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Notas:

7. ESPAÇOS VETORIAIS FINITAMENTE GERADOS


1) Estenderemos a definição acima para o caso S = JJ mediante a seguinte
convenção: [e] = {O}. Observemos no n~.3 o conjunto
S = {(1, O, O), (O, 1, O), (O, O, 1)}.
2) No caso de S C V ser um conjunto inftnito, definimos [S] através da Como, para todo (a, b, c) E lR 3 , vale a igualdade:
seguinte frase: (a, b, c) = a(l, O, O) + b(O, 1, O) + c(O, 0, 1)
u E [S] <=> =3 vI> ... , Vt E S e 3
podemos dizer que os vetores de S geram o lR • Muitos outros subconjuntos
=3 aI> ... , at E lR I u = aIvI + ... + atvt. finitos do lR3 têm essa mesma propriedade, o que não é difícil de notar.
Da definição 5 e. de suas ampliações, dadas acima, decorrem as seguintes
Definição 6 - Dizemos que um espaço vetorial V é finitamente gerado se
propriedades que deixamos ao leitor como exercícios:
existe S C V, S finito, de maneira que V = [S].
a) se [S]
Neste texto praticamente só focalizaremos espaços vetoriais que, como o
b) SI C S2 C V==.;> [SI] C [S2]
lR 3 , possam ser gerados por um número finito dos seus vetores.
c) [S] = [[S]]
d) Se SI e S2 são subconjuntos de V, então: Salvo menção contrária somente consideraremos este tipo de espaço vetorial.
[SI U S2] = [sd + [S2]'
Exemplos
Exemplo - Se V = lR3 , = (1, O, O) e v = (1,1, O) o que é lu, v]?
U
1) O espaço V dos vetores da geo-
...... .,.,.
metria definidos por segmentos orientados k
lu, v] = {au + {3v I a, {3 E lR} = {(a + {3, (3, O) I a, {3 E lR} = é finitamente gerado pois considerando
J

= {(x, y, O) I x, Y E lR} uma vez que o sistema a terna fundamental {t, j, [} para -7
I
todo ti E V, existem a, b, c E lR, de ma-
a+{3=x
{
o
u =
neira que -+""""+
ai b""""+
~ '+k
c.
(3=y
é compatível determinado, V-x, y E lR. Ressalte-se que f = (1, 0, O), J = (O, 1, O) e k = (0,0, 1) desde que se
Graficamente: tenham identificado V e lR3 •

2) Se o indica o vetor nulo de um espaço vetorial qualquer, então V = {o}


é finitamente gerado pois, fazendo S = {o}, vale V = [S].

58
59
4) R n é fmitamente gerado. Com efeito, generalizando o raciocínio feito 2. Mostrar que o conjunto W = (ex, y) E IR2 I Y = O} é um sub-espaço vetorial do IR2.
ao início do parágrafo verifica-se que o conjunto
(a) (O, O) E W.
8 = {(I, O, ... , O), (O, 1, O, . " , O), ... , (O, ... , O, I)}
(b) Sejam u = (Xl, O) e v = (x2, O) em W; daí u + v = (Xl + X2, O), donde u + v E W.
verifica a igualdade IRn = [8], ou seja, que 8 gera o IR n . Convém notar que o (c) Sejam u = (x, O) em W e a em R; então au = (ax, O), donde au E W.
conjunto 8 é formado de n elementos.
Outra maneira de resolver: observar que W é gerado por (1, O).
5) Mmxn (IR) é finitamente gerado. Verifique que as m • n matrizes do
conjunto 3. Mostrar que é sub-espaço de M2(1R) o seguinte sub-conjunto:

={C :) =-x}-
=1(~. ~. ·.·.·~) (~. ~ ~), , (~. ~ ~))
W E M 2 (R) I Y

8
(a)(: :) E W;
00 ... 0 00 0 00 1
X2
geram o M mxn (IR), generalizando a decomposição feita no exemplo 3 acima. (b) Sejam u = (Xl Yl) e v = Y2) elementos de W. Então:
(
Zl tl Z2 t2

6) P n (IR) é finitamente gerado. Os polinômios f o , f l , ... , f n dados por Yl + Y2)


fo(t) = 1, fl(t) = t, ... , fn(t) = t n , Vt E IR, são geradores de Pn (lR) uma vez tl + t2
que se f(t) = ao + al t + ... + a n t n é um elemento de Pn (IR), então

f = aofo + alf l + ... + anfn . Como Yl + Y2 = (-Xl) + (-X2) = -(Xl + X2), então u + v E W.
Observe que {fo , f1> ... , f n } possui n + 1 polinôlnios. (c) Sejam:

u~ (: :) =W,.E"D.{.u~ ( axaz ay)


at
Nota: No apêndice 11, logo a seguir, daremos um exemplo de espaço vetorial
que não é finitamente gerado. Como ay = a(- X) = - (ax), então au E W.

4. Seja I um intervalo real e consideremos o espaço vetorial C (I) das funções reais contínuas
definidas em L Mostrar que o subconjunto W de C(I) constituído das funções que são
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS deriváveis em todos os pontos de I é um sub-espaço vetorial de C(I).

1. Seja V o conjunto dos vetores geométricos do espaço. Sendo li um vetor fixo desse Solução
espaço, mostrar que W = {ali I a E R} é um sub-espaço vetorial de V. O cálculo nos ensina que a função nula é derivável, que a soma de duas funções deriváveis
é derivável e que o produto de uma função derivável por um número é uma função deri-
Solução W
vável.
(a) Ô E W: basta considerar a = O.
(b) Sendo v = ali e iN = {31i em W, então ...... 5. Mostrar que são sub-espaços vetoriais de Mn (IR) os seguintes subconjuntos:
u
1 + iN = ali + {3u = (a + {3)Ii, logo
1 + iN E ...,.
W.
...,. ...,.
(c) Sejam v = au e À E R; então ÀV a) U = {A E Mn (IR) I At = A}
= À(au) = (Àa)Ii, logo V E W. b) V = {A E Mn (R) I AT = TA} onde T é uma matriz dada de Mn (R).

60 61
Solução Solução
a) (a) A transposta da matriz nula é a própria matriz nula. u = (x, y, z) E U n V < > u E U e u E V <=> x + y = O
(b) Sejam A, B E U. Como (A + B)t = At + Bt = A + B, então A + B E U. e x = O <_> x = y = O. Logo U n V = {(O, O, z) I z E IR}, que é gerado pelo
(c) Sejam AEU e a E IR. Do fato de (aA)t = aAt = aA segue que aA EU. vetor (O, O, 1).

b) (a) A matriz nula comuta com todas as matrizes.


(b) Sejam A, B E V. Então AT = TA e BT = TB. Daí (AB)T = A(BT) = A(TB) = 10. São sub-espaços vetoriais de C(l) os seguintes subconjuntos:
= (AT)B = (TA)B = T(AB).
U = {f E C(l) I f(t) = f(- t), Vt E IR} e
(c) Sejam A E V e a E IR. Então (aA)T = a(AT) = a(TA) = T(aA).
V = {f E C(l) I f(t) = -f(-t), Vt E IR}
6. Provar que se S e T são sub-espaços vetoriais de um espaço V, então S +T = [S U Tl. Mostrar que C(n = U Ea V.
Solução Solução
Como S + T :) S e S + T :) T, então S + T :) S U T. Daí S + T :) [S U TI. Por outro (a) Toda função real f definida em I pode ser assim decomposta: f(t) = g(t) + h(t),
la.do, se u E S + T, então u = s + t (com sE S e tE T). Como, então, s c t pertencem a Vt E I, onde
S U T, podemos afirmar que u = s + tE [S U Tl. Logo S + T c [S u Tl.
g(t) = f(t) + f( - t) e h(t) = f(t) - f(- t)
2 2
4
7. Achar um conjunto de geradores (sistema de geradores) dos seguintes sub-espaços de IR : Como
a) U = {(x, y, z, t) E IR4 I x - y - z + t = O}; = f(-t) + f(t) = g(t) e h(-t) = f(-t) - f(t) = -h(t),
g (-t)
b) V = (ex, y, z, t) E IR4 I x - y = z + t = O}. 2 2
Solução então g E U e h E V. Portanto C(n = U + V.
a) (x, y, z, t) E U se, e somente se, x - y - z + t = O, isto é, se, e somente se, x = (b) Se f E U n V, então f(t) = f( - t)e f(t) = - f(- t), Vt E L Logo 2f(t) = O, Vt E L
= y + z - t. Logo (x, y,.z, t) E U equivale a (x, y, z, t) = (y + Z - t, y, z, t) Donde f é a função nula. Assim então U n V só contém a função nula f(t) = O, Vt E L
= y(l, 1, O, O) + z(l, O, 1, O) + t(-l, O, 0,1). Assim:
{(l, 1, O, O), (1, O, 1, O), (- 1, O, O, I)}
é um conjunto de geradores de U.
b) De maneira análoga chega-se a que (1, 1, O, O), (O, O, 1, - 1) é um sistema de
geradores de V. EXERCÍCIOS PROPOSTOS
3
1. Quais dos seguintes conjuntos W abaixo são sub-espaços do IR ?
8. Consideremos no IR 3 os seguintes sub-espaços vetoriais: (a) W = {(x, y, z) E IR
3
I x = O}
U = [(1, O, O), (1, 1, 1») e V = (O, 1, O), (O, O, 1»).
(b) W = {(x, y, z) E IR 3
I x E Z} Resolver
Determinar um sistema de geradores de U n V.
Solução
(c) W = {(x, y, i) E IR 3 I y é irracional} exercícios.
(d) W = {(x, y, z) E IR 3 I x - 3z = O}
W E U n V <=> w E U, W E V <=> 3 a, fi, 1', ti E IR tais que:
(e) W = {(x, y, z) E IR 3
I ax + by + cz = O, com a, b, c E IR}
a(l, O, O) + (3(1, 1, 1) = 1'(0, 1, O) + ti (O, O, 1)
ou ainda que: 2. Quais dos conjuntos abaixo são sub-espaços do espaço P(IR) de todos os polinômios
reais? (Leia o apêndice lI).
a + fi = O, (3 - l' = O, fi - ti = O. Daí a = - fi, l' = fi e ti = fi.
(a) W = {f(t) E P (R) I f(t) tem grau maior que 2}
Donde w = - fi(l, O, O) + fi(l, 1, 1) = fiCO, 1, 1). Então U n V = (O, 1, 1)1.
(b) W = {f(t) I f(O) = 2f(1)}

9. Dados os sub-espaços U = {(x, y, z) E IR 3


Ix + Y = O} e V = {(x, y, z) E IR I x 3
= O} (c) W = {f(t) I f(t) > O, Vt E IR}.
3
do IR , determinar o sub-espaço U n V. (d) W = {f(t) I f(t) + f'(t) = O}

62 63
*3. Verificar que não são. sub-espaços vetoriais do IR?: c) V + V = V >V ::J V;
(a) {(x, y, z) I X = l}
E IR 3 d) V n V = V - > V c V.
(b) {(X,y,Z)EIR Ix2 +y+z=0}
3
*11. Sejam u e v dois vetores não nulos do IR2 . Se não existe nenhum t E IR tal que u = tv,
(C) {(x, y, z) E IR 3 I X E;; Y E;; z} mostrar que IR2 é soma direta dos sub-espaços [uI e [v I.
(d) {(x, y, z) E IR 3 I x + Y E Q}
12. Verificar se as seguintes matrizes geram o espaço vetorial M2 (IR):
Em cada caso quais axiomas não se verificam? (Q é o conjunto dos números racionais.)

*4. Seja I = [O, 11. Verificar se são sub-espaços vetoriais de C (I) (veja exercício resolvido
n94):
(: ~), (~ ~), (~ ~), (~ :)
(a) {f E C(I) I f(O) = O}
*13. Se V, V e W são sub-espaços vetoriais do mesmo espaço, mostrar que (V n V) +
+ (V n W) c V n (V + W). Descubra um exemplo para o qual o primeiro membro des-
(b) {f E C(I) I .1: f(t)dt = O} sa relação é diferente do segundo e um exemplo onde ocorre igualdade.
(c) {f E C(I) I f(O) = fel)} 14. Mostrar que os números complexos 2 + 3i e 1 - 2i geram o espaço vetorial CC sobre IR.
(d) {f E C(I) I f(t) = O em todos os pontos de I menos um número finito deles}.
15. Mostrar que é sub-espaço de Mn(IR) o subconjunto formado pelas matrizes anti-simé-
*5. Seja V um espaço vetorial. Se (Vj)j E J é uma família de sub-espaços vetoriais de V, tricas. Mostrar também que Mn(IR) é soma direta dos sub·espaços das matrizes simé-
tricas e das anti-simétricas.
mostrar que ~ Vj também é um sub-espaço vetorial de V.

*
*6. Seja V um espaço vetorial. Dado um subconjunto S \ó\ de V, provar que a intersecção
16. Mostrar que os dois conjuntos {(I, -1, 2), (3, O, I)} e {(-I, - 2,3), (3,3, -4)}
geram o mesmo sub-espaço vetorial do IR 3 .
de todos os sub-espaços vetoriais de V que contêm S também é um sub-espaço vetorial
de V, sendo o menor sub-espaço de V que contém S.
*17. Mostrar com um exemplo que se V, V e W são sub-espaços vetoriais do mesmo espaço,
7. Sejam V, V e W os seguintes sub-espaços do IR 3 : e se valem as relações V n V = V n We V + V = V + W, não se tem necessaria-
mente V = W.
V = {(x, y, z) I x = z},
V = {(x, y, z) Ix =y = O} e 18. Mostrar com um exemplo que a união de dois sub-espaços vetoriais de um mesmo espa-
W = {(x, y, z) I x + y + z = O}. ço vetorial não precisa ser um sub-espaço vetorial desse espaço.
3 3
Verifique que V + V = IR , V + W = IR e V + W = IR 3 . Em algum dos casos a soma 19. Mostrar que a união de sub-espaços vetoriais do mesmo espaço é também um sub-
é direta? -espaço se, e somente se, um dos sub-espaços dados está contido no outro.

8. Mostrar que os polinômios 1 - t, (1 - t)2, (1 - t)3 e 1 geram P3(IR). *20. Considere os seguintes vetores do IR 3 :(_I, O, 1) e (3, 4, -.2). Determinar um sistema
de equações homogêneas para o qual o espaço solução seja exatamente o sub-espaço
9. Dar um sistema de geradores para cada um dos seguintes sub-espaços do IR 3 : gerado por eSses vetores.
a) V = {(x, y, z) I x - 2y = O}
b) V = {(x, y, z) I x + z = O e x - 2y = O} *21. Repita o exercício 20 com os vetores (1, O, 1, 2), (O, O, 1, O) do IR4.
c) W = {(x, y, z) I x + 2y - 3z = O}
22. (a) Determinar um suplementar do seguinte sub-espaço do IR 3: {(x, y, z) I x - y = O}
d) V n V
(b) Mesmo exercício com o sub-espaço:
e) V + W.
{(x, y, z, t) E IR4 I x - y = z - t = O} do IR4 .
10. Sejam V e V sub-espaços vetoriais do espaço W. Provar que:
23. Mostrar que os dois conjuntos abaixo formados de funções contínuas reais definidas
a) V C V - > V + V = V; em IR geram o mesmo sub-espaço vetorial de C (IR):
>V n 2
b) V c V . V = V; {sen t, cos2 t, sen t • cos t} e {I, sen 2t, cos 2t}

64 65

L
*24. Sejam U, V e W sub-espaços vetoriais do mesmo espaço para os quais valem o,seguinte:
U n (V + W) = V n W = {o}. Provar que se u + v + w = o (vetor nulo), com
u E U, v E V e w E W, então u = v = w = o.
CAPíTULO 3
*25. Mostrar que o espaço vetorial R
oo
(exercício proposto 7 - § 2) não é finitamente gerado. Base e Dimensão
Sugestão: raciocinar como será feito no apêndice lI.

Lembremos o seguinte fato relacionado com o espaço dos vetores da geo-


metria, defInidos por meio de segmentos orientados: se considerarmos um sistema
de coordenadas ortogonais, de origem 0, e se chamarmos de 1", 1 e lt os três
vetores unitários com os sentidos dos eixos x, y e z, respectivamente, então cada
vetor õP admite uma única representação 6P = a1" + b1 + clt, onde a, b e c são
as coordenadas de P, em relação ao sistema considerado.
z p

APÊNDICE 11

Exemplo de Espaço que não é x

Finitamente Gerado Nosso objetivo principal, neste capítulo, é mostrar que em todo espaço
vetorial finitamente gerádo V eXiste um subconjunto finito B tal que todo ele-
mento de V é combinação 'linear, de uma única maneira, desse subconjunto. E que
Indiquemos por P(lR) o conjunto de todos os polinômios reais. O leitor,
todos os outros subconjuntos de V que têm também essa propriedade (sempre os há)
lembrando a operação adição de polinômios e a operação multiplicação de um
possuem o mesmo número de elementos que B.
polinômio por um número, concluirá que P(lR), com esse par de operações, é um
espaço vetorial sobre lR. Daí sairá então o conceito de "dimensão".
Mas P(IR) não é fInitamente gerado.
Com efeito, dado S = {fl , ... , fn } e P(IR), supondo que cada fi seja não 1. DEPENDÊNCIA LINEAR
nulo e que fn seja o polinômio de maior grau de S, então o grau de qualquer
combinação linear
Seja V um espaço vetorial sobre IR.
alfl + ... + anfn
Definição 1 - Dizemos que um conjunto L = {Ul' ~, ... , un } e V é
não ultrapassa o grau de fn . Assim [S] só contém polinômios de grau menor que linearmente independente (L.I.) se, e somente se, uma igualdade do tipo
ou igual ao de fn . Como porém P(IR) compreende todos os polinômios reais,
existem neste espaço polinômios de grau maior que o de fn . Logo [S] P(IR), *' al Ul + . . . + a nun = o
possível para al = ... = a n = O.
para todo conjunto fInito se P(IR). com os ai em IR, s6 for

66 67
Definição 2 - Dizemos que L = {Ul, ... , un } C V é lineannente depen- Portanto:
dente (L.D.) se, e somente se, L não é L.I., ou seja, é possível uma igualdade
X + Y + 3z = O
do tipo
x + 4y + 6z = O
alul + ... + anun = O {
5y + 5z = O
sem que os escalares ai sejam todos iguais ao número zero. Escalonando o sistema, vem:

Exemplos
1) O conjunto L = {(I, 1,0, O); (0,2, 1, O); (O, 0, 0, 3)} C R 4 é L.I. pois:
X + Y + 3z = O
3y + 3z = O
_{X + Y + 3z = O
{ y + z = O
5y + 5z = O
x(l, 1, 0, O) + y(O, 2, 1,0 z(O, 0, 0, 3) = (O, 0, 0, O) _ >

: + 2y :~
Esse sistema admite outras soluções além da trivial; daí o conjunto é linearmente depen-
dente. Como x=:- 2, y =: - 1 e z =: 1 é uma solução não trivial temos - 2(1, 1, O) -
- (1, 4, 5) + (3, 6, 5) =: (O, O, O). Esta é uma relação de dependência entre os 3 ve-

1
> x=y=z=O

tores dados.
y
3z = °
b) x(l, 2, 3) + y(l, 4, 9) + z(1, 8, 27) = (O, O, O) - >
2) O conjunto L = {(l, 1,0, O), (O, 1,0, O), (2, 1,0, O)} é L.D. pois:

_>{2::4;: 8:: ~
C]R4

x(1, 1, 0, O) + y(O, 1, 0, O) + z(2, 1, 0, O) =(0, 0, 0, O) >

:::::=> {
X + 2z = ° :::::=>
{x °
+ 2z = 3x + 9y + 27z =O
x+y+ z=O y- z=o Escalonando o sistema, vem:
Sendo indeterminado o sistema obtido, então há outras soluções, além da X + Y + z= O X+ Y + z =O {X + Y + z =O
trivial, para a igualdade condicional de que partimos. 2y + 6z = O - y + 3z = O - y + 3z = O
{
6y + 24z = O
{ y + 4z = O z =O
Nota: Convencionaremos que o conjunto vazio (~C V) é L.I. Como para um sub-
conjunto L C V deve valer uma, e uma só, das duas definições anteriores e a segun- Daí, a única solução é a trivial, e o conjunto é linearmente independente.
da destas pressupõe elementos em L, fica justificada esta convenção. c) x(1, 2, 1) + y(2, 4, 2) + z(5, 10, 5) = (O, O, O) >
X + 2y + 5z = O
- > 2x + 4y + 10z = O
{
X + 2y + 5z = O

EXERCÍCIOS RESOLvmos Escalonando o sistema, vem: X + 2y + 5z = O e o sistema é indeterminado, isto é, além


da solução trivial admite outras soluções; portanto o conjunto é linearmente dependente.
1. Verificar quais dos seguintes conjuntos de vetores do espaço vetoriál IR 3 , são linearmente Achar uma relação de dependência entre os 3 vetores.
independentes.
a) {(I, 1, O), (1,4,5), (3, 6, 5)} 2. Se u, v e w são vetores de um espaço vetorial V tais que u E Iwl e v E Iwl, mostrar que
b) {(I, 2, 3), (1,4, 9), (1, 8, 27)} {u, v} é linearmente dependente.
c) {(I, 2, 1), (2,4,2), (5, 1O,5)} Solução
Os vetores u e v são da forma u = ÀW e v = OIW, com À, 0/ E IR. O caso 0/ = À = O
Solução
a) Façamos: x(l, 1, O) + y(l, 4, 5) + z(3, 6, 5) = (O, O, O).
é trivial pois então u = v = o e basta ver que lu + Iv = o. Supondo por exemplo À O, '*
então ÀV - O/U = À{OIW) - O/(Àw) = (ÀO/ - O/À)w = Ow = o; logo {u, v} é L.D.

68 69

L
3. Consideremos, no espaço vetorial IR2, osvetores:u = (1 - 01,1 + a)ev = (l + 01,1 - a) Solução
onde a * O. Mostrar que {u, v} é LJ.
Para que o conjunto seja L.I. é necessário e suficiente que:
Solução
I' x(1, O, a) + y(1, 1, a) + z(l, 1, 012 ) = (O, O, O) (1)

só se verifique para x = y = z = O. Ora de (l), vem:


Seja X(l - 01,1 + a) + y(l + a, 1 - a) = (O, O)

ou, o que é equivalente,


(1 - a)x + (1 + a)y = O
{ (1 + a)x + (1 - a)y = O

x+y+z=O
Esse sistema linear e homogêneo não deve ter soluções diferentes da trivial, para o que y+z=O
é necessário e suficiente que a matriz: {
(01 2 - a)z = O

l-a
1 +01)
( 1+01 l-a Como a * Oe a * 1 então 01 2 - a * O, o que acarreta z Oe daí vem y = Oe x = O.

seja inversível, isto é, que o sistema seja de Cramer. Como a foi tomado não nulo esta
6. Mostrar que se o conjunto {u, v, w} de vetores de um espaço vetorial V for L.I., o mesmo
matriz é inversível e daí {u, v} é L.I.
acontecerá com o conjunto {u + v, u + w, v + w}
2 2 Solução
4. Mostrar que o conjunto de vetores {I, x, x , 2 + x + 2x } de P3 (IR) é L.D. e que qual-
quer subconjunto de três elementos dele é L.I. Com efeito, façamos:
Solução x(u + v) + y(u + w) + z(v + w) = o
Se fIzermos aI + (3x + 'Yx2 + 0(2 + x + 2x2) = O (1) Daí, segue:
(o zero do segundo membro de (1) é o polinômio identicamente nulo), virá: (x + y)u + (x + z)v + (y + z)w = o
a + 20 + «(3 + o)x + ('1 + 20)x2 = O. Mas o conjunto {u, v, w} é L.I. Então:
= O
Xx + Y
Pelo princípio de identidade de polinômios, teremos: +z=O
{
a + 20 = O y+z=O

(3 + o= O Escalonando o sistema, vem:


{
'1 + 20 = O
o sistema admite outras soluções, além da trivial, o que nos leva a concluir que o con-
{
X+ Y
-y+. z=o
=0
_{X + ~_ z: ~
junto é L.D. y+z=O 2z =O
Um subconjunto qualquer do conjunto dado, por exemplo {I, x, x2 } é L.I.; de fato, e o sistema só admite a solução trivial x = y = z = O.
2
aI + (3x + 'Yx = O, implica a = (3 = '1 = O pelo princípio de identidade de polinômios.
Nos 3 demais casos procede-se do mesmo modo. Logo, o conjunto {u + v, u + w, v + w} é L.I.

5. Mostrar que o conjunto {(1, O, a), (1,1,01),(1,1, a 2)} de vetores do IR 3 é L.I., desde que 7. Mostrar que o conjunto de vetores {(l - i, O, (2, - 1 + O} de~2 é L.D. sobre ~ mas L.I.
a*Oea*1. sobre IR.

70 71

L
Solução
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
No primeiro caso, devemos mostrar que existem zl' Z2 E <C, tais que
1. Quais os subconjuntos abaixo do IR 3 são linearmente independentes:
Zl(l - i, i) + z2(2, - 1 + O = (O, O), com Zl oF Oou Z2 oF O. (l)
a) {(l, O, O), (O, 1, O), (O, O, 1), (2, 3, 5)}
É fácil verificar que Zl =
1 + i e Z2 = - 1 satisfazem (1), o que mostra que o conjunto é
L.D. sobre <C. No segundo caso, sendo x, y E IR tais que b) {(l, 1, 1), (1, O, 1), (1, O,. - 2)}
c) {(O, O, O), (l, 2, 3), (4, 1, - 2)}
x(l - i, O + y(2, - 1 + O = (O, O), d) {(l, 1, 1), (1, 2, 1), (3, 2, -I)}
vem:
f(l - Ox + 2y = O X + (i + l)y = O
2. Quais dos subconjuntos abaixo de P4 (IR) são linearmente independentes:
a) {(I, x-I, x 2 + 2x + 1, x2 }
l ix + (i - l)y = O { ix + (i - l)y = O
b) {2x, x 2 + 1, x + 1, x 2 - I}
Escalonando o sistema, vem: x + (i + l)y = O e daí x = y = O. Logo o conjunto é c) {x(x - 1),x3 , 2x 3 - x 2, x}
LJ. sobre IR.
d) 4
{x + x-I, x 3
- x + 1, x2 - I}
8. Mostrar que o conjunto {I, cosx, cos2x} de vetores de CO-1T, 1Tl) é L.I. 3. Demonstrar que o conjunto {I, eX, e2X } de vetores de C( lO, 1l) é L.I.
Solução
4. Mostrar que o conjunto {I, eX, xeX} de vetores de COO, 1l) é L.I.
Suponhámos:
li! + 13 cos x + '1 cos 2x = O,Vx E [-1T, 1Tl. * 5. Demonstrar que é L.I. o conjunto
Então: {I, (x - a), (x - a)2, ... , (x _ a)n-l}

X=-1T====> lI!-{3+'Y=O de vetores de Pn - l (IR), onde a éum número arbitrário.


x= O >lI!+{3+'Y=O
1T * 6. Mostrar que o subconjunto {Xl' X2' ... ,xn} de vetores de um espaço vetorial V é L.D. se,
x= "2 > -'1=0 e somente se, existe um inteirô k (1 .;; k .;; n) tal que Xk é combinação linear dos de-
mais vetores do conjunto.
Escalonando, vem:
lI!- {3+ '1=0
7. Determinar m e n para que os conjuntos de vetores do IR3 dados abaixo sejam L.I.
2{3 = O
{ a) {(3, 5m, 1), (2, 0,4), (l, m, 3)}
13 + 2'1 = O
b) {(1, 3, 5), (2, m + 1, lO)}
Daí li! = 13 = '1 = O e o conjunto é L.I.
c) {(6, 2, n), (3, m + n, m - I)}
9. Mostrar que o conjunto {I, sen2 x, cos 2 x} de vetores de C( [- 1T, 1Tl) é L.D.
8. Seja {u, v, w} um conjunto L.I. de vetores de um espaço vetorial V. Provar que o
Solução conjunto {u + v - 3w, u + 3v - w, v + w} é L.D.
Basta lembrar que sen2 x + cos 2 x - I = O.
9. Quais dos seguintes subconjuntos do C 3 são L.I. sobre C?
(a) {(i, 1, O), (l + i, 2, O), (3, 1, O)}
(b) {(i, 1, O), (O, 1, O, (O, i, O}
(c) {(i, 1, O), (2 + i, 3i, 5 - O, (2,4 + 4i, 4 - 60}

10. Suponha que {Vl' ... ,Nn} é um subconjunto L.I. de um espaço vetorial. Mostrar que
{a l v1 , ..• ,anvn} também é L.I., desde que os escalares ai sejam todos não nulos.

72 73
Suponhamos (Xl *" O. Então existe o inversc:fde&l e multiplicando a igual-
*11. Suponha que {Uh' .. , Ur, Vl, ... , vs} é um subconjunto L.I. de um espaço V. Mostrar
dade acima por este inversojeremos:
que
Ul + ((XI-ICXz)~ + ... + ((Xl- l (Xn)Un = o.
Daí
*12. Se {UI' ... , ui, ... , Uj, ... , un} é L.I., mostrar que Ul = (-(XI-ICXz)~ + '" + (-(Xl-l(Xn)u n
o que mostra que Ul é combinação linear de U2' ... , uno Analogamente
{Ui> ... , ui> ... , Uj + o<ui, ... , un}
se procede quando (Xj *" O. -
também é L.I., para todo escalar 0<.

P4 . Se Sl e S2 são subconjuntos fmitos e não vazios de V, se Sl C S2 e Sl é


*13. Sejam 0<1' ••• , O<n números reais distintos 2 a 2. Provar que o conjunto de funções L.D., então S2 também é L.D.
{eO<l t, ... , eo<nt} é L.I. Prova - Suponhamos Sl ::: {Ul, ... , ur } e S2 = {Ul' ... , Ur, ... , ut}·
* 14. Provar que o conjunto de funções {e at cos bt, e at sen bt}, onde a e b são números reais e Por hipótese existem números reais (Xl' ... , (Xr, não todos nulos, de ma-
b "* O, é L.I. neira que \
(XIUl + ... + (Xrur = o.
Daí aproveitando os escalares e completando com zeros teremos
(XIUl + ... + (XrUr + OUr + l + ... + OUt = O.
2. PROPRIEDADES DA DEPENDÊNCIA LINEAR Como nem todos os escalares que figuram nesta última igualdade são nulos,
então pode-se dizer que S2 é um conjunto L.D. -

Consideremos um espaço vetorial V sobre IR. Ps . Se Sl e S2 são subconjuntos finitos e não vazios de V, com Sl C S2 e
S2 L.I., então Sl também é L.I.
Pl . Se um conjunto fmito L C V contém o vetor nulo, então esse conjunto é Prova - Se Sl fosse L.D., então o mesmo aconteceria com S2' devido à
L.D. propriedade anterior. -
Prova - Seja S = {o, U2, . . . , u n }. Então, evidentemente
(XO + O~ + ... + OUn = o P6 • Se S = {Ul,"" un} é L.I., e para um certo u E V tivermos S U {u} =
= {Ui> ... , u n , u}
L.D., então o vetor u é combinação linear dos vetores
para todo (X *" O. Isso é suficiente para concluir que S é L.D.•
ul, ... ,un,istoé,u E [S].
Prova - Por hipótese tem-se uma igualdade
Se S = {u} C V eu*" o, então S é L.I.
(Xl Ul + ... + (Xn un + (XU = o (1)
Prova - Suponhamos (xu = o. Como u *" o, então (X o conforme já
vimos nas propriedades dos espaços vetoriais. -
onde nem todos os escalares que nela figuram são nulos. Afirmamos que
Se S = {Ul , ... , un} C V é L.D., então um dos seus vetores é combinação um dos escalares não nulos é o (x. De fato, se (X = O, então
linear dos outros. (Veja exercício proposto n9 6, § 1.) (XIUl + ... + (Xnun = o.
Prova - Por hipótese existem números reais (Xl, ... , (Xn, nem todos iguais Como porém o conjunto S é L.I., esta última igualdade só é possível com
a zero, de modo que (Xl = ... = (Xn = O. Daí, se (X = O, então (X = (Xl = ... = (Xn = O, o que
(XIUl + (X2~ + ... + (XnUn = O. é impossível.

75
74
Sendo a '* ° podemos multiplicar a igualdade (1) por a- l e teremos: (a) [B] = V.
(a-lal)Ul + ... + (a-lan)Un + U = o (b) B é linearmente independente.
ou ainda Exemplos
u = (-a-lal)Ul + ... + (-a-lan)un 1) {(1, O), (O, I)} é uma base do IR2
igualdade que nos mostra que U E [S].•
2) {(I, 0, ... , O), (O, 1, 0, ... , O), ... , (O, ... , 0, I)} é uma base do
P7 • Se S = {Ul' ... , Uj, ... , u n } e Uj E [S - {Uj}] (isto é, Uj é combinação
linear dos demais vetores de S), então
3) {(1, 0, ... , O), (O, 1, 0, ... , O), ... , (O, ... , 0, I)} é uma base do
[S] = [S - {Uj}]. espaço vetorial (Cn, considerado como espaço vetorial sobre (C.
Prova - Faremos a prova supondo j = loque nada tira em generalidàde.
4) O conjunto das m· n matrizes reais
É óbvio que [S - {ud] C [S], pois S - {ud C S.
Por outro lado, dado um vetor u E [S], então:
u = alul + ... + anun (ai E IR). (1) 1 0
0 ° 00) (0OQO
1 ° 0)
O (0 ° 0)
.

~ ~.:::. ~ ~"'~"~" ~ ~ ~ ~
Como porém o vetor Ul está em [S - {ud], por hipótese, então:
( , '''''.
Ul = 13211:2 + ... + 13nun' (2)
Substituindo (2) em (1) iremos obter
é uma base do espaço Mm x n (IR).
u = al (13211:2 + ... + 13n un ) + a211:2 + ... + a n un·
Daí 5) Os n + 1 polinômios 1, t, ... , t n formam uma base de Pn (IR) pois
u = (al132 + ~)11:2 + ... + (al13n + an)u n (a) Dado f E Pn (IR), existem (e são únicos) ao, al, ... , an E IR de modo
que
o que prova que UE [S - {Ul} ] e conseqüentemente que [S] C [S - {Ul}]' •
f(t) = ao + alt + ... + antn , Vt E IR,
Exemplo - Observe no IR4 o seguinte sub-espaço
o que é conseqüência da própria definição de polinômio.
S = [(1, 1, 0, O), (O, 1,0, 2}, (O, 0, 1, O), (O, 2, -1,4)].
" (b) Se ao + alt + '" + antn = 0, Vt E IR, então ao = '" = an = 0,
É fácil perceber a seguinte relação
devido ao princípio dos polinômios identicamente nulos.
2(0, 1, 0, 2) - (O, 0, 1, O) = (O, 2, -1, 4).
6) Se indicamos por o o vetor nulo de um espaço vetorial qualquer, então
A propriedade acima nos garante, então, que uma base do espaço {o} é, conforme nossas convenções a respeito, o conjunto fi).
S = [(1, 1, 0, O), (O, 1, 0, 2), (O, 0, 1, O)].
Nota: As bases exibidas nos exemplos 1, 2, 3, 4 e 5 são chamadas bases canônicas
dos espaços IR 2, IRn, (Cn, Mmxn(IR) e Pn(IR), respectivamente, devido a sua na-
turalidade. Obviamente, esses espaços têm outras bases, conforme veremos a se·
3. BASE DE UM ESPAÇO VETORIAL FINITAMENTE guir. Deixamos como exercício a verificação nos exemplos de 1 e 4.
GERADO
Proposição 1 - Todo espaço vetorial finitamente gerado admite uma base.
Defmição 3 - Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Uma base de V
Demonstração - Indiquemos por V o espaço. Se V = {o}, então ~ é uma ba-
é um subconjunto finito B C V para o qual as seguintes condições se verificam: se de V devido às convenções a respeito para este caso.

76 77
Caso contrário existe um subconjunto finito e não vazio S C V, de maneira onde all "* O, a2r "* O, ... ,aprp "* Oé n -
2 p. Para isso, ler novamente o Capítu-
que V = [S]. Como S "*
{o}, então existem subconjuntos não vazios de S que
lo 1.
são L.I. Tomemos um deles com o maior número possível de elementos. Indicando
por B esse subconjunto, afirmamos que B é uma base de V. Proposição 2 (Teorema do Completarnento) - Seja V um espaço vetorial de di-
Devido à maneira como tomamos B, para todo u E S - B teremos que mensão n ~ I. Se {UI, ... , ur} C V é um subconjunto L.I. com r vetores e r < n,
B U {u} é L.D. Logo u é combinação linear de B (ver P6 no parágrafo anterior). então existem n - r vetores UH I, ... , u n E V, de maneira que B = {UI> ... , ur,
Usando agora a propriedade P 7 , conclui-se que: [B] = [S] = V. u r + I, ... , u n} é uma base de V.
Como, por outro lado, B é L.I., pela própria maneira como foi cons-
truído, então B é uma base de V. - Demonstração - Tomemos uma base C = {VI, ... , Vn} de V e formemos
a união:
S = {Uh,'" Ur, VI,"" vn}'
4. DIMENSÃO Dentre os subconjuntos de S que são L.I. e que contém UI, ... , u r tomemos um
com o maior número possível de elementos. Seja
Iremos enunciar logo a seguir um resultado bastante importante que diz res-
peito ao número de vetores das bases de um espaço vetorial finitamente gerado. Sua B = {UI, ... , ur, VI, ... , vs}
demonstração, contudo, somente será feita no apêndice, ao fim deste capítulo, pelo
fato de ser um tanto quanto trabalhosa. Esse apêndice é especialmente recomenda- esse conjunto. (Obviamente párticularizamos em B a seqüência dos índices dos ele-
do aos alunos dos Cursos de Matemática. mentos Vi> o que não traz nenhum prejuízo à demonstração.) Mostremos que B é
uma base de V. Decorre da própria escolha desse conjunto que ele é L.I.
Teorema da invariância - Seja V um espaço vetorial finitamente gerado.
Então duas bases quaisquer de V têm o mesmo número de vetores. Por outro lado VI, ... , Vs são obviamente combinações lineares de B. O
mesmo se pode dizer de VS +1' ••• , Vn devido à propriedade P6 vista neste capítulo.
Apoiados no teorema da invariância, damos a seguinte definição. Sendo todos os vetores de C combinações lineares de B, conclui-se, pelo fato de C
Defmição 4 - Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Denomina-se ser uma base de V, que todos os vetores de,\' também são combinações lineares
dimensão de V (notação: dim V) o número de vetores de uma qualquer de suas de B. Portanto B é uma base de,V. - , .
bases. Diz-se também, neste caso, que V é um espaço de dimensão finita.

Decorre da defmição dada e de considerações já feitas nos exemplos após a de- Proposição 3 - Todo sub-espaço~etorial de um espaço vetorial fmitamente
fmição 3 que: gerado é também finitamente gerado.

1) dim IR? = 2; 3) dim Cn = n; 5) dim Pn (IR) = n + I; Demonstração - Seja V finitamente gerado e W um sub-espaço vetorial de V.
2) dim IRn = n; 4) dim Mmxn(IR) = m • n; 6) dim {o} = O. Se W = {O}, nada há a provar. Senão, tomemos WI E W, WI "*
O. Se W =
= {ÀIWI: ÀI E IR}, está provado. Senão,existew2 EW,quenãoédaformaÀlwl,
Deixamos ao leitor a tarefa de concluir que a dimensão do espaço solução de isto é, {WI> W2} é L.I. Se W é gerado por{W1> W2}, está terminado. Senão, existe
um sistema homogêneo escalonado W3 em W, que não é combinação linear de { WI, W2}' E assim por diante. Este pro-
auxI + al2 x 2 + . + atnxn = O cesso deve parar senão haveria em V um conjunto L.I. e infinito. -

a2r2x 2 + . + a2nxn = O

Proposição 4 - Seja Wum sub-espaço vetorial de V. Se dim W = dim V, então


W = V.

78 79
Demonstração - Pela proposição 3, W é fmitamente gerado. Logo W tem Exemplo - Seja V = [(2, 1, 1, O), (1, O, 1, 2), (O, -1, 1, 4)] C IR4 . Na
uma base. Toda base de W também é base de V devido à hipótese de que prática formamos com esses vetores as linhas de uma matriz simbólica da seguinte
dim W = dim V. Logo todo vetor de V pertence a W. Assim V C W e, como maneira:
W está contido em V, segue que V = W.•

5. PROCESSO PRÁTICO PARA DETERMINAR UMA


( °~ ~
-1
~ ~)
1 4
BASE DE UM SUB-ESPAÇO DElR" (ou <e")
A seguir aplicamos convenientemente as "·operações" (I) e (11) acima até obtermos
Um sub-espaço de IRn , em geral, ou é dado pelos seus geradores ou é possível a situação da hipótese de (III). Vejamos como.
achar esses geradores. Daremos a seguir um dispositivo prático para achar uma
base desse sub-espaço a partir dos seus geradores. Esse processo se baseia em três
observações apenas.
Seja V = [UI, ... , Ur ] um sub-espaço do IRn .
(I) Se no segundo membro da igualdade acima permutarmos dois dos
vetores que lá figuram evidentemente não alteramos o sub-espaço gerado, isto é,
No que fizemos acima a seta indica apenas a passagem de uma etapa para outra
V = [UI, ... , Ui, .. , , Uj, ... , Ur] = [UI, ... , Uj, ... , Ui, ... , Ur]' do processo. Na primeira passagem permutamos a primeira e a segunda linhas.
(11) Para todo número real Ct tem-se a seguinte igualdade: Na segunda passagem multiplicamos por - 2 a primeira linha e o "resultado somamos
com a segunda linha. Na última passagem somamos a segunda linha com a terceira
= [UI,
V , Ui, ... , Uj + Ctui, ... , ur].
linha. Levando em conta (I) e (11) temos que
De fato, seja U = í3I UI +
+ í3iUi + ... + í3jUj + ... + {3rur um elemento V = [(1, O, 1, 2), (O, 1, -1, -4), (O, O, O, O)].
de V. Esse elemento também pode ser escrito da seguinte maneira:
Como o vetor nulo pode ser retirado do segundo membro desta última igualdade,
U = {3I UI + + {3iUi - {3j CtUi + + {3jUj + í3j CtUi + + í3 r u r = então
= {3IUI + + (í3i - í3jCt)Ui + + í3j (Uj + CtUi) + + í3rur' V = [(1, O, 1, 2), (O, 1, -1, -4)].
Logo U E [UI, , Ui, ... , Uj + Ctui, , ur]. Levando em conta (III) concluímos que:
Fica como exercício provar que o sub-espaço V contém o sub-espaço gerado
por UI, ... , Ui, ... , Uj + CXUi, ... , Ur. (Veja o exercício proposto n9 12,§ 1.) . {(I, 0, 1, 2), (O, 1; -1, -4)}
.

é uma base de V e que dim V = 2.


"

(111) Se UI , u~, ... , Ur, se apresentam na forma escalonada, ou seja, se o


número de zeros iniciais de U2 é maior que o de UI e assim sucessivamente, então
os vetores UI, ... , Ur formam um conjunto L.I. e, portanto dim V = r.
Isso não é difícil de ver. Se os geradores de V não formassem um conjunto
L.I., então teríamos algo como:
6. DIMENSÃO DA SOMA DE DOIS SUB-ESPAÇOS
UI = Ct2 U2 + ... + cxrur .
Seja W um espaço vetorial sobre IR. Já vimos que se U e V são sub-espaços
Mas isso não é possível pois o número de zeros iniciais de UI é certamente dife- de W, então U () V e U + V também são sub-espaços de W. No caso em que a
rente do número de zeros iniciais de Ct2 U2 + ... + cxru r ' devido à nossa hipótese dimensão de W é finita as dimensões de U () Vede U + V estão relacionadas
a respeito desses vetores. conforme proposição e demonstração abaixo.

80 81
Proposição 5 - Seja W um espaço vetorial sobre IR de dimensão finita. = ... = or = rI = ... = rt =
01 O.
Se U e V são sub-espaços de W, então: Se rI = ... = rt = o a igualdade (1) fica:
dim (U íl V) + dim (U + V) = dim U + dim V. aluI + ... + arur + f31Vl + ... + f3 svs = o.
Demonstração - Seja B1 = {UI, ... , ur} uma base de U íl V. Como B1 é Lembrando que o conjunto B2 também é L.I. tiramos daí que
L.I. em U e em V, o teorema do comp1etamento nos garante a existência' de
VI, ... , Vs E U e Wl, ... , Wt E V de tal modo que B2 = {UI, ... , Ur, VI,' .. , aI = ... = 01: = f31 = ... = f3 s = O.
vs} é base de U e que B3 = {UI, ... , Ur, Wl, " . , Wt} é base de V. Mostremos Com isso provamos que B de fato é um conjunto L.I.
que
Finalmente observando que dim (U íl V) = r, dim U = r + s, dim V = r + t e
dim (U + V) = r + s + t, chegamos à fórmula
é uma base de U + V. dim (U + V) + dim (U íl V) = dim U + dim V.•

(a) Seja W E U + V.
Então W = U + V (u E U, V E V). Sendo B2 e B3
Exemplo - Consideremos os seguintes sub-espaços de IR4 :
bases de U e V, respectivamente, podemos representar
U = [(1, O, 1, O), (O, 1, O, O)] e V = {(x, y, z, t) I x + Y = O}.
U = alul + ... + arur + f31Vl + ... + f3 svs
Determinemos dim (U íl V) e dim (U + V).
e
É fácil notar que B = {(l, O, 1, O), (O, 1, O, O)} é uma base de U. Logo
v = al'ul + ... + a;ur + f31'Wl + ... + f3íWt dim U = 2.
onde as letras gregas indicam, obviamente, números reais. Quanto a V temos:
Daí u E V <=> u = (x, - x, z, t), onde x, z, t E IR <=>
W= U+ v = (aI + al')ul + ... + (ar + a;)ur + f31 Vl + ... + f3 svs + < - > u = x(l, -1, O, O) + z(O, O, 1, O) + t(O, O, O, 1).
+ f31'Wl + ... + f3tWt. Logo V = [(l, -1, O, O), (O, O, 1, O), (O, O, O, 1)].
Logo [B] = V. Pela forma escalonada como se apresentam os geradores de V que aí figuram
podemos dizer que:
(b) Suponhamos
C = {(1, -1, O, O), (O, O, 1, O), (O, O, O, 1)}
aluI + ... + arur + f31 Vl + ... + f3 svs + rl Wl + ... + rtWt = o (1) é uma base de V e que dim V = 3.
Então:
Por outro lado, decorre da própria definição de soma de sub-espaços que
aluI + ... + aru r + f31 Vl + ... + f3svs = -rlWl - ... -rtWt. U + V = [B U C]. A partir disto podemos achar uma base de U + V do seguinte
modo:
Como o primeiro membro desta última igualdade está em U e o segundo membro
está em V e se trata do mesmo vetor, então: 1 O 1 O 1 O 1 O 1 O 1 O
-rlwl - ... - rtWt E U íl V. O 1 O O O 1 O O O 1 O O
Logo existem o 1, . . . , or E IR tais que: 1 -1 O O -+ O O 1 O -+ O O 1 O
-rl W l - ... - rtWt = 0l Ul + ... + orur' O O 1 O O O O 1 O O O 1
Daqui tiramos que O O O 1 1 -1 O O O O O O
0l Ul + ... + 0rur + rl Wl + ... + rtWt = o. Logo dim (U + V) = 4 e conseqüentemente U + V = IR 4
• Disto segue que
dim (U íl V) = 1.
Do fato de B 3 ser L.I. , conclui-se então que

82 83
4. DeterminaI uma base do R 4 que contenha os vetores (l, I, I, 1), (O, I, -I, O) e (O, 2, O, 2).
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Solução
1. MostraI que o subconjunto {l, i} é uma base de Q:; sobre IR.

Solução
Os vetores I e i constituem um sistema de geradores de <I: sobre R pois todo elemento de
é da forma ai + bi, com a e b em R. Além disso, se xl + yi = O = O + Oi (com x,
Q:;
y E R), então x = y = O.

2. MostraI que o subconjunto de vetores: Se tomaxmos o vetor (O, O, O, 1), então o conjunto B = {(l, 1,1, 1), (O, I, - 1,0),(0,0,2,2),
{(O, 2, 2), (O, 4, 1)} (O, O, O, '1)} é L.I. Logo B é uma base do IR 4 • Obviamente, substituindo (O, O, 0,1) nessa
base por qualquer (O, O, O, a)(a '*
O) obtém-se outra base do IR4 .
é uma base do seguinte sub-espaço vetorial do R 3 :
U = {(x, y, z) E R 3 I x = O}.
5. No espaço vetorial R 3 consideremos os seguintes su1respaços vetoriais: S = [(l, -1,2),
Solução (2, I, 1)], T = [(O, 1, -1), (l, 2, 1)], U = {(x, y, z) I x + Y = 4x - z = O} e V =
Como (x, y, z) E U se, e somente se, x = O e (O, y, z) = y (O, 1, O) + z(O, O, 1), então = {(x, y, z) I 3x - y - z = O}. Determinar as dimensões de: S, T, U, V, S + T, S n T,

'O, 4, 1) ~o m~PM~n(~ PO:' ":r:o


{(O, 1, O), (O, O, I)} é uma base de U. Logo dim U = 2. Por outro lado (O, 2, 2) e

(~~r:f
T + U e T nU.

:'c -: :) ~ G-; -:)


Logo os vetores dados formam uma base de U, pois pertencem a U. Logo dim S = 2.

3. No espaço vetorial R 3 consideremos os seguintes sub-espaços:

I
b) É imediato que dim T = 2 pois seus geradores já se apresentam na forma escalonada.
3
U = {(x, y, z) E R I x = O} e c) Os vetores de U são da seguinte forma: (x, - x, 4x) = x(l, -1,4). Logo {(l, -I, 4)} é
V = [(1, 2, O), (3, 1, 2)1. uma base de U e dim U = 1.
Determinar uma base e a dimensão dos sub-espaços U, V, U + V e U n V. d) Os vetores de V se apresentam assim: (x, y, 3x - y) = x(l, O, 3) + y(O, I, -1).
Solução Logo V = [(I, O, 3), (O, I, -1)1. Como os geradores de V que aí apaIecem já estão
na forma escalonada, então dim V = 2.
De acordo com o exercício anterior (CO, 1, O), (O, O, I)} é uma base de U. Por outro lado

(~-~ ~) (~ -~ _~) (~ -~ _~)


(1, 2, O) e (3, 1, 2) formam uma base de V pois:

~ o:_: :) e) -----+ --+

(: 2 :) O 1 -1 O 1 -1 O O O
1 2 1 O 3 -1 O O 2
e {(l, 2, O), (O, -5, 2)} é L.I.
3
Logo dim (S + T) = 3 e daí S + T = R •
Determinemos uma base e a dimensão de U + V:
f) A paItir das dimensões de S, T e S + T, acha-se que dim (S n T) = 1.

( ~ ~ :)-+(~ : ~)-+(~ : :)-+(~ : ~)


O -5 2 O -5 2 O O 2 O O O
g) (~ ~ -~) ~ (~ ~ -~) (~ ~ -~) ~ (~ ~ -~)
1 -1 4 1 -1 4
-----+
O -3 3 O O O

Logo U + V = [(l, O, O), (O, 1, O), (O, O, 1)] e U + V = R 3 . Comeqüentemente Logo dim (T + U) = 2.
dim (U n V) = dim U + dim V - dim (U + V) = 1. Como o vetor (O, 5,2) está em U
e está em V, então (CO, - 5, 2)} é uma base de U n V.
h) A proposição 5 deste capítulo nos conduzirá a dim (T n U) = 1.

84 8S
8. Consideremos o sub-espaço vetorial de M3(IR) constituído das matrizes simétricas. Deter-
6. Determinar uma base e a dimensão do espaço solução do seguinte sistema:
minar uma base desse sub-espaço.
X-Y-z-t=O Solução
S: 2x +Y +t = O Podemos decompor uma matriz simétrica X de M3 (IR) da seguinte maneira:
{
z-t=O
O O
Solução X= + f O O
(
Inicialmente escalonemos S: O O
X- Y- z- t=O
S - 3y + 2z + 3t = O
{
z - t = O

5 1
Daí tiramos: z = t, y = - 3" t e x = 3" t. É fácil verificar que as seis matrizes em que X se decompôs formam um conjunto L.I.
em M3 (IR). Logo essas seis matrizes formam uma base do sub-espaço das matrizes simé-
Logo o conjunto solução de S é tricas de M3 (IR) cuja dimensão é, portanto, igual a 6. Lembre-se que M3 (IR) tem

V ={( ~ t, - / t, t, t ) I t E IR} = {t( +, -~ , 1, 1 ) I t E IR}


dimensão 9.
Nota: Generalizando o raciocínio que acabamos de fazer pode-se concluir que o sub-espaço
2
Isto mostra que o conjunto das matrizes simétricas de Mn (IR) tem dimensão n ; n enquanto que Mn (IR) tem
dimensão n 2 . É o que pedimos no exercício 16 a seguir.

9. (Exercício patológico) Mostrar que o conjunto {2} é uma base do espaço V = {x E IR I


é uma bas~do espaço SOIUr-O de S e que, portanto, a dimensão desse espaço é 1. Uma outra I x > O} cuja adição é dada por u $ v = uv e a multiplicação por escalares por O! • u =
base de V e{(l, - 5,3,3) . = uO!, VO! E IR.

7. Seja {Ul, u2, ... , un} uma base de um espaço vetorial V de dimensão n sobre <C. Mostrar
que {Ul' ... , un, iUl, ... , iUn} é uma base de V considerado como espaço vetorial
1 Solução
Lembremos que o vetor nulo desse espaço é o número 1.

sobre IR. (Veja Ex. proposto n'? 8, pág. 52.) (a) A teoria dos números reais nos ensina que dado um número real u > O, existe um
único número real O! tal que u = 20! : O! = log2 u. Logo u = 20! = O! • 2.
Solução
(b) Se O! • 2 = 1 (vetor nulo), então 20! = 1, donde O! = O.
a) Dado u E V, existem al + bli, ... , an + bni E <C de maneira que u = (al + bli)ul +
+ ... + (an + bni)un , pois os vetores ul, ... , u n formam uma base sobre <C. Nota: É claro que todo número real maior que zero e diferente de 1 constitui uma base
de V sobre IR.
Logo
u = alul + ... + anun + bl(iul) + ... + bn(iun), 10. Sejam U e V sub-espaços vetoriais de um espaço de dimensão n. Supondo que dim U > ~
o que mostra {Ul' ... , u n , iUl, ... , iun } gera V sobre IR.
e que dim V > ~, prove que: U n V *" {o}.
b) Por outro lado, se
alul + Solução
então Consideremos a fórmula dim U + dim V = dim (U + V) + dim (U n V). Se U n V =
= {o}, teríamos dim (U n V) = O. Daí dim (U + V) = dim U + dim V > n. Absurdo
(al + bli)Ul + ... + (an + bni)un = O. pois U + V é sub-espaço de um espaço de dimensão n.
Logo al + bli = ... = an + bni = O.
Donde al = ., . = an = b l = ... = b n = O.
Nota: O exercício nos ensina que se a dimensão de V sobre <C é n, sobre IR será 2n.

86 87
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 3
11. Para que valores de a E IR o seguinte conjunto é uma base de IR :
4
1. Dar uma base e a dimensão do sub-espaço W de IR onde W = {(x, y, z, t) E IR 4 I x - y B = {(a, 1, O), (1, a, 1), (O, 1, a)}.
= y e x - 3y + t = O}.
2. Sendo W e U sub-espaços do IR4 de dimensão 3, que dimensões pode ter W + U se 12. Sejam uI' ... , Un vetores de um espaço vetorial V. Provar que se cada vetor u de S =
(1, 2, 1, O), (-1, 1, O, 1), (1, 5, 2, 1) é um sistema de geradores de W n U? = [UI' ... ,unI admite uma única representação como combinação linear de uI> ... , Un ,
então os vetores UI> ... , un formam uma base de S.
3. Sendo W o sub-espaço do exercício 1 .e U o sub-espaço do IR4 gerado por (1, 2, 1, 3) e
(3, 1, 1, 4), determinar uma base e a dimensão de U + W e de U n W. 13. Suponha que {u I> ... , un} é uma base de um espaço vetorial. Mostrar que {UI' UI +
+ U2, ... 'UI + U2 + ... + un} também é uma base desse espaço.
4. Achar uma base e a dimensão do seguinte sub-espaço de IR4 : U = {(x, y, z, t) Ix - y =O
e x + 2y + t = O}. 14. Considere o seguinte sub-espaço vetorial de ce3 :
5. No espaço vetorial IR 3 consideremos os seguintes sub-espaços:
W = [(1, O, i), (1, 1 + i, 1 - i), (1, -1 - i, - 1 + 3i)1
U = {(x, y, z) I x = O}, V = {(x, y, z) I y - 2z = O} e Determinar uma base desse sub-espaço.
W = [(1, 1, O), (O, O, 2)1.
15. Sejam U e V espaços vetoriais sobre IR de dimensões m e n, respectivamente. Considere o
Determinar uma base e a dimensão de cada um dos seguintes sub-espaços: U, V, W, U n V, espaço vetorial U X V cuja adição é dada por
V + W eU + V + W.
(UI, VI) + (u2, V2) = (UI + U2' vI + V2)
6. Detemúnar uma base e a dimensão do sub-espaço de M3 (IR) constituído das matrizes e a multiplicação por escalares por IX (u, v) = (IXU, IXV).
anti-simétricas.
Admitindo que {UI> ... , um} e {Vlo ... , vn} são bases de U e de V, respectivamente,
7. Mostrar que os polinômios 1,1 + t, 1 - t 2 e 1 - t - t 2 - t 3 formam uma base de P 3 (IR). prove que:
{(Ulo o), ... , (um, o), (o, VI), ... , (o, vn )}

8. Determinar uma base e a dimensão do espaço solução de cada um dos seguintes sistemas linea- é uma base de U X V.
res homogêneos:
16. Determinar a dimensão dos seguintes sub-espaços de Mn (IR):
a) Sub-espaço das matrizes simétricas;
b){ O
=:~::
x + y + z. = b) Sub-espaço das matrizes anti-simétricas;
a){2: 2x - y - 2z = O
c) Sub-espaço das matrizes A tais que A = 2At .
x + 4y + 5z = O n
3x + 2 Y = O
d) Sub-espaço das matrizes A = (aij) tais que L aii = o.
C){2X - 2y + z = O d){ x - y - z - t = O i= 1

3x - y + 3z = O 3x - y + 2z - 4t = O
3y + 4z = O 2y + 5z + t =O
9. Mostrar que as matrizes:

(~ ~) .(: ~). (: ~), G:) 7. COORDENADAS


formam uma base de M2 (IR).
Vamos trabalhar agora com bases ordenadas de wn espaço vetorial V. Uma
base ordenada é uma base na qual fixamos quem é o primeiro vetor, quem é o segundo
10. Determinar uma base de IR4 que contenha os seguintes vetores (1, 1, 1, O), (1, 1, 2, 1). vetor, etc.

88 89
Seja V um espaço vetorial de dimensão finita. Dada uma base ordenada

Po"...to a matriz das coonl,mui.. de f(t) é ( - ~ ) "m "laç<o à b"", md,·

de V, então todo vetor v desse espaço é combinação linear de B. Ou seja, existem nada B.
al, ... , a n E IR de modo que:
v = alul
+ ... + anun .
É fácil provar que os escalares que figuram nessa igualdade estão univocamente
determinados. De fato, suponhamos 8. MUDANÇA DE BASE
v = alul + + anun = ~lUl + ... + ~nun'
Então: (al - ~l)Ul + + (an - ~n)un = o. A partir de agora, diremos apenas base em vez de base ordenada, para facilitar
o texto. \
Como o conjunto B é L.I., então al - ~1 = ... = a n - ~n = O e daí
al = ~1, a2 = ~2' ..• , a n = ~n'
Seja V um espaço vetorial de dimensão n e consideremos duas bases de V:
B = {Ul' ... , un } e C = {Vl, ... , vn}' Então existe uma única família de
Defmição 5 - Os escalares al, ... , a n que figuram na igualdade v = al Ul + escalares aij de maneira que
+ ... + anun , conforme as considerações acima, são chamados coordenadas do
vetor v em relação à base ordenada B. Vl = a11u l + ... + antun
É conveniente, por outro lado, associar uma matriz às coordenadas do vetor
u. Assim, se u =alul + ... + a n un , em relação à base ordenada B = {ut. ... , u n }, {,
considera-se a matriz n x 1
Ou simplesmente

CJ
n
ou Vj = L aijUi (j = 1,2, ... , n).
i= 1

Defrnição 6 - A matriz quadrada de ordem n


apenas se não houver possibilidades de confusão, como a matriz das coordenadas de
u em relação à base ordenada B.
a11 a11 a1n)
Nota: É evidente a necessidade de trabalhar com bases ordenadas de V (não apenas
bases de V) para podermos considerar a matriz de coordenadas como foi definida aci-
P = ~~~ .. ~~2 ~~.
(
ma. Sem ordenar a base, não saberíamos qual seria o al, o a2, etc. anl an2 '" G:nn
chama-se matriz de mudança da base B para a base C.
Exemplo - É fácil verificar que B = {1, 1 + t, 1 + e} é uma base ordena-
da de P2(IR). Achemos as coordenadas de f(t) = 2 + 4t + e
em relação a essa base
Exemplos
ordenada:
1) Qual a matriz de mudança da base B = {I, 1 + t} para a base {l, t} no
2 + 4t + t 2 = xl + y(1 + t) + z(1 + t 2) - > espa.ço P 1 (IR)?
2 + 4t + t2 = (x + Y + z) + yt + zt2 > I = XlI + Yl(l + t) _ > {Xl + Yl = 1 e {x2 + Y2 = O >
z = 1, y = 4, x + y + z = 2 => x = -3, y = 4 e z = 1. {t = X2I+ Y2(1 + t) Yl = O Y2 = 1

90
91
> Xl 1, Yl = 0, X2

é a matriz pedida.
Dos diagramas ao lado decorre que
2) Se B = C, obviamente a matriz de mudança de C para B ou vice-versa é
a matriz idêntica. PQ = QP = In. Logo P é inversível
e p- 1 é simplesmente a matriz de mú-
Três problemas importantes se apresentam no que se refere a mudanças de dança de C para B.
ba~. .

Problema 1 - Se a matriz de mudança da base B para a base C é P = (aij)


e a matriz de mudança da base C para uma outra base D (do mesmo espaço) é
Q = Uhj), qual a matriz de mudança de B para D? Problema 2- Se a matriz das coordenadas de u E V em relação à base B é:

x~ (J
Suponhamos B = {UI, ... , u n}, C = {VI,"" vn} e D = {Wl"'" wn}.
A definição de matriz de mudança nos garante então que:

n
Vj L aijUi (j = 1, ... ,n) e
i=l
e a matriz de mudança de base de B para C é P = (aij), qual a matriz das coorde-
n nadas de u em relação â base C?
Wk = L ~jkVj (k = 1, ... , n).
j=l Seja
Daí

t
1=1
(t aij~jk)
J=l
Ui (k = 1, ... , n).

essa matriz.
Então o termo geral da matriz de mudança da base B para a base D é dado
n n n
por L aij ~jk que é o termo geral de P.Q. Logo a matriz de mudança de B para D Temos então u = L xiui = L
j=l i=l j =1
é a matriz PQ.
n
Como cada Vj = L aijUi (j = 1, 2, ... ,n), então
i=l
Nota: Uma conseqüência do que acabamos de ver é que uma matriz de mudança
de bases é sempre inversível. Senão vejamos.
Sejam P a matriz de mudança de B para C e Q a matriz de mudança de C
para B.
u=
n
L
i=l
XiUi =
n
L i=l
L aijUi =
j=l
Yj
n
t1=1
(t
J=l
a ijYj ) Ui·

92 93
Devido à unicidade das coordenadas segue que: Solução

n a) Quanto à base canônica as coordenadas são as próprias componentes do vetor, ou


Xi = L QijYj (i = 1, 2, ... , n)
b)
seja, 2, 1 e 4.
u = x(l, 1, 1) + y(l, 0,1) + z(l, O, -1) >
. j =1

ou X+ Y +Z=2
> x = 1
{
x+y-z=4
Resolvendo o sistema obtido, encontramos x = 1, y = 2 e z = - 1. Logo as coorde-
Xn = Qn1Y1 + Qn2Y2 + ... + QnnYn· nadas de u neste caso são I, 2 e-L A matriz das coordenadas de u é
Usando a notação matricial obtemos a relação desejada
X = py
que equivale ainda a Y = p- l
X.
Problema 3 - Se {UI> •.• , u n } é uma base de Ve P = (Qij) é uma matriz
n
inversível, então os n vetores Vj = L QijUi (j = 1, ... , n) também formam uma 2. Determinar as coordenadas da matriz

base de V?
n
i=1
(: -~)
Suponhamos

n
L
j=l
XjVj = O. Então
doM,(m) = {(: ':Y(~ :). (: ~). (: :)}
Solução
L
j=l
ui = o.
1 -1) =x (1 0) +y (0 1) +z (0 0) +t (0 0) = >
( 20 01 00 20 12
x 1 x=
n
Daí L QijXj = O (i = 1, 2, ... , n). Como este sistema é homogêneo e a matriz
->
y = -1 y = -1
5
j=l 2z + t = 2 > z = -
4
dos seus coeficientes é P (inversível), então Xl = ... = Xn = O. Logo {V1, ••. , vn } é
L.I. e portanto também é base de V. x + 2t = ° t=_-.L
2

Logo as coordenadas pedidas são 1, - 1, ~ e - ; .

EXERCÍCIOS RESOLvmos
1. Determinar as coordenadas do vetor u = (2, I, 4) do IR? em relação às bases: 3. Determinar as coordenadas do polinômio 1 + 2t - t 3 E P3 (IR) em relação

a) Canônica. a) à base canônica desse espaço;


b) {(l, 1, 1), (1, O, 1), (1, O, -I)}. b) à base {I, 1 - t, 1 - t2 , 1 _ t 3 }.

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