Rafaela Morelli EL485 - Filosofia e História da Educação
RA: 205048
Resenha: SOUZA, Antonio Carlos; NUNES, César Aparecido. Decifra-me ou eu te devoro!-
os fundamentos sócioeconômico-culturais do modo de produção capitalista e suas implicações na história da educação e no trabalho educativo. Educação em Análise, v. 2, n. 1, p. 5-20, 2017.
É comum, nos dias atuais, o entendimento da educação como caminho para a
emancipação dos indivíduos. No entanto, frequentemente essa emancipação se dá no imaginário popular por vias econômicas, isto é, é preciso estudar para conseguir melhores empregos e, consequentemente, melhores salários e melhores condições de vida. Esse ideal de educação estrutura-se na consciência do modo de produção capitalista, que é determinada pela exploração do trabalho e pela propriedade privada dos meios de produção. Neste trabalho, Souza e Nunes se propoem a investigar a História da Educação e a prática educativa a partir da perspectiva do materialismo dialético-histórico, a fim de oferecer uma maior compreensão da situação atual da educação, sendo possível, então, uma visão renovada do que poderia ser a verdadeira emancipação oferecida pela educação. A educação, aqui, é entendida como “[...] mediadora das práticas socioeconômico- culturais humanas no sentido de compreensão, intervenção e transformação dos próprios sujeitos, dentro do movimento histórico” (SOUZA; NUNES, 2017, p. 8-9). Nesse sentido, os fundamentos da educação em uma perspectiva marxista devem partir da concretude da vida real e de fatos humanos de maneira racional. No modo de produção capitalista, as ideias dominantes não correspondem ao real, mas sim aos interesses e predileções da classe dominante. Uma educação realmente revolucionária e emancipatória deve, então, criticar, resistir, desmascarar e superar os imperativos capitalistas “[...] da competição, da acumulação, da maximização dos lucros que regem não apenas todas as transações econômicas, mas as relações sociais [...]” (SOUZA; NUNES, 2017,p. 11). Os autores tomam esta educação como condição necessária da transformação da realidade social humana, remetendo ao conceito de práxis, isto é, uma atuação informada pela teoria e que impacta a realidade de forma a, por sua vez, informar a teoria. Assim, a educação é sempre política e, por isso, deve ser articulada com os princípios da emancipação humana para que seu potencial revolucionário seja atingido. Neste sentido, embora existam poucas indicações de ações concretas que possam ser tomadas em direção a essa educação - de fato, este não é a proposta dos autores -, o trabalho realiza uma importante reflexão acerca da História da Educação e de seus possíveis caminhos, com linguagem clara e objetiva e mantendo em vistas sempre as condições reais da existência humana e suas implicações para a educação.