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A redação na UFU

O processo seletivo do vestibular UFU de 2022 apresentará duas situações para que
você escolha qual fazer, situação A e B, cada uma contendo um gênero diferente. Cada
gênero faz parte de um tipo textual podendo ser, argumentativo, narrativo, expositivo ou
descritivo. O tipo injuntivo não predomina nenhum provável gênero.

Dentro desses tipos textuais, são 10 possíveis gêneros, sendo eles, de acordo com o
edital:

Para se situar melhor, analisemos os gêneros que foram cobrados nas provas anteriores:

ANO SITUAÇÃO A SITUAÇÃO B SITUAÇÃO C


2015 Editorial Texto de opinião Carta Argumentativa
2016 Editorial Texto de opinião Carta Argumentativa
2017 Relato Carta Argumentativa -
2018 Texto de opinião Resumo Carta aberta
2019 Carta de solicitação Texto de opinião Editorial
2020 Texto de opinião Carta aberta -
2021 outros cursos Carta de solicitação Editorial -
2021 medicina Carta aberta Resumo -

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Os textos que pertencem ao tipo textual argumentativo são mais frequentes nas provas
da UFU, por isso merecem um foco maior. Os gêneros resenha crítica e relatório foram
adicionados recentemente, por isso não foram cobrados ainda.

Para fazer a redação, você terá 34 linhas, com o mínimo de 15, porém, aconselho a
fazer, pelo menos, 25 linhas para que seu texto seja completo. Além disso, é muito
importante estar atento às informações que a prova nos dá:

Somente assine os textos que exigirem assinatura, assim como o título, coloque somente
quando for exigência do gênero. No entanto, um aspecto muito importante é a
interpretação dos textos de apoio, sendo necessário fazer uma paráfrase, ou seja, utilizar
algo do texto de apoio sem que seja cópia, reescrevendo a informação com outras
palavras.

Outro aspecto importante é estar atento à folha de redação, veja o rascunho.

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1. CARTAS ARGUMENTATIVAS

Existem três tipos de cartas argumentativas que podem ser cobradas na prova: Carta de
solicitação, de reclamação ou carta aberta. Por serem cartas, a estrutura e características
serão semelhantes, então, trabalharemos primeiro o geral e posteriormente, as diferenças
entre elas.

➢ ESTRUTURA

Para estruturar sua carta, você precisa levar em consideração que há 34 linhas para
serem escritas, devido à necessidade de saltar algumas linhas no decorrer da carta.

Uberlândia, 09 de maio de 2022.


X
Vocativo,
X
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
X
Despedida,
X
Assinatura

Vocativo: é a forma como você irá se referir ao destinatário (quem receberá a carta) e
deve sempre se adequar ao comando:

Presidente da República, ministros, altas patentes


Vossa Excelência V.Ex.ª
militares, bispos, arcebispos

Vossa Magnificência V.Mag.ª reitores de universidades

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Vossa Mercê V.M.cê pessoas de tratamento cerimonioso

oficiais até coronel, funcionários graduados, pessoas de


Vossa Senhoria V.S.ª
cerimônia

Senhor/Senhora Sr./Sr.ª pessoas com quem há distanciamento mais respeitoso

Você V. pessoas com quem há intimidade

A despedida pode ser feita de diversas formas, sempre se adequando ao assunto e


contexto da carta.

• Atenciosamente,
• Cordialmente,
• Grato desde já,
• Agradeço pela atenção,
• Aguardo respostas,
• Respeitosamente,
• Atentamente,
• Grato,
• Saudações,
• Melhores cumprimentos,

Características gerais da carta

• Sempre será escrita em 1° pessoa (eu/nós), podendo mesclar as duas (plural e


singular)
• Deve ter uma máscara social, ou seja, o lugar social o qual você ocupará para
falar sobre determinado tema. Caso a máscara não seja especificada no
comando, você pode adequá-la ao contexto.
• Todas as cartas serão assinadas com José ou com Josefa, depende da máscara.
• Deve-se estabelecer, no decorrer da carta, uma interlocução, isto é, um, diálogo
feito através de perguntas retóricas e a utilização do “você” no corpo do texto.

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O que conter em cada parágrafo?

➢ INTRODUÇÃO
➢ Quem é você (máscara)?
➢ Tema
➢ Tese / posicionamento
➢ Argumentos
➢ ‘Quais suas motivações / intenções?
➢ Qual a carta (reclamação, solicitação ou aberta)

➢ DESENVOLVIMENTO

• Qual seu posicionamento?


• Por que se posiciona dessa forma?
• Deixar evidente o tipo de carta.
• Manutenção da interlocução.
• Comprovação desse argumento
• Pode apresentar pequenas narrativas para justificar e contextualizar.

➢ CONCLUSÃO
• Retomada de tese
• Então, argumentos são verdadeiros.
• Apresentar breve solução
• Apresentar prognóstico

QUAL A DIFERENÇA ENTRE AS CARTAS?

CARTA DE RECLAMAÇÃO

Nesse tipo de carta, você estará insatisfeito com alguma situação e será preciso contar o
motivo (poderá conter no comando ou você imaginará), assim, diante da situação-
problema, você irá formalizar uma reclamação, deixando claro em todo o texto que está
insatisfeito. Nada impede que você também solicite algo ao final da argumentação.

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CARTA DE SOLICITAÇÃO

Nessa carta, você não precisa necessariamente estar insatisfeito com algo, embora possa
estar, para fazer tal solicitação. Solicitar significa pedir, então faça exatamente isso,
peça algo a alguém. Deixe isso bem explícito e não esqueça de contar o motivo ao qual
você está fazendo a solicitação.

CARTA ABERTA

A carta aberta terá um receptor plural, isto é, o seu interlocutor será um grupo de
pessoas, determinadas pelo comando. Sendo assim, sua interlocução será feita também
no plural (vocês). Outra diferença é que nesse estilo de carta, é necessário um título,
seguindo sempre a mesma estrutura “Carta aberta à/ao (remetente)”. Não se esqueça que
haverá um espaço, tanto no rascunho quanto na folha de resposta, para colocar o título.

Agora, vejamos um exemplo de carta argumentativa e suas correções.

No comando, exigia que escrevesse uma carta ao diretor de uma escola, na posição de
mãe de um aluno, reclamando sobre a falta de estímulos criativos.

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Mesmo que ainda haja alguns problemas argumentativos, ou seja, o argumento poderia
ser mais bem explicado e desenvolvido, a carta está correta.

Agora veja um exemplo de carta aberta:

Mesmo tendo o uso de 2° pessoa na linha 12 e períodos longos na conclusão, essa carta
aberta é um ótimo exemplo a seguir.

Vejamos outro exemplo de carta aberta que ficou bem estruturado:

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Carta aberta à população brasileira

Uberlândia, 29 de maio de 2022.

Cara comunidade,

É inquestionável que cuidar da saúde física e mental é inerente ao indivíduo em


todas as fases da vida, com cuidado periódico de acompanhamento médico. Assim,
diariamente lido com a problemática da automedicação, uma prática altamente
arriscada, sobretudo em idosos, pois percebo isso como geriatra e nos casos recentes no
hospital que dirijo, nos quais houve um aumento de pacientes idosos que, em alguma
instância, foram prejudicados pela automedicação. Por isso, preciso informar a vocês
brasileiros sobre dois fatores a respeito do problema: as motivações para tal conduta e as
possíveis consequências ao assumir o risco da automedicação.
Nesse cenário, o crescimento do mercado farmacêutico se baseia, obviamente,
no alto consumo brasileiro de medicamentos e parte dele é indiscriminado, ou seja, sem
prescrição médica. Entretanto, há várias causas para a automedicação ser a primeira
resposta ao desconforto de alguma dor e, por isso, me sinto no dever de explicá-las a
vocês para que evitem a prática. Desse modo, não há dúvidas de que o pouco incentivo
brasileiro ao autocuidado adequado com avaliação médica e o desconhecimento dos
riscos de se automedicar configuram as motivações para a medicação independente sem
prescrição. Não obstante, essa realidade deve mudar, porque é prejudicial para toda
população, sobretudo para os idosos, por terem maior fator de risco na imunidade.
Outrossim, a automedicação pode trazer problemas como a dependência
medicamentosa, aumento de tolerância a substâncias químicas e a ação paliativa sobre
sintomas de uma doença. Por certo, o último problema é um dos mais comuns que trato
no hospital, pois a iniciativa de se automedicação adia uma avaliação médica e avança a
gravidade da doença, tornando o tratamento mais difícil. Logo, eu não recomendo a
vocês, brasileiros, que se automediquem sem um parecer médico com exames, além de
recomendar que priorizem sua saúde mental e física.
Em suma, além de seguir essas recomendações, eu peço à comunidade que
repliquem a atitude de primeiro procurar consulta médica ao sentir algum desequilíbrio
na saúde, especialmente a população idosa que tem prioridade no atendimento. Não
obstante, é fundamental que a prática do autocuidado resida na medicina preventiva,

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com exames periódicos e consultas físicas e mentais de manutenção. Dessa forma,
somente assim será possível caminhar para solução desse problema de saúde pública e a
população brasileira ser mais saudável, diminuindo as enfermidades que são causadas
ou prejudicadas pela automedicação.

Cordialmente,

Josefa

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2. ARTIGO DE OPINIÃO

Artigo ou texto de opinião pertence ao tipo dissertativo-argumentativo, do domínio


jornalista, escrito por um articulista e a sua função é deixar claro o seu posicionamento
sobre algum tema que seja de discussão social.

Quem o escreve, torna-se responsável pelo que está sendo expresso, sendo assim,
necessário assinar. No caso da redação UFU, você será o articulista e vai se posicionar
sobre o tema pedido no comando.

➢ CARACTERÍSTICAS

• 1° pessoa (eu)
• Marcas de particularidade (eu acho, eu penso, eu acredito, eu defendo etc.)
• Contém título que demarca o posicionamento
• Assinatura obrigatória (José ou Josefa)
• Deixar claro qual o seu argumento

O QUE DEVE CONTER NO ARTIGO DE OPINIÃO?

As marcas de 1° pessoa e de particularidades são obrigatórias em todo o texto. Além


disso, também é importante que haja uma interlocução com o leitor, porém, não
explícita como a carta. Use a 1° pessoa do plural para se inserir na situação problema.

Exemplo:

“Assim, eu acho que seja de suma importância que o governo reveja a distribuição de
verbas para a educação para que nossas crianças não fiquem prejudicadas.”

➢ ESTRUTURA

Título

Introdução

▪ tese (posicionamento sobre o tema)

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▪ marca de interlocução
▪ 1° pessoa
▪ argumentos que serão desenvolvidos
▪ conectivos

Desenvolvimento

▪ 1 argumento por parágrafo


▪ Explicação do argumento (por quê?)
▪ Justificativa do argumento
▪ Consequências do argumento
▪ Conectivos
▪ Marca de interlocução
▪ 1° pessoa

Conclusão

▪ Retomada de tese
▪ Marca de 1° pessoa
▪ Possível caminho a ser tomado a partir daquele argumento
▪ Previsão do que pode acontecer (prognóstico)

Veja um exemplo de um bom texto do gênero artigo de opinião, sobre a influência dos
jogos eletrônicos no comportamento dos jovens

Reais moduladores do comportamento juvenil


É inquestionável que as inovações tecnológicas apresentam alta lucratividade no
entretenimento, em jogos virtuais de computador ou videogame. Com isso, os principais
alvos dessa esfera são as crianças e os jovens, pois eles sempre estão acompanhando as
tendências do mundo e eu vejo isso diariamente nas consultas psicológicas em que
atendo o público infantojuvenil. Não obstante, há o questionamento acerca da influência
no comportamento do usuário, especialmente quando se trata de jogos violentos. No
entanto, eu preciso pontuar que existe uma fronteira virtual a ser respeitada: a
classificação indicativa e sem isso, há consequências. Ademais, esses jogos não são,
sozinhos, suficientes para influenciar um comportamento agressivo.

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Nesse sentido, alguns dos meus pacientes jogam sem controle parental, ou seja,
jogos que não são indicados para sua idade. Por isso, eu acredito que podem facilmente
ser prejudicados diante da exposição inadequada, como exemplo o alto nível de
violência explícita em “Grand Theft Auto (GTA)”, jogo recomendado para maiores de
18 anos. Desse modo, eu julgo ser importante um rígido controle sobre o consumo
virtual dos infantes, para que não desenvolvam transtornos mentais ou reproduzam
atitudes de jogos sem critério. Sendo assim, os pais são os principais responsáveis por
essa filtragem que deve ser feita.
Outrossim, quando comportamentos agressivos são notados em crianças e
adolescentes, é normal fazer uma conexão primária com o conteúdo virtual consumido.
No entanto, diante do contato com menores de diversas classes sociais, eu consigo
entender que não é apenas um jogo que vai fazer uma criança ter comportamento
anômico grave, mas sim seu contexto social. Nessa perspectiva, no caso de um infante
que age com violência contra outras crianças ou pessoas, é necessário investigar seus
reais moduladores sociais: o histórico de crescimento, relação família e convivência
com a violência do mundo real. Logo, eu recomendo à sociedade que pare de relacionar
somente os jogos com a violência jovem e sim o seu ambiente como um todo.
Em suma, além de seguir essa recomendação, eu peço à comunidade que
controlem se o conteúdo virtual consumido pelas suas crianças é recomendado para sua
idade, tendo em vista o quanto pode ser prejudicial caso não seja. Ademais, é
importante estar atento aos indícios de condutas violentas nos infantojuvenis e, diante
disso, procurar ajuda profissional para entender o motivo do comportamento e
redirecionar a criança ou adolescente. Destarte, a sociedade como um todo deve tratar
com prioridade as questões sociais que agem como poderosos moduladores
comportamentais e esses sim, são preocupantes sobre como um infante vai responder ao
ambiente.

Josefa

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3. EDITORIAL

O editorial é um texto do tipo dissertativo-argumentativo, do domínio jornalístico e tem


a função de posicionar um veículo (jornal, revista, blog etc.) sobre determinado assunto.

Já que é responsável por posicionar o veículo, e não o escritor, será sempre em 3°


pessoa, evitando formalidades, sendo assim, consequentemente, não exige assinatura.

➢ CARACTERÍSTICAS
• 3° pessoa
• Interlocução mais geral, diálogo com o público de forma mais discreta
• É necessário que tenha título, criativo e que resuma o posicionamento
• Linguagem formal
• Posicionamento deve ser claro
• Não é necessário proposta de solução
• Não assina

O QUE DEVE CONTER NO EDITORIAL?

Além de argumentos coerentes e concretos, é preciso que o texto tenha marcas de


editorial, ou seja, referências ao veículo, como:

➢ Esse jornal acredita,


➢ nas edições anteriores,
➢ conforme publicado anteriormente,
➢ esse jornal defende ...

ESTRUTURA

Título

Introdução

▪ tese (posicionamento sobre o tema)

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▪ marca de editorial
▪ argumentos que serão desenvolvidos
▪ conectivos

Desenvolvimento

▪ 1 argumento por parágrafo


▪ Explicação do argumento (por quê?)
▪ Justificativa do argumento
▪ Consequências do argumento
▪ Conectivos
▪ Marca de editorial

Conclusão

▪ Retomada de tese
▪ Marca de editorial
▪ Possível caminho a ser tomado a partir daquele argumento
▪ Previsão do que pode acontecer (prognóstico)

Veja um exemplo do texto editorial:

Nem sempre é típico de adolescência

É inegável o fato de que diversas doenças não possuem faixa etária para
manifestação, principalmente as doenças mentais. Nos dias atuais, é mais comum a
pauta dos transtornos da mente e sua prevenção, visto que configuram problema de
saúde pública. Assim, essa edição aborda a temática da depressão na adolescência, pois
há desafios no diagnóstico diante das mudanças naturais da idade. Ademais, claramente
os empecilhos vão além do diagnóstico, mas também no enfrentamento da doença pelo
jovem diante da sua realidade na fase de amadurecimento.
Nesse sentido, a transição entre a infância e a vida adulta exige dedicação e
paciência dos responsáveis para instruir o adolescente diante da puberdade. Com isso,
de acordo com a psiquiatra Ana Kleinman, há mudanças naturais que podem ser
confundidas com sintomas depressivos e é possível citar alguns exemplos: mudanças de
humor, isolamento e rebeldia, logo, é necessário um monitoramento familiar e escolar

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acerca da saúde mental dos adolescentes, por serem os principais responsáveis pelo
processo de formação nesse período. Desse modo, na publicação anterior foi tratado da
dificuldade que esses jovens sentem de se relacionar com o mundo diante de tantas
questões e descobertas, como sexualidade, relacionamentos afetivos e responsabilidades
sociais e essa dificuldade pode ser somada ao desafio do diagnóstico de depressão.
Outrossim, uma vez que há um diagnóstico de depressão juvenil, os passos
seguintes são o tratamento e o acolhimento familiar para uma superação adequada.
Sendo assim, essa edição conta com o depoimento de um jovem adulto que enfrentou
depressão na adolescência e relata que sua maior dificuldade foi entender que estava
doente e pedir ajuda. Nesse caso, o jovem afirma que sua realidade cotidiana foi um
potencializador da depressão, uma vez que convivia com “bullying” escolar, timidez e
isolamento excessivo, logo, não demorou para que os primeiros sintomas da doença
aparecessem. Não obstante, depois de finalmente conversar com os pais, que pensavam
que não tinha nada demais, foi iniciado tratamento psiquiátrico e acompanhamento
psicológico familiar. Com isso, é possível chegar à conclusão de que terapia familiar
deve existir em todas as fases do crescimento e em especial na adolescência.
Em suma, é inquestionável que, se tratando de transtornos mentais, o melhor
caminho sempre é a prevenção. Por isso, a equipe desse jornal considera importante
ressaltar os meios de fazer isso no cuidado da saúde mental adolescente, investindo em
instrução parental e escolar acerca de sintomas e sinais de transtornos. Destarte, haverá
um acolhimento juvenil de modo a prevenir que passem por um sofrimento intenso em
silêncio e tão novos. Por fim, entender melhor sobre essa fase é fundamental para saber
diferenciar comportamentos suspeitos e haver uma melhor identificação ao se tratar de
depressão.

O texto do gênero editorial é muito semelhante ao artigo de opinião, sendo assim,


vejamos um exemplo de cada gênero com o mesmo tema.

Primeiro analisaremos o artigo de opinião, que contém 1° pessoa sobre a saúde mental
dos jovens e adolescentes. Perceba como o texto fica bem estruturado e argumentativo,
citando os dois argumentos na introdução, além de desenvolver e explicar um
argumento em cada parágrafo.

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Agora, observe como o mesmo tema pode ser transformado em um editorial, alterando
apenas a interlocução e a pessoa do texto.

Sendo assim, pode-se perceber que o maior foco do texto do gênero editorial e artigo de
opinião é o argumento bem desenvolvido e explicado.

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4. RESENHA CRÍTICA

A resenha crítica, embora seja um texto que contenha argumentação, não é dissertativo,
sendo um texto do tipo expositivo-argumentativo. A diferença é que não iremos
comprovar nossos argumentos e usar estratégias para desenvolvê-lo dentro da mesma
lógica que textos como o artigo, editorial, carta e modelo Enem. O que faremos aqui é
expor/mostrar uma parte de um texto para depois podermos argumentar.

➢ CARACTERÍSTICAS
• Texto de caráter jornalístico
• 3° pessoa
• Possui título
• Possui recomendação no último parágrafo
• Assinatura

➢ DEVEMOS OBSERVAR TAMBÉM


i. o modo como o locutor (aquele que escreve, no caso) e o interlocutor (aquele a
quem se destina o texto escrito) estão representados na linguagem do texto;
ii. a pertinência do registro de linguagem adotado (formal, semiformal, informal)
na escolha das palavras e expressões;
iii. o modo como o tema das obras é abordado;
iv. as estratégias de argumentação adotadas;
v. o uso da norma padrão e das formas de organização textual que atenderão aos
tópicos anteriores (estrutura das sentenças, elementos de coesão,

➢ ESTRUTURA

A resenha será dividida em duas partes, porém, de três a quatro parágrafos, sendo uma
parte expositiva e outra parte argumentativa.

Organizaremos da seguinte forma:

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1° parágrafo

- Exposição da obra (título, quem dirigiu/escreveu, ano de publicação, prêmios


indicados e ganhados, gênero da obra)

2° e 3° parágrafos

- Familiarização do leitor com a obra

- Trazer para o social

- Destacar personagens importantes

- Críticas presentes na obra

- O que os personagens representam

- Quais foram os pontos positivos ou negativos

- Destaque para alguma cena/parte/música específica

- Se for em imagens (filme) falar sobre a fotografia, trilha sonora etc.

4° parágrafo

- A obra é indicada

- Sua relevância social

- Resumo da crítica e recomendações

- Justificativa da recomendação

Vejamos a correção de uma resenha sobre a série “The Office”

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PROPOSTAS DE TEXTOS ARGUMENTATIVOS

PROPOSTA 1 – prova de transferência 2017

DEUSES SOBRE A TERRA

Filipe Veucic

Tido por muitos como o primeiro romance de ficção cientifica, Frankenstein (1818)
narrava as desventuras de uma criatura da ciência que se voltava contra seu criador,
Victor Frankenstein. O clássico da inglesa Mary Shelley delineou um tema frequente da
literatura de especulação sobre o futuro: o temor diante de tecnologias que escapem ao
controle humano. É a mesma premissa que ainda embasa, por exemplo, os filmes da
franquia Exterminador do Futuro: indivíduos geniais constroem máquinas que acabam
por se voltar contra a sociedade, levando a um apocalipse. No século XXI, a ameaça
tecnológica não vem mais na forma de monstros ou robôs. As invenções que passamos a
temer são praticamente invisíveis e impalpáveis: algoritmos, softwares de inteligência
artificial, redes sociais e a etérea "nuvem" que guarda as informações fulcrais de nossa
vida. São essas máquinas imperceptíveis que espantam Yuval Noah Harari. Em seu
segundo best-seller, Homo Deus, o historiador israelense vislumbra possibilidades
tenebrosas para o futuro de uma sociedade que pode se ver refém dos produtos de sua
imaginação.

Não, Harari não faz ficção científica. O novo livro é a continuação de outra obra do
autor: se Sapiens (L&PM) era a história concisa da humanidade — do passado, portanto
—, Homo Deus, como anuncia o subtítulo, é "uma breve história do amanhã". Nesse
amanhã não tão distante, surgiria, pelo milagre da tecnologia, o homem divino, pós-
sapiens, aludido no título: "Bioengenheiros vão pegar o velho corpo do sapiens e
reescrever intencionalmente seu código genético, reconectar seus circuitos cerebrais,
alterar seu equilíbrio bioquímico e até mesmo provocar o crescimento de novos
membros". Esse novo homem será tão diferente do ser humano de hoje quanto este é de
ancestrais como o Homo erectus. Tal evolução não se dará pela seleção natural
descoberta por Charles Darwin no século XIX: a partir daqui, e sem volta, a evolução
será artificial, conduzida pelo homem.

Até este momento, o israelense especula que o próximo passo será nos equiparmos com
membros biônicos, drogas desenhadas para aumentar a capacidade intelectual ou

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mesmo nanorrobôs capazes de combater enfermidades e revitalizar o organismo.
Alcançaríamos a imortalidade (ou algo próximo disso), a felicidade plena (mesmo que
por meio da manipulação química). Fome, pestes e guerras físicas (substituídas pelas
cibernéticas e biológicas) deixariam de existir. Só que a história não convive bem com
vácuos. Veríamos nascer novos problemas, substitutos das aflições combatidas nos
primeiros 200.000 anos da espécie. Em especial, Harari se aprofunda em dois deles — e
aí está a parte mais interessante da obra.

O primeiro seria o advento de tecnologias relacionadas à inteligência artificial, que


possivelmente tornariam defasadas várias funções e profissões do Homo sapiens.
Trabalhos manuais ou que exijam só o exercício de pensamento matemático simples
não de sentimentos nem da habilidade criativa humana — seriam extintos. O homem de
hoje se tornaria inútil, ainda mais diante da ascendente classe de ciborgues. Daí vem o
segundo perigo. O Homo deus, acredita o autor, tenderia a explorar ou destruir seus
primos mais fracos. "Quando há duas espécies disputando espaço, a mais fraca tende a
ser subjugada, quando não eliminada", diz Harari.

Veja, ed. 2504, ano 49, nº 46, 16 de novembro de 2016, p. 96-99 (Adaptado)).

Com base no texto apresentado, produza um texto de opinião, posicionando-se a


respeito da seguinte afirmativa: “Quando há duas espécies disputando espaço, a mais
fraca tende a ser subjugada, quando não eliminada".

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PROPOSTA 2

Prova de transferência 2019

O texto abaixo, intitulado “Não as matem”, é parte da publicação “Vida Urbana”, uma
coletânea de crônicas e artigos de Lima Barreto publicada em 1953.

Não as matem

Esse rapaz, que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida, é um


sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos
homens: o domínio sobre a mulher.
O caso não é único. Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou sobre a
ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na
espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes.
Um outro, também, pelo carnaval, ali pelas bandas do ex-futuro Hotel Monumental, que
substituiu com montões de pedras o vetusto Convento da Ajuda, alvejou a sua ex-noiva
e matou-a.
Todos esses senhores parecem que não sabem o que é a vontade dos outros.
Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer.
Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes
não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo
que é de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão.
O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe passamos o dinheiro; os tais passionais,
porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos
que matam as ex-noivas.
De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de supor que, quem quer casar, deseje que
a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a
melhor boa-vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes
desejos; como e então que se castigam as moças que confessam não sentir mais pelos
namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer, tendentes a convencer os homens de que
eles não têm sobre as mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição, não
devem ser desprezadas.

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Esse obsoleto domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa,
que enche de indignação.
O esquecimento de que elas são, como todos nós, sujeitas a influências várias que fazem
flutuar as suas inclinações, as suas amizades, os seus gostos, os seus amores, é coisa tão
estúpida, que, só entre selvagens, deve ter existido.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a inanidade
de generalizar a eternidade do amor.
Pode existir, existe, mas, excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é
um absurdo tão grande como querer impedir que o sol varie a hora do seu nascimento.
Deixem as mulheres amar à vontade.
Não as matem, pelo amor de Deus!

Disponível em: https://revistaforum.com.br/cultura/conheca-cronica-contra-o-


feminicidio-escrita-em-1915-por-lima-barreto-ohomenageado-
da-flip-deste-ano/Acesso em: 10 out. 2019.

Com base no texto acima e em seus com


3hecimentos sobre o assunto, redija uma carta aberta aos homens, argumentando a
respeito do direito de a mulher não aceitar que os homens se julguem autorizados a
impor seu amor ou seu desejo a quem não os quer.

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PROPOSTA 3
Prova de transferência 2019

Leia atentamente o texto abaixo.


O termo políticas públicas remete a um conceito recente – e amplo – nas Ciências
Políticas. A partir da segunda metade do século XX, a produção acadêmica norte-
americana e europeia se debruçou sobre estudos que tinham por objetivo analisar e
explicar o papel do Estado, uma vez que suas instituições administrativas impactam e
regulam diversos aspectos da vida em sociedade.
Nesse sentido, pode-se concluir que as políticas públicas estão diretamente associadas
às questões políticas e governamentais que medeiam a relação entre Estado e sociedade.
As políticas públicas de modo geral são atravessadas pelos campos da Economia, da
Administração, do Direito e das Ciências Sociais. Elas se traduzem em políticas
econômicas, políticas externas (relações exteriores), políticas administrativas e tantas
outras com referência nas ações do Estado. Invariavelmente, as políticas públicas que
mais se aproximam da vida cotidiana são as políticas sociais – comumente organizadas
em políticas públicas setoriais (como, por exemplo, saúde, educação, saneamento
básico, transporte, segurança etc.).
Compreender o que são políticas públicas também implica o entendimento do processo
de elaboração e execução dessas políticas. Há uma demanda gigantesca por diversas
políticas públicas que solucionem a grande cesta de problemas sociais. Por outro lado,
sabemos que os recursos não são infinitos. Desse modo, a gestão das políticas públicas
depende fortemente, dentre outras coisas, da capacidade técnica dos servidores públicos
e do orçamento público. Regularmente participamos de procedimentos democráticos
(eleições) a fim de elegermos representantes que demonstram ser capazes de gerenciar
os problemas detectados e garantir da melhor forma possível o bem-estar social. A
compreensão do funcionamento do Estado passa a se tornar essencial para que os
cidadãos e cidadãs possam identificar quais órgãos e instituições são responsáveis por
determinados aspectos da formulação e implementação das políticas públicas, bem
como possam avaliar o trabalho desempenhado pelos servidores públicos envolvidos no
processo e, finalmente, exercer o controle social sobre o Estado.
Para que as políticas públicas sejam formuladas e implementadas a fim de beneficiarem
a sociedade é preciso que haja participação ativa por parte dos cidadãos e cidadãs. O
Estado deve dispor dos mais diversos mecanismos de participação social para que a

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população esteja cada vez mais próxima das etapas que compõem o ciclo de políticas
públicas – ou seja, exercendo o controle social. Nesse sentido, os conselhos
participativos, plebiscitos e tantos outros mecanismos têm sido fundamentais nas
últimas décadas, promovendo um salto qualitativo na relação Estado e sociedade e,
consequentemente, na efetivação das políticas públicas federais, estaduais e municipais.
Disponível em: https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-
depoliticaspublicasmlg2/?utm_source=facebook%20ads&utm_medium=cpc&utm_cam
paign=conceito%20base%20politica%20publica&gclid=EAIaIQobChMI7qDixZyP5QI
VkonICh2-dg-dEAAYASAAEgJcg_D_BwE Acesso em: 10 out. 2019.

Com base no texto acima, redija um editorial, abordando a necessidade de serem


implantadas políticas públicas para a educação com participação ativa da população.

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PROPOSTA 4

Prova de transferência 2018

Nos últimos tempos, o termo inteligência artificial (IA) vem deixando de ser
associado às distopias de cinema, em que robôs pensantes exterminam a
humanidade, e começa a ingressar no vocabulário de diferentes departamentos da
vida cotidiana. De máquinas capazes de processar milhões de dados
simultaneamente e amoldar-se a hábitos e a demandas de quem as manipula,
surgiram sistemas de busca no Google, de aplicativos de trânsito como o Waze e de
assistentes virtuais como o Siri, que até conversa, embora em uma zona limitada de
interação. Uma nova fronteira dessa cada vez mais estreita relação homem-máquina
começa a se abrir agora na sala de aula, impulsionando uma mudança que, ainda
tímida, se promete definitiva no jeito de ensinar e de aprender.

A inteligência artificial tem o potencial de desbravar o modo como o aluno


conectado a um computador absorve a informação, os pontos em que ele tropeça e
os que o atraem com base em códigos sofisticados - os algoritmos. O diagnóstico
sobre cada um é apenas a primeira parte da história, seguida de outra que, aí sim,
pode revolucionar a educação tal como a conhecemos: conforme o estudante vai
avançando na matéria, o sistema inteligente se adapta e muda o rumo da lição,
enfatizando pontos mal assimilados, em que persistem dúvidas, ou dando
complexidade às tarefas para estudantes que precisam ser mais desafiados. Em
outras palavras, a máquina personaliza o aprendizado, mesmo em uma classe cheia.
“A diferença entre a IA e os velhos métodos de cruzamento de dados está não só no
fato de as máquinas aprenderem sozinhas, mas em sua capacidade de prover
respostas elaboradas precisas”, diz o engenheiro Carlos Pedreira, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.

A aplicação de inteligência artificial nas escolas está no princípio, no Brasil e no


mundo, porque esse é um campo em franca pesquisa. Mas a tendência é o
crescimento, segundo mostra um recente relatório da consultoria americana
Research and Markets: nos próximos três anos, a previsão é que a IA se expanda
quase 50% em escolas dos Estados Unidos. Na China, onde um plano nacional de
investimento injetará quase 80 bilhões de dólares em pesquisas na área até 2025, o
uso da inteligência artificial nas escolas será aos poucos obrigatório. No Brasil,

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veem-se experiências aqui e ali que já revelam o seu potencial. Em unidades do
grupo Objetivo, um desses algoritmos servirá em breve para a correção de provas
feitas on-line: dali sairá, além da nota, um diagnóstico individual dos pontos altos e
baixos do aluno, acompanhado de recomendações sobre textos, vídeos e exercícios
para suprir as lacunas caso a caso.

Pode-se pensar, a essa altura, que o velho mestre perderá o emprego para as
máquinas, mas não. O que elas farão com intensidade crescente é impor ao professor
um ajuste aos novos tempos: ele terá de ensinar não só a classe, como também o
próprio sistema. “Os professores precisarão aprender a supervisionar a inteligência
das máquinas, fazendo adaptações caso elas estejam limitando o aprendizado no
lugar de estimulá-lo, por exemplo”, diz Alcely Strutz, da área de educação da IBM
no Brasil. Cabe ainda aos docentes desta era digital utilizar o computador naquilo
que ele já se provou útil (porém nunca milagroso, é bom lembrar): colocar as
crianças para trabalhar em colaboração umas com as outras e lhes dar o caminho das
pedras para o conteúdo de alto nível. Tudo serve de combustível para a aula.

Maria Clara Vieira In: Revista Veja de 17 de outubro de 2018.

O texto acima é parte de uma reportagem de Maria Clara Vieira, publicada na


revista Veja, cujo título é “Os robôs estão indo à escola”.

Com base nas informações contidas no texto e em seus conhecimentos sobre o


assunto, redija um texto de opinião, posicionando-se sobre a seguinte premissa:
Aplicar a inteligência artificial para personalizar o ensino, dando a cada aluno os
estímulos de que necessita, é uma chance de tornar o colégio um lugar mais atraente.

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PROPOSTA 5

TEXTO I
Cidade de Deus é um filme brasileiro de ação, criado a partir do livro homônimo de
Paulo Lins (1997). Com roteiro de Bráulio Mantovani e direção de Fernando Meirelles
e Kátia Lund, o filme foi lançado no Brasil em agosto de 2002.
Com um grande impacto internacional, o longa se tornou um marco no cinema
brasileiro, tendo sido indicado ao Oscar nas categorias de melhor diretor, melhor roteiro
adaptado, melhor fotografia e melhor edição. O sucesso não reside só nos seus aspetos
visuais, técnicos e estéticos mas também na mensagem social que transmite. Cidade de
Deus mostra um Brasil que nem todos conhecem e poucos querem enxergar e, por isso
mesmo, é um filme imperdível.
Como afirmou Zuenir Ventura, famoso jornalista e escritor brasileiro:
Assistir Cidade de Deus é um dever cívico.

Sinopse
Na Cidade de Deus, a vida é difícil e perigosa, entre o crime organizado e a violência
policial. O filme, narrado por Buscapé, conta as histórias trágicas de vários habitantes
da comunidade, seguindo também os esforços do protagonista para realizar seu sonho:
ser fotógrafo.

Resumo

Introdução
O filme acompanha a vida de várias personagens que moram na Cidade de Deus, no Rio
de Janeiro. Buscapé, o narrador-protagonista, conta a história da comunidade segundo a
sua perspectiva, desde os tempos de infância.
Enquanto o protagonista fugia da violência, garotos da sua idade como Dadinho e Bené
acompanhavam os assaltantes da região nos seus crimes. Dadinho se tornou Zé
Pequeno, um bandido perigoso que tomou todas as "bocas" de tráfico e virou o dono da
região.
Desenvolvimento

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A sua violência e sede de poder chegam ao extremo com a morte do companheiro Bené,
que ajudava a manter a paz entre os criminosos. Solitário e desesperado, Pequeno tenta
seduzir uma mulher, companheira de Mané Galinha, mas é rejeitado.
Zé Pequeno estupra a mulher na frente de Mané Galinha e, em seguida, metralha a sua
casa. Galinha tinha sido primeiro atirador do exército e inicia a sua vingança, matando
12 homens da gangue inimiga. Para se proteger, acaba se unindo a Cenoura, outro
traficante da região, e começa a guerra entre facções.
Durante mais de um ano, homens, jovens e crianças são armados e arrastados para o
confronto, morrendo pelas ruas da Cidade de Deus. Buscapé, o protagonista, luta para
sobreviver no meio do caos, trabalhando com entregador de jornais e sonhando com
uma carreira de fotógrafo.
Quando Mané Galinha é preso e entrevistado na televisão, Zé Pequeno também quer
ficar famoso e chama Buscapé para fotografar sua gangue exibindo armas. O
protagonista leva as fotos para revelar no jornal mas elas acabam sendo publicadas na
capa. O jovem encontra a sua chance: se conseguir mais fotos do bandido, é contratado
para trabalhar no jornal.

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Conclusão
O grupo de Pequeno vai diminuindo com o tempo e o traficante acaba recrutando
crianças cada vez mais novas para lutar do seu lado. Sem dinheiro, rouba o seu
traficante de armas, Tio Sam, que trabalhava para um policial corrupto. Mané Galinha
morre com o tiro de uma criança que estava ferida e caída no chão.
A polícia entra na comunidade em busca do dinheiro, Zé Pequeno paga a sua dívida e
Buscapé consegue fotografar o momento. O traficante acaba sendo morto pela própria
gangue, que ocupa a "boca de fumo".
Enquanto a história de violência se perpetua, Buscapé tem duas escolhas: expor a
corrupção da polícia ou vender a foto do bandido morto para o jornal. Acaba escolhendo
a segunda opção e conquistando uma carreira na fotografia.
Disponível em: https://www.culturagenial.com/filme-cidade-de-deus/

Imagine-se na posição de um resenhista da seção cultural de uma revista cultural que


tem como finalidade recomendar filmes e livros. O filme indicado para a edição será
“Cidade de Deus”. Escreva uma resenha crítica recomendando ou não o filme. Seu
texto deverá ser escrito em linguagem formal e indicar o título da obra.

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5. RESUMO
Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo de forma sintética, destacando as
informações essenciais do conteúdo, sendo assim, é necessário reconhecer quais são as
informações mais importantes do texto a ser resumido. Na UFU, normalmente, faz-se
um resumo de um texto que seja do tipo dissertativo-argumentativo, ou seja, que tenha
argumentos. Portanto, fica mais fácil resumir esse tipo de texto quando conhecemos
suas características.
O texto dissertativo-argumentativo que será a base para resumo, seja ele editorial, artigo
de opinião, reportagem ou qualquer outro do mesmo tipo, irá contar com pelo menos
uma tese, argumentos, defenda de um ponto de vista e justificativa. Então, é preciso
destacar esses elementos no texto base e levá-los ao resumo.

➢ CARACTERÍSTICAS
• 3° pessoa
• Possui título
• Não assina
• Não acrescentar informações, análises e interpretações
• Não copie trechos do(s) texto(s) motivador (es);
• Estrutura do resumo semelhante ao texto fonte (não pela quantidade de
parágrafos, mas pelas ideias organizadas no texto)

➢ ESTRUTURA

Segue a estrutura do texto a ser resenhado, normalmente, introdução, desenvolvimento e


conclusão.

Introdução – demarca a tese que o autor apresenta

Desenvolvimento – demarca os argumentos que o autor utiliza e explica o porquê de


defender aquela ideia.

Conclusão – será idêntica à conclusão do autor.

➢ O QUE DEVE CONTER?

As marcas de resumo devem estar evidentes, ou seja, deve-se fazer menção ao texto, ao
autor ou ao veículo em que foi publicado:

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Ex.: ‘’ Segundo fulano’’, ‘’fulano defendia’’, ‘’de acordo com fulano’’, “a tese
apresentada no jornal x”, “assim como foi dito no artigo de opinião” etc.

Outra informação importante é que o título deve ser diferente do título original do texto,
sendo criativo.

Além disso, é importante fazer destaques no texto base antes de começar a escrever,
assim você pode visualizar melhor as ideias.

Veja agora um exemplo de resumo:

A busca pela eterna juventude

A revista Veja, por meio de reportagem assinada por Giulia Vidalle, discorre sobre
procedimentos de transfusão sanguínea para pessoas mais velhas (a partir de 35 anos,)
que buscam recuperar a sensação de juventude. A medida, segundo a autora, remete a
um trágico episódio ocorrido com Papa Inocêncio VIII que, ao receber transfusão
sanguínea, morreu. Ainda de acordo com Giulia, o tratamento é destinado às pessoas
que estão dispostas a pagar 8000 dólares para acessá-lo e é disponibilizado por empresa
start up do Vale do Silício, na California, chamada Ambrosia.
Em entrevista concedida para a revista, o criador da Ambrosia diz que 10 das 100
pessoas já atendidas, todas afirmam se sentir com mais energia depois do procedimento.
A empresa compra bolsas de sangue coletadas de pessoas com idades entre 16 e 25 anos
para realizar as transfusões. O efeito de rejuvenescedor, de acordo com a matéria,
estaria associado com a redução dos níveis inflamatórios do sangue e na ação de
substâncias abundantes no organismo jovem. O estudo, frisa Giulia Vidal, ainda não
tem conclusão
Segundo a reportagem, já é aceito pela comunidade científica que a transfusão de
sangue jovem causa ação rejuvenescedora entre animais. Porém, de acordo com Lygia
Pereira, geneticista da Universidade de São Paulo, ainda são necessárias muitas
avaliações para que os benefícios se comprovem em seres humanos, já que apenas
pequena parcela dos resultados comprovados em animais também São válidos em seres
humanos.
Por fim, Giulia salienta que, por mais controlado que seja o procedimento, a transfusão
sanguínea não pode ser totalmente segura. Por ser um tecido vivo, escreve a autora, o

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sangue transfundido oferece riscos de alergia, infecção e até mesmo câncer. Melka
Barros, médica da Universidade de São Paulo, vê a impossibilidade de um produto
biológico ser totalmente inofensivo.

Esse texto é um exemplo de resumo da seguinte proposta:

O texto acima é um exemplo do gênero reportagem, produzido no domínio de


divulgação científica, com função de apresentar, discutir, polemizar, divulgar um tema
que seja de interesse de determinado público.
Suponha-se que você esteja em uma aula de produção textual e seu(sua) professor(a)
deseja testar sua capacidade de resumir um texto, sem alterar o ponto de vista do autor.
Levando-se em consideração as características desse gênero textual e a reportagem,
redija um resumo.
Leia o texto abaixo, extraído da revista Veja de 28 de fevereiro de 2018, de Giulia
Vidale.
No século xv, revelam os livros de história, o papa Inocêncio VIII, muito debilitado,
teria recebido sangue de três meninos de 10 anos de idade para ter sua vitalidade
restaurada. A transfusão foi oral. O caso teve um desfecho trágico: todos os envolvidos
morreram alguns dias depois do procedimento. O pontífice acatou a drástica solução sob
influência do Deuteronômio, livro de Antigo Testamento, segundo o qual “sangue é
vida”. A rigor, a ideia do líquido vermelho como algo rejuvenescedor nunca abandonou
o imaginário da humanidade.
Cortemos para 2018, no coração do Vale do Silício, o reduto californiano das mentes
mais cartesianas do planeta. Ali, quarentões, cinquentões e sessentões milionários estão
recorrendo a uma startup de biotecnologia para fazer como o papa Inocêncio: receber
sangue de jovens por meio de transfusão com o objetivo de recuperar a sensação de
juventude.
O procedimento é oferecido por uma clínica privada que investiga os efeitos do plasma
de jovens no combate a doenças do envelhecimento. Atrai homens e mulheres com mais
de 35 anos dispostos a pagar 8000 dólares para receber o material. Como o estudo é
privado, sem participação de dinheiro público, não há empecilho ético para cobrar dos
que desejam participar da experiência.

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“Das 100 pessoas já atendidas, todas afirmaram se sentir com mais energia depois do
procedimento”, disse a Veja o médico Jesse Karmazin, criador da Ambrosia, a empresa
que oferece o serviço.
[...]
O voluntário recebe seis bolsas de sangue, quantidade equivalente a 1 litro e meio. A
porção transfundida é o plasmo, constituído por água, proteínas e anticorpos. O material
é comprado pela startup do Vale do Silício em bancos de sangue, que coletam o líquido
de jovens de 16 a 25 anos. Mais de 100 marcadores sanguíneos são avaliados pela
empresa, mas a lógica da sensação de rejuvenescimento estaria – o estudo ainda não tem
conclusões – na redução de níveis inflamatórios no sangue e na ação de substâncias
abundantes no corpo jovem. Entre as mais estudadas estão a proteína GDF-11,
associada ao crescimento e à formação das veias, e a TIMP-2, envolvida na manutenção
da estrutura celular e dos tecidos. Ao entrarem na corrente sanguínea do organismo mais
velho, produziriam os efeitos do rejuvenescimento.
Entre animais, a ação rejuvenescedora do sangue jovem transfundido está consolidada.
O primeiro trabalho data de 1956. Naquela experiência, setenta duplas de roedores,
formadas por um bicho recém-nascido e um já em estado avançado na idade,
compartilharam o mesmo fluxo sanguíneo. O resultado impressionou a comunidade
científica. Em 2008, pesquisadores da Universidade Stanford descobriram que os ratos
envelhecidos que se submetiam ao procedimento adquiriram células no hipocampo, área
cerebral crucial para a memória e o aprendizado, uma das primeiras regiões do cérebro a
se deteriorar com a idade.
Diz a geneticista Lygia Pereira, chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco
Embrionárias da Universidade de São Paulo: “Há, sem dúvida, um caminho
entusiasmante, mas é preciso fazer mais avaliações para que os benefícios se
comprovem reais também em seres humanos”. Nove em cada dez experiências
científicas são feitas com ratos antes de ser aplicadas em humanos. Um dos motivos é a
semelhança genética. Ainda assim, para efeito de comparação em uma das áreas mais
ricas em pesquisas clínicas, a oncologia, apenas 8% dos resultados com animais se
comprovam em humanos. Além da iniciativa da startup americana, um dos poucos
trabalhos com o uso de sangue jovem em pessoas mais velhas, conduzido pela
faculdade de medicina de Stanford, começou a avaliar recentemente os efeitos da
transfusão em portadores de Alzheimer, para medir o impacto das proteínas no sistema
cognitivo dos doentes. Também não há conclusões ainda.

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Por mais seguro e controlado que seja o procedimento de transfusão, sempre haverá
riscos. “Não existe a possibilidade de um produto biológico ser totalmente inócuo”, diz
a hematologista Melca Barros, médica da disciplina hematologia e hemoterapia da
Universidade de São Paulo. O sangue é um tecido vivo e, portanto, sua transfusão
aumenta a probabilidade de alergia a componentes do material do doador e de infecções.
O líquido jovem, repleto de fatores de crescimento, pode ainda deflagrar cânceres no
receptor. São obstáculos reais, mas nada que reduza o ímpeto da turma californiana em
busca da eterna juventude – até que apareça a próxima aposta. Antes foram os coquetéis
de vitaminas, os alimentos com ômega – 3 e as injeções de hormônios.
VIDALE, G. Veja. 28 de fevereiro de 2018

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6. RELATO

O relato é um texto do tipo narrativo em que apresenta todas as características desse


tipo: narrador, espaço, tempo, enredo, porém, sem clímax. Na UFU, não se pode
nomear nada, nem os personagens e nem o espaço, pois configura-se como identificação
de prova, sendo assim, os personagens não poderão ser nomeados.
No relato, você será exposto a uma situação na qual irá imaginar uma história e narrá-la
de forma linear e cronológica, sem fazer muitas alterações no tempo da narrativa.

➢ CARACTERÍSTICAS
• Coerência narrativa
• Progressividade
• Não faça parágrafos de introdução argumentativo/expositivo
• Apresenta marcas de autoria (Lembro me daquela vez..., Nós passamos a não ir
mais por aquele caminho... etc.)
• Assina
• 1° pessoa

➢ ESTRUTURA
1° PARÁGRAFO Situar espaço, tempo (passado e presente) e personagens (não se
deve nomeá-los).
2° e 3° PARÁGRAFOS Narrar os fatos relacionados ao tema em uma progressão
narrativa.
4° PARÁGRAFO as impressões, efeitos e repercussões na vida do relator.

➢ O QUE DEVE CONTER?


Deve-se apresentar com clareza todos os elementos da narrativa, exceto clímax, sendo
eles:
• Personagens
• Narrador
• Enredo

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• Desfecho

Outro ponto de extrema importância são os verbos no passado que deverão aparecer
com coerência.
➢ Pretérito perfeito – fato no passado já finalizado
➢ Pretérito imperfeito – fato com decorrência no passado
➢ Pretérito mais-que-perfeito – fato que denota um passado anterior a outro
passado.
Além dos verbos no presente para marcar também um presente histórico ou
atemporalidade.
Caso haja “falas” de algum personagem, em hipótese alguma essa fala pode ser
manifestada no discurso direto, sendo utilizado apenas o discurso indireto no relato, que
é aquele em que o narrador fala pelo personagem.

Veja agora um exemplo de um relato de um sobrevivente do fim do mundo, proposta do


vestibular UFU de 2017.

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7. Relatório

O relatório é um documento que demonstra, a partir de informações descritivas, a


jornada de desenvolvimento de determinado grupo ou pessoa dentro de um determinado
período, que pode ser semestral ou anual, por exemplo.

O relatório trata de um tipo de texto, cujo objetivo é o relato de um dado elemento em


específico. A principal característica deste gênero textual é a escrita em forma oral,
como se definitivamente estivesse contando algo em forma de escrita, porém, sem usar
gírias e expressões cotidianas. É um compilado de informações resumidas e
desmembradas, a fim de explorar com maior exatidão um tema.

São textos que tem como tipo textual descritivo e narrativo e tem a função de expor,
sintetizar e discutir questões acerca da produção do conhecimento.

➢ CARACTERÍSTICAS
• 1° ou 3° pessoa
• Formalidade
• Verbos no pretérito
• Possui título
• Atente se às orientações de assinatura
• Máscara

➢ ESTRUTURA

INTRODUÇÃO

• apresentar tema
• objetivo e pesquisa
• contextualizar

DESEVOLVIMENTO

• desenvolvimento da ação
• detalhamento

CONCLUSÃO

• exposição dos resultados


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• discussão

O relatório é um gênero que nunca foi cobrado na UFU anteriormente, por isso,
devemos estar atentos a quaisquer informações que o comando apresenta. Esse gênero
já foi cobrado em outro vestibular, a Unicamp, assim, veremos como foi feito para que
possamos ter um bom parâmetro.

PROPOSTA:

Exemplo de redação acima da média:

** Perceba que o comando não segue o padrão da UFU, por isso, pode haver diferenças.

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8. NOTÍCIA

Esse gênero é axiomático, ou seja, afirma se como verdadeiro. Trata-se de um texto


informativo/narrativo sobre um tema atual ou algum acontecimento real, veiculada
pelos principais meios de comunicação: jornais, revistas, meios televisivos, rádio,
internet, dentre outros. Sendo assim, você irá se colocar na posição de um jornalista
para produzir a notícia, porém, não é necessário escrever essa máscara.

➢ CARACTERÍTICAS
• Predomínio da 3ª pessoa;
• O jornalista não argumenta, apenas expõe os fatos
• Possui verbos no passado e no presente
• Não use muitos adjetivos, pois assim evita a subjetividade

➢ ESTRUTURA

Manchete: título principal do assunto

Olho da notícia”: é uma espécie de pequeno texto, que pode funcionar como subtítulo.
Essa estrutura não é obrigatória neste gênero; (OPICIONAL)

“Lead” (Lide): é o primeiro parágrafo da notícia e deve conter uma síntese do que há de
maior importância no acontecimento, desenvolvendo também as informações da
manchete. Nele são respondidas invariavelmente questões como: quem? O quê?
Quando? Onde? Como? Por quê?

Sublide: é o parágrafo seguinte ao lide. Ele continua a dar as informações mais


importantes para a compreensão do fato que virou notícia;

Corpo: é necessário mostrar os efeitos e consequências do fato narrado, no entanto isso


deve ser feito de forma breve e objetiva. Além disso, nesse momento é fundamental a
citação das partes envolvidas no evento noticiado com igual espaço e abordagem para
garantir a imparcialidade da notícia. A presença das falas de testemunhas na notícia
pode ser também importante;

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➢ OUTRAS INFORMAÇÕES

A manchete tem uma estrutura fixa: Sujeito + Verbo (presente indicativo) + predicado.

Pode ter a presença de um discurso citado, que é a reprodução da fala da pessoa


envolvida (discurso direto), ou de um discurso reportado, que significa o relato da fala
feito pelo jornalista (discurso indireto).

A paráfrase na UFU nos gêneros textuais do vestibular deve ter ao menos 2 linhas.

Agora vejamos alguns exemplos de notícia:

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Outro exemplo de notícia, agora sobre o saneamento básico:

Desigualdade social é refletida no saneamento básico brasileiro


A falta de destinação adequada do lixo ficou ainda mais em evidência quando as
chuvas intensas causaram enchentes porque os bueiros foram entupidos por lixo. Desse
modo, no último final de semana, em decorrência da elevada pluviosidade, houve
consequências por toda cidade, especialmente nos municípios da região do nordeste
onde há escassa coleta e descarte de lixo adequado. Com isso, os moradores que tiveram
as ruas inundadas por água suja contaminada e dejetos reclamam e exigem medidas
urgentes das prefeituras locais.
Outrossim, o acontecimento deixou ruas interditadas e prejudicou diretamente os
moradores com o infortúnio de lidar com lixo à sua porta, além do cheiro insuportável,
foi difícil sair de casa para suas tarefas diárias sem ter que pisar em lixo. Desse modo, a
discrepância de realidades leva consequências diretas ao meio ambiente e à sociedade,
pois o lixo sem coleta prejudica fauna, flora, solo e água. De modo que, o lixo chegou a
se acumular na arborização, contaminando o solo e vários animais de rua, que,
diariamente, procuram comida no lixo e bebem água contaminada. A situação
incomodou pessoas que não moravam nos bairros atingidos também, pois, nas redes
sociais, pessoas mais influentes das cidades resolveram divulgar imagens e vídeos do
acontecimento, com o fim de chamar atenção dos responsáveis pelos recursos públicos.
Nesse sentido, a desigualdade social entre as regiões brasileiras é refletida na
coleta de lixo, pois de um total de 994 municípios brasileiros que oferecem o serviço,
mais de 80% se concentram no sul e sudeste. Por isso, a população local se reuniu na
frente da prefeitura e fizeram uma manifestação para a situação ser resolvida e o lixo ser
corretamente destinado dali em diante. Ademais, foi emitido uma nota da prefeitura que
declarou prioridade na solução dos bairros mais atingidos. Logo, no dia seguinte,
equipes de coleta chegaram aos locais depois que a enchente abrandou e foi iniciado a
recuperação.

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9. PERFIL

É um texto que apresenta um conjunto de informações sobre uma pessoa, mas difere se
da biografia por ser mais informal e mais curto. Normalmente é publicado em sessões
de cinema e de músicas em revistas semanais para que possamos saber mais
informações sobre determinada pessoa. A finalidade é revelar aspectos da vida e do
‘’mundo’’ de uma pessoa: onde ela vive, o que faz, fatos mais importantes do passado e
do presente dela, descrições sobre comportamento, costumes e temperamentos.

Contém Breves relatos de experiência


Busca valorizar certos aspectos da pessoa e da história de vida acrescentando
comentários e opiniões ao texto.

➢ CARACTERÍSTICAS

• 3ª pessoa ou 1ª pessoa
• Título
• Texto descritivo informativo
• Adjetivos e substantivos
• Não assina
• Linguagem formal
• Verdade dos fatos
• Clareza quanto às informações

➢ ESTRUTURA
• Nome, cidade que nasceu profissão, o que fez, o que gosta
• Pequeno relato
• Informações extras

➢ EXEMPLO

Walker nasceu em 9 de fevereiro de 1944 na pequena comunidade rural de Eatonton ,


no estado da Geórgia, região sul dos Estados Unidos. Foi a mais jovem de oito irmãos,

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prole de um casal que ganhava seu sustento por meio da parceria rural (ou
sharecropping ), que, no contexto pós guerra civil para os americanos negros, era na
prática uma continuação da escravidão.
Apesar das dificuldades, a mãe de Alice, que para ajudar a aumentar o salário miserável
era também costureira, vislumbrava um futuro melhor para a filha. Por isso, impediu a
caçula de seguir os trabalhos rurais dos mais velhos, inscrevendo a em uma escola aos
quatro anos de idade.
É muito improvável que Walker, até então uma criança extrovertida, tivesse seguido o
rumo que seguiu se um trágico acidente durante a infância não lhe tivesse ocorrido.
Com oito anos, brincando com dois de seus irmãos mais velhos, foi atingida por uma
bala de chumbo que lhe custou a visão de um olho e prejudicou severamente sua
autoestima.
Em 1961, Walker recebeu uma bolsa para estudar na SpelmanCollege, à época uma
faculdade para mulheres negras, em Atlanta. Durante sua passagem pela cidade, foi
ativa na luta pelos direitos civis, acompanhando de perto a insurreição de figuras como
John Lewis e Julian Bond contra a segregação no país e, mais tarde, presenciando a
Marcha de Washington, onde Martin Luther King proclamou o famoso discurso Eu
tenho um sonho.

10. TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA


O texto de divulgação científica é diferente de textos científicos. Predominantemente
expositivo, possuem a finalidade principal de “popularizar a ciência”, ou seja,
difundir o conhecimento científico, transmitindo assim diversas informações de valor
indiscutível.

➢ ESTRUTURA

• INTRODUÇÃO apresentação do tema/temática com as principais ideias


defendidas durante o texto.
• DESENVOLVIMENTO desenvolver as ideias e discorrer sobre as informações
científicas comprovando a tese.
• CONCLUSÃO retomada e fechamento da ideia, do conhecimento apresentado

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➢ CARACTERÍSTICAS

• 3° pessoa
• linguagem clara, objetiva e impessoal
• verbos predominantemente no presente do indicativo
• focalizar: o que foi descoberto; quem descobriu; como; quando; onde; para quê.
• respectivos impactos sociais, econômicos etc.
• Título
• Exemplificar de acordo com o texto fonte

➢ EXEMPLO
A Unicamp, em 2016, cobrou o gênero texto de divulgação científica, o que pode servir
de exemplo para construirmos o nosso, visto que a UFU nunca cobrou esse gênero em
seu vestibular.

UNICAMP 2016
Você está participando de um curso sobre o livro O sentimento de si: corpo, emoção e
consciência, de autoria do neurocientista António Damásio. Uma das avaliações do
curso consiste na produção de um texto de divulgação científica a ser publicado em um
blog do curso. O objetivo do seu texto será o de divulgar as ideias do autor para um
público mais amplo, especialmente para alunos do ensino médio. Você deverá escrever
o seu texto sobre o tema da indução das emoções, baseado no excerto abaixo,
a) uma explicação sobre indutores de emoção com exemplos do próprio texto;
b) uma breve narrativa que exemplifique processos de indução de emoções;
c) uma finalização baseada no fechamento do texto original.
Lembre se de que o texto de divulgação científica deverá ter um título adequado aos
conteúdos

O induzir das emoções


As emoções acontecem em dois tipos de circunstâncias. O primeiro tipo de
circunstâncias tem lugar quando o organismo processa determinados objetos ou
situações através de um dos seus dispositivos sensoriais, por exemplo, quando o
organismo avista um rosto ou um local familiar. O segundo tipo de circunstâncias tem

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lugar quando a mente de um organismo recorda certos objetos e situações e os
representa, como imagens, no processo do pensamento, por exemplo, a recordação do
rosto de uma amiga ou o fato de esta ter acabado de falecer.
Um fato que se torna óbvio ao considerarmos as emoções é que certas espécies de
objetos ou acontecimentos tendem a estar mais sistematicamente ligadas a determinado
tipo de emoção que a outros. As classes de estímulos que provocam alegria, medo ou
tristeza tendem a fazê-lo de forma consistente no mesmo indivíduo e em indivíduos que
compartilham os mesmos antecedentes culturais. Apesar de todas as possíveis variações
na expressão de uma emoção, e apesar do fato de podermos ter emoções mistas, existe
uma correspondência aproximada entre classes de indutores de emoção e o resultante
estado emocional. Ao longo da evolução, os organismos adquiriram os meios para
responder a determinados estímulos –sobretudo aos que são potencialmente úteis ou
perigosos sob o ponto de vista da sobrevivência –através de um conjunto de respostas a
que chamamos emoção.
Também é importante notar que enquanto o mecanismo biológico das emoções é
largamente predeterminado, os indutores de emoção são externos e não fazem parte
desse mecanismo. Os estímulos que causam a emoção não se encontram, de modo
algum, confinados aos que ajudaram a formar nosso cérebro emocional ao longo da
evolução e que podem induzir emoção desde os primeiros dias de vida. À medida que se
desenvolvem e interagem, os organismos ganham experiência factual e emocional com
diversos objetos e situações do ambiente, tendo assim uma oportunidade de associar
muitos objetos e situações que poderiam ter permanecido emocionalmente neutros, com
os objetos e as situações que causam emoções naturalmente. A forma de aprendizagem
conhecida por condicionamento é uma das maneiras de obter esta associação. Uma casa
parecida com a que o leitor viveu uma infância feliz pode fazê-lo sentir-se feliz, embora
nada de especialmente bom ainda se tenha passado na casa. Do mesmo modo, o rosto de
uma belíssima desconhecida, que se assemelha ao de uma pessoa ligada a um
acontecimento terrível, pode causar-lhe desconforto ou irritação. Pode até nunca chegar
a perceber por quê.
A consequência de concedermos um valor emocional aos objetos que não estavam
biologicamente destinados a receber essa carga emocional é tornar infinita a lista de
estímulos que, potencialmente, podem induzir emoções. De uma forma ou de outra, a
maior parte dos objetos e das situações conduzem a alguma reação emocional, embora
uns em maior escala que outros. A reação emocional pode ser fraca ou forte –e,

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felizmente para nós, é fraca na maior parte das vezes –mas mesmo assim está sempre
presente. A emoção e o mecanismo biológico que lhe é subjacente são os companheiros
obrigatórios do comportamento, consciente ou não. Um certo grau de emoção
acompanha, forçosamente, o pensamento sobre nós mesmos ou sobre o que nos rodeia.
(Adaptado de António Damásio, O sentimento de si: corpo, emoção e consciência.
Lisboa: Círculo de Leitores, 2013, p.79-81.)

EXEMPLO 1 DE REDAÇÃO ACIMA DA MÉDIA


“Indutores de emoção”: os gatilhos das sensações
Constantemente em nossas vidas, lugares, pessoas, objetos ou situações são
responsáveis por nos causar emoções diversas, às vezes positivas, às vezes não.
Segundo António Damásio, as emoções são meios de responder a determinados
estímulos, tais estímulos são tratados em seu livro “O sentimento de si: corpo, emoção e
consciência” como “indutores de emoção”.
Imaginamos a seguinte situação: ao longo de sua infância você viveu em uma casa onde
foi muito feliz. Anos mais tarde, você se depara com uma casa extremamente parecida
com aquela em que passou a infância. Nesse instante, seu cérebro passa a associar a
casa nova com a ideia da felicidade que você presenciou ao longo da infância, mesmo
que nada de bom já tenha acontecido na nova residência. No nosso exemplo, a casa
seria o indutor de emoção, pois sua lembrança gera em você sensações de felicidade.
Suponhamos agora que você foi atropelado por uma moça ruiva ao sair da escola.
Tempos depois, em uma festa com os amigos, você vê uma jovem muito parecida com a
motorista que o atropelou. Assim, mesmo sem conhecer a jovem da festa, você começa
a se sentir desconfortável ou irritado só de vê-la. Nesse caso, o indutor de emoção é a
aparência da mulher ruiva, que lhe remete a uma situação terrível, causando-lhe
irritação.
Naturalmente, existe uma gama de indutores, mas o hábito de conceder um valor afetivo
a seres inanimados, como objetos, aumenta infinitamente o número de estimulantes.
Felizmente, a resposta a tais estímulos é, quase sempre, fraca, embora as emoções
estejam sempre presentes. Portanto, como há, toda vez, uma ligação entre o indutor e a
emoção subsequente, um certo grau de sensação está intimamente associado ao que
pensamos sobre nós ou sobre o mundo ao nosso redor.

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EXEMPLO 2 DE REDAÇÃO ACIMA DA MÉDIA
Como as emoções podem ser despertadas?
Todas as nossas emoções são provocadas por classes de circunstâncias conhecidas como
indutores de emoções. É o que revela o livro “O sentimento de si: corpo, emoção e
consciência” do neurocientista António Damásio. Segundo o pesquisador, os indutores
são toda sorte de objetos e acontecimentos que estão ligados a um determinado
sentimento. Este, por sua vez, é formado de duas formas: quando experimentamos
objetos e situações por meio dos nossos sentidos –por exemplo, ao vermos um rosto de
uma pessoa familiar –, ou quando, em nosso pensamento, lembramos desses objetos e
situações e os visualizamos internamente como imagens –a exemplo, a lembrança do
semblante de um amigo ou a ocasião de seu falecimento.
O autor ainda evidencia que esses indutores são externos aos seres humanos. Sendo
assim, cada um pode, mesmo sem ter plena consciência disso, associar emoções a certas
ocorrências e coisas que, normalmente, não induziriam sentimentos. Suponhamos que,
ao caminhar pela rua, você encontra uma praça muito semelhante àquela em que passou
e ainda passa uma juventude muito feliz. Essa associação certamente lhe despertará
felicidade. Por outro lado, se, em uma multidão, você, por acaso, vê uma pessoa
parecida com um(a) antigo(a) namorado(a), cujo relacionamento lhe trouxe muitas
mágoas, pode ser que você se sinta tomado pela angústia que caracterizava sua relação,
embora, talvez, você não perceba o porquê disso. Assim, os indutores manifestam-se de
diversas maneiras na vida cotidiana.
O impacto desse contínuo processo, que atribui valor sentimental a vários objetos, é a
multiplicidade e a multiplicação imensa da quantidade de indutores, que despertam
emoções. Os sentimentos são, explica o autor, uma resposta evolutiva a situações que
nos foram impostas para a sobrevivência nas mais variadas formas. Dessa maneira, faz
todo sentido concluir que alguns indutores podem atuar em maior grau que outros. Fato
é que, assim como constatam as descobertas sobre os processos de indução, o ato de
sentir é um mecanismo biológico que está sempre presente no comportamento humano,
seja de forma consciente, seja de forma inconsciente.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Informe estatístico da educação básica:


evolução recente das estatísticas da educação básica no Brasil. Brasília: MEC / INEP /
SEEC, 1998

DE ABREU FERREIRA, Luciana Nobre; QUEIROZ, Salete Linhares. Textos de


divulgação científica no ensino de ciências: uma revisão. Alexandria: revista de
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do SIELP, Uberlândia/MG: EDUFU, p. 01-13, 2012.

DIONISIO, Angela Paiva et al. Gêneros textuais e ensino. Lucerna, 2005.


DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros orais e escritos na escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.

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https://www.portalselecao.ufu.br/servicos/ArquivoAdministrativo/download/0dc23b6a0
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KOCH, Ingedore Grünfield Villaça. Principais mecanismos de coesão textual em
português. Cadernos de estudos linguísticos, v. 15, p. 73-80, 1988.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Linguística de Texto: o que é e como se faz. São Paulo:
Parábola, 2012.
SILVA, Pollyanna Honorata; SILVA, Mariana Batista do Nascimento. Notícia: a
fluidez de um gênero. Anais do SIELP, Uberlândia/MG: EDUFU, p. 01-13, 2012.
Regra Geral.

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