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A APLICAÇÃO DO MODELO DE SIMULAÇÃO EPANET NO SISTEMA REGIONAL

DO CARVOEIRO

Ana CAMACHO1; Fausto OLIVEIRA2; Ricardo SOUSA3

RESUMO

O desenvolvimento de um modelo de simulação fiável é, quer para a componente hidráulica


quer para a de qualidade de água, uma opção de fundo na gestão moderna de um sistema de
abastecimento de água. É importante compreender melhor os movimentos e transformações a que a
água destinada ao consumo humano está sujeita através dos sistemas de abastecimento, para
definição de medidas de planeamento que conduzem à garantia de satisfação das condições
hidráulicas e de qualidade.

Atenta a essa realidade e dando sequência ao trabalho iniciado por dois alunos de Eng.ª do
Ambiente da Universidade de Aveiro , no âmbito da cadeira de projecto , o modelo EPANET está a ser
implementado pela empresa Águas do Vouga no Sistema Regional do Carvoeiro.

É feita a apresentação do modelo desenvolvido, que será utilizado na exploração do Sistema


Regional do Carvoeiro.

Palavras-chave: modelação, Epanet, abastecimento, simulação, calibração.

1 Engenheiro do Ambiente, Estagiário da Águas do Vouga


2 Engenheiro do Ambiente, Director da Águas do Vouga
3 Engenheiro do Ambiente

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1. INTRODUÇÃO

Os modelos de simulação de sistema de transporte e distribuição de água constituem os


instrumentos computacionais mais consagrados no campo de planeamento, do projecto e do
diagnóstico de funcionamento de sistemas de abastecimento e/ou distribuição de água em todo o
mundo.

O EPANET é um modelo de simulação em computador que ajuda a atingir este objectivo.


Permite calcular os caudais nas condutas, as pressões nos pontos importantes, bem como as
concentrações de determinada substância ou o tempo de percurso da água entre dois pontos, entre
muitas outras grandezas. Este simulador foi desenvolvido pela U.S. Environmental Protection Agency
(EPA), dos Estados Unidos da América. É um simulador amplamente testado e credível, sendo
utilizado por uma alargada comunidade de utilizadores. Tanto o programa como o código
computacional são de distribuição gratuita, mediante download do site da EPA. A versão mais recente
– EPANET 2.0 – , publicada em Setembro, foi posteriormente adaptada e traduzida para a língua
portuguesa pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil. A versão utilizada foi a versão portuguesa
do EPANET.

O Modelo desenvolvido pretende ser utilizado, como instrumento de apoio à definição de


estratégias de operação e de exploração (horários de bombagem, abertura ou fecho de válvulas de
controlo, minimização dos incómodos causados por tarefas de manutenção, análise da capacidade de
transporte em eventuais ampliações, etc.)., do Sistema Regional do Carvoeiro.

A implementação deste software, insere-se num processo de optimização do transporte e


tratamento da água captada na zona do Carvoeiro (rio Vouga), que a empresa Águas do Vouga tem
vindo a desenvolver nos últimos anos. No entanto a aplicação deste Modelo só é possível mediante a
sua calibração. Esta é uma fase indispensável da modelação, com vista a aproximar os resultados do
modelo à realidade, permitindo a utilização do mesmo na simulação de diferentes cenários de
exploração e operação.

2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA REGIONAL DO CARVOEIRO

O Sistema Regional do Carvoeiro (SRC) é um sistema de abastecimento de água em alta à


escala regional que abastece água os concelhos de Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Estarreja,
Ílhavo, Murtosa e Ovar, num total de 270 000 habitantes.

2.1. Captações no Rio Vouga

As captações, poços de grande diâmetro e furos executados no aluvião do rio Vouga. Estão
instalados dez grupos de bombagem.

2.2. Sistema Elevatório e Sistema de Condutas

O SRC é dotado de duas estações elevatórias principais em série (EE1 e EE2), que encaminham
a água previamente tratada, para o Reservatório Principal de Albergaria (RPA).

Captações→EE1 →EE2→RPA

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A partir da Estação Elevatória EE1, é também feita a bombagem para os reservatórios de
Macinhata do Vouga (R1) e de Mouquim (R16). No RPA é feita a bombagem para o reservatório de
Albergaria-a-Nova (R4). O sistema elevatório é constituído por um total de 21 bombas, distribuídas da
seguinte forma:

Captações→EE1 (10bombas)
EE1 → R16 (2 bombas)
EE1 → R1 (2 bombas)
EE1 → EE2 (4 bombas)
EE2 → RPA (4 bombas)
RPA → R4 (2 bombas)

O sistema de condutas gravíticas tem uma extensão de cerca de 110 Km e é constituído por
tubagens de diversos materiais e diâmetros, desde o Ferro Fundido Dúctil (FFD), Ferro Fundido,
Fibrocimento, Fibra de Vidro até tubagens em PVC.

Este sistema transporta a água até aos diferentes reservatórios implantados de acordo com os
aglomerados populacionais dos vários concelhos.

2.3. Regime de funcionamento das Bombas

Captações→EE1→EE2→RPA

Actualmente, existem dois regimes: 1 e 2 bombas em funcionamento EE1→EE2→RPA. Está


em implementação, com a construção de mais 3 captações o regime de 3 grupos.

1 bomba

3 bombas nas captações em contínuo + 1 bomba de reposição


1 bomba na EE1
1 bomba na EE2

2 bombas

5 bombas nas captações em contínuo + 1 bomba de reposição


2 bombas na EE1
2 bombas na EE2

O regime de funcionamento das bombas tem em vista aproveitar os períodos económicos do


regime tarifário de energia e a manutenção de volumes mínimos nos reservatórios.

2.4. Reservatórios

O Sistema Regional do Carvoeiro é composto por um total de quinze reservatórios apoiados,


sendo que a sua capacidade varia entre os 200 m3 do reservatório de Mouquim, e os 7500 m3 do RPA
em Albergaria-a-Velha. Além destes reservatórios, o SRC apresenta duas derivações que abastecem
os reservatórios de Ovar e S. Jacinto, embora estes já não pertençam ao SCR.

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O abastecimento a estes reservatório é regulado pelas alturas de água máxima e mínima
estabelecidas para cada um deles e funcionam por ciclos de sucessivos enchimentos e esvaziamentos.
Os reservatórios de Albergaria-a-Velha (R2), Aveiro (R6) e Torreira (R15) são a excepção. Nos
reservatórios R2 e R15 a entrada de água é regulada por um flutuador e no R6 o caudal de entrada de
água do SRC é mantido constante ou alterado pontualmente pelo operador.

2.5. Processo de Tratamento

Após a captação, a água é enviada para uma Estação de Tratamento de Água (ETA) no lugar do
Carvoeiro, anexa á EE1. A água é submetida a uma desinfecção com cloro gasoso e remineralização
com cal e CO2. Para além destes tratamentos, existem sistemas de recloragem nos reservatórios R7,
R8, R9, R10, R11 e R12.

3. EPANET

O EPANET é um programa de computador que permite executar simulações estáticas e


dinâmicas do comportamento hidráulico e de qualidade da água de sistemas de abastecimento em
pressão. Uma rede é constituída por tubagens, bombas, válvulas, reservatórios de nível fixo e/ou
reservatórios de nível variável. O EPANET permite obter os valores do caudal em cada tubagem, da
pressão em cada nó, da altura de água em cada reservatório de nível variável e da concentração de
espécies químicas através da rede durante o período de simulação, subdividido em múltiplos passos
de cálculo. Adicionalmente, para além de espécies químicas, o cálculo da idade da água e o rastreio da
origem de água em qualquer ponto da rede também podem ser levados a cabo.

O EPANET foi concebido para ser uma ferramenta de apoio à análise de sistemas de
abastecimento, melhorando o conhecimento sobre o transporte e o destino dos constituintes da água
para consumo humano. Pode ser utilizado em diversas situações onde seja necessário efectuar
simulações de sistemas de abastecimento. O estabelecimento de cenários de projecto (p.ex., expansão
de uma rede existente), a calibração de modelos hidráulicos, a análise do decaimento do cloro residual
e a avaliação dos consumos constituem alguns exemplos. O EPANET pode ajudar a analisar
estratégias alternativas de gestão, de modo a melhorar a qualidade da água através do sistema,
através de, por exemplo:

¾ alterações na utilização de origens de água num sistema com múltiplas origens,


¾ alteração de esquemas de funcionamento de grupos elevatórios e
enchimento/esvaziamento de reservatórios de nível variável,
¾ utilização de tratamento adicional, como seja a recloragem,
¾ selecção de tubagens para limpeza e substituição.

Em ambiente Windows, o EPANET fornece um ambiente integrado para editar dados de entrada
da rede, executar simulações hidráulicas e de qualidade da água e visualizar os resultados em vários
formatos. Estes últimos incluem a possibilidade de visualizar mapas da rede com codificação a cores,
tabelas de dados, gráficos de séries temporais e gráficos de isolinhas.

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4. MODELO DO SISTEMA REGIONAL DO CARVOEIRO

O primeiro passo em direcção à implementação de um sistema de simulação foi a recolha de


informação considerada primordial na definição do sistema de abastecimento. Com base na informação
relativa aos objectos físicos do Sistema regional do Carvoeiro, construiu-se o respectivo Modelo da
Rede.

Com base no manual de utilização do programa em causa, sabe-se que alguns dados são
obrigatórios, e sem eles não há qualquer possibilidade de simulação, sendo mostradas mensagens de
erro pelo programa aquando da sua falta.

Assim sendo, relativamente aos objectos físicos que constituem o Sistema Regional de Carvoeiro
foi necessário definir:

Nós:
¾ Consumo nos nós
¾ Cota de posição

Reservatórios de Nível Fixo (Captações):


¾ Carga hidráulica total

Reservatórios de Nível Variável:


¾ Diâmetro1
¾ Cota de posição
¾ Níveis mínimos, actuais e máximos de água
¾ Modelo de Mistura

Bombas:
¾ Curva de funcionamento da bomba

Curva de funcionamento da bomba:


¾ Caudal
¾ Altura de elevação

Condutas:
¾ Comprimento
¾ Diâmetro
¾ Coeficientes de rugosidade2
¾ Estado (aberto, fechado ou contendo uma válvula de retenção)

Válvulas:
¾ Diâmetro
¾ Tipo
¾ Parâmetro de controlo

1 Para reservatórios cilíndricos corresponde ao diâmetro corrente. Para reservatórios quadrados ou rectangulares, pode
utilizar-se o diâmetro equivalente.
2 No Manual não se encontra referenciado o valor do coeficiente de rugosidade das condutas de fibra de vidro. Optou-se por

utilizar o valor de 160, que foi recomendado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

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Depois de introduzidas as condições físicas do Sistema no programa, foi necessário definir as
condições de operação do SRC. Para a sua definição, separou-se o sistema em dois sub-sistemas,
para a afinação de cada uma dessas partes.

No primeiro, considerou-se toda a parte gravítica do sistema a partir do RPA. Neste caso,
considerou-se o RPA como um reservatório de nível fixo (uma fonte de água e afinaram-se os
consumos e os caudais existentes ao longo do sistema.

Figura 1 – Ambiente de trabalho (Parte gravítica, exemplo da introdução do consumo 125 L/s referente
ao reservatório de Aveiro).

O primeiro passo foi saber quais os consumos médios horários de cada reservatório. Com base
nos relatórios anuais do SRC de 2001 e 2002 foi possível estabelecer o caudal médio diário anual,
atendendo a que a informação disponível apenas fornece o volume mensal de água consumida.

Foram colocados nós ligados a todos os reservatórios de entrega de água por uma tubagem sem
qualquer significado físico, onde foram definidos os consumos, isto porque o programa não permite
atribuir consumos aos reservatórios. Considerou-se que estes consumos seriam constantes ao longo
do período de simulação, desprezando a sua variação ao longo do tempo.

Outro aspecto fundamental ao bom funcionamento desta parte do sistema é o modo como é
regulada a entrada de água nos reservatórios. A maioria dos reservatórios funciona por ciclos
sucessivos de enchimento e esvaziamento. Nestes casos a água entra até ser atingido o nível alto
fixado para o reservatório. Neste momento é fechada a conduta de entrada de água no reservatório,

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até que, através do consumo, esta atinja ao nível baixo. Quando este nível é atingido, a conduta volta
ser aberta voltando a entrar água no reservatório. Este ciclo repete-se as vezes que forem necessárias
para satisfazer o consumo médio em cada reservatório.

Para retratar esta situação, foram estabelecidos controlos simples, que alteram o estado da
tubagem entre aberto/fechado com base na pressão no nó (nível de reservatório).

Figura 2 – Ambiente de trabalho ( Controlos Simples e variação do nível de água nos reservatórios
R12, R9 e R8).

No caso do reservatório de Aveiro, considerou-se que o caudal de entrada de água do SRC é


mantido constante. Para conseguir manter o caudal de entrada no reservatório de Aveiro, no modelo,
foi colocada à entrada deste uma válvula reguladora de caudal (125 L/s).

Nos reservatórios R2 e R15, a entrada de água é regulada por um flutuador. Nestes casos, à
medida que o nível de água nos reservatórios vai baixando, aumenta o caudal de entrada. Como o
programa não considera esta opção, a solução encontrada foi a de colocar uma válvula à entrada dos
reservatórios, que simule uma perda de carga variável de modo a que o caudal de entrada corresponda
ao real.

As diversas simulações indicaram a presença de pressões excessivas no SRC. Este facto foi
solucionado mediante ajuste dos parâmetros de controlo das válvulas redutoras de pressão às
condições reais.

No segundo sub-sistema, considerou-se apenas a parte elevatória do sistema até ao RPA, ao


qual se adicionou um nó com um consumo médio deste reservatório. Como este consumo varia
consoante os períodos de enchimento/esvaziamento dos reservatórios, foi-lhe associado um padrão
temporal de forma a retratar a variação do mesmo ao longo do período de simulação.

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Posteriormente e para simular o modo de funcionamento das bombas,
Captações→EE1→EE2→RPA, foi necessária a introdução de controlos simples e controlos com
condições múltiplas.

Esta fase revelou-se de grande complexidade, uma vez que o funcionamento das bombas além
de ser baseado nos níveis do RPA e das Estações Elevatórias, é igualmente afectado pela variação
dos consumos dos reservatórios ao longo do período de simulação e pela aleatoriedade do modo de
operação praticado pelos diferentes operadores3.

Figura 3 – Ambiente de trabalho ( Controlos com Condições Múltiplas).

Estabelecidas as condições de operação e funcionamento do Sistema Regional do Carvoeiro


para ambos os subsistemas, criou-se um modelo de simulação que retracta o SRC, na integra (parte
elevatória + parte gravítica).

A seguir é apresentado o Modelo criado e que se pretende calibrar.

3 Ver Regime de Funcionamento das Bombas.

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Figura 4 – Ambiente de trabalho ( Modelo a calibrar).

5. CALIBRAÇÃO DO EPANET AO SISTEMA REGIONAL DO CARVOEIRO

Os principais objectivos da calibração são:


¾ estabelecer um modelo credível;
¾ adquirir conhecimentos e compreender o funcionamento do sistema;
¾ descobrir erros de construção, ou outros, no sistema.
¾ estabelecer um instrumento de previsão;

A Calibração é uma fase indispensável da modelação, sendo um processo interactivo que requer
interpretações criteriosas e efeitos secundários muito benéficos (cadastro, situação de válvulas, etc.)

Segundo ALEGRE (1999), calibrar um modelo é introduzir-lhe as correcções necessárias e


suficientes, para que ele reproduza com grande rigor a situação real. A calibração é uma tarefa tão
necessária quanto difícil. Das tarefas inerentes à preparação de um modelo, a calibração é a que
requer mais tempo, mais meios técnicos e humanos, mais persistência e conhecimentos.

É necessário ter em atenção que a simples concordância entre os resultados do modelo e os


resultados obtidos em medições no sistema, não é suficiente para se poder afirmar que o modelo está
calibrado. A compensação de erros constitui uma armadilha a ter em conta.

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A calibração do modelo de simulação aplicado ao SRC, visou uma aproximação do modelo à
realidade, de modo a permitir ganhar confiança nos resultados não medidos do modelo e permitir usar
o modelo para condições diferentes das usadas na calibração.

As principais fontes de erro do modelo aplicado ao SRC foram:


¾ Curvas de bombas
¾ Perdas de carga a jusante das bombas
¾ Coeficientes de rugosidade das condutas
¾ Configuração e modo de funcionamento das células dos reservatórios
¾ Caudais saídos dos reservatórios
¾ Erros de introdução de dados
¾ Adequação das hipóteses simplificativas consideradas

Inicialmente utilizou-se um método de calibração cujos procedimentos são os seguintes:


¾ Auto-verificação de todos os dados introduzidos
¾ Verificação visual “in situ” do modo de funcionamento dos reservatórios e consequente
ajuste dos controlos de operação.
¾ Verificação visual “in situ” do modo de funcionamento dos grupos elevatórios.
¾ Verificação, com apoio dos encarregados, dos dados das condutas: materiais,
diâmetros, válvulas.
¾ Verificação do funcionamento das válvulas

Após a realização destes procedimentos, concluiu-se que, por erros de introdução de dados ou
má interpretação da situação real da rede, alguns dos valores que constavam no Modelo não
correspondiam aos valores reais, tendo sido alterados.

Utilizando outro método de calibração, em que se comparam os valores reais da rede,


conhecidos através do sistema de telegestão (caudais e níveis de água nos reservatórios), com os
valores dados pelo modelo em diferentes momentos do dia, resolveram-se alguns outros problemas do
Modelo.

A primeira alteração feita no modelo foi o ajuste das curvas de funcionamento das bombas à
instalação. No Modelo estavam associadas a cada bomba as respectivas curvas de funcionamento
fornecidas pelo fabricante. Foi necessário ajustar a curva teórica à curva da instalação.

O passo seguinte foi a calibração da parte gravítica do sistema. Aqui a primeira conclusão a que
se chegou, é que os consumos médios diários do ano de 2002 não representavam devidamente a
realidade para efeitos de calibração, uma vez que os consumos representativos dos períodos de Verão
e de Inverno eram atenuados. Optou-se por utilizar os consumos médios diários do mês de Janeiro de
2003, como representativos dos consumos de Inverno nos vários reservatórios do sistema.

Com base nos níveis dos reservatórios verificou-se que, no Modelo, os caudais de entrada em
alguns dos reservatórios eram demasiado elevados, devido à utilização de coeficientes de rugosidade
teóricos e ao desprezo das perdas de carga localizadas. Por este motivo, tornou-se necessário fazer
ajustes nos coeficientes de rugosidade das tubagens de entrada nos reservatórios, até existir uma
aproximação entre os caudais de entrada reais e os caudais fornecidos pelo Modelo. Esta foi uma
tarefa morosa, devido à não existência de medidores de caudal à entrada dos reservatórios, e ao facto

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de alguns deles serem de grande volume e/ou terem consumos reduzidos o que os leva a encherem
durante pouco tempo.

6. SIMULAÇÃO

Apresenta-se e analisa-se a simulação efectuada para o dia 29 de Abril de 2003.

Figura 5 – Ambiente de trabalho (Simulação do dia 29 de Abril de 2003).

No início do dia os valores dos níveis dos reservatórios são os seguintes:

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Quadro 1 – Níveis dos reservatórios às 9:30.
9:30 NÍVEL (REAL)
RPA 2.9
R1 2.74
R2 3.04
R3 2.83
R4 3.03-3.05
R5 2.38
R6 2.77
R7 2.22
R8 2.35-2.39
R9 2.55-2.59
R10 1.62
R11 1.81
R12 2.72
R15 3.29
R16 1.62

Foram inseridos no Modelo os valores dos níveis dos reservatórios e executada a simulação,
tendo como meio de comparação os valores reais dos níveis dos reservatórios, retirados do sistema de
telegestão.

No quadro 2, apresentam-se os valores obtidos

Quadro 2 – Níveis (reais e do modelo) dos reservatórios às 11:30 e 16:30.


11:30 NÍVEL (REAL) NÍVEL 16:30 NÍVEL (REAL) NÍVEL
(MODELO) (MODELO)
RPA 1.9 1.98 RPA 2 2.25
R1 2.29 2.26 R1 2.95 2.63
R2 3.08 3.08 R2 2.76 3.03
R3 2.79 2.75 R3 2.59 2.58
R4 2.69-2.7 2.54 R4 2.54 2.32
R5 2.29 2.28 R5 2.05 2.08
R6 2.75-2.79 2.77 R6 2.53-2.82 2.77
R7 3.02 2.18 R7 2.13 2.11
R8 2.63 2.57 R8 2.58-2.61 2.68
R9 2.82-2.87 2.96 R9 2.12-2.17 2.14
R10 1.76 1.75 R10 2 2.01
R11 1.7 1.71 R11 1.5 1.52
R12 2.56 2.6 R12 2.36 2.37
R15 3.17 3.2 R15 3.21 3.2
R16 1.55 1.53 R16 1.73 1.75

A análise comparativa dos resultados permite verificar que o Modelo apresenta valores
aproximados para a maioria dos reservatórios. As diferenças verificadas nos níveis do modelo em
relação aos níveis reais, encontram justificação no facto dos consumos reais terem variado em relação

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aos consumos médios considerados. Quanto à diferença encontrada nos níveis do R2, resulta do facto
de neste dia a entrada de água no reservatório ter estado fechada.

7. CONCLUSÃO

O Modelo da rede do Sistema Regional do Carvoeiro, encontra-se numa fase em que pode ser
utilizado como modelo de exploração do sistema, sendo um instrumento de apoio à definição ou
optimização de estratégias de operação (horário de bombagem, abertura ou fecho de válvulas, entre
outros). Pode também ser utilizado para analisar os efeitos na rede, de possíveis alterações ou
ampliações no sistema. Os aspectos de qualidade da água ainda não se encontram calibrados .

BIBLIOGRAFIA

a) Livro

ALEGRE, H - “Modelação de Redes de Distribuição de Água de Abastecimento - Guia de


Utilização”, Informação Técnica e Científica de Hidráulica (ITH 31), LNEC, Lisboa (Portugal), 1999.

ALEGRE, M.H. – “ Modelos de Simulação de Sistemas de Distribuição de Água – Métodos de


Avaliação e Distribuição de Consumos na Rede”, Informação Técnica e Científica de Hidráulica
(ITH25), LNEC, Lisboa (Portugal), 1986.

ROOSMAN, L. A. – “EPANET users manual”, Risk Reduction Eng. Lab., US. Envir. Protection
Agency, Cincinnati (Ohio), 2000.

CAMACHO, A.; SOUSA, R. – “Aplicação do modelo hidráulico e de reacção química (Epanet)


ao Sistema Regional do Carvoeiro”, Relatório da disciplina de Projecto, Universidade de Aveiro, Aveiro
(Portugal), 2002.

Relatórios Mensais da Águas do Vouga 2001, 2002 e 2003.

b) Sites da Internet:

http://www.epa.gov/ORD/NRMRL/wswrd/epanet.html
http://www.dh.lnec.pt/Nes/Epanet
http://www.epa.gov/safewater/
http://www-ext.lnec.pt/

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