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Marcela de Souza Carvalho Oliveira – 1ºB

Profº Vitoria Cohn


Expressão Corporal
Reflexão acerca dos exercícios propostos em sala de aula

Quando criança pensamos que o tempo é uma contrapartida, uma


métrica rotineira que determina quando comemos ou quando dormimos,
quando crescemos passamos a pensar no tempo como inimigo, principalmente
se nos sentimos determinados a prosseguir com uma vida que não lhe possui
identidade.
Quando era criança, passava minhas tardes em casa, e todos os dias no
canal televisivo da Mtv passava clipes de música, geralmente do gênero pop, e
era durante estas tardes que eu “exercitava” meu corpo dançando da forma
como bem entendesse. Por mais que em minha mente estava ali apenas para
cumprir uma recomendação médica para que me exercitasse, havia um certo
prazer naquilo, mas assim como o tempo procede, o meu levou minhas
lembranças boas embora, e o sentimento de insignificância naquilo que fazia
apagou toda e qualquer vontade que possuía de dançar, até este momento.
O teatro veio para me mostrar o contrário, quando passava muito tempo
com medo do futuro, e sentia-me sem um rumo exato ao que seguir, pude
perceber que apenas precisava fazer uma ponte entre as minhas vontades de
quando criança, para entender que havia de fato, um lugar para mim no
mundo. Mas havia também, dentro desta epifania, o sentimento adormecido,
que buscava ao todo tempo massificar meus conhecimentos para que me
tornasse produtiva, e que, mesmo compreendendo que uma pessoa que
possuía conhecimentos interdisciplinares desenvolvida uma melhor
performance, ainda não conseguia aplicá-las diante de mim, e pensava que
estudar sobre outras áreas, como o canto ou a dança, seriam o que me faria
dissociar do teatro, ao invés de complementá-lo.
Todos os dias durante a noite, enquanto retornava para casa, passava
em frente á uma escola de balé, em seu entorno haviam luzes azuis neon, e
uma música suave, ao que me aparentava ser uma música clássica que
tocava, e pela janela era possível ver meninas vestidas de saias e coques nos
cabelos segurando-se na barra, enquanto performavam algum movimento, e
em constância dos dias que se sucediam, sentia-me deslocada, como alguém
que possui um desejo ao qual nunca irá realizar, e fora este sentimento que me
inspirou no exercício das cenas, a implementar a ideia de sermos estudantes
de balé cujas partes de nosso corpo nos levava para um determinado espaço
e, durante aquele exercício, enquanto tocava O Lago dos Cisnes de
Tchaikovski, tive o pensamento, mesmo que breve, de ser uma daquelas
meninas de coque e saias, em uma aula de balé.
Quando recebi o resultado de que havia ganhado uma bolsa integral
para estudar no Célia Helena, percebi que em minha vida, finalmente estava
construindo algo inteiramente meu, e que não se refletia nas vontades das
pessoas ao meu redor, e fora durante o exercício do cardume, em uma das
minhas primeiras aulas que presenciei nesta matéria, que senti ao que me
parecia ser um estalo feito mentalmente, de sentimentos que eu havia deixados
adormecidos pela simples constância de permanecer completo silêncio.
Neste outro exercício, cada pessoa do grupo dera o nome de uma
música que gostava, eu apresentei uma música dos Mutantes – Tempo no
Tempo que eu havia conhecido recentemente através de uma amiga muito
querida, e quando esta música começara a tocar, senti como se meu corpo
possuísse vida própria e que, mesmo sem possuir conhecimento teórico sobre
dança, pois nunca havia de fato estudado sobre isso, a cada batida da música
eu sentia arrepios diversos, pois senti-me retornar para 8 anos atrás através de
fragmentos de uma criança tímida que dançava em frente à televisão
desajeitadamente.
Naquele exato momento, compreendi como as interdisciplinaridades da
arte se conectam, como o seu corpo no teatro se comunica, e de como é
importante manter uma consciência corporal não somente para o trabalho do
ator, mas para reconhecer as particularidades de seu próprio corpo, e assim
conseguir reproduzir e externalizar tais conhecimentos na nossa própria forma
de se relacionar com as pessoas, e principalmente com o mundo.
Tal fato apresentado, apenas me resta o tempo de agradecer, não
somente devido a profissionalidade com que trata a dança, mas também com o
amor ao qual ensina sobre ela, e fora isto que até os dias atuais me fazem sair
revigorada de sua aula, e que me fazem também possuir a vontade de trilhar
outros caminhos e de buscar conhecimentos distintos não apenas para
contribuir minha performance como estudante, mas também para suprir esta
necessidade que possuía desde criança, de estar sempre em contato com a
arte.
Muito obrigada,
Marcela de Souza
1ºB

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