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Universidade Regional do Cariri

Fundamentos antropológicos da educação


Professor: Lucas Lira
Aluno: Cicero Guilherme Pereira da Silva
Capítulo II – Escola e Democracia I – A teoria da curvatura da vara

SAVIANI, DERMEVAL. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política, Campinas, SP:
autores associados 1999.
“Quanto à primeira tese, a “do caráter revolucionário da pedagogia da essência e do caráter reacionário
da pedagogia da existência”, o que eu quero dizer com isso é, basicamente, o seguinte: nós estamos
Primeira tese. hoje, no âmbito da política educacional e no âmbito interior da escola, na verdade nos digladiando com
duas posições antitéticas e que, via de regra, convencionalmente são traduzidas em termos do novo e
do velho, da pedagogia nova e da pedagogia tradicional.” (pág. 49)
“Ocorre que a história vai evoluindo, e a participação política das massas entra em contradição com os
interesses da própria burguesia. Na medida em que a burguesia, de classe em ascensão, portanto, de
classe revolucionária, se transforma em classe consolidada no poder, aí os interesses dela não
caminham mais em direção à transformação da sociedade; ao contrário, os interesses delas coincidem
Proposta da pedagogia da existência. com a perpetuação da sociedade. É nesse sentido que ela já não está mais na linha do desenvolvimento
histórico, mas está contra a história. A história se volta contra os interesses da burguesia. Então, para
a burguesia defender seus interesses, ela não tem outra saída senão negar a história, passando a
reagir contra o movimento da história. É nesse momento que a escola tradicional, a pedagogia da
essência, já não vai servir e a burguesia vai propor a pedagogia da existência”. (pág. 52)
“O que eu estou querendo enfatizar com isto é que esse método tradicional foi constituído após a
revolução industrial, contrariamente, portanto, ao argumento que os escolanovistas comumente
O método tradicional. levantam que a revolução industrial transformou a sociedade, determinou uma sociedade não mais
estática, em mudança contínua, que essa regulação industrial, que tem seu fundamento na ciência, não
teve sua contrapartida na educação, que continuou sendo pré-científica, seguindo lemas medievais”.
(pág. 54)
“Na verdade, o que o movimento da escola nova fez foi tentar articular o ensino como processo de
desenvolvimento da ciência, ao passo que o chamado método tradicional o articulava como produto da
Ensino como processo de ciência. Em outros termos, a escola nova buscou considerar o ensino como um processo de pesquisa;
desenvolvimento da ciência. daí porque ela se assenta no pressuposto de que os assuntos de que tratam o ensino são problemas,
isto é, são assuntos desconhecidos não apenas pelos alunos, como também pelo professor”. (pág. 56)
“Dessas duas teses, eu vou então, extrair a terceira, que é aquela conclusão, segundo o qual quando
Terceira tese. mais se falou em democracia no interior da escola, menos democrática foi à escola; e quando menos
se falam em democracia, mais a escola esteve articulada com a construção de uma ordem
democrática”. (pág. 59)

Capítulo III – Escola e Democracia II – Para além da teoria da curvatura da vara

SAVIANI, DERMEVAL. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política, Campinas, SP:
autores associados 1999.
“Uma pedagogia revolucionária centra-se, pois, na igualdade essencial entre os homens. Entende,
porém a igualdade em termos reais e não apenas formais. Busca, pois, converter-se, articulando-se
A pedagogia revolucionária na busca com as forças emergentes da sociedade, em instrumento a serviço da instauração de uma sociedade
pela igualdade real na educação. igualitária. Para isso a pedagogia revolucionária, longe de secundarizar os conhecimentos descuidando
de sua transmissão, considera a difusão de conteúdos, vivos e atualizados, uma das tarefas primordiais
do processo educativo em geral e da escola em particular.” (pág. 75)
“O terceiro passo (...) trata-se de se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao
A importância da transmissão dos equacionamento dos problemas detectados na prática social. Como tais instrumentos são produzidos
instrumentos teóricos e práticos socialmente e preservados historicamente, a sua apropriação pelos alunos está na dependência de sua
necessários ao equacionamento dos transmissão direta ou indireta por parte do professor. Digo transmissão direta ou indireta porque o
problemas detectados na prática social. professor tanto pode transmiti-los diretamente como pode indicar os meios através dos quais a
transmissão venha a se efetivar.” (Pág. 81)
“A necessidade da alfabetização, por exemplo, é um problema posto diretamente pela prática social
não sendo necessária a mediação da escola para detectá-lo. No entanto, é fácil de perceber que as
Uma prática social crianças captam de modo sincrético, isto é, de modo confuso, caótico, a relação entre alfabetização e
a prática social; já o professor capta essa relação de modo sintético, ainda que em termos de uma
“síntese precária””. (pág. 84)
“De outro lado, se as pedagogias tradicional e nova podiam alimentar a expectativa de que os métodos
Pedagogia tradicional e nova por elas propostos poderiam ter aceitação universal, isto se devia ao fato de que dissociavam a
educação da sociedade, concebendo esta como harmoniosa, não contraditória.” (pág. 84)
“Entendo, pois, que o processo educativo é passagem da desigualdade a igualdade. Portanto, só é
possível considerar o processo educativo em seu conjunto como democrático sob a condição de se
O processo educativo distinguir a democracia como possibilidades no ponto de partida e a democracia como realidade no
ponto de chegada. Consequentemente, aqui também vale o aforismo: democracia é uma Conquista;
não um dado. Este ponto, porém, é de fundamental importância. Com efeito, assim como a afirmação
das condições de igualdade como uma realidade no ponto de partida torna inútil o processo educativo,
também a negação dessas condições como uma possibilidade no ponto de partida inviabiliza o trabalho
pedagógico”. (pág. 87)

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