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1a edição

Copyright do texto ©️ Blandina Franco e Patricia Auerbach, 2018.


Copyright das ilustrações ©️ José Carlos Lollo, 2018.

Todos os direitos reservados.


Nenhuma parte desta obra, protegida por copyright, pode ser reproduzida,
armazenada ou transmitida de alguma forma ou por algum meio, seja eletrôni-
co ou mecânico, inclusive fotocópia e gravação, ou por qualquer outro sistema
de informação, sem prévia autorização por escrito da editora.

Revisão: Karina Danza e Fernanda A. Umile


Diagramação: Mauricio Nisi Gonçalves

Impresso em novembro de 2018


Impressão: Loyola Gráfica e Editora

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________
F894q

Franco, Blandina
A queda dos moais / Blandina Franco, Patricia Auerbach ;
ilustração José Carlos Lollo. - 1. ed. - São Paulo : Escarlate, 2018.
64 p. : il. ; 26 cm.

ISBN 978-85-8382-070-3

1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Auerbach, Patricia.


II. Lollo, José Carlos. III. Título.

18-51637 CDD: 028.5


CDU: 087.5
________________________________________________________
Vanessa Mafra Xavier Salgado - Bibliotecária - CRB-7/6644
07/08/2018 09/08/2018

Este livro segue o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Direitos reservados para todo o território nacional pela


SDS Editora de Livros Ltda.
Rua Mourato Coelho, 1215 (Fundos) – Vila Madalena – CEP: 05417-012
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“Gosto mais de viajar por palavras do que de trem.”
Manoel de Barros
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TODO MUNDO
FAZENDO VAMOS SAIR
AS MALAS! DE FÉRIAS!

VAMOS PARA
UM CHALÉ UM HOTEL FAZENDA
NAS MONTANHAS? CHEIO DE BICHOS?

UM RESORT NA PRAIA MUITO MELHOR!


COM ESPORTES RADICAIS? VAMOS PARA
A ILHA DE PÁSCOA!

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ILHA DE PÁSCOA?! ACONTECEU ALGUMA
MAS POR QUÊ??? COISA LÁ E A VIAGEM
ESTAVA EM PROMOÇÃO.

QUE BOM! PODEMOS CHATO,


FICAR MAIS CHATO,
TEMPO DE FÉRIAS! CHATO...

NADA TÃO BARATO


PODE SER CHATO, CHATO,
CHATO,
MEU FILHO. CHATO,
FAÇA SUA MALA JÁ! CHATO, CHATO,
CHATO, CHATO,
CHATO,
CHATO...

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De: joaqu
im@levem
Para: vov meuspais
ó@unicalu .com.br
Assunto: cida.dahis
Me salva, toria.com
vó! .br

Vó, socorr
o! Acho q
Clube Pa ue a mam
SNo, que ãe e o pa
é o Clube pai estão
Você viu dos Pais conc
que eles S em Noção orrendo à presidê
vão obrig ! ncia do
E a única ar a gente
coisa que a ir pra Ilha d
gigantes te e Páscoa
que a gen m pra fazer lá é ve nas férias
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ser proibid te nem pode r u m monte
o pelo Es encostar de estátu
estátuas, tatuto Inte a mão. Via a s de pedra
são de pe ramerican jar para v
dra, viu u o da Infân er estátua
Fora essa ma, viu to cia e da A s devia
s estátua das! dolescênc
em desen s, n ia . São
ho que ele ão tem nada pra fa
Que adia s chamam zer, só vu
nta, então de rongoro lcões e um
?! ngo e que a tal de e
E pra piora ninguém scrita
r eu pesq s abe ler!
maluco q uisei na in
ue desco ternet e a
Juro, vó! b ri u a Ilha e chei uma
Em 1722, m 1722 e página do
era perigo n em você q ue já dizia diário de
tinha nas que ela e bord
so! cido e tod ra assusta o do
Vó, me aju o m u ndo já sa dora.
da, vai? D bia que o
casa daq iz pra min lugar
uela sua ha mãe q
pra ajuda tia que fa ue você v
r a enrola z tricô o d ai pra Pin
r os nove ia todo, e damonha
Qualquer lo s de lã. q u e precisa q ngaba, pra
coisa é m ue eu vá
elhor do q com você
Me salva, ue essa v
vó! iagem!
Bj
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Chegamos vó

E aí, não é legal? Como


foi a viagem até a Ilha?

Mico total!

Duvido!

O papai não para de


tirar foto!

E a mamãe não para


de me dar bronca pq
eu reclamei das ferias!

Então mereceu.

E demos de cara
com um monte de
estatua caida

Demos de costas, pq
a cara da estatua ta
na grama!

Ninguem sabe o que


aconteceu!

Ah, então tem


um mistério, uma
coisa emocionante
acontecendo?

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Ah, então tem
um mistério, uma
coisa emocionante
acontecendo?

• Nós, autores, sabemos que as palavras férias, estátua, caída, tá, ninguém, mistério e tédio têm acento. Mas só a avó do Joaquim usa acento e pontuação no WhatsApp!
Misterio nada

Teeeeedio!

Mistério sim! Como


um monte de estátuas
gigantes cai de
repente?

Misterio mais bobo!

Para de reclamar que


sua mãe para de te dar
bronca.

Vai fazer pose pro teu


pai tirar foto! kkkk

Vai se divertir!

Segue aquela receita


de comportamento
ideal para viagens
muito chatas.

Beijo, querido

Beijo, vó

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RECEITA DE COMPORTAMENTO IDEAL
PARA PASSEIOS MUITO CHATOS

Ingredientes:

1 camiseta limpa, de preferência, a menos amassada da mala


1 bermuda, se estiver muito calor; ou 1 calça, se sua mãe estiver
com frio (se ela estiver com frio, vai encanar que você também está)
1 sorriso com dentes escovados previamente
1 par de tênis com cadarços amarrados
2 ou 3 perguntas sobre o passeio
1 comentário positivo no caminho de volta
capa de chuva ou casaco leve costuma dar bom resultado

Modo de preparo:

• Vista todos os itens, exceto a capa de chuva, e esteja pronto antes


que procurem por você.
• Assim que encontrar seus pais, faça alguma pergunta sobre o
local a ser visitado, mostrando curiosidade genuína. Se precisar,
treine no espelho para escolher a melhor expressão.
• Durante o passeio, memorize ao menos uma informação sobre o
local que irão visitar e use-a para fazer um comentário positivo no
caminho de volta.
• É importante que tudo o que for dito pareça natural e espontâneo,
por isso, evite elogios a coisas que não deram certo, do tipo “Achei
que valeu a pena ir até lá, mesmo não podendo entrar porque o
papai esqueceu os ingressos no hotel”.
• Prefira frases do tipo “Mesmo com a chuva, eu achei que valeu a
pena conhecer mais sobre o ciclo reprodutor das abelhas” ou “Não
achei que seria tão interessante ouvir sobre orquídeas silvestres”.
• Caso ache necessário, espere alguns dias e repita o comentário
positivo num tom saudosista, mas evite exageros para não correr
o risco de a receita desandar e eles te levarem de novo para o
mesmo passeio.

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PROGRAMAÇÃO CULTURAL DA SEMANA
Secretaria de Cultura da Ilha de Páscoa

– Oficina de parlendas na Escola Estadual Num Keru Moais.

– Apresentação da canção símbolo dos moais pelo coral Num


Kanta Moais.

– Concurso de piadas na praça Num Ri Moais.

– Aula de danças típicas com o balé Num Rekebra Moais.

– Apresentação da banda local ao lado do hotel Num Dormi


Moais.

– Desfile de tatuagem corporal de símbolos sagrados do famo-


so tatuador Num Doi Moais.

Bom divertimento!

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Dois tomatinhos andavam
entre os moais s em prestar
muita atenção.
Um dis s e pro outro:
– Olha o moai!
“PLEFT!”
– O q uê?
“PLEFT!”

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DESFILE DE TATUAGEM CORPORAL DE SÍMBOLOS
SAGRADOS DO FAMOSO TATUADOR NUM DOI MOAIS

Uma fatia da pizza


que o Joaquim
comeu antes Vontade de se tatuar
do desfile. da mãe do Joaquim.
Coragem de se tatuar
do pai do Joaquim.

Vontade de sumir
do Joaquim.

Risada do pai do Joaquim.


Risada do Joaquim.

CONCURSO DE PIADAS
NA PRAÇA NUM RI MOAIS

Não tem nada vermelho.


Humor da irmã do Joaquim.
Humor do Joaquim.

OFICINA DE PARLENDAS
NA ESCOLA ESTADUAL
NUM KERU MOAIS

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AULA DE DANÇAS TÍPICAS COM
O BALÉ NUM REKEBRA MOAIS

Requebrado da mãe do Joaquim.

Requebrado da irmã do Joaquim.

Requebrado do pai do Joaquim.

Vergonha do Joaquim.

Ronco do pai do Joaquim.


Sono do Joaquim.

Sono da recepcionista do hotel.

APRESENTAÇÃO DA BANDA
LOCAL AO LADO DO HOTEL
NUM DORMI MOAIS

Empolgação da mãe do Joaquim.


Empolgação do Joaquim.
Afinação do coral.

APRESENTAÇÃO DA CANÇÃO SÍMBOLO DOS


MOAIS PELO CORAL NUM KANTA MOAIS

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36
d e In fr a e st ru tura Histórica
Departamen to l)(documento oficia

iplinar
ntro do Grupo de Estudos Multidisc
Resultado do enco

dos moais.
o motivo da queda
Objetivo: Descobrir
tantes dos cinco
up o mu ltid isc iplinar com represen gos,
Participante s: Gr Interpol, detetives gre
s, qu e co nta co m agentes secretos da rie de
continente sé
de da pedra e uma
historiadores da ida
escultores italianos,
isas estranhas.
especialistas em co

s utilizados íveis
Métodos e materiai po analisando poss
ive s gre go s pa ss aram boa parte do tem do Ve nto .
Os detet Éolo, o Deus
en tre a qu ed a do s moais e a força de o qu e oc as ionou
relações dos moais é
lto res de sc on fia m que o peso do nariz
Os escu
a queda. histórias.
da estão lembrando tural, já que
Os historiadores ain nã o for am loc alizados, o que é na
da Int erp ol
Os agentes secretos
são secre tos .

ssões je não
Resultados e discu gues na tarde de ho
iro s res ult ad os qu e deveriam ser entre lho r nã o se
Os prime s acharam me
res en tad os po rqu e os detetives grego dra bru ta e estão
foram ap com uma pe
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meter co numa poss íve
tra ba lha nd o co m martelos e formões
até agora
origem,
de arte regional. um para seu país de
is int eg ran tes da equipe partiram cada
Os dema s para fazer.
isas mais importante
alegando que têm co sabe onde eles estão
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Conclusão nclusão, porque ain
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Resultado sperdício de verba.
o Mu ltid isc ipl ina r foi um fiasco e um de em plo da s estátuas,
O Grup nto é qu e, seguindo o ex
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nos façamos de mo ismo da Ilha.
mi sté rio é muito bom para o tur
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I S T É R I O
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a sol ução

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A Ilha por Mo d e v e a um fu
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u e d a d os moa p é s d a s estátu
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r u p o d e Estud a s d a q ueda e s tu d io so diz te d e e s tudo de
OG caus O rnos eças
p a r a a purar as n to n e nhum e n to s u ltramode b a ix o das cab
formado om e m ue a as
s e n to u até o m fo r m ação. a c o m provar q e x is te m barrig
e a a r a
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s c a s de ped
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Mas, p o
s tr u in d o suas te iz q u e a d
a s p o r pés de
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q u e o alinham
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d a r e a fi r m a r e c e r ta n te
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pelo ge ó da ao q u ra c
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Rua ulo - S C
Pa 62 Sa
São 15091-9
CEP:
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Bras

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Tudo começou com uma incrível promoção da agência de turismo. Os
preços estavam realmente baixos, e o rapaz que atendeu meu marido
disse que a Ilha era um lugar com uma paisagem maravilhosa que guar-
dava incríveis surpresas.
Quando perguntado sobre o desconto incomum bem na época das férias,
ele explicou apenas que tinha acontecido um pequeno imprevisto com os
moais e que a visibilidade das obras estava temporariamente comprometi-
da. Eu, como sempre achei melhor sentar na última fileira do que desistir
do teatro, não vi problema nenhum e lá fomos nós passar as férias na Ilha
de Páscoa.
Valeu a pena, mesmo descobrindo que a visibilidade dos moais não
estava apenas comprometida, não era uma neblinazinha ou uma árvore
que tinha crescido na frente deles, as estátuas tinham caído e estavam
todas com o nariz enterrado no chão! TODAS! Isso é o mesmo que dizer
que fomos assistir a um monólogo e a única atriz da peça se apresentou
de costas para a plateia.
Daí para a frente, foi tudo uma sequência de aventuras e confusões inédi-
tas. As pessoas estavam atrapalhadas e ninguém sabia explicar o que tinha
acontecido. Chamaram um monte de pesquisadores e detetives para des-
vendar o mistério, mas não descobriram nada e isso acabou aumentando a
bolsa de apostas dos estudiosos locais com teorias complexas, uma mais
interessante do que a outra.
O lugar era realmente tão cheio de mistérios e lendas que chegou uma
hora que eu já não sabia se estava num paraíso ecológico, num faz de
conta infantil ou num filme detetivesco de ficção científica.
No fim das contas, a promoção acabou valendo muito a pena. As sur-
presas foram muitas e realmente incríveis. Primeiro, o meu filho Joaquim
parou de reclamar de tudo; depois, a irmã ganhou um concurso de parlen-
das e agora acha que virou escritora de livros infantis; e, por fim, eu e meu
marido aprendemos a dança Sau Sau, que, segundo os moradores locais,
é ótima para namorar. Foram férias inesquecíveis!

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Branca de Pedra

E ra uma vez uma princesa que era toda


de pedra.
Ela vivia em um reino muito distante, que ficava em
uma ilha mais distante ainda.
Todo mundo no reino da princesa era de pedra e eles
eram muito felizes.
A princesa se chamava Bela, igual a Bela de A Bela
e a Fera, mas ela não era apaixonada por uma fera.
Ela era apaixonada pelo príncipe da ilha vizinha que
vivia viajando de barco igual ao príncipe da Ariel de
A Pequena Sereia.
Um dia teve uma festa pro príncipe escolher com
quem ele ia se casar, mas a Bela não foi porque ela era
de pedra e pedra não anda.
Ela chorou, chorou sem parar, até o nariz dela ficar
inchado. Aí a fada madrinha dela apareceu, igual à
fada da Cinderela, e fez um encanto para o príncipe se
apaixonar por ela.
No dia do casamento, a madrasta dela, que era uma
bruxa, lançou um feitiço no celular dos convidados e
toda vez que eles tiravam uma selfie, alguém caía de
cara no chão.
Então, todo mundo que era de pedra e que antes
estava de pé ficou caído deitado na grama. Ficaram
assim até o dia em que o príncipe achou um jeito de
cavar um buraco e encontrar a boca da Bela pra dar
um beijo nela e desfazer o feitiço.
E todo mundo acordou e os dois viveram felizes para
sempre.
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ÍNDICE
tipos de texto

FICHA CATALOGRÁFICA (p. 2)


É uma ficha que fica logo nas primeiras páginas do livro e mostra as informações
sobre a obra. Serve para ajudar a encontrar um livro ou um documento nas pra-
teleiras de uma biblioteca. Mas se você já estiver lendo a ficha é porque já encon-
trou o livro, então o que isso importa?

EPÍGRAFE (p. 3)
Fragmento de texto ou citação curta, é colocada no início de um livro para resumir
o sentido da obra e também para matar a vontade dos autores de parecerem inte-
ligentes usando frases bonitas de outros escritores sem serem acusados de plágio.

FOLHETO PUBLICITÁRIO (p. 6 e 7)


É um tipo de impresso em papel que as empresas usam para divulgar seus produ-
tos ou oferecer promoções. Algumas vezes tem fotos lindas ou imagens coloridas,
para você ficar maravilhado e esquecer de ler o texto.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS (p. 8 e 9)


É uma narrativa contada por palavras e desenhos organizados sequencialmente
dentro de quadradinhos (ou quadrinhos!), o que é óbvio que você sabe desde
que ganhou seu primeiro gibi! Nem sei por que estou explicando.

REPORTAGEM (p. 10 e 11)


É uma descrição detalhada de um evento, uma pessoa ou um lugar. Normalmen-
te é feita por jornalistas e pode ser escrita ou gravada para se ouvir no rádio ou
assistir na TV, o que é muito mais fácil do que ficar lendo textão.

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E-MAIL (p. 13)
É uma carta digitada no computador, celular ou tablet e enviada pela internet,
como até a sua avó e a avó do Joaquim costumam fazer.

DIÁRIO (p. 14 e 15)


É um relato pessoal em que o autor registra o que fez e sentiu a cada dia, nor-
malmente escrito por quem não tem quintal para brincar.

WHATSAPP (pp. 18 e 19)


É um bilhete digitado e enviado pelo celular. Não tem cabeçalho, quase sempre
é escrito com pressa e por isso na maioria das vezes tem palavras abreviadas e
erros gramaticais! Tenham dó!

RECEITA (p. 20)


É uma lista de ingredientes junto com instruções para transformá-los em alguma
coisa, que normalmente é de comer e que quando você faz em casa nunca fica
como a receita diz que ficaria.

CARTA (p. 22 e 23)


É um e-mail escrito no papel e enviado com a ajuda de seres humanos que trans-
portam e entregam os envelopes no endereço indicado, é um método tradicional
que hoje em dia só a sua avó e a avó do Joaquim ainda utilizam.

LENDA (p. 24)


É uma história fantasiosa que alguém há muito tempo inventou e contou para
outra pessoa, que contou para o vizinho, que contou para o parente, que con-
tou para o filho, que contou na escola e que até hoje tem gente contando.

LISTA (p. 26)


É um monte de coisas escritas e organizadas uma embaixo da outra, de acordo
com algum critério que muitas vezes só quem escreveu sabe dizer qual é!

PARLENDA (p. 29)


É um poema que se canta ou uma cantiga que se brinca.

CANÇÃO (p. 31)


É um texto cantado, de preferência por alguma pessoa afinada.

PIADA (p. 33)


É uma história inventada para fazer as pessoas rirem e que nem sempre dá certo!

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GRÁFICO (p. 34 e35)
É um jeito de transformar números e quantidades em figurinhas coloridas que
teoricamente vão explicar alguma coisa pra gente de um jeito mais simples.

RELATÓRIO (p. 37)


É um texto formal que registra um evento ou uma decisão de forma clara, orga-
nizada e chata!

NOTÍCIA (p. 38)


Conta o que aconteceu, do jeito que aconteceu, sem dar opinião, mesmo que
o jornalista esteja morrendo de vontade de dizer o que pensa!

CARTÃO-POSTAL (p. 40 e 41)


É uma foto impressa de monumentos, paisagens turísticas ou lugares que ninguém
sabe onde ficam, com espaço atrás para o autor-turista escrever um texto espremi-
do em meia dúzia de linhas. É a maneira mais tradicional de deixar todo mundo
com inveja das suas férias.

CRÔNICA (p. 45)


É um texto curto que conta os fatos na ordem que eles aconteceram. Pode ser
argumentativo, quando o autor defende uma ideia, ou humorístico, quando ele
conta a história de um jeito divertido.

LIVRO IMAGEM OU NARRATIVA VISUAL (p. 46 e 47)


É uma história contada só com figuras que parece mais simples, mas às vezes é
difícil de entender. Entendeu ou quer que eu desenhe?

CONTO DE FADAS (p. 49)


É uma história inventada sobre um mundo que não existe. Normalmente tem
príncipes e princesas lindos e bonzinhos que lutam contra um inimigo feio e mal-
vado que sempre perde no final.

REDAÇÃO (p. 51)


É uma produção de texto curto, médio ou longo, com começo, meio e fim.
Normalmente, sobre um assunto estranho que o professor inventou sabe-se
lá o porquê!

CIRCULAR (p. 53)


É uma carta escrita por um chefe para seus funcionários, ou por uma escola para
seus alunos, com o objetivo de dar ordens, avisos ou pedidos para que essas pes-
soas façam aquilo que deu na telha de quem teve a ideia de escrever.

ÍNDICE (p. 56, 57, 58 e 59)


É uma lista dos itens importantes ou dos capítulos de um livro que mostra a
página onde ele pode ser encontrado pra ficar mais fácil de você não se perder
quando não está gostando do texto que está lendo ou quando precisa fazer uma
pesquisa porque quer ganhar mais um ponto na nota.

BIOGRAFIA (p. 60)


É a história da vida de alguém que tenha feito alguma coisa legal ou vivido al-
guma aventura ou que valha a pena ser contada por qualquer motivo, caso
contrário ninguém vai ler. Certeza!

58
ANAMNESE (pp. 62 e 63 )
Entrevista feita antes de uma pessoa ficar sócia de um clube, ou estudar em uma
escola, para saber direitinho quem é essa pessoa, o que nesse caso específico é
para saber se a pessoa é sem noção o suficiente para ser sócia do Clube PaSNo. O
que, vamos combinar, só de querer ficar sócio já devia ser prova suficiente.

PROVÉRBIO OU DITADO POPULAR (p. 64)


É uma frase curta, simples e fácil de decorar que faz uma analogia sobre alguma
situação comum da vida das pessoas. Ninguém sabe quem escreveu, porque
“cavalo dado não se olha os dentes”.

NOTA DO AUTOR (p. 64)


É um texto pequeno que o autor escreve para explicar algum pedaço do livro
quando acha que ficou muito complicado ou quando está com medo de levar
bronca.

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BIOGRAFIAS

Blandina Franco (1965) é uma autora brasileira de literatura infantil. Destaca-se


por gostar de cachorros, bordar nas horas vagas, saber fazer mousse de chocolate
e por escrever como se fosse uma criança de 10 anos. O universo retratado em
suas obras é o que lhe der na telha naquela hora. Duas vezes ganhadora do Prê-
mio Jabuti, guarda seus prêmios em uma estante cheia de livros, algumas peças
de Lego e vários passarinhos de brinquedo. Casada com José Carlos Lollo, divide
com ele não apenas toda a sua obra, composta por mais de 40 livros, como tam-
bém sua vontade de mudar para uma casa no meio do mato e viver inventando
histórias. Nunca viajou até a Ilha de Páscoa, mas imagina que ela deve ser muito
legal e sempre se perguntou se os moais não estariam enterrados só com as ca-
beças para fora para evitar que fiquem colocando os dedos em seus narigões.

Patricia Auerbach (1978) é uma autora brasileira que adora desenhar, por isso
acaba ilustrando a maioria de seus livros. Ela nunca fez mousse de chocolate, mas
suas bolachinhas caseiras são imbatíveis! Seu assunto predileto são as memórias
de infância: as que aconteceram de verdade e também aquelas que ela inventou
pelo caminho. E é tanta história que, para não deixar as ideias escaparem, Patricia
costuma prender seus pensamentos nos caderninhos de capa estampada que ela
carrega na bolsa. Depois de completos, todos os caderninhos ganham um espaço
na prateleira atrás de sua mesa de trabalho. Todos menos um, que ela esqueceu
num táxi e nunca mais encontrou.
Patricia publicou nove livros e recebeu diversos prêmios, entre eles o FNLIJ de
Melhor Livro Imagem, ganho pelo livro O jornal, e o prêmio do Júri Infantil, ganho
por O lenço na Bienal de Ilustração da Bratislava. Ela ainda não conhece a Ilha de
Páscoa, mas está fazendo planos de ir pra lá com Blandina e Lollo comemorar a
publicação (e o sucesso!) deste livro.

José Carlos Lollo (1962) é um talentoso desenhista, diretor de arte e ilustrador


brasileiro de literatura infantil. Radicado em São Paulo, é conhecido por fazer ani-
mais com o papel prateado das tampas dos copos descartáveis. Destaca-se por
desenhar em qualquer material que estiver ao alcance de sua mão usando para
isso qualquer tipo de caneta, lápis, giz ou dedo sujo. Desenha com as mãos direita
e esquerda e também com os pés, mas nenhum de seus livros foi ilustrado com
essa última técnica. Recebeu prêmios como Profissionais do Ano, Leões, Jabutis e
algumas medalhas de chocolate no concurso de soletrar na escola. Guarda seus
prêmios com cuidado, exceto as moedas, que já foram comidas há muito tempo.
Nunca viajou até a Ilha de Páscoa, mas diz que quer ir e que quando for vai dese-
nhar moai por moai em um dos seus caderninhos de desenho.

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Ficha de inscrição / Entrevista /
Avaliação psicológica
para ingresso no Clube PaSNo

Nome:
Idade:
Número de filhos:
Endereço atual:

Endereço de uma tia sua para alguma


emergência:

Comida preferida:
Cidade preferida:
Signo no horóscopo chinês:
Número do sapato:

1) Eu quero ser sócio do Clube PaSNo porque...


(preencha apenas com palavras proparoxítonas e verbos na segunda pessoa do
plural)

2) Alguma vez você já deixou seu(ua) filho(a) esperando em uma fila ou sala de
espera por mais de 45 minutos?
( ) sim ( ) não

3) Você acha que transformar quiabo em bolinho de quiabo faz a verdura ficar
menos verdurenta?
( ) sim ( ) não

4) Você pretende dançar em todas as festas de aniversário dos(as) seus(uas)


filhos(as)?
( ) sim ( ) não

5) Quando seu(ua) filho(a) está com algum amigo(a), com que frequência você
pede para eles(as) pararem a brincadeira para tirar fotos?

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6) Quando uma criança está com soluço, você manda ela tomar água de cabeça
para baixo?
( ) sim ( ) não

7) Quando você deixa seu(ua) filho(a) na escola, você fica parado na porta
dando tchau, mandando beijo e revelando para o mundo todos os apelidos
fofuchos que você deu para o(a) seu(ua) filho(a)?
( ) sim ( ) não

8) Você compra cuecas/calcinhas com super-heróis/princesas estampados


para seu(ua) filho(a) mesmo depois deles(as) terem completado 7 anos
de idade?
( ) sim ( ) não

9) No último verão, quantas vezes você pediu a seu(ua) filho(a) para levar um
casaquinho para a escola?
( ) Nenhuma vez, porque os casacos que ele(a) tem já não servem faz tempo.
( ) Nenhuma vez, porque eu faço ele(a) sair de casa já vestindo um casaco.
( ) Várias vezes, porque ele(a) sempre foi e sempre será meu(inha)
pequenininho(a)!
( ) Todos os dias, afinal, o tempo sempre pode virar.

10) Para as próximas férias, você:


( ) Está procurando uma promoção imperdível para um destino exótico
e sem internet.
( ) Planeja visitar a irmã da prima da sua avó que mora em uma cidade que você
nem lembra como chama, mas sabe que é um nome de santa no diminutivo.
( ) Pretende levar a família para uma excursão cultural percorrendo as principais
igrejas e museus do interior de um estado distante, para que eles valorizem
as artes barroca e sacra.
( ) Preparou uma série de atividades educativas para fazer com as crianças no
quintal da tia Arady.

11) Quando seu(ua) filho(a) diz que está sem fome, você:
( ) Corre atrás dele(a) com o prato de comida, oferecendo garfadas de couve-flor.
( ) Avisa que saco vazio não para em pé e que se ele(a) continuar assim não vai
arrumar namorada(o).
( ) Corre para a cozinha e prepara vários tipos de alimentos nutritivos para ver
se ele(a) come.
( ) Como assim, sem fome?

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“Mais vale um Moai em pé que dois caídos.”

Esta é uma obra de ficção. A Patricia, a Blandina e o Lollo, sócios


fundadores do Clube PaSNo, não tiveram a menor intenção de falar
mal da Ilha de Páscoa. Esta história toda é uma grande brincadeira
que se passa na Ilha, que na verdade é bem legal, e os moais nunca
estiveram de cara no chão.
A gente acha que a Ilha é muito bacana e, se vocês ficaram curiosos,
querendo descobrir como ela é na vida real, recomendamos uma
visita. A viagem vale a pena e essa não é uma dica do Clube PaSNo.
Aproveitamos para dizer também que não somos contra passeios
em igrejas, nem meditação transcendental, muito menos coral
ou alimentação saudável, mas achamos que esses itens não são
exatamente coisas que atrairiam muitas famílias na hora de escolher
a viagem de férias, a não ser, é claro, que os pais da família tivessem
carteirinha do Clube PaSNo.*
Esperamos não perder nenhum amigo, mas não podíamos perder
a piada!

*Se você quer tirar a carteirinha do Clube PaSNo, você deve escrever uma redação de 150 páginas
falando sobre seu filho usando apenas palavras que tenham ditongos crescentes em uma de suas
sílabas e enviar junto com a ficha de inscrição preenchida para o endereço que será divulgado
futuramente pela grande mídia.

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CAIRAM

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´ JOAQUIM
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