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Teodoro Brás
Demonstração:
Seja S ∈ Z+ da forma au + bv, com u, v ∈ Z, isto é,
S = {au + bv | au + bv > 0 e u, v ∈ Z}
Este conjunto S não vazio (S 6= φ ), porque, por exemplo, se a 6= 0, então um dos dois inteiros:
a = a·1+b·0 e − a = a · (−1) + b · 0
é positivo e pertence a S. Logo, pelo "Principio da boa ordenação", existe e é único o elemento
mínimo d de S : min S = d > 0. E consoante a definição de S, existem inteiros x e y tais que
d=ax+by
a = dq + r, com 0 ≤ r < d
O que dá:
r = a − dq = a − (ax + by)q = a(1 − qx) + d(−qy)
Isto é, o resto r é uma combinação linear de a e b. Como 0 ≤ r < d e d > 0 é o elemento
mínimo de S, segue-se que r = 0 e a = dq, isto é, d | a. Com raciocínio inteiramente análogo se
conclui que também d | b. Logo, d é um divisor comum positivo de a e b. Finalmente, se c é
um divisor comum positivo qualquer de a e b(c | b, c > 0), então:
c | (ax + by) ⇒ c | d ⇒ c ≤ d
mdc(a, b) = d = ax + by x, y ∈ Z
Exemplo:
1 Sejam os inteiros a = 6 e b = 27. Temos:
e, portanto:
d = a(x + bt) + b(y − at)
mdc(6, 27) = 3 = 6(−4 + 27t) + 27(1 − 6t)
qualquer que seja o inteiro t.
2 Sejam os inteiros a = −8 e b = −36. Temos
Torema 2.3:
Se a e b são dois inteiros não conjuntamente nulos (a 6= 0 ou b 6= 0), então o conjunto de
todos os múltiplos do mdc(a, b) = d é
T = {ax + by | x, y ∈ Z}
Demonstração:
Como d | a e d | b, segue-se que d | (ax + by), quaisquer que sejam os inteiros x e y, e por
conseguinte todo elemento do conjunto T é um múltiplo de d. Por outro lado, existem inteiros
x0 , e y0 tais que: d = ax0 + by0
de modo que todo múltiplo kd de d é da forma:
Demonstração: (cont. )
(⇐=) Reciprocamente, se existem inteiros x e y tais que ax + by = 1 e se o mdc (a, b) = d,
então d | a e d | b.
Logo, d | (ax + by) e d | 1, o que implica d = 1 ou mdc(a, b) = 1, isto é, a e b são primos entre
si.
Corolário 2.2: Se o mdc(a, b) = d, então o mdc( da , bd ) = 1
Corolário 2.3: Se a | b e se o mdc(b, c) = 1, então mdc(a, c) = 1
Corolário 2.4: Se a | c, se b | c e se mdc(a, b) = 1, então ab | c
Corolário 2.5: Se mdc(a, b) = 1 = mdc(a, c), então o mdc(a, bc) = 1
Corolário 2.6: Se o mdc(a, bc) = 1, então mdc(a, b) = 1 = mdc(a, c)
As demonstrações dos corolários acima, podem ser encontradas nas páginas 90 − 93 do
primeiro livro da bibliografia principal.
Teorema 2.5:
Sejam a e a dois inteiros não nulos conjuntamente (a 6= 0 ou b 6= 0). Um inteiro positivo d(d > 0)
é o mdc (a, b) se e somente se satisfaz as condições:
1 d|a e d|b
2 Se c | a e se c | b, então c | d
Demonstração:
(=⇒) Suponhamos que o mdc (a, b) = d. Então, d | a e d | b, isto é, a condição (1) é satisfeita.
Por outra parte, existem inteiros x e y tais que ax + by = d e, portanto, se c | a e se c | b, então
c | (ax + by) e c | d, isto é, a condição (2) também é satisfeita.
( ⇐= ) Reciprocamente, seja d um inteiro positivo qualquer que satisfaz às condições (1) e (2).
Então, pela condição (2), todo divisor comum c de a e b também é divisor de d, isto é, c | d, e
isto implica c ≤ d. Logo, d é o mdc(a, b).
O conceito de máximo divisor comum, definido para dois inteiros a e b, estende-se de maneira
natural a mais de dois inteiros. No caso de três inteiros a, b e c, não todos nulos, o
mdc(a, b, c) é o inteiro positivo d(d > 0) que satisfaz às condições:
1 d|a, d|b e d | c
2 se e | a, se e | b e se e | c, então e ≤ d
Assim, por exemplo:
mdc(39, 42, 54) = 3 e mdc(49, 210, 350) = 7
Importa notar que três inteiros a, b e c podem ser primos entre si, isto é, o mdc (a, b, c) = 1,
sem que sejam primos entre si dois a dois, que é o caso, por exemplo, dos inteiros 6, 10 e 15.
Teorema 2.6:
O mdc(a, b, c) = mdc(mdc(a, b), c).
Demonstração:
Com efeito, seja mdc(a, b, c) = d e mdc(a, b) = e. Então, d | a, d | b e d | c, e como existem
inteiros x e y tais que ax + by = e, segue-se que d | (ax + by) ou d | e, isto é, d é um divisor
comum de e e c (d | e e d | c)
Por outro lado, se f é um divisor comum qualquer de e e c, f | e e f | c, então a | f , f | b e f | c,
o que implica que f ≤ d.
Assim sendo, o mdc(e, c) = d, isto é, mdc(mdc(a, b), c) = mdc(a, b, c)
Exemplo:
1. Determinar o mdc(570, 810, 495):
Pelo teorema anterior, temos: mdc(570, 810, 495) =mdc(mdc(570, 810), 495) e como o
mdc(570, 810) = 30, segue-se que o mdc(570, 810, 495) =mdc(30, 495) = 15
Lema 1:
Se a = bq + r, então o mdc (a, b) = mdc (b, r)
Demonstração:
Se o mdc(a, b) = d, então d | a e d | b, o que implica d | (a − bq) ou d | r, isto é, d é um divisor
comum de b e r (d | b e d | r).
Por outro lado, se c é um divisor comum qualquer de b e r (c | b e c | r), então c | (bq + r) ou
c | a, isto é, c é um divisor comum de a e b, o que implica c 6 d. Assim sendo, o mdc(b, r) = d
Definição 2.5:
Sejam a e b dois inteiros não conjuntamente nulos ( a 6= 0 ou b 6= 0 ) cujo máximo divisor comum
se deseja determinar.
É imediato que:
1 Se a 6= 0, então o mdc(a, 0) = |a|
2 Se a 6= 0, então o mdc(a, a) = |a|
3 Se b | a, então o mdc(a, b) = |b|
Além disso, por ser mdc((a, b) = mdc(|a|, |b|), a determinação do mdc(a, b) reduz-se ao caso em
que a e b são inteiros positivos distintos, p · ex·, com a > b, tais que b não divide a, isto é:
a>b>0 e b-a
Exemplo 1:
1. Achar o mdc(963, 657) pelo algoritmo de Euclides e a sua expressão como combinação
linear de 963 e 657.
Resolução:
963 = 657.1 + 306
657 = 306.2 + 45 1 2 6 1 4
306 = 45.6 + 36 963 657 306 45 36 9
45 = 36.1 + 9 306 45 36 9 0
36 = 9.4 + 0
Portanto, o mdc(963, 657) = 9 e a sua expressão como combinação linear é:
mdc(963, 657) = 9 = 963x + 657y, ou seja, mdc(963, 657) = 963(−15) + 657(22) onde
x = −15 e y = 22
Exemplo 2:
O mdc de dois inteiros a e b é 74 e na sua determinação pelo algoritmo euclidiano os
quocientes foram 1, 2, 2, 5, 1, e 3. Encontre o a e b.
Resolução:
1 2 2 5 1 3
a b r r1 r2 r3 74
r r1 r2 r3 74 0
Sucessivamente temos:
a = b + r, b = 2r + r1 , r = 2r1 + r2
r1 = 5r2 + r3 , r2 = r3 + 74, r3 = 74 · 3 = 222
Logo:
r2 = 222 + 74 = 296, r1 = 5.296 + 222 = 1702
r = 2.1702 + 296 = 3700, b = 2.3700 + 1702 = 9102
a = 9102 + 3700 = 12802