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curso sobre

Transtorno do Espectro
Autista - TEA

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ETAPA 4

RELAÇÕES FAMILIARES E
SOCIOAFETIVAS DOS AUTISTAS

Autor: Marcelo Martins


Organização: Ana Clarisse Alencar Barbosa
Apoio: NUAP - Núcleo de Apoio Psicopedagógico, NIA -
Núcleo de Inclusão e Acessibilidade e
Grupo de Apoio Educacional AutismoS
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1 INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO Chegamos à nossa última etapa do curso Transtornos do Espectro
Autista (TEA). Temos percorrido diversos aspectos para a compreensão da real
importância do autismo. Nesta última parte, nosso propósito é abordar com vocês
3 AS CONVIVÊNCIAS as relações familiares e socioafetivas dos autistas. Daremos um efoque maior em
FAMILIARES DO AUTISTA dois aspectos: família e escola.

Devido às transformações que a família vem enfrentando, especialmente

4 AS CONVIVÊNCIAS
no tamanho e na fragilização, acentuam-se as dificuldades quando se tem na
ESCOLARES DO AUTISTA família uma pessoa com alguma deficiência. Ainda que uma família tenha um
bom ajustamento, harmonia e laços que a fortalecem, quando surge em seu
seio alguém que tenha alguma deficiência, ela precisará se reajustar em muitas
CONSIDERAÇÕES
áreas. Conforme Schmidt, o autismo é “democrático”. Não se sujeita a condição
FINAIS
socioeconômica, cultural ou racial e pode ocorrer em todos os tipos de família.
O que mais tende a variar, além dos graus de comprometimento do autismo, é a
REFERÊNCIAS forma como as famílias lidarão com esse diagnóstico. (SCHMIDT, 2014).

MATERIAIS
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1 INTRODUÇÃO

Os relacionamentos socioafetivos são fundamentais e contribuem


2 A FAMÍLIA DE UMA efetivamente para o desenvolvimento da pessoa com autismo. Por isso a
PESSOA COM AUTISMO
família ocupa um lugar tão importante nesse processo. A inclusão começa na
própria família, mas não deve ficar restrita a ela. A escola passa a ser um lugar
extremamente relevante para que este processo possa acontecer, e mais ainda,
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA pode contribuir muito para o desenvolvimento da pessoa com TEA.

Destacaremos então, primeiramente, a família de uma pessoa com autismo,


buscando ter um entendimento melhor do que acontece no seio destas famílias;
4 AS CONVIVÊNCIAS na sequência, veremos as relações que são estabelecidas no seio familiar com
ESCOLARES DO AUTISTA
uma pessoa dentro do espectro, e, por fim, vamos nos atentar para o aspecto
escolar do autista, especialmente buscando um olhar inclusivo e que coopere no
CONSIDERAÇÕES desenvolvimento do autista.
FINAIS

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
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1 INTRODUÇÃO

2 A FAMÍLIA DE UMA PESSOA COM AUTISMO


2 A FAMÍLIA DE UMA O nascimento de uma criança normalmente é cercado de grandes expec-
PESSOA COM AUTISMO
tativas, não somente por parte dos pais, mas também dos familiares, amigos e
pessoas mais próximas do círculo de relacionamentos estabelecidos. De fato, é um
grande acontecimento, pois trata-se de uma nova vida adentrando ao mundo, na
3 AS CONVIVÊNCIAS família, na sociedade, na vida. E isto, por si só, representa algo muito importante.
FAMILIARES DO AUTISTA
Entretanto, depois do nascimento e dos primeiros meses de vida, a família
que vive nesta expectativa tão desejada para a chegada da criança, quando se
depara com o diagnóstico de autismo (TEA) sofre um impacto muito acentuado.
4 AS CONVIVÊNCIAS Em todas as situações de deficiência (seja por nascimento ou adquirida) sempre
ESCOLARES DO AUTISTA
haverá momentos bem críticos, porém, os primeiros momentos diante daquela
realidade costumam ser os mais desnorteadores.

CONSIDERAÇÕES No caso de autismo, uma das grandes dificuldades é a morosidade para


FINAIS diagnosticar com precisão e o desconhecimento de como será o desenvolvimento
da criança no futuro. Isto causa uma sensação enorme de impotência e incertezas
quanto a várias situações. Algumas perguntas começam a borbulhar: Será que a
REFERÊNCIAS criança irá falar? Ela vai conseguir ter uma vida normal? Terá progresso? Que tipo
de tratamento é o melhor? O que causou o Autismo? Fizemos alguma coisa errada?
Como nossa família reagirá? Enfim, serão perguntas e mais perguntas.
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1 INTRODUÇÃO

FIGURA 1 - FAMÍLIA

2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

CONSIDERAÇÕES
FINAIS FONTE: <http://bit.ly/2P5M3j5>. Acesso em: 4 jan. 2019.

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

O autismo, em virtude de sua etiologia, pode suscitar nos pais confusão,


2 A FAMÍLIA DE UMA mistério e necessidade de busca do significado para o que está acontecendo.
PESSOA COM AUTISMO
Por exemplo, pode surgir o receio de ter feito algo errado, a crença de ter sido
“divinamente escolhido”, etc. Essa dificuldade no diagnóstico do autismo pode
gerar tendência dos pais a se culparem, bem como distorções dos acontecimentos
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA e de outras informações prestadas e recebidas sobre o filho, configurando-se
como um fator de risco para essas famílias. (SCHMIDT, 2014).

O impacto deste momento é algo muito forte. Isto não quer dizer que
4 AS CONVIVÊNCIAS outros momentos também não serão dolorosos para estas famílias, pelo
ESCOLARES DO AUTISTA
contrário, elas serão tremendamente arrefecidas com o desdobrar da situação. O
diagnóstico de autismo de um filho afeta todos na família, direta ou indiretamente
CONSIDERAÇÕES (SCHMIDT, 2014). O impacto nas famílias, e mais especificamente nos casais, é
FINAIS grande, pois o autismo, em razão de suas características, configura-se como um
estressor potencial. Algumas famílias, no entanto, parecem sofrer um impacto
mais devastador. (SCHMIDT, 2014).
REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

“Eu tinha só perguntas, eu não tinha respostas...” Assim João definiu o


2 A FAMÍLIA DE UMA que provavelmente muitos pais e outros familiares de crianças na mesma
PESSOA COM AUTISMO condição sentem ao receber o diagnóstico de autismo de seu filho. Ouvir isso
foi impactante, mas esclarecedor; ele falava do senso de desamparo. De fato,
não há amparo imediato e suficiente diante do medo e da falta de respostas a
diversas questões, como “e agora? ”, “meu filho tem autismo, o que eu faço?”, “é
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA
algo que a gente fez de errado?”. Muitas são as dúvidas e ainda são poucas as
nossas respostas. Enfim, nenhuma família está (e realmente nem precisa estar)
“preparada” para lidar com essa situação. (SCHMIDT, 2014, p. 81).

As famílias começam a perceber não somente aquilo que traz dor para
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA elas, mas também a própria mudança de atitude, em alguns casos, daqueles que
estão ao seu redor. Solomon salienta que o nascimento de uma criança saudável
costuma expandir a rede social dos pais; o nascimento de uma criança deficiente
diminui essa rede (SOLOMON, 2013). O certo é que cada família, e dentro desta,
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
cada membro é afetado pelo membro autista de maneira diferente. O impacto que
produz o autismo, além de variar nas famílias, e nos indivíduos que as formam,
muda segundo a etapa em que se encontra cada um (FERNANDES, 2010).

REFERÊNCIAS Solomon apresenta um retrato bem visível de como é uma família que tem
um filho com autismo (especialmente dos casos mais acentuados) e do impacto
que o autismo pode trazer:
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1 INTRODUÇÃO

Embora a vida de muita gente com autismo siga sendo um tanto inescrutável,
em geral a vida das pessoas cujos filhos têm autismo é reconhecidamente dura:
2 A FAMÍLIA DE UMA às vezes, horrivelmente dura. O preconceito social agrava a dificuldade, mas é
PESSOA COM AUTISMO ingenuidade propor que tudo seja preconceito social: nada é mais devastador
do que ter um filho incapaz de exprimir amor de modo compreensível, um
filho que passa a noite inteira acordado, requer supervisão constante, grita e
esperneia, mas não consegue comunicar o motivo ou a natureza do seu mal-
estar: essas experiências desnorteiam, esmagam, exaurem e nada têm de
3 AS CONVIVÊNCIAS gratificantes. Pode-se mitigar o problema com uma combinação de tratamento
FAMILIARES DO AUTISTA e aceitação, específica em cada caso. É importante não se deixar levar pelo
impulso de só tratar ou pelo de só aceitar (SOLOMON, 2013, p. 343).
Os pais de autistas geralmente ficam privados do sono. Com frequência
empobrecem devido ao custo do tratamento. Vivem sobrecarregados com as
necessidades incessantes dos filhos, que quase sempre requerem supervisão
4 AS CONVIVÊNCIAS constante. Estão sujeitos a se divorciar e a se isolar. A passar horas sem fim
ESCOLARES DO AUTISTA lutando com os provedores de seguro-saúde e com a autoridade educacional
que determina que serviços seus filhos vão receber. A perder o emprego
por excesso de faltas para administrar crises; muito amiúde, têm péssimas
relações com os vizinhos porque os filhos destroem as coisas ou são violentos.
O estresse leva as pessoas a atos extremos; o estresse extremo leva-as para
CONSIDERAÇÕES além do tabu social mais profundo: o abate do próprio filho. Alguns alegam ter
FINAIS matado o filho autista por amor, e há os que reconhecem ódio e raiva. Debra
L. Whitson, que tentou assassinar o filho, explicou-se assim à polícia: “Esperei
onze anos para ouvir meu filho dizer: ‘Eu te amo, mamãe’.” A paixão desnorteia,
e a maioria desses pais age impelida por uma emoção tão poderosa que
REFERÊNCIAS identificá-la como amor ou ódio é reduzi-la. Nem eles sabem o que sentem; só
sabem o quanto o sentem (SOLOMON, 2013, p. 347).

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1 INTRODUÇÃO

Conforme Martins, o impacto que essas famílias recebem faz com que
2 A FAMÍLIA DE UMA passem por diversas situações e sentimentos, por exemplo: negação; crises e
PESSOA COM AUTISMO
luto; aceitação; culpa; medo e aceitação; desafio constante e duradouro; filicídio;
busca pela cura (MARTINS, 2018).

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

A
OT
O impacto nas famílias, em grande parte dos
4 AS CONVIVÊNCIAS
N

ESCOLARES DO AUTISTA casos, é muito acentuado. Sentimentos como: negação,


crises, luto, depressão, ansiedade, aceitação, culpa,
medo, aceitação, busca pela cura etc. acabam surgindo.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Nos chocam um tanto estas informações, mas de fato, em muitos casos,
esta é uma realidade vivida por muitas famílias. Além disso, há uma busca
constante por boa parte das famílias para a melhora, progresso e desenvolvimento
REFERÊNCIAS
dos seus filhos, como nos relata Chadarevian:

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1 INTRODUÇÃO

Assim começou um longo caminho: anos de tratamentos que nos demandaram


muita dedicação e constância; devíamos levá-lo várias vezes na semana para
2 A FAMÍLIA DE UMA que fosse atendido por diversos especialistas: fonoaudiólogo, psicomotricista,
PESSOA COM AUTISMO professor especialista, psicóloga, ... e também um caminho de muitas
dificuldades e frustrações para nós pais e também para ele como criança,
embora ainda não soubéssemos quão consciente ele podia ser de suas próprias
limitações (Tradução nossa) (CHADAREVIAN, 2009, p. 12).

3 AS CONVIVÊNCIAS
Vários estudos demonstram que existe um conjunto de aspectos
FAMILIARES DO AUTISTA
específicos das PEA (Perturbação do Espectro Autista) que determinam a
adaptação dos pais a estas perturbações, nomeadamente:
1º. O diagnóstico, que regra geral, só se realiza após um período de desenvolvi-
4 AS CONVIVÊNCIAS mento aparentemente normal ou percebido como normal; 2º. O facto de ser
ESCOLARES DO AUTISTA uma patologia crônica; 3º. As características comportamentais específicas, am-
bíguas e inconscientes; 4º. A persistência de incertezas e dúvidas quanto às
causas. Com efeito, estes fatores contribuem para o desenvolvimento de ati-
tudes de ansiedade e depressão nos pais destas crianças (SHOPLER; MARCUS,
1983: KOEGEL, 1996, apud MARQUES, 2000 apud FERNANDES, 2010, p. 54).
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os estudos apontam uma sobrecarga para os pais, por causa do
comportamento da criança. Problemas como sono, alimentação, rotinas, rituais,
crises, etc. Segundo Fernandes, além disso, o comportamento é perturbador,
REFERÊNCIAS
incompreensível e, por vezes, até inesperado, a aparente indiferença ao contato
afetivo e comunicação provoca sentimentos de frustrações e angústia nos pais
(FERNANDES, 2010).
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1 INTRODUÇÃO

FIGURA 2 – O AUTISTA E A RELAÇÃO FAMILIAR

2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
FONTE: <http://bit.ly/2Kxve1V>. Acesso em: 18 jan. 2018.
ESCOLARES DO AUTISTA

As exigências colocadas pela deficiência afetam toda a família. P. J.

CONSIDERAÇÕES Beckman sugere que 66% da variabilidade do estresse das mães, incluindo
FINAIS agitação, irritabilidade ou falta de compreensão, resulta pelo tipo de exigências
colocadas pela criança. Uma criança ou jovem com autismo pode ter episódios de
fúria e atitudes agressivas e frequentes, e muitas vezes graves.
REFERÊNCIAS

MATERIAIS
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1 INTRODUÇÃO

Os pais passam frequentemente por crises e um processo de luto diante


2 A FAMÍLIA DE UMA do fato da deficiência do filho. Ficam muitas vezes sós, se sentem solitários.
PESSOA COM AUTISMO
Segundo Solomon, podem, às vezes, experimentar um sentimento de abandono,
que os leva a fazer do filho “a causa” de sua vida e a militar a favor de seus
direitos. O terceiro torna-se, então, puramente externo, reduzindo-se a ser
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA aquele a quem cabe reivindicar mais direitos e mais cuidados” (SOLOMON, 2013,
p. 323). Joyce Chung, mãe de uma autista, disse: “Nossa luta era para não viver a
doença de nossos filhos como uma mágoa narcisista” (SOLOMON, 2013, p. 326).

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

A família precisa prestar todo cuidado e empen-


A

CONSIDERAÇÕES ho para ajudar no desenvolvimento do seu filho com


OT

FINAIS autismo, no entanto, não pode esquecer de olhar e


N

cuidar de si mesma, ou seja, dos demais membros, pois


isto pode acarretar em outros problemas.

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
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1 INTRODUÇÃO

Em muitos casos a tendência é a família focar tanto na situação que acaba


2 A FAMÍLIA DE UMA descuidando de si mesma. Léo Buscaglia mostra que a família precisa estar atenta
PESSOA COM AUTISMO
para não ficar somente focada no filho e descuidar de si mesma, ambas as coisas
são extremamente importantes, mas com equilíbrio. O autor afirma:
cuidem de seu filho e de suas necessidades especiais, busquem ajuda e
3 AS CONVIVÊNCIAS orientação, mas cuidem de vocês também. Fiquem atentos às necessidades
FAMILIARES DO AUTISTA de seu marido e de sua mulher e dos outros membros da família. Mais do que
de qualquer coisa, seu filho se beneficiará da integridade do grupo familiar.
Vocês perguntaram em que podem ajudar. Bem, essa é uma questão em que
podem contribuir muito. Na realidade, só vocês podem fazê-lo! (BUSCAGLIA,
1993, p. 159).
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA
Portanto, é importante que a família esteja atenta a esses aspectos:
cuidar do filho que necessita de toda estrutura e condições para que isto
contribua para o seu melhor desenvolvimento, mas não esquecer de cuidar de
CONSIDERAÇÕES
FINAIS si mesma, pois se não tiver estrutura entre seus membros, e uma boa base no
seio familiar, as dificuldades podem se tornar ainda maiores.

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

3 AS CONVIVÊNCIAS FAMILIARES DO AUTISTA


2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO As características das crianças com autismo parecem ter grande impacto
no sistema familiar, como já observado. Os comprometimentos dessas crianças
afetam a reciprocidade na relação com os demais e a capacidade de comuni-
3 AS CONVIVÊNCIAS cação, o que pode gerar uma frustração nos pais. Além disso, a presença de
FAMILIARES DO AUTISTA interesses e atividades restritas e estereotipadas e repetitivas também tende
a ser relatada como um estressor pelos pais (SCHMIDT, 2014). De acordo com
Batshaw (1990, p. 366):
4 AS CONVIVÊNCIAS para todas as famílias, o ajustamento e o realinhamento de cada membro,
ESCOLARES DO AUTISTA que devem ser feitos nestas várias oportunidades de mudança, são,
frequentemente, extremamente estressantes. Quando uma família tem uma
criança com uma deficiência, os estresses aumentam e os ajustamentos se
multiplicam. Por exemplo, o indivíduo com uma deficiência pode permanecer
CONSIDERAÇÕES no primeiro estágio, que é o de uma criança dependente, pelo resto de sua
FINAIS vida. Assim, em cada ocasião de mudança ocorrendo na família, a diferença
entre uma família com uma criança deficiente e outra com uma criança normal
é bastante acentuada. Cada membro da família é afetado diferentemente
durante os vários estágios do ciclo da vida.

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

Não há atalhos. É uma caminhada necessária, tendo em vista que, além


2 A FAMÍLIA DE UMA de gerar alterações quantitativas e qualitativas no desenvolvimento da criança,
PESSOA COM AUTISMO
o atual conhecimento não nos permite falar em cura do autismo. Isso significa
que se trata de uma condição que vai acompanhar a família durante todo o
seu ciclo vital. Nesse sentido, é importante o papel da adaptação no contexto
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA
familiar (SCHMIDT, 2014). Essa adaptação começa pela compreensão do TEA
e passa pela maneira como haverá aceitação e acolhimento por parte de toda
a família em relação à pessoa com autismo. Pode-se dizer que é um processo
de inclusão na própria família.
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

CONSIDERAÇÕES
A inclusão inicia-se na própria família, isto é, no
A

FINAIS
ambiente familiar. As famílias que melhor lidam com
OT

essa situação relatam a existência de apoio dentro e


N

fora da família, inclusive de outros pais de crianças


REFERÊNCIAS com dificuldades e, principalmente, empatia existente
entre os cônjuges e filhos (irmãos).

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1 INTRODUÇÃO

FIGURA 3 – PESSOA AUTISTA E FAMÍLIA


2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA
FONTE: <http://bit.ly/2v1YBPu>. Acesso em: 22 dez. 2018.

CONSIDERAÇÕES Os pais têm uma importância fundamental em relação aos demais filhos
FINAIS (quando é o caso). Dependendo da forma como dispensarem cuidado ao filho
com deficiência, hão de ajudar ou frustrar os demais filhos. Müller afirma que “a
atitude do pai e da mãe em relação à criança com deficiência é determinante, pois
REFERÊNCIAS
os irmãos adotam, em grande parte, a atitude deles: de aceitação ou rejeição, de
vergonha ou abertura para encarar o assunto” (MÜLLER, 1999).

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1 INTRODUÇÃO
Schneider-Harpprecht e Streck afirmam que, “se eles mostram que amam o
seu filho mesmo com a deficiência, ajudam os outros da família a desenvolverem um
relacionamento positivo com ele. Se eles transmitem rejeição, também provocam
2 A FAMÍLIA DE UMA reações de rejeições nos outros” (SCHNEIDER-HARPPRECHT; STRECK, 1996).
PESSOA COM AUTISMO
Os irmãos sentem a chegada do irmão/ã com deficiência. Quando os irmãos
já são jovens ou adultos, acabam assumindo uma responsabilidade de cuidado e
atenção para com o irmão/ã com autismo. Porém, quando ainda são pequenos, a
3 AS CONVIVÊNCIAS atenção que é dispensada ao irmão/ã com a deficiência pode gerar sentimentos
FAMILIARES DO AUTISTA
opostos: alguns se sentirão negligenciados, outros se sentirão pressionados a
fazer algo a mais para contrabalancear com o irmão que apresenta a deficiência
e recebe maior atenção. Pedro Henrique, psicólogo clínico, irmão de João Vitor,
autista e X-Frágil, relata como é um pouco desta relação que construiu no
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA contexto da sua família como irmão.
Entretanto, minhas reações não estavam distantes do comum. É necessário
dizer que não ser quem ser não significa ser outro alguém. Assim, do comum
da condição de quem recebe um novo irmão, vislumbrou uma possibilidade
de me fazer O outro alguém que seria eu. Meu irmão caçula acabou por se
CONSIDERAÇÕES
tornar um espelho onde enxergo quem não sou. O reflexo do zelo familiar
FINAIS é a distância da atenção que eu não tinha. Porém, não há culpa ou rancor
aqui, somente a compreensão de que o necessário é uma necessidade. Sua
presença me afastou de outras presenças porque longe delas era o único
lugar onde eu me encontraria. Me aproximando de outros, me aproximei de
mim. Ele, em toda sua diferença, é o autista que não sou. Meu “contra-narciso”.
REFERÊNCIAS
Seu nascimento destoou da recepção ao se mostrar uma transformação na
ordem das coisas. Foi o irmão que eu não aguardava, o filho que meus pais não
conheciam, a pessoa estranha que traria outro mundo ao ensinar que todos
nós somos maiores que nossos nomes (GRUPO AUTISMOS, 2018, s.p.).
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 18
1 INTRODUÇÃO

A respeito dos pais, Schneider-Harpprecht e Streck afirmam que, “se eles


mostram que amam o seu filho mesmo com a deficiência, ajudam os outros da
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO família a desenvolverem um relacionamento positivo com ele. Se eles transmitem
rejeição, também provocam reações de rejeições nos outros” (SCHNEIDER-HARP-
PRECHT; STRECK, 1996, p. 126).

3 AS CONVIVÊNCIAS O estreitamento dos laços da família, somado a bons profissionais que


FAMILIARES DO AUTISTA atuam na área, certamente colaborará para um melhor desenvolvimento em di-
versas áreas, seja qual for o grau do autismo. A clareza e a empatia dos profis-
sionais podem ser um facilitador em todo o processo e durante o ciclo vital
familiar (SCHMIDT, 2014). Em geral, as crianças acabam desenvolvendo essas
4 AS CONVIVÊNCIAS condições – que as acompanharão por toda a vida - até os três anos de idade e,
ESCOLARES DO AUTISTA
a partir de então, devem receber os cuidados de uma equipe multidisciplinar e
interdicisplinar, envolvendo médicos, terapeutas comportamentais, terapeutas
ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros..., além
CONSIDERAÇÕES da família e a escola. É importante que as intervenções levem em consideração
FINAIS toda a unidade familiar, mesmo que para tal estas possam ser focadas em algum
dos subsistemas, por exemplo, o do casal (SCHMIDT, 2014)

A atitude dos pais ou cuidadores, somada a uma boa compreensão e


REFERÊNCIAS
aceitação dos irmãos, favorece muito as condições para fornecer ao autista tudo
o que necessita para desenvolver-se. Ressalta-se também a importância dos
profissionais e da escola como fatores essenciais neste percurso a ser seguido.
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 19
1 INTRODUÇÃO

Entretanto, nestas relações familiares, cabe também não esquecer da


2 A FAMÍLIA DE UMA própria pessoa autista. Sua voz precisa ser ouvida. O autor Angel Rivière escre-
PESSOA COM AUTISMO veu o texto a seguir que de certa forma expressa muitas coisas importantes que
precisam ser ouvidas por todos a respeito de várias áreas do TEA.

3 AS CONVIVÊNCIAS FIGURA 4 - O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA


FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA 1 - Ajude-me a compreender.

Organize o meu mundo, facilite, antecipando o que vai acontecer. Me dê


ordem, estrutura e não confusão.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS 2 - Respeita o meu ritmo.

O normal é que eu me desenvolva cada vez mais.

3 - Não me fale muito, nem depressa.


REFERÊNCIAS
As palavras são ar que pesa para ti, porém podem ser uma carga muito
pesada para mim. Muitas vezes, não são as melhores maneiras de te
relacionar comigo.
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 20
1 INTRODUÇÃO

4 – Diga, de algum modo, quando consigo executar tarefas


bem feitas, mesmo que nem sempre eu consiga.
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO
Necessito compartilhar o prazer e o gosto de fazer as coisas bem feitas.

5 - Necessito de mais ordens do que tu.

3 AS CONVIVÊNCIAS Mais previsibilidade no meio, que tu requeres. Teremos que negociar os


FAMILIARES DO AUTISTA meus rituais para convivermos.

6 – Não permitas que me acomode e permaneça inativo.

Mesmo sendo difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me


4 AS CONVIVÊNCIAS pedem para fazer. Elas têm que ter um sentido concreto.
ESCOLARES DO AUTISTA
7 - Não me invadas excessivamente.

Às vezes, as pessoas são muito imprevisíveis, barulhentas e estimulantes.


CONSIDERAÇÕES Respeita as distâncias que necessito, porém sem me deixares sozinho.
FINAIS
8 - Quando eu me zango ou me golpeio, se destruo algo ou me
movimento em excesso, quando me é difícil atender ou fazer
o que me pede, não estou querendo te prejudicar.
REFERÊNCIAS
O que faço não é contra você. Não me atribuas más intenções!

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 21
1 INTRODUÇÃO

9 - As outras pessoas são demasiadamente complicadas.


2 A FAMÍLIA DE UMA Meu mundo não é complexo e fechado, mas sim simples. Ainda que
PESSOA COM AUTISMO
pareça estranho o que te digo, o meu mundo é tão aberto, tão sem
dissimulações, nem mentiras, tão ingenuamente exposto aos demais,
que se torna difícil penetrar nele.

3 AS CONVIVÊNCIAS 10 - Meu desenvolvimento não é absurdo, embora não seja


FAMILIARES DO AUTISTA fácil de entender.

Muitas das condutas são formas de enfrentar o mundo na minha especial


forma de ser e perceber.
4 AS CONVIVÊNCIAS 11 - Não sou só autista, também sou uma criança, um
ESCOLARES DO AUTISTA
adolescente ou um adulto.

Compartilho muitas coisas das crianças, adolescentes e adultos como os


que chamas de “normais”. Gosto de jogar e divertir-me, quero meus pais
CONSIDERAÇÕES e pessoas que me cercam, me sinto satisfeito quando faço as coisas cer-
FINAIS tas. Vale mais o que compartilhamos do que a distância que nos separa.

12 - Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as


mesmas rotinas.
REFERÊNCIAS
O autista sou eu, não você!

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 22
1 INTRODUÇÃO

13- Vale a pena viver comigo.


2 A FAMÍLIA DE UMA Pode chegar um momento em sua vida em que eu, que sou autista, seja
PESSOA COM AUTISMO
sua maior e melhor companhia.

14- Não me agridas quimicamente.

3 AS CONVIVÊNCIAS Não preciso de medicamentos, apenas o acompanhamento periódico de


FAMILIARES DO AUTISTA um especialista.

15- Ninguém tem culpa de minhas reações e condutas difíceis


de compreender.
4 AS CONVIVÊNCIAS A ideia de “culpa” só produz sofrimentos.
ESCOLARES DO AUTISTA
16 - Ajuda-me a ter mais autonomia.

Mas peça só o que posso fazer.


CONSIDERAÇÕES
FINAIS 17- Necessito estabilidade e bem-estar emocional ao meu
redor para estar melhor.

Para mim, não é bom que estejas mal e deprimido.


REFERÊNCIAS
18- Ajuda-me com naturalidade, sem obsessão.

Aproxime-se de mim, porém, tenha seus momentos de repouso ou


dedique a suas próprias atividades.
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 23
1 INTRODUÇÃO

19- Aceita-me como sou.


2 A FAMÍLIA DE UMA Minha situação normalmente melhora, ainda que, no momento, não
PESSOA COM AUTISMO
tenha cura.

20- Não compreendo as sutilezas sociais, porém tampouco


participo das duplas intenções ou dos sentimentos perigosos
3 AS CONVIVÊNCIAS tão frequentes na vida social.
FAMILIARES DO AUTISTA
Minha vida pode ser satisfatória, se é simples, ordenada e tranquila. Ser
autista é um modo de ser, ainda que não seja o “normal”. Nessa vida,
podemos encontrar-nos e compartilhar muitas experiências.
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA FONTE: Adaptado de Angel Rivière, Autism-Spain - Assessor Técnico da APNA - Madrid, 1996.)
Disponível em: <http://www.appda-norte.org.pt/docs/autismo/o_que_pediria_um_autista.pdf>.
Acesso em: 13 fev. 2019.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 24
1 INTRODUÇÃO

4 AS CONVIVÊNCIAS ESCOLARES DO AUTISTA


2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO A inclusão começa na família, mas estende-se a todos os outros contextos
sociais. Vamos destacar neste ponto o aspecto escolar.

FIGURA 5 – FAMÍLIA E ESCOLA


3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

CONSIDERAÇÕES
FINAIS

REFERÊNCIAS

FONTE: <http://bit.ly/2GcvPAI>. Acesso em: 13 jan. 2018.


MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 25
1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que houve e ainda persistem em diversos segmentos da socie-


2 A FAMÍLIA DE UMA dade os preconceitos, rejeições, exclusões. Especialmente com pessoas com defi-
PESSOA COM AUTISMO ciência, a história da humanidade traz vários capítulos horríveis, contudo, pode-
se também observar um certo avanço em muitos aspectos, e uma expectativa
maior para que este tipo de atitude não sobreviva, mas seja vencido e superado.
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA Na sequência há um resumo de certas práticas sociais em relação a pes-
soas com deficiências ordenadas cronologicamente em relação à história da hu-
manidade, e o avanço que houve:
EXCLUSÃO (desde a Antiguidade): Como consta até da Sagrada Bíblia, no tempo
4 AS CONVIVÊNCIAS
de Jesus a sociedade excluía os doentes de hanseníase (chamados então
ESCOLARES DO AUTISTA leprosos). Jesus veio revolucionar, aceitando-os e tocando-os, para pasmo geral.
SEGREGAÇÃO (vários séculos, até meados da década de 1940): criação e
predomínio de instituições que isolavam as pessoas com deficiência.
ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL(décadas de 1940 a 1960): apresentação de
CONSIDERAÇÕES modelo de tratamento da pessoa como centro de um processo multiprofissional.
FINAIS INTEGRAÇÃO (década de 1980): processo de preparação da pessoa com
deficiência para torná-la aceitável pela sociedade.
INCLUSÃO (a partir de 1990): processo em que todas as partes são chamadas
a participar do ideal comum visando atender a todos os direitos e deveres da
pessoa com deficiência. O critério é a rejeição zero: ninguém pode ser rejeitado.
REFERÊNCIAS A inclusão é para todos (DUTRA, 2005, p. 36).

A figura na sequência exemplifica graficamente estes termos.


MATERIAIS
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1 INTRODUÇÃO

FIGURA 6 – EXEMPLIFICANDO OS TERMOS EXCLUSÃO, SEGREGAÇÃO, INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO

2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

FONTE: GRUPO AUTISMOS (2018, p. 33)

CONSIDERAÇÕES Conforme Dutra (2005), a inclusão é a inserção total e plena da pessoa


FINAIS
com deficiência (e outros segmentos socialmente excluídos) na vida social, como
membro ativo da sociedade. Algo que deve acontecer nas áreas de educação,
trabalho, transporte, vida doméstica, religião, esporte, lazer e recreação... E
REFERÊNCIAS prossegue: “a inclusão é um esforço bilateral, ou seja, os interessados diretos e
a comunidade trabalham juntos, usando todos os recursos possíveis e de forma
convergente ao ideal comum” (DUTRA, 2005, p. 17).
MATERIAIS
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1 INTRODUÇÃO

A inclusão não é um elemento a ser levado em consideração em nossas


2 A FAMÍLIA DE UMA relações. A inclusão é uma maneira de entender o mundo de mãos dadas com a vida.
PESSOA COM AUTISMO A vida não exclui nada e é maior certeza. Por isso há que cuidá-la até a “devoção”.
Se amarmos a vida, seremos inclusivos, a partir da própria inclusão original que
gozamos nessa casa que habitamos juntos. Para Valenciano, a inclusão é abrigo e
3 AS CONVIVÊNCIAS aconchego na própria ternura do abraço e do agasalhar-nos. É sentir-nos amadas e
FAMILIARES DO AUTISTA amados e amar, deixando assim transparecer o mais divino que há em nós para o
outro, nossa imagem e semelhança... (VALENCIANO, 2010, p. 10).

4 AS CONVIVÊNCIAS
4.1 NO ÂMBITO ESCOLAR
ESCOLARES DO AUTISTA
Para a autora Semensato, o desafio atual encontra-se ligado à escolarização
de pessoas com autismo no ensino regular como forma de inclusão educacional

CONSIDERAÇÕES
e social. Na visão dela, o tratamento cede lugar à educação, sendo desenvolvido
FINAIS em ambientes naturalísticos e objetivando não apenas a presença de todos os
alunos no mesmo local, mas a sua participação, sua aceitação e sua aprendizagem
(SEMENSATO, 2014, p. 19).
REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 28
1 INTRODUÇÃO

FIGURA 40 - AMBIENTE ESCOLAR

2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

CONSIDERAÇÕES
FINAIS

REFERÊNCIAS
FONTE: <http://bit.ly/2IvE9P0>. Acesso em: 12 jan. 2019.

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 29
1 INTRODUÇÃO

Conhecer os sintomas e manifestações do TEA é fundamental para que os


2 A FAMÍLIA DE UMA alunos com TEA sejam incluídos e consigam aproveitar ao máximo a experiência
PESSOA COM AUTISMO escolar. A partir daí, tomar alguns procedimentos que podem ajudar tanto na
inclusão como também facilitar o aprendizado para o bom desenvolvimento
por parte do autista. Pesquisadores e estudiosos da área sugerem dicas que
3 AS CONVIVÊNCIAS contribuem para isto.
FAMILIARES DO AUTISTA
Por exemplo:

• Adaptar as aulas às necessidades desses estudantes é fundamental. Para


4 AS CONVIVÊNCIAS ajudá-los a se preparar, é interessante disponibilizar um planejamento e um
ESCOLARES DO AUTISTA
calendário com bastante antecedência e manter-se fiel a essa estrutura; fazer
isso é útil, pois eles costumam ser muito ligados a regras e podem apresentar
certa resistência às mudanças.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS • Outra boa dica é disponibilizar slides e outros recursos, assim, eles podem
rever o conteúdo com calma, quantas vezes for preciso. Dependendo do
estudante, é possível que apresente pouca coordenação motora, por isso,
REFERÊNCIAS escrever e prestar atenção na aula não é algo muito produtivo.

• Se o aluno preferir, é interessante que o autorize a gravar as aulas.


MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 30
1 INTRODUÇÃO

• Uma medida que pode colaborar para que esses alunos tenham um bom
2 A FAMÍLIA DE UMA desempenho é oferecer um pouco mais de tempo para a realização de provas
PESSOA COM AUTISMO e até mesmo um ambiente separado, que não apresente distrações. Assim,
eles podem se concentrar melhor.

• O feedback também é essencial para que eles se saiam bem. Por isso, construir
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA uma relação de confiança com esses alunos é muito importante, sempre
oferecendo ferramentas para que eles possam se aprimorar.

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

Os alunos autistas costumam se dedicar muito


A

às suas áreas de interesse específico, além de serem


OT

detalhistas e observadores. Por isso, ao notar que um


N

CONSIDERAÇÕES
FINAIS aluno tenha desenvolvido uma atenção especial em
relação a determinado tópico, encoraje-o a descobrir
mais sobre o assunto.

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 31
1 INTRODUÇÃO

• Por fim, esses alunos merecem todo o respeito e a consideração da turma.


2 A FAMÍLIA DE UMA Em nenhuma circunstância podem ser desrespeitados, por isso, a classe deve
PESSOA COM AUTISMO
estar envolvida em um processo de inclusão e aceitação das diferenças.

• Desenvolver uma parceria com a família e a orientação educacional da escola


3 AS CONVIVÊNCIAS também será muito eficaz para acompanhar o progresso desses estudantes e,
FAMILIARES DO AUTISTA
consequentemente, tornar o ambiente acadêmico mais positivo para todos.

Conforme a psicóloga comportamental Helena Andrade, ao dar início a um


4 AS CONVIVÊNCIAS ano letivo, surgem vários questionamentos acerca da inclusão desses alunos,
ESCOLARES DO AUTISTA dúvidas de como inseri-los em uma nova escola, ou em uma nova sala, ou até
mesmo de como eles se adaptarão à nova professora. Ela sugere algumas dicas
relacionadas ao espaço e as pessoas que irão trabalhar que geram previsibilidade
CONSIDERAÇÕES
FINAIS para o autista:

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 32
1 INTRODUÇÃO

FIGURA 41 – DICAS BÁSICAS PARA ADAPTAÇÃO ESCOLAR

2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO

3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

CONSIDERAÇÕES
FINAIS FONTE: <http://bit.ly/2UMwEcY>. Acesso em: 15 jan. 2018.

• Apresentação prévia da escola e do professor(a)


REFERÊNCIAS
• Rotina visual

• Avaliação inicial
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 33
1 INTRODUÇÃO

• Planejamento individual
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO
• Adaptação do ambiente e das atividades (ANDRADE, 2018).

Conforme Lewis, na aprendizagem percebe-se que autistas apresentam,


em geral, dificuldades frente aos métodos de ensino tradicionais, respondendo
3 AS CONVIVÊNCIAS melhor a propostas de trabalho estruturadas, e a situações livres e a estímulos
FAMILIARES DO AUTISTA visuais que a estímulos auditivos (LEWINS; DE LEON, 1995 apud SCHIMDT, 2017).

Tais mudanças colocam a instituição escolar como foco central de


atenção ao autismo, envolvendo todos aqueles que nela atuam: gestores,
4 AS CONVIVÊNCIAS equipe, professores e alunos. Para oferecer uma boa qualidade nas experiências
ESCOLARES DO AUTISTA
educacionais das pessoas com autismo no contexto escolar, é imprescindível a
aquisição, a integração e a apropriação por parte da escola daqueles conhecimentos
outrora situados fora dela. Urge uma integração do conhecimento produzido até
CONSIDERAÇÕES hoje pelas diversas áreas para que este seja disponibilizado e compartilhado na
FINAIS
inclusão educacional escolar (SEMENSATO, 2014).

É importante destacar que, no contexto da escola, o professor pode


REFERÊNCIAS aproximar a criança com autismo dos colegas e auxiliar no engajamento da
interação social, mediando estas relações. Aliás, este tem sido um forte argumento
a favor da inclusão das pessoas com autismo (SCHMIDT, 2014).
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 34
1 INTRODUÇÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO Chegamos ao final de mais uma etapa (a última). Esperamos que você
possa ter avançado nos seus conhecimentos sobre o TEA, e que isto seja muito
útil na sua vida, estudos e trabalho. Finalizamos esta etapa diferente, com a
3 AS CONVIVÊNCIAS letra de uma música de Amanda Cortês. Ela é cantora e mãe de uma menina com
FAMILIARES DO AUTISTA
autismo. Ela fez a música baseada na sua própria realidade de vida. Você pode ler
a letra e ouvir através do link.

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA CANÇÃO – A FORÇA DE UM AMOR

Amanda Cortês
CONSIDERAÇÕES
FINAIS Publicado por Fundação Cultural de Curitiba

Mesmo quando a dor parece não ter fim,


REFERÊNCIAS
E a fé que habita em mim insiste em me deixar
As lágrimas dos olhos teimando em cair

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 35
1 INTRODUÇÃO

O Sol que me parece às vezes vem brilhar,


2 A FAMÍLIA DE UMA Sinto tua mão tocando minha mão
PESSOA COM AUTISMO
Os olhos que me tiram o medo e a escuridão
E o nosso amor que tem a força de um tufão
Me faz acreditar que nada foi em vão.
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA
Me faz acreditar que existe em mim
A força de um amor que não tem fim
Basta te olhar pra perceber, mais uma vez,
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA Que nada foi em vão!

FONTE: CORTÊS, Amanda. A força de um amor. Disponível em: <https://www.youtube.com/


watch?v=cx6Imc8yegY>. Acesso em: 13 fev. 2019.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 36
1 INTRODUÇÃO

REFERÊNCIAS
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO ANDRADE, Helena. Dicas básicas para adaptação escolar de crianças e jovens
com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Disponível em: http://www.
somarrecife.com.br/site/dicas-basicas-para-adaptacao-escolar-de-criancas-e-
jovens-com-transtorno-do-espectro-autista-tea. Acesso em: 23 fev. 2018.
3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA
BATSHAW, Mark L.; PERRET, Yvonne M. Criança com deficiência: Uma orientação
médica. São Paulo: Maltese, 1990.

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA BEKMAN, P. J. Influence of selected child characteristics on stress in families of
handicapped infants. American Journal of Mental Deficiency, 1983, 88, p. 150-
156, apud FERNANDES, Maria G. M. Almeida. O estudo de uma família com
CONSIDERAÇÕES
uma criança autista. 2010, p. 55. Dissertação de Mestrado, Vila Real, Portugal.
FINAIS
BUSCAGLIA, Leo. Os deficientes e seus pais: um desafio ao aconselhamento.
Rio de Janeiro: Record, 1993.
REFERÊNCIAS
CHADAREVIAN, Adriana Yudit. Torrentes de Vida: una forma diferente de ser
padres. Uruguay: Montevidéu. Editorial ACUPS, 2009, 47 p.
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 37
1 INTRODUÇÃO

DUTRA, Luiz Carlos. Pastoral da inclusão: pessoas com deficiência na


2 A FAMÍLIA DE UMA comunidade cristã. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
PESSOA COM AUTISMO

FERNANDES, Maria G. M. Almeida. O estudo de uma família com uma criança


autista. Vila Real: 2010, 144 f. Dissertação de Mestrado - Universidade de Trás-
3 AS CONVIVÊNCIAS os-Montes e Alto Douro. Portugal.
FAMILIARES DO AUTISTA

GRUPO AUTISMOS. Autismo - causas, diagnóstico e tratamento. Timbó, SC. 2018.

4 AS CONVIVÊNCIAS MARTINS, Marcelo. Autismo: ajudando famílias. São Leopoldo: Editora Sinodal,
ESCOLARES DO AUTISTA 2015.

MARTINS, Marcelo. Aconselhamento Pastoral a famílias de pessoas com


CONSIDERAÇÕES autismo a partir da Teologia da Cruz. São Leopoldo: Faculdades EST, 2018.
FINAIS (Tese de doutorado).

MÜLLER, Iára. Aconselhamento com pessoas portadoras de deficiência:


REFERÊNCIAS experiência de um grupo na comunidade. São Leopoldo: Sinodal, 1999, 139 p.
SCHMIDT, Carlo (Org.). Autismo, educação e transdisciplinaridade [livro
eletrônico]. Campinas, SP: Papirus, 2014. (Série educação especial).
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 38
1 INTRODUÇÃO

SCHMIDT, Carlo. Transtorno do Espectro autista: onde estamos e para onde


2 A FAMÍLIA DE UMA vamos. Psicologia em estudo, Maringá, v. 22. p. 221-230, abr./jun. de 2017.
PESSOA COM AUTISMO http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/34651/pdf.

SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph; STRECK, Valburga Schmiedt. Imagens da


3 AS CONVIVÊNCIAS família: dinâmica, conflitos e terapia do processo familiar. São Leopoldo: Sinodal,
FAMILIARES DO AUTISTA 1996, 169 p.

SEMENSATO, Márcia Rejane; BOSA, Cleonice Alves. A família das crianças com
4 AS CONVIVÊNCIAS autismo: contribuições empíricas e clínicas. In: SCHMIDT, Carlo (Org.). Autismo,
ESCOLARES DO AUTISTA educação e transdisciplinaridade [livro eletrônico]. Campinas, SP: Papirus,
2014. (Série educação especial).

CONSIDERAÇÕES SIEGEL, Bryna. O Mundo da Criança com Autismo: Compreender e tratar


FINAIS perturbações do espectro do autismo. Porto: Porto Editora, 2008, p. 94. In:
FERNANDES, Maria G. M. Almeida. O estudo de uma família com uma criança
autista. 2010.
REFERÊNCIAS

SOLOMON, Andrew. Longe da árvore: Pais, filhos e a busca da identidade. São


Paulo: Editora Schwarcz S.A., 2013, 1050 p.
MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 39
1 INTRODUÇÃO

VALENCIANO, María E. C. Deficiência e direitos humanos: um olhar teológico. In:


2 A FAMÍLIA DE UMA COLLOT, Noel Fernandez; MENESES, Alexandra; GIESE, Nilton (Orgs.). Teologia e
PESSOA COM AUTISMO Deficiência. São Leopoldo: Sinodal; Quito: CLAI, 2010, p. 107.

VARELLA, Drauzio. TEA – Transtorno do Espectro Autista II. 2014. Disponível


3 AS CONVIVÊNCIAS em: https://drauziovarella.com.br/crianca-2/tea-transtorno-do-espectro-autista-
FAMILIARES DO AUTISTA ii/. Acesso em: 18 maio 2016.

4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA

CONSIDERAÇÕES
FINAIS

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 40
1 INTRODUÇÃO

MATERIAIS COMPLEMENTARES
2 A FAMÍLIA DE UMA
PESSOA COM AUTISMO Clique nos títulos abaixo e assista aos vídeos complementares desta etapa:

“Grupo de Apoio AutismoS - vídeo institucional”

“Entrevista com Marcelo Martins: o impacto do autismo na família”


3 AS CONVIVÊNCIAS
FAMILIARES DO AUTISTA

Como sugestão de leitura para complementar seus estudos nesta etapa do cur-
so, indicamos o livro Autismo: ajudando famílias, do professor Marcelo Martins.
Clique aqui para ter acesso à dissertação de mestrado que deu origem à obra.
4 AS CONVIVÊNCIAS
ESCOLARES DO AUTISTA
Outra indicação de leitura para esta etapa está na obra de Carlos Schmidt (Org.),
intitulado Autismo, Educação e Transdisciplinaridade. Clique aqui para ter aces-
so à obra virtual.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS

REFERÊNCIAS

MATERIAIS
COMPLEMENTARES Continue Lendo 41

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