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Aula 01 Financas Publicas
Aula 01 Financas Publicas
Finanças Publicas
Aula Teórica n° 1
I. Introdução ás Finanças Públicas
Finanças Públicas e Actividade Financeira do Estado;
Diferenças entre Finanças Públicas e Privadas;
Finanças Positivas e Finanças Normativas;
Finanças Neutras e Finanças Intervencionistas;
Teoria das Finanças Públicas; e
Funções do Governo.
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Apontamentos de Finanças Públicas
Sentido objectivo
Sentido subjectivo
O objecto desta disciplina são as finanças públicas, as finanças do Estado. Assim sendo, é
pertinente começar por introduzir e clarificar o conceito de finanças públicas.
Tem também como objectivo atingir certos objectivos de política económica e social,
como a redução da pobreza, a redistribuição do rendimento e o desenvolvimento
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económico.
A fim de alcançar tais objectivos, o Estado vê-se obrigado a despender recursos, a efectuar
despesas. Para financiar as suas despesas, o Estado necessita de arrecadar receitas. Temos,
pois, os impostos, as taxas, as receitas patrimoniais, os donativos e os empréstimos públicos.
De salientar que estas receitas cumprem outras funções para além do financiamento da
despesa pública:
A alienação de empresas estatais (uma receita patrimonial) tem por detrás objectivos que
não se cingem à mera arrecadação de receitas, tais como o aumento da eficiência
económica, a transformação do papel do Estado na economia, a expansão do
investimento e a melhoria dos serviços públicos.
Podemos, então, definir a actividade financeira do Estado como aquela que visa satisfazer
necessidades colectivas ou alcançar outro tipo de objectivos económicos, políticos e sociais
e que se concretiza na arrecadação de receitas e na realização de despesas.
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Em segundo lugar, a possibilidade do Estado recorrer aos impostos implica que nas
finanças públicas, ao contrário do que sucede nas finanças privadas, não são as receitas
que determinam as despesas.
As empresas não poderão normalmente realizar despesas superiores às receitas das suas
vendas, já que o acesso ao crédito não é ilimitado. Quando isso sucede, as empresas
entram numa situação de falência. As suas despesas são, portanto, função das receitas
cobradas, as quais dependem da vontade do consumidor (têm um carácter voluntário).
O Estado, pelo contrário, poderá lançar impostos na medida das despesas que pretende
efectuar. Ou seja, as receitas do Estado são mais elásticas que as receitas das
empresas privadas, devido à natureza coerciva (obrigatória) das imposições tributárias.
Naturalmente, o Estado não tem uma capacidade infinita de cobrar impostos ou taxas,
pois a partir de um certo nível começa a deparar-se com uma forte resistência e evasão
por parte dos contribuintes. Para além de que terá que tomar sempre em consideração o
impacto do nível dos impostos na economia. No fundo, as receitas e despesas do Estado
são determinadas em função dos fins que este visa prosseguir.
Por último, o Estado procura satisfazer necessidades colectivas e atingir outros fins com
a realização de despesas e a cobrança de receitas. As empresas privadas, por seu turno,
têm como objectivo a maximização do seu lucro, através da minimização das despesas e
maximização das receitas.
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Quando se olha para as finanças públicas sob o ponto de vista das acções desenvolvidas pelo
Estado para alcançar determinados objectivos, os seus efeitos e determinantes, estamos no
campo das finanças positivas. Pretende-se, neste caso, explicar e compreender o que
efectivamente se passa na realidade. É uma análise que se quer o mais objectiva possível.
Pelo contrário, quando se discutem quais deveriam ser os objectivos da actuação financeira
do Estado e as melhores formas de os alcançar, entra-se na área das finanças normativas, à
qual está subjacente um juízo de valor. É o que se passa quando se discutem políticas
financeiras alternativas.
Por seu turno, uma discussão sobre quais as despesas públicas que têm um maior impacto na
redução da pobreza (por exemplo, a reabilitação de uma estrada secundária ou terciária, a
ampliação da rede de água rural, a contrução de um posto de saúde ou a atribuição de um
subsídio a certos alimentos) já tem que ver com as finanças normativas.
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Entende-se por finanças neutras(ou clássicas) as finanças públicas que se caracterizam por
uma intervenção mínima na economia privada. As finanças neutras são as finanças do
período do liberalismo por excelência, do período clássico (séculos XVIII e XIX), em que se
defendia um Estado pequeno e pouco interveniente, o qual se deveria limitar a garantir a
defesa e segurança dos cidadãos, manter a ordem, administrar a justiça e proteger os direitos
de propriedade.
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A partir de finais do século XIX, as finanças públicas começam a perder a sua neutralidade e
a tornar-se mais intervencionistas. São vários os factores que conduziram a uma mudança na
concepção que se tinha do papel do Estado na economia e, consequentemente, das finanças
públicas. Entre estes factores, é de destacar:
a afirmação da teoria keynesiana a partir dos anos 40, em parte derivada da constatação
de que existe uma necessidade do Estado fazer face a situações dramáticas de depressão
económica, como a crise dos anos 30;
Chegamos, assim, à época das finanças modernas, das finanças intervencionistas, em que o
Estado procura intervir na economia privada com vista a aumentar o bem-estar social. As
finanças públicas tornam-se activas e funcionais, ou seja, as receitas e as despesas públicas
passam a ser definidas em função dos objectivos que se pretende alcançar: redistribuição do
rendimento e redução da pobreza, combate a depressões económicas, redução da inflação,
estabilização das contas externas, crescimento económico, etc.
Neste contexto, as despesas sociais ganham importância, os subsídios aos preços e aos
produtores tornam-se frequentes, as empresas públicas multiplicam-se, o património público
e as receitas patrimoniais adquirem maior expressão, os impostos vêem o seu peso crescer, a
política macroeconómica torna-se activa e o princípio de equilibrio orçamental clássico é
abandonado, passando o Estado a recorrer com frequência ao crédito. As finanças públicas
perdem a sua simplicidade – tornam-se complexas.
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Esta tendência é igualmente visível nos países em vias de desenvolvimento. A rotura com o
passado colonial nas novas economias independentes da África e Ásia, e o optimismo com
que então se olhava para a actuação do Estado nos processos de desenvolvimento
económico, fizeram com que as finanças públicas nesses países assumissem um carácter
marcadamente intervencionista.
Tal sucedeu também em Moçambique, onde o Estado passou a assumir, logo após a
independência, ambiciosos objectivos de desenvolvimento económico e social, que se
traduziram numa rápida expansão dos sistemas de educação e saúde, na socialização dos
meios de produção e numa forte intervenção no funcionamento dos mercados.
Não surpreende que tal transformação se tenha verificado numa altura em que a acção do
Estado começava a ser cada vez mais questionada pela nova ortodoxia económica, em
ascenção desde princípios dos anos 70. As críticas à excessiva intervenção do Estado na
economia acentuaram-se com a crise da dívida nos países em vias de desenvolvimento, e a
consequente necessidade de reduzir os défices públicos, a subida ao poder dos governos
conservadores de Reagan e Thatcher, e a queda dos regimes socialistas na ex-União
Soviética e na Europa do Leste.
Um pouco por todo o mundo, verifica-se um certo retorno aos princípios das finanças
clássicas. Tal está bem patente nos esforços de redução dos défices orçamentais e do peso da
dívida pública, na contenção das despesas correntes e de investimento, na reforma dos
sistemas fiscais, na crescente vaga privatizadora, na reforma dos sistemas de segurança
social, e na redefinição do papel do Estado na economia. Este passa a assumir cada vez mais
funções de facilitador e promotor da iniciativa privada, vista como o verdadeiro motor do
crescimento e desenvolvimento económicos.
Como teremos oportunidade de constatar mais adiante, a reforma em curso das finanças do
Estado em Moçambique enquadra-se neste processo global de transformação das finanças
públicas a nível mundial.
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