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LIVRO II (a) 39 Capituto I'*' A especulagio acerca da verda- de’ 52 é, num sentido, dificil, noutro, facil: a prova é que ninguém a pode atingir completamente, nem totalmente afastar-se dela, e que cada [fildsofo] tem algo que dizer sobre a natureza, nada ou pouco acrescentando cada um & verdade, embora se faga do conjunto de todos uma boa colheita. De sorte que parece dalgum modo acontecer como no caso do provérbio: “quem nao acertaria [com a flecha] na porta?” (2) Assim considerado, [este estudo] seria, portanto, facil. Mas o fato de podermos atingir 0 conjunto, e nao as partes, mostra a sua dificul- dade. Porém, como ha duas espécies de dificuldades, a origem delas talvez esteja nas coisas, mas em nés préprios. Da mesma maneira, com efeito, que os olhos dos morcegos se comportam para a luz do dia, igualmente o lume da nossa alma [se comporta] para as coisas por natureza mais claras. (3) £, pois, de justiga mostrarmo-nos reco- nhecidos nao s6 para com aqucles cujas doutrinas partilhamos, mas ainda para com aqueles que mais 157 Este capitulo tem por objeto a consideragio eral acerca da filosofia. +52 Esta expressio designa a filosofia tebrica, no entanto é de notar que a explicitagao deste periodo recai principalmente sobre a fisica. superficialmente se exprimiram: tam- bém estes, com efeito, deram a sua contribuigdo, pois exercitaram o nosso hAbito’ 53. Se Timéteo' 5 nio tivesse existido, no possuiriamos muitas me- lodias, ¢ sem Frinico' § 6, Timéteo nao teria existido. O mesmo se da também com os que se expressaram acerca da verdade, pois de alguns [deles] temos recebido certas opinides, mas os outros foram causa de os primeiros’ § * terem surgido. (4) E pois com direito que a filosofia é também chamada a ciéncia da verdade: o fim da [ciéncia) especu- lativa é, com efeito, a verdade, e o da {ciéncia] pratica, a agéo; porque, se os praticos consideram o como'*’, nao consideram o eterno, mas o relativo € 0. presente. E nés nao conhecemos o ver- 183 Tradugdo literal, Habito, habitus no vocabu- lério escoléstico, significa disposicio ou capaci- dade, pelo que esta palavra se deve entender com Fonseca pro facultate animae, ov com Ross por the powers of thought. Quer dizer: prepararam pelo exercicio a capacidade donosso espirito. 1 84Refere-se ao miisico € poeta Timéteo de Mileto, que viveu de 447 a 397. ¥#8 Parece ter florescido circa4 12. Plutarcodizque tocava uma citara de nove cordas. 188 Tradugéo literal, cujo sentido é: mas os outros foram causa do aparecimento destes iltimos. Fon- seca traduz: A quibusdam enim nonnullas sententas caccepimus, ali vero, ut hi essent, auctores fuerunt. "#7" Isto é: como a coisa seja, ou, por outras pale- vras, a manifestagéo da qiiididade da coisa ¢ no a propria qiididade, como explicitam as palavras fi- nais deste periodo. 40 ARISTOTELES dadeiro sem [conhecer] a causa’ ®®. (5) Demais, aquilo que, em grau maior, participa [da natureza] dos outros [seres € aquilo} segundo o qual se da neles 0 univoco’ 59, como o fogo é 0 quentissimo por ser nos outros [seres] a causa do calor; e é 0 verissimo 0 que 188 Quer dizer: a filosofiaé a ci ‘© conhecimento da verdade imy da causa. E proprio das ciéncias especulativas investigarem a verdade por si mesma, como é pré- prio da atividade pritica dirigir-se diretamente a0 que importa & agdo; por isso, os homens praticos no tém em vista a verdade eterna mas a verdade transitéria, isto é, 0 momentaneo € 0 passageiro, 0 hic et nunc das coisas que os preocupam. Este juizo @ de relacionar com o cap. I do Liv. I. Sobre a diver- sidade dos textos deste passo ¢ correlativas interpre- tages, vid. Bonghi, Met, J, 151-3. Isto é, sindnimo, ou, por outras pal coisas que’ tém entre si a mesma denominacdo ‘comum € idéntico conceito de esséncia. Quer dizer, segundo a interpretagio mais plausivel: quando 0 ‘mesmo nome é aplicdvel com o mesmo sentido a coisas diversas, esse nome pertence com plena propriedade & coisa que Ihe deu origem ¢ da qual ouras coisas participam por comum deignagio © esséncia, nos seus posteriores' ®° é a causa de eles serem verdadeiros. Por isso é necessario que os principios dos seres eternos sejam sempre verissimos: nao so pois verdadeiros somente em tal momento, nem ha para eles alguma causa do seu ser; sao, pelo contrario, eles proprios [a causa] para os ou- tros’ Por conseguinte, quanto cada coisa tem de ser, tanto [tem] de verdade’ 62. +0 Aristételes tem em vista a seqiiéncia de efeitos que procedem da coisa que os produz como causa. "#1" Nas linhas anteriores, Aristoteles estabeleceu ‘que a filosofia € a ciéncia da verdade e que as cién- cias priticas nao sio ciéncia da verdade eterna € necessiria; agora estabelece que a filosofia é por exceléncia a ciéncia tedrica, por ter por objeto a investigagao da verdade mediante a investigagao da respectiva causa. Conseqiientemente, a filosofia tem por objeto a mais verdadeira de todas as coisas. +¢2 Fonseca sintetiza este principio fundamental da teoria do conhecimento e da ontologia de Aristé- teles na seguinte frase: Quantum quidque habet ip- sius esse, tantum et veritatis habet. Por outras palavras: ser ¢ verdade sio converti- veis, porque o que & causa do ser de uma coisa é causa da verdade dessa mesma coisa. Capituco II'** E, por outro lado, evidente que ha um principio e que as causas dos seres nao sao infinitas, nem em sentido reto, nem segundo a espécie’ +. Com efeito, nao é possivel que, como da:matéria, primeiro periodo: a existénci portanto limitadas em nimero € na espécie. +44 Aristoteles estabelece que é necessirio admitir ‘ existéncia de um principio e causa primeira, dado que no é infinita a série de causas, quer na conti- nuidade ascendente, quer na diversidade de espé- cies. ‘Sentido reto & tradugéo literal. Fonseca traduz: rogressione recta; Ross, an infinite series; Tricot, série verticale infinie; Bonghi, le cause degli enti non s'infllzano né si specificano all'nfinito. isto proceda daquilo até ao infinito, por exemplo, a carne da terra, a terra do ar, o ar do fogo e isto sem parar; nem quanto aquilo donde é 0 movi- mento’®®, sendo por exemplo o homem movido pelo ar, o ar pelo sol, 0 sol pela discérdia, sem que disto haja um limite? ¢ 6. (2) Igualmente. também para a causa “para que” nao podemos ir até o infinito [e afirmar que] o pas- +88 Isto é, a origem do movimento. +84 A exemplificagao deste parégrafo reporta-se & cosmologia de Empédocles. Aristételes tem em vista estabelecer a impossibilidade da existéncia de uma série infinita de causas da mesma espécie, tanto na ordem da causalidade material como na da causalidade eficiente. METAFISICA — II 41 seio é em vista da saiide, esta, da felici- dade, a felicidade doutra coisa, ¢ que tudo é assim sempre em vista de outra coisa. E analogamente para a qiiidida- de? 7 (3) Com efeito, postos os inter- médios, fora dos quais existe um ulti- mo e um primeiro, o anterior é necessariamente a causa dos que séo depois dele. E se nos tivéssemos de dizer qual dos trés é a causa, responde- riamos que 0 primeiro: nao sera segu- ramente o ultimo, porque o ultimo nao é [causa] de nada, nem tampouco o intermédio, que o é de um s6. (4) Pouco importa, alias, que haja um ou mais [intermédios], e que sejam infini- tos ou finitos. Ord, dos infinitos assim concebidos, e do infinito em geral, todos os termos sao igualmente inter- médios até ao atual; de forma que, se nenhum é primeiro, nado ha absoluta- mente causa alguma' ®. (5) Mas tam- bém a descer! ®° nao é possivel chegar ao infinito (dado que existe um princ{- pio ascendente) por forma que a agua proceda do fogo, a terra da gua e, assim de seguida, se gere sempre mais algum género. Em duas maneiras, com efeito, “isto” vem “daquilo”, quando *€7 raciocinio do perfodo anterior € aqui apli- cado & causalidade final (causa “para que”) € & causalidade formal (qiididade). 18 ‘Nestes dois pardgrafos Arist6teles prova a ipossibilidade ad infinitum da série das causas, mediante um raciocinio que assim esquematizamos, de harmonia com o comentario de Colle: ‘A causa de uma série que contenha interme- didrios & necessariamente um termo anterior 20s mesmos intermediérios; Ora, uma série de causas infinitas em sucessio ascendente no pode ter principio, mas somente intermediarios; ‘Pelo que uma série de causas infinitas se ndo ter- mina numa causa. +49 Isto &, a impossibilidade ad infinitum da série de causas tanto se dé na ordem ascendente da série causal, isto é do efeito para a causa, como na ‘ordem descendente, isto é, da causa para o efeito. A demonstragéo desta dltima impossibilidade nio é tao completa como a anterior, pois apenas incide sobre a causa material. se nao entenda dizer “isto” depois “da- quilo”, como [se se dissesse] depois dos Istmicos os Jogos Olimpicos, ou como, da crianga, que se transforma, 0 homem, ou da agua, 0 ar? 7°. (6) Ora, nés dizemos que o homem vem da crianga como 0 jé gerado do que esta a ser gerado, ou 0 ja completo do que se esta completando, pois sempre ha um intermédio, como entre o ser e 0 nao- ser, o devir, e 0 que se esta gerando, entre o que é € 0 que nao &. (7) E pois quem aprende um [individuo] que devém sabio, e isto significamos ao dizer que do discipulo vem o sabio. Pelo contrario, [a procedéncia] como a Agua do ar [d4-se] pela destruigao de um dos dois. Por isso, os [dois] primei- Tos nao se sobrepdem reciprocamente, nem do homem se refaz a crianga, por- que o gerado nao vem da propria gera- go, mas depois da geragéo'7'. £ assim, pois, que também o dia [é gerado] da aurora, porque vem depois dela, e, por isso, a aurora ndo [vem] do dia. Os outros, pelo contrario, sobre- poem-se. (8) Mas, em ambos 0 casos, & impossivel proceder até an infinito: no primeiro, havendo intermédios, ha 170 Pela expressio “isto vem daquilo”, Aristoteles entende a causalidade material ¢ nio a relagio tem. poral, ou seja, “isto vem depois daquilo”; eas duas espécies do “isto vem daquilo” que ele tem em vista sio as seguintes: 0 desenvolvimento de uma coisa ccuja forma se conserva até o final do seu desenvol- it © o nascimento de uma coisa de outra com forma que Ihe propria. Da primeira destas espé- cies dé como exemplo o homem que “vem da crian- ""; da segunda, o ar que “vem” da égua. 11" Este periodo ¢ 0 que o precede expl distingio das duas espécies do “isto vem daquilo”, indicadas na nota anterior. Quer dizer: na crianga que devém homem, a forma du hhuinem feiwy j6 exis tia na crianga que ia devindo homem; na égua que devém ar, a forma do ar néo é o desenvolvimento da forma da agua, pois é uma forma nova. Isto signi- fica que quando hé continuidade entre os dois extre- ‘mos, 0 primeiro ¢ o diltimo, o termo final no retor- © quando no hé » isto é, se dé 0 nascimento de uma forma nova, quando cessa a forma nova refaz-se & antiga, ¢ vice-versa. Por isso, da Agua “vem” o ar,e © ar vem da égua; ¢, pelo contrério, se do discipulo “vem” 0 sibio, 0 discipulo no “vem” do sabio. 42 ARISTOTELES necessariamente um fim, e, no segun- do, revertem um ao outro: com efeito, a corrupgao de um é a génese do outro. Ao mesmo tempo, é também impos- sivel que o primeiro, sendo eterno, se corrompa, pois nao sendo a geracao para cima infinita, é necessério que aquilo, pela prévia corrupgao do qual alguma coisa se gera, nao seja eter- no? 72, (9) Demais, a causa “para que” é um fim, e tal que ela nao existe em vista de outra coisa, mas as outras em vista dela; de sorte que, se existe um tal {termo] final, nao havera infinito, e, se nao [ha] nada disto, nfo havera a causa.“para que”. Porém, os que adi tem o infinito destroem, sem se aperce- berem, a propria natureza do bem. E todavia ninguém empreenderia alguma coisa se nao devesse chegar a um termo, nem haveria inteligéncia em tais agdes. E sempre, com efeito, em vista de alguma coisa que opera o homem racional, ¢ isto é 0 termo, visto o fim ser um termo' 73. (10) Mas também a qiiididade se nao pode reverter a outra definicéo mais ampla na sua expres- 172 Passo obscuro que tem dado ensejo a interpre- tagdes diferentes. Colle interpreta no sentido de “une nouvelle raison pourquoi les rapports de causalité, entre les étres qui se succédent sans rela- tion de devenant @ devenu, sont réciproques”. 173 Colle deu clareza a esta argumentagio com a seguinte interpretagao: “Les arguments tires de la causalité finale sont les suivants: 1.° La cause “en vue de quoi” est la fin. Or la fin c'est ce qui n'est point en vue de queique autre chose, mais en vue de ‘quoi sont toutes les autres choses, et qui est donc le dernier en remontant 1a série. Par conséquent, ou bien il y a, dans cet ordre d'idées, quelque chose de dernier, et alors il n'y a point de série infinie; ou hlen il n'y a pas quelque chose de dernier. mais alors il n'y a pas de cause “en vue de quoi", iln'y a pas de cause finale. 2° Admetire la série infinie dont il vient d'éire question, c'est supprimer le bien, ‘puisque cela revient @ supprimer la cause “en vue de quoi”, ed-d. la fin, et que la fin c'est le bien (cf. Eth. Nic. 1, Le Ill, 6). 3.° Admetire cette série inf nie ‘c'est supprimer U'action, car personne ne veut agir sl ne doit pas y avoir un terme a son action. ‘Agir sans quil doive y avoir un terme & laction ce ine serait pas le fait d'un éire intelligent. Tout étre intelligent n’agit-ll pas en vue de quelque chose? Or cela c'est un terme. Car ce en vue de quoi on agit c'est lain, et lafin est un terme”. sao, pois a mais proxima é sempre a mais propria, € a que se segue nao o é; ora, aquilo cujo primeiro [termo] nao existe também nao tem o sucessi- vo'74, (11) Ainda mais, os que tal afirmam destroem o proprio saber, porque nao é possivel saber antes de chegarmos aos indivisos'75. Até o proprio conhecer se torna impossivel: com efeito, os que sao infinitos desta forma, como é possivel pensa-los' 7°? Nao € o mesmo que na linha, a qual nunca para nas suas divisdes, mas que se nao pode pensar se nio se fizer uma paragem. Por isso, nao conseguira mumerar as suas segdes quem a per- corra indefinidamente'?7. (12) Mas 174 © periodo tem por objeto mostrar a inexis- téncia de uma série infinita de causas na ordem da causalidade formal. 178 Neste periodo, Aristoteles afirma que a admis- sio da série infinita das causas na ordem da causali- dade formal € contraria & condigao Wégica do saber, dado que 0 conhecimento de uma coisa implica 0 conhecimento da respectiva quididade, isto 6 das notas proprias da coisa. A série infinita das causas na ordem formal des- tr6i a propria ciéncia, tornando-a impossivel. 176 Além de impossibilitar 0 saber cientifico, a sucessio ad infinitum das causas formais implica também a impossibilidade do simples ato de conhe- cer seja 0 que for. Como explica Colle, “néo hé conhecimento seja do que for senio quando se aprende pelo pensamento a respectiva causa formal, to €, a sua qiiididade. Nada se sabe de Sécrates, se niio s¢ souber que é homem, porque esta é a sua qui- didade, ou causa formal. Pois bem: se a qiididade de toda € qualquer coisa nao , como Aristbteles sustents, algo de Gnico e de simples — miltiplo somente sob o ponto de vista Kbgico —, mas algo de realmente miltiplo, e mesmo de multidao infin, ¢ por conseqiiéncia algo de infinito em ato, o conheci- mento de uma coisa qualquer néo ser& possivel, visto no ser possivel aprender pelo pensamento & respectiva aiididade. Como, diz Aristoteles, pode- iam apreender-se pelo pensamento coisas que se- riam infinitas deste modo, isto €, em ato”? 177 Estes periodos relacionam-se com 0 argumento exposto na nota anterior, ¢ respondem a uma obje- do que nao esté claramente explicitada. Como vimos, 0 argumento consistiu. em estabelecer a impensabilidade de uma coisa cuja qlididade fosse ad infinitum; & objegio no explicitada contra ele € que o infinito é penstvel, visto poder pensar-se linha, que € um infinito. Aristételes refuta esta objecio, dizendo que a linha € infinitamente divisivel em poténcia, mas somente é pensével finita em ato. METAFISICA — II 43 também a matéria é necessario pensa- la em qualquer coisa que se mova! ” Porém, nenhum infinito pode existir, doutra forma a infinidade Nao pode ser infinita. (13) E, ainda que as espé- cies das causas fossem em nimero infi- nito, mesmo assim nao seria possivel o conhecer, porquanto nés pensamos saber quando ‘conhecemos as cau- sas'79: ora o infinito por adig&o'®° 178 Passo de interpretagio dificil ¢ para alguns ininteligive!. Parece que nele subjaz o argumento da nota anterior: sob certo ponto de vista, a matéria € infinita, porém somente € pensavel em coisas que se ‘movam, € portanto limitadas. nao pode ser percorrido num tempo finito. argumenta diretamente contr cies de causas ad iyinitum por tornar impossivel 0 conhecimento seja do que for. Se conhecer uma coisa ¢ conhecé-la pelas suas causas, segue-se que, se se der a existéncia de espécies de causas ad infini- ‘tum, nio & possivel conhecer seja 0 que for. Em concluséo: as causas sho quatro (material, formal, eficiente e final), e na causalidade de cada delas nao se dé a sucesso ad infinitum. Infinito por adigio opse-se a infinito por divi- este divisibilidade 20 infinito de sto: cexprime uma linha dada, o infinito por ago exprime 0 prolongamento a0 infinito de uma linha dada. Capiruto III'*’ ‘As audigdes dependem dos habitos. Com efeito, naquela maneira em que estamos habituados, assim julgamos que se nos deve falar, e tudo o que for fora disto j4 ndo nos parece o mesmo ¢, por desusado, torna-se-nos mais obs- curo e estranho; o habitual é, pois, o mais conhecido. (2) E qual forga tenha o habito, mostram-no as leis, nas quais 0 fabuloso ¢ o pueril tém, pela virtude do habito, maior poder do que o conhecimento das mesmas. (3) Assim, uns, se alguém nao emprega uma lin- guagem matematica, nao aceitam as suas afirmagGes; outros, se nao se serve de exemplos; outros querem que, como testemunho, se cite um poeta; outros querem tudo rigorosamente {demonstrado] e outros ndo querem saber de rigor, ou por nao o poderem compreender, ou pelo receio do pala- 181 Este capitulo tem por fim mostrar que o méto- do expositivo varia consoante o auditor ¢ 0 assunto. vreado. O rigor tem, com efeito, um pouco disto, por forma que se afigura a alguns como menos proprio, quer nos contratos, quer nas discussdes. (4) £ por isso que importa saber como cada coisa se deve aceitar, pois é absurdo procurar ao mesmo tempo a ciéncia e © método da ciéncia: nenhum deles, pois, é facil de apreender. Nem o rigor matematico se deve exigir em todas as coisas, mas somente naquelas que nao tém matéria. Por isso este método nao é“fisico”, porque toda a natureza con- tém, porventura, matéria. Vem dai que devemos primeiro considerar 0 que é a naturcza; tornar-sc-4, desta forma, ma nifesto {0 objeto] de que trata a Fisica . 182 Admite-se geralmente com Bonitz que as pala: vras entre < > foram interpoladas para estabelecer a ligago deste livro com 0 comego do livro seguinte (UH, B).

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