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o 93 — 21-4-1998
3 — A equipa de segurança no trabalho deve dispor 2 — A fiscalização deve ser informada com antece-
de assessores nas várias áreas, designadamente médicos dência suficiente do início da execução de cada trabalho.
do trabalho e técnicos de segurança. 3 — Compete ao empreiteiro a conservação dos mar-
cos e outros elementos de apoio às implantações, bem
como a substituição dos que, por necessidade de tra-
SECÇÃO II
balho, tiverem de ser suprimidos.
Desenvolvimento das actividades de construção
Artigo 12.o
Artigo 9.o
Medições
Plano de construção
1 — O plano de construção é constituído pelo pro- 1 — Para efeitos de medição, nenhum trabalho pode
jecto de execução, caderno de encargos e programa de ser iniciado sem que, previamente, tenham sido esta-
trabalhos. belecidos os perfis definidores do terreno ou da situação
2 — Os elementos que integram o projecto de exe- de partida.
cução são os referidos no artigo 15.o das Normas de 2 — Os critérios gerais de avaliação dos trabalhos,
Projecto de Barragens (NPB). de medições e respectivos pagamentos devem ser dis-
3 — O caderno de encargos deve incluir as cláusulas criminados no caderno de encargos.
técnicas e os desenhos necessários para garantir a qua-
lidade na construção. Artigo 13.o
4 — O programa de trabalhos, que se destina a asse-
gurar uma coordenação eficaz da execução da obra, Acessos e comunicações
deve: 1 — A instalação do estaleiro e a execução das obras
a) Apresentar a sequência de todas as actividades não devem prejudicar a circulação na rede viária
desenvolvidas, especificando o tempo previsto existente.
para cada uma delas, as respectivas datas para 2 — As vias de circulação no estaleiro e os acessos
início e conclusão e as interdependências das às frentes de trabalho, realizados pelo dono da obra
diferentes tarefas; ou pelos empreiteiros, são utilizáveis por todos os inter-
b) Atender às implicações das condições meteo- venientes na construção.
rológicas e hidrológicas na fixação dos prazos; 3 — Constituem obrigações do dono da obra em
c) Procurar que o desvio provisório, quando em matéria de acessos e comunicações:
canal ou túnel, seja realizado em estiagem; a) Promover que os acessos e vias de circulação
d) Prever a instalação dos empreiteiros, dos labo- sejam mantidos em bom estado de conservação
ratórios para recepção e controlo dos materiais, e de limpeza;
outras instalações necessárias à obra e a rea- b) Zelar pelo cumprimento da legislação relativa
lização dos acessos e reposição das vias de às obras e obstáculos ocasionais na via pública;
comunicação; c) Promover que seja assegurada iluminação ade-
e) Permitir que o controlo de segurança da obra quada nos acessos e vias de circulação referidos
possa ser realizado sem prejuízo do ritmo da no número anterior;
construção. d) Dotar o estaleiro de comunicações com o exte-
rior, nomeadamente por via telefónica e rádio.
Artigo 10.o
Materiais a empregar e suas fontes de fornecimento Artigo 14.o
1 — Os materiais utilizados na construção devem Estaleiro
satisfazer as exigências do projecto, respeitando as pro-
priedades e os ensaios laboratoriais de caracterização 1 — A localização do estaleiro e a definição das áreas
estipulados pelo caderno de encargos e pelos regula- a ocupar pelo dono da obra, empreiteiros e fornecedores
mentos, normas e especificações oficiais portuguesas. devem atender à dimensão e complexidade da obra e
2 — O estaleiro deve ser dotado com um laboratório ainda aos aspectos seguintes:
ajustado à importância do empreendimento, destinado a) Acessibilidade ao exterior;
a efectuar os ensaios correntes de caracterização de b) Acessibilidade às frentes de trabalho;
materiais previstos no caderno de encargos. c) Minimização do impacte provocado pela cons-
3 — Os restantes ensaios devem ser efectuados por trução;
um laboratório oficial ou outro reconhecido pela Auto- d) Possibilidade de abastecimento de água potável
ridade. e não potável, energia eléctrica e ar comprimido.
tações, devem ser adequadas às suas finalidades e obede- 4 — Os locais para depósito de materiais sobrantes
cer à regulamentação aplicável. devem ser escolhidos de modo que:
4 — Constituem obrigações do dono da obra:
a) Não prejudiquem o curso natural do rio;
a) Dotar o estaleiro com redes de abastecimento b) Não prejudiquem o funcionamento das tomadas
de água, energia eléctrica e ar comprimido; de água e dos órgãos de descarga e de res-
b) Estabelecer e fazer cumprir a regulamentação tituição;
para funcionamento do estaleiro; c) Não agravem o efeito das cheias;
c) Assegurar que as instalações provisórias e estru- d) Não originem instabilidade de taludes;
turas auxiliares sejam removidas até ao final dos e) Não dificultem a observação;
trabalhos; f) Minimizem os aspectos negativos do impacte
d) Promover, antes da conclusão das obras, a regu- ambiental.
larização dos taludes e plataformas e, dentro
do possível, que seja restituído o aspecto natural
aos locais afectados pela construção. Artigo 17.o
Estratégia de construção com desvio provisório
Artigo 15.o
Pedreiras e outras zonas de empréstimo 1 — A derivação provisória tem por objectivo desviar
o rio do seu curso natural, de modo a possibilitar a
1 — No início da construção devem ser efectuados realização da obra em condições de segurança, devendo
trabalhos de reconhecimento das pedreiras, depósitos a solução a adoptar ter em atenção os aspectos seguintes:
aluvionares e outros solos destinados ao fornecimento
de materiais utilizados como agregados no fabrico de a) Área e regime hidrológico da bacia hidrográfica;
betões, argamassas, enrocamentos e aterros, para con- b) Condições morfológicas e geológicas do local;
firmação das suas condições de exploração e das pro- c) Tipo de barragem a construir;
priedades dos materiais. d) Consequências da ruptura de qualquer parte da
2 — Após a sua exploração, as pedreiras e outras obra.
zonas de empréstimo devem ser objecto de tratamento
que minimize os aspectos de impacte ambiental. 2 — Nos casos em que a derivação provisória implique
a necessidade de túneis ou canais, deve respeitar-se a
Artigo 16.o seguinte sequência de operações:
Escavações e depósitos a) Construção das ensecadeiras de protecção das
1 — As escavações devem ser executadas até às cotas bocas de entrada e de saída dos órgãos de desvio
definidas no projecto, preservando a qualidade do e abertura destes;
maciço, para o que: b) Construção da estrutura da boca de entrada;
c) Demolição das ensecadeiras referidas na alí-
a) Em maciços rochosos, numa primeira fase, que nea a);
não deve atingir a superfície final, pode recor- d) Construção de uma pré-ensecadeira a montante
rer-se a explosivos, desde que a sua utilização do local da barragem e, seguidamente, da ense-
seja devidamente controlada; cadeira de jusante;
b) Para prevenir a meteorização do maciço deve e) Esgoto da água contida no local dos trabalhos;
fazer-se a remoção da rocha sobrante por meios f) Construção da ensecadeira de montante;
adequados, em data próxima da colocação de g) Construção da barragem e órgãos de segurança
betões ou aterros. e exploração.
2 — As escavações devem ser acompanhadas por téc-
nicos com formação apropriada. 3 — Nos casos em que a solução adoptada para o
3 — As acções principais a desenvolver durante e após desvio do rio é constituída por recintos ensecados cons-
as escavações são as seguintes: truídos sucessivamente, deve respeitar-se a seguinte
sequência de operações:
a) Levantamento geológico e geotécnico dos maci-
ços, indicando, nomeadamente, falhas, filões, a) Criação de uma zona ensecada junto a uma das
planos de estratificação, enchimentos das des- margens, durante a primeira estiagem, eventual-
continuidades, zonas de heterogeneidade e res- mente complementada com a abertura de um
surgências, e sua comparação com as previsões canal lateral;
do projecto; b) Esgoto da água contida na área ensecada,
b) Detecção e controlo de problemas de estabi- seguido da construção dos elementos de obra
lidade decorrentes das escavações ou que as difi- situados no seu interior, providos de órgãos de
cultem e estudo das medidas a tomar para a descarga, tais como orifícios, descargas de
sua resolução; fundo, blocos em atraso ou descarregadores
c) Definição de sondagens e ensaios complemen- definitivos;
tares que se afigurem necessários e interpre- c) Demolição da ensecadeira e criação de uma
tação dos resultados obtidos; zona ensecada contígua à primeira;
d) Controlo da evolução de ressurgências durante d) Repetição sucessiva das operações referidas nas
a construção; duas últimas alíneas até ao fecho completo do
e) Preparação de um relatório descrevendo os tra- rio;
balhos efectuados e os aspectos que se revistam e) Obturação dos orifícios deixados no corpo da
de importância para a segurança da obra. barragem.
1764 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.o 93 — 21-4-1998
4 — Nos casos em que a derivação provisória não de espera, os processos de vibração e de compactação
assegure a passagem da totalidade dos caudais de cheia do betão e a pressão a utilizar nas injecções de ligação.
deve-se: 3 — Caso existam equipamentos susceptíveis de fun-
cionar durante o período de construção, deve o dono
a) Adoptar ensecadeiras galgáveis de fácil cons-
da obra estabelecer um plano com instruções de manu-
trução e demolição;
tenção e conservação, de ensaio e de manobra de
b) Definir as cotas de coroamento das ensecadeiras
emergência.
tendo em atenção a cota da boca de entrada
dos órgãos de desvio, os caudais máximos a des-
viar e os níveis naturais do rio; Artigo 20.o
c) Prever, em barragens de betão, orifícios, even- Instalações eléctricas de estaleiro
tualmente em concordância com as futuras des-
cargas de fundo, e deixar blocos em atraso para 1 — As instalações eléctricas a utilizar, quer sejam
descarregar os caudais mais elevados; de força motriz, iluminação, usos gerais ou telecomu-
d) Adoptar, em barragens de enrocamento, dispo- nicações, devem ser realizadas em estrita concordância
sições que defendam o paramento de jusante com os respectivos projectos e regulamentos oficiais.
de erosão ou de qualquer instabilidade resul- 2 — As instalações de iluminação geral devem garan-
tante de galgamento devido a cheias excepcio- tir os níveis de iluminação recomendados por regula-
nais durante a construção; mentos específicos.
e) Dotar o estaleiro com equipamento de bom- 3 — O dono da obra deve promover a instalação de
bagem com capacidade para proceder rapida- um sistema de telecomunicações eficaz, permitindo que
mente ao esgoto da água resultante de uma os trabalhos decorram com eficiência e segurança e
inundação da zona ensecada. garantindo a possibilidade de difusão de alarme em caso
de emergência.
4 — O dono da obra deve providenciar a permanência
Artigo 18.o de técnicos responsáveis pela exploração das instalações
Desarborização e desmatagem da albufeira
eléctricas de estaleiro, de modo a garantir que se man-
tenham em bom estado de conservação e sejam con-
1 — A desarborização e a desmatagem consistem em duzidas por pessoal devidamente habilitado.
retirar as árvores, arbustos, mato e folhagens dos ter-
renos da albufeira de modo a preservar a qualidade
da água armazenada e a permitir a exploração em con- CAPÍTULO III
dições de segurança. Normas para barragens de betão e alvenaria
2 — A desarborização e a desmatagem devem ser pre-
cedidas de um levantamento que identifique o tipo, den- SECÇÃO I
sidade e distribuição da vegetação, a morfologia e cober- Materiais para barragens de betão
tura dos solos e as condições de acesso aos vários locais.
3 — A remoção dos produtos resultantes da desar- Artigo 21.o
borização e desmatagem deve ser efectuada para locais
Inertes e granulometrias
protegidos das cheias e situados fora dos limites da
albufeira. 1 — Os inertes utilizados no fabrico de betões devem
4 — A queima de produtos resultantes da desarbo- obedecer às disposições normativas e regulamentares
rização e desmatagem deve ser efectuada em locais e aplicáveis e ao caderno de encargos e ser sujeitos,
recorrendo a meios que minimizem os riscos de incêndio nomeadamente, a:
e de poluição.
a) Inspecção visual para verificação do seu estado
geral, forma e limpeza;
Artigo 19.o b) Lavagem, para retirar todas as sujidades e maté-
Equipamentos ria orgânica;
c) Selecção, de acordo com as classes granulo-
1 — Os componentes fixos dos equipamentos mecâ- métricas;
nicos devem estar aptos a suportar os esforços e garantir d) Armazenagem em local de fácil acesso e pro-
uma eficaz vedação, para o que é necessário assegurar tegido das acções atmosféricas;
durante a construção: e) Ensaios de controlo sobre amostras colhidas na
a) A montagem, fixação e ligação dos vários ele- origem para cumprimento do estipulado nas dis-
mentos entre si e destes às armaduras ou ao posições normativas e regulamentares aplicáveis
betão de primeira fase, em estrita obediência e para determinação da granulometria, peso
ao projecto do respectivo equipamento; volúmico e coeficiente de forma.
b) A manutenção da forma e da posição das peças
fixas durante as operações de betonagem, de 2 — A influência dos inertes na qualidade dos betões
envolvimento ou de selagem. exige:
a) Fiscalização das acções referidas no número
2 — O programa de trabalhos e o plano de betonagem anterior;
devem considerar os condicionamentos relativos aos b) Ensaios para determinação do módulo de finura
equipamentos estabelecidos nos respectivos desenhos de dos materiais armazenados nos silos principais;
projecto e planos de montagem, devendo definir-se o c) Ensaios para determinação dos teores em água
tipo de betões, as fases de betonagem, as alturas das e matéria orgânica dos materiais que se encon-
camadas de betonagem e os respectivos tempos limite tram nos silos da instalação de fabrico de betão.
N.o 93 — 21-4-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B 1765
Artigo 45.o
SECÇÃO IV
Cofragens
Barragens de alvenaria
1 — As cofragens utilizadas são em regra especiais,
nomeadamente blocos ou painéis amovíveis, podendo
no entanto recorrer-se a cofragens convencionais devi- Artigo 49.o
damente adaptadas. Materiais para alvenarias
2 — As cofragens e respectivas estruturas de suporte
não devem impedir a fácil movimentação dos equipa- 1 — As pedras a utilizar em alvenarias devem satis-
mentos de compactação nem restringir excessivamente fazer as especificações do caderno de encargos, nomea-
o acesso às áreas de trabalho. damente:
a) Ser compactas e resistentes aos agentes atmos-
o féricos;
Artigo 46.
b) Possuir textura uniforme e resistência mecânica
Juntas de contracção e seu tratamento adequada;
c) Apresentar a superfície limpa de materiais ade-
1 — Nas barragens de BCC podem prever-se juntas
rentes e sem irregularidades que dificultem uma
de contracção do tipo convencional.
boa colocação.
2 — Caso não tenham sido previstas juntas de con-
tracção do tipo convencional, podem ainda materiali-
2 — A influência das características das argamassas
zar-se superfícies de descontinuidade com desenvolvi-
no comportamento das alvenarias aconselha que aquelas
mento transversal por corte de cada camada após beto-
sejam confeccionadas com os devidos cuidados, de que
nagem ou mediante dispositivos indutores de fendas.
se destacam:
3 — O tratamento por injecções das juntas de con-
tracção ou eventuais fendas espontâneas com desen- a) A composição deve ser estudada laboratorial-
volvimento transversal será efectuado, quando neces- mente, à semelhança dos betões para barragens,
sário, por meio de furos executados a partir dos para- de modo que sejam asseguradas propriedades
mentos ou de galerias. adequadas;
1770 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.o 93 — 21-4-1998
b) Não deve ser acrescentada água após concluída c) Avaliar a evolução das características do maciço
a amassadura. nas diferentes fases do tratamento, possibili-
tando adequar o projecto à realidade;
Artigo 50.o d) Estabelecer situações de referência no final dos
trabalhos e do primeiro enchimento com as
Execução das alvenarias
quais serão comparadas situações em fase de
1 — As alvenarias devem ser executadas de acordo exploração.
com as especificações do caderno de encargos, nomea-
damente as seguintes: 2 — O controlo referido no n.o 1 deve ser assegurado
através de:
a) As pedras devem ser cuidadosamente limpas,
lavadas e posicionadas sobre uma camada pouco a) Inspecção visual da superfície da rocha, das jun-
espessa de argamassa, devendo esta ser também tas da barragem e da intersecção dos paramen-
colocada entre pedras vizinhas da mesma tos com a fundação;
camada; b) Detecção de comunicações eventuais entre furos
b) Durante a construção deve limitar-se a diferença que não tenham sido previstas;
de altura entre pedras vizinhas de uma mesma c) Análise dos registos das pressões de injecção
camada para evitar assentamentos diferenciais; e das absorções em cada furo e sua comparação
c) Nos casos em que entre a colocação da arga- com os resultados de ensaios de permeabilidade;
massa e o posicionamento dos blocos tenha d) Interpretação dos resultados de observação com
decorrido um período de tempo significativo, vista à detecção de eventuais movimentos anó-
a superfície da argamassa deve ser picada, malos na barragem e na fundação.
lavada com jacto de água e recoberta com nova
camada, rica em cimento; 3 — A fiscalização deve mandar suspender os traba-
d) As superfícies devem ser mantidas húmidas lhos e informar o projectista sempre que sejam detec-
durante os três dias que se seguem à sua tadas situações anómalas.
execução. 4 — A avaliação da evolução das características do
maciço deve ser feita comparando com valores iniciais
2 — A execução das alvenarias deve ser suspensa os resultados de ensaios de permeabilidade e geofísicos,
durante os períodos de frio intenso, protegendo-se con- realizados em diferentes fases do tratamento, em locais
venientemente a estrutura recém-construída. característicos da fundação definidos com base no
estudo da sua compartimentação.
SECÇÃO V
Fundações e seu tratamento CAPÍTULO IV
o
Artigo 51. Barragens de aterro
Consolidação, impermeabilização e drenagem da fundação
Artigo 53.o
1 — A consolidação tem por objectivo proporcionar
ao maciço de fundação características mecânicas ade- Materiais para aterros
quadas ao bom comportamento estrutural do conjunto
barragem-fundação. 1 — Nas zonas dos empréstimos devem ser realizados
2 — A impermeabilização é um tratamento destinado trabalhos na fase inicial da obra com vista a verificar
a controlar a percolação da água na fundação. a adequação dos equipamentos de escavação e remoção,
3 — A drenagem destina-se a recolher a água de per- sendo ainda de notar que:
colação do maciço de modo a reduzir para valores con-
a) Em solos residuais é frequente que a acção dos
venientes a subpressão na base da barragem e nas super-
equipamentos de escavação condicione a gra-
fícies de deslizamento potencial do maciço.
nulometria dos materiais;
4 — Os procedimentos a adoptar durante a conso-
b) Em muitos casos é vantajoso proceder a uma
lidação, impermeabilização e drenagem da fundação
rega dos materiais nos empréstimos acompa-
devem ser definidos no projecto e caderno de encargos
nhando as operações de escavação.
de acordo com o tipo e dimensões da barragem e as
particularidades do maciço de fundação, nomeadamente
a alteração das rochas constituintes, seu diaclasamento, 2 — Na fase inicial de exploração das pedreiras ou
estratificação, xistosidade e as falhas, filões e cavernas de escavação para os órgãos hidráulicos deve ajustar-se
eventualmente existentes. o programa das pegas de fogo de modo a obter as gra-
nulometrias adequadas, utilizando as menores cargas
específicas de explosivo em face das características de
Artigo 52.o
cominuição do maciço rochoso.
Controlo da consolidação e impermeabilização da fundação 3 — As barragens de enrocamento são, em regra,
constituídas por materiais de diferentes granulometrias,
1 — O controlo dos trabalhos de consolidação e
pelo que deve proceder-se, na pedreira, à separação
impermeabilização da fundação deve ser definido no
dos materiais e à sua colocação em depósito antes da
projecto e no caderno de encargos e tem por objectivos:
construção dos aterros.
a) Garantir a estabilidade da barragem e do maciço 4 — Os trabalhos nos empréstimos referidos nos n.os 1
de fundação durante as injecções; e 2 devem ser aproveitados para confirmação dos volu-
b) Reduzir as fugas dos produtos de injecção; mes e características dos materiais previstos no projecto.
N.o 93 — 21-4-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B 1771
Artigo 55.o
Artigo 58.o
Filtros
Materiais diversos
1 — Os materiais para filtros devem obedecer ao
caderno de encargos, nomeadamente: As características dos diversos materiais a utilizar nas
obras de aterro, tais como cimento, aço e betão e, se
a) Possuir composição mineralógica que confira for caso disso, revestimentos vegetais, solo-cimento,
conveniente resistência à alteração e ao esma- betão betuminoso, geomembranas e geotêxteis, devem
gamento; obedecer às disposições do caderno de encargos e às
b) Apresentar adequadas composições granulomé- prescrições dos regulamentos em vigor.
tricas.
Artigo 59.o
2 — Durante a execução dos filtros devem adoptar-se
técnicas construtivas de modo a evitar: Preparação das fundações
a) A contaminação do material do filtro com solos 1 — Na fase inicial dos trabalhos de construção deve
finos e caldas de injecção usadas na consoli- efectuar-se um reconhecimento pormenorizado das fun-
dação ou impermeabilização da fundação; dações visando complementar a informação obtida em
b) A segregação granulométrica dos materiais, estudos anteriores, designadamente quanto às anisotro-
sobretudo quando o coeficiente de uniformi- pias de resistência, de deformabilidade e de permea-
dade é elevado. bilidade.
2 — Em casos especiais devem ser tomados os seguin-
3 — No caso de utilização de geotêxteis, estes devem tes cuidados:
possuir durabilidade e ainda as características adequadas a) Durante a preparação das fundações, se forem
aos materiais a filtrar, nomeadamente porosidade, detectadas ressurgências ou nascentes, deve
admissividade (permeabilidade perpendicular à super- proceder-se à sua captação, com filtros adequa-
fície do geotêxtil) e transmissividade (permeabilidade dos e drenos com a capacidade necessária para
ao longo do plano do geotêxtil). que as subpressões sejam sempre inferiores às
pressões totais dos aterros sobrejacentes;
Artigo 56.o b) Em terrenos rochosos, se a superfície exposta
nos níveis de fundação, após saneamento, apre-
Protecção dos paramentos senta cavidades e irregularidades, estas devem
Os paramentos de barragens de aterro, em especial ser preenchidas com betão, de forma a criar
os de montante, são frequentemente protegidos com uma superfície de fundação de razoável regu-
enrocamentos, sendo de atender a que: laridade;
c) Em terrenos que sofrem rápida deterioração
a) Os materiais devem ser submetidos aos ensaios quando em contacto com o ar, a remoção da
previstos no caderno de encargos, designada- última camada de cobertura da fundação deve
mente os que têm por objectivo avaliar a sua ser feita por zonas pouco extensas, rapidamente
durabilidade e granulometria; cobertas por uma camada pouco espessa de
b) Os materiais devem ser seleccionados quando betão de limpeza, que, por sua vez, não deve
se proceder ao carregamento na zona de estar exposto durante muito tempo.
empréstimo;
c) A colocação dos revestimentos deve acompa- 3 — Durante a preparação da fundação e previa-
nhar a construção dos aterros, com o principal mente à colocação dos aterros, deve proceder-se ao
objectivo de assegurar protecção contra ravi- levantamento de pormenor da superfície da fundação,
namentos. assinalando os locais e aspectos com particular incidên-
cia no comportamento da obra, designadamente falhas,
diaclases, ressurgências, nascentes e zonas constituídas
Artigo 57.o por solos ou rochas alteradas.
Elementos de estanquidade no paramento de montante
dação, que, numa obra extensa, poderá realizar-se por no projecto, o que obriga a um cuidadoso acompanha-
zonas, daquela resultando autorização para iniciar a mento por parte do autor do projecto e da fiscalização,
colocação ou, quando necessário, a indicação das medi- devendo as alterações significativas ser registadas no
das para corrigir situações anómalas. livro técnico da obra.
2 — Durante a colocação dos aterros deve atender-se 2 — O tipo de tratamento mais comum consiste na
a que: execução de injecções de caldas de cimento, mas há
a) A colocação de qualquer camada seja precedida outros tipos de tratamento com os quais, em certos ter-
da aprovação das condições de compactação da renos, se obtêm melhores resultados, salientando-se,
camada anterior e, quando se tenha verificado entre eles:
uma interrupção dos trabalhos, de inspecção a) Para consolidação, vibro-flutuação, compacta-
prévia; ção dinâmica, explosivos e inclusões por estacas
b) Os aterros adjacentes a encontros rochosos ou de areia ou de brita;
a estruturas hidráulicas, no caso da utilização b) Para impermeabilização, paredes moldadas e
de solos argilosos, sejam compactados com teor
injecções de argila-cimento, de silicatos e de
em água em excesso relativamente ao óptimo
resinas.
determinado de acordo com o caderno de
encargos;
c) Em solos argilosos é fundamental adoptar pro- 3 — A execução dos tratamentos mencionados impõe
gramas de trabalho que não impliquem contac- cuidados especiais para preservar as condições de fun-
tos subverticais de aterros de idades diferentes; cionalidade dos filtros e drenos da barragem.
d) Os percursos dos equipamentos sobre o aterro
sejam variados para não criar zonas diferen- Artigo 63.o
ciadas.
Controlo da consolidação e impermeabilização
3 — Devem registar-se no livro técnico da obra todas das fundações
as anomalias ou outros factos de interesse para a segu- 1 — Durante a execução dos ensaios de absorção de
rança da obra, tais como:
água e das injecções, deve garantir-se:
a) Interrupções prolongadas e suas causas;
a) A verificação das características dos materiais
b) Utilização de materiais não previstos no pro-
e respectivos componentes usados nas injecções;
jecto e sua justificação;
c) Galgamentos da obra e suas consequências; b) O cumprimento das especificações relativas às
d) Ocorrência de escorregamentos ou queda de pressões de ensaio ou de injecção, de prefe-
taludes de escavações; rência registadas automaticamente;
e) Mudanças de equipamentos de transporte e c) O cumprimento das especificações, iniciais ou
compactação e sua justificação. resultantes de alterações, relativas aos espaça-
mentos, orientações e profundidades dos furos;
d) O controlo e registo das quantidades dos mate-
Artigo 61.o riais absorvidos nas injecções, referindo-os aos
Controlo da construção furos correspondentes;
e) A verificação das condições de funcionamento
1 — Nos solos e nos enrocamentos devem ser efec- dos equipamentos durante as injecções.
tuados ensaios de controlo de compactação, com a fre-
quência especificada no projecto e caderno de encargos 2 — Para verificação da eficiência dos tratamentos
e sempre que a fiscalização o determine, contemplando: citados na alínea a) do n.o 2 do artigo anterior, deve
a) Para solos, o grau de compactação e o desvio determinar-se, por meio de ensaios in situ, a compa-
do teor em água em relação ao óptimo; cidade final obtida, e efectuar ainda:
b) Para enrocamentos, o peso volúmico e a com- a) Na vibro-flutuação, o registo contínuo da ener-
posição granulométrica; gia consumida pelo equipamento que actua o
c) Para materiais de filtros, a compacidade relativa vibrador e, sempre que possível, a medição dos
e a composição granulométrica.
assentamentos da superfície do solo;
b) Na compactação dinâmica, a medição regular
2 — Embora com menor frequência, devem também dos assentamentos da superfície do solo durante
ser efectuados ensaios para controlo da resistência ao o tratamento.
corte, da deformabilidade e da permeabilidade.
3 — A execução dos ensaios referidos no n.o 1 deve
ser precedida de observação visual das camadas, de 3 — No caso de paredes moldadas é essencial verificar
modo a verificar a sua homogeneidade, condição essen- a sua estanquidade e ainda a das juntas entre painéis,
cial para que os ensaios tenham significado. pelo que, previamente, deve ser proposto o método pre-
conizado para aquelas verificações.
4 — Os registos e os elementos resultantes do pro-
Artigo 62.o cessamento dos dados relevantes obtidos durante os tra-
Consolidação e impermeabilização das fundações balhos devem estar na posse da fiscalização e disponíveis
para apreciação por parte da Autoridade, do LNEC,
1 — O tratamento das fundações de barragens pode do autor do projecto e dos outros responsáveis pela
sofrer alterações importantes relativamente ao previsto segurança da obra.