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“Vivendo nossos Valores”

Palestra de lançamento do livro com o mesmo título,


realizada em São Paulo/SP, em novembro de 2014
por Ken O’Donnell

Vou contar a vocês um pouco sobre a história do livro.

Em 1986, fizemos um programa chamado “Um milhão de minutos de paz”, dedicado ao Ano
Internacional da Paz. Neste caso, foram coletados minutos dedicados à paz. Tivemos muitas coisas,
inclusive no Brasil,... conseguimos por exemplo que em alguns jogos clássicos de futebol, o jogo fosse
parado para se dedicar alguns minutos pela paz. Enfim, acabamos movendo atividades em mais de 100
países e conseguimos juntar, em um mês, quase 4 bilhões de minutos dedicados à paz, através de
pensamentos positivos, de meditação, de oração, de andar de bicicleta no parque espalhando vibrações
de paz... Isso nos inspirou muito e ganhamos 7 prêmios “Mensageiro da Paz” das Nações Unidas,
inclusive o Brasil, e fomos declarados uma Organização mensageira da paz – muitos alunos que
frequentam não sabem desta história porque foi há muitos anos .

Assim, através desta conexão a ONU queria saber o que iríamos fazer? Pensamos então que não
iríamos mais colecionar minutos, mas que colecionaríamos ideias. Nós fizemos um programa chamado
“Cooperação Global para um Mundo Melhor”, no fim dos anos 80... entre 88 e 89. Foi um projeto antes
da época da internet, e-mails, etc, mas mesmo assim nos surpreendeu pelo impacto, porque juntamos
ideias para melhorar o mundo. Hoje em dia se vê isso toda hora, mas naquela época foi completamente
inédito, inclusive o trabalho foi indicado para ONU... Foi igualmente um programa gigantesco, sem
orçamento praticamente. Era realmente de coração por parte das pessoas, de empresas, organizações,
inclusive campanhas publicitárias de graça, ... Na divulgação mostramos uma fotografia do planeta
Terra com a frase “Este é o único lugar que podemos viver, o que você pode fazer por ele? Hoje em dia
isso também é comum, mas naquela época era inédito, foi inclusive antes da Eco 92, etc. Nós
conseguimos colecionar quase 100 mil ideias, em 130 países, em 1988 - a maior parte da
correspondência foi através de fax, só para dizer o quão antigo era. O que observamos foi que levamos
de 2 a 3 anos para fazer um livro chamado “Visão de um mundo melhor”. Foi legal mostrar para a ONU
o que as pessoas do mundo respondiam ao serem perguntadas sobre que tipo de governo gostariam de
ter, por exemplo. O que vocês acham que falaram sobre o governo? Honesto, justo, trabalhador,
transparente. Que tipo de vida familiar? Harmoniosa, respeitosa. Que tipo de meio ambiente queriam?
Verde, limpo, puro etc. Então, pessoas de todas as tradições religiosas, de todas as culturas destes 130
países, estavam falando sobre valores, de fato, e que eram os mesmos valores em termos de suas
esperanças, o que esperariam. EUA, Rússia,... muitos países queriam a mesma coisa e estavam falando
sobre os mesmos valores, então com isso nós desenvolvemos uma linha de materiais e surgiu o livro
“Vivendo Valores - um manual”, que foi dedicado ao aniversário de 50 anos das Nações Unidas, em
1996. Foi dedicado à ONU em seu 50º aniversário para mostrar que realmente os povos do planeta
inteiro, independente da cultura, da raça, da religião, queriam exatamente a mesma coisa.

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Teoricamente podíamos imaginar isso, mas nós provamos que era assim através deste
programa. Analisando todo aquele material, decidimos sobre uma lista de 12 valores universais de
maior destaque ali. Não é que alguém sentou e inventou quais seriam os 12 valores que representariam
todas as tradições, culturas e religiões. Não. Nós analisamos o material – e foram elencados a
honestidade, a cooperação, a união, o amor, a paz... Oferecemos alguns workshops baseados neste
manual, não apenas uma parte poética bem escrita, mas oferecemos workshops práticos para
organizações comunitárias, empresas e escolas. O UNICEF se interessou pelo programa oferecido em
salas de aula. Assim, paralelamente nasceu o programa “Vivendo Valores na Educação”. Inclusive,
ontem aqui na sede da BK em São Paulo havia um grupo de professores sendo treinados para serem
facilitadores deste programa. Para se ter uma ideia, o tamanho da capilaridade da BK mundial é grande,
hoje temos quase 9 mil sedes em 120 países. E, neste projeto em fins dos anos 90, junto com o UNICEF,
alguns pedagogos e professores principalmente da BK sentaram-se em Nova Iorque e Espanha para
elaborar um material fantástico para todas as faixas etárias, para ser trabalhado em sala de aula,
valores... Sabemos que com a separação do Estado e das religiões, esta parte de desenvolvimento de
valores morais ficou descoberta na maioria doa países. As pessoas questionavam: que tipo de valores
vamos passar para nossos filhos, as crianças? Valores cristãos? Em muitos países, na mesma sala de
aula há hindus, cristãos, mulçumanos, etc. Nossa ideia era preparar professores para trabalhar valores,
pois estávamos junto com o UNICEF e a ONU, que reúnem todas as tradições, então, não poderíamos
puxar a sardinha para um tipo de cultura ou religião. A linguagem tinha de ser completamente
universal e aceita por budistas, hindus, mulçumanos, cristãos, etc. Fizemos o material que ainda é um
grande sucesso. Entre os livros estão: “Atividade com valores para jovens”, “Atividades com valores
para estudantes de 7 a 14 anos”, um livro sobre Experiência em valores aqui no Brasil, onde o autor
também é aluno da BK, em Fortaleza, entre outros. Também tivemos um programa de valores voltado a
profissionais que atuam com crianças de rua.

Tratava-se de entender a sensibilidade destes valores e trabalhar isso com os professores. Por
exemplo, em uma lição de história, poderia se perguntar como extrair valores a partir dali ao invés de
sangue e ódio? Pois sabemos que um mesmo assunto pode ser abordado de diferentes maneiras.

No Brasil, pelos cálculos, começamos no fim dos anos 90 e já preparamos aproximadamente 30


mil professores, desdobrando-se no atendimento de milhares de crianças. A partir deste material para
trabalhar valores, nós desenvolvemos também programas na área da saúde e nas organizações, tudo
inspirado nesta onda. Dois anos atrás o pessoal que estava a frente do programa original, do livro
original, pensou que seria necessário fazer uma atualização. Este livro lançado aqui hoje é esta
atualização. Contém basicamente workshops para trabalhar com a comunidade, por exemplo, como
trabalhar liderança interior, como você pode levar isso para seu grupo, com discussões inclusive de
facilitação, mas, igualmente, possui aqueles mesmos 12 valores: amor humildade, honestidade,
felicidade, liberdade, ... valores universais.

Contudo, como colocar na prática? Pois... vejo que todo mundo tem um bom discurso e
realmente não tem muito interesse. Ao se começar a falar sobre valores para os outros, você tem de ser
exemplo. Especialmente o programa de “valores nas organizações” não teve muito ibope... ninguém se
interessa em ser exemplo daquilo que fala. É impressionante a cegueira que existe por causa disso, não
é tão simples.

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Quem aqui trabalha em uma empresa que tem visão, missão, valores? Você vê um pôster lindo
atrás da cabeça da recepcionista... Eu brinco quando vou a uma empresa perguntando: “Alguém sabe
quais sãos os valores que estão na lista?” Aí eles dizem- ah, o que era mesmo? Eu mesmo escrevi um
livro, “Valores humanos no trabalho - da parede para prática”. É tirar da parede do elevador e colocar
na prática. Mas a cegueira é tão estrondosa que eu fico pensando: “Como podem imaginar
primeiramente missão, visão, valores apenas para a autocongratulação e a autopromoção? Será que eles
não entendem que o cliente não coloca no espelho do banheiro e fica celebrando todo dia sobre missão
e valores? “Que legal! Estou muito feliz com esta empresa, tem uma missão fabulosa!!” Não é assim.
Mas é como se a direção das organizações, não apenas em empresas privadas, mas especialmente
públicas, elaborassem estas coisas a portas fechadas e preparassem um frisbee bonito para lançar sobre
os colaboradores. Vocês sabem o que é um frisbee? É um disco de plástico que você joga e volta. Então,
é como se eles fossem lá no último andar do prédio e lançassem o frisbee e aí o povão lá embaixo, o
trabalhador, operário, funcionário, administrativo vê este frisbee passando por cima de suas cabeças... e
o povo pergunta: “O que é aquilo mesmo? Ah...é o plano estratégico...” Isso não toca o coração, é
falação, papo furado, para usar uma expressão vulgar.

As pessoas querem ser tratadas com respeito. Se você não é tratado com respeito em uma loja
você vai onde? Vai embora ou vai buscar um lugar onde você é respeitado e aí você vai falar para mais
30 pessoas, por favor, não vá aquele local, as pessoas são muito rudes, mal-educadas.

Não é tão simples assim. Falamos de valores... valores são virtudes praticadas. Para mim,
virtudes e valores são sinônimos, para não entrar na semântica. Vou dar um exemplo... alguns de vocês
já ouviram esta história - quando escrevi este livro, “Valores humanos no trabalho”, um certo impacto
foi criado. O Banco Central na época se interessou pelo livro. Isso também acontece... chamam um
palestrante para falar sobre o assunto, então eles lavam as mãos... “já foi feita uma palestra este ano e já
fizemos nossa parte”. Então fazem um workshop e uma semana depois ninguém lembra mais nada... Eu
pensei em criar um ícone, usar algo que eles usam para que eles jamais se esquecessem daquele
exemplo. Eu tinha ido lá no dia anterior. A palestra ia ser transmitida para o país inteiro. Vocês têm de
imaginar, eu estava seriamente correndo o risco de ser preso pelo que fiz, mas foi um risco calculado,
numa boa. Teriam algumas pessoas na plateia, mas teria uma transmissão para o país inteiro e todas as
pessoas iriam ver a palestra de Valores humanos no trabalho, da parede para prática... vi que o Banco
Central tinha uma campanha para tratar dinheiro com mais carinho, com mais cuidado, porque eles
calcularam que se as pessoas cuidassem das notas de 2, 5, 10, 50, 100, com mais carinho o dinheiro
duraria mais... pois imprimir dinheiro custa dinheiro e eles iriam economizar 20, 30 milhões de reais
em 3 anos, o que era algo bom.

Naquela noite eu peguei uma nota de 100 reais e tirei uma fotocópia colorida, amassei um pouco
para parecer um pouco usada, e como ia ser televisionado eles não iriam poder manusear. Em
determinado momento da palestra, eu tirei a nota de 100 e ofereci aos participantes: “Sou um
palestrante diferente, eu me sinto extremamente generoso hoje, eu ofereço esta nota esta noite para
quem levantar a mão...” Então entre 8 e 10 pessoas levantaram a mão, eles sentiram que ia ser uma
brincadeira... aí eu peguei a nota e disse: “E se eu amassasse esta nota?” (A organizadora estava sentada
na frente e quase sofreu um infarto) “Vocês aceitam amassado?” Aceitamos. Vale igual. Então eu peguei
a nota e pisei várias vezes. Depois eu peguei do chão, abri, estava toda suja e eu disse: “Vocês ainda
aceitam se eu der?” Aceitamos... Por fim, a última blasfêmia. Eu peguei a nota e rasguei no meio, ofereci
os dois pedaços, e ainda tinha um rolo de durex, eu ofereci com durex e disse: “Aceitam?” Sim, ainda dá

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para colar e trocar no Banco Central... (nesta hora a mulher estava quase morta de roxa)... Depois eu
disse: “Primeiramente, eu jamais faria isso com uma nota de verdade, mas sim eu faria com uma nota
falsa como esta...”

Eu fiz isso para mostrar que na questão de valores, se você não se valoriza, se você não pratica
valores, o que acontece? Por exemplo, cada vez que você cede a um impulso negativo, você naquele
mesmo instante abandona seus princípios. Cada vez que você reage de maneira emotiva, de maneira
impulsiva, impetuosa, seus valores vão pela janela. Isso acontece porque aquilo não está arraigado, não
estamos familiarizados com nossos valores, basicamente falta esta autovalorização que é a base
inclusive da autoestima, do autorrespeito.

Disse então aos participantes que não daria os 100 reais porque era uma nota falsa, mas que usei
aquilo como exemplo porque não importa o que eu fizer com a nota de verdade, se eu amasso, rasgo,
pisoteio,... continua tendo o mesmo valor e, na vida, com nós, é a mesma coisa. Não importa se o
mundo nos amassa, pisoteia, nos rasga, nós continuamos tendo o mesmo valor... Mas quem aqui tem
consegue manter esta ideia de forma constante? Minha paz é minha paz, minha felicidade é minha
felicidade, meu amor é meu amor, ninguém pode tirar de mim a não ser se eu deixar... se alguém faz
algo e eu perco minha paz é porque eu entreguei... é como se eu andasse com uma placa nas costas que
dissesse “por favor, tire minha paz, eu estou aberto para qualquer transação, pode puxar toda minha
paz, meu amor, minha felicidade”. É absurdo pensar assim, mas este autoconceito pequeno de valor
próprio é responsável pela instabilidade emocional e mental que temos. É por isso que a gente não
pratica valores e por isso temos de fazer livros sobre isso. Se fosse natural não precisava de livros e
palestras, eu poderia me levantar e ir embora...

Os valores que a gente tem são os valores que nós praticamos. Eu diria mais, para sair do “às
vezes” e ir para o “sempre”, eu tenho inclusive de converter minhas idiossincrasias específicas em
termos de valores, porque cada um tem uma prática, alguns são mais silenciosos, outros são mais
amorosos, outros mais quietos, eles estão valorizando algo. Não é que valorizamos todos as mesmas
coisas. Temos nossas especialidades e isto não é exatamente o mesmo que habilidade. Fazer bolos
muito enfeitados, bonitos e saborosos não é exatamente uma especialidade, mas é uma habilidade.
Porém, o que você faz com o bolo, se você faz para deixar um monte de crianças felizes, por exemplo, aí
sim, é uma especialidade. Portanto, você pode encontrar pessoas extremamente habilidosas, mas que
são mafiosas, ... estão fazendo alguma coisa ruim com suas habilidades. Então, valores têm que criar
valor, não diminuir valor. Basicamente, você agrega valor ou retira valor, ou então, você é
completamente inócuo... Você chega, fica, vai embora e ninguém nem percebeu que você existe, não
sentiu, seu valor não subiu com sua presença. Há pessoas que diminuem o valor dos outros, vocês já
devem ter visto alguns destes, eles menosprezam, criticam, chamam atenção, são prepotentes, são meio
narcisistas, a única coisa que enxergam é eles próprios. Agora, há aqueles que sua existência, interação,
agrega algo aos que estão à sua volta. Como seria se você agregasse algo positivo a quem quer que
estivesse a sua frente, a partir da sua interação?

Não é uma questão de fazer lista de valores. Se você realmente se conhece e conhece seu valor
espiritual, experimentando-se como filho de Deus – Aquele que ele é o Oceano de paz, de amor e de
felicidade,... então, se eu sou filho Dele, como devo ser? É algo que nasce muito mais de uma
compreensão do que de uma cartilha que você consulta. “Espere, o que devo fazer nesta situação? Aha -
já tenho a resposta aqui!” Não é assim, é? Não.

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Uma vez em nosso centro em Belo Horizonte a polícia militar de Minas entrou em contato
conosco e queriam que trabalhássemos os valores da corporação para todos os 40 mil efetivos. A BK
ajudaria a fazer isso e foi até certo modo cômico. O nome do comandante era Sócrates - curioso, nome
de um grande filósofo. Eles tinham feito um trabalho de redefinição corporativa, redefinição da
identidade da corporação e a nova identidade foi descrita como: “nós somos agentes da paz social”. Foi
uma bela definição da polícia local do Estado. Tratava-se de deixar de ser caçador de bandido, de gente
ultrapassando o limite de velocidade, para ser agente da paz social. Nós identificamos um perfil de
multiplicadores porque nós mesmos não iríamos poder fazer um trabalho com 40 mil pessoas, então,
teria de haver multiplicadores internos. Identificamos então alguns valores: a paz, porque seria sua
ação, a ética, a disciplina e a hierarquia - que é importante para uma organização militar. Preparamos
as pessoas e eles foram replicando... Uns dois anos depois... para encurtar a história e para mostrar o
quanto estas coisas podem penetrar na cabeça das pessoas, eu estava com a Patrícia, a coordenadora de
Belo Horizonte e estávamos indo para um evento em Ouro Preto, onde o major que estava nos
acompanhando durante todo o processo estaria ali. Era um programa sobre valores no trabalho. Ele ia
contar a experiência na polícia militar de Minas, sobre este programa... No meio do caminho, nós fomos
parados por uma blitz policial. A Patrícia estava sem o documento do carro e ela disse ao policial:
“podemos chamar o major, ele está nos esperando...”. O policial disse: “Nem se fosse Deus, não
podemos dar um jeito, não posso, não é ético.” Então nós ligamos para o major e ele disse a mesma
coisa: “Não é ético, vocês mesmos nos ensinaram... (risadas do público) infelizmente vocês vão ter de
esperar o próximo ônibus...” . Estávamos esperando, por um lado tristes e por um lado felizes, porque
ao menos uma ficha caiu. Dois pedestres com aspecto de cansaço, de pobreza, de fome, estavam
acabados, eles passaram e o policial perguntou: “Para onde vocês estão indo?” “- Para Ouro Preto.”
“Quem são vocês?” “Nós viemos de São João Del Rei, vamos trabalhar com nosso tio.” Quem conhece
Minas? Aquela distância é longa... 100, 200 km de lá. O policial perguntou: “Já há a quantos dias?”
“Estamos nisso vários dias.” “Quando foi o último dia que vocês comeram?” “Ontem pela manhã...”
Então o cabo pegou a marmita dele e disse: “Acho que vocês precisam mais desta marmita do que eu” -
e eles se sentaram com a gente e comeram, depois foram embora. Nós ficamos maravilhados, porque o
cabo efetivamente estava agindo como agente de paz social. Isso nos dá um pouco de esperança, não é?
Foi em 2005... não sei se persiste...

Nós temos de fazer uma sacudida assim... às vezes temos de fazer uma sacudida em nós
mesmos. Eu tenho de agir baseado em valores, tenho de ser sério sobre estes assuntos... não posso
deixar solto. Eu estava comentando hoje com um grupo sobre uma pesquisa feita recentemente na
Inglaterra, em uma Universidade em Londres que dizia que as pessoas que se dizem espirituais porém
não têm uma estrutura para o desenvolvimento desta sensibilidade e não praticam nada, só se acham
espirituais, são pessoas mais propensas a ter problemas mentais e emocionais do que aqueles que são
ateus e os que têm uma estrutura de prática devocional diária. Porque pode ser que o ateu não esteja
nem aí, mas uma pessoa “espiritual”, que tem certa sensibilidade mas não faz nada para organizar esta
sensibilidade... esta vai ter problema... faz sentido, não faz? É um convite. Acho que todos que vêm aqui
são do bem, certo? Alguém do mal aqui? Ninguém levantou a mão... Mas este lado não vai levantar a
mão, não é? O que é uma pessoa do bem? É uma pessoa que supostamente tem um acervo de valores e
pratica estes valores de uma forma consistente. Será que agora eu me organizei para fazer isso ou só
acho que faço? São duas coisas diferentes, porque, teoricamente todos somos maravilhosos, mas pode
haver uma diferença entre o ideal e a prática.

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Temos de fazer alguma coisa. Por exemplo, a meditação Raja Yoga está baseada na ideia de que
você é um ser de valor e que você afirma isso através de pensamentos. Você puxa estes registros muito
profundos que estão na base da alma para a superfície da consciência, através da reflexão. Raja Yoga é
isso. Se você faz isso de forma regular, você não será uma pessoa do bem apenas na teoria, mas na
prática. Se a situação está pedindo por cooperação você coopera, se a situação pede amor, você será
amoroso, se pede paz você será pacífico, você não vai precisar de cartilha, você puxa o que é natural em
si mesmo.
Este livro está cheio de coisas práticas, você pode conduzir um workshop consigo próprio,
depois fazer com a família, com os colegas,... É para socializar, não é para ficar na prateleira, certo?! Se
cada um for um agente de paz social, um agente de valores práticos, se cada um servir 10, então, a partir
dos 100 presentes hoje aqui serão mais 1000 pessoas melhores andando nas ruas de São Paulo e, se eles
servirem, logo seremos 10 mil. É assim que temos de socializar aquilo que é bom, ok?!
Vamos fazer uma meditação final
Procure sentar-se de forma não muito frouxa nem muito rígida em sua cadeira ou chão...
Procure esta postura interna de observação do momento aqui e agora... em segundo lugar, observe
aspectos principais de sua vida que estejam mais próximos, coisas que você pretende fazer,
relacionamentos, etc... toda rede de pessoas e objetos que fazem parte de sua vida e você se vê no
centro disso tudo. Assim como você está sentado em sua cadeira, vá para este acento sutil, atrás dos
olhos, no meio da testa e deste acento observe a vida que se forma à sua volta... lembre-se de sua
natureza profunda que é de paz, de amor, felicidade, o valor intrínseco que ninguém pode tirar de
você e deste valor que nascem virtudes... e as virtudes são as principais armas sutis para você se
relacionar com o mundo, com outros, com a matéria, com o dinheiro... O valor se deriva de suas
qualidades inatas e, sutilmente na presença divina de Deus, podemos lembrar a alma na frente deste
Sol espiritual. Este valor é ativado nesta conexão, de maneira que eu permaneço neste assento sutil
atrás dos olhos, um pequeno ponto de energia consciente, luz espiritual, simplesmente irradiando este
valor profundo, eu sou um ser de valor, eu sei disso...
Então, esta imagem fica registrada, que eu no fundo no fundo sou um ser de paz, radiante, um
pequeno filho de Deus... sou um ser de valor e portanto isso vai pautar minhas interações com os
outros e esta definição de ser uma pessoa do bem é o que me torna efetivamente um benfeitor do
mundo...
Assim, vamos abrindo os olhos um pouco... voltando para a normalidade da sala, mantendo
ainda esta consciência de olhos abertos, ok?
Om shanti.

Ken O’Donnell é coordenador da Brahma Kumaris na América do Sul – ONG internacional dedicada ao
resgate dos valores humanos e declarada pelas Nações Unidas como Mensageira da Paz.

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