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Educação e

Tecnologias
Unidade IV
Metodologias Ativas e Neuroeducação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
GABRIELLA ELDERETI MACHADO
AUTORIA
Gabriella Eldereti Machado
Olá. Meu nome é Gabriella Eldereti Machado. Sou formada em
Química (Licenciatura), com experiência técnico-profissional na área da
educação e tecnologias. Mestre em Educação e doutoranda na mesma
área. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência
de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui
convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
A Metodologia ativa.....................................................................................10

Características da metodologia ativa................................................................................10

O Ensino híbrido e sala invertida............................................................16

Conhecendo o ensino híbrido................................................................................................ 16

Ensino por projetos e estudo de caso..................................................21

Conhecendo o ensino por projetos.................................................................................... 21

A Neuroeducação........................................................................................ 28

Conhecendo a neuroeducação ............................................................................................28


Educação e Tecnologias 7

04
UNIDADE
8 Educação e Tecnologias

INTRODUÇÃO
Nesta unidade apresentarei as relações entre as Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) e o ensino, assim como as metodologias
ativas e o ensino híbrido. Esses conceitos e noções serão explanados no
decorrer desta unidade. Navegaremos nesse mundo tecnológico a partir
de agora, e você terá acesso aos conceitos norteadores dos temas, a
curiosidades e principais aplicações desses conhecimentos. A seguir serão
apresentadas as competências que deverão ser alcançadas até o final
desta unidade, lembrando que é importante ir além do material didático,
buscando mais informações para um maior entrosamento com os temas
e definições. Lembre-se: conhecimento nunca é demais! Nos próximos
capítulos você irá se deparar com conhecimentos e informações sobre
Metodologia Ativa, Ensino Híbrido e Sala invertida, ensino por projetos e
estudos de casos, e neuroeducação. Bons estudos!
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Compreender o conceito e a aplicabilidade das metodologias


ativas de aprendizagem, vislumbrando a aplicação das TICs;

2. Aplicar os conceitos da sala de aula invertida no contexto do


ensino híbrido;

3. Entender e aplicar a metodologia ativa da aprendizagem por


projetos e estudos de caso;

4. Discernir sobre a neuroeducação e sua aplicação no aprimoramento


das metodologias ativas de aprendizagem.

Então? Preparados para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho! A persistência é o caminho para o êxito! Vamos lá!
10 Educação e Tecnologias

A Metodologia ativa

INTRODUÇÃO:

O objetivo deste item é conhecer a relação entre a


metodologia ativa e o ensino. Desse modo você estará
preparado para compreender como o conhecimento se
constrói com as TICs. E então? Motivado para desenvolver
essa competência? Então vamos lá. Avante!

Características da metodologia ativa


Metodologias ativas são aquelas que se configuram de forma rápida
e se adaptam às mudanças da sociedade (DIESEL; BALDEZ; MARTINS,
2017). A partir do contexto tecnológico, há necessidade de modificações
no perfil docente, aliando a prática educativa ao uso de ferramentas
tecnológicas.

Desse modo, a formação de professores começa a ser repensada


de modo a atender à diversidade de saberes e temas a serem acolhidos
na prática docente, buscando ressignificar práticas de ensino agregando
a perspectiva do uso das TICs.

Diante disso, a metodologia ativa é aliada desse processo, inserindo


saberes que não se limitam somente ao conhecimento dos conteúdos
das disciplinas, mas agregam saberes do cotidiano, da vida dos alunos e
presentes no convívio em sociedade.

Na metodologia ativa preza-se o planejamento e a organização


das situações de aprendizagem, que devem ser focados nas atividades
dos estudantes. O objetivo central da ação educativa é a autonomia na
aprendizagem.

O protagonismo dos estudantes é o ponto chave da metodologia


ativa, resultando no incentivo à motivação e promoção da autonomia. São
valorizadas na metodologia ativa as atitudes dos alunos, o diálogo e a
escuta com os estudantes, as opiniões, a empatia, os questionamentos.
Educação e Tecnologias 11

A metodologia ativa tem seu princípio de formulação no movimento


da Escola Nova, em que se valoriza a atividade na qual o interesse do
aluno tem prioridade, e não parte do pensamento do professor propor a
ação.

É chamada de Escola Nova, ou Escola Ativa ou Escola Progressiva,


um movimento de reestruturação e renovação do ensino que aconteceu
nos anos finais do século XIX e que adquiriu força na primeira metade do
século XX. O grande nome desse movimento foi o filósofo e professor
John Dewey (1859-1952).

Desse modo, a aprendizagem ocorre por meio da ação. Nessa


perspectiva, as metodologias ativas são uma possibilidade de ativar o
aprendizado dos estudantes, pois são colocados no centro do processo.

Essa metodologia se diferencia do método tradicional, que


apresenta o conhecimento a partir da teoria e não do que o estudante
tem para contribuir. Nesse processo ocorre a migração do ensino para
a aprendizagem, e a mudança de papéis principais, do docente para o
aluno.

O conhecimento se constrói a partir de uma interação do aluno


em seu processo de aprendizagem. A característica da abordagem por
metodologias ativas de ensino é a da participação efetiva dos estudantes
na sala de aula.

Exigem-se ações e construções mentais variadas em aula, como


leitura, pesquisa, comparação, observação, imaginação, obtenção
e organização dos dados, elaboração e confirmação de hipóteses,
classificação, interpretação, crítica, busca de suposições, construção de
sínteses e aplicação de fatos e princípios a novas situações, planejamento
de projetos e pesquisas, análise e tomadas de decisões (DIESEL; BALDEZ;
MARTINS, 2017).
12 Educação e Tecnologias

Figura 1 – Metodologia Ativa

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando relacionada ao ensino tradicional, a autonomia não é


praticada. O ensino tradicional baseia-se na transmissão de conteúdos,
tendo o estudante uma postura passiva sobre o que aprende, com a
função de receber e absorver o conteúdo. Não há espaço para atitudes
de autonomia, como a manifestação e o posicionamento crítico. Nessa
metodologia a autonomia é entendida como a prática pedagógica que
norteia o método ativo e o estudante passa a assumir uma postura ativa,
exercitando atitude crítica.

Outro princípio da metodologia ativa é a problematização da realidade


e reflexão, que são princípios indissociáveis. O ato de problematizar implica
em fazer uma análise sobre a realidade como tomada de consciência, e a
partir disso problematizar os conteúdos ao estudante.

O princípio do trabalho em equipe intensifica a interação entre os


estudantes, sendo ponto de partida a prática social do aluno, o elemento
de mobilização para a construção do conhecimento. A interação com
Educação e Tecnologias 13

os colegas e o professor leva o estudante a pensar sobre determinada


situação e expressar sua opinião sobre ela.

Inovação é o processo de introdução de novidades, de renovação,


invenção e criação. A relação docente perpassa o papel de mediador,
facilitador e ativador da prática educativa.

A base da metodologia ativa está na concepção de educação crítico-


reflexiva sustentada em estímulo ao processo de ensino-aprendizagem.
O método da construção de uma situação problema proporciona reflexão
crítica e mobiliza o educando para o conhecimento. Um exemplo disso
seria o seguinte questionamento: “Como a metodologia ativa no ensino
pode colaborar no aprendizado de crianças com déficit de atenção?”

Nesse contexto, o docente apresenta um problema próximo do


real ou simulado para o estudante resolver por meio de suas leituras
e experiências, de modo a se preparar para atuar na vida. Os temas e
conteúdos são relacionados ao problema e estudados individual ou
coletivamente e depois discutidos no grupo. Sobre esses papéis, dos
professores e alunos, veja a representação na figura 2 a seguir.
Figura 2 – Professor e estudantes

Fonte: Elaborado pela autora.


14 Educação e Tecnologias

Por meio da metodologia ativa ocorre o contato com a cultura


atual, promovendo a participação das redes sociais virtuais da web e
demais mídias na construção da aprendizagem de cada aluno. As redes
potencializam a interação, independente de hierarquias, e o convívio com
as informações.

A aprendizagem desenvolve-se levando em conta os fatores e


potencialidades apresentados na figura 3.
Figura 3 – Aprendizagem

Fonte: Elaborado pela autora.

Nesse contexto, as metodologias ativas auxiliam no processo de


ensinar e aprender com o objetivo de participação ativa de todos os
envolvidos. Busca provocar mudanças nas práticas em sala de aula. O aluno
torna-se protagonista no processo de construção de seu conhecimento e
é responsável por sua trajetória e pelo alcance de objetivos.
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RESUMINDO:

O conhecimento se constrói a partir de uma interação do


aluno em seu processo de aprendizagem. A característica
da abordagem por metodologias ativas de ensino é a da
participação efetiva dos estudantes na sala de aula. Exige
ações e construções mentais variadas em aula, como leitura,
pesquisa, comparação, observação, imaginação, obtenção
e organização de dados, elaboração e confirmação de
hipóteses, classificação, interpretação, crítica, busca de
suposições, construção de sínteses e aplicação de fatos
e princípios a novas situações, planejamento de projetos
e pesquisas, análise e tomadas de decisões (DIESEL;
BALDEZ; MARTINS, 2017). Essa metodologia se diferencia
do método tradicional, que apresenta o conhecimento
a partir da teoria e não do que o estudante tem para
contribuir. Nesse processo ocorre a migração do ensino
para a aprendizagem e a mudança de papéis principais do
docente para o aluno. Por meio da metodologia ativa ocorre
o contato com a cultura atual, promovendo a participação
das redes sociais virtuais da web e demais mídias na
construção da aprendizagem de cada aluno. As redes
potencializam a interação, independente de hierarquias, e
o convívio com as informações.
16 Educação e Tecnologias

O Ensino híbrido e sala invertida

INTRODUÇÃO:

O objetivo deste item é conhecer sobre o ensino híbrido


e a sala invertida, duas metodologias que utilizam as TICs.
Desse modo você estará preparado para compreender
como o ensino híbrido e a sala invertida funcionam. E
então? Motivado para desenvolver essa competência?
Então vamos lá. Avante!

Conhecendo o ensino híbrido


Os avanços tecnológicos aliados à mudança no perfil dos
estudantes impulsionaram outros direcionamentos ao ensino com novas
metodologias. Desse modo, o ensino híbrido torna-se uma grande
tendência por respeitar as necessidades individuais dos alunos, atendê-
las, e oportunizar formatos personalizados de ensino, ou “ensino sob
medida” (NETA; CAPUCHINHO, 2017).

O conceito de ensino híbrido ainda é novo e pouco utilizado em


virtude da carência de discussão pelos renomados autores da pedagogia
brasileira (NETA; CAPUCHINHO, 2017). Com o surgimento de novos
cenários educacionais, alunos com novos perfis e modos de aprendizado
próximos às tecnologias digitais disponíveis, foi necessário apreender
uma nova forma de ensino.

A educação sempre foi híbrida, pois combinou vários espaços,


tempos, atividades, metodologias, públicos (NETA; CAPUCHINHO, 2017).
Atualmente, com a mobilidade e a conectividade, é muito mais necessária
a criação de um ambiente aberto e criativo em sala de aula.
Educação e Tecnologias 17

Figura 4 – Ensino híbrido

Fonte: Elaborado pela autora.

Desse modo, é possível ensinar e aprender de inúmeras formas, em


todos os momentos e em diferentes espaços. O híbrido é um conceito rico
e complexo, que significa basicamente ser misturado, combinado.

No ensino regular o ensino híbrido é um método aplicado à


educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por
meio do ensino on-line. É necessária a mudança no contexto da escola
padronizada, que ensina e avalia a todos de forma igual e exige resultados
previsíveis, ignorando que a sociedade do conhecimento é baseada em
competências cognitivas, pessoais e sociais.

O ensino híbrido demanda de atuação por meio do conhecimento


de todos os modelos e possibilidades de ensino, para então escolher
aquele que seja adequado ao público-alvo. Desse modo a sala de aula se
amplia entre espaço físico e virtual.

Com a utilização do ensino híbrido é possível transformar aspectos


do processo educacional, como retirar a figura do professor como centro
18 Educação e Tecnologias

do conhecimento e primeira fonte de informação, além de viabilizar ao


estudante o protagonismo do seu aprendizado (NETA; CAPUCHINHO,
2017). Adquire-se a postura mais participativa e coerente com a autonomia
estudantil, provocando a ampliação do pensamento crítico, a fim de
correlacionar o que está em estudo com as situações da vida real.

Para a implantação do ensino híbrido, alguns aspectos devem ser


analisados e considerados: a dinâmica de sala de aula e a formação do
professor, além da adequação do currículo e das atividades curriculares.

O ensino híbrido é uma inovação, com propostas em que se pode


organizar a sala de aula como modelos sustentados, rompendo com a
sala de aula tradicional e traçando diferentes trajetórias.

Adotar o ensino híbrido demanda mudança radical do modelo


vigente, pois nos modelos de ensino híbrido há maior possibilidade de
romper com todos os costumes do modelo de ensino que se conhece.

Os primeiros passos dados em direção a uma educação híbrida


perpassam pelo que mais se aproxima do modelo atual da maioria das
escolas – os chamados modelos sustentados –, e, entre esses, os mais
adotados são os modelos de rotação.

A rotação permite que os estudantes alternem momentos de


atividades com roteiro fixo ou a critério do professor, incluindo leituras,
produção textual, discussões em grupos pequenos ou turmas completas,
tutoria e trabalhos sempre contendo uma atividade on-line.

Há possibilidade de escolha entre os modelos rotacionais (o modelo


de rotação por estações no qual ocorre a rotação de turmas ou classes).
Nesse modelo os alunos se revezam no ambiente de uma sala de aula.

O modelo de laboratório rotacional é aquele no qual a rotação ocorre


entre a sala de aula e um laboratório de aprendizado para o ambiente on-
line. O modelo de sala de aula invertida é aquele no qual a rotação ocorre
entre a prática presencial com professor e a residência ou outra localidade
fora da escola on-line.

No modelo de rotação por estações, a sala de aula é dividida em


espaços de aprendizado chamados estações, todas relacionadas ao tema
Educação e Tecnologias 19

principal da aula (NETA; CAPUCHINHO, 2017). Cada estação aborda um


objetivo específico e ao menos uma delas deve conter uma atividade on-line.

O planejamento do professor leva em conta a quantidade de


estações que deseja implantar com atividades individuais ou em grupos
dentro de um período de tempo. As estações precisam ser independentes
entre si, mas complementares, e devem disponibilizar atividades como
vídeos, textos impressos, slides, charges, cartuns, tirinhas, entre outras.

A sala de aula invertida é um modelo de ensino híbrido que prevê


a mudança progressiva do ensino tradicional centrado no professor para
as metodologias ativas com envolvimento dos alunos. Funcionam com o
acesso a vídeos, aulas interativas e demais materiais on-line.

A sala de aula transforma-se no espaço onde os alunos trabalham


com situações problemas, coleta de dados e aplicação de conceitos, e
criam oportunidades para cada aluno caminhar no seu ritmo em grupos
colaborativos.

Nas universidades tem-se pensado sobre a mudança do perfil de


aluno, em sua maioria membros da Geração Y, constituída por indivíduos
nascidos entre os anos de 1980 e 2000, com perfil mais questionador,
rápido acesso à informação devido aos grandes avanços tecnológicos, e
relacionamentos pautados no ambiente virtual.

No ensino superior adota-se a metodologia de ensino híbrido


conhecida como blended learning.

A metodologia caracteriza-se pela união entre ensino presencial e


estudo on-line, alterando a dinâmica da relação entre professor-aluno. O
professor assume o papel de mediador do conhecimento.

A Geração Y em sala de aula tem relação com as tecnologias, pois


nasceram na era da cibercultura, com facilidade de acesso à informação e
ao conteúdo, compartilham e se comunicam em tempo real, e participaram
do surgimento, da implantação e da consolidação da internet.

São estudantes flexíveis, criativos e questionadores, que necessitam


de reconhecimento por tudo o que desempenham. Nesse contexto, o
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professor torna-se mediador do conhecimento e não mais transferidor. E


o aluno aprende por métodos ativos de aprendizagem.

RESUMINDO:

Os avanços tecnológicos aliados à mudança no perfil dos


estudantes impulsionaram outros direcionamentos ao
ensino com novas metodologias. Desse modo, o ensino
híbrido torna-se uma grande tendência por respeitar
as necessidades individuais dos alunos, atendê-las, e
oportunizar formatos personalizados de ensino, ou “ensino
sob medida” (NETA; CAPUCHINHO, 2017). O conceito de
ensino híbrido ainda é novo e pouco utilizado em virtude
da carência de discussão pelos renomados autores da
pedagogia brasileira (NETA; CAPUCHINHO, 2017). Com
o surgimento de novos cenários educacionais, alunos
com novos perfis e modos de aprendizado próximos das
tecnologias digitais disponíveis, foi necessário apreender
uma nova forma de ensino. O ensino híbrido demanda da
atuação por meio do conhecimento de todos os modelos
e possibilidades de ensino, para escolher aquele que seja
adequado para o público-alvo. Desse modo, a sala de aula
se amplia entre espaço físico e virtual. Com a utilização do
ensino híbrido, é possível transformar aspectos do processo
educacional, como retirar a figura do professor como centro
do conhecimento e primeira fonte de informação, além de
viabilizar ao estudante o protagonismo do seu aprendizado
(NETA; CAPUCHINHO, 2017). Adquire-se a postura mais
participativa e coerente com a autonomia estudantil,
provocando a ampliação do pensamento crítico, a fim
de correlacionar o que está em estudo com as situações
da vida real. Para implantação do ensino híbrido, alguns
aspectos devem ser analisados e considerados, como a
dinâmica de sala de aula e a formação do professor, além
da adequação do currículo e das atividades curriculares. O
ensino híbrido é uma inovação, sem dúvida, com propostas
de ensino híbrido que podem se organizar como modelos
sustentados, rompendo com a sala de aula tradicional e
traçando diferentes trajetórias.
Educação e Tecnologias 21

Ensino por projetos e estudo de caso

INTRODUÇÃO:

O objetivo deste item é discutir sobre a metodologia de


ensino por projetos e pelo estudo de caso. Desse modo,
você estará preparado para compreender como incorporar
esses métodos em seu contexto didático. E então? Moti-
vado para desenvolver essa competência? Então vamos lá.
Avante!

Conhecendo o ensino por projetos


A Pedagogia, ou o ensino por projetos, é a metodologia que possui
uma visão diferente do que é conhecimento e currículo, pois apresenta
outra maneira de organizar o trabalho na escola.

Caracteriza-se pela forma de abordar determinado tema ou


conhecimento, permitindo uma aproximação da identidade e das
experiências dos alunos, e um vínculo dos conteúdos escolares entre
si e com os conhecimentos e saberes produzidos no contexto social e
cultural, assim como com problemas que dele emergem.

É possível nessa metodologia ultrapassar limites das áreas do co-


nhecimento e dos conteúdos curriculares. Contempla o desenvolvimento
de atividades práticas, de estratégias de pesquisa, de busca e uso de di-
ferentes fontes de informação, de sua ordenação, análise, interpretação e
representação.

Pode ser desenvolvida em atividades individuais, de grupos ou


equipes. A concepção do conteúdo tem o viés controverso e pronto a
ser questionado pelos estudantes. Permite que o aluno desenvolva uma
atitude ativa e reflexiva diante de suas aprendizagens e do conhecimento
para a sua compreensão do mundo.

A metodologia do ensino por projetos não é compreendida


teoricamente como um método, mas sim como uma ideia de método
para trabalhar com objetivos e conteúdos prefixados, predeterminados,
22 Educação e Tecnologias

apresentando uma sequência regular, prevista e segura, referindo-se à


aplicação de fórmulas ou de uma série de regras.

Trabalhar por meio de projetos é o oposto da ideia acima descrita,


pois no projeto o ensino-aprendizagem se realiza mediante um percurso
que nunca é fixo, ordenado. Desse modo, o ato de projetar requer abertura
para o desconhecido.

O ensino por projetos é entendido como uma concepção de ensino,


uma maneira diferente de buscar a compreensão dos alunos sobre os
conhecimentos e ajudá-los a construir sua própria identidade. O projeto é
constituído das seguintes etapas:
Figura 5 – Etapas do projeto.

Fonte: Elaborado pela autora.

Sobre os conteúdos, a metodologia de projetos é vista pelo


seu caráter de potencializar a interdisciplinaridade. Isso de fato pode
ocorrer, pois o trabalho com projetos permite romper com as fronteiras
disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes
áreas de conhecimento numa situação contextualizada da aprendizagem.

Além disso, promove a significativa e compartilhada experiência de


aprendizagem, auxiliando na formação integral dos indivíduos nas diversas
oportunidades de aprendizagem conceitual, atitudinal e procedimental.
Educação e Tecnologias 23

Os projetos de trabalho não se inserem apenas numa proposta de


renovação de atividades, tornando-as criativas, e sim numa mudança
de postura que exige o repensar da prática pedagógica, quebrando
paradigmas já estabelecidos.

Os alunos nessa perspectiva podem decidir, opinar e debater, e


constroem sua autonomia e seu compromisso com o social, formando-se
como sujeitos culturais e cidadãos.

Mais do que uma técnica atraente para transmissão dos conteúdos,


a proposta de projetos promove mudança na maneira de pensar e repensar
a escola e o currículo na prática pedagógica, por meio do movimento
de uma pedagogia dinâmica, centrada na criatividade e na atividade dos
alunos, na construção do conhecimento pelos alunos.

A metodologia dos projetos tem como base a teoria do construti-


vismo, que se opõe ao sistema educacional de transmissão do conhe-
cimento. Desse modo, a relação ensino e aprendizagem é voltada para
a construção do conhecimento de maneira dinâmica, contextualizada,
compartilhada, afetiva e de troca de experiências.
Figura 6 – Esquema do construtivismo

Fonte: Elaborado pela autora.


24 Educação e Tecnologias

Nessa postura a aprendizagem torna-se prazerosa, pois ocorre a


partir dos interesses dos envolvidos no processo, da realidade em que
estão inseridos. Ocasiona motivação, satisfação em aprender, e resulta na
contextualização dos conteúdos e no desenvolvimento de competências
e habilidades.

O produto final apresentado pelos alunos é organizado por meio de


relatórios e a mudança em seus conceitos e discursos dá indícios de sua
aprendizagem. A avaliação ocorre por meio da ação avaliativa como uma
das mediações pela qual se encorajaria a reorganização do saber.

O papel do professor dentro dessa metodologia é de estar ciente


de suas atividades durante o projeto, coordenando as tarefas e tendo
clareza na condução da proposta.

Os alunos devem ter a postura de autores e as seguintes funções:


inicialmente produzir uma espécie de índice ou cronograma pessoal de
trabalho a fim de que possam planejar o tempo que terão de investir, os
recursos, os procedimentos e as atividades que deverão realizar.

Estabelecer o cronograma é útil para que se tenha a visão geral do


trabalho, para que todos tenham noção de suas tarefas e as dos outros,
e como instrumento de compromisso e de avaliação. Desse modo, as
metodologias possuem diferenças didáticas e de aplicabilidade, sendo
coerentes a cada contexto escolar.

Sobre o estudo de caso, é um método qualitativo que consiste,


geralmente, em uma forma de aprofundar uma unidade individual (YIN,
2001), utilizado para responder a questionamentos a respeito do fenômeno
estudado, sobre o qual o pesquisador não tem muito controle.

IMPORTANTE:

O estudo de caso contribui para compreendermos melhor


os fenômenos individuais, os processos organizacionais e
políticos da sociedade.
Educação e Tecnologias 25

É uma estratégia de pesquisa que compreende um método que


abrange tudo em abordagens específicas de coletas e análise de dados
(YIN, 2001). Método útil quando o fenômeno a ser estudado é amplo e
complexo e não pode ser compreendido fora do contexto onde ocorre
naturalmente.

Buscando esclarecer decisões a serem tomadas, o estudo de caso


investiga um fenômeno contemporâneo partindo do seu contexto real, e
pode ser dos seguintes tipos:

• Exploratórios: quando se quer encontrar informações preliminares


sobre o assunto estudado. Descritivos: o objetivo é descrever o
estudo de caso. Analíticos: quando se quer problematizar ou
produzir novas teorias que irão procurar problematizar seu objeto,
construir ou desenvolver novas teorias que serão confrontadas
com as teorias que já existiam, proporcionando avanços do
conhecimento (YIN, 2001).

Investiga-se uma situação específica, buscando encontrar as carac-


terísticas e o que há de essencial nela. É utilizado para desenvolvimento
de uma pesquisa acadêmica e escolar, visando a compreender um fe-
nômeno ainda pouco estudado ou aspectos específicos de uma teoria
ampla.

Existem algumas etapas a serem desenvolvidas no estudo de caso:

• No delineamento da pesquisa a primeira atividade é a definição


clara e precisa do tema que será estudado, dentro de uma área de
pesquisa e do objeto que se pretende investigar.

• O desenho da pesquisa apresenta quatro aspectos: validade


externa, confiabilidade, validade do constructo e validade interna.
A validade externa é a capacidade de os resultados representarem
de fato o fenômeno estudado.

• A confiabilidade é a possibilidade de replicação do experimento


por outro pesquisador, que deverá chegar aos mesmos resultados.
Nessa etapa é construído um protocolo de pesquisa.
26 Educação e Tecnologias

• A validade do constructo é a capacidade de avaliar corretamente


os conceitos estudados. Envolve dados, revisão dos relatórios e o
estabelecimento de uma cadeia lógica de eventos da pesquisa.

• Como instrumentos de pesquisa, os mais utilizados para a coleta


de dados são levantamento e análise de cartas, documentos,
relatórios internos, jornais, revistas, internet, apresentações e
outros materiais como gravações, fotografias, filmes. Ainda temos
os instrumentos para dados primários: entrevistas, observação
direta e observação participativa.

• A preparação e coleta dos dados é a etapa de desenvolvimento da


metodologia de estudo de caso. É quando o pesquisador entra em
contato com os casos selecionados para verificar a possibilidade
de realização do estudo.

• A análise dos casos e elaboração dos relatórios é a etapa que


envolve três atividades: analisar os dados, apresentar os dados e
verificar as proposições, e delinear a conclusão.
Educação e Tecnologias 27

RESUMINDO:

A Pedagogia, ou o ensino por projetos, é a metodologia que


tem uma visão diferente do que é conhecimento e currículo,
pois apresenta outra maneira de organizar o trabalho na
escola. Caracteriza-se pela forma de abordar determinado
tema ou conhecimento, permitindo uma aproximação da
identidade e das experiências dos alunos, e um vínculo
dos conteúdos escolares entre si e com os conhecimentos
e saberes produzidos no contexto social e cultural, assim
como com problemas que dele emergem. É possível nessa
metodologia ultrapassar limites das áreas do conhecimento
e conteúdos curriculares. Contempla o desenvolvimento
de atividades práticas, de estratégias de pesquisa, de
busca e uso de diferentes fontes de informação, de sua
ordenação, análise, interpretação e representação. Pode
ser desenvolvida em atividades individuais, em grupos ou
equipes. A concepção do conteúdo tem o viés controverso
e pronto a ser questionado pelos estudantes. Permite que o
aluno desenvolva uma atitude ativa e reflexiva diante de sua
aprendizagem e do conhecimento para sua compreensão
do mundo. A metodologia do ensino por projetos não
é compreendida teoricamente como um método, mas
é uma ideia de método para trabalhar com objetivos e
conteúdos prefixados, predeterminados, apresentando
uma sequência regular, prevista e segura, referindo-se
à aplicação de fórmulas ou de uma série de regras. O
ensino por projetos é entendido como uma concepção de
ensino, uma maneira diferente de buscar a compreensão
dos alunos sobre os conhecimentos e ajudá-los a construir
sua própria identidade. O estudo de caso contribui para
compreendermos melhor os fenômenos individuais, os
processos organizacionais e políticos da sociedade. É
uma estratégia de pesquisa que compreende um método
que abrange tudo em abordagens específicas de coleta e
análise de dados (YIN, 2001). É um método útil quando o
fenômeno a ser estudado é amplo e complexo e não pode
ser estudado fora do contexto onde ocorre naturalmente.
28 Educação e Tecnologias

A Neuroeducação

INTRODUÇÃO:

O objetivo deste item é conhecer sobre a neuroeducação,


de modo que você estará preparado para compreender
como é a aprendizagem a partir do contexto cognitivo e
das funções cerebrais. E então? Motivado para desenvolver
essa competência? Então vamos lá. Avante!

Conhecendo a neuroeducação
A neuroeducação é a área que surgiu em 2008, na Universidade
Capella, nos Estados Unidos, com a tese de doutorado de Tracey Noel
Tokuhama-Espinosa. O trabalho reúne fundamentos da neuroeducação,
contextualização sobre seu surgimento, descreve a bibliografia e traça
princípios da nova área do conhecimento.

Tem como finalidade abordar o conhecimento e a inteligência,


integrando três áreas: a Psicologia, a Educação e as Neurociências. Por
meio da Psicologia, o objetivo principal seria explicar os comportamentos
da aprendizagem, debruçando-se sobre a mente humana.

Um exemplo da aplicabilidade da Psicologia é o entendimento das


emoções no aprendizado, nos processos de tomada de decisão e nas
várias possibilidades de motivação dos alunos para o aprendizado.

A Educação é responsável pelas estratégias pedagógicas aplicáveis


no âmbito escolar, buscando tecnologias educacionais, como vídeos,
multimídias, games e outros produtos educacionais.
Educação e Tecnologias 29

Figura 7 – Neuroeducação

Fonte: Elaborado pela autora.

Desse modo, a neuroeducação é uma abordagem com técnicas


de captação de informações neuronais, por sinais elétricos cerebrais,
estudada para possibilitar a compreensão sobre a aprendizagem.

São ordenados 14 princípios básicos da neuroeducação, apresenta-


dos no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 – Princípios da neuroeducação

PRINCÍPIOS

Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do


que quando não têm motivação.

Estresse impacta aprendizado.

Ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado.

Estados depressivos podem impedir aprendizado.

Tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro


como ameaçador ou não ameaçador.

As faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente.


30 Educação e Tecnologias

Feedback é importante para o aprendizado.

Emoções têm papel-chave no aprendizado.

Movimento pode potencializar o aprendizado.

Humor pode potencializar as oportunidades de aprendizado.

Nutrição impacta o aprendizado.

Sono impacta consolidação de memória.

Estilos de aprendizado (preferências cognitivas) são devidos à


estrutura única do cérebro de cada indivíduo.

A diferenciação nas práticas de sala de aula se justifica pelas


diferentes inteligências dos alunos.
Fonte: Elaborado pela autora.

Para além desses princípios é necessário seguir a prática


organizacional do cérebro humano. Nesse processo algumas ferramentas
são utilizadas, como as tecnologias audiovisuais para desenvolvimento
do conhecimento teórico, prático, técnico, aplicável e memorizável. Desse
modo, a neuroeducação é um campo interdisciplinar para desenvolver
processos cognitivos e emocionais que originem melhores métodos de
ensino e currículos.

Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso, abrangendo


contextos da biologia para compreensão da formação do aprendizado.

O cérebro humano é constituído de áreas cada uma com sua função


em nosso corpo e mente. Tem conexão com o Sistema Nervoso Central,
sendo composto por milhares de neurônios que permitem uma relação
constante entre mente e corpo. Pode ser dividido em quatro lobos ou
lóbulos: o lóbulo parietal ou lobo parietal é a parte do cérebro que regula
os dados recebidos a partir de estímulos do sentido do tato.

O lobo frontal, parte do cérebro que mais diferencia o humano


como ser racional do resto dos outros animais, regula a memória funcional
e a linguagem. O lóbulo occipital ou lobo occipital é a parte do cérebro
que processa a informação dos dados visuais, já que lá se encontra o
Educação e Tecnologias 31

córtex visual. O lobo temporal é a parte do cérebro encarregada de


perceber e reconhecer os estímulos auditivos e vinculados à memória e à
emoção. Uma das partes mais relevantes do encéfalo é o cerebelo, cuja
função é a de regular aspectos do organismo como postura, equilíbrio e
coordenação.

O hipotálamo é o responsável por regular outras funções, como os


ciclos do sono, a temperatura do corpo, a fome e o ânimo. O hipocampo
é uma área cerebral que armazena lembranças, memórias e aprendizado.

O cérebro também conta com duas áreas específicas que regulam


a fala: a área de Broca, parte do lobo frontal que é responsável pela
expressão da linguagem, e a área de Wernicke, localizada no córtex
cerebral e que permite a compreensão da linguagem oral e escrita.

Cada parte do cérebro tem sua função, sendo assim determinante


conhecê-lo para promover mudanças à forma de ensino e aprendizagem.

RESUMINDO:

A neuroeducação surgiu em 2008, na Universidade


Capella, nos Estados Unidos, com a tese de doutorado
de Tracey Noel Tokuhama-Espinosa. O trabalho reúne
fundamentos da neuroeducação, contextualização sobre
seu surgimento, descreve a bibliografia e traça princípios
da nova área do conhecimento. A neuroeducação é a
área que tem como finalidade abordar o conhecimento
e a inteligência, integrando três áreas: a Psicologia, a
Educação e as Neurociências. Por meio da Psicologia, o
objetivo principal seria explicar os comportamentos da
aprendizagem, debruçando-se sobre a mente humana. Já
as Neurociências são o estudo científico do sistema nervoso,
abrangendo contextos da biologia para compreensão da
formação do aprendizado. O cérebro humano é constituído
de áreas cada uma com sua função em nosso corpo e
mente. O cérebro humano tem conexão com o Sistema
Nervoso Central, composto por milhares de neurônios que
permitem uma relação constante entre mente e corpo.
32 Educação e Tecnologias

REFERÊNCIAS
DIESEL, A.; BALDEZ, A. L. S.; MARTINS, S. N. Os princípios das
metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica. Revista Thema,
2017.

NETA, M. da S.; CAPUCHINHO, A. C. Educação híbrida: conceitos,


reflexões e possibilidades do ensino personalizado. In: II CONGRESSO
SOBRE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO. Anais. Universidade Federal da
Paraíba, Mamanguape, 2017.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto


Alegre: Bookmam, 2001.

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