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PF

POLÍCIA FEDERAL

Agente Administrativo
A APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA
ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: @concursosgoias

Vamos juntos!
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Pontuação
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7. Redes sociais
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probabilidade
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Ortografia oficial
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Acentuação gráfica
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6. Grupos de discussão
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Princípios de contagem
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Redes de computadores
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Significação das palavras
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10. Procedimentos de backup

Operações com conjuntos


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Regência nominal e verbal
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Raciocínio Lógico
Sintaxe da oração e do período

Concordância nominal e verbal


Língua Portuguesa

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Atualidades (Digital)
Emprego do sinal indicativo de crase

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Noções De Informática

8. Computação na nuvem (cloud computing)


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mento. Adequação do formato do texto ao gênero
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11. Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage)
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Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual

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Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows)
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ÍNDICE

5. Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla Thunderbirds)


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ciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais
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plorer, Mozilla Firefox e Google Chrome). Sítios de busca e pesquisa na Internet
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Emprego das classes de palavras. Emprego/correlação de tempos e modos verbais

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Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice)

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tura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia
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9. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
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9

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cul-
osições simples e compostas. Tabelasverdade. Equivalências. Leis de De Morgan. Diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem. Ra-
Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou proposicional). Prop-
Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Programas de navegação (Microsoft Internet Ex-
Redação de Correspondências oficiais (Manual de Redação da Presidência da República). Adequação da linguagem ao tipo de docu-
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ores.
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ecução.
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partamentalização.
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Constituição Federal

Gestão de contratos.
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Gestão de processos.
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cos, partidos políticos
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Princípios fundamentais
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administração direta e indireta.
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Noções de processos licitatórios.
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Capítulo III Segurança Pública: artigo 144
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atenuantes da responsabilidade do Estado
Espécies. Cargo, emprego e função pública

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Constituição Federal. Conceito, classificações
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Estrutura programática. Créditos ordinários e adicionais.
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Noções De Direito Constitucional
Noções De Direito Administrativo

Noções De Administração Pública


Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos
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ÍNDICE

Lei de Responsabilidade Fiscal. Conceitos e objetivos. Planejamento;


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2. Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies

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10. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República

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Receita pública. Conceito. Classificação segundo a natureza. Etapas e estágios.
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reta. Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista

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Poder executivo. atribuições do presidente da República e dos ministros de Estado
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Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios

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Noções De Administração Financeira E Orçamentária
4. Poderes administrativos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder

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8. Regime jurídico-administrativo. Conceito. Princípios expressos e implícitos da administração pública

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Licitação. Princípios. Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. Modalidades. Tipos. Procedimento

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9. Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal)

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6. Controle da administração pública. Controle exercido pela administração pública. Controle judicial. Controle legislativo

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Despesa pública. Conceito. Classificação segundo a natureza. Etapas e estágios. Restos a pagar. Despesas de exercícios anteri-
Programação e execução orçamentária e financeira. Descentralização orçamentária e financeira. Acompanhamento da ex-
Plano Plurianual na Constituição Federal. Diretrizes orçamentárias na Constituição Federal. Orçamento anual na Constituição Federal.
Orçamento público. Conceito. Técnicas Orçamentárias.Princípios orçamentários. Ciclo Orçamentário. O orçamento público no Brasil.
Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração; organização administrativa da União;
Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de de-
Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políti-
3. Agentes públicos. Legislação pertinente. Lei nº 8.112/1990. Disposições constitucionais aplicáveis. Disposições doutrinárias. Conceito.

do. Responsabilidade por omissão do Estado. Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado. Causas excludentes e
7. Responsabilidade civil do Estado. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Responsabilidade por ato comissivo do Esta-
Noções de organização administrativa. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. Administração direta e indi-
ÍNDICE

Noções De Gestão De Pessoas Nas Organizações


1. Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organização. 331

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2. A função do órgão de Gestão de Pessoas: atribuições básicas e objetivos, políticas e sistemas de informações gerenciais. 332

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3. Comportamento organizacional: relações indivíduo/organização, motivação, liderança, desempenho. 337

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Noções De Administração De Recursos Materiais
1. Classificação de materiais. Tipos de classificação. Gestão de estoques. Compras. Modalidades de compra. Cadastro de fornecedores.

Recebimento e armazenagem. Entrada. Conferência. Critérios e técnicas de armazenagem 349

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2. Compras no setor público. Edital de licitação 366

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3. Gestão patrimonial. Controle de bens. Inventário. Alterações e baixa de bens 367

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Noções De Arquivologia
1. Conceitos fundamentais de arquivologia. O gerenciamento da informação e a gestão de documentos. diagnósticos. Arquivos cor-

rentes e intermediário. Protocolos. Avaliação de documentos. Arquivos permanentes. Tipologias documentais e suportes físicos.
Microfilmagem. Automação. Preservação, conservação e restauração de documentos. 373

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Legislação Aplicada À Polícia Federal
1. Lei nº 7.102/1983: dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento

das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências. 385

. . . . . . . . .
2. Lei nº 10.357/2001: estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que direta ou indiretamente possam ser

destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá
outras providências. 387
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3. Lei nº 6.815/1980: define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração. 389

. . . . . . . . . . . . . . .
4. Lei nº 10.826/2003: Estatuto do Desarmamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400

5. Lei nº 12.830/2013: dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia. 406

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. TIPO- • Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,
LOGIA TEXTUAL fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. verbal com a não-verbal.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.

• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela


pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos


identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
damos a este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
e, por fim, uma leitura interpretativa. principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
É muito importante que você: identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
estado, país e mundo; você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias significativo, que é o texto.
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
ortográficas, gramaticais e interpretativas; título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais o assunto que será tratado no texto.
polêmicos; Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
Dicas para interpretar um texto: pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
– Leia lentamente o texto todo. pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
– Sublinhe as ideias mais importantes. estudos?
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
principal e das ideias secundárias do texto. bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
– Separe fatos de opiniões. reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e CACHORROS
mutável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
enunciados das questões. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
– Reescreva o conteúdo lido. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
tópicos ou esquemas. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas outro e a parceria deu certo.
são uma distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela As informações que se relacionam com o tema chamamos de
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
do texto. ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
apresentadas na prova. capaz de identificar o tema do texto!
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com cundarias/
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
nunca extrapole a visão dele. IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
TEXTOS VARIADOS

Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
 

está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio


ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).

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LÍBGUA PORTUGUESA
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
novo sentido, gerando um efeito de humor. recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
Exemplo: plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
       

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a NERO EM QUE SE INSCREVE
intenção são diferentes. Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Ironia de situação pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a principal. Compreender relações semânticas é uma competência
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
morte.
Ironia dramática (ou satírica) Busca de sentidos
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos tex- Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
tos literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre apreensão do conteúdo exposto.
intenções de outros personagens. É um recurso usado para apro- Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
fundar os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo citadas ou apresentando novos conceitos.
comédia, visto que um personagem é posto em situações que ge- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
ram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
do todo da narrativa. espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas

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LÍBGUA PORTUGUESA
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
imagens.
Importância da interpretação Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opi-
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se nião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto que
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos o leitor a concordar com ele.
específicos, aprimora a escrita. Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- de destaque sobre algum assunto de interesse.
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- berdade para quem recebe a informação.
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Fato
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Exemplo de fato:
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, A mãe foi viajar.
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Interpretação
Diferença entre compreensão e interpretação É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- sas, previmos suas consequências.
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
leitor tira conclusões subjetivas do texto. tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
Gêneros Discursivos ças sejam detectáveis.
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
tro país.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No
do que com a filha.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun-
dárias.
Opinião
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única que fazemos do fato.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
encaminham-se diretamente para um desfecho. cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- anteriores:
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
curto. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que do que com a filha. Ela foi egoísta.
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
como horas ou mesmo minutos. positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
mos expressando nosso julgamento.

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LÍBGUA PORTUGUESA
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, NÍVEIS DE LINGUAGEM
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo. Definição de linguagem
Exemplo: Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
com o sofrimento da filha. gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
e o do leitor. e caem em desuso.

Parágrafo Língua escrita e língua falada


O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é
 

A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua


desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
 

mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na


sentada na introdução. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
     

a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa-


   
Linguagem popular e linguagem culta
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz
  nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria o diálogo é usado para representar a língua falada.
prova.
Linguagem Popular ou Coloquial
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e
 
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado
 
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- expressão dos esta dos emocionais etc.
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
 

res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais


fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
ríodo, e o tópico que o antecede. cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
para a clareza do texto. conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
Gíria
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
sem coerência.
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
mais direto.
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os

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LÍBGUA PORTUGUESA
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode Características principais:
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
de pequenos grupos ou cair em desuso. bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
“mina”, “tipo assim”. • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Linguagem vulgar Exemplo:
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleitoral)
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se na
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
   
língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defini-
comida”. tivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
Linguagem regional suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- perior para formação de oficiais.
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, Tipo textual expositivo
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
Tipos e genêros textuais discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- pode ser expositiva ou argumentativa.
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- Características principais:
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
exemplos e as principais características de cada um deles. mar.
• Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
Tipo textual descritivo • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo de ponto de vista.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • Apresenta linguagem clara e imparcial.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, Exemplo:
um movimento etc. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
Características principais: questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função terminado tema.
caracterizadora. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
meração. Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
• A noção temporal é normalmente estática. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini-
ção. Tipo textual dissertativo-argumentativo
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Exemplo: clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Era uma casa muito engraçada tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Não tinha teto, não tinha nada (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia entrar nela, não Características principais:
Porque na casa não tinha chão • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Ninguém podia dormir na rede e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
Porque na casa não tinha parede gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
Ninguém podia fazer pipi de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
Porque penico não tinha ali enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
Mas era feita com muito esmero gestão/solução).
Na rua dos bobos, número zero • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
(Vinícius de Moraes) informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO um caráter de verdade ao que está sendo dito.
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
comportamentos, nas leis jurídicas.

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LÍBGUA PORTUGUESA
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o Tipo Textual Gêneros Textuais
desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro- Predominante
deios.
Exemplo: Descritivo Diário
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Relatos (viagens, históricos,
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente etc.)
administração política (tese), porque a força governamental certa- Biografia e autobiografia
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Notícia
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Currículo
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e Lista de compras
os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do Cardápio
desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da Anúncios de classificados
população, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: Injuntivo Receita culinária
fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos Bula de remédio
ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quan- Manual de instruções
do o caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar Regulamento
com uma cobrança efetiva (conclusão). Textos prescritivos

Tipo textual narrativo Expositivo Seminários


O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Palestras
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Conferências
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Entrevistas
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Trabalhos acadêmicos
Características principais: Enciclopédia
• O tempo verbal predominante é o passado. Verbetes de dicionários
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Dissertativo- Editorial Jornalístico
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – argumentativo Carta de opinião
onisciente). Resenha
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Artigo
prosa, não em verso. Ensaio
Exemplo: Monografia, dissertação de
Solidão mestrado e tese de doutorado
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
Narrativo Romance
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe-
Novela
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se.
Crônica
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
Contos de Fada
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Fábula
Nelson S. Oliveira
Lendas
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684
Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
GÊNEROS TEXTUAIS
nitos e mudam de acordo com a demanda social.
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
INTERTEXTUALIDADE
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
   

seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-


funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser-
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos
ambos: forma e conteúdo.
textuais que neles predominam.
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
provérbios, charges, dentre outros.

Tipos de Intertextualidade
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (paro-
dès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante)
e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”. Esse
recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.

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LÍBGUA PORTUGUESA
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), mento de premissas e conclusões.
significa a “repetição de uma sentença”. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- A é igual a B.
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha A é igual a C.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Então: C é igual a A.
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
e “graphé” (escrita). que C é igual a A.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Outro exemplo:
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa Todo ruminante é um mamífero.
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. A vaca é um ruminante.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- Logo, a vaca é um mamífero.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
“citação” (citare) significa convocar. também será verdadeira.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
          confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ARGUMENTAÇÃO banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem outro fundado há dois ou três anos.
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
propõe. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o der bem como eles funcionam.
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
vista defendidos. mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
sos de linguagem. de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom zado numa dada cultura.
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de ARGUMENTAÇÃO
escolher entre duas ou mais coisas”. O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado,
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna texto diz e faça o que ele propõe.
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o vista defendidos.
enunciador está propondo. As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que

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LÍBGUA PORTUGUESA
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
de linguagem. O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de Tipos de Argumento
escolher entre duas ou mais coisas”. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumento. Exemplo:
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse Argumento de Autoridade
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o verdadeira. Exemplo:
enunciador está propondo. “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das conhecimento. Nunca o inverso.
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos Alex José Periscinoto.
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
A é igual a B. a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo.
A é igual a C. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
Então: C é igual a B. acreditar que é verdade.
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
que C é igual a A. Argumento de Quantidade
Outro exemplo: É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
Todo ruminante é um mamífero. número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
A vaca é um ruminante. duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Logo, a vaca é um mamífero. desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão largo uso do argumento de quantidade.
também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, Argumento do Consenso
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo- verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que
se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia
chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo- de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao
nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que
e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo,
a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de
peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos.
Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos
mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos. argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase frases carentes de qualquer base científica.
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante Argumento de Existência
entender bem como eles funcionam. É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas mão do que dois voando”.
crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas
que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
navios, etc., ganhava credibilidade. não outras, etc. Veja:
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
Argumento quase lógico trocavam abraços afetuosos.”
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,
provável. pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir meio ambiente, injustiça, corrupção).
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
indevidas. o argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
Argumento do Atributo contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
que é mais grosseiro, etc. uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, outros à sua dependência política e econômica”.
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
da celebridade. assunto, etc).
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da Convém ainda alertar que não se convence ninguém com
competência linguística. A utilização da variante culta e formal manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é
texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer,
modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros
saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
médico: Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir.
por bem determinar o internamento do governador pelo período Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque um processo de convencimento, por meio da argumentação, no
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu
hospital por três dias. pensamento e seu comportamento.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão
argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia
para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo
comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não
pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um inflexão de voz, a mímica e até o choro.
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos

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LÍBGUA PORTUGUESA
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse alguns não caracteriza a universalidade.
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
vista. de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de para o efeito. Exemplo:
discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Fulano é homem (premissa menor = particular)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Logo, Fulano é mortal (conclusão)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
desenvolver as seguintes habilidades: percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de O calor dilata o ferro (particular)
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição O calor dilata o bronze (particular)
totalmente contrária; O calor dilata o cobre (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O ferro, o bronze, o cobre são metais
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
contra a argumentação proposta; Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
oposta. também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar
em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
sociedade. exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que - Lógico, concordo.
parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a - Claro que não!
conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio Exemplos de sofismas:
cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os Dedução
seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da Todo professor tem um diploma (geral, universal)
dedução. Fulano tem um diploma (particular)
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Indução
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
da verdade: (particular)
- evidência; Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
- divisão ou análise; Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
- ordem ou dedução; Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
- enumeração. – conclusão falsa)
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-
A forma de argumentação mais empregada na redação se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A
acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, sentimentos não ditados pela razão.

19
LÍBGUA PORTUGUESA
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não Os elementos desta lista foram classificados por ordem
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
sistematizar a pesquisa. das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria os pontos de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
relógio estaria reconstruído. de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
ser assim relacionadas: metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. - o termo a ser definido;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - o gênero ou espécie;
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de - a diferença específica.
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha O que distingue o termo definido de outros elementos da
dos elementos que farão parte do texto. mesma espécie. Exemplo:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
fenômeno. Elemento especiediferença
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece a ser definidoespecífica
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
são empregados de modo mais ou menos convencional. A Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é ou instalação”;
artificial. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
sabiá, torradeira. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);

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LÍBGUA PORTUGUESA
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
expandida;d mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as menos que, melhor que, pior que.
diferenças). Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
palavra e seus significados. afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
fundamentação coerente e adequada. tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas Nesse caso, incluem-se
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, mortal, aspira à imortalidade);
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar postulados e axiomas);
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que que parece absurdo).
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
a conclusão. um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos concretos, estatísticos ou documentais.
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar argumentação:
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou cordeiro”;
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela verdadeira;
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
assim, desse ponto de vista. à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de universalidade da afirmação;
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois

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LÍBGUA PORTUGUESA
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. que ela é inserida.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
para a elaboração de um Plano de Redação. cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
tecnológica textos caracterizada por um citar o outro.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
resposta, justificar, criando um argumento básico; se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
(rever tipos de argumentação); quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
consequência); outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
argumento básico; tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos,
argumento básico; desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
menos a seguinte: absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido
Introdução ou lido.
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia; Tipos de Intertextualidade
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. A intertextualidade acontece quando há uma referência
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
Desenvolvimento ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
- apresentação de aspectos positivos e negativos do novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
desenvolvimento tecnológico; intertextualidade.
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
condições de vida no mundo atual; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
países subdesenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
passado; apontar semelhanças e diferenças; reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros com outras palavras o que já foi dito.
urbanos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
mais a sociedade. textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
Conclusão Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
consequências maléficas; reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos
apresentados. e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa
redação: é um dos possíveis. arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante.
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já

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LÍBGUA PORTUGUESA
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos Primeira pessoa
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. só descobrimos ao decorrer da história.

A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa Segunda pessoa


produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sinta quase como outro personagem que participa da história.
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
termo “citação” (citare) significa convocar. Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse.
Pastiche é uma recorrência a um gênero. Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história
a recriação de um texto. é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver
“conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, acompanhando a leitura não fique confuso.
comum ao produtor e ao receptor de textos.
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito Coerência
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
daquela citação ou alusão em questão. linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
outra”).
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
A intertextualidade explícita: elementos formativos de um texto.
– é facilmente identificada pelos leitores; A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; elementos textuais.
– não exige que haja dedução por parte do leitor; A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
– apenas apela à compreensão do conteúdos. de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
A intertextualidade implícita: sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
– não é facilmente identificada pelos leitores; tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; imediato a coerência de um discurso.
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; A coerência:
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
parte dos leitores; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para tual;
a compreensão do conteúdo. - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
o aspecto global do texto;
PONTO DE VISTA - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos Coesão
de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
compreende a perspectiva através da qual se conta a história. numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O tem-se a coesão lexical.
narrador-observador e o narrador-personagem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
nentes do texto.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
  Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados outras palavras o que já foi dito.
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
A coesão: tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
 

- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial; um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
componentes do texto; de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
  e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- demagogia praticada pela classe dominante.
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
é inserida. científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois cultura é o melhor conforto para a velhice”.
textos caracterizada por um citar o outro.
 A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
  A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos termo “citação” (citare) significa convocar.
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros tex-
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode tos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
mencionar um provérbio conhecido. termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou- Pastiche é uma recorrência a um gênero.
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- a recriação de um texto.
zá-lo ou ao compará-lo com outros. Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- produtor e ao receptor de textos.
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi- além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm daquela citação ou alusão em questão.
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
Tipos de Intertextualidade A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex- implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. A intertextualidade explícita:
 

Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali- – é facilmente identificada pelos leitores;
dade. – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá- – não exige que haja dedução por parte do leitor;
logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as – apenas apela à compreensão do conteúdos.
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.

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LÍBGUA PORTUGUESA
A intertextualidade implícita:
  Uso de hífen
– não é facilmente identificada pelos leitores; Regra básica:
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; mem.
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
te dos leitores; Outros casos
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para 1. Prefixo terminado em vogal:
a compreensão do conteúdo. – Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
semicírculo.
ORTOGRAFIA OFICIAL – Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
mo, antissocial, ultrassom.
ORTOGRAFIA OFICIAL – Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein- das.
troduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O 2. Prefixo terminado em consoante:
PQRSTUVWXYZ – Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a -bibliotecário.
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
gui, que, qui. persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Regras de acentuação Observações:
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
sílaba) essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pa-
Como era Como fica lavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
alcatéia alcateia • O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
apóia apoia rar, cooperação, cooptar, coocupante.
apóio apoio • Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
mirante.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas • Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no • Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
u tônicos quando vierem depois de um ditongo. usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
Como era Como fica Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
baiúca baiuca muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
vamos passar para mais um ponto importante.
bocaiúva bocaiuva Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: Vejamos um por um:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem aberto.
e ôo(s). Já cursei a Faculdade de História.
Como era Como fica
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
abençôo abençoo fechado.
crêem creem Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ caso afundo mais à frente).
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Sou leal à mulher da minha vida.

Atenção:
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma.

25
LÍBGUA PORTUGUESA
As palavras podem ser: pra – to (o mesmo ocorre com esse exemplo)
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- - Alguns grupos consonantais iniciam palavras, e não podem
-já, ra-paz, u-ru-bu...) ser separados. Exemplos:
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, peu – mo – ni – a
sa-bo-ne-te, ré-gua...) psi – có – lo – ga
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima (sá-
-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) Acento Tônico
Quando se pronuncia uma palavra de duas sílabas ou mais, há
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: sempre uma sílaba com sonoridade mais forte que as demais.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, valor - a sílaba lor é a mais forte.
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) maleiro - a sílaba lei é a mais forte.
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, Classificação por intensidade
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) -Tônica: sílaba com mais intensidade.
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), - Átona: sílaba com menos intensidade.
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, - Subtônica: sílaba de intensidade intermediária.
dói, coronéis...)
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais Classificação das palavras pela posição da sílaba tônica
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) As palavras com duas ou mais sílabas são classificadas de acor-
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- do com a posição da sílaba tônica.
nar e fixar as regras. - Oxítonos: a sílaba tônica é a última. Exemplos: paletó, Paraná,
jacaré.
DIVISÃO SILÁBICA - Paroxítonos: a sílaba tônica é a penúltima. Exemplos: fácil, ba-
A cada um dos grupos pronunciados de uma determinada pala- nana, felizmente.
vra numa só emissão de voz, dá-se o nome de sílaba. Na Língua Por- - Proparoxítonos: a sílaba tônica é a antepenúltima. Exemplos:
tuguesa, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal, não existe sílaba mínimo, fábula, término.
sem vogal e nunca mais que uma vogal em cada sílaba.
Para sabermos o número de sílabas de uma palavra, devemos USOS DE “PORQUE”, “POR QUE”, “PORQUÊ”, “POR QUÊ”
perceber quantas vogais tem essa palavra. Mas preste atenção, pois
as letras i e u (mais raramente com as letras e e o) podem represen- USOS DE “PORQUE”, “POR QUE”, “PORQUÊ”, “POR QUÊ”
tar semivogais. O emprego correto das diferentes formas do “porque” sempre
gera dúvida. Resumidamente, esses são seus usos corretos:
Classificação por número de sílabas
Perguntas = por que
Monossílabas: palavras que possuem uma sílaba. Respostas = porque
Exemplos: ré, pó, mês, faz Perguntas no fim das frases = por quê
Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas. Substantivo = (o) porquê
Exemplos: ca/sa, la/ço. Vejamos uma explicação melhor de cada um:
Trissílabas: palavras que possuem três sílabas.
Exemplos: i/da/de, pa/le/ta. Por que?
Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais sílabas. Usamos em perguntas. “Por que” separado e sem acento é usa-
Exemplos: mo/da/li/da/de, ad/mi/rá/vel. do no começo das frases interrogativas diretas ou indiretas, e pode
ser substituído por: “pela qual” ou suas variações.
Divisão Silábica Trata-se de um advérbio interrogativo formado da união da
- Letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs”, e “xc” preposição “por” e o pronome relativo “pelo qual”.
devem permanecer em sílabas diferentes. Exemplos: Exemplos: Por que está tão quieta?
des – cer Não sei por que tamanho mau humor.
pás – sa – ro...
- Dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu” pertencem a uma única
Porque?
sílaba. Exemplos:
Usamos em respostas. Escrito junto e sem acento, trata-se de
chu – va
conjunção subordinativa causal ou coordenativa explicativa, e pode
quei – jo
ser substituído por palavras, como “pois”, ou as expressões “para
- Hiatos não devem permanecer na mesma sílaba. Exemplos:
que” e “uma vez que”.
ca – de – a – do
ju – í – z
- Ditongos e tritongos devem pertencer a uma única sílaba. Por quê?
Exemplos: Usamos em perguntas no fim das frases. Escreve-se separado e
en – xa – guei com acento circunflexo, e é usado no final das interrogativas diretas
cai – xa ou de forma isolada. Antes de um ponto mantém o sentido interro-
- Encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas não gativo ou exclamativo.
permanecem juntos, exceto aqueles em que a segunda consoante Exemplos: O portão não foi aberto por quê
é “l” ou “r”. Exemplos: Não vai comer mais? Por quê?
ab – dô – men
flau – ta (permaneceram juntos, pois a segunda letra é repre-
sentada pelo “l”)

26
LÍBGUA PORTUGUESA
Porquê? - Gostaria de mais frutas no café da manhã. / Gostaria de +
Usamos como substantivo, grafado junto e com acento circun- frutas no café da manhã.
flexo. Seu significado é “motivo” ou “razão”, e aparece nas senten- A forma mais comum de usar “mais” é como advérbio de in-
ças precedido de artigo, pronome, adjetivo ou numeral com objeti- tensidade, mas existem outras opções. Esta palavra pode receber
vo de explicar o motivo dentro da frase. classificações variadas a depender do contexto da oração. E assumir
Exemplo: Não disseram o porquê de tanta tristeza. a forma de um substantivo, pronome indefinido, advérbio de inten-
sidade, preposição ou conjunção.
Mau e Bom
Os Antônimos em questão são adjetivos, ou seja, eles dão ca- Como identificar
racterística a um substantivo, locução ou qualquer palavra substan- Para saber quando deverá ser usado “mais” ao invés de “mas”,
tivada. Seu significado está ligado à qualidade ou comportamentos, troque pelo antônimo “menos”.
podendo ser tanto sinônimos de “ruim/ótimo” e “maldoso/bondo- Assim:
so”. As palavras podem se flexionar por gênero e nûmero, se tor- - Mais café, por favor! / Menos café, por favor!
nando “má/boa”, “maus/bons” e “más/boas”. Veja alguns exemplos - Seis mais seis é igual a doze. / Seis menos seis é igual a zero.
e entenda melhor o seu uso. - Quanto mais conhecimento, melhor. / Quanto menos conhe-
Ele é um mau aluno cimento, pior.
Anderson é um bom lutador - Iolanda é a garota mais alta da turma. / Iolanda é a garota
Essa piada foi de mau gosto menos alta da turma.
Não sei se você está tendo boas influências - Gostaria de mais frutas no café da manhã. / Gostaria de me-
nos frutas no café da manhã.
Mal e Bem
Essas palavras normalmente são usadas como advérbios, ou Quando usar Mas
seja, elas caracterizam o processo verbal. São advérbios de modo A palavra “mas”, por ser uma conjunção adversativa, é usada
e podem ser sinônimos de “incorretamente/corretamente”, “erra- para transmitir ideia de oposição ou adversidade. Ela pode ser subs-
damente/certamente” e “negativamente/positivamente”. Mal tam- tituída pelas conjunções porém, todavia, contudo, entretanto, no
bém pode exercer função de conjunção, ligando dois elementos ou entanto e não obstante.
orações com o significado de “assim que”. Outro uso comum para
estas palavras é o de substantivo, podendo significar uma situação Como identificar
negativa ou positiva. Veja os exemplos seguidos das funções das Para saber quando deve-se usar “mas”, pode-se substituir a pa-
palavras em cada um deles para uma compreensão melhor. lavra por outra conjunção.
Maria se comportou mal hoje. – Adverbio Exemplos:
Eles representaram bem a sala. – Adverbio - Sairei mais tarde de casa, mas (porém) não chegarei atrasado
Mal começou e já terminou. – Conjunção no trabalho.
Eles são o mal da sociedade. – Substantivo - É uma ótima sugestão, mas (no entanto) precisa passar pela
Vocês não sabem o bem que fizeram. – Substantivo. gerência.
- Prefiro estudar Português a Matemática, mas (contudo) hoje
MAIS OU MAS tive que estudar Trigonometria.
Usadas para adição ou adversidade - Não peguei engarrafamento, mas (entretanto) chegarei atra-
As palavras mais ou mas têm sons iguais, mas são escritas de sado na escola.
formas diferentes e cada uma faz parte de uma classificação da
morfologia. Seus significados no contexto também vão mudar de- Dica esperta para identificar o “mas” na oração: como você
pendendo da palavra usada. pode ver nos exemplos, a palavra “mas” vem sucedendo uma vírgu-
No dia a dia, no discurso informal, é comum ouvir as pessoas la. Esta observação se aplica em muitos casos que geram a dúvida
falando “mais” quando, na verdade, querem se referir à expressão de quando usar “mais ou mas” no texto.
“mas” para dar sentido de oposição à frase. Por isso, é importante Além da dica acima, na hora de identificar o uso de mais ou
falar certo para escrever adequadamente. mas, atente-se para a possibilidade da palavra “mas” assumir carac-
Há formas fáceis e rápidas para entender a diferença de quan- terística de substantivo, quando trouxer ideia de defeito, e advér-
do usar mais ou mas por meio de substituições de palavras. Elas bio, quando intensificar ou der ênfase à afirmação.
serão explicadas ao longo do texto. Continue lendo este artigo para Exemplos:
nunca mais ter dúvidas sobre o uso destas expressões e ter sucesso 1) Como ideia de defeito: Messias é um bom garoto, mas anda
na sua prova. com más influências.
A frase expressa defeito porque embora Messias seja um bom
Quando usar Mais garoto, anda com más influências.
A palavra “mais” tem sentido de adição, soma, comparação ou 2) Como ênfase: Carlos é ingênuo, mas tão ingênuo, que todo
quantidade. É antônima de “menos”. Na dúvida entre mais ou mas, mundo tira vantagem disso.
utilize a opção com “i” quando o interlocutor quiser passar a ideia
de numeral. A frase passa a ter intensidade quando utilizou-se o termo em
Exemplos: negrito.
- Mais café, por favor! / + café, por favor!
- Seis mais seis é igual a doze. / Seis + seis é igual a doze. Observação: a palavra mas não deve ser confundida com más
- Quanto mais conhecimento, melhor. / Quanto + conhecimen- porque esta palavra quando é acentuada passa a ter equivalência
to, melhor. de plural do adjetivo “má”, que é o oposto de “boa”. Exemplo: “As
- Iolanda é a garota mais alta da turma. / Iolanda é a garota + más companhias não renderão um futuro promissor”.
alta da turma.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Mais ou mas em composições • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
A seguir, observa-se como as expressões foram usadas na mú- E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
sica “Mais uma vez”, interpretada por Renato Russo. dói, coronéis...)
Mas é claro que o sol • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
Vai voltar amanhã (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
Mais uma vez, eu sei Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
(...) nar e fixar as regras.
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS. EMPREGO/
Tem gente que não sabe amar CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está CLASSES DE PALAVRAS
Mas eu sei que um dia Substantivo
A gente aprende São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
Se você quiser alguém em quem confiar nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
Confie em si mesmo timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.  

(...)
Classificação dos substantivos
Compositores: Flavio Venturini / Renato Russo
Na primeira estrofe, observa-se os termos destacados em ne- SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
grito como exemplos de adversidade ou ressalva e adição respecti- apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
vamente. Já na segunda, tem-se duas ideias de adversidade. sua estrutura. macaco/sabão
Agora, tem-se o exemplo de como Marisa Monte usou “mais
ou mas” na canção “Mais uma vez”, interpretada por ela. SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
Mais uma vez eu vou te deixar COMPOSTOS: são formados porta-voz/
Mas eu volto logo pra te ver por mais de um radical em sua pé-de-moleque
Vou com saudades no meu coração estrutura.
Mando notícias de algum lugar. SUBSTANTIVOS Casa/
(..) PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
Compositores: Marisa De Azevedo Monte origem a outras palavras, ou população
seja, ela é a primeira. /formiga
ACENTUAÇÃO GRÁFICA SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/
DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons por outros radicais da língua.
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para SUBSTANTIVOS Rodrigo
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. PRÓPRIOS: designa /Brasil
Vejamos um por um: determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
da mesma espécie. São da Liberdade
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre sempre iniciados por letra
aberto. maiúscula.
Já cursei a Faculdade de História.
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
fechado.
uma mesma espécie.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este SUBSTANTIVOS Leão/corrente
caso afundo mais à frente). CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas
Sou leal à mulher da minha vida. com existência própria. Esses /lobisomem
seres podem ser animadoso /saci-pererê
As palavras podem ser: ou inanimados, reais ou
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- imaginários.
-já, ra-paz, u-ru-bu...) SUBSTANTIVOS Mistério/
– Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa- ABSTRATOS: nomeiam bondade/
-bo-ne-te, ré-gua...) ações, estados, qualidades confiança/
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima (sá- e sentimentos que não tem lembrança/
-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) existência própria, ou seja, só amor/
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: existem em função de um ser. alegria
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS,ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)

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LÍBGUA PORTUGUESA

SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/ • Grau:


COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores) rioso (do) que o seu.
espécie, mesmo quando – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
empregado no singular e rioso (do) que o seu.
constituem um substantivo – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
comum. quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS mo.
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
moso.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- mais famoso de todos.
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
uniformes nos famoso de todos.
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o Artigo
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em • Classificação e Flexão do Artigos
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. – Artigos Definidos: o, a, os, as.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá- O menino carregava o brinquedo em suas costas.
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira As meninas brincavam com as bonecas.
macho/palmeira fêmea. – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto Um menino carregava um brinquedo.
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a Umas meninas brincavam com umas bonecas.
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto Numeral
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou
o/a estudante, o/a colega. coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1). – Cardinais: indicam número ou quantidade:
– Singular: anzol, tórax, próton, casa. Trezentos e vinte moradores.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas. – Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau Quinto ano. Primeiro lugar.
diminutivo. – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra. quantidade é multiplicada:
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme. O quíntuplo do preço.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha – Fracionários: indicam a parte de um todo:
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.  
Dois terços dos alunos foram embora.

Adjetivo
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo:
imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão com-
posta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por
preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo:
golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vesperti-
no).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
no: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.  

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
res, japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,   Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
   

ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

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LÍBGUA PORTUGUESA
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pou-
co, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser vari-
 

áveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.
• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).
• Formas nominais do verbo
Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).
• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/pelo/
         

de + agente da passiva.
 

A casa foi aspirada pelos rapazes


A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
       

Aluga-se apartamento.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.  

– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas
Tipos Conjunções Coordenativas
Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversati-
contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
vas
Alternati-
já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
vas
Conclusi- assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portan-
vas to...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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LÍBGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante,
Conformativas
etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor,
Comparativas
etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que,
Consecutivas
etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome de-
monstrativo.
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)

• Devemos usar crase:


– Antes palavras femininas:
Iremos à festa amanhã
Mediante à situação.
O Governo visa à resolução do problema.
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substantivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Mas...
há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
– Expressões fixas
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de crase:
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às pres-
sas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escondidas, à
medida que, à proporção que.
• NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé.

– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou plural) usado em sentido generalizador:


Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a homem.
– Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
– Antes de pronomes
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.

33
LÍBGUA PORTUGUESA
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
– Antes de verbos no infinitivo
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:
• Frase:Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo.
Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio!
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.
• Período Simples: formado por uma única oração.
O clima se alterou muito nos últimos dias.
• Período Composto: formado por mais de uma oração.
O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.

O médico considerou o paciente hipertenso.


• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

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LÍBGUA PORTUGUESA
Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas


Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame • Lena estava triste, cansada, decepcionada.

final. •

Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,

passa no vestibular. lanchamos.

Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
quer comer pizza.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.
iremos mais lá.
João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá
Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava inveja.
de mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Substantivas
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de
Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de
Restringem o sentido de um termo quinta terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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LÍBGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de
causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas Adverbiais Assumem a função de advérbio de previsto.
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem
Assumem a função de advérbio de de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

PONTUAÇÃO

Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organi-
zar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da
sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns sinais
gráficos assim distribuídos:os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [ ... ]), e
os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão duplo [ — ],
parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de
oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências.
Estaremos presentes na festa.
Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa?
Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclamativa.
Ex: Que bela festa!
Reticências ( ... )
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve
espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.

36
LÍBGUA PORTUGUESA
Dois-pontos ( : ) 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, verbo e o adjunto.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
Ponto e vírgula ( ; ) é necessária:
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o Ontem, Maria foi à padaria.
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, Maria, ontem, foi à padaria.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- À padaria, Maria foi ontem.
ração (frequente em leis), etc. Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- sário:
bém uma linda decoração e bebidas caras. • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
Travessão ( — ) ção.
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- serem observadas na redação oficial.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir • Separa aposto.
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa vocativo.
um diálogo, com ou sem aspas. Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa termos repetidos.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] Aquele aluno era esforçado, esforçado.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in- ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên- ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados efeito, digo.
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi- ou seja, de fácil compreensão.
rem uma nova inserção. • Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go- tos).
vernador) O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
Aspas ( “ ” ) res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação • Separa orações coordenadas assindéticas.
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain- ideias na cabeça...
da, para marcar o discurso direto e a citação breve. • Isola o nome do lugar nas datas.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo. Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
Vírgula • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden- forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à mações comprovam, etc.
vírgula: Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- nizar o problema.
mos” o momento certo de fazer uso dela. A vírgula realmente tem uma quantidade maior de regras, mas
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em nada impossível de saber, não é?!?! Bom, já vimos muita coisa até
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o aqui e não vamos parar agora.
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois. Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or- concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo > referem.
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj). Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
sa.
Mariafoiàpadariaontem. Casos Especiais de Concordância Nominal
Sujeito VerboObjetoAdjunto • Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor- alerta.
re por alguns motivos: • Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-
ção de palavras compostas:
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

37
LÍBGUA PORTUGUESA
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Pendente de
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Preferível a
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando Próximo a, de
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
do advérbios: Respeito a, com, de, para com, por
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou Situado a, em, entre
meia dúzia de ovos.
Ajudar (a fazer algo) a
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem. Aludir (referir-se) a
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Aspirar (desejar, pretender) a
substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados. Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Deparar (encontrar) com
Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: Implicar (consequência) Não usa preposição
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Lembrar Não usa preposição
mes.
Pagar (pagar a alguém) a
Concordância ideológica ou silepse
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Precisar (necessitar) de
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no Proceder (realizar) a
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Responder a
Blumenau estava repleta de turistas. Visar ( ter como objetivo a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú- pretender)
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
texto.
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pessoa SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos. Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
• Regência Nominal que compõem este estudo.
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- Antônimo e Sinônimo
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- Começaremos por esses dois, que já são famosos.
mento é estabelecida por uma preposição. O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
• Regência Verbal Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). homem que é antônimo de mulher.
Isto pertence a todos. Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e
que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
Regência de algumas palavras to importante para produções textuais, porque evita que você fi-
que repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/conten-
Esta palavra combina com Esta preposição tamento e homem é sinônimo de macho/varão.
Acessível a
Hipônimos e Hiperônimos
Apto a, para Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa
Atencioso com, para com uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperôni-
mo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, ca-
Coerente com
chorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais
Conforme a, com domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido
Dúvida acerca de, de, em, sobre mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com
substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das
Empenho de, em, por palavras, beleza?!?!
Fácil a, de, para, Outros conceitos que agem diretamente no sentido das pala-
vras são os seguintes:
Junto a, de

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LÍBGUA PORTUGUESA
Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.
As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.
Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA). ADEQUAÇÃO


DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO. ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO

O que é Redação Oficial1


Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Inte-
ressa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de
linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no
artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a
impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
comunicações oficiais. Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impos-
sibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado
de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
concisão. Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para sua elabo-
ração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de
10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi
mantida no período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o
que exige o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são necessariamente unifor-
mes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso
de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).

1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

39
LÍBGUA PORTUGUESA
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca-
expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida-
para comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati-
de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primei- o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em
ra edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo
que se buscou fazer das características específicas da forma oficial se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem
a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e
linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há
redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita,
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases. como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im- uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema-
pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de
que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que
texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para
essas características fundamentais da redação oficial, passemos à mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân-
análise pormenorizada de cada uma delas. cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma-
ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de
A Impessoalidade si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre-
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter-
a) alguém que comunique, minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema-
b) algo a ser comunicado, e mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de
c) alguém que receba essa comunicação. estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos
dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço
faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di-
com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade
visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto
de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa
uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul-
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór-
gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce- to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal,
be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários
assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci-
embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che- ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo,
que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro- por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos
nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes os cidadãos.
setores da Administração guardem entre si certa uniformidade; Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex-
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre-
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes- figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir,
soal; então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for-
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con-
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem- sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre-
isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão, gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
alcançada a necessária impessoalidade.
por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros

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LÍBGUA PORTUGUESA
órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. É pela correta observação dessas características que se redige
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis- com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros
e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu-
Formalidade e Padronização ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente,
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi- destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por
gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de-
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da- que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre
quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni-
(v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa-
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade
riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu-
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária
ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima.
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
nual, exige que se atente para todas as características da redação As comunicações oficiais
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se-
datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da
correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza- Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada
ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo.
normas específicas para cada tipo de expediente. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego
Concisão e Clareza dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do do signatário.
texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máxi-
mo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija Pronomes de Tratamento
com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conheci-
mento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para Breve História dos Pronomes de Tratamento
revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem
se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após
de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos,
princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre- “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a
gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis-
forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de
reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e
foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com
todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se
secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de- o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia
talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência,
que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes
clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de-
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em
claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes
No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida-
estritamente das demais características da redação oficial. Para ela des civis, militares e eclesiásticas.
concorrem:
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações Concordância com os Pronomes de Tratamento
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
restrita, como a gíria e o jargão; matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni-
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo
cindível uniformidade dos textos; concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís- sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
ticos que nada lhe acrescentam. cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-

41
LÍBGUA PORTUGUESA
so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero A Sua Excelência o Senhor
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e Fulano de Tal
não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in- Juiz de Direito da 10a Vara Cível
terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa- Rua ABC, no 123
do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa 01.010-000 – São Paulo. SP
Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento
Emprego dos Pronomes de Tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig-
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público,
a secular tradição. São de uso consagrado: sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
para particulares. O vocativo adequado é:
a) do Poder Executivo; Senhor Fulano de Tal,
Presidente da República; (...)
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado; No envelope, deve constar do endereçamento:
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe- Ao Senhor
deral; Fulano de Tal
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Rua ABC, nº 123
Embaixadores; 70.123 – Curitiba. PR
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
cargos de natureza especial; Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em-
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem
Prefeitos Municipais. o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o
b) do Poder Legislativo: uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor
Deputados Federais e Senadores; não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
Ministro do Tribunal de Contas da União; indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em
Deputados Estaduais e Distritais; comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
c) do Poder Judiciário: Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese-
Ministros dos Tribunais Superiores; jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma
Membros de Tribunais; Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu-
Juízes; nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
Auditores da Justiça Militar. vocativo:
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Magnífico Reitor,
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec- (...)
tivo: Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, hierarquia eclesiástica, são:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede- tivo correspondente é:
ral. Santíssimo Padre,
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, (...)
seguido do cargo respectivo: Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co-
Senhor Senador, municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Senhor Juiz, Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Senhor Ministro, Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
Senhor Governador, (...)
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se-
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
A Sua Excelência o Senhor religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
Fulano de Tal e demais religiosos.
Ministro de Estado da Justiça
70.064-900 – Brasília. DF Fechos para Comunicações
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
A Sua Excelência o Senhor óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
Senador Fulano de Tal para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
Senado Federal taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
70.165-900 – Brasília. DF padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to-
das as modalidades de comunicação oficial:

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LÍBGUA PORTUGUESA
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re- – Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto
pública: contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
Respeitosamente, em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in- – Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
ferior: tada a posição recomendada sobre o assunto.
Atenciosamente, Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au- Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos
toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de- a estrutura é a seguinte:
vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das – Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
Relações Exteriores. solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
Identificação do Signatário nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú- do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina- segundo a seguinte fórmula:
tura. A forma da identificação deve ser a seguinte: “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, en-
(espaço para assinatura) caminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do
NOME Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do
Chefe da Secretária-geral da Presidência da República servidor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronuncia-
(espaço para assinatura) mento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de
NOME 1991, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a
Ministro de Estado da Justiça respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas na re-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura gião Nordeste. ”
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me- – Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
nos a última frase anterior ao fecho. algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
O Padrão Ofício não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi- encaminhamento.
nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, g) assinatura do autor da comunicação; e
que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatá-
cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme- rio).
lhanças.
Forma de diagramação
Partes do documento no Padrão Ofício Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes forma de apresentação:
partes: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
o expede: b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman
Exemplos: poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha- da página;
mento à direita: d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Exemplo: sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
13 e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Brasília, 15 de março de 1991. espelho”);
c) assunto: resumo do teor do documento e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
Exemplos: cia da margem esquerda;
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. mo, 3,0 cm de largura;
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
dereço. mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
comportar tal recurso, de uma linha em branco;
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura,
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
-me informar que”, empregue a forma direta;
documento;

43
LÍBGUA PORTUGUESA
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
e ilustrações;
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser Exposição de Motivos
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; — Definição e Finalidade
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
Rich Text nos documentos de texto; República ou ao Vice-Presidente para:
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem a) informá-lo de determinado assunto;
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro- b) propor alguma medida; ou
veitamento de trechos para casos análogos; c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do República por um Ministro de Estado.
documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi-
produtividade ano 2002” nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi-
Aviso e Ofício nisterial.
— Definição e Finalidade — Forma e Estrutura
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica- Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe- padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a
dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex-
demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
no caso do ofício, também com particulares. exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma
— Forma e Estrutura medida ou submeta projeto de ato normativo.
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen-
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula. sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Exemplos: Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
Senhora Ministra ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam
Senhor Chefe de Gabinete também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá-
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin- rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
tes informações do remetente: apontar:
– Nome do órgão ou setor; a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
– Endereço postal;
medida ou do ato normativo proposto;
– telefone E endereço de correio eletrônico.
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
Memorando
tuais alternativas existentes para equacioná-lo;
— Definição e Finalidade
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica-
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto,
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter
caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex- modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março
posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por de 2002.
determinado setor do serviço público. Sua característica principal é Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério
a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve ou órgão equivalente) nº de 200.
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro-
cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni- 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providên-
cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio cias
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. 2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- medida proposta
plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, 3. Alternativas existentes às medidas propostas
e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no Mencionar:
memorando. - Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
— Forma e Estrutura - Se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão - Outras possibilidades de resolução do problema.
ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio- 4. Custos
nado pelo cargo que ocupa. Mencionar:
Exemplos: - Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche- mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
fe para Assuntos Jurídicos - Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário,
especial ou suplementar;

44
LÍBGUA PORTUGUESA
- Valor a ser despendido em moeda corrente;

5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente Mensagem


se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva — Definição e Finalidade
tramitar em regime de urgência) É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
Mencionar: Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
- Se o problema configura calamidade pública; do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
- Por que é indispensável a vigência imediata; da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te- da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
nham sido previstos; matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
prevista. de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa-
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi-
gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re-
da proposta possa vir a tê-lo)
pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens
7. Alterações propostas
mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se-
8. Síntese do parecer do órgão jurídico
guintes finalidades:
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro-
posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode
exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de
anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos,
alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade: a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
resolver; República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano plurianu-
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas al, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
cutivo (v. 10.4.3.). do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá
assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
o problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pes-
Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
soal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação,
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção,
de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria),
não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à ex- de encaminhamento ao Congresso.
posição de motivos. b) encaminhamento de medida provisória.
Ressalte-se que: Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
comentários a serem ali incluídos. c) indicação de autoridades.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação
a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, conci- de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do
culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di-
a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci-
República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado,
ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em devidamente assinado, acompanha a mensagem.
parte.

45
LÍBGUA PORTUGUESA
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata- lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O (Constituição, art. 84, XX);
Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de tituição, art. 137);
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter – Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a – Proposta de modificação de projetos de leis financeiras
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso (Constituição, art. 166, § 5o);
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem – Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166,
ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
§ 8o);
administrativo.
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi-
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc.
abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as — Forma e Estrutura
contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), As mensagens contêm:
para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui- a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a talmente, no início da margem esquerda:
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- Mensagem no
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
forma de livro. da República, não traz identificação de seu signatário.
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio- Telegrama
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde — Definição e Finalidade
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san- comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
ção. tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
i) comunicação de veto. e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto
bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e
deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
— Forma e Estrutura
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura
j) outras mensagens.
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
mensagens com: na Internet.
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); Fax
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera- — Definição e Finalidade
ções e prestações interestaduais e de exportação O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for-
(Constituição, art. 155, § 2o, IV); ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen-
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa-
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
– Pedido de autorização para operações financeiras externas conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
(Constituição, art. 52, V); e outros. documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
Entre as mensagens menos comuns estão as de: segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com
ção, art. 57, § 6o); o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida-
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da mente.
República (art. 52, XI, e 128, § 2o); — Forma e Estrutura

46
LÍBGUA PORTUGUESA
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura (E) lâmpada.
que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário
com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
me exemplo a seguir: 4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série
Correio Eletrônico em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras:
— Definição e finalidade (A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra-
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, -vermelho.
transformou-se na principal forma de comunicação para transmis- (B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in-
são de documentos. fra-assinado.
— Forma e Estrutura (C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua (D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con-
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es- trarregra.
trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatí- (E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra-
vel com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e -mencionado.
Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio
eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or- 5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003)
ganização documental tanto do destinatário quanto do remetente. Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em-
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe- pregadas e grafadas.
rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha al- (A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po-
gum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo. der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de qualquer excesso e violência.
leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pe- (B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
dido de confirmação de recebimento. mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
—Valor documental
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
isso, num modo de intervenção específico.
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
aceito como documento original, é necessário existir certificação di-
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento
gital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol-
em lei.
ta que ambos possam suscitar.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
EXERCÍCIOS der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
corpo dos supliciados.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
se fundamenta em intertextualidade é:
organização em delinqüência.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido
há muito tempo.”
6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR –
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
mete onde não é chamada.”
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente (A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
mesmo!” extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
tudo bem.” mentos pessoais por meio de sua música.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
composições do músico na cultura ocidental.
2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alterna- (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
tiva em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão. sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona-
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. gens.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
(C) “sérios”, “potência”, “após”. deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”. 7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser
retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa-
3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA- drão na seguinte sentença:
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex- (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
objetivo é a seguinte: (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(A) pôr. (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(B) ilhéu. (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
(C) sábio.
(D) também.

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LÍBGUA PORTUGUESA
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
ca (des + entristecer).
8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM 12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra
pontuação em: formada por derivação:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi- (A) parassintética;
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião. (B) prefixal;
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra- (C) sufixal;
teiramente pela porta? (D) imprópria;
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se (E) regressiva.
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui- 13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
(A) pronome;
irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
(B) adjetivo;
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
(C) advérbio;
penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
(D) substantivo;
cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia. (E) preposição.
9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira- 14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
mente correta a pontuação do seguinte período: morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis (A) Pronome demonstrativo.
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque- (B) Pronome relativo.
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente (C) Pronome possessivo.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (D) Pronome pessoal.
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (E) Pronome indefinido.
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem 15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
importância, ditam o rumo de toda a história. oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas nhados classificam-se, respectivamente, em
providências, que, tomadas por figurantes aparentemente, (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
importância, ditam o rumo de toda a história.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, 16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque- 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor-
nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente, reta.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo 35% deles fosse despejado em aterros.
mesmo processo de formação é: (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer; de lixo.
(C) deslealdade, colunista, incrível;
(D) anoitecer, festeiro, infeliz;
(E) reeducação, dignidade, enriquecer.

11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –


2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
palavra primitiva foi formada respectivamente é:
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
tica (en + trist + ecer);
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
(en + triste + cer);
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
tética (en + trist + ecer);
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
xal (des + entristecer);

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LÍBGUA PORTUGUESA

21. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS –


17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações dormiu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segun-
de concordância no texto abaixo. da oração.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou (A) Oração coordenada assindética aditiva.
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lu- (B) Oração coordenada sindética aditiva.
cratividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais fa- (C) Oração coordenada sindética adversativa.
voráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- (D) Oração coordenada sindética explicativa.
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as (E) Oração coordenada sindética alternativa.
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- 22. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
orações.
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
sativa.
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi-
plural em “deflacionados”.
tiva.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu-
em “Elevaram-se”.
tiva.
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
regras de concordância com “economia”.
bial consecutiva.
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
singular em “fez aumentar”.
23. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana-
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
lise sintaticamente a oração em destaque:
com “relevantes”.
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen-
sados” (Machado de Assis).
18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal.
– 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
(B) oração subordinada adverbial causal.
te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(D) oração coordenada sindética conclusiva.
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(E) oração coordenada sindética explicativa.
(C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) Ele gosta de bife à cavalo.
24. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI-
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser
19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de
“Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase
que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
nada retratam as necessidades de populações distintas.”.
a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
A oração grifada no trecho acima classifica-se como:
locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
(A) subordinada substantiva predicativa;
marcada com o acento, EXCETO em:
(B) subordinada adjetiva restritiva;
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
(C) subordinada substantiva subjetiva;
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
(D) subordinada substantiva objetiva direta;
eleitorado pelo resultado final.
(E) subordinada adjetiva explicativa.
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú-
25. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No
vel.
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
tema.
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia,
mas nunca à custa de nossos filhos...”
20. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um
dética adversativa;
(a):
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças
plicativa;
americanas, entre na fila.”
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e
bial concessiva;
subordinadas.
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
(B) Período, composto por três orações.
sindética adversativa;
(C) Oração, pois possui sentido completo.
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
(D) Período, pois é composto por frases e orações.
cessiva.

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LÍBGUA PORTUGUESA
26. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No perí- 28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
odo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um ainda suja o Brasil”:
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
história.”, a oração sublinhada é classificada como: no desenvolvimento do assunto.
(A) coordenada assindética; II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
(B) subordinada substantiva completiva nominal; blemas no uso de conjunções e preposições.
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
(D) subordinada substantiva apositiva. de palavras e da ordem sintática.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
Leia o texto abaixo para responder a questão. temática e bom uso dos recursos coesivos.
A lama que ainda suja o Brasil
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) Analise as assertivas e responda:
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um (A) Somente a I é correta.
dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei- (B) Somente a II é incorreta.
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de (C) Somente a III é correta.
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio (D) Somente a IV é correta.
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam- Leia o texto abaixo para responder as questões.
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica- UM APÓLOGO
ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de Machado de Assis.
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro- Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro, — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos — Deixe-me, senhora.
se tornou uma bomba relógio na região.” — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun- der na cabeça.
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór- o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta outros.
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do — Mas você é orgulhosa.
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um — Decerto que sou.
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar- — Mas por quê?
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori- — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos ama, quem é que os cose, senão eu?
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com que quem os cose sou eu, e muito eu?
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer. — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+- daço ao outro, dou feição aos babados…
QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: mando…
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um — Também os batedores vão adiante do imperador.
fato. — Você é imperador?
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
gênero textual editorial. balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
que se trata de uma reportagem. Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
se trata de um editorial. tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
Analise as assertivas e responda: fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
(A) Somente a I é correta. orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
(B) Somente a II é incorreta. os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
(C) Somente a III é correta isto uma cor poética. E dizia a agulha:
(D) A III e IV são corretas. — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
e acima…
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que

50
LÍBGUA PORTUGUESA
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era 30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli- valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que (A) dimensão e pejoratividade;
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para (B) afetividade e intensidade;
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da (C) afetividade e dimensão;
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, (D) intensidade e dimensão;
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, (E) pejoratividade e afetividade.
perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da 31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
Vamos, diga lá. (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca- nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze (C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
fico. (D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi-
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis- nária!” (L.43)
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a (E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
muita linha ordinária! co?” (L.25)

29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis 32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre-
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os sente no texto:
elementos dos textos: (A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho,
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole-
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do
sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho,
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.

33. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-


des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
acima, na ordem dada, as expressões:
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en- (A) a que – de que;
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) (B) de que – com que;
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é (C) a cujas – de cujos;
agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (D) à que – em que;
(L.06) (E) em que – aos quais.
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adian-
te, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu
faço e mando...” (L.14-15)
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há
pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa
comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha
de costura. Faze como eu, que não abro caminho para nin-
guém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)

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LÍBGUA PORTUGUESA
34. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) 38. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 )
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi-
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe- cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação
maior taxa registrada na última década. que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que se quer dizer.
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a (A) Dois-pontos.
conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). (B) Ponto-e-vírgula.
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento (C) Ponto-de-interrogação.
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em (D) Ponto-de-exclamação.
que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de 39. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS-
novas fontes de petróleo. AOCP – 2018)
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí- Público redige atos normativos e comunicações. Em relação à reda-
da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação ção de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO,
menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina. os itens a seguir.
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) con-
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo teúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa.
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (Minis-
que o do Brasil. tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O assunto
é sempre referente às atribuições do órgão que comunica. O desti-
35. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – natário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o conjunto
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
o seguinte par de palavras: Poderes da União.
(A) estrondo – ruído;
(B) pescador – trabalhador; ( ) Certo
(C) pista – aeroporto; ( ) Errado
(D) piloto – comissário;
(E) aeronave – jatinho. 40. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 )
36. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. Con-
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma forme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor em
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é sus- 2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras grafa-
tentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque tem das conforme o Acordo.
como antônimo: I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico, ca-
(A) fortuna; pitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
(B) opulência; II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei, di-
(C) riqueza; retor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente.
(D) escassez; III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire-
(E) abundância. tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário.
IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação,
37. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA – pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria-
2019) -Geral.
Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró-
afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti- -ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria-
nado ao presidente do Congresso Nacional é -Executiva, tenente-coronel.
(A) Senhor Presidente.
(B) Excelentíssimo Senhor Presidente. Assinale a alternativa CORRETA:
(C) Presidente. (A) As afirmações I, II, III e V estão corretas.
(D) Excelentíssimo Presidente. (B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas.
(E) Excelentíssimo Senhor. (C) As afirmações II, III e IV estão corretas.
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas.
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas.

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LÍBGUA PORTUGUESA
41. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018)
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. GABARITO
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda-
mentem esses usos.
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: 1 E
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. 2 A
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª 3 A
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. 4 D
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona-
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes 5 B
de desferir os golpes. 6 C

INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso 7 B


da vírgula em cada frase. 8 E
( ) Para destacar deslocamento de termos.
9 A
( ) Para separar adjuntos adverbiais.
( ) Para indicar um aposto. 10 A
11 A
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(A) 1 – 2 – 3. 12 D
(B) 2 – 1 – 3. 13 A
(C) 3 – 1 – 2.
(D) 3 – 2 – 1. 14 E
15 B
16 E
17 A
18 A
19 D
20 B
21 C
22 C
23 E
24 A
25 D
26 B
27 C
28 D
29 E
30 D
31 D
32 D
33 A
34 D
35 E
36 D
37 B
38 B
39 A
40 E
41 C

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LÍBGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES LINUX E WINDOWS)

Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens1.

Versões do Windows 10
– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

1 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de Trabalho (pacote aero)
Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.2

Aero Glass (Efeito Vidro)


Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.3

2 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/
3 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Flip (Alt+Tab)
Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

Aero Shake (Win+Home)


Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)
Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)


O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.4


Nova Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.5

4 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
5 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

Cortana no Windows 10.6

6 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visua-
lizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.


Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades ou em
sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.7

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.8

7 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas
8 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de ar-
quivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Central de Segurança do Windows Defender
A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.9

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na área de trabalho do Windows 10.

9 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Outros Acessórios do Windows 10 Linux Ubuntu em modo texto:
Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados,
mas os relacionados a seguir são os mais populares:
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário. Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí-
sicos).
– Ferramenta de Captura.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer.
– Mapas.
– Mapa de Caracteres.
– Paint.
– Windows Explorer.
– WordPad.
– Xbox.

Principais teclas de atalho


CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações. Conceito de pastas e diretórios
WIN + C: cortana. Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
WIN + E: explorador de arquivos. ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
WIN + H: compartilhar. nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
WIN + I: configurações. de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas. Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.

LINUX
O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po-
demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim
uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar
o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.
Linux possui várias distribuições para uso.
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona Uso dos menus
como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado. Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são
necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma inter-
face gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o
mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendi-
zado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis
para serem utilizadas.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas


nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
botão:

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com
alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem
um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas
bem comuns:
• Firefox (Navegador para internet);
Desta forma já vamos direto ao item desejado • Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Mi-
Área de transferência crosoft Office).
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for-
ma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em se- EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E BROFFICE)
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, Microsoft Office
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhan-
tes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, pode-
mos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmen-
te não foi concebido com interface gráfica.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas


na cor azul e os arquivos na cor branca.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para • Alinhamentos
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
GUIA PÁGINA TECLA DE
Word ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos Justificar (arruma a direito
então apresentar suas principais funcionalidades. e a esquerda de acordo Ctrl + J
com a margem
• Área de trabalho do Word
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo Alinhamento à direita Ctrl + G
com a necessidade.
Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

• Iniciando um novo documento


GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas


e baixas

Limpa a formatação

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do • Marcadores


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
desejadas. guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Outros Recursos interessantes: – Podemos também ter o intervalo A1..B3

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar
Forma
Página - Mudar cor
inicial de Fundo
- Mudar cor
do texto

- Inserir
Tabelas
Inserir
- Inserir
Imagens – Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.
Verificação e
Revisão correção ortográ- • Formatação células
fica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
tomaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento • Fórmulas básicas
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre- Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor. apresentado anteriormente.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint,
o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos,
no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópi- Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro
co referente ao Word, itens de formatação básica de texto como: slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
recursos gerais. uma posição para outra utilizando o mouse.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no para passagem entre elementos das apresentações.
trabalho com o programa.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- • Atualizações no Word
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando – No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
a digitação de equações.
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade • Atualizações no Excel
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- – O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
vando a experiência dos usuários a outro nível. riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
Office 2013 questão do compartilhamento dos arquivos.
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar • Atualizações no PowerPoint
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen- além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tos com telas simples funciona normalmente. tão do compartilhamento dos arquivos;
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po- 3D na apresentação.
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart-
fones diversos. Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
• Atualizações no Word ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen); veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; • Atualizações no Word
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura; desenvolvimento de documentos;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).
• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.
• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.
Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

LIBREOFFICE OU BROFFICE

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades GUIA PÁGINA
de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel, Po- ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO
INCIAL
werPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice:
Writer, Calc e o Impress). Alinhamento a
Control + L
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Li- esquerda
nux e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Win-
Centralizar o texto Control + E
dows, visto a sua concorrência com o OFFICE.
Abaixo detalharemos seus aplicativos:
Alinhamento a direita Control + R
LibreOffice Writer
Justificar (isto é
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido
arruma os dois lados,
na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, aposti-
direita e esquerda Control + J
las e comunicações em geral.
de acordo com as
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.
margens.
Área de trabalho do Writer
Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo
com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes
às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos
nossos documentos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

Sublinhado
Iniciando um novo documento
Taxado

Sobrescrito

Subescrito

Marcadores e listas numeradas


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

OU

Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada


na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa
necessidade e estilo que ser aplicado no documento.
Conhecendo a Barra de Ferramentas

Alinhamentos
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Outros Recursos interessantes: Outros Recursos interessantes

ÍCONE FUNÇÃO ÍCONE FUNÇÃO


Mudar cor de Fundo Ordenar
Mudar cor do texto Ordenar em ordem
Inserir Tabelas crescente
Inserir Imagens Auto Filtro
Inserir Gráficos Inserir Caixa de Texto
Inserir Caixa de Texto Inserir imagem
Inserir gráfico
Verificação e correção ortográfica
Verificação e correção
ortográfica
Salvar

Salvar
LibreOffice Calc
O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu- Cálculos automáticos
los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins. Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a criação
de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e gráficos totais.
Área de trabalho do CALC São exemplos de planilhas CALC.
Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de — Planilha para cálculos financeiros.
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme- — Planilha de vendas
lhantes às já conhecidas do Office. — Planilha de custos
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
tomaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo? Veja:

A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que


nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste
exemplo coluna A, linha 2 ( Célula A2 )
Podemos também ter o intervalo A1..B3

Vamos à algumas funcionalidades


— Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e


digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha.
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui
tamanho

Itálico

Cor da Fonte

Cor Plano de Fundo

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação células Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es-
crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou
até mesmo excluí-las.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse
os quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Formatação dos textos:

Fórmulas básicas
— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por
exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)
— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
=MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.
A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um
tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira: Itens demarcados na figura acima:
Área de trabalho — Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de- — Caractere: Letra, estilo, tamanho.
parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo — Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante — Marcadores e numerações: Organização dos elementos e
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de- tópicos.
senvolvimento do trabalho.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Outros Recursos interessantes: Percebemos agora que temos uma apresentação com dois sli-
des padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corre-
ÍCONE FUNÇÃO tos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição para outra,
trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer
Inserir Tabelas necessário.
Inserir Imagens
Inserir Gráficos Transições
Inserir Caixa de Texto Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições,
que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresenta-
Verificação e correção
ção. No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos sele-
ortográfica
cionar a transição desejada:

Salvar

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no


mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
criar os próximos.

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando cli-


car em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também acessí-
vel no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No modelo cliente-servidor, um processo cliente em uma má-
REDES DE COMPUTADORES quina se comunica com um processo servidor na outra máquina.
O termo processo se refere a um programa em execução.
Uma rede de computadores é formada por um conjunto de Uma máquina pode rodar vários processos clientes e servido-
módulos processadores capazes de trocar informações e comparti- res simultaneamente.
lhar recursos, interligados por um sistema de comunicação (meios
de transmissão e protocolos)10. Equipamentos de redes
Existem diversos equipamentos que podem ser utilizados nas
redes de computadores11. Alguns são:
– Modem (Modulador/Demodulador): é um dispositivo de har-
dware físico que funciona para receber dados de um provedor de
serviços de internet através de um meio de conexão como cabos,
fios ou fibra óptica. .Cconverte/modula o sinal digital em sinal ana-
lógico e transmite por fios, do outro lado, deve ter outro modem
para receber o sinal analógico e demodular, ou seja, converter em
sinal digital, para que o computador possa trabalhar com os dados.
Em alguns tipos, a transmissão já é feita enviando os próprios si-
nais digitais, não precisando usar os modens, porém, quando se
transmite sinais através da linha telefônica é necessário o uso dos
modems.
As redes de computadores possuem diversas aplicações co- – Placa de rede: possui a mesma tarefa dos modens, porém,
merciais e domésticas. somente com sinais digitais, ou seja, é o hardware que permite os
computadores se comunicarem através da rede. A função da placa
As aplicações comerciais proporcionam: é controlar todo o recebimento e envio dos dados através da rede.
– Compartilhamento de recursos: impressoras, licenças de sof- – Hub: atuam como concentradores de sinais, retransmitindo
tware, etc. os dados enviados às máquinas ligadas a ele, ou seja, o hub tem a
– Maior confiabilidade por meio de replicação de fontes de da- função de interligar os computadores de uma rede local, recebendo
dos dados de um computador e transmitindo à todos os computadores
– Economia de dinheiro: telefonia IP (VoIP), vídeo conferência, da rede local.
etc. – Switch: semelhante ao hub – também chamado de hub in-
– Meio de comunicação eficiente entre os empregados da em- teligente - verifica os cabeçalhos das mensagens e a retransmite
presa: e-mail, redes sociais, etc. somente para a máquina correspondente, criando um canal de co-
– Comércio eletrônico. municação exclusiva entre origem e destino.
– Roteador: ao invés de ser conectado às máquinas, está co-
As aplicações domésticas proporcionam: nectado às redes. Além de possuir as mesmas funções do switch,
– Acesso a informações remotas: jornais, bibliotecas digitais, possui a capacidade de escolher a melhor rota que um determinado
etc. pacote de dados deve seguir para chegar a seu destino. Podemos
– Comunicação entre as pessoas: Twitter, Facebook, Instagram, citar como exemplo uma cidade grande e o roteador escolhe o ca-
etc. minho mais curto e menos congestionado.
– Entretenimento interativo: distribuição de músicas, filmes, – Access Point (Ponto de acesso – AP): similar ao hub, oferece
etc. sinais de rede em formas de rádio, ou seja, o AP é conectado a uma
– Comércio eletrônico. rede cabeada e serve de ponto de acesso a rede sem fio.
– Jogos.
Meios de transmissão
Modelo Cliente-Servidor Existem várias formas de transmitir bits de uma máquina para
Uma configuração muito comum em redes de computadores outra através de meios de transmissão, com diferenças em termos
emprega o modelo cliente-servidor O cliente solicita o recurso ao de largura de banda, atraso, custo e facilidade de instalação e ma-
servidor: nutenção. Existem dois tipos de meios de transmissão: guiados e
não guiados:

10 NASCIMENTO, E. J. Rede de Computadores. Universidade Federal do Vale do


São Francisco. 11 http://www.inf.ufpr.br/albini/apostila/Apostila_Redes1_Beta.pdf

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Meios de transmissão guiados: os cabos de par trançado, Fibras óticas
cabo coaxial e fibra ótica; A fibra ótica é formada pelo núcleo, vestimenta e jaqueta, o
– Meios de transmissão não guiados: as redes terrestres sem centro é chamado de núcleo e a próxima camada é a vestimenta,
fios, satélites e raios laser transmitidos pelo ar. tanto o núcleo quanto a vestimenta consistem em fibras de vidro
com diferentes índices de refração cobertas por uma jaqueta pro-
tetora que absorve a luz. A fibra de vidro possui forma cilíndrica,
flexível e capaz de conduzir um raio ótico. Estas fibras óticas são
agrupadas em um cabo ótico, e podem ser colocadas várias fibras
no mesmo cabo.
Nas fibras óticas, um pulso de luz indica um bit e a ausência de
luz indica zero bit. Para conseguir transmitir informações através da
fibra ótica, é necessário conectar uma fonte de luz em uma ponta
da fibra ótica e um detector na outra ponta, assim, a ponta que vai
transmitir converte o sinal elétrico e o transmite por pulsos de luz, a
ponta que vai receber deve converter a saída para um sinal elétrico.
As fibras óticas possuem quatro características que a diferem
dos cabos de par traçado e coaxial, que são:
– Maior capacidade: possui largura de banda imensa com ve-
locidade de dados de centenas de Gbps por distâncias de dezenas
de quilômetros;
12 – Menor tamanho e menor peso: são muito finas e por isso,
pesam pouco, desta forma, reduz os requisitos de suporte estru-
Cabos de pares trançado tural;
Os pares trançados são o meio de transmissão mais antigo – Menor atenuação: possui menor atenuação comparando
com os cabos de par trançado e coaxial, por isso, é constante em
e ainda mais comum em virtude do custo e desempenho obtido.
um intervalo de frequência maior;
Consiste em dois fios de cobre encapados e entrelaçados. Este en-
– Isolamento eletromagnético: as fibras óticas não sofrem in-
trelaçado cancela as ondas de diferentes partes dos fios diminuin-
terferências externas, à ruído de impulso ou à linha cruzada, e estas
do a interferência. Os pares trançados são comuns em sistemas
fibras também não irradiam energia.
telefônicos, que é usado tanto para chamadas telefônicas quanto
Esse sistema das fibras óticas funciona somente por um princí-
para o acesso à internet por ADSL, estes pares podem se estender
pio da física: quando um raio de luz passa de um meio para outro, o
por diversos quilômetros, porém, quando a distância for muito lon-
raio é refratado no limite sílica/ar. A quantidade de refração depen-
ga, existe a necessidade de repetidores. E quando há muitos pa- de das propriedades das duas mídias (índices de refração). Para ân-
res trançados em paralelo percorrendo uma distância grande, são gulos de incidência acima de um certo valor crítico ou acima é inter-
envoltos por uma capa protetora. Existem dois tipos básico deste ceptado dentro da fibra e pode se propagar por muitos quilômetros
cabo, que são: praticamente sem perdas. Podemos classificar as fibras óticas em:
– UTP (Unshielded Twisted Pair – Par trançado sem blinda- – Monomodo: se o diâmetro da fibra for reduzido a alguns
gem): utilizado em redes de baixo custo, possui fácil manuseio e comprimentos de onda, a luz só poderá se propagar em linha reta,
instalação e podem atingir até 100 Mbps na taxa de transmissão sem ricochetear, produzindo assim, uma fibra de modo único (fibra
(utilizando as especificações 5 e 5e). monomodo). Estas fibras são mais caras, porém amplamente utili-
– STP (Shielded Twisted Pair – Par trançado com blindagem): zadas em distâncias mais longas podendo transmitir dados a 100
possui uma utilização restrita devido ao seu custo alto, por isso, é Gbps por 100 quilômetros sem amplificação.
utilizado somente em ambientes com alto nível de interferência ele- – Multimodo: se o raio de luz incidente na fronteira acima do
tromagnética. Existem dois tipos de STP: ângulo critico for refletido internamente, muitos raios distintos es-
1- Blindagem simples: todos os pares são protegidos por uma tarão ricocheteando em diferentes ângulos. Dizemos que cada raio
camada de blindagem. tem um modo específico, desta forma, na fibra multimodo, os raios
2- Blindagem par a par: cada par de fios é protegido por uma são ricocheteados em diferentes ângulos
camada de blindagem.
Tipos de Redes
Cabo coaxial Redes Locais
O cabo coaxial consiste em um fio condutor interno envolto por As redes locais (LAN - Local Area Networks) são normalmen-
anéis isolantes regularmente espaçados e cercado por um condutor te redes privativas que permitem a interconexão de equipamentos
cilíndrico coberto por uma malha. O cabo coaxial é mais resistente à
presentes em uma pequena região (um prédio ou uma universidade
interferência e linha cruzada do que os cabos de par trançado, além
ou que tenha poucos quilômetros de extensão).
de poder ser usado em distâncias maiores e com mais estações.
As LANs podem ser cabeadas, sem fio ou mistas.
Assim, o cabo coaxial oferece mais capacidade, porém, é mais caro
Atualmente as LANs cabeadas mais usadas usam o padrão IEEE
do que o cabo de par trançado blindado.
802.3
Os cabos coaxiais eram usados no sistema telefônico para lon-
gas distância, porém, foram substituídos por fibras óticas. Estes ca-
bos estão sendo usados pelas redes de televisão a cabo e em redes
metropolitanas.

12 Fonte: http://eletronicaapolo.com.br/novidades/o-que-e-o-cabo-de-rede-
-par-trancado

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para melhorar a eficiência, cada computador é ligado por um • Redes a Longas Distâncias
cabo a uma porta de um comutador (switch). Uma rede a longas distâncias (WAN - Wide Area Network) é
uma rede que cobre uma área geográfica grande, usualmente um
país ou continente. Os hospedeiros da rede são conectados por uma
sub-rede de comunicação. A sub-rede é composta de dois elemen-
tos: linhas de transmissão e elementos de comutação (roteadores).

Exemplo de rede LAN.13

Dependendo do cabeamento e tecnologia usados, essas redes


atingem velocidades de 100Mbps, 1Gbps ou até 10Gbps. Exemplo de rede WAN.15
Com a preferência do consumidor por notebooks, as LANs sem
fio ficaram bastante populares. O padrão mais utilizado é o IEEE Nos enlaces de longa distância em redes WAN são usadas tec-
802.11 conhecido como Wi-Fi. A versão mais recente, o 802.11n, nologias que permitem o tráfego de grandes volumes de dados:
permite alcançar velocidades da ordem de 300Mbps. SONET, SDH, etc.
LANs sem fio são geralmente interligadas à rede cabeada atra- Quando não há cabos, satélites podem ser utilizados em parte
vés de um ponto de acesso. dos enlaces.
A sub-rede é em geral operada por uma grande empresa de
• Redes Metropolitanas telecomunicações conhecida como provedor de serviço de Internet
Uma rede metropolitana (MAN - Metropolitan Area Network) (ISP - Internet Service Provider).
é basicamente uma grande versão de uma LAN onde a distância
entre os equipamentos ligados à rede começa a atingir distâncias Topologia de redes
metropolitanas (uma cidade). A topologia de rede é o padrão no qual o meio de rede está
Exemplos de MANs são as redes de TV a cabo e as redes IEEE conectado aos computadores e outros componentes de rede16. Es-
802.16 (WiMAX). sencialmente, é a estrutura topológica da rede, e pode ser descrito
fisicamente ou logicamente.
Há várias formas nas quais se pode organizar a interligação en-
tre cada um dos nós (computadores) da rede. A topologia física é
a verdadeira aparência ou layout da rede, enquanto que a lógica
descreve o fluxo dos dados através da rede.
Existem duas categorias básicas de topologias de rede:
– Topologia física: representa como as redes estão conectadas
(layout físico) e o meio de conexão dos dispositivos de redes (nós
ou nodos). A forma com que os cabos são conectados, e que gene-
ricamente chamamos de topologia da rede (física), influencia em
diversos pontos considerados críticos, como a flexibilidade, veloci-
dade e segurança.
– Topologia lógica: refere-se à maneira como os sinais agem so-
bre os meios de rede, ou a maneira como os dados são transmitidos
através da rede a partir de um dispositivo para o outro sem ter em
conta a interligação física dos dispositivos. Topologias lógicas são
Exemplo de rede WAN.14 capazes de serem reconfiguradas dinamicamente por tipos espe-
ciais de equipamentos como roteadores e switches.

13 Fonte: http://www.bosontreinamentos.com.br/redes-computadores/qual-a-
-diferenca-entre-lan-man-e-wan-em-redes-de-dados 15 Fonte: https://10infrcpaulo.wordpress.com/2012/12/11/wan
14 Fonte: https://informaticaeadministracao.wordpress.com/2014/04/22/ 16 https://www.oficinadanet.com.br/artigo/2254/topologia_de_redes_vanta-
lan-man-e-wan gens_e_desvantagens

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Topologia Barramento Topologia Anel
Todos os computadores são ligados em um mesmo barramento Na topologia em anel os dispositivos são conectados em sé-
físico de dados. Apesar de os dados não passarem por dentro de rie, formando um circuito fechado (anel). Os dados são transmiti-
cada um dos nós, apenas uma máquina pode “escrever” no barra- dos unidirecionalmente de nó em nó até atingir o seu destino. Uma
mento num dado momento. Todas as outras “escutam” e recolhem mensagem enviada por uma estação passa por outras estações,
para si os dados destinados a elas. Quando um computador estiver através das retransmissões, até ser retirada pela estação destino ou
a transmitir um sinal, toda a rede fica ocupada e se outro computa- pela estação fonte.
dor tentar enviar outro sinal ao mesmo tempo, ocorre uma colisão
e é preciso reiniciar a transmissão.

Vantagens:
– Uso de cabo é econômico; Vantagens:
– Mídia é barata, fácil de trabalhar e instalar; – Todos os computadores acessam a rede igualmente;
– Simples e relativamente confiável; – Performance não é impactada com o aumento de usuários.
– Fácil expansão. Desvantagens:
Desvantagens: – Falha de um computador pode afetar o restante da rede;
– Rede pode ficar extremamente lenta em situações de tráfego – Problemas são difíceis de isolar.
pesado;
– Problemas são difíceis de isolar; Topologia Malha
– Falha no cabo paralisa a rede inteira. Esta topologia é muito utilizada em várias configurações, pois
facilita a instalação e configuração de dispositivos em redes mais
Topologia Estrela simples. Todos os nós estão atados a todos os outros nós, como se
A mais comum atualmente, a topologia em estrela utiliza cabos estivessem entrelaçados. Já que são vários os caminhos possíveis
de par trançado e um concentrador como ponto central da rede. por onde a informação pode fluir da origem até o destino.
O concentrador se encarrega de retransmitir todos os dados para
todas as estações, mas com a vantagem de tornar mais fácil a loca-
lização dos problemas, já que se um dos cabos, uma das portas do
concentrador ou uma das placas de rede estiver com problemas,
apenas o nó ligado ao componente defeituoso ficará fora da rede.

Vantagens:
– Maior redundância e confiabilidade;
– Facilidade de diagnóstico.
Desvantagem:
– Instalação dispendiosa.

Vantagens: Modelos de Referência


– A codificação e adição de novos computadores é simples; Dois modelos de referência para arquiteturas de redes mere-
– Gerenciamento centralizado; cem destaque: OSI e TCP/IP.
– Falha de um computador não afeta o restante da rede.

Desvantagem:
– Uma falha no dispositivo central paralisa a rede inteira.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Modelo de referência ISO OSI (Open Systems Interconnection) 7. Camada de aplicação
Modelo destinado à interconexão de sistemas abertos. Possui Contém uma série de protocolos necessários para os usuários.
7 camadas: física, enlace de dados, rede, transporte, sessão, apre- É nessa camada que o usuário interage.
sentação e aplicação.
Modelo TCP/IP
Arquitetura voltada para a interconexão de redes heterogêneas
(ARPANET)
Posteriormente, essa arquitetura ficou conhecida como mode-
lo TCP/IP graças aos seus principais protocolos.
O modelo TCP/IP é composto por quatro camadas: enlace, in-
ternet, transporte e aplicação.

Modelo OSI.
Modelo TCP/IP.
O modelo OSI não é uma arquitetura de rede, pois não especifi-
ca os serviços e protocolos que devem ser usados em cada camada. 1. Camada de enlace
O modelo OSI informa apenas o que cada camada deve fazer: Não é uma camada propriamente dita, mas uma interface en-
tre os hospedeiros e os enlaces de transmissão
1. Camada física 2. Camada internet (camada de rede)
A sua função é assegurar o transporte de bits através de um Integra toda a arquitetura, mantendo-a unida. Faz a interliga-
meio de transmissão. Dessa forma, as questões de projeto dessa ção de redes não orientadas a conexão.
camada estão ligadas a níveis de tensão, tempo de bit, interfaces Tem o objetivo de rotear as mensagens entre hospedeiros,
elétricas e mecânicas, quantidade de pinos, sentidos da comunica- ocultando os problemas inerentes aos protocolos utilizados e aos
ção, etc. tamanhos dos pacotes. Tem a mesma função da camada de rede
2. Camada de enlace de dados do modelo OSI.
A sua principal função é transmitir quadros entre duas máqui- O protocolo principal dessa camada é o IP.
nas ligadas diretamente, transformando o canal em um enlace de 3. Camada de transporte
dados confiável. Permite que entidades pares (processos) mantenham uma co-
- Divide os dados em quadros e os envia sequencialmente. municação.
- Regula o tráfego Foram definidos dois protocolos para essa camada: TCP (Trans-
mission Control Protocol) e UDP (User Datagram Protocol).
- Detecta a ocorrência de erros ocorridos na camada física
O TCP é um protocolo orientado a conexões confiável que per-
- Em redes de difusão, uma subcamada de controle de acesso
mite a entrega sem erros de um fluxo de bytes.
ao meio é inserida para controlar o acesso ao canal compartilhado
O UDP é um protocolo não orientado a conexões, não confiável
3. Camada de rede e bem mais simples que o TCP.
A sua função é encaminhar pacotes entre a máquina de origem
e a máquina de destino.
- O roteamento pode ser estático ou dinâmico.
- Realiza o controle de congestionamento.
- Responsável pela qualidade de serviço.
- Tem que permitir que redes heterogêneas se comuniquem,
sendo assim, deve lidar com questões como endereçamento, tama-
nho dos pacotes e protocolos heterogêneos.
4. Camada de transporte
A sua função básica é efetuar a comunicação fim-a-fim entre
processos, normalmente adicionando novas funcionalidades ao
serviço já oferecido pela camada de rede. Pode oferecer um canal
ponto a ponto livre de erros com entrega de mensagens na ordem
correta.
5. Camada de sessão
A sua função é controlar quem fala e quando, entre a origem
e o destino (analogia com operações críticas em bancos de dados).
6. Camada de apresentação
A sua função básica é transformar a sintaxe dos dados (forma
de representação) sem afetar a semântica. Gerencia estruturas de
dados abstratas.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. Camada de aplicação
Contém todos os protocolos de nível mais alto.

Modelo TCP/IP e seus protocolos.

Modelo OSI versus TCP/IP.

CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E INTRANET. PROGRAMAS DE


NAVEGAÇÃO (MICROSOFT INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E GOOGLE CHROME). SÍTIOS DE BUSCA E PES-
QUISA NA INTERNET

Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, cabos
submarinos, canais de satélite, etc17. Ela nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa e se cha-
mava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o número de
adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época, o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas instituições
possuíam internet.
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a partici-
par da rede. O grande atrativo da internet era a possibilidade de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com outras pessoas
que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.

Conectando-se à Internet
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de acesso
à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computador à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio de um con-
junto como modem, roteadores e redes de acesso (linha telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).

17 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E7ado.pdf

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
World Wide Web URL
A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali-
criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lin- zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui-
guagem que serviria para interligar computadores do laboratório e vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet,
outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de ou uma rede corporativa, uma intranet.
forma simples e fácil de acessar. Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca-
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da minho/recurso.
World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli-
gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples HTTP
e agradável. É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res-
postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços
Protocolo de comunicação web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- Protocol, Protocolo de transferência hipertexto).
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os Hipertexto
computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi- São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de-
finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti- Navegadores
no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo Um navegador de internet é um programa que mostra informa-
computador de origem. ções da internet na tela do computador do usuário.
Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das Além de também serem conhecidos como browser ou web bro-
redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na wser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositivos
Internet. móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conectados
O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive
à internet.
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem
Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso
e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo
externo.
internauta.
Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um
TCP / IP
jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor.
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro-
Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet).
página ou site na rede.
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece
Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
nas literaturas como sendo:
servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
- O protocolo principal da Internet;
tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que
- O protocolo padrão da Internet;
transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave-
- O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte
gador e os servidores.
ao funcionamento da Internet e seus serviços.
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que:
Funcionalidades de um Navegador de Internet
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon-
A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o
sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans-
usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador.
porte dos pacotes).
Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de
códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
Domínio
Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar
através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en-
do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de
site na internet.
você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP
O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
– 74.125.234.180.
linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos-
pretado pelos navegadores.
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede.
Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como
imagens e outros tipos de dados.
http://www.empresa.com.br, em que:
Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende-
meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
reço pertence à web.
parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser-
página.
viço.
Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
com: indica que é comercial.
– Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza-
br: indica que o endereço é no Brasil.
do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar
a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer
página na web.
– Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos
que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do
navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do – Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega-
usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en- dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é
dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e
de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais oferecem funcionalidades adicionais.
recorrentes da sua rotina diária de tarefas. – One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
– Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque- Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura vra-chave digitando-a na barra de endereços.
no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache
para mostrar as atualizações. Microsoft Edge
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer18.
usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe- O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber
rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo.
apagado, caso o usuário queira. Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con-
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os down- vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura.
loads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pau-
sar por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade
do navegador de internet.
– Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
outros.
– Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do
navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis- Outras características do Edge são:
tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas – Experiência de navegação com alto desempenho.
no navegador. – Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
quer lugar conectado à internet.
Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são – Funciona com a assistente de navegação Cortana.
alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co- – Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na- – Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo
virtual da Internet. Firefox
Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
Internet Explorer conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram talado no PC, ele poderá ser instalado.
atualizadas no Edge.
Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.

Algumas características de destaque do Firefox são:


– Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
Principais recursos do Internet Explorer: – Não exige um hardware poderoso para rodar.
– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho, – Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur-
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos sos.
instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas – Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente – Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri-
através de ícones. vacidade.
– Gerenciador de downloads integrado. – Disponível em desktop e mobile.
– Mais estabilidade e segurança.
– Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma
navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos
implementados nos sites mais modernos.

18 https://bit.ly/2WITu4N

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Google Chorme Safari
É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela
sistema operacional Windows e também no Linux e Mac. sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele
O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo. é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e
É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior confiáveis para usar.
compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
convidativo à navegação simplificada.

Principais recursos do Google Chrome: O Safari também se destaca em:


– Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur- – Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
sos RAM suficientes. tivo Apple (iOS).
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas – Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio-
funcionalidades. namento de anúncios com base no comportamento do usuário.
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar con- – Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas
teúdos otimizados. visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam-
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT- pos de informação.
TPS). – Compatível também com sistemas operacionais que não seja
– Disponível em desktop e mobile. da Apple (Windows e Linux).
– Disponível em desktops e mobile.
Opera
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo- Intranet
luindo como um dos melhores navegadores de internet. A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar. sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida- um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa,
de da experiência do usuário. que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
internos19.
Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à
intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para
tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area
Outros pontos de destaques do Opera são: Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener- A intranet é um dos principais veículos de comunicação em cor-
gia. porações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo
velocidade de conexões de baixo desempenho. reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis de informações.
(3G ou 4G). Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos,
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
páginas bancárias e de vendas on-line. nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este-
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado. a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho
– Disponível em desktop e mobile. significativo em termos de segurança.

19 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-ferramen-
tas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ações no correio eletrônico
PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK Independente da tecnologia e recursos empregados no correio
EXPRESS E MOZILLA THUNDERBIRDS) eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails
E-mail recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men- – Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descarta-
sagem atualmente20. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode dos pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na
e-mail, não importando a distância ou a localização. lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru- mensagens definitivamente (este é um processo de segurança para
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por en-
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso. gano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário entrar,
O resultado é algo como: de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails
existentes.
maria@apostilassolucao.com.br – Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensa-
gem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio – Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em
eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook. geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário de destino separados por ponto-e-vírgula.
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun- – CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repas-
to de regras para o uso desses serviços. samos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais
da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
Correio Eletrônico – CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repas-
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor- samos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destina-
reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um tários principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
e recebimento de mensagens21. Estas mensagens são armazenadas – Assunto: título da mensagem.
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas – Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio
e extração de cópias das mensagens. ao usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação
Funcionamento básico de correio eletrônico de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro- ele será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso,
gramas funcionando em uma máquina servidora: recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiá-
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de veis e, em geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men- ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus
sagens. e pragas. Alguns antivírus permitem analisar anexos de e-mails an-
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) tes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de exemplo, o Gmail, permitem analisar preliminarmente se um anexo
correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensa- contém arquivos com malware.
gens.
Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de
e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial-
mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente
de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar,
nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu-
nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser
enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti-
natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servi-
dor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa
SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe
naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
e-mail do destinatário.

20 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E-
7ado.pdf
21 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-
-e-mozilla-thunderbird/

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

22

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.

22 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

23

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

GRUPOS DE DISCUSSÃO

Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela Internet que permitem que um grupo de pessoas troque mensagens via e-mail
entre todos os membros do grupo. Essas mensagens, geralmente, são de um tema de interesse em comum, onde as pessoas expõem suas
opiniões, sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é um grupo onde várias pessoas podem participar sem, geralmente, ter um pré- requi-
sito, as informações nem sempre são confiáveis.
Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.com.br, que auxiliam na criação e uso de grupos de discussão, mas um grupo
pode ser montado independentemente, onde pessoas façam uma lista de e – mails e troquem informações.

Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos criar um grupo de discussão no Google Groups. Para isso, alguns passos
serão necessários:
1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos quando estudamos os sites de busca.
2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar no menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em “Grupos”.

Grupos
23 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar um Após este passo, teremos que adicionar os membros do grupo
grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...” e faremos isto através de um convite que será enviado aos e – mails
que digitaremos em um campo especial para esta finalidade. Cada
destinatário dos endereços cadastrados por nós receberá um con-
vite e deverá aceitá-lo para poder receber as mensagens e partici-
par do nosso grupo.
A mensagem do convite também será digitada por nós, mas o
nome, o endereço e a descrição do grupo, serão adicionados auto-
maticamente. Nesta página teremos o botão “Convidar”. Quando
clicarmos nele, receberemos a seguinte mensagem:

Passo 2 – Criando um grupo

Seguiremos alguns passos propostos pelo website.


Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é Pro-
fale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo endereço de
e – mail do grupo e endereço do grupo na web vão sendo auto- !
maticamente preenchidos. Podemos inserir uma descrição grupo, Finalização do processo de criação do grupo
que servirá para ajudar as pessoas a saberem do que se trata esse
grupo, ou seja, qual sua finalidade e tipo de assunto abortado. Os convidados a participarem do grupo receberão o convite
Após a inserção do comentário sobre as intenções do grupo, em seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser reali-
podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, nudez zada depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em muitos ca-
ou material sexualmente explícito. Antes de entrar nesse grupo é sos, as mensagens de convite são identificadas pelos servidores de
necessário confirmar que você é maior de 18 anos. mensagens como Spams e por esse motivo são automaticamente
enviadas para a pasta Spam dos destinatários.
Escolheremos também, o nível de acesso entre: O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde poderá:
“Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de discus-
pessoa pode participar, mas somente os membros podem postar são, convidar ou adicionar membros, e ajustar as configurações do
mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer pessoa pode ler seu grupo.
os arquivos. Qualquer pessoa pode participar, mas somente os ad- Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de dis-
ministradores podem postar mensagens.” cussão, será aberta uma página semelhante a de criação de um e
“Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é preciso – mail. A linha “De”, virá automaticamente preenchida com o nome
ser convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não aparecem do proprietário e o endereço do grupo. A linha “Para”, também
nos resultados de pesquisa públicos do Google nem no diretório.” será preenchida automaticamente com o nome do grupo. Teremos
que digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar men-
sagem”.
A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde as
pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a um fórum)
ou encaminha via e-mail para outras pessoas.
O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O pro-
prietário também tem que se cadastrar e inserir informações como
nome do grupo, convidados, descrição e outras, mas ambas as fer-
ramentas acabam tornado o grupo de discussão muito semelhante
ao fórum. Para criar um grupo de discussão da maneira padrão,
sem utilizar ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar
um e – mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de endereços
dos convidados, possibilitando a troca de informações via e – mail.

!
Configurar grupo

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
YouTube
REDES SOCIAIS Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.

Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter-


net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
resses ou valores comuns24. Muitos confundem com mídias sociais,
porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais,
inclusive na internet. O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-
O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas. dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com horas de vídeos visualizados diariamente.
as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po-
de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais. Instagram
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes
sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com-
preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet,
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou- publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
tras pessoas. dispositivos móveis.
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook, É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos tros formatos, como vídeos, stories e mais.
como o Youtube que compartilha vídeos. Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo.
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes,
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente- vídeos em sequência e o uso de GIFs.
mente, o Tik Tok. Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos
Facebook de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro
Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para
de seus membros. transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun-
cionalidades que atuam dentro dos stories.

Twitter
Rede social que funciona como um microblog onde você pode
seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne atualizações que seus contatos fazem e eles as suas.
muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne-
gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e
família, informar-se, dentre outros25.

WhatsApp
É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
telefônicas através da internet gratuitamente.

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá


está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam
de usar a rede social.
A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm A rede social é usada principalmente como segunda tela em
instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
zap”. TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas futebol e outros programas.
operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra- lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
vés dele. em primeira mão por ali.

24 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/
25 https://bit.ly/32MhiJ0

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
LinkedIn a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um Stories.
emprego por exemplo. Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
bem específico, formado por jovens hiperconectados.

Skype
O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon-
ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço
também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar
uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um
A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado aparelho conectado à internet
cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
Facebook.
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos. O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio- MSN Messenger.
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em
Pinterest grupo ou até mesmo enviar SMS.
Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam- É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró-
bém compartilha vídeos. prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações
a taxas reduzidas.
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos
e tamanhos.

Tik Tok
O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS e
“mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi- Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usuá-
rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar rios mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui-
links para URLs externas. dores26.
Os temas mais populares são:
– Moda;
– Maquiagem;
– Casamento;
– Gastronomia;
– Arquitetura;
– Faça você mesmo;
– Gadgets; Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar
– Viagem e design. duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo. cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
Snapchat O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os
Rede para mensagens baseado em imagens.
usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas
famosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da
brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví-


deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder-
nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como
snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.
A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse
de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou
adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou
26 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-
COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING) bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi- cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.
lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
net27. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador OneDrive
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
específico, mas sim em uma rede. de espaço para os usuários28. Mas é possível conseguir ainda mais
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito promoções que a empresa lança regularmente.
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar pagos com capacidades variadas também.
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
você interaja.
PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis-
Vantagens:
pensada a necessidade de realizar o download para só então poder
– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que
modificar o conteúdo do arquivo.
tudo é executado em servidores remotos.
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir
iCloud
de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
— ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
único computador. dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente
Desvantagens: a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu- como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS.
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em um De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita.
ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à von- Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
tade com isso. mento também.
– Como há a necessidade de acessar servidores remotos, é pri-
mordial que a conexão com a internet seja estável e rápida, princi-
palmente quando se trata de streaming e jogos.

Exemplos de computação em nuvem


Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe- No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um
rando espaço no PC ou smartphone. sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.

27 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-com- 28 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
putacao-em-nuvens-.htm -servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Google Drive IaaS (infraestrutura como serviço)
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca- A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem.
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá- Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São ços cloud, pagando somente pelo seu uso.
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima- A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS
gens, etc. (infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera-
cionais.

PaaS (plataforma como serviço)


PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for-
necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste,
fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software.
A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen-
volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui-
Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser- to mais rápida.
viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re- Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou
conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar-
que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol-
encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca vimento.
para procurar palavras e expressões.
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas Computação sem servidor
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo. na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.
Tipos de implantação de nuvem O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja-
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- sua equipe.
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e
TI29. controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade.
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- SaaS (software como serviço)
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de software
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em assinaturas.
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospedam
de nuvem contratado pela organização. e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subjacente.
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em Além de realizarem manutenções, como atualizações de soft-
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo ware e aplicação de patch de segurança.
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infraestru- dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na-
tura de computação em nuvem utilizados pela empresa são manti- vegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
dos em uma rede privada.
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi-
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu- DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da Pasta
empresa. São estruturas que dividem o disco em várias partes de tama-
nhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras
Tipos de serviços de nuvem pastas (subpastas)30.
A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra
em quatro categorias amplas:
– IaaS (infraestrutura como serviço);
– PaaS (plataforma como serviço);
– Sem servidor;
– SaaS (software como serviço).
Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha
da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre
o outro.

30 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-
29 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/ -05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos
EXTENSÃO TIPO
.jpg, .jpeg, .png, .bpm, .gif, ... Imagem
.xls, .xlsx, .xlsm, ... Planilha
.doc, .docx, .docm, ... Texto formatado
.txt Texto sem formatação
.mp3, .wma, .aac, .wav, ... Áudio
.mp4, .avi, rmvb, .mov, ... Vídeo
.zip, .rar, .7z, ... Compactadores
.ppt, .pptx, .pptm, ... Apresentação
.exe Executável
.msl, ... Instalador

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.
É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft31.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

31 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Localizando Arquivos e Pastas
No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA. NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTU-


AIS. APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.)

Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para um
indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organização32.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corporação, sendo também fundamentais para as atividades do negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ataques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, qualquer
tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares33:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponível somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de
modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e nem
em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada.

Existem outros termos importantes com os quais um profissional da área trabalha no dia a dia.
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se refere ao
controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de segurança da informação,
rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada uma delas.

Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares


– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança da
informação, ainda que sem intenção
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segurança da
informação.

32 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
33 https://bit.ly/2E5beRr

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tipos de ataques
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles34:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adulteração,
fraude, reprodução, bloqueio).
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados coletados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, infectar
o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: interceptação, mo-
nitoramento, análise de pacotes).
Política de Segurança da Informação
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança da organização através de regras de alto nível que representam os prin-
cípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível tático) e proce-
dimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão para informar
sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
de formação e periodicidade de troca.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de retenção e
frequência de execução.
• Política de privacidade: define como são tratadas as informações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas a ter-
ceiros.

Mecanismos de segurança
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar o
conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
Ele pode ser aplicado de duas formas:
– Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à informação
ou infraestrutura que dá suporte a ela
– Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um antivírus,
firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos de en-
criptação, que transformam as informações em códigos que terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a certificação
e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por profissional habilitado conforme o plano de segurança da informação da
empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.

Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação35.

Tem duas maneiras de criptografar informações:


• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequên-
cia de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

34 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-informacao/
35 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.36

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser37.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Códigos maliciosos (Malware)


Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas em
um computador38. Algumas das diversas formas como os códigos maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são:
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas instalados;
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como pen-drives;
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em páginas
Web ou diretamente de outros computadores (através do compartilhamento de recursos).
Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso aos dados armazenados no computador e podem executar ações em
nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usuário.
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens financeiras,
a coleta de informações confidenciais, o desejo de autopromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são muitas vezes usa-
dos como intermediários e possibilitam a prática de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais detalhes nos Capítulos
Golpes na Internet, Ataques na Internet e Spam, respectivamente).
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos maliciosos existentes.

36 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
37 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/
38 https://cartilha.cert.br/malware/

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vírus Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente,
normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes- sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de
mo e se tornando parte de outros programas e arquivos. spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com-
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas
preciso que um programa já infectado seja executado. executadas pelos bots.
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios
começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atual- ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que
mente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente, Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
pelo uso de pen-drives. por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul- propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta
tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi- de informações de um grande número de computadores, envio de
dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro-
inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em xies instalados nos zumbis).
datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
– Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane- Spyware
xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida-
este arquivo, fazendo com que seja executado. des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS- Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de-
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de
e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail
informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as
escrito em formato HTML.
informações coletadas. Pode ser considerado de uso:
– Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
– Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo
linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri-
aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não
compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre ou-
autorizado.
tros).
– Malicioso: quando executa ações que podem comprometer
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para
a privacidade do usuário e a segurança do computador, como mo-
celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS
(Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usuá- nitorar e capturar informações referentes à navegação do usuário
rio permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa. ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta de usuário
e senha).
Worm Alguns tipos específicos de programas spyware são:
Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen- – Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas
te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para pelo usuário no teclado do computador.
computador. – Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po-
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu- sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em
são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto- mouse é clicado.
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em – Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
computadores. gandas.
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos
recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que Backdoor
costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem- Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor
penho de redes e a utilização de computadores. a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços
criados ou modificados para este fim.
Bot e botnet Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que
Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes,
com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente. que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados
no computador para invadi-lo.
Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu-
seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne-
turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces-
rabilidades existentes em programas instalados em computadores.
sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova-
A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo
mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção
bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo
e, na maioria dos casos, sem que seja notado.
P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des-
ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Cavalo de troia (Trojan) Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze-
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de-
além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje- vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa-
sem o conhecimento do usuário. gas. Entre as principais estão:
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém – Avast;
de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani- – AVG;
mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros. – Norton;
Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne- – Avira;
cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados – Kaspersky;
no computador. – McAffe.
Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após
invadirem um computador, alteram programas já existentes para Filtro anti-spam
que, além de continuarem a desempenhar as funções originais, Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici-
também executem ações maliciosas. tados, que geralmente são enviados para um grande número de
pessoas.
Rootkit Spam zombies são computadores de usuários finais que foram
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms,
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins-
malicioso em um computador comprometido. talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in- de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má-
vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri- quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a
vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam
na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o
dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa- anonimato que tanto os protege.
dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili- Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese-
zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail.
ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis-
mos de proteção. Anti-malwares
Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar
Ransomware e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa-
Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí- dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos
veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan- de ferramentas deste tipo.
do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
restabelecer o acesso ao usuário39.
O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins. PROCEDIMENTOS DE BACKUP
Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro dis-
induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades positivo de armazenamento como HD externo, armazenamento na
em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados
segurança. originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou ou-
tros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)40.
Antivírus Backups são extremamente importantes, pois permitem41:
O antivírus é um software de proteção do computador que eli- • Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que
mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi- sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atua-
car o computador. lização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou substitui-
O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có- ção acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e
pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados. furto/perda de dispositivos.
O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa- • Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão
drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um tex-
algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com to editado ou a imagem original de uma foto manipulada.
isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro- Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de
vidência. backup e recuperação integradas e também há a opção de instalar
O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro- programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramen-
cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos tas, basta que você tome algumas decisões, como:
os dias são criados vírus novos.
Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail
ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou
mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma
contaminação.

40 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-backup/
39 https://cartilha.cert.br/ransomware/ 41 https://cartilha.cert.br/mecanismos/

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como CD,
DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo) ARMAZENAMENTO DE DADOS NA NUVEM (CLOUD
ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A escolha de- STORAGE)
pende do programa de backup que está sendo usado e de ques-
tões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade. • Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)
Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de
dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemen-
te modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para
grandes volumes que devam perdurar.
• Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que
tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de
programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam
ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar
espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Mui-
tos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios
recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar suas próprias
listas.
• Com que periodicidade realizar: depende da frequência com
que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos frequente-
mente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que
aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou
mensalmente. A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim-
ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Tipos de backup Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez
• Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos, que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces-
independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos que tiverem acesso.
copiados. São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
• Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e al- Drive.
terados desde o último backup completo (normal) ou incremental, As informações são mantidas em grandes Data Centers das
ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup. ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem
Ele marca os arquivos copiados. relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
• Backups diferenciais: da mesma forma que o backup incre- seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
mental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou alterados O armazenamento em nuvem tem as mesmas características
desde o último backup completo (normal), mas isso pode variar em que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos
diferentes programas de backup. Juntos, um backup completo e de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
um backup diferencial incluem todos os arquivos no computador, Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais
alterados e inalterados. No entanto, a diferença deste para o incre- como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
mental é que cada backup diferencial mapeia as modificações em vem que podem ser contratados.
relação ao último backup completo. Ele é mais seguro na manipula-
ção de dados. Ele não marca os arquivos copiados.
• Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja
ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a
dia e que raramente são alterados.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2018) Podem ser consideradas al-
EXERCÍCIOS gumas atividades do correio eletrônico:
I - Solicitar informações.
1. (IF/GO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - CS-UFG/2018) II - Fazer download de arquivos.
Dentre as principais suítes de aplicativos para escritório estão o Li- III - Mandar mensagens.
breOffice, o Microsoft Office, o iWork e o Google Docs. O LibreO-
ffice 6.1 nomeia, respectivamente, o seu programa de planilhas e Estão CORRETOS:
a sua ferramenta para criação de apresentações multimídias como (A) Somente os itens I e II.
(A) Spreadsheet, Presentation. (B) Somente os itens I e III.
(B) Excel e Power Point. (C) Somente os itens II e III.
(C) Numbers e Keynote. (D) Todos os itens.
(D) Calc e Impress.
5. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER -
2. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR- IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas
SOS/2018) O modelo de computação em nuvem é composto por formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções
algumas características essenciais, dentre elas: dos navegadores, assinale a alternativa correta.
(A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador
I- Serviço sob-demanda: as funcionalidades computacionais
Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome.
são providas automaticamente sem a interação humana com o pro-
(B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens
vedor do serviço.
do navegador Firefox.
II- Amplo acesso aos serviços: os recursos computacionais es-
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan-
tão disponíveis através da Internet e são acessados via mecanismos do uma página é fechada incorretamente.
padronizados para que possam ser utilizados por dispositivos mó- (D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na
veis e portáteis, computadores, etc. intranet.
III- Resource pooling: os recursos computacionais (físicos ou (E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores
virtuais) do provedor são utilizados para servir a múltiplos usuários, quando estão em uma rede da internet.
sendo alocados e realocados dinamicamente conforme a demanda
do usuário. Nesse cenário, o usuário do serviço não tem a noção da 6. (PREFEITURA DE ARACATI/CE - TÉCNICO EM ARQUIVO -
localização exata do recurso, mas deve ser capaz de definir a locali- ACEP/2019) Os sistemas operacionais Linux® e Windows® têm,
zação em um nível mais alto (país, estado, região). entre si, inúmeras diferenças. No entanto, é possível encontrar
também algumas semelhanças. Considerando versões recentes dos
Está correto o contido: dois sistemas operacionais (considerando o Ubuntu como referên-
(A) Apenas na opção I. cia de Linux), em configuração padrão, pode-se citar como uma se-
(B) Apenas na opção II. melhança:
(C) Apenas nas opções II e III. (A) ambos dispõem de código fonte aberto.
(D) Nas opções I, II e III. (B) ambos executam em um só nível de execução.
(C) ambos compartilham o mesmo sistema de arquivos padrão
3. (PREFEITURA DE SANTA LUZIA/MG - ARQUIVISTA - (NTFS).
IBGP/2018) Sobre as operações de manipulação de pastas e arqui- (D) ambos disponibilizam ferramenta de linha de comando.
vos no Windows 7, assinale V para afirmativas verdadeiras e F para
as falsas. 7. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - TÉCNICO EM IN-
( ) A operação “mover pasta para” equivale à sequência de ope- FORMÁTICA - COTEC/2020) Os softwares antivírus são comumente
rações “copiar” e “colar”. utilizados para proteger os sistemas de ameaças e potenciais soft-
( ) A sequência de operações “recortar” e “colar” transfere um wares malintencionados (conhecidos por malwares). Alguns usuá-
arquivo de pasta. rios de computadores chegam a instalar mais de um antivírus na
( ) A sequência de operações “copiar” e “colar” duplica um ar- mesma máquina para sua proteção. Verifique o que pode ocorrer
quivo em outra pasta. no caso da instalação de mais de um antivírus:
I - Um antivírus pode identificar o outro antivírus como sendo
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: uma possível ameaça.
(A) F F F. II - Vai ocasionar um uso excessivo de processamento na CPU
(B) F V V. do computador.
(C) V F V. III - Apesar de alguns inconvenientes, há um acréscimo do nível
(D) V V F. de segurança.
IV - Instabilidades e incompatibilidades podem fazer com que
vulnerabilidades se apresentem.

Estão CORRETAS as afirmativas:


(A) I, II e IV, apenas.
(B) I, III e IV, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) II e IV, apenas.
(E) II, III e IV, apenas.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
8. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ/SC - ENFERMEIRO - INSTI- 12. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SO-
TUTO UNIFIL/2020) Considerando os conceitos de segurança da CIAL - COTEC/2020) Um usuário de computador realiza comumente
informação e os cuidados que as organizações e particulares devem um conjunto de atividades como copiar, recortar e colar arquivos
ter para proteger as suas informações, assinale a alternativa que utilizando o Windows Explorer. Dessa forma, existe um conjunto de
não identifica corretamente um tipo de backup. ações de usuários, como realizar cliques com o mouse e utilizar-se
(A) Backup Incremental. de atalhos de teclado, que deve ser seguido com o fim de realizar
(B) Backup Excepcional. o trabalho desejado. Assim, para mover um arquivo entre partições
(C) Backup Diferencial. diferentes do sistema operacional Windows 10, é possível adotar o
(D) Backup Completo ou Full. seguinte conjunto de ações:
(A) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man-
9. (PREFEITURA DE VINHEDO/SP - GUARDA MUNICIPAL - tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des-
IBFC/2020) Leia atentamente a frase abaixo referente às Redes de tino e escolher a ação de colar.
Computadores: (B) Clicar sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse,
“_____ significa _____ e é um conjunto de _____ que pertence mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de
a uma mesma organização, conectados entre eles por uma rede, destino. Por fim soltar o botão do mouse.
numa _____ área geográfica”. (C) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man-
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des-
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente tino. Por fim soltar o botão do mouse.
as lacunas. (D) Clicar uma vez sobre o arquivo com o botão direito do mou-
(A) LAN / Local Area Network / computadores / pequena se e mover o arquivo para a partição de destino.
(B) MAN / Much Area Network / computadores / grande (E) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man-
(C) MAN / Much Area Network / roteadores / pequena tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des-
(D) LAN / Local Area Network / roteadores / grande tino e escolher a ação de mover.

10. (PREFEITURA DE LINHARES/ES - AGENTE ADMINISTRATI-


VO - IBADE/2020) Facebook, Instagram e Twiter são softwares co- GABARITO
nhecidos como:
(A) Redes Sociais.
(B) WebMail. 1 D
(C) Correio Eletrônico.
(D) Sistema operacional. 2 D
(E) Comércio Eletrônico. 3 B

11. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019) 4 D


Para que a segurança da informação seja efetiva, é necessário que 5 A
os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas garantam
6 D
alguns requisitos básicos de segurança. Sobre esses requisitos, assi-
nalar a alternativa CORRETA: 7 A
(A) Repúdio de ações realizadas, integridade, monitoramento 8 B
e irretratabilidade.
(B) Protocolos abertos, publicidade de informação, incidentes 9 A
e segurança física. 10 A
(C) Confidencialidade, integridade, disponibilidade e autentica-
ção. 11 C
(D) Indisponibilidade, acessibilidade, repúdio de ações realiza- 12 E
das e planejamento.

102
RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES.


LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL). PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS. TABELASVERDADE.
EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE DE MORGAN. DIAGRAMAS LÓGICOS. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM. RACIOCÍNIO LÓGICO
ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das diferentes
áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte consiste nos
seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO


Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL


O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação tem-
poral envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma vaga.
Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhecimento
por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos atri-
buir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

103
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

104
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

105
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F
Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.
• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.
Exemplos:

106
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?
Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.

Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

107
RACIOCÍNIO LÓGICO

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).

Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.
• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”
Exemplo:

3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...
• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.

108
RACIOCÍNIO LÓGICO
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...
• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.
Exemplos:

4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.

Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

109
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

110
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “ou” (v)
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)
Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)
Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

111
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “Se e somente se” (↔)
Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.
ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).

Resposta: B

112
RACIOCÍNIO LÓGICO
CONTRADIÇÕES - Somente uma contradição implica uma contradição:
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo-
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua
tabela-verdade:

Exemplo: Propriedades
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo- • Reflexiva:
sição ~P ∧ P é: – P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
(A) uma tautologia. – Uma proposição complexa implica ela mesma.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p. • Transitiva:
(C) uma contradição. – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
(D) uma contingência. Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
(E) uma disjunção. P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
Resolução:
Montando a tabela teremos que: Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
P ~p ~p ^p de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
V F F sições verdadeiras já existentes.
V F F
Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante


de uma CONTRADIÇÃO.

Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,- • Silogismo Disjuntivo


q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que • Modus Ponens
pode ou não existir entre duas proposições.
Exemplo:

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

113
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Modus Tollens Vejamos algumas formas:
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.
Tautologias e Implicação Lógica
• Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”


Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
Princípio da inconsistência entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica mo que dizer “nenhum B é A”.
p ^ ~p ⇒ q Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- grama (A ∩ B = ø):
sição q.
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

114
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B” Em síntese:
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- mação anterior é:
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” (C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três não miam alto.
representações possíveis: (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o A é não B.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo são pardos NÃO miam alto.
que Algum B não é A.
Resposta: C
• Negação das Proposições Categóricas
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
seguintes convenções de equivalência: afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
uma proposição categórica particular. (A) Todos os não psicólogos são professores.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição (B) Nenhum professor é psicólogo.
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. (C) Nenhum psicólogo é professor.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
uma proposição de natureza afirmativa. Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.

Resposta: E

115
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Equivalência entre as proposições Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.
TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação NENHUM
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual E
AéB
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
Existe pelo menos um elemento que
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
pertence a A, então não pertence a B, e
(C) Todo número natural é diferente de cinco.
vice-versa.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To- Existe pelo menos um elemento co-
dos e Nenhum, que também são universais. mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
ALGUM tes formas:
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).

Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.
ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

116
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Algum teatro é casa de cultura

ALGUM
O
A NÃO é B Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
Perceba-se que, nesta sentença, a aten- menos um dos cinemas é considerado teatro.
ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
(A) existem cinemas que não são teatros. mo princípio acima.
(B) existe teatro que não é casa de cultura. (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
(D) existe casa de cultura que não é cinema. afirma isso
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura
(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

- Existem teatros que não são cinemas

Resposta: E

117
RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Exemplo: Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
P1: Todos os cientistas são loucos. lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
P2: Martiniano é louco. de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.
Exemplo: Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
O silogismo... “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
P1: Todos os homens são pássaros. comum.
P2: Nenhum pássaro é animal. Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
Q: Portanto, nenhum homem é animal. vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um
argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.
ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-
TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-


do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
essa frase da seguinte maneira: será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!

118
RACIOCÍNIO LÓGICO
Argumentos Inválidos
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade das
premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão.
Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam de
chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo artifício,
que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.

119
RACIOCÍNIO LÓGICO
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.

- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:

120
RACIOCÍNIO LÓGICO
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo
3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos: A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa! utilizando isso temos:
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma estava estudando. // B → ~E
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am-
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores Iniciando temos:
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
argumento é ou NÃO VÁLIDO. tem que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Resolução pelo 4º Método // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- vai ao cinema tem que ser V.
mos: 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
deiro! sai de casa tem que ser F.
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
verdadeiras! Teremos: // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver- ser V ou F.
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro. Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- Resposta: Errado
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
Exemplos: JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
seguintes proposições sejam verdadeiras. é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. bruxa.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Durante a noite, faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
item subsecutivo.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
( ) Certo bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
( ) Errado o valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
Resolução: →V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
B = Maria vai ao cinema →V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
D = Faz frio
E = Fernando está estudando Logo:
F = É noite Temos que:
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Esmeralda não é fada(V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

121
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.

Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:
01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).

122
RACIOCÍNIO LÓGICO
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

123
RACIOCÍNIO LÓGICO
Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.
Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria
Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia
Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, todos
para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba;
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza.

É correto concluir que, em janeiro,


(A) Paulo viajou para Fortaleza.
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.

Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

124
RACIOCÍNIO LÓGICO
− Paulo não viajou para Goiânia; ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
mem.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Luiz N N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Arnaldo N N
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
Mariana N N S N
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
Paulo N N (x) (A (x) → B).
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
− Luiz não viajou para Fortaleza. de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.
Aplicando temos:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x
Luiz N N N + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?
Arnaldo N N A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul-
Mariana N N S N
gar, logo, é uma proposição lógica.
Paulo N N
• Quantificador existencial (∃)
Agora, completando o restante: O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N S N N
Arnaldo S N N N Exemplo:
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase
Mariana N N S N
é:
Paulo N N N S

Resposta: B

Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica. O quantificador existencial tem a função de elemento comum.
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co-
QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃
(x)) (A (x) ∧ B).
Tipos de quantificadores
Aplicando temos:
• Quantificador universal (∀) x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas: N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira?

A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,


a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica.
Exemplo: ATENÇÃO:
Todo homem é mortal. – A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será é diferente de “Todo B é A”.
mortal. – A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
   

Na representação do diagrama lógico, seria: B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).

125
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos: Exemplo
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

Resolução:
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
sões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal. O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças).
– Se é cavalo, então é um animal. 3(blusas)=6 maneiras
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma Fatorial
de conclusão). É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu-
Resposta: B tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N)
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V. Arranjo Simples
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
Resolução: sequência de p elementos distintos de E.
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais Exemplo
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R) Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
tal que x + y = x. algarismos distintos podemos formar?
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
reto.

Resposta: CERTO Observe que os números obtidos diferem entre si:


Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
3 elementos tomados 2 a 2.
Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos Indica-se A3,2
problemas de contagem.

Princípio Fundamental da Contagem


Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de
um evento composto de duas ou mais etapas. Permutação Simples
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2 Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2. O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn.
Pn = n!

126
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo Triângulo de Pascal
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?

Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
Como temos uma letra repetida, esse número será menor. LINHA 0 1
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E LINHA 1 1 1
LINHA 2 1 2 1
LINHA 3 1 3 3 1
LINHA 4 1 4 6 4 1
Combinação Simples LINHA 5 1 5 10 10 5 1
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1
i elementos é chamado combinação simples.
Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a +
b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios:
n = 0 → (a + b)0 = 1
Exemplo n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po- n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos. n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Solução Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de


Pascal.

Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial .

PROBABILIDADE

Experimento Aleatório
Binomiais Complementares Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível,
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de- por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento
nominadores é igual ao numerador são iguais: de um dado.

Espaço Amostral
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
Relação de Stifel cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}
No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para
cima:
E={Ca,Co}

127
RACIOCÍNIO LÓGICO
Evento Adição de probabilidades
É qualquer subconjunto de um espaço amostral. Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
No lançamento de um dado, vimos que vazio. Tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}

Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer


um número par, tem-se {2,4,6}. Exemplo
Exemplo No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas um número par ou menor que 5, na face superior?
para cima em três lançamentos de uma moeda.
a) Quantos elementos tem o espaço amostral? Solução
b) Descreva o espaço amostral. E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6

Solução Sejam os eventos


a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento, A={2,4,6} n(A)=3
há duas possibilidades. B={1,2,3,4} n(B)=4

2x2x2=8

b)
E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(C,R,R),(R,R,R)}

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.
Probabilidade Condicional
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
evento B, definido por:

Eventos complementares
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
formado por todos os elementos de E que não pertencem a A. E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

Note que Eventos Simultâneos


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos-
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:

Exemplo
Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
seja vermelha.
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
Solução
Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles
cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun-
tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da
São complementares. semana ou simplesmente fazer grupos.
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra
maiúscula.

128
RACIOCÍNIO LÓGICO
Representações Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
Pode ser definido por: mente os mesmos elementos. Em símbolo:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9} Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos apenas quais são os elementos.
temos: Não importa ordem:
B={0,1,2,3,4,5,6,7} A={1,2,3} e B={2,1,3}

– Diagrama de Venn Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação
Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
número de elementos que ele possui.
Exemplo
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4.

Definições
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi-
nal.
Um conjunto diz-se
a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele-
Há também um conjunto que não contém elemento e é repre- mentos
sentado da seguinte forma: S = c ou S = { }. b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem tam- c) singular quando é formado por um único elemento
bém a outro conjunto B, dizemos que: d) vazio quando não tem elementos
A é subconjunto de B Exemplos
Ou A é parte de B N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B nito (∞));
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
B: A ⊄ B B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
{ } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)
Símbolos
∈: pertence Pertinência
∉: não pertence O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de perti-
⊂: está contido nência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas designam
⊄: não está contido os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos. Assim,
⊃: contém o conjunto das vogais (V) é:
⊅: não contém V={a,e,i,o,u}
/: tal que A relação de pertinência é expressa por: a∈V
⟹: implica que A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
⇔: se,e somente se mento b não pertence ao conjunto V.
∃: existe
∄: não existe Inclusão
∀: para todo(ou qualquer que seja) A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
∅: conjunto vazio Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub-
N: conjunto dos números naturais conjunto dele mesmo.
Z: conjunto dos números inteiros Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
Q: conjunto dos números racionais Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.
Q’=I: conjunto dos números irracionais
R: conjunto dos números reais Operações
União
Igualdade Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
Propriedades básicas da igualdade pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U, que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
temos que: Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B}
(1) A = A. Exemplo:
(2) Se A = B, então B = A. A={1,2,3,4} e B={5,6}
(3) Se A = B e B = C, então A = C. A∪B={1,2,3,4,5,6}
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B.
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C.

129
RACIOCÍNIO LÓGICO
Interseção Representação
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada -Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses elemen-
por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B} tos temos:
B={3,4,5,6,7}
- por meio de diagrama:

Exemplo:
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}

Diferença Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con-


Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada junto vazio: S=∅ ou S={ }.
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- Igualdade
mentar de B em relação a A. Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- mente os mesmos elementos. Em símbolo:
cem a B.
A\B = {x : x∈A e x∉B}.

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber


apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}

Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} 0∈A
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A 2∉A
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. Relações de Inclusão
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Complementar Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém),
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple- ⊅ (não contém)
mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per- Exemplo:
tencem a A. {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Exemplo
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5} Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-
CBA={4,5} ta para o maior conjunto.

Subconjunto
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
bém elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

130
RACIOCÍNIO LÓGICO
Operações B-A = {x : x ∈B e x∉A}.
União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
Interseção elementos do conjunto universo que não pertencem a A.
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}

Exemplo: Fórmulas da união


A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
A∩B={d,e} n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B C)

Diferença Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por: rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
mentar de B em relação a A. melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- uma forma ou outra.
cem a B. Exemplo
(MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um
A\B = {x : x ∈A e x∉B}. grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

131
RACIOCÍNIO LÓGICO
Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela Quando somarmos 5+x+6=18
interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um X=18-11=7

Carecas são 16

7+y+5=16
Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas homens ca- Y=16-12
recas e altos. Y=4

Homens altos e barbados são 6 Então o número de barbados que não são altos, mas são care-
cas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia-
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil.
Exemplo
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha
que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são 6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.
e não são altos e nem barbados
Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.
(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos nem
biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape-
nas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados ape-
nas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados,
a probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e
Química, é inferior a 0,05.

Sabemos que 18 são altos Resolução


A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos
que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-

-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88

Resposta: A.

132
RACIOCÍNIO LÓGICO
Números Naturais 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos
Os números naturais são o modelo matemático necessário
para efetuar uma contagem. {0, 1, 2, ...}
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade,
obtemos o conjunto infinito dos números naturais 3) Conjunto dos números inteiros não positivos

{...-3, -2, -1}

Números Racionais
- Todo número natural dado tem um sucessor Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
a) O sucessor de 0 é 1. presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
b) O sucessor de 1000 é 1001. São exemplos de números racionais:
c) O sucessor de 19 é 20.
-12/51
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. -3

-(-3)
{1,2,3,4,5,6... . } -2,333...

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces- As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
sor (número que vem antes do número dado). portanto são consideradas números racionais.
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. Como representar esses números?
a) O antecessor do número m é m-1.
b) O antecessor de 2 é 1. Representação Decimal das Frações
c) O antecessor de 56 é 55. Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
d) O antecessor de 10 é 9. 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
Expressões Numéricas
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul-
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili-
zamos alguns procedimentos:
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,
devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub-
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
Exemplo 1 lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio-
10 + 12 – 6 + 7 nal
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repetem, se
16 + 7 não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que
23 trataremos mais a frente.
Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27
Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25

Números Inteiros
Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:

Subconjuntos do conjunto :
1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero

{...-2, -1, 1, 2, ...}

133
RACIOCÍNIO LÓGICO
Representação Fracionária dos Números Decimais – O produto de dois números irracionais, pode ser um número
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o racional.
denominador seguido de zeros. Exemplo: . = = 7 é um número racional.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa, um
zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante. Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-
tural, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?
Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja Fonte: www.estudokids.com.br
X=0,333...
Representação na reta
Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por 10.
10x=3,333...

E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9
X=1/3
Intervalos limitados
Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período. Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
Exemplo 2 e menores do que b ou iguais a b.
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Intervalo:[a,b]
Subtraindo: Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b}
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111 Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
X=111/99 b.

Números Irracionais
Identificação de números irracionais
– Todas as dízimas periódicas são números racionais. Intervalo:]a,b[
– Todos os números inteiros são racionais. Conjunto:{xϵR|a<x<b}
– Todas as frações ordinárias são números racionais. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais. iguais a A e menores do que B.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional. Intervalo:{a,b[
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma , Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}
com a e b inteiros e b≠0.
Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.

– O quociente de dois números irracionais, pode ser um número


racional.
Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

134
RACIOCÍNIO LÓGICO
Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em
menores ou iguais a b. um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b} 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta
em um número negativo.
Intervalos Ilimitados
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me-
nores ou iguais a b.

5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal


para positivo e inverter o número que está na base.
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x ϵ R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-


nores que b.

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do
expoente, o resultado será igual a zero.
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ϵ R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores


ou iguais a A.
Propriedades
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
base, repete-se a base e soma os expoentes.

Intervalo:[a,+ ∞[ Exemplos:
Conjunto:{x ϵ R|x≥a} 24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores
que a.

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Intervalo:]a,+ ∞[ Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
Conjunto:{x ϵ R|x>a}
Exemplos:
Potenciação 96 : 92 = 96-2 = 94
Multiplicação de fatores iguais

2³=2.2.2=8

Casos 3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se


1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. os expoentes.

Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um


expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente.
(4.3)²=4².3²

135
RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos Raiz quadrada de frações ordinárias
elevar separados.
1 1
2 2 2 2 2
2
Observe: =  = 1 =
3 3 3
Radiciação 32
Radiciação é a operação inversa a potenciação
a na
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: = n
+
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais


Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja:
64 2
32 2 Operações
16 2
8 2
4 2
2 2
1 Operações
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um Multiplicação


e multiplica.
Exemplo

Observe: Divisão
1 1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

De modo geral, se Exemplo

a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
Adição e subtração
Então:
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.
n
a.b = a . b
n n

8 2 20 2
O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é 4 2 10 2
igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
2 2 5 5
cando.
1 1

Caso tenha:

Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.

136
RACIOCÍNIO LÓGICO
Racionalização de Denominadores 3. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros diferentes es-
Normalmente não se apresentam números irracionais com tão distribuídos em uma estante de vidro, conforme a figura abaixo:
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela

Considerando-se essa mesma forma de distribuição, de quan-


tas maneiras distintas esses livros podem ser organizados na estan-
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. te?
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de
quadrados no denominador: 4. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação – UTFPR/2017)
Em um carro que possui 5 assentos, irão viajar 4 passageiros e 1
motorista. Assinale a alternativa que indica de quantas maneiras
distintas os 4 passageiros podem ocupar os assentos do carro.
(A) 13.
(B) 26.
EXERCÍCIOS (C) 17.
(D) 20.
(E) 24.
1. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Uma
determinada família é composta por pai, por mãe e por seis filhos. 5. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –
Eles possuem um automóvel de oito lugares, sendo que dois lugares UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da internet é for-
estão em dois bancos dianteiros, um do motorista e o outro do ca- mada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanumérica. André tem
rona, e os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no algumas informações sobre os números e letras que a compõem
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um dos dois conforme a figura.
bancos dianteiros. O número de maneiras de dispor os membros da
família nos lugares do automóvel é igual a:
(A) 1440
Algarismo Algarismo Algarismo
(B) 1480 Vogal Vogal
Ímpar Ímpar Ímpar
(C) 1520
(D) 1560
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e também
(E) 1600
não se repetem os números ímpares, assinale a alternativa que in-
dica o número máximo de possibilidades que existem para a com-
2. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Tomando os al-
posição da senha.
garismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números pares de 4 algarismos
(A) 3125.
distintos podem ser formados?
(B) 1200.
(A) 120.
(C) 1600.
(B) 210.
(D) 1500.
(C) 360.
(E) 625.
(D) 630.
(E) 840.
6. (PREF. DE PIRAUBA/MG – ASSISTENTE SOCIAL – MSCON-
CURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma das 3 crianças de
um grupo soletrar, individualmente, a palavra PIRAÚBA de forma
correta é 70%. Qual a probabilidade das três crianças soletrarem
essa palavra de maneira errada?
(A) 2,7%
(B) 9%
(C) 30%
(D) 35,7%

137
RACIOCÍNIO LÓGICO
7. (UFTM – TECNÓLOGO – UFTM/2016) Lançam-se simulta- 12. (CRMV/SC – RECEPCIONISTA – IESES/2017) Sabe-se que
neamente dois dados não viciados, a probabilidade de que a soma 17% dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachor-
dos resultados obtidos seja nove é: ros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de
(A) 1/36 condôminos que não tem nem gatos e nem cachorros?
(B) 2/36 (A) 53
(C) 3/36 (B) 69
(D) 4/36 (C) 72
(D) 47
8. (CASAN – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – INSTITUTO
AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, escondia seu GABARITO
dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um carro velho fora de
uso, que mantinha no fundo de sua casa. Certo dia, o empresário se
gabava de sua inteligência ao contar o fato para um de seus amigos, 1. Resposta: A.
enquanto um ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão ti- P2.P6=2!.6!=2.720=1440
nha tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um dos
pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a probabilidade de 2. Resposta: C.
ele ter roubado o pneu certo? __ ___ __ __
(A) 0,20. 6. 5.4. 3=360
(B) 0,23.
(C) 0,25. 3. Resposta: E.
(D) 0,27. P6=6!=6.5.4.3.2.1=720
(E) 0,30.
4. Resposta: E.
9. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVISOR P4=4!= 4.3.2.1=24
– FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .
5. Resposta: B.
Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a: Vogais: a, e, i, o, u
(A) 1; Números ímpares: 1,3,5,7,9
(B) 2;
(C) 3;
5 5 4 4 3
(D) 4;
(E) 6. Algarismo Algarismo Algarismo
Vogal Vogal
Ímpar Ímpar Ímpar
10. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVI-
SOR – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de determinada 5.5.4.4.3=1200
empresa tem o mesmo número de mulheres e de homens. Certa
manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens dessa equipe saíram 6. Resposta: A.
para um atendimento externo. A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
Desses que foram para o atendimento externo, a fração de mu- 0,3.0,3.0,3=0,027=2,7%
lheres é:
(A) 3/4; 7. Resposta: D.
(B) 8/9; Para dar 9, temos 4 possibilidades
(C) 5/7; 3+6
(D) 8/13; 6+3
(E) 9/17. 4+5
5+4
11. (CRF/MT - AGENTE ADMINISTRATIVO – QUADRIX/2017)
Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitura; P=4/36
48 gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura; 44
gostam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18 gos- 8. Resposta: C.
tam somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao esco- A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o dinheiro
lher ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não está em 1.
gostar de nenhuma dessas atividades? 1/4=0,25
(A) 1/75
(B) 39/75 9. Resposta: C.
(C) 11/75 2-2(1-2N)=12
(D) 40/75 2-2+4N=12
(E) 76/75 4N=12
N=3

138
RACIOCÍNIO LÓGICO
10. Resposta: E.
Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
ANOTAÇÕES
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Dos homens que saíram: ______________________________________________________

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Saíram no total ______________________________________________________

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11. Resposta: C ______________________________________________________

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32+10+12+18+16+28+12+x=150
X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades ______________________________________________________
P=22/150=11/75
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12. Resposta: B
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9+8+14+x=100 ______________________________________________________
X=100-31
X=69% ______________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO
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140
ATUALIDADES (DIGITAL)

O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnoló-


TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, gico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham
TAIS COMO SEGURANÇA, TRANSPORTES, POLÍTICA, em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTU- mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos
RA, TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES INTERNACIO- do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente,
NAIS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA jurisdição etc.) na “área do cliente”.
Lá, o concurseiro encontrará um material completo com ilus-
A importância do estudo de atualidades trações e imagens, notícias de fontes verificadas e confiáveis, tudo
preparado com muito carinho para seu melhor aproveitamento.
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu- Com o material disponibilizado online, você poderá conferir e che-
dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor- car os fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunica-
nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, ção virtuais, tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão
língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen- fluida e a veracidade das informações um caminho certeiro.
Acesse: https://www.editorasolucao.com.br/errata-retificacao
te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos
parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a
Bons estudos!
hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos
de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo
ANOTAÇÕES
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos ______________________________________________________
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur- ______________________________________________________
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo. ______________________________________________________
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con-
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas ______________________________________________________
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po-
lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, ______________________________________________________
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões
______________________________________________________
de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se-
lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico. ______________________________________________________
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons-
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são ______________________________________________________
sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê
na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se ______________________________________________________
informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio-
nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex- ______________________________________________________
trema recorrência na mídia.
______________________________________________________
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo.
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é ______________________________________________________
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) ______________________________________________________
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, ______________________________________________________
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al-
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in- ______________________________________________________
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo. ______________________________________________________
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados
______________________________________________________
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto
de informações veiculados impede que saibamos de fato como es- ______________________________________________________
tudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam
rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma ______________________________________________________
disciplina que se renova a cada instante.
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141
ATUALIDADES (DIGITAL)
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142
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés


NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO. outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA. AUTARQUIAS, Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin-
FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE
do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser-
ECONOMIA MISTA
viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa
que transfere e a que acolhe as atribuições.
Administração direta e indireta
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon- Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au-
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
administrativa de maneira centralizada. (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex-
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis-
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi- por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá
nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto.
maneira descentralizada. Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais,
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer- o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con-
cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona- gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu-
lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu- ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os
lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio
ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do
opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi- órgão. Vejamos:
reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução
especializado de certas atividades, são consideradas como sendo ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica, ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, des-
de modo geral. de que não provoque aumento de despesas, bem como a criação
ou a extinção de outros órgãos.
Desconcentração e Descentralização ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu-
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim nal de Contas da União.
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre Pessoas administrativas
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad-
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias,
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra- fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede- mista.
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen- De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União, reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários funções para as quais foram criadas de forma correta.
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su-
bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi-
nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia.

143
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pessoas políticas prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma
As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons- legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma
tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os exclusiva e prioritária pelo direito público.
Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo
Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político. Observação importante: todas as empresas estatais, sejam
Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco-
se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven- nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
çadas na Constituição Federal.
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois, O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte- nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
rística que se encontra presente somente no âmbito da República que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati- sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
vos. a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con-
Autarquias corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti-
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e tuição Federal, que assim determina:
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
lização. ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. ção de serviços, dispondo sobre:
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço sociedade;
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser- das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo balhistas e tributários;
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe- nações, observados os princípios da Administração Pública;
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi-
a que estão vinculadas. nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do dade dos administradores
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica- Vejamos em síntese, algumas características em comum das
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re- empresas públicas e das sociedades de economia mista:
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais • Devem realizar concurso público para admissão de seus em-
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no pregados;
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- constitucional;
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
Poder. bem como ao controle do Poder Legislativo;
• Não estão sujeitas à falência;
Empresas Públicas • Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
Sociedades de Economia Mista trativo no que se refere às suas atividades-meio;
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di- • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de constitucionalmente;
empresas estatais. • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan- Fundações e outras entidades privadas delegatárias
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco- duas características que se encontram presentes de forma contun-
nomia mista. dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre-
pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe-

144
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza- o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos:
ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
das autarquias. qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi- objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação I – promoção da assistência social;
Autárquica. II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico;
Observação importante: a autarquia é definida como serviço III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu- complementar de participação das organizações de que trata esta
ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado Lei;
a uma finalidade específica de interesse social. IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
Vejamos como o Código Civil determina: V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo-
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. luntariado;
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis- VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado. bate à pobreza;
O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro-
da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego
Administração Pública. e crédito;
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so- direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
que o foro de ambas é na Justiça Federal. manos, da democracia e de outros valores universais;
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
Delegação Social ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
Organizações sociais técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
As organizações sociais são entidades privadas que recebem neste artigo.
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de- receber a qualificação. Vejamos:
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com I – as sociedades comerciais;
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá de categoria profissional;
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec- IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à fundações;
saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali- bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
ficação de OSs. VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os de e assemelhados;
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los mantenedoras;
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, tuito e suas mantenedoras;
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- IX – as Organizações Sociais;
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para X – as cooperativas;
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili- e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi-
zação de bens públicos e servidores públicos. cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido
constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me-
Organizações da sociedade civil de interesse público nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n.
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que
sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu- o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades
tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De

145
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a
deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es- conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en-
tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos, ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.
consultorias, cooperação técnica e assessoria.

Entidades de utilidade pública ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, REQUISITOS,


O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES
seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta-
tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o Conceito
setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res-
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem- guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil obrigações aos administrados ou a si própria”.
de interesse público (OSCIP). Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda- jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga- O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos. explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de- A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa regulamentos.
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici- No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
ência da sociedade. administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen-
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos legitimidade por órgão jurisdicional”.
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es- B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for-
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos-
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por
civil de interesse público. exemplo, bem como os atos abstratos.
O termo publicização também é atribuído a um segundo sen- Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
fins lucrativos. mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.
No que condizente às características das entidades que com- De antemão, é importante observar que, embora o exercício
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten- da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função
de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
nham sido autorizadas por lei; mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú- legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado); todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci-
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por exclusiva do Poder Executivo.
isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi- Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício
nistração da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú-
5. Pública e ao Tribunal de Contas; meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga- desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico
do parcialmente por normas direito público; de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam- dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi- privado e não público.
reta. Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que
são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem
seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri- como, os entes da Administração Indireta e particulares, como
vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser-
algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá- viços públicos.

146
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre- cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão penalidades.
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro- Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-
veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara- dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi- a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle da pela lei ou pela Constituição Federal.
judicial específico. b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
Em suma, temos: normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am- agente que possui competência primária.
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con- Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
trole judicial específico. aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Atos de Direito Privado Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên-
Atos materiais cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF),
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re-
Atos políticos ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver-
Contratos dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos
Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta
Atos normativos na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos A competência possui como características:
a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma
Requisitos vez que se trata de um poder-dever de ambos.
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta-
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência, de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo:
falta ou o defeito desses elementos pode resultar. diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan- jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos
do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente. a crimes considerados menos graves.
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in- minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa. poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú- delegação.
blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente
liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o estas normas poderão alterá-la.
controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
Polícia Federal. não tenha sido utilizada por muito tempo.
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista
o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a
o desempenho de suas atividades. tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua
A competência possui como fundamento do seu instituto a di- prática.
visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con-
junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri- Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
buição de competências possibilita a organização administrativa avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
política, órgão ou agente. termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação
é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam- é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior.
bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi-
relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie-
é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais rárquica.
da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na-

147
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri- Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada,
buição da autoridade delegante, que continua competente para o todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve-
exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre Seguindo temos:
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos.
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode- se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen- de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
impedimentos legais vigentes. de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
É importante conhecer a respeito da delegação de competên- Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo gação:
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal,
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
pondo em seus arts. 11 a 14: temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de autoridade avocante.
delegação e avocação legalmente admitidos. • Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega-
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- cunho de mão própria.
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
presidentes. também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
I - a edição de atos de caráter normativo; to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
II - a decisão de recursos administrativos; avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribu-
dade. ídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
cados no meio oficial. Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
de exercício da atribuição delegada. mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
autoridade delegante. com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
legado. das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po-
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista
cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega- mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação. c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
Importante ressaltar: ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí- de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento.
cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem
rança ou a medida judicial. toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen- teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta
to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados
poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada. válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato.

148
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em suma, temos: Em resumo, temos:

Específica ou Imediata e
FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
Ato praticado com finalidade
diversa da prevista em Lei.
e
DESVIO DE FINALIDADE
Ato praticado formalmente
OU DESVIO DE PODER
com finalidade prevista em Lei,
porém, visando a atender a fins
pessoais de autoridade.

Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis-


tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma modo de exteriorização do ato administrativo.
das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão, B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor- como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa-
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- das no seu curso de formação.
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
de ato administrativo. simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto
de finalidade pública. São elas: exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for-
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- mação do ato administrativo.
co considerado de forma geral.
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
ato. o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser requisito primordial à validade do ato.
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
de finalidade. ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
rifica em duas hipóteses. São elas: quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da ma, mas não vício de motivo.
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
de punição. toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a elemento motivo.
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse- Motivo
guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que
público. estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
Quando a autoridade administrativa não tem margem para de-
cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato
administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao
ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade
administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá-
tica do ato.

149
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida-
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua-
empírico da situação prevista em lei. lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis- ser anulada.
trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto
previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
se integre à tal previsão. Em suma, temos:
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor-
rer nas seguintes situações: • Motivo do ato administrativo
a) quando o motivo é inexistente. — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
b) quando o motivo é falso. edição do ato administrativo.
c) quando o motivo é inadequado. — Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs-
trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real
motivação. Vejamos: que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do racterizando o motivo de direito.
ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati-
vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti- VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo.
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen- Inexistente
do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo- Falso
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos,
Inadequado
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
de forma, e não de motivo. • Teoria dos motivos determinantes
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se- vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
guinte: — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; está adequado à realidade fática”.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção Objeto
pública; O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
tatório; vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
V - decidam recursos administrativos; da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
VI - decorram de reexame de ofício; a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão objeto é a punição do transgressor.
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
ção de ato administrativo. drões aceitos como éticos e justos.
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen-
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva-
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen-
sendo admitida no direito brasileiro. são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica.
b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para
A motivação dos atos administrativos evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.
É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res- c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de
peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas
determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi- nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au-
gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro.
validade se os motivos declarados forem verdadeiros. d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes-
soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho
Exemplo de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto
A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser- é tido como imoral.
vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de
ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente

150
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Atributos do Ato Administrativo • Autoexecutoriedade
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção
vados. prévia do Poder Judiciário.
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado rapidez e eficiência.
pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos riedade somente é possível quando estiver expressamente previs-
atos administrativos são: ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo
adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao
• Presunção de legitimidade interesse público.
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros Demolição de edifício em situação de risco
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade,
Internação de pessoa com doença contagiosa
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade
com a lei, até que se prove o contrário. Dissolução de reunião que ameace a segurança
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida- livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi- dos seus direitos.
das pela administração são verdadeiras.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos Tipicidade
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis-
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub- que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de-
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas, que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca-
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos. bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera- ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl-
que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo,
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
ser punido. viamente definido na lei.
• Imperatividade Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar
impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o
concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien- atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da
te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda-
editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos
para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado inominados.
em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se
possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran-
expressa concordância. do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida- impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a
de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu-
obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender
administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem- tanto ao interesse público como ao interesse particular.
plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.

151
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Classificação dos Atos Administrativos Exemplo:
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse devidas análises”.
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica-
ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos
prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante simples, complexos e compostos.
abordagem nas provas de concursos públicos. • O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas
um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór-
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada
minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole-
correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula- giado.
mento do Imposto de Renda. • O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será É importante não confundir ato complexo com procedimento
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter- administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com-
minados em si. plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de
um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra-
Exemplo: ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por de um ato final e principal”.
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti- f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS este também decorre do resultado da manifestação de vontade de
dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem
ser atos vinculados e discricionários. para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos,
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração um principal e outro acessório.
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com-
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória, Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei-
nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
de imóvel. vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em-
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa-
com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de- minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú-
cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico
conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática. do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto
o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi- vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili-
nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente. dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administra- administrativo composto”.
ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais
usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e co- Espécies
ercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabeleci- O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
mentos comerciais. administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais atos punitivos.
a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove-
nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi- • Atos normativos
nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es-
particulares. miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais,
a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas,
versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos.
Exemplo:
Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for- Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po-
ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do dem ser:
contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos. a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos
• Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im- chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação
pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e geral ou individual prevista na legislação, englobando também de
sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das
papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos. Casas Legislativas.

152
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
classificados em decreto geral e individual. Vejamos: nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli- nhas.
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do
Imposto de Renda”. • Atos negociais
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi- Também chamados de atos receptícios, são atos administrati-
ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com
produz de imediato, efeitos concretos. o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração
Exemplo: Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão.
para fim de desapropriação. Vejamos:
a) Licença: possui algumas características. São elas:
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re- — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos
gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li-
o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não cença;
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da- — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi-
queles do que é permitido por Lei. nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre como um todo;
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon- — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da
Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001, b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do-
que predispõe a competência privativa do Presidente da República tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas
para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen- pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú-
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico.
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
• Atos ordinatórios ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada,
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem bem como da utilização de bem público por particulares;
ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis- — Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade
ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare- administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve-
mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as niência e à oportunidade do ato administrativo;
circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e — Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui
os despachos. somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape-
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela nas de direito subjetivo ao ato.
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a
atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru- c) Autorização: é detentora de características iguais às da per-
ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis-
na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni- sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou,
camente por particular. ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per-
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan- missão, a autorização possui como características: o ato de consen-
to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência. timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo.
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre- d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador
latos aos respectivos Ministérios. do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público
Portarias: são atos administrativos respectivamente editados específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual
por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do o particular preencha devidamente os requisitos legais
Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de- • Atos enunciativos
terminando a instauração de processo disciplinar específico. São atos administrativos que expressam opiniões ou, ain-
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena- da, que certificam fatos no campo da Administração Pública. A dou-
dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais. trina reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres,
Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi- as certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos:
ca. a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res- a opinião do agente público a respeito de determinada questão de
ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de
e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico.
entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé-
informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio cies de pareceres. São eles:
de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú- 1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação
de. para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não
vincula a autoridade competente;

153
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade população em risco.
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa- Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a
recer de forma motivada; autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si-
forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis- tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo-
trativa com o dever de acatá-lo. mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi-
da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé-
o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior.
administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po- Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio-
rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas. nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a
consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais, Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação
no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen- ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi-
dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de cometido falta grave.
situações de interesse pessoal”. *Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos
particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as
c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da
de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer- Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados.
tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior
ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis-
públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re- ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as
tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da denominadas sanções internas.
Administração Pública.
Extinção do ato administrativo
d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem Diversas são as causas que causam e determinam a extinção
o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de
pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá
o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos,
contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito,
de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°, vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção
da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações. objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be-
neficiário.
• Atos punitivos
Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por
são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in- meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos
teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu
a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes
forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi- situações:
ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição
Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te- Cassação
nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido
da legalidade. condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar
Podemos dividir as sanções em dois grupos: continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe- do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo
dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu- sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua
lares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti-
basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
tuição.
pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de
contratada pela Administração.
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu-
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar.
multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de-
de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
espécie: monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar
Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido
aos administrados. fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento,
Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen- em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com
sivos do exercício de atividades diversas.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada
a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
trativo. da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada o exercício da autotutela.
como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser
proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen- Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no
tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên- âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os
cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria, atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos,
dados públicas. contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa- norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a
recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad- estipulação de prazos diferentes em outras esferas.
vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários
para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo Revogação
que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró-
ocorreu na formação do ato. pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade,
sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de
Anulação conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento
É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per-
de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração
e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle pública poderá suprimi-lo por meio da revogação.
de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu-
legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra-
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o ção que o editou.
ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse- É fundamental compreender que a revogação somente pode
guinte, revogá-lo, e não o anular. atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen- quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá-
te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não
discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida- conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma-
de. neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição
Em relação à competência, a anulação do ato administrativo do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des-
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo feito pela revogação.
Poder Judiciário.
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin-
isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au- cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual-
totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF: quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos:
PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná-
A Administração Pública pode decla- lise de conveniência e oportunidade;
SÚMULA 346
rar a nulidade dos seus próprios atos. b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não
A Administração pode anular seus retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam
próprios atos, quando eivados de próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando
vícios que os tornam ilegais, porque transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público,
deles não se originam direitos; ou após o gozo do direito, não há como revogar o ato;
SÚMULA 473 revogá-los, por motivo de conveniên- c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o
cia ou oportunidade, respeitados os praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori-
direitos adquiridos, e ressalvada, em dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou
todos os casos, a apreciação judicial. deixou de ser competente para revogá-lo;
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados,
votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela
Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in- lei;
vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade, e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni- novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
dade. f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.
provocação do interessado.
Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer- Convalidação
cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi- É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando
nistrativo havendo pedido do interessado. por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu-
Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora.
Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante
que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente
os efeitos. essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca-
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático
anuláveis. de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético,
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive,
incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável
art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi- o fato de que o Poder Público não se submente também a essa
lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis, consolidação das situações eventualmente an jurídicas pelo de-
ti

levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes- curso do tempo.”
se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe
à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux
aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e
dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a Administração Pública, suprimindo da administração o poder de
esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná- usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis-
ria vigente. trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes-
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru- sadas.
dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina- Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota-
das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo,
princípio da segurança jurídica. propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta-
gem do prazo decadencial.
Decadência Administrativa
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi-
to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter- AGENTES PÚBLICOS. LEGISLAÇÃO PERTINENTE. LEI
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda Nº 8.112/1990. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que APLICÁVEIS. DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS. CONCEITO.
não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei. ESPÉCIES. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo Conceito
previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo,
única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as
o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con- concernentes à Administração Pública e seus agentes como um
funde com o exercício da ação para manifestá-lo”. todo.
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis- A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para
posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú- conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de
blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra-
vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos: tiva, com investidura definitiva ou transitória.
Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi-
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários Espécies (classificação)
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca-
salvo comprovada má-fé. tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- Vejamos cada classificação detalhadamente:
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
dade do ato.” Agentes políticos
O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên-
no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati- cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos.
cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per- Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal,
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os
que o beneficia. Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla-
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad- tivo como Senadores, Deputados e Vereadores.
ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida- De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo,
das contando com a proteção da segurança jurídica. com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car-
Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do gos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de
sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu: forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpa-
recer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão Cargo, Emprego e Função Pública
constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público, Para que haja melhor organização na Administração Pública, os
da Magistratura e dos Tribunais de Contas. servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua-
dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre-
Servidores Públicos Civis gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa
De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos.
que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba- Cargo
lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co- O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei
fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas 8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui-
jurídicas. ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi- devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi-
cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional
aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público.
militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans-
de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú- formados e extinguidos por força de lei.
blicos para se referir somente aos servidores públicos civis. Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po-
De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de
servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte ma- cargos, empregos e funções públicas.
neira: Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes-
Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do
pelo regime estatutário. chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis
Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra- sem sanção.
tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.
Servidores temporários: são os contratados por determinado A despeito da criação de cargos, vejamos:
período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tempo- a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
rária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas, desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do
jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa. Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec-
Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os mi- tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação
litares eram tratados como “servidores militares”. Militares são de cargos para o Ministério Público.
aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha, c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios, (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pe- Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
los cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submeti- decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
dos à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis ocupado, só poderá ser extinto por lei.
estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma
categoria propícia de agentes públicos. Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
jamos:
Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral, podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas razão do regime de progressão do servidor na carreira.
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis- titulares.
tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen-
to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas. Em relação às garantias e características especiais que lhe são
Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores e comissionados. Vejamos:
públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili-
dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades. Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu- manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos, ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políti- 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
cos. buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
nomeante.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Emprego co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por
Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos
de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que para a ocupação do cargo.
também chamados de celetistas ou empregados públicos. Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este
A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a
que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor
empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser- público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten-
vidor titular de cargo público é de natureza estatutária. do a todas as normas estatuárias da instituição.
No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au- tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei
tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta 8.112/90.
a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988 De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é
(ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta- de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro-
tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re- vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi-
gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio
à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei
contratações e admissões no regime de emprego público. No to- 8.112/90.
cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser-
as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para
públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis- iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1°
tência de empregados públicos, nos termos legais. do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo
Função Pública respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos:
Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
existem determinadas atribuições que também são exercidas por nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança,
servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob-
a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público, servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de
como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata- 10.12.97).
dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público,
com base no art. 37, IX, da CFB/88. Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para
Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe- posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração,
nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público. tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser-
Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo
para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação.
exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos
termos do art. 37, V, da CFB/88. Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a
um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra-
Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão, que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de-
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire- rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro-
ção, chefia e assessoramento. vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento
originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
Regimente Jurídico carreira.
Provimento Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser- de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa. e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu-
cargos públicos em dois grupos. São eles: lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal

Provimento originário: é ato administrativo que designa um Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro-
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública. em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
O provimento originário é a única forma de nomeação reconhe- não integra a carreira na qual anteriormente investido.
cida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressalte-se,
dependendo de prévia habilitação em concurso público de provas Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a ordem de permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi-
classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o momen- cas específicas. Vejamos:
to da nomeação configura discricionariedade do administrador, na
qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense-
jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na
carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado, b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o
mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior-
como mediante assunção de cargo escalonado em carreira. mente, em decorrência da anulação do ato de demissão.
Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis-
deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon-
forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento. derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo
Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal.
assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem-
plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra-
de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente
situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses:
realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi • Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car-
abolida pela Constituição Federal de 1988. go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual
já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do
Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis- serviço público.
posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor • Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex-
em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da
este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese, qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste-
o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo, riormente reintegrado.
no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu
em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita- Observação importante: A recondução não gera direito à per-
ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o
médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos- servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu-
sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de neração deste cargo.
trabalho.
Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven- d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en-
cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com-
servidor em virtude da readaptação. patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o
cargo que antes ocupava.
Observação importante: esta modalidade de provimento deri- Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex-
vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain- tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú-
da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap- blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser
tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente. demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida-
Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis, de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma
o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea- temporária, mantendo o vínculo com a administração pública.
daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa
do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen- Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida-
te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado. de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo
cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento
Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi- será obrigatório.
dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo
específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor- Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
rer de quatro formas. São elas: to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque
a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita-
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor- mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser-
no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu-
A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez, sar o aproveitamento.
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que Vacância
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser- cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú-
vidor ao cargo. blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi-
co não está provido e poderá preenchido por novo agente.
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos
em lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado
Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposenta- pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati-
doria tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tives- vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a
se, antes, adquirido estabilidade quando no exercício da atividade, aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou
que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à so- por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para
licitação e também que haja cargo vago, no momento da petição que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes
de reversão. maneiras:

159
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• Falecimento tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe-
Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa
servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá- cargo de provimento efetivo.
vel a ocupação do cargo. Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser
titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende
• Exoneração explicitamente da aprovação em concurso público.
Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de
público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan- provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan-
do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse. to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên-
Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi- cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí-
dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se cio, desde que seja aprovado no estágio probatório.
restará desfeito e o cargo vago. Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
ções
b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co- Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados,
meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder
do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for- Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis-
ma de sanção aplicada ao servidor que cometer. por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos
Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu- e funções públicas.
radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos, Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de
definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que
a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de- mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na
vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe
extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso-
ao serviço público. luções.
A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela
disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos
defesa. cargos públicos, nos termos da lei.
Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria,
c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve-
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que jamos:
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em
inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór- Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
gão competente. desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis-
retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos
ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de
de outro, acopladas num só ato. cargos para o Ministério Público.

d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público, Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
cargo mais elevado na carreira de ingresso. (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.

e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servi- Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
dor tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova, estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o ocupado, só poderá ser extinto por lei.
primeiro. Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela jamos:
Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será
necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen- Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei, razão do regime de progressão do servidor na carreira.
processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali-
dade de demissão do servidor. Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
titulares.
Efetividade
A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo Em relação às garantias e características especiais que lhe são
que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14, conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi- e comissionados. Vejamos:
dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de
provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.

160
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art. Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter-
37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri- minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está,
buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma- em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen-
neira temporária, em função da confiança depositada pela autori- tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re-
dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende ceber.
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita-
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa-
nomeante. gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma
relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba-
Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis
públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan- do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos
to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art. recebem salário.
84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege,
República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re-
decreto, quando estes se encontrarem vagos. munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a
O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis
consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme- que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode-
lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or- mos resumir das seguintes formas:
gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios. A iniciativa é privativa do
Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú- CARGO DO PODER
Presidente da República
blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei EXECUTIVO FEDERAL
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”);
ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo
estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa
não se admite a edição de decreto com essa finalidade. DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV);
CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF,
Remuneração FEDERAL art. 52, XIII);
A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art.
37, a seguinte redação: Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le-
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e
trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as- de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores,
segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin- onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ).
ção de índices; Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais,
dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e
Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo- dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso
sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden-
que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão
amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte- constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali-
ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo
edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto. do Congresso Nacional.
Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu-
O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men- nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral
ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve
jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
alguns cargos e facultativa para outros. Executivo de cada Federação.
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal, O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final,
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci- garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos
mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de “servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse índices.
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu- A Constituição da República em seu texto original, usava os ter-
neração em sentido amplo. mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto,
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usado a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram
o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com frequ- de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores
ência para indicar a remuneração dos servidores estatutários que civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares,
não percebem subsídio. apenas como “militares.
Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe-
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu- revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e
niárias estabelecidas em lei. para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o
que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli-

161
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
espécie do gênero “servidores públicos”. Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
19/1998. nal nº 41, 19.12.2003).
O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao
fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor, afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio
devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis-
de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
“aumento impróprio”. nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso-
o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implantada ais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de caráter
mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as re- indenizatório, estas não serão computadas para efeito de cálculo do
estruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais, teto remuneratório.
pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral, Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena-
de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia
de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos
Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
cada ano. despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No
entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos
Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti- para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre-
da aos valores mínimo e máximo. gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no
Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser- art. 37, XI, da CF.
vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen-
em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po-
inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este,
da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base. o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso,
Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos
16. Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a
foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF, remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí-
a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne- dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra-
cimento das condições materiais para a correta prestação do ser- passar os limites a seguir:
viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador;
que os militares são enquadrados em um sistema que não se con- Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es-
funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes taduais e Distritais;
têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado-
570177/MG). res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos
Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor- Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da
te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder
salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”. Judiciário.
Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune- art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003. um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
Vejamos: único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res-
pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado-
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe-
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto mu-
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no nicipal.
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem

162
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos
contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici- eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se
tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios. o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo
(art. 58, § 2º).
Direitos e deveres Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da
Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú- mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião,
blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas,
jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes,
e das fundações públicas federais, é importante explanar que além cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores
do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re- brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora
ceber vantagens pecuniárias, sendo elas: da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º).
Indenizações A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida
Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe- pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da
sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas
previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza- extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º).
ções a serem pagas ao servidor federal: Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não
a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no
instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser- prazo de cinco dias.
viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre-
domicílio em caráter permanente. visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em
A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não excesso no prazo de cinco dias.
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão,
com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no
ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a
afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo. utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi-
O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune- ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da
ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden- Lei 8.112/90).
te a três meses de remuneração.
Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida-
pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo, mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel
passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei- de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen-
ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um
segunda ajuda de custo. mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as
despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor
arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem, deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art.
bagagem e bens pessoais. 60-B). Vejamos:
Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família, Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten-
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
do óbito. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
dias. nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra- nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará- Lei nº 11.355, de 2006).
grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção
caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção, e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es-
não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº
REsp 1.531.494/SC). 11.355, de 2006).
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
Diárias de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re-
São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio- Lei nº 11.355, de 2006).
nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
e locomoção urbana. em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise
11.355, de 2006). curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº candidatos; participar da logística de preparação e de realização de
11.355, de 2006). concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde-
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007). e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves-
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.
prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem-
relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto,
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado.
Gratificações Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido-
São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti- res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri-
pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração do à sua percepção.
do servidor público.
Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se Adicionais
que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde
aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi-
e adicionais: ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos
a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- resumi-los da seguinte forma:
sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo-
exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es- cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe-
pecífica. riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha
b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador habitualmente colocam em risco a sua vida.
da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí- remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
cio será considerada como mês integral. trabalho.
c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas No entanto, somente será permitido serviço extraordinário
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74.
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
habitualmente colocam em risco a sua vida. exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de trinta segundos (art. 75).
trabalho. d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis-
(art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor- ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de
dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res- solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um
peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74). adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das
e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra- e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
trinta segundos (art. 75). condições e limites fixados em regulamento (art. 71).
f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida-
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º).
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta- insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
gem será considerada no cálculo do adicional de férias. podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas Férias
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal, I - por motivo de doença em pessoa da família;
porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990. III - para o serviço militar;
Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada IV - para atividade política;
ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois V - para capacitação;
períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com VI - para tratar de interesses particulares;
exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77). VII - para desempenho de mandato classista;
VIII - para tratamento de saúde;
Entretanto, o servidor que opera direta em permanência cons- IX - Licença por acidente em serviço (art. 211);
tante com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá X - Licença à Gestante (art. 207);
direito ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de ati- XI - Licença à Adotante (art. 210);
vidade profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumu- XII – Licença Paternidade (art. 208).
lação desses períodos (art. 79). Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla-
nação:
Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º). doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras-
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas
É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação
férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir por perícia médica oficial.
daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício. § 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do
Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva- servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen-
mente discricionária da administração, que só o fará se compreen- te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário,
der que o pedido atende ao interesse público. na forma do disposto no inciso II do art. 44.
No condizente à remuneração das férias, depreende-se que § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de condições:
férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78). remuneração do servidor;
Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro neração.
período (art. 78, § 5º). § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis- partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro- muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês II do § 2º.
em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º). § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica condições:
o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de remuneração do servidor;
serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu- neração.
neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min. § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008). partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza- muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção, um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei II do § 2º.
8112/90: § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro
a) calamidade pública; também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Po-
b) comoção interna; deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi- tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
ma do órgão ou entidade. exercício de atividade compatível com o seu cargo.
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
Licenças cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se cífica.
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
com o tipo de licença. 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas: go.
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:

165
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de licença remunerada.
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, artigo será de 30 (trinta) dias.
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a acidentado em serviço.
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se- Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte
guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses. 9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê-
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor
para participar de curso de capacitação profissional. gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está- a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí-
gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da
muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe- Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN).
deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, Concessões
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade Três são as espécies de concessão:
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au-
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser- seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue;
vados os seguintes limites: por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti-
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei-
servidores; ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta ou tutela e irmãos.
mil) associados, 4 (quatro) servidores; b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu-
8 (oito) servidores. dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es-
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao
cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des- servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
de que cadastradas no órgão competente. de por junta médica oficial, independentemente de compensação
§ 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
renovada, no caso de reeleição. deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi-
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad-
prejuízo da remuneração a que fizer jus. ministração pública federal ou que participe de banca examinadora
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. no prazo de até um ano.
§ 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi-
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é
partir do parto. assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
reassumirá o exercício. cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá grafo único).
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis Direito de petição
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
períodos de meia hora. to ou interesse legítimo.
O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto- dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia-
ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os
daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente atos dos agentes subordinados.
(art. 105). Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi- não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe- de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII,
rido a primeira decisão, não podendo ser renovado. da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re-
De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re- presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali-
curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re- dade, omissão ou abuso de poder.
consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in- Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
terpostos. festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a
Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes
decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto- Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu-
ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que mas regras, sendo elas:
estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui- A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po-
dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da
da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele-
data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni- gar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
co da Lei 8112/90. B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem-
O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon- plos: o veto e a sanção de lei;
sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina-
interessado, da decisão recorrida (art. 108). da autoridade, não podem ser delegadas;
Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em D) O subordinado não pode recusar a delegação;
cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen- E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e autorização do delegante.
créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de- Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele-
mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei. gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os
ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin-
Em relação à prescrição, merece também destaque: tes regras relacionadas a esse assunto:
Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re- • A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso, delegada se não houver impedimento legal;
quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de • A delegação de competência é sempre exercida de forma par-
prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não
ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi- detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90). • A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e,
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
PODERES ADMINISTRATIVOS. HIERÁRQUICO, e agentes não subordinados à hierarquia.
DISCIPLINAR, REGULAMENTAR E DE POLÍCIA. USO E Não podem ser objeto de delegação:
ABUSO DO PODER • A edição de atos de caráter normativo;
• A decisão de recursos administrativos;
Poder Hierárquico • As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida-
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade de;
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus
órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi- Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo-
nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia. gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei.
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po-
em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com- deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
petências e a hierarquia. os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível
Em decorrência da amplitude das competências e das res- à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição
ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a delegada.
função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela
agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição autoridade delegante como forma de transferência não definitiva
dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen- de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men-
tes integrantes da Administração Pública. cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma- como editada pelo delegado.
neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor- que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses

167
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór- Poder conferido à autoridade admi-
gão subordinado. nistrativa para distribuir e dirimir funções
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do PODER em escala de seus órgãos, que estabelece
órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem- HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im- ção entre os servidores que estiverem sob
preterivelmente justificados. a sua hierarquia.
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados,
como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, A edição de atos de caráter normativo
convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do NÃO PODEM SER
interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis- A decisão de recursos administrativos
OBJETO
trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi- DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva
ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se do órgão ou autoridade
que pode ocorrer de duas formas: Por revogação: quando a manutenção
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato do ato válido se tornar inconveniente ou
DESFAZIMENTO
válido se tornar inconveniente ou inoportuna; inoportuna
DO ATO
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios.
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresen-
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po-
derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos tar vícios
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se Poder Disciplinar
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de
sido criado o direito subjetivo para o particular. autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos
servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli-
Observação importante: “revisão” do ato administrativo não na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi-
se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que
ato é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan-
relação à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su- do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual.
bordinado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui- Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é
co. Já na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri-
ato administrativo é realizada pela própria autoridade que confec- buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes-
cionou o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o
hierárquico. cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado,
o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi-
Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu
à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun-
Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun- cional.
ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de
Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie- alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po-
rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis- der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços
trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de
obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para
julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra- a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui-
-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida- co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre
de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos o particular.
serviços administrativos da sua Vara. Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo
não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi- instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado
nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis-
mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super- tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so-
visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so- mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes.
bre as entidades da Administração Indireta. Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não
Esquematizando, temos: se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar,
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve-
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor-
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia,
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis-
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação
funcional ou contratual com a Administração.
Em suma, temos:
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín-
culo específico com a Administração Pública.

168
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con-
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu-
às regulamentações de polícia administrativa. lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução.
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge- Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen-
ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem tes:
crimes ou contravenções penais. A) Regulamento executivo;
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o B) Regulamento independente ou autônomo;
poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação c) Regulamento autorizado.
deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance Vejamos a composição de cada em deles:
como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis-
trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será Regulamento Executivo
aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona- suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re-
riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer
sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis- lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes-
trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re- mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso,
fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente
e da exata sanção cabível. detalhar a sua execução.
Em resumo, temos: O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen-
do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou
Poder Disciplinar determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas
• Apura infrações e aplica penalidades; situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses
• Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con-
preciso que possua vínculo funcional com a administração; creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas.
• A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for-
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que mal.
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; O ato de regulamento executivo é constituído por importantes
• Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre funções. São elas:
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação.
1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa
Poder regulamentar Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan-
Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li-
o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po- berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e
der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação
destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento de um regulamento executivo que estipula regras de observância
e eficaz execução. obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po- proceder no fiel cumprimento da lei.
der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme- Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer-
lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres- cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe-
são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer
conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para
conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra- a discussão de casos e fatos sem importância para a administração
tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções, pública.
portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há
ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs- 2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei
tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula-
de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum-
poder normativo. prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato
No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada.
como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car-
utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à reira de Policial Rodoviário Federal.
competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei
regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati- 9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu-
vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão
autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo, único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por
de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros. pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe
Registra-se que os regulamentos são publicados através de subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º.
decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos
pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto,
por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda, o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que
a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos
última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base
determinado nome a um prédio público. em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e

169
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula- lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará- diretamente da Constituição.
grafo único da Lei 8.112/1990. A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi-
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es- a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá- inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri-
satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma, que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo-
a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi- sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente
dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa- funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
do dirigente máximo do órgão. públicos.
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe- na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi-
lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi-
à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se
efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo
regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad- das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia
ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de
o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser
uniformizado. veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior
Embora exista uma enorme importância em termos de pratici- hierarquia.
dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie- Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa-
rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica, râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui-
criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou -los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando
restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo, de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu
atos normativos considerados secundários que são editados pelo que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto.
Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas
normativos primários elaborados pelas leis. nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de-
Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando
lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na- determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos
cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme- concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar.
tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento
legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe- executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta-
cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento. ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en-
Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações, contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica
uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto
em função de o Presidente da República entender que o projeto regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar
de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti-
o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo
o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside-
exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico. rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora,
Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma
sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte- primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional,
resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal
a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen- de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de
te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi- controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição
tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi- do Supremo Tribunal Federal:
co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento. Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do
Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição,
controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso
exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá,
reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri-
Executivo no exercício da autotutela. bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio-
nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado
Regulamento independente ou autônomo em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de
Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam- opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou
bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe- isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle
cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio-
o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta
reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá-

170
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387- com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio). regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es-
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob- De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos,
República e ao Advogado é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí-
do art. 84 da Constituição Federal. fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor
grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis-
Regulamento autorizado ou delegado trativos.
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento Esquematicamente, temos:
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men-
ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele- ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos
gado. REGULAMENTO
De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de
não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de DESTINATÁRIOS organização
forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
aos órgãos administrativos.
Poder de Polícia
Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado
técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício
controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou-
de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte-
trina maior tem aceitado que as competências para regular deter-
resse público.
minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador
para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da
Limites
deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
para a esfera do regulamento autorizado.
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está
No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita-
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos
do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade,
fins, aos motivos ou ao objeto.
ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc-
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po-
nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres-
lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro-
sa determinação legal.
porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a
Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de
confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem-
ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos-
aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas,
na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por-
mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura.
que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força
Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in-
jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá-
terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria
rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas
desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade,
a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas.
Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu-
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso
jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista
porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judici-
que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de
ário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração
estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
no exercício da autotutela.
Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de-
terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
Prescrição
admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe-
venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi-
deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu-
tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm
nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia,
sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas,
desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de
como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên-
infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver
cias reguladoras.
cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da
Administração também for considerado crime, a prescrição deverá
Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º.
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação
fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e
de execução da administração pública federal relativa a crédito não
os regulamentos administrativos ou de organização.
tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação
Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini-
regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua
passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece
redação incluída pela Lei 11.941/2009.

171
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi- cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público
lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo
curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi- desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que
car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des- tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo
pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que para fazer cessar o ato de polícia abusivo.
haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren- Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia
te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º. são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen-
punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo
das seguintes hipóteses: não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por urgência que demande a execução direta da medida. O que infere
meio de edital; que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po-
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem-
fato; pela decisão condenatória recorrível; plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como
C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o
Administração Pública Federal. mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne-
Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em cessário que promova a execução judicial da dívida.
determinadas situações específicas, quando o interessado inter- A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma
romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em
do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu-
parâmetros do art. 3.º. toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili-
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões
9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade
art. 5.º. de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando
Atributos for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como
Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de
polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida- desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar
de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não
estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia. sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder
Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri- de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
buto: Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que
a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios
Discricionariedade indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida-
Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re- de de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul-
lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí- tas de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de
cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião,
seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de da apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e
polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori- da demolição de prédio.
dade responsável possa executar qualquer tipo de opção. Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare- em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade,
mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização, que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou
respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de- em situações de urgência.
preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os Coercibilidade
requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja
ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos,
exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re- o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está
ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente consignado à dependência da concordância do particular para que
atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso-
não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis- ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe-
cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma- como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
terial bélico. confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do
desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
Autoexecutoriedade
Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da auto- Poder de polícia originário e poder de polícia delegado
executoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é
e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo
intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer- como fundamento a própria repartição de competências materiais

172
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988. ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú- continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder com a aplicação da nova Lei.
de polícia originário. Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº.
Como uma das mais claras manifestações do princípio segun- 14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no
do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº.
exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art.
e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida- 5º, da seguinte forma:
de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma- Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre- da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado, segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF). julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
Esquematizando, temos: competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
DISCRICIONARIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE
O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta
Liberdade que for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente
Faculdade de a
de escolha da à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se
Administração deci- Faz com que
autoridade pública que este possui como foco, determinar que a licitação seja destina-
dir e executar dire- o ato seja impos-
em relação à da com o objetivo de garantir a observância do princípio constitu-
tamente sua decisão to ao particular,
conveniência e cional da isonomia.
por seus próprios concordando este,
oportunidade do Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não
meios, sem interven- ou não.
exercício do poder é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou-
ção do Judiciário.
de polícia. tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma
expressa no texto legal.
Uso e abuso de poder Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do
De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do
de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente, desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa,
desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no
atendimento à consecução dos fins públicos. qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão
No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder, de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e
venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para serviços nacionais.
fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se
que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor- Princípio da legalidade
re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de
que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade
meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito. de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório.
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas: A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor
público, representando, desta forma, uma garantia aos administra-
• Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au- dos contra as condutas abusivas do Estado.
toridade atua extrapolando os limites da sua competência. No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega-
• Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú-
ao interesse público como um todo. blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado
Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso
pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de
intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju- alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa
dicial. ou judicial.
Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual-
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de-
LICITAÇÃO. PRINCÍPIOS. CONTRATAÇÃO DIRETA: corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao
DISPENSA E INEXIGIBILIDADE. MODALIDADES. TIPOS. Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con-
PROCEDIMENTO trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993.
Princípios
Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-

173
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio da impessoalidade haja melhor organização e estruturação advinda da administração
Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da pública.
impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra- Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme-
ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento
quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios
princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob- Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao
do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a cuidar da Administração Pública.
apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto
do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi- Princípio da Probidade Administrativa
deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro-
passível de fazer interferências no julgamento das propostas. bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois
princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada
Princípios da moralidade e da probidade administrativa pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração
A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um
da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja
distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de em conformidade com a ética e os bons costumes.
que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética, Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí-
isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo
licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside- significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos.
rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito
ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis- vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida-
tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei
dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com 8.429/1992.
o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar
os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é Princípio da igualdade
constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que
administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan-
possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992. tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual-
dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação,
Princípio da Publicidade todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe,
Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu- ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das
blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento propostas.
do que os administradores estão realizando, e também de manei- Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei
ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se 8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir,
tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital
Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades co-
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”. operativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên-
Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de
de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in- “qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a
(Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine). 12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991.
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici- Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância
dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou
modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên- relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru-
cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior mento de convocação do certame.
número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua-
valor do contrato dispensa maior divulgação. “ litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi-
Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for- guais, na medida de suas desigualdades.
necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver-
bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por Princípio do Planejamento
obediência ao princípio da publicidade. A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o
Princípio da eficiência do interesse público dever legal do planejamento como um todo.
Trata-se de um dos princípios norteadores da administração Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen-
pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili- der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a
dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, licitação e também toda a contratação pública de forma adequada
da segurança jurídica e do interesse público. e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de
Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros
legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um
que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que todo.

174
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla- Princípio da vinculação ao edital
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi-
ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res- dade das determinações de habilidades, que possui o condão de
ponsabilidade do agente público. impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de
que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira
Princípio da transparência objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade.
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade, estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista
imparcialidade, eficiência, dentre outros. que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é entidades.
um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici- Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se
dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans- seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida- e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le-
de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
de forma transparente. O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí-
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor- pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje-
Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob- to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085,
Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009). Princípio do julgamento objetivo
O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De
Princípio da eficácia acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató-
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for- rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório,
ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de
parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas.
dentro da legalidade. Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre-
Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e,
ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros.
administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien-
te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de Princípio da razoabilidade
maneira conjunta e não sobrepostas. Trata-se de um princípio de grande importância para o contro-
le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto
Princípio da segregação de funções que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos
Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao
falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí-
poder e criando independência para as funções de execução opera- nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im-
cional, custódia física, bem como de contabilização portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que
Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina- determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a
da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun- razão administrativa como um todo.
ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco-
venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação
controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida
de uma verificação cruzada. a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida.
O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da
moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput, Princípio da competitividade
da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item O princípio da competição se encontra relacionado à competiti-
3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade
Interno do Ministério da Fazenda. de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio
se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do
Princípio da motivação inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei-
O princípio da motivação predispõe que a administração no ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que
processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos
a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi-
a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que dade na licitação.
haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin-
sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta
levaram o agente público a proceder daquele modo. poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro-
cesso licitatório.

175
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con- imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si- reto causado pelas obras contratadas;
tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com
a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a mobilidade reduzida.
Administração Pública, como também a observância do princípio
constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá- Princípios correlatos
rio). Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que
Princípio da proporcionalidade também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio quais se destacamos:
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades
determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou Princípio da obrigatoriedade
suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto
exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que
no âmbito dos direitos fundamentais. as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e
locações da Administração Pública, quando forem contratadas por
Princípio da celeridade terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório,
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside- com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente.
rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o
princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro- Princípio do formalismo
cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi- Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo
gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o
possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão. art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro-
cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati-
Princípio da economicidade vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais Pública”.
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces-
sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar Princípio do sigilo das propostas
coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona- Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante-
do ao princípio da moralidade e da eficiência. cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade, pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43,
entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida- § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro-
de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco- postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar
nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de-
sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho, mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das
1998, p.66). Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2
(dois) a 3 (três) anos, e multa;
Princípio da licitação sustentável
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten- Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor
tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi-
que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não
preservação do meio ambiente”. seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta
Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior.
na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga-
12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con-
do desenvolvimento nacional sustentável. trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto.
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi- possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a
mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser- licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in-
vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal. teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula-
Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com ridade Insanável.
fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de-
vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º: Princípio da competitividade
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só- É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha-
lidos gerados pelas obras contratadas; vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi-
B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental, nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio
que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental; da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da
c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova- competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú-
damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais; blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação,
D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem
urbanística; o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope-
rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu-
ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra

176
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de
do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser-
no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” . va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten- naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme-
de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.
manifestação do princípio da indistinção. Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são
pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas nº. 14.133/2.021:
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen- 1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula-
te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá, da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32,
por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es- IV, da Lei nº 13.303/16;
teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
Lei 8.666/1993. 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de-
Competência Legislativa sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se
A União é munida de competência privativa para legislar sobre encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua
normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi- vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações.
nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII, Dispensa e inexigibilidade
da CFB/1988. Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita- inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto
federados, competindo a estes, editar normas específicas que são as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por-
aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple- tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos:
mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la.
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades li- em especial nos casos de:
citatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o esta- I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
belecimento de novos tipos de licitação (critérios de julgamento das contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
propostas); c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos. empresa ou representante comercial exclusivos;
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art. II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente
173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú- crítica especializada ou pela opinião pública;
blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com- serviços de publicidade e divulgação:
pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis- a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje-
tração pública. tos executivos;
A mencionada modificação constitucional, teve como objeti- b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras
contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica ou tributárias;
das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba- d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser-
lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado. viços;
O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi- g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti- h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en-
cos da administração direta, autárquica e fundacional. saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento
Em observância e cumprimento à determinação da Constitui- de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais
ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi- IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista credenciamento;
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde- V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins-
ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei talações e de localização tornem necessária sua escolha.
nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I. Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu-
De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em- sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu-
presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen- sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do
sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga- comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por ainda, pelas entidades equivalentes.
não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias.

177
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis- Vejamos:
pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis- Menor preço
sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário, Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é
levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente. o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási-
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o
especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante
publicidade e divulgação. atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape-
forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina
competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas
ser adotado. a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao trabalho de qualidade.
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe-
cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que Maior desconto
se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade, vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin- nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
do demandar a contratação de prestador com a devida e notória Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
especialização. ponentes venham a oferecer seus descontos.
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória Denota-se que o texto de lei determina que a administração li-
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal
âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante- orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto
riormente como estudos, experiências, publicações, organização, para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de
equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com grande importância para a administração Pública, tendo em vista
suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no
trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen-
do contrato. do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado a Administração admite.
várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata-
ção de serviços de advocacia e também de contabilidade. Melhor técnica ou conteúdo artístico
Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva
quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques-
ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife- tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es-
rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços
nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por
procedimento. exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi-
A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou-
de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande tros pertinentes à matéria.
parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens
de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce- Técnica e preço
der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga-
razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen- tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica
sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de
doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe-
Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu-
Administração já determinou previamente para qual órgão ou en- mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro
tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e
realização do certame licitatório. o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva
ordem.
Critérios de Julgamento
Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências Maior lance (leilão)
que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis- Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon-
tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac- tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos
terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação próximos tópicos.
tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe-
cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em Maior retorno econômico
seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida-
a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des- des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser
conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam
lance (leilão), maior retorno econômico. uma espécie de contrato de eficiência.

178
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: concedida ao vencedor.
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter-
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao
na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra- projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e
tado com base em percentual da economia gerada; oportunidade das autoridades competentes.
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração
não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente Leilão
dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá
advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto-
ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma- ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento
quina pública. deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
Modalidades oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Lici- mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul-
tações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: con- serem leiloados
corrência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo. O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos licitante vencedor, na forma definida no edital.
as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação
para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se
a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior
após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica- lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor
ção da nova Lei. de avaliação do bem.
A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou
Concorrência por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme
Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência os ditames da legislação pertinente.
é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi- Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi-
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos
seu objeto. por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não
Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve-
licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações.
ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie
de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon- Pregão
tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata-
forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de -se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço,
publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns.
procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas
modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida- formas eletrônica e presencial.
de, jamais o contrário. Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei
Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con- 10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é
corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão
a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in- eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05.
termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de
contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge- processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras
ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais diferentes que serão adotadas pelo Poder Público.
simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para
prazos mais extensos de publicidade do certame. contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe-
Concurso rencial.
Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici-
de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico, par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos
científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita- quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia-
ções: mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem
Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas como os documentos pertinentes.
em edital, que indicará: Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer
I - a qualificação exigida dos participantes; cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin-
II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho; do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta.
III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser

179
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A classificação a respeito das formas de pregão está também Habilitação, Julgamento e recursos
eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o prego- Habilitação
eiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase
ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas. e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci-
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em dade do licitante de realizar o objeto da licitação.
conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram
participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema, renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de
dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou aceitação de balanço de abertura.
carta convite. No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe-
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade
licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse- para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer- cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por e devidamente justificados no processo de licitação.
este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste- De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha-
ma, até que esta fase venha a se encerrar. bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex-
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de- pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre- empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos.
denciamento. Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita-
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação, ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada
participantes, para evitar conluio. por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e,
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ- quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser
metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final contratada.
da Sessão. Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação
No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio-
de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis- nal. Vejamos:
trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis-
conter as exposições com a motivação da interposição. sional e técnico-operacional será restrita a:
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no
Diálogo competitivo conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de
Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali- atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser-
dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi- viço de características semelhantes, para fins de contratação;
nistração: II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse-
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata- lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem
ções em que a Administração: capacidade operacional na execução de serviços similares de com-
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem
a) inovação tecnológica ou técnica; como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade art. 88 desta Lei;
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare-
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da
com precisão suficiente pela Administração; licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc-
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as nica que se responsabilizará pelos trabalhos;
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta- IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe-
que para os seguintes aspectos: cial, quando for o caso;
a) a solução técnica mais adequada; V - registro ou inscrição na entidade profissional competente,
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi- quando for o caso;
nida; VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato. as informações e das condições locais para o cumprimento das obri-
gações objeto da licitação.
Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos Julgamento
autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações
diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con- trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de
tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob
e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta os seguintes critérios:
mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, 1. Menor preço;
para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste 2. Maior desconto;
parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele- 3. Melhor técnica ou conteúdo artístico;
mentos necessários para a realização do projeto. 4. Técnica e preço;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
5. Maior lance, no caso de leilão; quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela-
6. Maior retorno econômico. das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de
seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente tais bens vir a perecer ou deteriorar.
nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade, Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de
trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie Lictações que regem o sistema de registro de preços:
de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
de eficiência de forma geral. as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou,
trouxer um maior retorno econômico. no caso de serviços, de unidades de medida;
III - a possibilidade de prever preços diferentes:
Recursos a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife-
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor- rentes;
rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta- c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do
dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato lote;
deverá acontecer em apenas uma etapa. d) por outros motivos justificados no processo;
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul- IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em
gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi- nos limites dela;
no de cada sessão, sob pena de preclusão V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre- preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento, mercado;
afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in- VI - as condições para alteração de preços registrados;
tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi-
das propostas. ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante
vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com
Adjudicação e homologação a ordem de classificação;
O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais
o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de
de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de
como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto
pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide no edital;
a execução. IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços
Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm e suas consequências
início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson § 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de
Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi- itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia-
ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório, bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a
embora não seja livre. sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de
Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o preços unitários máximos deverá ser indicado no edital.
encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho- § 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados
mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei,
administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de a contratação posterior de item específico constante de grupo de
produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes. itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua
Considera-se que a homologação do processo de licitação re- vantagem para o órgão ou entidade.
presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues § 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a
(1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor- unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido,
dante e envolve adesão integral à proposta recebida.” apenas nas seguintes situações:
Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi- I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou
nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con- entidade não tiver registro de demandas anteriores;
trato. II - no caso de alimento perecível;
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento
Registro de preços de bens.
Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra § 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória
apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco- a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação
mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento de outro órgão ou entidade na ata.
de licitação de forma específica para cada uma destas contratações. § 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para
Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de
mais órgãos pertencentes à Administração. engenharia, observadas as seguintes condições:
De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor- I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado;
riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re-
que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como gulamento;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro-
IV - atualização periódica dos preços registrados; cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
V - definição do período de validade do registro de preços; • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17,
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei- será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence- para todos os procedimentos licitatórios.
dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante • Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação
que mantiver sua proposta original. seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu- e de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da
lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen- obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo.
sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de • O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do siste-
serviços por mais de um órgão ou entidade. ma virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade,
Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro- segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri- • A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita- Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório.
ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente • Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações,
motivada. sejam eles federais, estaduais ou municipais.
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de • Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as de-
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que mandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de
comprovado o preço vantajoso. qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finali-
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de dades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis- • Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com
posições nela contidas. a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de va-
Revogação e anulação da licitação lor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce- • São atos da Administração Pública antes de formalizar ou
dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal
tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas
possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP).
se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se • A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Pe-
impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer- nal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Có-
tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de digo Penal de 1.940:
interesse público, impõe-se a aplicação da revogação. Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo-
Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a
anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação
aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatu-
ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó- ra com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
rio e à ampla defesa”. Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des- Perturbação de processo licitatório
fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório • Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo
e a ampla defesa. IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atua-
Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da lizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao
aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di- Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a subs-
reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato tituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no
de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio- PNCP.
nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROLE
8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o CONTROLE JUDICIAL. CONTROLE LEGISLATIVO
contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
procedimento de licitação tiver sido concluído. Controle exercido pela Administração Pública (controle interno)
Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes
considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con- possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo
traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo- certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os direi-
tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se tos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores do Poder
ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso não esteja sujei-
força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram ta a controle, culminará no abuso, ou até no absolutismo.
fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a teoria
os motivos de não prosseguir com o processo licitatório. dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes constituídos
possuem a incumbência de controlar, freando e contrabalanceando
as atuações dos demais poderes, de maneira que cada um deles
tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma liberdade sob vi-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
gilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita leis que podem ser É importante registrar que o fundamento da adoção do siste-
vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que poderá ter seu veto ma de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se encontra
derrubado ou freado pelo Poder Legislativo. Ou seja, não concor- inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual ficou es-
dando o Executivo com a derrubada de um veto vindo a entender tabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
que a lei aprovada seja inconstitucional, deterá o poder de incumbir lesão ou ameaça a direito”.
a matéria à análise do Poder Judiciário que irá dirimir o conflito, Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sistema
como por exemplo, uma ADI ajuizada pelo Presidente da Repúbli- de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso administrati-
ca. O Judiciário contém os membros de sua cúpula (STF), que são vo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a função juris-
indicados pelo chefe de outro Poder, no caso, o Presidente da Repú- dicional é exercida por duas estruturas orgânicas que são regidas
blica, sendo a indicação restrita à aprovação de uma das Casas do de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciária e a Justiça
Parlamento (Senado Federal), o que acaba por ser uma espécie de Administrativa, posto que cada uma profere decisão com força de
controle prévio. coisa julgada no âmbito de suas competências.
Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de Di- Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no sistema
reito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos que de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tribunais
possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais instru- administrativos cuja competência cuida-se em geral, de resolver
mentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se mantenha litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando a Justiça Ad-
sempre consolidada com o direito, visando ao interesse público e ministrativa, está a Justiça Judiciária, composta por órgãos do Poder
mantendo o respeito aos direitos dos administrados. Judiciário, tendo competência para julgar com definitividade confli-
Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que tos que envolvam somente particulares.
pode ser interno ou externo. Vejamos: Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário, via
• Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder sobre- de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do
pondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo Poder, ato administrativo. No exercício da função jurisdicional, os Magis-
ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Administração trados não apreciam o mérito do ato administrativo, não analisando
indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa jurídi- a conveniência e a oportunidade da prática do ato.
ca da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador encon- Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou
tra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser controlada. de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício, a
Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, pois decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato admi-
esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores controlar nistrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é cabível
os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em resumo, o no exercício da função jurisdicional a revogação do ato administra-
controle interno que venha a depender da existência de hierarquia tivo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do mérito do ato.
entre controlador e controlado, é aquele exercido pelas chefias so- É de suma importância destacar que o controle judicial possui
bre seus subordinados, sendo o tradicional “sistema de controle in- abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos dis-
terno” é organizado por lei incumbida de lhe definir as atribuições, cricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos de
não dependendo de hierarquia para o exercício de suas prerroga- validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta forma,
tivas. é possível que tanto os atos administrativos vinculados quanto os
• Controle externo: é realizado por órgão estranho à estrutu- discricionários venham a apresentar vícios de legalidade ou ilegiti-
ra do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práticos, midade, em decorrência dos quais poderão vir a ser anulados pelo
quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa a julgar Poder Judiciário quando estiver no exercício do controle jurisdicio-
as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário. nal.
Explicita-se que o controle judicial da Administração, de modo
Controle Judicial geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da iniciativa
Registremos, a princípio, que o controle judicial da Administra- de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Qualquer pes-
ção Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário, quan- soa que tenha a pretensão de provocar o controle da administração
do em exercício de função jurisdicional, sobre os atos administra- pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, propor judicialmente a
tivos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder ação cabível para o alcance desse objetivo.
Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual, o Poder Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies de
Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a juridicida- ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou ame-
de que engloba a regularidade, a legalidade e a constitucionalidade aça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o habeas
da conduta administrativa. corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A relação das
Denota-se que o controle externo da Administração por meio ações que dão possibilidade ao controle judicial da Administração
do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Constituição será sempre a título de exemplificação, tendo em vista que o con-
Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de controle, trole pode ser exercido, inclusive, por intermédio de ação judicial
como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, o mandado ordinária sem denominação especial ou específica.
de injunção e o habeas data.
O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade de Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di-
jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de juris- reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou um
dição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Judiciário novo mecanismo de controle judicial da Administração Pública, ato
possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a inferir que por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de reclamação
somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em sentido pró- ao STF contra ato administrativo que contrarie súmulas vinculantes
prio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de serem modi- editadas pela Corte Suprema.
ficadas.
Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida pela
Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrativo en-
contram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Controle Legislativo País, quando a ausência exceder a quinze dias; aprovar o estado de
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla- defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou sus-
tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como pender qualquer uma dessas medidas; sustar os atos normativos
ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades com o do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle externo limites de delegação legislativa; julgar anualmente as contas pres-
exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal de Contas. tadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
O controle legislativo, também denominado de controle parla- execução dos planos de governo; fiscalizar e controlar, diretamente,
mentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce poder ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí-
sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder Judi- dos os da administração indireta; apreciar os atos de concessão e
ciário, sendo este último somente no que condiz ao desempenho renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar
da função administrativa. Trata-se assim, o controle parlamentar de iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; au-
um controle externo sobre os demais Poderes. torizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira deve recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar,
ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente federa- previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área
do, posto que não somente o princípio da simetria, como também superior a dois mil e quinhentos hectares.
as regras específicas que a Constituição Federal predispõe para os
âmbitos federal, estadual, municipal e distrital. 2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art. 52):
Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicamera- processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República
lismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto por nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Esta-
duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por represen- do e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
tantes do povo e o Senado Federal que é composto por represen- nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; processar e
tantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
De acordo com o sistema constitucional, o controle parlamen- Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
tar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; b) pelas Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa diretora do União nos crimes de responsabilidade; autorizar operações exter-
Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comissões do Con- nas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
gresso Nacional ou de cada Casa. Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; fixar, por propos-
Levando em conta o princípio da simetria de organização, as ta do Presidente da República, limites globais para o montante da
regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que lhes cou- dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal e distrital, Municípios; dispor sobre limites globais e condições para as opera-
desde que realizadas as devidas adaptações, principalmente aque- ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito
las que advém do fato de nos planos estadual, municipal e distrital a Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
organização do Poder Legislativo serem do tipo unicameral. controladas pelo Poder Público federal; dispor sobre limites e con-
Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legislati- dições para a concessão de garantia da União em operações de cré-
vo também possui o poder de exercer o controle interno sobre os dito externo e interno; estabelecer limites globais e condições para
seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder Legislativo o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e
estará realizando um controle administrativo interno. Esse é o mo- dos Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
tivo pelo qual quando falamos no controle parlamentar, estamos exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do
abordando somente o controle externo exercido pelo Poder Legis- término de seu mandato; aprovar previamente, por voto secreto,
lativo. após arguição pública, a escolha de:
Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém sobre • Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses previs- • Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
tas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque caso con- sidente da República;
trário, haveria inferiorização do princípio da separação dos poderes. • Governador de Território;
Acontece que em razão disso, não podem leis ordinárias, comple- • Presidente e diretores do Banco Central;
mentares ou Constituições Estaduais predispor outras modalidades • Procurador-Geral da República;
de controle diversas das que são previstas na Constituição Federal, • Titulares de outros cargos que a lei determinar.
sob risco de ferir o mesmo princípio. • Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle le- sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-
gislativo: o político e o financeiro. ráter permanente;
O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais de
contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade e de 3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados (CF,
mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, con- art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração
forme o caso. de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e
os Ministros de Estado; proceder à tomada de contas do Presiden-
Formas de controle político: te da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art. dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.
49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter-
nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Depu-
patrimônio nacional; autorizar o Presidente da República a declarar tados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transi- convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire-
tem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamen- tamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
te, ressalvados os casos previstos em lei complementar; autorizar pessoalmente, informações sobre assunto previamente determina-
o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do do, importando crime de responsabilidade a ausência sem justifi-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cação adequada; as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado forme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter criado até a
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Mi- CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função de prestar auxí-
nistros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente lio ao Poder Legislativo municipal no exercício do controle externo é
subordinados à Presidência da República, importando em crime de normalmente repassada ao Tribunal de Contas do respectivo Estado
responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trin- que é dotado de atribuições de controle ao das administrações es-
ta dias, bem como a prestação de informações falsas. tadual e municipal.
Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe espe- Em relação à sua composição, verificamos com afinco que os
cial destaque referente ao controle exercido pelas comissões parla- Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de pessoal
mentares de inquérito (CPIs). próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos etc.), sendo
As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar fato o TCU composto por nove ministros, ao passo que os demais Tri-
certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das funções bunais de contas são compostos, em regra, por sete conselheiros,
típicas do Parlamento que é a função de fiscalização. número sempre observado nos Estados, com exceção do Tribunal
De acordo com a Constituição Federal, as comissões parlamen- de Contas do Município de São Paulo que conta com apenas cinco
tares de inquérito possuem poderes de investigação que são pró- conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei Orgânica daquele
prios das autoridades judiciais, além de outros poderes que estão Município.
previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são criadas Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais”
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja em conjun- de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição em
to ou de forma separada mediante pugnação de um terço de seus sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o caráter
membros, com o objetivo de apurar fato determinado e por prazo de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem anuladas
certo, sendo que as suas conclusões, quando for preciso, serão en- pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado com o fito
caminhadas ao Ministério Público, para que este órgão promova a de anular a decisão da corte de contas é distinto do processo de
responsabilidade civil ou criminal dos infratores, nos termos dispos- natureza administrativa em que foi proferida tal decisão. Desta for-
tos no art. 58, § 3º da CFB/1988. ma, o interessado não poderá interpor um recurso para o Judiciário
Em decorrência do exercício dos seus poderes de investigação, em desfavor da decisão final do Tribunal de Contas com o fulcro
a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autorização de reformá-la, mas sim ajuizar processo autônomo perante o órgão
judicial para: jurisdicional competente com o objetivo de anular o mencionado
• realizar as diligências que entender necessárias; julgado.
• convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir tes- Registra-se que em relação ao controle externo financeiro e
temunhas sob compromisso e ouvir indiciados; as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal criou
• requisitar de órgãos públicos informações e documentos de um sistema harmonizado de controle, que prevê a existência de um
qualquer natureza; controle externo associada a um controle interno executado por
• requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de ins- cada órgão sobre seus agentes e seus atos.
peções e auditorias que entender necessárias. O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de con-
Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, a trolar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Poderes
CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, sempre e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de
por meio de decisão fundamentada e motivada, observadas todas controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange de
as formalidades da legislação, determinar a quebra de sigilo fiscal, forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, opera-
bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/RJ). cional e patrimonial, levando em conta os aspectos da legalidade,
Em esquema básico, temos: legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
de receitas.
Financeiro: é exercido com o auxílio dos No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos contá-
tribunais de contas. beis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito financeiro, é veri-
CONTROLE ficado o verdadeiro ingresso das receitas, através de comprovantes
LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade de depósito ou transferência de recursos, bem como a realização de
ESPÉCIES e de mérito, vindo a ser preventivo, concomi- forma efetiva de despesas, vindo a comprovar os seus tradicionais
tante ou repressivo. estágios de licitação, empenho, liquidação e pagamento. Por sua
vez, o controle orçamentário é aquele que acompanha a execução
Controle pelos Tribunais de Contas do orçamento, que é a legislação em que se encontram as receitas
Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são previstas e também as despesas fixadas. Em referência ao controle
órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execução operacional, ressaltamos que o mesmo trata de diversos aspectos
do exercício do controle externo da Administração Pública. São ór- do desempenho da atividade administrativa, como por exemplo,
gãos especializados e não integram a estrutura administrativa do numa auditoria operacional, pode ser computado o tempo médio
Parlamento e também não mantém com ele mantém qualquer es- que o usuário usa esperando por atendimento médico em uma uni-
pécie de relação hierárquica. dade do sistema público de saúde. Finalmente, temos o controle
Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura patrimonial, que cuida da fiscalização do patrimônio público.
de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos entes Analisando a legalidade do controle externo, observamos que
da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos termos este investiga se a conduta administrativa está de acordo com as
do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação de novos diversas normas jurídicas.
tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais. O controle de legitimidade atua complementando o controle
Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o TCU de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos além da
(Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribunais de adequação formal da conduta à legislação pertinente. Nesse diapa-
Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal de Con- são, são passíveis de averiguação aspectos como a finalidade do ato
tas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal, percebe-se e a obediência aos princípios constitucionais como a moralidade
a organização dos tribunais de contas não ocorre de maneira uni- administrativa, por exemplo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à uti- I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comu-
lização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, pre- nicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
tende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspectos da J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
melhor relação custo-benefício. abusos apurados.
Destaca-se que o controle externo também investiga se hou-
ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam de Observação: As normas retro mencionadas acima relativas ao
transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de cobrir Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à organi-
despesas de custeio das entidades beneficiadas. zação, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Es-
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: subven- tados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
ções sociais e subvenções econômicas. de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do art.75 da
A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de institui- CFB/1988.
ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de
não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964, Contas
art. 12, § 3º, I. Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” e
B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de “julgar contas”.
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrí- Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu-
cola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II. nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja a
Registra-se, que o controle externo também se incumbe de emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no prazo
apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários mecanis- de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que é
mos que tornam possível a renúncia de receita, como por exemplo: competência do Poder
a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da alíquota ou da Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta ma-
base de cálculo de tributo que implique sua redução. neira, as contas anuais do Presidente da República são julgadas pelo
Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacional, o Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; as dos Go-
controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal de Contas vernadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado; a do
da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 da CFB/1988: Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legislativa do Distrito
A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respectivas câmaras muni-
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em cipais.
sessenta dias a contar de seu recebimento; Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tri-
B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis bunal de contas do Estado ou do município emite a respeito das
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in- contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos termos
direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio, emitido
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito deve anual-
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao mente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços
erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo, é por essa razão
de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta que grande parte da doutrina afirma que nessa hipótese, o parecer
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder prévio é relativamente vinculante, não sendo absolutamente vin-
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em culante pelo fato de poder ser superado, porém, como a superação
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas depende de quórum qualificado, tem-se uma vinculação relativa.
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão “só
fundamento legal do ato concessório; deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não quer di-
C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do zer que o parecer conclusivo do tribunal de contas poderia produ-
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e zir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar permanentes em
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio- caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema Corte, o parecer
nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legis- do Tribunal de Contas que rejeita as contas do chefe do executivo
lativo, Executivo e possui natureza opinativa, só podendo produzir o efeito de inelegi-
Judiciário, e demais entidades referidas na letra b; bilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I, alínea “g”) após transcor-
D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais rido o julgamento das contas pela respectiva Câmara de Vereadores
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, (RE 729.744/MG e RE 848.826/DF).
nos termos do tratado constitutivo; De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte de
E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos Prefei-
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos tos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou inconstitucio-
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; nal dispositivo de constituição estadual que permitia às Câmaras
F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas pelos prefeitos,
por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comis- independentemente do parecer do Tribunal de Contas do Estado,
sões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera- quando este não fosse oferecido no prazo de 180 dias. (ADI 3.077/
cional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções SE).
realizadas; Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para jul-
G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa gar as contas dos administradores e demais responsáveis por verba
ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que es- pública, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
tabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano inclusive das fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
causado ao erário; Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ensejarem e de-
H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro- rem causa à perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada prejuízo ao erário público, nos termos do disposto no art. 71, III da
ilegalidade; CFB/1988.

186
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que ao No art. 82 da Constituição Federal de 1891, no seu art. 82, car-
julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que cau- regou e trouxe em seu bojo, dispositivo semelhante ao da Consti-
sarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de contas tuição de 1824.
imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou multa com Em âmbito civilista, o Código Civil de 1916, em seu art. 15, dis-
caráter de punição. Denota-se que decisões das Cortes de Contas pôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente respon-
que imputam débito ou multa terão validade de título executivo sáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem
nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, caso a pessoa a danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou fal-
quem foi imputada a multa ou o débito não vier a adimplir a refe- tando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
rida importância dentro do prazo estipulado por lei, poderá sofrer causadores do dano”. Para a doutrina, o entendimento é de que o
a cobrança judicial da importância diretamente por intermédio de referido dispositivo legal consagrava a responsabilidade subjetiva
uma ação de execução, sendo desnecessário o ajuizamento de uma do Estado tanto no sentido de culpa civil, quanto por ausência de
ação de conhecimento para rediscutir a matéria que já foi objeto de serviço.
decisão da corte de contas. Referente à Constituição de 1934, depreende-se que esta man-
Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas que teve a responsabilidade civil subjetiva do Estado, determinando no
imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de títu- art. 171, o seguinte: “Os funcionários públicos são responsáveis so-
lo executivo, sua execução independe da inscrição em dívida ati- lidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por
va. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscrever to- quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso
dos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, o que no exercício dos seus cargos”.
ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a inscrição dá A Carta Magna de 1937, por sua vez, reiterou no art. 158 o mes-
possibilidade para que a execução siga o rito estabelecido na Lei mo dispositivo da Constituição de 1934.
6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma série de van- No condizente à Constituição de 1946, aduz-se que esta repre-
tagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscrição acaba por sentou uma importante e grande inovação no assunto ao introduzir,
submeter o crédito a um controle mais amplo, na medida em que por sua vez, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, con-
ele fica registrado em sistemas informatizados criados para a admi- forme ditado no dispositivo a seguir:
nistração, controle de prazos e cobrança dos valores inscritos.
Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são ci-
vilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. qualidade, causem a terceiros.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcio-
BRASILEIRO. RESPONSABILIDADE POR ATO nários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes.
COMISSIVO DO ESTADO. RESPONSABILIDADE
POR OMISSÃO DO ESTADO. REQUISITOS PARA A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, foi
A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fazendo o
ESTADO. CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA acréscimo referente de que a ação regressiva contra o funcionário
RESPONSABILIDADE DO ESTADO ocorreria também nos casos de dolo, e não somente nos casos de
culpa, como era disposto na Constituição de 1946.
Evolução histórica Em âmbito contemporâneo, a Constituição Federal de 1988, no
De início, adentraremos esse módulo respaldando sobre o con- art. 37, § 6º, determina: “As pessoas jurídicas de Direito Público e
ceito de responsabilidade civil do Estado. Consiste esse instituto as de Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão
na obrigação estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais ou pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei-
estéticos que os seus agentes, agindo nessa qualidade, causarem a ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca-
terceiros. A responsabilidade civil do Estado pode ser dividida em sos de dolo ou culpa”.
dois grupos: a contratual, que advém da ausência de cumprimento O referido dispositivo constitucional em alusão, trouxe infor-
de cláusulas inclusas em contratos administrativos, e a extracontra- mação inovadora ao ampliar a responsabilidade civil objetiva do
tual ou aquiliana, que alcança as demais situações. Estado, que por sua vez, passou também a alcançar as pessoas jurí-
Em relação à evolução histórica, de acordo com o Professor Cel- dicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por
so Antônio Bandeira de Mello, a tese da responsabilidade civil do exemplo: as fundações governamentais de direito privado, as em-
Estado sempre foi aceita em forma de princípio amplo. Isso ocorreu presas públicas, sociedades de economia mista, e, ainda qualquer
mesmo no período em que não existia dispositivo de norma espe- pessoa jurídica de direito privado, desde que estejam devidamente
cífica. Para o mencionado autor, desde os primórdios, predominou paramentadas sob delegação do Poder Público e a qualquer título
no Brasil a tese da responsabilidade do Estado com base na teo- para a prestação de serviços públicos.
ria da culpa civil. Logo após, houve o avanço para que houvesse a Esclarece-se, nesse sentido, que a regra da responsabilidade
admissão da culpa pela ausência de serviço. Por fim, chegou-se à civil objetiva não pode ser aplicada aos atos das empresas públicas
aprovação da responsabilidade objetiva do Estado. e das sociedades de economia mista exploradoras de atividade eco-
Nos tempos imperiais, a Constituição de 1824 vigente à épo- nômica, tendo em vista que o art. 173, § 1º, da CF/1988, determina
ca, previa somente a responsabilidade pessoal do agente público, de forma expressa que elas sejam regidas pelas mesmas normas
conforme disposto no art. 179, XXIX: “Os empregados públicos são aplicáveis às empresas privadas. Por consequência, tais entidades
estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no estão sujeitas à responsabilidade subjetiva, sendo controladas pe-
exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente respon- las normas comuns pertinentes ao Direito Civil.
sáveis aos seus subalternos”. Aduz-se que a aglutinação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, am-
Ressalta-se, que nesse período, mesmo não existindo previsão bos da CF/1988, leva à conclusão de que a responsabilização estatal
constitucional a respeito da responsabilidade do Estado, a doutrina tem ampla abrangência tanto no condizente ao dano material como
e a jurisprudência compreendiam que existia solidariedade do Esta- o dano moral. Entretanto, a jurisprudência achou por bem ampliar
do em alusão aos atos de seus agentes. as espécies de danos indenizáveis, passando a determinar que o

187
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
dano estético se constituiria em uma espécie de dano autônomo Para melhor entendimento do raciocínio, o artigo 37, § 6º, da
no qual a indenização poderia ser expressamente cumulada com a Constituição Federal, em relação à responsabilidade civil do Estado,
reparação pelos danos materiais e morais. dispõe:
Ressalta-se que a responsabilidade objetiva do Estado deve se-
guir a teoria do risco administrativo, conforme previsto na CF/1988 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
e a teoria do risco integral jamais recebeu acolhimento como nor- vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
ma ou regra em nenhuma das constituições brasileiras. seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro algumas hipó- direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
teses em que se aplica a teoria do risco integral foram inseridas.
A título de exemplo disso, temos os casos de danos causados por O mencionado dispositivo, sob plena concordância unânime da
acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei doutrina e jurisprudência, consagra de forma expressa a responsa-
6.453/1977), e, ainda, de danos decorrentes de atentados terroris- bilidade civil objetiva do Estado. No entendimento desse parâmetro
tas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasilei- Constitucional, a vítima se encontra de forma ampla, dispensada do
ras (Leis 10.309/2001 e 10.744/2003). ônus da prova da culpa da Administração, tendo a incumbindo-lhe
Finalmente, após inúmeras delongas ao longo da história, che- somente comprovar o nexo causal entre o ato desta e o prejuízo
ga-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reitera a mesma sofrido.
orientação inserida na Constituição Federal de 1988, suprimindo, Contudo, ressalta-se que o dispositivo se reporta apenas aos
no entanto, a alusão à responsabilidade das pessoas jurídicas de danos causados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito pú-
direito privado prestadoras de serviço público. Entretanto, ressal- blico ou, ainda, das pessoas jurídicas de direito privado que pres-
ta-se que a omissão, nesse caso, não impede a responsabilização tam serviço público, não tendo qualquer espécie de alcance às si-
objetiva dessas pessoas jurídicas, posto que está prevista no texto tuações nas quais o dano tenha decorrido de ato de terceiro ou de
constitucional. fatos advindos de caso fortuito ou força maior.
Ante o exposto, aduz-se que as conclusões a respeito da maté- Assim sendo, afirma-se que o artigo 37, § 6º, Constituição Fe-
ria podem ser resumidas da seguinte maneira: deral de 1988, não enseja ao alcance das hipóteses de omissão es-
• A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca foi aceita tatal, posto que, nestas situações, o dano não decorre, exatamente
no direito brasileiro. da ação de um agente do Estado, mas sim da atitude de um terceiro,
• A evolução legislativa mostra que o ordenamento jurídico pá- denotando que a omissão do Estado apenas contribui para o resul-
trio previu de início a responsabilidade civil do Estado com base na tado.
culpa civil, vindo a evoluir para a responsabilidade pela ausência de Adverte-se que a conduta omissa do Estado não é o que causa
trabalho até chegar à responsabilidade objetiva. diretamente o dano, uma vez que este é proveniente de ato de ter-
• A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no ordena- ceiro, razão pela qual pode-se afirmar que o dano à vítima não foi
mento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946. consequência de forma direta da conduta omissa do agente do Es-
• A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsabi- tado, o que faz inaplicável o artigo 37, § 6º, da CFB/88 às hipóteses
lidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente as de omissão do Estado, restando incabível a teoria da responsabili-
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. dade objetiva com base no risco administrativo.
• A Constituição Federal de 1988 consagrou a responsabilidade
por danos morais ou extrapatrimoniais. Responsabilidade por omissão do Estado
• A responsabilidade objetiva do Estado adotada pela Carta Atos omissivos são aqueles por meio dos quais o agente pú-
Magna de 1988, segue a teoria do risco administrativo, sendo que a blico deixa de agir e sua omissão, ainda que não venha a causar
teoria do risco integral foi acolhida apenas em situações e hipóteses diretamente o dano, possibilita sua ocorrência.
excepcionais. Quando o Estado é omisso no seu dever de agir de acordo com
• Divergindo da Constituição Federal de 1988, pelo fato de não os parâmetros legais, terá o dever de reparar o prejuízo causado.
haver feito referência à responsabilidade objetiva das pessoas jurí- No entanto, a responsabilidade será aplicada na forma subjetiva,
dicas que prestam serviços ao poder público, o Código Civil de 2002, posto que deverá ser demonstrada a culpa do Estado, ou seja, a
prevê também a responsabilidade objetiva do Estado. omissão estatal.
Prevalece entre os doutrinadores, apesar de não haver pacifi-
Responsabilidade por ato comissivo do Estado cidade doutrinária e nem tampouco nos tribunais, o entendimento
De antemão, convém respaldar que responsabilidade civil do de que a redação do art. 37, § 6º, da CFB/88, só consagra a respon-
Estado é passível de advir de atos comissivos ou omissivos pratica- sabilidade objetiva nos atos comissivos.
dos por seus agentes. Destaque-se que não é qualquer ato omissivo praticado por
Em consonância com o estudo em questão, aduz-se que atos agente público que intitula a responsabilidade civil do Estado. A
comissivos são aqueles por meio dos quais o agente público atua de responsabilização estatal em função de omissivos, ocorre somente
forma positiva causando danos a um terceiro. Exemplo: um condu- quando o agente público omisso possui o dever legal de praticar um
tor de veículo automotor e servidor do Estado, embriagado e sob o determinado ato, e deixa de fazê-lo. Exemplo: em situação hipoté-
efeito de drogas, dirigindo a serviço, atropela um pedestre. tica, um agente salva-vidas que ao se deparar diante de situação na
Cumpre ressaltar que a teoria adotada em relação à responsa- qual um banhista está se afogando, permanece inerte, permitindo
bilidade civil do Estado por prática de conduta omissa, não é a mes- que o banhista venha a falecer sem ser socorrido. Nesta situação,
ma a ser aplicada à responsabilização por atos comissivos. Infere-se o Estado explicitamente será responsabilizado pelo ato de omis-
que o artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988 é de aplicação são do agente público, tendo em vista que este tinha o dever legal
restrita em relação aos atos comissivos, sendo, assim, incorreta a de agir, ao menos tentando salvar a vida do banhista e não o fez.
sua invocação nos casos específicos de responsabilidade por omis- Em outro ângulo, aproveitando o mesmo exemplo, se, ao invés do
são estatal. guarda salva-vidas, a mencionada omissão fosse praticada por um
Analista Judiciário do Tribunal de Justiça de algum Estado da Fede-
ração, o Estado não poderia ser responsabilizado, tendo em vista

188
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
que ao Analista, não era incumbido o dever legal de tentar salvar gerar danos passíveis de reparação, na forma objetiva.
o banhista. Para que a responsabilidade objetiva estatal seja configurada,
Não obstante, afirma-se que é inaplicável o uso do artigo 37, deve haver um dano, tendo em vista que indenizar é “suprimir o
§ 6º da Constituição Federal de 1988, bem como da teoria do ris- dano” por meio do adimplemento de uma contraprestação de na-
co administrativo às lides de responsabilidade civil por omissão do tureza pecuniária. Isso pode ser tanto dano de efeito moral como a
Estado. violação à dignidade e à honra, por exemplo, quanto dano material
Registre-se ainda, que a responsabilidade civil por omissão que cause prejuízo financeiro a outrem.
estatal é subjetiva. Isso ocorre, também, devido à inaplicabilidade Assegura-se ainda, que quando houver mera possibilidade de
do artigo 37, § 6º da Constituição Federal, que é a instituidora da dano, esta não será passível de indenização. Exemplo: a constru-
responsabilidade objetiva aos casos de omissão estatal, o que ense- ção de um presídio perto de pré-escola. Isso é fato que pode vir a
ja ao entendimento de que a responsabilização do mesmo apenas causar danos irreparáveis tanto aos alunos, como às suas famílias.
poderá ser invocada se sua ausência de ação houver sido culposa. Pondera-se também que deve haver o nexo causal, que se trata da
Em outras palavras, aduz-se que a responsabilidade civil do necessária e importante relação de causa e efeito entre a conduta
estatal por conduta omissa é subjetiva. Ressalte-se que tal posicio- praticada pelo agente e o dano causado. Não existindo o nexo cau-
namento já foi referendado por muitos de nossos mais renomados sal, ou for disseminado por algum fator, estará afastada a responsa-
e importantes administrativistas. Ótimos exemplos disso, são Hely bilidade do Estado.
Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo desse úl- No contexto acima, compreende-se que é insuficiente a de-
timo, o esclarecedor ensinamento de que a partir do momento em monstração somente do dano e da conduta do Estado. É necessário
que o dano foi constatado em decorrência de uma omissão do Esta- e devido também que se prove o nexo causal.
do, sendo pelo serviço que não funcionou, ou, funcionou de forma
ineficientemente ou tardia, aduz-se que caberá a aplicabilidade da Observação importante: O STF tem entendido que, havendo
teoria da responsabilidade subjetiva. Entretanto, se o Estado não fuga de preso na qual o detento se encontre há muito tempo fo-
agiu, não será, por conseguinte, ser ele o autor do dano. E, não sen- ragido e venha a cometer algum crime, com a geração de dano a
do ele o autor, só será responsabilizado se caso estivesse obrigado particular, não existe a responsabilidade do Estado, pelo fato de não
a impedir o dano. haver mais nexo causal, interrompido pelo prolongado período de
Em alusão ao retro ensinamento, afirma-se que a teoria apli- fuga. Entende o STF que o longo período do tempo entre a fuga e
cada não poderia ser a objetiva, isso porque tal teoria admite a co- o crime faz com que o nexo causal deixe de existir, não sendo mais
brança de responsabilização até mesmo quando o dano é advindo possível imputar ao Estado o dano causado. O tempo que o STF en-
de atuação lícita do Estado. tende como longo, pondera-se que não existe uma tabela de prazos
Nos casos relacionados à omissão estatal, o Estado não é o ver- que regule tal entendimento. O que a Suprema Corte faz é a análise
dadeiro autor do dano, uma vez este o advém de atividade de ter- de casos concretos e específicos.
ceiro. Assim sendo, sua responsabilidade somente poderá ser invo-
cada caso esteja obrigado a agir com o fulcro de impedir que o dano Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade do Es-
ocorra, isso, em havendo ilegalidade na sua omissão. Resta registrar tado
também, inclusive, que a responsabilidade estatal não poderá ser Dentro do instituto da responsabilidade civil do Estado existem
invocada quando existir a impossibilidade real de impedimento do algumas causas que excluem ou atenuam a sua obrigação de acatar
dano mediante atuação aplicadora do Estado. ou não com tais prerrogativas. Pondera-se que a única circunstân-
Por fim, devido ao fato de a responsabilização estatal ocorrer cia que explicitamente atenua ou diminui a responsabilidade civil
apenas quando sua omissão for caracterizada por uma atitude ilíci- estatal é a existência de culpa concorrente da vítima, comprovan-
ta, a Administração não será responsabilizada se houver utilizado e do assim a inexistência de culpa exclusiva do Estado. Desta forma,
esgotado suas possibilidades e formas de amparo no limite máximo na situação hipotética de colisão entre veículo que pertence a ente
e, mesmo desta forma, não tiver conseguido impedir o dano, posto público e a um particular, na qual tenha ocorrido imprudência de
que a Administração Pública somente poderá ser responsabilizada ambos os condutores, o Estado não responde pela integralidade do
por danos que estava obrigada a impedir. dano, o que faz por força de lei, com que os prejuízos deverão ser
rateados na proporção da culpa de cada responsável pelo ato.
Requisitos para a demonstração da responsabilidade do es- Em relação às circunstâncias excludentes da responsabilidade
tado do Estado, a doutrina e a jurisprudência consideram as seguintes:
Os requisitos que compõem a estrutura e demarcam o perfil da culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros, caso fortuito e
responsabilidade civil objetiva do Poder Público, são: a alteridade força maior.
do dano; a causalidade material entre o eventus damni e o com-
portamento positivo por ação, ou negativo por omissão do agen- Vejamos:
te público; a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a
agente público que tenha, nessa condição de servidor, incidido em Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros
conduta comissiva ou omissiva, isso, independentemente da licitu- É excludente da responsabilidade do Estado, uma vez que afas-
de, ou não, do comportamento funcional e a inexistência de causa ta o nexo causal entre a conduta do agente público e o dano exis-
excludente da responsabilidade do Estado. tente. A esse respeito, é de suma importância ressaltarmos que não
Em suma, os requisitos para a demonstração da responsabi- é cabível a invocação de culpa ou de dolo exclusiva da vítima na
lidade do Estado são necessariamente a conduta a ser praticada hipótese de suicídio de detento. Isso ocorre pelo fato do preso se
pelo agente que poderá ser lícita ou ilícita. Veja-se por exemplo, encontrar sob a custódia do Estado que tem o dever de manter-lhe
no caso de odontologista que realiza cirurgia pertinente à sua área a integridade física e moral, buscando sua total proteção, inclusive
de atuação em hospital público e venha a cometer algum erro, ca- do suicídio. Nesse sentido, o STF entende que o suicídio de detento
racterizado como ato ilícito, ou em campanha de aplicação de flúor é motivo de omissão ilegítima, que por sua vez, gera responsabili-
contra cáries, quando a substância vem a causar situação adversa dade civil objetiva do Estado, que passará a ter o dever de indenizar
irreversível caracterizada como ato lícito, são atos que acabam por por meio de danos morais os familiares do falecido.

189
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos que, se as consequências são semelhantes, estando regidas pelo
imprevisíveis, extraordinários e de força irresistível, externos à ad- mesmo regime jurídico, não há relevância na tentativa de diferen-
ministração pública e que causam danos aos administrados. Tendo ciação.
em vista a inexistência de qualquer nexo de causalidade entre a atu-
ação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro, ter-se-á por Reparação do dano
excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo imputado Em sentido geral, a reparação do dano pode ser viabilizada na
qualquer dever de indenizar. esfera administrativa por meio de acordo administrativo, ou na via
judicial.
Caso fortuito e força maior O agente estatal, na qualidade de agente público, em se tra-
Boa parte dos doutrinadores denominam consideram esta ex- tando de caso de dolo ou culpa, pode causar danos ao Estado ou
cludente como sendo os eventos naturais, a exemplo das tempes- a terceiros.
tades, dos furacões, dos raios, dentre outros, vindo a reservar a ex- Na primeira situação, a responsabilidade deverá ser apurada
pressão “caso fortuito” para os acontecimentos humanos, como os por intermédio de processo administrativo, garantidos a ampla de-
arrastões, as guerras, as greves, etc., ao passo que outros possuem fesa e o contraditório. Comprovada a responsabilidade subjetiva do
conceitos opostos, designando a “força maior” para os eventos que agente, o adimplemento poderá ser feito de forma espontânea ou,
podem ser imputados aos homens e o “caso fortuito” para os even- caso contrário, por medida judicial.
tos naturais. No entanto, ressalte-se, que é ilegal usar com imposição o des-
Pondera-se que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tri- conto em folha de pagamento dos agentes públicos de valores re-
bunal de Justiça tem atribuído aos eventos extraordinários, im- ferentes ao ressarcimento ao erário, exceto se houver autorização
previsíveis e de força irresistível, ocorridos de forma externa à prévia do agente ou procedimento administrativo com a aplicação
administração pública com causídico de danos aos administrados, da ampla defesa e do contraditório.
a especificidade de excludentes do nexo causal ocorridas entre a Na segunda situação, o terceiro, como vítima do dano, pode-
atuação administrativa e o evento danoso, de modo a impedir a rá ajuizar ação em face do Estado, aplicando a responsabilidade
responsabilização estatal pelos prejuízos causados. objetiva, ou do próprio agente público, se valendo nesse caso da
Desta maneira, nos julgados de ambos os Tribunais, não exis- responsabilidade subjetiva, exceto nos casos em que houver a ado-
te a preocupação em diferenciar caso fortuito de força maior, mas ção da teoria da dupla garantia, por meio da qual, a única medida
somente a tentativa de averiguar a presença deles em cada caso cabível seria o direcionamento da pugnação de reparação em face
específico do objeto de exame. do Estado.
Nesse entendimento, o STJ já validou que “somente se afas- De qualquer maneira, o Estado, ao indenizar a vítima, deterá o
ta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortui- dever de cobrar, de forma regressiva, o valor desembolsado perante
to ou força maior, ou decorrer de culpa da vítima” (REsp 721.439/ o agente público que causou o dano efetivo e que agiu com dolo ou
RJ), enquanto o STF asseverou que “o princípio da responsabilidade culpa.
objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abran- Entende-se que o direito de regresso do Estado em face do
damento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil agente público nasce com o pagamento da indenização à vítima.
do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações li- Assim sendo, não basta o que ocorra o trânsito em julgado da sen-
beratórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciadoras tença que condena o Estado na ação indenizatória, posto que o in-
de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima” (RE109.615/RJ). teresse jurídico para propor a ação regressiva depende em grande
parte do efetivo desfalque nos cofres públicos. Denota-se que caso
Esquematizando, temos: ocorra a propositura da ação regressiva antes do pagamento, pode-
ria denotar e ensejar o enriquecimento sem causa do Estado.
Pondera-se que em fase inicial, a cobrança regressiva em face
CULPA OU DOLO do agente público deve ocorrer na esfera administrativa. Em se
CASO FORTUITO
EXCLUSIVO DA VÍTIMA tratando de caso de acordo administrativo, o agente deverá, nos
E FORÇA MAIOR
OU DE TERCEIROS trâmites legais, providenciar o ressarcimento aos cofres públicos.
O STF e o STJ tem atribuído Restando ausente o acordo, o Poder Público terá o dever de propor
aos eventos extraordinários, a ação regressiva contra o agente público culpado.
imprevisíveis e de força irresistí- Apesar de grande parte da doutrina e jurisprudência compre-
É excludente da res- vel, ocorridos de forma externa à ender que a ação de ressarcimento proposta pelo Poder Público
ponsabilidade do Estado, administração pública com causí- em face de seus agentes é definitivamente imprescritível, à vista do
uma vez que afastam o nexo dico de danos aos administrados, disposto na parte final do § 5.° do art. 37 da Constituição Federal,
causal entre a conduta do a especificidade de excludentes o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, acabou
agente público e o dano do nexo causal ocorridas entre a por decidir que é prescritível nos trâmites do art. 206, § 3.°, V, do
existente atuação administrativa e o evento Código Civil, no prazo de três anos, a ação de reparação de danos à
danoso, de modo a impedir a Fazenda Pública advinda de ilícito civil e de origem de acidente de
responsabilização estatal pelos trânsito, o que não alcança à primeira vista, os ilícitos relacionados
prejuízos causados. às infrações ao direito público, como por exemplo, os de natureza
penal e os atos de improbidade.
Infere-se que o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do
art. 393, determina que “O caso fortuito ou de força maior verifica- Direito de regresso
-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impe- O parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal Brasileira pre-
dir.” Percebe-se que, à semelhança das decisões do STF e do STJ, a nuncia a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de di-
referência é a “caso fortuito ou de força maior”, com as expressões reito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
objeto de tanta discussão acadêmica citadas em conjunto, separa- de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
das apenas pela partícula “ou”, como que querendo demonstrar de, causarem a terceiros. Assegura ainda ao Estado ou a seus pres-
tadores de serviços públicos, o direito de regresso contra o agente

190
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
responsável, nos casos em que este aja com dolo ou culpa. o fulcro de evitar que ela se distancie da perseguição que não deve
Levando em conta os princípios constitucionais da ampla defe- cessar no sentido da consecução do bem comum.
sa e do contraditório, o direito de regresso deve ser desempenhado Desta forma, de maneira presumida, o Regime Jurídico Admi-
e exercido sob o manuseio de ação própria e regressiva, não admi- nistrativo passa a atuar na busca da consecução de interesses cole-
tindo ao Estado efetuar de forma direta o desconto nos subsídios do tivos por meio dos quais a Administração usufrui de vantagens não
servidor, sem o consentimento deste. extensivas aos particulares de modo geral, como é o caso do poder
Existe ainda, a possível hipótese de o servidor reconhecer a de desapropriar um imóvel, por exemplo. Assim sendo, a Adminis-
sua responsabilidade vindo a optar por recolher espontaneamente tração Pública não pode abrir mão desses fins públicos, ou seja, ao
a quantia devida aos cofres públicos e até mesmo autorizar que o agente público não é lícito, sem a autorização da lei, transigir, ne-
valor venha a ser descontado de seus vencimentos, desde que res- gociar, renunciar, ou seja, dispor de qualquer forma de interesses
peitados os percentuais máximos previstos em lei para essa espécie públicos, ainda que sejam aqueles cujos equivalentes no âmbito
de desconto. privado, seriam considerados via de regra disponíveis, como o direi-
Sobre o assunto, é importante destacar alguns pontos: to de cobrar uma pensão alimentícia, por exemplo.
A) A ação de responsabilização do agente público deduz que o Nesse sentido, pode-se se afirmar que a supremacia do inte-
Poder Público tenha indenizado o particular, tanto em virtude de resse público se encontra eivada de justificativas para a concessão
acordo com o reconhecimento da responsabilidade civil estatal, de prerrogativas, ao passo que a indisponibilidade de tal interesse,
como em decorrência de condenação em ação ajuizada pelo lesado. por sua vez, passa a impor a estipulação de restrições e sujeições à
B) Em ação regressiva, a responsabilidade do agente público é atuação administrativa, sendo estes os princípios da Administração
de natureza subjetiva, às expensas da comprovação de que ele agiu Pública, que nesse estudo, trataremos especificamente dos Princí-
com culpa ou dolo. Desta forma, é possível que o Estado venha a pios Expressos e Implícitos de modo geral.
indenizar o particular e não reconheça o direito de ser ressarcido
pelo servidor responsável. Para isso, basta que não seja comprova- Princípios Expressos da Administração Pública
do dolo ou culpa advinda desse agente público. Princípio da Legalidade
C) A parte final do § 5º do art. 37 da CFB/88, pode levar ao Surgido na era do Estado de Direito, o Princípio da Legalidade
entendimento precípuo de que quaisquer e todos as espécies de
possui o condão de vincular toda a atuação do Poder Público, seja
ações de ressarcimento movidas pelo Poder Público são imprescri-
de forma administrativa, jurisdicional, ou legislativa. É considerado
tíveis. Entretanto, o STF, no julgamento do RE 669.069/MG, decidiu,
uma das principais garantias protetivas dos direitos individuais no
com repercussão geral, que “é prescritível a ação de reparação de
sistema democrático, na medida em que a lei é confeccionada por
danos à fazenda pública decorrentes de ilícito civil.
intermédio dos representantes do povo e seu conteúdo passa a li-
D)É transmitida aos herdeiros a qualquer tempo, a obrigação
mitar toda a atuação estatal de forma geral.
de ressarcir o Estado, respeitada, sem dúvidas, a possibilidade de
Na seara do direito administrativo, a principal determinação
prescrição na hipótese de danos decorrentes de ilícito civil, ten-
advinda do Princípio da Legalidade é a de que a atividade adminis-
do como limite o valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da
trativa seja exercida com observância exata dos parâmetros da lei,
CF/1988). Entretanto, ocorrendo a prescrição da ação regressiva,
ou seja, a administração somente poderá agir quando estiver devi-
beneficiará também aos herdeiros, que não poderão mais ser de-
damente autorizada por lei, dentro dos limites estabelecidos por
mandados pelos danos advindos pelo falecido.
lei, vindo, por conseguinte, a seguir o procedimento que a lei exigir.
E) O servidor responde pelos seus atos, inclusive após a extin-
O Princípio da Legalidade, segundo a doutrina clássica, se des-
ção de seu vínculo com a Administração Pública, desde a ação re-
dobra em duas dimensões fundamentais ou subprincípios, sendo
gressiva não esteja prescrita. Desta forma, o agente que foi exone-
eles: o Princípio da supremacia da lei (primazia da lei ou da lega-
rado ou demitido, pode, nos trâmites legais, ser obrigado a ressarcir
lidade em sentido negativo); e o Princípio da reserva legal (ou da
os prejuízos causados ao ente público.
legalidade em sentido positivo). Vejamos:
De acordo com os contemporâneos juristas Ricardo Alexandre
Nota – Sobre Súmulas Vinculantes
e João de Deus, o princípio da supremacia da lei, pode ser concei-
Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do transpor-
tuado da seguinte forma:
tador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de
terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
O princípio da supremacia da lei, ou legalidade em sentido ne-
Súmula 188, STF: O segurador tem ação regressiva contra o
gativo, representa uma limitação à atuação da Administração, na
causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite pre-
medida em que ela não pode contrariar o disposto na lei. Trata- se
visto no contrato de seguro.
de uma consequência natural da posição de superioridade que a
lei ocupa no ordenamento jurídico em relação ao ato administra-
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. CONCEITO. tivo. (2.017, ALEXANDRE e DEUS, p. 103).
PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA Entende-se, desta forma, que o princípio da supremacia da lei,
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ou legalidade em sentido negativo, impõe limitações ao poder de
atuação da Administração, tendo em vista que esta não pode agir
em desconformidade com a lei, uma vez que a lei se encontra em
Conceito
posição de superioridade no ordenamento jurídico em relação ao
O vocábulo “regime jurídico administrativo” se refere às inú-
ato administrativo como um todo. Exemplo: no ato de desapropria-
meras particularidades que tornam a atuação da administração
ção por utilidade pública, caso exista atuação que não atenda ao
pública individualizada nos momentos em que é comparada com a
interesse público, estará presente o vício de desvio de poder ou de
atuação dos particulares de forma generalizada. Possui sentido res-
finalidade, que torna o ato plenamente nulo.
trito, restando-se com a serventia única de designar o conjunto de
normas de direito público que caracterizam o Direito Administrativo
Em relação ao princípio da reserva legal, ou da legalidade em
de modo geral, estabelecendo, via de regra, prerrogativas que colo-
sentido positivo, infere-se que não basta que o ato administrativo
cam a Administração Pública em posição privilegiada no que condiz
simplesmente não contrarie a lei, não sendo contra legem, e nem
às suas relações com os particulares, bem como restrições, que tem

191
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mesmo de ele pode ir além da lei praeter legem, ou seja, o ato ad- cípio da finalidade, posto que se por ventura, o agente público vier
ministrativo só pode ser praticado segundo a lei secundum legem. a praticar o ato administrativo sem interesse público, visando tão
Por esta razão, denota-se que o princípio da reserva legal ou da le- somente satisfazer interesse privado, tal ato sofrerá desvio de fina-
galidade em sentido positivo, se encontra dotado do poder de con- lidade, vindo, por esse motivo a ser invalidado.
dicionar a validade do ato administrativo à prévia autorização legal É importante ressaltar também que o princípio da impesso-
de forma geral, uma vez que no entendimento do ilustre Hely Lopes alidade traz o foco da análise para o administrado. Assim sendo,
Meirelles, na administração pública não há liberdade nem vontade independente da pessoa que esteja se relacionando com a adminis-
pessoal, pois, ao passo que na seara particular é lícito fazer tudo o tração, o tratamento deverá ser sempre de forma igual para todos.
que a lei não proíbe, na Administração Pública, apenas é permitido Desta maneira, a exigência de impessoalidade advém do princípio
fazer o que a lei disponibiliza e autoriza. da isonomia, vindo a repercutir na exigência de licitação prévia às
Pondera-se que em decorrência do princípio da legalidade, não contratações a ser realizadas pela Administração; na vedação ao
pode a Administração Pública, por mero ato administrativo, permi- nepotismo, de acordo com o disposto na Súmula Vinculante 13 do
tir a concessão por meio de seus agentes, de direitos de quaisquer Supremo Tribunal Federal; no respeito à ordem cronológica para
espécies e nem mesmo criar obrigações ou impor vedações aos ad- pagamento dos precatórios, dentre outros fatores.
ministrados, uma vez que para executar tais medidas, ela depende Outro ponto importante que merece destaque acerca da acep-
de lei. No entanto, de acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, ção do princípio da impessoalidade, diz respeito à imputação da
existem algumas restrições excepcionais ao princípio da legalidade atuação administrativa ao Estado, e não aos agentes públicos que
no ordenamento jurídico brasileiro, sendo elas: as medidas provisó- a colocam em prática. Assim sendo, as realizações estatais não são
rias, o estado de defesa e o estado de sítio. imputadas ao agente público que as praticou, mas sim ao ente ou
Em resumo, temos: entidade em nome de quem foram produzidas tais realizações.
• Origem: Surgiu com o Estado de Direito e possui como obje- Por fim, merece destaque um outro ponto importante do prin-
tivo, proteger os direitos individuais em face da atuação do Estado; cípio da impessoalidade que se encontra relacionado à proibição
• A atividade administrativa deve exercida dentro dos limites da utilização de propaganda oficial com o fito de promoção pesso-
que a lei estabelecer e seguindo o procedimento que a lei exigir, al de agentes públicos. Sendo a publicidade oficial, custeada com
devendo ser autorizada por lei para que tenha eficácia; recursos públicos, deverá possuir como único propósito o caráter
• Dimensões: Princípio da supremacia da lei (primazia da lei ou educativo e informativo da população como um todo, o que, assim
legalidade em sentido negativo); e Princípio da reserva legal (legali- sendo, não se permitirá que paralelamente a estes objetivos o ges-
dade em sentido positivo); tor utilize a publicidade oficial de forma direta, com o objetivo de
• Aplicação na esfera prática (exemplos): Necessidade de pre- promover a sua figura pública.
visão legal para exigência de exame psicotécnico ou imposição de Lamentavelmente, agindo em contramão ao princípio da im-
limite de Idade em concurso público, ausência da possibilidade de pessoalidade, nota-se com frequência a utilização da propaganda
decreto autônomo na concessão de direitos e imposição de obriga- oficial como meio de promoção pessoal de agentes públicos, agin-
ções a terceiros, subordinação de atos administrativos vinculados e do como se a satisfação do interesse público não lhes fosse uma
atos administrativos discricionários; obrigação. Entretanto, em combate a tais atos, com o fulcro de
• Aplicação na esfera teórica: Ao passo que no âmbito parti- restringir a promoção pessoal de agentes públicos, por intermédio
cular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na administração de propaganda financiada exclusivamente com os cofres públicos,
pública só é permitido fazer o que a lei devidamente autorizar; o art. 37, § 1.º, da Constituição Federal, em socorro à população,
• Legalidade: o ato administrativo deve estar em total confor- determina:
midade com a lei e com o Direito, fato que amplia a seara do con- Art. 37. [...]
trole de legalidade; § 1.º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
• Exceções existentes: medida provisória, estado de defesa e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor-
estado de sítio. mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto-
Princípio da Impessoalidade ridades ou servidores públicos.
É o princípio por meio do qual todos os agentes públicos devem Desta maneira, em respeito ao mencionado texto constitucio-
cumprir a lei de ofício de maneira impessoal, ainda que, em decor- nal, ressalta-se que a propaganda anunciando a disponibilização de
rência de suas convicções pessoais, políticas e ideológicas, conside- um recente serviço ou o primórdio de funcionamento de uma nova
rem a norma injusta. escola, por exemplo, é legítima, possuindo importante caráter in-
Esse princípio possui quatro significados diferentes. São eles: a formativo.
finalidade pública, a isonomia, a imputação ao órgão ou entidade Em resumo, temos:
administrativa dos atos praticados pelos seus servidores e a proibi- • Finalidade: Todos os agentes públicos devem cumprir a lei
ção de utilização de propaganda oficial para promoção pessoal de de ofício de maneira impessoal, ainda que, em decorrência de suas
agentes públicos. convicções pessoais, políticas e ideológicas, considerem a norma
Pondera-se que a Administração Pública não pode deixar de injusta.
buscar a consecução do interesse público e nem tampouco, a con- • Significados: A finalidade pública, a isonomia, a imputação
servação do patrimônio público, uma vez que tal busca possui cará- ao órgão ou entidade administrativa dos atos praticados pelos seus
ter institucional, devendo ser independente dos interesses pessoais servidores e a proibição de utilização de propaganda oficial para
dos ocupantes dos cargos que são exercidos em conluio as ativida- promoção pessoal de agentes públicos.
des administrativas, ou seja, nesta acepção da impessoalidade, os • Princípio implícito: O princípio da finalidade, posto que se
fins públicos, na forma determinada em lei, seja de forma expressa por ventura o agente público vier a praticar o ato administrativo
ou implícita, devem ser perseguidos independentemente da pessoa sem interesse público, visando tão somente satisfazer interesse pri-
que exerce a função pública. vado, tal ato sofrerá desvio de finalidade, vindo, por esse motivo a
Pelo motivo retro mencionado, boa parte da doutrina conside- ser invalidado.
ra implicitamente inserido no princípio da impessoalidade, o prin-

192
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• Aspecto importante: A imputação da atuação administrativa quisito não seja cumprido, virá a ensejar a nulidade do ato, sendo
ao Estado, e não aos agentes públicos que a colocam em prática. passível de proclamação por decisão judicial, bem como pela pró-
• Nota importante: proibição da utilização de propaganda ofi- pria administração que editou a ato ao utilizar-se da autotutela.
cial com o fito de promoção pessoal de agentes públicos. Registra-se ainda que a improbidade administrativa constitui-
• Dispositivo de Lei combatente à violação do princípio da im- -se num tipo de imoralidade administrativa qualificada, cuja gra-
pessoalidade e a promoção pessoal de agentes públicos, por meio vidade é preponderantemente enorme, tanto que veio a merecer
de propaganda financiada exclusivamente com os cofres públicos: especial tratamento constitucional e legal, que lhes estabeleceram
Art. 37, § 1.º, da CFB/88: consequências exorbitantes ante a mera pronúncia de nulidade do
§ 1.º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e ato e, ainda, impondo ao agente responsável sanções de caráter
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, in- pessoal de peso considerável. Uma vez reconhecida, a improbidade
formativo ou de orientação social, dela não podendo constar no- administrativa resultará na supressão do ato do ordenamento jurí-
mes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de dico e na imposição ao sujeito que a praticou grandes consequên-
autoridades ou servidores públicos. cias, como a perda da função pública, indisponibilidade dos bens,
ressarcimento ao erário e suspensão dos direitos políticos, nos ter-
Princípio da Moralidade mos do art. 37, § 4.º da Constituição Federal.
A princípio ressalta-se que não existe um conceito legal ou Por fim, de maneira ainda mais severa, o art. 85, V, da Consti-
constitucional de moralidade administrativa, o que ocorre na ver- tuição Federal Brasileira, determina e qualifica como crime de res-
dade, são proclamas de conceitos jurídicos indeterminados que são ponsabilidade os atos do Presidente da República que venham a
formatados pelo entendimento da doutrina majoritária e da juris- atentar contra a probidade administrativa, uma vez que a prática de
prudência. crime de responsabilidade possui como uma de suas consequências
Nesse diapasão, ressalta-se que o princípio da moralidade é determinadas por lei, a perda do cargo, fato que demonstra de for-
condizente à convicção de obediência aos valores morais, aos prin- ma contundente a importância dada pelo legislador constituinte ao
cípios da justiça e da equidade, aos bons costumes, às normas da princípio da moralidade, posto que, na ocorrência de improbidade
boa administração, à ideia de honestidade, à boa-fé, à ética e por administrativa por agressão qualificada, pode a maior autoridade
último, à lealdade. da República ser levada ao impeachment.
A doutrina denota que a moral administrativa, trata-se daquela Em resumo, temos:
que determina e comanda a observância a princípios éticos retira- • Conceito doutrinário: Moral administrativa é aquela deter-
dos da disciplina interna da Administração Pública. minante da observância aos princípios éticos retirados da disciplina
Dentre os vários atos praticados pelos agentes públicos viola- interna da administração;
dores do princípio da moralidade administrativa, é coerente citar: • Conteúdo do princípio: Total observância aos princípios da
a prática de nepotismo; as “colas” em concursos públicos; a práti- justiça e da equidade, à boa-fé, às regras da boa administração, aos
ca de atos de favorecimento próprio, dentre outros. Ocorre que os valores morais, aos bons costumes, à ideia comum de honestidade,
particulares também acabam por violar a moralidade administrati- à ética e por último à lealdade;
va quando, por exemplo: ajustam artimanhas em licitações; fazem • Observância: Deve ser observado pelos agentes públicos e
“colas” em concursos públicos, dentre outros atos pertinentes. também pelos particulares que se relacionam com a Administração
É importante destacar que o princípio da moralidade é possui- Pública;
dor de existência autônoma, portanto, não se confunde com o prin- • Alguns atos que violam o princípio da moralidade adminis-
cípio da legalidade, tendo em vista que a lei pode ser vista como trativa a prática de nepotismo; as “colas” em concursos públicos; a
imoral e a seara da moral é mais ampla do que a da lei. Assim sendo, prática de atos de favorecimento próprio, dentre outros.
ocorrerá ofensa ao princípio da moralidade administrativa todas as • Possuidor de existência autônoma: O princípio da moralida-
vezes que o comportamento da administração, embora esteja em de não se confunde com o princípio da legalidade;
concordância com a lei, vier a ofender a moral, os princípios de jus- • É requisito de validade do ato administrativo: Assim quando
tiça, os bons costumes, as normas de boa administração bem como a moralidade não for observada, poderá ocorrer a invalidação do
a ideia comum de honestidade. ato;
Registra-se em poucas palavras, que a moralidade pode ser • Autotutela: Ocorre quando a invalidação do ato administra-
definida como requisito de validade do ato administrativo. Desta tivo imoral pode ser decretada pela própria Administração Pública
forma, a conduta imoral, à semelhança da conduta ilegal, também ou pelo Poder Judiciário;
se encontra passível de trazer como consequência a invalidade do • Ações judiciais para controle da moralidade administrativa
respectivo ato, que poderá vir a ser decretada pela própria adminis- que merecem destaque: ação popular e ação de improbidade ad-
tração por meio da autotutela, ou pelo Poder Judiciário. ministrativa.
Denota-se que o controle judicial da moralidade administrativa
se encontra afixado no art. 5.º, LXXIII, da Constituição Federal, que Princípio da Publicidade
dispõe sobre a ação popular nos seguintes termos: Advindo da democracia, o princípio da publicidade é carac-
Art. 5.º [...] terizado pelo fato de todo poder emanar do povo, uma vez que
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação sem isso, não teria como a atuação da administração ocorrer sem
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de o conhecimento deste, fato que acarretaria como consequência a
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, impossibilidade de o titular do poder vir a controlar de forma con-
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o tundente, o respectivo exercício por parte das autoridades consti-
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus tuídas.
da sucumbência.
Pontua-se na verdade, que ao atribuir competência para que Pondera-se que a administração é pública e os seus atos devem
agentes públicos possam praticar atos administrativos, de forma ocorrer em público, sendo desta forma, em regra, a contundente e
implícita, a lei exige que o uso da prerrogativa legal ocorra em con- ampla publicidade dos atos administrativos, ressalvados os casos de
sonância com a moralidade administrativa, posto que caso esse re- sigilo determinados por lei.

193
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim sendo, denota-se que a publicidade não existe como um Transparência Pública. A mencionada Lei estabelece regras gerais,
fim em si mesmo, ou apenas como uma providência de ordem me- de caráter nacional, vindo a disciplinar o acesso às informações
ramente formal. O principal foco da publicidade é assegurar trans- contidas no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37
parência ou visibilidade da atuação administrativa, vindo a possibi- e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal Brasileira de 1.988.
litar o exercício do controle da Administração Pública por meio dos Encontram-se subordinados ao regime da lei 12.527/2011, tanto
administrados, bem como dos órgãos determinados por lei que se a Administração Direta, quanto as entidades da Administração In-
encontram incumbidos de tal objetivo. direta e demais entidades controladas de forma direta ou indireta
Nesse diapasão, o art. 5º, inciso XXXIII da CFB/88, garante a to- pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
dos os cidadãos o direito a receber dos órgãos públicos informações Também estão submetidas à ordenança da Lei da Transparência Pú-
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo, que deverão blica as entidades privadas sem fins lucrativos, desde que recebam
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, com recursos públicos para a realização de ações de interesse público,
exceção daquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so- especialmente as relativas à publicidade da destinação desses re-
ciedade como um todo e do Estado de forma geral, uma vez que cursos, sem prejuízo de efetuarem as prestações de contas a que
esse dispositivo constitucional, ao garantir o recebimento de infor- estejam obrigadas por lei.
mações não somente de interesse individual, garante ainda que tal Por fim, pontua-se que embora a regra ser a publicidade, a Lei
recebimento seja de interesse coletivo ou geral, fato possibilita o 12.527/2011 excetua com ressalvas, o sigilo de informações que
exercício de controle de toda a atuação administrativa advinda por sejam imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado de
parte dos administrados. forma geral. Ocorre que ainda nesses casos, o sigilo não será eter-
É importante ressaltar que o princípio da publicidade não pode no, estando previstos prazos máximos de restrição de acesso às
ser interpretado como detentor permissivo à violação da intimida- informações, conforme suas classificações da seguinte forma, nos
de, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, conforme ditames do art. 24, § 1º:
explicita o art. 5.º, X da Constituição Federal, ou do sigilo da fonte a) Informação ultrassecreta (25 anos de prazo máximo de res-
quando necessário ao exercício profissional, nos termos do art. 5.º, trição ao acesso);
XIV da CFB/88. b) Informação secreta (15 anos de prazo máximo de restrição
Destaca-se que com base no princípio da publicidade, com ao acesso);
vistas a garantir a total transparência na atuação da administração c) Informação reservada (cinco anos de prazo máximo de res-
pública, a CFB/1988 prevê: o direito à obtenção de certidões em trição ao acesso).
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de si- Em síntese, temos:
tuações de interesse pessoal, independentemente do pagamento de • É advindo da democracia e se encontra ligado ao exercício da
taxas (art. 5.º, XXXIV, “b”); o direito de petição aos Poderes Públicos cidadania;
em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder, in- • Exige divulgação ampla dos atos da Administração Pública,
dependentemente do pagamento de taxas (art. 5.º, XXXIV, “a”); e o com exceção das hipóteses excepcionais de sigilo;
direito de acesso dos usuários a registros administrativos e atos de • Se encontra ligado à eficácia do ato administrativo;
governo (art. 37, § 3.º, II). • Possui como foco assegurar a transparência da atuação admi-
Pondera-se que havendo violação a tais regras, o interessado nistrativa, vindo a possibilitar o exercício do controle da Administra-
possui à sua disposição algumas ações constitucionais para a tutela ção Pública de modo geral;
do seu direito, sendo elas: o habeas data (CF, art. 5.º, LXXII) e o • Em relação à sua manifestação, concede ao cidadão: direito
mandado de segurança (CF, art. 5.º, LXIX), ou ainda, as vias judiciais à obtenção de certidões em repartições públicas; direito de petição;
ordinárias. direito de acesso dos usuários a registros administrativos e atos de
No que concerne aos mecanismos adotados para a concretiza- governo; direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
ção do princípio, a publicidade poderá ocorrer por intermédio da interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, com exceção
publicação do ato ou, dependendo da situação, por meio de sua daquelas informações, cujo sigilo seja indispensável à segurança da
simples comunicação aos destinatários interessados. sociedade e do Estado.
Registra-se, que caso não haja norma determinando a publi- • Não se trata de um princípio absoluto, necessitando que seja
cação, os atos administrativos não geradores de efeitos externos harmonizado com os demais princípios constitucionais;
à Administração, como por exemplo, uma portaria que cria deter- • A publicação é exigida desde que exista previsão legal ou de
minado evento, não precisam ser publicados, bastando que seja atos que sejam produtores de efeitos externos;
atendido o princípio da publicidade por meio da comunicação aos • Não havendo exigência legal, a publicidade dos atos internos
interessados. Entendido esse raciocínio, pode-se afirmar que o de- poderá ser feita por intermédio de comunicação direta ao interes-
ver de publicação recai apenas sobre os atos geradores de efeitos sado;
externos à Administração. É o que ocorre, por exemplo, num edital • A Lei 12.527/2011 foi aprovada como um mecanismo amplo
de abertura de um concurso público, ou quando exista norma legal e eficaz de concretização do acesso à informação, vindo a se tornar
determinando a publicação. um genuíno corolário do princípio da publicidade.
Determinado a lei a publicação do ato, ressalta-se que esta de- • A publicação deverá ser feita pela Imprensa Oficial, ou, onde
verá ser feita na Imprensa Oficial, e, caso a divulgação ocorra ape- não houver órgão oficial, em consonância com a Lei Orgânica do
nas pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial, não Município, a publicação oficial poderá ser feita pela afixação dos
se considerará atendida essa exigência. No entanto, conforme o en- atos e leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara Munici-
sinamento do ilustre Hely Lopes Meirelles, onde não houver órgão pal.
oficial, em consonância com a Lei Orgânica do Município, a publica-
ção oficial poderá ser feita pela afixação dos atos e leis municipais Princípio da Eficiência
na sede da Prefeitura ou da Câmara Municipal. A princípio, registra-se que apenas com o advento da Emenda
Dotada de importantes mecanismos para a concretização do Constitucional nº 19/1998, também conhecida como “Emenda da
princípio da publicidade, ganha destaque a Lei 12.527/2011, tam- Reforma Administrativa”, o princípio da eficiência veio a ser previs-
bém conhecida como de Lei de Acesso à Informação ou Lei da to no caput do art. 37 da Constituição Federal Brasileira de 1988.

194
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Acrescido a tais informações, o princípio da eficiência também se • Aspectos importantes: o modo como o agente público atua;
encontra previsto no caput do art. 2.º da Lei 9.784/1999, lei que a forma de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Públi-
regula o processo administrativo na seara da Administração Pública ca como um todo;
Federal. • Trata-se de um princípio que se encontra relacionado à admi-
Desta forma, elevado à categoria de princípio constitucional ex- nistração pública gerencial;
presso pela Emenda Constitucional 19/1998, o dever de eficiência • É um princípio de se soma-se aos demais princípios da Ad-
corresponde ao dever de bem administrar a Máquina Pública. ministração Pública, não se sobrepõe a nenhum deles e deve ser
No entendimento de Hely Lopes Meirelles, “o princípio da efi- exercido nos conformes ditados pelo princípio da legalidade.
ciência exige que a atividade administrativa seja exercida com pres-
teza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio Princípios Implícitos da Administração Pública
da função administrativa, que já não se contenta em ser desem- No estudo anterior, foi exposto com ênfase os princípios apli-
penhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para cáveis à administração pública expressos na Constituição Federal
o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da de 1988. Entretanto, a doutrina também reconhece outros princí-
comunidade e de seus membros”. pios que, embora não estejam contidos de forma expressa no texto
Pondera-se que princípio da eficiência deverá estar eivado de constitucional, são retirados da Carta Magna e são igualmente aco-
valores e uma boa administração pública que dê preferência por lhidos pelo sistema constitucional e importantes no estudo do direi-
produtividade elevada, economicidade, excelente qualidade e ce- to administrativo. Trata-se dos princípios administrativos implícitos,
leridade dos serviços prestados, vindo a reduzir os desperdícios e, os quais iremos abordar em estudo neste tópico.
ainda, que trabalhe pela desburocratização e pelo elevado rendi- Afirma-se que diversos desses princípios constitucionais implí-
mento funcional como um todo. citos são encontrados contemporaneamente em diversas leis. A Lei
De acordo com a Constituição Federal Brasileira, existem nor- 9.784/1999, por exemplo se encontra eivada de normas e regras
mas inseridas no ordenamento jurídico pátrio que possuem o con- básicas sobre o processo administrativo na seara da Administração
dão de tornar mais eficiente a prestação de serviços públicos. Pas- Federal, vindo a citar diversos princípios que não se encontram
semos a analisar almas destas regras: dispostos na Constituição Federal de 1.988, embora sejam desta
1. Nos termos do art. art. 41, § 4.º da CFB/88, com o fito de advindos, como o interesse público, a segurança jurídica, a finalida-
adquirir estabilidade, o servidor público, após ser aprovado em con- de, a motivação, dentre outros. Desta maneira, depreende-se que
curso, terá que passar por uma avaliação especial de desempenho quando um princípio administrativo é qualificado como implícito,
por comissão instituída para essa finalidade; significa que ele não se encontra nominalmente expresso no texto
2. Segundo o art. 41, §1º da CFB/88, após ter adquirido estabi- constitucional, fato que não importa para efeito tal classificação, se
lidade, o servidor não pode relaxar, uma vez que se encontra sujeito ele se encontra ou não previsto de modo explícito em alguma forma
a passar por periódicas avaliações de desempenho, podendo correr de norma respectivamente infraconstitucional.
o risco de perder o cargo, caso seja declarado insuficiente, assegu-
rada ampla defesa; Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
Apelidada de “Lei de Responsabilidade das Estatais”, a Lei Sendo princípios gerais de direito, a razoabilidade e a propor-
13.303/2016, dentre as diversas novidades estatuídas em seu di- cionalidade, embora não estejam previstos expressamente no texto
ploma, destacamos com ênfase no art. 17, a estipulação de notório da CFB/88, transpassam vários dispositivos da CF/1988, vindo a se
conhecimento, bem como tempo de experiência profissional e for- constituir em princípios constitucionais implícitos.
mação acadêmica como pré-requisitos legais para que alguém pos- Assim sendo, pondera-se que não existe nenhuma uniformida-
sa ser nomeado para o Conselho de Administração ou Diretoria de de na doutrina em relação ao conteúdo dos princípios da razoabi-
uma Empresa Pública ou sociedade de economia mista. Pondera-se lidade e da proporcionalidade, tendo em vista que há autores que
que tais exigências são uma autêntica homenagem ao princípio da entendem os dois princípios como sendo sinônimos, ao passo que
eficiência, bem como aos princípios da moralidade e da isonomia. consideram que a proporcionalidade se trata apenas uma das ca-
Por fim, denota-se que o princípio da eficiência não se sobrepõe racterísticas do princípio da razoabilidade, havendo ainda, uma cor-
aos demais princípios, aliás, acrescente-se, que ela se soma aos rente que considera os dois como princípios distintos um do outro.
demais princípios administrativos, fatos que demonstram que a Embora haja doutrinárias divergentes em relação ao assunto,
função administrativa executada de forma eficiente, deverá sempre entende-se de modo geral, que o princípio da razoabilidade está re-
ser exercida nos parâmetros de conformidade com o princípio da lacionado ao aceitamento explícito da conduta em face de padrões
legalidade. racionais de comportamento, que buscam levar em conta tanto o
Em suma, temos: bom senso do homem médio, quanto a finalidade para a qual foi
• Se encontra expresso na Constituição Federal e foi inserido outorgada a competência legítima ao agente público. Assim sen-
pela EC 19/1998; do, o princípio da razoabilidade exige de maneira contundente do
• Princípio da eficiência ou dever de eficiência é o dever bem administrador, atuação com bom senso, coerência e racionalidade.
administrar; Em relação ao princípio da proporcionalidade, entende-se que
• É o mais moderno princípio da função administrativa, que este se refere à postura de conduta equilibrada, sendo proporcional
já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, à finalidade que se destina e também sem excessos em si mesmo.
exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório Ponto importante que merece registro, é que o que considera uma
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros; conduta como proporcional em um caso concreto, uma vez que de-
• Exigências legais: as atividades administrativas devem ser vem estar presentes três elementos, sendo eles:
exercidas com presteza, perfeição e rendimento funcional; deverão 1. A adequação: Trata-se da compatibilidade entre o meio em-
surtir resultados positivos para o serviço público, bem como um pregado e o fim almejado;
atendimento que possa satisfazer as necessidades da população e 2. A exigibilidade: Por meio da qual, a conduta praticada deve
de seus membros; prima-se por economicidade, produtividade ele- ser necessária, não existindo meio menos gravoso para alcançar o
vada, qualidade e celeridade na prestação dos serviços bem como fim público;
pela redução dos desperdícios e desburocratização;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
3. A proporcionalidade em sentido estrito: Por meio da qual, presença do motivo acabam por determinar sua prática.
as vantagens obtidas com conduta acabam por superar as desvan- Na Legislação Pátria, a regra geral é a necessidade de motiva-
tagens. ção de todos os atos ou decisões administrativas, fato que indica
Na seara de controle de constitucionalidade, denota-se que o que a Administração Pública deve, por força de lei, deixar sempre
Supremo Tribunal Federal tem adotado com enorme frequência os expressos os motivos que a levaram a praticar um ato ou a tomar
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, de forma especial certa decisão, seja esta de ato vinculado ou de ato discricionário.
nas situações em que o legislador ordinário edita lei que, embo- Bastante reconhecido pela doutrina e pela jurisprudência, o
ra aparentemente não contrarie qualquer dispositivo disposto na princípio da motivação encontra-se previsto em diversos diplomas
CFB/88, definha de ausência plena de razoabilidade. normativos. Um exemplo disso, é o art. 50 da Lei 9.784/1999 que
Explicita-se ainda, que a jurisprudência do Supremo Tribunal ordena que os atos administrativos deverão ocorrer sempre de for-
Federal tem usado de maneira contundente o princípio da razoa- ma motivada eivados da indicação dos fatos e dos fundamentos ju-
bilidade como forma de examinar se discriminações usadas pelo rídicos, quando:
legislador ordinário ou pela Administração Pública, são ou não de a) Negarem, limitarem ou vierem a afetar direitos ou interes-
fato agressivas ao princípio da isonomia que se encontra inserido ses;
na Constituição Federal. b) Agravarem ou imporem deveres, encargos ou sanções;
Ressalte-se, por fim, que o princípio da isonomia, além de auto- c) Decidirem a respeito de processos administrativos de con-
rizar, exige também tratamentos de forma diferente entre pessoas curso ou seleção pública;
que se encontram em situações distintas. Desta maneira, o proble- d) Dispensarem ou declararem a inexigibilidade de processo
ma não é diferenciar, mas sim saber aplicar a razoabilidade do cri- licitatório;
tério utilizado para a diferenciação. Um exemplo clássico disso, é a e) Decidirem a respeito de recursos administrativos;
exigência de altura mínima para cargos de carreiras policiais, uma f) Decorrerem de reexame de ofício;
vez que esta é considerada razoável e válida, levando em conta que g) Sempre que deixarem de aplicar jurisprudência firmada so-
o porte físico é característica importante e relevante para o exercí- bre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e re-
cio de tais cargos. latórios oficiais;
Em resumo, temos: h) Importarem sobre anulação, suspensão, revogação ou con-
Razoabilidade validação de ato administrativo.
• Exige do administrador atuação coerente, racional e com
bom senso; De acordo com o art. 50, § 1º da Lei 9.784/1999, a motivação
• Diz respeito à aceitabilidade de uma conduta, dentro de pa- deve ser explícita, clara, harmônica ou congruente, ainda que, via
drões e ditames normais de comportamento; de regra, que não exija uma forma específica. Por esse motivo, são
• Permite o controle de legalidade das leis e atos administra- considerados nulos os atos que dependem de motivação. Porém,
tivos, vindo a se constituir em limitação ao poder discricionário da a autoridade competente, de modo geral, compreende que ela se
Administração Pública como um todo. encontra implícita nas circunstâncias causadoras da edição do ato,
ou que aponta motivos complexos, ou que não possuem nada a ver
Proporcionalidade com a medida tomada, ou, ainda, que estejam eivados da necessi-
• Exige do administrador conduta equilibrada, balanceada, sem dade de providência colocada de forma oposta à que foi adotada.
excessos, proporcional ao fim ao qual se destina; Por fim, é importante registrar que o momento da motivação
• É uma das características do princípio da razoabilidade; pode ocorrer de forma prévia ou simultaneamente ao ato, caso não
• Elementos: se tenha atendido ao requisito com uma posterior declinação de
1) adequação; motivos. Isso ocorre por que a doutrina e a jurisprudência afugen-
2) exigibilidade; tam o uso de fórmulas prontas e vazias como forma de motivação
3) proporcionalidade em sentido estrito; para a prática de atos administrativos. Desta maneira, não se aceita
• É permissionário do controle de legalidade das leis e atos ad- por exemplo, como sendo suficiente a afirmação de que o ato ad-
ministrativos, vindo a se constituir em limitação ao poder discricio- ministrativo foi praticado por causa de interesse público, ou, ainda
nário da Administração Pública. porque os argumentos que foram demonstrados pelo administrado
não são suficientes, sendo necessário que seja indicado, no primei-
Princípio da motivação ro caso, a correlação existente entre o ato e o interesse público vi-
Trata-se de um princípio implícito que determina à Adminis- sado e, no segundo, o porquê da falta de suficiência dos argumento
tração Púbica a indicação dos fundamentos de fato e de direito apresentados.
referentes às suas decisões. Por permitir o controle por meio dos Em síntese, temos:
administrados, tendo em vista a licitude, a existência e a ampla sufi- • É um princípio implícito que determina à Administração Pú-
ciência dos motivos indicados pela Administração na prática de seus bica a indicação dos fundamentos de fato e de direito referentes às
atos, o princípio da motivação é considerado como um princípio suas decisões;
moralizador. • É considerado como um princípio moralizador;
Depreende-se que motivo é a circunstância de fato ou de di- • Motivo é a circunstância de fato ou de direito determinadora
reito determinadora ou autorizadora da prática de ato específico. ou autorizadora da prática de ato específico;
Referindo-se a atos vinculados, o motivo passa a determinar que o • Na Legislação Pátria, a regra geral é a necessidade de moti-
ato seja praticado. Porém, quando o ato é discricionário, havendo vação de todos os atos ou decisões administrativas, fato que indica
a presença do motivo, ela apenas irá validar a consumação do ato. que a Administração Pública deve, por força de lei, deixar sempre
Exemplo: contemplando uma manobra proibida no trânsito, sendo expressos os motivos que a levaram a praticar um ato ou a tomar
esta o “motivo”, o agente deverá aplicar a multa correspondente, certa decisão, seja esta de ato vinculado ou de ato discricionário;
não sendo permitido e nem lícito à autoridade de trânsito analisar • De acordo com o art. 50, § 1º da Lei 9.784/1999, a motivação
a conveniência e nem tampouco a oportunidade em relação à puni- deve ser explícita, clara, harmônica ou congruente, ainda que, via
ção da infração cometida, tendo em vista que o ato é vinculado e a de regra, esta não exija uma forma específica.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• O momento da motivação pode ocorrer de forma prévia ou gar um ato que já produziu todos os seus efeitos;
simultaneamente ao ato, caso não se tenha atendido o requisito c) Os atos que estiverem sendo apreciados por autoridade de
com uma posterior declinação de motivos. instância superior. Isso acontece, porque a competência da autori-
dade que o praticou para revogá-lo se esgotou;
Princípio da autotutela d) Os meros atos administrativos como certidões, atestados,
O princípio da autotutela consiste na possibilidade de a Ad- votos, dentre outros, porque os efeitos deles advindos são estabe-
ministração rever seus próprios atos. É o poder acompanhado do lecidos pela lei;
dever concedido à administração para zelar pela legalidade, pela e) Os atos que integram um procedimento, tendo em vista que
conveniência e pela oportunidade dos atos que pratica. a cada novo ato praticado ocorre a preclusão quanto ao ato ante-
Levando em conta que a Administração Pública poderá agir rior;
apenas quando autorizada por lei e nos termos legalmente esta- f) Os atos geradores de direitos adquiridos, posto que violam a
belecidos, dessa enunciação, decorre a presunção de que os atos Constituição Federal Brasileira.
administrativos são dotados de presunção de legalidade, ou seja, Em resumo, temos:
são legais e se encontram fundamentados em presunção de veraci- • Consiste na possibilidade de a Administração rever seus pró-
dade, sendo por isso, considerados verdadeiros. prios atos. É o poder acompanhado do dever concedido à adminis-
Tendo a Administração a prerrogativa de agir de ofício, pode- tração para zelar pela legalidade, pela conveniência e pela oportu-
-se afirmar que esta possui o deve anular seus atos ilegais, e pode, nidade dos atos que pratica.
também revogar os atos que considerar inoportunos ou inconve- • A Administração pode de agir de ofício, deve anular seus atos
nientes, independentemente de houver ou não a intervenção de ilegais, e pode, também, revogar os atos que considerar inoportu-
terceiros. nos ou inconvenientes, independentemente de haver ou não a in-
Pondera-se que a autotutela possui dois aspectos do controle tervenção de terceiros.
interno dos atos administrativos, sendo eles:
1) O controle de legalidade: Por meio do qual a Administração Aspectos do controle interno dos atos administrativos:
Pública anula os atos ilegais; 1) O controle de legalidade: Por meio do qual a Administração
2) O controle de mérito: Por meio do qual a Administração Pública anula os atos ilegais;
pode revogar os atos inoportunos ou inconvenientes. 2) O controle de mérito: Por meio do qual a Administração
Registra-se com grande ênfase, o fato de o princípio autotutela pode revogar os atos inoportunos ou inconvenientes.
se achar consagrado em duas súmulas do Supremo Tribunal Fede-
ral, sendo elas: Súmulas:
STF – Súmula 346: “A administração pública pode declarar a STF – Súmula 346: “A administração pública pode declarar a
nulidade dos seus próprios atos.” nulidade dos seus próprios atos.”
STF – Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios STF – Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”. em todos os casos, a apreciação judicial”.
Denota-se que embora as Súmulas mencionadas acima afir- • Para Maria Sylvia Zanella não podem ser revogados os se-
mem que a administração “pode anular seus próprios atos”, ela guintes atos:
na verdade, “deve anular seus atos”, tendo em vista que anular a a) Os atos vinculados;
revogação é um poder-dever, e não uma somente uma simples pos- b) Os atos que extenuaram seus efeitos;
sibilidade. c) Os atos que estiverem sendo apreciados por autoridade de
Destaca-se com grande importância, o fato da autotutela, se instância superior;
diferenciar do controle judicial no sentido de que ela depende de d) Os meros atos administrativos como certidões, atestados,
provocação externa para poder se manifestar, bem como pode ser votos, dentre outros, porque os efeitos deles advindos são estabe-
exercida de ofício, ou, ainda por meio de provocação de terceiros lecidos pela lei;
estranhos à Administração. Colocando em prática, quando uma e) Os atos que integram um procedimento, tendo em vista que
autoridade pública recebe uma comunicação de irregularidade na a cada novo ato praticado ocorre a preclusão quanto ao ato ante-
Administração Pública, ela obtém a obrigação de dar ciência do rior;
ocorrido ao seu chefe imediato ou, sendo esta competente, poderá f) Os atos geradores de direitos adquiridos, posto que violam a
a adotar as providências cabíveis para a apuração dos fatos, bem Constituição Federal Brasileira de 1.988.
como dos demais procedimentos necessários para a correção da ili-
citude ocorrida e, caso seja necessário, punir os culpados, sob pena Princípios da segurança jurídica, da proteção à confiança e da
de ser responsabilizada por omissão. Assim sendo, é plenamente boa-fé
possível afirmar que a provocação do exercício da autotutela pode De antemão, salienta-se que a segurança jurídica é um dos
vir de fora da Administração Pública. princípios fundamentais do direito e possui como atributos garantir
A respeito da revogação de atos da Administração Pública, Ma- a estabilidade das relações jurídicas consolidadas, bem como a cer-
ria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que não podem ser revogados os teza das consequências jurídicas dos atos praticados pelos indivídu-
seguintes atos: os em suas diversas relações sociais.
a) Os atos vinculados, tendo em vista que não há nestes os Tendo em vista garantir os retro mencionados atributos, em re-
aspectos da oportunidade e conveniência de sua prática como um lação à estabilidade das relações jurídicas, o ordenamento jurídico
todo; pugna pela exigência do respeito ao direito adquirido e também ao
b) Os atos que extenuaram seus efeitos. Isso ocorre pelo fato ato jurídico perfeito e à coisa julgada. Já em relação à certeza das
da revogação não retroagir, mas apenas impedir que o ato continue
a produzir seus efeitos, uma vez que não haveria proveito em revo-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
consequências jurídicas dos atos praticados, é possível se prever a Alguns doutrinadores identificam o princípio da boa-fé como
regra geral da irretroatividade da lei acompanhada de sua interpre- sendo o princípio da proteção à confiança. Entretanto, entende-se
tação de modo geral. que ao passo que a proteção à confiança visa proteger somente a
No âmbito do Direito Administrativo, são plenamente aplicá- boa-fé dos administrados, é necessário que o princípio da boa-fé
veis todas as regras mencionadas, porém, ganha destaque a impor- se encontre presente do lado da Administração Pública em geral e
tância da vedação em relação à interpretação retroativa da norma também do lado dos administrados.
jurídica. Ocorre que ao expressar seu entendimento a respeito de Por fim, vale a pena registrar que o princípio da boa-fé, seme-
determinada matéria, a Administração Pública acaba por subme- lhantemente ao princípio da proteção à confiança, também tem
ter o administrado à orientação administrativa e passa por boa-fé a sido invocado como forma de justificativa da manutenção de atos
guiar o seu comportamento. Entretanto, não pode a Administração, administrativos sem validade, bem como de atos praticados por
sob pena de ferir o princípio da segurança jurídica, prejudicar o par- funcionário de fato.
ticular, aplicando a este, nova interpretação a casos retrógrados já Em síntese:
interpretados em concordância com as concepções anteriormente
vigentes. Por esse motivo, em âmbito federal, a Lei 9.784/1999 em Princípio da segurança jurídica
seu art. 2.º, parágrafo único, XIII, veda de forma expressa a aplica- • Objetivo: Busca a garantia da estabilidade das relações jurídi-
ção retroativa de nova interpretação de matéria administrativa que cas consolidadas, bem como a certeza das consequências jurídicas
já fora anteriormente avaliada. dos atos que são praticados pelos indivíduos em suas distintas re-
Em suma, como consequências do princípio da segurança jurí- lações sociais;
dica, podemos citar: a vedação da interpretação retroativa da nor- • Consequências: Busca vedar a interpretação retroativa da
ma jurídica; a limitação temporal ao exercício da autotutela; o res- norma jurídica; a limitação temporal ao exercício da autotutela; o
peito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito. respeito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico per-
Em relação ao princípio da proteção à confiança ou proteção feito.
à confiança legítima, denota-se que se trata esse princípio de as-
pecto subjetivo da segurança jurídica, de forma que é considerado Princípio da proteção à confiança
como um desdobramento deste. • Foco: A proteção da confiança dos administrados nos atos da
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, leciona que o “princípio Administração Pública;
da proteção à confiança leva em conta a boa-fé do cidadão, que • Aspecto ou dimensão subjetiva do princípio da segurança ju-
acredita e espera que os atos praticados pelo Poder Público sejam rídica;
lícitos e, nessa qualidade, serão mantidos e respeitados pela pró- • Consequências legais: A manutenção de atos ilegais ou in-
pria Administração e por terceiros”. constitucionais, a manutenção de atos praticados por funcionários
Ressalte-se que o princípio da proteção à confiança possui o de fato, dentre outros.
condão de fundamentar a manutenção de atos ilegais e inconstitu-
cionais, condições nas quais, o juízo que os pondera tem tido como Princípio da boa-fé
consequência, uma graduação redutiva do alcance do princípio da • Aspecto objetivo: Ter conduta leal e honesta;
legalidade como um todo. Um exemplo disso é o que ocorre nos ca- • Aspecto subjetivo: A crença do agente de que está agindo de
sos em que a Administração, em decorrência de interpretação errô- forma correta;
nea da lei, adimple com o pagamento de valores que não são devi- • A boa-fé deve ser exigida da Administração e do Administra-
dos a servidores que, de boa-fé, entendem ter direito a tais verbas. do;
Ocorrendo esse tipo de erro, o Judiciário, para proteger a confiança • Consequências: manutenção de atos ilegais ou inconstitucio-
que os servidores possuem na Administração, tem se manifestado nais, dentre outros.
de maneira constante pela desnecessidade de reposição ao erário
público de forma geral. Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos
Por fim, vale a pena mencionar outro efeito concreto do prin- O foco fundamental do Estado é a consecução do bem comum
cípio da proteção à confiança, que trata-se da manutenção de atos do seu povo como um todo. Pondera-se que para atingir tal objeti-
praticados por funcionário de fato, posto que, de forma teórica, vo, é necessário que a Administração disponibilize para os adminis-
caso o servidor tenha sido investido de forma irregular no cargo, trados utilidades específicas, atenda necessidades determinadas, e,
via de regra, não teria este a competência para praticar atos admi- ainda que possa oferecer comodidades a depender de cada caso
nistrativos, uma vez que tais atos seriam considerados nulos. No específico. Ressalta-se que estas atividades podem ser encaixadas
entanto, os atos praticados, por terem aparência de legalidade e no sentido amplo do vocábulo da prestação de serviços públicos,
que vierem a gerar a crença nos destinatários de que realmente são tendo em vista que a interrupção da prestação de serviços públicos
válidos, deverão ser mantidos. não pode ser vedada.
Passemos à análise do princípio da boa-fé, que mesmo se en- Sem sombra de dúvidas, a busca do bem comum deverá sem-
contrando implícito no texto da Carta Magna, depreende-se que ele pre acontecer de maneira incessante e sem vedação de continui-
pode ser extraído do princípio da moralidade. Ademais, esse prin- dade. Desse cenário, podemos extrair o conteúdo do princípio da
cípio se encontra previsto nos artigos 2º, parágrafo único, IV, e 4.º, continuidade do serviço público, cuja materialização é assegurada
II, da Lei 9.784/1999. por inúmeros ordenamentos. Como exemplo, podemos citar o di-
Registra-se que a boa-fé está subdividida em dois aspectos, reito de greve no serviço público de modo geral, que, embora seja
sendo eles: reconhecido, se encontra eivado de sujeições e restrições, tendo
1) Aspecto objetivo: Esta relacionado à conduta leal e honesta, em vista que uma vez que o disposto no art. 37, VII da Constituição
considerada de forma objetiva; Federal que o explicita, prevê a edição de uma lei específica que
2) Aspecto subjetivo: Refere-se à crença do agente de que está limita os seus termos e limites.
agindo de forma correta. Pois, caso contrário, se o agente tiver ciên- Assim sendo, com vistas ao mesmo objetivo e reconhecendo
cia de que o seu comportamento não se encontra em consonância que alguns serviços públicos são delegados a particulares, a Cons-
com as normas jurídicas, estará agindo de má-fé. tituição Federal no art. 9º, § 1º, ao disciplinar o direito de greve

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
assegurado aos trabalhadores em geral, estipula que a lei deverá Princípio da Presunção de Legitimidade ou de Veracidade
elencar com ênfase os serviços ou atividades essenciais, vindo a dis- Trata-se de um importante princípio que diz respeito a duas
por sobre o atendimento das necessidades da comunidade que são características dos atos praticados pela Administração Pública, sen-
consideradas inadiáveis. do elas:
Outro ponto importante que merece ser explanado é o fato da 1) A presunção de verdade: Que se encontra relacionada aos
existência da inoponibilidade da exceção de contrato não cumpri- fatos;
do, exceptio non adimpleti contractus, nos contratos de concessão 2) A presunção de legalidade: Que se encontra relacionada ao
de serviços públicos, fato que nos parâmetros legais, ainda que o direito.
poder concedente se exima de cumprir as normas contratuais, os Infere-se que em decorrência da presunção de legitimidade ou
serviços prestados pela concessionária correspondente não pode- de veracidade dos atos administrativos, todos os fatos argumenta-
rão jamais ser interrompidos, nem tampouco paralisados sem que dos pela Administração são verdadeiros e os seus atos são prati-
haja decisão judicial transitada em julgado, nos parâmetros do art. cados de acordo com as normas determinadas por lei, até que se
39, parágrafo único da Lei 8.987/1995. prove o contrário, assegurada a ampla defesa.
Ressalta-se que relacionado ao princípio da continuidade dos Refere-se à presunção relativa ou juris tantum, vindo a acolher
serviços públicos, nos ditames do art. 80, II da Lei 8.666/1993, caso a produção de prova em contrário com o fito de afastá-la, sendo
a administração venha a rescindir unilateralmente um contrato ad- que o efeito primordial e principal da referida presunção trata-se de
ministrativo, ela passará a obter o direito à ocupação e utilização inverter o ônus da prova. Desta maneira, caso um agente de trânsi-
do local, bem como das instalações, dos equipamentos ali utiliza- to aplique uma autuação a um condutor de veículo automotor em
dos, do material e pessoal empregados na execução do contrato e decorrência de avanço de sinal, para que o motorista afaste a multa,
tudo o mais que for necessário à continuidade do serviço público terá que provar que não cometeu a infração.
essencial. Denota-se que como consequência da presunção de legitimi-
Nos parâmetros do art. 36 da Lei 8.897/1995, depreende-se dade, em regra, as decisões administrativas que podem ser feitas de
que ao término da concessão, existe previsão de lei para reverter forma imediata, vindo a gerar obrigações para os particulares, fato
ao poder público os bens do concessionário necessários à continui- que independe de sua concordância. Ademais, em determinadas
dade e atualização dos serviços públicos que haviam sido concedi- situações, poderá a própria Administração Pública vir a executar as
dos. É importante registrar também a existência dos institutos da suas próprias decisões, utilizando-se de meios diretos bem como
suplência, da substituição de servidores públicos, bem como da de- indiretos de coação que lhes forem disponíveis e permitidos.
legação, para se possa evitar que diante da ausência de um servidor Em resumo:
público ao trabalho, possa a Administração Pública e aqueles que • Conteúdo: A presunção de que os atos praticados pela Admi-
dela dependem, vir a sofrer com a paralisação do serviço público nistração são verdadeiros, bem como são praticados de acordo com
prestado. as normas legais”;
Entretanto, ante o mencionado acima, ressalta-se que nos pa- • Aspectos: A presunção da verdade no que diz respeito à ve-
râmetros do art. 6.º, § 3.º, da Lei 8.987/1995, é caracterizada como racidade das alegações da Administração Pública; e a presunção de
descontinuidade do serviço público a sua interrupção em situação legalidade;
de casos excepcionais de emergência, ou, após aviso previamente • Presunção relativa juris tantum: Possuindo o efeito de inver-
dado, quando estiver motivada por razões de ordem técnica ou de ter o ônus da prova;
segurança das instalações presentes, ou em decorrência de falta de • Consequências da presunção de legitimidade: decisões
adimplemento do usuário, considerando, por conseguinte o inte- administrativas possuem execução imediatas; decisões adminis-
resse da coletividade de modo geral. trativas podem criar obrigações particulares, ainda que estes não
Em suma, temos: concordem; em algumas situações, a própria Administração pode
• Conteúdo: Vedação da interrupção da prestação de serviços executar suas próprias decisões
públicos;
• Regras para garantir a continuidade do serviço público: restri- Princípio da Especialidade
ção ao direito de greve no serviço público; inoponibilidade ou res- O princípio da especialidade consiste na criação de entidades
trição a exceção do contrato não cumprido, exceptio non adimpleti da Administração Pública Indireta, fazendo alusão à ideia de des-
contractus; encampação de serviços públicos delegados; centralização administrativa. Pondera-se que tais entidades, ao se-
rem criadas, terão como missão a prestação de serviços públicos,
Objeto: A busca do bem comum deverá sempre acontecer de de forma descentralizada acrescida da especialização da função.
maneira incessante e sem cessação de continuidade. Além disso, podemos afirmar com concomitante certeza, que
o princípio da especialidade se encontra diretamente ligado aos
• Inoponibilidade da exceção de contrato não cumprido, ex- princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público.
ceptio non adimpleti contractus: nos contratos de concessão de Denota-se que esta ligação com a legalidade, decorre do fato
serviços públicos, ainda que o poder concedente se exima de cum- da criação de entidades da Administração Indireta da Administra-
prir as normas contratuais, os serviços prestados pela concessio- ção, que só pode ser executada diretamente por lei ou, dependen-
nária correspondente não poderão jamais ser interrompidos, nem do do caso, por autorização legal. E, ainda, da indisponibilidade do
tampouco paralisados sem que haja decisão judicial transitada em interesse público, pelo motivo segundo o qual, a lei criadora ou au-
julgado. torizadora da criação de entidades da Administração Indireta, de-
• Hipóteses legais de interrupção dos serviços públicos: talha com exatidão as finalidades que deverão ser executadas por
Em situação de emergência e sem aviso prévio; razões de or- essas entidades, de forma que não cabe ao administrador da enti-
dem técnica ou de segurança das instalações, após prévio aviso; dade criada, dispor com precisão a respeito dos objetivos definidos
inadimplemento do usuário, após prévio aviso. pela legislação equivalente.
Registra-se, por fim, que o princípio da especialidade possui
abrangência somente para a criação de entidades da administra-
ção indireta. Isso significa que sua abrangência não diz respeito, por

199
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
exemplo, a parcerias feitas pelo poder público com as entidades do DECRETA:
terceiro setor e suas funções gerenciais como um todo. Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
Em breve síntese: direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências
• O princípio da especialidade consiste na criação de entidades necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante
da Administração Pública Indireta, fazendo alusão à ideia de des- a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três
centralização administrativa. servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
• É composto por meio da criação de entidades da Adminis- permanente.
tração Indireta, que se tornarão prestadoras de serviços públicos Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co-
de forma descentralizada acrescida com especialização de função; municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da
• Relaciona-se com princípios da legalidade e da indisponibili- República, com a indicação dos respectivos membros titulares e su-
dade do interesse público; plentes.
• O princípio da especialidade não é adaptável às parcerias fir- Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
madas pelo Poder Público com as organizações do terceiro setor.
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106°
Princípio da Hierarquia da República.
De antemão, afirma-se que existe em decorrência princípio da ITAMAR FRANCO
hierarquia, uma ligação correlata de coordenação e subordinação
entre os órgãos da Administração Pública. Depreende-se que desta ANEXO
ligação advém um rol de funções laborativas para o superior hie- Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po-
 

rárquico. As que mais se destacam, são: fazer a revisão dos atos der Executivo Federal
dos subordinados, fazer a delegação de competências e punir os CAPÍTULO I
agentes subordinados. Em relação ao agente público subordinado à Seção I
relação hierárquica, por sua vez, é imposto o dever de prestar obe- Das Regras Deontológicas
diência às ordens imediatamente superiores, ressalvadas aquelas
manifestamente ilegais. I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
Ressalta-se que a relação de hierarquia é condizente aos órgãos princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-
de uma mesma pessoa jurídica. Isso significa dizer que o princípio vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
da hierarquia se encontra diretamente relacionado à ideia de des- que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
concentração administrativa, fato que não diz respeito, por exem- atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-
plo, ao processo de descentralização administrativa ou de criação vação da honra e da tradição dos serviços públicos.
de entidades da Administração Pública Indireta como um todo. II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
Em breve síntese: ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
• É composto por meio de uma relação de coordenação e su- legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
bordinação entre os órgãos da Administração Pública de modo am- o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
plo e total; o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°,
• Consequências do princípio da hierarquia: Existe a possibili- da Constituição Federal.
dade de o superior fazer revisão junto aos atos dos subordinados; III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
há a possibilidade de o superior vir a delegar ou a avocar competên- tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
cias; existe a possibilidade de punir na forma da lei ao subordina- o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
do; dever do subordinador de obedecer as ordens do seu superior finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
imediato, ressalvadas as manifestamente ilegais; o princípio da hie- a moralidade do ato administrativo.
rarquia se encontra relacionado à ideia de desconcentração admi- IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
nistrativa; o princípio da hierarquia não se encontra relacionado ao tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
processo de descentralização administrativa. por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em
DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE ÉTICA fator de legalidade.
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
PODER EXECUTIVO FEDERAL) comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional
do Poder Executivo Federal. e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto vida funcional.
no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
8.429, de 2 de junho de 1992, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,

200
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo rios do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
a negar. dano moral;
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re-
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu-
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado ra em que se funda o Poder Estatal;
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica- imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva;
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao mente em todo o sistema;
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
esperanças e seus esforços para construí-los. dências cabíveis;
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na ção;
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
usuários dos serviços públicos. zação do bem comum;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, exercício da função;
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
pública. superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase boa ordem.
sempre conduz à desordem nas relações humanas. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- direito;
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
da Nação. dicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
Seção II ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
Dos Principais Deveres do Servidor Público mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
quer violação expressa à lei;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
emprego público de que seja titular; cumprimento.
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações Seção III
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- Das Vedações ao Servidor Público
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; XV - E vedado ao servidor público;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; para outrem;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu res ou de cidadãos que deles dependam;
cargo; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
do o processo de comunicação e contato com o público; de sua profissão;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
blicos; ou material;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuá- cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;

201
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o RESOLUÇÕES 1 A 10 DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie- DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
rarquicamente superiores ou inferiores; Resolução nº 01, 13 de setembro de 2000
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo Estabelece procedimentos para apresentação de informa-
de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van- ções, sobre situação patrimonial, pelas autoridades submetidas
tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, ao Código de Conduta da Alta Administração Federal.
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
dor para o mesmo fim; A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami- tendo em vista o disposto no art. 4o do Código de Conduta da Alta
nhar para providências; Administração Federal,
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten- RESOLVE:
dimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti- Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4o do Código de
cular; Conduta da Alta Administração Federal, que trata da apresentação
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza- de informações sobre a situação patrimonial das autoridades a ele
do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio submetidas, será atendido mediante o envio à Comissão de Ética
público; Pública - CEP de:
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in- I - lista dos bens, com identificação dos respectivos valores es-
terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos timados ou de aquisição, que poderá ser substituída pela remessa
ou de terceiros; de cópia da última declaração de bens apresentada à Secretaria da
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- Receita Federal do Ministério da Fazenda;
mente; II - informação sobre situação patrimonial específica que, a ju-
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra ízo da autoridade, suscite ou possa eventualmente suscitar conflito
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; com o interesse público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a evitá-lo.
empreendimentos de cunho duvidoso. Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo anterior
são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas por pessoa designada
CAPÍTULO II pela CEP, serão encerradas em envelope lacrado.
DAS COMISSÕES DE ÉTICA Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP as par-
ticipações de que for titular em sociedades de economia mista, de
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública instituição financeira ou de empresa que negocie com o Poder Pú-
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer blico, conforme determina o art. 6o do Código de Conduta.
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder Art. 4º O prazo de apresentação de informações será de dez
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de dias, contados:
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra- I - da data de publicação desta Resolução, para as autoridades
tamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- que já se encontram no exercício do cargo;
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento II - da data da posse, para as autoridades que vierem a ser do-
susceptível de censura. ravante nomeadas.
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a prestar in-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos formações (art. 2º do Código de Conduta):
encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os I - Ministros e Secretários de Estado;
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda- II - titulares de cargos de natureza especial, secretários-execu-
mentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios tivos, secretários ou autoridades equivalentes ocupantes de cargo
da carreira do servidor público. do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;
XIX-(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) III - presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias,
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, em-
XXI -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) presas públicas e sociedades de economia mista.
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em sigilo,
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo como determina o § 2º do art. 5º do referido Código.
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do fal- Art. 7º As informações de que trata esta Resolução deverão ser
toso. remetidas à CEP, em envelope lacrado, localizada no Anexo II do
XXIII -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Palácio do Planalto, sala 250 - Brasília-DF.
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, en-
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, Resolução nº 02, 24 de outubro de 2000
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza Regula a participação de autoridade pública abrangida pelo
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição Código de Conduta da Alta Administração Federal em seminários
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór- e outros eventos
gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente resolução
do Estado. interpretativa do parágrafo único do art.7º do Código de Conduta
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) da Alta Administração Federal.

202
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. A participação de autoridade pública abrangida pelo Código Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas so-
de Conduta da Alta Administração Federal em atividades externas, bre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública, o que demons-
tais como seminários, congressos, palestras e eventos semelhan- trou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e detalhada a
tes, no Brasil ou no exterior, pode ser de interesse institucional ou aplicação da norma constante do Código de Conduta.
pessoal. A presente Resolução, de caráter interpretativo, visa justamen-
2. Quando se tratar de participação em evento de interesse te afastar dúvidas sobre a maneira pela qual a autoridade pública
institucional, as despesas de transporte e estada, bem como as ta- poderá participar de determinados eventos externos, dentro dos
xas de inscrição, se devidas, correrão por conta do órgão a que per- limites éticos constantes do Código de Conduta. Os dois princípios
tença a autoridade, observado o seguinte: básicos que orientam a resolução ora adotada são a transparência,
I - excepcionalmente, as despesas de transporte e estada, bem assegurada pela publicidade, e a inexistência de interesse do pa-
como as taxas de inscrição, poderão ser custeadas pelo patrocina- trocinador dos referidos eventos em decisão da autoridade pública
dor do evento, se este for: convidada.
a) organismo internacional do qual o Brasil faça parte; A Resolução, para fins práticos, distinguiu a participação da au-
b) governo estrangeiro e suas instituições; toridade em dois tipos: a de interesse institucional e a de interes-
c) instituição acadêmica, científica e cultural; se pessoal. Entende-se por participação de interesse institucional
d) empresa, entidade ou associação de classe que não esteja aquela que resulte de necessidade e conveniência identificada do
sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade, órgão ao qual pertença a autoridade e que possa concorrer para o
nem que possa ser beneficiária de decisão da qual participe a re- cumprimento de suas atribuições legais.
ferida autoridade, seja individualmente, seja em caráter coletivo. Quando a participação for de interesse pessoal, a cobertura de
II - a autoridade poderá aceitar descontos de transporte, hos- custos pelos promotores do evento somente será admissível se: 1)
pedagem e refeição, bem como de taxas de inscrição, desde que a autoridade tornar públicas as condições aplicáveis à sua partici-
não se refira a benefício pessoal. pação; 2) o promotor do evento não tiver interesse em decisão da
3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da autorida- esfera de competência da autoridade; 3) a participação não resulte
de, as despesas de remuneração, transporte e estada poderão ser em prejuízo das atividades normais inerentes ao seu cargo.
custeadas pelo patrocinador, desde que: Em se tratando de participação de autoridade em evento de
I - a autoridade torne públicas as condições aplicáveis à sua interesse institucional, não é permitida a cobertura das despesas
participação, inclusive o valor da remuneração, se for o caso; de transporte e estada pelo promotor do evento, exceto quando
II - o promotor do evento não tenha interesse em decisão que este for: 1) organismo internacional do qual o Brasil faça parte; 2)
possa ser tomada pela autoridade, seja individualmente, seja de ca- governo estrangeiro e suas instituições; 3) instituição acadêmica,
ráter coletivo. científica ou cultural; 4) empresa, entidade ou associação de clas-
4. As atividades externas de interesse pessoal não poderão ser se que não tenha interesse em decisão da autoridade. Da mesma
exercidas em prejuízo das atividades normais inerentes ao cargo. forma, as despesas poderão ser cobertas pelo promotor do evento
5. A publicidade da remuneração e das despesas de transpor- quando decorrente de obrigação contratual de empresa perante a
te e estada será assegurada mediante registro do compromisso na instituição da autoridade.
respectiva agenda de trabalho da autoridade, com explicitação das Não será permitida, tampouco, a aceitação do pagamento ou
condições de sua participação, a qual ficará disponível para consulta reembolso de despesa de transporte e estada por empresa com a
pelos interessados. qual o órgão a que pertença a autoridade mantenha relação de ne-
6. A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou reembolso gócio. É o caso, por exemplo, de empresa que forneça bens ou ser-
de despesa de transporte e estada, referentes à sua participação viços ao referido órgão, a menos que tal pagamento ou reembolso
em evento de interesse institucional ou pessoal, por pessoa física decorra de obrigação contratual por ela assumida.
ou jurídica com a qual o órgão a que pertença mantenha relação de A publicidade relativa à participação das autoridades em even-
negócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de obrigação tos externos será assegurada mediante registro na agenda de tra-
contratual previamente assumida perante aquele órgão. balho da autoridade das condições de sua participação, inclusive
remuneração, se for o caso. A agenda de trabalho ficará disponível
Nota Explicativa para consulta por qualquer interessado. O acesso público à agenda
Participação de autoridades submetidas ao Código de Conduta deve ser facilitado.
da Alta Administração Federal em seminários, congressos e eventos Em síntese, por meio desta resolução interpretativa, a Comis-
semelhantes são procurou fixar os balizamentos mínimos a serem observados
O Código de Conduta da Alta Administração Federal estabele- pelas autoridades abrangidas pelo Código de Conduta, sem prejuízo
ceu os limites que devem ser observados para a participação de de que cada órgão detalhe suas próprias normas internas sobre a
autoridades a ele submetidas em seminários, congressos e eventos participação de seus servidores em eventos externos.
semelhantes (art. 7º, parágrafo único).
A experiência anterior ao Código de Conduta revela um tra-
tamento não uniforme nas condições relativas à participação das
autoridades da alta administração federal nesses eventos. Com
efeito, diante das conhecidas restrições de natureza orçamentária
e financeira, passou-se a admitir que as despesas de viagem e es-
tada da autoridade fossem custeadas pelo promotor do seminário
ou congresso.
Tal prática, porém, não se coaduna com a necessidade de pre-
venir situações que possam comprometer a imagem do governo ou,
até mesmo, colocar a autoridade em situação de constrangimento.
É o que ocorre, por exemplo, quando o patrocinador tem interesse
em decisão específica daquela autoridade.

203
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Resolução nº 03, 23 de novembro de 2000 Brindes
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis 5. É permitida a aceitação de brindes, como tal entendidos
às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da aqueles:
Alta Administração Federal I –que não tenham valor comercial ou sejam distribuídos por
entidade de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda, di-
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso vulgação habitual ou por ocasião de eventos ou datas comemora-
V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que: tivas de caráter histórico ou cultural, desde que não ultrapassem o
a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Admi- valor unitário de R$ 100,00 (cem reais);
nistração Federal, é vedada a aceitação de presentes por autorida- II – cuja periodicidade de distribuição não seja inferiora 12
des públicas a ele submetidas; (doze) meses; e
b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções requer III –. que sejam de caráter geral e, portanto, não se destinem a
orientação de caráter prático às referidas autoridades, agraciar exclusivamente uma determinada autoridade.
Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo: 6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais), será
ele tratado como presente, aplicando-se-lhe a norma prevista no
Presentes item 3 acima.
1. A proibição de que trata o Código de Conduta se refere ao re- 7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$
cebimento de presentes de qualquer valor, em razão do cargo que 100,00 (cem reais), a autoridade determinará sua avaliação junto
ocupa a autoridade, quando o ofertante for pessoa, empresa ou ao comércio , podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde
entidade que: logo o tratamento de presente.
I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que perten-
ça a autoridade; Divulgação e solução de dúvidas
II – tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em de- 8. A autoridade deverá transmitir a seus subordinados as nor-
cisão que possa ser tomada pela autoridade, individualmente ou de mas constantes desta Resolução, de modo a que tenham ampla di-
caráter coletivo, em razão do cargo; vulgação no ambiente de trabalho.
III – mantenha relação comercial com o órgão a que pertença 9. A incorporação de presentes ao patrimônio histórico cultural
a autoridade; ou e artístico, assim como a sua doação a entidade de caráter assisten-
IV – represente interesse de terceiros, como procurador ou cial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, deverá
preposto, de pessoas, empresas ou entidades compreendidas nos constar da respectiva agenda de trabalho ou de registro específico
incisos I, II e III. da autoridade, para fins de eventual controle.
2. É permitida a aceitação de presentes: 10. Dúvidas específicas a respeito da implementação das nor-
I – em razão de laços de parentesco ou amizade, desde que mas sobre presentes e brindes poderão ser submetidas à Comissão
o seu custo seja arcado pelo próprio ofertante, e não por pessoa, de Ética Pública, conforme o previsto no art. 19 do Código de Con-
empresa ou entidade que se enquadre em qualquer das hipóteses duta.
previstas no item anterior;
II – quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos Resolução nº 04, 07 de junho de 2001
protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública A
de funções diplomáticas. COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2o, inciso
3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de pre- VII, do Decreto de 26 de maio de 1999
sente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma
das seguintes providências:(Redação dada pela Resolução nº 6, de A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º,
25.7.2001) inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999
I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, RESOLVE:
destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado; Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regimento
II - promover a sua doação a entidade de caráter assistencial Interno da Comissão de Ética Pública.
ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que,
tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem CAPÍTULO I
ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou(Redação DA COMPETÊNCIA
dada pela Resolução nº 6, de 25.7.2001)
III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP):
do órgão público onde exerce a função.(Incluído pela Resolução nº I - assegurar a observância do Código de Conduta da Alta Admi-
6, de 25.7.2001)” nistração Federal, aprovado pelo Presidente da República em 21 de
4. Não caracteriza presente, para os fins desta Resolução: agosto de 2000, pelas autoridades públicas federais por ele abran-
I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à autoridade por gidas;
entidade acadêmica, científica ou cultural, em reconhecimento por II - submeter ao Presidente da República sugestões de aprimo-
sua contribuição de caráter intelectual; ramento do Código de Conduta e resoluções de caráter interpreta-
II – prêmio concedido em razão de concurso de acesso público tivo de suas normas;
a trabalho de natureza acadêmica, científica, tecnológica ou cultu- III - dar subsídios ao Presidente da República e aos Ministros
ral; de Estado na tomada de decisão concernente a atos de autorida-
III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento profissio- de que possam implicar descumprimento das normas do Código de
nal ou técnico da autoridade, desde que o patrocinador não tenha Conduta;
interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, em IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia, condutas que
razão do cargo que ocupa. possam configurar violação do Código de Conduta, e, se for o caso,
adotar as providências nele previstas;

204
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Código de Condu- V - autorizar a presença nas reuniões de pessoas que, por si ou
ta e deliberar sobre os casos omissos; por entidades que representem, possam contribuir para os traba-
VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos e entidades da lhos da CEP;
administração federal, estadual e municipal, ou dos Poderes Legis- VI - proferir voto de qualidade;
lativo e Judiciário; e VII - determinar o registro de seus atos enquanto membro da
VII - dar ampla divulgação ao Código de Conduta. Comissão, inclusive reuniões com autoridades submetidas ao Códi-
go de Conduta;
CAPÍTULO II VIII - determinar ao Secretário-Executivo, ouvida a CEP, a ins-
DA COMPOSIÇÃO tauração de processos de apuração de prática de ato em desres-
peito ao preceituado no Código de Conduta da Alta Administração
Art. 3o A CEP é composta por sete membros designados pelo Federal, a execução de diligências e a expedição de comunicados à
Presidente da República, com mandato de três anos, podendo ser autoridade pública para que se manifeste na forma prevista no art.
reconduzidos. 12 deste Regimento; e
§ 1º Os membros da CEP não terão remuneração e os trabalhos IX - decidir os casos de urgência, ad referendum da CEP.
por eles desenvolvidos são considerados prestação de relevante Art. 9º Aos membros da CEP compete:
serviço público. I - examinar as matérias que lhes forem submetidas, emitindo
§ 2º As despesas com viagens e estada dos membros da CEP se- pareceres;
rão custeadas pela Presidência da República, quando relacionadas II - pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
com suas atividades. III - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da
Comissão; e
CAPÍTULO III IV - representar a CEP em atos públicos, por delegação de seu
DO FUNCIONAMENTO Presidente.
Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete:
Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente, que I - organizar a agenda das reuniões e assegurar o apoio logístico
terá mandato de um ano, permitida a recondução. à CEP;
Art. 5º As reuniões colegiadas da CEP serão instauradas me- II - secretariar as reuniões;
diante a presença, física ou remota, da maioria absoluta de seus III - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas
membros (redação dada pela Resolução nº 14, de 25 de março de atas;
2020). IV - dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cumprimento das
Parágrafo único. As deliberações da CEP serão tomadas por atividades que lhes sejam próprias;
maioria simples, cabendo ao Presidente o voto de qualidade. (inclu- V - instruir as matérias submetidas à deliberação;
ído pela Resolução nº 14, de 25 de março de 2020). VI - providenciar, previamente à instrução de matéria para de-
Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado à Casa liberação pela CEP, nos casos em que houver necessidade, parecer
Civil da Presidência da República, que lhe prestará apoio técnico e sobre a legalidade de ato a ser por ela baixado;
administrativo. VII - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e
§ 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP pla- pareceres como subsídios ao processo de tomada de decisão da
no de trabalho que contemple suas principais atividades e propo- CEP;
nha metas, indicadores e dimensione os recursos necessários. VIII - solicitar às autoridades submetidas ao Código de Condu-
§ 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Executivo ta informações e subsídios para instruir assunto sob apreciação da
prestará informações sobre o estágio de execução das atividades CEP; e
contempladas no plano de trabalho e seus resultados, ainda que IX - tomar as providências necessárias ao cumprimento do
parciais. disposto nos arts. 8o, inciso VII, e 12 deste Regimento, bem como
Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordinário, outras determinadas pelo Presidente da Comissão, no exercício de
mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que necessário, por suas atribuições.
iniciativa de qualquer de seus membros.
§ 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir de CAPÍTULO V
sugestões de qualquer de seus membros ou por iniciativa do Secre- DAS DELIBERAÇÕES
tário-Executivo, admitindo-se no início de cada reunião a inclusão
de novos assuntos na pauta. Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de Conduta
§ 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser objeto de de- compreenderão:
liberação mediante comunicação entre os membros da CEP. I - homologação das informações prestadas em cumprimento
às obrigações nele previstas;
CAPÍTULO IV II - adoção de orientações complementares:
DAS ATRIBUIÇÕES a) mediante resposta a consultas formuladas por autoridade a
ele submetidas;
Art. 8º Ao Presidente da CEP compete: b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante comuni-
I - convocar e presidir as reuniões; cação às autoridades abrangidas, por meio de resolução, ou, ainda,
II - orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os debates, ini- pela divulgação periódica de relação de perguntas e respostas apro-
ciar e concluir as deliberações; vada pela CEP;
III - orientar e supervisionar os trabalhos da Secretaria-Execu- III - elaboração de sugestões ao Presidente da República de
tiva; atos normativos complementares ao Código de Conduta, além de
IV - tomar os votos e proclamar os resultados; propostas para sua eventual alteração;
IV - instauração de procedimento para apuração de ato que
possa configurar descumprimento ao Código de Conduta; e

205
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - adoção de uma das seguintes providências em caso de in- CAPÍTULO VIII
fração: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

a) advertência, quando se tratar de autoridade no exercício do Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será substituí-
cargo; do pelo membro mais antigo da Comissão.
b) censura ética, na hipótese de autoridade que já tiver deixado Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada a
o cargo; e este Regimento Interno, bem como promover as modificações que
c) encaminhamento de sugestão de exoneração à autoridade julgar necessárias.
hierarquicamente superior, quando se tratar de infração grave ou Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos pelo cole-
de reincidência. giado.
Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
CAPÍTULO VI ção.
DAS NORMAS DE PROCEDIMENTO Resolução nº 05, 07 de junho de 2001
(Revogada pela Resolução CEP nº 12 de 19 de novembro de
Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao Código de 2018)
Conduta será instaurado pela CEP, de ofício ou em razão de denún-
cia fundamentada, desde que haja indícios suficientes, observado RESOLUÇÃO Nº 12, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2018
o seguinte: Dispõe sobre a apresentação de Declaração Confidencial de
I - a autoridade será oficiada para manifestar-se por escrito no Informações – DCI.
prazo de cinco dias;
II - o eventual denunciante, a própria autoridade pública, bem A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º,
assim a CEP, de ofício, poderão produzir prova documental; inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, no art. 9º, I, da Lei nº
III - a CEP poderá promover as diligências que considerar neces- 12.813, de 16 de maio de 2013, no art. 7º, IV, e 23 do Decreto nº
sárias, assim como solicitar parecer de especialista quando julgar 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, e no art. 4º do Código de Condu-
imprescindível; ta da Alta Administração Federal,
IV - concluídas as diligências mencionadas no inciso anterior, RESOLVE:
a CEP oficiará à autoridade para nova manifestação, no prazo de
três dias; Art. 1º Deverão apresentar a Declaração Confidencial de Infor-
V - se a CEP concluir pela procedência da denúncia, adotará mações (DCI), na forma do Anexo I, os ocupantes dos cargos:
uma das providências previstas no inciso V do art. 11, com comuni- I - de ministro de Estado;
cação ao denunciado e ao seu superior hierárquico. II - de natureza especial ou equivalentes;
III - de presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes,
CAPÍTULO VII de autarquias, fundações públicas, empresas públicas ou socieda-
DOS DEVERES E RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS DA COMIS- des de economia mista;
SÃO IV - do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, ní-
veis 6 e 5 ou equivalentes; e
Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar e manter V – de reitor, pró-reitor e vice-reitor.
arquivadas na Secretaria-Executiva declarações prestadas nos ter- § 1º A DCI deverá ser apresentada em até dez dias após a pos-
mos do art. 4o do Código de Conduta. se, no caso de autoridades recém-nomeadas.
Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou potenciais, § 2º A DCI deverá ser entregue pela autoridade à Comissão de
que possam surgir em função do exercício das atividades profissio- Ética Pública-CEP:
nais de membro da Comissão, deverão ser informados aos demais I – em meio físico, no endereço Palácio do Planalto, Anexo I-B,
membros. sala 102, CEP 70.150-900 - Brasília – DF; ou
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de sua ativi- II - por meio eletrônico, no endereço etica.dci@presidencia.
dade profissional, tiver relacionamento específico em matéria que gov.br.
envolva autoridade submetida ao Código de Conduta da Alta Ad- Art. 2º Em caso de dúvida sobre o preenchimento da DCI, a
ministração, deverá abster-se de participar de deliberação que, de autoridade deverá consultar a CEP.
qualquer modo, a afete. Art. 3º Além do dever de apresentar a DCI, a autoridade pública
Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP são con- que mantiver participação superior a cinco por cento do capital de
sideradas de caráter sigiloso até sua deliberação final, quando a Co- sociedade de economia mista, de instituição financeira, ou de em-
missão deverá decidir sua forma de encaminhamento. presa que negocie com o Poder Público, tornará público este fato,
Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar pu- conforme previsto no art. 6º do Código de Conduta da Alta Admi-
blicamente sobre situação específica que possa vir a ser objeto de nistração Federal.
deliberação formal do Colegiado. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, a autoridade
Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual impos- publicará a mencionada informação na página do órgão ou da enti-
sibilidade de comparecer às reuniões. dade na internet.
Art. 4º Os representantes das Comissões de Ética de que trata o
Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, prestarão apoio ao cum-
primento do disposto nesta Resolução, informando às autoridades
mencionadas no art. 1º, sempre que houver nomeação, quanto às
obrigações descritas nos arts. 2º e 4º.
Parágrafo único. As Comissões de Ética deverão enviar mensa-
gem eletrônica à CEP demonstrando o cumprimento do disposto
no caput.

206
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que manifestar
ção. de forma pública a intenção de candidatar-se a cargo eletivo, não
Art. 6º Ficam revogadas: poderá praticar ato de gestão do qual resulte privilégio para pessoa
I - a Resolução nº 5, de 7 de junho de 2001; e física ou entidade, pública ou privada, situada em sua base eleitoral
II – a Resolução nº 9, de 20 de maio de 2005 ou de seus familiares.
Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa suscitar dúvidas
Resolução nº 06, 25 de julho de 2001 quanto à sua conduta ética e ao cumprimento das normas estabe-
Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de lecidas pelo CCAAF, a autoridade deverá consignar em agenda de
novembro de 2000. trabalho de acesso público:
I – audiências concedidas, com informações sobre seus objeti-
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e vos, participantes e resultados, as quais deverão ser registradas por
tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de servidor do órgão ou entidade por ela designado para acompanhar
maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte a reunião;
RESOLUÇÃO: II – eventos político-eleitorais de que participe, informando as
condições de logística e financeiras da sua participação.
Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro de 2000, Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse entre a
passa a vigorar com a seguinte redação: atividade político-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá
“ 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de pre- abster-se de participar daquela atividade ou requerer seu afasta-
sente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das mento do cargo.
seguintes providências: Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consultar a Co-
I - ...................................................... missão de Ética Pública.
II - promover a sua doação a entidade de caráter assistencial Brasília, 14 de fevereiro de 2002
ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que,
tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA
ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou O Presidente da República aprovou recomendação no sentido
III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou de que se regule a participação de autoridades submetidas ao Có-
do órgão público onde exerce a função.” digo de Conduta da Alta Administração Federal em atividades de
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- natureza político-eleitoral.
ção. A Resolução CEP Nº 7, publicada no Diário Ofícial da União de
25.2.2002, é interpretativa das normas do Código de Conduta da
Resolução nº 07, 14 de fevereiro de 2002 Alta Administração Federal e tem duplo objetivo. Primeiro, reco-
Regula a participação de autoridade pública submetida ao nhecer o direito de qualquer autoridade, na condição de cidadão-
Código de Conduta da Alta Administração Federal em atividades -eleitor, de participar em atividades e eventos políticos e eleitorais;
de natureza político-eleitoral segundo, mediante explicitação de normas de conduta, permitir
que as autoridades exerçam esse direito a salvo de críticas, desde
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso que as cumpram adequadamente.
V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente resolução Para facilitar a compreensão do cumprimento das referidas
interpretativa do Código de Conduta da Alta Administração Federal, normas, são prestados os esclarecimentos que seguem.
no que se refere à participação de autoridades públicas em eventos Art. 1º O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de parti-
político-eleitorais. cipar de eventos eleitorais, tais como convenções partidárias, reu-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de Conduta niões políticas e outras manifestações públicas que não contrariem
da Alta Administração Federal (CCAAF) poderá participar, na con- a lei. O importante é que essa participação se enquadre nos princí-
dição de cidadão-eleitor, de eventos de natureza político-eleitoral, pios éticos inerentes ao cargo ou função da autoridade.
tais como convenções e reuniões de partidos políticos, comícios e Art. 2º A norma reproduz dispositivo legal existente, aplican-
manifestações públicas autorizadas em lei. do-o de maneira específica à atividade político-eleitoral. Assim, a
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não poderá autoridade pública, que pretenda ou não candidatar a cargo eleti-
resultar em prejuízo do exercício da função pública, nem implicar o vo, não poderá exercer tal atividade em prejuízo da função pública,
uso de recursos, bens públicos de qualquer espécie ou de servido- como, por exemplo, durante o honorário normal de expediente ou
res a ela subordinados. em detrimento de qualquer de suas obrigações funcionais.
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de: Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos
I – se valer de viagens de trabalho para participar de eventos de qualquer espécie, assim como servidores a ela subordinados. É
político-eleitorais; o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de re-
II – expor publicamente divergências com outra autoridade ad- produção ou de publicação de documentos, material de escritório,
ministrativa federal ou criticar-lhe a honorabilidade e o desempe- entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso de
nho funcional (artigos 11 e 12, inciso I, do CCAAF); funcionários subordinados, dentro ou fora do expediente oficial,
III – exercer, formal ou informalmente, função de administra- em atividades político-eleitorais de interesse da autoridade. Cum-
dor de campanha eleitoral. pre esclarecer que esta norma não restringe a atividade político-
Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que participar, a au- -eleitoral de interesse do próprio funcionário, nos limites da lei.
toridade não poderá fazer promessa, ainda que de forma implícita, Art. 3º, I
cujo cumprimento dependa do cargo público que esteja exercendo, O dispositivo recomenda que a autoridade não se valha de
tais como realização de obras, liberação de recursos e nomeação viagem de trabalho para participar de eventos político-eleitorais.
para cargos ou empregos. Trata-se de norma de ordem prática, pois seria muito difícil exer-
cer algum controle sobre a segregação entre tais atividades e as
inerentes ao cargo público.

207
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Esta norma não impede que a autoridade que viajou por seus c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídi-
próprios meios para participar de evento político-eleitoral cumpra ca ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa física ou
outros compromissos inerentes ao seu cargo ou função. jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da
Art. 3º, II autoridade;
A autoridade não deve expor publicamente suas divergências d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação à
com outra autoridade administrativa federal, ou criticar-lhe a hono- qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não seja de
rabilidade ou o desempenho funcional. Não se trata de censurar o conhecimento público;
direito de crítica, de modo geral, mas de adequá-lo ao fato de que, e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da inte-
afinal, a autoridade exerce um cargo de livre nomeação na adminis- gridade, moralidade, clareza de posições e decoro da autoridade.
tração e está vinculada a deveres de fidelidade e confiança. 2. A ocorrência de conflito de interesses independe do recebi-
Art. 3º, III mento de qualquer ganho ou retribuição pela autoridade.
A autoridade não poderá aceitar encargo de administrador de 3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de conflito de in-
campanha eleitoral, diante da dificuldade de compatibilizar essa teresses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais das seguintes
atividade com suas atribuições funcionais. Não haverá restrição se providências:
a autoridade se licenciar do cargo, sem vencimentos. a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo, enquanto
Art. 4º É fundamental que a autoridade não faça promessa, de perdurar a situação passível de suscitar conflito de interesses;
forma explícita ou implícita, cujo cumprimento dependa do uso do b) alienar bens e direitos que integram o seu patrimônio e cuja
cargo público, como realização de obras, liberação de recursos e manutenção possa suscitar conflito de interesses;
nomeação para cargo ou emprego. Essa restrição decorre da neces- c) transferir a administração dos bens e direitos que possam
sidade de se manter a dignidade da função pública e de se demons- suscitar conflito de interesses a instituição financeira ou a adminis-
trar respeito à sociedade e ao eleitor. tradora de carteira de valores mobiliários autorizada a funcionar
Art. 5º A lei já determina que a autoridade que pretenda se pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários, con-
candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis meses antes forme o caso, mediante instrumento contratual que contenha cláu-
da respectiva eleição. Porém, se ela antes disso manifestar publi- sula que vede a participação da autoridade em qualquer decisão de
camente sua pretensão eleitoral, não poderá mais praticar ato de investimento assim como o seu prévio conhecimento de decisões
gestão que resulte em algum tipo de privilégio para qualquer pes- da instituição administradora quanto à gestão dos bens e direitos;
soa ou entidade que esteja em sua base eleitoral. É importante en- d) na hipótese de conflito de interesses específico e transitório,
fatizar que se trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos comunicar sua ocorrência ao superior hierárquico ou aos demais
normais de gestão. membros de órgão colegiado de que faça parte a autoridade, em se
Art. 6º Durante o período pré-eleitoral, a autoridade deve to- tratando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou participar da
mar cautelas específicas para que seus contatos funcionais com discussão do assunto;
terceiros não se confundam com suas atividades político-eleitorais. e) divulgar publicamente sua agenda de compromissos, com
A forma adequada é fazer-se acompanhar de outro servidor em identificação das atividades que não sejam decorrência do cargo ou
audiências, o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos função pública.
tratados na agenda de trabalho da autoridade. 4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada pela au-
O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser ado- toridade e opinará, em cada caso concreto, sobre a suficiência da
tado com relação aos compromissos político-eleitorais da autori- medida adotada para prevenir situação que possa suscitar conflito
dade. E, ambos os casos os registros são de acesso público, sendo de interesses.
recomendável também que a agenda seja divulgada pela internet. 5. A participação de autoridade em conselhos de administração
Art. 7º Se por qualquer motivo se verificar a possibilidade de e fiscal de empresa privada, da qual a União seja acionista, somente
conflito de interesse entre a atividade político-eleitoral e a função será permitida quando resultar de indicação institucional da autori-
pública, a autoridade deverá escolher entre abster-se de participar dade pública competente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de
daquela atividade ou requerer o seu afastamento do cargo. deliberação que possa suscitar conflito de interesses com o Poder
Art. 8º A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dúvidas que Público.
eventualmente surjam na efetiva aplicação das normas. 6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro setor,
sem finalidade de lucro, também deverá ser observado o disposto
Resolução nº 08, 25 de setembro de 2003 nesta Resolução.
Identifica situações que suscitam conflito de interesses e 7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública deverão
dispõe sobre o modo de preveni-los estar acompanhadas dos elementos pertinentes à legalidade da si-
tuação exposta.
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orientar as
autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Administra- Resolução nº 9, de 20 de maio de 2005
ção Federal na identificação de situações que possam suscitar con- (Revogada pela Resolução CEP nº 12 de 19 de novembro de
flito de interesses, esclarece o seguinte: 2012)
1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade que: A Resolução CEP n° 12/2012 foi abordada anteriormente.
a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribui- Resolução nº 10, de 29 de setembro de 2008
ções do cargo ou função pública da autoridade, como tal considera-
da, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias afins à A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições
competência funcional; conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio de 1999 e pelos
b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de car- arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º de feve-
go em comissão ou função de confiança, que exige a precedência reiro de 2007, nos termos dos Decretos nos 1.171, de 22 de junho
das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e tendo em
atividades; vista a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,

208
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
RESOLVE d) adotar outras medidas para evitar ou sanar desvios éticos,
Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as normas lavrando, se for o caso, o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional
de funcionamento e de rito processual, delimitando competên- - ACPP;
cias, atribuições, procedimentos e outras providências no âmbito XVI - arquivar os processos ou remetê-los ao órgão competente
das Comissões de Ética instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de quando, respectivamente, não seja comprovado o desvio ético ou
junho de 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº configurada infração cuja apuração seja da competência de órgão
6.029, de 1º de fevereiro de 2007. distinto;
XVII - notificar as partes sobre suas decisões;
CAPÍTULO I XVIII - submeter ao dirigente máximo do órgão ou entidade
DAS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES sugestões de aprimoramento ao código de conduta ética da insti-
tuição;
Art. 2º Compete às Comissões de Ética: XIX - dirimir dúvidas a respeito da interpretação das normas
I - atuar como instância consultiva do dirigente máximo e dos de conduta ética e deliberar sobre os casos omissos, observando as
respectivos servidores de órgão ou de entidade federal; normas e orientações da CEP;
II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público XX - elaborar e propor alterações ao código de ética ou de con-
Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, duta próprio e ao regimento interno da respectiva Comissão de Éti-
de 1994, devendo: ca;
a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP propostas de XXI - dar ampla divulgação ao regramento ético;
aperfeiçoamento do Código de Ética Profissional; XXII - dar publicidade de seus atos, observada a restrição do
b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato ou conduta em art. 14 desta Resolução;
desacordo com as normas éticas pertinentes; XXIII - requisitar agente público para prestar serviços transitó-
c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento de rios técnicos ou administrativos à Comissão de Ética, mediante pré-
ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento so- via autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade;
bre as normas de ética e disciplina; XXIV - elaborar e executar o plano de trabalho de gestão da
III - representar o órgão ou a entidade na Rede de Ética do Po- ética; e
der Executivo Federal a que se refere o art. 9º do Decreto nº 6.029, XXV - indicar por meio de ato interno, representantes locais da
de 2007; Comissão de Ética, que serão designados pelos dirigentes máximos
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta dos órgãos ou entidades, para contribuir nos trabalhos de educação
Administração Federal e comunicar à CEP situações que possam e de comunicação.
configurar descumprimento de suas normas;
V - aplicar o código de ética ou de conduta próprio, se couber; CAPÍTULO II
VI - orientar e aconselhar sobre a conduta ética do servidor, DA COMPOSIÇÃO
inclusive no relacionamento com o cidadão e no resguardo do pa-
trimônio público; Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade será com-
VII - responder consultas que lhes forem dirigidas; posta por três membros titulares e respectivos suplentes, servido-
VIII - receber denúncias e representações contra servidores por res públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do seu quadro
suposto descumprimento às normas éticas, procedendo à apura- permanente, designados por ato do dirigente máximo do corres-
ção; pondente órgão ou entidade.
IX - instaurar processo para apuração de fato ou conduta que § 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na entidade
possa configurar descumprimento ao padrão ético recomendado em número suficiente para instituir a Comissão de Ética, poderão
aos agentes públicos; ser escolhidos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou
X - convocar servidor e convidar outras pessoas a prestar in- emprego do quadro permanente da Administração Pública.
formação; § 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada prestação
XI - requisitar às partes, aos agentes públicos e aos órgãos e en- de relevante serviço público e não enseja qualquer remuneração,
tidades federais informações e documentos necessários à instrução devendo ser registrada nos assentamentos funcionais do servidor.
de expedientes; § 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não poderá ser
XII - requerer informações e documentos necessários à instru- membro da Comissão de Ética.
ção de expedientes a agentes públicos e a órgãos e entidades de § 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo membro
outros entes da federação ou de outros Poderes da República; mais antigo, em caso de impedimento ou vacância.
XIII - realizar diligências e solicitar pareceres de especialistas; § 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Comissão
XIV - esclarecer e julgar comportamentos com indícios de des- será preenchido mediante nova escolha efetuada pelos seus mem-
vios éticos; bros.
XV - aplicar a penalidade de censura ética ao servidor e en- § 6º Na ausência de membro titular, o respectivo suplente deve
caminhar cópia do ato à unidade de gestão de pessoal, podendo imediatamente assumir suas atribuições.
também: § 7º Cessará a investidura de membros das Comissões de Ética
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de ocupante de com a extinção do mandato, a renúncia ou por desvio disciplinar ou
cargo ou função de confiança; ético reconhecido pela Comissão de Ética Pública.
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do servidor ao órgão Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Execu-
ou entidade de origem; tiva, que terá como finalidade contribuir para a elaboração e o cum-
c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de expediente ao se- primento do plano de trabalho da gestão da ética e prover apoio
tor competente para exame de eventuais transgressões de nature- técnico e material necessário ao cumprimento das atribuições.
zas diversas;

209
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º O encargo de secretário-executivo recairá em detentor de VIII - coordenar o desenvolvimento de ações objetivando a
cargo efetivo ou emprego permanente na administração pública, disseminação, capacitação e treinamento sobre ética no órgão ou
indicado pelos membros da Comissão de Ética e designado pelo di- entidade; e
rigente máximo do órgão ou da entidade. IX - executar outras atividades determinadas pela Comissão de
§ 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro da Co- Ética.
missão de Ética. § 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-Executiva
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representantes lo- fornecer o suporte administrativo necessário ao desenvolvimento
cais que auxiliarão nos trabalhos de educação e de comunicação. ou exercício de suas funções.
§ 4º Outros servidores do órgão ou da entidade poderão ser § 2º Aos representantes locais compete contribuir com as ati-
requisitados, em caráter transitório, para realização de atividades vidades de educação e de comunicação.
administrativas junto à Secretaria-Executiva.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO III DOS MANDATOS
DO FUNCIONAMENTO
Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão manda-
Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão tomadas tos, não coincidentes, de três anos, permitida uma única recondu-
por votos da maioria de seus membros. ção.
Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinariamente pelo § 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respectivos
menos uma vez por mês e, em caráter extraordinário por iniciativa suplentes serão de um, dois e três anos, estabelecidos em portaria
do Presidente, dos seus membros ou do Secretário-Executivo. designatória.
Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será com- § 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de mem-
posta a partir de sugestões do presidente, dos membros ou do Se- bro da Comissão de ética o servidor público que for designado para
cretário-Executivo, sendo admitida a inclusão de novos assuntos no cumprir o mandato complementar, caso o mesmo tenha se iniciado
início da reunião. antes do transcurso da metade do período estabelecido no manda-
to originário.
CAPÍTULO IV § 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exercido
DAS ATRIBUIÇÕES após o transcurso da metade do período estabelecido no mandato
originário, o membro da Comissão de Ética que o exercer poderá ser
Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética: conduzido imediatamente ao posterior mandato regular de 3 (três)
I - convocar e presidir as reuniões; anos, permitindo-lhe uma única recondução ao mandado regular.
II - determinar a instauração de processos para a apuração de
prática contrária ao código de ética ou de conduta do órgão ou en- CAPÍTULO VI
tidade, bem como as diligências e convocações; DAS NORMAS GERAIS DO PROCEDIMENTO
III - designar relator para os processos;
IV - orientar os trabalhos da Comissão de Ética, ordenar os de- Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões de Ética
bates e concluir as deliberações; serão as seguintes:
V - tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e proclamar I - Procedimento Preliminar, compreendendo:
os resultados; e a) juízo de admissibilidade;
VI - delegar competências para tarefas específicas aos demais b) instauração;
integrantes da Comissão de Ética. c) provas documentais e, excepcionalmente, manifestação do
Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o inciso V investigado e realização de diligências urgentes e necessárias;
somente será adotado em caso de desempate. d) relatório;
Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética: e) proposta de ACPP;
I - examinar matérias, emitindo parecer e voto; f) decisão preliminar determinando o arquivamento ou a con-
II - pedir vista de matéria em deliberação; versão em Processo de Apuração Ética;
III - fazer relatórios; e II - Processo de Apuração Ética, subdividindo-se em:
IV - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da a) instauração;
Comissão de Ética. b) instrução complementar, compreendendo:
Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo: 1. a realização de diligências;
I - organizar a agenda e a pauta das reuniões; 2. a manifestação do investigado; e
II - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas 3. a produção de provas;
atas; c) relatório; e
III - instruir as matérias submetidas à deliberação da Comissão d) deliberação e decisão, que declarará improcedência, conterá
de Ética; sanção, recomendação a ser aplicada ou proposta de ACPP.
IV - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e
subsídios ao processo de tomada de decisão da Comissão de Ética; Art. 13. A apuração de infração ética será formalizada por pro-
V - coordenar o trabalho da Secretaria-Executiva, bem como cedimento preliminar, que deverá observar as regras de autuação,
dos representantes locais; compreendendo numeração, rubrica da paginação, juntada de do-
VI - fornecer apoio técnico e administrativo à Comissão de Éti- cumentos em ordem cronológica e demais atos de expediente ad-
ca; ministrativo.
VII - executar e dar publicidade aos atos de competência da
Secretaria-Executiva;

210
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de apura- § 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá ser
ção de infração ética terão a chancela de “reservado”, nos termos notificado sobre a remessa do expediente ao órgão competente.
do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro 2002, após, estarão aces- § 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da conduta,
síveis aos interessados conforme disposto na Lei nº 9.784, de 29 de se desvio ético, infração disciplinar, ato de improbidade, crime de
janeiro de 1999. responsabilidade ou infração de natureza diversa, a Comissão de
Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de conhecer o Ética, em caráter excepcional, poderá solicitar parecer reservado
teor da acusação e ter vista dos autos no recinto da Comissão de junto à unidade responsável pelo assessoramento jurídico do órgão
Ética, bem como de obter cópias de documentos. ou da entidade.
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas formalmen- Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra de-
te à Comissão de Ética. manda deve conter os seguintes requisitos:
Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a pos- I - descrição da conduta;
sível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbidade adminis- II - indicação da autoria, caso seja possível; e
trativa ou de infração disciplinar, encaminhará cópia dos autos às III - apresentação dos elementos de prova ou indicação de onde
autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo podem ser encontrados.
da adoção das demais medidas de sua competência. Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se identifi-
Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta ética que car, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos narrados para fins
resultar em sanção, em recomendação ou em Acordo de Conduta de instauração, de ofício, de procedimento investigatório, desde
Pessoal e Profissional será resumida e publicada em ementa, com que contenha indícios suficientes da ocorrência da infração ou, em
a omissão dos nomes dos envolvidos e de quaisquer outros dados caso contrário, determinar o arquivamento sumário.
que permitam a identificação. Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra deman-
Parágrafo único. A decisão final contendo nome e identificação da será dirigida à Comissão de Ética, podendo ser protocolada di-
do agente público deverá ser remetida à Comissão de Ética Pública retamente na sede da Comissão ou encaminhadas pela via postal,
para formação de banco de dados de sanções, para fins de consul- correio eletrônico ou fax.
ta pelos órgãos ou entidades da administração pública federal, em § 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial divul-
casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância gando os endereços físico e eletrônico para atendimento e apresen-
pública. tação de demandas.
Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade darão § 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou representar
tratamento prioritário às solicitações de documentos e informações compareça perante a Comissão de Ética, esta poderá reduzir a ter-
necessárias à instrução dos procedimentos de investigação instau- mo as declarações e colher a assinatura do denunciante, bem como
rados pela Comissão de Ética, conforme determina o Decreto nº receber eventuais provas.
6.029, de 2007. § 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação do rece-
§ 1º A inobservância da prioridade determinada neste artigo bimento da denúncia ou representação por ele encaminhada.
implicará a responsabilidade de quem lhe der causa. Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Comissão
§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação aos res- de Ética deliberará sobre sua admissibilidade, verificando o cumpri-
pectivos agentes públicos a Comissão de Ética terá acesso a todos mento dos requisitos previstos nos incisos do art. 21.
os documentos necessários aos trabalhos, dando tratamento espe- § 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de in-
cífico àqueles protegidos por sigilo legal. formações complementares ou de outros elementos de prova que
julgar necessários.
CAPÍTULO VII § 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamentada, ar-
DO RITO PROCESSUAL quivará representação ou denúncia manifestamente improcedente,
cientificando o denunciante.
Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de § 3º É facultado ao denunciado a interposição de pedido de
direito privado, associação ou entidade de classe poderá provocar a reconsideração dirigido à própria Comissão de Ética, no prazo de
atuação da Comissão de Ética, visando a apuração de transgressão dez dias, contados da ciência da decisão, com a competente fun-
ética imputada ao agente público ou ocorrida em setores compe- damentação.
tentes do órgão ou entidade federal. § 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consentimento
Parágrafo único. Entende-se por agente público todo aquele do denunciado, poderá ser lavrado Acordo de Conduta Pessoal e
que por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste servi- Profissional.
ços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, § 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, o Pro-
ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da Admi- cedimento Preliminar será sobrestado, por até dois anos, a critério
nistração Pública Federal direta e indireta. da Comissão de Ética, conforme o caso.
Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de conduta § 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acordo de
que, em tese, configure infração ao padrão ético será instaurado Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, será determinado o
pela Comissão de Ética, de ofício ou mediante representação ou de- arquivamento do feito.
núncia formulada por quaisquer das pessoas mencionadas no caput § 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for descum-
do art. 19. prido, a Comissão de Ética dará seguimento ao feito, convertendo o
§ 1º A instauração, de ofício, de expediente de investigação Procedimento Preliminar em Processo de Apuração Ética.
deve ser fundamentada pelos integrantes da Comissão de Ética e § 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e Profis-
apoiada em notícia pública de conduta ou em indícios capazes de sional o descumprimento ao disposto no inciso XV do Anexo ao De-
lhe dar sustentação. creto nº 1.171, de 1994.
§ 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a um só Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será proferida
tempo, falta ética e infração de outra natureza, inclusive disciplinar, decisão pela Comissão de Ética do órgão ou entidade determinando
a cópia dos autos deverá ser encaminhada imediatamente ao órgão o arquivamento ou sua conversão em Processo de Apuração Ética.
competente.

211
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Comissão § 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o de-
de Ética notificará o investigado para, no prazo de dez dias, apresen- curso do prazo de três anos de efetivo exercício, contados da data
tar defesa prévia, por escrito, listando eventuais testemunhas, até em que a decisão se tornou definitiva, desde que o servidor, nesse
o número de quatro, e apresentando ou indicando as provas que período, não tenha praticado nova infração ética.
pretende produzir. § 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vínculo dire-
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser pror- to ou formal com o órgão ou entidade, a cópia da decisão definitiva
rogado por igual período, a juízo da Comissão de Ética, mediante deverá ser remetida ao dirigente máximo, a quem competirá a ado-
requerimento justificado do investigado. ção das providências cabíveis.
Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá ser jus- § 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Co-
tificado. missão de Ética expedirá decisão definitiva elencando as condutas
infracionais, eximindo-se de aplicar ou de propor penalidades, reco-
§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando: mendações ou Acordo de Conduta Pessoal e Profissional.
I - formulado em desacordo com este artigo;
II - o fato já estiver suficientemente provado por documento
ou confissão do investigado ou quaisquer outros meios de prova CAPÍTULO VIII
compatíveis com o rito descrito nesta Resolução; ou DOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS INTEGRANTES DA
III - o fato não possa ser provado por testemunha. COMISSÃO
§ 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde que o in-
vestigado formalize pedido à Comissão de Ética em tempo hábil e Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho desenvolvido
em momento anterior à audiência de inquirição. pelos membros da Comissão de Ética:
Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justificado, sen- I - preservar a honra e a imagem da pessoa investigada;
do lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas seguintes hipóteses: II - proteger a identidade do denunciante;
I - a comprovação do fato não depender de conhecimento es- III - atuar de forma independente e imparcial;
pecial de perito; ou IV - comparecer às reuniões da Comissão de Ética, justificando
II - revelar-se meramente protelatório ou de nenhum interesse ao presidente da Comissão, por escrito, eventuais ausências e afas-
para o esclarecimento do fato. tamentos;
V - em eventual ausência ou afastamento, instruir o substituto
Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer a produ- sobre os trabalhos em curso;
ção de outras provas, além dos documentos apresentados com a VI - declarar aos demais membros o impedimento ou a suspei-
defesa prévia, a Comissão de Ética, salvo se entender necessária a ção nos trabalhos da Comissão de Ética; e
inquirição de testemunhas, a realização de diligências ou de exame VII - eximir-se de atuar em procedimento no qual tenha sido
pericial, elaborará o relatório. identificado seu impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, comprovada- Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão de Ética
mente notificado ou citado por edital público, não se apresentar, quando:
nem enviar procurador legalmente constituído para exercer o direi- I - tenha interesse direto ou indireto no feito;
to ao contraditório e à ampla defesa, a Comissão de Ética designará II - tenha participado ou venha a participar, em outro proces-
um defensor dativo preferencialmente escolhido dentre os servido- so administrativo ou judicial, como perito, testemunha ou repre-
res do quadro permanente para acompanhar o processo, sendo-lhe sentante legal do denunciante, denunciado ou investigado, ou de
vedada conduta contrária aos interesses do investigado. seus respectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro
Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o relató- grau;
rio, o investigado será notificado para apresentar as alegações finais III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o de-
no prazo de dez dias. nunciante, denunciado ou investigado, ou com os respectivos côn-
Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Comissão juges, companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
de Ética proferirá decisão. IV - for seu cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro
§ 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investigado, a grau o denunciante, denunciado ou investigado.
Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade de censura ética Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando:
prevista no Decreto nº 1.171, de 1994, e, cumulativamente, fazer I - for amigo íntimo ou notório desafeto do denunciante, de-
recomendações, bem como lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e nunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges, compa-
Profissional, sem prejuízo de outras medidas a seu cargo. nheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
§ 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja des- II - for credor ou devedor do denunciante, denunciado ou in-
cumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao Processo de vestigado, ou de seus respectivos cônjuges, companheiros ou pa-
Apuração Ética. rentes até o terceiro grau.
§ 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração acom-
panhada de fundamentação à própria Comissão de Ética, no prazo CAPÍTULO IX
de dez dias, contado da ciência da respectiva decisão. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em penalidade
a detentor de cargo efetivo ou de emprego permanente na Admi- Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por deliberação
nistração Pública, bem como a ocupante de cargo em comissão ou da Comissão de Ética, de acordo com o previsto no Código de Ética
função de confiança, será encaminhada à unidade de gestão de pes- próprio, no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
soal, para constar dos assentamentos do agente público, para fins Poder Executivo Federal, no Código de Conduta da Alta Adminis-
exclusivamente éticos. tração Federal, bem como em outros atos normativos pertinentes.
Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Ética pode-
rá estabelecer normas complementares a esta Resolução.

212
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para que as Co- 7. Afirma-se que o princípio da isonomia, além de autorizar,
missões de Ética dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal exige também tratamentos de forma igualitária entre pessoas que
possam se adequar ao disposto nesta Resolução. se encontram em situações distintas. Desta maneira, o problema
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser pror- não é diferenciar, mas sim saber aplicar a razoabilidade do critério
rogado, mediante envio de justificativas, nos trinta dias que antece- utilizado para a diferenciação.
dem o termo final, para apreciação e autorização da Comissão de A assertiva se encontra:
Ética Pública. ( ) CERTO
Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi- ( ) ERRADO
cação.
8. O princípio da motivação é um princípio implícito que deter-
mina à Administração Púbica a indicação dos fundamentos de fato
EXERCÍCIOS e de direito referentes às suas decisões.
A assertiva se encontra:
1. A Administração Direta é correspondente aos órgãos que ( ) CERTO
compõem a estrutura das pessoas federativas que executam a ati- ( ) ERRADO
vidade administrativa de maneira centralizada. O vocábulo “Admi-
nistração Direta” possui sentido abrangente vindo a compreender 9. A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no orde-
todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto os que fazem namento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946.
parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do Poder Judiciá- ( ) CERTO
rio, que são os responsáveis por praticar a atividade administrativa ( ) ERRADO
de maneira centralizada.
( ) CERTO 10. A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsa-
( ) ERRADO bilidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente
as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço pú-
2. (CESPE- 2013 -INPI-ANALISTA- FORMAÇÃO: DIREITO) Os re- blico.
quisitos dos atos administrativos são a competência, o objeto, a for- ( ) CERTO
ma, o motivo e a finalidade, sendo o motivo e o objeto requisitos ( ) ERRADO
discricionários; e a competência, a forma e a finalidade, vinculados.
( ) CERTO
( ) ERRADO GABARITO
3. (CESPE- 2012-TJ-RR- TÉCNICO JUDICIÁRIO) No que se refe-
re à classificação e às espécies de agentes públicos, julgue os itens
1 CERTO
seguintes.
Os servidores contratados para atender a necessidade tempo- 2 CERTO
rária de excepcional interesse público estão sujeitos ao mesmo re- 3 ERRADO
gime jurídico aplicável aos servidores estatutários.
( ) CERTO 4 CERTO
( ) ERRADO 5 CERTO

4. Ocorre o desvio de poder ou desvio de finalidade quando a 6 CERTO


autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- 7 ERRADO
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária
8 CERTO
ao interesse público como um todo.
( ) CERTO 9 CERTO
( ) ERRADO 10 CERTO
5. Controle interno é aquele realizado por órgãos de um Poder
sobrepondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo
Poder, ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Adminis-
ANOTAÇÕES
tração indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa ______________________________________________________
jurídica da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador
encontra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser con- ______________________________________________________
trolada.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
6. O critério de julgamento do retorno econômico é uma das
______________________________________________________
maiores novidades advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato
desse requisito ser um tipo de licitação de uso para licitações cujo ______________________________________________________
objeto e fulcro sejam uma espécie de contrato de eficiência.
A assertiva se encontra: ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

213
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
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214
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Com-


CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES plementares e Ordinárias;
Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias,
Conceito de Constituição Instruções Normativas, Resoluções, etc.
A Constituição é a norma suprema que rege a organização de
um Estado Nacional. Constitucionalismo
Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou
Constituição, faz-se importante o estudo das diversas concepções ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável
que o englobam. Então vejamos: à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
político-social de uma comunidade.
Constituição Sociológica Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.
traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro
nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal
corresponde à Constituição real. como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo.
Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma
Constituição Política Constituição, avança-se no sentido de que os textos constitucionais
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência
de uma decisão política fundamental e se traduz na estrutura do dos direitos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do an-
Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos funda- tigo regime.
mentais. As normas que não traduzirem a decisão política funda-
mental não serão Constituição propriamente dita, mas meras leis Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Refor-
constitucionais. ma (Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição
Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em
Constituição Jurídica uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao
Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se conven-
constitui em norma hipotética fundamental pura, que traz funda- cionou chamar de poder constituinte.
mento transcendental para sua própria existência (sentido lógico- Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a
-jurídico), e que, por se constituir no conjunto de normas com mais órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de
alto grau de validade, deve servir de pressuposto para a criação das Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
demais normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido ju- Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas
rídico-positivo). é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce.
Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição
ocupa o ápice da pirâmide normativa, servindo como paradigma Poder Constituinte Originário
máximo de validade para todas as demais normas do ordenamento É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organi-
jurídico. zando e estabelecendo os poderes destinados a reger os interesses
Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente in- de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre
feriores à Constituição e, por isso, somente serão válidos se não qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma
contrariarem as suas normas. condição, por tudo isso é considerado um poder de fato ou poder
Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide Normativa: político.

Pirâmide Normativa Poder Constituinte Derivado


Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou
constituído, porque deriva do Poder Constituinte originário, encon-
trando na própria Constituição as limitações para o seu exercício,
por isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico.

Poder Constituinte Derivado Decorrente


É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Fe-
deração elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica),
no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as
Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Dis-
trito Federal.

215
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Poder Constituinte Derivado Reformador Método Tópico-Problemático
Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi ideali-
é o Congresso Nacional. zado por Theodor Viehweg. Ele interpreta a Constituição tentando
adaptar o problema concreto (o fato social) a uma norma consti-
Mutação da Constituição tucional. Busca-se, assim, solucionar o problema “encaixando” em
A interpretação constitucional deverá levar em consideração uma norma prevista no texto constitucional.
todo o sistema. Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a so-
lução do aparente conflito através de uma interpretação sistemáti- Método Hermenêutico-Concretizador
ca, orientada pelos princípios constitucionais. Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a
Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação norma abstrata ao caso concreto.
constitucional. Vejamos: Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do
intérprete acerca dos elementos envolvidos no texto constitucional
→ Reforma Constitucional seria a modificação do texto consti- a ser desvendado.
tucional, através dos mecanismos definidos pelo poder constituinte A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente re-
originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando ar- leitura do texto normativo, com o posterior contraponto do novo
tigos ao texto original. conteúdo obtido com a realidade social (movimento de ir e vir) de-
→ Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, pal- ve-se repetir continuamente até que se chegue à solução ótima do
páveis, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significa- problema. Esse movimento é denominado círculo hermenêutico ou
do e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transfor- espiral hermenêutica.
mação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra
enunciada. O texto permanece inalterado. Método Científico-Espiritual
Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de
As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter que o intérprete deve buscar o espírito da Constituição, ou seja, os
dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através de proces- valores subjacentes ao texto constitucional.
sos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre É um método marcadamente sociológico que analisa as nor-
aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucio- mas constitucionais a partir da ordem de valores imanentes do
nal. texto constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição
com a realidade social.
Métodos de Interpretação Constitucional
A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a Método Normativo-Estruturante
sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há
e o alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a uma identidade entre a norma jurídico-constitucional e o texto nor-
técnica e os princípios segundo os quais o operador do Direito po- mativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança
derá apreender o sentido social e jurídico da norma constitucional a realidade social subjacente ao texto normativo.
em exame, ao passo que a interpretação consiste em desvendar o Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma
real significado da norma. É, enfim, a ciência da interpretação das constitucional para além do texto normativo. Daí concluir-se que a
normas constitucionais. norma jurídica só surge após a interpretação do texto normativo.
A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir
da aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos desenvol- Princípios de Interpretação Constitucional
vidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles: Princípio da Unidade da Constituição
O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar
Método Hermenêutico Clássico contradições internas (antinomias), sobretudo entre os princípios
Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Cons-
Forsthoff, considera a Constituição como uma lei em sentido amplo, tituição na sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradi-
logo, a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma ções.
lei, utilizando-se os métodos de interpretação clássicos, como, por
Princípio do Efeito Integrador
exemplo, o literal, o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico.
Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico-
-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favoreçam a
→ Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido
unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento
de cada vocábulo da norma jurídica. É tida como a mais singela for-
do processo de integração comunitária.
ma de interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado;
→ Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcan-
Princípio da Máxima Efetividade
ce da norma de forma contextualizada ao sistema jurídico que inte-
Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da
gra. Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de
interpretação efetiva, reza que a interpretação constitucional deve
um todo, formando um sistema jurídico articulado; atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional
→ Histórico: busca-se no momento da produção normativa o para que ela cumpra sua função social.
verdadeiro sentido da lei a ser interpretada; É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais,
→ Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pre- sendo, sobretudo, aplicado na interpretação dos direitos funda-
tendeu atingir. Possui como pressuposto a intenção do legislador ao mentais.
criar a norma.

216
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípio da Justeza Quanto ao Conteúdo
Também chamado de princípio da conformidade funcional, a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;
estabelece que os órgãos encarregados da interpretação constitu- b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de
cional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema Estado, organizações dos Poderes e direitos fundamentais, poden-
organizatório e funcional traçado pelo legislador constituinte. do ser escritas ou costumeiras.
Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções
estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e derivado. Quanto à Forma
a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;
Princípio da Harmonização a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documen-
Este princípio também é conhecido como princípio da concor- tos esparsos ou fragmentados;
dância prática, e determina que, em caso de conflito aparente entre a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em do-
normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e cumento único.
a combinação dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurispru-
sacrifício total de uns em relação aos outros. dência predominante e até mesmo por documentos escritos.

Princípio da Força Normativa da Constituição Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade


Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêu- a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;
tica que possibilita a atualização normativa do texto constitucional, b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;
concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo. c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais
difícil do que o utilizado para criar leis;
Princípio da Interpretação conforme a Constituição d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado
Este princípio determina que, em se tratando de atos norma- para criar leis;
tivos primários que admitem mais de uma interpretação (normas e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte
polissêmicas ou plurissignificativas), deve-se dar preferência à in- flexível.
terpretação legal que lhe dê um sentido conforme a Constituição.
Quanto à Extensão
Princípio da Supremacia a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um
Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema, Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipula-
haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte originário. ção de direitos e garantias fundamentais;
Essa supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídi- b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fun-
co-constitucional e para o exercício do controle de constituciona- damentais, detalhando também outros assuntos, como de ordem
lidade. econômica e social.

Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis Quanto à Finalidade


Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos nor- a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;
mativos primários até que o Poder Judiciário os declare inconstitu- b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de
cionais. Ou seja, gozam de presunção relativa. programas pelo Estado.

Princípio da Simetria Quanto ao Modo de Elaboração


Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;
Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Municipais devem b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir
seguir o modelo estatuído na Constituição Federal. dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.
Quanto à Ideologia
Princípio dos Poderes Implícitos a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia;
Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever ou- b) Eclética: fundada em valores plurais.
torgado pela Constituição Federal a um determinado órgão, são im-
plicitamente conferidos amplos poderes para o cumprimento dos
objetivos constitucionais.

Classificação das Constituições


Quanto à Origem
a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legíti-
mos representantes do povo, normalmente organizados em torno
de uma Assembleia Constituinte;
b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista
ou totalitário, não democrático;
c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Cria-
da por um ditador ou imperador e posteriormente submetida à
aprovação popular por plebiscito ou referendo.

217
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)
a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;
b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;
c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício de um Poder não
democrático.

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


Democrática, Promulgada ou Formal Escrita Rígida Analítica Dirigente Dogmática Eclética Normativa
Popular

Classificação das Normas Constitucionais


– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem aplicabilidade indireta, dependem de
lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado, previstos na Constituição.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Possuem aplicabilidade indireta, estabele-
cem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes.
– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emenda à Constituição Federal.
– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.
– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa
→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-as;
→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabelecidos. Serve, assim, como parâ-
metro para o controle de constitucionalidade;
→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional.

História Constitucional Brasileira


Constituição de 18241
Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder Legislativo era exercido pela As-
sembleia Geral, composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integran-
tes de uma lista tríplice enviada pela Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder Moderador acima dos outros
Poderes; a indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com o voto
restrito aos homens livres e proprietários e subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia o Poder Moderador, só restau-
rado em 1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.

Constituição de 1891
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como Presidente. Tinha caráter liberal e
federalista, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos.
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos estados da federação e garantiu a liberdade partidária.
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Presidência da República, com mandato de quatro anos. Estabeleceu o voto
universal e não-secreto para homens acima de 21 anos e vetava o mesmo a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; determinou a
separação oficial entre o Estado e a Igreja Católica; instituiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a pena de morte e extinguiu o
Poder Moderador.
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto Central, para a futura
Capital Federal.
A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos.

Constituição de 1934
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro governo do Presidente Getúlio Vargas e preservou a essência do modelo
liberal da Constituição anterior.
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o voto feminino, já instituídos
pelo Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; introduziu a organização sindical mantida pelo Estado.
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Econômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a todos existência
digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” proclamava a educação “direito de todos”.
Mudou também o enfoque da democracia individualista para a democracia social. Estabeleceu os critérios acerca da criação da Justiça
do Trabalho e da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria exercido pela Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, sendo aquela
constituída por representantes eleitos pela população e por organizações de caráter profissional e trabalhista.
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos.

1 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf

218
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição de 1937 Constituição de 1988
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulga-
Distrito Federal cercaram o Congresso e impediram a entrada dos da no governo de José Sarney. Foi elaborada por uma Assembleia
parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir
política e a entrada em vigor de nova Carta Constitucional. Começa- a incorporação de emendas populares.
va oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos partidos O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Gui-
políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo. marães, ao entregá-la à nação, chamou-a de “Constituição Cidadã”.
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas Seus pontos principais são a República representativa, federati-
europeus, institucionalizando o regime ditatorial do Estado Novo. va e presidencialista. Os direitos individuais e as liberdades públicas
Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito
a Constituição Polonesa de 1935. à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade po- O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a
lítico partidária e anulou a independência dos Poderes e a autono- edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes por um
mia federativa. mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamen- ou rejeitadas pelo Congresso).
tar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores
presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de de 16 anos. A educação fundamental é apresentada como obrigató-
morte e a censura prévia nos meios de comunicação. Manteve os ria, universal e gratuita.
direitos trabalhistas. Também são abordados temas como o dever da defesa do
A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos. meio ambiente e de preservação de documentos, obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios ar-
Constituição de 1946 queológicos.
Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Con-
Dutra, foi elaborada sob os auspícios da derrota dos regimes totali- gresso Nacional a partir de 1992. Algumas das principais medidas
tários na Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a abrem para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de
redemocratização do Estado brasileiro. ação do Estado, esvaziando, de certa forma, o poder e a influência
Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a estatais em determinados setores.
pena de morte. Devolveu a independência dos três poderes, a au- A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autoriza-
tonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente ção para explorar a pesquisa, a lavra e a distribuição dos derivados
da República, com mandato de cinco anos. de petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas
Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parla- estrangeiras adquirem o direito de exploração dos recursos mine-
mentarismo. Foi posteriormente anulada pelo plebiscito de 1963, rais e hídricos.
que restaurava o regime presidencialista. Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras
A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos. referentes ao sistema eleitoral; o mandato do presidente da Repú-
blica é reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada
Constituição de 1967 a emenda que permite a reeleição do presidente da República, de
Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo governadores e prefeitos. Os candidatos processados por crime co-
Castelo Branco. mum não podem ser eleitos, e os parlamentares submetidos a pro-
Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de cesso que possa levar à perda de mandato e à inelegibilidade não
1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”. podem renunciar para impedir a punição.
Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Es-
tabeleceu eleições indiretas, por meio do Colégio Eleitoral, para a
presidência da República, com quatro anos de mandato.
Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispo-
sitivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando permissão ao
presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar manda-
tos e suspender direitos políticos. Permitiu aos governos militares
total liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica
e tributária.
Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o
Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas reformas como a emen-
da Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal
emenda se apresenta como um “complemento” às leis e regula-
mentações da Constituição de 1967.
Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que
promulgou um texto reformulado a partir da Constituição de 1967,
muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a par-
tir desta emenda, ficam mais claras as características políticas da
ditadura militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os
demais atos institucionais anteriormente baixados.
A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei,
a nomeação de senadores pelas Assembleias Legislativas, a pror-
rogação do mandato presidencial para seis anos e a alteração da
proporcionalidade de deputados no Congresso.
A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.

219
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
OUTORGADAS PROMULGADAS
1824 – Constituição do Brasil-Império 1891 – 1ª Constituição da República
1937 – Imposta por Getúlio Vargas 1934 – Influenciada pela Constituição de Weimar (Alema-
nha – 1919). Evidenciou os direitos fundamentais de 2ª geração
1967 – Imposta após o Golpe Militar de 1964 1946 – Redemocratização do Brasil após a era Vargas
* EC nº1/1969 – Imposta pela ditadura 1988 – Atual Carta Política

Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora
JusPODIVM.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São Paulo: Editora Método.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

— Princípios fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019).
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.

Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 estão previstos no art. 1º da Constituição e são:
A soberania, poder político supremo, independente internacionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o poder
do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordenamento jurídico.
A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado, dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo
jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no res-
peito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igualdade de
direitos.
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é através do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui para
com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio que defende a total liberdade para o exercício de atividades econômicas,
sem qualquer interferência do Estado.
O pluralismo político que decorre do Estado democrático de Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubstancia-
das na existência multipartidária e não apenas dualista. O Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e não apenas
pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou democratas e republicanos.
Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade de
secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da impossibilidade de separação de seus entes federativos, ou seja, o vínculo
entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indissolúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se transformar em um
novo país.
Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os governantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuído pelo povo.
Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes estatais – Exe-
 

cutivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica do Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de autonomia e indepen-
dência no exercício de suas funções, para que possam atuar em harmonia.  

Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os fundamentos ou princípios fundamentais representam a essência, causa primária do
texto constitucional e a base primordial de nossa República Federativa, os objetivos estão relacionados à destinação, ao que se pretende,
às finalidades e metas traçadas no texto constitucional que a República Federativa do Estado brasileiro anseia alcançar.
O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições livres,
periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais, refletin-
do a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez, o Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema de normas pautado
na preservação da segurança jurídica, pela separação dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos fundamentais, bem como
pela necessidade do Direito ser respeitoso com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público.

220
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Polícia Rodoviária Federal
CAPÍTULO III SEGURANÇA PÚBLICA: ARTIGO 144 § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi-
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
— Segurança pública na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
A segurança pública é o poder-dever do Estado na sua auto- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
defesa e das instituições democráticas que visa garantir a ordem
e a proteção de todos os cidadãos, com a prevalência do interesse Compete à Polícia Rodoviária Federal realizar atividades de
público. natureza policial envolvendo fiscalização, patrulhamento e policia-
A segurança pública busca a defesa do Estado e das Instituições
  mento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de acidentes ro-
Democráticas para preservar a ordem constitucional em momen-
  doviários e demais atribuições relacionadas com a área operacional
tos de crise, internamente, contra lesões ou ameaças de direitos de do Departamento de Polícia Rodoviária Federal.
seus cidadãos e arbitrariedades do próprio poder público, inclusive,
e externamente contra atentados à soberania nacional. Polícia Ferroviária Federal
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi-
— Organização da segurança pública zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
Nos termos do art. 144, CF a Segurança Pública está organizada na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
nos seguintes órgãos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
— Polícia Federal;
— Polícia Rodoviária Federal; Polícias Civis
— Polícia Ferroviária Federal; § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
— Polícias Civis; reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
— Polícias militares e corpos de bombeiros militares; de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi-
— Polícias penais federal, estaduais e distrital. litares.

O rol dos órgãos de Segurança Pública é taxativo e os entes Polícias militares e corpos de bombeiros militares
federativos não podem criar novos órgãos, além dos elencados na § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
Constituição. vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
Embora não esteja previsto no rol do art. 144, as Guardas Mu- das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
nicipais visam a proteção do patrimônio público e sua criação nos de defesa civil.
municípios está autorizada no § 8º do referido dispositivo.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des- § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares,
tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente
dispuser a lei. com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (Re-
Polícia Federal dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019).
A polícia federal faz parte da estrutura básica do Ministério da
Justiça e é órgão permanente, organizado e mantido pela União. Polícias penais federal, estaduais e distrital
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen- § 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador
te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se-
destina-se a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de gurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda
1998) Constitucional nº 104, de 2019).
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas Os serviços relacionados à segurança pública devem ser pres-
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in- tados com eficiência.
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; §7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen- eficiência de suas atividades.
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos ór-
tência; gãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art.
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem
1998) pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014).
da União. I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
São cargos de Carreira da Polícia Federal o Delegado de Polícia cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela
Federal, o Perito Criminal Federal, o Escrivão de Polícia Federal, o Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
Papiloscopista Policial Federal e o Agente de Polícia Federal. II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014).

221
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Proteção do sigilo das comunicações:
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DIREITOS XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
SOCIAIS, NACIONALIDADE, CIDADANIA, DIREITOS timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
POLÍTICOS, PARTIDOS POLÍTICOS tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
— Direitos e deveres individuais e coletivos
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles Liberdade de profissão:
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- Acesso à informação:
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Princípio da igualdade entre homens e mulheres: Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:


I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
termos desta Constituição; podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
cer ou dele sair com seus bens;
Princípio da legalidade e liberdade de ação:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma Direito de reunião:
coisa senão em virtude de lei; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo-
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de- que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
sumano e degradante: mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- petente;
mano ou degradante;
Liberdade de associação:
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano- XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu- a de caráter paramilitar;
lação de ideias e práticas prejudiciais: XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
nimato; estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
Direito de resposta e indenização: das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, -se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
necer associado;
Liberdade religiosa e de consciência: XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- extrajudicialmente;
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência Direito de propriedade e sua função social:
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
Intervenção do Estado na propriedade:
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
prestação alternativa, fixada em lei;
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
Liberdade de expressão e proibição de censura:
previstos nesta Constituição;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
prietário indenização ulterior, se houver dano;
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a Pequena propriedade rural:
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
material ou moral decorrente de sua violação; de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
Proteção do domicílio do indivíduo: pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- Direitos autorais:
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência). publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
ros pelo tempo que a lei fixar;

222
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: Tribunal do Júri:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades que lhe der a lei, assegurados:
desportivas; a) a plenitude de defesa;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das b) o sigilo das votações;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- c) a soberania dos veredictos;
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- a vida;
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o da lei penal:
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
Direito de herança: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será Princípio da não discriminação:
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal tos e liberdades fundamentais;
do “de cujus”;
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
Direito do consumidor: e anistia:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
sumidor; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
aos órgãos públicos: tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011). o Estado Democrático.
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga- • Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
mento de taxas: grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- crático;
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; • Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá-
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri-
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; mes hediondos.

Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con- Princípio da intranscendência da pena:


trole jurisdicional: XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
ou ameaça a direito; bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Segurança jurídica:
Individualização da pena:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
perfeito e a coisa julgada;
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico
b) perda de bens;
de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido.
c) multa;
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi- d) prestação social alternativa;
nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. e) suspensão ou interdição de direitos;
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo, Proibição de penas:
portanto, ser modificada. XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
Tribunal de exceção: art. 84, XIX;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; b) de caráter perpétuo;
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva- c) de trabalhos forçados;
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde d) de banimento;
os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda e) cruéis.
tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências Estabelecimentos para cumprimento de pena:
pré-fixadas. XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

223
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: Informação ao preso:
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
e moral; de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
lia e de advogado;
Direito de permanência e amamentação dos filhos pela
presidiária mulher: Identificação dos responsáveis pela prisão:
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- sua prisão ou por seu interrogatório policial;
ção;
Relaxamento da prisão ilegal:
Extradição: LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, dade judiciária;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Garantia da liberdade provisória:
gas afins, na forma da lei; LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
político ou de opinião;
Prisão civil:
Direito ao julgamento pela autoridade competente LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
toridade competente; alimentícia e a do depositário infiel;

Devido Processo Legal: Habeas corpus:


LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
devido processo legal; ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Contraditório e a ampla defesa:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos Mandado de Segurança:
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
com os meios e recursos a ela inerentes; reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
Provas ilícitas: autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por buições do Poder Público;
meios ilícitos; LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
Presunção de inocência: a) partido político com representação no Congresso Nacional;
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul- b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
gado de sentença penal condenatória; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Identificação criminal:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi- Mandado de Injunção:
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
Ação Privada Subsidiária da Pública: liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se lidade, à soberania e à cidadania;
esta não for intentada no prazo legal;
Habeas data:
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça: LXXII – conceder-se-á habeas data:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público;
Legalidade da prisão: b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- Ação Popular:
litar, definidos em lei; LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
Comunicabilidade da prisão: entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
do preso ou à pessoa por ele indicada; da sucumbência;

224
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ação Popular versus Ação Civil Pública Natureza jurídica
O cotejo analítico dos preceitos constitucionais e das leis de re- À vista dos artigos 3º e 11 da Lei nº 7.347, de 1985, tem-se que
gência da ação popular e da ação civil pública revela a existência de a ação civil pública conduz à instauração de processo civil cognitivo
similitude em relação ao escopo de ambos os institutos: defesa do de natureza condenatória. A condenação pode ser tanto pecuniária
patrimônio público em geral, em prol da coletividade. Há, todavia, quanto em obrigação de fazer ou de não fazer, conforme o caso.
uma importante diferença em relação ao objeto das referidas ações A eventual condenação pecuniária deve ser revertida em prol
constitucionais: a ação civil pública enseja a proteção da coletivi- do Fundo previsto no artigo 13 da Lei nº 7.347, de 1985, com a pos-
dade relacionada a direitos do consumidor, o que não é admissível terior aplicação dos recursos financeiros em prol da reconstituição
na ação popular2. dos bens lesados.
Outras importantes diferenças residem na legitimidade ativa Além da condenação em dinheiro, a ação civil pública enseja a
e na legitimidade passiva: enquanto a ação popular é exclusiva do imposição de obrigação de fazer e de não fazer, com possibilidade
cidadão, a ação civil pública pode ser movida pelo Ministério Públi- de execução específica e de imposição de multa diária, até mes-
co, pela Defensoria Pública, por pessoa jurídica de direito público e mo de ofício pelo juiz. E mais, tanto a execução específica quanto
até mesmo por associação civil constituída há pelo menos um ano, a multa diária podem ser determinadas liminarmente, mediante
cujas finalidades institucionais sejam transindividuais. decisão interlocutória proferida in limine litis no processo da ação
Quanto ao polo passivo, a ação popular é movida em face de civil pública.
pessoa jurídica lesada, dos respectivos administradores, agentes
públicos e dos terceiros beneficiados pela lesão ao patrimônio pú- Ação civil pública repressiva e preventiva
blico em geral. Em contraposição, a ação civil pública tem como alvo À luz dos artigos 11 e 12 da Lei nº 7.347, de 1985, tem-se que a
qualquer pessoa, natural ou jurídica, de direito público ou privado. ação civil pública pode ser repressiva e preventiva, já que admissí-
Em virtude das diferenças apontadas, a propositura de uma vel diante da ocorrência de lesão e também em caso de ameaça ao
ação não impede a veiculação da outra, porquanto não há identi- patrimônio público em geral, ao meio ambiente, aos consumidores,
dade das ações. Por consequência, não há litispendência; tanto que à ordem econômica, à ordem urbanística, ao patrimônio social, à
o proêmio do artigo 1º da Lei nº 7.347, de 1985, revela que a pro- honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
positura da ação civil pública se dá “sem prejuízo da ação popular”. Daí a possibilidade do acionamento da ação civil pública tanto
Na verdade, há apenas prevenção, por força de conexão, para que antes quanto depois da consumação da lesão a interesses difusos
ambas as ações sejam processadas no mesmo juízo. ou coletivos.

Ação Civil Pública Ministério Público


Legislação de regência Em primeiro lugar, o Ministério Público tem legitimidade ativa
A ação civil pública está consagrada no artigo 129, inciso III, para ajuizar a ação civil pública. É o principal legitimado ativo, à vis-
da Constituição de 1988. Além das linhas mestras estampadas no ta do artigo 129, inciso III, da Constituição brasileira, e dos artigos
dispositivo constitucional de regência, a ação civil pública também 5º, inciso I, 6º e 7º, todos da Lei nº 7.347, de 1985.
segue o disposto na Lei nº 7.347, de 1985, na Lei nº 8.078, de 1990 Não obstante, o Ministério Público não é o único legitimado ati-
– Código de Defesa do Consumidor, na Lei nº 8.437, de 1992, na Lei vo, como bem revela o § 1º do artigo 129 da Constituição de 1988.
nº 8.884, de 1994 (revogada pela Lei nº 12.529, de 2011), na Lei nº Sem dúvida, além da legitimidade ativa do Ministério Público, o dis-
11.448, de 2007, na Lei nº 12.966, de 2014 e na Lei nº 13.004, de positivo constitucional assegura a igual legitimidade ativa em favor
2014. dos autorizados por força de lei.
Por fim, mas não menos importante, vale registrar a incidência Daí a constitucionalidade da Lei nº 8.884, de 1994 (revogada
subsidiária do disposto no Código de Processo Civil, conforme de- pela Lei nº 12.529, de 2011), e da Lei nº 11.448, de 2007, que con-
termina o artigo 19 da Lei nº 7.347, de 1985. feriram legitimidade ativa em prol da Defensoria Pública, da União,
dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal, das autarquias,
Conceito das empresas públicas, das fundações públicas, das sociedades de
A ação civil pública é a ação constitucional adequada para a economia mista e também das associações com finalidades institu-
instauração de processo civil destinado à obtenção de tutela jurisdi- cionais compatíveis com os objetos da ação civil pública.
cional em defesa do patrimônio público, de bens e direitos de valor Na eventualidade do ajuizamento da ação civil pública por al-
artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, do meio ambien- gum dos outros legitimados ativos acima indicados, o Ministério
te, da ordem econômica, dos consumidores, da ordem urbanística, Público deve intimado, para que possa intervir no processo na qua-
do patrimônio social, da honra e da dignidade humana de grupos lidade de fiscal da lei. De fato, se o Ministério Público não for o
raciais, étnicos ou religiosos, e de qualquer outro direito difuso ou autor da ação civil pública, há a necessidade da intimação destinada
coletivo, mediante o acionamento por parte do Ministério Público, à atuação ministerial como custos legis.
da Defensoria Pública, da União, de Estado-membro, do Distrito Fe- Por fim, em caso de desistência infundada ou abandono da
deral, de Município, de autarquia, de fundação pública, de empre- ação civil pública movida por associação legitimada, o Ministério
sa pública, de sociedade de economia mista ou de associação civil Público deve patrocinar a causa, quando deixa de atuar como fiscal
regularmente constituída há pelo menos um ano e com finalidade da lei e assume a autoria no processo.
institucional de “proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, Proteção dos direitos e interesses difusos, coletivos e indivi-
aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimô- duais homogêneos
nio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”, nos termos À vista do artigo 129, inciso III, da Constituição de 1988, dos
do artigo 5º, inciso V, alínea “b”, da Lei nº 7.347, de 1985, com a artigos 1º, inciso IV, e 21, da Lei nº 7.347, de 1985, e dos artigos 81,
redação conferida pela Lei nº 13.004, de 2014. parágrafo único, incisos I, II e III, e 90, da Lei nº 8.078, de 1990, a
ação civil pública é admissível para a proteção dos direitos e interes-
2 http://www.dpd.ufv.br/wp-content/uploads/DAS-A%C3%87%-
ses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
C3%95ES-CONSTITUCIONAIS-BERNARDO-PIMENTEL-SOU-
ZA-SEGUNDA-EDI%C3%87%C3%83O-2018.docx.pdf

225
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Difusos são os direitos e interesses indivisíveis e de pessoas indeterminadas. À evidência, são os direitos e interesses com maior grau
de indeterminação das pessoas atingidas pela lesão ao patrimônio público em sentido amplo.
Os direitos e interesses coletivos são igualmente indivisíveis e de pessoas indeterminadas, mas são passíveis de identificação. Com
efeito, os direitos e os interesses coletivos são indivisíveis, mas de pessoas determináveis.
Já os direitos e interesses individuais homogêneos são divisíveis e de pessoas determinadas. É a homogeneidade dos direitos e inte-
resses comuns de vários indivíduos que explica a admissibilidade da ação civil pública.
Não obstante, à vista do parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 7.347, acrescentado pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, nem
todos os direitos individuais homogêneos são passíveis de defesa mediante ação civil pública, porquanto o dispositivo veda o emprego da
ação civil pública para a defesa de direitos individuais homogêneos referentes a tributos, contribuições previdenciárias e fundos institucio-
nais, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Por fim, vale anotar que a restrição imposta por força da Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, é de constitucionalidade duvidosa,
à luz dos artigos 62 e 129, inciso III, da Constituição brasileira.

Atenção!

De acordo com decisão do STF. Plenário. RE 643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão
geral – Tema 850) (Info 955): “O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direi-
tos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)”.3

No entanto, em provas e concursos, deve se ter cuidado caso seja cobrada a mera transcrição literal da redação do art. 1º,
parágrafo único, da Lei nº 7.347/85:
Art. 1º (...) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários
podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35/2001).

Controle difuso de constitucionalidade em processo de ação civil pública


Tal como se ocorre no processo de mandado de segurança, também há lugar para controle judicial de constitucionalidade pelo juiz
competente para processar e julgar ação civil pública, quando o julgamento do pedido depender de prévia análise de compatibilidade de
alguma norma jurídica em relação à Constituição. Trata-se de controle difuso de constitucionalidade, incidenter tantum, de alguma causa
de pedir veiculada na ação civil pública, para o posterior julgamento do pedido, o que é juridicamente possível.
Não obstante, o pedido principal não pode ser a declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, por-
quanto a ação civil pública não substitui a ação direta de inconstitucionalidade nem a ação de arguição de descumprimento de preceito
constitucional.
Sem dúvida, o controle da constitucionalidade em processo de ação civil pública só pode se dar de forma incidental, como causa de
pedir de algum caso concreto. Com efeito, a declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público só pode ser
veiculada como questão prejudicial em relação ao pedido.
Ademais, o julgamento proferido no processo da ação civil pública só alcança as pessoas insertas na área territorial da competência
do juízo no qual a sentença foi prolatada, tendo em vista o disposto no artigo 16 da Lei nº 7.347, de 1985, com a redação conferida pela
Lei nº 9.494, de 1997.

Assistência Judiciária:
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

Indenização por erro judiciário:


LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

Gratuidade de serviços públicos:


LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania
(Regulamento).

Princípio da Celeridade Processual:


LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 115, de 2022)

Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamentais:


§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias fundamentais são autoaplicáveis.

3 https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751245465

226
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Rol é exemplificativo: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não outros que visem à melhoria de sua condição social:
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati- Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
va do Brasil seja parte. I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não indenização compensatória, dentre outros direitos;
excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios
constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio- Seguro-Desemprego:
nais. II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- III – fundo de garantia do tempo de serviço;
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem- Salário mínimo:
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
de 2015, DEC 9.522, de 2018). higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re- para qualquer fim;
conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so-
mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus Piso salarial:
membros em dois turnos de votação. V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
trabalho;
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
Irredutibilidadade do salário:
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
ou acordo coletivo;
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal
Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
Proteção aos que percebem remuneração variável:
Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho
de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e percebem remuneração variável;
punir autores de crimes contra a humanidade.
— Direitos sociais Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte-
qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi- gral ou no valor da aposentadoria;
mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF. Remuneração superior por trabalho noturno:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- Proteção do salário contra retenção dolosa:
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada retenção dolosa;
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida- Participação nos lucros:
de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
poder público em programa permanente de transferência de renda, muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob- sa, conforme definido em lei;
servada a legislação fiscal e orçamentária (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 114, de 2021) Salário-família:
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
Do direito ao trabalho dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or- Constitucional nº 20, de 1998).
dens:
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; Jornada de Trabalho:
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas
11, CF. diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destina- coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
dos a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigual-
dade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento:
o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
trabalhista. ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

227
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): Não discriminação:
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
mingos; ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil;
Pagamentos de horas extras: XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59
§ 1º). Proibição de distinção do trabalho:
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
Férias remuneradas: intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal; Trabalho do menor:
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
Licença à gestante: menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
rio, com a duração de cento e vinte dias; dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
• De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
Licença-paternidade: • De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei; perigoso ou insalubre.
• A partir de 18 anos: Trabalho normal.
Proteção da mulher no mercado de trabalho:
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante Igualdade ao trabalhador avulso:
incentivos específicos, nos termos da lei; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso
Aviso Prévio:
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no Empregados domésticos:
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha-
dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
Redução dos riscos do trabalho: XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
normas de saúde, higiene e segurança; plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda
insalubres ou perigosas, na forma da lei; Constitucional nº 72, de 2013).

Aposentadoria: Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci-


XXIV – aposentadoria; dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co-
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem:
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa
Assistência aos filhos pequenos: dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o econômicos.
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra- essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to-
balho: talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017)
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de entende que servidores que atuam diretamente na área de segu-
trabalho; rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese.
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos
Proteção em face da automação: trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei; em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão.
Seguro contra acidentes de trabalho: Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11,
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
incorrer em dolo ou culpa; promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Ação trabalhista nos prazos prescricionais: — Direitos de nacionalidade


XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio-
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do nalidade se dá por dois critérios:
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na-
nº 28, de 2000). cional;

228
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo Perda da Nacionalidade:
nascido no exterior. § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri- I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
Art. 12 São brasileiros: trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
I - natos: 1994).
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
tiva do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- Extradição, repatriação, deportação e expulsão
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu-
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela giada em seu território a outro Estado estrangeiro.
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato
nal nº 54, de 2007). de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes-
II - naturalizados: soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; opinião.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re- Repatriação é medida administrativa consistente no processo
pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra- de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra-
sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, sileiro após determinado período.
de 1994). A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta-
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação
Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF) ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada
III - de Presidente do Senado Federal; com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; rado pela prática de crimes em território brasileiro.
V - da carreira diplomática; O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento
VI - de oficial das Forças Armadas. no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda pela Constituição.
Constitucional nº 23, de 1999).
Naturalização — Direitos políticos
A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão
da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso
que preencher determinados requisitos. à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci-
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma
possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre-
mais de uma nacionalidade. sentantes junto aos poderes públicos.
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio-
diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu- nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos-
ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de
natos e naturalizados. nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros do processo governamental, sobretudo pelo voto.
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po-
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com
Portugueses: valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen-
Aos portugueses com residência permanente no país serão tos de participação semidireta pelo povo.
atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re- Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide
ciprocidade.
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia
Art. 12
à elaboração da lei.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje-
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
to de lei já existente.
tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
3, de 1994).

229
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
usar deste instrumento em nível estadual e municipal. período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 16, de 1997).
Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos): § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re- blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório pleito.
para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio- Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos:
res de setenta anos. § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço dições:
militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
foram convocados a prestar serviço militar. da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos): autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser da diplomação, para a inatividade.
votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi- § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Jus-
dos os devidos requisitos. tiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: corrupção ou fraude;
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em
III - o alistamento eleitoral; segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; temerária ou de manifesta má-fé.
V - a filiação partidária; Regulamento. § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
VI - a idade mínima de: municipais as consultas populares sobre questões locais apro-
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e vadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça
Senador; Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das eleições, ob-
b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis- servados os limites operacionais relativos ao número de que-
trito Federal; sitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri- § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às ques-
tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; tões submetidas às consultas populares nos termos do § 12
d) 18 anos para Vereador. ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a utilização
de propaganda gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela
Inelegibilidades: Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
A Constituição não menciona exaustivamente todas hipó-
teses de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra: Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar,
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a
Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa- perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença
rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a
Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito. obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re-
§7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus-
juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão.
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja (com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui-
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. suspensão será, da mesma forma, temporária.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti- perda ou suspensão só se dará nos casos de:
tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos I - cancelamento da naturalização por sentença transita-
Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con- da em julgado;
trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re- II - incapacidade civil absoluta;
condução por um período somente, no Brasil, após o período de um III - condenação criminal transitada em julgado, enquan-
mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto. to durarem seus efeitos;

230
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres- to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
tação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
§ 4º. berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
elencados, no art. 20, CF.
— Partidos Políticos São bens da União os previstos no art. 20, CF:
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da atribuídos;
vontade popular, determinando o governo e a orientação política II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí- das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
autonomia para gerir sua organização interna. seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú- com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis- provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti- as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional
lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas nº 46, de 2005).
à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
a lei. econômica exclusiva;
De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são VI - o mar territorial;
permitidas. VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re- VIII - os potenciais de energia hidráulica;
gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces- IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral. X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. UNIÃO, Todo ente federativo possui suas competências. Competência
ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS E é o poder legal de uma autoridade pública para a prática de atos
TERRITÓRIOS administrativos e tomada de decisões.
Como ente federativo, a União possui competências adminis-
— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
municípios e territórios tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
Estado Federal Brasileiro cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o cípios (art. 24, CF).
território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719)
define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o Estados
bem comum de um povo situado em determinado território”. O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover- autonomia, consubstancianda na capacidade de auto-organização,
no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de auto-legislação, auto-governo e autoadministração.
Estado. Note tratar-se de três definições distintas. Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi-
visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane-
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou
• Forma de Estado: Federação mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou
• Forma de Governo: República subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados
• Regime de Governo: Democrático autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na
• Sistema de Governo: Presidencialismo separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado
(formação) ou anexação a outro Estado já existente.
O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os
pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi- bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios. ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai- ção.
co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa, § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção. sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
União cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter- a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Reda-
namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com ção dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).
autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-

231
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ-
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nica própria, que define os princípios básicos de sua organização,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- suas competências e a organização de seus poderes governamen-
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi- tais, nos termos do art. 32, CF.
cas de interesse comum.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
tes de obras da União; tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no Constituição.
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla-
ou terceiros; tivas reservadas aos Estados e Municípios.
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa-
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com
a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
Municípios duração.
O Município, que também é um ente federado que possui au- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi- o disposto no art. 27.
zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis-
ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, trito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do
fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de- corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda Constitu-
terminado por lei complementar federal, além da realização de ple- cional nº 104, de 2019).
biscito.
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em
Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per-
pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es- nambuco.
fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF.
A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais
e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DISPOSIÇÕES GERAIS,
tantes do município. SERVIDORES PÚBLICOS
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.
Art. 30. Compete aos Municípios: — Disposições gerais
I - legislar sobre assuntos de interesse local; A administração pública consiste no conjunto de meios institu-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; cionais, materiais, financeiros e humanos do Estado, preordenado
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- coletivas.
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; A função administrativa é institucionalmente imputada a diver-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação sas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37 da
estadual; Constituição Federal.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o Administração Pública Direta e Indireta
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; A administração direta é a administração centralizada, defini-
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e da como o conjunto de órgãos administrativos subordinados dire-
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- tamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
  Forças Armadas, a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo,
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e Legislativo, Judiciário etc.
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, com-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- posta por entidades personalizadas de prestação de serviço ou ex-
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e ploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes
da ocupação do solo urbano; Executivos da entidade pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Refor-
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. ma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras, Universidade Fe-
deral de Alfenas – UNIFAL-MG e outras universidades federais, Cen-
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá tros e Institutos Federais de Educação Tecnológica, Banco Central
sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu- do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conse-
nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici- lhos Profissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica
pal, nos termos do art. 31, CF. Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos etc; Sociedades
de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações pú-
Distrito Federal blicas: Funai, Funasa, IBGE etc.
O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe-
deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre
nem como estado-membro ou município. Sua principal função é
servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em

232
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Específicos da Administração Pública IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
lei; interesse público;
Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras
são imputáveis ao agente político que o realiza, mas sim ao órgão quanto a valores, limitações e formas de recebimento de remunera-
ou entidade pública em nome da qual atuou. ção e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre
Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de acúmulo de cargos e funções:
formal, mas como na sua teleologia. Não bastará ao administrador
o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de Art. 37.
sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
e justiça. trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu-
vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipóteses restritas que envol- rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
vam a segurança nacional. índices (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este prin- (Regulamento);
cípio estabelece que os atos administrativos devem cumprir os seus XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
propósitos de forma eficaz. ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Redação ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emen- Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
da Constitucional nº 19, de 1998); cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
— Servidores públicos de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
Concurso Público: por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supre-
A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por mo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
meio de concurso público. Enquanto não há a posse, os aprovados limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido Defensores Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
em relação ao cargo pela simples aprovação em concurso público. 41, 19.12.2003);
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Art. 37. Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de tivo;
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- de 1998);
ração (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
anos, prorrogável uma vez, por igual período; acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- nº 19, de 1998);
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda
buições de direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela Constitucional nº 19, de 1998):
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- Constitucional nº 19, de 1998);
ciação sindical; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
definidos em lei específica (Redação dada pela Emenda Constitucio- c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
nal nº 19, de 1998); saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos da Constitucional nº 34, de 2001);
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
sua admissão; e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público (Redação dada pela Emenda

233
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Constitucional nº 19, de 1998); XVIII - a administração fazendária e Improbidade Administrativa
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade pratica-
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, da pelo servidor, qualificada pela finalidade de atribuir situação de
na forma da lei; vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de
E também a criação de autarquias e instituição de empresas Improbidade Administrativa, disciplina este dispositivo constitucio-
públicas, fundações e sociedades de economia mista: nal, previsto no art. 37, §4º.

Art. 37. Art. 37.


XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
caso, definir as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Constitucional nº 19, de 1998); § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos ter- seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
mos do que preceitua o art. 37 da Constituição, deverão ser contra- direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
tadas por meio de licitação pública. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi-
Art. 37. bilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, Constitucional nº 19, de 1998).
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamen-
obrigações (Regulamento). to) (Vigência) :
I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Cons-
O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Ad- titucional nº 19, de 1998)
ministração Pública: II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes (Incluído pela
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitu-
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e cional nº 19, de 1998);
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (In- sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
cluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- pios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
ridades ou servidores públicos. muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
da lei. neração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na Emenda Constitucional nº 20, de 1998);
administração pública direta e indireta, regulando especialmente § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Consti-
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento tucional nº 47, de 2005).
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
dos serviços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti-
XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
Lei nº 12.527, de 2011); centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (In-
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
cluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

234
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea- aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida- muneração proporcional ao tempo de serviço (Redação dada pela
des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
gem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). outro cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo 1998);
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In- para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 1998).
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servi-
dores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que não
seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não PODER EXECUTIVO. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA
seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social REPÚBLICA E DOS MINISTROS DE ESTADO
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, indi- O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função princi-
vidual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas pal é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de admi-
públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos nistração, mas de forma atípica, também legisla através da edição
resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons- de Medidas Provisórias e julga contenciosos administrativos.
titucional nº 109, de 2021) Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú-
blica, auxiliado pelos Ministros de Estado.
Regime Jurídico dos Servidores Públicos
O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios Chefe de Estado e Chefe de Governo
e regras destinadas à regulação das relações funcionais da administração O Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas na figura
pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a todos os servidores de
do Presidente da República as funções do Chefe de Estado e Chefe
uma determinada pessoa política (da Administração Pública Federal, Es-
de Governo. Portanto, o Poder Executivo brasileiro é monocrático.
tadual, Municipal, por exemplo) ou específico, como é o caso de algumas
Como chefe de Estado, o presidente representa o país nas suas re-
carreiras, como a Magistratura, Ministério Público etc.
lações internacionais e como chefe de governo exerce a liderança
O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatu-
nacional, gerindo o país política e administrativamente.
tário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esferas distrital, es-
O presidente será eleito por maioria absoluta de votos, não
taduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, des-
computados os em branco e os nulos. Entende-se por maioria ab-
de compatíveis com os preceitos da Constituição Federal e da Lei
soluta, mais que a metade, o número subsequente à metade, ou
8.112/90.
a metade +1 do número total de votantes. Quando o candidato
No regime estatutário não há relação contratual empregatícia.
mais votado não alcança a maioria absoluta, realiza-se segundo tur-
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servi-
no entre os dois mais votados. A maioria absoluta é diferente da
dores Públicos, com sistema remuneratório, regime previdenciário
maioria simples, que consiste no maior resultado da votação, inde-
e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF.
pendentemente de exigência de quórum percentual relacionado à
A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista
quantidade total de votantes
constitucionalmente. É adquirida pelo funcionário concursado após
três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele
— Atribuições e responsabilidades do presidente da Repúbli-
seja desvinculado do serviço público arbitrariamente, a não ser por
ca
sentença transitada em julgado ou decisão administrativa em que
Como chefe de Governo e Estado, compete ao Presidente da
lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória,
República as atribuições e responsabilidades trazidas nos artigos
exoneração a pedido ou morte:
84, CF.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
superior da administração federal;
de 1998).
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação
nesta Constituição;
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Incluí-
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emen-
rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
da Constitucional nº 32, de 2001).
1998);
a) organização e funcionamento da administração federal,
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); 2001).
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (In-
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es- cluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
representantes diplomáticos;

235
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei- Ordem de sucessão presidencial no caso de impedimento ou
tos a referendo do Congresso Nacional; vacância:
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; Em caso de impedimento ou vacância do cargo de Presidente,
X - decretar e executar a intervenção federal; este será substituído pelo: Vice-presidente, Presidente da Câmara
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na- dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do Su-
cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si- premo Tribunal Federal, nesta ordem.
tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
cessário, dos órgãos instituídos em lei; CONSTITUIÇÃO FEDERAL
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo- Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado no de-
ver seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são correr da matéria.
privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de Bons estudos!
02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go- EXERCÍCIOS
vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
sidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando 1. (PREFEITURA DE CANAÃ DOS CARAJÁS/PA – FISCAL – QUA-
determinado em lei; DRIX/2020) As constituições podem ser classificadas sob diferentes
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do critérios, levando se em conta sua forma, origem, sistemática, es-
Tribunal de Contas da União;

tabilidade etc. No que se refere às classificações das constituições,


XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti- julgue o item.
tuição, e o Advogado-Geral da União; Na classificação quanto à sua origem, entende se por constitui-
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos

ção promulgada aquela que resulta do trabalho de uma Assembleia


do art. 89, VII; Nacional Constituinte, eleita pelo povo, para, em nome dele, atuar,
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho nascendo, portanto, da deliberação popular legítima.
de Defesa Nacional; ( ) Certo
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autori- ( ) Errado
zado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor-
rida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, 2. (PREFEITURA DE CANAÃ DOS CARAJÁS/PA – FISCAL – QUA-
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; DRIX/2020) As constituições podem ser classificadas sob diferentes
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres- critérios, levando se em conta sua forma, origem, sistemática, es-
so Nacional;

tabilidade etc. No que se refere às classificações das constituições,


XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; julgue o item.
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que Constituições flexíveis são aquelas que exigem, para sua altera-
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- ção, um processo legislativo mais árduo e solene que o processo de
maneçam temporariamente; alteração das normas não constitucionais.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro- ( ) Certo
jeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento ( ) Errado
previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 3. (AVANÇA SP – 2021) De acordo com o artigo 1° da Consti-
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe- tuição Federal, são fundamentos da República, EXCETO:
rentes ao exercício anterior; (A) dignidade da pessoa jurídica.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma (B) cidadania.
da lei; (C) pluralismo político.
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos (D) soberania.
do art. 62; (E) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do estado
de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-
B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte,
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas
respectivas delegações.

Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente


— Ser brasileiro nato;
— Estar no gozo dos direitos políticos;
— Ter mais de trinta e cinco anos;
— Não ser inelegível;
— Possuir filiação partidária.

236
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
4. (ALTERNATIVE CONCURSOS – 2021) De acordo com a 7. (UFPE-CES – 2021) O artigo 18 da Constituição da Repúbli-
Constituição Federal de 1988, assinale a opção que contém a ca Federativa do Brasil é um dos mais importantes delineadores da
afirmação INCORRETA: organização do Estado Brasileiro. De acordo com o texto do artigo,
(A) A República Federativa do Brasil, formada pela união indis- a organização político-administrativa da República Federativa do
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fun- nicípios todos
damentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da (A) autônomos, nos termos da Constituição.
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre (B) centralizados, com organização das regras gerais pela União
iniciativa; V - o pluralismo político. e das regras particulares por estados e municípios.
(B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre (C) descentralizados, com foco na autonomia municipal.
si, apenas o Executivo e o Judiciário. (D) politicamente independentes, com a soberania reconheci-
(C) Constituem objetivos fundamentais da República Federati- da ao Estado brasileiro e dividida entre os entes.
va do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidá- (E) vinculados politicamente sob os fundamentos da soberania,
ria; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a cidadania e dos Direitos Humanos.
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos 8. (FCC – 2021) Compete à União legislar privativamente sobre
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de (A) educação e cultura.
discriminação. (B) proteção à infância e juventude.
(D) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o (C) assistência jurídica e Defensoria Pública.
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- (D) direito econômico e urbanístico.
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistên- (E) trânsito e transporte.
cia aos desamparados, na forma desta Constituição.
(E) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- 9. (UFPel-CES – 2021) De acordo com o art. 41 da Constituição
nicípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio- Federal, são estáveis após três anos de exercício, os servidores no-
ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles meados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
ou seus representantes relações de dependência ou aliança, público, sendo
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; (A) condição para a aquisição da estabilidade a avaliação es-
II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções en- pecial de desempenho por comissão instituída para essa fina-
tre brasileiros ou preferências entre si. lidade.
(B) vedada a invalidação da demissão de servidor estável por
5. (VUNESP – 2021) É um dos direitos constitucionais dos traba- sentença judicial, pois não pode o Poder Judiciário intervir em
lhadores urbanos e rurais: ato da administração pública.
(A) relação de emprego protegida contra despedida arbitrária (C) que em caso de extinção do cargo, o servidor estável será
com ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que demitido.
preverá indenização compensatória. (D) inadmissível que o servidor conteste o resultado da avalia-
(B) participação nos lucros, ou resultados, vinculada à última ção periódica de desempenho.
remuneração do trabalhador. (E) o processo administrativo meio inviável para proceder a de-
(C) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas- missão de servidor público estável.
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas.
(D) jornada de oito horas para o trabalho realizado em turnos 10. (INSTITUTO AOCP – 2021) A segurança pública, dever do
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
(E) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
com a duração de 180 (cento e oitenta) dias. trimônio. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
6. (FGV – 2021) Ingrid nasceu no território da Bélgica à época te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
em que seu pai, brasileiro, ali atuava em uma indústria privada de destina-se a exercer as funções de polícia judiciária da União,
conectores eletrônicos. Sua mãe era belga. Considerando que In- mas sem exclusividade.
grid foi registrada apenas perante o órgão competente belga, não (B) A segurança viária compete, no âmbito dos Estados, do Dis-
perante uma repartição brasileira, ela é considerada: trito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou enti-
(A) estrangeira, somente lhe restando a opção de se naturalizar dades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em
brasileira, na forma da lei; Carreira, na forma da lei.
(B) brasileira nata, já que seu pai era brasileiro e se encontrava (C) A lei não disciplinará a organização e o funcionamento dos
em território belga a trabalho; órgãos responsáveis pela segurança pública, cabendo a cada
(C) brasileira nata, pois a ordem constitucional brasileira adota, órgão determinar suas diretrizes a fim de garantir a eficiência
em caráter conjunto, os modelos do jus soli e do jus sanguinis; de suas atividades.
(D) estrangeira, mas, caso venha a residir no território brasilei-
(D) As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, for-
ro e opte, a qualquer tempo, após atingir a maioridade, pela
ças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, ao contrário
nacionalidade brasileira, adquiri-la-á em caráter nato;
das polícias civis e das polícias penais estaduais e distrital, aos
(E) estrangeira, mas pode adquirir a nacionalidade brasileira,
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
em caráter nato, caso o requeira, em território belga, perante
(E) A polícia ferroviária federal, órgão transitório, organizado e
repartição consular brasileira, no ano seguinte à maioridade.
mantido pelos Estados e estruturado em carreira, destina-se,
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias fe-
derais.

237
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 CERTO ______________________________________________________
2 ERRADO
______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 B
5 C ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 E
9 A ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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238
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES FORMAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL,


NATUREZA, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO

Existem vários modelos de organização, Organização Empresarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras. As organi-
zações possuem seus níveis de influência. O nível estratégico é representado pelos gestores e o nível tático, representado pelos gerentes.
Eles são importantes para manter tudo sob controle. O gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula, estabelece uma
autoridade de forma construtiva, competente, enérgica e única.
As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estrutura
bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agilizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O mundo
empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutura, para se
adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a hierarquia bem
como o entrosamento entre os cargos.
As organizações fazem uso do organograma que melhor representa a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo piramidal
ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas pessoas empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos contribuem com
ideias na tomada de decisão.
Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar atento para sua relevância, nas organizações as informações são importan-
tes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema, deve
haver um estudo no organograma da empresa verificando assim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para essa implanta-
ção. Cada empresa tem suas características e suas necessidades, e o sistema de informação se adéqua a organização e aos seus propósitos.
Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da comple-
xidade do ser humano.
Para que todos esses conceitos e objetivos sejam desenvolvidos de fato, precisamos nos ater à questão dos níveis de hierarquia e às
competências gerenciais, ao que isso representa na teoria, na prática e no comportamento individual de cada profissional envolvido na
administração.

NÍVEIS HIERÁRQUICOS
Existem basicamente três níveis hierárquicos dentro de uma organização, que são divididos em:

Nível Estratégico (ou Nível Institucional) – Elabora as estratégias, faz o planejamento estratégico da empresa normalmente esse
posto é assumido por presidentes e alta direção da empresa, os representantes deste nível devem possuir principalmente habilidades
conceituais.
Nível Tático (ou Nível Intermediário) – Este nível é desempenhado pelos Gerentes é um nível departamental, e seus integrantes ne-
cessitam em especial de habilidades humanas para motivar e liderar os integrantes do nível operacional.

Nível Operacional – Estes são os supervisores que necessitam de habilidades técnicas por trabalharem de forma mais ligada à pro-
dução.
É de suma importância que os níveis hierárquicos estejam bem definidos dentro da organização para que cada um saiba o seu lugar e
suas competências. Administrar é interpretar os objetivos da organização e transformá-los em ação por meio de planejamento, organiza-
ção, controle e direção de todos os níveis organizacionais.

A seguir vocês poderão ver dois demonstrativos que discriminam as características de atuação de cada um dos níveis citados.

NÍVEIS
CARACTERÍSTICAS
ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL
Unidade, Departa-
Abrangência Instituição Setor, Equipe
mento
Área Presidência, Alto Comitê Diretoria, Gerência Coordenação, Líder Técnico
Experiência, Efi-
Perfil Visão, Liderança Técnica, Iniciativa
cácia
Horizonte Longo Prazo Médio Prazo Curto Prazo
Foco Destino Caminho Passos

239
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Planos de ação,
Diretrizes Visão, Objetivo Processos, atividades
projetos
Amplo, mas sinté-
Conteúdo Abrangente, Genérico Específico, Analítico
tico
Determinar, Definir, Executar, manter, Controlar,
Ações Projetar, Gerenciar
orientar analisar
Software Painel de Controle Planilha Aplicações específicas

Marcio D’Ávila

Idalberto Chiavenato

Fatores como a crescente competitividade entre as organizações provocam significativas mudanças no mercado, o que faz com que as
competências gerenciais se tornem grandes diferenciais.
A gestão por competência se propõe a integrar e orientar esforços, principalmente no que ser refere à gestão de pessoas, visando
desenvolver e sustentar competências consideradas fundamentais aos objetivos organizacionais.
As empresas buscam ideias de mudanças comportamentais, atitudes, valores e crenças que façam a diferença na postura dos profis-
sionais.

Competências gerenciais: “Um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que algumas pessoas, grupos ou organizações do-
minam melhor do que outras, o que as faz se destacar em determinado contexto”.
Claude Lévy-Leboyer

A) As Principais Habilidades Gerenciais são:


- Planejamento e Organização: O Gerente deverá possuir a capacidade de planejar e organizar suas próprias atividades e as do seu
grupo, estabelecendo metas mensuráveis e cumprindo-as com eficácia.
- Julgamento: O Gerente deverá ter a capacidade de chegar a conclusões lógicas com base nas evidências disponíveis.
- Comunicação Oral: Um Gerente deve saber se expressar verbalmente com bons resultados em situações individuais e grupais, apre-
sentando suas ideias e fatos de forma clara e convincente.
- Comunicação Escrita: É a capacidade gerencial de saber expressar suas ideias clara e objetivamente por escrito.
- Persuasão: O Gerente deve possuir a capacidade de organizar e apresentar suas ideias de modo a induzir seus ouvintes a aceitá-las.
- Percepção Auditiva: O Gerente deve ser capaz de captar informações relevantes, a partir das comunicações orais de seus colabora-
dores e superiores.
- Motivação: Importância do trabalho na satisfação pessoal e desejo de realização no trabalho.
- Impacto: É a capacidade de o Gerente criar boa impressão, captar atenção e respeito, adquirir confiança e conseguir reconhecimento
pessoal.
- Energia: É a capacidade gerencial de atingir um alto nível de atividade (Garra).
- Liderança: É a capacidade do Gerente em levar o grupo a aceitar ideias e a trabalhar atingindo um objetivo específico.

240
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Para alguns autores, podemos resumir as habilidades necessá- Organização Linear
rias para o desenvolvimento eficiente e eficaz na administração em: A denominação “linear” indica que entre o superior e os subor-
1. Conhecimento – Estar a par das informações necessárias dinados existem linhas diretas e únicas de autoridade e de respon-
para poder desempenhar com eficácia as suas funções. sabilidade.
2. Habilidade – Estas podem ser divididas em: Características da organização linear
 Técnicas (Funções especializadas)
 Administrativas (compreender os objetivos organizacio- - Autoridade linear ou única - autoridade única e absoluta do
nais) superior sobre seus subordinados (decorrente do princípio da uni-
 Conceituais (compreender a totalidade) dade de comando).
 Humanas (Relações Humanas), Políticas (Negociação). - Linhas formais de comunicação - as comunicações entre os
3. Atitude e Comportamento – Sair do imaginário e colocar em órgãos ou cargos são efetuadas unicamente através das linhas exis-
prática, fazer acontecer. Maneira de agir, ponto de referência para a tentes no organograma.
compreensão da realidade. - Centralização das decisões - só existe uma autoridade máxima
que centraliza todas as decisões e o controle da organização.
As três dimensões da competência - Aspecto piramidal - à medida que se sobe na escala hierárqui-
As competências são formadas por três dimensões: atitude, co- ca diminui o número de cargos ou órgãos.
nhecimento e habilidade.
Cada dimensão é independente, mas ambas estão interligadas. Vantagens da Organização Linear
Tommas Durant afirma ainda que o desenvolvimento das compe-
tências está na aprendizagem individual e coletiva. - Estrutura simples e de fácil compreensão.
Atitude (Querer Fazer) - Nítida e clara delimitação das responsabilidades dos órgãos
Ter atitude e ações é fazer acontecer. ou cargos.
São competências que permitem as pessoas interpretarem e - Facilidade de implantação.
julgarem a realidade e a si próprias. Na área gerencial veja algumas - Estabilidade, permitindo uma tranquila manutenção do fun-
atitudes que se destacam: cionamento.
» Saber ouvir;
» Automotivação; Desvantagens da Organização Linear
» Autocontrole;
» Dar e receber feedback; - Mais adequado para pequenas empresas.
» Resolução de problemas; - Estabilidade pode levar à rigidez e à inflexibilidade da orga-
» Determinação; nização.
» Pro-atividade; - Pode tornar-se autocrática.
» Honestidade e ética nos negócios, etc. - Ênfase exagerada na função de chefia e comando.
- Chefe torna-se um generalista, não pode se especializar.
Conhecimento (Saber Fazer) - Congestionamento das linhas formais de comunicação na me-
O conhecimento é essencial para a realização dos processos da dida em que a empresa cresce.
organização. De acordo com o nível de conhecimento de um ge- - Comunicações demoradas e sujeitas a intermediários e a dis-
rente, existe o essencial, aquele que todo profissional deve saber, torções.
como dominar os procedimentos, conceitos, informações necessá-
rios ao funcionamento da empresa. E, aquele mais específico, em Organização Funcional
que é necessário analisar os indivíduos e o contexto de trabalho. Tipo de estrutura organizacional que aplica o princípio funcio-
nal ou princípio da especialização das funções para cada tarefa.
Habilidades (Saber como Fazer) Princípio funcional separa, distingue e especializa: é o germe
Quando utilizamos o conhecimento da melhor forma, ele se do staff.
torna uma habilidade. O conceito de habilidade é variado. De acor-
do com alguns autores, para que um administrador possa conquis- Características da Organização Funcional
tar uma posição de destaque, bem como saber administrar, define- - Autoridade funcional ou dividida. Nenhum superior tem auto-
-se a existência das seguintes habilidades: ridade total sobre os subordinados, mas autoridade parcial e relati-
va, decorrente de sua especialidade.
» Técnicas - funções especializadas e ligadas ao trabalho ope- - Linhas diretas de comunicação. Comunicação efetuada direta-
racional; mente, sem necessidade de intermediação.
» Conceituais - compreender a totalidade, ou seja, ter visão da - Descentralização das decisões. Não é a hierarquia, mas a es-
empresa como um todo; pecialidade quem promove as decisões.
» Humanas - cultivar bons relacionamentos, sendo um líder efi- - Ênfase na especialização. As responsabilidades são delimita-
caz e eficiente. das de acordo com as especializações.

Tipos de Organização Vantagens da Organização Funcional


Podemos classificar as estruturas organizacionais em tradicio- - Proporciona o máximo de especialização nos órgãos ou car-
nais e contemporâneas. gos.
Dentre as tradicionais temos as Organizações Linear, Funcional - Permite a melhor supervisão técnica possível.
e Linha Staff conforme veremos abaixo. - Desenvolve comunicações diretas, rápidas e com menos dis-
torções.
- Separa as funções de planejamento e controle da função exe-
cução.

241
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Organização Linha-Staff - Depende de inovação de produto, que se torna obsoleto em
- Resultado da combinação dos tipos de organização linear e pouco tempo;
funcional, buscando-se incrementar as vantagens e reduzir as des- - Departamentalização interna é funcional.
vantagens dos dois tipos de organização.
- Na organização linha-staff existem órgão de execução (linha) As principais vantagens:
e de apoio (staff). - Unidade de direção voltada para o objetivo único, que é o
- É o tipo de organização mais empregado atualmente. projeto;
- Identificação com o projeto;
Principais Funções do Staff - Comunicação informal como fonte importante de integração;
- Serviços: atividades especializadas como: compras, pessoal, - Gerente controla todos os recursos para desenvolvimento do
pesquisa, informática, propaganda, contabilidade, etc. projeto.
- Consultoria e assessoria: assistência jurídica, organização e
métodos etc. As principais Desvantagens:
- Monitoramento: acompanhar e avaliar determinada atividade - Não é bem aceita pela organização permanente em razão de
ou processo. se caráter temporário.
- Planejamento e controle: planejamento e controle orçamen- - Meios duplicados: cada projeto tem sua própria estrutura;
tário, controle de qualidade etc. - Ineficácia na utilização de recursos;
- Insegurança no emprego, já que possui caráter temporário;
Características da Organização Linha-Staff - Pessoal alocado em determinado projeto pode perder lugar
- Fusão da estrutura linear com a estrutura funcional, com pre- na estrutura permanente.
domínio da primeira.
- Coexistência entre as linhas formais de comunicação com as Estrutura Matricial
linhas diretas de comunicação. É um tipo de estrutura mista, uma excelente alternativa para
- Separação entre órgãos operacionais (executivos) e órgãos de organizações que desenvolvem projetos, mas também adotam as
apoio (assessores). estruturas: divisional, funcional, staff etc. é indicado para empresas
- Hierarquia versus especialização. que desenvolvem vários projetos, mas que se utilizam de diversas
tecnologias. As principais características são:
Vantagens da Organização Linha-Staff - Multidimensional, pois se utiliza de características de estrutu-
- Assegura assessoria especializada e inovadora, mantendo o ras permanentes, por função, produtos e projetos;
princípio da autoridade única. Os serviços prestados não precisam - Permanente, sendo temporários apenas os grupos de cada
ser aceitos como estão recomendados. projeto;
- Atividade conjunta e coordenada dos órgãos de linha e órgãos - Adaptativa e flexível: quanto mais complexa a ambiência orga-
de staff.
nizacional, mais complexa deve ser a estrutura da empresa;
- Combina a estrutura hierárquica vertical tradicional com uma
Desvantagens da Organização Linha-Staff
estrutura superposta, horizontal, de coordenadores de projetos/
- Possibilidade de conflitos entre a assessoria e os demais ór-
produtos.
gãos e vice-versa.
- Dificuldade na obtenção e manutenção do equilíbrio dinâmi-
As principais vantagens:
co entre linha e staff.
- Equilíbrio de objetivos pela atenção dispensada tanto às áreas
funcionais quanto às coordenações de projetos;
Já no conceito de estruturas contemporâneas temos as estru-
turas matriciais e as estruturas com base em projetos. - Visão dos objetivos dos projetos por meio das coordenações
de projetos;
Estrutura com Base em Projetos - Desenvolvimentos de um forte e coeso trabalho de equipe e
Este tipo de estrutura advém de desenvolvimento de projeto metas de projetos
com um grupo de atividades com tempo de duração pré-definido e - Elimina mão de obra ociosa;
profissional contratados especificamente para cada projeto. - Elimina extensas cadeias hierárquicas;
Este tipo de estrutura deve ser utilizado quando: existem mui- - Conhecimento especializado pode estar disponível para to-
tas pessoas/organizações interdependentes, planos sujeitos a mu- dos os projetos igualmente, podendo ser transferido de um projeto
danças, dificuldade de prognósticos, exigência do cliente e estrutu- para outro;
ra organizacional rígida. - Utilização de Mao de obra pode ser flexível.
Para montar uma estrutura com base em projetos, a empresa
precisa: definir as funções do projeto, montar a estrutura organiza- As principais desvantagens:
cional (organograma do projeto), definir as atribuições das funções - Subutilização de recursos disponíveis;
(responsabilidades e autoridades) e alocar pessoal. As principais - Insucesso na obtenção de coordenação de funções, no esta-
características são: belecimento de padrões de eficiência e de uniformidades de prática
- Unidimensional, onde cada unidade da organização está vol- entre os especialistas que não são controlados por um único chefe;
tada para o desenvolvimento de um único projeto e chefiada por - Insegurança entre os membros dos projetos;
um único gerente; - Indivíduo de posição intermediária possui dois chefes: che-
- A base da estrutura é o projeto; fe do seu departamento funcional e coordenador do projeto onde
- Objetivos e prazos bem definidos; está alocado;
- Prazo relativamente curto, sendo, portanto de natureza tem- - Conflito entre gerentes funcionais e coordenadores de proje-
porária; tos quanto à autoridade.

242
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Tendências e Práticas Organizacionais - As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra para
Visando oferecer soluções práticas e que atendam às emergên- serem fornecedoras de conhecimentos capazes de agregar valor ao
cias impostas pelas mudanças e transformações, ao final da era ne- negócio.
oclássica surgiram algumas técnicas de intervenção:
- Melhoria contínua – os processos de mudança devem come- Estruturas Organizacionais
çar pequenos e sempre de baixo para cima, ou seja, da base para
a cúpula. A filosofia da melhoria contínua deriva do Kaizen (palavra De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totalidade de
japonesa). As melhorias não precisam ser grandes, mas devem ser um sistema e permite sua integridade, assim são as organizações,
contínuas e constantes. diversos órgãos agrupados hierarquicamente, os sistemas de res-
- Qualidade total – qualidade é o atendimento das exigências ponsabilidade, sistemas de autoridade e os sistemas de comunica-
do cliente. O tema central da qualidade total está nas pessoas que a ções são componentes estruturais.
produzem sendo os funcionários e não os gerentes os responsáveis Existem vários modelos de organização, Organização Empre-
pelo elevado padrão de qualidade. Para isso devem-se proporcionar sarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras. As
aos funcionários habilidades e a autoridade para tomar decisões organizações possuem seus níveis de influência. O nível estratégico
que tradicionalmente eram dadas aos gerentes. O gerenciamento é representado pelos gestores e o nível tático, representado pelos
gerentes. Eles são importantes para manter tudo sobcontrole. O
da qualidade total trouxe técnicas conhecidas, tais como o enxuga-
gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula, esta-
mento, a terceirização e a redução do tempo do ciclo de produção.
belece uma autoridade de forma construtiva, competente, enérgica
- Reengenharia – para reduzir a enorme distância entre a ve-
e única. Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes. Os ge-
locidade das mudanças ambientais e a permanência das organiza-
rentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional, onde os
ções tratou-se de aplicar um remédio forte e amargo. Reengenharia colaboradores desenvolvem os produtos e serviços da organização.
significa fazer uma nova engenharia da estrutura organizacional, As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica
ou seja, é uma reconstrução e não apenas uma reforma total ou com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estru-
parcial da empresa. A reengenharia não se confunde com a melho- tura bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agi-
ria contínua, pois pretende criar um processo inteiramente novo e lizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O
não o aperfeiçoamento gradativo e lento do processo atual. A reen- mundo empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada
genharia trás consequência para a organização: os departamentos dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutura,
tendem a desaparecer; estrutura organizacional horizontalizada; para se adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem
atividades baseadas em equipe; a avaliação deixa de ser a atividade dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a
e passa a ser os resultados alcançados; os gerentes passam a ficar hierarquia bem como o entrosamento entre os cargos.
mais próximo das operações e das pessoas e passam a ser educado- As organizações fazem uso do organograma que melhor repre-
res dotados de habilidades interpessoais. senta a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo piramidal
- Benchmarking – é um processo contínuo de avaliar produtos, ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas pessoas
serviços e práticas dos concorrentes mais fortes e daquelas empre- empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos contribuem
sas que são reconhecidas como líderes empresariais. Isso permite com ideias na tomada de decisão.
comparações entre empresas para identificar o “melhor do melhor” Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar
e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva. atento para sua relevância, nas organizações as informações são
- Equipes de alto desempenho – as organizações estão migran- importantes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a
do velozmente para o trabalho em equipe, visando obter a partici- qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
pação das pessoas na busca de respostas rápidas às mudanças no Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que
ambiente de negócios. se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema,
- Gestão de projetos – todas as organizações desempenham deve haver um estudo no organograma da empresa verificando as-
algum tipo de trabalho e este envolve operações e projetos. O fim sim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para essa
de um projeto é alcançado quando os objetivos do projeto são atin- implantação. Cada empresa tem suas características e suas neces-
gidos ou quando fica claro que seus objetivos não podem ser atin- sidades, e o sistema de informação se adéqua a organização e aos
gidos. seus propósitos.
Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por
As tendências organizacionais no mundo moderno se caracte- isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da com-
rizam por: plexidade do ser humano. Maslow diz que em primeiro na base da
- Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierárqui- pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono,
cos). sexo, depois ele nomeia segurança como o segundo item mais im-
- Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe está portante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois ne-
sendo substituída pelo relacionamento horizontal em direção ao cessidades afetivo-sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos,
cliente). família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como
- Maior responsabilidade e autonomia às pessoas. exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por
- Ênfase nas equipes de trabalho. seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow colocou as neces-
- Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e au- sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se
tossuficientes, com metas e resultados a alcançar. aquilo que ele pode ser explorando suas possibilidades.
- Infoestrutura (permite uma organização integrada sem neces-
sariamente estar concentrada em um único local).
- Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas do
que com o comportamento variado das pessoas.
- Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e terceiriza-
ção visando reorientar a organização para aquilo que ela foi criada).

243
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O raciocínio de Viktor Frankl “vontade de sentido” também é - Reconhecida juridicamente de fato e de direito.
coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a pirâmide - É estruturada e organizada.
de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial,
de acordo com ele, o que nos move é aquilo que faz com que nossa Informal: Surge da interação social das pessoas, o que signi-
vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma alea- fica que se desenvolve espontaneamente quando as pessoas se
tória, são nossas motivações que nos levam a agir. Os colaboradores reúnem. Representa relações que usualmente não aparecem no
são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais organograma.
tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim um São relacionamentos não documentados e não reconhecidos
funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir oficialmente entre os membros de uma organização que surgem
autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as es- inevitavelmente em decorrência das necessidades pessoais e gru-
calas da pirâmide. Mas o que é realização para um, não é realização pais dos empregados.
para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza - Está nas pessoas.
algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas. - Sempre existirão.
O comportamento das pessoas nas organizações afeta dire- - A autoridade flui na maioria das vezes na horizontal.
tamente na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma, o com- - É instável.
portamento dos colaboradores refletem seu desempenho. Há uma - Não está sujeita a controle.
necessidade das pessoas de ter incentivos para que o trabalho flua, - Está sujeita aos sentimentos.
a motivação é intrínseca, mas os estímulos são imprescindíveis para - Líder informal.
que a motivação pelo trabalho continue gerando resultados para a - Desenvolve sistemas e canais de comunicação.
empresa.
Os lideres são importantes no processo de sobrevivência no Vantagens da estrutura informal
mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de exer- - Proporciona maior rapidez no processo.
cer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo - Complementa e estrutura formal.
grupo. Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir con- - Reduz a carga de comunicação dos chefes.
quistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos - Motiva e integra as pessoas na empresa.
pessoais e organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui
na condução das organizações, ele delega não só tarefas, mas pode- Desvantagens
res, isso é importante para estimular os mais diversos profissionais - Desconhecimento das chefias.
dentro da organização. - Dificuldade de controle.
No processo de centralização a tomada de decisões é unilate- - Possibilidade de atritos entre pessoas
ral, deixando os colaboradores travados, sem poder de opinião. Já - Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura infor-
no processo de descentralização existe maior estimulo por parte mal.
dos funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da - Interesses comuns
empresa. - Interação provocada pela própria estrutura formal.
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios espontâ- - Defeitos na estrutura formal.
neos. Um bom plano de benefícios motivam os colaboradores. O - Flutuação do pessoal dentro da empresa.
funcionário hoje com todo seu conhecimento adquirido na empresa - Períodos de lazer.
tem sido tratado como ativo não mais como recurso. Dar estímulos - Disputa do poder.
como os benefícios contribuem para a permanência do funcionário
na organização. São inúmeras vantagens tanto para o empregado Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura informal
quanto para o empregador. Reduzindo insatisfações e aumentando - Interesses comuns
a produção, gerando assim resultados satisfatórios. - Interação provocada pela própria estrutura formal.
- Defeitos na estrutura formal.
Benefícios de uma estrutura adequada. - Flutuação do pessoal dentro da empresa.
- Identificação das tarefas necessárias; - Períodos de lazer.
- Organização das funções e responsabilidades; - Disputa do poder.
- Informações, recursos, e feedback aos empregados;
- Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos; A estrutura informal será bem utilizada quando:
- Condições motivadoras. - Os objetivos da empresa forem idênticos aos objetivos dos
indivíduos.
Estrutura: - Existir habilidade das pessoas em lidar com a estrutura infor-
Toda empresa possui um dos dois tipos de estrutura: Formal e mal.
informal.

Formal: Deliberadamente planejada e formalmente represen-


tada, em alguns aspectos pelo seu organograma.
- Ênfase a posições em termos de autoridades e responsabili-
dades.
- É estável.
- Está sujeita a controle.
- Está na estrutura.
- Líder formal.
- É representada pelo organograma da empresa e seus aspec-
tos básicos.

244
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Estrutura Funcional

São estruturas divididas por departamentos pelos critérios funcionais no primeiro nível. Segundo Fayol as funções principais do pri-
meiro nível são: produção, comercialização, finanças e administração.
As estruturas funcionais são agrupadas na mesma unidade, pessoas que realizam atividades dentro de uma mesma área técnica ou
de conhecimento, como por exemplo a área financeira, a área de produção, a área comercial, a área de recursos humanos, entre outras.
A necessidade de especialização por áreas técnicas e a existência de pouca variedade de produtos constituem as principais razões para a
criação deste tipo de estrutura. Trata-se do desenho que agrupa pessoas com base em suas habilidades e conhecimento ou na utilização
de recursos similares, para aumentar a efetividade da organização no alcance de seu principal objetivo, fornecer aos clientes produtos
de qualidade a preços razoáveis. As diferentes funções surgem em resposta ao aumento de complexidade das tarefas e à medida que as
funções aumentam e se especializam, as habilidades melhoram e as competências surgem, dando vantagem competitiva à organização.
A estrutura funcional é a primeira a se desenvolver porque fornece às pessoas a oportunidade de aprenderem umas com as outras.
Reunidas em um mesmo grupo funcional, elas podem aprender as melhores técnicas para realização de suas tarefas; as mais habilidosas
podem treinar os novos empregados e serem promovidas a supervisores ou gerentes. Assim vão aumentando as habilidades e o conheci-
mento da organização.
As organizações são inicialmente organizadas por função para facilitar o gerenciamento do aumento de especialização e divisão do tra-
balho, mas à medida que elas continuam a crescer e se diferenciar, os problemas de controle vão surgindo. Com o aumento das habilidades
da organização para produzir melhores produtos e serviços, os clientes também aumentam suas demandas que por sua vez pressionam
ainda mais a capacidade de produzir mais e mais rapidamente. Os custos crescem e a pressão para se manter na liderança dos concorren-
tes causa ainda mais exigência por produtos de mais qualidade. Os tipos de clientes atraídos pela empresa podem mudar com o aumento
da oferta de produtos e serviços, e pode ser difícil identificar e atender as necessidades de novos clientes numa estrutura funcional.
O desafio para as organizações é de como controlar o aumento de complexidade das atividades à medida que elas crescem e se dife-
renciam.
Quando as funções se desenvolvem e criam suas hierarquias próprias, elas se distanciam umas das outras, ocasionando problemas
de comunicação.
O crescimento e aumento da quantidade e complexidade de funções, produtos e serviços requerem informações para medir as con-
tribuições dos grupos funcionais; sem elas a organização pode não estar fazendo o melhor uso de seus recursos. Pode também requerer
o estabelecimento em regiões geográficas diversas, e com mais de uma localização, é preciso um sistema de informação para balancear
a necessidade entre centralização e descentralização de autoridade. Se a alta gerência gastar muito tempo para solucionar problemas de
coordenação do dia-a-dia, os problemas estratégicos de longo prazo ficam sem tratamento.
O redesenho da estrutura permitindo maior integração entre funções pode auxiliar os gerentes a resolver problemas de controle as-
sociados à estrutura funcional. O termo reengenharia tem sido usado para se referir ao processo de redesenhar como as tarefas são agru-
padas em papéis e funções, visando aumentar a efetividade da organização. A reengenharia envolve repensar e redesenhar radicalmente
os processos de negócios para se ter melhorias dramáticas em medidas de desempenho (custo, qualidade, serviço e velocidade). O foco
de atenção está nos processos de negócio, que envolvem atividades entre funções. A habilidade dos grupos para trabalharem através das
funções é o fator principal para garantir o fornecimento de produtos e serviços com qualidade e custo baixo.
“As estruturas funcionais foram criadas com uma visão voltada para a sua realidade interna, ou seja, para si própria”. Esse tipo de
pensamento dominou e ainda domina a maioria das empresas que conhecemos. Nesse estágio as funções são todas divididas por etapas,
onde são fragmentados processos de trabalho. Trata-se de um trabalho individual e voltado a tarefas. Esse tipo de estruturação tem sido
padrão nas empresas. O agrupamento funcional dos grupos de trabalho, porém tem sido questionado a partir de iniciativas competitivas
como: qualidade total, redução do tempo de ciclo e aplicação da tecnologia da informação, que tem conduzido a organização funcional a
mudanças fundamentais.

245
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Vantagens Das Estruturas Funcionais SINTOMAS QUE INDICAM A EXAUSTÃO DO MODELO FUNCIO-
A sua grande vantagem é, além da especialização técnica, o NAL
fato de permitir uma eficiente utilização dos recursos em cada área 1. Centralização excessiva no topo, quando a empresa deixa

técnica. Outra vantagem dessa estrutura é que pessoas agrupadas de ser pequena e passa a ser de médio ou grande porte, a comuni-
por suas habilidades comuns podem supervisionar umas as outras. cação entre o responsável da função e o principal executivo torna-
Trabalhando juntas por um longo período, elas também desenvol- -se mais distante, pelo fato que deste principal executivo estar com
vem normas e valores, que as tornam membros mais efetivos de excesso de trabalho, isto ocasiona demora nas decisões e perde-
uma equipe comprometida com as atividades da empresa e que irá -se a agilidade e flexibilidade no que pode gerar muitos problemas
ocorrer a concentração de recursos onde vão resultar um elevado como a tomadas de decisões erradas.
grau de especialização e de controle das atividades. Esta especiali- 2. Excesso de especialização, por existir apenas profissionais

zação permite um avanço na aprendizagem e na redução de custos totalmente dedicados as suas funções, perde-se a visão sistêmica
operacionais com o passar do tempo. A promoção na carreira tende da empresa. Estes responsáveis são voltados exclusivamente em
a ser mais fácil, pois, existe a possibilidade de desenvolvimento de obter a otimização de suas funções e não tem a visão ampla de
competências profissionais em tarefas mais específicas. todas as funções o que causa, se necessário, a falta de substituição
A organização funcional tenta tirar vantagem do conhecimento do executivo principal.
dos funcionários, agrupando todos aqueles que possuem o mes- 3. Dificuldade de coordenação, quanto maior a diversidade

mo perfil e mesma formação técnica juntos em unidades altamente dos produtos e serviços oferecidos pela empresa, maior é a dificul-
especializadas e produtivas. O plano de carreira neste tipo de or- dade de coordenar, existem instrumentos para auxiliar a coordena-
ganização é claro e como esses funcionários só possuem um chefe ção, como , comitês, grupos de trabalhos, reuniões, etc. Quando
não há conflitos de autoridade. Isso faz da organização funcional a empresa utiliza de forma excessiva estes instrumentos, eles pró-
uma excelente executora de operações, ou seja, trabalho contínuo, prios podem-se tornar novos problemas, quando isto acontece esta
repetitivo e produtivo. estrutura organizacional não é mais adequada.
4. Pirâmide alta: excesso de níveis, quanto maior a empresa

As Desvantagens das Estruturas Funcionais maior são os níveis da estrutura. O excesso de níveis torna-se cada
A coordenação das diversas funções é feita no topo, e tende vez mais distante a comunicação ou sentimento do executivo prin-
a atrasar as decisões que envolvem coordenação entre funções a cipal com os responsáveis pelas funções.
ponto de prejudicar a empresa. 5. Amplitude de supervisão alta: dificuldade de avaliação de

A estrutura funcional não facilita a visão sistêmica da empresa, pessoas e resultados, com esta amplitude de supervisões grandes,
isto é, cada administrador de sua função não esta preparado para torna-se mais importante gerir e controlar os níveis do que os pró-
assumir a função principal, pois é totalmente focado a sua função, prios resultados das funções e das pessoas.
para que este quadro mude são necessárias medidas de inclusão Nos casos citados poderá haver situações que estes sintomas
à função principal como: treinamentos especializados, rodízios de não são tão graves, mas no caso de haver estes sintomas acredita-
funções, assessoria ao principal executivo, etc,. mos que a estrutura funcional não seja a melhor opção.
Na estrutura funcional não é possível comparar o desempenho
de uma função com a outra, por serem de naturezas distintas. Des- Elaboração da estrutura organizacional
ta maneira a estrutura funcional dificulta o controle, a não ser por
comparações de outros períodos e com descontos para as peculia- É o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, co-
ridades. municações e decisões das unidades organizacionais de uma em-
No caso de empresas pequenas estas desvantagens não costu- presa.
mam ser um problema grave, pelo fato de que cada responsável de - Não é estática.
cada função estarem mais próximos uns dos outros e até mesmo - É representada graficamente pelo organograma.
com o principal executivo. - É dinâmica.
- Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos institu-
Quando usar a Estrutura Funcional cionais.
Geralmente ao iniciar, uma empresa simples adota o modelo - (Delinear = Criar, aprimorar).
de estrutura funcional, e à medida que vai diversificando seus pro- - Deve ser planejada.
dutos ou serviços ela irá analisar os sinais que indicam a mudança
para outro tipo de estrutura, sinais como: a empresa deixa de ser O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos:
pequena, o grau da diversidade e alguns sintomas de exaustão do - Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser de-
modelo de estrutura funcional. sempenhadas.
- Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempe-
VERTICALIZAÇÃO E HORIZONTALIZAÇÃO nhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou grupos.
Verticalização ou integração vertical é quando a empresa co- - Proporcionar aos empregados de todos os níveis:
meça a atuar em mais um estágio produtivo, exemplo, ela deixa de -- Informação.
comprar para produzir, isto é, a substituição de transações de mer- -- Recursos para o trabalho.
cado por transações internas. -- Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e me-
Horizontalização ou integração horizontal, neste caso a empre- tas.
sa usa seus recursos para produzir outros produtos/serviços que -- Motivação.
não é o seu principal, por exemplo, a empresa usa seu parque de
máquinas para produzir produtos que não são insumos dos existen-
tes e nem usar os existentes como insumos.

246
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Tipos de estrutura organizacional Condicionantes da estrutura organizacional.
- Funcional. - Fator humano
- Clientes. A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiência depende
- Produtos. da qualidade intrínseca e do valor e da integração dos homens que
- Territorial. ela organiza.
- Por projetos. Ao desenvolver uma estrutura organizacional deve-se levar em
- Matricial. consideração o comportamento e o conhecimento das pessoas que
irão desempenhar funções.
Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura orga- Não podemos esquecer da MOTIVAÇÃO.
nizacional
No desenvolvimento considerar: - Fator ambiente externo
- Seus componentes. Avaliação das mudanças e suas influências.
- Condicionantes.
- Níveis de influência. - Fator sistema de objetivos e estratégias
- Níveis de abrangência. Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros,
é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera de cada um.
Implantação / Ajustes
- Participação dos funcionários - Fator tecnologia
- Motivar Conhecimentos
Equipamentos
Avaliar
- Quanto ao alcance dos objetivos Implantação da estrutura organizacional
- Influencia dos aspectos formais e informais Três aspectos devem ser considerados:
- A mudança na estrutura organizacional.
Componentes da estrutura organizacional - O processo de implantação; e
Sistema de responsabilidade, constituído por: - As resistências que podem ocorrer.
- Departamentalização;
- Linha e assessoria; e Avaliação da estrutura organizacional
- Especialização do trabalho. • Levantamento
• Análise
Sistema de autoridade, constituído por: • Avaliação
- Amplitude administrativa ou de controle; • Políticas de avaliação de estruturas.
- Níveis hierárquicos;
- Delegação; Departamentalização
- Centralização/descentralização.
É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
Sistema de comunicações (Resultado da interação das unida- tura organizacional da empresa.
Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um cri-
des organizacionais), constituída por:
tério específico de homogeneidade, das atividades e corresponden-
- O que,
te recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em
- Como,
unidades organizacionais.
- Quando,
Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações
- De quem,
decidem sobre a configuração organizacional que será usada para
- Para quem.
agrupar as várias atividades. O processo organizacional de deter-
minar como as atividades devem ser agrupadas chama-se Depar-
Condicionantes da estrutura organizacional. tamentalização.
São Quatro:
- Objetivos e estratégias, Formas de Departamentalizar:
- Ambiente,
- Tecnologia, - Função
- Recursos humanos. - Produto ou serviço
- Território
Níveis de influência da estrutura organizacional. - Cliente
São três: - Processo
- Nível estratégico, - Projeto
- Nível tático, - Matricial
- Nível operacional. - Mista

Níveis de abrangência da estrutura organizacional. Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usa
Três níveis podem ser considerados quando do desenvolvi- uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a
mento e implantação da estrutura organizacional: maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas
- Nível da empresa, das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na
- Nível da UEN – Unidade Estratégica de Negócio cúpula e outras nos níveis mais baixos.
- Nível da Corporação.

247
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Departamentalização por Funções: A Departamentalização Departamentalização Territorial: Algumas vezes mencionadas
funcional agrupa funções comuns ou atividades semelhantes para como regional, de área ou geográfica. É o agrupamento de ativida-
formar uma unidade organizacional. Assim todos os indivíduos que des de acordo com os lugares onde estão localizadas as operações.
executam funções semelhantes ficam reunidos, todo o pessoal de Uma empresa de grande porte pode agrupar suas atividades de
vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de secreta- vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, região Sudes-
ria, todas as enfermeiras, e assim por diante. te, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são estabelecidas
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer desta maneira.
nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula.
As vantagens e desvantagens da Departamentalização territo-
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional rial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de pro-
são: duto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessida-
• Mantém o poder e o prestígio das funções principais des singulares de sua área, mas exige coordenação e controle da
• Cria eficiência através dos princípios da especialização. administração de cúpula em cada região.
• Centraliza a perícia da organização.
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi- Departamentalização por Cliente: A Departamentalização de
nistração. cliente consiste em agrupar as atividades de tal modo que elas
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento de co- focalizem um determinado uso do produto ou serviço. A Departa-
legas. mentalização de cliente é usada principalmente no grupamento de
• Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de atividade de vendas ou serviços.
produtos.
A principal vantagem:
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor- - A adaptabilidade uma determinada clientela.
dagem funcional. Entre elas podemos dizer:
• A responsabilidade pelo desempenho total está somente na Desvantagens:
cúpula. - Dificuldade de coordenação.
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita - Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
• O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
é limitado.
• A coordenação entre as funções se torna complexa e mais Departamentalização por Processo ou Equipamento: É o agru-
difícil quanto à organização em tamanho e amplitude. pamento de atividades que se centralizam nos processos de pro-
• Muita especialização do trabalho. dução ou equipamento. É encontrada com mais frequência em
produção. As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em
Departamentalização de Produto: É feito de acordo com as ati- perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento,
vidades inerentes a cada um dos produtos ou serviços da empresa. cada qual em seu departamento.
Exemplos de Departamentalização de produto:
1- Lojas de departamentos Vantagens:
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury - Maior especialização de recursos alocados.
e Lincoln Continental. - Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, técnicas.
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. Desvantagens:
- Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro-
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização de cesso.
produtos são: - Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
- Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos ou
serviços. Departamentalização por Projeto: Aqui as pessoas recebem
- A coordenação de funções ao nível da divisão de produto tor- atribuições temporárias, uma vez que o projeto tem data de inicio
na-se melhor. e término. Terminado o projeto as pessoas são deslocadas para ou-
- Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. tras atividades. Por exemplo: uma firma contábil poderia designar
- Facilita a coordenação de resultados. um sócio (como administrador de projeto), um contador sênior, e
- Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo três contadores juniores para uma auditoria que está sendo feita
de produto. para um cliente. Uma empresa manufatureira, um especialista em
- Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade. produção, um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser
indicados para, sob a chefia de um administrador de projeto, com-
Desvantagens: pletar o projeto de controle de poluição. Em cada um destes casos,
- Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí resul- o administrador de projeto seria designado para chefiar a equipe,
tar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. com plena autoridade sobre seus membros para a atividade espe-
- Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de cífica do projeto.
atividade nos vários grupos de produtos.
- Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da
empresa.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Departamentalização de Matriz: A Departamentalização de Entender o comportamento organizacional é fundamental na
matriz é semelhante à de projeto, com uma exceção principal. No dinâmica de manutenção e melhoria da gestão de pessoas, pois
caso da Departamentalização de matriz, o administrador de projeto baliza o trabalho dos líderes e confere a estes a possibilidade de
não tem autoridade de linha sobre os membros da equipe. Em lu- prever, e especialmente evitar problemas individuais ou coletivos
gar disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta entre os colaboradores.
aos vários departamentos funcionais, dando a impressão de uma Comportamento organizacional refere-se a comportamentos
matriz. relacionados a cargos, trabalho, absenteísmo, rotatividade no em-
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res- prego, produtividade, desempenho humano e gerenciamento.
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica- Também inclui motivação, liderança, poder, comunicação inter-
mente encontrada em organização de orientação técnica, também pessoal, estrutura e processos de grupo, aprendizagem, desenvol-
é usada por empresas com projetos de construção complexos vimento e percepção de atitude, processo de mudanças, conflitos.
Vantagens: As organizações possuem aspectos formais, as pessoas, porém,
- Permitem comunicação aberta e coordenação de atividades são complexas, pouco previsíveis, e seus comportamentos são in-
entre os especialistas funcionais relevantes. fluenciados por uma infinidade de variáveis.
- Capacita a organização a responder rapidamente à mudança. É este o objeto de estudo do comportamento organizacional: a
- São abordagens orientadas para a tecnologia. dinâmica da organização e suas influências sobre o comportamento
humano.
Desvantagens: Daí o processo de reciprocidade: a organização espera que as
- Pode haver choques resultantes das prioridades. pessoas realizem suas tarefas e oferece-lhes incentivos e recom-
pensas, enquanto as pessoas oferecem suas atividades e trabalho
Departamentalização Mista - É o tipo mais frequente, cada par- esperando obter certas satisfações pessoais.
te da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua reali- As relações entre indivíduo e organização podem ser compre-
dade organizacional. endidas como uma troca.
Os objetivos individuais e organizacionais são particulares e de-
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR correntes de tal relação.
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta- Existe, nesse caso, uma relação de troca, e a gestão de pessoas
lizar, pode-se seguir certos princípios: é parte fundamental nesta troca. São as políticas de gestão de pes-
soas que irão garantir que, para ambas as partes, as relações sejam
- Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de satisfatórias.
uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
- Principio do maior interesse – o departamento que tem maior Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Organizacio-
interesse pela atividade deve supervisiona-la. nais, destacamos:
- Principio da separação e do controle – As atividades do con- Nível Individual – Estuda as expectativas, motivações, as habi-
trole devem estar separadas das atividades controladas. lidades e competências que cada colaborador demonstra individu-
- Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concor- almente através de seu trabalho.
rência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, grupos, as fun-
mesmo departamento. ções desempenhadas por estes, a comunicação e interação uns com
os outros, além da influência e o poder do líder neste contexto.
Outro critério básico para departamentalização está baseado
na diferenciação e na integração, os princípios são:

Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades dife- ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: CENTRALIZAÇÃO,
rentes devem ficar em departamentos separados. A diferenciação DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCEN-
ocorre quando: TRAÇÃO; ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO;
- O fator humano é diferente, ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
- A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes,
- Os ambientes externos são diferentes, Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na
- Os objetivos e as estratégias são diferentes. atéria de “NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO”.

Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,


maior razão para ficarem no mesmo departamento. GESTÃO DE PROCESSOS

Comportamento Organizacional “é um campo de estudo que Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve partir sem-
investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm so- pre da perspectiva do cliente (interno ou externo), de forma a aten-
bre o comportamento dentro das organizações com o propósito de der às suas necessidades e preferências, ou seja, o processo começa
aplicar este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia e termina no cliente, como sugerido na abordagem derivada da filo-
de uma organização.” sofia do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Dentro dessa li-
Visa trazer maior entendimento sobre as lacunas empresariais nha, cada etapa do processo deve agregar valor para o cliente, caso
para o desenvolvimento contínuo e assertivo de soluções, afim de: contrário será considerado desperdício, gasto, excesso ou perda; o
reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento e harmo- que representaria redução de competitividade e justificaria uma
nia entre os stakeholders. abordagem de mudança.
Entender como funcionam os processos e quais são os tipos
existentes é importante para determinar como eles devem ser ge-
renciados para obtenção de melhores resultados.

249
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e - As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada
deve ser gerenciado de maneira específica. vez mais desatualizados devido ao ambiente de constante mudan-
A visão de processos é uma maneira de identificar e aperfeiço- ça. Em tal situação erros são cometidos ou decisões são posterga-
ar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho das por falta de uma orientação clara.
que está sendo realizado é transferido de um setor para o seguinte. - Maior frequência de entrada e saída de profissionais (turno-
Nessas transferências é que normalmente ocorrem os erros e a per- ver) tem dificultado a gestão de conhecimento e a documentação
da de tempo. das regras de negócio, gerando como resultado maior dificuldade
Todo trabalho realizado numa organização faz parte de um pro- como na integração e treinamento de novos colaboradores.
cesso. Não existe um produto ou serviço oferecido sem um proces- Os efeitos destas e outras situações têm levado um número
so. A Gestão por Processos é a forma estruturada de visualização crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus
do trabalho. processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revisão das
normas da organização ou ainda pelo mapeamento de processos.
O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los mais Entretanto, fazer isso de imediato é colocar o “carro na frente dos
eficazes, eficientes e adaptáveis. bois”.
Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados, a elimi- Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os proces-
nação de erros e a minimização de atrasos; sos relevantes e como devem ser operacionalizados com eficiência.
Eficientes: otimização do uso dos recursos; Questões que podem ajudar nesta análise são:
Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades variá-
veis do usuário e organização. - Qual o dimensionamento de equipe ideal para a execução e o
Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos estiverem controle dos processos?
realizando o trabalho através dos processos, eles estarão contri- - Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas?
buindo para que a organização atinja os seus objetivos. Esta relação - Quais os métodos de monitoramento e controle do desempe-
deve ser refletida pela equipe de trabalho, através da consideração nho a serem utilizados?
de três variáveis de processo: - Qual é o nível de integração e interdependência entre proces-
sos?
Objetivos do processo: derivados dos objetivos da organização,
das necessidades dos clientes e das informações de benchmarking A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão
disponíveis; abrangente por parte da organização sobre os seus processos e de
como estão relacionados. Essa “visão” é o que chama de uma abor-
Design do processo: deve-se responder a pergunta: “Esta é me- dagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco
lhor forma de realizar este processo?” 5 diferentes passos fundamentais:
1. Tradução do negócio em processos: É importante definir
Administração do processo: deve-se responder as seguintes quais são os processos mais relevantes para a organização e aqueles
perguntas: “Vocês entendem os seus processos? Os sub objetivos que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da Visão
dos processos foram determinados corretamente? O desempenho Estratégica, como se pretende atuar e quais os diferenciais atuais
dos processos é gerenciado? Existem recursos suficientes alocados e desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o Mapa
em cada processo? As interfaces entre os processos estão sendo Geral de Processos da Organização.
gerenciadas?” 2. Mapeamento e detalhando os processos: A partir da defini-
Realizando estas considerações, a equipe estabelecerá a exis- ção do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos proces-
tência da ligação principal entre o desempenho da organização e o sos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com a defi-
individual no desenvolvimento de uma estrutura mais competitiva, nição de padrões de documentação permite uma análise de todo o
além de levantar informações que servem para comparar as situa- potencial de integração e automação possível. De forma comple-
ções atuais e desejadas da organização, de forma a impulsionar a mentar são identificados os atributos dos processos, o que permite,
mudança. por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que com-
põe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da equipe que
Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, deverá realizá-lo.
redução de custos e qualidade, por isso é recorrente na agenda de 3. Definição de indicadores de desempenho: O objetivo do
qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar
peso cada vez maior que a tecnologia exerce nos negócios, vem fa- e melhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é
zendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de con-
processos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido trole a serem utilizados.
e estudado com crescente interesse pelas empresas. 4. Gerando oportunidades de melhoria: A intenção é garan-
tir um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de
Os principais fatores que tem contribuído para essa tendência esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos
são: ao negócio. Para tal é necessário identificar as oportunidades de
- Aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvolvi- melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: in-
mento e lançamento de novos produtos e serviços de forma mais crementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na
ágil e rápida. primeira busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples
- Com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão, os exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros.
chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento dos
processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre
processos, mesmo depois da implantação sistema.

250
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
5. Implantando um novo modelo de gestão: O BPM não deve Processos de gerenciamento
ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação São utilizados para medir, monitorar e controlar atividades de
maior é assegurar melhores resultados e nesse caminho trata-se de negócios. Tais processos asseguram que um processo primário, ou
uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações de suporte, atinja metas operacionais, financeiras, regulatórias e
entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados legais. Os processos de gerenciamento não agregam diretamente
dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar valor aos clientes, mas são necessários a fim de assegurar que a
fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. organização opere de maneira efetiva e eficiente.
É por causa desse último passo que a implantação de BPM deve
ser tratada de forma planejada e orientada em resultados de curto, Mapeamento de Processos
médio e longo prazo. O mapeamento de processos é uma ferramenta gerencial ana-
O BPM representa uma visão bem mais abrangente, onde a lítica e de comunicação que têm a intenção de ajudar a melhorar os
busca por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. Co- processos existentes ou de implantar uma nova estrutura voltada
locar tal modelo em prática requer uma nova forma de analisar e para processos. A sua análise estruturada permite, ainda, a redução
decidir como será o dia-a-dia da organização de hoje, amanhã, na de custos no desenvolvimento de produtos e serviços, a redução
semana que vem, no próximo ano e assim por diante. nas falhas de integração entre sistemas e melhora do desempenho
da organização, além de ser uma excelente ferramenta para possi-
Podemos classificar processos de negócio em três tipos dife- bilitar o melhor entendimento dos processos atuais e eliminar ou
rentes: simplificar aqueles que necessitam de mudanças.
- Processos primários (ou processos essenciais) O mapeamento do processo teve suas origens em uma varie-
- Processos de suporte dade de áreas, sendo que, a origem da maioria das técnicas como o
- Processos de gerenciamento diagrama de fluxo, o diagrama de cadeia, o diagrama de movimen-
to, os registros fotográficos, os gráficos de atividades múltiplas e os
Processos primários gráficos de processo podem ser atribuídas a Taylor e a seus estudos
Processos primários são ponta a ponta, interfuncionais e entre- de melhores métodos de se realizar tarefas e organização racional
gam valor aos clientes. São frequentemente chamados de proces- do trabalho na Midvale Steel Works.
sos essenciais, pois representam as atividades essenciais que uma O mapeamento do processo serve para indicar a sequência de
organização desempenha para cumprir sua missão. Esses processos atividades desenvolvidas dentro de um processo. Deve ser feito de
formam a cadeia de valor onde cada passo agrega valor ao passo forma gráfica, utilizando-se a ferramenta fluxograma, para repre-
anterior conforme medido por sua contribuição na criação ou en- sentá-lo.
trega de um produto ou serviço, em última instância, gerando valor Uma grande quantidade de aprendizado e melhoria nos pro-
aos clientes.
cessos pode resultar da documentação e exame dos relacionamen-
Michael Porter descreveu cadeias de valor como compostas de
tos input output representados em um mapa de processos. Afinal,
atividades “primárias” e atividades “de suporte”. A cadeia de valor
a realização deste mapa possibilita a identificação das interfaces crí-
do processo de negócio descreve a forma de contemplar a cadeia
ticas, a definição de oportunidades para simulações de processos, a
de atividades (processos) que fornecem valor ao cliente. Cada uma
implantação de métodos de contabilidade baseados em atividades
dessas atividades tem seus próprios objetivos de desempenho vin-
e a identificação de pontos desconexos ou ilógicos
culados a seu processo de negócio principal. Processos primários
nos processos. Desta forma, o mapeamento desempenha o
podem mover-se através de organizações funcionais, departamen-
papel essencial de desafiar os processos existentes, ajudando a for-
tos ou até entre organizações e prover uma visão completa ponta-
mular uma variedade de perguntas críticas, como por exemplo:
-a-ponta de criação de valor.
Atividades primárias são aquelas envolvidas com a criação físi- Esta complexidade é necessária?
ca de um produto ou serviço, marketing e transferência ao compra- São possíveis simplificações?
dor, e suporte pós-venda, referidos como agregação de valor. Existe excesso de transferências interdepartamentais?
As pessoas estão preparadas para as suas funções?
Processos de suporte O processo é eficaz?
Esses processos são desenhados para prover suporte a proces- O trabalho é eficiente?
sos primários, frequentemente pelo gerenciamento de recursos e Os custos são adequados?
ou infraestrutura requerida pelos processos primários. O principal
diferenciador entre processos primários e de suporte, é que proces- Em um mapa de processos consideram-se atividades, informa-
sos de suporte não geram valor direto aos clientes, ao passo que os ções e restrições de interface de forma simultânea. A sua repre-
processos primários sim. Como exemplos de processos de suporte sentação inicia-se do sistema inteiro de processos como uma única
têm-se: gerenciamento de tecnologia da informação, de infraestru- unidade modular, que será expandida em diversas outras unidades
tura ou capacidade, e de recursos humanos. mais detalhadas, que, conectadas por setas e linhas, serão decom-
Cada um desses processos de suporte pode envolver um ciclo postas em maiores detalhes de forma sucessiva. Esta decomposição
de vida de recursos e estão frequentemente associados a áreas fun- é que garantirá a validade dos mapas finais. Assim sendo, o mapa
cionais. Contudo, processos de suporte podem e geralmente atra- de processos deve ser apresentado em forma de uma linguagem
vessam fronteiras funcionais. gráfica que permita:
O fato de processos de suporte não gerarem diretamente valor - Expor os detalhes do processo de modo gradual e controlado;
aos clientes não significa que não sejam importantes para a organi- - Encorajar concisão e precisão na descrição do processo;
zação. Os processos de suporte podem ser fundamentais e estraté- - Focar a atenção nas interfaces do mapa do processo;
gicos à organização na medida em que aumentam sua capacidade - Fornecer uma análise de processos poderosa e consistente
de efetivamente realizar os processos primários. com o vocabulário do design.

251
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Conhecendo os processos O fluxo do processo desenhado deve retratar com clareza as re-
O primeiro passo para uma organização adotar a Gestão por lações entre as áreas funcionais da organização. O maior potencial
Processos é conhecer os seus principais processos organizacionais. de melhoria, muitas vezes, é encontrado nas interfaces das áreas
A identificação dos processos deve ser realizada seguindo os se- funcionais.
guintes passos: Enfatiza-se a documentação dos processos, seguindo a pre-
A identificação dos processos consiste em relacionar os pro- missa de que, para realizar alguma melhoria no processo, é preciso
cessos da organização ou área funcional; primeiro conhecê-lo e entendê-lo e que a qualidade de um produto
Essa enumeração deve ser feita de forma ampla, posterior- ou serviço é reflexo da qualidade e gerenciamento do processo uti-
mente o processo será detalhado até se chegar ao nível de detalha- lizado em seu desenvolvimento.
mento desejado; A partir do momento em que um fluxograma foi criado para
O nível de detalhamento que importa é aquele mais adequado um processo crítico, é uma boa ideia mantê-lo atualizado com to-
para a análise que se pretende realizar; das as mudanças de procedimento no trabalho. Se isso for feito,
A abordagem de processo adota o conceito de hierarquia de sempre haverá uma referência rápida de como o trabalho deve ser
processos e do detalhamento em níveis sucessivos. Dessa forma, os realizado.
processos podem ser subdivididos em subprocessos e agrupados
em macroprocessos. Elaborando Fluxogramas
Dependendo do problema e da oportunidade, um processo Utiliza-se o fluxograma com dois objetivos: garantir a qualida-
pode ser aperfeiçoado através de mudanças realizadas no processo de; e aumentar a produtividade. É o início da padronização. Todos
em si, ou dentro do sistema o qual esteja inserido. Mas o primeiro os gerentes devem estabelecer os fluxogramas dos processos sob
passo para a melhoria do processo é conhecê-lo. sua autoridade.
Mapeando os Processos Tenha em mãos o mapeamento do processo realizadopara ini-
O mapeamento do processo serve para indicar a sequência de ciar o desenho do fluxograma. Explicite as tarefas conduzidas em
atividades desenvolvidas dentro de um processo. Tal etapa inicia-se cada processo. Quantas tarefas existem em sua área de trabalho?
determinando as seguintes informações: Quantas pessoas trabalham em cada uma das tarefas?
- Nome do processo; O fluxograma é o instrumento mais eficiente para fazer a pró-
- Objetivos do processo; pria análise. Os fluxogramas mostram claramente o que está acon-
- Entradas do processo (fornecedores e insumos); tecendo e oferecem um método fácil de localização de fraquezas no
- Necessidades dos clientes (quem são, requisitos, normas de sistema ou áreas onde poderiam ser introduzidas melhorias.
orientação); Quando o fluxograma estiver pronto, critique-o. Convoque um
- Recursos necessários; grupo de pessoas e por meio de um brainstorming pergunte:
- Formas de controle; - Este processo é necessário?
- Saídas do processo (produtos e resultados esperados). - Cada etapa do processo é necessária?
Comece pelo seu produto prioritário (produto crítico). Não - É possível simplificar?
queira fazer tudo perfeito da primeira vez. Não tenha medo de er- - É possível adotar novas tecnologias (em todo ou em parte)?
rar. O mapeamento inicial deve refletir a situação real e não aquela - O que é possível centralizar/descentralizar?
que se imagina que seja a ideal.
O mapeamento deve conter as tarefas prioritárias para a sua Para a elaboração do fluxograma é necessário utilizar algumas
execução. A forma de determinar as tarefas prioritárias é por inter- figuras que padronizam as tarefas que estão sendo realizadas. Exis-
médio de reunião com os responsáveis pelo processo. te uma série de figuras e, até certo ponto, uma divergência entre
As tarefas prioritárias são aquelas que: diferentes autores. O importante é que cada organização defina os
- Se houver um pequeno erro, afetam fortemente a qualidade seus padrões e os sigam, podendo criar novos símbolos que forem
do processo; necessários.
- Já ocorreram acidentes no passado;
- Ocorrem “problemas” na visão dos supervisores e responsá-
veis.

Fluxograma
O fluxograma é uma ferramenta de baixo custo e de alto im-
pacto, utilizada para analisar fluxos de trabalho e identificar opor-
tunidades de melhoria. São diagramas da forma como o trabalho
acontece, através de um processo.
O fluxograma permite uma ampla visualização do processo e
facilita a participação das pessoas. Serve, ainda, para documentar
um órgão ou seção específica envolvida em cada etapa do processo,
permitindo identificar as interfaces do mesmo. O seu estudo per-
mite aperfeiçoar os fluxos para maximizar as etapas que agregam
valor e minimizar os custos, além de garantir a realização de tarefas
indispensáveis para a segurança de um sistema específico.
A simbologia apresentada traz apenas os símbolos mais comu-
mente utilizados. Outros símbolos poderão ser empregados para
mapeamento dos processos.

252
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O quadro abaixo apresenta os principais símbolos utilizados na elaboração dos fluxogramas.

Recomendações para a elaboração de fluxogramas:


- Faça os fluxogramas finais em formulários próprios, usando o gabarito padrão,
- Baseando-se nos rascunhos já verificados ou modificados;
- Os fluxogramas devem ser legíveis para terceiros. O fato de os fluxogramas serem exatos não é o bastante. Eles devem ser inteligí-
veis para um revisor ou para um novo membro da equipe nos anos posteriores. Os fluxogramas devem ser claros, concisos, logicamente
dispostos e sem ambiguidades;
- Assegure-se que os fluxogramas respondem às questões básicas de controle interno.
- Lembre-se que a avaliação do controle interno terá que ser demonstrada nos fluxogramas pelo assistente ao encarregado e por este
ao gerente. Os fluxogramas devem, por conseguinte, fornecer o suporte necessário para as conclusões sobre o controle interno;
- O bom senso, naturalmente, deverá ser utilizado na aplicação destas técnicas.
- Inovações pessoais e variações do método adotado são admitidas, mas com ressalvas. Os fluxogramas serão úteis se forem padro-
nizados e se puderem ser lidos por qualquer pessoa. Símbolos muito especiais poderão eliminar as vantagens de uma linguagem padrão;
- Os fluxogramas podem e devem ser modificados, quando necessário;

253
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Todas as palavras que apareçam no fluxograma devem ser es- Processos e certificação ISO 9000:2000.
critas em letras claras e legíveis; A crescente quantidade da oferta de serviços e produtos tanto
- Faça o fluxograma o mais simples e o mais direto possível. Evi- do mercado interno quanto do mercado externo fez com que clien-
te disposições que levem o leitor através de uma floresta de traços tes passassem a procurar fornecedores que oferecessem soluções
e setas; para atender suas necessidades. Este fator foi muito difundido por
- Evite o cruzamento de linhas. Um semicírculo, indicando a in- Feigenbaum através de sua publicação denominada Controle de
dependência das Qualidade Total (TQC – Total Quality Control). Nela, dois fatores pas-
- linhas ao se cruzarem é um recurso imperfeito. Evite o proble- saram a ser importantes para a qualidade de um produto, são eles:
ma logo de início. Isto normalmente pode ser obtido com uma nova 1. foco no cliente; e,
2. sistema de qualidade.

disposição das informações no papel;

- Coloque os funcionários ou departamentos que tenham gran- Sobre o foco no cliente Feigenbaum afirma que a qualidade
de troca de documentos ou informações entre si, em colunas adja- quem estabelece é o cliente e não o engenheiro, nem o pessoal de
centes. Evite o aparecimento de longas setas que cruzem o papel de marketing ou a alta administração. Sendo assim, a qualidade não
um lado para outro, sobre colunas não utilizadas; começa ao final do processo de fabricação ou durante o processo
- Assegure-se de que o início e o término de um fluxo são cla- mas sim desde a concepção do projeto passando por todos as eta-
ramente visíveis, de forma que o leitor saiba para onde ir antes de pas do processo. Neste novo contexto do TQC, Feigenbaum diz que
descer aos detalhes; a qualidade deve ser pensada de forma sistêmica onde todos os
- Evite detalhes excessivos, mas assegure-se de cobrir todos os envolvidos no processo devem ser integrados e estar comprome-
pontos importantes de controle. tidos com a qualidade. Ishikawa através do controle total de quali-
dade estilo japonês afirma que todas as divisões e empregados se
Monitorando os Processos envolvam no estudo e na promoção da qualidade através de cursos
O que se pode medir, se pode gerenciar. Gerenciar significa ter e seminários que demonstrem os benefícios do comprometimento
o controle sobre os processos, tendo informações sobre o seu de- com este novo conceito.
sempenho, que levarão a tomada consciente de decisão. Isso não Neste novo conceito que passou a ditar a forma como as em-
quer dizer que todas as tarefas e atividades de um processo de- presas deveriam pensar na qualidade de seus serviços e produtos
verão ser monitoradas. Mas aquelas que podem causar problemas dois novos termos ganharam forças, a chamada qualidade assegu-
sim. Mesmo que isso signifique monitorar um item de cada vez. rada e a garantia de qualidade.
Uma forma de monitorar um processo é utilizando indicadores de Antes da formação do conceito da qualidade total, na era do
desempenho. Os indicadores são formas de representações quan- controle estatístico, uma prática comum entre a relação cliente-for-
tificáveis das características de um processo e de seus produtos ou necedor era a conferência de produtos pelas duas pontas, ou seja,
serviços. Utilizamos indicadores para controlar e melhorar a qua- quando o fornecedor ia despachar um produto ele fazia uma ins-
lidade e o desempenho destes produtos ou serviços ao longo do peção e quando este chegava no cliente nova inspeção era feita e
tempo. com isso acontecia uma duplicidade de esforços e custos. Maximia-
Muitas organizações têm dificuldades em criar indicadores de no(2005) afirma que na era da qualidade total, as empresas perce-
desempenho, devido ao fato de que eles enfatizam os indicadores beram que poderiam inspecionar seus fornecedores a fim de exigir
de resultado, aqueles relacionados ao produto final da organização, que estes entregassem com a sua qualidade assegurada ou qualida-
e não a maneira como os processos estão sendo desempenhados. de garantida. E para garantir sua mantenabilidade as empresas sub-
metiam seus fornecedores a periódicas auditorias, com base numa
Basicamente podemos ter dois tipos de indicadores. lista de perguntas ou critérios. A inspeção ou auditoria serve para
Os indicadores resultantes (outcomes) e os indicadores direcio- decidir se um fornecedor tem ou não condições de continuar com
nadores (drivers). tal e também para escolher novos fornecedores. Os fornecedores
Os indicadores resultantes: que eram aprovados ou continuavam a sê-lo, passavam à condição
- Permitem saber se o efeito desejado foi obtido; de credenciados ou qualificados. (MAXIMIANO, 2005).
- Ligados ao resultado final do processo; Neste contexto, procurando atribuir certificações e estabelecer
- Baixa frequência de análise (longo prazo); normalizações para todas as áreas de conhecimentos foi criado a
- Mostram o passado; ISO 9000 que faz parte da “Familia ISO” criada pela Internacional
- Mais comparáveis. Organization for Standardization,mais conhecida pela sigla ISO que
dá nome a uma organização internacional, não governamental, com
Os indicadores direcionadores: sede em Genebra, Suiça e tem origem na palavra grega “isos”, que
- Permitem analisar as causas presumidas do efeito, de forma significa “igual”. (ROTH, 1998). A ISO é composta por centenas de
proativa; organizações ou institutos de padronização que traduzem as nor-
- Ligados às tarefas intermediárias do processo; mas criadas por ela para aplicação em seus paises temos como
- Alta frequência de análise (curto prazo); exemplos a ABNT no Brasil, Q90 nos Estados Unidos e BS 5750 na
- Antecipam o futuro; Grã-Bretanha. (MOREJÓN,2005). Segundo JORDÃO (2010) para im-
- Menos comparáveis. plantar a norma, a empresa precisa primeiro dizer o que faz, depois,
fazer o que disse que faz. Para isso, escreve-se as atividades da for-
Os indicadores direcionadores medem as causas, os fatores ma que são realizadas e posteriormente verifica-se se todos fazem
que levam aos efeitos. Estes por sua vez, são monitorados pelos in- da forma que está escrito.
dicadores resultados. Entre eles existe uma relação de causa e efei- Caso contrário, revisa-se a documentação ou treina-se as pes-
to, que se tomada partido, auxilia no gerenciamento do processo e soas a fazerem como está escrito. Assim, depois de um ciclo de
na tomada de decisão. verificações e melhorias, todos farão como está escrito. Obtêm-se,
então, uma padronização da forma de se realizar os processos. Só
que isso acontece elevando-se o nível de cada processo, já que se
padroniza a melhor maneira de se fazer o que precisa ser feito.

254
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Durante a implantação da norma cria-se também o hábito de 2. ISO 9001:2000 (Requisitos) está norma especifica os requisi-
registrar o que se faz. tos necessários para que a empresa possa trabalhar normalizada e
Esses registros evidenciam a forma como foram realizadas as finalizando produtos e serviços que satisfaçam seus clientes.
atividades, para se ter um histórico do que aconteceu e para se 3. ISO 9004:2000 (Guia para melhoria do Desempenho) está
obter dados importantes para a tomada de decisão. Além disso, norma apresenta um guia para melhoria continua do desempenho
facilitam a programação das atividades futuras melhorando a per- de toda a empresa.
formance da equipe. 4. ISO 19011 (Guia para auditoria de sistemas de gestão de
Históricamente a norma ISO 9000 teve como base diversas nor- qualidade e ambiental) está norma apresenta um guia de condução
mas que na época eram mais focadas para um determinado ramo de auditoria interna e externa para verificar se o processo adotado
de atividade dentre elas podemos citar três importantes normas a consegue atingir os objetivos definidos.
Canadian Standards Association(CSA) Z299 voltada para o setor pe- Completando a Família ISO 9000 temos os manuais de quali-
trólifero, a Code of Federal Regulations (CFR) específica para o setor dades documentos que fornecem informações consistentes sobre o
nucleo-elétricas e a British Standards (BS) 5750 que norma que re- sistema de gestão da qualidade, os planos da qualidade documen-
gulamentava as empresas na Grã-Bretanha. Segundo ROTH (1998), tos que descrevem como o sistema de gestão de qualidade é aplica-
está norma inglesa trouxe a conceituação, assim como a canadense do no projeto, as diretrizes que são documentos que estabelecem
CSA Z299 trouxe mais várias categorias para a gestão da qualidade. recomendações ou sugestões, as especificações são documentos
Criada em 1987 baseado principalmente na norma BS 5740, a que estabelecem requisitos e os registros que são documentos que
norma ISSO 9000 tinha como finalidade estabelecer normas para fornecem evidência objetiva de atividades desempenhadas ou de
garantia da qualidade nos produtos e serviços oferecidos pelas em- resultados alcançados. É evidente que a definição de quais docu-
presas certificadas/credenciadas. E para tal está foi dividada em ou- mentos irão compor o processos fica a cargo da empresa pois isso
tras 5 “sub-normas”, a ISO 8402, a ISO 9000, a ISO 9001, ISO 9002, varia de acordo com seu tipo, tamanho e complexidade. (NBR ISO
ISO 9003 e a ISO 9004. 9000:2000).
Procurando realizar a constante melhoria nas práticas para ga- Como citado a norma ISO 9000:2000 passou a trabalhar com
rantia da qualidade foi previsto a revisão e atualização da norma a qualidade de processos levando as empresa a atuar de forma sis-
têmica e transparente, ou seja, com a normalização de seus pro-
sempre que passado o período de 5 anos pelas organizações e insti-
cessos estas passaram a acredita que o sucesso de seus produtos
tutos que compõe a organização.
e serviços estariam atrelados a implementação e manutenção de
Entretanto sua primeira revisão veio apenas em 1994 e tornou-
um sistema de gestão concebido para melhorar, continuamente, o
-se conhecida como ISO 9000:1994; nela ficou definido que seriam
desempenho em consideração, ao mesmo tempo, as necessidade
mantidas a série de normas ISSO 9000 a ISO 9004 - idealizadas em
de todas as partes envolvidas. E para isso a norma definiu os 8 prin-
1987 – divididas em dois tipos as normas contratuais tratadas na
cípios de gestão da qualidade citados a seguir:
ISO 9000 e as diretrizes nas normas ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003. A
norma ISO 9004 trata da implementação de um sistema de gestão
1. Foco no cliente
de qualidade. (MOREJÓN,2005). O grande fonte de renda das empresas é o recebimento de seus
Em 15 de dezembro de 2000, a nova edição revisada da ISO clientes e para isso é importante que está atinja os objetivos requi-
9000 foi lançada, a ela foi atribuído o nome de ISO 9000:2000 para sitados e assim sua satisfação.
diferenciar das antigas normas. Está procurava solucionar alguns
problemas encontrados na primeira revisão dentre eles: 2. Liderança
• inadequação para organizações pequenas; Uma equipe necessidade de líder que orientem e estabeleçam
• muitas normas e diretrizes; metas a serem atingidas além de manter um ambiente de trabalho
• intensas críticas ao modelo de 20 elementos; e, satisfatório, organizado e integrado.
• terminologia confusa.
3. Envolvimento das Pessoas
As medidas adotadas pelas ISO para solucionar os problemas Para que a empresa consiga atingir a satisfação de seus clientes
identificados na primeira versão conseguiram facilitar a aplicação é necessário que todo o processo esteja integrado e funcionando
em todos os tipos de organização e simplificar a terminologia. Sua de forma sistêmica e o pré-requisito para que isto aconteça é ne-
principal alteração foi a mudança de qualidade de produtos para cessário todos os envolvidos no processo estejam comprometidos.
qualidade de processos, ou seja, um resultado desejado é alcança-
do mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacio- 4. Abordagem de Processo
nados são gerenciados como um processo. (NBR ISO 9000:2000). Um processo pode ser definido como um conjunto de ativida-
Outro ponto e não menos importante foi a migração do objetivo des interrelacionadas que transformam entradas em saídas. E para
da norma de atender os requisitos dos clientes para a satisfação que está saída tenha um resultado satisfatório é essencial que este
do cliente juntamente com a melhoria continua de todo o processo conjunto seja tratado na forma de processo.
da empresa. Por fim, podemos ressaltar a alteração na estrutura da
norma como mostrada na Figura 2. 5. Abordagem Sistema para a Gestão
Buscando simplificar a terminologia e melhora o entendimento Tratar os processos interrelacionados com um sistema ajuda a
de seus requisites a nova estrutura a ISO 9000, foi dividida em 4 identificá-los, entendê-los e gerenciá-los de forma eficiente procu-
normas principais com seus objetivos específicos como descritos a rando atingir seus objetivos.
seguir:
1. ISO 9000:2000 (Fundamentos e Vocabulário) está norma 6. Melhoria Continua
descreve os conceitos do sistema de gestão da qualidade e define Estar em constante processo de crescimento é o grande dese-
a terminologia utilizada pela família ISO 9000. Está norma também jo da maioria das empresas porém para isso é necessário que este
apresenta os 8 princípios da gestão da qualidade que serão descri- pensameto seja buscado através da melhoria dos processos da em-
tos mais há frente. presa.

255
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
7. Tomada de decisão baseada em fatos
Os documentos registros gerados durante o processo podem oferecer informações sobre os desempenhos alcançados em um deter-
minado período de tempo e com base nelas a equipe pode tomar suas decisões tornando-as mais eficientes e eficazes.

8. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores:


Uma relação de beneficio mútuo com os fornecedores pode potencializar a aptidão de ambas as partes para criar valor. (NBR ISO
9000:2000).

Quando o foco passou de qualidade de produto para controle da qualidade de processos ficou evidente que deveria haver uma gestão
para controlá-los. Está gestão deve ser realizada através da comparação de suas saídas com os objetivos e metas propostas em seu início e
com base nisso dois caminhos podem ser tomados. Se os resultados forem de acordo com o previsto, o processo pode ser mantido. Caso
contrário, a equipe deve avaliar os pontos em que não houve conformidade, planejar ações corretivas para corrigir estes desvios. E uma das
ferramentas metodológicas empregadas para este processo é o ciclo PDCA (Plan –Do – Check – Act, ou Planejar, Executar, Verificar, Agir)
idealizado por Shewart e teve Deming como o responsável pelo seu desenvolvimento e aplicação NASCIMENTO (2001 apud WERKEMA,
1995) complementa que o ciclorepresenta o caminho a ser seguido para que as metas estabelecidas possam ser cumpridas.

Figura 3 - Estrutura do Ciclo PDCA

A Figura 3 apresenta a estrutura do ciclo PDCA. Este ciclo deve girar sistematicamente procurando corrigir as falhas encontradas. Sus-
cintamente, o ciclo começa com o P (Planejar) onde devem ser definidos as metas e métodos para atingi-las. Passa pelo D (Executar) onde
além de executar o que foi planejado na primeira etapa são colhidas informações para utilizar na etapa seguinte. Na etapa C (Verificar) são
comparadas as metas estabelecidas com os resultados obtidos na fase anterior. E por fim, a etapa A (Agir) onde a equipe pode normalizar
as operações caso as metas forem atingidas ou analisar os motivos que levaram a desvios no processo. E com base neste ciclo a equipe irá
girar consecutivamente, buscando a melhoria contínua do processo e a eliminação de desvios do processo.
Para finalizar, vale ressaltar que a ISO não tem qualquer obrigação de controlar e fiscalizar a aplicação da norma, ou seja, a aplicação
deve partir da necessidade ou vontade da empresa interessadas. Entretanto a constante busca por qualidade está se tornando um forte
diferencial entre as empresas, pesquisas realizadas pelo INMETRO demonstram que a qualidade seguido pelo tempo de entrega são gran-
des fatores decisivos quando as empresas decidem adquirir produtos. E neste contexto, empresas que tem em seu portfolio o certificado
ISSO 9001 demonstra para outras empresas que está compromissada com a qualidade de produtos e serviços e pode ser considerado
fator eliminatório entre as empresas. Sendo assim também tem comprovado através de pesquisas que o número de empresas que estão
procurando as certificações ISO tem crescido tangencialmente, dados estatísticos mostram que existem mais de 130004 com certificados
válidos no Brasil sendo 76684 localizado no Estado de São Paulo. Isto apenas vem para comprovar que as empresas cada vez mais estão
preocupadas com seu sistema de gestão de qualidade e estão procurando isso através das certificações ISO.1

Noções de estatística aplicada ao controle e à melhoria de processos.


O Controle estatístico do processo (CEP) é uma ferramenta que tem por finalidade desenvolver e aplicar métodos estatísticos como
parte de nossa estratégia para prevenção de defeitos, melhoria da qualidade de produtos e serviços e redução de custos. A seguir apresen-
tamos alguns conceitos e definições importantes para o melhor entendimento do conteúdo desse módulo.
Processo:
é a combinação de máquinas, métodos, material e mão-de-obra envolvidos na produção de um determinado produto ou serviço.

Controle:
é o conjunto de decisões que tem por objetivo a satisfação de determinados padrões ou especificações por parte dos produtos focados
no cliente.

1 Fonte: www.flaviohorita.com – Por Flavio Eduardo Aoki Horita/www.certificacaoiso.com.br

256
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O CEP estabelece:
1. Informação permanente sobre o comportamento do processo;
2.

Utilização da informação para detectar e caracterizar as causas que geram instabilidade no processo;
3.

Indicação de ações para corrigir e prevenir as causas de instabilidade;


4.

Informações para melhoria contínua do processo.

Sistema de controle do processo


Quatro elementos destes sistemas são importantes para as discussões a seguir.

1. O Processo
Entendemos como processo a combinação de fornecedores, produtores, pessoas, equipamentos, materiais de entrada, métodos e
meio ambiente que trabalham juntos para produzir o resultado (produto), e os clientes correspondemaos elementos que utilizam o resul-
tado

2. Informações sobre o desempenho


Muita informação sobre o real desempenho do processo pode ser aprendida através de estudo do resultado (saída) do processo. A
informação mais útil sobre o desempenho de um processo vem, entretanto, da compreensão do processo em si, e de sua variabilidade
interna. Características do processo (como temperaturas, tempo de ciclos, taxas de alimentação, taxas de absenteísmo, rotatividade de
pessoas, atrasos, ou número de interrupções) deveriam ser o alvo supremo de nossos reforços.

3. Ações sobre o processo


Uma ação sobre o processo é geralmente mais econômica quando realizada para prevenir que as características importantes (do pro-
cesso ou do produto) variem muito em relação aos seus valores-alvo. Tal ação pode consistir em:
- Mudanças nas operações
-- Treinamento para os operadores;
-- Mudanças nos materiais que entram;
- Mudanças nos elementos mais básicos do processo
-- Equipamento;
-- A comunicação entre as pessoas;
-- O projeto do processo como um todo - que pode estar vulnerável à mudanças de temperatura ou umidade.
Os efeitos das ações deveriam ser monitorados para que uma análise e ação posterior pudesse ser tomada, se necessária.

4. Ações sobre o resultado


Uma ação sobre o resultado é frequentemente menos econômica quando se restringe a detecção e correção do produto fora da
especificação, não indicando o fato gerador do problema no processo. Infelizmente, se o resultado atual não atinge consistentemente os
requisitos exigidos pelo cliente, pode ser necessário classificar todos os produtos e refugar ou retrabalhar quaisquer itens não-conformes.
Esta atitude deve ser mantida até que a ação corretiva necessária sobre o processo tenha sido tomada e verificada, ou até que as especifi-
cações do produto tenham sido alteradas. Na sequência, apresentamos as definições básicas do controle estatístico do processo.

Definições
Variabilidade: É o conjunto de diferenças nas variáveis (diâmetros, pesos, densidades, etc.) ou atributos (cor, defeitos, etc.) presentes
universalmente nos produtos e serviços resultantes de qualquer atividade. Podemos classificá-las em comuns ou aleatórias e especiais ou
assinaláveis.

Variabilidade do processo: Um processo está sob controle estatístico (estável) quando não existem causas especiais. O fato de um
processo estar sob controle estatístico não implica que o mesmo está produzindo dentro de um nível de qualidade aceitável. O nível de
qualidade de um processo é estudado via uma técnica denominada análise de capacidade/performance.
O objetivo é desenvolver uma estratégia de controle para o processo que nos permite separar eventos relacionados a causas especiais
de eventos relacionados a causas comuns (falhas na sistemática do processo). Desta forma, para um dado processo, um gráfico de controle
pode indicar a ocorrência de causas especiais de variação.

Ações locais e ações gerenciais sobre o sistema


Há uma importante relação entre os dois tipos de variação que acabamos de discutir e os tipos de ações necessárias para reduzi-las,
sendo:
Causa especial: requer uma ação local.
Causa comum: geralmente requer um ação sobre o sistema ou ação gerencial.
Pode ser errado, por exemplo, tomar uma ação local (ex. ajuste de uma máquina) quando uma ação gerencial sobre o sistema é ne-
cessária (ex. seleção de fornecedores que entreguem materiais de entrada compatíveis ao sistema). Entretanto, o trabalho em conjunto
entre gerência e aquelas pessoas ligadas diretamente à operação é essencial para uma redução significativa das causas comuns de variação
do processo.

257
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O ciclo de melhoria e o controle do processo

Figura 1.4: O ciclo de melhoria e o controle do processo.

1. Analisar o processo
Dentre as perguntas a serem respondidas a fim de alcançar um melhor conhecimento do processo, estão:
- O que o processo deveria estar fazendo?
-- O que está sendo esperado de cada estágio do processo?
-- Quais são as definições operacionais das saídas em potencial?
- O que pode estar errado?
-- O que pode variar neste processo?
-- O que já sabemos a respeito da variabilidade deste processo?
-- Que parâmetros são mais sensíveis à variação?
- O que o processo está fazendo?
-- Este processo está gerando refugo ou resultados que requeiram retrabalhos?
-- Este processo produz um resultado que esteja num estado de controle estatístico?
-- O processo é capaz?
-- O processo é confiável?
Muitas técnicas discutidas de desenvolvimento de processos podem ser aplicadas para garantir um melhor entendimento do proces-
so. Estas atividades incluem:
- Reuniões em grupo
- Consulta a pessoas que desenvolveram e operam o processo
- Revisão da história do processo
- Construção de uma planilha de FMEA
As cartas de controle desenvolvidas neste módulo são ferramentas poderosas que devem ser usadas durante todos os ciclos de me-
lhoria do processo. Esses métodos estatísticos simples ajudam a distinguir as causas comuns e as causas especiais de variação do processo.
Quando um estado de controle do processo é alcançado o nível atual da capacidade do processo pode ser avaliado.

258
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2. Manter o controle do processo • fornecendo apoio para a gestão de obrigações, fazendo
Uma vez adquirida uma compreensão melhor do processo, com que as partes de um acordo tenham vantagens estratégicas;
devemos mantê-lo dentro de um nível apropriado de capacidade. • administrando contratos de vários tipos, como os relacio-
Processos são dinâmicos e podem mudar, logo o desempenho do nados a fornecedores, obtenção de crédito (antecipação de recebí-
processo deve ser monitorado, para que medidas eficazes de pre- veis, financiamentos, empréstimos etc.), contratação de colabora-
venção contra mudanças indesejáveis possam ser executadas. dores, entre outros;
A mudança desejável deve também ser entendida e institucio- • melhorando o controle de cronogramas e vencimentos de
nalizada. Quando sinalizado que uma mudança no processo ocor- pagamentos inclusos nos acordos, beneficiando, entre outros pontos,
reu, medidas rápidas e eficientes devem ser tomadas para isolar as o ciclo financeiro e o ciclo operacional do empreendimento etc.
causas e agir sobre elas. Todas essas atribuições beneficiam a empresa, gerando redu-
ção de custos e, consequentemente, melhorando o lucro e outras
3. Aperfeiçoar o processo contas que constituem o DRE e o Balanço Patrimonial do negócio.
A melhoria do processo através da redução de variação, espe-
cificamente envolve a introdução (proposital) de mudanças dentro O papel do gestor de contratos
do processo, e a avaliação dos efeitos causados. O objetivo é uma O papel do gestor de contratos é amplo, já que ele deve acom-
panhar todas as fases de um contrato, analisando e checando se o
melhor compreensão do processo, para que as causas comuns de
que foi estabelecido está em conformidade com o realizado. Para
variação possam ser reduzidas posteriormente. A intenção desta
tanto, ele deve registrar eventos relacionados a cada acordo, visan-
redução é a melhoria da qualidade ao menor custo. do a obter maior controle para fins de auditoria.
Assim que novos parâmetros do processo tenham sido deter- Além disso, ele precisa detectar desvios e ocorrências desali-
minados, o ciclo volta ao estágio de Analisar o Processo. Uma vez nhadas às cláusulas contratuais e procurar meios de solucioná-los.
que alterações foram introduzidas, a estabilidade do processo pre- Também deve ser apto a buscar o cumprimento de obrigações con-
cisa ser reconfirmada. O processo continua então a se mover em tratuais que envolvam documentos gerenciais e contábeis, como
torno do Ciclo de melhoria do processo. notas fiscais, atas, inventários, entre outros.
Inclusive, ele precisa exigir que os contratos sejam feitos e
cumpridos com qualidade, objetivando a mitigação de riscos e a
GESTÃO DE CONTRATOS economia. Realizar análises críticas, observar pontos de ajustes e
sugerir melhorias são outras ações que devem ser tomadas quando
O que é gestão de contratos necessário.
Gestão de contratos não tem a ver só com o arquivamento e
o controle de documentos em depósitos ou no ambiente virtual. Como organizar os contratos de forma eficiente
Ela acompanha todo o ciclo de vida de cada documento, desde sua Contratos administrativos, de fornecedores, de clientes etc. preci-
criação, passando pela execução e chegando até o término de sua sam ser controlados adequadamente. Para isso, é fundamental adotar
vigência/utilidade. procedimentos de organização, que ajudam a monitorar e a otimizar o
trabalho do gestor de contratos e de sua equipe. Veja alguns:
Esse processo também assegura benefícios a contratados e
• garantir que a companhia tenha recursos suficientes para
contratantes, além de fornecer apoio e informações para o geren-

executar o que for estabelecido nos contratos;


ciamento financeiro e a gestão de projetos de uma empresa. • manter um acompanhamento constante de prazos de
A importância da gestão de contratos

vencimento dos documentos;


As organizações privadas e públicas são pressionadas constan- • garantir que os envolvidos tenham conhecimento detalha-
temente para diminuírem os custos, elevarem a performance finan-

do do conteúdo contratual;
ceira e reduzirem os riscos operacionais. Além disso, também preci- • montar uma tabela de planejamento que organize as ati-
sam maximizar o capital de giro por meio de economia de recursos vidades e eventos constantes nos acordos, bem como suas etapas.
e investimentos planejados. Isso pode ser feito, inclusive, por meio de planilhas ou em um siste-
Para conquistar esses objetivos, além de eliminar desperdícios ma de gestão que automatize esse processo, como um ERP;
e otimizar fluxos de trabalho, é preciso monitorar as variações or- • checar frequentemente se as cláusulas contratuais estão
çamentárias, controlar adequadamente o fluxo de caixa e negociar sendo realmente cumpridas;
contratos mais vantajosos. Além disso, é necessário ter atenção a • implantar sistemas que acompanham vencimentos e de-
regulamentos e legislações. mais prazos. Isso evita custos extras com juros e multas devido a
Todos esses pontos podem ser aperfeiçoados direta ou indire- atrasos;
tamente por uma boa gestão de contratos. Afinal, ela é a respon- • assegurar que cada contrato, após arquivado, seja facil-
sável por lidar com a crescente complexidade e o volume dos con- mente encontrado;
tratos atuais, tendo por objetivo uma administração eficaz desses • verificar renovações e rescisões, buscando evitar que es-
ses processos gerem custos financeiros ou problemas jurídicos à
documentos. Para tanto, ela atua:
companhia.
• dando suporte para a elevação do poder de negociação
Para garantir uma boa organização dos contratos, é fundamen-

da empresa e para a maximização dos benefícios de cada contrato;


tal contar com uma equipe especializada na gestão desses docu-
• supervisionando, de forma eficaz, o cumprimento de obri-
mentos. É interessante que seus integrantes tenham conhecimen-

gações contratuais;
tos sobre planejamento e confecção desses acordos. Habilidades
• aumentando o controle sobre as condições que podem
de negociação são diferenciais, pois ajudam na obtenção de mais

ser aceitas nos contratos, protegendo a empresa de acatar valores


vantagens para o negócio.
e cláusulas incluídas pelos fornecedores sem realizar pesquisas e
cotações com outras organizações;

259
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Como entender o ciclo de vida dos contratos Como guardar os contratos de maneira organizada
Uma boa gestão do ciclo de vida do contrato ajuda a mitigar ris- Primeiramente, lembre-se de fazer, ao menos, uma cópia de
cos e diminuir custos. Para isso, primeiro, é preciso entender quais cada contrato final e manter documentos relacionados a ele. Ex-
as etapas desse ciclo, que são: tensões nos acordos ou modificações, como ordens de mudança,

pré-contratação: identifica-se a necessidade de um pro- devem ser executadas em conformidade com as cláusulas desses
duto, serviço ou parceria. Depois, ocorre a definição dos requisitos documentos, sendo guardadas junto a eles.
necessários para a negociação, como formas de pagamento, tipo Também é preciso contar com um bom sistema de gerencia-
de entrega, exigências para a contratação etc. Após isso, cria-se o mento para organizar os contratos e facilitar a sua busca. Digitali-
rascunho do contrato; zá-los é uma opção positiva para diminuir as chances de perdas de

contratação: negociação e formalização do acordo. As documentos e facilitar a administração.
cláusulas são debatidas e, se necessário, realizam-se ajustes no do- Com uma boa gestão de contratos, você conseguirá melhorar a
cumento. Aspectos econômicos, técnicos e jurídicos precisam estar empresa, pois as negociações passam a ser otimizadas. Isso resulta
corretamente registrados. Após aprovação pelas partes, o contrato em economias de custos, prazos mais condizentes com as condi-
é assinado; ções do negócio e maior controle dos acordos.

pré-execução (técnica): são feitas as ações iniciais para a Fonte: https://blog.biva.com.br/empreendedor/gestao-de-
execução do que consta no contrato, como aquisição de insumos, -contratos/
contratação de colaboradores, organização de materiais etc. Essa e
outras etapas devem ter cronogramas de entregas e vistorias; Contratos Administrativos

pré-execução (administrativa): aqui, acontecem a compi-
lação, a estruturação e o armazenamento da documentação con- Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela Adminis-
tratual; tração Pública, com base em normas de direito público, com o pro-

pré-execução (financeira): o financeiro recebe o fluxo pósito de satisfazer as necessidades de interesse público. Previsto
de pagamentos e dados econômicos de cada acordo. Nessa e nas na Lei 8666/93 (Licitações e Contratos). Os contratos administrati-
demais fases, é preciso definir certidões, termos necessários para vos serão formais, consensuais, comutativos, e, em regra, intuitu
execução do contrato, notificar envolvidos sobre prazos, liberar ati- personae. As normais gerais sobre contrato de trabalho são de com-
vidades etc; petência da União, podendo os Estados, Distrito Federal e Municí-

execução: o objeto do contrato é entregue e as ações pios legislarem supletivamente.
administrativas de acompanhamento do documento são feitas de-
talhadamente. Nessa etapa, os pagamentos são controlados, reali- Cláusulas exorbitantes – faz parte dos requisitos essenciais para
za-se a prorrogação de termos, ocorre o registro de aditivos, entre qualificação do contrato administrativo, busca garantir a regular sa-
outras ações; tisfação do interesse público presente no contrato administrativo.

encerramento: se a data de vigência do contrato expirar São cláusulas que asseguram certas desigualdades entre as partes..
e não ocorrer renovação, conclui-se a negociação. É nessa etapa Extinção unilateral do contato – A Administração em defesa do
que se verifica se todas as ações previstas nas cláusulas contratuais interesse público e da legalidade pode findar a relação contratual
foram feitas adequadamente. sem anuência do particular.
Dessa forma, é cabível nos seguintes casos: a) interesse públi-
Como gerir contratos empresariais co; b) inadimplemento ou descumprimento de obrigações a cargo
Uma gestão de contratos efetiva atua minuciosamente com or- do contratado particular; c) ilegalidade.
ganização, programação e planejamento de ações relacionadas à
administração desses documentos. Algumas empresas contam com
Manutenção do equilíbrio econômico e financeiro – Visa asse-
setores específicos para isso, enquanto outras delegam as ativida-
gurar uma remuneração justa ao contratante. O reajuste pode ocor-
des dessa área para a controladoria ou o departamento adminis-
rer nos seguintes casos: a) reajustamento contratual de preços; b)
trativo.
cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt servanda; c) fato do prínci-
Para otimizar o gerenciamento dos contratos, é importante
pe e fato da administração; d) caso fortuito e força maior.
contar com indicadores de desempenho, métricas de resultados
e análises de históricos. Também é preciso analisar orçamentos e
cotações para verificar se há viabilidade nos acordos prontos, em Possibilidade de revisão de preços e de tarifas contratualmente
vigência ou que ainda serão feitos. fixadas – visa preservar o contrato dos efeitos inflacionários e rea-
Esse item é essencial para assegurar maior sustentabilidade juste de preços decorrente de fato superveniente.
financeira para a empresa, de modo que ela consiga atingir seus
objetivos com os acordos e obtenha benefícios. Além disso, é im- Inoponibilidade da exceção de contrato não cumprido – A parte
portante definir, por exemplo: contratante não pode exigir da outra uma obrigação sem ter cum-

responsabilidades de cada uma das partes e os cargos que prido a sua.
ajudarão na gestão do contrato;
• prioridades de serviços, produtos ou demais ações previs- Controle do Contrato - o acompanhamento e fiscalização do
contrato pode ser realizado pela Administração ou qualquer pessoa

tas nas cláusulas;


• prazos de disponibilização de produtos ou serviços; interessada.
Possibilidade de aplicação de penalidades - sanções aplicadas

• datas para liberação da equipe para começar a gerenciar


ao contratado pela inexecução total ou parcial do contrato, as mais

os principais pontos dos contratos.


leves são a advertência e a multa, dependendo como o contrato
preveja. Mais graves são a suspensão temporária de participação
em licitação e impedimento de contratar com a administração por
prazo não superior a 2 anos, e declaração de idoneidade para lici-
tar e contratar com a Administração pública, esta última por prazo
indeterminado.

260
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Formalização – o contrato administrativo deve ser aprovado 3. Entre as características das organizações formais modernas
por instrumento (documento hábil a exteriorizar a vontade pactua- destacam-se a
da). A forma deve ser escrita, a exceção ocorre nas pequenas com- (A) resistência às mudanças, o individualismo e a relação de
pras. Qualquer alteração deverá ser feita por termo de aditamento. antagonismo.
As minutas devem ser aprovadas pela assessoria jurídica. Deve ha- (B) flexibilidade nas atribuições e responsabilidades, o raciona-
ver previsão orçamentária. Deve ser celebrada com prestação de lismo e a amplitude administrativa.
garantia. (C) relação de coesão, a especialização e a colaboração espon-
tânea.
(D) divisão do trabalho, a especialização e as regras implícitas.
NOÇÕES DE PROCESSOS LICITATÓRIOS (E) hierarquia, o racionalismo e a especialização.

Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na 4. No que se refere aos diferentes agrupamentos departamen-
atéria de “NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO”. tais utilizados atualmente nas organizações, assinale a opção cor-
reta.
(A) O agrupamento em que se organizam as pessoas de acordo
EXERCÍCIOS com o que é produzido na organização denomina-se funcional.
(B) No agrupamento de rede, as pessoas são organizadas de
1. Entre os diferentes tipos de estruturas organizacionais, po- acordo com processos de trabalho ou fluxos de informação.
dem ser apontadas a estrutura divisional e também o modelo de (C) Agrupamentos multifocados são utilizados por organizações
estrutura matricial. Este último, embora baseado no modelo divi- em que se adotam, simultaneamente, dois modelos de agrupa-
sional, apresenta, como um de seus traços distintivos, mento.
(A) ser baseado no conceito de projeto, que constitui um cen- (D) Denomina-se horizontal o modelo que se fundamenta na
tro de resultado, ou, sob outro prisma, uma unidade (órgão) da coordenação e na colaboração com outras organizações, tal
estrutura, com duração limitada ao tempo do projeto. como ocorre na terceirização.
(B) ser organizado por departamentos pelo critério funcional, (E) No agrupamento divisional, reúnem-se pessoas que execu-
apenas nos primeiros níveis, consistentes em: produção, co- tam as mesmas funções ou processos.
mercialização, finanças e administração.
(C) a divisão geográfica, com filiais e sucursais, ligadas organi- 5. Caracteriza a descentralização na gestão organizacional
camente à matriz, porém com autonomia gerencial, salvo nos (A) a informalidade na passagem de atribuições aos subordi-
aspectos financeiros. nados.
(D) o fato de apurar lucros ou resultados dentro de um mesmo (B) a transferência de responsabilidade diretamente a um su-
sistema contábil, utilizado para todo o conjunto da empresa, bordinado, a despeito da sua formação.
sem qualquer divisão por centros de resultado. (C) a abrangência de apenas um nível hierárquico.
(E) a ausência de departamentalização, baseando-se na aloca- (D) a possibilidade da geração de maior especialização nas di-
ção de diferentes funções da organização em um único centro versas unidades organizacionais.
de resultados, como forma de irradiar conhecimento para toda (E) o repasse de atribuição com caráter instável e temporário.
a organização.
6. Em relação aos contratos administrativos, assinale a alterna-
2. As frases a seguir indicam aspectos das organizações vistas tiva correta.
como sistemas. Indique se as mesmas são verdadeiras ou falsas e (A) O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de con-
escolha a opção correta. corrência e de tomada de preços, bem como nos casos de com-
( ) A organização é um conjunto de subsistemas interligados - pra imediata e assistência técnica.
unidades e elementos que interagem entre si e se influenciam mu- (B) Em todos os contratos administrativos é exigida uma garan-
tuamente. tia que, entre outras, poderá ser a fiança bancária ou qualquer
( ) A organização é um sistema cercado por um ambiente com outra espécie de fiador.
quem mantém uma relação de troca constante. (C) Em caso de cumprimento do contrato e adimplemento de
( ) A organização é um sistema constituído de unidades inde- todos os seus termos, se a garantia foi prestada em dinheiro,
pendentes que contribuem para o alcance do objetivo da organi- deverá ser devolvida ao contratado, que não terá direito à cor-
zação. reção do valor.
( ) A organização é um sistema constituído de um sistema téc- (D) As cláusulas exorbitantes são implícitas em todos os contra-
nico e um sistema social. tos administrativos, e ensejam, à Administração Pública, a alte-
(A) F, V, V, V ração unilateral do acordo ou rescisão unilateral, bem como a
(B) V, F, V, F possibilidade de fiscalização e controle da relação contratual.
(C) V, V, V, F (E) Os contratos poderão ser alterados unilateralmente pela
(D) V, V, F,V Administração quando a ela for conveniente a substituição da
(E)V, F, F, F garantia de execução.

261
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
7. É o contrato pelo qual a Administração adquire materiais,
produtos industrializados, gêneros alimentícios, etc., necessários à GABARITO
realização de suas obras ou à manutenção de seus serviços. A defi-
nição refere-se ao contrato de
(A) serviços e materiais. 1 A
(B) gestão.
(C) fornecimento. 2 D
(D) compra. 3 E
4 C
8. Determinada organização que esteja implementando ações
para melhoria de seus processos, ao ingressar na etapa de norma- 5 D
tização, estará 6 D
(A) na fase de monitoramento dos processos, com utilização
de indicadores de desempenho que permitem identificar o 7 C
atingimento das metas de aprimoramento estabelecidas. 8 D
(B) iniciando o mapeamento de tais processos, com a elabora- 9 E
ção de fluxogramas que identificam todas as entradas (inputs)
e saídas (outputs), bem como os agentes envolvidos no pro- 10 E
cesso.
(C) na etapa de identificação das falhas do processo, aplicando
ações corretivas que permitirão uma maior aproximação com ANOTAÇÕES
o paradigma do processo ideal (normatizado) para aquele ob-
jetivo.
(D) na etapa final dessa melhoria, na qual a definição das nor- ______________________________________________________
mas, a descrição da rotina e a elaboração dos fluxos e demais
______________________________________________________
documentos de apoio propiciarão a operacionalidade dos pro-
cessos. ______________________________________________________
(E) aprovando o plano de trabalho para planejamento, desen-
volvimento, controle e aplicação de ações corretivas dos prin- ______________________________________________________
cipais processos da organização, que compõem o denominado
Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action). ______________________________________________________

9. Em gestão de projetos, o processo de revisão de todas as ______________________________________________________


solicitações, aprovação e gerenciamento de mudanças em entre-
______________________________________________________
gas, ativos de processos organizacionais, documentos de projeto e
plano de gerenciamento do projeto se dá por meio da realização ______________________________________________________
(A) do relatório de desempenho.
(B) da identificação da configuração. ______________________________________________________
(C) do registro da situação da configuração.
(D) da verificação e auditoria da configuração. ______________________________________________________
(E) . do controle integrado de mudanças.
______________________________________________________
10. Na organização do ambiente de trabalho, é importante
descrever a sequência dos passos para facilitar a visualização e o ______________________________________________________
entendimento do processo de trabalho como um todo. Assinale a
______________________________________________________
alternativa que apresenta o instrumento que possibilita essa descri-
ção dos passos de um trabalho para facilitar sua análise. ______________________________________________________
(A) Organograma.
(B) Funcionograma. ______________________________________________________
(C) Ergonomia.
(D) Antropometria. ______________________________________________________
(E) Fluxograma.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

262
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E
ORÇAMENTÁRIA

A LDO determina quais metas e prioridades do PPA serão trata-


ORÇAMENTO PÚBLICO. CONCEITO. TÉCNICAS das no ano seguinte - além de trazer algumas obrigações de trans-
ORÇAMENTÁRIAS. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS. parência. A partir daí, a LOA é elaborada, detalhando todos os gas-
CICLO ORÇAMENTÁRIO. O ORÇAMENTO PÚBLICO tos que serão realizados pelo governo: quanto será gasto, em que
NO BRASIL. PLANO PLURIANUAL NA CONSTITUIÇÃO área de governo (saúde, educação, segurança pública) e para que.
FEDERAL. DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS NA A ideia é terminar cada ano com a LOA aprovada para o ano
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ORÇAMENTO ANUAL seguinte, ou seja, com todo o detalhamento dos gastos e receitas.
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ESTRUTURA A LOA é o que chamamos, de fato, de orçamento anual. A lei por
PROGRAMÁTICA. CRÉDITOS ORDINÁRIOS E si só também é grande e complexa, por isso é estruturada em três
ADICIONAIS documentos: orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e
orçamento de investimento das estatais.

Orçamento público é o instrumento utilizado pelo Governo Créditos adicionais


Federal para planejar a utilização do dinheiro arrecadado com os Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não
tributos (impostos, taxas, contribuições de melhoria, entre outros). computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária
Esse planejamento é essencial para oferecer serviços públicos ade- Anual, visando atender:
quados, além de especificar gastos e investimentos que foram prio- • Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orçamen-
rizados pelos poderes. tos;
Essa ferramenta estima tanto as receitas que o Governo espera • Necessidade de atender a situações que não foram previstas,
arrecadar quanto fixa as despesas a serem efetuadas com o dinhei- inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos.
ro. Assim, as receitas são estimadas porque os tributos arrecadados
(e outras fontes) podem sofrer variações ano a ano, enquanto as Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedi-
despesas são fixadas para garantir que o governo não gaste mais mentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para corrigir ou
do que arrecada. amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária,
Uma vez que o orçamento detalha as despesas, pode-se acom- por razões de fatos de ordem econômica ou imprevisíveis. Os crédi-
panhar as prioridades do governo para cada ano, como, por exem- tos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução.
plo: o investimento na construção de escolas, a verba para trans-
porte e o gasto com a saúde. Esse acompanhamento contribui para Modalidades de créditos
fiscalizar o uso do dinheiro público e a melhoria da gestão pública Adicionais
e está disponível aqui, no Portal da Transparência do Governo Fe- a) Créditos Suplementares: são destinados ao reforço de do-
deral. tações orçamentárias existentes, dessa forma, eles aumentam as
despesas fixadas no orçamento. Quanto à forma processual, eles
Elaboração do Orçamento são autorizados previamente por lei, podendo essa autorização le-
O processo de elaboração do orçamento é complexo, pois en- gislativa constar da própria lei orçamentária, e aberta por decreto
volve as prioridades do Brasil, um país com mais de 200 milhões de do Poder Executivo.
habitantes. Se já é difícil planejar e controlar os gastos em nossa A vigência do crédito suplementar é restrita ao exercício finan-
casa, imagine a complexidade de planejar as prioridades de um país ceiro referente ao orçamento em execução.
do tamanho do Brasil. No entanto, o planejamento é essencial para
a melhor aplicação dos recursos públicos. b) Créditos Especiais: São destinados a autorização de despesas
O processo de planejamento envolve várias etapas, porém três não previstas ou fixadas nos orçamentos aprovados. Sendo assim, o
delas se destacam: a aprovação da Lei do Plano Plurianual (PPA), da crédito especial cria um novo projeto ou atividade, o uma categoria
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual econômica ou grupo de despesa inexistente em projeto ou ativida-
(LOA). de integrante do orçamento vigente.
Cada uma dessas leis é proposta pelo Poder Executivo, a par- Os créditos especiais são sempre autorizados por lei específica
tir de objetivos específicos, e depende da aprovação do Congresso e abertos por decreto do Executivo.
Nacional. Isso permite que os deputados e senadores eleitos como A sua vigência é no exercício em que forem autorizados, salvo
nossos representantes influenciem o orçamento, adequando as leis se o ato autorizativo for promulgado nos últimos quatro meses (se-
às necessidades mais críticas da população que representam. tembro a dezembro) do referido exercício, caso em que, é facultada
Para organizar e viabilizar a ação pública, o PPA declara as po- sua reabertura no exercício subsequente, nos limites dos respecti-
líticas e metas previstas para um período de 4 anos, assim como os vos saldos, sendo incorporados ao orçamento do exercício financei-
caminhos para alcançá-las. A LDO e a LOA devem estar alinhadas às ro subsequente (CF, art. 167, § 2°).
políticas e metas presentes no PPA, e, por sua vez, são elaboradas
anualmente.

263
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
c) Créditos Extraordinários: São destinados para atender a des- Primeiro Estágio: Empenho
pesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, co- Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa e pode
moção interna ou calamidade pública (CF. art. 167, § 3). ser conceituado como sendo o ato emanado de autoridade compe-
Os créditos extraordinários, quanto à forma procedimental, tente que cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente
são abertos por Decreto do Poder Executivo, que encaminha para ou não, de implemento de condição.
conhecimento do Poder Legislativo, devendo ser convertido em lei Todavia, estando a despesa legalmente empenhada, nem as-
no prazo de trinta dias. sim o Estado se vê obrigado a efetuar o pagamento, uma vez que o
Com relação à vigência, os créditos extraordinários vigoram implemento de condição poderá estar concluído ou não. Seria um
dentro do exercício financeiro em que foram abertos, salvo se o ato absurdo se assim não fosse, pois a Lei 4320/64 determina que o
da autorização ocorrer nos meses (setembro a dezembro) daquele pagamento de qualquer despesa pública, seja ela de que importân-
exercício, hipótese pela qual poderão ser reabertos, nos limites dos cia for, passe pelo crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da
seus saldos, incorporando-se ao orçamento do exercício seguinte. execução da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou
a entrega dos bens, ou ainda, a realização da obra, evitando, dessa
Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais forma, o pagamento sem o implemento de condição.
Os recursos financeiros disponíveis para abertura de crédi-
tos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da Lei n° Segundo Estágio: Liquidação
4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166 O segundo estágio da despesa pública é a liquidação, que con-
da Constituição Federal: siste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base
- O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
exercício anterior, sendo a diferença positiva entre o ativo financei-
Ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas as
ro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos crédi-
obrigações constantes do empenho. A finalidade é reconhecer ou
tos adicionais reaberto sou transferidos, no exercício da apuração,
apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância
e as operações de créditos a eles vinculadas.
exata a pagar e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação e é
- O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo das efetuado no SIAFI pelo documento Nota de Lançamento – NL.
diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e Ele envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferên-
a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. Do cia, desde a entrega do material ou a prestação do serviço até o
referido saldo será deduzida a importância dos créditos extraordi- reconhecimento da despesa.
nários abertos no exercício. Ao fazer a entrega do material ou a prestação do serviço, o cre-
- A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de dor deverá apresentar a nota fiscal, fatura ou conta corresponden-
créditos adicionais autorizados em lei, adicionando àquelas consi- te, acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo
deradas insuficientes. o funcionário competente atestar o recebimento do material ou a
- Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingência, prestação do serviço correspondente, no verso da nota fiscal, fatura
conceituada como a dotação global não destinada especificamente ou conta.
a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e natureza
da despesa; Terceiro Estágio: Pagamento
- O produto das operações de crédito, desde que haja condi- O último estágio da despesa é o pagamento e consiste na en-
ções jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo. trega de numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o
- Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado
do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas cor- por tesouraria, mediante registro no SIAFI do documento Ordem
respondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante Bancária – OB, que deve ter como favorecido o credor do empenho.
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica auto- Este pagamento normalmente é efetuado por meio de crédito
rização legislativa. (CF, art. 166, §8°). em conta bancária do favorecido uma vez que a OB especifica o
domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente financei-
O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua ro do Tesouro Nacional, ou seja, o Banco do Brasil S/ª. Se houver
espécie e a classificação da despesa. importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos ór-
Esses créditos tem sua vigência, ou seja, no caso dos créditos gãos públicos deverá ocorrer dentro do próprio exercício, mediante
suplementares, como são destinados a cobrir uma insuficiência do
crédito à conta bancária da UG que efetuou o pagamento. Quando
orçamento anual, eles serão extintos no final do exercício financei-
a reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser
ro. Já os Especiais ou Extraordinários, poderão ter vigência até o
restituído por DARF ao Tesouro Nacional.1
final do exercício subsequente.

Execução Orçamentária Orçamento


Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma
orçamentária e de programação financeira da União estabelecidas peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das
para o exercício e lançadas as informações orçamentárias, forneci- despesas para determinado período, sem preocupação com planos
das pela Secretaria de Orçamento Federal, no SIAFI , por intermédio governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera
da geração automática do documento Nota de Dotação – ND, cria- peça contábil - financeira.
-se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da execu- Tal conceito não pode mais ser admitido, pois, conforme vimos
ção orçamentária propriamente dita. no módulo anterior, a intervenção estatal na vida da sociedade au-
Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas públi- mentou de forma acentuada e com isso o planejamento das ações
cas nele previstas, seguindo à risca os três estágios da execução das do Estado é imprescindível.
despesas previstos na Lei nº 4320/64 : empenho, liquidação e pa-
1 Fonte: www.danielgiotti.com.br/www.tesouro.fazenda.gov.br/ www.portal-
gamento.
transparencia.gov.br

264
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja- çamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário
mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o
contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía cará- orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode-
ter eminentemente estático. -se restringir a margem a um máximo de 3%.
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso
o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo apresentar as condições que permitiram os níveis previstos de en-
período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcio- trada e dispêndio de recursos.
namento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível
já criadas em lei”. de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os meca-
nismos de cobrança adotados.
A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompa- No caso da despesa, é importante destacar os principais custos
nhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos
governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a
a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe política de pagamento de empréstimos e de atrasados.
delegou poder. Os resultados que a simplificação do orçamento geram são,
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar
submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar alterações um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto de
no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua imple- atividades caracterizadas pela transparência.
mentação de forma eficiente e econômica, dando transparência Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais
pública a esta implementação. Por isso o orçamento é um proble- simples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A
ma quando uma administração tem dificuldades para conviver com sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orça-
a vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o mentária e, por extensão, as próprias ações do governo municipal.
orçamento é um limite à sua ação. Se, juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumen-
Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto tos efetivos de intervenção da população na sua elaboração e con-
de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, progra- trole, a participação popular terá maior eficácia.
mas, atividades e projetos. Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou par-
tes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de for-
Com a inflação, os valores não são imediatamente compreensí-
ma resumida, fornecem uma informação rápida e acessível.
veis, requerendo vários cálculos e o conhecimento de conceitos de
A análise vertical permite compreender o que de fato influen-
matemática financeira para seu entendimento. Isso tudo dificulta
cia a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição
a compreensão do orçamento e a sociedade vê debilitada sua pos-
numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como
sibilidade de participar da elaboração, da aprovação, e, posterior-
um demonstrativo de origens e aplicações dos recursos da prefei-
mente, acompanhar a sua execução.
tura, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem di-
governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa
ficultar o entendimento, através da técnica chamada análise verti-
das principais despesas, através do esclarecimento da proporção
cal, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, gru-
dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos
po, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham materiais de consumo, encargos financeiros, obras, etc.
participação significativa. É apresentada a participação percentual A análise horizontal facilita as comparações com governos e
dos valores destinados a cada item no total das despesas ou recei- anos anteriores.
tas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil enten- A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao públi-
dimento ou valores sem base de comparação, é possível divulgar co, trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do
informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu
com pavimentação”, por exemplo. preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os
Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal motivos de ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na
do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com execução das políticas públicas.
os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas
em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda for- públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de
te). caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas.
Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser aplica- A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias
dos na apresentação dos resultados da execução orçamentária (ou institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verda-
seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com deira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e
o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresen- ferramentas de trabalho, a organização institucional, a constituição
tar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a por- e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arca-
centagem já realizada das despesas. bouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a so-
É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em ciedade, em âmbito federal, estadual e municipal.
valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos Os diferentes atores que participam da gestão das finanças pú-
envolvidos. blicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerroga-
Uma outra forma de alteração do valor real é através das mar- tivas do Poder Legislativo na condução do processo decisório perti-
gens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução nente à priorização do gasto e à alocação da despesa. Esse processo
do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do
suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica Governo Federal, antes constituído pelo orçamento da União, pelo
profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação or- orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social.

265
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos sobre
que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Cen- a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - pos-
tral e do Tesouro Nacional. sibilitando a colmatagem das lacunas existentes no ordenamento
Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento - e a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício
deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a da função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação
cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua não regulada especificamente.
vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). Alguns desses princípios foram adotados em certo momento
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reconhe- por condizerem com as necessidades da época e posteriormen-
cendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis te abandonados, ou pelo menos transformados, relativizados, ou
de endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso, mesmo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio
mas devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada na orçamentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que
fixação de metas fiscais. Os processos orçamentário e de plane- foi em parte relativizado com o advento do estado do bem estar
jamento, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases do social no período pós guerra.
orçamento-programa para a incorporação do conceito de resulta- Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o prin-
dos finalísticos, em que os recursos arrecadados devem retornar à cípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupa-
sociedade na forma de bens e serviços que transformem positiva- gem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificul-
mente sua realidade. dade do Estado em financiar os extensos programas de segurança
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças social e de alavancagem do desenvolvimento econômico.
à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando re- Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre de-
gistros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução ram tratamento privilegiado à matéria orçamentária.
orçamentária e financeira passou a contar com facilidades opera- De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princí-
cionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a pios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do
atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a ado- Estado brasileiro.
ção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Impé-
e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos rio, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as primeiras
outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão. normas sobre o orçamento público no Brasil .
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária
Evolução histórica dos princípios orçamentários constitucio- deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parla-
nais mento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Le-
Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú- gislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do
blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela orçamento.
doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá- Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade-
rias adquirirem crescente eficácia. significa que a autorização legislativa do gasto deve ser renovada a
Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de cada exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano
maneira genérica que quase sempre se expressam em linguagem e sua elaboração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à
constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala Assembléia-Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão
da concretização do direito e com eles não se confundem. e aprovação.
Os princípios representam o primeiro estágio de concretização Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO
dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurí- DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da sub-
dica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expres- missão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia
são escrita. autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil
Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Ja-
e indeterminação. neiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE - o
Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, produ- orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade,
zem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à nor- de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fun-
mativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva dos, dos empréstimos e dos subsídios.
de direitos e obrigações. O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro-
Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de
Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32.
ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absoluti- Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos
zantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental. orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões par-
Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente lamentares para o exame de qualquer repartição pública e à obri-
aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas- gatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios im-
-princípios e normas-disposições. pressos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas
Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú- e a utilização das verbas sob sua responsabilidade.
blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela
doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá- Lei de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias le-
rias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que produzissem o efei- gislativas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das
to desejado, tivessem efetividade social, e fossem realmente ob- receitas e despesas municipais e provinciais, bem como regrando a
servadas pelos receptores da norma, em especial o agente público. repartição entre os municípios e a sua fiscalização.
Como princípios informadores do direito - e são na verdade as A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alte-
idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo, rações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento pas-
gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo. sou à competência privativa do Congresso Nacional.

266
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsa- O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto qualita-
bilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu tivo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a
do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos concessão de créditos ilimitados.
reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934,
finanças na confecção da lei orçamentária. encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despesa e
A experiência orçamentária da República Velha revelou-se ina- dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja,
dequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à cria- a dotação.
ção de despesas do que ao controle do déficit. Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários
A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distor- permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de
ções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tan- 1926, com a exceção da Super lei de 1937.
to, promover duas alterações significativas: a proibição da conces- O princípio da especificação tem profunda significância para a
são de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do montante
da exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na
leis de orçamento não podem conter disposições estranhas à pre- Constituição de 1988, como nas demais anteriores, encontra-se ex-
visão da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormen- presso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de
te criados. Não se incluem nessa proibição: a) a autorização para 1969 e art. 75 na de 1946).
abertura de créditos suplementares e para operações de crédito Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a transposi-
como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar ção, remanejamento ou a transferência de recursos de uma cate-
ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.” goria de programação para outra ou de um órgão para outro, como
O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamentá- hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na
ria, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se de 1946).
pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos, Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tempo-
como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais ral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordinários
rápido, as denominadas “caudas orçamentárias”, tackings dos in- ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato
gleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos ale- de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
mães, ou ainda os cavaliers budgetaires dos franceses. Prática essa exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão
denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamida- incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente,
de nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos rabi- ex vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão
longos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até a na de 1946).
alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primeira Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que
inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por órgãos e
na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de res-
deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação ponsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departa-
da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos mento administrativo a ser criado junto à Presidência da República
suplementares e para operações de crédito como antecipação de - e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos
receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretan-
do modo de cobrir o déficit. to, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez
O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Cons- que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do
período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo
tituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei
Presidente da República, com o assessoramento do recém criado
orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício
Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP.
como o fazia a Constituição de 1967.
O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência
Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de
do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da
crédito, por antecipação de receita ou não.
existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo
A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen-
Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes cons-
tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que
tituídos, esteio da democracia.
regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício
A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder
anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como
Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas de-
receita do orçamento o produto das operações de crédito. volveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à análise e
A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do gover-
competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que no.
passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até
ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclu- então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi apro-
sive, ser emendado. vada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas
Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado an- Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos or-
teriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discriminada, çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa especializa- Distrito Federal”.
ção. Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de
Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especialidade, dez anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes
ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a pró- avanços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a in-
pria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser trodução da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei
da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa se 4.320/64, art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no
refira a despesas específicas e não a dotações globais. mínimo por elementos.

267
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um tex- A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na
to constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO. Constituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orçamentá-
O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas ria anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento
perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina fiscal as ações de saúde e assistência social, tipicamente financia-
o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca das com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas
de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas um orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações
que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Constituições de da Previdência Social.
67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de
créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art. Esta última sim, e somente esta, merecedora de tratamento
167, III). em documento separado, observadas em seu âmbito a unidade e
Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas a universalidade, já que se trata de um sistema distinto de presta-
sim o equilíbrio amplo das finanças públicas. ções e contraprestações de caráter continuado, que deve manter
O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o prin- um equilíbrio econômico- financeiro auto-sustentado.
cípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamento de
o mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Es- investimentos das empresas estatais. Não há aqui, entretanto, que-
tado deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e des- bra da unidade orçamentária, uma vez que se trata, obviamente, de
pesa. Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar um segmento nitidamente distinto do orçamento fiscal, a não ser
a gestão da equalização, medidas devem ser tomadas para que a no que se refere àquelas unidades empresariais dependentes de
trajetória de equilíbrio seja retomada. recursos do Tesouro para sua manutenção, caso em que devem ser
Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam- incluídas integralmente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo
bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princípios por força de disposições contidas na últimas LDOs.
são complementares: todas as receitas e todas as despesas de to- A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas nas
dos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consignadas num quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi-
único documento, numa única conta, de modo a evidenciar a com- tal com direito a voto, nos termos do art. 165, § 5º, correspondeu a
pleta situação fiscal para o período. um avanço na aplicação do princípio da universalidade dos gastos,
A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres- ainda que excluídos os dispêndios relativos à manutenção destas
samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto entidades.
no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nessa O PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS determina
Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introduziu o or- que essas não sejam previamente vinculadas a determinadas des-
çamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se pesas, a fim de que estejam livres para sua alocação racional, no
um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇAMENTÁRIO, O DA momento oportuno, conforme as prioridades públicas.
PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tributos,
relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro ressalvados os impostos únicos e o disposto na própria Constituição
devem observar o planejamento de médio e longo prazo constante e em leis complementares.
de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unida- A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do princípio
de, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar aos impostos, observadas as exceções indicadas na Constituição e
à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou somente nesta, não permitindo sua ampliação mediante lei com-
o princípio da universalidade, que diz respeito unicamente ao or- plementar.
çamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o
de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamento Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda que somente
Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não para os exercícios financeiros de 1994 e 1995, 20% dos impostos e
encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao contribuições da União, demonstrou a necessidade de se permitir
invés, um plano plurianual (PPA). a flexibilidade na alocação dos recursos na elaboração e execução
Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores orçamentária.
alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentá- A Constituição de 1988 inovou em termos de constitucionali-
ria, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável zação de princípios regentes dos atos administrativos em geral e
dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível constitucio-
União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso nal os PRINCÍPIOS DA CLAREZA E DA PUBLICIDADE, a exemplo
Nacional não incluía os encargos da dívida mobiliária federal, os do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei
gastos com subsídios e praticamente a totalidade das operações de orçamentária venha acompanhado de demonstrativo regionalizado
crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas. do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções,
Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira,
e Banco do Brasil por intermédio do denominado “Orçamento Mo- tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação
netário-OM” E “Conta-movimento”, respectivamente. Ainda tinha- bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária.
-se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimen-
to das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e Princípios Orçamentários
controladas direta ou indiretamente pela União. Os princípios orçamentários básicos para a elaboração, execu-
Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo ção e controle do orçamento público, válidos para todos os pode-
Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa res e nos três níveis de governo, estão definidos na Constituição
inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movimento” no Banco Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais
do Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela pro- de direito financeiro, aplicadas à elaboração e ao controle dos or-
mulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetivi- çamentos.
dade ao princípio da unidade e universalidade orçamentária.

268
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Princípio Orçamentário da Unidade Princípio Orçamentário da Anualidade ou Periodicidade
De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da Lei nº
4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou Município) O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um deter-
deve possuir apenas um orçamento, estruturado de maneira uni- minado período de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exercí-
forme. cio financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34
Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de caixa”, da Lei nº 4320/1964:
previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as recei-
tas e despesas convergem para um fundo geral (conta única), a fim “Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.”
de se evitar as vinculações de certos fundos a fins específicos.
O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas numa só Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e extraordi-
conta, a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilíbrio, nários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem
déficit ou superávit. Atualmente, o processo de integração planeja- ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão incorporados ao
mento-orçamento tornou o orçamento necessariamente multi-do- orçamento do exercício subseqüente, conforme estabelecido no §
cumental, em virtude da aprovação, por leis diferentes, de vários 3º do artigo 167 da Carta Magna.
documentos (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentá-
rias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento Princípio Orçamentário da Exclusividade
e outros de orçamento e programas. Em que pese tais documentos Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito comum
serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento diferen- no passado, da inclusão de dispositivos de natureza diversa de ma-
tes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoria- téria orçamentária, ou seja, previsão da receita e fixação da despe-
mente ser compatibilizados entre si, conforme definido na própria sa. Previsto no artigo 165, § 8º da Constituição Federal, estabelece
Constituição Federal. que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à
previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proi-
O modelo orçamentário adotado a partir da Constituição Fe- bição a autorização para abertura de créditos suplementares e a
deral de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88 consiste em contratação de operações de crédito, inclusive por antecipação de
elaborar orçamento único, desmembrado em: Orçamento Fiscal, receita orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos
da Seguridade Social e de Investimento da Empresas Estatais, para
adicionais também devem observar esse princípio.
melhor visibilidade dos programas do governo em cada área. O ar-
tigo 165 da Constituição Federal define em seu parágrafo 5º o que
Princípio Orçamentário do Equilíbrio
deverá constar em cada desdobramento do orçamento:
Esse princípio estabelece que o montante da despesa autori-
“§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá:
zada em cada exercício financeiro não poderá ser superior ao total
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
de receitas estimadas para o mesmo período. Havendo reestimati-
dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
va de receitas com base no excesso de arrecadação e na observa-
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
ção da tendência do exercício, pode ocorrer solicitação de crédito
II – o orçamento de investimento das empresas em que a
adicional. Nesse caso, para fins de atualização da previsão, devem
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
com direito a voto; ser considerados apenas os valores utilizados para a abertura de
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as crédito adicional.
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in- Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a Lei de
direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de opera-
Poder Público.” ções de crédito autorizadas em lei.
Princípio Orçamentário da Universalidade Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por meio de
Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei Orça- operações de crédito. Entretanto, conforme estabelece o artigo
mentária deverá conter todas as receitas e despesas. Isso possi- 167, III, da Constituição Federal é vedada a realização de operações
bilita controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispêndios de crédito que excedam o montante das despesas de capital, dispo-
administrados pelo ente público. sitivo conhecido como “regra de ouro”. De acordo com esta regra,
cada unidade governamental deve manter o seu endividamento
“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. máquina administrativa e demais serviços.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece regras li-
as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de mitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37:
papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo “ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da
financeiros. dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas Complementar.
próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre
ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o dispos- um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo,
to no artigo 2°.” autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, in-
clusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob
Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento bru- a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida
to”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964: contraída anteriormente.
§ 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as ope-
“Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei de orça- rações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federa-
mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.” ção, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se
destinem a:

269
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; O princípio da especificação confere maior transparência ao
II – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria institui- processo orçamentário, possibilitando a fiscalização parlamentar,
ção concedente. dos órgãos de controle e da sociedade, inibindo o excesso de flexi-
§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de bilidade na alocação dos recursos pelo poder executivo. Além disso,
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo- facilita o processo de padronização e elaboração dos orçamentos,
nibilidades. bem como o processo de consolidação de contas.
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma institui-
ção financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita
qualidade de beneficiário do empréstimo. Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral, no
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição inciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988, quando
financeira controlada de adquirir, no mercado,títulos da dívida veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou des-
pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da pesa:
dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios. “Art. 167. São vedados: [...]
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão veda- IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
dos: despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
I – captação de recursos a título de antecipação de receita de impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de re-
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorri- cursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manuten-
do, sem prejuízo do disposto no § 7 o do art. 150 da Constituição; ção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
II – recebimento antecipado de valores de empresa em que o da administração tributária, como determinado, respectivamente,
Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca- pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
da legislação; 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada
III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...]
operação assemelhada, com fornecedor de bens,mercadorias ou § 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pe-
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, los impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de
não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação
de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de dé-
IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentária,
bitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de
com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e servi-
1993).”
ços.”
As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e es-
tão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos im-
Princípio Orçamentário da Legalidade
postos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e dos Municípios
Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplica-
– FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste
do à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Público
e Centro-Oeste), à destinação de recursos para as áreas de saúde
fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente
e educação, além do oferecimento de garantias às operações de
autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. crédito por antecipação de receitas.
A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabelece os Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibilita ao
princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade administrador público dispor dos recursos de forma mais flexível
e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalização legal para o atendimento de despesas em programas prioritários.
das leis orçamentárias: No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vinculação das
“ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucio-
I – o plano plurianual; nais Transitórias – ADCT, ao criar a “Desvinculação das Receitas da
II – as diretrizes orçamentárias; União – DRU”, abaixo transcrito:
III – os orçamentos anuais.”
“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31
Princípio Orçamentário da Publicidade de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da
O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Cons- União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no do-
tituição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Justi- mínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a
fica-se especialmente no fato de o orçamento ser fixado em lei, e referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.
esta, para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deve- § 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de
res, obrigando a todos, há que ser publicada.Portanto, o conteúdo cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios
orçamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais para que te- na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da
nha validade. Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que
se refere o art. 159, I, c, da Constituição.
Princípio Orçamentário da Especificação ou Especialização § 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste
Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamentárias artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a
devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discrimi- que se refere o art. 212, § 5 o, da Constituição.”
nadas e não pelo seu valor global, facilitando o acompanhamento
e o controle do gasto público. Esse princípio está previsto no artigo
5º da Lei nº 4.320/1964:

“Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais


destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma-
terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]”

270
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), «Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Fe-
Lei Orçamentária Anual (LOA), outros planos e programas. derativa do Brasil:
O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento I - construir uma sociedade livra, justa e solidária;
legal (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a esti- II - garantir o desenvolvimento nacional;
mativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
determinado exercício, geralmente compreendido por um ano. No gualdades sociais e regionais;
entanto, para que o orçamento seja elaborado corretamente, ele IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
precisa se basear em estudos e documentos cuidadosamente trata- raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina-
dos que irão compor todo o processo de elaboração orçamentária ção.”
do governo.
No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um tex- Muito mais do que um rol casuístico, o citado dispositivo legal
to elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo é, na verdade, uma norma constitucional dirigente, pois presta-se a
para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento con- estabelecer um plano para a evolução política do Estado, ocupan-
tém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano do-se, assim, não com uma situação presente, mas com um ideal
seguinte e a autorização para a realização de despesas do Governo. futuro, visto que condiciona a atividade estatal à sua concreta re-
Porém, está atrelado a um forte sistema de planejamento público alização.
das ações a realizar no exercício. Tais objetivos constituem, por assim dizer, as razões fundamen-
O Orçamento Geral da União é constituído de três peças em tais para a existência do planejamento e do orçamento no âmbito
sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade do setor público, pois estes mecanismos são as principais ferramen-
Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Fe- tas para a consecução de políticas condizentes com as exigências de
derais. uma sociedade democrática e participativa, cujos membros devem
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elabo- ser partes integrantes do processo de gestão dos recursos públicos.
ração e controle dos Orçamentos Públicos, que estão definidos no A origem da palavra orçamento é de origem italiana: “orzare”,
caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plurianu- que significa “fazer cálculos”.
al, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Respon- Lembra o professor CELSO RIBEIRO BASTOS que a finalidade
sabilidade Fiscal. última do orçamento “é de se tornar um instrumento de exercício
É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos re- da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por in-
cursos que o governo recolhe sob a forma de impostos. Nenhuma termédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas
despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas
O Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração na lei orçamentária”
pública federal. O citado jurista conclui afirmando que “o orçamento é, por-
tanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira
No Brasil, as principais normas jurídicas relativas ao Orçamen-
do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas.
to Público encontram-se contidas nos seguintes dispositivos legais:
O seu objeto, portanto, é financeiro”
● Constituição Federal da República, de 1988, nos seus artigos
163 a 169 (Capítulo II – Das Finanças Públicas);
PLANO PLURIANUAL
● Lei Federal nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito
O plano plurianual – PPA é instrumento de planejamento de
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas do
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal;
● Lei Complementar nº 101/2000– Lei de Responsabilidade Fis- governo para os projetos e programas de longa duração, para um
cal – LRF–Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para a período de quatro anos. Nenhuma obra de grande vulto ou cuja
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências; execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciada sem
●Portaria nº 42/99 do Ministério do Planejamento, Orçamento prévia inclusão no plano plurianual.
e Gestão –Atualiza a discriminação da despesa por funções de que 01) PROJETO DE LEI: O projeto de PPA (PPPA) é elaborado pela
trata a Lei 4.320/64,estabelece os conceitos de função, subfunção, Secretaria de Investimentos e Planejamento Estratégico (SPI) do
programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras pro- Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e encaminhado
vidências; ao Congresso Nacional pelo Presidente da República, que possui
● Portaria Interministerial nº163/2001 da Secretaria do Tesou- exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo
ro Nacional– STN e Secretaria de Orçamento Federal – SOF, conso- texto da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encami-
lidada com as Portarias 212/2001, 325/2001 e 519/2001. nhado ao Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de
ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. mandato presidencial, devendo vigorar por quatro anos.
O Estado Nacional, por meio de seus órgãos administrativos, é Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita-
o ente responsável pela gestão da máquina pública, e, mais recen- ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº.
temente, pela consecução do bem-estar social da população, so- 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co-
bretudo no que diz respeito à execução da política de atendimento missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO.
de suas necessidades básicas. 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser
Nesse sentido, o legislador constitucional originário houve por o relator do projeto de plano plurianual (PPPA) deve, primeiramen-
bem traçar objetivos a serem alcançados pelo Estado brasileiro, es- te, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado
tabelecendo-os no art. 3º da Carta Magna, a saber: pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer
estabelece regras e parâmetros a serem observados quando da
análise e apreciação do projeto, tais como:
I) condições para o remanejamento e cancelamento de valores
financeiros constantes do projeto;

271
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II) critérios para alocação de eventuais recursos adicionais de- Enquanto a Constituição anterior enfatizava a fiscalização fi-
correntes da reestimativa das receitas; e nanceira e orçamentária, a atual ampliou o conceito, passando a
III) orientações sobre apresentação e apreciação de emendas. abranger, também, as áreas operacional e patrimonial, além de
cobrir de forma explicita, o controle da aplicação de subvenções e
Em complemento à análise inicial, a CMO pode realizar audiên- a própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais. Ficou
cias públicas regionais para debater o projeto. demonstrado, igualmente de forma clara, a abrangência do con-
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por trole constitucional sobre as entidades de administração indireta,
parlamentares, Comissões Permanentes da Câmara e do Senado e questão controversa na sistemática anterior.
Bancadas Estaduais. O controle da execução orçamentária compreenderá:
I - a legalidade dos atos que resultem a arrecadação da receita
03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos
prazo para a apresentação de emendas ao projeto de plano pluria- e obrigações;
nual, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modificar disposi- II- a fidelidade funcional dos agentes da administração respon-
tivos constantes do projeto. sáveis por bens e valores públicos;
Ao projeto podem ser apresentadas até dez emendas por par- III- o cumprimento do programa de trabalho, expresso em ter-
lamentar, até cinco emendas por Comissão Permanente da Câmara mos monetários e em termos de realização de obras e prestação
e do Senado e até cinco emendas por Bancada Estadual. de serviços.
As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
emite parecer conclusivo e final, o qual somente poderá ser modifi- A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso
Nacional. A LDO, devidamente compatibilizada com o PPA, deverá con-
ter:
04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de plano plu- ● As metas e prioridades da Administração Pública, incluindo
rianual e as emendas apresentadas, tendo como orientação as re- as despesas de capital, para o exercício seguinte;
gras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório, ● Orientações para a elaboração da Lei Orçamentária Anual;
as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve também ● Disposições sobre alterações na Legislação Tributária;
justificar quaisquer outras alterações que tenham sido introduzidas ● A política de aplicação das agências financeiras oficiais de
no texto do projeto de lei. O produto final desse trabalho, contendo fomento;
as alterações propostas ao texto do PPPA, decorrentes das emen- ● Autorização específica para a concessão de qualquer vanta-
das acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas, constitui a gem ou aumento de remuneração, criação de cargos ou alteração
proposta de substitutivo. de estrutura de carreiras,bem como admissão de pessoal, a qual-
O relatório e a proposta de substitutivo são discutidos e vota- quer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou
dos no Plenário da CMO, sendo necessário para aprová-los a mani-
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Pú-
festação favorável da maioria dos membros de cada uma das Casas,
blico, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de econo-
que integram a CMO.
mia mista;
O relatório aprovado em definitivo pela Comissão constitui o
parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da
Os limites para elaboração da proposta orçamentária dos po-
Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido à deliberação das
deres judiciário e legislativo
duas Casas, em sessão conjunta.
Na União, o prazo para envio do projeto de Lei da LDO pelo
Executivo ao Legislativo é até o dia 15 de abril do exercício anterior
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é
ao da Lei Orçamentária Anual.
submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio-
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em A sessão legislativa ordinária não será interrompida até que o
separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres projeto de Lei da LDO seja aprovado.
aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um Vale lembrar que, conforme a Emenda Constitucional nº 50,
décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na- de14/02/2006, a sessão legislativa vai do período de 02 de feverei-
cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria ro a 17 de julho, e de 1º. de agosto a 22 de dezembro.
no Plenário do Congresso Nacional.
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do A composição da Lei Orçamentária Anual está prevista na
substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina- CF/88, art. 165, § 5°:
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da ●Orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e despesas, re-
Presidência da República para sanção. ferentes aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos da administra-
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou ção direta, autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo Poder
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do Público;
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os ●Orçamento de investimento das empresas em que o Estado,
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito
da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Na- a voto;
cional. ●Orçamento da seguridade social, abrangendo todos os ór-
A Lei 4320/64 estabelece dois sistemas de controle da exe- gãos e entidades da administração direta ou autárquica, bem como
cução orçamentária: interno e externo. A Constituição Federal de os fundos e fundações instituídas pelo Poder Público, vinculados à
1988 manteve essa concepção e deu-lhe um sentido ainda mais saúde, previdência e assistência social.
amplo.

272
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Constitui matéria exclusiva da lei orçamentária a previsão da 4. Controle e Avaliação
receita e a fixação da despesa, podendo conter, ainda segundo a O controle se inicia junto com a execução do orçamento, uma
norma constitucional: vez que o próprio Governo, através dos seus órgãos de controle
●Autorização para abertura de créditos suplementares; interno ou de controle externo, iniciam a fiscalização sobre os ges-
● Autorização para contratação de operações de crédito, inclu- tores públicos, com relação à legalidade dos procedimentos exe-
sive por antecipação de receita orçamentária (ARO) na forma da lei. cutados.
No tocante à avaliação, trata-se de preocupação específica
Os orçamentos fiscais e de investimentos serão compatibiliza- com os resultados efetivos dos programas realizados durante o
dos com o PPA; terão a função de reduzir as desigualdades inter-re- ano, em termos de benefícios gerados para a população.
gionais, segundo critérios de população e renda per capita.
As emendas ao projeto de LOA ou aos projetos que o modi- Outros planos e programas
fiquem terão que ser compatíveis com o PPA e com a LDO, para O programa é o instrumento de organização da atuação gover-
serem aprovadas. namental. Articula um conjunto de ações que concorrem para um
O prazo para envio do projeto da LOA ao Poder Legislativo é objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores esta-
até 31 de agosto. belecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema
No prazo de trinta dias após o encerramento de cada bimestre, ou o atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade.
o Poder Executivo publicará relatório resumido da execução orça- Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estru-
mentária. turada em programas, orientados para consecução dos objetivos
estratégicos definidos, para o período, no PPA. A ação finalística
Ciclo do Orçamento Anual é a que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às
Uma vez que a cada exercício será preciso uma nova Lei Orça- demandas da sociedade.
mentária Anual, verifica-se que o processo orçamentário se dá na Os programas de ações não finalísticas são programas consti-
forma de um verdadeiro ciclo, com quatro fases bem distintas: tuídos predominantemente de ações continuadas, devendo conter
metas de qualidade e produtividade a serem atingidas em prazo
1. Elaboração da Proposta Orçamentária definido.
Trata-se do momento em que cada um dos diversos órgãos São quatro os tipos de programas previstos:
e entidades que compõem a Administração Pública faz o levanta- - Programas finalísticos;
mento das suas necessidades de e cursos para o exercício seguinte, - Programas de gestão das políticas públicas;
levando em consideração os programas do Governo e os objetivos - Programas de serviços ao Estado;
de desenvolvimento econômico e social do país. - Programa de apoio administrativo.
O órgão central de planejamento recebe todas estas demandas
e as consolida num único documento, compatibilizando-o com a Programas Finalísticos
estimativa das receitas esperadas para o próximo ano. São programas que resultam em bens e serviços ofertados di-
Em seguida, redistribui a previsão de gastos de acordo com os retamente à sociedade. Seus atributos básicos são: denominação,
parâmetros macroeconômicos, estabelecendo as quotas finais de objetivo, público-alvo, indicador(es), fórmulas de cálculo do índice,
órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo pro-
recursos para cada órgão.
grama O indicador quantifica a situação que o programa tenha por
Finalmente, é produzido o texto do projeto da Lei Orçamen-
fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o
tária Anual, juntamente com os diversos anexos que irão detalhar
público alvo.
todas as receitas e despesas, de acordo com classificação orçamen-
tária própria.
Programas de Gestão de Políticas Públicas - volta
O projeto da LOA é então remetido ao Poder Legislativo, junto
Os programas de gestão de políticas públicas assumirão deno-
com mensagem do chefe do Poder Executivo, para aprovação.
minação específica de acordo com a missão institucional de cada
órgão. Portanto, haverá apenas um programa dessa natureza por
2. Discussão e Aprovação da Lei Orçamentária órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”.
Ao chegar no Poder Legislativo, o projeto da LOA será apre- Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, órgão(s),
ciado pelos congressistas, que poderão propor emendas ao texto unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa Na
inicial, dando origem a um texto substitutivo. Presidência da República e nos Ministérios que constituam órgãos
O projeto da LOA cumprirá um rito semelhante ao das demais centrais de sistemas (Orçamento e Gestão, Fazenda), poderá haver
leis que tramitam pelo Congresso Nacional, sendo exigido apenas mais de um programa desse tipo.
maioria simples para sua aprovação. Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as
Após a devida aprovação da LOA, com ou sem emendas, o ações de gestão de Governo e serão compostos de atividades de
Poder Legislativo devolve para o Poder Executivo, para sanção ou planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informa-
veto. ção e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervi-
Sendo sancionada pelo Presidente da República, a LOA agora são, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades de-
será promulgada, e com sua publicação no Diário Oficial da União, verão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial.
estará produzindo os seus devidos efeitos legais.
Programas de Serviços ao Estado
3. Execução Orçamentária Programas de Serviços ao Estado são os que resultam em bens
Esta fase transcorre durante todo o exercício financeiro, pois e serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas
consiste na efetiva arrecadação, por parte do Governo, das diversas para esse fim específico. Seus atributos básicos são: denominação,
receitas previstas, bem como a realização das despesas programa- objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e unida-
das para o período. de responsável pelo programa.

273
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Programas de Apoio Administrativo c) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais: previs-
Os programas de Apoio Administrativo correspondem ao con- to no inciso II, parágrafo 5º do art. 165 da CF, abrange as empresas
junto de despesas de natureza tipicamente administrativa e outras públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta
que, embora colaborem para a consecução dos objetivos dos pro- ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito
gramas finalísticos e de gestão de políticas públicas, não são passí- a voto.
veis de apropriação a esses programas. Seus objetivos são, portan- O processo orçamentário compreende as fases de elaboração
to, os de prover os órgãos da União dos meios administrativos para e execução das leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA. Cada uma
a implementação e gestão de seus programas finalísticos. dessas leis tem ritos próprios de elaboração, aprovação e imple-
O Sistema de Orçamento compreende as atividades de acom- mentação pelos Poderes Legislativo e Executivo.
panhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos no Vamos verificar como ocorre o processo orçamentário em cada
âmbito de cada esfera de Poder. uma de suas fases.
Ao Órgão Central de Orçamento cabe a responsabilidade de
coordenar o processo de preparação, elaboração e avaliação do Or- ORÇAMENTO ANUAL:
çamento Anual, normatizando e supervisionando a ação dos outros Na lei orçamentária anual (LOA) estão estimadas as receitas
órgãos que compõem o sistema de orçamento. que serão arrecadadas durante o ano e definidas as despesas que
O Órgão Setorial do Orçamento é o articulador entre o órgão o governo espera realizar com esses recursos, conforme aprovado
central e os órgãos executores, dentro de um sistema, sendo res- pelo Legislativo. A LOA contém três orçamentos, previstos na Cons-
ponsável pela coordenação das ações na sua esfera de atuação. tituição Federal: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade
social (previdência, assistência e saúde) e o orçamento de investi-
PLANEJAMENTO PÚBLICO mentos das empresas estatais.
O plano plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas
de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação 01) PROJETO DE LEI: O projeto de lei orçamentária é elabo-
pública para um período de quatro anos. rado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) e encaminhado
A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração dos ao Congresso Nacional pelo Presidente da República. O Executivo
orçamentos fiscal e da seguridade social e de investimento das em- possui exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto
presas estatais. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anual - LOA pelo texto da lei, quadros orçamentários consolidados e anexos dos
com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, es- Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Em-
tabelecidas no PPA. De acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da presas Estatais, o projeto de lei deve ser encaminhado para apre-
CF, a LDO: ciação do Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano.
- compreenderá as metas e prioridades da administração pú- Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto é publicado e
blica, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
subsequente; Fiscalização – CMO. A Resolução nº. 01, de 2006 – CN regula a tra-
- orientará a elaboração da LOA; mitação legislativa do orçamento.
- disporá sobre as alterações na legislação tributária; e Para conhecer o conteúdo do projeto e promover o debate
- estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras inicial sobre a matéria, a CMO realiza audiências públicas com Mi-
oficiais de fomento. nistros ou representantes dos órgãos de Planejamento, Orçamento
e Fazenda do Executivo e com representantes das diversas áreas
O orçamento anual visa concretizar os objetivos e metas pro- que compõem o orçamento. Nessa oportunidade os parlamentares
postas no PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO. começam a avaliar a proposta apresentada e têm a possibilidade
de ouvir tanto as autoridades governamentais como a sociedade.
A proposta da LOA compreende os três tipos distintos de orça-
mentos da União, a saber: 02) RELATÓRIO DA RECEITA: Cabe ao relator da receita, com
o auxílio do Comitê de Avaliação da Receita, avaliar, inicialmente,
a) Orçamento Fiscal: compreende os poderes da União, os a receita prevista pelo Executivo no projeto de lei orçamentária. O
Fundos, Órgãos, Autarquias, inclusive as especiais e Fundações objetivo é verificar se o montante estimado da receita está de acor-
instituídas e mantidas pela União; abrange, também, as empresas do com os parâmetros econômicos previstos para o ano seguinte.
públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta Caso encontre algum erro ou omissão, é facultado ao Legislativo
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a reavaliar a receita e propor nova estimativa.
voto e que recebam desta quaisquer recursos que não sejam prove- O relator da receita apresenta suas conclusões no Relatório da
nientes de participação acionária, pagamentos de serviços presta- Receita. Esse documento deve conter, entre outros assuntos, o exa-
dos, transferências para aplicação em programas de financiamento me da conjuntura macroeconômica e do impacto do endividamen-
atendendo ao disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e to sobre as finanças públicas, a análise da evolução da arrecadação
refinanciamento da dívida externa; das receitas nos últimos exercícios e da sua estimativa no projeto, o
b) Orçamento de Seguridade Social: compreende todos os demonstrativo das receitas reestimadas e os pareceres às emendas
órgãos e entidades a quem compete executar ações nas áreas de apresentadas.
saúde, previdência e assistência social, quer sejam da Administra- O Relatório da Receita deve ser aprovado pela CMO. O relator
ção Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações instituí- da receita pode propor atualização do Relatório da Receita aprova-
das e mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda, os demais do pela CMO, no caso de alterações nos parâmetros utilizados para
subprojetos ou subatividades, não integrantes do Programa de Tra- a projeção ou na legislação tributária ocorridas durante a tramita-
balho dos Órgãos e Entidades mencionados, mas que se relacionem ção do projeto no Congresso. O prazo máximo para propor altera-
com as referidas ações, tendo em vista o disposto no art. 194 da ções é de até dez dias após a votação do último relatório setorial.
CF; e

274
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
03) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser Os Relatores Setoriais devem debater o projeto nas Comissões
o relator-geral do projeto de lei orçamentária deve elaborar Rela- Permanentes, antes de apresentar o relatório, podendo ser convi-
tório Preliminar sobre a matéria, o qual, aprovado pela CMO, passa dados, na oportunidade, representantes da sociedade civil.
a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer estabelece os pa- Na elaboração dos relatórios setoriais, serão observados, es-
râmetros e critérios a serem obedecidos na apresentação de emen- tritamente, os limites e critérios fixados no Parecer Preliminar. O
das e na elaboração do relatório pelo relator-geral e pelos relatores Relator deve verificar a compatibilidade do projeto com o PPA, a
setoriais. LDO e a Lei de Responsabilidade Fiscal, a execução orçamentária re-
O Relatório Preliminar é composto de duas partes. A primeira cente e os efeitos dos créditos adicionais dos últimos quatro meses.
parte – geral – apresenta análise das metas fiscais, exame da com- Os critérios utilizados para a distribuição dos recursos e as medidas
patibilidade com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentá- adotadas quanto às obras e serviços com indícios de irregularida-
rias e a lei de responsabilidade fiscal, avaliação das despesas por des graves apontadas pelo TCU também devem constar do relató-
área temática, incluindo a execução recente, entre outros temas. rio. Os relatórios setoriais são discutidos e votados individualmente
A segunda parte – especial – contém as regras para a atuação dos na CMO.
relatores setoriais e geral e as orientações específicas referentes à
apresentação e apreciação de emendas, inclusive as de relator. De- 06) CICLO GERAL: Após a aprovação dos relatórios setoriais, é
fine, também, a composição da Reserva de Recursos a ser utilizada tarefa do Relator Geral compilar as decisões setoriais em um único
para o atendimento das emendas apresentadas. documento, chamado Relatório Geral, que será submetido à CMO.
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por O papel do relator geral é verificar a constitucionalidade e legali-
parlamentares e pelas Comissões Permanentes das duas Casas do
dade das alocações de recursos e zelar pelo equilíbrio regional da
Congresso Nacional.
distribuição realizada.
No relatório geral, assim como nos setoriais, são analisados a
04) EMENDAS: As emendas à despesa são classificadas como
compatibilidade do projeto com o PPA, a LDO e a Lei de Responsa-
de remanejamento, de apropriação ou de cancelamento.
Emenda de remanejamento é a que propõe acréscimo ou in- bilidade Fiscal, a execução orçamentária recente e os efeitos dos
clusão de dotações e, simultaneamente, como fonte exclusiva de créditos adicionais dos últimos quatro meses. Os critérios utiliza-
recursos, a anulação equivalente de dotações constantes do proje- dos pelo relator na distribuição dos recursos e as medidas adotadas
to, exceto as da Reserva de Contingência. Com isso, somente pode- quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades graves
rá ser aprovada com a anulação das dotações indicadas na própria apontadas pelo TCU também devem constar do relatório.
emenda, observada a compatibilidade das fontes de recursos. Integram, ainda, o Relatório Geral os relatórios dos Comitês
Emenda de apropriação é a que propõe acréscimo ou inclu- Permanentes e daqueles constituídos para assessorar o relator ge-
são de dotações e, simultaneamente, como fonte de recursos, a ral.
anulação equivalente de valores da Reserva de Recursos ou outras As emendas ao texto e as de cancelamento são analisadas ex-
dotações definidas no Parecer Preliminar. clusivamente pelo relator geral, que sobre elas emite parecer. A
Emenda de Cancelamento é a que propõe, exclusivamente, a apreciação do Relatório Geral, na CMO, somente terá início após a
redução de dotações constantes do projeto. aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de plano plurianu-
A emenda ao projeto que propõe acréscimo ou inclusão de do- al ou de projeto de lei que o revise.
tações somente será aprovada se: O Relatório Geral é lido, discutido e votado no plenário da
I) estiver compatível com o plano plurianual e com a lei de di- CMO. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação
retrizes orçamentárias; em separado de emendas, com o objetivo de modificar os parece-
II) indicar os recursos necessários; res propostos pelo Relator. O relatório aprovado em definitivo pela
III) não for constituída de várias ações que devam ser objeto de Comissão constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à
emendas distintas; e Secretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para ser submeti-
IV) não contrariar as normas regimentais sobre a matéria. Não do à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta.
serão aprovadas emendas em valor superior ao solicitado, ressal-
vados os casos de remanejamento entre emendas individuais, res- 07) AUTÓGRAFOS E LEIS: O parecer da CMO é submetido à
peitado o limite global. discussão e votação no Plenário do Congresso Nacional. Os Con-
gressistas podem solicitar destaque para a votação em separado
As bancadas estaduais no Congresso Nacional e as comissões
de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres aprovados
permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados po-
na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um décimo dos
dem apresentar emendas ao projeto nas matérias diretamente li-
congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional até o
gadas às suas áreas de atuação.
dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria no Plenário
Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas individu-
ais, no valor total definido pelo Parecer Preliminar. Os relatores so- do Congresso Nacional.
mente podem apresentar emendas para corrigir erros e omissões Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
de ordem técnica e legal, recompor, total ou parcialmente, dota- dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
ções canceladas e atender às especificações do Parecer Preliminar. substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
05) CICLO SETORIAL: O projeto de lei orçamentária anual é di- Presidência da República para sanção.
vido em 10 áreas temáticas, com o objetivo de dar atenção às par- O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou
ticularidades dos diversos temas que permeiam a proposta, como parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
educação, saúde, transporte, agricultura, entre outros. Para cada recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
área temática é designado um relator setorial, que deve avaliar o motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial
projeto encaminhado, analisar as emendas apresentadas e elabo- da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Na-
rar relatório setorial com as suas conclusões e pareceres. cional.

275
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS 04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de diretrizes
A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas e prio- orçamentárias e as emendas apresentadas, tendo como orientação
ridades do governo para o ano seguinte, orienta a elaboração da lei as regras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em re-
orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legislação tributá- latório, as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve
ria e estabelece a política das agências de desenvolvimento (Banco também justificar quaisquer outras alterações que tenham sido in-
do Nordeste, Banco do Brasil, BNDES, Banco da Amazônia, etc.). troduzidas no texto do projeto de lei. O produto final desse traba-
Também fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legislati- lho, contendo as alterações propostas ao texto do PLDO, decorren-
vo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com tes das emendas acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas,
pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO diversos constitui a proposta de substitutivo. O relatório e a proposta de
outros temas, como política fiscal, contingenciamento dos gastos, substitutivo são discutidos e votados no Plenário da CMO, sendo
transferências de recursos para entidades públicas e privadas e po- necessário para aprová-los a manifestação favorável da maioria dos
lítica monetária membros de cada uma das Casas, que integram a CMO.
A Constituição Federal não estabelece prazo final para a apro-
01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é elaborado pela vação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. No entanto,
Secretaria de Orçamento Federal e encaminhado ao Congresso Na- determina que o Congresso Nacional não tenha direito a recesso
cional pelo Presidente da República, que possui exclusividade na a partir de 17 de julho enquanto o PLDO não for aprovado. O rela-
iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto da lei e di- tório aprovado em definitivo pela Comissão constitui o parecer da
versos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da Mesa do Con-
Nacional até 15 de abril de cada ano. gresso Nacional, para ser submetido à deliberação das duas Casas,
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita- em sessão conjunta.
ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº.
01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co- 05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é
missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO. submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio-
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em
02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres
o relator do projeto de diretrizes orçamentárias (PLDO) deve, pri- aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um
décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
meiramente, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual,
cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria
aprovado pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse
no Plenário do Congresso Nacional.
parecer estabelece regras e parâmetros a serem observados quan-
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
do da análise e apreciação do projeto, tais como:
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
I) condições para o cancelamento de metas constantes do pro- substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
jeto; do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
II) critérios para o acolhimento de emendas; e Presidência da República para sanção.
III) disposições sobre apresentação e apreciação de emendas O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou
individuais e coletivas. parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários econômico- motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial
-fiscal e social, bem como os parâmetros macroeconômicos utiliza- da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Na-
dos na elaboração do projeto e as informações constantes de seus cional.
anexos, com o objetivo de promover análises prévias ao conteúdo
apresentado. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
audiência pública com o Ministro do Planejamento, Orçamento e A avaliação orçamentária é a parte do controle orçamentário
Gestão, antes da apresentação do Relatório Preliminar. que analisa a eficácia e eficiência dos cursos de ação cumpridos e
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por proporciona elementos de juízo aos responsáveis da gestão admi-
parlamentares e pelas Comissões Permanentes da Câmara e do Se- nistrativa para adotar as medidas tendentes à consecução de seus
nado. objetivos e à otimização do uso dos recursos colocados à sua dis-
posição, o que contribui para realimentar o processo de adminis-
03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se tração orçamentária. Esta definição traz dois critérios de análise
prazo para a apresentação de emendas ao projeto de lei de dire- eficiência e eficácia que são conceituados a seguir:
trizes orçamentárias, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou O teste da eficiência na avaliação das ações governamentais
modificar dispositivos constantes do projeto. busca considerar os resultados em face dos recursos disponíveis.
Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado Federal e Busca-se representar as realizações em índices e indicadores, para
da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual do Congresso Nacio- possibilitar comparação com parâmetros técnicos de desempenho
nal pode apresentar até cinco emendas ao anexo de metas e priori- e com padrões já alcançados anteriormente.
Tais medidas demonstram a maior ou menor capacidade de
dades. Não se incluem nesse limite as emendas ao texto do projeto
consumir recursos escassos, disponíveis para a realização de uma
de lei. Para essa finalidade, as emendas são ilimitadas.
tarefa determinada. Ou, em outras palavras, indicam a justeza e
As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
propriedade com que a forma de elaboração de determinado pro-
emite parecer conclusivo e final, que somente poderá ser modifi-
duto final foi selecionada, de modo a que se minimize o seu custo
cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso respectivo.
Nacional.

276
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
A avaliação da eficácia procura considerar o grau em que os Tendo em vista que o SIOP envolve uma série de custos opera-
objetivos e as finalidades do progresso alcançado dentro da progra- cionais, é importante verificar as mudanças geradas com a sua im-
mação de realizações governamentais. Tanto a análise da eficácia plantação, principalmente as que se referem ao aperfeiçoamento
como da eficiência são possibilidades pelas formas modernas de da gestão das rotinas orçamentárias no âmbito da União, as quais
estruturação dos orçamentos. A classificação por programas, pro- viabilizam a implementação das políticas públicas desenvolvidas no
jetos e atividades e a explicitação das metas físicas orçamentárias âmbito do Governo Federal, com impactos em outras esferas de
viabilizam os testes de eficácia, enquanto a incorporação de cus- governo, na economia e, sobretudo, na sociedade.
tos, estimativos (no orçamento) e efetivos ( na execução), auxilia as Dentre as rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito do
avaliações da eficiência. Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal (SPOF), cabe
destacar a rotina de elaboração das alterações orçamentárias, a
SIAFI e SIOF qual tem significativa importância no contexto orçamentário fede-
ral, uma vez que envolve todos os órgãos dos três Poderes e uma
SIOP considerável quantidade de profissionais, que atuam de forma con-
Com a finalidade de dar suporte às rotinas desenvolvidas no tínua e integrada nesta rotina ao longo de todo o exercício finan-
Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, foram implan- ceiro.2
tados o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR) e o Sis-
tema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN), nos SIAF
anos de 1987 e 2000, respectivamente. SIAFI - É o Sistema Integrado de Administração Financeira do
Estes dois sistemas informatizados foram substituídos a partir Governo Federal;
de 2009, de forma gradativa, pelo Sistema Integrado de Planeja- Órgão Gestor: Secretaria do Tesouro Nacional - STN / Ministé-
mento e Orçamento (SIOP), com os seguintes objetivos: rio da Fazenda - MF;
I. prover mecanismos adequados ao registro e controle dos Função: registro, acompanhamento e controle da execução or-
processos de planejamento e orçamento; çamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal.
II. fornecer meios para agilizar os processos de elaboração do
PPA, LDO, LOA e tramitação de pedidos de alterações orçamentá- A história do SIAFI
rias; Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com uma
III. fornecer fonte segura e tempestiva de informações orça- série de problemas de natureza administrativa que dificultavam a
mentárias; adequada gestão dos recursos públicos e a preparação do orça-
IV. integrar e compatibilizar as informações disponíveis nos di- mento unificado, que passaria a vigorar em 1987:
versos órgãos e entidades participantes; - Emprego de métodos rudimentares e inadequados de traba-
V. permitir aos segmentos da sociedade obter a necessária lho, onde, na maioria dos casos, os controles de disponibilidades
transparência das informações orçamentárias (BRASIL, 2013). orçamentárias e financeiras eram exercidos sobre registros manu-
ais;
Dessa forma, o SIOP é o sistema informatizado (artefato) que - Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Admi-
dá suporte às rotinas orçamentárias do Governo Federal em tempo nistração Pública e utilização da Contabilidade como mero instru-
real. Por meio do acesso à internet, os usuários dos órgãos setoriais mento de registros formais;
e unidades orçamentárias integrantes do Sistema de Planejamento - Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias
e de Orçamento Federal, bem como de outros sistemas automati- entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstra-
zados, registram suas operações e efetuam suas consultas on-line ções Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais, inviabilizando o
(BRASIL, 2013). uso das informações para fins gerenciais;
Assim, a implantação e, principalmente, o uso do SIOP têm re- - Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade
flexos nas diversas rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito de fontes de informações e das várias interpretações sobre cada
do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, uma vez que conceito, comprometendo o processo de tomada de decisões;
a sua interação com estas rotinas pode influenciar tanto a flexibili- - Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que
zação quanto a estabilidade das mesmas. desconhecia técnicas mais modernas de administração financeira e
De acordo com D’Adderio (2011), concentrar-se na relação en- ainda concebia a contabilidade como mera ferramenta para o aten-
tre artefatos e aspecto ostensivo possibilita captar a dinâmica pela dimento de aspectos formais da gestão dos recursos públicos;
qual as visões ostensivas específicas são selecionadas e incorpora- - Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o
das em artefatos de rotinas, ou seja, regras e procedimentos, e, por desvio de recursos públicos e permitissem a atribuição de respon-
outro lado, concentrar-se sobre as relações entre artefatos e per- sabilidades aos maus gestores;
formances possibilita captar a micro dinâmica pela qual artefatos - Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de
influenciam e são influenciados por performances. Dessa forma, o caixa, decorrente da existência de inúmeras contas bancárias, no
SIOP, como artefato criado com base nos aspectos ostensivos das âmbito do Governo Federal. Em cada Unidade havia uma conta
rotinas orçamentárias da União e que, por meio do seu uso, man- bancária para cada despesa. Exemplo: Conta Bancária para Mate-
tém interação com tais rotinas. rial Permanente, Conta bancária para Pessoal, conta bancária para
A tecnologia da informação é indispensável para que as orga- Material de Consumo, etc.
nizações aprimorem sua agilidade, efetividade e inteligência (RE-
ZENDE, 2008). No que tange ao Sistema de Planejamento e de Or- A solução desses problemas representava um verdadeiro de-
çamento Federal, a implantação do SIOP deve corresponder a tal safio à época para o Governo Federal. O primeiro passo para isso
expectativa, uma vez que mudanças nas rotinas orçamentárias são foi dado com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional - STN,
necessárias para dinamizar um sistema caracterizado por arranjos em 10 de março de 1986., para auxiliar o Ministério da Fazenda na
institucionais mais estáveis, como, por exemplo, a Lei no 4.320, de execução de um orçamento unificado a partir do exercício seguinte.
1964, que completou cinquenta anos de vigência em 2014. 2Fonte: www.repositorio.unb.br

277
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informações - Contabilidade: o gestor ganha tempestividade na informação,
que permitissem aos gestores agilizar o processo decisório, tendo qualidade e precisão em seu trabalho;
sido essas informações qualificadas, à época, de gerenciais. Dessa - Finanças: agilização da programação financeira, otimizando a
forma, optou-se pelo desenvolvimento e implantação de um sis- utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da unificação
tema informatizado, que integrasse os sistemas de programação dos recursos de caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco
financeira, de execução orçamentária e de controle interno do Po- Central;
der Executivo e que pudesse fornecer informações gerenciais, con- - Orçamento: a execução orçamentária passou a ser realizada
fiáveis e precisas para todos os níveis da Administração. tempestivamente e com transparência, completamente integrada
a execução patrimonial e financeira;
Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto com
o SERPRO, o Sistema Integrado de Administração Financeira do - Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam
Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, implantando-o em o orçamento : os números da época da implantação do SIAFI indica-
janeiro de 1987, para suprir o Governo Federal de um instrumento vam a existência de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade,
moderno e eficaz no controle e acompanhamento dos gastos pú- eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e executam seus
blicos. gastos através do sistema de forma “on-line”;
Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos pú- - Desconto na fonte de impostos: hoje, no momento do paga-
blicos que apontamos acima ficaram solucionados. Hoje o Governo mento, já é recolhido o imposto devido;
Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde todas as saídas - Auditoria: facilidade na apuração de irregularidades com o
de dinheiro ocorrem com o registro de sua aplicação e do servidor dinheiro público;
público que a efetuou. Trata-se de uma ferramenta poderosa para - Transparência: poucas pessoas tinham acesso às informações
executar, acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a corre- sobre as despesas do Governo Federal antes do advento do SIAFI. A
ta utilização dos recursos da União. prática da época era tratar essas despesas como “assunto sigiloso”.
Hoje a história é outra, pois na democracia o cidadão é o grande
Objetivos do siafi acionista do estado; e
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, acom- - Fim da multiplicidade de contas bancárias: os números da
panhamento e controle da execução orçamentária, financeira e época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de aproxima-
patrimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o SIAFI tem al- damente 9.000 documentos por dia. Com a implantação do SIAFI,
cançado satisfatoriamente seus principais objetivos: constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias e
se registravam em média 33.000 documentos diariamente. Hoje,
a) prover mecanismos adequados ao controle diário da execu- 98% dos pagamentos são identificados de modo instantâneo na
ção orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Adminis- Conta Única e 2% deles com uma defasagem de, no máximo, cinco
tração Pública; dias.
b) fornecer meios para agilizar a programação financeira, oti-
Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens que
mizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da
o distinguem de outros sistemas em uso no âmbito do Governo Fe-
unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;
deral:
c) permitir que a ica seja fonte segura e tempestiva de infor-
mações gerenciais destinadas a todos os níveis da Administração
- Sistema disponível 100% do tempo e on-line;
Pública Federal;
- Sistema centralizado, o que permite a padronização de méto-
d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão
dos e rotinas de trabalho;
dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restrição a essa ativi-
- Interligação em todo o território nacional;
dade, uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador - Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (pode-
de despesa de cada unidade gestora; res Executivo, Legislativo e Judiciário);
e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e - Utilização por grande parte da Administração Indireta; e
municípios e de suas supervisionadas; - Integração periódica dos saldos contábeis das entidades que
f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de consolidação das infor-
das transferências negociadas; mações econômico-financeiras do Governo Federal - à exceção das
g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Go- Sociedades de Economia Mista, que têm registrada apenas a parti-
verno Federal; cipação acionária do Governo - e para proporcionar transparência
h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recur- sobre o total dos recursos movimentados.
sos públicos; e
i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal. Principais atribuições do siafi
O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla,
Vantagens do siafi por meio de terminais instalados em todo o território nacional, a
O SIAFI representou tão grande avanço para a ica da União que execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos ór-
ele é hoje reconhecido no mundo inteiro e recomendado inclusive gãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fun-
pelo Fundo Monetário Internacional. Sua performance transcen- dações e empresas públicas federais e das sociedades de economia
deu de tal forma as fronteiras brasileiras e despertou a atenção no mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no
cenário nacional e internacional, que vários países, além de alguns Orçamento da Seguridade Social da União.
organismos internacionais, têm enviado delegações à Secretaria do
Tesouro Nacional, com o propósito de absorver tecnologia para a
implantação de sistemas similares.
Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para a Admi-
nistração Pública Federal :

278
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais apenas para receberem, pela Conta Única do
Governo Federal, suas receitas (taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam o sistema. Entidades de caráter
privado também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa utilização depende da celebração de convênio
ou assinatura de termo de cooperação técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão gestor do SIAFI.
Muitos são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Administração Pública que dele faz uso, mas podemos dizer, a título de simplifica-
ção, que essas facilidades foram desenvolvidas para registrar as informações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública federal
dos recursos arrecadados legalmente da sociedade:
- Execução Orçamentária;
- Execução Financeira; e
- Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas no Balanço Geral da União.3

Ciclo e Processo Orçamentário

A CF 88 determina a elaboração do contrato orçamentário com base em três leis ordinárias:


• Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos;
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
• Lei Orçamentária Anual (LOA).

Visando fortalecer a interligação dos processos de planejamento e orçamento (alocação de recursos), a CF 88 exigiu que o PPA, a LDO
e a LOA fossem articulados, interdependentes e compatíveis.
A LDO recebeu a função unir o PPA e a LOA. Por isso, a LDO pode ser considerada um “esqueleto” da lei orçamentária anual: estabe-
lece, anualmente, a estrutura para a elaboração do orçamento. Por sua vez, a própria elaboração da LDO deve obedecer aos princípios
do PPA.
Essa sobreposição entre as três leis está disposto prioritariamente nos artigos 165, 166 e 167 da CF.
O artigo 165 da Constituição determina que os orçamentos anuais, neste caso tanto a LOA como a LDO, precisam ser compatíveis
com o PPA.
Art. 165. (...)
§ 7° Os orçamentos previstos no § 5°, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de
reduzir desigualdades inter regionais, segundo critério populacional (CF, art. 165, § 7°). Compreendendo o ciclo orçamentário
O artigo 167 da CF exige que emendas que modifiquem a LOA, ou projetos no mesmo sentido, precisam ser compatíveis tanto em
relação ao PPA como naquilo que determina a LDO:
Art. 166. (...)
§ 3° As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Compreendendo o ciclo orçamentário.O super-
-ordenamento do PPA sobre à LOA está claro no art. 167, da CF:
Art. 167. (...)
§1° Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plu-
rianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob crime de responsabilidade (CF, art. 167,§ 1°).Esse super-ordenamento também aparece
em outros trechos da Constituição, como a necessidade de que a LOA observe a LDO:
3Fonte: www.ceap.br – Por Glaucio Bezerra

279
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 5° Durante a execução orçamentária do exercício, não po- Vale notar que, antes da etapa de elaboração da proposta or-
derá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações çamentária, o órgão central de orçamento indica o volume de dis-
que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orça- pêndios coerente com a meta de resultado primário e parâmetros
mentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a aber- estabelecidos na LDO, e em conformidade com as orientações es-
tura de créditos suplementares ou especiais (CF, art 99, § 5°; CF, tratégicas estabelecidas no Plano Plurianual.
art. 127, § 6°). O volume assim estabelecido determinará a quantificação da
Enfim, a Constituição determina que a elaboração da LDO demanda financeira e servirá para formular o limite da expansão
ocorra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art. 166, § 4°). Esta ou retração do dispêndio.
mesma orientação vale para a elaboração da LOA (CF, art. 165, § 7°; Os recursos financeiros serão determinados em função das re-
CF, art. 166, § 3°, inciso I). comendações da LDO sobre:
O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da propos- • comportamento da arrecadação tributária;
ta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo. Isso ocorre no • política de endividamento;
primeiro ano de governo do presidente, governador ou prefeito • participação das fontes internas e externas no financiamento
recém-empossado ou reeleito. das despesas;
O exercício financeiro, no Brasil, é um período de doze me- • crescimento econômico; e
ses (um ano). O exercício financeiro coincidirá com o ano civil (Lei • alteração na legislação tributária.
4.320/64, Art. 34). O exercício financeiro define o período para fins
de organização dos registros relativos à arrecadação de receitas, a No processo de programação, busca-se uma igualdade entre
execução de despesas. a demanda e a oferta financeira quando da consolidação das pro-
Entende-se por ciclo orçamentário uma séria de rotinas, contí- postas setoriais (princípio do equilíbrio entre receitas e despesas
nuas, dinâmicas e flexíveis, visando à elaboração, aprovação, exe- públicas).
cução, controle e avaliação do orçamento, em um determinado Na consolidação das propostas, nos níveis setoriais ou central,
período tempo que não se deve confundir ao exercício financeiro. pode-se conduzir a alterações nos dispêndios ou nas disponibilida-
Para a realização desse processo devem ser cumpridas as se- des financeiras.
guintes etapas:
a) Elaboração Sendo a peça orçamentária o documento que cristaliza todo o
b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação processo de gestão dos recursos públicos, devem ser contempla-
c) Execução dos, na fase de elaboração orçamentária, todos os elementos que
d) Controle e facilitem a análise sob os aspectos da eficiência e da eficácia dos
e) Avaliação projetos.
Cabe destacar, ainda, que o Poder Executivo, para fins de ela-
a) Elaboração boração da Proposta Orçamentária, vale-se, anualmente, das ins-
Essa fase é de responsabilidade essencialmente do Poder Exe- truções contidas no Manual Técnico de Orçamento, MTO-02, cujo
cutivo, que realiza estudos para preparação dos projetos das leis objetivo é orientar os participantes do processo.
orçamentárias que são: PPA, LDO e LOA.
Na etapa de elaboração da PLOA são estabelecidas as metas b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação
e prioridades, compatíveis com a LDO, define programas, obras e Seguindo o curso do processo legislativo, caberá ao Poder Le-
estimativa das receitas, bem como consolida as propostas parciais gislativo, por meio da Comissão Mista Permanente de Orçamento
elaboradas pelo Judiciário, Legislativo e Ministério Público, visando e Finanças, apreciar os termos da proposta enviada pelo Chefe do
o envio ao Congresso Nacional para apreciação e votação. Poder Executivo, podendo, segundo certos critérios, emendá-la e,
Naturalmente, os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério em situações extremas, rejeitá-la.
Público têm autonomia para a elaboração de suas propostas, den- Observa-se que o Presidente da República poderá propor alte-
tro das condições e limites já estabelecidos nos planos e diretrizes. rações aos projetos, desde que não tenha sido iniciada a votação
O órgão central do Sistema de Orçamento (o Ministério do Pla- pela comissão mista, da parte proposta.
nejamento, Orçamento e Gestão) fixa os parâmetros a serem ado- Importante observar que as seguintes despesas não podem
tados no âmbito de cada órgão/unidade orçamentária. sofrer anulação:
Há dois níveis de compatibilização e consolidação: o primeiro
decorre das discussões entre as unidades de cada órgão; o segun- a) pagamento de pessoal e seus encargos;
do, no âmbito do órgão central do Sistema de Orçamento, entre os b) serviço da dívida pública;
vários órgãos da Administração Pública. c) transferências tributárias constitucionais ao FPE e FPM.
Dentre os parâmetros que se deve utilizar nessa fase, também Os projetos de lei do PPA, LDO e LOA serão votadas pelas duas
conhecida como pré-proposta, destacamos: Casas do Congresso Nacional, que após será enviado ao Presidente
- análise histórica da execução do orçamento (saber o que, da República para promulgação e sanção no prazo de 15 dias úteis,
como e quanto se gastou); devendo publicá-las a seguir.
- quantificação dos gastos, recursos e estabelecimento de limi- Por fim, ressalta-se que mesmo depois de votado o orçamento
tes (verificar a LRF); e já se tendo iniciada a sua execução, o processo legislativo poderá
- compatibilização dos programas e ajustes dos gastos (ade- novamente ser desencadeado em virtude projeto de lei destinado a
quação do planejamento aos gastos). solicitar autorizações para a abertura de créditos adicionais.

Disso resulta a proposta consolidada que o Presidente da Re-


pública encaminha, anualmente, ao Congresso Nacional, por meio
de mensagem ao Congresso Nacional, com a função de esclarecer
e apresentar os principais pontos e questões relativos à situação
financeira do Estado.

280
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Fluxo do Processo de Elaboração e Aprovação da LOA II – manter durante o exercício financeiro o equilíbrio entre
receita arrecadada e despesa realizada, visando reduzir eventuais
1. Secretaria de Orçamento Federal insuficiências de recursos.
Aprova instruções para a elaboração das propostas do Orça-
mento Anual, divulga parâmetros, limites e prazos para a elabora- d) Controle
ção das propostas orçamentárias setoriais. Uma vez realizada a execução orçamentária, os órgãos dos sis-
temas de controle interno e externo iniciam o processo de apre-
2 Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça- ciação e julgamento da aplicação dos recursos públicos nos termos
mento e Administração das leis orçamentárias e com base em regulamentos específicos.
Orienta e coordena a elaboração das propostas das unidades Durante essa fase, devem ser observados os seguintes princí-
orçamentárias. pios:
Fixa prazo para a entrega das propostas no âmbito de cada Mi- ● a legalidade;
nistério. ● a economicidade;
● a correta aplicação das receitas e,
3. Unidades Gestoras ● suas renúncias.
Elabora a proposta orçamentária e encaminha-a a SPOA do ór-
gão. O controle aqui estudado pode ser realizado nos seguintes mo-
mentos:
4. Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça- I – a priori ou prévio: antes da execução do orçamento.
mento e Administração II – concomitante: durante a execução do orçamento.
Analisa preliminarmente, faz correções, revisa e consolida as III – a posteriori ou subsequente: após o encerramento do
propostas parciais das unidades. exercício financeiro.
Encaminha-as à Secretaria de Orçamento Federal – SOF/MP. Ademais, cabe ao gestor público a apresentação da prestação
5. Secretaria de Orçamento Federal- SOF/MP de contas, que tem como finalidade apresentar os fatos ocorridos
Faz análises, cortes, correções, bem como, revisa e consolida na sua gestão.
as propostas parciais recebidas dos órgãos.
A SOF/MP junta as propostas parciais às estimativas do orça- e) Avaliação
mento de Receita e forma a proposta orçamentária geral, a qual é Essa é a última fase, às vezes não consideradas por alguns dou-
encaminhada ao Presidente da República. trinadores, permite a revisão e a melhora do planejamento orça-
mentário pelo Governo, onde são observadas as metas atingidas
6. Presidência da República comparadas aos recursos utilizados.
Encaminha a proposta orçamentária ao Congresso Nacional Esse papel atualmente é exercido pela SPI/MP.
até o dia 31 de agosto do ano vigente.
Processo Orçamentário
7. Comissão Mista de Orçamento O processo orçamentário compreende:
Recebe o projeto de lei e as emendas dos congressistas. Ana- - conjunto de regras e procedimentos dirigidas aos agentes pú-
lisa, emite parecer, discute e vota o mesmo. Elabora redação final blicos;
do projeto de lei. - solução de conflitos de interesse nos diversos planos;
- interesse políticos relacionados ao processo decisório;
8. Congresso Nacional - nível de endividamento x investimentos e crescimento;
Discute e vota o relatório final da Comissão Mista de Orça- - eficiência na alocação orçamentária;
mento, bem como as emendas pendentes de decisão. Aprova a Lei
Orçamentária. Devolve-a ao Presidente da República para sanção. Onde há um orçamento público, há sempre um processo orça-
mentário, seja numa ditadura ou numa democracia desenvolvida.
9. Presidente da República Porém, eles se revestem de características completamente diferen-
Sanciona ou promulga a Lei Orçamentária. Determina a sua pu- tes. No Brasil, durante o regime militar, por exemplo, o Executivo
blicação no Diário Oficial da União. enviava um orçamento para o Legislativo, que deveria aprová-lo
sem possibilidade de emendas ou maior discussão. Já numa demo-
10. Secretaria de Orçamento Federal cracia, espera-se que a aprovação do orçamento público gere um
Providência a disponibilização da fita do orçamento para pro- jogo de negociação dentro do Legislativo e entre este e o Executivo.
cessamento no Sistema Integrado de Administração Financeira do O desenho do processo orçamentário visa justamente a aper-
Governo Federal (SIAFI). feiçoar esse jogo, procurando o máximo possível criar condições
para que os seus resultados sejam gerados em um ambiente com
c) Execução algumas importantes propriedades. Tais propriedades, que visua-
Essa fase inicia-se logo após a publicação da lei orçamentária, e lizamos aqui como Pontos Cardiaisdo Processo Orçamentário, são
caracterizada pela efetivação na arrecadação das receitas e o pro- listadas abaixo sem ordem de precedência:
cessamento da despesa. 1) Legitimidade
Ademais, nos termos da LRF, art. 8º, o Poder Executivo deverá 2) Simplicidade
no prazo de 30 dias, publicar o decreto de programação financeira 3) Efetividade
e o cronograma de execução mensal de desembolso, que tem por 4) Temporalidade
objetivos:
I – assegurar as unidades orçamentárias, em tempo hábil, a
soma de recursos necessários para a melhor execução do progra-
ma de trabalho;

281
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
A caracterização pragmática e detalhada de cada um destes 3) cálculo da necessidade de financiamento (as necessidades
termos variará de sociedade para sociedade. Seu significado con- são apuradas nas três esferas de governo: federal, estadual e mu-
ceitual subjacente, entretanto, ponto mais importante, é facilmen- nicipal. Cada ente da Federação deverá indicar os resultados fiscais
te inteligível: pretendidos para o exercício financeiro a que a LDO se referir e os
1) Legitimidade: Baseia-se nas noções de transparência, equi- dois seguintes).
dade, universalidade e obediência à norma legal, a população acre- As necessidades de financiamento do setor público são apura-
ditando na justeza da forma e do volume de acordo com os quais das separadamente pelos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social
são obtidos e alocados os recursos públicos. e pelo Orçamento de Investimento das Estatais.
2) Simplicidade: Objetiva o desenvolvimento da percepção e As necessidades de financiamento do Governo Central corres-
do pleno entendimento, pela população em geral, dos mecanismos ponde ao resultado dos orçamentos fiscais e da seguridade social, e
e da importância do processo orçamentário como um todo. se expressam por meio do resultado primário e resultado nominal.
Regras claras e simples são mais compreensíveis. Isto ajuda a A soma das necessidades de financiamento do governo central
criar uma cultura de escolhas objetivas, onde cada indivíduo se tor- com as das empresas estatais, correspondem as necessidades de
na realmente interessado no acompanhamento do uso dos recur- financiamento da União.
sos públicos, passando a vigiar e ponderar sobre as ações do Exe- O resultado primário de determinado ente representa a dife-
cutivo e do Legislativo de uma forma mais exigente. Espera-se um rença entre
aumento da consciência sobre as vantagens e custos das opções de A) RECEITAS PRIMÁRIAS (impostos, taxas, contribuições e de-
política traduzidas em verbas pelo orçamento público. mais receitas, EXCLUINDO-SE: operações de crédito, receitas de
3) Efetividade: Tal propriedade visa a assegurar que o processo rendimentos de aplicações financeiras, empréstimos concedidos,
orçamentário ajude o bom funcionamento do Estado, servindo de privatizações, superávit financeiro)
instrumento, e não empecilho, à implementação das políticas pú- B) DESPESAS PRIMÁRIAS (despesas orçamentárias, EXCLUIN-
blicas legitimamente aprovadas. DO-SE: amortizações, juros e encargos da dívida, aquisição de títu-
4) Temporalidade: Traduz-se aqui por temporalidade a utiliza- los de capital integralizado, concessão de empréstimos)
ção do processo orçamentário como um dos instrumentos princi- Superávit primário = receitas primárias > despesas primárias
pais de permeabilização e sujeição dos gastos públicos às preferên-
cias intertemporais da sociedade. 4) fixação dos valores para despesas obrigatórias (são despe-
O processo orçamentário deve ser capaz de gerar, ano a ano, sas obrigatórias: as transferência constitucionais – fundo de parti-
uma sucessão de orçamentos, nos quais a realização de investi- cipação dos estados e dos municípios, programas de financiamento
mentos possa manter, se a determinação política assim dispuser, do setor produtivo das regiões norte, nordeste e centro-oeste – as
os focos de longo prazo previamente determinados. No Brasil, a despesas de pessoal e encargos sociais, benefícios previdenciários,
Constituição de 1988 tentou fazer isto, alocando um certo percen- as decorrentes de dívidas públicas, contratuais e mobiliárias, e as
tual das despesas para fins específicos. Para a educação, por exem- relacionadas com sentenças judiciais transitadas em julgado (pre-
plo, houve alocação de 18% dos recursos tributários. Os resultados catórios).
dessa experiência, entretanto, são polêmicos. 5) determinação dos limites para despesas discricionárias
Denotamos os quatro pontos acima como Pontos Cardiais do Após estimadas todas as receitas, considerando-se a meta
Processo Orçamentário porque eles estabelecem um conjunto mí- de resultado primário prevista na LDO, e determinadas as despe-
nimo de condições ao bom funcionamento da prática orçamentária sas obrigatórias (que têm seu montante determinado por dispo-
pública. Tais condições, porém, são necessárias, mas não suficien- sições legais e constitucionais), o restante destina-se às despesas
tes. Países com boa estrutura de processo orçamentário podem ou discricionárias (fixadas em conformidade com disponibilidade de
não gerar um bom orçamento público. Todavia, países onde o pro- recursos financeiros). Classificam-se como despesas discricionárias
cesso orçamentário não possui uma ou algumas das propriedades as despesas primárias de execução não obrigatória no âmbito dos
acima têm demonstrado, em maior ou menor grau, menor resiliên- três Poderes e do Ministério Público. Por meio dessas despesas, o
cia na manutenção do desenvolvimento. Governo materializa as políticas setoriais, viabilizando sua platafor-
ma de “campanha”, pois possui a discricionariedade de alocação e
O processo orçamentário é composto das seguintes etapas: execução das dotações orçamentárias de acordo com suas metas e
1) fixação das metas de resultado fiscal (constante do anexo prioridades.
de metas fiscais da LDO e tem por finalidade garantir a redução
gradual da relação dívida pública ⁄ PIB. O limite do endividamento 6) elaboração das propostas setoriais
corresponderá a um percentual da RECEITA CORRENTE LÍQUIDA). As diversas unidades elaboram simultaneamente as propostas
Depois de estabelecida a meta fiscal, inicia-se a elaboração do or- e definem sua programação orçamentária, resultando numa es-
çamento com a estimativa da receita, possibilitando, a seguir, fixar trutura programática formada pelos programas e suas respectivas
o valor da despesa. ações (projetos, atividades e operações especiais).
2) previsão ou estimativa da receita (observarão normas téc- Após a definição da estrutura programática, é feito o detalha-
nicas e legais, considerando os efeitos das alterações na legislação, mento da proposta setorial, onde será enviado ao Órgão Central
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de do Sistema Orçamentário para realizar os ajustes, que serão nego-
qualquer outro fatos relevante e serão acompanhadas de demons- ciados com os órgãos setoriais do Poder Executivo, decorrentes de
trativos de sua evolução e da metodologia de cálculo e premissas revisão das estimativas de receitas e fixação de despesas.
utilizadas).
LEGISLAÇÃO, PREÇO e RENDA, configuram-se como parâme- 7) processo legislativo
tros fundamentais para estimativas das receitas. 8) sanção da lei
9) execução orçamentária
10) alterações orçamentárias4
4Texto adaptado de Carlos Ivan Simonsen Leal (http://interessenacional.uol.
com.br)/Alessandro Lopez (http://alessandrolopez.blogspot.com.br

282
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
ICA Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurí-
Assim como qualquer ente, os órgãos públicos são capazes de dica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
adquirir direitos, de assumir obrigações e ainda compram, vendem, administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
produzem, constroem etc. Eles realizam, por meio da execução de responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
suas tarefas, as mais variadas operações contábeis típicas, envol- pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
vendo as áreas financeira, orçamentária e patrimonial, principal- 1998)
mente. Algumas dessas operações são encontradas no nosso dia a Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
dia, como por exemplo, recebimento de recursos financeiros pró- será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
prios e de terceiros, pagamento de pessoal e fornecedores, compra compete:
de materiais de consumo e bens permanentes etc. Além de todas I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
essas atividades, os órgãos e entidades públicas praticam atos ad- República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
ministrativos que têm a capacidade de provocar, no futuro, altera- sessenta dias a contar de seu recebimento;
ções em elementos que compõem o seu patrimônio, ou seja, seus II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
bens, direitos e obrigações, como é o caso de contratos de serviços, por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in-
convênios, concessão de avais e outros atos. direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
A ica, utilizando os princípios, os critérios, os métodos e as pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
técnicas da Ciência Contábil, é responsável pela tarefa de acompa- a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
nhamento da evolução do patrimônio público. Além disso, tendo
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
em vista a importância que o orçamento tem na vida de um órgão
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
público, a ica também acompanha a sua execução, traduzida na ar-
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
recadação da receita e na realização da despesa. Por conta desse
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
elemento (orçamento) é que essa contabilidade tem peculiarida- comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
des especiais não encontradas em qualquer outro ramo da Ciência e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
Contábil. fundamento legal do ato concessório;
Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
Complementar 101/2000), a ica alçou uma maior importância e va- do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
lorização. e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
1988 inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
PREÂMBULO de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
nos termos do tratado constitutivo;
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio-
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe-
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, ções realizadas;
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
TÍTULO IV estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
2014)
ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co-
CAPÍTULO I
municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
DO PODER LEGISLATIVO XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
abusos apurados.
SEÇÃO IX § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire-
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao
Poder Executivo as medidas cabíveis.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope- § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de
racional e patrimonial da União e das entidades da administração noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo ante-
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, rior, o Tribunal decidirá a respeito.
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débi-
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de to ou multa terão eficácia de título executivo.
controle interno de cada Poder. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral
e anualmente, relatório de suas atividades.

283
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no
166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais
que sob a forma de investimentos não programados ou de subsí- de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribu-
dios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental nais e Conselhos de Contas dos Municípios.
responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os
necessários. Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Con-
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes selheiros.
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. Definindo como jurídica a natureza do orçamento, tem-se que
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, o mesmo encontra fundamento constitucional nos arts. 165 a 169.
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão Vamos conferir:
à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Mi- CAPÍTULO II
nistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e DAS FINANÇAS PÚBLICAS
jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber,
as atribuições previstas no art. 96. Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea- I - finanças públicas;
dos dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
idade; III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
II - idoneidade moral e reputação ilibada; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e V - fiscalização financeira da administração pública direta e in-
financeiros ou de administração pública; direta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati- VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da
vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
inciso anterior. VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão esco- crédito da União, resguardadas as características e condições ope-
lhidos: racionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista a) indicadores de sua apuração; (Incluído pela Emenda Consti-
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e mere- tucional nº 109, de 2021)
cimento; b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a tra-
II - dois terços pelo Congresso Nacional.
jetória da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mes-
2021)
mas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vanta-
c) trajetória de convergência do montante da dívida com os li-
gens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-
mites definidos em legislação; (Incluído pela Emenda Constitucional
-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
nº 109, de 2021)
art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; (Incluído pela
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mes-
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
mas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das
e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução
demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional
Federal. do montante da dívida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário mante- 109, de 2021)
rão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finali- Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII
dade de: do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações pre-
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria- vistas no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Cons-
nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da titucional nº 109, de 2021)
União; Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à cípios disponibilizarão suas informações e dados contábeis, orça-
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo- mentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema es-
nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como tabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, de forma
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a publicidade dos
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan- dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrôni-
tias, bem como dos direitos e haveres da União; co de amplo acesso público. (Incluído pela Emenda Constitucional
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti- nº 108, de 2020)
tucional. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exer-
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe- cida exclusivamente pelo banco central.
cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên- § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indireta-
cia ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade mente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou
solidária. entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emis-
é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou são do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de mo-
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. eda ou a taxa de juros.

284
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas § 9º - Cabe à lei complementar:
no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municí- I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a
pios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes
por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados orçamentárias e da lei orçamentária anual;
os casos previstos em lei. II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da
Art. 164-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- administração direta e indireta bem como condições para a institui-
pios devem conduzir suas políticas fiscais de forma a manter a dí- ção e funcionamento de fundos.
vida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de
referida no inciso VIII do caput do art. 163 desta Constituição. (In- procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos
cluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das
Parágrafo único. A elaboração e a execução de planos e orça- programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto
mentos devem refletir a compatibilidade dos indicadores fiscais nos §§ 11 e 12 do art. 166 . (Redação dada pela Emenda Constitu-
com a sustentabilidade da dívida. (Incluído pela Emenda Constitu- cional nº 100, de 2019) (Produção de efeito )
cional nº 109, de 2021) § 10. A administração tem o dever de executar as programa-
ções orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários,
SEÇÃO II com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
DOS ORÇAMENTOS sociedade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
(Produção de efeito)
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de dire-
I - o plano plurianual;
trizes orçamentárias: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102,
II - as diretrizes orçamentárias;
de 2019) (Produção de efeito)
III - os orçamentos anuais.
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de for- I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais
ma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração e legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas e não
pública federal para as despesas de capital e outras delas decorren- impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicio-
tes e para as relativas aos programas de duração continuada. nais;
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica
e prioridades da administração pública federal, estabelecerá as di- devidamente justificados;
retrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricio-
trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da nárias.
lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tri- § 12. Integrará a lei de diretrizes orçamentárias, para o exer-
butária e estabelecerá a política de aplicação das agências financei- cício a que se refere e, pelo menos, para os 2 (dois) exercícios sub-
ras oficiais de fomento. (Redação dada pela Emenda Constitucional sequentes, anexo com previsão de agregados fiscais e a proporção
nº 109, de 2021) dos recursos para investimentos que serão alocados na lei orçamen-
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerra- tária anual para a continuidade daqueles em andamento. (Incluído
mento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamen- pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)
tária. (Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020) § 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e 12 deste
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais artigo aplica-se exclusivamente aos orçamentos fiscal e da seguri-
previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com dade social da União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102,
o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. de 2019) (Produção de efeito)
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: § 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões de
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun- despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos in-
dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive vestimentos plurianuais e daquele s em andamento. (Incluído pela
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, § 15. A União organizará e manterá registro centralizado de
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com projetos de inve stimento contendo, por Estado ou Distrito Federal,
direito a voto;
pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos e infor-
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
mações sobre a execução física e financeira. (Incluído pela Emenda
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in-
Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)
direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
§ 16. As leis de que trata este artigo devem observar, no que
Poder Público.
§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de de- couber, os resultados do monitoramento e da avaliação das políti-
monstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, cas públicas previstos no § 16 do art. 37 desta Constituição. (Incluí-
decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios do pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
de natureza financeira, tributária e creditícia. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às di-
§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, com- retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio-
patibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de nais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na
reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacio- forma do regimento comum.
nal. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estra- e Deputados:
nho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste
na proibição a autorização para abertura de créditos suplementa- artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente
res e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipa- da República;
ção de receita, nos termos da lei.

285
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas na- § 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12
cionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer deste artigo não serão de execução obrigatória nos casos dos impe-
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da dimentos de ordem técnica. (Redação dada pela Emenda Constitu-
atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Ca- cional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)
sas, criadas de acordo com o art. 58. § 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11 e 12 des-
§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que te artigo, os órgãos de execução deverão observar, nos termos da
sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo lei de diretrizes orçamentárias, cronograma para análise e verifica-
Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. ção de eventuais impedimentos das programações e demais pro-
§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos cedimentos necessários à viabilização da execução dos respectivos
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: montantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de 2019) (Produção de efeito)
diretrizes orçamentárias; I - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os pro- 100, de 2019) (Produção de efeito)
venientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: II - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
a) dotações para pessoal e seus encargos; 100, de 2019) (Produção de efeito)
b) serviço da dívida; III - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Mu- 100, de 2019) (Produção de efeito)
nicípios e Distrito Federal; ou IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
III - sejam relacionadas: 100, de 2019) (Produção de efeito)
a) com a correção de erros ou omissões; ou § 15. (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. nº 100, de 2019) (Produção de efeito)
§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentá- § 16. Quando a transferência obrigatória da União para a exe-
rias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano cução da programação prevista nos §§ 11 e 12 deste artigo for des-
plurianual. tinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá
§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a
Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação
refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169.
mista, da parte cuja alteração é proposta. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Pro-
§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orça- dução de efeito)
mentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da § 17. Os restos a pagar provenientes das programações orça-
República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar mentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão ser considerados para
a que se refere o art. 165, § 9º. fins de cumprimento da execução financeira até o limite de 0,6%
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no (seis décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no
que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas rela- exercício anterior, para as programações das emendas individuais,
tivas ao processo legislativo. e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as programa-
§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou ções das emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despe- Estado ou do Distrito Federal. (Redação dada pela Emenda Consti-
sas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, me-
tucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)
diante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica
§ 18. Se for verificado que a reestimativa da receita e da des-
autorização legislativa.
pesa poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária
fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, os montantes
serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por
previstos nos §§ 11 e 12 deste artigo poderão ser reduzidos em até
cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado
a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das de-
pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será
mais despesas discricionárias. (Redação dada pela Emenda Consti-
destinada a ações e serviços públicos de saúde. (Incluído pela Emen-
tucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)
da Constitucional nº 86, de 2015)
§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços pú- § 19. Considera-se equitativa a execução das programações
blicos de saúde previsto no § 9º, inclusive custeio, será computada de caráter obrigatório que observe critérios objetivos e imparciais
para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apre-
destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. (Incluí- sentadas, independentemente da autoria. (Incluído pela Emenda
do pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)
§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das § 20. As programações de que trata o § 12 deste artigo, quando
programações a que se refere o § 9º deste artigo, em montante versarem sobre o início de investimentos com duração de mais de
correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da re- 1 (um) exercício financeiro ou cuja execução já tenha sido inicia-
ceita corrente líquida realizada no exercício anterior, conforme os da, deverão ser objeto de emenda pela mesma bancada estadual,
critérios para a execução equitativa da programação definidos na a cada exercício, até a conclusão da obra ou do empreendimento.
lei complementar prevista no § 9º do art. 165. (Incluído pela Emen- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção
da Constitucional nº 86, de 2015) de efeito)
§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas
aplica-se também às programações incluídas por todas as emendas ao projeto de lei orçamentária anual poderão alocar recursos a Es-
de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito tados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de: (Incluído pela
Federal, no montante de até 1% (um por cento) da receita corrente Emenda Constitucional nº 105, de 2019)
líquida realizada no exercício anterior. (Redação dada pela Emenda I - transferência especial; ou (Incluído pela Emenda Constitucio-
Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito) (Vide) (Vide) nal nº 105, de 2019)

286
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II - transferência com finalidade definida. (Incluído pela Emen- V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia
da Constitucional nº 105, de 2019) autorização legislativa e sem indicação dos recursos corresponden-
§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo tes;
não integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos Mu- VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
nicípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da des- recursos de uma categoria de programação para outra ou de um
pesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
de endividamento do ente federado, vedada, em qualquer caso, a VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo no pa- VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de
gamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019) recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir
I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, in-
inativos, e com pensionistas; e (Incluído pela Emenda Constitucional clusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
nº 105, de 2019) IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
II - encargos referentes ao serviço da dívida. (Incluído pela autorização legislativa.
Emenda Constitucional nº 105, de 2019) X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de
§ 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos
deste artigo, os recursos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento
105, de 2019) de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados,
I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, do Distrito Federal e dos Municípios.
independentemente de celebração de convênio ou de instrumento
XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições so-
congênere; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)
ciais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas
II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferên-
distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdên-
cia financeira; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de
cia social de que trata o art. 201
2019)
III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o
de competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado, § 22 do art. 40, a utilização de recursos de regime próprio de previ-
observado o disposto no § 5º deste artigo. (Incluído pela Emenda dência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos
Constitucional nº 105, de 2019) no art. 249, para a realização de despesas distintas do pagamento
§ 3º O ente federado beneficiado da transferência especial a dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àquele
que se refere o inciso I do caput deste artigo poderá firmar contra- regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu fun-
tos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamen- cionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
to da execução orçamentária na aplicação dos recursos. (Incluído XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de
pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019) avais, as garantias e as subvenções pela União e a concessão de
§ 4º Na transferência com finalidade definida a que se refere empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras fede-
o inciso II do caput deste artigo, os recursos serão: (Incluído pela rais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese de
Emenda Constitucional nº 105, de 2019) descumprimento das regras gerais de organização e de funciona-
I - vinculados à programação estabelecida na emenda parla- mento de regime próprio de previdência social. (Incluído pela Emen-
mentar; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019) da Constitucional nº 103, de 2019)
II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União. XIV - a criação de fundo público, quando seus objetivos pude-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019) rem ser alcançados mediante a vinculação de receitas orçamentá-
§ 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências es- rias específicas ou mediante a execução direta por programação
peciais de que trata o inciso I do caput deste artigo deverão ser apli- orçamentária e financeira de órgão ou entidade da administração
cadas em despesas de capital, observada a restrição a que se refere pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional § 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer-
nº 105, de 2019) cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
Art. 167. São vedados: de responsabilidade.
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça- § 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência
mentária anual;
no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações dire-
de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
tas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão
III - a realização de operações de créditos que excedam o mon-
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante
créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, apro- § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será ad-
vados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; (Vide Emenda mitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as
constitucional nº 106, de 2020) decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou observado o disposto no art. 62.
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos § 4º É permitida a vinculação das receitas a que se referem os
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de re- arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas “a”, “b”, “d” e “e” do inciso I e o
cursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manuten- inciso II do caput do art. 159 desta Constituição para pagamento de
ção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades débitos com a União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia.
da administração tributária, como determinado, respectivamente, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

287
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de IX - criação ou expansão de programas e linhas de financia-
recursos de uma categoria de programação para outra poderão ser mento, bem como remissão, renegociação ou refinanciamento de
admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inova- dívidas que impliquem ampliação das despesas com subsídios e
ção, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos subvenções; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem necessidade X - concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de nature-
da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo. za tributária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) § 1º Apurado que a despesa corrente supera 85% (oitenta e
§ 6º Para fins da apuração ao término do exercício financeiro cinco por cento) da receita corrente, sem exceder o percentual men-
do cumprimento do limite de que trata o inciso III do caput deste cionado no caput deste artigo, as medidas nele indicadas podem
artigo, as receitas das operações de crédito efetuadas no contexto ser, no todo ou em parte, implementadas por atos do Chefe do Po-
da gestão da dívida pública mobiliária federal somente serão con- der Executivo com vigência imediata, facultado aos demais Poderes
sideradas no exercício financeiro em que for realizada a respectiva e órgãos autônomos implementá-las em seus respectivos âmbitos.
despesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
Art. 167-A. Apurado que, no período de 12 (doze) meses, a re- § 2º O ato de que trata o § 1º deste artigo deve ser submetido,
lação entre despesas correntes e receitas correntes supera 95% (no- em regime de urgência, à apreciação do Poder Legislativo. (Incluído
venta e cinco por cento), no âmbito dos Estados, do Distrito Federal pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
e dos Municípios, é facultado aos Poderes Executivo, Legislativo e § 3º O ato perde a eficácia, reconhecida a validade dos atos
Judiciário, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e à Defen- praticados na sua vigência, quando: (Incluído pela Emenda Consti-
soria Pública do ente, enquanto permanecer a situação, aplicar o tucional nº 109, de 2021)
mecanismo de ajuste fiscal de vedação da: (Incluído pela Emenda I - rejeitado pelo Poder Legislativo; (Incluído pela Emenda Cons-
Constitucional nº 109, de 2021) titucional nº 109, de 2021)
I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajus- II - transcorrido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias sem que
te ou adequação de remuneração de membros de Poder ou de ór- se ultime a sua apreciação; ou (Incluído pela Emenda Constitucional
gão, de servidores e empregados públicos e de militares, exceto dos nº 109, de 2021)
derivados de sentença judicial transitada em julgado ou de determi- III - apurado que não mais se verifica a hipótese prevista no § 1º
nação legal anterior ao início da aplicação das medidas de que trata deste artigo, mesmo após a sua aprovação pelo Poder Legislativo.
este artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento § 4º A apuração referida neste artigo deve ser realizada bimes-
de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) tralmente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento § 5º As disposições de que trata este artigo: (Incluído pela
de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, res- I - não constituem obrigação de pagamento futuro pelo ente
salvadas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) da Federação ou direitos de outrem sobre o erário; (Incluído pela
a) as reposições de cargos de chefia e de direção que não acar- Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
retem aumento de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional II - não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de
nº 109, de 2021) dispositivos constitucionais e legais que disponham sobre metas fis-
b) as reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos cais ou limites máximos de despesas. (Incluído pela Emenda Consti-
ou vitalícios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) tucional nº 109, de 2021)
c) as contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput § 6º Ocorrendo a hipótese de que trata o caput deste artigo,
do art. 37 desta Constituição; e (Incluído pela Emenda Constitucio- até que todas as medidas nele previstas tenham sido adotadas por
nal nº 109, de 2021) todos os Poderes e órgãos nele mencionados, de acordo com de-
d) as reposições de temporários para prestação de serviço mi- claração do respectivo Tribunal de Contas, é vedada: (Incluído pela
litar e de alunos de órgãos de formação de militares; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
Emenda Constitucional nº 109, de 2021) I - a concessão, por qualquer outro ente da Federação, de ga-
V - realização de concurso público, exceto para as reposições de rantias ao ente envolvido; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
vacâncias previstas no inciso IV deste caput; (Incluído pela Emenda 109, de 2021)
Constitucional nº 109, de 2021) II - a tomada de operação de crédito por parte do ente envol-
VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abo- vido com outro ente da Federação, diretamente ou por intermédio
nos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza, de seus fundos, autarquias, fundações ou empresas estatais depen-
inclusive os de cunho indenizatório, em favor de membros de Po- dentes, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou pos-
der, do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e tergação de dívida contraída anteriormente, ressalvados os finan-
empregados públicos e de militares, ou ainda de seus dependentes, ciamentos destinados a projetos específicos celebrados na forma
exceto quando derivados de sentença judicial transitada em julgado de operações típicas das agências financeiras oficiais de fomento.
ou de determinação legal anterior ao início da aplicação das medi- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
das de que trata este artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional Art. 167-B. Durante a vigência de estado de calamidade pública
nº 109, de 2021) de âmbito nacional, decretado pelo Congresso Nacional por inicia-
VII - criação de despesa obrigatória; (Incluído pela Emenda tiva privativa do Presidente da República, a União deve adotar regi-
Constitucional nº 109, de 2021) me extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para atender
VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obri- às necessidades dele decorrentes, somente naquilo em que a urgên-
gatória acima da variação da inflação, observada a preservação cia for incompatível com o regime regular, nos termos definidos nos
do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º desta arts. 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluí-
Constituição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) do pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

288
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Art. 167-C. Com o propósito exclusivo de enfrentamento da ca- Art. 167-G. Na hipótese de que trata o art. 167-B, aplicam-se à
lamidade pública e de seus efeitos sociais e econômicos, no seu pe- União, até o término da calamidade pública, as vedações previstas
ríodo de duração, o Poder Executivo federal pode adotar processos no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucio-
simplificados de contratação de pessoal, em caráter temporário e nal nº 109, de 2021)
emergencial, e de obras, serviços e compras que assegurem, quan- § 1º Na hipótese de medidas de combate à calamidade pública
do possível, competição e igualdade de condições a todos os concor- cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração, não se apli-
rentes, dispensada a observância do § 1º do art. 169 na contrata- cam as vedações referidas nos incisos II, IV, VII, IX e X do caput do
ção de que trata o inciso IX do caput do art. 37 desta Constituição, art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional
limitada a dispensa às situações de que trata o referido inciso, sem nº 109, de 2021)
prejuízo do controle dos órgãos competentes. (Incluído pela Emen- § 2º Na hipótese de que trata o art. 167-B, não se aplica a alí-
da Constitucional nº 109, de 2021) nea “c” do inciso I do caput do art. 159 desta Constituição, devendo
Art. 167-D. As proposições legislativas e os atos do Poder Exe- a transferência a que se refere aquele dispositivo ser efetuada nos
cutivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas mesmos montantes transferidos no exercício anterior à decretação
consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos restritos da calamidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
à sua duração, desde que não impliquem despesa obrigatória de ca- 2021)
ráter continuado, ficam dispensados da observância das limitações § 3º É facultada aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de ação pios a aplicação das vedações referidas no caput, nos termos deste
governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou artigo, e, até que as tenham adotado na integralidade, estarão sub-
à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual metidos às restrições do § 6º do art. 167-A desta Constituição, en-
decorra renúncia de receita. (Incluído pela Emenda Constitucional quanto perdurarem seus efeitos para a União. (Incluído pela Emen-
nº 109, de 2021) da Constitucional nº 109, de 2021)
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentá-
Parágrafo único. Durante a vigência da calamidade pública de
rias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destina-
âmbito nacional de que trata o art. 167-B, não se aplica o disposto
dos aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
no § 3º do art. 195 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Cons-
Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20
titucional nº 109, de 2021)
de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que
Art. 167-E. Fica dispensada, durante a integralidade do exercí- se refere o art. 165, § 9º.
cio financeiro em que vigore a calamidade pública de âmbito nacio- § 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros
nal, a observância do inciso III do caput do art. 167 desta Constitui- oriundos de repasses duodecimais. (Incluído pela Emenda Constitu-
ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) cional nº 109, de 2021)
Art. 167-F. Durante a vigência da calamidade pública de âmbito § 2º O saldo financeiro decorrente dos recursos entregues na
nacional de que trata o art. 167-B desta Constituição: (Incluído pela forma do caput deste artigo deve ser restituído ao caixa único do Te-
Emenda Constitucional nº 109, de 2021) souro do ente federativo, ou terá seu valor deduzido das primeiras
I - são dispensados, durante a integralidade do exercício finan- parcelas duodecimais do exercício seguinte. (Incluído pela Emenda
ceiro em que vigore a calamidade pública, os limites, as condições Constitucional nº 109, de 2021)
e demais restrições aplicáveis à União para a contratação de ope- Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas
rações de crédito, bem como sua verificação; (Incluído pela Emenda da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não
Constitucional nº 109, de 2021) pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (Reda-
II - o superávit financeiro apurado em 31 de dezembro do ano ção dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
imediatamente anterior ao reconhecimento pode ser destinado à § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu-
cobertura de despesas oriundas das medidas de combate à calami- neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de
dade pública de âmbito nacional e ao pagamento da dívida pública. estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administra-
§ 1º Lei complementar pode definir outras suspensões, dispen- ção direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
sas e afastamentos aplicáveis durante a vigência do estado de cala- pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágra-
midade pública de âmbito nacional. (Incluído pela Emenda Consti- fo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Emenda
tucional nº 109, de 2021) constitucional nº 106, de 2020)
§ 2º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten-
às fontes de recursos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de-
de 2021) correntes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça-
I - decorrentes de repartição de receitas a Estados, ao Distri-
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de
to Federal e a Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
economia mista.
109, de 2021)
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar refe-
II - decorrentes das vinculações estabelecidas pelos arts. 195,
rida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, se-
198, 201, 212, 212-A e 239 desta Constituição; (Incluído pela Emen- rão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais
da Constitucional nº 109, de 2021) ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que
III - destinadas ao registro de receitas oriundas da arrecada- não observarem os referidos limites.
ção de doações ou de empréstimos compulsórios, de transferências § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base
recebidas para o atendimento de finalidades determinadas ou das neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida
receitas de capital produto de operações de financiamento celebra- no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
das com finalidades contratualmente determinadas. (Incluído pela adotarão as seguintes providências:
Emenda Constitucional nº 109, de 2021) I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com
cargos em comissão e funções de confiança;

289
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II - exoneração dos servidores não estáveis. de executar o orçamento na sua totalidade, o que exigirá corte nas
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior despesas programadas, constituindo o chamado “contingencia-
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determi- mento”.
nação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou uni- PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E
dade administrativa objeto da redução de pessoal. FINANCEIRA. DESCENTRALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo an- FINANCEIRA. ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO
terior fará jus a indenização correspondente a um mês de remune-
ração por ano de serviço. A administração financeira e orçamentária é uma área que tra-
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos ante- ta dos assuntos relacionados às operações financeiras das organi-
riores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, empre- zações, tais como as operações de fluxo de caixa, transações finan-
go ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo ceiras, operações de crédito, pagamentos, etc. A maioria dos casos
de quatro anos. § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a de falência das organizações ocorre, principalmente, devido a falta
serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. de informações financeiras precisas sobre o balanço patrimonial da
empresa e problemas decorrentes do setor financeiro.
Da análise dos citados dispositivos depreende-se a instituição Muitas vezes as falhas derivam de um controle inadequado,
de uma moderna estrutura, que abre amplas possibilidades de in- e acometem em grande parte um gestor de finanças (CFO) pouco
tegração das esferas referentes ao planejamento e à questão orça- qualificado e despreparado. O setor financeiro é considerado por
mentária (esta tomada numa acepção de instrumento de apoio à muitos o principal combustível de uma empresa, pois se o mesmo
consecução dos respectivos programas de governo). não estiver bem das pernas, com certeza a organização não apre-
Com efeito, para a gestão de recursos públicos, considerando sentará um crescimento adequado e autossuficiente. A administra-
principalmente as finalidades últimas do Estado, mister a existência ção financeira e orçamentária visa a melhor rentabilidade possível
de um estudo prévio consolidado sobre o montante da receita e o sobre o investimento efetuado pelos sócios e acionistas, através de
quantitativo de despesas necessários à execução do plano de ação métodos otimizados de utilização de recursos, que por muitas ve-
governamental. Dessa necessidade foi que surgiu o orçamento, zes, são escassos. Por isso, todos os aspectos de uma empresa estão
cujo conceito prestar-se a espelhar a situação financeira de um país sob a ótica deste setor.
em determinado período de tempo.
Importante ressaltar que nos Estados que adotam a forma Objetivos da administração financeira
federativa a repartição de competências observa, antes de tudo, Primeiramente, é necessário dizer que o objetivo primário da
a autonomia dos entes federados. Tal característica encontra-se administração financeira e orçamentária é a maximização do lucro,
presente, inclusive, no tocante ao orçamento, de modo que União, ou seja, o valor de mercado do capital investido. Não importa o tipo
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios podem e devem de empresa, pois em qualquer delas, as boas decisões financeiras
definir seus orçamentos, levando em conta suas prioridades e ca- tendem a aumentar o valor de mercado da organização em si. De-
racterísticas. Isso, contudo, não impede que alguns aspectos de vido a esse aspecto, a administração financeira deve se dedicar a
interesse geral exijam ações conjuntas que acabam por criar uma avaliar e tomar decisões financeiras que impulsionem a criação de
valor para a companhia. Pode-se dizer que a administração finan-
interdependência e, por conseguinte, exigir uma coordenação en-
ceira e orçamentária possui três objetivos distintos, que são:
tre os orçamentos.
> Criar valor para os acionistas: Como dito acima, o lucro é
O Orçamento Geral da União (OGU) prevê todas as receitas e
uma excelente maneira de medir a eficácia organizacional, ou seja,
fixa todas as despesas do Governo Federal, referentes aos Poderes
seu desempenho. Contudo, esse indicador está sujeito a diversas
Legislativo, Executivo e Judiciário.
restrições, uma vez que é determinado por princípios contábeis,
As despesas fixadas no orçamento são cobertas com o produto
mas que não evidenciam a capacidade real da organização. É im-
da arrecadação dos impostos federais, como o Imposto de Renda
portante salientar também que o lucro contábil não mensura o risco
(IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como
inerente à atividade empresarial, pois suas projeções não levam em
das contribuições, como a Contribuição para Financiamento da Se-
conta as variações no rendimento.
guridade Social (Cofins). Além das receitas tributárias, os gastos do > Maximizar o valor de mercado: O valor de mercado é consi-
governo podem ainda ser financiados por operações de crédito - derado um dos melhores critérios para a tomada de decisão finan-
que nada mais são do que o endividamento do Tesouro Nacional ceira. A taxa mínima de atratividade deve representar a remunera-
junto ao mercado financeiro interno e externo. ção mínima aceitável para os acionistas diante do risco assumido.
As receitas são estimadas pelo governo. Por isso mesmo, elas Nesse objetivo, duas variáveis são importantes de se levar em con-
podem ser maiores ou menores do que foram inicialmente previs- sideração: o retorno esperado e a taxa de oportunidade. O impor-
tas. Se a economia crescer durante o ano mais do que se esperava, tante é a capacidade da empresa de gerar resultado, promovendo a
a arrecadação com os impostos tende a aumentar. O movimento maximização do valor de mercado de suas ações e a satisfação dos
inverso também pode ocorrer. stakeholders.
Com base na receita prevista, são fixadas as despesas dos po- > Maximizar a riqueza: Como último objetivo nós temos a ma-
deres Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois que o Orçamento é ximização da riqueza, ou seja, a elevação da receita obtida pelos
aprovado pelo Congresso, o governo passa a gastar o que foi auto- acionistas. Esse objetivo é alcançado mediante o incremento do va-
rizado. Se a receita do ano for superior à previsão inicial, o governo lor de mercado (sucede os objetivos anteriores). O alcance desse
encaminha ao Congresso um projeto de lei solicitando autorização objetivo fica por conta dos investimentos em gestão, tecnologia e
para incorporar e executar o excesso de arrecadação. Nesse proje- inovação, assim como no descobrimento de oportunidades futuras.
to, definem-se as despesas que serão custeadas pelos novos recur- A geração de riqueza não deve ser vista de forma isolada, mas como
sos. Se, ao contrário, a receita cair, o governo fica impossibilitado uma consequência determinada pelos objetivos secundários.

290
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Áreas e funções da administração financeira e orçamentária nanciamentos). As funções típicas da administração financeira são:
planejamento financeiro (seleção de ativos rentáveis), controlado-
ria (avaliação do desempenho financeiro), administração de Ativos
(gestão do capital de giro), administração de Passivos (gestão da
estrutura do capital - financiamentos).

Administração de caixa (Gestão Financeira)


A Administração do caixa, ou gestão financeira compreende
uma atividade muito importante para a organização. O principal
fator de fracassos nas organizações vem sendo apontado como a
inabilidade financeira gerencial de seus administradores. É funda-
mental que o administrador tenha conhecimento acerca dos pro-
cedimentos financeiros e contábeis disponíveis, bem como realize
o acompanhamento, o controle, reajuste e projeção dos resultados
da companhia. O fluxo de caixa é o instrumento que evidencia o
equilíbrio entre a entrada e saída de recursos.
É o fluxo de caixa que permite a antecipação de medidas que
permitam assegurar a disponibilidade dos recursos financeiros or-
ganizacionais. Elaborado em períodos o fluxo de caixa compreende
um resumo das despesas, investimentos, receitas, pagamentos, etc.
Uma boa administração financeira do caixa, constitui pedra funda-
A administração financeira e orçamentária está estritamente li- mental para a saúde da companhia. Nós podemos dividir a correta
gada à Economia e Contabilidade, podendo ser vista como uma for- administração de caixa em três etapas, que são: o controle sobre
ma de economia aplicada, que se baseia amplamente em conceitos as movimentações financeiras (recursos materiais e humanos), a
econômicos, como também em dados contábeis para suas análises. montagem do fluxo de caixa e o custo de capital (que nós falare-
As áreas mais importantes da administração financeira podem mos um pouco a seguir).
ser resumidas ao se analisar as oportunidades profissionais desse O Custo de capital pode ser definido como os custos por re-
setor. Essas oportunidades em geral caem em três categorias inter- cursos próprios ou de terceiros usados pela organização. Por isso,
dependentes:o operacional, os serviços financeiros e a administra- a boa administração financeira e orçamentária propõe que para
ção financeira. todo investimento deve preceder uma análise de viabilidade econô-
> Operacional: As atividades operacionais de uma organização mica-financeira, com o intuito de avaliar as possíveis alternativas ao
existem de acordo com os setores da empresa. Ela visa propor- custo capital. É extremamente importante que o administrador fi-
cionar por meio de operações viáveis um retorno ensejado pelos nanceiro procure estudar os custos do ciclo operacional e do capital
acionistas. A atividade operacional também também reflete no que de giro, uma vez que suas alternativas são inúmeras. Vale salientar
acontece na demonstração de resultados, uma vez que é parte inte- também que, a utilização de capital de terceiros é vantajosa apenas
grante da maioria dos processos empresariais e caso não demons- no momento em que esta apresentar um custo inferior a taxa de
tra retorno pode sofrer certo enxugamento. Por outro lado, quando retorno prevista.
a operação demonstra um retorno acima do esperado ela tende a
ser ampliada. O Profissional da administração financeira e orçamentária
> Serviços Financeiros: Essa é área de finanças voltada à con-
cepção e prestação de assessoria, como também, na entrega de
produtos financeiros a indivíduos, empresas e governos. Envolve
oportunidades em bancos (instituições financeiras), investimentos,
bem imóveis e seguros. É importante ressaltar que, é necessário o
conhecimento de economia para se entender o ambiente financei-
ro e assim poder prestar um serviço de qualidade. As teorias (macro
e microeconômicas) constituem a base da administração financeira
contemporânea.
> Gestão financeira: Trata-se das obrigações do administrador
financeiro nas empresas, ou seja, as finanças corporativas. Ques-
tões como, concessão de crédito, avaliações de investimentos,
obtenção de recursos e operações financeiras, fazem parte dessas
obrigações. Reflete principalmente as decisões tomadas diante das
atividades operacionais e de investimentos. Alguns consideram a
função financeira (corporativa) e a contábil como sendo virtualmen- O principal papel do administrador financeiro é o relativo à te-
te a mesma. Embora existe uma certa relação entre as duas, uma é souraria (setor de finanças), no qual ele é o responsável pela pre-
vista como um insumo necessário à outra. servação do dinheiro, entrada e saída do mesmo, e logicamente,
do retorno exigido pelos acionistas. A função da administração fi-
Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portan- nanceira geralmente é associada à um alto executivo denominado
to, devem ser conduzidas para obtenção de lucro (criação de valor diretor financeiro, ou vice presidente de finanças. Comumente a
é o objetivo máximo da administração financeira e orçamentária). controladoria ocupa-se com o controle dos custos e a contabilidade
As atividades financeiras de uma empresa possuem como base as financeira com o pagamento de impostos e sistemas de informação
informações retiradas de seu balanço patrimonial e do fluxo de cai- gerencial. Por fim, o setor de tesouraria é o responsável pela gestão
xa (onde se percebe o disponível circulante para investimentos e fi- do caixa da empresa.

291
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
A administração financeira e orçamentária é vista como uma dade, publicidade e eficiência, como impõe a norma fundamental
das áreas mais promissoras em termos de oportunidades no merca- do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de
do de trabalho. A gestão financeira de uma empresa pode ser reali- 1988, que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A administração
zada por pessoas ou grupos de pessoas, tais como: vice presidente pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Es-
de finanças (CFO), controller, analista financeiro, gerente financeiro tados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
e fiscal de finanças. O maior desafio do administrador financeiro de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
é conciliar o equilíbrio entre liquidez e rentabilidade. O primeiro é e, também, ao seguinte”.
fundamental para a oxigenação das finanças da empresa, através da A atividade financeira é exercida pelo Estado visando ao bem
utilização do fluxo de caixa que permite a projeção das entradas e comum da coletividade. Ela está vinculada à arrecadação de recur-
saídas dos recursos. Já o segundo, é a capacidade do administrador sos destinados à satisfação de necessidades públicas básicas inse-
de investir recursos e conseguir retornar com os lucros desejados. ridas na ordem jurídico-constitucional, atendidas mediante a pres-
Todos os administradores de uma empresa, sem levar em con- tação de serviços públicos, a intervenção no domínio econômico, o
sideração as descrições de seu trabalho, atuam com o pessoal de exercício regular do poder de polícia e o fomento às atividades de
finanças para justificar necessidades de sua área, negociar orça- interesse público/social.
mentos, etc. Aqueles administradores que entendem o processo O Governo intervém na economia para garantir dois objetivos
de tomada de decisões financeiras, estarão mais capacitados a li- principais: estabilidade e crescimento. Visa também corrigir as fa-
dar com tais questões e consequentemente captar mais recursos lhas de mercado e as distorções, manter a estabilidade, melhorar
para a execução de seus projetos e metas. Portanto, é evidente a a distribuição de renda, aumentar o nível de emprego etc. Política
necessidade do conhecimento financeiro para todo administrador Econômica é a forma pela qual o Governo intervém na economia.
que trabalhe de forma direta ou indireta com a administração finan- Essa intervenção ocorre, principalmente, por meio das políticas fis-
ceira, uma vez que sabemos, que se trata de uma área vital para o cal, monetária, cambial e regulatória, e tem como principal instru-
funcionamento de toda e qualquer organização. mento de intervenção o Orçamento Público.
Resumindo, a administração financeira e orçamentária é uma Atualmente, em face da crise econômica mundial de 2008 que
ciência objetivada a determinar o processo empresarial mais efi- retornou com força em 2012, tanto a intervenção do Estado na
ciente de captação e alocação de recursos e capital. Como dito ao economia com vistas a evitar a recessão, manter a estabilidade e
longo do texto, a geração de valor é o objetivo máximo da adminis- fomentar o crescimento econômico, quanto a utilização do orça-
tração financeira, já que fazer com que os ganhos do investimento mento público como principal instrumento dessa intervenção fo-
sejam superior aos custos de seu financiamento é essencial à todo ram fortalecidos. As finanças públicas fazem parte da economia e se
acionista, ou proprietário. Criar valor é uma das responsabilidades referem especificamente às Receitas e Despesas do Estado, que são
do administrador financeiro que vem sendo cada vez mais exigido objetos da política fiscal. Finanças públicas é o ramo da economia
diante do mercado e da concorrência acirrada. que trata da gestão dos recursos públicos: compreende a gestão e o
Em geral, a administração financeira e orçamentária é uma controle financeiro públicos.
ferramenta utilizada para controlar de forma mais eficaz a conces-
são de créditos, o planejamento e a análise de investimentos, as Teoria das Finanças Públicas
viabilidades financeiras e econômicas das operações e o equilíbrio A teoria das finanças públicas trata dos fundamentos do Estado
do fluxo de caixa da companhia, visando sempre o desenvolvimento e das funções de governo, e dá suporte teórico (fundamentação) à
por meio dos melhores caminhos para a boa condução financeira intervenção do Estado na economia. De forma geral, a teoria das
da empresa, além de evitar os gastos desnecessários e o desper- finanças públicas gira em torno da existência das falhas de mercado
dício de recursos (financeiros e materiais). Sua finalidade principal que tornam necessária a presença do Governo, o estudo das fun-
é o alcance do lucro empresarial, através de um controle eficaz da ções do Governo, da teoria da tributação e do gasto público.
entrada e saída de recursos financeiros. As falhas de mercado são fenômenos que impedem que a eco-
É importante ressaltar que, diante da crescente complexidade nomia alcance o estágio de welfare economics ou Estado de Bem-
do mercado empresarial (principalmente no que tange o lado finan- -Estar Social, através do livre mercado, sem interferência do Gover-
ceiro do negócio), o administrador financeiro não deve ficar restrito no. As falhas de mercado normalmente citadas são:
apenas aos aspectos econômicos. As decisões financeiras precisam Existência dos bens públicos – bens que são consumidos por
levar em consideração a empresa como um todo, uma vez que to- diversas pessoas ao mesmo tempo (ex.: rua, praça, segurança públi-
das as atividades empresariais possuem participação direta ou in- ca, justiça). Os bens públicos puros são de consumo indivisível e não
direta nas questões financeiras da organização. Acima de tudo, os excludente (não rival). Assim, uma pessoa utilizando um bem públi-
resultados financeiros de uma empresa são reflexos das decisões e co não tira o direito de outra também utilizá-lo. Bens públicos puros
ações empresariais que são tomadas, independentemente do setor são oferecidos diretamente pelo Estado porque são essenciais ao
responsável pela ação. Portanto a administração financeira e orça- bem-estar da população – ao mesmo tempo em que não são passí-
mentária deve apresentar uma postura questionadora, ampliando veis de comércio pelo mercado (são indivisíveis e não excludentes).
sua esfera de atuação e importância dentro do negócio.5 Os bens semipúblicos ou meritórios são oferecidos tanto pelo Esta-
do como pelo mercado porque não possuem as características de
A função/papel do Estado e a atuação do governo nas finan- indivisibilidade e não exclusão.
ças públicas. Existência de monopólios naturais – monopólios que tendem
A Administração Pública é a atividade do Estado exercida pelos a surgir devido ao ganho de escala que o setor oferece (ex.: água,
seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições públicas, energia elétrica). Considerando o bem-estar coletivo, o Governo
em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções instituídos e acaba assumindo a produção desses bens/serviços com vistas a as-
necessários para a obtenção dos objetivos do governo. segurar preços razoáveis e o acesso de todos a esses bens/serviços
A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esfe- – ou, quando transfere para a iniciativa privada , cria agências para
ras, obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, morali- regular/fiscalizar e impedir a exploração dos cidadãos/consumido-
5 Fonte: www.portal-administracao.com
res.

292
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Externalidades – uma fábrica pode poluir um rio e ao mesmo Depois temos os órgãos do planejamento federal e o do orça-
tempo gerar empregos. Assim, a poluição é uma externalidade ne- mento. No quadro abaixo temos a descrição das funções para cada
gativa porque causa danos ao meio ambiente, e a geração de em- uma dessas unidades.
pregos é uma externalidade positiva por aumentar o bem-estar e
diminuir a criminalidade. O Governo deverá agir no sentido de inibir
Do Planejamento Federal Do Orçamento
atividades que causem externalidades negativas e incentivar ativi-
dades causadoras de externalidades positivas. I - elaborar e supervisionar a I – coordenar, consolidar e su-
Desenvolvimento, emprego e estabilidade – há regiões que execução de planos e progra- pervisionar a elaboração dos
não se desenvolvem sem a ação do Estado – principalmente nas mas nacionais e setoriais de projetos da LDO e da LOA da
economias em desenvolvimento a ação governamental é muito desenvolvimento econômico União compreendendo os or-
importante no sentido de gerar crescimento econômico através de e social; çamentos fiscal, da seguridade
bancos de desenvolvimento, como o BNDES, criar postos de traba- social e de investimentos das
lho e buscar a estabilidade econômica e social.6 empresas estatais
II – coordenar a elaboração II – estabelecer normas e pro-
Sistema de Administração Financeira do projeto de PPA e o item cedimentos necessários à ela-
O Sistema de Administração Financeira Federal compreende as “metas e prioridades” do boração e à implementação
atividades de programação financeira da União, de administração projeto de LDO, compatibili- dos orçamentos federais, har-
de direitos e haveres, garantias e obrigações de responsabilidade zando as propostas de todos monizando-os com o PPA
do Tesouro Nacional e de orientação técnico-normativa referente à os órgãos e entidades com os
execução orçamentária e financeira. objetivos governamentais e
O instrumento legal que realiza a gestão organizacional das os recursos disponíveis.
finanças públicas é a Lei no 10.180/01. O principal a destacarmos
III – acompanhar física e fi- III - Realizar estudos e pesqui-
dessa lei é o fato dela ter instituído quatro sistemas governamentais
nanceiramente os planos e sas concernentes ao desenvol-
na esfera da Administração Federal.
programas governamentais, vimento e ao aperfeiçoamen-
Organizar esses sistemas significa que as unidades envolvidas e
avaliando-os em sua eficiên- tos do processo orçamentário
esparsas entro órgãos e entidades do Poder Executivo Federal estão
cia e efetividade, visando federal.
sujeitos à uma hierarquia imediata e também no sentido técnico subsidiar o processo de alo-
estão vinculadas à supervisão dos órgãos centrais dos referidos sis- cação dos recursos públicos,
temas, além de propiciar um maior nível de harmonia entre elas, além da politica de gastos e
alinhadas às orientações e diretrizes indicadas pelo órgão central. a coordenação das ações do
Tem por finalidade organizar e disciplinar os Sistemas de Pla- governo.
nejamento de Orçamento Federal, de Administração Financeira
Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Internos do Poder IV - assegurar que as unida- IV - acompanhar e avaliar a
Executivo Federal, e dá outras providências des administrativas respon- execução orçamentária e fi-
sáveis pela execução dos pro- nanceira, sem prejuízo da com-
Os quatro referidos sistemas são: gramas, projetos e atividades petência atribuída a outros
Planejamento e Orçamento – compreende as atividades de da Administração Pública Fe- órgãos;
elaboração, acompanhamento e avaliação de planos, programas e deral mantenham rotinas de
orçamentos, e de realização de estudos e pesquisas socioeconômi- acompanhamento e avalia-
cas (art. 3º). ção da sua programação;
V - manter sistema de in- V - estabelecer classificações
Sua finalidade é: formações relacionados a orçamentárias, tendo em vista
I – formular o planejamento estratégico nacional indicadores econômicos e as necessidades de sua harmo-
II – formulas planos nacionais, setoriais e regionais de desen- sociais, assim como mecanis- nização com o planejamento e
volvimento econômico e social mos para desenvolver previ- o controle;
III – formular o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e sões e informação estratégica
os orçamentos anuais sobre tendências e mudanças
IV – gerenciar o processo de planejamento e orçamento federal no âmbito nacional e interna-
V – promover a articulação com os Estados, o Distrito Federal e cional;
os Municipios, visando a compatibilização de normas e tarefas afins VI - identificar, analisar e ava- VI - propor medidas que obje-
aos diversos Sistemas, nos planos federal, estadual, distrital e mu- liar os investimentos estraté- tivem a consolidação das in-
nicipal. gicos do Governo, suas fon- formações orçamentárias das
tes de financiamento e sua diversas esferas de governo.
Em sua organização temos: articulação com os investi-
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, como ór- mentos privados, bem como
gão central. prestar o apoio gerencial e
Unidades de Planejamento e Orçamento dos Ministérios, da institucional à sua implemen-
AGU, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidência da Republi- tação;
ca como órgãos setoriais. VII - realizar estudos e pes-
Aqueles órgãos vinculados ou subordinados ao órgão central, quisas sócio-econômicas e
como funções direcionadas a planejamento e orçamento são os ór- análises de políticas públicas;
gãos específicos.
6 Fonte: www.contabilidadeagora.com

293
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Controle Interno do Poder Executivo Federal – visa a avaliação
VIII - estabelecer políticas e
da ação governamental e da gestão dos administradores públicos
diretrizes gerais para a atua-
federais, por intermédio da fiscalização contábil, financeira, orça-
ção das empresas estatais.
mentária, operacional e patrimonial, e a apoiar o controle externo
no exercício de sua missão institucional. Avalia inclusive o cumpri-
mento do PPA.
Administração Financeira Federal – visa o equilíbrio financei-
ro do Governo Federal, dentro dos limites da receita e da despesa
pública. Em sua organização temos:
A Secretaria Federal de Controle Interno como órgão central,
Em sua organização temos: abrangendo todos os órgãos do Poder Executivo Federal, com ex-
A Secretaria do Tesouro Nacional como órgão central. ceção dos órgãos setoriais, cabendo a ele a prestação de contas
As unidades de programação financeira dos Ministérios, da anual do Presidente da Republica a ser encaminhadaao Congresso
AGU, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidência da Repúbli- Nacional.
ca como órgãos setoriais. Os órgãos de controle interno que integram a estrutura do Mi-
Subordinam-se tecnicamente à Secretaria do Tesouro Nacional nistério das Relações Exteriores, do Ministério da Defesa, da Advo-
os representantes do Tesouro Nacional nos conselhos fiscais, ou ór- cacia-Geral da União e da Casa Civil são os órgãos setoriais.
gãos equivalentes das entidades da administração indireta, contro- Outro ponto importante a ressaltar é o de que nenhum pro-
ladas direta ou indiretamente pela União. cesso, documento ou informação poderá ser sonegado aos servi-
Os representantes do Tesouro Nacional nos conselhos fiscais dores dos Sistemas de Contabilidade Federal e de Controle Interno
deverão ser, preferencialmente, servidores integrantes da carreira do Poder Executivo Federal, no exercício das atribuições inerentes
Finanças e Controle que não estejam em exercício nas áreas de con- às atividades de registros contábeis, de auditoria, fiscalização e ava-
trole interno no ministério ou órgão equivalente ao qual a entidade liação de gestão.
esteja vinculada. E também que é vedado aos dirigentes dos órgãos e das unida-
des dos Sistemas referidos exercerem:
Contabilidade Federal – visa evidenciar a situação orçamentá- I - atividade de direção político-partidária;
ria, financeira e patrimonial da União. II - profissão liberal;
III - demais atividades incompatíveis com os interesses da Ad-
Em sua organização temos: ministração Pública Federal, na forma que dispuser o regulamento.
A Secretaria do Tesouro Nacional, como órgão central;
As unidades de gestão interna dos Ministérios e da Advocacia- Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elabo-
-Geral da União como órgãos setoriais. ração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados,
O órgão de controle interno da Casa Civil exercerá também as dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o disposto no
atividades de órgão setorial contábil de todos os órgãos integran- art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal.
tes da Presidência da República, da Vice-Presidência da República, A Lei em questão dispõe sobre o Exercício Financeiro, que é o
além de outros determinados em legislação específica. período definido para fins de segregação e organização dos regis-
Tem por finalidade: tros relativos à arrecadação de receitas, à execução de despesas e
I - manter e aprimorar o Plano de Contas Único da União; aos atos gerais de administração financeira e patrimonial da admi-
II - estabelecer normas e procedimentos para o adequado re- nistração pública.
gistro contábil dos atos e dos fatos da gestão orçamentária, finan- Embora as operações orçamentárias e extra-orçamentárias das
ceira e patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração entidades públicas se desenrolem de forma contínua, existe a ne-
Pública Federal; cessidade de se delimitar as operações em períodos temporais. É
III - com base em apurações de atos e fatos inquinados de ile- essa delimitação que se convenciona chamar de exercício financei-
gais ou irregulares, efetuar os registros pertinentes e adotar as pro- ro.
vidências necessárias à responsabilização do agente, comunicando No Brasil, o exercício financeiro tem duração de doze meses e
o fato à autoridade a quem o responsável esteja subordinado e ao coincide com o ano civil, conforme disposto no art. 34 da Lei Federal
órgão ou unidade do Sistema de Controle Interno; nº 4.320, de 17 de março de 1964.
IV - instituir, manter e aprimorar sistemas de informação que A Lei nº 4320/64, supriu uma enorme carência no setor público
permitam realizar a contabilização dos atos e fatos de gestão orça- e estabeleceu uma nova cultura, com padrões, formas, modelos e
mentária, financeira e patrimonial da União e gerar informações ge- regras que orientam até dos dias atuais a União, os Estados, os Mu-
renciais necessárias à tomada de decisão e à supervisão ministerial; nicípios e o Distrito Federal em matéria orçamentária e, por todos
V - realizar tomadas de contas dos ordenadores de despesa e esses anos, permaneceu quase intocável, em parte pelos seus mé-
demais responsáveis por bens e valores públicos e de todo aquele ritos, em parte pela falta de interesse de enfrentar e disciplinar um
que der causa a perda, extravio ou outra irregularidade que resulte novo padrão para as questões orçamentárias, contábeis e de con-
dano ao erário; trole e de uma política fiscal estratégica para que o país continue a
VI - elaborar os Balanços Gerais da União; enfrentar seus grandes desafios de desenvolvimento sustentável e
VII - consolidar os balanços da União, dos Estados, do Distrito
econômico-social mais redistributivo.
Federal e dos Municípios, com vistas à elaboração do Balanço do
O primeiro dispositivo de planejamento de longo prazo se deu
Setor Público Nacional;
na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, no seu art. 23, que com-
VIII - promover a integração com os demais Poderes e esferas
preendia que a receita e a despesas de capital eram aprovados por
de governo em assuntos de contabilidade.
decreto do Poder Executivo, com um período mínimo de 3 anos e
era ajustado anualmente. O referido artigo continha programas e
metas de realizações de obras e prestação de serviços ou seja, na
sua essência tratava-se apenas da discriminação e classificação da

294
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
categoria das receitas e despesas contabilizadas e da organização financeiros e patrimoniais, com a finalidade de evidenciar os movi-
do orçamento. Necessitava portanto de uma lei que incrementa os mentações do patrimônio público em sua totalidade, visando subsi-
gestores a uma ação planejada para gerir os recursos disponibiliza- diar a prestação de contas pelo o gestor público”. Neste caso, tudo
dos pela sociedade. Com a promulgação da Constituição Federal- o que possa desrespeitar economicamente o patrimônio deve ser
de1967, criou o Orçamento Plurianual de Investimentos (OPI), com claro, pois o objeto principal das instituições públicas é o bem-estar
as mesmas características que continha o art. 23 da Lei 4.320/64, social e não o lucro. Com a nova Constituição Federal de 1988, e da
com dois diferenciais: era aprovado por Lei e não era um instrumen- Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), foram a administração pública,
to legal do planejamento a longo prazo. É de relevância importância refletindo diretamente no bem-estar da sociedade.
citar que até a C.F. de 1967, cada Estado e Município da Federação Foram introduzidos novos mecanismos de controle das finan-
estabelecia leis sobre seus orçamentos de acordo com suas necessi- ças públicas e de seus gastos, os quais, vão ser citados no decorrer
dades. Com a vigência da Constituição Federal de 1988, foi introdu- deste trabalho. A Lei 4.320/64 representa um marco em termos de
zido profundas mudanças quanto as normas de finanças públicas, avanços na elaboração do orçamento público, pois foi através da
especialmente quanto ao orçamento público. Foi prevista , no seu mesma que se deu a unificação e padronização dos orçamentos e
art. 165 , a existência do plano plurianual, as diretrizes orçamentá- dos balanços públicos em todas as esferas administrativas (União,
rias e o orçamento anual, que são os instrumentos de planejamen- os Estados e Municípios). Continuam em vigência todos os seus ar-
to.(Vasconcelos 2010, p.39). tigos que não entrem em choque com a Lei de Responsabilidade
Outro objeto de muita atenção e importância neste trabalho, Fiscal. Conforme os seus Art. 2 e 22, a proposta orçamentária anual
está previsto na Constituição Federal de 1988, no seu art. 163 que deve conter:
prevê a edição de Lei Complementar para fixar os princípios das • Mensagem: é a apresentação da proposta orçamentária do
finanças públicas. No dia 04 de Maio de 2000, foi sancionada a Lei Executivo ao Legislativo. Nela deverá conter informações sobre a si-
tuação econômica financeira do setor público, dos parâmetros ma-
Complementar nº. 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, que
cro-econômicos adotados para a estimativa da receita e a fixação
tem como objetivo principal o equilíbrio das contas públicas, como
da da despesa e do estoque da divida pública. • Projeto de Lei Orça-
também serve para fixar a ação dos governantes para evitar os er-
mentário: é o texto legal, propriamente dito. Deve levar em consi-
ros de gerência orçamentária e financeira de antigamente. Antes da
deração o principio da exclusividade. O texto legal deve apresentar
Lei da Responsabilidade Fiscal havia uma total falta de controle das ainda quadros sintéticos demonstrando as receitas por fontes e as
finanças públicas, os governantes gastavam mais do que arrecada- despesas por categorias econômicas, funções e órgãos de governo.
vam gerando assim, vários efeitos insatisfatórios para com a econo- • Explicativas: são os anexos da proposta orçamentária, compreen-
mia nacional, como também para toda coletividade, como afirma dendo quadros demonstrativos e como também as estimativas de
Vasconcelos (2009, p.153), “as consequências disso para a socieda- receitas e despesas. A mesma Lei(4320/64), recomenda no seu art.
de foram bastante negativas, refletindo-se em inflação descontrola- 32 que: “se não receber a proposta orçamentária nos prazos fixados
da, redução de investimento, baixa taxa de crescimento econômico na Constituição ou na Lei Orgânica dos Municípios, o Poder Legisla-
e perda de bem estar social”; Após a Lei de Responsabilidade Fiscal, tivo considera como proposta a Lei de Orçamento Vigente”.
foi verificado um maior equilíbrio das contas públicas, levando-se A Lei 4320/64 estabelece dois sistemas de controle da execu-
em conta uma maior aproximação do orçamento realizado em re- ção orçamentária: interno e externo. A Constituição Federal de 1988
lação ao orçamento planejado. Planejar é essencial, é o ponto de manteve essa concepção e deu-lhe um sentido ainda mais amplo.
partida para uma gestão eficiente e eficaz, pois é através dele que Enquanto a Constituição anterior enfatizava a fiscalização fi-
se medirá a boa ou má qualidade d Como já exposto anteriormente nanceira e orçamentária, a atual ampliou o conceito, passando a
foi a Lei 4.320/64, que primeiro traçou e estabeleceu os princípios abranger, também, as áreas operacional e patrimonial, além de co-
orçamentário no Brasil, os quais perduram até hoje como principal brir de forma explicita, o controle da aplicação de subvenções e a
diretriz para a elaboração do Orçamento Geral da União. Foi ela que própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais. Ficou de-
primeiro estabeleceu as bases para a Contabilidade Governamental monstrado, igualmente de forma clara, a abrangência do controle
tornando o seu instrumento regulador. Tal instrumento determina constitucional sobre as entidades de administração indireta, ques-
que seus resultados sejam demonstrados por meio de quatro balan- tão controversa na sistemática anterior.
ços demonstrativos: Balanço Orçamentário (BO), Balanço Patrimo- O controle da execução orçamentária compreenderá:
nial (BP), Balanço Financeiro (BF) e a Demonstração das Variações I - a legalidade dos atos que resultem a arrecadação da receita
Patrimoniais (DVP), que são os Balanços Públicos. “Está previsto no ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos
Art. 83 da referida Lei, que o objetivo da Contabilidade Pública ou e obrigações;
Governamental é:” evidenciar perante a Fazenda Pública, a situação II- a fidelidade funcional dos agentes da administração respon-
sáveis por bens e valores públicos;
de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem
III- o cumprimento do programa de trabalho, expresso em ter-
despesas, administrem bens a ela pertencentes ou confiados”. Sen-
mos monetários e em termos de realização de obras e prestação
do assim, a sua finalidade consiste produzir informações de quali-
de serviços.
dade aos seus usuários”. Conforme define Reis (2004, p.146), A evi-
denciação integra o elenco de normas estabelecidas pela Lei 4.230, Veja a lei na íntegra acessando o link a seguir: http://www.pla-
para regular a organização e os procedimentos de contabilidade a nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm
serem empregados nos registros dos fatos administrativos governa-
mentais, inclusive da elaboração do orçamento. Não raro a eviden- Programação Financeira
ciação tem sido desobedecida pela contabilidade governamental, A Programação Financeira compreende um conjunto de ativi-
mais pela desinformação da administração da entidade, que não dades com o objetivo de ajustar o ritmo de execução do orçamento
lhe tem dado a devida importância, deixando muitas vezes de reve- ao fluxo provável de recursos financeiros. Assegurando a execução
lar fatos que tornariam mais visível a situação econômicofinanceira. dos programas anuais de trabalho, realizados por meio do SIAFI,
De acordo com Silva (2004, p. 201), a contabilidade pública “atua com base nas diretrizes e regras estabelecidas pela legislação vi-
como um sistema que integra registros orçamentários, econômicos, gente.

295
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Logo após a sanção presidencial à Lei Orçamentária aprovada DESCENTRALIZAÇÃO
pelo Congresso Nacional, o Poder Executivo mediante decreto esta- A descentralização orçamentária é o mecanismo de transferên-
belece em até trinta dias a programação financeira e o cronograma cia de créditos orçamentários para as unidades gestoras cuja execu-
de desembolso mensal por órgãos, observadas as metas de resulta- ção da despesa (empenho, liquidação e pagamento) ocorre de for-
dos fiscais dispostas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ma descentralizada, de acordo com delegação de competência. O
A Programação Financeira se realiza em três níveis distintos, lançamento é feito por intermédio de documento do SIAFI denomi-
sendo a Secretaria do Tesouro Nacional o órgão central, contan- nado Nota de Crédito, podendo se processar da seguinte maneira:
do ainda com a participação das Subsecretárias de Planejamento, a) Programação anual com descentralização semestral realiza-
Orçamento e Administração (ou equivalentes os órgãos setoriais - da de acordo com o planejamento realizado pelas Secretaria locali-
OSPF) e as Unidades Gestoras Executoras (UGE). zadas nos estados e pelo ISC;
b) em processos específicos de autorização de despesas (res-
Compete ao Tesouro Nacional estabelecer as diretrizes para a sarcimento, dívida de exercícios anteriores);
elaboração e formulação da programação financeira mensal e anu- c) mensagens via SIAFI das Unidades Gestoras (SECEXs e ISC)
al, bem como a adoção dos procedimentos necessários a sua execu- para complementação das dotações;
ção. Aos órgãos setoriais competem a consolidação das propostas d) autorização do ISC para a descentralização orçamentária
de programação financeira dos órgãos vinculados (UGE) e a des- relativo às despesas com a execução de cursos nos estados PTRES
centralização dos recursos financeiros recebidos do órgão central. (039667);
Às Unidades Gestoras Executoras cabem a realização da despesa e) autorização da SETEC para envio de recursos de “Ações de
pública nas suas três etapas, ou seja: o empenho, a liquidação e o Informática” (PTRES 811050).
pagamento.
A execução financeira representa o fluxo de recursos financei- São consideradas Unidades de Origem (SECEX, ISC, SETEC, SE-
ros necessários à realização efetiva dos gastos dos recursos públicos GEDAM, SECOF, DICON, SPR).
para a realização dos programas de trabalho definidos. Lembre-se A Unidade do Tribunal responsável pela descentralização orça-
de que RECURSO é dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária mentária é a Secretaria de Orçamento, Finanças e Contabilidade -
(enfoque da execução financeira) e que CRÉDITO é dotação ou au- SECOF, por subdelegação de competência da SEGEDAM.
torização de gasto ou sua descentralização (enfoque da execução
orçamentária). ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO
De acordo com a Lei 4.320/64 o exercício financeiro no Brasil Com a nova estrutura do Plano Plurianual – PPA 2012-2015,
é o espaço de tempo compreendido entre 1º de janeiro e 31 de que apresenta Programas Temáticos, Objetivos, Metas e Iniciativas,
dezembro de cada ano, no qual a administração promove a exe- além dos Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado,
cução orçamentária e demais fatos relacionados com as variações buscou-se evitar a sobreposição entre o Plano e o Orçamento, veri-
qualitativas e quantitativas que tocam os elementos patrimoniais ficada anteriormente entre os dois instrumentos, e priorizar a rela-
da entidade ou órgão público. ção de complementaridade existente entre eles. Os programas pos-
O dispêndio de recursos financeiros oriundos do Orçamento suem Indicadores e Objetivos. Cada Objetivo é composto por Metas
Geral da União se faz exclusivamente por meio de Ordem Bancária e Iniciativas que, no seu conjunto, expressa o que será feito, em que
- OB e da Conta Única do Governo Federal e se destina ao pagamen- intensidade e quais os resultados pretendidos. As Iniciativas do PPA
to de compromissos, bem como a transferência de recursos entre 2012-2015 asseguram o vínculo com as ações orçamentárias, agora
as Unidades Gestoras, tais como liberação de recursos para fins de detalhadas apenas nas Leis Orçamentárias Anuais – LOAs, vincula-
adiantamento, suprimento de fundos, cota, repasse, sub-repasse e das diretamente aos Programas (Temáticos ou de Gestão), quando
afins. A Ordem Bancária é portanto o único documento de transfe- se observa somente as LOAs, conforme figura abaixo:
rência de recursos financeiros.
O ingresso de recursos se dá quando o contribuinte efetua o
pagamento de seus tributos por meio de DARF, junto à rede ban-
cária, que deve efetuar o recolhimento dos recursos arrecadados,
ao BACEN, no prazo de um dia. Com o DARF Eletrônico e a GRPS
Eletrônica, os usuários do sistema podem efetuar o recolhimento
dos tributos federais e contribuições previdenciárias diretamente à
Conta Única, sem trânsito pela rede bancária. Ao mesmo tempo, a
Secretaria da Receita Federal recebe informações da receita bruta
arrecadada, que é classificada decendialmente (ou seja, a cada 10
dias) no SIAFI. Esse valor classificado deve corresponder ao mon-
tante registrado no BACEN no período.
Uma vez tendo recursos em caixa, começa a fase de saída des-
ses recursos, para pagamentos diversos. O pagamento entre Unida-
des Gestoras ocorre mediante a transferência de limite de saque,
que é a disponibilidade financeira da UG on-line, existente na Conta
Única.

296
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Como as ações constam apenas nos Orçamentos, e o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento – SIGPlan utilizado para
registro e apoio às etapas do ciclo de gestão do PPA 2012-2015 foi desativado, as informações acerca domonitoramento e avaliação do
Plano foram incluídas em um novo módulo desenvolvido no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP.
Entretanto, permanecia a necessidade do acompanhamento físico-financeiro das ações orçamentárias, principalmente porque os
bens e serviços ofertados à sociedade, oriundos das despesas orçamentárias, precisam ser mensurados. Ademais, é necessário verificar
se o produto especificado e sua respectiva meta estão adequados com a descrição e implementação previstas nos atributos da ação. Para
tanto, evidenciar o valor físico executado torna-se uma questão indispensável para que, entre outras finalidades, se possa aperfeiçoar os
próximos orçamentos públicos a serem elaborados, com foco, sobretudo, em resultados. Por isso, a partir de 2012, a Secretaria de Orça-
mento Federal - SOF implementa um processo de acompanhamento físico-financeiro das ações orçamentárias, apoiado por uma solução
em Tecnologia de Informação - TI, implementada em um módulo adicional no SIOP.
Para que o acompanhamento seja bem-sucedido, é necessária a participação dos Órgãos Setoriais de Orçamento (OS) e das Unidades
Orçamentárias (UO). Assim, é de fundamental importância a capacitação das pessoas envolvidas no preenchimento do módulo do SIOP
correspondente.
Esse trabalho de acompanhamento também servirá para o Órgão de Controle, cujo interesse é verificar se o que realmente foi previsto
foi efetivamente realizado, ou seja, poderá acompanhar a execução da lei orçamentária (e suas alterações).
Este orientador está dividido em nove partes, a primeira é a introdução. Em seguida, apresenta-se a diferença entre acompanhamento
e monitoramento.A terceira descreve o processo, como é desenvolvido e quais suas características. A seguir, são elencadas as responsabili-
dades da SOF e do Órgão Setorial no Acompanhamento Orçamentário. A quinta refere-se aos indicadores que serão utilizados no processo.
A parte seguinte explicará como deverá ser preenchido o campo comentários do subtítulo/localizador. Os indicadores citados anterior-
mente precisarão ser compilados e a forma como isso será feito é apresentada na sétima parte. A oitava versará sobre o sistema: seus
campos, os momentos existentes, as tramitações possíveis, os perfis e papéis existentes e o histórico. Na última parte, há um cronograma
das etapas do Acompanhamento Orçamentário para 2012/2013. O orientador também conta com 4 anexos, que apresentam os exemplos
dos relatórios que serão gerados automaticamente pelo sistema.

DIFERENÇA ENTRE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO


Em um contexto de limitação de recursos e de foco em resultados, a importância do acompanhamento e do monitoramento se ma-
ximiza.
Para auxiliar a compreensão dos dois conceitos, poder-se-ia comparar o acompanhamento a uma foto e o monitoramento a uma fil-
magem. O acompanhamento retrata uma situação passada que pode, portanto, não ser mais verdadeira no presente, mas que é de grande
valia quando o recorte temporal se aproxima do período em que recursos são utilizados (ao final de um exercício financeiro, por exemplo).
Já o monitoramento busca detectar as dificuldades que ocorrem durante a programação para corrigi-las oportunamente.
Quando se considera a amplitude, o foco está na extensão proporcionada por cada um dos conceitos.
Assim, o acompanhamento das ações orçamentárias pressupõe uma visão geral do que está sendo acompanhado e o monitoramento,
por sua vez, busca a Especificidade.

297
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Com relação à aplicação, o acompanhamento permite a obten- De fato, o orçamento “visa a permitir a implementação de po-
ção de subsídios úteis para prestação de contas e transparência exi- líticas públicas e a atualização dos programas e do planejamento
gida pela sociedade, tal qual como previsto na Constituição. Como governamental” (TORRES, 1995, p. 85). Ocorre que, durante o pro-
os dados fornecidos pelo acompanhamento são de conformidade cesso de execução orçamentária, determinadas premissas conside-
para controle, eles são estáticos. O monitoramento traz subsídios radas quando da elaboração do programa de gastos para o exercício
para a tomada de decisão. Ao se identificar tempestivamente os podem não se confirmar. É possível que, surjam, ainda, circunstân-
pontos frágeis e as restrições, os dados são importantes para pro- cias que exigem mudanças na estratégia de atuação de governo e,
porcionar intervenções corretivas por meio de uma ação proativa consequentemente, realinhamento das despesas cuja execução se
do gestor. Essa é uma atividade gerencial que maximiza os resulta- fixou para um dado exercício. Essas, entre outras hipóteses, justifi-
dos. Os dados, por conseguinte, são dinâmicos. cam a atuação do Estado no sentido de modificar os termos da pro-
Para fazer o acompanhamento orçamentário, que considera os curação dada pelo parlamento, por meio da lei orçamentária anual,
valores físicos e financeiros das ações, são utilizados, como forma tornando-a mais consentânea à nova realidade observada.
de medição, indicadores de eficiência e eficácia. O monitoramento, Ao administrador público, enquanto gestor orçamentário é
por sua vez, faz uso de indicadores de eficácia e os instrumentali- dada a possibilidade de propor, ou mesmo efetivar diretamente,
za para uma análise posterior na busca de sinais para efetividade, alterações nos parâmetros delineados pela lei de meios aprovada
resultados e impactos, que são comumente buscados quando da para determinado exercício, de modo a melhor atender às neces-
avaliação de uma política pública. sidades governamentais. Diversos diplomas legais cuidam da cita-
A informação proporcionada pelo acompanhamento é perene da matéria, impondo limites e condições para se levar a efeito tais
e contribui para realização de monitoramento e avaliação. Por sua operações modificativas. Considerando os objetivos do presente
vez, as informações do monitoramento são transitórias (dinâmicas) estudo, elencam-se quatro instrumentos normativos fundamentais
e servem como subsídio para a avaliação. à análise, passando-se a discorrer brevemente sobre cada um deles.
Em relação à responsabilidade por executar o acompanhamen-
to, esta recai legalmente sobre os administradores e demais res- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE
ponsáveis por bens, dinheiro e valores públicos. No caso do moni- 1988
toramento, é atribuída aos administradores que precisam priorizar
os projetos da sua pasta para garantir a efetiva realização. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 –
CF/88 (BRASIL, 1988) é fundamento de validade de todo o orde-
O quadro abaixo apresenta o resumo das diferenças entre namento jurídico existente no país, fato que justifica seu destaque
acompanhamento e monitoramento. nesta seção. Além disso, desde a primeira constituição pátria – con-
feccionada à época do império – , o orçamento público e todo o
DIMENSÕES ACOMPANHAMENTO MONITORAMENTO procedimental que lhe cerca receberam atenção especial. Nessa
linha, a CF/88 cuidou em Seção específica da matéria orçamentária,
Pressupõe Especifici- dispondo inclusive sobre créditos adicionais, a exemplo das previ-
Amplitude Pressupõe Visão Geral
dade sões do inc. V e § 2º, ambos do art. 167. Por oportuno, transcreve-
Dados de Confor- Dados para intervenções -se o texto do citado inc. V: “[São vedados] a abertura de crédito
midade – Controle corretivas/proativas – suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem
(Estático) Gerencial (Dinamico) indicação dos recursos correspondentes” (BRASIL, 1988). A vedação
Aplicação em comento, expressamente, proíbe as alterações orçamentárias
Subsidios para Pres-
Subsidios para a tomada nela previstas cuja fonte não seja explicitada. Ao referir- se à fonte
tação de Contas e
de decisão de recursos, tal norma traz à baila a Lei 4.320/1964, objeto da pró-
Transparencia
xima subseção.
Indicadores de eficácia e
Forma de Indicadores de efi-
sinais para a efetividade, LEI 4.320/1964
Medição ciência e eficacia
resultados impactos
Perene: contribui A Lei 4.320/1964 (BRASIL, 1964), que estatui normas gerais de
Transitória: subsídios Direito Financeiro, traz em seu art. 43 a seguinte disposição:
Informação para o Monitoramen-
para avaliação Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais de-
to e Avaliação
pende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa
Atribuida legalmente Atribuida aos adminis- e será precedida de exposição justificativa.
aos administradores e tradores que precisam § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que
Responsabili-
demais responsáveis priorizar os projetos não comprometidos:
dade
por bens, dinheiro e para garantir a efetiva I -o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
valores públicos. realização exercício anterior;
[...]
ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva
Desde seu nascimento, o orçamento público – traduzido na entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ain-
lei orçamentária anual (LOA) – mostrou-se merecedor de especial da, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de
atenção sob diversas perspectivas, dada sua relevância intrínseca. credito a eles vinculadas.
As palavras do ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres
Britto (BRASIL, 2008), permitem que se note a exata dimensão que
toma a lei de meios no contexto fático-normativo nacional: “A Cons-
tituição confere ao orçamento proteção especialíssima. O orçamen-
to, depois dela própria, a Constituição, é a lei que mais influencia os
destinos da coletividade, o quotidiano de todos nós”.

298
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) - Alteram a situação líquida patrimonial incorporando-se defi-
nitivamente ao patrimônio público.
Como instrumento normativo que se presta a orientar a elabo-
ração da LOA, a LDO tem cuidado também das alterações do orça- Receita Pública Não-Efetiva
mento anual. A referida lei (Lei 12.309/2010) (BRASIL, 2010a) – no - São as que possuem reconhecimento do direito
art. 55 acima, dessarte, uma autorização a que se proceda à mo- - Não alteram a situação patrimonial líquida do ente.
dificação de fonte de recursos orçamentários, inclusive com o uso - No momento da entrada do recurso, registra-se, também,
de fontes de exercícios anteriores, isto é, apuradas em superávit uma obrigação.
financeiro. O § 10, de outro lado, especifica os requisitos a serem
observados quando da abertura de créditos adicionais à conta do já Classificação das Receitas Públicas
referido superávit.
a) Quanto à Origem: Originárias X Derivadas
PORTARIA SOF 5/2012 Receitas Originárias são aquelas provenientes da exploração
do patrimônio da pessoa jurídica de direito público, ou seja, o Esta-
De modo a uniformizar prazos e procedimentos para a solicita- do coloca parte do seu patrimônio a disposição de pessoas físicas
ção e posterior efetivação das alterações orçamentárias, a Secreta- ou jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de serviços, me-
ria de Orçamento Federal edita, anualmente, portaria que normati- diante pagamento de um preço estipulado.
za a questão, em atendimento à disposição das LDOs anuais. Elas independem de autorização legal e pode ocorrer a qual-
quer momento, e são oriundas da exploração do patrimônio mo-
biliário ou imobiliário, ou do exercício de atividade econômica, in-
RECEITA PÚBLICA. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO dustrial, comercial ou de serviços, pelo Estado ou suas entidades.
SEGUNDO A NATUREZA. ETAPAS E ESTÁGIOS Exemplos: Rendas obtidas sobre os bens sujeitos à sua propriedade
(aluguéis, dividendos, aplicações financeiras).
RECEITA PÚBLICA Receitas Derivadas são aquelas cobradas pelo Estado, por força
Os recursos nanceiros canalizados para os cofres públicos os-
fi do seu poder de império, sobre as relações econômicas praticadas
tentam, na prática, natureza e conteúdo bastante diversi cados.
fi pelos particulares, pessoas físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens.
Nem sempre derivam da atividade impositiva do Estado - cam- Na atualidade, constitui-se na instituição de tributos, que serão
po de abrangência do Direito Tributário - podendo resultar de con- exigidos da população, para financiar os gastos da administração
tratos rmados pela administração, com caráter de bilateralidade.
fi pública em geral, ou para o custeio de serviços públicos específicos
Uns e outros devem ser tidos como receitas públicas, cujo es- prestados ou colocados a disposição da comunidade. Exemplos: Ta-
tudo amplo, pertence ao campo do Direito Financeiro, e mais remo- xas, Impostos e Contribuições de Melhoria.
tamente, ao da Ciência das Finanças.
Por isso, ao de nirmos o Direito Financeiro como ramo do
fi b) Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X Receitas Ex-
Direito Administrativo que regula a atividade desenvolvida pelo tra Orçamentárias
Estado na obtenção, gestão e aplicação dos recursos nanceiros,
fi Receitas Orçamentárias são todos os ingressos financeiros de
referimo-nos à receita pública como um dos capítulos dessa disci- caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público. A receita orça-
plina: justamente aquele que versa sobre a captação de recursos mentária se subdivide ainda nas seguintes categorias econômicas:
fi nanceiros. receitas correntes e receitas de capital.
Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos cofres públi- Receita Extra Orçamentária correspondem aos valores prove-
cos, mesmo sujeito à restituição. nientes de toda e qualquer arrecadação que não figurem no orça-
A noção compreende as importâncias e valores realizados a mento público e, consequentemente, que não lhe pertencem. O
qualquer título. Assim, os tributos (impostos, taxas, e contribuição Governo fica como mero depositário dos valores recebidos. Exem-
de melhoria) e as rendas da atividade econômica do Estado (pre- plos: Depósitos recebidos, Cauções em dinheiro recebidas, Consig-
ços), não restituíveis, são ingressos ou entradas. nações retidas a pagar, etc.
À semelhança, as anças, cauções, empréstimos públicos, pos-

to que restituíveis. c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X Não efetivas


Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a Receitas Públicas Efetivas são aquelas em que os ingressos de
restituição, ou, por outra, a importância que integra o patrimônio disponibilidades de recursos não foram precedidos de registro de
do Estado em caráter de nitivo.
fi reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspon-
Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entrada que, dentes: Por isso, aumentam a situação liquida do patrimônio finan-
integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, con- ceiro e a situação líquida patrimonial. Exemplos: Receita Tributária,
dições ou correspondência no passivo vem acrescer o seu vulto Receita Patrimonial, Receita de Serviços, etc.
como elemento novo e positivo Associando os princípios expostos, Receitas Públicas Não efetivas são aquelas em que os ingres-
concluímos que toda receita (em sentido estrito) é entrada, mas a sos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro de
recíproca não é verdadeira. reconhecimento do direito. Por isso, aumentam a situação líquida
do patrimônio financeiro, mas não altera a situação líquida patri-
Contabilização Da Receita Pública monial. São exemplos: Alienação de bens; Operações de crédito;
Conforme a variação na situação patrimonial que possa provo- Amortização de empréstimo concedido; Cobrança de dívida ativa.
car, sendo:
- Receita pública efetiva; e
- Receita pública não-efetiva.

Receita Publica Efetiva


- Não representam obrigação do ente público

299
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
d) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraordinárias Receitas de Capital são aquelas provenientes de realização de
Receitas Ordinárias são aquelas que representam certa regu- recursos oriundos da contratação de dívidas; da conversão em es-
laridade na sua arrecadação, sendo normatizadas pela Constituição pécie de bens (alienação de bens móveis e imóveis); dos recursos
ou por leis específicas. Exemplos: Arrecadação de Impostos (Fede- recebidos de outras pessoas de direito público ou privados destina-
rais, Estaduais ou Municipais), Transferências do Fundo de Partici- dos a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. São
pação dos Estados e do Distrito Federal, do Fundo de Participação destinadas ao atendimento das Despesas de Capital e classificam-se
dos Municípios, Cota parte do ICMS destinado aos Municípios, etc. em:
Receitas Extraordinárias são aquelas inconstantes, esporádi- • Operações de Crédito são os financiamentos obtidos den-
cas, às vezes excepcionais, e que, por isso, não se renovam de ano a tro e fora do País; trata-se de recursos captados de terceiros para
ano na peça orçamentária. Como exemplo mais típico, costuma-se obras e serviços públicos. Exemplos: colocação de títulos públicos,
citar o imposto extraordinário, previsto no art. 76 do Código Tribu- contratação de empréstimos e financiamentos, etc.;
tário Nacional, e decretado, em circunstâncias anormais, nos casos • Alienação de Bens são receitas provenientes da venda de
de guerra ou sua iminência. As receitas patrimoniais devem, tam- bens móveis e imóveis;
bém, ser consideradas como extraordinárias, sob o aspecto orça- • Amortização de Empréstimos são receitas provenientes
mentário. do recebimento do principal mais correção monetária, de emprésti-
e) Quanto à forma de sua realização: Receitas Próprias, de mos efetuados a terceiros;
Transferência se de Financiamentos. • Transferências de Capital são recursos recebidos de ou-
●Receitas Próprias se dão quando seu ingresso é promovido tras entidades; aplicação desses recursos deverá ser em despesas
pela própria entidade, diretamente, ou através de agentes arreca- de capital. O recebimento desses recursos não gera nenhuma con-
dadores autorizados. Exemplo: tributos, aluguéis, rendimento de traprestação direta em bens e serviços;
aplicações financeiras, multas e juros de mora, alienação de bens,
etc. Outras Receitas de Capital são as que envolvem as receitas de
●Transferências se dão quando a sua arrecadação se processa capital não classificáveis nas anteriores.
através de outras entidades, em virtude de dispositivos constitucio-
nais e/ou legais, ou ainda, mediante celebração de acordos e/ou Estágios ou Fases Da Receita Pública
convênios. Exemplo: cota parte de Tributos Federais aos Estados e A realização da receita pública se dá mediante uma sequencia
Municípios (FPE e FPM), Cota parte de Tributos Estaduais aos Muni- de atividades, cujo resultado é o recebimento de recursos financei-
cípios (ICMS e IPV A), convênios, etc. ros pelos cofres públicos. Os estágios são os seguintes:
●Financiamentos são as operações de crédito realizadas com
destinação específica, vinculadas à comprovação da aplicação dos a) Previsão
recursos. São exemplos os financiamentos para implantação de par-
Compreende a estimativa das receitas para compor a proposta
ques industriais, aquisição de bens de consumo durável, obras de
orçamentária e aprovação do orçamento público pelo legislativo,
saneamento básico, etc.
transformando-o em Lei Orçamentária.
Na previsão de receita devem ser observadas as normas téc-
f) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Correntes X Re-
nicas e legais,considerados os efeitos das alterações na legislação,
ceitas de Capital
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
●Receitas Correntes são destinadas a financiar as Despesas
qualquer outro fator relevante, sendo acompanhada de demonstra-
Correntes. Classificam-se em:
tivo de sua evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois
●Receitas Tributárias que são provenientes da cobrança de im-
postos, taxas e contribuições de melhoria. seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da metodologia de
●Receitas de Contribuições que são provenientes da arreca- cálculo e premissas utilizadas, segundo dispõe o art. 12 da LRF.
dação de contribuições sociais e econômicas; por exemplo: con-
tribuições para o PIS/PASEP, contribuições para fundo de saúde de b) Lançamento (aplicável às receitas tributárias)
servidores públicos, etc. É o ato da repartição competente que verifica a procedência
●Receita Patrimonial são proveniente do resultado financeiro do crédito fiscal, identifica a pessoa que é devedora e inscreve o
da fruição do patrimônio, decorrente da propriedade de bens mo- débito desta.
biliários ou imobiliários; por exemplo: Aluguéis, dividendos, receita Compreende os procedimentos determinação da matéria tri-
oriunda de aplicação financeira, etc. butável, cálculo do imposto, identificação do sujeito passivo e no-
●Receita Agropecuária decorre da exploração das atividades tificação.
agropecuárias; por exemplo: receita da produção vegetal, receita As importâncias relativas a tributos, multas e outros créditos da
da produção animal e derivados. Fazenda Pública, lançadas mas não cobradas ou não recolhidas no
●Receita Industrial obtida com atividades ligadas à indústria exercício de origem, constituem Dívida Ativa a partir da sua inscri-
de transformação. Exemplos: indústria editorial e gráfica, recicla- ção pela repartição competente.
gem de lixo, etc.
●Receitas de Serviços são provenientes de atividades caracte- c) Arrecadação
rizadas pela prestação se serviços por órgãos do Estado; por exem- É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas e demais
plo: serviços comerciais (compra e venda de mercadorias), etc. créditos, sendo distinguida em;
●Transferências Correntes são recursos recebidos de outras •Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou seus servi-
pessoas de direito público ou privado, destinados ao atendimento dores e;
de despesas correntes. •Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de terceiros
credenciados pelo Estado.
Outras Receitas Correntes são o grupo que compreende as Os agentes da arrecadação são devidamente autorizados para
Receitas de Multas e Juros de Mora, Indenizações e Restituições, receberem os recursos e entregarem ao Tesouro Público, sendo di-
Receita da Dívida Ativa, etc. vididos em dois grupos:

300
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
•Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegacias, postos fiscais, etc);
•Agentes privados (bancos autorizados).

d) Recolhimento
Consiste na entrega do numerário, pelos agentes arrecadadores, públicos ou privados, diretamente ao Tesouro Público ou ao banco
oficial.
O recolhimento de todas as receitas deve ser feito com a observância do princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer frag-
mentação para a criação de caixas especiais. (art.56 da Lei 4.320/64).
Os recursos de caixa do Tesouro Nacional serão mantidos no Banco do Brasil S/A, somente sendo permitidos saques para o pagamento
de despesas formalmente processadas e dentro dos limites estabelecidos na programação financeira; A conta única do Tesouro Nacional é
mantida no Banco Central, mas o agente financeiro é o Banco do Brasil, que deve receber as importâncias provenientes da arrecadação de
tributos ou rendas federais e realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União.
DÍVIDA ATIVA
Dívida ativa corresponde a uma RECEITA, o que justifica ser chamada de ATIVA.
Representa um conjunto de créditos ou direitos de distintas naturezas em favor da Fazenda Pública, sendo que esses créditos ou di-
reitos possuem prazos estabelecidos na legislação pertinente e que, caso não sejam pagos ao vencimento, terá sua cobrança realizada por
meio de órgão ou unidade específica instituída em lei.
Sendo assim, a inscrição de créditos em Dívida Ativa representa um fato permutativo que resulta da transferência de um valor não
recebido no prazo estabelecido, representando um aumento da situação líquida patrimonial.

*** Para a Dívida Ativa ser considerada presume-se a legalidade ao crédito como dívida passível de cobrança e a inscrição equivale a
uma prova pré-constituída contra o devedor.
*** Outro aspecto relevante quanto à esse crédito é que, sendo ele passível de cobrança, essa gerará um custo, que por vez gera uma
despesa, PORÉM, essa despesa não transita pelas contas relativas à Dívida Ativa.

Essa inscrição poderá ser cancelada e esse cancelamento está relacionado ao raciocínio de extinção e consequente diminuição na
situação líquida patrimonial.
*** Outra forma de cancelamento da inscrição da dívida ativa pode ser percebida através de registros de abatimentos, anistia e outros
valores, DESDE QUE essa diminuição não seja decorrente do recebimento efetivo da dívida ativa.

DESPESA PÚBLICA. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NATUREZA. ETAPAS E ESTÁGIOS. RESTOS A PAGAR.
DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

DESPESA PÚBLICA
Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público a qualquer título, a fim de saldar gastos
fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à realização e ao funcionamento dos serviços públicos. Nesse sentido, a despesa
é parte do orçamento, ou seja, aquela em que se encontram classificadas todas as autorizações para gastos com as várias atribuições e
funções governamentais. Em outras palavras, as despesas públicas formam o complexo da distribuição e emprego das receitas das receitas
para custeio e investimento em diferentes setores da administração governamental.
Quanto à sua natureza, classificam-se em:
Despesa Orçamentária: é aquela que depende de autorização legislativa para ser realizada e que não pode ser efetivada sem a exis-
tência de crédito orçamentário que a corresponda suficientemente.
Despesa Extra Orçamentária: trata-se dos pagamentos que não dependem de autorização legislativa, ou seja, não integram o orça-
mento público. Correspondem à restituição ou entrega de valores arrecadados sob o titulo de receita extra orçamentária. Ex.: devolução
de fianças e cauções; recolhimento de imposto de renda retido na fonte, etc.

301
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
A despesa Orçamentária se divide ainda conforme figura abaixo:

Despesa Efetiva e Não Efetiva


Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: - Despesa
Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil
modificativo diminutivo. - Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida
patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. Neste caso, além da despesa orçamentária, registra-se concomitantemente
conta de variação aumentativa para anular o efeito dessa despesa sobre o patrimônio líquido da entidade.
Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exem-
plo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. A despesa
não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as
transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva.
Segundo o Professor Garrido Neto, aideia da classificação das despesas em efetivas ou não efetivas é saber qual a afetação patrimonial
trazida pelas mesmas, em virtude da execução do orçamento. A LOA é uma lei de execução financeira, onde constam fluxos de caixa de en-
tradas e saídas de recursos, autorizados por lei pelo poder legislativo. Por natureza, receitas deveriam aumentar o patrimônio da entidade
que as reconhece e as despesas deveriam diminuí-lo.
Mas essa lógica não funciona em sua totalidade na execução orçamentária, em virtude do conceito de receita e despesa, sob o ponto
de vista do patrimônio, ser diferente daquele conceito orçamentário, de fluxo de caixa. No patrimônio, receita representa o acréscimo
definitivo de recursos, sem o surgimento de um passivo correspondente ou o consumo de um ativo. Já a despesa representa a diminuição
de um ativo, em virtude de seu consumo, ou a transferência de propriedade de um bem, necessário para obtenção de receitas. No orça-
mento, receita é entrada, em dinheiro e disponível para atendimento das políticas públicas. Já a despesa é uma saída, em dinheiro e que
consome recursos disponíveis, autorizados através do empenho de despesas. Quando o conceito de receita, sob o aspecto patrimonial,
coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de entrada, temos uma receita efetiva, que afeta o patrimônio positivamente. EX:
arrecadação de impostos.

302
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Quando o conceito de despesa, sob o aspecto patrimonial, A classificação funcional segrega as dotações orçamentárias
coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de saída, em funções e subfunções, buscando responder basicamente à in-
autorizado por um empenho, temos uma despesa efetiva, que afeta dagação “em que” área de ação governamental a despesa será rea-
o patrimônio negativamente. EX: reconhecimento de despesas com lizada. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº
serviços de terceiros. Ocorre que nem toda receita orçamentária 42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e
tem afetação positiva no patrimônio, porque tem como contrapar- Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixa-
tida um consumo de um ativo ou o surgimento de um passivo. Ex: das, que servem como agregador dos gastos públicos por área de
arrecadação da dívida ativa (entra dinheiro, mas se baixa o direito a ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de clas-
receber, previamente contabilizado quando da inscrição), obtenção sificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União,
de empréstimos (entra dinheiro, mas surge um passivo - emprésti- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite
mos a pagar). a consolidação nacional dos gastos do setor público. A classifica-
Do mesmo modo, nem toda despesa orçamentária tem afe- ção funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros
tação negativa no patrimônio, porque tem como contrapartida o referem-se à função, enquanto que os três últimos dígitos represen-
surgimento de um ativo ou a baixa de um passivo. Ex: aquisição de tam a subfunção, que podem ser traduzidos como agregadores das
bens (sai o dinheiro, com uma despesa empenhada previamente, diversas áreas de atuação do setor público, nas esferas legislativa,
mas entra o bem adquirido. Note que não há despesa no patrimô- executiva e judiciária.
nio, já que ocorre ingresso de um bem), amortização da dívida (sai o Função - A função é representada pelos dois primeiros dígitos
dinheiro, mas há uma baixa concomitante no passivo, empréstimos da classificação funcional e pode ser traduzida como o maior nível
a pagar. Note que não há despesa no patrimônio, já que houve dimi- de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A fun-
nuição de um passivo, tornando o ente menos devedor. ção quase sempre se relaciona com a missão institucional do órgão,
Ou seja, a saída de dinheiro compensa com a diminuição da
por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que, na União, guar-
dívida. Não há despesa). Por isso, a despesa não efetiva é aquela
da relação com os respectivos Ministérios.
que afeta o orçamento, mas, como gera um fato permutativo, não
A função “Encargos Especiais” engloba as despesas orçamentá-
afeta a situação líquida patrimonial do ente. Vamos ver mais uma
rias em relação às quais não se pode associar um bem ou serviço a
vez o exemplo da aquisição de bens; Quando se compra um bem,
é preciso empenhar/pagar a despesa orçamentária. Portanto essa ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, res-
despesa diminui o ativo disponível da entidade. Caso se verificasse sarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto,
apenas essa diminuição, a despesa seria efetiva, pois reduziria um uma agregação neutra. Nesse caso, na União, as ações estarão as-
ativo de forma definitiva. Mas a operação contábil não está conclu- sociadas aos programas do tipo “Operações Especiais” que consta-
ída, pois é preciso dar entrada no bem. rão apenas do orçamento, não integrando o PPA. A dotação global
Quando contabilizamos o bem, aumentamos outro ativo, o denominada “Reserva de Contingência”, permitida para a União no
ativo permanente bens móveis/imóveis. Portanto, vendo isolada- art. 91 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em
mente esse segundo registro, houve aumento do patrimônio, pela atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de
entrada do item, causando uma mutação (conjugando a diminuição recursos para abertura de créditos adicionais e para o atendimento
do caixa com o aumento do bem) ativa (pela entrada de um ativo ao disposto no art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de
no patrimônio do governo). Daí o porquê da questão ter utilizado 2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação,
essas expressões, beleza? Para maiores detalhes, consulte o manual será identificada nos orçamentos de todas as esferas de Governo
da receita/despesa nacional, encontrado no site da STN, e procure pelo código “99.999.9999.xxxx.xxxx”, no que se refere às classifica-
pelo item reconhecimento de receitas/despesas pelo aspecto orça- ções por função e subfunção e estrutura programática, onde o “x”
mentário e patrimonial. representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento.
Subfunção - A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da
Classificação Institucional e Funcional classificação funcional, representa um nível de agregação imedia-
A classificação institucional reflete a estrutura de alocação dos tamente inferior à função e deve evidenciar cada área da atuação
créditos orçamentários e está estruturada em dois níveis hierárqui- governamental, por intermédio da agregação de determinado sub-
cos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. Constitui unidade conjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações
orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo que se aglutinam em torno das funções. As subfunções podem ser
órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias combinadas com funções diferentes daquelas às quais estão rela-
(art. 14 da Lei nº 4.320/1964). Os órgãos orçamentários, por sua cionadas na Portaria MOG nº 42/1999. Deve-se adotar como fun-
vez, correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias. As ção aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a programação
dotações são consignadas às unidades orçamentárias, responsáveis
de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao
pela realização das ações. No caso do Governo Federal, o código
passo que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade
da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os
de cada ação governamental. A exceção à combinação encontra-se
dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à
na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções típicas que só
unidade orçamentária. Não há ato que estabeleça , sendo definida
no contexto da elaboração da lei orçamentária anual ou da abertura podem ser utilizadas conjugadas.
de crédito especial.
Cabe ressaltar que uma unidade orçamentária não correspon- Classificação por Estrutura Programática
de necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, Toda ação do Governo está estruturada em programas orienta-
por exemplo, com alguns fundos especiais e com as Unidades Orça- dos para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano
mentárias “Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. Conforme estabe-
“Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de Crédito”, lecido no art. 3º da Portaria MOG nº 42/1999, a União, os Estados,
“Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios,
de Contingência” suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados
os conceitos e determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes

303
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas confere a esses documentos uma integração desde a origem, sem
cada um estabelecerá seus próprios programas e ações de acordo a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre
com a referida Portaria. módulos diversificados. O programa, como único módulo integra-
1. Programa - Programa é o instrumento de organização da dor, e os projetos e as atividades, como instrumento de realização
atuação governamental que articula um conjunto de ações que dos programas.
concorrem para a concretização de um objetivo comum preesta- Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador
belecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visan- que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar
do à solução de um problema ou ao atendimento de determinada e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo.
necessidade ou demanda da sociedade. O programa é o módulo Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades.
comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
no programa e o orçamento começa no programa, o que confere que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
a esses instrumentos uma integração desde a origem. O progra- Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma
ma age como módulo integrador, e as ações, como instrumentos nova categoria de programação denominada operações especiais.
de realização dos programas. A organização das ações do governo Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando entendido
sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos.
e eficiência na administração pública e ampliar a visibilidade dos Quando não, as operações especiais não se vincularão a programas.
resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar A estruturação de programas e respectivos produtos, consubs-
a transparência na aplicação dos recursos públicos. Cada progra- tanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no atual
ma deve conter objetivo, indicador que quantifica a situação que momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu resulta-
o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e do será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as unidades
serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias.
são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou
operações especiais, especificando os respectivos valores e metas A despesa pública é executada em três estágios: empenho, li-
e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. quidação e pagamento.
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. 1º ESTÁGIO – EMPENHO DA DESPESA
Os programas da União constam no Plano Plurianual e podem ser - Ordinário – despesas normais
visualizados no sítio www.planejamento.gov.br. - Estimativa – despesas variáveis
2. Ação - As ações são operações das quais resultam produ- - Global – despesas contratuais e sujeitas a parcelamentos
tos (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de
um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transfe- Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato emana-
rências obrigatórias ou voluntárias a outros Entes da Federação e a do de autoridade competente que cria para o Estado obrigação
pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxí- de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O
lios, contribuições e financiamentos, dentre outros. As ações, con- empenho é prévio, ou seja, precede a realização da despesa e está
restrito ao limite de crédito orçamentário (art. 59). É vedada a re-
forme suas características podem ser classificadas como atividades,
alização da despesa sem prévio empenho (art. 60). A formalização
projetos ou operações especiais. a) Atividade É um instrumento de
do empenho se dá com a emissão do pedido de empenho, pelos
programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa,
setores competentes, e devidamente autorizados, no Módulo Fi-
envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo
nanceiro. A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço
para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado pela
necessário à manutenção da ação de Governo. Exemplo: “Fiscaliza-
Administração Pública de que a parcela referente a seu contrato
ção e Monitoramento das Operadoras de Planos e Seguros Privados
foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. Pode-se
de Assistência à Saúde”. b) Projeto É um instrumento de programa-
deduzir, portanto, que o orçamento é compromissado através do
ção utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo
empenho. O empenho da despesa é o instrumento de utilização de
um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta créditos orçamentários.
um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento Entende-se por nota de empenho o documento utilizado para
da ação de Governo. Exemplo: “Implantação da rede nacional de fins de registro da operação de empenho de uma despesa. Para
bancos de leite humano”. c) Operação Especial Despesas que não cada empenho será extraída uma nota de empenho, que indicará
contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das o nome do credor (beneficiário do empenho), a especificação e a
ações de governo, das quais não resulta um produto, e não gera importância da despesa.
contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.7 O empenho para compras, obras e serviços só pode ser emi-
tido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de dispensa ou
Estrutura Programática inexigibilidade, desde que haja amparo legal na legislação que re-
Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de gulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93). As despesas só podem ser
ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter empenhadas até o limite dos créditos orçamentários iniciais e adi-
a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas, cionais, e de acordo com o cronograma de desembolso da unidade
e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a gestora, devidamente aprovado.
formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração. O empenho deverá ser anulado:
Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual e • no decorrer do exercício:
do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum inte- – parcialmente, quando seu valor exceder o montante da des-
grador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o pla- pesa realizada; ou – totalmente, quando o serviço contratado não
no termina no programa e o orçamento começa no programa, o que tiver sido prestado, quando o material encomendado não tiver sido
entregue ou quando o empenho tiver sido emitido incorretamente.
7Fonte: www.eventos.fecam.org.br

304
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
• no encerramento do exercício, quando o empenho referir-se Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob o enfoque
a despesas não liquidadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas orçamentário, é “a aplicação de certa quantia em dinheiro, por par-
condições previstas para a inscrição em restos a pagar. te da autoridade ou agente público competente, entro de uma au-
torização legislativa, para execução de um m a cargo do governo”.

O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao cré- Assim a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo
dito, tornando-se disponível para novo empenho ou descentraliza- Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços
ção, respeitado o regime de exercício. públicos.
Por outro lado, há o entendimento que, por despesa pública
2º ESTÁGIO – LIQUIDAÇÃO deve-se entender a inversão ou distribuição de riqueza que as en-
A liquidação da despesa consiste na verificação do direito ad- tidades públicas realizam, objetivando a produção dos serviços re-
quirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos com- clamados para satisfação das necessidades públicas e para fazer em
probatórios do respectivo crédito. face de outras exigências da vida pública, as quais não são chama-
A liquidação tem por fim apurar: das propriamente serviços.
- a origem e o objeto do que se deve pagar;
- a importância exata a ser paga e Despesa Pública no Período Clássico e no Período Moderno
- a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obriga- No período clássico o Estado realizava o mínimo possível de
ção despesas públicas porque restringia as suas atividades somente ao
desempenho das denominadas atividades essenciais, em razão de
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os ser encarado apenas como consumidor, deixando a maior parte das
atos de verificação e conferência, desde a entrada do material ou a atividades para o particular.
prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. Assim, a despesa pública tinha apenas a nalidade de possibili-

A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou por servi- tar ao Estado o exercício das mencionadas atividades básicas.
ços prestados terá por base: Mas, nos dias de hoje, ocorre uma análise preponderante da
- Contrato, ajuste ou acordo respectivo; natureza econômica das despesas públicas, que são também utiliza-
- A nota de empenho; das para outros ns, como o combate ao desemprego. Em suma, no

- Os comprovantes da entrega de material ou da prestação efe- período clássico das nanças públicas, em razão da prevalência da

tiva do serviço. escola liberal, o Estado procurava comprimir as despesas aos seus
menores limites, e era encarado apenas como consumidor. Tal po-
3º ESTÁGIO – PAGAMENTO lítica se devia à absoluta supremacia da iniciativa privada e à teoria
A ordem de pagamento é o despacho exarado pela autoridade da imutabilidade das leis nanceiras.

competente determinando que a despesa seja paga. As despesas visavam apenas a cobrir os gastos essenciais do
A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos governo.
processados pelos serviços de contabilidade. Por outro lado, na concepção moderna das nanças públicas, o

O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pa- Estado funciona como um órgão de redistribuição da riqueza, con-
gadoria regularmente instituído por estabelecimentos bancários correndo com a iniciativa privada. O Estado passa a realizar despe-
credenciados, ou em casos excepcionais, por meio de adiantamento sas que, embora não sejam úteis sob o ponto de vista econômico,
Não confundir ordem de pagamento com ordem bancária.A são úteis sob o ponto de vista da coletividade, como, por exemplo,
ordem de pagamento é despacho exarado pela autoridade compe- as despesas de guerra, vigendo, pois, hoje, a regra de que a neces-
tente, determinando que a despesa seja paga. Ordem bancária é o sidade pública faz a despesa.
documento emitido através do Siaf, que transfere o recurso finan-
ceiro para a conta do credor. Elementos Da Despesa Pública
Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional considera, Os elementos da despesa pública são os seguintes:
durante o exercício financeiro, a despesa pela sua liquidação, en- a) De natureza econômica: o dispêndio, incidente em um gas-
tretanto, para fins de encerramento do exercício financeiro, toda a to para os cofres do Estado e em consumo para os bene ciados; a

despesa empenhada e não anulada até 31 de dezembro, será consi- riqueza pública, bem econômico, representada pelo acervo originá-
derada despesa nas demonstrações contábeis. rio das rendas do domínio privado do Estado e da arrecadação dos
O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da re- tributos;
ceita pública, pois não pode mais ser compreendida apenas vincu-
lada ao conceito econômico privado, isto é, de que a despesa deva b) De natureza jurídica: a autorização legal dada pelo poder
ser realizada após o cálculo da receita, como ocorre normalmente competente para a efetivação da despesa;
com as empresas particulares. c) De natureza política: a nalidade de satisfação da necessi-

Aliás, hoje em dia, os particulares recorrem ao empréstimo dade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo do serviço
sempre que a receita se apresenta de ciente em relação à despesa.

público, como medida de sua política nanceira.

O Estado tem como objetivo, no exercício de sua atividade É universal o princípio de que a escolha do objetivo da despe-
fi nanceira, a realização de seus ns, pelo que procura ajustar a re-

sa pública envolve um ato político, referente à determinação das
ceita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a necessidades públicas que deverão ser satisfeitas pelo processo do
esta. Tal ocorre porque o Estado cuida primeiro de conhecer as ne- serviço público.
cessidades públicas ditadas pelos reclamos da comunidade social,
ao contrário do que acontece com o particular, que regula as suas Despesa Pública e a Constituição Federal De 88
despesas em face de sua receita. A Constituição de 1988 demonstra que o constituinte se preo-
Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos de vista cupou com o problema do limite da despesa pública.
orçamentário e cientí co.

305
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Assim, o art. 169 revela a preocupação do constituinte com a Espécies De Despesa Pública
limitação de despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Es-
tados do Distrito Federal e dos Municípios, que não poderá exceder Quanto à forma
os limites estabelecidos em lei complementar. a) Despesa em espécie, que constitui hoje a forma usual de sua
“Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos execução, embora, como já se disse anteriormente, ainda existam
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os alguns serviços públicos que não são remunerados pelo Estado;
limites estabelecidos em lei complementar. b) Despesa em natureza, forma que predominava na antiguida-
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu- de mas que hoje está praticamente abolida, embora ainda ocorra,
neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de como no caso de indenização pela desapropriação de imóvel rural
estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de mediante títulos da dívida pública com cláusula de correção mone-
pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administra- tária (CF, art.184);2)
ção direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
pelo poder público, só poderão ser feitas: Quanto ao aspecto econômico em geral
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten- a) Despesa real ou de serviço é a efetivamente realizada pelo
der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de- Estado em razão da utilização de bens e serviços particulares na sa-
correntes; tisfação de necessidades públicas, havendo uma amputação desses
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça-
bens ou serviços do setor privado em proveito do setor público;
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de
corresponde, pois, à vida dos serviços públicos e à atividade das
economia mista.
administrações, caracterizando-se pela contraprestação que é feita
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar refe-
em favor do Estado;
rida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, se-
rão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais b) Despesa de transferência, que é aquela que é efetivada pelo
ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que Estado sem que receba diretamente qualquer contraprestação a
não observarem os referidos limites. seu favor, tendo o propósito meramente redistributivo, já que o
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base dinheiro de uns se transfere para outros, como, por exemplo, no
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida pagamento de pensões e de subvenções a atividades ou empresas
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios privadas;
adotarão as seguintes providências
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com Quanto ao ambiente
cargos em comissão e funções de confiança; a) Despesa interna é a feita para atender às necessidades de
II - exoneração dos servidores não estáveis. ordem interna do país e se realiza em moeda nacional e dentro do
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior território nacional;
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determi- b) Despesa externa, que se realiza fora do país, em moeda es-
nação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável trangeira e visa a liquidar dívidas externas;
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou uni- Quanto à duração
dade administrativa objeto da redução de pessoal. a) Despesa ordinária, que visa a atender às necessidades pú-
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo ante- blicas estáveis, permanentes e periodicamente previstas no orça-
rior fará jus a indenização correspondente a um mês de remunera- mento, constituindo mesmo uma rotina no serviço público, como,
ção por ano de serviço. por exemplo, a despesa relativa ao pagamento do funcionalismo
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterio- público;
res será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego b) Despesa extraordinária, que objetiva satisfazer necessida-
ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de des públicas acidentais, imprevisíveis e, portanto, não constantes
quatro anos do orçamento, não apresentando, por outro lado, regularidade em
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obede- sua veri cação, e estão mencionadas na Constituição Federal (art.
cidas na efetivação do disposto no § 4º.”

167, §3º) como sendo as despesas decorrentes de guerra, comoção


interna ou calamidade pública, que por serem urgentes e inadiáveis
Por outro lado, a concessão de qualquer vantagem ou aumento
não podem esperar o processo prévio da autorização legal;
de remuneração, a criação de cargos ou alterações de estruturas de
c) Despesa especial, que tem por nalidade permitir o aten-
carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pe-

los órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive dimento de necessidades públicas novas, surgidas no decorrer do
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão exercício nanceiro e, portanto, após a aprovação do orçamento,

ser feitas se atendidos os pressupostos constantes dos incisos I e II embora não apresentem as características de imprevisibilidade e
do art. 169 da CF. urgência; assim, dependem de prévia lei para a sua efetivação, sen-
Por sua vez, o art. 38 do ADCT estabelece que até “a promulga- do de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a
ção da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados, fazer em decorrência de sentença judicial;
o Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com o
pessoal mais do que sessenta e cinco por cento do valor das respec- Quanto à importância de que se revestem
tivas receitas correntes”. a) Despesa necessária é aquela intransferível em face da neces-
O parágrafo único do mesmo art. 38 determina que os mencio- sidade pública, sendo sua efetivação provocada pela coletividade;
nados entes políticos, quando a respectiva despesa de pessoal ex- b) Despesa útil é aquela que, embora não seja reclamada pela
ceder o limite previsto no caput do artigo, deverão retornar àquele coletividade e não vise a atender necessidades públicas premen-
limite, reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por tes,é feita pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade
ano. social, como as despesas de assistência social; portanto, à luz deste

306
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
critério, não se pode falar em despesa inútil, e mesmo as despesas imóveis, recebendo o Estado, em contraprestação, bens e serviços
de guerra podem produzir uma utilidade, como a independência (art. 12, §12, e art. 13): Pessoal civil - Pessoal militar - Material de
nacional e a realização de unidade nacional, podendo, inclusive; consumo - Serviços de terceiros - Encargos diversos.
esta utilidade ser de caráter econômico, pois o Estado quando evita b) Despesas de transferências correntes são as que se limitam
ou limita uma invasão ao seu território, impede ou diminui um pre- a criar rendimentos para os indivíduos, sem qualquer contrapresta-
juízo econômico. ção direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e sub-
venções destinadas a atender à manifestação de outras entidades
Quanto aos efeitos econômicos de direito público ou privado, compreendendo todos os gastos sem
a) Despesa produtiva, que, além de satisfazer necessidades pú- aplicação governamental direta dos recursos de produção nacional
blicas, enriquece o patrimônio do Estado ou aumenta a capacidade de bens e serviços (art. 12, § 2º, Ebert. 13): Subvenções sociais -
econômica do contribuinte, como as despesas referentes à constru- Subvenções econômicas – Inativos – Pensionistas - Salário-família
ção de portos, estradas de ferro, etc.; e Abono familiar - Juros da dívida pública - Contribuições de Previ-
b) Despesa improdutiva é aquela que não gera um benefício de dência Social - Diversas transferências correntes.
ordem econômica em favor da coletividade;
II) Despesas de capital são as que determinam uma modi ca-
Quanto à mobilidade

ção do patrimônio público através de seu crescimento,sendo, pois,


a) Despesa xa é aquela que consta do orçamento e é obrigató-
economicamente produtivas, e assim se dividem:

ria pela Constituição, não podendo ser alterada a não ser por uma
a) Despesas de investimentos são as que não revelam ns re-
lei anterior, e não pode deixar de ser efetivada pelo Estado;

produtivos (art. 12, § 42, e art. 13): Obras públicas - Serviços em


b) Despesa variável é aquela que não é obrigatória pela Cons-
regime de programação especial - Equipamentos e instalações -
tituição, sendo limitativa, isto é, o Poder Executivo ca obrigado a
Material permanente -Participação em constituição ou aumento de

respeitar seu limite, mas não imperativa; daí o Estado ter a faculda-
de de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios administrati- capital de empresas ou entidades industriais ou agrícolas.
vo e de oportunidade, sendo de se citar, como exemplo, um auxílio b) Despesas de inversões nanceiras são as que correspondem

pecuniário em favor de uma instituição de caridade, não gerando, a aplicações feitas pelo Estado e suscetíveis de lhe produzir rendas
por outro lado, direito subjetivo em favor do bene ciário; (art. 12, § 5º, e art. 13): - Aquisição de imóveis - Participação em
constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades co-

Quanto à competência merciais ou nanceiras - Aquisição de títulos representativos de ca-


a) Despesa federal, que visa a atender a ns e serviços da União



pital de empresas em funcionamento - Constituição de fundos rota-
Federal, em cujo orçamento está consignada; tivos - Concessão de empréstimos - Diversas inversões nanceiras.

b) Despesa estadual, que objetiva atender a ns e serviços do



c) Despesas de transferências de capital são as que correspon-
Estado, estando xada em seu orçamento;

dem a dotações para investimentos ou inversões nanceiras a se-

c) Despesa municipal, que tem por nalidade atender a ns e


fi fi rem realizadas por outras pessoas jurídicas de direito público ou
serviços do Município, sendo consignada no orçamento municipal; de direito privado, independentemente de contraprestação direta
em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou
Quanto ao mfi
contribuições, segundo derivem diretamente da lei de orçamento
a) Despesa de governo é a despesa pública própria e verdadei- ou de lei especial anterior, bem como dotações para amortização
ra, pois se destina à produção e à manutenção do serviço público, da dívida pública (art. 12, § 6º, e art. 13):
estando enquadrados nesta categoria os gastos com os pagamentos - Amortização da dívida pública
dos funcionários, militares, magistrados, etc., à aplicação de rique- - Auxílios para obras públicas
zas na realização de obras públicas e emprego de materiais de ser- - Auxílios para equipamentos e instalações
viçoe à conservação do domínio público; - Auxílios para inversões nanceiras
b) Despesa de exercício é a que se destina à obtenção e utili-

- Outras contribuições.
zação da receita, como a despesa para a administração do domínio
fiscal ( scalização de terras, de bosques, das minas, manutenção

Princípios Da Legalidade Da Despesa Pública


de fábricas, etc.) e para a administração nanceira (arrecadação e

scalização de receitas tributárias, serviço de dívida pública, com o


Noções Gerais

pagamento dos juros e amortização dos empréstimos contraídos).


A despesa pública somente pode ser realizada mediante prévia
autorização legal, conforme prescrevem os arts. 165, § 8º, e 167, I,
Classificação da Lei nº4.320/64
Finalmente, deve ser mencionada a classi cação adotada pela II, V, VI e VII da Constituição Federal.
Tal regra aplica-se inclusive às despesas que são objeto de cré-

Lei nº 4.320, de 17/03/64, que estatui normas de direito nanceiro


ditos adicionais e visam a atender a necessidades novas, não pre-

para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,


Estados, Municípios e Distrito Federal, tendo a referida lei procedi- vistas (créditos especiais), ou insu cientemente previstas no orça-

do à classi cação com base nas diversas categorias econômicas da mento (créditos suplementares), em razão do disposto no art. 167,
V, da CF.

despesa pública:
As Despesas Ordinárias
I) Despesas correntes são aquelas que não enriquecem o patri- São aquelas que visam a atender a necessidades públicas está-
mônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e veis, permanentes, que têm um caráter de periodicidade, e sejam
à vida do Estado, sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais previstas e autorizadas no orçamento, como o pagamento do fun-
e economicamente improdutivas: cionalismo público.
a) Despesas de custeio são aquelas que são feitas objetivan- Daí, se tais despesas não foram previstas, ou foram insu cien-

do assegurar o funcionamento dos serviços públicos, inclusive às temente previstas, a sua execução dependerá também da prévia
destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens autorização do Poder Legislativo.

307
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Tal exigência justi ca-se plenamente, pois caso o Poder Execu-
fi c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento
tivo pudesse livremente aumentar as despesas a votação do orça- criada em virtude de lei e reconhecidos após o encerramento do
mento pelo Poder Legislativo não passaria, segundo Gaston Jèze, de exercício - em dadas situações, alguns compromissos são reconhe-
uma formalidade meramente ilusória. cidos pelo administrador público após o término do exercício em
que foram gerados. Um bom exemplo dessas situações é o caso
As Despesas Extraordinárias de um servidor público cujo filho tenha nascido em dezembro de
A exigência da prévia autorização legal não se aplica a estas, um ano qualquer mas que somente veio a solicitar o benefício do
porque sendo urgentes e imprevisíveis, não admitem delongas na salário-família em janeiro do ano subsequente. Para proceder ao
sua satisfação, como as decorrentes de calamidade pública, como- pagamento das despesas relativas ao mês de dezembro, é preci-
ção interna e guerra externa (CF, art. 167, § 3º). so, primeiramente, reconhecê-las e, após, empenhá-las à conta de
Nestes casos, a autoridade realizará a despesa, cabendo ao Po- Despesas de Exercícios Anteriores. Tais despesas, portanto, sofrem
der Legislativo rati cá-la ou não (Lei nº 4.320/64, art. 44).

o empenho pela primeira vez, diferentemente das outras duas situ-
Observe-se que a autoridade pública deve ter muito cuidado ações apontadas, cujos objetos já sofreram empenhos no passado.
na efetivação de tais despesas, uma vez que cará sujeita a sanções,

Quanto às despesas relativas ao mês de janeiro e seguintes, serão
caso realize uma despesa considerando-a como extraordinária, sem empenhadas no elemento de despesa correspondente.
que a necessidade pública atendida se revista das características Pode-se citar como exemplo dessa última situação: o caso de
exigidas. um servidor, cujo filho tenha nascido em setembro e somente re-
Como um corolário do princípio da legalidade da despesa pú- quereu o benefício do salário-família em março do ano seguinte.
blica, a autoridade somente pode efetivar a despesa se for compe- As despesas referentes aos meses de setembro a dezembro irão à
tente para tal e se cinja ao limite e m previstos na lei.

conta de despesas de exercícios anteriores, classificados, como de
transferências correntes; as dos demais meses no elemento de des-
Despesas de Exercícios Anteriores pesa próprio. A promoção de um funcionário com data retroativa e
O assunto está regulado pelo art. 37 da Lei nº 4.320/64, regu- que alcance anos anteriores ao exercício financeiro, também é caso
lamentada pelo Decreto nº 93.872, de 23/12/86, que incorporou os de despesa de exercícios anteriores.
conceitos do Decreto nº 62.115, de 15/01/68.
Além desse dispositivo, cada ente da Federação poderá regu- Formalização
lamentar a matéria visando atender às suas peculiaridades, desde Constituem elementos próprios e essenciais à instrução do
que, é evidente, observe os limites traçados pelo Diploma Legal. processo relativo a despesas de exercícios anteriores, para fins de
autorização do pagamento:
Conceito a) nome do credor, CGC/CPF e endereço;
Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de b) importância a pagar;
compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles c) data do vencimento do compromisso;
em que ocorreram os pagamentos. d) causa da inobservância do empenho prévio de despesa;
O regime de competência exige que as despesas sejam conta- e) indicação do nome do ordenador da despesa à época do fato
bilizadas conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que gerador do compromisso; e
foram geradas. Se uma determinada despesa tiver origem, por f) reconhecimento expresso do atual ordenador de despesa.
exemplo, em 1987 e só foi reconhecida e paga em 1989, a sua con-
tabilização deverá ser feita à “Conta de Despesas de Exercícios An- Prescrição
teriores” para evidenciar o regime do exercício. As dívidas de exercícios anteriores, que dependam de reque-
rimento do favorecido, prescrevem em 05 (cinco) anos, contados
Ocorrência da data do ato ou fato que tiver dado origem ao respectivo direito.
Poderão ser pagas à conta de despesas de exercício anteriores, O início do período da dívida corresponde à data constante do
mediante autorização do ordenador de despesa, respeitada a cate- fato gerador do direito, não devendo ser considerado, para fins de
goria econômica própria: prescrição quinquenal, o tempo de tramitação burocrática e o de
a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orça- providências administrativas a que estiver sujeito o processo.
mento respectivo consignava crédito próprio com saldo suficiente
para atendê-las, que não se tenham processado na época própria; Consoante doutrina dominante, o dispositivo em causa foi in-
assim entendidas aquelas cujo empenho tenha sido considerado serido no texto da referida lei a fim de se tentar coibir a prática
insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspon- (comum entre nós) de, a cada virada de mandato, os governantes
dente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cum- transferirem para seus sucessores dívidas constituídas no último
prido sua obrigação; ano de seus mandatos. A partir da Lei de Responsabilidade Fiscal,
b) os restos a pagar com prescrição interrompida; retomando a mencionada prática, a princípio, deveria ter sido obstada ante à
situação descrita no item precedente, na hipótese de o administra- proibição legal. Dizemos “deveria” porque o que se observa é que
dor público, entretanto, optar por manter o empenho correspon- muitos governantes, a fim de fugirem ao regramento em referência,
dente, inscrevendo-o em restos a pagar, também é possível, por passaram a incorporar a prática (nociva) de cancelar os empenhos
razões diversas, que o fornecedor não implemente a prestação que emitidos em sua gestão deixando tão-somente, no último ano de
se obrigou durante todo o transcorrer do exercício seguinte. Nessa seus mandatos, aqueles com suficiente disponibilidade financeira.
hipótese, o administrador público poderá cancelar o valor inscrito. Com tal prática, acabam “atendendo” ao comando legal, mas con-
Se assim ocorrer, o valor que vier a ser reclamado no futuro tinuando a transferir as dívidas por eles constituídas a seus suces-
pelo fornecedor, também poderá ser reempenhado à conta de Des- sores.
pesas de Exercícios Anteriores ; e

308
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
SUPRIMENTO DE FUNDOS - Para atender despesas de caráter secreto ou reservado, reali-
O suprimento de fundos (também denominado de regime de zadas pela Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Estado de
adiantamento) é caracterizado por ser um adiantamento de valores Justiça e Direitos Humanos, pelo Gabinete da Governadoria ou pela
a um servidor para futura prestação de contas. Esse adiantamento Casa Militar, conforme dispuser regulamento. (item II, do art. 2º do
constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso Decreto Estadual nº 1.180/08).
ao suprido é necessário percorrer os três estágios da despesa orça- Despesas de pequeno vulto devem ser entendidas como des-
mentária: empenho, liquidação e pagamento. pesas não rotineiras ou normais, cujo valor do suprimento não
Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfoque pa- poderá exceder a R$-2.000,00(dois mil reais) e cujo comprovante
trimonial, pois no momento da concessão não ocorre redução no de despesa não poderá ultrapassar o valor de R$-200,00(duzentos
patrimônio líquido. Na liquidação da despesa orçamentária, ao reais), consoante preveem as alíneas “a” e “b” do §1º do art. 2º do
mesmo tempo em que ocorre o registro de um passivo, há também Decreto Estadual nº 1.180/08, como por exemplo gastos com pos-
a incorporação de um ativo, que representa o direito de receber um tagem e autenticação de documentos, reconhecimento de firmas,
bem ou serviço, objeto do gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a confecção de carimbos, pequenos reparos etc., desde que não aco-
bertados por contratos.
devolução do numerário adiantado.
É importante esclarecer que quando se solicita suprimento
O artigo 37 da Lei nº 4.320/64 dispõe que as despesas de exer-
de fundos para pagamento de despesas de pequeno vulto deve-
cícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava
-se sempre atestar a falta momentânea dos materiais a adquirir ou
crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se
a necessidade imperiosa de contratação do serviço, encontrando
tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar o seu limite para cada comprovante de despesa no valor de R$-
com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após 200,00.
o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à Sendo assim, o suprimento de fundos é um instrumento de
conta de dotação específica consignada no orçamento, discrimina- exceção ao qual pode recorrer o Ordenador de Despesas, em situa-
da por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cro- ções que não permitam o processo normal de execução da despesa
nológica. pública, isto é, licitação, dispensa ou inexigibilidade, empenho, li-
O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas quidação e pagamento, Por isso, é recomendável muita prudência
com exercícios anteriores cabe à autoridade competente para em- na sua concessão, no sentido de evitar a generalização do seu uso.
penhar a despesa.
As despesas que não se tenham processado na época própria b) Não se concederá suprimento de fundos:
são aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e I. A responsável por dois suprimentos;
anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que, II. A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do
dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obri- material a adquirir, salvo quando não houver na repartição outro
gação. Os restos a pagar com prescrição interrompida são aqueles servidor;
cancelados, mas ainda vigente o direito do credor. III. A responsável por suprimento de fundos que, esgotado o
Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exer- prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e
cício são aqueles cuja obrigação de pagamento foi criada em virtu- IV. A servidor declarado em alcance.
de de lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante após o
encerramento do exercício correspondente. Quando do seu uso, é necessário observar o seguinte:
Portanto, Suprimento de Fundos consiste na entrega de nu- A) NA AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE CONSUMO
merário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação - Inexistência de fornecedor contratado/registrado. Atualmen-
própria, para o fim de realizar despesas que não possam subordi- te, com a possibilidade de registrar-se preços - Ata de Registro de
nar-se ao processo normal de aplicação. Os artigos 68 e 69 da Lei Preços, é possível ter fornecedores registrados para a grande maio-
nº 4.320/1964 definem e estabelecem regras gerais de observância ria das necessidades de material de consumo da unidade;
- Se não se trata de aquisições de um mesmo objeto, passíveis
obrigatória para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios apli-
de planejamento, e que ao longo do exercício possam vir a ser ca-
cáveis ao regime de adiantamento. Segundo a Lei nº 4.320/1964,
racterizadas como fracionamento de despesa e, consequentemen-
não se pode efetuar adiantamento a servidor em alcance e nem a
te, como fuga ao processo licitatório; e
responsável por dois adiantamentos.
- Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às ativi-
Por servidor em alcance, entende-se aquele que não efetuou, dades da unidade e, como é óbvio, se servem ao interesse público.
no prazo, a comprovação dos recursos recebidos ou que, caso tenha
apresentado a prestação de contas dos recursos, a mesma tenha B) NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS
sido impugnada total ou parcialmente. - Inexistência de cobertura contratual;
Cada ente da federação deve regulamentar o seu regime de - Se não se trata de contratações de um mesmo objeto, pas-
adiantamento, observando as peculiaridades de seu sistema de síveis de planejamento, e que ao longo do exercício possam vir a
controle interno, de forma a garantir a correta aplicação do dinheiro ser caracterizadas como fracionamento de despesa e, consequen-
público. Destacam-se algumas regras estabelecidas para esse regi- temente, como fuga ao processo licitatório; e
me: - Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às ativi-
a) O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguintes ca- dades da unidade e, como é óbvio, se servem ao interesse público;
sos:
- Para atender despesas de pequeno vulto. (item I, do art. 2º do C) LIMITES PARA CONCESSÃO
Decreto Estadual nº 1.180/08); Os limites para concessão de Suprimento de Fundos são os se-
- Para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com guintes, de acordo com o Decreto Estadual nº 1.180/08:
serviços especiais, que exijam pronto pagamento em espécie. (item
II, do art. 2º do Decreto Estadual nº 1.180/08);

309
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

VALOR (EM c) Que esteja respondendo a inquérito administrativo;


TIPO DE DESPESA DISPOSITIVO LEGAL d) Que exerça as funções de Ordenador de Despesas;
R$)
e) Responsável pelo setor financeiro;
Art. 2º, item I, §1º, f) Que esteja de licença, férias ou afastado.
Até 2.000,00 Pequeno Vulto
alínea “a”.
Art. 2º, item I, §1º, H)DOCUMENTOS QUE DEVEM COMPOR A PRESTAÇÃO DE CON-
Até 4.000,00 Despesas Eventuais TAS
alínea “b”.
O processo de comprovação de suprimento de fundos deve ser
D) PRAZO PARA APLICAÇÃO E PRESTAÇÃO DE CONTAS organizado com os documentos comprobatórios da efetivação da
Para prestação de contas do Suprimento de Fundos o prazo é despesa em ordem cronológica e com a rubrica do responsável pelo
de até15(quinze) dias após o período de aplicação. referido suprimento, contendo as seguintes peças e nesta ordem:
a) Memorando de encaminhamento da prestação de contas;
NOTA: Os suprimentos de fundos concedidos no mês de de- b) Cópia da Portaria de concessão do Suprimento de Fundos;
zembro devem ser aplicados até o dia 31 deste mês, não podendo c) Cópia da Ordem de Saque ou do extrato bancário;
em nenhuma hipótese ser utilizados no exercício financeiro seguin- d) Demonstrativos de Comprovação do Suprimento de Fundos,
te. A recomendação é que, caso haja saldo, o suprido o deposite preenchidos de acordo com o elemento de despesa;
na conta da instituição, sob pena de ter que devolver o numerário e) Originais dos documentos comprobatórios da despesa (No-
gasto em desacordo com a legislação. tas Fiscais de vendas, Notas Fiscais de prestação de serviços – pes-
soa jurídica, faturas e recibos de pessoas físicas) sem emendas, ra-
E) FORMA DE CONCESSÃO suras, acréscimos ou entrelinhas;
Será concedido através de Portaria assinada pelo Ordenador de f) Cópia da Guia de Recolhimento (GR) do saldo não aplicado
Despesas e publicada no Diário Oficial do Estado, emitida em nome (se houver).
do servidor sempre precedida de Nota de Empenho, onde irá cons-
tar o nome completo, posto ou graduação, cargo ou função e matrí- É importante frisar que os documentos fiscais deverão obser-
cula do suprido; destinação ou a finalidade da despesa a realizar; o var ainda as seguintes exigências:
valor do suprimento, em algarismos e por extenso, da importância a) Serem emitidos em nome da UEPA por quem forneceu o ma-
a ser entregue; a classificação funcional e a natureza de despesa; terial ou prestou o serviço;
prazo de aplicação e prestação de contas. b) Serem obrigatoriamente emitidos sempre igual ou posterior
à data da concessão do suprimento de fundos;
F) ELEMENTOS DE DESPESA QUE PODEM SER UTILIZADOS c) Conterem o detalhamento do material fornecido ou do ser-
O suprimento de fundos será concedido nos seguintes elemen- viço prestado (discriminação da quantidade de produto ou serviço),
tos de despesa: evitando generalizações ou abreviaturas que impeçam o conheci-
3390.30 – Material de Consumo; mento da natureza das despesas e da unidade fornecida.
3390.36 – Serviços de Terceiros/Pessoa Física;
3390.39 – Serviços de Terceiros/Pessoa Jurídica; I) ATESTO DOS COMPROVANTES DE DESPESAS
339033 – Passagem e Locomoção. Para comprovar o efetivo recebimento do material e da presta-
ção de serviço no que concerne à quantidade e à qualidade adqui-
NOTA: A aplicação de suprimentos de fundos em elemento de rida, os comprovantes de despesas deverão ser atestados por servi-
despesa diverso dos que foram citados acima, como, por exemplo, dor suficientemente identificado (cargo, função, assinatura legível)
para aquisição de Equipamentos ou Material Permanente (339052) que não seja necessariamente o suprido.
constitui irregularidade insanável, estando o suprido obrigado a de-
volver o recurso gasto incorretamente. Por isso, quando o suprido J) IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO
esteja em dúvida quanto à classificação correta do material a adqui- São consideradas irregularidades na aplicação e comprovação
rir, recomendamos que antes de realizar a compra, procure obter de recursos liberados a título de suprimento de fundos:
informações junto à Coordenação de Prestação de Contas – CPC, ao a) Qualquer despesa realizada anteriormente ou posterior ao
Departamento de Administração de Recursos Materiais – DARM ou prazo de aplicação;
à Coordenação de Controle Interno. b) Quando forem aplicados em projeto ou atividade incompatí-
Da mesma forma terá a prestação de contas impugnada, isto veis com a finalidade de sua concessão;
é, considerada IRREGULAR, não sujeita à aprovação pelo Ordena- c) Quando forem aplicados em desacordo com o elemento de
dor de Despesas, o suprido que utilizar recurso de uma rubrica para despesa especificado no ato da concessão e na Nota de Empenho;
pagamento de produto ou serviço classificado em outra. Por exem- d) Quando aplicado em outro exercício financeiro do ato con-
plo, utilizar recurso da rubrica 339039(Serviços de Terceiro Pessoa cessivo;
Jurídica) pagar despesas classificadas na rubrica339030 (Material e) Quando constatado o parcelamento de despesa na aplica-
de Consumo). Portanto, a recomendação é que se evite terminan- ção do numerário, ou seja, a soma das Notas Fiscais com o mesmo
temente este tipo de prática. objeto;
f) Realizar os pagamentos que não seja em dinheiro e à vista,
G) SERVIDOR IMPEDIDO DE RECEBER dada a vedação legal para aquisição/contratação a prazo.
a) Responsável por dois Suprimentos de Fundos ainda não
comprovados; Se configurada alguma das situações acima previstas, o suprido
b) Declarado em alcance, assim entendido aquele que tenha terá que devolver o numerário gasto em desacordo com as normas
cometido apropriação indevida, extravio, desvio ou falta verificada legais, independentemente de outras sanções disciplinares cabí-
na prestação de contas, de dinheiro ou valores confiados à sua guar- veis.
da;

310
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Registro de passivos sem execução orçamentária e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício
A característica fundamental da despesa orçamentária é de ser correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica
precedida de autorização legislativa, por meio do orçamento. consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida,
A Constituição Federal veda, no inciso II do artigo 167, a realiza- sempre que possível, a ordem cronológica.”
ção de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam A falta de registro de obrigações oriundas de despesas já in-
os créditos orçamentários ou adicionais. corridas resultará em demonstrações incompatíveis com as normas
Não obstante a exigência constitucional, para evidenciar a real de contabilidade, além da geração de informações incompletas em
situação patrimonial da entidade, todos os fatos devem ser registra- demonstrativos exigidos pela LRF, a exemplo do Demonstrativo da
dos na sua totalidade e no momento em que ocorrerem. Dívida Consolidada Líquida, tendo como consequência análise dis-
Assim, mesmo pendente de autorização legislativa, deve haver torcida da situação fiscal e patrimonial do ente.
o reconhecimento de obrigação pelo enfoque patrimonial no mo-
mento do fato gerador, observando-se o regime de competência e RESTOS A PAGAR
da oportunidade da despesa, conforme estabelece a Resolução do No final do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e
Conselho Federal de Contabilidade nº 750/93 que trata dos Princí- não pagas serão inscritas em Restos a Pagar e constituirão a Dívida
pios Fundamentais de Contabilidade. Como apresentado no início Flutuante.
deste Manual, o Princípio da Competência estabelece que as despe- Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar, os Processa-
sas deverão ser incluídas na apuração do resultado do período em dos e os Não processados.
que ocorrerem, independentemente do pagamento e o Princípio Os Restos a Pagar Processados são aqueles em que a despesa
da Oportunidade dispõe que os registros no patrimônio e das suas orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, res-
mutações devem ocorrer de imediato e com a extensão correta, in- tando pendente, apenas, o estágio do pagamento.
dependentemente das causas que as originaram. Os Restos a Pagar Processados não podem ser cancelados,
O momento de reconhecimento da despesa por competência tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços cumpriu com a
também foi adotado pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, no obrigação de fazer e a administração não poderá deixar de cumprir
inciso II, do artigo 50, reforçando entendimento patrimonialista so- coma obrigação de pagar sob pena de estar deixando de cumprir os
bre a utilização da ocorrência do fato gerador como o momento Princípios da Moralidade que rege a Administração Pública e está
determinante para o registro da despesa. previsto no artigo 37 da Constituição Federal, abaixo transcrito.
O cancelamento caracteriza, inclusive, forma de enriquecimen-
A LRF também determina que o Anexo de Metas Fiscais de-
to ilícito, conforme Parecer nº 401/2000 da Procuradoria-Geral da
monstre a real evolução do patrimônio líquido do exercício e dos
Fazenda Nacional.
últimos três.
Para que essa informação seja útil e confiável é necessário que
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
os lançamentos observem os Princípios Fundamentais de Contabi-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
lidade.
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
Portanto, ocorrendo o fato gerador de uma despesa e não ha-
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”.
vendo dotação no orçamento, a contabilidade, em observância aos
Princípios Fundamentais de Contabilidade e às legislações citadas,
Somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as despesas
deverá registrá-la no sistema patrimonial. de competência do exercício financeiro, considerando-se como des-
O reconhecimento dessa despesa ocorrerá com a incorporação pesa liquidada aquela em que o serviço, obra ou material contra-
de passivo em contrapartida ao registro no Sistema Patrimonial de tado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante, e
variação passiva. não liquidada, mas de competência do exercício, aquela em que o
Ressalta-se que esse passivo pertence ao Sistema Patrimonial, serviço ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e
portanto depende de autorização legislativa para amortização. que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro,
No momento do registro da despesa orçamentária, o passivo em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o
patrimonial deve ser baixado em contrapartida de variação ativa prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver
patrimonial. Simultaneamente, ocorre o registro de passivo cor- vigente.
respondente no Sistema Financeiro em contrapartida da despesa Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamentária, as par-
orçamentária, em substituição ao passivo do Sistema Patrimonial. celas dos contratos e convênios somente deverão ser empenhadas
Logo, tendo ocorrido a contraprestação de bens e serviços ou e contabilizadas no exercício financeiro se a execução for realizada
qualquer outra situação que enseje obrigação a pagar para uma até 31 de dezembro ou se o prazo para cumprimento da obrigação
determinada unidade gestora, mesmo sem previsão orçamentária, assumida pelo credor estiver vigente.
esta deverá registrar o passivo correspondente, sem prejuízo das As parcelas remanescentes deverão ser registradas nas Contas
possíveis responsabilidades e providências previstas na legislação, de Compensação e incluídas na previsão orçamentária para o exer-
inclusive as citadas pela Lei de Crimes Fiscais. cício financeiro em que estiver prevista a competência da despesa.
Caso o crédito orçamentário conste em orçamento de exer- A inscrição de despesa em Restos a Pagar não processados é
cício posterior à ocorrência do fato gerador da obrigação, deverá procedida após a depuração das despesas pela anulação de empe-
ser utilizada natureza de despesa com elemento 92 – Despesas de nhos, no exercício financeiro de sua emissão, ou seja, verificam-se
Exercícios Anteriores, em cumprimento à Portaria Interministerial quais despesas devem ser inscritas em Restos a Pagar, anulam-se as
STN/SOF nº 163/01 e ao artigo 37 da Lei nº4.320/1964, que dispõe: demais e inscrevem-se os Restos a Pagar não processados do exer-
cício.
“Art. 37.As despesas de exercícios encerrados, para os quais o No momento do pagamento de Restos a Pagar referente à des-
orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo sufi- pesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se existe diferença
ciente para atendê-las, que não se tenham processados na época entre o valor da despesa inscrita e o valor real a ser pago; se existir
própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida diferença, procede-se da seguinte forma:

311
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Se o valor real a ser pago for superior ao valor inscrito, a di- No entanto, a receita que permaneceu no caixa na virada do
ferença deverá ser empenhada a conta de despesas de exercícios exercício já está comprometida com o empenho que foi inscrito em
anteriores; restos a pagar e, portanto, não poderia ser utilizada para abertura
Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo existente de novo crédito.
deverá ser cancelado. Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevitável, mes-
A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos limites e condi- mo não se tratando de um passivo consumado, pois falta o cum-
ções de modo a prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar primento do programo de condição, mas por força do artigo 35 da
o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na Lei de Lei 4.320/1964 e da apuração do superávit financeiro tem que ser
Responsabilidade Fiscal – LRF. registrado.
A LRF determina ainda, em seu artigo 42, que qualquer despesa Assim, suponha os seguintes fatos a serem registrados na con-
empenhada nos últimos oito meses do mandato deve ser totalmen- tabilidade de um determinado ente público:
te paga no exercício, acabando por vetar sua inscrição ou parte dela 1) recebimento de receitas tributárias no valor de $1000 uni-
em Restos a Pagar, a não ser que haja suficiente disponibilidade de dades monetárias
caixa para viabilizar seu correspondente pagamento. 2) empenho da despesa no valor de $900 unidades monetárias
3) liquidação de despesa corrente no valor de $ 700 unidades
Observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade Fiscal não monetárias
aborde o mérito do que pode ou não ser inscrito em Restos a Pagar, 4) pagamento da despesa no valor de $ 400
veda contrair obrigação no último ano do mandato do governante
sem que exista a respectiva cobertura financeira, eliminando desta 5) inscrição de restos a pagar, sendo $300 de restos a pagar
forma as heranças fiscais, conforme disposto no seu artigo 42: processado ($700-$400) e $200de restos a apagar não processado
($900-700).
“Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no O ingresso no caixa será registrado no sistema financeiro em
art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair contrapartida de receita orçamentária.
obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente (1). O empenho da despesa é um ato que potencialmente po-
dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício se- derá afetar o patrimônio após o cumprimento do implemento de
guinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este condição e a verificação do direito adquirido pelo credor,devendo
efeito. então ser registrado no ativo e passivo compensado
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de cai- (2).O reconhecimento da despesa orçamentária ao longo do
xa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a exercício deve ser realizado no momento da liquidação, em contra-
pagar até o final do exercício.” partida da assunção de uma obrigação a pagar (passivo)
(3). Ao efetuar o pagamento de parte da despesa liquidada o
É prudente que a inscrição de despesas orçamentárias em Res- saldo na conta movimento diminuirá no mesmo valor da diminui-
tos a Pagar não processados observe a disponibilidade de caixa e a ção do passivo.
competência da despesa. (4). Registrando de forma simplificada as operações na conta-
Reconhecimento da despesa orçamentária inscrita em restos a bilidade do ente teríamos a seguinte apresentação das contas num
pagar não processados no encerramento do exercício. balancete
A norma legal estabeleceu que, no encerramento do exercício,
a parcela da despesa orçamentária que se encontrar em qualquer 2 – PASSIVO
fase de execução posterior à emissão do Empenho e anterior ao Fornecedores – 700 (C)
Pagamento será considerada restos a pagar. 1 – ATIVO
(3)
O raciocínio implícito na lei é de que a receita orçamentária Conta Movimento – 1.000
400 (D) (4)
a ser utilizada para pagamento da despesa empenhada em deter- (D) (1)
Saldo –300 (C)
minado exercício já foi arrecadada ou ainda será arrecadada no 400 (C) (4)
2.9 – PASSIVO COMPEN-
mesmo ano e estará disponível no caixa do governo ainda neste Saldo – 600 (D)
SADO
exercício. 1.9 – ATIVO COMPENSADO
Logo, como a receita orçamentária que ampara o empenho Empenhos a Liquidar – R$
Crédito Disponível –
pertence ao exercício e serviu de base, dentro do princípio orça- 900 (C) (2)
R$900 (D) (2)
mentário do equilíbrio, para a fixação da despesa orçamentária au- 3 – DESPESA
4 – RECEITA
torizada pelo congresso, a despesa que for empenhada com base Despesa Corrente – 700 (D)
Receitas Tributárias –
nesse crédito orçamentário também deverá pertencer ao exercício. (3)
1.000 (C) (1)
Supondo que determinada receita tenha sido arrecadada e Total 2.200 (C) (1+2+3+4)
Total 2.200 (D)
permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo financeiro do (1+2+3+4)
ente público no final do exercício.
Existindo concomitantemente uma despesa empenhada, que Se ao final do exercício somente existiram essas operações se-
criou para o estado uma obrigação pendente do cumprimento do rão inscritos em restos a pagar a despesa empenhada e não paga
programo de condição, terá que ser registrada também numa conta ($900-$400), separando-se a liquidada da não liquidada.
de passivo financeiro, senão o ente público estará apresentando em Assim o total de restos a pagar inscrito será de $500, sendo
seu balanço patrimonial, ao final do exercício, superávit financeiro $300 ($700-400) referente a restos a pagar processados (liquida-
(ativo financeiro – passivo financeiro), que poderia ser objeto de dos) e $200 ($900-$700) restos a apagar não processado (liquida-
abertura de crédito adicional no ano seguinte na forma prevista na do).
lei. Os restos apagar processado já está registrado no passivo fi-
nanceiro em contrapartida da despesa ($700), resta agora registrar
a inscrição de restos a pagar não processado.

312
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Verifica-se que na situação anterior ao momento da inscrição dos restos a pagar, o ente está apresentando um superávit financeiro
(ativo financeiro - passivo financeiro) de $300 ($600-$300), pois possui saldo na conta movimento de $600 e passivo com fornecedores de
$300. No entanto, do total empenhado ($900) permanecem ($200) que ainda não foram liquidados até o final do exercício, mas que tem
um compromisso assumido entre o ente e o fornecedor.
Assim, o superávit financeiro real não é de $300, mas de $100, pois parte do saldo de caixa está comprometido com o empenho que
está a liquidar. Dessa forma, a contabilidade deve reconhecer um passivo financeiro quando da inscrição do resto a pagar não processado,
em contrapartida de despesa, como foi explicado anteriormente.

1. ATIVO 2. PASSIVO 300 (C)


600 (C) 200 (C)
Conta Movimento Fornecedores 500(C)
(5) Saldo
1.9 Ativo Compensado 900 (C)
2.9 Passivo Compensado 900 (D)
Empenhos a Liquidar
700 (D) Crédito Disponível
3. Despesa 200 (D)
Despesa Corrente 900 (D) 4 -Receita 1.000 (C)
(5) Receitas Tributárias
Saldo Total
2400 (D)
Total

(5) Agora, após o lançamento da inscrição do restos a pagar não processado o superávit financeiro será de $100 (Saldo Conta Movi-
mento – Saldo Fornecedores), ou seja, a contabilidade informa para o gestor que somente $100 unidades monetárias estão livres para
consecução de novas despesas, a partir da abertura de novos créditos orçamentários, pois o empenho não liquidado é um compromisso
assumido que só depende agora do cumprimento do implemento de condição por parte do fornecedor, que quando acontecer deverá ser
reconhecido pela entidade e registrado na contabilidade para posterior pagamento com a receita ingressada no ano anterior, ou seja, no
mesmo exercício da despesa.
O Balanço Financeiro simplificado ao final do exercício em cumprimento ao artigo 103 da Lei4.320/1964 será:

INGRESSOS 1.000 DISPÊNDIOS 400


500
Receita Orçamentária (Saldo Atual) 300 Despesa Orçamentária
200 (Saldo Atual)
Inscrição de Restos A Pagar (Saldo
Atual) Paga 600
0 Não Paga
Processados (Fornecedor)
Não processados Disponível saldo atual 1.500
1.500
Disponível (Saldo Anterior) Total

Total

Ao determinar que, no final do exercício, fosse reconhecida como despesa orçamentária aquela empenhada, independentemente de
sua liquidação, observa-se claramente que o legislador deu mais importância ao princípio da legalidade da despesa e da anualidade do
Orçamento, em detrimento do registro da despesa sob o regime da competência restrita.
Porém, para atender ao Princípio da Competência e aos Princípios da Legalidade da Despesa e da Anualidade do Orçamento, é neces-
sário fazer alguns ajustes no encerramento do exercício, a saber:
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit financeiro inexistente, que pode ser utilizado para abertura de créditos adicionais
sem lastro, comprometendo a situação financeira do ente, é recomendável que se proceda a execução da despesa orçamentária mesmo
faltando o cumprimento do implemento de condição.
Tal procedimento é concebido mediante o registro da despesa orçamentária em contrapartida com uma conta de passivo no sistema
financeiro. Observa-se que tal registro criou um passivo “fictício” e, portanto, deve-se registrar, simultaneamente, uma conta redutora
deste passivo, no sistema patrimonial.

313
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
CONTA ÚNICA DO TESOURO
A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco Central do Brasil, acolhe todas as disponibilidades financeiras da União, inclu-
sive fundos, de suas autarquias e fundações.
Constitui importante instrumento de controle das finanças públicas, uma vez que permite a racionalização da administração dos recur-
sos financeiros, reduzindo a pressão sobre a caixa do Tesouro, além de agilizar os processos de transferência e descentralização financeira
e os pagamentos a terceiros.
O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que promoveu a organização da Administração Federal e estabeleceu as diretrizes
para Reforma Administrativa, determinou ao Ministério da Fazenda que implementasse a unificação dos recursos movimentados pelo
Tesouro Nacional, através de sua Caixa junto ao agente financeiro da União, de forma a garantir maior economia operacional e a raciona-
lização dos procedimentos relativos a execução da programação financeira de desembolso.
Tal determinação legal só foi integralmente cumprida com a promulgação da Constituição de 1988, quando todas as disponibilidades
do Tesouro Nacional, existentes nos diversos agentes financeiros, foram transferidas para o Banco Central do Brasil, em Conta Única cen-
tralizada, exercendo o Banco do Brasil a função de agente financeiro do Tesouro.
As regras dispondo sobre a unificação dos recursos do Tesouro Nacional em Conta Única foram estabelecidas pelo Decreto nº. 93.872,
de 23 de dezembro de 1986.

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. CONCEITOS E OBJETIVOS. PLANEJAMENTO

Estamos aqui falando da Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê um mecanismo para melhor controlar as contas publicas, impondo
mais rigor nas ações do governo no tocante à contrair empréstimos ou dividas, proporcionando mais fiscalização e transparência.
Quanto aos seus princípios, o quadro abaixo mostra cada um deles com sua respectiva descrição.

Planejamento
Outro ponto importante da Lei é sobre o planejamento. Ela busca enfatizar o papel dessa função, vinculando inclusive o planejamento
à execução do gasto publico, e para isso, aponta alguns instrumentos que permitem o planejamento do gasto publico, dentre eles o PPA,
a LDO e LOA.

LDO (art. 4°) - Requisitos/Funções da LDO além do disposto no art. 165, §2°, CF/88
· Equilíbrio entre receitas e despesas
· Critérios e Forma da Limitação de Empenho (art. 9°,II, “ b” e art. 31, §1°, II)
· Condições/Exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas, além das contidas na CF/88 e na LRF (vide art.
25, §1° - transferências voluntárias e art. 26, caput, - destinação de recursos para o setor privado).
· Anexo de Metas Fiscais (art. 4°, §1° - exercício de referência + 2 seguintes)
· Anexo de Riscos Fiscais (art. 4°, §3°) - Riscos capazes de afetar as contas públicas
· Definição da forma de utilização e do montante, em percentual da RCL, da Reserva de Contingência, com base na análise dos riscos
fiscais.
· Condições para renúncia de receitas (art. 14, caput)

314
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
· Autorização para os municípios contribuírem para o custeio · Op. Crédito com prazo inferior a 12 meses cujas receitas te-
de despesas de competência de outros entes federados (art. 62) nham constado do orçamento (art. 29, §3°)
· Precatórios não pagos durante a execução do orçamento em
LOA (art. 5°) que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para
· compatibilidade com o PPA e da LDO (art. 5°, caput) fins de aplicação dos limites (art. 30, §7°)
· reserva de contingência (art. 5°, III) Dívida flutuante (art. 92, Lei n° 4.320/64): obrigações como
· vedação à consignação na LOA de crédito com finalidade im- prazo inferior a 12 meses
precisa ou dotação ilimitada (art. 5°, §4°) a) restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
b) serviços da dívida;
Receita Pública c) depósitos;
· Dever de instituir, prever e arrecadas os tributos da compe- d) débitos em tesouraria.
tência constitucional do ente federado (art. 11) - Sanção institu-
cional: vedação às transferências voluntárias para o ente que não Gestão Patrimonial e Contábil (art. 43)
observe este dever, no tocante aos impostos. Atendimento ao art. 164, §3°, CF/88
· Renúncia de Receitas: a lei não veda, mas impõe condições Disponibilidades financeiras dos Estados/Municípios deverão
(art. 14): ser depositadas em Instituições Financeiras Oficiais, ressalvados os
• estimativa de impacto financeiro-orçamentário (exercício casos previstos em lei nacional.
ref. + 2 seguintes) Disponibilidades de Caixa dos Regimes de Previdência
• atendimento das condições/requisitos da LDO a) conta separada das demais disponibilidades de cada ente;
• atendimento a uma das condições:

b) aplicação nas condições de mercado com a observância dos


limites e condições de proteção e prudência financeira.

§ demonstração de que a renúncia de receitas foi considerada


na LOA e de que não afetará as metas fiscais (art. 14, I) c) vedada a aplicação em títulos da dívida pública dos estados/
§ medidas de compensação com o aumento de receita (art. 14, municípios e em ações/papeis de empresas controladas ou em em-
II) - a adoção destas medidas de compensação constitui condição préstimos aos segurados, ao poder público e empresas controla-
para que a renúncia de receita entre em vigor. das.8

Despesa Pública - Geração de despesa (art. 16)


· condições para criação, expansão e aperfeiçoamento da ação LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
governamental:
• estimativa de impacto financeiro-orçamentário (exercício Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsa-
bilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

ref. + 2 seguintes)
• declaração do ordenador de despesas sobre a adequação
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-

financeira/orçamentária com a LOA, LDO, PPA.


cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
· o atendimento a estes requisitos constitui condição prévia
para empenho/licitação e para a desapropriação de imóveis urba-
nos (art. 16, §4°)
CAPÍTULO I
Transferências Voluntárias (art. 25)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Entrega de recursos de um ente federado a outro a título de co-
operação, auxílio ou assistência financeira que não seja decorrente
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças
de determinação constitucional, legal ou do SUS. públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com am-
Exigências para a realização de transferências voluntárias (art. paro no Capítulo II do Título VI da Constituição.
25, §1°) § 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação pla-
a) existência de dotação específica; nejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem des-
b) atendimento às condições específicas da LDO; vios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
c) não podem ser destinadas ao pagamento de despesas de cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a
pessoal; obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
d) contrapartida; geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dí-
e) comprovação, pelo beneficiário de atendimento de determi- vidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
nadas condições como: prestação de contas dos recursos já recebi- antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos
dos; atendimento aos limites constitucionais de educação e saúde; a Pagar.
atendimento aos limites da dívida, das despesas de pessoal e com § 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União,
restos a pagar. os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3o Nas referências:
Destinação de recursos públicos para o setor privado (art. 26) I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
a) autorização em lei específica; estão compreendidos:
b) condições previstas na LDO; a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os
c) previsão na LOA e nos créditos adicionais; Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,
Dívida e endividamento fundações e empresas estatais dependentes;
Dívida consolidada ou fundada: prazo de amortização superior
a 12 meses (art. 29, I) (REGRA)
· No caso da União, os títulos de responsabilidade do BACEN
estão incluídos (art. 29, §2°)
8 Fonte: www.direito-administrativo.blogspot.com.br

315
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; f) demais condições e exigências para transferências de recur-
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da sos a entidades públicas e privadas;
União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de II -(VETADO)
Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. III -(VETADO)
Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se § 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Ane-
como: xo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, re-
e cada Município; sultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital so- exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
cial com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da § 2o O Anexo conterá, ainda:
Federação; I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano ante-
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que re- rior;
ceba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, exclu- metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
ídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de partici- comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
pação acionária; denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, política econômica nacional;
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de servi- III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três
ços, transferências correntes e outras receitas também correntes, exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos
deduzidos: com a alienação de ativos;
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições men- a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
cionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. dores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
239 da Constituição; b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natu-
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter- reza atuarial;
minação constitucional; V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistên- caráter continuado.
cia social e as receitas provenientes da compensação financeira ci- § 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos
tada no § 9º do art. 201 da Constituição. Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris-
§ 1o Serão computados no cálculo da receita corrente líquida cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên-
os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar cias a serem tomadas, caso se concretizem.
no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 § 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apre-
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária,
§ 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o para o exercício subseqüente.
inciso V do § 1o do art. 19.
§ 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as SEÇÃO III
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL
excluídas as duplicidades.
CAPÍTULO II Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de for-
DO PLANEJAMENTO ma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orça-
mentárias e com as normas desta Lei Complementar:
SEÇÃO I I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da
DO PLANO PLURIANUAL programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes
do documento de que trata o § 1o do art. 4o;
Art. 3o(VETADO) II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do
art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação
SEÇÃO II a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de
DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS caráter continuado;
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização
Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão
§ 2o do art. 165 da Constituição e: estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:
I - disporá também sobre: a)(VETADO)
a) equilíbrio entre receitas e despesas; b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada eventos fiscais imprevistos.
nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. § 1o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou
9o e no inciso II do § 1o do art. 31; contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orça-
c)(VETADO) mentária anual.
d)(VETADO) § 2o O refinanciamento da dívida pública constará separada-
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re- mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;

316
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária § 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministé-
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre- rio Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no
visto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica. caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financei-
§ 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finali- ros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
dade imprecisa ou com dotação ilimitada. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investi- § 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o
mento com duração superior a um exercício financeiro que não es- Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas
teja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclu- fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão re-
são, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição. ferida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas
§ 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei Legislativas estaduais e municipais.
orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e § 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada
encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião con-
benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos. junta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional,
§ 7o(VETADO) avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas mo-
Art. 6o(VETADO) netária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal
Art. 7o O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.
a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesou- Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os
ro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subseqüente à beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de
aprovação dos balanços semestrais. sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de
§ 1o O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da
para com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação Constituição.
específica no orçamento.
§ 2o O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo CAPÍTULO III
Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos
DA RECEITA PÚBLICA
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União.
§ 3o Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil con-
SEÇÃO I
terão notas explicativas sobre os custos da remuneração das dis-
DA PREVISÃO E DA ARRECADAÇÃO
ponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas
cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os
de emissão da União. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade
na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de to-
SEÇÃO IV dos os tributos da competência constitucional do ente da Federa-
DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DO CUMPRIMENTO DAS ção.
METAS Parágrafo único. É vedada a realização de transferências volun-
tárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se
Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos refere aos impostos.
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e obser- Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técni-
vado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo cas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação,
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execu- da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
ção mensal de desembolso. (Vide Decreto nº 4.959, de 2004)(Vide qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demons-
Decreto nº 5.356, de 2005) trativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalida- dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cál-
de específica serão utilizados exclusivamente para atender ao ob- culo e premissas utilizadas.
jeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em § 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só
que ocorrer o ingresso. será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica
Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização ou legal.
da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de re- § 2o O montante previsto para as receitas de operações de cré-
sultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis- dito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes
cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio do projeto de lei orçamentária.(Vide ADIN 2.238-5)
e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limita- § 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos
ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes
fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentá-
§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda
rias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício sub-
que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram
seqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias
limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
de cálculo.
§ 2ºNão serão objeto de limitação as despesas que constituam
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão
obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas des-
tinadas ao pagamento do serviço da dívida, as relativas à inovação desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre-
e ao desenvolvimento científico e tecnológico custeadas por fundo cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das
criado para tal finalidade e as ressalvadas pela lei de diretrizes orça- medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo-
mentárias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 177, de 2021) res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da
evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobran-
ça administrativa.

317
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
SEÇÃO II § 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considera-
DA RENÚNCIA DE RECEITA da irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orça-
mentárias.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de § 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro execução de obras;
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo me- do art. 182 da Constituição.
nos uma das seguintes condições:(Vide Medida Provisória nº 2.159,
de 2001)(Vide Lei nº 10.276, de 2001) (Vide ADI 6357) SUBSEÇÃO I
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi con- DA DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO
siderada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do
art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a des-
no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; pesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato adminis-
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no perí- trativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua
odo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, pro- execução por um período superior a dois exercícios. (Vide ADI 6357)
veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, § 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata
majoração ou criação de tributo ou contribuição. o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédi- I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
to presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração (Vide Lei Complementar nº 176, de 2020)
de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redu- § 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompa-
ção discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios nhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não
que correspondam a tratamento diferenciado. afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou bene- no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos
fício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita
no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas ou pela redução permanente de despesa. (Vide Lei Complementar
as medidas referidas no mencionado inciso. nº 176, de 2020)
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica: § 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos in- receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base
cisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.(Vide
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao Lei Complementar nº 176, de 2020)
dos respectivos custos de cobrança. § 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo pro-
ponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas,
CAPÍTULO IV sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as de-
DA DESPESA PÚBLICA mais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentá-
rias. (Vide Lei Complementar nº 176, de 2020)
SEÇÃO I § 5o A despesa de que trata este artigo não será executada
DA GERAÇÃO DA DESPESA antes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais
integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. (Vide Lei Com-
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e le- plementar nº 176, de 2020)
sivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de § 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao
obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pesso-
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação go- al de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
vernamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado § 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela
de:(Vide ADI 6357) criada por prazo determinado.
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; SEÇÃO II
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem DAS DESPESAS COM PESSOAL
adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual
e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes SUBSEÇÃO I
orçamentárias. DEFINIÇÕES E LIMITES
§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:]
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente
de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por cré- da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos
dito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e
espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais
não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proven-
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orça- tos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gra-
mentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, tificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza,
prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
qualquer de suas disposições. entidades de previdência.
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompa-
nhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

318
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente
que se referem à substituição de servidores e empregados públicos líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”. anteriores ao da publicação desta Lei Complementar; (Vide Decreto
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a nº 3.917, de 2001)
realizada no mês em referência com as dos 11 (onze) imediatamen- d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da
te anteriores, adotando-se o regime de competência, independen- União;
temente de empenho. (Redação dada pela Lei Complementar nº II - na esfera estadual:
178, de 2021) a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de
§ 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será obser- Contas do Estado;
vada a remuneração bruta do servidor, sem qualquer dedução ou b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
retenção, ressalvada a redução para atendimento ao disposto no c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
art. 37, inciso XI, da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Comple- d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
mentar nº 178, de 2021) III - na esfera municipal:
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Consti- a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de
tuição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração Contas do Município, quando houver;
e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.
da receita corrente líquida, a seguir discriminados: § 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os li-
I - União: 50% (cinqüenta por cento); mites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à
II - Estados: 60% (sessenta por cento); média das despesas com pessoal, em percentual da receita corren-
III - Municípios: 60% (sessenta por cento). te líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.
artigo, não serão computadas as despesas: § 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados; I - o Ministério Público;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária; II - no Poder Legislativo:
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
art. 57 da Constituição; b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de perío- c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Con-
do anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18; tas do Distrito Federal;
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas
do Município, quando houver;
Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma
III - no Poder Judiciário:
dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emen-
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
da Constitucional no 19;
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
VI - com inativos e pensionistas, ainda que pagas por inter-
§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciá-
médio de unidade gestora única ou fundo previsto no art. 249 da
rio, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constitui-
Constituição Federal, quanto à parcela custeada por recursos pro-
ção, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.
venientes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Mu-
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
nicípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4%
da Constituição; (quatro décimos por cento).
c) de transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial § 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega
do regime de previdência, na forma definida pelo órgão do Poder dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pes-
Executivo federal responsável pela orientação, pela supervisão e soal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percen-
pelo acompanhamento dos regimes próprios de previdência social tuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes
dos servidores públicos. (Redação dada pela Lei Complementar nº orçamentárias.
178, de 2021) § 6o(VETADO)
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas § 7º Os Poderes e órgãos referidos neste artigo deverão apu-
com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no rar, de forma segregada para aplicação dos limites de que trata este
limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. artigo, a integralidade das despesas com pessoal dos respectivos
§ 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste servidores inativos e pensionistas, mesmo que o custeio dessas
artigo, é vedada a dedução da parcela custeada com recursos apor- despesas esteja a cargo de outro Poder ou órgão. (Incluído pela Lei
tados para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de previ- Complementar nº 178, de 2021)
dência. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá SUBSEÇÃO II
exceder os seguintes percentuais: DO CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL
I - na esfera federal:
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legisla- Art. 21. É nulo de pleno direito: (Redação dada pela Lei Com-
tivo, incluído o Tribunal de Contas da União; plementar nº 173, de 2020)
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para atenda:
o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o
com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no § 1º do art. 169 da
art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, Constituição Federal; e (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de
repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas 2020)

319
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas § 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o
com pessoal inativo; (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e fun-
2020) ções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.(Vide ADIN
II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 2.238-5)
180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular § 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho
de Poder ou órgão referido no art. 20; (Redação dada pela Lei Com- com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN
plementar nº 173, de 2020) 2.238-5)
III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que § 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido e enquan-
preveja parcelas a serem implementadas em períodos posteriores to perdurar o excesso, o Poder ou órgão referido no art. 20 não
ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20; poderá: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) I - receber transferências voluntárias;
IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Exe- II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
cutivo, por Presidente e demais membros da Mesa ou órgão deci- III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas
sório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal ao pagamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das
do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da União e despesas com pessoal. (Redação dada pela Lei Complementar nº
dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração, reajuste e 178, de 2021)
reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato, por § 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a des-
esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público, pesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre
quando: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos
a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento no art. 20.
e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do Poder § 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se aplicam
Executivo; ou (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) ao Município em caso de queda de receita real superior a 10% (dez
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre do
parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final exercício financeiro anterior, devido a: (Incluído pela Lei Comple-
do mandato do titular do Poder Executivo. (Incluído pela Lei Com- mentar nº 164, de 2018) Produção de efeitos
plementar nº 173, de 2020) I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Par-
§ 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV: (Incluído ticipação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tri-
pela Lei Complementar nº 173, de 2020) butárias pela União; e (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de
I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondu- 2018) Produção de efeitos
ção ou reeleição para o cargo de titular do Poder ou órgão autôno- II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participa-
mo; e (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) ções especiais. (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018)
II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo Produção de efeitos
dos Poderes referidos no art. 20. (Incluído pela Lei Complementar § 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa
nº 173, de 2020) total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o limite
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considera-
de nomeação ou de provimento de cargo público aqueles referidos da, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre
no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de qual- correspondente do ano anterior atualizada monetariamente. (In-
quer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa obriga- cluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Produção de efeitos
tória. (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabeleci- SEÇÃO III
dos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre. DAS DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95%
(noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou ór- Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade so-
gão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constitui-
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença ju- ção, atendidas ainda as exigências do art. 17.(Vide ADI 6357)
dicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão § 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o au-
prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; mento de despesa decorrente de:
II - criação de cargo, emprego ou função; I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de ha-
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento bilitação prevista na legislação pertinente;
de despesa; II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços pres-
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação tados;
de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, preservar o seu valor real.
saúde e segurança; § 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no in- saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos
ciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.
lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão re-
ferido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo,
sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exce-
dente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen-
do pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.

320
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
CAPÍTULO V § 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo
DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do
Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por § 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil
transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de ca- de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e
pital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.
assistência financeira, que não decorra de determinação constitu-
cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. CAPÍTULO VII
§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntá- DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO
ria, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
I - existência de dotação específica; SEÇÃO I
II -(VETADO) DEFINIÇÕES BÁSICAS
III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Consti-
tuição; Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas
IV - comprovação, por parte do beneficiário, de: as seguintes definições:
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, em- I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apu-
préstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem rado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Fede-
como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele ração, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou trata-
recebidos; dos e da realização de operações de crédito, para amortização em
b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educa- prazo superior a doze meses;
ção e à saúde; II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por
c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de Estados e Municípios;
inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal; III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido
d) previsão orçamentária de contrapartida. em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,
§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalida- aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
de diversa da pactuada. provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento
§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de trans- mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de
ferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetu- derivativos financeiros;
am-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de
social. obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação
ou entidade a ele vinculada;
CAPÍTULO VI V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos
DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRI- para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.
VADO § 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhe-
cimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem pre-
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, juízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídi- § 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a re-
cas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições lativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no Brasil.
orçamento ou em seus créditos adicionais. § 3o Também integram a dívida pública consolidada as ope-
§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração in- rações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas te-
direta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no nham constado do orçamento.
exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e § 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não
o Banco Central do Brasil. excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do
§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, fi- final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito au-
nanciamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorro- torizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas,
gações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a acrescido de atualização monetária.
participação em constituição ou aumento de capital.
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pes- SEÇÃO II
soa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou in- DOS LIMITES DA DÍVIDA PÚBLICA E DAS OPERAÇÕES DE CRÉ-
direto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres DITO
não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei
prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações Complementar, o Presidente da República submeterá ao:
de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financia- I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante
mentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspon- da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo
dente consignado na lei orçamentária. o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como
Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser uti- de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo
lizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para artigo;
socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que
mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financia-
mentos para mudança de controle acionário.

321
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites § 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a rela-
para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inci- ção dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas con-
so XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração solidada e mobiliária.
de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da § 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de
União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo. descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações
§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas de crédito internas e externas.
alterações conterão:
I - demonstração de que os limites e condições guardam coe- SEÇÃO IV
rência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
os objetivos da política fiscal;
II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma SUBSEÇÃO I
das três esferas de governo; DA CONTRATAÇÃO
III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por
esfera de governo; Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos
IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nomi- limites e condições relativos à realização de operações de crédito
nal. de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro-
§ 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput tam- ladas, direta ou indiretamente.
bém poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evi-
§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-
denciando a forma e a metodologia de sua apuração.
-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a
§ 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão
relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação
fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera
e o atendimento das seguintes condições:
de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação
que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos. I - existência de prévia e expressa autorização para a contra-
§ 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apu- tação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei
ração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de específica;
cada quadrimestre. II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos re-
§ 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República cursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por
enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o antecipação de receita;
caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado
previstos nos incisos I e II do caput. Federal;
§ 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar
que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alte- de operação de crédito externo;
rações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da Repúbli- V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
ca poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional tituição;
solicitação de revisão dos limites. VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei
§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do Complementar.
orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida con- § 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autori-
solidada, para fins de aplicação dos limites. zadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão
objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.
SEÇÃO III § 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á,
DA RECONDUÇÃO DA DÍVIDA AOS LIMITES em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de
crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultra- observado o seguinte:
passar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas
a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com
o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no pri- o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de
meiro.
competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta
§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver in-
ou indireta, do ônus deste;
corrido:
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou
for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Fe-
externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvadas as para
pagamento de dívidas mobiliárias; (Redação dada pela Lei Comple- deração, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;
mentar nº 178, de 2021) III -(VETADO)
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívi- § 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e
da ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de em- do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o regis-
penho, na forma do art. 9o. tro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e en- e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:
quanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de re- I - encargos e condições de contratação;
ceber transferências voluntárias da União ou do Estado. II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada
§ 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o mon- e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
tante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último § 5o Os contratos de operação de crédito externo não conte-
ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. rão cláusula que importe na compensação automática de débitos
e créditos.

322
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 6oO prazo de validade da verificação dos limites e das condi- Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:
ções de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão I - captação de recursos a título de antecipação de receita de
de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido,
máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição;
Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017) II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o
§ 7º Poderá haver alteração da finalidade de operação de cré- Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca-
dito de Estados, do Distrito Federal e de Municípios sem a necessi- pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma
dade de nova verificação pelo Ministério da Economia, desde que da legislação;
haja prévia e expressa autorização para tanto, no texto da lei orça- III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou
mentária, em créditos adicionais ou em lei específica, que se de- operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou
monstre a relação custo-benefício e o interesse econômico e social serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não
da operação e que não configure infração a dispositivo desta Lei se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021) IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com
Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de cré- fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
dito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobi-
liária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação SUBSEÇÃO III
atende às condições e limites estabelecidos. DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA
§ 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei ORÇAMENTÁRIA
Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cance-
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita desti-
lamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento
na-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro
de juros e demais encargos financeiros.
e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguin-
§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso
tes:
dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentá-
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do
ria para o exercício seguinte. exercício;
§ 3º Enquanto não for efetuado o cancelamento ou a amortiza- II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inciden-
ção ou constituída a reserva de que trata o § 2º, aplicam-se ao ente tes, até o dia dez de dezembro de cada ano;
as restrições previstas no § 3º do art. 23. (Redação dada pela Lei III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que
Complementar nº 178, de 2021) não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou in-
§ 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente dexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;
ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da IV - estará proibida:
Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32. a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não
integralmente resgatada;
SUBSEÇÃO II b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou
DAS VEDAÇÕES Prefeito Municipal.
§ 1o As operações de que trata este artigo não serão computa-
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida das para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição,
pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple- desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.
mentar. § 2o As operações de crédito por antecipação de receita reali-
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um zadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertu-
ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autar- ra de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo
quia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.
suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma § 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanha-
de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída mento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobser-
anteriormente. vância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.
§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera-
ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, SUBSEÇÃO IV
inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des- DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL
tinem a:
Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Cen-
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
tral do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição
às seguintes:
concedente.
I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mer-
§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de cado, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo- II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institui-
nibilidades. ção financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e
financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida- venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à
de de beneficiário do empréstimo. permuta;
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi- III - concessão de garantia.
nanceira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida públi- § 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de
ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na cartei-
de emissão da União para aplicação de recursos próprios. ra das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante
novas operações de venda a termo.

323
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente § 11. A alteração da metodologia utilizada para fins de classifi-
títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fede- cação da capacidade de pagamento de Estados e Municípios deverá
ral que estiver vencendo na sua carteira. ser precedida de consulta pública, assegurada a manifestação dos
§ 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à entes. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público.
§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pú- SEÇÃO VI
blica federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda DOS RESTOS A PAGAR
que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.
Art. 41.(VETADO)
SEÇÃO V Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri-
gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den-
Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as (Vide Lei Complementar nº 178, de 2021) (Vigência)
condições estabelecidos pelo Senado Federal e as normas emitidas Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa
pelo Ministério da Economia acerca da classificação de capacidade serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa-
de pagamento dos mutuários. (Redação dada pela Lei Complemen- gar até o final do exercício.
tar nº 178, de 2021)
§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de contra- CAPÍTULO VIII
garantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, DA GESTÃO PATRIMONIAL
e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas
obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas, SEÇÃO I
observado o seguinte: DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA
I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do
próprio ente; Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação
II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Cons-
ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação tituição.
de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência
transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garan- social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas
tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Cons-
dívida vencida. tituição, ficarão depositadas em conta separada das demais dispo-
§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo finan- nibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado,
ceiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento com observância dos limites e condições de proteção e prudência
financeira.
para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a
§ 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o
ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para
§ 1o em:
o recebimento de transferências voluntárias.
I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em
§ 3o(VETADO)
ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo res-
§ 4o(VETADO)
pectivo ente da Federação;
§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo
II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Po-
Senado Federal.
der Público, inclusive a suas empresas controladas.
§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive
suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda SEÇÃO II
que com recursos de fundos. DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
§ 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia
por: Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da
I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público
prestação de contragarantia nas mesmas condições; para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por
II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei. lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada: públicos.
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamen-
normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo tária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após
com a legislação pertinente; adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em
financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
operações de seguro de crédito à exportação. Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará
§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de ga- ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes
rantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as trans- orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cum-
ferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento. primento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divul-
§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela gação.
União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em ope-
ração de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou finan-
ciamentos até a total liquidação da mencionada dívida.

324
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imó- § 3oOs Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha-
vel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se-
art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da in- rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações
denização. necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado
e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o
SEÇÃO III § 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
DAS EMPRESAS CONTROLADAS PELO SETOR PÚBLICO § 4oA inobservância do dispostonos §§ 2o e 3o ensejará as pe-
nalidades previstasno § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple-
Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão mentar nº 156, de 2016)
em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na for- § 5oNos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
ma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e finan- os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput.(In-
Constituição. cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balan- § 6oTodos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos
ços trimestrais nota explicativa em que informará: autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e
I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com res- fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
pectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo
mercado; Poder Executivo, resguardada a autonomia.(Incluído pela Lei Com-
II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especi- plementar nº 156, de 2016)
ficando valor, fonte e destinação; Art. 48-A.Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de em- único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
préstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Inclu-
diferentes dos vigentes no mercado. ído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
CAPÍTULO IX gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
SEÇÃO I
viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
DA TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL
e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;(Incluído
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a
de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orça- receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extra-
mentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; ordinários.(Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
§ 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re- Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
I – incentivo à participação popular e realização de audiências Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla- monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais
nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
Complementar nº 131, de 2009). nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
acesso público; e(Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de
2016) SEÇÃO II
III – adoção de sistema integrado de administração financeira DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade
pela Lei Complementar nº 131, de 2009)(Vide Decreto nº 7.185, de pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
2010) I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de
§ 2ºA União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis- modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obriga-
ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários tória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;
e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser
segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter com-
divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público.(Incluído
plementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e con-
juntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou en-
tidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive
empresa estatal dependente;
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas
em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;

325
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso
as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos IV do art. 50;
junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o III - resultados nominal e primário;
montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;
pelo menos, a natureza e o tipo de credor; V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante
à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de a pagar.
ativos. § 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será
§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as acompanhado também de demonstrativos:
operações intragovernamentais. I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
§ 2oA edição de normas gerais para consolidação das contas tituição, conforme o § 3o do art. 32;
públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, en- II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
quanto não implantado o conselho de que trata o art. 67. geral e próprio dos servidores públicos;
§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos
permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
financeira e patrimonial. § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta I - da limitação de empenho;
de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das con- II - da frustração de receitas, especificando as medidas de com-
tas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua bate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. de fiscalização e cobrança.
§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao
Poder Executivo da União nos seguintes prazos: (Vide Lei Comple- SEÇÃO IV
mentar nº 178, de 2021) (Vigência) DO RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo
Estado, até trinta de abril; Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titu-
II - Estados, até trinta e um de maio. lares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo Fiscal, assinado pelo:
impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Fe- I - Chefe do Poder Executivo;
deração receba transferências voluntárias e contrate operações II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão
de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
atualizado da dívida mobiliária. (Vide Lei Complementar nº 178, de Poder Legislativo;
2021) (Vigência) III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de
Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimen-
SEÇÃO III tos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
DO RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas auto-
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Cons- ridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle
tituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e Poder ou órgão referido no art. 20.
composto de: Art. 55. O relatório conterá:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria eco- I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Comple-
nômica, as: mentar, dos seguintes montantes:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e
como a previsão atualizada; pensionistas;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação b) dívidas consolidada e mobiliária;
para o exercício, a despesa liquidada e o saldo; c) concessão de garantias;
II - demonstrativos da execução das: d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita re- II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se
alizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; ultrapassado qualquer dos limites;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da III - demonstrativos, no último quadrimestre:
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um
despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício; de dezembro;
c) despesas, por função e subfunção. b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobili- 1) liquidadas;
ária constarão destacadamente nas receitas de operações de crédi- 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a
to e nas despesas com amortização da dívida. uma das condições do inciso II do art. 41;
§ 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo
o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51. da disponibilidade de caixa;
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos em-
relativos a: penhos foram cancelados;
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do
inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu inciso IV do art. 38.
desempenho até o final do exercício;

326
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos in- IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para
cisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos
à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III. respectivos limites;
§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerra- V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,
mento do período a que corresponder, com amplo acesso ao públi- tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Comple-
co, inclusive por meio eletrônico. mentar;
§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu-
o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51. nicipais, quando houver.
§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser ela- § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos re-
borados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser feridos no art. 20 quando constatarem:
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inci-
so II do art. 4o e no art. 9o;
SEÇÃO V II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou
DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS 90% (noventa por cento) do limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo operações de crédito e da concessão de garantia se encontram aci-
incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos ma de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separada- acima do limite definido em lei;
mente, do respectivo Tribunal de Contas.(Vide ADIN 2324) V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos pro-
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âm- gramas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
bito: § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálcu-
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e los dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais; referido no art. 20.
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, con- § 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumpri-
solidando as dos demais tribunais. mento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será
proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista perma- CAPÍTULO X
nente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
das Casas Legislativas estaduais e municipais.(Vide ADIN 2324)
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores
das contas, julgadas ou tomadas. àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consoli-
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclu- dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
sivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, po-
leis orgânicas municipais.
derão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou
§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que te-
em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico,
nham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e
conforme definido pelo Ministério da Fazenda.
oitenta dias.
Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despe-
§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto
sas de competência de outros entes da Federação se houver:
existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes
I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orça-
de parecer prévio.
mentária anual;
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da
II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legis-
arrecadação em relação à previsão, destacando as providências
adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sone- lação.
gação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias adminis- Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a
trativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento cinqüenta mil habitantes optar por:
das receitas tributárias e de contribuições. I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do
semestre;
SEÇÃO VI II - divulgar semestralmente:
DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL a)(VETADO)
b) o Relatório de Gestão Fiscal;
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos c) os demonstrativos de que trata o art. 53;
Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o
e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Com- Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de dire-
plementar, consideradas as normas de padronização metodológica trizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a
editadas pelo conselho de que trata o art. 67, com ênfase no que partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Com-
se refere a: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021) plementar.
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes or- § 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser
çamentárias; realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.
II - limites e condições para realização de operações de crédito § 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com
e inscrição em Restos a Pagar; pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação,
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pes- o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de
soal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23; retorno ao limite definidos para os demais entes.

327
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi- § 3º No caso de aditamento de operações de crédito garantidas
nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas admi- pela União com amparo no disposto no § 1º deste artigo, a garantia
nistrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de
vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar. garantia e de contragarantia vigentes. (Incluído pela Lei Comple-
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desen- mentar nº 173, de 2020)
volvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia, Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão du-
bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o plicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto
art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público. Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual
§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens ou superior a quatro trimestres.
e valores, o financiamento por intermédio das instituições finan- § 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real
ceiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações ex- acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento),
ternas. no período correspondente aos quatro últimos trimestres.
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo § 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Ins-
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legis- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a
lativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB
situação: nacional, estadual e regional.
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições es- § 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as me-
tabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; didas previstas no art. 22.
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a § 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na con-
limitação de empenho prevista no art. 9o. dução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado
Congresso Nacional, nos termos de decreto legislativo, em parte ou em até quatro quadrimestres.
Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma perma-
na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situ-
nente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão reali-
ação, além do previsto nos inciso I e II do caput: (Incluído pela Lei
zados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes
Complementar nº 173, de 2020)
de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e
I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições
de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:
aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;
pios, bem como sua verificação, para: (Incluído pela Lei Comple- II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência
mentar nº 173, de 2020) na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de recei-
a) contratação e aditamento de operações de crédito; (Incluído tas, no controle do endividamento e na transparência da gestão
pela Lei Complementar nº 173, de 2020) fiscal;
b) concessão de garantias; (Incluído pela Lei Complementar nº III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa-
173, de 2020) dronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstra-
c) contratação entre entes da Federação; e (Incluído pela Lei tivos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas
Complementar nº 173, de 2020) e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como
d) recebimento de transferências voluntárias; (Incluído pela Lei outros, necessários ao controle social;
Complementar nº 173, de 2020) IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e san- § 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de
ções previstas e decorrentes dos arts. 35, 37 e 42, bem como será premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder que
dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvi-
8º desta Lei Complementar, desde que os recursos arrecadados se- mento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pauta-
jam destinados ao combate à calamidade pública; (Incluído pela Lei da pelas normas desta Lei Complementar.
Complementar nº 173, de 2020) § 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamen-
III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos to do conselho.
arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar, desde que o incentivo ou Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo
benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da
combate à calamidade pública. (Incluído pela Lei Complementar nº Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recur-
173, de 2020) sos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdên-
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo, observados os termos es- cia social.
tabelecidos no decreto legislativo que reconhecer o estado de cala- § 1o O Fundo será constituído de:
I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacio-
midade pública: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
nal do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste;
I - aplicar-se-á exclusivamente: (Incluído pela Lei Complemen-
II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados
tar nº 173, de 2020)
ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;
a) às unidades da Federação atingidas e localizadas no territó-
III - receita das contribuições sociais para a seguridade social,
rio em que for reconhecido o estado de calamidade pública pelo previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Consti-
Congresso Nacional e enquanto perdurar o referido estado de cala- tuição;
midade;(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou
b) aos atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao jurídica em débito com a Previdência Social;
atendimento de despesas relacionadas ao cumprimento do decreto V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;
legislativo;(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) VI - recursos provenientes do orçamento da União.
II - não afasta as disposições relativas a transparência, controle § 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro So-
e fiscalização.(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) cial, na forma da lei.

328
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir
regime próprio de previdência social para seus servidores conferir- EXERCÍCIOS
-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de
contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e
atuarial. 1. (FCC/2017 – ARTESP - Especialista em Regulação de Trans-
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total porte I) No ciclo orçamentário do setor público,
com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Com- (A) as metas fiscais são estabelecidas na Lei Orçamentária Anu-
plementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 al e cumpridas na execução da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eli- (B) o Plano Plurianual fixa o planejamento para o curto e médio
minando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. prazos.
(cinqüenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das (C) o Plano Plurianual considera as despesas de duração con-
medidas previstas nos arts. 22 e 23. tinuada.
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no pra- (D) as metas fiscais são estabelecidas para os quatro anos se-
zo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23. guintes, na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Cons- (E) a Lei de Diretrizes Orçamentárias não se comunica com a Lei
tituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à Orçamentária Anual.
entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pes-
soal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em 2. (VUNESP/2017 - Câmara de Mogi das Cruzes – SP - Procura-
percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exer- dor Jurídico) Segundo a Constituição Federal do Brasil, no seu capí-
cício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), tulo II – Das Finanças Públicas -, a lei complementar disporá sobre
se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20. (A) as finanças públicas.
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e (B) o plano plurianual.
órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da (C) as diretrizes orçamentárias.
receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor (D) os orçamentos anuais.
desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguin- (E) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União.
te.
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar 3. ( UFMT/2017 – UFSBA – CONTADOR) É característica do Or-
serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro çamento-Prograa:
de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o (A) Elaboração empírica, com base no que foi gasto a priori nas
Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 necessidades financeiras das unidades gestoras.
de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente. (B) As decisões orçamentárias são tomadas com base em ava-
liações e análises técnicas das alternativas possíveis.
Art. 73-A.Qualquer cidadão, partido político, associação ou (C) Efetua um reexame crítico dos dispêndios de cada área go-
sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de vernamental, acrescendo apenas uma projeção de inflação.
Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri- (D) Criação de alternativas que facilitam a escala de prioridades
mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. (In- a serem consideradas para o próximo exercício financeiro.
cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Art. 73-B.Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cum- 4. (CS-UFG/2017 – IF-GO – ADMINISTRADOR) A Lei Orçamen-
primento das determinações dispostas nos incisos II e III do pará- tária Anual (LOA) compreende três tipos de orçamentos. Quais são
grafo único do art. 48 e do art. 48-A:(Incluído pela Lei Complemen- eles?
tar nº 131, de 2009). (A) Orçamento base zero, orçamento programa e orçamento
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e ajustado.
os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído (B) Orçamento tradicional, orçamento de desempenho e orça-
pela Lei Complementar nº 131, de 2009). mento estático.
II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (C) Orçamento fiscal, orçamento de investimentos e orçamento
(cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes;(Incluído pela Lei da seguridade social.
Complementar nº 131, de 2009). (D) Orçamento flexível, controle matricial e orçamento contí-
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 nuo.
(cinquenta mil) habitantes.(Incluído pela Lei Complementar nº 131,
de 2009). 5. (FGV/2018 – AL/RO – ANALISTA LEGISLATIVO) O conceito de
Parágrafo único.Os prazos estabelecidos neste artigo serão receita corrente líquida foi estabelecido com a intenção de separar
contados a partir da data de publicação da lei complementar que as receitas disponíveis de um Governo das vinculadas a uma função.
introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído Consonante à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), não serão
pela Lei Complementar nº 131, de 2009). deduzidos do cálculo da receita corrente líquida
Art. 73-C.O não atendimento, até o encerramento dos prazos (A) da União, os valores entregues aos Estados e Municípios
previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III por determinação constitucional ou legal.
do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção (B) dos Estados, os valores entregues aos Municípios por deter-
prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Comple- minação constitucional.
mentar nº 131, de 2009). (C) dos Município, as contribuições dos servidores para o cus-
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua teio do Sistema de Previdência e Assistência Social.
publicação. (D) do DF, os recursos transferidos pela União para organizar e
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio manter o Poder Judiciário e a Defensoria Pública.
de 1999. (E) Nos territórios, recursos transferidos pela União para orga-
nizar o Ministério Público.

329
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
6. (FUNRIO/2018 – AL/RR – CONTADOR) Considera-se como 10. (FCC/2018 – PREFEITURA DE MACAPA/AP – ADMINISTRA-
uma Receita Corrente, a DOR) A Lei de Responsabilidade Fiscal constitui um inegável marco
(A) operação de Crédito. para a gestão responsável das finanças públicas. Nesse diapasão,
(B) alienação de Bens. entre outros controles, introduziu um tratamento bastante restrito
(C) amortização de Empréstimo. para as operações de crédito, elencando, de um lado, as situações
(D) contribuição de melhoria. equiparáveis a operações de crédito e, de outro, as operações veda-
das. De acordo com o referido diploma legal, constituem exemplos
7. (FGV/2018 – AL/RO – CONSULTOR LEGISLATIVO) Assinale a de operações expressamente vedadas,
opção que indica a denominação que recebem as dotações para (A) compromisso financeiro assumido em razão de recebimen-
manutenção de serviços criados anteriormente, inclusive as desti- to antecipado de valores provenientes da venda a termo de
nadas a atender obras de conservação e adaptação de bens imó- bens e serviços.
veis. (B) recebimento de dividendos acima do mínimo legal de em-
(A) Operações de crédito. presa da qual o ente detenha o controle acionário.
(B) Investimentos. (C) captação de recursos a título de antecipação de receita tri-
(C) Inversões Financeiras. butária com fato gerador já realizado.
(D) Despesas de capital. (D) operação de crédito por antecipação de receita orçamen-
(E) Despesas de custeio. tária destinada à insuficiência de caixa e liquidada no mesmo
exercício financeiro.
8. (FGV/2018 – PREFEITURA DE NITEROI/RJ) Em meio a uma (E) assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com
obra pública, o prefeito de um município percebe que determinado fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
procedimento terá um custo maior do que o previsto e solicita ao
legislativo municipal, com sucesso, a abertura de créditos adicio-
nais. GABARITO
Considerando que o decreto de abertura desses créditos foi
feito em novembro e constará na própria Lei Orçamentária Anual
(LOA), é correto afirmar que a modalidade será a de créditos 1 C
(A) especiais, os quais poderão ser utilizados no exercício se-
guinte. 2 A
(B) suplementares, os quais poderão ser utilizados no exercício 3 B
seguinte.
(C) extraordinários, os quais poderão ser utilizados no exercício 4 C
seguinte. 5 D
(D) especiais, os quais não poderão ser utilizados no exercício
6 D
seguinte.
(E) suplementares, os quais não poderão ser utilizados no exer- 7 E
cício seguinte. 8 E
9. (FGV/2018 – AL/RO CONSULTOR LEGISLATIVO) De acordo 9 A
com a Lei da Responsabilidade Fiscal, para obtenção da receita cor- 10 E
rente líquida deve-se deduzir alguns valores do somatório das re-
ceitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agro-
pecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas
também correntes.
Entre os valores a serem deduzidos não estão
(A) os valores transferidos a entidades filantrópicas, nos Mu-
nicípios.
(B) as parcelas entregues aos municípios por determinação
constitucional, nos Estados.
(C) os valores transferidos aos Estados e Municípios por deter-
minação legal, na União.
(D) os valores transferidos aos Estados e Municípios por deter-
minação constitucional, na União.
(E) a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema
de previdência e assistência social, na União, nos Estados e nos
Municípios.

330
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS
ORGANIZAÇÕES

- Desenvolvimento organizacional.
CONCEITOS, IMPORTÂNCIA, RELAÇÃO COM OS OU- - Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho.
TROS SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO - Relações com empregados e relações sindicais.

Gestão de pessoas: Conceito, importância, relação com os ou- A importância das pessoas nas Organizações:
tros sistemas de organização
Qual a importância das organizações em ter lideres, preparados
Conceito de Gestão de Pessoas para liderar pessoas. Liderança é uma das maiores competência nos
dias de hoje, pessoas com visão, habilidades de relacionamento,
A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade boa comunicação, com a capacidade de desenvolver lideres de in-
que predomina nas organizações.Ela é contingencial e situacional, fluenciar e motivar pessoas é o maior patrimônio das organizações.
pois depende de vários aspectos coma a cultura que existe em cada As instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem
organização, a estrutura organizacional adotada, as características parte do plano de carreira não tem vida própria. Equipes, empresas,
do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia uti- corporações ou governos é resultado do trabalho de um grupo de
lizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis pessoas. Empresas não têm sucesso, pessoas sim. Pessoas são im-
importantes. portantes nas corporações, nas empresas no governo ou em qual-
quer outra instituição, Robert W. Woodruff, ex-diretor executivo da
Conceitos de RH ou de Gestão de Pessoas Coca-Cola diz, “são as pessoas e suas reações que fazem as empre-
sas serem bem-sucedidas ou quebrar”.
Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de No mundo globalizado muito se fala em diferencial competiti-
políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posi- vo, neste processo existe vários fatores que influenciam a tecnolo-
ção gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, gia, os orçamentos milionários as metodologias de desenvolvimen-
incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e ava-
­
to de novos projetos, novos métodos de gerenciamento tudo isto
liação de desempenho. são alguns dos fatores essenciais para o diferencial competitivo e o
ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treina- crescimento de qualquer organização, mas só farão diferença aque-
mento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os geren- les que investirem no desenvolvimento de pessoas, com equipes
tes são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos de alto desempenho, formando lideres capazes de criar ambientes
estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, ideais que façam com que as pessoas dêem o melhor de si e ex-
seleção e treinamento. pressam o que há de melhor como potencial. Quando uma organi-
ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de zação passa por dificuldade não se troca o nome da empresa ou as
emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organi- suas instalações, trocam as pessoas, procuram um novo gerente um
zações. novo CEO, ou seja, uma nova liderança. Quando a seleção brasileira
ARH é a função na organização que está relacionada com provi- de futebol não corresponde às expectativas a CBF procura um novo
são, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos técnico de futebol, ai se percebe a importância das pessoas dentro
empregados. das organizações. Quando as pessoas são motivadas a usar o que
têm de melhor de si as qualidades individuais aparecem.
O que é a Gestão de Pessoas? O papel do líder dentro das organizações é extremamente im-
portante, líder com uma liderança afirmadora, que sejam os melho-
Em seu trabalho, cada administrador — seja ele, um diretor, res “animadores de torcida” das pessoas, seus melhores incentiva-
gerente, chefe ou supervisor — desempenha as quatro funções ad- dores! Devem ser capazes de dizer-lhes: “Vocês podem voar! Eu as
ministrativas que constituem o processo administrativo: planejar, ajudo” e não ficar esperando que cometam um erro para repreen-
organizar, dirigir e controlar. A ARH está relacionada a todas essas dê-las.
funções do administrador. A ARH refere-se às políticas e práticas No mundo globalizado a diferença será feita pelas pessoas
necessárias para se administrar o trabalho das pessoas, a saber: que compõem o organismo das organizações, indivíduos com ca-
- Análise e descrição de cargos. pacidade de comunicação, espírito de equipe, liderança, percepção
- Desenho de cargos. da relação custo-benefício e foco em resultados. Gente que tenha
- Recrutamento e seleção de pessoal. iniciativa, vontade de assumir riscos e agilidade na adaptação a no-
- Admissão de candidatos selecionados. vas situações, através do comprometimento, motivação, disciplina
- Orientação e integração de novos funcionários. a busca constante de conhecimento e da habilidade no relaciona-
- Administração de cargos e salários. mento pessoal. E quanto mais às pessoas assumirem esses papéis
- Incentivos salariais e benefícios sociais. mais fortes se tornará as organizações.
- Avaliação do desempenho dos funcionários.
- Comunicação aos funcionários.
- Treinamento e desenvolvimento de pessoal.

331
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Relação com os outros sistemas de organização
A FUNÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE PESSOAS: ATRI-
Confesso que pesquisei muito este último item e não achei BUIÇÕES BÁSICAS E OBJETIVOS, POLÍTICAS E SISTE-
nada que fosse mais especifico, então pelo que entendi a matéria MAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS
abaixo pode servir. Você que está estudando e talvez tenha alguma
apostila sobre este tema especifico, me ajuda aí fazendo um co-
mentário de onde eu poderia encontrar ou digite o que leu na sua Administração de recursos humanos
apostila, sua informação terá enorme valor, obrigado Finalidades da gestão de pessoas
A sociedade busca uma Justiça mais célere, capaz de resolver
questões cada vez mais complexas. Neste sentido, espera-se das Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos
instituições, o desenvolvimento e utilização de instrumentos de (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir
gestão que garantam uma resposta eficaz. Esse cenário impõe a ne- os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou
cessidade de contar com profissionais altamente capacitados, ap- recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento,
tos a fazer frente às ameaças e oportunidades, propondo mudanças recompensa e avaliação de desempenho. É o conjunto de decisões
que possam atender as demandas do cidadão. integradas sobre as relações de emprego que influencia a eficácia
A partir desse raciocínio é possível visualizar a gestão de pesso- dos funcionários e das organizações (CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus
as por competências. objetivos são:
A gestão de pessoas por competências consiste em planejar, • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização missão;
(individual, grupal e organizacional), as competências necessárias à • Proporcionar competitividade à organização;
consecução dos objetivos institucionais. • Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
Para a Justiça Federal foi adotado o conceito de competência bem motivados;
como a combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e ati- • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
tudes, expressas pelo desempenho profissional, que agreguem va- no trabalho;
lor à pessoa e à organização. • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
O modelo de gestão de pessoas por competências tem como • Administrar a mudança;
diretriz a busca pelo autodesenvolvimento e possibilita um diagnós- • Manter políticas éticas e comportamento socialmente res-
tico capaz de investigar as reais necessidades apresentadas no con- ponsável.
texto de trabalho, bem como aquelas necessárias ao atingimento
dos desafios estratégicos da organização. Durante muito tempo as organizações consideraram o capital
As competências classificam-se em: financeiro como a principal fonte de desenvolvimento. Todavia atu-
a) humanas (ou individuais), quando constituírem atributos de almente percebe-se que a força para o desenvolvimento das orga-
indivíduos; e nizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu desenvolvimento
b) organizacionais (ou institucionais), quando representarem comprometido pela inabilidade na seleção de pessoas; por falta de
propriedades da organização como um todo ou de suas unidades boas ideias; por falta de potencial criativo; falta de entusiasmo e
produtivas. motivação da equipe; falta de conhecimentos e competências e
não pela falta de recursos financeiros (Chiavenato, 2005).
As competências humanas ou individuais serão classificadas No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estratégia
como: e o planejamento de RH têm mudado e crescido significativamente
a) fundamentais, aquelas que descrevem comportamentos de- nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), fato revelado
sejados de todos os servidores; pelas mudanças da área de RH no período. Viu-se uma evolução
b) gerenciais, que descrevem comportamentos desejados de desde o pensamento pouco estratégico (anterior aos anos da dé-
todos os servidores que exercem funções gerenciais; e cada de 1980 e que resumia a área de RH ao DP – Departamento
c) específicas, aquelas que descrevem comportamentos espe- Pessoal), o aparecimento de estratégias funcionais (década de 80),
rados apenas de grupos específicos de servidores, em razão da área a proposta de desenvolvimento de capacidades estratégicas (nos
ou unidade em que eles atuam. anos iniciais da década de 90) até a visão atual, de busca de ali-
nhamento da área aos resultados estratégicos. Essas mudanças na
A adoção do método de diagnóstico com base no modelo de área de RH espelharam-se nas mudanças do mercado de trabalho e
gestão de pessoas por competências requer, em primeiro lugar, a das rupturas verificadas no pensamento relacionado às estratégias
definição do dicionário de competências que será utilizado como de negócios, notadamente na discussão que se fez relacionada à
referência do processo – o dicionário de competências fundamen- competitividade e ao desenvolvimento de competências essenciais
tais, válidas para todos os servidores da Justiça Federal, e geren- para o negócio
ciais, que são específicas daqueles que ocupam função de gestão.
Há um terceiro grupo, as competências específicas, referentes
aos diversos sistemas técnicos, tais como gestão de pessoas, de ma-
terial, informática, assuntos judiciários, entre outros. Estas compe-
tências, ao contrário das outras duas, variam de um sistema para
o outro e precisam de uma aproximação maior dos processos de
trabalho para serem mapeadas.

332
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES

ANTES AGORA VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a equilibrar


oferta, demanda e expectativas de clientes internos, escolhendo
• operacional • estratégica prioridades e alterando alvos, sempre que necessário. Em outras
• foco no curto prazo • foco no longo prazo palavras, é preciso que gestores da área de RH pensem como ges-
• papel administrativo • papel consultivo tores do negócio o que, segundo os autores, tradicionalmente não
• ênfase na função • ênfase no “negócio” ocorre, vez que gestores de RH não adotam as crenças dos outros
• foco no público interno • foco públicos interno e altos gestores e não atuam como tal.
• reativa/solucionadora de • externo
problemas • proativa e preventiva Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar de
• foco no processo e • foco nos resultados um modelo mais transacional para atuarem como parceiros estra-
atividades
tégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Recursos Hu-
Figura – Síntese das mudanças na função de RH
manos é essencial para que uma empresa se expanda globalmente.
Fonte: Helena Tonet
Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm contribuído para
a emergência de mercados e competidores, crescentes pressões de
Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções
clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma demanda, acionistas e desafios crescentes em relação a custos, tempo de de-
as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da cultura, senvolvimento de produtos e serviços, e qualidade. As organizações
das competências e do desenvolvimento do comprometimento dos precisam que as funções de RH estejam alinhadas ao propósito da
empregados para que a empresa alcançasse seus objetivos. organização, de modo que as mesmas dêem suporte à estratégia
A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atração, do negócio (ASHTON et al., 2004).
provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, mensuração A questão é ser estratégico quando se tem tempo e recursos
e remuneração alinhada à performance da empresa e dos empre- apenas para o operacional, desafiando a área de RH a estruturar-se
gados; do controle de investimento em pessoas, de acordo com as para criar maior valor às organizações. David Ulrich (1988) sugere
demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro desta nova visão, cinco ações para que RH crie valor para a organização:
estratégica, o foco da área de RH é móvel, conforme as mudanças I. Entender o mundo externo;
no cenário no qual a organização está imersa, mudanças estas que II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes,
podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da em- investidores e gerentes de linha);
presa. Assim, dá-se importância a ações diferentes dentro da área, III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performance,
dependendo das exigências da organização para um determinado informação e trabalho);
momento.1 IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de recur-
Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três capaci- sos humanos;
dades-chave que devem atuar de maneira simultânea para ajudar V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por
as empresas a serem competitivas: em primeiro lugar, distribuir os meio de suas atuações e competências.
serviços relacionados a processos de RH, de modo que todos os
empregados possam ter acesso aos canais internos ou externos a Estas ações nada mais são do que parte das competências
eles relacionados. de qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling
Em segundo lugar, estabelecer serviços de consultoria de (2008) defende que a área de RH deve olhar o negócio com lente
gestão de RH que funcionem como parceiros para executivos, uni- estratégica e realizar mudanças profundas e significativas no modo
dades de negócio e gestores de linha; esse tipo de consultoria deve de operar, alinhando seu novo papel junto aos clientes internos;
estar ligado às necessidades específicas de cada área, oferecendo
definir, remanejar e treinar suas competências, e adequar os sis-
serviços ligados às competências essenciais da área e aos aspectos
temas de RH com foco nos resultados, uma vez que a Gestão de
de diferenciação que sejam chave para o negócio. Em terceiro
Pessoas contribui com o dinamismo, a agilidade e a competitivida-
lugar, a área deve oferecer mais apoio e serviços estratégicos para
de próprias das organizações de sucesso.
a direção da organização. Esta terceira opção é vista pelos autores
como o futuro da área e envolve significativas mudanças, que A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da
devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas condições de empresa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro do
custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ashton et al. (2004) ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir as
propõem seis características para que a área de RH seja estratégica: pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento dos
I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão do elementos constituintes da cultura que é possível compreender
negócio em si; os mecanismos de interação entre os colaboradores e as tarefas
II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam alinhadas que executam, sendo possível destacar ainda os seguintes fatores
aos objetivos do negócio; críticos de sucesso:
III – alta competência na análise de causa e efeito, priorização I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as expec-
e execução de programas da área, o que envolve habilidades ana- tativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as condições
líticas; de reciprocidade essenciais para atingir um desempenho que aten-
IV – excelência em serviços de relacionamento e competências da às pressões internas e externas da organização. As lideranças
para desenvolver o nível de tecnologia da informação; devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado quanto
V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvimento pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos
de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que exigem alto entre estes dois polos, buscando atuar de maneira conciliatória na
desempenho; resolução dos conflitos surgidos.
II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
1. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA;
atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade de
Mauro Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o pa-
adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colaborado-
pel da área de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUISA –
res e empresa.
v.9 – n.2 – 2006.

333
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente nas tarefas
executadas.
IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo que os colaboradores incorporem novos conhecimentos que permitam analisar
criticamente o seu trabalho e seu ambiente, permitindo que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas auto-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes. Desta
forma, as equipes possuem a capacitação necessária para gerir seus próprios recursos de forma otimizada.

Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua respon-
sabilidade. A área de recursos humanos atua então como órgão consultivo, constantemente sintonizado com as tendências do mercado
e introduzindo novas ideias à estrutura vigente. Assim, os profissionais de Recursos Humanos devem evitar os vícios internos, buscando
sempre novos patamares de desempenho através da aplicação de “benchmarkings” (SOLEDADE, 2007).
A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005), baseia-se em três aspectos:
I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem conhecimentos, competências, com uma história pessoal que os torna únicos,
diferentes entre si e não como recursos necessitando que alguém as administre pois são sujeitos passivos das ações das organizações;
II – tratar como talentos que impulsionam a organização, dotando-a de dinamismo, de conhecimento para continuar competitiva;
III – tratar as pessoas como parceiros que investem na organização através de seus esforços, dedicação, comprometimento, respon-
sabilidade tendo como expectativa o retorno deste investimento traduzidos em autonomia, desenvolvimento, remuneração, reconheci-
mento, dentre outros.

Os programas de RH devem ser desenhados de modo a oferecer benefícios e oportunidades de crescimento profissional aos emprega-
dos. A função de administrar Recursos Humanos é das lideranças (supervisores/gerentes) das organizações. A função dos profissionais de
Recursos Humanos é de buscar ferramentas e práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar, dar suporte e apoiar as lideranças na
fixação das estratégias, na implementação dos processos de mudança organizacional, e nos processos de aprendizagem e desenvolvimen-
to das pessoas; estimular o autodesenvolvimento das pessoas; manter os referenciais da organização transparente.
As organizações necessitam de profissionais de RH que tenham perfil generalista e não mais de especialistas, dando maior abrangência
às atividades e responsabilidades, devendo possuir maior qualificação e capacitação profissional (Resende e Takeshima, 2000). Deve-se
atentar para:
a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os objetivos maiores da organização e como suporte mais efetivo às áreas produtivas
e de negócios, favorecendo o cumprimento de suas metas (Resende e Takeshima, 2000)
b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os projetos, planos e sistemas para garantir que a missão e objetivo da área
sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções principais de recursos humano(Resende e Takeshima, 2000).

Gestão Integrada de Recursos Humanos

Planejamento
Estratégico Recrutamento
Diagnóstico e Seleção
Organizacional

Integração de
Relações c/ Empregado Novos Empregados
e Rotinas de Pessoal

Gestão Integrada de Remuneração


Treinamento,
Desenvolvimento/ Recursos Humanos (Cargos e Salários)
Gestão de Conhecimento

Responsabilidade
Social Benefícios

Saúde e Qualidade Gerenciamento de


de Vida no Trabalho Desempenho e Potencial
Desligamento

Figura – Gestão Integrada de RH


Fonte: Tania Del Tedesco- 2007

Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se:


• Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierárquicos, estruturas em rede;
• Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o compromisso de agregar valor;
• Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das pessoas e orientando resultados;

334
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
• Necessidade da organização aprender continuamente (learning organization).

As tendências relacionadas à estrutura de RH são:


• formações diversas – predomínio administração e psicologia – também pedagogia e engenharias consoantes com o negócio.
• ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da empresa – maior exigência de competências conceituais e interpessoais
• por projetos – redução de funções
• com poucas pessoas
• atuação em comissões internas
• comitês suprassistema

Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão de pessoas identifica:


• foco nas lideranças
• ênfase no trabalho em equipe
• exigência de multiqualificação
• rodízio na execução de tarefas
• interesse relaçãopessoal/profissional
• ênfase em pesquisa
• aprendizagem de ferramentas
• treinamento à distância
• formação in company
• gestão do conhecimento
• compartilhamento de conhecimento
• T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia de negócio
• aprendizado × performance: maior foco no aumento de performance
• e-learning × presencial: o crescimento dos programas blended
• liderança e coaching: transformação dos modelos de liderança
• diversidade: inserção e valorização das diferenças
• saberes mais demandados:
• técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, normas, tecnologia, know-how
• conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabelecer relações, know-why
• interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabelecer relacionamentos convergentes, estimular motivações, decodificar emo-
ções, perceber perfis
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante demandas organizacionais – competências distintivas, essenciais, básicas

Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4 objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos capazes de
atender aos desejos e expectativas da empresa; b) manutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimento das pessoas; d) folha
de pagamento, admissão, demissão.2
Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mudança neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não mais por uma
área específica, por haver se tornado um atributo de qualquer líder de equipe. Esta mudança de perspectiva levou à descentralização dos
objetivos acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas diversas áreas da empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a gestão
dos colaboradores sob a sua responsabilidade. Cabe então à nova área de RH, atuar como um agente facilitador do processo de gestão de
pessoas, propiciando as áreas da empresa os recursos e instrumentos necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007).
Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingencial e situacional por ser dependente da cultura da organização, da estru-
tura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia adotada, entre outros
fatores. Seus objetivos são:
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;
• Proporcionar competitividade à organização;
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados e bem motivados;
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados no trabalho;
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• Administrar a mudança;
•Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável.

As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público começam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do Estado e
surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou Gerencialismo. A reforma é gerencial porque busca inspiração na administração de
empresas privadas, e porque visa dar ao administrador público profissional condições efetivas de gerenciar (BRESSER-PEREIRA, 1998). As
mudanças na Administração pública se refletem na Administração de Recursos Humanos (ARH), especialmente no estilo de lidar com as
pessoas.

2. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Recursos Humanos (2007). Obtido em http://www.ogerente.com.br/novo/arti-
gos_sug_ler.php?canal=16&canallocal=48&canalsub2=154&id=453

335
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Diferenças de Administração de Recursos Humanos

Estilo Tradicional Estilo Flexível


• Paradigma burocrático-mecanicista – ênfase nas tarefas e • Preocupação desloca-se da estrutura organizacional para
na estrutura e visão da organização percebida como “máqui- os processos e a dinâmica organizacional.
na”. • Estilo aberto, flexível e participativo, que dá oportunidades
• Estilo de administração rígido e autocrático, baseado em de crescimento individual.
padrões inflexíveis. • Descentralização e participação nas decisões e delegação
• As pessoas são preguiçosas por natureza e só são motivadas de responsabilidades
por recompensas materiais.
• Paradigma burocrático-mecanicista - ênfase nas tarefas e na • Enriquecimento do cargo, substituindo a especialização
estrutura e visão da organização percebida como “máquina”. estrita pela ampliação de tarefas e responsabilidades.
• Estilo de administração rígido e autocrático, baseado em • O ser humano não tem desprazer inerente em trabalhar,
padrões inflexíveis. nem uma natureza intrínseca de passividade e resistência.
• As pessoas são preguiçosas por natureza e só são motivadas • As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento
por recompensas materiais. e capacidade de assumir responsabilidades.
• As pessoas não querem responsabilidades e preferem ser Falta de ambição, fuga à responsabilidade e preocupação
dirigidas e dependentes. excessiva com segurança são, muitas vezes, conseqüências
• Por sua natureza intrínseca, o ser humano é resistente à de experiências negativas.
mudança. • Para que as potencialidades intelectuais não fiquem subu-
As atividades devem ser padronizadas e as pessoas devem tilizadas, deve ser estimulada a criatividade para a solução
ser persuadidas, controladas, recompensadas e coagidas de problemas organizacionais.
para cumprir seu papel. • As pessoas podem atingir objetivos pessoais ao mesmo
• A remuneração é vista como meio de recompensa, uma vez tempo que perseguem os objetivos organizacionais.
que o homem é motivado por incentivos econômicos

Tratar pessoas como recursos Tratar pessoas como parceiros


– As pessoas são fornecedoras de conhecimentos, com-
petências, habilidades e inteligência. Constituem o capital
intelectual da organização.
– Nesta concepção, as pessoas são vistas como seres hu-
– As pessoas são vistas como recursos de produção, ao lado manos, dotadas de personalidade, possuem uma história
dos recursos financeiros e materiais. de vida particular, são diferentes e singulares e possuem
– Como recursos, elas precisam ser administradas, o que en- necessidades que motivam seu comportamento.
volve planejamento, organização, direção e controle de suas – São elementos impulsionadores e dinamizadores da
atividades, já que são sujeitos passivos da ação organizacional. organização e capazes de dotá-la de inteligência, talento e
aprendizados indispensáveis à sua constante renovação e
adequação a um mundo em mudanças.
– Deve haver reciprocidade entre expectativas pessoais e
organizacionais

Assim sendo, o órgão de gestão de pessoas deve apresentar 3 momentos de atuação:


1º Momento: departamentos de pessoal, destinados a fazer cumprir as exigências legais com relação ao emprego – admissão, anota-
ções cadastrais, controle de frequência, aplicação de penalidades, férias etc.
2º Momento: departamento de recursos humanos, responsável pelas funções clássicas de RH.
3º Momento: gestão de pessoas, responsável por um conjunto mais complexo de funções, assumindo papel estratégico.
Segundo Brito (2008), há uma tendência para entender que a gestão de pessoas deve ser compartilhada com os gerentes que lidam
cotidianamente com os próprios subordinados. Neste sentido, o RH passa a funcionar como prestador de serviços especializados de
gestão de pessoas, no âmbito interno, fornecendo assessoria e consultoria às demais áreas:
• Recrutamento e seleção: previsão constitucional para, de um lado, concurso público e, de outro, livre nomeação para cargos comis-
sionados.
• Desenho de cargos e avaliação de desempenho: algumas vezes a criação de cargos não atende a critérios técnicos. Dificuldade de
implementar programa de avaliação e mensuração de desempenho.
• Remuneração e benefícios: dificuldade de recompensar os bons funcionários.
• Treinamento e desenvolvimento de carreiras: ausência de planejamento, principalmente de médio e longo prazos, e descontinuida-
de administrativa prejudicam desenvolvimento consistente e contínuo das pessoas, com foco em competências.
• Banco de dados e Sistema de Informações Gerenciais (SIG): ausência de bases de dados e falta de compreensão da importância de
informações que subsidiem o planejamento e a tomada de decisão.

336
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por meio de suas
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES IN- ações, contribuem para a construção de sua sociedade. Entretan-
DIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO, MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, to, os indivíduos agem sempre dentro de contextos que lhes são
DESEMPENHO preexistentes e orientam o sentido de suas ações. A construção
do mundo social é assim mais a reprodução e a transformação
do mundo existente do que sua reconstrução total. Para Berger e
Comportamento Organizacional “é um campo de estudo que Luckmann (1983), a vida cotidiana apresenta-se para os homens
investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre como realidade ordenada. Os fenômenos estão pré-arranjados em
o comportamento dentro das organizações com o propósito de padrões que parecem ser independentes da apreensão que cada
aplicar este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia pessoa faz deles, individualmente.
de uma organização”. Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível do indivíduo
Tem por finalidade compreender os “espaços vazios” da organi- e do grupo, mediada pelos processos cognitivos, e interdependente
zação de forma que estes não prejudiquem o desenvolvimento da do contexto, varia conforme a inserção ambiental e o tipo de orga-
organização, possibilitando, assim, reter talentos, evitar o turnover nização, tanto quanto também varia internamente em suas subuni-
e promover engajamento e harmonia entre os stakeholders. dades. É importante salientar que o universo simbólico integra um
Ter uma compreensão quanto ao comportamento organiza- conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência, justificativa
cional é extremamente importante para que as lideranças possam e legitimidade. Em outras palavras, o universo simbólico possibilita
prever, e especialmente evitar, problemas individuais ou coletivos aos membros integrantes de um grupo uma forma consensual de
entre os colaboradores. apreender a realidade, integrando os significados e viabilizando a
O comportamento organizacional refere-se a comportamentos comunicação.
relacionados a cargos, trabalho, absenteísmo, rotatividade no É por meio desse compartilhar da realidade que as identidades
emprego, produtividade, desempenho humano e gerenciamento. dos indivíduos nas organizações são construídas, ao se comunicar
Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, comunicação aos membros, de forma tangível, um conjunto de normas, valores e
interpessoal, estrutura e processos de grupo, aprendizagem, concepções que são tidas como certas no contexto organizacional.
desenvolvimento e percepção de atitude, processo de mudanças, Ao definir a identidade social dos indivíduos, o que se pretende é
conflitos. garantir a produtividade, pela harmonia e manutenção do que foi
aprendido na convivência. É importante ressaltar que muitas vezes
Considerando que, diferentemente das organizações, que essas identidades precisam ser reconstruídas quando a empresa se
possuem uma certa formalidade em sua essência, as pessoas são vê diante de situações que exigem mudanças.
mais complexas, mais influenciáveis por variáveis diversas e, muitas
vezes, são pouco previsíveis. Daí vem o papel principal da análise do comportamento
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valores, rituais, organizacional, que é o de permitir fazer uma leitura da dinâmica
normas, rotinas e tabus da organização, o que se pretende é buscar existente na organização e como essa interfere e influencia o com-
a sua identificação com os padrões a serem seguidos na empresa. portamento das pessoas envolvidas.
Dessa forma, se fornece um senso de direção para todas as pessoas Considerando que nas relações entre indivíduo e organização
que compartilham desse meio. As definições do que é desejável e existe uma troca de interesses, de conteúdo, de aporte, entre
indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes no sistema, tantos outros aspectos, gerir essa troca é papel da área de gestão
orientando suas ações nas diversas interações que executam no de pessoa, que garante que, nessa troca, ambas as partes fiquem
cotidiano. satisfeitas.

Reconhecer os significados e a própria razão de ser da empresa, CULTURA ORGANIZACIONAL


bem como se familiarizar com as percepções e comportamentos
mais aceitos e valorizados na organização, conduz os funcionários A cultura organizacional tem por finalidade conceituar os va-
a uma uniformidade de atitudes, o que é positivo no sentido de lores e as crenças de uma organização, gerando um entendimento
possibilitar maior coesão. No entanto, pode levar a uma perda consciente e coletivo sobre a mais indicada e adequada forma de
de individualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa se comportar dentro da organização. Assim como também gera
a ser uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo para um ajuste quase que automático na interação entre os indivídu-
ambientes externos da organização, quando passam a adotar com- os, ressaltando-se que não necessariamente essa cultura esteja
portamentos padronizados nas mais diversas situações. formalmente instituída, pois, em alguns casos, esses valores são
Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Organizacio- compartilhados entre as pessoas, habitualmente, sem que haja um
nais, destacamos: regra formal que a leve a agir dessa forma.
•Nível Individual – Estuda as expectativas, motivações, habili-
dades e competências que cada colaborador demonstra individual- Entre os benefícios que a cultura organizacional pode trazer à
mente por meio de seu trabalho. organização, podemos citar:
•Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos grupos, as •Vantagem competitiva derivada de inovação e serviço ao
funções desempenhadas por estes e a comunicação e interação uns cliente;
com os outros, além de estudar a influência e o poder do líder neste •Maior desempenho dos empregados;
contexto. •Coesão da equipe;
Ao ingressar em uma organização, indivíduos com característi- •Alto nível de alinhamento na busca da realização de objetivos.
cas diversas se unem para atuar dentro de um mesmo sistema so-
ciocultural na busca de objetivos determinados. Essa união provoca A cultura organizacional tem como base algumas caracte-
um compartilhamento de crenças, valores, hábitos, entre outros, rísticas básicas que, em conjunto, capturam a essência de uma
que irão orientar suas ações dentro de um contexto preexistente, organização:
definindo assim as suas identidades.

337
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
•Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcionários Um dos pilares que sustentam a gestão pública de excelência é
são estimulados a inovar e assumir riscos. o envolvimento de todos os servidores na busca do alto desempe-
•Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os funcio- nho da organização, por meio de estímulo à colaboração e ao com-
nários demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes. promisso de atingir os seus objetivos. Aqui abordamos o grande
•Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes desafio de gerenciar talentos, de gerir pessoas. Afinal, o bom clima
focam mais os resultados do que as técnicas e os processos empre- organizacional tem forte influência sobre os resultados institucio-
gados para seu alcance. nais, isto é, sobre o desempenho da organização, uma vez que está
•Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos diretamente relacionado com o comprometimento profissional de
dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as seus colaboradores, in casu , os servidores. As práticas de gestão
pessoas dentro da organização. de pessoas devem, portanto, garantir um ambiente de trabalho
•Orientação para as equipes: o grau em que as atividades de seguro, saudável e propício ao desenvolvimento, ao bem estar, à
trabalho são mais organizadas em termos de equipes do que de motivação e à satisfação dos colaboradores.
indivíduos. É imprescindível que os gestores de pessoas sejam capacitados
•Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e para melhor:
agressivas em vez de dóceis e acomodadas. • Compreender a importância das pessoas para a realização dos
•Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais objetivos organizacionais.
enfatizam a manutenção do status quo em contraste com o cres- • Estabelecer a relação entre o planejamento estratégico e o
cimento. planejamento de pessoas.
• Desenvolver habilidades fundamentais no relacionamento
Tipos de cultura interpessoal (TRT 14ª Região).4

•Culturas adaptativas: caracterizam-se pela sua maleabilidade O estudo das relações interpessoais pode ter vários objetivos,
e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudança. São or- como por exemplo:
ganizações que adotam e fazem constantes revisões e atualizações, • Trabalhar a auto-motivação dos servidores;
suas culturas adaptativas evidenciam-se pela criatividade, inovação • Desenvolver espírito de cooperação e trabalho em equipe;
e mudanças. De um lado, a necessidade de mudança e a adaptação • Propor reflexões sobre o clima e cultura organizacionais.
para garantir a atualização e modernização; e de outro, a neces-
sidade de estabilidade e permanência para garantir a identidade Tais objetivos não excluem os fatores éticos e devem ser traba-
da organização. O Japão, por exemplo, é um país que convive com lhados em caráter de equipe. É preciso demonstrar aos servidores
tradições milenares ao mesmo tempo em que cultua e incentiva a públicos o quanto uns podem precisar dos outros e o quanto alguns
mudança e a inovação constantes. podem auxiliar, mesmo que indiretamente, no desenvolvimento do
trabalho de outros tantos. Alguns tópicos que podem otimizar tais
•Culturas conservadoras: caracterizam-se pela manutenção de estudos são:
ideias, valores, costumes e tradições que permanecem arraigados • Auto-motivação;
e que não mudam ao longo do tempo. São organizações conserva- • Inteligência emocional;
doras que se mantêm inalteradas como se nada tivesse mudado no • Equipes de trabalho;
mundo ao seu redor. • Código de Ética.
•Culturas fortes: seus valores são compartilhados intensamen- A colunista Luisa Lessa faz em seu artigo “A Importância das
te pela maioria dos funcionários e influenciam comportamentos e Relações Interpessoais no Mundo do Trabalho” interessantes con-
expectativas. siderações sobre as relações interpessoais no serviço público, cujos
•Culturas fracas: são culturas mais facilmente mudadas. Como trechos mais relevantes são destacados a seguir:
exemplo, uma empresa pequena e jovem, a qual, por estar no
início, torna mais fácil para a administração comunicar os novos [...] Por isso entendo ser urgente encontrar um novo estilo de
valores. Isso explica a dificuldade que as grandes corporações têm administração, voltado para o trabalho em equipe e o desenvolvi-
para mudar sua cultura. mento das potencialidades humanas, acabando, de vez, com feudos
e grupos parasitários que se apossam de bens e serviços públicos
Componentes da cultura como se fossem coisas pessoais. Gente que age dessa forma deve-
ria ser penalizada, perder o emprego, ir para uma clínica, hospício
A cultura representa a maneira como a organização visualiza etc. O serviço público, como o nome diz, existe para servir o público
a si própria e seu ambiente. Seus principais componentes são os e servir bem, sem cara feia. E qual solução se tem para este quadro
artefatos, valores compartilhados e pressuposições básicas. lastimável? É urgente que ele seja melhorado. E, para tanto, devem-
-se analisar alguns aspectos do ser humano, como por exemplo, a
Relações interpessoais e motivação personalidade dos indivíduos; as habilidades sociais e técnicas; as
atitudes; os processos de comunicação, percepção, feedback, entre
As teorias administrativas bem como as vivências de gestão de outros. São aspectos fundamentais ao sucesso do serviço público.
pessoas, têm trabalhado com ênfase no indivíduo e nas relações Entendo que a base para a melhoria das relações interpessoais é a
pessoais que estes têm no âmbito profissional. No setor público compreensão de que cada pessoa tem uma personalidade própria,
a abordagem é a mesma. Neste contexto, são importantes os que precisa ser respeitada. Cada ser humano traz consigo necessi-
esclarecimentos pertinentes para que as relações interpessoais se dades sociais, materiais e psicológicas, que precisam ser satisfeitas,
desenvolvam de forma a agregar valor ao setor. Justifica-se pela pois elas influenciam o seu comportamento e, consequentemente,
necessidade urgente do estímulo das relações interpessoais sem os resultados na produção das tarefas executadas. Mas há pessoas
detrimento da ética profissional e também pelo relacionamento
projeto- capacitacao.php?id=25
que os cargos e áreas devem ter entre si.3
4. Obtido em http://www.trt14.jus.br/Qualidade/ProjImplanta-
3. Obtido em http://www.cascavel.pr.gov.br/portal_servidor/ cao.htm

338
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
que precisam ser tratadas com psicólogos, psiquiatras, analistas. Maximiano (2010) diz que o desempenho na realização de
Há gente que não gosta de si mesma, então, como vai gostar dos qualquer tipo de tarefa ou objetivo é influenciado pelos motivos,
outros e tratá-los bem? que são forças que produzem a motivação para o trabalho. Esta
Por isso tudo entendo que as relações interpessoais atuam motivação é um estado psicológico de disposição, interesse ou von-
como uma disposição interior, uma aceitação do outro, que tade de perseguir ou realizar uma tarefa ou meta, onde a pessoa
transparece no modo de falar, de olhar, na conduta com o outro apresenta disposição favorável ou positiva para realizar o trabalho.
e, sobretudo, na forma de agir educadamente. Assim, os líderes, Motivação é induzir uma pessoa ou grupo de pessoas, cada
os chefes de setores, os governantes, administradores, precisam qual com suas necessidades e personalidades distintas, a trabalhar
conhecer aqueles que os cercam e desenvolver a coragem de in- para atingir os objetivos da organização, ao mesmo tempo em que
tervir com sinceridade, firmeza, clareza, determinação, no sentido trabalha para alcançar os seus próprios objetivos (Pietri, Moley e
de coibir abusos, incentivar boas condutas, que cada pessoa faça a Megginson, 1986, p.307).
aquilo que lhe compete, da melhor forma possível. Trabalhar não O comportamento humano é sempre motivado, resultante de
é um favor que se faz a alguém, é uma obrigação, um dever social, uma interação complexa entre os motivos internos (da pessoa) e
cívico de cada pessoa. externos (estímulos da situação ou ambiente):
O psicólogo e educador francês Pierre Weil (1971), estudioso Motivos internos – são impulsos interiores, de natureza
das relações interpessoais, propõe dez mandamentos a serem fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, que se
observados pelos membros de um grupo: traduzem em necessidades, aptidões, interesses, valores e habili-
1º) Respeitar o próximo como ser humano; 2º) Evitar cortar a dades das pessoas. Determinam a capacidade de fazer, de se sentir
palavra a quem fala, esperar sua vez; atraída, de valorizar certos comportamentos, ou o inverso de tudo
3º) Controlar as suas reações agressivas, evitando ser indelica- isso.
do ou irônico; Motivos externos – são estímulos ou incentivos que o ambiente
4º) Evitar o “pular” por cima de seu chefe imediato, quando o oferece ou objetivos que a pessoa persegue, satisfazendo neces-
fizer dar explicação; sidades, despertando sentimentos de interesse ou representando
5º) Procurar conhecer melhor os membros de seu grupo, a fim recompensas desejadas, como por exemplo: o trabalho que a pes-
de compreendê-los; soa faz, o ambiente no qual o trabalho é feito, as recompensas, os
6º) Evitar o tomar a responsabilidade atribuída a outro, a não padrões estabelecidos pelo grupo de colegas e os valores do meio
ser a pedido deste ou em caso de emergência; social.
7º) Procurar a causa das suas antipatias a fim de vencê-las; Motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço em
direção a determinados objetivos organizacionais, tendo como
8º) Estar sempre sorridente;
condição a satisfação de necessidades. Está relacionada a alguns
9º) Procurar definir bem o sentido das palavras no caso de
aspectos:
discussões em grupo, para evitar mal entendido;
• Objetivos: direção do comportamento;
10º) Ser modesto nas discussões, pensar que talvez o outro
• Esforços: força e intensidade do comportamento;
tenha razão e, senão, procurar compreender-lhe as razões.
• Necessidades: duração e persistência do comportamento.
As sugestões aqui postas, se colocadas em prática, podem mu-
dar o quadro das relações interpessoais tanto no setor de trabalho
A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam.
quanto no seio de uma família. A questão da comunicação entre as
O homem é motivado não só por estímulos econômicos e salariais,
pessoas é hoje um aspecto que ganha destaque por sua relevância mas também por recompensas sociais e simbólicas.
na qualidade de vida. Não raras vezes, assistimos, assustados, epi- Ciclo motivacional é a sequência de eventos que vão desde a
sódios nos telejornais, expondo situações corriqueiras, próprias do carência de uma necessidade até a satisfação e retorno ao estágio
cotidiano, que terminam em ações violentas, chegando, por vezes, anterior de equilíbrio.
às ultimas consequências. Do mesmo modo assistimos conflitos que Motivação é o “motivo” que nos leva à “ação”. A motivação
envolvem até os órgãos responsáveis, eles próprios, pela segurança ativa o comportamento do indivíduo. É uma força, uma energia que
das pessoas. os impulsiona na direção de alguma coisa. Ela é intrínseca, isto é,
Todos esses sintomas vão delineando um formato social preo- está dentro de nós, nasce de nossas necessidades. Ninguém motiva
cupante, onde o imediatismo, a intolerância com a dificuldade, seja ninguém. Nós é que nos motivamos, ou não. Tudo o que os de fora
em que grau for, vai assumindo a tonalidade predominante nas podem fazer é estimular, incentivar, provocar nossa motivação.
relações pessoais. Nos setores onde houver necessidade, estas são Motivação no contexto do trabalho é satisfazer aspirações. É a
algumas sugestões que podem ser observadas, analisadas e aplica- importância de identificar o que é importante para as pessoas e
das dentro das organizações, repartições públicas, enfim, entidades gerenciar levando em conta essas aspirações.
governamentais ou não governamentais. É preciso trabalhar com Motivação é um tema que sempre despertou muita atenção,
qualidade, atender com qualidade e viver com qualidade. dada a sua relação com o comprometimento, o reconhecimento e
Então, se desejarmos uma sociedade diferente, teremos que as recompensas nas suas mais diversas modalidades.
mudar as pessoas, a maneira de pensar e sentir, para que se possa Devido a esse interesse pelo tema, várias pesquisas e teorias
alterar a conduta, já que são essas maneiras de ser que determinam foram desenvolvidas para a explicação desse assunto. As principais
o comportamento do ser humano. Relacionar-se é dar e receber ao teorias motivacionais, segundo Vergara (2003), são: Teoria de
mesmo tempo, ou seja, é estar aberto para o novo. É a capacidade Maslow, Teoria de Herzberg, Teoria de McClelland, Teoria ERC e a
de escolher, de desenvolver uma visão para si mesmo, reescreven- Teoria da Equidade.
do a vida, iniciando um novo hábito ou abandonando um antigo em
prol da felicidade. E a felicidade é democrática, todos têm o direito
a ela.5
5. Obtido em http://www.gostodeler.com.br/mate-
ria/12930/a_importancia_das_relacoes_interpessoais_no_mun-
do_do_trabalho.html

339
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
I. Hierarquia das necessidades de Maslow 1- Fatores Motivacionais que estão relacionados ao próprio
trabalho:
As necessidades humanas estão organizadas e dispostas em • trabalho criativo e desafiante;
níveis, numa hierarquia de importância e de influência. A Teoria de • sentido de realização, de algo importante;
Maslow ou teoria das necessidades é a mais importante das expli- • exercício de responsabilidade;
cações modernas sobre o conteúdo da motivação estabelece que • possibilidade de crescimento;
as pessoas sejam motivadas essencialmente pelas necessidades • orgulho e sentimentos de prestígio decorrente da profissão.
humanas.
• Quanto mais forte a necessidade, mais intensa é a motivação. 2- Fatores Higiênicos que estão relacionados às condições de
Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo estudioso das necessida- trabalho:
des humanas, dividiu essas necessidades em cinco grupos: • estilo de supervisão do chefe;
• Necessidades Básicas: relacionam-se com a sobrevivência – • relações pessoais com os colegas;
alimento, roupa, abrigo e conforto material; • salário;
• Necessidade de Segurança: relacionam-se com garantias, com • política de administração de pessoal;
evitar danos e perdas e manter aquilo que se conquistou; • condições físicas e segurança do trabalho.
• Necessidade Sociais: relacionam-se com o de ser aceito como
membro de um grupo; Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos
• Necessidade de Estima: relacionam-se com o ser reconhecido
e recompensado por habilidades especiais, capacidade de desem- Conteúdo do cargo Contexto do cargo
penho; • O trabalho em si • As condições de trabalho
• Necessidades de Auto-realização: relacionam-se com a liber- • Realização • Administração da empresa
dade pessoal, a criatividade e a autonomia.
• Reconhecimento • Salário
• Progresso profissional • Relações com o supervisor
• Responsabilidade • Benefícios e serviços sociais

auto-realização Figura – Fatores da Teoria de Herzberg

estima Para situações de trabalho existem dois fatores que orientam o


comportamento das pessoas:
Fatores higiênicos ou extrínsecos: localizam-se no ambiente e
sociais
abrangem as condições de trabalho
Fatores motivacionais ou intrínsecos: relacionam-se com o
segurança cargo e a natureza das tarefas e estão sob o controle do indivíduo
Frustrações podem ser derivadas de:
Auto-realização: insucesso na profissão, desprazer no trabalho
básicas Estima: baixo status, baixo salário
Sociais: baixa interação e relacionamento com colegas, chefia
e subordinados
Figura – A hierarquia das necessidades, segundo Maslow Segurança: tipo e ambiente de trabalho mal-estruturados,
políticas imprevisíveis da empresa
Destacam-se os seguintes aspectos da Teoria das Necessidades Fisiológicas: confinamento do local de trabalho, remuneração
de Maslow: inadequada.
• Quando uma necessidade de nível mais baixo é atendida, Satisfações podem ser derivadas de:
deixa de ser motivadora; Auto-realização: sucesso na profissão, prazer no trabalho;
• Nem todos conseguem chegar ao topo da pirâmide de neces- Estima: interação facilitada pelo arranjo físico, prestígio na
sidades; profissão;
• Quando as necessidades mais baixas estão razoavelmente Sociais: elevada interação e relacionamento com colegas, che-
satisfeitas, as mais elevadas começam a dominar; fia e subordinados;
• Um comportamento motivado é como um canal pelo qual- Segurança: tipo e ambiente de trabalho bem-estruturados,
muitas necessidades podem ser expressas ou satisfeitas; políticas estáveis e previsíveis da empresa;
• Qualquer frustração da satisfação passa a ser considerada Fisiológicas: remuneração adequada para a satisfação das
ameaça psicológica. necessidades básicas.
O papel dos fatores higiênicos é criar um clima psicológico e
II. Teoria dos dois fatores de Herzberg material saudável e influenciar a satisfação com as condições
dentro das quais o trabalho é realizado. Por exemplo, quanto me-
A Teoria de Herzberg estabeleceu que a motivação resulta de lhores as relações entre colegas e o trabalho recebido pelo chefe
fatores que podem ser divididos em duas categorias principais. É a ou gerente, melhor será esse clima; ou quanto mais contente com
também chamada de teoria dos dois fatores, criada por Frederick seu salário, menor será a disposição do funcionário pêra reclamar
Herzberg, que são: desse aspecto na empresa. Tudo isso leva a uma maior satisfação
do trabalhador com o ambiente de trabalho.

340
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
O papel dos fatores motivacionais é motivar as pessoas por meio de um trabalho que as pessoas exercitem suas habilidades, criati-
vidade e possam desenvolver suas aptidões. As condições ambientais (fatores higiênicos) não são suficientes para induzir o estado de
motivação nas pessoas. Apenas o trabalho em si e seu conteúdo produzem motivação para o trabalho.
Tanto Maslow quanto Herzberg concordam em que as necessidades de nível mais baixo, e os fatores higiênicos precisam ser atendidos
primeiro, mas o comportamento motivado e a produtividade alta só podem ser obtidos quando se satisfazem as necessidades das pessoas
de fazer o tipo de trabalho que aumente o seu senso de contribuição, realização e crescimento.

III. Teoria das necessidades aprendidas de McClelland

Criada por David McClelland, está ligada aos conceitos de aprendizagem. Focaliza três necessidades básicas:
• Necessidade de realização: desejo de ser excelente, mais eficiente, resolver problemas e tarefas complexas.
• Necessidade de poder: desejo de controlar os outros, de ser responsável pelos outros ou influenciar seu comportamento.
• Necessidade de afiliação: reflete o desejo de interação social, de estabelecer amizades e relações interpessoais.

McClelland também tomou como eixo da sua teoria a questão das necessidades. Identificou três: poder, afiliação e realização. Ele
argumenta que não nascemos com tais necessidades; elas são adquiridas socialmente. Poder refere-se a relações com pessoas, status,
prestígio, posições de influência. Afiliação diz respeito ao que Maslow chamou de afeto. Realização refere-se à auto-estima e à auto-re-
alização.
Uma constatação interessante feita por McClelland é que administradores bem-sucedidos nos níveis institucionais (estratégicos)
possuem uma combinação de alta necessidade de poder (vontade de influenciar os demais) e baixa necessidade de afiliação (isenção para
tomar decisões desagradáveis).

IV. Teoria ERC de Alderfer

Alderfer reduz os níveis a apenas três:


Existência: necessidade de bem estar físico; incluem as necessidades fisiológicas e de segurança de Maslow
Relacionamento: necessidades de relações interpessoais
Crescimento: necessidades de desenvolvimento do potencial humano; incluem as necessidades de estima e auto-realização de
Maslow.
Defende que a frustração de uma necessidade superior pode aumentar o desejo de satisfazer uma necessidade inferior. Ex. pessoas
que comem muito quando tem uma necessidade superior não-atendida.
Contraria a teoria de Maslow de focalização em uma necessidade só, defende que as pessoas podem estar orientadas para a satisfa-
ção de mais de uma necessidade ao mesmo tempo.

V. Teoria da Equidade

Segundo a Teoria da Equidade, as pessoas se sentirão mais ou menos motivadas para o trabalho à medida que percebem, ou não, a
presença da justiça, da igualdade nas relações de trabalho. Favoritismo, por exemplo, seria considerado iníquo, injusto; logo, a pessoa que
a percebesse se sentiria desmotivada.
Você compara a relação entre sua contribuição e recompensas com a relação obtida pelos outros. Por contribuição entende-se o seu
esforço, tempo, talento e nível de desempenho, enquanto nas recompensas incluem-se os reconhecimentos, pagamentos, benefícios,
elogios e até punições que você recebe da empresa ou da chefia.
Ao perceber uma injustiça, o funcionário tenderá a buscar reequilibrar a relação, “aumentando” ou “diminuindo” as razões citadas
a seguir:
• diminuindo sua contribuição;
• pedindo para aumentar sua recompensa;
• solicitando o aumento de esforços dos outros;
• modificando a situação, transferindo-se ou saindo da organização.

As teorias sugerem que o administrador deve criar um ambiente de trabalho que responda positivamente às necessidades dos subor-
dinados, isto é, criar modelos integrados de motivação.
Os aspectos básicos para obter desempenho excelente são: conhecimento da motivação humana; capacitação das pessoas; oportuni-
dades e desafios para que possam aplicar suas habilidades e conhecimentos no trabalho.

341
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES

Figura – Dinâmica motivacional

Quanto às aplicações práticas das Teorias da Motivação, destacam-se:


Recompensas Monetárias: satisfaz as necessidades de níveis mais baixos. Funciona também como redutor de ansiedade, consolidan-
do a autoconfiança.
Enriquecimento de tarefas: forma de construir motivadores intrínsecos ao próprio trabalho, ajustando as tarefas ao progresso do
funcionário. As tarefas podem ser enriquecidas vertical ou horizontalmente.
No que se refere à flexibilização do horário de trabalho, a partir de um horário-núcleo que deve ser respeitado, os funcionários
escolhem horários de entrada e saída do trabalho (respeitando a carga horária normal), ou carga maior em alguns dias para não trabalhar
em outros. É interpretado como uma recompensa e reconhecimento de confiança pelo funcionário.
MACEDO (2000) explica que, para estimular a motivação dos quadros, o órgão deverá investir na valorização das pessoas e no clima
organizacional, reforçando a auto-estima dos servidores, fazendo com que possam superar seus limites e vencer suas barreiras. Neste
contexto, o líder exerce um papel fundamental no compromisso com metas, acompanhamento e incentivo na busca de resultados, atu-
ando como um verdadeiro “coach”, ou treinador, na medida em que a preocupação não se restringe ao trabalho, mas também à pessoa,
dando-lhe suporte nos momentos difíceis e estimulando para a mudança.6
As práticas motivacionais “compreendem todos os tipos de incentivos e recompensas que as organizações oferecem a seus emprega-
dos na tentativa de conseguir o desempenho que possibilite a realização de seus objetivos” (Maximiano, 2010, p.189). São elas:
Enriquecimento de cargos – consiste em aumentar os fatores motivacionais de um cargo ou de um grupo de trabalho, iniciando-se
com o alargamento de suas tarefas e seguindo com o empowerment (atribuir poderes a alguém). Este fortalecimento de poder envolve
a transferência de atribuições de planejamento, organização e controle de um gestor para uma pessoa ou grupo, tornando-o autogerido.
Programas de incentivos – têm o objetivo de estimular ou premiar o desempenho, estando normalmente associados a uma campa-
nha, competição interna ou programa de recompensa do desempenho. As categorias mais comuns são: programas de reconhecimento,
incentivos monetários, mercadorias e viagens.
Participação nos lucros e resultados – assegurada pela lei 10.101, de 19 de dezembro de 2000, norma que obriga ser a PLR negociada
entre empresa e empregados através de uma comissão tripartite (um representante da empresa, um representante dos empregados e
um representante do sindicato ou com a representação direta do sindicato).

Liderança

O Professor Idalberto Chiavenato diz que “a liderança não deve ser confundida com direção, nem com gerência. Um bom administra-
dor deve ser necessariamente um bom líder. Por outro lado, nem sempre um bom líder é um bom administrador. Na verdade, os líderes
devem estar presentes no nível institucional, intermediário e operacional das organizações. Todas as organizações precisam de lideres em
todos os seus níveis e em todas as áreas de atuação” (CHIAVENATO, 1999, p.558).
A liderança é uma competência que estabelece uma relação de influência, pois o administrador desempenha o papel de líder e com
isso influencia o comportamento de um ou mais liderados. O líder entende as motivações das pessoas que pretende liderar, como ensina
Maximiano (2010). Entretanto, adverte que liderança é mais que uma competência que uns têm e outros não: os liderados, a tarefa e a
conjuntura são fatores a considerar também no conceito de liderança.

LIDERANÇA: CONCEITO E DEFINIÇÕES

Ao longo dos anos, diversas pesquisas têm enfocado o tema Liderança, buscando conceituar esse fenômeno; relacionar características
e habilidades presentes nas pessoas que se destacam como líderes; diferenciar estilos comportamentais, valorizar aspectos situacionais,
enfim, ressaltar as diferentes variáveis que podem intervir nesse processo.
Em 1976, a partir de uma síntese de vários conceitos, a liderança foi definida como o processo de exercer influência sobre um
indivíduo ou um grupo, em uma dada situação, nos esforços para a consecução de objetivos comuns. (HERSEY P, BLANCHARD 1976).

6. MACEDO, op.cit., p.68.

342
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Motta (1998) ressalta que numa perspectiva contemporânea, a) Liderança como processo social
há uma concordância em que a liderança seja um fenômeno grupal Maximiano explica que a liderança não é apenas um atributo
e que envolve um sistema de influência social de um indivíduo da pessoa, mas também um processo social complexo, no qual
sobre os demais; e, ainda, ser um processo coletivo, compartilhado interagem quatro variáveis ou componentes:
entre os elementos de um grupo.
Liderança é o processo pelo qual um indivíduo influencia outros As motivações dos liderados – há uma relação de influência re-
a realizar os objetivos desejados. Dentro da organização de uma cíproca entre líder e liderados, de dependência mútua; a liderança
empresa, o processo de liderança tem a forma de um gerente que é legitimada pelo atendimento das expectativas do grupo de lide-
influencia os subordinados a realizarem os objetivos definidos pela rados, sejam eles “fiéis” (movidos por ideologia) ou “mercenários”
alta gerência. Existem dois tipos diferentes de liderança em qual- (movidos por interesse).
quer organização: aqueles que são definidos, ou líderes formais, A tarefa ou missão – sem missão não há liderança, apenas
e aqueles que agem como líderes de maneira informal. Embora influência ou popularidade, pois a missão deve estar em sintonia
diferentes, ambos os tipos exercem comportamentos de liderança com as motivações dos liderados. Há dois tipos de missão, corres-
para influenciar os outros. (LARA; LUCCA, PIVA, 2000) pondentes aos dois tipos de liderados: missão moral (liderados
Rodrigues (2010) cita alguns aspectos que comumente encon- fiéis) e missão calculista (liderados mercenários).
tramos em diversos líderes: O líder – precisa dirigir os esforços dos outros para realizar ob-
O que as pessoas observam em um líder; jetivos da organização, atingir metas com a colaboração de grupos.
• Competência no que faz: um líder precisa ser competente na A liderança pode se estudada a partir dos traços de personalidade
sua área. Isso não quer dizer que ele tem que ser o melhor opera- dos líderes (determinação, iniciativa nas relações pessoais, vontade
dor ou o melhor vendedor. Mas tem que ter visão ampla da área, de liderar, autoconfiança – contudo, ter os mesmos traços não
passar confiança de que conhece a operação tanto no específico significa necessariamente que a pessoa será um líder), das moti-
como no contexto geral. vações isoladas de outros traços de personalidade (necessidade de
• Ambição positiva: um líder quer mais, busca mais e as poder, segundo McClelland, manifestada pela busca da satisfação
pessoas querem ir no vácuo. Portanto, líderes devem buscar seu pessoal por meio da influência sobre o comportamento alheio =
crescimento e o de sua equipe. líder dominante e que cobra submissão, lealdade e inspiração dos
• Seriedade pessoal e profissional: os líderes devem dar exem- liderados; e pela busca das satisfações coletivas por meio da ênfase
plo de seriedade, honestidade e transparência de princípios, tanto dada ao poder social ou institucional, mobilizando esforços alheios
na vida profissional como na social. As pessoas acompanham o que para realizar a missão do grupo) e da habilidade que pode ser
acontece com seus líderes e sabem o que se passa na vida deles desenvolvida (segundo Mintzberg, a liderança é um complexo de
muito mais do que se imagina. Existe uma autoridade moral a ser habilidades, sendo a principal delas a comunicação = capacidade de
conquistada e mantida e isso passa seguramente por esse item. transmitir sua mensagem de modo a persuadir, inspirar ou motivar
(RODRIGUES, 2010) os liderados).
A conjuntura ou contexto dentro do qual ocorre a relação en-
O que o líder transmite à sua volta; tre o líder e os liderados – é o meio organizacional e social onde se
• Crença no que ele diz e faz: um líder passa confiança em seus dá a liderança, influenciando líder e liderados e definindo o modelo
atos e suas palavras, na medida em que põe em prática o que diz. de liderança a ser seguido. “Todo administrador deve ter profundo
Se ele é competente, ambicioso e sério, irá transmitir essa crença. entendimento da conjuntura de liderança, em particular em seus
• Direção: mesmo quando não está dando ordens diretamen- aspectos culturais” (MAXIMIANO, 2010, p.195).
te, um líder está transmitindo direção. Ele é o timoeiro e as pessoas
vão segui-lo, fazer as coisas que irão se encaixar direta ou indire- b) Estilos de liderança
tamente nos planos gerais e isso, muitas vezes, é até inconsciente Autocracia e democracia são termos que definem dois estilos
nos indivíduos. básicos de liderança, conforme Maximiano (2010):
• Esperança de melhoria: é o conceito do “Estou com ele, Liderança orientada para a tarefa – autocracia, liderança dire-
estou bem”. Bons líderes transmitem uma sensação de conforto, tiva e liderança orientada para a tarefa são nomes que comumente
segurança, aliada sempre a uma expectativa até inconsciente de indicam estilos em que o poder de tomar decisões está concentrado
que as coisas irão melhorar. (RODRIGUES, 2010) no líder. O excesso da autocracia é a tirania (abuso de autoridade).

É relevante ressaltar que Liderança é algo que se conquista e LIDERANÇA AUTOCRÁTICA


para muitas pessoas, há um esforço a ser feito, uma vez que preci- • Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação
sarão modificar muitas coisas na vida. Isso significa que o candidato do grupo;
à líder deve se perguntar: “Eu quero isso?”. • O líder determina as providências e as técnicas para a exe-
O verdadeiro líder acredita nesses aspectos e os internaliza de cução das tarefas, cada uma pôr vez, na medida em que se tornam
forma natural e as pessoas à sua volta percebem isso. A artificia- necessárias e de modo imprevisível para o grupo;
lidade e a superficialidade nessas práticas podem dar margem a • O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e
uma interpretação de falsidade e arrogância, e isso não é nada bom qual o seu companheiro de trabalho;
se queremos cultivar uma imagem de liderança. Então, é preciso • O líder é Dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao
internalizar, acreditar e assumir a postura verdadeiramente. Isso trabalho de cada membro (www.administradores.com).
não significa, entretanto, que as pessoas irão passar a reconhecer Liderança orientada para as pessoas – democracia, liderança
o indivíduo como líder num piscar de olhos. É preciso paciência. O participativa e liderança orientada para as pessoas são nomes que
reconhecimento é uma consequência (RODRIGUES, 2010).7 designam estilos onde há algum grau de participação dos funcio-
nários no poder do chefe ou em suas decisões e, quanto maior
for essa influência dos liderados, mais democrático é o comporta-
mento do líder. O excesso da democracia é a demagogia (buscar a
7. Obtido em http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.
popularidade com os governados).
php?idc_cad=mpiz8nggo

343
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
LIDERANÇA DEMOCRÁTICA A localização de qualquer gerente nessas células, resulta de
• As diretrizes são debatidas pelo grupo, estimulado e assistido mensurações e avaliações da maneira pela qual ele pensa sobre o
pelo líder; papel gerencial e o leva a efeito. Os gerentes podem ser diagnosti-
• O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para car e buscarem assim um posicionamento melhor na grade.
atingir o alvo solicitando aconselhamento técnico ao líder quando
necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas para
o grupo escolher. As tarefas ganham nova perspectivas com os
debates;
• A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada
membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho;
• O líder procura ser um membro normal do grupo, em espíri-
to, sem encarregar-se muito de tarefas;
• O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” em suas críticas e
elogios (www.administradores.com).

Os dois estilos básicos (autocrático e democrático) se des-


dobram em outros, existindo uma escala ou régua dos estilos
de liderança, proposta por Tannenbaum e Schmidt para explicar
a combinação entre a autoridade do gerente e a autonomia dos
liderados. O aumento da autoridade gerencial diminui a autonomia
dos liderados (mais autocracia); o inverso faz aumentar o grau de
democracia.
Maximiano (2010) esclarece que o líder pode ser autocrático e
democrático ao mesmo tempo: os dois estilos não são mutuamente
excludentes ou ideias em conflito, o que traz a ideia da liderança
bidimensional – que gera quatro estilos de liderança (muita ênfase
para a tarefa, pouca ênfase para a tarefa, muita ênfase para as
pessoas, pouca ênfase para as pessoas).
Figura – Grade gerencial de Blake e Mouton
Fonte: Maximiano, 2010, p. 199

De acordo com Maximiano (2010, p.200), os valores são


atribuídos da seguinte maneira: Líder-tarefa, orientado para a pro-
dução (9,1). Líder-pessoas, orientado para as pessoas (1,9). Líder
negligente, que não se preocupa com tarefas nem pessoas (1,1).
Líder equipe, orientado simultaneamente para pessoas e tarefas
(9,9). Líder “meio-termo”, medianamente preocupando-se com
resultados e pessoas (5,5).

c) Relação entre liderança e motivação


Outros modelos de liderança deixam de considerar a divisão
do poder de decisão entre o líder e os liderados, como explica
Maximiano (2010), para focalizar o tipo de recompensa que o líder
oferece. Assim, os dois estilos motivacionais são: o carismático e o
transacional.

Liderança Carismática – A liderança carismática tem como


Figura – Estilo de liderança da Universidade de Ohio essência a premiação por parte do líder à realização da própria
Fonte: SILVA, Reinaldo Oliveira da. 2001, p. 259. tarefa; os liderados recebem recompensas de conteúdo moral,
o líder empenha-se em fazer com que os seus liderados atinjam
O modelo de Blake e Mouton combina os dois estilos e propõe suas metas superando os seus interesses individuais com o máximo
cinco estilos. de comprometimento, tornando-se assim fiéis seguidores. Para
Robert Blake e Jane Mouton imaginaram uma grade gerencial tanto, os líderes carismáticos atentam-se para as necessidades e
que descreve as combinações possíveis entre a preocupação com potencialidades dos liderados, trabalham com a emoção e coragem
as pessoas e as tarefas. Esta grade possui 81 células. O interesse dos seguidores, trazendo inspiração para que ofereçam o máximo
pela produção é representado no eixo horizontal, a importância se de si, ou seja, criam meios de motivar e guiar os liderados, a partir
torna maior para o líder quando caminha na escala horizontal (se de valores e padrões estabelecidos, aos objetivos estabelecidos.
estivesse no nível 9, no eixo horizontal, o líder se mostra com inte- Alguns exemplos de recompensas carismáticas são: satisfação e
resse máximo na produção). O interesse pelas pessoas esta no eixo oportunidade de crescimento pessoal, possibilidade de participar
vertical, a importância se torna maior para o líder quando caminha de projetos desafiadores, agradecimentos pelo desempenho, pro-
na escala vertical (se estiver no nível 9, no eixo vertical, o líder se messa de desenvolvimento de competências, dentre outras.
mostra com interesse máximo nas pessoas).

344
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Liderança Transacional – Na liderança transacional, para atingir A liderança pode funcionar de duas formas: ela pode ser uma
os objetivos propostos, o líder utiliza os interesses dos liderados, autoridade delegada, quando o líder é aquele que possui um cargo
recompensando-os, materialmente ou emocionalmente, pelo de liderança, mas não necessariamente lidera, ou influencia, sua
alcance das metas. Maximiano explica a liderança transacional: A equipe; ou a liderança pode ser uma autoridade natural, quando o
liderança transacional baseia-se no principio de que o desempe- líder é aquele que consegue influenciar ou direcionar a equipe sem,
nho e a competência devem ser recompensados segundo algum necessariamente, possuir um cargo de liderança.
critério. O líder transacional estabelece metas e oferece incentivos A teoria que define os tipos de liderança de acordo com a
para sua realização. Tanto o gerente quanto o funcionário (ou líder personalidade e características do líder é chamada de Teoria dos
e liderado), em uma relação transacional, enxergam o trabalho Traços e foi a primeira a ser desenvolvida a esse respeito. Segundo
como um sistema de trocas entre contribuições e recompensas. A ela existem os seguintes tipos de líder: o “líder executivo”, o “líder
troca tende a ser racional, sem o fundo emocional que caracteriza coercitivo”, o “líder distributivo”, o “líder educativo” e o “líder
a liderança carismática. inspirador”. Mas, esta teoria se baseia no pressuposto de que a
liderança é uma característica nata do líder. Ela não considera os
aspectos referentes às diversas situações enfrentadas pelo líder e
sua equipe, quando os variados tipos de liderança podem se suce-
der (o líder coercitivo, é sempre coercitivo, nunca será educativo,
etc.).
Atualmente liderança é encarada não mais como uma caracte-
rística apenas, mas como um comportamento e, como tal, é algo
que poderia ser aprendido. A “Teoria do Enfoque Situacional”, a
mais recente, além de abranger essa nova visão de liderança,
ainda vai um pouco além, encarando-a como algo que deve ser
considerado dentro de um contexto integrado. Não se deve mais
Figura – Dois estilos de liderança baseados no estimo motivacio- focar apenas, o líder, o subordinado e sua relação com aquele, ou
nalFonte: Maximiano (2010, p.204) mesmo, apenas as situações em que a liderança se insere. Mas
todos estes fatores conjuntamente.
Maximiano demonstra algumas recompensas que podem ser De acordo com a nova abordagem da liderança foram traçados
oferecidas pelo líder transacional, como: promoções, aumentos estilos de liderança que refletem alguns padrões:
salariais, autonomia e liberdade no uso do tempo, atendimento O “Líder carismático”: carisma é uma palavra grega que significa
às solicitações, dentre outras. Os dois tipos de recompensa, psi- “dom de inspiração divina”. Ou seja, o líder carismático é aquele
cológica e material, devem ser equilibrados. Em certas situações, que inspira em seus liderados a confiança, aceitação incondicional,
a recompensa material é mais eficaz e em outras a psicológica. A obediência espontânea e envolvimento emocional. O líder carismá-
figura aponta as características das lideranças carismáticas e tran- tico é visto por seus liderados como alguém que possui qualidades
sacionais. excepcionais. “Carismáticas” em sua acepção original. Um exemplo
De acordo com o SEBRAE, “mais do que simplesmente chefiar, deste tipo de líder são os líderes religiosos como Jesus Cristo ou
liderar é fazer com que um grupo de pessoas trabalhem em equipe Gandhi;
e gerem os resultados desejados pela empresa. Para isto, um líder O “Líder executivo”: é aquele que surgiu por causa da busca das
deve possuir habilidades como capacidade de motivar e influenciar organizações pela obtenção da ordem, ele costuma possuir muitas
as pessoas que trabalham com ele e qualidades como dedicação, habilidades técnicas, competência;
equilíbrio e vocação.8 Significa dizer que o líder é um agente estra- “Líder coercitivo”: aquele que exerce a liderança através da
tégico dentro da organização, pois responde em grande parte pelos coerção, violência, que pode ser verbal ou física. Neste estilo de
bons resultados e o crescimento do negócio, sempre buscando liderança a relação entre líder e liderado é instável;
novas formas de aprimorar o relacionamento com os seus colabo- O “Líder distributivo”: aquele que apenas delega tarefas, sem-
radores. pre controlando, acompanhando de perto e cobrando resultados. É
Chefiar, segundo o Corpo de Bombeiros do Estado Rio de Ja- o líder que não constrói nem destrói mantendo um posicionamento
neiro, “é simplesmente, fazer um grupo funcionar para que sejam de “posições e papéis”;
atingidos determinados objetivos, enquanto, que liderar, é mais do O “líder educativo”, aquele que costuma dar o exemplo, seus
que isso, é a habilidade de exercer influência e ser influenciado pelo liderados tem uma relação de responsabilidade com o trabalho.
grupo, através de um processo de relações interpessoais adequa- É onde existe abertura para troca de conhecimentos não apenas
das para a consecução de um ou mais objetivos comuns a todos técnicos, mas também humanos;
os participantes”. Para este órgão, liderar é engajar-se em um ato O “Líder inspirador”, aquele que raramente precisa dar ordens
que inicia uma estrutura nas interações como parte do processo de a seus liderados, eles se sentem atraídos pela figura do líder e estão
solucionar um problema mútuo. dispostos a fazer o que é necessário.
Frequentemente a liderança é definida como uma forma de do-
minação, ou controle, baseada no prestígio e aceito pelo dirigido.
Mas, com a evolução das teorias que estudam a liderança, levan-
do-se em consideração as situações, a figura do líder, e mesmo
as relações entre líder e liderados, este conceito vem mudando e
liderança passa a ser não apenas dominação ou controle, mas um
papel assumido, conscientemente ou não, pela pessoa do líder.

36. http://www.sebrae.com.br/momento/quero-melhorar-minha-empresa/
comece-por-voce/lider anca

345
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
6. (CESPE/TC-DF) A respeito das funções de caráter estratégico
EXERCÍCIOS desempenhadas por organizações públicas, julgue o próximo item.
O termo educação corporativa, adotado por unidades de ges-
1. (CESPE/ANAC) A respeito de gestão de pessoas, julgue os tão de pessoas, relaciona-se ao diagnóstico e ao planejamento de
item abaixo. programas e de ações de aprendizagem direcionados por objetivos
O mapeamento de competências origina tanto lacunas de organizacionais de curto prazo.
aprendizagem a serem desenvolvidas como insumos para a reali- ( ) Certo
zação de avaliações de desempenho nas organizações, o que repre- ( ) Errado
senta uma tendência da gestão de pessoas no setor público.
( ) Certo 7. Julgue as sentenças a respeito do paradigma pós-burocrá-
( ) Errado tico, da administração pública gerencial e da nova administração
pública.
2. (CESPE/MTE) - Agente Administrativo ) No que se refere ao I. O ideal do movimento da nova administração pública nos
comportamento organizacional, julgue o item a seguir. anos 60 era a superação da burocracia no sentido do resgate da
A motivação para o trabalho, por vincular-se a um aspecto in- racionalidade substantiva dos sistemas administrativos.
trínseco ao indivíduo, de difícil observação, não pode ser influencia- II. O termo “pós-burocrático” está mais associado à relativa
perda de poder das organizações públicas contemporâneas que às
da por práticas de gestão de pessoas.
emergentes novas formas organizacionais discrepantes do tipo ide-
( ) Certo
al weberiano.
( ) Errado
III. A abordagem do new public management é mais um recur-
so estruturador da discussão sobre as transformações ocorridas na
3. (IADES/METRÔ-DF) No que diz respeito à atração e à reten-
gestão pública nas duas últimas décadas que um paradigma prescri-
ção de talentos nas organizações, assinale a alternativa correta.
tivo de reforma do estado.
(A) O recrutamento integra o processo de agregar pessoas e
IV. A “administração pública gerencial” busca diferenciar-se da
funciona logo após a seleção burocrática no sentido de que se proclama orientada para resulta-
(B) Enquanto o objetivo da seleção é abastecer o processo se- dos, focada no cidadão, flexível e aberta ao controle social.
letivo de candidatos, o objetivo do recrutamento é escolher e V. A implementação da “administração pública gerencial”, con-
classificar os candidatos mais adequados às necessidades do forme proposta pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Es-
cargo e da organização. tado, requer prévia implementação da administração burocrática e
(C) O processo seletivo pode estar fundamentado no cargo a completa eliminação da administração patrimonial.
ser preenchido ou nas competências a serem capturadas.
(D) A seleção de pessoal não é um sistema de comparação, Estão corretos apenas os itens
mas sim de escolha (tomada de decisão). (A) I, II e I
(E) A entrevista de seleção é considerada uma técnica altamen- (B) I, III e IV
te objetiva, com baixa margem de erro e variação. (C) I, IV e V
(D) II, III e V
4. (CESPE/FUB) Considerando a gestão do clima e da cultura or- (E) III, IV e V
ganizacional como estratégia necessária à gestão de pessoas, julgue
o item seguinte. 8. (ESAF) - “Estrutura formal, objeto de grande parte de estu-
O nível de favorabilidade do clima organizacional pode ser ava- dos das organizações empresariais, é aquela deliberadamente pla-
liado com base em taxa de turnover e de absenteísmo, em resulta- nejada, em alguns de seus aspectos, pelo organograma. Estrutura
dos de avaliações de desempenho e em tipos de queixas no serviço informal é a rede de relações sociais e pessoais que não é estabe-
médico. lecida ou requerida pela estrutura formal. Surge da interação social
( ) Certo das pessoas, o que significa que se desenvolve espontaneamente
( ) Errado quando as pessoas se reúnem. Portanto, apresenta relações que
usualmente não aparecem no organograma.”
5. CESGRANRIO/Petrobras) Na gestão do desempenho, o de- (Trecho extraído do livro Sistemas, organização e métodos:
senvolvimento da avaliação do desempenho apresenta objetivos uma abordagem gerencial, de Djalma de Pinho Rebouças de Olivei-
fundamentais para o alcance do sucesso da organização. ra. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2000, p. 82).
Entre os objetivos da avaliação de desempenho NÃO se inclui Indique, nas opções abaixo, aquela que não se apresenta como
o de uma das características da organização formal:
(A) fornecer oportunidade de crescimento e condições de efe- (A) Divisão do trabalho.
tiva participação a todos os membros da organização, levando em (B) Especialização.
consideração os objetivos organizacionais e individuais. (C) Hierarquia.
(B) garantir o reconhecimento e o tratamento dos recursos (D) Distribuição da autoridade e de responsabilidade.
humanos como importante vantagem competitiva da organiza- (E) Ênfase nas relações entre pessoas no trabalho.
ção, cuja produtividade pode ser desenvolvida.
(C) permitir condições de medição do potencial humano, no
sentido de determinar sua plena aplicação.
(D) propor providências no sentido de melhorar o padrão de
desempenho de subordinados.
(E) viabilizar a avaliação de comportamento dos subordinados,
contando com um sistema amplo de medição capaz de levar
em consideração as subjetividades individuais.

346
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
9. (CESPE/TRE-MT) - Com relação ao processo organizacional, 12. (FCC/TRF - 1ª REGIÃO) - Parte superior do formulário
assinale a opção correta. Na fase de iniciação de um projeto, antes de tudo, deve-se
(A) Na realidade das organizações modernas, não há motivo (A) decidir se um projeto deve ser iniciado, entre vários pos-
administrativo para se manter uma estrutura organizacional síveis
predominantemente centralizada. (B) definir as atividades necessárias para desenvolvimento do
(B) A abordagem divisional da departamentalização ocorre produto a ser entregue
quando as atividades são agrupadas de acordo com as habili- (C) detalhar o escopo e os requisitos básicos do projeto
dades, conhecimentos e recursos similares. (D) elaborar detalhadamente as informações sobre o projeto
(C) Os administradores que atuam de acordo com a teoria X dos (E) escolher as pessoas certas para a implantação e avaliação
estilos de direção tendem a dirigir e controlar os subordinados do projeto.
de maneira rígida e intensiva, fiscalizando constantemente seu
trabalho. 13. (CNJ/CESPE) Com referência a organização e processo deci-
(D) No exercício do controle, o administrador deve estar mais sório, julgue os próximos itens.
atento aos casos padronizados do que às exceções. O processo racional de tomada de decisão pressupõe que o
(E) Os controles táticos devem estar localizados no mais alto agente tenha conhecimento absoluto de todas as opções disponí-
nível da organização. veis para a ação.
( ) Certo
10. (FCC/Sergipe Gás S.A) - Estrutura Organizacional é ( ) Errado
(A) o conjunto de tarefas desempenhado por uma ou mais pes-
soas, servindo como base para a departamentalização 14. (CNJ/CESPE) Com referência a organização e processo deci-
(B) a posição hierárquica que uma pessoa ocupa na empresa e sório, julgue os próximos itens.
o conjunto de atribuições a ela conferido. As decisões do tipo não programadas ou descritivas são aque-
(C) a forma pela qual as atividades de uma organização são di- las preparadas uma a uma para tratar de problemas que não foram
vididas, organizadas e coordenadas resolvidos mediante a aplicação de soluções padronizadas.
(D) a cadeia de comando que se inicia nos gestores de topo e ( ) Certo
segue até os trabalhadores não gestores, passando sucessiva- ( ) Errado
mente por todos os níveis organizacionais
(E) a guia de conduta, estável e de longo prazo, estabelecida 15. (FCC/TRF - 1ª REGIÃO) Uma causa frequente de conflitos
para dirigir a tomada de decisões nas organizações é
(A) a ambiguidade de papéis.
11. (FCC/TCE-AP) - Em relação aos processos organizacionais, (B) a existência de objetivos compartilhados.
considere: (C) a limitação de recursos.
I. A função de planejamento numa organização guarda uma (D) a hierarquia de responsabilidades.
relação direta com a função de controle, enquanto a função de di- (E) o excesso de liberdade.
reção tem relação direta com a função de organização do trabalho.
II. As habilidades técnicas são mais relevantes entre superviso- 16. (FCC/TRT 9ª)Em uma organização que atua num ambiente
res de 1a linha, as habilidades conceituais maiores na administra- competitivo, em constante mudança, e que necessita se adaptar e
ção superior e as habilidades humanas, mais requeridas no nível da inovar constantemente seus processos, o tipo de departamentaliza-
gerência intermediária. ção mais adequado é o
III. A organização matricial prevê maior flexibilização dos limi- (A) por processos.
tes entre departamentos, possibilitando que os funcionários repor- (B) por área geográfica.
tem-se a diferentes gestores. (C) por clientes.
IV. Um elenco de maneiras para se superar barreiras de comu- (D) matricial.
nicação inclui a utilização de feedback, observar sinais não-verbais, (E) funcional.
escutar com atenção, simplificar a linguagem, além de conter as
emoções. 17. (FCC/TRF) Numa visão estratégica de recursos humanos, a
V. Indiferentemente ao controle preventivo, simultâneo ou de soma dos conhecimentos, informações e experiência de todos em
feedback adotados na gestão, os mesmos servem para medir o de- uma empresa, que podem ser administrados a fim de gerar riqueza
sempenho real, comparar o desempenho com o padrão, e tomar e vantagem competitiva, é:
medidas de ação corretiva. (A) inteligência emocional.
(B) empowerment.
Está correto o que se afirma APENAS em (C) downsizing.
(A) I, II, III e IV (D) capital intelectual.
(B) I, II, IV e V. (E) capital social.
(C) I, III,IV e V.
(D) II,III e IV. 18. (TRT 10ª/ 2013 - CESPE - Analista Judiciário – Administra-
(E) II, IV e V tiva) Acerca de noções de administração, julgue os itens a seguir.
Os modos de conversão do conhecimento (externalização, in-
ternalização, socialização e combinação) são operacionalizados nas
organizações a partir dos espaços de interação, chamados de ba,
em que conhecimentos, experiências, habilidades e demais recur-
sos valiosos são combinados nas interações entre as pessoas.
( ) Certo
( ) Errado

347
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 CERTO ______________________________________________________
2 ERRADO ______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 CERTO
5 E ______________________________________________________
6 ERRADO ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 E
9 C ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 A
13 ERRADO ______________________________________________________
14 CERTO ______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 D
17 D ______________________________________________________

18 CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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348
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO. GESTÃO DE ESTOQUES. COMPRAS. MODALIDADES DE


COMPRA. CADASTRO DE FORNECEDORES. RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM. ENTRADA. CONFERÊNCIA. CRITÉRIOS E
TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM

ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de forma efetiva, riqueza.

Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que planeja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o
fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e comprar até a entrega do produto terminado para o cliente.
É um sistema integrado com a finalidade de prover à administração, de forma contínua, recursos, equipamentos e informações essen-
ciais para a execução de todas as atividades da Organização.

Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais


A evolução da Administração de Materiais processou-se em várias fases:
- A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empresa, pois comprar era a essência do negócio;
- Atividades de compras como apoio às atividades produtivas se, portanto, integradas à área de produção;
- Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos aca-
bados, em uma organização independente da área produtiva;
- Agregação à área logística das atividades de suporte à área de marketing.

Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a Admin-
istração de Materiais é uma ferramenta fundamental para manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-prima, porém
não haja excedentes.
Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de produz-
ir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administração de Materiais tem como função principal o controle de produção e estoque,
como também a distribuição dos mesmos.

As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais


1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar outras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade.

Visão Operacional e Visão Estratégica


Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a atividades específicas. Melhorar algo que já existe.
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance de
maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de maneira interrelacional.
Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do autor era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das ações
dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de são recompensados pela Organização. Na moderna interpretação da Fábula
a autora passa a idéia de que precisamos além de trabalhar investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, poderemos não só
garantir a sustentabilidade da Organização para os diversos invernos como, também, fazê-los em Paris.
Historicamente, a administração de recursos materiais e patrimoniais tem seu foco na eficiência de processos – visão operacional.
Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser chamada de área de logística dentro das Organizações devido à ênfase na melhor
maneira de facilitar o fluxo de produtos entre produtores e consumidores, de forma a obter o melhor nível de rentabilidade para a organ-
ização e maior satisfação dos clientes.
A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estratégica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e não baseado
na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica a Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser conhecida por
LOGISTICA.

349
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Sendo assim:
VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
EFICIENCIA EFETIVIDADE
ESPECIFICA SISTEMICA
QUANTITATIVA QUANTITATIVA E QUALTAITIVA
MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO
QUANTO QUANDO

Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais


- Qualidade do material;
- Quantidade necessária;
- Prazo de entrega
- Preço;
- Condições de pagamento.

Qualidade do Material
O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua aceitação dentro e fora da empresa (mercado).

Quantidade
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades da produção e estoque, evitando a falta de material para o abasteci-
mento geral da empresa bem como o excesso em estoque.

Prazo de Entrega
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendimento aos consumidores e evitar falta do material.

Menor Preço
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posição da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um lucro
maior.

Condições de pagamento
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha maior flexibilidade na transformação ou venda do produto.

Diferença Básica entre Administração de Materiais e Administração Patrimonial


A diferença básica entre Administração de Materiais e Administração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a dis-
tribuição ao consumidor externo e a área patrimonial é responsável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a con-
servação e manutenção de bens.
A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada
ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições. Tais
atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o fornec-
imento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques etc.
A Administração de Materiais destina-se a dotar a administração dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis
ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do momento
oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência do supri-
mento após esse momento poderá levar a falta do material necessário ao atendimento de determinada necessidade da administração.
São tarefas da Administração de Materiais:
- Controle da produção;
- Controle de estoque;
- Compras;
- Recepção;
- Inspeção das entradas;
- Armazenamento;
- Movimentação;
- Inspeção de saída
- Distribuição.

Sem o estoque de certas quantidades de materiais que atendam regularmente às necessidades dos vários setores da organização, não
se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, aos serviços
administrativos e à produção de bens e serviços, formam grupos ou classes que comumente constituem a classificação de materiais. Estes
grupos recebem denominação de acordo com o serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à natureza dos materiais que
neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de demanda, estocagem, etc.

350
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Classificação de Materiais função de uma boa classificação do material, poderemos partir para
Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as informações
dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar con- necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou le-
fusão, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo tras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o al-
que seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A clas- fabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se
sificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de ma- a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico
terial ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos e numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema uti-
poderão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos en- lizado deve estar voltada para obtenção de uma codificação clara e
tre si. Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a
segundo critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semel- respeito do material. Este processo ficou conhecido como “código
hança, sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de
alteração na qualidade. afastar todos os elementos de confusão que porventura se apre-
O objetivo da classificação de materiais é definir uma cata- sentarem na pronta identificação de um material.
logação, simplificação, especificação, normalização, padronização O sistema classificatório permite identificar e decidir priori-
e codificação de todos os materiais componentes do estoque da dades referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão
empresa. de estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento
O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa- da empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos ma-
mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle teriais.
eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas
correto do almoxarifado. características: ser abrangente, flexível e prático.
- Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
- Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
Catalogação de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de mento do estoque;
materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjun- - Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
to de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadas- Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária
trados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
empresa. Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi- materiais.
dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso
de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a Para o autor Viana os principais tipos de classificação são:
simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplifi- - Por tipo de demanda
carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as - Materiais críticos
despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com - Pericibilidade
capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que - Quanto à periculosidade
haja a normalização. - Possibilidade de fazer ou comprar
Ao requisitar uma quantidade desse material, o usuário irá for- - Tipos de estocagem
necer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e formato), - Dificuldade de aquisição
o que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como - Mercado fornecedor.
também o desempenho daqueles que se servem do material, pois a
não simplificação (padronização) pode confundir o usuário do ma- - Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda se
terial, se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. Mate-
de maneira totalmente diferente. riais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para
os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses
Especificação materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais
material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição
material a ser requisitado. quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se
forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no
Normalização estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são materi-
A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser uti- ais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para
lizados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimen-
e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar to automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino- automático, com base na demanda prevista e na importância para
logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida a empresa.
e formato.
Os materiais de estoque se subdividem ainda;
Codificação
É a apresentação de cada item através de um código, com as Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que
informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armazena- processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
dos no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo

351
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos como materiais em processamento que estão sendo processados ao
longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque porque já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque ainda
não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manutenção com
utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa. Materiais de
consumo geral: materiais de consumo, aplicados em diversos setores da empresa.

Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo
que é essencial do que é secundário em termos de valor de consumo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta cham-
ada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a importância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio consumo em
determinado período. Curva ABC é um importante instrumento para se examinar estoques, permitindo a identificação daqueles itens que
justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normal-
mente 6 meses ou 1 ano), do consumo em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque eles possam ser classificados
em ordem decrescente de importância.
Os materiais são classificados em:
- Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser trabalhados com uma atenção especial pela administração. Os dados aqui
classificados correspondem, em média, a 80% do valor monetário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são orienta-
tivos e não são regra).
- Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
gundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gerarem custo
de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, somente 5% do
valor monetário total representam esta classe, porém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são orientadores e não
são regra).

Metodologia de cálculo da curva ABC


A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de prior-
idades, para a programação da produção.

Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes,
desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes, segundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes.
Assim, economiza-se tempo e recursos.
Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o processo em 6 etapas a seguir:
1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada um
deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com esses
dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a quantidade pelo custo unitário.
3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumulado
e os percentuais do custo total acumulado de cada item em relação ao total.
5º) Construir a curva ABC

352
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total
acumulado.

6º) Análise dos resultados


Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

Valor Impor-
Classe % itens
acumulado tância
A 20 80% Grande
B 30 15% Interme-
diária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

Valor Itens em
Classe Nº itens % itens
acumulado estoque
A 2 16,7% 80,1% Faca,
Jarro
B 3 25,0% 15,6% Aponta-
dor, Esqua-
dro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Li-
vro, Herói,
Caixa, Bola,
Giz, Isquei-
ro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C
(sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais
rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter
o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem
colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais
classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em
curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas,
ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?
Ainda em relação aos tipos de materiais temos;

353
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
- Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais
demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvol-
risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, vendo fornecedores nacionais.
devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, por-
tanto, sujeitos ao controle de obsolescência. Recebimento e Armazenagem
A quantidade de material cadastrado como material crítico Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de
dentro de uma empresa deve ser mínimo. compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade
Os materiais são classificados como críticos segundo os seguin- a conferência dos materiais destinados à empresa.
tes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material impor- As atribuições básicas do Recebimento são:
tado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de difícil ob- - Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devo-
tenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de materiais lução de materiais;
de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte; - Analisar a documentação recebida, verificando se a compra
Críticos por problemas de armazenagem ou transporte de materi- está autorizada;
ais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes di- - Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto
mensões; Críticos por problema de previsão, por ser difícil prever de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos;
seu uso; Críticos por razões de segurança de materiais de alto custo - Proceder a conferência visual, verificando as condições de
de reposição ou para equipamento vital da produção. embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se
for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos docu-
- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados mentos;
de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades - Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos mate-
físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classi- riais recebidos;
ficação; assim, quando a empresa adquire um material para ser - Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso;
usado em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua - Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da libe-
utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a esto- ração de pagamento ao fornecedor;
cagem por longos períodos. Ex. alimentos, remédios; - Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxa-
rifado;
- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite
a identificação de materiais que devido a suas características físi- A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite dividir
co-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, trans- a função em quatro fases:
porte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis.
1a fase - Entrada de Materiais
- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa de- A recepção dos veículos transportadores efetuada na portaria
terminar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fab- da empresa representa o início do processo de Recebimento e tem
ricados internamente ou comprados: os seguintes objetivos:
- Fazer internamente: fabricados na empresa; - A recepção dos veículos transportadores;
- Comprar: adquiridos no mercado; - A triagem da documentação suporte do recebimento;
- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; - Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise,
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a está autorizada pela empresa;
análise de custos. - Constatação se a compra autorizada está no prazo de entrega
contratual;
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados em - Constatação se o número do documento de compra consta
materiais de estocagem permanente e temporária. na nota fiscal;
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis - Cadastramento no sistema das informações referentes a com-
de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes. pras autorizadas, para as quais se inicia o processo de recebimento;
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- - O encaminhamento desses veículos para a descarga;
mento, ou seja, é um material não de estoque.
As compras não autorizadas ou em desacordo com a pro-
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classificados gramação de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os
por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisição e motivos no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve para
materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: Fabri- as operações de análise de avarias e conferência de volumes é o
cação especial: envolve encomendas especiais com cronograma de “Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga”, que é emitido
fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no merca- quando do recebimento da mercadoria a ser transportada.
do e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalidade: há As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em
alteração da oferta do material em determinados períodos do ano; relação às condições de contrato devem motivar a recusa do rece-
Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único for- bimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fiscal as circun-
necedor; Logística sofisticada: material de transporte especial, ou stâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos do
difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves burocráti- transportador. O exame para constatação das avarias é feito através
cos, liberação de verbas ou financiamentos externos. da análise da disposição das cargas, da observação das embalagens,
quanto a evidências de quebras, umidade e amassados.
- Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente li- Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser
gada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mer- encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do materi-
cado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais do al no Almoxarifado, a recepção é voltada para a conferência de vol-
umes, confrontando-se a Nota Fiscal com os respectivos registros

354
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
e controles de compra. Para a descarga do veículo transportador A função de armazenamento de material é agir com maior agil-
é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais sejam: idade entre suprimento e as necessidades de produção.
paleteiras, talhas, empilhadeiras e pontes rolantes. O armazenamento incorpora diversos aspectos diferentes das
O cadastramento dos dados necessários ao registro do rece- operações logísticas. Devido à interação, o armazenamento não
bimento do material compreende a atualização dos seguintes sis- se enquadra nitidamente em esquemas de classificação utilizados
temas: quando se fala em gerenciamento de pedidos, inventário ou trans-
porte.
- Sistema de Administração de Materiais e gestão de esto-
ques: dados necessários à entrada dos materiais em estoque, vi- As atividades que compõem a armazenagem são:
sando ao seu controle; - Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a
identificação do material recebido, analisar o documento fiscal com
- Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação de o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal.
pendências com fornecedores, dados necessários à atualização da - Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda
posição de fornecedores; do material. A classificação dos estoques constitui-se em: estoque
de produtos em processo, estoque de matéria – prima e materiais
- Sistema de Compras : dados necessários à atualização de sal- auxiliares ,estoque operacional, estoque de produtos acabados e
dos e baixa dos processos de compras; estoques de materiais administrativos.
- Distribuição: está relacionada à expedição do material, que
2a fase - Conferência Quantitativa envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estocagem,
É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo for- a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu des-
necedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida. A tino final. Nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de
conferência por acusação também conhecida como “contagem saída para que haja controle do estoque.
cega “ é aquela no qual o conferente aponta a quantidade recebida,
desconhecendo a quantidade faturada pelo fornecedor. A confron- Tipos de armazenagem:
tação do recebido versus faturado é efetuada a posteriori por meio A armanezagem temporária tem como função conseguir uma
do Regularizador que analisa as distorções e providencia a recon- forma de arrumação fácil de material, como por exemplo, a colo-
tagem. cação de estrados para uma armazenagem direta entre outros.
Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes po- Já a armazenagem permanente tem um local pré-definido para o
dem ser contados utilizando os seguintes métodos: depósito de materiais, assim o fluxo do material determina a dis-
- Manual: para o caso de pequenas quantidades; posição do armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, as-
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens sim, garantindo a organização do mesmo.
padronizadas com grandes quantidades;
- Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos que Vantagens da armazenagem:
envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos, A armazenagem quando efetuada de maneira correta pode
porcas, arruelas; trazer muitos benefícios, nos quais traz diretamente a redução de
- Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesa- custos.
gem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferroviárias; - Redução dos custos de movimentação bem como das exis-
- Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas; tências;
- Facilidade na fiscalização do processo;
3a fase - Conferência Qualitativa - Redução de perdas e inutilidades.
Visa garantir a adequação do material ao fim que se destina. A - Aproxima a empresa de seus clientes e fornecedores;
análise de qualidade efetuada pela inspeção técnica, por meio da - Agiliza o processo de entrega;
confrontação das condições contratadas na Autorização de Fornec- - Compensa defasagens de produção
imento com as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornecedor, visa ga- - Melhor aproveitamento do espaço;
rantir o recebimento adequado do material contratado pelo exame
dos seguintes itens: Desvantagens da armazenagem:
Algumas desvantagens segundo:
- Características dimensionais; - Imobilização de capital;
- Características específicas; - A armazenagem requer serviços administrativos de controles
- Restrições de especificação; e gerenciamento;
- A mercadoria tem prazo de validade nos quais devem ser res-
A armazenagem nada mais é do que um conjunto de funções peitados;
que tem nele a recepção, descarga, carregamento, arrumação e - Um armazém de grande porte requer máquinas com tecno-
conservação de matérias – primas, produtos acabados ou semi – logia.
acabados.
Armazenagem em função das prioridades
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz resulta-
Não existe nenhuma norma que regule o modo como os ma-
dos quando é realizado uma operação com o objetivo de lhe acres-
teriais devem estar dispostos no armazém, porém essa decisão de-
centar valor. A armazenagem pode ser definida como o compromis-
pende de vários fatores. Senão veja-se:
so entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na prática
isso só é possível se tiver em conta todos os fatores que influenciam
os custos de armazenagem, bem como a importância relativa dos
mesmos.

355
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Armazenagem por agrupamento: - Armazém de commodities: Madeira, algodão, tabaco e cere-
Esta espécie de armazenagem facilita a arrumação e busca de ais;
materiais, podendo prejudicar o aprovisionamento do espaço. É o - Armazém para granel: A armazenagem deste material deve
caso dos moldes, peças, lotes de aprovisionamento aos quais se ocorrer nas imediações do local de utilização, pois o transporte des-
atribui um número que por sua vez pertence a um grupo, identif- te tipo de material é dispendioso. Para grandes quantidades deste
icando-os com a divisão da estante respectiva . material a armazenagem faz-se em silos ou reservatórios de gran-
des dimensões. Para quantidades menores utilizam-se bidões, latas
Armazenagem por tamanho, peso e característica do material. e caixas. Armazena-se grãos, produtos líquidos, etc;
Neste critério o talão de saída deve conter a informação relati- - Armazéns frigorificados: Produtos perecíveis, frutas, comida
va ao setor do armazém onde o material se encontra. Este critério congelada, etc;
permite um melhor aprovisionamento do espaço, mas exige um - Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Produtos
controlo rigoroso de todas as movimentações. domésticos e mobiliário;
- Armazéns de mercadorias em geral: Produtos diversos. O
Armazenagem por frequência principal objetivo é agregar o material em unidades de transporte e
O controle através da ficha técnica permite determinar o local armazenagem tão grandes quanto possíveis, de modo a preencher
onde o material deverá ser colocado, consoante a frequência com o veiculo por completo.
que este é movimentado. A ficha técnica também consegue verific- - Gases - Os gases obedecem a medidas especiais de precau-
ar o tamanho das estantes, de modo a racionalizar o aproveitamen- ção, uma vez que tornam-se perigosos ao estarem sujeitos a altas
to do espaço. pressões e serem inflamáveis. Por sua vez a armazenagem de gar-
rafas de gás está sujeita a regras específicas e as unidades de trans-
Armazenagem com separação entre lote de reserva e lote diário porte são por norma de grandes dimensões.
Esta armazenagem é constituída por um segundo armazém de
pequenos lotes o qual se destina a cobrir as necessidades do dia- Critérios de Armazenagem
a-dia. Este armazém de movimento possui uma variada gama de Dependendo das características do material, a armazenagem
materiais. pode dar-se em função dos seguintes parâmetros:

Armazenagem por setores de montagem - Fragilidade;


Neste tipo de armazenagem as peças de série são englobadas - Combustibilidade;
num só grupo, de forma a constituir uma base de uma produção por - Volatilização;
família de peças. Este critério conduz à organização das peças por - Oxidação;
prioridades dentro de cada grupo. - Explosividade;
- Intoxicação;
A mecanização dos processos de armazenagem fará com que o - Radiação;
critério do percurso mais breve e de menor frequência seja imple- - Corrosão;
mentado na elaboração de novas técnicas de armazenagem - Inflamabilidade;
- Volume;
Tipos de Armazenagem - Peso;
Armazenagem temporária - Forma.
Aqui podem ser criadas armações corridas de modo a con- Os materiais sujeitos à armazenagem não obedecem regras
seguir uma arrumação fácil do material, colocação de estrados para taxativas que regulem o modo como os materiais devem ser dispos-
uma armazenagem direta, pranchas entre outros. Aqui a força da tos no Almoxarifado. Por essa razão, deve-se analisar, em conjunto,
gravidade joga a favor. os parâmetros citados anteriormente, para depois decidir pelo tipo
de arranjo físico mais conveniente, selecionando a alternativa que
Armazenagem permanente melhor atenda ao fluxo de materiais:
É um processo predefinido num local destinado ao depósito de 1. armazenagem por tamanho: esse critério per-
matérias. mite bom aproveitamento do espaço;
O fluxo de material determina: 2. armazenamento por frequência: esse critério
- A disposição do armazém - critério de armazenagem; implica armazenar próximo da saída do almoxarifado os materiais
- A técnica de armazenagem - espaço físico no armazém; que tenham maior frequência de movimento;
- Os acessórios do armazém; 3. armazenagem especial, onde destacam-se:
- A organização da armazenagem. a) ambientes climatizados;

b) os produtos inflamáveis, que são armazenados sob rígidas


Armazenagem interior/exterior normas de segurança;


A armazenagem ao ar livre representa uma clara vantagem a c) os produtos perecíveis (os método FIFO)

nível econômico, sendo esta muito utilizada para material de ferra- 1. Armazenagem em área externa: devido à sua natureza,

gens e essencialmente material pesado. muitos materiais podem ser armazenados em áreas externas, o que
diminui os custos e amplia o espaço interno para materiais que ne-
Armazenagem em função dos materiais cessitam de proteção em área coberta. Podem ser colocados nos
A armazenagem deve ter em conta a natureza dos materiais pátios externos os materiais a granel, tambores e “containers”,
de modo a obter-se uma disposição racional do armazém, sendo peças fundidas e chapas metálicas.
importante classificá-los. 2. Coberturas alternativas: não sendo possível a expansão

do almoxarifado, a solução é a utilização de galpões plásticos, que


dispensam fundações, permitindo a armazenagem a um menor cus-
to.

356
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Independentemente do critério ou método de armazenamento INTERMEDIÁRIOS
adotado é oportuno observar as indicações contidas nas embala- Relacionam-se abaixo, alguns exemplos dos principais inter-
gens em geral. mediários atuantes em um canal de distribuição:
- Varejista: tipo de intermediário cujo principal objetivo é re-
Estudo do layout alizar a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente final.
Alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto do lay- Ex.: Supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de calçados, etc.
out de um almoxarifado, de forma que se possa obter as seguintes - Atacadista: intermediário que compra e revende mercadorias
condições: para os varejistas e a outros comerciantes e/ou para estabelecimen-
1. Máxima utilização do espaço;

tos industriais, institucionais e usuários comerciantes, mas que não


2. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra e

vende em pequenas quantidades para clientes finais. Ex.: Martins,


equipamentos); Atacadão
3. Pronto acesso a todos os itens;

- Distribuidor: geralmente, esse termo é confundido com o At-


4. Máxima proteção aos itens estocados;
acadista. Porém, para bens industriais, o mesmo agrega, além da

5. Boa organização;
venda, armazenagem e assistência técnica dentro de uma área ge-

6. Satisfação das necessidades dos clientes


ográfica delimitada de atuação, ou seja, busca atender demandas

mais regionalizadas. Ex.: Distribuidor de tratores e implementos


No projeto de um almoxarifado devem ser verificados os
seguintes aspectos: agrícolas em uma determinada região.
1. Itens a serem estocados (itens de grande circulação, - Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações de
curto prazo): pessoas jurídicas comissionadas que vendem uma

grande peso e volume);


2. Corredores (facilidades de acesso); linha de produtos de uma empresa sob relação contratual. Podem
trabalhar com exclusividade apenas os produtos de uma única em-

3. Portas de acesso (altura, largura);


presa (agentes exclusivos) ou trabalham com produtos similares de

4. Prateleiras e estruturas (altura x peso);


5. Piso (resistência).

empresas diferentes (agentes não exclusivos).
Distribuição De Materiais
IMPORTÂNCIA DOS INTERMÉDIARIOS
O processo de distribuição: conceitos e estratégias Pode-se identificar diversos aspectos que justificam a im-
Ter um bom produto (bem ou serviço) não basta! Há a neces- portância dos intermediários no canal de distribuição, dentre esses
sidade que esse produto chegue até o cliente da melhor forma destacam-se:
possível, seja esse um produto de consumo ou industrial. Nesse - Aumento da eficiência do processo de distribuição, pois não
sentido, é necessário identificar adequadamente os meios para dis- seria eficiente para um fabricante ou produtor buscar atender clien-
tribuir o produto, para que esse chegue ao cliente certo, na quanti- tes individualmente;
dade certa e no momento certo. - Transformação das transações em processos repetitivos e ro-
Um bom produto pode não ter aceite do mercado, caso esse tineiros, simplificando atividades e os processos de pedido, paga-
não esteja disponível nos lugares certos para o consumo. Portan- mento, etc.
to, o sucesso ou fracasso de um produto no mercado depende de - Facilitação do processo de busca de produtos, ampliando o
sua disponibilidade para consumo, no tempo e quantidade certa. O acesso dos clientes a uma gama maior de produtos.
cliente ao procurar uma determinada marca, não encontrando-a,
esse tenderá comprar uma outra marca qualquer. Dessa forma, um FUNÇÕES DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
dos instrumentos da Logística que busca solucionar esse problema As funções objetivam tornar o canal de distribuição mais efe-
e o desenvolvimento e utilização de um correto Processo de Dis- tivo (eficiente e eficaz), podendo ser dividida em três categorias:
tribuição. Transacionais: compreendem a compra, a venda dos produtos,
Dimensões do processo de distribuição: canal de distribuição e bem como assumir os riscos comerciais envolvidos no processo;
distribuição física
Facilitação: relacionam-se com o financiamento de crédito,
- Canal de distribuição está relacionado ao conjunto de orga-
o controle de produtos (inspecionar e classificar produtos), bem
nizações interdependentes envolvidas na disponibilização de um
como a coleta de informações de marketing, tornando mais fáceis
produto (bem e/ou serviço) para uso e/ou consumo. Dessa forma,
os processos de compra e venda. Produtores e intermediários po-
entende-se canal de distribuição como sendo, o conjunto de or-
dem trabalhar juntos para criar valor para seus clientes por meio
ganizações que executam as funções necessárias para deslocar os
de previsões de vendas, análises competitivas e relatórios sobre as
produtos da produção até o consumo. Nesse contexto surgem os
condições do mercado, focando atingir as reais necessidades dos
intermediários que são as organizações que constituem o canal de
clientes;
distribuição, ou seja, são empresas comerciais que operam entre os
Logísticas: envolvem a movimentação e a combinação de pro-
produtores e os clientes finais.
dutos em quantidades que os tornem fáceis de comprar.
DECISÕES DE PROJETO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
- Distribuição Física: refere-se à movimentação de produtos
para o local adequado, nas quantidades e tempos (prazos) corretos,
Para se projetar um canal de distribuição é necessário avaliar
de maneira eficiente e eficaz em termos de custo, ou seja, refere-se alguns atributos:
ao uso correto das estratégias de logística relacionadas ao processo Avaliar claramente os mercados (reais e potenciais) a serem
de distribuição, tais como, armazenagem/estocagem, embalagem, trabalhados.
transporte, movimentação interna de materiais, bem como dos sis- - Determinar as características dos clientes (segmentação), em
temas e equipamentos necessários para essas funções. termos de números de clientes, dispersão geográfica, frequência de
compra, etc.

357
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
- Determinar as características dos produtos quanto à pereci- serviços. O profissional de Marketing de Serviços está menos pre-
bilidade, dimensões, grau de padronização e necessidades dos cli- ocupado com a armazenagem, transporte e controle do estoque
entes. e, normalmente usa canais mais curtos. Outra consideração é a
- Determinar as características dos intermediários, quanto ao contínua necessidade de manutenção de relacionamentos pessoais
tipo de transporte, sistema de equipamentos e armazenagem uti- entre produtores e usuários de serviços.
lizado, sistemas de TI, etc.
- Diagnosticar as características ambientais quanto às condições Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de
locais, legislação, etc. serviços também há a possibilidade da utilização de agentes, os
- Avaliar as características das empresas envolvidas quanto soli- quais nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos mais
dez financeira, composto de produtos (bens e serviços), nível de comuns incluem os corretores de seguro, corretores de fundo de
serviço, estratégias de marketing, etc. investimentos, agentes de viagem, etc.

TIPOLOGIAS DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO


FabricanteCliente Final/Cliente Empresarial (NÍVEL ZERO) - é Conflitos no Canal
o canal de distribuição mais simples e direto do fabricante até o Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos rel-
usuário final, sendo também o mais comum no cenário empresar- acionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distribuição,
ial. Quando essse canal de distribuição é usado em mercados de o conflito surge quando um membro do canal crê que outro mem-
consumo, pode assumir duas formas. A primeira é a Venda Direta bro esteja impedindo a realização de seus objetivos específicos. Di-
que envolve contatos de vendas pessoais entre o comprador e o versos fatores podem favorecer o surgimento de conflito entre os
vendedor, como aqueles que ocorrem com os produtos agrícolas membros do canal:
(feiras), processo Avon, Yakult, etc. Já a segunda forma é o Mar- - Incongruência de papéis entre os membros;
keting Direto, o qual abrange uma comunicação direta entre o - Escassez de recursos e discordância na sua alocação;
comprador e o vendedor, conforme ocorre nas vendas por meio de - Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos am-
catálogos ou mala direta. Pode-se considerar que os canais diretos bientais;
- Diferenças de expectativas em relação ao comportamento es-
são mais importantes no mercado empresarial (B2B), onde a maior
perado dos outros membros;
parte dos equipamentos, peças e matéria-prima são vendidas por
- Discordância no domínio da decisão;
meio de contatos diretos entre vendedores e compradores. Esse
- Incompatibilidade de metas específicas dos membros;
canal é requisitado quando o fabricante prefere não utilizar os in-
- Dificuldades de comunicação.
termediários disponíveis no mercado, optando pela força de venda
Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos ca-
própria e providenciando a movimentação física dos produtos até
nal de distribuição:
o cliente final. O mesmo oferece às empresas a vantagem de maior
- O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
controle das funções de Marketing a serem desempenhadas, sem
bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca-
a necessidade de motivar intermediários e depender de resultados
distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos
de terceiros. Uma das desvantagens é a exigência de maiores inves-
diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo de
timentos, uma vez que as funções mercadológicas são assumidas.
conflito vertical entre esse e seus varejistas.
- O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências entre
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos canais
membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas versus Ata-
mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha, como al-
imentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse caso, o fabri- cadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa franquia
cante transfere ao intermediário grande parte das funções mercad- competindo em uma mesma região. Esses conflitos podem ocorrer,
ológicas (venda, transporte, crédito, embalagens). Ex.: Lojas Bahia, devido as diferenças quanto aos limites de território ou em termos
Supermercado Extra, etc. dos preços praticados.
- Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um fabri-
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) - esse cante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem para o
tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo, quando mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso de repre-
a distribuição visa atingir um número muito grande e disperso de sentantes.
clientes (ampliar capilaridade).
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva Poder no canal
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen- Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem de
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicion- influenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro membro.
ais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc. Nesse sentido, o membro que exerce Poder está interferindo ou até
modificando os objetivos mercadológicos do outro membro. De
FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL uma forma mais geral, conceito de Poder está associado à capaci-
TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função de dade de um membro particular do canal de controlar ou influenciar
reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, um inter- o comportamento de outro(s) membro(s) do canal.
mediário que não compra produtos, apenas representa o fabricante
ou o atacadista (aqueles que realmente compram os bens) na busca Fontes de Poder no canal
de mercados à produção dos fabricantes ou na localização de fontes Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são exer-
de suprimento para esses fabricantes. cidos no canal:
- Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar um
Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de serviços outro quando esse último conforma-se à influência do primeiro. A
para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta do que recompensa, normalmente está associada com fontes econômicas.
a distribuição de bens tangíveis, em função das características dos

358
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
- Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o exer- que se deseja operar apenas com “parceiros” exclusivos de canal
cício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes em que possam apoiar ou servir o produto de forma adequada, ou seja,
relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não se sub- enfatizando uma determinada imagem que possa caraterizar luxo
meta às tentativas de influência do primeiro. ou exclusividade.
- Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro
(contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito de A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de dis-
influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência. tribuição depende essencialmente de cada organização, da forma
- Informacional: origina-se pela posse de um membro de infor- com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia
mações valorizadas por outros membros do canal. de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores gerais,
- Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um comum na maioria deles:
membro detem em relação a outro membro.
- Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado
Liderança do canal identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar dis-
Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coop- ponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo cor-
eração entre os membros do canal, essas características podem reto;
resultar no surgimento de membros que, devido a fatores como, - Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto sob
alto poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, tor- enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista que
nam-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores identificar- possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas lojas;
am um padrão consistente de condições que determinam o surg- - Promover cooperação entre os participantes da cadeia de su-
imento de uma liderança no canal: o líder do canal tende emergir primentos, principalmente relacionada aos fatores mais significati-
quando o canal de distribuição enfrenta ambientes ameaçadores, vos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes mínimos
aqueles onde a demanda é declinante, a concorrência aumenta e a dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos especiais de
incerteza é elevada. acondicionamentos em embalagens, condições de descarga, restri-
ções de tempo de espera, etc.
Construindo a confiança no canal - Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos
Muitos canais estão rumando para a construção da confiança parceiros da cadeia de suprimentos;
mútua como base para o sucesso das relações entre os membros - Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os par-
do canal. Geralmente essa confiança requer que esses membros ceiros; e
reconheçam sua interdependência e saibam compartilhar proces- - Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuando
sos e informações. em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de suprimentos
na sua totalidade.
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO
Os canais de distribuição podem desempenhar quatro funções
Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de dis- básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo supply
tribuição: chain management:
- Indução da demanda – as empresas da cadeia de suprimentos
- Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo produ- necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços ou merca-
to disponível no maior número de estabelecimentos de uma região, dorias;
visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade de venda. - Satisfação da demanda – é necessário comercializar os servi-
Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de compra são ços ou mercadorias para satisfazer a demanda;
vendidos intensivamente, de modo que os clientes considerem con- - Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços
veniente comprá-los. Assim, por meio da distribuição intensiva, os ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e
clientes podem encontrar os produtos no maior número de locais - Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa-
possíveis. ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se tam-
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do fabri- bém os consumidores que disponibilizam um retorno importante
cante vender produtos por meio de mais de um dos intermediários tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo assim, os in-
termediários escolhidos são considerados osmelhores para vender Entre fatores estratégicos importantes no sistema distributivo
os produtos com base em sua localização, reputação, clientela e podem ser levantadas as seguintes questões:
outros pontos fortes. A distribuição seletiva é empregada quando - Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris
osclientes buscam produtos de compra comparada. Cabe ainda atendem às necessidades de mercado,
destacar que, nesse caso, havendo menos “parceiros” de canal, - Se a localização geográfica dos mercados e os seus respectivos
torna-se possível desenvolver relacionamentos mais estreitos com custos de abastecimento são compatíveis,
cada um desses, permitindo que o fabricante obtenha boa cobertu- - Se a frequência de compras dos clientes, o número e o tama-
ra do mercado com mais controle e menos custos, comparado com nho dos pedidos justificam o esforço distributivo,
a distribuição intensiva. - Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em bases
compatíveis com o mercado,
- Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante vende seus - Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justi-
produtos por meio de um único intermediário em uma determina- ficáveis com os resultados operacionais gerados,
da região, onde esserecebe o direito exclusivo de distribuir tais pro- - Se os métodos de transporte adotados são adequados,
dutos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando um determinado Em conformidade com o potencial do mercado, é importante
produto requer um esforço especializado de venda ou investimen- analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa e se o
tos em estoques e instalações específicas. A distribuição exclusiva é tipo de sistema de distribuição adotado é adequado.
oposta à distribuição intensiva, sendo mais adequada à medida em

359
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA • Ocupação otimizada da área de armazéns;
A distribuição física de produtos ou distribuição física são os • Otimização dos meios de transportes, sempre em níveis máx-
processos operacionais e decontrole que permitem transferir os imos possíveis à carga etc.
produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que a mer-
cadoria é finalmente entregue ao consumidor. (NOVAES, 1994). c. Nível Operacional
Pode-se dizer que seu objetivo geral é levar os produtos certos, É o nível em que a supervisão garante a execução das tarefas
para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço diárias para assegurar que os produtos se movimentem pelo canal
desejado, pelo menor custo possível. de distribuição até o último cliente. Podem ser citadas:
A distribuição física tem, como foco principal, todos os produ- • Carregar caminhões;
tos que a companhia oferece para vender, ou seja, desde o instante • Embalar produtos;
em que a produção é terminada até o momento em que o cliente • Manter registros dos níveis de inventário etc.
recebe a mercadoria (produto).
Toda produção visa a um ponto final, que é chegar às mãos do MODALIDADES DE TRANSPORTE
consumidor. O transporte de mercadorias é parte fundamental do comér-
“Nadar e morrer na praia” não é objetivo de nenhuma institu- cio. Como o produto é entregue e a qualidade com que chega até o
ição que vise ao lucro. Nem entidades sem fins lucrativos desejam cliente final é o que define a satisfação do comprador e a possibili-
que seus feitos não alcancem os objetivos, mesmo que estes não dade de um cliente fiel. Sendo assim, deve-se usar o modal – meio
sejam financeiros. de transporte – que atenda às expectativas do comprador.
Uma boa distribuição, associada a um produto de boa quali- Dados mostram que o transporte representa 60% dos custos
dade, a uma propaganda eficaz e a um preço justo, faz com que logísticos, 3,5% do faturamento e tem papel preponderante na qua-
os produtos sejam disponibilizados a seus consumidores, de modo lidade dos serviços logísticos, impactando diretamente no tempo
que estes possam fazer a opção pela compra. Estando nas pratelei- de entrega, confiabilidade e segurança dos produtos.
ras, o produto passa a fazer parte de uma gama de produtos concor-
rentes que podem ser comprados ou não. Qual o melhor modal?
O primeiro passo para ele poder fazer parte dessa opção de São basicamente cinco os modais: rodoviário, ferroviário, aqua-
compra é estar disponível nas prateleiras. viário, aéreo e dutoviário.
Outros fatores como propaganda, preço e qualidade do produ- Para o transporte de mercadorias, cada modal possui suas van-
to, podem variar entre produtos concorrentes, mas a distribuição tagens e desvantagens. Para cada rota há possibilidade de escolha
é uma condição obrigatória para todas as empresas que querem e esta deve ser feita mediante análise profunda dos custos e carac-
vender seus produtos. terísticas do serviço.
Se o produto não está disponível na prateleira, independen-
te de todos os outros fatores que influenciam a compra, este não O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
poderá ser comprado. classifica o Sistema de Transporte, quanto à forma, em:
Imagine um produto com uma qualidade maravilhosa, com
uma estratégia de propaganda primorosa, com um preço imbatível, - Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário);
mas não disponível no mercado. - Intermodal: envolve mais de uma modalidade (ex.: Rodoviário
A distribuição física acontece em vários níveis dentro de uma e Ferroviário);
instituição. Isso ocorre em razão de que a posição hierárquica inter- - Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, regido
fere no processo. Uma decisão tomada pela alta administração de por um único contrato;
uma empresa é chamada de decisão estratégica e deve ser seguida - Segmentados: envolve diversos contratos para diversos mo-
pelos demais níveis hierárquicos. dais;
A decisão tática é tomada e imposta pela média gerência e a - Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino fi-
operacional diz respeito à supervisão que se encarregará de fazer nal, necessita ser transbordada para prosseguimento em veículo da
com que os projetos sejam cumpridos e executados. mesma modalidade de transporte (regido por um único contrato).
Para um melhor entendimento, seguem os níveis da adminis-
tração da distribuição física.
• Estratégico;
• Tático;
• Operacional.

a. Nível Estratégico
Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo
que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem ser
relacionadas às seguintes preocupações:
• Localização dos armazéns;
• Seleção dos modais de transportes;
• Sistema de processamento de pedidos etc.

b. Nível Tático
É o nível em que a média gerência da empresa estará envolvida
em utilizar seus recursos da melhor e maior forma possível. Suas
preocupações são:
• Ociosidade do equipamento de transmissão de pedidos ser
a mínima;

360
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE TRANSPORTE

Transporte Rodoviário

É aquele que se realiza em estradas, com utilização de caminhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil, apesar do
custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.

Vantagens Desvantagens

•Capacidade de tráfego por qualquer rodovia (flexibilida-


•Menor capacidade de cargas entre

de operacional) todos os modais;

•Usado em qualquer tipo de carga.


•Alto custo de operação

•Agilidade no transporte e no acesso às cargas •Alto risco de roubo/Frota antiga- aci-


dentes

•Não necessita de entrepostos especializados •Vias com gargalos gerando gastos


extras e maior tempo para entrega.


•Amplamente disponível
•Alto grau de poluição

•Fácil contratação e gerenciamento.


•Alto valor de transporte.

•Adequado para curtas e médias distâncias


•Menos competitivo à longa distância;

Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias perecíveis, mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias (até 400 Km),
trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quando o tempo de trânsito for valor agregado.

Transporte Ferroviário

Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas férreas, para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias transportadas
neste modal são de baixo valor agregado e em grandes quantidades como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão, derivados de
petróleo, etc.

Vantagens Desvantagens

•Grande capacidade de cargas


•Alto custo de implantação

•Baixo custo de transporte (Inexistência de pe-


•Transporte lento devido às suas ope-

dágios) rações de carga e descarga

•Adequado para longas distâncias


•Pouca flexibilidade de equipamentos.

•Baixíssimo nível de acidentes.


•Malha ferroviária insuficiente.

•Alta eficiência energética.


•Malha ferroviária sucateada

•Melhores condições de segurança da carga. •Necessita de entrepostos especiali-


zados.

•Menor flexibilidade no trajeto (nem


•Menor poluição do meio ambiente

sempre chega ao destino final, dependendo de


outros modais.)

Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos exclusivos
(não há vias para outros modais)

361
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Transporte Aquaviário

Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba tanto o transporte marítimo, utilizando como via de comunicação os mares
abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. É o transporte mais utilizado no comércio internacional.

Vantagens Desvantagens

•Maior capacidade de carga


•Necessidade de transbordo nos portos

•Menor custo de transporte (Frete de custo


•Longas distâncias dos centros de pro-

relativamente baixo) dução

•Apesar de limitado às zonas costeiras, registra


•Menor flexibilidade nos serviços aliado

grande competitividade para longas distâncias a frequentes congestionamentos nos portos

•Mercadoria de baixo valor agregado. •É de gerenciamento complexo,


exigindo muitos documentos.


Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há vias
para outros modais) / Tempo de trânsito não é importante / Encontra-se uma redução de custo de frete.

Tipos de navios:
Navios para cargas gerais ou convencionais:
Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.

Navios especializados:
Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e sólido), sem decks.
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por rampa, vários decks de diversas alturas.

Navios Multipropósito:
Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializados ao mesmo tempo.
Granel sólido + líquido
Minério + óleo
Ro-ro + container

Navios porta-container:
Transportam exclusivamente cargas em container.
Sólido, líquido, gasoso
Desde que seja em container
Tem apenas 01 (um) deck (o principal)

Transporte Aéreo

O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves e pode ser dividido em Nacional e Internacional.

Vantagens Desvantagens

•É o transporte mais rápido •Menor capacidade de carga (Limite


de volume e peso|)

•Não necessita embalagem mais reforçada (ma-


•Valor do frete mais elevado em

nuseio mais cuidadoso); relação aos outros modais

•Os aeroportos normalmente estão localizados


•Depende de terminais de acesso


mais próximos aos centros de produção.

•Transporte de grandes distâncias.


•Seguro de transporte é muito baixo.


Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes de cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frágeis / Grandes
distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há via para outros modais) / Tempo de trânsito é muito importante.

362
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Tipos de Aeronaves:
Full pax = somente de passageiros.
Full cargo = somente de cargas.
Combi = misto de carga e passageiros

Transporte Dutoviário

Esta modalidade de transporte não apresenta nenhuma flexibilidade, visto que há uma limitação no número de produtos que podem
utilizar este modal. O transporte é feito através de dutos cilíndricos. Pode ser utilizado para transporte de petróleo, produtos derivados do
minério, gases e grãos.

Vantagens Desvantagens

•Muitas dutovias são subterrâneas e/ou


•Pode ocasionar um grande acidente


submarinas, considerado uma vantagem, pois minimizam

ambiental caso suas tubulações se rompam


os riscos causados por outros veículos;

•O dutoviário transporta de forma segura e para


•Possui uma capacidade de serviço

longas distancias muito limitada

•Proporciona um menor índice de perdas e rou-


•Custos fixos são mais elevados


bos

•Baixo consumo de energia.


•Investimento inicial elevado.

•Alta confiabilidade.
•Requer mais licenças ambientais.

•Simplificação de carga e descarga


•Transporte de volumes granéis muito elevados.


Tipos de dutos
- Subterrâneos
- Aparentes
- Submarinos

Oleodutos = gasolina, álcool, nafta, glp, diesel.


Minerodutos = sal-gema, ferro, concentr.fosfático.
Gasodutos = gás natural.

Observa-se que os meios de transportes estão cada vez mais inter-relacionados buscando compartilhar e gerar economia em escala,
capacidade no movimento de cargas e diferencial na oferta de serviços logísticos. Porém, o crescimento dessa integração multimodal mui-
tas vezes é dificultado pela infraestrutura ofertada pelos setores privados e públicos.

Estoques
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que descreve
bem o dilema da descrição de estoques. O controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a
40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta compreensão do
seu papel na logística e de como devem ser gerenciados”.

Razões para manter estoque


A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sin-
cronização entre a oferta e a demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível
conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se acumular
estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição.

Na verdade, estoques servem para uma série de finalidades, ou seja:


- Melhoram o nível de serviço.
- Incentivam economias na produção.
- Permitem economias de escala nas compras e no transporte.

363
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
- Agem como proteção contra aumentos de preços. Técnicas de Administração de estoques
- Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo
de ressuprimento. CURVA ABC
- Servem como segurança contra contingências. Segrega os estoques em três grupos, demonstrando grafica-
mente com eixos de valores e quantidades, que considera os ma-
Abrangência da Administração de Estoques teriais divididos em três grandes grupos, de acordo com seus va-
lores de preço/custo e quantidades, sendo assim materiais “classe
A administração de estoques é de importância significativa na A” representam a minoria da quantidade total e a maioria do valor
maioria das empresas, tanto em função do próprio valor dos itens total, “classe C” a maioria da quantidade total e a minoria do valor
mantidos em estoque, associação direta com o ciclo operacional da total, “classe B” valores e quantidades intermediárias.
empresa. Da mesma forma como as contas a receber, os níveis de O controle da “classe A” é mais intenso e o controle da “classe
estoques também dependem em grande parte do nível de vendas, B e C” menos sofisticados.
com uma diferença: enquanto os valores a receber surgem após a MODELO DE LOTE ECONÔMICO
realização das vendas, os estoques precisam ser adquiridos antes Permite determinar a quantidade ótima que minimiza os cus-
das realizações das vendas. tos totais de estocagem de pedido para um item do estoque. Con-
siderando os custo de pedir e os custos de manter os materiais.
Essa é uma diferença crítica e a necessidade de prever as ven- Sendo os custos de pedir, os fixos, administrativos ao se efetuar e
das antes de se estabelecer os níveis desejados de estoques, tor- receber um pedido e o custo de manter são os variáveis por uni-
na sua administração uma tarefa difícil. Deve se observar também dade da manutenção de um item de estoque por umdeterminado
que os erros na fixação dos níveis de estoque podem levar à perda período (custo de armazenagem) segundo, “oportunidade” de out-
das vendas (caso tenham sido subdimensionados) ou a custos de ros investimentos.
estocagem excessivos (caso tenham sido superdimensionados), re-
sidindo, portanto, na correta determinação dos níveis de estoques, Custo total = custo de pedir + custo de manter
a importância da sua administração. Seu objetivo é garantir que os
estoques necessários estejam disponíveis quando necessários para PONTO DE PEDIDO
manutenção do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que os Determina em que ponto os estoques serão pedidos levando
custos de encomenda e manutenção de estoques sejam minimiza-
em consideração o tempo de entrega dos principais itens.
dos.
Ponto de pedido = tempo de reposição em dias x demanda
Os estoques podem ser classificados como:
diária
- Matéria-prima
- Produtos em processo
- Materiais de embalagem SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUES
- Produtos acabados
- Suprimentos Os Sistemas básicos utilizados na administração de estoques
são:
A razão para manutenção de estoques depende fundamental- 1. FMS (Flexible Manufacturing System)
mente da natureza desses materiais. Nesse sistema, os computadores comandam as operações das
Para manutenção dos estoques de matérias primas, são utiliza- máquinas de produção e, inclusive, comandam a troca de ferramen-
das justificativas como a facilidade para o planejamento do proces- tas das operações de manuseio de materiais, ferramentas, acessóri-
so produtivo, a manutenção do melhor preço deste produto, a pre- os e estoques. Pode-se incluir no software módulos de monitoração
venção quanto à falta de materiais e, eventualmente, a obtenção de do controle estatístico da qualidade. Normalmente, é aplicado em
descontos por aquisição de grandes quantidades. fábricas com grande diversidade de peças de produtos finais mon-
Essas razões são contra-argumentadas de várias formas. At- tados em lotes. Podemos destacar entre as vantagens do FMS, as
ualmente, as modernas técnicas de administração de estoques, seguintes:
o conceito do “Supply Chain Management” que ajuda a reduzir
custos, representam alternativas eficientes para evitar-se falta de • Permite maior produtividade das máquinas, que passam a

materiais. Adicionalmente, a realização de contratos futuros pode ter utilização de 80% a 90% do tempo disponível.
representar um instrumento eficiente para proteger a empresa de • Possibilita maior atenção aos consumidores em função da

eventual oscilação de preços de seus insumos básicos. flexibilidade proporcionada.


Para manutenção de estoques de materiais em processos, jus- • Diminui os tempos de fabricação.
tifica-se a maior flexibilidade do processo produtivo, caso ocorra

• Em função do aumento da flexibilidade, permite aumen-


interrupção em alguma das linhas de produção da empresa. Obvia-

tar a variedade dos produtos ofertados.


mente, essa questão deve ser substituída pela adoção de proces-
sos de produção mais confiáveis, para evitar a ocorrências destas 2. MRP-Material Requirement Planing
interrupções.
O MRP é um sistema completo para emitir ordens de fabri-
A manutenção de estoques de produtos acabados é justificada
cação, de compras, controlar estoques e administrar a carteira de
por duas razões: garantir atendimentos efetuados para as vendas
pedidos dos clientes. Opera em base semanal, impondo com isso
realizadas e diminuir os custos de mudança na linha de produção.
uma previsão de vendas no mesmo prazo, de modo a permitir a ger-
ação de novas ordens de produção para a fábrica. O sistema pode
operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de compras,
fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de
material em processo, como estoque de matérias primas, partes,

364
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
submontagens e produtos acabados.A maior vantagem do MRP em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a re-
consiste em utilizar programas de computadores complexos, levan- sponsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção
do em consideração todos os fatores relevantes para conseguir o para seus terceirizados.
melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos, O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é
mesmo que a fábrica tenha muitos produtos em quantidade, de suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa,
uma semana para outra. somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as
Um ponto fundamental para o correto funcionamento do sis- relações entre as empresas - inclusive com o emprego de recursos
tema é a rigorosa disciplina a ser observada pelos funcionários de comunicação e tecnologias de informação, devem ser garantidas
que interagem com o sistema MRP, em relação à informação de de tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços prestados
dados para computador. Sem essadisciplina, a memória do MRP pela logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços
vai acumulando erros nos saldos em estoques e nas quantidades expressas pelos clientes. É muito importante, portanto que haja
necessárias. uma cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e seus
fornecedores externos e internos. Um ponto muito favorável no
3. Sistema Periódico Just in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram per-
A característica básica deste sistema é a divisão da fábrica em das de produtos.
vários setores de processamento sucessivo de vários produtos sim-
ilares. Cada setor recebe um conjunto de ordens de fabricação para Outros sistemas de estoques
serem iniciados e terminados no período. Com isso, no fim de cada Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em
período, se todos os setores cumprirem sua carga de trabalho, não duas partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da en-
haverá qualquer material em aberto. Isso facilita o controle de cada comenda de um novo lote e a outra será utilizada entre a data da
setor da fábrica, atribuindo responsabilidades bem definidas. encomenda e a data do recebimento do novo lote. A grande van-
Esse sistema com período fixo é antigo, mas devido às suas car- tagem deste sistema está na substancial redução do processo bu-
acterísticas, não se tornou obsoleto face aos sistemas modernos, rocrático de reposição de material (bujão de gás). A denominação
nos quais é possível à adoção de períodos curtos, menores que uma “DUAS GAVETAS” decorre da ideia de guardar um mesmo lote em
semana. duas gavetas distintas.

4. OPT-Optimezed Production Technology Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando a


O sistema OPT foi desenvolvido com uma abordagem difer- separação entre as duas partes do estoque não é feita fisicamente,
ente dos sistemas anteriores, enfatizando a racionalidade do fluxo mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, com o ponto
de materiais pelos diversos postos de trabalho de uma fábrica. Os de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo estiver
pressupostos básicos do OPT foram originados por formulações sendo utilizado, o Departamento de Compras terá prazo suficiente
matemáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas para adquirir e repor o material no estoque.
como tendo de passar por filas de espera de atendimento nos diver-
sos postos de trabalho na fábrica. O conjunto de postos de trabalho Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos
forma então uma rede de filas de espera. para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-estabe-
O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais para lecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o custo de
ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente ou sub- estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser com-
montagem a ser processado em cada posto de trabalho. Muita ên- prada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade
fase é dedicada aos pontos de gargalo da produção. existente em estoque, seja suficiente para atender a demanda até
o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este siste-
5. Sistema KANBAN-JIT
ma obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar
O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os
períodos iguais para um grande número de itens em estoque pois,
empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber-
procedendo a compra simultânea de diversos itens, pode-se obter
dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados
condições vantajosas na transação (compra e transporte).
trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um tra-
balhador parar a linha de montagem ou produção porque achou
Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta duas
algo errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo,
subdivisões:
ajudando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as ne-
cessidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a pro-
dução da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessi- a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-de-
dades geradas na montagem final. As peças ou submontagens são terminado:
colocadas em caixa feitas É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo que
especialmente para cada uma dessas partes, que, ao serem es- estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis de pro-
vaziadas na dução. A programação (para vários períodos, semanas e meses)
montagem, são remetidas ao posto de trabalho que faz a úl- elaborada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmentos,
tima operação a essa remessa, que funciona como uma ordem de desde o recebimento do material até o embarque do produto aca-
produção. bado.

6. Sistema Just in Time


É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de
distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do
sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi, a
responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando
esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar

365
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Vantagens: Para alcançar tais objetivos, devem ser desempenhadas certas
* Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetiva- funções básicas:
mente controlados por se conhecer a demanda futura. - Tempo e lugar (especificações de compra).
* Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se - Fonte certa (fornecedores).
aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas. Aa- - Negociar condições de compra.
tividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emitirpedi- - Administrar pedido de compra.
dos de fornecimento para cada lote de material.
Diante ao exposto, tais argumentos servirão para dar continui-
b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem de dade ao ciclo produtivo, tendo em vista que dentro desta pasta, os
produção ou a uma requisição: É o método empregado nas pro- critérios adotados deverão ser de suma importância para a admi-
duções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob encomen- nistração em si na busca de aumento de lucros dentro menor custo
da, sendo justificável no caso de materiais especiais ou necessários possível.
esporadicamente. Os pedidos de material neste sistema são ba-
seadas principalmente na lista material (“ROW MATERIAL”) e na O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Cadeia de Su-
programação geral (AP = “ANNUAL PLANNING”). Existem casos em primentos das organizações.
que o pedido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto Segundo Martins et al. (2006, p. 81):
do produto estar detalhado, ou seja, antes da listagem do mate- A função de compras assume papel verdadeiramente estraté-
rial estar pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
fabricação excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e palmente financeiros envolvidos, deixando cada vez mais a visão
navios. preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva,
um centro de despesas e não um centro de lucros.
Enfim, o controle de estoques exerce influência muito grande
na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia Nas empresas estatais e autárquicas, como também no servi-
estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumentar a ro- ço público em geral, o processo de compras obedece uma série de
tatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza o custo requisitos, conforme estabelece a Lei nº. 8.666, de 21-6-1993, al-
de manutenção e controle que podem absorver de 25 a 40% dos terada pela Lei nº. 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual se tornam
custos totais, conforme mencionado anteriormente. totalmente transparentes.
Sabemos que há várias diferenças entre o processo de compra
no sistema privado e no sistema público, mas destacamos como
COMPRAS NO SETOR PÚBLICO. EDITAL DE LICITAÇÃO principal:
Compras na Administração Pública – FORMALIDADE
A gestão de compras assume papel verdadeiramente estraté- Compras na Administração Privada – INFORMALIDADE
gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
palmente financeiros, quebra-se então uma visão preconceituosa De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois princípios pre-
de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de liminares devem ser seguidos:
despesas e não um centro de lucros. 1 - A definição precisa do seu objeto;
A função é muito mais ampla e, se realizada com eficiência, en- 2 - A existência de recursos orçamentários que garantam o pa-
volve todos os departamentos da empresa. Obter o material certo, gamento resultante.
nas quantidades certas, com a entrega correta (tempo e lugar), da
fonte correta e no preço certo são todas as funções de compras. A seguir, as condições necessárias para validar o processo de
O departamento de compras tem a responsabilidade principal compras públicas:
de localizar fontes adequadas de suprimentos e de negociar pre- 1. Avaliar a necessidade (planejamento);
ços. O insumo vindo de outros departamentos é necessário para a 2. Definir o quanto adquirir;
busca e a avaliação das fontes de suprimento, auxiliando também 3. Verificar as condições de guarda e armazenamento;
o departamento de compras na negociação dos preços. Comprar, 4. Buscar atender o princípio da padronização;
nesse sentido amplo, é responsabilidade de todos. 5. Obter as informações técnicas quando necessárias;
Segundo Arnold “essa função é responsável pelo estabeleci- 6. Proceder a pesquisas de mercado;
mento do fluxo dos materiais na firma, pelo segmento junto ao for- 7. Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dispensa /
necedor, e pela agilização da entrega.”. inexigibilidade;
A função compras é vista hoje como uma parte do processo 8.Indicar (empenho) os recursos orçamentários.
de logística das empresas, ou seja, parte integrante da cadeia de
suprimentos (suplly chain). O principal elemento que justifica o processo licitatório para
Sua influência é de caráter direto nos processos produtivos em realização de compras no setor público é a TRANSPARÊNCIA que
uma empresa, os prazos devem ser cumpridos de maneira rígida este representa.
tanto na entrada como na saída de insumos, pois poderão gerar
sérios problemas dentro do ciclo, em especial nos departamentos Portanto, conceituando temos que:
de produção e vendas. Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pes-
Esta função pode ser dividida em quatro categorias: soa governamental pretendendo alienar, adquirir ou locar bens,
- Obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade realizar obras ou serviços, segundo condições por ela estipuladas
necessárias. previamente, convoca interessados na apresentação de propostas,
- Obter mercadorias e serviços ao menos custo. a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de
- Garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte
do fornecedor
- Desenvolver e manter boas relações com fornecedores.

366
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este pro- al, de acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do
cedimento visa garantir duplo objetivo: de um, lado proporcionar bem a ser registrado é o valor constante do respectivo documento
às entidades governamentais possibilidade de realizarem o negócio de incorporação (valor de aquisição).
mais vantajoso; de outro, assegurar aos administrados ensejo de A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de
disputarem entre si a participação nos negócios que as pessoas ad- plaqueta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual con-
ministrativas entendam de realizar com os particulares. terá o número de registro patrimonial.
Na colocação da plaqueta deverão ser observados os seguintes
GESTÃO PATRIMONIAL. CONTROLE DE BENS. aspectos: local de fácil visualização para efeito de identificação por
INVENTÁRIO. ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS meio de leitor óptico, preferencialmente na parte frontal do bem;
evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que pos-
sam acarretar sua deterioração; evitar fixar a plaqueta em partes
Gestão patrimonial que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremi-
dades ou sobre alguma indicação importante do bem.
O patrimônio é o objeto administrado que serve para propi-
Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física antes
ciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio
de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do
seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: o
órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua
elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo
própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também
econômico avaliável em moeda; e exista interdependência dos el-
terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados
ementos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a
em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja
uma entidade que vise alcançar determinados fins.
de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes en-
Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado uma
costadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao
riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade coletiva,
sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquanto que sob peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo
o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo (Ativo =Pas- ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da
sivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando se utiliza plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado de-
o termo “substância patrimonial” é que a contabilidade visualiza o verá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio.
patrimônio de forma qualitativa. A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – conheci- de plaquetas (ou adesivos): a) estantes, armários, arquivos e bens
da como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em seus ar- semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal superior
tigos 44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do patrimônio direita, no caso de arquivos de aço, e na parte lateral superior di-
público. Uma delas estabelece que o resultado da venda de bens reita, no caso de armários, estantes e bens semelhantes, sempre
móveis e imóveis e de direitos que integram o patrimônio público com relação a quem olha o móvel; b) mesas e bens semelhantes:
não poderá mais ser aplicado em despesas correntes, exceto se a a plaqueta deve ser fixada na parte frontal central, contrária à
lei autorizativa destiná-la aos financiamentos dos regimes de previ- posição de quem usa o bem, com exceção das estações de trabalho
dência social, geral e própria dos servidores. e/ou àqueles móveis que foram projetados para ficarem encosta-
Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação de dos em paredes, nos quais as plaquetas serão fixadas em parte de
ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser aplicados em fácil visualização; c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte
despesa de capital, provocando a desincorporação de dívidas (pas- fixa inferior do motor; d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta
sivo), por meio da despesa de amortização da dívida ou o incremen- deve ser fixada no lado externo direito, em relação a quem opera a
to de outro ativo, com a realização de despesas de investimento, de máquina; e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a
forma a manter preservado o valor do patrimônio público. plaqueta nunca deve ser colocada em partes revestidas por courvin,
couro ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segurança.
TOMBAMENTO DE BENS. A plaqueta deverá ser fixada na base, nos pés ou na parte mais sól-
O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento ida; f) aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em apa-
dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela con- relhos de ar condicionado, o local indicado é sempre na parte mais
ferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entrada fixa e permanente do aparelho, nunca no painel removível ou na
do bem no sistema de gerenciamento de material no estoque, o carcaça; g) automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser
responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de fixada na parte lateral direita do painel de direção, em relação ao
Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais motorista, na parte mais sólida e nãoremovível, nunca em acessóri-
e outros que se fizerem necessários), informando o destino (cen- os; h) quadros e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste caso,
tros de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em deve ser feita de tal forma que não lhes tire a estética, nem diminua
estoque, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de seu valor comercial; i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser
saída deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo fixada na base. Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás,
Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino fi- na lateral direita; j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a
nal, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio, plaqueta deverá ser colocada na parte frontal inferior direita, caso
juntamente com os demais documentos do processo de empenho. não seja possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição
O tombamento consiste na formalização da inclusão física de na parte posterior do quadro; e k) fixação de plaquetas em outros
um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um bens: entende-se como outros bens aqueles materiais que não po-
único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma se- dem ser classificados claramente como aparelhos, máquinas, mo-
quência de registros patrimoniais quando for por lote, que é de- tores, etc. Em tais bens, a plaqueta deve ser fixada na base, na parte
nominado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se onde são manuseados.
uma conta patrimonial do Plano de Contas do órgão a cada materi-

367
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
A seguir são elencados, como sugestões, dados necessários também o nome do sublocal de lotação); declaração de responsab-
ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do tomba- ilidade; número do tombamento; descrição; quantidade; indicação
mento; data do tombo; descrição padronizada do bem (descrição se é plaquetável; valor unitário; valor total; total de bens arrolados
básica pré-definida em um sistema de patrimônio); marca/modelo/ no Termo de Responsabilidade; data do Termo; nome e assinatura
série (também pré-definidos em um sistema de patrimônio); carac- do responsável patrimonial; e data de assinatura do Termo.
terísticas (descrição detalhada); valor unitário de aquisição (valor A transferência é a operação de movimentação de bens, com
histórico); agregação (acessório ou componente); forma de ingres- a consequente alteração da carga patrimonial. A autoridade trans-
so (compra, fabricação própria, doação, permuta, cessão, outras); feridora solicita ao setor competente do órgão a oficialização do
classificação contábil/patrimonial; número do empenho e data de ato, por meio das providências preliminares. É importante desta-
emissão; fonte de recurso; número do processo de aquisição e ano; car que a transferência de responsabilidade com movimentação de
tipo/número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura, com- bens somente será efetivada pelo Setor de Patrimônio mediante
ercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Termo solicitação do responsável pela carga cedente com anuência do re-
cebedor. A devolução ao Setor de Patrimônio de bens avariados,
de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome do for-
obsoletos ou sem utilização também se caracteriza como trans-
necedor (código); garantia (data limite da garantia e empresa de
ferência. Neste caso, a autoridade da unidade onde o bem está lo-
manutenção); localização (identificação do centro de responsabil-
calizado devolve-o com a observância das normas regulamentares,
idade); situação do bem (registrado, alocado, cedido em comoda-
a fim de que a o Setor Patrimonial possa manter rigoroso controle
to, em manutenção, em depósito para manutenção, em depósito sobre a situação do bem. Os bens que foram restituídos ao Setor
para triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para de Patrimônio do órgão também ficam sob a guarda dos servidores
alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado deste setor (fiéis depositários), e serão objetos de análise para a
de conservação (bom, regular, precário, inservível, recuperável); determinação da baixa ou transferência a outros setores. É impor-
histórico do bem vinculado a um sistema de manutenção, quan- tante colocar que uma cópia do Termo de Responsabilidade de cada
do existir. Tal informação permitirá o acompanhamento da ma- setor deverá ser fixada em local visível a todos, dentro de seu re-
nutenção dos bens e identificação de todos os problemas ocorridos cinto de trabalho, visando facilitar o controle dos bens (sugestão:
nestes números do Termo de Responsabilidade; e plaquetável ou atrás da porta de acesso ao setor). Para que ocorra a transferência
não plaquetável. de responsabilidade entre dois setores pertencentes a um mesmo
O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o recebi- órgão, deverão ser observados os seguintes parâmetros:solicitação,
mento da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que pro- por escrito, do interessado em receber o bem, dirigida ao possível
cederá ao tombamento e cadastramento em sistema específico, cedente; “de acordo” do setor cedente com a autorização de trans-
utilizando diversos dados, tais como: número do registro; tipo de ferência ; solicitação do agente patrimonial ao Setor de Patrimô-
imóvel; denominação do imóvel; características (descrição detalha- nio para emissão do Termo de Responsabilidade; após a emissão
da do bem); valor de aquisição (valor histórico); forma de ingresso do Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio remeterá o
(compra, doação, permuta, comodato, construção, usucapião, de- mesmo ao agente patrimonial, para que este colha assinaturas do
sapropriação, cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; cedente e do recebedor.
número do empenho e data de emissão; fonte de recurso; núme- Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois
ro do processo de aquisição e ano; tipo/número do documento de setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser observados os
aquisição (nota fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de Produção seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do interessado em
Interna, Termo de Doação, Termo de Cessão, Termo de Cessão receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do setor
em Comodato, outros); nome do fornecedor (código); localização cedente com a autorização de transferência e anuência das uni-
(identificação do centro de responsabilidade); situação do bem dades de controle do patrimônio e do titular do órgão; solicitação
(registrado, alocado, cedido em comodato, em manutenção, em do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão do
depósito para manutenção, em depósito para triagem, em depósito Termo de Transferência de Responsabilidade; após a emissão do
para redistribuição, em depósito para alienação, em sindicância, de- Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio o remeterá ao
saparecido, baixado, outros); estado de conservação (bom, regular, agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e
precário, inservível); data da incorporação; unidade da federação; do recebedor. Quando a transferência de responsabilidade do bem
tipo de logradouro; número; complemento;bairro/distrito; municí- ocorrer sem a movimentação deste, isto é, quando ocorrer a mu-
pio; cartório de registro; matrícula; livro; folhas; data do registro; dança da responsabilidade patrimonial de um servidor para outro,
data da reavaliação; moeda da reavaliação; valor do aluguel; valor desde que não pressuponha mudança de local do bem, deverão ser
do arrendamento; valor de utilização; valor de atualização; moe- observados os seguintes procedimentos: o Setor de Recursos Hu-
da de atualização; data da atualização; reavaliador; e CPF/CNPJ do manos (ou equivalente) deverá encaminhar ao Setor de Patrimônio
reavaliador. cópia da portaria que substitui o servidor responsável; de posse das
informações contidas na portaria, o Setor de Patrimônio emite o
CONTROLE DE BENS. respectivo Termo de Transferência de Responsabilidade; emitido o
Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o Termo, este será encaminhado ao agente patrimonial da unidade,
conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferência, que providenciará a conferência dos bens e assinatura do Termo;
saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão sujeitos uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que uma
no período decorrido entre sua incorporação e desincorporação. das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram e outra
Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de encaminhada ao Setor de Patrimônio.
material permanente recém adquirido, de acordo com a destinação Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela movi-
dada no processo administrativo de aquisição correspondente. mentação de bens patrimoniais para fora da instalação ou depend-
A movimentação de qualquer bem móvel será feita mediante ência onde estão localizados, em decorrência da necessidade de
o preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá con- conserto, manutenção ou da sua utilização temporária por outro
ter no mínimo, as seguintes informações: número do Termo de centro de responsabilidade ou outro órgão, quando devidamente
Responsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluindo autorizado. Qualquer que seja o motivo da saída provisória, esta

368
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão gestor ou por outro disposição legal, mas também como medida de controle, tendo em
servidor que recebeu delegação para autorizar tal ato. Toda a ma- vista que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa física,
nutenção de bem incorporado ao patrimônio de um órgão deverá mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a quaisquer
ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou responsáveis e resultará danos. Na Administração Pública o inventário é obrigatório, pois a
na emissão de uma Ordem de Serviço pelo Setor de Manutenção, legislação estabelece que o levantamento geral de bens móveis e
que tomará todas as providências para proceder à assistência de imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade gestora
bem em garantia ou utilizando-se de seus recursos próprios. e os elementos da escrituração sintética da contabilidade (art. 96 da
Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamento Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964).
de bens entre órgãos por um período determinado de tempo, sem A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais,
envolvimento de transação financeira. O empréstimo deve ser evi- bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais
tado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos envolvidos devem bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário medi-
manter um rigoroso controle, de modo a assegurar a devolução do ante verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de
bem na mesma condição em que estava na ocasião do empréstimo. atualização física e monetária e de controle, a época da inventar-
Já o empréstimo a terceiros de bens pertencentes ao poder público iação será: anual para todos os bens móveis e imóveis sob-responsa-
é vedado, salvo exceções previstas em leis. bilidade da unidade gestora em 31 de dezembro (confirmação dos
Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros também dados apresentados no Balanço Geral); e no início e término da
deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum respaldo gestão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no caso
legal. de bens móveis.
Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históricos
INVENTÁRIO. ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constantes
O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição.
e em processos, para comparar a quantidade física com os dados Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica ve-
contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias dada toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos
que possam existir entre os valores contábeis, dos livros, e o que endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto medi-
realmente existe em estoque. ante autorização específica das unidades de controle patrimonial,
O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é ou do dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a
elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com a Comissão de Inventário de Bens.
contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário ro- Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados
tativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/ou
tipo de parada no processo operacional, concentrando-se em cada contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levantamento
grupo de itens em determinados períodos. efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida dos
Inventário na administração pública: Inventário são a discrimi- componentes patrimoniais.
nação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de el-
consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momen- ementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O simples
to, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento de arrolamento não interessa para a contabilidade se não for comple-
controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxarifados tado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o arrolamento
e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão ou enti- serve apenas para controle da existência dos componentes patri-
dade, informando seu estado de conservação, e mantendo atualiza- moniais.
dos e conciliados os registros do sistema de administração patrimo- O inventário é dividido em três fases: Levantamento: com-
nial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além disso, o preende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e pas-
inventário também pode ser utilizado para subsidiar as tomadas de sivos do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: identifi-
contas indicando saldos existentes, detectar irregularidades e prov- cação, agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o registro das
idenciar as medidas cabíveis. características e quantidades obtidas no levantamento. O arrola-
Através do inventário pode-se confirmar a localização e mento pode apresentar os componentes patrimoniais deforma re-
atribuição da carga de cada material permanente, permitindo a sumida e recebe a denominação “sintética”. Quando tais compo-
atualização dos registros dos bens permanentes bem como o le- nentes são relacionados individualmente, o arrolamento é analítico;
vantamento da situação dos equipamentos e materiais em uso, Avaliação: é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao ele-
apurando a ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra irregu- mento patrimonial. Os critérios de avaliação dos componentes pat-
laridade. Podem-se verificar também no inventário as necessidades rimoniais devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor
de manutenção e reparo e constatação de possíveis ociosidades de aos componentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a
bens móveis, possibilitando maior racionalização e minimização de sua natureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade.
custos, bem como a correta fixação da plaqueta de identificação.
Na Administração Pública, o inventário é entendido como o arrola- ALIENAÇÃO DE BENS.
mento dos direitos e comprometimentos da Fazenda Pública, feito De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende-se
periodicamente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos va- como alienação a transferência de propriedade, remunerada ou
lores que são registrados na contabilidade e que formam o Ativo e gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em paga-
o Passivo ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade mento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio.
dos agentes sob cuja guarda se encontram determinados bens. Os Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela
diversos tipos de inventários são realizados por determinação de Administração, desde que satisfaça as exigências administrativas.
autoridade competente, por iniciativa própria do Setor de Patrimô- Muito embora as Constituições Estaduais possam determinar que
nio e das unidades de controle patrimonial ou de qualquer detentor a autorização de doação de bens móveis seja submetida à Assem-
de carga dos diversos centros de responsabilidade, periodicamente bleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de junho de 1993,
ou a qualquer tempo. Os inventários na Administração Pública de- que institui normas para licitações e contratos da Administração
vem ser levantados não apenas por uma questão de rotina ou de

369
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
Pública 37 e dá outras providências, faculta a obrigação de licitação servidor público, até a aprovação de baixa, ficando expressamente
específica para doação de bens para fins sociais e dispõe sobre a proibido o uso do bem desde o início da tramitação do processo de
alienação por leilão. baixa até sua destinação final.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor-
dinada à existência de interesse público devidamente justificado. O registro no sistema patrimonial será efetivado com base no
A alienação de bens está sujeita à existência de interesse públi- Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes dados:
co e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos previs- número do tombamento; descrição; quantidade baixada (quando
tos em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efetuada por se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de baixa; moti-
comissão de licitação de leilão ou outra modalidade prevista para a vo de baixa; data de baixa; número da Portaria ou Termo de Baixa.
Administração Pública. Visando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial,
A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à alien- faz-se necessário a adoção dos procedimentos a seguir: o Setor de
ação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser remetido ao Patrimônio, ao receber o processo que autoriza a baixa, emitirá por
Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento respectivo; processamento o Termo de Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio
sempre que possível, os bens serão agrupados em lotes para que verificará junto ao Setor Financeiro quanto à existência do compro-
seja procedida a sua baixa; os bens objeto de baixa serão vistoriados vante de pagamento, em caso de licitação e, em seguida, procederá
in loco por uma Comissão Interna de Avaliação de Bens, no próprio à entrega do mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo, o
órgão, os quais, observando o estado de conservação, a vida útil, Setor de Patrimônio providenciará o documento de quitação de re-
o valor de mercado e o valor contábil, formalizando laudo de aval- sponsabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha a
iação dos bens, classificando-os em: a) bens móveis permanentes responsabilidade do bem.
inservíveis: quando for constatado serem os bens danificados, ob- Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao
soletos, fora do padrão ou em desuso devido ao seu estado precário dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes para que
de conservação; e b) bens móveis permanentes excedentes ou ocio- seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação ou
sos: quando for constatado estarem os bens em perfeitas condições desfazimento.1
de uso e operação, porém sem utilização.
Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou oci- “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas
osos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando proibida nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, exceto nos descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de
casos autorizados pelo chefe da unidade gestora. estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab-
sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção
ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS. substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta
O desfazimento é a operação de baixa de um bem pertencente compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ger-
ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do seu enciados”.
valor do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, a reti-
rada de bem da carga patrimonial do órgão, mediante registro da
EXERCÍCIOS
transferência deste para o controle de bens baixados, feita exclu-
sivamente pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo
gestor. O número de patrimônio de um bem baixado não deverá ser 1. Em relação às técnicas de administração de estoques, po-
utilizado em outro bem. de-se afirmar que o
A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas a (A) Modelo de Lote Econômico (EOQ) é uma técnica para deter-
seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; como- minação da quantidade ótima a ser pedida de itens estocados,
dato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no cadastro. Em maximizando o total dos custos.
qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa (B) sistema de planejamento de necessidades de materiais
definitiva dos bens considerados inservíveis por obsoletismo, por (MRP) é utilizado para classificar os materiais a serem enco-
mendados e quando isso deve acontecer.
seu estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço
(C) sistema just-in-time (JIT) é utilizado para minimizar o inves-
público. As orientações administrativas devem ser obedecidas, em
timento em estoques, devendo os materiais chegar à entidade
cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sistema de
exatamente no momento em que são necessários.
gestão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessa-
(D) sistema ABC é um método utilizado para classificar os itens
da. Sendo o bem considerado obsoleto ou não havendo interesse
de estoque de uma empresa em três categorias – A, B e C – com
em utilizá-lo no órgão onde se encontra, mas estando em condições
base em seu custo para a empresa.
de uso (em estado regular de conservação), o dirigente do órgão (E) ponto de emissão de novo pedido reflete o consumo anual
deverá, primeiramente, colocá-lo em disponibilidade. Para tanto, do item estocado e o número de meses necessários para emitir
o detentor da carga deverá preencher formulário próprio criado e receber o pedido efetuado.
pelo órgão normatizador e encaminhar ao órgão competente que
poderá verificar, antecipadamente, junto às entidades filantrópi-
cas reconhecidas como de interesse público, delegacias, escolas ou
bibliotecas municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se
existe interesse pelos bens.
Se houver interesse, a autoridade competente deverá efetuar
1 Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração de materiais e
o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado perman-
distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia
ecerá guardado em local apropriado, sob a responsabilidade de um
de informação: planejamento e gestão/www.administradores.com.br /www.
itsmnapratica.com.br/www.purainfo.com.br – por DiegoDuarte/ por Rogerio
Araujo)

370
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
2. Francischini e Gurgel (2013) definem que uma das princi- 5. A Classificação XYZ avalia o grau de criticidade ou de im-
pais preocupações do Administrador de Materiais é saber quais prescindibilidade do item de material nas atividades desempe-
são os custos relacionados ao estoque que ele gerencia. Segundo nhadas pela organização. Mendes e Castilho (2009) definiram as
os referidos autores, o custo de estoque pode ser desmembrado classes por importância operacional.
em certas partes, que auxiliarão na determinação do nível de es- A classe X é definida por Mendes e Castilho (2009), como:
toque a ser mantido, EXCETO: (A) materiais de baixa criticidade, cuja falta não implica parali-
(A) Custo de aquisição. sações da produção, nem riscos à segurança pessoal, ambiental
(B) Custo de armazenagem. e patrimonial.; ainda há facilidade de sua obtenção no merca-
(C) Custo de demanda. do.
(D) Custo de pedido. (B) materiais de máxima criticidade, que podem ser substitu-
(E) Custo de falta. ídos por outros equivalentes em tempo hábil sem acarretar
prejuízos significativos; a falta desses materiais provoca a para-
3. Em uma empresa, os materiais não podem ficar estáticos lisação da produção, ou coloca em risco as pessoas, o ambiente
para evitar custos desnecessários. A gestão do fluxo de materiais ou o patrimônio da empresa.
deve organizá-los em um movimento (C) materiais que apresentam grau de criticidade intermediá-
(A) do recebimento do fornecedor, passando pelas diversas rio, podendo, ainda, ser substituídos por outros com relativa
etapas do processo produtivo até chegar ao depósito de pro- facilidade.
dutos acabados, em direção ao mercado. (D) materiais de máxima criticidade, não podendo ser substi-
(B) a partir da logística interna, passando pelos fornecedores, tuídos por outros equivalentes em tempo hábil sem acarretar
sendo criteriosamente analisada no depósito dos produtos prejuízos significativos; a falta desses materiais provoca a para-
acabados. lisação da produção, ou coloca em risco as pessoas, o ambiente
(C) que transita pelo almoxarifado de materiais, passando pela ou o patrimônio da empresa.materiais de máxima criticidade,
logística de saída e obtendo o retorno da satisfação do consu- não podendo ser substituídos por outros equivalentes em tem-
midor. po hábil sem acarretar prejuízos significativos; a falta desses
(D) que flui pela empresa uma vez que, na logística de saída, os materiais provoca a paralisação da produção, ou coloca em ris-
materiais tornam-se produtos acabados e atendem as expecta- co as pessoas, o ambiente ou o patrimônio da empresa.
tivas dos consumidores. (E) materiais que apresentam grau de criticidade baixo, não
(E) que, logo na logística de entrada, deve atender as necessi- podendo, ser substituídos por outros com relativa facilidade.
dades do consumidor.
6. Para uma organização, todo bem de capital pertence ao
4. Os estoques têm a função de atuar como reguladores do patrimônio. Logo, os recursos patrimoniais controlam desde bens
fluxo de negócios. Sobre o tema, analise as assertivas abaixo: simples, a exemplo das matérias-primas e materiais de consumo,
I. Os estoques de produtos em processos correspondem a to- até mão de obra e instalações. Com isso em mente, julgue ver-
dos os itens que já entraram no processo produtivo, mas que ain- dadeiro (V) ou falso (F) nas assertivas a seguir sobre a noção de
da não são produtos acabados. São os materiais que começaram patrimônio em relação à questão contábil e, por fim, assinale a
a sofrer alterações, sem, contudo, estar finalizados. sequência CORRETA.
II. Os estoques de produtos acabados são todos os itens que ( ) O patrimônio não é destinado à venda direta, isto é, ele não
já estão prontos para ser entregues aos consumidores finais. São objetiva o comércio, mas sim a incorporação.
os produtos finais da empresa. Itens como os de revenda enqua- ( ) O patrimônio é um bem adquirido, na maioria dos casos,
dram-se nessa categoria. de forma esporádica.
III. Os estoques em consignação correspondem a todos os ( ) O patrimônio é usado na gestão dos processos essenciais
itens que já foram despachados de uma unidade fabril para outra, da organização.
normalmente da mesma empresa, e que ainda não chegaram a ( ) O patrimônio é permanente quanto à sua natureza, não
seu destino final. sendo, portanto, depreciável ou sujeito a desgaste físico e con-
tábil.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. (A) V, V, V, F.
(B) Apenas II. (B) F, V, V, V.
(C) Apenas III. (C) V, F, F, F.
(D) Apenas I e II. (D) F, F, V, V.
(E) I, II e III. (E) V, V, F, F.

7. No que concerne ao gerenciamento de compras, assinale


a opção correta.
(A) A escolha do transportador é incumbência do comprador
no sistema CIF.
(B) A descentralização de compras facilita o controle de mate-
riais e estoque.
(C) O controle de qualidade realiza inspeção dos produtos aca-
bados, não guardando interface com a seção de compras.
(D) A manutenção de estoques mínimos é atividade típica da
seção de compras.
(E) Um número mínimo de três cotações para encorajar novos
competidores é realizado no sistema de preço objetivo.

371
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
8. O recebimento e a aceitação de materiais são atividades
que abrangem desde a recepção na entrega pelo fornecedor até
ANOTAÇÕES
sua devida entrada nos estoques. As áreas de uma empresa que
devem estar integradas nessas atividades são ______________________________________________________
(A) a de logística e a de marketing.
(B) a de recursos humanos e a de contabilidade. ______________________________________________________
(C) a estratégica e de marketing.
(D) a de contabilidade e a de compras. ______________________________________________________
(E) a de compras e a de logística.
______________________________________________________
9. A administração de materiais no setor público é fortemente
______________________________________________________
regulada e contempla as funções de compras governamentais e
contratação de serviços, de armazenamento e administração de ______________________________________________________
estoques, de distribuição e de administração patrimonial. A fun-
ção de compras governamentais e contratação de serviços deve ______________________________________________________
ser realizada através de licitações. Assinale a alternativa que apre-
senta algumas das modalidades de licitação para compras e con- ______________________________________________________
tratações pela administração pública brasileira.
(A) Concorrência, convite e concurso. ______________________________________________________
(B) Termo de cooperação, convênio e menor preço.
______________________________________________________
(C) Contrato de gestão, execução direta e tarefa.
(D) Empreitada por preço global, empreitada por preço unitário ______________________________________________________
e empreitada integral.
(E) Melhor técnica, melhor técnica e preço, maior lance ou ______________________________________________________
oferta e menor preço.
______________________________________________________
10. Um material pode ser enquadrado como “de consumo” se
atender o critério de ______________________________________________________
(A) qualidade.
(B) fragilidade. ______________________________________________________
(C) finitude.
______________________________________________________
(D) inclusão.
(E) alteração. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 A
4 D ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 A
_____________________________________________________
7 D
_____________________________________________________
8 D
9 A ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

372
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Centros de documentação ou informação: é um órgão/insti-


CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA. tuição/serviço que busca juntar, armazenar, classificar, selecionar e
O GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO disseminar informação das mais diversas naturezas, incluindo aque-
DE DOCUMENTOS. DIAGNÓSTICOS. ARQUIVOS las próprias da biblioteconomia, da arquivística, dos museus e da
CORRENTES E INTERMEDIÁRIO. PROTOCOLOS. informática.
AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS. ARQUIVOS
PERMANENTES. TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E Princípios
SUPORTES FÍSICOS. MICROFILMAGEM. AUTOMAÇÃO. A arquivologia possui uma série de princípios fundamentais
PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE para o seu funcionamento. São eles:
DOCUMENTOS
• Princípio da proveniência, respeito aos fundos ou método
Conceitos histórico: fundo é um conjunto de documentos de uma mesma pro-
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, veniência. Eles podem ser fundos abertos ou fechados.
temos quatro definições para o termo arquivologia: Fundo aberto é aquele ao qual podem ser acrescentados novos
1. Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma documentos em função do fato de a entidade produtora continuar
entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desem- em atividade.
penho de suas atividades, independentemente da natureza do su- Fundo fechado é aquele que não recebe acréscimo de docu-
porte. mentos, uma vez que a entidade produtora não se encontra mais
2. Instituição ou serviço que tem por finalidade a custódia, o em atividade. Porém, ele pode continuar recebendo acréscimo de
processamento técnico, a conservação e o acesso a documentos. documentos desde que seja proveniente da mesma entidade pro-
3. Instalações onde funcionam arquivos. dutora de quando a organização estava funcionando.
4. Móvel destinado à guarda de documentos.
• Princípio da indivisibilidade ou integridade arquivística: é
Podemos entender ela como um conjunto de princípios, nor- necessário manter a integridade do arquivo, sem dispersar, mutilar,
mas, técnicas e procedimentos para gerenciar as informações no alienar, destruir sem autorização ou adicionar documento indevido.
processo de produção, organização, processamento, guarda, utili-
zação, identificação, preservação e uso de documentos de arquivos. • Princípio do respeito à ordem original, ordem primitiva ou
• Um arquivo é o conjunto de documentos produzidos e acu- “santidade” da ordem original: o arquivo deve conservar o arranjo
mulados por uma entidade coletiva, pública e privada, pessoa ou dado por quem o produziu, seja uma entidade coletiva, pessoa ou
família, no desempenho de suas atividades, independentemente da família. Ou seja, ele deve ser colocado no seu lugar de origem den-
natureza do suporte. tro do fundo de onde provém.
• Um documento é o registro de informações, independente
da natureza do suporte que a contém. • Princípio da Organicidade: é o princípio que possibilita a
• Já informação é um “elemento referencial, noção, ideia ou diferenciação entre documentos de arquivo e outros documentos
mensagem contidos num documento. existentes no ambiente organizacional.
O suporte é o meio física, aquela que o contém o documento,
podendo ser: papel; pen-drive; película fotográfica; microfilme; CD; • Princípio da Unicidade: independentemente de forma, gê-
DVD; entre outros. nero, tipo ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu
caráter único, em função do contexto em que foram produzidos.
Outros conceitos importantes de se ter claro na mente:
Arquivos: órgãos que recolhem naturalmente os documentos • Princípio da cumulatividade ou naturalidade: seus registros
de arquivo, que são acumulados organicamente pela entidade, de são formados de maneira progressiva, natural e orgânica em função
forma ordenada, preservando-os para a consecução dos objetivos do desempenho natural das atividades da organização, família ou
funcionais, legais e administrativos, tendo em conta sua utilidade pessoa, por produção e recebimento, e não de maneira artificial.
futura.
Bibliotecas: reúnem documentos de biblioteca, que são mate- • Princípio da reversibilidade: todo procedimento ou trata-
riais ordenados para estudo, pesquisa e consulta. mento aplicado aos arquivos poderá, necessariamente, ser rever-
Museus: colecionam documentos (bidimensionais e/ou tridi- tido, caso seja necessário. Para se evitar a desintegração ou perda
mensionais) de museu, que são criações artísticas ou culturais de de unidade do fundo.
uma civilização ou comunidade, possuindo utilidade cultural, de in-
formação, educação e entretenimento. • Princípios da inalienabilidade e imprescritibilidade: aplicado
ao setor público, estabelecendo que a transferência de propriedade
dos arquivos públicos a terceiros é proibida; e que o direito público
sobre os seus arquivos não prescreve com o tempo.

373
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
• Princípio da universalidade: implica ao arquivista uma abor- SINAR
dagem mais geral sobre a gestão dos documentos de arquivo antes Sistema Nacional de Arquivos, em 1978, não obstante os es-
que ele possa se aprofundar em maiores detalhes sobre cada natu- forços realizados no sentido de estimular a adoção de políticas que
reza documental. assegurassem a preservação do patrimônio documental em decor-
rência da implementação do sistema foi bastante prejudicada em
• Princípio da proveniência territorial/territorialidade: es- decorrência da concepção estreita que norteou o Governo Feral, à
tabelece que os documentos deverão ser arquivados no território época, com relação à problemática arquivística.
onde foram produzidos. A promulgação da Lei n.º 8159/91 retorna a questão da Política
Nacional de Arquivos, reconhecendo e legitimando a necessidade
• Princípio da pertinência territorial: afirma que os documen- de um Sistema que promova a efetiva integração sistêmica dos ar-
tos deverão ser arquivados no local de sua pertinência, e não de quivos públicos e privados nos moldes legais e tecnicamente corre-
sua acumulação. tos, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos
de arquivo.
Os arquivos públicos são conjuntos de documentos produzidos
e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de Legislação Federal
âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e Municipal em decor- (Caro candidato(a) indicamos a consulta das Leis e decretos
rência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias. (Lei abaixo para aprofundar os estudos)
nº 8.159/91). – Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a
Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados.
produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor- – Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968. Regula a microfilmagem
rência de suas atividades. Os arquivos privados podem ser identifi- de documentos oficiais e dá outras providências.
cados pelo Poder Público como de interesse público e social, desde – Decreto no 1.799, de 30 de janeiro de 1996. Regulamenta a
que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para Lei no 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula a microfilmagem de
a história e desenvolvimento científico nacional. (Lei nº 8.159/91). documentos oficiais.
– Portaria da Secretaria da Justiça nº 58, de 20 de junho de
CONARQ 1996. Regulamenta o registro e a fiscalização do exercício da ativi-
O Conselho Nacional de Arquivos é um órgão colegiado, vin- dade de microfilmagem de documentos, em conformidade com o
culado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26 da Lei 8159, de 8 parágrafo único do artigo 15 do Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro
de Janeiro de 1991, que dispõe da Política Nacional de Arquivos e de 1996.
regulamentado pelo decreto n.º 1173 de 19 de Junho de 1994, al- – Decreto nº 2.134, de 24 de janeiro de 1997. Regulamenta o
terado pelo decreto n.º 1491, de 25 de Abril de 1995, que tem por art. 23 da Lei 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a
finalidade: categoria dos documentos públicos sigilosos e o acesso a eles, e dá
I - Definir a Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados; outras providências.
II - Exercer a orientação normativa visando à Gestão Documen-
tal e à proteção especial aos documentos de arquivo. Citamos alguns artigos importantes da Legislação Federal:
– A eliminação de documentos produzidos por instituições pú-
Dentre as competências delegadas ao órgão, destacam-se as blicas e de caráter público será realizada mediante autorização da
seguintes: instituição arquivística pública, na sua específica esfera de compe-
— Definir normas gerais e estabelecer diretrizes para o pleno tência (Lei no. 8.159, de 08/01/91, Art. 9°.);
funcionamento do SINAR. Visando à Gestão, à preservação e ao – Os documentos, em tramitação ou em estudo, poderão, a
acesso aos documentos do arquivo; critério da autoridade competente, ser microfilmados, não sendo
— Promover o inter-relacionamento de arquivos público de permitida a sua eliminação até a definição de sua destinação final
privados com vistas ao intercâmbio e à integração sistêmica das ati- (Decreto no. 1.799, de 30/01/96, Art. 11);
vidades arquivísticas; – A eliminação de documentos, após a microfilmagem, dar-se-á
— Zelar pelo cumprimento dos dispositivos constitucionais e por meios que garantam sua inutilização, sendo a mesma precedida
legai que preservam o funcionamento e acesso aos arquivos pú- de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extração de filme
blicos; cópia (idem, Art. 12);
— Estimular programas de preservação e gestão de documen- – A eliminação de documentos oficiais ou públicos só deverá
tos produzido (orgânicos) e recebidos por órgãos e entidades, no ocorrer se prevista na tabela de temporalidade do órgão, aprovada
âmbito federal, estadual e municipal, em decorrência da função pela autoridade competente na esfera de sua atuação e respeitado
executiva, legislativa e judiciária; o disposto no art. 9° da Lei no. 8.159, de 8 de janeiro de 1991 (idem,
— Subsidiar a elaboração de planos nacionais nos Poderes Le- Art. 12 parágrafo único).
gislativo, Executivo e Judiciário, bem como nos Estado, no Distrito
Federal e Municípios; Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
— Declarar que como de interesse público e social os arquivos – É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o
privados que contenham fontes relevantes para a história e o de- sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (Art.5°,
senvolvimento nacionais, nos termos do art. 13 da Lei n.º 8159/91. XIV);
– Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so-
ciedade e do Estado (Art. 5°., XXXIII);

374
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
– São a todos assegurados, independentemente do pagamen- – Compete aos Órgãos Setoriais e Seccionais do Sistema: ... III
to de taxas, ... b) a obtenção de certidões em repartições públicas, - preservar os documentos sob sua guarda, responsabilizando-se
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pela sua segurança (Art. 5º.); Decreto no. 1799, de 30 de janeiro de
pessoal (Art. 5°., XXXIV); 1996: Regulamenta a Lei no. 5.433, de 8 de maio de 1968, que regu-
– A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais la a microfilmagem de documentos oficiais, e a outras providências)
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (Art. – Os documentos oficiais ou públicos, com valor de guarda per-
5°., LX); manente, não poderão ser eliminados após a microfilmagem de-
– Conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimen- vendo ser recolhidos ao arquivo público de sua esfera de atuação
to de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de ou preservados pelo próprio órgão detentor (Art.13).
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se pre- RESOLUÇÃO N.º 4, DE 28 DE MARÇO DE 1996.
fira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo (Art. 5°, Dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Ar-
LXXII); quivo para a Administração Pública.
– É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios: ... II recusar fé aos documentos públicos (Art.19); Levando em consideração que o acumulo da massa docu-
– É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Fe- mental é um retrocesso da agilidade da obtenção da informação
deral e dos Municípios: ... V- proporcionar os meios de acesso à o presidente do CONARQ dentro de suas atribuições e baseado na
cultura, à educação e à ciência (Art.23); Resolução 1º (adoção de um Plano de Classificação para arquivos
– Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da correntes) resolve aprovar medidas e definir funções.
documentação governamental e as providências para franquear sua Para os Arquivos Públicos foi aprovado, para as Atividades-
consulta a quantos dela necessitem (Art. 216, parág. 2°.); -Meio, o Código de Classificação da Administração Pública que ser-
– A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a ve como modelo. Também foi atribuído que as entidades poderão
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão adaptar esse Código de Classificação de acordo com a decorrência
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição (Art. de suas atividades, estipulando mudanças nos prazos de guarda, de
220). destinação (eliminação ou guarda permanente), inserção de novas
– É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Fe- classes, subclasses e assim por diante.
deral e dos Municípios: ... III- proteger os documentos, as obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, Classificação, Temporalidade e Destinação de Documentos de
as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV- impedir Arquivos Relativos às Atividade – Meio da Administração Pública.
a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de A Política Nacional de Arquivos, de acordo com os princípios
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural (Art. 23); teóricos da moderna Arquivologia, compreende a definição e a no-
– Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de nature- ção de um conjunto de normas e procedimentos técnicos e admi-
za material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, nistrativos para disciplinar as atividades relativas aos serviços ar-
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos di- quivísticos da administração pública, trazendo, por consequência, a
ferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se melhoria dos arquivos públicos. A implantação dessa política inclui
necessariamente o processo de restauração da própria administra-
incluem: ... IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais
ção pública.
espaços destinados às manifestações artístico-culturais (Art. 216);
No entanto, com essa modernização, pressupõem novas for-
– O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promo-
mas de relacionamento entra máquina administrativa governamen-
verá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inven-
tal e seus arquivos, como condição imprescindível para que estes
tários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de ou-
últimos sirvam como instrumento de apoio à organização do estado
tras formas de acautelamento e preservação (Art. 216, parág. 1º.);
e da sociedade.
O controle sobre a produção documental e a racionalização de
Lei no. 8.159, de 08/01/91: dispõe sobre a Política Nacional de
seu fluxo, atreves da aplicação de modernas técnicas e recursos tec-
Arquivos Públicos e Privados nológicos, são objetivos de um programa de gestão de documentos,
– É dever do Poder Público a gestão documental e a proteção que levará à melhoria dos serviços arquivísticos, reganhando, com
especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à isso, a função social que os arquivos devem ter, aumentando-lhes
administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como ele- a eficácia garantindo o cumprimento dos direitos de cidadania e
mentos de prova e informação (Art. 1º.); sendo, para o próprio Estado suporte para as decisões políticos-ad-
– Os documentos de valor permanente são inalienáveis e im- ministrativas.
prescritíveis (Art. 10); Contudo, o Código de Classificação de Documentos de Arquivo
– Ficará sujeito a responsabilidade penal, civil e administrativa, para a Administração Pública: atividades meio e a tabela básica de
na forma da legislação em vigor aquele que desfigurar ou destruir temporalidade e destinação de documentos de arquivos relativos
documentos de valor permanente ou considerado como de interes- às atividades meio da Administração Pública foram elaborados por
se público e social (Art. 25); técnicos do Arquivo Nacional, da antiga Secretaria de Administra-
ção Federal e do Ministério do Planejamento e Orçamento e cons-
Decreto no. 82.308, de 25/09/78: institui o Sistema Nacional de tituem elementos essenciais à organização do arquivos correntes
Arquivo (SINAR) e intermediários, permitindo o acesso aos documentos através da
– Fica instituído o Sistema Nacional de Arquivo (SINAR) com racionalização e controlo eficazes das informações neles contidas.
a finalidade de assegurar, com vistas ao interesse da comunidade,
ou pelo seu valor histórico, a preservação de documentos do Poder
Público (Art. 1o.);
– Compete ao Órgão Central do Sistema: ... III-supervisionar a
conservação dos documentos sob sua custódia (Art. 4°.);

375
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
É importante focar que, a utilização desses instrumentos (Tabe- b) Arquivamento
la de Temporalidade e Destinação), além de possibilitar o controle Com a efetuação da classificação o documento, ele deve ser
e a rápida recuperação de informações, orientará as atividades de encaminhado para o seu destino: a tramitação ou despacho final.
racionalização da produção e fluxo documentais, avaliação e desti- O arquivamento tem o objetivo de preservar a ordem estabelecida
nação dos documentos produzidos e recebidos, aumentando a efi- pelos códigos aplicados na fase de classificação (Princípio da Pro-
cácia dos serviços arquivísticos da administração pública em todas veniência) visando o acelerar o arquivamento. Uma característica
as esferas. importante no processo de arquivamento é a preocupação com a
utilização do espaço (hoje em dia praticamente todos os Arquivos
Código de Classificação de Documentos de Arquivo sofrem com esse problema) por isso neste processo há a preocupa-
É o principal instrumento para a classificação dos documentos ção se existem réplicas ou documentos que falam do mesmo assun-
no Arquivo Corrente ou na massa documental. A ordem estabeleci- to, havendo isso, serão encaminhados para a eliminação.
da é baseada no agrupamento de documentos de um mesmo tema,
com a preocupação de agilizar o recolhimento, transferência e o Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo da
acesso ao documento. Atividades-Meio da Administração Pública
Para a administração pública federal o modo de classificação Na necessidade de medidas que definam quais são as atitudes
adotado foi o Método de Classificação Decimal (técnica de Melvil a serem tomadas com os documentos, em relação a preservação,
Dewey). As dez principias são representadas por números inteiros destinação intermediária ou permanente de acordo com seu valor
com três algarismos: Classe 100; Classe 200; Classe 300; Classe 400; secundário representado para a sociedade, é necessário a elabora-
Classe 500; Classe 600; Classe 700; Classe 800; Classe 900. ção de uma Tabela de Temporalidade.
Essas classes podem ser divididas em subclasses, que podem a) Disposição da Tabela de Temporalidade
ser divididas em grupo, que podem ser divididas em subgrupos. Os Sendo resultante de várias análises a Tabela de Temporalidade
números sempre estarão se submetendo a uma subordinação ao tem os objetivos de definir guarda, destinação e garantir o fácil e
anterior. Vejamos: rápido acesso às informações. Em sua estrutura básica são encon-
Classe 000 trados os prazos de guarda na fase corrente e intermediária, e sua
Subclasse 010 destinação final além de observações para maior entendimento.
Grupo 012
Subgrupo 012.11 b) Elaboração da Tabela de Temporalidade
O Princípio das Três Idades é fundamental, pois ele rege toda a
Neste modelo de Plano de Classificação as classes de 000 e 900 vida da informação, atendendo as necessidades da Tabela de Tem-
já vem rotuladas com seus respectivos assuntos: Administração Ge- poralidade. Para a determinação do caráter primário ou secundário
ral e Assuntos Diversos. Mesmo com essas definições essas duas é necessário a verificação se a informação tem caráter administra-
classes poderão sofrer alterações no seu contexto de subclasses, tivo ou probatório/informativo, respectivamente. Em seguida vem
grupos e subgrupos. Alterações que poderão acrescentar ou reduzir a formação de uma Comissão Permanente de Avaliação. Essa Co-
seu volume de informação. Essas duas classes já foram incluídas no missão levantará dados sobre as atividades desenvolvidas pela Ad-
modelo Plano de Classificação porque segundo seus elaboradores ministração Geral e suas subsidiárias afim de determinar o melhor
essas são duas classes comuns a toda Atividades-Meio de uma orga- período de tempo que documento dever permanecer em cada fase.
nização. O restante das classes fica aberto para o uso de acordo com Depois de sua elaboração, a Tabela de Temporalidade é en-
as atividades documentais executadas pela organização. caminhada para a instituição arquivística pública responsável pela
área de situação do Arquivo requerente (onde será aprovada ou
Aplicação do Código de Classificação de Documentos de Ar- não), também há a necessidade de edição da mesma em Diário
quivo Oficial e é esperado 45 dias para possíveis manifestações. Depois
A classificação faz parte do importante processo de Gestão Do- desse processo e com a aprovação, a Tabela de Temporalidade, da
cumental de Arquivos, pois a classificação faz parte da eficiência, do empresa pública ou privada, será implantada com a orientação e
controle e da agilidade no gerenciamento das informações. acompanhamento de um Arquivista.
Duas etapas caracterizam a aplicação do Código de Classifica-
ção: Classificação e Arquivamento. c) Aplicação da Tabela de Temporalidade
O usuário da Tabela de Temporalidade terá a sua disposição,
a) Classificação na própria tabela, as orientações e explicações. A principal preo-
Primeiramente, essa etapa deve ser realizada por servidores cupação na aplicação da Tabela de Temporalidade é a verificação
treinado e aptos. O processo de classificação é lento pois necessita da organicidade estabelecida aos documentos de arquivo. Esse é
da leitura de cada documento com o intuito de aplicar o código de a principal mudança que os Arquivos estão sofrendo hoje em dia.
classificação (ESTUDO). Quando a informação se refere a dois ou A aplicação da Tabela de Temporalidade tem sido comprome-
mais assuntos é usado um mecanismo, chamado Referência Cruza- tida pois muitos Arquivos não têm profissionais com nível superior
da, onde é usado uma folha de referência. Essa folha é colocada na de Arquivologia, ou seja, o responsável, que não tem o curso, na
pasta ou nas pastas onde a referência é menor e, consequentemen- maioria das vezes não é condizente com a utilização do Plano de
te, o documento vai ocupar o lugar onde ele tem maior importân- Classificação e a aplicação da Tabela de Temporalidade, comprome-
cia. A codificação é importante na classificação pois faz uma revisão tendo a ênfase da Arquivologia: a organicidade.
dos códigos utilizados e sua confirmação é feita com o registro do
código na primeira folha do documento.

376
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
A Tabela de Temporalidade é um modo de controlar o fluxo dos documentos em cada fase. Na fase corrente, o valor primário é o
importante; na fase intermediária, o valor primário perde importância e é feita uma averiguação do seu valor secundário e é dado um
prazo de precação (para possíveis pesquisas); em seguida é eliminado ou passa para a guarda permanente (quando constatado seu valor
secundário). Baseado nesses princípios a Tabela de Temporalidade estipula o tempo que o documento deve permanecer na fase corrente
e intermediária ou se será eliminado ou destinado à guarda permanente.

Normas
(Caro(a) candidato(a) os arquivos das normas são extensivos e não tem como serem resumidos, por isso não colocamos os mesmos em
nosso material. Sugerimos para aprofundamento do seu estudo, a leitura das normas.)
– ISAD(G) – Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística
– ISAAR(CPF) – Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias
– ISDF – Norma Internacional para a Descrição de Funções
– ISDIAH – Norma Internacional para Instituições com Acervo Arquivístico.

Sistema “é o conjunto de princípios coordenados entre si, de modo que concorram para um determinado fim”. Paes (2005) ensina que
os métodos de arquivamento podem ser divididos em duas classes:

No sistema direto buscamos os documentos diretamente onde estão localizados, sem o auxílio de instrumentos de pesquisa. Dentro
desse sistema temos os métodos de arquivamento:
- Alfabético: organização dos documentos feita palavra por palavra e letra por letra. Devemos observar as regras de alfabetação para
a utilização desse método.
- Geográfico: a utilização deste método é tomada quando a política de arquivo define como primordial para organização dos docu-
mentos é a procedência local do mesmo.

Método de Arquivamento

CLASSIFICAÇÃO POR ASSUNTO MÉTODO GEOGRÁFICO


Brasília
PATRIMÔNIO Rio de Janeiro
São Paulo
MÉTODO ALFABÉTICO
Aguiar, Celso
PESSOAL - ADMISSÃO Borges, Francisco
Cardoso Jurandir
Castro, Lúcia
MÉTODO (SECUNDÁRIO) CRONOLÓGICO
Jan. a jul. de 1980
DEMISSÃO - FOLHAS DE PAGAMENTO
Ago. a dez. 1980
Jan. a jul 1981

377
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
- Correspondência com outros países: alfabeta-se em primeiro 3º MOREIRA, Moisés
lugar o país, seguido da capital e do correspondente. As demais ci-
dades serão alfabetadas em ordem alfabética, após as respectivas – As partículas tais como de, d’, da, do, e, não são consideradas.
capitais dos países a que se referem. EXEMPLO:
Virgínia Souza e Silva
Regras de alfabetação1 Heloísa R. do Amparo
As seguintes as regras de alfabetação obedecem ao seguinte: Regina Viana d’Almeida
O arquivamento de NOMES obedece a algumas regras, deno- ARQUIVAM- SE:
minadas Regras de Alfabetação, que são as seguintes: ALMEIDA, Regina Viana d’
- Nos nomes individuais considera-se, primeiramente, o último AMPARO, Heloísa R. do
nome e depois o prenome. SILVA, Virgínia Souza e

EXEMPLO: – Os nomes que exprimem grau de parentesco, como: FILHO,


Miguel Soares Brito JUNIOR, NETO, SOBRINHO, são considerados parte integrante do úl-
Cláudia Regina Vieira timo sobrenome, mas não são considerados na alfabetação.
Ivo Pereira da Paz EXEMPLO:
ARQUIVAM- SE: André Luís Silva Júnior
1º BRITO, Miguel Soares Marcos Soares Filho
2º PAZ, Ivo Pereira da Amaury Reis Serafim Filho
3º VIEIRA, Cláudia Regina ARQUIVAM-SE:
SERAFIM FILHO, Amaury Reis
– Quando houver sobrenomes iguais, prevalece a ordem alfa- SILVA JUNIOR, André Luís
bética do prenome. SOARES FILHO, Marcos
EXEMPLO:
Hermínia Ferreira – Os títulos são colocados no fim, entre parênteses.
Ana Lúcia Ferreira EXEMPLO:
Mauro Ferreira Maj Int Sérgio F. Brito
ARQUIVAM- SE: Ministro Moreira Lima Pe. Antônio Vieira
1º FERREIRA, Ana Lúcia ARQUIVAM-SE:
2º FERREIRA, Hermínia BRITO, Sérgio F. (Maj Int)
3º FERREIRA, Mauro LIMA, Moreira (Ministro)
VIEIRA, Antônio (Pe.)
– Nomes compostos de um substantivo e um adjetivo ou liga-
dos por hífen não se separam. – Os nomes estrangeiros comuns são considerados pelo sobre-
EXEMPLO: nome, salvo nos casos de nomes espanhóis e orientais.
Heitor Villa Lobos EXEMPLO:
Elza Campo Verde John E. Bingham
Teobaldo Casa Grande George Mac Donald
ARQUIVAM- SE: William Outhwaite
1º CAMPO VERDE, Elza ARQUIVAM- SE:
2º CASA GRANDE, Teobaldo BINGHAM, John E.
3º VILLA LOBOS, Heitor MAC DONALD, George
OUTHWAITE, William
– Os nomes com SANTA, SANTO ou SÃO seguem a regra dos
nomes formados de um adjetivo e um substantivo. – As partículas dos nomes estrangeiros podem ou não ser con-
EXEMPLO: sideradas. O mais comum é considera-la como parte integrante do
Vera Maria São Gonçalo nome, principalmente quando escritas em letra maiúscula.
Carmem Santo Antônio EXEMPLO:
Maria da Paz Santa Cruz Francisco Di Cavalcanti
ARQUIVAM- SE: Lilian Cruz D’Almada
1º SANTA CRUZ, Maria da Paz Maria Luiza O’Hara
2º SANTO ANTÔNIO, Carmem ARQUIVAM- SE:
3º SÃO GONÇALO, Vera Maria 1º D’ALMADA, Lilian Cruz
2º DI CAVALCANTI, Francisco
– As iniciais abreviativas de prenomes têm precedência na clas- 3º O’HARA, Maria Luiza
sificação de nomes iguais.
EXEMPLO: – Os nomes espanhóis são registrados pelo penúltimo sobreno-
Moacir Moreira me, que corresponde ao sobrenome da família do pai.
Moisés Moreira EXEMPLO:
M. Moreira Angel Del Arco Y Molinero
ARQUIVAM- SE: Juan Garcia Vasques
1º MOREIRA, M. Antonio de los Rios
2º MOREIRA, Moacir ARQUIVAM-SE:
1º ARCO Y MOLINERO, Agel Del
1 Fonte: Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica

378
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
3º RIOS, Antonio de los Estas regras podem ser alteradas para melhor adaptarem-se à
2º GARCIA VASQUES, Juan empresa, instituição, firma, órgão, desde que o critério escolhido
seja uniforme para toda a empresa, e que sejam feitas remissivas*
– Os nomes orientais japoneses, chineses, árabes e outros são para serem evitadas dúvidas futuras.
arquivados como se apresentam. ex.: Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
EXEMPLO: ver EMBRAER
Li Yutang
Adib Hassib Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
Al BenHur ver INFRAERO
ARQUIVAM-SE:
Adib Hassib Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica
Al BenHur ver CENDOC
Li Yutang
– Os nomes de firmas e empresas devem ser considerados tais No sistema indireto, para recuperarmos os documentos de que
como se apresentam. necessitamos, temos de nos valer de instrumento (s) de pesquisa
EXEMPLO: (s), como índices e catálogos, os principais métodos deste sistema
Transportadora Americana Ltda são:
Sapataria Dengo e Denga S/A – Numérico: pode ser cronológico, simples ou digital. Precisa-
Rezende Barros & Cia -se de uma espécie sumário ou índice para que possamos recuperar
ARQUIVAM-SE: o documento. Tal método só deve ser utilizado para quantidade pe-
REZENDE BARROS & CIA quena de documentos.
SAPATARIA DENGO e DENGA S/A – Por assunto: método muito utilizado para tratar de grandes
TRANSPORTADORA AMERICANA LTDA massas de documentos. Este método requer, obrigatoriamente, a
elaboração de um alfabético remissivo, além de uma grande espe-
– Os nomes de instituições e órgãos governamentais em portu- cialização do arquivista para atribuir os devidos termos (descrito-
guês, consideram-se como se apresentam. res) aos respectivos documentos.
EXEMPLO:
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos A função primordial dos arquivos é disponibilizar as informa-
Banco do Brasil ções contidas nos documentos para a tomada de decisão e com-
Companhia Estadual de Água e Esgoto provação de direitos e obrigações, o que só se efetivará se os do-
ARQUIVAM-SE: cumentos estiverem corretamente classificados e devidamente
BANCO do Brasil guardados.
COMPANHIA Estadual de Água e Esgoto
EMPRESA Brasileira de Correios e Telégrafos – Variadex: Segundo PAES (2002), a Remington Rand concebeu
o método variadex, introduzindo as cores como elementos auxilia-
– Os nomes de instituições ou órgãos de países estrangeiros res para facilitar não só o arquivamento, como a localização de do-
devem ser precedidos pelo nome do país. cumentos. Nesse método, trabalha-se com uma chave constituída
EXEMPLO: de cinco cores.
Public Record Office
Editorial Hispano Europea, S.A LETRAS CORES
United State Air Force
ARQUIVAM-SE: A, B, C, D e abreviações Ouro
ESPANHA Editorial E, F, G, H e abreviações Rosa
Hispano Europea, S.A
I, J, K, L, M, N e abreviações Verde
ESTADOS UNIDOS United
State Air Force O, P, Q e abreviações Azul
INGLATERRA Public R, S, T, U, V, W, Y, Z e abreviações Palha
Record Office
– Automático: É utilizado somente na Europa. Nesse método
– Nos títulos de congressos, seminários, conferências, assem- os papéis são arquivados com guias alfabéticas numeradas uma a
bleias, reuniões e outros eventos. Os números arábicos, romanos uma. Este método é combina letras, números e cores. É considera-
ou escritos por extenso, deverão aparecer no fim, entre parênteses. do um método semidireto porque quando vai numerar é necessário
EXEMPLO: olhar uma tabela antes (indireto), mas o nome é alfabético (direto).
1º Seminário sobre Medicina Aeroespacial – Soundex: Utilizado somente na Europa. Este método utiliza
VII Congresso Brasileiro de Arquivologia a fonética (som das palavras) e não pela ordem alfabética. Método
Quarta Assembleia de Diretores Lojistas soundex: ordenação que tem por eixo a fonética dos nomes que
ARQUIVAM- SE: intitulam os documentos de um determinado arquivo. Usam se no-
ASSEMBLEIA de Diretores Lojistas (Quarta)

mes para a organização dos arquivos, reunindo os pela semelhança


CONGRESSO Brasileiro de Arquivologia (VII)

da pronúncia, mesmo que a grafia seja diferente.


SEMINÁRIO sobre Medicina Aeroespacial (1º) – Mnemônico: É considerado um método obsoleto. Busca com-
binar as letras do alfabeto (símbolos) de forma a auxiliar a memória
na busca da informação no material de arquivo.

379
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
– Rôneo: Também é considerado um método obsoleto. Conhecido como um método híbrido. Ele combina letras, números e cores.

Através da gestão de documentos podemos fazer um correto arquivamento. Ela surgiu a partir da necessidade das organizações em
gerenciar a informação que se encontrava desestruturada, visando facilitar o acesso ao conhecimento explícito da corporação.
Pode ser considerada como um conjunto de soluções utilizadas para assegurar a produção, administração, manutenção e destinação
dos documentos possibilitando fornecer e recuperar as informações contidas nos documentos de uma maneira conveniente. (SANTOS,
2002).

No Brasil, a gestão documental é regulamentada na Lei nº 8.159/91 que “Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e pri-
vados e dá outras providências”.

A Gestão de documentos trata-se de um conjunto de medidas e rotinas que garante o efetivo controle de todos os documentos de
qualquer idade desde sua produção até sua destinação final (eliminação ou guarda permanente), com vistas à racionalização e eficiência
administrativas, bem como à preservação do patrimônio documental de interesse histórico-cultural. Pressupõe-se, portanto, uma inter-
venção no ciclo de vida dos documentos desde a sua produção até serem eliminados ou recolhidos para guarda definitiva.
Um programa geral de gestão compreende todas as atividades inerentes às idades corrente e intermediária de arquivamento, o
que garante um efetivo controle da produção documental nos arquivos correntes (valor administrativo/vigência), das transferências aos
arquivos centrais/intermediários (local onde os documentos geralmente aguardam longos prazos precaucionais), do processamento das
eliminações e recolhimentos ao arquivo permanente (valor histórico-cultural).

Ciclo de vidas de um documento


• Correntes: conjunto de documentos atuais, em curso, que são objeto de consultas e pesquisas frequentes.
• Temporários: conjunto de documentos oriundos de arquivos correntes que aguardam remoção para depósitos temporários.
• Permanentes: conjunto de documentos de valor histórico, científico ou cultural que devem ser preservados indefinidamente.
O termo arquivo morto, o que caracteriza um erro dentro do estudo da arquivística. Documentos que não são consultados com frequ-
ência, mas que possuem valor, devem ser classificados como Documentos Permanentes.

1ª IDADE
– Documentos vigentes, frequentemente consultados
ARQUIVO CORRENTE
– Final de vigência; documentos que aguardam prazos longos de prescrição ou
2ª IDADE
precaução;
– Raramente consultados;
ARQUIVO INTERMEDIÁRIO E/OU CENTRAL
– Aguardam a destinação final: eliminação ou guarda permanente.
3ª IDADE
– Documentos que perderam a vigência administrativa, porém são providos de
valor secundário ou histórico-cultural
ARQUIVO PERMANENTE

IDADE DO DURAÇÃO FREQUÊNCIA DE LOCAL DE


VALOR
DOCUMENTO MÉDIA USO / ACESSO ARQUIVAMENTO
– Documentos vigentes
Imediato – Muito consultados Arquivo Corrente
ADMINISTRATIVA Cerca de 5 anos
ou Primário – Acesso restrito ao organismo (próximo ao produtor)
produtor
– Documentos vigentes
I – Primário – Regularmente consultados Arquivo Central
5 + 5 = 10 anos
reduzido – Acesso restrito ao organismo (próximo à administração)
produtor
INTERMEDIÁRIA II – Primário – Documentos vigentes
10 + 20 = 30 anos
mínimo – Prazo precaucional longo
Arquivo intermediário (exte-
– Referência ocasional
rior à Instituição ou anexo ao
III – Secundário – Pouca frequência de uso
30 + 20 = 50 anos Arquivo Permanente)
potencial – Acesso público mediante autori-
zação
– Documentos que perderam a
vigência Arquivo Permanente ou
HISTÓRICA Secundário Definitiva
– Valor permanente Histórico
– Acesso público pleno

380
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
Os três momentos de gestão são fáceis de serem reconhecidos Nos últimos anos vêm sendo ampliados no Brasil os debates so-
e não são consecutivos. Eles são: bre a formulação, desenvolvimento e avaliação de políticas públicas
1. Produção dos documentos: elaboração de formulários, im- arquivísticas. Essas reflexões a respeito do tema, revelam cada vez
plantação de sistemas de organização da informação, aplicação de mais a complexidade de elementos envolvidos no desenho e imple-
novas tecnologias aos procedimentos administrativos. mentação das políticas públicas no campo dos arquivos.
2. Manutenção e uso: implantação de sistemas de arquivo, se- A produção de conhecimento arquivístico não está mais, espe-
leção dos sistemas de reprodução, automatização do acesso, mobi- cialmente a partir dos anos 1990, restrita às instituições arquivís-
liário, materiais, local. ticas. É também um dever das universidades. Possivelmente essa
3. Destinação final dos documentos: programa de avaliação atribuição das universidades será mais eficazmente cumprida se
que garanta a proteção dos conjuntos documentais de valor perma- resultar de diálogos permanentes com os arquivos públicos. Tais di-
nente e a eliminação de documentos rotineiros e desprovidos de álogos são ainda raros e pouco densos no caso brasileiro.
valor probatório e informativo. A produção de conhecimento arquivístico que emerge das ins-
tituições arquivísticas – historicamente um lócus privilegiado de
A avaliação de documentos de arquivo é uma etapa decisiva produção de saber arquivístico – não se faz acompanhar de sufi-
no processo de implantação de políticas de gestão de documentos, ciente difusão desse saber. Os arquivos públicos brasileiros ainda
tanto nas instituições públicas quanto nas empresas privadas. Con- difundem muito pouco o saber que, supõe-se, emerge das práticas
siste fundamentalmente em identificar valores e definir prazos de arquivísticas que desenvolvem.
guarda para os documentos de arquivo, independentemente de seu Outras questões que envolve este tema é a quantidade de
suporte ser o papel, o filme, a fita magnética, o disquete, o disco Universidades que ministram o curso de arquivistas, obras literá-
ótico ou qualquer outro. rias que abordam sobre o assunto, concurso público para a área
pouco realizado. Muitas são as variantes que interferem na reali-
Para a implantação do processo de avaliação de documentos é dade arquivística brasileira que contribuem para um diagnóstico da
necessário seguir os seguintes passos: situação. Segundo artigo publicado pela UFBA2 foi levantado essas
1) Constituição formal da Comissão de Avaliação de Documen- variantes que se seguem:
tos, para garantir a legitimidade e autoridade à equipe responsável;
2) Elaboração de textos legais ou normativos que definam nor- O perfil da atividade arquivística
mas e procedimentos para o trabalho de avaliação; Quais os profissionais que atuam no desenvolvimento de prá-
3) Estudo da estrutura administrativa do órgão e análise das ticas arquivísticas?
competências, funções e atividades de cada uma de suas unidades; Quantos são arquivistas graduados? Em quais universidades?
4) Levantamento da produção documental: entrevistas com Qual tipo de formação contínua esses profissionais desenvol-
funcionários, responsáveis e encarregados, até o nível de seção, vem? Quantos possuem pós-graduação lato sensu e stricto sensu?
para identificar as séries documentais geradas no exercício de suas Em quais áreas? Quais são suas fontes de informação profissional?
competências e atividades; Qual a distribuição regional dessa comunidade profissional?
5) Análise do fluxo documental: origem, pontos de tramitação Quais as faixas salariais?
e encerramento do trâmite; Qual o gênero?
6) Identificação dos valores dos documentos de acordo com Qual a idade?
sua idade: administrativo, legal, fiscal, técnico, histórico; Quantos atuam no setor público? Quantos atuam no setor pri-
7) Definição dos prazos de guarda em cada local de arquiva- vado?
mento. Que relações mantêm com as associações profissionais?

Gestão eletrônica de documentos (GED) Associativismo


A gestão eletrônica de documentos (GED) surge como mais Quantas são, como estão distribuídas regionalmente e como
uma ferramenta considerada importante e imprescindível para o funcionam as associações profissionais da área? Quantos são os as-
gerenciamento da massa documental. Ela gerencia não apenas do- sociados? Qual o perfil dos associados e dos quadros dirigentes?
cumentos digitais, e sim todo e qualquer documento, independente Quais a atividades desenvolvidas?
do suporte físico.
Para sua implantação, o primeiro passo é criar a infraestrutura Docência e docentes em Arquivologia
necessária: cabeamento, aquisição de servidor, microcomputado- Quantos são? Desde quando atuam na docência? Quantos
res, instalação de redes, aquisição de softwares específicos para possuem graduação em Arquivologia ou em outras áreas? Quantos
cada área etc. Em seguida treinar toda a equipe de usuários, para possuem pós-graduação? Em quais áreas? Quais as experiências
enfim, proceder aos trabalhos de recebimento, registro, indexação, prévias no campo dos arquivos? Qual a distribuição regional dessa
controle e arquivamento dos documentos. comunidade profissional? Quais as faixas salariais? Qual o gênero?
Vantagens da GED: Qual a idade? Quais as linhas de pesquisa?
– Interação entre sistemas como correio eletrônico e mensa- Quais os temas arquivísticos com maior ou menor incidência
gens instantâneas; de professores? Como e em quais unidades acadêmicas se inserem
– Aumento da disseminação da informação, através do acesso os cursos de Arquivologia? Qual a relação acadêmica desses cursos
múltiplo a um documento digitalizado; de Arquivologia com cursos de Biblioteconomia, História, Adminis-
– Redução de custos com reprografia, duplicidade e extravio; tração etc.?
– Rapidez no acesso à informação;
– Agilidade no atendimento;
– Informações mais precisas;
– Redução da área física.

2 Ponto de Acesso, Salvador, v. 3, n. 1, p. 46-59, abr. 2009.

381
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
Usos e usuários da informação arquivística Quais os instrumentos para minimizarmos as nossas desigual-
Quais são os usos e quem são os usuários dos arquivos? Como dades arquivísticas num quadro de diversidade?
se estruturam esses usos em diversos contextos? Qual o grau de sa-
tisfação dos usuários com os arquivos? Quais as demandas dos usu-
ários em relação aos arquivos? Quais as alterações no atendimento EXERCÍCIOS
ao usuário com o acesso a informações arquivísticas na internet?
Os setores de atendimento aos usuários estão se modificando em 1. (CECULT-CE - BIBLIOTECÁRIO - UECE-CEV - 2018) É INCOM-
função da internet? Quem é o arquivista de referência hoje? Quais PATÍVEL com as melhores práticas de preservação digital do conhe-
as características da relação arquivistas-usuários em variados con- cimento em biblioteca:
textos institucionais? Quais os usuários potenciais, porém não aten- (A) o caráter obrigatório da existência de uma política de pre-
didos pelos arquivos? Por que e como tal situação ocorre? servação.
Quais as ações desenvolvidas pelos arquivos públicos, asso- (B) a garantia de autenticidade dos documentos digitais
ciações profissionais e universidades para ampliar o uso social dos (C) a confiança no equipamento, hardware, atualmente possu-
arquivos? ído.
Quais as ações que podem favorecer o uso social dos arquivos? (D) a replicação de documentos em locais fisicamente separa-
Quais os obstáculos e aspectos favoráveis ao uso social dos ar- dos.
quivos?
2. (SE-DF - ANALISTA EDUCACIONAL-ARQUIVOLOGIA - CESPE
Produção e difusão de conhecimento - 2017) Julgue o seguinte item, relativo à análise tipológica dos do-
Qual a quantidade e o universo temático de trabalhos finais de cumentos de arquivo.
graduação, dissertações, teses, anais de congressos, artigos de pe- Para se proceder à análise tipológica do acervo de documentos
riódicos, livros etc.? de uma entidade, é fundamental que se tenha conhecimento pré-
Qual é a produção de conhecimento arquivístico da universida- vio da estrutura organizacional dessa entidade e de suas sucessivas
de e das instituições arquivísticas? Quais os temas mais pesquisa- alterações.
dos? Quais os mecanismos de difusão desse conhecimento? ( ) CERTO
Qual a atuação das agências governamentais de apoio à pes- ( ) ERRADO
quisa em relação à produção de conhecimento arquivístico?
3. (IPHAN - AUXILIAR INSTITUCIONAL - CESPE - 2018) A política
Arquivos públicos (Serviços arquivísticos e instituições arqui- de acesso aos documentos de arquivo no Brasil é recente, tendo sua
vísticas governamentais) normatização passado a ser mais efetiva a partir do início da década
de 90 do século passado. No que se refere à política de acesso aos
Quantos são? Qual é a distribuição regional? Qual a distribui-
documentos de arquivo, julgue o item que se segue.
ção por segmentos do Estado brasileiro (União, Estados e Muni-
A devida implantação das normas legais sobre políticas de
cípios / Executivo, Legislativo e Judiciário)? Quais os desenhos de
acesso aos documentos de arquivo em níveis federal, estadual ou
estrutura organizacional? Quantos são e quais as condições de con-
municipal exige respaldo em políticas arquivísticas institucionais.
servação dos acervos? Qual o grau de autonomia financeira? Qual é
( ) CERTO
o orçamento? Quais instrumentos garantem respaldo legal? Qual é
( ) ERRADO
a infraestrutura física, tecnológica e humana? Quais os instrumen-
tos de pesquisa? Qual o grau de normatização? Quais as normas
4. (IPHAN - AUXILIAR INSTITUCIONAL - CESPE - 2018) Acerca
arquivísticas utilizadas? da gestão eletrônica de documentos arquivísticos e de sistemas in-
formatizados de gestão arquivística, julgue o item subsecutivo.
Percepção social dos arquivos, da Arquivologia e dos arqui- O uso de sistemas informatizados de gestão arquivística de do-
vistas cumentos supre a carência de gestão documental.
Como são visualizados os arquivos e os arquivistas pela so- ( ) CERTO
ciedade brasileira? Quais as ações desenvolvidas pelos arquivos ( ) ERRADO
públicos, associações profissionais e universidades para ampliar a
percepção social dos arquivos, da Arquivologia e dos arquivistas? 5. (SE-DF - ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL-ARQUIVOLO-
GIA - CESPE - 2017) A respeito dos sistemas informatizados de ges-
Prospecção (construção de cenários e identificação de ten- tão arquivística de documentos, julgue o item seguinte.
dências com base em pesquisas) O sistema informatizado de gestão arquivística de documentos
Como se dá a ampliação crescente dos usos de tecnologias da (SIGAD) é aplicado em ambientes digitais, com repositórios digitais.
informação? Em quais bases? Em consequência, há mais atendi- ( ) CERTO
mentos remotos a usuários nos arquivos? ( ) ERRADO
Quais as perspectivas de efetiva ampliação de um Modelo de
Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de 6. (UFG - BIBLIOTECÁRIO DOCUMENTALISTA - CS-UFG - 2017)
Documentos, preconizado pelo e-ARQ Brasil? O padrão de metadados considerado simples e não estruturado,
Como desenharmos hoje nossos programas de gerenciamento com propósitos gerais e de semântica reduzida com domínio de
arquivístico, considerando essas tendências? aplicação web, é denominado de:
Quais as perspectivas concretas de ampliação da formação de (A) Dublin Core
arquivistas em níveis de graduação e pós-graduação? Quais as ten- (B) MARK XML
dências na pesquisa na área? (C) OAIS
Quais as tendências do nosso associativismo? (D) MetaTag(s) HTML
Quais as tendências na forma pela qual os arquivos são visuali-
zados pela sociedade brasileira?

382
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
7. (SDE-DF - SECRETARIO ESCOLAR - CESPE - 2017) A respeito
da microfilmagem de documentos de arquivo, julgue o item subse- GABARITO
quente.
Após a microfilmagem, os documentos de arquivo podem ser
eliminados, salvo os de valor permanente.
1 C
( ) CERTO
( ) ERRADO 2 CERTO

8. A tabela de temporalidade de documentos de arquivo pode 3 ERRADO


ser definida como 4 ERRADO
(A) um plano de proteção aplicado aos arquivos, que estabele-
ce medidas preventivas e de emergência em caso de sinistros. 5 ERRADO
(B) um instrumento de distribuição de documentos em classes 6 D
conforme métodos de arquivamento específicos.
(C) um esquema que apresenta a disposição das estantes, de 7 CERTO
outros equipamentos de armazenamento e o espaço disponí- 8 E
vel para ocupação futura de depósitos.
(D) uma sequência de operações que estabelece a disposição 9 C
dos documentos uns em relação aos outros e a identificação 10 D
de cada unidade.
(E) um instrumento de destinação, aprovado por autoridade
competente na instituição, que determina prazos e condições
de guarda.
ANOTAÇÕES
9. O arquivo corrente institucional consiste em um conjunto de ______________________________________________________
(A) cópias que são arquivadas em local diverso daquele em que
os respectivos originais foram arquivados a fim de garantir a ______________________________________________________
integridade da informação.
(B) documentos de valor secundário que são originários dos ar- ______________________________________________________
quivos ativos com pouco uso que aguardam destinação.
(C) documentos de valor primário que estão em tramitação ou ______________________________________________________
não, e que são consultados com frequência na entidade pro-
dutora. ______________________________________________________
(D) documentos predominantemente de valor permanente de-
______________________________________________________
correntes do exercício das atividades-fim de uma instituição.
(E) documentos preservados em caráter permanente devido às ______________________________________________________
suas características de valor primário e secundário.
______________________________________________________
10. No que se refere à preservação de documentos, assinale a
alternativa INCORRETA. ______________________________________________________
(A) Segundo Conway (1990), a preservação arquivística abrange
o planejamento e implementação de políticas, procedimentos ______________________________________________________
e processos que juntos previnem a deterioração dos acervos.
______________________________________________________
(B) O Projeto InterPARES (2012) compreende a preservação
como sendo um conjunto de princípios, políticas e estratégias ______________________________________________________
que orienta as atividades projetadas para assegura a estabili-
dade física e tecnológica e a proteção do conteúdo intelectual ______________________________________________________
dos materiais.
(C) Recomenda-se, segundo orientações do Conarq (2005), o ______________________________________________________
monitoramento dos níveis de luminosidade, em especial das
radiações ultravioletas em espaços de armazenamento, com- ______________________________________________________
preendendo que essas medidas podem favorecer o aumento
da vida útil dos suportes documentais. ______________________________________________________
(D) Segundo o Conarq (2005), recomenda-se o armazenamento
______________________________________________________
de todos os documentos em condições ambientais que asse-
gurem a sua preservação, pelo prazo de guarda estabelecido, ______________________________________________________
com temperatura e umidade relativa do ar adequadas a cada
formato documental. ______________________________________________________
(E) De acordo com o Conarq (2005), é recomendada a reava-
liação da utilidade de condicionadores mecânicos quando os ______________________________________________________
equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em
funcionamento sem interrupção. ______________________________________________________

______________________________________________________

383
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
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384
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 2º - O sistema de segurança referido no artigo anterior in-


LEI Nº 7.102/1983: DISPÕE SOBRE SEGURANÇA PARA clui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilan-
ESTABELECIMENTOS FINANCEIROS, ESTABELECE NOR- tes; alarme capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o
MAS PARA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa
EMPRESAS PARTICULARES QUE EXPLORAM SERVIÇOS de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais
DE VIGILÂNCIA E DE TRANSPORTE DE VALORES, E DÁ um dos seguintes dispositivos:
OUTRAS PROVIDÊNCIAS I - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que pos-
sibilitem a identificação dos assaltantes;
LEI Nº 7.102, DE 20 DE JUNHO DE 1983. II - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo
sua perseguição, identificação ou captura; e
Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, es- III - cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante
tabelece normas para constituição e funcionamento das empresas durante o expediente para o público e enquanto houver movimen-
particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de tação de numerário no interior do estabelecimento.
valores, e dá outras providências. Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 9.017, de 1995)
Art. 2º-A As instituições financeiras e demais instituições au-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- torizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, que colocarem
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: à disposição do público caixas eletrônicos, são obrigadas a instalar
equipamentos que inutilizem as cédulas de moeda corrente depo-
Art. 1º É vedado o funcionamento de qualquer estabeleci- sitadas no interior das máquinas em caso de arrombamento, mo-
mento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação vimento brusco ou alta temperatura. (Incluído pela Lei nº 13.654,
de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer de 2018)
favorável à sua aprovação, elaborado pelo Ministério da Justiça, na § 1º Para cumprimento do disposto no caput deste artigo,
forma desta lei. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) (Vide art. as instituições financeiras poderão utilizar-se de qualquer tipo de
16 da Lei nº 9.017, de 1995) tecnologia existente para inutilizar as cédulas de moeda corrente
§ 1o Os estabelecimentos financeiros referidos neste artigo depositadas no interior dos seus caixas eletrônicos, tais como: (In-
compreendem bancos oficiais ou privados, caixas econômicas, cluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
sociedades de crédito, associações de poupança, suas agências, I – tinta especial colorida; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
postos de atendimento, subagências e seções, assim como as co- II – pó químico; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
operativas singulares de crédito e suas respectivas dependências. III – ácidos insolventes; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
(Renumerado do parágrafo único com nova redação pela Lei nº IV – pirotecnia, desde que não coloque em perigo os usuários
11.718, de 2008) e funcionários que utilizam os caixas eletrônicos; (Incluído pela Lei
§ 2o O Poder Executivo estabelecerá, considerando a reduzida nº 13.654, de 2018)
circulação financeira, requisitos próprios de segurança para as co- V – qualquer outra substância, desde que não coloque em pe-
operativas singulares de crédito e suas dependências que contem- rigo os usuários dos caixas eletrônicos. (Incluído pela Lei nº 13.654,
plem, entre outros, os seguintes procedimentos: (Incluído pela Lei de 2018)
nº 11.718, de 2008) § 2º Será obrigatória a instalação de placa de alerta, que de-
I – dispensa de sistema de segurança para o estabelecimento verá ser afixada de forma visível no caixa eletrônico, bem como na
de cooperativa singular de crédito que se situe dentro de qualquer entrada da instituição bancária que possua caixa eletrônico em seu
edificação que possua estrutura de segurança instalada em confor- interior, informando a existência do referido dispositivo e seu fun-
midade com o art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 11.718, de cionamento. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
2008) § 3º O descumprimento do disposto acima sujeitará as institui-
II – necessidade de elaboração e aprovação de apenas um úni- ções financeiras infratoras às penalidades previstas no art. 7º desta
co plano de segurança por cooperativa singular de crédito, desde Lei. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
que detalhadas todas as suas dependências; (Incluído pela Lei nº § 4º As exigências previstas neste artigo poderão ser implan-
11.718, de 2008) tadas pelas instituições financeiras de maneira gradativa, atingin-
III – dispensa de contratação de vigilantes, caso isso inviabilize do-se, no mínimo, os seguintes percentuais, a partir da entrada em
economicamente a existência do estabelecimento. (Incluído pela vigor desta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Lei nº 11.718, de 2008) I – nos municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes,
§ 3o Os processos administrativos em curso no âmbito do De- 50% (cinquenta por cento) em nove meses e os outros 50% (cin-
partamento de Polícia Federal observarão os requisitos próprios de quenta por cento) em dezoito meses; (Incluído pela Lei nº 13.654,
segurança para as cooperativas singulares de crédito e suas depen- de 2018)
dências. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) II – nos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) até
500.000 (quinhentos mil) habitantes, 100% (cem por cento) em até
vinte e quatro meses; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

385
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
III – nos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) ha- Art. 10. São considerados como segurança privada as ativida-
bitantes, 100% (cem por cento) em até trinta e seis meses. (Incluído des desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de:
pela Lei nº 13.654, de 2018) (Redação dada pela Lei nº 8.863, de 1994)
Art. 3º A vigilância ostensiva e o transporte de valores serão I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras
executados: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a
I - por empresa especializada contratada; ou (Redação dada segurança de pessoas físicas; (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
pela Lei nº 9.017, de 1995) II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de
II - pelo próprio estabelecimento financeiro, desde que orga- qualquer outro tipo de carga. (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
nizado e preparado para tal fim, com pessoal próprio, aprovado § 1º Os serviços de vigilância e de transporte de valores po-
em curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da derão ser executados por uma mesma empresa. (Renumerado do
Justiça e cujo sistema de segurança tenha parecer favorável à sua parágrafo único pela Lei nº 8.863, de 1994)
aprovação emitido pelo Ministério da Justiça. (Redação dada pela § 2º As empresas especializadas em prestação de serviços
Lei nº 9.017, de 1995) de segurança, vigilância e transporte de valores, constituídas sob
Parágrafo único. Nos estabelecimentos financeiros estaduais, a forma de empresas privadas, além das hipóteses previstas nos
o serviço de vigilância ostensiva poderá ser desempenhado pelas incisos do caput deste artigo, poderão se prestar ao exercício das
Polícias Militares, a critério do Governo da respectiva Unidade da atividades de segurança privada a pessoas; a estabelecimentos co-
Federação. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) merciais, industriais, de prestação de serviços e residências; a enti-
Art. 4º O transporte de numerário em montante superior a vin- dades sem fins lucrativos; e órgãos e empresas públicas. (Incluído
te mil Ufir, para suprimento ou recolhimento do movimento diário pela Lei nº 8.863, de 1994)
dos estabelecimentos financeiros, será obrigatoriamente efetuado § 3º Serão regidas por esta lei, pelos regulamentos dela decor-
em veículo especial da própria instituição ou de empresa especiali- rentes e pelas disposições da legislação civil, comercial, trabalhista,
zada. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) previdenciária e penal, as empresas definidas no parágrafo ante-
Art. 5º O transporte de numerário entre sete mil e vinte mil rior. (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
Ufirs poderá ser efetuado em veículo comum, com a presença de § 4º As empresas que tenham objeto econômico diverso da
dois vigilantes. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) vigilância ostensiva e do transporte de valores, que utilizem pes-
Art. 6º Além das atribuições previstas no art. 20, compete ao soal de quadro funcional próprio, para execução dessas atividades,
Ministério da Justiça: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) ficam obrigadas ao cumprimento do disposto nesta lei e demais le-
(Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995) gislações pertinentes. (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
I - fiscalizar os estabelecimentos financeiros quanto ao cumpri- § 5º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
mento desta lei; (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) § 6º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
II - encaminhar parecer conclusivo quanto ao prévio cumpri- Art. 11 - A propriedade e a administração das empresas espe-
mento desta lei, pelo estabelecimento financeiro, à autoridade que cializadas que vierem a se constituir são vedadas a estrangeiros.
autoriza o seu funcionamento; (Redação dada pela Lei nº 9.017, de Art. 12 - Os diretores e demais empregados das empresas es-
1995) pecializadas não poderão ter antecedentes criminais registrados.
III - aplicar aos estabelecimentos financeiros as penalidades Art. 13. O capital integralizado das empresas especializadas
previstas nesta lei. não pode ser inferior a cem mil Ufirs. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Para a execução da competência prevista no 9.017, de 1995)
inciso I, o Ministério da Justiça poderá celebrar convênio com as Art. 14 - São condições essenciais para que as empresas espe-
Secretarias de Segurança Pública dos respectivos Estados e Distrito cializadas operem nos Estados, Territórios e Distrito Federal:
Federal. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) I - autorização de funcionamento concedida conforme o art.
Art. 7º O estabelecimento financeiro que infringir disposição 20 desta Lei; e
desta lei ficará sujeito às seguintes penalidades, conforme a gravi- II - comunicação à Secretaria de Segurança Pública do respecti-
dade da infração e levando-se em conta a reincidência e a condição vo Estado, Território ou Distrito Federal.
econômica do infrator: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) Art. 15. Vigilante, para os efeitos desta lei, é o empregado con-
(Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995) tratado para a execução das atividades definidas nos incisos I e II do
I - advertência; (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) caput e §§ 2º, 3º e 4º do art. 10. (Redação dada pela Lei nº 8.863,
II - multa, de mil a vinte mil Ufirs; (Redação dada pela Lei nº de 1994)
9.017, de 1995) Art. 16 - Para o exercício da profissão, o vigilante preencherá
III - interdição do estabelecimento. (Redação dada pela Lei nº os seguintes requisitos:
9.017, de 1995) I - ser brasileiro;
Art 8º - Nenhuma sociedade seguradora poderá emitir, em fa- II - ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
vor de estabelecimentos financeiros, apólice de seguros que inclua III - ter instrução correspondente à quarta série do primeiro
cobertura garantindo riscos de roubo e furto qualificado de nume- grau;
rário e outros valores, sem comprovação de cumprimento, pelo se- IV - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, re-
gurado, das exigências previstas nesta Lei. alizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos
Parágrafo único - As apólices com infringência do disposto nes- termos desta lei. (Redação dada pela Lei nº 8.863, de 1994)
te artigo não terão cobertura de resseguros pelo Instituto de Res- V - ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psi-
seguros do Brasil. cotécnico;
Art. 9º - Nos seguros contra roubo e furto qualificado de es- VI - não ter antecedentes criminais registrados; e
tabelecimentos financeiros, serão concedidos descontos sobre os VII - estar quite com as obrigações eleitorais e militares.
prêmios aos segurados que possuírem, além dos requisitos míni- Parágrafo único - O requisito previsto no inciso III deste artigo
mos de segurança, outros meios de proteção previstos nesta Lei, na não se aplica aos vigilantes admitidos até a publicação da presente
forma de seu regulamento. Lei

386
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Art. 17. O exercício da profissão de vigilante requer prévio re- Art. 24 - As empresas já em funcionamento deverão proceder
gistro no Departamento de Polícia Federal, que se fará após a apre- à adaptação de suas atividades aos preceitos desta Lei no prazo de
sentação dos documentos comprobatórios das situações enumera- 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data em que entrar em vigor
das no art. 16. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.184-23, o regulamento da presente Lei, sob pena de terem suspenso seu
de 2001) funcionamento até que comprovem essa adaptação.
Art. 18 - O vigilante usará uniforme somente quando em efe- Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
tivo serviço. 90 (noventa) dias a contar da data de sua publicação.
Art. 19 - É assegurado ao vigilante: Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
I - uniforme especial às expensas da empresa a que se vincular; Art. 27 - Revogam-se os Decretos-leis nº 1.034, de 21 de outu-
II - porte de arma, quando em serviço; bro de 1969, e nº 1.103, de 6 de abril de 1970, e as demais disposi-
III - prisão especial por ato decorrente do serviço; ções em contrário.
IV - seguro de vida em grupo, feito pela empresa empregadora.
Art. 20. Cabe ao Ministério da Justiça, por intermédio do seu
órgão competente ou mediante convênio com as Secretarias de Se- LEI Nº 10.357/2001: ESTABELECE NORMAS DE CON-
gurança Pública dos Estados e Distrito Federal: (Redação dada pela TROLE E FISCALIZAÇÃO SOBRE PRODUTOS QUÍMICOS
Lei nº 9.017, de 1995) QUE DIRETA OU INDIRETAMENTE POSSAM SER DES-
I - conceder autorização para o funcionamento: TINADOS À ELABORAÇÃO ILÍCITA DE SUBSTÂNCIAS
a) das empresas especializadas em serviços de vigilância; ENTORPECENTES, PSICOTRÓPICAS OU QUE DETERMI-
b) das empresas especializadas em transporte de valores; e NEM DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA, E DÁ OU-
c) dos cursos de formação de vigilantes; TRAS PROVIDÊNCIAS
II - fiscalizar as empresas e os cursos mencionados no inciso
anterior; LEI NO 10.357, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001.
Ill - aplicar às empresas e aos cursos a que se refere o inciso I
deste artigo as penalidades previstas no art. 23 desta Lei; Estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos
IV - aprovar uniforme; químicos que direta ou indiretamente possam ser destinados à
V - fixar o currículo dos cursos de formação de vigilantes; elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas
VI - fixar o número de vigilantes das empresas especializadas ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras
em cada unidade da Federação; providências.
VII - fixar a natureza e a quantidade de armas de propriedade
das empresas especializadas e dos estabelecimentos financeiros; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
VIII - autorizar a aquisição e a posse de armas e munições; e cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
IX - fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados.
X - rever anualmente a autorização de funcionamento das em- Art. 1o Estão sujeitos a controle e fiscalização, na forma previs-
presas elencadas no inciso I deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.863, ta nesta Lei, em sua fabricação, produção, armazenamento, trans-
de 1994) formação, embalagem, compra, venda, comercialização, aquisição,
Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e V posse, doação, empréstimo, permuta, remessa, transporte, distri-
deste artigo não serão objeto de convênio. (Redação dada pela Lei buição, importação, exportação, reexportação, cessão, reaprovei-
nº 9.017, de 1995) tamento, reciclagem, transferência e utilização, todos os produtos
Art. 21 - As armas destinadas ao uso dos vigilantes serão de químicos que possam ser utilizados como insumo na elaboração de
propriedade e responsabilidade: substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem de-
I - das empresas especializadas; pendência física ou psíquica.
II - dos estabelecimentos financeiros quando dispuserem de § 1o Aplica-se o disposto neste artigo às substâncias entorpe-
serviço organizado de vigilância, ou mesmo quando contratarem centes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou
empresas especializadas. psíquica que não estejam sob controle do órgão competente do
Art. 22 - Será permitido ao vigilante, quando em serviço, por- Ministério da Saúde.
tar revólver calibre 32 ou 38 e utilizar cassetete de madeira ou de § 2o Para efeito de aplicação das medidas de controle e fis-
borracha. calização previstas nesta Lei, considera-se produto químico as
Parágrafo único - Os vigilantes, quando empenhados em trans- substâncias químicas e as formulações que as contenham, nas con-
porte de valores, poderão também utilizar espingarda de uso per- centrações estabelecidas em portaria, em qualquer estado físico,
mitido, de calibre 12, 16 ou 20, de fabricação nacional. independentemente do nome fantasia dado ao produto e do uso
Art. 23 - As empresas especializadas e os cursos de formação lícito a que se destina.
de vigilantes que infringirem disposições desta Lei ficarão sujeitos Art. 2o O Ministro de Estado da Justiça, de ofício ou em razão
às seguintes penalidades, aplicáveis pelo Ministério da Justiça, ou, de proposta do Departamento de Polícia Federal, da Secretaria Na-
mediante convênio, pelas Secretarias de Segurança Pública, confor- cional Antidrogas ou da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
me a gravidade da infração, levando-se em conta a reincidência e a definirá, em portaria, os produtos químicos a serem controlados
condição econômica do infrator: e, quando necessário, promoverá sua atualização, excluindo ou in-
I - advertência; cluindo produtos, bem como estabelecerá os critérios e as formas
II - multa de quinhentas até cinco mil Ufirs: (Redação dada pela de controle.
Lei nº 9.017, de 1995) Art. 3o Compete ao Departamento de Polícia Federal o con-
III - proibição temporária de funcionamento; e trole e a fiscalização dos produtos químicos a que se refere o art.
IV - cancelamento do registro para funcionar. 1o desta Lei e a aplicação das sanções administrativas decorrentes.
Parágrafo único - Incorrerão nas penas previstas neste artigo
as empresas e os estabelecimentos financeiros responsáveis pelo
extravio de armas e munições.

387
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Art. 4o Para exercer qualquer uma das atividades sujeitas a VI – exercer atividade sujeita a controle e fiscalização com pes-
controle e fiscalização relacionadas no art. 1o , a pessoa física ou soa física ou jurídica não autorizada ou em situação irregular, nos
jurídica deverá se cadastrar e requerer licença de funcionamento termos desta Lei;
ao Departamento de Polícia Federal, de acordo com os critérios e VII – deixar de informar qualquer suspeita de desvio de produ-
as formas a serem estabelecidas na portaria a que se refere o art. to químico controlado, para fins ilícitos;
2o, independentemente das demais exigências legais e regulamen- VIII – importar, exportar ou reexportar produto químico con-
tares. trolado, sem autorização prévia;
§ 1o As pessoas jurídicas já cadastradas, que estejam exercen- IX – alterar a composição de produto químico controlado, sem
do atividade sujeita a controle e fiscalização, deverão providenciar prévia comunicação ao órgão competente;
seu recadastramento junto ao Departamento de Polícia Federal, na X – adulterar laudos técnicos, notas fiscais, rótulos e embala-
forma a ser estabelecida em regulamento. gens de produtos químicos controlados visando a burlar o controle
§ 2o A pessoa física ou jurídica que, em caráter eventual, ne- e a fiscalização;
cessitar exercer qualquer uma das atividades sujeitas a controle e XI – deixar de informar no laudo técnico, ou nota fiscal, quando
fiscalização, deverá providenciar o seu cadastro junto ao Departa- for o caso, em local visível da embalagem e do rótulo, a concentra-
mento de Polícia Federal e requerer autorização especial para efe- ção do produto químico controlado;
tivar as suas operações. XII – deixar de comunicar ao Departamento de Polícia Federal
Art. 5o A pessoa jurídica referida no caput do art. 4o deverá furto, roubo ou extravio de produto químico controlado e docu-
requerer, anualmente, a Renovação da Licença de Funcionamento mento de controle, no prazo de quarenta e oito horas; e
para o prosseguimento de suas atividades. XIII – dificultar, de qualquer maneira, a ação do órgão de con-
Art. 6o Todas as partes envolvidas deverão possuir licença de trole e fiscalização.
funcionamento, exceto quando se tratar de quantidades de produ- Art. 13. Os procedimentos realizados no exercício da fiscaliza-
tos químicos inferiores aos limites a serem estabelecidos em porta- ção deverão ser formalizados mediante a elaboração de documen-
ria do Ministro de Estado da Justiça. to próprio.
Art. 7o Para importar, exportar ou reexportar os produtos quí- Art. 14. O descumprimento das normas estabelecidas nesta
micos sujeitos a controle e fiscalização, nos termos dos arts. 1o e Lei, independentemente de responsabilidade penal, sujeitará os
2o, será necessária autorização prévia do Departamento de Polícia infratores às seguintes medidas administrativas, aplicadas cumula-
Federal, nos casos previstos em portaria, sem prejuízo do dispos- tiva ou isoladamente:
to no art. 6o e dos procedimentos adotados pelos demais órgãos I – advertência formal;
competentes. II – apreensão do produto químico encontrado em situação ir-
Art. 8o A pessoa jurídica que realizar qualquer uma das ativi- regular;
dades a que se refere o art. 1o desta Lei é obrigada a fornecer ao III – suspensão ou cancelamento de licença de funcionamento;
Departamento de Polícia Federal, periodicamente, as informações IV – revogação da autorização especial; e
sobre suas operações. V – multa de R$ 2.128,20 (dois mil, cento e vinte e oito reais e
Parágrafo único. Os documentos que consubstanciam as in- vinte centavos) a R$ 1.064.100,00 (um milhão, sessenta e quatro
formações a que se refere este artigo deverão ser arquivados pelo mil e cem reais).
prazo de cinco anos e apresentados ao Departamento de Polícia § 1o Na dosimetria da medida administrativa, serão considera-
das a situação econômica, a conduta do infrator, a reincidência, a
Federal quando solicitados.
natureza da infração, a quantidade dos produtos químicos encon-
Art. 9o Os modelos de mapas e formulários necessários à im-
trados em situação irregular e as circunstâncias em que ocorreram
plementação das normas a que se referem os artigos anteriores se-
os fatos.
rão publicados em portaria ministerial.
§ 2o A critério da autoridade competente, o recolhimento do
Art. 10. A pessoa física ou jurídica que, por qualquer motivo,
valor total da multa arbitrada poderá ser feito em até cinco parce-
suspender o exercício de atividade sujeita a controle e fiscalização
las mensais e consecutivas.
ou mudar de atividade controlada deverá comunicar a paralisação
§ 3o Das sanções aplicadas caberá recurso ao Diretor-Geral do
ou alteração ao Departamento de Polícia Federal, no prazo de trin-
Departamento de Polícia Federal, na forma e prazo estabelecidos
ta dias a partir da data da suspensão ou da mudança de atividade.
em regulamento.
Art. 11. A pessoa física ou jurídica que exerça atividade sujeita Art. 15. A pessoa física ou jurídica que cometer qualquer uma
a controle e fiscalização deverá informar ao Departamento de Po- das infrações previstas nesta Lei terá prazo de trinta dias, a contar
lícia Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas, qualquer da data da fiscalização, para sanar as irregularidades verificadas,
suspeita de desvio de produto químico a que se refere esta Lei. sem prejuízo da aplicação de medidas administrativas previstas no
Art. 12. Constitui infração administrativa: art. 14.
I – deixar de cadastrar-se ou licenciar-se no prazo legal; § 1o Sanadas as irregularidades, os produtos químicos eventu-
II – deixar de comunicar ao Departamento de Polícia Federal, almente apreendidos serão devolvidos ao seu legítimo proprietário
no prazo de trinta dias, qualquer alteração cadastral ou estatutária ou representante legal.
a partir da data do ato aditivo, bem como a suspensão ou mudança § 2o Os produtos químicos que não forem regularizados e res-
de atividade sujeita a controle e fiscalização; tituídos no prazo e nas condições estabelecidas neste artigo serão
III – omitir as informações a que se refere o art. 8o desta Lei, ou destruídos, alienados ou doados pelo Departamento de Polícia
prestá-las com dados incompletos ou inexatos; Federal a instituições de ensino, pesquisa ou saúde pública, após
IV – deixar de apresentar ao órgão fiscalizador, quando solici- trânsito em julgado da decisão proferida no respectivo processo
tado, notas fiscais, manifestos e outros documentos de controle; administrativo.
V – exercer qualquer das atividades sujeitas a controle e fis- § 3o Em caso de risco iminente à saúde pública ou ao meio
calização, sem a devida Licença de Funcionamento ou Autorização ambiente, o órgão fiscalizador poderá dar destinação imediata aos
Especial do órgão competente; produtos químicos apreendidos.

388
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Art. 16. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização de Pro- LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017.
dutos Químicos, cujo fato gerador é o exercício do poder de polícia
conferido ao Departamento de Polícia Federal para controle e fisca- Institui a Lei de Migração.
lização das atividades relacionadas no art. 1o desta Lei.
Art. 17. São sujeitos passivos da Taxa de Controle e Fiscalização O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
de Produtos Químicos as pessoas físicas e jurídicas que exerçam cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
qualquer uma das atividades sujeitas a controle e fiscalização de
que trata o art. 1o desta Lei. CAPÍTULO I
Art. 18. São isentos do pagamento da Taxa de Controle e Fisca- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
lização de Produtos Químicos, sem prejuízo das demais obrigações
previstas nesta Lei: Seção I
I – os órgãos da Administração Pública direta federal, estadual Disposições Gerais
e municipal;
II – as instituições públicas de ensino, pesquisa e saúde; Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migran-
III – as entidades particulares de caráter assistencial, filantrópi- te e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece
co e sem fins lucrativos que comprovem essa condição na forma da princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.
lei específica em vigor. § 1º Para os fins desta Lei, considera-se:
Art. 19. A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos
I - (VETADO);
é devida pela prática dos seguintes atos de controle e fiscalização:
II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que
I – no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para:
trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente
a. emissão de Certificado de Registro Cadastral;
no Brasil;
b. emissão de segunda via de Certificado de Registro Cadastral;
e III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou defi-
c. alteração de Registro Cadastral; nitivamente no exterior;
II – no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para: IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou
a. emissão de Certificado de Licença de Funcionamento; apátrida que conserva a sua residência habitual em município fron-
b. emissão de segunda via de Certificado de Licença de Funcio- teiriço de país vizinho;
namento; e V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que
c. renovação de Licença de Funcionamento; vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se
III – no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) para: estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional;
a. emissão de Autorização Especial; e VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional
b. emissão de segunda via de Autorização Especial. por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Con-
Parágrafo único. Os valores constantes dos incisos I e II deste venção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo
artigo serão reduzidos de: Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002 , ou assim reconhecida
I - quarenta por cento, quando se tratar de empresa de peque- pelo Estado brasileiro.
no porte; § 2º (VETADO).
II - cinqüenta por cento, quando se tratar de filial de empresa Art. 2º Esta Lei não prejudica a aplicação de normas internas
já cadastrada; e internacionais específicas sobre refugiados, asilados, agentes e
III - setenta por cento, quando se tratar de microempresa. pessoal diplomático ou consular, funcionários de organização inter-
Art. 20. A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos nacional e seus familiares.
será recolhida nos prazos e nas condições estabelecidas em ato do
Departamento de Polícia Federal. Seção II
Art. 21. Os recursos relativos à cobrança da Taxa de Controle e Dos Princípios e das Garantias
Fiscalização de Produtos Químicos, à aplicação de multa e à aliena-
ção de produtos químicos previstas nesta Lei constituem receita do Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes
Fundo Nacional Antidrogas – FUNAD. princípios e diretrizes:
Parágrafo único. O Fundo Nacional Antidrogas destinará oiten-
I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos di-
ta por cento dos recursos relativos à cobrança da Taxa, à aplicação
reitos humanos;
de multa e à alienação de produtos químicos, referidos no caput
II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer
deste artigo, ao Departamento de Polícia Federal, para o reapare-
formas de discriminação;
lhamento e custeio das atividades de controle e fiscalização de pro-
dutos químicos e de repressão ao tráfico ilícito de drogas. III - não criminalização da migração;
Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedi-
Art. 23. Ficam revogados os arts. 1o a 13 e 18 da Lei no 9.017, mentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional;
de 30 de março de 1995. V - promoção de entrada regular e de regularização documen-
tal;
VI - acolhida humanitária;
LEI Nº 6.815/1980: DEFINE A SITUAÇÃO JURÍDICA DO VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, es-
ESTRANGEIRO NO BRASIL, CRIA O CONSELHO NACIO- portivo, científico e tecnológico do Brasil;
NAL DE IMIGRAÇÃO VIII - garantia do direito à reunião familiar;
IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e
Prezado Candidato a lei 6.815 de 1980 foi revogada pela lei a seus familiares;
13.445 de 2017 X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de
políticas públicas;

389
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias
e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica que lhe são asseguradas para fins de regularização migratória.
integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade § 1º Os direitos e as garantias previstos nesta Lei serão exerci-
social; dos em observância ao disposto na Constituição Federal, indepen-
XII - promoção e difusão de direitos, liberdades, garantias e dentemente da situação migratória, observado o disposto no § 4º
obrigações do migrante; deste artigo, e não excluem outros decorrentes de tratado de que
XIII - diálogo social na formulação, na execução e na avaliação o Brasil seja parte.
de políticas migratórias e promoção da participação cidadã do mi- § 2º (VETADO).
grante; § 3º (VETADO).
XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social § 4º (VETADO).
e cultural dos povos da América Latina, mediante constituição de
espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas; CAPÍTULO II
XV - cooperação internacional com Estados de origem, de trân- DA SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO MIGRANTE E DO VISITANTE
sito e de destino de movimentos migratórios, a fim de garantir efe-
tiva proteção aos direitos humanos do migrante; Seção I
XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e Dos Documentos de Viagem
articulação de políticas públicas regionais capazes de garantir efeti-
vidade aos direitos do residente fronteiriço; Art. 5º São documentos de viagem:
XVII - proteção integral e atenção ao superior interesse da I - passaporte;
criança e do adolescente migrante; II - laissez-passer ;
XVIII - observância ao disposto em tratado; III - autorização de retorno;
XIX - proteção ao brasileiro no exterior; IV - salvo-conduto;
XX - migração e desenvolvimento humano no local de origem, V - carteira de identidade de marítimo;
como direitos inalienáveis de todas as pessoas; VI - carteira de matrícula consular;
XXI - promoção do reconhecimento acadêmico e do exercício VII - documento de identidade civil ou documento estrangeiro
profissional no Brasil, nos termos da lei; e equivalente, quando admitidos em tratado;
XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coleti- VIII - certificado de membro de tripulação de transporte aéreo;
vas. e
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em con- IX - outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado brasileiro
dição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à em regulamento.
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem § 1º Os documentos previstos nos incisos I, II, III, IV, V, VI e
como são assegurados: IX, quando emitidos pelo Estado brasileiro, são de propriedade da
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos; União, cabendo a seu titular a posse direta e o uso regular.
II - direito à liberdade de circulação em território nacional; § 2º As condições para a concessão dos documentos de que
III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou trata o § 1º serão previstas em regulamento.
companheiro e seus filhos, familiares e dependentes;
IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e Seção II
de violações de direitos; Dos Vistos
V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e
economias pessoais a outro país, observada a legislação aplicável; Subseção I
VI - direito de reunião para fins pacíficos; Disposições Gerais
VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos;
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social Art. 6º O visto é o documento que dá a seu titular expectativa
e à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação em ra- de ingresso em território nacional.
zão da nacionalidade e da condição migratória; Parágrafo único. (VETADO).
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gra- Art. 7º O visto será concedido por embaixadas, consulados-ge-
tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; rais, consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão competente do Poder Executivo, por escritórios comerciais e de re-
da nacionalidade e da condição migratória; presentação do Brasil no exterior.
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais Parágrafo único. Excepcionalmente, os vistos diplomático, ofi-
trabalhistas e de aplicação das normas de proteção ao trabalhador, cial e de cortesia poderão ser concedidos no Brasil.
sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migra- Art. 8º Poderão ser cobrados taxas e emolumentos consulares
tória; pelo processamento do visto.
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declara- Art. 9º Regulamento disporá sobre:
ção de hipossuficiência econômica, na forma de regulamento; I - requisitos de concessão de visto, bem como de sua simplifi-
XIII - direito de acesso à informação e garantia de confidenciali- cação, inclusive por reciprocidade;
dade quanto aos dados pessoais do migrante, nos termos da Lei nº II - prazo de validade do visto e sua forma de contagem;
12.527, de 18 de novembro de 2011 ; III - prazo máximo para a primeira entrada e para a estada do
XIV - direito a abertura de conta bancária; imigrante e do visitante no País;
XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em territó- IV - hipóteses e condições de dispensa recíproca ou unilateral
rio nacional, mesmo enquanto pendente pedido de autorização de de visto e de taxas e emolumentos consulares por seu processa-
residência, de prorrogação de estada ou de transformação de visto mento; e
em autorização de residência; e V - solicitação e emissão de visto por meio eletrônico.

390
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Parágrafo único. A simplificação e a dispensa recíproca de visto g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário;
ou de cobrança de taxas e emolumentos consulares por seu proces- h) realização de investimento ou de atividade com relevância
samento poderão ser definidas por comunicação diplomática. econômica, social, científica, tecnológica ou cultural;
Art. 10. Não se concederá visto: i) reunião familiar;
I - a quem não preencher os requisitos para o tipo de visto plei- j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo
teado; determinado;
II - a quem comprovadamente ocultar condição impeditiva de II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vis-
concessão de visto ou de ingresso no País; ou tos;
III - a menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou sem III - outras hipóteses definidas em regulamento.
autorização de viagem por escrito dos responsáveis legais ou de au- § 1º O visto temporário para pesquisa, ensino ou extensão
toridade competente. acadêmica poderá ser concedido ao imigrante com ou sem vínculo
Art. 11. Poderá ser denegado visto a quem se enquadrar em empregatício com a instituição de pesquisa ou de ensino brasileira,
pelo menos um dos casos de impedimento definidos nos incisos I, exigida, na hipótese de vínculo, a comprovação de formação supe-
II, III, IV e IX do art. 45. rior compatível ou equivalente reconhecimento científico.
Parágrafo único. A pessoa que tiver visto brasileiro denegado § 2º O visto temporário para tratamento de saúde poderá ser
será impedida de ingressar no País enquanto permanecerem as concedido ao imigrante e a seu acompanhante, desde que o imi-
condições que ensejaram a denegação. grante comprove possuir meios de subsistência suficientes.
Subseção II § 3º O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser
Dos Tipos de Visto concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação
Art. 12. Ao solicitante que pretenda ingressar ou permanecer de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito arma-
em território nacional poderá ser concedido visto: do, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou
I - de visita; de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional
II - temporário; humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento.
III - diplomático; § 4º O visto temporário para estudo poderá ser concedido ao
IV - oficial; imigrante que pretenda vir ao Brasil para frequentar curso regular
V - de cortesia. ou realizar estágio ou intercâmbio de estudo ou de pesquisa.
§ 5º Observadas as hipóteses previstas em regulamento, o visto
Subseção III temporário para trabalho poderá ser concedido ao imigrante que
Do Visto de Visita venha exercer atividade laboral, com ou sem vínculo empregatício
no Brasil, desde que comprove oferta de trabalho formalizada por
Art. 13. O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que pessoa jurídica em atividade no País, dispensada esta exigência se
venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de esta- o imigrante comprovar titulação em curso de ensino superior ou
belecer residência, nos seguintes casos: equivalente.
I - turismo; § 6º O visto temporário para férias-trabalho poderá ser conce-
II - negócios; dido ao imigrante maior de 16 (dezesseis) anos que seja nacional
III - trânsito; de país que conceda idêntico benefício ao nacional brasileiro, em
IV - atividades artísticas ou desportivas; e termos definidos por comunicação diplomática.
V - outras hipóteses definidas em regulamento. § 7º Não se exigirá do marítimo que ingressar no Brasil em via-
§ 1º É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer ativida- gem de longo curso ou em cruzeiros marítimos pela costa brasileira
de remunerada no Brasil. o visto temporário de que trata a alínea “e” do inciso I do caput ,
§ 2º O beneficiário de visto de visita poderá receber pagamen- bastando a apresentação da carteira internacional de marítimo, nos
to do governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a termos de regulamento.
título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras des- § 8º É reconhecida ao imigrante a quem se tenha concedido
pesas com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em visto temporário para trabalho a possibilidade de modificação do
dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos local de exercício de sua atividade laboral.
ou culturais. § 9º O visto para realização de investimento poderá ser conce-
§ 3º O visto de visita não será exigido em caso de escala ou co- dido ao imigrante que aporte recursos em projeto com potencial
nexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área para geração de empregos ou de renda no País.
de trânsito internacional. § 10. (VETADO).

Subseção IV Subseção V
Do Visto Temporário Dos Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia

Art. 14. O visto temporário poderá ser concedido ao imigran- Art. 15. Os vistos diplomático, oficial e de cortesia serão con-
te que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por cedidos, prorrogados ou dispensados na forma desta Lei e de re-
tempo determinado e que se enquadre em pelo menos uma das gulamento.
seguintes hipóteses: Parágrafo único. Os vistos diplomático e oficial poderão ser
I - o visto temporário tenha como finalidade: transformados em autorização de residência, o que importará ces-
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; sação de todas as prerrogativas, privilégios e imunidades decorren-
b) tratamento de saúde; tes do respectivo visto.
c) acolhida humanitária; Art. 16. Os vistos diplomático e oficial poderão ser concedidos
d) estudo; a autoridades e funcionários estrangeiros que viajem ao Brasil em
e) trabalho; missão oficial de caráter transitório ou permanente, representando
f) férias-trabalho; Estado estrangeiro ou organismo internacional reconhecido.

391
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
§ 1º Não se aplica ao titular dos vistos referidos no caput o § 2º O espaço geográfico de abrangência e de validade da au-
disposto na legislação trabalhista brasileira. torização será especificado no documento de residente fronteiriço.
§ 2º Os vistos diplomático e oficial poderão ser estendidos aos Art. 25. O documento de residente fronteiriço será cancelado,
dependentes das autoridades referidas no caput . a qualquer tempo, se o titular:
Art. 17. O titular de visto diplomático ou oficial somente po- I - tiver fraudado documento ou utilizado documento falso para
derá ser remunerado por Estado estrangeiro ou organismo inter- obtê-lo;
nacional, ressalvado o disposto em tratado que contenha cláusula II - obtiver outra condição migratória;
específica sobre o assunto. III - sofrer condenação penal; ou
Parágrafo único. O dependente de titular de visto diplomático IV - exercer direito fora dos limites previstos na autorização.
ou oficial poderá exercer atividade remunerada no Brasil, sob o am-
paro da legislação trabalhista brasileira, desde que seja nacional de Seção II
país que assegure reciprocidade de tratamento ao nacional brasilei- Da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatridia
ro, por comunicação diplomática.
Art. 18. O empregado particular titular de visto de cortesia so- Art. 26. Regulamento disporá sobre instituto protetivo especial
mente poderá exercer atividade remunerada para o titular de visto do apátrida, consolidado em processo simplificado de naturaliza-
diplomático, oficial ou de cortesia ao qual esteja vinculado, sob o ção.
amparo da legislação trabalhista brasileira. § 1º O processo de que trata o caput será iniciado tão logo seja
Parágrafo único. O titular de visto diplomático, oficial ou de cor- reconhecida a situação de apatridia.
tesia será responsável pela saída de seu empregado do território § 2º Durante a tramitação do processo de reconhecimento da
nacional. condição de apátrida, incidem todas as garantias e mecanismos
protetivos e de facilitação da inclusão social relativos à Convenção
Seção III sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954, promulgada pelo Decreto
Do Registro e da Identificação Civil do Imigrante e dos Deten- nº 4.246, de 22 de maio de 2002 , à Convenção relativa ao Estatuto
tores de Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia dos Refugiados, promulgada pelo Decreto nº 50.215, de 28 de ja-
neiro de 1961 , e à Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 .
Art. 19. O registro consiste na identificação civil por dados bio- § 3º Aplicam-se ao apátrida residente todos os direitos atribuí-
gráficos e biométricos, e é obrigatório a todo imigrante detentor de dos ao migrante relacionados no art. 4º.
visto temporário ou de autorização de residência. § 4º O reconhecimento da condição de apátrida assegura os
§ 1º O registro gerará número único de identificação que garan- direitos e garantias previstos na Convenção sobre o Estatuto dos
tirá o pleno exercício dos atos da vida civil. Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de
§ 2º O documento de identidade do imigrante será expedido maio de 2002 , bem como outros direitos e garantias reconhecidos
com base no número único de identificação. pelo Brasil.
§ 3º Enquanto não for expedida identificação civil, o documen- § 5º O processo de reconhecimento da condição de apátrida
to comprobatório de que o imigrante a solicitou à autoridade com- tem como objetivo verificar se o solicitante é considerado nacional
petente garantirá ao titular o acesso aos direitos disciplinados nesta pela legislação de algum Estado e poderá considerar informações,
Lei. documentos e declarações prestadas pelo próprio solicitante e por
Art. 20. A identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, órgãos e organismos nacionais e internacionais.
de reconhecimento de apatridia e de acolhimento humanitário po- § 6º Reconhecida a condição de apátrida, nos termos do inciso
derá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o VI do § 1º do art. 1º, o solicitante será consultado sobre o desejo de
imigrante dispuser. adquirir a nacionalidade brasileira.
Art. 21. Os documentos de identidade emitidos até a data de § 7º Caso o apátrida opte pela naturalização, a decisão sobre o
publicação desta Lei continuarão válidos até sua total substituição. reconhecimento será encaminhada ao órgão competente do Poder
Art. 22. A identificação civil, o documento de identidade e as Executivo para publicação dos atos necessários à efetivação da na-
formas de gestão da base cadastral dos detentores de vistos diplo- turalização no prazo de 30 (trinta) dias, observado o art. 65.
mático, oficial e de cortesia atenderão a disposições específicas pre- § 8º O apátrida reconhecido que não opte pela naturalização
vistas em regulamento. imediata terá a autorização de residência outorgada em caráter de-
finitivo.
CAPÍTULO III § 9º Caberá recurso contra decisão negativa de reconhecimen-
DA CONDIÇÃO JURÍDICA DO MIGRANTE E DO VISITANTE to da condição de apátrida.
§ 10. Subsistindo a denegação do reconhecimento da condição
Seção I de apátrida, é vedada a devolução do indivíduo para país onde sua
Do Residente Fronteiriço vida, integridade pessoal ou liberdade estejam em risco.
§ 11. Será reconhecido o direito de reunião familiar a partir do
Art. 23. A fim de facilitar a sua livre circulação, poderá ser con- reconhecimento da condição de apátrida.
cedida ao residente fronteiriço, mediante requerimento, autoriza- § 12. Implica perda da proteção conferida por esta Lei:
ção para a realização de atos da vida civil. I - a renúncia;
Parágrafo único. Condições específicas poderão ser estabeleci- II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o re-
das em regulamento ou tratado. conhecimento da condição de apátrida; ou
Art. 24. A autorização referida no caput do art. 23 indicará o III - a existência de fatos que, se fossem conhecidos por ocasião
Município fronteiriço no qual o residente estará autorizado a exer- do reconhecimento, teriam ensejado decisão negativa.
cer os direitos a ele atribuídos por esta Lei.
§ 1º O residente fronteiriço detentor da autorização gozará das
garantias e dos direitos assegurados pelo regime geral de migração
desta Lei, conforme especificado em regulamento.

392
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Seção III § 3º Nos procedimentos conducentes ao cancelamento de au-
Do Asilado torização de residência e no recurso contra a negativa de concessão
de autorização de residência devem ser respeitados o contraditório
Art. 27. O asilo político, que constitui ato discricionário do Es- e a ampla defesa.
tado, poderá ser diplomático ou territorial e será outorgado como Art. 31. Os prazos e o procedimento da autorização de residên-
instrumento de proteção à pessoa. cia de que trata o art. 30 serão dispostos em regulamento, observa-
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre as condições para do o disposto nesta Lei.
a concessão e a manutenção de asilo. § 1º Será facilitada a autorização de residência nas hipóteses
Art. 28. Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime das alíneas “a” e “e” do inciso I do art. 30 desta Lei, devendo a de-
de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime liberação sobre a autorização ocorrer em prazo não superior a 60
de agressão, nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal In- (sessenta) dias, a contar de sua solicitação.
ternacional, de 1998, promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25 de § 2º Nova autorização de residência poderá ser concedida, nos
setembro de 2002 . termos do art. 30, mediante requerimento.
Art. 29. A saída do asilado do País sem prévia comunicação im- § 3º O requerimento de nova autorização de residência após o
plica renúncia ao asilo. vencimento do prazo da autorização anterior implicará aplicação da
sanção prevista no inciso II do art. 109.
Seção IV § 4º O solicitante de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátri-
Da Autorização de Residência da fará jus a autorização provisória de residência até a obtenção de
resposta ao seu pedido.
Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, § 5º Poderá ser concedida autorização de residência indepen-
ao imigrante, ao residente fronteiriço ou ao visitante que se enqua- dentemente da situação migratória.
dre em uma das seguintes hipóteses: Art. 32. Poderão ser cobradas taxas pela autorização de resi-
I - a residência tenha como finalidade: dência.
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; Art. 33. Regulamento disporá sobre a perda e o cancelamento
b) tratamento de saúde; da autorização de residência em razão de fraude ou de ocultação
c) acolhida humanitária; de condição impeditiva de concessão de visto, de ingresso ou de
d) estudo; permanência no País, observado procedimento administrativo que
e) trabalho; garanta o contraditório e a ampla defesa.
f) férias-trabalho; Art. 34. Poderá ser negada autorização de residência com fun-
g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; damento nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III, IV e IX do art.
h) realização de investimento ou de atividade com relevância 45.
econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; Art. 35. A posse ou a propriedade de bem no Brasil não confere
i) reunião familiar; o direito de obter visto ou autorização de residência em território
II - a pessoa: nacional, sem prejuízo do disposto sobre visto para realização de
a) seja beneficiária de tratado em matéria de residência e livre investimento.
circulação; Art. 36. O visto de visita ou de cortesia poderá ser transforma-
b) seja detentora de oferta de trabalho; do em autorização de residência, mediante requerimento e regis-
c) já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não deseje ou tro, desde que satisfeitos os requisitos previstos em regulamento.
não reúna os requisitos para readquiri-la;
d) (VETADO); Seção V
e) seja beneficiária de refúgio, de asilo ou de proteção ao apá- Da Reunião Familiar
trida;
f) seja menor nacional de outro país ou apátrida, desacompa- Art. 37. O visto ou a autorização de residência para fins de reu-
nhado ou abandonado, que se encontre nas fronteiras brasileiras nião familiar será concedido ao imigrante:
ou em território nacional; I - cônjuge ou companheiro, sem discriminação alguma;
g) tenha sido vítima de tráfico de pessoas, de trabalho escravo II - filho de imigrante beneficiário de autorização de residência,
ou de violação de direito agravada por sua condição migratória; ou que tenha filho brasileiro ou imigrante beneficiário de autoriza-
h) esteja em liberdade provisória ou em cumprimento de pena ção de residência;
no Brasil; III - ascendente, descendente até o segundo grau ou irmão de
III - outras hipóteses definidas em regulamento. brasileiro ou de imigrante beneficiário de autorização de residência;
§ 1º Não se concederá a autorização de residência a pessoa ou
condenada criminalmente no Brasil ou no exterior por sentença IV - que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda.
transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipificada na le- Parágrafo único. (VETADO).
gislação penal brasileira, ressalvados os casos em que:
I - a conduta caracterize infração de menor potencial ofensivo; CAPÍTULO IV
II - (VETADO); ou DA ENTRADA E DA SAÍDA DO TERRITÓRIO NACIONAL
III - a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas alíneas
“b”, “c” e “i” do inciso I e na alínea “a” do inciso II do caput deste Seção I
artigo. Da Fiscalização Marítima, Aeroportuária e de Fronteira
§ 2º O disposto no § 1º não obsta progressão de regime de
cumprimento de pena, nos termos da Lei nº 7.210, de 11 de julho Art. 38. As funções de polícia marítima, aeroportuária e de
de 1984 , ficando a pessoa autorizada a trabalhar quando assim exi- fronteira serão realizadas pela Polícia Federal nos pontos de entra-
gido pelo novo regime de cumprimento de pena. da e de saída do território nacional.

393
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Parágrafo único. É dispensável a fiscalização de passageiro, tri- VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou
pulante e estafe de navio em passagem inocente, exceto quando com o motivo alegado para a isenção de visto;
houver necessidade de descida de pessoa a terra ou de subida a VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação
bordo do navio. ou prestado informação falsa por ocasião da solicitação de visto; ou
Art. 39. O viajante deverá permanecer em área de fiscalização IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos
até que seu documento de viagem tenha sido verificado, salvo os dispostos na Constituição Federal.
casos previstos em lei. Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País
Art. 40. Poderá ser autorizada a admissão excepcional no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, pertinência a grupo so-
de pessoa que se encontre em uma das seguintes condições, desde cial ou opinião política.
que esteja de posse de documento de viagem válido:
I - não possua visto; CAPÍTULO V
II - seja titular de visto emitido com erro ou omissão; DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA
III - tenha perdido a condição de residente por ter permanecido
ausente do País na forma especificada em regulamento e detenha Seção I
as condições objetivas para a concessão de nova autorização de re- Disposições Gerais
sidência;
IV - (VETADO); ou Art. 46. A aplicação deste Capítulo observará o disposto na Lei
V - seja criança ou adolescente desacompanhado de responsá- nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , e nas disposições legais, tratados,
vel legal e sem autorização expressa para viajar desacompanhado, instrumentos e mecanismos que tratem da proteção aos apátridas
independentemente do documento de viagem que portar, hipóte- ou de outras situações humanitárias.
se em que haverá imediato encaminhamento ao Conselho Tutelar Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas
ou, em caso de necessidade, a instituição indicada pela autoridade
para o país de nacionalidade ou de procedência do migrante ou do
competente.
visitante, ou para outro que o aceite, em observância aos tratados
Parágrafo único. Regulamento poderá dispor sobre outras hi-
dos quais o Brasil seja parte.
póteses excepcionais de admissão, observados os princípios e as
Art. 48. Nos casos de deportação ou expulsão, o chefe da uni-
diretrizes desta Lei.
Art. 41. A entrada condicional, em território nacional, de pes- dade da Polícia Federal poderá representar perante o juízo federal,
soa que não preencha os requisitos de admissão poderá ser autori- respeitados, nos procedimentos judiciais, os direitos à ampla defesa
zada mediante a assinatura, pelo transportador ou por seu agente, e ao devido processo legal.
de termo de compromisso de custear as despesas com a permanên-
cia e com as providências para a repatriação do viajante. Seção II
Art. 42. O tripulante ou o passageiro que, por motivo de força Da Repatriação
maior, for obrigado a interromper a viagem em território nacional
poderá ter seu desembarque permitido mediante termo de respon- Art. 49. A repatriação consiste em medida administrativa de
sabilidade pelas despesas decorrentes do transbordo. devolução de pessoa em situação de impedimento ao país de pro-
Art. 43. A autoridade responsável pela fiscalização contribuirá cedência ou de nacionalidade.
para a aplicação de medidas sanitárias em consonância com o Re- § 1º Será feita imediata comunicação do ato fundamentado de
gulamento Sanitário Internacional e com outras disposições perti- repatriação à empresa transportadora e à autoridade consular do
nentes país de procedência ou de nacionalidade do migrante ou do visitan-
te, ou a quem o representa.
Seção II § 2º A Defensoria Pública da União será notificada, preferen-
Do Impedimento de Ingresso cialmente por via eletrônica, no caso do § 4º deste artigo ou quando
a repatriação imediata não seja possível.
Art. 44. (VETADO). § 3º Condições específicas de repatriação podem ser definidas
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entre- por regulamento ou tratado, observados os princípios e as garantias
vista individual e mediante ato fundamentado, a pessoa: previstos nesta Lei.
I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da ex- § 4º Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em si-
pulsão vigorarem; tuação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito, ao menor
II - condenada ou respondendo a processo por ato de terroris- de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua família,
mo ou por crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia
de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatu-
de seus direitos ou para a reintegração a sua família de origem, ou
to de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado
a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer
pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002 ;
caso, medida de devolução para país ou região que possa apresen-
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por
tar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa.
crime doloso passível de extradição segundo a lei brasileira;
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem § 5º (VETADO).
judicial ou por compromisso assumido pelo Brasil perante organis-
mo internacional; Seção III
V - que apresente documento de viagem que: Da Deportação
a) não seja válido para o Brasil;
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que
VI - que não apresente documento de viagem ou documento se encontre em situação migratória irregular em território nacional.
de identidade, quando admitido;

394
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
§ 1º A deportação será precedida de notificação pessoal ao II - o expulsando:
deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou depen-
verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) dência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua
dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fun- tutela;
damentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualiza- b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem dis-
das suas informações domiciliares. criminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;
§ 2º A notificação prevista no § 1º não impede a livre circulação c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade,
em território nacional, devendo o deportando informar seu domi- residindo desde então no País;
cílio e suas atividades. d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País
§ 3º Vencido o prazo do § 1º sem que se regularize a situação há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento
migratória, a deportação poderá ser executada. da expulsão; ou
§ 4º A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em e) (VETADO).
relações contratuais ou decorrentes da lei brasileira. Art. 56. Regulamento definirá procedimentos para apresenta-
§ 5º A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País ção e processamento de pedidos de suspensão e de revogação dos
equivale ao cumprimento da notificação de deportação para todos efeitos das medidas de expulsão e de impedimento de ingresso e
os fins. permanência em território nacional.
§ 6º O prazo previsto no § 1º poderá ser reduzido nos casos que Art. 57. Regulamento disporá sobre condições especiais de au-
se enquadrem no inciso IX do art. 45. torização de residência para viabilizar medidas de ressocialização
Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem a migrante e a visitante em cumprimento de penas aplicadas ou
respeitar o contraditório e a ampla defesa e a garantia de recurso executadas em território nacional.
com efeito suspensivo. Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contradi-
§ 1º A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, pre- tório e a ampla defesa.
ferencialmente por meio eletrônico, para prestação de assistência § 1º A Defensoria Pública da União será notificada da instaura-
ao deportando em todos os procedimentos administrativos de de- ção de processo de expulsão, se não houver defensor constituído.
portação. § 2º Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a ex-
§ 2º A ausência de manifestação da Defensoria Pública da pulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da notificação pessoal do
União, desde que prévia e devidamente notificada, não impedirá a expulsando.
efetivação da medida de deportação. Art. 59. Será considerada regular a situação migratória do ex-
Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de depor- pulsando cujo processo esteja pendente de decisão, nas condições
tação dependerá de prévia autorização da autoridade competente. previstas no art. 55.
Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar Art. 60. A existência de processo de expulsão não impede a sa-
extradição não admitida pela legislação brasileira. ída voluntária do expulsando do País.

Seção IV Seção V
Da Expulsão Das Vedações

Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de re- Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à ex-
tirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, pulsão coletivas.
conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determi- Parágrafo único. Entende-se por repatriação, deportação ou
nado. expulsão coletiva aquela que não individualiza a situação migratória
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença irregular de cada pessoa.
transitada em julgado relativa à prática de: Art. 62. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à ex-
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de pulsão de nenhum indivíduo quando subsistirem razões para acre-
guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de ditar que a medida poderá colocar em risco a vida ou a integridade
Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo pessoal.
Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002 ; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberda- CAPÍTULO VI
de, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização DA OPÇÃO DE NACIONALIDADE E DA NATURALIZAÇÃO
em território nacional.
§ 2º Caberá à autoridade competente resolver sobre a expul- Seção I
são, a duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a Da Opção de Nacionalidade
revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei.
§ 3º O processamento da expulsão em caso de crime comum Art. 63. O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido no exterior
não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, e que não tenha sido registrado em repartição consular poderá, a
a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a qualquer tempo, promover ação de opção de nacionalidade.
concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, Parágrafo único. O órgão de registro deve informar periodica-
de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de mente à autoridade competente os dados relativos à opção de na-
condições ao nacional brasileiro. cionalidade, conforme regulamento.
§ 4º O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada
aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da pena Seção II
aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo. Das Condições da Naturalização
Art. 55. Não se procederá à expulsão quando:
I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação Art. 64. A naturalização pode ser:
brasileira; I - ordinária;

395
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
II - extraordinária; Art. 72. No prazo de até 1 (um) ano após a concessão da natu-
III - especial; ou ralização, deverá o naturalizado comparecer perante a Justiça Elei-
IV - provisória. toral para o devido cadastramento.
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que
preencher as seguintes condições: Seção III
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; Dos Efeitos da Naturalização
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de
4 (quatro) anos; Art. 73. A naturalização produz efeitos após a publicação no
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condi- Diário Oficial do ato de naturalização.
ções do naturalizando; e Art. 74. (VETADO).
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos
termos da lei. Seção IV
Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. Da Perda da Nacionalidade
65 será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando
preencher quaisquer das seguintes condições: Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de
I - (VETADO); condenação transitada em julgado por atividade nociva ao interes-
II - ter filho brasileiro; se nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art. 12 da Constituição
III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele se- Federal .
parado legalmente ou de fato no momento de concessão da natu- Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia
ralização; será levado em consideração antes da efetivação da perda da na-
IV - (VETADO); cionalidade.
V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil;
ou Seção V
VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica Da Reaquisição da Nacionalidade
ou artística.
Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do §
incisos V e VI do caput será avaliado na forma disposta em regula- 4º do art. 12 da Constituição Federal , houver perdido a nacionali-
mento. dade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que
Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a pessoa declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão compe-
de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) tente do Poder Executivo.
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a
CAPÍTULO VII
nacionalidade brasileira.
DO EMIGRANTE
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao es-
trangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:
Seção I
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de
Das Políticas Públicas para os Emigrantes
integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa
a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou Art. 77. As políticas públicas para os emigrantes observarão os
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou seguintes princípios e diretrizes:
em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininter- I - proteção e prestação de assistência consular por meio das
ruptos. representações do Brasil no exterior;
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização es- II - promoção de condições de vida digna, por meio, entre ou-
pecial: tros, da facilitação do registro consular e da prestação de serviços
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; consulares relativos às áreas de educação, saúde, trabalho, previ-
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condi- dência social e cultura;
ções do naturalizando; e III - promoção de estudos e pesquisas sobre os emigrantes e as
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos comunidades de brasileiros no exterior, a fim de subsidiar a formu-
termos da lei. lação de políticas públicas;
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao mi- IV - atuação diplomática, nos âmbitos bilateral, regional e mul-
grante criança ou adolescente que tenha fixado residência em ter- tilateral, em defesa dos direitos do emigrante brasileiro, conforme
ritório nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá o direito internacional
ser requerida por intermédio de seu representante legal. V - ação governamental integrada, com a participação de ór-
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será conver- gãos do governo com atuação nas áreas temáticas mencionadas
tida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o reque- nos incisos I, II, III e IV, visando a assistir as comunidades brasileiras
rer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. no exterior; e
Art. 71. O pedido de naturalização será apresentado e proces- VI - esforço permanente de desburocratização, atualização e
sado na forma prevista pelo órgão competente do Poder Executivo, modernização do sistema de atendimento, com o objetivo de apri-
sendo cabível recurso em caso de denegação. morar a assistência ao emigrante.
§ 1º No curso do processo de naturalização, o naturalizando
poderá requerer a tradução ou a adaptação de seu nome à língua
portuguesa.
§ 2º Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado
associado ao nome anterior.

396
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Seção II § 3º Para determinação da incidência do disposto no inciso I,
Dos Direitos do Emigrante será observada, nos casos de aquisição de outra nacionalidade por
naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição.
Art. 78. Todo emigrante que decida retornar ao Brasil com âni- § 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
mo de residência poderá introduzir no País, com isenção de direitos crime político o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer au-
de importação e de taxas aduaneiras, os bens novos ou usados que toridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra,
um viajante, em compatibilidade com as circunstâncias de sua via- crime de genocídio e terrorismo.
gem, puder destinar para seu uso ou consumo pessoal e profissio- § 5º Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hi-
nal, sempre que, por sua quantidade, natureza ou variedade, não póteses previstas na Constituição Federal.
permitam presumir importação ou exportação com fins comerciais Art. 83. São condições para concessão da extradição:
ou industriais. I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente
Art. 79. Em caso de ameaça à paz social e à ordem pública por ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
grave ou iminente instabilidade institucional ou de calamidade de II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório
grande proporção na natureza, deverá ser prestada especial assis- ou a processo penal ou ter sido condenado pelas autoridades judici-
tência ao emigrante pelas representações brasileiras no exterior. árias do Estado requerente a pena privativa de liberdade.
Art. 80. O tripulante brasileiro contratado por embarcação ou Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na extra-
armadora estrangeira, de cabotagem ou a longo curso e com sede dição poderá, previamente ou conjuntamente com a formalização
ou filial no Brasil, que explore economicamente o mar territorial e a do pedido extradicional, requerer, por via diplomática ou por meio
costa brasileira terá direito a seguro a cargo do contratante, válido de autoridade central do Poder Executivo, prisão cautelar com o
para todo o período da contratação, conforme o disposto no Regis- objetivo de assegurar a executoriedade da medida de extradição
tro de Embarcações Brasileiras (REB), contra acidente de trabalho, que, após exame da presença dos pressupostos formais de admis-
invalidez total ou parcial e morte, sem prejuízo de benefícios de sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, deverá representar à
apólice mais favorável vigente no exterior. autoridade judicial competente, ouvido previamente o Ministério
Público Federal.
CAPÍTULO VIII § 1º O pedido de prisão cautelar deverá conter informação
DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO sobre o crime cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser
apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer ou-
Seção I tro meio que assegure a comunicação por escrito.
Da Extradição
§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser transmitido à au-
toridade competente para extradição no Brasil por meio de canal
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional
estabelecido com o ponto focal da Organização Internacional de
entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou
Polícia Criminal (Interpol) no País, devidamente instruído com a do-
solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal
cumentação comprobatória da existência de ordem de prisão pro-
definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
ferida por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado,
§ 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas
com a promessa de reciprocidade recebida por via diplomática.
autoridades centrais designadas para esse fim.
§ 3º Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição
§ 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas
pelo órgão competente do Poder Executivo em coordenação com as será encaminhado à autoridade judiciária competente.
autoridades judiciárias e policiais competentes. § 4º Na ausência de disposição específica em tratado, o Estado
Art. 82. Não se concederá a extradição quando: estrangeiro deverá formalizar o pedido de extradição no prazo de
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro 60 (sessenta) dias, contado da data em que tiver sido cientificado
nato; da prisão do extraditando.
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no § 5º Caso o pedido de extradição não seja apresentado no pra-
Brasil ou no Estado requerente; zo previsto no § 4º, o extraditando deverá ser posto em liberdade,
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato
crime imputado ao extraditando; sem que a extradição tenha sido devidamente requerida.
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a § 6º A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento
2 (dois) anos; final da autoridade judiciária competente quanto à legalidade do
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver pedido de extradição.
sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da
fundar o pedido; mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque-
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei le em cujo território a infração foi cometida.
brasileira ou a do Estado requerente; § 1º Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessiva-
VII - o fato constituir crime político ou de opinião; mente:
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido
perante tribunal ou juízo de exceção; ou o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do
Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , ou de asilo territorial. extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica;
§ 1º A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extra-
a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração à lei ditando, se os pedidos forem simultâneos.
penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político, § 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do
constituir o fato principal. Poder Executivo decidirá sobre a preferência do pedido, priorizan-
§ 2º Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do o Estado requerente que mantiver tratado de extradição com o
do caráter da infração. Brasil.

397
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, § 3º Para suprir a falta referida no § 2º, o Ministério Público
prevalecerão suas normas no que diz respeito à preferência de que Federal terá prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, após o qual
trata este artigo. o pedido será julgado independentemente da diligência.
Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Pú- § 4º O prazo referido no § 3º será contado da data de notifica-
blico, poderá autorizar prisão albergue ou domiciliar ou determinar ção à missão diplomática do Estado requerente.
que o extraditando responda ao processo de extradição em liber- Art. 92. Julgada procedente a extradição e autorizada a entrega
dade, com retenção do documento de viagem ou outras medidas pelo órgão competente do Poder Executivo, será o ato comunica-
cautelares necessárias, até o julgamento da extradição ou a entrega do por via diplomática ao Estado requerente, que, no prazo de 60
do extraditando, se pertinente, considerando a situação administra- (sessenta) dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do
tiva migratória, os antecedentes do extraditando e as circunstâncias território nacional.
do caso. Art. 93. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente território nacional no prazo previsto no art. 92, será ele posto em
ao Estado requerente, desde que o declare expressamente, este- liberdade, sem prejuízo de outras medidas aplicáveis.
ja assistido por advogado e seja advertido de que tem direito ao
processo judicial de extradição e à proteção que tal direito encerra, Art. 94. Negada a extradição em fase judicial, não se admitirá
caso em que o pedido será decidido pelo Supremo Tribunal Federal. novo pedido baseado no mesmo fato.
Art. 88. Todo pedido que possa originar processo de extradição Art. 95. Quando o extraditando estiver sendo processado ou
em face de Estado estrangeiro deverá ser encaminhado ao órgão tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena priva-
competente do Poder Executivo diretamente pelo órgão do Poder tiva de liberdade, a extradição será executada somente depois da
Judiciário responsável pela decisão ou pelo processo penal que a conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvadas as
fundamenta. hipóteses de liberação antecipada pelo Poder Judiciário e de deter-
§ 1º Compete a órgão do Poder Executivo o papel de orienta- minação da transferência da pessoa condenada.
ção, de informação e de avaliação dos elementos formais de ad- § 1º A entrega do extraditando será igualmente adiada se a efe-
tivação da medida puser em risco sua vida em virtude de enfermi-
missibilidade dos processos preparatórios para encaminhamento
dade grave comprovada por laudo médico oficial.
ao Estado requerido.
§ 2º Quando o extraditando estiver sendo processado ou tiver
§ 2º Compete aos órgãos do sistema de Justiça vinculados ao
sido condenado, no Brasil, por infração de menor potencial ofensi-
processo penal gerador de pedido de extradição a apresentação de
vo, a entrega poderá ser imediatamente efetivada.
todos os documentos, manifestações e demais elementos neces- Art. 96. Não será efetivada a entrega do extraditando sem que
sários para o processamento do pedido, inclusive suas traduções o Estado requerente assuma o compromisso de:
oficiais. I - não submeter o extraditando a prisão ou processo por fato
§ 3º O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica ou com anterior ao pedido de extradição;
o original da sentença condenatória ou da decisão penal proferida, II - computar o tempo da prisão que, no Brasil, foi imposta por
conterá indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e as força da extradição;
circunstâncias do fato criminoso e a identidade do extraditando e III - comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em pena
será acompanhado de cópia dos textos legais sobre o crime, a com- privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de cumprimento
petência, a pena e a prescrição. de 30 (trinta) anos;
§ 4º O encaminhamento do pedido de extradição ao órgão IV - não entregar o extraditando, sem consentimento do Brasil,
competente do Poder Executivo confere autenticidade aos docu- a outro Estado que o reclame;
mentos. V - não considerar qualquer motivo político para agravar a
Art. 89. O pedido de extradição originado de Estado estrangei- pena; e
ro será recebido pelo órgão competente do Poder Executivo e, após VI - não submeter o extraditando a tortura ou a outros trata-
exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade mentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado à autoridade judici- Art. 97. A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasi-
ária competente. leiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos referidos no instrumentos do crime encontrados em seu poder.
caput , o pedido será arquivado mediante decisão fundamentada, Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste ar-
sem prejuízo da possibilidade de renovação do pedido, devidamen- tigo poderão ser entregues independentemente da entrega do ex-
te instruído, uma vez superado o óbice apontado. traditando.
Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro- Art. 98. O extraditando que, depois de entregue ao Estado re-
nunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre sua legalidade e querente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por
procedência, não cabendo recurso da decisão. ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via
diplomática ou pela Interpol e novamente entregue, sem outras for-
Art. 91. Ao receber o pedido, o relator designará dia e hora para
malidades.
o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, nomear-lhe-á
Art. 99. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido,
curador ou advogado, se não o tiver.
pelo órgão competente do Poder Executivo, o trânsito no território
§ 1º A defesa, a ser apresentada no prazo de 10 (dez) dias
nacional de pessoa extraditada por Estado estrangeiro, bem como o
contado da data do interrogatório, versará sobre a identidade da da respectiva guarda, mediante apresentação de documento com-
pessoa reclamada, defeito de forma de documento apresentado ou probatório de concessão da medida.
ilegalidade da extradição.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tribu-
nal, a requerimento do órgão do Ministério Público Federal corres-
pondente, poderá converter o julgamento em diligência para suprir
a falta.

398
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Seção II Art. 105. A forma do pedido de transferência de pessoa conde-
Da Transferência de Execução da Pena nada e seu processamento serão definidos em regulamento.
§ 1º Nos casos previstos nesta Seção, a execução penal será de
Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicitação de extradi- competência da Justiça Federal.
ção executória, a autoridade competente poderá solicitar ou auto- § 2º Não se procederá à transferência quando inadmitida a ex-
rizar a transferência de execução da pena, desde que observado o tradição.
princípio do non bis in idem . § 3º (VETADO).
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , a transferência de CAPÍTULO IX
execução da pena será possível quando preenchidos os seguintes DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS
requisitos:
I - o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver Art. 106. Regulamento disporá sobre o procedimento de apu-
residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil; ração das infrações administrativas e seu processamento e sobre
II - a sentença tiver transitado em julgado; a fixação e a atualização das multas, em observância ao disposto
III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para nesta Lei.
cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de apresentação Art. 107. As infrações administrativas previstas neste Capítulo
do pedido ao Estado da condenação; serão apuradas em processo administrativo próprio, assegurados o
IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal contraditório e a ampla defesa e observadas as disposições desta
perante a lei de ambas as partes; e Lei.
V - houver tratado ou promessa de reciprocidade. § 1º O cometimento simultâneo de duas ou mais infrações im-
Art. 101. O pedido de transferência de execução da pena de portará cumulação das sanções cabíveis, respeitados os limites es-
Estado estrangeiro será requerido por via diplomática ou por via de tabelecidos nos incisos V e VI do art. 108.
autoridades centrais. § 2º A multa atribuída por dia de atraso ou por excesso de per-
§ 1º O pedido será recebido pelo órgão competente do Poder manência poderá ser convertida em redução equivalente do perío-
Executivo e, após exame da presença dos pressupostos formais de do de autorização de estada para o visto de visita, em caso de nova
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado ao entrada no País.
Superior Tribunal de Justiça para decisão quanto à homologação. Art. 108. O valor das multas tratadas neste Capítulo conside-
§ 2º Não preenchidos os pressupostos referidos no § 1º, o pe- rará:
dido será arquivado mediante decisão fundamentada, sem prejuízo
I - as hipóteses individualizadas nesta Lei;
da possibilidade de renovação do pedido, devidamente instruído,
II - a condição econômica do infrator, a reincidência e a gravi-
uma vez superado o óbice apontado.
dade da infração;
Art. 102. A forma do pedido de transferência de execução da
III - a atualização periódica conforme estabelecido em regula-
pena e seu processamento serão definidos em regulamento.
mento;
Parágrafo único. Nos casos previstos nesta Seção, a execução
IV - o valor mínimo individualizável de R$ 100,00 (cem reais);
penal será de competência da Justiça Federal.
V - o valor mínimo de R$ 100,00 (cem reais) e o máximo de R$
10.000,00 (dez mil reais) para infrações cometidas por pessoa física;
Seção III
Da Transferência de Pessoa Condenada VI - o valor mínimo de R$ 1.000,00 (mil reais) e o máximo de
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para infrações cometidas por
Art. 103. A transferência de pessoa condenada poderá ser con- pessoa jurídica, por ato infracional.
cedida quando o pedido se fundamentar em tratado ou houver pro- Art. 109. Constitui infração, sujeitando o infrator às seguintes
messa de reciprocidade. sanções:
§ 1º O condenado no território nacional poderá ser transferido I - entrar em território nacional sem estar autorizado:
para seu país de nacionalidade ou país em que tiver residência ha- Sanção: deportação, caso não saia do País ou não regularize a
bitual ou vínculo pessoal, desde que expresse interesse nesse sen- situação migratória no prazo fixado;
tido, a fim de cumprir pena a ele imposta pelo Estado brasileiro por II - permanecer em território nacional depois de esgotado o
sentença transitada em julgado. prazo legal da documentação migratória:
§ 2º A transferência de pessoa condenada no Brasil pode ser Sanção: multa por dia de excesso e deportação, caso não saia
concedida juntamente com a aplicação de medida de impedimento do País ou não regularize a situação migratória no prazo fixado;
de reingresso em território nacional, na forma de regulamento. III - deixar de se registrar, dentro do prazo de 90 (noventa) dias
Art. 104. A transferência de pessoa condenada será possível do ingresso no País, quando for obrigatória a identificação civil:
quando preenchidos os seguintes requisitos: Sanção: multa;
I - o condenado no território de uma das partes for nacional ou IV - deixar o imigrante de se registrar, para efeito de autori-
tiver residência habitual ou vínculo pessoal no território da outra zação de residência, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, quando
parte que justifique a transferência; orientado a fazê-lo pelo órgão competente:
II - a sentença tiver transitado em julgado; Sanção: multa por dia de atraso;
III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para V - transportar para o Brasil pessoa que esteja sem documenta-
cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de apresentação ção migratória regular:
do pedido ao Estado da condenação; Sanção: multa por pessoa transportada;
IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal VI - deixar a empresa transportadora de atender a compromis-
perante a lei de ambos os Estados; so de manutenção da estada ou de promoção da saída do território
V - houver manifestação de vontade do condenado ou, quando nacional de quem tenha sido autorizado a ingresso condicional no
for o caso, de seu representante; e Brasil por não possuir a devida documentação migratória:
VI - houver concordância de ambos os Estados. Sanção: multa;

399
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
VII - furtar-se ao controle migratório, na entrada ou saída do Art. 120. A Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia
território nacional: terá a finalidade de coordenar e articular ações setoriais implemen-
Sanção: multa. tadas pelo Poder Executivo federal em regime de cooperação com
Art. 110. As penalidades aplicadas serão objeto de pedido de os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com participação de
reconsideração e de recurso, nos termos de regulamento. organizações da sociedade civil, organismos internacionais e enti-
Parágrafo único. Serão respeitados o contraditório, a ampla de- dades privadas, conforme regulamento.
fesa e a garantia de recurso, assim como a situação de hipossufici- § 1º Ato normativo do Poder Executivo federal poderá definir
ência do migrante ou do visitante. os objetivos, a organização e a estratégia de coordenação da Políti-
ca Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia.
CAPÍTULO X § 2º Ato normativo do Poder Executivo federal poderá esta-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS belecer planos nacionais e outros instrumentos para a efetivação
dos objetivos desta Lei e a coordenação entre órgãos e colegiados
Art. 111. Esta Lei não prejudica direitos e obrigações estabe- setoriais.
lecidos por tratados vigentes no Brasil e que sejam mais benéficos § 3º Com vistas à formulação de políticas públicas, deverá ser
ao migrante e ao visitante, em particular os tratados firmados no produzida informação quantitativa e qualitativa, de forma sistemá-
âmbito do Mercosul. tica, sobre os migrantes, com a criação de banco de dados.
Art. 112. As autoridades brasileiras serão tolerantes quanto ao Art. 121. Na aplicação desta Lei, devem ser observadas as dis-
uso do idioma do residente fronteiriço e do imigrante quando eles posições da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , nas situações que
se dirigirem a órgãos ou repartições públicas para reclamar ou rei- envolvam refugiados e solicitantes de refúgio.
vindicar os direitos decorrentes desta Lei. Art. 122. A aplicação desta Lei não impede o tratamento mais
Art. 113. As taxas e emolumentos consulares são fixados em favorável assegurado por tratado em que a República Federativa do
conformidade com a tabela anexa a esta Lei. Brasil seja parte.
§ 1º Os valores das taxas e emolumentos consulares poderão Art. 123. Ninguém será privado de sua liberdade por razões mi-
ser ajustados pelo órgão competente da administração pública fe- gratórias, exceto nos casos previstos nesta Lei.
deral, de forma a preservar o interesse nacional ou a assegurar a Art. 124. Revogam-se:
reciprocidade de tratamento. I - a Lei nº 818, de 18 de setembro de 1949 ; e
§ 2º Não serão cobrados emolumentos consulares pela con- II - a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estran-
cessão de: geiro) .
I - vistos diplomáticos, oficiais e de cortesia; e Art. 125. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e
II - vistos em passaportes diplomáticos, oficiais ou de serviço, oitenta) dias de sua publicação oficial.
ou equivalentes, mediante reciprocidade de tratamento a titulares
de documento de viagem similar brasileiro.
§ 3º Não serão cobrados taxas e emolumentos consulares pela LEI Nº 10.826/2003: ESTATUTO DO DESARMAMENTO
concessão de vistos ou para a obtenção de documentos para regu-
larização migratória aos integrantes de grupos vulneráveis e indiví-
LEI N° 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
duos em condição de hipossuficiência econômica.
§ 4º (VETADO).
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
Art. 114. Regulamento poderá estabelecer competência para
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm,
órgãos do Poder Executivo disciplinarem aspectos específicos desta
Lei. define crimes e dá outras providências.
Art. 115. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal) , passa a vigorar acrescido do seguinte art. 232-A: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
“ Promoção de migração ilegal cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter
vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território CAPÍTULO I
nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no
meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estran- Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscri-
geiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país es- ção em todo o território nacional.
trangeiro. Art. 2o Ao Sinarm compete:
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: I – identificar as características e a propriedade de armas de
I - o crime é cometido com violência; ou fogo, mediante cadastro;
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e ven-
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo didas no País;
das correspondentes às infrações conexas.” III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as
Art. 116. (VETADO). renovações expedidas pela Polícia Federal;
Art. 117. O documento conhecido por Registro Nacional de Es- IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, fur-
trangeiro passa a ser denominado Registro Nacional Migratório. to, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados ca-
Art. 118. (VETADO). dastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
Art. 119. O visto emitido até a data de entrada em vigor desta segurança privada e de transporte de valores;
Lei poderá ser utilizado até a data prevista de expiração de sua vali- V – identificar as modificações que alterem as características
dade, podendo ser transformado ou ter seu prazo de estada prorro- ou o funcionamento de arma de fogo;
gado, nos termos de regulamento. VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;

400
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como § 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III
conceder licença para exercer a atividade; do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar auto-
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de rizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser
fogo, acessórios e munições; adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com vali-
das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil dis- dade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
parado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residên-
pelo fabricante; cia ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo
e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884,
de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro de 2004)
atualizado para consulta. § 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as de- § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o
mais que constem dos seus registros próprios. deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior
a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento
CAPÍTULO II desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de
DO REGISTRO Fogo.
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de regis-
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão com- tro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito Fe-
petente. deral até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão regis- espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante
tradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008,
Lei. ante a apresentação de documento de identificação pessoal e com-
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes- provante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de
sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos in-
seguintes requisitos: cisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certi- 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
dões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti-
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento
a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser forne- de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
cidas por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamen-
2008) to e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação
nº 11.706, de 2008)
lícita e de residência certa;
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet,
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló-
com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº
gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta
11.706, de 2008)
no regulamento desta Lei.
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe-
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de
deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em
como necessário para a emissão definitiva do certificado de regis-
nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível
tro de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
esta autorização.
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no ca-
libre correspondente à arma registrada e na quantidade estabele- caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a ex-
cida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, tensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de
de 2008) 2019)
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território CAPÍTULO III
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, DO PORTE
como também a manter banco de dados com todas as característi-
cas da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo. Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para:
munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re- I – os integrantes das Forças Armadas;
gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e muni- do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional
ções entre pessoas físicas somente será efetivada mediante auto- de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº 13.500, de
rização do Sinarm. 2017)
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil)
30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interes- habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
sado. (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948)

401
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados
mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên- do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cin-
Segurança Institucional da Presidência da República; (Vide Decreto co) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo
nº 9.685, de 2019) para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para
e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por- 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva neces-
tuárias; sidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguin-
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va- tes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
lores constituídas, nos termos desta Lei; I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente 11.706, de 2008)
II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas
Lei nº 11.706, de 2008)
de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº
couber, a legislação ambiental.
11.706, de 2008)
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma
do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal de fogo, independentemente de outras tipificações penais, respon-
e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) derá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es- § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de
que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de
forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus- 2008)
tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) empresas de segurança privada e de transporte de valores, cons-
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput tituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Po-
II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) lícia Federal em nome da empresa.
§ 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se-
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime
prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das
ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor-
fora de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
de 2014) ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni-
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído pela ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
Lei nº 12.993, de 2014) horas depois de ocorrido o fato.
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores de-
verá apresentar documentação comprobatória do preenchimento
e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos emprega-
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle
dos que portarão arma de fogo.
interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste
§ 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm.
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integran- Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das
tes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade,
artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refe- responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente
re o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabele- podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar
cidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
de 2008) competente, sendo o certificado de registro e a autorização de por-
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas te expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído
municipais está condicionada à formação funcional de seus inte- pela Lei nº 12.694, de 2012)
grantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à § 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº
condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a su- 12.694, de 2012)
pervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884,
de 2004)

402
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo
designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X
funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeita- e o § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
do o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de 2008)
servidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as con-
12.694, de 2012) dições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal para
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para
trata este artigo fica condicionado à apresentação de documenta- o manuseio de arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
ção comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado
art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabeleci- pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários
mentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanis- profissionais para realização de avaliação psicológica constante do
mos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabeleci- item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído
das no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado
este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Inclu- pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00
ído pela Lei nº 12.694, de 2012) (oitenta reais), acrescido do custo da munição. (Incluído pela Lei nº
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a re- 11.706, de 2008)
gistrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual § 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o e
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, 2o deste artigo implicará o descredenciamento do profissional pela
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela
Lei nº 12.694, de 2012) CAPÍTULO IV
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas DOS CRIMES E DAS PENAS
legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, aces-
forma do regulamento desta Lei. sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determina-
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do por- ção legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
te de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran- dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores Omissão de cautela
e caçadores e de representantes estrangeiros em competição inter- Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impe-
nacional oficial de tiro realizada no território nacional. dir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de defici-
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso per- ência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
mitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia ou que seja de sua propriedade:
Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo-
regulamentares, e dependerá de o requerente: res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati- Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda,
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
III – apresentar documentação de propriedade de arma de Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em de-
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste pósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar,
artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo,
seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em de-
substâncias químicas ou alucinógenas. sacordo com determinação legal ou regulamentar:
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores cons- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
tantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos: Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável,
I – ao registro de arma de fogo; salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agen-
II – à renovação de registro de arma de fogo; te. (Vide Adin 3.112-1)
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo; Disparo de arma de fogo
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
V – à renovação de porte de arma de fogo; habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática
fogo. de outro crime:
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manu- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
tenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades. (Vide Adin 3.112-1)
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

403
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, empres- pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
tar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de 2019)
de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas refe-
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação ridas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964,
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. II - o agente for reincidente específico em crimes dessa nature-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei za. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
nº 13.964, de 2019) Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetí-
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de veis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a CAPÍTULO V
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou DISPOSIÇÕES GERAIS
para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autorida-
de policial, perito ou juiz; Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto
ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determina- nesta Lei.
ção legal ou regulamentar; Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a defi-
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de nição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica- proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico
ção raspado, suprimido ou adulterado; serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal,
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, mediante proposta do Comando do Exército. (Redação dada pela
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado- Lei nº 11.706, de 2008)
lescente; e § 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras,
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regula-
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo
mento desta Lei.
envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedi-
4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
das autorizações de compra de munição com identificação do lote
Comércio ilegal de arma de fogo
e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul-
desta Lei.
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar,
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de seguran-
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, ça e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo re-
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desa- gulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
cordo com determinação legal ou regulamentar: § 4o As instituições de ensino policial e as guardas municipais
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta Lei e no seu
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efei- para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante
to deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabrica- autorização concedida nos termos definidos em regulamento. (In-
ção ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em cluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º des-
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de ta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a pro-
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com dução, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o co-
a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, mércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta cri- o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores,
minal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) atiradores e caçadores.
Tráfico internacional de arma de fogo Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessa-
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou rem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente
munição, sem autorização da autoridade competente: ao Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) ho-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Re- ras, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou
dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou en- dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
trega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de impor- § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército
tação, sem autorização da autoridade competente, a agente poli- que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão
cial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério
2019) da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen- relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas institui-
tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de ções, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Inclu-
uso proibido ou restrito. ído pela Lei nº 11.706, de 2008)

404
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em decor- Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo ad-
rência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer forma utiliza- quiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à
das em atividades ilícitas de produção ou comercialização de dro- Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do re-
gas abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recursos gulamento desta Lei.
provenientes do tráfico de drogas de abuso, perdidas em favor da Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo pode-
União e encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser, rão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumin-
após perícia ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas do-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, fi-
com prioridade para os órgãos de segurança pública e do sistema cando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida
penitenciário da unidade da federação responsável pela apreen- arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
são. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a
a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu per- R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o regula-
dimento em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº mento desta Lei:
11.706, de 2008) I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, ma-
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de respon- rítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio,
sabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadas- faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou muni-
tramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de ção sem a devida autorização ou com inobservância das normas de
2008) segurança;
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encami- realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado
nhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com
armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena
local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o in-
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização gresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo
e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
fogo, que com estas se possam confundir. Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os si- serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros
mulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de
usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exér- passageiros armados.
cito. Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcional- serão armazenados no Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído
mente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito. pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aqui- § 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo
sições dos Comandos Militares. cadastrar armas de fogo e armazenar características de classe e in-
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir dividualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados
arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes por arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. (Reda- § 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pe-
ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008) los registros de elementos de munição deflagrados por armas de
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já conce- fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apu-
didas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei. rações criminais federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei nº
(Vide Lei nº 10.884, de 2004) 13.964, de 2019)
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de va- § 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela
lidade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no 2019)
prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o § 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos
requerente. terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou promover sua uti-
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso lização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão ju-
permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até dicial responderá civil, penal e administrativamente. (Incluído pela
o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de docu- Lei nº 13.964, de 2019)
mento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, § 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de
acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da ori- dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº
gem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou 13.964, de 2019)
declaração firmada na qual constem as características da arma e § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de
a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do paga- Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder Executivo
mento de taxas e do cumprimento das demais exigências constan- federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) CAPÍTULO VI
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no DISPOSIÇÕES FINAIS
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e muni-
expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº ção em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas
11.706, de 2008) no art. 6o desta Lei.

405
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de apro-
vação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de EXERCÍCIOS
2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto
neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resulta- 1. (FCC - 2013 - TRT - 15ª Região - Técnico Judiciário - Segurança)
do pelo Tribunal Superior Eleitoral. Em conformidade com o disposto na Lei Federal no 10.826/2003,
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997. são vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a impor-
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. tação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que
com estas se possam confundir, excetuando-se os destinados à ins-
trução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas
LEI Nº 12.830/2013: DISPÕE SOBRE A INVESTIGAÇÃO condições fixadas
CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA.
(A) pela Polícia Militar Estadual.
LEI Nº 12.830, DE 20 DE JUNHO DE 2013. (B) pela Polícia Federal.
(C) pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado (D) pelo Governador dos Estados da Federação e do Distrito
de polícia. Federal.
(E) pelo Comando do Exército.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 2. (GUALIMP - 2019 - Prefeitura de Laje do Muriaé - RJ - Guar-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida da Municipal) A Lei nº 10.826/2003 dispõe que o Sistema Nacional
pelo delegado de polícia. de Armas – SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infra- da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.
ções penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurí- Sobre o SINARM, assinale a alternativa correta:
dica, essenciais e exclusivas de Estado. (A) Não é competência do Sinarm, e sim da polícia militar efe-
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade poli- tuar cadastro mediante registro dos produtores, atacadistas,
cial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inqué- varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas
rito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como de fogo, acessórios e munições.
objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da auto- (B) É de competência do Sinarm informar às Secretarias de Se-
ria das infrações penais. gurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e
§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de po- autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos terri-
lícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que tórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta.
interessem à apuração dos fatos. (C) O Sinarm nunca expede autorização para compra de arma
§ 3º (VETADO). de fogo.
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei (D) O cadastro de armas de fogo produzidas, importadas e ven-
em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por supe- didas no País não é de competência do Sinarm.
rior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de
interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedi- 3. (EJEF - 2009 - TJ-MG - Juiz) Sobre o Estatuto do Desarma-
mentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a mento - Lei n. 10.826, de 2003, marque a alternativa CORRETA.
eficácia da investigação. (A) No julgamento da ADI 3112, o STF entendeu pela constitu-
§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por cionalidade do art. 21 da Lei nº 10.826, de 2003, que veda a
ato fundamentado. concessão de liberdade provisória aos crimes dos seus artigos
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á 16, 17 e 18 (respectivamente: posse ou porte ilegal de arma de
por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, fogo de uso restrito; comércio ilegal de arma de fogo; e tráfico
que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. internacional de arma de fogo).
Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel (B) Também no julgamento da ADI 3112, o STF considerou
em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento pro- constitucionais os parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei
tocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria nº 10.826, de 2003, que estabelecem a inafiançabilidade dos
Pública e do Ministério Público e os advogados. delitos neles previstos (porte ilegal de arma de fogo de uso per-
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. mitido e disparo de arma de fogo, respectivamente).
Brasília, 20 de junho de 2013; 192º da Independência e 125º (C) Com a entrada em vigor da Lei nº 10.826, de 2003, o crime
da República. previsto em seu art. 12 (posse irregular de arma de fogo de uso
permitido) teve, inicialmente, sua aplicação afetada por suces-
sivas medidas provisórias, cujo conteúdo foi considerado pela
jurisprudência como espécie de abolitio criminis temporário.
(D) O crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido,
tipificado no art. 12 da Lei nº 10.826, de 2003, com pena pri-
vativa de liberdade, abstratamente cominada em detenção de
01 a 03 anos, não comporta a substituição por pena restritiva
de direitos, consoante as regras do art. 44 do CP, em face da
violência intrinsecamente ligada ao comércio e utilização de
armas de fogo em nosso país.

406
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
4. (FCC - 2008 - MPE-PE - Promotor de Justiça) Em relação à 7. (FCC - 2007 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Ju-
política nacional do idoso, é INCORRETO afirmar: diciária - Execução de Mandados) “A” mantém em cativeiro, na sua
(A) A garantia de prioridade na proteção ao idoso compreende casa, sem permissão, licença ou autorização da autoridade compe-
o acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social tente, oriundos de criadouro NÃO autorizado, dois espécimes de
locais, bem como a preferência na formulação e na execução ave ameaçada de extinção apenas na região onde reside. Ele
de políticas sociais públicas específicas. (A) não pratica nenhum crime porque são aves nascidas em
(B) O idoso que se encontre no domínio de suas faculdades criadouros e não apreendidas no ambiente em que vivem.
mentais pode optar pelo tratamento de saúde que lhe for re- (B) não pratica nenhum crime porque são apenas dois espéci-
putado mais favorável. mes.
(C) As transações relativas a alimentos devidos aos idosos po- (C) não pratica nenhum crime porque as aves estão bem tra-
derão ser celebradas perante o Promotor de Justiça, que as tadas.
referendará, passando então a ter efeito de título executivo (D) pratica crime ambiental com pena agravada porque a espé-
extrajudicial nos termos da lei processual civil. cie está ameaçada de extinção.
(D) A função ministerial na proteção aos direitos do idoso com- (E) pratica crime ambiental simples, porque a espécie está ame-
preende o livre acesso a toda entidade de atendimento ao ido- açada de extinção apenas na região onde ocorreram os fatos.
so, desde que judicialmente autorizado.
(E) As entidades de atendimento ao idoso são obrigadas a pro- 8. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico - Específicos)
videnciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os do- Para a expedição da carteira de identidade não será exigida do in-
cumentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que teressado a apresentação de qualquer outro documento, além da
não os tiverem, na forma da lei. certidão de nascimento ou de casamento, sendo certo que a reque-
5. (FCC - 2009 - MPE-CE - Promotor de Justiça) Compete ao rente do sexo feminino apresentará obrigatoriamente a certidão
Ministério Público, no processo civil, na defesa do idoso, de casamento caso seu nome de solteira tenha sido alterado em
(A) impedir a atuação de terceiros, ainda que legitimados para consequência do matrimônio.
as ações cíveis previstas no Estatuto do Idoso, sempre que o
Estatuto do Idoso conferir legitimidade ao Ministério Público ( ) CERTO
nas mesmas ações. ( ) ERRADO
(B) atuar como assistente simples do idoso em situação de ris-
co, por abuso da família, curador ou entidade de atendimento. 9. (AOCP - 2018 - SUSIPE-PA - Agente Prisional) De acordo com
(C) promover a revogação de instrumento procuratório do ido- a Lei nº 9.455/1997, se do crime de tortura resultar lesão corporal
so, sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto do Idoso de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
forem ameaçados em razão de sua condição pessoal e o inte- (A) quatro a dez anos.
resse público justificar. (B) seis a doze anos.
(D) homologar transações envolvendo interesses e direitos dos (C) um a quatro anos.
idosos previstos no Estatuto do Idoso. (D) dois a oito anos.
(E) atuar obrigatoriamente, nos processos em que não for par- (E) seis a vinte anos.
te, na defesa dos direitos de que cuida o Estatuto do Idoso, hi-
pótese em que terá vista dos autos antes das partes, podendo 10. (FCC - 2009 - DPE-SP - Defensor Público) Em relação ao cri-
juntar documentos e requerer diligências. me de tortura é possível afirmar:
(A) Passou a ser previsto como crime autônomo a partir da en-
6. (IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado de Polícia Civil) Acerca da trada em vigor da Constituição Federal de 1988 que, no art. 5o
Lei dos Crimes Ambientais e a jurisprudência do Supremo Tribunal , inciso III afirma que ninguém será submetido a tortura, nem a
Federal, pode-se afirmar que: tratamento desumano e degradante e que a prática de tortura
(A) Constituição Federal condiciona a responsabilização penal será considerada crime inafiançável e insuscetível de graça ou
da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea perse- anistia.
cução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito (B) É praticado por qualquer pessoa que causa constrangimen-
da empresa. to físico ou mental à pessoa presa ou em medida de segurança,
(B) compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes ambien- pelo uso de instrumentos cortantes, perfurantes, queimantes
tais. ou que produzam stress, angústia, como prisão em cela escura,
(C) em crimes ambientais, o cumprimento do Termo de Ajusta- solitária, submissão a regime de fome etc.
mento de Conduta, com consequente extinção de punibilida- (C) É cometido por quem constrange outrem, por meio de vio-
de, não pode servir de salvo-conduto para que o agente volte lência física, com o fim de obter informação ou confissão da ví-
a poluir. tima ou de terceira pessoa, desde que do emprego da violência
(D) o crime de impedir o nascimento de nova vegetação (art. 48 resulte lesão corporal.
da Lei n° 9.605/1998) se consuma instantaneamente. (D) Os bens jurídicos protegidos pela ‘tortura discriminatória’
(E) não se aplica o principio da insignificância quanto aos cri- são a dignidade da pessoa humana, a igualdade, a liberdade
mes previstos na Lei de Crimes Ambientais, considerando que política e de crença.
o bem jurídico tutelado é o meio ambiente, indispensável à so- (E) É praticado por quem se omite diante do dever de evitar a
brevivência da sociedade. ocorrência ou continuidade da ação ou de apurar a responsa-
bilidade do torturador pelas condutas de constrangimento ou
submissão levadas a efeito mediante violência ou grave ame-
aça.

407
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
11. (CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-PB - Agente de Investiga- (C) Como não há em lei qualquer menção aos delitos subme-
ção e Escrivão de Polícia) Considerando que um cidadão, vítima de tidos a procedimentos especiais, não se submetem à compe-
prisão abusiva, tenha apresentado sua representação, na Correge- tência dos Juizados Especiais as infrações de menor potencial
doria da Polícia Civil, contra o delegado que a realizou, assinale a ofensivo a que sejam previstos ritos especiais.
opção correta quanto ao direito de representação e ao processo de (D) Mesmo havendo necessidade de diligências de maior com-
responsabilidade administrativa, civil e penal no caso de crime de plexidade para apuração dos fatos e da autoria de uma infração
abuso de autoridade. penal de menor potencial ofensivo, a exemplo de pedido de
(A) Eventual falha na representação obsta a instauração da quebra de sigilo de dados, tais circunstâncias não autorizam
ação penal. o deslocamento de competência do juizado especial criminal
(B) A ação penal é pública incondicionada. para o juízo de direito comum.
(C) A representação é condição de procedibilidade para a ação
penal. 14. (CESPE - 2009 - TRE-GO - Analista Judiciário - Área Judiciá-
(D) A referida representação deveria ter sido necessariamente ria) Na manhã do dia 15/12/2008, Luana agrediu Roberta, causan-
dirigida ao Ministério Público (MP). do- lhe lesões corporais leves, crime de ação penal pública condi-
(E) Se a representação apresentar qualquer falha, a autoridade cionada à representação, cuja pena é de detenção, de três meses
que a recebeu não poderá providenciar, por outros meios, a a um ano. Foi lavrado termo circunstanciado, marcando-se a au-
apuração do fato. diência de conciliação para o dia 20/12/2008. Considerando essa
situação hipotética, assinale a opção correta.
12. (CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal) Conside- (A) Havendo a composição de danos na audiência de concilia-
rando a Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado ção, não poderá o MP formular a proposta de transação penal.
(B) Não tendo sido obtida a composição dos danos civis, caberá
transnacional, julgue os seguintes itens.
a Roberta, na audiência preliminar, apresentar representação
verbal, sob pena de decadência do direito.
I Grupo criminoso organizado é conceituado como o grupo es-
(C) Não será possível o oferecimento da proposta de aplicação
truturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atu-
imediata de pena restritiva de direitos ou multa se Luana esti-
ando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais ver sendo processada por outro crime.
infrações graves ou enunciadas na convenção, com a intenção de (D) Presentes os requisitos legais, o juiz poderá apresentar pro-
obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro posta de transação penal, caso o promotor de justiça se recuse
benefício material. a fazê-lo, já que se trata de direito líquido e certo de Luana.
II A infração será considerada de caráter transnacional se for 15. (FCC - 2008 - MPE-PE - Promotor de Justiça) A Lei Maria da
cometida em um só Estado, mas envolver a participação de grupo Penha, Lei no 11.340/2006,
criminoso organizado que pratique atividades criminosas em mais (A) visa a coibir apenas a violência física e sexual contra a mu-
de um Estado. lher, no âmbito doméstico e familiar.
III Os Estados-partes que aderiram à convenção cumprirão as (B) admite a renúncia à representação da ofendida perante o
obrigações dela decorrentes com respeito aos princípios da igual- juiz, ouvido o Ministério Público, antes ou após o recebimento
dade soberana e da integridade territorial dos Estados, bem como da denúncia.
da não ingerência nos assuntos internos dos demais. (C) permite a aplicação, nos casos de violência doméstica e fa-
IV A convenção prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas, miliar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de
respeitando-se o ordenamento jurídico de cada Estado-parte, res- caráter pecuniário.
ponsabilidade que poderá ser penal, civil ou administrativa e não (D) dispõe que o Ministério Público intervirá somente nas cau-
obsta a responsabilidade penal das pessoas físicas que tenham co- sas criminais decorrentes da violência doméstica e familiar con-
metido as infrações. tra a mulher.
(E) dispõe que caberá ao Ministério Público, entre outras atri-
Assinale a opção correta. buições, requisitar força policial e serviços públicos de saúde,
(A) Apenas os itens I e III estão certos. de educação, de assistência social e de segurança, nos casos de
(B) Apenas os itens I e IV estão certos. violência doméstica e familiar contra a mulher.
(C) Apenas os itens II e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e IV estão certos. 16. (CESPE - 2008 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Área Judiciária)
(E) Todos os itens estão certos. À luz da Lei Maria da Penha, julgue os próximos itens.
Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz pode
determinar o comparecimento obrigatório do agressor a progra-
13. (CESPE - 2007 - TSE - Analista Judiciário - Área Administrati-
mas de recuperação e reeducação.
va - TRE) Acerca das leis brasileiras que instituíram o conceito de in-
fração penal de menor potencial ofensivo, assinale a opção correta.
( ) CERTO
(A) Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo os ( ) ERRADO
crimes a que a lei comina pena máxima não superior a um ano,
ou multa. É irrelevante para tal conceituação o fato de os cri- 17. (FMP Concursos - 2015 - MPE-AM - Promotor de Justiça
mes serem de competência da justiça estadual ou da federal. Substituto) Tendo em vista o disposto na Lei n. 12.651/12 bem
(B) Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, o juiz como as recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça sobre
não pode oferecer a proposta de transação penal de ofício ou sua respectiva aplicação, avalie as assertivas abaixo:
a requerimento da parte, uma vez que esse ato é privativo do I – As atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro
representante do Ministério Público (MP), titular da ação penal e cascalho, outorgadas pela autoridade competente, são conside-
pública. radas atividades de utilidade pública para fins de realização em áre-
as de preservação permanente.

408
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
II – O poluidor que celebrou termo de ajustamento de conduta 19. (FGV - 2013 - TJ-AM - Analista Judiciário-Oficial de Justiça
sob a vigência da Lei Federal n. 4.771/65 (anterior Código Flores- Avaliador e Leiloeiro) Sobre a contravenção penal, assinale a afir-
tal) fica obrigado a cumpri-lo, ainda que a metragem adotada em mativa incorreta.
cláusula do acordo tenha tido por base o artigo 2º desse diploma
já revogado. (A) Em geral, a contravenção penal é espécie de infração penal
III - É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural fa- menos grave do que o crime, sendo, por isso, chamada pela
miliar, o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de doutrina de crime-anão.
ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante (B) Assim como o Código Penal, a Lei de Contravenções Penais
dos rios ou lagos, mesmo que isso implique a supressão de novas (DL n. 3.688) prevê hipóteses de extraterritorialidade em que
áreas de vegetação nativa, e desde que seja conservada a qualida- a lei brasileira será aplicável à contravenção praticada fora do
de da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre. território nacional.
IV – Embora a obrigação de revegetar a área de preservação (C) Como regra geral, o sujeito que pratica contravenção penal
permanente tenha natureza real, a obrigação não se transmite ao depois de transitado em julgado a sentença que o tenha con-
sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel denado por crime no Brasil ou no exterior ou, no Brasil, por
rural. contravenção, é reincidente.
Quais das assertivas acima estão incorretas? (D) Não é punível a tentativa de contravenção.
(A) Apenas a I, II e III. (E) Para a contravenção penal, nos termos da lei especial, as
(B) Apenas a II, III e IV. penas principais são multa e prisão simples.
(C) Apenas a I e II.
(D) Apenas a I, III e IV. 20. (CESGRANRIO - 2010 - BACEN - Técnico do Banco Central
(E) Apenas a III e IV. - Area 2) Durante o procedimento de carregamento do caixa eletrô-
nico de uma instituição bancária, situado em um posto de gasolina,
18. (UFMT - 2016 - TJ-MT - Analista Judiciário - Direito) A inter- os quatro vigilantes encarregados da proteção do numerário que
venção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preserva- se encontra no carro-forte são atacados por meliantes fortemen-
ção Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pú- te armados, que disparam em sua direção. Os vigilantes reagem e
blica, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas ocorre intensa troca de tiros. Na oportunidade, o cidadão X, que
nesta Lei (Código Florestal). passava pelo local, recebe um disparo fatal. Dias depois, no cur-
Diante desse dispositivo, a coluna da esquerda apresenta as so do inquérito policial para investigar a sua morte, o exame pe-
hipóteses para intervenção ou a supressão de vegetação nativa em ricial é divulgado, indicando que o disparo partiu de um revólver
Área de Preservação Permanente previstas no Código Florestal e calibre 22. Considerando essas informações e com base na Lei no
a da direita, situações que caracterizam tais hipóteses. Numere a 7.102/1983, conclui-se que
coluna da direita de acordo com a da esquerda.
(A) os proprietários do posto de gasolina desrespeitaram nor-
1 - Utilidade pública ma de segurança aplicável ao carregamento de dinheiro em
2 - Interesse social caixas eletrônicos.
3 - Baixo impacto ambiental (B) os vigilantes desrespeitaram norma de segurança na reação
ao ataque ao carro-forte.
( ) Atividades imprescindíveis à proteção da integridade da ve- (C) o disparo que atingiu X partiu da arma de um dos meliantes.
getação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, (D) o número de vigilantes empregados na proteção ao nume-
controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios rário era inadequado.
com espécies nativas. (E) X se aproximou de forma inadequada e imprudente do car-
( ) Atividades que comprovadamente proporcionem melhorias ro-forte.
na proteção das funções ambientais, tais como preservar os recur-
sos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversida- 21. (CESPE - 2017 - PJC-MT - Delegado de Polícia Substituto)
de, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e asse- Se o titular de secretaria de determinado estado da Federação for
gurar o bem-estar das populações humanas. sequestrado e o caso tiver repercussão interestadual ou internacio-
( ) Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes nal que exija repressão uniforme, então a investigação a ser feita
e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, pelo DPF
ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à reti- (A) dependerá de autorização do ministro de Estado da Justiça,
rada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal se o crime tiver motivação política.
sustentável. (B) dependerá de mandado do ministro de Estado da Justiça, se
o crime acontecer por motivação política.
Marque a sequência correta. (C) independerá de autorização, se o crime for cometido em
(A) 2, 3, 1 razão da função pública exercida ou por motivação política.
(B) 1, 2, 3 (D) dependerá de autorização do ministro de Estado da Justiça,
(C) 3, 1, 2 se o crime ocorrer em razão da função pública exercida.
(D) 2, 1, 3 (E) dependerá de mandado do ministro de Estado da Justiça, se
o crime se der em razão da função pública exercida.

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL
22. (CESPE - 2007 - TSE - Analista Judiciário - Área Judiciária) III. Luz de marcha a ré: luz do veículo destinada a iluminar atrás
As interceptações telefônicas têm regência na Lei n.º 9.296/1996. do veículo e advertir aos demais usuários da via que o veículo está
Assinale a opção correta acerca das conclusões que se pode tomar efetuando ou a ponto de efetuar uma manobra de marcha à ré.
a partir da interpretação constitucional e legal das interceptações IV. Pisca-alerta: luz do veículo destinada a indicar aos demais
telefônicas. usuários da via que o condutor tem o propósito de mudar de dire-
(A) A interceptação telefônica não pode ser realizada além do ção para a direita ou para a esquerda.
prazo legal de 6 meses, sob pena de que isso caracterize ob-
tenção de provas por meio ilícito e excesso de prazo, ainda que Estão corretas apenas as afirmativas:
a prorrogação seja determinada por ato judicial que a tenha (A) I, II, III
renovado por necessidade. (B) I, IV
(B) A gravação de conversa feita por um dos interlocutores ou (C) I, II
com a sua anuência não é considerada interceptação telefô- (D) I, III
nica, excluindo-se, assim, a ilicitude do meio de obtenção da (E) II, IV
prova.
(C) É necessária a transcrição das conversas a cada pedido de 26. (FGV - 2010 - DETRAN-RN - Assessor Técnico - Administra-
renovação da escuta telefônica, pois o que importa, para a re- ção de Rede) De acordo com a Lei nº. 9503, de 23 de setembro de
novação, é que o conteúdo das conversas esteja juntado ao 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), “os órgãos e entidades compo-
processo criminal. nentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito de
(D) Ainda que esteja relacionada com o fato criminoso inves- suas respectivas competências, por danos causados aos cidadãos
tigado, é ilícita a prova de crime diverso obtida mediante a in- em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de
terceptação de ligações telefônicas de terceiro não arrolado na programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito
autorização judicial da escuta. do trânsito seguro”. Esta responsabilidade é:

23. (IBFC - 2020 - TRE-PA - Analista Judiciário - Administrativa) (A) Objetiva.


Assinale a alternativa que apresenta corretamente a definição de (B) Subjetiva.
corrupção eleitoral segundo o artigo 299 do Código Eleitoral (Lei nº (C) Objetiva-subjetiva.
4.737/1965). (D) Complementar.
(A) Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para (E) Suplementar.
outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para
obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita
GABARITO
(B) Prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora, fiscal,
delegado de partido ou candidato
(C) Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir
alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou 1 E
partido
(D) Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor 2 B
24. (VUNESP - 2013 - MPE-ES - Agente de Promotoria – Asses- 3 C
soria) A prisão temporária dos acusados por crime hediondo terá o
4 D
prazo de 30 (trinta) dias,
(A) improrrogável. 5 C
(B) prorrogável por igual período em caso de extrema neces-
6 C
sidade.
(C) prorrogável por quantos outros tantos períodos de 30 (trin- 7 D
ta) dias forem necessários, mediante decisão judicial funda-
8 CERTO
mentada.
(D) podendo, contudo, desde o início, ser decretada por perí- 9 A
odo superior, desde que mediante decisão judicial fundamen- 10 E
tada.
(E) automaticamente prorrogável por igual período se não hou- 11 B
ver revogação da determinação judicial que determinou o pri- 12 E
meiro período.
13 B
25. (FGV - 2010 - DETRAN-RN - Analista de Suporte - Informáti- 14 A
ca) Sobre conceitos e definições utilizados pelo Código de Trânsito
Brasileiro, analise: 15 E
I. Luz de freio: luz do veículo destinada a indicar aos demais 16 CERTO
usuários da via, que se encontram atrás do veículo, que o condutor
está aplicando o freio de serviço. 17 D
II. Luz indicadora de direção (pisca-pisca): luz intermitente do 18 D
veículo, utilizada em caráter de advertência, destinada a indicar aos
demais usuários da via que o veículo está imobilizado ou em situa- 19 B
ção de emergência. 20 C

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21 C
22 B ______________________________________________________
23 A ______________________________________________________
24 B
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25 D
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26 A
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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