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ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA

DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano
ESTUDANTE: ______________________________________________ ESTUDANTE: ______________________________________________

O ÁRABE E O VIZINHO O ÁRABE E O VIZINHO

_ Esta parede faz sombra – disse um árabe ao seu vizinho. _ Esta parede faz sombra – disse um árabe ao seu vizinho.
- Ainda bem. - Ainda bem.
- Não; entenda-me primeiro. Eu estou a queixar-me de que você me - Não; entenda-me primeiro. Eu estou a queixar-me de que você me
rouba o sol com essa parede que levantou aqui ao pé da minha casa. rouba o sol com essa parede que levantou aqui ao pé da minha casa.
- Mas neste infinito deserto, meu amigo, luz é o que sobra e sombra é - Mas neste infinito deserto, meu amigo, luz é o que sobra e sombra é
o que falta. Repara nos teus animais encostados à parede que eu o que falta. Repara nos teus animais encostados à parede que eu
mandei construir, se não estão satisfeitos? mandei construir, se não estão satisfeitos?
Mas o árabe tanto se lamentava e enfurecia que o vizinho resolveu Mas o árabe tanto se lamentava e enfurecia que o vizinho resolveu
comprar-lhe o terreno, para não ter que mandar deitar abaixo a sua comprar-lhe o terreno, para não ter que mandar deitar abaixo a sua
pequena moradia. O árabe mostrou-se de acordo e pequena moradia. O árabe mostrou-se de acordo e
foi com os seus animais para um outro ponto distante; porém, dia a foi com os seus animais para um outro ponto distante; porém, dia a
dia, morriam dois ou três, com o calor. Uma tarde resolveu vender dia, morriam dois ou três, com o calor. Uma tarde resolveu vender
alguns. alguns.
- Por que razão queres tu vender estes animais? – perguntou o - Por que razão queres tu vender estes animais? – perguntou o
comprador. comprador.
- Porque preciso do dinheiro. - Porque preciso do dinheiro.
- E para que é o dinheiro? - E para que é o dinheiro?
- Para levantar uma parede que me dê sombra – respondeu o árabe a - Para levantar uma parede que me dê sombra – respondeu o árabe a
olhar tristemente para quatro camelos caídos, quase mortos. . . olhar tristemente para quatro camelos caídos, quase mortos. . .

Um conto de António Botto Um conto de António Botto


ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA
DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano
ESTUDANTE: ______________________________________________ ESTUDANTE: ______________________________________________

DANIELA DANIELA

Daniela tem pouco mais de quatro anos de idade e pergunta muito – pergunta Daniela tem pouco mais de quatro anos de idade e pergunta muito – pergunta
sempre. E às vezes também responde. sempre. E às vezes também responde.
Vou tentar reproduzir perguntas, considerações e respostas de Daniela. Vou tentar reproduzir perguntas, considerações e respostas de Daniela.
– Pensar? – Disse ela para a madrinha que é estudante universitária. – O – Pensar? – Disse ela para a madrinha que é estudante universitária. – O
que é pensar? que é pensar?
Por que se pensa? Mas por que não se pensa? – pausa. Por que se pensa? Mas por que não se pensa? – pausa.
– Por que é preciso que se pense? Por que Moacir Franco canta na música – Por que é preciso que se pense? Por que Moacir Franco canta na música
assim: “não, não posso parar, se eu paro eu penso, se eu penso eu choro...” assim: “não, não posso parar, se eu paro eu penso, se eu penso eu choro...”
“A madrinha levou Daniela até a Faculdade onde estudava, mostrou-lhe a “A madrinha levou Daniela até a Faculdade onde estudava, mostrou-lhe a
estátua de “O pensador” e disse-lhe”. estátua de “O pensador” e disse-lhe”.
– Daniela, aquele ali é o “O Pensador”. – Daniela, aquele ali é o “O Pensador”.
A menina olhou atentamente e nada falou. Bem mais tarde disse: A menina olhou atentamente e nada falou. Bem mais tarde disse:
– Pensador ... pensa-a-dor? Então por que dizemos pensa-a-dor? Gozado – Pensador ... pensa-a-dor? Então por que dizemos pensa-a-dor? Gozado
tudo isso! tudo isso!
Passado algum tempo a madrinha resolveu fazer perguntas na esperança Passado algum tempo a madrinha resolveu fazer perguntas na esperança
de receber respostas: de receber respostas:
– Daniela, o que é pensar? – Daniela, o que é pensar?
– Pensar é que nem aquele homem do teu colégio. – Pensar é que nem aquele homem do teu colégio.
A madrinha insistiu: A madrinha insistiu:
– O que é pensar? – O que é pensar?
– Bem, então pensar é fechar os olhos. – Bem, então pensar é fechar os olhos.
Pela última vez a madrinha insistiu: Pela última vez a madrinha insistiu:
– Daniela, o que é pensar? – Daniela, o que é pensar?
– Bem disse muito categoricamente, pensar é colocar um monte de coisas – Bem disse muito categoricamente, pensar é colocar um monte de coisas
na cabeça, fazer mistério e depois dar a surpresa. na cabeça, fazer mistério e depois dar a surpresa.

Clarice Lispector Clarice Lispector


ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA
DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano
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GUARANÁ GUARANÁ

Há alguns anos atrás, aqui no Brasil existia a tribo dos Índios Maués, Há alguns anos atrás, aqui no Brasil existia a tribo dos Índios Maués,
havia ali um casal de Índios muito jovens, que eram muito felizes, a havia ali um casal de Índios muito jovens, que eram muito felizes, a
não ser pela vontade de terem um filho. Até que certo dia a Índia não ser pela vontade de terem um filho. Até que certo dia a Índia
engravidou para a felicidade de todos na aldeia. engravidou para a felicidade de todos na aldeia.
Passado alguns meses a Índia deu a luz a um lindo indiozinho, que Passado alguns meses a Índia deu a luz a um lindo indiozinho, que
tornou-se a alegria de todos, perto dali na mata, havia uma cobra muito tornou-se a alegria de todos, perto dali na mata, havia uma cobra muito
má e invejosa que gostava de estragar a alegria dos outros. A mesma, má e invejosa que gostava de estragar a alegria dos outros. A mesma,
não suportando ver o curumim tendo a atenção toda voltada para si, não suportando ver o curumim tendo a atenção toda voltada para si,
sendo protegido por todos. sendo protegido por todos.
Um dia, escondeu-se atrás de uma moita e, num descuido dos índios, Um dia, escondeu-se atrás de uma moita e, num descuido dos índios,
o curumim afastou-se sem ninguém perceber. A perversa cobra deu o curumim afastou-se sem ninguém perceber. A perversa cobra deu
um bote e picou o menino na perna. um bote e picou o menino na perna.
Ao darem pela falta do índio, saíram todos a procura dele vindo a Ao darem pela falta do índio, saíram todos a procura dele vindo a
encontrá-lo já sem vida. Desesperados os pais lhe tomaram nos encontrá-lo já sem vida. Desesperados os pais lhe tomaram nos
braços e suplicaram ajuda ao deus Tupã. Este com dó de todos braços e suplicaram ajuda ao deus Tupã. Este com dó de todos
ordenou-lhes que tirassem-lhe os olhos do menino e enterrassem na ordenou-lhes que tirassem-lhe os olhos do menino e enterrassem na
aldeia, sendo obedecido pelo casal. aldeia, sendo obedecido pelo casal.
Passaram-se quatro luas e quando os pais retornaram ao local, Passaram-se quatro luas e quando os pais retornaram ao local,
notaram que nascia ali uma linda planta, que foi crescendo, crescendo, notaram que nascia ali uma linda planta, que foi crescendo, crescendo,
crescendo...Quando já estava bem grande, a planta começou a dar crescendo...Quando já estava bem grande, a planta começou a dar
frutos, foi quando todos notaram que os frutos pareciam dois olhinhos frutos, foi quando todos notaram que os frutos pareciam dois olhinhos
pretos, e tomaram para si que era os olhos do menino que se pretos, e tomaram para si que era os olhos do menino que se
multiplicaram para tomar conta e proteger. multiplicaram para tomar conta e proteger.
Do caule da planta os índios fizeram vários tipos de remédios, que Do caule da planta os índios fizeram vários tipos de remédios, que
serviu para curar doenças e fortificar os fracos, o suco feito da planta serviu para curar doenças e fortificar os fracos, o suco feito da planta
servia para deixá-los bastante corajosos para enfrentar todos os servia para deixá-los bastante corajosos para enfrentar todos os
inimigos. inimigos.
ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA ESCOLA MUNICIPAL ANÍSIO MARQUES DE SOUZA
DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano DATA: ___/____/____ PROFESSOR(A): Raul Guerra SÉRIE: 5º Ano
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NARCISO NARCISO
Mitologia grega Mitologia grega
Há muito tempo, na floresta, passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphissos. Era lindo, Há muito tempo, na floresta, passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphissos. Era lindo,
porém tinha um modo frio e egoísta de ser. porém tinha um modo frio e egoísta de ser.
Era muito convencido de sua beleza e sabia que não havia no mundo ninguém mais bonito Era muito convencido de sua beleza e sabia que não havia no mundo ninguém mais bonito
que ele. Vaidoso, a todos dizia que seu coração jamais seria ferido pelas flechas de Eros, filho que ele. Vaidoso, a todos dizia que seu coração jamais seria ferido pelas flechas de Eros, filho
de Afrodite, pois não se apaixonava por ninguém. de Afrodite, pois não se apaixonava por ninguém.
As coisas foram assim até o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou por As coisas foram assim até o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou por
ele. Ela era linda, mas não falava; o máximo que conseguia era repetir as últimas sílabas das ele. Ela era linda, mas não falava; o máximo que conseguia era repetir as últimas sílabas das
palavras que ouvia.p palavras que ouvia.
Narciso, fingindo-se de desentendido, perguntou: Narciso, fingindo-se de desentendido, perguntou:
– Quem está se escondendo aqui perto de mim? – Quem está se escondendo aqui perto de mim?
–... de mim – repetiu a ninfa assustada. –... de mim – repetiu a ninfa assustada.
– Vamos, apareça! – ordenou. – Quero ver você! – Vamos, apareça! – ordenou. – Quero ver você!
–... ver você! – repetiu a mesma voz em tom alegre. –... ver você! – repetiu a mesma voz em tom alegre.
Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso brilho nos olhos da Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso brilho nos olhos da
ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso. ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso.
– Dê o fora! – gritou, de repente. – Por acaso pensa que eu nasci para ser um da sua espécie? – Dê o fora! – gritou, de repente. – Por acaso pensa que eu nasci para ser um da sua espécie?
Sua tola! Sua tola!
– Tola! – repetiu Eco, fugindo de vergonha. – Tola! – repetiu Eco, fugindo de vergonha.
A deusa do amor não poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas. A deusa do amor não poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas.
Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito. Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito.
Um dia, quando estava passeando pela floresta, Narciso sentiu sede e quis tomar água. Um dia, quando estava passeando pela floresta, Narciso sentiu sede e quis tomar água.
Ao debruçar-se num lago, viu seu próprio rosto refletido na água. Foi naquele momento que Ao debruçar-se num lago, viu seu próprio rosto refletido na água. Foi naquele momento que
Eros atirou uma flecha direto em seu coração. Eros atirou uma flecha direto em seu coração.
Sem saber que o reflexo era de seu próprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou pela Sem saber que o reflexo era de seu próprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou pela
imagem. imagem.
Quando se abaixou para beijá-la, seus lábios se encostaram na água e a imagem se desfez. A Quando se abaixou para beijá-la, seus lábios se encostaram na água e a imagem se desfez. A
cada nova tentativa, Narciso ia ficando cada vez mais desapontado e recusando-se a sair de cada nova tentativa, Narciso ia ficando cada vez mais desapontado e recusando-se a sair de
perto da lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, ficando cada vez mais fraco. perto da lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, ficando cada vez mais fraco.
Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto pálido voltado para as águas serenas do Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto pálido voltado para as águas serenas do
lago. Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si próprio. lago. Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si próprio.
Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco viu Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco viu
que Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia uma bela flor perfumada. Hoje, ela é que Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia uma bela flor perfumada. Hoje, ela é
conhecida pelo nome de “narciso”, a flor da noite. conhecida pelo nome de “narciso”, a flor da noite.

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