu sou Corrine, mas você sabe disso… nós nos vimos em
vários eventos de equipe este ano. Eu também sou a madrasta
de Olivia. — Corrine se levanta e caminha ao redor do encosto
do sofá até Victoria. — Observei como você trata as pessoas ao
seu redor. E eu estou te avisando agora, se você tratar a minha
enteada com qualquer outra coisa além de respeito, farei você
ser expulsa das instalações. — Ela sorri igual ao gato da Alice12
e pede licença para ir ao banheiro com Shelby atrás dela.

Seguro as lágrimas que querem se libertar. Eu sinto falta


da minha mãe todos os dias, mas ter Corrine na minha vida
quase compensou por não ter minha mãe aqui. Ela é tudo o
que uma mulher poderia pedir em uma madrasta, e eu sou tão
abençoada por ter mais uma pessoa em nossas vidas que ama
Reed e eu.

Depois de alguns segundos, Victoria diz: — Ele se parece


com Nicholas.

— Sim, ele parece. Você gostaria de segurá-lo? — Ofereço


Reed, mas quando Victoria balança a cabeça, eu o trago de
volta contra o meu peito.

— É melhor não. Esse é um vestido novo, e eu odiaria ter


que voltar para o hotel e me trocar se ele... — Ela torce o nariz
para cima em desgosto. — Bem, você sabe.

Ela sorri com um sorriso dolorido, e isso me faz querer


encontrar Nick e abraçá-lo com força. As histórias que Nick me
contou sobre o tipo de relacionamento que ele tem com seus
pais não se aprofundaram até o momento. Quero dizer, que
avó não quer segurar o próprio neto? Eu mal posso manter
Corrine e meu pai de monopolizarem Reed quando eles estão
no mesmo quarto que ele.

12 Do filme Alice no país das Maravilhas


— Ok... — Eu dou-lhe um sorriso de gesso e volto para
assistir à cerimônia de pré-jogo. Corrine e Shelby retornam
alguns minutos depois, e conversamos sobre o próximo jogo
enquanto esperamos que ele comece. Nossa conversa é
interrompida quando o pai de Nick, Henry, aparece. Victoria
nos apresenta, mas assim como sua esposa, ele não tem
vontade de segurar seu neto, e ambos escolhem ficar em outro
lugar, em vez de perto de nós. Nick mencionou que a maior
parte do tempo eles moram na Carolina do Norte, e nunca
fiquei mais aliviada em saber que eles não estarão por perto
em tempo integral.

Logo após o intervalo, Celeste entra. Só sei disso porque


ouço Victoria se entusiasmar por ela.

— Oh, Celeste! Amor! Estou tão feliz por você estar aqui.

Corrine faz contato visual comigo e revira os olhos. Eu


reviro meus olhos de volta, mas no fundo estou triste porque
os pais de Nick estão se comportando dessa maneira. Não
consigo imaginar não ter o apoio e amor que tenho com minha
família e amigos. Não conheço Nick há muito tempo, mas além
de Killian, eu não vi mais ninguém estar ao lado dele. Sei que
ele e Celeste são melhores amigos também, mas ainda não
testemunhei a verdadeira amizade deles.

Ouço Celeste educadamente dizer olá aos pais de Nick, e


prendo a respiração, com medo de que nossa trégua fosse
apenas temporária. Um minuto depois, Celeste se senta ao
meu lado e diz: — Ainda bem que você está conseguindo
controlar o bebê.

Respiro fundo e viro para ela para dizer alguma coisa –


não sei bem -, mas quando olho para ela, ela está sorrindo de
orelha a orelha.

— Ugh... — Eu gemo. — Isso nunca vai ser esquecido,


não é?

— Provavelmente não, mas por outro lado, depois de ouvi-


lo chorar, isso cimentou minha decisão de nunca ter filhos. —
Ela ri. — Bebês chorando são a maneira perfeita de controlar
a população se você me perguntar. Cinco minutos ouvindo ele
chorar, e eu estava checando se meu controle de natalidade
estava atualizado. — Ela me dá uma piscadela e eu rio.

Celeste se senta ao meu lado durante todo o jogo, e


quanto mais falamos, mais descubro que ela é realmente uma
pessoa muito amável e posso ver porque ela e Nick são tão bons
amigos. Debaixo de sua maquiagem impecável e roupas de
grife tem uma mulher doce e engraçada.

Ela compartilha histórias hilariantes de Nick que eu


guardei para depois o provocá-lo. Corrine e Shelby se juntam
à conversa e fazemos planos para uma noite de garotas.
Corrine diz que ela está velha demais para sair, mas adoraria
cuidar de Reed. Eu mando uma mensagem para Giselle, e
depois que ela quase morre com a mensagem de texto sobre o
fato de eu estar fazendo planos com a ex do Nick, ela, é claro,
concorda em sair também.
Toda a nossa fala cessa quando o jogo está quase
acabando. Nova York interceptou a bola e só há tempo
suficiente para uma, talvez duas jogadas. A próxima jogada, se
bem-feita, pode significar que seremos campeões do Super
Bowl.
Metade da multidão explode em um rugido explosivo de
aplausos quando nossa defesa intercepta a bola na linha de
quarenta jardas com menos de um minuto restante, sem
tempo limite. Isso é exatamente o que precisávamos, o que
estávamos apostando.

O jogo foi pau a pau o tempo todo. Se eles tivessem


marcado, precisaríamos desse touchdown para ficar um passo
diante deles, mas como não deram, se marcarmos, ganhamos.

Toda a nossa temporada está na linha, o jogo inteiro pode


acabar com a próxima jogada. Todo mundo está contando
comigo. Olho para o camarote do dono, não que eu possa ver
Olivia, mas saber que ela está lá em cima acalma meus nervos.

A última vez que estive nessa posição, eu estava com


Fiona, mas ela não estava lá. Eu sei que muito do que deu
errado entre nós teve a ver com a minha mãe, mas espero que
o que estou construindo com Olivia seja mais forte. Enquanto
estou chateado com a minha mãe pelo que ela fez, o que
Celeste disse é verdade. Fiona fez a escolha de pegar o dinheiro.
Ela escolheu ir embora. Ela poderia ter vindo até mim e eu
teria dado a ela, mas ela não veio. Eu gostaria de acreditar que
tudo acontece por um motivo, e Fiona e Celeste estavam
apenas me impulsionando ao caminho que me levou a Olivia e
Reed.

A ofensa faz o seu caminho para o campo, amontoados e


esperando por mim para chamar a jogada, então eu corro para
me juntar a eles.

— Tudo bem, pessoal. Está no papo. Uma jogada... talvez


duas, e seremos campeões do Super Bowl. Não temos mais
paradas de tempo, então o relógio estará correndo. Aqui está a
jogada: slot à direita oeste, setenta e dois, z bingo U dividido,
contagem de snap falsa em três. — Os jogadores se afastam, e
todos se alinham.

Na minha terceira contagem, o centro caminha com a


bola. Tomando uma queda de três etapas, pego um receptor
disponível, mas quando estou prestes a lançar a bola, ele está
coberto pela porra do cornerback 13 . A defesa está me
apressando, e sei que tenho que fazer isso antes que eu seja
atacado.

Vejo Killian arrancando pela esquerda. Ele está aberto


apenas por pouco. Lanço a bola para ele, e é um lance de
merda na melhor das hipóteses, muito longe para a esquerda,
pouco antes de ser derrubado no chão. Killian pega a bola com
uma mão e corre. Eu assisto com a respiração suspensa

13 Jogador responsável pela defesa no Futebol Americano.


quando ele passa por cada linha do campo – trinta... vinte...
dez... com a defesa em sua bunda a cada passo do caminho.

Um defensor vem da direita, e Killian, como o idiota


maluco que ele é, pula sobre o cara na zona final.

— Touchdown!

A multidão grita, e toda a equipe se reúne na zona final,


comemorando. Brian Peters, o nosso lançador, faz o seu
caminho para o campo para o ponto extra. Então, com apenas
vinte segundos restantes no relógio, a unidade especial da
equipe entra em campo para o pontapé inicial. Peters, mais
uma vez, chuta a bola e o outro time a recebe. O seu chutador
regressa ao campo, mas é imediatamente derrubado por um
dos nossos jogadores. Sem tempo sobrando no relógio, o jogo
acabou, e somos campeões do Super Bowl.

O treinador Harper vai até mim e puxa-me para um


abraço.

— Nós conseguimos! — Ele grita no meu ouvido, e eu o


abraço de volta.

— Caralho, nós conseguimos. — O confete cai do céu, e a


mídia faz o seu caminho até nós em um frenesi, nos cercando
como abutres.

Killian pula contra mim e me puxa para um abraço. —


Foda-se sim! — Nós dois estamos chorando enquanto os
capacetes são retirados. Vários dos meus colegas de equipe se
aproximam e me abraçam. Eu coloco meu capacete na minha
cabeça quando uma das repórteres coloca um microfone na
minha cara. Seu nome é Jennifer e ela é uma das principais
repórteres do canal esportivo.

— Há dois anos, você estava do outro lado. Agora você


está aqui com sua quarta vitória no Super Bowl; primeira com
o Nova York. Conseguir essa vitória hoje, o que isso significa
para você?

— Isso significa tudo, Jennifer. Esta temporada não foi


fácil por qualquer meio. Não me surpreende que tivemos que
lutar em todas as etapas do jogo até o final. — A repórter ri. —
Foi um esforço de equipe. Testou cada um de nós, mas no final
conseguimos.

A repórter segue para sua próxima pergunta. — É do


conhecimento público que você está em Nova York com um
contrato de um ano. Você pode nos contar seus planos para o
ano que vem?

Eu quero dizer que não vou a lugar nenhum, mas a


verdade é que os contratos ainda não foram discutidos
formalmente, então tenho que ir com uma resposta
politicamente correta.

— Definitivamente há muitas decisões a serem tomadas,


mas eu tenho algumas prioridades que preciso fazer primeiro,
começando por encontrar minha namorada, Olivia, e beijá-la.
Vou comemorar com a minha equipe e graças a Deus nós
ganhamos, então o treinador Harper não tem uma razão para
me banir dos feriados familiares. Depois disso, vou levar minha
namorada e meu filho em umas férias muito necessárias.

Olho para o treinador Harper, que joga a cabeça para


trás, rindo, balançando a cabeça em sinal de compreensão. Eu
acabei de falar, na televisão ao vivo, e admiti ao mundo que
Olivia é minha namorada.

Jennifer e eu fazemos mais algumas perguntas e, quando


terminarmos, vou para o campo para encontrar o resto da
minha equipe, para que possamos celebrar nossa vitória.
Nick e eu estamos trocando carícias no sofá em sua casa,
assistindo programas idiotas na televisão enquanto Reed está
cochilando. Eu estou deitada horizontalmente no sofá, minha
cabeça descansando em seu colo, e Nick está passando os
dedos pelo meu cabelo.

As últimas duas semanas desde que voltamos do Super


Bowl foram passadas com Nick na minha casa ou Reed e eu
na dele. A equipe está de folga até o final de junho, quando o
seu treinamento de campo deve começar e, de alguma forma,
criamos nossa própria programação de pura preguiça.

Nick e eu não discutimos seus planos com relação ao seu


contrato com Nova York, mas acho que ele está apenas
aproveitando a glória de sua vitória agora – ele teve que fazer
aparições em vários programas diurnos e noturnos – e
aproveitando o tempo de inatividade. Nós raramente saímos
em público, e quando fazemos, é para pegar algo para comer.

Meu pai e Corrine estão na Itália. Eles saíram no dia após


o Super Bowl. Meu pai a surpreendeu com uma viagem
romântica, só os dois.
Nick pausa o programa, e eu me viro de costas para olhar
para ele.

— Eu tenho algo que quero te perguntar, mas preciso que


você seja mente aberta.

Eu me sento intrigada. — Ok.

— Eu quero que a gente vá embora.

— Onde você quer ir? Em algum lugar quente seria


fabuloso, então Reed pode usar menos de três camadas de
roupa exterior.

— Na verdade, é aí que a mente aberta entra. Eu estava


pensando que poderíamos ir embora... só nós dois.

Eu me sento confusa. — O que faríamos com Reed?

— Giselle disse que poderia cuidar dele.

— Você já perguntou a ela?

— Eu não queria falar sobre isso se ela não pudesse. Eu


ia perguntar a Shelby se Giselle dissesse que não poderia, mas
ela disse que sim.

Eu me levanto e começo a andar pela sala de estar. Reed


fará dois meses esta semana. Estou pronta para deixá-lo a
noite?

— Liv, seria apenas por duas noites. É o fim de semana


do Dia dos Namorados.
— Podemos ficar na região?

— Como ficar em um hotel na região? — Ele me olha


incrédulo.

— Meu pai tem uma casa nos Hamptons. Fica a apenas


duas horas de carro daqui, então não estaríamos muito longe
se alguma coisa acontecesse.

Nick ri. — Que tal eu concordar com os Hamptons, mas


eu estarei escolhendo o lugar. Não vou passar o fim de semana
sob o teto do treinador com a filha dele.

Reviro meus olhos. — Combinado. — E então me bate que


o Dia dos Namorados é esta semana, como em dois dias.

— Espera... Nós vamos neste fim de semana?

— Sim... vamos viajar nesta quinta-feira depois que


Giselle sair do trabalho e ficar no final de semana.

— Isso dificilmente dá muito tempo para se preparar. —


Eu me sinto ficando estressada.

Nick se levanta do sofá e se move na minha direção, seus


braços circulam minha cintura, e ele se inclina e coloca um
beijo calmante em meus lábios.

— Olhos Castanhos, — ele sussurra. Ele move seus lábios


para o meu pescoço e beija a carne sensível logo abaixo do meu
ouvido.
— Não há nada para arrumar. Você nem precisa fazer as
malas. Se for do meu jeito, nem nos vestiremos. — Ele levanta
a cabeça e, com um largo sorriso, arqueia as sobrancelhas
sugestivamente.

— Liv, chegamos. — Eu sinto Nick gentilmente me abalar,


mas meus olhos se recusam a abrir.

— Liv, baby. Você tem que acordar.

Relutantemente, abro meus olhos e estico meus braços


quando me lembro onde estou. Num minuto eu estava
conversando com Nick sobre o surto de crescimento de Reed e
no dia seguinte eu estava acordando no carro. Eu me sento e
olho ao redor. Estamos na entrada de uma linda cabana de
três andares. Não consigo ver o oceano de onde estamos, mas
sei que está lá porque a casa está no topo de uma duna.

— Nick… esse lugar é enorme. Você convidou mais


pessoas?

Ele ri. — Na verdade, eu convidei...

— Oh. — Eu tinha assumido que quando ele mencionou


que a roupa era opcional, estava insinuando que estaríamos
sozinhos. Talvez ele quisesse que Reed ficasse em casa porque
haveria uma festa acontecendo...

— Não agora. Nas próximas duas noites seremos só você


e eu. No sábado, no entanto, teremos uma casa cheia. Giselle
vai trazer Reed e Killian estará se juntando a nós. Shelby não
pode vir porque ela tem uma festa de aniversário para cuidar
de sua madrasta, mas seu pai e Corrine virão... e... — Ele faz
uma pausa, mordendo o lábio inferior, nervosamente.

— E?

— Bem, Celeste mencionou que queria se juntar, e


sinceramente vocês parecem estar se dando bem... mandando
mensagens e planejando uma noite fora, eu disse que tudo
bem, e seus pais disseram que não teriam problema em cuidar
do Reed enquanto todos nós saíssemos. Tudo bem?

— Sim! Isso soa muito bom. Quanto tempo ficaremos


aqui?

— Apenas cinco dias... mas depois vamos embora em


outra viagem, e Giselle e Killian se juntarão a nós para a
segunda metade da viagem.

Virando-se no meu lugar para encarar Nick, coloco as


palmas das mãos nas bochechas dele.

— Você sabe que não precisa nos levar embora, certo? Eu


não preciso de viagens inesperadas, apenas preciso de você.
Nick franze a testa. — Eu sei, mas não tenho tanto tempo
até o futebol começar de novo. — Ele pega minhas mãos nas
dele e as leva até os lábios, beijando o interior de cada um dos
meus pulsos.

— Quero que aproveitemos ao máximo isso. Seria apenas


nós dois, mas, em seguida, Giselle mencionou que ela poderia
ajudar a cuidar do Reed, e uma vez que Killian também iria
para onde estamos indo, ele pediu e disse que se eu não o
deixar ir, eu estava escolhendo sua garota sobre seu melhor
amigo.

Eu rio, imaginando Killian fazendo beicinho como se fosse


uma criança.

— O que você está pensando em relação ao seu contrato?

— É meio que fora das minhas mãos. Estou esperando


ouvir do meu pai se Nova York quiser me contratar novamente.
Se não, tenho que esperar que outra equipe me busque. Eu
gostaria de pensar que provei o que quero nesta temporada.

Eu não tinha considerado que Nova York não poderia


voltar a contratá-lo, e se não o fizesse, ele teria que se mudar
para onde quer que a equipe o contratasse. Ele nos pediria
para nos mudarmos com ele? Eu estaria disposta a me mudar
para outro lugar?

Meus pensamentos voltam a um ano atrás, quando Victor


me deixou para se mudar para a Suíça. Claro, ele não me
perguntando faz mais sentido agora que sei que ele estava me
traindo por um ano com aquela que se dizia minha amiga.

— Hey, eu posso ver as engrenagens em sua cabeça


girando. Tudo vai dar certo. Nós vamos resolver juntos. Mas
primeiro, vamos nos divertir. Temos esta casa, — ele aponta
para o lindo chalé, — e tem uma banheira de hidromassagem
e uma piscina aquecida.

— Você quer que eu fale com meu pai? Eu sei que ele não
é o dono, mas... — Nick se debruça sobre o console central e
me beija. Sua língua sai rapidamente, massageando a minha,
mas depois ele se afasta, deixando-me querendo mais.

— Não. Primeiro, todas as negociações precisam ser feitas


através do meu agente, e segundo, eu quero nos manter
separados dos negócios. Quero me divertir neste fim de
semana. Não falar de trabalho. — Eu aceno em acordo.

Depois de deixar nossas malas no foyer, Nick e eu


fazemos um tour pela casa. Tem pelo menos sete quartos e
ainda mais banheiros, uma enorme cozinha e várias salas de
estar. Encontramos o quarto em que ficaremos e Nick traz
nossas malas.

Depois, nós fazemos o nosso caminho para fora. Está dez


graus hoje, então estamos ambos vestidos confortavelmente
com jeans e um moletom. Há um enorme pátio ao entorno com
várias cadeiras e uma piscina aquecida. Apenas um pouco a
frente há uma ponte de madeira que leva até a praia. O sol está
brilhando e ajuda a compensar o ar frio.
— Vamos entrar. Eu trouxe uma garrafa de vinho e estava
pensando que poderíamos ir jantar hoje à noite.

— Parece bom. Eu só vou subir para o quarto e me


refrescar. Nos sirva um copo e eu volto logo.

Eu começo a me afastar, mas depois me lembro de algo


que eu queria dizer a ele. — Oh, Nick...

— Sim?

— Lembra quando eu fui ao médico para o meu check-


up?

— Sim. — Ele balança a cabeça.

— Ele me deu permissão para fazer sexo. — Eu atiro para


ele uma piscadela de flerte excessivamente dramática, e Nick
joga a cabeça para trás com uma risada. Começo a subir as
escadas quando ele chama meu nome. Eu paro no primeiro
degrau e me viro para encontrá-lo bem na minha frente. Ele
me puxa para seus braços, e seus lábios escovam os meus
suavemente antes de ele se afastar e sorrir, seus olhos verdes
brilhando.

— Obrigado por ter vindo comigo. Eu sei que foi difícil


deixar Reed.

— Obrigada por me trazer. Agora deixe-me ficar


apresentável. Sinto-me nojenta depois de ter dormido no carro.

Nick me solta e subo as escadas para o nosso quarto. Eu


pulo no chuveiro para enxaguar e escovar os dentes. Estou
debatendo se devo ir até lá vestida, vestida com um robe, nua
ou de lingerie quando meu telefone toca com uma mensagem
de Giselle: Você está ocupada?

Eu: Não. Tudo certo?

Leva alguns segundos para responder, então envolvo a


toalha branca fofa em torno de mim e me sento na cama.

Giselle: Sim… Reed tomou uma mamadeira algumas


horas atrás, mas agora acho que ele está querendo outra. Ele é
muito exigente. Eu só queria checar com você antes de sair do
horário da alimentação.

E é por isso que adormeci no carro. Meu bebê está


passando por um surto de crescimento, o que significa que ele
tem se levantado a cada poucas horas durante toda a noite
para comer. O pediatra disse que é normal, mas eu estava
nervosa em deixar Giselle lidar com isso. Até poucos dias atrás,
ele estava em um ótimo horário para comer e dormir.

Eu: Vá em frente e dê-lhe meia mamadeira. Se ele não


tomar, ele pode estar cansado. Ele tem acordado muito durante
a noite. Oh! Você pode tirar a temperatura dele? Eu só quero ter
certeza de que ele não está doente. Você pode por favor me
mandar uma mensagem e me avisar?

Eu discuto se devo enviar aquele texto inteiro, mas


comigo a duas horas de distância preciso ter certeza de que
Reed não esteja pegando um resfriado ou algo pior. Depois de
bater em enviar, deito na cama para esperar por sua resposta.
Os travesseiros são confortáveis e o cobertor é supersuave.
Talvez eu só feche meus olhos por alguns segundos enquanto
espero...
Meu telefone toca e, quando olho para o identificador de
chamadas, vejo que é meu pai. Desde que toda vez que ele liga
está relacionado ao trabalho, deixo para o correio de voz. Agora
minha prioridade é Olivia. Falando nisso... faz um tempo desde
que ela subiu para se refrescar.

Deixando a garrafa de vinho junto com os copos, subo as


escadas para ver como ela está. Imediatamente, eu a vejo na
cama, desmaiada. Quando me aproximo, vejo que ela está em
uma toalha. Seu telefone toca na mão dela, mas ela não se
move. Ela está aconchegada nos lençóis e ronca suavemente.

Tirando o telefone dela, verifico e vejo uma foto de Reed


dormindo com uma mensagem acompanhando de Giselle
dizendo que ele não tem uma temperatura alta e que comeu e
adormeceu. Eu lhe mando uma mensagem de texto com um
agradecimento e coloco seu telefone, assim como o meu, na
mesa de cabeceira.

Depois de tirar minha calça jeans e suéter, eu entro com


Olivia – ela está no centro da cama, então deslizo atrás dela,
meus braços envolvendo seu corpo. Ela faz um leve suspiro
enquanto se acomoda em mim.

Pressionando um pequeno beijo na sua testa, coloco


minha cabeça no travesseiro e, por alguns minutos, desfruto
do prazer em segurar essa linda mulher. Nos últimos dias ela
foi uma supermãe. Reed tem estado acordado a qualquer hora
e, enquanto eu tento ajudar, ela insiste em se levantar, não
importa o que aconteça. Meu objetivo é fazer com que ela
entenda que eu quero que sejamos uma equipe. Ela não
precisa fazer tudo sozinha. Deixo meus olhos se fecharem e
caio no sono.

Não sei por quanto tempo fiquei desmaiado, mas o que


sei é que Olivia está acordada. Como eu sei disso? Porque sua
bunda coberta de toalha está esfregando contra a minha frente
de uma maneira que meu pau endurece. Minhas mãos ainda
estão enroladas na cintura dela, e posso senti-la se mexendo
na cama. Pressionando meu rosto em sua nuca, aperto meu
abraço nela. Ela suspira e move sua bunda para cima e para
baixo na minha frente novamente.
— Liv. — Eu digo o nome dela para me certificar de que
ela esteja acordada.

— Mmhmm— é tudo que eu recebo.

Minha mão sobe pela toalha, e encontra o nó que a


prende, eu o solto até sentir os dois lados da toalha se
separarem. Agarrando o material que nos separa, puxo-o
levemente até tirar do corpo de Olivia. Eu jogo no chão, em
seguida, trago minha mão de volta para o corpo dela. Meus
dedos acariciam e beliscam seus mamilos pontudos. Meus
lábios trilham beijos na parte de trás de seu ombro, e eu a sinto
tremer ao meu toque.

— Liv, você está acordada, baby?

— Sim, — ela respira. Eu amo o efeito que meu toque tem


nela.

Minha mão desliza através de sua pele lisa, passa pelo


seu quadril e na parte da frente entre suas coxas. Ela separa
suas pernas o suficiente para meus dedos escorregarem em
sua boceta apertada. Quando ela levanta um pouco, deslizo
meu outro braço embaixo dela. Enfiando um dedo, depois dois,
dou um aperto nela, fazendo-a ficar tensa e úmida. O quarto
está em silêncio, os únicos sons são dos meus dedos entrando
e saindo de sua vagina e de sua boca quando ela solta gemidos
de prazer.

Usando seus sucos, movo meus dedos para seu clitóris,


circulando e massageando o nó inchado. Uma de suas mãos
vai para o peito e posso vê-la beliscando o mamilo. Seus
gemidos ficam mais altos. Sua outra mão vem atrás dela,
encontrando meu pau e acariciando. Já está duro, mas com o
seu toque fica como granito.

— Foda-me, Nick, por favor, — ela implora, virando o


suficiente para travar seus olhos com os meus.

Deslocando sua bunda levemente, guio meu pau duro em


sua boceta por trás. Está quente e úmida e muito apertada, e
tudo é meu. Uma vez que estou completamente dentro dela,
dou-lhe um beijo no pescoço. Então começo a entrar e sair
dela. Meus dedos estão cavando em seu lado, e Olivia me
encontra com o impulso.

É tão bom por trás, mas não posso beijá-la ou vê-la.


Relutantemente, eu deslizo para fora dela, e ela solta um
gemido desapontado. Ela deita de costas, e eu rastejo até seu
corpo, rapidamente empurrando de volta para ela.

Minhas mãos estão de cada lado do rosto dela, e quando


me inclino para beijá-la, vejo seus olhos castanho-chocolate
brilhando de prazer. Eu a beijo com todo o desejo e necessidade
que tenho dentro de mim enquanto faço amor com ela.

Suas pernas abrem um pouco mais e eu sou capaz de ir


mais fundo. Posso sentir meu pau esfregando contra seu
clitóris. Seu corpo aperta na expectativa de seu clímax
iminente. Nossos beijos se tornam vorazes, frenéticos. Somos
todos lábios, línguas e dentes.
Meus empurrões ficam mais duros, mais ásperos. Posso
sentir suor acima da minha testa. Faz muito tempo desde que
eu estive dentro dela. Não vou conseguir me segurar por mais
tempo.

E então as paredes de Olivia se apertam. Sinto sua boceta


se contraindo, e sei que está prestes a acabar. Ela deixa um
gemido longo e ofegante em minha boca, sem quebrar o nosso
beijo, quando goza tão forte em torno de mim que eu quase
perco minha cabeça.

Minhas mãos encontram o caminho para sua cabeça, e


meus dedos seguram seu cabelo enquanto bombeio sem
limites, encontrando minha própria libertação. Eu me escuto e
solto um gemido quando minha semente atira na boceta da
minha mulher, enchendo-a com cada gota de porra que tenho
em mim.
O corpo de Nick continua, e eu posso sentir o seu gozo
dentro de mim. Nós paramos de nos beijar, mas os lábios de
Nick ficam pressionados contra mim por mais alguns segundos
antes de ele voltar a si.

Ele sai de mim, tomando seu calor com ele. Quando ele
não diz nada a princípio, fico preocupada. E se estar comigo
de novo não foi tão bom quanto da última vez? Eu tive um
bebê, então talvez não estou tão boa assim para ele.

— O que quer que você esteja pensando, pare. — Ele


pressiona um beijo em meus lábios, em seguida, em minha
bochecha e desce para o meu pescoço. — Não, eu retiro isso.
Conte-me. Não posso consertar ou dizer que você está errada
se não souber o que está pensando.

— Foi – foi tão bom quanto antes de eu ter um bebê? —


As sobrancelhas de Nick se franzem. Eu posso sentir seu pau
semiduro esfregando contra o topo da minha coxa, mas eu o
bloqueio.

— Eu não acho que você pode comparar os dois. Naquela


noite que passamos juntos foi incrível. Alucinantemente
incrível. — Eu me sinto carrancuda com as palavras dele, mas
ele continua.

— Mas naquela noite, foi estritamente físico. Você me


viciou em seu corpo em segundos. — Ele se apoia em um
antebraço. — Olhos Castanhos, — ele diz suavemente, e meu
estômago se contorce. Eu amo quando ele me chama assim. —
Você não pode comparar uma noite de luxúria com o que
acabamos de fazer. O sexo naquela noite estava fora das
paradas, mas agora muita coisa mudou... O jeito que você me
faz sentir. É o que eu estava falando antes... muito mais. Não
é apenas o seu corpo que eu sou viciado. É também o seu
coração e a sua mente que me deixam viciado e desejando
mais. — E nessas duas frases, ele conseguiu dominar todos os
meus medos e inseguranças.

Ele sai da cama e me puxa para cima, me dando um beijo


rápido antes de irmos ao banheiro nos para limpar. Quando
terminamos, nos vestimos e descemos as escadas. Nick nos
serve uma taça de vinho e nos sentamos no sofá um de frente
para o outro. Por alguns segundos, ambos estamos em
silêncio. Então Nick diz:

— Liv, eu gozei em você... eu sei que é tarde demais agora,


mas nós provavelmente deveríamos ter discutido isso primeiro.
— Meu corpo congela, e eu forço o gole de vinho para baixo
enquanto ele continua. — Eu não sei o que aconteceu quando
você ficou grávida de Reed, se um preservativo furou, ou se não
usamos uma vez e eu não puxei, mas...
— Eu perdi minha bagagem e minhas pílulas. Eu não as
tomei por quase uma semana, —deixo escapar. As
sobrancelhas de Nick se elevam com a minha admissão.

— Eu sinto muito. Toda a bagagem do avião foi colocada


no avião errado. Você pode perguntar a Giselle. Eu não fiz isso
de propósito. Não estava tentando prendê-lo... quero dizer,
como eu poderia? Eu nem tinha alguma informação sua. E só
para você saber, eu estou tomando pílula. Prometo que vou ser
mais cuidadosa desta vez. — Paro de falar por tempo suficiente
para recuperar o fôlego. — Se você quiser usar preservativos
para estar no...

— Whoa, acalme-se. — Nick ri. — Se tivéssemos usado


camisinha toda vez, você estar tomando suas pílulas não teria
importado. Leva dois. Eu não penso por um segundo que você
tentou me prender, e não me arrependo do que aconteceu
porque isso nos pegou. E, — Nick sorri maliciosamente — de
jeito nenhum eu estou usando camisinha com você. Eu senti
sua vagina sem barreiras, e não tenho como voltar a ter o látex
entre nós.

Suas palavras fazem minhas bochechas esquentar, e é


claro que ele está sorrindo largamente.
— Meu bebê! — Eu grito enquanto corro para fora da
porta. Os últimos dois dias a sós com Nick foram nada menos
que surpreendentes. A foda, o sexo e fazer amor – e sim, eu
estou listando-os separadamente porque quando Nick me
levou por trás no chuveiro, isso foi definitivamente uma foda,
e quando ele me levou em cima da mesa, foi sexo, e quando ele
me acordou esta manhã, a maneira como ele languidamente
bombeava dentro e fora de mim, bem, isso certamente foi fazer
amor.

Sinto que coloquei meu sono em dia e me sinto uma


pessoa totalmente nova. E agora estou sentindo falta do meu
filho.

Giselle tira a cadeira do carro e Nick tira dela. — Eu


preciso dele agora, — afirmo com naturalidade, o que faz Nick
rir.

— Vamos levá-lo para dentro onde está quente e então


você pode tê-lo, — diz ele, carregando Reed para dentro. Killian
segue Nick para dentro, mas eu volto para ajudar Giselle com
suas malas.

— Como foi a viagem? — Eu pego uma de suas malas, e


ela pega a outra.

— Muito longa.

— Ah não! Reed estava irritado? — Andamos pela calçada


e estamos quase na frente quando Giselle para.
— Ele foi um anjo perfeito. Killian, por outro lado, me
deixou louca. Eu posso ter que voltar com seus pais, porque
mais duas horas no carro com aquele homem, e posso acabar
na cadeia por assassinato.

— Mesmo? Ele parece tão legal toda vez que saímos com
ele. — Eu dou de ombros. — O que ele fez?

— Olivia, Giselle, deixe-me ajudá-las com isso. — Killian


sai de trás da porta e pega as malas de ambas as mãos. Ele
sorri docemente para mim, mas quando ele sorri para Giselle,
é muito doce.

Ela geme e revira os olhos, passando por ele. — Eu


preciso de uma bebida.

Nós entramos, e Nick já tirou Reed do assento do carro e


está fazendo uma mamadeira para ele. Giselle pega uma
garrafa de vinho e duas taças e as leva para a mesa.

— Este lugar é inacreditável. Talvez eu precise ir contra a


minha regra de nunca namorar um atleta novamente. — Ela
arqueia as sobrancelhas de brincadeira.

— Você tem uma regra contra namorar atletas? — Nick


pergunta, sentando-se ao meu lado e alimentando Reed. — Eu
pensei que era apenas músicos.

Eu rio. — Não, ela incluiu atletas em sua proibição


também.

— E por que isso? — Killian pergunta a Giselle.


— Porque eles pensam que só porque podem jogar e pegar
uma bola, eles estão acima de Deus. — Ela pisca para mim,
me dizendo que ela está apenas brincando com os caras. —
Sem ofensa, Nick.

— Nenhuma ofensa. Além disso, você não está longe. Só


que eu não estava jogando bola esta manhã quando fiz Olivia
gritar 'Oh Deus' na cama.

— Nick! — Eu grito, e ele gargalha.

— Legal! — Killian se aproxima e dá um soco no punho


de Nick.

— Porcos, — Giselle bufa.

— Ele estava apenas brincando! — Eu exclamo. — Ela é


realmente contra o namoro em geral. — Giselle e eu rimos.

— E quanto a você? — Nick pergunta, levantando Reed


até o ombro para fazê-lo arrotar. — Sei que você mencionou
que namorou um quarterback, mas houve algum tipo de caras
que você preferiu namorar?

— Eu dou igualdade de oportunidades... mas há algo


sobre um homem alto, bronzeado e musculoso que sabe como
usar as mãos... como arremessar com elas que me deixa toda
quente e incomodada.

Nick ri. — É melhor você lembrar que eu sou o único que


te deixa quente e incomodada. — Ele se inclina e me puxa para
um beijo antes de se levantar com Reed. — Killian, quer tomar
uma cerveja lá fora para as mulheres fofocarem?

— Claro. — Killian ri, em seguida, se levanta e segue Nick


para fora da sala.

— Espere! — Eu grito, e Nick para em seu lugar. —


Entregue o meu bebê. — Ele ri quando entrega Reed para mim.
Então ele e Killian pegam duas cervejas da geladeira e saem.

— Aquele cara está mal, — comenta Giselle quando a


porta dos fundos é fechada.

— É definitivamente mútuo. Agora me diga o que


aconteceu com Killian que fez você beber antes do meio dia.

Ela bebe seu copo de vinho lentamente até que esteja


completamente drenado. — O cara é tão idiota, — ela
finalmente diz. Vendo seu copo vazio, ela reabastece. — Agora,
me fale sobre a sua escapadela romântica. — E eu sei que é
tudo o que eu estou tirando dela agora.

Um pouco mais tarde, meu pai e Corrine aparecem. Nick


e Killian correm para a loja para comprar mantimentos e
quando voltam, Nick prepara alguns hambúrgueres e bifes
enquanto Corrine e eu fazemos vários acompanhamentos. Nós
todos nos reunimos na sala de jantar para comer.

Os caras conversam sobre sua vitória no Super Bowl, e


as mulheres discutem o último trabalho de Giselle com um
executivo de alta classe que está redecorando todo o seu lugar.
É o maior contentamento que eu senti em muito tempo, como
se tudo estivesse finalmente se encaixando.

Assim que terminamos de limpar o jantar, há uma batida


na porta. Como Nick está fazendo Reed dormir, corro até a
porta para responder rapidamente, e lá está Celeste com uma
única mala. Ela sorri para mim e eu sorrio de volta.

— Estou feliz que você tenha conseguido.

— Obrigada por me receber. — Ela deixa sua bagagem


pelas escadas, e nos juntamos a todos na sala de estar. Eu faço
as apresentações ao redor da sala, embora ela conheça meu
pai e madrasta.

— Eu amo que todo mundo esteja aqui, — eu digo. — Eu


estava com tanto medo quando deixamos nosso apartamento
para vir até aqui, mas estou feliz que tenhamos feito isso.

— Eu estava prestes a te arrastar até aqui eu mesmo, —


meu pai brinca.

— Falando nisso, você decidiu se vai vender ou alugar?


— Pergunta Giselle.

— Você possui um apartamento na França? — Celeste


pergunta, juntando-se à conversa.

— Eu morei lá por seis anos. Fazia mais sentido comprar


do que alugar. Giselle e eu fomos para a faculdade e, em
seguida, nós duas fomos para o nosso mestrado. Ainda não
decidi se vou vendê-lo.
Nick e Killian entram na sala enquanto termino minha
frase.

— Vender o quê? — Nick questiona enquanto se senta no


sofá. Ele me levanta um pouco, em seguida, me aconchega ao
seu lado.

— Meu apartamento em Paris.

— Você deveria ficar com ele, para que possamos visitá-


lo. Eu nunca estive lá. Você pode me mostrar sua casa longe
de casa. — Ele pressiona um beijo no meu pescoço.

— É verdade, mas sempre podemos ficar em um hotel. O


mercado está florescendo, e eu poderia fazer uma quantia
decente nisso. Está em um bairro universitário.

— Isso significa que você está ficando para sempre? —


Giselle pergunta, e eu lhe dou um olhar.

— O que você quer dizer com isso? — Meu pai pula,


confuso. Eu não queria entrar nisso agora, mas parece que não
tenho escolha.

— Você está planejando voltar? — Nick pergunta, sua voz


desprovida de toda emoção.

— Quando fui visitá-lo, foi apenas por uma semana,


porque me ofereceram uma posição como Coordenadora de
Educação Artística. Quando saímos para vir aqui, tirei uma
licença com o Museu em que estava trabalhando. Você ganha
dois meses de licença-maternidade, mas eu fiz um pedido de
tempo adicional.

— Quanto adicional? — Nick pergunta, seu tom agora


gelado.

— Se eu planejo manter meu emprego, tenho que retornar


em quatro meses.

— Olivia! — Meu pai exclama. — Você não mencionou


isso quando concordou em mudar para casa.

— Eu sei. Eu queria manter minhas opções em aberto.


Nunca imaginei que encontraria o pai de Reed. Obviamente,
muita coisa mudou.

Os olhos de Celeste estão fixos em mim quando ela diz:


— Você concordou em compartilhar a custódia. Não pode
simplesmente sair com o bebê de Nick.

Se o tom de Nick foi gelado, o de sua amiga equivale a um


gelo ártico, e neste momento, posso entender por que eles são
tão bons amigos. Eles podem não concordar em tudo, mas ela
o defende cem por cento.

— Eu não estou indo a lugar nenhum. Estava apenas


mantendo minhas opções abertas, — repito. — Amo a minha
vida aqui e adoro estar perto do meu pai.

— O que acontece se Nick acabar em outro time? Como


na Flórida ou no Texas? — Celeste empurra, e eu me forço a
não dizer a ela para cuidar da sua própria vida. Está claro que
ela está apenas sendo protetora de Nick.

— E é por isso que a conversa precisa terminar, — diz


meu pai. — Como técnico, não posso discutir isso com meu
jogador, especialmente com o contrato dele no ar.

Nick concorda, e a conversa muda para outro assunto,


mas minha mente está presa na pergunta de Celeste. Se Nick
sair, eu iria? Ele me pediria para ir?

Ele deve sentir minha confusão porque ele afasta meu


cabelo por cima do meu ombro e sussurra em meu ouvido: —
Eu não vou a lugar nenhum, e se for preciso, vamos discutir
isso juntos. Apenas não saia e deixe o país sem mim. — Ele
beija minha têmpora e meu lóbulo da orelha. — Ok?

— Tudo bem, — eu concordo.

— Vocês crianças estão saindo hoje à noite? — Corrine


pergunta, mudando de assunto.

— Sim! — Celeste responde antes que eu possa. — Eu


estou com vontade de dar uma checada no AM Southampton!

— Giselle? — Eu pergunto. — Você está nessa?

— Claro que sim.

— Bem, eu estou definitivamente nessa, — acrescenta


Killian.
— Eu acho que é um sim, então, — digo através de uma
risada.

Depois que passamos o resto da tarde juntos, Giselle,


Celeste e eu subimos para nos arrumar. Estamos todas
vestidas com vestidos justos e apertados, e quando estou ao
lado de Celeste no espelho até o chão, fico engasgada. A mulher
me lembra muito da minha mãe. Ela deve ter quase um metro
e oitenta de altura, com um corpo esguio e feminino. Ela é
bronzeada e... perfeita. Eu claramente tenho mais dos genes
do meu pai do que da minha mãe, já que tenho apenas um
metro e sessenta e cinco e curvas.

— Nós parecemos gostosas, — Celeste pisca quando


Giselle caminha para se juntar a nós.

— Você me lembra da minha mãe quando ela era mais


jovem.

O rosto de Celeste se vira para o meu. — Mesmo?

Eu concordo. — Eu costumava desejar poder ter sua


altura e corpo.

— Você pode não ser alta, mas você é linda, Olivia. Confie
em mim. Você se parece muito com sua mãe. Você tem os olhos
e o nariz, e quando sorri você se ilumina da mesma maneira
que ela costumava fazer nas fotos.

— Sério? — Pergunto enquanto lágrimas enchem meus


olhos. É a primeira vez que alguém além do meu pai já me disse
que eu pareço com a minha mãe.
— Sério! Agora limpe essas lágrimas e vamos começar a
festa!
— Puta merda, mano. — Os olhos de Killian se lançam
por cima do meu ombro e, quando me viro, as mulheres estão
paradas no final da escada. Todas em vestidos que tenho quase
certeza que são ilegais em vários países e saltos altos que
poderiam matar um homem – figurativa e literalmente. Elas
estão todas usando maquiagem e estão lindas à sua maneira.
Mas meus olhos se voltam para Olivia, que parece
devastadoramente linda.

Fechando o espaço entre nós, eu a puxo em meus braços


e lhe dou um beijo no canto da boca para não estragar o batom
dela.

— Você está deslumbrante, Liv, — eu sussurro em seu


ouvido.

— Obrigada.

— Todas vocês estão lindas, — acrescenta Killian. —


Agora vamos.

Nós entramos no SUV que eu pedi, e cerca de vinte


minutos depois, estamos na boate AM Southampton. É claro
que o segurança nos reconhece imediatamente, e nós
entramos e vamos para a seção VIP.

— Vamos dançar. — Olivia me puxa para a pista de dança


antes que possamos nos sentar. A música está batendo e o
clube está superlotado. Eu a puxo em meus braços e ela mói
seu corpo contra o meu ao som da música.

— É como se tivéssemos feito um círculo completo, — ela


grita sobre a música, e eu rio. Ela está certa. Um ano atrás,
nós estávamos em um clube dançando assim. Eu pensei que
naquela época ela era a única para mim, mas agora sei que ela
é.

Passamos as próximas horas dançando e dançando, e só


quando Olivia está tão bêbada e excitada que temo pelas fotos
que possam aparecer, pedimos que o serviço de carro volte e
nos apanhe.

— Eu preciso que você me foda bem e duro, — diz Olivia


enquanto subimos os degraus para o nosso quarto. Eu rio de
seus comentários descarados. Killian, Giselle e Celeste riem, e
então Olivia se lembra de que não estamos sozinhos.
Chegamos ao patamar e Olivia joga os braços em volta de
Celeste.

— Obrigada por não fazer sexo com meu namorado. Se


você tivesse feito, não poderíamos ser amigas e então você não
seria capaz de um dia ser uma princesa como eu.
Celeste me atira o olhar de, por favor, me ajude, mas eu
apenas balanço minha cabeça. Minha mulher aparentemente
não tem filtro quando está bêbada.

— E não se preocupe. Quando voltarmos das férias, vou


encontrar um príncipe para você amar. Eu sou a Princesa
Aurora, mas você pode ser... — Olivia recua, balançando
levemente e olha para Celeste por um momento. — Você pode
ser Bela. — Ela balança a cabeça, concordando consigo
mesma. — Ela não nasceu na realeza e não tem vontade de se
casar com Gaston, mas quando ela conhece a fera, não pode
deixar de se apaixonar. Enquanto alguns diriam que a besta a
salvou, eu acho que eles realmente se salvaram. Você vai se
encontrar, e ambos encontrarão amor um no outro. Sim! Você
é definitivamente Bela.

— E qual sou eu? — Giselle pergunta, claro, entrando no


jogo.

— Você é... — Olivia bate o lábio inferior em concentração.


— Rapunzel.

— Rapunzel? Mas eu tenho cabelos castanhos.

— Não é como ela se parece. Rapunzel é forte e corajosa


e sabe como se defender. — Olivia atravessa o patamar e,
quando está a poucos centímetros de distância de Giselle,
coloca a mão no rosto. — E um dia você vai conhecer um
príncipe e vai se esconder com todos os seus segredos e ele vai
te salvar, assim como Flynn Ryder salvou Rapunzel.
A sala fica quieta, percebendo rapidamente que a tolice
bêbada de Olivia ficou séria. — Tudo bem, minha princesa
bêbada. Vamos para a cama antes que sua carruagem volte a
ser uma abóbora. — Eu agarro seus quadris e a guio em
direção ao nosso quarto.

— Sim! — Ela grita. — Mas isso é da Cinderela! Eu sou


Aurora!
Eu acordo com a dor de cabeça mais intensa e forte que
já experimentei na minha vida. Quando abro os olhos, olho
para o meu lado e vejo que a cama está vazia. Percebendo um
pedaço de papel rasgado no travesseiro, eu o pego e, com
apenas um olho aberto, leio.

Bom dia, Princesa Aurora, deixei-lhe um copo de água


e dois Advil para o caso de precisar deles. Eu tenho Reed
comigo. Tome um banho e relaxe. Desça quando estiver
pronta.

– O seu príncipe;)

Depois de tomar os analgésicos que ele deixou para mim


e mergulhar em um banho de espuma quente, desço as
escadas. Todos estão sentados em volta da mesa conversando
e, quando me veem, todos se calam e depois riem.

Eu olho para baixo para me certificar de que estou vestida


adequadamente. Com nenhum mamilo a mostra... — O quê?

— Nada, Princesa Aurora. — Giselle ri e Celeste joga a


cabeça para trás gargalhando.
— Ha ha. Muito engraçado, — eu digo secamente, o que
só os faz rirem mais. Por quê? Não tenho certeza.

O telefone de Giselle toca e ela se levanta, pedindo licença


e indo a outra sala para atender a ligação.

Eu ando em direção a Nick para me sentar ao lado dele,


mas antes que eu possa sentar, ele me puxa para o seu colo.
— Bom dia, baby, — ele murmura no meu pescoço.

— Bom dia. Onde está Reed?

— Tirando uma soneca. — Ele cheira meu cabelo. — Você


cheira bem. Você tomou um banho de espuma?

— Eu tomei. Obrigada. Então, por que todos estavam


rindo?

— Você não se lembra da noite passada? — Killian


pergunta.

— De nós indo para o clube? — Eu questiono.

— Não. — Ele balança a cabeça. — Quando chegamos em


casa.

Eu tento lembrar, mas não consigo. — O álcool deve ter


me atingido com força desde que não bebi em mais de um ano,
— admito.

— Não se preocupe com isso, querida, — diz Nick. — Tudo


o que você precisa saber é que você, Celeste e Giselle são todas
princesas e...
— Umm... Olivia... eu preciso ir. — Giselle volta para a
sala de jantar, parecendo pálida e preocupada. — E eu não
tenho carro. Eu vim aqui com Killian... Merda!

— O que está acontecendo? — Eu pergunto.

— Meu pai deixou minha mãe. Minha irmã apenas me


mandou uma mensagem dizendo que ela chegou em casa para
passar o fim de semana. Ela planejava sair esta manhã, mas
quando acordou, meu pai tinha ido embora. Eu preciso chegar
lá. Você sabe como minha mãe é...

— Eu sei. Por que você não pega o carro de Nick? Podemos


ir para casa com Killian ou meus pais...

— Eu vou levá-la, — oferece Killian.

Giselle dá a ele uma encarada. — Eu tenho que ir para a


casa dos meus pais em Rye. Vai ser uma boa viagem de duas
horas até lá, e outra hora de carro de volta ao Brooklyn, e nem
sei quanto tempo ficarei lá. Pode ser algumas horas... isso se
ela me deixar entrar.

Ela se encolhe com a última frase, e meu coração se


quebra por causa de Giselle e do relacionamento conturbado
que ela tem com seus pais.

— Então é melhor nos mexermos. — Killian sai da sala


sem esperar que Giselle responda.

Nós passamos o resto do dia lá fora. Está quente o


suficiente para grelhar lá fora, para que meu pai e Nick assem
um pouco de frango e bife enquanto Corrine, Celeste e eu
inventamos alguns acompanhamentos. Nós comemos lá fora
no pátio dos fundos enquanto Reed cochilava. Depois, Corrine
se oferece para cuidar de Reed enquanto Nick e eu vamos dar
uma volta.

— Eu amo o oceano, mas odeio a areia e a água salgada,


— eu admito enquanto passo o dedo do pé na areia.

Nick ri. — Tenho certeza que sem a água salgada e a areia


você teria uma piscina.

— Oh... bem, tanto faz. — Eu rio.

— Eu dei uma pesquisada em algumas faculdades esta


manhã, enquanto você estava dormindo. — Nick se abaixa e
pega um pau que foi arrastado para a praia.

— E o que você achou?

— Algumas faculdades onde eu posso fazer todas as


minhas aulas on-line, mas eu esperava fazer as aulas de
redação no campus. O problema é que não sei onde estarei,
então vou ter que esperar até descobrir onde jogarei na
próxima temporada.

— Isso faz sentido. — Eu me sento enquanto Nick, usando


o graveto que ele pegou, escreve na areia. — Até então, você
poderia fazer algo que goste, como escrever por diversão.

Nick para de arrastar o graveto na areia. — O que você


quer dizer? Como escrever um livro?
— Claro, por que não? Você não precisa de um diploma
para escrever.

Nick se aproxima e senta atrás de mim, suas pernas


estendidas em ambos os lados do meu corpo e seus braços em
volta de mim.

— Eu também acho que vou me envolver mais na


instituição de caridade que minha mãe gerencia para mim.

— Você tem uma instituição de caridade? O que ela faz?

— Promove a alfabetização em crianças. Comecei há


alguns anos atrás quando meu publicitário disse que ficaria
bem. Eu costumava ir a diferentes escolas e lia nas aulas em
escolas de baixa renda.

— Isso é incrível, Nick! Por que você parou?

— A resposta curta é que eu estive ocupado, mas a


verdade é que, olhando para trás, uma vez estabelecida, minha
mãe parou de agendar eventos e eu não a forcei a fazer isso.

— Bem, se você quiser, posso dar uma olhada. Eu dirigi


o programa de jovens no museu em que trabalhei em Paris.
Trabalhei com várias instituições de caridade e organizações.
— E então uma ideia me atinge. — O que você acha sobre
expandir a instituição? Eu sempre quis começar uma. E se
combinarmos nossas duas paixões com uma instituição de
caridade que ajuda a promover as artes e a alfabetização?
— Absolutamente. Vou mandar uma mensagem para
minha mãe e deixá-la saber que você vai entrar em contato com
ela. Ela pode te dar qualquer informação que você precisar.

Ficamos de pé e eu limpo a parte de trás do meu jeans.


Quando me viro, olho para a escrita na areia.

— Umm... Nick, você escreveu isso? — Pergunto


silenciosamente enquanto olho por cima do ombro para
encontrar Nick sorrindo para mim. Eu sei que ele escreveu
porque o assisti.

— Sim. — Ele sorri. — Eu escrevi. Eu te amo, Olhos


Castanhos. É provavelmente cedo demais para dizer essas
palavras, mas são exatamente como me sinto. Eu te amo. Meu
coração aperta e depois se expande. Nunca me senti tão cheio
na minha vida.

Jogando meus braços em volta do pescoço de Nick, eu o


puxo para um beijo. Ainda não estou pronta para dizer as
palavras e ele não pressiona por elas. Então, por enquanto,
mostro a ele como me sinto.
— Feche seus olhos, Liv.

— Isso é realmente necessário? Primeiro, você não me


disse para onde o avião estava nos levando, agora você não vai
me deixar ver onde o motorista está nos levando?

— É uma surpresa.

— Bem. Eu sei que estamos em outro país, no entanto.


Esse voo foi muito longo para ainda estarmos nos EUA

— Eu não estou dizendo nada a você. Agora fique quieta.


— Coloco a chupeta de Reed na boca dele. Ele está ficando um
pouco irritado, mas surpreendentemente ele se saiu bem no
voo até aqui. Eu não posso imaginar ter que voar no comercial
com um bebê, no entanto. Eu dou os meus parabéns para as
mães e pais que fazem. Foi trabalho suficiente em um avião
particular.

Olivia descansa a cabeça no meu ombro enquanto o


serviço do carro nos leva para onde ficaremos hospedados. Eu
queria fugir com ela e Reed por algumas semanas. Nenhuma
mídia ou paparazzi. Apenas nós em uma praia de areia branca
sob o sol quente, onde nosso filho pode – como disse Olivia –
usar uma única camada de roupa.

Ela ainda não sabe, mas deixei todos os nossos


eletrônicos em casa. Dei ao pai dela o número do resort em que
ficaremos no caso de uma emergência e demos a Giselle e
Killian para quando chegarem. Eles se juntarão a nós na
última metade da viagem e todos nós voltaremos juntos.

Chegamos ao resort e o motorista abre a porta de Olivia


enquanto o manobrista abre a minha. Ela sai do carro, abre os
olhos e olha ao redor. — Eu posso sentir o cheiro, — ela cheira
o ar — de praia.

Uma mulher havaiana se aproxima e diz — Aloha —


enquanto coloca um colar florido amarelo e rosa sobre a cabeça
de Olivia.

— Estamos no Havaí? — Olivia pergunta animadamente.


Ela corre ao redor do carro e pula em meus braços. — Eu
nunca estive aqui antes! Oh meu Deus! Está tão quente aqui!
Obrigada! — Ela dá um beijo molhado nos meus lábios antes
de cair de novo no chão.

Ela revira a bolsa e olha para cima com uma carranca. —


Eu não tenho meu celular. Eu queria tirar uma foto.

— Sem telefones celulares. — Entrego a ela uma câmera


digital que peguei para a viagem. — Você pode tirar fotos com
isso.

— Onde está o seu celular? — Ela pergunta.


— Em Nova York. Estamos livres de eletrônicos por duas
semanas.

— Uma garota pode se acostumar com esse tipo de


tratamento: uma semana nos Hamptons, duas semanas no
Havaí. Onde você estará me levando a seguir?

— Infelizmente, esta é a nossa última parada. Depois


dessa viagem, tenho que ir para casa e arrumar meu contrato
para a temporada. Mas uma vez que isso seja resolvido,
podemos planejar outra viagem antes do início da temporada.

— Você vai ficar com Nova York? — Pergunta Olivia.

— Eu gostaria, mas você sabe que não depende de mim.


Então, por enquanto, vamos nos divertir.

— Mas e se você tiver que se mudar?

Eu só conheci Olivia por um curto período de tempo, mas


esta é a primeira vez que vejo qualquer tipo de insegurança
real brilhando através de sua fachada durona. Eu estava
preocupado em derrubar sua parede, aquela que ela mantém
ereta para se proteger. Mas quando olho para ela, vejo que em
algum lugar ao longo do caminho ela abriu a porta e de bom
grado me deixou entrar.

Deslizando meu braço em volta de sua cintura, eu a puxo


para o meu abraço. Inclinando-me, meus olhos verdes
encontram os seus marrons.
— Nós vamos descobrir isso juntos. — Coloco um beijo
suave em sua testa e outro em seus lábios carnudos e
carrancudos. — Eu prometo.

Pegamos o carrinho e o assento de carro de Reed e


deixamos o manobrista pegar nossas malas. Após o check-in,
Olivia insiste em levarmos Reed para a praia. Eu aluguei uma
cabana na praia e na piscina por duas semanas inteiras, então
depois de termos vestido roupas de banho, graças ao personal
shopper contratado que fez algumas compras de última hora,
seguimos para a praia.

— Este lugar é lindo, Nick. — Ela senta em uma das


cadeiras sob a cabana e coloca um cobertor em Reed. Eu o
entrego para ela, e ela o coloca contra seu estômago para que
ele possa usá-la como sua poltrona pessoal. A garçonete chega,
e pedimos algumas bebidas e comida.

Nós bebemos, comemos e observamos as ondas atingirem


o litoral durante toda a tarde até o pôr do sol. Reed tira cochilos
ocasionalmente em seu cobertor, na poltrona ou em um dos
nossos braços. É relaxante e exatamente o que precisávamos.

Eventualmente, nós voltamos para o nosso quarto, e


depois de colocar Reed para dormir, nos acomodamos na
cama. E isso se repete todos os dias durante uma semana até
que Giselle e Killian chegam.
— Isso é tão legal! — Olivia remove seu snorkel e a
máscara de seu rosto e me encontra. — Você viu todos os
peixes?! Aquele que parece com o Nemo! E o tubarão me
olhando!

Giselle e Killian estão de olho em Reed esta manhã


enquanto eu levo Olivia para sair. Na semana passada, ficamos
na praia, nos museus de arte e passeamos nos mercados locais
– tudo o que podemos desfrutar com um bebê a tiracolo.
Passamos muito tempo conversando e nos conhecendo.

Esta semana, estamos aproveitando a ajuda com Reed e


explorando o ar livre. Nadamos e tivemos aulas de surf ontem,
e hoje nós estamos fazendo um pouco de snorkeling14 em uma
ilha privada que chegamos através de um iate. Somos só nós
dois aqui nesta praia. Esta noite, nós quatro — e Reed —
estaremos indo a um jantar com um show. E amanhã, como
surpresa, reservei um spa para Olivia e Giselle.

14O esnórquel é uma prática esportiva de mergulho em águas rasas com o objetivo de recreação,
relaxamento e lazer. O mergulhador usa apenas uma máscara, nadadeiras e um tubo de
aproximadamente 40 centímetros para respirar sob a água.
— É legal pra caramba. Eu nunca vi uma água tão clara
antes. — Nós nadamos até voltarmos para a praia. Colocando
nosso equipamento para baixo, nós dois pegamos uma toalha
para nos secar antes de tomar um gole de nossas águas.
Geralmente há pessoal aqui para esperar as pessoas, mas pedi
para eles ficarem no restaurante, e se precisarmos de qualquer
coisa, vamos subir.

Sento-me na cadeira de praia e, quando olho para cima,


vejo que Olivia está bem acima de mim. Ela atravessa meu
colo, uma perna sexy de ambos os lados de mim, e suas mãos
vêm até minhas bochechas.

— Eu amo quando você não faz a barba, — diz ela com


um sorriso.

— Ah sim, e porque você ama? Porque quando não faço a


barba fico mais perto da sua idade? — Brinco e ela balança a
cabeça.

— Não. — Suas mãos se movem para cima e para baixo


nos lados do meu rosto ao longo da minha barba por fazer. —
Porque quando você desce em mim sua barba faz cócegas no
interior das minhas coxas. — Ela cora e eu rio. Então eu
imagino meu rosto enterrado entre suas coxas, e gemo, meu
pau apreciando o visual também.

Seus olhos se arregalaram um pouco quando ela sente a


minha protuberância empurrando através dos meus calções.
— Estamos... completamente sozinhos aqui? — Ela olha
ao redor. Mesmo se não estivéssemos sozinhos, a cabana que
estamos impede que alguém nos veja, a menos que eles
estejam em frente a nós.

— Sim.

— Então, se eu quisesse puxar sua bermuda bem aqui e


montar em você, eu poderia? —Seus olhos estão cobertos de
luxúria.

— Foda-se sim, você poderia, e eu encorajo isso


completamente.

Olivia recua um pouco, sua bunda saindo de mim tempo


suficiente para que eu possa puxar meu short para baixo. Meu
pau balança entre nós, mas estou apenas semiduro. Quando
ela olha para baixo, franze a testa por um segundo antes de ter
um brilho travesso em seus olhos. Ela levanta cada uma de
suas pernas enquanto ela empurra seu biquíni para baixo
dela, expondo sua deliciosa boceta. Então ela empurra os
triângulos, que cobrem os seios dela, para o lado.

Meu pau está ficando mais duro a cada segundo. Minha


boca vai para seu mamilo, e meus lábios envolvem seu mamilo
rosado. Minha mão vai para o outro peito enquanto eu
massageio. Olivia solta um gemido, o lado de fora de sua boceta
se esfregando contra o meu eixo. Suas costas arqueiam um
pouco quando chupo cada um dos mamilos dela.
— Jesus, Nick. Eu quero você dentro de mim. — Ela
geme. Meus lábios se movem para cima enquanto beijo ao
longo de seus seios e pescoço. Ela mói mais forte e eu posso
sentir a umidade de sua boceta contra o meu pau.

— Você está molhada o suficiente? — Pergunto. Ela


balança a cabeça, mas não acredito muito. Em vez disso,
empurro dois dedos nela. Ela balança a bunda, precisando
mais, e solta um grunhido quando não é suficiente.

Eu engulo sua frustração com um beijo em seus lábios.


Está cheio de luxúria e desejo. Ela rapidamente ataca minha
boca com um fervor que nunca vi antes. Suas coxas apertam
em ambos os lados de mim enquanto eu continuo a foder com
os dedos, sua vagina moendo em meus dedos.

— Por favor, — ela implora.

Puxo meus dedos para fora de sua boceta molhada e


pronta, e em segundos ela está se guiando para o meu pau.
Quando estou dentro dela, minha cabeça recua, batendo no
encosto da cadeira. Nunca foi tão bom com qualquer outra
mulher quanto com Olivia. Eu sei que isso soa maluco. Como
se ela tivesse uma boceta especial diferente de qualquer outra
mulher. Mas é a verdade. Toda vez que estou com ela, sinto
isso. Eu não acho que é a boceta dela, por acaso – embora seja
uma bela boceta. É a conexão que compartilhamos. Quando
estou com ela, é mais do que apenas sexo. É tudo.

Ela começa a se mover para cima e para baixo, seus


braços envolvendo em volta do meu pescoço, seus dedos estão
passando pelo meu cabelo. Ela empurra suas tetas no meu
rosto quando vem quase completamente fora do meu pau antes
de moer de volta para baixo e me levar todo o caminho de volta
para dentro dela.

— Chupe meus peitos, — ela geme, e eu quase gozo aqui


mesmo. Amo quando Olivia se solta, quando ela se transforma
em uma mulher devassa e sexualmente enlouquecida. Meus
lábios chupam o mamilo e eu mordo duro. Ela geme alto,
ganhando velocidade. Meus dedos fazem o seu caminho entre
nós, pousando em sua vagina encharcada. Eu recolho seus
sucos, em seguida, circulo meu dedo ao redor de seu lado de
trás, empurrando um dedo em seu buraco apertado.

— Oh meu Deus, — ela grita enquanto pega o ritmo, sua


bunda saltando para cima e para baixo no meu pau, seus
sucos escorrendo pelas minhas bolas. Estou hipnotizado pela
maneira como ela se move em cima de mim. Rolando e
mudando seus quadris de tal forma que está me deixando
pronto para gozar.

Eu continuo a chupar seu mamilo e a apertar seu buraco


apertado enquanto ela me monta mais forte e mais rápido.
Quando a sinto chegando perto, suas paredes se fechando
como um maldito aperto ao redor do meu eixo, deslizo meus
lábios até o pescoço, sugando a carne sensível. Olivia se move
para frente um pouco, sua boceta me moendo, seu clitóris
recebendo o atrito que precisa para levá-la ao limite.
— Nick… puta merda… eu estou chegando. Porra. Goze.
— Empurro meu dedo um pouco mais em sua bunda, e ela
perde o controle. Seus movimentos se tornam desesperados,
seu clitóris mói mais forte, sua vagina começa a pulsar em
torno do meu pau, e então ela goza em todo o meu pau e bolas.
Eu puxo meu dedo para fora e aperto seus quadris,
assumindo. Sua cabeça é jogada para trás em puro êxtase
quando eu a empurro para baixo, dando o fora em sua tensão
quando gozo dentro dela.

Nós dois saímos de nossos orgasmos e ela olha para mim


com lágrimas nos olhos.

— O que há de errado? Eu machuquei você? — Eu


coloquei meu dedo na bunda dela antes, então não posso
imaginar que isso a tenha machucado, mas você nunca sabe…

— Nada está errado. — Ela começa a soluçar. — Tudo


está perfeito. Eu te amo, Nick.

— Eu também te amo, Olhos Castanhos, porra, demais.


É o último dia da nossa viagem e estamos fazendo as
malas para ir para casa. É um voo de onze horas, então
estamos preparando tudo para pegar o avião com Reed, e que
seja bom no caminho de volta como foi para vir até aqui. O
mensageiro bate na porta e nós saímos. Nós empilhamos toda
a nossa bagagem no carrinho, em seguida, fazemos o nosso
caminho até o manobrista.

Uma vez que estamos sentados no avião, e Reed está


dormindo em seu berço portátil, Olivia se aproxima e se senta
ao meu lado. — Obrigada por isso, Nick. — Ela dá um beijo na
minha bochecha. — Eu me diverti muito. — Ela envolve seus
braços em volta do meu pescoço. — Eu te amo.

— Eu também te amo.

Acho que nunca vou me cansar de ouvir as palavras dela.


Na noite em que voltamos ao hotel, depois que ela disse que
me amava, fiz amor com ela várias vezes, exigindo cada vez que
falasse novamente. Ela pensou que eu estava brincando a
princípio, mas uma vez que percebeu que eu estava falando
sério, ela obedeceu, gritando e gemendo as palavras toda vez
que eu a fazia gozar.

Temos menos de uma hora de nosso voo e Olivia está


brincando com Reed em um cobertor que ela espalhou no chão.
Killian e Giselle estão sentados um ao lado do outro, olhando
para o iPad de Killian. Eu disse a eles que nenhum celular era
permitido na viagem, então é claro que ele encontrou uma
brecha e trouxe seu iPad.

— Tudo bem? — Eu pergunto quando percebo que eles


estão falando em um sussurro abafado. Apenas o fato de que
eles estão sentados um ao lado do outro sem matar um ao
outro deveria ser uma bandeira vermelha. Giselle olha para
mim e me encara, e Killian me lança um olhar carrancudo.

— Porra, cara... você poderia pelo menos ter me dito, —


diz Killian, e eu estou confuso ‘pra’ caralho.

— Dizer o quê?

Ele joga o iPad no meu colo e, quando leio a manchete,


meu coração para.
* NICK SHAW ASSINA CONTRATO DE CINCO ANOS COM
LOS ANGELES *

Eu desço e leio a história. Ele diz que assinei o contrato


há algumas semanas e serei o QB inicial deles.

— Isso não faz qualquer sentido. — Eu clico fora do artigo


e dou um google no meu nome. Artigo após artigo, todos dizem
a mesma coisa.

— Você está dizendo que não assinou com LA? — Killian


pergunta, e vejo a cabeça de Olivia aparecendo com o canto do
meu olho.

— Você assinou com LA? — Ela pergunta, ferida evidente


em cada palavra.

— Não. — Eu balanço minha cabeça. — Isso não faz


sentido.

— Eles não podem simplesmente publicar algo assim, se


não for verdade, Nick, — ressalta Giselle. E ela está certa. Não
há como LA anunciar algo falso, nem a ESPN.

Vou ligar para meu pai, mas lembro que não tenho meu
celular e estamos a milhares de metros no ar.

— Eu não assinei com eles, — afirmo novamente. Olivia


me dá um olhar triste, mas não discute.
Nós pousamos e nos dirigimos para nossos veículos.
Depois que colocamos toda a bagagem em nossos porta malas,
Killian se aproxima de mim e diz: — Escute, se ir para Los
Angeles é o melhor para sua carreira…

— Não assinei com eles, — eu digo. — E se tivesse, eu


teria dito a você.

Ele suspira, mas acena com a cabeça em aceitação. —


Ok, deixe-me saber se você precisar de alguma coisa. — Nós
batemos os punhos e decolamos em nossos próprios veículos.

Toda a viagem até a casa de Olivia e Giselle é feita em


silêncio. Não sei o que dizer ou fazer, e sei que preciso primeiro
descobrir o que aconteceu antes de tentar dizer qualquer coisa.
Quando chegamos ao apartamento delas, eu as ajudo a pegar
toda a bagagem e as coisas de Reed dentro.

— Preciso ir falar com o meu pai, — digo a Olivia. — Eu


vou ligar para você assim que souber o que está acontecendo.
— Ela balança a cabeça, e eu dou-lhe um beijo. — Eu te amo.
— Ela acena com a cabeça novamente, e não passa
despercebido que ela não diz isso de volta.

Eu volto para minha casa e pego meu celular, ligando-o.


Um milhão de mensagens e chamadas perdidas são recebidas.
Eu as ignoro e ligo para o meu agente.

— Filho, — meu pai diz quando ele atende no primeiro


toque.
— Não me foda com essa de 'Filho’, — eu falo. — O que
diabos você fez?

— Por que não nos reunimos para discutir isso


pessoalmente?

— Você está na cidade? — Como sua clientela aumentou


em Nova York, ele expandiu sua empresa aqui e comprou
algum espaço de escritório no distrito financeiro. Ele disse que
só planeja ficar aqui tempo suficiente para ter certeza de que
tudo está em ordem, então ele e minha mãe voltarão para a
Carolina do Norte. Esse dia parece não chegar nunca.

— Sim, estou no meu escritório. Eles terminaram as


reformas na semana passada.

Vinte minutos depois, estou em seu escritório.

— Eu não assinei um contrato com Los Angeles, — são as


primeiras palavras que saem da minha boca. Meu pai está
sentado em sua cadeira, digitando em seu laptop. Ele toma seu
tempo antes de olhar para mim.

— Na verdade, você assinou. — Ele empurra algumas


folhas para mim, e eu as pego de sua mesa. Meus olhos
escaneiam os documentos. É um contrato entre LA e eu, e com
certeza, em várias das páginas está a minha assinatura.

— O que diabos você fez? — Eu jogo os papéis de volta


para ele.

— Eu fiz o que estava em seu melhor interesse.


— Quando diabos eu assinei isso? Você nunca disse uma
palavra para mim!

— Logo antes de sua viagem ao Havaí.

Minha mente volta para a nossa breve visita antes de eu


sair.

— Alguma notícia sobre Nova York? — Pergunto, sentando


no sofá com Reed em meus braços. Olivia tinha uma consulta
médica, então me ofereci para manter Reed comigo para que ela
pudesse ir sozinha.

— Não é por isso que estou aqui. Eu preciso da sua


assinatura em alguns papéis... contratos de endosso e tal. Vou
fazer isso rápido para que você possa voltar ao seu filho. — Meu
pai me entrega os documentos enquanto Reed começa a se
contorcer e ficar nervoso. Ele deve ser alimentado, então está
mal-humorado. Pego a caneta e folheio cada página
rapidamente, assinando e rubricando onde as setas amarelas
apontam para assinar.

Quando termino, ele tira os papéis da mesa de café. —


Aproveite sua viagem. Nós discutiremos seu contrato quando
você voltar.

— Puta merda, você me fez assinar um contrato com LA


sem o meu conhecimento. Você percebe que vou lutar com você
sobre isso, certo? E depois eu vou destruir qualquer
credibilidade que você tenha. Porra, se for preciso, vou atrás
de sua licença.
— Você não leu o contrato? Cinco anos, cento e sessenta
milhões de dólares. Como seu agente e seu pai, fiz o que era
melhor para você. Eu não estava deixando você jogar fora seu
futuro para aquela mulher!

— Eu não dou a mínima para o quanto você fez! Você agiu


pelas minhas costas! Você não fez o que era melhor para mim.
Você fez o que era melhor para você. — Eu bato meu punho na
mesa. Então isso me atinge. — Nova York não queria me
contratar novamente?

— Não pelo que você vale.

— Mas eles teriam me contratado, — eu esclareço.

— Por míseros centavos!

— Você vai consertar isso, ou eu vou processá-lo.

Meu pai fica de pé. — Você está pensando como um tolo


enlaçado por uma boceta! — Ele se inclina sobre sua mesa, me
desafiando. — Se Olivia quiser ficar com você, ela se mudará
para a Califórnia. Você não vai ficar em Nova York para deixar
seu pai feliz e ser pago pela metade. Isso é ridículo!

— É a minha escolha para fazer!

— Você está fazendo a escolha errada. Escolher amor por


dinheiro não vai te levar a lugar nenhum rápido.

Percebendo que nada que eu diga para este homem vai


mudar sua mentalidade faminta por dinheiro, eu vou em
direção à porta.
— Eu estou te dando uma hora para consertar essa
merda e então eu vou atrás de você. — Bato a porta atrás de
mim e vou para o elevador. Quando estou no carro, ligo para
Olivia, mas o telefone dela vai para o correio de voz. Eu tento
de novo, mas cai novamente para o correio de voz.

Em seguida, tento o pai dela.

— Nick, — diz ele quando atende.

— Eu preciso falar com você sobre o meu contrato.

— Filho, você sabe que não podemos discutir isso. —


Foda!

— Ok, você pode pelo menos me dizer se falou com Olivia?


Eu não consigo falar com ela.

Ele fica em silêncio por um segundo, e meu coração


começa a acelerar, a mão segurando meu celular ficando
suada. — Stephen, onde ela está? — Não tem como ela ter
tirado meu filho de mim. — Ela não foi para Paris, foi?

— Não! Não! — Ele diz, finalmente falando. — Acho que


ela está indo para o nosso lugar nos Hamptons. Ela disse que
precisa de algum tempo.

Foda-se isso! Ela não terá nenhum tempo. — Stephen,


nesses contos de fadas, duvido muito que quando a princesa
corre, o príncipe se senta e dá tempo a ela.

Stephen ri baixinho. — Isso é provavelmente verdade. —


Bem quando estou prestes a dizer adeus, ele acrescenta: —
Como eu lhe disse antes, Nick, independentemente do que
acontece neste negócio, você faz parte da nossa família. Isso
nunca vai mudar. Não sei o que aconteceu, mas estou sempre
aqui se você precisar de um amigo... ou algum conselho
paternal.

— Obrigado.

Eu desligo e viro meu carro no sentido da 27-W em


direção aos Hamptons quando meu telefone toca. O nome de
Olivia aparece no Bluetooth.

— Liv, — eu respondo.

— Ei, você pode vir aqui? Nós precisamos conversar.


Uma hora atrás

Nick me deixa e a primeira coisa que faço é ligar para o


meu pai. Quando ele responde, eu quebro. — É verdade? Ele
assinou com Los Angeles?

— Ele fez, meu amor. Ele não contou a você?

— Não! Ele não disse uma palavra. — Começo a recolher


as roupas de Reed, jogando-as em uma pequena mala. — Eu
perguntei a ele tantas vezes e ele disse que iríamos descobrir
isso juntos. — Empurro fraldas e um recipiente de lenços em
uma bolsa.

— Nós simplesmente não temos o dinheiro que eles têm.


Nós oferecemos o que podíamos, mas ainda era apenas metade
do que LA poderia oferecer a ele.

Meu corpo congela no lugar. — Isso é sobre dinheiro?


Você está falando sério? — Um nó se aloja na minha garganta.
— Uma de suas maiores preocupações era que todos à sua
volta estavam com fome de dinheiro e, no final, ele escolheu
dinheiro ao invés de seu filho e a mim?
— Você não sabe disso. Ele pode querer que você se junte
a ele. — Meu pai, sempre otimista, sempre vendo o melhor de
todos.

— Então ele deveria ter perguntado antes de assinar o


contrato.

— Você quer que eu vá aí? — Meu pai pergunta,


preocupado.

— Não, eu estou saindo. — Há silêncio por telefone.

— Você não vai voltar para Paris, vai? Porque eu


realmente vou sentir sua falta e a do meu neto. Sinto como se
tivesse acabado de te recuperar.

— Não, eu não vou para Paris. Provavelmente apenas


para os Hamptons. Vou ligar para você quando estiver na
estrada.

— Certo, docinho. Eu te amo.

— Também te amo, papai.

Assim que termino o telefonema, Giselle vem pelo


corredor. — Ei... devagar aí. — Ela avalia a situação na frente
dela. — Onde você vai?

— Para a nossa casa nos Hamptons.

— Uau! Você está fugindo de novo? — Ela pega a bagagem


e a joga para o lado. Ela bate no chão com um baque. Giselle
nunca esteve com raiva de mim antes, nunca levantou a voz
comigo, então suas ações me fazem congelar no lugar.

— O que você quer dizer com fugir de novo?

Giselle bufa. — Você fugiu para Paris quando sua mãe


morreu. Então você fugiu para casa quando Victor terminou
com você. Então, você fugiu para casa novamente quando
descobriu que estava grávida. E duas das três dessas vezes eu
fugi com você. Bem, eu não posso fugir, Livi. — Lágrimas
ameaçam cair de seus olhos, mas Giselle é forte demais para
deixar isso acontecer. — Eu não posso mais fugir. Não é que
eu não queira… mas não posso. E se você parar por um maldito
segundo e pensar sobre isso, você realmente não quer fugir
também. É exatamente o que você está acostumada a fazer, e
até agora, você nunca teve uma razão boa o suficiente para
ficar, porque tudo do que você estava fugindo já havia perdido.
Sua mãe morreu. Victor quebrou as coisas. Nós nos formamos.
Mas agora...

— Agora eu tenho Nick, — termino a frase dela.

Ela está certa. Eu sempre fujo. Eu quero o conto de fadas,


mas nunca luto por isso. Eu quero o felizes para sempre, sem
querer trabalhar para isso. Não sei o que está acontecendo com
Nick ou o que está passando por sua cabeça, mas ao invés de
fugir, preciso encarar de frente porque ele vale a pena lutar.
Eu fugi quando senti que minha vida estava fora do meu
controle, mas agora é hora de ficar e lutar. Então isso me
atinge...
— Giselle... e se, para estar com ele, significa ter que me
mudar para a Califórnia? — Ela sabe o que estou perguntando.
Isso significa que estarei vivendo do outro lado do país longe da
minha melhor amiga?

Lágrimas brotam quando ela abre a boca para falar, mas


nenhuma palavra sai. Então ela fecha os olhos por vários
segundos antes de abri-los novamente.

— Então eu vou visitar você e Reed toda vez que eu puder.


— Meu coração aperta. Não consigo imaginar minha vida sem
Giselle. Eu balanço minha cabeça, não gostando da resposta
dela.

— Liv... — Suas lágrimas caem como uma cachoeira por


suas bochechas. — Minha mãe… ela não está tão bem, e eu
não sei como ajudá-la. E agora que meu pai foi embora e minha
irmã está na faculdade, tenho que ficar aqui.

Eu abraço minha melhor amiga. — Eu sinto muito. Eu


entendo completamente.

— Obrigada. Eu provavelmente não deveria ter viajado


para o Havaí, mas só precisava de um descanso de tudo, para
escapar da realidade por alguns dias, e desde que minha irmã
estava fora da escola para as férias de primavera, ela se
ofereceu para ficar de olho em nossa mãe, então eu poderia ir.

— Eu odeio que você esteja passando por isso. O que


posso fazer?
— Você pode descobrir o que está acontecendo com você
e Nick. Uma de nós merece um maldito final de conto de fadas.
— Ela ri baixinho, tentando minimizar a seriedade do que
acabou de me contar sobre sua mãe. — Vai! Vá até ele. — Ela
se levanta e pega as chaves. — Eu tenho que resolver algumas
coisas, mas volto mais tarde.

Antes de sair pela porta, ela diz: — Oh! A propósito, isso


chegou para você. — Ela me entrega um grande envelope.

— Obrigada. — Eu abro e dentro está toda a informação


que solicitei do contador que lida com a instituição de caridade
de Nick, Touchdown for Reading.

Aparentemente, o contador original se aposentou, e Nick


recentemente contratou alguém novo. Quando conversamos,
pedi a ele que me dissesse como a instituição foi ativa nesses
últimos anos, por isso saberei por onde começar. Eu puxo os
papéis para fora do envelope e uma nota cai.

Você pode querer verificar as cobranças que eu


destaquei.

Eu folheio até encontrar os valores destacados. Leio eles


várias vezes. Isso não pode estar certo. Não tem jeito…

Meu interfone toca, então coloco os papéis de lado. — Olá.

— É Victoria.

— Ok, eu vou abrir.


Sabendo que levará um minuto para o elevador subir até
o meu andar, eu ligo para Nick.

— Liv, — diz ele quando atende.

— Ei, você pode vir aqui? Nós precisamos conversar.

— Estou a caminho agora. Eu devo chegar aí em duas


horas. — Duas horas?

— Onde você está?

Ele faz uma pausa por um segundo. — Onde você está?

— Em casa... onde mais eu estaria?

— Seu pai disse que você estava indo para os Hamptons.


Eu estava a caminho de lá. — Oh não!

— Eu estava indo, mas Giselle me deu algum senso.

— Eu estarei aí em alguns minutos.

— Ok, bom, porque sua mãe está subindo.

Eu termino a ligação bem quando Victoria bate na minha


porta.

— Victoria, entre.

— Obrigada. — Ela entra em minha casa e eu fecho a


porta atrás de nós. — Bem, esta é uma bela casa que você tem
aqui, — diz ela, seu olhar correndo pela minha sala de estar.
— Obrigada. Você gostaria de algo para beber? — Eu
pergunto, tentando ser educada, mas também querendo
ganhar tempo para que Nick tenha tempo de chegar aqui.

— Não, obrigada. Eu não ficarei aqui por muito tempo.

— Bem, estou com sede, — digo a ela. — Sinta-se à


vontade para ficar confortável enquanto eu pego uma bebida.
Tem certeza de que não quer nada?

— Eu tenho certeza, — ela diz, perdendo um pouco de


sua paciência.

Enquanto estou na cozinha, leio os documentos mais


uma vez só para ter certeza de que o que estou vendo está
correto. Infelizmente é isso.

Depois de pegar uma garrafa de água, volto para a sala


para encontrar Victoria que ainda está de pé onde eu a deixei,
mandando uma mensagem de texto em seu celular. Quando
ela me ouve entrar, ela coloca o telefone longe e olha para cima.

— Então, a que devo esse prazer? — Pergunto.

— Eu vou direto ao ponto, — diz ela. — Convença


Nicholas em manter seu contrato com LA, e eu vou ter certeza
de que você será cuidada.

— Desculpe?

— Esta casa em que você está morando custa cerca de


três milhões de dólares. Se você quiser continuar a viver uma
vida de luxo, convença Nicholas a manter o contrato com LA.
Vou me certificar de que sua casa seja paga, e além de
qualquer pensão que ele tenha concordado em pagar, eu vou
dobrar para que você esteja vivendo mais do que
confortavelmente.

Eu olho para essa mulher por vários segundos. Não posso


acreditar que ela criou Nick. Mas então eu lembro, ela não
criou. Sua babá sim.

— Você realmente não existe... — Mas antes que eu possa


dizer mais alguma coisa, há uma batida na minha porta. Eu
abro e Nick entra.

— Você chegou na hora certa. Sua mãe estava apenas se


oferecendo para pagar minha casa. — Eu rio sem graça. — Que
a propósito, — volto para Victoria — vale realmente quatro
vírgula dois milhões. Você subvalorizou isto. Se você vai ser tão
generosa e se oferecer para pagar o empréstimo de alguém,
deveria pelo menos pesquisar, então você saberia quanto
oferecer.

Seus olhos ficam arregalados enquanto ela olha entre


Nick e eu, sabendo que ela foi pega.

— Você sabe como eu sei disso? Eu sou dona do lugar, —


eu digo a ela. — E se você fizesse sua pesquisa, você também
saberia disso.

— Você se ofereceu para pagá-la como fez com Fiona? —


Nick olha para sua mãe incrédulo. — O que diabos está errado
com você? Primeiro de tudo, Olivia vale mais que milhões de
milhões! — Sua mãe engasga em choque. — E segundo lugar,
você não aprendeu sua lição de ter pago Fiona?

— Oh, fica melhor... ou eu deveria dizer pior. — Eu pego


os papéis da mesa e as entrego para Nick. — Sua mãe não só
usou sua instituição de caridade para pagar Fiona, mas ela
tem desviado dinheiro da conta para pagar as contas de seus
pais.

— Eu ia devolver tudo de volta! — Ela grita. — Isso não é


da sua conta!

— Que porra é essa. — Nick pega os papéis de mim e os


examina.

— Entrei em contato com o contador diretamente quando


Victoria se recusou a me dar acesso a qualquer coisa. Pensei
que algo poderia estar acontecendo quando você mencionou
que ela afastou seu envolvimento. Desde que você disse a ele
para ir em frente, ele enviou isto para mim. Ela pagou Fiona
através dos fundos de caridade, e ela está usando os fundos
para pagar várias contas, incluindo pagamentos de hipotecas
e carros, alegando que são despesas comerciais diretamente
relacionadas à sua caridade.

— Nicholas, — sua mãe implora. — Alguns dos


investimentos que seu pai fez não deram certo. Nós estávamos
enrolados e só precisávamos de um pouco de ajuda para
passar por isso. Com seu novo contrato, poderemos pagar de
volta.
— Eu estou farto. — Nick joga os papéis sobre a mesa. —
Você e meu pai estão mortos para mim. Eu já disse a ele que
ele vai consertar meu contrato ou eu vou processá-lo. Saia
desta casa e da minha vida.

— Você não quer dizer isso! — Victoria chora.

— Sim, eu quero. Você foi muito longe, não há como te


salvar. Você não é minha família e não faz ideia do que significa
amar alguém. Agora saia. — Ele abre a porta.

Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Victoria sai. Depois


que ela sai, Nick fecha a porta e se aproxima de mim. Ele me
puxa para ele, seus braços me envolvendo. — Obrigado por não
fugir, Liv, — ele murmura em meu ouvido.

Nós nos sentamos no sofá, e Nick pega minhas mãos nas


dele. — Lembra quando Celeste estava na minha casa e eu te
disse que essa era a parte do livro onde a bruxa malvada tinha
que ser destruída?

Eu tento esconder meu sorriso, mas não posso contê-lo.


Ele é simplesmente adorável demais. — Sim.

— Eu acho que na verdade era minha mãe que era a


bruxa má. Fale sobre uma reviravolta na história.

— Sinto muito, Nick. — Eu sei que ele está tentando


transformar isso em uma piada, mas é só porque ele está
tentando cobrir sua dor.
— É a perda dela. Eu nunca tive uma mãe para começo
de conversa. Infelizmente, porém, essa parte da história ainda
não acabou. Ainda precisamos derrotar o vilão... como na Bela
Adormecida.

— O que aconteceu?

— Aparentemente, minha mãe não foi a única a me foder.


Meu pai veio me ver antes de sairmos de férias e mandou eu
assinar alguns papéis. Eu não olhei para eles. Eu estava
ocupado com Reed e confiei nele. Acontece que ele estava me
fazendo assinar um contrato para jogar no Los Angeles por
cinco anos.

Minhas mãos chegam à minha boca. — Oh meu Deus.


Você não sabia? — Isso era o que sua mãe queria dizer,
convencer Nick a manter o contrato como está.

— Não. — Ele balança a cabeça. — Nova York só poderia


me oferecer metade do que LA estava oferecendo, e meu pai
sabia que eu escolheria Nova York, o que significaria menos
dinheiro no bolso. Ele está tão faminto por dinheiro, Liv. É
insano. Ele não consegue ver nada além das notas de dólar nos
bolsos. Mas agora faz sentido. Se eles gastaram muito
dinheiro, precisavam da porcentagem que meu contrato traria
para puxá-los de volta.

— Quanto foi a oferta?

— Cento e sessenta milhões.

— Droga, isso é muito dinheiro.


— Eu não dou a mínima para o dinheiro. Eu quis dizer
isso quando falei que estamos nisso juntos. Eu não vou a lugar
nenhum sem você. — Seus lábios encontram os meus para um
beijo, mas antes que ele possa ir mais longe, seu celular toca.
— Fale do vilão. — Ele atende o telefone. Eu tento me afastar
dele, mas seus dedos apertam meus quadris, silenciosamente
me dizendo para não ir a lugar nenhum.

— Papai, eu estou supondo que você está ligando para me


dizer que você consertou a confusão. — Ele faz uma pausa por
um longo momento enquanto ouve o que seu pai está dizendo.
— Isso é bom para você, já que você vai precisar manter sua
licença para ganhar mais dinheiro para sair do buraco em que
você se enfiou. Todo o dinheiro que mamãe roubou de mim,
vocês dois estarão pagando.

Eu não ouço o que seu pai diz na outra linha, mas Nick
balança a cabeça. — Sabe, pai, você passou tanto tempo
perseguindo todas as coisas erradas da vida: dinheiro,
respeito, sucesso. E enquanto você estava tão ocupado
perseguindo essas coisas, nem percebeu que estava deixando
seu filho para trás. Eu continuei perseguindo você, tentando
alcançar, mas você nunca parou para mim. Então, agora você
não só perdeu todo o seu dinheiro, mas você me perdeu e,
vamos ser realistas, você mal vai conseguir manter a mamãe
por perto agora que você está quebrado. Espero que valha a
pena. A única coisa que aprendi é que todas essas coisas que
você estava perseguindo não valem nada se você não tem
ninguém com quem compartilhá-las. Boa sorte na vida, papai.
Ele termina o telefonema e o joga na almofada do sofá,
sua cabeça caindo contra o meu peito. Meus dedos correm pelo
cabelo dele enquanto espero que ele se recomponha. Eu não
posso nem imaginar o que está passando por sua cabeça
agora. Ele deserdou seus pais em questão de minutos.

— Ele me tirou do contrato. Eu sou um agente livre. LA


disse que a oferta ainda está na mesa, se eu quiser. Tenho
vinte e quatro horas para decidir o que quero fazer, mas há
algumas outras equipes que fizeram ofertas também.

— E o que é que você quer fazer?

— Eu preciso saber de algo... antes de irmos mais longe.


— Ele me tira do colo e me coloca no sofá ao lado dele. Então
ele puxa algo do bolso... uma caixa... uma caixa de anel! Ele se
ajoelha na minha frente no chão, seus olhos verdes brilhando
enquanto sorri nervosamente para mim.

— Se eu tiver que mudar, seja na Califórnia ou no Texas


ou… não sei… Flórida. Você irá comigo? Você continuará
escrevendo este livro comigo como minha esposa? Porque Liv,
eu não estou pronto para a nossa história terminar ainda.
Olivia Harper, quer se casar comigo e manter nossa história,
não importa para onde ela nos leve?

Ele abre a caixa, que mantem um belo anel de diamante,


e seus olhos se prendem aos meus enquanto ele aguarda
minha resposta. Meu cérebro tenta pensar logicamente –
racionalmente – pesando os prós e contras para determinar a
decisão correta. Mas meu coração fala mais alto, ganhando a
batalha. O fato é que eu seguiria esse homem em qualquer
lugar porque eu o amo. Ele enterrou-se profundamente nas
válvulas do meu coração, e não pode bater sem ele. Ele me faz
querer lutar.

— Meu felizes para sempre é onde quer que você esteja.


Se isso significa que nos mudaremos, então Reed e eu
estaremos bem ao seu lado. Sim, eu vou casar com você. — Eu
me jogo em seus braços e ele me beija com força.

Então ele coloca o anel no meu dedo. — Bom porque


estamos nos mudando para Montana.

— Montana? — Eu questiono. — Eles nem sequer têm um


time de futebol.

Os ombros de Nick tremem de rir. — Fico feliz que você


saiba de futebol. Estou apenas brincando. Estamos ficando
bem aqui em Nova York. Mas devo avisá-la... o dinheiro vai ser
um pouco apertado. Nova York só poderia fazer um contrato
de cinco anos e oitenta milhões de dólares.

Eu suspiro. — Mas vamos viver disso? É uma coisa boa


que sua futura esposa seja carregada na grana. Não se
preocupe, baby, eu serei sua sugar mamma. — Eu dou a ele
uma piscadela exagerada, e ele joga a cabeça para trás em
gargalhadas.

— Eu nunca tive uma sugar mamma antes. O que eu


tenho que fazer em troca? — Nick me puxa do chão com as
minhas pernas em seu colo.
— Em troca?

— Você sabe… em troca de você cuidar de mim. O que


você quer? — Seus lábios se movem para o meu pescoço, e eu
inclino minha cabeça ligeiramente para dar-lhe acesso.

— Hmm... sexo. Sempre que eu quiser.

— Mmm... eu gosto de como isso soa. — Ele continua


subindo seus beijos, pousando na carne sensível atrás da
minha orelha. — O que mais?

— Eu quero uma casa. Uma grande com pelo menos cinco


quartos.

— Sério? Nós vamos encher essa casa maior com mais


bebês?

— Umm... — Eu tento me concentrar, mas seus lábios


envolvem o lóbulo da minha orelha, e fica difícil pensar. — Sim,
— eu gemo. — Sim, mais bebês.

— O que mais? — Ele pergunta, sua língua circulando a


parte interna da minha orelha, provocando um arrepio na
minha espinha. — O que mais você quer, Liv?

— Eu quero me casar em breve para que os três de nós


tenhamos o mesmo sobrenome. — Nick para seu ataque no
meu corpo momentaneamente e olha para mim.

— Isso definitivamente pode ser arranjado. — Seus lábios


tocam os meus, e sua língua varre a minha boca antes de ele
se afastar. — O que mais?
— Eu não sei. Eu não posso pensar com sua boca em
cima de mim. — Ele ri. — Vamos começar com o número um.
Sexo agora.

— Soa bom para mim. — Nick me pega e me leva para o


quarto, onde ele passa a fazer muito bem a minha primeira
exigência de ser sua sugar mamma.
Um ano depois

— Você percebe como isso parece? — Olivia ri enquanto


olhamos para o teste de gravidez em casa.

Eu sei onde ela está indo com isso, mas é culpa dela. Eu
mencionei casar-me várias vezes, mas ela continua dizendo: —
Logo. — Logo depois que eu propus, ela aceitou um emprego
no museu de arte local como Coordenadora de Arte Educadora.

Ela organiza e ensina aulas de arte para crianças, alguns


dias por semana. Entre ela trabalhando meio período, eu
jogando futebol, e nós criando nosso agora filho de um ano,
não fizemos nada que dissemos que faríamos... bem, exceto
pelo sexo. Então agora estamos aqui. Esperando nosso
segundo bebê e ainda não somos marido e mulher, e ainda
vivendo em casas separadas.

— Como se houvesse duas linhas indicando que eu


engravidei minha noiva? — Eu respondo sua pergunta
brincando, ganhando um tapa no meu peito.
— Não! Como se você continua me engravidando antes do
casamento! — Ela ri e joga o teste no lixo.

— Não é minha culpa que meu superesperma domine


qualquer controle de natalidade.

Ela bufa, revirando os olhos. — Agora nós realmente


precisamos nos casar... e comprar uma casa!

Eu rio porque ela disse isso muitas vezes para contar. Eu


finalmente consegui que ela concordasse em marcar uma data
para o casamento. Agora só precisamos comprar uma casa.

— O que você quiser, minha linda menina de olhos


castanhos. — Eu a puxo para o meu abraço. Estamos no
banheiro e Reed está dormindo. — Mas agora, acho que
precisamos tomar banho juntos. — Ela balança a cabeça
enfaticamente, gostando da minha ideia, então eu ligo a água
quente.

Nós dois nos despimos ao mesmo tempo, nossas roupas


voando para o chão. Eu abro a porta do chuveiro e a fecho
atrás de nós. Estamos no apartamento dela, e o chuveiro tem
um banco extremamente conveniente ao longo das costas.
Sentando-se no banco, Olivia monta em meu colo, sua boceta
quente fazendo atrito contra o meu pau semiduro. Seus lábios
pressionam contra os meus e sua língua empurra. Suas mãos
se entrelaçam no meu cabelo enquanto ela geme em minha
boca.
— Eu preciso de você dentro de mim, — ela implora. Ela
chove beijos em todo o meu rosto, em seguida, move-se para o
meu pescoço, sugando minha pele. Ela levanta um pouco, e eu
guio meu pau nela até que ela esteja completamente
preenchida.

— Oh Deus, Nick. — Ela não se move por um segundo,


seu corpo se ajustando ao meu tamanho. Então, lentamente,
ela começa a balançar os quadris para cima e para baixo e de
lado a lado. O sentimento de estar dentro da minha mulher,
essa proximidade que compartilhamos, é inacreditável. Sua
bunda se move enquanto ela me monta mais e mais rápido,
pegando o que ela quer – o que ela precisa – de mim.

Eu inclino minha cabeça para prender um mamilo entre


meus dentes, e ela se debate contra mim.

— Ah Merda! Eles estão tão sensíveis. — Eu paro, com


medo de machucá-la. — Não pare! — Ela comanda, sua voz
selvagem, fora de controle. Levo o mamilo de volta aos meus
lábios, lambendo e chupando antes de dar ao outro a mesma
atenção.

Minha outra mão fica em sua bunda, certificando-se que


ela não caia enquanto ela continua a me montar, saltando para
cima e para baixo no meu pau. Seu clitóris está esfregando
minha frente. Eu sinto seus músculos apertarem e sei que ela
está perto, mas não exatamente lá.

Levantando-a de mim, eu me viro. — Hum, contra a


parede, agora, — eu exijo. Suas mãos delicadas batem na
parede e sua bunda sobressai em exibição. Separo suas coxas
e vejo a água escorrer por sua bunda redonda perfeita. Eu dou
um bom tapa, e ela solta um gemido suave, sua bunda se
contorcendo de novo. Ela vira a cabeça ligeiramente, prestes a
dizer alguma coisa, mas antes que ela possa dizer uma palavra,
aperto seus quadris e empurro nela por trás.

Ela solta um gemido alto quando sua cabeça cai para


frente. Agarrando seu quadril com uma mão, eu bombeio nela
mais e mais. Minha outra mão contornando seu clitóris,
massageando a protuberância inchada quando Olivia vai de
encontro a mim.

— Oh Deus! Mais forte, por favor. — Eu nunca a vi tão


faminta por sexo, essa necessidade, mas todo desejo dela é o
meu comando. Meus dedos cavam mais forte, segurando-a
com mais força enquanto eu entro e saio de sua boceta
apertada – meus dedos acariciando seu clitóris
simultaneamente. Ela está tão perto que posso sentir sua
boceta apertando meu pau.

— Goze, baby. Goze para mim.

Ela está ofegando e gemendo. Eu pressiono meu polegar


com mais força em seu clitóris enquanto a empurro por trás,
batendo em seu ponto G repetidamente, levando ela ao limite
até que ela não aguenta mais. E então ela está caindo. Seu
corpo treme. Suas pernas tremem. Ela choraminga alto
quando goza por todo meu pau. Meu orgasmo segue logo atrás.
Eu saio dela e ela se arrepia.
— Venha aqui. — Eu a puxo para perto de mim, então ela
está sob a água quente. — O que é que foi isso?

Ela sorri timidamente. — Eu acho que sou uma mulher


grávida muito excitada.
Estou sentada à mesa alimentando Reed com batata doce
e peixe quando Giselle faz sua presença conhecida batendo a
porta atrás dela. Ela está agindo estranha ultimamente, e ela
não fala comigo sobre nada. Eu sei que ela tem muita coisa
acontecendo, mas ela não me deixa entrar, e como sua melhor
amiga, isso machuca meu coração.

— Aquele filho da puta!

— Quem? — Eu pergunto, dando a Reed outra mordida.

Ela percebe que Reed está agora olhando para ela.

— Merda… quero dizer, mela! Eu não tive a intenção de


xingar. — Ela dá um beijo no topo da cabeça de Reed. — E aí,
bonitão.

— Sobre quem você estava xingando? — Pergunto de


novo.

— Isso nem importa. Eu estava apenas tendo um mau


momento. — Ela encolhe os ombros. Seu telefone toca, e ela
olha para baixo. — Eu preciso ir. Só vim para casa para me
trocar.
— Outro encontro? — Pergunto, preocupada. Desde que
Giselle descobriu que Christian a traiu e terminou as coisas
com ele, ela passou de zero para cem. Enquanto antes de
Christian, ela raramente namorava, pós-Christian, ela vai a
encontros várias noites por semana, nenhum dos quais ela traz
para casa ou me apresenta. E o encontro mais estranho de
todos foi quando ela apareceu com Killian em nosso evento
beneficente para anunciar a expansão do Touchdown for
Reading, que agora é Touchdown for Reading and Arts.

— Sim! — E não diz mais nada antes de desaparecer em


seu quarto.

Reed bate a mão para baixo, querendo outra mordida, e


eu volto minha atenção para ele. Alguns minutos depois, ouço
Nick entrar do lado de fora no terraço.

— Hey, querida. — Ele dá um beijo na minha têmpora. —


Há algo que você precisa saber sobre Giselle.

Minha mão congela no lugar. — Ok.

— Killian disse que pagou...

— Não se atreva a terminar essa frase! — Giselle grita,


interrompendo-o assim que Killian entra pela porta da frente.
— Isso não é da sua conta. — Ela olha de Nick para Killian.

— Alguém me diga o que está acontecendo, por favor, —


eu exijo.

— Ou você diz a ela, ou eu vou, — ameaça Killian.


— Eu te odeio! — Giselle grita, e percebo que agora as
lágrimas escorrem pelo rosto dela.

— Não, você não o faz, mas se continuar, vai se odiar, —


diz Killian para ela.

— Eu já faço, — ela sussurra antes de sair correndo,


batendo a porta atrás dela.
Primeiramente, quero agradecer aos meus leitores! Já faz
dois anos desde que lancei meu primeiro livro e se não fosse
por sua leitura e por amar meus livros, eu não estaria
escrevendo este reconhecimento. É por sua causa que posso
continuar a criar e escrever histórias para você ler. Então,
obrigada! Aos bloggers que se inscrevem e compartilham
minhas capas, vendas, teasers e lançamentos. Obrigada! Isso
significa muito para mim. Aos meus leitores beta, editores,
revisores e amigos de livros, obrigada!

Stacy, Nicole, Brittany, Andrea, Ashley, Tabitha, Lisa,


Kristi e qualquer outra pessoa que eu esqueci. Vocês fazem um
trabalho solitário menos solitário. Obrigada por me receberem
em suas vidas e lerem e amarem meus livros como se fossem
seus. Juliana, toda capa, se possível, fica ainda mais bonita.
Obrigada por tratar meus bebês livros como se fossem seus.
Membros do Fight Club, vocês são tudo! Cada postagem,
comentário, curtida e compartilhamento. Vocês são incríveis.
Ena e Amanda com Enticing Journey, obrigada por manter
tudo organizado para que eu possa simplesmente me
concentrar em escrever. Para os meus filhos, eu os amo muito.
Vocês são minha inspiração em tudo que faço.
Nikki Ash mora no sul da Flórida, onde é professora de
inglês durante o dia e escritora à noite. Quando ela não está
escrevendo, você pode encontrá-la com um livro na mão. From
the Children Boxcar para Wuthering Heights, ao mais recente
romance de pai solteiro, ela viveu e respirou todo o tipo de livro.
Enquanto ler e escrever são suas paixões, seus dois filhos são
seu mundo inteiro. Você provavelmente pode encontrá-los em
um parque da Disney antes de encontrá-los em casa nos fins
de semana!

Ler é como respirar, escrever é como expirar. – Pam Allyn

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