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André Luiz Diniz Souto Lima1 & Tiago Norbiato dos Santos2
RESUMO --- Recentemente, tem sido necessário conciliar, nos modelos de planejamento da
operação energética, o objetivo tradicional de geração de energia elétrica com o atendimento às
restrições relacionadas aos múltiplos usos da água. Para a programação diária da operação, é
particularmente importante considerar restrições de controle de cheias e de controle de variações
nos níveis e/ ou vazões em trechos de rio. Estas últimas visam evitar prejuízos a atividades como
navegação, pesca ou recreação.
Neste trabalho, detalha-se a implementação, no modelo DESSEM-PAT, desenvolvido pelo
CEPEL para a programação da operação do sistema brasileiro, de algumas das restrições do Acordo
Tripartite entre Brasil, Argentina e Paraguai, relacionadas à estação fluviométrica da régua 11 (R-
11). Este ponto de controle de nível, situado no Rio Paraná após a confluência com o Rio Iguaçu, é
de fundamental importância não só para a geração hidroelétrica, por influenciar a cota de jusante de
Itaipu, mas também para o abastecimento e controle de cheias em povoados localizados às margens
do Rio Paraná. Os resultados apresentados mostram a elevada acurácia da modelagem proposta para
considerar as restrições de variação horária e diária no nível de R-11, assim como os impactos que
estas restrições causam aos resultados da programação da operação.
ABSTRACT --- Recently, there has been a growing need to consider, in the operation
planning models for electrical power systems, hydraulic constraints related to multiple uses of
water, in addition to the usual objective of maximizing power generation. For the short term
planning of hydrothermal systems, it is important, in particular, to consider flood control
constraints, as well as constraints avoiding large hourly variations on river levels and/or flows.
These latter constraints avoid damages to some activities, such as navigation, fishing or recreation.
This work details how some of the constraints related to the R-11 gauge, and established by
the Tripartite agreement among Brazil, Argentina and Paraguay, have been introduced in the short
term operation planning model DESSEM-PAT, developed by CEPEL. This gauge, located
downstream Itaipu in the Paraná River and whose level depends on the Rio Iguaçu flows, is of
paramount importance not only for hydro generation (for its influence on the tailrace level of
Itaipu), but also for water supply and flood control along the Paraná River. Results show the high
accuracy of the proposed models for the daily and hourly level variation constraints, as well as the
impacts caused by these constraints to the short term hydrothermal dispatch problem.
FCF FCF
NEWAVE DECOMP DESSEM-PAT
(médio prazo) (curto prazo) (programação diária)
Este trabalho detalha como foi implementado, no modelo DESSEM-PAT, algumas das
restrições do Acordo Tripartite entre Brasil, Argentina e Paraguai, ONS (2006), relacionadas à
estação fluviométrica da Régua 11 de Itaipu (R-11). Este posto é um ponto de controle de nível,
situado a jusante de Itaipu no Rio Paraná, e cuja cota depende também da vazão na foz do Rio
Iguaçu. O nível em R-11 é de fundamental importância não só para a geração de energia elétrica,
por influenciar a cota de jusante de Itaipu, mas também para o abastecimento de água e controle de
cheias em povoados situados às margens do Rio Paraná.
O restante do trabalho está organizado da seguinte forma: na seção 2, faz-se uma breve
revisão bibliográfica da consideração de restrições relacionadas a usos múltiplos da água no
problema de programação diária da operação de sistemas hidrotérmicos. Na seção 3, apresenta-se a
formulação matemática do problema de PDO considerado no modelo DESSEM-PAT. Na seção 4,
detalham-se as restrições referentes ao posto de R-11, e como estas foram introduzidas no modelo
DESSEM-PAT. Na seção 5, descreve-se a estratégia adotada para resolver o problema de PDO,
incluindo-se as restrições de R-11. Na seção 6, apresentam-se resultados numéricos, com os
objetivos de avaliar a acurácia na modelagem proposta para as restrições e os impactos da inclusão
destas restrições ao problema. Finalmente, na seção 7 apresentam-se as conclusões deste trabalho.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Embora apenas recentemente tenha tido maior impulso, a consideração de restrições
relacionadas a usos múltiplos da água em modelos de programação da operação tem sido proposta
desde a década de 70. Bonaert et al (1972) resolve um problema de despacho com horizonte de um
XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3
dia, considerando restrições de defluência máxima em algumas usinas para fins de navegação.
Restrições semelhantes, também limitando a defluência das usinas hidroelétricas, foram
consideradas, por exemplo, em Wakamori et al (1982), para controle da vazão nos rios, e por
Garcia-Gonzales et al (2003), por questões ambientais e de irrigação. Um tipo de restrição bastante
comum é o de limite inferior e/ou superior de volume armazenado, como em Wu et al,1991.
A inclusão de limites de defluência para as usinas hidroelétricas não causa, em geral, grande
impacto à resolução do problema de PDO, já que estas restrições apenas delimitam o intervalo de
valores possíveis para o turbinamento e o vertimento. Dificuldades maiores surgem quando se
consideram restrições que estabelecem uma interdependência entre duas ou mais variáveis do
problema, tais como limites de armazenamento1 e de variação de armazenamento ou defluência
entre intervalos sucessivos de tempo na discretização do problema.
Em George et al (1996) e Chang et al (2001), consideram-se restrições de variação de
defluência com o intuito de evitar variações bruscas na vazão dos trechos de rio à jusante das
usinas. Sherkat et al (1988) considera tanto restrições de variação de defluência como de variação
de armazenamento, para um problema de programação com horizonte de dois dias e discretização
horária. Restrições ainda mais sofisticadas impõem uma determinada relação entre os volumes, ou
cotas, de dois reservatórios em cascata ou em rios adjacentes, de forma a controlar a vazão no
trecho de rio ou canal que os une, como em Piekutowski et al (1994), Christoforidis et al (1996), e
Tufegdzic et al (1996).
No Brasil, tem-se como exemplo a introdução de restrições de defluência mínima no modelo
NEWAVE, Duarte (2002), e a consideração, no modelo DECOMP, de volumes de espera para
controle de cheias, restrições de defluência mínima, e retiradas da água para usos múltiplos, CEPEL
(2003) e Pimentel et al (2005). No próprio modelo DESSEM-PAT, tem sido incluídas restrições de
volume de espera e de defluência mínima para as usinas, Maceira et al (2000), e a operação do
canal Pereira Barreto, entre as usinas de Ilha Solteira e de Três Irmãos, CEPEL (2006).
1
O armazenamento de uma usina em determinado instante depende de sua operação em todos os intervalos de tempo
anteriores.
XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4
Neste trabalho, a função objetivo considerada (1) consiste na minimização da soma dos
custos de geração térmica, durante o período de programação, com o custo futuro, o qual é função
dos volumes armazenados finais nos reservatórios. As restrições do problema, de forma
simplificada, incluem: atendimento à demanda em cada um dos subsistemas interligados
eletricamente (2); balanço hídrico nas usinas hidroelétricas (3); função de produção das usinas
hidroelétricas (4); limites de armazenamento e/ou defluência (5); limites de geração (6)-(7), e
limites de intercâmbio entre subsistemas (8). A formulação matemática do problema como um
programa linear é mostrada a seguir:
T NT
(1) min Z = ∑∑ ci ( gtit ) + α T (V T ) (1)
t =1 i =1
s.a.:
t −1
(3) Vi = Vi + I i − (Qi + Si ) +
t t t t
∑ (Qtj + S tj ) , i = 1,…,NH, t = 1,…,T, (3)
j∈M i
Quadro 1 – Descrição das variáveis do problema de programação diária considerado neste trabalho.
αT: custo futuro, como uma função linear por M: conjunto de usinas à montante de cada
partes do vetor de volumes armazenados usina hidroelétrica;
nos reservatórios ao final do intervalo T; NH: número de usinas hidroelétricas;
c (.): custo incremental de geração das unidades NS: número de subsistemas;
termoelétricas; NT: número de unidades termoelétricas;
D: demanda de energia por subsistema; Ω: conjunto de subsistemas que fazem
FPH: função de produção hidroelétrica intercâmbio com cada subsistema;
Φ: conjunto de unidades termoelétricas de Q: vazões turbinadas das usinas hidroelétricas;
cada subsistema; S: vazões vertidas das usinas hidroelétricas;
gh: geração das usinas hidroelétricas; T: número de intervalos de tempo;
gt: geração das unidades termoelétricas; V: volumes armazenado das usinas
I: vazões naturais às usinas hidroelétricas; hidroelétricas;
Int: intercâmbios entre subsistemas; Ψ: conjunto de usinas hidroelétricas de cada
subsistema.
Salto Osório
Itaipú
Potência Reservatório de
Usina Instalada Regularização
Salto Caxias (MW) (hm3)
Figura 2– Esquema topológico dos rios e usinas hidroelétricas próximas ao posto R-11 de Itaipu.
A seção do posto R-11 está sujeita a restrições impostas pelo Acordo Tripartite, firmado em
1979 entre Brasil, Argentina e Paraguai, as quais são descritas a seguir, ONS (2006):
• restrição de velocidade superficial máxima de 2,0 m/s;
• restrição de variação máxima horária de 0,50m na cota de R-11;
• restrição de variação máxima diária de 2,00m na cota de R-11.
Além destas questões, considerou-se também neste trabalho a influência da cota em R-11 no
nível do canal de fuga de Itaipu, devido ao remanso. Desta forma, a altura de queda e,
conseqüentemente, a geração de Itaipu, depende da cota em R-11;
Segundo dados fornecidos pela usina de Itaipu, a vazão QR11 em R-11 pode ser avaliada a
partir das vazões à jusante de Itaipu e na foz do Rio Iguaçu, pela seguinte expressão:
XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6
(9) QR11 = k PR QPR + k IG QIG , (9)
onde it e scx indicam, respectivamente, os índices das usinas de Itaipu e Salto Caxias.
Conhecendo a área AR11 da seção transversal em R-11, a velocidade longitudinal média
v med
R 11
neste ponto pode ser estimada pela expressão (PINTO et al (2003)):
v sup NA
Seção
transversal Sentido do rio
Fundo do rio
v fundo = 0
onde k é um fator, suposto conhecido, que relaciona a velocidade média com a velocidade
superficial na seção de R-11.
Combinando as equações (10), (11) e (12), a inclusão da restrição de velocidade superficial
máxima no posto de R-11 se dá pela adição da inequação (13) ao problema de PDO:
(13)
k
AR11
[ t t t
]
k PR (Qit + S it ) + k IG (Qscx + S scx ) ≤ v Rsup11max .
t
(13)
A função de produção de uma usina hidroelétrica (vide eq. (4)) é representada no modelo
DESSEM-PAT por uma função linear por partes do volume armazenado V, turbinamento Q, e
vertimento S na própria usina, conforme a expressão abaixo:
i,k i ,k i,k i ,k
(14) ghit ≤ γ 0 + γV Vi t + γ Q Qit + γ S S it , k = 1,...K i , i = 1,...NH , t = 1,...T , (14)
i, k i ,k i ,k i ,k
onde Ki é o número de cortes da função linear por partes para a usina i, e γ 0 , γ V , γQ e γS
it , k
onde γ SCX é a inclinação de cada corte para a função de produção de Itaipu, em relação à vazão
defluente de Salto Caxias.
f
~
∆hR11 hR11
~
Q R11 QR11
∆QR11
A variação máxima horária na cota da régua 11, denotada por ∆hRH11(max) , é um valor fixo.
Desta forma, a estratégia proposta para considerar estas restrições no problema de PDO consiste em
determinar, para cada valor de QR11, o comprimento de intervalo ∆QR11 que leva a uma variação de
± ∆hRH11(max) em torno do ponto hR11(QR11). Com isto, define-se uma função ∆QRH11 (Q R11 ) , que indica,
para cada valor de QR11, a variação nesta vazão que corresponde à variação máxima especificada
∆hRH11(max) na cota de R-11. Ao se calcular os valores desta função em um conjunto de pontos para
∆QRH11 (QR11 )
a RH11
bRH11
QR11
Figura 5 – Curva que relaciona a vazão em R-11 com o valor de variação dessa vazão que resulta
em uma variação de ± ∆hRH11(max) na cota de R-11.
Utilizando a técnica de regressão linear, obtêm-se os valores dos parâmetros bRH11 e a RH11 que
permitem escrever a relação:
As restrições de máxima variação horária podem ser então escritas da forma seguinte:
t −1 t −1
− ∆QRH11 (QR11 ) t t −1 ∆QRH11 (QR11 )
(18) ≤ QR11 − QR11 ≤ , t =1,...T. (18)
2 2
t a RH11 t −1 bRH11
Q
R11 + ( − 1)Q R11 ≥ −
(19) 2 2 t =1,...T, (19)
H H
Q t − ( a R11 + 1) Q t −1 ≤ bR11 ,
R11 2
R11
2
0
onde o valor de Q R11 é conhecido, e os valores de QRt 11 são dados por (10).
Naturalmente, as expressões (19) correspondem a uma aproximação para as reais restrições
− ∆hRH11(max) ≤ hRt 11 − hRt 11 ≤ ∆hRH11(max) , t =1,...T. A acurácia desta aproximação é avaliada
A modelagem das restrições de variação diária segue, de forma geral, os mesmos passos
descritos na seção 4.3, para as restrições de variação horária. Realizam-se os seguintes
procedimentos:
• obtém-se uma curva ∆QRD11 (Q R11 ) := bRD11 + a RD11QR11 que indica, para cada valor de QR11, a
variação máxima que esta variável pode sofrer de forma a não ultrapassar o limite ∆hRD11(max) ,
t a RD11 t− j bRD11
Q R11 + ( − 1)Q R11 ≥ −
2 2
(20) D D
j=1,...24, t =1,...T, (20)
Q t − ( a R11 + 1) Q t − j ≤ bR11 ,
R11 2
R11
2
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0 −1 −23
onde os valores de Q R11 , Q R11 ,..., Q R11 são todos conhecidos, e correspondem às vazões em R-
11 no dia anterior ao início do período de programação da operação.
5 ESTRATÉGIA DE RESOLUÇÃO
Como mencionado anteriormente, o modelo DESSEM-PAT resolve o problema de PDO,
formulado de maneira linear, pela técnica de programação dinâmica dual (PDD). Seguindo os
procedimentos apresentados em Pereira e Pinto (1991), essa estratégia consiste na decomposição
temporal do problema em um subproblema (estágio) [t] para cada intervalo de tempo. Cada estágio
corresponde ao subproblema com as restrições e custos referentes a um determinado intervalo. A
resolução do problema é feita por meio de uma decomposição de Benders multi-estágio, pela qual
se constrói uma FCF para cada estágio.
Cada iteração da PDD consiste de: (i) uma simulação denominada forward, desde o estagio
1 até o estagio T, onde a condição inicial de cada estágio é obtida da solução do estagio anterior; (ii)
uma recursão denominada backward, desde o estagio T-1 até o estagio 1, onde se utiliza, para cada
estágio, a mesma condição inicial utilizada na última simulação forward, porém adicionando-se as
novas restrições referentes aos cortes de Benders construídos a partir da solução do estágio t+1. O
fluxograma do processo iterativo para resolução do problema é mostrado na Figura 6.
simulação Forward
t>T? sim
não
t=t+1 Z = min{Z ;
- Resolve subproblema[t(k-1)] com o T −1
vetor de estados xt ω
T
+ ∑ Z t}
t =1
- Armazena xt+1 e custo de geração
térmica Zt
recursão Backward
Constrói corte de Benders
para estágio t-1
t=t -1
Resolve subproblema
[t (k)]: = [t (k-1)] + novo corte, não
t < 1?
com vetor de estados xt
sim
não Z = ω1
(Z − Z ) Z < ε
sim
Fim
Denotando por u, v o produto escalar entre dois vetores u e v, estes cortes têm a seguinte
forma:
(21) , ∂ω t t* t
α t −1 ≥ ω t * + ( x ), x − x t * , (21)
∂x t
onde αt-1 é o custo futuro para o estagio t-1, ω t* é o valor ótimo do subproblema t na iteração
corrente (incluindo o custo futuro), x t* é o vetor com a solução para as variáveis de estado do
estágio t na iteração corrente (obtida das soluções dos estágios 1 ao t-1 na simulação forward), e
∂ω t
(•) é o vetor das derivadas parciais de ωt em relação às variáveis de estado do subproblema t.
∂x t
A equação (21) define um corte linear para a FCF do estagio t-1 como função do vetor de
variáveis de estado xt para o subproblema t. Estas variáveis de estado consistem nos volumes Vt-1
nos reservatórios ao final do estagio t-1, e nas vazões Q Rj11 para todos os j intervalos anteriores
6 – RESULTADOS NUMÉRICOS
Apresentam-se, neste capítulo, os resultados numéricos da aplicação das restrições referentes
ao posto de R-11 no modelo DESSEM-PAT. Na seção 6.1, verifica-se a acurácia da modelagem da
influência da R-11 na geração de Itaipu, e na seção 6.2 a acurácia da representação das restrições de
variação horária e diária de Itaipu. Finalmente, na seção 6.3, avaliam-se os impactos econômicos da
introdução das restrições de R-11 no problema de programação diária da operação.
A acurácia na aproximação para as restrições de velocidade máxima superficial na R-11,
descritas na seção 4.1, não têm como serem avaliadas, por não se terem disponíveis todos os
parâmetros da seção transversal da R-11 para o cálculo das velocidades longitudinais, e também
porque os resultados do modelo DESSEM-PAT não contêm informações suficientes de operação
hidráulica para o cálculo exato, a posteriori, da velocidade superficial exata na R-11.
Todos os resultados desta seção foram obtidos executando-se o modelo DESSEM-PAT para
um problema com horizonte de estudo de uma semana e discretização horária, compreendendo o
período entre 28/10/2006 e 03/11/2006. Os dados do estudo correspondem à configuração do
sistema brasileiro e restrições operativas referentes ao Programa Mensal da Operação de novembro
de 2006, composta por 118 usinas hidroelétricas e 41 usinas termoelétricas. A formulação do
problema inclui 268 restrições de origem hidráulica.
Nesta seção, analisam-se as diferenças entre as gerações horárias de Itaipu obtidas de duas
formas:
• sem a modelagem da R-11: neste caso, a cota de jusante de Itaipu é determinada por um
polinômio em função da defluência da própria usina. Este polinômio consta do cadastro de usinas
hidroelétricas, fornecido pelo ONS;
• com a modelagem da R-11: neste caso, a cota de jusante de Itaipu é função da vazão na R-11,
por meio de um polinômio fornecido por Itaipu.
Observa-se que a geração de Itaipu segue, ao longo da semana, o mesmo padrão em ambas
as abordagens. Isto mostra a adequação do uso, no modelo DECOMP, CEPEL (2003), do polinômio
que consta no cadastro do ONS (sem a modelagem da R-11), para se ter uma boa aproximação da
geração semanal da usina de Itaipu. No entanto, diferenças não desprezíveis observadas entre as
duas curvas, principalmente nos períodos de carga leve, mostram a importância de se considerar
uma modelagem mais detalhada da usina de Itaipu ao se realizar a programação diária da operação
do sistema.
Verifica-se, a seguir, a acurácia na modelagem da função de produção da usina de Itaipu
considerando-se a influência da R-11. A Figura 8 mostra a distribuição dos desvios entre os valores
exatos de geração, calculados a posteriori a partir da operação hidráulica determinada pelo modelo,
e os obtidos pelo modelo através das inequações (14), considerando-se os 168 valores horários
obtidos ao longo da semana.
p r o b . acum.
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,20 2,40 2,60 2,80 3,00 3,20
d esvi o d a F PHA ( %)
9100
8800
8500
8200
7900
7600
7300
7000
6700
6400
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161
t
GH Itaipu - sem vertimento em Salto Caxias
GH Itaipu - com vertimento em Salto Caxias
Figura 9 – Comparação da geração de Itaipu com e sem vertimento na usina de Salto Caxias.
Verifica-se, nesta seção a acurácia na modelagem das restrições de variação horária e diária
na cota da R-11. Mostra-se, no gráfico da Figura 10-(a), as diferenças nas cotas da R-11,
considerando ou não as restrições de variação horária.
96,00 1,40
95,50 1,20
95,00 1,00
94,50 0,80
94,00 0,60
93,50
0,40
93,00
t 0,20
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161
0,00
co m restriçõ es de variação ho rária 1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161 t
sem restriçõ es de variação ho rária
Figura 10– (a) Valores horários de cota em R-11, com e sem as restrições de variação horária.
(b) Curva de máxima variação diária na cota da R-11, considerando,
para cada instante de tempo, as cotas nas 24 horas anteriores.
Quadro 2 – Valores exatos de variação horária, obtidos a partir dos resultados do modelo.
t ∆hR11 (m) t ∆hR11 (m) t ∆hR11 (m)
1 − 0,51 35 + 0,50 104 + 0,50
2 − 0,50 47 − 0,51 121 − 0,51
3 − 0,50 56 + 0,50 128 + 0,50
4 − 0,50 73 − 0,51 145 − 0,51
25 − 0,50 80 + 0,50 152 + 0,50
26 − 0,51 97 − 0,51
CMO (R$/MWh)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161
7 CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo mostrar como foram modeladas, no modelo DESSEM-PAT,
em validação pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) para uso na programação diária da
operação do sistema elétrico brasileiro, as restrições referentes ao posto de medição fluviométrica
da Régua 11 (ou R-11), situado a jusante de Itaipu. Estas restrições incluem a influência da cota de
R-11 na geração de Itaipu e limites de variação horária e diária na cota de R-11, para atender aos
requisitos constantes do Acordo Tripartite, firmado entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Os resultados mostram a acurácia da modelagem proposta, já que as restrições foram
atendidas de forma bastante satisfatória. Os impactos verificados da inclusão das restrições de R-11
no problema de programação da operação do sistema brasileiro evidenciam a necessidade de se
incluir tais restrições no cálculo do despacho horário das usinas hidroelétricas, que deve ser
realizado diariamente pelo ONS. A inclusão destas restrições no modelo DESSEM-PAT, que
determina o despacho hidrotérmico de mínimo custo total para o sistema e que atenda a todas as
restrições impostas ao modelo, assegura o equilíbrio entre o desejo de se operar o sistema de forma
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