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Análise Do Filme Psicopata Americano - À Luz Da Psicanálise
Análise Do Filme Psicopata Americano - À Luz Da Psicanálise
PSICANALÍTICA
"Só quero ser amado, amaldiçoando o mundo e tudo o que me foi ensinado: princípios, honrarias,
escolhas, moral, concessões, conhecimento, unidade, oração - estava tudo errado, sem qualquer
propósito final. Tudo acabou se reduzindo ao seguinte: morra ou adapte-se" (desabafo de Patrick
Bateman, pág. 416).
Resumo
A teoria psicanalítica inova em sua práxis ao lançar sobre o dito perverso uma visão
completamente diferenciada daquela difundida na sociedade contemporânea por
meio da mídia sensacionalista e mesmo da comunidade cientifica, as quais, apesar
dos avanços vivenciados na pós-modernidade, sustentam o estigma animalesco
sobre esses indivíduos. Freud, após romper com a visão moralista predominante
também em sua época, tomará a perversão como uma das formas possíveis de
estruturação do sujeito, considerando neste projeto, as amarrações efetivadas por
tais indivíduos durante o complexo de castração. A proposta da clínica[JS1]
psicanalítica, ao contrário do que se pode pensar, é a responsabilização do sujeito
perverso frente ao seu sintoma, uma vez que o mesmo passa de um ser demoníaco
a um indivíduo[JS2] qualquer, autor de sua história e, portanto[JS3], repleto de
possibilidades, ainda que atormentado por um gozo feroz e autoritário. O presente
trabalho objetiva, por intermédio da leitura da obra Freudiana e de seus
contribuidores, a realização de uma análise do filme Psicopata Americano, releitura
da obra de mesmo nome do escritor Bret Easton Ellis. Deste modo, esperamos
seguir durante a execução deste trabalho, os passos do pai da psicanálise,
proporcionando ao leitor um suporte para a compreensão dos fenômenos típicos a
perversão explorado[JS4]s no filme.
Perversão e Psicanálise
Deste modo, a perversão passa a ser vista não mais como uma anomalia, e
sim como uma entre tantas formas de subjetivação possíveis aos sujeitos,
dependendo de como este lidará com o complexo de castração.
O Paraiso Inicial
Abrir mão desta ideia inicial de completude não é mesmo tarefa fácil para
criança – e/ou para sua mãe -, lidar com o desejo é atentar para condição inerente
ao humano de ser castrado, o que necessita de um imenso esforço, esforço este
que, conforme veremos a seguir, nem todo individuo [JS14]está disposto a empregar.
A Perversão e o Desmentido
Bateman leva uma vida luxuosa, trata-se de um sedutor, que lançando mão
de sua máscara, engana a todos, exceto a si mesmo, afinal, ele sabe quem é,
conhece sua essência, melhor do que qualquer um, em suas palavras, compreende
a natureza humana; Patrick Bateman sabe o que deseja, e ele deseja matar. Nosso
protagonista não sente empatia ou simpatia por seus semelhantes, afinal, eles não
se parecem: O outro é patético, ignorante, mero objeto, meio para obtenção de um
prazer obscuro e proibido. Batman é o estereótipo do perverso encarnado, ou
popularmente falando, é um psicopata.
Não se pode fugir ao real da castração, de modo que, apesar de todos os arranjos
efetivados pelo perverso para sustentar sua fantasia de completude e onipotência,
ele está informado acerca de sua condição, o sujeito perverso vive, portanto, uma
grande mentira, trata-se de um farsante e o sabe; não é senhor, mas escravo -
ainda que voluntário - do gozo pelo qual se engrandece (SERGE, 1995).
A escolha do objeto de satisfação perverso não é aleatória, podendo,
portanto, ser localizado na história de subjetivação de cada sujeito. De acordo com
Freud (1927), esse objeto, o qual chamou de fetiche, trata-se na verdade de um
substituto para o pênis feminino outrora fantasiado pela criança, o mesmo funciona
como triunfo e como proteção à castração, fazendo-se necessário um enorme
investimento energético para manter a sua funcionalidade, já que o perverso não
está alienado de sua condição. Assim sendo, fantasia e realidade andam lado a
lado, a mercê de fatos que abalem o tênue devaneio perverso de completude.
[JS17]
Conclusão[JS24]
Referências