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Como

estruturar
juridicamente
a sua
Startup

1
ÍNDICE

INTRODUÇÃO

QUEM SOMOS?
TozziniFreire.............................................................................4
ACE............................................................................................5

SOCIETÁRIO
EIRELI.........................................................................................7
LTDA..........................................................................................8
S.A...........................................................................................10
RESUMO
Tipos societários....................................................................11

PROPRIEDADE INTELECTUAL
Marca.....................................................................................13
Software.................................................................................15

PRIVACIDADE E MARCO CIVIL


Proteção de dados...............................................................17
Responsabilidade de provedor de aplicação...................19

CONSUMIDOR
Garantia.................................................................................21
Oferta......................................................................................23
Direito de arrependimento..................................................24
Startup como intermediária...............................................25

TRABALHISTA
Sócio.........................................................................................28
Contratação de empregado celetista.................................29
Diretor estatutário................................................................31
Contratação de prestadores de serviços...........................33
RESUMO
Formas de contratação.......................................................35

TRIBUTÁRIO
SIMPLES..................................................................................38
Lucro real...............................................................................40
Lucro presumido...................................................................42
IPI/ICMS/ISS............................................................................43
Benefícios fiscais....................................................................44
RESUMO
Regimes de tributação.........................................................45

SISTENET

CONCLUSÃO
Societário...............................................................................48
Propriedade intelectual........................................................48
Trabalhista.............................................................................48
Consumidor...........................................................................48
Privacidade & Marco Civil...................................................48
Tributário...............................................................................48
Introdução
Entre o sonho de empreender e a competição acirrada do mercado de
inovação no Brasil, as questões legais de uma startup provavelmente estão
entre as suas últimas preocupações.
Você não vai ser julgado por isso. No fundo, sabemos que as cores do
logo, a estruturação do modelo de negócio, a busca pelo pitch perfeito e a
preparação de um serviço atencioso de atendimento ao cliente parecem ser
muito mais importantes para o seu sucesso do que o registro do Contrato
Social na Junta Comercial ou a emissão de um CNPJ.
Este e-book tem como objetivo ajudar você, empreendedor iniciante, a
compreender os aspectos mais importantes da estruturação jurídica de uma
startup de um jeito simples, rápido e descomplicado.
Ele está dividido em seis partes que podem ser lidas separadamente,
embora seja recomendado que você leia tudo para saber do essencial
(por enquanto) para a sua empresa: Societário, Propriedade Intelectual,
Privacidade e Marco Civil, Consumidor, Trabalhista/Previdenciário e
Tributário.
É claro que nenhum e-book substitui o auxílio personalizado de um
time de advogados. Nas próximas páginas, resumimos os pontos mais
importantes do universo jurídico das startups, mas lembre-se de que cada
empresa tem suas peculiaridades e merece tratamento personalizado.

ACE & TozziniFreire


Quem somos?
40 anos

8 unidades (Brasil e Estados Unidos)

Mais de 1000 profissionais: 460 advogados (80


sócios); 170 estagiários

Um dos maiores e mais respeitados escritórios


full-service da América Latina

Reconhecida experiência em todas as áreas do


Direito Empresarial e setores da economia

Modelo em governança corporativa e estrutura


profissionalizada

Líderes em inovação e apaixonados por


empreendedorismo

Comunique-se:
Rodrigo Vieira: rvieira@tozzinifreire.com.br
Quem somos?
Um ecossistema completo de empreendedorismo

Melhor Aceleradora de Startups da América


Latina

Mais de 100 startups aceleradas

7 exits e mais de 60% do portfolio com


investimento adicional

Operação em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba


e Goiânia

ACE University: Central de Conteúdo e Educação


Empreendedora

ACE Start: Aceleração de Validação

ACE Growth: Aceleração de Crescimento

ACE Angels: Grupo de Investidores

ACE Corp: Ajudando grandes empresas a inovarem


G
M
P
...qual o tipo de empresa?

SOCIETÁRIO
A primeira coisa que você precisa decidir ao abrir uma startup é a
sua estrutura societária. Está claro que ela será uma empresa, mas
qual tipo de empresa? Separamos aqui as opções mais conhecidas – e
aconselháveis – para você refletir a respeito.
EIRELI
Empresa Individual de
Responsabilidade
Limitada

A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, EIRELI para


os íntimos, funciona como uma sociedade limitada com um único
sócio.
Ela foi criada porque, na prática, muitas Limitadas eram constituídas
com dois sócios, mas um deles era “de fachada”, para que o outro
trabalhasse sozinho e em paz. Quantos empreendedores você
conhece que abriram uma startup com a mãe, por exemplo, só para
cumprir o requisito formal de duas pessoas?
A EIRELI apresenta uma série de vantagens, como a proteção do
patrimônio do empresário (pelo menos a princípio) e a redução da
carga de tributos.
O capital social mínimo da EIRELI, ou seja, o dinheiro que você
deposita em uma conta para que ela seja aberta, deve ser pelo menos
cem vezes o valor do salário mínimo vigente. Atualmente, esta conta
dá $93.700,00. Por isso muitas startups não costumam começar como
EIRELIs. É incomum achar um empreendedor com tanto dinheiro para
o aporte inicial.
Uma EIRELI pode nascer de dois jeitos: ou constituída pelo registro
no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (pode ser também na Junta
Comercial do Estado); ou quando uma sociedade limitada fica com
um sócio só e é convertida em EIRELI.
A EIRELI é A principal vantagem deste tipo societário, além do sócio
descomplicada demais individual, é que o empresário responderá apenas pelo capital
social da empresa, não envolvendo seu patrimônio pessoal em
(não aguenta nem eventuais dívidas decorrentes da atividade. Ou seja, ela impede que
um investimentozinho os patrimônios se misturem.
discreto)! Você evita isso quando, por exemplo, não paga contas pessoais
com o cartão da empresa e vice-versa. Do contrário, um juiz pode
declarar a desconsideração da personalidade jurídica e acabar com a
separação.
Todos esses aspectos precisam ser considerados antes de optar
por uma EIRELI. Ela pode ser uma boa alternativa, mas é importante
ter em mente que ela é tão descomplicada que não apresenta a
estrutura mínima para receber um investimento. Isso quer dizer que
assim que as coisas começarem a dar certo, você precisará mudar a
sua EIRELI para, no mínimo, uma Limitada.

7
LIMITADA
Sociedade Limitada

A maioria das empresas está estruturada como sociedade limitada


por causa da sua praticidade.
A principal característica de uma Limitada é que os sócios só são
responsáveis na proporção das suas quotas, desde que o capital
esteja todo integralizado. Na prática, isso significa que se você for
dono de metade dela e esta metade corresponder a 15 mil reais,
você só será responsável por dívidas e eventuais complicações até
este valor. Assim, em tese, a empresa responderá sozinha pelas
obrigações que assumir.
Lembra que o capital social da EIRELI precisava ser de pelo menos
100 salários mínimos? Este limite não existe na sociedade limitada. A
outra grande diferença entre os dois modelos é que são necessários
pelo menos dois sócios para que a Limitada seja criada.
Para que a Limitada seja constituída, é necessário elaborar um
Contrato Social onde devem constar uma série de informações,
como: (i) o nome da sociedade, com uma breve indicação de sua
atividade principal (ex. “XPTO Serviços de Internet Ltda.”); (ii) uma
descrição precisa do seu objeto social (o que ela faz); (iii) o endereço
de sua sede; (iv) o valor total do capital social e o respectivo número
de quotas; e a (v) participação de cada sócio no capital (ou seja,
quantas quotas cada um tem).
Além disso, o Contrato Social é um documento flexível e deve
É muito importante conter todas as informações importantes sobre como será a
combinar o jogo com organização administrativa da empresa. Isso significa que pode
o seu sócio! ser interessante apontar os critérios para a transferência de quotas,
quais assuntos necessitam de avaliação dos sócios, em que hipóteses
um sócio minoritário pode ser excluído, como se dará a divisão dos
lucros...
É muito importante que você arquive o Contrato Social na Junta
Comercial do seu estado, porque isto é essencial para que a empresa
seja constituída de verdade e exista para todo mundo (e não só na
sua cabeça). É o registro que constitui a Limitada.
Depois, você precisa registrar a sociedade pelo menos na Receita
Federal para conseguir um CNPJ; na Secretaria da Fazenda do
Estado, para obter a Inscrição Estadual (se o seu negócio envolver
algum tipo de comércio, e não somente serviços); e na Prefeitura
Municipal. Para que a empresa possa contratar empregados,
também será necessário registrá-la perante o FGTS e em um
sindicato patronal.
A Limitada dispensa várias formalidades legais que uma
S.A exige, como a publicação de informações financeiras e atos
societários. Claro que a Limitada também requer o registro de
alguns documentos (como a Reunião Anual de Sócios e as alterações
do Contrato Social) na Junta Comercial, mas é muito mais simples do
que seria em uma Sociedade por Ações.
Ela ainda tem a vantagem de assegurar que o patrimônio do
sócio não será utilizado para pagar dívidas da empresa, no limite

8
LIMITADA
Sociedade Limitada

de suas quotas. A regra é essa, mas o risco da “desconsideração da


personalidade jurídica” ainda existe. Juízes podem decidir que os
sócios devem pagar, sim, com base em dois requisitos: (i) abuso da
personalidade jurídica, que ocorre quando há o desvio de finalidade
da empresa; e (ii) confusão patrimonial, ou seja, se você bagunçar as
contas e começar a pagar boletos da empresa com o seu dinheiro,
usar ferramentas da startup para assuntos pessoais ou ocultar bens
da empresa no nome de conhecidos.
Além disso, também é importante assegurar que não aconteçam
abusos de direito, excesso de poder, infração da lei, atos ilícitos e
violação de contratos. Estas medidas provocam a desconsideração
a partir do Direito do Consumidor.
A sociedade limitada costuma ser uma ótima opção para
empreendedores porque é uma estrutura que consegue acolher
investimentos iniciais (de aceleradoras e anjos, por exemplo), é
constituída através de um procedimento simples e não traz grandes
complicações.

O dinheiro da
empresa é o dinheiro
da empresa, não seu.
Os problemas
também.

9
S.A.
Sociedade Anônima

Por fim, também é importante falar das S.A. É engraçado, né? Es-
tas duas letrinhas no final do nome da empresa são suficientes para
passar a impressão de que ela está em outro patamar de sucesso e
glamour.
Esta ideia não está correta, mas também não chega a ser totalmente
errada. A escolha pela S.A indica que a empresa está em um estágio
avançado de desenvolvimento e visa a facilitação de investimentos
externos e a troca de acionistas. Ela não é necessariamente maior do
que a Limitada, mas já tem outras prioridades.
O capital da S.A está dividido em ações que podem ser negociadas
com qualquer pessoa. Um dos princípios da Limitada é que os sócios
são próximos, confiam um no outro e trabalham juntos em prol do
crescimento da sociedade. Não é necessariamente assim na S.A.
Esta estrutura societária é complexa e costuma ser utilizada quan-
do as startups possuem um grande número de sócios investidores e
buscam ferramentas flexíveis de controle financeiro e gestão.
Tal complexidade está vinculada a várias obrigações legais que
precisam ser cumpridas. Dentre elas, dá para apontar a necessidade
da Assembleia Geral, composta por todos os acionistas, se reunir an-
ualmente; a existência de uma diretoria; a emissão de várias demon-
strações financeiras, dentre outros.
S.A. não significa A S.A. atrai investidores porque a responsabilidade do acionista
está limitada ao preço de emissão das ações que ele comprou, e
“Sucesso Automático”. ao fato de que essas ações podem ser diversificadas para conceder
poderes diferentes para investidores distintos. Uma ação pode dar di-
reito a voto, enquanto outras recebem dividendos, por exemplo.
Por fim, existem dois tipos de S.A.: a fechada e a aberta. Tudo que
falamos até agora diz respeito à S.A fechada, mas o grande diferencial
da aberta é que as ações são negociadas publicamente na Bolsa de
Valores e qualquer pessoa pode comprá-las, contanto que a Comissão
de Valores Mobiliários (a famosa CVM) autorize a transação antes.
Enfim, quando tudo estiver dando certo, provavelmente seus in-
vestidores pedirão a conversão da sua empresa em uma S.A e este
será um indicativo do seu sucesso. O importante é entender que a
sua startup chegou a um ponto onde a estrutura da Limitada deixou
de ser suficiente e, por isso, a S.A. é necessária. Abrir uma startup já
como S.A. não é indicado, porque os custos são altos, a burocracia
também, e você não precisa disso por enquanto.
É como comprar seu primeiro apartamento. Se você quer morar
sozinho e tem pouco dinheiro, faz muito mais sentido escolher uma
casa pequena e depois se mudar, do que lidar desde sempre com o
financiamento astronômico de um apartamento de quatro quartos
no bairro mais chique da cidade. Isso não significa que você nunca
vai morar no apartamento dos seus sonhos, só que a hora ainda não
chegou.

10
RESUMO
Tipos societários

TIPO NÚMERO MÍNIMO CAPITAL RESPONSABILIDADE “ORGANIZAÇÃO”


SOCIETÁRIO DE SÓCIOS MÍNIMO

EIRELI Um Cem salários Responsabilidade limitada. Registrar a constituição na Junta


mínimos vigentes A responsabilidade é limitada ao Comercial ou no Registro Civil de
(atualmente: valor total do capital integralizado, Pessoas Jurídicas.
R$88.000,00) mas é ilimitada se não houver
integralização (pagamento) do
capital até o valor mínimo.

Sociedade Dois Não há Responsabilidade limitada. Registrar a constituição na Junta


Limitada Em relação a credores, os sócios Comercial.
(Ltda.) respondem até o valor total do Todo ano, a limitada precisa protocolar
capital social subscrito, ainda que na Junta Comercial a Ata de Reunião
não integralizado (pago). A partir Anual de Sócios, onde as contas do ano
do momento em que o capital anterior são aprovadas, é aprovado o
social estiver pago, os sócios exercício do administrador, etc.
não tem nenhuma obrigação em
relação as dívidas da sociedade. Se
a sociedade não conseguir pagar,
cada um responde até o limite de
suas quotas.

Sociedade Dois (mas em geral Não há Responsabilidade limitada. A S.A. Fechada não precisa de
Anônima são vários) Acionistas se responsabilizam pela autorização prévia da Comissão de
(S.A.) integralização do preço de emissão Valores Mobiliários para funcionar,
das ações adquiridas por cada basta Assembleia Geral de Constituição
um, mas não há solidariedade e a lavratura de escritura pública.
pela soma do capital social não- Depois, deve ser realizada publicação
integralizado. da Ata da Assembleia e do Estatuto
Social no Diário Oficial e em um jornal
de grande circulação. Sendo uma
S.A Aberta, é necessária autorização
prévia da CVM.
Uma S.A. precisa elaborar diversos
demonstrativos contábeis (com
auditoria externa), publicando estes
documentos no Diário Oficial e em um
jornal de grande circulação; além de
possuir vários órgãos e uma estrutura
mais complexa.

11
PROPRIEDADE
INTELECTUAL
O universo de preocupações jurídicas da sua startup não termina
quando você escolhe o tipo societário, infelizmente.
O campo da Propriedade Intelectual e Privacidade também tem
uma influência enorme no seu sucesso – e na sua segurança.
MARCA
Proteja a sua.

Para que o nome ou logo da sua empresa sejam só seus, você


precisa registrá-los como marcas no INPI (Instituto Nacional de
Propriedade Industrial). Caso contrário, outras pessoas podem
acabar fazendo uso deles também, o que provocaria problemas
evitáveis.
Uma marca registrada assegura ao titular o direito de uso
exclusivo no Brasil, dentro de seu campo de atividade econômica,
por dez anos a partir da concessão (em geral o INPI demora uns
três para aprovar o pedido).
Ela é classificada a partir de sua apresentação e natureza.

nominativa

figurativa de produto
APRESENTAÇÃO NATUREZA
mista de serviço

tridimensional

Fig. 1: Classificação

Uma marca nominativa é formada apenas pela combinação de


palavras, letras e números. É o caso, por exemplo, do nome da
sua startup. Não estamos falando do nome escrito em uma fonte-
sofisticada-e-colorida como ela é apresentada para os clientes,
mas da palavra mesmo. Um exemplo disso é a marca nominativa
“McDonald’s”.
A marca figurativa (fig. 2), por outro lado, consiste no símbolo. É
o desenho, a imagem, ou qualquer forma fantasiosa de representar
a sua empresa sem escrever o nome dela.
Enquanto isso, a marca mista (fig. 3) consiste na combinação
da palavra com a imagem, seja através do nome da empresa com
fonte-sofisticada-e-colorida, seja por meio da junção de logo e
nome.
Por fim, a marca tridimensional é registrada quando uma
Ter uma marca quer forma plástica é capaz de individualizar determinado produto
ou serviço, sem relação com a sua utilidade. Confuso? É só pensar
dizer que neste nicho na embalagem amarela daquele chocolate suíço em formato de
do mercado brasileiro, triângulo; ou naquela garrafinha minúscula de leite fermentado
o sinal é só seu e de com lactobacilos vivos e fortes.
Como a sua startup muito provavelmente vende um software
mais ninguém. ou serviço, é improvável que seja necessário o registro da marca
tridimensional.

13
MARCA
Proteja a sua.

A sua marca pode fazer menção a um produto ou a um serviço,


mas não basta especificar isso. No INPI, todas as marcas estão
divididas em classes que especificam exatamente qual é a
modalidade do que você oferece. São quarenta e duas classes
ao todo, divididas em inúmeras categorias como: preparações
farmacêuticas e veterinárias; instrumentos musicais; bebidas
alcoólicas; prestação de serviço de propaganda; construção civil,
educação...
Depois que você tiver decidido exatamente que marca
registrará, é importante fazer uma busca no INPI para conferir se
ninguém já a registrou primeiro. Então, você faz o pagamento da
taxa (com desconto, porque você provavelmente é uma empresa
de pequeno porte), solicita o registro e torce! É possível que o
INPI faça algumas exigências e que você encontre obstáculos
no caminho (como alguém falando “Ei, sua marca de bolsas “Luiz
Vitão” é muito parecida com a minha Louis Vuitton, não quero que
você registre” e você precise convencer o INPI que elas são super
diferentes).

Conforme já dissemos, é importante registrar a marca porque,


assim, você garante que ninguém mais poderá usar o nome no
mesmo setor que você – e isso é muito valioso, considerando
que você está empreendendo em um ambiente competitivo e
meio hostil.

Fig. 2: Marca figurativa

Fig. 3: Marca mista

14
SOFTWARE
O registro é opcional.

Se a sua startup desenvolveu um software, ele não precisa ser


registrado para que seu uso seja permitido e os direitos de autoria
estejam protegidos. O registro de software, conforme a Lei de Direitos
Autorais, é meramente opcional e deve ser realizado se isso te der
segurança.
A questão do software é delicada porque a proteção recai exatamente
sobre a redação do código-fonte, então se alguém criar um software
igual, mudando apenas uma informação, ele também estará sujeito à
proteção.
Se tiver interesse no registro do software, você deverá reunir uma
série de documentos formais e técnicos (como o código-fonte em si),
pagar as taxas e levar o pedido a unidade do INPI na sua cidade.

<head><title>
Seu software está
protegido mesmo
sem registro
</title></head>

15
PRIVACIDADE E
MARCO CIVIL
Você já ouviu falar no Marco Civil da Internet? É uma lei recente que
apresenta as regras gerais para a Internet no Brasil. Como o país
passou muito tempo sem nenhuma lei sobre o assunto, o Marco Civil
é praticamente um Manual de Boas Maneiras Virtuais. E precisa ser
seguido, ainda que seja meio abrangente e precise de outras leis, no
futuro, explicando melhor o que ele quer dizer.
Separamos aqui dois pontos que merecem especial atenção em
relação à sua startup.
PROTEÇÃO DE
DADOS

A gente não te conhece. Não sabemos ao certo qual é seu modelo de


negócio ou o que exatamente a sua startup faz, mas se precisássemos
chutar, diríamos que os dados fornecidos pelos usuários são a coisa
mais importante que você tem.
Sua empresa funciona mais ou menos assim: o usuário te dá
algum tipo de informação, você processa a informação e a devolve
melhor, mais útil e, de alguma forma, combinada com dados que o
usuário a princípio não tinha.
Por exemplo: usuário (vamos chamá-lo de Hector) quer sair de
onde está e ir para outro lugar. Hector abre o aplicativo e informa
isso. O motorista particular (Gaspar) está nas redondezas em busca de
um indivíduo com sede de locomoção. O aplicativo informa Gaspar da
existência de Hector; Hector da existência de Gaspar, e os dois ficam
felizes e realizados.
Se o aplicativo em questão não soubesse da localização dos
dois ou do fato de que eles têm interesses em comum, ele seria
completamente inútil.
Se estes dados são importantes para a empresa, imagine para as
pessoas envolvidas! Dados precisam ser protegidos. Hoje, você olha
essa massa de informações impessoais e não sente nada, mas se você
fosse a informação impessoal em questão, certamente se preocuparia
Os dados fornecidos em garantir, por exemplo, que tais dados não caíssem em mãos
pelos usuários erradas.
Atualmente, dado pessoal é aquele “relacionado à pessoa natural
são a coisa mais identificada ou identificável, inclusive números identificativos, dados
importante locacionais ou identificadores eletrônicos, quando estes estiverem
que você tem. relacionados a uma pessoa”.
A primeira coisa que você precisa saber é que, apesar de ainda não
haver uma Lei de Proteção de Dados Pessoais (já existem vários projetos
em andamento!), o consentimento é essencial na hora de coletar dados.
É importante que você deixe muito claro para os usuários quais
dados serão coletados e para quê eles serão utilizados. Por isso,
sua Política de Privacidade precisa ser transparente, simples de
compreender, objetiva e completa.
A regra é que o consentimento precisa ser expresso (ou seja, a
pessoa precisa realmente concordar, você não pode assumir que ela
concordou e pronto), claro e específico. O melhor jeito de fazer isso é
colocar uma caixinha “opt-in” onde a pessoa precisa clicar para dizer
que concorda com o que está escrito.
Agora... se você quiser ir para o Céu das Startups e ganhar o prêmio
Empreendedor Mais Legal do Universo, tenha certeza de que a
pessoa realmente concorda. A gente sabe que nem você “leu e aceitou
os termos de uso e a política de privacidade”, então que tal pensar em
formas alternativas de informar as pessoas? Uma versão resumida
do que acontecerá com os dados dos seus clientes e as regras gerais
da startup pode ser uma boa ideia. Só advogados paranoicos (e
estagiários exemplares) lerão a versão completa.

17
PROTEÇÃO DE
DADOS

Falando sério, a sua maior proteção são os termos de uso e a


política de privacidade. Garanta que os documentos estão claros
e completos, que não existe nada abusivo, que você realmente
abordou todos os aspectos importantes sobre a relação entre a
startup e os usuários. Não vale a pena copiar um modelo pronto da
Internet. Peça ajuda a um time de advogados porque estes termos são
mais importantes do que você imagina.
Na Política de Privacidade você precisa informar até se o seu
servidor estiver em outro país, porque mandar os dados dos usuários
para fora do Brasil, mesmo que só para armazenamento, constitui
“transferência internacional de dados” e precisa ser autorizada.
De acordo com a Lei, você precisa manter os registros de acesso
dos usuários (ou seja, o conjunto de informações referentes à data e
hora de uso de uma determinada aplicação de internet a partir de um
determinado endereço IP) por seis meses para o caso de algum juiz
solicitar.
O combo “Coleta + Tratamento de Dados” é a base da economia
da informação. Os dados precisam ser protegidos e bem cuidados.
Tenha isso em mente, porque seus usuários contam com isso – e a Lei
também.

18
RESPONSABILIDADE
DE PROVEDOR DE
APLICAÇÃO

Se o seu aplicativo ou site disponibilizar um espaço para resenhas


e comentários dos usuários, é importante que você saiba como lidar
com isso.
Imagine que alguém poste uma mensagem super ofensiva a respeito
da ex-namorada no mural do seu aplicativo. Teoricamente não faz o
menor sentido que um juiz faça você indenizar a moça ofendida por
causa de uma coisa que não tem nada a ver com você, certo? Mais ou
menos.
A regra no Brasil é que os provedores de aplicação (um jeito
sofisticado de falar “sua startup”) não precisam indenizar àqueles que
se sentirem ofendidos pelo conteúdo publicado por outra pessoa na
sua plataforma. Para que você seja obrigado a indenizar, é necessário
que um juiz envie uma ordem judicial falando “remova isto daqui,
exatamente nestes lugares” com uma identificação realmente clara
do que precisa sair, e você optar por ignorá-la.
A única exceção disso são conteúdos que violem a intimidade
de alguém, sem a autorização prévia desta pessoa. Lembra da
mensagem ofensiva sobre a ex-namorada? Se a mensagem for um
vídeo íntimo ou algo assim, no instante em que ela pedir a remoção,
você precisa remover.
Nos dois casos, depois que o conteúdo tiver sido indisponibilizado,
a lei solicita que você avise o autor da postagem sobre o ocorrido,
se for possível identificá-lo. É importante que você informe a pessoa
direitinho do que aconteceu, com dados que permitam que ele se
defenda em juízo.
Tem mais uma coisa importante.
Existe uma diferença entre permitir que pessoas postem
comentários sem moderação prévia e com moderação prévia.
Se o comentário for moderado, ou seja, entre a pessoa publicar e
o texto aparecer na sua plataforma, você tiver lido e aprovado o que
está escrito, os juízes entendem que você “apoiou” o que está escrito
e, por isso, responderá junto caso alguém se ofenda, sim!
Por outro lado, se você não consegue controlar o que é publicado
e não coloca filtros para o conteúdo, tudo que eu disse lá em cima se
aplica e você só será responsabilizado se ignorar uma ordem judicial
que solicite a remoção do conteúdo.

19
CONSUMIDOR
Se a sua empresa vende um produto ou presta qualquer tipo
de serviço para o consumidor, você precisa observar a legislação
específica sobre os direitos do consumidor.
Se você tem alguma dúvida se a sua empresa precisa observar o
Código de Defesa do Consumidor, nós podemos te ajudar.
Para o Código de Defesa do Consumidor, consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final, ou seja, para utilizar o produto ou serviço
em proveito próprio, satisfazendo uma necessidade pessoal e não o
utilizando em atividade comercial, produtiva ou profissional.
Já o fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira e os entes despersonalizados,
que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição
ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Essa lei específica estabelece diversas regras que as empresas
devem observar. Separamos algumas delas para um overview.
RESPONSABILIDADE
DO FORNECEDOR
Garantia

Os consumidores que adquirem produtos ou contratam serviços estão


protegidos por uma garantia legal, obrigatória, independentemente da
sua empresa estabelecer uma garantia contratual com os seus clientes.
O que isso quer dizer? A garantia que você dá aos seus clientes,
conhecida como garantia contratual, é complementar à garantia legal,
constituindo-se um plus em favor do consumidor.
A garantia legal que é imposta pela lei implica na obrigação do
fornecedor (i) de colocar no mercado produtos/serviços sem vícios
de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ao uso e
consumo a que se destinam; e de (ii) responsabilizar-se pela reparação
dos danos ao patrimônio ou à saúde do consumidor resultantes do
desempenho do produto ou serviço.
Essa garantia legal tem dois prazos importantes.
Se a sua empresa fornecer ao consumidor produto/serviço
durável (no caso de produtos, por exemplo, jogos, brinquedos, fogão,
geladeira, máquina de lavar etc., e, no caso de serviços, por exemplo,
pintura, construção de móveis, casas, etc.) e se esse produto/serviço
apresentar vícios aparentes, isto é, aqueles vícios de fácil constatação
à época da venda, o consumidor poderá reclamar desses vícios no
prazo de 90 dias, contados a partir da entrega efetiva do produto.
Se esse vício em produtos/serviços duráveis não puder ser verificado
no momento da aquisição do produto, o consumidor terá o prazo de
90 dias contados a partir da data em que ficar evidenciado o vício, para
formular sua reclamação perante o fornecedor.
Já nos casos de produto/serviço não durável (no caso de produtos,
por exemplo, alimentos em geral, sabonetes, xampus etc., e, no caso de
Se você vende um serviços, por exemplo, manicure, depilação, lavagem de veículos, etc.),
se esse produto/serviço apresentar vícios aparentes, o consumidor
produto ou presta poderá reclamar desses vícios no prazo de 30 dias, contados a partir
um serviço ao da entrega efetiva do produto.
consumidor, não Se o vício do produto/serviço não durável for aquele vício oculto
que mencionamos acima, o prazo também será de 30 dias, só que
dá para escapar da contados a partir da data em que ficar evidenciado o vício.
garantia legal. É importante ficar claro que todas as empresas que participaram
da cadeia de fornecimento do produto/serviço são responsáveis
solidariamente pelos vícios, cabendo ao consumidor optar por
formular sua reclamação perante um ou todos esses fornecedores da
cadeia.
A sua empresa tem o direito de reparar o vício do produto/
serviço no prazo de 30 dias, mas você pode reduzir esse prazo
para 7 dias ou estendê-lo para 180 dias. Para isso é necessária a
autorização expressa através de acordo prévio entre você e o seu
cliente. Nesses casos, recomendamos um documento em separado
com essa previsão que conste a aceitação expressa do consumidor,
para tentar mitigar os riscos de uma discussão judicial nesse sentido.
Você pode não acreditar, mas já nos deparamos com algumas
discussões assim.

21
RESPONSABILIDADE
DO FORNECEDOR
Garantia

SE A SUA EMPRESA NÃO REPARAR O VÍCIO NO PRAZO DE 30


DIAS, O CONSUMIDOR PODE OPTAR PELA:

• substituição do produto/serviço por outro da mesma escolha,


em perfeitas condições de uso;
• restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,
sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
• abatimento proporcional do preço.

Se for constatada a existência de danos resultantes do desempenho


do produto/serviço, o consumidor terá o prazo de 5 anos para iniciar
o processo judicial e pedir a reparação por esses danos. Esse prazo
começa a contar a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
O consumidor tem o direito de iniciar essa ação de indenização onde
ele mora.

EXISTEM ALGUMAS HIPÓTESES EM QUE A SUA EMPRESA


NÃO SERÁ RESPONSABILIZADA, MAS PARA ISSO ELA PRECISA
PROVAR O SEGUINTE:

• que não colocou o produto/serviço no mercado;


• que, embora tenha colocado o produto no mercado ou tenha
prestado o serviço, o defeito não existe; e
• que a culpa pelo defeito é exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Essas regras de garantia legal que explicamos brevemente aplicam-


se a todas as relações de consumo, independentemente de qualquer
acordo de excludente de responsabilidade previamente pactuado entre os
agentes da cadeia de fornecedores. Isso quer dizer que nenhuma cláusula
contratual estabelecida entre os fornecedores tem força para afastar a
sua responsabilidade perante o mercado de consumo.
A garantia contratual pode ser concedida aos seus clientes através
do “Termo de Garantia” que precisa preencher alguns requisitos: (i)
esclarecer de maneira adequada em que consiste a garantia, bem como
a (ii) forma, o (iii) prazo; o (iv) lugar em que pode ser exercitada; e o (v)
ônus a cargo do consumidor.

22
INFORMAÇÃO
Oferta

Se a sua empresa vende um produto ou presta qualquer tipo de


serviço para um consumidor, é muito importante ter em mente que
todas as informações precisam ser dadas aos seus clientes de forma
clara, objetiva e transparente. Não devemos e não podemos esconder
nenhuma informação. Esse é um direito básico do consumidor
garantido pelo Código de Defesa do Consumidor.
Precisamos prestar informações claras, corretas, precisas,
ostensivas e em português sobre as características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados relevantes, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores. A depender do
caso, essas informações são prestadas nas etiquetas, nas caixas ou
nos manuais de instruções que acompanhem o produto.
Além disso, toda a informação suficientemente precisa prestada
ao consumidor vincula e obriga o fornecedor, integrando eventual
contrato que vier a ser celebrado.
Pouca gente sabe mas já existe um decreto em vigor com regras
específicas sobre comércio eletrônico, abrangendo três aspectos
principais, (i) o direito à informação clara ao consumidor; (ii) o
atendimento facilitado no momento da contratação e; o (iii) respeito
ao direito de arrependimento.

TODOS OS SITES DE COMÉRCIO ELETRÔNICO OU DEMAIS


MEIOS ELETRÔNICOS DEVEM INDICAR AO CONSUMIDOR,
O importante mesmo EM LOCAL DE DESTAQUE E DE FÁCIL VISUALIZAÇÃO, AS
SEGUINTES INFORMAÇÕES:
é jogar limpo com o
seu cliente. Acredite, • nome empresarial do fornecedor, CPF e CNPJ, quando houver.
irá poupar a sua Endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para
sua localização e contato;
empresa de muita • características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os
dor de cabeça. riscos à saúde e à segurança dos consumidores;
• condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento,
disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço ou da entrega
ou disponibilização do produto; e
• informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições
à fruição da oferta;

Você também precisa discriminar, no preço, as despesas


adicionais ou acessórias, tais como as de entrega ou seguros, em
local de destaque e de fácil visualização.
Você precisa, ainda, disponibilizar meio adequado e eficaz para que o
seu cliente possa entrar em contato com você para informações, dúvidas,
reclamação, suspensão ou cancelamento do contrato. Não se esqueça
que a resposta precisa ser encaminhada em até cinco dias ao seu cliente.

23
DIREITO DE
ARREPENDIMENTO

Você também precisa saber que seu cliente poderá se arrepender


da aquisição de um produto ou serviço. Para nós advogados é o
famoso “direito de arrependimento”. O que isso quer dizer? Significa
que o cliente pode refletir sobre a aquisição do produto/serviço e
decidir devolvê-lo. Se ele se arrepender, você deverá reembolsá-lo
do valor.
Mas saiba que você só precisa aceitar o arrependimento do seu
cliente se ele formalizar esse arrependimento no prazo de 7 dias.
Não se esqueça que esse prazo é contado de forma ininterrupta a
partir do recebimento do produto ou da contratação do serviço.
Esse prazo apenas será prorrogado para o 1º dia útil subsequente, se
não houver expediente do fornecedor.
Você precisa indicar de forma clara no seu site e/ou aplicativo de
que forma o seu cliente poderá exercer o direito de arrependimento,
informando imediatamente o recebimento da solicitação do cliente.
Se o produto/serviço já tiver sido pago, você precisa informar
imediatamente à instituição financeira ou à administradora do
cartão de crédito ou similar para cancelar a operação ou iniciar o
procedimento de estorno.

Não fique triste


se seu cliente se
arrependeu. Um bom
atendimento nessas SUA EMPRESA SEU CLIENTE
horas, certamente
lhe renderá ótimos
frutos no futuro!

24
STARTUP COMO
INTERMEDIÁRIA

Como mostramos nos tópicos acima, se você tem uma relação


direta com os seus clientes de venda de produtos e/ou de prestação
de serviço, fica mais fácil de ter a certeza que você precisa observar a
legislação específica do consumidor.
Mas existem situações que não são tão claras assim, principalmente,
nas relações do mundo virtual. É o caso, por exemplo, das empresas
que são apenas intermediárias de produtos/serviços. Pode parecer
estranho, mas se você é uma empresa assim, você também precisa
observar as regras relacionadas ao Direito do Consumidor.
E isso acontece porque depois que o usuário realiza um cadastro
no seu site ou faz o download e cadastro do seu aplicativo, você passa
a ter uma relação direta com esse usuário através do acesso aos
seus dados pessoais, armazenamento de conteúdo desse usuário,
enquanto que o usuário passa a ter acesso às informações que estão
no seu site/aplicativo.
Em regra, essas empresas intermediárias de produtos/serviços não
teriam qualquer responsabilidade perante os seus usuários mas,
infelizmente, nem todos os Juízes entendem dessa forma. Já vimos
alguns casos em que essas empresas foram responsabilizadas por
danos praticados por terceiros aos seus usuários.
Não garantimos excluir totalmente esse risco, mas recomendamos
muito que você deixe bem claro ao consumidor até aonde vai a
sua responsabilidade e por isso o contrato com o consumidor é um
documento tão importante.
Esse contrato é mais conhecido no mundo virtual como Termos
e Condições de Uso, sabe?! Isso mesmo, aquele documento que
todo mundo precisa aceitar e concordar quando vai usar algum site
na internet.
A verdade é que ninguém costuma dar muita importância para
esse documento enorme e cheio de detalhes e, no final das contas,
ninguém acaba lendo. Mas ele é muito importante porque lá vão
estar todos os direitos, deveres e responsabilidades tanto do cliente
como da empresa que está vendendo produto e/ou prestando
determinado tipo de serviço. E, já que esse documento é obrigatório,
devemos utilizá-lo para tentar diminuir ao máximo os riscos para a
sua empresa, por isso ele é tão importante.
Nesse documento devemos prever todos os pontos acima
levantados de forma clara, objetiva e transparente. Não devemos e
não podemos esconder nenhuma informação do cliente.
Um dos pontos mais importantes desse documento é a questão
da obrigação de cada parte nessa relação. É nosso papel deixar bem
claro quais são as suas obrigações/responsabilidades pelos dados e
conteúdos dos usuários que porventura sejam armazenados e quais
são as obrigações/responsabilidades dos seus clientes.

25
STARTUP COMO
INTERMEDIÁRIA

A sua empresa pode alterar esse contrato quando precisar, só


precisa avisar as alterações aos seus clientes e você pode escolher
como vai fazer isso, através de email ou notificação no próprio site,
isso você escolhe.
Outro ponto legal a ser abordado é a questão das práticas vedadas.
Você pode informar desde já ao seu cliente o que ele não pode fazer,
afinal, a sua empresa não pode ser utilizada para fins ilegais ou não
autorizados pela legislação brasileira.
Esse contrato poderá conter também todas as informações
necessárias relacionadas a eventual valor e forma de pagamento se
o produto/serviço que você presta tiver qualquer tipo de custo para o
seu cliente.
Ou seja, todos esses pontos e outros específicos e que estejam
relacionados ao tipo de serviço que você presta ou produto que você
vende no mundo virtual, fazem toda a diferença porque se esse
cliente se chatear com você e resolver processar a sua empresa fica
mais fácil te defender no futuro.

SUA EMPRESA

PRODUTO CLIENTE
OU
SERVIÇO

26
TRABALHISTA
Depois de analisar os aspectos envolvidos na criação do seu negócio,
você deve se perguntar como contratar as pessoas que trabalharão
com e para você, além de avaliar quais os riscos que você corre ao
contratar estas pessoas.
Esta é uma pergunta cuja resposta depende do que você procura
quando vai contratar uma pessoa ou um serviço.
Você busca alguém para dividir com você os riscos do novo negócio,
que compartilha do seu espírito empreendedor e, como resultado, fará
parte do time que gerenciará a empresa?
Você busca ter alguém que simplesmente te auxilie no
gerenciamento da empresa?
Você procura alguém que executará suas ordens e desempenhará
atividades diárias na empresa sem necessariamente gerir o negócio?
Ou a atividade a ser desempenhada é tão específica e tão esporádica
que pode ser prestada por uma empresa especializada?
A forma de contratação depende das respostas às perguntas acima.
Em linhas gerais, existem quatro formas de contratação comumente
utilizadas por start-ups, independente do modelo societário e tributário
adotados:

COMO SÓCIO, você buscará no mercado algum parceiro para dividir


com você o risco do negócio, mas que não necessariamente terá a mesma
participação societária na empresa que você tem atualmente;

COMO EMPREGADO CELETISTA, ou seja, empregado cujo contrato


será regido pela legislação trabalhista (CLT);

COMO DIRETOR NÃO EMPREGADO, que não será empregado e cuja


relação será regida pela legislação civil e societária; ou

POR MEIO DE PESSOA JURÍDICA, hipótese em que os serviços a serem


prestados pela empresa contratada serão específicos, que justificam a
contratação de uma empresa especializada.

Vamos analisar, a seguir, os aspectos mais relevantes relacionados


com estas formas de contratação.
SÓCIO
Seu parceiro nos negócios!

O sócio será a pessoa que adquirirá ou subscreverá quotas da


empresa, ainda que proporcionalmente menores do que a sua, e
receberá dividendos em razão destas quotas.
Se este sócio for trabalhar no gerenciamento da sociedade, ele
também fará jus a um pró-labore mensal, cujo valor será estabelecido
em contrato/estatuto social ou em contrato individual, que poderá
ainda prever outros benefícios (licença remunerada de 30 dias, 13ª
remuneração anual, etc.).
É possível estabelecer outras condições adicionais, tais como (i)
stock option; (ii) acordos de não competição ou não concorrência;
(iii) acordos de retenção, dentre outros.
Recomendamos, para este fim, que todos os direitos e obrigações
do sócio sejam estabelecidas em contrato individual, ainda que o
contrato/estatuto social definam as regras gerais de atuação deste
profissional.
Caso o sócio preste serviços mediante recebimento de pró-labore,
estará sujeito à retenção de 11% de contribuições previdenciárias
(limitado atualmente a R$608,44, sendo este valor reajustado anualmente
pela Previdência Social) e a alíquota progressiva de imposto de renda.

28
CONTRATAÇÃO DE
EMPREGADO
CELETISTA

Diz-se trabalhador celetista aquele que é contratado de acordo


com a legislação trabalhista vigente (a legislação que rege os
contratos de trabalho é a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT).
Ou seja, o empregado com registro em carteira de trabalho e com direito
a todos os benefícios previstos em lei e convenção coletiva de trabalho.
A CLT define que empregado é toda pessoa física que presta
serviços não eventuais sob dependência do empregador e mediante
remuneração.

ASSIM, AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM


EMPREGADO SÃO:

• Ser sempre pessoa natural, física;


• Prestação de serviços pessoalmente, não podendo ser
substituído por outra pessoa;
• Execução das atividades com habitualidade (não podendo ser
eventual);
• Estar subordinado aos comandos do empregador; e
• O serviço prestado deve ter contrapartida remunerada.

De todos os elementos acima, a subordinação é o principal


requisito que configura o vínculo empregatício.
Se a empresa contratar uma pessoa que estará subordinada às
ordens dadas pelo seu superior hierárquico esta pessoa será, então,
considerada empregada.
E, como empregada, esta pessoa terá direito a férias acrescidas
de 1/3, 13º salário, aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
depósitos mensais de Fundo de Garantia e multa de 40% do valor
total depositado pelo empregador em caso de demissão sem justa
causa, horas extras, estabilidades garantidas por lei, além de outros
benefícios previstos em convenção coletiva de trabalho.
É possível também estabelecer com os empregados outras
condições além do salário mensal e demais benefícios, tais como (i)
programa de participação nos lucros e resultados (“PLR”); (ii) stock
option; (iii) acordos de não competição ou não concorrência; (iv)
Contratar acordos de retenção, dentre outros.
Além disso, a remuneração paga ao empregado estará sujeita a
empregados retenção de 11% de contribuições previdenciárias (limitada a R$
demonstra que sua 608,44, sendo que este teto é anualmente alterado pela Previdência
empresa está cada Social), e a alíquota progressiva de imposto de renda.
A empresa, por sua vez, terá que recolher até 31% de INSS
vez mais próspera e (dependendo do enquadramento da empresa no CNAE e dos índices
estruturada. de acidentes do trabalho) sobre o valor total da remuneração do
empregado, além do depósito mensal de FGTS.

29
CONTRATAÇÃO DE
EMPREGADO
CELETISTA

No total, estima-se que a contratação de trabalhador celetista


representa custo para a empresa de cerca 60% além da remuneração
total do empregado, apenas considerando os encargos trabalhistas
previstos em lei.
Recomenda-se a assinatura de contrato de trabalho por escrito,
ainda que a mera anotação na carteira de trabalho seja suficiente para
validar a contratação do empregado.
A contratação de empregados celetistas representa, em regra,
menores riscos de questionamentos contra as empresas que os
contratos.
Se os serviços a serem prestados não guardam relação de
subordinação com a empresa, existem outras formas de contratação
que, apesar de menos conservadoras, podem ser bem defendidas
em eventuais reclamações trabalhistas.

30
DIRETOR ESTATUTÁRIO
Ou: diretor não empregado

Diretor estatutário é a pessoa física eleita no contrato/estatuto


social da empresa (seja sociedade limitada, que contratará um
administrador, ou sociedade anônima, que contratará diretor
estatutário) para exercer cargo de gestão do negócio e que correrá
o risco da atividade, mediante remuneração pelos serviços prestados
(denominada pró-labore).
O que difere o diretor estatutário de um empregado é, justamente,
o elemento subordinação.
Enquanto o diretor estatutário tem poderes para tomar decisões
e agir em nome da empresa, sendo identificado como o próprio
empregador, o empregado (seja ele diretor ou não) é subordinado a
outra pessoa e não tem poderes para tomar decisões por si mesmo.
Se o diretor estiver subordinado a qualquer outra pessoa ou
órgão dentro da empresa, sem poderes para tomar a decisão por si
mesmo, então o diretor deve ser tratado como empregado normal e,
portanto, deve receber os mesmos benefícios concedidos aos outros
empregados da empresa.
Para provar que o diretor não é um empregado, deve ser
evidenciado que tal pessoa tem poderes para decidir e agir em
nome da empresa, permitindo-lhe ser identificado como o próprio
empregador e/ou dono do negócio.
A contratação de um diretor estatutário será regida pelo Código
Civil ou pela Lei das Sociedades Anônimas. Neste caso, a legislação
trabalhista não será aplicável.
O diretor não O diretor estatutário receberá um pró-labore mensal, cujo valor será
empregado representa estabelecido em contrato/estatuto social ou em contrato individual
com o diretor, além de outros benefícios (licença remunerada de 30
a empresa perante dias, 13ª remuneração anual, etc.).
terceiros. Recomendamos, para este fim, que todos os direitos e obrigações
do diretor estatutário sejam estabelecidos em contrato individual de
prestação de serviços, ainda que o contrato/estatuto social definam
as regras gerais de atuação deste profissional.
Também para os diretores estatutários é possível estabelecer outras
condições, tais como (i) stock option; (ii) acordos de não competição
ou não concorrência; (iii) acordos de retenção, dentre outros.
O diretor está sujeito à retenção de 11% de contribuições
previdenciárias (também limitado atualmente a R$ 608,44, sendo
este valor reajustado anualmente pela Previdência Social) e a alíquota
progressiva de imposto de renda.
A empresa, porém, estará sujeita apenas ao recolhimento
das contribuições previdenciárias de 20% sobre o valor total da
remuneração paga ao diretor estatutário.
Embora seja absolutamente legal a contratação do diretor
estatutário, dependendo da situação fática (especialmente se verificada
1
Na Justiça do Trabalho prevalece o princípio a subordinação na execução dos serviços), o diretor poderá pleitear
da realidade, ou seja, a substância prevalece o reconhecimento de vínculo de emprego e, consequentemente, o
sobre a forma. pagamento de todas as verbas trabalhistas previstas a empregados1.

31
DIRETOR ESTATUTÁRIO
Ou: diretor não empregado

Sempre que os requisitos de uma relação de emprego estiverem


presentes em um relacionamento, o vínculo de emprego poderá ser
reconhecido.
Para afastar ou minimizar este risco de reconhecimento de vínculo
de emprego, é necessário que o diretor tenha condições de agir
com autonomia no exercício de suas funções de administrador,
limitado obviamente pelas obrigações estabelecidas no contrato/
estatuto social e na legislação societária, respondendo diretamente
ao conselho de administração e não a outros diretores.
Importante destacar que o diretor não precisa ser, necessariamente,
sócio da empresa para ser eleito em contrato/estatuto social.

32
CONTRATAÇÃO DE
PRESTADORES DE
SERVIÇOS
PJ
A contratação de prestadores de serviço por meio de pessoas
jurídicas (“PJs”) ocorrerá quando você buscar, no mercado, serviços
especializados que não são prestados por pessoas físicas.
Em que pese seja comum a contratação de pessoas físicas
por meio de PJs, esta prática não é aconselhada e está sujeita a
autuações pelo Ministério do Trabalho, Receita Federal do Brasil
ou mesmo reclamações trabalhistas ajuizadas pelas pessoas
físicas pleiteando o reconhecimento de vínculo empregatício.
Por isso, a contratação das PJs deve considerar o fato de que
não haverá pessoalidade na execução dos serviços, bem como
ausência de subordinação a outros sócios, diretores e empregados
da empresa contratante.
Eventuais comunicações devem ser feitas diretamente com a
pessoa jurídica, devendo-se evitar o contato direto com as pessoas
físicas que prestam os serviços.
Inclusive, recomendamos que os indivíduos que prestam
serviços por meio de pessoas jurídicas não possuam e-mail
corporativo da empresa contratante e/ou cartão de visitas que
os identifiquem como empregados da sua empresa.
A contratação de Os contratos com a pessoa jurídica serão regidos pela legislação
cível, e os serviços a serem prestados deverão ser especializados
pessoas jurídicas e desenvolvidos de forma independente. Ainda que os sócios da
deve ser bem pessoa jurídica prestem os serviços contratados diretamente, será
avaliada para evitar necessário elaborar contrato de prestação de serviços, contendo
a descrição dos serviços a serem executados, o prazo da prestação,
exposição a riscos. identificação das partes e o valor a ser pago.
Outro ponto relevante: os indivíduos que prestam serviços
por meio de pessoas jurídicas não poderão liderar ou integrar
equipes de empregados da sua empresa, devendo executar suas
atividades de forma autônoma e totalmente desvinculadas da
empresa contratante.
Os indivíduos que prestarem serviços por meio da pessoa jurídica
não poderão receber os mesmos benefícios pagos diretamente
pela empresa aos seus empregados (ex.: vale-refeição, vale-
transporte, plano de saúde, etc.), tampouco terão direito aos
benefícios previstos em convenção coletiva de trabalho.
Caso seja verificada subordinação de qualquer empregado
da PJ à empresa contratante e/ou que a PJ foi constituída com o
intuito de reduzir o recolhimento de encargos trabalhistas, a
empresa contratante estará sujeita a fiscalização pelo Ministério
do Trabalho, pela Receita Federal e, também, a ações trabalhistas
ajuizadas pelos sócios/empregados da PJ.
Esta modalidade de contratação é, via de regra, a que carrega
maiores riscos de questionamentos em razão da prestação constantes
de serviços pelos sócios das empresas.
A menos que os serviços prestados sejam, de fato, especializados
e possam ser prestados por outras pessoas que não os sócios

33
CONTRATAÇÃO DE
PRESTADORES DE
SERVIÇOS
PJ
da empresa, esta modalidade de contratação não é a mais
recomendada.

34
RESUMO
Formas de contratação

EMPREGADO SÓCIO DIRETOR ESTATUTÁRIO PJ


Legislação Consolidação das Leis do Código Civil e Lei das Código Civil e Lei das Código Civil
aplicável Trabalho Sociedades Anônimas Sociedades Anônimas

Hipóteses de Indivíduo (pessoa física) Indivíduo (pessoa física) Indivíduo (pessoa física) que Empresa cujos serviços
contratação que será subordinado às que detém quotas/ações detém amplos poderes de especializados deverão
ordens e comandos dos da sociedade. Pode gestão e representa a empresa ser desenvolvidos
sócios e/ou diretores da ser eleito como diretor perante terceiros. por seus sócios ou
empresa. estatutário da empresa. empregados, de
Não precisa ser sócio e/ou forma autônoma e
Não correrá o risco do receber quotas da empresa. independente, sem
negócio. exclusividade.
É possível pluralidade na
Pode ou não ter poderes prestação dos serviços, desde Presume-se a
de gestão. que autorizada em contrato. pluralidade na
prestação dos serviços.
Prestação de serviços
exclusiva.
Prazo indeterminado2. Prazo de duração da Conforme determinação Conforme determinação
Prazo sociedade. contratual, mas via de regra contratual.
a duração do mandato é que
rege o prazo de contratação.

Remuneração Salário, com depósito Dividendos e pró-labore Pró-labore, com emissão De acordo com o
Mensal em conta-corrente e (se houver prestação de de recibo de pagamento estabelecido em
informação em GFIP. serviços), com informação autônomo e informação em contrato, por meio de
em GFIP. GFIP. emissão de nota fiscal.

Condições de Todas as condições Não há condições Não há condições mínimas. Não há condições
Trabalho mínimas previstas na mínimas. Todas as Todas as condições devem ser mínimas. Todas as
legislação trabalhista, condições devem ser negociadas livremente entre a condições devem ser
independentemente de negociadas livremente empresa e o diretor estatutário negociadas livremente
seu nível na empresa. entre a empresa e o e formalizadas em contrato. entre a empresa
sócio e formalizadas em prestadora dos
contrato. serviços e a tomadora
e formalizadas em
contrato.

Principais Férias com adicional de O que for negociado entre O que for negociado entre as O que for negociado
Direitos 1/3, as partes. partes. entre as partes.
Trabalhistas 13º salário e FGTS 8%.
É possível, inclusive, efetuar
Tais verbas correspondem depósitos de FGTS na conta de
a aproximadamente 32% diretor não empregado.
da remuneração mensal.
É possível também estabelecer
Além disso, devem ser contratualmente direito a
aplicados todos os direitos licença remunerada anual de
previstos em acordos 30 dias e o pagamento de uma
sindicais, incluindo 13a remuneração anual.
reajustes salariais anuais
(dissídio).
Existem hipóteses legais de contratação por prazo determinado. Estamos a disposição para esclarecer cada uma das hipóteses de contratação caso seja necessário
2

35
EMPREGADO SÓCIO DIRETOR ESTATUTÁRIO PJ

Direitos devidos Em caso de término por O que tiver sido negociado O que tiver sido negociado O que tiver sido
em razão do iniciativa da empresa, sem entre as partes. entre as partes. negociado entre as
término do
justa causa, o empregado partes em contrato.
relacionamento
tem direito a aviso prévio
de no mínimo 30 dias,
férias e 13o. salário,
multa correspondente a
40% do FGTS e a sacar os
valores depositados em
sua conta de FGTS (o valor
total da multa de FGTS
pago pelo empregador
é de 50%, sendo 40%
depositado ao empregado
e 10% recolhido à Caixa
Econômica Federal como
contribuição adicional).

INSS – parte Até 31% (dependendo 20% sobre toda 20% sobre toda remuneração. Não há.
Empresa3 do enquadramento da remuneração se houver
empresa no CNAE e dos pagamento de pró-labore.
índices de acidentes do Dividendos não estão
trabalho) sobre o valor sujeitos a incidência
total da remuneração do de contribuições
empregado . previdenciárias.

Retenções Até 27,5% imposto Até 27,5% imposto Até 27,5% imposto de renda Não há.
de renda na fonte e de renda na fonte e na fonte e aproximadamente
aproximadamente R$ aproximadamente R$ R$ 610,00 de INSS (este valor
610,00 de INSS (este valor 610,00 de INSS se houver é reajustado anualmente pela
é reajustado anualmente prestação de serviços e Previdência Social).
pela Previdência Social). recebimento de pró-
labore (este valor é
reajustado anualmente
pela Previdência Social).

Riscos Desde que todas as Não há. Caso as funções sejam Caso as funções
regras trabalhistas sejam exercidas com subordinação, sejam exercidas
observadas, os riscos a Justiça do Trabalho pode com subordinação,
ficam neutralizados. reconhecer vínculo de habitualidade e
emprego e a empresa pode ser pessoalidade, a Justiça
condenada a pagar todas as do Trabalho pode
verbas trabalhistas. reconhecer vínculo de
emprego e a empresa
pode ser condenada a
pagar todas as verbas
trabalhistas.
Não aplicável para empresas optantes pelo regime SIMPLES de tributação.
3

36
TRIBUTÁRIO
Após trilhar uma longa jornada escolhendo o tipo de sociedade,
registrando sua marca, assegurando a segurança das suas
informações, treinando funcionários para lidar corretamente com os
consumidores e tomando cuidado com os direitos trabalhistas, tudo
está pronto para começarmos a operar. Não tão rápido!
Recolher imposto é uma tarefa tão agradável (para não dizer o
contrário) que muitos se esquecem de dar atenção a esse aspecto na hora
de estruturar a empresa, mas isso pode ser um grave erro.
Infelizmente, o governo não é tão bonzinho com as startups e se
vale de um sistema tributário complicadíssimo de mais de 5 milhões
de normas tributárias e um sistema de fiscalização cada vez mais
informatizado para te vigiar e, no menor erro, fazer com que pague
altas multas.
Por isso, é importante entender o funcionamento do sistema e
escolher o regime de tributação mais adequado a sua startup.
Dito isto, vamos ver como estruturar sua empresa para evitar que
um erro qualquer se torne um pesadelo. E mais que isso, veremos
como reduzir a quantidade de impostos pagos verificando os
requisitos para solicitar certos incentivos fiscais para startups. Agora
ficou interessado, não é? Então vamos ao que importa.
Existem atualmente três tipos de regimes de tributação. Um deles
deve ser escolhido no momento de registro do CNPJ perante a Receita
Federal. Após essa escolha, a empresa tem uma oportunidade por
ano para solicitar uma mudança de regime.
SIMPLES
NACIONAL

Esse costuma ser o regime mais indicado se sua startup está no


começo, ou seja, se ainda é uma microempresa ou empresa de pequeno
porte.
Como o nome já indica, esse sistema simplifica o recolhimento dos
tributos. Uma empresa de médio porte lida principalmente com os
seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, ISS, ICMS e o INSS-Parte
empresa.

SIMPLIFICADAMENTE, VAMOS CONHECER CADA UM DELES:

• o IRPJ é o imposto de renda da pessoa jurídica;


• a CSLL é uma contribuição para financiar a seguridade social;
• PIS é uma contribuição para um fundo do trabalhador;
• a COFINS é outra contribuição de financiamento da
seguridade social;
• IPI é o imposto sobre produtos industrializados;
• INSS – Parte empresa é a parcela da contribuição
previdenciária que é paga pelo empregador;
Se estiver no começo, • ISS é o imposto sobre serviços; e
use o SIMPLES e • ICMS é o imposto cobrado sobre circulação de mercadorias
e prestação de alguns serviços (transporte interestadual ou
concentre-se no seu intermunicipal e comunicação);
negócio!

Cada um desses tributos tem um ente específico para cobrar.


Assim, existem tributos federais, estaduais e municipais. Na prática,
significa que cada tributo tem uma alíquota específica, um método de
cálculo e um meio próprio para ser recolhido, pois cada ente tem um
procedimento diferente de cobrança.
Eu sei o que está pensando e concordo com você, uma empresa que
está no começo não pode se preocupar com um sistema tão complexo
de recolhimento, muito pelo contrário, tem que se concentrar no core do
funcionamento de seu negócio.
E é justamente por isso que o SIMPLES permite o pagamento de todos
esses impostos somente com um único boleto e com uma alíquota
fixa, variando, em média, entre 4% a 27,90%, a depender da atividade
da empresa. Essa alíquota será aplicada sobre a receita bruta apurada
no mês. Além disso, pela alíquota ser fixa, permite que o tamanho da
startup aumente sem que isso signifique aumentar exponencialmente a
quantidade de tributos diferentes devidos.
Além da simplicidade no recolhimento, e da menor dor de cabeça
calculando a quantidade a pagar de cada imposto, o regime também
é ideal para empresas que tenham baixos custos operacionais e/ou
que tenham altas despesas com folha salarial.

38
SIMPLES
NACIONAL

Vamos explicar isso de forma bem resumida. Com relação ao custo


operacional, vamos ver mais adiante que a melhor escolha caso esses
custos sejam altos seria o lucro real, em razão da possibilidade de se
acumularem créditos de imposto.
Quanto às despesas com folha salarial, o SIMPLES é melhor, pois
sua alíquota é reduzida e fixa. Em outros regimes, haveria tributação
do INSS – Parte Empresa com alíquota de 20% sobre a folha salarial,
de forma que quanto mais empregados, mais imposto seria devido.
Além disso, em alguns serviços, há também redução de alíquota do
SIMPLES quanto maior for a razão entre a sua folha de salário e sua
receita bruta.
De qualquer forma, em geral, a escolha por qualquer um dos
regimes é facultativa. Porém, algumas regras devem ser seguidas. O
SIMPLES, por exemplo, não pode ser escolhido se a sua startup for
uma S.A. ou se sua receita bruta superar R$ 3.6 milhões ao ano (4.8
milhões a partir de 2018). Se você já ultrapassou essa quantia, meus
parabéns e recomendo continuar lendo para ver que outros regimes
poderiam atender seu atual status.

39
LUCRO REAL

Uma vez que a sua startup comece a se desenvolver e ter um


faturamento maior, talvez seja a hora de pensar em mudar de regime
de tributação.
Não há uma receita bruta mínima para que seja adotado o regime
do lucro real. Mas, caso supere R$ 78 milhões (olha que maravilha), é
obrigatório utilizar esse regime.
Consegue se lembrar daqueles tributos que citamos há pouco?
Então, nesse regime cada um deve ser recolhido em guia própria,
com cálculo próprio e para o ente correto. Por isso que escolher
mudar de regime também pode significar alterar a estrutura da sua
empresa para lidar com o dia-a-dia de um regime tributário mais
complexo. Pode significar contratar uma empresa especializada em
contabilidade ou internalizar a estrutura contábil para lidar com o
processamento de todas as entradas e saídas.
De todos aqueles tributos, quatro deles se destacam pela escolha
desse regime: IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Eles são quatro tributos na
teoria, mas na prática lidamos como se fossem dois: IRPJ/CSLL e
PIS/COFINS. Isso acontece em razão da similaridade de cálculo, pois
IRPJ/CSLL são calculados sobre o lucro líquido e PIS/COFINS sobre o
faturamento.
Primeiramente, vamos analisar as mudanças no cálculo do IRPJ/
CSLL. A partir de agora o valor não é mais fixo e diluído numa única
guia. Será necessário calculá-lo de forma singular para que seja
A empresa cresceu? descoberto o valor exato a ser recolhido.
Prepare-se, a De forma bem simplificada, podemos dizer que se chega no lucro
líquido após a dedução das despesas em relação às receitas. Sobre
coisa fica mais esse valor aplica-se uma alíquota.
complicada. Como regra, podemos dizer que o IRPJ e a CSLL são aplicados a
uma alíquota conjunta de 24%4. Isso significa, em linha gerais, que,
de cada R$ 100 mil de lucro, R$ 24 mil é devido desses dois tributos.
Ficou fácil de visualizar que, com uma alíquota tão alta, o regime de
lucro real é muito mais interessante para empresas que operem com
reduzidas margens de lucro ou mesmo com prejuízo, não é mesmo?
Pois, no limite, o valor a ser recolhido pode chegar à zero.
Em segundo lugar, temos o PIS/COFINS. Existem dois regimes de
apuração de PIS/COFINS: o cumulativo e o não-cumulativo.
No regime não-cumulativo, é permitido o desconto de créditos
apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa
jurídica. Assim, por exemplo, se a empresa “Micro” vende microchips
a uma montadora de computadores, os R$ 30,00 recolhidos de PIS/
COFINS pela Micro poderão ser usados pela Montadora como crédito
a ser abatido do PIS/COFINS que pagará quando vender o computador
montado. Dessa forma, se a Montadora tivesse que recolher R$ 100,00
4
A alíquota do IRPJ é de 15% sobre o lucro quando vendesse o computador, seriam descontados os R$ 30,00 de
apurado e a alíquota da CSLL é de 9%. Mas,
caso a sua empresa apure lucro maior crédito e, com isso, só teria de pagar R$ 70,00 de PIS/COFINS. No regime
que 20.000,00 por mês, o que superar será não-cumulativo, as alíquotas de PIS/COFINS combinadas totalizam
tributado em mais 10% de IRPJ. 9,25% (1,65% de PIS e de 7,6% de COFINS).

40
LUCRO REAL

O regime cumulativo de apuração de PIS/COFINS funciona de


forma diferente. Nesse regime, não há o direito ao aproveitamento
de créditos. Há acúmulo de tributo a cada compra-e-venda de
mercadoria. Assim, se o exemplo acima fosse no cumulativo, a
Montadora não teria direito a crédito e teria que pagar os R$ 100,00 de
PIS/COFINS. Justamente por não haver o sistema de créditos e débitos,
a alíquota combinada de PIS/COFINS é menor: 3,65% (0,65% de PIS
e 3% de COFINS).
Como regra, as pessoas jurídicas que estão no lucro real devem
recolher o PIS/COFINS no regime não-cumulativo. No entanto,
algumas atividades específicas estão sujeitas ao PIS/COFINS no
regime cumulativo, ainda que sejam optantes por tributação pelo
lucro real. Podemos citar dentre estas, as empresas com receitas de
prestação de serviços de (i) telecomunicações, (ii) transporte coletivo,
(iii) educação, (iv) telemarketing, (v) organização de feiras e eventos e
(vi) desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de
direito de uso.
Assim, se você optar pelo regime do lucro real, vale conversar com
o seu contador e advogado para verificar se as receitas auferidas com
a sua atividade estão sujeitas ao PIS/COFINS no regime cumulativo ou
não-cumulativo.

41
LUCRO
PRESUMIDO

No lucro presumido, o cálculo e o recolhimento dos tributos


também é feito separadamente, tal como no lucro real. Nesse regime,
há uma alteração no método de apurar o lucro. Por decorrência, isso
influencia também o cálculo daqueles quatro tributos destacados
acima: IRPJ/CSLL e PIS/COFINS.
Nesse sistema, a margem de lucro é pré-fixada de acordo com
uma tabela que categoriza cada atividade empresarial. Por exemplo,
para serviços, a margem de lucro fixada é de 32%. Ou seja, a legislação
presume que, do total da receita bruta auferida no mês, 32% é lucro. É
sobre essa parcela de lucro pré-fixada que haverá a aplicação do IRPJ/
CSLL sobre a alíquota combinada de 24%5.
O regime do lucro presumido é vantajoso para empresas que
atinjam uma margem de lucro superior às margens pré-fixadas.
Com um exemplo fica fácil de visualizar. No lucro presumido, se
a empresa apurou R$ 100 mil de receita bruta, o lucro presumido
será de R$ 32 mil. Digamos, contudo, que o lucro líquido realmente
apurado tenha sido de R$ 60 mil. Obviamente, estando a empresa no
lucro presumido, calculará o IRPJ/CSLL apenas sobre os R$ 32 mil e não
sobre os R$ 60 mil. No entanto, se essa empresa estivesse no lucro
real, calcularia o IRPJ/CSLL sobre o lucro líquido realmente apurado
(sobre os R$ 60 mil).
Assim, é importante uma análise prévia dessa questão, pois
o lucro real é vantajoso para empresas que estejam atingindo
margens baixas ou em prejuízo (em fase inicial de operações, por
exemplo), enquanto o lucro presumido traz vantagens quando a
margem é mais alta. Na prática, isso pode significar uma economia
Na hora da escolha significativa em tributos.
pelo regime Como o fisco não é bobo, estabeleceu que para todas as empresas
com receita bruta anual maior que R$ 78 milhões é obrigatório
tributário, avalie a adotar o lucro real.
sua margem de lucro Quanto ao cálculo do PIS/COFINS, as empresas que adotarem o lucro
e os seus custos. presumido, deverão calcular o PIS/COFINS no regime cumulativo.
Assim, o lucro presumido passa a ser interessante para empresas
que tiverem baixos custos operacionais, já que no regime cumulativo
de PIS/COFINS não é possível utilizar créditos relativos a esses custos –
mas a alíquota é menor: 3,65% (0,65% de PIS e 3% de COFINS).

5
A alíquota do IRPJ é de 15% sobre o lucro apurado e a alíquota da CSLL é de 9%. Mas, caso
a sua empresa apure lucro maior que 20.000,00 por mês, o que superar será tributado em
mais 10% de IRPJ.

42
IPI/ICMS/ISS

Para você que achava que eram só esses quatro tributos, tenho
uma má notícia: tem mais!
Caso tenha optado pelo regime de lucro real ou presumido,
além do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, todos eles federais, outros tributos
deverão ser recolhidos de forma separada.
O primeiro deles é o IPI, ou Imposto sobre Produtos
Industrializados. Este é um imposto federal que incide sempre que
um produto passar por um processo de industrialização. Em outras
palavras, o IPI deverá ser recolhido sempre que for alterada a
natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a
finalidade de um produto.
Cada categoria de produto tem uma alíquota diferente a ser paga,
mas em geral é cobrado 5% sobre o valor de venda. A TIPI (Tabela do
IPI) determina a alíquota aplicável a cada tipo de produto.
O segundo deles é o ICMS, ou Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. A ideia por trás
é que sempre que houver uma transferência da propriedade de um
produto (circulação) ou a prestação de um serviço de transporte
(interestadual ou intermunicipal) ou de comunicação, esse tributo
será devido. Ele é um imposto estadual e tem alíquota, em geral,
de 18%.
Lembra do regime cumulativo e não-cumulativo? Bom, o ICMS
é não-cumulativo. Sendo assim, é possível acumular créditos
com ele. Para saber mais sobre o funcionamento da obtenção de
créditos entre em contato com seu advogado ou contador de
confiança, pois precisaríamos de um novo e-book apenas para
explicá-lo.
Por último temos o ISS, que é o Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza. Esse é um imposto municipal e tem alíquotas que podem
variar de 2% a 5% sobre o valor da prestação de serviço. A alíquota
é diferente dependendo do município da sede da sua empresa e
também do serviço prestado.
Aqui você pode estar se perguntando: então existem dois impostos
sobre serviços??? Calma, o ICMS somente é devido nas prestações
de serviços de transporte (interestadual ou intermunicipal) ou de
comunicação. Já o ISS abrange todos os outros serviços.
Além disso, não é difícil existirem ocasiões em que haja dúvida
sobre a aplicação do ISS ou do ICMS numa operação. Um dos
casos é a tributação sobre software. Se o software, por exemplo, for
comercializado em larga escala por meio físico, recolhe-se ICMS. Se
o software for desenhado especificamente para um cliente, recolhe-
se ISS.
Como você percebeu, o ICMS é um imposto estadual e o ISS,
municipal. Assim, podem existir regras diferentes dependendo do
estado ou município que você estiver lidando. Fique atento com essas
diferenças para não receber uma cobrança indesejada!

43
BENEFÍCIOS FISCAIS
Procure um profissional

Tendo em vista a carga tributária brasileira, não é difícil de serem


encontrados alguns incentivos para redução de impostos, formulados
especialmente para impulsionar alguns setores específicos da
economia. Como comentado acima, dependendo se o imposto é
federal, estadual ou municipal, algumas regras são aplicáveis de acordo
com a localização do seu negócio. O mesmo ocorre com incentivos
fiscais. Há incentivos que só se aplicam em alguns municípios ou
estados. Por isso, vale a pena conferir com seu contador ou advogado
de confiança para verificar quais benefícios seriam aplicáveis para a
atividade e lugar de operação da sua empresa.

44
RESUMO
Regimes de Tributação

REGIME A QUEM SE APLICA FORMA DE PAGAMENTO RECOMENDAÇÕES


Simples Microempresa ou Empresa de PAGAMENTO DE TODOS • O mais recomendável se sua
pequeno porte. OS PRINCIPAIS IMPOSTOS startup está no começo.
NUMA ÚNICA GUIA
Faturamento anual até R$ 3,6 • Empresas que tenham baixos
milhões. ( R$ 4.8 milhões a custos operacionais e/ou que
partir de 2018) tenham altas despesas com
folha salarial.

• Quem não tem muito tempo


ou condições para lidar com
complexidade contábil.

Lucro Real Empresa de médio e grande CADA IMPOSTO É • Mais interessante para
porte. PAGO INDIVIDUALMENTE empresas que operem com
reduzidas margens de lucro ou
É obrigatório para empresas Federais mesmo com prejuízo.
com faturamento anual acima
de R$ 78 milhões. IRPJ/CSLL: 24% • Empresas com altos custos
sobre o lucro líquido operacionais como, por
exemplo, aluguel, energia
PIS/COFINS: 9,25% elétrica ou arrendamento
(pelo regime não-cumulativo ) mercantil de máquinas, pois
sobre o faturamento podem ser deduzidos do cálculo
IPI: em média 5% do IRPJ/CSLL e PIS/COFINS.
sobre o valor do produto

Estadual

ICMS: em média 18%


sobre o valor da venda

Municipal

ISS: 2% a 5%
sobre o valor do serviço

Lucro Presumido Empresa de médio porte. CADA IMPOSTO É • Empresas com altos lucros,
Faturamento anual de até PAGO INDIVIDUALMENTE desde que maiores que o
R$ 78 milhões presumido para a categoria.
Federais
IRPJ/CSLL: 24%7 • Empresas com Baixos custos
sobre o lucro presumido operacionais, pois não há como
descontar créditos de PIS/
PIS/COFINS: 3,65% COFINS.
(pelo regime cumulativo)
sobre o faturamento
IPI: em média 5%
sobre o valor do produto

Estadual
ICMS: em média 18%
sobre o valor da venda

Municipal
ISS: 2% a 5%
sobre o valor do serviço
5
Caso a empresa apure lucro maior que 20.000,00 por mês, o que superar será tributado em mais 10% de IRPJ.
6
Há exceções, mas a regra é que empresas tributadas pelo lucro real obrigatoriamente utilizem o sistema não-cumulativo do PIS/COFINS.
7
Caso a empresa apure lucro maior que 20.000,00 por mês, o que superar será tributado em mais 10% de IRPJ.

45
SisTENET
O SisTENET, é ainda um projeto de lei, sob o nº 6.625/2013, que
está tramitando na Câmara dos Deputados. Entretanto está sendo
discutido para que se torne um importante incentivo fiscal aplicável
para a maioria das startups do Brasil, de forma a aumentar a chance
de sucesso delas. Essa sigla significa Sistema de Tratamento Especial
a Novas Empresas de Tecnologia (SisTENET) – vulgo “Startups”.
No projeto está prevista a isenção de todos os impostos federais,
como PIS/COFINS, IRPJ/CSLL, IPI e IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) por dois anos, prorrogáveis por mais dois, para todas
as startups que se enquadrarem nos requerimentos. Ainda, ao final
do regime, poderá ser pedida a migração para o SIMPLES Nacional.
Mas atenção, não prolongue a abertura da sua startup esperando
que essa lei seja aprovada. Ela só valeria para empresas com receita
bruta de até R$ 30.000,00 por trimestre, podendo inclusive receber
doações ou financiamentos sem influenciar nesse limite. Haveria ainda
a limitação de a startup ter até, no máximo, quatro funcionários
contratados. Ou seja, valeria somente para startups em início de
operação.
dicas práticas

CONCLUSÃO
Aposto que depois de tudo isso você está até considerando largar o
empreendedorismo e entrar para uma faculdade de Direito. Viu como
nós, advogados, não somos tão chatos assim? Este e-book foi até um
pouco interessante, pode confessar.
Ok, talvez você ainda não queira virar advogado, mas nossa missão
estará cumprida se o Universo Jurídico onde orbitam as startups soar
menos obscuro e hostil para você.
O Direito está em todos os lugares e reflete todas as suas decisões.
Por isso, é importante que você tenha uma noção das consequências
das suas escolhas. Não necessariamente um plano genial permanece
genial depois de passar pelos filtros jurídicos que te apresentamos.
Às vezes, escolhas que parecem simples – e até não relacionadas ao
Direito – têm um impacto enorme na saúde jurídica da sua empresa.
Existem caminhos mais simples e mais complexos; mais arriscados e
mais seguros... Advogados estarão sempre à disposição para entender
o seu modelo de negócio, seus planos para o futuro, e indicar a melhor
forma de conquistar seus objetivos.
Ao decidir empreender, você diz ao mundo que não tem medo
de correr riscos. Obrigado! É por causa de aventureiros como você
que coisas incríveis são desenvolvidas (como a imprensa, a internet e
a pipoca de micro-ondas), mas isso não quer dizer que você precisa
se jogar nesta jornada totalmente despreparado, correndo todos os
riscos possíveis e imagináveis.
Alguns deles são evitáveis.
E um advogado pode te ajudar nessa parte.
CONCLUSÃO
dicas práticas

SOCIETÁRIO CONSUMIDOR
Se tudo der certo, sua startup se transformará em Quanto mais você explicar e menos você
uma Sociedade Anônima, mas não é muito esperto esconder do seu cliente será melhor para todos.
(ou prático, ou prudente) já fundar a sua empresa A relação de vocês precisa ser igual a relação de
neste tipo societário. marido e mulher, uma relação transparente, sem
A Limitada e a EIRELI são alternativas melhores. mentiras e abusividades.
Para escolher entre elas, você precisa pensar se As informações precisam ser prestadas de forma
prefere empreender sozinho ou acompanhado de clara e objetiva, o cliente deve saber exatamente
alguém (neste caso, escolha a Limitada) e se tem quais são os direitos e deveres de cada parte nessa
mais de cem salários mínimos para o aporte inicial relação, para que você esteja o mais protegido
(se tiver e quiser empreitar sozinho, EIRELI). possível se esse cliente se chatear com você no
futuro.

PROPRIEDADE PRIVACIDADE &


INTELECTUAL MARCO CIVIL
Para determinar quais criações você deve A moral da história sobre privacidade é: trate
registrar no INPI, pense naquelas que são essenciais seus usuários como você gostaria de ser tratado.
para a sua startup, aquelas sem as quais você não Termos de Uso claros e objetivos, acompanhados
conseguiria ser identificado ou perderia o que há de por uma Política de Privacidade justa e
mais importante no seu negócio. O nome fantasia transparente já são um bom começo.
da sua empresa e o logotipo são bons exemplos.

TRABALHISTA TRIBUTÁRIO
O mais importante é definir que tipo de Acho que já deu para perceber que o sistema
profissional você quer contratar com base nas tributário é um “pouco” complexo, não é mesmo?
atividades desta pessoa e no risco que ela vai A melhor dica que podemos lhe dar é contratar
assumir junto com você. um bom advogado e um contador de confiança
Definida qual a melhor forma de contratação, para te dar o suporte necessário nessa jornada!
fica fácil decidir os aspectos remuneratórios do
profissional para atraí-lo e retê-lo no seu negócio.

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