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Alexander, Hugh E.
08-10640 CDD-242
1º de janeiro
No coração de Moisés havia uma súplica, um desejo inspirado pelo próprio Deus.
Atrás e ao redor dele havia perturbação e confusão; diante dele, o desconhecido. O
povo de Deus estava sob a terrível ameaça das conseqüências de sua infidelidade. E
foi nessas circunstâncias que saiu do coração dele, que permanecera fiel, um suspiro
ouvido apenas por Deus: “Rogo-te que me faças saber neste momento o teu cami-
nho [...] e ache graça aos teus olhos.” E o Senhor respondeu: “A minha presença irá
contigo, e eu te darei descanso”.
Deus ouve orações como essa e se propõe a respondê-las. Para seus filhos, os ca-
minhos estão preparados, traçados previamente, ainda que em sua sabedoria ele só
os revele um a um, porque deseja que a vida dos filhos obedientes seja regida pelo
princípio da fé. Não devemos admirar-nos, então, por ele nos deixar na ignorância
quanto aos seus caminhos. Basta-nos saber que ele prometeu que sua presença irá
conosco, abrindo o caminho. Entregar nosso caminho ao Senhor é glorificá-lo.
Se formos obedientes e o seguirmos passo a passo, nós o alegraremos, porque
a prova de nossa fé, mais preciosa que o ouro perecível, é agradável ao Senhor. Ele
deseja que nossa fé lhe dê honra e louvor, no dia em que o virmos. Deus quer a nos-
sa fé, mas ele mesmo a faz ser acompanhada pelo presente da paz, o qual se junta
à esperança que não engana, brilhando em nosso coração como uma luz crescente,
uma força inspiradora.
Será preciso mais que sua presença? Ela abrange tudo, absolutamente tudo. Está
à nossa frente e atrás de nós. Assegura-nos direção e proteção. É nossa sabedoria e
nossa paz. Sua presença gloriosa é assegurada por seu Espírito. No meio da agita-
ção e da tempestade, ela nos dá o repouso. Torna o trabalho frutífero e vitorioso.
Faz-nos crescer no conhecimento de Deus até a estatura perfeita de Cristo. E, com
o revestimento dessa presença divina, nosso viver atrai almas a Deus e vence as
dificuldades.
2 de janeiro
Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu
caminho [...] Então, ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória.
Êxodo 33:13,18
Aquele que procura a glória de Deus só deseja seguir sua vontade e seu caminho.
Cuidado. Não disse nosso Senhor: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo
será luminoso”? (Mt 6:22). Quando a vista não está encoberta, quando os olhos se
dirigem para uma única direção, todo o ser segue nesse sentido. Que nosso olhar
seja sadio e honesto para ver o caminho que Deus mostra àqueles que procuram
apenas a sua glória.
Nosso caminho pode não ser fácil, mas se for o caminho do Senhor, então a
segurança será perfeita e sua glória aparecerá. Deus mostrou a Moisés seu caminho,
que estava cheio de obstáculos. Guiando o povo pela coluna de nuvens e de fogo,
Deus manifestou sua glória, reduziu a nada os empecilhos e fez o povo triunfar nas
dificuldades. O mesmo acontecerá conosco. O deserto e a solidão são condições
para a manifestação da glória de Deus aos filhos que atendem ao seu apelo.
Qual a resposta de Deus ao pedido de Moisés? “Farei passar toda a minha bon-
dade diante de ti” (v. 19). As circunstâncias em que o seu servo se encontrava, do
ponto de vista humano, não podiam ser mais difíceis. Deus abriu os reservatórios
de sua graça. Nele estamos abrigados, e ele, por sua vez, volta para nós seu olhar
favorável. Age com graça por nós, na medida das nossas necessidades. Devemos ter
o coração aberto a essa maravilhosa graça sem nunca nos acostumarmos com ela.
Em que condições Deus mostra seu caminho e nos faz ver sua glória? É simples.
“Eis aqui um lugar junto a mim [...] Eu te porei numa fenda da penha” (v. 21). O
apóstolo Paulo diz-nos que essa pedra que seguia o povo era Cristo (1Co 10:4).
Vamos tomar nosso lugar na fenda da rocha, o único abrigo em que estaremos ver-
dadeiramente seguros. A comunhão com Jesus Cristo é o segredo da perseverança
e da fidelidade. É nesse lugar, junto dele, que o Senhor nos mostrará seu caminho
e nos fará ver sua glória.
3 de janeiro
Eis aqui um lugar junto a mim, e tu estarás sobre a penha. Quando passar a minha glória, eu
te porei numa fenda da penha, e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado.
Êxodo 33:21-22
Foi assim que o Senhor agiu em favor de Moisés, que se afligia diante de Deus por
causa da situação do povo vivendo na desobediência e na confusão de propósito.
Aquele que se ocupa dos interesses do povo de Deus com seriedade experimenta
a mesma aflição. Não aceita conformar-se com o que é contrário à palavra divina
e por isso sofre. É visado pelo inimigo, que provoca confusão entre os cristãos sem
compromisso e se aproveita dos enganos que surgem dessa confusão. É assim que o
cristão entra na verdadeira comunhão dos sofrimentos de Cristo pelos seus; é dessa
maneira que ele é oferecido como líquido derramado sobre o sacrifício e serviço de
sua fé, enquanto todos buscam apenas o que é de seu próprio interesse, e não o que
é de Cristo, mesmo quando usam o nome do Salvador.
O cristão participa, então, dos sofrimentos do Senhor, o cabeça da igreja, por
seus membros. Estes, cegos quanto ao seu estado pessoal, recusam os meios de
cura; e, por causa desse triste espetáculo apresentado pela igreja, muitos blasfe-
mam. Poucos cristãos são consagrados a Deus nesse sentido, enquanto muitos
procuram desculpar-se e continuam na cegueira descrita em Apocalipse 3:15-17.
Poucos compreendem o profundo sentido dos sofrimentos de Cristo, segundo Co-
lossenses 1:24-25. Compare com Filipenses 2:17-21.
Tal posição e vocação estão acima das capacidades, da boa vontade e das forças
humanas. E é aí que nosso Senhor intervém como fez com seu servo Moisés. Há
uma fenda no rochedo ferido por nós. É na fenda dessa rocha que o Senhor nos
esconde e nos cobre com sua mão.
Há outra imagem inspirada: como o ramo se identifica com a videira, faz
parte dela e vive sua vida, manifestando seu ponto mais alto, assim aqueles que
seguem o Senhor pelo caminho descrito nesta passagem das Escrituras conhecem
essa vida escondida com Cristo em Deus e que contrasta com o que se passa ao
redor deles. É esse o santuário onde Deus põe ao abrigo as vidas através das quais
realiza seus planos.
4 de janeiro
5 de janeiro
O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim [...] e a pôr sobre os que em Sião estão de luto
uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor
em vez de espírito angustiado..
Isaías 61:1,3
O Senhor lembra aos seus — embora pareçam ter perdido contato com ele, dei-
xando-se levar pelo ambiente — que ainda eles estão no ano favorável, no dia da
graça. Ele está aqui. Veio anunciar as boas-novas e dar ao nosso testemunho algo
diferente do que muitas vezes se vê: cristãos tristes e tristes cristãos; sim, “em Sião
estão de luto”.
Como são feias essas “cinzas”! Alguns cristãos pensam que é santo e piedoso evi-
tar o que é belo e vestir-se de uma maneira que não faz lembrar Jesus Cristo. Mas
isso é exatamente a negação dos pensamentos daquele que veio para dar a Sião a
formosura, a sua formosura, em lugar de cinzas. Devemos suplicar, com o salmista:
“E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra
das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos” (Sl 90:17, CF).
O que significa “óleo de alegria, em vez de pranto”? Alguns cristãos vivem sob
um verdadeiro espírito de morte. Chega a ser trágico o fato de interpretarem isso
como santidade. Mas o Senhor Jesus veio dar-nos “óleo de alegria”. Precisamos ser
ungidos com esse óleo. A presença dessa alegria, dessa força e dessa nova vida da
ressurreição é um dom de Cristo e que pertence ao “dia da graça” em que vivemos
atualmente.
E quanto à “veste de louvor, em vez de espírito angustiado”? Angústia: essa é a
condição não confessada de muitos dos que estão em Sião, desencorajados, abati-
dos, cansados, escravos de pensamentos deprimentes e negativos, ignorando que a
Bíblia reconhece seu estado e oferece a cura.
Essas frases inspiradas lançam uma luz brilhante na escuridão. São uma chave
para a libertação de muitas vidas. Precisamos lançar longe nossas cinzas, para assim
acabar com o nosso luto e buscar a libertação das depressões. Cristo ressuscitou! Este
é o princípio de um novo dia, uma grande e viva esperança: este é o livramento!
6 de janeiro
O mundo e as coisas do mundo podem decepcionar e passar, mas aquele que está
sobre o trono subsiste e não falta à palavra.
A igreja visível pode falhar e seguir por caminhos tortuosos, pode abrir as por-
tas ao desvio, mas ele não muda — aquele que é desde o princípio e que revelou
claramente sua vontade.
O cristão pode ser tentado a desanimar, a abandonar-se ao formalismo e a mor-
rer em sua rotina, mas aquele que nos prometeu a vida e nos deu suas promessas é
fiel e agirá de acordo com o que disse.
É noite para nós? O vento é contrário? O cansaço e o desgaste se apoderam de
nós? Precisamos ver o arco-íris nas nuvens, nessas nuvens que nos parecem tão pe-
sadas e ameaçadoras. Temos de olhar esse arco celeste, o qual nos diz que, se somos
infiéis, ele permanece fiel (Gn 9:14-16). Deus fez aliança conosco, uma aliança em
todos os aspectos segura. Deus não falta à palavra. Vem a nós, desde que nos veja
contritos e arrependidos, prontos para receber suas bênçãos. “Nós vos anunciamos
o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a
nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito” (At 13:32-33).
As pessoas nos decepcionaram: confiamos e elas não cumpriram sua palavra.
Mas Deus nunca decepciona. O arco-íris é a garantia de sua fidelidade. Para que o
arco-íris apareça, é preciso chuva e sol. A graça e a fidelidade de Deus se manifes-
tam exatamente quando há “chuva”, quando as circunstâncias são contrárias, mas
não podemos permitir que a chuva nos impeça de ver o sol do socorro divino.
Ele cumprirá o que prometeu: seu trono está cercado de um arco-íris cheio de
esperança. Erguidos, vamos ao seu encontro. Ele cumpre a palavra: “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10).
7 de janeiro
Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, lhes
disse: Ide e, apresentando-vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta Vida.
Atos 5:19-20
Muitas vezes os filhos de Deus estão numa prisão espiritual: cadeias os impedem de
dar testemunho do Salvador. Mas Deus pode abrir as portas dessa prisão, deixan-
do-os livres para testemunhar.
Nossa fé cristã nem sempre manifesta a vida e a liberdade do Espírito. Mesmo
sem querer e algumas vezes até sem saber, aceitamos a rotina religiosa que nos per-
mite manter o testemunho exterior. Nesse estado, não sentimos mais necessidade
de obedecer ao Espírito Santo para ter uma vida verdadeiramente espiritual. Con-
tinuamos assim, semana após semana, mas não vemos Deus agir em nosso coração
e consciência; não há conversões por nosso intermédio. O Senhor nos advertiu de
que, nos últimos tempos, as pessoas teriam a forma da piedade, negando, porém,
sua eficácia.
Será que nosso testemunho tem sido inútil? Somos tomados pela indiferença,
pela irrealidade? O Senhor quer livrar-nos disso agora, para podermos falar aos
outros das grandes coisas que ele fez por nós. Que a tranqüilidade de nossa prisão
se torne insuportável para nós! Precisamos sentir horror ao estado de esterilidade e
morte, de modo que sair dele seja o nosso único desejo.
Será que não desejamos que ele nos liberte, para que nossa vida produza mais
frutos e nosso testemunho dê mais resultados? Se formos sinceros em nosso desejo
e em nossos pedidos, o Senhor nos responderá favoravelmente.
Para os discípulos da igreja primitiva, dar testemunho não era um esforço; a
boca falava da abundância do coração, e o Senhor abençoava. Se estivermos ver-
dadeiramente conscientes de tudo o que Jesus Cristo fez por nós e de onde ele nos
tirou, não poderemos mais nos calar. Quando tivermos saído da prisão, quando
compreendermos que há milhares à espera de nosso testemunho, o Senhor nos
concederá alegrias e bênçãos que não conhecíamos até agora.