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1760 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.

o 93 — 21-4-1998

MINISTÉRIOS DA DEFESA NACIONAL, DA ADMI- de Segurança de Barragens (RSB), aprovado pelo


NISTRAÇÃO INTERNA, DO EQUIPAMENTO, DO Decreto-Lei n.o 11/90, de 6 de Janeiro, ao abrigo do
disposto no seu artigo 46.o, e tem por objecto os prin-
PLANEAMENTO E DA ADMINISTRAÇÃO DO TER- cípios e critérios gerais que devem presidir à sua cons-
RITÓRIO, DA ECONOMIA, DA AGRICULTURA, trução, por forma a garantir a segurança das obras.
DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS 2 — Por construção entende-se o conjunto de acti-
E DO AMBIENTE. vidades que permitem realizar as obras, com base nos
projectos aprovados, de tal forma que seja garantida
Portaria n.o 246/98 a sua qualidade.
3 — Consideram-se também actividades de constru-
de 21 de Abril ção as relativas a reforço, demolição e abandono de
O Regulamento de Segurança de Barragens, apro- barragens.
vado pelo Decreto-Lei n.o 11/90, de 6 de Janeiro, deter-
mina, com vista à sua boa execução, a elaboração de Artigo 2.o
normas relativas ao projecto, à construção, à exploração
e à observação e inspecção de barragens. Âmbito de aplicação
As Normas de Construção de Barragens dão cum- As presentes Normas aplicam-se às barragens abran-
primento, na parte que lhes cabe, àquela disposição gidas pelo artigo 2.o do RSB.
legal, estabelecendo os princípios gerais que devem
orientar as actividades de construção de barragens que
permitam realizar as obras, com base no projecto apro- CAPÍTULO II
vado, de forma a garantir a sua qualidade e ainda as
actividades de construção relativas a reforço, demolição Normas gerais
e abandono de barragens.
Na elaboração destas Normas foram tidas em conta SECÇÃO I
a experiência portuguesa e as orientações recentes defi-
nidas pelos organismos internacionais competentes. Organização e controlo das actividades de construção
Manda o Governo, pelos Ministros da Defesa Nacio-
nal, da Administração Interna, do Equipamento, do Pla- Artigo 3.o
neamento e da Administração do Território, da Eco- Director técnico da obra
nomia, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das
Pescas e do Ambiente, ao abrigo do disposto no 1 — O director técnico da obra é o responsável pelas
artigo 46.o do Regulamento de Segurança de Barragens, actividades de construção e pela coordenação, no local
que integra o Decreto-Lei n.o 11/90, de 6 de Janeiro, da obra, destas actividades com as de controlo de
aprovar as Normas de Construção de Barragens, que segurança.
se publicam em anexo à presente portaria e que dela 2 — A sua designação é efectuada pelo dono da obra,
fazem parte integrante. que a submete a aprovação da Autoridade, nos termos
do artigo 9.o do RSB.
Ministérios da Defesa Nacional, da Administração 3 — De acordo com o RSB, constituem obrigações
Interna, do Equipamento, do Planeamento e da Admi- do director técnico:
nistração do Território, da Economia, da Agricultura,
do Desenvolvimento Rural e das Pescas e do Ambiente. a) Assegurar a execução da obra em conformidade
com o projecto e caderno de encargos;
Assinada em 30 de Março de 1998. b) Manter actualizado o livro técnico e, com base
nos lançamentos nele efectuados, elaborar tri-
O Ministro da Defesa Nacional, José Veiga mestralmente um boletim informativo resu-
Simão. — O Ministro da Administração Interna, Jorge mindo as principais ocorrências, que enviará à
Paulo Sacadura Almeida Coelho. — O Ministro do Equi- Autoridade e ao dono da obra.
pamento, do Planeamento e da Administração do Ter-
ritório, João Cardona Gomes Cravinho. — O Ministro
4 — Constituem ainda obrigações do director técnico:
da Economia, Joaquim Augusto Nunes de Pina
Moura. — O Ministro da Agricultura, do Desenvolvi- a) Promover que o autor do projecto seja infor-
mento Rural e das Pescas, Fernando Manuel Van-Zeller mado de alterações que se tenham revelado
Gomes da Silva. — A Ministra do Ambiente, Elisa necessárias na construção e acompanhá-lo nas
Maria da Costa Guimarães Ferreira. suas visitas à obra;
b) Participar nas visitas de inspecção efectuadas
ANEXO pela Autoridade e pelo Laboratório Nacional
de Engenharia Civil (LNEC), assinar as actas
NORMAS DE CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS respectivas e lançá-las no livro técnico da obra;
c) Organizar e manter actualizado o arquivo téc-
CAPÍTULO I
nico da obra;
Introdução d) Enviar mensalmente aos responsáveis pelo con-
trolo de segurança um relato sucinto referindo
Artigo 1.o as ocorrências significativas verificadas desde a
Objecto das Normas
elaboração do último relato;
e) Tomar conhecimento de todos os documentos
1 — As presentes Normas de Construção de Barra- relativos ao controlo de segurança entrados e
gens (NCB) destinam-se a dar execução ao Regulamento saídos do estaleiro.
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Artigo 4.o viabilizar alterações que proponham à programação


Livro técnico da obra
contratual.

1 — O livro técnico da obra é paginado e selado pela Artigo 7.o


Autoridade e nele são registadas as ocorrências com
Controlo de segurança estrutural
interesse do ponto de vista da segurança e é mantido
actualizado pelo director técnico da obra. 1 — O controlo de segurança estrutural tem por
2 — As entidades competentes para efectuar lança- objectivo evitar situações que possam originar incidentes
mentos no livro técnico da obra são a Autoridade, o ou acidentes e minimizar os seus efeitos.
LNEC, o autor do projecto, os consultores e o director 2 — O controlo de segurança estrutural é exercido:
técnico da obra.
3 — Os elementos relativos à actividade de constru- a) Pela Autoridade, através da fiscalização perma-
ção a incluir no livro técnico da obra são, entre outros, nente da construção e da realização das ins-
os seguintes: pecções regulamentares;
b) Pelo LNEC, através do acompanhamento da
a) Actas das inspecções regulamentares; execução do plano de observação;
b) Informações sobre as deteriorações detectadas c) Pelo corpo técnico do dono da obra encarregado
pelas inspecções visuais de rotina; da fiscalização do cumprimento do projecto,
c) Relatos sucintos de eventuais comportamentos caderno de encargos, plano de observação e
anómalos; Normas de Observação e Inspecção de Barra-
d) Informações sobre ocorrências não previstas no gens (NOIB).
projecto que se revistam de interesse para o
comportamento da obra, tais como as conse- 3 — Por forma que o controlo de segurança estrutural
quências de eventuais galgamentos, de avarias não prejudique o ritmo de construção, o dono da obra
de equipamento, de alterações ao programa de deve assegurar que:
trabalhos e de substituições de materiais refe- a) O programa de trabalhos contemple a colocação
ridos no caderno de encargos. da aparelhagem de observação;
b) O empreiteiro da obra colabore na instalação
Artigo 5.o e manutenção do sistema de observação, facilite
a sua exploração e seja responsabilizado pelos
Arquivo técnico da obra
atrasos que cause no cumprimento do programa
1 — O arquivo técnico da obra é organizado de de trabalhos e pelas avarias dos equipamentos
acordo com o estabelecido no artigo 25.o do RSB. de observação;
2 — Durante a fase de construção, o arquivo técnico c) A aquisição dos equipamentos e dispositivos de
deve estar localizado em instalações do estaleiro ade- observação seja efectuada com a antecedência
quadas à sua utilização e boa conservação, sendo da suficiente.
responsabilidade do director técnico da obra mantê-lo
permanentemente actualizado. 4 — O dono da obra, para garantir as verificações
3 — O arquivo técnico da obra deve estar à disposição e a colocação e exploração do sistema de observação,
da Autoridade e ser facultado ao LNEC, autor do pro- deve dispor de:
jecto e consultores. a) Instalações apropriadas para a realização de
ensaios, manutenção e armazenagem dos equi-
Artigo 6.o pamentos de observação a colocar;
b) Acessos que permitam a circulação em condi-
Fiscalização ções de segurança em todos os locais em que
1 — A fiscalização da construção está a cargo da haja instalação ou leitura de aparelhagem
durante o período de construção;
Autoridade e do dono da obra, que deve dispor de um
c) Iluminação que possibilite a realização das lei-
corpo técnico responsável pela execução em conformi-
turas da aparelhagem de observação e a ins-
dade com o projecto e caderno de encargos.
pecção visual das superfícies expostas da obra;
2 — O corpo técnico, a constituir de acordo com a
d) Meios humanos e técnicos necessários à recolha,
importância da obra, actua sob orientação do director tratamento, transmissão e arquivo da infor-
técnico. mação.
3 — Constituem obrigações do corpo técnico respon-
sável pela fiscalização:
Artigo 8.o
a) Acompanhar a construção para que seja garan-
Segurança no trabalho
tida a sua qualidade;
b) Assegurar a coordenação dos trabalhos de cons- 1 — A segurança no trabalho tem por objectivo redu-
trução com os de observação do comporta- zir o número e a gravidade dos acidentes decorrentes
mento; das actividades envolvidas na construção, fiscalizar e,
c) Suspender qualquer trabalho que esteja a ser eventualmente, corrigir as condições de higiene do esta-
executado sem observância das prescrições leiro e controlar o estado de saúde do pessoal.
legais e regulamentares do projecto e caderno 2 — O dono da obra deve promover a constituição
de encargos. de uma equipa de segurança no trabalho, destinada a
acompanhar, coordenar e dinamizar as acções neces-
4 — A fiscalização deve estar apta a possuir os meios sárias à satisfação dos objectivos referidos no número
para averiguar se os empreiteiros têm capacidade para anterior.
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3 — A equipa de segurança no trabalho deve dispor 2 — A fiscalização deve ser informada com antece-
de assessores nas várias áreas, designadamente médicos dência suficiente do início da execução de cada trabalho.
do trabalho e técnicos de segurança. 3 — Compete ao empreiteiro a conservação dos mar-
cos e outros elementos de apoio às implantações, bem
como a substituição dos que, por necessidade de tra-
SECÇÃO II
balho, tiverem de ser suprimidos.
Desenvolvimento das actividades de construção
Artigo 12.o
Artigo 9.o
Medições
Plano de construção

1 — O plano de construção é constituído pelo pro- 1 — Para efeitos de medição, nenhum trabalho pode
jecto de execução, caderno de encargos e programa de ser iniciado sem que, previamente, tenham sido esta-
trabalhos. belecidos os perfis definidores do terreno ou da situação
2 — Os elementos que integram o projecto de exe- de partida.
cução são os referidos no artigo 15.o das Normas de 2 — Os critérios gerais de avaliação dos trabalhos,
Projecto de Barragens (NPB). de medições e respectivos pagamentos devem ser dis-
3 — O caderno de encargos deve incluir as cláusulas criminados no caderno de encargos.
técnicas e os desenhos necessários para garantir a qua-
lidade na construção. Artigo 13.o
4 — O programa de trabalhos, que se destina a asse-
gurar uma coordenação eficaz da execução da obra, Acessos e comunicações
deve: 1 — A instalação do estaleiro e a execução das obras
a) Apresentar a sequência de todas as actividades não devem prejudicar a circulação na rede viária
desenvolvidas, especificando o tempo previsto existente.
para cada uma delas, as respectivas datas para 2 — As vias de circulação no estaleiro e os acessos
início e conclusão e as interdependências das às frentes de trabalho, realizados pelo dono da obra
diferentes tarefas; ou pelos empreiteiros, são utilizáveis por todos os inter-
b) Atender às implicações das condições meteo- venientes na construção.
rológicas e hidrológicas na fixação dos prazos; 3 — Constituem obrigações do dono da obra em
c) Procurar que o desvio provisório, quando em matéria de acessos e comunicações:
canal ou túnel, seja realizado em estiagem; a) Promover que os acessos e vias de circulação
d) Prever a instalação dos empreiteiros, dos labo- sejam mantidos em bom estado de conservação
ratórios para recepção e controlo dos materiais, e de limpeza;
outras instalações necessárias à obra e a rea- b) Zelar pelo cumprimento da legislação relativa
lização dos acessos e reposição das vias de às obras e obstáculos ocasionais na via pública;
comunicação; c) Promover que seja assegurada iluminação ade-
e) Permitir que o controlo de segurança da obra quada nos acessos e vias de circulação referidos
possa ser realizado sem prejuízo do ritmo da no número anterior;
construção. d) Dotar o estaleiro de comunicações com o exte-
rior, nomeadamente por via telefónica e rádio.
Artigo 10.o
Materiais a empregar e suas fontes de fornecimento Artigo 14.o
1 — Os materiais utilizados na construção devem Estaleiro
satisfazer as exigências do projecto, respeitando as pro-
priedades e os ensaios laboratoriais de caracterização 1 — A localização do estaleiro e a definição das áreas
estipulados pelo caderno de encargos e pelos regula- a ocupar pelo dono da obra, empreiteiros e fornecedores
mentos, normas e especificações oficiais portuguesas. devem atender à dimensão e complexidade da obra e
2 — O estaleiro deve ser dotado com um laboratório ainda aos aspectos seguintes:
ajustado à importância do empreendimento, destinado a) Acessibilidade ao exterior;
a efectuar os ensaios correntes de caracterização de b) Acessibilidade às frentes de trabalho;
materiais previstos no caderno de encargos. c) Minimização do impacte provocado pela cons-
3 — Os restantes ensaios devem ser efectuados por trução;
um laboratório oficial ou outro reconhecido pela Auto- d) Possibilidade de abastecimento de água potável
ridade. e não potável, energia eléctrica e ar comprimido.

Artigo 11.o 2 — Em particular, a localização dos paióis deve ser


Implantação da obra
estudada por forma a mitigar as consequências resul-
tantes de acidentes, devendo o transporte e a arma-
1 — A implantação da obra é da responsabilidade do zenagem dos explosivos ser efectuados de acordo com
empreiteiro, que, partindo do sistema de apoio carto- as normas de segurança oficiais.
gráfico definido no projecto, estabelecerá os apoios com- 3 — As instalações destinadas a armazenagem, mon-
plementares necessários à boa execução das obras, tagem e reparação de equipamentos, ao laboratório de
devendo comunicar as respectivas coordenadas e cotas obra, a escritórios, a postos de primeiros socorros e
à fiscalização. as de carácter social, especialmente dormitórios e habi-
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tações, devem ser adequadas às suas finalidades e obede- 4 — Os locais para depósito de materiais sobrantes
cer à regulamentação aplicável. devem ser escolhidos de modo que:
4 — Constituem obrigações do dono da obra:
a) Não prejudiquem o curso natural do rio;
a) Dotar o estaleiro com redes de abastecimento b) Não prejudiquem o funcionamento das tomadas
de água, energia eléctrica e ar comprimido; de água e dos órgãos de descarga e de res-
b) Estabelecer e fazer cumprir a regulamentação tituição;
para funcionamento do estaleiro; c) Não agravem o efeito das cheias;
c) Assegurar que as instalações provisórias e estru- d) Não originem instabilidade de taludes;
turas auxiliares sejam removidas até ao final dos e) Não dificultem a observação;
trabalhos; f) Minimizem os aspectos negativos do impacte
d) Promover, antes da conclusão das obras, a regu- ambiental.
larização dos taludes e plataformas e, dentro
do possível, que seja restituído o aspecto natural
aos locais afectados pela construção. Artigo 17.o
Estratégia de construção com desvio provisório
Artigo 15.o
Pedreiras e outras zonas de empréstimo 1 — A derivação provisória tem por objectivo desviar
o rio do seu curso natural, de modo a possibilitar a
1 — No início da construção devem ser efectuados realização da obra em condições de segurança, devendo
trabalhos de reconhecimento das pedreiras, depósitos a solução a adoptar ter em atenção os aspectos seguintes:
aluvionares e outros solos destinados ao fornecimento
de materiais utilizados como agregados no fabrico de a) Área e regime hidrológico da bacia hidrográfica;
betões, argamassas, enrocamentos e aterros, para con- b) Condições morfológicas e geológicas do local;
firmação das suas condições de exploração e das pro- c) Tipo de barragem a construir;
priedades dos materiais. d) Consequências da ruptura de qualquer parte da
2 — Após a sua exploração, as pedreiras e outras obra.
zonas de empréstimo devem ser objecto de tratamento
que minimize os aspectos de impacte ambiental. 2 — Nos casos em que a derivação provisória implique
a necessidade de túneis ou canais, deve respeitar-se a
Artigo 16.o seguinte sequência de operações:
Escavações e depósitos a) Construção das ensecadeiras de protecção das
1 — As escavações devem ser executadas até às cotas bocas de entrada e de saída dos órgãos de desvio
definidas no projecto, preservando a qualidade do e abertura destes;
maciço, para o que: b) Construção da estrutura da boca de entrada;
c) Demolição das ensecadeiras referidas na alí-
a) Em maciços rochosos, numa primeira fase, que nea a);
não deve atingir a superfície final, pode recor- d) Construção de uma pré-ensecadeira a montante
rer-se a explosivos, desde que a sua utilização do local da barragem e, seguidamente, da ense-
seja devidamente controlada; cadeira de jusante;
b) Para prevenir a meteorização do maciço deve e) Esgoto da água contida no local dos trabalhos;
fazer-se a remoção da rocha sobrante por meios f) Construção da ensecadeira de montante;
adequados, em data próxima da colocação de g) Construção da barragem e órgãos de segurança
betões ou aterros. e exploração.
2 — As escavações devem ser acompanhadas por téc-
nicos com formação apropriada. 3 — Nos casos em que a solução adoptada para o
3 — As acções principais a desenvolver durante e após desvio do rio é constituída por recintos ensecados cons-
as escavações são as seguintes: truídos sucessivamente, deve respeitar-se a seguinte
sequência de operações:
a) Levantamento geológico e geotécnico dos maci-
ços, indicando, nomeadamente, falhas, filões, a) Criação de uma zona ensecada junto a uma das
planos de estratificação, enchimentos das des- margens, durante a primeira estiagem, eventual-
continuidades, zonas de heterogeneidade e res- mente complementada com a abertura de um
surgências, e sua comparação com as previsões canal lateral;
do projecto; b) Esgoto da água contida na área ensecada,
b) Detecção e controlo de problemas de estabi- seguido da construção dos elementos de obra
lidade decorrentes das escavações ou que as difi- situados no seu interior, providos de órgãos de
cultem e estudo das medidas a tomar para a descarga, tais como orifícios, descargas de
sua resolução; fundo, blocos em atraso ou descarregadores
c) Definição de sondagens e ensaios complemen- definitivos;
tares que se afigurem necessários e interpre- c) Demolição da ensecadeira e criação de uma
tação dos resultados obtidos; zona ensecada contígua à primeira;
d) Controlo da evolução de ressurgências durante d) Repetição sucessiva das operações referidas nas
a construção; duas últimas alíneas até ao fecho completo do
e) Preparação de um relatório descrevendo os tra- rio;
balhos efectuados e os aspectos que se revistam e) Obturação dos orifícios deixados no corpo da
de importância para a segurança da obra. barragem.
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4 — Nos casos em que a derivação provisória não de espera, os processos de vibração e de compactação
assegure a passagem da totalidade dos caudais de cheia do betão e a pressão a utilizar nas injecções de ligação.
deve-se: 3 — Caso existam equipamentos susceptíveis de fun-
cionar durante o período de construção, deve o dono
a) Adoptar ensecadeiras galgáveis de fácil cons-
da obra estabelecer um plano com instruções de manu-
trução e demolição;
tenção e conservação, de ensaio e de manobra de
b) Definir as cotas de coroamento das ensecadeiras
emergência.
tendo em atenção a cota da boca de entrada
dos órgãos de desvio, os caudais máximos a des-
viar e os níveis naturais do rio; Artigo 20.o
c) Prever, em barragens de betão, orifícios, even- Instalações eléctricas de estaleiro
tualmente em concordância com as futuras des-
cargas de fundo, e deixar blocos em atraso para 1 — As instalações eléctricas a utilizar, quer sejam
descarregar os caudais mais elevados; de força motriz, iluminação, usos gerais ou telecomu-
d) Adoptar, em barragens de enrocamento, dispo- nicações, devem ser realizadas em estrita concordância
sições que defendam o paramento de jusante com os respectivos projectos e regulamentos oficiais.
de erosão ou de qualquer instabilidade resul- 2 — As instalações de iluminação geral devem garan-
tante de galgamento devido a cheias excepcio- tir os níveis de iluminação recomendados por regula-
nais durante a construção; mentos específicos.
e) Dotar o estaleiro com equipamento de bom- 3 — O dono da obra deve promover a instalação de
bagem com capacidade para proceder rapida- um sistema de telecomunicações eficaz, permitindo que
mente ao esgoto da água resultante de uma os trabalhos decorram com eficiência e segurança e
inundação da zona ensecada. garantindo a possibilidade de difusão de alarme em caso
de emergência.
4 — O dono da obra deve providenciar a permanência
Artigo 18.o de técnicos responsáveis pela exploração das instalações
Desarborização e desmatagem da albufeira
eléctricas de estaleiro, de modo a garantir que se man-
tenham em bom estado de conservação e sejam con-
1 — A desarborização e a desmatagem consistem em duzidas por pessoal devidamente habilitado.
retirar as árvores, arbustos, mato e folhagens dos ter-
renos da albufeira de modo a preservar a qualidade
da água armazenada e a permitir a exploração em con- CAPÍTULO III
dições de segurança. Normas para barragens de betão e alvenaria
2 — A desarborização e a desmatagem devem ser pre-
cedidas de um levantamento que identifique o tipo, den- SECÇÃO I
sidade e distribuição da vegetação, a morfologia e cober- Materiais para barragens de betão
tura dos solos e as condições de acesso aos vários locais.
3 — A remoção dos produtos resultantes da desar- Artigo 21.o
borização e desmatagem deve ser efectuada para locais
Inertes e granulometrias
protegidos das cheias e situados fora dos limites da
albufeira. 1 — Os inertes utilizados no fabrico de betões devem
4 — A queima de produtos resultantes da desarbo- obedecer às disposições normativas e regulamentares
rização e desmatagem deve ser efectuada em locais e aplicáveis e ao caderno de encargos e ser sujeitos,
recorrendo a meios que minimizem os riscos de incêndio nomeadamente, a:
e de poluição.
a) Inspecção visual para verificação do seu estado
geral, forma e limpeza;
Artigo 19.o b) Lavagem, para retirar todas as sujidades e maté-
Equipamentos ria orgânica;
c) Selecção, de acordo com as classes granulo-
1 — Os componentes fixos dos equipamentos mecâ- métricas;
nicos devem estar aptos a suportar os esforços e garantir d) Armazenagem em local de fácil acesso e pro-
uma eficaz vedação, para o que é necessário assegurar tegido das acções atmosféricas;
durante a construção: e) Ensaios de controlo sobre amostras colhidas na
a) A montagem, fixação e ligação dos vários ele- origem para cumprimento do estipulado nas dis-
mentos entre si e destes às armaduras ou ao posições normativas e regulamentares aplicáveis
betão de primeira fase, em estrita obediência e para determinação da granulometria, peso
ao projecto do respectivo equipamento; volúmico e coeficiente de forma.
b) A manutenção da forma e da posição das peças
fixas durante as operações de betonagem, de 2 — A influência dos inertes na qualidade dos betões
envolvimento ou de selagem. exige:
a) Fiscalização das acções referidas no número
2 — O programa de trabalhos e o plano de betonagem anterior;
devem considerar os condicionamentos relativos aos b) Ensaios para determinação do módulo de finura
equipamentos estabelecidos nos respectivos desenhos de dos materiais armazenados nos silos principais;
projecto e planos de montagem, devendo definir-se o c) Ensaios para determinação dos teores em água
tipo de betões, as fases de betonagem, as alturas das e matéria orgânica dos materiais que se encon-
camadas de betonagem e os respectivos tempos limite tram nos silos da instalação de fabrico de betão.
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Artigo 22.o que permitam à fiscalização exercer o controlo de


Cimentos, pozolanas e cinzas volantes
qualidade.

1 — Os tipos de cimentos, pozolanas e cinzas volantes


a utilizar no fabrico de betões devem constar do caderno Artigo 25.o
de encargos e as características destes materiais, assim Aços
como os ensaios de controlo de qualidade, devem obede-
cer às normas, especificações e regulamentos oficiais 1 — Os tipos de aço a utilizar em armaduras ordi-
em vigor. nárias ou de pré-esforço devem estar definidos no
2 — O transporte, descarga e armazenagem desses caderno de encargos e as suas características e utilização
materiais devem obedecer às normas, especificações e obedecer às normas, especificações e regulamentos ofi-
regulamentos oficiais em vigor, respeitando ainda os ciais em vigor.
aspectos seguintes: 2 — As estruturas metálicas, definitivas ou provisó-
rias, devem satisfazer o especificado no caderno de
a) A armazenagem deve ser feita em locais de fácil encargos e obedecer, no que se refere aos aços e à
acesso e protegidos termicamente; execução e montagem, às normas, especificações e regu-
b) O número e a capacidade dos silos devem ser lamentos oficiais em vigor.
adequados ao consumo previsto e à necessidade
de os materiais ensilados só poderem ser uti-
lizados após obtenção dos resultados dos ensaios SECÇÃO II
de controlo; Barragens de betão convencional
c) Identificação, em cada silo, do tipo de material
armazenado e da data do seu carregamento;
d) Adequação dos meios de transporte para os silos Artigo 26.o
e destes para a torre de fabrico do betão, em Composição dos betões
particular para evitar o seu aquecimento.
A composição dos betões deve figurar no caderno
3 — A fiscalização deve incidir sobre os aspectos refe- de encargos, respeitando as disposições normativas e
ridos nos números anteriores e ainda assegurar que o regulamentares aplicáveis, e ser estudada com o objec-
consumo dos materiais ensilados seja efectuado por tivo de satisfazer as exigências da qualidade na cons-
ordem da sua chegada ao estaleiro e que os silos se trução, nomeadamente quanto a resistências mecânica
encontrem em bom estado de funcionamento. e química, deformabilidade, permeabilidade, trabalha-
bilidade, características térmicas, dimensão máxima dos
inertes e processo de colocação.
Artigo 23.o
Água Artigo 27.o
1 — A água a utilizar no fabrico dos betões é habi- Fabrico do betão
tualmente captada no rio a montante do local da bar-
ragem e deve ser submetida a análises periódicas para 1 — O fabrico do betão deve respeitar às disposições
determinação das suas características físicas e químicas normativas e regulamentares aplicáveis e ainda:
mais importantes, de acordo com as disposições nor- a) O transporte dos componentes dos lugares de
mativas e regulamentares aplicáveis. armazenagem para a torre de fabrico ser feito
2 — A armazenagem da água deve ser efectuada em de modo a não alterar as suas características;
depósitos que preservem a sua qualidade, devendo ainda b) A quantidade de betão fabricado ser exclusi-
proceder-se regularmente ao controlo das condições de vamente a necessária para cada colocação.
funcionamento da instalação.
2 — Para garantia da qualidade dos betões fabricados
o deve respeitar-se o estipulado nas disposições norma-
Artigo 24. tivas e regulamentares aplicáveis, nomeadamente:
Adjuvantes
a) Registar as instruções dadas à mesa de comando
1 — No fabrico dos betões utilizados em barragens da instalação e as eventuais diferenças, contro-
é habitual adicionarem-se adjuvantes destinados a: lando as pesagens em todas as amassaduras;
b) Controlar o tempo de amassadura para garantia
a) Melhorar a trabalhabilidade e reduzir a segre- da homogeneidade da mistura e da fusão com-
gação do betão fresco; pleta do gelo, quando utilizado;
b) Aumentar a resistência mecânica; c) Determinar a consistência e temperatura do
c) Reduzir a permeabilidade; betão na instalação de fabrico e durante a colo-
d) Retardar ou acelerar o tempo de presa. cação em obra;
d) Determinar a resistência mecânica de amostras
2 — A selecção e armazenagem dos adjuvantes a uti- recolhidas na instalação de fabrico.
lizar devem ser feitas com base nas disposições nor-
mativas e regulamentares aplicáveis.
3 — O controlo de qualidade deve ser efectuado sobre Artigo 28.o
amostras colhidas quando do fornecimento, quantifi- Transporte, colocação e compactação do betão
cando características físicas e químicas adequadas.
4 — Do caderno de encargos devem constar dispo- 1 — O transporte, colocação e compactação do betão
sições relativas aos recipientes, depósitos e doseadores devem satisfazer as disposições normativas e regulamen-
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tares aplicáveis e as especificações do caderno de 2 — As cofragens para as superfícies de betão em


encargos. contacto com a água que se escoa a grande velocidade
2 — A colocação do betão deve ser precedida de auto- devem apresentar as faces especialmente bem acabadas.
rização da fiscalização, à qual compete verificar o cum- 3 — A fiscalização deve verificar o cumprimento das
primento das condições necessárias para garantia da condições referidas nos números anteriores antes de
qualidade na construção, nomeadamente: autorizar qualquer betonagem.

a) O posicionamento correcto das cofragens, arma-


duras, peças fixas, lâminas de estanquidade, dis- Artigo 31.o
positivos de injecção de juntas de contracção, Juntas de contracção e injecções
serpentinas de refrigeração e aparelhos de
observação embebidos no betão; 1 — As juntas de contracção são superfícies de des-
b) As prescrições adequadas às condições meteo- continuidade, com geometria e localização definidas no
rológicas, como sejam a utilização na amassa- projecto, que dividem o corpo da barragem em blocos
dura de gelo ou água aquecida; e destinadas a:
c) A identificação do tipo e classe do betão; a) Reduzir os efeitos da retracção dos betões
d) Os ensaios de controlo previstos no artigo 27.o durante a fase de libertação do calor de hidra-
tação;
3 — O controlo de qualidade do betão colocado em b) Limitar as dimensões dos blocos de betonagem;
obra é assegurado pela realização de ensaios de deter- c) Conferir à estrutura capacidade para suportar
minação da resistência mecânica, módulo de elastici- deslocamentos sem deteriorações, nomeada-
dade, extensão de rotura e quantidade de ar contido mente as que resultam da mudança brusca do
em amostras recolhidas durante a colocação, segundo perfil de escavação.
critérios definidos no caderno de encargos.
2 — A estanquidade das juntas é garantida por dis-
o positivos definidos no projecto, devendo a sua colocação
Artigo 29. obedecer ao caderno de encargos.
Superfície da fundação e juntas de betonagem 3 — O monolitismo da estrutura, se necessário, pode
ser assegurado pela adopção de juntas de contracção
1 — Entre a preparação da superfície de fundação endentadas ou pela injecção das juntas ou por ambos
e a colocação do betão deve mediar o menor tempo os procedimentos.
possível, observando-se as disposições normativas e 4 — O projecto e o caderno de encargos devem incluir
regulamentares aplicáveis e do caderno de encargos, disposições que visem acautelar a segurança da estrutura
nomeadamente que: durante a injecção das juntas, de que se destacam:
a) As superfícies correspondentes a diaclases ou a) A definição das zonas em que a obra é dividida
planos de xistosidade se apresentem com rugo- para fins de injecção;
sidade que garanta uma boa aderência; b) As fases de injecção em correspondência com
b) A zona perturbada tenha sido retirada sem dani- a evolução da construção, a sequência de injec-
ficar a rocha subjacente; ção dos compartimentos interessados em cada
c) As cavidades eventualmente existentes tenham fase, as composições dos materiais de injecção
sido limpas, picadas e preenchidas com betão. e as pressões a utilizar;
c) As grandezas a observar durante as operações
de injecção, tais como temperaturas, movimen-
2 — Imediatamente antes da colocação do betão a
tos de juntas e deslocamentos da estrutura.
fiscalização deve verificar se a superfície da fundação
está apta a recebê-lo.
3 — As juntas de betonagem são superfícies de des- Artigo 32.o
continuidade entre betões de diferentes idades, habi-
Cura do betão e desmoldagem
tualmente horizontais ou com pequena inclinação, que
devem ser executadas e tratadas de acordo com as dis- 1 — A cura do betão tem por objectivo principal evitar
posições normativas e regulamentares aplicáveis e do a perda da água necessária à hidratação do cimento
caderno de encargos, por forma a assegurar o mono- e, enquanto os betões não alcançarem endurecimento
litismo e estanquidade da estrutura. suficiente, exige cuidados especiais referidos nas dis-
posições normativas e regulamentares aplicáveis e
Artigo 30.o outros a incluir no caderno de encargos, de que se des-
tacam os seguintes:
Cofragens
a) Manter as superfícies expostas permanente-
1 — As cofragens e as respectivas estruturas de mon- mente húmidas recorrendo a processos que não
tagem destinam-se a realizar com perfeição as formas conduzam ao arrastamento de calda do cimento
requeridas no projecto, para o que devem: superficial;
b) Evitar variações de temperatura nas superfícies
a) Ser concebidas e executadas em conformidade expostas;
com as disposições normativas e regulamentares c) Evitar a circulação de pessoas e de equipamen-
aplicáveis e as condições do caderno de encar- tos sobre os betões jovens e a utilização, na
gos; sua vizinhança, de explosivos ou equipamentos
b) Ser convenientemente posicionadas. que introduzam vibrações significativas.
N.o 93 — 21-4-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B 1767

2 — O caderno de encargos deve pormenorizar os Artigo 35.o


meios e técnicas a utilizar e a fiscalização deve ser exi-
Plano de betonagem
gente na verificação do seu cumprimento, a fim de evitar
que os rendimentos elevados de colocação impeçam uma 1 — O plano de betonagem é essencial à garantia da
cura correcta do betão. qualidade na construção, constitui parte integrante do
3 — As operações de desmoldagem e de descimbra- programa de trabalhos e deve definir:
mento devem efectuar-se de acordo com as disposições
normativas e regulamentares aplicáveis e as especifi- a) As cotas de todas as camadas de betonagem;
cações do caderno de encargos, que devem contemplar b) Os intervalos de tempo mínimo e máximo entre
com especial pormenor as situações das superfícies sujei- a realização de camadas consecutivas;
tas à acção do escoamento da água a alta velocidade. c) As datas para início e conclusão dos trabalhos
4 — A obturação dos orifícios resultantes da fixação assim como datas chaves e períodos previstos
dos moldes e a reparação de imperfeições das superfícies para a montagem dos equipamentos referidos
do betão devem ser efectuadas imediatamente após a no artigo 19.o da presente portaria.
desmoldagem, respeitando os prazos, processos e mate-
riais referidos no caderno de encargos.
2 — Na elaboração do plano de betonagem deve aten-
der-se, designadamente, aos aspectos seguintes:
Artigo 33.o
a) Sequência de construção prevista no projecto;
Colocação do betão em tempo frio ou de chuva b) Capacidade do estaleiro para o fabrico, trans-
porte e colocação de betão;
1 — A colocação do betão em tempo frio deve ser c) Eventual necessidade de atrasar a construção
efectuada de acordo com as disposições normativas e de alguns blocos para a passagem de caudais
regulamentares aplicáveis e com o caderno de encargos,
de cheia;
devendo proteger-se a superfície da camada com mate-
d) Época do ano em que se efectuam as beto-
rial isolante imediatamente após a betonagem e que
será mantido até à betonagem da camada seguinte ou, nagens;
no mínimo, durante uma semana. e) Compatibilização da realização do controlo de
2 — Em período de chuva não deve ser efectuada betões in situ e das actividades de observação
qualquer colocação do betão, desde que haja risco de com as tarefas de construção.
deslavamento do betão.
3 — Os trabalhos de colocação do betão que tenham SECÇÃO III
sido suspensos devido ao tempo frio ou à chuva só devem
ser retomados quando o betão estiver suficientemente Barragens de betão compactado com cilindro
endurecido e as superfícies devem então ser tratadas
como juntas de construção, segundo procedimento defi- Artigo 36.o
nido no caderno de encargos.
Aspectos gerais

Artigo 34.o O betão compactado com cilindro (BCC) é um betão


seco, com abaixamento nulo, de modo a permitir que
Dissipação do calor de hidratação o equipamento de transporte e colocação, semelhante
ao usado na construção de barragens de aterro, possa
1 — Os procedimentos para reduzir a temperatura
elevada atingida pelo betão, especialmente quando colo- circular sobre o betão fresco.
cado em épocas quentes, a qual é causa de deteriorações
importantes nas estruturas, bem como para diminuir Artigo 37.o
o tempo necessário à estabilização da sua temperatura,
devem ser adoptados em conformidade com as dispo- Composição dos betões
sições normativas e regulamentares aplicáveis, devendo
ainda constar do caderno de encargos: 1 — A composição dos betões deve ser estudada
tendo em conta, entre outros aspectos, o local da obra
a) A composição adequada do betão, conforme se e os materiais e equipamentos disponíveis, de modo
refere no artigo 26.o da presente portaria; a satisfazer as exigências da qualidade na construção,
b) A altura das camadas de betonagem, o intervalo nomeadamente quanto a:
de tempo mínimo entre colocações consecutivas
e o aumento de tempo de espera entre colo- a) Resistências mecânica e química;
cações compatível com o plano de colocação b) Deformabilidade;
do betão; c) Permeabilidade;
c) A eventual utilização de um sistema de refri- d) Características térmicas.
geração artificial constituído por serpentinas
embebidas no betão, nas quais se faz circular 2 — Nos estudos a que se refere o número anterior
água fria. devem ser consideradas as percentagens dos diferentes
componentes do BCC, de modo a obter-se um abai-
2 — Os procedimentos a seguir na montagem, mano- xamento nulo, dando especial atenção à dimensão
bra e controlo do eventual sistema de refrigeração arti- máxima do inerte e à quantidade de material passado
ficial, assim como a sua configuração, devem ser defi- no peneiro de 0,075 mm da norma portuguesa
nidos no projecto e no caderno de encargos. (NP-1379).
1768 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.o 93 — 21-4-1998

Artigo 38.o regulamentares aplicáveis, devendo os percursos, o pro-


Bloco experimental cesso de descarga e a circulação das máquinas ser cui-
dadosamente planeados para que o equipamento fun-
1 — Antes do início da construção deve executar-se cione com eficácia e segurança, devendo prestar-se par-
um bloco experimental, não incorporado na barragem, ticular atenção às exigências de limpeza do equipamento
em local a aprovar pela fiscalização, destinado à rea- de transporte, de modo a evitar a contaminação das
lização de ensaios para aferir os parâmetros de cons- superfícies das camadas com lama, óleos, massas con-
trução não susceptíveis de determinação em fase de sistentes e outras substâncias.
projecto. 2 — Na colocação do betão devem ser seguidas as
2 — O bloco experimental deve ser executado com disposições normativas e regulamentares aplicáveis,
os equipamentos de fabrico, colocação e compactação
devendo ainda observar-se as seguintes regras:
a usar na construção da barragem.
3 — Com base nos resultados obtidos nos ensaios a) A altura máxima de queda livre do betão deve
referidos no n.o 1 devem ser elaboradas especificações ser da ordem de 0,6 m;
técnicas que incluam: b) A camada sobre a qual vai ser espalhada a mis-
a) A origem e características dos inertes; tura deve estar livre de materiais soltos;
b) A composição do ligante; c) A técnica de espalhamento a utilizar deve garan-
c) As características de compactação (energia de tir que o material seja depositado tão próximo
compactação, espessura das camadas e número quanto possível da sua localização final na
de passagens); camada.
d) As diferentes condições de ligação entre cama-
das; 3 — Na compactação do betão devem ser seguidas
e) Os ensaios a realizar e a sua frequência. as disposições normativas e regulamentares aplicáveis,
devendo ainda observar-se as seguintes regras:
4 — Durante a execução do bloco experimental a cen-
tral de betonagem deve ser aferida, devendo o início a) A compactação do betão deve ser efectuada logo
do fabrico dos betões destinados à obra ser decidido após o espalhamento, de modo que o tempo
pela fiscalização após a verificação da funcionalidade decorrido entre a obtenção da mistura e o início
da central. da compactação não exceda trinta minutos;
b) A espessura da camada compactada deve ser
Artigo 39.o no mínimo três vezes a máxima dimensão dos
Armazenamento e transporte dos inertes inertes;
c) Os cilindros vibradores não devem passar sobre
1 — A localização, a dimensão e a forma dos depó- a camada já compactada, dado que se corre o
sitos de inertes devem ser coordenadas com a localização risco de fissurar o betão que começa a ganhar
da central de betonagem e com o método de aprovi- presa;
sionamento, tendo em conta que deve estar permanen- d) Os rebordos expostos da camada que não serão
temente disponível um volume de inertes que garanta cobertos pela camada seguinte devem ser com-
a continuidade dos trabalhos sem quebra do ritmo de pactados com equipamento apropriado nos
construção.
trinta minutos seguintes à colocação do betão.
2 — O transporte dos inertes dos locais de armaze-
namento para a central de fabrico deve ser feito de
modo a não alterar as suas características. 4 — É indispensável a presença em obra de pessoal
com capacidade para tomar decisões de carácter técnico,
Artigo 40.o designadamente quanto à eventual adopção, a carecer
de aprovação pela fiscalização, de processos construtivos
Fabrico de betão diferentes dos que resultaram dos ensaios efectuados
1 — A central de betonagem deve dispor de capa- no bloco experimental.
cidade de produção e de fiabilidade compatíveis com
as elevadas cadências de colocação do BCC e garantir
Artigo 42.o
o grau de precisão exigido e o nível de controlo da
mistura durante o fabrico, devendo o plano da sua ins- Controlo de qualidade do betão em obra
talação e as especificações do equipamento serem sub-
metidos à aprovação da fiscalização. 1 — O controlo da qualidade do betão em obra deve
2 — A quantidade de betão fabricado deve ser exclu- incidir fundamentalmente na determinação, mediante
sivamente a necessária para cada colocação. ensaios adequados, das seguintes características:
3 — No controlo de qualidade dos betões devem
seguir-se, com as adaptações que o caderno de encargos a) A espessura e regularidade da camada;
determine, as disposições normativas e regulamentares b) O peso volúmico;
aplicáveis, bem como o disposto no n.o 2 do artigo 27.o c) O teor em água;
d) A temperatura.
Artigo 41.o
2 — O caderno de encargos deve especificar a fre-
Transporte, colocação e compactação do betão
quência com que devem ser efectuadas sondagens para
1 — No transporte do betão desde a central até à obtenção de tarolos destinados a ensaios de resistência
obra devem ser seguidas as disposições normativas e mecânica e química, deformabilidade e permeabilidade.
N.o 93 — 21-4-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B 1769

3 — Quando os ensaios referidos no n.o 1 indicarem Artigo 47.o


a existência de material inadequado, deve proceder-se Galerias
a remoção da respectiva camada.
As galerias eventualmente existentes no corpo da bar-
o ragem são construídas por métodos especiais especi-
Artigo 43. ficados no caderno de encargos.
Superfície da fundação e juntas de betonagem

1 — A superfície da fundação deve ser preparada para Artigo 48.o


a colocação do betão segundo o disposto nos n.os 1 e Plano de betonagem
2 do artigo 29.o
2 — As juntas de betonagem são as superfícies de 1 — O plano de betonagem é um documento espe-
interrupção de colocação entre as diferentes camadas, cialmente importante na construção de barragens de
devendo cada camada ser coberta com o betão da BCC, dado que cada betonagem envolve grande quan-
camada superior antes de ganhar presa para assegurar tidade de betão e a colocação da camada superior deve
uma ligação perfeita entre as duas camadas. ser feita de modo a evitar a formação de uma junta
3 — Quando não for possível respeitar o disposto no fria.
número anterior, a junta resultante, designada por junta 2 — O plano de betonagem deve fazer parte inte-
fria, deve tratar-se de acordo com o especificado no grante do programa de trabalhos e definir:
caderno de encargos ou com o estabelecido durante
a realização do bloco experimental para diferentes con- a) As cotas das camadas de betonagem;
dições do processo construtivo, designadamente no que b) As condições a que corresponde a formação de
se refere ao intervalo de interrupção, à temperatura uma junta fria;
ambiente e à eventual aplicação de uma mistura de liga- c) As datas para início e conclusão dos trabalhos
ção especial. assim como datas chaves e períodos previstos
para a montagem dos equipamentos referidos
no artigo 19.o
Artigo 44.o
Betonagem em condições desfavoráveis
3 — Na elaboração do plano de betonagem deve aten-
der-se, designadamente, aos aspectos seguintes:
1 — A colocação do betão em tempo frio deve ser
a) Interferências de órgãos a incorporar no betão
efectuada de acordo com as disposições normativas e
com a colocação deste;
regulamentares aplicáveis e com o caderno de encargos.
b) Capacidade do estaleiro para o fabrico, trans-
2 — Em tempo quente, as condições de colocação
porte e colocação do betão;
podem ser menos exigentes que as relativas ao betão
c) Épocas do ano em que se efectuam as beto-
convencional, uma vez que as elevações de temperatura
nagens;
do BCC são, em regra, mais reduzidas.
d) Compatibilização das betonagens com as acti-
3 — Em período de chuva deve proceder-se como
vidades de controlo de betões e de observação
indicado nos n.os 2 e 3 do artigo 33.o
do comportamento da obra.

Artigo 45.o
SECÇÃO IV
Cofragens
Barragens de alvenaria
1 — As cofragens utilizadas são em regra especiais,
nomeadamente blocos ou painéis amovíveis, podendo
no entanto recorrer-se a cofragens convencionais devi- Artigo 49.o
damente adaptadas. Materiais para alvenarias
2 — As cofragens e respectivas estruturas de suporte
não devem impedir a fácil movimentação dos equipa- 1 — As pedras a utilizar em alvenarias devem satis-
mentos de compactação nem restringir excessivamente fazer as especificações do caderno de encargos, nomea-
o acesso às áreas de trabalho. damente:
a) Ser compactas e resistentes aos agentes atmos-
o féricos;
Artigo 46.
b) Possuir textura uniforme e resistência mecânica
Juntas de contracção e seu tratamento adequada;
c) Apresentar a superfície limpa de materiais ade-
1 — Nas barragens de BCC podem prever-se juntas
rentes e sem irregularidades que dificultem uma
de contracção do tipo convencional.
boa colocação.
2 — Caso não tenham sido previstas juntas de con-
tracção do tipo convencional, podem ainda materiali-
2 — A influência das características das argamassas
zar-se superfícies de descontinuidade com desenvolvi-
no comportamento das alvenarias aconselha que aquelas
mento transversal por corte de cada camada após beto-
sejam confeccionadas com os devidos cuidados, de que
nagem ou mediante dispositivos indutores de fendas.
se destacam:
3 — O tratamento por injecções das juntas de con-
tracção ou eventuais fendas espontâneas com desen- a) A composição deve ser estudada laboratorial-
volvimento transversal será efectuado, quando neces- mente, à semelhança dos betões para barragens,
sário, por meio de furos executados a partir dos para- de modo que sejam asseguradas propriedades
mentos ou de galerias. adequadas;
1770 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.o 93 — 21-4-1998

b) Não deve ser acrescentada água após concluída c) Avaliar a evolução das características do maciço
a amassadura. nas diferentes fases do tratamento, possibili-
tando adequar o projecto à realidade;
Artigo 50.o d) Estabelecer situações de referência no final dos
trabalhos e do primeiro enchimento com as
Execução das alvenarias
quais serão comparadas situações em fase de
1 — As alvenarias devem ser executadas de acordo exploração.
com as especificações do caderno de encargos, nomea-
damente as seguintes: 2 — O controlo referido no n.o 1 deve ser assegurado
através de:
a) As pedras devem ser cuidadosamente limpas,
lavadas e posicionadas sobre uma camada pouco a) Inspecção visual da superfície da rocha, das jun-
espessa de argamassa, devendo esta ser também tas da barragem e da intersecção dos paramen-
colocada entre pedras vizinhas da mesma tos com a fundação;
camada; b) Detecção de comunicações eventuais entre furos
b) Durante a construção deve limitar-se a diferença que não tenham sido previstas;
de altura entre pedras vizinhas de uma mesma c) Análise dos registos das pressões de injecção
camada para evitar assentamentos diferenciais; e das absorções em cada furo e sua comparação
c) Nos casos em que entre a colocação da arga- com os resultados de ensaios de permeabilidade;
massa e o posicionamento dos blocos tenha d) Interpretação dos resultados de observação com
decorrido um período de tempo significativo, vista à detecção de eventuais movimentos anó-
a superfície da argamassa deve ser picada, malos na barragem e na fundação.
lavada com jacto de água e recoberta com nova
camada, rica em cimento; 3 — A fiscalização deve mandar suspender os traba-
d) As superfícies devem ser mantidas húmidas lhos e informar o projectista sempre que sejam detec-
durante os três dias que se seguem à sua tadas situações anómalas.
execução. 4 — A avaliação da evolução das características do
maciço deve ser feita comparando com valores iniciais
2 — A execução das alvenarias deve ser suspensa os resultados de ensaios de permeabilidade e geofísicos,
durante os períodos de frio intenso, protegendo-se con- realizados em diferentes fases do tratamento, em locais
venientemente a estrutura recém-construída. característicos da fundação definidos com base no
estudo da sua compartimentação.
SECÇÃO V
Fundações e seu tratamento CAPÍTULO IV
o
Artigo 51. Barragens de aterro
Consolidação, impermeabilização e drenagem da fundação
Artigo 53.o
1 — A consolidação tem por objectivo proporcionar
ao maciço de fundação características mecânicas ade- Materiais para aterros
quadas ao bom comportamento estrutural do conjunto
barragem-fundação. 1 — Nas zonas dos empréstimos devem ser realizados
2 — A impermeabilização é um tratamento destinado trabalhos na fase inicial da obra com vista a verificar
a controlar a percolação da água na fundação. a adequação dos equipamentos de escavação e remoção,
3 — A drenagem destina-se a recolher a água de per- sendo ainda de notar que:
colação do maciço de modo a reduzir para valores con-
a) Em solos residuais é frequente que a acção dos
venientes a subpressão na base da barragem e nas super-
equipamentos de escavação condicione a gra-
fícies de deslizamento potencial do maciço.
nulometria dos materiais;
4 — Os procedimentos a adoptar durante a conso-
b) Em muitos casos é vantajoso proceder a uma
lidação, impermeabilização e drenagem da fundação
rega dos materiais nos empréstimos acompa-
devem ser definidos no projecto e caderno de encargos
nhando as operações de escavação.
de acordo com o tipo e dimensões da barragem e as
particularidades do maciço de fundação, nomeadamente
a alteração das rochas constituintes, seu diaclasamento, 2 — Na fase inicial de exploração das pedreiras ou
estratificação, xistosidade e as falhas, filões e cavernas de escavação para os órgãos hidráulicos deve ajustar-se
eventualmente existentes. o programa das pegas de fogo de modo a obter as gra-
nulometrias adequadas, utilizando as menores cargas
específicas de explosivo em face das características de
Artigo 52.o
cominuição do maciço rochoso.
Controlo da consolidação e impermeabilização da fundação 3 — As barragens de enrocamento são, em regra,
constituídas por materiais de diferentes granulometrias,
1 — O controlo dos trabalhos de consolidação e
pelo que deve proceder-se, na pedreira, à separação
impermeabilização da fundação deve ser definido no
dos materiais e à sua colocação em depósito antes da
projecto e no caderno de encargos e tem por objectivos:
construção dos aterros.
a) Garantir a estabilidade da barragem e do maciço 4 — Os trabalhos nos empréstimos referidos nos n.os 1
de fundação durante as injecções; e 2 devem ser aproveitados para confirmação dos volu-
b) Reduzir as fugas dos produtos de injecção; mes e características dos materiais previstos no projecto.
N.o 93 — 21-4-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B 1771

Artigo 54.o 2 — No caso de cortinas de betão betuminoso, é


essencial verificar a sua impermeabilidade, flexibilidade,
Aterros experimentais
estabilidade, durabilidade e resistência às acções tér-
Antes da colocação dos materiais em obra devem ser micas e dinâmicas, pelo que deve ser apresentado o
executados aterros experimentais de acordo com o esti- estudo da sua composição e proposto o método rela-
pulado no projecto e caderno de encargos, em locais cionado com o modo de aplicação.
a aprovar pela fiscalização. 3 — Deve ser dada especial atenção à sua ligação com
os órgãos de impermeabilização da fundação.

Artigo 55.o
Artigo 58.o
Filtros
Materiais diversos
1 — Os materiais para filtros devem obedecer ao
caderno de encargos, nomeadamente: As características dos diversos materiais a utilizar nas
obras de aterro, tais como cimento, aço e betão e, se
a) Possuir composição mineralógica que confira for caso disso, revestimentos vegetais, solo-cimento,
conveniente resistência à alteração e ao esma- betão betuminoso, geomembranas e geotêxteis, devem
gamento; obedecer às disposições do caderno de encargos e às
b) Apresentar adequadas composições granulomé- prescrições dos regulamentos em vigor.
tricas.
Artigo 59.o
2 — Durante a execução dos filtros devem adoptar-se
técnicas construtivas de modo a evitar: Preparação das fundações

a) A contaminação do material do filtro com solos 1 — Na fase inicial dos trabalhos de construção deve
finos e caldas de injecção usadas na consoli- efectuar-se um reconhecimento pormenorizado das fun-
dação ou impermeabilização da fundação; dações visando complementar a informação obtida em
b) A segregação granulométrica dos materiais, estudos anteriores, designadamente quanto às anisotro-
sobretudo quando o coeficiente de uniformi- pias de resistência, de deformabilidade e de permea-
dade é elevado. bilidade.
2 — Em casos especiais devem ser tomados os seguin-
3 — No caso de utilização de geotêxteis, estes devem tes cuidados:
possuir durabilidade e ainda as características adequadas a) Durante a preparação das fundações, se forem
aos materiais a filtrar, nomeadamente porosidade, detectadas ressurgências ou nascentes, deve
admissividade (permeabilidade perpendicular à super- proceder-se à sua captação, com filtros adequa-
fície do geotêxtil) e transmissividade (permeabilidade dos e drenos com a capacidade necessária para
ao longo do plano do geotêxtil). que as subpressões sejam sempre inferiores às
pressões totais dos aterros sobrejacentes;
Artigo 56.o b) Em terrenos rochosos, se a superfície exposta
nos níveis de fundação, após saneamento, apre-
Protecção dos paramentos senta cavidades e irregularidades, estas devem
Os paramentos de barragens de aterro, em especial ser preenchidas com betão, de forma a criar
os de montante, são frequentemente protegidos com uma superfície de fundação de razoável regu-
enrocamentos, sendo de atender a que: laridade;
c) Em terrenos que sofrem rápida deterioração
a) Os materiais devem ser submetidos aos ensaios quando em contacto com o ar, a remoção da
previstos no caderno de encargos, designada- última camada de cobertura da fundação deve
mente os que têm por objectivo avaliar a sua ser feita por zonas pouco extensas, rapidamente
durabilidade e granulometria; cobertas por uma camada pouco espessa de
b) Os materiais devem ser seleccionados quando betão de limpeza, que, por sua vez, não deve
se proceder ao carregamento na zona de estar exposto durante muito tempo.
empréstimo;
c) A colocação dos revestimentos deve acompa- 3 — Durante a preparação da fundação e previa-
nhar a construção dos aterros, com o principal mente à colocação dos aterros, deve proceder-se ao
objectivo de assegurar protecção contra ravi- levantamento de pormenor da superfície da fundação,
namentos. assinalando os locais e aspectos com particular incidên-
cia no comportamento da obra, designadamente falhas,
diaclases, ressurgências, nascentes e zonas constituídas
Artigo 57.o por solos ou rochas alteradas.
Elementos de estanquidade no paramento de montante

1 — Nas barragens em que a estanquidade é garantida Artigo 60.o


por lajes de betão, cortinas de betão de cimento ou Colocação dos aterros
de betão betuminoso, devem estes elementos ser colo-
cados com técnicas apropriadas sujeitas à apreciação 1 — O início da colocação dos aterros deve ser pre-
da fiscalização. cedido de inspecção pormenorizada da superfície de fun-
1772 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.o 93 — 21-4-1998

dação, que, numa obra extensa, poderá realizar-se por no projecto, o que obriga a um cuidadoso acompanha-
zonas, daquela resultando autorização para iniciar a mento por parte do autor do projecto e da fiscalização,
colocação ou, quando necessário, a indicação das medi- devendo as alterações significativas ser registadas no
das para corrigir situações anómalas. livro técnico da obra.
2 — Durante a colocação dos aterros deve atender-se 2 — O tipo de tratamento mais comum consiste na
a que: execução de injecções de caldas de cimento, mas há
a) A colocação de qualquer camada seja precedida outros tipos de tratamento com os quais, em certos ter-
da aprovação das condições de compactação da renos, se obtêm melhores resultados, salientando-se,
camada anterior e, quando se tenha verificado entre eles:
uma interrupção dos trabalhos, de inspecção a) Para consolidação, vibro-flutuação, compacta-
prévia; ção dinâmica, explosivos e inclusões por estacas
b) Os aterros adjacentes a encontros rochosos ou de areia ou de brita;
a estruturas hidráulicas, no caso da utilização b) Para impermeabilização, paredes moldadas e
de solos argilosos, sejam compactados com teor
injecções de argila-cimento, de silicatos e de
em água em excesso relativamente ao óptimo
resinas.
determinado de acordo com o caderno de
encargos;
c) Em solos argilosos é fundamental adoptar pro- 3 — A execução dos tratamentos mencionados impõe
gramas de trabalho que não impliquem contac- cuidados especiais para preservar as condições de fun-
tos subverticais de aterros de idades diferentes; cionalidade dos filtros e drenos da barragem.
d) Os percursos dos equipamentos sobre o aterro
sejam variados para não criar zonas diferen- Artigo 63.o
ciadas.
Controlo da consolidação e impermeabilização
3 — Devem registar-se no livro técnico da obra todas das fundações
as anomalias ou outros factos de interesse para a segu- 1 — Durante a execução dos ensaios de absorção de
rança da obra, tais como:
água e das injecções, deve garantir-se:
a) Interrupções prolongadas e suas causas;
a) A verificação das características dos materiais
b) Utilização de materiais não previstos no pro-
e respectivos componentes usados nas injecções;
jecto e sua justificação;
c) Galgamentos da obra e suas consequências; b) O cumprimento das especificações relativas às
d) Ocorrência de escorregamentos ou queda de pressões de ensaio ou de injecção, de prefe-
taludes de escavações; rência registadas automaticamente;
e) Mudanças de equipamentos de transporte e c) O cumprimento das especificações, iniciais ou
compactação e sua justificação. resultantes de alterações, relativas aos espaça-
mentos, orientações e profundidades dos furos;
d) O controlo e registo das quantidades dos mate-
Artigo 61.o riais absorvidos nas injecções, referindo-os aos
Controlo da construção furos correspondentes;
e) A verificação das condições de funcionamento
1 — Nos solos e nos enrocamentos devem ser efec- dos equipamentos durante as injecções.
tuados ensaios de controlo de compactação, com a fre-
quência especificada no projecto e caderno de encargos 2 — Para verificação da eficiência dos tratamentos
e sempre que a fiscalização o determine, contemplando: citados na alínea a) do n.o 2 do artigo anterior, deve
a) Para solos, o grau de compactação e o desvio determinar-se, por meio de ensaios in situ, a compa-
do teor em água em relação ao óptimo; cidade final obtida, e efectuar ainda:
b) Para enrocamentos, o peso volúmico e a com- a) Na vibro-flutuação, o registo contínuo da ener-
posição granulométrica; gia consumida pelo equipamento que actua o
c) Para materiais de filtros, a compacidade relativa vibrador e, sempre que possível, a medição dos
e a composição granulométrica.
assentamentos da superfície do solo;
b) Na compactação dinâmica, a medição regular
2 — Embora com menor frequência, devem também dos assentamentos da superfície do solo durante
ser efectuados ensaios para controlo da resistência ao o tratamento.
corte, da deformabilidade e da permeabilidade.
3 — A execução dos ensaios referidos no n.o 1 deve
ser precedida de observação visual das camadas, de 3 — No caso de paredes moldadas é essencial verificar
modo a verificar a sua homogeneidade, condição essen- a sua estanquidade e ainda a das juntas entre painéis,
cial para que os ensaios tenham significado. pelo que, previamente, deve ser proposto o método pre-
conizado para aquelas verificações.
4 — Os registos e os elementos resultantes do pro-
Artigo 62.o cessamento dos dados relevantes obtidos durante os tra-
Consolidação e impermeabilização das fundações balhos devem estar na posse da fiscalização e disponíveis
para apreciação por parte da Autoridade, do LNEC,
1 — O tratamento das fundações de barragens pode do autor do projecto e dos outros responsáveis pela
sofrer alterações importantes relativamente ao previsto segurança da obra.

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