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Euclião, de volta do fórum, encontra Megadoro.

Inicialmente, fica bastante desconfiado das intenções


dele, mas por fim concorda com um casamento sem dote
para Fedra. Ao ouvir a conversa, Estáfila fica apavorada.

(Euclião, se afastando do fórum, entra em cena).

EUCLIÃO (pensando consigo mesmo): Agora estou


voltando para casa. Pois eu estou aqui, meu coração é de
casa.

MEGADORO: Salve, Euclião, excelente vizinho.

EUCLIÃO (vendo Megadoro): Salve, Megadoro.


(Pensando consigo mesmo) o que o Megadoro quer? Que
plano ele tem? Por que um homem rico está
cumprimentando alegremente um homem pobre? Por que
diz um ótimo vizinho? Estou arruinado! Ele quer o meu
ouro!

MEGADORO: Tem passado bem?

EUCLIÃO: Certamente passo bem, mas não estou bem


de dinheiro. Não tenho dinheiro suficiente, e dificilmente
suporto a minha pobreza.

MEGADORO: Mas por que você dificilmente suporta a


sua pobreza? Se o coração está tranquilo, você tem o
suficiente.
EUCLIÃO: Estou perdido, estou arruinado! O feito de
Megadoro é óbvio: com certeza ele quer o meu tesouro!

MEGADORO: O que está dizendo?

EUCLIÃO (surpreendido): Nada. A pobreza me perturba


e me dá muitas preocupações. Por isso eu dificilmente
suporto a pobreza. Pois eu tenho uma bela filha, mas sou
pobre e não tenho dote.

MEGADORO: Fique quieto. Tenha um bom ânimo,


Euclião, e preste atenção. Porque eu tenho um plano.

EUCLIÃO: Que plano você tem? O que você quer?


(Pensando consigo mesmo) Ação criminosa! Ó,
criminoso! Não é duvidoso! Ele quer o meu dinheiro!
Estou voltando imediatamente para casa. Ó, meu
dinheiro!

(Euclião sai de cena e entra em casa)

MEGADORO: Para onde você está se afastando? O que


você quer? Diga-me.

EUCLIÃO: Estou me afastando para casa...

(Euclião sai. Logo retorna em cena)


EUCLIÃO: Os deuses me protegem, o dinheiro está
salvo. Estou retornando a você, Megadoro. Diga-me, o
que você deseja agora?

MEGADORO: Como você a mim, assim eu lhe conheço.


Portanto escute. Peço a sua filha como esposa. Prometa!

EUCLIÃO: O que está dizendo? A filha de quem você


deseja como esposa?

MEGADORO: A sua.

EUCLIÃO: Porque pede a minha filha? Está zombando


de mim, um homem rico a um homem pobre e miserável?

MEGADORO: Não estou zombando. É um excelente


plano.

EUCLIÃO: Você é um homem rico, eu porém sou pobre;


minha classe não é a sua. Você é como que um boi; eu
como que um asno. Se o boi assim ordena ‘asno, suporte
o fardo’, e o asno não suportar o fardo, mas deitar na
lama, o que o boi faria? Ao asno não se volta para olhar,
mas para zombar. Asnos e bois não se cruzam facilmente.
Além disso, não tenho dote. Sendo assim, o seu conselho
não é bom.

MEGADORO: Se tenho uma esposa menina, bela e


bondosa, eu tenho dote suficiente, e meu coração
tranquilo está satisfeito. Sou rico o bastante. Que
necessidade há de dinheiro? Prometa!

EUCLIÃO: Prometo para si a minha filha, mas não tenho


nenhum dote. Pois não tenho nenhum dinheiro.

MEGADORO: Assim é como você quer. Por que não


fazemos imediatamente as núpcias, como queremos? Por
que não chamamos os cozinheiros? O que me diz?

EUCLIÃO: Por Hércules, é excelente! Vá, Megadoro,


faça as núpcias, e leve minha filha em casamento, como
quiser — mas sem dote — e chame os cozinheiros. Pois
eu não tenho dinheiro. Até mais.

MEGADORO: Estou indo. Até mais.

(Megadoro sai de cena)

EUCLIÃO: Deuses imortais! (282)

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