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Aula 1: Energia ..............................................................................................................................

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Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo................................................................................................................................ 3
Contextualizando............................................................................................................... 3
Fontes de energia .............................................................................................................. 4
Energia não renovável ...................................................................................................... 5
Energia renovável .............................................................................................................. 7
Biomassa ............................................................................................................................. 7
Energia solar ....................................................................................................................... 8
Energia eólica ..................................................................................................................... 9
Energia hídrica.................................................................................................................. 10
Energia geotérmica ......................................................................................................... 11
Energia das marés ........................................................................................................... 11
Choques do petróleo ...................................................................................................... 12
Utilização das fontes de energia ................................................................................... 15
Consumo do setor de transportes ............................................................................... 17
Consumo geral ................................................................................................................. 18
Atividade proposta .......................................................................................................... 19
Referências........................................................................................................................... 20
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 20
Notas ........................................................................................................................................... 26
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 27
Aula 1 ..................................................................................................................................... 27
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 27

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 1


Introdução
Nesta aula, aprenderemos sobre energia. Começaremos remetendo ao homem
primitivo; este, além de utilizar a força muscular, buscou outras fontes de
energia, que, gradativamente, tornaram-se importantes para sua sobrevivência.
Dentro desse contexto, as principais realizações do homem primitivo foram: o
descobrimento do fogo, a criação de novas armas, a energia eólica, a água e
tantos outros avanços tecnológicos, industriais e científicos.

Objetivo:
1. Conhecer um pouco sobre os conceitos de energia e seu histórico de
utilização, bem como as principais formas de energia;
2. Identificar a relação entre energia e desenvolvimento.

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 2


Conteúdo

Contextualizando
Apesar da força muscular, o homem primitivo percebeu a necessidade de
outras fontes de energias e, com sua evolução, aumentava o uso de recursos
naturais como fonte de energia. Ao longo das eras históricas, acompanhando o
aumento das habilidades e das necessidades, o uso dos recursos energéticos
tornou-se indispensável para a sobrevivência, crescendo a cada dia mais o uso
desses métodos.

A descoberta do fogo (tal quais as maneiras de manipulá-lo e preservá-lo)


acrescentou ao esforço físico as vantagens da energia térmica. Isso deu novo
impulso à sua rotina, com uma nova tecnologia que lhe permitiu desenvolver
técnicas importantes, como a fundição dos metais e o cozimento da argila,
melhorando, assim, a criação de novas armas, ferramentas e utensílios, além
da produção de cerâmica.

Mais à frente, mas ainda distante do que visualizamos hoje como energia
eólica, o vento foi utilizado para mover moinhos e impulsionar as velas das
frotas das embarcações na época das grandes navegações, com os
desbravadores dos mares em busca de novas terras. Nas mesmas condições e
de modo semelhante, a água também já impulsionava moinhos.

Com a evolução natural, essa busca pelos recursos energéticos se expandiu até
chegar ao homem industrializado contemporâneo, que continua explorando e
descobrindo novos recursos com o carvão mineral e a lenha, itens que
promoveram a Revolução Industrial através do vapor. Esse grande avanço
modificou, mais uma vez, toda a sociedade.

Após o século XIX, o uso da energia elétrica, do petróleo e da energia nuclear


alavancou mais um período do desenvolvimento da civilização humana.
Atualmente e, agora, intensivamente e quase com exclusividade, fontes como o

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petróleo, o carvão, o urânio e o gás natural chegam a compor em torno de 85
% da fonte energética utilizada pelas novas sociedades.

O avanço tecnológico, industrial e cientifico cresceu em tamanha proporção que


o uso de energia, especialmente nas grandes potências mundiais, tornou-se
preocupante em vista da falta de condições e tempo hábil para a reposição
desses recursos naturais, fontes não renováveis do planeta.

O homem sempre buscou e pesquisou novas fontes de energia, mas,


atualmente, a busca maior é por soluções para os problemas ambientais
resultantes das utilizações dessas fontes, além da viabilidade de substituir o uso
de combustíveis, com reservas limitadas e não renováveis, por energia
renovável.

Hoje, o planeta busca ampliar o uso de fontes naturais inesgotáveis e que


apresentem possibilidades de regeneração, como a energia obtida da biomassa,
além das energias hidráulica, eólica e solar.

Fontes de energia
Inúmeras são as fontes de energia disponíveis no nosso planeta, sendo que
elas se dividem em dois tipos.

Você sabe quais são elas?

Fontes de energia Não renováveis e Renováveis


As fontes de energias não renováveis têm recursos teoricamente limitados,
sendo que esse limite depende dos recursos existentes no nosso planeta. As
fontes de energia renováveis são aquelas cuja utilização é renovável e podem
ser mantidas e aproveitadas ao longo do tempo sem possibilidade de
esgotamento.

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Energia não renovável
Carvão mineral
Originado do processo de carbonização de restos vegetais durante eras
geológicas úmidas e de temperatura elevada, o carvão constitui-se em uma
rocha orgânica e apresenta propriedades combustíveis, em sua maior parte
constituída por carbono. É abundante e sua exploração se realiza em muitos
países, propiciada pela condição de ser um recurso barato, de baixo custo de
exploração.

O carvão já foi utilizado nos mais diversos processos industriais e até no uso
doméstico, em fogões e fornos. Tem o crédito de ter sido o primeiro
combustível fóssil a ser utilizado na produção de energia elétrica em
termelétricas. Foi o recurso top durante um determinado período para satisfazer
as necessidades energéticas do mundo, até que apresentou uma diminuição
bem significativa na atualidade, sendo substituído, em alguns setores, pelo
petróleo.

Energia nuclear
A energia nuclear pode ser obtida a partir de dois processos: fusão ou fissão.
No processo de fusão, a energia é liberada com o núcleo de dois ou mais
elementos que se fundem. No processo de fissão, através do bombardeamento
com nêutron no núcleo do elemento radioativo.

O recurso utilizado como combustível para obter este resultado é um mineral


presente no solo em quantidades finitas, mas que libera uma quantidade muito
grande de energia: o urânio. Além do esgotamento do mineral, que se encontra
na natureza relativamente em baixa concentração, ele é extraído por
mineradoras para suprir os reatores de usinas nucleares em vários países.
Os acidentes no seu manuseio dentro das usinas são considerados os mais
perigosos, com consequências devastadoras no mundo.

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Petróleo
De origem orgânica e formado principalmente por hidrocarbonetos originados
da decomposição de microrganismos há milhões de anos e ainda pressionados
pelos movimentos da crosta terrestre, o petróleo resultou dessa transformação
como uma substância oleosa após o acúmulo no leito de ambientes aquosos de
baixa energia. Depois de gerado, migrou da rocha matriz de origem (Rocha
Geradora) e concentrou-se em rochas reservatórias nas bacias sedimentares.
Alojado ali, ocupando os espaços porosos e permeáveis de uma rocha,
acumulou-se, formando jazidas, onde são encontrados gás natural e petróleo. É
a mais importante e utilizada fonte de energia no mundo atual.

Nas últimas décadas, vários acidentes ambientais graves envolvendo


vazamento ocorreram com frequência, causando prejuízos irreparáveis à
natureza.

Gás natural
Como o petróleo, o gás natural é um combustível fóssil composto,
principalmente, por metano. É formado em jazidas naturais quase sempre nas
mesmas fontes que o petróleo. Precisou de milhões de anos para formar-se, o
que ocorreu em um ambiente com restos vegetais e de animais, submetido à
pressão e calor intenso, soterrado e coberto pela deposição de sedimentos.
Além do metano em sua composição, também pode conter etano, butano,
propano e hidrocarboretos mais pesados, embora seja uma mistura de
hidrocarbonetos leves, em estado gasoso, em pressão atmosférica e
temperatura ambiente.

Em combustão, é muito mais limpo que outros derivados de petróleo, com a


vantagem de emitir menos gases de efeito estufa, diminuindo riscos para a
natureza.

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Atenção
No Brasil, o CARVÃO METALÚRGICO importado é utilizado
para a produção do coque, especialmente na indústria
siderúrgica. Já o carvão metalúrgico nacional, que apresenta
qualidade inferior devido a impurezas de óxido de enxofre, é
destinado à geração elétrica. O principal setor responsável por
sua utilização é o siderúrgico para a produção de ferro-gusa e
aço.
Em relação à ENERGIA NUCLEAR, o Brasil já domina a
tecnologia de enriquecimento do urânio e tem bastante reservas
deste mineral, mas ainda não faz aplicações em escala
comercial.
Na década de 1960, a iniciativa de instalar essas usinas em
nosso território teve a pretensão de conhecer essa nova
tecnologia, que rapidamente se expandiu por todo o mundo.

Energia renovável
Diversos países estão investindo muito dinheiro em projetos que utilizam as
fontes de energia alternativa, como as energias solar, eólica, geotérmica, a
energia das marés, a biomassa, entre outras, visando contribuir na diminuição
do aquecimento global e, também, na tentativa de independência com relação
ao petróleo. Conheça a seguir um pouco mais sobre os principais tipos de
energia renovável.

Biomassa
É considerada uma alternativa de vanguarda por utilizar qualquer material (seja
de origem animal ou vegetal) rejeitado e/ou desperdiçado em grande
quantidade em vários processos industriais para transformá-los em biomassa.
Tem a capacidade de produzir energia, gerando tanto eletricidade quanto calor
em substituição às fontes tradicionais, minimizando o aumento do efeito estufa
e o aquecimento do planeta.

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Tanto o lixo orgânico residencial quanto o lixo industrial podem ser usados
nesse empreendimento, além do bagaço da cana-de-açúcar, palhas de arroz e
milho, sobras de madeiras, serragem, sobras de colheitas, resíduos de papel,
óleos vegetais e outros resíduos de variadas origens.

Uma de suas vantagens é a capacidade de ser reutilizada, transformando-se em


outros produtos, como o papel e fertilizantes, reduzindo o volume do lixo
urbano.

Energia solar
A energia dos raios solares existe em abundância e não polui. Pode ser
convertida nas mais variadas formas de energia, tais como: biomassa, por meio
do processo de fotossíntese; hidráulica, pela evaporação da água; eólica, em
conjunto com o vento; e, ainda, em combustíveis fósseis e dos oceanos. Pode
ainda converter-se diretamente em energia elétrica através dos efeitos de
alguns materiais, como o termoelétrico e o fotovoltaico.

Também é possível usar diretamente a radiação solar como energia térmica


para a geração de potência elétrica e mecânica e, da mesma forma, em energia
elétrica; neste último caso, por meio de semicondutores que recebem a luz e
calor do sol.

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Atenção
No Brasil, o aquecimento de água por meio da energia solar é
mais utilizado nas regiões Sul e Sudeste devido às suas
características climáticas, enquanto a geração fotovoltaica de
energia elétrica é mais comum nas regiões Norte e Nordeste, em
lugares mais distantes das redes elétricas.
Em geral, usam-se coletores ou concentradores solares para o
aproveitamento térmico em aquecimento de fluidos. Para
aplicações residenciais e comerciais e para o aquecimento
doméstico de água, os coletores solares são mais usados.

Energia eólica
A força do vento faz girar as lâminas de uma turbina adaptada para este fim,
substituindo o vapor e a água.

Para gerar energia, uma ventoinha da turbina é ligada a um eixo central


contendo um fuso rotativo na parte superior. Uma caixa de transmissão recebe
esse eixo, onde é a aumentada a rotação; assim, um gerador ligado ao
transmissor produzirá a energia elétrica.

Essa energia obtida da força dos ventos está disponível em vários locais e é
renovável, limpa e abundante. Ela também é gerada por meio de
aerogeradores, equipamento responsável pela captação da força do vento por
hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico.

No Brasil, essa fonte energética pode ser aplicada somente após a integração
em um sistema interligado de grandes blocos em locais de grande potencial. Na
região Nordeste, no Vale do Rio São Francisco, há uma situação de
complementariedade, bastante conveniente, referente à geração eólica com o
regime hídrico tanto no período estacional quanto na geração de ponta do
sistema, que é a análise dos ventos, observado no período seco do sistema

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elétrico brasileiro, quando mostra maior capacidade de geração de eletricidade
coincidindo com período de seca.

Já no período úmido, com reservatórios cheios, há uma queda na geração


eólica de eletricidade. Desse modo, a energia eólica se apresenta como uma
ótima alternativa para complementação do nosso sistema elétrico.

Como pontos negativos, existem as interferências eletromagnéticas, o impacto


visual e o ruído, todos em pequenas proporções e gravidade, e que já estão
sendo minimizadas. Entretanto, a preocupação maior é com a fauna,
especialmente aves, cujas rotas de migração passam por onde estão instalados
os parques eólicos.

Energia hídrica
A energia hídrica ou hidráulica é aquela obtida por meio do potencial energético
de uma massa de água. Como se apresenta na natureza em fluxos de água,
como rios e lagos ou em quedas promovidas pelo desnível do terreno, pode ser
convertida na forma de energia mecânica através de turbinas ou moinhos.

Essas turbinas são usadas para acionar um equipamento semelhante a


um compressor ou gerador a fim de abastecer uma rede de energia com
eletricidade. Então, através do movimento das turbinas existentes nessa usina
hidrelétrica, a força da água é transformada em energia elétrica.

A energia hídrica é considerada uma fonte de energia renovável e limpa, cuja


principal vantagem é justamente a transformação limpa do recurso natural (a
água) sem resíduos poluentes e a baixo custo; entretanto, apresenta um
grande impacto na natureza, pois ocupa áreas naturais extensas e altera a
paisagem, causando erosão do solo, comprometendo todo o ecossistema e
prejudicando várias espécies de seres vivos.

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Com excelentes recursos hídricos e possuindo grande potencial hidrelétrico, o
Brasil, que já construiu usinas em todas as regiões, continua investindo nessa
fonte de energia.

Energia geotérmica
A energia geotérmica é gerada através do calor existente no interior da Terra,
que é transformado em eletricidade em uma usina geotérmica.

O calor está abaixo da superfície, mas nem sempre muito perto. Em


determinados locais, podemos encontrá-lo a poucos metros, mas o mais
comum é que sejam necessários furos de quilômetros de profundidade para
chegar até um calor útil.

Com o propósito de conseguir energia elétrica de uma forma mais limpa e em


grandes quantidades, cresce o interesse por essa energia pouco poluente e que
tem muitas aplicações, como aquecer habitações, piscinas, estufas de
agricultura e, principalmente, centrais geotérmicas para produzir eletricidade.

Considerada uma fonte renovável e limpa por gerar baixos índices de poluição,
pode ser obtida através de rochas quentes, secas ou úmidas, e vapor quente,
mas devendo ser aproveitada cuidadosamente em relação ao meio ambiente,
pois é capaz de provocar instabilidade geológica se feita de forma inadequada.
É de alto custo e pouco rentável, necessitando de muito investimento para uma
baixa eficiência.

Energia das marés


Devido à interferência da força gravitacional da Lua e do Sol, o potencial
energético das marés, em suas mudanças de nível, vem sendo utilizado, há
algum tempo, para movimentar pequenos moinhos.

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Ainda em forma experimental, podemos usar os oceanos com uma fonte de
energia capaz de iluminar empresas e residências. Isso é possível utilizando sua
temperatura, suas ondas e marés.

É possível fazer uma turbina funcionar através da energia cinética das ondas,
que são transformadas em energia mecânica em uma câmara de ar; em
seguida, essa energia mecânica se transforma em elétrica através de um
gerador ou êmbolo, que, no ritmo das ondas, move-se de cima para baixo em
um cilindro, fazendo com que o gerador funcione.

Esses sistemas só conseguem capacidade para a iluminação de uma casa ou


boias de sinalização colocadas no mar.

Em locais de marés e correntes fortes, com uma boa diferença entre as marés
altas e baixas, é possível transformar a energia do deslocamento usando
diques, onde a água na maré alta é armazenada, e, na baixa, sai pelo dique,
como acontece em qualquer barragem.

Outra forma de obter energia dos oceanos é aproveitando a diferença de


temperatura das superfícies: mais quentes são as que recebem a luz solar; e
bem mais frias aquelas situadas em maior profundidade. Com relação aos
impactos ambientais, os mais comuns estão relacionados à flora e fauna.

Porém, esses impactos são bem inferiores se comparados aos causados por
hidrelétricas instaladas em rios; mas essas centrais apresentam outros
problemas, como o baixo rendimento e a falta de continuidade no
fornecimento.

Choques do petróleo
Um dos fatores que estão intimamente ligados ao desenvolvimento energético é
a dependência de uma única fonte de energia, que tem no petróleo e seus
derivados essa característica peculiar. Isso acarreta diversos entraves

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geopolíticos, tais como: interesses particulares das nações, instabilidades
sociais e políticas e guerras religiosas.

Historicamente, os impactos decorrentes da dependência do petróleo como


fonte de energia foram globalmente registrados como “choques do petróleo”,
oriundos da instabilidade da economia mundial devido aos aumentos bruscos e
continuados do preço do petróleo.

Dada suas peculiaridades econômicas e estratégicas (entre elas, o uso em


praticamente todas as regiões do mundo e a grande concentração em regiões
conflitantes do planeta), ocorreram várias fortes manipulações, decorrendo, daí,
os chamados “choques”. Veja como e quando eles aconteceram.

O primeiro choque, ocorrido em 1973, culminou após a Guerra do Yom Kipur.


Os países árabes decretaram o bloqueio do fornecimento de petróleo aos
aliados de Israel, atingindo principalmente os Estados Unidos, Holanda e
Portugal.

O barril de petróleo de tipo Brent salta de U$ 8,00 para U$ 11,5, até que, em
1974, com a continuidade do bloqueio (até março), atinge o patamar de U$
38,00 o barril. Manteve-se por um período considerável, mesmo após o fim do
bloqueio, num patamar de U$ 36,00 o barril.

O segundo choque, compreendido entre 1979 e 1980, surgiu em decorrência


da Revolução Islâmica no Irã, quando o aiatolá Khomeini exige uma ampla
renegociação dos contratos de exploração das companhias estrangeiras, em
especial a British Petroleum. No ano seguinte, inicia a Guerra do Irã-Iraque,
desencadeada em 1980 por Saddam Hussein contra o novo regime xiita do Irã
(com o apoio dos Estados Unidos, que armam o Iraque). O preço do barril se
elevou ao correspondente a U$ 78,00 entre 1979 e 1980. Os preços nominais
se estabilizaram em torno de U$ 32,00.

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O terceiro choque, datado de 1990, ocorreu a partir da invasão do Kwait por
Saddam Hussein em 1990, cessando imediatamente a produção de derivados
de petróleo deste país.

Com o bloqueio ocidental contra o Iraque, as condições se deterioram,


culminando, no início de 1991, na Operação Tempestade no Deserto.
Saddam responde queimando os poços de petróleo, ação que retira do mercado
algo em torno de 4,6 milhões de barris, enquanto o preço nominal ultrapassa os
U$ 40,00.

O quarto choque do petróleo, ocorrido em 2001, teve causa a partir dos


ataques terroristas contra Nova York e Washington. A partir desse fato, cria-se
uma forte área de instabilidade no Oriente Médio, com aumento das pressões
sobre os países produtores. Em contrapartida, fora da área dos grandes
produtores do Oriente Médio e de cunho estritamente interno, oriundo de crises
sociais e políticas, um dos maiores produtores mundiais, a Venezuela, começa a
passar por forte crise institucional, paralisando várias vezes a produção. Em
2002, isso culminou em um golpe de estado e, entre 2003 e 2004, em uma
longa greve da companhia estatal Petróleos de Venezuela S/A, levando o país a
importar gasolina.

Além desse caso, também foram exemplos a Bolívia, Nigéria e Equador, que
tiveram retiradas ocasionais de produção decorrente de graves crises sociais e
políticas.

O quinto choque do petróleo, ocorrido em 2008, diferentemente dos outros


períodos da crise, aconteceu em função do movimento especulativo do
mercado em torno das commodities. Não foi uma crise de desvalorização real,
visto que foi causada pela forma que se organiza atualmente o capital
especulativo.

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Em suma, o cenário internacional, especialmente desde fins do século XX, vem
se tornando ainda mais complexo devido ao aumento da competividade pela
posse das fontes energéticas.

A fonte mais almejada ainda continua sendo o petróleo, fonte motora do


desenvolvimento energético da sociedade moderna.

No entanto, a atual dependência dos maiores consumidores, os países


chamados “desenvolvidos”, traz considerável preocupação, uma vez que as
maiores reservas petrolíferas estão localizadas no território dos países ditos
“atrasados" (principalmente daquelas recentes potencialidades, como Venezuela
e Bolívia).

Assim, essa relação de dependência possui duas faces: de um lado, a constante


ameaça de um conflito pelo controle das jazidas; e de outro, a possibilidade de
os países detentores delas aproveitarem-se desse fato para o planejamento de
políticas que os beneficiem e as insiram no cenário internacional, evitando
inclusive a referida ameaça.

Para alguns países, como o Brasil, as primeiras crises do petróleo foram


acontecimentos determinantes na implementação de políticas energéticas
voltadas para a utilização de novas fontes de energia que substituíssem o
petróleo.

Utilização das fontes de energia


A respeito das questões ambientais e desenvolvimento sustentável, além de se
fazer necessário considerar outras formas de energia em substituição ao
petróleo, há uma tendência mundial de pressões da sociedade por uma vida
mais saudável. Com o mundo cada vez mais preocupado com as consequências
dos combustíveis fósseis sobre o clima, evidencia-se, mais do que nunca, a
necessidade de adotar fontes de energia de baixo custo que possam substituir
o petróleo, diminuindo, assim, a agressão ao meio ambiente.

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É importante destacar que, após a primeira crise do petróleo, o preço do
produto triplicou em poucos dias. Isso incentivou o investimento do Brasil nas
pesquisas que resultaram no uso do álcool combustível, atualmente
denominado etanol, oriundo da cana-de-açúcar, uma fonte de energia
renovável muito eficiente para os veículos automotores.

No Brasil, a maior parte da energia elétrica produzida provém das usinas


hidrelétricas. Isso ocorre por causa da existência de grandes mananciais de
água, gerando uma energia limpa e renovável. É o único país do mundo onde a
energia hidráulica é utilizada de forma contínua, fazendo parte da Matriz
Energética Brasileira.

Já a energia térmica representa, no Brasil, o segundo tipo de fonte de energia


elétrica (energia termoelétrica), e tudo indica que cresça ainda mais nos
próximos anos.

Nessas usinas térmicas, a queima de combustíveis, como derivados de petróleo,


carvão, óleo e também a cana-de-açúcar, gera a eletricidade. Nesse processo,
vários cuidados devem ser adotados, como, por exemplo, a filtragem dos gases
oriundos da queima dos combustíveis, evitando a poluição atmosférica e o
resfriamento da água aquecida durante o processo antes de ser lançada no
corpo hídrico.

No Brasil, dados do BEN – Balanço Energético Nacional de 2014, mostram que,


em 2013, a oferta interna de energia (total de energia demandada no país)
atingiu 296,2 Mtep, registrando uma taxa de crescimento de 4,5 % ante à
evolução do PIB nacional de 2,3 %, segundo o último dado divulgado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Gás natural, petróleo e derivados responderam por 80 % desse incremento.


Isso ocorreu basicamente por causa da redução na oferta interna de

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hidroeletricidade com consequente aumento de geração térmica, seja por gás
natural, carvão mineral ou óleo.

Consumo do setor de transportes


Pelo segundo ano consecutivo, o consumo do setor de transportes cresceu
significativamente. Cabe ressaltar que, em 2013, esse aumento foi suprido em
grande parte por etanol, diferentemente do ano 2012, cujo destaque foi a
gasolina.

A tabela a seguir mostra as principais fontes de energia utilizadas no Brasil e


que estruturam a Matriz Energética do Brasil.

Entre elas, as fontes renováveis possuem expressiva participação, atingindo


mais de 40 % de participação em 2013. Na contramão do restante do mundo,
que possui matrizes energéticas fortemente dependentes do petróleo e carvão,
que são fontes não renováveis e muito poluentes, o Brasil apresenta uma
matriz considerada limpa e com expressiva participação de fontes renováveis.

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Consumo geral
Segundo Dados do Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2015
elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, o parque gerador
brasileiro engloba 116 usinas hidrelétricas (UHEs) em operação com mais de 30
MW, que somam cerca de 71.000 MW de potência instalada e cerca de 47
usinas termelétricas, correspondendo a 14.400 MW de potência instalada.

As usinas hidrelétricas localizam-se nas diversas bacias hidrográficas do


território nacional, e sua interligação por meio de uma extensa rede de
transmissão possibilita a otimização da produção de energia em virtude da
diversidade hidrológica existente entre essas bacias.

Quanto ao parque termelétrico instalado, integrante do Sistema Interligado e


despachado centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema – ONS, a
distribuição das termelétricas nos subsistemas aponta uma maior concentração
no subsistema Sudeste/Centro-Oeste tanto em número quanto em potência
instalada.

Com relação ao tipo de combustível, destaca-se a maior participação do gás


natural (49 %), devendo ainda ser considerada a parcela de importação de
energia da Argentina (15 %), proveniente da geração com a utilização desse
combustível. No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, a participação do gás
natural é de cerca de 60 %. No âmbito mundial, apesar dos graves impactos
sobre o meio ambiente, o carvão ainda é uma importante fonte de energia. As
principais razões para isso são:

Abundância das reservas.

Distribuição geográfica das reservas.

Baixos custos e estabilidade nos preços em relação a outros combustíveis.

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Considerada uma das maiores consumidoras de energia do mundo, a China
vem sendo alvo de críticas por ter um desenvolvimento econômico não
sustentável, uma vez que sua matriz energética é fortemente baseada no uso
do carvão.

Segundo dados de uma das maiores agências de estudos ambientais do mundo,


a U.S. Energy Information Administration – EIA, divulgado em janeiro de 2013,
a China queimava 47 % do carvão consumido no mundo.

Os estudos realizados por esse órgão governamental americano citam que


cerca de 80 % da geração de eletricidade chinesa vem de fontes térmicas como
o carvão. De 2000 a 2010, a demanda de carvão no país subiu 9 % em média,
mais que o dobro do crescimento do mundo no mesmo período. Sem a China, a
média global foi de 1%.

Atividade proposta
“A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) remarcou cinco audiências
públicas, no nortão, para debater o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório
de Impacto Ambiental (EIA/Rima) feito pela Empresa de Pesquisas Energéticas
(EPE) para a construção da Usina Hidrelétrica de Energia (UHE) de Sinop, no rio
Teles Pires, a ser construída em Sinop, Sorriso, Ipiranga do Norte, Itaúba e
Cláudia. [...]”
(ALVES, Alexandre. Remarcadas audiências sobre Teles Pires em cinco cidades.
Disponível em: http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=129438.
Acesso em 18 janeiro de 2015.)

Como o Estado de Mato Grosso e os projetos de hidrelétricas noticiados no


texto, muitos outros estão em discussão no Brasil. Sobre essas fontes de
energia, considerando o aproveitamento econômico e os impactos ambientais
gerados, discuta sobre a importância do uso de usinas hidrelétricas e sua
característica peculiar de ser considerada uma fonte de energia limpa.

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 19


Chave de resposta: Apesar dos aspectos positivos do uso de energias limpas
como a hidrelétrica, deve-se atentar para o aspecto negativo de sua
implementação, que não condiz com o conceito de sustentabilidade, uma vez
que a construção de uma usina causa muitas transformações no espaço onde é
instalada, como alagamento de áreas florestais e férteis, transferências de
populações ribeirinhas e, muitas vezes, abandono de cidades inteiras ou parte
delas.

Material complementar

Para saber mais sobre energia, acesse o texto disponível em nossa


biblioteca virtual.

Referências
BICALHO, Ronaldo Goulart et al. Ensaios sobre Política Energética:
coletânea de artigos do boletim INFOPETRO. Grupo de Economia da Energia,
Instituto de Economia, UFRJ. Rio de Janeiro: Interciência – IBP, 2007.
JANNUZZI, G. M.; SWISHER J. N. Planejamento Integrado de Recursos:
Meio Ambiente, Conservação de Energia e Fontes Renováveis. Campinas:
Editora Autores Associados, 1997.

Exercícios de fixação
Questão 1

Os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) representam as


fontes de energia mais consumidas há mais de um século. Atualmente, as
estatísticas revelam que cerca de 1/6 da população mundial é responsável por
mais da metade do consumo energético global. Esses dados:
a) Indicam que há um forte desperdício de energia nos países ricos.
b) Mostram que onde a industrialização é mais antiga o consumo de
energia é menor.

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 20


c) Demonstram o forte contraste socioeconômico existente no mundo atual.
d) Têm pouco significado, porque não é o consumo de energia que mostra
o padrão de vida de um grupo.
e) Não são importantes, porque o maior consumo é da população pobre.

Questão 2
A queima do petróleo ocasiona danos ambientais diretos, dentre os quais:
a) A erosão dos solos e a chuva ácida.
b) A chuva ácida e o efeito estufa.
c) O empobrecimento do solo e as inversões térmicas.
d) A destruição da camada de ozônio e o efeito estufa.
e) As inversões térmicas e a destruição da camada de ozônio.

Questão 3
A inevitável devastação ambiental decorrente do processo de desenvolvimento
industrial é um "quadro" que começa a se modificar a partir da defesa pública
de um novo conceito: o desenvolvimento sustentável.
O uso dessa expressão tem a finalidade de:
a) Sustentar a inevitável necessidade do desenvolvimento.
b) Garantir que o desenvolvimento contemporâneo não se sustenta.
c) Sustentar o meio ambiente em detrimento do desenvolvimento.
d) Propor a conciliação do desenvolvimento com o meio ambiente.
e) Divulgar a insustentável situação do meio ambiente.

Questão 4
A ideia de desenvolvimento sustentável tem sido cada vez mais discutida
junto às questões que se referem ao crescimento econômico. De acordo com
esse conceito, considera-se que:
a) O meio ambiente é fundamental para a vida humana e, portanto, deve
ser intocável.

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 21


b) Os países subdesenvolvidos são os únicos que praticam esta ideia, pois,
por sua baixa industrialização, preservam melhor o seu meio ambiente
do que os países ricos.
c) Ocorre uma oposição entre desenvolvimento e proteção ao meio
ambiente, e, portanto, é inevitável que os riscos ambientais sustentem o
crescimento econômico dos povos.
d) Deve-se buscar uma forma de progresso socioeconômico que não
comprometa o meio ambiente sem que, com isso, deixemos de utilizar os
recursos nele disponíveis.
e) São as riquezas acumuladas nos países ricos em prejuízo das antigas
colônias durante a expansão colonial que devem, hoje, sustentar o
crescimento econômico dos povos.

Questão 5
Para a produção de energia elétrica, faz-se necessário represar um rio,
construindo uma barragem que formará um reservatório (lago). A água
represada moverá as turbinas, que produzirão a energia. Entre os impactos
ambientais causados por essa construção, podem-se destacar:
a) Aumento da temperatura local e chuva ácida.
b) Alagamentos e desequilíbrio da fauna e da flora.
c) Alagamento de grandes áreas e aumento do nível dos oceanos.
d) Alteração do curso natural do rio e poluição atmosférica.
e) Alagamentos e poluição atmosférica.

Questão 6
“A idade da pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do
petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por falta de petróleo."
(Xeque Yamani, ex-ministro do petróleo da Arábia Saudita. Jornal O Estado de
São Paulo, 20/08/2001.)
Considerando as características que envolvem a utilização das matérias-primas
citadas no texto em diferentes contextos histórico-geográficos, é correto

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 22


afirmar que, de acordo com o autor, a exemplo do que aconteceu na Idade da
Pedra, o fim da era do petróleo estaria relacionado:
a) À redução e esgotamento das reservas de petróleo.
b) Ao desenvolvimento tecnológico e à utilização de novas fontes de
energia.
c) Ao desenvolvimento dos transportes e consequente aumento do
consumo de energia.
d) Ao excesso de produção e consequente desvalorização do barril de
petróleo.
e) À diminuição das ações humanas sobre o meio ambiente.

Questão 7
“Todas as atividades humanas, desde o surgimento da humanidade na Terra,
implicam no chamado ‘consumo’ de energia. Isso porque, para produzir bens
necessários à vida, produzir alimentos, prazer e bem-estar, não há como não
consumir energia, ou melhor, não converter energia. Vida humana e conversão
de energia são sinônimos, e não existe qualquer possibilidade de separar um do
outro.”
(WALDMAN, Maurício. Para onde vamos? Disponível em:
http://www.mw.pro.br/mw/eco_para_onde_vamos.pdf. Acessado em: 18 de
janeiro de 2015).
Apesar de toda importância do consumo de energia para a vida moderna,
podemos afirmar que sua forma de utilização no mundo contemporâneo
continua a ser insustentável porque:
a) O consumo de energia é desigual entre ricos e pobres, sendo que os
pobres continuam a utilizar fontes arcaicas, que são muito mais danosas
ao meio.
b) As chamadas fontes alternativas (não poluentes) são de custos
elevadíssimos e só podem ser produzidas em pequena escala para
consumo muito reduzido.

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 23


c) A energia hidroelétrica que assumiu a liderança no consumo mundial
necessita da construção de grandes represas, que causam grandes
impactos ambientais.
d) As principais matrizes energéticas do mundo continuam a ser o petróleo
e o carvão, que são fontes não renováveis e muito poluentes.
e) A energia nuclear, que é a solução mais viável para a questão energética
do mundo, depende do enriquecimento do urânio, cuja tecnologia é
controlada por poucos países e inacessível para a grande maioria.

Questão 8
A respeito da crise energética, observe os trechos da reflexão do professor
Rogério C. Cerqueira Leite e da situação do agricultor Luiz Gonzaga da Silva da
cidade de Boqueirão na Paraíba.
REFLEXÃO DO PROFESSOR
"Para enfrentar as variações pluviométricas, (...) faz com que haja uma
diferença entre a potência instalada, que está ligada à capacidade máxima do
reservatório e a demanda de energia que depende do consumo. Essa relação,
para usinas hidrelétricas, gira em torno de 50 %, dependendo das variações
pluviométricas históricas.
(...) No Brasil, com 65 milhões de kW instalados e demanda de 56 milhões de
kW, o risco se tornou catastrófico."
(Adaptado do Jornal Folha de São Paulo, de 03/06/2001)
SITUAÇÃO DO AGRICULTOR
"Na casa de barro batido onde vive com a mulher e 12 filhos, (...) o agricultor
(...) explica o milagre de todos os dias para alimentar a família. (...) Mas o
aperto vai aumentar para a vida daquela gente. Há uma semana, técnicos da
recém-privatizada Companhia de Eletricidade da Paraíba instalaram relógios
medidores de controle de luz no Boqueirão. (...)
'Eles disseram que a gente tem que economizar 20 %. Mas economizar mais o
quê?', pergunta o agricultor (...) preocupado em baixar o consumo de três
lâmpadas” de 60 watts que iluminam sua casa de taipa."
(Adaptado do Jornal Folha de São Paulo, de 10/06/2001)

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 24


A leitura dos dois textos permite apontar uma causa e uma consequência da
crise energética, que são, respectivamente:
a) Nível baixo de água nas represas e fragilidade na estrutura de poder na
esfera federal.
b) Crescimento da demanda sem compatível aumento da potência instalada
e intensificação das condições de pauperização de parcela da população.
c) Variação pluviométrica como determinante da insuficiência do potencial
energético e aumento da carência social nas áreas rurais.
d) Privatizações do setor com incentivo governamental na construção de
novas usinas e resistência da população ao controle do consumo privado.

Questão 9
“A Usina Termelétrica de Uruguaiana iniciará testes com o combustível (...) no
dia 16 de junho. (...) A usina vai gerar 600 megawatts, utilizando duas turbinas
à combustão (...).”
(Jornal Correio do Povo, de 24/05/2000)
Com o funcionamento da usina termelétrica, Uruguaiana torna-se precursora na
mudança da matriz energética do país com a inserção do:
a) Petróleo
b) Folhelho pirobetuminoso
c) Urânio
d) Carvão mineral
e) Gás natural

Questão 10
O Brasil e a maior parte da América do Sul podem ser considerados como uma
das áreas mais privilegiadas do planeta em termos da disponibilidade de
recursos hídricos.
Nesse caso, os problemas recentes, como o da diminuição nos níveis das usinas
geradoras de hidroeletricidade, derivam, principalmente, de uma política
caracterizada como:

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 25


a) Energética, que poupou investimentos e não previu a irregularidade das
precipitações.
b) Ambiental, que transformou as represas em áreas de proteção e não
priorizou a construção de canais de irrigação.
c) Industrial, que converteu a produção para o uso de energia nuclear e
não previu a manutenção das reservas hídricas.
d) De transportes, que privilegiou o uso dos rios para a navegação e não
considerou os riscos para a baixa do nível das águas fluviais.
e) Social, devido ao agravamento da pobreza de populações rurais.

BEN: o relatório consolidado do Balanço Energético Nacional – BEN documenta


e divulga, anualmente, extensa pesquisa e a contabilidade relativas à oferta e
consumo de energia no Brasil, contemplando as atividades de extração de
recursos energéticos primários, sua conversão em formas secundárias, a
importação e exportação, a distribuição e o uso final da energia. Em adição, a
EPE publica o Relatório Síntese no primeiro semestre posterior ao ano base,
que apresenta um resumo dos dados acerca da contabilização da oferta,
transformação e consumo final de produtos energéticos no Brasil.

EPE é uma empresa pública, instituída nos termos da Lei nº 10.847, de 15 de


março de 2004, e do Decreto nº 5.184, de 16 de agosto de 2004. Sua
finalidade é prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinados a
subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica,
petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas
renováveis e eficiência energética, dentre outras. A Lei nº 10.847, em seu Art.
4º, inciso II, estabelece, entre as competências da EPE, a elaboração e
publicação o Balanço Energético Nacional – BEN.

MATRIZ ENERGÉTICA E ECONOMIA DO PETRÓLEO 26


Mtep: milhões de toneladas equivalentes de petróleo. Tonelada equivalente de
petróleo (tep) é uma unidade de energia definida como o calor libertado na
combustão de uma tonelada de petróleo cru.

Aula 1
Exercícios de fixação
Questão 1 - C
Justificativa: Como já explicado no texto, existem grandes disparidades
mundiais (contraste socioeconômico) que se refletem num cenário em que
alguns países apresentam um insustentável consumo de energia maior que a
média mundial, e alguns países não diferem muito das antigas civilizações.

Questão 2 - B
Justificativa: Por se tratar da reação de queima (combustão) de petróleo devido
à presença de contaminantes como enxofre e nitrogênio, os produtos (emissões
gasosas) da referida combustão podem formar chuvas ácidas pela presença de
óxidos de nitrogênio e enxofre em água, além da formação de dióxido de
carbono, que provoca “efeito estufa”.

Questão 3 - D
Justificativa: Já explicado no texto, a sustentabilidade abrange vários
patamares; entre eles, as problemáticas ambientais, sendo que o setor
energético está conectado a todas esses patamares, pois, nestes, gera
impactos benéficos ou maléficos.

Questão 4 - D
Justificativa: Os impactos ambientais gerados pela obtenção de energia
interferem no desenvolvimento sustentável, e o entendimento destes se faz
primordial para a análise de implementação de projetos (importantes para
países em progresso socioeconômico) e planejamentos energéticos.

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Questão 5 - B
Justificativa: Conforme explicado, no exemplo citado da construção da Usina de
Belo Monte/Brasil, o principal aspecto negativo da construção de hidrelétricas é
o impacto ambiental oriundo do alagamento de grandes áreas, afetando faunas
e floras locais, além das populações circunvizinhas.

Questão 6 - B
Justificativa: Discutido no texto, as constantes crises que tornam instáveis a
disponibilidade de petróleo e seus derivados, além das pressões ambientais,
impulsionam o mundo na pesquisa de novas tecnologias e fontes de energias.

Questão 7 - D
Justificativa: Conforme explicado no texto, as matrizes energéticas mundiais
são dependentes de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão).

Questão 8 - B
Justificativa: O primeiro texto enfatiza a relação entre a necessidade de
aumento de demanda energética decorrente de aumento de consumo, sendo
esta uma dificuldade quando da dependência de fontes energéticas que têm
seus desempenhos interferidos por fatores climáticos, logísticos, entre outros.
Quanto ao segundo, a disponibilidade energética para a melhoria na qualidade
de vida das populações deve ter sinergia com a distribuição de renda, já que os
serviços oferecidos de distribuição de energia elétrica, por exemplo, dependem
de capital privado e são cobrados, aumentando, assim, os custos das
populações mais carentes.

Questão 9 - E
Justificativa: A geração de energia termelétrica usa, como combustível, o gás
natural.

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Questão 10 - A
Justificativa: O crescimento econômico demanda maior consumo energético,
fazendo com que os países invistam em desenvolvimento energético. Para tal,
as políticas adotadas devem ser bem planejadas, de forma a garantir a oferta
de energia, conferindo, assim, segurança energética.

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