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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE DIREITO
Docente: Patryck Ayala
Discente: Matheus Lucas dos Santos
Disciplina: Direito Financeiro
Turno: Matutino
Atividade: Resenha crítica
Data: 17/11/2022

PRIMEIRA ATIVIDADE AVALIATIVA

Resenha 1

NABAIS, José Casalta. A face oculta dos direitos fundamentais: os deveres e os custos
dos direitos, 20 de junho de 2017. Disponível em:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15184-15185-1-PB.pdf%3E.
Acesso em: 17/11/2022.

No artigo intitulado “A face oculta dos direitos fundamentais: os deveres e os


custos dos direitos”, o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra,
aborda o problema relacionado ao esvaziamento do estudo sobre as responsabilidades e
os custos necessários para a concretização dos direitos fundamentais. Nesse sentido, o
autor inova ao colocar em foco essa temática marginalizada, a fim de estabelecer uma
isonomia entre os deveres e direitos no Estatuto Pessoal Constitucional.
A princípio o autor faz uma retomada histórica acerca do surgimento da
denominada “idade dos direitos”, termo cunhado por Bobbio, indo desde a Declaração
dos Direitos do Homem, em 1789, passando pelas constituições do pós-segunda guerra,
até nosso atual período, demonstrado pela Lei Fundamental de Bonn, a análise do autor
conclui que durante esses grandes marcos temporais, foram capazes de levar a uma
supremacia dos direitos, em detrimentos dos deveres que o acompanham. Somado a isso,
o texto busca outro fator determinante para essa demasiada valorização no retorno de uma
visão liberal acerca dos direitos, advindos principalmente da França, como exemplos é
trazido para a obra, a recente Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, em
que no seu corpo não há qualquer disposição sobre os deveres dos cidadãos.
Outro fator apontado constantemente é o da necessidade de um estudo autônomo
dos deveres fundamentais, tal ensino que deve ser livre de extremismos tanto de um
liberalismo extremo quanto ao um comunitarismo exacerbado. Os deveres podem ser
divididos em quatro momentos: Época Liberal; Revolução Democrática; apport do estado
social e por fim os Deveres relacionados ao cuidado com meio ambiente e a cultura. Desse
modo, podemos traçar o fundamento em duas razões: lógica e jurídico, sendo a primeira
ligada a soberania fundada na dignidade da pessoa humana, já a dimensão jurídica tem
como norte as previsões constitucionais, bem como não se proíbe a fundamentação no
plano legal. Já em relação a noção do assunto temos que os deveres fundamentais
determinam o lugar fundamental do indivíduo na comunidade organizada, sendo que suas
características das posições jurídicas são: a) passivas; b) autônomas; c) subjetivas; d)
individuais; e) universais e f) permanentes. A partir dessas características é possível
diferenciar os deveres fundamentais dos outros modelos de imposição. Desse modo, com
o estudo acima, podemos convencionar os princípios regentes dos deveres fundamentais:
1) universalidade; 2) igualdade; 3) Não discriminação; 5) Aplicabilidade a estrangeiros e
apátridas e 6) tutela judicial.
Já na segunda etapa, o autor coloca em destaque outro assunto marginalizado pela
doutrina, que são os custos dos direitos, em primeira análise, convém destacar que a
manutenção de um determinado nível de direitos fundamentais, sejam eles vinda de uma
corrente clássica ou moderna, necessita de uma atuação contundente do estado, a fim de
manter essa conservação o governo precisa destinar parte de seu orçamento para garantir
essas liberdades aos seus cidadãos. Estes custos lato sensu podem ser divididos em três:
a) custos ligado à existência do Estado (dever de defesa da pátria); b) custos ligado ao
financiamento democrático do Estado (dever de votar) e c) custos em sentido estrito
(dever de pagar impostos). Diante disso, é possível afirmar que para os usufrutos dos
direitos é necessário o financiamento de parte do Estado, por meio dos impostos pagos
por seus contribuintes.
A partir dessa necessidade de suporte financeiro, se desenvolve a figura do estado
fiscal, na qual possui como elemento estrutural, os impostos, neste tipo de governo
buscasse excluir tanto o estado patrimonial como também o estado fiscal. Sendo este
primeiro, os estados antes do iluminismo que detinham seu financiamento por meio de
suas propriedades e da atividade comercial, também os estados “socialistas”, na qual sua
base era do resultado da atividade econômica produtivo monopolizada na gestão estatal e
por fim temos os estados modernos que possuem como renda principal a extração de
petróleo e dependente de jogos. Entretanto, tais exemplos não são predominantes em
nossos dias, uma vez que poucos são os países que conseguem dispensar seus cidadãos
de pagar impostos, devidos aos estados modernos assumirem diversas responsabilidades
sociais para com o seu povo, somado com a ascensão do liberalismo, onde os estados
deixaram de possuidor de propriedades e de atuar na atividade comercial. Desse modo,
os estados tiveram que se utilizarem de impostos para o seu funcionamento, excluindo a
figura de um estado patrimonial.
Já a outra alternativa seria um estado tributário, na qual se superaria os de tributos
unilaterais (impostos) para um sistema de financiamento baseado nos tributos bilaterais
(taxas). Contudo tal concepção é impossibilitadas, pois muitos são os serviços que não
podem ser objeto de individualização, uma vez que possuem caráter de “bens públicos”,
como o serviço de polícia, defesa e etc..., as quais satisfazem interesses públicos. E
também, os serviços que podem ser individualizados, mas devido as disposições
constitucionais não são objeto de partilha.
Portanto, o autor conclui destacando que os deveres fundamentais e os custos lato
sensu são as responsabilidades comunitárias que o indivíduo assumi ao participar de
comunidade organizada. Sob tal lógica, nota-se que tais responsabilidades estão presentes
no estatuto constitucional do indivíduo. A partir disso, o texto apresenta uma nova forma
de estado baseado na solidariedade entre os integrantes.
Por fim, podemos concluir que todos os direitos fundamentais têm custos que são
suportados pelo orçamento público, de modo que se deve superar a falsa ideia que os
direitos clássicos de liberdade não geram despesas para o estado. Logo, para obtemos um
sistema harmônico dos direitos fundamentais dos indivíduos é necessária uma
consideração adequada dos deveres fundamentais e dos custos dos direitos.

Questionamento argumentativo

A partir da conclusão apresentada no artigo, na qual o autor afirmar que os direitos


fundamentais necessitam da responsabilidade comunitária para o cumprimento dos
deveres e os custos dos direitos. Sob tal lógica, No Brasil, os cidadãos conseguem arcar
com os requisitos para o usufrutos de todos os direitos fundamentais ofertado pelo direito
nacional?
A partir da conclusão apresentada no artigo, o autor propõe uma nova forma de
Estado baseado na solidariedade comunitária entres os próprios conviventes. Na atual
conjuntura social, marcado pelo capitalismo individualista, é cabível a implementação
desse modelo em nossa sociedade? Se sim, quais os meios para alcançar esse objetivo?

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