Rafaela Morelli EL485 - Filosofia e História da Educação
RA: 205048
Resenha: Nosella, Paolo. “A Modernização da Produção e da Escola no Brasil - o estigma da
relação escravocrata”. in 15ª Reunião Anual da ANPED, 1992, Caxambu, nº 5. Porto Alegre, 1993, p. 157-186
O texto de Nosella propõe a discussão a respeito do desenvolvimento da escola e da
educação no Brasil à luz da modernização tecnológica e das relações de trabalho no país. O autor argumenta que, apesar das frequentes propostas de modernização apresentadas, o estigma da relação escravocrata ainda é presente e, desta maneira, impede que novos valores alterem a estrutura social. Seu panorama geral do estado da escola no Brasil é sombrio, porém acurado. Embora existam aquelas escolas preparadas para receber e formar os alunos, em grande parte das escolas brasileiras não há condições para lutar em favor da educação e, quando há, esse esforço emana apenas dos funcionários e professores, frequentemente mal pagos e cansados, sem nenhum apoio governamental. As relações escravocratas se refletem principalmente nesse trabalho extenuante que força professores a ministrarem inúmeras aulas, frequentemente em mais de uma escola. Simultaneamente, o industrialismo transplantado no Brasil de “marca americana” (NOSELLA, 1992, p. ) consegue fazer com que os horários dos trabalhadores não permita que uma máquina fique sem supervisão, enquanto que o Estado não consegue fazer o mesmo com a sala de aula: frequentemente, quando não está vazia, professores desqualificados ocupam a sala de aula. Assim, a produção racional, eficiente e moderno da escolarização permanece exilada. O caráter da industrialização também é importante, como bem pontua Nosella, visto que a industrialização que vem ocorrendo desde a década de 30 no Brasil é uma importada e que não se encaixa nas demandas do país, fato que aponta para a necessidade de uma industrialização “original”. Para o autor, a industrialização moderna só poderá ocorrer se encontrar um clima cultural favorável, em que o Estado se veja livre das relações escravocratas e arcaicamente produtivas (NOSELLA, 1992, p. 171). As novas tecnologias, por si só, não conseguem produzir as condições para a modernização, sendo algo que necessita certa orientação e educação.
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