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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO A DISTÂNCIA

COLOCAÇÃO DE PRONOMES CLÍTICOS EM PORTUGUÊS EUROPEU E


MOÇAMBICANO

Estudante: Alito Vulai Momade, Código nº 708237239

Docente: Prof. Doutor António Tuzine

Licenciatura em Administração Pública

Disciplina de Técnica de Expressão

1º Ano

Maputo, Maio 2023


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problema)
Introdução
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Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
Articulação e domínio
do discurso académico
(expressão escrita 2.0
Conteúdo
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos dados 2.0
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo,
espaçamento entre linhas
Normas APA 6ª Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliografia bibliográficas
Índice págs.

1. Introdução.................................................................................................................. 1

1.1. Objectivos .............................................................................................................. 1

1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................. 1

1.1.2. Objectivos específicos ....................................................................................... 1

1.2. Metodologia ........................................................................................................... 1

1.3. Estrutura do trabalho ............................................................................................. 2

2. Colocação dos Pronomes Clíticos no Português Europeu ........................................ 3

2.1. Próclise .................................................................................................................. 4

2.2. Ênclise ................................................................................................................... 5

2.2.1. Colocação pronominal nas locuções verbais ..................................................... 6

2.3. Mesóclise ............................................................................................................... 7

3. Colocação de Pronomes Clíticos no Português Moçambicano ................................. 7

3.1. A Construção Social do Português de Moçambique ............................................. 9

4. Considerações Finais ............................................................................................... 11

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 12


1. Introdução

O tema da colocação pronominal configura-se como importante tópico morfossintático


para a diferenciação entre as variedades vernaculares do Português de Moçambique
(PM) e do Português Europeu (PE).

Em Moçambique, a variável escolaridade é relevante para o acesso à norma padrão do


PE. Esta investigação sobre os clíticos pronominais com dados organizados por níveis
de escolaridade, para além de permitir observar o tipo de mudanças operadas nos
padrões de colocação dos clíticos pronominais no Português de Moçambique, pode ser
um bom indicador da influência da variável escolaridade na variação e mudança
linguística.

O presente trabalho insere-se no âmbito de avaliação da disciplina de Técnica de


Expressão em Língua Portuguesa, leccionada no Centro de Ensino à Distância da
Universidade Católica de Moçambique, especificamente no curso de Licenciatura em
Administração Pública e pretende, segundo orientações, discutir sobre a colocação dos
pronomes clíticos em Português buscando, especificamente, comparar esta colocação no
Português moçambicano (PM) com o Português europeu (PE).

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Comparar a colocação dos pronomes clíticos no Português Moçambicano e


Português Europeu.

1.1.2. Objectivos específicos

 Conceptualizar os pronomes clíticos;

 Descrever as regras de colocação dos pronomes clíticos na língua Portuguesa;

 Identificar as diferenças da colocação dos pronomes clíticos no PM em relação


ao PE.

1.2. Metodologia

A realização do presente trabalho foi possível, mediante a utilização dos seguintes


métodos e/ou técnicas:

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(i) Pesquisa bibliográfica – esta técnica tem a ver com busca de material em várias
plataformas, por forma a preencher o corpo do trabalho, isto é, está baseada na leitura de
artigos científicos, livros em vários formatos, publicações em sites de internet, etc.
sobre o tema do trabalho. Por esse motivo, esta técnica permitiu ler e tomar notas sobre
aspectos mais importantes que têm a ver com o tema deste trabalho.

(ii) Método analítico-sintético – este método tem a ver com a análise do material
disponível e, posterior sintetização dos aspectos importantes no sentido de se obter
conteúdo do trabalho propriamente dito.

1.3. Estrutura do trabalho

O presente trabalho é composto por seguintes partes: (i) introdução, onde se apresentam
as notas introdutórias, tais como, contextualização, objectivos definidos, metodologia
usada e a organização do mesmo. (ii) Desenvolvimento, onde se descreve a colocação
dos pronomes clíticos no PM e sua distinção em relação à norma padrão do PE. (iii)
considerações finais, onde se apresentam as principais constatações e conclusões do
trabalho, bem como a lista das referências bibliográficas.

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2. Colocação dos Pronomes Clíticos no Português Europeu

Seguindo BORREGANA (1999:148), os pronomes são palavras cujo significado é


apenas de valor, sem representar nenhuma matéria extralinguística. Ou seja, o pronome
é um substituto do nome, assume função de acompanhante do nome, principalmente ela
é uma única palavra que por se só não forma nenhum significado e para que tenha
sentido associa-se a outras palavras.

Para SEMEDO (1997:8) os clíticos são vocábulos sem autonomia, que sempre juntam-
se a uma forma livre, ou relocalizam-se em posição fixa quando sempre ocorre antes do
nome, como os artigos definidos e as preposições átonas, ou em posição variável,
podendo aparecer antes ou depois dos verbos a que associam-se. Daí que, tomando em
consideração da Língua Portuguesa em relação às regras gramaticais, nota-se que há
divergências em alguns falantes do Português Moçambique em relação ao uso e
colocação dos pronomes clíticos devido o não conhecimento total das regras
gramaticais.

Desta forma, de acordo com MATEUS (2003:826), os pronomes clíticos são designados
como pronomes átonos ou clíticos especiais, ou seja, os clíticos são pronomes pessoais
átonos, isto é, pronomes pessoais de uma só sílaba tais como: o, a, me, nos, se, que não
têm acentuação própria e por isso dependem do acento da palavra que está antes ou
depois (normalmente um verbo).

Ou seja, dentro do grupo dos pronomes pessoais existem pronomes clíticos, que
genericamente correspondem às formas átonas do pronome pessoal ligado aos
complementos do verbo.

A colocação ou o uso dos pronomes oblíquos átonos ou clíticos me, te, se, nos, lhe(s),
o(s) e a(s) em relação verbo, obedece a determinadas orientações e/ou regras.

Segundo CUNHA e CINTRA (2001), em uma oração, o pronome oblíquo átono pode
ocupar três posições em relação ao verbo, onde cada uma dessas posições pronominais
recebe as seguintes classificações: próclise, ênclise e mesóclise.

Os mesmos autores detalham as particularidades de cada uma:

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2.1. Próclise
Consiste em colocar o pronome oblíquo átono ou pronome clítico antes do verbo. Para
tal, há determinadas regras e situações a serem obedecidas, condicionando, assim, a
posição do pronome. Pelo que se pode adoptar a próclise nas seguintes situações:
(i) Palavras com sentido negativo sempre irão atrair o pronome para junto de si,
colocando-se na posição anterior ao verbo. Exemplos:
a. Não te quero aqui.
b. Ninguém me faltou com o respeito.
c. Nada me deixa tranquila quando penso nele.
(ii) Os advérbios (talvez, ontem, aqui, ali e agora) atraem o pronome. Exemplos:
a. Se falar com ela talvez se conheça a realidade.
b. Ontem me disseram que não poderia frequentar as aulas.
(iii) Os pronomes relativos (quem, qual, que, cujo, onde, quando) pedem o uso de
próclise. Exemplos:
a. A sua mãe que me disse isso.
b. O caso ao qual me referi está sendo noticiado na TV.
(iv)Pronomes indefinidos (alguém, quem, algum, qualquer, cada qual, pouco,
vários) atraem o pronome para junto de si. Exemplos:
a. Quem te disse isso?
b. Alguém me contou.
(v) Pronomes demonstrativos (isso, aquilo, aquele, aquela, esta, este, esse, essa)
pedem o uso de próclise. Exemplos:
a. Isso me alegrou muito!
b. Aquilo me mostrou que não devo confiar em você.
c. Esse me agrada.
(vi)Quando a preposição em aparece seguida de gerúndio o uso da próclise é
obrigatório. Exemplos:
a. Em se tratando de gastronomia, a comida baiana é ótima!
b. Em se plantando tudo dá.
c. Em se tratando de beleza, ele é campeão.
(vii) As conjunções subordinativas (quando, se, como, porque, logo que, conforme,
quando, embora, logo, etc.) pedem o pronome junto de si. Exemplos:
a. Devemos rever nossos actos conforme lhe disseram.
b. Ela sorriu logo que o viu.

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c. Ela partiu quando lhe contaram sobre o acidente dos pais.
(viii) Em frases interrogativas. Exemplo:
a. Quanto me cobrará pela tradução?
(ix) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). Exemplos:
a. Deus o abençoe!
b. Macacos me mordam!
c. Deus te abençoe, meu filho!
(x) Com formas verbais proparoxítonas Exemplo:
a. Nós o censurávamos.

2.2. Ênclise
Consiste em colocar os pronomes ablíquos átonos ou clíticos depois do verbo. Pelo que
o pronome deve se apresentar depois do verbo nas situações que abaixo se depreendem:

Atenção: Não se deve iniciar orações com pronomes oblíquos átonos.

 Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada. Exemplos:


a. Tornarei-me… (errada)
b. Tinha entregado-nos… (errada)
 Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa. Exemplos:
a. Entregar-lhe (correcta)
b. Não posso recebê-lo. (correcta)

Outros casos:
Exemplos:
a. Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
b. Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
c. Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
d. Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.

OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atractiva, ocorrerá a


próclise, conforme foi elucidado no processo anterior (próclise):

a. Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.


b. Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.

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A ênclise ocorre quando:

(i) O verbo iniciar a oração. Exemplos:


a. Diga-me o que pensas sobre o caso.
b. Convidaram-me para ser madrinha no casório.
(ii) O verbo estiver no infinitivo. Exemplo:
a. Quero convidar-te para o meu aniversário.
(iii) O verbo estiver no imperativo afirmativo. Exemplos:
a. Sigam-me, por favor.
b. Sente-se no sofá.
(iv)O verbo estiver no gerúndio. Exemplo:
a. A menina desatenta argumentou fazendo-se de boba.
(v) Quando houver pausa antes do verbo ou vírgula. Exemplos:
a. Se não for muito tarde, encaminho-me à empresa agora.
b. Se não for incômodo, retorno-te às 16 horas.

2.2.1. Colocação pronominal nas locuções verbais


Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou
particípio.

(i) AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se


houver palavra atractiva, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar. Exemplos:
a. Havia-lhe contado a verdade. (ocorre a ênclise em relação ao verbo
auxiliar)
b. Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade. (ocorre o processo da
próclise em relação ao verbo auxiliar)
(ii) AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atractiva, o
pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
 Infinitivo – Exemplos:
a. Quero-lhe dizer o que aconteceu.
b. Quero dizer-lhe o que aconteceu.
 Gerúndio – Exemplos:
a. Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
b. Ia dizendo-lhe o que aconteceu.

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(iii) Se houver palavra atractiva, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou
depois do verbo principal.
 Infinitivo – Exemplos:
a. Não lhe quero dizer o que aconteceu.
b. Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
 Gerúndio – Exemplos:
a. Não lhe ia dizendo a verdade.
b. Não ia dizendo-lhe a verdade.

2.3. Mesóclise
Na mesóclise o pronome fica no meio do verbo e essa colocação pronominal ocorre nos
seguintes tempos verbais: quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer –
amarei, amarás, ...) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria,
amarias, ...). Exemplos:

a. Convidar-me-ão para a festa.


b. O concurso realizar-se-á no próximo domingo.
c. Convidar-me-iam para a festa.
d. Far-lhe-ei uma proposta de trabalho.
NB: Se houver uma palavra atractiva, a próclise será obrigatória. Exemplo:
a. Não (palavra atractiva) me convidarão para a festa.

3. Colocação de Pronomes Clíticos no Português Moçambicano

De acordo FARIA (1996:313), no Português Moçambicano relativamente à escolha da


forma pronominal “lhe” é associada à posição do SN-OD [+ HUM]. Ou seja, os padrões
de ordem dos pronomes clíticos no PM, são caracterizadas por uma certa instabilidade,
isto é, falta de estabilidade. Neste contexto, no caso de alteração da preposição dos
clíticos em contextos em que ocorre um verbo auxiliar, por exemplo, (cf. “o professor
não tinha nos dado aula”, “ ele vai ter que demonstrar.”) a tendência que se apresenta de
forma mais sistemática nas frases acima, diz respeito a colocação dos clíticos em
posição pós-verbal em orações subordinadas. Exemplo:

a. Há pessoas [que opõem-se contra a religião].


b. A lesada disse [que aqueles desconhecidos cercaram-na].

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Nos exemplos das frases acima, mostram, que o clítico ocorre em posição pós-verbal (e
não pré-verbal, como exigiria a norma europeia), num contexto em que o
complementador se encontra realizado lexicalmente.

No PM, ainda que não sejam de alta produtividade, chamam a atenção ocorrências de
clíticos nos seguintes contextos:

 Em início de oração. Exemplo:

a. Me é difícil porque o meu pai ainda não arranjou nenhuma madrasta de


lá até cá.

 Com SN sujeito nominal. Exemplo:

a. Os rapazes e as raparigas se preparam para que futuramente consigam


viver em conjunto.

b. Na machamba a minha avó me obrigava muito para andar na machambas.

 com SN sujeito pronominal. Exemplo:

a. Dezassete horas tinha que estar em casa... trancada... eu me sentia muito


mal porque eu gostava de brincar.

b. Partindo mesmo do namoro, ainda novos e, enquanto existe esse abuso,


essa falta de respeito em casa, eles se precipitam...

 Após conjunções coordenativas e/ou advérbios em –mente. Exemplo:

a. (…) Praticamente se torna ignorante (…).

b. (…) mulheres mas se diz homens engenheiros e mulheres

Como se pode observar, mesmo na ausência de elementos proclisadores, foi registada a


variante proclítica, comportamento não aferido no PE que foram estudadas até o
momento.

De outro lado, diversas ocorrências de ênclise ocorreram em contextos com a presença


de operadores de próclise. Segundo VIEIRA (2002), “na variedade oral moçambicana, o
desrespeito à tradicional “atração” alcança um número considerável de dados,
especialmente no caso da conjunção integrante <que>, que chega a registar mais ênclise
do que próclise.

De acordo com GONÇALVES (2010, p. 52) quanto aos fenómenos mais estritamente
sintácticos que distinguem o PM do PE, e no que diz respeito aos padrões de ordem dos

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pronomes pessoais átonos, salienta-se em primeiro lugar a tendência para adoptar a
ênclise em contextos em que estão presentes <<atractores> de próclise, sobressaindo,
pela sua frequência, os casos em que está presente um complementador. Exemplos:

a. A rapariga simpatizou-se com o Fernando. (PE= simpatizou com)


b. O padre educou-lhe muito bem. (PE=educou-o)
c. Estou feliz porque os acordos trouxeram-nos a paz. (PE=os acordos nos
trouxeram...).

MACHAVA (1994) refere que a tendência que se apresenta como mais regular ao
padrão de ordem dos clíticos é para a sua colocação em posição pós-verbal em orações
subordinadas: quer se trate de formas simples ou complexas, o clítico aloja-se
frequentemente à direita da forma flexionada.

a. Há pessoas que opõem-se à religião (PE= que se opõem).


b. Eu penso que ia me sentir muito perdida (PE= que me ia).

SEMEDO (1997) aponta a ênclise como sendo a posição que tende a generalizar-se na
colocação dos pronomes pessoais clíticos em Moçambique. Em relação à próclise,
afirma que é usada de forma esporádica e provavelmente de forma arbitrária, ou seja,
“por mera intuição”.

A descrição do quadro teórico sobre os clíticos pronominais permite-nos concluir que é


um tópico muito “duro” na área da linguística. Mas no português moderno, os padrões
de colocação são uma das propriedades em que se distinguem as variantes mais
normalizadas do português: a europeia e a brasileira.

3.1. A Construção Social do Português de Moçambique

Na perspectiva de STROUD (1997:18-19) cidado por ARMANDO (s/d), o Português de


Moçambique é, como qualquer língua, um “espaço complexo de variedades” num
contínuo processo de fluxo, adaptação e mudanças causadas por muitos factores sociais
nomeadamente:

 Factores sociais – contribuem para a variação da língua, relacionam-se com o


contexto histórico e politico da língua, com as posições ideológicas, passadas e
presentes;

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 Factores históricos – a língua está “sujeita às forças e conflitos da história
social que a produz”;
 Factores socioculturais – reflecte as experiências culturais distintas e as
convenções da comunidade. Um falante pode assinalar a sua filiação num grupo étnico
ou cultural através da forma como ele pronuncia a língua, como se usam novos itens do
vocabulário para designar referentes socioculturais específicos ou através como ele
emprega as palavras no sentido desconhecido.

As causas da variação no Português Moçambique, são numerosos os exemplos da


linguagem sociolinguisticamente específica. Algumas das manifestações mais salientes
deste factor são os itens lexicais comuns que se referem a aspectos da cultura
moçambicana, tais como “chapa-cem machibombo, etc.”. Neste contexto o Português
de Moçambique PM, diferencia-se do PE na forma como certas rotinas interactivas ou
conversacionais a distribuição das formas “tu “e “você”.

 Factores linguísticos nacionais – consiste em definir os parâmetros para a


qualidade da variação na forma e expressão linguística considerados aceitáveis;
 Factor do contacto linguístico – consiste em produzir mudança de código,
transferências calque ou empréstimos. Ocorre quando falantes influentes num ou mais
língua mudam duma para outra no mesmo trecho de discurso.
 A transferência – ocorre quando os elementos estruturais pertencentes a uma
língua aparecem no discurso de uma outra língua envolve níveis linguísticos, desde a
estrutura sonora de uma língua e os seus padrões de discurso.
 Os calques ou empréstimos – são elementos adoptados numa língua recipiente
e estabelecidos como elementos dessa Língua.
 Factor da idade – é a categoria social e cultural condiciona os papéis sociais
que os indivíduos desempenham. A idade vária em quatro fases distintas que são:
 Infância, adolescência, adulta e velhice – todos estão associados com estilo de
vida diferente.
 Factor do sexo – expõe a mulher a um leque mais amplo e variado da Língua.

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4. Considerações Finais

O presente trabalho pretendia comparar a colocação dos pronomes clíticos no Português


Moçambicano e Português Europeu. Após a sua realização foi possível destacar o seguinte:

 Os pronomes clíticos são designados como pronomes átonos ou clíticos


especiais, ou seja, os clíticos são pronomes pessoais átonos, isto é, pronomes pessoais
de uma só sílaba tais como: o, a, me, nos, se, que não têm acentuação própria e por isso
dependem do acento da palavra que está antes ou depois;
 Em uma oração, o pronome oblíquo átono pode ocupar três posições em relação
ao verbo: próclise, ênclise e mesóclise;
 A próclise consiste em colocar o pronome oblíquo átono ou pronome clítico
antes do verbo;
 A ênclise consiste em colocar os pronomes ablíquos átonos ou clíticos depois do
verbo;
 Na mesóclise o pronome fica no meio do verbo;
 Na variedade oral moçambicana, o desrespeito à tradicional “atração” alcança
um número considerável de dados, especialmente no caso da conjunção integrante
<que>, que chega a registar mais ênclise do que próclise;
 O Português de Moçambique é, como qualquer língua, um “espaço complexo de
variedades” num contínuo processo de fluxo, adaptação e mudanças causadas por
muitos factores sociais.

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Referências Bibliográficas

ARMANDO, C. (s/d). Pronomes Clíticos do Português de Moçambique. Nicoadala.

BORREGANA, A. A. (1999). Gramática da língua Portuguesa. 7ª Edição. Lisboa:


Texto editora.

CUNHA, C. & CINTRA, L.F. L. (2001). Nova gramática do Português


Contemporâneo. (3ª. ed. rev.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

FARIA, I. H. et al. (1996). Introdução a Linguística Geral e Portuguesa. 2ª Edição.

GONÇALVES, P. (2010). A gênese do Português de Moçambique. Lisboa: INCM

MACHAVA, B. (1994). A Colocação do Pronome Pessoal Átono em frases


subordinadas no Português de Moçambique. Dissertação de Licenciatura [não
publicada]. Maputo: UEM - FLCS

MATEUS, M. H. et al. (2003). Gramática da Língua Portuguesa. 5ª edição, revista e


aumentada. Lisboa: Editorial Caminho.

SEMEDO, M. B. (1997). A Colocação dos Clíticos no Português em Maputo. Maputo:


INDE.

VIEIRA, S. R. (2002). Colocação pronominal nas variedades europeia, brasileira e


moçambicana: para a definição da natureza do clítico em Português. Tese (Doutorado
em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro.

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