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meu bem.
Eu plantei um p-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas me tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
no foi culpa de ningum.
O mundo,
meu bem,
no vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
H muito aprendi a rir,
de qu? de mim? ou de nada?
O mundo, valer no vale.
Tal como sombra no vale,
a vida baixa... e se sobe
algum som deste declive,
no grito de pastor
convocando seu rebanho.
No flauta, no canto
de amoroso desencanto.
No suspiro de grilo,
voz noturna de correntes,
no me chamando filho,
no silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
No choro de criana
para um homem se formar.
Tampouco a respirao
de soldados e de enfermos,
de meninos internados
ou de freiras em clausura.
No so grupos submergidos
nas geleiras do entressono
e que deixam desprender-se,
menos que a simples palavra,
menos que a folha no outono,
a partcula sonora