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Equipe PL
Revisão Inicial: GI Vagliengo

Revisão Final: Sabrina Salvino;

Mercy; Silvie P.

Leitura Final: Sónia Campos

Formatação: Sónia Campos e Lola

Verificação: Lola
SERIE HITMAN
Lançamento

Brevemente
Sipnose
Nikolai
Sou um assassino de aluguel desde que era um menino. Por
anos eu saboreei o medo causado pelo meu nome, o tremor ao
verem minhas tatuagens. As estrelas em meus joelhos, as marcas
nos meus dedos, o punhal no meu pescoço, tudo era um aviso de
perigo. Se você olhasse em meus olhos, seria a última visão que
teria. Eu já fui o caçador, nunca a presa. Com ela, eu sou um alvo e
estou pronto para deitar e deixar que ela me capture. Abrir o meu
pequeno coração cheio de cicatrizes a ela traz a tona os meus
inimigos. Vou realizar um último trabalho, mas se alguém a
machucar, eu vou destruir o mundo.

Daisy
Eu fui protegida do mundo exterior toda a minha vida. Fui
educada em casa e sou praticamente uma caipira, eu sou tão
ingênua que a minha melhor amiga me chama de Pollyanna. Eu
gosto de acreditar no melhor das pessoas. Nikolai faz parte dessa
nova vida, e ele é aterrorizante para mim. Não porque os seus olhos
são frios ou a minha amiga me avisou para ficar longe dele, mas
porque ele é o único homem que já viu o meu eu real sob a timidez.
Com ele, o meu coração está em risco e também, a minha vida.
Capítulo Um
Daisy
Eu tenho secretamente planejado este dia durante seis
longos anos, quando eu acordo e me estico, sinto uma
queimadura vertiginosa no meu estômago que acho que pode
ser nervoso.

Hoje, vou fugir.

O dia começa como qualquer outro. É como se o mundo


não pudesse ver como estou animada por dentro, mas estou
praticamente vibrando de ansiedade. A liberdade está tão
perto que eu posso prová-la. Eu saio da cama e visto uma
saia longa escura e blusa combinando. Eu coloco um suéter
por cima, então cada centímetro do meu corpo está coberto.
Vou para o meu colchão e puxo o celular descartável e o
pequeno maço de dinheiro que tenho guardado sob ele.

Setecentos dólares de seis anos de poupança.


Tem que ser o suficiente. Eu enrolo as notas e as
coloco em meu sutiã para ocultá-las.
Eu vou até o banheiro e prendo o meu cabelo escuro em
um rabo de cavalo e, em seguida, jogo água no meu rosto
para limpá-lo. Olho para o meu reflexo. Meu rosto está
extremamente pálido, mas há um rubor que me trai. Eu não
gosto disso, e molho um pano pressionando-o contra meu
rosto, esperando que a cor desapareça. Quando não posso
esperar mais, deixo a segurança do meu banheiro.

Meu pai está sentado na sala de estar. O ambiente é


cavernoso. Nenhuma luz entra. Há uma cadeira, um sofá e
uma televisão. A TV está desligada, e eu sei que ela está
programada para transmitir apenas canais castos como
cultos religiosos ou programas infantis. Se eu tiver sorte, eu
consigo assistir PBS. Anseio por algo mais ousado, mas meu
pai retirou tudo o resto da lista de canais, e eu não estou
autorizada a usar o controle remoto.

Como de costume, a única luz no quarto é uma pequena


lâmpada ao lado de sua cadeira. Ela faz um halo em sua
cadeira, e meu pai está sentado em uma ilha de luz na
escuridão opressiva. Ele está lendo um livro espesso de capa
dura de Dickens e fecha-o quando eu entro na sala.
Está vestido com uma camisa de botões e calça, com o
cabelo bem penteado. É irônico que meu pai se vista
tão bem, considerando que ele não sai de casa e
ninguém irá vê-lo, apenas eu. Se eu perguntar, ele
simplesmente vai dizer que as aparências são importantes.

Nossa casa inteira é como a sala de estar: escura,


opressiva, coberta pelas sombras. Isso está sugando a minha
vida, dia após dia, é por isso que devo fazer o que puder para
escapar.

—Senhor. — Saúdo o meu pai, e espero. Minhas mãos


estão cruzadas atrás das minhas costas, e eu sou a imagem
de uma filha obediente.

Ele olha minha roupa, meu suéter.

— Você vai sair hoje?

— Se o tempo estiver bom hoje. — Eu não olho para as


janelas na sala de estar. Nenhum pingo de luz vem através
delas. Não é possível. Apesar da aparência imaculada de meu
pai, a casa parece uma zona de construção. As janelas
arqueadas que uma vez encheram a sala com luz estão
fechadas com madeira compensada, as bordas vedadas com
metros de fita adesiva. Meu pai transformou a sala de estar
em uma fortaleza para proteger a si mesmo, mas eu
cresci odiando essa sensação opressiva. Eu me sinto
como um morcego preso em uma caverna, que nunca
mais verá a luz do sol.

Eu mal posso esperar para fugir.


Ele resmunga com minhas palavras e tem nas mãos
uma pequena chave. Eu a pego dele com um sussurro
'obrigada' e vou para a mesa do computador. Ele tem uma
escrivaninha antiga que tranca todas as noites. Ele não
confia na Internet, é claro. É cheia de coisas ruins que podem
corromper mentes jovens. Ele bloqueou os sites, então não
posso procurar sites explícitos, não que eu faria. Não quando
o único computador na casa está a dois metros de sua
cadeira.

Eu calmamente vou para o computador e digito o


endereço para o site do tempo. Previsão para hoje? Perfeito.
Claro que é.

— O tempo parece estar bom.

— Então você vai fazer as tarefas hoje — Ele pega o


óculos e um bloco de notas, folheando-o. Depois de um
momento, ele arranca um pedaço de papel e entrega para
mim. — Esta é a lista de compras. Vá para a estação de
correios e consiga selos também.

Pego a lista com os dedos trêmulos. Dois lugares


hoje.

— Posso ir à biblioteca, também?

Ele franze a testa com o meu pedido.


Eu prendo a respiração. Eu preciso ir à biblioteca. Mas
não posso parecer muito ansiosa.

— Eu já a estou enviando para dois lugares, Daisy.

—Eu sei. — digo a ele. — Mas eu gostaria de um novo


livro para ler.

—Que assunto?

—Astronomia. —Eu digo. Só estou autorizada a ler não


ficção perto de meu pai. É um assunto inofensivo, o espaço
sideral. E se ele pressionar, eu posso dizer que estou
continuando os meus ensinos, apesar de ter terminado meus
estudos em casa algum tempo atrás. Meu pai não vai relaxar
o aperto o suficiente para eu ir para a faculdade, então tenho
que continuar meu aprendizado da melhor forma possível.

Ele olha para mim por um longo momento, e me


preocupo que ele possa ver através de mim, meus planos.

—Tudo bem. — diz ele depois de uma eternidade. Ele


verifica o relógio. — São 08h30min agora. Você vai estar de
volta até 10h30min?

Não é muito tempo para ir ao supermercado, os


correios, e à biblioteca. Eu franzo a testa.

— Posso ter até onze?

Seus olhos se estreitam.


— Você pode ter até 10h30min, Daisy. Você deve ir a
esses lugares e em nenhum outro lugar. Não é seguro. Você
me entende?

—Sim senhor. — Eu fecho o computador, tranco a


mesa, e entrego a chave de volta para ele.

Quando vou me afastar, ele agarra meu braço e franze a


testa.

—Daisy, olhe para mim.

Ah não. Eu forço meus olhos culpados para o seu olhar.


Ele sabe o que estou fazendo, não é? Mesmo que eu tenha
sido tão cuidadosa, ele vai descobrir.

—Você está usando maquiagem?

Isso é tudo?

—Não, Pai...

Sua mão dá um tapa em meu rosto com reprovação.

Nós dois olhamos um para o outro em estado de choque.


Ele nunca me bateu antes. Nunca.

Meu pai se recupera primeiro.

—Não, senhor. — diz ele, para me corrigir. Eu fico


olhando para ele por tanto tempo que os meus olhos
parecem que ficam secos, com a necessidade de
piscar. Ressentimento queima dentro de mim, e por
um longo momento, eu me pergunto o que meu pai
faria se eu batesse de volta. Ou se eu marchasse até o porão
e disparasse algumas rodadas na parede de listas telefônicas
que atuavam como um campo de tiro improvisado (e
provavelmente ilegal) do meu pai.

Mas eu não posso pensar assim. Não agora. Eu não sou


forte o bastante. Então eu engulo minha raiva.

—Não, senhor. — repito. Chamá-lo de "senhor" é uma


nova regra. Agora que eu tenho vinte e um, não estou
autoriza a chamá-lo de "Pai" mais. Apenas "senhor." Meu
coração dói com o quanto ele mudou, como se a cada ano o
terror nele se tornasse mais forte e se eu ficar aqui, isto vai
me atingir também.

Ele pega meu rosto com a outra mão e o examina de


perto, embora eu sei que está escuro o suficiente para que ele
não possa me ver bem. O ressentimento feroz continua a
borbulhar no meu estômago, mas eu permito isso. Não vai ser
por muito mais tempo. Depois de hoje, eu não vou ter que
lidar com isso novamente.

Depois de um momento, ele lambe o dedo e o


esfrega na minha bochecha vermelha, inspecionando-a
sob a luz. Sem maquiagem. Ele faz um som "hmmph".

—Bem. Você pode ir.


—Obrigada, senhor. — digo a ele. Pego a lista que ele me
entrega e o dinheiro, e corro para a porta da frente.

Há seis fechaduras e quatro trancas na porta, e leva um


momento para os meus dedos trêmulos desfazerem todas
elas. Eu começo a sair.

Eu começo a sair.

Nunca mais vou entrar nesta casa novamente.

Uma vez que a porta está destrancada, eu


cuidadosamente a fecho e, em seguida, aguardo um
momento. O som do meu pai girando e trancando tudo
novamente atinge meus ouvidos. Bom. Eu fico na varanda
coberta por um momento e olho para fora em nosso quintal.
A nossa pequena casa tem uma cerca bamba na frente que
está caindo, mas não será consertada. A grama é alta até o
joelho porque o Pai não me deixa cortá-la, apenas uma vez
por mês. Circundando nossa casa estão acres e acres de
terras agrícolas que ele cede aos agricultores vizinhos. Nós
não plantamos nada nós mesmos, uma vez que implicaria
estar fora.

E os Millers não vão para fora, a menos que eles


não possam evitar. Eu sei que quando eu tinha oito
anos, ele testemunhou o assassinato de minha mãe
durante as compras. Eu era muito jovem para
lembrar muito sobre ela, apenas um sorriso, a cara
feliz com cabelo castanho escuro e os olhos ainda mais
escuros que desapareceram um dia. E eu sei que meu pai
relatou seu assassinato à polícia, mas que o assassino era
menor de idade. Um golpe de sorte, um tiroteio aleatório em
uma mercearia, e minha mãe tinha sido vítima. Dois anos
depois, o assassino estava de volta às ruas, e ele comentou
no tribunal que estava vindo atrás de meu pai para se vingar.

Acho que foi bravata, nada mais que um menino cheio


de raiva se gabando. Meu pai levou isto a sério. Ele se recusa
a sair, acreditando estar seguro e protegido em sua casa.

Eu não posso odiá-lo por isso. Eu quero, mas não posso.


Eu sei o que é viver todos os dias com medo.

Eu vou para a estrada, praticamente correndo para o


ônibus parar então vou ter tempo para fazer tudo. O ônibus
chega poucos minutos depois, e eu vou ao supermercado
local. Eu pego o meu carrinho como se fosse apenas mais um
dia. Compro os itens da lista, tomando muito cuidado com
minhas seleções. Quando eu chego ao caixa, fazem cara feia
para mim. Eles reconhecem meu rosto. Eles me odeiam
neste supermercado, mas eu não me importo.

Assim que tenho as minhas compras


empacotadas, vou imediatamente ao balcão de
atendimento ao cliente. Eu coloco dois dos itens
que eu comprei vitaminas e ibuprofeno, no balcão.
— Eu preciso trocar estes.

O funcionário conhece a minha rotina. Tenho certeza


que ela pensa que eu sou louca, mas ela simplesmente acena
com a mão.

— Pegue o que você precisa e traga-o de volta.

Eu faço, e cinco minutos depois, troco as marcas caras


por dois genéricos mais baratos. Depois de anos verfificando
os recibos, eu sei quais marcas não imprimem os nomes no
recibo e eu sempre as troco e embolso a diferença. É a única
maneira que eu posso economizar dinheiro sem meu pai
notar.

Agora eu tenho setecentos e quinze dólares.

Eu levo as compras comigo até os correios, consigo os


selos, e então vou para a biblioteca. Eu deveria ter ido para a
biblioteca primeiro para que os mantimentos ficassem mais
frios, mas hoje, eu não me importo.

Vou para a prateleira de romances, procurando o livro


que estava lendo. Está lá, escondido com segurança atrás de
outros livros para que ninguém o pegue emprestado
até que eu termine de lê-lo. Eu o pesco e leio o capítulo
sete, enquanto estou em pé. Eu gostaria de poder levar
o livro para casa comigo, mas o pai nunca me
deixaria ficar com ele. Eu só estou autorizada a ler
clássicos. Então eu venho para a biblioteca tão
frequentemente como eu posso e leio um capítulo de cada
vez.

Eu fecho o meu livro com um suspiro sonhador, poucos


minutos depois. O herói acaba de beijar a heroína e está
deslizando a mão em sua calcinha. Eu quero ler, mas não
devo. Ainda há muito o que fazer. Eu sonharei sobre como ele
a toca, tenho certeza. Eu quero ser tocada, também.

Eu quero um herói. Um grande e belo príncipe forte


para vir me resgatar da minha vida miserável. Mas já que não
chegou, eu devo resgatar a mim mesma.

Eu ando através da não ficção e pego um livro sobre


astronomia. Então, faço uma pausa, e coloco o livro de volta.
Eu não sei por que estou mantendo a rotina. Eu não vou
voltar para casa do pai. Hoje não. Eu volto para a seção de
romance e agarro meu livro.

Então, eu passo para os computadores e digito o


endereço do Gmail que criei para mim. Se o pai soubesse que
a biblioteca tinha computadores para que as pessoas possam
acessar à Internet, ele nunca me deixaria vir aqui.

Há uma resposta no meu e-mail. Eu danço na


minha cadeira, tão animada que eu mal posso
suportar isso.
Daisy,

Estou tão feliz que você encontrou meu anúncio! Tem


certeza de que não quer ver o lugar antes de vir aqui? Não é
grande, mas é um telhado sobre a cabeça, e o aluguel é barato
o suficiente. Venha dizer olá antes de decidir qualquer coisa.
Vamos almoçar.

Xoxo

Regan

Há um número de telefone na parte inferior do e-mail.


Eu o imprimo, juntamente com o endereço para o
apartamento em Minneapolis. Será que ela vai ficar chateada
se eu a encontrar para o almoço e, então, apenas nunca sair?
Espero que não.

Existe um segundo e-mail também. Esta é uma


confirmação de um compromisso. Hoje, às dez e meia. O
timing é perfeito.

Eu também imprimo o horário do ônibus. Eu


verifico o meu livro e vou para casa. O ônibus me deixa
na estrada quinze minutos antes da pessoa que eu
tinha marcado chegar. Meus nervos começam a
tremer. Eu ando muito devagar, olhando para um carro
estacionado na frente da casa do quintal do meu pai.

Ele aparece na hora certa, e eu corro para encontrar o


homem que emerge do carro. Ele é grande, de meia-idade,
careca. Parece sem vergonha. Ele esfrega suas vestes escuras
e franze a testa quando eu venho correndo para fora dos
arbustos, com os sacos de supermercado na mão.

—Eu sou Daisy Miller. — Eu digo sem fôlego e estendo a


mão para ele.

— John Eton. — ele responde, e olha para a nossa casa


reparando nas tábuas nas janelas, o gramado cheio de mato.
— Alguém vive aqui?

— Meu pai. – Frente a seu olhar cético, eu digo: —Ele é


agorafóbico. Ele não sai de casa. É por isso que as janelas
estão fechadas — Eu quero lhe dizer muito mais sobre a
loucura do meu pai e sua natureza controladora, que tem
piorado ao longo dos anos, mas eu não posso. Eu preciso
sair.

Um olhar de simpatia cruza o rosto do homem.

—Entendo.

—Ele vai precisar de um assistente duas vezes


por semana. — digo a ele. — É por isso que
contratei seus serviços — Eu soo muito calma,
mesmo que esteja dançando internamente. — Eu
preciso que você venha e veja quais tarefas ele precisa que
sejam feitas. Verifique-o quando ele precisar. Ele não usa e-
mail e não atende ao telefone, a menos que toque uma vez,
desliga, e depois toca novamente. É assim que ele sabe quem
está chamando.

John Eton olha para mim como se eu fosse louca.

— Entendo.

— Quando você bater na porta, você tem que bater


quatro vezes. — eu digo a ele. — Mesma razão.

—Tudo bem. —diz ele. — Vamos entrar e dizer olá?

Eu estendo os dois sacos de supermercado para ele.

— Eu não vou entrar.

— Desculpe?

— Estou indo embora. — eu digo, e ofereço-lhe os sacos


de supermercado novamente. Para meu alívio, ele os pega. –
O Pai... quer que eu fique. E eu não posso. Eu não posso ficar
por mais tempo. — Lágrimas vem aos meus olhos, mas eu as
afasto. Eu amo meu pai, eu amo. Eu simplesmente não
posso viver com ele nem por mais um momento. O
mundo inteiro está aqui fora, esperando. — Eu o
contratei para cuidar dele. Seu pagamento será
depositado diretamente em sua conta. Eu
configurei o crédito para ser feito no quinto dia de
cada mês, creditado automaticamente. Eu só preciso de
alguém para cuidar dele, já que ele não vai sair de casa.

— Entendo. — John não parece feliz, mas ele olha para


a casa e depois de volta para mim. — Você está fugindo?

Tenho vinte e um anos. Os adultos podem realmente


fugir? Mas eu aceno.

— Eu não posso suportar por mais tempo.

Simpatia cruza seu rosto novamente.

— Eu entendo. Existe um número que possa contatar


você em caso de alguma dúvida? Ou, se algo der errado?

Eu estou surpresa com suas palavras, a culpa correndo


através de mim. Algo ... der errado? Estou deixando o meu
pai aos cuidados deste homem. Um estranho. Um serviço que
contratei que não vai se importar se ele tiver um ataque de
pânico se ouvir um barulho de escapamento de algum carro,
que não se importará que o meu pai chore quando vai para a
cama todas as noites, que não se importará que mesmo uma
sugestão da luz solar na sala de estar vai deixá-lo histérico.

Mas eu não posso pensar nisso, porque se eu


fizer, eu vou acabar ficando. Dou-lhe o número do meu
celular descartável, sabendo que não vou responder.
Há muita culpa envolvida. Meu pai vai ter o coração
partido e ficará com raiva por tê-lo deixado sem
nem mesmo dizer adeus. Mas eu conheço meu pai.
Eu sei que se eu entrar e confrontá-lo, ele vai me dominar.
Não fisicamente, mas com culpa.

E eu tenho que sair. Eu só tenho que...

Então, quando John dá alguns passos em direção à


casa, eu agarro a minha carteira e, em seguida, corro.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto eu vou embora,
mas não são lágrimas de tristeza.

Elas são de alegria.

O sol está caindo em cima de mim, os pássaros estão


cantando nas árvores, e, pela primeira vez, o mundo está
aberto.

Eu estou livre.

Agarrando o estreito corrimão, subo as escadas sujas


para o quinto andar do edifício de apartamentos.

Eu tive que suportar uma viagem de ônibus de seis


horas até Minneapolis, e é bom esticar as pernas. Eu deveria
estar cansada, mas sinto-me revigorada ao invés disso. Eu
estou livre. Eu estou livre. Eu estou livre.

Anteriormente, mandei uma mensagem para


Regan para que ela soubesse que eu estava a caminho.
Marcamos um encontro no apartamento e, em
seguida, vamos sair para jantar e nos conhecer
melhor. Eu não me importo se ela é a pessoa mais
detestável do mundo. Eu vivi com uma, pessoa exigente e
difícil por vinte e um anos. Nada do que ela disser ou fizer
pode ser tão ruim. Eu ainda vou querer me mudar.

O edifício está sujo, mas é cheio de vida. Há pessoas


circulando nos corredores, conversando, e pessoas nas ruas.
Eu sorrio para todos. Eu não consigo parar de sorrir. Estou
tão animada por estar fora e viver uma vida real. Uma vida
normal, como todos os outros da minha idade.

Acho o apartamento de Regan — 224. É no final do


corredor. Eu bato e um momento depois atendem.

Uma loira alegre abre a porta. Ela é alta, escultural, e


linda. Está vestindo roupas apertadas e seu cabelo é
ondulado. Regan é linda. Ela acende-se com a minha visão.

— Você é Daisy Miller?

Eu aliso uma mecha de cabelo castanho no meu rabo de


cavalo, sentindo-me muito simples ao lado dela.

—Essa sou eu. Você deve ser Regan Porter.

—Você é tão bonita! Não que eu não imaginasse isso


—Ela me examina com um olhar animado em seu
rosto. —Mas... eu odeio perguntar. Tem certeza de que
não está me enganando sobre quantos anos você
tem?
—Eu tenho vinte e um. — eu digo, pegando minha
carteira de identidade. Não é uma carteira de motorista; que
eu teria se meu pai me deixasse sair de casa por mais de uma
hora de cada vez. Faço uma nota mental de que eu preciso
aprender a dirigir nesta nova vida.

Ela toma o cartão de mim e assente.

—Desculpe. Eu só tinha que perguntar. Você tem essa


.... Eu não sei. Você parece mais jovem do que eu pensava —
Ela aperta os olhos para mim. — Ou apenas mais doce, eu
acho. De qualquer forma, como vai? — Seu entusiasmo está
de volta, e ela acena com a mão para mim. — Não fique aí
parada. Venha!

Entro no apartamento, agarrando minha carteira no


meu peito, e olho ao redor. É um apartamento minúsculo,
facilmente do tamanho de um quarto da casa de meu pai. As
paredes são sujas e há rachaduras nos cantos, mas a parede
traseira tem três enormes janelas que dão vista para a
cidade, e estou satisfeita por ver que elas estão abertas. A luz
solar derrama para dentro, brilhando em pisos de
madeira arranhadas. Há cartazes de filmes de terror
nas paredes, e um futon como um sofá. Há uma
cadeira dobrável de um lado e uma mesa de centro
feia.

Eu amo isso.
—Eu sei que não é muito para olhar, mas eu estou
trocando o mobiliário lentamente quando tem vendas de
garagem —Regan me diz com um sorriso. —Vamos chegar lá.

—Está muito bom — eu digo com entusiasmo. —Eu


amei isso.

Ela ri.

—Bem, você não é difícil de convencer. Então,


Pollyanna1. Eu gosto disso. Vamos. Vou mostrar-lhe o resto
do lugar.

O banheiro é pouco mais do que um armário com uma


banheira antiga e um vaso sanitário. Meu quarto não é muito
maior, mas há uma cama, uma cômoda velha, cortesia da
última colega de quarto de Regan que tinha se mudado, e
uma mesa de cabeceira com uma lâmpada sobre ela. Há
também uma janela. Eu vou até a janela e olho para fora. Ela
dá para a rua e um prédio do outro lado da via. Eu não ligo
para o que é a vista contanto que tenha uma.

—Então, o que você acha? Como eu disse a sua parte do


aluguel é de quatrocentos, duzentos antecipados, e
inclui todos os serviços públicos pagos. Não é um
ótimo lugar, mas é no centro de tudo, o que é bom se
você não tiver um carro. Você têm?

1
Pollyanna a garota mais otimista da literatura. Escrita por Eleanor H. Porter em 1913, é um dos
maiores clássicos da literatura infantil. A obra fez tanto sucesso que teve várias continuações e chegou a
ser adaptada para o cinema.
Eu balanço minha cabeça.

—Eu não tenho.

—Como eu disse no anúncio, o meu namorado fica


muito aqui. Se isso a incomoda, pode não ser o apartamento
para você. Minha última colega de quarto não pôde lidar com
isso, então ela se foi —Ela encolhe os ombros, sem remorso. –
Quero deixar claro para lá na frente não haver mal-
entendidos.

—Eu não me importo — Eu não me importo se ela tiver


três namorados.

—Há uma lavandaria no porão, se você quiser lavar a


roupa —Ela me olha com curiosidade. —Se você não se
importa se eu perguntar, onde estão suas roupas?

Eu não tenho qualquer mala comigo.

—Eu... deixei-as na fazenda —Eu sei que deve parecer


estranho para ela.

—Novo começo, né? —Ela me dá um tapinha no ombro


e, em seguida, esfrega meu braço. —Eu sei como é isso.

Concordo com a cabeça, sentindo um nó na


garganta. Novo começo, na verdade.
Capítulo
Dois
Daisy

Eu fui morar com Regan e lá se foram quatrocentos


dólares do meu precioso dinheiro. Regan pareceu acreditar na
minha história, e ela é divertida para se estar perto. Ela quer
me apresentar a seus amigos.

—Você precisa sair com a gente, Pollyanna.

Ela começou a me chamar de Pollyanna, porque já


percebeu que eu sou um pouco ingênua. Não me importo. Eu
já vi esse filme, e eu gostei de Pollyanna. Ela está saindo
para bebidas à noite com alguns amigos, mas eu só
posso dar conta de alguns estímulos ao mesmo tempo.
Foi um dia cansativo, e eu caio na cama, exausta
demais para até mesmo colocar lençóis no colchão
sujo.
Durante uma semana, eu explorei a cidade por conta
própria. É assustador e emocionante ao mesmo tempo. Eu
vasculhei brechós, lojas de segunda mão, e uma venda de
quintal para comprar roupas. Quando eu passei por uma
vitrine preenchida com belas lingeries, eu entrei para
comprar alguns pares para mim. Eu cai de cabeça
imediatamente nas prateleiras, mas tudo o que há é muito
caro. Em vez disso fui para as caixas no centro e comprei os
itens mais baratos. Elas são de tamanhos estranhos e
provavelmente não vão caber direito, mas eu não me importo.
Elas estão limpas e são minhas, e se não são bonitas, elas
vão ser.

Não é preciso muito tempo para perceber que o dinheiro


vai mais rápido do que eu tinha previsto. Depois de alguns
dias, eu conto o que me resta. Gastei setenta dólares com a
roupa. Sessenta com ônibus para andar pela cidade. Dez com
o jantar com Regan a outra noite. Quatrocentos no aluguel.
Eu tenho o suficiente para mantimentos, e então preciso
encontrar um emprego.

Qualquer trabalho.

Eu quero ir para a faculdade também. A


faculdade comunitária local vai dar, mas eu preciso
economizar algum dinheiro em primeiro lugar.
Existem várias na cidade, e eu tomo um ônibus
para um dos campus, só para ver como é. Meu
coração se enche de desejo quando eu ando pela propriedade.
Há pessoas da minha idade em todos os lugares, rindo e
conversando enquanto esperam pela aula ou fazem uma
pausa para conversar. Eu quero ser um deles.

Eu só preciso de dinheiro primeiro.

Eu ainda estou me sentindo sem sorte após uma


semana de liberdade. Eu me sinto inquieta e desconfortável.
Este é um novo lugar, e eu não estou acostumada a novos
lugares e coisas novas. Durante vinte e um anos, eu estive na
mesma pequena sala em casa, com as mesmas quatro
paredes. O novo apartamento é diferente. Minha nova sala é
pequena, mas agradável; a vista fora da janela do
apartamento me permite ver o céu acima dos edifícios.

Meu quarto é abafado, então eu uso isso como uma


desculpa para abrir a janela novamente e deixo o ar fresco à
noite escovar contra a minha pele. Agora que eu posso, eu
durmo com a janela aberta todas as noites. Quero mantê-la
aberta para sempre. Ela se parece com desafio e liberdade, e
eu adoro isso.

Eu volto para a cama, satisfeita com a brisa e a


vista da noite. Talvez isso alivie um pouco meus
nervos. Eu apago as luzes e saio dos meus novos
jeans e do mal ajustado sutiã novo e subo na cama
com nada além de uma camiseta velha, emprestada
de Regan, e um par de calcinhas. Depois de um momento de
indecisão, eu chuto os cobertores fora. Ainda está muito
quente.

Eu pressiono a mão na minha testa e suspiro.

Como que em resposta ao meu suspiro, eu ouço um


gemido vindo do outro quarto seguido por uma voz alta:

—Oh Deus, quase!

Minhas mãos deslizam sobre meu rosto de vergonha,


apesar da escuridão do meu quarto. Regan está fazendo sexo
com Mike, que fica aqui muitas vezes, como Reagan tinha
dito. Ele está mais noites aqui do que fora, e eles fazem sexo
barulhento cada vez que tem uma chance. É embaraçoso e
um pouco surpreendente para mim.

Fui incrivelmente protegida, a minha única exposição ao


sexo é a que eu li em livros de romance. De alguma forma, eu
nunca imaginei que soasse tão... carnal.

Um momento depois, a música é ligada e abafa os gritos


de Regan, o que é um alívio bem-vindo. Agora eu só ouço
acordes de heavy metal. Não que isso seja mais fácil
para dormir, mas é menos preocupante de ouvir. Todo
o interlúdio me deixa mais no limite.

Eu sei que estou desconfortável e fora da


rotina por conta de mais do que apenas a visão de
fora da minha janela. Eu acho que outras pessoas
se adaptam à mudança no estilo de vida muito bem, mas eu
sou apenas a tímida Daisy, com medo de sua própria sombra.
Este novo local é completamente estranho, e parece que eu
estou em um país diferente, em vez de apenas numa cidade e
estado diferente.

É estranho, mas me sinto sozinha, apesar da minha


felicidade.

Há tantas pessoas ao meu redor agora. Mais do que


nunca. Eu sorrio para todos, o carteiro, o motorista do
ônibus, as pessoas no supermercado. Eu não consigo parar
de sorrir. Há uma felicidade tonta em mim, e eu acho que
nunca vou ser capaz de franzir a testa novamente. Eu amo
demais a vida. O mundo é tão aberto e cheio de
oportunidades.

Mas, ao mesmo tempo, penso no meu pai. Será que ele


se sente traído? A culpa me corrói, e eu empurro o
pensamento longe. Deixei-o para trás, porque eu queria ser
alguém novo. Alguém diferente e vibrante.

No entanto, eu ainda sinto o mesmo, a pequena


Daisy com medo. Apesar de estar aqui há uma
semana, eu sinto que estou à deriva. Eu só conheço
Regan e seu namorado. Eu não tenho saído com os
amigos de Regan, ainda consciente do meu
dinheiro.
Eu estou mudando, mas não é suficiente. Eu preciso de
mais.

Eu penso na dupla no outro quarto, fazendo sexo. E


penso no meu romance. Por alguma razão, essa combinação
faz meu corpo corar, e a tensão que eu sinto assume um
aspecto totalmente novo.

Minha mão desliza para baixo na minha barriga, para


minhas novas calcinhas rosa rendadas. Meus dedos
mergulham no doce calor entre as minhas pernas e me
engasgo com a sensação. Meus dedos escovam por cima do
meu clitóris, e eu penso em um homem fazendo isso comigo.
Eu esfrego provocando círculos em volta do meu clitóris,
imaginando ele. Suas mãos no meu corpo. Seus dedos, onde
estão os meus. Ele me beijando docemente na testa e
pressionando meu corpo contra o dele. Eu esfrego com mais
força, arqueando com a necessidade.

Meu herói sonhador se inclina e eu quase posso ver seu


rosto ...

Quase.

Meus dedos param. O crescente desejo se dissipa


como uma bolha de sabão.

Deitei-me completamente imóvel.

Totalmente frustrada.
Toda essa liberdade, e ainda assim eu ainda não sou
diferente do que eu era antes. Eu não posso imaginar um
homem me tocando quando eu ainda não fui beijada. Minha
culpa por deixar meu pai se transforma em um flash
momentâneo de ódio. Ele me fez esta aberração ingênua.
Quem vai sair com uma mulher de 21 anos de idade que
nunca beijou um homem? Nunca viu sexo, nem mesmo na
TV? Apenas leu sobre isso.

Por um momento, quero esgueirar-me para o quarto de


Regan e vê-la com Mike, apenas por curiosidade, só então eu
entenderei.

Se eu não posso experimentar por mim mesma, a


próxima melhor coisa é observar, certo?

Eu quero agarrar a minha nova vida com as mãos


apertadas, mas eu nem sei por onde começar.

Então eu suspiro, deslizo os dedos para minha calcinha,


e tento novamente.

Nikolai
Eu a vejo através da janela do meu banheiro.
Eu coloquei uma das minhas quatro cadeiras
alugadas aqui para esse propósito expresso. Eu
digo a mim mesmo que não é assustador, como as meninas
americanas diriam, porque eu não espio todos. Na verdade eu
vejo só a ela.

Eu não posso ver tudo. Eu nunca a vi nua. Eu nunca a


vi dentro do chuveiro. Inteligentemente não há janela lá. Mas
eu posso ver seu quarto e sua sala de estar e, além disso,
com a minha mira, sua cozinha. Eu conheço sua agenda.
Quando ela se levanta de manhã, quando ela retorna para
seu apartamento. Se ela fosse um alvo, eu poderia tê-la
matado uma dúzia de vezes até agora e seria rápido como o
vento.

Ela joga sua bolsa sobre a cama e depois se deita de


lado. Usam-se muitos músculos para sorrir, mais para franzir
a testa, mas apenas alguns para puxar o gatilho. Espio o
ambiente e coloco minha mira sobre a testa. Puff, morto.

Ela tem uma companheira de quarto. Alta, loira, que


traz um homem para casa regularmente. Ele é ruim de cama.
Eu posso vê-la se masturbar depois que ele adormece. Eu
coloco a mira sobre seu coração. Seria uma morte
misericordiosa. Um homem que vai dormir sem
satisfazer sua mulher merece punição. Ele dorme
através de seu auto prazer? A morte é muito gentil.

No entanto, a companheira de quarto não é o


meu objetivo, e eu aponto minha mira de volta para
o quarto da minha menina. Ela ainda está deitada de costas.
Através da minha mira avançada, eu posso ver sulcos em sua
testa. Eu tinha brincado com a ideia de plantar dispositivos
de escuta em seu apartamento, mas me contive porque,
estupidamente, pensei que seria muito invasivo. Ela não é
um alvo, eu me lembro, mas franzo a testa para a minha falta
de áudio.

Eu deveria saber o que está fazendo com que ela franza


a testa para que eu possa fazer o motivo ir embora. Eu a
observo até que ela se levanta e sai do quarto. Ela não
reaparece na sala de estar ou no quarto da sua colega de
quarto. Parto do princípio de que ela está usando o banheiro.
Eu abro o fecho da maleta aos meus pés e inspeciono seu
conteúdo. Existem vários dispositivos diferentes que eu
poderia usar. Não, Nikolai, digo a mim mesmo. Isso está
errado.

Então eu solto uma risada sem humor. Por que eu estou


pregando moralidade, até mesmo para mim? Eu desisti do
que é certo há muitos anos. Antes que eu fosse um homem
adulto. Talvez isso acontecesse no útero. Eu nasci um
assassino, meus dentes à mostra, e eu reivindiquei
minha primeira vítima quase antes que eu tivesse
tomado a minha primeira respiração. Mas esta é a
vida na Ucrânia. Um menino nas ruas sem uma arma é
presa. Eu nunca fui a presa. Sempre o caçador.

Esta menina no quarto 224 está desprotegida, mas ela é


inocente e doce. Invejo-a. Quando entrou pela primeira vez
em seu apartamento, ela não notou a pintura rachada e
descascada, o colchão de segunda mão no chão, ou as
bancadas lascadas. Tudo parecia maravilhoso para ela. Eu
podia vê-la com os olhos arregalados de espanto até mesmo
através do meu alcance. Ela é tão inconsciente e assim...
alegre. Não há outra palavra para isso. Cada expressão é uma
antecipação, como se a vida fosse apenas um presente
contínuo.

Eu me pergunto o que ela pensaria de mim, eu não sou


diferente de seu apartamento. Sou louco e relaxado por
dentro. Ela trata sua favela como um palácio e todas as
atividades dentro dela são uma delícia, de cozinhar as suas
próprias refeições a dormir em seu quarto cheio de ratos.

Eu gostaria de deitar-me em seu quarto, puxar seus


longos cabelos castanhos perto de mim e acariciar
minhas mãos sobre suas curvas fartas. Meus olhos se
fecham quando penso sobre que tipo de olhar ela me
daria. Um olhar inocente de olhos arregalados? Um
recém-despertado? Um satisfeito? Eu quero todos
eles. Minha mão se desvia para baixo em direção à
dor que se desenvolveu entre as minhas pernas.

Um som afiado e perfurante preenche o quarto. O


telefone. Um toque distinto me diz que é negócio. Saindo do
banheiro, eu passo para o segundo quarto. É completamente
vazio exceto por uma mesa, também alugada. Eu ligo um
interruptor e um zumbido seguido de luz preenche o quarto.
Dispositivos de escuta não seriam úteis aqui; a frequência
emitida pela minha máquina de som iria abafá-lo. Eu sorrio
severamente, pensando na reverberação dolorosa que quem
está ouvindo pode sofrer.

— Alô — Eu respondo. Uma série de cliques soam


quando meu interlocutor tenta fazer a sua chamada
indetectável. Não importa, eu gravo a ligação de qualquer
maneira. Ninguém é indetectável. Não hoje.

—Bonjour, monsieur. Estou ligando em nome de


Neuchâtel.

—Oui. — eu mudo de russo para francês para coincidir


com o meu interlocutor. Neuchâtel é uma cidade na Suíça.
Esta chamada é em nome dos Relojoeiros. Daí a
referência a Neuchâtel, uma cidade conhecida por suas
mercadorias, relógios feitos à mão, que levam meses
para serem feitos e vendidos por seis dígitos. Eu
recebi um como um presente, além do pagamento
depois de um trabalho bem feito. Ou os relojoeiros
não tinham respeito por mim ou estavam tentando me
prender. Eu o joguei no rio Doubs, um canal que marcava a
fronteira entre Suíça e França.

—Neuchâtel requer seus serviços. A informação será


enviada para o Palácio do Imperador 2100.

—Convenu 2 — eu digo. Concordando. O Palácio do


Imperador é um mercado na Deep Web, enterrado tão longe
que nenhum meio de busca comum pode encontrá-lo. Essas
operações são feitas para não serem detectadas, bem
sigilosas, tudo desde carne a drogas são comercializados de
forma anônima.

—Você vai fazer o trabalho, então? —a voz pergunta. Ele


está ou me testando ou é novo. De qualquer maneira, a
minha resposta é a mesma.

—Je ne sais pas. —Eu não sei. Eu sempre pesquiso os


meus alvos primeiro. Embora assassinato tenha sido a minha
vida desde que eu era velho o suficiente para formar
memórias, quando saí da Petrovich Bratva aos quinze anos,
eu descobri que não conseguia matar sem motivos.
Mesmo que fossem razões ruins. Cada trabalho
deixava sua própria marca, e enquanto eu sabia que
meu tempo aqui na Terra era curto, eu negociei
comigo mesmo. Este homem, eu diria, precisa

2
Combinado em francês
morrer. A inscrição no meu peito dói. Eu trago misericórdia
para com aqueles que rodeiam os alvos. Esta é a mentira que
eu uso para que possa dormir à noite e ser capaz de olhar
para mim mesmo no espelho. Devo me convencer de que o
mundo é um lugar melhor com os alvos mortos.

Apenas a respiração ofegante do meu interlocutor pode


ser ouvida enquanto ele digere as minhas condições. Eu
espero. A mais poderosa arma do assassino é a paciência. A
segunda, a improvisação.

—D'accord, ça me va — Ok, tudo bem, ele concorda.

Eu desligo e programo um alarme no meu relógio para


20h45min..... Quando saio do segundo quarto, um
movimento pela janela do banheiro me chama a atenção. Ela
voltou. Eu coloco meu olho contra a mira. Sua bolsa não
está mais em sua cama e suas costas estão descansando
contra a cabeceira.

Seu corpo esbelto está vestido com uma camiseta fina.


Eu posso ver o esboço fraco do seu mamilo escuro debaixo do
pano. Meus olhos deslizam mais para baixo. A sombra
de seus pelos pubianos também é visível. Eu posso
sentir o meu ritmo cardíaco aumentar enquanto eu
mapeio o corpo dela com os meus olhos.

Eu me sinto inquieto e acho que talvez eu


devesse rever a informação que compilei sobre o
alvo ou talvez olhar para o padrão de roteamento deixado pelo
interlocutor de Neuchâtel. Eu não faço nenhum dos dois.
Quando eu finalmente começo a desviar a atenção dela os
seus movimentos me prendem. Sua pequena mão, com as
unhas cor de rosa, está movendo-se sobre sua barriga. Um
dedo traça o pequeno laço adornando a banda superior de
sua calcinha. Minha respiração está suspensa. O tempo está
suspenso.

Eu nunca vi isso antes. Ela nunca tocou a si mesma.


Nunca trouxe um homem para casa com ela. Eu teria atirado
nele, talvez. Não, eu simplesmente teria causado alguma
confusão. Alguma coisa. Eu pensei que ela talvez fosse
inocente e fantasiasse sobre despertá-la. Mas agora seus
pequenos dedos estão mergulhando sob o algodão. Eu posso
ver as solovancos de seus dedos enquanto eles pressionam
contra o tecido pálido, rosa. Ela está movendo os dedos em
círculos.

Imagino meus próprios dedos, muito maiores, crueis e


ásperos, pressionando nela. Meus dedos flexionam
involuntariamente com o pensamento de sua vagina
sob o meu toque. Eu iria acariciá-la levemente e em
círculos que é o que ela parece gostar. Eu moveria
meus dedos para baixo, além de seu clitóris em sua
boceta quente. Seria molhado, tão molhado. Meus
dedos estariam encharcados, e gostaria de fazer
uma pausa para que eu pudesse lamber seu doce mel.

Meu pau está tão duro que temo que ele vá rasgar o
algodão do meu jeans. Eu deslizo a mão sobre meu peito e
aperto meu próprio mamilo duro, imaginando que é seus
pequenos dentes brancos puxando-o. Eu fico levemente
suado.

Suas pernas estão tensas, e os movimentos de sua mão


tornam-se mais frenéticos. Posso ver seu peito subir e descer
rapidamente. Todo o seu corpo está tenso, mas quando a sua
libertação vem é truncada. O olhar em seu rosto é mais de
frustração do que satisfação. Ela lambe seus lábios cheios e
fecha os olhos. Ela começa novamente, mas novamente ela
está insatisfeita.

Minhas emoções guerreiam entre si. Estou triste que ela


não pode encontrar sua própria satisfação, mas também a
possessividade feroz que surge a partir de um pensamento
que eu já tento suprimir. Na minha mente, só eu posso levá-
la ao orgasmo. Eu posso ensiná-la a se tocar sozinha de uma
maneira que vai ser agradável e gratificante.

Eu não iria começar com sua boceta. Não, a pele


é o maior órgão sexual. Acariciaria minhas mãos sobre
cada centímetro, começando por sua testa. Meus
lábios e dedos iriam suavizar quaisquer sulcos.
Minhas mãos rodeariam seu pescoço e deslizariam
sobre seus ombros e por seus pulsos finos.

Eu esfregaria meu corpo sobre o dela, para que ela me


cheirasse. Quando ela andasse nesta cidade, outros homens
iriam ficar longe, reconhecendo que ela estava marcada como
minha. Pertence a Nikolai. Talvez eu tatuasse isso em torno
de seu pescoço como um colar.

Eu toco a tatuagem caseira sobre o meu peito. As


palavras inscritas ainda queimam, mesmo anos depois que
elas foram aplicadas. Eu olho feio para mim. Ela iria correr
de medo, se ela visse as estrelas em meus joelhos, o punhal
no meu pescoço, a teia de aranha no meu ombro. As
dragonas, no outro. A inscrição. Me sinto tentado a jogar
minha arma contra a parede. Eu nunca seria permitido tocar
sua pele imaculada, não com meus dedos sujos ou minha
língua. Eu a contaminaria.

Eu não arremesso minha arma, as ferramentas de um


assassino são os seus amigos; talvez as únicas coisas que ele
possui. Mas eu a deixo no meu assento. Ela foi para a
cozinha de qualquer maneira, para comer. Nós temos
uma coisa em comum agora. Nós dois estamos
insatisfeitos.

O pensamento de comida me alerta para o fato


de eu não ter comido desde esta manhã. Isto não é
bom. Tenho que cuidar do meu corpo com a
mesma seriedade que eu trato o meu rifle SAKO3 ou minha
faca HK 4 . Eu preparo um sanduíche de manteiga de
amendoim. As proteínas da manteiga de amendoim e o grão
do pão de trigo irão me prover sustento suficiente para durar
por meio de um treino leve.

Elevo minha cabeça para a barra que tenho pendurada


na porta do meu quarto. Olhando para o rígido espaço,
percebo que nunca poderia trazê-la aqui, mesmo no escuro.
Eu faço várias elevações, mas a minha atenção está
inteiramente nas paredes em branco e espaço quase vazio do
apartamento.

Nada de valor está aqui, somente as minhas


ferramentas. Eu poderia arrumar tudo em cerca de dois
minutos e ir embora. Esta é a vida que eu estou tentando
deixar para trás, mas velhos hábitos ainda me controlam.
Amanhã vou comprar uma cama de verdade para substituir o
colchão de espuma que tenho no chão. Uma cama de madeira
sólida que não se mova, mesmo se um elefante se lançar
sobre ela.

4
Eu faço oito séries de dez na barra. Meus bíceps e os
músculos de minhas costas doem agradavelmente. Eu caio
no chão e começo a minha rotina de flexões. Quatro séries de
vinte e cinco, e em seguida, flexões triângulo até que o suor
está escorrendo pela minha testa e meus deltoídes, bíceps,
tríceps e músculos peitorais estão fracos demais para me
segurar.

Deitado no chão de madeira, eu penso nela novamente.


Amanhã, talvez eu vá falar com ela. Dizer-lhe que ela tem
cheiro de ar puro e campestre. Que seus olhos azuis me
lembram do céu acima dos Montes Urais. Que quero me
afogar neles.

O telefone toca novamente, e desta vez o tom me diz que


é Daniel. Daniel é outro assassino com quem trabalho de vez
em quando. Eu tive apenas algumas comunicações com ele,
porque ele é um homem perigoso. E eu não preciso chamar a
atenção das pessoas.

Lembro-me de chamá-lo de Daniel, com o som da vogal


―e‖ curto ao invés do longo como nós diríamos em russo.
Uma vez eu o chamei Danyeel, e ele me avisou que
minha pronúncia revelaria muito se éramos inimigos e
não o suficiente se deveríamos ser amigos. Eu não
tinha certeza se isso era uma advertência ou uma
abertura. Ninguém neste negócio tem amigos, então eu nunca
o chamei Danyeel novamente. Apenas Dan yil.

— Alô! — eu digo, adotando o meu sotaque mais


americano.

—Nick. — diz Daniel. Ambos utilizamos moduladores de


voz. Era possível que Danyeel e eu pudéssemos estar ao lado
do outro na esquina da rua e não nos reconhecêssemos. Eu
sei que ele foi um soldado, talvez, pela vigilância em seus
olhos e pela maneira cuidadosa que ele mantém o seu corpo.

—Daniel — eu respondo. — O que está acontecendo?

Daniel tosse para o telefone, como se ele estivesse


cobrindo uma risada. Pergunto-me o erro que eu cometi.

— Esse, o que está acontecendo! Você é muito formal.

É por isso que eu não socializo com os outros. Os


sotaques são bastante fáceis de adaptar, mas a minha língua
é muito empolada para passar como nativo. É uma grande
falha, e um Aleksandr disse que seria minha ruína. Eu
aprendi a reduzir o risco permanecendo em silêncio. É essa
ferramenta que emprego agora. Eu espero que Daniel
continue. Foi ele, afinal, que entrou em contato
comigo. O silêncio entre nós se estende enquanto
esperamos pelo outro. Eu olho para o meu relógio.
Vou dar a Daniel apenas sessenta segundos mais
antes de eu desligar.
Daniel fala primeiro.

—Eu tenho informações sobre a morte de Aleksandr.

Fechei os olhos. Estou aliviado, mas ansioso. Isto é o


que eu estava esperando. É por isso que o homem que eu
apelidei Sr. Brown ainda vive.

—Você? — Eu pergunto. Por que Daniel estaria


oferecendo informações sobre Aleksandr? Eu tento ser casual
e sou grato que Daniel não possa me ver. A tensão de meus
músculos é evidente. Tento não estalar meus dedos,
preocupado que Daniel vá pegar meus movimentos, mesmo
por telefone.

—Você não é a única pessoa que se importava com


Aleksandr — diz Daniel me surpreendendo. Ele nunca exibiu
qualquer coisa, apenas uma atitude lacônica, mesmo quando
fazia um trabalho espetacular. Uma vez eu o ouvi dizer a um
alvo que ele o teria matado antes, mas que ele teve que parar
para o café da manhã. Um pequeno gole. Bang.

—Peço desculpas, Daniel. O meu egoísmo é impróprio


—Eu digo. — Quanto?

Daniel suspira. O silvo de respiração é irritante


com o modulador de voz, eu afasto o telefone da minha
orelha e espero novamente que Daniel fale.
—Isto é um presente, amigo, porque eu também não
gosto do que aconteceu.

—Eu não aceito —Nunca deva nada a ninguém. Lição


número um de Aleksandr.

—Tudo bem, então eu vou aceitar o seu rifle SAKO. —


Daniel me diz.

—Você anda recolhendo minhas balas? —A única


maneira de Daniel saber sobre minha arma é através do
exame dos cartuchos de munição e amplo conhecimento das
marcações do tambor. Mais uma vez, Daniel se mostrou ser
um adversário formidável. Eu aperto o telefone com mais
força. Se Daniel tornar-se um problema, então vou usar o
conhecimento que adquiri sobre ele para eliminar a ameaça.
Eu sei que Daniel usa um rifle de ferrolho Barrett M98 5 e
suas balas 0.38 Lapua Magnu 6 contêm pólvora fabricada
principalmente no sul dos Estados Unidos, provavelmente
Texas ou Arizona.

Não levaria muito tempo para ouvir todas as conversas


gravadas que tenho de Daniel, examinar as rotas de
rastreamento dos telefonemas, e rastrear o fabricante

6
da pólvora. Mas não fiz nenhuma dessas coisas, porque
Daniel não foi nenhuma ameaça para mim no passado. Eu
sinto uma afinidade com ele. Talvez ele seja uma pessoa
terrível que matou milhares de inocentes. Talvez, como eu, ele
esteja nesta carreira porque outras opções não estavam
disponíveis para ele. Talvez sua declaração anterior não fosse
um aviso, mas uma mão aberta de saudação que eu afastei.

— Apenas um favor, cara. Eu não queria deixar que os


Rambaudis os encontrassem. —Ele retornou à sua forma fácil
e agora ele me escarnecia.

—Entendido. Então agora eu devo a você por mais de


uma coisa —Eu digo severamente.

—Eu vou registrar isso no meu livro.

Eu acho que ele está fazendo uma piada, mas fixei meu
plano. Vou identificar a localização de Daniel apenas no caso.
Segurança, nada mais.

—Obrigado, cara. — eu digo, tentando adotar uma gíria


mais americana. Eu deveria estudar alguns dos meus
vizinhos. Muitos são jovens, como filhotes, mas se
falasse como eles, eu poderia ser menos perceptível.
Provavelmente, as pessoas iriam supor que eu era
mudo simplesmente pelo meu uso de seu
vocabulário comum.
—Boa tentativa. — Há humor na voz de Daniel. Mais
uma vez as pequenas imperfeições, penso que talvez as
aberturas de Daniel sejam convites para compartilhar
confiança, mas eu o afasto.

— A informação?

— A revolução não prosseguir sem o apoio de um


exército.

Arrepios passam por mim. Aleksandr era a arma da


Petrovich Bratva, uma das organizações mais poderosas na
Rússia. Ele treinou muitos meninos para garantir que os
negócios da Bratva fossem realizados em todo o mundo, sem
interferências. Alguns meninos, como eu, ele empurrou para
fora do ninho para ficarem por conta própria. Nosso sangue
não era suficientemente puro para ele, ao contrário de Vasily,
que era sua mão direita, ou nossas habilidades não eram
nítidas o suficiente, ao contrário de Yury, que estava junto à
sua esquerda.

Mesmo que eu pudesse dominar Yury quando eu tinha


quatorze anos, e mesmo que eu tivesse realizado todas
as tarefas que me pediu, mesmo aquelas que eu não
gostava, não foi suficiente no final. Uma vez eu me
desviei das ordens, permitindo que os meninos
satisfizessem a sua sede de vingança contra o
curador de artes. O final foi confuso para eles, mas
necessário para que pudessem finalmente descansar sabendo
que o monstro que os assombrava durante o dia e à noite
tinha ido embora e nunca mais voltaria

Por isso, Aleksandr me dispensou das fileiras e me


mandou para fora por minha própria conta. Aos quinze anos,
tudo o que eu sabia fazer era matar. E é isso que eu faço. Eu
sou o homem que mata por dinheiro.

—Aleksandr nunca trairia a Bratva.

—Talvez não trair. Mas retirar o apoio, dar a conhecer o


seu desapontamento? — Daniel respondeu. Imaginei-o
sentado em uma cadeira, inclinando-se para trás em apenas
duas pernas, à vontade e despreocupado. Por um momento,
considerei as palavras de Daniel. Elas não foram o que eu
esperava. Eu não sabia o que levou às ações de Sergei, mas
sedição? Aleksandr acreditava que a fraternidade era mais
importante do que qualquer coisa, é por isso que eu, seu
mais brilhante protegido, fui deixado de fora. Eu tinha
colocado meus próprios sentimentos acima das necessidades
da Bratva.

Eu não digo nada disso para Daniel.

—Isso é tudo? —Pergunto.

—Isso é tudo por agora. — Daniel responde e


desliga.
Eu me pergunto por que Daniel ofereceu isso. Seus
motivos são um mistério para mim, e isso faz dele um perigo.
Será que Daniel sente alguma ternura para com o assassino
mestre? Um homem que tirou os meninos da rua e
transformou-os em máquinas de matar merecia respeito,
talvez, mas um sentimento terno? Amor? Eu não amo
Aleksandr. Respeito, sim; amor, não. Mas então, eu não sei o
que é amor. Eu sei sobre luxúria e ira. Desespero e
satisfação. Mas o amor? Não, isso não é para mim.

As 20h45min eu faço o login e aguardo a sala de chat


privado que foi criada. Em 2100, eu digito as informações, e
meu contato dos Relojoeiros está lá. O alvo é revelado
juntamente com vários outros detalhes. Eu copio e colo em
um documento de texto sem ler. Antes de sair, vejo uma
última mensagem após o cursor.

—Se você concluir esta tarefa, a informação que procura


a respeito de seu compatriota, Aleksandr Krinkov, será
revelada como um bônus.

—Copiado. — eu respondo como se eu fosse Daniel,


em vez de Nikolai.

A oferta de informação extra parece ser uma


armadilha, como são todas as pequenas
gratificações que essas pessoas oferecem a fim de
vincular-nos em suas famílias ou organizações.
Mas uma organização de assassinos não tem apelo, eu tenho
trabalhado somente para mim desde que deixei a Petrovich
Bratva aos quinze anos.

Fui criado pela Bratva. Fora da Rússia, talvez poucos


saibam o que é, embora o nome ainda tenha poder. No
interior, todo mundo teme isso. Os senhores das drogas na
rua, respondem a Bratva. Os homens e mulheres que vendem
o corpo, os vigaristas, os ladrões, os políticos, todos eles
respondem para a Bratva. Ninguém dá uma mijada no
submundo do crime sem a Petrovich Bratva souber e
conceder sua aprovação.

Você quer algo ilegal, perigoso, ilícito? A Bratva vai


entregá-lo na sua porta, mas então eles possuem você. É o
mesmo para todas essas pessoas que me contratam. Eles
querem me possuir, mas eu não pertenço a ninguém agora,
apenas a mim. Aleksandr, o homem que me pegou na rua e
me treinou para ser um assassino, decidiu que eu tinha
perdido meu amor pela família Petrovich e me expulsou. Para
Aleksandr, lealdade a Petrovich Bratva vem primeiro. Era
uma boa característica para o general do exército
Petrovich ter. Admirável mesmo. Sergei decidir que
Aleksandr deveria morrer era inconcebível. E, como
ninguém na Bratva vingaria Aleksandr e iria contra
Sergei, a tarefa coube a mim.
E já que todo mundo do lado de fora parecia estar
consciente de que estou em busca de compensação pela
morte de Aleksandr, o mesmo acontece com todos lá dentro,
incluindo Sergei, o novo chefe da família Petrovich. O novo rei
da Bratva. Seu silêncio sobre esta questão está dizendo que
Sergei é tanto uma ameaça para mim como eu sou para ele.
Mas, por agora, eu fingirei que não estou perturbado que
Sergei tenha matado o meu mentor.

As informações fornecidas a mim pelos relojoeiros sobre


o novo alvo parecem inócuas. Um homem, um médico, que
vive em Seattle. Seu nome, número de segurança social, e
data de nascimento são dados, juntamente com o tipo de
morte solicitado. Não há necessidade de discrição. Os meios
de distribuição são simples e em meus termos. É apenas a
maneira que eu prefiro, mas algo sobre isso me deixa ansioso.

Uma busca rápida pela Internet revela que o médico em


Seattle é um cirurgião de transplante. Eu me pergunto se ele
lida com órgãos no mercado negro, se vende ou facilita a
compra para clientes ricos. A internet só revela que ele tem
um sorriso gostoso, uma cabeça cheia de cabelo, e
uma mulher de aparência plástica. Perfeita, bonita,
mas vazia. A ideia de ir até Seattle para pesquisar o
alvo me desagrada, eu não quero estar longe da
garota do 224.
Eu volto para o banheiro e olho para a fita de vídeo de
Sr. John Brown, meu alvo atual. Sergei me contratou há três
meses para encontrar o Sr. Brown e devolvê-lo a Moscou7. O
verdadeiro nome de Sr. Brown é George Franklin, ele é um
contador de Chicago que foi pego desviando dinheiro das
transações da Bratva, e em vez de correr para o México,
Singapura ou qualquer outro lugar, ele está tentando se
esconder em plena vista. É uma ideia bastante inspirada,
mas ele só tentou se esconder uma vez.

Eu tenho caçado pessoas toda a minha vida. Todo


mundo deixa um rastro. O erro de Sr. Brown foi o seu cão,
uma pequena coisa minsuscula. Em vez de deixá-lo para trás,
o Sr. Brown carregou o cão com ele para todos os lugares,
ziguezagueando de Chicago até pequenas cidades em
Wisconsin. Agora ele está de volta em Minneapolis,
Minnesota, não a algumas centenas de quilómetros da sua
cidade natal, e ele foi comprar o alimento especial para o cão
onde quer que fosse.

Posso razoavelmente prever onde ele iria com base na


disponibilidade de alimentos. Não vou matar o Sr.
Brown. Basta encontrá-lo e devolvê-lo. Mas os planos
mudam. Eu não matei o Sr. Brown ainda porque ele
tem informações. O vídeo que fiz, mostra o Sr.
Brown espalhando manteiga de amendoim em si

7
Moscovo ou Moscou é a capital, cidade e subdivisão federal mais populosa da Federação Russa
mesmo para o seu cão lamber. Repugnante. Eu vou fazer um
favor a todos se me livrar de Sr. Brown.

Mudando meus pensamentos para o quarto 224, coloco


os meus óculos de visão noturna. Só posso ver o contorno de
seu corpo. Ela está deixando o apartamento e ela parece ter
uma cesta com ela. Eu a localizo indo para a lavanderia no
porão. Quando entrei no prédio, notei com facilidade a
lavanderia no porão. Era úmida e mofada, com apenas
algumas luzes e chão nojento.

A garota do 224 não deveria ter que lavar suas roupas lá


em baixo. Alguém deveria lavar suas roupas para ela, mas eu
sabia que ela não podia se dar a esse luxo. Seu refrigerador
possui apenas alguns itens e quando ela come, o que parece
muito raramente para a minha própria paz de espírito, é
macarrão e outros alimentos baratos. Sua colega de quarto
não faz mais dinheiro também. As duas são pobres e tão
obviamente inocentes que é um milagre que tenham
sobrevivido por conta própria até tornarem-se adultas. E o
único macho em sua vida é inútil.

Eu assisto novamente como sua forma delineada


inclina-se sobre a máquina de lavar. Ela coloca sua
roupa no interior e depois sai. Ela volta para seu
apartamento e vai para seu quarto. É muito escuro
para dizer o que ela está fazendo lá. Ela está
tocando-se de novo? Ela pode satisfazer-se? Eu
acho que ela pode estar lendo um livro. Eu a observo e o
tempo que passa é sem sentido. Nada é mais interessante
para mim que observá-la, mesmo que seja apenas o contorno
de sua forma. Eu deveria estar fazendo tantas outras coisas.
Pesquisando meu potencial alvo em Seattle. Identificar a
posição de Daniel. Procurando os pontos fracos no círculo de
assessores de Sergei. Em vez disso, estou hipnotizado por ela.

Enquanto observo, percebo que sua respiração se


atenua e sua cabeça cai para o lado. Parece que ela caiu no
sono. Sua roupa está molhada naquele porão úmido. Antes
que eu possa pensar, eu saio do meu apartamento, descendo
um lance de escadas e saio em frente à porta de trás do seu
prédio. Esta porta não tem maçaneta do lado de fora, mas o
bloqueio é tão simples que tudo o que preciso é uma cunha
de plástico e alguns empurrões de um cartão de acesso para
conseguir que o bloqueio ceda. Eu corro até o porão e abro a
porta.

No interior, um homem está inclinando-se sobre uma


pilha de roupa. Ele se vira com a minha entrada com algo
rosa enlaçado em sua mão. Olhando em volta, eu faço
um inventário rápido. A máquina de lavar roupa sobre
a qual ele está se inclinando é a que minha garota
estava usando. Minhas narinas se alargam e
sangue flui nos meus olhos. O imbecil está
acariciando sua calcinha.
Com um rugido, eu avanço. Ele encolhe para trás e
levanta as mãos para se defender. Eu pego o pulso de sua
mão fechada e esmago os seus ossos. Seus gritos de dor são
música para mim e minha raiva diminui. O algodão rosa
pálido cai no chão e, enquanto ele tenta se afastar minha
bota quase o esmaga. Eu agarro seu pulso com uma mão e
abaixo arrancando a calcinha do chão e colocando-a no bolso
do meu jeans.

—O que diabos você pensa que está fazendo? —


Pergunto-lhe por entre os dentes.

Seus dentes batem e ele responde com palavras quase


ilegíveis.

—Lavandaria. Lavando roupa.

Ele é um pervertido e mentiroso. Eu aperto-lhe o pulso


quebrado mais forte e ele grita novamente. Usando a outra
mão na gola de sua camisa, eu torço e o puxo para perto.

—Estas não são suas roupas, seu filho da puta imundo.


— Estou cansado de minha menina sendo cercada pela
escória da humanidade. Sr. Brown vivendo ao lado,
com suas perversões. Este pequeno homem tentando
roubar sua calcinha. Com quantas outras mulheres
ele fez isso? Eu deveria matá-lo agora. Minha mão
larga sua camisa para agarrar sua garganta. Eu
poderia tirar a sua vida.
Mas antes que eu possa dizer outra palavra, eu ouço
passos. É ela. De alguma forma eu sei que é ela. O ladrão e
eu trocamos olhares. Eu empurro o idiota fodido e enfio suas
roupas de volta na máquina de lavar. Eu vejo um canto
escuro e uma lâmpada. Eu agarro a lâmpada quente com a
minha mão e a quebro, sentindo a queimadura
imediatamente. Este lado da lavanderia está mergulhado na
escuridão. É o lugar perfeito para esconder o homem. Eu o
empurro para o canto. – Se você fizer barulho, se você sequer
respirar muito alto, este vai ser o último som que você fará.

Ele acena com a compreensão, segurando o pulso


quebrado. Agarrando uma cadeira da lavandaria, eu a puxo
na frente dele e sento-me de modo que estou parcialmente
iluminado, mas ele teria que empurrar e me passar para sair.

Eu não tenho um livro ou revista, então eu retiro meu


telefone e finjo estar checando a Internet. Eu estou
segurando a minha própria respiração, porque este será o
mais próximo que eu já estive dela. Minhas mãos tremem de
ansiedade. Eu seguro meu telefone mais forte para evitar que
ela veja como me afeta. Eu não quero assustá-la, por
isso eu digo: — Olá. — assim que ela vira a esquina.

Isto ainda é inesperado e ela pula, colocando a


mão delicada sobre o peito. Ela não tem ideia de
que a ação chama a atenção para os seus bonitos
seios. Eu quero ver os seus seios expostos ao meu
olhar. Eu quero tocá-los com as minhas mãos. Eu quero
esfregar meu rosto entre seu vale, passar o polegar sobre
seus mamilos, e lamber cada centímetro dessas curvas. Meu
pau endurece com o pensamento. Eu estou grato que esteja
inclinado para que ela não possa ver a evidência da minha
excitação. Talvez fosse melhor que eu nunca estivesse tão
perto. Eu gozaria com o primeiro toque de sua mão na minha
pele nua.

— Eu não vi você aí. — ela gagueja docemente. Sua voz


é clara e melódica. Estou completamente extasiado.

— Nyet 8 , é minha culpa. Eu peço desculpas por ter


assustado você. — É rude ficar sentado? Com o fodido atrás
de mim, eu sinto que não posso levantar-me. Ele e meu pau
dolorido.

—Tudo bem. — Ela sorri para mim, e eu mordo o


interior da minha bochecha para não gemer. — Acabei de me
mudar e, então eu não conheço todos no prédio. Eu sou
Daisy Miller.

Daisy. Eu rolo seu nome sobre a minha língua. Ele


combina com ela, como suas suaves mãos macias e
sua tez clara. Algumas mulheres na Ucrânia iriam
lavar o rosto com leite de cabra para manter a cútis
tão perfeita. Pergunto-me se isto é o que ela faz.

8
Não
Sua pele é cremosa, mas dourada como se ela vivesse ao ar
livre, em vez de dentro das paredes de tijolo manchado deste
sujo complexo de apartamentos. Seus cílios são grossos e
descansam como cortinas de renda contra a curva de sua
bochecha.

—Daisy Miller. — repito. — Como Henry James? — A


Daisy Miller da história de Henry James é leve e intangível,
toda beleza e nenhuma inteligência. Ela não coincide com
esta mulher.

Ela franze a testa para mim, claramente não seguindo a


minha tentativa de conversa.

—Perdão?

—Não é nada.

Ela estende a mão e oferece-a para mim. Eu quero


levantar-me e tocá-la, mas eu não posso. Em vez disso,
deslizo a cadeira ligeiramente para frente e inclino-me em
direção a ela, oferecendo a minha própria mão em saudação.
Ela olha para mim, hesitante como se eu fosse algum idiota
que não atravessaria a distância até ela. Eu deveria ter
deixado o homem inconsciente, então eu não teria que
me preocupar com ele. Eu me levanto devagar para ver
se há alguma reação, e eu ouço um ligeiro
movimento. Agarrando a cadeira quando eu me
levanto, eu rapidamente a levanto, em seguida,
abaixo a perna da cadeira em alguma parte do corpo do
ladrão. Pode ser sua panturrilha. Ouço um som sufocado.

—Você ouviu alguma coisa? — Daisy olha em volta, e eu


aproveito a oportunidade para empurrar a cadeira de volta. O
som é cortado. O ladrão recebeu minha mensagem.

—Eu não. Nick Anders — Eu digo, andando em direção


a ela. Meu nome real é Nikolai Andrushko, mas eu não o digo
a ninguém. Eu puxo sua pequena mão na minha e levanto-a
até minha boca. Tem cheiro de limão e detergente. Eu escovo
minha boca levemente sobre ela, espantado de eu não cair
sobre ela e devorá-la como um animal. Ao invés de me tentar
ainda mais, solto sua mão. Ela está corando agora, com sua
outra mão cobrindo a boca. Eu esfrego o polegar através de
uma bochecha vermelha. — Daisy. É um nome lindo.

— Obrigada.

Eu ouço mais sons no canto.

—Este lugar parece que tem animais nas paredes. Eu


acho que não é seguro, talvez, para alguém como você?

— Como eu? —Ela franze a testa. Ela não gosta


disso. Procuro por uma resposta melhor.
— Para qualquer um. Para as mulheres, especialmente
sozinhas. Venha — eu a levo para a máquina de lavar roupa.
— Vamos acabar com isso.

—Ahm? Você não tem que esperar por mim. Eu só vou


colocar tudo isso na máquina de secar e depois voltar quando
estiver acabado.

—Da, eu vou esperar. — Eu ofereço. Quero esperar com


ela, mas eu ainda tenho uma ponta solta que devo cuidar.

Ela parece incerta de novo, e eu ofereço-lhe um sorriso


benigno. É o suficiente, porque ela transfere rapidamente os
itens de uma máquina para outra, embora seja evidente que
ela está separando alguns itens para levar para outro lugar.
Ela faz uma pausa e, em seguida, olha para mim, ainda
corada. Ela está envergonhada? Ela não deve estar! Ela tem
que saber que sua delicadeza unicamente a torna mais
desejável. Eu franzo a testa, perguntando-me se o chacal
atrás de mim pode ver. Eu abro minhas pernas e meus
braços cruzados, esperando fazer uma barreira maior para
que ele não possa ver. Eu não quero que ninguém veja
suas roupas íntimas. Eu me pergunto se ela deve lavá-
las novamente.

Seu desconforto é evidente, e eu sei que deveria


deixá-la. Não apenas por causa dos olhares
cautelosos que ela lança para mim, mas porque
tudo nela está em conflito direto com toda a minha
existência. Mal posso respirar estando tão perto dela,
olhando-a de perto.

Seus braços finos, mas capazes, estão se movendo


rapidamente para levantar e transportar sua roupa. Suas
mãos são delicadas com dedos elegantes, perfeitamente em
forma com o seu corpo. Imagino os dedos esticados em torno
de meu eixo. Há sardas nas faces e na testa. Estando tão
perto, há detalhes aqui que eu não poderia ter capturado com
a minha mira, meus óculos de visão noturna e minha
imaginação insignificante. Daisy é uma profusão de cores
com seu cabelo castanho e seus olhos azuis. Sua pele pálida
é linda mesmo neste porão fracamente iluminado. É uma
coisa boa, eu decido, que eu ainda não tenha visto Daisy
totalmente exposta ao sol. Eu morreria.

Ah, mas isso seria uma morte feliz.


Capítulo
Três
Daisy
Ele não vai embora.

Meu estômago é uma massa de vibrações nervosas. Eu


deveria estar concentrando-me nas máquinas, mas tudo o
que posso pensar é no homem alto e lindo que está aqui na
lavanderia comigo.

Ele beijou a minha mão. Ele tocou minha bochecha. É


como algo saído de um romance. Quero rir como uma
colegial, mas suspeito que ele ache que eu sou boba. Então
eu mordo o lábio e lanço meu cesto de roupa na
secadora. Meus dedos tremem enquanto eu empurro
moedas na ranhura. Regan se queixa de que os
senhorios cobram para usar a máquina de lavar e
secar roupa, mas eu gosto de roupa limpa, então eu
vejo isso como um mal necessário.
Eu observo coisas sobre ele. Eu noto que ele está
vestindo roupas bonitas, ou pelo menos mais bonitas do que
as minhas. Eu noto que ele tem tatuagens em seus dedos, e
que quando eles tocaram os meus, eles eram calejados. As
tatuagens são um pouco intrigantes, mas eu vi um monte de
tatuagens em pessoas nas ruas. Talvez ele simplesmente
aprecie a arte deles.

Eu pego um par de jeans molhado e a vergonha me


bate. Eles são velhos e largos, e há uma mancha de água
sanitária em uma perna. Não há nada em minha cesta que
poderia impressionar um homem como ele. Eu roubo um
olhar para ele, apenas no caso dele não estar me observando.

Ele está, no entanto.

Eu viro e olho de novo, rapidamente empurrando


minhas velhas e desgastadas roupas de segunda mão para a
secadora. Agora eu só estou sendo uma idiota. Seja corajosa,
Daisy! Digo a mim mesmo. Ele beijou sua mão!

—Portanto, o seu nome é Nick? —Duh, Daisy. Ele só


disse isso. Você poderia vir com uma pergunta mais
estúpida?

—Da9.

9
Sim
—É um nome lindo. É russo? Você parece... estrangeiro
—Oh céus. Agora eu soei muito tola. Regan riria de meu jeito
de Pollyanna.

—Eu sou da Ucrânia.

Olho para ele de novo, e ele está me observando ainda,


seu olhar fixo, catalogando meus movimentos. Não é um
olhar hostil, mesmo que ele não esteja sorrindo. É intenso,
porém. Olhos cinzas e olhar penetrante. Como se ele quisesse
saber todos os meus segredos. Eu sorrio para ele novamente.

— Gosto do seu sotaque. — eu digo timidamente. —Não


é que eu já tenha ouvido muitas vezes —Talvez na internet
em um vídeo uma vez. Parece que ele está acariciando suas
sílabas com a língua, mas eu não digo isso. Eu não sou assim
tão ousada ainda.

—Você é muito gentil. Eu conheço outras línguas, mas


eu nunca fui capaz de deixar minhas raízes. — diz ele, e seu
sotaque faz meu pulso vibrar mais uma vez.

Eu gostaria que ele falasse mais. Ele parece tenso. Será


que é porque eu estou tentando flertar com ele, e
pareço patética para ele?

—Qual o andar que você está?

Ele rapidamente responde.

—Segundo.
Eu aceno.

—Eu também. Nós somos vizinhos. — Eu termino de


jogar a minha roupa na secadora, e então não há nada mais
a fazer. Devo continuar a falar com ele? De repente, estou
sem respostas. Aperto o meu cesto de roupa suja, sentindo-
me impotente. Ele não se moveu de sua posição ―pernas
afastadas em um canto obscuro da lavanderia‖ — Eu... acho
que se nós estamos no mesmo andar, eu vou te ver por aí?

Ele inclina a cabeça para mim.

—Da, eu vou te ver. — Ele olha para baixo como se


estivesse constrangido por alguma coisa, e então ele
acrescenta: — Eu gostaria disso.

— Eu também. Foi bom conhecer você, Nick. — Eu sinto


meu rosto esquentar. — Eu estou no 224, se você precisar
pedir emprestado, detergente ou qualquer coisa, é só me
dizer.

Novamente, ele inclina a cabeça.

Eu me sinto um pouco boba por oferecer tanta


informação, mas não posso me controlar.

—Bem, adeus. — Viro-me para a porta, sentindo-


me como se eu tivesse apenas destruído minha
primeira chance de flertar com um homem.
Seu olhar se move para o telefone que vê no meu bolso.

—Dê-me seu telefone. — diz ele e estende uma mão —


Vou dar-lhe o meu número. Você me liga se precisar de
alguma coisa.

Minhas bochechas coram, e eu pego meu pequeno


telefone. É um descartável, o modelo mais barato. Regan me
fez rir com comentários sobre conseguir um telefone
inteligente para que eu possa usar o GPS e não me perder na
"cidade grande", mas tenho menos dinheiro a cada mês e eu
não quero gastar com algo tão frívolo. Não quando eu não
tenho ainda um emprego. Mas eu o entrego a ele e tento não
sentir vergonha de quão patético é.

Ele não diz nada, simplesmente examina-o, e, em


seguida, o abre e começa a digitar com um polegar. Eu
observo os dedos tatuados voarem e admiro as marcações em
cada junta. Parece falta de educação perguntar o que elas
significam. Depois de um momento, ele fecha meu telefone e
o entrega de volta.

—Você me chama, da? Se você precisar de algo.


Vou chamá-la se eu precisar de... detergente.

Concordo com a cabeça, em silêncio, dando-lhe o


que eu espero ser um sorriso amigável (e não um
aterrorizado) e escapo.
Parece que eu tenho agora dois amigos. Regan e meu
vizinho ucraniano que é tão incrivelmente bonito que eu
poderia olhar para ele durante todo o dia. Aperto o meu cesto
de roupa contra o meu quadril e saio, sentindo seus olhos
nas minhas costas. Uma vez que eu estou de volta com
segurança no meu apartamento, eu puxo o meu telefone,
abrindo-o e rolo através da minha pequena lista de números
para ver o que ele colocou lá. Uma mensagem pessoal? Algo
com Glamour?

Apelido.

Apenas Nick.

Eu não vou ter coragem de ligar pra ele, é claro, mas


vou pensar nisso dia e noite. E quando eu me tocar hoje à
noite? Vai ser o rosto de Nick que eu vou imaginar. Amanhã,
vou pegar emprestado o laptop de Regan e pesquisar tudo o
que puder sobre a Ucrânia. Eu quero saber mais sobre ele.

Há algo sobre Nick que me atrai, que me faz olhar para


o seu número de telefone em êxtase. Eu conheci alguns
outros homens esta semana, alguns por mais tempo do
que a breve conversa que eu tive. Mas ninguém tentou
beijar a minha mão ou me deu seu número de telefone.

É uma conexão pessoal, e eu não tenho muito


disso. A ligação pessoal com um homem alto,
misterioso, bonito? É o material de meus sonhos mais
selvagens.

É mais do que isso, porém. Há algo sobre Nick, e eu me


deitei na minha cama, considerando. Depois de um momento,
eu percebo o que é. Ele tem intensidade. Há algo tão vibrante,
tão consciente, tão vivo sobre ele que canta em mim. Eu
estou atraída por ele como uma mariposa por uma chama.
Será que é porque meu pai sempre foi uma sombra de si
mesmo e porque ele fez o seu melhor para me submeter?
Nick, penso eu, nunca se submeteria.

Eu gosto disso nele.

Nikolai

Daisy… Ela me lembra das pinturas de um pintor


americano de uma cidade não tão longe. As imagens
estão cheias de colinas e trigo simetricamente
plantados. Essas imagens parecem puras, saudáveis e
pacíficas. Até mesmo seu nome evoca as mesmas
imagens. Considerando que eu sou como uma
tormenta escura escrita por Dante 10 e como uma pintura
grotesca de realidade por Hieronymus Bosch11.

Aos quinze anos, fui obrigado a matar um curador de


artes que tinha uma predileção por arte americana e meninos
americanos. Foi um trabalho gratificante, eu aprendi muito
sobre a arte ao ver o curador. A decisão de eliminá-lo não
tinha nada a ver com a pedofilia e tudo a ver com o dinheiro.
Sempre sobre o dinheiro.

Foi o último trabalho que fiz sob a vigilância de


Aleksandr. Eu ainda não sabia por que ele tinha me liberado,
se foi a maneira que eu realizei o trabalho que o fez decidir
que eu era muito passivo ou apenas que eu estava ficando
velho demais para controlar. Ele foi um pouco vago. Mas
depois de observar o curador, durante duas semanas, eu não
poderia simplesmente colocar uma bala em sua cabeça. Eu
esfreguei a inscrição no meu peito novamente. A morte é
misericórdia. E esses meninos, tinham merecido a sua
própria vingança. Ainda assim a memória dele me lembra de
como semelhante sou a este edifício quebrado, decaído, com
seus tijolos caindo e seu interior preenchido com lixo.

—Posso... posso sair agora?

10
Dante, poeta Italiano que escreveu a Divina Comédia obra onde descreve uma viagem através do
Inferno, Purgatório, e Paraíso
11
Hieronymus Bosch , pintor Inglês, muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação,
muitas das quais eram obscuras mesmo no seu tempo.
Eu me viro para o ladrão.

—Levante-se — Eu mando.

Ele se esforça para ficar de pé; ele está mutilado. Sua


atitude é impressionante. Ele não me chateou, e ficou quieto
na maior parte do tempo. Eu decidi deixá-lo ir com apenas
um aviso.

—Qual é o seu número do apartamento? —Eu pergunto.

—122 —diz ele. Ele parece pequeno, apesar de seu


tamanho. Agora que eu tive um momento para me recompor e
olhar para ele, estou surpreso por ver que ele é da minha
altura, mas ele não tem força.

—Eu sugiro que você procure um novo lugar para viver.


Não me importa com o que você faz com a roupa das outras
mulheres, mas você não deve estar perto dela. Você não vai
tocá-la ou respirar o mesmo ar. —Eu ainda estou olhando
para a secadora. Meu lábio enrola com o pensamento das
mãos do animal em suas roupas. Eu não posso permitir-lhe
tocar seu corpo. Eu espio uma garrafa de água sanitária,
velha e provavelmente esquecida. Isto vai arruinar suas
roupas, mas eu posso comprar-lhe novas. Aquelas que
não foram usadas antes, aquelas feitas de material tão
puro e precioso como ela.
—Maa..., mas você nem sabia quem ela era antes de vir
para cá! — As lamentações do ladrão chegam até mim.

Eu me viro e seguro-o de volta contra as máquinas com


uma mão em sua garganta. Meu sentimento anterior de
clemência desapareceu. Eu aperto com força.

—Eu já terminei com vidas por motivos menores. Mude-


se e viva. Não se mude e morra. Simples. — Estou intrigado
com a falta de compreensão deste homem. A privação de
oxigênio está, talvez, afetando seu modo de pensar, e eu alivio
minha aderência. —Esta não é uma escolha tão difícil, certo?
Há muitas outras lixeiras que você pode viver.

—Mas o meu pagamento antecipado. —Ele tosse fora.

Dinheiro, sempre dinheiro. Ainda o segurando pela


garganta, eu mergulho em meu bolso e puxo duas notas de
cem dólares da minha carteira.

—É suficiente? – Eu me movo para ele. Seus olhos se


arregalam, e ele balança a cabeça vigorosamente. Ele pega o
dinheiro, mas eu o seguro longe dele. — Uh uh. Diga-me o
que você vai fazer.

—Eu vou embora.

—Quando?

—Hoje.

— Quando?
—Agora. — ele suspira.

Concordo com a cabeça e o solto. Ele pega o dinheiro e


corre. Vou verificar mais tarde para ver se o 122 está vazio.
Se não, eu vou fazê-lo ficar vazio.

Agora eu preciso corrigir o problema de pele de Daisy.


Um que ela não está ciente de que tem.

Eu não tenho nenhuma moeda, então eu ignoro os


entalhes para moedas com duas varas finas de plástico do
meu kit de bloqueio. Dobrando-as no dispender, faço a
máquina acreditar que está sendo alimentada com duas
moedas. Eu não estou roubando, realmente. Eu não tenho
roupas para lavar. Mas se Daisy retornar e me encontrar
aqui, esperando, vou precisar de uma boa desculpa.

Eu configuro o aparelho para uma lavagem longa e me


sento para esperar por seu retorno. Os dings da secadora de
Daisy sinalizam a sua conclusão. Meu corpo fica tenso ao
pensar em seu retorno. Eu tive pouca interação com uma
garota como Daisy. A maioria das mulheres que conheço, eu
pago. Pelo dinheiro que dou a elas, elas me tratam como
eu quero que é principalmente me servir e depois ir
embora. Eu não ligo para o que as prostitutas pensam
de mim, mas com Daisy... com Daisy, eu me
importo.
Ela para quando me vê. A óbvia surpresa é evidente em
seus traços finos. Eu ofereço-lhe um pequeno sorriso, meus
músculos faciais protestam contra o uso desconhecido.

—Olá de novo. — diz ela, hesitante.

—Sua secadora desligou. — eu respondo. Sua expressão


não é mais de surpresa, mas de cautela. Não é a emoção que
eu quero invocar, embora o que quero dela não seja
totalmente conhecido, até mesmo para mim. Desejo, sim.
Querer, sim. Ternas emoções, sim... ou não. Estou cercado de
incerteza e em território desconhecido, por isso, respondo
com estoicismo, que por sua vez torna-a ainda mais
cautelosa. Eu posso ver isso.

Ela está se afastando rapidamente. Nikolai faça alguma


coisa, eu me ordeno.

Vou rapidamente até ela. Pegando sua mão, eu


gentilmente oriento Daisy até sua máquina.

—Sinto muito, te assustei? Eu só esperava por minhas


próprias coisas. — Faço um gesto em direção a máquina que
eu manipulei anteriormente.

—Não, eu só fiquei surpresa ao ver alguém aqui.


—Ela está na frente da máquina e não faz nenhum
esforço para retirar suas roupas. Uma mancha rosa
claro sobre o seu rosto me dá uma pista. Ela está
envergonhada. Eu não tenho ideia do porquê, mas
me viro de costas e, em seguida, vou me sentar na minha
cadeira. Sua inquietação me é angustiante, e eu não sei o que
fazer para afastar isso além de deixá-la. Minha garganta
parece estar apertada. Talvez se eu visitar uma prostituta irei
pagar-lhe mais para me ensinar a flertar.

Minhas próprias bochechas estão quentes, e eu


pretendo ler meus e-mails enquanto Daisy esvazia o conteúdo
de sua máquina em um cesto de plástico com correias
quebradas. Um grito de desespero me faz saltar da minha
cadeira, mas não há nenhuma ameaça para ela. Daisy está
olhando fixamente em seus pertences, um item em cada mão
e as manchas de alvejante que eu coloquei em sua secadora
são óbvias. A culpa me consome, mais dificil do que eu
imaginava.

—O que aconteceu? —Eu pergunto, fingindo que eu não


sei que eu provavelmente arruinei suas únicas roupas. Ela
inclina a cabeça, e eu me pergunto se ela vai chorar. Por
favor, não, por favor, não chore.

No final, as lágrimas não caem, mas seu fatalismo,


sua aceitação resignada desta perda me faz sentir
ainda pior, como se eu tivesse espremido fisicamente
um pouco da felicidade dela.

Abruptamente eu fico de pé novamente, e a


cadeira treme contra a máquina.
—Kotehok 12 , o que está errado? —Minha mão paira
sobre seus ombros curvados. Eu quero tocá-la, mas me sinto
muito culpado.

Ela suspira e depois se vira para mim com um leve


aceno de cabeça. — Que sorte a minha, eu acho. Eu devo ter
colocado as roupas em uma máquina que tinha alvejante nela
—Ela mantêm um par de jeans que parecem muito grandes
para ela, no punho fehado. Há uma grande descoloração na
parte de trás. A camisa que ela ocupa no outro punho tem o
mesmo problema. —O jeans eu poderia até usar, mas esta
camisa?

—Fui eu. — eu declaro. Pegando a camisa em minhas


mãos e puxando dela. — Você deve-me permitir corrigir isso
para você.

—Não. Por que? —Ela tenta puxar a camisa de volta, e o


tecido desgastado rasga em nossas mãos.

Agora ela parece que está prestes a chorar, e ela morde


os lábios para conter as lágrimas. Não posso mais me privar
dela. Pego seu ombro, e eu a puxo para mim. — É
minha culpa. Eu não sei como mexer nessas
máquinas. Você deve permitir que eu faça isso para
você.

12
gatinho
Ela se inclina em mim e eu esfrego a parte superior das
suas costas, em pequenos círculos, como eu fiz com uma
prostituta em Amesterdão que se ofereceu para me ensinar a
abraçar. No entanto eu não gostei disso, eu esfreguei suas
costas por alguns segundos e, em seguida, pedi licença. Mas
isso é.... incrível. O pequeno corpo de Daisy está descansando
levemente contra o meu. Eu posso sentir os músculos em
suas costas, o que sugere que Daisy é forte. Os ossos de seus
ombros são afiados contra a minha mão, o que sugere que
Daisy não está comendo o suficiente. Eu quero pegá-la no
meu colo e alimentá-la com uma mão e acariciar sua boceta
com a outra.

Ela não aceita o meu conforto por mais de um segundo


antes dela se afastar de mim e tirar o cabelo do seu rosto. —
Não é sua culpa — Ela balança a cabeça para mim. — Tenho
certeza de que foi algo que eu fiz.

—Nyet – Eu a puxo. —Você vem comigo. Eu não serei


capaz de dormir à noite sabendo que eu arruinei suas coisas
com a minha inépcia.

Ela tenta voltar até suas coisas, mas eu a puxo


para longe.

— Espere. — diz ela.


—Daisy. — eu imploro a ela. — Você deve me permitir
fazer isso, ou não vou ser capaz de viver comigo mesmo.

Ela olha nos meus olhos. Enquanto eu estou tentado a


fechá-los por medo do que ela pode vislumbrar se ela se
aprofundar demais, a verdade está na fachada. Meu olhar
firme deve tê-la convencido.

—Setenta dólares — ela finalmente diz.

Eu sorrio para ela e aceno. Eu não tenho ideia do que


isso significa, mas eu tomo isso como aquiescência. Eu a
puxo para fora do porão e direto para a porta de trás.

— Onde estamos indo?

— Para minha moto. — eu digo. Minha mão ainda está


segurando a dela. Eu temo que se eu soltá-la, ela vai
desaparecer.

Minha Ducati 13 alugada está intocada no


estacionamento entre os nossos edifícios. Eu só tenho um
capacete, que entrego para ela.

—Coloque-o. — digo, e depois porque eu soei como


um mudak14, eu acrescento: — Por favor.

13
14
Idiota
— Eu não posso tomar o seu único capacete. — Ela olha
amotinada. Eu não tenho carro, só esta moto e apenas um
capacete.

— Você vai usá-lo até a loja de motos? É apenas a


poucos quilômetros de distância. Tomarei estradas laterais e
irei devagar. — Eu ofereço-lhe um compromisso.

Ela me dá um aceno lento, concordando, e puxa o


capacete. Toda a tensão construída a partir da briga com o
filho da puta de mais cedo, desaparece quando a doce Daisy
se convence a vir comigo. Eu passo minha perna por cima da
moto e ajudo Daisy a subir. Virando, eu levanto sua viseira.

—Segure firme, mesmo que eu vá devagar, ok?

—Ok. - ela responde. Seus olhos estão brilhando com


emoção, e eu sorrio de volta. Ela está se sentindo menos
constrangida.

Eu conduzo lentamente pelas ruas enquanto Daisy se


agarra a mim. Seus seios estão pressionando contra o tecido
fino da minha camiseta, e eu posso sentir que ela está
curtindo a emoção. Eu quero acreditar que sua
excitação é por minha causa, mas é provável que seja
simplesmente a vibração da máquina entre suas
pernas. Em velocidades bastante altas, a vibração
pode ser suficiente para fazê-la gozar. Eu adoraria
tentar isso. Eu me pergunto se ela está molhada
entre as pernas, se o pano de sua calcinha está úmido, ou se
ela está tão ligada que o brim está embebido. Eu me mexo
ligeiramente no assento, e a sinto se prensar contra mim
instintivamente. Eu gemo e nem sequer tento escondê-lo,
confiante de que o vento vai levar o som. Meu pau fica duro
com o pensamento de sua umidade, o pensamento de seu
orgasmo ao montar atrás de mim.

Quando chegamos à loja de motos, eu deslizo para a


frente e tento pensar em algo para reduzir a minha ereção.
Seu vizinho aparece na minha cabeça, e eu sou capaz de ficar
de pé. Não querendo que Daisy fique exposta aos homens
aqui, digo-lhe para ficar na moto e deixar o capacete. – Só
para o caso de alguém tentar roubá-lo.

Isto é uma mentira, é claro, mas Daisy simplesmente


balança a cabeça.

No interior, eu compro um capacete para Daisy e


pergunto:

—Eu preciso de roupas. Onde posso comprá-las?

A funcionária mascando um chiclete me dá um


olhar com fome.

—Querido, eu posso ajudá-lo. O que você


precisa? —Seu olhar cai para minha virilha, e eu
resisto ao impulso de cobri-la com o capacete
recém-adquirido.
—É para a minha namorada. — eu digo. Ela franze o
nariz como se a ideia a aborrecesse.

—Existe um shopping mais para cima na rua, ao virar


da curva. Tome a saída Lindau. Não há como se perder. —
Ela enfatiza shopping como se isso tivesse algum significado
especial.

Eu aceno meus agradecimentos.

Do lado de fora, eu fico na frente de Daisy, bloqueando a


visão da loja dela, e lhe ofereço o novo capacete.

—Eu sinto muito por incomodar tanto. O que você vai


fazer com outro capacete? — Ela balançou a cabeça em
consternação. — Eu não estava pensando.

Eu dou de ombros.

—Eu precisava de outro. – Apenas para você, mas eu


não digo isso em voz alta.

Ela olha para mim com ar de dúvida, mas eu lhe dou o


meu melhor olhar impassível. Ela se sente desconcertada e
desvia o olhar. De repente, me sinto um imbecil sobre
isso, mas não sei como corrigi-lo.

Eu a toco sob o seu queixo com meu punho e o


inclino para seus olhos encontrarem os meus.
—É para você. Só para você. Você pode guardá-lo para
andar comigo ou você pode jogá-lo fora.

Uma luz estranha pisca através de seus olhos, e eu não


posso compreendê-la. Eu ainda não sei como a ler, mas vou
aprender. O Sol está desaparecendo rapidamente, e eu não
quero estar fora com Daisy na minha moto quando escurecer
demais, quando os condutores perigosos saem. Sozinho, eu
posso evitar essas pessoas, mas com a minha preciosa carga,
eu ficaria preocupado.

Eu ponho o capacete na sua cabeça, cuidadosamente


deixando de lado seu cabelo, e fixo a correia sob o queixo.
Repito o gesto em mim e monto. Desta vez, Daisy não precisa
de nenhuma instrução sobre como me segurar; seus braços
me envolvem imediatamente, e ela pressiona o rosto contra o
meio das minhas costas. Seus finos, porém, fortes braços são
enrolados em torno da minha cintura. Nesta posição, eu
gostaria de dirigir por horas apenas para sentir seu corpo
contra o meu.

Daisy
Por tudo o que me foi ensinado sei que estou sendo uma
tola imprudente.

Eu conheci Nick há duas horas na lavanderia. Deixei


que ele me deslumbrasse. Eu deixei-o beijar a minha mão e
me abraçar, e agora estou na garupa de sua motocicleta. Os
especiais de pós-escola que o meu pai me deixava assistir
diriam que estou sendo estúpida. Que mulheres bonitas e
jovens não saem com homens estranhos em motocicletas.

Mas.... Eu não me importo.

Estou cansada de ser cautelosa e ser ingênua. Eu quero


ser selvagem e imprudente, e quero passar um pouco mais de
tempo com este homem. Se isso me levar por um caminho
ruim, eu estou indo para lá com os olhos bem abertos.

Eu não sei como me segurar adequadamente a um


homem em uma motocicleta; este é meu primeiro passeio de
moto. Eu me apego a ele, pressionando meu corpo contra o
dele. Meus seios esfregam contra suas costas e saltam
quando a moto se movimenta, e eu suspiro com a sensação.
Eu estou segurando-o perto demais? Eu me importo?
Vou apenas fingir ignorância se ele perguntar. Eu
gosto da sensação de seu grande corpo pressionando
contra as minhas coxas e meu estômago. É gostoso
demais para parar.
Parece perverso. Eu nunca, nunca fui má antes, e eu
nunca tinha percebido até agora que eu queria ser.

E eu nunca soube como os grandes centros comerciais


eram.

Ele dirige a motocicleta para um grande estacionamento


que tem mais níveis do que o meu complexo de
apartamentos, e vejo um edifício enorme à minha frente.
Parece um shopping. Meu Deus. Eu não tinha ideia que seria
tão... enorme. Eu sinto uma vibração de entusiasmo, nunca
fui a um shopping, e muito menos a este, mas eu já vi ser
anunciado na televisão. Meu pai nunca me deixou ir, não
importa o quanto eu implorei. Muito aberto e inseguro, ele me
dizia.

Eu sinto um surto de raiva contra o meu pai. Quanto da


minha vida ele roubou de mim? Por um momento, eu me
sinto violentamente feliz por tê-lo abandonado... e então a
culpa varre e carrega qualquer raiva.

Nick para sua moto em um dos lugares de


estacionamento dianteiros e puxa o capacete,
balançando os cabelos. Ele é maravilhoso. Eu vejo-o
debaixo do meu capacete. Eu poderia me embebedar
com seu perfil para sempre. Ele é bonito, seus
traços, ossos finos, mas ainda masculinos, seus
olhos claros e intensos. Ele coloca o capacete para
baixo e indica que eu deveria descer da moto.

Eu obedeço, pasando a perna por cima da moto e me


sentindo desajeitada enquanto eu desço. O jeans que estou
usando são largos e velhos, e eles deslizam um pouco quando
eu me levanto. Eu os levanto disfarçadamente enquanto ele
abaixa o descanso e desce da própria moto.

Antes que eu possa levantar minhas mãos, ele está


removendo o capacete que ele comprou apenas para mim. Por
alguma razão, isso não parece como controle, parece mais
como... ternura. Ele é dolorosamente doce, este Nick, apesar
de seu duro exterior intenso. Eu acho que é por isso que eu
confio nele.

Quando ele me puxa, sorri para mim, como se tivesse


prazer de ver o meu rosto.

—Estamos no shopping.

—Sim, nós estamos. — eu digo sem fôlego. — Obrigada


por me trazer.

Ele inclina a cabeça, como se estivesse tentando


determinar o que quero dizer.

—Vou comprar com você. É justo.

Seu sotaque parece ficar mais espesso ao longo


do tempo, como se ele se esquecesse de controlá-lo.
Eu me sinto um pouco perturbada com o
pensamento dele fazendo compras comigo. As roupas que
foram arruinadas eram calcinhas e sutiãs, duas camisas e
um par de jeans.

—Você não tem que fazer isso. Não é necessário.

—Da. É necessário. — E ele estende seu braço para


mim, como um cavalheiro, para me escoltar até o shopping.

Todos os meus protestos desaparecem com a visão de


seu elegante cotovelo, educado. Eu deslizo minha mão e me
movo um pouco mais perto dele, deixando-me levar para
dentro.

Uma vez que estamos atravessando as portas de vidro


para o shopping, eu suspiro. Este lugar é um paraíso.

—Isso é uma montanha-russa? —Eu chio. O shopping


tem, pelo menos, quatro andares de altura e é tão grande que
os sons ecoam. Mesmo se eu apertar os olhos, eu não posso
ver até o final do edifício. É como se não tivesse fim. Grandes
vasos de plantas se alinham pela enorme passarela, e há
bandeiras coloridas penduradas que transmitem vendas e
lojas especializadas. Há sinais iluminados e vitrines
elegantes e pessoas em todos os lugares.

É impressionante e incrível ao mesmo tempo.

—Oh, uau — Olho para Nick para ver se ele


também está impressionado, mas ele está apenas
me observando. Meu rosto enrubece, e eu olho
para longe, observando em volta novamente. Eu nem sei por
onde começar, e todas as lojas parecem tão caras. —Você
sabe qual loja é mais barata?

Ele está em silêncio, e quando eu olho para cima, ele


está franzindo a testa para mim.

—Por que mais barato, Daisy?

Eu coro com a maneira como ele diz meu nome, como


sua língua tende a acariciar as sílabas antes de saírem de
sua boca.

—Bem, gastaremos apenas setenta dólares. Eu quero


obter o máximo que eu puder para o meu dinheiro.

E então eu coro ainda mais, porque não é o meu


dinheiro, é dele. E tudo o que ele me deve são algumas
calcinhas e um par de calças. Parece errado tentar e
conseguir roupa extra simplesmente porque eu preciso delas.

—Daisy —diz ele em voz baixa. —Não se preocupe com


dinheiro. Compre as roupas que você precisar. Eu vou pagar,
da? Não olhe para os preços.

Isto me faz franzir a testa. Eu não quero discutir


com Nick. Eu quero beijá-lo. Mas não sou corajosa o
suficiente para isso, então acho que vou
simplesmente pegar as roupas de baixo custo e com
isso completar a nossa viagem de compras.
—Tudo bem.

Eu vejo uma grande loja que anuncia camisetas por


cinco dólares e vou de cabeça nessa direção, mas Nick pega a
minha mão e me puxa para baixo dos largos azulejos dos
corredores. Tenho certeza de que vou ter um pescoço dolorido
de chicotear minha cabeça para trás e para frente enquanto
olho com espanto para todas as lojas. Há uma loja para tudo,
até de ímãs para chapéus. Finalmente, Nick para em uma
loja com grandes letras de ouro na parte superior e guarnição
preta de mármore. No interior, há várias pessoas severas e
altas todas vestidas de preto, que parecem lindas demais
para serem de Minnesota. Ninguém que vive em uma fazenda
se parece como essas pessoas. As janelas estão cheias de
manequins posando em sedas, couros, sutiãs e roupas
íntimas. Eu tomo uma respiração, sua mão aperta sobre a
minha para me manter ao seu lado.

Eu não sei onde começar a procurar. Então, eu vejo um


sinal de liquidação na parte de trás da loja e desembaraço
minhas mãos de Nick, indo para lá.

Os itens à venda são todos demasiado grandes ou


fora de estação. Ou feios. Eu os pego de qualquer
forma, pegando etiquetas em oferta de qualquer coisa
que possa se encaixar com um pouco de costura
manual.
Nick espera pacientemente nas proximidades, e quando
eu olho, ele está percorrendo a sala, olhos sempre vigilantes.
Pergunto-me por um momento o que ele está procurando.

Eu não consigo encontrar nada que eu goste. Os itens


são tão caros, mesmo na liquidação. Cinquenta dólares por
um sutiã? É insano. Mas eu sei que Nick não vai me deixar
sair daqui sem pelo menos comprar algo. Então, eu pego um
sutiã claro que é de vinte dólares e o coloco debaixo do braço
para escondê-lo. Por alguma razão, parece estranho para
Nick ver minhas roupas íntimas.

—Vamos receber um presente!

Ele olha para mim por um longo momento, olhando


para o sutiã que eu estou tentando esconder com os braços
cruzados. Ele se aproxima de mim e agarra a etiqueta.
Examina. Em seguida, ele olha para mim.

—Você escolher o item mais barato, Daisy?

Seu Inglês precisa de trabalho, mas eu sei o que ele


quer dizer. Eu dou de ombros, sentindo-me tola.

Nick estende a mão para ele.... Oh.... Meu rosto


fica vermelho brilhante, e eu o entrego, tentando não
ficar muito envergonhada, ou saltando com o
pensamento das mãos de Nick tocando meu sutiã.

Ele vai para o balcão, e eu fico alguns passos


atrás. Sua voz é baixa e suave quando ele fala com
uma das balconistas vestidas de preto, e ele lhe entrega o
sutiã. Um momento depois, ela vem de trás do balcão com
uma fita métrica nas mãos.

—Querida —diz ela enquanto se aproxima de mim. —Eu


estava falando com seu namorado, e ele está preocupado que
o sutiã que você escolheu não vai caber. Vamos te medir, ok?

Eu lancei um olhar assustado para Nick, mas ele me


observa com um olhar frio, como se me avisasse para não me
atrever a protestar. A mulher coloca uma mão atrás das
minhas costas e me leva aos vestiários, e ela mede meus
seios enquanto meu rosto vermelho queima de vergonha. Ela
me dá um tamanho 34 C e deixamos o vestiário.

—Você estava certo —a vendedora canta para Nick. —


Isso é muito grande. Nós vamos encontrar algo mais
adequado.

Ele apenas balança a cabeça, ignorando meus olhares


de protesto enquanto a mulher vai para uma determinada
parte da loja.

—Agora —ela diz. —Estes são semelhantes ao que


você tinha, mas acho que podemos encontrar algo do
seu tamanho —Ela pega um sutiã liso, em uma cor
nude. É chato. Ele é parecido com o que eu escolhi,
mas eu viro a etiqueta. Não é mais barato do que os
itens mais sofisticados.
E por alguma razão, eu coloquei meu pé no chão. Eu
tenho usado chato, roupas simples toda a minha vida. Meu
pai insistiu em aprovar tudo o que eu usava, e, como
resultado, eu nunca tive nada bonito ou negro na minha vida.
Então eu penso por um momento e balanço a cabeça para o
sutiã nude que a mulher estende para mim. Eu vou de
cabeça para um rack perto e olho para os modelos lá.

Eles são laçados, coisas com babados. Um deles é uma


rosa de seda e branco atravessando com um design laçado ao
longo das taças. É incrivelmente bonito, e eu o toco
ansiosamente.

E então eu olho para Nick, como se buscando


aprovação.

Ele balança a cabeça, e eu posso jurar que ele parece


satisfeito.

—Eu acho que quero um presente.

—Essa é uma excelente escolha —a vendedora


entusiasma. —Mas você vai precisar a calcinha combinando.

—Da —Nick diz de longe antes que eu possa


comentar. —Ela precisa de vários conjuntos. Sutiãs e
calcinhas. Camisas. Sapatos. Roupas.
Eu atiro-lhe um olhar, mas ele tem o seu telefone fora e
está percorrendo alguma coisa. Ele não está assistindo.

—Não se preocupe com ele, querida —A vendedora dá


um tapinha no meu braço. —Ele me disse que você pode
comprar tudo o que quiser.

Tudo? Quero todas as coisas bonitas na loja. Eu passo o


dedo em um par de laçado, cintas-ligas rosa que combinam
com o sutiã e a calcinha que eu selecionei.

—Eu não tenho certeza que é apropriado ele estar me


comprando este material.

—Você está de brincadeira? —A vendedora pergunta


com uma risada. —Os homens vêm aqui e fazem compras
para suas namoradas o tempo todo.

Eu não sou a namorada de Nick, e eu ainda não estou


totalmente certa de que seja correto, mas eu estou
enfraquecendo com a visão de todas as coisas bonitas em
torno de mim. Como se sentisse a minha hesitação, a mulher
coloca as cintas-ligas na pilha.

E eu não lhe digo não.

Eu passo para o próximo rack. Tem um conjunto


padrão amarelo, floral. É doce e bonito, e me faz feliz
em vê-lo. Quando eu paro sobre ele, a mulher
acrescenta a calcinha e sutiã de harmonização à
minha pilha. Gostaria de saber se Nick disse a ela
para ser agressiva.

Até o momento de eu dizer "basta", seus braços estão


cheios de coloridas e bonitas roupas de baixo em um arco-íris
de cores, em tecidos agradáveis e macios. Não há nada
simples ou comum, ou mesmo singelos de se olhar na pilha.
Eles são todos suaves e sensuais.

E mesmo que eu não devesse deixar um homem


comprá-los para mim, eu estou tonta com o pensamento de
possuí-los.

A vendedora está se divertindo em me vestir. Ela me leva


a algumas das prateleiras na frente da loja depois de termos
escolhido pilhas de lingerie, e ela acrescenta blusas, saias e
algumas camisetas para os meus braços transbordando.
Quando eu protesto, ela olha para Nick, que acena com
aprovação, e ela então me leva para o mostrador de calça
jeans, para onde traçamos a mesma rotina. Protesto, olhando
para Nick, com a pilha nos meus braços.

Quando vamos para o mostrador, eu hesitei.

—É muito.

—Nyet, não é —diz Nick. —Você merece coisas


bonitas —E sua mão toca a minha e esfrega minhas
omoplatas.

Eu gosto do seu toque. Eu quero mais, mas


eu não peço. Olho em torno procurando a
vendedora. Há um casal nas proximidades, e eles estão de
mãos dadas, enquanto a mulher navega através de um rack.
Eu olho para as suas mãos entrelaçadas com um pouco de
inveja. Será que Nick seguraria minha mão, se eu lhe pedisse
para segurar?

O total que a mulher declara assusta. É mais dinheiro


do que eu trouxe comigo durante a minha fuga.

—Não —Eu protesto, mas Nick simplesmente puxa a


carteira, e eu vejo como os dedos tatuados desdobram várias
notas de cem dólares. Eu vejo mais delas enfiadas na sua
carteira.

Estou chocada. Ele não é pobre.

Eu não sei por que me sinto tão momentaneamente


traída por essa informação, mas eu estou. Eu me sinto como
se Nick tivesse mentido para mim. Nosso prédio é antigo,
decaído. Por que ele está vivendo lá se ele casualmente leva
tanto dinheiro consigo? Eu quero perguntar a ele, mas parece
rude.

Em vez de me sentir escandalizada em deixar este


emocionante, estranho me comprar calcinha, eu me
sinto como um caso de caridade. Não é mais divertido
e um ousado capricho. Agora estou apenas triste.

Ele faz isso para todas? Encontrar mulheres


necessitadas e comprar coisas para elas? Ele pode.
Ele tem um exterior duro, mas eu sinto uma espécie de
coração solitário por baixo. Eu pensei que ele e eu tivéssemos
a nossa pobreza em comum.

Vendo todo esse dinheiro me faz perceber que ele não é


nada como eu, e me sinto humilde.

A mulher coloca o recibo no saco, e eu elevo as alças


antes Nick pegar. Vou manter o recibo e devolver todas as
coisas bonitas, e então eu vou dar o dinheiro de volta para
Nick. Com base no comportamento de Nick na loja, ele não
quer ter uma grande discussão agora, então simplesmente o
deixo pensar que ele ganhou e voltarei outra hora para
devolver.

É bobagem, porque agora que eu sei que ele não é pobre


como eu, me sinto sozinha mais uma vez.

Eu curvo minha cabeça à medida que saio da loja,


olhando para o chão de mármore brilhante do shopping. A
mão de Nick está sobre os meus ombros, me guiando. Uma
mão amiga.

Nada mais.

Eu sou tão estúpida. Aqui estou eu, presa em


fantasias e devaneios, pensando que este homem
poderia gostar de mim quando ele é simplesmente
um homem rico que está sendo educado.
Nós caminhamos alguns passos do lado de fora da loja,
e Nick para. Eu mal noto até que suas mãos estão sobre os
meus ombros, e ele está de repente em pé na minha frente.

—Daisy —ele murmura, e seus dedos tocam meu queixo


para me fazer olhar para ele, aqueles olhos intensos me
devorando. —O que está errado?

Por alguma razão, meu lábio treme. —Eu... você não


deveria ter me comprado essas coisas.

Seus olhos se estreitam.

—Por quê? —Seu sotaque é tão espesso que soa mais


como "vyyy15."

—Aquela mulher... ela achava que você era meu


namorado.

Ele se acalma e quando ele fala, sua voz é dura.

—Você tem um namorado? Ele vai ficar com ciúmes?

—O quê? Não! —Eu balanço minha cabeça. —Sem


namorado. Eu apenas... ela não percebe que você estava
apenas sendo gentil.

Uma risada áspera lhe escapa.

—Daisy, há muitas coisas que você pode me


chamar, mas 'gentil' não é uma delas.

15
Em Inglês – Porquê se diz Why – dai o som ser YYY
É uma coisa estranha de se dizer. Ele não tem sido
nada, mas bom para mim.

—É muito dinheiro.

Ele considera isso por um momento, e então ele coloca a


mão na sacola. Eu a entrego para ele, sentindo uma decepção
esmagadora. Por que estou tão presa à linda calcinha de
seda? Talvez não seja pelos próprios itens, mas o que eles
representam.

A velha Daisy tímida nunca usaria tais coisas coloridas,


doces e frágeis. E a nova Daisy as quer mais do que qualquer
coisa. Quero ver aquele brilho de aprovação nos olhos de Nick
quando ele as vir em mim.

Eu quero parecer especial para ele. Será que ele percebe


o quão confusa eu estou. Eu já estou agarrada a ele. Eu sou
um estranho pacote pequeno e carente.

Nick atinge dentro da sacola. Ele pega o recibo, e para


minha surpresa, ele amassa-o na mão e joga-o na lixeira mais
próxima. Então, ele segura a sacola para mim. —Agora você
não tem escolha a não ser aceitar o meu presente, da?

Eu olho para ele com os olhos arregalados.

—Mas, Nick! O dinheiro...


Ele se inclina, seus olhos claros parecem acariciar meu
rosto, seu olhar quase demasiado direto.

—Qual é a parte que a incomoda... —ele pergunta


depois de um momento. —...o dinheiro ou o fato de que ela
pensa que você pertence a mim?

Sinto-me presa sob o olhar de Nick. Ele está olhando


para mim como se o mundo dependesse de minha resposta.
Eu me sinto da mesma forma. Eu preciso encontrar uma
maneira de admitir como me sinto sem me constranger.
Regan teria algo suave e engraçado para dizer neste
momento, mas tudo o que sinto é estúpido. Como se estivesse
lendo de forma errada as coisas e fazendo nós os dois
incrivelmente desconfortáveis.

—Só o dinheiro... —eu sussurro. O pensamento de


pertencer a ele me faz sentir quente e sem ar. Por alguma
razão, eu acho que pertencer a Nick não seria nada como o
controle opressivo do meu pai. Nick iria me deixar correr
livre, eu acho. Daria-me apenas o suficiente para me deixar
fazer o que eu quero, mas ele sempre estaria lá para me
proteger se eu precisasse dele.

Sua mão alcança e toca meu rosto. Sempre tão


suavemente, seu polegar roça toda a minha pele.
Flashes de consciência passam através de mim, e
eu sinto arrepios. Eu deveria empurrar sua mão.
Eu deveria.

Mas não faço.

Em vez disso, encontro o seu olhar, incrivelmente


atraída por ele. Esse pequeno toque, simples, está me
hipnotizando. Ele se inclina, como se ele quisesse me contar
um segredo, ou beijar-me... se eu me inclinar para encontrá-
lo. O pensamento faz meu pulso vibrar mais uma vez.

Enquanto ele o faz, eu observo o colarinho aberto


movendo, e eu posso ver uma pitada de preto em seu
pescoço. Estou fascinada.

—Isso é uma tatuagem?

Foi a coisa errada a dizer. Ele endureceu e seus olhos


ficaram frios, ele se afasta, dá de ombros, e a visão sedutora
de sua pele tatuada desaparece. Ele deixa cair sua mão, e eu
estou fria e sozinha mais uma vez.

—Então —diz ele. —A roupa é um presente.

Eu o ofendi. Como é terrível. Eu deveria pedir desculpas.


Mas ele não está olhando mais para mim, e eu não posso
encontrar a maneira de formar as palavras. Em vez
disso, eu seguro a sacola mais perto.

—Obrigada.

Nós caminhamos para a próxima loja em


silêncio, e eu vejo outro casal de mãos dadas. De
repente, eu quero isso também. Se eu escovar minha mão
contra a dele, ele vai segurá-la? Ou ele vai me ignorar?

Isso, eu acho, vai me dizer como ele se sente sobre mim.


Se ele está tão confuso sobre mim como eu já estou sobre ele.
Uma menina normal não estaria tão ligada tão rapidamente,
mas eu não sou normal.

Eu mudo a sacola para a outra mão, deixando uma


livre. Com muito cuidado, eu escovo a minha mão contra a
sua enquanto caminhamos.

Ele olha por cima, e eu acho que ele percebe o que estou
fazendo. Eu sou mais óbvia do que eu penso. Eu deveria estar
envergonhada.

Os dedos de Nick entrelaçam-se com os meus, e nós


caminhamos, de mãos dadas, para a próxima loja. Meu
coração bate no meu peito como se estivesse dançando.

Hoje é o melhor dia da minha vida.

Três lojas e três grandes sacolas de roupas mais tarde,


eu olho para o relógio na parede.

— É melhor irmos. Eu não quero ficar fora até


muito tarde —Isto é, se eu passar mais tempo com ele,
ele vai continuar a gastar mais dinheiro comigo.
Isso o deixa infeliz. Ele franze a testa com força, e agarra
a minha mão com mais força. Ele olha para o relógio.

—É quase noite.

—Sim, é —eu digo a ele. —Regan me disse que não é


seguro estar fora do edifício após a escurecer, por isso devo ir
antes que seja tarde demais —Regan conhece o apartamento
e sabe mais sobre o mundo exterior do que eu, então quando
ela me avisa, eu escuto.

—Eu irei com você até sua porta.

—Você não precisa.

—Eu quero. —E ele franze a testa na minha direção. —


Vou mantê-la segura.

—Claro. —Eu engulo em seco, relutante em sair. Eu


gosto de estar aqui com ele, falar suavemente com ele sobre
as coisas. Embora tenhamos feito compras, eu contei a ele
sobre Regan e minha vida. Bem, tanto quanto eu contei a
alguém. Disse-lhe que vivi em uma fazenda, como eu disse a
Regan. Que sou uma órfã. E que estou aqui para encontrar
um emprego e ir para a faculdade, o que é a verdade.

Amanhã eu havia planejado ir para as lojas nas


proximidades à procura de um emprego que me
sustentar. Preciso de um emprego
desesperadamente. Mas eu quero ver Nick
novamente. Eu agarro sua mão um pouco mais
forte. Depois de hoje, irei vê-lo novamente? Eu não posso
lavar minhas roupas todos os dias na esperança de que ele
vai aparecer.

—Você quer sair para um café amanhã?

Seu comportamento frio derrete um pouco.

—É um...? —Ele tateia por uma palavra. —Um


encontro? —A palavra soa estrangeira em sua língua, como
se ele nunca tivesse ido a um, muito menos usado à palavra
antes.

—Por minha conta —digo a ele. —Um agradecimento


pelas roupas. —Mesmo com as minhas parcas economias, eu
posso pagar dois cafés e alguns sanduíches. E eu quero vê-lo
novamente. —Eu não tenho certeza do horário, porque o meu
dia é muito ocupado, mas eu gostaria que nos
encontrássemos.

Nick acena com a cabeça.

—Nós vamos nos encontrar. Você me envia uma


mensagem —Nós chegamos a sua moto e organizamos
minhas sacolas para garantir que elas não voassem
para longe, ancorando-as com correias. Então, ele está
colocando o capacete de costas para mim, e nós
estamos prontos para ir para casa.

Eu não quero ir para casa nunca mais. Eu


quero ficar aqui com ele, sentir a vibração no meu
estômago quando seus dedos escovam os meus. Eu quero
isso para sempre.

Nós dirigimos para casa ao pôr do Sol, pelas ruas dos


bairros próximos. Quando ele estaciona em frente ao prédio
lotado, ele entra na garagem e, em seguida, para em frente do
elevador.

Ele está silencioso quando entramos em nosso edifício.


Fico em silêncio, também. Nós vamos de elevador até o
segundo andar e eu me dirijo imediatamente para o
apartamento de Regan. Se ele me pedisse para ir ao seu, eu
não sei se teria coragem de lhe dizer não.

Não com a memória de sua mão sobre a minha,


deixando-me selvagem e transformando meus pensamentos
em imagens sexuais. Nós chegamos ao segundo andar, e eu
olho em volta.

—Que porta é a sua? —Quão perto ele esteve todo esse


tempo? Eu não posso acreditar que eu vivi aqui por quase
duas semanas e eu nunca o tinha visto antes.

Ele fica em silêncio por tanto tempo que eu me


preocupei em tê-lo ofendido ou pior, que ele não quer
me dizer.

—Está tudo bem —eu digo com uma voz suave


e viro. —Não é um grande negócio. Eu estava
apenas curiosa.
Sua mão agarra a minha antes que eu possa recuar.

—Nyet, Daisy. Eu... eu peço desculpas. Eu não vivo em


seu prédio.

—Você não mora aqui? —Digo franzindo a testa.

—Minhas máquinas de lavar estavam quebradas. Algum


mudak colocou alvejante nas secadoras, por isso vim pedir a
sua emprestada.

Eu ri, aliviada. Assim, ele não vive neste edifício e não


queria confessar? Eu me sinto melhor.

—Eu estou apenas no corredor —eu digo timidamente, e


eu gesticulo em direção à porta do meu apartamento. Eu
estiquei minhas mãos para as sacolas que ele insistiu em
levar para mim. —Este é o meu.

—Da. —Ele segura as sacolas por mais um momento, e,


em seguida, ele entrega-as para mim. Seus dedos acariciam
os meus quando passa as alças de seus dedos aos meus, e eu
não posso controlar um suspiro que escapa, e a sensação de
que algo se move através de mim como uma carícia suave.
Meus mamilos endurecem quando penso sobre isso.

Ele é o meu primeiro flerte. Tenho vinte e um, e


nunca tinha sido tocada tão intimamente. Penso em
como o meu pai ficaria escandalizado com o
pensamento de eu montando na moto de um
homem, de convida-lo para um café. Eu não posso
controlar. Ele é o fruto proibido, e eu sou Eva de pé em frente
à tentação.

Nick me dá um aceno e espera rígido. Eu percebo que


ele não vai sair até que eu esteja em segurança lá dentro, por
isso dou-lhe um sorriso tímido e entro, segurando o fôlego.

Regan e Mike estão se agarrando no futon. Suas mãos


estão em sua camisa, e eu tenho certeza que os jeans estão
desabotoados, a julgar pela forma como eles estão um contra
o outro. Ela estende-se sob Mike, seus quadris estão
aninhados entre as pernas, e sua língua passa através de
seus lábios. Ela olha para mim, me dá um sorriso tonto
paixão, mexe os dedos e depois volta sua atenção para Mike.

—Eu só vou para o meu quarto —eu sussurro, e deixo-


os para trás. Normalmente eu estaria escandalizada com o
comportamento de Regan, mas agora eu não poderia me
importar menos. Eu quero ir para o meu quarto para que eu
possa pensar em particular sobre meu Ucraniano.

Meu Ucraniano. Apenas o pensamento me faz sentir um


latejar entre as minhas pernas, o que é delicioso e
terrível ao mesmo tempo.

Vou para o meu quarto e coloco minhas sacolas


no chão. Eu fecho a porta e caio na minha cama.
Fiquei ali por um longo tempo, pensando. Minha
janela está aberta, mas eu nem sequer olho para
ela. Hoje à noite eu estou perdendo as estrelas. Hoje à noite
eu estou pensando no meu ucraniano.

Meu Ucraniano. Como se ele pertencesse a mim. Como


se ele estivesse abrigando a mesma paixão tola que eu tenho.
Ele segurou minha mão. Comprou-me calcinhas porque ele
arruinou as minhas. Isso não significa atração, eu digo para
mim mesma antes que eu abra meu telefone e envie um texto
para ele.

Como meu telefone é terrivelmente barato, é difícil


redigir frases completas, mas consigo digitar:

Daisy: Vamos nos encontrar para tomar café depois de


amanhã na rua?

Se eu disser amanhã, parecerá que estou muito


ansiosa. Vou acrescentar um horário assim irá parecer que
eu estou mais ocupada do que estou na realidade. Eu penso
por um momento mais e, em seguida, envio:

Daisy: 18h00min está ok?

Então eu o coloco de volta na cama e espero incapaz de


fazer qualquer coisa, mas perco o controle do mundo e
devaneio.

O meu telefone vibra mais cedo do que eu


antecipo. O pego abre-o e leio a mensagem.
Nick: Esse não é bom bairro. Meu apartamento é mais
seguro. Você vem a mim?

A excitação desaparece sob uma pontada de cautela. Ir


para o seu apartamento? Agora que eu fui capaz de recuperar
o fôlego longe dele, percebo que seria demasiado eu ir ao
encontro dele a poucos metros de sua cama. Será que fiz um
movimento ruim? Será que pedir a ele para tomar um café é
semelhante a dizer: ―Eu quero dormir com você‖?

Eu sou ingênua, mas eu não sou estúpida. Por alguma


razão, este convite me deixa irritada. Eu lhe envio um texto.

Daisy: Deixa para lá.

Nick: Deixa para lá?

Daisy: Eu não vou encontra-lo em seu agradável


apartamento.

Nick: Então você acha que não sou bom, Daisy? Estou
satisfeito.

Estou perturbada com sua resposta. Estou com medo


que decline.

É difícil digitar texto em meu telefone estúpido.


Eu tenho que clicar constantemente a tecla numérica
até que ela role para a letra certa, mas eu faço isso
de qualquer forma, por que mensagens de texto é
mais seguro do que falar.
Ele responde imediatamente.

Nick: Desculpe. Uma cafeteria está bom?

Ele sabe que me ofendeu. Por alguma razão, esvazia


toda a minha raiva, e eu estou me sentindo um pouco tola.
Talvez na Ucrânia não seja um grande negócio os caras
convidarem as meninas para seus apartamentos. Talvez não
seja um grande negócio se você está namorando. Mas não
estamos, e eu sei que sou uma tola. Uma Pollyanna, como
Regan gosta de me chamar. Mas essa Pollyanna é cautelosa.

Então eu respondo depois de pensar sobre isso com


cuidado.

Daisy: OK

Eu envio de volta. O café é bem iluminado e a


localização é ótima para nos encontrarmos.

E vou dizer a Regan aonde vou para que ela saiba como
me encontrar. Se alguma coisa estranha surgir ela saberia
onde estou e virá me buscar. O café é seguro o suficiente.

Nick: Vou vê-la em dois dias.

Eu tenho um encontro. Não, não é um encontro,


eu digo à minha mente febril, é simplesmente um
agradecimento. Ele me comprou roupas e me deu
uma carona em sua motocicleta. Não é nada mais
do que isso.
O dia seguinte é frustrante. Usei uma malha modesta
sobre uma blusa branca, de colarinho alto. Meu cabelo está
puxado para trás em um rabo de cavalo elegante, e eu estou
usando maquiagem e calça apertadas. Eu pareço pronta para
ir à igreja quando eu entrego meu currículo para todas as
empresas que eu posso encontrar perto do nosso edifício e
preencho fichas. A maioria não está contratando. A economia
está ruim, é o momento errado do ano para procurar
emprego, e eu não tenho nenhuma experiência de trabalho
também. A única coisa que tenho a meu favor é a vontade de
trabalhar várias horas por um salário ruim.

No final, as únicas oportunidades que tenho é um posto


de gasolina nas proximidades, que precisa de alguém para o
turno da madrugada, e um restaurante que também precisa
de alguém para o fechamento. Eles prometeram que irão me
chamar.

Completando minha caça de trabalho, eu volto para


casa e fico deprimida durante toda a noite. Eu gostaria de ter
dito a Nick que nos encontraríamos hoje à noite, mas eu
tinha que fingir ser uma mulher forte e independente.
Eu odeio isso.

No dia seguinte, continua a mesma coisa vou à


caça de trabalho até à tarde, e quando não posso
aguentar mais vou para o café um pouco mais cedo
e consigo uma mesa. Eu comprei gloss na loja da
esquina e retoquei-o no banheiro para que eu possa parecer
no meu melhor quando meu ucraniano chegar. Então, eu
volto para a cabine privada na parte de trás do café e abro o
jornal que eu comprei, marcando as vagas de trabalhos
enquanto eu espero.

E espero.

E espero.

Não é até seis e meia que eu percebo que todos se


levantaram e se foram.
Capítulo
Quatro
Nikolai
Fico feliz que ela declinou o convite para vir para o
apartamento. Quando eu olho em volta, percebo que teria que
trabalhar rapidamente para transformar este lugar de modo
que parecesse apresentável. Pergunto-me se eu poderia pedir
a Daisy para me ajudar. Este apartamento em particular
estava idealmente situado porque é uma unidade de canto no
segundo andar. Ele é alto o suficiente para que ninguém
possa rastejar através da janela, mas não tão alto que me
impeça de saltar para baixo sem ferimentos. O canto me
dá uma visão mais ampla, é perto das escadas, e eu
poderia fazer rapel no prédio oposto. Eu não testei
isso, preocupado que alguém possa me identificar,
mas eu tenho atravessado espaços mais largos,
com nada mais do que meu cinto e um fio de aço.
Eu perscruto o apartamento do outro lado vizinho de
Daisy. Dentro dele dois estudantes homens vivem juntos. A
sua residência é desleixada, cheia de latas de cerveja e caixas
de pizza. Quando não estão em aulas, eles jogam vídeo game.
Eu estudo o seu interior. Esta noite vou pedir algumas coisas
e tê-las entregue. Um sofá. Uma mesa. Vou querer ver a cama
pessoalmente. Só a melhor cama para Daisy. Eu balanço
minha cabeça. Eu passei tanto tempo sozinho nos últimos
anos que me tornei delirante. Como se Daisy alguma vez
fosse estar na minha cama.

Um texto soa do meu telefone da empresa. Não é Daisy.


O número que eu lhe dei é para a minha linha pessoal. Eu
tenho apenas três números nele. Aleksandr, Daniel, e agora
Daisy.

Jules: Me ligue.

O texto é de Jules Laurence, um hacker e falsificador de


documentos que eu usei no passado. Falar com ele é
preocupante. Eu chamo como indicado.

—Alô —eu digo, quando a conexão é feita.

—Nikolai —ele resmunga no meu ouvido. —Eu


sinto muito.

Ele está chorando agora. O pedido de


desculpas é toda a explicação que eu preciso. Ele
vendeu-me.
—Eles ameaçaram minha Sarah. Eu tive que dizer a
eles. Eu tinha que fazer.

Não digo nada. O meu silêncio diz tudo. Eu o conheço,


mas eu pensei que ele tinha mais honra. Meu lábio franze em
desgosto. Não há honra, apenas a autopreservação.

—É a Bratva. Eles estão com medo de você e querem


eliminá-lo antes de você chegar até eles. Eles sabem que você
está esperando para caçá-los após Aleksandr.

—Aleksandr foi há meses —eu digo suavemente. —Se eu


fosse fazer alguma coisa para eles, não deveria teria feito até
agora?

—A espera os mata. Além disso, eles o conhecem. Eles


sabem que você não aceitaria a morte de Aleksandr sem
retribuição. E porque você não fez nada até agora só incita
maior medo.

Bom, eu acho. Aqueles mudaks devem estar tremendo


de medo.

—Eu não tenho lealdade —digo —Eu realizo as tarefas


dadas a mim e sigo em frente.

Jules suspira sua descrença no meu ouvido e


pede desculpas novamente.

—Me desculpe. Eu tive que dizer.


—Por que você está ligando? —Eu suspiro. Não há nada
a ser feito. Devo eliminar a ameaça e voltar.

—Eu apenas pensei que talvez se eu lhe dissesse,


então... —Sua voz diminui.

—Você pensou que eu não iria machucá-lo? Que você


não precisaria me temer? —Eu quase posso vê-lo acenar
através do telefone. —Então não tenha medo. Como você
disse, a morte é relaxante. É vida que devemos temer.

A inalação rápida é a única resposta às minhas


palavras. Então, mais soluços.

—Por favor. Sarah está grávida. Eu tinha que fazer isso.

—Eu te mostrarei a minha misericórdia, Jules —Eu o


ouço recuperar o fôlego. —Chega dessa postura ridícula. —Eu
comando —Diga-me!

—Eles estarão vindo pela Costa Oeste na esperança de


confundi-lo. Vou enviar-lhe os números de embarque. Estou
seguindo-os. —Um soluço é engolido e, em seguida, Jules
continua. —Qualquer coisa que você precise?

—Eu acho que você já foi muito útil.

—Então você vai cuidar deles, e nós ainda vamos


continuar a trabalhar? —Sua voz é esperançosa,
mas eu não posso lhe oferecer nenhuma garantia.
—Eu não sei —eu respondo de forma honesta e desligo.

Eu olho para o meu relógio. Se os assassinos Bratva


estão vindo da Rússia para a Costa Oeste, eu tenho menos de
quarenta e oito horas para surpreendê-los. Vou ter que dirigir
para voar diretamente para Los Angeles. Rapidamente eu
localizo o horário do voo comercial. Eu não quero mexer com
aviões particulares e sua necessidade de arquivar os planos
de voo e manifestos dos viajantes com as autoridades. Usar
uma das minhas identidades, é mais seguro para mim para
voar assim, apenas mais um empresário anônimo. Minha
noite com Daisy terá que ser adiada. Fumegante, eu alcanço
minha linha segura para dizer a Sergei exatamente o que
penso de sua interferência. Vou fazer esta tarefa que me
pediu à minha maneira e no meu tempo. Mas eu me forço a
recuar. Sergei vai saber em breve o que eu penso de suas
ações.

Em vez disso, devo entrar em contato com Daisy e pedir-


lhe uma data diferente. Ela deve tomar o meu atraso como
desinteresse ou pior, inconstância. A dor surda atrás dos
meus olhos começa a pulsar. Pressionando um dedo
de cada lado da ponte do meu nariz, eu aperto até que
a dor diminui. Vou colocar esta perturbação dos meus
planos com Daisy na coluna de pagamento de
Sergei. Tanto que ele tem que pagar. Se ele
soubesse...
Pergunto-me se eu deveria enviar um texto ou ligar. O
que Daniel faria? Ele enviaria um texto, eu decido.

Nick: Daisy houve uma emergência na minha empresa


que exige minha ausência durante dois dias. Peço desculpas
por isso, mas eu não posso adiar. Você consideraria o café em
outra data? Três dias eu vou estar de volta.

Uma quantidade considerável de tempo sem uma


resposta. Impaciente, eu tento focar os detalhes na minha
frente. Eu não poderia permitir que a Bratva viesse aqui.

Puxando um saco do armário, eu rapidamente lanço


uma muda de roupa junto com meu laptop. O terno que vou
usar é indefinido, como são os sapatos. Eu puxo uma
máscara de látex sobre a minha própria cara. É sufocante,
mas as maçãs do rosto acolchoadas e testa arredondada
mudam minha aparência dramaticamente. A gola alta da
camisa de homem de negócios, facilmente cobre a parte
inferior da máscara, bem como o punhal no meu pescoço, o
que Daisy notou antes. Eu sou o Sr. John Anderson agora.

Eu passo um cinto especialmente concebido


através de minhas calças ligeiramente largas. A
guarnição de metal no topo e na parte inferior pode ser
removida para formar um fio de garrote. Eu não
posso levar nada mais perigoso no avião, além de
mim. Eu matei com minhas próprias mãos e vou
fazê-lo novamente, se necessário, mas ferramentas tornam a
sobrevivência mais fácil. Mas então eu estou indo para Los
Angeles. Eu tenho um armário lá com algumas necessidades.

Trinta minutos mais tarde, eu estou andando com


determinação através do aeroporto. Estou indo para uma
muito importante reunião de negócios, eu digo para mim
mesmo. Pessoas passam por mim, mas não tomam
conhecimento. Eu sou simplesmente um dos muitos
passageiros. No posto de controle de segurança, eu tiro os
sapatos e meu cinto sem ser questionado. Nunca chame a
atenção para si mesmo.

Minha bagagem de mão e laptop são digitalizados e em


seguida, liberados. Prendo a respiração olhando para a
esteira, e os agentes olham mais de perto os meus pertences.
Mas o fio parece com nada mais do que a guarnição de ouro.
É uma peça vistosa para um empresário calmo como eu, mas
eles o aprovam de qualquer maneira. O agente acena para
mim e me deseja um bom voo.

—Obrigado —eu respondo.

—Viajando a negócios ou lazer —ele pergunta


quando eu passo pelo scanner de corpo com as mãos
levantadas.

—Negócios.

—O que faz?
Eu não posso dizer se isso é parte da verificação de
segurança ou curiosidade casual.

—Vendas de plásticos.

Ele balança a cabeça, mas posso dizer que ele perdeu o


interesse. A segurança de linha dois está examinando uma
mulher curvilínea. Um agente feminino está esfregando as
mãos ao longo dos seios de uma passageira e, em seguida,
sua cintura. O agente na minha frente lambe os lábios e se
ajusta. Eu ando por ele, e ele nem sequer me reconhece.
Fraco. Eu pego o meu cinto, sapatos e bolsa, e estou fora do
controle de segurança antes que o agente termine seu olhar
malicioso.

O avião está em processo de embarque quando eu chego


ao portão. Eu retiro o meu telefone e finjo verificar as minhas
mensagens como todos os outros passageiros. Daisy ainda
não respondeu. Eu esfrego meu dedo na tela imaginando que
é sua mão. Talvez seu rosto ou seus adoráveis seios, os que
ela pressionou contra mim enquanto ela se inclinava quando
nós montamos a motocicleta juntos.

Aperto o telefone quando eu penso nos soluços de


Jules sobre Sarah. Será que eu não faria de tudo para
proteger alguém que me importava? Retribuição é o
que eu planejei para Sergei por causa da morte de
Aleksandr. Se eles ameaçassem Daisy, eu não iria vender
todos que eu conhecia para salvá-la?

Eu iria. Mesmo que eu não tivesse conhecido Daisy,


mais do que um minuto, ela é boa demais para não viver. Eu
trairia todos na minha vida vil para garantir que ela viveria.
As pessoas no meu mundo têm vida curta. Cada momento
em que respirávamos era um presente, e era um que não
merecíamos.

Quando eu matei, eu mirei aqueles que eram a escória e


os vermes do mundo. Algum dia alguém iria acabar comigo, e
ninguém iria chorar. Mas e se Daisy fosse morta? Alguma luz
no mundo teria sido extinta. Eu quero um pedaço dessa luz
para mim, mesmo que apenas por um curto período de
tempo. Eu sei que não mereço, nem vou ser capaz de mantê-
la.

Cada interação com ela é uma mentira, mas pela


primeira vez na minha vida sem Deus, eu quero algo fresco,
limpo, bonito. Sim, eu daria um monte de coisas para a
provar, apenas uma vez, e se for preciso um batalhão de
mentiras, enganos e manipulação para conseguir isso
eu vou fazê-lo. Eu me odeio, mas a verdade iria
desgostá-la. Alguém como Daisy nunca, nunca iria
passar o tempo com alguém como eu. Estar ao lado dela é um
dom a ser estimado. Me permitir tocar sua mão é um milagre.

Mesmo se ela não concordar em me ver de novo, eu vou


atrás ela e pedirei outra chance. De joelhos, se necessário. O
telefone da empresa vibra no meu bolso. Sabendo que eu
ficaria estranho se eu tirasse outro telefone, eu o ignoro.
Haveria tempo suficiente quando embarcasse para pegá-lo e
ler informações Jules.

A fila de passageiros se move rapidamente. Porque eu


tenho apenas minha valise, vou diretamente para o meu
lugar. Tenho reservado bilhetes em dois outros nomes. Essas
pessoas não vão aparecer. Eu não gosto de sentar-me ao lado
de estranhos.

—Você gostaria que eu guardasse sua valise no


bagageiro, senhor? —A comissária de bordo estende a mão.

—Não, obrigado. Vou colocá-la sob o assento na minha


frente —Eu empurro a valise sob a poltrona e estico as
pernas em torno dela.

Ela sorri vagamente para mim, tendo


mentalmente mudado para o próximo passageiro.

Assim que ela sai, eu puxo o meu telefone e olho


para a mensagem.
Jules: LAX Singapore Air SQ2116.

Nick: O clima é bom em Jeju Island17.

Eu respondo. É a minha oferta de paz, ir para algum


lugar seguro e longe de mim.

Jules: Sarah sempre quis visitar.

O alívio na mensagem de texto era palpável.

Nick: Você deve ir para lá pelo menos três meses.

Envio o texto novamente.

Jules: Obrigado.

Eu me forço a dormir no voo. Este poderia ser o único


tempo antes de eu dormir novamente nas próximas quarenta
e oito horas.

Chegamos rapidamente, mas é de manhã cedo, e as


lojas de aluguel de automóveis são poucas. Estou no meu
Taurus e na autoestrada para o meu armário em Brentwood
no prazo de quinze minutos. Os arredores do subúrbio estão
cheios de casas estilo caixa de biscoito, que se parecem com
pequenas caixas definidas em uma fileira. As pessoas
no interior têm, provavelmente, mais conteúdo do que
aquelas nas casas maiores. Pessoas com casas

16
17
Jeju é a menor província da Coreia do Sul, e a maior ilha do país.
maiores e mais dinheiro nunca estão satisfeitas.

Na unidade de armazenamento, abro uma mala que


contém alguns dos meus implementos. Uma Glock calibre
4018, e um revólver que comprei de um traficante de drogas
há um ano está aninhado no interior. Eu gosto dessa arma
porque pertencia a um policial, que trocou com o revendedor
por alguma coisa. Talvez explosivos. Talvez meninas. Depois
que eu acabar com os dois homens da Bratva, talvez eu possa
deixar a arma. O policial pode, então, ser confrontado. Será a
minha boa ação, um equilíbrio na balança, embora remover
os dois não seja uma má ação.

Sentado no banco do carro, eu cuidadosamente


desmonto a Glock. O eixo é limpo, e apesar da falta de uso,
ela ainda parece estar boa. Eu a seco o disparador como se
eu estivesse limpando um carrgador de 13 balas. Quando eu
conto as balas, eu sorrio. Um comprador que não estivesse
na aplicação da lei seria limitado a um carregador de dez
rodadas.

Tudo está em perfeito estado de funcionamento. O


silenciador está preso na minha meia, e a arma está
escondida em um coldre oculto pelo meu casaco. O
resto das armas táticas são deixadas, eu deslizo para

18
o banco do motorista do Taurus. Vinte minutos mais tarde,
eu estou voltando para o aeroporto.

O Taurus é trocado por um Lincoln Town Car, e meu


terno é agora uma compra de cem dólares, mal ajustado e
enrugado. Eu faço um sinal à espera de Ben Nelson. Para o
resto das pessoas aqui, eu sou apenas um pobre motorista
esperando para pegar seu passageiro.

O calor é sufocante, e a multidão de corpos perto da


esteira de bagagens e transporte me faz nervoso e tenso. Eu
suprimo o desejo de retirar a minha arma e atirar até ter
espaço em torno de mim.

Eu localizo Bogdan, um membro do alto escalão da força


de segurança da Bratva, e um homem desconhecido passear
até a verificação de bagagem. Bogdan é um assassino sem
imaginação, mas muito leal. Você deve dar-lhe instruções
específicas, porque ele não sabe como improvisar. Pergunto-
me o que Sergei disse a Bogdan. Vá encontrar Nikolai em
Minneapolis. Encontre o alvo e mate-o. Retorne.

Quando eles param na esteira de bagagens, eu


contemplo o que eles trouxeram em seu voo comercial.
O que eles iriam ser tão burros para ter embalado?
Vou procurar mais tarde. Eu olho para o meu
relógio e, em seguida, dou um telefonema. Eu finjo
que estou no terminal errado e movo-me
rapidamente. No carro, eu sigo os dois. Eles estão indo para
Portofino, assim como eu suspeitava. Eles vão querer estar na
praia, não porque gostam do mar, mas porque querem
cobiçar as mulheres em biquínis. Eu me pergunto por que
Sergei não enviou Vasily. Eu não sou digno do sucessor de
Aleksandr? Pelo menos Vasily seria um verdadeiro desafio.
Bogdan e seu amigo seriam uma tarefa para um aprendiz,
não para alguém que tem sido o caçador desde que ele
poderia segurar uma vara em sua mão.

Deixo o carro em uma garagem e pego a valise. Dentro


da lavanderia do hotel, eu retiro o meu terno e jogo no
incinerador. Uma fileira de uniformes está pendurados na
lavanderia. Eu escolho um uniforme de carregador com suas
convenientes luvas brancas e puxo-o sobre minhas calças
finas. A lavanderia contém carrinhos e chaves mestras. Enfio
a Glock na parte de trás da minha calça e coloco a valise com
as outras armas na parte inferior de um carrinho de bagagem
e subo para o andar de cima.

Eu mantenho a minha cabeça abaixada e sou logo


chamado para levar a bagagem do hóspede para o
quarto. Eu concluo a tarefa e depois continuo até o
quarto de Bogdan. Uma vez lá, eu não me incomodo
em bater. Eles não vão abrir a porta. Eu retiro
minha arma, conecto o silenciador, e uso uma
chave mestra que eu roubei da lavanderia no andar
de baixo. Bogdan olha para cima quando a porta se abre. Eu
puxo o gatilho. Ele cai. Eu giro, mirando a Glock no meu
novo alvo, e eu atiro.

Ambos caem no chão em agonia. Rapidamente, eu


entro, fecho a porta, e os tenho amarrados com fita adesiva.
Todo o processo levou menos do que trinta segundos. O
segundo homem, que eu não conheço, cospe em mim, e eu
ouço um ranger de dentes. Bogdan deve ter ouvido, também,
porque ele não grita. Eu passo para trás a partir do segundo
homem, que agora está espumando pela boca.

—Cianeto? – Pergunto a Bogdan. Ele fecha os olhos e


acena.

—Em seu dente. —Bogdan diz, baixando a cabeça.

—Um novo recruta então.

—Da, eles levam muito a sério. —Bogdan e eu


assistimos o homem. O veneno que ele ingeriu é de ação
rápida. Isso é positivo. No passado, Sergei daria a seus
soldados dimetil-mercúrio. Levava muito tempo para que eles
morrerem. E era doloroso. Era como se Sergei quisesse
puni-los uma última vez por falharem. Mas a
desvantagem era que um homem irritado com uma
morte dolorosa, poderia ser forçado a desistir de
segredos. Este soldado desconhecido está
inconsciente, e ele logo estará morto. Eu me afasto.
Não há nada a ser feito.

—Bogdan, por que está sendo tão descuidado?

Ele dá de ombros. Ele não sabe. Eu acredito. Sergei não


se cerca com alguém que é mais inteligente do que ele. Isso é
muito perigoso. Essa pessoa acabará por querer ultrapassá-
lo. Vou para o quarto e rasgo as fronhas em tiras e entrego o
pano para Bogdan. Ele ineptamente tenta enfaixar sua mão,
então eu faço isso por ele.

—Isto vai ajudar, você sabe.

—Nós estávamos indo para avisá-lo, e não o prejudicar


—Bogdan lamenta.

Eu olho para o corpo morto de seu companheiro em


descrença óbvia.

Bogdan tenta sorrir, mas é uma careta. Sorrir é algo que


vem duro para todos nós. Embora não com Daisy. Ela parece
sorrir constantemente. Balanço a cabeça para tirá-la de meu
pensamento. Hora para o negócio agora; prazer mais tarde.

—Por que matar Aleksandr? —Eu pergunto sem


rodeios. Quero ouvir a história de Bogdan. Será sua
única vez durante toda a Bratva.

—Ele se apaixonou pela mulher errada —


Bogdan passa a língua em seu dente, aquele com o
veneno, como se me escarnecesse. Eu quero vencer
Bogdan por mentir, mas eu espero. Paciência. Nós dois
sabemos que se ele pretendia usar o veneno, então ele teria
feito isso antes, talvez logo que eu atirei nele. O cheiro de
nicotina nas roupas de Bogdan quase esmaga o enxofre, o
sangue, e agora a urina do homem morto. Eu procuro através
da roupa de Bogdan até encontrar seus cigarros. Eu coloco
um em sua boca e ofereço-lhe uma chama. Ele balança a
cabeça em sinal de gratidão, leva alguns tragos, e começa.

—Ela chegou em casa há duas semanas. Irritada. Ela


disse a seu pai ― Aleksandr é um mudak‖ e Sergei respondeu
― Qual a novidade? ―

Eu concordo. Aleksandr é um imbecil. Nós todos


sabemos isso.

—Ela gritou com o pai dela, disse que queria se casar


com Aleksandr, mas ele se recusou a casar com ela. Ele não
iria se casar com ela, mas ele ia transar com ela a qualquer
hora que ele tivesse a chance.

A ansiedade acumula. Aleksandr morto por causa de


uma mulher. Isto faz mais sentido para mim do que as
reivindicações que Aleksandr foi desleal, mas não
consigo evitar a sensação de que eu não sei toda a
história. Penso em Daisy novamente, transando com
ela, dela estar com raiva que eu não possa casar
com ela. Vejo-a com o rosto transtornado por
chorar. Eu balanço minha cabeça novamente. Daisy. Eu não
devo pensar nela agora.

—Porque ela disse a verdade, Sergei pensou que


Aleksandr deveria morrer? —Eu pergunto.

Bogdan dá uma sacudida negligente de seu ombro. —


Sergei disse à sua filha ― Eu vou cuidar disso. Nenhum
homem fode com a Bratva. ‖ E em seguida, ele se foi.

—Ele fez o trabalho?

Bogdan balança a cabeça.

—Não sei. Ele levou Daniel com ele. Talvez Vasily, talvez
Grigory.

Estou chocado ao ouvir o nome de Daniel. Ele joga um


jogo mais profundo do que eu suspeitava, mas vou seguir
essa ameaça mais tarde. Eu preciso entender a extensão da
minha vingança.

—Ela está feliz, então?

—Não, ela descobriu dois dias depois. Eu acho que ela


queria dar uma porrada —Bogdan curva os lábios em
torno de seu cigarro. —Ela veio atacando por trás,
gritando e chorando. Ela lutou com seu pai. Não
parou. Ela gritava que ele arruinou sua vida. Ele
disse a ela que era seu direito proteger e vingar o
que é seu. Ela não saiu de seu quarto por dias. Ele
diz que está arrependido.

—E agora você está aqui para me contar essa história.

—Sergei sabia que não ficaria feliz.

—No entanto, ele agiu de qualquer maneira.

Bogdan olha para longe, traga duro em seu cigarro. Está


quase em cinzas. Eu não faço nenhum movimento para pegá-
lo de sua boca. Com as mãos atrás das costas, ele não pode
se mover também. Ele deixa cair no tapete e, em seguida,
cospe no cigarro. Enquanto eu o vejo queimar, ele segura com
os joelhos e esfrega-o, fazendo uma careta ao queimar-se com
a lã de suas calças.

—Então, você vai me deixar ir? —Bogdan pergunta


esperançoso.

—Eu não posso fazer isso.

Bogdan tenta se inclinar para frente, talvez ele pensasse


em me atacar de joelhos. Alguns homens podem me levar a
partir desta posição, mas não Bogdan. Eu o intercepto com
facilidade, e ele cai para a frente, seu nariz agora
esmagado no tapete.

—Você deve tomar o veneno, Bogdan. Parece de


ação rápida. – Eu me preparo para sair.

—Pare Nikolai. Não faça isso.


—O quê? —Viro-me e coloco meus braços para fora. Na
janela além, eu posso me ver, o grosso uniforme de
carregador vermelho. Eu pareço como um palhaço. Um
palhaço com uma Glock 23 e silenciador. Eu abaixo os
braços. —Você veio a mim, Bogdan. Eu tenho trabalho a
fazer. Então será acabado. Não interfira.

—Você nunca vai sair —rosna Bogdan. —Nenhum de


nós jamais sai.

—Isso foi o que eles disseram quando eu tinha seis anos


e fui acolhido pelo grupo de Aleksandr. Que eu nunca sairia.
Mas eu sai.

Bogdan parece dividido entre querer me bater e chorar.


Ele não faz nenhum dos dois. Em vez disso, ele me pede.

—Não me deixe aqui.

—Eu não posso levá-lo comigo, Bogdan. Estou no meio


de um trabalho, um que você interrompeu —Viro-me para
sair.

—Leve-me para a sua rede. Faça-me desaparecer. Por


favor.

Eu odeio quando eles imploram. É uma tentativa


de me manipular através de meios desagradáveis.
Através de sentimentos, quando eles sabem que eu
não tenho nenhum.
—Eu sei que você tem uma rede com quem trabalha. Eu
posso ser parte dessa rede. Você só precisa me dar um pouco
de apoio —Bogdan oferece.

—Besteira, Bogdan —Eu respondo —Sempre tentando


se vender ao primeiro sinal de perigo para si mesmo, você
está negociando. O que mais você vai negociar? Que
informações você pode oferecer?

—Qualquer coisa —Bogdan está começando a chorar,


sem dúvida, ele vai irritar-me. O quarto já cheira como um
mictório.

—Eu não posso confiar em você, Bogdan. Você não tem


nenhuma lealdade.

—Nem você. Nós não somos diferentes! —Ele grita.

Seja qual fosse a simpatia que tinha por Bogdan


desapareceu. Eu franzo meu lábio para ele.

—Você e eu não somos nada parecidos. Eu não iria


vender um amigo ou parceiro pela minha vida.

—Você faria por uma menina.

Por um momento, meu coração para. Como é que


Bogdan sabe de Daisy? É preciso cada célula de
controle para não o atacar, para agir indiferente.
Para fingir que o terror não está tomando conta do
meu corpo, porque se eu soltar vou começar a
cortar sua pele até que ele me dê respostas. Eu me forço para
relaxar.

—Uma menina, Bogdan? Não me faça rir. Existe alguma


prostituta pela qual estou apaixonado?

Bogdan cheira com um lado do nariz.

—Algum dia haverá.

Ah, Bogdan não sabe nada. Eu ando em direção à porta


do quarto, alívio corre através de mim como um bálsamo.

—Algum dia —Bogdan grita atrás de mim. —Algum dia,


como Aleksandr, alguma garota vai ser a sua queda.

Eu paro com a mão de luva branca na porta e me volto


para Bogdan. —Então eu terei vivido por algo importante na
minha vida.

—Dê-me a sua misericórdia —Bogdan implora. —Você


sabe que não posso tomar o veneno. Você sabe disso.

Bogdan é católico. Benze-se antes de cada matança,


estupro, assalto... Ele acredita que se tomar o veneno ele irá
para o inferno. Não por causa de qualquer um dos atos
que ele cometeu, mas porque ele acredita que tirar a
própria vida significa que seu último ato será um
pecado. Eu esfrego a inscrição no meu peito, posso
ouvi-lo choramingando atrás de mim. Misericórdia,
então.
Viro-me e atiro.

Quando eu chego ao aeroporto, sou recebido com a


notícia de que meu voo de retorno está atrasado. Eu negocio
com o balcão, oferecendo mais dinheiro e quase perdendo a
paciência em um esforço para conseguir um voo mais rápido
de volta. Meu telefone permaneceu irritantemente silencioso,
eu não sei se Daisy foi para o café sem mim, se ela decidiu
que ela não vai falar comigo novamente.

Daisy não é menina de esperar por alguém. Se ela foi


para o café, haveria dezenas de lobos circulando ela,
farejando sua angústia, e querendo atacá-la. Minhas narinas
se abrem, e a mão do agente move-se para passar o mouse
sobre um botão de pânico.

—Desculpe —eu digo para aliviar sua preocupação.


Doorak19, idiota. Dou-lhe o meu melhor olhar cabisbaixo, o
que eu vi no rosto de Daisy quando ela pensou que eu gastei
muito dinheiro com ela no shopping. Ela não percebeu ainda
que vou continuar lhe comprando coisas para lhe dar a vida
que ela merece. Já pus na lista uma jaqueta de couro
que ela admirou quando passou por uma loja. Eu a
vou ter entregue no meu apartamento quando eu
chegar em casa e vou dar a ela depois que eu estragar
o agasalho de um tecido fino que ela possui.

19
Tolo
Este é o gesto certo, porque a agente sorri para mim e
retira a mão do botão de pânico.

—Há um voo que parte em quarenta minutos, mas você


pode não ser capaz de fazer o check in.

Vou fazer o check in. —Parece ótimo —eu lhe entrego o


meu bilhete, e ela faz a mudança.

Eu faço o check in e chego em Minneapolis, sem mais


demora, mas eu ainda perdi o nosso encontro e não tive
resposta de Daisy. Eu sei que ela não está no café, mas eu
corro para lá de qualquer maneira. Talvez ela goste do lugar
tanto que ela retorne, espero estupidamente. Mas é claro que
ela não está lá.

—Foda-se. Foda-se. Foda-se —Eu chuto a parede de


tijolos do restaurante, mas não alivia a minha frustração.
Duas meninas passam e olham para mim com horror. Eu
quero mostrar-lhes os dentes e dar-lhes algo real para terem
medo. Fechando os olhos, eu inclino minha cabeça contra a
parede de tijolos. O ar fresco da noite devia ser refrescante,
mas tudo o que posso pensar é como minha doce Daisy
teria estado aqui sozinha, esperando por mim. Ela
poderia ter estado com frio e precisando de meus
braços. Teria se sentido indesejada? Eu solto um
gemido de desespero. Pergunto-me se eu a deixei
escapar.
Decido enviar um texto a ela novamente.

Nick: Daisy estou aqui no café. Eu sei que foram dois dias
de atraso, mas a minha viagem de negócios foi inevitável.
Perdoe-me. Por favor.

Eu me inclino contra a parede de tijolos e abaixo o


telefone sem resposta. Pergunto-me sobre seu celular, é
barato e deve ser difícil para enviar mensagens. Isso é bom na
medida em que a impede de enviar mensagens de texto para
outros homens, mas ruim na medida em que torna mais
difícil para ela se comunicar comigo.

A próxima vez que eu a vir, eu vou quebrar seu telefone,


acidentalmente, é claro, e então ela vai permitir-me lhe
comprar um novo. Apaziguado com meu novo plano, eu
decido ir para a operadora de telefonia celular localizada a
três quadras de distância e comprar o telefone agora. Que
terá um localizador GPS apenas para que eu possa manter o
controle de sua segurança, eu digo a mim mesmo.

Meu telefone soa e eu levanto a tela imediatamente. É


ela. Minha respiração se acelera.

Daisy: Por que mensagem e não ligar?

Boa pergunta. "Eu estava ocupado matando dois


criminosos russos" não era a resposta certa.
Nick: Eu enviei uma mensagem há três dias antes de eu
sair. Será que você não recebeu?

Eu não obtenho uma resposta imediata. Seria possível


que ela não recebeu minha mensagem? Eu tiro um print da
mensagem que enviei como prova. Eu acho que deve ser o
seu telefone. Talvez eu não tenha que quebrá-lo, vou explicar-
lhe que seu telefone já não está funcionando direito e que eu
deveria substituí-lo. Talvez o presente faça com que ela me
perdoe mais facilmente. Instantaneamente me sinto muito
melhor. Bom trabalho, Nikolai, eu acho. Isso é inteligente.

Nick: Como você pode ver eu enviei a mensagem. Mil


desculpas por ser tão desrespeitoso com seu tempo. Por favor,
permita-me fazer isso com você.

Dentro da loja, eu escolho o mais recente smartphone.

—Com um novo contrato, senhor?

—Não, sem —Vou tê-lo ativado depois que eu a


presentear com o telefone.

A compra é concluída antes de eu receber outra


resposta dela.

Daisy: Oh. Eu não recebi sua msg. Sinto-me


estúpida. Não sabia quanto tempo esperar.

Ah deuses, eu a fiz sentir-se sozinha e


incerta. Eu deveria esfaquear-me como punição.
Peço-lhe para apagar o incidente de sua memória.

Nick: Dê-me mais uma chance. Eu prometo que não vou


falhar desta vez, lapochka20.

Daisy: Lapo o quê?

Nick: Digo-te quando te encontrar.

Eu espero por sua resposta, mas nenhuma vem.

Eu volto para o meu apartamento e espero. A noite se


estende, e não há nenhuma resposta. Talvez Daisy esteja
certa de ter rejeitado as minhas tentativas de reparação. Por
que ela deveria querer estar com um lixo como eu? As
últimas quarenta e oito horas pesam sobre mim. Eu matei
dois homens, enquanto ela se esforçava para alimentar-se.
Eu mato homens por dinheiro, e se ela souber a verdade, ela
cuspirá na minha cara. Eu sabia desde o momento em que
ela chamou minha atenção, enquanto eu estava assistindo o
Sr. Brown, que ela era um anjo. Mas pensar em Daisy me faz
sentir dor. Meu pau está duro e minhas bolas estão
apertadas contra o meu corpo.

De repente, eu me lembro que eu tenho algo de


Daisy. Os jeans que usava durante a mentira na
lavandaria. No bolso de trás, eu puxo o algodão rosa
pálido que uma vez tocou o traseiro de Daisy, os
lábios de sua boceta, e os suaves cabelos entre

20
Querida
suas pernas. Eu levanto o algodão para o meu nariz, mas
cheira unicamente a detergente; o sabão lavou o que eu sabia
que devia ser um delicioso aroma.

Ainda assim... Eu desabotoo o meu jeans e retiro meu


pau. É difícil imaginar Daisy neste lugar, este espaço
desolado que eu chamo de meus aposentos. Fechando os
olhos, eu fantasio que minhas mãos são as mãos de Daisy e
que eu acabei de remover estas calcinhas de seu corpo. A
virilha da calcinha ainda está encharcada por causa da dupla
camada de tecido, e eu uso a umidade para molhar meu pau.

Eu a imagino caindo de joelhos e lambendo meu


comprimento. Meu pau esticando seus lábios. Eu enfiaria
minhas mãos em seu cabelo e puxaria a cabeça para trás
para que eu pudesse entrar e sair com facilidade. Ela é
inocente, então ela não seria capaz de levar todo o meu
comprimento. Em vez disso, ela teria que usar as mãos,
torcendo e girando e me bombeando. Eu envolvo o algodão-
de-rosa em volta do meu pau inchado até que o pano e
rendas estão me ligando com força, imaginando que a
pressão são seus lábios. A mordida do elástico é
realmente seu punho apertado acariciando minha
carne inchada. Na minha imaginação febril, é sua pele
ao lado da minha, seu corpo debaixo de mim e ao
meu redor.
Mudança de cenário, Daisy agora está sentada no meu
colchão, observando-me dar um puxão no meu pau.

—Toque-se —eu digo a ela, e ela timidamente chega


para baixo entre as pernas. —Abra mais suas coxas. Eu
quero ver você.

Ela obedece. Na minha imaginação, sua excitação brilha


visivelmente em seu centro, e eu posso ouvir os sons
suculentos de sua vagina quando ela move os dedos. Quero
tirá-la, mas eu não posso, e eu jorro longos fios brancos
sobre meu estômago. Eu tropeço para o colchão e caio para
trás, minha mão apertando em torno de meu pau ainda
dolorido. Não é suficiente. O telefone permanece em silêncio.
Todo o apartamento parece ser uma tumba.

Eu nunca vou ser bom o suficiente para Daisy, mas eu


sofro e eu estou solitário. Eu pego o telefone com a mão livre
e chamo um número.

—Massagem Heights —uma voz alegre responde.

—Eu preciso de um atendimento domiciliar —eu digo.

—Você tem alguma preferência?

Eu começo a dizer-lhe que não, mas então eu


digo —Estatura média, cabelo castanho claro, não
muito magra.
—GL... —Ela começa a dizer um nome, mas eu a
impeço.

—Diga a ela que ela vai ser Violet para a noite.

—Claro. Violet.

—Violet —bate na minha porta trinta minutos depois.


Eu a deixo entrar. Ela não parece em nada com Daisy. Seu
cabelo sujo é muito claro. Seus olhos são avelã e não azuis.
Ela é muito fina, eu posso ver suas costelas quando ela abre
o casaco para me mostrar suas meias altas e ligas nas coxas.
Ela sorri com a minha visão. Eu balanço minha cabeça com
sua ingenuidade. Porque eu pareço jovem e tenho um corpo
firme, ela automaticamente pensa que eu vou ser um cliente
melhor, mas eu sou forte e eu poderia machucá-la. Ela não
tem o instinto de autopreservação. Ela provavelmente vai
estar morta antes que ela bata a marca de um quarto de
século.

Sua roupa seria sexy para qualquer outra pessoa, mas


eu sou indiferente. Eu olho por cima do ombro em direção ao
apartamento de Daisy. Medo de que ela possa ser capaz
de me ver, eu passo por cima e fecho as cortinas. É um
ato estúpido. Minha Daisy é muito confiante para
espreitar nas janelas, olhando para mim.
A menina que eu chamei de Violet puxa fora sua jaqueta
e procura um lugar para colocá-la. Eu a pego e jogo-a no
balcão da cozinha.

—Uh, você acabou de mudar? — Ela observa meu


espaço vazio.

—Sim. —Eu não quero que ela se lembre de mim como


"o cara russo", assim eu faço um esforço consciente para
falar com a gíria americana. —Não tenho qualquer mobiliário
ainda.

Ela encolhe os ombros.

—Onde você quer fazer isso?

Sento-me em uma cadeira e retiro o preservativo.

—Só um BJ? —Ela parece surpresa. —E um


preservativo. Você é um menino responsável.

Não sou responsável, apenas inteligente. Abro meu


jeans e retiro meu pau. Está flácido, mas o seu comprimento
em repouso ainda faz os olhos de Violet se alargarem.

—É um belo pacote que você tem aí.

—Eu quero que você me chupe —eu digo.

Eu não quero ter uma conversa com ela. Eu


quero uma foda, quero alívio. Eu me concentro e
penso em Daisy e nas calcinhas amassadas que repousam
sobre o meu lavatório. Estou duro instantaneamente.

A prostituta vem para frente e se ajoelha entre minhas


pernas. O chão é duro, e eu considero dar-lhe um travesseiro,
mas eu não quero que ela toque as minhas coisas. Eu mal
quero que ela me toque.

Suas mãos correm até minha perna vestida de jeans e


sua boca desce. Eu agarro seu cabelo e puxo seu rosto para
trás. Um olhar para ela e minha ereção diminui. Eu não
quero ninguém, somente Daisy. Esta flor falsa que eu
comprei não fará nada para mim. Eu me levanto, e ela cai de
lado. Andando rapidamente em toda a sala, eu recolho o
casaco e puxo uma nota de cem dólares do meu bolso.
Gostaria de oferecer-lhe mais, mas ela se lembraria mais de
mim e falaria disso.

—Desculpe. Tenho compromisso, eu tinha esquecido.

Ela olha para mim, hesitante, mas ela rapidamente


agarra a conta e encolhe os ombros em seu casaco. —Se você
mudar de ideia basta dizer que você quer Violet
novamente.

Eu concordo. Eu não vou chamar. Mas, então,


não é Daisy.
Capítulo
Cinco
Daisy
—Você tem certeza que quer este trabalho, querida? —
O homem idoso olha para mim com mais do que um pouco de
ceticismo. —Se você não se importa que eu diga, você parece
muito boa para estar trabalhando no turno da noite em um
posto de gasolina. Não é o trabalho mais seguro para uma
menina.

Eu engulo em seco, minha mão alisando o colarinho


azul escuro da camisa polo que me foi dada para vestir. É o
meu primeiro dia, e Craig, o proprietário idoso do posto, está
me mostrando como executar o registo por algumas
horas antes de ele sair para a noite e eu assumir tudo
sozinha até às 02h00, que é quando o próximo turno
começa.
Não é que eu realmente queira este trabalho. Eu não
quero. Ele paga salário mínimo. Os contadores são sujos e
tudo na loja tem uma fina camada de poeira sobre ele. Eu me
sinto muito jovem quando Craig me dá outro olhar cético,
mas eu não tenho escolha. Eu não tenho dinheiro. Tenho
menos de duzentos dólares em minhas economias, e meu
armário está ficando mais vazio a cada dia que passa.

—Eu quero o trabalho —digo a Craig com um sorriso. —


Não se preocupe comigo —Este é o único lugar que me
chamou. Claro que eu quero o trabalho. Eu preciso do
trabalho.

—Tudo bem —diz ele, relutantemente, e vamos para trás


do balcão da loja de conveniência do posto de gasolina. Há
coisas que tenho que aprender como retirar os bilhetes de
loteria na máquina, como desligar as bombas de gasolina,
como mudar os sacos de sabor na máquina de refrigerante.
Há um milhão de coisas para me lembrar, e eu faço
anotações em um bloco de notas para que eu não esqueça.
Por último, ele me mostra as câmeras na loja de
conveniência. Ele me mostra o interruptor de pânico se
acaso seja roubada, e o taco de beisebol, que é
mantido sob o balcão, e então o Taser, que é mantido
desmontado, em um compartimento atrás do
relógio de ponto na sala de armazenamento. Eles
estão lá "apenas para o caso", Craig me diz.
—Será que este lugar já foi roubado? —Eu pergunto
quando ele me mostra o Taser. Estou ficando um pouco
desconfortável com todas as precauções de segurança.
Lembra-me de estar em casa com meu pai. De sentar-me
noites com armas na mão, à espera de um ataque que nunca
aconteceu.

Quão ruim pode ser um posto de gasolina?

—Duas vezes —ele me diz, e meu coração salta. —Mas


só em feriados. Nós não vamos fazer você trabalhar nesses
dias —Ele dá um tapinha no meu braço. —Eu moro na
mesma rua. Conheço todos os encrenqueiros aqui, qualquer
problema você me chama, ok?

Eu concordo. O número de Craig está no topo de meu


bloco de notas em grandes números a negrito. Eu não vou
esquecer.

É finalmente tempo de Craig sair, e eu dou-lhe um


abraço impulsivo quando ele sai. Eu gosto dele. Ele é um
velho doce. Ele me lembra meu avô, que está morto há muito
tempo. Craig parece satisfeito pelo meu abraço e
acaricia minhas costas; em seguida, ele empurra uma
junta no bloco de notas ainda segura na minha mão.

—Lembre-se. Você me chama.

—Vou me lembrar —eu digo calorosamente. —


Eu tenho isto.
Ele sai, e eu estou sozinha, cuidando da loja. Eu tomo
uma respiração profunda. Eu posso fazer isso. É o que a nova
Daisy faria. A velha Daisy ficaria aterrorizada, por isso não
vou ser ela.

Minhas mãos tremem quando um cliente entra para


comprar um refrigerante, eu as ignoro. Eu pego o refrigerante
para ele, entrego-lhe um recibo, e quando ele sai, eu exalo.
Meu pai nunca esperaria que eu fosse tão forte, tão
independente, mas aqui estou eu, trabalhando o meu
primeiro emprego como uma menina normal. Tenho um medo
sem fim de que meu pai me tenha deixado aterrorizada por
qualquer coisa fora do normal do dia-a-dia e tenha deixado a
sua sombra sobre mim, mas eu sou mais forte do que o meu
medo.

Eu posso fazer isso.

Não é tão ruim depois do primeiro cliente. Porque é


tarde da noite, e a maioria das pessoas paga na bomba, o
posto de gasolina não está tão ocupado. Regan me emprestou
um de seus livros, e eu o leio e passo a lição de casa de
vez em quando para que eu possa estar preparada
quando eu puder pagar as aulas. Eu li seu livro entre
clientes e gerencio para conversar um pouco com as
pessoas que compram cigarros, bilhetes de loteria e
cerveja. Meus pés doem por estar em pé durante
tanto tempo, mas este trabalho não é tão ruim. E
no final de um turno da noite, vou ter sessenta e dois dólares
sem impostos. Craig me disse que é pago semanalmente,
assim que eu gosto deste trabalho cada vez mais.

É algum tempo depois das dez da noite quando a porta


faz barulho, deixando-me saber que há um cliente. Eu olho
por cima do livro e endireito-me para que eu possa
cumprimentar a pessoa na porta.

Eu reconheço as maçãs do rosto salientes, as


sobrancelhas cortantes, os penetrantes olhos cinzentos e a
carranca profunda em seu rosto.

Nick.

Eu congelo. Eu não sei o que fazer. Estou magoada que


ele não se preocupou em aparecer no outro dia, e estou
envergonhada, também. Seus textos pareciam sinceros, mas
é fácil mentir quando você não está falando cara a cara. Mas
agir como uma esposa ciumenta quando era apenas um
encontro para um café me fez parecer estúpida. Devo jogar
com calma e casual? Eu ainda sei como fazer isso?

Eu tento formar um "Olá", mas minha garganta


fecha-se. Em vez de ser a mulher confiante,
despreocupada que eu deveria ser, eu olho para ele em
silêncio do outro lado do balcão e dou um aceno
morno, como uma espécie de mímica idiota.

Realmente casual Daisy.


Aquele olhar de sobrancelhas franzidas continua focado
em mim, e eu vejo seus olhos cinzentos filmando, estudando
tudo. Ele faz uma pausa para o logotipo do posto de gasolina
na minha camisa. Olha em volta na loja de conveniência
vazia. Em seguida, volta para mim. —Por que você está aqui,
Daisy?

Minha boca se abre para uma saudação e depois se


fecha novamente. Por que estou aqui? Isso não era o que eu
esperava que ele perguntasse. Eu faço um gesto fraco na
minha camisa.

—Aqui não é seguro —afirma. —Você deve sair.

—Eu... —Eu engulo minhas palavras asfixiadas frente


sua desaprovação. Estou sendo tão boba. Por que importa se
Nick aprova meu trabalho ou não? —Eu trabalho aqui. O
próximo turno não é até as duas.

Nick parece chateado com isso. Sua boca achata em


uma linha sombria, e ele se desloca em seus pés, examinando
o estacionamento vazio.

—Isto não é trabalho para uma mulher como você,


Daisy. Você tem de sair.

Essas palavras mandonas drenam toda a minha


falta de jeito. Uma mulher como eu? Alguém que
deve ser protegido e bloqueado longe do mundo?
Agora, ele soa como meu pai. Minha boca funciona
em uma carranca amotinada.

—Você está comprando algo? Porque se não está, eu


acho que você deveria sair.

Por um momento, ele parece surpreso que eu esteja


retrucando. Tipo, completamente espantado, como se eu
tivesse apenas lhe xingado em vez de concordar com ele. E
em vez de ficar chateado, um sorriso curva sua boca dura.

Aquele sorriso me deixa perturbada, mas eu ainda estou


louca da vida. Lembro-me porque eu estou louca também. Ele
me deu um cano. Não têm sequer a decência de aparecer em
pessoa e me dizer por que ele não pôde estar lá. Não, ele me
fez sentar-me no café por horas e fazer papel de boba. Todo
mundo lá pensou que eu tinha tomado um cano do meu
encontro. E então ele tenta torná-lo melhor através do envio
de alguns textos.

E eu me sinto ainda mais estúpida, porque eu estou


fazendo claramente algo mais de nossa amizade do que é. Se
eu significava algo para Nick, ele não teria me humilhado
desse jeito.

Como se não fosse nada. Sem importância.

Ele coloca a mão sobre o balcão, e eu olho para


as letras, que agora sei que é cirílico, tatuadas em
suas juntas.
— Daisy —ele murmura sua voz dolorosamente
deliciosa. E eu me odeio por gostar. —Você não está
respondendo meus textos, e devo explicar-me...

—Não há nada para explicar —eu digo. —Tivemos um


encontro para um café —Oh não, eu usei a palavra encontro!
—E você não apareceu —Agora eu sinto meu rosto ruborizar
na minha escolha de palavras. Eu mudo em meus pés e
passo para trás desde que ele se aproxima, e eu olho para o
estacionamento. Alguém estacionou um PT Cruiser. Um
homem da minha idade, vestindo um gorro, cabelos longos
saindo por baixo e em jeans skinny. Ele está andando para
dentro, o que significa que Nick precisa ficar longe do balcão.

Mas Nick não está se movendo. Seus dedos tamborilam


sobre o balcão uma vez, e ainda assim ele me estuda.

—Eu devo pedir desculpas —diz ele. —Algo aconteceu e


eu tive que sair da cidade. Tentei enviar-lhe mensagem.

Eu olho para ele com surpresa, a minha expressão


suaviza.

—Você deixou a cidade? Emergência familiar? —


Uma emergência na família fará tudo bem. É horrível,
mas espero ser um caso angustiante de saúde para
uma tia ou tio, e depois me odeio por pensar isso.

—Nyet.
Eu sei que é "não" de ouvi-lo falar anteriormente. Eu
espero por ele para explicar mais, mas ele não diz nada.
Depois de um momento, ele digita algo em seu telefone. O
meu soa, e ele me enviou uma foto. O anexo tem uma
imagem e me pede para baixar.

—Eu não posso baixar sua imagem. Eu estou com meu


pacote de dados estourado —Eu teria que comprar um novo
telefone ou adicionar mais dinheiro para este, e eu não posso
até eu receber o pagamento.

—Então, é provável que você não esteja recebendo


muitas das minhas mensagens.

Eu olho para o meu telefone, contrariada. Eu ainda


estou brava com ele, mas agora estou me sentindo um pouco
estúpida. E eu não sei o que fazer. Eu olho para Nick, mas ele
simplesmente está me dando um sorriso enigmático, como se
isso fosse explicar tudo.

Por alguma razão, aquele sorriso me deixa com raiva


mais uma vez. É como se ele estivesse dizendo ― Está vendo?
Não é minha culpa que suas coisas são baratas. ‖

O cliente entra na loja e vem imediatamente ao


balcão, dando a Nick um olhar cauteloso. Ele para,
seu olhar passando rapidamente de mim para Nick
e de volta para mim de novo, como se ele não
tivesse certeza se fugiria ou permaneceria.
—Você está comprando algo? – Pergunto a Nick
novamente. —Se não, eu vou ter de lhe pedir para sair.

Os olhos do cliente aumentam. Ele dá um passo para


trás.

Nick simplesmente sorri para o meu tom petulante. Ele


bate no balcão de vidro e aponta para um bilhete de
raspadinha.

—Vou levar bilhete de loteria.

Eu calmamente puxo um fora do rolo e o entrego.


Depois que ele paga, ele dá alguns passos de distância.

E meu coração afunda com a decepção, só um pouco.

Mas ele não sai da loja. Em vez disso, ele se demora em


um dispenser de óleo de motor, segurando o bilhete de
loteria. Ele não o risca. Ele ainda está me observando.

O outro cara dá passos até o balcão.

—Cigarros de cravo, por favor —Ele parece


extremamente nervoso, como se a presença de Nick o
incomodasse. Quando eu lhe entrego os cigarros, ele
praticamente arranca-os fora do balcão e joga seu
dinheiro em mim, ansioso para sair.

Então eu estou sozinha com Nick novamente.


Eu não estou nervosa como o outro cara estava. Nick
não me assusta. Ele me enche de dor e constrangimento, mas
ele não me assusta. Penso no outro dia, quando eu estava
sentada no café por muito tempo, todo mundo olhando para
mim com pena em seus olhos. Eu tinha usado o meu novo
sutiã e calcinha favoritos, apenas para que pudesse me sentir
perto dele.

Não que isso importasse.

Ele se aproxima do balcão, uma vez mais, ainda


segurando o bilhete de loteria na mão.

—Você precisa descontar isso? —Eu não consigo pensar


em outra razão lógica para que ele ainda estivesse aqui.

—É para você. Presente —Ele desliza-o para mim.

Eu balanço minha cabeça.

—Eu não posso aceitá-lo. Na verdade, eu preciso dar-lhe


algum dinheiro de volta. No outro dia, você gastou muito...

Ele levanta a mão, silenciando-me.

—Você deve me deixar pedir desculpas, Daisy —


Sua voz é uma carícia sedosa, seu olhar cinza intenso.
—Se tivesse sido de outro jeito, eu teria ficado lá para
me encontrar com você. Eu te prometo isso.
A intensidade de suas palavras me faz sentir aquecida e
meu pulso latejante. Estranhamente, eu acredito nele.

—Você deveria ter vindo falar comigo. Você sabe onde eu


moro. Uma mensagem é tão... impessoal. Como se você não
se importasse.

—Você é importante. —Seu olhar de repente é tão


penetrante que me sinto presa à parede com sua intensidade.
—Nunca duvide de que você é importante para mim.

Eu me sinto aquecida e incerta.

—Você deveria ter vindo e me dito pessoalmente, apesar


de tudo. Então eu não teria perdido isso, e você sabe que o
meu telefone é um lixo —Eu estou lamentando. Eu sei isso.
Eu queria ver seu rosto quando ele se desculpou. É na maior
parte apenas uma desculpa para vê-lo novamente. Mas ele
está aqui agora, e eu estou sendo um bebê sobre meus
sentimentos serem feridos.

—Da —ele concorda. —Eu deveria ter feito isso. Fui


rude. —Ele inclina a cabeça, reconhecendo isso. —Você vai
me encontrar de novo?

—Para um café?

—Para um café, Da.

—Eu não sei —Eu não estou acostumada a ter


amigos, muito menos amigos homens. Eu não sei
como me sinto sobre o meu abandono teórico e as mensagens
perdidas. Ainda dói, e eu não quero ser machucada mais
uma vez. —Eu não quero ir para o mesmo lugar.

Eu ainda estou envergonhada pelo simpático olhar que


os garçons continuavam a enviar para mim.

—Eu vou fazer melhor, então... —Nick pega um pedaço


de jornal do bolso do casaco e coloca-o no balcão.

Dou-lhe um olhar interrogativo, mas ele só gesticula que


eu deveria abri-lo. Depois de um momento de indecisão, eu
faço. É uma programação de cinema. Considero, tocando-o.
Será que ele percebeu o quanto eu olhava para os cartazes
dos novos filmes no shopping? Como eu me perguntei como
seria ir a um?

Eu não tinha mencionado isso, mas Nick tinha me


olhado tão intensamente. Ele deve ter notado e lembrado. Ele
se lembrava e estava me pedindo para ir para algo que ele
sabia que eu adoraria.

—Você quer ir ao cinema? —Eu pergunto.

—Com você, eu vou ir a qualquer lugar —Sua


boca ainda é uma linha lisa, muito séria, como se esta
fosse uma matéria grave que estamos discutindo. —
Mas vamos começar com filme. Amanhã à noite?

—Eu estou livre amanhã à noite —Eu


concordo ansiosamente. —Eu tenho todas as
outras noites de folga. Craig não me quer trabalhando noites
seguidas. Diz que vai estragar o meu horário de sono —E
aqui estou eu, jorrando informações como uma tola. Eu
posso sentir minhas bochechas rosa com embaraço.

—Então nós vamos?

Meus dedos tremem quando eu os passo ao longo das


bordas da programação. Mais uma vez, estou sem palavras. É
simplesmente um pedido de desculpas? Talvez ele só queira
ver um filme e não ir sozinho? Talvez ele precise de um
amigo. Mas as palavras que deixo escapar da minha boca não
são nenhum desses pensamentos sensíveis. —Trata-se de um
encontro?

Sua boca inclina-se em um lado em um sorriso, um


sorriso verdadeiro, e eu recebo um flash de dentes brancos
brilhantes. Ele é tão bonito que eu me sinto sobrecarregada
com a visão dele.

—Da. Sim. Um encontro. Se não for amanhã, então dia


seguinte.

Eu deveria dizer não. Mas Nick está sorrindo para


mim e a sala de cinema está chamando meu nome,
então eu pego o papel e digo: —Tem que ser amanhã à
noite, na próxima noite estarei trabalhando. Eu não
posso pedir folga ainda.
Ele franze a testa, seus grandes ombros cada vez mais
ferozes.

—Isto não é trabalho para você, Daisy. Você deve parar.


É perigoso.

—Não comece isso de novo, Nick —Eu dobro o papel no


meu bolso. —Eu sei me cuidar, obrigada.

Ele considera isto.

—Diga meu nome de novo —ele exige.

Isso parece íntimo. Eu olho em volta, mas nós somos os


únicos na loja. Ninguém vai me ouvir repetindo seu nome
apenas para agradá-lo, e eu quero agradá-lo. Então eu dou
um passo pequeno, me arrastando para frente e dobro meu
cabelo atrás da orelha em um gesto nervoso.

— Nick —eu digo, minha voz é tímida, e eu não posso


olhar nos olhos dele.

Ele exala lentamente.

—Ty tak krasiva21 —ele murmura.

—O que isso significa?

—Isso significa.... Lamento ferir seus sentimentos


—Ele se inclina para perto de mim, e estamos apenas

21
Você é tão bonita
um pé de distância, o contador entre nós. – Minha amiga
Daisy.

De alguma forma, eu não acho que isso é o que


significa.

Mas eu não pergunto. Eu estou envolvida nele. Ele está


inclinado o suficiente para que eu possa cheirar sua loção
pós-barba e vejo o contorno fraco de uma sombra em seu
pescoço. Ele é lindo, todo poder masculino, e eu gostaria que
ele não estivesse tão longe de mim. Eu quero tocá-lo. Eu
quero que ele se incline mais perto.

Eu quero que ele se incline através deste balcão e me


beije. Ele parece querer isso também.

Nós olhamos um para o outro por um momento


carregado, elétrico, nenhum de nós se movendo. Em seguida,
ele gentilmente escova minha mão com as pontas dos dedos.

—Eu vou te mandar uma mensagem amanhã. Antes do


encontro. Isso eu prometo.

E então ele se foi.

Eu ainda estou dormindo na manhã seguinte


quando meu telefone vibra sobre a cômoda. Eu me
arrasto para ele e, em seguida, abro o visor. Na
minúscula tela ultrapassada, há uma mensagem.

Nick: 18h00hs, sua porta.


Bom dia para você também, eu acho. Eu esfrego os
olhos e, em seguida, início o processo laborioso de enviar
mensagens de texto no meu telefone antigo. Eu quero enviar
algo sedutor como resposta, algo ousado. Algo para fazê-lo
pensar em mim durante todo o dia. Mas eu escrevo e apago
uma meia dúzia de mensagens, antes de finalmente enviar de
volta:

Daisy: Devo levar um suéter extra?

Então eu quero me dar um soco no rosto por ter sido tão


tola. Devo usar uma camisola? Por que não lhe perguntei se
eu deveria usar cuecas da vovó? Deus. Eu sou uma idiota.

Nick: Nyet. Ele responde rapidamente.

Nick: Vou mantê-la aquecida, se você precisar.

E assim, eu estou toda confusa e tonta novamente.

Levantei-me da cama, não mais cansada. Eu tive uma


noite de trabalho, mas sei que não serei capaz de me
concentrar. Eu tenho um encontro. Eu tenho um encontro!

É o meu primeiro. Tenho vinte e um anos de idade e


nunca namorei ninguém. Eu quero tanto isso. Eu
penso em Nick e eu estou com medo. Será que ele vai
me beijar? Meus dedos tocam a minha boca e eu
imagino seus lábios nos meus.
Ele é bonito, confiante, e tudo o que não sou. Eu me
preocupo que ele vá me deixar esperando de novo e eu serei
uma tola duas vezes. Eu poderia entendê-lo querendo ser
apenas um amigo. Mas namorando? Namorar é algo
totalmente diferente.

Eu preciso da ajuda de Regan. Ela saberá o que fazer.

Eu lanço o meu telefone na minha cama, e, em seguida,


faço uma pausa. É quase meio-dia. Eu tenho algumas horas
ainda. Isso significa que eu tenho bastante tempo para ficar
pronta. Eu me dirijo para a sala de estar e Regan está lá no
sofá, conversando com Becca. Aceno para as duas e vou para
a cozinha para um café, enquanto elas conversam.

Becca é amiga de Regan, e ela é intimidante. Ela tem


cabelo vermelho perfeito com destaques sutis loiros nele, e ela
se veste com roupas caras. Considerando, Regan parece
irradiar um calor alegre, Becca é o seu oposto. Ela é fria e
distante, e eu posso sentir seu julgando sobre meu pijama
puído quando eu entro. Ela é uma amiga de infância de
Regan, e tenho a sensação de que ela não está
impressionada com o nosso apartamento, que ela só
tolera estar aqui por causa de sua amizade com Regan
e sua desaprovação se estende para mim também.

Becca é difícil para a minha confiança recém-


encontrada. Tento gostar dela desde que ela é
amiga de Regan e desde que ela vem com frequência, mas eu
sempre me sinto como se ela estivesse me julgando e tentado
encontrar falhas, e isso me balança. Desejo, brevemente, que
ela não estivesse aqui, porque eu quero perguntar a Regan
sobre o que vestir no meu encontro.

Eu faço torradas e as como enquanto estou na cozinha.


Becca e Regan estão tendo uma conversa animada sobre
aulas e namorados. Becca está contando a sua mais recente
aventura e quer ir "à caça" em um clube local. Regan não tem
certeza se Mike vai ficar feliz se ela for, e posso dizer que ela
quer dizer não a Becca, mas não tem a coragem para isso.

Becca quase conseguiu que Regan fosse para o clube


quando Regan olha na minha direção. O olhar dela se
ilumina.

—Ei, dorminhoca. Fico feliz em ver que você está


finalmente em pé.

Eu sorrio timidamente e movo-me para sentar-me em


frente a elas na sala de estar.

—Estou trabalhando de noite.

Os olhos de Becca brilham, e ela muda sua


atenção para mim, de repente interessada.

—Você está trabalhando em algum lugar


divertido, Pollyanna?
Eu estremeço com o apelido. Regan me chamou de
Pollyanna na frente de Becca uma vez, e agora é tudo o que
Becca me chama. Eu não acho que ela quer dizer com o
mesmo carinho que Regan faz, no entanto.

—Não, eu estou trabalhando em um posto de gasolina.

Ela recua um pouco, seu interesse evaporando.

—Isso soa horrível.

Eu dou de ombros.

—Não é tão ruim —Eu preciso dele e do dinheiro. Se eu


puder trabalhar um total de quarenta horas por semana,
durante as próximas duas semanas, eu posso fazer uma
renda. Se não, eu não sei o que vou fazer. Eu não tenho
dinheiro para mantimentos ou uma passagem de ônibus,
mas vou me preocupar com uma coisa de cada vez.

—Nós estamos indo para um clube esta noite —Becca


diz com aquela voz enjoada dela, jogando seu cabelo vermelho
brilhante —Vou pegar alguns homens. Você quer vir?

Eu olho para Regan, e ela cruza os dedos para mim,


dando-me um olhar desamparado, pedindo atrás do
ombro de Becca. Ela quer que eu vá. Eu estou
supondo que é porque se eu estiver lá, isto vai ajudar
a frear Becca. Eu não me importaria de ir porque eu nunca
fui a um clube antes, mas eu tenho planos.

—Eu não posso ir. Tenho um encontro.

Ambas as mulheres se animam.

—Você tem um encontro, Pollyanna? —Becca pergunta,


como se eu tivesse acabado de declarar que tenho três
cabeças.

—Isso é incrível —diz Regan, levantando-se do futon


para mover-se para o meu lado. —Com quem?

—Só alguém que eu conheci na lavanderia —Eu não


conto sobre o passeio em sua motocicleta ou as compras
depois, ou que eu estou usando a calcinha que ele me
comprou.

Mas agora Regan está franzindo a testa.

—Espere. É este o mesmo cara que deu o cano em você


no outro dia? Isso não foi bom —Ela se lembra de como doeu.

—Estou dando-lhe uma segunda chance —eu digo


teimosamente.

—Oh, Pollyanna... —Becca diz em uma voz de


repreensão. —Você sabe que não tem que namorar um
cara só porque ele lhe pediu para sair. Há uma
abundância de homens agradáveis na cidade. Você
precisa sair mais com Regan e comigo. Vamos
apresentá-la a alguns caras legais —Ela ilumina. —Como, por
exemplo, no clube.

Regan bufa.

—Você só quer que a gente vá para o clube com você


para que você não fique bêbada e saia com um perdedor
novamente.

Becca mostra a língua para Regan.

Mas a atenção de minha companheira de quarto está de


volta em mim.

—Então, onde é que ele está levando você? —Regan


praticamente vibra em torno de mim com entusiasmo. –
Algum lugar ostentoso?

—Nós vamos ao cinema —eu digo, com voz tímida. —


Estou animada. Eu nunca fui. Eu não sei o que vestir.

—Oooh —Regan diz, e olha para Becca. —Primeira vez,


roupas, encontro! Eu conheço alguém fabuloso com roupas.

Becca se levanta e sorri como uma rainha aceitando a


indicação.

—Leve-me para o seu armário. Nós vamos ajudá-


la a vestir-se para o seu encontro. E amanhã à noite,
vamos as três sair para pegar homens.

Regan geme bem-humorada, mas ela não


discorda.
—Eu vou sair com você —eu concordo. —Mas eu não
estou pegando homens. Eu tenho Nick.

—E eu tenho Mike —Regan diz, mas ela parece menos


determinada do que eu, mais resignada.

Becca só nos dá um sorriso maroto, como se ela tivesse


conseguido exatamente o que queria. Ela lidera o caminho
para o meu armário e começa a cavar.

—Rapaz, essa merda que você tem é boa —Becca


aponta, levantando uma blusa rosa pálido que Nick me
comprou. —Você é capaz de comprar este material com um
salário de posto de gasolina? —Ela passa os dedos na
etiqueta ainda na manga.

—Hum, não. —Eu não posso explicar isso a elas. Mal


posso explicar isso para mim mesma que minha pequena
seleção de roupas foi comprada por um cara que eu mal
conheço. Parece estúpido. —O cara com quem eu tenho o
encontro? Nick? Ele derramou água sanitária na minha
roupa acidentalmente e, em seguida, sentindo-se super
culpado por isso ele me levou ao shopping e me
comprou algumas substituições.

As sobrancelhas de Becca estão quase em sua


linha do cabelo.

—Esta camisa custa trezentos dólares —Ela


empurra a etiqueta para o rosto de Regan.
—Eu sei. Eu não pude pará-lo —Eu aperto meus dedos
juntos em ansiedade. O que elas pensam de mim para deixar
um estranho me comprar essas coisas? Eu deveria ter
protestado mais.

—Por que pará-lo? —Regan pergunta, rindo. —Se um


cara quer me comprar roupas caras, eu tenho certeza que ele
pode! Isso são roupas bonitas, Pollyanna, mas não é
realmente o ideal para um encontro. Na verdade... —Regan
empurra meus cabides de lado —tudo isso parece muito
conservador.

—Eu sei! —Becca se inclina para olhar para as roupas.


—Eu nem sabia que esta marca fazia roupas conservadoras.

Elas têm razão. Exceto pelas lingeries lindas e


impertinentes, todas as roupas que Nick comprou para mim
são modestas. Os jeans são apertados, mas as blusas são
intencionalmente de grandes dimensões. A vendedora disse
que era para valorizar o quadril, e eu gostei. Mas nada disso
era algo que você usaria para impressionar um cara em um
primeiro encontro.

E eu quero que Nick se lembre de mim.

—O que eu faço?

Becca se vira e dá Regan um olhar


presunçoso.
—Passamos para o seu armário. Se você quiser
sacanagem, ela tem isso.

Regan suspira.

— Prostituta —diz ela para Becca carinhosamente, e


depois sorri e vira para mim. —Vamos lá. Vamos ver o que eu
tenho que lhe serve.

Quando o relógio marca 18:00hs, eu estou pronta para


meu encontro. Meu longo cabelo castanho foi puxado em um
rabo de cavalo, as pontas enroladas; minha franja está
aparada e perfeita. Eu estou usando um pouquinho de
maquiagem com delineador cinza que faz com que os olhos
pareçam maiores e mais azuis do que nunca. Meus cílios são
enrolados e escurecidos com rímel. Meu gloss é apenas um
leve brilho de cor.

Mesmo que seja apenas uma sala de cinema, é um


primeiro encontro, e ambas as meninas insistiram que
deveria causar um 'wow' em Nick. Não tenho vestidos, e elas
acham que eu deveria usar um, então peguei emprestado de
Regan. É preto, e têm mangas rendadas que acariciam
meus braços até os meus pulsos. O decote é alto e o
busto modesto. Parece quase colegial, até eu me virar,
toda a parte traseira é feita da mesma renda preta
como as das mangas são.
Becca declara-o perfeito e não muito vagabunda ou
muito conservador.

Regan deixou-me ter um par de brincos de argola e um


pequeno colar de brilhante que acaricia minha garganta. Eu
também pego emprestado um par sapatos preto, de salto
baixo Mary Janes que Regan insiste que ela nunca usa.

Eu me sinto bem. Sou eu, mas apenas um pouco


melhor do que o habitual, com um pouco mais de
entusiasmo.

Eu olho para a porta várias vezes, uma vez que fica mais
perto da hora marcada, preocupada que nosso encontro será
cancelado. Será que Nick me deixará esperando novamente e
me fará sentir mais estúpida do que nunca por confiar nele?

Mas as seis em ponto, a campainha toca.

—É para mim —eu digo ofegante, jogando minha bolsa


sobre meu ombro e pegando meu telefone.

—Divirta-se —Regan me diz. —Chame-me se você


precisar de uma carona para casa —Ela está sorrindo,
embora eu saiba que ela está um pouco preocupada
comigo. Becca se foi deixando Regan sozinha em casa
apenas no caso de que eu precise dela. Ela é uma boa
amiga.

Faço uma pausa antes de abrir a porta, aliso


meu rabo de cavalo e bato com os dedos nervosos,
ajusto o meu casaco, e em seguida, coloco a mão na
maçaneta.

Quando eu abro, não posso deixar de sorrir para ele.

Ele é tão bonito, meu Ucraniano. Eu sei que tenho uma


paixão patética por ele, mas não me importo. Desde suas
altas maçãs do rosto passando pelas sobrancelhas arqueadas
indo para a covinha no queixo, ele é todo elegância. Ele está
vestindo um belo casaco, a roupa inteiramente coberta pelo
comprimento do mesmo. Ele parece o mesmo que em todos os
outros dias, incrível. Por um momento, eu me sinto boba por
ter adiado tanto este encontro.

Mas seus olhos ficam quentes quando ele me vê, e eu


estou feliz que me arrumei. Seu olhar viaja em cima de mim,
faz uma pausa no casaco em minhas mãos. – Olá.

—Oi, Nick —Eu sorrio amplamente para ele.

Ele estende a mão para o meu casaco.

—Permita-me ajudá-la com isso.

Eu o entrego para ele e viro de costas gentilmente,


um arrepio percorre minha espinha. Um homem está
colocando meu casaco em mim!

Para meu horror, eu ouço um rasgo, e depois


uma maldição abafada em russo. Eu me viro para
ver o grande pé de Nick em uma das mangas do
meu casaco puído, rasgando-o completamente.

—Ah não —Tomo a jaqueta de suas mãos e agarro-a ao


meu peito. Eu deveria estar horrorizada que eu tive outra
peça de roupa destruída, mas tudo que eu posso pensar é
que isso pode nos fazer se atrasar para o nosso encontro, e
agora, o encontro é muito mais importante do que o meu
estúpido casaco.

—Eu sou um mudak —Nick diz em uma voz plana. —


Deixe o seu casaco. Eu vou te comprar um novo.

—Isso não é necessário —eu digo rapidamente. —Não


está tão frio assim lá fora.

Ele resmunga um acordo, e então ele estende seu


cotovelo para mim.

—Vamos, Daisy?

Eu deslizo minha mão contra o braço dele e deixo-o


mostrar o caminho. Nós descemos para o meio-fio e para o
que deve ser o carro hoje. É cinza escuro. Não é chamativo,
com vidros filmados. Um sedan.

—Espere aqui —ele me diz quando eu paro no


meio-fio.

Eu tremo. Meu vestido não é quente, e minhas


costas estão quase inteiramente expostas. Eu tenho
de comprar uma jaqueta com o meu primeiro
salário, eu decido. Talvez eles tenham algo do meu tamanho
no brechó...

Meus pensamentos desaparecem quando Nick abre o


porta-malas do sedan e tira uma grande caixa. Ele ergue uma
jaqueta de couro em suas mãos e, em seguida, a mantém
aberta para mim.

—Aqui. Vamos colocar isso em você.

Eu me aproximo dele, olhando o casaco. É o que eu


admirava na loja no outro dia. Ele já o tinha esperando por
mim?

—Nick! Será que você rasgou a minha outra jaqueta de


propósito?

—Claro que não. —Diz ele em um tom que indica que é


um péssimo mentiroso. Há uma sugestão de um sorriso em
seus lábios. —Eu sou mudak, sim?

—Você é sorrateiro —digo a ele, mas eu o deixo colocar o


casaco em mim. Está frio graças ao vento, mas a jaqueta é
pesada. Assim que ela se aquecer contra a minha pele, será
perfeito. —Obrigada, Nick. Você deve me deixar pagar-
lhe de volta.

—Nyet.
—Nick —eu digo em protesto. —Você não pode
continuar a arruinar minhas coisas e, em seguida, substituí-
las.

Ele inclina a cabeça para o lado. —Eu não ia admitir


isso, mas se acontecesse de eu acidentalmente estragasse
algo seu, eu não deveria substituí-lo?

—É só que... é muito extravagante e errado —Eu me


esforço para explicar meus sentimentos de dever para ele.

—O errado sou eu, Daisy. Você deve permitir-me


consertar meus erros, ou eu não mereceria estar com você.

Eu sei que há algo estranho sobre esta afirmação, mas


eu não consigo descobrir isso agora.

Ele abre a porta do passageiro para mim.

Eu suspiro e entro no carro. Vamos discutir isso mais


tarde. Eu deslizo no banco do passageiro e, em seguida, olho
ao redor enquanto se dirige para o outro lado do carro. O
interior é estéril, não há sinais de que o carro foi utilizado. Eu
quero abrir o porta-luvas e ver se há alguma coisa lá, mas me
sentiria intrometida.

Ele fica atrás do volante e eu coloco o cinto, e em


seguida seguimos para o cinema.

Vamos tranquilamente. Eu sinto que deveria


dizer alguma coisa agradável para quebrar o gelo,
mas não posso pensar em nada. Minha mente é um espaço
em branco. Então eu torço meus dedos no meu colo e espero
que ele não esteja decepcionado com a minha falta de
conversação.

Ele olha para mim.

—Você está cansada?

—Cansada? —Eu toco minha bochecha. Pareço cansada


para ele?

—Você trabalhou até tarde.

Eu inclino a cabeça para ele, curiosa.

—Como você sabia?

—Você me disse que trabalhou até às duas da manhã.

—Oh.

Ele olha pelo para-brisa, não olhando na minha direção.


Um momento depois, ele admite,

—Além disso, eu estava preocupado com você. Eu dirigi


novamente para verificar você.

—Eu estava bem —digo a ele. —Um dos outros


empregados vive na mesma rua, e ele disse que eu
poderia chamá-lo se alguma coisa acontecesse. Além
disso, eles têm um Taser e câmeras e um taco de
beisebol atrás do balcão. Muitas coisas para me manter a
salvo.

A boca de Nick aperta.

—Isso não me faz sentir melhor.

Desgostosa, eu fico em silêncio e acaricio minha


jaqueta. A novidade é deliciosa, como é o cheiro forte e
decadente de couro que o permeia.

—É um trabalho. Eu estou bem —Eu não vou sair,


também. Não é teimosia que me faz manter o trabalho. Eu
preciso do dinheiro. Eu preciso ser capaz de me sustentar se
eu vou ficar aqui, nesta nova vida, e vou continuar a enviar
currículos na esperança de um emprego melhor. Mas se eu
não conseguir encontrar outra coisa, pelo menos, desta forma
eu vou ter algum dinheiro.

—Eu não gosto disso —ele me diz.

—Eu não perguntei se você gostava —retruco.

Ele fica em silêncio.

Eu não digo mais nada. Ele está franzindo o cenho


ferozmente quando paramos no estacionamento. Sinto-
me como se já tivesse estragado tudo, e ainda nem
sequer chegamos ao nosso destino.

O silêncio piora quando ele para o carro. Ele


faz uma pausa por um momento, como se
contemplasse alguma coisa, e eu me pergunto se ele mudou
de ideia sobre me namorar. Estou quase em lágrimas neste
momento. A única conversa que tivemos e foi para discutir.

Eu me sinto tão estúpida. Eu já arruinei nosso


encontro. Pobre pequena e estúpida Daisy, vai a um encontro
com um homem e imediatamente discute com ele sobre
dinheiro. Talvez devêssemos esclarecer esta situação. Talvez
ele não saiba como estou confusa por dentro. Que debaixo da
minha calma exterior, eu sou uma bagunça aterrorizada que
está provando seus primeiros dias de liberdade e não sabe
como ser uma menina normal. Ele provavelmente quer uma
menina normal.

Eu não posso ser ela. Eu desejo que possa ser, mas não
sei como.

Ele sai do carro e eu tomo uma respiração profunda,


juntando a minha coragem. Hora de ser a Daisy corajosa e
assumir o controle da situação. Nick abre a porta para mim,
e eu saio.

E então eu paro lá e espero ao lado do carro.

Ele me oferece seu cotovelo, mas eu balanço a


cabeça para ele. Seus olhos cinzentos ficam frios e
desolados, sua expressão fecha como se eu o
tivesse rejeitado.

É agora ou nunca.
—Posso te perguntar uma coisa? —Minhas palavras
saem todas ofegantes, a voz pequena.

—O quê? —Seu sotaque é mais espesso. Soa quase


como "IVA". Pergunto-me se o seu sotaque fica mais grosso
quando ele está chateado. Ele parecia triste, como se eu o
tivesse traído.

—Tem certeza de que quer sair comigo?

Suas sobrancelhas sulcam.

—Por que você me pergunta isso?

Eu torça as mãos, incapaz de me ajudar.

—Você não me aprova. Nem o que eu faço. Você


continua me comprando coisas porque é claro que o que
estou usando não é bom o suficiente para você. Você parece
que está com raiva, e eu não sei como lidar com isso —Eu
tento sorrir para corrigir minhas palavras, mas eu estou a
ponto de chorar. Eu não queria que este encontro saísse tão
mal. —Não sou a garota mais normal, Nick.

Por alguma razão, isso faz com que a sua peculiar


boca dê um meio sorriso.

—Por que você me diz isso, Daisy?

—Eu só não quero que você se decepcione... —


O meu olhar cai para a boca e eu olho para ele. –
...comigo.
Ele agarra minha mão e levanta-a de novo à boca,
escovando meus dedos sobre os lábios. Nenhum beijo, apenas
tocando a minha pele com a boca.

—Por que você acha que eu estou decepcionado com


você?

—Você quer que eu saia do meu trabalho, e eu não vou


sair. Você continua me comprando roupas novas.

Ele suspira, mas ele não deixar minha mão. Apenas


mantém esfregando os dedos contra sua boca. —Eu te
comprei roupas porque me agrada vê-la vestir coisas que
combinam com você. Você merece as melhores coisas, Daisy.
É apropriado que eu goste de dá-las a você.

Isso não parece bom, eu quero dizer, mas estou


encantada com as suas palavras doces e o roçar de lábios na
minha pele.

—Eu quero que você saia —continua ele. —Porque eu


me preocupo com você. Mas se é importante para você, você
fica lá, da? Vou apenas proteger você —Sua expressão esfria.
—Ou você não quer namorar comigo agora?

—Eu quero mais do que tudo —Eu digo, e depois


estremeço com minha própria voz, com o quão ansioso
eu soo. —É só que... eu estou nervosa.

Eu nunca fui beijada por ninguém, e estou


assustada e doente de fazer errado e então ele não
vai querer mais me ver. Eu penso por um momento, e então
decido que deveria estender a mão e beijá-lo. Se esperarmos
até o fim do encontro, ele pode não querer me beijar, e eu
quero este primeiro beijo mais do que qualquer coisa que eu
possa pensar.

—Por que você está nervosa? —Seus lábios se movem


contra a minha pele, e eu sinto o suave sussurro deles até
minha calcinha. É como se ele estivesse me tocando em todos
os lugares. Meus mamilos estão duros através do tecido
transparente do vestido, e eu não estou vestindo um sutiã.

—Você vai me beijar neste encontro? —Eu pergunto.

Ele parece surpreso com as minhas palavras.

—Você quer que eu a beije?

—Sim —eu digo com firmeza.

—Então, da, vou te beijar —Seu rosto relaxa.

—Vamos nos beijar agora —digo a ele.

Ele avança em minha direção, e eu estou presa entre ele


e o carro. Ele se inclina, e sua mão enluvada toca minha
bochecha. É tudo o que posso fazer para não tremer
ante a carícia, mas estou detida por aqueles olhos
cinzentos e a faísca de possessividade que vejo lá.
Ele está se concentrando tanto em mim, como se
ele estivesse determinado a obter este direito.
Abro meus lábios e inclino o rosto para ele. Eu paro de
respirar. Eu quero muito que Nick me beije.

Ele se aproxima. Sua boca toca sobre a minha, um leve


roçar de lábios. Ele envia uma vibração delicada através de
mim, e eu faço um pequeno ruído em minha garganta. Meus
lábios abrem um pouco mais. Isto é tudo o que eu vou
conseguir? Apenas uma provocação de um beijo?

Eu decido que não é suficiente. Então, me inclino para


frente um pouco mais e quando ele se afasta, eu tento beijá-
lo novamente. Eu acabo pressionando a boca em seu lábio
inferior, e eu não tenho certeza de quem está mais assustado,
Nick por eu tentar beijá-lo, ou eu que estraguei tudo como
uma idiota.

Seus olhos se arregalam.

Eu me afasto humilhada.

—Me desculpe eu...

Suas mãos se movem para o meu rosto e, em seguida,


ele está inclinando minha boca para a sua mais uma vez.
Desta vez, o beijo não é um arranhão suave e gentil.
Desta vez, sua boca pressiona contra a minha com
firmeza, e os seus lábios se abrem sobre os meus, que
se abrem também seguindo o seu exemplo, e sua
língua invade minha boca, me degustando.
É divino.

Eu gemo, e ele faz um barulho suave na garganta que


poderia ser um gemido. Sua língua entra em minha boca
novamente, inundando meu corpo com o calor, e eu quero
fazer mais do que apenas receber. Quero retribuir. Isso é
errado? Então, eu hesitantemente toco minha língua na dele
e espero por uma reação.

Nick se afasta da minha boca, respirando com


dificuldade. Ele pressiona a testa na minha e resmunga
alguma coisa em russo. Mas ele não parece descontente. Em
vez disso, parece que ele está tentando se controlar.

Sinto-me estranhamente orgulhosa. Estou ruborizada


de desejo e minha pele está sensível, mas eu quero mais.
Será que ele também quer?

— Obrigada —murmuro. E eu espero. O beijo foi longo.


Ele parece satisfeito?

Ele pressiona um beijo na minha testa e me olha, e seus


dedos enluvados curvam em meu queixo como se o
rastreasse.

—Eu vou te beijar, Daisy. Eu vou te beijar a noite


toda. Vou fazer mais do que beijá-la, se desejar. Basta
dizer uma palavra.
Eu respiro fundo. Sinto uma pulsação entre as minhas
pernas. Eu não sou corajosa o suficiente para dizer a palavra.
Ainda não.

Mas, oh Deus, eu quero.


Capítulo
Seis
Nikolai
Daisy parece uma estudante com seu vestido de gola
alta e os sapatos com tiras na parte superior de seu pé. Mas
os saltos sobre os sapatos e as costas decotada do vestido me
fazem engolir um suspiro que é tudo menos infantil. Um
sussurro de algo impertinente e mais escuro à espreita.
Talvez seja só minha imaginação, mas não posso parar de me
perguntar o que Daisy experimentou antes de mim. Sim, ela é
inocente em algumas coisas, mas seus olhos seguram
conhecimento de algo mais. E eu quero saber tudo.

Parte de mim quer cobrir seu corpo inteiro, para


protegê-la, mas outra parte mal consegue controlar a
vontade de arrancar as roupas dela sabendo que ela
não deve estar usando nada por baixo. Estes não
são itens que eu comprei para ela, mas talvez ela
esteja vestindo minha calcinha. Penso nelas como
minhas, embora saiba que não deveria.

Tudo em Daisy está mexendo com algo que eu sei que


não deveria me perturbar. Cada palavra que sai da minha
boca é uma mentira, e nem mesmo uma boa, porque um
assassino não precisa de cobertura. Somos invisíveis, vistos
somente quando nós efetuamos uma matança e às vezes nem
isso.

Eu não sei por quanto tempo Daisy vai me tolerar,


quanto tempo até que ela comece a juntar todos os falsos fios
da história que eu lhe dei. Devo falar menos, pois essa é a
única maneira de eliminar erros.

—Que filme? —Pergunto bruscamente. Eu


imediatamente lamento o tom da minha voz quando ela olha
ferida. Eu tento novamente e dou-lhe uma pequena contração
dos meus lábios, que espero que ela entenda ser um sorriso.
—Quero dizer, que filme gostaria de ver? Você escolhe. Eu
sempre escolho errado.

Ela espia no display digital que lista os filmes


atualmente em cartaz. Seu pescoço é adorável, e ela
está corada. As luzes do cinema estão refletindo seu
rubor e a tentação de deslizar minha língua pela curva
de seu pescoço enfraquece meus joelhos. Eu lambo
meu lábio inferior para ver se eu posso prová-la, mas nossa
ligeira conexão não deixou quase nenhum vestígio.

—Eu acho que estou entre o filme de super-herói e o de


terror. Eu acho, super-heróis?!

—Da, boa escolha —Eu realmente não estou ouvindo-a.


Eu só gosto de assistir os lábios se moverem e seus músculos
das bochechas também, quando ela sorri. Ela sorri
frequentemente. Meus dedos coçam por acariciá-la, mas ela
não disse que eu posso beijá-la novamente.

Estou indignado devido a minha falta de atenção


quando Daisy começa a pagar os bilhetes. Minha mão bate ao
lado dela no balcão. Tanto o atendente quanto Daisy saltam.

—Eu sinto muito, mas você não pode pagar Daisy —Eu
puxo o dinheiro da mão do atendente. Ele o solta em choque.
Eu dobro as notas gastas e pressiono-as de volta para as
mãos de Daisy.

—Mas eu não paguei nada ainda. Eu posso comprar um


bilhete —protesta Daisy.

Que tipo de homem que ela pensa que eu sou?


Ou talvez ela nem sequer pense que eu sou um
homem.

—Nyet —Eu puxo a minha carteira e empurro


o dinheiro no balcão. – Dois —eu lato. Quando o
atendente não se move, eu me inclino para frente e mostro
meus dentes. —Dois. Agora.

Ele rapidamente obedece, e eu pego os bilhetes e arrasto


Daisy atrás de mim.

—Eu poderia ter pago —ela está dizendo. —Eu tenho


dinheiro. Você não pode pagar por tudo.

Eu nem sequer respondo a isso. Ela está cheia de


besteira.

—O que você quer comer? —Eu aceno minha mão para


os doces, sorvete, pipoca e refrigerante. Há um restaurante
virtual dentro deste cinema.

Daisy cruza os braços sobre o peito e olha amotinada.

— Nada —ela diz, —Como você provavelmente não vai


me deixar pagar por isso, também.

—Então eu vou comprar um pouco de tudo —Eu


ameaço. Eu nem sei por que estamos discutindo sobre isso.
Prostitutas não discutem comigo. Ninguém discute comigo.
Elas fazem coisas porque eu lhes pago para fazer ou elas
as fazem porque elas têm medo. Eu não tenho
nenhuma experiência com garotas como Daisy:
honesta, doce, deliciosa Daisy.

Seu rosto está fechado, e há uma distância


entre nós agora. Ela está em um lugar entre a raiva
e a frustração, isto me preocupa. Com ela eu estou sempre
fazendo coisas assim.

—Sinto muito —eu digo. —Eu ofendi você de novo. Por


favor, me diga o que devo fazer.

Meu apelo suaviza-a, e ela coloca uma pequena mão no


meu braço.

—Nick, você não pode pagar por tudo. Eu não quero...


—Ela faz uma pausa, como se se esforçasse para dizer as
palavras, e então ela continua. —Eu não posso ser
dependente de alguém. De novo não. Não é justo com você.
Nós mal nos conhecemos.

Eu tento entendê-la, mas suas palavras não fazem


sentido para mim, e pior, elas me fazem sentir medo. Eu não
posso deixá-la me conhecer. Eu só posso manter-me em uma
fachada que ela pode gostar até que quebre.

A imagem de um vendedor de carne britânico vem à


mente. Eu o eliminei há dois anos por arruinar a mercadoria
que ele deveria estar preparando para os compradores de alta
qualidade. Ele tinha desenvolvido um gosto por seu
próprio estábulo, mas nunca tinha revelado a ninguém
que ele carregava sífilis. Os compradores não gostaram
de receber o produto doente. Mas Harry Winslow III
tinha certo ar que atraía as pessoas, especialmente
mulheres, para ele. Era parte do que ele fazia como
um bom cafetão. Mesmo que eu não gostasse de Harry, eu
percebi que poderia usar um pouco do seu encanto agora. Eu
engulo minha bile fingindo ser um cafetão portador de
doenças e experimentar um pouco desse brilho sobre Harry.

—Duckie —Harry estava sempre chamar alguém


'duckie.' —Está tudo bem. Eu tenho muito para cobrir isso —
as mulheres de Harry pareciam sempre satisfeitas com seu
grande montante de dinheiro. Compensava o seu pênis
pequeno. Estou bastante orgulhoso do meu esforço e sorrio
para Daisy, mas em vez de amolecê-la, ela parece confusa.

—O que é um duckie? É que uma palavra ucraniana


para alguma coisa? —Daisy pergunta.

Eu inclino minha cabeça para trás e fecho os olhos. Isso


tudo é um desastre.

—Pegamos pipoca?

Eu peço antes que ela possa protestar.

—Quer manteiga? —O funcionário me pergunta. Eu


balanço minha cabeça. A manteiga é ruim.

—Sem manteiga. Sem sal —Eu aceno para o


funcionário. Daisy começa a dizer algo, mas quando eu
viro para ela com uma sobrancelha levantada, ela só
suspira e se afasta. Talvez ela não goste de pipoca.
Dentro do cinema, nós nos sentamos e não dizemos
nada quando os trailers passam e, em seguida, o filme.
Quando os personagens são separados em divisões claras de
bem e mal, eu olho para Daisy. Ela está arrebatada. Ela está
tão absorta pela ação que se esqueceu de que estou ao lado
dela.

O filme está me irritando. Eu odeio isso. A multidão no


interior está quase sibilando para os bandidos que não
querem nada mais do que o poder de viver livres. Talvez seus
métodos não sejam tão limpos como os dos "mocinhos", mas
a vida não é tão claramente preto e branco. Desta vez são os
meus braços que estão cruzados e minha atitude que é ruim.
Eu não aponto que a velocidade das balas não funciona dessa
maneira ou que as armas utilizadas estão todas erradas. Um
rifle semiautomático nunca seria utilizado por um
profissional real. Apenas ferrolho. Algo me diz que Daisy não
se importaria.

Quando o filme acaba e as luzes se acendem, Daisy se


vira para mim com os olhos arregalados de espanto e um
sorriso no rosto, e eu finjo apreço pelo filme.

—Não foi espetacular? —Ela pergunta.

—Sim ótimo —Eu me levanto e sigo a multidão,


saindo para o ar da noite.
—Você parece que não gostou —Daisy inclina a cabeça e
me examina como a forma como vou responder a sua
pergunta vai determinar se eu irei vê-la novamente.

Eu me debato sobre mentir para ela novamente, mas ela


já está desconfiada. Eu já disse tantas meias-verdades para
ela, por isso só desta vez eu acho que talvez a verdade não
seja prejudicial.

—Eu não gostei do final.

—Sério? —Daisy parece surpresa. Obviamente, eu


deveria ter mentido. —É a única maneira que poderia ter
terminado. O bem prevalece sobre o mal, sabe?

—Os vilões tiveram uma vida dura. Eles não conheciam


outro caminho a seguir —murmuro.

Daisy me dá um olhar como se eu fosse um animal que


ela nunca viu antes.

— Bem —ela começa e depois para, como se não


soubesse o que dizer, —Eu acho que sim. Eu não estava
realmente olhando sob o ponto de vista do vilão. Mas eles são
os maus. Você deveria querer que eles perdessem.

—A vida real não é assim tão fácil —eu digo


involuntariamente. Eu não sei por que disse isso. O
que ela sabe de mim que não seja que eu vivo em
algum lugar e tenho dinheiro? Se ela soubesse a
verdade, seria o fim de tudo. Seu prazer se voltaria
para consternação. Eu tento me retratar, mas as palavras
escapam de mim, como se eu pudesse fazê-la entender de
alguma forma. —Às vezes as pessoas fazem coisas más para
aliviar a dor dos outros.

Sua resposta não é o que eu espero. Em vez de estar


irritada com as minhas palavras ou discutindo o sentimento,
um olhar sombrio passa pelo rosto de Daisy.

—Eu sei.

Estranhamente, essa resposta me dá esperança.

Nós dirigimos de volta para o apartamento de Daisy em


silêncio. Eu acho que estamos ambos querendo saber sobre o
passado um do outro. Daisy não é toda perfeita e inocente.
Há escuridão nela, e isso faz dela ainda mais atraente. Se há
escuridão dentro dela, talvez ela vá entender a escuridão
dentro de mim. —Sinto muito por esta noite —eu digo,
quando estaciono em frente de seu prédio.

—Desculpa? —Ela engasga com a palavra. —Isso é uma


coisa horrível de se dizer a uma menina em um encontro.
Você lamenta que tenha me convidado? Lamenta que
tenha me permitido escolher o filme? —Sua resposta é
nítida e infeliz.

Na minha infelicidade, eu aceito cada frase


como um chicote contra a minha pele. Suas
palavras me confundem. Talvez tenha feito algo de
errado, talvez sido muito agressivo. Ela parece desolada, e eu
não sei o que posso fazer para corrigir isso. Minhas mãos se
fecham em punhos, e eu desejo que possa bater-me por
minha estupidez. O que posso dizer para salvar esta noite?
Eu nunca tive um relacionamento antes. Nunca fui a um
encontro. Eu só tenho experiência com mulheres que tomam
meu dinheiro, mas cada presente que eu compro para Daisy é
algo que eu devo forçar ela a aceitar. Ela está tolerando
minha companhia? Será que ela deseja se ver livre de mim?

Na minha falta de resposta, ela sai do veículo e fecha a


porta com cuidado. Suas intenções são mais claras do que se
ela tivesse batido a porta e mais doloroso do que se os meus
dedos fossem pegos no aperto. Vejo agora que quando ela
está realmente chateada, ela se retrai e todo o prazer nela se
apaga. Eu odeio isso mais do que qualquer coisa.

Sigo-a, amuado e incerto. Não sei o que fazer. No final,


eu não faço e não digo nada. Nem mesmo quando ela faz uma
pausa em sua porta e diz:

—Boa noite, Nick —em uma voz gentil. Soa como


um adeus, e minhas objeções morrem na minha
garganta enquanto eu penso em palavras suaves para
dizer a ela para convencê-la do meu merecimento.
Quando a porta se fecha atrás dela, eu me inclino
contra ela.
Tantas coisas que eu faço bem. Posso me controlar.
Posso sintetizar informações em padrões discerníveis. Eu
caço. Eu mato. Nessas coisas eu sou competente. Cortejar, eu
não sou.

Em meu próprio apartamento, eu não me permito olhar


para Daisy. Agora que eu a conheci, beijei-a e segurei-a, a
invasão da sua privacidade seria muito radical. Há muito
sobre mim que não seria aceitável para ela, e de alguma
forma eu sei que isso seria demais.

Eu não vou vê-la novamente.

Eu começo a fazer a minha pesquisa sobre o alvo de


Seattle, vasculhando a web profundamente para obter
informações sobre a venda ilegal de órgãos. Eu encontro
ofertas, vendas, mas sem referência ao cirurgião. Observo
três negócios que se originam a partir de Pacific Northwest no
último mês. Somente três. Isso parece baixo. Talvez o alvo de
Seattle seja burro demais para saber sobre a rede e em vez
disso use algum quadro de mensagens mais perto da
superfície.

Uma vez eu encontrei um site de comércio de


crianças no mais popular site de rede social como se
ninguém fosse encontrá-los em seu grupo privado.
Eu exterminei o administrador dessa rede
gratuitamente. A penitência, para outras vidas que
tomei. A morte é uma misericórdia. Eu uso o lema no meu
peito. Eu vivo isso.

Enquanto navego em torno da rede, eu penso na minha


noite com Daisy e quão terrível eu fui com ela. Eu me
pergunto se posso fazer as pazes. Pergunto-me como posso
recomeçar. Por um longo tempo, eu me sento na minha
cadeira alugada com meu laptop e penso na tristeza que eu
trouxe para ela e a escuridão que obscureceu seu sorriso
brilhante. Eu nem sequer me permito fantasiar sobre ela. Até
que ela esteja feliz de novo, eu não vou usá-la de uma forma
tão baixa.

Há talvez uma pessoa que eu poderia pedir ajuda, mas


fazer isso pode pôr em perigo Daisy, levá-la ao conhecimento
do outro. No entanto, ele deu a entender que ele gostaria de
receber algo semelhante a uma amizade de mim. Eu pego
meu telefone. Em seguida, coloco-o para baixo. Eu volto a ele
segundos depois e digito uma mensagem antes que eu possa
pensar.

Nick: Qual o melhor lugar para um encontro?

Eu digito para Daniel.

Eu não espero muito tempo antes que haja uma


resposta.

Daniel: Esta é a mais importante peça de


informação que você já me deu, Nick.
Nick: Mudak.

Daniel: Eu sei que sou um idiota. Só idiotas estão neste


negócio. Vou tomar isso como um sinal de que quer ser meu
amigo. Eu sabia que ia ceder eventualmente.

Nick: Você parece uma velha senhora Daniel? Eu pensei


que você era jovem soldado americano descontente.

Desta vez, a resposta não é tão rápida.

Daniel: Eu estaria mais aberto à partilha, se você não


achasse que eu sou seu inimigo.

Contemplo as repercussões potenciais.

Nick: Não é a amizade que eu procuro. Só compartilhar


informações.

Daniel: Nick, você pediu conselhos de namoro, não o


melhor fio de garrote para alguém ou se eu prefiro cianeto ou
dimetileno.

O desejo de Daniel por essa amizade parece estranho.


Eu não sei o que fazer com ele.

Nick: Você tem outros amigos como eu. Bogdan


mencionou uma rede, mas eu trabalho sozinho desde
que saí de Aleksandr. Existe uma rede?

Daniel: Ele mencionou! Sim, há uma pequena


rede em que nós compartilhamos informações. Nós
nunca o trouxemos para dentro, porque, bem, os
outros pensam que você não é muito bom em jogar limpo.

Eu não jogo limpo. Esta rede intriga-me embora.


Quando eu trabalhava com Aleksandr, houve frequentemente
novos recrutas trazidos. Logo no início, aos nove ou assim, eu
tentei fazer amigos, mas Aleksandr cuidou disso. Sem
amigos. Não confiar em ninguém, ele ordenou. Nem mesmo
ele.

Para reforçar este conceito, ele nos fazia lutar entre nós
por uma recompensa. Às vezes, a recompensa seria um
chocolate ou algum doce. Às vezes, a recompensa seria uma
arma melhor. Mas ganhar sempre significou ter um bônus. E
quando você não tinha nada, um bônus significava tudo.

Daniel: Você tem regras. Você vive por elas. É o suficiente


para nós.

Estou perturbado. Daniel esteve me observando por


mais tempo do que eu suspeitava.

Nick: Quanto tempo? —Eu pergunto.

Daniel: Apenas um par de anos

Ainda, que é tempo demais. Ele poderia saber


sobre Daisy. Abro a pasta marcada D-Soldier. Daniel
Soldado. Com base em suas armas, sua precisão, seu
sotaque americano, e a fonte de sua pólvora, eu
marquei Daniel como um ex-armador do Exército.
Eu o deixei sozinho, porque seu trabalho nunca
interferiu com o meu. Eu sei que há outros lá fora, como eu,
assassinos especializados, mas enquanto eles não
interferissem com o meu negócio, eu ignoro sua existência
tanto quanto eu esperava que eles ignorassem a minha.

Nick: Você está me ameaçando?

Daniel: Não, seu bastardo. Eu estou convidando-o a fazer


parte da rede. Compartilhar informações. Sair. Dar-lhe
cobertura. Tomar boas decisões. Dar-lhe conselhos sobre
primeiros encontros. Se a mulher tem filhos, vá ao zoológico. Se
ela é solteira, os filmes são bons.

Crianças? Eu nunca namorei uma mulher com filhos,


mas é evidente que Daniel sim. Eu abro meu arquivo e ao
lado de companheiros, eu digito "encontro com mulher com
criança".

Nick: Filme não foi bom. —Compartilho com Daniel.

Daniel: Então você já está em um segundo encontro.


Boa decisão. Algumas meninas não se soltam até o terceiro.
Apenas para sua informação.

Eu anoto "meninas não se soltam até terceiro


encontro."

Nick: Informação anotada. Zoo ou que outras


opções?
Daniel: Ela tem filhos?

Talvez Daniel não tenha se encontrado com uma mulher


com filhos e está tentando extrair informações de mim. Eu
coloco meu cursor ao lado de "criança" e começo a pressionar
o botão delete. Faço uma pausa e, em seguida, adiciono "pode
ou não" para os companheiros de linha.

Eu tomo uma respiração profunda, e os meus dedos


passam o mouse sobre a tela. Se eu disser a ele que ela tem
filhos e ele estiver me observando, ele pode me considerar
uma ameaça. Se eu disser a ele que ela é solteira, eu arrisco
algo mais revelador. Mas eu comecei esta conversa por
mensagens de texto com ele em primeiro lugar. Talvez eu
esteja pronto para o risco.

Nick: Você sabe a resposta para essa pergunta.

Daniel: Sim, eu sei, mas você sabe coisas sobre mim


também. Isso é chamado de partilha de informação! Você já
está fazendo isso e nem sequer sabe disso.

Nick: Eu não gosto de não saber as coisas.

Daniel: Eu sei, é por isso que eu estou dizendo a


você que, se você me der algo, podemos seguir em frente
a partir daqui.

Eu entendo agora. Daniel quer uma mostra


evidente de boa fé. Mesmo se eu lhe disser uma
coisa que eu tenho certeza que ele sabe, ele vai aceitar isso
como um ramo de oliveira.

Nick: Ela não tem filhos.

Daniel: Leve-a um piquenique. Isso mostra que você


pensou nela, planejou para ela. Leve-a algum lugar privado.
Você vai ter que falar com ela, e a partir de nossas conversas,
você é um muito terrível conversador. Você pode querer praticar
isso.

Nick: Da, spasibo. Sim, obrigado.

Eu tenho um plano, e agora eu posso dormir. Amanhã


vou renovar minha campanha, pedir desculpas por meus
erros, e rezo para que ela vá aceitar.
Capítulo
Sete
Daisy
Regan e eu estamos bebendo alguns tiros. É bobo, mas
desde que ela me apresentou a algo chamado licor de canela,
tudo parece bobagem. Beber e se intoxicar no nosso
apartamento com a porta trancada e à noite é inofensivo. Eu
mencionei a ela que eu nunca bebi álcool antes, e ela queria
que eu tivesse minha primeira experiência antes de irmos
para o clube. Nós colocamos Becca na espera por mais uma
noite, alegando que eu tinha que trabalhar. Regan disse que
Becca fez beicinho, mas que ela iria superar.

Então, nós bebemos.

Beber naturalmente conduziu a um jogo. Copos


de tiro. Ela derrama doses nos copos enfileirados sobre
a mesa. Nós bebemos uma dose e é suposto colocar
o copo na borda da mesa e, em seguida, vira-lo com
um toque. Eu sou terrível neste jogo e no final de
uma rodada, estamos derrubando álcool pegajoso por todo o
tapete, então Regan sugere um jogo diferente.

Chama-se ―Eu Nunca."

Eu rio bêbada e tomo outro gole de meu copo. O álcool


queima meu estômago, mas é uma queimação, interessante.

—Como é que este jogo funciona?

—Eu digo ―Eu Nunca alguma coisa. ‖ Se você já fez isso,


você bebe. Se você não tiver feito isso, tenho de beber.

Eu franzo a testa, tentando manter isso claro em minha


mente. Talvez o álcool já esteja tomando conta de mim. Eu
provavelmente não tenho tolerância para bebidas. —O que eu
nunca fiz nunca?

—Não, não. —Diz ela, rindo. —Eu digo 'Eu Nunca bebi
álcool' e você não iria beber, porque você nunca bebeu antes
de hoje à noite, viu?

Isso é confuso.

—Mas eu estou bebendo agora —Talvez Regan não seja


tão boa com álcool também. Suas regras não fazem
sentido. Minha cabeça está confusa, mas eu estou me
divertindo muito. Não consigo parar de rir na minha
mão.

—Isso foi apenas um exemplo! —Ela suspira e


agarra a garrafa, serve ambos os nossos copos de
plástico vermelhos. Então, eu vou começar desde que você
precisa claramente de mais exemplos. Eu nunca comi...
sapos.

Eu ronco de riso.

—Eu não comi um sapo. Por isso, eu bebo?

—Não, não. Desde que você não tiver feito isso, você não
bebe. Eu bebo, porque você nunca fez. Entendeu?

—Hum —Eu ainda não entendo muito bem, mas eu


estou disposta a jogar junto.

Ela me cutuca com seu copo.

—Sua vez.

Eu penso por um momento.

— Eu nunca fui para a faculdade. É isso mesmo?

Regan ergue o copo e bebe. Depois de um momento, ela


engole e assente.

—Essa foi boa.

—Então, como vamos vencer este jogo?

Ela encolhe os ombros.

—Se você ainda estiver consciente, no fim de


tudo, você ganha.

Oh. Eu olho para o meu copo. Ela encheu


novamente, e parece demasiado cheio. Meu nariz
sente cheiro de canela e minha garganta e barriga ardem. Eu
não quero mais, mas eu estou me divertindo demais para
protestar.

—É a minha vez. Nunca fiz sexo anal.

—O que? —Estou chocada. Passamos de rãs para... o


que?

Regan encolhe os ombros e bebe, mas há um sorriso em


sua boca.

—Só por curiosidade, se a Pollyanna estava escondendo


um lado escuro e sujo.

Eu tenho um lado sujo escuro, mas não é assim tão


sujo.

—Eu ainda não fiz sexo, Regan!

Ela acena com a mão para mim.

—Você deveria esperar pela minha próxima pergunta.

—Oh —penso por um minuto, tentando formular uma


pergunta.

—Então você não teve relações sexuais? Sério?

Eu balancei minha cabeça.

Ela parece impressionada.

— Você está se guardando para o casamento.


—Eu não estou —Eu digo, e então eu rio porque eu soo
tão ansiosa. —Simplesmente não houve oportunidade ainda.

—Hum. Pensei que Nick iria pedir-lhe?

Sinto-me toda vermelha e quente com o pensamento de


Nick. Nick, que me beijou antes do filme e, em seguida, me
tratou como se eu o tivesse ofendido depois. Eu não sei como
ler ele. Ele é bonito e sensual. E muito vivo. Eu tremo,
pensando em seus olhos gelados.

—Eu não sei se ele vai me pedir —Eu admito. Estou um


pouco triste com o pensamento.

—Quer dizer que será sim se ele pedir?

—Sim —eu digo, e desta vez eu sou inflexível.

Ela olha surpresa com minha resposta.

—Sério?

—Realmente —eu concordo. Eu sou fascinada por Nick,


mas eu também quero saber o que o sexo é.

Agora que estou livre da prisão do meu pai, eu quero


fazer tudo que posso para viver a minha vida. E se isso
significa fazer sexo irresponsável com um homem
impossível de entender? Eu vou fazer isso. Eu toco
minha boca, pensando nos lábios de Nick nos
meus. Eu queria que esse beijo durasse para sempre. É por
causa de Nick ou porque eu queria ser beijada mais?

Eu acho que é por causa de Nick, mas eu não posso ter


certeza. Eu não tenho qualquer outra experiência para me
apoiar.

—Ele é tão sexy, hein? —Regan fica toda sonhadora. —


Cara, eu quero dar uma boa olhada nele. A próxima vez que
ele te convidar para sair convide-o para entrar.

Eu não sei se ele vai me convidar para sair novamente,


embora. Eu olho para o meu copo sem jeito e tento pensar em
uma questão que com certeza vai distrair Regan dos
pensamentos de Nick.

—Eu Nunca... tive um carro.

Regan bufa e não bebe. Ela simplesmente balança o


copo para mim, e eu bebo esse tempo.

—Você não está sequer tentando —ela protesta. —Eu


nunca tive um homem me dando uma oral.

Meus olhos se arregalam novamente. Regan e Mike


fazem sexo o tempo todo.

—Eu pensei que todo mundo fizesse isso. —Não é


que eu seja uma especialista, mas nos livros que
tenho lido os homens sempre fazem oral em suas
mulheres na hora do amor. —Então... Mike...?
—Cara, você é inocente —Ela inclina a copo para trás e
suspira depois que ela bebe. —E nem todo mundo faz isso.
Mike com certeza não.

Eu sinto que estou aprendendo todos os tipos de coisas


sobre Regan agora, a vida despreocupada feliz parece ter uma
pequena mancha sobre ela.

—Eu Nunca ... beijei um homem que não amava?

—Você não pode fazer uma perguntar que a menos que


você tenha feito algo —ela aponta, mesmo quando ela bebe.

Eu acho que só beijei dois homens: o meu pai, que eu


amo, embora eu também o odeie, e Nick. Eu não sei como me
sinto sobre Nick. Eu só o conheço há alguns dias. É muito
cedo para eu estar apaixonada por ele, mas o que eu sinto
por ele é tão intenso que é desconcertante e enlouquecedor.
Eu não quero confessar tudo isso para Regan por isso dou de
ombros e tomo uma bebida de qualquer maneira.

—Eu Nunca... —Regan insulta suas palavras e, em


seguida, pensa. —Dei uma no emprego.

Dou-lhe um olhar exasperado.

—Tudo o que você pensa é sobre sexo?

—Às vezes —diz ela. —Mas essas são as


perguntas divertidas para fazer.
—Bem, eu não posso responder a qualquer uma delas —
eu digo a ela. —Eu não fiz nada.

—Nem uma coisa, Pollyanna? —Regan parece cética.

Eu olho para meu copo. O licor está começando a


sentir-se muito forte, e meu estômago está embrulhado.
Sinto-me ansiosa. Não é apenas o álcool, é o sentimento que
eu não estou me encaixando com minha nova amiga.

—Eu... meu pai era muito controlador. Ele não me


deixou fazer muita coisa. Foi por isso que eu saí.

É um começo, mas não é suficiente. Quero confessar


que meu pai tem pavor de estar fora da casa. Que ele não
saiu nos últimos treze anos. Que, mesmo quando eu era
pequena, eu tinha que ir ao supermercado sozinha e fazer as
compras porque ele não podia sair. Que ele controlava o que
eu usava o que eu comia o que eu lia o que eu assistia.

Que me sentia sufocada e presa com ele.

E que eu sinto falta dele e me sinto culpada quando eu


penso sobre ele.

Mas eu não posso dizer que tudo isso é alegre,


Regan é obcecada por sexo. Então, eu simplesmente
dou de ombros e olho para o meu copo ainda
demasiado cheio.
—Quer brincar de passar trote chamá-lo? —Regan
pergunta. Brincadeira infantil, mas quem se importa?

—Trote?

—Sim, você sabe. Ligar para alguém e fingir ser da


pizzaria só para zuar. Se vingar do seu pai só um pouco.

Eu estou bêbada e por isso este soa como uma boa ideia
para mim. Eu sorrio e aceno. Regan pega seu smartphone e
atinge o botão de alto-falante e, em seguida, coloca-o na
minha frente. Eu digito enquanto nós gargalhamos e
bebemos.

O telefone toca uma vez, e percebo que eu não quero


chamar o meu pai. Eu não quero fingir chamá-lo, porque se
eu ouvir a sua voz, eu vou ficar triste. Eu já o abandonei. Eu
o coloquei em segundo plano, e eu me sinto como a pior filha
possível.

Apertei o botão para desligar.

—Ah, cara —Regan diz, e ela inclina o copo de volta para


beber.

Mas estou congelada no lugar. Acabei presa a


meu pai. Esse é o nosso código do telefone. Um toque,
desligar, e, em seguida, chamar de volta
imediatamente. É assim que ele sabe que sou eu e
não um estranho. É assim que ele sabe que é
seguro responder.

Ele vai estar à espera de uma chamada.

A culpa torce meu intestino. Eu tenho que ligar de volta.


Parece cruel não retornar. Apertei o botão de discagem
grande na tela de seu telefone e espero.

Meu pai responde imediatamente.

—Daisy?

Sua voz é rouca. Eu posso ouvir a infelicidade, a tensão


nele. Minha própria voz congela na minha garganta. Eu não
posso dizer nada.

—Está tudo bem, Daisy —meu pai diz, e ele soa tão, tão
triste. —Eu só.... Eu quero que você saiba que eu sinto muito
—Ele toma uma respiração irregular. —Eu não percebi o
quão injusto eu estava sendo com você. Eu sei que você teve
que fugir. E eu sinto muito. Se você quiser voltar para casa,
você pode. Eu não estou com raiva.

E ele acalma.

Meus olhos estão marejados e eu olho o telefone


com uma mistura de terror e desejo. Anseio, porque
voltar para casa com meu pai significa um retorno à
família. Isto vai fazê-lo feliz de me ter de volta sob o
polegar novamente. Tudo estará bem no seu
mundo.
Tudo isso me apavora porque é a última coisa que eu
quero.

—Sinto muito, Pai —eu digo e desligo o telefone.

Eu olho para baixo para ele, ofegante. Estou tão ansiosa


e infeliz ao ouvir a miséria do meu pai que eu sinto como se
tivesse levado tudo em mim. Como egoísta da minha parte foi
fugir. Meu pai não está bem. Eu sei disso, mas eu não posso
fazer nada. Eu tive que ir embora. Eu tive.

—Bem, isso foi... deprimente. —Regan diz, e ela inclina


o copo de volta para terminar sua bebida.

Eu coloquei o meu para baixo.

—Eu acho que preciso vomitar —É mais do que a bebida


forte. É a infelicidade do meu pai e meu próprio senso de
falhar em ser eu mesma. Estou muito chateada para jogar
com Regan. Meu trabalho é uma porcaria. Eu fui protegida de
tudo, e eu não sei como me encaixar. E o pior de tudo isso?
Um homem lindo, sexy me convidou para um encontro, e eu
de alguma forma o arruinei.

Eu vou ao banheiro antes de vomitar minhas


tripas. Pelo menos o mundo é bom para mim nesse
aspecto.

Eu estou deprimida no trabalho no dia


seguinte.
Não é a ressaca. Eu não bebi o suficiente para fazer-me
mal, não como Regan, que ficou dentro de um quarto escuro
durante todo o dia e queixou-se de sua cabeça.

Estou doente do coração. Eu sou uma pessoa horrível.


Eu abandonei meu pai, sabendo de seus medos, para
perseguir egoisticamente minha própria vida. E onde isso tem
me levado? Eu não estou fazendo dinheiro suficiente para ir
para a faculdade. Eu estou sentada sozinha em um posto de
gasolina às dez horas da noite, distribuindo cigarros para os
clientes.

Esta não parece ser a vida que eu tinha sonhado


quando eu estava deitada na cama toda noite, rezando para
que eu pudesse escapar do meu pai. Eu queria uma vida e
liberdade, e agora me sinto mais presa pela minha culpa do
que nunca. Eu passei a noite toda chorando, e meus olhos
estão vermelhos, inchados e doloridos.

Minhas escolhas pesam enquanto a noite se arrasta.


Não consigo me concentrar no livro emprestado de Regan, a
minha leitura normal. Estou muito focada no ―se‖.

E se eu estou fazendo a coisa errada?

E se o meu pai está sozinho e algo acontece com


ele?
E se Nick nunca me chamar de novo? Ele tem estado em
silêncio desde nosso encontro há duas noites.

Eu sou uma pessoa horrível, porque é o último item que


mais me obceca. Eu verifico o meu celular descartável parvo,
pelo menos uma vez por hora, na esperança de ter uma
mensagem perdida, mas não há nada.

É tolice da minha parte ser obsessiva sobre um encontro


e um beijo, mas não posso me controlar. Eu quero mais.
Talvez eu seja a única. Talvez Nick não gostasse da maneira
como eu o beijei e inventou uma briga simplesmente para
acabar com o encontro.

A porta para o posto de gasolina é aberta, o sinal sonoro


alertando-me. Eu olho para cima de outra checagem
infrutífera do meu telefone para ver Nick entrar, vestido com
roupa escura, com uma expressão sombria no rosto. É como
se meus pensamentos o tivessem conjurado.

Eu não sei o que dizer. Encaro-o em silêncio quando ele


vem para o balcão como se quisesse comprar alguma coisa,
mas eu sei que ele não quer. Nick não parece precisar
de alguma coisa, mesmo de mim. Ele está sempre
preparado, sempre independente. Desejo por um
momento que ele estivesse tão abalado com a minha
visão como eu estou com a dele.
Eu gostaria de ter uma aparência melhor. Desejava que
eu não estivesse usando este polo estúpido, e que tivesse feito
algo especial com o meu cabelo. Ele está na horizontal sobre
os meus ombros, pouco atraentes. Enfio uma mecha de
cabelo atrás da minha orelha.

—Posso ajudá-lo?

—Você sabe que eu vim vê-la, Daisy —Seu sotaque é


grosso, hoje, sua voz suave. Suas mãos achatam no balcão,
essas tatuagens que travam meus olhos. Ele está a
centímetros de distância de onde me sento, mas ele não faz
nenhum movimento para me tocar.

Eu gostaria que ele o fizesse. Se ele me tocar, então eu


sei que está tudo bem. Que ele me quer.

—É bom ver você —eu digo depois de um momento. Eu


tento sorrir brilhantemente para ele. Eu não tenho certeza de
como agir depois de um encontro falho. Eu não posso ficar
brava com ele. Eu não quero que ele me deseje mal. —Como
você está?

Ele estuda meu rosto por um longo momento. —


Alguma coisa está errada. Você está triste.

Eu tento sacudir a cabeça para negá-lo, mas


sinto meu rosto deformar assim que eu o faço. Uma
fungada alta me escapa.
—Não é nada.

O frio em seus olhos gelados se intensifica, e ele pega a


minha mão sobre o balcão.

—Quem te machucou? Diga seu nome. Vou lidar com


isso. Eles nunca vão incomodá-la novamente.

Por alguma razão, acho essa declaração incrivelmente


doce. Ela só faz o meu fluxo de lágrimas ainda mais forte. Eu
tento estancá-las.

— Não é nada —Minha voz tem um trinado tão infantil


nela. Eu não posso acreditar que eu estou chorando na frente
dele. Eu sou um desastre, apesar de tudo. É o meu pai e
minha culpa, e o fato de que eu sei que ele está aqui para me
rejeitar.

—Não é nada —diz ele densamente. Através da corrente


das minhas lágrimas, noto sua mão elevar a minha. Um
segundo depois, ele está vindo atrás do balcão, e ele me
envolve em um aconchegante e delicioso abraço, puxando
meu corpo contra ele, meu rosto roçando seu casaco.

Estou perdida.

Eu me enterro contra ele, deixando as lágrimas


saírem. Pela primeira vez em anos, eu estou sendo
confortada por alguém. É uma sensação incrível.
Eu não sabia o que estava faltando até que Nick
colocou os braços em volta de mim.

Eu tenho estado tão solitária. Estou tentando ser forte,


mas é tão difícil. Sinto-me completamente fora do meu
ambiente.

E eu quero desesperadamente que ele goste de mim,


apesar do fato de que sou uma mulher horrível que
abandonou seu mentalmente doente pai.

Sua mão acaricia minhas costas.

— Shhh —ele me conforta. —Vou torná-lo melhor para


você. Diga-me o que posso fazer. Diga-me quem tem
perturbado você.

Eu chego mais perto, sem falar. Eu quero ficar em seus


braços para sempre. Ele é forte e quente, e tão reconfortante.
Depois de alguns momentos de choro, eu percebo o quão
desconfortável isto deve ser para ele. Ele provavelmente veio
aqui para se despedir, e encontrou-se confortando-me em seu
lugar. Eu relutantemente me afasto, enxugando os olhos e,
em seguida, alisando a mão na frente de sua jaqueta cara.

—Sinto muito. Eu não deveria estar fazendo isso.

Ele mostra os dentes como se rosnasse.

— Deixe disso.

Eu pisco para ele com surpresa.


—Eu... não. Quero dizer, eu não deveria estar chorando
em você. Eu tenho certeza que você veio aqui para romper
comigo...

Os dedos de Nick escovam meu rosto em uma carícia


suave.

—Não, Kotehok 22 . Romper com você? É por isso que


você chora?

Eu não posso encontrar seus olhos. É uma das razões, é


claro, eu quero que ele goste de mim tanto quanto eu gosto
dele. Mas é mais do que isso, também. Eu não posso falar
sobre o meu pai, ou então ele vai saber a terrível pessoa que
eu sou. Então, eu simplesmente encolho os ombros e olho
para longe. Estou tão envergonhada por chorar na frente
dele.

Seus dedos continuam a acariciar meu rosto


suavemente, e quando tento afastar, ele me segura contra ele.
Eu estou presa entre seu corpo grande e a registradora, mas
eu não tenho medo. Eu sei instintivamente que Nick nunca
iria me machucar.

—Silêncio, Daisy. Não chore. Eu vim para me


desculpar com você. Eu agi mal quando nos
separamos.

22
Gatinha
Eu puxo para trás em surpresa.

—Você está se desculpando? Eu não entendo. Eu pensei


que eu tinha feito algo errado. Eu não estive em muitos
encontros, então eu não sei...

Seu olhar já não é gelado, ele está quente enquanto olha


para mim. Seus dedos continuam a acariciar meu rosto,
como se ele não pudesse se controlar ao me tocar.

—Eu sempre falo algo errado quando estou perto de


você. Minhas palavras não saem direito —Seus dedos
escovam sobre minha boca, oh tão gentilmente. —Eu quero
fazer as coisas direito, mas eu só pioro. Você merece o
melhor.

Se ele soubesse como eu me sentia em meu interior.


Balanço a cabeça, e os meus dedos continuam a alisar a
frente de seu casaco, e eu gostaria que fosse sua pele nua
que eu estivesse tocando.

—Não isso não é verdade.

—Da —diz ele, e há um flash de auto ódio em seus olhos


que me assusta. —Você é boa demais...

Eu me inclino para frente para beijá-lo,


silenciando-o antes que ele possa discordar de mim.
É impulsivo, mas eu não posso resistir. Sua boca
está tão perto da minha, seu toque enlouquecedor,
e eu quero colocar minha boca sobre ele. Eu sou
desajeitada, porém, e a minha boca escova seu queixo e lábio
inferior, e eu tremo por dentro. Eu sou uma terrível beijadora.

Mas o efeito é o desejado ele endurece contra mim com


surpresa, e ele fica em silêncio. Um mero instante depois,
seus dedos escovam meu queixo. Ele abre minha boca, e em
seguida, pressiona seus lábios nos meus em um beijo
adequado. Um beijo molhado e quente, cheio de língua.

Estou atordoada por sua resposta visceral. Ondas de


calor passam pelo meu corpo, e eu abro minha boca para sua
invasão possessiva. Eu posso ter começado o beijo, mas é
claro que Nick assumiu o comando agora. As inclinações de
sua boca sobre a minha, seus lábios acariciando os meus
próprios. Sua língua desliza contra a minha própria, e minha
respiração engata com a intensidade da sensação que ele
traz. Meus mamilos endurecem enquanto eu pressiono contra
ele, e eu estou chocada e intoxicada com minha própria
resposta. Eu pensei que o beijo que tínhamos compartilhado
no estacionamento foi maravilhoso, mas empalidece em
comparação com a necessidade desse. Meus joelhos estão
fracos e eu quero experimentar mais.

Seu fervor deveria me assustar, mas eu tenho


fome dele. Isto é o que eu queria toda a minha vida.
Nos braços de Nick, sinto-me verdadeiramente viva.
Minha mão desliza para seu pescoço, e eu escovo
meus dedos sobre a pele quente de sua nuca. Eu
gostaria que ele não usasse camisa para que pudesse tocar
tudo dele. Eu preciso muito mais do que um simples beijo. —
Toque-me —eu respiro contra sua boca quando ele rompe o
beijo.

Ele dá um gemido suave, ele ouve as minhas palavras.

Eu me apego a ele, levantando a boca para outro beijo,


mesmo quando suas mãos vão ao redor da minha cintura e
ele me arrasta para mais perto dele. Eu o quero.

A porta tilinta, me trazendo de volta à realidade. Nick


me libera imediatamente, e eu tropeço longe dele, virando-se
para registradora em uma confusão. Um homem solitário
anda vestindo um boné de baseball, jeans e uma camiseta
suja. Ele mal olha para mim e vai para o fundo da loja para a
cerveja.

O momento se foi.

Eu pressiono as costas de uma mão em minhas


bochechas coradas, tentando resfriá-las. Meus mamilos estão
duros, e eu espero que eles não sejam visíveis através da
minha camisa. Eu nunca me senti tão excitada, e isso é
tudo por apenas um beijo.

Bem, não é um simples beijo. Beijar Nick não é


nada comum.

Olho para ele, mas ele não está olhando na


minha direção. Seu olhar está estreitado sobre o
homem na loja, e seus olhos passaram a ficar frios
novamente, calculando. Ele move-se para um corredor
próximo e assiste o homem, embora finja interesse em uma
caixa de Pop Tarts.

O homem vem ao balcão com um refrigerante, um


minuto depois e aponta para um maço de cigarros. Eu o pego
para ele e ele sai sem dizer uma palavra sobre o fato de que
ele me encontrou beijando um homem um breve momento
atrás. Quando ele se foi, eu volto para Nick.

Ele vem para a registradora de novo, mas ele permanece


no outro lado da mesma, como um cliente. Estou
desapontada, porque eu sei que ele não vai me beijar
novamente. Para minha surpresa, ele coloca um telefone na
minha frente

—Eu comprei isso para você.

Eu fico olhando para ele. Por um momento, eu acho que


é o seu telefone e que ele vai me mostrar algo na tela. Então
eu percebo que ele comprou um telefone para mim.

—Eu tenho um telefone, Nick.

—É um telefone melhor —Ele cutuca-o para mim.


—Eu acho que o seu outro telefone não funciona tão
bem. Às vezes eu não recebo suas mensagens
rapidamente —Suas pálpebras sombreiam sua
expressão, como se ele estivesse envergonhado que
ele desejasse que eu respondesse mais rápido a seus textos.

Ele está gastando muito dinheiro comigo. Isso me deixa


desconfortável. Eu sei que smartphones não são baratos. Eu
vi os preços enquanto procurava por um descartável e o
plano de dados por si só é mais do que posso gastar em um
mês em algo tão frívolo. Não quando eu estou comendo
macarrão instantâneo todas as noites da semana. —Mas por
que você me deu um telefone quando já tenho um?

—Pegue-o. Assim você pode escrever frases completas.

Dou-lhe um olhar magoado.

—Eu digito o melhor que posso.

Nick suspira e atinge o outro lado do balcão para pegar


minha mão antes que eu possa afastar. Ele esfrega o polegar
sobre ela e balança a cabeça.

—Mais uma vez, eu não sei me expressar. Em torno de


você, a minha língua fica boba.

O sorriso que ele me dá é irônico, autodepreciativo.

— Sou um homem ganancioso, Daisy. Eu quero


mais de você do que apenas algumas palavras. Eu
quero toda a sua atenção. Quando você pensar em
mim, você me escreve. Eu não quero que você
escolha palavras curtas, porque é mais fácil para
digitar. Eu quero tudo o que você tem a dizer. Isso
torna mais fácil. —Ele aponta para o telefone. – O aceita por
mim?

Eu olho o telefone. Eu odeio o pensamento de mais


caridade, mas a capacidade de enviar textos para Nick com
facilidade me enche de antecipação.

—Assim que eu conseguir meu próprio, você vai aceitá-


lo de volta?

—Da —Seus olhos brilham, ele sabe que ele ganhou a


batalha com lisonja.

Dou-lhe um olhar astuto.

—Se eu disser não, você vai encontrar uma maneira de


quebrar o meu telefone?

—Estou ofendido por você pensar estas coisas de mim,


Daisy —diz ele, mas há um sorriso de malicioso em seu rosto.

—Você é terrível —eu digo a ele com uma risada. —


Nenhuma das minhas posses está segura perto de você.

—Não se eu achar que você merece melhor —diz ele, e


ele está pronunciando os graves novamente.

Eu suspiro e pego o telefone, uma vez que eu sei


que tenho tanta escolha sobre isso como eu tive com o
casaco.

—Obrigada, Nick.
Ele me olha como se desejasse me dizer algo mais, mas
depois de um momento de hesitação, ele simplesmente
balança a cabeça e acena, e eu fiquei só na loja mais uma
vez.

Aperto os braços ao redor meu peito, vendo-o


desaparecer em um sedan estacionado fora. Eu o beijei. Ele
não me beijou até que eu tinha feito o primeiro movimento.
Foi estúpido da minha parte? Ele não me pediu um encontro
outra vez.

Mas então eu penso em suas palavras ― Eu vim aqui


para pedir desculpas. ‖

E ele me trouxe um presente. Eu me sinto tonta de


emoção apesar das minhas dúvidas iniciais, e eu passo meus
dedos pela tela. É o mais recente modelo de uma marca
popular cara de smartphones, e eu sei que Regan vai invejá-
lo. Nick já tem programado o meu nome para o telefone como
D8Z, e o fundo é uma imagem de margaridas brancas. Que
doce. Eu folheio os aplicativos e por impulso, clico no álbum
de fotos para ver se ele não deixou nada lá.

Está em branco. Fico desapontada, mas isso não


significa que eu não possa devolver o favor. Eu
configuro a câmera e consigo, eventualmente, tirar
uma selfie soprando um beijo para a câmera. Seu
número é o único programado no meu telefone,
nada mais do que "N" para o seu nome, e eu envio a imagem,
juntamente com uma mensagem rápida:

D8Z: Obrigada por ser tão atencioso.

Sua resposta vem enquanto estou atendendo um


cliente, e leva tudo o que tenho para não pegar o telefone
quando ele vibra. Ele não me envia uma foto de volta, mas a
mensagem me faz sorrir.

Nick: Se eu sou recompensado com tanta beleza por um


simples presente, vou comprar um carro na próxima vez.

D8Z: Não se atreva.


Capítulo
Oito
Daisy
—Vamos, Pollyanna – Becca geme. —Por que você está
andando tão estupidamente devagar?

—Estou indo —Eu grito com ela vários passos atrás na


calçada. Estou tentando digitar uma mensagem e andar ao
mesmo tempo, e eu não sou boa nisso, mas não estou
disposta a desistir de minha mensagem. Desde que Nick me
deu o celular ontem, eu fiquei obcecada com ele, e com Nick.
Mesmo que eu estivesse inicialmente cética sobre o presente,
eu admiti para mim mesma que eu adorei o celular. Teclar é
muito mais fácil.

E desde que ele deu isso para mim, temos


trocado mensagens sem parar.
Ele enviou várias mensagens a noite passada enquanto
eu trabalhava. Sua mensagem ―Boa noite, milaya Moya23‖ foi
à última coisa que eu vi quando fui para a cama. Quando
acordei, enviei uma mensagem para ele de bom dia.

Ele não vai me envia fotos, o que me deixa triste. Diz


que eu não preciso ver seu rosto feio constantemente. Ele é
louco, eu acho que ele é bonito, seu perfil nobre, seus olhos
ligeiramente tristes. Se ele me enviasse uma foto, eu olharia
para ela durante todo o dia. Seria muito melhor que o fundo
do meu telefone, as doces margaridas, que ele colocou lá para
mim.

Eu perdi isso por ser ensinada em casa, esta provocação


lúdica de flerte. Eu também estou contente que eu estou
aprendendo a flertar com Nick ao invés de outra pessoa,
porque ele parece tão ruim como eu sou. Como se
estivéssemos aprendendo juntos. Talvez ele tivesse sido
educado em casa também. A ideia de Nick como um
estudante do ensino médio me faz sorrir. Ele parece que
nasceu cansado do mundo. Eu não posso imaginar ele como
uma criança despreocupada. Claro, eu não posso
imaginar-me como qualquer um. Talvez seja por isso
que nós ligamos tão rapidamente. Nossas almas velhas
reconheceram uma à outra.

23
Minha Querida
Nick fica me pedindo para enviar-lhe mais fotos, no
entanto. Recuso-me a fazê-lo até que ele me envie uma de si
mesmo, por isso estamos em um impasse. Tornou-se um jogo
de provocação para nós, que continua até hoje.

Nick: Por que você não me envia uma foto sua, Daisy? Eu
não sabia que você tinha tanta crueldade em você.

Eu rio para mim mesma enquanto leio novamente.


Estou compondo a resposta perfeita, mas eu digito
lentamente.

D8Z: Você deveria ver minha saia. Estou me sentindo


muito ousada. É muito bonita. Becca diz que pareço uma freira,
mas eu gosto. Eu...

A mão de Becca, com suas longas unhas rosa, está em


cima da minha tela, enviando a mensagem antes que eu
possa terminar.

—Cara. Sério. Ande mais rápido. Eu gostaria de chegar


ao clube antes de fechar? —Ela me lança um olhar irritado.

—Desculpa —Eu baixo o celular e dou-lhe um olhar


culpado, mas eu não me sinto tão culpada no
momento. Na verdade, não. Eu preferia estar em casa
recebendo mensagens de texto de Nick e conversando
em vez de sair com Becca e Regan, mas Regan
insistiu. Becca quer ir para um clube para pegar
um novo homem, e é claro que o que Becca quer,
Becca consegue. Regan argumenta que, porque tanto ela
quanto eu temos homens que estamos vendo, podemos fazer
companhia e tomar uma bebida em uma mesa enquanto
Becca tenta encontrar um cara.

O meu telefone vibra na minha mão, mas Becca está me


atirando olhares de reprovação e Regan está esperando
pacientemente na rua, então eu me forço a ignorá-lo e corro
um pouco para alcançá-las. Estou usando a Mary Janes que
Regan me emprestou, são meus únicos sapatos e visto uma
saia rodada na altura do joelho com um top brilhante. As
roupas são novas, e eu as amo. Elas estão cheias de cor e
brilho, e estou tentada a enviar a Nick uma imagem de
qualquer forma, mas não o faço. Eu não vou ceder sobre este
assunto.

Eu chego até Regan e Becca e esfrego meus braços nus


rapidamente. Eu queria usar um suéter, mas Becca declarou
ser 'deselegante' e me obrigou a deixá-lo em casa. Eu gostaria
de ter isso agora, a caminhada do ponto de ônibus para o
clube é mais longa do que eu gostaria. Eu não tenho estado
nesta parte da cidade, e apesar da hora tardia, as ruas
estão cheias de pessoas e barulho. Eu posso ouvir a
batida baixa em algum lugar próximo, e o som vibra
em meus ouvidos.

Então, nós estamos na porta do clube. É um


clube no térreo, abaixo do nível da rua. Vamos
esperar a nossa vez de entrar quando Becca vibra com
entusiasmo para Regan, e meu telefone vibra com outra
mensagem. Vou verificá-la em um minuto, eu decido tão logo
Becca se afaste. A antecipação do que Nick me enviou queima
quente na minha barriga.

O porteiro verifica o nosso ID. Ele olha para mim por um


longo momento, como se não acreditasse muito que eu tenho
vinte e um anos, e depois introduz-nos no interior. Somos
engolidas pelo clube, e a batida explode na minha cabeça. O
interior do clube é escuro e um pouco enevoado, há luzes
piscando em todos os lugares e corpos pressionados uns aos
outros na pista de dança.

É como se eu tivesse entrado em outro mundo.

Regan diz alguma coisa, e eu mal posso ouvi-la, mesmo


que a boca esteja se movendo. Balanço a cabeça, e ela grita
mais alto.

—Vamos encontrar uma mesa e conseguir algumas


bebidas.

Concordo com a cabeça e ela agarra a minha mão


para me leva pela multidão. Com a outra, eu enfio meu
telefone na minha bolsa.

Poucos minutos depois, estamos situadas na


parte de trás do clube em uma mesa apertada
imprensada entre várias outras mesas apertadas.
Becca está de olho na pista de dança, os braços levantados
acima de sua cabeça e se movendo com a batida. Ela
claramente não pode esperar para dançar. Seus seios saltam
com seus movimentos. Os homens estão olhando para ela
enquanto ela gira, e eu suspeito que isto é exatamente o que
Becca quer. Ela prospera com atenção.

Estou começando a encolher em mim mesma. O clube é


barulhento, e eu não quero estar aqui. Há pessoas em todos
os lugares, e eu estou começando a ter uma dor de cabeça
com o barulho. Isso é quase tão longe da minha antiga vida
abrigada como eu poderia pensar, e eu não tenho certeza se
eu gosto. Como meu pai, eu gosto do meu dia limpo,
ordenado e controlado. Este caos na minha frente é tão longe
de controle como eu posso imaginar.

Assim que me sento, Becca joga sua bolsa sobre a mesa


e desaparece na multidão, balançando-se ao som da música.
Regan apenas olha para mim e revira os olhos, como se
dissesse, ―o que você esperava, é Becca‖. Eu simplesmente
sorrio e olho em volta, tentando ter um bom tempo por causa
de Regan.

Ela dá um tapinha na mão para chamar minha


atenção quando eu olho, com olhos arregalados,
nosso entorno.
—Eu vou para o bar e conseguir drinques —ela grita no
meu ouvido sobre a música. —Você fica aqui e segure a mesa.

Eu aceno, e um momento depois, ela desaparece no


meio da multidão também. Agora estou sozinha. Eu olho em
volta para as mesas próximas, mas elas estão vazias, repleta
de pertences que foram jogados dentro de cadeiras. Um
homem careca está sentado sozinho em uma mesa próxima, e
quando eu olho, ele acena.

Eu congelo no local, com medo de que ele vai vir e dar


em cima de mim. Não é isso que acontece nos clubes? Eu
desvio os olhos e puxo o meu celular para que eu possa
parecer ocupada. Eu fui provavelmente apenas rude com o
homem, mas eu não sei mais o que fazer. Então, eu tento me
fazer tão pequena quanto possível, concentrando-me no meu
celular.

Eu tenho três mensagens de Nick.

Nick (21:19hs): Você o quê?

Nick (21:20hs): Você está bem, Daisy?

Nick (21:25hs): envie uma mensagem para mim


agora, ou eu vou lá em baixo.

A última foi enviada há cinco minutos. Oh céus.


Minha mensagem cortada o tinha preocupado, e
agora ele está fazendo promessas vazias. Ele não
sabe onde estamos, mas o sentimento de proteção
é doce. Digito uma mensagem de volta rapidamente.

D8Z: Eu estou bem. Desculpa.

Nick: Bom. Muito bom. —Ele responde imediatamente.

D8Z: Desculpe. Becca pegou meu telefone.

Nick: Eu deveria cortar as mãos de Becca.

D8Z: Está tudo bem. Eu estava apenas caminhando


lentamente. Distraída, enviando-lhe mensagens. Estamos no
clube agora, então eu deveria estar bem. Eu provavelmente
vou ser lenta para responder nas próximas horas. Becca e
Regan estão determinadas que tenhamos um bom tempo esta
noite.

Nick: Eu preferia que você estivesse comigo hoje à noite.

Eu sorrio para a tela do meu telefone, o caos do clube


momentaneamente esquecido. Eu estar com ele, também.

D8Z: É diferente de tudo o que eu estou acostumada. Vou


apenas tentar me divertir. Não se preocupe comigo.

Nick: Se precisar de mim, diga a palavra. Eu estarei aí


para salvá-la.

D8Z: Eu vou ficar bem.

Eu envio um emoji sorridente assim parece


amigável. Regan retorna um momento mais tarde
com três bebidas, conversando com um cara. Eu
bloqueio a minha tela do telefone e o coloco de
volta na minha bolsa, voltando minha atenção para minha
amiga. Depois de mais alguns minutos de conversa que eu
não posso acompanhar, ele acena e sai, e Regan me lança um
olhar aliviado. Ela aponta para mim a inclina-se.

—Ele estava tentando nos pegar para seus amigos —ela


grita no meu ouvido, no clube equivalente a um sussurro. —
Queria saber se queríamos conhecer alguém.

Meus olhos se arregalaram e eu atiro um olhar para trás


para o cara recuando. Eu quero me encolher debaixo da
mesa. Eu não quero ser pega. Quero Nick.

—Mas você está vendo alguém, e eu também —Eu grito


de volta para ela. Sinto-me bem ao dizer estas palavras. Nick
é meu namorado, não é? Talvez? Eu não tenho certeza do que
chamá-lo.

—Eu sei —diz ela de volta. —É por isso que eu lhe dei o
fora —Ela empurra uma bebida para mim e faz gestos para
me tentar. É avermelhada e há uma vara no copo com
alguma fruta espetada nele. Eu gosto disso, e é frutado e
doce, mas o sabor do álcool supera tudo. Eu coloco a
palma da minha mão à boca e tusso com o sabor. Ao
meu lado, Regan suga sua bebida como se fosse nada.
Talvez eu esteja sendo fraca. Tomo outro gole, e isso
queima minha garganta. Não parece melhor na
segunda tentativa.
Nós tomamos nossas bebidas, mas é difícil falar no
clube com a batida queimando seus tímpanos. Becca não
voltou para a mesa, e eu a vejo ocasionalmente, no poço de
corpos dançantes. Ela está claramente tendo um grande
momento. Estou contente em sentar-me nas sombras e vê-la
dançar, mas Regan parece inquieta. Ela terminou sua bebida,
e está observando os dançarinos, batendo o pé. Ela pega
outra bebida e toma rapidamente. Eu ainda estou
trabalhando em minha bebida, que não está nem na metade.

Quando um jovem rapaz aparece, fala com ela, e, em


seguida faz gestos na pista de dança, ela olha para mim. É
claro que ela quer estar lá e ter um bom tempo. Eu aceno
para ela. Vou apenas me sentar aqui sozinha, então. Eu puxo
o meu telefone para fora outra vez, mas Nick não me enviou
uma mensagem de volta. Eu deixo para lá, não querendo
incomodá-lo.

Poucos minutos depois, a música muda para algo mais


lento, e um DJ divaga algo em um microfone. Sua boca está
tão perto do microfone que eu não posso entender o que ele
diz, mas a pista de dança apaga momentaneamente e
alguém toma o centro da pista, movendo-se em uma
dança intrincada com todos em volta assistindo. Estou
ansiosa para ver o dançarino, mas Becca e Regan
voltam à mesa um minuto depois, ambas suado e
tendo um grande momento. Becca está solta e
rindo, e as bochechas de Regan estão coradas com prazer,
seu cabelo loiro cai pelos lados de seu rosto.

Becca desliza na cadeira ao meu lado e se inclina.

—Você não vai lá se divertir, Pollyanna? —Ela grita para


mim. —Nós a trouxemos aqui para soltar-se.

—Eu estou bem —eu digo a ela. —Sério.

—Você não pode se esconder em um canto a noite toda.

Isso é exatamente o que eu quero fazer. Mas eu apenas


sorrio com suas palavras.

A música muda e a multidão grita entusiasmada.

—Todas as senhoras entrem na pista de dança —o DJ


grita no microfone. —É hora de 'Ladies' Night!

Os aplausos da multidão e ambas Becca e Regan se


levantam. Quando eu não me levanto, Becca agarra a minha
mão e me puxa.

—Vamos lá —diz ela. —Você tem que sair e dançar no


'Ladies' Night '!

Eu não quero dançar, pelo menos, não da forma


como os casais na pista dançam. Eles moem seus
quadris juntos e colocam as mãos uns sobre os outros,
e eu não quero participar disso. Mas agora, o salão
está cheio de mulheres, e elas têm as mãos no ar
enquanto dançam junto com a batida de uma
canção que parece familiar para todos, menos para mim.

Após um momento de hesitação, eu desisto e abandono


a minha bolsa e a segurança da mesa. Eu não quero ser vista
como a amiga que não vai se divertir. Becca e Regan são as
minhas primeiras amigas. Eu quero que elas gostem de mim.

Então eu saio para a pista de dança com elas e danço.


Eu estou relutante no início, mas logo estou rindo e
dançando junto com as outras. Todas são mulheres e nós
pulamos e dançamos como tolas, mas é tudo diversão. Por
alguns minutos estou tendo um grande momento, e eu me
sinto viva novamente.

A música muda em breve, e a multidão se mistura na


pista de dança. Outra música com a batida pesada começa, e
as pessoas se movem mais próximas. Eu não estou pronta
para sair ainda, então eu continuo a ir com a batida, perdida
em meu próprio mundo. Estou me sentindo suada e quente, e
minha saia está girando, e eu me pergunto o que Nick ia
pensar se me visse agora, com meu cabelo voando ao redor
dos meus ombros quando eu estou tendo um grande
momento. A música é algo sujo, letras sobre moagem,
e noto que há casais começando a dançar nas
proximidades, quadris juntos. Continuo na pista de
dança, procurando Becca e Regan, mas eu não as
vejo em qualquer lugar.
Alguém agarra meus quadris e começa a esfregar-se
contra mim por trás. Estou surpresa ao senti-lo contra mim.
Ele não pediu permissão—ele só veio e me agarrou.

Tento me afastar, mas a pista de dança é um


emaranhado opressivo de corpos, e é difícil de se mover sem
esbarrar em alguém. O homem empurrando para cima contra
mim bloqueia minhas ações e me arrasta mais forte contra
ele, supondo que eu quero seu toque.

Eu quero me afastar dele. Quero tira-lo de perto de mim,


chutar entre suas pernas por se atrever a me tocar. É o meu
corpo. Eu deveria ser a única no controle, e eu quero puni-lo
por me fazer pensar o contrário.

Mas há tantas pessoas próximas que não posso fazer


nada. Sempre que eu levanto os meus braços, eu sou
empurrada, como um peixinho pego em uma correnteza.

Entro em pânico.

Eu não tenho nenhum controle sobre qualquer uma


dessas pessoas.

Eu não posso respirar. As mãos estão esfregando


para cima e para baixo em meus braços, e eu congelo
no lugar. O homem continua a rolar contra os meus
quadris, e eu posso sentir sua ereção cutucando
contra o material fino da minha saia. Este homem
que está tentando dançar comigo tem uma ereção,
e ele está empurrando-a contra mim.

É muito. Eu cegamente empurro para longe, tentando


sair da multidão. A música é a última coisa na minha cabeça
agora, e minhas amigas estão longe de serem vistas. Eu me
contorço longe do homem apenas para correr para outra
pessoa, e novas mãos me agarram. Há pessoas em todos os
lugares.

Eu odeio isso. Eu odeio pessoas. Eu quero ir para casa


onde é seguro.

Um gemido abafado escapa da minha garganta, mas o


clube é tão barulhento que eu não posso nem ouvir. Eu não
posso respirar, ar não vai entrar em meus pulmões. É muito
quente no clube e simplesmente não há ar. Eu tropeço, ao
sair da pista de dança, sem me importar com o fato de que eu
estou irritando as pessoas enquanto passo por elas.
Finalmente, eu saio da multidão e chego às mesas. Eu vejo o
homem que acenou para mim antes. Estou à beira das
lágrimas agora. Ignoro sua tentativa de chamar a minha
atenção novamente e agarro minha bolsa na mesa que eu
compartilho com Regan e Becca, que ainda estão
desaparecidas.

E então eu corro para fora do clube. Eu não


paro de correr até que eu estou fora na rua. É
escuro lá fora, e a música ainda está martelando
na minha cabeça. Eu corro para longe da porta e paro cerca
de metade do quarteirão, e então eu me enrolo contra a
parede de tijolo.

Eu me sinto como se eu tivesse sido agredida.

Eu nunca fui tocada assim. Nunca. Com tanta


intimidade e casualidade. Eu só queria dançar, e eu fui
tocada por um homem com uma ereção. É muito para meus
sentidos lidar, e eu soluço baixinho.

—Você está bem, querida?

Eu olho para o rosto do grande segurança. Ele é gordo,


de meia-idade e careca, e ele parece irritado que teve que vir
me verificar.

—Eu estou bem —digo a ele.

—Qualquer pessoa te incomodando?

Somente você quero dizer, mas percebo que ele está


tentando me ajudar. Então eu balanço a cabeça e não digo
nada até que ele vai embora. Eu não posso parar de tremer.
Está frio lá fora, mas eu gosto do ar fresco. É tão
diferente da atmosfera cheia de vapor do clube e os
corpos se movendo. Eu quero um chuveiro. Eu me
sinto suja. Alguém me tocou sem a minha permissão,
e foi horrível.
O homem chama pela rua por mim, mais uma vez.

—Você precisa de mim para chamar um táxi, garota?

—Eu tenho uma carona —eu digo com a voz rouca, e


quando ele se afasta, eu enxugo meu rosto, tentando parar de
chorar.

Eu não sou boa nisso. Eu não consigo parar. Estou


contente por Regan e Becca não poderem me ver assim. Elas
não vão entender. Apenas uma pessoa parece me entender.

Eu puxo o meu telefone para fora e olho para as


mensagens que ele enviou anteriormente.

Nick: Se precisar de mim, diga a palavra. Eu estarei lá


para salvá-la.

D8Z: Eu vou ficar bem.

Então eu lhe envio uma mensagem.

D8Z: Eu não estou bem.

Nikolai
Meu telefone está vibrando, porque é muito
barulhento neste clube. Este clube é uma
armadilha mortal. Vejo apenas três saídas, e o
local está superlotado. Pessoas bêbadas estão tropeçando em
todos os lugares. Eu poderia matar pelo menos metade deles,
iniciando uma debandada.

Está claro para mim que Daisy nunca pode ser deixada
sozinha. Ela é muito confiante e muito disposta a
experimentar coisas novas sem o efeito crescente de medo.
Ela não experimentou bastante o medo em sua vida, eu acho.
O simples fato de que ela me quer na sua vida é prova
suficiente de sua ingenuidade preciosa. Mas é a única coisa
nela que me atrai, e eu não quero acabar com isso. Então eu
a segui até aqui. É fácil com o GPS. Há homens que sorriem
para ela, que passam suas mãos sobre suas costas. Eu quero
gritar que ela pertence a mim, ela é minha.

Meu queixo está machucado de ranger os dentes. Eu


odeio que ela esteja aqui rodeada de mãos suadas e
pensamentos impuros. Eu vejo o desejo nos olhos dos
homens ao seu redor. Ela exala frescor neste ar viciado, e eles
querem um gosto dele. Eu dobro uma mão em punho e
aperto, o estalo das articulações alivia um pouco de tensão.
Repito o gesto com a outra mão. Eu tento flexionar
meus ombros e rolar a cabeça para aliviar a pressão,
mas nenhum deles realmente funciona. A única
maneira de me sentir bem é quando eu sair desta
caixa, e eu não vou fazer isso até que Daisy esteja
pronta para sair.
Eu não preciso de conselhos de Daniel para saber que
eu não posso arrastar Daisy deste lugar. Eu já cometi vários
erros com ela. A única coisa que posso fazer agora é esperar,
recolher informações, observando meu alvo, e depois usar
essa informação para adquiri-lo. É um trabalho diferente do
que eu fiz no passado. As etapas que seguir deve terminar
com ela gostando de mim, em vez de vê-la morta no chão.

Sento-me no canto do clube, invisível. Ocasionalmente,


uma garota bêbada tropeça aqui e experimenta seus truques
em mim, mas um olhar frio parece penetrar até mesmo a
mais densa das cabeças. Sua mente sabe a verdade a sua
consciência confusa não. Eu sou perigoso, e essas meninas
não querem alguém perigoso.

Eu encontrei algumas que querem, algumas que ficam


ligadas e algumas que são atraídas por ele. Mas não esta
noite. Hoje à noite é preenchida com bonequinhas
cambaleantes em seus pequenos saltos, vestidas com seus
pequenos vestidos. Um homem e uma mulher tropeçam ao
meu lado. O canto escuro proporciona-lhes uma falsa
sensação de privacidade. Ele levanta a saia e eles
começam a transar. No pequeno espaço além da pista
de dança, eu posso ouvir os sons de sexo desleixado
com as batidas feitas pelo DJ. Eu me pergunto o
que o homem faria se eu estendesse a mão e a
passasse nas costas da menina. Será que ele
saberia mesmo, perdido em seu próprio prazer? Ela tem o
olhar vidrado, de qualquer bebida ou drogas ou ambos. Não é
a paixão que eu vejo em seus olhos quando eles encontram os
meus. É triunfo. Nós olhamos um para o outro por um
minuto. Ela está satisfeita por estar sendo observada, então
eu viro de costas e procuro o objeto do meu próprio desejo.

Daisy está agora na pista de dança, já não me enviando


mensagens de texto. Sua bolsa está abandonada sobre a
mesa. Vultos circulam em torno dela. Se for deixada lá por
muito tempo, sem dúvida, alguém vai vir e roubar o
conteúdo. Daisy não tem muito com pouco dinheiro que
ganha, e desde que eu não posso ficar de guarda sobre seu
corpo aqui dentro neste clube, vou proteger seus pertences.
Quando eu levanto para caminhar até a mesa onde Daisy a
deixou, quando sinto uma mão na minha camisa.

Eu olho para baixo e são as unhas vermelhas da menina


que ainda está sendo encoxada pelo macho bêbado, que não
tem ideia de que a atenção de sua parceira, de forma
totalmente independente da sua experiência, não está nele.

— Fique —ela diz para mim, seus lábios


vermelhos formando palavras que não posso ouvir —
Espera, e eu vou satisfazê-lo em seguida.

Eu sacudo a mão como se fosse uma cobra.


Eu ouço um grito atrás de mim enquanto eu me
afasto. O homem leva isso como um incentivo e não
decepção.

—Sim, querida —ele geme, e eu rolo meus olhos. Ele é


como o homem da companheira de quarto de Daisy. Tudo
sobre o seu próprio prazer e não sobre a sua companhia.

Mas talvez seja porque ele não tem uma Daisy, alguém
cujo prazer em tudo, traz seu próprio prazer. A multidão se
espalha enquanto eu ando para frente, principalmente
porque eu não hesito. Ou porque compreendem
instintivamente que eu não estou me movendo para eles. Há
uma mão que repousa sobre a bolsa de Daisy. Não é a mão
dela, e é apenas o que eu temia. Olho rapidamente para
Daisy, que está dançando, sua saia balançando em torno dela
e seu corpo sendo vigiado por muitos neste clube. Meus
instintos me fazem querer por este lugar para baixo, mas em
primeiro lugar, antes de eu ir para ela, eu vou resgatar sua
bolsa.

Minha mão bate na mesa ao lado mão do ladrão,


fazendo o seu proprietário saltar. A menina não é sua
colega de quarto ou a amiga que veio com elas esta
noite. É outra mulher com unhas pintadas,
maquiagem. Ela faz uma careta e então sorri para
mim, alisando o cabelo castanho com uma mão,
sem mover a outra da bolsa de Daisy. Ela pretende
fingir que esta bolsa não é de Daisy ou tentar fazer
um movimento em mim. Não irá funcionar, eu olho para ela
tentando transmitindo a mensagem. Ela é burra demais para
entende-la pois ela se move mais perto de mim, seus dedos
correndo pela frente do meu peito. Olho de novo para a pista
de dança, mas Daisy foi tragada.

Impaciente, eu aperto a mão ofensiva na minha.

—Se você não quer que eu quebre seu pulso, você vai
fazer duas coisas imediatamente. Primeiro você irá remover a
mão da bolsa de minha mulher. Em segundo lugar, você irá
remover a sua mão desta camisa. É ligada ao corpo que
pertence à proprietária da bolsa.

As mãos dela se afastam para longe após uma pausa.


Daisy reapareceu na multidão parecendo chateada e
perturbada. Eu me pergunto se ela viu a mão da puta na
minha camisa. Dirijo-me com raiva para enfrentar o intruso,
mas ela está se misturando à multidão. Hesito, perguntando
se Daisy ficaria chateada se eu estivesse aqui. Eu acho que
ela ficaria. Este não é o jardim zoológico ou um piquenique,
como Daniel tinha sugerido. E eu dei a Daisy muitas
oportunidades para convidar-me para vir com ela,
nenhuma das quais ela aceitou. Eu permito que a
multidão me esconda enquanto assisto Daisy agarrar
sua bolsa e ir para uma das saídas. Ela não espera
por qualquer uma de suas companheiras, mas em
vez disso se empurra para fora. Eu sigo logo atrás
dela. Antes que eu possa chegar até ela, outro homem me
intercepta.

—Bro —diz ele. —Não há nenhuma saída aqui.

—Eu discordo —eu digo, apontando para o sinal


luminoso por cima da porta, que explicita a palavra em letras
vermelhas.

—É uma saída de emergência somente —Ele aponta


para um sinal vermelho ligado à porta. Diz emergência, mas
isso não significa nada para mim. Daisy saiu por aquela porta
sozinha.

—Eu não ligo para o que diz o sinal —Eu começo a


passar por ele, mas ele me empurra para trás.

—Olha, cara, meu homem está fazendo o seu


movimento lá fora, então é só usar uma saída diferente —No
início, eu não posso compreender o que ele está dizendo.
Daisy é uma mulher. Ela não passou para outra coisa além
de ter ar fresco. Mas então compreendo. Estes não são
lugares que você visita sozinho, apenas em grupo. Há um
predador lá fora, e seu companheiro está aqui dentro
dissuadindo qualquer interrupção, fazendo um
caminho claro para o predador.

Meu braço direito desce e libera a mão no meu


peito. A mão esquerda vem para segurar o pescoço
do agressor. – Se ele a tocar de qualquer maneira, e
eu vou voltar e arrancar sua cabeça do seu corpo como uma
casca da árvore. Um toque e você estará acabado

—Eu o deixo cair no chão e não me importo com a


maneira como ele desliza para baixo pela parede, ofegante e
cuspindo. Eu corro para fora da porta, sem me preocupar
agora com o que Daisy vai pensar de mim por segui-la a este
clube.

Vou inventar mais uma mentira, uma centena delas se


eu tiver que fazer isso. Do lado de fora não vejo nada em
primeiro lugar. Dou uma segunda olhada no beco e ouço um
grunhido. Eu corro até lá, e vejo Daisy lutando nos braços de
um homem.

Ele tem a minha Daisy. Raiva cintila em mim por um


segundo, o sangue injeta meus olhos até que eu não posso
ver, mas posso ouvir e meu corpo bem treinado pode sentir.
Eu puxo o homem de cima dela com as duas mãos, e eu o
envio girando para trás. Mas eu não o deixo ir, pois ele é um
covarde e covardes fogem.

Quando o afasto de Daisy, noto que ela tenta se


balançar para ele, tenta e falha. E quando ela falha,
ela parece desabar dentro de si mesma. Como se ela
tentasse ser corajosa e fosse demais para ela.

O homem em minhas mãos luta. Eu torço a


parte de trás do colarinho até que ele está
sufocando pela pressão do pano. Eu corro a minha outra mão
levemente sobre os ombros de Daisy. Ela está tremendo, e há
rastros molhados correndo pela frente do rosto.

—Você está bem? —Pergunto-lhe com voz rouca.


Enquanto eu estava cuidando de sua bolsa boba, enquanto
eu estava ouvindo um mudak no interior, esta vil criatura
estava fazendo mal a Daisy. Eu ouço seus murmúrios fracos
e sinto sua luta contra o aperto. Se ele fosse esperto, ele iria
soltar a camisa e fugir, então eu rapidamente solto a gola da
camisa e agarro a parte de trás do seu pescoço e puxo-o para
perto, para que eu possa envolver um braço em volta do
pescoço. Eu estou segurando-o como se ele fosse um saco
escondido debaixo da minha axila. É muito perto de Daisy,
então eu volto a afastá-lo ligeiramente.

—Você está bem? —Eu repito.

Ela balança a cabeça e limpa o rosto de forma que os


rastros de lágrimas vão para as têmporas, em vez de por suas
bochechas.

—Nick, o que você está fazendo aqui?

Eu penso por um minuto, tentando inventar uma


boa mentira, e não chego a nada. Assassinos são maus
mentirosos. Pelo menos eu sou um mal mentiroso.
Eu digo-lhe a verdade.
—Eu me preocupei com você, Daisy, e vim para este
clube.

—Como você me achou?

Agora eu preciso de uma verdadeira mentira.

—Eu estava dirigindo por aqui e vi você na rua.

Ela considera isso por um minuto, e acho que ela pode


aceitá-lo, mas o homem no braço diz:

—Ele é um fodido mentiroso. Viu você na rua? Um


monte de merda.

Eu aperto meu braço mais apertado. Eu poderia


facilmente torcer seu pescoço e pôr fim à sua miséria, mas
não enquanto Daisy está olhando. Seu rosto exibe incerteza
causada pelas palavras do mudak.

—Estava andando em torno durante a noite —Eu tento


novamente. —Eu não conseguia dormir —Não é uma mentira.
Eu quase nunca durmo. Não é um bom lugar para mim.

—Você... você me seguiu? —Daisy gagueja.

—Oh, isso é lindo —o homem prestes-a-ser-morto


bufa. —Você é um perseguidor, e eu sou o cara mau?

—Um momento, Daisy —eu digo. Devo cuidar


desse lixo antes que eu possa me explicar para
Daisy.
Eu arrasto o predador pelo beco. Não há lugar real para
se esconder do olhar de Daisy. Eu empurro o homem contra a
parede de tijolo exterior.

—Vou lhe dizer o que eu disse a seu amigo lá dentro. Eu


não gosto que ninguém toque em Daisy. Ela não é para você.
Mas se você a tocar e fazê-la chorar, então será punido.

—De jeito nenhum, cara —ele protesta. Suas pernas me


chutam inutilmente. Eu o jogo no chão e giro o pé para o
lado. Três chutes rápidos no seu tendão de Aquiles tornaram-
no incapaz de se levantar.

Ele clama fortemente.

Eu o abafo com a minha mão e inclino-o contra uma


parede.

—Veja o que eu posso fazer com você com apenas minha


bota aqui fora na frente de Deus e todo mundo? Pense no que
faria sozinho. Talvez eu venha depois de uma noite quando
você estiver andando para casa. O que eu poderia fazer para
você então?

Ele chora então.

—Ok, chega, chega. Eu não queria mesmo a


puta.

Eu o chuto novamente por desrespeitar Daisy,


e então eu o deixo desabar no chão. Daisy está me
observando, porque o que mais ela vai olhar? Suas mãos
estão cobrindo a boca. Digo a mim mesmo que ela ficou
horrorizada com o quão perto ela esteve de ser ferida em vez
de sobre como eu mutilei esse estranho. Mentira.

—Ele vai ficar bem —eu digo bruscamente quando pego


uma de suas mãos e a levo para fora do beco.

—Como você chegou aqui tão rápido? —Ela pergunta. —


Eu só mandei uma mensagem para você.

Eu senti isso, mas eu não tinha olhado para o meu


telefone, não com a intenção de seguir Daisy fora. Eu estou
cansado de mentir para Daisy, então eu não respondo. Eu
estacionei na rua em outro local, algo mais que vou ter que
explicar para Daisy. Tantas mentiras acumulando. Eu ouço o
clique, clique, clique de seus saltos contra o pavimento e
percebo que estou andando muito rápido. Eu abrando
imediatamente.

—Nick, fale comigo —Daisy faz uma pausa. —Eu ofendi


você de novo? —Ela soa como se estivesse pronta para
começar a chorar novamente.

Isto me faz parar. Viro-me para ela, vendo seu


rosto chateado, infeliz olhando para mim com mágoa
claramente evidente em seus olhos.
—Não, Daisy, você não me ofendeu. —Eu procuro seus
olhos. Isto é verdade. Ela pode me ver?

Sua mão escova levemente contra minha bochecha, uma


oferta experimental.

Fecho os olhos e viro meu rosto em sua mão para que


meu queixo e os meus lábios esteja tocando seus dedos.

—Eu pensei que talvez tivesse interrompido alguma


coisa quando enviei a mensagem para você.

Ela é tão gentil comigo, tão confiante. Eu sinto como se


me tivesse sido dada a função de protegê-la, porque ela não
pode proteger-se.

—Eu sou mudak —eu digo contra sua mão. —Estúpido.


Venha, vamos para o carro, e eu vou te contar tudo —Nem
tudo, mas talvez o suficiente.

Eu seguro a porta do carro para ela, e então eu dirijo.


Eu não volto para o nosso bairro, mas em vez disso, levo-a
para um dos muitos lagos que estão espalhados pela cidade.
O luar está refletindo na superfície do lago, e eu sei que este
local tranquilo é o lugar certo para fazer minhas
confissões.

—Daisy —eu digo e peço-lhe para olhar para


mim. —Devo dizer-lhe que eu não tenho sido
honesto com você.
Ela olha para mim com olhos tristes, tão velhos no rosto
inocente.

—Eu sei Nick.

—Você sabe?

—Sim, eu sei. Quero dizer, você não é um bom


mentiroso, e um monte de vezes você está se contradizendo.
Você é.... —ela engole, então pergunta, —casado?

—Casado? —Ela diz isso, como se fosse a pior coisa do


mundo. É uma verdade que eu sou grato por dar a ela. —Não
nunca —Eu ergo minha mão como se eu estivesse fazendo
um juramento a ela.

Ela suspira de alívio.

—Então, o que é? —Eu peso o quanto dizer a ela, e ela


pode vê-lo. —Não, Nick, conte tudo para mim. Não se
esconda.

Interiormente eu faço uma careta. Eu não posso dizer-


lhe tudo, mas eu digo-lhe algo.

—Eu sou da Rússia, nascido na Ucrânia, mas eu


cresci nas ruas da Rússia. Na Bratva. Você sabe o que
é isso?

Ela balança a cabeça que não, então eu


explico.
—É uma espécie de família, mas não uma boa. Nós não
gostamos um do outro.

—Soa como uma família real para mim —Ela me dá um


sorriso tímido.

—Talvez. Mas esta família é ruim, então eu deixei a


família, e eu fiz bicos em todo o mundo, e então eu vim aqui
para outro trabalho.

—Fazendo o que?

—Trabalho em computadores —Esta não é uma


mentira. Grande parte do meu trabalho é feito no computador
hoje. Ela aceita isso porque ela pode ver que é a verdade,
mesmo que seja apenas parte da verdade.

—Eu não vivo em seu prédio, Daisy. Eu vivo do outro


lado da rua.

—Eu me lembro de que você me disse isso. Por que


você mentiu sobre isso?

Eu esqueci. Que mentiras que eu disse a ela e perdi o


controle? Sou um mudak .

—Eu não tinha desculpa para estar em seu


prédio.

Ela não me empurra mais, mas simplesmente


parece estar meditando sobre isso.
—Você mentiu para mim, porque você acha que eu sou
ingênua?

—Não! —Estou assustado. Ela pensa o pior de si


mesma, como se não houvesse nada sobre ela que não
pudesse ser ruim. —Eu acho que você é uma maravilha,
Daisy. Uma pessoa maravilhosa.

Minhas palavras a fazem corar, e o luar em seu rosto


aquece meu próprio sangue. Mas, eu não sou um animal, e
continuo no meu lado do carro.

—Eu não tenho raízes reais. Eu alugo carros e um


apartamento. Fiquei feliz que você não veio. Eu não tenho
nada lá.

—Não é como se eu tivesse muito —Daisy admite. —Eu


me sinto fora do meu elemento com você. É como se, porque
eu sou virgem, eu simplesmente não entendo o que está
acontecendo.

Nós dois nos assustamos com essa admissão. Daisy


bate a mão sobre a boca, e até mesmo na luz fraca, eu posso
ver que ela está vermelho brilhante. Sua confissão
muda tudo e nada para mim. Eu sabia que, a partir do
momento em que a vi tocando-se, que ela era inocente.
Ou talvez eu esperasse. Mas ouvir a verdade dela
fez-me tonto de prazer.

Eu não posso morder de volta um gemido.


—É ruim, não é? —Ela parece envergonhada. —Você
não quer uma virgem. Ninguém quer. Eu sou uma perdedora.

—Como você pode dizer isso? —Eu puxo as mãos que


ela tem pressionadas em seu rosto. —Se todo o clube
soubesse a verdade, eu teria que lutar com cada um deles
para levá-la de lá intocada. —Eu a puxo para mim, não estou
disposto a ter qualquer distância entre nós, e seu corpo
relaxado permite. —Sua inocência é preciosa.

—É isso que você gosta, então? Que eu seja inocente? E


se eu não fosse você iria pular fora? Desaparecer?

—Nyet —eu mordo fora. Como posso consertar isso? —


Você poderia estar com uma centena de homens e ainda ser
inocente para mim. Eu fiz tantas coisas ruins na minha vida
—Faço uma pausa, sentindo-me sem fôlego. Como explicar?
Quero me bater. O que Daniel faria? Ele teria aconselhando-
me a ter praticado mais, mas como eu poderia ter previsto
isso? —Eu sinto que eu não sou digno de você.

—Eu? —Ela solta um pequeno acesso de raiva. —Eu me


sinto como se eu não fosse experiente o suficiente para
você —Ela sorri como nós somos um par de tolos.

E nós somos. Eu curvo de meus próprios lábios


para cima.

—Você é apenas certa para mim —Eu olho


para baixo em suas mãos e, em seguida, em seus
olhos. —Sou certo para você? —Eu prendo a respiração.

—Você poderia me ensinar? —Daisy pede.

—Ensinar-lhe o quê? —Eu estou ouvindo-a dizer as


coisas, mas elas não fazem sentido para mim. Talvez eu
esteja atordoado com a perda de sangue que saiu da minha
cabeça para baixo, quando Daisy pega a minha mão e coloca-
a em sua própria e, em seguida, descansa as duas no alto de
sua coxa.

—Você sabe... me tocar? —Eu posso ouvir a hesitação


em sua voz quando ela fala. Ela está ansiosa, mas ainda
embaraçada. —Eu não quero ser uma virgem. Eu quero que
você me ensine sobre sexo. E orgasmos. Todas essas coisas.
Você vai me mostrar como?

—Como?

—Como gozar?

Eu morri. A Madonna no céu está me olhando na cara.


Eu tinha certeza que eu iria para o inferno, mas tem um anjo
sentado no meu carro me pedindo para enfiar a mão na sua
vagina quente e trazê-la ao orgasmo. Certamente que é
o Céu.

Mas a carne abaixo de minha mão aperta com o


meu silêncio demasiadamente longo. Ela está
tensa, antecipando a rejeição.
—Sinto muito —eu admito. —Eu senti como se tivesse
morrido e ido para o céu. Você me perguntou se eu gostaria
de dar-lhe prazer? Não há resposta, mas sim.

—Bem aqui? —Ela sussurra seus olhos brilhando com


antecipação.

—Sim aqui —Eu nunca seria capaz de conduzir para


casa neste estado. Eu corro minha mão em seu braço e na
parte de trás do seu pescoço. Puxando delicadamente seu
cabelo, eu inclino-a para trás, para que possamos olhar os
olhos um do outro e cada um julgar a sinceridade das
declarações do outro. —Eu vou fazer tudo da forma que você
quiser, doce Daisy.

Ela luta com alguma coisa e, em seguida, admite:

—Eu não sei exatamente o que eu quero. Eu li alguns


livros, mas eu não sei o quanto é a realidade.

—Então eu decido por você, da? Você confia em mim? –


Me emociono com a ideia de sua confiança, tanto quanto a
ideia da sua inocência. Ela balança a cabeça, mas eu preciso
ouvir as palavras. —Você confia em mim?

Um pequeno sorriso espreita para fora.

—Da —ela repete sua boca formando a palavra


russa para sim. —Eu confio em você.
—Então, eu vou beijar você em primeiro lugar, minha
gatinha, e depois vamos experimentar outras coisas – Eu
puxo a parte de trás do seu cabelo, e ela assente o seu
consentimento.

Eu deixo cair a minha mão para a parte de trás do


pescoço dela e puxo-a para mais perto. Mergulho na sua
essência e abro minha boca para que possa corresponder ao
ritmo de sua respiração. Quando ela exala, eu inalo até que
nossas respirações são um ciclo simbiótico. O ar no veículo já
não existe. Apenas as baforadas de oxigênio que são trocadas
entre nós existem. Não há nada, mas ela e eu.

Eu puxo sua boca contra a minha, delicadamente no


início, e quando os lábios se abrem, eu os invado com a
minha língua. Vou lentamente até que ela esteja confortável
com a sensação da minha boca contra a dela. Minha
paciência é recompensada quando ela abre e sua pequena
língua se agita. O primeiro golpe de sua língua contra a
minha é tão chocantemente erótico que eu quase venho em
minhas calças. O desejo simultâneo de devorá-la e afastá-la
me possui, então eu não me envergonho ao agarra-la.

Minha mão em seu pescoço aperta, e a outra se


levanta para acariciar sua mandíbula. Eu quero tocar
em outros lugares. Quero seus seios, girar meus
polegares em seus mamilos. Quero chegar entre
suas pernas e circundar o clitóris. Eu quero
empurrar um, dois dos meus dedos dentro do calor úmido
entre as pernas.

Eu quero todas essas coisas, mas me contento com


apenas acariciar seu rosto, queixo e pescoço. Sua pele é
macia, e eu sinto a rugosidade dos meus dedos pegar contra
a carne tenra. Todas estas coisas rodam em minha mente
enquanto nós nos beijamos. Nossos corpos mal se tocaram,
mas estou em chamas. Meus dedos esfregam sobre o pulso
descontroladamente batendo no seu pescoço. Isso revela sua
própria paixão por mim, mas ela é tão inocente que eu não
posso suportar a levá-la aqui no carro, mesmo que ela me
deixasse. Eu interrompo o beijo e inclino minha testa contra
a dela. Nossas respirações ofegantes.

—Você quer mais? —Eu pergunto.

Suas mãos, que estavam rodeando meus ombros,


acariciam meu peito, sentindo a dureza dos meus peitorais.
Eu nunca me importei com a minha aparência antes. Meu
corpo é meramente uma arma. Mas quando seus dedos me
exploram, estou orgulhoso do meu corpo e que ela
encontre prazer nos músculos que ela descobre.

—Você é muito forte, não é? —Ela pergunta


apreciativamente. Eu concordo. Dentro de mim eu
sinto que eu poderia levantar um carro se ela repetisse suas
palavras para mim no mesmo tom ofegante.

—Para que eu possa protegê-la —eu respondo. Eu me


inclino para trás e dou-lhe um maior acesso ao meu peito.
Sua mão se move mais baixo, ao longo dos cumes de meu
abdômen e ao longo das linhas do meu torso aquela flecha no
meu jeans. Meu pau está pressionando insistentemente
contra o meu zíper. E minha respiração trava enquanto sua
mão paira sobre a protuberância.

Eu juro que eu sinto o calor de sua palma através das


camadas de tecido, e que o meu pau está se movendo na
direção de seu toque. Desta vez eu não posso impedir um
gemido de escapar e ela nem sequer me tocou. Apenas a ideia
dela me tocando é suficiente, e eu gozo.

A umidade é amortecida pelo jeans, mas eu não tenho


vergonha, porque seu olhar de admiração e prazer é
inebriante.

—Você só...? —Ela não pode continuar a dizer.

—Sim, só com o pensamento de que você me


tocar. É o suficiente —Eu admito.

—Eu nunca —Ela gagueja e começa novamente.


—Eu nunca vi um homem na vida real.

—Você quer ver?


Ela balança a cabeça rapidamente.

Eu chego entre nós e desabotoo a calça. Minha


libertação foi breve, apenas em antecipação, e meu pênis
ainda está com fome e duro. Ele surge entre nós e a umidade
brilha sob o luar.

—Posso tocá-lo?

Eu cerro os dentes e aceno. Eu vou voltar a gozar, eu


temo. Eu tento pensar em coisas feias. Coisas que reduzirão
a minha excitação. Eu não consigo pensar em nada, apenas
nela e não enxergo nada quando ela abaixa a mão e
envolvendo minha cintura. Eu não sou um homem pequeno.
As prostitutas me disseram isso, algumas em delírio e
algumas com medo. Sua mão mal envolve em torno dele. Eu
toco sua mão e aperto a base do meu pau duro, tão forte que
outro homem poderia chorar, tentando diminuir a minha
excitação para que ela possa me tocar.

Seu dedo indicador toca levemente a ponta e meu pau


que sacode a cabeça em resposta. Mais dois dedos tocam
abaixo na veia pesada. Meus olhos rolam para trás em
suas órbitas. Estas carícias à luz da lua são tão
incrivelmente eróticas que vão alimentar as minhas
fantasias por semanas.

—É realmente suave —ela murmura para si


mesma. —Eu pensei que não seria... bem eu não
sei o que eu pensava qual seria a sensação, mas não como
isto.

Eu me belisco mais duro e a aviso:

—Está um pouco pegajoso do meu orgasmo.

Em seguida, ela faz algo que eu nunca teria imaginado


em um milhão de anos. Ela levanta os dedos à boca e lambe-
los, provando minha libertação.

Eu quase me atiro em cima dela. Em vez disso, eu


empunho meu pênis e aperto-o mais forte, sentindo minhas
bolas se apertarem tentando encontrar a liberação. Mas a dor
ameniza minha excitação, e eu estou calmo mais uma vez.

—Gatinha —eu digo, guardando meu pau e fechando


minhas calças rapidamente. —Eu não posso ter você me
tocando novamente esta noite. Eu sou muito fraco. E você
ainda nem sequer começou a entender os prazeres de seu
próprio corpo. Por favor, permita-me mostrar como é um
orgasmo.

Ela olha desapontada e envergonhada.

—Eu não sei se estou pronta.

Concordo.

—Diga-me quando você quiser parar —Quero


que esta experiência seja perfeita para ela. Solto
seu cinto de segurança, e reclino o banco,
apoiando-me de um lado. Eu bato levemente o assento. —
Deite-se aqui.

Ela faz isso, mas posso dizer pela forma como ela agarra
sua roupa que ela está nervosa. Eu começo a acariciá-la,
toques lânguidos pelo seu corpo do ombro até os joelhos.
Seus seios incham debaixo de sua camisa, mas eu ignoro-os.
Quero que ela relaxe e se sinta confortável com o meu toque.

Cada passagem da minha mão a envolve. Eu combino


nossas respirações mais uma vez. É um truque que eu
aprendi para acalmar os outros, e funciona. Logo os braços
não estão tensos e as coxas estão se espalhando. Agora,
quando eu acaricio para baixo sua frente, eu permaneço
sobre os seios e esfrego um pouco mais duro sobre suas
coxas. Sua respiração e pulso aceleram.

Se houvesse luz neste carro, mais do que apenas o luar,


gostaria de ver o sangue colorindo suas bochechas, as pontas
de seus seios e seu pescoço. Eu mal posso esperar para ter
essa visão, mas por agora eu me contento com os sinais
visíveis de sua excitação.

Com a próxima passagem da minha mão, me


deixo tocar seu seio e sinto o mamilo túrgido sob o
tecido.

—Seu corpo procura liberação —digo a ela.


—Como você sabe? – Ofega quando eu esfrego meu
polegar sobre o ponto endurecido.

—Porque seu corpo está tenso. Veja seus mamilos estão


tensos e prontos para serem amamentados. Sua pele está
corada e sua pulsação ecoa loucamente em seu pescoço –
Sussurro, espalhando beijos em seu rosto e lambendo o
ponto latejante no pescoço. —Entre suas pernas o fluxo
sanguíneo de sua vagina está pulsando. Eu posso dizer pelo
jeito como seus quadris se movem para pressionar contra a
palma da minha mão —Eu permito que a minha mão vague
para baixo entre as pernas e fiquem ligeiramente acima do
púbis.

Ela empurra involuntariamente contra mim.

—Eu me deleito com estes sinais —eu digo a ela,


sussurrando as palavras contra o delicado redemoinho de
sua orelha. Ela treme quando eu traço o contorno do lóbulo e
lambo a pele macia por trás dele. —Estes sinais dizem-me
que o corpo da minha mulher canta para mim.

—Sua mulher? —Ela se esforça para chegar até


essas palavras.

—Sim, minha —Eu digo e, desta vez, eu


pressiono asperamente entre suas pernas e enrolo
os dedos para cobrir sua boceta doce. E como eu
previ, eu posso sentir o pulso forte do seu coração
no cerne dela. Posso sentir a umidade entre o tecido de sua
calcinha e sua saia. —Você está usando a calcinha que eu
comprei para você, Daisy? —Eu pergunto. —Você pensou em
mim quando puxou pelas pernas e apertou suas coxas
juntas? Você quis saber como seria se fossem minhas mãos
lá em vez da seda e rendas que eu comprei para você?

Ela me dá o que eu quero. A respiração ofegante, sem


fôlego

—Sim.

—Posso ver? —Eu pergunto. Ela balança a cabeça, e


isso é suficiente. Eu puxo para cima a bainha de sua saia e
me aproximo vendo a calcinha de cor clara, a cor que é
desconhecida para mim. Eu acho. —Azul?

—Azul —ela concorda, e me dá um sorriso tenso.

Eu a acaricio ternamente. Todas estas coisas, as


pausas, os toques leves, a conversa, tudo é projetado para
fazê-la gozar duro. Vou tornar memorável o primeiro orgasmo
de Daisy. Não importa o que acontecer conosco, vou garantir
que ela nunca esqueça deste momento em sua vida.
Que ela vá pensar neste dia, nesta noite, neste
momento, e que o simples pensamento de gozar vai
excitá-la mais uma vez.

Para isso, porém, eu preciso de mais do que


uma mão. Eu me amaldiçoo por iniciar isto em um
carro, de todos os lugares. Mas vou improvisar. Um bom
assassino é o rei da improvisação. Há espaço suficiente entre
o volante e a parte da frente do assento para me ajoelhar.
Estou inclinado, mas a posição desconfortável é sem sentido
para mim. Eu poderia sentar-me nesta posição por horas, se
isso significasse que eu poderia trazer Daisy ao orgasmo.
Esta não é uma posição de punição, é uma imensa
recompensa.

Seu rosto vira para baixo em minha direção com alguma


apreensão, medo e incerteza se infiltraram enquanto eu tenho
estado ocupado reposicionamento a mim. Eu coloco minhas
mãos em suas coxas e digo-lhe.

—Estou com tanta fome para você, Daisy, meus dentes


doem. A minha boca saliva com a ideia de degustar seu
néctar. Minhas mãos coçam para invadir cada polegada de
seu corpo.

Minhas palavras a aliviam e ela sorri com ternura para


mim. Eu coloco beijos nas laterais de seus joelhos. Eu esfrego
minhas mãos para cima e para baixo em suas pernas,
acariciando um dedo por trás de cada joelho e a pele
macia em seus tornozelos. Eu lambo o interior de suas
coxas e levanto a saia para que eu possa beijar sua
barriga arredondada. Mais e mais, as minhas mãos
varrem as pernas, os polegares quase tocando sua
vagina coberta de seda, mas nunca fazendo o
contato. Seus quadris empurram-se contra mim, e eu sinto a
umidade de seu desejo esfregar contra o meu peito enquanto
eu inclino-me e aprendo os contornos de suas costelas e
barriga.

Suas mãos estão em meu cabelo, puxando-me, pedindo-


me para ir para baixo. Ela é inocente, mas seu corpo sabe
onde ela queima e o que pode proporcionar alívio.

Somente eu, juro. Devo ser só eu a partir de agora, que


a levará a se liberar. Eu quero todos os seus orgasmos a
partir de agora até que eu seja pó. Movo-me para baixo e
inalo sobre seu cume. Suas mãos puxam minha cabeça, e ela
me faz dar uma pausa quando estou a ponto de pousar
minha boca através da calcinha delicada que eu comprei.

—Você tem certeza de que quer fazer isso? —Ela


pergunta. Seu lábio inferior está entre os dentes.

—Por que eu não teria? —A questão parece tão ridícula.


Todo homem gostaria de estar aqui se soubessem o tesouro
que eles receberiam.

Daisy
Eu sou uma pessoa horrível.
Eu deveria ser um desastre agora. Este pensamento
passa pela minha mente, mesmo quando a cabeça de Nick se
move debaixo da minha saia, a barba em seu queixo
raspando minha coxa nua. Há tantas coisas que eu deveria
estar pensando agora. Eu deveria estar questionando-o sobre
por que ele estava me seguindo. Eu deveria estar chorando de
medo pensando no homem que quase me atacou.

Em vez disso estou ofegante e ansiosa pelo toque de


Nick. Sua boca está pairando sobre a seda da minha
calcinha, tão perto que eu posso sentir sua respiração na
minha pele através do tecido. Sua respiração é irregular igual
a minha. E eu vi seu pênis, e o toquei.

Se ele estava me perseguindo, eu não deveria querer


tocá-lo. Não é inteligente. Mas há uma parte de mim que é
perversa. Que está muito feliz que ele esteja fascinado por
alguém tão chato e simples como eu, que queira concentrar
toda a sua atenção em mim, para ser o centro do seu mundo.
E estou encantada com o que ele oferece; a oportunidade de
lhe proporcionar prazer, e em troca obter o meu.

É a promessa de prazer que substitui toda a


cautela e me arrasta para baixo.

Ele quer que eu goze. Você não pode fingir a


rapidez com que ele gozou. E agora ele quer ir para
baixo em mim, algo que Regan diz que Mike não vai
fazer por ela. Estou apavorada, assim como eu estou
tremendo com antecipação. É suposto ser a coisa mais
erótica que um homem pode fazer para uma mulher, e eu
sinto como se tivesse sido empurrada da ignorância completa
para um buffet sexual de experiências. Ele está me dando
tanto que eu simplesmente não consigo processar tudo isso
no momento.

—Eu posso sentir seu cheiro —diz ele, e sua voz é


grossa. —Você está muito molhada, da?

Suas palavras são brutas e, surpreendente excitante. Eu


suspiro. Parece que todo o ar no carro desapareceu, junto
com minha sanidade. Ele está certo, porém. Estou molhada,
tão molhada. Mesmo agora, eu tento apertar minhas coxas
juntas para sentir minhas coxas se esfregando.

—Diga-me como se sente, Daisy, comigo tocando você.

Nick quer que eu fale as mesmas palavras sujas que ele


usa? Eu não sei se consigo. Parece tão íntimo, e não posso
me imaginar dizendo a outra pessoa minhas fantasias
secretas. E se eu disser a coisa errada? E se ele rir de
mim? Ou pior e se eu fizer?

Estou paralisada pela indecisão e minha própria


lamentável falta de conhecimento. Eu li romances,
mas muitos deles não entram em grandes detalhes.
Eles apenas encenam sobre explosões e fogos de
artifício e que está sendo perfurada. Eu quero ter certeza que
eu saiba tudo corretamente antes de dizer a ele.

Eu não quero que ele pense que sou tola.

Quando eu não respondo, as mãos de Nick se movem


sobre a minha calcinha, os dedos circulando minhas áreas
mais sensíveis.

—Eu te assustei, kotehok?

Eu balanço minha cabeça. Quero isso mais do que


qualquer coisa, e minha própria covardia vai custar-me a
oportunidade de explorar, se eu não tomar cuidado.

—Eu não sei o que dizer. Desculpe-me se eu estou


desapontando você.

—Você não me decepciona —diz ele com seu forte


sotaque. —Nunca. Você deseja que eu a guie ao prazer neste
momento, Daisy? Da, eu vou fazê-lo, com a condição de que
você me mostre o que você aprendeu na próxima vez que te
tocar.

Oh, isso soa muito melhor. Eu aceno ansiosamente,


meu entusiasmo voltando.

—Mostre-me —Eu quero vir exatamente como ele


fez, tão rapidamente e tão ferozmente. Eu ainda
tenho o gosto dele na minha língua, e isso está me
deixando louca. Mesmo agora eu lambo os lábios,
querendo provar mais dele. —Você acha que haverá uma
próxima vez?

Nick ri, mas soa quase de dor.

—Da, eu não tenho dúvidas, linda Daisy.

Ele faz parecer que eu sou a mulher mais excitante do


mundo, e isso faz meu pulso vibrar mais uma vez. Eu me
desloco no assento do carro, sentindo a dor da necessidade
entre minhas pernas.

—Mas primeiro —diz ele, numa deliciosa voz baixa, que


eu amo, —eu vou agradar minha mulher até que ela grite.

Eu nunca gritei com intensa emoção na minha vida.


Mas eu não o corrijo. Talvez esta noite eu vá gritar.

—A pele de uma mulher é uma coisa suave e deliciosa —


ele me diz. —Como uma flor com pétalas delicadas —Seu
polegar passa abaixo do centro da minha calcinha, e eu o
sinto delinear a costura do meu sexo. Estou tão úmida que a
calcinha gruda na minha pele, dando um visual obsceno.
Estou horrorizada e fascinada tudo de uma vez.

—Eu deveria estar assim tão molhada? —


Pergunto-lhe.

—Só se eu for o homem que tem essa sorte —


Sua boca escova sobre minha calcinha e eu
contraio meu estômago involuntariamente. É como
se eu não quisesse ficar no caminho de seu toque. —Você vai
dar isto a mim esta noite, Daisy —Nick me diz enquanto ele
puxa minha calcinha pelos pequenos arcos brancos em cada
osso ilíaco. —Então eu vou sonhar com esse momento esta
noite quando eu dormir.

Suas palavras fazem eu me sentir tão erótica. Como se a


umidade na minha calcinha fosse à coisa mais sexy que já
aconteceu com ele. Dou um pequeno gemido sem palavras, e
fico envergonhada com a forma que ecoou alto no carro.

—Deslize elas fora de seus quadris, gatinha —ele me diz,


e sua voz é um ronronar persuasivo. Seus dedos puxam a
bainha da calcinha, e ele olha para mim com aqueles olhos
lindos. —Então, eu poderei olhar para você. Você vai me
mostra, da?

—Sim —eu digo a ele, e o tremor animado na minha voz


é acompanhado por um de meus dedos. Estou tateando
enquanto eu puxo o tecido e, em seguida, ele se move para
baixo dos meus quadris e nas minhas coxas. Os meus pelos
são apresentados a ele, e eu me sinto nua. Ele nem
sequer viu meus seios, e ainda assim eu estou
mostrando-lhe as minhas partes mais femininas.

Nick geme como se estivesse com dor, não


tirando os olhos de mim. Suas mãos assumem o
controle e ele tem a minha calcinha em suas mãos.
Ele a enfia no bolso de sua jaqueta, e depois estou nua da
cintura para baixo, minha saia amontoada em meus quadris.

—Abra suas pernas —ele comanda. Seu olhar está fixo


em minha carne. —Mostre-me o seu desejo.

Eu arquejo, mas faço o que ele manda. Eu gosto que ele


esteja no comando e esteja me dizendo o que fazer. Sinto-me
melhor com ele no controle, me guiando.

Mas ele simplesmente olha e olha, me deixando nervosa.

—Você é coisa mais linda que eu já vi.

E então não importa que estamos em seu carro e que ele


está debruçado sobre mim desajeitadamente e que estou
sentada com a minha roupa toda enrolada para cima. Eu sou
bonita e sexy a seus olhos. Eu espalho mais minhas pernas
para ele em um convite, mal ousando respirar com minha
própria ousadia.

Nick resmunga alguma coisa em russo, e sua boca


passa ao longo do interior da minha coxa. Eu tremo com a
sensação. Parece mais intimidante com o meu sexo exposto
para ele. Eu não tenho mais nada para me proteger.

Ele olha para mim, e seus olhos estão escuros,


suas pupilas dilatadas.

—Eu vou te tocar com a boca, Daisy.


Concordo com a cabeça, incapaz de olhar para longe
dele. Eu estou me contraindo de necessidade. Quero que ele
faça isso. Eu preciso dele.

Quase em câmera lenta, ele aproxima a boca dura desce


sobre os cachos de meu sexo. Eu vejo como ele se aproxima
do meu cume, e eu o sinto lá. Uma leve descarga de
adrenalina passa por mim, mas ainda não é o suficiente.

Devo estar mostrando minhas emoções em meu rosto.

—Paciência, kotehok —diz ele. —Eu ainda não comecei


a dar prazer a você.

—Eu sei —eu digo. —Eu só...

E então ele me lambe.

Minhas palavras morrem na minha garganta. Estou


chocada com o toque intimo por toda a minha carne
molhada.

Ele geme.

—Perfeição.

Eu estou tensa, meus sentidos sobrecarregados. É


quase muito para eu absorver. Eu empurro para ele,
não tenho certeza se gosto do quão pessoal isso é. Eu
não sou boa com intimidade. Eu não sei como lidar
com isso.
—Não, Daisy —ele me diz, e sua voz é irregular. —Deixe-
me ter mais. Vou fazer isso bom para você.

Então eu o sinto abrir a boca sobre a minha carne. Sua


língua desliza ao longo da minha fenda, indo mais fundo,
acariciando minha pele. Meu corpo salta em resposta. Suas
mãos me prendem no lugar, segurando minhas coxas para
mantê-las separadas para ele. E ele desliza sua língua ao
longo do meu sexo outra vez.

Eu choramingo. As sensações são esmagadoras:


formigamento selvagem, erótico. Eu realmente não estou
certa de que posso lidar com isso. Minhas mãos vão para o
seu cabelo novamente, mas eu não tenho certeza se eu estou
empurrando-o ou encorajando-o para mais.

—Nick.

Ele levanta a cabeça para olhar para mim, sua boca lisa
com a minha umidade.

—A maneira como você diz o meu nome com a minha


boca em você é um sonho —Ele abaixa a cabeça novamente,
mas não antes de acrescentar: —Eu quero ouvi-lo
quando você gozar.

Eu amo suas palavras. Elas são tão


impertinentes e diretas, mesmo quando eu não
posso ser. E elas tiram o medo de mim. Eu relaxo
um pouco, e o incentivo com movimentos enquanto
sua boca se move no meu sexo, minha boceta como ele
chama, e começa a explorar com a ponta da língua. Ele faz
movimentos leves, delineando cada dobra, e eu assisto, sem
fôlego, quando ele se inclina sobre mim.

Eu gosto de sua boca lá, mas eu ainda estou esperando


pelos fogos de artifício. Ele está evitando o meu clitóris, e me
pergunto se ele sabe que é a parte mais sensível. Se não, eu
não quero corrigi-lo. Estou mais interessada em assisti-lo, a
maneira como seus olhos parecem escuros enquanto ele
inclina a cabeça e me lambe.

É agradável. Mas não é a explosão que ele teve. Eu acho


que não é o mesmo para as mulheres.

Sua língua desliza ao topo da fenda do meu sexo, e


então ele passa rapidamente por cima do meu clitóris.

Eu endureço quando o fogo corre através de mim.

— Uhh.

—Se sente bem?

—Uhh—Eu não consigo pensar em uma coisa


coerente para dizer. Eu empurro para sua cabeça
porque eu quero voltar lá novamente. É aí que o fogo
está.

—Doce Daisy —ele murmura. —Agora eu vou


fazer você gozar —Quando ele inclina a cabeça
novamente eu estou cheia de expectativa, tão esperançosa
que dói.

Mas em vez de passar rapidamente a língua sobre o meu


clitóris, desta vez, ele coloca seus lábios contra ele e o suga
com firmeza.

Eu grito, chocada com a forma como me sinto. Minhas


mãos vibram sobre seu cabelo. Eu preciso agarrar alguma
coisa para me ancorar, e tenho medo que irei puxar cada
mecha de seu cabelo se eu continuar tocando-o. Assim,
mesmo que eu espalhe minhas pernas mais amplas, eu me
agarro contra a porta do carro. A intensidade é quase demais,
mas ele não levanta a cabeça. Ele apenas continua sugando,
e, ocasionalmente, lambe meu clitóris.

Eu não percebo que suas mãos estão se movendo até


que sinto um toque de dedo na base da minha boceta, para o
centro do meu núcleo. É grande e grosso, e eu suspiro
quando ele empurra para frente. Parece como se estivesse
queimando sua marca dentro do meu corpo.

—Relaxe —ele me diz, pouco antes de pressionar a


língua no meu clitóris novamente. —Deixe-me dar
prazer a você —E o dedo pressiona mais profundo até
que está sentado dentro de mim.

Agora, eu estou gemendo e me contorcendo


com o ataque de sensações. Em todas as vezes que
eu me toquei, eu me concentrei no meu clitóris, nunca nisso.
Mesmo quando sua língua pressiona contra o meu clitóris,
provocativamente seguindo o padrão circular que me deixa
louca, o dedo pressiona mais profundo. Há uma ardência e
um aperto, mas é tão bom que eu nem sequer penso em
pedir-lhe para parar. Moo em sua mão, incapaz de parar
meus quadris de mover-se ou sufocar os gritos suaves que
enchem minha garganta. Está construindo, agora. O prazer
intenso que eu estava pensando? Está chegando, e é tão
maravilhoso quanto eu imaginava.

—Tão apertada —ele me diz. —Bozhe moi 24 —Seus


murmúrios em russos são sufocados quando ele lança no
meu clitóris novamente com a língua. Sinto outro dedo se
juntar ao primeiro, e eu me sinto incrivelmente esticada, a tal
ponto que é doloroso.

Mas eu não quero que ele pare.

Eu jogo a cabeça para trás enquanto digo seu nome


uma e outra vez. Meus olhos estão fechados, não posso olha-
lo, porque isso torna mais intenso, e os meus sentidos
não podem lidar com seu belo rosto embalado entre as
minhas pernas, aqueles longos cílios que embalam
seus intensos olhos voltados inteiramente para me
dar prazer.

24
Oh meu deus
Sua língua não para, pressionando mais e mais rápido
contra o meu clitóris em um padrão constante que é tanto
enlouquecedor como maravilhoso. Meus quadris sobem ao
encontro de sua boca, e eu estou empurrando-me contra ele,
assim como minha mão está apoiada contra a porta do carro.
É a única coisa que me mantém de entrar em colapso. Meu
corpo inteiro está endurecendo, e eu sinto a construção de
uma deliciosa sensação, é como se eu procurasse algo, mas
não sei por aonde começar. Tudo o que sei é que estou
chegando mais perto.

Seus dedos retiram-se do meu interior, e eu sinto uma


dor da perda momentânea. Antes que eu possa protestar, ele
afunda-os profundamente. Há uma dor lancinante seguida
por um tiro de êxtase de prazer que se move através de mim,
e a excitação aumenta.

Nick empurra novamente com os dedos, e eu explodo.

Fogos de artifício.

Estou tremendo e ofegante com a intensidade pulsante


do meu orgasmo. Eu grito seu nome, e eu estou
perdida. Céu. Puro Céu. E Nick o deu para mim.

Eu nunca mais serei a mesma novamente.


Capítulo
Nove
Daisy
Agora que eu abri a caixa de Pandora, eu não posso
voltar para o sono dos inocentes. Meus sonhos naquela noite
foram preenchidos com o rosto de Nick, as mãos de Nick, a
boca de Nick. Quando eu acordei, eu estou inquieta e
ofegante.

E quando eu passo o meu dia, ele está sempre presente


na minha mente, um quebra-cabeça intrigante que eu
pretendo desvendar. Arrasto-me através do apartamento para
um café da manhã tardio, limpar nosso espaço e comprar
mantimentos, todo o tempo Regan está deitada no
sofá, cuidando de uma ressaca. Ela me mandou uma
mensagem na noite passada, perguntando se eu
estava bem. Eu disse a ela que eu encontrei Nick e conseguiu
uma carona para casa, o que pareceu satisfazê-la.

Se ela soubesse o que tinha acontecido no carro.

Estou escandalizada e excitada com o que aconteceu.


Antes de ontem à noite, eu só sonhava com o que acontece
com um homem, mas agora eu tenho muito mais
conhecimento, tantas coisas más a considerar.

Toquei seu pênis. Fiz-lhe gozar. E então ele me deu


prazer com a boca, porque eu não estava pronto para mais.

Eu não estou pronta para mais, ainda não. Eu gosto de


provocar em torno das bordas, brincando com o conceito de
sexo sem ir ao cerne da questão, eu digo isto agora. Na noite
passada depois de nossa sessão cheia de vapor no carro, Nick
me acompanhou até minha porta e me deu um beijo casto.
Eu tinha sido a única a agarrar-me a ele e pedir-lhe para
entrar comigo para que pudéssemos explorar mais.

Ele me virou para entrar. Eu disse que eu não estava


pronta, e ele iria honrar isso.

Eu penso nele quando meu telefone vibra, e eu


atiro a esponja para baixo sobre o balcão da cozinha,
agora limpa e corro para o meu quarto para atendê-lo
em privado.
Para minha decepção, é trabalho. Craig me mandou
uma mensagem.

Craig: Houve uma falta. Você pode cobrir?

Eu não posso me dar ao luxo de dizer não, embora eu


esteja secretamente esperando que Nick irá me chamar para
outro encontro. Eu suspiro e digito de volta.

Daisy: É claro. Que horas?

Craig: Seis. Vou pagar horas extras.

Daisy: Obrigada!

Eu tenho duas horas antes de eu tenha que ir para o


trabalho. Não é tempo suficiente para fazer qualquer coisa,
exceto, talvez, mais limpeza. E não há nenhuma mensagem
de Nick, o que me faz sentir estranha e ansiosa ao mesmo
tempo. Será que eu fui longe demais com ele? Será que ele
não me respeita porque eu sou selvagem quando ele me toca?
Devo jogar de tímida? Eu não sei como os relacionamentos
funcionam, meu pai só me deixava assistir a programas de
televisão infantis e todos os romances que li foram histórias
de um século diferente. Nestes, as mulheres são todas
herdeiras empobrecidas e os homens são todos duques
raquíticos.

Eu me sinto muito protegida. Regan e Mike


são sexualmente casuais, mas há uma tendência
de infelicidade em seu relacionamento. Eu não quero copiá-
los.

Mas eu não consigo entender por que Nick não me


enviou uma mensagem. Deve ser algo que eu fiz.

Eu passo pela minha janela e abro-a, inclinando-me


para fora e aproveito a brisa em meu rosto. A luz do sol é
pura e nítida, o tempo está lindo. Eu amo o sol. Eu viro meu
rosto em direção a ela e suspiro de prazer, e depois eu faço a
varredura da rua abaixo com interesse. Há carros que se
deslocam ao longo da rua em filas ocupadas, e as pessoas
andando na calçada, sacos na mão. É um dia normal.

O meu olhar desliza ao prédio do outro lado da rua, e eu


penso sobre o que Nick me disse ontem à noite. Ele não vive
neste edifício. Eu não dei muita atenção até agora. Eu fico
olhando para as janelas do outro lado, pensativa, tentando
ver os rostos por trás do vidro, mas não há nada.

Eu estava passando e vi você na rua, ele disse ontem à


noite.

Eu sei que é uma mentira. Ele não poderia estar


sempre dirigindo e conveniente estado disponível para
mim. Eu considero isso por um momento, e então vou
para a minha cama. Eu sento na borda e olho para
o meu telefone. O telefone que ele comprou para mim. Eu o
pego, hesitante, e, em seguida, me decido.

Eu envio uma mensagem para ele.

D8Z: Você está me vigiando, não é? Isso é como você


sabia onde eu estava na noite passada.

Sua resposta é rápida, o que significa que ele tem o


telefone por perto e o está vendo.

Nick: Isso incomoda você?

Incomoda-me mais que ele não tenha me mandado uma


mensagem até agora.

D8Z: Você está com raiva de mim. —Eu envio. É


necessitado e ridículo, mas eu não posso me controlar. O único
homem que sei como lidar é o meu pai, e ele fez sua frustração
conhecida por palavras iradas. Eu não posso lidar com o
silêncio.

Nick: Nunca.

D8Z: Então por que o silêncio?

Nick: Eu queria dar-lhe espaço no caso de você ter


se arrependido ou se sentir que estou empurrando-a
muito depressa.

A única coisa que eu lamento é que eu estava


com muito medo de fazer mais. Mas eu não lhe digo
isso. Estou apenas aliviada de que ele não está infeliz comigo.

D8Z: Eu quero saber se você está me assistindo, Nick.

Nick: E mais uma vez, devo perguntar. Isso incomoda


você?

Eu considero isto. Eu deveria estar furiosa, mas eu não


sou. Talvez porque sua intervenção na noite passada foi tão
oportuna? Eu não posso ser louca se ele me protegeu com
sua observação. Ainda assim, eu quero saber o porquê disso.

D8Z: Suponho que isso depende de qual é a finalidade.

Nick: Finalidade? Deve haver uma?

D8Z: Por que mais você poderia observar a um total


estranho? Parto do princípio de que você está me observando
por um tempo? Desde antes de nos conhecermos?

Nick: Você é inteligente, minha Daisy. E eu sou um pobre


mentiroso. Da, eu observava você. Eu vi você e pensei que era
a criatura mais linda que eu já vi. Eu não consegui parar de
assistir e me perguntar sobre você. Nunca eu achei que
realmente falaria com você, apesar de tudo. Eu te
assustei?

D8Z: Devo ter medo de você?

Nick: Eu nunca iria machucá-la. Nunca. Eu só


gostaria de te proteger.
Isso parece se alinhar com o que eu sei de Nick. Eu
acho, percebendo que, se suas intenções fossem ruins, ele
poderia ter me machucado naquele dia na lavanderia. Em vez
disso, ele me levou às compras e me comprou coisas caras.
Eu estou usando um par de calcinhas que ele me comprou
agora, e minha mão tremula alisa a cintura da calça com o
pensamento.

Nick: Você não tem medo de mim, tem?

Eu considero isto. Eu sei que não é normal para um


homem ver alguém de longe, mas Nick tem sido meu amigo
mais próximo e mais verdadeiro desde que cheguei. Estou
fascinada e obcecada com ele. Eu não sou louca. Eu não
estou totalmente confortável, mas eu não sou louca.

D8Z: Qual janela é a sua? No outro edifício?

Nick: Eu vou te mostrar. Olhe para o azul.

Ele está lá, mesmo agora? Ele está me assistindo? Eu


lambo os lábios, com vergonha de sentir meus mamilos
endurecem e a carne entre as minhas pernas ficar molhada
com excitação. Espio pela janela, olhando. Então, eu
vejo. É uma janela com os tons bem desenhados, em
frente à minha. O azul é uma mera sugestão.

E eu coro porque o azul que é minha calcinha


que ele havia roubado de mim na noite passada.
D8Z: Quantas vezes você me observou? O que você vê?

Nick: Eu vejo um tesouro. Eu vejo beleza sem


comparação. Vejo que cada gesto seu exala prazer e alegria
até em coisas menores. Eu vejo prazer em simplesmente
existir. Eu vejo você, Daisy.

Ondas de calor passam através de mim com suas


palavras. Oh meu Deus. Eu sei que ele está tentando me
ludibriar com lisonjas, e ele está conseguindo. Estou sem
fôlego com sua mensagem romântica.

D8Z: Você está me observando agora?

Nick: Da. Você quer que eu pare? Por você eu pararei. Não
quero fazer você se sentir desconfortável. Eu valorizo sua
opinião sobre todas as coisas.

Está na ponta da minha língua para lhe dizer "sim,


pare," quando eu percebo que estou respirando
superficialmente com entusiasmo. O fato de que ele me
observa parece impertinente e mau, e eu amo o sentimento. É
escandaloso considerar, e eu acho que é por isso que eu gosto
tanto. Eu quero que ele se mantenha me assistindo,
mas eu quero que seja nos meus termos.

D8Z: Precisamos de um sinal, eu acho. Se você


estiver indo me ver, deixe-me saber em primeiro
lugar.
Nick: Qualquer coisa que você desejar, gatinha. Estou às
suas ordens.

D8Z: Meu pai e eu tínhamos um sinal quando batíamos


na porta da frente ou ligávamos, por isso, sabíamos quem era.
Eu quero um sinal para saber que você está aí. Então eu
saberei.

Eu estou no controle, eu percebo. Se eu não quiser que


Nick me assista, eu posso fechar minha janela. Posso dizer-
lhe para parar. Eu acho que ele faria. Pela primeira vez na
minha vida, estou comandando o show, e me sinto inebriante
com o poder disso. Eu controlo a felicidade de Nick com um
simples pensamento.

É tudo na minha discrição inteiramente. Sabendo que


ele me observa não muda nada, exceto me deixar excitada ao
pensar que ele está me observando, mesmo agora. Minha
mão toca o cós da calça de novo, e eu penso em desnudar-me
na frente da minha janela, tudo para que ele possa ver de
longe.

Será que ele viria em suas calças novamente com a


visão?

Minha respiração se prende. Estou ofegante, e


meus mamilos doem. Quero dizer-lhe para vir para
que possamos explorar o sexo um pouco mais, mas
não é uma boa ideia. Eu tenho que trabalhar hoje à noite, e
se ele vier não vou querer que ele parta.

Do outro lado da rua, na janela de Nick, as persianas


abrem um pouco, e há um flash brilhante, semelhante ao de
um espelho que reflete a luz. Ele passa rapidamente uma vez,
duas vezes.

Nick: Esse é o meu sinal para você. Sempre que você


estiver curioso se eu a estou assistindo, olhe pela janela. Se for
eu, vou dar-lhe um sinal.

D8Z: Estou vendo.

Eu vejo, e quero saber o quanto de mim ele vê. Eu sorrio


para a janela e aceno como uma saudação.

Nick: Eu queria que sua mão estivesse sobre mim e não


na janela, Dasha. Encontre-me esta noite.

D8Z: Eu não posso. Estarei trabalhando.

Nick: Diga-lhes que se demite. Não é bom trabalho para


você.

Balanço a cabeça na janela, como se quisesse dizer


silenciosamente, "Eu não vou desistir." Sempre que ele
sugere que eu devo sair, e eu o ignoro. Ele não sabe o
que é ver duas notas de vinte em sua carteira e
perceber que não haverá mais entrando. Eu digito
novamente, não querendo mudar de assunto.
D8Z: Então, se eu lhe pedir para parar de me assistir,
você faria?

Nick: Sempre. Você significa mais para mim do que


qualquer coisa.

Suas palavras me fazem sentir quente, e elas me


enchem de prazer.

D8Z: Eu vou deixar você saber se eu quero que você pare.


Eu só estou permitindo isso porque eu gosto da ideia de você
me observando.

Nick: Oh? Você gosta disso?

Eu aceno e sorrio para a janela. Estou incrivelmente


excitada agora. Eu continuo pensando sobre ontem à noite, a
sensação quente de sua carne sob a minha mão. Eu não
posso esperar para experimentar isso outra vez. Eu decido
que quero jogar com Nick, deixá-lo me querendo e distraído.

Eu encaro a janela e minha mão desliza para o meu


peito. Eu seguro-o, imaginando a mão lá, e suspiro com a
forma como ele se sente bem, provocando meu próprio
mamilo.

E então eu olho para o meu telefone, esperando


uma resposta dele.

Vêm alguns momentos depois.

Nick: Daisy.... Você está me provocando?


Eu sinto uma sensação de alegria misturada com meu
desejo. Ele percebeu o que eu estou fazendo.

D8Z: Quer que eu lhe dê algo para assistir —eu digito de


volta, sentindo-me tão ousada e satisfeita comigo mesmo. Eu
quero fazer isso. Estou nervosa, mas animada, ao mesmo
tempo.

Espero um longo momento por sua mensagem de


retorno.

Nick: Nada me daria mais prazer do que ver você tocar a


si mesma por mim. Palavras não podem descrever o que estou
sentindo agora.

Minha respiração superficial fica áspera com emoção.


Eu penso em Nick tocando a si mesmo enquanto ele me
observa. Será que ele tem binóculos? Ele está segurando-o
em uma mão e segurando seu pênis com a outra? Tremo só
de pensar nisso e puxo a minha camiseta fora antes que eu
possa pensar e deixar a timidez assumir. Estou vestindo um
dos meus novos sutiãs, ele é laçado e branco, tão bonito que
me sinto sexy apenas de usá-lo. Estou feliz que eu o
escolhi hoje. Mordo meus lábios quando eu desço uma
alça no meu ombro, minha outra mão ainda
segurando meu telefone.

Nick: Descubra seus seios para mim, dasha,


por favor. Eu quero ver você tocá-los.
D8Z: Só se você prometer tocar-se, também.

Nick: Sim.

Uma única palavra foi combustível suficiente minha


imaginação, e eu deslizo meu sutiã por meus ombros. Meu
rosto está corado de timidez, mesmo quando meu corpo arde
com entusiasmo. Por alguma razão, isso é mais fácil do que o
pensamento de me despir na frente de Nick se ele estivesse
aqui em pessoa. Isto me permite ser mais ousada. O ar
acaricia meu peito agora descoberto, e meus mamilos estão
eretos. Eu ainda estou agarrando o meu celular em uma mão,
mas a outra está livre, e eu passo meus dedos sobre meu
seio, pensando na noite passada.

Eu quero mostrar-lhe mais do que apenas meu peito.


Eu encaro a janela e provoco meu mamilo mais um pouco, e
então eu deslizo minha mão para o meu jeans, fazendo uma
pergunta silenciosa.

O meu telefone vibra com outro texto imediatamente.

Nick: Mostre-me.

Um suspiro trêmulo me escapa, e eu coloco o


telefone para baixo na minha cama para que eu possa
ter as duas mãos livres para soltar meus jeans. Eu
saio fora deles e chuto-os de lado. Eu estou em pé
no meu quarto, na frente da minha janela, em
nada, apenas minha calcinha e sutiã, com um dos
seios expostos. Eu mordo meu lábio, considerando. Estou no
segundo andar. Alguém além de Nick pode me ver? Eu me
importo? Eu nunca vou saber se eles podem. As respostas de
Nick são gratificantes, apesar de tudo. Com dedos trêmulos,
eu deslizo minha calcinha pelas minhas pernas e tiro o meu
sutiã, e depois espero para ver a reação de Nick.

O meu telefone vibra na cama, e eu o pego.

Nick: Toque-se, gatinha. Mostre-me onde você gostou da


minha boca.

Eu inalo com suas palavras. Uma coisa é provocá-lo


com o pensamento de me tocar, e outra é vê-la escrita,
percebendo que ele está, de fato, observando cada movimento
meu. Eu deixo o telefone na cama e minhas mãos puxam
meus mamilos, desejando que eles estivessem em sua boca,
suas mãos. Não estou contente com apenas tocar meus seios,
embora isto esteja enviando pequenos choques de prazer pelo
meu corpo. Eu sei que ele vai querer ver mais.

Então eu deslizo a mão na minha barriga indo para


baixo.

Meus dedos escovam os cachos de meu sexo. Eu


já estou incrivelmente molhada, a umidade
encharcando os pelos. Eu suspiro ao sentir o fluido,
e um tremor passa através de mim quando eu
acaricio meu clitóris. Sua boca permaneceu aqui
ontem à noite, chupando e lambendo, eu me lembro. Lembro-
me como sua boca brilhava quando ele olhou para mim. Eu
me pergunto se ele gostou do meu gosto.

Meus dedos molhados vão para a minha boca, e eu


pinto meus lábios com os sucos de meu sexo, sabendo que
ele assiste. Será que ele vai achar isto erótico? Eu gosto do
meu próprio almíscar e penso nele, mesmo quando meus
dedos mergulham no meu sexo novamente. Eu não posso
deslizar um dedo dentro de mim enquanto permaneço em pé,
não como ele fez comigo ontem à noite, então eu escovo e
acalmo o meu clitóris, esfregando a umidade por ele
enquanto minha outra mão brinca com meu mamilo.

Eu estou tão excitada que quando meu telefone vibra na


cama, eu venho instantaneamente, sabendo que ele só me
mandou uma mensagem novamente. É como se a mensagem
fosse o catalisador, e eu estou tremendo com a minha
liberação dura e rápida. Deixa-me dolorida por mais, embora
eu me sinta momentaneamente triste que ele não esteja aqui
e sim me olhando do outro lado da rua.

Eu queria que Nick estivesse aqui.

Eu limpo minhas mãos molhadas do meu sexo


em uma camiseta velha e lanço-a no cesto de
lavanderia, então pego meu telefone para ver a
mensagem de Nick.
Nick: Mais uma vez, você me fez gozar na minha calça.

D8Z: Eu estou contente. Eu gosto da ideia de ser tão


irresistível.

Eu me enrolo na minha cama e deslizo debaixo das


cobertas com o meu telefone, sentindo-se lânguida e pacífica.
Se Nick não pode estar aqui, o telefone é a minha conexão
com ele. Se eu não posso estar debaixo das cobertas com ele,
eu vou estar debaixo das cobertas com o telefone.

Nick: Ah, Daisy. Você é muito boa para alguém como eu.
Por que você fala comigo, eu não sei. Eu não mereço tal
presente.

D8Z: Homem parvo. Eu gosto dessa relação, Nick. Eu


gosto de você, e eu gosto que você me deixe controlar as
coisas. Você me deixa dirigir. Faz-me sentir forte. Destemida.
Essa é a melhor sensação do mundo.

Nick: Você deseja estar no comando, kotehok? Vou deixá-


la dirigir a Ducati na próxima vez que eu a vir. Gostaria?

D8Z: Eu não sei dirigir.

Tenho vergonha de admitir isso. É uma das


coisas que meu pai nunca me deixou aprender, porque
ele não iria sair de casa para me mostrar, e ir para a
aula de educação de transito teria significado que
interagiria com uma classe cheia de outros alunos,
e o pensamento era um anátema para o meu pai
agorafóbico. Eu acho, também, que era parte de sua maneira
de me manter presa ao seu lado. Estou animada apenas pela
perspectiva de trocar meu cartão de identificação emitido pelo
estado pela licença de motorista. É uma habilidade que me
falta, e que eu não tive a coragem de admitir para Regan
ainda porque tenho medo que ela possa rir de mim por ser
tão para trás.

Nick: Então eu vou mostrar a você, pequena flor. E então


você vai me levar em todos os lugares, da?

Eu sorrio para o meu telefone.

D8Z: Da. :)

Nikolai

—Então, Dasha, você não sabe dirigir. Isto é fácil —Eu


aponto os pedais. —O grande problema é parar e o mais fácil
é ir. Pressione suavemente no início, até que ele se
sinta bem para você.

—Todos os meus primeiros são com você —diz


ela, dando-me um pequeno sorriso manhoso.
Eu gosto disso. Meu pau gosta também, e eu quero
puxar sua mão sobre a minha ereção, mas eu acho que é
muito cedo para isso. Ela não é uma prostituta. Ela gosta de
estar no comando, e estou feliz de esperar por sua direção,
mas, eventualmente, eu vou lhe mostrar o quanto prazer ela
traz para mim.

—Ninguém mais iria valorizar isso.

—Ninguém? —Ela arqueia a sobrancelha.

Não é arrogância que me deixa assim, mas


possessividade. Estou com medo de não gostar, assim que eu
simplesmente dou de ombros.

—E se alguém mais o fizesse... —Ela faz uma pausa e


pensa por um momento. Meu corpo fica tenso, mas ela diz: —
Ensinar-me a dirigir?

—Nyet, eu não gosto disso.

—O que teria acontecido se um dos meus clientes


tivesse me tocado? Você parece chateado quando você vem
para ao posto.

—Eu o teria matado.

—Ha. Ha —Ela soa a cada sílaba para que ele não


seja um riso, mas um som zombeteiro. – Não
acredito.
Eu olho para ela de forma constante. Não, eu acho, não
é brincadeira. Eu cortaria a mão de um homem que lhe
tocasse. Eu começaria por serrar cada dedo devagar, porque
a morte termina o sofrimento. Ele precisava sofrer. Quando
seus olhos se abrem e o seu semblante assume um olhar
preocupado, eu digo

—Só brincando.

Só que eu acho que nós dois sabemos que eu não estou.

Ela se vira para ligar o carro.

—Puxe o freio, em seguida, pressione o botão. Aguarde


até que o motor ligue.

Ela segue minhas instruções.

—Solte o freio.

O carro dá um tranco quando ela libera o freio. Nós dois


vamos para frente.

—Desculpe, desculpe —ela corre para pedir desculpas.

—Não é nada. Apenas solte gentilmente.

O segundo tempo, é mais suave, e ela começa a


fazer grandes círculos em torno do estacionamento
vazio. Praticamos frear, virar e acelerar devagar e
depois mais depressa. Em nenhum momento ela
está manobrando o carro com facilidade. Talvez na
próxima vez vamos tentar a moto. Eu me pergunto
o que mais posso ensinar-lhe, que outras estreias darei ela.

Meu tempo com ela pode acabar rapidamente, mas eu


quero que ela se lembre de mim. Quanto mais estreias eu
experimentar com ela, mais tempo eu estarei impresso em
sua mente. Estreias suficientes para ela nunca se esquecer
de mim.

O tempo passa rapidamente, e nós paramos somente


porque eu ouço seu estômago roncar. Ela protesta quando eu
pago por sua refeição, mas eu ignoro seus protestos.

—O que mais você quer aprender? —Eu pergunto


quando nós engolimos os sanduíches. Daisy quer voltar para
o veículo, e eu quero fazer Daisy feliz.

Ela encolhe os ombros e dá um sorriso feliz para mim.

—Deus, tudo.

Um pensamento me surge. Uma mulher sozinha na


cidade deve ser uma mulher armada. Vou ensinar Daisy a
disparar uma arma. É uma área em que eu tenho uma vasta
experiência.

—Vamos pela autoestrada —digo. —Você pode


praticar em alta velocidade.

Daisy sorri para mim. Esta é uma boa ideia, eu


posso dizer. Melhor do que um piquenique. Vou
dizer a Daniel da próxima vez que falar com ele que
suas habilidades com as mulheres estão desatualizadas.

Eu levo Daisy para o lado do passageiro do carro.

—Quando estivermos longe do tráfego, você pode


assumir.

Dentro do carro e no nosso caminho ao oeste da cidade,


eu abordo o tema.

— Talvez na próxima vez, eu possa ensiná-la a lidar com


uma arma de fogo. Estou preocupado com você sozinha à
noite no posto de gasolina.

Daisy ri desta sugestão.

—Na verdade, eu já sei como disparar uma arma.

Atiro-lhe um olhar de surpresa. Esta não é a resposta


que eu esperava. Não é que eu nunca vi uma mulher lidar
com uma arma. Há mulheres que fazem o trabalho que eu
faço, e há mulheres na Bratva, principalmente aquelas que
comercializam favores sexuais, mas a maioria pode lidar com
uma faca com facilidade e armas são abundantes.

—Meu pai me ensinou —Daisy está subjugada.


Seus olhos estão distantes, tristes.

Sento-me reto, como eu sei pouco sobre o


passado de Daisy. Eu só sei seu presente. Que ela
está sozinha é pobre e com poucos recursos e sem
família, ou assim eu pensava.
—O que aconteceu para ele ter feito isso?

A princípio ela dá de ombros, um encolher de ombros


enigmático que pode significar muitas coisas.

—Eu vivia em uma fazenda. Nesta direção, na verdade


—Ela acena-lhe a mão pelo para-brisa para a rodovia que
estamos tomando.

—Os pais ensinam todas as suas filhas a atirar em uma


fazenda? —Eu pergunto. Conheço apenas algumas famílias
agrárias e, agora que eu penso sobre isso, eles provavelmente
nem podem disparar um rifle.

—Alguns —diz ela calmamente. Percebendo que ela tem


algo mais a dizer, eu espero e logo a minha paciência é
recompensada. —Minha mãe foi morta por um estranho. Ou,
pelo menos nós pensamos que era um estranho. Ele está fora
agora. Passou dois anos no reformatório.

Fora de todas as histórias que eu pudesse imaginar


Daisy compartilhando comigo, nunca imaginaria está.

—Sua mãe foi baleada?

Minha imaginação galopa longe de mim. Ela


estava envolvida em alguma atividade criminal? Será
que ela roubou alguma coisa?

—Eu sei. Parece inacreditável, não é? —Sua


voz está engasgada, e quero encostar e confortá-la.
Em vez disso, só posso me aproximar e apertar uma de suas
mãos.

Ela retorna meu aperto e segura a minha mão entre as


suas.

—Meu pai e eu não sabemos por que aconteceu com ela.


Quando ele saiu do reformatório, o assassino procurou meu
pai e disse que ele era o próximo. Ele mudou a minha vida.
Meu pai tem medo de sair de casa. Ele me tirou da escola, e
nos tornamos eremitas. Um dia ele me levou até o porão. Ele
tinha criado um campo de tiro de sete jardas lá com uma
barreira feita de centenas de listas telefônicas, que eu acho
que foram destinadas para a reciclagem. Durante meses, eu
fui para baixo a cada noite e disparei uma arma contra a
parede de listas telefônicas.

—Com que arma?

—Glock pequena.

—Essa é uma boa arma. Uma 38?

Ela balança a cabeça.

—Você sabe muito sobre armas.

—Eu fiz um trabalho de uma só vez —Digo


vagamente. Ainda que verdadeira. —Sinto muito por
sua mãe e seu pai. E ele só ficou preso dois anos?
—Ele era menor de idade, e confessou que foi
involuntária porque ele estava alto de drogas —Daisy olha
para baixo, e eu percebo lágrimas quentes caírem por nossas
mãos unidas. —Eles foram condescendentes, mesmo ele
tendo levado minha mãe para longe de nós.

Meu coração dói por ela. Quando eu terminar com este


trabalho para Sergei, quando eu trouxer retribuição à casa de
Sergei, vou voltar e encontrar este homem e matá-lo por
Daisy. Nós nunca poderemos estar juntos novamente, mas
vou fazer isso. Juro-o silenciosamente. Por enquanto, tudo
que posso fazer é confortar Daisy em sua hora de
necessidade. Eu estaciono em uma estrada lateral.
Desafivelando o cinto de segurança, eu estendo a mão e puxo
Daisy para o meu colo. Ela me abraça, mas apenas por um
momento antes que ela empurre para trás.

—Obrigada. Eu não sei por que eu fiquei tão emocional


—Ela enxuga as lágrimas com as costas das mãos.

—Não há necessidade de desculpas. Sua resposta é


natural —eu asseguro-a, esfregando suas costas em
movimentos constantes e firmes.

Ela inclina a cabeça e sorri para mim.

—Não há nenhuma resposta emocional que


vai fazer você desconfortável?
—Nenhuma de você —eu me inclino e beijo a base de
sua garganta. Seu pulso vibra em resposta. —Eu quero todas
as suas emoções —Todas elas. Eu valorizo até mesmo sua
raiva. A indiferença é o que eu temo.

Daisy derrete contra o meu peito, e não é o desejo


sexual que ela desperta em mim desta vez, mas proteção
feroz. Eu a abraço e, em seguida, digo:

—Você quer conduzir agora?

Ela balança a cabeça e pega a direção.

Nós dirigimos por um longo tempo, e eu conto a ela


sobre meu tempo assistindo o curador. Deixo de fora que ele
tinha uma predileção por jovens rapazes, mas falo de como
ele me explicou sobre arte de uma forma surpreendente.

—Eu adoraria ver obras como essa —diz Daisy. —Eu só


tenho visto fotos dele. Meu pai regulava tudo na minha vida,
mesmo a minha conexão com a Internet.

Eu começo a entender por que ela é tão inocente, e eu


temo por ela.

—Você ainda tem uma arma?

—Não, eu a deixei na fazenda.

—Eu vou te comprar uma, então. Amanhã


vamos ir buscar uma. —Ou conseguir uma. Sempre
havia armas na rua para comprar. As armas que tenho são
muito grandes para as mãos delicadas.

—Você não pode continuar comprando coisas para mim


—Daisy diz com exasperação.

—Por que não? – As meninas de Harold disputavam


seus presentes mais do que eles queriam sua atenção. Até
mesmo as prostitutas estavam mais interessadas no meu
dinheiro do que a porra real que fazíamos. Isso eu não
entendia Daisy. —Eu tenho dinheiro. É irrelevante a compra
de uma arma.

Daisy balança a cabeça.

—Se você tem muito dinheiro, então por que você está
vivendo em uma lixeira em frente a mim?

Eu digo a ela um pouco da verdade.

—Eu estou, como que você diz, investigando alguém.

—Oh meu Deus, você está espionando alguém? Como


um cara que está traindo a sua esposa? —Reconhecimento
brilha em seus olhos. —É assim que você começou a me
observando, certo?

—Eu estou observando alguém. Ele tomou


dinheiro de alguém para quem trabalho. Alguém que
gostaria de tê-lo de volta.
O silêncio enche o carro, e eu me pergunto o que é que
Daisy está pensando. Será que ela entendeu o tom
ameaçador das minhas palavras? Mas não, ela me
surpreende novamente.

—Ele deve ser um homem horrível, para roubar dinheiro


de alguém.

—Da.

Ela dá de ombros.

—Eu acho que me assistir é muito chato em relação a


isso.

—Nunca.

—Nunca? —Ela ri. —Tudo o que faço é dormir e, em


seguida, ir para o trabalho no posto de gasolina.

—Eu não gosto desse lugar —eu anuncio. —Coisas


ruins podem acontecer lá.

Ela revira os olhos para mim, como se este não fosse um


argumento que tivemos antes.

—Eu te disse Craig, o proprietário, vive à direita


da rua.

Eu mudo no meu lugar, mas ela não está


olhando para mim.
—Há barras nas janelas. Isso lhe diz que é perigoso. Os
locais mais seguros não têm barras.

—Eu preciso do dinheiro —diz ela, entre dentes.

Eu dou um suspiro e esfrego o lado do meu pescoço.


Paciência, digo a mim mesmo.

—Eu não posso vê-la o tempo todo.

—Eu nunca pedi isso para você! —Ela exclama em voz


frustrada.

Estou igualmente frustrado.

—Um dia eu não estarei lá, e o homem no final da rua


não vai estar em casa, e alguém vai vir e tentar machucá-la.

—Qual é a minha alternativa, Nick? Não trabalhar?


Sentar-me em casa e deixar um homem cuidar de mim?

Sim, eu gostaria disso, mas mesmo um homem tão


mudak como eu sabe melhor do que dar voz a esse
sentimento.

—Talvez possamos encontrar outro emprego. Em uma


biblioteca ou um museu.

O rosto de Daisy cai, e ela parece desanimada.

—Meu currículo é um grande espaço em branco,


Nick. Eu não tenho escolaridade, e eu não tenho
histórico de trabalho. Ninguém em um museu iria
me contratar. Eu não tenho as habilidades para
qualquer coisa assim.

—Eu não sabia que havia habilidades necessárias para


isso —eu admito.

—Tem —Ela é abrupta em sua resposta. —Não é como


se eu quisesse trabalhar no posto de gasolina. É que com a
minha idade o único trabalho que eu pude obter é em um
posto de gasolina.

Ela parece frustrada, e eu estou impotente nesta


situação. Podia dar-lhe dinheiro, mas ela não ia aceitá-lo. Eu
não posso dar-lhe um emprego. Eu não tenho algumas
habilidades comercializáveis fora de uma organização militar.

Estou inquieto depois da minha tarde com Daisy. Há


pontas soltas que precisam ser aparadas com cuidado. O
contador. Sergei. Daisy está me fazendo pensar no futuro,
quando antes eu só estava vivendo um dia de cada vez,
movendo-me de um trabalho para outro. Entre as tarefas,
passei tempo aperfeiçoando o meu ofício. Disparando minhas
armas e aprimorando meu corpo. Eu li, visitei museus, dormi
com prostitutas. Esta vida me fez mal preparado para
fazer qualquer coisa útil.

Não estou mesmo certo de toda a extensão da


minha riqueza acumulada. Eu não gasto muito nem
possuo nada, prefiro viver em hotéis e casas de
aluguel. Meu saldo bancário é muito saudável, mas
eu nunca fiz nada com ele.

Não só eu não tenho habilidades reais além de matar


pessoas, eu não tenho formação, mesmo que eu tente sei
somente o que aprendi através dos livros, principalmente
técnicas estratégicas e militares e minhas visitas a galerias de
arte.

Eu tenho tão pouco de valor para oferecer a Daisy.


Comprar-lhe um telefone, algumas peças de roupa ou até
mesmo pagar o aluguel são coisas que posso fornecer, e ela
rejeita. Eu quero algo mais com Daisy. Eu quero, talvez,
parar de matar. Viver com ela em um apartamento minúsculo
e comer alimentos feitos por suas mãos e fazer amor com ela
todas as noites. E talvez algumas manhãs. Também tardes.

Mas eu não posso fazer amor com Daisy até que este
assunto com Sergei seja resolvido. É hora de resolver estas
questões para que eu possa me deitar com Daisy, sem medo
do perigo.

Eu assisto meu alvo. Sr. Brown está se movendo em


torno de seu apartamento se preparando para dormir.
Ou eu perdi a sua perversão do dia, ou ele está muito
cansado para esta bobagem esta noite. Ele vai para a
cama, e o cão trota obedientemente atrás. Pergunto-
me se o cão iria atacar o Sr. Brown se fosse permitido, como
os meninos tinham atacado o curador.

O silêncio desconfortável no meu apartamento é


interrompido por um sinal sonoro a partir do segundo quarto.
Considero ignorá-lo, mas depois acho que pode ser Daniel.

—Alô—eu respondo.

—Nikolai —Não é Daniel. É Sergei. O chefe da Bratva.


Sua voz é quase sem sotaque. Ele me disse uma vez que os
acentos são tão perigosos como impressões digitais e que um
acento sempre revela sua história e, leva seus inimigos para
sua família. Eu não tinha família, eu disse a Sergei. Ele me
deu um tapinha no ombro e respondeu que sabia, e é por isso
que eu era a arma perfeita.

Talvez seja por isso que ele sentiu que poderia matar
Aleksandr sem pensar duas vezes. Sergei acreditava que eu
era uma máquina, uma arma que Aleksandr apontou e
disparou. E agora que Aleksandr estava morto, ele acredita
que eu sou uma arma que ele controla.

Eu não fiz nada para desiludir Sergei dessa noção.


Na verdade, estou seguindo as ordens de Sergei.
Acompanhando este contador errante e, em seguida,
descartando-o.
—Sergei. O que é que você precisa? —Eu me pergunto
se ele limpou os corpos no hotel. Isso deve ter sido uma
bagunça.

—Eu queria saber se você já ouviu falar sobre o


falecimento do nosso amigo Bogdan. Ele estava em Los
Angeles cuidando de um problema para mim e não foi capaz
de acompanhar, devido a alguns problemas digestivos.

—Bogdan sempre bebeu demais. Foi o fígado? —Eu


pergunto.

—Fígado e coração. Na verdade, uma falência de órgãos


—responde Sergei.

Toco minha língua contra o céu da boca.

—Isso é ruim.

—A jovem esposa de Bogdan está aflita. Você sabe que


ela está grávida.

—Eu não sabia —Isso eu não queria ouvir. —Bogdan


viveu uma vida perigosa. Ela não sabia?

—Não, ela estava consciente. Eu acho que ela não


sabia a extensão de suas dívidas, no entanto —A voz
de Sergei era leve e suave. Ele provavelmente estava
imaginando com alegria todas as coisas que ele
exigiria desta jovem viúva.
Minhas narinas abrem em desgosto. Sergei deve ser
eliminado pelo simples crime de ser um clichê. Como um
soldado na Bratva, Sergei uma vez manteve-se com as
normas rigorosas. Uma vez que ele era o líder, ele foi vítima
do poder e o que ele via como os despojos devidos a um
vencedor. Forçar-se em uma viúva seria emocionante para
Sergei. Ela iria resistir a isto seria como uma porção extra de
sobremesa.

Certa vez, ele estuprou duas irmãs, forçando o pai que


lhe devia mais do que alguns milhares de dólares americanos
a assistir. Sergei tinha rido como um vilão do filme. Eu queria
matá-lo, mas em vez disso, eu apertei a carótida do pai até
desmaiar e depois descarreguei minha arma no chão. Sergei
era mais velho do que eu, ele tinha dezoito e eu quatorze
anos, mas eu era mais feroz. Ele parou, mas o ódio tinha
queimado em seus olhos.

—Você não gosta disto? —Sergei pergunta, solicitando


uma resposta.

—Não está em meu lugar proferir uma decisão —


Minha resposta é tudo o que ele precisa. —Mas eu não
acho que você me chamou por causa de Bogdan.

—Nikolai, você nunca foi de conversa fiada, é


por isso que você ainda é um soldado da Bratva e
não um líder.
—Eu não sou parte da Bratva —Eu o corrijo. —Eu não
sou parte dela desde que eu tinha quinze anos —Essa foi a
idade que eu tinha quando Aleksandr me expulsou. Na época,
eu estava ferido, mas nas últimas semanas eu perguntei se
isso era o maior sacrifício de Aleksandr e a ação mais
generosa que ele jamais poderia ter tomado. Bogdan queria
sair e não podia sair. Sergei teria, eventualmente, queria me
punir por colocar um fim a suas atividades. Aleksandr me fez
sair, e ao fazê-lo me deu liberdade.

—Uma vez que é uma parte da Bratva, sempre parte da


Bratva —zomba Sergei.

Eu sorrio para o telefone ao ouvir o som de seu


temperamento. Outro sinal de fraqueza de Sergei. Ele não
merece o poder que lhe foi dado, mas Aleksandr não queria
este poder, e Sergei era sobrinho de Petrovich e o mais velho
herdeiro da família Petrovich. A responsabilidade caiu sobre
os seus ombros, mas ele não usava o manto também. A
Bratva estaria em pedaços no prazo de dez anos.

Enquanto alguns podem acreditar que as


organizações criminosas nunca deveriam existir, a
família Petrovich servia a um papel importante. Há
muitas famílias que dependem da renda que a Bratva
gera, e se não fosse Sergei a controlar o fluxo de
armas, substâncias ilegais, e segredos, seria outra pessoa. O
crime nunca vai acabar. Ele só será contido.

Eu permaneço em silêncio, no entanto, porque Sergei


tem o poder e os recursos da Bratva à sua disposição. Havia
alguns que acreditavam na estrutura da família com fervor
religioso, eles eram boas pessoas e iriam cumprir as ordens
de Sergei, sem dúvida, porque ele era o chefe da família
agora.

Não vou antagonizar indevidamente Sergei,


particularmente quando suspeito que ele esteja me
chamando, porque eu estou tomando muito tempo com o
contador, o Sr. Brown. Suas palavras seguintes confirmam
isso.

—Este trabalho está ocupando meses de seu tempo. É


extraordinário. É nosso contador realmente de um homem
inteligente? —Sergei pergunta. Inteligente o bastante para
roubar milhões de você, eu penso, mas sei melhor do que
dizer isso.

—É um trabalho delicado. Eu não quero chamar a


atenção errada.

—É só drogá-lo e trazê-lo de volta —ordena


Sergei.

—Você quer outra pessoa para fazer este


trabalho? —Eu pergunto.
Ouço Sergei respirando pesadamente e, em seguida, um
som agudo como se estivesse batendo na mesa de madeira
com alguma coisa.

—Yo bar —Fodido, ele me chama, mas ele tenta fazê-lo


soar como uma risada. Nós dois sabemos que ele não está
brincando.

Eu espero.

—Dê-me um prazo. Quando vai ser feito? Eu tenho


outras tarefas para você.

Eu dou de ombros, mas ele não pode vê-lo.

—Você não é o único contrato que tenho. Eu tenho um


trabalho que vou fazer depois. Então, vou ver.

—Você está me fodendo, agora me escute —Sergei


perdeu o controle. Ele está gritando. Toda a pretensão é
longa. —Você nasceu no lixo, e a Bratva o acolheu e fez-lhe o
que você é hoje. Você nos pertence.

—Chamar minha mãe morta de boceta não vai fazer este


trabalho ir mais rápido —eu respondo suavemente, mas
estou agarrando a mesa com tanta força que as farpas
estão me cortando e sangue está começando a
manchar a superfície.

Sergei amaldiçoa novamente.


—Pizdets na khui blyad25! Eu sei onde você está, e se
você não tiver este trabalho feito na próxima semana, você vai
ser o alvo.

Que porra de besteira é essa? Isso é tudo o que tinha no


barril para mim? Eu me senti insultado por sua falta de
criatividade, mas o pensamento de que ele sabe onde eu
estou me preocupa. Eu preciso terminar com o Sr. Brown
apenas para garantir a segurança de Daisy. Eu não precisava
de uma versão melhor de Bogdan vindo para a cidade.

Eu precisava ver Daisy treinando disparos com uma


arma. Eu precisava ter certeza que ela tinha uma.

Eu segui Daisy para trabalhar naquela noite para


garantir que ela estava protegida com segurança dentro da
loja. Do lado de fora encontrei cabos de alimentação de
satélite exteriores e anexei uma câmera para que possa
acompanhar a vigilância remotamente. Eu deveria ter feito
isso há semanas. Sentindo-me um pouco melhor sobre a
segurança de Daisy, eu voltei para complexo de
apartamentos. Sr. Brown está esperando por mim.

Eu não me incomodei em bater. A porta se abre


facilmente para mim, e eu sei pela minha pesquisa
anterior que o Sr. Brown tem apenas uma arma, que
ele mantém em sua mesa de cabeceira. Por que

25
Filho da puta
permitir que invasores cheguem tão longe na residência antes
de ser capaz de montar uma defesa? Isso não faz sentido para
mim. Eu tenho fios na porta, é tão fácil de configurar com
algumas latas ou sinos e muito difícil de desativar a menos
que já estejam no interior. São medidas de segurança de
baixa tecnologia que o Sr. Brown poderia empregar. Sua
perda.

Mesmo seu pequeno cão não poderia fornecer qualquer


defesa, porque o Sr. Brown insiste em que o cão seja
trancado dentro do quarto com ele. Os quartos da frente do
apartamento estão mal iluminados, o que me permite deslizar
para dentro e me movimentar sem ser detectado. Eu entro e
pego uma cadeira de metal desconfortável na sala de estar.
Sr. Brown vai se sentar aqui, e eu vou ficar.

Não há nenhuma superfície. Sinto-me confortável,


mesmo com as minhas luvas.

—Sr. Brown —eu chamo, —Você tem uma visita.

O som da minha voz desperta o cão, e logo o cão acorda


o Sr. Brown. Eu estou no canto, Mr. Brown decide atirar
primeiro e perguntar depois, mas é apenas uma
precaução descomunal. Sr. Brown provavelmente
nunca puxou qualquer gatilho, ao contrário de
Daisy.

—Quem é Amendoim?
Amendoim? Tremo só de ouvir o nome grotesco do cão,
dada às perversões do Sr. Brown. O cão trota obedientemente
e vem para cima de mim. Ajoelho-me e dou ao cão uma de
suas guloseimas especiais. Sobre minha cabeça, eu ouço o
apito de uma bala seguido por uma resposta afiada.

Minhas sobrancelhas se arqueiam. Sr. Brown realmente


atirou em mim, e como me inclinei para alimentar o cachorro
evitei ter que me desviar da bala. Continuo agachado. Meus
olhos estão ajustados à escuridão, então fica fácil vê-lo
acenando a arma ao redor. Vou ter de desarmá-lo.

Afago Amendoim e me movo furtivamente rastejando em


torno do Sr. Brown. Ele não me sente, e eu sou capaz de
subir facilmente por trás dele e remover a arma de sua mão.
A arma é pequena e leve. Talvez eu possa dar a arma de Sr.
Brown a Daisy. Mas não, Daisy não deve tocar na sujeira
pertencente ao Sr. Brown.

Eu aceno com a arma para a cadeira.

—Por favor, Sr. Brown, sente-se.

—Eu não sou Sr. Brown. Você tem a pessoa


errada —diz ele, mas ele obedece, no entanto.

—George Franklin, ex-funcionário da Petrovich


Bratva? Atualmente correndo e se escondendo?
Sr. Brown arfa e, em seguida, começa a pleitear comigo.

—O que você quer? Eu tenho dinheiro. Muito dinheiro.


Vou dar-lhe qualquer coisa.

Estes encontros são tão semelhantes que gostaria de


saber se existe algum script que é entregue para os
criminosos, em caso de captura, usar essas ferramentas de
negociação. Infelizmente, devo supor que estes funcionam em
algumas ocasiões ou os subornos não seriam oferecidos.

—Você tem algumas informações que eu quero Sr.


Brown —eu respondo. —Você cuidou do dinheiro da Bratva e
ficou estupidamente ganancioso, mas eu não me importo com
isso. O que me interessa é por que Sergei queria Aleksandr
Zotov morto —Eu inqueri abruptamente para evitar qualquer
mentira. —Eu sei que não é por causa da filha de Sergei.

Sr. Brown fecha a boca e, em seguida, abre-a


novamente.

—Eu não estou certo sobre o porquê.

—Bem, então —eu levanto o revolver do Sr. Brown e


rodo a câmara de bala. —Não há nada com que
negociar.

—Espere, espere —Ele levanta as mãos. —Eu os


ouvi discutindo sobre o gado. Aleksandr não
achava que a Bratva deveria se envolver nesse negócio. As
armas e drogas, sim, seres humanos, não.

Eu abaixo a arma e gesticulo para ele continuar.

—Aleksandr disse que lidar com crianças era demais.


Ele não queria ser parte disso e disse que o tio de Sergei
nunca teria participado.

—Era por causa da idade, e não o ato em si que


incomodava Aleksandr? —Oh Aleksandr, quando as nossas
prioridades se tornaram tão pervertidas.

Sr. Brown balança a cabeça

—Eu não sei. Eu não me importava. Eu estava saindo.


Agora você tem suas informações, você pode me deixar ir
também —Sr. Brown é cínico com seu pedido, mas por que
não?

—Um pequeno compartilhamento de informações e você


espera que eu o deixe ir? Quem você acha que me enviou?

—Sergei —Sr. Brown responde emburrado. Ele olha


para baixo a seus pés, e depois para o seu cão, que não
se moveu do meu lado.

—Você acha que eu posso voltar para ele e dizer


que o trabalho não foi feito sem consequências? —
Eu balanço a cabeça para ele. —Não me trate como
se eu fosse uma criança tola.
—O que você quer de mim? —Sr. Brown une as mãos
em súplica. —Eu vou dar-lhe qualquer coisa.

—Você é um homem sem imaginação, não é?

—Sim! —Ele está disposto a concordar com qualquer


coisa agora.

—Você não tem plano de contingência? Você só achou


que você iria tomar o seu dinheiro e correr ao redor do
Centro-Oeste e que ninguém iria encontrá-lo?

—Sim —o Sr. Brown começa a chorar e treme em sua


cadeira. —Eu estive correndo por tanto tempo. Eu parei aqui,
porque eu estava tão cansado.

—Então, você irá me dar à informação que Sergei quer


de você, porque ele não pediu para eu matá-lo, mas que
trouxesse para casa e para ele.

Isto aterroriza Sr. Brown. Ele abraça-se e chora


abertamente agora.

—Não me mande de volta. Apenas me mate agora. Por


favor.

Eu esfrego a inscrição no meu peito. A morte é


uma misericórdia. Este homem entende. O fim é
apenas o começo. Permanecer vivo quando está
sendo mutilado, quando sua família está sendo
torturada, quando você está sendo torturado, tudo
é pior do que a morte. Eu trago misericórdia.

—Eu prometo —eu digo. —Vou voltar para Sergei e


dizer-lhe que eu tive que matá-lo, mas primeiro você vai
revelar as informações para mim que põe em perigo Sergei.
Diga-me esta informação, que é tão importante que você deve
ser devolvido saudável e vigoroso.

Sr. Brown começa a falar, e são quarenta e cinco


minutos antes que ele seja morto.

Eu o mato rapidamente. Vou levar o cão comigo. Eu não


estou certo do que vou fazer com este cão, mas eu não quero
deixá-lo aqui para comer o cérebro do Sr. Brown como cães
costumam fazer.

Eu pego o corpo do Sr. Brown e coloco-o na banheira. Lá


eu derramo uma mistura de ácido sulfúrico e peróxido de
hidrogênio, que irá corroer o corpo do Sr. Brown até que tudo
o que restará serão os ossos. A ausência de deterioração
óbvia irá garantir que o corpo de Brown não seja encontrado
durante algum tempo. Eu paguei o aluguel de três meses com
antecedência.

Ele vai me comprar algum tempo com Daisy. Três


meses para descobrir o que devo fazer com ela.

No meu apartamento, eu queimo minhas


roupas e luvas em minha própria banheira. A
porcelana é notavelmente resistente, e o cheiro de
algodão e lã queimando não é desagradável. Depois, eu tomo
banho para lavar o resíduo de pólvora, fumaça e cinzas.

Eu dou ao cão um afago na cabeça e vou verificar Daisy


no vídeo de segurança do posto de gasolina que eu tenha
grampeado. Ela está sentada em um banquinho lendo uma
revista. Ninguém parece ter prejudicado ela. Talvez Daisy
esteja certa. Ela está bem.

Resumidamente, eu me pergunto sobre sua colega de


quarto, mas ela não a mencionou sequer uma vez. Eu
continuo a assisti-la até que seu turno está chegando ao fim.
Derramo um pouco de comida de cachorro para o cão do Sr.
Brown. Ele precisa de um novo nome. Eu não posso chamá-lo
de Amendoim. O pensamento me faz meu estômago se revirar
de desgosto. O cão ficou confuso no início, mas depois de
mijar em dois cantos, ele decide que meu apartamento sem
alma é tão bom como o do Sr. Brown. Limpo após o cão ter
mijado, e me pergunto o que vou fazer com ele. Talvez Daisy
gostasse de ter um animal de estimação.

As próximas horas passam sem intercorrências.

Quando seu turno se aproxima do fim, eu pego a


Ducati e vou a toda velocidade buscá-la.

—Ei, Nick —Ela parece feliz em me ver, seu


sorriso brilhante. —Eu não achava que iria vê-lo.
—Por que não? —Eu estou ofendido. Eu não disse a ela
que eu iria cuidar dela?

—Eu estou surpresa. Satisfeita, mas surpresa. Você não


me enviou uma mensagem. —Ela passa sua perna sobre a
parte traseira da moto e puxa seu capacete. É difícil falar com
ela enquanto ela usando-o. Eu precisaria comprar capacetes
com microfone.

Eu a puxo perto de mim e aperto suas mãos, que estão


dobradas por cima do meu abdômen. Estou cansado, e
suspeito que Daisy esteja também. Nós dois precisamos
dormir, mas eu não consigo dormir quando estou me
preocupando com ela. Quando chegamos ao apartamento
dela, eu abordo a questão.

—Daisy, estou exausto —eu digo a ela honestamente.

Sua mão se estende para escovar contra a pele debaixo


do meu olho.

—Você parece cansado

—Você está cansada demais, não é?

Ela balança a cabeça um pouco.

—Então vamos dormir juntos. Eu não consigo


dormir sem estar perto de você agora. Não mais —
Faço uma pausa significativa, e estou satisfeito
quando a vejo corar. Ela entende então. —Apenas
dormir, nada mais.

Daisy bufa uma risada e balança a cabeça.

—Eu não sei se eu deveria estar ofendida que tudo que


você quer fazer é dormir.

—Sem ofensa se você entende —Eu digo a ela. —Eu


quero você muito, mas estamos ambos cansados, e sua
primeira vez deve ser quando estivermos ambos
completamente descansados. Depois, você ficará sem dormir
por horas, talvez dias.

Isso faz com que Daisy core ainda mais, embora isso
seja nada além da verdade. Quando estiver dentro de sua
exuberância molhada, com sua doce boceta agarrando meu
pau, eu não vou querer deixá-la por alguns dias. Teremos de
arranjar para ter mantimentos trazidos para nós entre os
intervalos, porque eu suspeito que uma vez que tenha Daisy,
não vou pensar em mais nada, mas tê-la novamente e
novamente até que os nossos músculos virem geleia e até
mesmo a capacidade de pensar tenha sido suspensa. Mas eu
não posso fazer isso até que a situação com Sergei
esteja resolvida. Eu não posso colocar Daisy em perigo
e, portanto, devo permanecer vigilante em todos os
momentos.

Daisy me leva pela mão, e eu a sigo para o


apartamento dela. Quando ela fecha a porta, eu
pego algumas cordas e peço-lhe um par de latas ou artigos de
metal.

—Por quê?

—Por razões de segurança —eu respondo honestamente.


Ela olha para mim como se a minha ideia fosse cheia de
loucura, por isso eu digo a ela: —Eu não serei capaz de
dormir se não pudermos garantir a sua residência.

—Nick, você cresceu em um bairro inseguro?

—Sim – E é verdade. As ruas não eram seguras. Na


Bratva, um não-Petrovich era um alvo até que você podia
levantar-se por si mesmo. Era necessário aprender essa
habilidade rapidamente.

Daisy não faz mais perguntas. Em vez disso, ela cava em


torno do lixo e encontra duas latas de metal. Ela as lava, e eu
faço um buraco no fundo de cada uma com o pequeno
canivete do meu chaveiro. As latas são encadeadas e
colocadas no topo da porta.

—E Regan?

—Se ela sair ou retornar, saberemos. Assim como


com qualquer um —Eu quero manter o controle de
todos indo ou vindo.

Daisy olha pelo corredor em direção dos


quartos e, em seguida, de volta para as latas. É
preciso esforço para não cobrir a área debaixo de minha
jaqueta, onde minha arma reside.

—Eu acho que há muita coisa que você deveria estar me


dizendo, Nick, ou coisas que eu deveria estar perguntando,
mas eu estou muito cansada agora —Ela boceja mesmo
quando fala isso.

Eu aceno, embora neste momento, eu não sei com o que


estou concordando. Eu poupo um pensamento para o cão,
mas se ele cagar ou mijar novamente, eu só vou limpá-lo
amanhã. Todas essas coisas podem ser cuidadas amanhã.

—Vamos lá —diz ela, e eu a sigo até o quarto.

Eu já vi isso antes, mas estar no quarto de Daisy é


completamente diferente do que olhando para ele através de
um binóculo. Corro os dedos do outro lado da cômoda de
madeira cheia de ranhuras que mantém as roupas que eu
comprei para ela. Não tenho certeza de quem dormiu na
cama antes de nós, mas eu não me importo. Tudo o que sei é
que eu vou abraçar o corpo de Daisy perto do meu.

—Você quer uma roupa para dormir? Eu não


tenho nenhuma, mas talvez o namorado de Reagan
tenha deixado alguma coisa?

Eu balanço minha cabeça.


—Não, eu posso dormir camiseta e jeans —Eu não digo
a ela que eu prefiro ficar nu a tocar na roupa dele.

Daisy pega algumas roupas. Tento lembrar o que nós


compramos que constituiria vestuário de noite. Meu sangue
se agita quando penso nos pedaços de cetim e renda que
estavam no departamento de lingerie. Eu removo minha
jaqueta e penduro-a na porta do armário. A pistola está
situada entre o colchão no lado da cama mais próximo da
porta. Eu sacudo fora minhas botas, mas deixo minhas meias
e cinto. É mais fácil responder às ameaças quanto menos
roupa eu tenho que vestir. Eu sei que Daisy está nervosa,
então eu deito na cama, minhas mãos escondidas atrás da
minha cabeça. E espero.
Capítulo
Dez
Daisy
Minha mente está confusa quando entro no banheiro
para vestir minha camisa de dormir. É de flanela suave e
quente. Não está frio na casa, mas me sinto que devo usar
roupas mais grossas para dormir, então eu não incomodarei
Nick. Ele parece exausto e não quer ter relações sexuais, por
isso não vou atormentá-lo com o uso de uma das camisolas
de seda que eu tenho de quando fomos às compras juntos.

Eu saio do banheiro e dou às latas amarradas acima da


porta um olhar rápido e depois o desvio como se elas não
fossem grande coisa. A visão delas me incomoda. Não
porque elas estão lá, mas porque elas representam
segredos. Fazem-me pensar no meu passado com meu
pai, e nas muitas maneiras que ele tinha para
garantir que nós nunca seríamos surpreendidos
por intrusos. Lembro-me do plástico bolha
colocado nas janelas.

Eu me pergunto se é por isso que estou tão atraída por


Nick, nós somos mais parecidos do que qualquer um de nós
percebe.

Há sombras escuras sob seus olhos, mas seu olhar é


atento mesmo enquanto relaxa na minha cama. A cama é
encostada contra uma parede, e Nick encontra-se no lado de
fora. Vou ter que rastejar sobre ele para ir para a cama.
Pergunto-me se ele fez isso de propósito, porque ele quer me
ver arrastar meu corpo sobre o dele? O pensamento me
excita, e eu rastejo na cama sobre ele, corando, meu olhar
desviado. Eu fico, rigidamente, esperando um toque furtivo
nos meus seios, meu sexo.

Mas tudo o que ele faz é colocar um braço em volta dos


meus ombros e me puxar contra ele. Minha bochecha
repousa sobre sua camisa, e eu coloco a mão em seu
estômago.

—Priyatnykh snov26 —diz ele em russo, e eu acho que


ele está me desejando sonhos agradáveis.

—Noite —murmuro de volta para ele, e ele clica


desligando a luz.

Ouço sua respiração, meu ouvido em seu


peito, mas eu estou bem acordada. Não posso

26
Bons sonhos
dormir com seu corpo grande, firme deitado contra o meu.
Minha mão está relaxada em seu estômago, mas eu quero
movê-la. Eu quero escovar acima de sua pele, sentir o calor
dele, explorar seu corpo para meu prazer.

Mas ele está tão cansado. Eu não quero incomodá-lo.


Estou dividida. Eu estou sentindo dor para explorá-lo, mas
fico congelada no lugar. É como se me tivesse sido oferecido o
mundo e dito para não tocar.

Sua grande mão acaricia sobre minhas costas.

— Qual o problema, Dasha?

—Estou bem.

Nick ri.

—Eu posso sentir a rigidez em seu corpo, pequena flor.

—Posso... me afastar de você? Eu não quero incomodá-


lo —Minha mão suaviza sobre seu estômago, desejando que
eu estivesse sentindo pele em vez de tecido. —Você precisa
dormir.

Seu braço aperta em torno de mim.

—Gosto da sensação de seu corpo contra o meu,


Daisy. Seu toque traz nada além de conforto. Agora,
relaxe.
Eu passo mão sobre ele nos padrões macios enquanto
espero por sua respiração relaxar. Ele faz, e estou feliz que
ele finalmente caiu no sono.

Muito lentamente, minha mão se arrasta até a borda de


sua camisa. Está fora da calça. Estou polegadas longe de
sentir a pele nua, e é uma tentação que não posso resistir.
Minha mão desliza dentro, e meus dedos vagueiam. Sua pele
está quente sob meu toque, mas é suave. Tão macio. Estou
arrepiada.

—Daisy —ele murmura, e sua voz é grossa.

Afasto minha mão, escaldada pelo som de sua voz.

—Sinto muito. Você está tentando dormir, e eu estou


incomodando.

Ele se estica e agarra minha mão novamente, colocando-


a na parte inferior do seu estômago.

—Você quer me tocar, Daisy? Eu não me importo.

—Eu... você não se importa? Eu não o estou


incomodando?

—Eu não vou dormir, mas nyet, eu não me


importo —Seus dedos acariciam minha bochecha. —
Como posso me importar quando minha mulher
deseja explorar o meu corpo? Não é possível.
Minha mão encontra-se em seu estômago, imóvel por
um longo momento. Eu tenho medo de ceder aos meus
desejos, sentindo-me um pouco na berlinda agora que eu sei
que ele está prestando atenção. No final, porém, a minha
curiosidade e minha necessidade ganham, e eu deslizo minha
mão totalmente sob a camisa, pressionando a palma da mão
na carne quente lá.

Nick geme e desloca os quadris, e eu noto que a virilha


da calça jeans aumentou. Ele está excitado, apenas com meu
simples toque.

Estou fascinada por sua ereção e pela sensação de seu


estômago sob a minha mão. Sua pele está esticada, e há
pelos em uma linha no centro de seu estômago. Minha mão
ficou mais ousada, movendo-se sob a camisa, explorando.
Seu umbigo é um buraco suave de pele cercado por nada,
apenas músculo. Eu paro meus dedos ao longo dessa linha
de pelos, indo para cima e para baixo, embora eu faça uma
pausa no cós da calça jeans.

Quanto eu atrevo-me?

Nick leva essa pergunta fora da minha mente,


quando, no momento seguinte, ele afasta minhas mãos
exploradoras e desabotoa a calça jeans. Ela não tem
zíper, mas cinco botões, e eu assisto com espanto a
rapidez em que ele despacha-os. Em seguida, a
mão se move para longe novamente.

Eu vejo a forma rígida de seu pênis pressionando contra


o tecido de sua cueca. Quando meus dedos brincam com o
pelo abaixo do seu umbigo, eu sinto sua respiração falhar.
Ele está animado com o meu toque, é sua excitação alimenta
a minha, afugentando a minha timidez.

Ele gosta da minha exploração, e isso me faz animada.

Eu deslizo minha mão para a protuberância de seu


pênis, e eu toco a carne coberta de tecido. Um ruído baixo
sibila da boca de Nick, mas ele não me afasta. Ele gosta da
minha exploração e isso me faz ousada. Eu empurro sua
cueca para baixo, e a cabeça de seu pênis é revelada.

Ele é grosso e redondo, maior do que eu lembrava. A


cabeça brilha com uma gota de pré-sêmen, e isso me faz
lamber os lábios. Lembro-me do gosto dele da última vez, e
eu quero mais.

—Nick —eu respiro, e minha mão passa sob a borda de


cueca para que eu possa tocar a carne aquecida. —Posso
colocar minha boca em você?

Ele resmunga alguma coisa em russo, a voz


tensa. Sua mão acaricia meu cabelo.

—Eu sou seu, pequena flor. Faça o que quiser.


—Será que você vai gostar? —Eu aperto meu punho em
torno dele, fascinada por quão duro seu comprimento é, o
quão quente e suave e sedosa é a delicada pele cobrindo-o.

—Da —diz ele, a voz espessa. —Eu adoraria.

Eu quero isso, então. Eu quero deixá-lo louco. Eu amo o


pensamento do meu Nick perder o controle por causa de algo
que eu fiz para ele. Então eu deslizo para baixo de sua
barriga e sigo em frente até que eu possa passar a língua
contra a cabeça de seu pênis. Eu pego uma gotícula com a
minha língua, e aprecio o sabor. Ela é salgada, o gosto quase
amargo, mas forte. Estou intrigada, e lambo novamente.

Eu passo a língua na cabeça de seu pênis, fascinada


pela textura aveludada dele contra a minha língua e pela
forma como Nick fica todo duro com cada movimento de
minha língua. Eu sei que rigidez é bom. É um sinal dele
tentando manter o controle.

É meu objetivo de fazê-lo perder esse controle.

Eu pressiono um beijo na cabeça de seu pênis,


querendo escovar meus lábios sobre a pele
incrivelmente macia. Eu gosto da sensação dele contra
os meus lábios. Nos livros que eu li na biblioteca, a
heroína sempre leva o herói em sua boca e chupa-o.
Mas parece que há muito de Nick para caber em
minha boca. Penso nisto assim mesmo quando eu
pressiono pequenos beijos na cabeça de seu pênis, deixando
meus lábios explorá-lo suavemente. Eu não quero fazer isso
errado.

Seus quadris mudam novamente, e seus pênis esfrega


entre meus lábios entreabertos. Se isso não é um convite, eu
não sei o que é. Abro mais a boca e meus lábios circulam a
cabeça dele, e então eu puxo para trás, incerta, uma vez
mais.

—Posso ter o seu pênis na minha boca, Nick?

Eu olho para trás por minha resposta, e seus olhos


estão brilhando na escuridão, seu olhar atento sobre mim.
Ele me dá um pequeno aceno de cabeça.

—É um pau, Daisy. Um khui. Diga isso para mim.

—Khui —eu digo. —Eu quero provar o seu khui.

Eu sou recompensada pelo seu gemido de prazer, e seus


olhos se fecham. Eu amo isso, a tensão no rosto, a forma
como o seu corpo cantarola sob o meu. Eu sou a causa disto,
e é uma deliciosa sensação. Minha mão aperta em torno da
base de seu pênis, não seu pênis, seu khui, e eu me
dobro para colocar a cabeça dele em minha boca
novamente.

Eu o chupo.

Sua respiração chia.


—Os dentes, Daisy.

—Oh —eu digo. —Sinto muito. Eu não sabia

—Não há problema, Dasha —Sua mão acaricia minhas


costas, na camisa estupidamente espessa que estou usando.
—A pele é mais sensível lá.

E ele confia em mim o suficiente para me deixar colocar


seu pênis na minha boca. Estou satisfeita. Abro a boca mais
amplamente e coloco a cabeça na minha boca novamente,
desta vez deixando-a descansar contra a minha língua. Viro a
cabeça e olho para ele por aprovação.

Nick unicamente geme e afasta meu longo cabelo para o


lado para que ele possa ver a minha boca sobre ele.

—Deus tenha misericórdia, mas você é linda.

Ele está tão duro que eu não preciso segurá-lo para


guiá-lo em minha boca, a longa curva suave de seu pênis,
parece apontar diretamente para mim, e eu chupo
suavemente sobre a cabeça e coloco minha boca sobre ele,
explorando. Eu não tenho certeza de como fazer isso, mas eu
pareço estar fazendo bem, se o corpo rígido de Nick e
epítetos russos murmurados suavemente são qualquer
indicação. Mas eu não tenho certeza de como levá-lo.
Nos livros, isto é simplesmente um processo de
colocar a boca em um pênis e, em seguida, o herói puxa a
heroína perto de si. Nick não parece querer puxar-me para
longe.

E eu estou me divertindo muito para sair.

Então eu mudo as coisas um pouco, e pressiono


pequenos beijos em seu pau. Eu me movo ao longo do
comprimento dele, lambendo e mordiscando com meus
lábios. Há uma veia na parte inferior do seu pênis, e eu a
beijo também. A base de seu pênis é cercada por pelos
encaracolados, escuros e eu encontro suas bolas
estranhamente delicadas. Eu não tenho certeza do que fazer
com elas, então eu volto para seu pênis e começo pela cabeça
novamente.

Estou debruçada sobre ele em um agachar estranho,


mas eu não percebo o quão perto estou empurrando o meu
trasiero para o ar até que ele passa a mão sobre ele,
acariciando e explorando. Eu puxo uma respiração quando
ele empurra para cima a flanela da minha camisa, expondo
minha calcinha, e sua mão acaricia minhas nádegas e
desliza entre as minhas pernas.

Oh, minhas pernas são pressionadas juntas. Eu


quero a mão lá. Eu me desloco na cama e meus
joelhos são afastados para que ele possa me tocar
de novo, se ele quiser.
Espero que ele queira.

Tomo a cabeça de seu pênis na minha boca novamente


e esfrego a minha língua contra ela.

Ele geme mais uma vez, e seus dedos deslizam ao longo


da linha de seda da minha calcinha, indo para o meu sexo.
Inconscientemente, eu levanto os meus quadris, necessitando
seu toque. Estou distraída, minha respiração está chegando
em pequenos ofegos, tão rápido quanto eu passo a língua e
lambo a cabeça de seu pênis. Eu estou esperando que ele me
toque, para me esfregar através de minha calcinha.

Mas ele não o faz; em vez disso, seus dedos deslizam sob
a banda da minha calcinha, e eu o sinto deslizar um através
das dobras do meu sexo.

—Bozhe moi27, Daisy. Você está tão molhada —Eu sinto


o dedo circulando a minha abertura, e então ele empurra-o
dentro de mim.

Eu choramingo, porque me sinto invadida e ainda é


bom. Eu pressiono as costas contra a mão dele e minha boca
tremula contra seu pênis. As gotas de excitação que
escorrem da cabeça de seu pênis se arrastam sobre
meus lábios, molhando-os, e eu gemo quando o dedo
empurra dentro de mim novamente. O que estamos
fazendo é tão incrivelmente mau, e delicioso.

27
Meu Deus.
Seu dedo empurra dentro de mim de novo, e eu estou
tão molhada que eu ouço o som de seus dedos se movendo
em minha calcinha. Ele murmura algo em russo e, em
seguida, puxa os dedos para fora, e eu faço um barulho de
protesto. É substituído um momento mais tarde com outro
dedo, não, o polegar, e eu sinto o dedo indicador buscar o
meu clitóris.

E eu estou de repente tendo um momento difícil


alinhando seu pênis com a minha boca. Eu estou tremendo,
fraca com a necessidade. Eu estava no controle, mas agora
ele está me deixando tão selvagem como eu estava deixando-
o. Eu não quero que ele pare. Seu dedo encontra meu clitóris,
e eu clamo contra seu pênis enquanto ele lhe dá um golpe
com a ponta dos dedos.

—Leve-me em sua boca, Daisy —ele me diz. —Como se


você me puxasse em sua garganta.

Oh. A imagem me excita, e eu sei que quero fazer isso


por ele. Eu chupo a cabeça do seu pau de novo, mesmo
enquanto ele continua a trabalhar na minha boceta com
os dedos, e leva tudo o que tenho para me concentrar.
Eu abro minha boca, e seu pênis esfrega ao longo da
minha língua. Com um pequeno movimento de seus
quadris, ele está empurrando mais profundo em
minha boca, e eu a abro tão largo quanto possível,
levando-o até onde eu posso. Meu movimento
funciona, e eu o liberto engasgando um pouco, em seguida,
levo-o profundamente novamente.

—Ah, Daisy —ele geme. Seus dedos se movem contra o


meu clitóris, seu polegar moendo dentro de mim. —Você é a
perfeição. Vai gozar para mim? Com sua pequena boceta em
minhas mãos dando prazer a você? Com a boca no meu pau?

Suas palavras são emocionantes, e eu não posso


controlar, mas empurro para trás contra seus dedos,
maravilhosos. Eu estou fazendo pequenos ruídos na
garganta, quando eu tento levá-lo mais profundo em minha
boca. Eu puxo seu pênis com a minha língua e a minha boca,
e ele bate no fundo da minha garganta, o que assusta cada
um de nós. Volto a fazer e Nick geme ainda mais. Se ele gosta
disso, então eu tento novamente.

Está ficando mais difícil para mim concentrar-me, seus


dedos estão martelando em minha calcinha, e eu estou
perdendo o controle. Eu não posso manter seu pênis na
minha boca. Meus lábios estão ávidos por ele, mas meu corpo
está tremendo e distraído, e minha respiração está vindo
em pequenos e estranhos ofegos. Todo o tempo, Nick
está murmurando encorajamentos. Resolvo rolar a
cabeça grossa, de seu pênis contra meus lábios,
deixando que o movimento passe a umidade sobre
eles quando eu beijo freneticamente e trabalho
meus quadris contra seus dedos.

Então, posso sentir o estranho e maravilhoso aperto


dentro de mim que me diz que eu estou vindo. Eu grito, meu
corpo trêmulo, e depois empurro o pau de Nick em minhas
mãos. Um liquido quente espirra em meus lábios, e então eu
percebo que ele está vindo também. Eu puxo para trás, mas
ele continua a vir, e é em minhas mãos e rosto, e agora em
sua barriga e jeans.

Ele pragueja algo de novo, e eu sinto os dedos


deslizarem para fora do meu corpo. Há um som
embaraçosamente molhado quando eles deixam o meu sexo,
e então ele está rolando para fora da cama, indo para o
banheiro.

E eu sou deixada lá, agachada na cama com seu sêmen


salpicado no meu rosto e mãos, meu sexo latejante e
escorregadio da minha própria libertação. E eu não estou
inteiramente certa do que fazer. Nós não discutimos isto
quando jogamos no carro.

Para meu alívio, Nick retorna um momento depois,


e vem para o meu lado com uma toalha. Ternamente,
ele limpa a minha cara e as mãos. Eu posso fazer isso
sozinha, mas há um olhar possessivo em seus olhos
e não me atrevo a contradizê-lo, então eu não o
faço. Ele me limpa, limpa para baixo sua barriga, e
depois atira a toalha no cesto de roupa suja perto da porta do
banheiro. Para minha surpresa, ele retorna ao banheiro, e eu
ouço a água correndo. Um momento depois, ele aparece com
uma toalha molhada.

—Tire sua calcinha fora.

Eu suspiro.

—Por quê?

—Então eu posso cuidar de você.

Meu rosto queima de vergonha quando eu retiro minha


calcinha, agora molhada. Nick atrai-me perto dele e move a
toalhinha morna e entre minhas pernas, me banhando. Seu
olhar está no meu rosto o tempo todo, e para meu horror, eu
começo a ficar excitada novamente.

—Você está ferida, Daisy?

Suas palavras sussurradas são embaraçosas para mim.

—Doeu um pouco, mas não foi ruim.

Ele afasta meu cabelo do meu rosto e ternamente beija


minha boca.

—Eu preciso me lembrar de ter mais cuidado com


você. Você é um tesouro, e eu não quero te machucar.
Eu só perdi o controle de mim mesmo. Eu tinha
que tocar em você.
—Estou feliz que você fez —eu digo timidamente, e
coloco meus braços em volta de seu pescoço.

Ele me dá um longo beijo, e então ele acena para a


cama.

—Vamos. Agora dormimos, da?

E desta vez, quando ele me puxa contra seu lado, eu


sou capaz de relaxar e ir dormir. Eu me enrolo contra ele e
acho que Nick estar na minha cama e na minha vida é a
melhor coisa do mundo.

Estou tão feliz que eu fugi. Minha mão acaricia Nick,


mas não é um toque exploratório, não como antes. É um tipo
de toque calmante. Penso nos círculos sob os olhos de Nick, e
sinto uma pontada momentânea de culpa que eu o tenho
mantido acordado. Ele está exausto, e qualquer que seja o
seu trabalho, deve tomar muito dele.

Eu considero isso por um momento.

—Nick.

—Hum? —Sua voz é sonolenta, e ele me abraça


mais apertado.

—Você ainda me observa? —É que me ocorreu


que eu trabalho até altas horas, e ele parece saber
detalhes íntimos de meu trabalho.

—Da.
—Enquanto estou no trabalho?

Ele fica em silêncio por um longo, longo momento, o que


significa que ele está tentando remendar uma má mentira.
Depois de um momento, ele solta um suspiro.

—Da. Não é um trabalho seguro. Eu me preocupo.

Sento-me na cama, olhando para ele.

—Você está exausto. Não pode ficar todas as horas me


observando.

Seus olhos seguem-me no escuro, agora acordado.

—Você disse que não se importava.

—Eu disse que não me importava se você me visse e eu


soubesse sobre isso. Mas há uma diferença entre assistir e
perseguir. Estou bem no trabalho. Eles têm câmeras de
segurança e tudo mais —Dou-lhe o meu olhar mais teimoso.
—Eu não quero você me observando lá, ok?

—Não vou discutir com você.

—Nick —eu digo em tom de aviso. —Estou falando sério.


Se você não pode respeitar isso sobre o nosso
relacionamento, eu não sei se poderemos ter um.

Seus olhos ficam frios.

—Você está me dando um ultimato, Daisy?


—Sim, eu estou —eu digo. E o meu coração aperta com
a dor, mas isso é importante. —Meu pai me prendeu em
nossa casa por vinte e um anos, porque ele precisava
controlar tudo o que fazia. A razão por que você e eu
funcionamos tão bem é porque você me deixar ter tanto
controle quanto eu quero —Aproximo a mão e coloco-a
deitada em seu peito, numa súplica silenciosa. —Mas se você
não pode respeitar meus limites, você não é melhor do que
ele.

Ele fica em silêncio por tanto tempo que eu sei que ele
está com raiva. Eu espero que ele saia da cama e vá embora.
Mas ele não faz. Em vez disso, ele olha para mim com aqueles
olhos tristes, torturados e escova um dedo ao longo do meu
queixo.

—Da. Eu faço isso para você, Daisy. Só vou ver você


aqui no seu apartamento. Isso está bem?

—Sim —eu digo, aliviado. – Spasibo28.

Ele ri, surpreso com o meu russo.

—Por que você me agradece?

—Por me respeitar o suficiente para se preocupar


com o que sinto.

28
Obrigada
Ele me puxa para me abraçar novamente,
aconchegando-se comigo na cama.

—Eu não acredito que você perceba Daisy. Você é tudo


para mim.
Capítulo
Onze
Daisy
—Cara, esse tempo está terrível —Regan espreita para
fora da janela para a chuva e recua quando troveja. —Você
tem certeza que quer caminhar para o trabalho? Eu posso
levá-la.

—São apenas duas quadras —eu digo, pegando meu


casaco. Eu dou de ombros e, em seguida, vou para a janela
que Regan está olhando para fora. Olhando para fora parece
terrível. Hesito, observando a inclinação da chuva para os
lados. No momento em que eu começar a trabalhar, eu vou
estar toda molhada, e isto vai trazer uma noite
miserável. Não há nenhum ponto em tomar um
ônibus, não para uma distância de duas quadras. Eu
considero a oferta de Regan. —Se você me deixar,
você pode me pegar, também?
Ela me dá um polegar para cima e, em seguida, com a
mesma rapidez franze a testa.

—Oh. Eu teria que pegar emprestado o seu celular. Eu


deixei cair o meu ontem e agora ele não está funcionando.

Eu olho pela janela novamente, a tempestade está


furiosa, e então eu relutantemente puxo o meu celular do
meu bolso. Eu não quero dar a Regan meu celular. É minha
única conexão com Nick enquanto ele está fora da cidade.
Vou sentir falta de seus doces textos, atenciosos que fazem as
horas de trabalho passarem mais rápido. Mas é isso ou
sentar-me com a roupa encharcada atrás do balcão durante
toda a noite. Com apenas um pouco de hesitação, eu lhe
entrego meu celular. —Se Nick chamar, apenas deixe ir para
o correio de voz.

—É claro —Regan diz, embolsando o meu aparelho e


nem mesmo olhando para a tela. —Não há selfies sujas aqui,
há?

—O que? Não!

—Eu estou brincando, estou brincando, Pollyanna


—Ela acena com a mão para mim. —Eu não vou olhar
o seu telefone. Não se desespere. Não vou nem o usar.
Basta chamá-lo quando estiver pronta para te
pegar, e eu vou saltar para dentro do carro. Eu
prometo.
Eu concordo.

—Eu confio em você —Ela é minha única amiga, além


de Nick. É claro que eu confio nela.

—Então... você e Nick estão bastante sérios, não é? —


Ela se vira para longe da janela e vai para o balcão para pegar
as chaves do carro.

—Eu acho que sim.

—Ele é o seu primeiro relacionamento sério, não é?

Eu aceno, embora eu possa sentir o rubor ardendo


minhas bochechas.

Regan põe a mão no meu ombro, o olhar em seu rosto


sério.

—Eu sei que você é muito inocente, Pollyanna.


Precisamos ter a conversa dos pássaros e as abelhas?

—Eu sei como o sexo funciona, Regan! —Eu não posso


acreditar que estamos tendo esta conversa. Regan não é mais
do que um ano mais velha do que eu. Sexualmente, embora,
acho que ela é muito mais experiente do que eu, mesmo
depois de meus poucos encontros com Nick.

—Eu só estou olhando por você, amiga —Ela


afaga meu ombro. —Eu estou contente de ouvir
isso, porém. Não o deixe pressioná-la a fazer algo
que não queira fazer.
—Nick não é assim —eu protesto. Se pensar bem, eu
sou a única a pressionar Nick em mais experiências sexuais
do que ele. Estou tão ansiosa para experimentar tudo o que a
vida tem para oferecer que não consigo segurar. Eu sou
gananciosa com ele. Ele me oferece beijos, e eu quero mais.
—Você não tem que se preocupar.

—Eu não posso deixar de me preocupar —Regan diz


quando damos um passo para fora do apartamento para o
corredor. —Você é tão doce e inocente. Eu meio que achei que
você estaria com, eu não sei, um tipo diferente que o dele.

—O que quer dizer com o seu tipo? —Agora estou


curiosa sobre o que ela pensa.

—Eu não sei. Eu só a imaginava com um garoto


simpático, igualmente inocente, que usasse um suéter, e não
um rodado com um foguete na virilha.

Eu penso no meu Nick, com as mãos tatuadas e corpo


forte e olhos que podem ser tão frios, até que eles olham para
mim. Então eles têm todo o calor no mundo. —Ele tem um
lado terno —murmuro. Pelo menos, eu tenho certeza
que ele tem.

—Como eu disse, estou apenas olhando por você


—diz ela, e não há preocupação em seus olhos
quando nós andamos pelo corredor e descemos as
escadas. —Eu sei que não é da minha conta, mas
eu me sinto um pouco como uma irmã mais velha em torno
de você, e estou apenas tentando me certificar de que você
não vai se machucar.

—Nick nunca iria me machucar —eu digo suavemente, e


eu sei que é a verdade. Ele se mantém me avisando para ficar
longe dele, como se estivesse certo de que vou acordar e
perceber que ele é ruim para mim. Ele não percebe que eu
amo suas diferenças. Eu não me importo que ele teve uma
vida dura, feia antes de nos conhecermos. Eu sei o que é não
querer que seu passado o defina. Só vivendo o presente, e no
presente, estou com Nick, e ele está comigo, e o que eu sinto
por ele não pode ser contido por palavras regulares ou
pensamentos.

—Uma vez que você o encontrar, você verá que é um


grande cara —Eu acho que é doce que Regan esteja
preocupada. Ela é uma boa amiga. Ela expressa a sua
preocupação, mas no final, ainda é a minha escolha, e eu a
fiz.

Eu me sinto nua sem o meu telefone na minha mão.


Certamente eu posso ficar algumas horas sem as
mensagens de Nick, embora eu já sinta sua perda
profundamente.
—Então você está esperando um telefonema de Nick? —
Regan pergunta. —Quer que eu te ligue no posto de gasolina,
se ele chamar?

—Eu não sei se ele vai me chamar —eu digo a ela


honestamente. —Ele está fora da cidade.

—A negócios?

—Eu acho que sim.

—O que ele faz?

—Coisas de computador —digo a ela. Nick realmente


não disse muito sobre o que ele faz, e eu não perguntei. É
claro que ele não quer que isso o defina, e eu entendo isso.
Eu sou apenas uma funcionária de posto de gasolina
enquanto que ele é bem, tudo o que ele é.

Pelo que Nick me disse e seu senso de vergonha por sua


profissão, eu suspeito que seja algo que não é inteiramente
legal. Talvez ele pirateie filmes e vende-os na internet. Talvez
ele seja um hacker. Qualquer um destes é possível, e nem
importa, embora eu me preocupe que um dia suas chamadas
serão da prisão.

Mas Nick é um homem adulto. Eu não quero


controlá-lo mais do que eu quero que ele me controle.
Então, eu não abordo o assunto. Quando ele quiser
que eu saiba mais, ele vai me dizer.
—Bem, de qualquer maneira —Regan diz quando
chegamos ao fim das escadas. —Se ele ligar, eu não vou
responder.

—Obrigada —eu digo a ela. E um momento depois, eu


acrescento: —Mas você ainda vai me ligar e dizer-me, certo?

Ela ri.

— Vou.

Sem o meu telefone e as mensagens de Nick, a noite no


trabalho parece se arrastar.

Sem ambos, as horas vão passando lentamente. Eu fico


olhando para os monitores de segurança por uma eternidade,
a televisão mais chata vendo sempre mesma coisa, mesmo
em comparação ao PBS, eu penso em Nick em seu lugar. Será
que ele sente falta de mim? Será que ele está pensando em
mim? Ele está me escrevendo e perguntando onde eu estou?
Eu deveria ter mandado uma mensagem a ele para que
soubesse que Regan está com meu telefone. Eu não pensei
sobre isso, e agora ele vai estar se perguntando onde eu
estou. Pobre Nick. Sua noite vai ser tão sem vida
quanto a minha.

Quando não posso mais ficar olhando para as


câmeras de segurança, eu decido repor o estoque
de doces e bilhetes de loteria. Eu não gosto de
deixar o balcão, embora Craig disse que às vezes
você tem que deixar. Você escolhe um momento lento para ir
ao banheiro, de preferência à noite. Eu aprendi a fazer xixi
rápido e não beber muito antes do meu turno. Mas o tédio me
faz recuar para a sala dos fundos para a recuperação
ocasional de uma caixa para que minhas mãos possam ter
algo para fazer enquanto eu acompanho meu balcão solitário.

A última pessoa a comprar um Slurpee queixou-se do


aroma, então eu decidi encher a máquina trocando o saco do
xarope. Eles são mantidos em uma prateleira na parte de trás
então tenho que pegar a escadinha e subir para pegá-lo
quando eu ouço um toque familiar. É a porta, deixando-me
saber que há um cliente na loja. Isso não é incomum, mas é
uma da manhã, está chovendo, e o tráfego de pedestres tem
sido lento.

—Só um minuto —eu digo, puxando a caixa de xarope


de refrigerante diet para fora sob uma pilha de sabores de
cerveja de raiz. Enquanto eu puxo, eu olho para a câmera de
segurança.

Há dois homens em ternos que entraram. Ambos


estão usando óculos escuros. Um bloqueia porta e
coloca a mão dentro do casaco e a deixa lá. Ele explora
o ambiente enquanto o outro anda ao redor.

Isto me faz ficar ansiosa. Eu não estou


inteiramente certa do porquê. Parece-me não
natural, ainda mais quando eles começam a falar em uma
língua que eu reconheço, mas não entendo: Russo.

Minha pele se arrepia com alarme. Será que essas


pessoas conhecem Nick? Certamente que não há muitos
Russos na cidade? E por que eles aparecem em um posto de
gasolina à uma da manhã em ternos? Eu penso sobre o
trabalho de Nick, hackers de computador. Essas pessoas
estão procurando por ele? Talvez eles sejam policiais, mas
isso não explica por que eles falam russo.

Eu estou assustada. Estou tão apavorada que eu


imediatamente começo a tremer, mas eu de alguma forma
consigo ir para a porta da sala de estoque fechando-a e
bloqueando-a, antes que qualquer um possa vir aqui.

Dois segundos depois, uma mão toca o botão. Eu ouço


palavrões, e, em seguida, um homem grita para o outro em
Russo. Eles estão claramente irritados, e um bate contra a
porta. Viro-me para as câmeras, mas ambos se mudaram fora
da vista. Eles estão, provavelmente, na porta.

Estou presa.

Meu cérebro está desligado. Eu paro de tremer.


Eu estive presa antes. Passei vinte e um anos presa e
encurralada. Eu sei como isso funciona. A melhor
coisa que posso fazer é parar de pensar, parar o
processamento, e apenas existir. Fazer o que
precisa ser feito.

Eu calmamente arrastar uma prateleira em frente da


porta, mas é pesada e eu não posso empurrá-la mais do que
alguns pés. Uma vez que descobrirem como abrir a porta, ela
vai cair e bloquear a saída, mas eu estou presa de qualquer
maneira.

Eu não estou impotente, embora. Eu vou para o relógio


temporizador e o cofre que é mantido debaixo dele. Eu o abro
e retiro o Taser C2. A arma está sob o balcão na frente no
registo de dinheiro, por isso não posso chegar a ela.
Calmamente, eu pego o corpo do Taser e, em seguida, a
bateria que vai na parte de trás. Eu a introduzo e considero o
cartucho de ar. Estes homens parecem que poderiam levar
armas. Se eu apontar a minha para eles, eu preciso ser mais
rápida. É melhor ter o elemento surpresa. Eu pulo o cartucho
de ar e vou usar o C2 como uma arma de choque em seu
lugar. Se eles chegarem perto o suficiente para eu agarrar, eu
só terei uma chance de qualquer maneira.

Eu estou tão calma quando eu deslizo a tampa de


segurança no interruptor de volta e seguro a arma.
Então, eu agacho no canto mais distante da sala,
minhas mãos dobradas entre as minhas pernas
para que eu possa esconder a arma, e espero.
Na câmera, vejo um homem retornar para frente da loja.
Ele está observando para que ninguém mais entre. O outro
continua a mexer com o botão na porta do depósito, e eu
estou esperando que o clique que me diga que ele conseguiu.

Vem um momento depois, e eu endureço, embora esteja


calma.

A porta se abre. Apenas um pouco, e depois se encontra


com a prateleira que eu arrastei para a frente. Com outra
maldição murmurada, ele empurra a porta e a prateleira cai
para frente em câmera lenta.

Ela faz um enorme som ao cair, caixas de barras de


chocolate deslizam para frente se quebrando no chão.

Um homem late um comando em Russo, é aquele que


está na porta, está claramente irritado. Em seguida, ele
caminha para frente, passando por cima da prateleira caída,
e eu dou uma boa olhada nele.

Ele poderia ser da minha idade, mas há algo duro e


familiar em seus olhos que o faz parecer mais velho. Seu
terno está amarrotado, e ele parece irritado com a
prateleira. Ele varre o quarto, e seu olhar finalmente
cai sobre mim, encolhida no canto agachada.

—Venha —ele diz para mim, e estende


rapidamente a mão na minha direção.
Eu não me movo. Eu me recuso a fazer isso. Eu o
observo com olhos cautelosos em seu lugar.

Ele diz algo por cima do ombro para o outro homem, e


ele pisa sobre a prateleira caída, movendo-se em direção a
mim.

Eu me dobro mais para trás no meu canto, fazendo o


meu melhor para parecer assustada. Eu não estou meu
cérebro ainda está dormente.

O homem caminha adiante, se aproximando de mim.


Sua mão está estendida, mas eu não a pego. Sei que ele está
tentando parecer não assustador, mas ele está falhando.
Seus olhos são muito frios, muito alertas.

Então, ele está em pé bem na minha frente, curvando-


se.

—Por favor, não me machuque —eu sussurro desde que


eu sei que ele quer ouvir algo parecido.

—Você vem e ninguém se machuca —ele me diz, e suas


mãos vão para meus braços como se quisesse me agarrar.

Eu empurro o Taser para frente, enfiando-o entre


as pernas, e mantenho pressionado o botão. Sem o
cartucho de ar dentro, ele age como uma arma de
choque. Ele explode com eletricidade, e eu ouço o
som, súbito, que faz quando ele contata sua carne
e envia ondas de choque através de sua virilha.

Ele sacode, treme e cai.

Eu calmamente me levanto, embora meus joelhos doam


da minha posição. É claro que ele não esperava que eu
reagisse, mas meu pai me treinou bem para este tipo de
situação. Eu passo por cima do homem caído e subo ao longo
da prateleira e vou para fora do quarto.

O outro homem está claramente surpreso ao me ver. Ele


é maior do que o outro seu rosto duro. Seus olhos estreitam
quando não sou seguida imediatamente para fora da sala. Eu
vejo a compreensão em seu rosto, eu abati seu companheiro
de alguma forma. Aperto minha arma de choque mais perto,
minhas mãos suando, e circundo as prateleiras quando ele
começa a andar para frente, mantendo distância entre nós.
Ainda está chovendo, mas eu posso correr para a noite, fazer
todo o caminho de casa.

—Então —o homem diz, e seu sotaque é grosso e


nauseante e não delicioso como o de Nick. —Você é sua
pequena flor, da?

Não digo nada. Minha mão está apertada no


botão da minha arma de choque. Ele afastou-se da
porta, mas ainda está perto demais para me dar
uma folga. Suas palavras fazem minha barriga
esfriar, isto não é um roubo. Eu sabia que não era.
Eles vieram por mim, e isso tem algo a ver com Nick.

A mão do homem entra em sua jaqueta de novo, e


permanece lá. Ele tem uma arma, mas ele não vai sacá-la.
Ainda não. Eu mantenho a minha mão baixa sobre a chance
de que ele não tenha visto o meu Taser. Eu sou estúpida eu
deveria ter agarrado o cartucho de ar. Se eu estivesse dentro
de quinze pés deste homem, eu poderia matá-lo com ele ou
poderia pelo menos fazê-lo desmaiar e correr em linha reta
para a polícia. Mas eu o deixei no outro quarto e agora não
posso voltar atrás. Eu não sei por quanto tempo o outro
homem estará incapaz de se mover.

Eu preciso fazer algo diferente do que me esconder atrás


de prateleiras. Mas o que?

O olhar duro do homem permanece no meu rosto.

— Yury —ele grita. Então ele diz alguma coisa em russo.


Não há resposta, e os olhos se apertam o foco do aperto no
meu rosto. Ele puxa a arma de sua jaqueta e mostra para
mim. —Se você vier a mim, eu não terei que usar isso.

Eu sei que se eu for com ele, estarei morta. Eu


vou para trás de outra prateleira enquanto ele dá um
passo adiante.

—Se você me matar, Nick não vai gostar —


digo a ele.
Ele late uma risada.

—Há muitas maneiras de usar uma arma, pequena. Eu


não tenho que matar, apenas a desativar. Mas, muito bem.
Vamos fazer à sua maneira —Ele coloca a arma em sua
jaqueta, e puxa outra coisa fora. É oblongo, liso e preto.
Depois de um momento, eu percebo que é um telefone.

Quando ele corre o dedo pela tela e o desbloqueia,


mostrando o papel de parede floral bonito e o D8Z sob a tela,
eu percebo que é o meu telefone.

Isto abala minha calma antinatural.

—Como você...

—A loira, se ela ficar com medo, ela irá cantar como um


canário, da? Um pouco de corda nos pulsos, uma pequena
arma no rosto, e ela ficou com muito medo —Seus olhos são
tão frios. —E você nunca vai vê-la inteira se você não vier
comigo. Vou enviá-la a Nick em pedaços. Gostaria disso?

Olho para o meu telefone na mão, tremendo. Este


homem tem Regan. A alegre Regan despreocupada que tem
sido nada mais do que boa para mim. Que pensa em si
mesma como minha irmã mais velha e apenas olha
para minha felicidade. Isto é minha culpa.

—Onde ela está?


—Ela está na parte de trás do meu carro —Ele aponta
para fora das portas de vidro. —Você pode se juntar a ela se
você não lutar pequena. Mas se você fizer isso, vai ser muito
ruim para ela.

Meu pai me treinou para uma situação de refém. Eu sei


que a coisa mais estúpida que posso fazer é dar o que eles
estão exigindo.

Mas Regan é quem vai pagar o preço, e isso não parece


justo. Eu não sei o que fazer.

Eu fico olhando para o homem, para o meu telefone na


mão.

—Como eu sei que você apenas não tirou isso de Regan


e matou-a? —Minha voz é tão calma, como se ela pertencesse
a outra pessoa.

—Então é inteligente —ele diz, e ri mesmo quando ele


olha de volta para a sala da loja, esperando que o outro
homem apareça novamente, e seus olhos estão estreitados
com raiva mesmo que ele esteja rindo. Ele passa rapidamente
seu polegar no meu celular, o celular que Nick comprou
para mim e, em seguida, o vira de volta para mim. —É
a prova, da?

Há algo na tela, mas estou muito longe para


vê-lo.
—Isso poderia ser qualquer coisa.

—Esperta. Eu gosto disso em você. Esperta, mas


inocente. Não vejo por que Nikolai está tão obcecado. Seu
cunt29 deve ser apertado, de fato —Ele abaixa o telefone no
chão e, em seguida, chuta-o por um corredor nas
proximidades.

Eu tremo. Nick é Nikolai para este homem e não para


mim? Dou um passo mais perto do telefone. Eu vou ter que
correr para ele, só está no meio do corredor. Eu deveria
deixá-lo.

Mas eu tenho que saber. Eu tenho.

Agarrando bem o Taser, eu corro para o telefone. Se ele


vier atrás de mim, vou atordoá-lo como eu fiz com o outro
homem.

Ele se dirige para mim enquanto eu colho o telefone. Eu


sabia que ele faria isso. Eu cometi um erro estúpido, e agora
vou pagar. Eu levanto a arma de choque quando ele se
apressa, mas ele é muito rápido. Seus braços batem o meu
em uma prateleira próxima. Latas voam quando minha
mão faz contato o Taser caindo da minha mão.

Eu nem sequer alcanço o meu telefone.

29
Boceta
Ele murmura algo em Russo por eu não ter pegado, e
sua mão aperta no meu pulso. Eu luto contra ele. Eu estou
morta agora que ele me pegou. Eu sei disto, então eu luto. Eu
chuto e o arranho com a mão livre, sinto como se ele
estivesse quebrando o outro pulso com seu aperto.

O homem vira, e esse é o único aviso que eu tenho


quando ele bate a mão no meu rosto. O mundo se inclina
quando estrelas negras explodem atrás de meus olhos,
seguido de dor. Eu rolo cambaleando, tentando permanecer
na posição vertical, permanecer consciente.

A mão dura me agarra meu queixo, forçando-me a olhar


nos olhos gelados.

—Agora vamos fazer as coisas do meu jeito.

O homem me arrasta para o seu carro, estacionado na


extremidade do posto de gasolina, onde o alcance das
câmeras não chega. É quase como se ele soubesse
exatamente o quão longe é o seu alcance e tem evitado isso.

Minha cabeça está se recuperando do seu golpe, e é


difícil para mim me concentrar. Agora que ele me tem
em suas mãos, minhas lutas são fúteis. Ele é muito
mais forte do que eu, e não sei o que fazer. Eu me
esquivo de seu aperto algumas vezes enquanto ele
me arrasta para fora na chuva, mas quando ele
abre a porta do carro e me empurra eu entro.
Eu entro porque vejo o cabelo louro longo espalhado
sobre o banco de trás, e isso me assusta.

Eu quase tropeço no corpo estendido de Regan quando


eu rastejo para dentro do carro e ele fecha a porta atrás de
mim. Imediatamente eu tento alcançar a outra porta, mas a
trava de segurança para crianças está ativada e não iria
abrir. Então, eu me concentro em Regan, meus dedos
roçando sua bochecha. Há um hematoma enorme lá, visível
mesmo na escuridão, e seus olhos estão bem abertos e
aterrorizados. Há fita adesiva sobre sua boca e as mãos e os
pés estão juntos amarrados. Lágrimas escorrem dos olhos.

Minha pobre amiga.

—Sinto muito —eu sussurro para ela. Isto é de alguma


forma minha culpa. Isso está acontecendo porque estes
homens querem ferir meu Nick, e eles vieram atrás de mim.

Sento-a tanto quanto eu posso, e coloco meus braços


em torno dela, acariciando seus cabelos com as mãos para
acalmar os soluços que estão abafados, pela mordaça. Eu
deveria tirá-la dela, mas eu não sei o que esses homens
vão fazer com ela, ou comigo se eu fizer isso. Pela
primeira vez, nossos papéis são invertidos. Eu sou a
calma e no controle. Ela é a pequena, aterrorizada.
Eu vivi minha vida esperando por isso, para acabar
com a violência, e agora que ela está aqui, estou
tão, tão calma.

Será que Nick vai descobrir o que aconteceu comigo?


Pergunto-me isso enquanto faço barulhos suaves na minha
garganta para aliviar o terror de Regan.

O homem se afasta do carro e volta para o posto de


gasolina, sem dúvida, para verificar o seu amigo. Ele está tão
confiante que não podemos escapar do banco de trás do carro
que ele nos abandona. Eu estudo o banco de trás, há uma
janela que não vai permitir-me chegar ao banco da frente. Eu
posso chutar para frente a parte de trás do assento, talvez,
mas isso só vai levar ao porta-malas. O que vou fazer lá?
Tento as portas novamente, mas elas não respondem.

Os homens retornam um momento depois, o mais novo


está mancando. Ele parece furioso, e quando eles deslizam no
banco da frente, ele saca sua arma e a aponta para mim,
xingando descontroladamente em Russo.

O outro homem bate em sua mão e late algo áspero. Ele


parece como se mal tolerasse o outro homem. O mais jovem
coloca sua arma para baixo, mas ele me dá outro olhar
feio.

Ele está com raiva de mim, mais do que o outro.


Ele vai me fazer lamentar ter usado minha arma de
choque em cima dele, eu sei disso.
Mas até esse momento chegar, eu suavizo a minha mão
no cabelo de Regan e seguro-a contra mim.

—Vai ficar tudo bem —eu minto para ela.

As janelas no banco de trás do carro são tão fortemente


matizadas e a escuridão lá fora é tão negra que eu não posso
dizer para onde estamos indo. Parece que estamos
conduzindo durante horas, mas quando o carro para, meu
estômago aperta com medo. Parece que estamos no meio do
nada. Eles nos trouxeram aqui para nos matar? Eu penso
sobre o filme de suspense que Regan me fez assistir há
alguns fins de semana atrás, em que o herói foi expulso para
o deserto e morto. Eu tremo.

A porta traseira abre.

—Saía do carro – o cara maior diz para mim.

Eu saio, não há nenhum ponto em antagonizá-lo.


Quando eu saio, vejo um enorme edifício na distância que eu
não pude ver do carro. Há pequenas luzes no chão.

Do outro lado do carro, o homem mais jovem corta as


cordas nos pés de Regan para que ela possa andar,
mas não remove sua mordaça. Somos arrastadas pelo
terreno quando enormes portas são abertas e um
pequeno avião sai.

Estamos voando para algum lugar?


Com certeza. Eles nos obrigam a entrar no avião e
estamos sentadas no que deve ser um assento de luxo. Os
olhos de Regan estão arregalados de medo e sua respiração é
entrecortada por trás da mordaça.

—Nós vamos ficar bem —Eu tento tranquilizá-la.

O cara maior oscila ao redor.

—Fale novamente e vamos atirar em você na perna.


Talvez você se cure. Talvez você não cure —Lágrimas vazam
de Regan e eu posso sentir meu rosto se contorcer, mas eu
calo boca.

Assentos de couro e sofás de veludo forram o interior do


avião, e existem televisores fixados na parede. Eu nunca voei,
mas mesmo para o meu olho ingênuo, isso parece caro. Há
uma porta na parte de trás, e parece que ela leva para outra
sala. Eu posso ver uma cama na parte de trás, e de repente
eu estou com medo de que isso significa.

O homem grande me atira na primeira cadeira


disponível.

—Afivele o cinto.

Eu me atrapalho ao fazê-lo. Se estiver sentada


aqui, eu não estarei na sala com aquela cama
ameaçadora. Eu rapidamente fecho cinto, e porque
as mãos de Regan ainda estão algemadas enquanto
se senta ao meu lado, eu também afivelo o dela. Os
homens situam-se nas proximidades e relaxam, conversando
e rindo em Russo quando o avião começa a acelerar e a
decolar.

Eu olho para os olhos suplicantes de Regan, a contusão


colorindo sua bochecha, e eu não tenho respostas.

Eu não sei para onde estamos indo.

Eu não sei por que estamos sendo levadas.

Eu só sei que dois Russos com armas vieram atrás de


mim por causa do meu relacionamento com Nick. Estou
apavorada, mas eu estou com medo por ele, também. E se
eles o machucarem? Ele é muito cuidadoso em me manter
segura, isso vai devastá-lo.

Eu suspeito que seja o ponto.

—Onde estamos indo? – Pergunto uma vez que o avião


estabilizou e o rugido dos motores diminui um pouco. Minha
voz soa mais corajosa do que eu me sinto. Ao meu lado,
Regan fica tensa.

O homem mais jovem, Yury, ri e diz algo para o


mais velho. Ele se levanta e se dirige até nós, meu
telefone na mão.

—Acho que vamos tirar algumas fotos para


enviar para Nikolai —Yury diz, e olha para mim.
Seu dedo curva sobre meu rosto, acariciando meu queixo.

Eu ainda permaneço quieta. Eu quero me afastar, mas


reconhecer que ele está me incomodando só vai piorar a
situação. Então eu olho fixamente para frente e seguro firme
o braço de Regan.

O polegar de Yury se move sobre meus lábios.

—Aposto que você chupa bem um pau, hein?

Eu recuo, olhando para ele com horror.

Ele pressiona o dedo na minha boca novamente, e eu


estremeço me afastando. Ele pergunta mais uma vez.

—Você chupa bem um pau? É por isso que Nikolai


arrisca tanto por você?

Se eu abrir minha boca para responder, seu polegar vai


estar dentro dela. Eu quero empurrar a mão dele, mas há um
brilho perigoso em seus olhos que me assusta.

—Nyet, Yury —o outro homem diz em uma voz cansada.


Ele diz outra coisa em Russo que eu queria entender.

Yury empurra o polegar contra os meus lábios


novamente e, em seguida, gesticula para Regan e diz
algo.

O outro homem dá de ombros.

—Só tiramos fotos para Nikolai, então ele


saberá o significado. —Yury me dá um sorriso frio.
O polegar remonta à minha boca, e ele o empurra com força
contra meus lábios. —Eu quero que ele veja você chupar.

Eu mantenho meus lábios firmemente fechados e meu


olhar o fuzila.

—Chupe isso, ou vai ser meu pau —diz ele, e ele olha
para o outro homem, para aprovação. Quando ele não diz
nada para me deixar em paz, seu sorriso cresce triunfante, e
ele me dá um olhar presunçoso. —Então, pequena pizda30,
qual deles você quer chupar?

Isso não é escolha. Eu abro meus lábios e deixo-o


empurrar o polegar na minha boca, sentindo-me já violada.
Quentes lágrimas de raiva caem dos meus olhos, e eu odeio
quando elas derramam sobre minhas bochechas, assim
quando Yury bomba seu polegar dentro e fora da minha boca
em uma paródia grosseira do que eu tinha estado tão ansiosa
para compartilhar com Nick apenas alguns dias atrás.

—Linda. Nikolai não será capaz de tirar os olhos desta


cena —O flash estoura em meu rosto, e ele sorri jogando o
telefone de volta para o outro homem. —Está feito.
Agora posso ter a loira?

—Faça o que quiser —diz o outro. —Droga


apenas não deixe que ela lute e se machuque mais.

30
Boceta
Yury ri.

— Vida longa, Sergei Petrovich.

O outro dá um suspiro de desgosto e acena com uma


mão como se ele tivesse matando mentalmente com seu
companheiro.

Yury agarra Regan, e eu ouço o grito abafado de medo


por trás da mordaça.

—Não! – Eu me atrapalho com o cinto de segurança,


mesmo quando Yury desengata Regan e a arrasta os pés dela.
Ela me lança um olhar impotente quando Yury a puxa
através do corredor para o quarto. – Deixe-a em paz!

—Sente-se —o outro homem ordena. Ele agarra meu


pulso quando eu não o obedeço. —Sente-se e cale a boca, ou
vou ter de drogar você também. Se eu drogar você, eu não
posso controlar o que Yury fará com você. Entendeu?

O terror me atravessa. Eu quero salvar Regan, mas eu


não sei o que fazer. A mão no meu pulso aperta, tornando-se
contusões, e eu colapso de volta na minha cadeira,
observando minha melhor amiga desaparecer no
quarto dos fundos com o horrível Yury. A porta se
fecha.

É silencioso. Horrível, terrível e silencioso.

—Ele nos mencionou para você?


Eu arrasto meu olhar da porta do quarto para o grande
homem loiro assustador, sentado em frente a mim.

—Hã?

—Nikolai. Ele nos mencionou para você?

—Eu não sei quem você é —eu sussurro.

Ele faz um som que poderia significar que ele estava


impressionado.

—Eu sou Vasily. Ele é Yury. Somos da Bratva —Ele


observa meu rosto em busca de reconhecimento. Quando isso
não acontece, as sobrancelhas se arqueiam com surpresa. —
Então ele não contou. Isso é muito interessante para mim. Eu
nunca pensei que ele iria realmente sair, mas talvez seja por
isso.

—Onde estamos indo?

—Moscou, é claro. Mas não se preocupe. Nikolai virá


atrás de você. Disso, eu não tenho dúvida. E se você se
comportar você pode até estar viva para vê-lo —O sorriso de
Vasily para mim é cansado. —Se não, estou certo de que
iremos manter partes de você para fazê-lo pensar que
está viva até que ele descubra o contrário. É como as
coisas são feitas.

—Por quê?

—Porque o quê?
—Por que é assim que as coisas são feitas?

Ele dá de ombros, e por um momento, o cansaço


sombreia suas feições novamente. Isso é rapidamente
mascarado mais uma vez.

—Eu não dou as ordens, pequena. Eu simplesmente as


obedeço.

—Me levar? Por que levar Regan?

—Sua amiga estava no caminho. Era o lugar errado


hora errada —Ele encolhe os ombros enormes. —Tal é o
caminho das coisas. Yury gosta dela, então ela vem com a
gente. Quando ele se cansar dela, ela vai valer um bom preço
no mercado negro —Ele aponta para mim, abanando um
dedo. —Você, no entanto. Você, Sergei vai usar para tirar a
cobra fora da grama.

—Se ele não veio por ele, ele deve ter uma razão —eu
digo desesperadamente. Estou tentando não olhar para a
porta do quarto. Oh, Regan. Minha pobre amiga. Eu quero
chorar. Eu quero ir lá e resgatá-la, mas aquele frio olhar
cansado nos olhos de Vasily me demove de fazer
alguma coisa.

E eu estou congelada no lugar. Nenhuma


formação do meu pai me preparou para isso.
Ele gesticula com a mão, e eu noto que está tatuada,
muito parecido com Nick.

Eu fico olhando para a mão, tatuada.

Vasily parece interessado na minha resposta.

—Aha. Agora você vê? —Ele me mostra seu pescoço, o


punhal na garganta lá, como se ele devesse significar algo
para mim. Nick tem tatuagens também. Mas assim como um
monte de gente. Mas são as que estão na sua mão que
parecem familiar.

Isso, e o olhar frio e morto que vem sobre a expressão de


Vasily de vez em quando.

—Você está em sua família, não é? —Eu me esforço para


pensar no que Nick me disse de seus anos mais jovens. Que
ele tinha crescido com um grupo de homens que ele
trabalhou.

Ele bate o nariz como se eu tivesse dito algo inteligente.

—Agora você vê. Mas Nikolai se cansou de seus


trabalhos, então ele deve ser cuidado. Eu gosto de
Nikolai, mas não de Nikolai que não segue as regras.
Não é pessoal. Apenas negócios. Você entende estas
coisas.

Mas eu não entendia. Na verdade, não.


Deve ser óbvio no meu rosto, porque Vasily suspira e
resmunga alguma coisa em Russo.

—O que é que você acha que Nikolai faz pequena?

Eu pensei que Nick me diria com o tempo. Que viria a


confiar em mim. Mas ele não está fazendo sentido. Por que
alguém que trabalha com computadores está envolvido em
tantos problemas?

—Um hacker de computador?

Vasily ri. Seus grandes ombros tremem de alegria.

—Computadores? Computadores, diz ela —Ele ri e ri. —


Você é muito doce, pequena Daisy Miller. Talvez seja por
causa disso que ele esteja atraído —Seu olhar aguça e ele
olha para mim. —Diga-me, se eu jogar você no chão e foder
você, eu seria o primeiro?

Eu suspiro e empurro para trás, chocada.

Mas ele só balança a cabeça.

—Da. Eu suspeitava disso. Está escrito em seu rosto.


Uma virgem. Não é de admirar que Nikolai esteja fora de
si com a luxúria. Mais raro do que unicórnios nesta
idade —Mais uma vez, o dedo tatuado sacode na
minha cara. —Você vale muito mais do que sua
amiga. É por isso que Yury não vai tocá-la, embora
eu saiba que ele adoraria foder com Nikolai ao ferir
você —Ele dá de ombros.

—O que você é? —Eu sussurro. —O que é Nick?

Vasily dá toca no peito do casaco, onde eu sei que ele


mantém sua arma.

—Você não consegue adivinhar, pequena e inocente


Daisy? Mesmo depois de todas essas dicas?

Eu balanço minha cabeça. Estou em branco. Estou


entorpecida. Não tenho mais nada para desenhar.

—Eu sou um ubitsya. Assassino. Hitman —Seu sorriso


é fino e amargo. —Eu mato por dinheiro. Assim como o seu
Nikolai —Os dedos vão para fora, mostrando a tatuagem nas
juntas. Assim como Nick. A expressão de seus olhos, de modo
similar. E eu sei que é a verdade.

Estou ficando doente.


Capítulo
Doze
Nikolai
Eu não gosto de deixar Daisy para voar para Seattle
para estudar e planejar o próximo trabalho que irei realizar
para os relojoeiros, mas parece importante que eu consiga os
detalhes necessários para a realização deste contrato. Não
tenho certeza do que vai acontecer com Sergei, mas é
improvável que vá sobreviver a isso. Eu quero certificar-me de
que Daisy está protegida. Este último trabalho irá adicionar à
minha conta bancária. Eu nunca pensei o que eu faria com o
dinheiro quando eu me for, e eu não tinha incentivo para
gastar muito, enquanto eu ainda estava vivo. O
sentimento de vazio, de fome nunca está longe.

Um canil local concordou em cuidar do cão


enquanto estou em Seattle. Não tenho uma boa
história sobre o cão, eu tenho mantido a sua
existência em segredo de Daisy. Tantos segredos
que mantenho dela. Eu informei Sergei que o Sr. Brown está
cuidado e que eu vou estar me movendo ao meu próximo
trabalho. Se ele precisar de mim, estarei em Seattle e longe de
Daisy.

No minha viagem para a Rússia, vou precisar parar na


Suíça, fazer uma visita ao banco e garantir que Daisy possa
acessar os fundos sempre que ela queira. Eu tenho que fazer
uma lista de coisas para cuidar. Cuidar do cirurgião para os
relojoeiros. Eliminar Sergei. Fornecer para Daisy um futuro.
Começo com o médico. Ele tem uma rotina regular.

Enquanto ele está no trabalho, seus dois filhos estão na


escola, e sua esposa está ocupada na cama do vizinho, eu
passo por seus dados. A maioria dos quais ele mantém no
computador em uma pasta bloqueada. Bloqueada por senha,
nem mesmo criptografada. Eu balanço minha cabeça para
suas pobres tentativas de segurança. A pasta protegida por
senha é aberta com algumas teclas, e eu copio a folha de
cálculo e documentos para o meu drive.

A planilha mostra a receita da venda de órgãos


colhidos. Há anotações para cada um. A, D, Dx, álcool,
drogas, doença. Ele está vendendo órgãos
contaminados, o que faz sentido. Ele não pode vender
órgãos puros. Estes seriam notados. Mas
toxicodependentes, alcoólicos, pessoas de rua
proporcionam uma fonte decente. Provavelmente
algum órgão deve ter matado o destinatário errado, e agora
ele vai pagar.

Meus dedos hesitam sobre o teclado. No passado, essa


informação teria sido suficiente para que eu realizasse minha
tarefa, sem dúvida. Não é uma criança ou uma mãe. Mas
agora, eu pergunto quem é meu cliente. Quem é o lesado? Eu
nunca me entretenho com essas questões de moralidade, só
me agarro a alguns limites. Fazer o contrário levaria à
loucura. Faça o trabalho. É apenas um trabalho.

Eu me afasto da mesa e levanto o meu telefone com


uma mensagem de Daisy. É de tarde. Ela poderia estar
dormindo. Sua programação noturna está mexendo com seu
corpo, ela me diz. Ela sentiu como se estivesse ficando
gripada. Eu preciso levá-la para algum lugar quente, talvez as
Maldivas. Há algumas ilhas particulares onde ela pode se
recuperar e nós poderíamos fazer amor sem preocupação com
postos de gasolina ou Sergei. Depois então. Permito-me
apenas um vislumbre de esperança.

Decisão tomada, eu volto para o computador e


digito uma busca por falhas de transplante de órgão.
Há muitos resultados, mas uma notícia destaca. Uma
menina de doze anos de idade, filha de um banqueiro
suíço faleceu devido a alguma doença de longa
duração. Ahh. Isso é que é então. Os perigos do
mercado negro, onde produtos não regulamentados
são negociados com regularidade.

Pessoas desesperadas tomam medidas desesperadas.


Eu entendi o sofrimento deste homem sem nome e sua busca
por algum tipo de justiça. Mas me desespero com a natureza
efêmera de tudo. Eliminar este cirurgião só significa que os
outros vão tomar o seu lugar. O mercado continuará a existir.
O mercado de produtos ilegais, por atos depravados, de
armas e de drogas vai continuar, não importa quantas
pessoas eu eliminar.

A inscrição no meu peito coça. A morte é a misericórdia


que eu prometo? Eu não encontrei a paz nestes anos de
matança.

Não, a paz é a vida com Daisy, em sua fazenda, vê-la


crescer redonda com o meu filho. A paz é um futuro sem
matar, sem a Bratva. Alguém mais poderia tomar o meu
lugar, mas eu precisaria assegurar o nosso futuro. Em
primeiro lugar, eliminando este cirurgião e, em seguida,
eliminando Sergei, de tal forma que Daisy e eu seríamos
intocáveis.

As informações que Sr. Brown me transmitiu


foram úteis. Ele tinha ouvido sussurros sediciosos de
que Aleksandr estava descontente com as decisões
de Sergei para a Bratva. Sr. Brown pensou em
trazer todas as informações que ele havia
compilado sobre Sergei a Aleksandr na esperança de que
Aleksandr acariciaria sua cabeça e o enviaria a uma distância
segura. Mas Aleksandr não era o general da Petrovich Bratva
só porque ele era um militar brilhante. Não, Aleksandr amava
a família Petrovich. Ele era um parente distante, e ele pode
ter amado uma filha de Petrovich. No final, a lealdade de
Aleksandr estava com a Bratva.

Mas a informação que Sr. Brown compilou era muito


valiosa para não usar, e assim Aleksandr deve ter exigido
uma mudança. A mudança veio. Sergei matou Aleksandr, e
agora Vasily é o general. Mas eu tenho a informação agora,
segredos como os que Sergei tem sobre tantos outros, e a
informação será usada para comprar a segurança de Daisy e
a minha.

Eu dirijo ao longo da Interestadual 5 para determinar a


melhor localização para o tiro mortal. Leva-me três passos
para determinar a melhor. Cerca de três quilômetros ao sul
do hospital, a estrada fica próxima de um bairro degradado
preenchido com grafites, edifícios de apartamentos vazios e
abandonados e trilhos da ferrovia. Um olhar através de
um dos edifícios que ficam a alguma distância da
rodovia mostra evidências de ser uma casa de drogas.
Perfeito. Sr. Blue, como já o nomeei, visita uma
mulher que não é sua esposa toda terça-feira. A
mulher vive ao sul do hospital em Ranier Beach.
Vou levar os meus binóculos e ir de sala em sala para
determinar a melhor localização para o meu sucesso. Eu faço
um pequeno "X" no assoalho que marca a posição ideal para
meu rifle SAKO. Eu teria que dirigir até aqui. Isso levaria pelo
menos quarenta e oito horas, mas por agora, vou voltar para
casa, enviar o relatório de volta para Neuchâtel, e ver Daisy.

Eles vão me dar os detalhes finais, e então o sucesso


estará feito. Agora, porém, Sergei.

Sergei vai exigir um voo transatlântico, primeiro para a


Suíça e depois para Moscou. Eu poderia ficar fora por até
duas semanas, mas eu não poderia deixar Daisy por tanto
tempo. Será que ela consideraria uma viagem ao exterior?
Isso era um empreendimento arriscado, mas tê-la comigo
parece mais seguro do que ela ficar aqui para ser roubada ou
estuprada no posto de gasolina.

Observo a câmera que instalei no posto de gasolina.


Outra pessoa está lá. Não é Daisy, mas é cedo ainda. Ela não
aparece até mais tarde. Eu verifico o GPS do meu carro. Eu
queria que ela o levasse para trabalhar em vez de ir de
transporte público. Daisy tinha discutido, mas eu
tinha deixado as chaves. O carro ainda está no local de
estacionamento entre os nossos dois apartamentos.

Eu envio uma mensagem para ela então.

Nick: Saudades. Vou voltar amanhã.


Não recebo nenhuma resposta.

Ela deve estar dormindo. Eu devo dormir de modo que


esteja bem descansado para quando eu a vir amanhã. Eu
serei capaz de planejar melhor Sergei.

Pensamentos de Daisy quente em sua cama despertam-


me. No chuveiro, eu me levo na mão, a quente e úmida água
e o sabão facilitam meus golpes. Eu fecho os olhos e inclino
minha cabeça contra a parede de azulejos. A lembrança de
meus dedos dentro de Daisy me deixa como uma rocha. Ela
era lisa e tão apertada. Eu tive um tempo difícil para encaixar
os dois dedos, e depois que ela gozou, suas paredes estavam
tão inchadas que mesmo um dedo parecia demasiado grande
para ela. O pensamento de empurrar no meio de sua boceta
apertada me faz estremecer. Eu aperto meu pau, imaginando
que é sua carne que me rodeia.

Ela está ansiosa, minha Daisy. Ela iria se agarrar aos


meus ombros e os pequenos calcanhares de seus pés iram
pressionar a minha lombar quando ela me pede mais. Eu
bombearia dentro dela, lento no início e depois mais
rápido, quando eu a sentiria apertar em volta de mim.

Eu precisaria de sua boca na minha. Eu


precisaria foder sua boca com a minha língua como
eu foderia sua boceta com meu pau. Eu gostaria de
rodeá-la com os meus braços, meu corpo e meu
cheiro. Em vez de vir dentro dela, eu iria puxar para fora e
pulverizar meu sêmen em seu estômago. Então eu iria
esfregá-lo até que ela tivesse absorvido cada gota de mim.

Eu venho na minha mão, jorrando longos jatos de


sêmen no chuveiro. Minha mão não é substituta para Daisy,
e sinto-me endurecer novamente, apenas com o pensamento
de seu nome. Com um movimento do meu pulso, eu
transformo a água em gelada e fico lá até minha ereção
diminuir e esteja quase azul de frio.

Eu teria que cuidar de Sergei, em menos de uma


semana. Eu mal posso esperar por Daisy muito mais tempo.
Se eu não acabar com isso agora, não vou ser capaz de
pensar em nada, apenas nela e seu corpo quente e acolhedor.

Eu verifico meu telefone, mais uma vez,, mas não há


nenhuma mensagem de retorno. A loja do posto de gasolina
mostra o proprietário atrás do balcão. Ele parece infeliz.
Talvez Daisy esteja doente e ficou em casa. Talvez ela tenha
sido demitida. O pensamento me enche de mais prazer do
que deveria.

A cama chama por mim, e com o telefone em uma


mão e a outra languidamente mexendo no meu pau,
eu penso em Daisy até eu cair no sono.

O zumbido do meu telefone me acorda


rapidamente. Desloco-me em uma posição sentada,
meu coração batendo. Daisy. Eu sei que deve ser ela.

—Alô —eu respondo imediatamente. Ela deve estar


doente. Eu estarei no primeiro voo para casa. Pegando o
endereço da companhia aérea, eu começo a procurar o voo
mais cedo a partir de Seattle.

—Alô Nikolai.

O pavor envolve seus dedos em volta do meu coração.


Eu rapidamente olho para o telefone. É o número de Daisy.

—Você é um homem morto, Sergei —Eu cuspo no


telefone.

Ele ri de mim.

—Mal posso acreditar que você se atrasou em sua tarefa


por causa de uma menina! Uma menina, Nikolai —Ele soa
alegre e divertido. Eu cortarei sua língua e o farei comê-la. —
Eu realmente pensei que você poderia ser um amante de
meninos dada a sua suposta existência de monge. Essa
última prostituta que contratou em Amsterdã há alguns
meses disse que você parecia que estava transando com um
travesseiro, que você era tão desinteressado.

Eu assobio. Sergei tinha estado acompanhando


minhas atividades por muito mais tempo do que eu
esperava.

—Por quê?
—Bem, essa é a pergunta certa para me fazer. Pensei
que você ia proferir mais ameaças, mas nós dois sabemos que
é um esforço inútil —Sergei faz uma pausa, convidando-me a
dizer algo, mas eu mordo minha língua até que eu sinto o
cheiro de sangue. —Por quê? Porque eu sabia que quando
matei Aleksandr muitos de vocês animais famintos queriam
vir atrás de mim.

Animais? Ele deve estar se referindo aos outros


meninos, os outros assassinos contratados que Aleksandr
tinha treinado. Não me ocorreu que outros iriam querer
vingá-lo. O que foi que Daniel havia dito? Que eu não estava
sozinho.

—Você julgou mal então —eu digo, tentando parecer


calmo e não afetado, mas como eu posso? Ele deve ter Daisy.
Ela está em seu alcance. Ele poderia estar tentando vicia-la
em drogas. Ele poderia estar... meus pensamentos falham.
Eu não consigo pensar em Daisy assim.

—Você sabe, nós não sabíamos qual dessas meninas era


sua, porque este telefone de fantasia com seu número
nele estava na posse da loira, mas descobrimos com
um pouco de persuasão que era a flor que você queria
—Ele faz uma pausa para tomar fôlego.
Provavelmente beber vodka. —Eu não tenho estado com ela,
sua Daisy, porque ela é uma virgem —Sergei parece
espantado.

Eu silencio o telefone e pego a cadeira que eu estava


sentado e bato contra a mesa até que ela está em pedaços.

Sergei está falando em segundo plano.

—Eu nunca pensei que os EUA seriam um grande


mercado. A maioria das meninas não são mais virgens antes
de sair da adolescência, mas esta tem o que, vinte, e ainda é
virgem? Estou muito feliz! Eu tenho um empresário em mente
para ela. Ele infelizmente tem sífilis por causa de um dos
produtos que foi infectado por Harry, mas ele vai ficar tão
feliz de receber um presente. Eu acho que ele acredita que, se
ele foder virgens suficientes ele vai ser curado.

Sergei ri, e eu aperto a madeira quebrada com tanta


força em minha mão que eu começo a sangrar em três
lugares. É o suficiente para manter o meu nível de voz.

—Eu não posso imaginar por que você está me


chamando com este conto, Sergei. Eu cuidei de seu
contador.

—Você deveria trazê-lo de volta, e não o matar —


Sergei trovejou. Ele bate com o punho contra a
mesa tão alto que eu o ouço através do telefone.
Seu show de raiva tem um efeito calmante em mim.
Abro meu laptop e puxo para cima o GPS do telefone de
Daisy. Os satélites demoram um pouco, mas ela é
identificada ao sul de Moscou, no local da propriedade rural
Petrovich. É um grande complexo arborizado composto com
guardas, cercas, cães e árvores. Eu copio essas coordenadas
e envio-as para Daniel. Se eu não estou sozinho, então esta é
a sua oportunidade.

Daisy
Quando pousamos, minhas mãos estão juntas nas
minhas costas amarradas. Yury coloca uma fronha sobre o
meu rosto, e eu sou levada a descer escadas, pela pista, e
entro em um carro. Eu estou tremendo de frio e medo, mas
ninguém me oferece uma jaqueta. Sou jogada no banco de
trás de um carro, a porta se fecha atrás de mim. Ao meu
redor, existem pessoas que falam em Russo, mas ninguém
parece nem um pouco preocupado com o que têm,
uma prisioneira encapuzada.

Eu me mexo no banco de trás do carro


enquanto dirigem, mas eu sou a única aqui. Regan
não está comigo. O medo golpeia o meu coração, e
me pergunto onde eles a levaram. Por que estamos sendo
enviados para dois lugares diferentes?

Mesmo que eu esteja aterrorizada, estou exausta. Eu


adormeço no carro, então eu não sei por quanto tempo nós
viajamos. Eu acordo quando o carro para. Eu escuto as
portas se abrirem e fecharem, então eu posso contar quantas
pessoas estão aqui.

Eu só ouvi uma. Isso significa que há apenas uma


pessoa comigo. Posso lidar com uma pessoa, não posso? Eu
flexiono os dedos atrás das costas e torço meus pulsos. A
amarração está cortando minha pele. Dói, mas a dor é menor
em comparação com o fato de que eu estou impotente desta
forma.

A porta traseira abre e alguém me agarra pelas minhas


pernas.

— Saía —Eu ouço uma voz dizer, e estou desapontada


ao perceber que é Yury. Eu fui deixada sozinha com a pessoa
que me assusta mais do que Vasily. Vasily não gosta de mim,
mas para ele, eu sou uma peça de xadrez para ser
movida.

Yury me odeia porque eu eletrocutei suas bolas.


Estou com medo de que ele vai fazer para retaliar.

Eu me contorço para fora do banco de trás e


fico de pé. Estou tremendo. Não comi nem uma vez
antes de ir para o trabalho, e me sinto instável e fraca. Minha
boca está seca, e eu tenho que fazer xixi, mas eu tenho medo
de pedir.

Mãos ásperas agarram meu braço e me arrastam para


frente, levando-me. Eu cambaleio quando ando, mas Yury
está se movendo em um ritmo acelerado, e é difícil para as
minhas pernas curtas o seguirem. Ele não é um guia muito
bom, também. Eu não gosto quando meu tornozelo bate em
algo, talvez um meio-fio? Em seguida, um momento depois,
meu rosto bate em algo tão forte que quase desmaio.

Yury ri o som cruel.

—Estúpida pizda. Como posso ser responsável por seu


bem-estar, se você continuar correndo para as paredes?

O sangue escorre pelo meu nariz e na minha boca, e


todo o meu rosto palpita e sente-se inchado. Meus dentes
doem e quero chorar de dor, mas mordo meu lábio para não
lhe dar a satisfação. É assim que ele vai me machucar. O
chefe de Vasily me quer como um instrumento de barganha,
mas Yury só vai me fazer infeliz porque ele pode.
Quando ele empurra o meu braço, tentando me puxar
para frente de novo, eu curvo meus ombros,
preparando-me para outra parede, mas não há
nada.

E então eu estou dentro de algum lugar.


Posso dizer que estamos dentro de uma construção pois
o ar mudou, e os nossos sapatos fazem um barulho ecoando
como se estivéssemos em um grande edifício. Eu ainda tenho
o capuz, então eu não posso ver nada. A mão de Yury no meu
braço aperta terrivelmente quando ele me arrasta, e então ele
me bate em um metal que bate contra minhas canelas.

—Sente-se.

Eu tento sentir as coisas com a minha perna. É uma


cadeira de metal, eu acho. Eu cautelosamente sento sobre ela
e espero, minhas mãos doendo de estarem amarradas, o meu
rosto e os braços parecendo como um hematoma gigante.
Está muito tranquilo. Quero Regan de volta. Mesmo sabendo
que ela estando ao meu lado iria tornar as coisas miseráveis.

Mas eu estou sozinha com Yury.

O capuz sai do meu rosto, um momento depois, e eu


pisco quando o meu cabelo voa sobre o meu rosto em uma
nuvem de estática. Estamos em um armazém de algum tipo.
Está vazio, porém, fileiras de prateleiras de metal próximas
não têm nada além de pó sobre elas. Uma única
lâmpada está pendurada no teto, e tudo é escuro e
ameaçador. Há cadeiras dobráveis de metal na frente
de uma mesa de jogo pequena, e isso é onde estou
sentada. Yury está pairando ao meu lado.
Ele olha para o meu rosto e pragueja alguma coisa em
Russo. Então, ele aperta a ponta do meu nariz.

—Será que isso dói?

Dói, mas eu não vou dar a satisfação de dizer isso a ele.


Eu empurro longe de seu aperto.

Ele resmunga.

—Bom. Não está quebrado. Sergei teria meu couro se eu


desfigurasse permanentemente sua pequena bolsa de
dinheiro —Ele me dá um sorriso frio. —Você tinha me
assustado por um momento.

Eu olho para ele, meu rosto latejante onde ele apertou.

—Você vai me vender de volta para Nick? É esse o


plano?

Yury olha para mim. Em seguida, ele ri como se eu


tivesse dito algo hilário.

—Você parece pensar que seu namorado vai estar vivo o


tempo suficiente para comprá-la de volta. Você é uma mulher
engraçada.

Eu tento não me incomodar com isso, mas estou


com medo.

Eu sei que Nick é um dos caras maus, agora.


Vasily me disse que ele era um assassino. Um dos
Bratva, estou supondo que a definição fornecida de Nick não
era completa.

Nick mata as pessoas por dinheiro. Ele é tão mau como


o homem que matou minha mãe e destruiu a vida do meu
pai.

E isso me torna uma pessoa terrível. Terrível porque


quero que ele venha por aquela porta no minuto seguinte e
me resgate. Eu quero que ele apareça e me mantenha segura
e diga-me que tudo vai ficar bem. Que ele me tem. Que eu
estou segura.

E eu me odeio por isso.

—Não há mais piadas para Yury? Que vergonha —Meu


captor me estuda por mais um momento e depois inclina seu
queixo. —Talvez você esteja pronta para outras coisas
entrarem em sua boca, então.

Lembro-me de sua ameaça no avião.

—Se você colocar qualquer coisa na minha boca, eu vou


mordê-lo —Ele pode me dar um soco ou me bater, mas ele
não pode me machucar, não realmente. Ele está com
muito medo de seu chefe, este tal de Sergei que ele
mencionou.

Seus olhos se estreitam e ele me observa por


um longo momento.
—Vá se limpar no banheiro. Está nojenta com catarro e
sangue correndo em sua boca.

Eu ganhei esta rodada.

—Minhas mãos estão amarradas —eu digo a ele, e


encolho os ombros, como se para demonstrar que não posso
movê-los. —Eu não posso colocar a cabeça debaixo da
torneira e limpar. E eu tenho que fazer xixi. Você pode me
soltar?

—Assim, você pode lutar contra mim?

Sim, eu penso, mas sei que não vou conseguir o que eu


quero.

—Você tem medo que eu ganhe?

Ele bufa. Estou triunfante quando ele vem para o meu


lado, mas ele me dá uma bofetada na minha cara que me
atordoa. Ele agarra meu queixo no momento seguinte,
quando minha cabeça ainda está girando.

—Ouça com muita atenção. Vou desamarrar suas mãos,


mas se você tentar fugir, eu vou quebrar seu braço com
minhas mãos. Vou dizer a Sergei que foi um acidente,
da? Você ainda pode abrir as pernas dessa forma.

Eu tremo. Eu sei que ele é sério.

—Eu te odeio —digo-lhe em voz baixa. —Eu


espero que Nick mate você —E eu estou um pouco
alarmada comigo mesma quando percebo que eu quero dizer
isso. Meu intestino está cheio de terror e fúria, e eu adoraria
nada mais do que Nick entrar por esta porta e destruir Yury
na minha frente. Eu o odeio tanto. Eu o odeio porque sei que
ele estuprou Regan. Eu o odeio porque sei que ele iria
casualmente quebrar meu braço tão facilmente como ele me
bateu.

Eu o odeio porque é mais fácil do que me odiar por ser


responsável por tudo isso. Tudo porque pensei que o homem
pelo qual eu estava apaixonada era um hacker de
computador.

Eu sou o pior tipo de tola.

—Você pode me odiar, pizda. Mas seja inteligente e não


fuja ou isto vai ser ruim para você —E ele puxa uma faca e
corta através das amarras em meus pulsos.

Eu agito meus braços e levanto-me. Eu quero esfregar


os pulsos, mas eu olho cautelosamente para Yury. Yury, que
ainda tem a faca. Esperando que eu faça algo estúpido. Ele
adoraria que eu tentasse atacá-lo, porque então ele teria
justificativa para quebrar o meu braço, ou pior. Então,
eu simplesmente digo:

—Onde é o banheiro?

Ele aponta para uma porta no canto de trás


do armazém quase vazio.
—Limpe o seu rosto. Você está nojenta.

A maçaneta da porta foi removida e apenas um buraco


permanece, mas eu não ligo para a privacidade de qualquer
maneira. O banheiro é nojento, o assento quebrado e rodeado
com anos de sujeira, mas eu me alivio de forma rápida e, em
seguida, lavo as mãos na pia com o bolo igualmente sujo de
sabão que está lá.

Há um espelho em cima da pia. Que está rachado,


quebrado, e sujo, como o resto do banheiro, mas eu posso ver
meu rosto. A ponte do meu nariz está inchada e ficando roxa,
e eu pareço como se eu tivesse levado um soco em ambos os
olhos. Há sangue no meu lábio superior, e minha boca está
inchada. Eu lavo meu rosto cuidadosamente com salpicos de
água fria, mas não parece melhor uma vez que retiro todo o
sangue. Meus pulsos são massas de contusões de onde as
algemas estavam e onde Yury segurou muito firmemente. Eu
pareço terrível.

Estou melhor do que Regan, embora. Lágrimas inundam


meus olhos quando penso nela. É minha culpa ela ter
sido levada, e não sei mais onde ela está. Eu sinto
muito, Regan.

Meu rosto está limpo, eu não tenho pressa


para voltar para fora e ver Yury novamente. Eu
deslizo para baixo da parede de azulejos e agacho-
me no chão, abraçando os braços junto ao meu corpo. Ele
pode apenas vir e me pegar. É calmo aqui, e eu me sinto um
pouco mais segura com uma porta desbloqueada entre mim e
meu captor.

Meus pensamentos se voltam para Nick.

Eu não sei o que pensar sobre as palavras de Vasily. Ele


podia estar mentindo para mim, mas as tatuagens nas mãos
e a maneira como seus olhos ficaram frios quando ele
pareceu irritado, foi tão familiar para mim que eu sei que ele
está dizendo a verdade. Vasily é um assassino, e assim é o
meu Nick.

Eu deveria ter visto isso antes. A maneira como ele me


observa. A maneira como ele tem tanto dinheiro. As
tatuagens assustadoras em seu corpo.

A dor em seus olhos, a solidão.

Eu mordo meus dedos para abafar o soluço que ameaça


sufocar minha garganta. Eu estou rasgada. Parte de mim
quer odiar Nick pelo que ele é. Por ter mentido para mim. Por
me deixar ser tão inocente e iludida. Será que ele viajou
para matar pessoas, enquanto eu não sabia de nada?
Será que ele matou alguém e, em seguida, veio a mim
e me beijou? Estou revoltada com o pensamento.
Devo deixar a cidade a negócios, ele me disse, e eu nunca
pensei em perguntar mais. Eu sou tão estúpida.

O pior de tudo, eu ainda tenho sentimentos por ele.


Penso na tristeza em seus olhos. A auto aversão. Ele acha-se
indigno de mim. E agora que eu sei a verdade, eu entendo o
porquê, mas eu não consigo parar de cuidar dele.

Eu não posso mentir para mim mesma, mesmo com


tudo o que eu sei, quero que Nick entre por aquela porta, me
resgate e me segure em seus braços. Quero Nick para estar
tudo bem novamente. Eu quero que ele venha me beije e me
faça esquecer.

Mas eu estou com medo dele agora. Porque eu sei a


verdade do que ele é. Ele é como Yury. Ele é como Vasily. E
eu me pergunto se existem outras Daisys lá fora, amontoadas
nos armazéns, enquanto Nick senta-se em uma mesa
desdobrável e aguarda no cativeiro que elas saiam do
banheiro.

Desta vez, eu não posso abafar o meu soluço.

Yury não vem para o banheiro atrás de mim. Eu


permaneço lá por horas, agachada no chão, me
escondendo de suas vistas. Eu o ouço falando em seu
telefone, uma conversa unilateral que poderia ser
sobre o tempo ou esportes, para todo o riso que ele
solta.
Logo, porém, eu ouço outra voz. Uma voz de mulher. Ela
tosse e diz algo em Russo, e Yury responde. A voz da mulher
torna-se chorosa e suplicante, e tom de Yury aumenta curto.

Então eu ouço a voz de outro homem. Seu Russo soa


diferente dos outros, mais plano.

E então, sinto o cheiro de comida. Tem cheiro de batatas


fritas. Minha boca enche de água.

Cuidadosamente, eu fico de pé e olho através do buraco


onde a maçaneta deveria estar. Não consigo ver nada. Vou ter
que deixar o meu santuário para ver o que está acontecendo.
Meu estômago ronca, lembrando-me que não comi, e eu
estou apavorada, mas tenho ainda mais medo de não saber o
que está acontecendo.

Abro a porta e saio do banheiro.

Yury ainda está sentado na mesa dobrável. Ele tem um


cigarro pendurado nos lábios e um cinzeiro em cima da mesa
na frente dele. Dois outros homens estão na sala. Reconheço
Vasily novamente, mas o outro homem é um estranho. Existe
também aqui uma mulher. A mulher é magricela e
ossuda, tremendo em um casaco de pele pesado que
parece que foi retirado do lixo. Seu rosto está
obscurecido com maquiagem pesada, seu cabelo
loiro espigado.
Os homens estão vestindo casacos longos, com os rostos
sem expressão enquanto me observam. O novo homem
segura um saco do McDonalds.

Todos eles se viram com a visão da minha aproximação.


O homem de cabelos escuros me olha por um longo momento
e balança a cabeça.

—Cristo, Yury. Pensei que não deviam machucá-la


porra. Sergei quer vendê-la. Ela se parece com merda, cara.

Estou assustada, ele está falando inglês, e é


completamente sem sotaque. Este homem, este novo
assassino, é americano?

Yury dá uma tragada em seu cigarro e dá ao recém-


chegado um sorriso fino.

—Ela é desajeitada. Teve um acidente —Ele dá de


ombros. —Por que você se importa?

—Porque eu ganharei um extra quando ela for vendida


—o homem diz sem rodeios. Ele joga o saco sobre a mesa. —
Alguns alimentos para você enquanto espera.

Yury grunhe, e seus olhos desviam para a mulher


loura e magra no recinto.

—Vejo que você me trouxe presentes.


—Galina não pagou suas dívidas para Sergei, e agora ela
usa Krokodil 31 —diz Vasily. —É apenas uma questão de
tempo. Então Sergei disse para trazê-la aqui. Ela quer
trabalhar para pagar seus débitos —O homem sorri
levemente. —O problema é que ninguém a quer.

—Então, por que trouxe a pizda para mim? —Yury


parece apenas levemente interessado. Seus olhas rodam
sobre a mulher. O resto deles a está ignorando, e a mim.

—Porque Sergei disse que sim —o americano diz sem


rodeios. —Eu não dou a mínima para o que você faz com ela.
Eu só não quero que ela seja meu problema.

Yury assente.

—Eu vou pensar em alguma coisa —Ele dá um tapinha


na cadeira dobrável ao lado dele, e a mulher se senta.

—Sergei nos enviou aqui para aliviá-lo da guarda.


Vamos tirá-la de suas mãos um pouco – O americano
gesticula para mim.

Meus olhos se arregalaram e eu dou um passo atrás


para o banheiro. Yury é o diabo eu sei. Estou com
medo dele, mas estou ainda mais aterrorizada com
esse novo homem, porque eu não o vi antes. Ele pode
ser quatro vezes mais sádico do que Yury. Como

31
Droga apelidada de krokodil - Desomorfina é um derivado da morfina com poderosa, rápida ação
opiácia, como sedação e analgesia
posso confiar em qualquer americano que trabalha com esses
homens horríveis?

—Nyet —diz Yury. —Nós estamos no divertindo, não


estamos? —E olha para mim.

—Foda-se —eu digo minha voz tremendo. E eu recuo


trás na expectativa de que alguém me ataque.

Mas os homens unicamente observam-me com a mesma


fria expressão, que tenho visto demasiadas vezes.

—Viram? —Yury diz em uma voz plana, zombando. —


Divertida. Ela gosta de mim. E eu tenho certeza que ela vai
ser mais amigável, uma vez que ela tiver algo para comer. Ela
vai ser boa para mim, então.

Eu não vou chupa-lo por alimento. Eu não vou. Eu


ignoro o bramido do meu estômago.

—Seja como for —diz o americano. —Então você vai


ficar?

—Da. Você pode ir —Yury oferece o cigarro para os


outros. —Eu vou chamar se eu ficar muito aborrecido. E
até lá, eu só vou brincar com o meu presente.

O sorriso que ele dá à mulher magra me faz


sentir frio no interior.

—Tudo bem, então —diz o americano. Ele olha


para Vasily, acena com a cabeça, e começa a sair.
O homem loiro grande fica ao lado da porta da frente,
guardando-a. Vasily não está saindo.

Um momento depois, ficamos simplesmente eu, Yury, e


a mulher, Galina. Vasily permanece na porta da frente, mas
ele poderia ser uma estátua por toda a atenção que ele dá
para a situação.

Galina e Yury permanecem sentados à mesa, e Yury


olha para mim, onde eu estou perto da porta do banheiro,
tremendo incerta. Ele aponta para uma das cadeiras
dobráveis de metal.

— Sente.

Devo lutar contra ele? Desobedecer? Meu rosto pulsa, e


eu não posso ver nenhuma vantagem. Não havia nada que eu
pudesse usar como arma no banheiro, e o armazém é
igualmente vazio. Após um momento de hesitação, eu me
aproximo e sento-me em frente a Yury e a mulher.

Ele passa o saco de comida para mim.

—Coma.

Eu o observo para ver se é um truque, e quando


ele não se move, eu hesitante pego o saco com uma
mão machucada.

Ele me dá um sorriso e toma outra baforada


de seu cigarro.
Há um hambúrguer e batatas fritas no saco e um
guardanapo. Eu cavo através do saco, na esperança de que
exista uma faca de plástico, qualquer coisa, mas não há.
Após a decepção momentânea, eu pego o hambúrguer e o
desembrulho, dando uma mordida enorme antes que possam
arrancar isso de mim.

Yury me observa com diversão.

—Os americanos têm maneiras repugnantes.

Eu o ignoro, devorando a comida. Não há nenhuma


bebida, e eu estou incrivelmente com sede, mas eu não
reclamo. Depois que eu como o hambúrguer, eu pego na
batata frita.

Yury continua a me assistir comer. A mulher sentada ao


lado dele parece estar um pouco fora de si. Sua expressão é
vítrea e vaga, e ela funga repetidamente como se ela tivesse
um resfriado. Quando eu termino, Yury inclina a cabeça.

—Me dê sua mão.

Eu sabia. Esta é a armadilha. Eu o vi, esperando.

Ele faz um gesto de impaciência.

—Me dê sua mão.

Tremendo, eu estendo minha mão para ele.


Espero qualquer coisa desse homem, exceto o que
ele faz. Ele pega a minha mão na sua e examina as
minhas unhas. Em seguida, ele olha para Galina e diz algo
em russo.

Ela gentilmente estende a mão para ele.

Ele pega sua faca e sorri para mim.

Meu estômago se agita.

Galina continua a sentar-se lá como um zumbi.

—Eu acho que iremos enviar a Nikolai uma pequena


mensagem. Algo como, 'Apresse-se. ' O que você acha pizda?

Eu engulo em seco. Eu quero saber o que ele quer dizer,


mas tenho medo.

—O que você vai fazer?

Ele examina os dedos de Galina e faz uma careta,


dobrando a mão para mim. Ela está coberta de manchas
escuras, e em vários lugares, parece escamosa e gangrenosa.

—Ela tem muito amor por Krokodil. É uma solução


barata quando você estiver muito quebrado para pagar pelas
coisas boas —Ele coloca a mão para baixo e faz gestos para
que ela lhe dê a outra mão.

Galina o faz, com a mesma facilidade e sem


expressão como antes. É como se ela não percebesse
que ele tem uma faca na mão. Eu me pergunto se
ela percebe alguma coisa.
Ele examina a outra mão de Galina e, em seguida, olha
para as minhas novamente. Em seguida, ele pega seu dedo
anelar e cuidadosamente limpa a unha com sua faca.

—A coisa boa é que Galina ainda tem um ou dois dedos


decentes, da? Faz nossa pequena mensagem mais fácil.

—Que mensagem?

—Sergei disse que não posso prejudicá-la. Seu


comprador gosta de seus objetos intactos. Eu entendo isso,
mas acho que Nikolai precisa de um pouco de incentivo, da?
E o que é mais impulsionador do que enviar-lhe o dedo de
sua mulher?

Minhas mãos cerram em punhos e as escondo entre as


minhas pernas, horrorizada.

—Não!

Na porta, Vasily dá um aviso preguiçoso em Russo.

Yury revira os olhos e acena com a mão para mim,


ignorando o outro assassino.

—Estúpida pizda. Você não me ouviu dizer que eu


não posso te tocar? —Ele aponta a faca no rosto
branco de Galina. —Mas esta, ela deve muito, muito
dinheiro para a Bratva. E ela não tem mais nada
com o que pagar apenas sua carne —Ele zomba da
mão da mulher. —Sua podre, podre carne Krokodil.
Enquanto eu observo, ele cuidadosamente coloca a mão
de Galina sobre a mesa.

A mulher poderia ser um zumbi por toda a atenção que


ela nos dá. Ela olha fixamente para frente, uma sugestão de
um sorriso curvando sua boca.

Quando Yury aproxima a faca em direção a seu dedo, eu


me empurro para os meus pés.

—Não! Por favor, não.

—Não se preocupe —Yury diz com um sorriso maligno.


—Ela está tão drogada que não vai sentir nada. E isso vai
fazer seu Nikolai trabalhar mais rápido, da? Então, é benéfico
para todos.

Ele posiciona a faca logo acima de sua junta.

Eu corro para fora da sala e volto para a segurança do


banheiro, mas não antes de ouvir Galina começar a gritar.

Eu vomito na pia até que não tenha mais nada no


estômago.
Capítulo
Treze
Nikolai
Sento-me esperando o próximo voo. Foi o único lugar
que eu pude conseguir. Eu não chegaria até amanhã de
qualquer forma, mesmo que o atraso seja muito grande.
Apesar das condições, um homem ao meu lado com
corrimento nasal e tosse e uma menina do outro que pensou
que eu poderia querer mostrar-lhe em torno quando
chegássemos a Moscou. Eu durmo. Eu me forço. Eu
impiedosamente afasto a visão dos gritos de dor de Daisy e
suas lágrimas. Recuso-me a repetir as palavras de Sergei
enquanto falava com tanta naturalidade de estuprar
Daisy e de vendê-la a um pervertido cheio de sífilis do
Dubai.

Nenhuma dessas coisas importa. O que


importa é que ela está viva. Até que ela já não
respire, a minha única preocupação é resgatá-la. Depois
disso...

Bem, depois eu iria promulgar uma vingança contra a


casa Petrovich e qualquer outra pessoa que houvesse tocado
Daisy. Isto viria a ser conhecido em todo o mundo, de Hong
Kong a Nova York, em todos os sítios escuros. Que se você
tocasse em, algo de Nikolai, a vingança viria para você e para
a sua família e que não seria na forma de morte. Seria na
forma de ruína financeira, mutilação permanente. Pessoas
seriam devolvidas a você com seus membros cortados e seus
corpos crivados de drogas. Assim você poderia olhar todos os
dias sobre os corpos mutilados de seus entes queridos e
lembrar-se que tudo isso poderia ter sido evitado se você
tivesse me deixado sozinho.

Essa é a mensagem que eu iria entregar a Sergei, à


Bratva, a todos.

Mas para fazer isso eu preciso dormir. E eu faço.

Mas não estou preparado para o horror que me espera


no aeroporto. No portão, uma comissária de bordo
curvilínea da Atlant-Soyuz Airlines se aproxima de
mim. Ela é bonita à distância, mas de perto é possível
ver os sinais do uso de Krokodil, pontos verdes são
evidentes em torno de seu queixo e perto de seus
ouvidos. Logo, ela não será capaz de esconder as
marcas, mesmo com maquiagem. Logo o tecido do corpo será
cinza e morrerá e sua pele vai descascar, deixando apenas o
osso.

—Sr. Andrushko?

—Da —Concordo com a cabeça em reconhecimento.

—Isto é para você —Ela estende uma caixa, mas suas


mãos estão tremendo. As pupilas dos olhos são minúsculos
pontinhos e lágrimas ameaçam transbordar a qualquer
momento. Eu não quero pegar a caixa. Eu quero empurrar o
passado e continuar com minha missão, mas eu a pego de
qualquer maneira.

Uma pedra se instala no meu estômago e cada passo em


direção ao estacionamento do aeroporto é como caminhar
através de cimento. Eu escolho um carro da parte de trás do
lote, aciono o bloqueio e ligo o motor. Eu dirijo um pouco e,
em seguida, encosto. No interior, vejo um pequeno dispositivo
eletrônico com uma tela LCD e um tecido sangrento. Minhas
mãos tremem quando eu levanto o pacote envolto em tecido
fora da caixa. E quando vejo o dedo cortado dentro, eu
abro a porta me lanço para fora. O pouco que eu tinha
ingerido respinga no solo congelado ao lado da
estrada. Meu Deus, Daisy. O que eu fiz para você?

Volto para o carro e pego a tela de vídeo e vejo


como Yury força o dedo dentro da boca de minha
Daisy, e vejo como as lágrimas e o terror são capturados por
alguém rindo, um ser humano infeliz que será esfolado por
minha faca, logo que eu o alcançar.

Eu não quero ver o resto do vídeo, mas eu me forço. A


cena muda do avião para uma sala de concreto. O som é
cortado, e eu não posso ouvi-la gritar quando uma faca é
mostrada, mas eu grito quando um close-up do dedo de
Daisy sendo cortado espoca em toda a tela. Mas lágrimas e
vômito não irão salvá-la. Ela tem nove dedos, e daí? Pelo
menos ela está viva.

Eu me forço a ver o vídeo mais dez vezes, à procura de


alguma pista que eu possa encontrar. O dedo parece
desidratado, não como qualquer um dos dedos da mão de
Daisy. Mas a morte de um membro pode alterar a aparência.
Eu empurro isto para fora da minha cabeça. Nada disso vai
me ajudar agora.

Finalmente eu sigo para oeste. Aleksandr tem uma casa


segura lá. Haverá armas e equipamentos, e isto vai me dar
um momento para planejar. Atacar diretamente Sergei
seria quase impossível. Há uma dúzia de mercenários
que guardam o exterior e, provavelmente, uma dúzia
dos mais leais dentro. A localização GPS do telefone
de Daisy está diretamente dentro da propriedade. É
possível que Sergei tenha o telefone e que ele tenha
escondido Daisy em outro lugar, mas ele sabe que
eu estou chegando, e assim ele se retirou para dentro de seu
castelo.

A viagem de uma hora de duração leva metade do


tempo. Estou quase sem combustível quando chego à casa
segura. Tomo a precaução de circundar a casa para localizar
a entrada da adega subterrânea na parte de trás. Aleksandr e
eu cavamos este túnel nós mesmos por cinco anos. Ninguém
mais sabia disso. Rastejando para dentro, eu ando
silenciosamente, pisando mais de três arames que estão
colocados. Pergunto-me, quando foi à última vez que
Aleksandr passou aqui. O túnel está mofado e insetos estão
rastejando através das placas que tínhamos alinhado ao
longo das paredes do solo. No final do túnel está uma
pequena adega suja com um gerador. O gerador está
cantarolando, indicando que a eletricidade no andar de cima
está sendo usada.

Alguém está lá.

Eu não tenho nenhuma arma, mas tenho o garrote no


meu cinto. Eu o pego, o mantenho em uma mão e subo
as escadas do porão com a outra, a fim de afrouxar o
bloqueio. Então eu empurro a escada com força, e o
alçapão no chão se abre. Rapidamente, eu volto para
o túnel para evitar tiros de ricochete, mas eu não
ouço nada. Eu me agacho rolo para o gerador e o
desligo, chutando a escada para sair da armadilha,
e depois corro de volta para a abertura do túnel.

Uma imagem de Daisy quando ela encontrou seu


primeiro orgasmo com a minha língua pressionada contra
seu clitóris evoca da minha mente. Não, agora não. Estive frio
toda a minha vida. Daisy me trouxe à vida e ela não deveria
morrer, não há maneiras suficientes que eu possa fazer um
homem sofrer como eu vou fazer Sergei e qualquer outra
pessoa que a prejudicou.

Eu quero rugir para fora minha raiva, mas agora, mais


do que nunca, eu preciso engolir minhas emoções.

Uma maldição soa de cima.

—Maldição, Nikolai. Porque você não pode entrar pela


porta da frente do caralho como uma pessoa normal?

É Daniel. Apesar da falta do modulador de voz, eu a


reconheço de alguma forma. Talvez seja a cadência de suas
palavras, algo que um modulador não pode mudar. Ou talvez
seja porque ele soa exatamente como eu imaginava. Ainda
assim, espero. O vídeo que foi enviado para mim tem as vozes
de homens no fundo sobre a trilha sonora de lágrimas e
gritos de Daisy.

Um desses homens poderia ser Daniel. Que ele


esteja aqui na minha casa segura me faz
desconfiar. Eu aperto o fio na minha mão. Eu
posso dominar Daniel, não porque eu sei que eu
sou mais forte ou mais rápido do que ele, mas porque Daisy é
a minha motivação. Daniel não tem o mesmo incentivo.

Os sons do andar de cima estão agora penetrando mais


as batidas do meu coração. Meu corpo enrijece com a
memória do vídeo, e eu quero colocar minhas mãos em torno
do pescoço de Daniel, até que o rosto dele esteja azul. Fecho
os olhos e inspiro para recuperar o controle. Eu não posso
pagar por quaisquer erros. Eu respiro fundo. Uma vez. Duas
vezes.

Lá. Eu posso ouvir. Há mais de um conjunto de passos


acima. Não importa. Eu posso levar até cinco sozinho. A
primeira vítima vai me equipar com armas. Eu tenho uma
saída e uma vantagem. Qualquer pessoa que queira me levar
terá que cair no espaço da adega. A mecânica do seu corpo
vai obrigá-los a aterrissar com os joelhos dobrados. A partir
daqui eu posso passar minha perna debaixo deles e eles
estarão em suas costas. Em mais um movimento, eu posso
desarmá-los e matá-los, levantando o peso morto do corpo
como um escudo. Eu pratico os movimentos em minha
cabeça. Deslizar, atacar, tirar e girar. Deslizar, atacar,
tirar e girar.
—Sou eu, Daniel, mas espero que você saiba disso.
Olha, eu vou soltar uma Glock32 aí em baixo para você como
um sinal de boa-fé, certo? Não é a sua arma favorita, mas
hey, nenhum martelo certo? Quem não gostaria disso?

Eu considero isto. A Glock não tem martelo externo


como a maioria das armas de fogo, mas um pino de disparo
alongado chamado de atacante em seu lugar. Torna-se um
tiro rápido e fácil, mesmo quando a sua mão está ferida.

Uma luz pisca no topo da abertura e segundos depois a


Glock cai na sujeira. A puxo para mim com a minha perna.
Nenhum tiro disparado. Eu mal posso ver a câmara da Glock
na penumbra do túnel, mas eu seco o cano duas vezes.
Parece e se sente bem.

Eu carrego o tambor e atiro para cima na abertura onde


o alçapão está uma vez e sento-me.

—Jesus fodido Cristo —Ouço Daniel gritar.

Eu tenho doze balas. Murmúrios são trocados. A outra


voz pertence a um Russo. Assim, duas pessoas, doze balas.
Nenhuma pergunta. Considero sair do túnel e, em
seguida, circular ao redor e pegar os dois do exterior.

32
—Escuta, você cabeça quente, o que fará com que você
venha até aqui sem atirar?

Nada, somente Daisy. Se eles tivessem Daisy, eu viria


para cima, mas não digo nada.

—Ok, ouça. É Vasily e eu. Só nós dois. Eu diria que


estamos desarmados, mas nós dois sabemos que seria uma
mentira. Eu sei onde Daisy está. Eu prometo a você que há
uma hora atrás, ela estava bem. Ilesa, talvez um pouco
mentalmente fodida, mas caso contrário passando muito
bem. Sua companheira loira de quarto, nem tanto.

—Regan —murmuro.

—Quem é essa?

—A companheira de quarto que você falou? O nome dela


é Regan —Eu digo.

—Sim, Regan. Eles a levaram. Eu não sei onde ela está.


Eu não podia quebrar o meu disfarce e deixar Daisy. Nikolai,
não foi o dedo de Daisy que foi cortado. Eu prometo a você.
Era outra menina. Ela fez um mau negócio com Yury e teve
que pagar. Vasily estava lá.

—Eu quero ouvir de Vasily.

—Vem cá, idiota —Eu ouço Daniel dizer ao seu


companheiro.
—O quê? —A voz é pesada e acentuada. Poderia ser
Vasily, ou poderia ser uma dúzia de outros, mas eu vou jogar
o jogo de Daniel por um tempo curto.

—Por quê? —Eu pergunto.

—Por que estou aqui e não com o meu tio Sergei,


estuprando sua namorada? Uma virgem? —Ele estala sua
língua. —Eu não sei se o elogio por encontrar uma joia ou se
rio de sua falta de masculinidade ao não tomar tal prêmio.

Eu não posso segurar e eu atiro novamente no buraco.


Onze balas. Dois assassinos. Ainda suficiente.

—Mudak —amaldiçoa Vasily.

Foda-se você também, filho da puta, eu penso.

—Cale a boca, Vasily. Não temos tempo para esta merda


—Daniel rosna. Ouço uma briga e, em seguida, retorna de voz
de Vasily, um pouco castigado, um pouco mal-humorado.
Este é exatamente o jogo que os dois estão jogando. Se
apenas a minha Daisy não estivesse nas mãos de um porra
de um louco, eu acho que isso seria engraçado, mas eu não
acho.

Eu estou segurando a coronha da Glock tão duro


que as marcas de metal no punho estão imprimindo-
se em minhas mãos. Eu quero descarregar todo o
tambor até que os dois estejam sangrando no chão.
—Parem com isso, caralho —eu rujo. Perdi toda a minha
paciência.

—Ah, Nikolai, eu pensei que você não falaria aí embaixo


—Vasily diz. —Mas, mesmo assim, Aleksandr estava certo.
Sergei é o líder errado da Bratva. A venda de nossas
mulheres, o uso generalizado de Krokodil, todas essas coisas
estão nos matando. Ele não está fazendo-nos mais fortes,
mas está nos enfraquecendo. Mas mesmo essas coisas, talvez
nós perdoássemos. Mas matar Aleksandr, sequestrar a sua
mulher, e vira-lo contra nós? Nyet. Sergei apenas não está
apto a conduzir. Em uma geração ou menos, a Bratva estará
quebrada, como disse Aleksandr. Então, nós vamos ajudar a
recuperar a sua Daisy. Você pode matar Sergei. Então você
deve sair. Deixe a Bratva, aposente-se. Sem mais
assassinatos. Sem mais trabalhos. O nome de Nikolai
Andrushko será eliminado dos livros, e você e sua Daisy
deixarão de existir para nós, assim como nós deixaremos de
existir para você. Esses são os termos.

Eu deslizo a minha bunda. Tudo isso porque Aleksandr


sussurrou nos ouvidos da Bratva que Sergei era
impróprio? Minha Daisy tomada, porque Sergei sente
que a sua posição no topo da Bratva está em perigo?
Ele era mais estúpido do que eu pensava. Mas de
alguma forma eu ainda estou incerto.
—O que vai fazer você se sentir seguro o suficiente para
sair, Nick? —Daniel pergunta. —Porque quanto mais tempo
você gasta no túnel, maior o risco para Daisy.

Ele não está errado. Cada minuto que passo aqui, há


mais chances de que Sergei pudesse mudar de ideia e
decidisse prejudicá-la mais. Mas se esta for uma armadilha,
então eu perderei a chance de salvá-la.

—Você não pode enfrentar a Bratva sozinho —Vasily


volta a entrar no jogo. —Você sabe disso. Na melhor das
hipóteses, você tem uma missão suicida em suas mãos, na
pior das hipóteses, você morre nas portas dianteiras e Daisy
será passada ao redor para os guardas até que ela queira se
matar.

As opções na minha frente são de ruim a piores, mas eu


tomo a ruim, porque não tenho escolha. Eu saio pela parte de
trás do túnel. Não há nenhum ponto em colocar a cabeça
para fora do buraco e esperar que ela seja alvejada como um
melão. Pelo menos a pela porta da frente, eu vou ter alguma
cobertura. Eu ando para frente da pequena cabana, e a
porta está escancarada.

Eu me pressiono contra a parede e ambos Daniel


e Vasily saem. As suas mãos estão a seus lados,
vazias, mas prontas para a ação. Eu abaixo a
Glock.
Daniel deve ter 1,80. Ele é pelo menos dez centímetros
mais baixo que eu. Vasily e eu temos a mesma altura. Ambos
estamos em forma e mantemos uma certa leveza que eu
associo aos homens que sabem como usar seus corpos como
armas. Eu poderia lidar com um, talvez, mas não ambos.
Contra o meu melhor julgamento, eu ofereço minha mão
esquerda para Daniel em um gesto de concordância.

Ele pega a minha mão e a aperta.

—Eu não estou fazendo isso pela bondade do meu


coração —diz ele. —Eu tenho a minha própria agenda, e eu
vou precisar da sua ajuda.

Isso, eu entendo. A transação de favores tem significado


para mim. Concordo com a cabeça e caminho para o interior,
mostrando as costas para os dois predadores perigosos atrás
de mim. É um show esmagador de boa-fé.

No interior, eu vejo uma bateria de armas.


Metralhadoras, facas, revólveres, uma pilha de C-4 com cerca
de meio metro de altura. Eu nunca teria deixado este edifício
vivo.

Daniel me vê de boca aberta para o C-4. —Certo.


Eu tinha que manter em movimento essa porcaria
para que suas balas de merda não ricocheteassem e
explodissem todos nós em pedaços.

Eu dou de ombros,
—Você deveria ter sido mais específico sobre seus
objetivos no início. Mas, chega disso. Qual é o plano?

Daisy
Eu me escondo no banheiro até que estou tão exausta
que me enrolo e caio no sono, sem me importar que esteja
descansando no chão sujo e quebrado. Vou preferir os
germes a Yury qualquer dia. As horas passam, talvez um dia.
Perdi a noção do tempo. Eu durmo, mas os meus sonhos
estão cheios de Nick e armas. Nick, tiros, minha mãe. Nick,
segurando a mão de Galina enquanto ele serra seu dedo fora.

Estes não são sonhos relaxantes. Quando estou


acordada, porém, estou com frio, fome, dor de garganta, e
Yury está lá. Então eu durmo longamente, esperando a morte
ou Nick.

Não tenho certeza do que esperar.

Eu acordo, tremendo, quando uma bota me


cutuca. Eu olho para cima, apertando os olhos, e vejo
o gigante loiro que tinha estado guardando a porta do
armazém.

—Venha.
Levanto-me, cada osso do meu corpo dolorido. Estou
tonta quando me levanto, e eu balanço um pouco. A mão do
gigante me agarra pelo braço para me firmar, e ele me arrasta
para fora do banheiro. Yury está na mesa. Não há sinal de
Galina, embora haja um respingo oxidado e escuro no centro
da mesa que eu não consigo parar de olhar.

Eu me pergunto se eles enviaram o dedo para Nick.


Pergunto-me qual a reação dele. Será que Nick vai considerá-
lo com a mesma expressão fria, sem emoção que eu vejo no
rosto do homem segurando-me em pé? Ou seria o Nick
solitário de olhos tristes, pelo qual me apaixonei? Será que
ele vai ficar infeliz ao receber o que ele acha que é o meu
dedo?

Ou ele vai ignorar? Eu ainda conhecerei o verdadeiro


Nick em tudo?

Essa é a coisa que mais me assusta, eu percebo. Não é


que Nick seja um assassino e tenha uma vida terrível por trás
dele. É que eu não sei se o homem que eu me apaixonei é real
ou não. Percebo que não conheço o Nick real em tudo.

Porque eu ainda o amo e ainda o quero, mas não


sei se eu o conheço.

—Venha —Yury diz, interrompendo meus


pensamentos. Ele estende uma corda, e eu percebo
que minhas mãos vão ser atadas novamente. Seu sorriso é
vil. —Eu vou apreciar se você lutar.

Eu não luto. Eu cruzo meus pulsos e mantenho-os


esticados, esperando. Meus movimentos entorpecidos
lembram-me de Galina, e eu recuo com a noção disso.

Yury parece desapontado que tenha desistido da luta.


Ele amarra meus pulsos com força na minha frente e, em
seguida, me dá um empurrão, me afastando dele. Ele late
algo para o gigante loiro, e um momento depois, o capuz é
lançado sobre a minha cabeça.

—Onde estamos indo? —Minha voz soa abafada na capa


sufocante.

—Você tem sorte —diz Yury. —A venda se concretizou.


Vamos levá-la para o aeroporto e enviar você para conhecer o
seu novo proprietário —Ele ri. —Talvez depois que ele estiver
cansado de você, ele me deixe ter uma rodada, não é?

Eu tremo e curvo os ombros, como se eu pudesse de


alguma forma fugir desses homens terríveis.

Vasily diz alguma coisa, e Yury responde em um


tom desagradável. Em seguida, o loiro cutuca meu
braço.

E sou levada para um carro mais uma vez.


As mãos gigantes do loiro são fortes, mas são mais
amáveis do que Yury. Ele não me empurra para dentro do
carro, mas ele me cutuca na direção certa. Sou levada ao
banco de trás e a porta está trancada novamente. Eu ouço os
homens entrarem no banco da frente, e então nós dirigimos.

E dirigimos.

E dirigimos.

Eu começo a cochilar novamente. É difícil para mim


ficar acordada. Minha respiração sob o capuz é abafada e
quente, e minha cabeça dói tanto que gostaria de saber se
algo está errado comigo. Tudo que eu quero fazer é dormir.
Talvez porque o sono seja uma fuga. É o único que eu tenho
agora.

—Pare aqui —uma voz diz, e eu tento acordar.

Ouço Yury dizer alguma coisa em Russo.

O loiro responde. Eu pego o palavras "Coca-Cola"


misturado com algo Russo, e eu sinto o carro parar a um
impasse.

Yury suspira e murmura palavras furiosas, mas o


carro permanece ligado. Uma porta se abre e se fecha,
e eu ouço pés triturando no cascalho.
Eu espero no banco de trás, meu corpo tenso. Vamos
fazer uma parada para um lanche? Isso parece loucura.

—Bozhe moi —Yury diz, e eu animo. Já ouvi isso antes.


Ele toca a buzina e grita alguma coisa em Russo. Eu não
posso dizer se ele está louco que o outro homem esteja
levando muito tempo, ou o que está acontecendo. O capuz
não está amarrado sobre a minha cabeça, e eu me mexo,
movendo o queixo, tentando deslizar para fora sem ser óbvia.
Estou desesperada para ver o que está acontecendo.

Um momento depois, a porta do carro se abre, e então


se fecha novamente. Ouço os pés de Yury triturando o
cascalho enquanto ele rosna em Russo para alguém. Ele
parece furioso. Agora que eu sou a única pessoa no carro, é
seguro para me mover e arrancar o capuz da minha cabeça, e
eu o faço, piscando os olhos e observando ao redor.

Estou sozinha no carro. Estamos estacionados fora de


um posto de gasolina no que parece ser no meio do nada.
Imediatamente, eu tento a maçaneta da porta. Ela não
responde. Droga. Frustrada, eu me viro e rasgo o banco
de trás, tentando chegar ao porta-malas. Talvez se
houver um macaco, eu possa quebrar a janela.

O som de uma luta chega a meus ouvidos, e eu


faço uma pausa, pressionando o meu rosto no vidro
fortemente matizado no banco de trás.
Eu mal posso distinguir do lado de fora o que parece ser
uma briga. Alguém está lutando, Yury? Quem estaria lutando
com Yury? A esperança queima no meu coração. Nick? Mas o
homem na distância tem cabelo escuro e baixo demais para
ser meu amor. Para minha surpresa, o outro homem agarra
Yury em um estrangulamento eficiente e pressiona algo
contra seu pescoço. Yury fica rígido por um momento e, em
seguida, fica mole, e o homem abraça seu corpo mole. Ele
arrasta-o para trás do edifício.

Eu prendo a minha respiração. Oh Deus. Será que


alguém apenas matou Yury?

O que isso significa para mim?

Eu caio no banco de trás, escondendo-me. Minha


respiração torna-se ofegante, apavorada. Se o assassino não
me vir, talvez o carro seja abandonado e possa fugir. O
grande assassino loiro está longe de ser visto, ele não volta
para o carro. Tanto ele como Yury estão possivelmente
mortos.

O que eu faço agora?

O medo rasteja através de mim quando ouço a


porta do carro aberta, o ambiente parece ameaçador.
Alguém desliza para o banco da frente. Continuo
tão imóvel quanto possível, na esperança de que ele
está simplesmente pesquisando o carro atrás de
dinheiro e vai embora um momento depois.

Mas a ignição é ligada, e o carro começa a andar.

—Você está bem aí atrás, Daisy?

É a voz do homem americano. O assassino do armazém.


Um dos homens que trouxeram Galina para Yury.

Sento-me com cautela, deslizando até o final do banco,


apesar do fato de que há uma partição de janela que nos
separa. Eu estudo a parte de trás de sua cabeça.

—Quem é você?

Ele bufa.

—Você pode me chamar de Daniel. Nikolai me enviou.

Meu coração bate na minha garganta.

—Nick? —Eu respiro o alívio correndo por mim. —Mas...


—Eu belisco fora as palavras, com medo. Como eu sei que
posso confiar neste homem? Ele poderia estar mentindo para
tentar conseguir mais informações de mim. Mesmo que isso
me mate, não digo mais nada. Eu simplesmente o observo.

—Será que Yury a machucou? —Daniel me


pergunta. —Eu não posso fazer nada sobre isso agora,
mas deixe-me saber, para que eu possa prever se Nick
perder o controle e sair de sua localização.

—Onde está Regan?


—Quem é Regan? —Ele soa como não se pudesse
importar menos. Enquanto eu o observo, ele faz a volta e
começa a se afasta do posto de gasolina.

—Minha amiga. A garota loira que estava comigo


quando eles nos levaram.

Ele dá de ombros.

—Certo. Ela. Ela foi vendida para o mercado negro há


poucos dias, se meu palpite estiver correto. Desculpe por
isso, mas ela é um problema para mais tarde. Meu problema
agora é Nick e Nick quer você, então aqui estou —Ele me dá
um sorriso sem alegria no espelho retrovisor. —Trair a Bratva
e derrubar a casa com um filho da puta louco. A vida é uma
grande foda.

Estou digerindo isso. Será que ele pensa que Nick é


louco, ou ele está se referindo a alguém? Outro assunto do
qual não estou ciente? Há tantas coisas acontecendo que eu
não entendo. Faz minha cabeça e meu coração doerem. Eu
pressiono minhas mãos na minha testa, mas isso faz com que
uma pontada de dor irradie do meu nariz.

—Onde estamos indo?

—Para um hotel em Moscou —Seus olhos me


observam pelo espelho retrovisor novamente. —
Tenho que reunir Romeu e Julieta.
Nikolai
A melhor arma na batalha, particularmente uma
batalha em que você é carta fora do baralho, é a surpresa. A
decepção é uma das maneiras mais engenhosas da surpresa.
Sun Tzu33 declarou que toda guerra é um engano e que um
guerreiro sábio direciona a reação. Sergei é um criminoso que
almeja o reconhecimento dos outros que possuem riqueza,
aqueles nascidos de petróleo, minérios, ou talvez os que
possuem uma empresa de tecnologia que governa a Europa.
Esses homens são festejados em revistas e são chamados
oligarcas.

Para Sergei, cujos recursos financeiros podem rivalizar


com os barões do petróleo, ele nunca terá o respeito daqueles
que ele considera seus pares, porque ele é uma sanguessuga.
Ele orquestra acordos de petróleo, mas nunca é dono de
qualquer óleo. As armas que ele comercializa estão
manchadas com o sangue dos outros. Ele transporta a
sujeira, o solo rico em nutrientes da Ucrânia, na
Rússia. Na Ucrânia, ele deixa enormes buracos que

33
Sun Tzu foi um general, estrategista e filósofo chinês. Sun Tzu é mais conhecido por sua obra A Arte da
Guerra, composta por 13 capítulos de estratégias militares.
ele enche com o lixo. Este é o legado de Sergei. É um de
destruição e desperdício.

De repente percebo o que levou Aleksandr a agir. Para


aqueles que amam a Bratva, e Aleksandr o fazia, a queda de
Sergei ainda mais para o abismo, quer seja a partir da venda
de meninas a estrangeiros doentes ou ferrar nosso povo com
drogas carnívoras — estão arruinando a Bratva. Em breve
não será nada além de um buraco cheio de lixo. Ele nunca
será capaz de foder mulheres ricas ou beber vodka em seus
clubes especiais. Ele sempre será escória.

Eu não tenho nenhuma lealdade para com a Bratva,


mas para Vasily é a sua vida. Daniel, sua lealdade é mais
confusa, mas estou empenhado em confiar em Daniel, não
importando sua lealdade e compromissos. Confiar no outro
senta-se desconfortavelmente sobre os meus ombros, mas
não tenho outra escolha, pelo menos não uma que vai ver,
tanto Daisy quanto eu vivos no final.

Porque é mais fácil capturar um homem em público do


que usar uma isca para uma armadilha.

Tudo isso está levando muito tempo, e eu estou


irritado com a espera. Vasily retornou à sede da
Bratva. Não há nenhuma razão para ele ir para a
fazenda a menos que ele seja chamado para lá. Não
confio em ninguém e eu mal confio em Vasily ou
Daniel para estarem com Daisy, mas ambos me asseguraram
de que Sergei foi sério sobre como manter a virgindade com a
finalidade da venda. A venda poderia ocorrer essa semana.

A família Magvenodov é a minha isca. Os Magvenodov


são o que os Petrovich aspiraram ser, ou pelo menos o que
Sergei aspira a ser. O patriarca da família Magvenodov é um
bilionário com casas em Londres, Hong Kong e Nova York.
Eles possuem uma equipe de futebol britânica. Eles jantam
com príncipes e reis. Seus nomes são sussurrados com inveja
e reverência, e não há nenhuma porta que esteja fechada
para eles.

O filho mais velho tem preferência por homens que, na


Rússia, é visto como pior do que comer Krokodil na mesa da
sala de jantar. Melhor ser comido por drogas do que admitir
ser um sodomita. Lamento que tenha que usar Lev dessa
forma, mas estou desesperado. Eu não posso decidir se Daisy
iria querer que eu usasse todos os recursos à minha
disposição para libertá-la. Os métodos que uso podem ser
desagradáveis, mas eles são eficazes.

Eu resolutamente esmago qualquer despertar de


uma consciência. Sentado fora do apartamento de seu
amante, tiro fotografias com um alto grau de
definição, é humilhante, mas se eu tiver para comer
o lixo nos buracos na Ucrânia para recuperar
Daisy, gostaria de fazê-lo.

Eu tiro fotos toda à noite. O pai de Lev pode realmente


ficar mais perturbado pelo namorado, pelas cenas íntimas de
Lev cozinhando um jantar romântico para ele ou Lev
presenteando o outro homem com um casaco, em vez de
cenas sexuais. O pai de Lev tem suas próprias perversões,
mas elas são mais socialmente aceitáveis. Ainda assim, a
chantagem é eficaz.

—Lev Dmitrievna Magvenodov —eu calmamente chamo


quando ele sai do prédio. O olhar de relaxamento pós-coito é
imediatamente substituído por cautela. Este homem não é
nenhum idiota. Uma pessoa esperando por ele do lado de fora
do apartamento de seu amante não tem boas notícias.

Eu espero nas sombras caso Magvenodov decidir atirar


e correr. Mas ele não o faz. Em vez disso, ele caminha
diretamente para mim e minha inquietação com o que eu vou
perguntar a ele cresce em proporção à sua bravata. —Zovut
vas Kak34? —Ele diz em retorno.

—Eu sou Nikolai Andrushko —Eu respondo a sua


pergunta sobre o meu nome.

—Poteryali Vy35?

34
Quem me chama?
35
Está perdido?
—Nyet, não estou perdido —Faço uma pausa e tomo
uma decisão dividida. Balanço a câmera atrás de mim e
guardo o cartão de memória no meu bolso. É o suficiente
para o que eu estou aqui. Se ele tem alguma inteligência, vai
entender a minha abordagem. Se ele for burro demais para
reconhecer o perigo, ele será inútil. —Eu vim para buscar sua
ajuda.

Saio de modo que parte da luz mostre mais de mim, e eu


mantenho meus braços ao meu lado. Com o meu corpo, eu
sinalizo que eu não sou nenhuma ameaça imediata.

—E o que vou receber em troca? —Magvenodov


pergunta.

—O que é que você procura?

Magvenodov olha para a janela do apartamento de seu


amante.

—Eu deveria dizer que as fotografias que tirou, mas


curiosamente não me importam. Talvez eu esteja aliviado por
não ter que esconder.

Esta não é a resposta que eu estava esperando,


então eu espero. Corajoso e inteligente, mas não tão
doente como eu.

Magvenodov solta um suspiro.

—O que é que você quer? Dinheiro? Acesso?


—Nada disso. Eu quero que você se encontre com Sergei
Petrovich. Em público. Amanhã de manhã. Às dez.

—Um mafioso? No que você está tentando me meter?

—Eu tenho um... —Eu enrolo a língua em torno da


palavra e libero-a porque parece certo —um ente querido no
aperto da Bratva. Depois de amanhã, Sergei Petrovich deixará
de existir, e a Bratva vai lhe dever um favor. Qualquer coisa.

—Você está em uma posição de fazer essas promessas?


—Magvenodov tira um maço de cigarros e tira dois cigarros.
Ele me oferece um. Faço um gesto para ele me entregar o
isqueiro para que eu possa ajudá-lo a acender o cigarro.
Quando ele entrega, acho que ele não é tão inteligente, nessa
altura. Ele me entrega uma arma e inclina a cabeça na minha
frente. Mas então, nem todo mundo foi criado por Aleksandr.

—Sim —Tomo tragadas profundas do cigarro, inalo a


nicotina, como se fosse oxigénio. Magvenodov fuma mais
lentamente, quase por lazer, como se estivesse desfrutando
de um café depois do jantar. Minha paciência está
diminuindo agora. Eu quero estar pronto para passar
para a próxima etapa. A distração.

Magvenodov acena com a cabeça lentamente,


como se estivesse pensando em algo agradável para
si mesmo.

—Sim, eu vou fazer isso.


—Bom. Amanhã, na Baltschug as dez —Eu instruo. —
Se você não vier, vai ficar mal para você.

O aviso é desnecessário porque Magvenodov


simplesmente revira os olhos.

—Não me trate como se eu fosse uma criança. Você quer


algo de mim, e eu estou oferecendo —Ele bate no peito de
ânimo leve. —E Baltschug? Assim, podemos olhar para o
Kremlin enquanto comemos? Tão típico.

—Você só precisa ocupar o seu tempo por dez, vinte


minutos, no máximo. Não lhe ofereça nada. Apenas o cheiro
da oportunidade irá deixar Sergei Petrovich fraco dos joelhos.
Uma perturbação vai acontecer no restaurante. Ato em
causa, mas garantirei que ninguém interfira.

Magvenodov acena com a cabeça, mas eu o faço repetir


as instruções.

— Não oferecer nada. Sem interferências

Eu dou um empurrão brusco no meu queixo em


reconhecimento. Magvenodov começa a se afastar, mas eu
agarro seu pulso e puxo para cima a mão para apertar
a minha luva.

—Amanhã, então. Você deve pensar em Londres


ou Suíça. Talvez até mesmo América. Mais fácil
para respirar lá.
E então eu vou embora, desaparecendo nas sombras.
Eu estou pronto para o próximo jogo. Atrás de mim, eu deixei
a única moeda de troca que eu tenho, mas meu espírito se
sente mais leve. O cartão de memória com as fotografias
incriminatórias pertence à Magvenodov agora.
Capítulo
Quatorze
Nikolai
A suíte no Metropole Hotel é cuidadosamente equipada.
Eu enrolo o tapete Aubusson que cobre o centenário piso em
parquet. Os funcionários bolcheviques residiram nestas
suítes após a revolução. Faz sentido para Sergei encontre seu
destino aqui.

Eu tenho um kit pronto, que inclui folhas de plástico,


uma arma comprada na rua depois do meu encontro
com Magvenodov e pílulas de cianeto. Uma mochila
preta, grande o suficiente para um corpo, que estará
recheada com meu alvo. Uma rápida olhada ao redor
da sala me garante que tudo está em ordem. Está
faltando apenas duas peças: Daisy e Sergei.
Porque eu nunca seria capaz de entrar no composto
Petrovich sozinho, estou com a tarefa de sequestrar Sergei.
Devo deixar Daisy para Daniel e Vasily. Por mais de uma
hora eu discuti com os dois, mas Daniel estava decidido que
não havia chance de eu entrar no composto. Uma observação
que apertou meu coração, mas convenceu-me, deixei-a para
procurar Magvenodov.

Agora eu estou sozinho na suíte de um hotel palaciano,


mas não aprecio nada disso. Eu não quero dormir porque sei
que Daisy está lá fora, em perigo. Qualquer coisa pode
acontecer esta noite, e o conhecimento deste fato é como
milhares de facas perfurando minha carne. Uso todos os
truques que eu já aprendi para obter o meu corpo em um
estado de descanso. Amanhã devo estar atento e pronto.
Eventualmente, eu estaria fora.

Algumas horas mais tarde, eu acordo. Ainda está


escuro, mas deve ter sido suficiente. Deve ser, porque eu sei
que não resta mais tempo. Eu dirijo em direção ao composto
Petrovich e sento-me no sedan alugado observando o
movimento do tráfego. As cenas do vídeo se
reproduzem em minha cabeça, os gritos que eu
imaginava Daisy ter dado quando ela temia que
cortassem seu dedo me faz querer dobrar o carro
para trás. Em vez disso, devo esperar.
Espero tanto tempo que eu temo que Sergei não vá
atender Magvenodov, que ele está chateado pelo curto espaço
de tempo, o que equivale a não mais do que uma convocação
real. Quando vejo três carros estacionarem na parte da
manhã, suspiro de alívio. Sergei pode estar com raiva, mas
ele está muito ansioso para lamber as botas da oligarquia.

Sergei levará trinta minutos para chegar à unidade em


Moscou. Eu acelero e passo os três veículos. Cerca de cinco
milhas à frente deles, eu causo um acidente entre um
caminhão de reboque e um caminhão de gado.

Um segundo depois, os dois motoristas estão fora de


seus veículos gritando uns para os outros. Os detritos do
interior do reboque estão jogados na rodovia. Carros desviam
para um lado e para o outro, os seus motoristas tentam evitar
testemunhar esta desgraça para que a mesma não os siga
para casa. A confusão me permite facilmente parar o meu
veículo roubado, e correr de volta para a comitiva de Sergei.

Meu coração bate ferozmente quando eu corro ao longo


da estrada ladeada por árvores, e eu sou grato que ainda
haja alguma folhagem para me cobrir. Mesmo que o
tráfego ainda esteja em movimento, ele abrandou. Eu
sei que a minha janela de oportunidade será
pequena. Os condutores irão mover seus veículos
ao redor, mas Sergei simplesmente irá conduzir
pelo acostamento para avançar. Ele não vai querer
estar atrasado para uma reunião com Lev Magvenodov.

Sou grato por meu regime de treinamento regular,


quando a ardência da corrida começa a se espalhar pelos
meus pulmões. O ar frio faz com que seja difícil respirar, mas
eu me forço a correr cada vez mais rápido até que eu vejo a
carreata na minha frente. A visão me impele para frente. Eu
passo os veículos e escorrego para o tráfego. Eu puxo o meu
gorro e levanto a gola do meu sobretudo para esconder
minhas características da melhor forma possível.

Eu corro para o veículo logo atrás da última SUV na


comitiva, que se deixou ficar separada pelos dois carros de
Maybach de Sergei. Esta falta de atenção vai me servir bem.
Pego um pequeno pedaço de metal e jogo-o em direção à
frente da SUV, atingindo o capô. O motorista previsivelmente
bate em seus freios e olha para a frente. Com uma inalação
rápida, eu corro para o carro e agarro a porta do lado do
motorista abrindo-a. Rapidamente aponto para o lado do
passageiro, mas não há ninguém lá. É apenas o motorista.
Eu catalogo esse detalhe, isto está pior do que eu pensava. É
apenas um dos muitos sinais da doença na Petrovich
Bratva. A preguiça de Sergei e a falta de atenção aos
detalhes será sua queda.

—Você vai passar para o assento do


passageiro ou o seu cérebro será arrancado —digo
ao soldado Petrovich aleatoriamente em Russo quando eu
entro.

Ele levanta as mãos do volante e assente. Eu não posso


empurrar um homem morto para fora do veículo. Todos na
Rússia têm uma câmera no celular, e eu não preciso disso
mais tarde postado na internet.

O soldado Petrovich faz o que eu lhe digo, e eu subo


para o assento do motorista e ando com o carro para frente.
Ele parece estranho debruçado contra o assento do
passageiro, a minha arma na cara dele.

—Quantos anos você tem? —Eu pergunto.

—Vinte e Cinco —ele responde. Mais jovem que eu, ele


ainda tem um ar de ingenuidade como se ele não pudesse
acreditar que se encontrou nesta situação.

—Você sabe quem eu sou?

Ele balança a cabeça. A fila de carros avança


lentamente, mas isso é implacavelmente normal aqui na
Rússia. Ninguém está livre de acidentes, estes tipos de
ocorrências na estrada são muito comuns.

—Eu sou Nikolai Andrushko —Eu ouço a sua


inalação rápida de respiração. —Então, você já ouviu
falar de mim?
—Da. Aleksandr disse... quero dizer, falou de você —O
jovem guincha. Ele é tão jovem e inexperiente que eu me
sinto exausto pela ideia de ter de acabar com ele.

—A menina que Sergei trouxe ao composto. Ela pertence


a mim.

O silêncio então. Eu acho que o jovem soldado está com


medo de falar, e quando o faz, seu medo é evidente no tom
agudo de sua voz.

—Sua?

—Você quis tocá-la? Você olhou para ela? Será que quis
rir de seu terror? —Eu cuspo. Isto é injusto, mas não tenho
mais ninguém para desabafar.

—Nn-não. -Ele gagueja. —Eu não a vi. Eu só sei que


trouxeram alguém que era importante, mas não havia
ninguém para conversar.

Estamos nos aproximando da cidade propriamente dita,


e eu debato o que vou fazer com esse garoto. Eu não posso tê-
lo interferindo com o meu negócio, mas eu estou detestando
ter que matá-lo. Ele é tão verde que ainda não sabe
nem usar a sua cápsula de cianeto.

Em um semáforo, eu me aproximo e bato-lhe na


cabeça com a Glock. Ele despenca para baixo,
inconsciente. Eu me aproximo mais e retiro o
casaco e gorro. A menos que o motorista em frente
conheça esse garoto muito bem, eu vou passar. A função do
comboio Petrovich é simplesmente para proporcionar uma
proteção para o interior do veículo. Os guarda-costas no
interior do carro vão entrar no restaurante com Sergei
enquanto os motoristas dos carros ficam de fora.

Felizmente Sergei não se desvia deste procedimento


típico, e ele entra no restaurante sem olhar para a SUV.
Deixando o interior do veículo, eu pulo para fora e caminho
até ao SUV chumbo. Estalando a fechadura, eu deslizo para o
assento traseiro, deixo o motorista inconsciente e em seguida,
viro para o passageiro. Ele é outro desconhecido.

—Sergei está usando recrutas para este serviço? —Eu


balanço minha cabeça. A Petrovich Bratva está indo para o
inferno. O tio de Sergei nunca teria usado soldados
inexperientes para esta tarefa. Cada um dos indivíduos nos
veículos teria sido conhecido por ele por seu primeiro nome.
Eles teriam trabalhado para ele por pelo menos dez anos. Era
uma honra para um soldado da infantaria Petrovich proteger
o chefe da Bratva. A falta de um Petrovich conhecido em
qualquer um destes veículos é um sinal revelador da
doença insidiosa dentro da Bratva, e faz as ações de
Vasily ainda mais compreensíveis.

Como Aleksandr, a lealdade de Vasily é para a


Bratva em si, não para Sergei. Que ele está
facilitando a morte de Sergei é uma ação
consistente com a economia, a insurreição organizada não é
então considerada.

Eu respiro um pouco mais aliviado. Vasily é um homem


de palavra. Daisy seria entregue com segurança a mim, e a
fim de manter o meu negócio, eu devo descartar Sergei sem
que isso seja ligado a Vasily.

Eu bato no outro jovem soldado também. Eu não me


importo que eles apresentem um relatório a Vasily dizendo
que foi um Ucraniano de cabelos escuros, que os atacou.
Depois de amanhã, Nikolai Andrushko deixará de existir.
Estou aqui para garantir a morte de um único homem —
Sergei.

O resto da manhã se passa sem problemas, de forma tão


suave que eu começo a me preocupar. O garçom que
subornei substitui o açúcar por bicarbonato de sódio. Sergei
bebe seu café supostamente açucarado e cospe-o
imediatamente, mas a reação do bicarbonato de sódio com a
Perrier com a qual ele sempre começa o seu café da manhã
causa a formação de espuma em sua boca.

—Meu deus, ele tem raiva! —Grita um homem.


Outros se levantam e afastam-se imediatamente.

—Que tipo de doença você trouxe para cá? —


Demanda Magvenodov e se empurra para trás da
mesa. Sergei levanta as mãos, articulando com os oligarcas
ricos.

—Não é nada! —Ele grita, mas ninguém acredita nele.


Sergei é um verme para eles, e ele é na verdade, e estar
espumando pela boca só prova como ele não pertence ali. Eu
riria dele se não quisesse torcer sua cabeça fora de seu
pescoço.

Seus guarda-costas estão tentando ajudá-lo, mas eles


estão sendo bloqueados pela equipe. É bastante fácil
escorregar para o corpo a corpo e administrar uma seringa de
curare em ambos os guarda-costas e em Sergei. Curare é
uma droga paralizante colhida a partir de vinhas da floresta
tropical da América do Sul que não faz quase nenhum dano,
mas torna imóvel a vítima por um curto período de tempo.

Quando Sergei fica mole, fica fácil o suficiente para mim


pegar o ombro dele e empurra-lo para fora do restaurante. A
equipe e os hóspedes pensam que eu sou um de seus
soldados, vindo em seu auxílio. Se eles soubessem a verdade.

Eu arrasto Sergei para fora, seu corpo está mais


pesado por sua condição paralizada. Eu o dobro em
seu Maybach36 e decolo para o hotel.

36
O elevador privado do hotel para no último andar do
Hotel Metropole é conveniente. Não encontro ninguém na
minha viagem até a nossa suíte. Sergei está totalmente
acordado e lançando olhares venenosos em minha direção.
Sinto-me quase eufórico.

—Você está infeliz, Sergei. Será que é porque você não


pode mover seus membros, ou porque toda a oligarquia da
Rússia agora pensa que você é um cão doente? —Eu nem
sequer tento segurar uma risada. Minha piada à sua custa
enfurece-o ainda mais. Eu arrasto-o pelo corredor e para a
suíte. Soltando-o pela porta, eu vou para o kit e retiro do
envoltório a fita adesiva plástica, e eu posiciono uma das
cadeiras de mogno pesada no meio do plástico.

—Eu sei. Você está pensando 'Espere, Nikolai, até que


eu recuperar a função completa de meus membros outra vez.
Você vai ser caçado como o cão que você é. ’ —Eu estalo
minha língua para ele, vendo como um pouco de saliva sai de
sua língua. O efeito curare está passando. Eu me debato em
dar-lhe outra dose, mas decido que não.

Ele cai na cadeira, e eu coloco as fitas em seus


braços para que ele possa sentar-se ereto. Em seguida,
as pernas. Eu envio um texto para Daniel dizendo
que meu trabalho está garantido.
Daniel: OK —Eu recebo imediatamente em troca

Sento-me no sofá e desmonto a Glock, limpo-a e


remonto-a. É maior do que eu gostaria para Daisy, mas posso
ajudar a segurá-la quando ela atirar em Sergei. Eu me
pergunto quanto tempo isso pode levar. A unidade a partir do
composto Petrovich está a apenas meia hora, mas suponho
que Vasily deva mobilizar o transporte para Daisy. Talvez as
notícias já tenham atingido o composto sobre o sequestro de
Sergei. A fim de ser capaz de liderar eficazmente a Bratva
depois da morte de Sergei, Vasily deve aparecer como se não
tivesse nada a ver com a morte de Sergei.

—Por que você não me mata? —Sergei sufoca. O efeito


do curare está acabando.

—Porque isso é para Daisy.

Ele dá uma tosse fraca e inclina a cabeça para trás para


cuspir a saliva extra. Isto produz um ruído leve quando ele
atinge o plástico.

—Ela é muito fraca. Ela nunca vai fazê-lo —Sua cabeça


cambaleia para o lado.

—Eu me pergunto por que você fez isso, Sergei?


Por que você tomou esses riscos? —Medito. Inclinando
a cabeça para um lado, eu puxo e estralo meus
músculos do pescoço. Eu faço o mesmo do outro
lado para aliviar a tensão.
—Que riscos? Matar Aleksandr? —Sergei cospe
novamente, só que desta vez alguns respingos permanecem
no canto da boca. Ele parece despenteado, como um mendigo
tirado das ruas.

A menção de Aleksandr mata o meu humor na situação


de Sergei. Eu começo a andar, sabendo que não deveria
mostrar a minha agitação para Sergei, mas faço-o de
qualquer maneira.

—Você sabia que Harry estava doente e que sua fonte de


transplante estava vendendo órgãos de alcoólicos e
toxicodependentes e doentes com VIH. Você sabia que você
estava fornecendo Krokodil ruim a seu próprio povo e os
estava matando. Estes são os atos de um homem estúpido,
impróprio para conduzir a Bratva.

—Isso é o que eles dizem? Aleksandr pensava que o


negócio Bratva era sujo demais para nós. Talvez, ele disse,
não devêssemos fazer algumas dessas coisas mais. Aleksandr
me mostrou que ele era muito fraco para ser o executor da
Bratva —Sergei tenta zombar, mas o fraco controle sobre
os seus músculos o fazem parecer como se ele
estivesse tendo convulções.

—Você não tem senso de fraternidade —Eu


zombo —Aleksandr nunca trairia a Bratva mais que
ele cortaria seu próprio pênis, mas você o matou
porque ele falava o que você não queria ouvir. Então você
colocou em perigo a todos sequestrando Daisy – Eu me
inclino na frente dele e aponto a arma vazia em seu rosto. —
Daisy precisa vê-lo morrer para que durante a noite, quando
estiver escuro, ela saiba que não precisa ter medo.

—E onde você estará?

—Ao lado dela —Segurando a mão dela e ajudando-a a


puxar o gatilho, eu acho.

—Você não é homem o suficiente para tirar a sua


virgindade, e muito menos o seu medo.

Sergei não tem provocações que possam me tocar, mas


eu tapo sua boca, porque estou cansado de ouvir sua
conversa fiada. Eu abro o meu programa de rastreamento e
espero.

Daisy
Eu assisto Daniel com cautela, quando ele para o
carro no estacionamento do hotel. É tranquilo, e não
há ninguém por perto, mas eu não confio nesse
homem. Como posso confiar em alguém? Todos já
mentiram para mim.
Mesmo Nick. É a sua mentira que dói mais,
honestamente. Parece que depois de tudo, eu realmente
nunca o conheci.

Quando o carro para, não me movo. Eu espero com


ansiedade para ver o que esse novo homem vai fazer. Ele me
diz que está trabalhando com Nikolai para derrubar o líder da
Bratva, mas não sei se posso confiar nele ou no que ele me
diz.

Afinal, Nick era Nick Anders para mim. Ele não era
Nikolai, O Assassino da Bratva.

Daniel chega à porta lateral do carro e abre para me


deixar sair. Deixo o carro, cada músculo do meu corpo
gritando em protesto. Ele vê a minha tensão e se inclina.

—Vou levá-la para Nikolai, menina, não é do seu


interesse fugir. Você não tem para onde ir.

Ele está certo, mas isso não impede que o pensamento


atravesse a minha mente e permaneça lá. Eu não respondo a
isto, apenas levanto meus pulsos amarrados.

Ele puxa uma faca, e eu aguardo.

Mas ele só corta as minhas amarras.

—Vamos lá —diz ele. —Fique atrás de mim e


fique quieta. Nós estamos chegando.
Daniel leva-me a um elevador de serviço na garagem e,
em seguida, a uma porta traseira. Nós passamos através de
uma cozinha, um corredor vazio e, em seguida, através do
que se parece com uma lavandaria enquanto entramos.
Passamos por pessoas em uniformes, mas eles
deliberadamente evitam fazer contato visual com a gente. É
como se eles só vissem o meu rosto machucado e o homem
perigoso. Eu estou com ele, e eles querem fingir que não
existimos. É provavelmente mais fácil dessa maneira, eu não
os culpo.

Então, estamos em outro elevador. Daniel aperta um


botão e espera ao meu lado, sua postura cautelosa. Não
posso deixar de olhar para o perfeito jeito de sua jaqueta,
querendo saber onde a arma está. Pergunto-me se eu posso
agarrá-la antes que ele quebre o meu pulso.

E depois?

Luto para chegar até o hotel? Digo ao gerente que fui


sequestrada?

E depois? Será que vão me levar de volta para os


Estados Unidos, ou eles vão chamar as autoridades? E
se os homens dos quais eu estou fugindo forem as
autoridades?
Estou tão confusa, tão encurralada. Eu aperto minhas
mãos e espero o meu instinto para chutar. Instinto vai me
dizer o que fazer.

O elevador soa, anunciando que chegamos a nosso


andar.

—Vamos lá —diz Daniel, e coloca a mão no meu ombro.

Eu estremeço, deslizando para trás um passo.

—Não me toque.

—Desculpe —diz ele, e levanta as mãos no ar para


mostrar-me que ele não representa nenhum perigo. —Vamos
embora, antes que Nikolai decida que estamos demorando
muito e mate Sergei.

Meu coração fica frio com suas palavras casualmente


jogadas fora. Vamos antes que Nikolai mate Sergei. Como se
ele fosse fazê-lo em um ataque de despeito. Meu Nick.

Daniel anda dois passos atrás de mim, provavelmente


para que ele possa ver os meus movimentos no caso de eu me
descontrolar, ele me pastoreia pelo corredor até a porta
do quarto do hotel. 786. É o último no fim do corredor,
e oferece um mínimo de privacidade dos outros
quartos. Chegando à porta, Daniel bate uma vez, em
seguida, três vezes rapidamente, em seguida, uma
vez mais.
É um padrão ao qual estou familiarizada. O meu pai e
eu temos o nosso próprio sistema de batidas e
reconhecimento para deixar o outro saber que era seguro. A
porta se abre imediatamente do outro lado, e Nick me reúne
em seus braços. Eu pego um vislumbre dele. Ele parece
cansado, duro e furioso. Seus braços estão tremendo em
torno de mim como se ele mal conseguisse manter seu
controle e um som animal escapa de sua garganta. Eu me
abraço a ele, sentindo-me segura, embora saiba que é
ridículo se sentir segura aqui nos braços de um homem que
mata as pessoas como meio de vida.

Algo semelhante a mágoa se arrasta por mim, e eu me


empurro para fora dos braços de Nick.

Ele me agarra antes que eu possa me retirar para soltar


a minha ira, e suas mãos capturam meu rosto. Seus olhos
são selvagens enquanto observa meu nariz inchado e os olhos
machucados, mas os dedos são cuidadosos, quando ele traça
sobre minhas lesões. Depois de um longo momento tenso, ele
levanta minha mão e examina-a cuidadosamente. Ele faz
uma pausa nas contusões circulando meus pulsos,
mas ele parece satisfeito que eu tenho todos os meus
dedos.
Então, antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele saca
uma arma e aponta para a testa de Daniel.

Todos na sala congelam.

—Nikolai —Daniel adverte. Sua expressão não mudou.


—Você sabe que nós estamos nisso juntos.

—Você os deixou machucá-la —rosna Nick. —Você os


deixou tocar na minha Daisy.

—O que eu devia fazer? Abraçá-la na frente de Sergei e


Yury? —A voz de Daniel é plana, sem medo. É quase como se
ele estivesse desafiando Nick a matá-lo. —Use seu cérebro,
merda. Ela tem todos os dedos. Ela não foi estuprada. Ela
está bem.

Nick está respirando com dificuldade, e seu rosto está


vermelho de raiva. A mão que segurava a arma treme, e eu
percebo que ele está lutando para manter o controle.

Daniel olha para mim, e eu percebo que ele quer que eu


fale diga alguma coisa.

—Nick, você está me assustando —Eu não tenho


que fingir o tremor na minha voz. Eu estou
absolutamente aterrorizada neste momento.

É a minha voz que rompe sua raiva irracional.


A arma é abaixada e volta ao coldre em sua
jaqueta.
E então Nick vira para mim e suas mãos estão em meu
rosto novamente.

—Daisy —ele geme, e se inclina para me beijar. É um


beijo suave, consciente do meu lábio cortado. —Minha doce
Daisy.

Eu não posso relaxar em seu aperto desta vez, mesmo


quando ele me puxa para mais perto e envolve seus braços
em volta de mim. Tudo o que posso pensar é que esse homem
é um assassino e que ele quase matou um homem apenas há
um minuto. Tudo porque ele pensou que Daniel me
machucou. Ele mataria por contusões e um lábio cortado.

Eu me pergunto por que mais Nick matou.

Ele parece sentir que não estou devolvendo o abraço,


que estou me encolhendo longe de seu toque. Ele dá um
passo para trás, e aqueles olhos intensos estudam-me, cheio
de esperança, saudade e alívio.

—Você não está ferida?

Eu balanço minha cabeça. Não estou ferida, não


realmente. Estou magoada, estou aterrorizada, e estou
me sentindo tão traída, mas eu não estou ferida.

—Onde está Regan?

—Ninguém sabe. Nós a encontraremos, mas


mais tarde. Outras coisas são mais importantes
agora —Sua mão se estende, como se ele quisesse me tocar
de novo, mas ele a deixa cair tão rapidamente.

—Eu odeio interromper esta reunião tão doce —Daniel


diz com aquela voz totalmente americana. —Mas onde está
Sergei?

—Em outra sala.

—Ainda vivo —Daniel diz, e eu posso dizer pela maneira


como ele disse isso que ele não está satisfeito.

—Da. A vingança é unicamente de Daisy. Isso, eu dou a


ela – Nick saca a arma novamente, e ele a oferece a mim. —É
somente por ela.

Daniel murmura uma maldição muito americana.

Nick atira-lhe um olhar furioso.

Eu fico olhando para a arma que está sendo oferecida


para mim e depois para Nick. Nick, que eu achava que
conhecia.

—Você quer que eu vá lá e mate alguém?

—Não é alguém —Nick diz, e seu sotaque fica


mais espesso, um sinal certo de que ele está agitado.
Ele pega a minha mão e coloca-a sobre a arma,
forçando-a em meu alcance. —É o filho da puta que
a tomou de mim. Que sequestrou Regan. Dou-lhe a
vingança para que você possa dormir à noite.
—Nick —eu choro, querendo soltar a arma, mas seus
dedos estão enrolados em torno dos meus. —Eu não vou
matar alguém.

—Deixe-a ir, cara —Daniel diz em voz baixa. —Ela não é


como nós. Olhe para ela. Ela está com medo de você.

É como se Nick estivesse me vendo pela primeira vez


quando Daniel diz isso. É como se só agora lhe ocorreu que
eu não gosto da ideia de matar Sergei. É como se ele só agora
percebeu que há mais em minha relutância do que o medo de
ser sequestrada.

Eu vejo a luz nos olhos de Nick morrer lentamente,


como ele visse a forma como eu me seguro, do jeito que eu o
olho com medo. Eu vejo a terrível esperança neles, o terrível
amor neles definhar. Agora, não há nada além de tristeza
quando ele me olha. Somente tristeza e saudade.

—Então —diz ele, e sua voz é tão fria e tão calma. —


Sergei lhe disse quem eu sou, da? E agora você tem medo de
mim.

—Você é um assassino —eu digo. —Vocês todos


matam por dinheiro. —As palavras tem um gosto vil na
minha boca. —Por que você não me contou?

—E o que eu diria a você, pequena Daisy? —


Há tanta dor em sua voz. Tanta auto aversão. —
Que eu quero te beijar e fazer amor com você
mesmo que eu não seja digno de suas menores atenções?
Muito melhor não dizer nada. É mais fácil pedir perdão do
que pedir permissão.

Eu balanço minha cabeça. Isto é um pesadelo. Isso tudo


é um pesadelo. Eu quero ir para casa e acordar na minha
cama, enrolada ao lado de Nick, com Regan dormindo no
outro quarto. Eu quero que as coisas sejam como elas eram
quando meus olhos não foram abertos para a verdade.

Mas eu não posso voltar para isso. E agora que eu sei


que a realidade sobre quem Nick é, eu quero rir de mim
mesma por não ter visto isso antes. Há uma graça predatória
em cada movimento que ele faz. Seus olhos são frios, às
vezes, cautelosos. Ele lida com armas como se ele tivesse
nascido para elas. Ele está coberto de tatuagens, perigosas
para o futuro. Ele cresceu em uma família com colegas de
trabalho que "não são bons" por sua própria admissão. Ele é
rico e paga por coisas em dinheiro. Ele aluga carros e vive em
um apartamento do outro lado da rua, para que possa
observar as pessoas.

E ele me observa. Ele está sempre aparecendo no


momento certo.

É tão óbvio, tão chocantemente óbvio, que eu


me sinto estúpida.
A mão de Nick solta a minha tão rapidamente que eu
não tenho escolha, apenas agarro a arma que ele deixou em
meu alcance. É como se seus olhos estivessem me pedindo
para vê-lo no interior, além das armadilhas, mas minha
mente está muito machucada e infeliz no momento para ver
alguma coisa, apenas o fato de que Nick não é quem eu
pensava que ele era.

Sua mão alcança até escovar meu rosto, e quando eu


recuo, ele se afasta.

—Eu sabia que não poderia mantê-la —diz ele. Sua voz
é rouca de emoção. —Como uma bela alma, inocente. Eu só
queria você durante o tempo que eu pudesse tê-la. Eu sabia
que era errado, e eu não me importava. Algum dia espero que
você me perdoe.

Lágrimas nublam meus olhos, mas eu ainda estou


tremendo, ainda segurando a arma.

—Sergei é seu para fazer o que quiser —ele me diz. —


Tudo o que você escolher, eu entenderei. Mas eu sei algo
sobre monstros —Nick limpa a garganta e engole. O
pomo de Adão é proeminente em sua garganta, e eu
não posso olhar para longe dele.

—Se você não despachar o monstro que


prejudicou você, ele vai subir novamente e
novamente em seus sonhos e você nunca poderá se
sentir segura. Todos os dias de sua vida, você vai olhar ao
redor e se perguntar se é ele. Quando você voltar para casa à
noite, vai temer os espaços escuros de seu quarto. Pequenas
coisas como seu armário vão se tornar um lugar de terror. Eu
guardei Sergei para você, para que pudesse segurar a arma
em suas mãos e sentir o poder da bala e visse em primeira
mão a evidência de sua morte. Dessa forma, você dormiria à
noite e sairia para o dia sem medo —Ele empurra meu queixo
para cima, para que possamos olhar nos olhos um do outro.
—Veja a verdade nos meus olhos e saiba que eu faço isso por
você.

A verdade de suas palavras soa em meus ouvidos. Ele


fala da vida do meu pai e talvez da sua própria. Eu sei que ele
faz isso por mim mesmo que eu não entenda tudo. Eu sei que
as declarações de Nick são verdadeiras. Se ele é capaz de
amar, ele me ama, e ele não quer que eu tenha medo.

Sua mão vai para minha bochecha e prendem-na com


ternura.

—Mas o que você decidir, gatinha, eu vou apoiá-la.

Daniel faz um som de protesto em sua garganta,


mas Nick atira-lhe um olhar furioso, e ele fica em
silêncio. Nick vira-se para mim, e não está em
silêncio pedindo compreensão em seus olhos, mas
ele concorda.
—É sua escolha, Daisy. Você segura a sua vida em suas
mãos, e vou honrar os seus desejos.

—Mesmo se eu deixá-lo ir?

—Da, mesmo isso.

Eu não faria isso, porém. Eu o entregaria à polícia para


que eles pudessem decretar justiça. Essa é a coisa inteligente
a fazer. Mas é bom saber que, mesmo agora, eu estou no
controle. Eu aceno para Nick.

Ele apenas me olha, o coração transparecendo em seus


olhos.

Eu engulo em seco. Eu quero que ele tome a arma de


volta, mas eu suspeito que se eu a oferecer a ele, será o fim
de tudo. Nick vai levá-la de volta e desaparecer da minha vida
tão silenciosamente como ele entrou.

E eu não tenho certeza que estou pronta para isso


ainda. Então eu agarro a arma na minha mão.

Nikolai
Eu vi isso.
Daisy está olhando para mim como se eu não fosse
melhor do que ratos de esgoto de Moscou. Como se eu não
fosse melhor do que Sergei. Daisy precisa de comida e
descanso, não ser forçada a matar um homem. Seu corpo
está tremendo, e enquanto a mão está se agarrando ao redor
da arma que eu dei a ela, ela se parece com uma folha caída.

Eu recupero a arma de sua mão. Ela resiste à primeira


tentativa, fazendo um pequeno som de protesto. Felizmente,
ela me permite descansar um braço em volta dos ombros.
Cuidadosamente eu dirijo-a para o sofá onde ela entra em
colapso.

—Descanse por um momento Daisy. Falamos mais


tarde.

Um baixo soluço escapa dela, e me rasga. Controlando


meu rosto para encurralar a minha raiva contra Sergei, eu
coloco um cobertor sobre o corpo dela. O calor do cobertor e
talvez o conforto envolvente do sofá, permitem que Daisy
relaxe. Ajoelhado ao lado dela, eu acaricio sua testa e estou
aliviado que ela não afastou a minha mão. Tudo o que ela
passou, e ela ainda me permite tocá-la, ela ainda quer
o meu conforto. É o suficiente, se isso é tudo que
tenho dela, mas ela está viva segura, então é
suficiente.
—Nick, cara —eu ouço Daniel estabelecer-se em uma
das cadeiras. —Você tem que aprender a ser um pouco mais
sutil.

Eu levanto um dedo para ele, para não dizer nada que


incomode Daisy.

—Eu vou pedir comida para nós —digo a ela.

—Vou querer um bife. Malpassado —Daniel joga suas


botas sujas sobre a mesa de café incrustada em ouro. —Eu
gosto de ouvir os mugidos fracos quando corto o bife.

Daisy estremece com esta declaração.

—Nojento —ela murmura.

Eu aceno com um sinal afirmativo. Enquanto ela


permanece de boa vontade comigo, é positivo. Mesmo que ela
não me ame, mesmo que ela me odeie.

—Você deve sair Daniel —Eu digo a ele, folheando o


menu do serviço de quarto.

—Não é possível. Nós temos negócios inacabados —Ele


acena com a cabeça em direção ao quarto com Sergei,
mas seu gesto sem palavras é desnecessário. Daisy
sabe do que falamos.

—Sergei, você quer dizer? —Ela pergunta.


—Da —Eu agacho ao lado dela novamente. —Mas
precisamos de combustível. Blinis? Carne? Borscht?

Daisy
Encaro-o em transe. Nick está me oferecendo alimento
como se estivéssemos de férias. Como pode ser normal pedir
serviço de quarto enquanto temos um homem sequestrado
sentado na sala ao lado, esperando que eu o execute.

Eu não posso processar isso. Minhas mãos se levantam


e vão para a minha testa.

—Nick eu...

Eu não sei o que eu quero dizer. Há muito coisa a


borbulhar na minha cabeça. Nick quer que eu vá à sala ao
lado e dispare em um homem. Um homem que é nosso
inimigo. Mas isso é o que os maus fazem. Eles sequestram e
matam.

Eu sempre pensei em mim como um dos


mocinhos. Mas eu olho para Nick e percebo que me
apaixonei por alguém que não pode ser considerado
um dos "mocinhos" por qualquer trecho da
imaginação.

Ele é um assassino.
E é horrível, porque eu ainda o quero. Eu quero enrolar-
me em seus braços e o ter acariciando meus cabelos e
murmurando palavras carinhosas em russo, me dizendo que
tudo vai ficar bem. Seu toque sempre fez as coisas melhores.

Sou má por querê-lo?

Ele não parece perceber a minha aflição. Ele ainda está


agachado em frente a mim, suas mãos roçando nos meus
ombros, o rosto olhando para cima para o meu.

Ele ainda é o mesmo Nick de antes, o mesmo toque


possessivo.

E de repente eu me sinto má para aceitá-lo. Já que


cobicei um assassino todo esse tempo.

Não, eu me corrijo. Já cobicei Nick. Eu sabia que o seu


trabalho não era legal, não exatamente. Eu estava bem com
ele ser um hacker de computador, mas agora que eu sei que
ele é uma espécie de assassino da máfia, eu tenho um
problema com isso?

O problema é comigo e meu cérebro.

Curiosamente, acho que volto para o filme que


assistimos juntos no cinema. Era um filme sobre
super-heróis, e como eu tinha dito a ele como eu
queria que os bandidos pagassem por suas ações.
Nick tinha ficado ofendido. Doído, mesmo. Ele tentou
me dizer que os bandidos estavam apenas fazendo o que
podiam. Que eles estavam fazendo o melhor de uma situação
ruim.

Eu pensei que ele estava querendo ter uma briga


comigo. Mas talvez, talvez ele estivesse falando de si mesmo.

Fui muito rápida para julgar, eu percebo. Eu não


conheço Nick tão bem como eu pensava, mas eu não posso
odiá-lo. Não quando ele está aqui para me resgatar. Não
quando ele está colocando sua vida em risco por minha
causa. Não quando ele está olhando para mim como se o
mundo começasse e terminasse com o meu sorriso.

Eu não posso odiar Nick. Eu ainda estou perdidamente


apaixonada por ele.

Com o bandido.

Pergunto-me o que isso faz de mim.


Nikolai
Daisy fica em silêncio por tanto tempo que me preocupo
com ela. Eu acaricio seu braço e repito a pergunta.

—Blinis? Carne? Borscht?

Ela pensa por um minuto, e a tentativa de sorriso toca


sua boca, como se ela pretendesse me tranquilizar.

—Eu não sei o que são Blinis.

—Blinis são pequenas panquecas servidas com caviar.


Borscht é uma sopa de beterraba. É muito boa —eu digo,
encorajando esse sorriso. Eu faria qualquer coisa para tê-la
feliz novamente.

Ela considera isto por um momento.

—Blinis, eu acho. Sem caviar, embora. E obrigada, Nick


—Sua pequena mão toca a minha.

Balançando a cabeça, eu me curvo irrefletidamente e


pressiono um beijo em sua testa. Ela suspira profundamente
e, em seguida, envolve seus braços em volta de mim.
Sem outro pensamento a Daniel, eu capturo sua boca
e beijo-a avidamente, sugando a respiração e dando de
volta a ela no momento seguinte. Sinto-me
exultante.
Seus lábios são tímidos no início, mas, em seguida, sua
paixão fervorosa vaza, e nós nos beijamos como se tivéssemos
sido separados meses em vez de dias. Eu corro uma mão
pelas costas dela, sentindo os ossos finos de seus ombros e
os espaços individuais em sua espinha. Isto tudo me
tranquiliza, saber que ela ainda está viva, e que ainda
possivelmente talvez me ame. A parte inferior de sua camisa
foi puxado para cima e posso traçar um pedaço minúsculo de
pele.

Sinto-a estremecer em resposta. Desta vez, eu sei que


não é por medo ou o frio, e eu a pressiono com mais força
contra mim, meus dedos mergulhando abaixo da cintura de
suas calças. Ela geme baixinho, e eu respondo com meu
próprio som gutural de necessidade.

Uma tosse por trás interrompe a névoa do desejo que


tomou conta de mim. Daisy se afasta, e constrangida toca no
meu peito. Voltando-me um pouco para que Daniel possa me
ver, eu envio-lhe um olhar ameaçador.

—Vá embora.

—Não é possível.

Naquele momento, eu quero ir atirar em Sergei


para que Daniel nos deixe em paz. Em vez disso, eu
pressiono um beijo na testa de Daisy e coloco no
pedido de serviço de quarto uma garrafa de vodka,
Borscht, duas porções de Blinis, sem o caviar, e dois bifes,
um com a cabeça do boi ainda anexada.

—Daniel, vá ver como está nosso convidado.

Daniel libera um enorme suspiro, como se meu pedido


fosse extremamente trabalhoso, mas ele se levanta e desliza
para dentro da sala adjacente sem outra palavra. Depois que
a porta se fecha atrás dele, eu me ajoelho ao lado de Daisy
novamente. Sua cabeça está descansando em suas pequenas
mãos, e ela parece incerta.

—Você precisa de alguma coisa? —Eu escovo os fios


soltos do cabelo dela longe de seus olhos e dobro a mecha
fina atrás da orelha. —Eu posso te dar algo?

—Não —Ela se esforça para sentar-se, mas eu a


pressiono para baixo. —Eu não posso ficar aqui com você
ajoelhado ao meu lado. Isso me faz sentir estranha. Ou mais
estranha, eu acho —Ela muda para uma posição sentada, e
desta vez eu não protesto. Batendo na almofada vazia ao lado
dela, ela me aponta para frente. Rigidamente, eu me sento ao
lado dela até que ela enrola seu corpo no meu.
Levantando-a, coloco-a no meu colo, dobrando as
pernas e descansando a cabeça no meu ombro. Seu
nariz se enterra em meu pescoço e uma onda de
alegria permeia meus ossos.
—Me desculpe, eu nunca lhe ter dito antes quem eu sou
—Minha garganta está apertada enquanto aguardo sua
resposta. Ela exala, e eu sinto seu corpo relaxar quando ela
faz.

—Não é como se houvesse um bom momento, certo?

—Certo —Eu sou tão grato que ela esteja aceitando e


por isso, neste momento, eu tento fazê-la entender.

—Quando eu tinha quinze anos, Aleksandr me enviou a


Florença para cuidar de um curador de um pequeno museu
privado. Ele era velho, talvez cinquenta, e estava rodeado por
rapazes. No início, eu me recusei a fazer este trabalho. Ele
estava recolhendo meninos da rua e dando-lhes um lugar
quente para dormir, comida em seus estômagos, roupa para
o corpo. Ignorando a convocação de Aleksandr para terminar
o trabalho e voltar, eu comecei a observar. Eu tive uma
chance e conheci um dos meninos que estava entregando
uma pintura. De perto eu pude ver que ele estava com medo
de todos. Ele vigiava pelas ruas, não olhando ninguém nos
olhos. Tentei me aproximar, mas ele fugiu.

Uma nova dor emana de Daisy, e eu percebo que


eu a apertei com muita força.

—Desculpe —murmuro e afrouxo meu aperto.

—Não é nada. Vá em frente —Ela insiste.


—Então, eu observei e vi. Este curador levava os
meninos de rua e os obrigava a fazer coisas para ele. Fazia-os
assistir um ao outro. Fazia-os fazer coisas uns com os outros
—Faço uma pausa, não querendo dar voz às coisas que eu vi.
—Você entende Daisy?

—Sim —ela sufoca. Daisy está compassiva, e por um


momento eu acho que talvez eu não deva compartilhar esta
história com ela, mas é importante que ela entenda.

—Finalmente, depois de duas semanas, um rapaz falou


comigo. Eu disse a ele que o curador ia ser cuidado, e ele me
disse que o monstro sempre iaria dentro dele. Eu não queria
isso para estes meninos, então eu contei a um desses
meninos, talvez o líder, que iria ajudá-los a matar o monstro.
E eu fiz. Os resultados foram confusos —Eu admito.

—E por isso, Aleksandr me disse que eu devia deixar a


Bratva, pois minha lealdade foi prejudicada por meus
sentimentos por outra pessoa. Ele tinha razão para me fazer
sair, mas eu teria feito isso de novo se eu tivesse a chance,
Daisy. Eu acho que seu pai está trancado em sua própria
prisão, porque o monstro que levou sua mãe ainda
vive. Eu não quero isso para você.

Nós dois nos calamos. O serviço de quarto vem


e vai. Daniel sai da sala ao lado e comemos juntos,
em silêncio. Não sei o que Daisy está pensando,
como ela tem estado tranquila desde que eu lhe contei a
história.

Depois de comer, ela vai ao banheiro, e eu ouço o


chuveiro ser ligado por um tempo muito longo.

—Deixe-a em paz, cara —Daniel aconselha quando eu


levanto e olho para a porta do banheiro pela quinquagésima
vez.

Quando Daisy sai do banheiro com uma túnica branca,


ofereço-lhe algumas roupas que eu trouxe para ela. Calça
jeans macia, uma camiseta e um suéter de cashmere. Ela
leva-as para o banheiro e emerge de novo, o cabelo molhado,
mas completamente vestida.

Eu ofereço-lhe um copo de vodka, mas ela recusa.

—Eu vou me sentar na varanda um pouco.

Eu pego um cobertor e sigo-a, mas antes que eu possa


cruzar o limiar, ela coloca a mão no meu peito.

—Eu preciso de um momento para mim, ok?

A preocupação deve transparecer no meu


semblante porque ela eleva uma mão ao meu rosto.
Voltando, eu pressiono um beijo na palma da mão.

—Sim —eu digo. —Eu vou esperar por você.


Sempre.
Ela balança a cabeça e fecha a porta, que nos separa.
Eu inclino a minha testa contra o vidro até que eu sinto
Daniel me arrastar para longe.

Daisy
Alguns minutos mais tarde, eu volto para o quarto.

—Posso... posso falar com Sergei? Quero descobrir para


onde ele enviou Regan.

—Ele é seu —Nick diz, e seu tom é mais brusco. Ele


aponta para a porta entreaberta do quarto e fica de lado.

Eu olho para a porta e então de volta para Nick, mas ele


não me olha nos olhos. Ele está digitalizando o quarto
novamente, uma pretensão de segurança impedindo-o de
olhar para mim. Eu sei que ele quer me manter a seu lado eu
posso dizer pela forma como suas mãos continuam a se
fechar, mas ele está me dando espaço. Ele sabe que eu
preciso disso.

Ele me conhece tão bem.

Eu engulo em seco e empurro a porta, entrando


no quarto. É opulento, com um enorme espelho em
frente à cama king-size, os mobiliários do velho
mundo decoram o quarto. Sergei senta-se em um
espaço aberto, colado a uma cadeira colocada sob um
plástico. Eu fecho meus olhos por um minuto, não querendo
processar o significado do plástico.

Quando ele me vê, porém, seu olhar vai para a arma em


minhas mãos, e ele ri.

— Então —ele grita. —Eles enviaram a pequena flor


para passar a escritura?

Dou um passo para frente, tremendo. Mesmo que este


homem esteja preso na cadeira e pareça impotente, ainda
estou com medo dele. Ele é malévolo, este Sergei, e eu posso
sentir a maldade escoando para fora de seus poros e para o
ar que eu respiro.

Eu olho atrás de mim, e Daniel está na porta. Ele a


fecha e inclina-se contra ela, montando guarda. Ele está lá
para se certificar de que Sergei não vai me machucar, eu sei,
mas a sua presença não é tranquilizadora. Por um momento
eu gostaria que ele estivesse com Nick, mas eu acho que ele
precisa de tempo para processar a minha luta com quem ele
é.

Quero Nick, mas eu ainda não tenho certeza


sobre o fato de que ele é um assassino treinado. Os
dois podem ser separados?

Eu me aproximo da cama lentamente. Há


uma cadeira de madeira na mesa ao lado da cama,
e eu coloco cuidadosamente a arma sobre a mesa e o ângulo
da cadeira para que eu possa sentar-me de frente para Sergei
que ainda está preso a sua cadeira. O plástico faz barulho
quando eu me movo.

—Onde está Regan? —Eu pergunto. Minha voz é calma.


Eu aprendi isso com Nick, que a minha voz possa soar sem
medo, mesmo se estou tremendo por dentro.

Os lábios de Sergei puxam em uma careta magra, feia.


Percebo que faixas de baba secaram em volta da boca.

—A pequena loira? Você nunca vai vê-la novamente.

—Onde ela está? —Eu sou responsável por ela. Eu


preciso saber onde Regan está.

—Mesmo se eu soubesse pizda, eu não iria dizer-lhe —O


sorriso de Sergei é condescendente. —Provavelmente, ela foi
vendida para um bordel no mercado negro. Depois de a terem
usado até que ela esteja doente, eles vão trocá-la por seus
órgãos. Vai ser uma morte lenta e feia, e ela vai amaldiçoar o
seu nome a cada hora, até seu último suspiro. Como isso faz
você se sentir?

Sei que ele está simplesmente tentando me


irritar, mas suas palavras me ferem. Eu recuo.

Como se ele pudesse sentir minha dor, Sergei


continua. Ele acena para a arma sobre a mesa.
—Então, ele te enviou aqui para me despachar, não é?

—Eu não vou matar você —eu digo-lhe em voz baixa. —


Eu não jogo com a morte. Eu só quero saber onde minha
amiga está.

—Você não vai me matar, da —Ele ri de novo, como se


ele achasse isso engraçado. —Pobre Nikolai. Solitário,
descartado pela Bratva quando menino, abatido por uma
virgem inocente que o repele por quem ele é. Ele me arrasta
para você e coloca a arma em sua mão como o gato sarnento
trazendo um roedor ao seu mestre para aprovação. Ele não
compreende o seu desgosto, porque, para ele, é o trabalho
bem feito.

Seu sorriso é tão feio de se ver.

—Mas você não é como ele, é florzinha? O pensamento


de matar alguém como eu repele você, mesmo que o seu
Nikolai não hesitaria.

Não digo nada. Ele está certo sobre tudo até agora.
Estou curiosa para saber o que mais ele vai falar se eu
permanecer em silêncio. Nick usa muito essa técnica.
Eu vejo isso agora. Se ele não sabe o que dizer, ele
espera. Então eu me sento lá e olho de volta para
Sergei.

—Seu amante não pode protegê-la da Bratva,


porém, alguém pode? Daniel? —Ele balança a
cabeça na porta. —Ele não hesitaria em cortar minha
garganta. Mas Nikolai, ele é um romântico. Ele está
desesperado por sua aprovação, da? Devo contar-lhe uma
história sobre Nikolai?

Eu espero.

—Quando ele era um menino, Aleksandr estava


desesperado sobre o que fazer com ele. Ele me disse: ―Sergei,
eu tenho um jovem que estou treinando para ser ubitsya37.
Ele é bom, mas eu me preocupo que ele seja suave. ‖ E eu
perguntei: ― Quão suave Aleksandr? O que ele faz? ‖ Ele me
diz que ele tem seguido meninos. Isso quando os outros estão
fazendo experiências com prostitutas na tenra idade de doze e
treze anos, Nikolai, o prodígio do Aleksandr, tinha vindo a
fazer o mesmo com a idade de nove.

Eu pisco. Eu não vou deixá-lo me ver reagir.

—―Mas você sabe o que ele paga essas prostitutas para


fazer? ― Ele me diz. Ele me disse que Nikolai tem comprado a
prostituta mais velha de lá. Ela tinha cinquenta, com uma
pizda que é tão desgastada como um saco velho. Ele se
perguntava o que uma criança de nove anos de idade,
quer com essa mulher. Então ele o observou. E você
sabe o que Nikolai fazia com essa puta velha,
pequena flor?

37
Assassino
—Não o quê?

—Ele pedia para ela segurá-lo enquanto ele dormia —diz


ele com um sorriso na voz. —Ela cantava para ele para
dormir e fazia-lhe o jantar, e ele pagava à puta velha como se
ela fosse a peça mais fina na terra. Ele tinha afeição por ela.
Então eu disse a Aleksandr que havia uma maneira de fazê-lo
parar.

A sensação de mal vem em cima de mim enquanto eu o


escuto. Imagino Nick como um menino de nove anos de idade
sozinho, tão desesperado e carente de atenção que ele tem
que pagar uma prostituta velha para fingir ser sua mãe.

—Então, nós enviamos o menino para o bordel com um


projeto, da? Matar a prostituta ou ser expulso da Bratva. Ele
devia escolher sua família. E você sabe o que ele escolheu?

—Ele deixou-a viver? —Eu espero, mas assim que eu


digo isso, eu duvido que seja a verdade.

—Nyet —diz Sergei. —Ela era velha e doente, e devia


muito dinheiro a Bratva. Nikolai faz o trabalho com sucesso,
porque é como nós o treinamos. Ele é a criatura que
fizemos dele —Seu sorriso é fino novamente. — E ele
não chorou uma única vez. Este é o homem que você
ama. Ele mata porque é sua vida.

Eu acho que Sergei está errado. Eu acho que


Nick mata porque isto não significa nada para ele.
É simplesmente um meio para um fim, algo que ele foi
treinado para fazer, algo no qual ele é bom. Eu acho que se a
morte significasse algo para ele seria pior. Mas, para ele, é o
mesmo que abrir uma planilha e digitar números. É
simplesmente um emprego.

—Vejo que você não gostou da minha história —diz


Sergei. Ele se mexe na cadeira e eu recuo instintivamente
para trás, o que só o faz rir novamente.

—Por que você me contou essa história?

—Porque vai me dar grande prazer de ver a verdade em


seus olhos quando você olhar para Nikolai. Quando você
perceber que ele é um pedaço de merda trabalhada pela
Bratva. Ele nunca poderá ser um homem normal, pequena
flor. Ele conhece apenas o que nós lhe ensinamos.

Esta é a coisa errada a dizer para mim.

Sergei não sabe disso, mas suas palavras trabalham


contra ele. Nick é quem ele foi criado para ser, assim como eu
sou o que meu pai me moldou para ser. Um pouco torcido
mentalmente, algo doente da cabeça, e muito solitário
precisando de amor.

Isso não mudou. Eu ainda vejo o mesmo desejo e


necessidade nos olhos de Nick quando ele olha para
mim.
Ele é o mesmo homem, realmente. Eu simplesmente sei
a verdade sobre ele agora. Não há brilho mau, nenhum
mistério a respeito de quem e o que ele é. É quase uma
bênção.

Nick é o que eles fizeram dele.

Eu sou quem o meu pai me fez.

Olho para Sergei.

—Então me diga —Eu pergunto, e minha voz é


curiosamente calma. —Se eu não atirar em você, o que
acontece?

Ele ri a zombaria de volta em seu rosto.

—Pequena flor. O que você acha que acontece?

Eu considero.

—Eu acho que eu poderia levá-lo para a polícia —Eu


considero por mais um momento, e em seguida acrescento: —
E eu acho que você tem conexões suficientes para sair. Estou
certa?

Ele dá de ombros, mas eu vejo a partir do brilho


em seus olhos que eu acertei. Nenhuma delegacia vai
prender este homem oleoso. Ele tem muitas conexões.

—E se você sair, você virá atrás de Nick, não


é? Você não pode deixá-lo viver. Não enquanto você
respira. É você ou ele, certo?
Mesmo quando eu digo isso, percebo a verdade. Esta é a
tristeza nos olhos de Nick. Ele está me deixando escolher,
porque ele não acredita que ele mereça viver. Ele acredita
que, assim como Sergei, que ele nada mais é que uma
ferramenta inútil que só é bom matando. Ele não acredita
que seja digno de amor.

E se eu deixar Sergei ir, Nick vai desaparecer. Ele vai se


esconder e esperar que o matem.

Ele vai se esconder, como meu pai.

Aquilo me bate. Eu olho para Sergei com calma, a


maneira como ele sorri para mim, apesar do fato de que ele
está amarrado e impotente na cadeira.

Se eu deixar este homem ir, eu estou condenando Nick à


mesma vida que meu pai tem, uma vida de medo, de estar
constantemente olhando por cima do ombro. Seria uma
prisão de minha própria autoria.

Nick nunca seria livre.

Eu penso por um longo momento e olho para o duro e


feio rosto de Sergei. Suas grossas e espessas
sobrancelhas. A presunção presente lá.

Nick é quem ele é, porque ele foi criado dessa


maneira. Ele foi criado por sua família de
assassinos, a ser como eles. Ele não pediu para se tornar
quem ele era. Ele sobreviveu da única maneira que sabia.

Eu entendo isso. Eu sou um fruto da minha educação


também. E fui criada para saber como disparar uma arma,
no caso de eu precisar.

Eu fico olhando para a arma sobre a mesa.

Sergei segue o meu olhar. Ele ri.

—Então querida —ele zomba. —Como Nikolai ficaria


orgulhoso.

Eu o ignoro. A arma é uma americana, uma Glock, não


uma Russa, então eu sei como usá-la. Aperto o botão de
liberação do compartimento para verificar se há munição. O
tambor está cheio. Eu o empurro de volta no lugar com a
base da minha mão. É como se eu estivesse no porão da
minha casa mais uma vez. Eu puxo para trás e câmara que
tem uma bala. Eu só preciso de uma.

—Ah, esta é parte onde estou tremendo de medo e


imploro por minha vida, da? —A voz de Sergei é zombeteira.
Ele claramente não acha que posso fazer isso.

—Você não vai implorar por sua vida —eu digo


calmamente. —Você não acha que está em apuros.
Você não acha que eu posso fazer isso. Você acha
que eu vou deixar você ir e que eu vou levá-lo para
a polícia. Então você vai fazer algumas chamadas,
e você estará fora ao anoitecer.

Lembro-me do sistema legal na América e de como é


cheio de falhas. Como até mesmo um assassino pode ficar
livre rapidamente, se eles conhecerem as cordas certas para
puxar. Lembro-me disso muito bem. E eu me lembro de como
impotente isso me fez sentir da última vez.

Mas eu não sou impotente.

Sergei não diz nada. Ele simplesmente me observa,


zombando, com um olhar zombeteiro no rosto.

Eu cuidadosamente levanto a arma para a cabeça de


Sergei, movimento a trava de segurança, e calmamente puxo
o gatilho.

Eu não vou deixar esse homem destruir nossas vidas.

Ao matá-lo, eu escolhi Nick. Vejo sua escuridão, e eu


aceito isso. Eu amo Nick por quem ele é não o que ele é.

O tiro ecoa no quarto, e eu cerro meus olhos fechados


com a visão do rosto contorcido de Sergei, na projeção
vermelha em sua testa, no sangue no plástico.

Um grito soa do lado de fora da porta, e Daniel


surge à frente como se ele tivesse sido empurrado. Um
segundo depois, Nick abre caminho para o quarto,
ao lado Daniel. Ele olha para Sergei, morto na
cadeira, e então seu olhar desloca-se para mim
com a arma na minha mão. Não há orgulho em seus olhos,
mas perguntas.

Ele realmente não achou que eu iria fazê-lo.

Então, novamente nem Sergei.

Comecei a chorar. Grandes, soluços rasgaram minha


garganta, e eu jogo a arma sobre a mesa e me movo em
direção a Nick. Seus braços me envolvem assim que eu
pressiono o meu rosto contra seu peito.

—Daisy —ele murmura. —Meu amor. Você não


precisava.

Eu sei que não. Mas eu estou escolhendo uma vida sem


medo. Eu estou escolhendo a liberdade para Nick e para
mim. Penso na analogia de Sergei. Ele me arrastou para você
e coloca a arma em sua mão como gato sarnento trazendo um
roedor para seu mestre para aprovação.

Se Nick é um gato buscando uma aprovação, eu sou um


cão abusado que morde a mão antes que ele possa bater. Mas
eu não vou viver com medo novamente.

Eu não vou. E eu vou criar futuro com Nick. Eu o


amo muito.

Eu percebo que ele ainda pensa que eu o odeio,


assim como ele calmamente acaricia minhas costas
enquanto eu choro. Eu olho para ele e coloco a mão
em seu queixo, ainda chorando. Eu o forço a me olhar nos
olhos.

—Eu te amo, Nikolai —eu digo a ele. Nikolai, não Nick.

Meu Nikolai.

Ele endurece e há uma pergunta em seus solitários,


olhos tristes.

—Daisy, você sabe a verdade.

—Você é meu, Nikolai —eu digo-lhe suavemente. —E o


que você faz não define quem você é. Nós dois estamos
deixando nosso passado.

Seus olhos me observam com desconfiança por um


momento, e então ele me esmaga contra seu peito em um
abraço tão apertado que eu não consigo respirar.

Eu nunca mais quero deixar seus braços novamente.


Capítulo
Quinze
Nikolai
Não vejo Vasily antes de sair. Ele nos dá uma semana
para que as contusões de Daisy se curem. Elas são todas
superficiais, mas muito dolorosas. Daniel e eu levamos o
corpo de Sergei para o seu carro. Ele vai cuidar disso.

—Porco —diz ele. Eu não me importo.

Minha atenção está focada em Daisy. Ela chora à noite,


todas as noites, e eu a seguro enquanto ela se agarra a mim.
Antes de Daniel ir, Daisy o faz prometer encontrar
Regan. Seus pesadelos são uma mistura de medo por
si e por Regan.

—Seu nome, Daisy Miller, é o personagem de


uma história famosa, não é? —Pergunto-lhe uma
noite quando ela não consegue dormir. Eu não sei se o tempo
nas mãos dos Petrovich a incomodou mais do que a morte da
cabeça da serpente. Eu tenho medo de perguntar.

—Não —Eu posso sentir a trepidação suave de sua


cabeça contra meu peito. Eu dou a ela um pouco mais de
vodka. Ela tem ajudado nas noites para ela adormecer. —Eu
nunca ouvi falar disso antes.

—Da, Henry James escreveu sobre uma flor que ficava


fora da sociedade, mas é encantadora, no entanto —Eu não
digo a ela que a Daisy Miller na história é uma paqueradora
incorrigível menosprezada ou feita para o escrutínio por todos
ao seu redor. —Ela tem um final trágico.

—Grande —ela murmura. —Eu sou uma homenagem a


uma menina que morre?

—Da, seus pais sabiam disso? —Eu a acaricio e levo a


vodka contra seus lábios novamente. Ela engole e se
aconchega mais perto.

—Eu não acho que meus pais já ouviram falar de Henry


James. Minha mãe disse que eu era uma homenagem a
todas as margaridas selvagens que cresciam na
fazenda.

—É o nome perfeito —Eu gostaria de poder


mostrar a ela o quanto eu a amo, mas seu corpo
está ferido e dolorido. Mais tarde haverá tempo para amar.
Temos muitos dias juntos.

Após nossa semana de indulto, Daniel chega e nos


acompanha até o aeroporto Moscow Vnukovo. Ah, Daisy e eu
vamos tomar um jato particular para a Suíça. O inverno está
quase chegando aqui. Eu enrolo Daisy em uma pele
emprestada. Eu uso apenas uma camisa de manga comprida
e calça jeans emprestadas de Daniel. Tudo o que Daisy e eu
trouxemos para a Rússia continuará aqui.

—Eu tenho uma pista sobre Regan —Daniel diz a Daisy.


A menção do nome de Regan traz lágrimas.

—Obrigada —ela sufoca.

Daisy sobe as escadas para o jato, mas eu paro para dar


uma última olhada. A Rússia é uma grande terra misteriosa.
Há partes do País ao norte que poucos homens já
exploraram. No inverno, é dura e implacável, mas a cada
primavera a folhagem retorna. As pessoas aqui são
resistentes como a própria terra.

Meu coração dói um pouco quando percebo que


nunca poderei pisar em solo Russo novamente. Nem
na Ucrânia. Eu respiro fundo, querendo sugar e
preservar algumas coisas desta terra que me fez.

—Você vai perder este lugar, né? —Diz Daniel,


tremendo um pouco em seu casaco grosso. Sim, ele
é de um clima mais quente. Na minha camisa, eu não sinto
nada, apenas o ar limpo. Quanto mais frio o vento, mais
puro.

—Você vê paisagens duras e acres de neve, e eu vejo o


cobertor quente do inverno que abriga a terra até a hora em
que as sementes das flores subam novamente. Somos um
povo de resistência e sobrevivência.

Sinto Daniel encolher de ombros ao meu lado, a lã de


seu casaco pesado mal se movendo sobre o gesto.

—Então, você fez um sacrifício, mas sabe que seu


tesouro vale a pena.

Eu concordo. Deixar um pouco de mim aqui na Rússia


não é um sacrifício tão grande para ter Daisy em troca. Ela é
a personificação do espírito da minha bela pátria, resistente e
poderosa.

—Estou em dívida. Chamem-me antes de eu morrer


para que eu possa ir para o meu descanso sem restrições —
Expresso minha solicitação de tal forma que Daniel não pode
me negar. Ele balança a cabeça em concordância triste.

—Vá em frente, então. Vou chamar em breve —


Daniel empurra-me para subir as escadas, mas desta
vez eu sou o único correndo para dentro do jato.

Lá dentro, eu sento ao lado de Daisy. O


ambiente é pequeno, mas luxuoso. Não há
ninguém, apenas Daisy, eu e o piloto. Não há outros para nos
ver saindo. Eu não pergunto quem é o piloto, nem me
importa.

—Porque você não pode voltar? —Daisy pergunta,


pegando a minha mão.

—Os interesses Petrovich estão bem protegidos aqui na


Europa Oriental. Seus tentáculos são de longo alcance. Em
troca de matar Sergei, eu estou autorizado a ir embora com a
condição de não voltar.

Daisy faz um som abafado. Corro para tranquilizá-la.

—Nyet, não chore gatinha. Você é minha casa agora.

O voo para Zurique passa rapidamente, mas o tempo


todo não posso pensar em mais nada, apenas em Daisy nua
em uma cama grande. Eu sofro ao segurá-la e lembrando um
ao outro que estamos vivos. Seu aroma enche meu nariz e
pensamentos sobre ela em vários estágios de nudez e em
várias posições atormentam-me.

É difícil para mim levantar-me do meu assento quando


pousamos. Eu fecho meus olhos por um momento e
penso em Sergei sendo comido pelos porcos. Daniel me
prometeu que vai entregar o corpo a uma fazenda de
suínos, onde os animais vão comer Sergei. Isso é
suficiente para matar a minha ereção.
Eu mal noto o ambiente exuberante do hotel Baur Au
Lac. Percebo Daisy olhando com espanto para os lustres de
cristal e os pisos de mármore.

—Você gosta?

Ela balança a cabeça e, em seguida, suspira.

—Eu não vou me acostumar com isso.

—Eu gosto disso —Eu admito. —Isso significa que eu


posso mimá-la todos os dias.

—Se você me mimar todos os dias, eu vou ficar mal-


acostumada.

—Não, minha Daisy —Eu beijo-a ferozmente, no átrio do


hotel antiquado. Ela cora quando eu me afasto, e eu tenho
que me posicionar atrás dela para que algumas pessoas não
fiquem chocadas com a minha ereção. Uma vez que estamos
dentro da suíte do hotel, eu coloco Daisy em meus braços.

Ela desenha uma respiração profunda.

—Nick, eu quero que você me ame.

—Eu amo —Eu aperto minha espera.

—Não, quero dizer, fisicamente.

No início, eu não entendo, mas quando ela olha


para mim, um vermelho começa a se espalhar. De
repente a compreensão toma conta de mim, e estou
instantaneamente duro novamente.

— Sim, sim Daisy —Eu espalho beijos suaves na


têmpora e me afasto para verificar novamente se ela tem
certeza.

Ela mordisca os lábios e argumenta.

—Por alguma razão, depois de tudo isso sinto-me


envergonhada.

—Não faça isso —Eu a levo para o quarto, e os arredores


exuberantes do hotel são um cenário perfeito. Temos uma
vista para o parque, o lago, e do Canal Schanzengraben, mas
nenhum dos cenários interessa a qualquer um de nós. —Nós
deixamos tudo para trás, somos só nós agora.

Sento-a na beira da cama e começo a me despir. Quero


mostrar tudo para ela e quero que ela veja meu corpo
imperfeito. Os botões da minha camisa são pequenos e
tomam muito tempo, então eu arranco dois fora na minha
pressa para puxar a minha camisa. Minha camiseta sai e, em
seguida, minha calça, meias e cuecas. Meu pau está
projetando-se, faminto por ela. Eu o aperto para me
controlar, e ouço um suspiro satisfeito dela.

—Você quer isso, gatinha?


Seus olhos estão brilhantes e sua pele está arrepiada
enquanto observa meu corpo nu.

Estou tão cheio de alívio que eu quero me deitar antes


que caia, mas bloqueio meus joelhos e coloco as mãos atrás
da cabeça.

—Na Rússia, o seu corpo conta seus pecados ou seus


triunfos, dependendo de quem olha para você —Estou tenso
porque mesmo que ela saiba o que eu sou, ela não sabe tudo
o que fiz. E estou prestes a dizer-lhe, para que possamos
seguir em frente sem olhar para trás.

E assim, eu conto a ela sobre as tatuagens que cobrem


meu corpo.

—As estrelas nos joelhos significam que eu não me


curvo diante de nenhum governo. As marcas nos meus dedos
dizem que eu matei, e o punhal no meu pescoço que eu matei
por dinheiro. As marcas no meu ombro indicam o quão alto
na Bratva eu estava. Estas marcas dizem às pessoas que eu
não era um homem para ser fodido —Faço uma pausa e fecho
os olhos e rezo por força. —Gostaria de vir para você
sem mácula, se eu pudesse...

—E a inscrição em seu peito? —Sua voz suave


diz. Ela não se moveu.

—A morte é misericórdia —Eu ainda tenho


medo de abrir os olhos. Eu sinto seu olhar sobre
mim e minha ereção alonga. Eu não posso controlar a minha
reação a ela, e realmente eu não quero. Eu preciso que ela
saiba que eu a desejo em todos os momentos.

Enquanto os segundos vão passando, eu me pergunto


se cometi um erro ao me expor a ela. Que agora que ela viu o
verdadeiro eu, ela vai me afastar. Como Aleksandr fez. Assim
como minha família, quem quer que fossem. Eu estive
sozinho por tantos anos, e eu não sei como posso continuar
se Daisy me rejeitar.

Ouço um alvoroço contra os pesados lençóis de algodão


egípcio onde Daisy está, e então sinto o calor do seu corpo,
pois ela se aproximou do meu. Sua mão escova sobre o meu
peitoral direito e meu mamilo, e eu não posso parar os
tremores.

Ela arrasta os dedos debaixo do braço à minha volta,


onde ela traça a cabeça do lobo.

—E isto? —Ela pergunta, a sua respiração na minha


pele.

—Eu sou Vor, um lobo, um predador —Eu


respondo com voz rouca. Estes leves toques dela são
mais eróticos do que a dança de uma mulher nua na
minha frente. Ou duas mulheres nuas realizando
um ato indecente. Seus dedos trilham sob minha
pele, e gostaria de saber se ela vai terminar comigo.
Mal posso engolir. Então eu sinto a pressão de seus lábios no
meio das minhas costas.

—Oh, Nick —diz ela, sua boca movendo-se contra mim


—Meu Nikolai. Eu te amo, e não importam quantas tatuagens
você tem ou quantas coisas ruins você fez no passado. Sua
vida, eu ainda não posso começar a entender, mas eu quero
passar o resto da minha vida aprendendo sobre você.

Suas palavras são como uma faca contra os laços que


me seguravam. Eu me volto e agarro-a em meus braços.
Minha boca está sobre ela antes que ela possa dizer outra
palavra, ou soltar outro fôlego. Eu devoro sua boca como se
fosse a melhor iguaria em toda a terra. Minha língua
mergulha profundamente na caverna molhada de sua boca.

Eu balanço as pernas e ponho-a de volta para a cama. O


colchão nos envolve. Eu paro minha boca sobre sua
mandíbula e para baixo da coluna de sua garganta onde eu
encontro o pulso vibrando loucamente. Eu mordo este ponto,
e seus quadris se levantam para pressionar contra mim.

Eu empurro minha coxa entre suas pernas, e ela


começa a me montar. Sua umidade é evidente. Eu
esfrego mais duramente e arrasto minha boca e língua
sobre sua clavícula.

Suas mãos agarram minha cabeça quando ela


começa a entrar em um frenesi. Um gozo assim
seria fraco, e eu preciso estar dentro dela de alguma forma,
seja a minha língua ou meu pau. Quando eu me afasto dela,
ela dá um minúsculo, suspiro

—Não, Nick.

—Shhh, gatinha. Deixe-me ajudá-la.

Seu aperto na minha cabeça afrouxa e ela balança a


cabeça, ofegando um pouco.

—Eu vou cuidar de você. Vou te estimular um pouco


agora, e então, quando os tecidos estiverem inchados de
necessidade, eu vou dar-lhe prazer muito maior —Eu sorrio
maliciosamente para ela. —Um que nunca irá esquecer.

—Isso é verdade? —Ela balança a cabeça, e sua boca se


contorce com diversão. —Você vai falar sobre isso durante
toda a noite ou vai fazer alguma coisa?

Minha Daisy. Tão destemida e tão direta com sua fome.


Pergunto-me o que eu fiz de bom para ter os deuses sorrindo
para mim assim.

—Vou fazer alguma coisa —Eu asseguro. —Mas,


primeiro, vou remover suas roupas.

—Eu não tenho quaisquer tatuagens —diz ela,


olhando para mim através de seus cílios. É um olhar
projetado para trazer um homem de joelhos. É bom
que eu já estou prostrado ou eu teria caído.
—Vou providenciar —Eu prometo. A camisa de seda que
eu comprei na loja do aeroporto oferece pouca resistência
quando eu a rasgo.

Ela engasga, mas depois ri um pouco de minha ânsia.

—Nick! Essa era a minha única camisa! —Diz ela,


agarrando os lados da seda rasgada. Eu deslizo minhas mãos
até seus seios. Seus mamilos estão eretos e prontos para a
minha boca. Eu ignoro seus comentários sobre suas roupas e
mordo seu mamilo através do tecido. Minha gatinha gosta
disso porque seus protestos morrem, e suas mãos deixam
sua camisa para deslizar pelos meus ombros. O toque de
seus dedos contra a minha pele nua é o céu.

Eu aperto um dos seios e belisco o mamilo com minha


boca através da renda do sutiã. Minha mão livre alcança
debaixo dela e solta o fecho. Logo seu sutiã se foi e seus belos
seios são descobertos para o meu olhar e meu toque. Eu
coloco beijos molhados em torno dos montes e, em seguida,
sugo o mamilo do seio duro em minha boca.

Seus gritos de prazer ecoam pelo quarto, e eu


posso sentir suas pernas se moverem sem descanso
sob de mim.

—Você tem os seios mais bonitos, gatinha....


Eu poderia passar o dia todo entre eles. —Eu os
agarro e os beijo com fervor. —Eu lamberia estes
montes e mordiscaria os picos até que você estivesse gozando
na minha coxa.

—Deus, Nick, por favor —ela geme.

—Por favor, o quê? —Eu provoco-a.

—Estou sofrendo! —Diz ela.

—É o seu coração? —Eu coloco um beijo suave sobre


seu peito esquerdo.

—Não, você preencheu isso. Eu sinto um vazio muito


menor.

Suas palavras me aquecem como o sol.

—Esse pedido foi bem formulado. —Eu digo a ela. —


Como posso não chupar sua boceta quando você me pede tão
bem?

Ela me acerta ligeiramente com a mão. – Nick! Não foi


isso que eu quis dizer.

Balanço a cabeça e sorrio. Nunca havia pensado que


sexo poderia ser assim. Alegre e brincalhão, mas ainda
erótico.

—Eu sei o que você disse, devo ler nas


entrelinhas?

Ela ri como eu pretendia, mas seus risos são


cortados quando eu movo mais baixo entre as
pernas. Eu puxo a saia que comprei e encontro um
minúsculo fio dental por baixo. Ele mal cobre seu monte
sexy. Eu puxo-o de lado e vejo a umidade de sua excitação
brilhando nos lábios de sua boceta e entre as coxas.

—Você parece deliciosa, gatinha. Eu não posso esperar


para comer você.

Uma torção dos meus dedos e quebro os laços de sua


tanga.

—Eu ficarei completamente sem roupas se você


continuar destruindo todas elas. —Daisy diz, mas eu posso
dizer pela maneira que suas coxas caem abertas que ela não
se importa com os pedaços de tecido que estou devastando.

—Mmmmm —é tudo o que eu digo. E logo não posso


dizer mais nada porque estou lambendo seu néctar. Eu
coloco o amplo comprimento da minha língua ao longo de sua
costura e varro-a da frente para trás em longos cursos
languidos como se eu fosse o gato e ela fosse o leite.

O clitóris se projeta a partir de seu capuz e implora para


eu chupá-lo. Eu coloco minha boca sobre ele e o chupo.
Estendo a mão e aperto os seios. Suas coxas estão
agarrando a minha cabeça e as mãos estão puxando
meu cabelo com urgência.

Eu não paro.

Eu chupo e lambo e mordo e chupo mais até


que seus gemidos se transformam em gritos e seus
gritos se transformam em mais gritos. E ela estremece a sua
libertação por toda a minha língua.

Em seu interior inchado e macio eu deslizo um dedo,


suavemente violando sua inocência. Ela é lisa e apertada.

Seu primeiro instinto é deslizar afastando-se.

— Não. —Ela chora. —Não. Espere.... É muito de uma


só vez, Nick.

—Não, gatinha, nós apenas estando começando —E eu


começo novamente. Eu deslizo mais um dedo,
superficialmente transando com ela. Quando seu canal macio
dá forma, eu deslizo os dedos mais profundamente. Eu meço
sua reação para garantir que a dor é mínima.

O corpo dela está coberto de suor, fazendo-a brilhar. Eu


quero lamber cada polegada dela e eu vou. Seu rosto é uma
pintura de erotismo concentrado. Seu lábio inferior está preso
entre os dentes e os dedos agarram os lençóis enquanto eu a
preparo para outro orgasmo. Seu canal está apertando os
meus dois dedos. Eu deslizo um terceiro dedo. Três dedos
ainda é menos do que a ponta do meu pau, e eu quero
fazer isso o mais simples possível para ela.

Com o polegar, eu trabalho o clitóris. Meus dedos


bombeiam dentro e fora dela em um ritmo
constante. Seus seios estão saltando, e eu não
posso resistir a sua demanda. Eu dobro minha
cabeça e sugo um e depois o outro, ainda trabalhando meus
três dedos dentro dela.

Seu corpo está tenso e suas coxas apertam a minha


mão com força enquanto seu corpo se inclina para fora da
cama e ela grita meu nome novamente. É o som mais glorioso
que eu já ouvi.

Eu continuo acariciando-a através de seu orgasmo, e eu


sinto os músculos de sua vagina se apertarem novamente em
seu orgasmo. Ela está tremendo e chorando.

—Oh meu Deus, oh meu Deus —ela canta, batendo a


cabeça para trás e para frente. Eu puxo meus dedos
lentamente e apalpo seu monte, pressionando meus dedos
contra os lábios de sua boceta. Ela continua a se agitar, e eu
beijo seu rosto com ternura, lambendo as lágrimas que
derramam dos lados de seus olhos. Quando os tremores de
seu orgasmo passam, ela rola para dentro de mim e eu a
abraço apertado.

—O que é que foi isso? —Ela pergunta com espanto. Eu


engasgo uma risada.

—Você teve um orgasmo —Eu digo a ela.

—Mas eu já tive antes, não foi? —Ela soa


deliciosamente confusa, e se meu pau não doesse
tanto da necessidade de estar dentro dela, eu
poderia ter passado cinco minutos rindo. Como a
dor na virilha impediu isso, apenas dou uma risada fraca.

—Sim, mas eles podem variar de intensidade —Eu puxo


as cobertas sobre ela e levanto-me para molhar uma toalha
para ela. —Mas eu sempre irei torná-los melhores para você
—Eu digo presunçosamente do banheiro.

—Promete? —Ela ainda soa atordoada, e meu peito


incha de orgulho com o quão bem eu fiz a minha mulher
gozar. Eu torço o pano e testo-o contra o meu pulso. Não
muito quente.

—O que você está fazendo? —Ela olha com curiosidade


para mim.

—Eu estou cuidando da minha gatinha —digo a ela.


Puxando para baixo os lençóis, eu pressiono o pano entre as
pernas.

—Isso é normal, certo? – A incerteza enche sua voz. —


Eu sinto que eu não sei de nada.

—É —eu asseguro. Eu puxo para baixo o lençol de modo


que seu lindo corpo está exposto. A timidez a atinge, e ela se
move para cobrir os seios e seu púbis. Em vez de
retirar as mãos dela e dizer a ela que ela não deveria
sentir vergonha de mim, eu rolo-a de modo que suas
costas e nádegas lindas estejam expostas. Eu
aperto um pouco da loção do hotel em minha mão e
começo a esfregar as costas. Seus músculos aqui
estão tensos, talvez porque ela não esteja acostumada a estar
nua.

Com cursos longos, eu acalmo seus músculos e os


nervos, pressionando e esfregando todos os lugares seguros.
As omoplatas, as curvas de seus pequenos bíceps, o recuo na
parte inferior das costas. Quando ela relaxa, eu começo a
aprender suas zonas erógenas. Eu paro meus dedos do lado
de seus seios e sobre a curva de suas nádegas. Esfregando ao
longo de suas coxas, eu permito que as pontas dos meus
dedos toquem levemente sua boceta. Ela se move sem
descanso contra os lençóis, mas sua excitação é apenas uma
pequena chama, e eu quero que seja uma labareda. Eu quero
ver a umidade pintar suas coxas e ouvir seus suspiros
ofegantes. Quero que a primeira vez dela seja uma memória
de prazer gloriosa em vez de dor.

O foco da minha massagem se move para baixo, e eu


presto especial atenção aos tornozelos sensíveis e as solas
dos pés. Ela é sensível atrás dos joelhos e no interior das
coxas. Todas os locais que eu friccionei com meus dedos, eu
sigo com a minha língua e boca, evitando as zonas
eróticas óbvias. Daisy geme, talvez de prazer ou
aborrecimento ou ambos.

—Você está me matando —diz ela, e em


seguida tenciona-se. Toda a minha sedução para
nada. A palavra "matar" trouxe de volta memórias
ruins. Eu franzo a testa para ela, mas deito-me ao seu lado e
tomo-a em meus braços.

—Há homens maus neste mundo, e às vezes eles


precisam ser removidos para que o seu dano não possa se
espalhar para os outros.

Ela estremece, e eu a seguro com mais força.

—Isso nunca vai embora? —Ela pergunta.

—Sim e não. O sentimento de culpa vai desaparecer,


mas você nunca vai esquecer esse momento – Eu me debato
sobre o que dizer, pois não tenho experiência em consolar
alguém que eu amo. Não tenho experiência com o amor
também. —Eu acho que você vai encontrar um pouco de paz,
mas não há problema em não sentir isso agora.

—Eu sei que não devo me sentir culpada. Eu não


deveria, porque ele vendeu Regan a Deus-sabe-quem, e ele
queria me machucar e queria matá-lo. Eu não deveria me
sentir culpada, e ainda assim eu sinto —Um soluço a corta.
Ela vira a cabeça e chora baixinho no meu pescoço, e as
lágrimas são como picadas de agulha na minha pele.

—Shhh, gatinha —eu sussurro repetidamente


enquanto eu a balanço. As lágrimas diminuem
eventualmente, e Daisy se afasta dos meus braços
para se deitar de costas.
—Sinto muito —diz ela, incapaz de me olhar nos olhos.

—Não há nada para se desculpar —Eu rolo para o meu


lado para que eu possa olhar para ela. A necessidade de tocá-
la é forte, então eu a puxo ao meu lado e descanso minha
cabeça em cima dela. Nós dois nos abraçamos em silêncio por
algum tempo até que o sono nos toma

Eu desperto com uma mão macia entre as minhas


pernas e os lábios na curva da minha garganta. Por um
momento, eu acho que devo estar sonhando e eu sigo para
baixo e encontro uma mão frágil. Daisy.

Seus dedos começam a se afastar, mas eu antecipo seus


movimentos. Em vez disso, eu aperto a mão dela mais forte
em volta do meu pau já duro e mostro a ela como me tocar.

—Você gosta mais áspero do que eu pensava —ela


sussurra.

Você não tem ideia, kotehok. Eu penso silenciosamente,


mas eu digo

—Sim, mais apertado, um pouco duro —E começamos a


acariciar-me juntos. Eu puxo sua boca em direção a
minha, e nos beijamos, de boca aberta e vorazmente.
Nós nos beijamos enquanto eu encontro a liberação.
Meus jatos em longos espasmos, translúcidos, o
sêmen lubrifica nossas carícias. Eu gemo alto
quando ela me puxa com mais força. —Sim, assim
mesmo —Eu suspiro, e então não posso dizer nada por um
longo tempo.

Eu limpo sua mão e a minha com o pano descartado.

—Você ainda está duro —ela observa. Meu pau empurra


em antecipação.

—Eu estou —digo a ela. —E eu vou estar até que eu


entre dentro de você.

Seus olhos azuis estão em chamas de desejo por mim.

—Então, venha para dentro de mim —ela convida, e eu


quase venho novamente somente com o seu convite.

É tudo o que eu estava esperando.

—Minhas mãos estão tremendo —Eu levanto minhas


mãos para mostrar a ela que elas estão tremendo
ligeiramente. —Eu deixarei você me levar para que eu possa
me controlar o suficiente para dar-lhe prazer.

Ela balança a cabeça para mim, espantada.

—Nick, você não tem que tentar tão duro.

—Nunca —Eu embalo sua cabeça em minhas


mãos. —Você deve me puxar quando eu parar de
tentar. Nenhum esforço é demasiado por você. Agradar
você é o maior privilégio que existe.
Eu posso dizer a partir do olhar em seu rosto que ela
não acredita em mim, mas é a verdade.

Eu deixo cair a minha boca na dela e beijo-a até que ela


fique sem fôlego. Eu começo a mapear o corpo dela mais uma
vez, desta vez observando que seu peito direito é mais
sensível do que o esquerdo. Com minhas mãos, eu moldo os
seios, beliscando e apertando as pontas eretas. Algum dia o
nosso filho vai mamar aqui.

Alcançando entre nós, eu passo sua lubrificação sobre


os lábios de sua boceta e depois sobre o meu pau. Meus
dedos escorregam dentro dela facilmente, o nosso jogo
anterior a fez ficar pronta para mim. No interior, seus
músculos me apertam, e eu mordo o meu lábio com força
para evitar gozar.

Suas mãos passeiam sobre meus ombros e emaranham-


se no meu cabelo. O toque é amoroso e gentil. Eu nunca vou
ter o suficiente dela. Eu levanto-me em meus cotovelos e
beijo-a novamente e novamente, mergulhando o tempo todo
meus dedos dentro dela. Eu passo a palma da mão em
seu osso púbico e ela grita de prazer.

—Eu tenho que provar você novamente —Eu


empurro para baixo entre suas pernas e levanto-a
para a minha boca como se ela fosse uma festim, e
então eu a como, como se eu fosse um homem
faminto até que ela vem e eu bebo seus sucos.

Quando ela estremece de seu orgasmo, eu chego até a


mesa de cabeceira e rasgo um preservativo. Embainhando a
mim mesmo, eu esfrego apenas a ponta sobre sua carne já
sensível, e ela treme e se agarra aos lençóis, seus olhos
atordoados. Eu empurro um pouco, e mesmo que eu tenha
colocado os meus dedos nela várias vezes hoje, ela ainda é
muito apertada.

—Algum dia em breve eu vou levá-la sem uma barreira,


da?

Ela balança a cabeça.

—Eu vou tomar a pílula imediatamente.

—Ou talvez nós façamos um bebê? —Eu abro meus


dedos sobre sua barriga. —Algum dia.

Seus olhos brilham e ela sufoca

—Algum dia.

Eu não posso me segurar por mais tempo. O controle


apertado de sua vagina na ponta do meu pau é um
tormento requintado. Eu empurro lentamente e sinto
os tecidos cederem. Meus olhos digitalizam seu rosto
para que eu possa puxar para trás ou me afastar se
houver qualquer sinal de dor, mas não há nenhum.
Quando eu finalmente estou afundado ao máximo,
é quase demais. Eu quero ficar dentro dela para sempre.

—Eu não quero deixá-la, gatinha. Nunca.

—Então não deixe —ela diz, suas mãos vibrando sobre o


meu corpo. —Nós vamos fazer amor neste belo quarto de
hotel até morrer.

—Um final perfeito —Eu concordo. O instinto assume, e


devo me mover. O primeiro movimento do meu pau para fora
seu canal provoca um gemidos de nós dois. É o sentimento
mais glorioso. Eu empurro para dentro dela.

Não há nada mais que exista neste mundo, só ela e eu.


Eu a levanto de modo que estamos praticamente na vertical e
seu pequeno clitóris pode esfregar contra a minha pélvis.
Minha mão emaranha em seu cabelo e angulo a cabeça para
que eu possa devastar sua boca. Minha outra mão agarra
suas nádegas quando eu a guio para mim e, em seguida,
dirijo de volta para dentro. Novamente e novamente nós
pressionamos um contra o outro até que eu posso sentir sua
boceta convulsionar em torno de mim. Eu sinto as
ondulações de sua liberação contra meu pau e ouço
seus gritos contra a minha boca. Quando eles
começam a diminuir, eu bato contra ela até minha
própria liberação venha, e eu gozo no preservativo
entre nós.
Ternamente eu a descanso contra os travesseiros. Fios
de cabelo estão aderindo ao seu rosto e eu o empurro de lado.
Ela está muito cansada para fazer mais do que sorrir
fracamente para mim. Eu sinto como se tivesse conquistado
uma montanha. Eu poderia correr mil milhas por aquele
sorriso. Rapidamente, eu descarto o preservativo e subo de
volta para a cama com ela. Puxando as cobertas, eu dobro
seu corpo relaxado ao meu lado.

Ela resmunga alguma coisa e, em seguida, cai no sono.


Eu fico olhando para o teto e faço uma dúzia de promessas a
diferentes divindades agradecendo-lhes por seu presente e
jurando mantê-la segura e feliz durante o tempo que eu tiver
fôlego.

—O que vamos fazer hoje?

—Primeiro, vamos para o distrito Paradeplatz 38 e a


levarei para abrir contas bancárias —Eu coloco meus dedos
sobre sua boca. —Não discuta. Isso será feito.

—Eu não estou com você pelo seu dinheiro...

A boca de Daisy vira para baixo no canto, e não


posso me impedir de beijá-la. Eu passo minha língua
sobre os lábios pressionados até que eles se
separam, e, em seguida, nenhum de nós

38
É uma quadra em Bahnhofstrasse na cidade de Zürich, zona de localização dos bancos
argumenta durante vários minutos. —Em seguida, iremos a
Bahnhofstrasse 39 , onde você vai me dizer o que eu deveria
estar usando cada minuto do dia por cima da minha cueca, e
então eu vou ajudá-la a escolher pedaços deliciosos de rendas
e seda que tocarão suas partes intimas quando meus lábios e
mãos não puderem.

Daisy fica vermelha e balança a cabeça, mas ela está


sorrindo.

—Eu espero que você tenha um monte de dinheiro,


porque você claramente sabe como gastá-lo.

Eu me inclino para trás contra os travesseiros macios.

—Eu não sei o quanto eu tenho, mas é o suficiente para


comprarmos algumas coisas.

Mais tarde no hotel, eu me sento na varanda com vista


para o rio, bebendo um café. Daisy vem do interior, agitando
o extrato bancário. —Você nunca olha para isto?

Eu dou de ombros.

—Sim, mas o que isso importa? Eu não tinha nada.


Enquanto eu não estivesse com fome ou pudesse
comprar uma arma necessária, o montante não era de
nenhuma preocupação.

39
Bahnhofstrasse é o centro da cidade de Zurich, e um dos locais com as lojas mais caras e exclusivas do
mundo
Daisy fecha os olhos como se pedindo por paciência.

— Isto daria para milhões de pessoas. Eu não acho que


nós poderíamos gastar tudo isso mesmo que nós
comprássemos na Bahnhofstrasse todos os dias.

—Então não vamos nos preocupar com isso.

Minha falta de preocupação com isto está incomodando


Daisy, então eu puxo o extrato de sua mão e coloco-o sobre a
mesa.

—Não me importa o que eu tenho contanto que eu possa


estar com você, kotehok. Estou feliz vivendo em uma caixa,
desde que você esteja compartilhando a caixa comigo – Eu a
puxo para baixo em meu colo.

Ela se vestiu em um dos trajes pretos elegantes que


compramos em uma das lojas com letras douradas que
cobriam a avenida comercial. Algumas dessas lojas não
tinham etiquetas de preços, o que tornou mais fácil para mim
a tarefa de comprar roupas para Daisy sem argumento. E
uma vez que muitas das lojas tinham acordos com os bancos
no distrito financeiro, eu apenas assinava uma nota de
crédito discreta, sem Daisy perceber. Muito mais fácil
dessa maneira.

Eu coloco minha boca sobre a minha parte


preferida de seu pescoço onde o pulso bate. A
evidência de sua vida e sua paixão. Quando eu o
chupo, posso sentir o bater de seu coração acelerar e
suspeito que se eu deslizar minha mão sob sua saia, a
calcinha de seda rosa delicada estaria molhada.

—Ainda assim, eu acho que eu deveria conseguir um


emprego quando voltarmos, e que ambos devem aprender a
gerir o dinheiro —Daisy diz, mas posso dizer que o seu
coração não está na sua reprimenda. Ela inclina a cabeça
para que eu possa obter um melhor acesso ao seu pescoço.

—Você está dolorida, kotehok? —Eu só a tomei uma vez,


embora ela gozou várias vezes. A minha pergunta corajosa a
faz contorcer-se no meu colo, e meu pau responde de
maneira previsível.

—Na verdade não —Ela parece um pouco sem fôlego. Eu


suspeito que o corpo de Daisy, recém-despertado, esteja com
tanta fome quanto o meu. Meus dedos deslizam para cima de
sua coxa e suas pernas se abrem. Entre elas sua excitação é
evidente. Mexendo meus dedos, sinto barreira fina entre o
meu toque e seu clitóris encharcado. Eu empurro o material
de lado e esfrego-a ligeiramente. Ela geme, e eu puxo o
queixo de lado de modo que eu possa beijá-la. Meus
dedos empurram por sua passagem ainda apertada, e
eu a fodo com a minha língua e os dedos até que ela
está chorando em minha boca.
—Vamos ver como se sentirá num banho —eu sugiro,
levantando-a em meus braços.

—Um banho? —Ela parece desapontada.

—Sim, eu quero te foder enquanto você está sentada na


frente de um jato na banheira. —Eu não lhe dou qualquer
momento para protestar, prendendo minha boca na dela
novamente e caminhando diretamente para o banheiro.

Nós não saímos até horas mais tarde, quando a nossa


pele está enrugada e utilizamos metade da capacidade de
água quente do hotel.
Capítulo
Dezesseis
Daisy
Quando voltamos para os Estados Unidos, vamos para o
meu apartamento. É calmo e solitário, há poeira sobre os
móveis e alimentos estragados na geladeira. Não é o mesmo
sem Regan. Eu ainda não sei onde ela está ou o que
aconteceu com ela. Estou com medo de que não possamos
encontrar minha amiga, e pesadelos sobre o que está
acontecendo com ela me mantem acordada durante a noite.

Estivemos fora por seis semanas. Nós não ouvimos mais


sobre Regan. Daniel estava procurando, disse Nick.
Poderíamos confiar nele para trazê-la segura para casa.
Nós só tínhamos de ser paciente. Um número de
contas vencidas estava em nossa porta e uma ordem
de despejo estava presa sobre ela. Ótimo. Não
importa mais, eu suponho, mas a visão do aviso na
porta me perturba. É como se não importasse o
que eu faço, eu ainda estava arruinando a vida de Regan.

Nick vai para baixo e fala com o senhorio e pede a


chave.

O proprietário vem com Nick, resmungando sobre as


meninas volúveis e inquilinos abandonados. Pela forma como
Nick está apertando sua mandíbula, posso ver que a
paciência de Nick está se esgotando. O senhorio nos deixa
entrar, e está uma porcaria em todos os lugares, como se
algum viciado em drogas tivesse quebrado tudo procurando
por coisas valiosas.

Eu encontro o telefone de Regan em sua cama. Ainda


está quebrado. Vou ter que carregá-lo e chamar as pessoas. O
namorado dela. Becca. Os pais de Regan. Quero chorar por
todas as más notícias que devo compartilhar. Mas, por agora,
eu tenho que ser forte.

Nick está sempre ao meu lado. Ele esfrega minhas


costas e me ajuda a arrumar tudo.

Depois que tudo está ajeitado no apartamento e o


proprietário é pago por dois meses de aluguel atrasado
e três meses pelo ―incômodo", como ele chama,
estamos caminhando para um canil onde Nick diz que
o cão do Sr. Brown está. Eu nunca tive um
cachorro, mas eu acho que ele é um órfão como
Nick e assim os dois pertencem um ao outro.
Além disso, talvez ele vá ajudar o meu pai.

Nick prometeu que Daniel iria encontrar Regan, mas


Daniel é apenas um homem, e a rede da Bratva é vasta. Eu
poderia nunca mais ver Regan, nunca mais ouvi-la me
chamar de Pollyanna dessa forma alegre, rindo dela.

Então, quando eu arrumo minhas coisas, eu faço as


malas dela, também. Vou mantê-las por ela até que ela
retorne para reclamá-las. Nick me garante que Daniel é um
especialista no que faz. Vou ter fé e esperar. E assim eu
arrumo tudo.

Porque eu estou indo para casa.

Eu percebo, depois de tudo o que aconteceu em Moscou,


que eu estou diferente. Eu ainda sinto a mesma alegria na luz
solar sem restrições, o prazer em caminhar pela rua
segurando a mão de Nick, e desfrutando de coisas pequenas
como ir jantar juntos.

Mas eu não sou tão inocente como eu era. Eu abraço


essa parte pequena, quebrada de quem eu sou. Se Nick é a
escuridão com uma semente de luz dentro dele, eu sou
a luz com a qual a semente germina na escuridão. É o
que nos torna tão perfeitos um para o outro.

Nick leva o telefone para a loja de celular para


que ele possa obter uma lista dos contatos de
Regan. A conversa com os pais é insuportável. Não
tenho respostas para eles. O namorado de Regan parece
quase desinteressado. Ele nunca sai do apartamento. Ele leva
vários dias para arrumar o lugar. Eu trabalho lentamente, em
parte na esperança de que Regan irá aparecer pela porta um
dia e surpreender todos nós, e em parte porque eu estou
gostando deste tempo com Nick.

Meu doce, quebrado Nick.

Apesar do fato de que eu sei a verdade sobre ele, ele está


convencido de que, de alguma forma, eu vou chegar a um
ponto de ruptura algum dia e o deixar. Então, à noite, ele me
puxa para perto dele, e nós conversamos. Falo-lhe da minha
educação, minhas memórias tristes com o meu pai, e ele me
conta histórias de trabalhos que lhe incumbiram. Ele está
sempre batendo nas pessoas horríveis: coletores de órgãos,
usuários de drogas, traficantes pervertidos. Nunca inocentes.
E ele me conta as histórias de suas tatuagens, e o que elas
significam, como se estivesse vendo nessas marcas de quem e
o que ele era, alguma forma me afastar.

Mas eu ouço suas histórias sem comentários, e


beijo suas tatuagens quando fazemos amor. Vai levar
tempo antes de Nick perceber que ele é digno de meu
amor, mas eu sou paciente. Como posso não amar
esse homem que me olha com tanta adoração em
seus olhos? Que adora o meu corpo e alma? Quem
me trata como se eu fosse a coisa mais preciosa
que ele já tocou e acredita que ele não está autorizado a
respirar meu ar?

Cada dia que passa, eu amo Nick cada vez mais. Eu não
me importo sobre o seu passado. Nós vamos construir o
nosso próprio futuro, juntos.

Ele concordou em voltar para casa comigo. Meu tempo


em Moscou me ensinou muito sobre mim, mas também me
ensinou muito sobre o meu pai. Agora eu sei que lidei com a
situação entre nós de forma errada. Eu não deveria ter ido
embora para longe do controle de meu pai. Eu deveria ter me
afirmado por conta própria. O controle obsessivo do meu pai
veio do medo, e eu lhe permiti me governar. Agora que eu me
recuso a viver com medo por mais tempo, eu quero voltar
para o lado de meu pai, e apoiá-lo, ajudá-lo a voltar para o
mundo real.

Nick prometeu estar ao meu lado em cada passo do


caminho.

Nós alugamos um sedan e o enchemos com minhas


poucas posses e as coisas de Regan. Nick tem apenas
um saco, e é de roupa. Estou triste ao ver que meu
pobre ubitsya não tem posses pessoais, salvo aquelas
que ele roubou de mim, e suas armas, que ele
cuidadosamente esconde no carro.
Mesmo que tenham passado semanas desde a morte de
Sergei e Daniel prometeu nos limpar da base de dados da
rede, Nick não se move livremente a menos que ele esteja
preparado para todos e quaisquer ataques. Ele não vai me
deixar ser levada novamente, diz ele.

Eu estou bem com o seu amparo. Eu não quero ser


afastada dele novamente, de jeito nenhum.

Quando dirigimos até a fazenda de meu pai, ela parece


tão solitária e abandonada como sempre. A grama no quintal
está na altura do joelho, e as folhas de madeira ainda estão
pregadas acima das janelas.

Nick me dá um olhar incrédulo quando estacionamos.

—Este é o lugar onde você viveu Daisy?

Eu concordo. Eu tenho um nó na garganta ao vê-lo.


Para mim, isso não se parece mais com uma prisão. Ela só
parece triste. Solitária. Eu quero corrigi-la, porque eu não
estou mais sozinha. Não com Nick ao meu lado e seu amor
alimentando meu coração.

Nós estacionamos o carro, e Nick vai para o meu


lado e abre a porta para mim. Eu finjo não ver a arma
escondida em sua jaqueta, porque Nick não está
confortável a menos que ele esteja vigilante, e isso é
algo que meu pai vai entender. Nick me ajuda a
sair do carro e, em seguida, os dedos conectam-se
com os meus. Nós damos as mãos quando nos aproximamos
da porta, e eu dou ao meu pai a batida especial para que ele
saiba que sou eu.

Momentos depois, ouço o barulho das trancas, seis


delas no total, quando elas são destravadas. A porta se abre
em trevas, e não há ninguém lá para nos receber. É a
maneira como meu pai abre a porta e, em seguida, se
esconde por trás dela, apenas no caso de ser um intruso.

Faz Nick instantaneamente cauteloso, e vejo sua mão


subir para sua jaqueta, mas eu o acalmo com um tapinha no
braço e passo em frente.

—Pai?

—Daisy?

É a voz do meu pai. Ele soa tão velho e cansado. Damos


um passo dentro, e Nick fecha a porta. Assim que entramos,
as luzes se acendem.

—Você voltou para casa —meu pai diz, dando um passo


para frente, e há lágrimas em sua voz.

Eu o abraço perto, surpreso com o contato. Meu


pai não tinha me tocado por tanto tempo, pelo menos
não por afeição. Sua aparência normalmente
arrumada está desgrenhada, e a sala de estar está
uma bagunça. Embora eu tenha saído, meu pai
ficou caindo aos pedaços. Sinto-me culpada, e dou
a Nick um olhar infeliz por cima do ombro.

—Eu estou aqui, mas eu não vou ficar —digo a ele. Eu


não vou viver sob este teto novamente. —Este é Nick. Nós
estamos indo morar juntos. Há uma casa para alugar na
estrada, e nós estamos indo morar lá.

Nós vamos nos casar, também, e ter filhos, mas eu sei


que vou ser a única a propor. E eu gosto disso também,
porque eu gosto de controle. Eu só não contei a Nick todos os
meus planos ainda. Ele ainda acha que ele não é digno deles.
Vou dar-lhe tempo para perceber que eu não vou a lugar
nenhum.

Meu pai está chorando, mas eu só bato em suas costas


e murmuro coisas para ele. Eu o entendo agora, quando eu
antes não fazia. Digo-lhe que não vou deixá-lo de novo, e que
podemos começar de novo.

Porque agora eu sei o suficiente sobre mim mesma para


assumir o controle do que eu quero. Com Nick ao meu lado,
posso ser forte e destemida o suficiente pelo meu pai e por
mim. E uma vez que meu pai começar a ficar por cima
do terror paralisante, vamos seguir em frente, nós três,
com as nossas vidas. Eu quero ir para a faculdade.
Quero que Nick também vá, para que ele não se
sinta como se fosse inútil e sem valor. Meu Nick
ama a arte, e ele fala sobre o curador tantas vezes.
Eu quero que ele tenha aulas de arte, e eu sei que iria
agradá-lo.

É um novo começo para todos nós.

Eu penso nisso, e então eu penso em Regan, que disse a


mesma coisa para mim tantas semanas atrás. Oh, Regan, eu
penso. Eu sinto muito. Eu oro para que Daniel a encontre em
breve.

Nikolai
—Não me fale desse homem.

Daisy e eu alugamos uma pequena propriedade na


mesma rua de seu pai. Estamos estabelecendo-nos, mas eu
tenho uma obrigação excepcional. Daisy gostaria que eu
simplesmente a esquecesse, mas eu sou um homem de
palavra.

—Por que não, Nick?

—Isto é o que eu faço Daisy. Eu mato pessoas por


dinheiro. Eu sou um assassino. Veja, você está
recuando. Você disse "Nick, eu entendo você. Nada que
você fez vai me fazer parar de te amar.‖ Isto é uma
mentira, certo?
Meu maior medo é que o terror das noites na Rússia vá
desaparecer e a repulsa compreensível de Daisy se levantará
e a afastará de mim. Talvez este seja um teste para nós dois.

—Não! Não, não é, e sim Nick existem algumas pessoas


que precisam ser mortas. Aquelas pessoas que sequestraram
Regan e eu. Talvez esse contador que estava observando. Eu
não sei, mas você sabe? Isto o devora, Nikolai. Eu posso ver
isso. Quanto tempo você pode agir como juiz, júri e carrasco
antes que você esteja completamente perdido para mim?

Ela sabe que quando me chama de Nikolai, me corta até


o osso. Eu me afasto e continuo a arrumar minha bolsa.
Nenhum disfarce é necessário neste momento. O cirurgião foi
filmado no trânsito a caminho de casa vindo de um
tratamento cirúrgico. Eu imaginei a distância ideal, vento, e a
localização da minha umima visita e imagens de satélite. Os
tiroteios na autoestrada são ideais. Poucas pessoas esperam
isso, e você pode estar no seu veículo e ido antes que alguém
saiba alguma coisa.

—Eu já estou perdido, então —Eu devo ser forte


contra sua tristeza. Fui pago por este trabalho, e é algo
que eu preciso terminar.

—Você está errado, Nikolai —Seu rosto está


ligado a mim, o olhar sobre ele tão sério e
confiante. —Eu te amo incondicionalmente. Você
pode ir para Seattle e matar o médico. Ele provavelmente
precisa ser morto. Você pode voltar para mim porque eu
nunca vou parar de te amar. Eu só quero saber quando você
vai começar a amar a si mesmo.

Eu pego minha bolsa em silêncio e caminho em direção


à porta do apartamento. Com o botão na minha mão, eu
pergunto:

—Será que você...? —As palavras enroscam e eu limpo


minha garganta e tento novamente. —Você vai estar aqui
quando eu voltar?

Estou com medo de olhar para ela, com medo de vê-la


dizer adeus. Mas antes que eu possa sair, ela se joga em
minhas costas e beija meu pescoço.

—Eu estarei aqui, meu amor. É melhor você voltar para


mim.

Eu estou desfeito. Completamente. Eu largo minha


bolsa e volto-me para agarrá-la perto do meu coração.

—Eu vou voltar para você o mesmo homem, eu prometo.

Ela me beija com um fervor que deixa as nossas


bocas machucadas. Congratulo-me com a dor, a
ferocidade de sua paixão. Eu quero esculpir essa
coisa dissecada no meu peito chamado de coração e
dar a ela. Leve-me, ame-me.
—Eu o amo Nikolai, eu amo —ela responde. Eu nem
sequer percebo que falei em voz alta. Meus olhos estão
molhados, mas eu me forço a me afastar.

Leva dois dias dirigindo, mas eu preciso do meu rifle


SAKO para isso, e por isso não posso voar. Seattle é frio,
chuvoso e húmido. Alugo um quarto em um motel na orla da
cidade e pago em dinheiro. Eu me forço a dormir, e, em
seguida, na parte da manhã, eu preparo tudo.

A arma é desmontada e limpa. Minhas balas são


verificadas. Eu carrego e descarrego a arma e, em seguida,
coloco-a cuidadosamente em meu saco. Eu esfrego meu peito.
Eu estou trazendo a morte e é uma misericórdia, digo a mim
mesmo.

Entro na minha camisa de mangas compridas e calça


jeans, meias pretas e botas pretas. O plano é repassado na
minha cabeça várias vezes. Às 15:00hs, Sr. Blue vai deixar o
hospital e seguir para o sul em direção a Ranier Beach. Cerca
de vinte minutos depois, ele deve atingir a zona de matança.
De lá, terei trinta segundos, para puxar o gatilho.

A manhã inteira sai exatamente como planejado.


O marcador de GPS que coloquei em seu carro há dois
meses, antes de Daisy ser sequestrada, antes que
minha vida mudasse de forma irrevogável, acende-
se e move-se. Eu o sigo no meu celular quando eu
chego ao destino. Eu puxo uma máscara. É uma máscara de
silicone e parece que estou um pouco careca. É uma
precaução. Ninguém provavelmente me verá, mas apenas no
caso.

Eu me posiciono na casa abandonada e espero. A


contagem regressiva começa na minha cabeça.

Dez.

Nove.

Oito.

Dedo no gatilho.

Quatro.

Respire.

Dois.

A cabeça do cirurgião é lançada para trás e sangue e


massa encefálica voam no assento atrás dele. Eu deslizo o
dedo fora do gatilho e ouço... Barulhos quase imperceptíveis,
como minúsculos pés de ratos, farfalharem acima de mim.
Daniel! Eu largo meu rifle e corro até as escadas, mas
pelo tempo que eu atinjo o nível superior, ele está
vazio. Mas há um pequeno pedaço de papel branco que
encontro na janela.

Eu a encontrei.
PS: Considere isso um presente adiantado de casamento,
seu bastardo sortudo.

Enfio a nota no bolso e volto lá para baixo. Eu levanto o


rifle e o beijo. Daisy.

Minha Daisy.

Eu quero ser melhor do que isto. Por ela.

Dirijo-me para fora do prédio e saio de Seattle e de volta


para Daisy.

Ela não me pergunta nada quando eu caio na cama com


ela. Ela me beija apaixonadamente e geme seus doces sons
quando eu lambo entre suas pernas até que ela quebra. Seus
dedos arranham minhas costas enquanto eu empurro entre
suas pernas por horas. Ela alcança sua liberação quando a
rolo e levo-a por trás, minhas bolas batendo contra ela,
minha mão puxando a cabeça para trás para que eu foda sua
boca com a minha língua, ao mesmo tempo.

Na manhã seguinte, quando tomamos café da manhã,


ela olha de pálpebras pesadas de desejo e caminha
cautelosamente.

—Nós precisamos instalar uma banheira —diz


ela. Concordo instantaneamente. Imaginando o corpo
de Daisy com água, liso com o desejo. Eu endureço
quando penso em nosso tempo em Zurique e as
horas que passamos no banheiro do hotel.

Eu pesquiso banheiras no computador.

—Essa é legal —Eu digo, apontando para um modelo


que tem vários jatos.

—Essas não são banheiras —Daisy bagunça meu cabelo


como se eu fosse uma criança inocente, perniciosa. —Essas
são banheiras de hidromassagem.

—Teremos ambas —Eu declaro.

—Bem —Ela ri e não há nenhuma discussão sobre o


preço. Estou emocionado, mas suspeito.

—Por que você não me perguntou sobre Seattle,


gatinha?

—Porque eu te amo, Nick —ela responde serenamente.


Ela é como Madonna, doce e misteriosa. Seu amor por mim é
incondicional, e eu não posso permitir que ela pense o pior de
mim por mais tempo. Devo permitir que ela me ame quando
ela me permite amá-la em troca.

—Eu não o matei —eu confesso. Eu retiro a nota


que Daniel deixou. —Daniel completou o trabalho. Ele
deixou isso.

—Oh, Nick —Ela abraça a nota para seu peito.


—Ela está segura, então?
—Sim —eu digo a ela, embora eu não esteja certo. Ela se
derrete contra mim. Suas mãos vibram sobre o meu peito,
acariciando e afagando em uma tentativa de conforto, ao
toque.

—Eu terminei com a matança, Daisy. Eu quero ser todo


para você.

Seus olhos são brilhantes, mas todo o seu rosto se


iluminou.

—O que você vai fazer, então?

Eu dou de ombros.

—Eu não sei. Talvez nós dois devêssemos frequentar a


faculdade juntos? Aprendermos novas habilidades?

Eu disse a coisa certa. Posso dizer pela emoção em seu


rosto.

—Gostaria disso.

—Mas, primeiro, teremos muitas banheiras e depois


foderemos nelas.

Ela ri novamente e diz:

—Centenas de banheiras —Minha virilha aperta.

Nós fazemos pequenas melhorias na casa, mas


acho que nós dois sabemos que é temporário. Daisy
está ansiosa para voltar para a cidade e ir para a
faculdade. Seu pai está segurando-a de volta,
apesar de tudo. Não intencionalmente. Ela se preocupa. Seu
pai não teve a liberação catártica que Daisy teve com Sergei, e
embora eu tivesse lhe prometido que não haveria mais
mortes, um último trabalho deve ser realizado para que sua
família seja feliz e livre.

Eu não tive tempo de encontrar o jovem que matou a


mãe de Daisy. Eu abordo o assunto com Daisy porque eu não
posso mentir para ela nunca mais.

—Seu pai, Daisy —Tomo suas mãos nas minhas


enquanto nos sentamos uma noite de inverno em frente à
lareira. O cheiro agradável de madeira queimando enche a
pequena sala familiar e me toma muito ter essa conversa
mais para que eu possa tirar sua roupa e fazer amor com ela
à luz do fogo.

Ela faz uma careta com a menção de seu pai. Ela


esperava que sua recuperação fosse mais rápida.

—O quê sobre o meu pai?

—Sua mente está atormentada pela perda de sua mãe,


sua incapacidade de protegê-la, e seu medo de seu
assassino. Eu sei disso.

Ela olha para nossas mãos unidas.

—Eu acho que sei o que você vai dizer Nick, e


eu acho que provavelmente você está certo, mas
não posso fazê-lo novamente. Eu não posso... —Sua voz
diminui. Pressiono um beijo em sua testa.

—Eu sei. Deixe isso para mim, da? —Eu beijo ao longo
do lado do seu rosto e pelo pescoço.

—Da —ela suspira. Adoro quando ela fala Russo para


mim, mesmo que seja apenas uma palavra de cada vez.

—Não vamos falar mais disso —eu digo. —Eu quero a


sua boca formando apenas uma palavra.

—E o que seria? Comida? —Ela me provoca.

—Não... Nick. Ou mais.

—Que tal agora?

—Eu gosto dessa palavra.

Eu continuo a amá-la ali mesmo.

Na manhã seguinte, deixo-a antes que ela desperte. Eu


ainda só posso dormir algumas horas por noite. Meu corpo
não precisa de mais do que isso. Seu pai não virá de boa
vontade, e eu preparei uma seringa de curare para que eu
possa colocá-lo no veículo e levá-lo comigo. Estou
contente que Daisy esteja dormindo para que ela não
possa ver que eu tive que drogar seu pai assim. É para
seu próprio bem, mas é difícil de assistir.

—Sr. Miller —eu explico quando eu o levo


para o sedan que aluguei para esta finalidade. —
Estou levando-o a ele, o homem que matou a sua mulher. Eu
sei que você está com medo, mas depois de ter visto a sua
morte, a paz virá para você. É uma misericórdia. Eu prometo.

Seus olhos perdem algo do seu medo selvagem, mas ele


ainda não está convencido. Eu não sei se ele é tão forte como
Daisy.

A viagem para Minneapolis é curta, e nós esperamos no


carro até que o curare desaparece.

—Ele está lá dentro? – O Sr. Miller gesticula em direção


a casa em condições precárias, de três andares.

—Sim, ele vive no porão. Ele rouba dinheiro para seu


vício de drogas. Às vezes ele usa, mas mais frequentemente
do que deveria. Quando entrar, você não deve tocar em nada
dentro. Muitas pessoas doentes estiveram aqui.

O som da respiração pesada do Sr. Miller enche o carro,


e por um minuto, eu temo que ele possa ter um ataque
cardíaco ou um AVC. Então isto seria tudo em vão. Pergunto-
me se eu poderia mesmo voltar para casa para Daisy. Mas
não, eu observei o Sr. Miller por um mês e falei com ele.
Ele queima com uma febre por vingar sua mulher. Ele
simplesmente nunca teve os meios até agora.

Suas mãos tremem quando chegam para a


porta, e eu vejo de onde Daisy recebeu sua força.
Eu testemunho o esforço sobre-humano quando ele
pisa fora do carro, o primeiro passo que ele tomou ao ar livre
em anos. Eu provavelmente gostaria de ter trazido Daisy,
apenas para que ela pudesse ver isso.

Saindo do carro, eu lidero o caminho para dentro,


lentamente, mas com segurança. Descemos as escadas
exteriores sujas até uma porta verde com pintura
descascada. A trava é facilmente aberta.

—Por razões de segurança —eu digo a ele enquanto


puxo a minha arma fora do meu coldre de ombro. Movo-me
para trás e, em seguida, abro a porta. Não há nenhum perigo.
Nosso homem ainda não está acordado.

Eu checo a sala de estar, cozinha, closet, banheiro antes


de enfrentar a porta fechada no final do corredor. Presumo
que seja o quarto. Pressionando um dedo nos meus lábios, eu
movimento o Sr. Miller para sair da linha de fogo. Ele faz. Ele
ainda está tremendo, mas a sua coragem é admirável.

Quando eu abro a porta do quarto, eu dou um aviso,

—Sr. Black, uma entrega está aqui para você.

—Não há nenhum maldito Sr. Black aqui —uma


voz dentro murmura.

—Nós não vamos sair até que você saia —Eu


chamo.
—Eu disse que não teria o dinheiro até sábado.

Sr. Black deve acreditar que somos os cobradores.


Estou pronto para esperar pacientemente pelo Sr. Black sair,
mas o Sr. Miller não está. Ele pega a arma da minha mão e
entra no quarto.

Ouço um grito e vejo o Sr. Black encolhido contra a


parede com os lençóis em torno de seu pescoço.

—Quem diabos é você? —Mas, então, o reconhecimento


surge, e Sr. Black estupidamente começa a rir. —Puta merda.
Você é o homem cuja esposa matei quando eu tinha quatorze
anos. A puta estúpida não iria me dar à porra da bolsa.

Essas foram às últimas palavras que ele disse.

O Sr. Miller levanta o braço e esvazia a arma no corpo


de Mr. Black. Seu dedo continua a puxar o gatilho, quase
reflexivamente. Tudo o que você pode ouvir no quarto é sua
respiração dura e o clique vazio da arma.

Chegando mais perto, eu puxo a arma de suas mãos.

—Acabou, Pai. Vamos.

O Sr. Miller se vira para mim e seus olhos estão


vermelhos e cheios de lágrimas.

—Eu gostaria de poder matá-lo um milhão de


vezes —Sua voz quebra e seu corpo cai contra o
meu. A tristeza e a dor em sua voz me rasgam.
Recuso-me a imaginar a que loucura eu seria levado se
perdesse Daisy.

Dou-lhe um aperto no ombro, embora eu seja ruim em


reconfortar alguém.

—Agora você pode ser livre.

—Obrigado, Nick —ele me diz, e ele se decompõe em


mais soluços.

Com um pouco de esforço, volto o Sr. Miller para o carro


e levo-nos para casa. Ele quer ficar sozinho por um tempo.

Daisy me faz apenas uma pergunta no meu retorno para


casa.

—Está feito?

Eu aceno, e nunca falamos sobre isso novamente.

Naquela primavera, encontramos um apartamento na


cidade. O pai de Daisy está fazendo um progresso lento. Ele
senta-se na varanda e às vezes ele vai andar pelo perímetro
da casa. Eu instalei um sistema de segurança para ele, e
espero que um dia ele seja capaz de deixar a
propriedade. Mas Daisy se sente confortável
começando uma nova vida aqui.

Descubro que todo o prédio está à venda e


providencio a compra. Vou dizer isso a Daisy mais
tarde. Podemos nos mudar essa semana. Daisy
está ansiosa para se mudar então eu a levo para lojas de
móveis para escolher itens para a nossa casa. Eu gosto de
dizer com frequência que antes de Daisy, eu nunca tive uma
casa.

—Daisy, eu gosto desta cadeira. Nós devíamos comprá-


la para casa.

—Daisy, quando estamos em casa, você vai me fazer


essas panquecas de batata?

E à noite,

—Daisy, as paredes de nossa casa são de tijolo. Você


pode gritar tão alto quanto quiser.

Quando a semana passou e pegamos as nossas chaves,


Daisy me presenteia com um chaveiro. Ele tem duas chaves:
uma para a minha Ducati e outra para nossa casa. A loja veio
entregar a cama. É uma de madeira maciça.

—Eu acho que poderia dormir uma família nesta coisa


—Daisy comenta quando os quatro homens de entrega lutam
para levar o colchão para nosso loft no terceiro andar.

Espero que isso signifique que ela está


interessada em ter uma família comigo.

Naquela noite, nós nos sentamos no chão com


velas ao nosso redor. Nenhum dos móveis que
Daisy e eu compramos estarão aqui até o dia
seguinte. A luz deste ambiente é muito brilhante. Há muito a
corrigir neste edifício. Ele vai me dar algo para fazer.

—Eu comprei este edifício —Eu confesso a Daisy.

—Você comprou? —Ela ri com prazer. Seus olhos estão


dançando. Talvez seja apenas a luz de velas. No entanto, ela
parece adorável. Eu mal posso provar a comida chinesa que
estamos comendo. Poderia ser nada mais do que a pimenta,
eu não me importaria. Tudo o que posso fazer é olhar para
ela.

Mais tarde, deito-a sobre a cama e a amo docemente.


Seus gritos de prazer preencher o loft quando eu afundo
entre as pernas dela e amo-a, primeiro com a minha língua e
depois com meu pau. Quando estamos suados e ofegantes no
rescaldo, eu me pergunto, na maravilha que minha vida se
tornou. E então eu permito que o sono me leve, e ali, em
meus sonhos, eu tomo Daisy novamente e novamente e
novamente.

Daisy
O último trabalho de Nick está feito.
Eu acaricio seu peito quando ele vem para a cama
naquela noite. Estamos em nossa nova enorme cama, no
nosso apartamento. Nosso edifício, eu me corrijo. Eu não
tenho ideia do que vamos fazer com todos esses
apartamentos, mas eu gosto da ideia. Talvez vamos escolher
um apartamento para o meu pai, no caso de ele querer viver
mais perto de nós e vender a fazenda. Ele pode até mesmo
trazer o seu novo cão com ele. Talvez nós também reservemos
um apartamento para Regan.

Apenas no caso.

Têm sido meses, e não houve mais nenhuma palavra de


Daniel sobre Regan. Sabemos apenas que ela está segura,
mas ela não voltou para casa. Eu me sinto tão culpada por
minha pobre amiga, cujo único crime foi ela ter sido minha
companheira de quarto. Ela não merece o que o destino
reservou para ela, e isso me mantém acordada à noite, me
preocupando com ela.

Eu não digo a Nick que tenho pesadelos com Regan. Eu


suspeito que ele saiba disso. Meu Nick tem o suficiente
para se preocupar. Há algumas noites que ele sente
por me contar suas histórias, determinado a encontrar
aquela que vai me mandar embora. Esta noite foi
uma noite como essas.
—Eu já te contei —ele disse para mim ao longo da
viagem —sobre o padre alemão que eu eliminei em Berlim?

Ele me contou sobre ele durante o jantar. O padre era


um pedófilo e desviava dinheiro para fora dos cofres da igreja.
Ele tinha chamado a atenção de alguém acima nos círculos
máfia Russa, um dos raros católicos no sistema. Ele tinha ido
para baixo quase imediatamente, embora Nick me dissesse
que o homem implorou por sua vida o tempo todo.

Nick não o poupou.

Eu escutei a história sem comentários, sabendo por que


Nick se sente compelido a me dizer essas coisas horríveis
sobre o seu passado. Eu sei que ele acha que ele não é digno
do meu amor. Eu sei disso, e eu nunca o julgarei.

Nick foi transformado em uma criatura do sistema


Bratva, um frio, assassino sem emoção que mata por dinheiro
e não pensa em nada além disso. Ou então ele teria que
assim acreditar.

Mas o meu Nick, meu Nikolai, ele não é frio. Ele não é
sem emoção. E ele pensa em suas vítimas quando ele
se deita para dormir perto de mim.

Eu posso sentir a tensão em seu grande corpo


quando ele me puxa contra ele na escuridão. São
noites como esta, quando ele me segura assim, tão perto, que
eu sei que ele está atormentado por dentro.

E são em noites como esta que eu posso mostrar a ele o


quanto eu me importo.

Minha mão acaricia sobre o peito, sobre o lema lá. A


morte é uma misericórdia.

—Você ainda acredita nisso? —Pergunto-lhe.

Sua mão cobre a minha, acariciando-a, em seguida, ele


pressiona a palma da mão contra o seu coração.

—Eu acho que, pela primeira vez na minha vida, eu não


tenho certeza.

Esta é uma resposta que me agrada. Nick viveu com


absoluta certeza por tanto tempo que eu gosto de sua
incerteza. Isso significa que sua visão do mundo está
mudando. Isso significa que ele não é inteiramente a criatura
que o fizeram ser.

Eu deslizo minha mão da dele e acaricio seu mamilo,


provocando o pico. Eu quero jogar com seu corpo.

—Você está cansado? —Eu pergunto, e há um


tremor na minha voz que não tem nada a ver com a
sonolência.

Sua risada no escuro é macia.

—Por que você pergunta?


—Eu estava pensando que poderíamos experimentar a
nossa nova cama —Eu mordo meu lábio e deslizo minha mão
para baixo, pelas superfícies planas de seu estômago em
direção ao seu pênis. Deus, eu amo sexo com Nick. É sempre
uma mistura de intensidade áspera e delicadeza infinita, e
cada vez, é como a primeira vez.

—Você não está cansada?

Ele é sempre tão preocupado comigo. Como se eu fosse


uma flor frágil. Hoje foi um dia cansativo por causa da
mudança para o nosso apartamento, mas sinto-me
revigorada agora que estamos aqui, na nossa cama.

Estamos começando nossa nova vida juntos.

Eu quero começar isso direito. Então eu deslizo minha


mão para seu pau e acaricio a protuberância. Ele já está
ereto. Meu Nick não precisa de mais do que uma dica de
encorajamento, e ele está pronto para o sexo. Faz-me sentir
incrivelmente desejável saber que eu posso trazê-lo a uma
ereção intensa, com pouco mais do que uma ou duas
palavras.

—Eu não estou cansada —eu digo a ele, e


acrescento: —Parece que você não está muito cansado,
também.

E eu me inclino e belisco suavemente a pele


em seu peito.
Ele geme, segurando-me mais perto dele. Eu sei que ele
adora quando eu o toco. Eu movo minha boca sobre seu
peitoral, beijando a pele lá, e então passo meus lábios sobre
seu mamilo.

Sinto seu corpo sacudir em resposta, e então ele está me


virando de costas na cama, tomando o controle.

—Se a minha Daisy quer prazer —diz ele, e sua voz é


baixa, o sotaque densamente acentuado, —Eu vou dar a ela.

A excitação inflama através de mim, e eu me mexo com


a antecipação sob ele. Estou desapontada que seja tão mal
iluminado no novo apartamento. Eu quero ver seu corpo
magro, tatuado pairando sobre o meu. Minhas mãos o
alcançam, e eu as passeio pela sua pele, mesmo quando ele
se move em cima de mim e começa a tirar meu pijama por
cima do meu torso. Um segundo mais tarde, o ar frio beija
meus seios, em seguida, sua boca está sobre eles, quente e
com fome.

Eu suspiro ante a sensação de seus dentes raspando em


meus mamilos, seguido de sua língua enquanto ele
acalma longe a picada. Nick ama meus seios, embora
eles não sejam tão impressionantes. Ele ama tudo
sobre mim. Ele transforma meus mamilos em picos
duros, deixando-me ofegante e gemendo seu nome.
Minhas unhas cavam em seus ombros, porque eu
sei que ele ama dor misturada com a ternura.

—Minha Daisy —ele geme, e ele começa a beijar uma


trilha até a minha barriga. —Bonita, preciosa, maravilhosa
Daisy. Nunca me cansarei de seu gosto.

Suas palavras sensuais fazer meu pulso vibrar


intensamente, e minhas pernas se abrem na expectativa do
que vem a seguir.

Nick desliza mais para baixo, até que eu posso sentir


sua respiração quente na entrada do meu sexo. Esta é uma
de suas coisas favoritas, lamber minha boceta até que eu
tenha pelo menos um orgasmo, às vezes dois. Às vezes mais.
Uma noite, ele queria ver quantas vezes ele poderia me fazer
vir, e ele me lambeu até que estava tão sensível que um mero
toque de sua língua enviou ondas através do meu corpo. Eu
andei engraçado no dia seguinte.

Ele estava muito satisfeito consigo mesmo. Ele gosta de


me deixar tonta de paixão. Ele é minha recompensa.

Eu não quero intermináveis horas de provocação sexual


esta noite, embora. Quero Nick dentro de mim, sua
carne empurrando a minha. Quero áspero, a união
selvagem de nossos corpos, e eu quero agora. Então eu
cavo mais minhas unhas para que ele saiba que eu
estou impaciente.
—Mmm —diz ele com aquela voz rouca. —Você está
molhada para mim, Dasha? Eu acho que tenho de provar e
descobrir.

Certamente ele sabe o quão molhada eu estou agora?


Eu posso sentir a maciez entre as minhas coxas quando eu
contorço com antecipação, sua respiração me aquece entre as
minhas pernas. Mas então sua boca mergulha, e eu sinto o
derrame de sua língua contra o meu clitóris.

Toda a respiração estremece fora de mim. Um som me


escapa, alto e lamento. Eu nunca vou me acostumar com
essa sensação. Nunca.

Nem eu quero. É uma sensação intensa, cada vez mais


mágica.

Nick murmura algo em russo, e depois ele me lambe


mais forte, passando sua língua do clitóris até a minha
boceta. Ele lambe e suga a minha carne até que eu estou
choramingando com a necessidade, o orgasmo intenso.
Nunca é fácil e quieto, nem rotineiro o sexo com Nick. É
sempre fogos de artifício e explosões. Eu amo que ele é
capaz de me provocar tão facilmente, e que ele tem
prazer nisso.

Meus quadris levantam enquanto sua boca


trabalha para o meu primeiro orgasmo da noite. Eu
arqueio em sua boca enquanto ele suga meu
clitóris, estendendo a mão para me dar mais prazer. Meus
dedos cavam seu couro cabeludo enquanto eu mantenho sua
cabeça lá, apenas no ponto certo.

—Oh, Nikolai —Eu gemo. —Oh, sim! Nikolai!

Ele adora quando eu digo seu nome completo. Eu ouço


seu grunhido feroz e então ele me lambe ainda mais
rapidamente, com ainda mais intensidade.

Eu gozo, assim como ele pretendia, e eu estou gritando


seu nome quando atinjo o clímax apenas com sua boca.

Então ele está se movendo em cima de mim, seu grande


corpo deslizando sobre o meu. Eu o sinto encaixar os quadris
entre os meus, sinto a pressão de seu pênis contra o meu
sexo. Eu estou tão pronta para ele que mesmo tendo gozado
quase agora, eu quero mais. Quando a boca aperta a minha,
eu avidamente chupo a língua que desliza entre meus lábios,
deixando-o saber o quão faminta eu estou por ele.

—Minha Daisy —diz ele, seus lábios se movendo contra


a minha boca. Em seguida, ele afunda até o punho,
espetando-se dentro de mim.

Eu suspiro de prazer que irradia de seu pênis


enterrado dentro de mim, e meus braços estão em
volta de seu pescoço. Eu o seguro perto como ele
bombeia furiosamente entre as minhas pernas, trazendo-me
para outro orgasmo em poucos minutos.

Ele segue logo atrás, e eu o ouço gemer o meu nome


quando ele vem. Eu sinto o terremoto, sinto seu gozo dentro
de mim. Não há preservativos nos separando. Estou tomando
a pílula, por enquanto. Quando estivermos prontos, vamos
seguir em frente, e eu vou ser Daisy Anders, esposa de Nick
Anders. E nós vamos ter filhos. Mas, por agora, devo ir
devagar com meu Nick. Ele é tão novo para ser amado, que
eu quero aproveitar esse tempo entre apenas nós.

Nick cai em cima de mim, seu peso delicioso, sua pele


pegajosa de suor. Acaricio sua pele, sabendo que ele não ama
nada mais do que ser tocado depois do sexo. Eu coloco
minhas pernas ao redor dele e o agarro, como um macaco
aranha, porque eu amo o peso de seu corpo pressionando
contra o meu próprio.

Ele rola para o lado, mas eu não o deixo ir, eu


simplesmente me enterro mais perto dele.

—Eu te amo, Nikolai —Eu digo isso todos os dias,


mas acho que ele precisa ouvir quantas vezes for
possível.

Seus braços apertam em torno de mim.

— Daisy —ele murmura. —Minha doce e


maravilhosa Daisy. Eu te amo mais do que a
própria vida —Sua mão alisa meu cabelo, e eu acaricio seu
pescoço. Eu amo este afago após o sexo. Estou tão feliz que
Nick não é um desses homens que rola e vai dormir.

Esta noite, porém, ele está pensativo. Ele continua a


acariciar meus cabelos por longos minutos, em silêncio.
Eventualmente, porém, ele pergunta:

—Você se arrepende de sua vida comigo, Daisy? Com


minhas mãos manchadas? É por minha causa que você
matou um homem. Tomei sua inocência em todos os sentidos
—Ele soa triste.

—Nunca —digo-o com força. É a verdade. —É por causa


de você que estou livre, Nick. Que o meu pai está livre do
medo —Eu me inclino e beijo sua boca amada. —É por causa
de você que eu amo e sou amada em troca.

—Você é muito boa, minha Daisy —Sua voz é cheia de


emoção. —Como eu pude ter a sorte de encontrar alguém
como você na minha vida?

—Nós fomos feitos um para o outro —eu digo a ele, e


pressiono meu rosto contra o seu coração. —Você não
acha? É como se nossas vidas tivessem que acontecer
da maneira que aconteceram para que pudéssemos
encontrar um ao outro, naquele momento preciso
no tempo. Você nunca teria me encontrado se não
fosse um assassino trabalhando neste alvo. Eu
nunca teria conhecido você, se não estivesse aqui. Como
posso lamentar essas coisas? —Eu beijo o lema em seu peito.
—É o que nos uniu.

Ele me abraça mais apertado.

Um dia, meu Nick vai acreditará no que eu digo a ele.


Até então, eu estou contente de ficar em seus braços e repetir
minhas palavras de amor mais e mais, até que finalmente ele
perceba o quanto eu adoro ele.

Nós dois somos pessoas doentes, Nick e eu. Nós não


sabemos esperar, e não há prazer na espera.

Então eu pressiono o meu corpo não marcado mais


perto do meu amante tatuado, e beijo sua pele até que ele me
rola sobre minhas costas mais uma vez. Nós fazemos amor
até que a luz do dia brilhe através das janelas abertas.

E então nós dormimos. Juntos.


HITMAN 02

ULTIMO SUSPIRO
Regan
Eu nunca soube o que era a miséria até o dia em
que fui sequestrada e vendida por estar no lugar errado
na hora errada. Dois meses depois, estou em um bordel
no Rio quando encontro Daniel Hays. Ele diz que está
aqui para me salvar, mas posso confiar nele? Tudo o que
eu sei dele são suas reações sarcásticas e sua tendência
para resolver cada disputa com sua arma. Ele também é
a única coisa segura em meu mundo, e eu sei que é
errado eu me apaixonar por ele, mas eu não consigo
evitar. Ele diz que vai me proteger até seu último suspiro,
mas eu não sei se devo acreditar nele ou mesmo se eu
posso.

Daniel
Nos últimos dezoito meses, tive um objetivo: encontrar
minha irmã sequestrada. Eu deixei o exército, virei um
assassino contratado, e fiz amizade com criminosos em todo o
globo. Em cada bordel que eu invado ou em cada caminhão
de tráfico de humanos, eu paro, seu rosto é aquele que estou
desesperado para ver. No Rio, encontro Regan Porter, ferida,
mas não quebrada e ainda sã apesar de suas semanas
infernais. Eu deveria deixá-la para trás ou enviá-la para casa
porque a última coisa que qualquer um de nós precisa é se
envolver. Mas a cada minuto que passa, acho que não posso
deixá-la ir.

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