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Cityś Secrets Vol.

1
B.B. HAMEL
Brevemente
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e lei 9.610/1998.
— Ainda não confio em você, mas eu quero.

Li a mensagem várias vezes. Era mais cedo do que gostaria de estar


acordada e meus olhos estavam pesados. A falta de sono valia a pena, no
entanto. Ficamos acordados até tarde trocando textos sobre os diferentes
lugares que ele queria me fazer gozar e ainda estava me recuperando de suas
palavras. Estendi minhas pernas e quase derrubei o laptop para fora da cama.
Sentei e suspirei. Meu quarto estava uma bagunça e a cama cheia de roupa,
não tive tempo de limpar.

Entre tentar trabalhar como programadora de computador e trabalhar em


tempo integral em uma cafeteria, certas coisas caíram no esquecimento,
como organização básica. E, mais recentemente, minha vida amorosa.

Escoro-me e digito de volta.

— Você parecia bem confiante na noite passada.


Nunca fiz a coisa toda de namoro on-line antes, mas minha melhor amiga
Darcy, me convenceu a experimentar o site Palito de Fósforo. Fazia um
tempo desde que eu estivera com alguém, e vergonhosamente admiti a Darcy
uma noite depois de muitas taças de vinho conversando com ela no telefone.
Uma hora e um monte de selfies estranhas depois, B.B. HAMEL
elegíveis solteiros começaram a apitar meu celular como loucos. De todos
que vi, ele foi o único que me interessou.

A foto do perfil dele era quente. Não costumo ser tão rude, mas é verdade.
Olhos cinza claro, quase da cor de pedra-de-fogo ou aço reluzente e um
maxilar todo masculino. Seus lábios eram cheios e o cabelo castanho escuro
foi cortado curto nas laterais e estava mais alto em cima. Claramente sabia
como cuidar de si mesmo. Não estava sem camisa na sua foto do perfil, mas
quando olhei para ele com mais atenção vi os músculos bem definidos por
baixo da camisa.

Mas, mais do que sua aparência, suas informações básicas me atraíram. No


perfil disse que era um empresário no setor de tecnologia, mas não deu mais
detalhes, o que me intrigou. Ainda, tínhamos muito em comum além de
nossos empregos, então mandei uma mensagem. E ele respondeu.

Dois dias e algumas horas mais tarde, estou descrevendo como quero chupá-
lo sob a mesa em seu escritório.

O que ele descreveu de volta foi muito, muito mais sujo.

E eu gostei, mas não conseguia manter aquela conversa. Quer dizer, e se


alguém encontrasse? Ficaria mortificada.
Meu telefone bipou.

— Eu quero te conhecer.

Isso era muito melhor. Eu não sabia o que quis dizer com não confiar em
mim mais cedo. Mas também não era como se B.B. HAMEL
soubesse muito sobre ele. Diferente de certas técnicas de sexo oral e talvez
algumas outras peculiaridades e excentricidades, não tínhamos entrado em
detalhes sobre nossas vidas pessoais. Ficamos em interesses mútuos, como
computadores e filmes. E as coisas que queríamos fazer um com o outro,
claro.

Ainda assim, eu queria conhecê-lo? Depois de meses de trabalho duro,


estava tão perto de vender minha empresa iniciante. Fiz um app de celular no
meu tempo livre e gastei cada segundo fora do trabalho, escrevendo o código
e criando as imagens. Terei uma reunião na manhã seguinte para terminar e
espero negociá-lo, o que significava que não precisaria mais trabalhar em
tempo integral no Swirl Café. Mas e se ele me distraísse da minha meta?
Talvez pudesse usar um pouco de distração.

Se fosse honesta comigo mesma, admitiria que estou me sentindo muito


esgotada pela falta de sono. Trabalhei todos os dias no café e programando
toda a noite em casa por meses.

Só de pensar em amanhã minhas mãos começaram a suar.

Nunca fizera algo como vender uma empresa antes, e não sabia o que
esperar. Senti como se não merecesse esta incrível boa sorte. Havia milhares
de pessoas fazendo apps, então por quê eu? Sentia muita insegurança no meu
peito quando pensava em minha carreira e minhas ambições. Para não
mencionar a minha vida amorosa, mas por algum motivo não estava tendo
esse problema com o belo estranho.

B.B. HAMEL
Pulei para fora da cama e olhei-me no espelho.

Descabelada, bolsas sob os olhos, top branco velho e bermuda de menino.


Coloquei meu robe e fui para a cozinha. Fiz café e comi uma banana no café
da manhã, como de costume, e depois fui para o sofá, digitando uma
mensagem.

— Eu quero te conhecer também.

Envio e meu estômago dá saltos. Não é como se este fosse o primeiro cara
que eu estava envolvida, mas definitivamente foi o primeiro que não conheci
pessoalmente antes. Nem sabia quantos anos o belo estranho tinha.

Ele respondeu quase imediatamente.

— Você terá que se esforçar mais do que isso.

Eu não tinha certeza, se queria me envolver, e ele estava tentando se fazer de


bobo?

— E o que significa isso? — mandei de volta.

Poucos minutos depois o telefone bipou. Era uma foto dele com pouca
iluminação e sem camisa. Meu queixo caiu e senti um calafrio de excitação
percorrer-me. Estava olhando para a câmera como se eu fosse a única pessoa
no mundo, apesar de ser difícil ver os detalhes do rosto. Mas estava certa
sobre os músculos.

Corri para o banheiro. Fiz um rabo de cabelo e maquiei-me rápido. Tentei


esconder, o máximo que pude as bolsas sob os olhos, mas percebi que era
uma batalha perdida. Uma vez B.B. HAMEL
feito, inclinei-me e deixei o top mostrar a abundância dos meus seios.
Satisfeita tirei algumas fotos. Na verdade, tirei cerca de vinte, antes de
finalmente decidir pela melhor.

— É o que você quer? — digitei e enviei.

Não acredito que fiz isso. " mensagem de sexo" era uma coisa, mas alguém
enviando uma foto sensual para mim era completamente novo. Sabia que
muitas garotas fazem, mas nunca conheci um cara que me fez querer despir-
me para ele até agora. Sem falar que nem sabia quem estava no extremo
oposto da conexão.

— Isso é exatamente o que eu quero. — ele escreveu de volta.

Não podia acreditar que estava sendo tão direta, mas foi emocionante. Nós
não nos conhecemos. Então, novamente, depois das coisas que havia
descrito, adivinhei que não era estranho. Sabíamos certas coisas sobre o
outro, como eu queria que me fodesse com minhas mãos puxadas em minhas
costas, e como ele queria que o chupasse.

Meu telefone zumbiu novamente.

— Quando posso te encontrar?

Não fazia ideia. Verifiquei o relógio e meu coração quase parou. Precisava
trabalhar dali a meia hora e tinha somente esse tempo para me arrumar e
chegar lá. Quando achei que era muito cedo da manhã, acabou por ser tarde
demais. Isso é B.B. HAMEL
o que ganho por fazer sexo virtual à noite toda com um estranho quente.
Telefone esquecido agilizei minha arrumação e sai para a cidade.

B.B. HAMEL
O turno do dia passou como geralmente: lento e chato.

Fiquei pensando sobre o estranho quente que queria me conhecer. Ele se


chamava Rex Blue, e se fosse mesmo tão bom de aparência como em suas
fotos, era de longe o homem mais atraente que já conheci. O nome dele era
um pouco estranho, mas não me importei. Conheci o homem pela internet,
afinal de contas, então tudo era um pouco estranho. Acho que também fui
um pouco estranha por sequer pensar isso, mas cada nova mensagem que
enviava fez-me querer conhecê-lo mais.

— Amy? — a voz do meu gerente cortou-me dos devaneios. Estava quase


fechando e o café estava começando a ficar vazio.

— Ei, desculpe Jim. O que foi?

— Só queria ter certeza que você virá amanhã.


— Sim, todo o dia. Por quê?

Ele balançou a cabeça.

— Nada, não se preocupe. Hora do App, hein?

B.B. HAMEL
Jim Sleeter era alguns anos mais velho do que eu e foi um dos poucos caras
legais que trabalharam no Swirl Café. Era principalmente um lugar de
hippie, e os outros empregados cultivavam uma atitude distante e
convencida. Isso nunca foi meu forte, e de Jim também. Demo-nos muito
bem. Depois disse a ele sobre minhas horas em programação de app e Jim
me contou sobre sua banda de rock. Ouvi-os tocar uma vez e não eram assim
tão maus. Muitos anos 90, mas de uma forma atualizada, legal. Ele era um
pouco estranho e pateta, mas era carinhoso, e provavelmente era meu único
amigo na cidade.

Tornamo-nos íntimos por causa de nossos sonhos não realizados. Gostamos


de brincar que estávamos juntos no clube de perdedores. Jim era bonito de
forma juvenil, com longos cabelos castanhos e grandes olhos castanhos, mas
nunca fui atraída por ele.

Quase todas as noites, fechamos o café juntos e gastamos muito tempo


falando sobre o nosso passado. Jim cresceu na Pensilvânia, e seus pais nunca
aprovaram a música. Contei-lhe sobre o acidente quando eu era jovem, o
acidente que mudou minha vida para sempre. Contei-lhe sobre o incentivo
do meu pai quando quis me formar em ciência da computação e do câncer.
Fui a primeira pessoa da minha família a ir para a faculdade e o olhar do
papai quando recebi o diploma da Universidade de Columbia foi um dos
melhores dias da minha vida. Soube que estava doente não muito tempo
depois.

Eu não cresci muito. Meu pai dirigia um caminhão de entrega, e minha mãe
morreu quando eu era jovem. Meus dois B.B. HAMEL
irmãos ajudaram tanto quanto puderam, mas estávamos constantemente sem
dinheiro. Sempre tive um emprego também, mas minha família,
especialmente os irmãos, me encorajaram a ficar na escola e ir para a
faculdade. Ainda, mesmo quando estava me formando no ensino médio com
uma aceitação na Universidade de Columbia, senti-me como uma impostora.
Isso não melhorou comigo vivendo em Nova York.
Ao invés de ficar na big apple, depois de me formar na faculdade, como
todos os meus amigos fizeram, mudei-me para a Filadélfia para ficar mais
perto do papai. Ele morava em um subúrbio fora da cidade, na mesma casa
onde cresci. Não havia muitas empresas de grande tecnologia na Filadélfia, e
não queria perder tempo com horas de código todos os dias para alguma
grande loja aleatória, então peguei um trabalho no Swirl Café e escrevi meus
apps no tempo livre. Tinha o benefício do café e não era muito estressante.

Jim foi uma das primeiras pessoas a me encorajar. Foi ele quem me disse
que a minha ideia para um app que ligava crianças de baixa renda, que
precisavam de ajuda na escola, com os mais baratos e amigáveis tutores on-
line foi uma boa.

Era como um irmão mais velho para mim, que também passou a me dar um
salário. Mostrou-me a Filadélfia quando ainda estava me acostumando a
viver em uma cidade nova, e apresentou-me a seus amigos, quando eu não
tinha nenhum.

Talvez em alguns aspectos, Jim foi a razão que Adstringo compraria o app
por milhares de dólares. Foi por causa de sua B.B. HAMEL
bondade que tive coragem e a estabilidade de passar minhas horas de folga,
trabalhando no meu sonho.

— É dia do app. Eu posso estar indo embora daqui em breve — disse.

Jim riu.

— Espero que sim. Boa sorte, Amy. Você será grande. —


ele foi para o quarto dos fundos, provavelmente para calcular as vendas do
dia.

Queria ver meu telefone, mas o deixei no apartamento na pressa de ir


trabalhar. Só passaram cerca de oito horas, desde que o Rex perguntara
quando nos encontraríamos, mas isso foi o máximo de tempo que estamos
sem comunicação durante os últimos dois dias. Pensei nele sentado em seu
computador, olhos indo nervosamente para o telefone. Não quero que se
preocupe, mas gostei de imaginar sua ansiedade. Senti um aperto no
estômago quando a antecipação aumentou ao longo da noite. Quando o café
finalmente fechou, voltei para casa tão rápido quanto pude.

B.B. HAMEL
Eu vivia sozinha em um apartamento pequeno de um quarto, em uma
vizinhança difícil perto do rio Delaware.

Estacionei minha moto na calçada, acorrentando-a num semáforo e corri


para varanda do meu apartamento. O lugar era uma bagunça, mas não sujo.
Tinha roupas para lavar, toda a louça da noite passada ainda na pia, livros
empilhados ao longo da parede traseira em vez de guardados numa estante e
revistas por aí. Minha mesa estava cheia de papéis e muitas anotações
manuscritas sobre o app, mas é a parte mais organizada do meu espaço. É o
lugar onde passo a maior parte do tempo, trabalhando tão duro quanto
poderia. É difícil ser uma garota solteira morando sozinha em uma cidade,
especialmente em um bairro modesto como esse, mas me atirei no trabalho
para compensar a solidão que senti.

Uma vez em casa corri para o quarto e peguei o telefone.

Desbloqueei a tela e li uma mensagem:

— Eu já te assustei?

Uma única mensagem dele. Fiquei decepcionada e exultante. Parte de mim


queria vários textos, talvez até mesmo algumas chamadas. Quem sabe mais
algumas fotos enquanto B.B. HAMEL
ele esperava. Eu sei que é loucura e não conhecemos um ao outro, mas a
ideia deste homem atraente está em meu pensamento e na minha cidade,
talvez olhando a foto que mandei e se tocando, me fez mais excitada do que
tinha estado em algum tempo.

Além disso, era esperto. Passamos a maior parte do nosso tempo


descrevendo o que queríamos fazer um com o outro, mas também falamos
sobre outras coisas. Ele falara muito sobre computadores e desenvolvimento
de app, e seu conhecimento me surpreendeu. Foi principalmente o que me
convenceu que era um empresário de tecnologia legítimo e não apenas um
esquisito mentindo sobre o que faz para viver para pegar as garotas. No
entanto, nunca ouvi falar dele antes, e passei muito tempo lendo sobre as
empresas locais de Filadélfia. Uma busca rápida on-line pelo seu nome não
trouxe nada. Talvez fosse outra pessoa anônima como eu, tentando tornar-se
grande. Mas, novamente, a confiança com a qual falava sobre a indústria me
fez pensar que já estava muito além do meu nível de habilidade.

Outra parte de mim estava feliz que ele era confiante o suficiente para não
explodir meu telefone. Sabia o que queria, e pediu diretamente, mas não veio
para mim todo desesperado.

Acho esse tipo de confiança incrivelmente atraente.

Mudei a roupa de trabalho e coloquei calça de ioga preta e uma camisa velha
de futebol escolar. Ainda tinha muito que fazer naquela noite para me
preparar para a reunião de amanhã, e não podia ser distraída com mensagens
novamente.

B.B. HAMEL
Ainda assim, queria deixá-lo saber que não o esquecera. Longe disso,
pensara sobre a foto dele toda a tarde, imaginando meus dedos correndo seu
peito e pressionando nossos lábios, sentindo o calor de seu corpo
pressionado contra mim, suas mãos fortes agarrando meus quadris. Os
músculos duros, esculpidos. Fiquei excitada e tive que parar de imaginar o
que queria fazer com ele ou então gastar uma hora tirando-o da cabeça.

Deitada na minha cama, digitei uma mensagem de volta para ele.

— Ainda não. Tive que ir trabalhar. Esqueci meu

telefone em casa. — apertei enviar.

Não havia nada melhor do que a antecipação. Imaginar o que ele


responderia, quando respondesse, e como me senti melhor, como não me
sentia há muito tempo. Viver na Filadélfia era bom e fui capaz de ver meu
pai tanto quanto possível, mas também era muito solitário. Não podia
distrair-me demais, então sai da cama, fui para minha mesa e abri o laptop.
Li minhas notas e e-mails novamente, tentando me preparar para o que viria
amanhã.

Esta reunião poderia mudar a minha vida, eu sabia. Viver e estudar em Nova
York não era barato, e tinha um monte de empréstimos estudantis que ainda
precisava pagar. Toda vez que pensava sobre isso sentia que estava me
afogando em pagamentos de juros. Mas sabia que qualquer que fosse o valor
final da venda, usaria tudo para pagar o empréstimo estudantil B.B. HAMEL
e o que sobrasse iria para os cuidados com meu pai. Na melhor das
hipóteses, me contratariam para continuar a trabalhar no app, o que
significaria salário mais benefícios. Mais do que isso, representaria
estabilidade. Mas sempre que pensava sobre a venda, as dúvidas enchiam
meu peito fazendo-me respirar fundo para afugentá-las. Tentei bloqueá-la da
minha mente e fingi que minha preparação era uma espécie de jogo, mas não
pude deixar de ficar com um pouco de pânico.

Depois de meia hora, meu telefone tocou. Era ele.

— Eu sei que é estranho dizer, mas hoje senti falta

de seus textos. Vamos tentar nos encontrar amanhã.

Não foi estranho. A única coisa estranha foi que senti exatamente da mesma
forma, a falta de novidades do telefone era um buraco em minha existência,
de hora em hora.

Eu digitei de volta.

— Ok, nos encontraremos amanhã.

Não podia acreditar que concordei em encontrá-lo, mas agora era tarde
demais.

— Bom, estou ansioso para isso. Continuo olhando

aquela foto que me enviou — ele escreveu de volta.

— Oh sim? E por quê?

— Porque eu amo seu corpo. E quero sentir sua

respiração contra meu pescoço.

B.B. HAMEL
Isso me fez rir como idiota.

— Não tenha esperanças demais. Nem nos

conhecemos pessoalmente ainda.

— Já tenho muitas coisas em mente agora. Por sua

causa.

Sorri novamente. Quando não estávamos falando sério com nossa "
mensagem de sexo", achávamos engraçado fazer trocadilhos bregas de sexo.
Ele era definitivamente muito melhor do que eu.

— Depois vá tomar um banho, te vejo em breve.

Amanhã será um grande dia.

B.B. HAMEL
O átrio estava cheio de gente com roupa cara. Nunca vi um lugar tão
exuberante como este, com pisos em mármore e grandes televisões de tela
plana, mostrando a análise do mercado de ações.

A moça da recepção me disse que teria que esperar, então sentei em uma
cadeira de couro grosso e assisti as pessoas passarem, cada novo rosto
parecendo mais feliz e mais calmo do que o próximo. Adstringo era
conhecido como um dos melhores lugares para trabalhar na cidade, se não de
todo o país, e eu podia ver por quê. Havia comida grátis, laranjas, maçãs e
bananas, além de café e barras energéticas, e era só para os visitantes. Ouvi
que dentro havia uma cozinha com bufê livre, completo, além de academias,
salas para cochilos e muito mais.

Era o emprego dos meus sonhos. Nervosamente, baixava a bainha da minha


saia lápis cinza, que mostrava a minha bunda. Estava atraente, mas ainda
profissional. Senti como se não pertencesse a esse lugar caro, rodeado por
todas essas pessoas felizes, mas estava determinada a fazer isso acontecer.
Meu cabelo estava em um coque apertado, e decidi usar óculos pela primeira
vez. Começava a me preocupar que me vissem mais como uma secretária
"sexy" do que como um profissional B.B. HAMEL
de negócios séria. Não que eu soubesse como era um profissional sério na
verdade. Nunca realizei um trabalho de escritório antes, e esta era minha
primeira experiência em uma empresa de grande porte.

Esperei por cerca de meia hora. Pessoas entravam e saiam, aparentemente


sem compromissos, e todo mundo estava vestido com grifes. Exceto eu, e
esperava que não parecesse demais. Segurava minha bolsa simples marrom,
de couro, uma vez que foi da minha mãe quando ela trabalhava em um
escritório há anos. Agora tinha tudo dentro, minhas anotações e o laptop e de
repente me senti protetora. O

conteúdo dessa bolsa determinaria o meu futuro.

— Srta. Woodall? — a recepcionista disse.

— Sim? — respondi, levantando-me.

— Eles estão prontos para te atender.

Abriu a porta do escritório e uma mulher alta com cabelo loiro curto estava
sorrindo para mim. Fui até ela que me estendeu a mão. Demo-nos um aperto
forte, mãos macias e reparei que suas unhas eram bem cuidadas. Suas pernas
eram longas e estava absolutamente deslumbrante. Foi como imaginei que
Darcy se tornaria em poucos anos, madura, mas ainda radiante.

— Meu nome é Janice Shear. Sou assistente do Sr. Green.

— Muito prazer, senhorita Shear.

B.B. HAMEL
— Por favor, chame-me de Janice.

Eu ri nervosamente.

— Chameme de Amy, então.

— Ótimo! Por favor, por aqui.


Gostei instantaneamente de Janice. Era calorosa e gentil, e algo nela me
deixou à vontade. Talvez tenha sido a maneira que olhou como se realmente
estivesse ouvindo quando falei, mesmo trocando apenas gentilezas.

Janice nos levou para o escritório e olhei em volta. Não pude deixar de olhar
como uma criança em um museu pela primeira vez. O espaço era aberto,
com tetos muito altos e linhas de mesas flutuando no meio, separado por
divisórias.

As mesas ocupadas e todas pareciam vindas de um filme.

Decoradas com itens pessoais, como fotos e brinquedos, tudo tão colorido e
alegre. Ao invés de parecer sombrio e profissional como era a maioria dos
lugares, este era moderno e elegante.

Era o oposto do pátio por onde acabei de passar, que era classicamente
ornamentado e tinha a intenção de mostrar sua riqueza. Não via as pessoas
vestidas a rigor com exceção da Janice. A atmosfera era otimista, barulhenta,
mas não esmagadora, e as pessoas estavam animadas, conversando em
grupos, ou sentadas em suas mesas com fones de ouvido digitando.

Havia muitas outras salas de lado, e acho que vi a cozinha. Caminhamos um


corredor curto, à nossa direita, que B.B. HAMEL
era revestido com vidro, fechando as salas de conferências, umas vazias e
outras cheias, depois no final fomos à esquerda.
Paramos em frente a duas grandes portas, de madeira simples.

Janice parou antes de chegarmos a elas.

— Ok Amy, aqui é onde a reunião acontecerá. Sr. Green e Sr. Brown estarão
com você em breve — disse Janice. Abriu as portas e moveu-se de lado para
eu entrar. Era uma sala de conferências básica, dominada por uma única
mesa grande no meio com 20 lugares.

— Precisa de algo? Qualquer coisa?

— Não, obrigada — respondi, Janice assentiu e virou-se para ir.

No entanto, antes que saísse da sala de conferências falei.

— Oh, peço desculpa! — disse.

Janice voltou-se pacientemente.

— Quem é o Sr. Brown?

Janice sorriu.

— Sr. Brown é advogado do Sr. Green.

— Obrigada — Respondi e senti-me um pouco envergonhada. Claro, ele era


o advogado, obviamente haveria advogados. Nunca fizera algo assim antes e
de repente senti que deveria ter alguém aqui comigo. Entrei em pânico por
um segundo, mas respirei fundo para manter a calma.

B.B. HAMEL
— Não se preocupe. Royal Brown é um homem bom, você verá logo —
disse Janice. Por um segundo pensei que ela podia ler minha mente, mas
deve ter notado a ansiedade em meu rosto.

— Obrigada, espero que sim.

— Eles devem chegar em breve. — Janice virou e saiu, fechando as portas


por trás dela.

Sentei-me no centro da sala, coloquei as anotações e meu laptop na minha


frente. Liguei o computador e olhei em volta.

A sala era simples, não ornamentada como a entrada, também não era
colorida como o escritório principal. Senti-me mais confortável aqui, mesmo
que com uma grande ansiedade no peito. Como cresci com meu pai em um
subúrbio chamado Levittown, não estava acostumada ao luxo de lugares
como o hall de entrada. Não tínhamos muito, mas papai trabalhou duro para
sustentar a mim e aos meus dois irmãos mais velhos. Nunca estive em um
espaço tão claramente moderno e leve como o escritório principal. Columbia
tinha alguns espaços como esse, mas fiquei longe deles. Preferia os edifícios
antigos, grandes e achatados, com desenhos e layouts simples.

Eram mais confortáveis para mim, por algum motivo.


A insegurança voltou, mas expulsei-a. Tudo ficaria bem, disse a mim mesma
e tentei pensar sobre conhecer o belo estranho mais tarde, naquela noite.
Sobre seu corpo pressionado contra o meu num beco escuro enquanto ele
tentava desesperadamente enfiar as mãos por baixo da minha B.B. HAMEL
saia e passar seus lábios ao longo do meu pescoço. Antes que pudesse me
perder demais na fantasia, houve uma batida na porta e ela se abriu.

Levantei-me para cumprimentá-los. Dois homens. O

primeiro era mais velho, provavelmente em seus 50 anos, mais redondo e


alto. O cabelo era grisalho, mas ainda desgrenhado como um adolescente,
que o fazia parecer gentil. Ele caminhou até mim e estendeu a mão, com um
grande sorriso no rosto.

— Royal Brown, advogado das estrelas, é um prazer conhecê-la — disse-me


e nos cumprimentamos.

— Amy Woodall, desenvolvedora do aplicativo e a vendedora do futuro app.


— Royal riu da minha piada, que imediatamente deixou-me a vontade com
ele e, em seguida, moveu-se para se sentar do outro lado da mesa.

Então eu o vi. O segundo homem aproximou-se. E meu queixo quase caiu no


chão.

B.B. HAMEL
Não sabia como ou por quê, mas este homem era meu belo estranho, o
mesmo que mandei mensagem esta manhã.

Certamente era ele e ainda conseguia ficar lá me olhando.

Apesar de que parecia tão surpreso quanto eu e houve até uma pausa
desconfortável, enquanto estávamos frente a frente.

Em suas fotos, ele nunca estava olhando direto para a câmera. Virava a
cabeça e a iluminação era fraca, o que tornava difícil dizer seus detalhes.
Além disso, Shane Green, o dono bilionário de Adstringo, era notoriamente
privado, talvez obsessivamente privado se os blogs eram verdadeiros. Não
havia muitas fotos dele. Mas este era definitivamente Shane Green, e com
certeza era o mesmo homem para quem eu enviara muitos textos explícitos,
textos muito sujos.
Era mais bonito pessoalmente. Talvez com quase quarenta anos, maduro e
bonito. Seus olhos pareciam pedras azuis na foto, mas pessoalmente eram
duas piscinas profundas, suficiente para me perder. O terno sob medida
agarrava-se ao corpo bem trabalhado, e não pude deixar de passar os meus
olhos e descer.

Shane Green olhou, notei que tomava conta da sala e irradiava uma
confiança que não estava completamente B.B. HAMEL
familiarizada. De repente senti que já não pertencia aquele lugar, mais do
que já sentia antes. Notei que ele estava fazendo a mesma coisa comigo,
correndo os olhos pelo meu corpo e, de repente, fiquei consciente de como
minha saia agarrava-se aos quadris e minha camisa acentuava os meus seios.
Esperava que ainda pudesse me levar a sério, mesmo que já olhara uma foto
minha apertando os peitos juntos para ele.
Nunca conheci ou senti uma atração imediata e poderosa assim, e agora
entendia porque uma única fotografia fizera querer chupar pau dele com
abandono. Senti-me envergonhada, mas animada, tudo de uma vez. Seu
corpo próximo ao meu foi como um farol para mim, e embora fossemos
ainda completos estranhos, queria me pressionar contra ele como eu pudesse.

Por trás de tudo isso tinha uma pergunta simples:

— Por que mentiu para mim? Por que me disse que seu nome era Rex Blue?

Senti-me meio traída, embora percebesse que realmente não tinha o direito.
Será que planejava dizer-me a verdade mais tarde, ou esperava que eu não o
reconhecesse? O

contraste entre o homem que estivera trocando mensagens de texto e o


homem de pé na minha frente com um olhar surpreso no rosto, aquele que
mentiu sobre seu nome e sua identidade, foi como um furacão dentro da
minha cabeça.

B.B. HAMEL
Antes que o momento ficasse muito estranho, Shane estendeu a mão.

— Shane Green. Muito prazer, senhorita Woodall — disse.

A confusão dele mudou para um sorriso diabólico.

Não sabia como jogar isso. Ele obviamente reconheceu-me também, ou pelo
menos eu tinha certeza que reconheceu, Brown estava nos observando de
perto. Estendi a mão e apertei.

— Olá, Sr. Green — respondi.

A mão dele era grande e forte na minha, mas não era macia como eu
esperava. Por um breve momento quando nós apertamos, minha cara ficou
vermelha brilhante quando me lembrei de que descrevi como queria amarrar
minhas mãos nas minhas costas, enquanto me pegava por trás. Não podia
acreditar que disse isso para o meu futuro empregador em potencial.
Soltamo-nos, e Shane foi sentar-se.

— Bem, você parece um pouco confusa — Royal disse.

— Parece? — Shane respondeu. Achei que ele parecia desinteressado, o que


me confundiu.

— Parece que viu um fantasma. — Royal riu.

— Estou um pouco nervosa — consegui dizer.

— Bem jovem, é totalmente natural. — Royal informou.

B.B. HAMEL
O olhar de Shane em mim era penetrante e focado. O rosto estava
impassível. Sentei-me nervosamente e remexi minhas anotações, tentando
não pensar no quanto queria seus lábios pressionados contra os meus.

Houve um breve período de silêncio, e Royal ficou nos olhando.

— Bem, então — Shane disse finalmente, limpando a garganta. — Vamos


começar, Srta. Woodall?

B.B. HAMEL
Não precisava ficar nervosa. Royal assumiu o controle da maior parte da
reunião, e ele era fácil de conviver. Passou-me contratos detalhando a oferta,
descrevendo exatamente quanto estavam dispostos a pagar, que era mais do
que suficiente, e os termos do emprego. Meu estômago deu cambalhotas
quando disse "emprego" , e Royal deve ter notado minha alegria porque não
pode deixar de sorrir de volta. Enquanto isso, Shane ficou quieto, e só falou
quando ficou claro que precisava. Havia algo estranho nele, quase
meditando, e senti como se eu só visse uma gota no oceano.

Não entendo este homem. Estava fingindo que não me conhecia ou pior,
como se estivesse desapontado comigo.

Talvez os textos e fotos deram uma ideia diferente, e uma vez que me
conheceu pessoalmente, não fiz jus à sua versão idealizada. Eu realmente
não tinha ideia do que seu silêncio passivo significava, e fiz tudo o que podia
para não atravessar a mesa e agarrá-lo pelos ombros, talvez sacudi-lo
ligeiramente e gritar todas as perguntas que estavam surgindo em minha
cabeça. Ao invés disso, sentei-me tão pacientemente quanto podia e escutei
Royal explicar o negócio, enquanto Shane em resumo manteve-se
profissionalmente indiferente. Royal liderava a reunião, mas estava claro que
Shane estava no B.B. HAMEL
controle. Mesmo que quase não falasse, Royal sempre olhava para ele antes
de afirmar qualquer coisa.
Como Shane não reconheceu a foto do meu perfil? Não me pesquisou antes
de comprar o app? E por que estava mentindo sobre o nome em um site de
encontros ruim? As respostas, obviamente, não seriam ditas nesta reunião.
Pelo menos Royal parecia alegremente inconsciente sobre as questões entre
nós, enquanto tagarelou sobre salários e pacotes de seguros. Normalmente
isso teria sido o momento mais feliz da minha vida, mas havia muita
agitação dentro de mim para apreciá-lo.

No final da reunião assinamos o contrato final. Royal passou-me os papéis


primeiro, mesmo insegura e com medo assinei meu nome na linha
pontilhada. Então, quando empurrei os papéis para Shane, nossos dedos se
tocaram brevemente. Levei um choque e nossos olhos se encontraram
rapidamente. Ele desviou o olhar, puxou os contratos em sua direção e
assinou também.

A reunião terminou logo depois disso. Todos apertamos as mãos novamente,


mas eu ainda podia sentir aquele breve toque entre nós. Foi a primeira vez
que fizemos contato casual e o aperto de mão não causou o mesmo choque
de antes.

Estava exultante e confusa. Por um lado, acabara de conseguir um emprego


na maior empresa da cidade, um trabalho que queria há anos, e vendi um app
no qual trabalhara desde que estava na escola. Minhas dívidas de B.B.
HAMEL
estudante seriam pagas e teria alguma renda extra para ajudar a pagar as
contas médicas do meu pai. Por outro lado, o primeiro homem por quem
senti algo depois de muito tempo, e talvez o mais lindo que já tinha visto,
mentiu para mim sobre quem era e parecia distante e distraído.

Os dois homens partiram, e Janice veio visitar-me.

— Como foi? — ela perguntou.

— Foi perfeito.

— Ah sim? É rica agora?

Eu ri. Que pergunta estranha de fazer a alguém. Senti falta de


profissionalismo, mas vindo dela, a pergunta era completamente confortável
e engraçada.

— Não, ainda não. Mas meu empréstimo estudantil será pago e terei um
emprego — respondi.

— Bem, parabéns, Amy.

Saímos,

com

Janice

na

liderança.

Enquanto

caminhávamos pelo corredor, senti meu telefone vibrar no bolso.


Normalmente não o verificaria, mas estava tão eufórica e confusa que o tirei
de lá sem pensar.

— Encontre-me no McCullough da esquina em dez

minutos.
B.B. HAMEL
Era uma mensagem dele. Rex Blue ou Shane Green, ou quem quer que
fosse, eu ainda queria conhecê-lo. E ele pediu para fazê-lo agora.

Não sabia o que queria. Como seguia Janice, olhei ao redor do escritório e
tentei vislumbrar Shane barra Rex, mas não estava à vista. Não tinha ideia se
deveria ir, mas talvez ele tivesse uma boa razão para a maneira como agiu e
por que mentiu para mim. Pelo menos, poderia ser bom esclarecer tudo isso
antes de começar a trabalhar para Shane Green. Decidi que seria uma boa
ideia fazer bonito com o novo chefe.

Janice me levou para frente do gabinete e segurou a porta aberta para o átrio.

— Obrigada Janice. — eu disse. Ela sorriu calorosamente em troca.

— Estou ansiosa para trabalhar com você.

— Sinto o mesmo — respondi.

Apertamos as mãos novamente e sai para o saguão.

Percebi que estava uma bagunça emocional quando fui rumo ao elevador.
Também, encontraria com Shane Green, bilionário, meu futuro chefe, o
parceiro de mensagem erótica, sozinha em um bar em poucos minutos, e não
tinha ideia do que aconteceria.
B.B. HAMEL
Estava atrasada. Depois que deixei o lobby entrei no banheiro público do
edifício e me arrumei. Tirei meus óculos e desabotoei os dois botões
superiores da blusa. Imaginei que podia deixá-lo ver o que está perdendo.
Adivinhei que isto não era apenas uma reunião de negócios, uma vez que me
convidou para um bar. Lavei as mãos e repeti mentalmente, posso fazer isso,
posso fazer isso. A dúvida estava lá, mas ignorei-a e sai para tentar encontrar
o McCullough.

O bar situava-se em um porão, abaixo do salão de beleza no canto do


escritório do Adstringo. Havia um pequeno sinal no topo da escada, mas
levei quinze minutos até encontrá-lo.

Quando encontrei estava 20 minutos atrasada. Corri para baixo, esperando


que ainda estivesse lá.

Abri a porta velha e suja, entrando na sala mal iluminada.


Havia painéis de madeira em todas as paredes, do meio do caminho até o
topo, com a parte superior dominada principalmente por sinais de
publicidade à moda antiga. O

lugar cheirava a fumaça de cigarro, embora ninguém estivesse fumando. Era


muito vazio e o longo bar ocupava a maior parte da sala, com apenas
algumas cabines para um lado e um velho jukebox no canto. Era um bar
decadente, olhei para ele e não B.B. HAMEL
podia acreditar que um cara como Shane Green entraria em um lugar como
este. Senti-me em casa.

Levou um segundo para meus olhos se ajustarem e vê-lo sentado sozinho no


bar, com uma bebida na frente. Quando cheguei mais perto ele olhou para
mim e deu-me aquele sorriso torto, o mesmo da foto que me mandou. Senti o
estômago agitar e de repente a dúvida assaltou-me.
— Ei, Amy. — ele disse.

— Ei você, Sr. Green. Ou devo dizer Rex? — peguei o assento ao seu lado e
minha bolsa caiu no chão. Não sabia de onde vinha essa confiança, mas foi
bom estar perto dele.

Seu sorriso desapareceu, sendo substituído com um olhar intenso. Ele curvou
sua cabeça ligeiramente e disse:

— Tenho que dar explicações.

— Sim, você tem. Mas primeiro, pague-me uma bebida.

Vinho branco.

Olhou-me um pouco surpreso, mas o olhar intenso não foi embora, e ainda
aprofundou, então senti algo mexer dentro de mim. Ele fez sinal para o
garçom e pediu minha bebida.

Senti-me confiante, mesmo que ambos soubéssemos quem detinha o poder


nesta situação. Esperamos em silêncio enquanto o garçom servia e colocava
na minha frente. Podia sentir Shane meditando junto a mim, e olhei-o pelo
canto do olho. Estava olhando para o espelho atrás do bar com um olhar
B.B. HAMEL
distante no rosto, obviamente pensando profundamente sobre algo. Seu copo
estava pela metade, parecia que estava bebendo uísque ou outra bebida
marrom.

— Tudo bem então, vá em frente Blue. — eu disse tomando um gole do meu


drink.

Ele se recostou na cadeira. Seu corpo e o olhar penetrante assumiram o


controle da sala imediatamente.

— Onde eu começo?

— Talvez o nome, por exemplo. — estava fingindo ser corajosa, mas já me


sentia completamente à sua mercê.

— Tudo bem, mas primeiro deixe-me dizer isto. Juro que não sabia quem era
quando começamos as mensagens. Nem mesmo quando você me mandou a
foto. — não estava sorrindo mais e os olhos dele eram suaves e graves.

Eu não estava convencida.

— Como? Quero dizer, você estava comprando meu app.

— Tenho uma equipe que faz compras. Na verdade, não tive muito a ver
com a pesquisa básica. Não sabia o seu nome até esta manhã, não que isso
mudasse algo. Não foi meu melhor momento, eu percebi. Estava um pouco
distraído.

— Tudo bem, mesmo que isso seja verdade e você não sabia quem eu era,
por que mentiu sobre seu nome, primeiramente?

B.B. HAMEL
Shane Green soltou um suspiro profundo e tomou um gole de sua bebida.
Poderia dizer que isso foi difícil para ele, já que olhou em torno da sala antes
de responder. Estava claramente atormentado por algo, e não sabia o que.

— Sou uma pessoa reservada, Amy. Extremamente reservada. Odeio estar


aos olhos do público, mas quando você possui uma empresa como a minha,
encontra esse tipo de coisa. Tento o meu melhor para ter uma vida normal,
mas na maioria das vezes não é possível.

Ele fez uma pausa e mudou o tom.

— Isto é embaraçoso, mas o perfil de namoro é principalmente sobre flertar


com estranhos. Faz-me sentir normal.

Podia entender isso. Li sobre sua reserva, mas ouvi-lo falar sobre isso e
vendo como fisicamente ficou desconfortável, teve um efeito interessante
sobre mim. Ao invés de perder o interesse ou ficar com raiva, eu queria
correr os dedos pelo cabelo dele e beijar sua boca o máximo que pudesse.

Claramente este era um homem que não estava acostumado a ter que se
explicar e muito menos admitir algo tão profundamente pessoal, como fazer
um falso perfil de namoro para se sentir normal. Sua vulnerabilidade,
misturada com o seu sigilo, foi convincente.
— Então o quê? Você se livraria de mim?

B.B. HAMEL
— Não, absolutamente não. — olhou-me direto nos olhos e chegou mais
perto. Prendi minha respiração por um momento. A luz parecia inclinar em
direção a ele.

— É isso que faz com as garotas que flerta? — perguntei, mas minha cabeça
divagando com imagens do seu corpo.

— Não. Esta é a primeira vez que fui tão longe e te diria a verdade, quando
nos conhecêssemos. Desculpe que menti para você. Nunca quis te enganar.
— estava tão perto de mim que podia sentir seu calor. Estava completamente
hipnotizada pelo olhar dele e senti que faria qualquer coisa que pedisse.

— Como devo te chamar afinal? — perguntei, respirando o cheiro dele.

— Chame-me de Shane. No escritório, chame-me de Sr.

Green. Prometo que isso não afetará nossa relação de trabalho.

Não quero deixá-la desconfortável.

Ele me deixou desconfortável, tudo bem. Tão desconfortável, que estava


imaginando ir para o que, provavelmente, era um nojento banheiro de bar,
desafivelar o cinto e chupá-lo ali mesmo. Normalmente não agia ou pensava
assim, mas algo sobre esse homem me fez precisar dele.
— Obrigada por dizer isso — respondi calmamente.

Inclinou-se um pouco mais perto e saboreei a intimidade.

— Não quero que nosso relacionamento profissional sofra.

B.B. HAMEL
Ele deu aquele meio sorriso e virou-se para saborear a sua bebida. Bebi a
minha também, apenas para disfarçar o quanto queria que se aproximasse
novamente.

— Então o que faremos a partir de agora? — perguntei.

— Você começa a trabalhar na próxima semana e supervisionarei seu projeto


nos dois primeiros meses.
— Esse é o jeito de manter-me por perto? — disse brincando.

Ele sorriu.

— Faço isso para todas as nossas novas aquisições. —

houve uma sugestão de algo mais em seu tom, mas não sabia o que
significava.

— Oh, é o que eu sou? Uma aquisição?

— Não se deprecie Amy. — sua expressão tornou-se intensa quando passou


os olhos pelo meu corpo. Queria que me abraçasse com o olhar, tanto quanto
possível.

Queria ser o objeto de sua atenção ou talvez apenas seu objeto.

— Você é muito mais que isso. Nem sempre contratamos o criador de tudo o
que compramos.

Isso me deteve. Eu não conhecia suas práticas de negócios, porque


Adstringo não era público, tive de contar com B.B. HAMEL
fontes de segunda mão. Havia rumores, é claro, mas rumores nem sempre
significam muito.
— Então por que me contratou? — Perguntei confusa.

— Precisa perguntar?

— Sim, preciso.

— Você criou e desenvolveu um aplicativo complexo em seu tempo livre,


que não só tem uma função de receitas, mas também um benefício social
positivo. É impressionante. Eu queria roubar-te antes que outra pessoa
fizesse.

Não sabia o que dizer. É verdade que meu app foi um pouco complicado.
Estudantes de baixa renda ligados com tutores on-line dispostos a ajudá-los
na diminuição de taxas têm um monte de peças móveis, mas eu nunca olhei
para ele como algo mais do que um quebra-cabeça que vale a pena.

— Bem, obrigada. Obrigada por dizer isso — respondi corando.

— É claro. Espero que possamos passar por essa estranheza, Amy.


Trabalharemos muito juntos, intimamente, nos próximos meses.

Eu não queria passar por tudo isso, mas não disse exatamente em voz alta.
Senti-me mais confiante em sua companhia, mas não tanto.

— Acho que isso soa bem, Sr. Green.

B.B. HAMEL
Os olhos dele acenderam quando disse este nome.
— Shane fora do escritório. Sr. Green dentro. — seu tom era um comando e
isso me excitava.

— Sinto muito, Sr. Green. Quero manter as coisas profissionais. — eu queria


que ele parecesse desapontado, mas seu rosto permaneceu impassível.
Segurou-me com o olhar por mais um momento e senti-me com vontade de
dizer o nome dele novamente. Antes que tivesse a chance, ele tomou o
último gole de sua bebida e levantou-se. Pegou algumas notas da sua carteira
e deixou-as cair na mesa e, em seguida, olhou para mim. Não consegui ler a
expressão dele, mas meu corpo tencionou sob seu olhar.

— Obrigado por se encontrar comigo, Amy. Vejo-a no escritório. — moveu-


se para ir.

Olhei para minha bebida e senti-me desapontada. Não sabia o que esperava.
Talvez uma declaração de amor, talvez apenas um convite para jantar. Em
vez disso, tinha mensagens contraditórias e muita confusão.

Antes de sair Shane parou ao meu lado. Poderia dizer que estava lutando
com algo. Movi-me no lugar para chegar mais perto dele. Ele olhou
diretamente para mim, seus olhos latentes.

— Eu não sou um homem indeciso. — começou e então parou para olhar


para o garçom. Respirou fundo. — Levo B.B. HAMEL
minha vida do jeito que quero. Agora, sinto-me coagido a dizer, tudo que
mandei para você.
Antes que eu pudesse responder, ele saiu pela porta e se foi. Tomei um gole
profundo do meu copo de vinho, sentindo-me tonta.

B.B. HAMEL
Abri a porta para o meu apartamento e deixei cair às chaves no balcão da
cozinha. Assim que entrei o telefone começou a tocar. Puxei-o da bolsa e
verifiquei o ID: Darcy.

Levei-o até minha orelha.

— Ei Darc! — disse.

Não tinha notícias dela há dias, e estava feliz por ligar.

Não podia esperar para compartilhar as notícias, mesmo que fossem um


pouco confusas.

— Ei garota. — Darcy me chamava de garota, às vezes, o que era estranho,


mas deixávamos rolar. Foi uma brincadeira de faculdade, algo a ver com
como queria alguém para ser meu papaizinho. E como ela seria o único
papai que eu teria.
Estávamos passando um sério período na época.

— Como vai? — perguntei.

— Está tudo bem! Adivinha onde estou?

Eu não tinha ideia.

— Em casa na cidade? Oh, não, você está em um submarino e está ficando


sem ar. Ligou para dizer-me adeus?

— Pare! Estou na Filadélfia.

B.B. HAMEL
— Você está aqui? Na minha cidade? Desde quando? —

não tinha ideia de que ela vinha. Desejei que tivesse me dito antes. A teria
buscado na estação, ou pelo menos a deixaria dormir na minha casa.

— Vim esta manhã. E, na verdade, estou na cafeteira agora. Venha!

— Está no Swirl, agora?


— Sim e é melhor você vir. Sem desculpas.

Fora um dia longo. Estava exausta mesmo sendo quase quatro da tarde. Mas
não pude negar seu pedido, não quando era tão raro vir a cidade. Apesar do
tumulto que estava sentindo sobre o novo trabalho e enviar mensagens
obscenas para meu chefe, precisava vê-la.

— Estarei aí em breve.

— Grande. Fique bonita! — ela desligou. Sorri e pus meu telefone na bolsa.
Eu não sabia o que Darcy reservara para mim, mas percebi que poderia
mudar de roupa antes de ir.

Parei minha moto fora do café no lugar habitual e ajustei minhas roupas.
Short de cintura alta preto apertado, meias pretas e um top bonito, azul
escuro de botão com detalhes por todo o lado. Darcy disse-me para ficar
bonita e fiz meu melhor para corresponder às suas expectativas.

B.B. HAMEL
O café parecia escuro, o que era estranho. Deveria estar aberto, mas o
letreiro não estava aceso e mal conseguia ver na janela. Abri a porta e entrei.

— Surpresa!

Um grupo enorme de pessoas gritou ao mesmo tempo.


Quase morri de susto. Meu coração estava martelando no peito, senti a
adrenalina pulsando.

As luzes se acenderam e as pessoas estavam por todo o lado. Estava em


choque.

Darcy veio correndo até mim e envolveu-me em um grande abraço. Algumas


pessoas da nossa faculdade estavam lá, Jim e alguns dos meus colegas de
trabalho também estavam e ao lado, sentado na sua cadeira de rodas com sua
enfermeira atrás dele, estava meu pai.

— Darc! O que é isto? — Disse, afastando-me.

— É uma festa surpresa para comemorar sua grande venda. Coisa de última
hora, mas está decente.

— Como você fez isso? — não podia acreditar que trouxeram o meu pai.

— A ideia foi principalmente do Jim. Convidei todo mundo, mas ele


ofereceu o lugar de graça. — Jim nos olhava com um sorriso enorme. A
maioria das pessoas voltaram para o bate-papo e a música do café voltou.
Nunca fui uma grande fã de festas, mas isso foi a coisa mais bonita que
alguém já fez B.B. HAMEL
para mim. Senti que estava perto das lágrimas e tive que respirar fundo para
me equilibrar.
— Você é incrível, Darc. Muito obrigada — disse-lhe.

— Oh não chore, bebezona. Você merece isso. — ela respondeu rindo.

Agradeci a Darc outra vez e então fui direto para o meu pai. Ele parecia
magro, mais magro do que na semana passada. Sua enfermeira, Jasmine,
ficou atrás da cadeira dele, toda sorridente. Estava ligado à sua máquina de
oxigênio, mas usava seu melhor terno. Abaixei-me para abraçá-lo o máximo
que pude sem machuca-lo. Era tão frágil nos braços e não pude deixar de
lembra-lo quando era jovem, alto, ombros largos e ríspidos.

— Estou orgulhoso de você Amy. — papai disse em meu ouvido.

— Obrigada, pai. Estou tão feliz que veio.

Afastei-me e ele estava sorrindo.

— Sim, eu também. É difícil sair estes dias. Philly não é mais como
antigamente

— É pai, não como em seu tempo. Realmente está tudo se deteriorando.

— Está deteriorado, quer dizer. Enfim, a cidade foi sempre um buraco. É


apenas um novo tipo de buraco.

B.B. HAMEL
Típico do meu pai. Ele sempre foi rabugento, mesmo antes do câncer de
pulmão. Passou a maior parte de seu tempo trabalhando, quando éramos
jovens, mas esforçou-se para arranjar tempo para nós. Era um bom pai,
apesar de todos os problemas em sua vida. Apesar de todos os problemas
que nós tínhamos lhe causado. Mas ainda nos amava e sempre se assegurava
de que nós soubéssemos.

— Parabéns pelo seu app, Amy — Jasmine disse.

— Obrigada Jasmine. E obrigada por trazer esse cara preguiçoso —


respondi.

— Ei, eu tentei não vir, mas ela era teimosa.

Nós rimos, e papai parecia desconfortável sendo o centro das atenções.

— Sim Amy, parabéns milionária — veio uma voz atrás de mim. Virei-me e
vi John, meu irmão mais velho.

— John! — disse e envolvi-o em um abraço.

Ficamos muito mais próximos nos últimos anos. Nosso irmão do meio,
Derek, estava passando por alguns problemas e atualmente estava em algum
lugar perto de Reading. Não sabíamos o que Derek estava fazendo na
maioria das vezes, mas provavelmente era relacionado com droga, seja o que
for.

Enquanto isso, John era um contador bem sucedido e esforçava-se para


cuidar da família. Principalmente de Derek nestes dias, ele foi uma grande
ajuda quando eu era estudante B.B. HAMEL
em Nova Iorque com pouco dinheiro para me alimentar, e pagava uma
grande parte das contas médicas do meu pai.

— Então, o que fará com o seu primeiro milhão?

— Bem, eu não sou milionária. Mas pagarei meus empréstimos estudantis.

— Esperta — ele disse.

A noite correu bem. Papai saiu mais cedo porque estava cansado, mas foi
incrível que ele fez a viagem. Jim deixou meus amigos trazerem cerveja e
vinho, e as coisas ficaram confusas, como normalmente acontecia. No final
da noite encontrei-me em uma mesa com Jim, Darcy e John, o restante dos
convidados da festa foram embora.

— Então, como você fez, afinal? — Darcy perguntou-me.

— O que você quer dizer?

— Como você fez, como criou um app? E o vendeu?

Dei de ombros.
— Trabalhei duro, principalmente. Tive um pouco de sorte. Foi sorte que o
app foi encontrado por Adstringo e comprado. Mas na maior parte, só fiz o
app.

— Isso não é sorte Amy — disse Jim. — Você é a pessoa mais talentosa
aqui. Todos sabem disso. — Ele estava muito bêbado e encostado no tampo
da mesa.

B.B. HAMEL
— Obrigada Jim. Eu tento, acho. — ele me olhava atentamente, de uma
maneira que não reconheci.

— Acha? Você é maravilhosa, Amy. Você é extraordinária.

Vendeu um app, está trabalhando para a empresa dos seus sonhos. Viva a
vida. Acho que você é incrível. — ele disse.
Jim continuou me olhando, e um silêncio estranho caiu sobre a mesa.

— Tudo bem, acho que é hora de ir. — John disse, quebrando o silêncio e
deu um tapinha nas costas de Jim.

Darcy riu.

— O que, só estou dizendo. — Jim protestou, mas deixou John levanta-lo.

— Vou levá-lo para casa. Vocês duas limpam. — John levou Jim para fora,
para a noite fresca de outono. Darcy riu novamente.

— Ele tem uma paixão enorme por ti, você sabe. — ela comentou.

— Não, não, somos apenas amigos. E Jim é meu chefe.

Ou era meu chefe.

Ainda não caíra a ficha de que não era mais uma barista com salário mínimo
no Swirl Café. Nunca mais teria que servir outro café para um cliente
grosseiro. Não precisaria limpar um derramamento ou lidar com pessoas
impacientes. Isso era libertador.

B.B. HAMEL
— Chefe não tem nada a ver com isso, esse cara quer seu doce corpo. A
propósito, algum homem quente em sua vida agora? — Darcy era
perpetuamente curiosa quando se tratava da minha vida amorosa, mesmo
quando não existia essa vida.

Queria falar para ela sobre meus textos com Shane, sobre descobrir quem
Shane Green era durante a reunião de hoje de manhã e a sua admissão
estranha no final da nossa conversa no bar, mas não consegui fazê-lo. Podia
deixar de fora os detalhes sobre as fotos sexys e sobre as mensagens
obscenas, claro, mas eu queria descrever seu corpo, a maneira que ele olhou
para mim e fez-me sentir. Mas uma grande parte de mim sabia que não seria
algo que ele gostaria. Se Shane era tão privado como disse, e acho que
realmente quis dizer isso, então não deveria contar a ninguém sobre o que
aconteceu entre nós.

Em vez disso, só balancei minha cabeça. Foi difícil não dizer-lhe, mas
tranquilizei-me com o pensamento de que iria enchê-la sobre isso quando
pudesse.

— Não, nada de especial mesmo.

— Seria uma pena desperdiçar sua juventude trabalhando. — Darcy


terminou sua bebida, já animada. Ela era inteligente e bonita, mas conduzia a
vida de forma diferente.

— Nem todos nós vivemos a vida glamorosa de Nova York, Darc.

B.B. HAMEL
— Isso é verdade, garota. — ela riu, e senti que estávamos na escola.
Eu sorri.

— Vamos limpar essa bagunça.

Éramos como irmãs na faculdade. Tivemos sorte de dividirmos o mesmo


dormitório no nosso primeiro ano de universidade e nunca mais nos
separamos. Na verdade, o ano que me mudei para a Filadélfia era meu
primeiro ano sem ela, e de muitas formas minha vida ficara vazia por causa
disso.

Darcy sempre trouxe alegria e leveza para tudo que fazia e foi algo que
perdi. Francamente, sabia como fazer uma festa e viver a vida, mas não era
irresponsável. Eu tinha uma tendência a sobrecarregar-me, me esforçando
para alcançar os objetivos e Darcy era boa em me levar para sair. Sempre
fiquei mais confortável com o meu laptop, sozinha no quarto, do que em
grandes festas.

Assim como Darcy me ajudou a descontrair, acho que ajudei a mantê-la um


pouco com os pés no chão, apesar dela não admitir isso. Tinha ciúmes dela
de muitas maneiras, seus longos cabelos loiros, cintura fina, olhos verdes. Os
rapazes morriam para ficar com a Darcy e eu estava sempre na sua sombra,
mas não tinha rancor por isso. A pálida morena nem sempre atraia
multidões, pela minha experiência. Não era sua culpa que ganhou na loteria
genética, enquanto fiquei parecendo com a média. Para todos os meus
defeitos B.B. HAMEL
compensei de outras maneiras, com uma ética de trabalho insana, ou pelo
menos tentei.
Nós duas levantamos e começamos a arrumar o lugar.

Pensei sobre meu telefone, tão silencioso a noite toda e em Shane lá fora em
algum lugar, em sua casa confortável, talvez flertando com uma garota nova
pelo app de namoro. Senti uma pontada de ciúmes e não tinha o direito de tê-
lo. Ele não parecia querer ter nada além de uma relação profissional comigo,
mas ainda não pude deixar de pensar sobre o que dissemos um ao outro e
sobre seu último comentário antes de sair do bar.

Ainda guardava a foto que salvei e esperava que ele mantivesse a minha.
Sabia que deveria excluí-lo, mas gostava de imaginá-lo olhando para ela,
talvez passando a mão na cueca, sobre o abdomen esculpido, tocando seu
pau grosso.

Balancei minha cabeça para tirar a imagem de meus pensamentos.

Perguntei-me como seria quando estivesse no escritório todo o tempo.


Estava apavorada de que as coisas ficassem estranhas. Pior, tinha medo de
ser demitida por ele. Se for tão discreto como disse, então se livrar de mim
fazia sentido.

Antes que pudesse cair profundamente em devaneios, Darcy propôs uma


última rodada e não pude dizer-lhe não.

Bebemos ao meu sucesso, mas secretamente bebi para um futuro onde Shane
Green me mandaria um texto.

B.B. HAMEL
Uma semana depois, estabeleci-me no escritório. Já tinha feito minha
primeira amiga, chamada Linda, e isso facilitou muito a minha transição.
Linda sentou ao meu lado, e a sua personalidade efervescente e atitude
prática no trabalho fez dela o tipo de pessoa de quem queria estar perto. Ela
era por sua vez, boba e séria, sempre fazendo piadas, mas trabalhando longas
horas. Afastei-me de minha tela quando Linda apareceu na parede da nossa
divisória.

— Você ouviu sobre o Sr. Green? — perguntou.

Ainda não estive com ele. Deveríamos trabalhar estritamente no app, mas eu
não tive sequer um vislumbre dele nesta semana.

Não que estivesse esperançosa de vê-lo, porque não estava. Talvez eu


atravessasse as áreas comuns um pouco mais lentamente, demorava na
cozinha um pouco mais do que precisava e levava algum tempo passeando
pelos corredores perto de seu escritório. Mas quem poderia me culpar?
Eu não tinha notícias dele ou o vi desde o nosso encontro no bar, e sabia que
não podia tomar qualquer iniciativa. Se ele era realmente tão sério em uma
relação profissional, como B.B. HAMEL
disse que era, então não poderia mandar mensagens do nada arriscando
minha posição na empresa.

Parei o que estava fazendo, salvei e levantei-me da mesa.

— Não, o que aconteceu?

Linda ergueu-se em sua divisória, ainda em sua cadeira.

— Aparentemente ele tem estado acuado em seu escritório, durante toda a


semana, trabalhando em algum projeto indeterminado.

— É mesmo? Não ouvi sobre isso.

— Está todo mundo falando — Ela chegou um pouco mais perto.

— Quer saber o que eu penso?

Meu coração começou a martelar no peito.

— Claro o que você acha?

Seu rosto assumiu um olhar travesso.


— Acho que ele está transando com um monte de garotas diferentes. Ouvi
que é um enorme paquerador.

— Linda! — Eu falei já com o rosto ficando vermelho. Ela riu da minha


reação.

— Oh, vamos novata. Todos sabem que ele é gostoso.

Tenho que desabafar um pouco de vez em quando, sabe?

B.B. HAMEL
Eu não estava ofendida com sua piada. Senti-me muito próxima dela e
presumi que ela se sentia da mesma forma comigo, se estava disposta a
brincar a respeito de nosso patrão fazendo sexo com mulheres estranhas. Era
só que eu queria ser uma dessas garotas. Na verdade, queria ser a única
garota.

Estava sentindo ciúmes? Sim, estava sentindo ciúmes. Era uma loucura, mas
encontrei-me querendo ser tomada por este homem, em qualquer lugar que
escolhesse, sempre que ele quisesse.

— Sr. Green é um gato — respondi.

Linda sorriu.

— Esse é o espírito. Mas com toda a seriedade, ele deveria trabalhar mais
com você. É estranho que nem sequer parou aqui.

— Acha que tem alguma coisa a ver com o meu projeto?

— senti-me um pouco desconfortável.

— Oh não, não, não se preocupe. — o rosto de Linda ficou sério, e ela


levantou as mãos. — Você está muito bem. E é muito nova para ter feito
algo para fazê-lo esconder-se no escritório. Talvez um dia, entretanto.

Eu ri.

— Uma garota pode sonhar. — Se ela soubesse o que eu já tinha feito, acho
que seria o centro da fofoca neste escritório por semanas.

B.B. HAMEL
— De qualquer forma, duvido que sejam meninas que ele tem ali. Ou
meninos, a propósito. Ouvi dizer que não namora ou não assume.
— Ele já teve um relacionamento sério?

Linda encolheu os ombros.

— Acho que sim, algum tempo atrás. Mas não tenho certeza. É tudo fofoca
do escritório, e eu realmente não acreditaria nisso.

— O que é? — fiquei curiosa, mas não pude evitar. Não era geralmente o
tipo de entrar em fofoca, mas senti necessidade de saber algo sobre ele. E
Linda parecia particularmente interessada em falar sobre sua vida pessoal.

— Bem — disse, apoiando-se conspiratória. — Ouvi que Janice, a assistente


dele, teve um longo relacionamento com o Sr. Green há alguns anos. Eles
terminaram e ficaram amigos, mas há uma tensão entre os dois, como se não
tivessem encerrado o assunto.

Aquilo me gerou uma pausa. Janice e Shane? Ela era alta, linda e elegante,
tudo que eu não era. Mas eles namorando, não fez muito sentido para mim.
Por que Janice ainda estava trabalhando como sua assistente se eram ex?
Não era exatamente normal. Não fazia muito sentido, mas Shane era um
mistério para mim. Tudo a respeito dele era segredo e estava desesperada
para saber a verdade.

B.B. HAMEL
— Mas você nunca sabe o que é real ou fofoca. — Linda terminou inclinada
para trás.
— Quão verdadeira acha que é? — estava esperando algo.

— Não muito, para ser honesta. Mas eles são muito próximos, então quem
sabe.

Eu não tinha notado isso, mas mais uma vez, tinha estado ali apenas por um
curto período.

— Próximos como irmãos? — perguntei.

— Olha quem está interessada em boato de escritório de repente — disse


Linda, provocando.

— Não estou interessada, quero dizer, só curiosidade. —

Senti-me retroceder, envergonhada. Não queria que ela soubesse como


realmente estava interessada. Quão disposta a torturá-la para obter mais
informações. Ok, talvez eu não estivesse interessada, mas não parava de
pensar nele. Era como um buraco negro, no qual continuava caindo.

— Ah tudo bem, relaxe. Eu diria irmão e irmã, pelo que sei.

— De onde estes rumores vêm, afinal?

— Quem sabe? Ele é tão reservado sobre sua vida pessoal.

As pessoas provavelmente inventam coisas para preencher todos os espaços


em branco. E aquele homem, tem um monte de espaços em branco.

B.B. HAMEL
— Desculpe atirar todas estas perguntas em você — disse.

Foi estranho, tentar descobrir sobre um homem por meio de um dos seus
empregados, especialmente um homem que enviara mensagens íntimas e
pessoais. Senti que juntava informações sobre ele de fontes de segunda mão,
tentando pintar um quadro sem pintura. Era frustrante, mas era tudo que eu
tinha.

— Não há problema. Pergunte a qualquer momento.

Adoro falar sobre o Sr. Chefe Misterioso. — Linda deu-me outro sorriso e
balançou as sobrancelhas e, em seguida, fui para o meu lado da partição.

A única questão real que tinha, o único pensamento que dominou a minha
mente desde que comecei a trabalhar no Adstringo foi: por que ele me evita?
Não pude deixar de pensar que era porque percebera o erro que cometeu.
Precisou conhecer-me fora do mundo dos negócios e talvez não tenha
gostado do que viu. Talvez esteja reconsiderando tudo e arrependeu-se de
assinar os contratos.

Quem sabe pensasse que sou uma garota boba que envia textos sujos e
mensagens por diversão, e que não pertenço a uma empresa como a
Adstringo. Ou, pior, acha que sou uma irresponsável e posso dizer às pessoas
sobre a nossa relação.

Nunca trairia a confiança dele assim, mas eu podia entender o medo.

B.B. HAMEL
Antes que tivesse um colapso total, um e-mail surgiu na minha caixa de
entrada. Foi um convite para uma reunião enviado por Janice. Curiosa, abri.

Apena dizia, amanhã, 09:00, no escritório do Sr.

Green. Simples sem nenhuma explicação, nada. Apertei aceitar e deixei-o


enviar a mensagem de resposta automática.

Inclinei-me em minha cadeira, a emoção fluindo novamente em mim.


Finalmente estava recebendo a chance de vê-lo de novo.

Mesmo que fosse só uma reunião de negócios, veria como seu corpo se
move, a ondulação dos músculos quando dá a volta na mesa, talvez tocar
nossos dedos por engano. Minha mente vagava de volta para as coisas sujas
que disse, como ele queria empurrar o rosto entre minhas pernas e cheirar-
me, lamber-me até que eu não aguentasse mais.

Balancei minha cabeça para espairecer. Não podia deixar-me levar por
fantasias, não quando ele deixou claro qual seria o nosso relacionamento.
Sentei-me reta e forcei-me a voltar ao trabalho, mas minha mente ficou
vagando de volta às memórias do seu olhar intenso.

B.B. HAMEL
A manhã seguinte não veio rápida o suficiente. Passei horas obcecada
escolhendo o que vestir e por fim escolhi uma blusa azul marinho, um
apertado casaquinho de manga 3/4

de comprimento e a saia cinza justa que faz minha bunda parecer fantástica.
Salto alto, além de um casaco leve para viajar, finalizando a roupa.

Durante o trajeto para o escritório, minha mente viajava.

Falaremos sobre o que aconteceu de novo ou seremos estritamente


profissionais? Pensei que talvez quisesse seguir em frente, mas não tinha
certeza. Ainda devia estar um pouco magoada por Shane ter mentido para
mim, mas percebi que não estava chateada com isso. Se sentia algo era
inveja porque ele poderia estar de volta no app de namoro, fingindo ser
alguém que não era e flertando com garotas normais como eu.
Tinha verificado o app um dia depois do nosso encontro, mas o perfil dele
tinha desaparecido. Poderia ter apagado e começado outro, pelo que sabia.

Ultimamente senti que estava esquecendo de onde vim.

Shane Green, bilionário e gênio, não quer um relacionamento comigo. E por


que iria? Eu não era ninguém. A única coisa boa que já fiz foi escrever um
app decente e, mesmo isso, precisava B.B. HAMEL
da ajuda de alguém como ele para torná-lo um grande sucesso.

Era só mais uma garota normal, tentando passar o dia.

Levantei cedo, fui para o escritório e esperei agitada e nervosa, até as nove.
Quando chegou a hora, carreguei a minha bolsa com meu laptop e algumas
notas pelo corredor passando por uma série de salas entrando na área onde
ficava o escritório do Shane. Janice estava sentada em sua mesa.
— Bom dia, Janice. — eu disse.

— Bom dia Amy. Ele está te esperando. — Pegou o telefone e esperou


alguns momentos. Janice disse algo em voz baixa para o receptor, esperou
um segundo e, em seguida, desligou.

— Ele disse para entrar.

Sorri, agradeci-lhe e empurrei a porta para o escritório.

Shane Green estava sentado atrás de sua mesa, o nariz perdido na tela de seu
laptop. Andei mais alguns passos antes de parar.

— Olá Sr. Green, pediu para me ver?

Shane olhou para cima.

— Oi Amy. Sente-se ali e se arrume, estarei com você em um segundo.

Ele fez um gesto em direção a uma mesa no lado esquerdo de seu escritório,
ao lado de uma parede de janelas de vidro. A sala era simples: na parede em
frente a porta havia uma mesa, B.B. HAMEL
um sofá contra a parede da direita e uma mesa com quatro cadeiras contra a
esquerda. Havia algumas obras de arte e livros nas prateleiras, e mais alguns
armários, mas nenhum toque pessoal. Na verdade fiquei surpresa com o
quão simples era. Ainda era o maior escritório no edifício, mas não era
enorme ou luxuoso de nenhuma forma. Senti quase austero, em comparação
com o que imaginei que seria. O que apenas aprofundou o mistério que era
Shane Green. Nada disso deu em nada.

Eu podia sentir a presença dele quando me acomodei na mesa e comecei a


puxar o trabalho recente. Mesmo que ele não estivesse prestando atenção em
mim, ainda parecia no controle da sala. Foi difícil não ficar encarando-o.
Estávamos a seis metros de distância no máximo, e podia ouvir sua
respiração.

Esforcei-me a olhar para o meu laptop.

Ele usava uma camisa azul clara e uma gravata no tom vermelho suave, sua
jaqueta estava pendurada em um cabide perto da porta. As mangas foram
empurradas até o cotovelo e podia ver os músculos flexíveis dos antebraços
quando digitava. Fantasiei sobre esses músculos, acondicionados em torno
de minha cintura, puxando-me mais para perto. Seu rosto estava
perfeitamente preparado e lindo, e percebi quão simples devo parecer em
comparação.

Passamos alguns minutos em silêncio. Não sabia o que estava acontecendo


aqui, mas manterei o profissionalismo, aconteça o que acontecer. Sabia que
ele precisava de seu B.B. HAMEL
espaço e de sua privacidade, e isso era a melhor coisa que eu poderia fazer
por agora.
Olhei para cima e peguei-o me olhando. Fiquei um pouco vermelha. Shane
não desviou o olhar e sorriu seu meio sorriso cativante.

— Pronta para começar? — ele perguntou e levantou-se.

— Sempre que você estiver Sr. Green.

Shane andou em torno da mesa, pegou a cadeira à minha direita e colocou-a


ao meu lado.

— Tudo bem, mostre-me no que está trabalhando.

Ele se inclinou em direção ao vídeo quando comecei a mexer no app. Tinha


redesenhado a tela principal, introduzindo nos últimos dias, e comecei com
isso.

— Pensei que esta tela precisava de algo para puxar as pessoas, algo um
pouco mais emocionante.

Ele assentiu. Podia sentir que estava perto, alguns centímetros separando
nossos ombros. Passamos alguns minutos desse jeito, mostrando as
mudanças do aplicativo, os futuros ajustes propostos e principalmente
ouvindo-o. Shane permaneceu perto para ver a tela e fez pequenos sons de
parecer favorável. Seus lábios carnudos tão perto de mim me distraiam, mas
prometi a mim mesma que continuaria a ser profissional e estava tentando.

B.B. HAMEL
Fomos para uma nova parte do app onde estudantes podiam olhar os tutores
disponíveis. De repente estendeu a mão e parou a minha mão no trackpad1
rolando ainda mais.

Olhei para seus dedos tocando os meus e senti um formigamento no braço.


Ele disse algo, mas eu perdi.

Houve uma breve pausa e, em seguida, ele olhou para as mãos. Puxou a sua
de volta rapidamente.

— Desculpe. — Shane disse.

— Ok, não me importa.

— Posso me perder nisso às vezes. Eu me esqueço de mim mesmo.

Mudei meu peso em direção a ele.

— Está tudo bem. Sem problemas

Ele sorriu para mim com seu meio sorriso.

— Eu tenho que admitir, é perturbador trabalhar com você.

— Por quê? — Meu coração acelerou.

— Você sabe por que Amy. — fez uma pausa e se afastou.

— Não devia estar falando sobre isso. É inapropriado para o relacionamento


que combinamos.

1 Aquela área onde, arrastando o dedo, é possível controlar o cursor do seu


computador sem o auxílio de um mouse

B.B. HAMEL
Não sabia o que dizer. Eu poderia dizer que ele estava em conflito, mas
havia algo sobre Shane que me atraiu e não me deixou ir. Podia sentir o nó
de dúvidas começando a afrouxar novamente, e a confiança que senti no bar
e nas mensagens começam a voltar. Fosse o que fosse entre nós, fez-me
sentir bem e forte. Estendi a mão e coloquei-a em seu joelho.

— Sei que você precisa de sua privacidade. Entendo isso.

— falei olhando-o nos olhos.

Ele olhou-me e senti algo mudar. Inclinou-se mais perto de mim e colocou a
mão em cima da minha.

— Preciso de minha privacidade. É extremamente importante para mim que


eu permaneça tão longe do centro das atenções quanto possível. Quero viver
uma vida normal e é algo que tenho trabalhado por muito tempo.

Podia sentir seus dedos apertar os meus.

— Entendo. Nunca quereria pôr isso em risco.

— Sou um homem que consegue o que quer Amy.


Trabalhei duro e destaquei-me em tudo que fiz para construir a vida que
tenho agora.

Concordei em silêncio, minha boca meio aberta, respirando em sua


proximidade.

— Tenho regras que precisam ser seguidas, caso contrário, perco um pouco
do controle que trabalhei para ter.

B.B. HAMEL
— Que tipo de regras? — fiquei boquiaberta, não sei se era o que queria
dizer.

Shane inclinou-se para frente, meio fora de sua cadeira, e apertou a mão
direita na minha bochecha. Podia sentir seus dedos no meu cabelo. Diminuiu
o espaço entre nós e pressionou os lábios macios contra os meus. Parecia
gelo e fogo. Quando sua língua suave tocou a minha ele respirou e se atirou
com mais força contra mim.
Soltou o joelho e tomou meu rosto em suas mãos, beijando-me totalmente e
profundamente, de uma maneira que nunca fui beijada antes. Senti o seu
gosto e queria mais, queria cada centímetro dele pressionado contra mim.

Passou a mão direita pelo meu rosto, os seios e para baixo em direção à
bainha do vestido. Senti minha pele formigar, voltar a vida onde ele tocou, e
estava mais animada do que pensei. Todo seu corpo estava tornando-se uma
parte do meu, quando me beijou e passou a mão na minha coxa. Os dedos
desceram mais até minha boceta e sentiu a umidade lá, esfregando
suavemente minha fenda.

Afastou-se do beijo e colocou seus lábios na minha orelha.

— Posso mostrar o que quero dizer. — desejo desesperadamente que ele


faça isso.

— Penso sobre isso há dias. — gemi.

B.B. HAMEL
Seu hálito quente me fez contorcer e passei minhas mãos pelo cabelo dele,
enquanto ondas de prazer correm pelo meu corpo. Ele esfregou suavemente,
mas firmemente, em movimentos hábeis. Suspiro, mas tento ficar quieta.

— Isto é o que você queria? — ele disse em meu ouvido.

— Sim, eu queria tanto, Sr. Green.


— Vou te fazer minha Amy. — Seus dedos alternaram entre pressão e
suavidade e continuaram a trabalhar minha umidade.

— Tenho pensado nisso todos os dias desde que trocamos mensagens pela
primeira vez. — sussurrei de volta. Ele inalou meu cheiro e beijou meu
pescoço. Senti os músculos das minhas costas tensos e relaxei enquanto mais
prazer percorria minha espinha.

Uma vez que estava no meu pescoço, afastou a mão e caiu de joelhos. Eu
soltei um pequeno som de desagrado por ter parado e ele deu-me aquele
sorriso torto novamente.

— Lembra-se o que eu disse sobre querer provar você?

Provarei agora.

Assenti com a cabeça, a boca aberta. Eu doía por seu toque, mas este período
de calmaria foi só aumentando o desejo por ele. Shane colocou as mãos em
meus quadris e agarrou minha calcinha. Levantei-os e deixei-o puxá-la para
B.B. HAMEL
baixo. Soltou a calcinha no chão e suavemente, mas firmemente, empurrou
minhas pernas para separá-las.

Beijou ao longo do interior da minha coxa e subiu a bainha do meu vestido.


Cada beijo era uma nova sequência de alegria

e
sensação

quando

se

aproximava.

Foi

propositadamente lento, e cada beijo e lambida construíram a antecipação.


Quando o vestido estava sobre os quadris e sua língua firmemente
pressionada contra meu prazer inchado, necessitava tanto dele que mal
conseguia pensar.

— Oh Deus, Sr. Green. — sussurrei e passei meus dedos pelo seu cabelo
grosso.

Ele puxou seu rosto para trás e olhou para mim.

— Repita meu nome.

— Sr. Green. — sussurrei, e ele começou a passar a língua firme, em


círculos, ao longo de meu clitóris. Apertei seu cabelo e agarrei-o quando os
músculos nas costas ficaram tensos novamente.

Senti a sua língua passar ao redor e para baixo, dentro de mim, antes de
retornar para mover em todo o meu clitóris.

Alternava a velocidade e pressão de uma forma que nunca senti antes, isso
fez minha cabeça inclinar para trás e os ombros tencionarem com o prazer.
Podia sentir as pontas da barba de seu queixo, as bochechas esfregando-se
contra minhas coxas e a rugosidade de sua língua macia e molhada só
intensificou o prazer.

B.B. HAMEL
— Sim, bem aí, fique aí, Sr. Green. — sussurrei, quando sua língua atingiu
um ponto sensível e a pressão foi perfeita.

Podia sentir atingir o clímax, mas estava desesperada para que este momento
durasse. — Sr. Green, estou tão perto, sim, fique aí mesmo — gemia e
agarrei seu cabelo.

Suas mãos agarraram minha cintura e esfreguei-me contra sua língua.


Movemo-nos juntos, os quadris balançando em suas mãos e a sua língua
contra o meu clitóris inchado, uma e outra vez, e não conseguia parar de
soltar pequenos gemidos. Senti o prazer construir dentro, e o clímax veio
lentamente, mas poderoso. Minhas costas ficaram tensas e empurrei a cabeça
dele contra mim. Senti a sua língua coincidir com o ritmo dos quadris e
minha cabeça inclinou quando o orgasmo tomou conta do meu corpo em
minúsculos espasmos.

Parecia que durou por horas, até que finalmente meu corpo se acalmou.
Soltei o aperto da sua cabeça, percebendo que estava agarrando-a. Shane
abrandou o ritmo de sua língua e parou quando cessou os espasmos. Ele
moveu a cabeça para trás, mas não antes de respirar profundamente meu
cheiro.
Estava sorrindo. Senti que havia apagado. Eu nunca tinha experimentado um
orgasmo tão forte antes.

— Você tem um cheiro incrível — disse.

Estava um pouco envergonhada, mas o ardor era bom demais para negar. Ri
silenciosamente e estiquei meus braços até acima da minha cabeça quando
Shane se levantou. Senti-B.B. HAMEL
me satisfeita e drenada tudo de uma vez. Mais do que isso, percebi minha
dúvida, o sentimento irritante de não ser boa o suficiente, que normalmente
existia em mim, estava faltando.

Senti-me livre e confiante pela primeira vez em muito tempo, provavelmente


desde que minha mãe morreu. Olhei para ele como se o visse pela primeira
vez, não apenas o corpo, mas quem era. Seu cabelo estava uma bagunça,
mas parecia perfeito. Podia ver seu pau rígido contra as calças apertadas.
Inclinei-me para frente e estendi a mão, confiante. Espantei-me em como
estava duro e grande. Shane sorriu para mim.

— É a minha vez agora? — Perguntei.

Agachou-se novamente e pegou minha mão. Beijou-me com força na boca, o


que só me excitou mais. Geralmente um cara tirando minha mão de seu pau
me deixaria insegura, mas Shane fez parecer tão natural e normal. Do jeito
que se comportava, eu sabia que faria o que ele quisesse.

— Ainda não — disse se afastando. — Temo que podemos ter feito barulho.

Fiquei vermelho brilhante.

— Desculpe-me!

— Não é sua culpa. Tomo isso como um elogio. — beijou-me de novo e


então sentei na cadeira dele.

Baixei o vestido e ajustei-o. Ele passou os dedos pelo seu cabelo para
consertar a bagunça que eu tinha feito. Abaixou-B.B. HAMEL
se, agarrou a minha calcinha e ajudou-me a vesti-la. Não consegui tirar da
minha cabeça a imagem de sua boca entre as pernas e meu coração ainda
batia acelerado.

— Isso foi perfeito — disse calmamente.

— Vamos nos encontrar mais tarde esta noite. — puxou minha cadeira mais
perto dele e apertou as mãos contra os quadris.
— Tenho que trabalhar até tarde, mas depois.

— Eu adoraria isso.

— Que tal jantar?

— Ótimo, parece ótimo. — eu estava falando e repetindo as palavras, mas


não conseguia fazer melhor. Estava perdida no brilho pós-orgasmo e não
podia acreditar na minha sorte.

— Jantar então. Eu te buscarei por volta das nove.

— Isso seria perfeito. — Não acreditei que me levaria para sair.

Ele deu um grande sorriso.

— Tudo bem então, voltemos ao trabalho. Lembra-se disso, trabalho?

Eu ri.

— Mal consigo lembrar alguma coisa agora.

B.B. HAMEL
Voltamos para a tela do laptop, mas passamos o resto da nossa reunião
juntos, rindo, beijando e falando sobre nada.
Não conseguimos trabalhar naquela manhã.

B.B. HAMEL
— Continuo pensado em você.

Lia o texto de Shane.

Estava sentada no sofá em casa, pensando a mesma coisa. Suas mãos fortes
em meus quadris e a sua língua em mim eram as únicas coisas que podia
imaginar o dia todo.

Recém chegara em casa e estava matando o tempo até poder vê-lo


novamente. Quer dizer, esse cara estava tão profundamente em meus
pensamentos, que agora eu não podia esquecê-lo, mesmo se eu quisesse.

— Pensei que você estivesse trabalhando, Sr. Green.

Mandei de volta divertidamente.

— Não comece com isso ou terei que deixar esta


reunião mais cedo.
— Ah, Desculpe Sr. Green. Não sei o que quer dizer.

— Você sabe exatamente o que quero dizer.

— Acho que você adoraria sair com sua nova


empregada bonita.
— Eu adoraria isso.

B.B. HAMEL
Fiquei entusiasmada o dia todo e quase não pensei em mais nada. Desliguei
o telefone e olhei em meu armário, que de repente era pequeno e feio. Nada
parecia certo, nada era bonito o suficiente. Frustrada, tomei um banho rápido
e finalmente escolhi um vestido apertado, meias pretas finas e saltos baixos.
Não sabia aonde íamos então decidi andar na linha entre casual e elegante.

Às nove em ponto minha campainha tocou. Peguei a bolsa pequena, onde


tinha guardado uma calcinha e mais algumas coisas fundamentais para
passar a noite, só por precaução.

Senti-me um pouco presunçosa, mas não pude me conter.

Ele estava esperando na calçada, vestindo uma camisa de botão cinza e calça
social. As mangas estavam enroladas até o cotovelo. Parecia perfeitamente
bonito e controlado, como se fosse dono do mundo. Sorriu para mim com
aquele seu sorriso e meu estômago virou.

— Trocou-se para mim, estou vendo. — eu disse.

— Tive um pressentimento de que iria superar-me se eu não me trocasse. —


exagerou me olhando de cima embaixo. —

Parece que você fez de qualquer forma

— Pare — respondi rindo.

Descemos da calçada e entramos em um carro preto. Uma divisória de vidro


fumê separava-nos do motorista e, assim que a porta foi fechada, o carro
começou a se mover.

B.B. HAMEL
— Para onde? — Perguntei.
— Um lugar que possuo no mercado. Espero que goste de comida italiana.

— Adoro comida italiana — virei para ele.

Estava olhando pela janela com um olhar distante no rosto. Estendi a mão e
toquei a sua.

— Há algo de errado?

Shane olhou para mim e abanou a cabeça.

— De jeito nenhum. Só não levo uma mulher para sair há algum tempo.

— Oh sim, certo. Aposto que é seu primeiro encontro em anos. — não


acreditei, mas percebi que algo estava acontecendo com ele.

Shane sorriu.

— Na verdade, é.

— Sim, certo. E eu sou rica.

— Realmente é. É difícil quando se valoriza a privacidade e você é alguém


como eu. As pessoas reconhecem-me em público, mesmo que haja tão
poucas fotos minhas lá fora. E

trabalhei muito para manter assim.

B.B. HAMEL
— Então você não saiu todo esse tempo? — parecia um desperdício para um
homem desses, estar sem mulheres, embora fosse difícil para admitir isso.

Seu sorriso alargou-se

— Não bem assim. Só faz tempo que não ando com ninguém em público.

Corei e bati em seu ombro. Parecia um pedaço de pedra.

Ele riu de mim e o caminho passou voando enquanto nos movíamos pelo
tráfego de Filadélfia.

O restaurante estava quieto. Era italiano elegante, mas íntimo, e o salão


principal estava vazio. Era apenas noite de terça-feira e, do movimento
habitual do horário do jantar, tivemos o lugar mais ou menos para nós. Havia
alguns grupos dispersos, mas ninguém o reconheceu. Ele pediu uma garrafa
de vinho, que nunca tinha ouvido falar e que não estava no cardápio.

— Como sabe como conseguir isso? — perguntei.

— Lembre-se, sou o dono deste lugar.

Eu ri.
— Sério? Pensei que você estava brincando.

— Sim, sério. Acho que a única pessoa que me reconheceu foi o gerente, e
ele sabe que não deve sair B.B. HAMEL
espalhando por aí. Pessoas discretas mantêm seus empregos no meu mundo.

Sorri e balancei minha cabeça com descrença. Não imaginava que fosse
dono de um restaurante, mas fazia sentido. Certamente tinha dinheiro
suficiente. Poderia ter metade da cidade pelo que sabia, e provavelmente
tinha.

Quando veio o vinho, levantou seu copo e olhou-me nos olhos.

— A nós. E aos textos sujos que me enviou.

Eu ri.

— Você quer dizer, todos os textos mais sujos que você me enviou.

Encostamos nossas taças e bebemos. Conversamos despreocupadamente


sobre nossas vidas, mas ele parecia distraído e continuava olhando em
direção à porta. Contei sobre os meus irmãos, mas não mencionei o
problema com drogas de Derek, ou detalhes sobre a morte de minha mãe.

Falei na maior parte do tempo de meu pai, seu câncer e o sucesso do meu
irmão John. Shane não disse muito sobre sua família e passou a maior parte
da conversa acenando e fazendo perguntas sobre minha história. Foi evasivo
quando perguntei algo diretamente e conduziu a conversa para mim, sempre
que possível. Quando a comida chegou, percebi que tinha passado a maior
parte da noite falando sobre mim mesma.

B.B. HAMEL
— Isto deve ser muito chato. — eu disse. Levei uma garfada do meu peixe a
boca e estava delicioso.

— Absolutamente. — respondeu. Comeu uma porção de seu macarrão e


tomou um gole de vinho. Ficava olhando em direção à porta.

— Adoraria ouvir sobre sua família — comentei.

— Não há muito que dizer.

— Vamos lá, como era o seu pai?

Deu-me um olhar sério. Surpreendeu-me a súbita intensidade.

— Como eu disse, não há muito a dizer.

Começamos a comer em silêncio. Alimentou-se e bebeu outro copo de


vinho. Havia uma tensão na mesa que não entendia e tentava entender.
Ofendi-o com uma pergunta sobre sua família? Sabia que ele precisava de
privacidade, e que mencionara algo sobre regras. Tinha acabado de quebrar
uma?

— Há algo de errado? — perguntei finalmente, quebrando a tensão. — Está


distraído a noite toda.
Soltou um suspiro profundo e respondeu:

— Você está certa. Desculpe-me.

— O que está acontecendo?

B.B. HAMEL
Ele fez uma pausa.

— Gosto de estar perto de você, espero que entenda isso.

Senti meu estômago revirar.

— Eu gosto também.
— É só que, não acho que posso fazer isso. — seu rosto estava sério, mas
suplicando, e os olhos tristes de uma forma que eu não conseguia entender.

Senti o rosto empalidecer. Ele estava terminando comigo?

Não sabia que estávamos oficialmente juntos. O nó da dúvida torceu-se no


meu peito e percebi que já estava cansado de mim. Eu era mediana, não era
sexy e era sem graça. Provou-me e não gostou o bastante para ficar por aqui.

— Ok, eu entendo — disse baixinho, olhando para a minha comida.

— Espere, você entendeu mal.

Olhei para cima surpresa.

— O que quer dizer? Você terminou comigo. Eu entendo.

— Não, não foi o que eu disse. — ele balançou a cabeça.

— Desculpe-me. Não estou sendo claro. O que quero dizer é que não posso
fazer isto. — fez um gesto para o restaurante.

— Você quer dizer, comer comida italiana? — não estava entendendo o que
queria dizer e tentei uma piada em vez disso.

B.B. HAMEL
Ele riu um pouco.
— Não, quero dizer, estar em público. Sei que isso parecerá horrível, mas
não posso fazer um romance público.

Estou sentado aqui imaginando algum paparazzo tirando uma foto nossa e o
que isso pode fazer com sua vida. Não sai de minha cabeça essa imagem.
Você perseguida por câmeras, a tensão que causaria em sua vida.

Podia sentir a esperança voltar dentro de mim. Isso faz sentido, dada toda a
situação. Mas mais do que isso, ele estava falando de nós como se fôssemos
um casal, como se estivéssemos juntos.

Continuou falando.

— Tenho regras que me mantém fora dos holofotes. Esta é a vida que
escolhi, por muitas razões. Mas a vida pública não é o que você escolheu e
não pedirei para fazer isso.

— Shane, eu quero continuar te vendo. — seu rosto suavizou quando falei.

— Eu sei, também quero isso. Só não sei como fazê-lo.

Escondido por aí não será justo, mas não posso arriscar uma publicidade
indesejada.

O que estava escondendo de tão horrível? Fiquei pensando, repetidamente,


em nossa conversa. Que segredos tinha este homem?

B.B. HAMEL
— Nós podemos descobrir um jeito. Entendo o que você está dizendo e
estou disposta a descobrir algo que funcionará para nós — expliquei.

Ele balançou a cabeça tristemente.

— Talvez possamos ou talvez não. Mas a tensão será horrível. Você não sabe
no que está se metendo.

— Sou adulta Shane. Posso fazer minhas escolhas. E

estou escolhendo isto.

Shane estendeu a mão e pegou a minha. A eletricidade entre nossos dedos


ainda estava lá e mais forte do que nunca.

— Sei que você pode — disse baixinho.

— Então vamos sair daqui.

Ele balançou a cabeça novamente.

— Preciso pensar sobre isso. Mais importante preciso que você pense sobre
isso. Realmente pense sobre o que significaria estar comigo. Às escondidas e
sigilosamente. Quero dizer nem para sua família ou seus amigos, pelo menos
não por um tempo.

Isso seria muito difícil, percebi. Poderia estar com Shane Green, mas não
poderia contar a ninguém, nem mesmo aqueles mais próximos a mim. Senti-
me chateada com essa dúvida e fiquei quieta. Seria difícil não dizer a Darcy,
mas todos os outros gerenciariam facilmente. Ou pelo menos esperava.

B.B. HAMEL
— Tudo bem, vamos sair daqui. Vou te levar para casa —

afirmou depois que um minuto de silêncio se passou.

Concordei e ele soltou minha mão. Acenou para o garçom, que veio, limpou
a mesa e trouxe a conta. Shane pagou, acenou para o gerente, e fomos
embora.
Meus pensamentos eram muitos quando entramos em seu carro e o motorista
dirigiu de volta para meu apartamento.

Porque era tão obcecado com sua privacidade? Tinha vergonha de mim ou
estava saindo com outras mulheres? Odiava esses pensamentos e odiava
sentir como se não confiasse nele. Mas o que realmente sabia sobre sua vida,
além de sua empresa e as poucas coisas que me disse? Sabia, na maior parte,
sobre interesses pessoais, livros favoritos e filmes e um esboço dos primeiros
anos, mas quase nada específico sobre sua família ou os amigos. Não sabia
onde cresceu ou que seus pais faziam para viver.

Sabia que era notoriamente privado e esse fato existia antes de me conhecer.
Era possível que realmente odiasse publicidade como dissera e que temesse
o tipo de vida que me colocasse sob tensão. Nunca fui remotamente famosa
ou tive que lidar com qualquer tipo de atenção do público. Sempre fui
tranquila e flutuei pela escola por conta própria. Darcy foi a pessoa mais
próxima a mim, mas antes dela tive poucos amigos.

Ficamos em silencio, mas na metade do caminho para meu apartamento


estendeu a mão e pegou a minha. Nossos B.B. HAMEL
olhos se encontraram, mas não dissemos nada, Shane se inclinou para me
beijar suavemente na boca. Não foi o beijo com fome do escritório, mas algo
muito mais doce e carinhoso.

Seus lábios eram macios contra os meus e meu corpo vibrou por ele.
Afastou-se e sorriu novamente, em seguida, olhou para fora da janela. Podia
sentir a distância aumentando entre nós, mas não entendia o porquê. Eu
queria perguntar no que estava pensando, mas algo me impediu e fiquei em
silêncio.

Paramos na frente do meu apartamento e descemos do carro. Acompanhou-


me à minha porta, em silêncio. Na varanda, me envolveu em seus braços,
pressionando-me contra seu corpo duro esculpido.

— Pense nisso Amy — disse, então me beijou de novo.

Desta vez, nos beijamos por mais tempo, um pouco mais de entusiasmo.
Queria que me levasse para cima e me fodesse duro, esquecendo-se de tudo
isso. Mantive meu corpo pressionado contra ele até que se separou.

— Boa noite — falou e se afastou.

— Boa noite Shane. — acenou-me e voltou para o carro.

Virei, destranquei minha porta da frente e fui para dentro.

Quando a porta fechou o carro começou a afastar-se.

Minha cabeça estava uma confusão de ideias e emoções conflitantes. Subi as


escadas, entrei no meu apartamento e joguei-me no sofá. Queria chamar
Darcy e contar tudo, mas não consegui. Então ocorreu-me quão difícil seria
ficar com B.B. HAMEL
Shane em segredo. Seria solitário. Apesar de eu ser muito autossuficiente,
sempre falei a maioria das coisas grandes com Darcy. Precisava pelo menos
daquela pequena saída. Mas se Shane e eu decidirmos seguir em frente, não
teria uma saída para os meus sentimentos, nunca seria capaz de discutir isso
com alguém.

Fiquei olhando nossas mensagens de texto, insegura sobre o que fazer.

B.B. HAMEL
Não vi muito Shane nos próximos dias. Ainda tínhamos que trabalhar juntos
em meu projeto, mas fizemos principalmente por e-mail e mensagens
instantâneas. Durante as duas breves reuniões que tivemos, nos encontramos
em um escritório aberto com portas de vidro, e as coisas estavam tensas, mas
profissionais entre nós. Não falamos sobre nosso relacionamento.

Depois do jantar passei a noite toda pensando nele. Li e reli seus textos
várias vezes, mas achava que tinha vergonha de mim. Pela maneira que fora
tão insistente sobre não ser visto comigo em público. Talvez interpretasse
mal o que dissera, mas foi como me senti. Sei que dissera que era para
minha própria proteção, mas poderia tomar minhas próprias decisões. Era
uma adulta agora. Além disso, por que um homem como ele, que poderia ter
qualquer uma que quisesse, quebraria as regras por alguém como eu?

Não fazia qualquer sentido. Estava começando a desconfiar que saia com
outras mulheres e não sabia como me sentia sobre isso. Bem, sabia e estava
com ciúmes. Mas não mandava nele e não éramos exclusivos, então o que
poderia fazer? Se ele queria ver outras pessoas e tinha vergonha de mim,
então tinha que recuar.

B.B. HAMEL
Apesar das minhas reservas, ainda ansiava todas as conversas, mesmo se
fosse sobre o trabalho. Tínhamos química, nenhum de nós podia negá-lo, e
na verdade fez com que trabalharmos juntos fosse fácil. Muitas vezes ele
acabava as minhas frases e eu conseguia prever o que Shane iria querer em
seguida e fazia-o antes mesmo de perguntar. Deixando a tensão de lado o Sr.
Green era de longe a pessoa mais fácil de trabalhar que já conhecera.
— Está vendo um monte o Sr. Green, não é? — Linda enfiou a cabeça ao
lado de nossa repartição e fez-me pular. Não sei por que estava no limite e
não me acostumara com o ambiente de escritório aberto ainda.

— Ah, bem, é porque eu sou um novo projeto.

Linda me deu um olhar sabendo.

— Sim, com certeza. Na verdade, ele não dá tanta atenção para novas
contratações, você sabe. Uma reunião aqui e ali, geralmente é isso.

Isso me fez pausar. Seria verdade?

— Disse-me que faz isto para cada nova pessoa.

Linda fez uma careta.

— Bem, ele faz. Tipo assim. Verifica geralmente uma vez por semana. Vocês
dois estão reunidos quase todos os dias.

B.B. HAMEL
Foi um pouco estranho querer dedicar tanto tempo para uma pequena parte
de sua empresa. Era a única pessoa trabalhando e desenvolvendo meu app
até agora, e no grande esquema das coisas, não era quase nada. E ainda
assim, ele nunca agiu como se fosse algo estranho. Havia uma tensão entre
nós, mas guardava tudo e agia estritamente profissional, pelo menos desde o
nosso encontro. Estava sério, no comando, mas nunca desviou para um
território inapropriado, não importa o quanto eu queria que fizesse.
Dei a Linda um encolher de ombros.

— Acho que o Sr. Green realmente acredita no app.

— Agora pode ser. Ou talvez ele realmente acredite em você.

— Oh pare. Sou apenas uma pequena parte de sua empresa, programando.

— Não se diminua Amy. Você é um bom partido. Eu podia vê-lo na sua.

— É mesmo? Você realmente acha isso? — aguardei ansiosa a resposta.

— Oh alguém está interessado. — Linda riu-se. — Você é bonita, mas quem


sabe qual é o tipo dele. Poderia se interessar por sapos mutantes pelo que sei.

Eu ri.

B.B. HAMEL
— Duvido que seja sapos mutantes. Talvez esquilos voadores.

Linda sorriu.

— Esse é o espírito. Tentar adivinhar os hábitos sexuais do Sr. Green é um


jogo para nós senhoras do escritório.

— Parece ser um bonito jogo de diversão para mim. —


embora, tive uma vantagem injusta, armazenada em mensagens de texto no
meu telefone.

— Tudo bem, de volta para mina de sal. Bom diaaa... —

Puxando o “a” voltava para sua mesa.

— Um bom dia para você também. — afirmei.

— Obrigada! — ela respondeu.

Especular que a vida sexual de Shane seja um jogo para os outros, mas é
como um trabalho em tempo integral para mim.

Enquanto sonho com seu peito forte e largo novamente, o telefone de minha
mesa toca.

— Olá, Amy Woodall.

— Olá Amy, é Janice. Como vai você? — meu coração disparou. Uma
chamada da Janice geralmente significava que Shane queria algo.

— Estou bem, trabalhando duro. O que foi?

B.B. HAMEL
— O Sr. Green gostaria de vê-la em poucos minutos. Sem pressa. Traga suas
coisas.
— Devo ir agora?

— Claro, se você está disponível neste momento. Ele tem uma hora livre e
quer olhar sobre seu projeto.

— Ok, soa bem. Estarei lá em breve.

Queria ver-me em seu escritório. Não tinha estado lá desde... Bem, desde
que ele tirou minha calcinha e deu-me o melhor orgasmo da minha vida.

Salvei meu trabalho, fechei o laptop e apressei-me ao longo de seu


escritório. Meu coração batia forte e tive que me lembrar de que éramos
apenas colegas de trabalho. Mais do que isso, ele era o chefe e o dono da
empresa. Não consegui segurar a ansiedade.

Janice estava sentada em sua mesa e abriu um largo sorriso à medida que me
aproximava.

— Olá, bem Amy isso foi rápido.

— Não estava super ocupada e não quero desperdiçar o seu tempo. — era
óbvio que eu estava ansiosa para vê-lo?

— Compreendo perfeitamente. Sempre é uma boa ideia impressionar o


chefe. — Janice piscou. Se ela soubesse o quanto eu queria impressioná-lo, e
como queria fazê-lo, não brincaria assim.

B.B. HAMEL
Janice pegou o aparelho, anunciou-me no telefone e desligou.

— Continue.

— Obrigada Janice.

Deu-me outro sorriso e então voltou para seu trabalho.

Abri as portas para o escritório do Shane e entrei. Ainda era uma sala
espartana “austera” e simples, o que me surpreendeu novamente, e a
memória de seus lábios contra meu pescoço e os dedos entre minhas pernas
voltou. Encontrei-me sentindo animada de novo, o que foi uma estupidez.

Shane estava sentado atrás de sua mesa e olhou para cima quando entrei.

— Olá Amy, sente-se. — Ele acenou em direção à mesa que tinha usado
antes.

— Ok, obrigada.

Coloquei meu laptop e notas no mesmo local, como da primeira vez, e


queria saber se era a mesma cadeira que estava sentada. Percebi que estava
sendo uma psicopata, então empurrei esses pensamentos da minha mente.
“Era apenas uma reunião de negócios. Era apenas uma reunião de
negócios”.

Repeti como um mantra.

Quando terminou o que estava fazendo veio sentar à mesa. Desta vez sentou-
se à minha frente e inclinou-se sobre a mesa com os cotovelos, as mãos
dobradas na frente dele.

B.B. HAMEL
— Tudo bem, Amy, o que tem para mim?

Tinha muita coisa para ele. Mas eu girei meu laptop e nós mergulhamos no
projeto.

Vinte minutos passaram assim. Olhamos todo o trabalho juntos e não mudou
de posição na mesa. Era cordial e profissional, até amável, mas trabalhamos
estritamente nos tópicos. Quando terminamos comecei a arrumar minhas
coisas. Shane se recostou na cadeira e enrolou os dedos atrás da cabeça. Não
pude deixar de olhar para seus bíceps por um breve momento antes de
desviar o olhar. Era lindo, finamente torneado e bem feito, pelo menos
1,80m de altura. Dominava a sala e senti-me atraída por ele. Não conseguia
parar de pensar em seu corpo.

— Estou muito satisfeito com isso, Amy.

— Obrigada, Sr. Green. — agradeci. Queria acrescentar, prefiro lhe agradar


em outras maneiras. Esses pensamentos foram ficando mais difíceis de
eliminar.

Moveu-se para se levantar e de repente senti algo estranho. Era um


sentimento, ou talvez uma compulsão, alguma força irresistível pelo menos e
parecia que vinha de fora. Mas na verdade era a minha confiança, retornando
por um breve momento de insanidade. E eu realmente estava louca para
quebrar nosso silêncio, não conseguia me controlar.

Estava completamente possuída. Estava disposta a arriscar meu emprego,


talvez até a minha carreira.

B.B. HAMEL
— Escute Shane. Só quero dizer uma coisa, muito rápido.
— ele parou e olhou-me por um segundo.

Não consegui ler a expressão dele, mas pelo menos não foi embora ou
repreendeu-me por usar seu primeiro nome.

— Sei que você é um homem reservado e sei que não pode fazer nada
comigo em público. Entendo e respeito isso. Quero tentar, o que quer que
tenhamos, mas não posso fazê-lo se você está vendo outras pessoas. Quer
dizer, o que mais poderia ser?

Sinto-me tão estúpida em dizer isto, mas...

Antes que pudesse terminar, Shane segurou minha mão.

Era um gesto simples, mas fez-me parar de falar, como se tivesse me tocado.
Antes que pudesse dizer mais nada, já estava movendo-se ao redor da mesa.
Perdi minha linha de pensamento quando o corpo dele encheu minha visão e
ele abaixou-se beijando meus lábios.

Tomada completamente de surpresa, derreti-me no seu beijo. A fome voltou


e nossas bocas abriram-se para deixar nossas línguas brincarem uma contra a
outra. Senti os lábios suaves, macios contra os meus e, suas mãos passaram
pelo meu cabelo. O beijo parecia durar uma hora antes que se afastasse.

— Ah — foi tudo que consegui dizer. Ele agachou na minha frente.

— Tenho que desculpar-me com você novamente Amy. —

seus olhos eram claros e graves, e havia uma tristeza neles por B.B. HAMEL
alguma razão. Estava pensativo e sombrio, e eu queria incentivá-lo a se abrir,
para absorver quaisquer segredos que ele tenha escondido.

— O quê, por isso? Eu gostei — disse, com a cabeça ainda flutuando.

Ele sorriu.

— Não o beijo. Não me arrependo disso. — deslocou o corpo, aproximou-se


e pegou na minha mão direita entre os dedos. — Lamento se te dei a
impressão de que havia outra pessoa. Não há mais ninguém.

— Não entendo. Você não está vendo outra pessoa? Não tem vergonha de
mim?

Parecia que eu tinha lhe dado um soco no estômago.

— Vergonha de você?

— Quero dizer, você é lindo, rico e poderoso. Eu sou apenas uma garota
normal de Levittown.

— Ouça-me. Sinto-me atraído por você de uma forma que não posso
explicar. Você faz-me querer quebrar minhas regras.
Mais do que isso, você é brilhante. Quantos apps minha empresa comprou
este ano?

— Vocês compraram três, incluindo o meu. Pelo que sei pelo menos.

B.B. HAMEL
— Exatamente. Outros dois. E aqueles dois foram construídos por equipes
de programadores e desenvolvedores, depois comercializados fortemente.
Você é o primeiro software desenvolvido que já compramos de quem criou e
programou seus próprios projetos. É incrível.

— Não sei — era tudo que eu poderia dizer.

— Eu sei. Ouça-me. O que disse no jantar foi para proteger a nós dois.
Pensei que entendia isso, e é por isso que achei que você queria ficar no lado
profissional. Não há mais ninguém, e não tenho vergonha de você, longe
disso.

As coisas estavam começando a estalar para mim. Nunca ninguém


mencionou, e sua história era sempre a mesma. Sua necessidade de
privacidade foi sua principal força motivadora, e seu desejo de proteger-me
do centro das atenções ficou em segundo lugar. E ele escolheu-me, comprou
meu app e estava ativamente trabalhando comigo para criar e desenvolver
esse produto. Mesmo sem a promessa de sexo, queria trabalhar comigo.

— Eu quero você. Não parei de pensar em você.

Shane se inclinou e beijou-me novamente, duro, e sentime começando a


derreter. Fiquei tonta com a confusão e a emoção, seu corpo perto e minha
mente não estava ajudando.

— Quero você também. — ele disse afastando-se.

B.B. HAMEL
Inclinei em seguida, enrolei meus braços em torno de seus ombros largos e
beijei-o novamente. Tudo o que poderia sentir ou pensar eram os músculos
debaixo de minhas mãos e boca, movendo-se contra mim e o som da sua
respiração. Senti que estava me perdendo nele, e senti-me bem.

Separamo-nos e ele olhou-me no fundo dos olhos.

— Tentaremos de novo — disse.

— Estou preparada para isso. — minhas palavras saíram num sussurro.

— Tudo bem então. Hoje à noite em minha casa.

Cozinharei e teremos um encontro adequado, privado.

— Isso seria perfeito.

— Mandarei meu carro para você às sete. Assim está bem?

— Absolutamente bem. — Não consegui dizer uma sentença mais


complexa.

Não acreditei que este homem realmente me queria do mesmo jeito que o
queria. Não acreditava ser a única. Minha mente era um zumbido, mistura de
desejo e descrença.

— E as suas regras? — perguntei.

Ele sorriu.

— Vou dizer-te sobre elas hoje à noite.

B.B. HAMEL
Não fazia ideia do que poderiam ser, mas concordei. Podia sentir a excitação
crescer no meu peito.

— Esta noite, então. Por hora, fingiremos que tivemos uma reunião de
negócios produtiva, ok? — deu-me aquele sorriso novamente, então eu ri.

— Bem, tivemos uma reunião de negócios produtiva. Até a parte


improdutiva, pelo menos.
— Essas são sempre as minhas partes favoritas — ele afirmou, brincando.

— Ah, eu prefiro os negócios — respondi, provocando de volta.

Shane riu.

— Tudo bem então Srta. Woodall. — levantou-se e caminhou de volta para


sua mesa. Levei um momento para reunir as minhas coisas, antes de ficar de
pé.

— Tenha um bom dia, Sr. Green — disse-lhe.

— Até à noite — murmurou de volta.

Abri a porta e então a fechei atrás de mim. Janice sorriu quando eu saí.

— Como foi? — ela perguntou.

— Oh, como sempre — respondi.

B.B. HAMEL
Interiormente estava fazendo piruetas. Sinto algo mudar drasticamente em
minha vida. Iria para casa de Shane Green naquela noite. Janice sorriu e
acenou com a cabeça e, em seguida, voltou a trabalhar como se nada tivesse
acontecido.

B.B. HAMEL
O carro apareceu pontualmente às sete. Sabia que Shane tinha trabalhado até
tarde pelo texto que me mandou:

— Preso no escritório ainda. Pensando no que quero


fazer com você mais tarde.
Tive uma boa ideia do que era, e isso fez meu corpo vibrar imaginando.

Entrei na parte de trás e o carro partiu. Ele não estava no carro, mas fazia
sentido; Encontraríamos-nos na casa dele afinal. Movemos para o Sul, em
direção ao centro da cidade, pois minha casa ficava no lado leste da Broad
Street. Depois de um tempo passamos para a área da cidade velha. Era a
parte mais cara da Filadélfia: velhas pedras brutas, históricas, belas casas de
calçadas nas ruas. Chamava-se Old City porque era um bairro histórico e era
onde viviam os fundadores.

Passamos por essa área e mesmo visitando uma ou duas das casas mais
antigas, fazendo turismo, nunca estive em uma casa daqui recentemente. Era
conhecida como seção rica da cidade e por boas razões. Era tranquila e casta
, cada casa parecia cara e bem cuidada.

O carro parou na frente de uma casa simples, mas bonita, no final da


pequena rua. Todas as casas aqui pareciam bem B.B. HAMEL
conservadas e bonitas, mas a dele não era diferente das outras, o que me
surpreendeu. No meio do caminho imaginei alguma construção
ultramoderna, algo novo e elegante, para combinar com o ambiente de
empresa de tecnologia. Em vez disso, era simples e modesta, absolutamente
adorável.

— Entre senhorita. Ele está te esperando — disse o motorista.


— Obrigada — respondi e saí.

Fui até a varanda e toquei a campainha. Era a única parte moderna da casa:
prata e metálico, com uma pequena câmera.

Quando apertei o botão, a porta zumbiu e entrei.

O salão principal era estreito, mas adorável. Pisos de madeira, escuros e


lisos, encerados recentemente, além de mobília americana do período
apropriado, ou pelo menos imaginei que fosse americano. Não tinha ideia,
mas quem fez a decoração deixou esta sensação. Era tudo de madeira e mais
madeira, vassouras velhas, garrafas e outros objetos que não consegui
identificar.

— Estou na cozinha. — ouvi Shane avisar. — Sempre em frente e à sua


direita.

Caminhei pelo corredor, passando por pinturas de paisagens e barcos, todas


amareladas e um pouco gastas. Não reconheci nada disso, mas era lindo.
Apreciei que Shane mantivesse sua casa no espírito da área, cultivando uma
decoração muito apropriada. Virei à direita e o corredor abriu B.B. HAMEL
em uma grande cozinha ultramoderna, todas as linhas perfeitas em aço
inoxidável. Era contrastante com a decoração mais antiga da frente da casa,
mas ainda parecia natural.

Shane estava em pé na frente do fogão, em uma camisa branca com as


mangas arregaçadas, calça jeans de lavagem escura e um avental. Abriu um
amplo sorriso quando entrei.
— Você está incrível — disse e veio até mim.

— E você parece melhor. Esse avental realmente realça seus olhos — disse
com uma risadinha.

— Oh esta coisa velha? — diminuiu a distância entre nós, agarrou minha


cintura, puxou-me para perto e me beijou.

Derreti em seus braços e envolvi os ombros em um abraço.

Tinha gosto dele mesmo, além de algo picante, e foi agradável rolar a língua
dele contra a minha.

Separamo-nos depois de alguns minutos. Senti seus lábios deixarem um


rastro nos meus.

— Espero que esteja com fome. — ele informou.

— Só um pouco — respondi a mente fervilhando com fome de algo que não


era comida.

Shane riu.

— Fiquei escravizado sobre um fogão quente o dia todo.

Moveu-se e por um segundo quase estendi a mão para puxá-lo de volta, mas
me segurei. Mexeu em alguma coisa no B.B. HAMEL
fogão que cheirava incrível, rico e saboroso, talvez uma pitada de alho e
especiarias. Sentei na ilha da cozinha e olhei-o trabalhar.
— Deve ficar pronto em breve. Espero que goste de macarrão. — ele disse.

Depois de quinze minutos a bater papo e cozinhar, o jantar estava pronto.


Tirou o avental quando se juntou a mim.

Comemos na ilha da cozinha, e a comida dele impressionou-me. O macarrão


feito perfeitamente, e ficou claro que fez o molho a partir do zero. Estava
começando a pensar que, talvez, seu comentário sobre ficar preso no
escritório foi uma pequena mentira, mas não ligaria. Isto claramente tomou
mais tempo do que disse que tinha.

As coisas eram fáceis e agradáveis entre nós.

Conversamos sobre o trabalho, mas não muito. Falamos sobre filmes e


programas de TV que já vimos e disse-me mais sobre sua vida na Filadélfia.
Aparentemente, sua família era da cidade, um "clássico clã de South Philly"
foi como ele disse.

Contei-lhe sobre ser dos subúrbios e Levittown. Continuamos a comer e


degustando nossos pratos, ambos dispostos a manter a noite leve e
agradável.

— Você tem uma bela casa — disse.

— Obrigado. George Washington morou aqui por um tempo.

Eu estava atordoada.

B.B. HAMEL
— Isso é verdade?

— Não, não é. Mas eu digo às pessoas que é. — respondeu sorrindo.

Bati-lhe levemente no braço.

— Não esperava isso, sinceramente.

— O que você esperava?

— Eu não sei. Algo mais moderno. Parecendo caro.

— Você deve ter percebido que não gosto de ser chamativo. Este lugar é
muito bonito, estando o mais original possível. Acho que a maioria da
mobília é colonial também. Não estou totalmente certo. Contratei alguém
para decorar.

Eu ri.

— Isso foi o que imaginei. Quem quer que seja fez um ótimo trabalho.

Ele inclinou-se perto de mim com um olhar malicioso em seu rosto.

— Quer uma turnê?


Sorri.

— Adoraria.

Ele levantou-se e limpou nossos pratos. Uma vez que estavam na pia, tirou o
avental e esticou a mão para mim.

B.B. HAMEL
— Aqui.

Voltamos ao corredor e ele apontou algumas das pinturas. Eram todas


americanas, disse que algumas delas eram na verdade de artistas
importantes, embora não reconhecesse nenhum nome. Levou-me mais ao
fundo do corredor, de volta para o Hall de entrada e uma escada. Meu
coração começou a palpitar; era bastante óbvio qual era o seu jogo, mas
ainda me sentia nervosa e excitada.
No topo da escada, virou à esquerda e levou-me em um espaço aberto, um
grande quarto que ficava no meio do piso superior. Uma cama enorme
dominou o meio do ambiente.

Somente uma cadeira e um sofá em uma parede e as outras paredes estavam


cobertas de estantes, junto a uma grande mesa de madeira. Havia várias
antiguidades pequenas e mais pinturas alinhadas as paredes. Parecia uma
biblioteca mais do que um quarto.

— Este é seu escritório ou onde você dorme? — perguntei.

Ele sorriu para mim.

— Um pouco de ambos, sinceramente. Gosto de livros, sempre fui um


grande leitor. Então é confortante tê-los ao redor.

Dirigi-me a uma prateleira e corri meus dedos sobre suas lombadas. Títulos
que reconhecia e que não, centenas em todas as direções. Também era uma
grande leitora, mas não B.B. HAMEL
tinha tantos livros como ele. Imaginei comparável apenas à biblioteca
pública, ou talvez às universidades locais.

Veio atrás de mim enquanto mexia neles e envolveu os braços ao meu redor.
Senti os lábios macios roçarem meu pescoço e sua mão inclinar minha
cabeça para o lado. Seus lábios moveram-se até à base do meu queixo e
Shane beijou-me por trás. Quase derrubei o livro que segurava quando a
emoção me atingiu profundamente.
Estava no quarto de Shane Green, segurando seu livro, sendo beijada por
seus lábios perfeitos e tocada pelo corpo esculpido. Consegui fechar o livro e
empurrá-lo de volta na prateleira enquanto continuava a me beijar. Virei-me
totalmente e preenchi seus lábios com os meus, sentindo minha fome por ele
crescer enquanto nossos lábios se separaram e nossas línguas se
encontravam. Puxou meu corpo para mais perto, envolvendo mais os braços
ao meu redor, em seguida, beijou meu pescoço.

— Isso foi uma desculpa para ter você aqui. — ele sussurrou no meu ouvido.
Seu hálito quente enviou um formigamento nas minhas costas.

— Pensei que fosse — respondi.

Passou a mão na minha coxa, entrando pela bainha do meu vestido e


gentilmente tocou meu sexo molhado.

— Você quer saber as minhas regras — sussurrou enquanto começava a


esfregar suavemente. Meus joelhos B.B. HAMEL
quase dobraram e agarrei-me em seu braço forte para me manter em pé.

— Sim. — sussurrei de volta, com a voz rouca de prazer.

Shane habilmente trabalhou meu corpo e me cheirou no pescoço.

— Regra número um. Você não pode contar a ninguém, a nenhuma outra
alma viva, que estamos juntos. — senti meu corpo convulsionar com prazer
quando ele passou sua mão por baixo da minha calcinha. Seus dedos
calejados trabalharam meu clitóris encharcado, e os joelhos sacudiram com o
esforço para manter-me ereta.

— Sim. — sussurrei arrebatada.

— A regra número dois. — ele disse em meu ouvido. —

Você não pode ver outro homem enquanto estiver comigo. Você é minha e só
minha.

— Sim. — gemia de volta.

— Boa garota. Regra número três — disse e introduziu um dedo dentro de


mim.

Eu soltei um pequeno suspiro de prazer.

— Você gozará somente quando eu disser que você pode e nunca antes. Você
deve sempre ter minha permissão.

Soltei um gemido profundo quando ele passou seu dedo sobre meu clitóris
úmido.

B.B. HAMEL
— Sim, Sr. Green — respondi. Podia sentir o sorriso dele contra meu
pescoço.
— Muito bom. Essas são as três regras. Agora, eu acho que você me deve
alguma coisa.

Dei um profundo suspiro de prazer, então o empurrei suavemente e comecei


a desfazer a fivela do seu cinto.

Desabotoei e soltei sua calça escorregando minha mão lá dentro para sentir o
pau grande e duro. Fiquei surpresa com a rigidez do mesmo, já pressionando
contra a cueca, e ele resmungou de prazer quando o acariciei por cima do
tecido.

Beijamo-nos novamente e continuei acariciando-o até que não aguentasse


mais. Nem precisei porque Shane já se sentia como granito na minha mão,
mas queria fazê-lo o máximo que pudesse. Comecei a puxar as calças para
baixo, enquanto ele desabotoou os botões da camisa. Agachei à sua frente,
puxei sua cueca para baixo e peguei seu pau rígido em minha mão.

Olhou-me com olhos cheios de luxúria, enquanto corria minha língua ao


longo do comprimento, da raiz até à ponta.

— Assim mesmo. — rosnou calmamente, enquanto peguei a ponta na minha


boca e corri minha língua ao longo de sua parte inferior. Podia sentir-me
ficar ainda mais molhada, quando provava seu suco e passei meu lábio mais
profundamente ao longo do comprimento. Olhei para ele, nossos olhos se
encontraram, seu prazer queimando com desejo. Levei-o tanto quanto podia
e voltei, correndo a minha mão em torno de comprimento e meus lábios
movendo-se.

B.B. HAMEL
Shane gemeu de prazer e tirou sua camisa. Estendi minha mão direita, a mão
esquerda estava junto à dele ainda, e toquei seu abdômen esculpido com os
dedos. Os músculos ondularam perfeitamente entalhados e moldados.

Seu pau estava duro como uma rocha na minha boca, que ia para cima e para
baixo ao longo dele. Suas mãos passaram suavemente pelo meu cabelo, mas
sem me pressionar para baixo. Deixou-me fazer o trabalho, então chupei e
corri minha mão ao longo dele.

— Venha aqui. — Gemeu e puxou-me para cima para encontrá-lo. Nossos


lábios se uniram e sua língua pressionou exigente em minha boca. Moveu-
me para a cama, virou-me e me inclinou na beirada. Soltei um pequeno ah
quando levantou a bainha do vestido, puxou minha calcinha para baixo e
abriu o zíper da minha roupa. Podia sentir seus dedos cobrirem meu monte e
encontrar o lugar inchado, ondas de prazer rolavam pelo corpo com ele
esfregando meu clitóris e passando a outra mão pelo meu cabelo. Agarrei os
lençóis ansiosa por ele.

Continuou a trabalhar-me com uma mão, enquanto a outra abriu a gaveta.


Então uma ausência dele e o barulho de algo rasgando aberto. Olhei para trás
e passei meus olhos sobre o peito perfeito. Ele terminou e inclinou-se sobre
mim.
Podia sentir a pressão de seu braço forte e o cheiro de seu corpo, a dor nele.

B.B. HAMEL
— Lembra-se o que você queria? — ele sussurrou no meu ouvido. Era tudo
que conseguia pensar. Mudei minhas mãos acima de minha cabeça e cruzei
meus pulsos atrás das costas.

— Deus, sim. — sussurrei de volta. Senti sua mão forte segurar meus pulsos
com firmeza. Apreciava a dor do aperto quando senti a ponta de seu pau
contra minha abertura escondida. Entrou profundamente em mim. Arqueei
as costas, o pescoço e soltei um gemido alto quando o prazer e a dor se
misturavam dentro de mim. Encheu-me completamente, de uma forma que
nunca senti antes, balançando lentamente seus quadris no início. Movi meus
quadris contra o dele, ele balançou para frente e para trás, enfiando em mim
devagar. A pressão de uma das mãos dele contra a minha e a outra em minha
cintura, fizeram-me gemer. Puxou minhas mãos e pressionou mais profundo,
de novo, cumprindo minha fantasia e enchendo meu corpo de uma maneira
que eu precisava desde a primeira vez que o vi.

A mão na minha cintura apertou, conforme esticava mais duro e mais


profundo. Pude ouvi-lo gemendo, mãos tensas, presas contra as minhas em
cada movimento, então contrai os quadris contra ele para tomar cada
centímetro. Shane acompanhou meu ritmo e preencheu-me.

Quando a nossa velocidade atingiu o pico empurrando para dentro de mim,


subitamente desacelerou e se inclinou sobre mim. Senti sua respiração no
meu pescoço e no meu ouvido.

B.B. HAMEL
— Agora que você é minha, fará como eu disser —

sussurrou.

— Por favor, Sr. Green. — Era tudo o que eu poderia dizer.

Shane saiu de mim. Virei e escorreguei para a cama, pernas abertas.

— Adoro quando me chama de Sr. Green. — rosnou para mim.

Ele subiu na cama, o corpo nu com músculos expostos e seu pênis uma haste
dura entre nós. Agarrou a ponta do meu vestido e ajudou-me a retirá-lo.
Beijou meu pescoço, lábios e eu passei minha mão sobre seu eixo.
Desabotoei o sutiã, puxando-o enquanto seus lábios se moviam pela minha
garganta e o seio. Sua língua, lábios e dentes brincaram com meus mamilos,
sua mão novamente encontrou meu clitóris inchado e me provocava.

— Você tem um corpo tão perfeito — disse baixinho.

Shane beijou cada centímetro do meu colo, subindo e descendo no meu


pescoço.

Estava ensopada e dolorida querendo que me enchesse novamente. Não


consegui pensar em nada que não fosse seu pau duro dentro de mim, os
braços acima de mim. Seu peso pressionou-me quando beijou meus lábios
suavemente, depois com mais força. Mordi o lábio inferior e ele resmungou
de prazer. Puxou os quadris de volta e, de repente, senti seu pau pressionar
dentro de mim.

B.B. HAMEL
— Tome cada centímetro de mim — sussurrou.

Agarrei os músculos de suas costas enquanto movia-se mais rápido, seus


quadris batendo contra os meus, empurrando fundo dentro de mim. Minha
boceta, preenchida, enviando sinais de prazer por todo meu corpo. Ele foi
mais rápido, um único movimento habilidoso, me beijou no pescoço e no
seio.
Senti seus quadris e todo o corpo moverem-se intensificando meu prazer

— Sim, aí mesmo. — Pedi. Começou a mexer seus quadris se esfregando em


mim. O comprimento preenchendo-me inteira, levando-me mais perto do
clímax.

— Você quer gozar para mim? — sussurrou no meu ouvido.

— Sim. — gemi de volta.

— Peça permissão. — continuou a pressão e a esfregar-se em mim, eu mal


conseguia pensar.

— Por favor, deixa-me gozar, Sr. Green. — consegui dizer sem fôlego. Ele
continuou o impulso profundo.

— Você tem minha permissão — sussurrou e senti um choque direto na


minha boceta.

Shane levantou meus braços acima da minha cabeça, segurando minhas


mãos com firmeza, mas suavemente. Seus B.B. HAMEL
olhos ficaram fixos nos meus enquanto moveu-se mais rápido e mais forte,
asperamente contra mim, então senti o orgasmo chegar. Veio lentamente no
começo, o pescoço e músculos ficando tensos, quando me inundou e gozei
em seu pau duro.

De repente todas as dúvidas, que estavam em meu peito, desapareceram nos


braços fortes de Shane e o corpo sólido.
Gemi alto, quando me apertou mais contra o corpo, seu pau enchendo-me,
senti sua mão esquerda pegar meu quadril e a direita segurar as minhas
mãos, empurrando com mais força.

Resmungou e o rosto torceu com prazer, então se empurrou profundamente


dentro de mim. Quando meu orgasmo se desvaneceu, seu corpo enrijeceu e
ele atingiu o auge.

Soltou minhas mãos e relaxou. O ardor nos cobriu, e senti-me mais calma do
que estive em anos. Coloquei os braços ao seu redor, Shane beijou
suavemente meus lábios, pescoço e ficou dentro de mim. Não queria que ele
saísse nunca mais, e neste momento não poderia imaginar outra coisa, estar
com qualquer outro, em qualquer outro lugar. Seu corpo tonificado relaxava
lentamente, mas ainda duro dentro de mim e esse foi um momento que
nunca esqueceria.

Passamos o resto da noite assim, alternando entre as ondas de prazer suadas


e um confortável tempo ocioso. Nunca estive com um homem como esse
antes, indo de uma sessão para a próxima tão facilmente, mas ele parecia
nunca se cansar de mim.

E toda vez que gozei, certifiquei-me de pedir permissão.

B.B. HAMEL
Fizemos as coisas oficiais entre nós na manhã seguinte.

Shane foi o único a abordar o tema, e embora não achei que precisávamos
ter a conversa, ele queria certificar-se de que não havia nada entre nós. Que
tinha a ver com a sua necessidade de clareza e de regras, o que eu entendi.

No trabalho, nossa relação continuou mais ou menos inalterada. Fiquei no


meu app e trabalhei em desenvolvê-lo, enquanto ele emprestou sua
orientação e encanto fácil ao processo.

Shane

adorava

lembrar-me

jocosamente

“zombeteiramente” como eu estava trabalhando para ele, no trabalho e em


casa.

Esforçamo-nos para manter nossa relação em segredo em todos os


momentos. Às vezes cedia e convidava-me para seu escritório sem motivo
além de me beijar, mas nunca fizemos mais do que isso. Disse que tinha
medo de ser pego, que seria muito ruim se alguém soubesse sobre o nosso
relacionamento.

Não só tinha medo pela privacidade de ambos, mas também que nossa
relação funcionário-patrão causaria questões éticas dentro da empresa.

Manter isso em segredo foi divertido no início e colocou excitação em cada


momento que passamos juntos. Era um B.B. HAMEL
prazer proibido, de muitas maneiras. Trocávamos olhares, mensagens e nos
víamos quase todas as noites após o trabalho, a menos que ele ficasse até
tarde trabalhando.

Conhecia bem cada canto de sua casa e passava algumas noites em meu
apartamento.

Não podia contar a minha família, e não o fiz. Darcy não sabia, mesmo que
constantemente perguntasse se eu estava saindo com alguém. Não sabia
como, mas ela tinha algum tipo de sexto sentido quando eu estava saindo
com um homem. Não escolhi deixá-la no escuro. Darcy era a pessoa mais
confiável na minha vida, mas Shane insistiu e não queria traí-lo. Disse que
seguiria as regras dele, e o fiz. Apesar de todo o sigilo e os momentos
roubados em seu escritório, funcionou entre nós e os dois primeiros meses
foram os meses mais felizes da minha vida.

— Você ouviu a boa notícia? — Linda perguntou-me uma tarde, sua cabeça
apontando na divisória. Costumava fazer isso agora. Pelo menos uma vez
por dia Linda tinha algumas informações ou boatos para compartilhar.

— O que Linda? — respondi afastando-me do computador.

Girando a divisória explicou.


— Ouvi que o Sr. Green sairá de férias por uma semana daqui uns dias.

B.B. HAMEL
Isso era verdade. Tínhamos planejado ir juntos, como uma espécie de
celebração.

Dei de ombros, estando na empresa podia contar parte do que sabia.

— Ele trabalha duro, acho que merece férias.

— Estranho tirar férias agora, por que será?

— Nem tudo é uma conspiração Linda.

Ela riu.

— Talvez não! Ou talvez seja, e isso é o que eles querem que você pense.

Não pude deixar de sorrir.

— Começarei a trazer os chapéus de papel alumínio neste caso.

— Perfeito. Temos que manter aqueles raios de leitura da mente fora de


nosso cérebro.

Verifiquei a hora e percebi que estava atrasada para uma reunião com Shane
— Falando no Sr. Green, tenho meu encontro habitual a cumprir com ele.
Tenho que ir.

— Como vai o projeto?

Levantei e reuni as minhas coisas.

B.B. HAMEL
— Tem andado bem. Ele tem sido uma enorme ajuda.

— Tenho certeza de que tem! — Linda disse, rindo. Piscou e foi para o outro
lado da divisória. Esperava que não estivesse interpretando mal as minhas
reuniões constantes, mas conhecendo-a, definitivamente estava. Era normal
já que ela era conhecida como uma grande fofoqueira e duvidei que alguém
levasse a sério. Estava preocupada que começasse um boato sobre nós dois.
Era um pequeno consolo que não soubesse o que realmente estava
acontecendo entre nós.

Caminhei pelo corredor indo em direção do escritório do Shane. No


caminho, sorri para Janice e ela sorriu de volta.

— Entre, Amy. Ele está te esperando.

— Obrigada Janice — disse e abri as portas.

Já estava sentado na mesa ao lado, papéis espalhados em torno dele. Fechei a


porta atrás de mim e fui em sua direção.

Não olhou quando me aproximei. Toquei suas costas e beijei seu pescoço, e
ele quase caiu da cadeira.

— Uau — disse e ri.

Ele olhou para mim.

— Sinto muito. Pegou-me de surpresa.

— Você está bem Shane? — Parecia mais cansado do que o habitual. Havia
marcas sob seus olhos bonitos e sua energia habitual parecia estar no fim.
Sabia que havia problemas em B.B. HAMEL
outras partes da empresa, mas não tinha percebido quanto isso o estava
degastando.
Shane acenou com a mão com desdém.

— Estou bem. Há muita coisa, mas estou tratando disso.

Como estão as coisas com você?

— As coisas estão bem. Devemos fazer esta reunião outra hora? Você está
ocupado e meu projeto não é exatamente tão importante, se formos honestos.

Ele balançou a cabeça.

— Não, algum tempo com você é exatamente o que preciso.

Movi-me para meu lugar, mas Shane agarrou meus quadris e puxou-me em
direção a ele.

— Ah, Sr. Green. Tão atrevido, o que todos pensarão? —

disse com falsa surpresa.

— Srta. Woodall, não finja que não me notou. Reparei em você. — tinha um
grande sorriso no rosto.

Coloquei minhas mãos em seu peito.

— Lembra a primeira vez que estive aqui?

— Como poderia esquecer?

Dei-lhe um sorriso manhoso.

B.B. HAMEL
— Nunca paguei de volta por aquilo.

— E o que quer dizer com me pagar? Pensei que estávamos quites. —


respondeu, mas seu rosto sugerindo que sabia exatamente o que eu quis
dizer. Coloquei minha bolsa no chão e fiquei lentamente de joelhos na frente
dele.

— Nada de especial, Sr. Green. Só pensei que poderia ajudá-lo a relaxar. —


desabotoei o outro botão na blusa e deixei-o ver o sutiã Landim rosa luz que
estava usando.

— Srta. Woodall tem certeza que é um trabalho apropriado?

Dei-lhe um olhar zombeteiro e desabotoei outro botão.

— Não tenho certeza.

— Acho que podemos fazer uma exceção — disse os olhos vidrados no meu
peito. Adorei estar me encarando. A maneira que olhou fez derreter tudo na
minha vida, e minha confiança chegou ao limite.

Estendi a mão, desafivelei seu cinto e puxei suas calças para baixo em volta
dos tornozelos.
— Srta. Woodall isto é totalmente inesperado.

— Por favor, Sr. Green. Só quero te ajudar a relaxar. —

estendi a mão e acariciei o pau dele, que já estava surpreendentemente duro.


Desabotoei o outro botão na blusa, enquanto corria os dedos ao longo de seu
comprimento.

B.B. HAMEL
— Se você insiste. — respondeu com voz rouca de prazer.

— Insisto. — abaixei sua cueca, boxer cinza, pelas suas coxas fortes e para
baixo em volta dos tornozelos, então olhei para o seu pau grande e duro. Ele
deslocou o quadril para mais perto de mim, com uma das mãos desabotoei
outro botão e com a outra acariciei seu pau. Pude senti-lo endurecer ainda
mais em minha mão, rígido e dolorido.
— Você não parece relaxado ainda Sr. Green — disse.

— Está fazendo um bom trabalho. — ele gemeu.

Lambi a palma da minha mão e espalhei a umidade ao longo de seu eixo,


trabalhando lentamente para cima e para baixo, da ponta a raíz. Suas mãos
agarraram as beiradas de sua cadeira quando terminei de desabotoar minha
blusa.

— Gosta disso?

— Sim — sussurrou e olhou para os meus seios.

— Está perfeito.

Trabalhei nele mais rápido.

— Isto é o que você quer?

— Sim, é exatamente o que quero.

Eu inclinei-me perto de seu pau e corri minha língua suavemente de baixo


para cima, provocando-o.

B.B. HAMEL
— Tem certeza, Sr. Green? Quero ser profissional. —
expliquei.

Seus olhos eram duros com paixão.

— Pegue meu pau na sua boca.

Tinha que obedecer. Inclinei-me para frente, suguei a ponta dura e o


introduzi lentamente em minha boca, deixando minha língua correr em volta
de sua parte inferior. Deixei um pouco de umidade derramar dos meus lábios
na minha mão...

Coloquei-o em minha boca, subindo e descendo o seu comprimento. Ficou


rígido indicando o quão prazeroso era, e gemeu quando o chupei mais forte.
Tirei-o da minha boca com um pop e troquei olhares com ele.

— Já está se sentindo melhor, Sr. Green?

— Você está fazendo um bom trabalho — disse enquanto continuava


acariciando seu grande pau.

Mudei de posição e delicadamente lambi-o da raiz à ponta novamente, e


levei-o na minha boca. Continuei movendo-me para cima e para baixo, mão
e lábios, acariciando-o, e ele correu os dedos suavemente pelo meu cabelo.
Os dedos tensos quando alternava força na ponta, a ligeira pressão e a dor
fez-me molhar minha calcinha. Provava o suco e sabia que estava chegando
perto do clímax quando rosnou mais alto. Movi-me mais rápido, correndo a
língua ao longo de seu comprimento, as mãos trabalhando o seu eixo. Segui
em frente, levando-o em B.B. HAMEL
minha boca e garganta o tanto que pude, Shane rosnou e gemeu em resposta.

— Sim, toma o meu pau. — falou com sua voz poderosa, enquanto
continuava a chupar a ponta e acariciar seu eixo. —

Quero que me engula — exigiu quando movi minha mão mais rápido, boca e
língua trabalhando para cima e para baixo, e seu corpo enrijeceu. Provei seu
esperma quente, salgado, e deixei-o descer pela minha garganta. Percebi que
era tão fácil engolir, de alguém com quem se importasse, e pareceu-me
natural levar sua semente em minha garganta. Gozou forte, todo o corpo
cheio de prazer, e levei cada centímetro na minha boca até a garganta,
engolindo facilmente. Quando terminou, lambi-o delicadamente para limpar
cada pedacinho que podia, engolindo o que restava.

Olhei para Shane, sua boca estava aberta, os lábios perfeitos se separaram
em um brilho pós-orgasmo. Inclinou-se e beijou-me profundamente, boca
aberta, sua língua contra a minha. Percebi então como eu o queria, mesmo
quando ele estava já dentro de minha boca. Queria mais dele. Respirava seu
cheiro, sentia o sabor, o salgado almiscarado de seu esperma ainda no meu
paladar e queria mais, tive muito dele, mas precisava de mais.

— Fez sua magia. — Shane disse e recostou-se na cadeira.


Ajudei-o a vestir sua cueca boxer de volta.

— Estou feliz que tenha gostado — respondi. Já estava planejando como


seria obtê-lo duro novamente em breve.

B.B. HAMEL
Quando ele se inclinou para baixo para pegar as calças, a porta se abriu.

Nós dois viramos as cabeças, chocados. Estava de joelhos na frente dele,


ajudando-o a mover as calças para cima nas pernas, e na porta petrificada
estava Janice.

No início, pensei que talvez ela não tivesse uma visão clara do que estava
acontecendo. Mas sabia que não era verdade pelo rosto dela, a surpresa, a
confusão e um sorriso estranho.

— Desculpe, uh, Sr. Green. Eu voltarei — ela disse e virou.

— Caralho — Shane disse em voz baixa e puxou as calças.

Janice se moveu fora da sala e fechou a porta.

— Droga — foi tudo que disse várias vezes, quando colocou o cinto e se
levantou.

— Talvez não tenha visto — disse fracamente.

Shane olhou para mim, seu rosto uma máscara de confusão. Afastou-se
alguns passos de mim, em direção a janela. Estava com raiva, mas também
chocado e triste.
Percebi que eu tinha quebrado uma das regras dele.

— Claro que ela sabia o que estava acontecendo, viu o rosto dela. — ele
respondeu.

Levantei-me e fui até ele.

B.B. HAMEL
— Isso é minha culpa, me desculpe. Eu não deveria ter começado.

Shane segurou minhas mãos e eu parei.

— Baixei minha guarda com você Amy — disse murmurando.

— É minha culpa. Tínhamos uma regra e quebrei-a. —


afirmei.

— Dê-me um segundo. — afastou-se ainda mais de mim, então senti algo


mudar entre nós. Havia uma nota em sua voz que não estava familiarizada.
A distância entre nossos corpos estava a poucos passos, mas havia um
abismo por trás dele e ficando maior a cada segundo.

— Shane, lamento. Lamento. — era tudo que podia dizer.

Ele inclinou a cabeça contra a janela de vidro. Por um segundo, pensei que
tinha os olhos fechados, mas pulei quando bateu com o punho contra o
vidro.

— Palerma — disse baixinho para si mesmo. Não sabia para quem ele estava
falando. Fiquei ali, pernas bambas, coração fraco, martelando no meu peito,
e não conseguia parar nosso distanciamento que só aumentava. A pressão de
minha dúvida preencheu-me novamente vendo-o lá, seu corpo tenso.

Estava a quilômetros de distância e cada vez afastando mais.

Tentei mover-me em sua direção, mas seu olhar me fez parar. Todo o corpo
era uma haste de tensão e raiva. Irradiava B.B. HAMEL
em ondas e, percebi naquele exato momento, quão forte o corpo dele era.
Medo e excitação se misturaram dentro de mim.
Sabia que ele poderia desmanchar esta sala, junto comigo, se quisesse.

— Por favor, Amy. Volte para sua mesa. Lidarei com Janice. — ele disse.

— Ok Shane — disse hesitante então me movi para recolher minhas coisas.

Algo em seu rosto parecia amolecer.

— Ficará tudo bem, não se preocupe. Não deveria ser tão duro. Não é culpa
sua.

Olhei de volta para ele, mas não estava convencida. Shane tentou sorrir, mas
percebi que algo estava irremediavelmente diferente. Suas mãos estavam
apertadas.

— Estarei na minha mesa se precisar de alguma coisa. —

Recolhi minhas coisas e sai pela porta. Janice não estava no lugar de sempre,
o que era uma pequena benção. Atrás de mim, ouvi um estrondo oco e o que
eu pensei ser outro gemido.

Queria tanto voltar para ele, para lhe dizer... que ficaria tudo bem, mas não
consegui. Meus pés levaram-me para frente, de volta à minha mesa e passei
pelo dia como um zumbi.

B.B. HAMEL
Não tive notícias dele naquela noite e não estava no escritório no dia
seguinte. Levantei minha cabeça na divisória, entre mim e a Linda, perto do
meio-dia.

— Ei Linda. — chamei. Tentei manter a ansiedade da minha voz.

— O que é Amy? — ela disse.

— O Sr. Green está hoje? — segurei minha respiração para sua resposta.

Ela olhou para trás e deu de ombros.

— Não, hoje não. O que falam é que saiu de férias mais cedo, ou pelo menos
isso é o que disse Janice. Informação de segunda mão, mas que seja.

Linda fez uma pausa, e por um segundo achei que vira o choque e magoa na
minha cara, mas ela apenas sorriu.

— Bom para ele, eu digo. O cara precisa de um descanso.

— Sim, totalmente — disse fracamente tentando sorrir.

— Você está bem? — Linda obviamente notou minhas tentativas fracas em


esconder minhas emoções.

B.B. HAMEL
— Tudo bem, só me sentindo um pouco mal. Nada de mais.

— Avise-me se precisar de alguma coisa. Tenho uma farmácia na minha


mesa. — explicou e riu. Acreditei nela.

— Obrigada Linda, talvez precise mais tarde. — dei-lhe um aceno e virei


para o meu lado da divisória, a cabeça girando.

Shane realmente saiu de férias mais cedo? E a viagem que faríamos juntos,
ou ele só precisa de um pouco de espaço? Não sabia o que fazer. Ainda não
tinha notícias dele e a noite foi gasta olhando ansiosamente para meu
telefone. Não aguentava mais, não após este boato, então digitei-lhe uma
mensagem.

Não me importava se estava sendo patética por chegar primeiro a ele, ou se


eu estava invadindo seu espaço. Precisava ouvir da boca dele, não importa o
quê.

— Desculpe novamente por ontem. Senti sua falta à

noite. Sinto muito por você não estar no trabalho.

Agonizava sobre quão ridículo e patético parecia, mesmo assim mandei. Era
verdade e, esperava egoisticamente, que ele estivesse se sentindo indisposto,
talvez tivesse apanhado um resfriado. Era melhor do que a outra alternativa.

O dia passou e continuei verificando meu telefone. Não havia resposta de


Shane, nada. Comecei a me preocupar, mas não podia pressioná-lo. Sabia
que precisava de espaço e entraria em contato comigo quando estivesse
pronto. Talvez B.B. HAMEL
isso fosse uma coisa boa, a longo prazo. Talvez Shane decidisse que seus
problemas de privacidade não valiam o risco de perder-me. Mas sabia que
não seria o caso. E eu não tinha ninguém para falar sobre ele. Este homem
era um poço de mistérios complicados.

A semana seguinte foi um borrão de emoções e decepções.


Dia após dia, esperava Shane aparecer no trabalho, ou pelo menos enviar-me
uma mensagem, mas cada dia ficava mais decepcionada. Nem a fofoca
estranha de Linda poderia levantar meu astral. Minha mesa começou a
parecer uma prisão e cada parte do escritório fazia-me lembrar dele. Meu
apartamento era o único refúgio, mas que também tinha partes dele alojadas
nos seus cantos: uma camisa, uma nota que escrevera, uma escova de dente.
Queria queimar as suas coisas, ou pelo menos jogá-las fora, mas não
consegui fazê-lo. Ainda tinha esperança de que voltaria.

Na tarde de sexta-feira, sentindo completamente a sua falta, entrei em blogs


de tecnologia e paparazzi olhando para qualquer menção dele que podia
encontrar. Antes de nos conhecermos, costumava ler esses blogs para achar
informações sobre a indústria que queria fazer parte desesperadamente.
Naquela época, pareciam tesouros de ideias e informações sobre pessoas que
eu queria conhecer.

Agora, tudo parecia estranho e doentio. Eles não percebem que estas eram
pessoas comuns, tentando ganhar a vida? Hoje em dia, se você for rico, bem-
sucedido e jovem, pessoas queriam B.B. HAMEL
saber sobre sua vida e pagariam pelos detalhes. Foi difícil, mas voltei até
algumas semanas e não consegui encontrar nada.

Percebendo que eu estava em um lugar ruim e desesperada por algo bom,


liguei para Darcy, que estava surpreendentemente em casa numa sexta à
noite.

— Oi garota. — respondeu no segundo toque.


— Oi Darc. O que está fazendo?

Breve pausa.

— Oh não muito. Empanturrando-me de Netflix, bebendo um vinho,


vivendo uma vida glamorosa. Quanto a você?

Não sabia como abordar isso. Devo dizer-lhe como estou aborrecida? Não
podia arriscar que ela perguntasse porque e eu ter que mentir sobre isso.

— Qualquer chance que você poder vir para uma visita amanhã?

— Hmmm. Amanhã? Eu provavelmente posso administrar isso. Por que,


está desesperada por alguns momentos de festa?

Eu ri. Momentos de festa?

— Sim, exatamente. Vamos sair e ter alguns momentos de festa.

— Oh, não, não diga isso. Parece terrível vindo de você.

B.B. HAMEL
Eu ri novamente. Darcy sempre me fez sentir melhor.
— Tudo bem Darc, estou ansiosa para vê-la.

— Estou animada também, muito animada. Vejo você amanhã.

B.B. HAMEL
— Oh droga, esta é minha música! — Darcy gritou por causa da música e
começou a dançar ao ritmo, sua bebida erguida no ar.

Era sábado à noite e Darcy veio de Nova York mais cedo naquela tarde.
Pensei que ela sabia que eu estava chateada com alguma coisa, mas não
falou isso diretamente. Era muito boa em não perguntar, embora pudesse
dizer que Darcy estava intensamente curiosa. Não ouvi sobre Shane durante
toda a semana, nem uma única palavra e não podia sequer dizer-lhe que ele
existiu. Estava destruída por dentro, retorcida na dúvida e confusão, mas eu
tinha que manter tudo em segredo.

Continuei a pensar várias vezes na semana passada, apesar de desistir em


questionar as pessoas. Sabia que não ia ao escritório, mas não sabia onde
estava e não podia evitar me preocupar. Na quinta-feira estava além de mim
com as dúvidas. Ninguém parecia saber sobre o incidente no escritório do
Shane, o que significava que Janice estava sendo discreta.
Adivinhei que Shane conversara com ela, que concordou guardar segredo.
Queria dizer-lhe como era grata por isso, mas não tive coragem. Melhor
fingir que Janice nunca me viu de joelhos, pós-boquete, puxando as calças
do chefe.

B.B. HAMEL
— Não conheço esta. — gritei por causa da música. Foi uma noite embalada
no Bar House da cidade, com centenas de pessoas enfiadas no espaço
relativamente pequeno como enlatados. Darcy foi a única coisa que me
impediu de entrar em espiral em uma depressão séria neste momento. Darcy
e a gin tônica que ela não parava de comprar para mim. Bebi o último
número dois e dei-lhe um sorriso irônico.
— Quem se importa? Dança! — Saltou em torno de mim, agarrou minha
mão e girou-me.

Não estava preparada para isso e seu giro enviou-me tropeçando de costas
para um cara estranho. Isso foi bem típico de Darcy. Ela era graciosa e
divertida, enquanto eu era um pouco simples e desajeitada. O coitado ficou
preso no meio do furacão de minha dança. Olhou para mim, irritado no
início, mas meu tímido sorriso acalmou-o imediatamente.

— Sinto muito — disse em voz alta. Ele aproximou-se de mim. Barba bem
cuidada, óculos grossos e cabelo curto, era realmente muito bom de se olhar,
uma espécie de hippie.

— Tudo bem. — ele disse. — Tem que ter cuidado para não se perder muito
dançando.

— Eu manterei isso em mente — respondi rindo.

Moveu-se um pouco mais perto.

— Qual é seu nome?

— Amy. O seu?

B.B. HAMEL
— Greg. Você parece bem esta noite, Amy.
E você não é feio Greg.

— Obrigada.

— Posso te comprar uma bebida?

— Não, obrigada, procurarei minha amiga.

Ele encolheu os ombros.

— Tudo bem, então. Dance com cuidado.

Eu ri. Que coisa estranha de dizer.

— Terei, bem desculpe novamente.

Deu-me um sorriso desconfiado e sabia o que estava pensando. Antes que


pudesse dizer qualquer coisa, movi-me perto de Darcy. Tentei ignorar seu
olhar perfurando minha bunda, mas era difícil. Lembrei-me agora porque
não saía para esses lugares muitas vezes. Tentei ser legal com caras como
ele, mas quase nunca pegavam a dica. Isto era o que estava faltando. Esta era
a vida de solteiro em uma cidade grande.

Cada novo cara ficava inferior em comparação com o Shane e isso me fez
sentir sua falta ainda mais. Pareciam crianças excitadas e não poderia
imaginar ir para casa com qualquer um deles.

— Preciso beber outro — disse a Darcy, acenando para o bar. Entrei em


meio da multidão e ela no reboque.

B.B. HAMEL
— Ele era bonito. — Darcy me disse. Tive que admitir que era um pouco,
mas conhecer algum cara aleatório num bar nunca foi meu forte. E mais do
que isso, ainda esperava que meu namorado solitário bilionário, meu chefe
perfeitamente lindo, me perdoaria e voltaria ao trabalho. Ou talvez pelo
menos lembraria que eu existo e me enviaria uma mensagem.

Eu não podia dizer isso para ela, claro.

— Acho bonito o suficiente, mas não procuro nada hoje à noite, Darc.

— Sim, claro, também não estou. — Deu-me uma piscadela brega.

Se fosse honesta comigo mesma, estava ferida e com raiva. Sair com Darcy
fez-me muito bem para distrair-me dos problemas. Não podia acreditar que
ele me deixaria assim, sem me dizer primeiro. Fui desrespeitosa e
descuidada e quanto mais eu bebia, mais ficava irritada. O baixo da música
bateu na minha cabeça, e os corpos embalados enviaram o calor através da
sala. Senti-me cansada e suada, enquanto Darcy dançava ao redor e
balançava a cabeça, toda sorrisos. Quem Shane pensava que era brincando
com meus sentimentos assim? Talvez eu deva dizer a Darcy e acabar com
isso.
Queria desesperadamente contar para ela. Darcy tinha mais experiência com
homens que eu. Sabia como os dispensar com graça e equilíbrio, o que
nunca foi uma coisa que aprendi. Minha estratégia sempre foi fugir, e acho
que funcionou bem o suficiente. Ainda assim, Darcy saberia o que B.B.
HAMEL
fazer. Sabia que se dissesse a ela, manteria em segredo e provavelmente teria
bons conselhos para mim. Estava sentindo-me bêbada, corajosa e quente.

Mas e se eu lhe dissesse e Shane ainda quisesse ficar comigo? Não tinha
certeza de que queria mais, honestamente.

Ele era um cretino. Um grande e bonito idiota, que conseguiu melhorar meu
senso de humor, meu impulso e minha paixão melhor do que qualquer outra
pessoa em minha vida. Sem mencionar que me fez gozar mais forte do que
imaginei ser possível.

Eu pedi mais uma bebida e olhei em volta. Os homens estavam em todo


lugar, mas cada um era como uma sombra do homem que realmente queria.
Como ainda estava pensando na possibilidade de não vê-lo novamente?
Sabia que não devia estar comparando, porque não era justo com ninguém,
mas como poderia voltar para as pessoas normais quando estive com alguém
como ele? Senti que havia me mimado com seu pau enorme, grosso e sua
confiança. Tinha me mostrado como poderia ser, de estar com alguém como
Shane, e não podia imaginar nada menos.

Percebi que estava uma bagunça. Parte de mim queria levar um cara
estranho para casa só para deixar Shane ciumento, parte de mim queria dizer
a Darcy cada pequeno detalhe e parte de mim queria ir para casa e chorar.
Mas a verdade era que sabia que não faria nada disso.

Sabia que cerraria os dentes, beberia minhas bebidas, talvez B.B. HAMEL
dançaria um pouco e tentaria me divertir. Não poderia violar a confiança de
Shane, e não conseguiria dormir com mais ninguém. Era dele, mesmo que
não quisesse ser naquele momento.

Firmemente decidida, passei duas horas dançando com Darcy. Alguns caras
chegaram em nós, mas ela disse que não estava interessada no momento, não
tendo problemas em livrar-se deles. Apesar de mim mesma, estava me
divertindo, e Shane Green foi para o fundo da minha mente, em vez de ser o
centro constante das atenções. A inundação pegajosa de bebidas, estranhos
suados e bancos de madeira baratos tornou-se o centro do meu mundo,
enquanto Darcy e eu trabalhamos para esquecer quaisquer problemas que
estivéssemos tendo. As bebidas continuaram a fluir e o lugar ficou mais
distorcido, melhor, e senti minha insegurança e medo recuarem.

À meia-noite, o celular vibrou. Meu coração disparou quando vi o nome do


Shane no ID .

— Amy, me desculpe por ter sumido. Não paro de

pensar em você, mas estou em conflito. Sinto que dei

partes de mim que prometi que nunca faria. Mas dei para
você, tomei o risco de me abrir, e depois pensar

constantemente em você, não posso deixar que vá.

Sinto que cada nervo do meu corpo está disparado quando penso no rosto,
nos lábios e no cabelo dele.

B.B. HAMEL
— Eu sei que tenho sido um imbecil. Quero falar com

você.

Acho que olhei para sua mensagem por incompreensíveis dez minutos. Foi
uma combinação de álcool e o choque que me impediu de responder
imediatamente. Eventualmente, Darcy me arrastou para fora.
— O que está acontecendo, Amy? Você fica encarando o telefone. — A fila
para o bar foi diluindo, mas grupos de pessoas bêbadas estavam de pé
rodeando, fumando ou andando em todas as direções. Em algum lugar nesta
cidade estaria o homem que eu queria mais do que ninguém, estava
esperando por minha resposta, e não tinha ideia que resposta dar.

— Eu recebi uma mensagem. Uma coisa que não esperava

— disse tentando ser vaga.

— O que diz? — foi para pegar meu telefone.

Normalmente a deixaria vê-lo. Seria a pessoa perfeita para trocar ideias


comigo, mas sabia que não podia fazer isso, não neste momento. Puxei-o
para longe tão rápido quanto podia e enfiei na minha bolsa. A expressão dela
era pura surpresa.

— Amy, o que está acontecendo? Tem andado tão estranha. Você está
obviamente escondendo algo de mim. —

sabia que ela estava certa, mas como poderia explicar?

B.B. HAMEL
— Eu sei Darc, peço imensa desculpa. Olha, prometo que te direi o que é,
eventualmente. Só preciso chegar em casa agora, ok?
Ela ficou quieta por um segundo.

— Tudo bem. Mas se você ficar toda estranha, misteriosa e fazer-me ir para
casa mais cedo, dormirá no sofá.

Eu ri. Normalmente compartilharia a cama, mas se esse era o meu castigo,


então que assim seja.

— Tudo bem, tudo bem. A cama é só para você esta noite.

Darcy deu um sorriso largo.

— Negócio fechado. Agora vamos pegar um táxi para o seu apartamento de


merda.

B.B. HAMEL
— Estou com saudades.
Era tudo o que poderia pensar em mandar de volta. Darcy roncava no meu
quarto, fiquei no sofá pequeno de pijama, envolvida em um cobertor. Meu
estômago estava embrulhado esperando por sua resposta.

— Também tenho saudades de você. Podemos nos ver

amanhã?

Também queria, estava certa sobre isso pelo menos.

Estava com raiva, magoada, mas também queria saber por que desapareceu.
Precisava saber se a culpa era minha, e se ele poderia me perdoar por ter
quebrado suas as regras.

— Sim, podemos. Quero ver você. Realmente quero vê-

lo.

— Mandarei um carro para você de manhã. Dez

horas, está bom?

— faremos isso mais tarde, em torno de 2 h, se estiver

ok. Minha amiga está aqui me visitando e temos planos

para o café da manhã.

— Vejo-te depois então.

B.B. HAMEL
Rolei pelas minhas fotos e puxei a primeira que me enviou. Parecia uma
eternidade atrás, quando ainda era o misterioso desconhecido que conheci
online. Olhei para as linhas limpas de sua forma, a maneira que o seu corpo
fluiu perfeitamente sobre si mesmo, e não pude deixar de me lembrar dele
dentro de mim, sussurrando no meu ouvido.

Adormeci com o telefone na mão, sonhando com o que diria.

Na manhã seguinte, Darcy e eu saímos para um café em um lugar local


chamado Honey’s. A comida era sempre boa, mas estava lotado. Não
falamos muito; Darcy estava de ressaca, e eu estava pensando sobre meu
encontro com o Shane.

— Então mais alguma informação sobre seu misterioso surto ontem à noite?
— Darcy pediu com a boca cheia de pão francês.

— Não foi um surto. — Espetei minhas panquecas.

— Foi totalmente um surto, mas tanto faz. Não estou chateada com isso.

— Sinto muito. Ainda não posso falar sobre isso, mas eu vou eventualmente.

Ela virou séria.


— Eu sei garota. Entendo. Só espero que você não esteja fazendo algo
estúpido.

B.B. HAMEL
Sorri tranquilizadora.

— Não estou sinceramente. Está tudo bem.

— Olha, se você estiver em perigo, ou precisar de ajuda, ou o que for me


chame. Sei que não preciso dizer, mas este assunto obscuro tem me
preocupado, então aí está.

Eu ri.

— Não é tão sombrio, mas obrigada.

— A qualquer momento. — voltou a comer visivelmente disposta e a


ressaca foi embora.

Depois disso, as coisas ficaram muito mais confortáveis entre nós. Senti-me
um pouco culpada por Darcy principalmente, mas não podia quebrar a
confiança de Shane, então isso era o melhor que poderia fazer. Ela era uma
grande amiga e uma pessoa compreensiva. Sabia que ficaríamos bem.

Uma grande parte de mim pensou que, eventualmente, Shane ficaria bem
comigo dizendo para as pessoas, o que significava que eu não estava
mentindo completamente para ela. Quer dizer, nós não podíamos ser
amantes secretos para sempre, podíamos? Acho que não, mas tudo era
possível com um homem como Shane Green.

Depois do café, Darcy deixou-me para pegar o trem para a cidade, voltei ao
meu apartamento para me preparar. Não tinha muito tempo, então vesti a
primeira roupa que encontrei jeans e uma blusa azul, um pouco de raiva por
não ter me dado B.B. HAMEL
mais tempo para me vestir. Quando acabei de me trocar, a campainha tocou
o que significava que o carro estava lá fora.

Senti-me estranha em voltar à casa de Shane. Antes, teria ficado nervosa e


excitada, mas agora estava confusa. Não sabia o que estava esperando por
mim, se ele estava furioso comigo ainda por ter quebrado as suas regras, se
convidaria para fazer as pazes, ou se isso era algum tipo estranho de sexo
casual.
Não tinha ideia, mas preferia as duas últimas opções.

Chegamos à casa dele, toquei a campainha e a porta abriu imediatamente.


Encontrei-o sozinho na cozinha, bebendo algo vermelho em um copo alto.

Olhou para cima quando entrei e seu rosto iluminou-se imediatamente.


Pegou-me desprevenida quão feliz ele pareceu por ver-me. Os olhos bonitos
e cara barbada prenderam minha respiração, então percebi o quanto
exatamente precisava naquele momento. Cada cara da noite anterior era uma
sombra deste homem sentado diante de mim.

— Bloody Mary? — ele fez um gesto em direção a sua bebida.

— Não, obrigada. Por que você está bebendo?

Ele encolheu os ombros.

— Este é de suco de tomate, mas eu pensei que você poderia precisar de


ajuda com sua ressaca.

B.B. HAMEL
— Não estou de ressaca — respondi. — E como sabe que estive bebendo?

— Darcy veio, você demorou a responder minha mensagem e seus textos


não eram, exatamente, gramaticalmente corretos. — ele sorriu.

Meu estômago fez voltas. Retirei o aparelho e chequei as mensagens da


noite passada, ele estava certo: o que parecia ser pensamentos convincentes,
em seguida, era mais como rabiscos bêbados, cheio de confusões e erros de
digitação.

Autocorreção não era meu amigo, então amaldiçoei o telefone em


pensamento.

— Tudo bem, isso é uma bagunça — disse, com o rosto vermelho.

— Não se preocupe. Sente-se. — seu sorriso amoleceu e ele fez um gesto em


uma cadeira.

Sentei-me na frente dele.

Ele respirou fundo e suspirou.

— Sinto que tudo que faço é me desculpar, e odeio pedir desculpas. — fez
uma pausa e encontrou meu olhar, olhos ferozes.

Senti-me encolher para longe da sua paixão, oprimida e surpreendente.

— Desculpe-me Amy. Novamente, me desculpe.

B.B. HAMEL
Assenti com a cabeça, mas fiquei quieta.
— Sei que foi errado da minha parte te deixar assim. —

continuou. — Janice nos flagrando, realmente... me chateou.

Você sabe o quanto minha privacidade é importante, mas mais do que isso,
você é um empregado e favor sexual para o seu chefe geralmente é um
enorme problema ético. Sei que não estava fazendo isso por esse motivo,
mas para Janice pode parecer assim, em um piscar de olhos.

Nunca imaginei que poderia ter sido tomado dessa maneira.


Definitivamente, não estava fazendo isso para chegar à frente. Se havia
alguma coisa, era eu quem se beneficiava do corpo dele.

— Ela disse-lhe algo?

— Sim e não, falei com ela sobre isso e estamos bem. Mas assustou-me o
quanto estava disposto a arriscar por você, só para ficar perto de você. Tive
que fugir para ser capaz de pensar claramente. Deveria ter lhe dito isso antes.

— Eu entendo, quer dizer, entendi. Mas onde você esteve?

— Em nenhum lugar. Estava aqui pensando nas minhas opções. Até que
decidi algo.

— O que decidiu?

— Primeiro você me perdoa pelo modo como agi? — seu olhar firme atingiu
meus olhos, então hesitei e senti dúvida.

B.B. HAMEL
— Tem certeza que isso não é culpa minha, de alguma forma?

Ele parecia tomado de surpresa.

— Não, Amy. Absolutamente não. Você não fez nada errado.

— Eu te perdoo. — senti-me um pouco sem fôlego, mas a verdade era que


não podia dizer não a ele, nem agora e nem nunca.

Shane respirou fundo, como se estivesse aliviado.

Levantou e moveu-se ao redor da ilha. Ele veio em minha direção, seus


ombros largos estavam caídos, com bolsas sob os olhos como se não tivesse
dormido. Parou na minha frente e pegou minha mão.

— Eu quero estar com você. Isso não mudou. — ele disse.

— Também quero isso. — meu coração estava acelerado.

— Amy, há coisas sobre meu passado, que não sabe.

Coisas que poucas pessoas sabem. E lhe direi tudo sobre isso um dia, eu
prometo.
O que Shane quis dizer com isso? Mil perguntas correram pela minha mente.
Por que mencionou algum passado misterioso se não está pensando em
dizer-me? Mais segredos sobre ele surgiram, e senti como se estivesse
sempre fora de alcance.

B.B. HAMEL
Ele deve ter entendido meu olhar confuso.

— Estou dizendo isso só porque confio em você e quero que saiba que estou
falando sério sobre isso. Estou tentando abrir-me contigo, mas está
demorando mais do que eu esperava.

Balancei a cabeça. Entendi isso. Ainda não tinha lhe contado detalhes sobre
minha família também. E as pressões na sua vida ainda eram estranhas para
mim, apesar de estar por perto nos últimos meses, estava começando a ver os
imensos fardos que carregava e a seriedade com que os levava.

Deu tudo de si mesmo e tão livremente quanto podia. Era parte do que me
atraiu totalmente para ele.

— Eu entendo. Estou bem com isso — disse suavemente.

— Quero te dizer pelo menos uma coisa sobre mim. Você sabe que cresci
aqui, nesta cidade. O que nunca te disse foi que meu pai era um alcoólatra,
um tipo de colarinho azul da velha escola. Cerveja na mão quando chegava
em casa e desmaiava bêbado à meia-noite. Bebia toda a noite e às vezes
durante o dia também. As coisas ficaram ruins no final. Meu irmão odiou-o,
mais do que eu e minha mãe. Meu pai bateu-lhe, às vezes, e meu irmão
revidava. Um dia meu pai bebeu até morrer. Tinha quinze anos. Sua morte
foi difícil para minha mãe. Ela disse que ele não fora sempre assim, mas
tudo que lembro é dele bêbado e louco, gritando com minha mãe sobre a
roupa. Pelo menos nunca bateu nela, mas nunca a fez feliz B.B. HAMEL
também. Passamos nossos dias com medo dele e senti-me feliz quando
morreu. Tenho vergonha disso, mas fiquei.

Nunca ouvi falar nada disso. Sabia que seu pai morrera quando era jovem;
que era de conhecimento público. Mas não tinha ideia que era um alcoólatra
abusivo e que crescera pobre como eu. Percebi que ninguém mais além da
família dele, e eu, sabia esses detalhes. Não tinha ninguém perto em sua
vida, pelo que sei.
Segurei a mão dele enquanto falou e não o interrompi.

— Cresci pobre. Não me envergonho disso, mas não anuncio. Uso-o como
uma força para me mover, um desejo de triunfar. Quero dar a minha mãe a
vida que ela tentou dar-nos, é por isso que trabalhei tão duro toda a minha
vida.

Sucesso é uma ferramenta para fornecer-lhe o que quiser. Por isso, também,
fiquei na Filadélfia e fiz minha sede aqui. Queria dar o troco à cidade que
não me deu absolutamente nada.

Quero tornar este lugar melhor para todas as crianças como eu. Também por
isso seu app é tão importante para mim, pessoalmente. Quero melhorar a
vida das famílias de baixa renda, especialmente as crianças.

Isso explica muita coisa. Por isso queria passar tanto tempo trabalhando no
meu app quando normalmente não se dedica a novos projetos. Explicou por
que era tão misterioso e bem-sucedido, e por que era uma força dominante
em tudo que fazia. Porém, mais do que isso, percebi que éramos
semelhantes. Trabalhava para facilitar a vida da sua mãe, B.B. HAMEL
enquanto eu trabalhava para tornar a doença do meu pai o mais confortável
possível.

— Acho que foi por isso que você me deu tanta atenção —

disse-lhe.

Ele riu.
— Não, o que me chamou atenção foi seu corpo.

Corei.

— Obrigada por me dizer tudo isso. — afirmei e apertei sua mão.

Apertou a minha de volta.

— Quero que me conheça.

Naquele momento senti algo quebrar dentro de mim.

Podia sentir as lágrimas em meus olhos, e Shane fez cara de surpresa.

— O que eu disse?

Limpei meu rosto e me senti estúpida.

— Nada, sinceramente. Apenas, não fui totalmente sincera com você


também.

— Não tem que me dizer nada que não esteja confortável.

— parecia preocupado estendendo a mão para acariciar a minha bochecha.

B.B. HAMEL
— Eu sei. Mas quero que ouça isso. — respirei fundo.
Não falava essa história faz muito tempo, a ninguém, mas algo sobre este
momento forçou-me a falar. Ele sabia sobre o câncer do meu pai, claro, mas
guardei isso dele. Não sei por que guardei, talvez por medo de como
reagisse. Mas foi um momento decisivo para mim e uma grande parte de
quem eu era.

— Quando era criança, tive um acidente de carro. Sei que te falei sobre isso.
O que não te contei... O que não consegui contar... Foi que minha mãe estava
dirigindo. Já era tarde e estava chovendo. Saí para a casa de um amigo, onde
estive bebendo e ela veio buscar-me quando não apareci no toque de
recolher. Eu tinha 16 anos na época, muito jovem, e minha mãe estava muito
chateada. Bem, não me lembro de como, mas ela perdeu o controle do carro.
A polícia disse que provavelmente bateu na água e aquaplanou. De acordo
com eles, batemos muito rápido em uma árvore. A próxima coisa que me
lembro, foi que acordei no hospital com meu pai e irmãos e disseram-me que
minha mãe havia morrido.

Respirei fundo. Shane ouvia atentamente, seu rosto era uma máscara de
preocupação e tristeza. Apertou minha mão e aquele simples gesto deu-me a
confiança para continuar a minha história.

— Culpei-me por um longo tempo. Talvez seja por isso que não festejo
muito e me esforço para trabalhar tão duro. Sinto que devo compensar a sua
morte, porque se não fosse uma B.B. HAMEL
adolescente idiota naquela noite, ela nunca teria saído na estrada.
— Você não pode pensar assim — disse baixinho.

— Eu sei. Sei que não posso. Realmente não me culpo mais, ou pelo menos
tanto quanto costumava. Sempre pensarei sobre isso. Isso ainda me guia em
muitos aspectos, faz-me a pessoa que sou. E não quero esquecer, porque ela
sempre será uma parte de mim, parte do porque trabalho tanto. Como você
trabalha para cuidar de sua mãe, eu trabalho em memória da minha mãe e
fazê-la feliz, onde quer que esteja.

Ele assentiu com a cabeça, mas não disse nada. Poderia dizer que entendeu.
Aproximou-se, seu corpo, calor e força foram presenças reconfortantes para
mim.

— Bem, agora você sabe, eu acho.

— Estou feliz que tenha me contado Amy.

— Estou contente em ter contado também, de verdade.

Sinto-me... mais leve, como se estivesse carregando isso por aí, e agora
dividi o fardo.

O sorriso dele foi tão impactante que bateu em meu rosto como ondas contra
um barco salva-vidas. Envolveu seus braços em mim e beijou-me mais
profundamente do que nunca. Podia sentir a ternura que sentia por mim, foi
quando algo em mim despertou e veio à superfície. Não podia falar ainda,
mas estava lá, à espera. A maior parte da minha mente B.B. HAMEL
derreteu por ele, me perdi no cheiro do seu corpo e no calor dos bíceps
torneados.
Mas mesmo neste momento, um dos mais calmos da minha vida, quando me
senti segura nos braços do Shane, uma parte pequena no fundo do meu
cérebro ficava me perguntando: o que exatamente ele ainda escondia de
mim?

B.B. HAMEL
Depois disso, passamos o resto do dia indo e saindo da cama. As horas
misturaram-se e isso me assustou um pouco, quão rápido o tempo poderia
passar quando estava nos braços dele. Mas foi bom e confortável, de uma
forma que não tinha experimentado antes. Tanto tempo da minha vida foi
gasto ansiosamente no trabalho, tentando terminar o próximo projeto, mas
esse domingo preguiçoso se transformou em uma segunda-feira preguiçosa.
Havia alguns benefícios em sair com o chefe. Um benefício enorme era ter
tempo. Segunda-feira preguiçosa se transformou em terça-feira preguiçosa e
de repente era quarta-feira, e não tínhamos saído de casa em três dias.

Estávamos deitados juntos na cama de manhã, parcialmente vestidos. Corri


os dedos ao longo dos contornos de seu peito, estômago e ele brincava com
o meu cabelo.

— Eu preciso ir para casa logo — disse.

— Não, não precisa. Qualquer coisa que você precisar está aqui.

Eu ri.

— Tem uma muda de roupa para mim?

B.B. HAMEL
Ele considerou aquilo por um segundo.

— Não, não tem. Mas podemos comprar algumas.

Balancei minha cabeça. Se nos mantivéssemos assim, nunca o deixaria, e


acho que ambos sabíamos.

— Eu preciso ir para casa por algumas horas, Shane.


Apenas pegar algumas coisas, refrescar-me e certificar-me que minha casa
não pegou fogo. Estarei de volta à noite.

Ele suspirou e se espreguiçou.

— Acho que é razoável, mas eu ainda prefiro que fique.

— Não mais que algumas horas. Prometo.

Depois disso, me vesti. Ele chamou o motorista e quinze minutos depois


entrei em seu carro rumo à cidade. O motorista agora estava bastante
familiarizado comigo, sorriu e acenou com a cabeça quando subi na parte de
trás. O carro deixou-me no meu apartamento. Comparado à cidade velha, o
bairro era sombrio, sujo e senti-me um pouco nervosa. Estava usando a
mesma roupa de quando sai domingo à tarde, mas recém-lavadas. Tive uma
estranha sensação de déjà vu...

Quando subi as escadas.

Por dentro nada havia queimado. Deixei minhas coisas em um canto e


comecei a embalar outro saco. Nós não falamos muito mais sobre a nossa
vida familiar depois de domingo, e a ideia de que Shane estava escondendo
algo era uma presença constante, irritante. Felizmente fizemos outras coisas
que me B.B. HAMEL
mantiveram distraída, e já não tinha muita chance de obcecar-me sobre isso.
Ainda mais que, na segunda-feira de manhã, encontrei um pequeno colar,
ouro e prata encravando em linhas, com uma sequência de três pequenos
diamantes no final. Não sabia quando encontrara tempo para comprá-lo para
mim, mas foi perfeito. Não tirei isto desde então e valorizei o seu peso. Não
sei se foi um presente de desculpas, um suborno ou o que, mas adorei
mesmo assim.

Quando estava enfiando roupas limpas na minha mala velha, meu telefone
tocou. Eu sorri e presumi que fosse o Shane me vigiando.

— Ei, você está em casa agora?

Foi um texto do Jim. Não tinha notícias dele desde a comemoração, naquela
festa há alguns meses atrás, o que era estranho, mas estava feliz, por me
enviar uma mensagem.

Tinha pensado nele recentemente.

— Na verdade, sim, o que se passa?

— Eu sei que isto é um pouco estranho e aleatório,

mas posso passar aí? Preciso falar com você.

Jim veio ao meu apartamento um tempo atrás quando me deu carona depois
de trabalhar até tarde. Não voltou desde então, ou sequer mencionara que
lembrava onde eu vivia, e muito menos que queria vir me visitar. Achei um
pouco estranho e definitivamente fora de tom, mas tinha algum tempo para
matar e seria bom vê-lo.

B.B. HAMEL
— Claro, estarei aqui por uma hora ou duas.

Apareça.

— Vemo-nos em breve.

Não fazia ideia do que se tratava, mas também estava distraída com Shane
para pensar muito sobre isso. Achei que tinha a ver com o café. Talvez
quisesse que pegasse turnos de fim de semana ou algo assim. A questão com
Shane era muito mais urgente, e isso me consumia. Não queria bisbilhotar ou
parecer ansiosa, então deixei a questão completamente de lado e ele não
tocou mais no assunto. Mas o que seria esse segredo que escondia de mim?
O que poderia ser tão ruim que tinha vergonha de me dizer? Centenas de
coisas atravessaram minha mente, de um homicídio para um culto para
fetiches sexuais estranhos, que eu não sabia ainda. Estava esperando os
fetiches; pelo menos isso pode ser divertido. Definitivamente esperava que
não houvesse assassinatos e cultos. Talvez tivesse filhos com outra mulher
ou uma ex-mulher escondida em algum lugar. Ou, talvez tivesse outro nome
real e as identidades falsas continuaram para sempre. Fartei-me de embalar e
sonhar, e quando terminei, a campainha soou.

Esqueci-me de Jim com minha mente vagueando nas possibilidades. Liberei


para ele entrar no prédio e um minuto depois, bateu na porta do meu
apartamento.

— Ei Jim — disse feliz em vê-lo.

B.B. HAMEL
Ele parecia terrível. Estava em seus habituais jeans apertados e tênis modelo
converse com uma camisa de banda aleatória, mas parecia cansado e
desgastado. Seu cabelo estava desgrenhado, não fora cortado desde a última
vez que o vira, e havia bolsas sob os olhos. Ainda parecia bonito em sua
forma juvenil, mas havia algo por trás de seu olhar, algo desgastado e mais
velho.

Ficou na entrada do meu apartamento e parecia incerto.

— Olá Amy, se importa se eu entrar?

— Certo, é claro. — Mudei-me para dentro e ele me seguiu. Estava de


repente muito consciente do meu apartamento desarrumado. As roupas
foram deixadas por todo lado e ficou louça suja na pia. Droga, pensei
quando percebi que elas estavam lá há alguns dias.

— Desculpe pela bagunça — disse envergonhada. Jim riu.

— É o que esperava, com base em suas habilidades de limpeza do Swirl.

— Ei, era sua melhor funcionária. — ri e lembrei as noites que me recusei a


limpar os banheiros.
— Oh, mais como terceiro ou quarto melhor. Você foi decente. Talvez top
dez. — ele disse, brincando. Fomos para o sofá e sentamos juntos.

— Por favor, aquele lugar está mal sem mim.

B.B. HAMEL
Jim riu.

— Estamos gerenciando para limpar sem você.

Foi bom estar perto dele novamente. Nós sempre fomos confortáveis, e senti
falta de falar sobre nossas vidas juntos.

Fora um dos poucos que sabia sobre meu app me apoiando para sua venda
quando conheci o Shane.

— Sério como vão as coisas? — perguntei.

— As coisas estão decentes no Swirl.

— Não, quero dizer com você. Como vai a banda?

Ele encolheu os ombros.

— Tivemos um show no sábado, correu muito bem. Andy está ainda sendo
um idiota, George é George, e Tom foi MIA2

desde domingo. Apesar de tudo, o de sempre.

— Eu odeio dizer isso, mas acho que você é o mais estável do grupo.
— Eu sei, é incrível. Nunca sonhei que seria o normal.

Ambos rimos. Seus companheiros de banda eram caras visivelmente


insanos. Nenhum deles era má pessoa, mas eram andarilhos e festeiros. Sua
música era boa, mas quase nunca praticavam porque a maioria estava
ocupado em demasia, pegando garotas em shows ou passando uma semana
fora. Jim 2 Missin in action, Desaparecido em combate.

B.B. HAMEL
era o único com um trabalho de tempo integral e se sustentando. Os outros
não trabalhavam fora dos shows e eram sustentados por uma namorada ou a
caridade de estranhos. Ou, no caso de George, sua mãe.

Ficamos em um momento de silêncio confortável. Poderia dizer que algo


estava acontecendo, mas conhecia Jim bem o suficiente para não pressionar.
Ele ia dizê-lo eventualmente.
— Então, queria te dizer uma coisa Amy. — olhou-me e sua expressão era
séria. Eu não estava acostumada a Jim sério, mas havia algo firme, algo mais
seguro e maduro. Parecia menos juvenil, e mais como o homem que
imaginava que ele se tornaria.

— Tudo bem, o que está acontecendo? Sua família está bem?

Ele balançou a cabeça.

— Não é nada disso.

— Fale, você está me deixando nervosa.

— É só que, bem, Swirl não tem sido o mesmo sem você.

Eu realmente senti sua falta. — ele parecia longe de mim.

— Tenho saudades suas também. Trabalhar para o homem é difícil — disse,


tentando alegrar o ambiente.

— Não é só isso. Não sei como dizer isso. Desde que você começou a
trabalhar no Swirl, não fui capaz de pensar em mais B.B. HAMEL
nada. Então ficamos próximos ao longo do seu tempo lá e acho que é a única
pessoa que me conhece. Então você saiu e percebi uma coisa.
Atingiu-me como uma marreta. Sabia o que ele estava prestes a dizer e todo
o meu corpo ficou tenso. Jim me olhou, seus olhos estavam profundos e algo
apaixonado queimava por trás deles.

— Estou apaixonado por você Amy. Estou há algum tempo, acho. Você
precisou ir embora para realmente eu perceber isso. Não paro de pensar em
você.

O silencio ficou entre nós. Fiquei chocada, mas não devia.

Todo mundo disse que Jim tinha sentimentos por mim, mas acho que nunca
levei a sério. Era o garoto bonito da banda.

Fazia shows para garotas independentes o tempo todo. Por que teria algum
interesse em uma chata normal como eu? Existem muitas garotas com
tatuagens que adorariam estar com ele.

— Jim.. — disse totalmente perdida. Como poderia machucar alguém com


quem me importava?

— Eu sei que isso vem do nada. E não precisa responder.

É só que você me entende Amy. Sempre entendeu. É

engraçada, brilhante e muito sexy e a pior parte é que você nem percebe.

Senti-me em espiral fora de controle. Quando falou, todas as horas que


passamos juntos trabalhando em estreita colaboração, falando sobre nossas
vidas, voltaram para mim.

B.B. HAMEL
Fora um dos poucos a me encorajar no início. Quando a maioria dos meus
amigos de faculdade desapareceu da minha vida, Jim estava lá me apoiando.
Darcy foi grande, mas ela não estava lá todos os dias para ouvir como Jim.
Era a pessoa mais estável na minha vida desde que me mudei para a
Filadélfia e percebi quão importante ele era. Sem um amigo como Jim,
descobrir como viver numa cidade nova, completamente sozinha, teria sido
muito mais difícil.

— Não sei o que dizer. — consegui dizer.

Jim chegou mais perto de mim, e de repente estava intensamente ciente do


meu vestido curto, do formato juvenil do seu maxilar e as olheiras profundas
nos seus olhos.

— Você não precisa dizer nada. Não vim aqui para me dar algo. Precisava
que soubesse como me senti, antes de desaparecer completamente. Que eu
estou pensando em você.

Tive uma súbita vontade de pegar sua mão. Queria abraçá-lo e agradecer-lhe
por tudo o que fez por mim. Por estar lá quando eu estava perdida e sozinha
nesta cidade, afogando-me em débitos estudantis, trabalhando madrugadas
sem remuneração e mal fazendo face às despesas. Queria agradecer-lhe por
ser a melhor pessoa na minha vida. Queria estender a mão e beijá-lo, mas
sabia que ele não entenderia.

Não podia fazer nada disso, e não fiz. Não seria justo.

Porque não o amava e nunca o amaria, e acho que nós dois sabíamos disso.
Shane veio em uma espiral em minha mente.

B.B. HAMEL
Sabia que se desaparecesse da vida de Jim, seria um tipo de misericórdia.

Jim olhou-me em silêncio por mais um momento, depois desviou o corpo e


ficou de pé.

— Espere, não precisa ir agora. Se não quiser. — eu disse-lhe.

— Deveria ir. Eu disse o que queria dizer.


Levantei-me.

— Olha, você é uma pessoa importante para mim. Não quero perder você da
minha vida. Não quero desaparecer.

Seu rosto estava sombrio.

— Mas você não sente o mesmo.

Como é que responderia isso? Como é que quebraria o coração desse cara
bom? E naquele momento, percebi que a única coisa que poderia dar-lhe era
a honestidade, para o bem dele e para o meu. Pelo menos lhe devia aquela
pequena gentileza.

— Não me sinto da mesma forma. Desculpa. Você é um cara incrível e


encontrará alguém eventualmente, mas esse alguém não sou eu.

Jim baixou a cabeça. Senti como se parte de mim estava quebrando ao meio.

B.B. HAMEL
— Sim, eu entendo. — moveu-se para a porta e queria pedir-lhe para ficar,
mas sabia que não podia fazer isso. Tinha que ser forte, para o nosso bem.

— Vejo você mais tarde, Amy. Boa sorte com seu novo trabalho.

— Adeus, Jim. — ele abriu a porta e se foi.


Sentei de volta no braço do sofá e quis chorar, mas não consegui. Estava
muito triste. Sabia que minha vida tinha mudado. Estava em um reino
completamente novo agora e estava deixando o velho mundo. Não havia
mais volta.

B.B. HAMEL
O carro veio me buscar uma hora mais tarde. O motorista pegou minha mala
e colocou-a no porta-malas, depois me levou para a casa de Shane. O
motorista levou minha mala até a varanda e tocou a campainha para mim. Eu
não estava acostumada a alguém tratar-me assim, mas ele sorriu e acenou
com a cabeça, quase como se sentisse o meu desconforto. Percebi que estava
lutando para caber no estilo de vida de Shane, que era muito diferente do
meu. Cresci com pouco e vivi com menos por um longo tempo. Agora,
estava namorando um bilionário e teria que me acostumar com o luxo que
ele poderia fornecer-me.

Shane abriu a porta com um enorme sorriso no rosto.

Quando o fitei, com seus olhos de pedra cinza, o queixo esculpido e corpo
bonito, minhas dúvidas desapareceram.

Sabia que tomara a decisão certa com Jim e que ele ficaria bem. Eu ficaria
bem também.

Shane pegou minhas malas e fomos para dentro. Estava prestes a falar, mas
senti uma súbita necessidade então pressionei meu corpo contra o dele e
beijei-o profundamente.

Senti seus lábios macios se abrirem e sua língua entrar na minha boca. Corri
minhas mãos para baixo no seu peito, sentindo os músculos sob sua fina
camiseta de algodão. Não B.B. HAMEL
falamos nada e eu não queria falar. Ele guiou-me para um cômodo no
corredor. Era uma sala de jantar formal com uma enorme mesa de madeira
antiga, pesada e resistente dominando o espaço.

Corri minhas mãos pelo seu peito em direção a seu pau e senti o
comprimento sob o jeans. Ele cresceu com minha pressão, endurecendo
quando esfreguei e desci pelo comprimento. Shane soltou um pequeno
gemido e puxou a parte de trás do vestido sobre minha bunda. As mãos dele
pegaram meus quadris guiando-me em direção a mesa, levantou-me e
colocou-me sentada.

Enrolei as minhas pernas em sua volta e continuei trabalhando seu


comprimento duro por cima do jeans. Shane me beijou no pescoço, tirou as
alças do meu vestido dos meus ombros e abriu o zíper das costas. Sentia-me
ficar molhada com seus lábios movendo-se para baixo, em direção ao meu
seio, sobre o sutiã exposto. Ele se deslocou e senti seu pau deixar minhas
mãos, quando caiu de joelhos. Deixei escapar um pequeno gemido de
antecipação quando os lábios tocaram minha coxa e abaixou minha calcinha
preta pelas minhas pernas.

Sentia a mesa fria em minha pele, seus lábios encontraram meu corpo
formigando, abri as pernas e ele levantou uma, colocando meu pé sobre a
mesa. Suas mãos fortes puxaram meus quadris para frente, mais próximo à
beirada. Sua língua e os lábios encontraram o clitóris inchado e trabalharam
em torno dele, suavemente. Arqueei minhas B.B. HAMEL
costas com ondas de prazer correndo por todo o corpo, esquecime do stress e
da dúvida, com sua língua e lábios trabalhando em meu corpo. Senti sua
língua passando dentro de mim depois correndo para o clitóris. Enquanto
trabalhava com a língua, alternando entre suave e duramente, senti um dos
seus dedos entrar em mim. Gemi relaxando enquanto ele continuava a
lamber e chupar. Senti o corpo enrijecer e convulsionar quando onda após
onda de prazer formigavam, me enchendo e subindo pelo meu corpo.
Quando cheguei perto do orgasmo, senti ele parar e ficar de pé. Apoiei-me
em um cotovelo e o vi abrir o seu jeans e empurra-lo para baixo. Seu lindo
pau estava reto, duro, como eu adorava olhar para sua cintura vendo o
comprimento emergir da cueca, pronto para me levar. Virei-me de barriga
para baixo sobre a mesa indo em sua direção enquanto empurrava a calça
jeans para fora de seus pés. Quando terminou, peguei a base do pau duro e
abri minha boca. Shane gemeu profundamente quando sentiu seu pau em
minha boca úmida.

Deitada sobre a mesa, tomei tanto dele dentro da minha boca, como pude.
Corri minha língua ao longo da base do pau dele, provei o suor salgado,
quente, e saboreei o seu gosto. Ele correu as mãos pelo meu cabelo
suavemente, tirando-o do meu rosto. Usei minhas mãos, na beirada da mesa,
para me dar força de alavanca e abri a minha garganta botando tudo o que
podia dele. Senti endurecer quando escorregou pela minha garganta. Soltou
um gemido e senti a pressão de seus dedos em meu cabelo aumentar,
pequenos prazeres e dores misturando-se.

B.B. HAMEL
— Deus, engole meu pau. — ele sussurrou e tentei engolir o máximo dele
que pude. Puxei para trás e seu pau deixou minha garganta e boca, com
saliva escorrendo. Peguei o pau escorregadio na minha mão, tranquei minha
respiração, corri minha mão subindo e descendo o seu comprimento e olhei
para minha saliva escorrendo fora de sua ponta, saboreando a espessura dele.

Shane deslocou o quadril para trás e me rolou mais uma vez, nas minhas
costas. Abri minha boca para seu pau e ele apertou sua ponta em meus
lábios, chegando à frente para usar os dedos calejados contra meu clitóris
encharcado. Gemia com o pau na minha boca e lentamente movi os quadris
contra seus dedos, enquanto fodia minha boca e esfregava os sucos contra o
clitóris inchado. Entre o sabor de sua raiz grossa e os dedos em meu clitóris,
estava me contorcendo e gemendo em êxtase. Tomei tanto de seu pau quanto
queria sentindo-o escorregar em minha garganta enquanto ainda esfregava os
dedos em círculos ao redor do clitóris. Prazer e dor misturaram pelo meu
corpo, e antes que eu pudesse ficar sem fôlego, empurrei os quadris dele. O
seu pau deixou minha boca com um pequeno flap.

— Eu amo isso, sua boca em volta do meu pau —

sussurrou enquanto virava-me na mesa para ficar com as minhas pernas


abertas na beirada. Ele inclinou-se em direção a calça jeans, rasgou algo e
rolou sobre seu pau. Meu corpo estava vibrando com a expectativa e a
necessidade, e aqueles breves momentos aumentaram o desejo por seu
corpo. Voltou B.B. HAMEL
para perto de mim envolveu os braços em minhas pernas, puxou meus
quadris para mais perto, em sua direção, então empurrou seu comprimento
dentro de mim.

Soltei um pequeno suspiro quando me encheu completamente com toda a


sua extensão. Cada vez que entrava em mim, ficava chocada com quanto do
pau dele cabia. Sua circunferência era um anel de prazer dentro do meu
corpo e ele empurrou mais profundamente. Soltou minhas pernas e se
inclinou sobre mim. Beijou minha boca, pescoço, enquanto movia-se
lentamente e profundamente dentro de mim. Passava sua boca pelo meu
pescoço e lambia os seios.

— Você tem um corpo perfeito — disse baixinho, sua voz rouca de prazer.
Soltei um pequeno suspiro em resposta e ele entrou mais duro em mim,
então ondas de prazer passaram por minha espinha. Foi para trás, agarrou
minhas pernas novamente quando começou o impulso, empurrando com
mais força e mais fundo em mim. Agarrei a ponta da mesa quando se
movimentou mais profundo e mais duro. Contraí meus quadris contra ele,
nossos ritmos correspondentes. Shane gemeu, enchendo-me cada vez mais, e
eu balançava contra o tampo da mesa com seus quadris batendo contra o
meu corpo.

Senti um braço liberar minha perna. Umedeceu seu polegar na boca, e


esfregou-o contra meu clitóris, enquanto continuava a pressão dentro de
mim.

— Bem assim. — gemia para ele e a intensidade de suas estocadas aumentou


em resposta. O polegar dele fez a pressão B.B. HAMEL
perfeita contra meu clitóris inchado, esfregou suavemente, mas com firmeza
continuando a pressionar-se dentro de mim.
Senti o prazer subindo, ao longo da parte inferior do corpo, para a espinha
novamente.

Meus dedos ficaram brancos quando agarrei a mesa. Seu impulso atingiu o
pico e minhas costas arquearam quando o prazer atingiu o peito. Eu podia
sentir-me chegando perto e olhei para ele com expectativa.

— Vamos, goze no meu pau grande e duro. — ele disse o que me fez
duplamente em êxtase. — Você tem minha permissão.

Meu corpo convulsionou com as ondas de prazer batendo-me forte. Não


pude deixar de gemer alto, minha voz enchendo a sala, podia sentir seu pau
ficar mais duro e os impulsos chegarem mais rápidos. Quando meu orgasmo
atingiu o auge, senti seu pau endurecer e sua mão apertar minha perna
quando começou a gozar.

Meu orgasmo atingiu o pico e começou a nivelar quando ele resmungou e


ejaculou profundamente dentro de mim.

Pressionou-se fortemente em mim e escorregou para fora, lentamente,


quando seu orgasmo desapareceu também.

Relaxei em cima da mesa, exausta. Todo o corpo vibrando, meus lábios e


bochechas estavam dormentes e senti-me perto de desmaiar de prazer. Foi
um dos orgasmos mais fortes da minha vida, fiz força para permanecer
consciente, sentia-me B.B. HAMEL
tonta do esforço e de alegria. Ele saiu de dentro de mim e inclinou suas
costas contra a mesa, respirando fundo e suando. O cheiro doce de sêmen e
dos nossos corpos encheram a sala, saboreei sua forma musculosa, as gotas
de suor rolando em suas costas rasgadas.

Eu estava flutuando em uma nuvem de brilho pós-sexo quando nos vestimos


novamente. Puxei minha calcinha, embora elas estivessem úmidas e inúteis.
Ele descartou o preservativo e puxou seu jeans, sem cueca.

— Sinto-me tão insaciável por você — disse a ele, sentada na beirada da


mesa vendo-o vestido. Deixei meus olhos vagarem por seu corpo perfeito
pela centésima vez, mas não era o suficiente. Cada movimento dele trazia
algo novo que não notei antes, e senti-me bebendo cada polegada de seu
corpo.

Mesmo satisfeita e saciada por um momento, não pude deixar de querer


tocá-lo e explorar os movimentos e dobras de sua pele. Shane olhou para
mim e sorriu.

— É ganância se eu quero dar a você? — pressionou-se entre as minhas


pernas e beijou-me longa e profundamente.

Quando nos separamos, minha cabeça estava querendo tudo de novo.

— Vamos, vamos conseguir algo para comer. — explicou-me. —


Precisamos abastecer.

Eu ri.

B.B. HAMEL
— Oh e por que isso? Tem grandes planos?

Ele sorriu para mim.

— Você tem que compensar todo o tempo que perdeu no seu apartamento.

— Sim, Sr. Green. — pulei da mesa e segui-o para cozinha. Ocorreu-me que
meu orgasmo foi em cima de uma mesa mais velha do que nós dois juntos.

Do meu lugar na ilha vi Shane abrir a geladeira, estava fazendo uma salada
simples para dividirmos, e de repente senti uma pontada de ciúme. Os
movimentos fáceis, sua graça inata e a maneira como lidava consigo mesmo
eram coisas lindas.

Queria combinar com ele, mas era inigualável. Nada do que sabia sobre
Shane mostrava como realmente vivia, o rigor e gentileza. Era a pessoa mais
apaixonada que já conheci, mas também a mais discreta e alegre. O que
inicialmente me confundira, como sendo uma estrutura intensa, era na
verdade seu domínio do mundo em volta. As regras que me fez seguir não
eram coisas arbitrárias, mas ideias importantes que sustentavam a nossa
conexão. Quando estava perto dele a força da sua gravidade pesava e me
capturava, a vida ficava fácil, e meu corpo parecia leve flutuando.
Lembrei-me de Jim, sentado no meu apartamento, confessando amor por
mim e então sabia com certeza o que sentia por Shane. Não era nada como
Jim sentia por mim. Não era o tipo de necessidade dolorida que poderia ser
esquecida, B.B. HAMEL
ignorada ou mesmo perdida. Era uma coisa ardente, poderosa, e como todas
as coisas poderosas, era irracional e sem culpa.

Veio de outro lugar, levou-me diretamente para Shane e o corpo dele, não
sobrando nada além de se submeter a seus caprichos. Eu queria ser uma
parte dele, não da sua vida, mas da sua existência.

— Eu preciso te dizer uma coisa — disse insegura de mim mesma.

Shane foi cortar uma cebola roxa com golpes suaves e experientes, a mão
esquerda guiando a faca.

— O que é?

Soltei um suspiro.

— Jim veio ao meu apartamento hoje, mais cedo.

Ele pausou e olhou para cima.

— Seu antigo gerente, Jim?

— Meu velho amigo Jim. Sim.


Abaixou a faca e senti sua atenção claramente mudar o foco de fazer comida
para ouvir minhas palavras. Era como um holofote correndo em um campo
para iluminar uma coisa nova.

— Como ele está?

— Jim me disse que me ama.

B.B. HAMEL
Shane não respondeu no início. Eu poderia dizer que estava lutando com
algo, mas não sabia o quê. Após um breve silêncio, disse-me:

— E o que você respondeu?

— Desiludi-o o mais suavemente possível. O que mais poderia dizer?

O alívio apareceu sobre o seu rosto, o que me confundiu.


— Espere o que você estava pensando? — perguntei.

— Sou mais velho que você — disse suavemente. — Nossa vida juntos é
difícil. Viver um segredo é um preço alto para uma pessoa. E entendo que
você o conheceu antes de mim, antes de minha empresa comprar seu app.
Você me disse que ele estava por perto naquela época. Pensei que precisava
de algo mais fácil, talvez com alguém da sua idade.

Não podia acreditar no que ele estava dizendo. Shane Green estava incerto
de como me sentia?

— Não quero ninguém além de você Shane. Não quero algo mais fácil.

Seu sorriso parecia triste.

— Estou feliz que pense assim. Mas entendo se você não sentir.

— Não acredito que achou por um segundo que iria querer acabar com você
por Jim!

B.B. HAMEL
— As pessoas fazem escolhas ruins o tempo todo. —

brincou. A tristeza amoleceu e desapareceu.

— Sim talvez eu vá fazer uma agora. Talvez negue sexo a você como um
castigo por não ter acreditado em mim.

Shane fez uma expressão simulada de terror:


— Negar sexo a mim? É cruel e incomum.

— Eu não sei, a punição se encaixa ao crime.

— Isso não faz sentido — disse rindo. Voltou-se para a comida e retornou a
picar.

— Claro que sim. Pelo menos eu acho que faz, que é tudo que importa.

Ele riu novamente e o peso do assunto Jim foi-se do meu corpo. Havia
apenas o Shane e seu foco intenso, trazendo-me de volta para o mundo.

B.B. HAMEL
Passamos o resto da semana dessa forma, em um ritmo lento de altos e
baixos. Conhecemos cada parte do corpo um do outro. Shane continuou a
ficar longe de sua vida familiar, mas falou-me sobre os primeiros dias na
Universidade da Pensilvânia, como conseguiu uma bolsa de estudos e nunca
olhou para trás. Falou sobre como fundou Adstringo, um dia em seu
dormitório, quando surgiu com um algoritmo de propaganda avançado antes
que qualquer outra pessoa estivesse pensando sobre o posicionamento do
anúncio. Falou sobre a sua empresa crescer, mas ainda mantendo controle
restrito, e como ele a dinamizou recentemente em um conglomerado de
mídia multinacional.

No final do dia de domingo, uma semana de prazer e felicidade depois,


matamos nossas últimas horas juntos, agarrados no corpo um do outro no
sofá, no quarto dele.

Acabamos uma sessão particularmente intensa e seu peito sem camisa estava
coberto de suor e os músculos tensos com cada respiração profunda.
Relaxamos nos braços um do outro, senti-me segura e completa, mas sabia
que tinha que voltar ao trabalho na segunda-feira. Já era estranho que um
novo empregado tenha tirado uma semana de férias. Não queria pensar sobre
isso na semana que terminara, em vez disso me concentrei no corpo de
Shane envolvido em torno de meu.

B.B. HAMEL
— Diga-me algo. — pedi.
— Humm? — disse olhando-me. Descansei minha cabeça em seu colo,
minhas pernas penduradas sobre a outra extremidade do sofá.

— Teve muitas outras namoradas antes de mim?

Shane riu.

— Você não quer falar sobre isso.

— Claro que sim. Quero saber tudo sobre você.

— Você só terá ciúmes. — balançou a cabeça e sorriu.

— Ah eu vou? São tantas assim hein?

Seu sorriso cresceu maior.

— Digamos, são menos de 2 mil.

Meu queixo caiu.

— Está brincando?

Ele gargalhou.

— Sim estou brincando! Embora seja menos de 2 mil.

Dei um tapa em seu bíceps. Foi como bater numa rocha.

— Fala sério.

B.B. HAMEL
Shane se esforçou para fazer do seu rosto, uma máscara falsa de seriedade.

— Amy, eu sou sempre sério.

— Sim, claro. Diga-me, quantas namoradas?

— Bem. Não muitas, honestamente. Tive uma na escola, duas na faculdade e


uma há cerca de três anos.

— Quatro namoradas? Sério isso?

Ele fez uma careta do tipo “o que posso dizer” e deu de ombros.

— Estava muito ocupado na maior parte da minha vida.

Você ficaria surpresa como raramente conhece pessoas nesta indústria.

— Mas quero dizer, olhe para você. As mulheres provavelmente se atiram


em você.

— Às vezes fazem, mas é geralmente menos por mim e mais pelo meu
dinheiro.

— Pode dizer a diferença?


— Nem sempre. É por isso que raramente namorei.

Aquilo fez muito sentido para mim. E explicou por que tinha muita
dificuldade em confiar em mim. Shane tinha me dado pequenos presentes
durante toda a semana, mas tentei o máximo que pude resistir-lhes. Na sexta-
feira, quando B.B. HAMEL
percebi que estava sem roupas limpas, várias caixas de peças de design
apareceram no vestíbulo, tudo no meu tamanho.

Recusei-as, mas insistiu para que experimentasse tudo para ele, uma de cada
vez. Quando me deu uma ordem direta assim, encontrei-me compelida a
cumpri-la. O desfile de moda não durou muito tempo, graças a Deus, pois
rasgou um vestido particularmente revelador do meu corpo.
— Fico só pelo dinheiro — disse ousadamente.

— Bom, porque estou nisso somente pelo seu corpo. —

Inclinou e beijou-me. — Bem, e quanto a você então? —

Perguntou afastando-se.

— Três namorados. Dois na escola, um na faculdade. É a primeira pessoa


que estive desde que voltei para Filadélfia.

— Isto é uma vergonha. — balançou a cabeça.

— O que você quer dizer?

— O mundo estava perdendo tudo isso — disse e fez um gesto para mim.

— Não seja tolo — respondi e ri.

Esta foi a parte mais difícil e ambos sabíamos. Nenhum de nós queria que a
semana chegasse ao final, os fáceis altos e baixos dos nossos dias,
misturando um ao outro, as linhas borradas entre nossos corpos, tornando-se
cada vez mais embaçada. Ele correu os dedos para baixo do meu quadril e
gemi. Sentamos em silêncio por alguns minutos.

B.B. HAMEL
— Provavelmente eu deveria me vestir. — comentei.
Shane resmungou sua resposta. Levantei minha cabeça de seu colo e
coloquei-me de pé olhando em torno da sala.

Minhas roupas e as dele estavam espalhadas por todo lado, fazendo uma
grande bagunça, no quarto geralmente imaculado.

— Oh uau, estou realmente um desastre — disse.

— Ajudei nessa confusão. Joguei descuidadamente sua roupa ao redor.

Ri e comecei a recolher a confusão de roupas. Shane levantou e ajudou o que


só me distraiu mais. Eventualmente, depois de alguns beijos prolongados,
conseguimos arrumar minha mala e vestido.

— Venha, vou com você a seu apartamento. — ele comentou.

— Não há necessidade disso. Eu te verei amanhã.

— Eu insisto. Vou ligar o carro, encontre-me lá em baixo.

— Saiu da sala com minha mala.

Olhei em volta. Por alguma razão, senti como se nunca tivesse este momento
perfeito novamente. A realidade agridoce, do fim de nossa semana de
felicidade, cercou-me e tentei saborear tudo. Olhei para os livros e a cama,
um emaranhado de lençóis e travesseiros. Lembrei do seu corpo pressionado
contra o meu, em muitos lugares, para contar. A única coisa B.B. HAMEL
que eu queria, mais do que tudo no mundo, era voltar a este lugar e ficar
aqui, como fizemos na semana passada.
Após um minuto saboreando as memórias, segui-o lá para baixo. Ele estava
me esperando no corredor, vestido de calça jeans, uma camiseta branca e
uma jaqueta de couro leve.

— O carro está lá fora. Pronta?

Eu não estava pronta.

— Vamos fazer isso.

Deu-me um longo olhar, depois me beijou.

— Por que isto parece estranho?

— Não sei, vejo-o amanhã, não é como se eu estivesse indo embora para
sempre.

Ele assentiu.

— Você está certa. Vamos embora antes que eu tente impedi-la um pouco
mais.

Abriu a porta e saímos para o dia desvanecido.

Não demos mais que alguns passos, antes de um homem se mover em nossa
direção. Ele estava encostado em um carro, a algumas casas, fumando um
cigarro. Assim que nos viu, pegou algo de seu peito e começou a
movimentar-se mais perto.

B.B. HAMEL
— Sr. Green! Sr. Green! — o homem chamou e levantou o objeto para seu
olho.

— Droga. — Shane disse em voz baixa e apressou-se em descer da varanda.

Ouvi o clique do obturador da câmera antes de entender o que estava


acontecendo.

— Quem é esta Sr. Green? Nova namorada? A primeira namorada de


sempre, talvez? Ela é muito jovem, não é?

O homem ficou tirando fotos, e Shane ignorou-o, apressando-se pelas


escadas abaixo. O motorista estava do lado de fora do carro e abriu a porta
para podermos entrar.

— Vamos lá Sr. Green, dê-me algo. Pelo menos sorria. Não te vejo com uma
mulher há muito tempo, isso é grande coisa.

— o homem disse e continuou tirando fotos.

Por um breve momento, antes de Shane entrar na parte de trás do carro, ele
hesitou. Podia ver a fúria cega em seus olhos, o rosto contorcido em um
rosnado e pensei que iria atrás do cara. Uma sensação ruim de medo no meu
estomago enquanto olhava para eles. O homem era magro, cabelo escuro,
usava jeans surrado e um moletom mal ajustado. Ele tinha bolsas sob os
olhos, sua pele gordurosa e coberta de pelos curtos. O homem hesitou, vendo
o olhar no rosto do Shane e a tensão em seu corpo.

B.B. HAMEL
Mas Shane moveu-se e ajudou-me a subir no carro. O

homem voltou a tirar fotos enquanto Shane me seguia. Puxou a porta


fechada e o motorista colocou minha mala no porta-malas.

— Sr. Green, venha aqui fora e bata um papo, só quero fazer algumas
perguntas. Vamos ver a garota, mostrá-la um pouco. As pessoas querem vê-
la! Venha, Sr. Green, Sr. Green.

— O homem continuou a gritar e provocar até o motorista voltar para o


carro. Ele imediatamente começou a se mover.

— Eu sinto muito, Sr. Green — disse o motorista. Shane assentiu com a


cabeça em troca e subiu o divisor. Eu poderia dizer que estava fervendo.

Ele olhou pela janela, todo o seu corpo estava tenso e cheio de raiva. Esta foi
a primeira vez que vi um paparazzo em torno de Shane. Estava começando a
pensar que tinha exagerado, mas havia o cara, o negócio era real, tirando
fotos e tentando nos irritar. Era irritante e invasora, a maneira como o
homem gritou e tentou ver meu rosto. Senti-me um pouco suja e confusa.
Por que estava sendo um idiota com Shane?
Eram perfeitos estranhos. Logicamente, eu sabia que agir assim era o
trabalho do homem, mesmo assim, foi realmente desorientador fazer parte
disso. Senti-me um passo mais perto de entender a necessidade dominante de
Shane de ter privacidade.

B.B. HAMEL
Estendi a mão e toquei a mão de Shane. Ele vacilou brevemente e todo o seu
corpo ficou tenso, então relaxou e pegou meus dedos junto aos dele.

Olhou-me e seus olhos pareciam distantes.

— Não é sua culpa. Esqueci-me deles. — eu disse calmamente.

Ele rosnou em troca e assentiu com a cabeça.


— Também esqueci, mas não devia. Esta escória maldita sempre volta,
apenas no caso de eu estragar tudo.

— Shane, não é sua culpa.

— Foi minha culpa, Amy. Tenho sido preguiçoso e desleixado. Deveríamos


ter saído por trás.

— Não se culpe.

Os olhos dele arderam.

— Eu me culpo — disse e seu tom foi firme e com raiva.

Nunca falou assim comigo antes e apenas olhei-o com surpresa.

Seu rosto relaxou imediatamente.

— Não deveria explodir em você.

Apertei a mão dele.

— Eu entendo.

B.B. HAMEL
— Não quis te assustar. Ficará tudo bem, só não entre nos blogs por um
tempo e se vir alguém persistente perto de seu apartamento com câmeras,
não os enfrente.

Balancei a cabeça. Exatamente o que aconteceria agora?

Não sabia e tinha pavor de que isso faria com ele e conosco.

B.B. HAMEL
No meu apartamento senti-me excessivamente paranoica.
Ninguém estava à espreita lá fora do prédio, não podiam já ter aprendido o
meu nome, mas Shane levou-me até a porta da frente de qualquer maneira.
Beijou-me lá, mas parecia distante e desamparado, e não sabia o que estava
acontecendo dentro dele. Passei o resto da noite atualizando os poucos blogs
de fofoca que sabia que publicariam uma história sobre um bilionário de
empresas de tecnologia, mas nossa foto não apareceu. Estava exausta, então
fui para a cama bem cedo, mas eu mexi-me e revirei-me a noite toda,
imaginando como Shane reagiria a nossa foto na primeira página.

Na manhã seguinte, acordei com meu celular tocando.

Isso meia hora antes do despertador geralmente chamar, o que foi muito
estranho. Eu verifiquei o nome de quem ligava e era Darcy.

Isso foi ainda mais estranho. Ela nunca me chamou de manhã tão cedo e
meu coração apertou. Imaginei mil cenários diferentes, cada um pior do que
antes. Estava ferida ou minha família estava ferida? Peguei e respondi.

— Olá, Darcy? — minha voz estava rouca, mas estava bem acordada.

B.B. HAMEL
— Olá você pequena prostituta!

— Está tudo bem?

— Tudo bem putinha. Tem algo a me dizer?

Não tinha ideia do que estava falando. O sol mal havia levantado e eu
precisava estar no trabalho em pouco mais de uma hora. Era sério ligar cedo
e acordar-me, só para jogar um estranho jogo de adivinhação? Irritada
revirei-me em meus cobertores.

— Sobre o que está falando? É tão cedo, Darc.

— Eu sei, desculpe, mas não podia esperar. Vi o seu segredinho, sua safada.

— Seriamente Darcy, diga-me do que você está falando.

— Vá verificar Techie Rumors agora.

Adrenalina bateu-me forte. Techie Rumors era um blog popular de fofoca,


da costa leste, para empresas de tecnologia e era o lugar exato que não
queria ver agora. Deitando-me, agarrei meu laptop do chão ao lado da minha
cama e naveguei para o site.

Pensei que estava tendo um ataque de coração, meu peito estava batendo tão
forte. Dois posts abaixo, colocados perto da meia noite, tinha uma foto nossa
deixando a casa de Shane.

Nós parecíamos desbotados e desgastados, uma combinação de não ter visto


o sol pelas janelas por alguns dias e tendo sido B.B. HAMEL
emboscados por um paparazzo imbecil. Eu parecia ruim; bolsas sob os
olhos, cabelo bagunçado, roupa amarrotada.
Shane parecia radiante, como de costume, apesar da fúria em seu rosto.
Revivi a cena em minha mente novamente: o homem aparecendo com sua
câmera, Shane empurrando-me para o carro, Shane quase atacando o cara e
nossa eventual fuga.

O texto que acompanha a imagem não era tão ruim. Não sabiam o meu
nome, então se referiram a mim como "Morena gostosa com Shane Green" e
especularam sobre o motivo da minha visita. Falaram muito sobre a natureza
reclusa do Shane e como eu era a primeira pessoa fotografada deixando sua
casa em mais de um ano. Lembrando-me de Darcy, peguei o telefone
novamente.

— Darcy você ainda está aí?

— Sim, ainda estou aqui. Já viu isso?

— Acho que devíamos conversar.

— Sim, temos de conversar, puta de sorte! Puta merda, Shane Green?

Nunca tinha ouvido sua voz tão animada antes, e não podia culpá-la. Eu
ainda questionava a minha sorte toda vez que via sua forma bonita e seus
lábios macios e cheios.

— Já estamos juntos há algum tempo, mas não pude contar a ninguém.

B.B. HAMEL
— Por que não? Eu estaria gritando isso a todo estranho aleatório. Shane
Green! Ele é tão quente e rico também.
— Shane é incrível, Darc. Mas é complicado.

— Sim, tudo é complicado garota. Exceto que, você tem um gostoso


bilionário, o que parece simples para mim.

Suspirei. Como poderia explicar isso a ela sem fazer Shane soar como um
psicopata? Ou eu nesse assunto.

— Shane gosta mesmo desta privacidade, você sabe disso.

Não é uma coincidência que quase nunca mostram nada sobre ele, porque
não há muito para mostrar.

— Como vocês se conheceram?

Eu ri.

— Conhecemos naquele app de namoro que você sugeriu o palito de fósforo.

— Cala a boca!

— Sério, foi assim que nos conhecemos.

— Não cala a boca. Ele é seu chefe agora, não é?

— Sim, mas nós nos conhecemos por meio do app primeiro.

Aparentemente,

Shane

costumava

ir

anonimamente para flertar com as pessoas, porque é difícil conhecer garotas


como uma pessoa normal. Nos demos bem antes que soubesse quem ele era.
Quando fui para essa B.B. HAMEL
reunião, para vender meu app, reconhecemos um ao outro. E

foi a partir daí que iniciamos.

— Cala a boca. É absolutamente inacreditável.

— Eu sei. É tudo verdade, também. E não conte a ninguém sobre isso.

— Tarde demais para isso, querida. Sua foto está em todo aquele blog.

— Eles não sabem meu nome e não precisam saber. Por favor, Darcy. Não
conte a ninguém sobre isso.

— Você tem minha palavra de honra. Meu Deus, Shane Green! Como ele é?

— Shane é incrível. Sério, ele é perfeito. Não sei o que vê em mim.

— Você é um bom partido, Amy. Ele é o sortudo.

— Sim, certo. E eu sou rica.

Ela riu.

— Você tem que me contar tudo.


E fiz pela próxima meia hora, contei até o início do nosso relacionamento.
Eventualmente, tive que desligar e preparar-me para o trabalho. Enquanto
conversávamos, senti algo me deixar, e percebi que era o peso de um
segredo que não queria continuar. Desde que isto começara tudo que queria
era dizer B.B. HAMEL
a Darcy, ou alguém sobre o meu relacionamento com Shane.

Em muitos aspectos, parecia irreal ou falso. Mas a imagem nesse site de


fofocas é horrível, além de minha conversa com Darcy, fez tudo ficar sólido.

Vesti-me e quando fui deixar o apartamento, percebi uma coisa. Todo mundo
no escritório lê esse blog. Toda pessoa. E

vão me reconhecer.

Quando cheguei ao trabalho, podia sentir os sussurros, mais do que os ouvir.


Havia um estranho silêncio na sala, enquanto caminhava até minha mesa. As
pessoas olhavam, mas desviavam o olhar tão rapidamente que o que antes
era um lugar vibrante, ficou de repente quieto e estranho. Segui pelo
caminho, rapidamente, até a minha mesa e sentei-me.

Mantive os olhos longe de todo mundo, puxei meu laptop e liguei. Antes que
eu pudesse colocar minha senha, a cabeça da Linda apareceu na divisória.

— Olá, favorita do patrão.

Virei-me. O rosto da Linda estava absolutamente radiante.

— Oi Linda.
— Eu vi o blog. Você é a pessoa mais sortuda nesse prédio.

— Eu não sinto essa sorte agora. — sentia-me furiosa e paranoica. Senti-me


exposta.

B.B. HAMEL
Linda acenou com a mão na direção geral do Instituto.

— Esqueça aqueles abutres. Isso acabará em breve. — ela arrastou a cadeira


e se aproximou. — Você tem que me dizer.

Como ele é?

— Não posso falar sobre isso, Linda. Desculpe-me.

— Vamos lá, só um pequeno detalhe. Corpo sólido?

Amante gentil? — seus olhos estavam cheios de humor.

— Eu realmente não posso falar sobre isso. — amante fantástico, queria


dizer.

Ela disse arrogante.

— Bem, eu entendo. Mas olha, se alguém tornar sua vida difícil, diga-me
sobre isso. Cuidarei deles.

— Obrigada Linda, agradeço muito.

— Não há problema. Sra. Green! Garota de sorte. —


Balançou a cabeça e seguiu para o seu lado.

Tive sorte, mas eu não sabia o que significaria este passeio repentino para
nós. Sabia que Techie Rumors não tinha um enorme número de leitores, por
causa de quão específico seu público era, mas agora trabalhamos com as
pessoas que liam. Quando liguei em meu computador encontrei um e-mail
de Shane. Ele dizia:

— Amy, quando ver isto, venha ao meu escritório.

Temos que conversar.

B.B. HAMEL
Isso foi o que temera desde que entrei no carro ontem.

Sabia o que diria: que era um homem reservado, sua privacidade fora tirada
por minha causa e agora nós não podíamos nos ver. Quase não conseguia
enfrentá-lo. Queria ir para casa, enroscar-me no meu sofá e fingir que nada
disso aconteceu. Senti-me violada quando os paparazzi tiraram as fotos, mas
agora, sentia ainda pior por todos saberem sobre mim e Shane.
Levantei-me da minha cadeira e fui para seu escritório, o compreendi de
repente, de uma forma que eu não fiz antes. Os olhos das pessoas seguiram-
me e podia sentir os sussurros.

Cada passo sentia como uma queimadura leve, como se andasse em um


incêndio. De repente, minha privacidade fora violada de uma maneira que
não pensei ser possível. Sempre levei meu anonimato garantido. Nunca fui
uma pessoa que valesse a pena se importar muito. Escrevi um app decente,
mas fora isso, era uma garota normal trabalhando em uma loja de café.
Agora, estava namorando o bilionário CEO Shane Green, o que significava
que era alguém de quem as pessoas queriam falar e tirar fotos. Pior ainda,
nós trabalhamos juntos.

Que tipos de questões éticas seriam trazidas nos próximos dias?

Entendi por que Shane ansiava por privacidade. Entendi porque era tão
obcecado e recluso, por que ficou longe de relacionamentos pessoais. Era
difícil ser o centro das atenções, mas era mais difícil quando você arrastava
outra pessoa para isso. Eu fiz exatamente isso, tinha o arrastado até o centro
das B.B. HAMEL
atenções novamente e estava quebrando por dentro por causa disso. Poderia
lidar com os sussurros, mas não conseguiria lidar com os burburinhos sobre
ele. Tudo o que aconteceu até este ponto fez-me compreender, entender por
que gostava de ir a um app de namoro e fingir ser outra pessoa. Neste
momento, a única coisa que queria era ser invisível, mas quando você é uma
pessoa como Shane Green, ou uma parte de sua vida, você nunca poderá ser
invisível novamente. É como um holofote permanente em todos os
momentos. Eu era o centro das atenções há menos de uma hora e já era
cansativo.

Movi-me pelos corredores para o escritório do Shane.

Janice estava sentada em sua mesa, sorriu para mim quando me aproximei.
Esqueci-me de tudo o que tinha visto, e de repente fiquei vermelho brilhante,
quando a memória voltou.

— Olá Amy — ela disse.

— Olá Janice. Ele me disse para vir vê-lo quando chegasse.

— Sim entre está te esperando.

— Obrigada. — Estava grata que ela não contara as pessoas sobre o que vira
e desejei que pudesse agradecê-la por isso, também.

Janice sorriu e acenou com a cabeça, em seguida, voltou para seu trabalho.
De todos os envolvidos, ela tinha o direito de perguntar depois do que viu,
talvez, até mesmo o direito de agir desconfortável. Em vez disso era gentil e
profissional.

B.B. HAMEL
Encontrei-me gostando dela ainda mais, e minha estranheza derreteu quando
empurrei aberta a porta do escritório de Shane.
Fiquei surpresa com o que encontrei. Lá dentro, sentados à mesa em que
geralmente trabalhei, estavam Royal e Shane, conversando amigavelmente.
Não esperava ver Royal aqui, parei perto da porta, insegura, por que
precisamos de um advogado. Shane me processará porque eu quebrei a sua
privacidade? Fiquei com medo de repente. Não podia imaginar Shane
fazendo isso, mas prometi que seguiria as regras. Talvez seja porque violara
o nosso acordo.

Quando a porta clicou fechada atrás de mim, os dois notaram minha


presença e pararam de falar. Royal ficou parado, um grande sorriso em seu
rosto.

— Olá. Bem Srta. Woodall, não se acanhe, pode entrar. —

Fez um gesto para me juntar a eles.

Tive que forçar as minhas pernas à moverem-se. Dei uma olhadela em


Shane, e ele deu-me um olhar de desculpa.

Desejei que Royal não estivesse lá para poder perguntar o que estava
acontecendo.

— Olá, Sr. Brown — disse enquanto me dirigi para juntar-me a eles.

Apertei a mão dele.

B.B. HAMEL
— Chame-me de Royal, por favor. Facilitará esta situação embaraçosa. — eu
digo.
Sr. Brown fez um gesto para me sentar. Depois que nos sentamos, ele
inclinou-se sobre os cotovelos.

— Bem, Amy, antes de tudo, não se assuste. Posso ver que está confusa.

Assenti com a cabeça, mas não tive coragem de responder.

— Deixe-me explicar-lhe por que estou aqui. Desde que Shane é o seu chefe,
há algumas questões éticas e legais sobre como exatamente esse
relacionamento pode ser tratado.

Porque aquele maldito blog postou essa foto dos dois, você tem que assinar
alguma porcaria formal dizendo que sua relação não interferirá no seu
trabalho, aqui Shane não lhe mostrará um tratamento preferencial e outra
coisa semelhante. O

documento padrão do RH é necessário se vocês continuarem se vendo.

Royal fez um gesto em direção a uma pequena pilha de papéis, no centro da


mesa.

— Não entendo — respondi. Ainda me sentia confusa e incerta. Por que ele
estava falando sobre a nossa relação?

Royal olhou para Shane.

— Acho que você não contou a ela sobre isso.

B.B. HAMEL
Shane abanou a cabeça.

— Desculpe Amy. Eu devia ter dito a você. Royal acha que é do nosso
interesse apresentar uma papelada ao RH, basicamente, proclamando nossa
relação, e dizer que a empresa não se responsabiliza por nada disto. E você
não será capaz de processar a empresa por qualquer motivo daqui em diante.

Lentamente dei-me conta do que estava acontecendo.

Shane não estava terminando comigo e não estava me processando. Estava


fazendo nossa relação pública. Não sabia o que dizer.

— É tudo muito normal, Amy — disse Royal.

— Então, você não vai... me processar? Ou terminar comigo? — questionei


baixinho, olhando para Shane.

Ele parecia confuso, depois riu.

— Não, não mesmo. Não te processarei. Quero que isso aconteça entre nós e
a única maneira para continuar é assinar esses documentos. Estou nos
levando a público, mais ou menos. Pelo menos no que diz respeito à
empresa.
Poderia dizer que Royal se sentia um pouco desconfortável, mas o medo
dentro de mim quebrou. Senti o alívio lavar-me em ondas. Shane estendeu a
mão e peguei-a, sentindo-me boba. Claro que ele não me processaria. Mais
do B.B. HAMEL
que isso, queria ficar comigo, mesmo que significasse deixar nossa relação
pública.

— Bem, o que você diz? — Shane perguntou, olhando nos meus olhos.

— Este é o gesto contratual mais romântico que já vi —

respondi baixinho.

Shane e Royal riram quebrando a tensão na mesa.

— Esse é o espírito Amy, é um contrato de amor. Muito romântico e tudo


isso. Muito moderno. Obtenho uma cópia emoldurada para vocês dois —
disse Royal.

— Vamos relê-los para que você entenda o que é que você está assinando —
disse Shane.

Conferimos o contrato. Era muito simples, definia que nosso relacionamento


romântico era extraprofissional e renunciava ao meu direito de processar a
empresa. Ele não estava deixando a nossa relação exatamente pública, mas
pelo menos a tornaria oficial dentro de Adstringo. Assinei os formulários
imediatamente, não me importando com ações judiciais ou responsabilidade.
Tudo que eu queria era Shane.
Quando os contratos foram assinados, estávamos todos apertando as mãos.

— Ótimo fazer negócios com você como sempre, Amy —

Royal disse.

B.B. HAMEL
Shane caminhou com o advogado até a porta e eles falaram calmamente,
fiquei para trás, à mesa. Uma vez que Royal se foi, Shane voltou para mim,
envolveu os braços ao meu redor e nos beijamos. Senti sua barba por fazer e
a fadiga em cada grama de seus músculos, imaginei que não tinha dormido
bem na noite anterior.

— Você está bem? — ele perguntou.


— Estou bem. Estou aliviada. Eu estava apavorada em vir esta manhã.

— Você parecia muito assustada como um cervo nos faróis quando entrou —
ele riu.

— Pensei que você me processaria.

— Não acho que me foder a semana toda é motivo para uma ação judicial.

Eu ri.

— Talvez não, mas deixar aquele idiota levar nossa foto talvez sim.

Shane se afastou de mim e parecia sério.

— Ouça-me. Eu sabia que era só uma questão de tempo.

— Eu sei, mas fui uma estúpida sobre isso. Não sabia o que estava
acontecendo. Sinto muito, Shane. — Podia sentir a culpa e a dúvida começar
a se construir novamente.

B.B. HAMEL
Ele balançou a cabeça.
— Não é sua culpa. Se estivermos culpando alguém, claro que sou eu. E
entenderia se não quisesse fazer parte deste mundo. De agora em diante,
teremos paparazzo ao redor mais vezes, e temos de ter muito cuidado.

— O que você quer dizer, mais cuidado?

Shane suspirou e olhou para outro lugar. Ainda podia sentir o toque durar
como um fantasma na minha pele. Foi até as janelas e olhou para fora da
cidade.

— Sei que só declaramos nossa relação para a empresa, mas ainda não estou
preparado para desistir de minha privacidade.

— Eu entendo isso. — dei alguns passos mais perto.

Ele balançou a cabeça.

— Não tenho certeza se é justo. Mas isso é algo que eu preciso.

Fui por trás e envolvi meus braços em volta dele. Shane suspirou e baixou a
cabeça.

— Isto é o que eu quero. Não me interessa o que temos que fazer. Só me


importo com você — sussurrei nas costas fortes.

Ele virou-se e envolveu me abraçou.

B.B. HAMEL
— Não mereço alguém como você, Amy. Qualquer outra pessoa teria fugido
por isso.

Não podia acreditar que estava dizendo isso. Bonito, rico bilionário Shane
Green não merece a Amy normal, chata?

Respirei seu cheiro e pensei sobre nossos corpos embrulhados juntos, suando
e movendo-se, nossa pele fundida em pontos de prazer agonizante. Não
podia deixá-lo ir, não importa o por que.

— Não diga isso. Ambos sabemos que sou a simples. Olha, estou nessa.
Vamos descobrir o que precisamos fazer. —

expliquei.

Ele beijou meus lábios. Abri a boca e a língua dele correu contra a minha.
Virou-se e empurrou-me contra o vidro. O

contraste entre o frio e liso atrás de mim e o seu calor forte na frente foi
desorientador em primeiro lugar. Beijou-me duro e, em seguida, mudou os
lábios para minha orelha.

— Não se chame de simples novamente, Amy Woodall.


Você está longe de ser simples. É uma ordem.

Seu corpo pressionado contra o meu, senti a sua necessidade, queria dar-lhe
tudo o que quisesse, por quanto tempo quisesse.

B.B. HAMEL
Os detalhes do nosso relacionamento não mudaram muito. Ainda nos víamos
na maioria dos dias no trabalho, mas não demorava tanto quanto costumava
no escritório dele. As pessoas sussurravam, alguns até fizeram perguntas,
mas depois de uma semana ou duas, outro novo escândalo ocorreu e as
fofocas do escritório pararam. A maioria se acostumou, embora as pessoas
ainda sussurrassem e Linda ainda fazia perguntas muito pessoais de vez em
quando.

O que mudou foi que fomos capazes de nos encontrar.

Estávamos sempre na casa dele e ele nunca mandou o carro diretamente para
o meu apartamento. A fim de manter os paparazzi longe de minha casa, o
carro deixava-me e buscava-me em pontos diferentes dentro do quarteirão do
prédio.

Sempre insistiu em estar no carro para certificar-se de que eu estava a salvo.


Senti-me como espiã, e foi divertido no início, mas rapidamente ficou
frustrante. Como os paparazzi nunca sabiam onde esperar, tinham
dificuldade em seguir-me. Isso funcionou muito bem e nunca tive que lidar
com as câmeras à porta de minha casa. Shane disse que tive sorte, mas não
me sentia com sorte quando tinha que andar três quadras no frio para pegar o
carro.

B.B. HAMEL
Entrar e sair de casa era uma história diferente. Mesmo quando saímos pela
parte de trás, ainda havia câmeras em todos os lugares. Havia um
estacionamento privado no beco atrás de sua casa, mas os paparazzi às vezes
tentavam olhar por cima do muro. Na maior parte do tempo esse sistema
mantinha-nos fora dos blogs, mas nunca fomos capazes de ir juntos a
qualquer lugar público. Isso serviu-me muito bem, passamos as noites na
cama e comemos tudo o que Shane sentia vontade de cozinhar. Desejei que
pudesse ajudar na cozinha, mas minhas habilidades estavam limitadas a
miojo e manteiga de amendoim e geleia. Ele gostou da piada e disse que eu
deveria escrever um livro de receitas de estudante de faculdade e preenchê-
lo com pratos feitos com dois ingredientes, de material barato. Posso não ter
sido boa na cozinha, mas trabalhei para compensar isso em outros lugares.

O maior benefício da nossa relação pública estava em ser capaz de falar com
Darcy. Quase todos os dias eu falava sobre os detalhes de tudo, desde uma
coleção enorme de antiguidades do Shane, para seu físico incrível ou para os
pequenos presentes que continuava comprando para mim.

Depois de alguns dias, percebi que ela estava entediada e entendi o porquê.
Nosso relacionamento era bem chato visto do lado de fora. Nunca fomos a
qualquer lugar e nunca fazíamos nada, além de passarmos o tempo juntos.
Ele tinha uma enorme coleção de filmes e construiu um pequeno cinema em
casa, no porão. Passamos horas lá, assistimos todos os clássicos, desde
Cidadão Kane até E O Vento Levou. Darcy era B.B. HAMEL
uma amiga incrível por ouvir a mesma história várias vezes e tentei não falar
demais em sua orelha. Embora não pude evitar, passaram-se dias e noites
também, e tudo o que conseguia pensar era Shane.

Durante este tempo, fui ver meu pai tanto quanto possível. O tempo com
Shane dominava quase todos os dias, mas pelo menos uma vez por semana
usava o motorista do Shane para levar-me aos subúrbios. Insistiu que usasse
o motorista em vez do trem, e foi difícil argumentar contra o rosto severo,
perfeito. Não combina bem com meu senso inato de auto segurança, ir em
um carro caro em vez de transporte público, mas sempre cedi. Papai estava
indo muito bem, ou pelo menos isso é o que sua cuidadora Jasmine disse.

Preocupei-me por um bom tempo achando que não seria capaz de suportar
os pagamentos de Jasmine, mas depois que vendi o app e comecei a
trabalhar para Adstringo, fui capaz de aumentar suas horas. Ela cuidou do
meu pai em tempo integral, o que foi um grande alívio para todos. Papai
parecia mais magro, não sei se foi porque não o via tão frequentemente
como queria, ou se ele realmente estava perdendo peso.

Quando perguntei a Jasmine, ela disse-me que meu pai estava tão
confortável quanto poderia estar e estava comendo como de costume.
Suspeitei que Jasmine estivesse subestimando sua condição, mas não queria
discutir e potencialmente perturbá-lo. Em vez disso, sentamo-nos em frente a
TV toda vez que o visitei. Papai ficava em uma cama de hospital e
assistimos qualquer esporte que ele queria. Mencionei Shane, mas eu não
entrei em detalhes.

B.B. HAMEL
Caímos em um ritmo fácil e passaram-se semanas. Visitei o papai, trabalhei
o dia todo e passei cada noite com Shane.

Pouco a pouco, mudei mais e mais minhas coisas para a casa dele, e seu
quarto estava começando a parecer quase tão confuso como o meu antigo
apartamento. Senti-me culpada por isso e tentei limpar mais. Foi difícil,
porém, quando tudo o que queria fazer era tirar a roupa e jogá-las no chão.
Assim a bagunça que tentei arrumar fora esquecida, quando suas mãos fortes
iam ao meu corpo.

Uma tarde o movimento confortável, fácil, de nossas vidas mudou para


sempre. Era uma quarta-feira, uma tarde normal.

Passara a noite anterior com Shane e evitamos os paparazzi naquela manhã


para ir trabalhar juntos. Meu estômago ainda virava cada vez que
entravamos no carro para ir ao trabalho.

Ainda tinha dificuldade em acreditar na minha boa sorte.

Shane e eu tínhamos uma reunião no almoço para rever alguns detalhes


sobre o app. Estávamos com problemas de programação no sistema de
classificação para tutores individuais e que baixas avaliações iam eliminar a
maior parte dos tutores. Estávamos preocupados que uma única revisão ruim
pudesse remover um tutor perfeitamente bom das rotações. Trabalhei duro
nele toda a manhã e cerca de quinze minutos antes da reunião, tive um
daqueles momentos “Aha!”

de sorte. A solução para nosso problema apresentou-se, mais ou menos para


mim, e estava mais animada. Recolhi as minhas coisas e caminhei
rapidamente até o escritório do B.B. HAMEL
Shane. Estava animada para compartilhar minha descoberta com ele e não
me ocorreu que poderia estar ocupado.
Os sussurros e os olhares continuaram, mas muito menos do que na primeira
semana ou duas após a postagem no blog. Não podia culpá-los; era um
pedaço enorme de fofoca.

Embora odiasse descobrir que a maioria das pessoas me evitavam por


alguma razão. Linda saiu da sua rotina para ser gentil, junto com algumas
outras pessoas envolvidas no projeto do app, mas na maior parte, meus
colegas agiam como se eu não existisse. Ninguém foi completamente mau
ou rude, mas houve uma mudança palpável da forma que o escritório me
respondeu. Apesar, que meu relacionamento com Shane estivesse fora do
movimento de boatos de escritório, o tratamento de gelo e estranheza da
maioria das pessoas ficou.

Senti que era a maior desvantagem para tudo.

Caminhei na direção do escritório do Shane e percebi que Janice não estava


na mesa dela. A porta do escritório do Shane estava aberta, o que geralmente
significava que ele estava sozinho lá dentro, então empurrei a porta aberta e
olhei para dentro.

Parei com o que vi. Janice estava sentada na mesa do Shane, suas pernas
cruzadas em direção a ele. Shane estava sentado na sua cadeira, inclinado
para trás e estava olhando para ela com um grande sorriso no rosto. Não ouvi
o que estavam dizendo, mas Shane riu e Janice chegou para colocar a mão
no ombro dele. Janice continuou a falar calmamente com Shane, e seus
corpos moveram-se em direção um ao outro B.B. HAMEL
um pouco. Em seguida, Shane estendeu a mão e colocou-a em cima da mão
de Janice, ainda em seu ombro. Eles estavam fazendo contato visual e houve
um breve momento de silêncio intenso, palpável em toda a sala.

Não fiz barulho, e nenhum deles reparou em mim na porta. Não podia
acreditar no que estava vendo. Esta não era sua interação normal, ou pelo
menos não era o que via normalmente entre eles. Era intrínseco, uma espécie
de intimidade que nunca tinha visto Shane compartilhar com ninguém além
de mim. Senti ciúmes quase imediatamente, mas mais do que isso, senti-me
confusa. Janice era alta, bonita, inteligente e bondosa. De muitas maneiras,
era tudo que eu queria ser. Sua autoconfiança e a maneira fácil de agir,
faziam as pessoas se sentirem à vontade quase imediatamente ao seu redor, e
vi assumir o controle de uma sala simplesmente por entrar nela e falar.

Basicamente, ela era o tipo de pessoa que sempre imaginei que Shane se
apaixonaria. Não uma nerd de computador silenciosa, vinda dos subúrbios
de baixa qualidade, mas sim a Janice bonita, brilhante. Não fazia ideia do
por quê ser assistente de Shane, ao invés de uma executiva de alto escalão
em outra empresa. Agora estava começando a fazer sentido para mim. Eles
tinham claramente uma relação e uma que Shane nunca me contou. O fato de
nunca mencionar fez parecer mais sinistro.

B.B. HAMEL
Senti o estômago revirar e endurecer com a dúvida em meu peito. Dei um
passo para fora de seu escritório quando eles riram juntos sobre outra coisa
que não consegui ouvir.

Lembrei-me da conversa com Linda, na minha primeira semana no


escritório. Ela disse que havia um rumor sobre a Janice e o Shane. Este era o
segredo que escondeu de mim?
Ele tinha alguma relação com Janice que não estava me falando? Não podia
imaginar que era o tipo de homem que mentiria sobre encontros com várias
mulheres, mas, novamente, fingiu ser alguém que não era quando nos
conhecemos. Falou tanto sobre a confiança, e ainda lá estava, flertando com
a sua assistente.

Não podia ficar. Senti que era errado entrar e falar durante o que, claramente,
era um momento privado, então virei-me e sai. Andei rápido, minha mente
uma corrida. Não sabia exatamente qual era meu plano, mas sabia que
precisava seguir em frente. O rumor que Linda contara era verdade? Por que
manteria uma ex-namorada ao redor como sua assistente?

Na minha mesa, senti-me hiperventilado. Senti-me tonta e fora de controle.


O que estavam fazendo agora? Quanto tempo isto já durava?

Empurrei para trás meu computador e reuni as minhas coisas. Segui em


direção aos elevadores e sai do escritório. Não conseguia pensar direito e
não queria. Deixe Shane e Janice terem seu momento. Estava doente e
cansada dele mentir para mim, ou pelo menos não me dizer toda a verdade.
Não tinha ganhado a confiança dele agora? Não fizera nada, além de B.B.
HAMEL
seguir as regras e tentar viver em seus padrões de privacidade.

Pensei que estava fazendo um bom trabalho, mas será que precisava de algo
mais?

Janice e Shane, Shane e Janice. A mão de Janice em seu ombro, a mão do


Shane em cima da dela. A maneira que suas pernas estavam cruzadas em
direção a ele, a maneira confortável e maleável, sentados tão perto,
conversando e rindo. Como poderia ter sido tão estúpida para não notar isto
antes?

Sai do edifício para a rua. Caminhei rapidamente na direção do metrô, não


pensando em nada além de sua proximidade confortável. Por sorte não fui
parada por nenhum paparazzo, provavelmente porque não me reconheceram
sem Shane ao meu lado. Era apenas mais uma menina morena, anônima, um
pouco baixa, clara e simples. Não alta como Janice, pernas longas. Fui para
o metrô, peguei uma passagem e fui até meu bairro. Nunca saíra do trabalho
assim antes, no meio do dia, e as consequências das minhas ações não
estavam registrando tudo. Só sabia que precisava sair de lá, longe de Shane e
limpar a minha cabeça por um tempo antes de conversarmos. Normalmente,
iria de moto para casa, mas porque estava ficando com Shane, minha moto
estava estacionada junto ao apartamento, não utilizada há algumas semanas.

Quando eu saí do metro, meu telefone bipou. Era um texto de Shane.

B.B. HAMEL
— Cadê você? Está pulando a nossa reunião?

Eu ignorei e subi para o meu apartamento. Sem roupa, embrulhei-me em um


cobertor e joguei-me na cama.

Meu quarto era muito mais simples e vazio do que lembrava. Passaram
algumas semanas desde que dormi na minha cama e me senti bem, apesar de
fria e vazia. Senti falta de Shane, seu grande calor ao lado, sua reconfortante
respiração no meu pescoço, braços fortes, acondicionados em torno de mim.
Senti que estava perdendo-o e perdendo-me de uma vez. Senti falta dele,
mas eu estava com raiva.

Poucos minutos depois, meu telefone tocou novamente.

Ignorei, assumi que era Shane e tentei dormir. Precisava de descanso e um


tempo sozinha para processar totalmente o que vi antes que pudesse
confrontá-lo sobre isso. Sabia que estava exagerando, ou talvez sendo
dramática e teria sido mais simples só entrar na sala e exigir uma explicação,
mas não tinha esse poder com ele. Shane tornou-se o farol na minha vida, o
farol pelo qual eu navegava e de repente aquele farol foi arrancado,
esmagado em pedaços, e estava em perigo de encalhar.

Meu telefone zumbiu novamente um minuto mais tarde e desta vez o


alcancei para silenciá-lo. Quando fui para apertar o botão, notei que o nome
era do meu irmão John. Era realmente incomum ligar durante o dia, então
toquei a tela para a direita para atender e segurei na minha orelha.

B.B. HAMEL
— Olá, John? O que aconteceu?

— Ei Amy — ele disse, e sua voz soou rouca.

— O que está acontecendo, você está chateado?

— É o pai, Amy.
Senti o meu mundo inteiro parar. Esqueci-me de Shane.

Esqueci-me que sai do trabalho. Esqueci-me de tudo exceto a voz do dele.

B.B. HAMEL
Peguei o primeiro trem para casa. Não me incomodei em dizer a Shane, não
conseguia pensar em nada que não fosse meu pai. A tristeza cercou-me em
ondas enquanto viajava para Levittown, em direção à minha casa de
infância.

Nós sabíamos que meu pai estava muito doente. Os médicos disseram que
ele não tinha muito tempo sobrando, mas sempre foi uma força vital que era
difícil imaginá-lo morrendo algum dia. Com câncer de pulmão em estágio
avançado, isso aconteceria eventualmente. Embora não fosse algo que
poderia ter me preparado, sabia que minha vida mudaria para sempre quando
isso acontecesse. Agora meus pais, ambos desapareceram. Não podia prever
um mundo onde não tinha nenhum dos dois vivos, mas de repente era minha
realidade. Ficava pensando em voltar para a última vez que o vi e gostaria de
ter uma chance de dizer adeus. Queria desesperadamente ser capaz de dizer
que o amava. Sabia que ele estava magro, mas não pensei muito nisso. Nós
conversamos sobre o dia dele, sobre esportes e sobre Jasmine.
Disse a papai sobre meus dias e mencionei que estava saindo com alguém,
mas nunca lhe disse exatamente quem Shane era. Fico feliz, que pelo menos
mencionei o quão bem eu estava indo e como era feliz.

B.B. HAMEL
E então ele se foi. Foi o passeio de trem mais longo da minha vida, cada
memória recente de meu pai passou por minha mente, especialmente o olhar
orgulhoso no seu rosto na noite da minha festa comemorando a venda do
aplicativo.

Na estação, meu irmão John me pegou em sua pick-up Chevy velha. Gostava
de caminhonetes clássicas, mesmo todo mundo sabendo que podia pagar por
algo melhor. Ele envolveu-me em seus braços e abraçamo-nos por um
tempo.

— Como você está indo, Amy?

— Não muito bem. Não posso realmente processar isso.

John assentiu. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, mas estava fazendo
o melhor para manter-se forte para mim.

— Eu sei, nem eu posso.

Subimos na caminhonete e fomos em direção a casa de nossa infância.

— Sei que isso não é algo que queira lidar, mas temos um monte de coisas
para fazer. Arranjos fúnebres e coisas de propriedade. Cuidei tanto dele
quanto possível, mas preciso de ajuda.
— Claro, com certeza. — houve uma pausa. — Conversou com o Derek?

John parecia solene.

— Sim, eu liguei-lhe.

B.B. HAMEL
— E?

— E, neste momento está em reabilitação. O que é bom, eu acho. Ele disse


que tentaria sair de lá para o funeral. Quem sabe o que acontecerá com esse
idiota.

— Não é hora John. Eles tinham seus problemas, mas ele amava o pai, assim
como nós.
John suspirou.

— Eu sei, sinto muito. Sei que precisamos de sua ajuda, mas ele está
indisponível, lidando com seus problemas. Como de costume.

Balancei a cabeça. Era uma velha história para nós.

Derek estava muito ocupado recebendo alta, passando por reabilitação ou


passando algum tempo na cadeia para contribuir com algo. Depois que
mamãe morreu, o relacionamento de Derek e de papai se desintegrou. Nunca
entendi o porquê. Papai teve que trabalhar longas horas para criar nós três e
Derek sempre se sentiu negligenciado. Era o caçula e sentiu a morte da mãe
mais duramente, depois de mim. Meu irmão e eu tomamos caminhos opostos
em resposta à tragédia. Onde me firmei e estudei duro, talvez tentando
ajudar as pessoas e o mundo, Derek farreou e começou a usar drogas muito
cedo. Ele e John brigaram por isso o tempo todo e quando Derek fez
dezenove anos, em vez de ir para a faculdade, fugiu de casa e foi viver com
alguns amigos músicos na Califórnia. Alguns anos mais tarde, Derek voltou
para B.B. HAMEL
Filadélfia, mas era uma pessoa completamente diferente.

Entrava e saía da reabilitação, geralmente paga por John, que era o mais
velho e mais sólido de nós três. Ficou longe do pai e eles não se falavam há
anos, tanto quanto eu sabia.

John e eu costumávamos passar horas falando sobre Derek e seu vício em


drogas, mas ultimamente paramos de tentar. A certa altura, Derek teria que
se reerguer por si mesmo. Estava esperançosa sobre esta nova estadia na
reabilitação, mas realista. Vício era sério, difícil e extenuante a todos os
envolvidos, e estava muito ocupada pelo luto do meu pai para lidar com uma
nova rodada de problemas de Derek.

Finalmente paramos o carro na garagem da minha casa de infância. Parecia a


mesmo de sempre: cheia de histórias, estilo Cape Cod-ish, persianas azuis
em revestimento de vinil branco. Era pequena, mas era aconchegante e
confortável.

Todas as casas em Levittown são iguais; foi originalmente construída como


alojamento barato para soldados voltando da segunda guerra mundial. A
Comunidade costumava ser vibrante e próspera, embora nos últimos anos
obtivessem uma reputação de ser o lado pobre e indisciplinado da cidade. A
verdade era que Levittown era uma boa vizinhança. Tinha muitas boas
lembranças de uma infância passada andando de bicicleta entre os bairros,
com outras crianças locais, ir à piscina local e brincar no parque local.

John saiu da caminhonete e andou até a entrada da casa.

Abrimos a porta, e o silêncio deu-me um soco no nariz.

Normalmente, papai estaria sentado ereto em sua cama de B.B. HAMEL


hospital, assistindo, em alto volume, esportes ou séries de crime. Jasmim
estaria ocupada sozinha em volta da casa, fazendo
algumas

pequenas

limpezas,

verificando

medicamentos de papai ou fazendo qualquer outra coisa. Papai nunca


reclamou de Jasmine, o que foi um pequeno milagre e estávamos gratos a
ela. Agora, a ausência dela era poderosa.

— Estranho não é? — John entrou na sala de estar.

Tapete verde, dos anos 70 e painéis de madeira dominavam a casa. Havia


fotos de nós, quando éramos crianças e da minha mãe, como uma mulher
jovem sorrindo, nas prateleiras e paredes. A velha TV estava quieta em sua
estante e a cama de hospital do papai desaparecera.

— Muito estranho. No entanto, parece mais real — disse.

John balançou a cabeça.

— Isso é como me senti, também. Jasmine tem sido uma grande ajuda para
tudo isso. Ela contatou-me imediatamente e disse-lhe que entraria em
contato com vocês. Liguei imediatamente. Aparentemente, ela ligou da casa
funerária, cuidou do equipamento de hospital e colocou-me em contato com
um advogado.

— Foi absolutamente fantástica, terei que certificar-me de agradecê-la.

— Sim, todos devemos.

B.B. HAMEL
Eu olhei em torno da casa. O silêncio continuou a se infiltrar em mim.

— O que fazemos agora? — perguntei.

John deu de ombros.

— Acho que devemos começar arrumando um pouco a casa. Pelo menos


andar por tudo. Então temos que ir até à casa funerária, acertar tudo com eles
e falar com os advogados.

— Não consigo imaginar-me colocando suas coisas em caixas.

John suspirou e sentou-se no sofá.

— Eu também não posso Amy. Não sei o que faremos com tudo isso. Não
quero fazer nada honestamente. Mas podemos tentar começar a lidar com
isto da melhor forma.

Movi-me e sentei ao lado dele. Ele envolveu o braço em volta dos meus
ombros.

— Não acredito que papai se foi — sussurrei.

— Também tenho saudades dele.


Sentamos em silêncio juntos por alguns minutos e olhamos em volta da casa.
Lembrei-me da mãe, fazendo jantar na cozinha, enquanto papai jogava com
nós três na sala de estar, deixando-nos correr ao redor em sua volta como um
cavalo, ou em luta com a gente. Pegava-nos e atirava no ar e em seguida,
atirava-nos para o sofá. Fazia isso várias vezes até B.B. HAMEL
nossa mãe, eventualmente, nos fazer parar para jantar.

Lembrei-me de pedir ajuda com a lição de casa e rir quando ele não sabia
todas as capitais dos estados. Lembrei-me de seu rosto, em lágrimas, quando
acordei no hospital depois do acidente e ele explicando o que acontecera.
Lembrei-me dele, segurando-me quando eu chorei. Lembrei-me das longas
noites que trabalhou, John cuidando de Derek e eu, e quão cansado estava o
tempo todo, se arrastando para o caminhão e fora dele. Desejei que pudesse
voltar atrás e facilitar a sua vida, mas sabia que não podia. Papai se foi, e o
melhor que podíamos fazer era pegar e continuar, sermos bons um com o
outro e dar-lhe a melhor despedida que podíamos.

Levantei-me do sofá e segui para cima enquanto John ocupava-se na


cozinha. Sentei-me no chão da minha casa de infância e olhei para o meu
telefone. Textos do Shane ficaram mais preocupados e sabia que não estava
sendo justa, então, eventualmente, enviei-lhe uma mensagem.

— Meu pai faleceu. Preciso de tempo fora do


trabalho.
Eu simplifiquei a coisa e não mencionei a cena com Janice. Continuou
passando na minha cabeça e se misturando com o meu sofrimento. Foi difícil
sair da cama naquelas primeiras manhãs, mas precisava ajudar John a fazer
arranjos.

— Sinto muito Amy. Leve o tempo que você precisar.

B.B. HAMEL
Isso foi tudo que disse e suas mensagens preocupadas pararam. Senti falta do
barulho do telefone, quase como se fosse na verdade a voz de Shane, mas as
memórias da minha vida no meu antigo quarto começaram a inundar e logo
esqueci dele com minha dor.

Passaram alguns dias e era sábado. Não tive notícias de Shane durante dois
dias. Fiquei na casa de papai com John, e o funeral foi definido para a manhã
seguinte. Nós tínhamos empacotado muito da casa e gastamos muito tempo
relembrando as coisas que encontramos. Algumas nunca soubemos sobre
elas, como o vestido de casamento da minha mãe e a maioria de suas joias.
Adivinhei que papai não teve coragem de se livrar delas. Empacotei algumas
pequenas coisas para manter em memória dos dois.

Ocasionalmente, a dor passou de esmagadora a fácil. Não queria mais chorar


a cada hora, mas o buraco da falta do pai estava ainda fresco no meu peito, e
era difícil passar o dia.

Em pé sozinha perto de minha cama, olhei para o quarto, as paredes verde-


amarelo e tapete amarelo, os móveis Ikea3 e os cartazes de boy band. Tenho
boas e más recordações deste quarto, mas elas eram minhas. Foi estranho
como meu pai manteve todos os nossos quartos exatamente como deixamos,
até mesmo o de Derek. Havia algo comovente sobre os cartazes de
Backstreet Boys, amarelados em seus cantos.

3 IKEA é uma empresa transnacional privada, de origem sueca, controlada


por uma série de corporações sediadas nos Países Baixos, especializada na
venda de móveis domésticos de" baixo" custo.

B.B. HAMEL
Imaginei Shane nesse quarto comigo. Imaginei sua forma e seus lábios
pressionados contra meu corpo. Era difícil pensar nele, e desejei que pudesse
tê-lo lá comigo, mas mesmo se não tivesse encontrado ele e Janice naquele
momento, Shane não seria capaz de chegar. Quebraria todas as suas regras
de privacidade. Pensei em todas aquelas horas que passamos juntos, envoltos
um ao outro, isso suavizou a dura dor de todos os outros momentos. De
repente, ouvi a campainha tocar, o que foi estranho. Pelo que sabia não
estávamos esperando ninguém. Levantei-me e andei hesitante em direção a
porta do meu quarto. Ouvi John abrir a porta da frente lá em baixo.

— Não esperava ver você aqui — disse John, abafado pela distância. Mudei-
me em direção ao topo da escada, confusa.

— Sim, bem, nem eu, mas estou aqui. — reconheci aquela voz. Caminhei
lentamente pela escada abaixo.

— Estou feliz que esteja aqui — disse John. Enquadrado na porta estava
Derek, olhar abatido e cansado, mas em carne e osso. Corri as escadas,
passei por John e joguei meus braços em volta dele. Cheirava a suor e
hospital, precisava cortar o cabelo e a barba, mas estava lá. Não esperava
que realmente aparecesse. Era um drogado e não se dava bem com o pai. Era
a primeira vez que estava feliz em vê-lo.

— Ei Amy — disse, rindo. No começo Derek e eu éramos muito próximos.


Seu abuso com as drogas nos separou, mas as nossas memórias indo para
longas caminhadas e falando sobre a morte da mãe apagou tudo o mais pelo
momento.

B.B. HAMEL
Senti-me como uma adolescente novamente e ele era meu irmão mais novo,
tentando me ajudar a lidar com o mau da minha vida.
— Estou tão feliz por estar aqui — disse.

— Também estou.

— Estou bem que esteja aqui. — John disse, brincando.

Todos nós rimos e nos afastamos de Derek.

— Bem, isso é um pouco estranho. — Derek disse, sorrindo.

— Não estivemos em casa todos juntos há anos. —

explicou.

— Não, desde que você partiu. — John respondeu.

Mudamos para a sala e sentamos no sofá. A casa estava em sua maior parte
em caixas, e Derek olhou ao redor, surpreso.

Era mais vazia do que já tínhamos visto.

— Vocês fizeram tudo isso? — ele perguntou.

— Sim. Temos que cuidar de tudo isso, enquanto temos folga.

Derek acenou com a cabeça e ficou olhando boquiaberto.

Entendi o que ele estava sentindo. É uma coisa estranha ver sua infância em
caixas, escondida. Mais do que isso, era a vida do seu pai, sua existência,
que se foi. De certa forma, a casa vazia foi a parte mais tangível da morte de
nosso pai.

B.B. HAMEL
— Quando é o funeral? — Derek perguntou, quebrando o silêncio.

— É amanhã — respondi.

— Realmente é assustador ver todas essas caixas.

Esperava ver papai sentado na cadeira, assistindo TV, quando entrei.

John riu.

— Teria sido em uma cama de hospital, pelo último ano.

Mas ele nunca mudou esse hábito.

Eu sorri abertamente.

— Papai sabia do que gostava e odiava fazer qualquer outra coisa.

Derek e John riam.

— Que horas será tudo amanhã? — Derek perguntou.

— Por que, tem algo a fazer? — John disse, e senti a velha raiva voltar a
assustar.
— Não, eu só tenho que voltar à reabilitação após as cinco.

— Tudo deve ser feito por volta das três — disse.

Ele assentiu, e então ficamos em silêncio novamente.

Parecia bom, confortável, e nós três agimos como se nada B.B. HAMEL
tivesse acontecido durante os anos, desde que nos sentamos assim. Havia
ainda promessas e tumulto à espreita, sob nossa conversa, mas por agora
correu tudo bem, estamos de luto, falamos e brincamos juntos como irmãos.

B.B. HAMEL
O funeral foi um borrão. Pensei que conhecia meu pai em vida, mas quando
tantas pessoas que não conhecia expressaram suas condolências, percebi que
não o conheci.

Não sabia quem esperava que comparecesse; família mais próxima e os


amigos certamente, mas além disso, não tinha ideia. Naquele dia, conheci
tantas pessoas que meu pai tocara em sua vida, com seu trabalho em suas
rotas de entrega, ou velhos amigos dele, ou parentes que não tinha notícias
há anos. Foi uma participação muito maior do que imaginava e o grande
número de pessoas que se preocupavam com ele, tocou-me de uma forma
que não esperava.

Mais do que isso, meus velhos amigos que não falava há anos apareceram.
As pessoas da faculdade e do colégio estavam lá e só vieram para me apoiar.
Darcy estava lá, é claro, e tê-la fez as coisas um pouco mais fáceis. Estava
quebrada e tocada tudo de uma vez, pelos velhos amigos de escola,
compartilhando suas memórias de meu pai.
Havia linhas de recepção e elogios, caixão, flores, tudo rodou ao meu redor
como poeira, um gesto inútil e vazio para o meu pai, que se foi para sempre.
Balancei entre aceitação e luto pesado.

B.B. HAMEL
Mais tarde, depois que o caixão foi baixado e as orações foram ditas,
caminhamos longe de seu túmulo, escondido debaixo de uma árvore em um
velho cemitério, enterrado ao lado de minha mãe. John, Derek e eu
inclinamo-nos contra a velha caminhonete de John enquanto as pessoas iam
para casa. Acenei para Darcy, e ela mandou-me um beijo de volta.

— Não é um mau lugar. — John disse em voz baixa, olhando em torno.


Estava frio, estávamos vestindo casacos leves e roupas pretas.

— Podemos estar aqui um dia — disse Derek.

— Sim, eu gostaria de estar pelo menos perto da mamãe e do papai. —


comentei.

Ficamos em silêncio. Fora cansativo os últimos dias, chorei tanto quanto eu


podia chorar. O único consolo que senti foi que meu pai não estava sofrendo
mais, embora o quisesse de volta mais do que tudo. O vento mudou-se por
entre as árvores, então ouvi os sons de carros e pessoas falando calmamente,
motores de partida se afastando, pneus pela sujeira.

— Eu quero dizer algo. — Derek quebrou o silêncio.

— O que foi? — perguntei.


— Reconheço que eu e o pai não nos dávamos bem, mas ele era um bom pai.
Ver que se foi assim... — olhou do outro B.B. HAMEL
lado do cemitério. — Dá-me vontade de mudar, é tudo que estou dizendo.

John balançou a cabeça.

— Ouvi isso antes, Derek.

— Ele está certo, já ouvimos isso antes. — queria que o Derek se arrumasse,
ficasse limpo, mas nós tínhamos visto esta cena cem vezes já.

— Conheço uns caras, eu sei. Não posso fazer nada sobre isso agora, mas
tentarei fazer a coisa certa, o melhor que puder. Tenho que voltar logo, mas
queria dizer isso. E pedir perdão.

John e eu ficamos em silêncio por um minuto. Derek olhou para baixo para
seus sapatos.

— Eu te perdoo. — John disse calmamente. Olhei e havia lágrimas em seus


olhos.

— Também faço isso Derek. Eu quero o que é melhor para você — declarei.

Derek sorriu tristemente e puxou-nos ambos em um abraço. Ficamos assim


por um minuto, antes de ir embora.
— Pessoal. — falou Derek e levantou-se. — Hora de sair daqui.

— Boa sorte. Ligue-me logo. — pedi.

B.B. HAMEL
— Sim, digo o mesmo. — John balançou a cabeça.

Derek acenou com a cabeça, em seguida, foi em direção ao seu velho


Altima.

Não sabia se desta vez ficaria ou não na reabilitação, se Derek realmente


estava pronto para colocar sua vida nos trilhos, mas queria que ele tentasse,
perdi meu irmão mais novo. Sabia que John o perdeu também. Vimos entrar
em seu carro e ir embora.

— Suficiente por um dia? — John disse quando Derek entrou na estrada


principal indo embora.

— Sim, eu acho que sim.

Subimos juntos, entrando na cabine de sua caminhonete e ele nos levou em


direção à casa de nossa infância. Não falamos muito, e o peso do dia era
grande entre nós. Tínhamos enterrado nosso pai, mas já tínhamos combinado
as coisas importantes, e agora estávamos prontos para começar a nos mover.
Pensei sobre Shane, na cidade, fazendo tudo o que estava fazendo, e
esperava que ele não estivesse muito preocupado. Meu corpo todo doía da
mensagem dele, e percebi que era hora de tentar entrar em contato. Retirei o
telefone e escrevi um texto.
— Desculpe-me, que estive em silêncio nos últimos

dias. Estou com saudades. Precisamos conversar em

breve. Estarei de volta à cidade amanhã, se você tiver

tempo para se encontrar.

B.B. HAMEL
Apertei “enviar” e olhei pela janela. Árvores e estradas sinuosas passaram
quando nos movemos de volta em direção a Levittown. Um minuto depois,
meu telefone tocou.

— Acha que podemos conversar mais cedo do que

isso?
Não sabia se podíamos, mas sua resposta positiva trouxe um sorriu em meu
rosto.

— Posso ligar para você mais tarde, se é o que você

quer dizer.

Enviei. Estávamos a poucos minutos de casa e todas as casas começaram


com a mesma aparência, quando entramos no perímetro do Levittown.

— Não é exatamente o que quero dizer.

Isso foi um texto estranho, mas ignorei e imaginei que se explicaria


ocasionalmente. Quando entramos em nossa rua, reconheci o carro preto na
frente da casa.

— Quem é? — John perguntou estacionando o carro na garagem.

Não sabia como responder.

Esse é Shane Green, CEO, bilionário e meu namorado meio atrapalhado.

— Acho que é para mim — respondi.

B.B. HAMEL
John desligou o carro e olhou-me.
— Tudo bem, isso é legal. Quem é?

— Uh, eu não estou certa.

Olhou-me como se eu fosse louca.

— Você está brincando?

— Olha, isso é estranho, mas basta seguir com isso, Ok?

Ele soltou um suspiro.

— Bem, não tenho energia para brigar com você por isso.

Descemos do carro e fui em direção a Shane. Olhei de volta para John.

— Estarei lá dentro em breve.

Ele assentiu.

— Estarei bem ali se você precisar de mim.

Quando John abriu a porta da frente, Shane saiu do banco de trás de seu
carro. John olhou para trás, Shane acenou, John deu-lhe um aceno de cabeça
e então foi para dentro.

Minha respiração ficou presa na garganta. Shane era mais bonito do que
lembrava, seu queixo quadrado, olhos de pedra azul, seu corpo perfeitamente
adequado e esculpido golpeou-me como se o visse pela primeira vez. Não
podia B.B. HAMEL
acreditar que estava lá. Ele veio em minha direção, mãos nos bolsos e olhar
penetrante no rosto. Parou a poucos passos de distância.

— Olá Amy, desculpa aparecer assim.

— Como sabia onde me encontrar?

— Darcy me disse.

Isso fazia sentido. No entanto não sabia como eles entraram em contato.

— Desculpe-me sobre isso — respondi, sem certeza de como agir.

Ele balançou a cabeça.

— Chega de desculpas. Estou aqui unicamente para oferecer o meu apoio.


Sei que isso é extremamente difícil para você. Se há algo que possa fazer,
qualquer coisa que precisa ser cuidado, considere os recursos à sua
disposição.

Dei um passo mais perto dele e podia cheirar seu corpo.

Queria jogar-me nele, abraçar seu peito e soluçar, rir ou ambos até que não
conseguisse respirar, mas a memória dele e Janice encheram-me de medo e
dúvida.

— Você e Janice estão juntos? — deixei escapar. Não podia acreditar que
dissera aquilo assim, depois de todo esse tempo, mas guardara isso por muito
tempo. Estar tão perto dele foi demais, não pude me controlar.

B.B. HAMEL
Ele pareceu chocado, confuso, com sua sobrancelha arqueada.

— O que quer dizer, juntos?

Falei apressadamente. Disse-lhe como os encontrei como estavam, o boato


que Linda contou-me, admiti o quanto, provavelmente, ela fosse melhor para
ele do que eu, e comecei a falar como poderia perdoá-lo, mas ele precisava
ser honesto.
— Espere Amy, por favor. — ele levantou as mãos.

Parei de falar imediatamente.

— Janice e eu estudamos juntos no colégio. — ele disse lentamente.

Isso me surpreendeu. Não sabia que se conheciam antes de trabalhar juntos.

— Vocês são amigos?

Shane assentiu com a cabeça.

— É minha amiga mais antiga e mais próxima. Pensei que ela tivesse lhe
dito.

Eu balancei minha cabeça.

— Não, ela nunca disse nada.

— Conheço-a a maior parte da minha vida. Quando comecei Adstringo,


trouxe-a como minha assistente, mas ela B.B. HAMEL
realmente é mais como minha parceira de negócios. Não fomos mais
próximos, pessoalmente, nos últimos anos. A pressão do trabalho começou a
levar-nos em direções opostas. Mas quando encontrou-nos naquela situação
comprometedora, começamos a conversar novamente. A distância que
crescera entre nós começou a desmoronar e nossa amizade começou tudo de
novo.

Eu levei um segundo para processar tudo isso.


— Então vocês são apenas amigos?

— Apenas amigos. Velhos amigos e nada mais. Nunca foi mais nada.

Senti-me quebrar. Lágrimas brotavam de meus olhos quando joguei os


braços ao redor de seu peito largo. Shane envolveu-se em torno de mim, e eu
soluçava contra ele. O

stress dos últimos dias, a morte do papai, tudo acumulando dentro de mim e
o alívio sobre esta situação de Janice inundou-me. Soluçava e ele segurou-
me pelo que pareceu uma hora, enquanto meu corpo estava arrasado por
convulsões.

Era o choro mais profundo e mais difícil que tive desde que ouvi pela
primeira vez sobre o meu pai, lentamente me acalmei e senti que estava
deixando algo para trás.

— Desculpe-me. — funguei contra ele.

— Sem mais desculpas — comandou.

B.B. HAMEL
Senti-me renovada de forma que não pensei que pudesse, em seus braços, o
mundo endireitou.
— Não devia ter duvidado de você.

— Eu não te culpo. Guardo as coisas de você, embora nunca te mentisse,


deveria ter sido mais honesto.

— Guardei algo de você também.

Pude senti-lo rir um pouco.

— Tenho que admitir que esteja surpreso com isso.

— Não é nada grande. Vou lhe contar tudo sobre isso.

Ele moveu-me para olhar nos meus olhos e depois me beijou. Seus lábios e
língua enterrados em mim, não me importei de parecer bagunçada.

Afastou-se e disse-me:

— Quero te contar tudo agora Amy. Preciso que você saiba de tudo. Estou
apaixonado por você.

Senti o coração saltar do peito. Meu corpo parecia leve e pensei que
desmaiaria, mas seus bíceps fortes deixaram-me presa. Estava exultante e
quebrada, tudo de uma vez, com suas palavras cercando-me. Nada poderia
preparar-me para este momento e sabia que também o amava, que sempre o
amei. Amava-o mais do que sabia amar. Precisava dele, era gananciosa por
ele, para cada polegada de suas mãos e lábios.

B.B. HAMEL
Era gananciosa e apaixonada e só queria me afogar nele para o resto da
minha vida.

— Eu também te amo — disse calmamente e nos beijamos novamente. Sua


língua, dentes e lábios fazendo parte de mim como jamais foram, beijei-o
profundamente. Ficamos assim por algum tempo, senti a alegria passar por
mim, limpando-me de qualquer dúvida negativa e o medo que se alojara
dentro de mim. Nós finalmente afastamo-nos, olhamos nos olhos um do
outro e rimos. Nós rimos do absurdo do mundo, em pé sobre um gramado de
Levittown nos beijando e rimos porque estávamos felizes. Finalmente,
juntei-me a Shane e lancei um longo suspiro.

— Quer entrar? — Perguntei-lhe.

— Absolutamente sim. Deixe-me avisar ao motorista. —

saiu para falar com o motorista, enquanto isso, voltei para dentro depressa.

— John! — gritei, mas ele estava sentado no sofá alguns pés de distância.

— O quê? Nossa, eu estou aqui. — ele se levantou.

— Escute-me, Shane Green está aqui. Shane é meu namorado. Está prestes a
conhecê-lo. Então quero que vá embora.
Ele olhou para mim fixamente por um segundo.

B.B. HAMEL
— Shane Green? Tipo, o cara que é dono de Adstringo?

Seu chefe?

— Sim, meu chefe.

— Tem algo errado no trabalho?

— John. Ouça. Idiota. Ele é meu namorado.

Compreensão floresceu no rosto.

— E você quer que eu saia? — ele perguntou.

— Sim!

John sorriu.

— E por que eu deveria? Agora sou o homem desta família. Preciso


acompanhar as crianças.

— John, eu juro que se não sair, farei você se arrepender para sempre —
disse enfurecida para ele e fiz uma expressão intimidante.
— Tudo bem, tudo bem, eu sairei por algumas horas. —

Shane bateu à porta, dei-lhe um olhar de “obrigada” antes de abrir a porta


para John.

Shane entrou e senti que a sala estava cheia de luz. Os olhos dele
percorreram o espaço, admirei seu terno, a gravata preta simples sobre a
camisa branca limpa perfeitamente ajustada, apenas ligeiramente borrada do
meu choro e a intensidade que ele próprio carregava. John e Shane trocaram
B.B. HAMEL
olhares, Shane sorriu e caminhou em direção a ele. Eles apertaram as mãos.

— Shane Green, prazer em conhecê-lo.

— John, irmão de Amy.

Shane sorriu ainda mais.


— É muito bom conhecê-lo.

Retiraram suas mãos. Houve uma breve pausa e temia que de repente as
coisas ficassem estranhas.

— Shane então, quais são suas intenções com a minha irmã?

Olhei para John e não podia acreditar que dissera isso.

Houve um momento de silencio e fiquei com medo da reação de Shane.


Antes que eu pudesse responder, Shane começou a rir. John se juntou e eles
bateram nas costas um do outro, uivando e berrando alto. Não fazia ideia do
que acontecera então ri nervosamente junto com os dois.

John se afastou de Shane, dirigiu-se para a porta, ainda rindo e olhou para
mim.

— Esse cara é legal. Vejo vocês mais tarde — disse.

— Até logo, John. — Shane respondeu e acenou com a cabeça, com o riso
morrendo.

B.B. HAMEL
— Tchau John — eu disse. John acenou e saiu pela porta, rindo de si mesmo.
Olhei para o Shane. Ele estava sorrindo e balançando a cabeça.

— O que diabos foi isso?

Ele encolheu os ombros.

— Honestamente, eu acho que passei no seu teste.

— Isso foi bizarro.

Seu olhar preso ao meu, todo o riso se foi. Havia alguma coisa em seu olhar.

— Quer mostrar-me o lugar? — perguntou.

Fiz um gesto ao nosso redor.

— Não tem muita coisa. Sala de estar, cozinha, ali dois quartos e um
banheiro ali, dois quartos lá em cima.

Ele deu-me um sorriso manhoso.

— Onde fica o seu quarto?

— Lá em cima, mas não vai querer ver isso. Está coberto de cartazes de
Backstreet Boys.

Chegou perto de mim, agarrou meu quadril e imediatamente senti seu calor
pressionar-se contra mim.

B.B. HAMEL
— Mostre-me seu quarto — sussurrou.

Assenti com a cabeça em silêncio, impotente e levei-o pela mão. Levei-o


escada acima para o meu quarto de infância.

B.B. HAMEL
Entramos no meu quarto e ele olhou ao redor com um sorriso. O tapete era
amarelo e as paredes eram verde-amarelo.
Minha pequena cama de solteiro ficava no centro do quarto, empurrada
contra uma parede, com uma pequena mesa e uma cadeira de um lado e uma
cômoda do outro. Cartazes de Backstreet Boys cobriam o restante do espaço
vazio.

Em vez das piadas de zombaria que eu esperava, os olhos dele estavam fixos
no meu corpo. Senti-me exposta e nua na sua frente, mesmo que ainda
estivesse num vestido preto.

— Fique ao lado da cama. — ordenou-me. Eu obedeci.

Ele moveu-se para ficar ao lado da escrivaninha.

— Tire seu vestido. — Olhei para ele por um segundo, mas o poderoso olhar
no rosto dele forçou-me a ouvir. Alcancei as minhas costas, abri o zíper e
depois joguei o vestido para frente e para baixo. Amontoou-se em meus
tornozelos.

Seus olhos vagaram pelo meu corpo. Tirou seu casaco e colocou-o na parte
de trás da minha cadeira enquanto fiquei ali, completamente exposta. Senti a
emoção crescer quando ele olhou para mim.

B.B. HAMEL
— Tire sua roupa íntima. — instruiu. Obedeci, tirei o sutiã, então minha
calcinha. Deixei-os no chão ao lado do vestido. Minha exposição foi
completa, e assisti quando seu olhar lentamente subiu pelo meu corpo,
fixando-se no meu sexo encharcado e nos seios cheios. Arrepios começaram
a se formar na minha pele, na sala fria, e abracei-me vagamente contra o
frio. Queria que me aquecesse, mas queria ainda mais descobrir o que ele
guardara para mim.

— Muito bom. Agora, deite-se na cama e se toque.

Seus olhos estavam com fome e foi desabotoando os punhos. Deitei na


cama, abri as pernas, ele passou os olhos pelo meu rosto, ao longo de meus
seios e seu olhar demorou quando comecei a esfregar-me lentamente. Nunca
fizera algo assim antes, mas a maneira simples com que me olhava foi mais
emocionante do que qualquer coisa que experimentara antes. Shane
continuou a desabotoar a camisa, puxando-a da sua calça e tirou-a. A
combinação do corpo muito bem esculpido, sua fome, o olhar perfurante
molhou-me mais e os dedos em meu clitóris mandaram um tremor de prazer
por mim. Deixei escapar um pequeno gemido. Seus músculos definidos
estavam flexionados quando ele continuou a despir-se, a observar-me.

— Será que isso está bom? — ele perguntou. Colocou a camisa sobre o
casaco e olhou-me.

— Sim — disse baixinho, quando o prazer me encheu.

B.B. HAMEL
— Você gosta que eu veja você se masturbar?
— Sim. — sussurrei novamente. Shane começou a abrir o cinto e ondas de
desejo me bateram. Estava morrendo de fome por ele. Senti como se não o
tivesse tocado em anos e precisava de seus músculos pressionados contra
mim. Mas a maneira que estava fazendo com que me tocasse, enquanto
assistia e tirava a roupa, só foi aumentando minha excitação.

Eu estava ensopada e latejante.

Ele desfez o cinto e puxou as calças para baixo. Podia ver o contorno do seu
pau enorme, duro e esticado contra sua cueca boxer preta de algodão. Shane
dobrou as calças e colocou-as em cima de sua camisa. Continuei esfregando-
me, meus dedos molhados e deixei escapar pequenos gemidos.

Ele moveu-se para o lado da cama e olhou-me.

— Quero que me peça com educação. — instruiu.

— Por favor. — sussurrei.

— Não foi bom o suficiente

Soltei um gemido profundo.

— Por favor, preciso do seu pau, preciso do seu corpo —

disse mais alto.

Shane escorregou sua cueca e seu pau era uma pedra entre nós. Parei de me
esfregar e fui em sua direção. Estava B.B. HAMEL
morrendo de fome por ele, então tomei a ponta em minha boca.

Chupei duro e ele soltou um gemido satisfeito.

— Bem, agora pegue tanto quanto você pode.

Enfiei o pau em minha boca e garganta e senti-me engasgar. Afastei-me, em


seguida, pressionei para frente novamente, levando tanto dele quanto podia.
Provei o suco, o corpo dele morrendo de fome para obter mais, precisava de
cada polegada, e estendi a mão esquerda para afagar o pau atrás de meus
lábios. Colocou as mãos atrás de minha cabeça, agarrou o meu cabelo,
direcionando-me ao longo de seu eixo.

Senti a umidade entre minhas pernas duplicar com a dor, do meu couro
cabeludo puxado, misturada com a profunda necessidade por seu corpo.
Queria que me controlasse, para levar-me e possuir-me. Eu queria fazer o
corpo dele brilhar com prazer. Segurou meu cabelo e lentamente moveu o
seu pau dentro e fora da minha boca, fazendo sons molhados quando meus
lábios se moviam em torno dele, e eu gemia.

Adorei que usou minha boca, da forma que queria.


Soltou o meu cabelo e eu puxei a cabeça para trás, liberando o pau com um
"pop" e um rastro de saliva da minha língua ficou na ponta do pau dele. Ele
se inclinou para frente e pressionou sua língua na minha boca, beijando-me.
Quando se afastou, pegou meus ombros e empurrou-me para trás.

Fiquei deitada esparramada na cama enquanto movia-se entre minhas pernas.


Um segundo, pressionado sobre mim, sua ausência dentro de mim e no outro
estava completamente cheia dele, seu corpo quente e áspero contra mim, o
seu pau B.B. HAMEL
dentro de minha fenda, enchendo-me com seu tamanho e sua força.

— Você é minha agora — disse em meu ouvido e deu um impulso dentro de


mim. Cravei os dedos nas costas dele, com o corpo apertado com prazer. Ele
gemeu e encheu-me, sentia ondas de alegria pelo corpo. Agarrando meu
cabelo, deu um impulso mais forte e mais fundo e gemi alto, incapaz de me
controlar.
— Eu sou sua agora, Sr. Green. — sussurrei de volta e senti suas estocadas
aumentarem. Os lábios carnudos passaram por meu pescoço, minha
bochecha e encontraram a minha boca, nossos lábios e línguas reuniram-se
com força e fome. Beijamo-nos e sugamos os lábios um do outro, quando
me encheu profundamente e seus músculos fortes, acondicionados em torno
de mim. Com a mão direita levantou os meus braços e colocou-os acima da
cabeça. Ficou de joelhos, colocou minhas pernas sobre seus ombros e me
fodeu duro. Agarrei a cabeceira da cama, ele me esticando até o fim, o corpo
musculoso, ondulando com esforço e suor.

Senti-me perder tudo o que costumava me bloquear. A insegurança que se


alojou dentro de meu peito começou a dissolver-se quando tomou posse de
mim. Agora que sabia que era sua de corpo e alma, não havia mais nenhum
espaço para a dúvida e confusão.

Senti sua mão direita acariciar meu pescoço, seios e agarrar o quadril.
Ajustou a si mesmo e minhas pernas, e B.B. HAMEL
senti-o empurrando mais para minha fissura. Ondas de prazer sacudiram
meu corpo, ele estocando em mim, quando senti um orgasmo começar
crescer. Shane estava me fodendo na minha cama de infância, enchendo-me
profundamente e tudo que eu queria era que a pressão dentro de mim
crescesse mais.

— Você quer gozar para mim? — Ele sussurrou, sentindo prazer.


— Por favor, sim — disse.

— Eu quero ouvir você implorar por isso. — ele disse.

— Por favor, faça-me gozar, por favor, deixe-me ir, por favor, Sr. Green. —
Suas estocadas aumentaram e ondas moviam através de mim.

— Você tem minha permissão — disse.

Empurrou mais forte e mais profundo em mim e meu corpo começou a


endurecer, minha cabeça jogada para trás os gemidos escapando dos lábios.
Gemeu, aumentou o seu ritmo e o orgasmo começou a explodir através do
meu corpo.

Convulsionei e estremeci quando soltei cada grama de tensão sobre o corpo


perfeito do Shane. Cada músculo dentro de mim apertou então se soltou de
uma vez só, quando seu corpo endureceu contra o meu e ele gemeu, senti
soltar cada pedaço de ansiedade que vivenciara na semana passada. Shane
ficou tenso e senti-o dentro de mim, me enchendo de sua semente quente
fez-me contrair meus quadris contra ele para tomar cada pedaço, ávida de
mais e mais. Forçamos nossos corpos B.B. HAMEL
juntos lentamente, como nossos orgasmos desvaneceram-se no nada.

Nossos orgasmos terminados, deitamos na minha cama de infância, suados e


cansados, desfrutando de nossos corpos no brilho pós-orgasmo. Shane
estendeu a mão e tocou meu rosto.

— Eu te amo, Amy. Você é minha enquanto eu viver.


Olhei para trás, em seus olhos.

— Eu também te amo. Sou sua para sempre.

Deitamos lá pelo que parecia ser horas e respirávamos cheiros e corpos um


do outro, satisfeitos.

B.B. HAMEL
Tomamos banho no meu banheiro velho e nos vestimos novamente. Foi
estranho, ter Shane naquela sala, mas seu corpo e confiança encheram a casa
e senti certo onde há um dia senti-me vazia e estéril. Estabelecemo-nos na
cama novamente, completamente vestidos e olhamos para o teto juntos.

— Tenho algumas coisas para te dizer — disse silenciosamente.

— Você não precisa mais — respondi.

Ele olhou para mim e sorriu.

— Isso só faz-me querer te contar mais.

Peguei sua mão na minha.

— Não me importo mais, Shane. Não mesmo. Só quero você, quem você é,
não o que você era. Quero ser sua.

— Eu sei. E você é. Mas está na hora de entender de onde vem a minha


necessidade de controle.

Assenti com a cabeça e não respondi. Se ele queria dizer-me, eu deixaria.

B.B. HAMEL
— Tenho um irmão. Tudo começou quando meu pai morreu. Era um homem
severo, um bebedor e abusivo. Nunca bateu em mim ou em minha mãe, mas
por alguma razão sempre transferiu sua agressividade no meu irmão.
Tentamos protegê-lo, mas meu pai era maior e mais furioso.

Ele fez uma pausa, lutou com o que dizer a seguir e pude ver a tensão em seu
rosto e senti-a em seu corpo.

— Depois que ele morreu, as coisas melhoraram um pouco. Mas logo meu
irmão começou a agir. Fez amizade com pessoas más, e começou a usar
drogas. Nós não sabíamos o que fazer, não podíamos detê-lo. Havia muita
oportunidade para problemas na cidade, e meu irmão parecia que precisava
tentar tudo. Havia garotas, drogas e muito mais. Quando meu irmão estava
no ensino médio, estava dentro e fora do reformatório

eventualmente

ele

saiu

da

escola

completamente. Minha mãe ficou arrasada com isso. Estava trabalhando


duro, uma mãe solteira na cidade, mas o comportamento do meu irmão
definiu-a completamente. Fiz o que pude, ajudei na casa, mas nunca foi o
suficiente.

Ocasionalmente entrei na faculdade. Nesse tempo, meu irmão desapareceu.


Acho que morou em Nova York por um ano ou dois, mas não faço ideia do
que fez lá. Quando voltou para a Filadélfia, estava diferente. Ficara diferente
por um tempo, mas tinha seu canto. Eu estava em casa de férias, durante o
primeiro ano de faculdade e meu irmão entrava e saia da casa da minha mãe,
trazendo pessoas de aparência rude. Uma noite, apareceu bêbado, sentamo-
nos na varanda da frente, ele B.B. HAMEL
me disse que estava metido com algumas pessoas perigosas, vendendo
drogas e fazendo lutas ilegais. Estava roubando carros e muito mais.
Perguntei-lhe por que estava fazendo isso, disse-me que era a única coisa
que sabia fazer. Disse-me que estava muito envolvido com pessoas violentas
e não sobrou nada para fazer além de ceder. Essa foi a última vez que falei
com ele. Duas semanas depois, foi preso acusado de um assassinato. Não sei
os detalhes e tentei não olhar muito para isso. Aparentemente, estava
roubando carros há algum tempo e vendia-os para as lojas locais de
desmanche. Uma noite, alguém foi morto durante um dos seus trabalhos e
meu irmão foi preso por isso. Está preso desde então.

Shane parou de falar, seus olhos estavam a milhas de distância. Não sabia o
que dizer, então apertei sua mão. Ele olhou-me e seu rosto suavizou.

— Ninguém sabe sobre o meu irmão, porque trabalho duro para mantê-lo
assim. Não tem ideia de quantos jornalistas, detetives, e paparazzi já paguei.
Mais de 1 milhão de dólares, neste momento, silêncio por dinheiro. São
como piranhas, são sanguessugas implacáveis. Eu mantenho-os fora da
notícia porque minha mãe está profundamente envergonhada. Na maioria
dos dias, ela finge que ele não existe. Mas às vezes está tão perturbada, que
mal consegue sair da cama. Até hoje, a ideia de que meu irmão pode ter
assassinado alguém durante um roubo de carro a assombra.
Trabalho duro e fico fora dos holofotes para proteger minha mãe. Esforço-
me pela perfeição e controle em tudo o que faço.

B.B. HAMEL
Caso contrário, torno-me negligente e tenho medo de cometer um erro como
o meu irmão fez. Quero fazer minha mãe orgulhosa, mas mais do que isso,
quero compensar todo o mal que meu irmão fez. Trazer algo de bom ao
mundo. Sem controle não somos nada.

— O que aconteceu entre você e Janice? — Perguntei após um curto período


de silêncio.

— Ah, bem. Não houve nada. O estresse do trabalho, manter-se longe dos
holofotes, afastou a maioria dos meus amigos. Janice ficou, mas as coisas
estavam tensas entre nós.

Ela nunca aprovou minha reclusão e pensava que estava exagerando. Nunca
compreendeu a dor que aquilo trouxe a minha mãe e quanto eu devia a ela
por tudo que fez. Minha mãe trabalhou mais do que ninguém que conheço
para criar nós dois, considerando especialmente todos os problemas que meu
irmão causou. Agora trabalho para tentar fazer sua vida o mais fácil possível
e afastar a dor, tanto quanto posso. Se isso significa alienar a maioria dos
amigos e afastar-me da vida pública para manter as notícias do meu irmão
em segredo, então que seja.

Os olhos dele encontraram os meus e vi uma coisa lá que não vira antes. Era
dor, uma dor antiga e uma intensa que ficara enterrada por tanto tempo, e
agora fora levada à superfície.

— É bom falar sobre isso. Odiei meu irmão por muito tempo por estragar
tudo. Mas terminei a minha vida nas B.B. HAMEL
sombras, tentando fingir que sou apenas uma pessoa normal.

Se terei uma vida com você, é hora de parar de fugir.

Prendi minha respiração.

— O que você quer dizer? — perguntei calmamente.

— Chega de sair às escondidas, sem mais segredos. Diga a quem você


quiser. Diga ao mundo, não me importo. Ainda pagarei a quem tentar vazar
informações sobre meu irmão, mas não deixarei que os erros dele,
consumam tudo o que sou.

Não o deixarei destruir o que tenho com você.

Inclinei-me e beijei-o profundamente. Podia sentir a dor por trás dele, a


tensão em seu corpo, mas também o alívio de finalmente ter revelado seu
segredo vergonhoso.

— Obrigada por dizer-me isso — comentei quando nos separamos.

— Quero que você conheça cada polegada sobre mim, como quero conhecer
cada polegada sua.
— Nesse caso, tenho que te dizer uma coisa também.

Ele sorriu.

— E o que é?

— Tenho outro irmão, chamado Derek.

Shane assentiu.

B.B. HAMEL
— Você não o mencionou.

Balancei minha cabeça.

— Derek é um viciado em drogas. Um idiota. Não falamos muito com ele.


Não tem sido uma parte da nossa família há um longo tempo. Mas Derek
apareceu para o funeral, direto da reabilitação e parecia que queria mudar.
Não é a mesma situação que você, mas eu entendo ter uma mancha na sua
família. No início tentamos tanto ajudá-lo, meu irmão John especialmente,
mas depois de todas as mentiras, dinheiro roubado e as promessas
quebradas, desistimos.

Os olhos de Shane se arregalaram e ele assentiu.

— Não acredito que temos uma história semelhante.

— Eu sei é loucura. Acho que entendo o que você está dizendo. Sei de onde
você veio.

Ele inclinou-se para beijar-me de novo e senti minha paixão em ascensão.


Cada polegada dele era uma parte de mim agora e ainda estava com tanta
fome dele. Quando se afastou, era como se uma parte de mim, tivesse se
afastado.

Ficamos assim por horas, até que John voltou para casa.

Jantamos juntos e Shane parecia se dar muito bem com John.

Contamos histórias e lembrei-me de meu pai. Shane ouviu e compartilhou


suas próprias histórias, completamente à vontade. Rimos, comemos e segurei
a mão do Shane debaixo da mesa, não podendo imaginar estar de outra
maneira.

B.B. HAMEL
O jantar estava bom, mas estar em público com Shane Green era melhor.
Claro que pessoas sussurravam e algumas pessoas definitivamente olhavam.
Não estava acostumada a ser o centro das atenções, mas sua confiança
assumia todo o ambiente em que entrava e fazia o lugar ser dele. Este foi
nosso primeiro encontro público desde que voltamos da casa do meu pai há
uma semana e era confortável de uma maneira que não esperava.

— Como está tudo? — perguntou-me, tirando-me do meu devaneio.

— É ótimo — respondi encontrando seu poderoso olhar.

Ele sorriu de volta e estendeu a mão para pegar na minha. Os dedos dele
nunca falharam ao enviar um arrepio de desejo pela minha espinha.

Disse que queria soltar um pouco de seu controle, mas isso não era
inteiramente verdade. Shane pode ter mudado as regras antigas, mas fez
novas regras, mais emocionantes para colocar no lugar. Ainda que eu fosse
dele, de corpo e alma.

— Bom, estou contente. — olhou por cima do ombro e, em seguida, de volta


para mim. — Sou eu ou as pessoas estão cochichando sobre nós?

B.B. HAMEL
Eu ri. Era tão óbvio que as pessoas estavam olhando e sabia que ele estava
tentando se certificar de que não estava em pânico.

— Não notara, na verdade.

— Ah bom, então é só comigo. Que grande ego eu tenho.

— Isso não é a única coisa grande que você tem. — sorri e ele riu.

— Srta. Woodall estamos em público.

— Então o que, Sr. Green? Não muda o quanto desejo te chupar debaixo
desta mesa agora.

Os olhos dele arderam nos meus e senti um choque do desejo correr até meu
núcleo.

— Talvez dê as pessoas um verdadeiro show. — ele disse.

Por um segundo seu olhar forte e a expressão séria quase me convenceram a


cair de joelhos e levá-lo na minha boca ali.

Mas antes de ir adiante com meu plano maluco, ele riu e olhou em volta.
Nosso garçom veio e colocou nossas refeições em frente a nós.
Quando o garçom saiu, Shane levantou sua taça de champanhe.

— Para nós. Ao nosso primeiro encontro.

Meus olhos se arregalaram um pouco.

B.B. HAMEL
— Segundo encontro, na verdade.

Ele balançou a cabeça.

— Não, eu estou contando este aqui como o primeiro. Para novos começos.

Tocamos as taças e bebemos.


As coisas eram boas desde que voltamos. Mudei-me com Shane, logo que
possível e fiquei com ele durante toda a semana. Voltamos ao trabalho,
tentamos manter a nossa relação mais profissional possível, mas houve uma
tarde onde a porta do escritório do Shane permaneceu fechada e trancada.

Janice estava alegre, como de costume. Ela parabenizou-me pela nossa


relação e disse que eu era uma garota de sorte.

Ainda não podia acreditar que eram velhos amigos, mas Janice assentiu com
a cabeça quando perguntei a ela sobre isso e contou-me muitas histórias
interessantes da juventude do Shane. Aparentemente, ele não fora sempre tão
misterioso e dominante, embora não tenha certeza se acreditei nisso.

Os paparazzi duplicaram os seus esforços para tirar fotos, embora


continuamos saindo pela porta dos fundos, não insistimos tanto nisso.
Tiravam fotos não importa o que fizéssemos e Shane disse que cansou de
esconder-me.

As coisas eram boas no escritório. Deixamos o stress do nosso


relacionamento para trás e focamos no meu app toda a semana. Parecia que
estava pegando impulso e tive uma B.B. HAMEL
sensação muito boa que faria uma diferença real na vida de algumas
crianças. Shane concordou, decidindo aumentar o financiamento, com a
aprovação de alguns dos seus diretores.

Tínhamos grandes planos para meu app, e ambos queríamos ter sucesso por
causa de todas as crianças que não têm as oportunidades que tivemos agora.
Jogávamos conversa fora enquanto comíamos e as coisas eram fáceis entre
nós. Era fácil de uma forma que não esperava que acontecesse. Embora o
desejasse ardentemente e achasse que cada segundo de roupas era um
segundo perdido, apreciei cada movimento com ele, como tomava conta de
tudo ao seu redor e dominava uma sala com seu encanto fácil e confiança.

Finalmente terminamos e ele pagou a conta. Caminhamos juntos, de braços


dados.

Em direção à porta do restaurante, Shane fez uma pausa.

— Pronta para isso? — perguntou-me. Havia paparazzi encostados em


carros, fumando cigarros Lá fora.

— Nunca estive tão pronta — disse a ele. Olhei para seu rosto, maxilar
cinzelado, mas notei uma leveza nos olhos dele que eu não vira antes.

— Vamos lá então. — ele disse. Empurramos através das portas e saímos


para a rua.

Imediatamente os paparazzi que começaram a gritar e tirar fotos. Apenas


algumas semanas atrás, Shane poderia ter B.B. HAMEL
gritado de volta e me empurrado para o carro, mas desta vez ele fez uma
pausa.
Fiquei chocada quando me abraçou, olhou-me nos olhos, o corpo tenso, os
olhos ardendo, então me beijou o mais profundamente que pôde. Os flashes
da câmera dispararam em nosso entorno como estrelas explodindo. Pensei
sobre como Shane estava quebrando suas próprias regras, mas sabia que elas
não se aplicavam mais. Havia novas regras para aprender e mais no futuro.
Meu mundo estava cheio de luz e ele, seus músculos e corpo forte
pressionados contra os meus, sua boca e seus lábios, o calor e cheiro
preenchendo cada parte dos meus sentidos, e as câmeras piscando, sabia que
tudo daria certo. Eu sabia que era dele e sempre seria.

B.B. HAMEL

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