1) O documento discute as mudanças na classificação do autismo no DSM-5 e as críticas a essa nova abordagem.
2) Alguns autores argumentam que a nova tipologia do DSM-5 reforça uma visão de padronização dos indivíduos com autismo, ocultando suas diferenças.
3) Os Critical Autism Studies defendem que o autismo vai além de uma doença e deve ser entendido como uma rede de significados construída socialmente.
1) O documento discute as mudanças na classificação do autismo no DSM-5 e as críticas a essa nova abordagem.
2) Alguns autores argumentam que a nova tipologia do DSM-5 reforça uma visão de padronização dos indivíduos com autismo, ocultando suas diferenças.
3) Os Critical Autism Studies defendem que o autismo vai além de uma doença e deve ser entendido como uma rede de significados construída socialmente.
1) O documento discute as mudanças na classificação do autismo no DSM-5 e as críticas a essa nova abordagem.
2) Alguns autores argumentam que a nova tipologia do DSM-5 reforça uma visão de padronização dos indivíduos com autismo, ocultando suas diferenças.
3) Os Critical Autism Studies defendem que o autismo vai além de uma doença e deve ser entendido como uma rede de significados construída socialmente.
Em sua edição mais recente o DSM-5 apresenta a Tipologia do Transtorno do
Espectro Autista (TEA) em substituição a definição anterior do DSM-IV, que agrupava na Categoria “Transtornos Globais do Desenvolvimento" a Síndrome Autista, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett, o Transtorno Desintegrativo da infância ou autismo secundário e o Transtorno Generalizado do Desenvolvimento Não- especificado. A nova tipologia proposta pelo DSM-5 elimina os 5 subgrupos da versão anterior e passa a adotar, como critérios de diagnóstico, apenas a escala de gravidade do transtorno, com base em um modelo bidimensional (BIANCHI, 2016). Segundo o novo modelo proposto pela American Psychiatric Association (APA), a conhecida tríade do autismo é agrupada em uma díade, a partir de duas dimensões. A primeira caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos. A segunda refere-se aos padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (APA, 2014).
De acordo com Justo (2010), em uma crítica ao modelo biomédico de
explicação sobre o autismo, a tentativa de agrupamento feita pelo DSM-5 fortalece a tendência de padronização dos indivíduos, ocultando suas diferenças e subjetividades. Reforça, com isso, uma perspectiva ontológica do autismo que o concebe como doença, entidade externa e maléfica ao individuo, que, mediante uma terapêutica adequada, poder ser eliminada (CANGUILHEM, 1995).
A partir de uma noção socialmente imposta sobre o que é normal, define-se
como anormal ou patológico tudo aquilo que, quantitativa ou qualitativamente, distancia-se do padrão. Normal e patológico assumem aqui um caráter estático e independente de condições culturais, sociais. No entanto, como afirma Canguilhem (1995, p.113), "não existe fato que seja normal ou patológico em si. A anomalia e a mutação não são, em si mesmas, patológicas. Elas exprimem outras normas de vida possíveis".
Com relação ao autismo, destacam-se os Critical Autism Studies (CAS), termo
cunhado por Davidson e Orsini em um encontro de pesquisadores no Canadá, em 2012, que resultou na obra Worlds of Autism: Across the spectrum of neurological difference (DAVIDSON; ORSINI, 2013). Compreendendo que o autismo é, para além de uma doença, uma rede de significados que se constrói a partir de múltiplas realidades, esse campo de estudos organiza-se a partir de três eixos: a) na ênfase sobre os modos como as relações de poder produzem o conhecimento sobre o autismo; b) na busca por novas narrativas sobre o autismo que discutam os discursos predominantes do modelo biomédico, centrado no déficit e degradação; e c) na construção de novas estruturas analíticas sobre o estudo da natureza e a cultura do autismo, com base em pressupostos teórico-metodológicos inclusivos (DAVIDSNON; ORSINI, 2013; O'DELL et al., 2016).