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O uso de termos em psicologia

Harley Pacheco de Sousa


São Paulo
2012
A psicologia é um saber que tem como objetivo estudar o comportamento
humano por meio da ciência que em seu sentido estrito é o modo de adquirir
conhecimento por meio do método organizado de estudos que se dão através
de pesquisas que nada mais é que um meio de adquirir, corroborar ou
contestar conhecimentos.

As pesquisas têm como objetivo principal identificar e correlacionar ou em


certos casos relacionar variáveis que parecem se apresentar em fenômenos
específicos de modo que seja possível estabelecer a relação de causa e efeito
entre esses eventos durante os fenômenos estudados.

A ciência se utiliza de duas premissas básicas encontradas nas escolas


filosóficas empiristas e positivas que consiste em escolher um fenômeno,
decompô-lo utilizando o método cartesiano, escolher uma parte, reduzi-lo de
modo que se possa reproduzi-lo e assim estabelecer as relações de causa e
efeito.

Porém, quando tratamos de fenômenos humanos há uma problemática


bastante ampla, pois se sabe que esses fenômenos são extremamente
complexos, fluidos e evanescentes e que a principio não é possível reduzi-lo de
tal modo que seja passível de observação direta em laboratório, mas há um
momento em que é necessário que seja usado o operacionismo e o
pragmatismo cientifico, pois uma história inicial plausível será necessária.

Em psicologia temos uma serie conceitos que se fazem necessário explicar,


mas há uma dificuldade ampla causada pela limitação de sentido de algumas
palavras que nos força a utilizar alguns termos “menos errados” para tentar
expor o sentido mais pleno do que é proposto.

Em psicologia como em qualquer outra ciência se faz necessário o emprego


correto dos termos para uma explicação mais acertada para que assim não
adotemos o uso vago da linguagem.

Em ciência e psicologia devemos sempre recorrer ao uso das palavras de


modo operacionista que na prática é falar sobre observações, procedimentos
de manipulação e de cálculos envolvidos em fazê-las, os passos lógicos e
matemáticos que se interpõem entre a primeira afirmação e sobre nada mais.
O que desejo dizer é que em psicologia devemos nos abster do emprego
equivocado de termos mentalistas ou de termos que nos levem a estabelecer
relações da causa e efeito que em momento algum foram demonstradas e que
por isso nos guiem ao erro, tendo em vista que os processos e as instancias
mentais não se subjugam aos propostos científicos do operacionismo.

Os mentalistas afirmam existir instancias e processos que não se enquadram


no operacionismo cientifico e propõem assim a existência de relação de causa
e efeito entre fenômenos que não podem ser diretamente demonstrados e nos
ensinam equivocadamente a utilizar termos que mais confundem a nós do que
ajudam.

Nós podemos aceitar expressões desse tipo, mas elas não proporcionam um
esquema geral de definição, muito menos uma afirmação explícita da relação
entre conceito e operação.

Agente pode usar esses termos porque somos ensinados assim, mas não é
possível sempre mostrar a relação entre teoria e operação (causa e efeito), que
fica quase sempre implícita em nossa fala, isso não é exclusivamente culpa
nossa, talvez seja culpa também da limitação lingüística em vigor que substitui
as idéias por significados.

Exemplo claro desse erro é quando falamos por exemplo que é verdade que
um organismo reage a um sinal. Quando na verdade apenas em uma área
muito limitada é possível considerar o sinal como um estímulo que desencadeie
um evento.

Só seria possível afirmar isso se agente reduzisse o fenômeno de tal modo que
pudéssemos observá-lo diretamente e dizer que um estimulo é de fato
desencadeador de um comportamento.

Outro exemplo claro e obvio do erro de empregar certos termos em psicologia


está quando afirmamos que algum comportamento é disparado por ação da
instância chamada de “ID” pela psicanálise.

A psicologia deve ser uma análise operacional cuidadosa de conceitos que


rejeite o mal emprego de termos tradicionais. Devemos nos abster das
vantagens consideráveis ao lidar com termos, conceitos, constructos, e assim
por diante que nos ajudam a equivocadamente preencher lacunas dentro de
nossas linhas de raciocínio, mas devemos simplesmente utilizá-los na forma
em que eles são observados.

Pois o que queremos de verdade é saber as condições específicas de


estimulação sob as quais as variáveis estão ou parecem estar relacionadas a
certos comportamentos.
Algumas teorias da psicologia erram fortuitamente quando estabelecem
relações de causa e efeito que não podem ser observadas, diante disso as
teorias experimentais parecem errar menos.

A psicologia cientifica jamais afirmaria que algum estimulo desencadeia um


comportamento especifico, mas que aparentemente, dentro de uma situação
especifica, em certo contexto as variáveis “x” e “y” parecem se relacionar, pois
aparecem freqüentemente em ordem especifica. (freqüentemente não é
sempre, mas freqüentemente).

Porque não podemos reduzir o fenômeno humano de tal modo que seja
passível de observação direta inviabilizando a relação de causa e efeito.

O fenômeno humano deve ser observado e submetido ao rigor metodológico


de uma ciência positivista e deve evitar o uso e emprego de termos que não
sejam oriundos dessa linha.

Devemos utilizar o pragmatismo e buscar sempre a refutação do que se afirma


de modo que possamos reproduzi-los, refutá-los e/ou comprová-lo cada vez
mais.

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